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De olhosfechadosA espera dasfamílias e os relatos de quem voltoudo coma

Campo de batalha

Por trás da disputa em Belo Horizonte, Dilma e Aécio travam briga

velada por 2014

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MetrOpOlIS • OLHAR BH

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Feira de coresCrianças, jovens, adultos e idosos. Pessoas de todas as idades e níveis sociais andam, observam e sorriem no quarteirão fechado da avenida Bernardo Monteiro. Toda sexta-feira é assim: as enormes e aconchegantes árvores da alameda deixam de ser as protagonistas. Pelas várias barracas que compõem o cenário da tradicional Feira de Flores, mais de 60 espécies de plantas alegram e fazem daquele espaço uma das opções para um passeio tranquilo e agradável na capital dos mineiros.

Fernanda Carvalho

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edItOrIal

A matéria de capa desta edição de Vox Objetiva deixa clara a importância do resultado nas urnas em Belo Horizonte para o contexto político nacional.

Se observarmos atentamente os dois lados em disputa, vamos constatar que a conquista pelo eleitor mineiro não está limitada apenas à manutenção, ou não, de projetos locais para a melhoria das condições de vida da população.

Os projetos, inclusive, são muito semelhantes, se forem analisadas as origens de esquerda guerrilheira que marcam as trajetórias de Marcio Lacerda e Patrus Ananias.

Para o pleito em Belo Horizonte, estamos diante de uma definição de futuro para as duas principais correntes ideológicas que comandaram o Brasil nos últimos 17 anos.

Ao definirem claramente os apoios e influenciarem diretamente na campanha local, Dilma e Aécio Neves deram início à largada para a reeleição ou para a troca de comando do país dentro de dois anos.

Vencer para o PT significa manter a era que começou com Lula e garantir pelo menos mais seis anos de poder. Perder seria o ponto de partida para o fim da trajetória petista.

No PSDB, vencer vai significar fortalecer o nome do principal opositor ao governo federal em 2014 e reacender as esperanças de corrigir os erros do passado neoliberal. Já a derrota pode ter um efeito devastador: Aécio perderia força dentro de casa, não reuniria o apoio necessário para ser candidato à presidência e dividiria de vez o partido de Fernando Henrique Cardoso, fortalecendo o isolado José Serra.

Acertamos no título. Estamos diante de um campo de batalhas.

Os caminhos de Minas

A Revista Vox é uma publicação mensal da Vox Domini Editora ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro - Belo horizonte - MG CEP: 30190-060.

“... o povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

• EDIToR E joRnAlIsTA REsPonsáVElCarlos Viana

• DIAGRAMAção E ARTEGraziele Martins

• CAPAEduardo Mendes

• REPoRTAGEMAndré Martinshenrique André

• EsTAGIáRIos Fernanda CarvalhoBianca nazaré

• CoRREsPonDEnTEsGreice Rodrigues -Estados unidosIlana Rehavia - Reino unido

• DIREToRIA CoMERCIAlsolange Viana

• Anú[email protected](31) 2514-0990

[email protected](31) 2514-0990www.voxobjetiva.com.br

• REVIsãoVersão Final

• TIRAGEM 30 mil exemplares

Os textos publicados em forma de arti-gos, produzidos por colunistas convida-dos, expressam o pensamento individual e são de responsabilidade dos autores. todos os direitos reservados. Os textos publicados na revista Vox Objetiva só poderão ser reproduzidos com autoriza-ção dos editores.

CarlOS VIanaEditor-Chefe

[email protected]

expedIente

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nOtaSE o PIB, oh...

... em queda livre. Assim pode ser caracterizada a projeção dos analistas econômicos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro - a soma da riquezas produzidas pelo país. Os números do relatório Focus, do Banco Central, indicaram a décima redução consecutiva do PIB no início da segunda quinzena de julho. O índice recuou de 2,01% para 1,9%. Há um mês, a estimativa era de 2,3%. As sistemáticas quedas indicam que o Brasil tem sentido os reflexos da crise externa.

Sem conversaO Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições

de Ensino Superior (Andes) recomendou aos professores das instituições federais rejeitar a proposta do governo de elaborar um novo plano de carreira para os docentes. A Andes propôs ainda a radicalização das ações da greve. De acordo com o sindicato, o movimento tem o apoio, total ou parcial, dos professores de 56 das 59 universidades federais do país. Na última semana de julho, o governo vai tentar entrar em concordata com a classe, em greve há dois meses. Em três anos, o reajuste custaria R$ 3,9 bilhões aos cofres públicos.

Eleições 2012Ao todo, 138.492.811 brasileiros vão comparecer

às zonas eleitorais, no dia 7 de outubro, para escolher prefeitos e vereadores. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso haja segundo turno, a disputa vai acontecer três semanas depois, no dia 28 de outubro. Segundo o TSE, até agora o órgão recebeu os pedidos de candidatura de 79.467 políticos. São 2.012 candidatos a prefeito, 2.016 a vice e 75.439 a vereador. O processo de apuração em todo o país deve findar até o dia 12 de outubro. Mas desde a implantação do sistema informatizado de votação, a maioria das cidades brasileiras tem as definições na noite do dia de votação.

