18/11/2016 Indústria farmacêutica age como o crime organizado, diz pesquisador 17/11/2016 Equilíbrio e Saúde Folha de S.Paulo
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Medicamentos MortaisE Crime OrganizadoPeter Gotzsche
Indústria farmacêutica age como ocrime organizado, diz pesquisador
Politiken/DK
O médico Peter Gotzsche, 67
CLÁUDIA COLLUCCIENVIADA ESPECIAL AO RIO
17/11/2016 02h02
O médico dinamarquês Peter Gotzsche, 67, não é umhomem de meias palavras. Ele compara a indústriafarmacêutica ao crime organizado e a considera umaameaça à prática da medicina segura.
"Isso é fato, não é acusação. Ela [a indústria] sabeque determinada ação é errada, criminosa, mascontinua fazendo de novo e de novo. É o que a máfiafaz. Esses crimes envolvem práticas como forjarevidências e fraudes", diz.
Professor na Universidade de Copenhague e um dosque ajudaram a fundar a Cochrane (rede de cientistasque investigam a efetividade de tratamentos), ele acabade lançar livro "Medicamentos Mortais e Crime
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Organizado Como a indústria farmacêutica corrompeua assistência médica" (Bookman Editora). Recémtraduzida para o português, a obra tem causadoalvoroço no meio médico.
Gotzsche reconhece os êxitos da indústria nodesenvolvimento de drogas para tratar infecções,alguns tipos de câncer, doenças cardíacas, diabetes,mas expõe no livro dados que demonstram falhas na
regulação de medicamentos e os riscos que muitos deles causam à saúde.
No início do mês, ele proferiu uma palestra no congresso mundial demedicina de família (Wonca), que ocorreu no Rio de Janeiro, onde deuentrevista à Folha.
Folha O sr. compara a indústria farmacêutica ao crimeorganizado. É uma acusação muito séria. O sr. está sendoprocessado? Peter Gotzsche Não, porque isso é um fato, não é uma acusação. Aindústria sabe que determinada ação é errada, criminosa, mas continuafazendo de novo e de novo. É o que a máfia faz. Esses crimes envolvempráticas como forjar evidências, extorsões e fraudes. Está bem documentado. Eles dizem que os exemplos que cito no meu livro são velhos, que as práticashoje são outras. Mas é mentira. Eu documentei crimes cometidos pelas dezmaiores farmacêuticas entre 2007 e 2012. Esses crimes estão crescendo, e issonão é surpresa.
Por outro lado, a indústria produz drogas que trazem benefícios,certo? Sim, alguns medicamentos trazem grandes benefícios. mas meu livro não ésobre os já bem conhecidos benefícios que algumas drogas trazem. Meu livroé sobre as falhas de todo um sistema, da descoberta, produção, marketing eregulação das drogas.
O sr. é especialmente crítico em relação à área da psiquiatria. Porquê? As drogas psicotrópicas têm provocado muitos danos aos pacientes e podemse tornar ainda piores quando eles tentam interrompêlas porque aparecemos sintomas da abstinência, mas os psiquiatras muitas vezes negam isso. Eles aprenderam com a indústria farmacêutica que nunca devem culpar adroga, mas sim a doença. Não sei de outra especialidade médica onde haja tanto excesso de diagnósticoe de tratamento ou onde os danos dos medicamentos sejam tão debilitantes epersistentes em relação aos benefícios. Felizmente, alguns dos psiquiatras jáperceberam que sua especialidade está em crise, então há esperança.
Mas essas drogas passam pelo crivo de agências reguladoras, quelevam em conta os riscos e benefícios. Ou não? Agências regulatórias têm feito um trabalho muito pobre por diferentesrazões. Elas falam com a indústria farmacêutica, mas não falam com ospacientes. Para ter uma nova droga aprovada só é preciso provar que ela émelhor do que placebo, mas os efeitos colaterais não são levados muito emconta. Esses danos são pouco estudados. Quanto mais estudos você faz, maischances você terá de achar problemas. Uma droga precisaria ser efetiva esegura, mas isso não acontece em muitos casos.
Qual a saída? O processo de regulação tem que ser melhorado. É preciso que as agênciastenham mais independência e transparência e também encorajar asiniciativas que exponham as ligações das farmacêuticas com médicos e outrosprofissionais da saúde, associações de pacientes e periódicos científicos.
