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A FAMÍLIA ZIPPERER EM SANTA CATARINA
Henrique Luiz Fendrich1
A história da Família Zipperer em Santa Catarina tem início com a imigração
de Anton Zipperer e Georg Zipperer, que vieram ao Brasil trazendo suas famílias em
1873. Eles estiveram entre os 70 homens que receberam os primeiros lotes da
colônia que viria a se transformar na cidade de São Bento do Sul. Esses imigrantes
têm origem em Flecken, na Boêmia, território que na época da imigração pertencia
ao Império Austro-húngaro. Hoje a aldeia, próxima da divisa com a Bavária, se
chama Fleky e faz parte da República Tcheca. A família Zipperer já habitava a
região há pelo menos dois séculos.
O principal tronco da família no Brasil descende do imigrante Anton Zipperer,
batizado em Flecken no dia 12 de janeiro de 1813, filho de Jakob Zipperer e
Theresia Bohmann, filha de Franz Bohmann (KOHOUT, 2008). Na obra “Baiern in
Brasilien”, de Josef Blau (1958), Anton aparece como filho de Adam Zipperer e neto
de Jakob Zipperer. Mas como os registros de batismo e casamento de Anton
apontam Jakob Zipperer como seu pai, acredita-se que essa é a informação correta.
É possível que tenha havido um Adam Zipperer entre os ancestrais da família, mas
aparentemente não era o pai de Anton2.
Segundo Blau, Adam faleceu prematuramente em 1820. Como o pai de Anton
Zipperer era, na verdade, Jakob Zipperer, não é possível dizer se foi ele quem
faleceu nesta data. É sabido que, depois da morte do pai, Anton recebeu a alcunha
de “Witentone”, em alusão ao estado de viuvez de sua mãe.
Anton Zipperer cresceu sem saber ler e escrever, pois poucos daquela região
podiam ir à escola. Aos 18 anos, aprendeu o ofício de marceneiro em Neuern. Tão
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logo terminou o seu aprendizado, foi convocado para servir o exército na base militar
de Kauth. Alegando que precisava cuidar da mãe viúva, conseguiu escapar do
alistamento, mas não por muito tempo. Logo “batedores militares” foram procurá-lo.
Sabendo disso, Anton decidiu ir por conta própria até Kauth e se oferecer para o
serviço militar, julgando que, dessa maneira, poderia conseguir mais benefícios.
Ingressando no Exército, Anton ficou muito tempo sem poder voltar para casa.
As suas atividades como soldado o levaram até Klosterneuburg, na Áustria, onde
aprendeu a nadar e conduzir botes. Também esteve em Viena e Verona, onde
permaneceu por dez anos. Nessas cidades, os soldados também precisavam atuar
como carpinteiros e pedreiros. Durante todo esse período, Anton não pôde se
comunicar com a mãe. No domingo de Páscoa de 1843, Anton finalmente deixou
Verona e, no dia de Pentecostes, chegou de volta à sua aldeia natal (BLAU, 1958).
Não muito tempo depois, Anton Zipperer conheceu Elisabeth Mischeck,
nascida em Gunderwitz por volta de 1822, filha do carpinteiro Thomas Mischeck, que
havia lutado nos Dragões do Imperador, e de Barbara Kreil ou Krall, natural de
Springenberg – aldeia em que a família morava. Com Elisabeth, Anton passou a
constituir família. A primeira filha, Catharina, nasceu em 08.07.1845. O casamento
de Anton e Elisabeth só aconteceu no dia 08.02.1847, em Flecken, onde o casal
passou a morar (KONDRYS, 2005). Depois, o casal teve os seguintes filhos: Josef
(nascido em 14.11.1847), Anton (12.06.1855), Franz (14.08.1857), Therese
(15.10.1869), Andreas (07.03.1862) e Carl (16.10.1864).
Ainda na época do casamento, Anton e Elisabeth arrumaram emprego na
fazenda de um camponês, morando em uma casa dentro da sua propriedade.
Ambos deviam estar sempre à disposição para realizar os serviços da fazenda.
Podiam criar apenas algumas galinhas e uma vaca, “dispondo ainda de um
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pedacinho de chão, para o plantio de verduras” (ZIPPERER, 1951, p. 09). O contrato
com o patrão era renovado anualmente, no dia de São Jorge. Para cada dia de
serviço, a família recebia seis Kreuzer, a moeda austro-húngara. Os dias de trabalho
eram assinalados por um corte numa vara e somados no fim de cada trimestre. As
possibilidades de crescimento eram remotas, pois a região não dispunha mais de
terras sem dono. Poucas crianças podiam frequentar as escolas, o que só faziam no
inverno, quando a neve impedia que auxiliassem o trabalho nas lavouras.
Assim, os Zipperer viviam “sem grandes esperanças de melhores dias, mas
sempre com a idéia de procurar outras terras” (id). O desejo da família era se mudar
para a Austrália, país do qual tinham uma vaga ideia da localização. Mas não havia
aparecido uma oportunidade concreta para realizar a imigração.