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Truvada A Agência Federal de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos acaba de reconhecer a Truvada como a primeira pílula que tem poten-cial para prevenir contra o vírus HIV em grupos de risco. Testes realizados com 2.499 homens que mantinham relações sexuais com outros homens mostram que os indivíduos que tomaram o me-dicamento regularmente tiveram 73% menos infecções. Especialistas acreditam que o resul-tado do estudo seja a primeira demonstração de que a pílula pode reduzir a propagação do HIV.

Elza Fiúza/ ABr

Divulgação

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Capa .................................................................. POLíticA • o RAChADireita e esquerda se dividem e lutam pela aprovação de projetos independentes

VerbO .................. entRevistA • WIlson GoMEsPesquisador de comunicação avalia o papel da imprensa na democracia

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SuMárIO

artIgOS.............................................................................IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira A cobrança de honorários advocatícios ................................15

POLÍTICA • Paulo Filho A política como ela é (no Brasil) .........................................26

PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci Tempo meu .........................................................................31

JUSTIÇA • Robson sávio Segurança ou barbárie? ......................................................34

Arquivo Pessoal

CRÔNICA • joanita Gontijo Em defesa das “patroetes” .................................................. 50

SalutarIS ....................................................................... ReceitA • PAlADAR Filé a cavalo .....................................................................32

vinHOs • DEGusTAção o vinho e a música ..........................................................33

MetrOpOlIS ............................................. ciDADes • PEDAlAnDoOs planos de BH para resolver problemas de trânsito com a ajuda da bicicleta

MetrOpOlIS ............................................. ecOnOMiA• PoR MAIs RECuRsosMinas Gerais inicia campanha pela revi-são da alíquota dos royalties do minério

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Antônio Bruz/ ABrAdão de souza

omar Freire/Agência Minas

Fernanda Carvalho

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SalutarIS ................................................. sAúDe • “DEslIGADos”As experiências daqueles que passaram pelo coma e a longa espera das famílias

Vanguarda ............................................. RetRô e vintAge • RoDADo Os carros antigos desfilam imponentes e disuputam olhares nas ruas

pOdIuM......................................................... esPORtes • PAssAnDo A lIMPoAtlético contrata e convence nas primei-ras rodadas do Brasileirão

kultur ......................................................... cineMA • nA EsTRADA Walter Salles leva às telonas adaptação de clássico da Geração Beat

kultur ......................................................... QUADRinHOs • unIDos PElA ARTEOs irmãos mineiros que atraíram os olha-res do cartunista Maurício de Souza

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stock.xchng

Bianca nazaré

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Paula Markiewicz

Gabriel Castro

Divulgação/ Play Arte

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Filósofo e professor de comunicação Wilson Gomes analisa reflexos de escândalos, como o “mensalão” e o caso Cachoeira

na política, imprensa e democracia

Tempos difíceis

O Brasil vive uma era de explosões de escândalos políticos na imprensa. Os casos mais marcantes da história recente são o julgamento do “mensalão” no Supremo Tribunal Federal previsto para o dia 2 de agosto e a CPI do Cachoeira, que culminou na cassação do Senador Demóstenes Torres/GO. A comissão parlamentar tem escancarado as práticas de políticos que trabalharam em favor dos interesses do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Com grande repercussão, esses eventos inevitavelmente transformam o cotidiano democrático.

Nesse sentido, a imprensa se tornou uma grande aliada da sociedade. Porém, como fica a população diante dos bombardeios de escândalos nas páginas impressas e em noticiários de rádio e telejornais? Há mais de 20 anos, o pesquisador de comunicação e política da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Wilson Gomes estuda o papel da imprensa na democracia.

Em entrevista à Vox Objetiva, o professor e doutor em filosofia pela Universitas a Scte. Thomae, de Roma, e graduado em Comunicação e Culturas Contemporâneas pela UFBA analisa os últimos escândalos políticos que estouraram na imprensa. Wilson explica os fatores envolvidos em vazamentos de informações políticas. Segundo ele, esses fatores fazem parte do jogo político corriqueiro.

O senhor diz no livro Transformações da política

na era da comunicação de massa que a repartição do poder executivo para o legislativo e os loteamentos de cargos são eficientes para o sistema brasileiro. Por que e para quem essas partilhas seriam eficientes? Seria para o parlamentar ou para a governabilidade?

São duas questões polêmicas e temos de tratá--las separadamente. Uma coisa são certos hábitos que existem no Brasil que findam na coalizão. É quando os poderes executivos são exercidos por partidos que não têm maioria parlamentar e que, portanto, precisam produzir alianças. Esse é um dispositivo que inventamos. Consiste na transferência de parte do poder executivo para o legislativo. De alguma maneira, o papel parlamentar de produção de leis é outorgado ao executivo. Então o governo legisla, mas,

para isso, deixa o legislativo participar do poder executivo. Isso por meio de cargos distribuídos, emendas parlamentares aprovadas, etc. Essa barganha pode ser eficiente para evitar impasses nocivos ao próprio exercício do governo.