Qual a principal mensagem para pacientes e médicos? Não confiem nos estudos publicados pela indústria farmacêutica. Muitasdrogas são ineficazes e muito mais perigosas do que as pessoas imaginam. Éuma tragédia dupla: as pessoas estão morrendo por causa de medicamentos emuitas vezes nem precisariam deles. Por essa razão, médicos devemprescrever menos remédios do que fazem hoje.
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OUTRO LADO
Dirigentes de associações das farmacêuticas no Brasil repudiam a relação queo médico Peter Gotzsche faz entre o setor e o crime organizado.
"Não se pode criminalizar uma indústria que efetivamente faz saúde emcaixinha, que evita que as pessoas fiquem doentes", diz Nelson Mussolini,presidenteexecutivo do Sindusfarma (sindicato paulista da indústria deprodutos farmacêuticos).
Para ele, Gotzsche trata de questões ideológicas e ultrapassadas. "Nãoconheço o livro, mas dei um Google."
Segundo Mussolini, é graças a remédios produzidos pelas farmacêuticas queele e o autor estão vivos hoje.
"Quando eu nasci, em 1958, a expectativa de vida para o brasileiro era de 53anos e do europeu, de 60 anos. A indústria pode ter cometido erros nopassado, mas não se pode criminalizála."
Ele diz que nos últimos anos houve grande evolução nas questões regulatóriase de marketing e que práticas antiéticas foram banidas.
"No passado, era normal o médico viajar a convite da indústria a congressosfora do Brasil e levar junto a mulher, o filho. Ficava duas horas no congresso euma semana de férias. Hoje nenhuma empresa aprova uma coisa dessas."
Nos últimos 30 anos, diz, houve uma evolução na forma de pesquisar,registrar e promover os produtos. "Hoje só registramos um produto seconseguirmos demonstrar que ele traz ganho em eficácia e segurança emrelação a outro já registrado."
Antonio Brito, presidente da Interfarma (associação das farmacêuticas depesquisa), lembra da preocupação do setor de avançar na transparência dasrelações.
Afirma que na semana passada a Interfarma lançou a terceira revisão do seucódigo de conduta, discutido com o CFM (Conselho Federal de Medicina) e aAMB (Associação Médica Brasileira).
"Sabemos que existem zonas cinzentas nessas relações e falhas deprocedimento. Mas elas não serão resolvidas com atitudes que ultrapassam obom senso."
Raio-XPeter GotzscheFORMAÇÃO Formouse médico em 1984 e é especialista em medicina interna
CARREIRA Trabalhou com ensaios clínicos e regulação na indústria farmacêutica entre1975 e 1983 e em hospitais em Copenhagen entre 1984 e 1995. Tornouseprofessor de pesquisa clínica em 2010 na Universidade de Copenhagen
ATUAÇÃO Cofundou a Colaboração Cochrane em 1993 e fundou o The Nordic CochraneCentre no mesmo ano. É editor no Cochrane Review Group
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O que diz o autor do livro é muito, muito plausível e, conhecendo a natureza humana, creio quepodemos ir mais longe. A indústria farmacêutica tem todo o interesse do mundo em não curardoenças importantes, pois elas vivem da doença e não da saúde. Portanto, é lógico afirmar que,muito provavelmente, um seleto grupo de cientistas em algumas indústrias farmacêuticas jáestá da posse da cura de várias doenças cân*cer, Ai*ds, etc. mas não tem interesse emfabricar. Dá mais lucro a doença crônica.
A industria farmacêutica está ganhando muita grana, visto que as pessoas estão vivendo maise, lamentavelmente, muitas delas chegando a essa situação a base de muito remédio. Nasfarmácias é comum, pessoas usarem até cestaigual supermercadopara fazer compra dosremédios necessitados. o ideal seria ter uma saúde mais equilibrada sem tanta dependência deremédios.
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Paulo Henrique Andrade ontem às 13h46 8 0 Denunciar
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Rinaldo A. Perez Alba Perez ontem às 11h45 4 0 Denunciar
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magnaldo nicolau costa ontem às 15h02 1 0 Denunciar
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Em 1993 instaurei inquérito para apurar crimes envolvendo a CEME que foi alvo, no governoCollor, de verdadeiro desmonte. Um despachante de cargas foi indicado para dirigir a CEME etrabalhava na suíte do hotel. A CEME produzia remédios bons e baratos mas por ser estatalsofreu verdadeira guerra para tornarse inoperante. Certamente grandes laboratóriosfarmacêuticos tinham interesse em alijala do processo produtivo. Essa era uma estatal quetinha que ser preservada.
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