Em 1873, a oportunidade apareceu. E existem duas versões diferentes para
essa história. Na primeira, Josef Zipperer (1951) conta que estava na cidade de
Furth, onde trabalhava numa fábrica de cerveja, e recebeu um prospecto convidando
os colonos a imigrarem para o Brasil. Levou-o para a sua aldeia e, como a oferta
parecia muito boa, um grupo de colonos decidiu-se pela imigração. A obra de Josef
Blau (1958), no entanto, afirma que Josef Zipperer havia contraído uma grave
doença3, e que para melhorar seria necessário uma total mudança de ares. Assim,
um médico de Ruhmannfelden, na Bavária, aconselhou a mãe de Josef a entrar em
uma determinada cervejaria, e lá o dono lhe entregou alguns papéis que convidavam
para a imigração. Elisabeth teria sido, segundo essa versão, a responsável por
divulgar os prospectos aos colonos.
O que se sabe com segurança é que os convites realmente causaram
bastante agitação na região. Várias famílias cogitaram a possibilidade de imigrar,
animados pela descoberta de que, assim como a Áustria, o Brasil era governado por
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um imperador e professava a fé católica. Muitas desistiram por orientação de seus
patrões, que não queriam perder a mão-de-obra. Anton Zipperer também teria
hesitado, mas sua esposa Elisabeth se manteve decidida. Conscientes de que
teriam anos trabalhosos pela frente, os colonos tinham esperança de que poderiam
ser proprietários de suas próprias terras no Brasil. E assim, as famílias de Anton
Zipperer e seu parente Georg Zipperer decidiram imigrar, tendo a companhia das
famílias de Georg Stüber, Ignatz Rohrbacher e Anton Duffeck, todas de Flecken.
Os Zipperer venderam tudo o que tinham para conseguir custear as
passagens (16 Gulden as terrestres e 30 Gulden as marítimas). Até o dia do
embarque, a família abrigou-se na casa de seu parente Wolfgang Meier, em
Vorderflecken. Antes de partir, os Zipperer assistiram a uma missa na Igreja em que
os pais se casaram e os filhos foram batizados. “Muitos, principalmente as mulheres,
choravam copiosamente ao se despedirem” (ZIPPERER, 1951, p. 11). A família
embarcou em um trem na cidade de Furth e passou por Leipzig e Magdeburgo, até
chegar a Hamburgo, na Alemanha, onde permaneceu por dois dias hospedados no
Hotel Fürst, aguardando a data de embarque.
Trazendo como bagagem apenas cobertores e ferramentas, a família Zipperer
embarcou no navio Zanzibar no dia 20 de junho de 1873 (LISTA, 2009). A filha mais
velha de Anton, Catharina, permaneceu na Europa, morando em Viena com seu
esposo Friedrich Fendrich4. Os filhos Josef, Anton, Franz, Therese, Andreas e Carl
acompanharam os pais. A lista de passageiros aponta idades equivocadas para
Anton Zipperer (47 anos, ao invés de 60) e Elisabeth Mischeck (40, ao invés de 50).
O Zanzibar viajou com 148 passageiros, vindos de lugares diversos. A viagem
foi tranquila, embora a pouca água potável tenha causado o surgimento de piolhos a
bordo. No dia 06 de setembro 1873 o navio finalmente chegou ao porto de São
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Francisco do Sul. Em seguida, os imigrantes embarcaram em lanchas e se dirigiram
à Joinville, onde foram hospedados pela Direção da Colônia.
Dois dias depois da chegada, os homens da família arrumaram serviço na
construção da Estrada Dona Francisca, que os levaria até a futura Colônia de São
Bento. Era uma forma de a família conseguir dinheiro para comprar mantimentos.
Antes que o pagamento saísse, Elisabeth Mischeck teve que convencer um
vendedor a ceder mantimentos, com a promessa de que seriam pagos em tempo
oportuno. Como argumento, levou os seus filhos e mostrou ao vendedor que tinham
braços fortes e eram saudáveis, e que em pouco tempo conseguiriam saldar a
dívida. Diante disso, o vendedor concordou e cedeu carne seca, feijão, farinha de
mandioca, caçarolas e outros mantimentos que foram levados para o local de
trabalho da família. A dívida foi paga assim que receberam o dinheiro.
Na época, os Zipperer ainda moravam em Joinville, num dos ranchos de
imigração, que formavam longa fila, construídos de palmitos e com o mesmo
tamanho e subdivisão interna. Esses ranchos abrigavam cerca de 1700 pessoas sob
condições nada confortáveis. Cada família tinha direito a um pequeno cubículo de
3x3 metros, com piso de barro batido, no qual havia dois beliches (FICKER, 1973).
Anton Zipperer e Georg Zipperer logo fizeram parte do grupo escolhido pela
Direção da Colônia para subir a Serra Dona Francisca e, com outros imigrantes
excedentes de Joinville, iniciar uma nova colonização. 70 homens partiram com esse
objetivo em 20 de setembro de 1873 e, depois de dois dias de caminhada,
alcançaram o local escolhido e lá pernoitaram. No dia 23, os imigrantes começaram
a receber seus lotes de terra – e essa data passou a assinalar o aniversário de São
Bento do Sul. A família Zipperer, dessa maneira, se tornou uma das pioneiras da
colonização na cidade.