Mas pode ser complicado. Veja o caso recente do Paraguai. De repente, se alguém governa com quatro votos favoráveis, ele não governa. Se fosse o sistema parlamentarista, era óbvio que esse governante não estaria mais governando, porque alguém teria votado a moção de desconfiança. O governo teria caído, e

“A oposição é um valor democrático

importante. É a possibilidade de

divergência sobre quem governa”

Bianca Nazaré

VerbO

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Arquivo Pessoal

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VerbO

ter-se-ia formado um novo governo ou parlamento. No caso do regime presidencialista, esse desdobramento não é possível. Temos intervalos de quatro, seis anos, etc. Então governos muito fracos permanecem no poder. Uma forma de evitar um “zumbi” no poder é justamente a negociação política. Esse é um elemento de eficácia do próprio sistema. É fato. Se isso tem também problemas morais? Pode ter. Pode acontecer de executivos governarem sem ter nenhuma oposição. Ora, a oposição é um valor democrático importante. É a possibilidade de divergência sobre quem governa.

por produção de imagem negativa. Isso faz parte do jogo político. Não é o jogo político mais bonito, mas faz parte. Luta-se em política pela imagem própria e contra a do adversário certamente.

As CPIs dos Correios e do Mensalão e, mais recentemente, a CPI do Cachoeira chamaram muito a atenção da imprensa. O senhor afirma no livro que a criação de CPIs também estaria na ordem de um escândalo político, que seria alimentar os jornais e produzir peças de exposição a quem governa. Como o senhor avalia essas CPIs?

CPI é um tema que merecia umas pesquisinhas aprofundadas no Brasil, mas precisamos de pesquisadores mais maduros. Eu acho que há duas coisas importantes hoje em tempos de política midiática: visibilidade pública e imagem pública. São duas das commodities básicas para fazer política hoje. O indivíduo precisa conseguir o máximo de visibilidade, mas não tem visibilidade para todo mundo. Então cada um precisa lutar por um bem escasso. A outra coisa é a imagem. Ele precisa de imagem positiva e que a do outro seja negativa. E se o outro tiver uma boa imagem, que tenha menos visibilidade. Então CPIs e escândalos devem ser lidos nesse contexto. Por isso, são muito preciosos.

Por que o parlamentar luta tanto para impor uma CPI enquanto o governo a evita?

Primeiro, porque governos executivos têm uma cota de visibilidade assegurada e é sempre maior do que a cota do legislativo. Então certas centrais do governo têm sempre visibilidade assegurada pelo modo da produção do jornalismo, que depende muito da autoridade para dar declarações, explicações,... Segundo, porque o legislativo tem visibilidade pequena. Três minutos no principal jornal nacional, por exemplo. Para ocupar esse tempo, o legislativo precisa produzir espaços de visibilidade. Uma das formas de fazer isso é com as CPIs, que puxam as cotas de visibilidade para o legislativo, já que as comissões são parlamentares; acontecem no legislativo. Esse momento é uma luta por holofotes. Com os escândalos também acontece isso. Os escândalos do executivo são bons para o legislativo, porque aparecem os líderes da oposição, por exemplo, comentando, indicando,

Para Gomes, ter visibilidade e manter íntegra a imagem pública é essencial para quem transita no campo político.........................................................................................................................

Uma das interpretações do aparecimento do escândalo do “mensalão” na mídia é que esse vazamento pode ter sido uma jogada de adversários políticos dos petistas, devido ao forte apoio popular que o governo tinha na época. O que o senhor pensa em relação a isso?

Há muita coisa em jogo. Todas as hipóteses podem estar certas e podemos acrescentar outras. Mas a escandalização como tática e como parte do jogo político é coisa que se conhece desde sempre. E consiste justamente em mostrar como o comportamento do outro é delituoso e inapropriado. É uma forma de luta

Arquivo Pessoal

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VerbO

distribuindo as suas sonoras mais duras que enchem o jornalismo. Então é um jogo por duas commodities: tanto no caso dos escândalos quanto no das CPIs.

Foi a revista Veja que revelou o caso do “mensalão”, em 2005. Segundo gravações da Polícia Federal, o jornalista que escreveu a matéria, Policarpo Júnior, tem relações com Carlinhos Cachoeira. Antônio Pagot, demitido do Dnit, teria sido alvo de denúncias, primeiramente na Veja, a mando de Cachoeira...

Eu não defendo uma teoria paranoica contra a Veja. Eu acho que formaram uma espécie de “Veja é a nova Globo”. Eu vivi a paranoia antiGlobo por um longo tempo. De fato, a emissora se comportava mal em relação ao governo militar. Grande parte dessa conduta ocorreu por causa da inércia que se via em qualquer ato do Jornal Nacional. Um esforço de conspiração contra a democracia ou contra os partidos de esquerda que frequentemente não se provava à Análise de Conteúdo (pesquisa em comunicação). Hoje é a Veja. Eu não tenho certeza, mas quando eu vejo um grupo social, como a esquerda, apontando “é o lobo, é o lobo” para a Veja, eu tendo a não gostar dessa massificação de ideias.

A Veja é uma revista de posição política contrária à do PT. Essa posição se verificou desde o início do governo, quando o PT começou a ganhar as eleições presidenciais. E já antes disso... É uma posição estabelecida. Faz parte da natureza a que a revista se prestou.

A Veja é muito seletiva. Eu acho que esse fator faz as pessoas perderem a situação um pouco de vista. Aliás, é bom que se diga: ultimamente o jornalismo investigativo no Brasil tem sido basicamente um jornalismo de vazamento. Ninguém descobre nada. Na realidade, os dossiês, os papéis e o material gravado e filmado chegam por vazamento ao jornalismo. É por interesses do próprio campo político. Algumas vezes até se apura alguma coisa, mas muitas vezes se publica até sem uma grande apuração. A questão toda é: isso é um papel legítimo ou não? Você admite um site

de vazamento, mas você não admite uma revista? O problema está em quem vaza ou no comportamento inadequado que é vazado?

Se a Veja vazou por intermédio do Policarpo, por causa dos interesses lá, a questão é saber: foi a Veja que fez isso ou os fatos vazados que são assustadores? O fato de Veja se prestar ao vazamento significa que a revista participa de um “complô do mal” contra o PT. Essa tese eu não consigo comprar.

E diante disso, como é que as pessoas deveriam se posicionar perante um escândalo político na imprensa? Quando sai uma matéria, elas ficam revoltadas...

De maneira geral, o nível de revolta é bem bobinho, não é? É quase assim: “eu esperava que eles fossem tão honestos e, de repente, descubro que não são”. E aí generalizo. A proposição “os políticos são todos iguais” não é muito vantajosa. Quando você vai analisar as práticas ou as pessoas, sobre o que elas pensam disso, há sempre um duplo julgamento. “Que escandalosos os políticos”. Aí depois você pergunta: “se você fosse político e tivesse a chance de

dar um cargo para um amigo, você daria?”. Aí escuta como resposta: “claro! Eu sou otário para não dar?!”.

A melhor posição é o realismo político. Quer dizer, se aparece um novo escândalo, é sinal que nós estamos avançando; é sinal que se descobriu uma conduta inapropriada, que a sociedade está provendo remédios para isso; é sinal que alguém vai ser punido agora e vai perder a reputação, por exemplo. Político vive de reputação, de imagem. Se perde a imagem, perde grande parte do seu capital: o motivo pelo qual ele existe. Então é preciso lidar com isso. A sensação “eis mais um escândalo; veja como o mundo é ruim” não deve ser essa. A sensação deveria ser “eis mais um escândalo. Nós nos livramos de mais um? Veja como estamos avançando...”. O próximo que se comportar mal sabe que pode ser descoberto também. Se ele não se tornar bom, vai se tornar prudente pelo menos.

Leia a entrevista completa no site.

“Luta-se em política pela

imagem própria e contra a do adversário”

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MetrOpOlIS • ecOnOMiA

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Dois anos se passaram, mas é difícil esquecer o misto de tristeza e revolta do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, diante de uma possível redefinição dos royalties do pré-sal. Em palestra a estudantes da PUC, realizada em março de 2010, a voz do governador fluminense embargou e as lágrimas rolaram. “Tá de bom tamanho!”, desabafou encerrando assim o discurso.

Não é de hoje que a palavra de origem inglesa,

royalty, é sinônimo de polêmica e discórdia econômica entre exploradores e regiões exploradas. Cabral não é o primeiro nem será o último a lamentar. Chegou a vez de lideranças políticas mineiras demonstrarem descontentamento (embora sem lágrimas) com os royalties da mineração – atividade que responde por grande fatia do PIB do estado.

Na segunda quinzena de junho, o governo de Minas lançou a campanha “Minério com mais justiça”,

Antes tarde ou nunca

Maior produtor de minério de ferro do Brasil, Minas Gerais trava briga com mineradoras por mais recursos de compensação aos municípios produtores

De braços cruzados - governo e entidades civis participam de campanha pela revisão dos royalties do minério..............................................................................................................................................................................................................................................................

omar Freire / Imprensa MG

André Martins

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MetrOpOlIS • ecOnOMiA

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que sugere uma revisão da alíquota dos royalties do minério de ferro. A movimentação mineira é articulada com o projeto do ex-governador de Minas, o senador Aécio Neves. O texto propõe a alteração da percentagem de 2% do faturamento líquido das empresas do setor para 4% do faturamento bruto. O valor seria dividido entre União, estados e municípios.