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Georg Zipperer recebeu um lote no lado norte da Estrada Wunderwald, assim
como um filho seu chamado Josef. Anton Zipperer e seus filhos Josef e Anton
receberam lotes no lado sul da mesma estrada. Cada lote contava com cerca de 30
hectares. Em seguida, os colonos começaram a fazer pequenas roças, visando
construir uma choupana e iniciar uma plantação.
Em 20 de outubro os mantimentos se esgotaram e os imigrantes retornaram à
Joinville, reencontrando os seus familiares. Os homens da família Zipperer ainda
trabalharam por três semanas nas obras da Estrada Dona Francisca, ganhando
1$200 por dia, para só então dar início à subida definitiva rumo a São Bento. E
“dessa vez a subida tornou-se muito mais penosa; havia muito mais gente, com as
mulheres e crianças, estas transportadas dentro de cestos, nas cangalhas dos
burros da tropa” (ZIPPERER, 1951, p. 16). Ao chegar em seus lotes, os imigrantes
logo trataram de queimar as roças e começar as primeiras plantações de milho e
feijão, além de aumentar a construção das primeiras choupanas.
Nesse início de vida da família em São Bento, os Zipperer ficaram morando
no rancho da imigração da colônia, localizado na atual Praça Getúlio Vargas. E foi
exatamente nessa época que Franz Zipperer, um dos filhos de Anton Zipperer,
contraiu uma febre maligna e, depois de alguns dias enfermo, veio a falecer em
21.02.1874, aos 18 anos. Profundamente consternados por aquilo que o destino
1 Nascido em São Bento do Sul no dia 20.05.1987. Em 2008, formou-se em Jornalismo pelas Faculdades Integradas do Brasil, em Curitiba. Desde 2004 pesquisa a história e a genealogia das famílias de São Bento do Sul e região. Possui artigos publicados em periódicos locais. Colunista do Jornal Evolução. Está trabalhando nas publicações “Genealogia e História da Família Zipperer” e “Genealogia Cabocla de São Bento do Sul e Campo Alegre”. Também está realizando a transcrição dos diários feitos pelo seu avô Herbert Alfredo Fendrich enquanto fez parte da Banda Treml e da Sociedade de Cantores da cidade. 2 Blau também informa uma sequência de ancestrais – apenas os varões – que precisa de confirmação. Nela, Jakob Zipperer aparece como filho de Peter, neto de outro Peter e bisneto de Georg Zipperer.3 Em seu livro, Josef Zipperer nada fala sobre a grave doença que teria contraído, e que, segundo Blau, teria sido a principal motivadora da imigração da família Zipperer ao Brasil.4 Catharina e seu esposo imigraram em 1875. Vide artigo sobre a família Fendrich, nesta mesma obra.
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havia reservado à família tão pouco tempo após a imigração, os Zipperer sepultaram
o corpo no lote do pai Anton. Assim, o jovem Franz Zipperer foi “o primeiro ente
querido no seio da terra estranha” (ZIPPPERER, 1951, p. 16).
Refeitos da inesperada perda, a família continuou trabalhando em busca de
melhores condições de vida. Em meados de 1874 foram feitas as primeiras
semeaduras de centeio. Mantimentos como farinha de mandioca, carne seca, arroz
e feijão, passaram a ser adquiridos em uma casa comercial criada em São Bento – e
quando não encontravam lá, os imigrantes conseguiam com seus vizinhos
brasileiros. As compras eram feitas a prazo, já que o dinheiro da construção de
estradas normalmente chegava atrasado. Foi também dos brasileiros que a família
Zipperer comprou os seus primeiros animais domésticos – porcos, galinhas e patos.
Embora a comida fosse simples, ninguém chegava a passar fome. Com a
primeira colheita de centeio, os Zipperer montaram moinhos naturais, moeram o
grão e obtiveram a farinha. Grande foi a alegria de todos quando, enfim, puderam
saborear o primeiro pão brasileiro, assado em um primitivo forno feito de barro. A
Colônia de São Bento progredia, enquanto os Zipperer faziam boas colheitas e
conseguiam uma tranquilidade econômica. Puderam, assim, construir uma casa
firme, “de pranchas serradas, que nos resguardava das intempéries e não faltavam
sequer as galinhas, nem os porcos no seu chiqueiro” (ZIPPERER, 1951, p. 47).
Anton Zipperer e sua esposa Elisabeth (Figura 1) imigraram já em avançada
idade, mas puderam acompanhar o início do desenvolvimento de São Bento. As
carências existentes quando imigraram foram, aos poucos, sendo supridas – ainda
que de forma improvisada. Surgiram as primeiras igrejas e escolas, e a Colônia já
contava com assistência médica. As primeiras autoridades foram nomeadas e em
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1883 foi criado o município de São Bento. Superando as dificuldades, os Zipperer
progrediram em suas terras e logo os filhos começaram a constituir as suas famílias.
Assim, o casal conseguiu ver os primeiros resultados da vida mais digna que
pretendiam ao imigrar. Elisabeth Mischeck faleceu em São Bento no dia 30.10.1888,
aos 66 anos, de marasmo senil. Seu corpo foi sepultado antigo Cemitério Católico
de São Bento. Para lá também se dirigiu o sepultamento do imigrante Anton
Zipperer, falecido às 5h do dia 20 ou 225 de dezembro de 1891, vítima de fraqueza.