Na cerimônia de lançamento da campanha, Aécio e Anastasia estampavam largos sorrisos. Diferentemente de Cabral, os dois não têm mesmo motivos para chorar. A contragosto das empresas mineradoras, estado e municípios mineiros têm muito a ganhar, caso o protesto ecoe em Brasília e resulte em alterações na esfera federal. Passando pelo Plenário da Câmara e recebendo a “bênção” da presidente Dilma Rousseff, o aumento da alíquota fará com que o valor arrecadado por Minas com os royalties do minério de ferro quadruplique.

Em entrevista coletiva, Aécio disse que a iniciativa se trata de uma “campanha cívica em favor de Minas e das futuras gerações”. “Hoje é desproporcional o que nós, estados e municípios mineradores, recebemos em relação àquilo que recebem, por exemplo, os municípios produtores de petróleo”, expôs em entrevista coletiva.

A queixa de Aécio é pertinente. A título de comparação, em 2011, os 2005 municípios mineradores do Brasil receberam cerca de R$ 650 milhões em recursos de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, as chamadas CFEMs. No mesmo período, Macaé, cidade petrolífera fluminense, arrecadou mais de R$ 1 bilhão. Os royalties do petróleo chegam a 10% do faturamento bruto das petroleiras.

Além da disparidade dos valores das CFEMs, o impacto ambiental gerado a partir das explorações mineradora e petrolífera é contrastante. Enquanto a primeira implica redefinições paisagísticas e exige maior infraestrutura das cidades produtoras, a segunda estende reflexos apenas no assoalho oceânico e nas águas marinhas. Este é outro motivo que impulsiona a campanha: cidades mineradoras sofrem mais com os reflexos da extração.

O prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo, Raimundo Nonato Barcelos, acredita que a alíquota dos royalties do minério tenha de ser revista. Desde 2007, a cidade mineira tem a economia dinamizada pela maior produtora de minério de ferro do mundo: a Vale. Em 2011, o município arrecadou cerca de R$ 57 milhões em royalties. Um valor considerável. Mesmo assim, não existem critérios para qualificá-los como “justos”. “Nós, por exemplo, perdemos uma nascente por causa da mineração”, cita Barcelos.

O presidente da Associação dos Municípios Mineradores do Brasil e prefeito de Congonhas do Campo, Anderson Cabido, também acredita que a alíquota dos royalties do minério tenha de ser alterada por justiça. Entretanto, Cabido discorda da partilha dos recursos propostos pelo senador Aécio Neves. Os 65% da CFEM retidos nos municípios produtores seriam reduzidos em 15 pontos percentuais. Os estados passariam a arrecadar 38% em vez de apenas

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MetrOpOlIS • ecOnOMiA

23%. A União permaneceria com os 12% excedentes. “Por que o estado teria a arrecadação aumentada, se é o município que mais sofre?”, questiona o prefeito.

Acompanhando em silêncio a polêmica sobre a redivisão dos percentuais de compensação, algumas empresas do setor tentam desqualificar a revisão dos royalties. Com o aumento da CFEM, os produtores seriam obrigados a “repassar” o prejuízo para não saírem perdendo. Resultado: o preço do minério aumentaria e o produto ia se tornar menos atrativo no mercado externo. De acordo com Cabido, o argumento não tem sustentação. “No ano passado, a Vale faturou R$ 40 bilhões. Os 4% sobre o faturamento bruto da empresa corresponderiam a R$ 1,6 bilhão. Não seria um impacto devastador para os cofres da empresa”, opina. A Vox Objetiva procurou a Vale e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), mas as empresas preferiram não se pronunciar sobre o assunto.

O professor do Departamento de Engenharia de Minas da UFMG, Evandro Moraes, tem noção dos vultosos valores movimentados pelo setor. Segundo ele, as mineradoras conseguem obter lucro em todas as etapas que envolvem a exportação do bem. Para ele, seria necessário outro argumento para desqualificar o aumento da alíquota.

Mas antes de discutir aumentos, o professor sugere que o debate paute por outra questão: a forma como são – ou não – gastos os recursos destinados aos municípios. “O que existe de prefeitura ao redor de Belo Horizonte que recebe dinheiro de royalties e não faz nada, rouba, compra o que não devia comprar ou não usa o dinheiro, é lamentável”, denuncia. A Constituição Federal prevê a aplicação dos recursos originados da CFEM em projetos que beneficiem a comunidade local. Isso inclui melhoria da infraestrutura, da qualidade ambiental, da educação e da saúde.

O acadêmico chama a atenção para o fato de o assunto vir à tona e se tornar uma espécie de “bandeira” em pleno 2012. Para Moraes, não há dúvidas de que existe um evidente interesse por trás da mobilização. “Até agora o debate é puramente político. O que a população precisa e deseja saber é se esse aumento vai refletir na solução de problemas cotidianos. Vai melhorar a poeira da rua? Vai melhorar o asfalto? E as condições de trabalho?”, reflete o docente.

O Instituto Brasileiro de Mineração e a Associação Mineira dos Municípios Mineradores foram procurados pela reportagem da Vox Objetiva, mas preferiram não se manifestar.