Figura 1 – Anton Zipperer (1813-1891) e Elisabeth Mischeck (1822-1888), o casal que imigrou ao Brasil em 1873 e iniciou a história da família em solo catarinense. Arquivo Histórico Municipal de São Bento do Sul.
5 Os registros de óbito religioso e civil apontam datas diversas para o falecimento de Anton Zipperer.
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![Page 9: Zipperer](https://reader038.vdocuments.com.br/reader038/viewer/2022102419/5571fb3d49795991699452bb/html5/thumbnails/9.jpg)
Quando Anton faleceu, todos os seus filhos já estavam casados. A
primogênita Catharina Zipperer também havia imigrado ao Brasil, casada com
Friedrich Fendrich, sendo o tronco dessa família na cidade. Josef Zipperer contraiu
núpcias em no dia 18.04.1877 com Anna Maria Pscheidt, filha de Wenzel Pscheidt e
Anna Maria Aschenbrenner, imigrantes de Hammern, onde a noiva havia nascido em
03.05.1853. Josef conseguiu boa educação na Europa, onde também aprendeu a
fabricar tonéis, pipas e barris. Trabalhou em Viena e participou da Guerra das Sete
Semanas, quando os austríacos foram derrotados pela Prússia. Ao voltar para casa,
continuou trabalhando como tanoeiro, ofício que passou a exercer na cervejaria de
Mathes Altmann, em Eisenstein. Ficou lá entre 1867 e 1870, quando arrumou
emprego numa cervejaria em Viena (KORMANN, 2005). Algum tempo depois,
contraiu a doença que teria ajudado a desencadear a imigração da família.
Nos primeiros anos no Brasil, Josef foi lavrador na Estrada Wunderwald. No
final de 1889 construiu um salão de bailes e hospedaria, localizado em frente ao
atual Shopping Zipperer. O salão se chamava “Cruzeiro do Sul”, popularmente
conhecido como “Zipprasoal”. Anos mais tarde, foi sede da Sociedade Auxiliadora
Austro-húngara. Também foi Josef Zipperer quem, em 1899, vendeu para a
Prefeitura um terreno na Estrada Schramm para que fosse criado o atual Cemitério
Municipal, inaugurado em setembro de 1900. Josef também produziu um diário com
informações sobre a época da colonização de São Bento, mais tarde transformado
no livro bilíngue “São Bento no Passado”.
Quando Anna Maria Pscheidt faleceu, em 27.09.1931, Josef Zipperer foi
morar com a filha Bárbara, esposa de José Robl, até falecer aos 87 anos em
24.11.1934. Estava praticamente sem visão, mas ainda lúcido e com boa memória.
Considerava-se satisfeito e dizia que não teria chegado tão longe na Europa, onde
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os idosos se tornavam um peso e “eram levados de um a outro lugar para,
finalmente, morrerem nos estábulos sobre um monte de palha” (KORMANN, 2005,
p. 42). Josef foi sepultado no Cemitério Municipal.
Do casamento de Josef e Anna Maria nasceram filhos que se destacaram na
vida pública, política e econômica de São Bento. O primogênito Jorge Zipperer,
nascido em 24.04.1879, foi aos 20 anos professor de português numa escola da
Associação das Escolas Alemãs em São Bento. Foi ainda escrivão civil no Tribunal
da Justiça e, mais tarde, foi empossado como coletor estadual. Em 1913, Jorge foi
um dos fundadores, junto com Willy Jung, de uma serraria e fábrica de caixa de
frutas, na localidade de Salto, que pode ser considerada a gênese da tradicional
Móveis Cimo, de Rio Negrinho. Os empreendimentos liderados por Jorge
representaram “o maior impulso na modernização do quadro econômico de São
Bento” (HENKELS, 2007, p. 1).
No começo dos anos 20, Jorge e seu irmão Martim montaram uma fábrica de
móveis que, além das caixas de laranja, se dedicava à produção de cadeiras e que
passou a projetar casas pré-fabricadas e fornecer madeiramento para quartéis do
exército e madeiras variadas para o setor da construção civil. Ainda no começo
daquela década, a fábrica se tornou um empreendimento familiar, comandado por
Jorge e com a participação de seus irmãos Martim e Carlos Zipperer, e seus genros
Francisco Malinowski e Karl Ricardo Weber. A partir de então, “inicia-se um período
de prosperidade e progresso contínuo nas atividades da firma” (id).
Depois da morte de Jorge Zipperer, a empresa incorporou diversas outras,
com interesses comerciais afins, e passou a ser conhecida como Cia. Industrial de
Móveis S/A – Móveis Cimo, projetando-se como a maior fábrica de móveis da
América Latina. A empresa tinha o monopólio na fabricação de móveis para cinemas
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e auditórios, e passou a se destacar na produção de móveis escolares e linhas
institucionais de escritório, de quarto, salas, etc. Dos membros da família Zipperer,
Martim atuava como Diretor Superintendente e seu irmão Carlos era um dos
diretores adjuntos. No entanto, a sede oficial da empresa passou para Curitiba e as
decisões foram sendo tomadas cada vez mais distantes de Rio Negrinho. Mudanças
tecnológicas e crises administrativas levariam à falência da empresa em 1982.