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o minério de ferro no Brasil e no mundo

o Brasil é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo. o país fica atrás apenas da Austrália. Em 2010, o Brasil foi responsável pela produção de 372 milhões dos 2,4 bilhões de toneladas de minério de ferro produzidas no mundo. os dados foram levantados pelo sindicato nacional da Indústria de Extração de Ferro e Metais Básicos (sinferbase), pela empresa de Pesquisa Geológica dos Estados unidos da América (usGs) e pelo Departamento nacional de Produção Mineral (DnPM).

Dados de 2011, do Ibram, apontam que Minas Gerais segue como o maior produtor nacional de minério de ferro. o estado responde por 63% da produção. o Pará está em segundo lugar com 32%.

A China é a maior compradora do ferro retirado das terras tupiniquins. Em 2010, o gigante asiático levou 49% do que foi produzido no território nacional. Em seguida aparecem japão (12%), Alemanha (6,7%), Coreia do sul (3,8%) e França (2,6%) como principais compradores.

Mesmo com a gigantesca produção brasileira e mundial, estudos do Banco Credit suisse mostram um déficit de mais de 90 milhões de toneladas de minério de ferro anuais. o mercado deve atingir o equilíbrio em 2013.

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A cobrança de honorários advocatícios

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kÊnIO de SOuZa pereIraPresidente da Comissão de Direito

Imobiliário da [email protected]

Em março de 2012 foi aprovada, por unanimidade, a nova Tabela de Honorários da OAB Minas. A instituição é comandada pelo Dr. Luís Cláudio da Silva Chaves, que tem se empenhado para estimular o aperfeiçoamento dos profissionais do Direito.

A tabela foi atualizada monetariamente e estabelece como honorários mínimos, na maioria dos casos, 20% sobre o benefício econômico a ser auferido. A tabela valoriza a efetivação do resultado, seja ele amigável, conseguido por mediação, seja contencioso. Diz o texto: “Salvo outra disposição em contrário, em todas as ações voluntárias ou contenciosas, independentemente de solução amigável ou contenciosa, deverão ser cobrados honorários mínimos de 20% sobre o valor real da causa”.

O Presidente da Seção Minas Gerais da OAB esclarece que “independentemente da solução ao caso dar-se de maneira contenciosa (judicial) ou voluntária (extrajudicial), os honorários advocatícios devem ser pagos sem depender do êxito da ação”.

“O advogado que se esmera no aprimoramento do seu conhecimento e na negociação, poupa o cliente da dependência do Poder Judiciário. É equivocada a ideia de que, quanto maior for o tempo da demanda judicial e o volume de recursos, mais bem- -remunerado deve ser o advogado, ao contrário do profissional que obtém êxito de forma célere. Esse

entendimento simplista desvaloriza o profissional que resolve a questão rapidamente, por ter maior credibilidade”, frisa o Presidente da OAB-MG.

Conforme a nova tabela, dentre os cinco requisitos que deverão ser observados pelo advogado para a fixação dos honorários advocatícios, destacam-se: a) a reputação da capacidade e probidade do advogado; b) a dificuldade, o tempo e o mérito do trabalho a ser prestado.

ConTRATo DE honoRáRIos

Ao convencionar os honorários como objeto de pactuação contratual, o profissional da advocacia assegura não só a estabilidade de sua relação com a clientela, como cumpre o dever ético-institucional previsto no art. 35 do Código de Ética e Disciplina (CED) da OAB.

A Tabela de Honorários da OAB Minas é um parâmetro para combater o profissional que compromete o sustento de

toda uma classe ao oferecer, por valores irrisórios, seus serviços. Conforme o art. 41 do CED da OAB, é passível de punição disciplinar o profissional da advocacia que promove o aviltamento dos valores referentes aos serviços profissionais. Certamente escolhemos um cardiologista para a garantia da nossa vida pela competência e credibilidade e não pelo preço. Fazemos da mesma forma com um engenheiro, que vai garantir a segurança do nosso lar.

“É passível de punição o

profissional que promove o

aviltamento dos valores referen-tes aos serviços

profissionais”

artIgO • iMOBiLiÁRiO

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Mobilidade a “camelo”

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MetrOpOlIS • ciDADes

Ciclovias, bicicletários, equipamentos públicos, todo um sistema está sendo criado para que as bicicletas voltem. o objetivo não é a

sustentabilidade, mas a rapidez nas locomoções

Do bairro Coração Eucarístico à Praça da Liberdade. Terça-feira, horário de pico. Taxistas não têm descanso. Trabalhadores, desesperadamente, querem voltar para casa, de carro, ônibus, motocicleta ou metrô. Os veículos públicos transbordam pessoas, e as ruas estão próximas do caos. O desafio intermodal estava predefinido. Os envolvidos: dezoito pessoas e dezoito modos diferentes de locomoção. Dentre os veículos, cinco bicicletas com características diferentes. Além de carro, metrô, ônibus, táxi e motocicleta, alguns fazem o trajeto caminhando ou correndo.