Jorge Zipperer, falecido em 31.01.1944, foi casado em São Bento do Sul no
dia 13.01.1900 com Maria Schiessl, filha de Johann Schiessl e Barbara Simet. Do
relacionamento nasceram Maria, Bertha, João, José, Afonso (vereador nos anos 50),
Elisabeth, Rosina, Jorge e Aleixo Zipperer. Com seu irmão Martim, Jorge forneceu
subsídios históricos para que o escritor bávaro Josef Blau escrevesse a obra “Baiern
in Brasilien” (1958), que destaca o destino de imigrantes ao chegar em solo
brasileiro. Jorge criou ainda uma banda de música que se apresentava em eventos
sociais da Sociedade dos Atiradores. Quando se mudou para Rio Negrinho, em
1912, essa banda passou a ter como regente João Treml, que a reformulou e deu
início à quase centenária Banda Treml. Em sua homenagem, Jorge recebeu o nome
de uma escola e uma rua em Rio Negrinho, além de outra rua em São Bento do Sul.
Tamanha foi a importância de Jorge Zipperer para Rio Negrinho que a cidade
escolheu a sua data de nascimento, 24 de abril, para comemorar o aniversário
municipal. A sua casa naquela cidade foi transformada no Museu Carlos Lampe.
O segundo filho de Josef Zipperer chamava-se Wenzel, nascido em
02.09.1881 (JÜRGENSEN, 2006). Era ferreiro e foi casado com Francisca Wollner,
filha de Peter Wollner e Barbara Brett. Wenzel se mudou com a família para Porto
União, e lá montou uma ferraria e oficina mecânica. Ele e sua esposa foram pais de
Alfredo, Alvina, Acela, Deolinda, Reinaldo, Alberto, Francisco e Lindolfo.
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![Page 12: Zipperer](https://reader038.vdocuments.com.br/reader038/viewer/2022102419/5571fb3d49795991699452bb/html5/thumbnails/12.jpg)
Depois de Wenzel, nasceu em 16.01.1884 José Zipperer Filho, que em 1920
herdou o salão de bailes de seu pai e tomou para si a empreitada de construir um
maior. Inaugurado em 07.09.1922, o Salão Independência ficava no local do atual
Shopping Zipperer. A Sociedade Ginástica fez do salão a sua sede e os Atiradores
passaram a realizar nele os seus eventos sociais. O salão chegou inclusive a
receber lutas de boxe. O sucesso do empreendimento de Zipperer, no entanto,
começou a esmorecer quando sua esposa Clara Pscheidt, que lhe auxiliava no
funcionamento do salão, faleceu em 20.01.1927, após curta enfermidade. Diante
disso, José passou o empreendimento para Carlos Ehrl Júnior (PFEIFFER, 1991).
Em 08.09.1930, José contraiu segundas núpcias com Theresia Christoff. Da primeira
esposa, filha de Carlos Pscheidt e de Francisca Grossl, e com quem se casou em
24.09.1910, José foi pai de Bertha, Paula, Luis, Hilda, Olinda, Frida, Leopoldina e
Isabela. Com a segunda esposa teve os filhos Ewaldo e Ana Maria. José Zipperer
Filho faleceu no dia 22.02.1970 e está sepultado no Cemitério Municipal.
A quarta filha de Josef Zipperer era Bárbara Zipperer, casada com Josef Robl,
filho de outro Josef Robl e de Anna Pankratz, imigrantes bávaros. Foi na casa de
Bárbara e José que o velho Zipperer passou seus últimos dias. O casal foi pai de
Bertha, Maria, Elisabeth, José Carlos e Hedwiges Robl. Depois de Bárbara, nasceu
Eva Zipperer, que sobreviveu apenas 12 horas em 08.12.1888.
Em 15.02.1890 nasceu Martim Zipperer, que, como visto, foi um dos
principais líderes da Móveis Cimo. Trabalhou em diversas marcenarias da região até
ir para a Móveis Blumenschein & Cia, de São Paulo. Antes de se associar com o
irmão Jorge, Martim administrava em São Paulo uma fábrica móveis chamada
McDonald’s (HENKELS, 2007). Na década de 30, foi vereador em São Bento. Foi
grande incentivador das manifestações culturais na região. Casou-se em 02.02.1915
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![Page 13: Zipperer](https://reader038.vdocuments.com.br/reader038/viewer/2022102419/5571fb3d49795991699452bb/html5/thumbnails/13.jpg)
com Alina Krambeck, com quem teve a filha Wally, e em segundas núpcias com
Alice Keil, no dia 12.09.1936, sem geração. Martim faleceu no dia 23.11.1971. Seu
desaparecimento acelerou a crise que culminaria na falência da Móveis Cimo.
Depois de Martim, Josef Zipperer e sua esposa tiveram um filho que nasceu
morto em 18.08.1892. E no dia 12.03.1894 nasceu Carlos Zipperer que, em
sociedade com Andreas Ehrl, adquiriu em 1915 um armazém de secos e molhados
que pertencia a seu irmão Jorge Zipperer e a Willy Jung. Localizada na esquina das
atuais ruas Jorge Lacerda e Visconde de Taunay, a casa de comércio de Carlos
Zipperer foi por muito tempo a maior da cidade. Carlos, como citado, teve
participação na Móveis Cimo, da qual chegou a ser diretor adjunto entre as décadas
de 50 e 70. Era pessoa extremamente dedicada à música, tendo tocado por muito
tempo na Banda Treml, da qual também foi o seu presidente. Foi casado com Frida
Lutz, filha de Friedrich Lutz, e com ela teve Irene e Bráulio Zipperer.
De Anton Zipperer, o filho, irmão de Josef Zipperer, muito pouco se conseguiu
descobrir. Nasceu em 12.06.1855 em Flecken e se casou com Agnes Breszinski,
filha de Joseph Breszinski, também pioneiro de São Bento do Sul, e Josephine
Schmitt, imigrantes de Sabonsch, na Prússia Ocidental (JÜRGENSEN, 2006).
Durante a passagem de tropas da Revolução Federalista por São Bento, em 1893,
Anton teve seus cavalos requisitados – e eles representavam toda a sua fortuna
Segundo Josef Zipperer (1951), Anton Zipperer teve 18 filhos. Até o momento, são
conhecidos: João; Thereza; Maria, casada com Max Jakusch, tio do famoso músico
de mesmo nome; Paulo; Berta; Antônio; Inez; Anna; Carlos; Helena; Francisco; e
talvez um José Zipperer. Não parecem ter permanecido em São Bento, hipótese
reforçada pela informação de que Antônio Zipperer, o neto, casou-se em Rio Negro.
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O próximo filho de Anton Zipperer foi Franz Zipperer, nascido em 14.08.1857
e que, como já tratado, faleceu no dia 21.02.1874, pouco mais de cinco meses após
a imigração. Franz, embora não fosse chefe de família, foi o primeiro imigrante
falecido em São Bento6. Seu velório foi acompanhado por tropeiros que passavam e
se sensibilizaram com a dor da família.
A segunda filha mulher de Anton Zipperer, chamada Therese, nasceu em
Flecken no dia 15.10.1859. Em 1876 foi madrinha do primeiro casamento boêmio de
São Bento, cujos noivos eram Benedikt Beyerl e Anna Maria Neppel. Algum tempo
depois, Therese se casou com Josef Linzmeyer, nascido em Eisenstrass no dia
13.01.1853, filho dos imigrantes Johann Linzmeyer e Anna Maria Stiegler
(JÜRGENSEN, 2006). A família Linzmeyer se fixou em Oxford, “onde adquiriram
terras e abriram uma cervejaria e um salão de baile para ativar o consumo da
cerveja” (PFEIFFER, 1991, p. 267), aproveitando os conhecimentos que Josef
Linzmeyer adquiriu numa cervejaria em Zwiesel, onde trabalhou por três anos.
Desse casamento, nasceram (BUSSE, 2004): Alexandre, que abriu um ateliê
fotográfico em Curitiba; João, casado com Maria Rosa Schröder; Anton; Maria,
casada com Luiz de Vasconcellos, prefeito e deputado de São Bento do Sul;
Rodolfo, casado com Maria da Rocha; Francisca Josefina, casada com o português
Adelino Augusto de Carvalho; José, casado com Carolina Hilgenstieler; Bertha
Theresa, casada com Arthur Ahrenz; Paulo, casado com Sophia; Leo João Ernesto,
casado com Margaretha Anna Olga Kaesemodel; e Lilly, casada em Curitiba com
Damaso Berlintes de Macedo Ribas. Há muitos descendentes de Therese Zipperer
na capital paranaense. Ela faleceu no dia 28.06.1920, e seu esposo Josef Linzmeyer
em 01.11.1932. Ambos estão sepultados no Cemitério Municipal de São Bento.
6 Usualmente, afirma-se que o primeiro falecimento em São Bento do Sul foi o de Karl Wilhelm Bendlin. No entanto, Bendlin chegou ao Brasil no final de 1873 e apenas por volta de março ou abril de 1874 teria se estabelecido em São Bento.
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Andreas Zipperer, penúltimo filho de Anton Zipperer, nasceu em Flecken no
dia 07.03.1862. Casou-se em São Bento no dia 23.04.1884 com Barbara Hien,
nascida em Flecken no dia 08.12.1863, filha de Georg Hien e Therezia Speckl, que
imigraram em 1876 pelo Humboldt. Andreas e a esposa foram pais de Benedicto,
falecido pequeno; Francisca, casada com José Fürst; André, falecido solteiro; Maria,
falecida pequena; Antônio, que se casou com Maria Neppel; Maria, casada com
Aloís Schreiner; Carlos, esposo de Emma Keil; José; Bárbara; e Thereza.