O experimento realizado pela última vez em 2011 é uma amostra do que vem sendo feito todos os anos pelo Mountain Bike BH nas proximidades do Dia Mundial sem Carro. São mais de dez categorias de modais. Desde 2007, a bicicleta sobe no pódio: ocupa sempre primeira, segunda ou terceira colocação, geralmente chegando atrás apenas da moto.

Além de tempo, outras variáveis são consideradas. No último desafio, realizado em 2011, o transporte por táxi foi o mais caro. O carro foi o sexto com maior gasto. Todos os modais são analisados nas sete variáveis de análise – como emissão de poluentes, gasto de energia e velocidade média – e são pontuados. No resultado final do último ano, a bicicleta ocupou cinco dos sete primeiros “vencedores”.

O cineasta e ciclista Vinícius Túlio se locomove pela

cidade de bicicleta todos os dias. Em média, ele pedala 17 km diários. Na ida para o trabalho, a diferença de tempo não é tão grande, se comparado o trajeto feito por bicicleta e por ônibus. Mas, na volta, o cronômetro usado dentro do coletivo pode chegar a marcar mais que o dobro do que o daquele preso ao guidão.

Belo Horizonte tem 36 km de ciclovias. De acordo com o supervisor de projetos e obras especiais da BHTrans, Mauro Luiz, a ideia do programa Pedala BH é chegar a 381 km implantados até 2020. Para 2012,

a promessa é que as obras comecem no início de agosto, logo após a finalização do processo licitatório.

Até o final deste ano, a BHTrans pretende dotar a cidade com cerca de 100 km de rotas cicloviárias. “Desse total, 42 km serão implantados pela BHTrans, 24 km serão destinados às regionais Barreiro e Venda Nova, que são recursos do Banco Mundial doados à cidade, e outros 24 km de ciclovias existentes serão revitalizados. Então isso somado a

mais 11,3 km implantados em 2011 totalizam 102 km”, aclara o supervisor.

De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a frota nacional de bicicletas é de mais de 65 milhões. O Brasil é o quinto maior consumidor e terceiro maior produtor mundial. O último dado analisado, de 2011, revelou, porém, uma queda de consumo de 3,8%, em comparação com 2010.

Até o final de 2012, a BHTrans pretende dotar a cidade com cerca

de 100 km de rotas cicloviárias

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Ao contrário do que se observa em relação às bicicletas, a frota de automóveis se multiplica. Nos últimos dez anos, o número cresceu quase 78%. Até maio deste ano, a frota nacional era estimada em 40 milhões.

A preocupação com o trânsito talvez seja um dos fatores considerados mais relevantes para o incentivo ao uso da bicicleta. De acordo com especialistas, a solução para os congestionamentos quilométricos não é parar de comprar ou de usar o carro. “Ter carro é direito de cada um, significa melhoria de renda. O que nós temos que discutir é a utilização do carro”, analisa o diretor regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP/MG), Ricardo Mendanha.

De acordo com o diretor da IFluxo Serviços de Consultoria em Transporte e Tráfego, do Rio de Janeiro, Warner Vonk, é importante destacar que 50% das viagens que o homem faz são de curta distância, de um a três quilômetros. “Até a padaria, até o supermercado, a academia, a escola do filho,... São viagens que podem ser feitas de bicicleta. Você desocupa espaço na rua. Assim, os trajetos que têm que ser feitos de carro serão mais simples e com menos engarrafamentos”, aconselha.

No Rio de Janeiro, Vonk, que é holandês, pedala todos os dias. “Eu levo e busco o meu filho na escola de bicicleta. Faço todos esses trajetos curtos pedalando”, conta. Ele acredita que, em curto prazo, todos deverão adotar esse hábito pelo fato de a bicicleta proporcionar uma locomoção mais ágil. “Em Amsterdam, em Copenhague, todos fazem esse tipo de viagem”.

Amsterdam tem cerca de 400 km de ciclovias: quase a distância entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro. Pelas ciclovias é possível ir a quase toda parte da cidade. De acordo com o site iamsterdam.com, são 600 mil bicicletas para um lugar com 750 mil habitantes. É como se quase todos os moradores da capital holandesa tivessem uma “magrela” em casa.

De acordo com Vonk, depois da Segunda Guerra Mundial, em 30 anos, o uso da bicicleta diminuiu na Holanda para 10% a 15% dos trajetos realizados. O

o especialista Warner Vonk acredita que o Brasil consiga facilmente chegar ao nível da holanda, mas, para isso, é preciso que se comece a planejar e a discutir seriamente o assunto..........................................................................................................................

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planejamento cicloviário começou a ser repensado na década de 1980. “Hoje em dia o número de viagens feitas por esse tipo de transporte retornou para 30%. A consequência desse replanejamento foi a diminuição do número de mortes no trânsito: de 22 para cinco óbitos para cada 100 mil. A situação do Brasil se assemelha à da Holanda de 1980. O país consegue fácil chegar lá, mas isso leva uns 20 ou 30 anos”, explica.