O falecimento de Andreas aconteceu em 02.11.1907, e o de sua esposa em
25.03.1942, ambos sepultados no Cemitério Municipal. Desse casal, descendem
dois prefeitos de São Bento do Sul. O primeiro foi o filho Carlos Zipperer Sobrinho,
nascido em 28.12.1895. Sua carreira política começou com a Presidência da
Câmera de Vereadores, em 1949. Em 1954 foi eleito para o mesmo cargo. E entre
1956 e 1961, Carlos Zipperer Sobrinho foi o Prefeito de São Bento do Sul. Em seu
mandato foram destaques o lançamento da pedra fundamental para dar início ao
calçamento da área central, a instituição do brasão de armas da cidade, a criação do
“Boletim Oficial” da Prefeitura, e a articulação junto ao governo estadual para a
abertura da Rodovia São Bento-Corupá (EX-PREFEITOS, 2009). Em 1963, voltou a
ser vereador, assumindo a vice-presidência da casa até renunciar no final de 1964.
Carlos Zipperer Sobrinho também se destacou no ramo empresarial. Em
1923, assumiu uma fábrica de móveis e esquadrias de Carlos Bollmann e, no ano
seguinte, lançou à apreciação as primeiras amostras de artefatos de madeira. A
fábrica alcançou êxito e foi se desenvolvendo. Carlos adquiriu o terreno do antigo
Salão Independência, consumido num incêndio em 1931, e lá construiu a sua nova
fábrica. A partir dos anos 60, passou a se concentrar na produção de móveis
coloniais para o mercado interno. Em meados da década de 70, as Indústrias
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Zipperer deram início à exportação de seus móveis, tendo se tornado por muito
tempo uma das maiores nesse setor do Brasil (MÓVEIS, 2004). O empreendimento,
já localizado na Rua Jorge Zipperer, foi levado adiante pelos filhos de Carlos até
2008, quando a queda das exportações fez com que suas atividades fossem
encerradas. As indústrias Zipperer eram conhecidas pelo nome de “Ziprinho”, junção
de Zipperer com Sobrinho. Carlos Zipperer Sobrinho foi homenageado com o nome
de uma escola no Bairro Centenário. Ele faleceu em 09.06.1974 e foi sepultado no
Cemitério Municipal. O prédio do Salão Independência e da fábrica de Carlos
Zipperer Sobrinho teve a sua fachada restaurada pelos descendentes da família e
hoje abriga o Shopping Zipperer, primeiro empreendimento nesse estilo da cidade.
O outro descendente de Andreas Zipperer que se tornou Prefeito de São
Bento do Sul foi seu neto Osvaldo Zipperer, filho de Antônio Zipperer, que também
atuou na Móveis Cimo, e sua esposa Maria Neppel. Em 1962, Oswaldo assumiu
como vereador em São Bento do Sul. No ano 1966, assumiu como vice-presidente
da Câmara. E em 1973, ano do centenário da cidade, Oswaldo se tornou o Prefeito
Municipal. Além dos festejos alusivos a essa data, destacaram-se em seu mandato a
implantação do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, a transformação de
São Bento do Sul em Município-Escola, a realização dos Jogos Abertos de Santa
Catarina e a harmonia política que conseguiu entre as lideranças locais (KORMANN,
2006). Oswaldo Zipperer permaneceu no cargo até 1977.
Carl Zipperer, o caçula de Anton Zipperer, nasceu em Flecken no dia
16.10.1864 e se casou em São Bento no dia 04.05.1889 com Theresa Brey, filha de
Carl Brey e Therezia Altmann, imigrantes de Santa Katharina, na Boêmia. Conta-se
que Carl teria sido cervejeiro em Lençol, embora seu nome não apareça nos
registros de impostos da época. O casal foi pai de José, casado com Durcília
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Etelvina Fragoso; Júlia, casada com Ricardo Koczot; Bertha, casada com Fridolin
Hübner; Elisabeth, casada com Arthur Pfützenreuter; Maria, casada com Guilherme
Ostertag; Rodolfo, vereador em Canoinhas entre 1951-1954, homenageado com o
nome de uma escola naquela cidade, e que foi casado com Helena Hauffe;
Engelberto, casado com Maria Stiegler; Carlos, casado com Rosa Jung; e Hedwiges,
casada com João Schmidt. Carl Zipperer, nos primeiros anos do século XX, se
mudou para a região de Porto União, onde atualmente possui grande descendência.
Foram esses os filhos do imigrante Anton Zipperer. Sobre os descendentes
de Georg Zipperer, o outro imigrante, as informações são reduzidas. Georg se casou
na Boêmia com Anna Bäumer, e imigrou com sua segunda esposa, chamada
Cecília, falecida no hospital em Joinville ainda em novembro de 1873. Assim como
aconteceu com Anton, a idade de Georg Zipperer na lista de passageiros (42 anos)
não é a mesma que aparece em seus registros em São Bento. Georg trouxe ao
Brasil um grande crucifixo de ferro que, conforme os costumes de sua terra, devia
ser colocado em frente à casa que iria construir. Com Georg também vieram quatro
filhos, do primeiro ou do segundo casamento: Joseph (14 anos e meio), Franziska
(13), Johanna (9 anos e meio) e Georg (8). Georg Zipperer foi um dos imigrantes
que se empregou nos serviços da Direção da Colônia, ganhando 1$ 500 rs por dia.
Casou-se pela terceira vez em 18.04.1877 com Magdalena Zipperer, viúva de
Wenzel Pscheidt. Com ela, teve a filha Emília, que nasceu em 29.09.1878 e faleceu
em 24.04.1885, vítima de pneumonia (JÜRGENSEN, 2006).
Magdalena Zipperer faleceu às 7h do dia 03.10.1896, aos 65 anos, vítima da
mordida de uma cobra. Georg Zipperer se casou pela quarta vez em 13.11.1897,
aos 76 anos, com Anna Trojan, de 66 anos, viúva de Wenzel Hannusch, filha de
Anton Trojan e Elisabeth Tausch. E às 4h do dia 17.03.1899, na casa de Carlos
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Pscheidt, faleceu Georg Zipperer, vítima de diarréia, tendo sido sepultado no
Cemitério Católico da cidade.
O registro do casamento com Anna Trojan aponta como pais de Georg outro
Georg Zipperer e Anna Augustin, nomes diversos daqueles encontrados nos
registros de Anton Zipperer, visto como seu irmão. Josef Zipperer (1951), ao longo
da obra “São Bento No Passado”, trata Georg Zipperer como tio, mas em “Baiern in
Brasilien”, de Josef Blau (1958), ele aparece como primo. A questão não está
esclarecida e torna-se mais misteriosa quando se percebe que nem Georg nem
Anton tiveram um Adam Zipperer como pai, conforme citado por Blau.
Joseph Zipperer, filho de Georg, nasceu e foi batizado em Rothenbaum.
Casou-se em São Bento no dia 15.02.1890, aos 26 anos, com Agnes Duffeck, de
Grossaign, na Bavária, filha de Anton Duffeck e Therezia Grubenbauer, imigrantes
de Wallnau, na Boêmia. Franziska Zipperer, de Rothenbaum, casou-se aos 27 anos
em 11.05.1887 com Carl Pscheidt, viúvo de Catharina Grossl, filho de Wenzel
Pscheidt e Anna Maria Aschenbrenner. O casal teve ao menos os filhos Benedicto,
nascido em 08.06.1890, e Francisco, em 30.01.1893. Franziska teve também uma
filha natural chamada Thereza, nascida em 22.02.1881 (JÜRGENSEN, 2006).
De Johanna Zipperer, outra filha do imigrante Georg Zipperer, não se sabe o
paradeiro. Seu irmão Georg Zipperer, nascido em Flecken, casou-se no dia
10.09.1890, aos 25 anos, com Barbara Altmann, de Mehlhut, filha de Ferdinand
Altmann e Catharina Stascheck. O casal morava na Estrada Rio Negro e teve ao
menos um filho chamado José, nascido em 11.09.1891.
Foram essas, de maneira resumida, as informações que nos foram permitidas
levantar a respeito da trajetória da família Zipperer. Grande parte dos atuais
portadores do sobrenome está concentrada em cidades do Planalto Norte do estado.
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Anualmente, os descendentes do imigrante Anton Zipperer realizam um encontro
familiar em cidades com grande número de membros da família.
A indecisão que perturbou Anton Zipperer, no momento de decidir se
realmente estava disposto a largar tudo e imigrar para um país desconhecido,
provavelmente teria sido logo desconsiderada se ele tivesse a oportunidade de
enxergar os avanços na qualidade de vida que essa escolha representou, apesar
das dificuldades iniciais. A Boêmia, saturada e sem terras livres, não poderia mais
oferecer à família qualquer possibilidade de mobilidade social. A imigração para o
Brasil se transformou na esperança de largar a vida totalmente serviçal que levavam
e assim buscar melhores perspectivas para a família e seus descendentes. Foi, de
fato, o que aconteceu com o passar dos anos, pois os feitos da família Zipperer na
vida pública, econômica, social e cultural da região demonstram que os seus
descendentes conseguiram se inserir na trajetória de crescimento local, ao mesmo
tempo em que legavam melhores condições de vida aos seus herdeiros.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BLAU, Josef. Baiern in Brasilien. Munique: Edmund Gans Verlag, 1958.
BUSSE, Douglas Ribas. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 15 Nov. 2004.
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EX-PREFEITOS. São Bento do Sul, Prefeitura Municipal, 2009. Apresenta lista cronológica dos Prefeitos de São Bento do Sul e detalhes dos seus mandatos. Disponível em: <http://www.saobentodosul.sc.gov.br/?pagina=exprefeitos>. Acesso em: 10 Nov. 2009.
FICKER, Carlos. São Bento do Sul: Subsídios para a sua história. Joinville: Ed. do autor, 1973.
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![Page 20: Zipperer](https://reader038.vdocuments.com.br/reader038/viewer/2022102419/5571fb3d49795991699452bb/html5/thumbnails/20.jpg)
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KOHOUT, David. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 16 Dez. 2008.
KONDRYS, Tony. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 12 Fev. 2005.
KORMANN, José. O tronco Zipperer. Blumenau: Nova Letra, 2005.
KORMANN, José. Prefeitos de São Bento do Sul e a história de sua gestão. Blumenau: Nova Letra, 2006.
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MÓVEIS Zipperer S/A. São Bento do Sul, 2004. Apresenta perfil, produtos, clientes e história da indústria. Disponível em: <http://www.zipperer.com.br/empresa/historia.php>. Acesso em: 08 Nov. 2009.
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