Em Belo Horizonte, o incentivo ao uso da bicicleta tende a crescer assim que um novo projeto for colocado em prática. “Nós estamos em um estudo para dotar a cidade de bicicletas públicas”, afirma Mauro Luiz. Segundo ele, o objetivo é oferecer, em vários pontos espalhados pela cidade, bicicletas para que as pessoas possam as utilizar como meio de transporte em parte da viagem. “Mas isso ainda está em fase preliminar,

porque há um conflito grande com o código de postura de lei de uso e ocupação do solo. Precisamos resolver as questões legais, antes da implantação”.

Desde 2007, esse sistema existe em Paris e em 30 municípios adjacentes à capital francesa. Atualmente são oferecidas mais de 20 mil bicicletas em cerca de 1800 estações localizadas a 300 metros uma da outra. O sistema chamado Vélib funciona 24 horas por dia. O usuário paga a partir de insignificantes 19 euros por ano.

Inspirando-se nos sistemas de compartilhamento de bicicletas da França, um grupo brasileiro está colaborando para que essa também seja uma realidade brasileira. Em parceria com a CompartBike, companhia que criou o sistema de BikeSharing da USP, o dono da empresa de consultoria ZGD, Pedro

Em Amsterdam, o planejamento cicloviário começou a ser repensado em 1980. hoje a cidade tem cerca de 400 km de ciclovias..............................................................................................................................................................................................................................................................

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Rocha, desenvolveu um sistema automatizado e personalizado para ser vendido para as prefeituras. “Como há muitas sutilezas, especificidades em cada lugar onde há a demanda, procuramos personalizar o sistema. No caso de Indaiatuba, que a gente inaugurou há pouco tempo, é um sistema que conta com a presença de um funcionário para passar o leitor do código de barras no código de barras da bicicleta. Enquanto não for retirada, a bicicleta fica guardada em um gancho convencional para aproveitar espaço. São três estações, com pouco mais de 30 bicicletas em cada”, descreve. O consultor explica que o grupo está em contato com o poder público de outras cidades.

Mas o medo com relação ao vandalismo sempre aparece, quando um projeto como esse é pensado no Brasil. Porém, o gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland, Lincoln Raydan, afirma que tudo é uma questão de educação, que depois vira cultura. “Existem algumas cidades no Brasil onde isso está acontecendo. Rio de Janeiro já tem essa questão, em parceria com o banco Itaú. Mas para se tornar hábito, cultural, é preciso tempo”.

Raydan foi o idealizador do ciclo de debates sobre planejamento cicloviário ocorrido em Belo Horizonte em junho: o Cidades Cicláveis. “O Brasil está muito atrás em relação aos países de primeiro mundo. Eles estão 5 mil anos na frente. O Brasil é muito jovem ainda. E é um país tropical, onde o clima favorece. Não tenho dúvidas de que é um projeto viável e um caminho, porque o trânsito nas grandes cidades brasileiras está um caos”, avalia.

Além da preocupação com o transporte urbano, o sistema de bicicletas compartilhadas de Pedro Rocha, em parceria com a CompartBike, tem um diferencial: os quadros de todos os “camelos” são fabricados com garrafas pet recicladas. São necessárias, em média, 200 garrafas por quadro. A ideia é do artista plástico uruguaio Juan Muzzi. “E é uma bicicleta superbacana. Tem um desempenho excelente, é super-resistente. A gente acredita que isso agregue um valor ao projeto. Além de pensar em toda essa questão de mobilidade urbana, a gente reaproveita o lixo – uma forma mais sustentável de pensar o problema”, esclarece Rocha.

sIsTEMA CICloVIáRIo

“Conexão intermodal”. Essa é uma das expressões mais utilizadas nos debates recentes, quando o tema é mobilidade urbana. A intenção é se espelhar no que tem sido feito em cidades, como Paris e Amsterdam, onde os meios de transporte estão interligados para facilitar qualquer trajeto.

Lincoln Raydan defende a integralidade de transportes públicos. “Se o ciclista vier lá de Ribeirão das Neves, por exemplo, e estiver em uma estação integradora, ele pode deixar a bicicleta no Vilarinho, em um bicicletário adequado, tomar banho no vestiário, e vir para o centro

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da cidade. Então é preciso essa integração com os outros modais para que o ciclista possa usar a bicicleta realmente como meio de transporte”, pondera.

A previsão do Pedala BH era implantar 30 paraciclos até o final de 2012. Mas, segundo Mauro Luiz, esse ideal já foi ultrapassado. “Em 2011, nós implantamos 52. E existem bicicletários hoje nas estações BH Bus São Gabriel, Venda Nova, Barreiro e Estação Diamante. Com exceção da São Gabriel, que vai passar por uma reforma, os outros devem ser revitalizados. Depois do fim dessas obras, a São Gabriel também será contemplada com estacionamentos para bicicletas até maiores”.

Bicicletários e paraciclos, porém, representam apenas uma pequena parcela do que deve ser pensado em um planejamento cicloviário. “Não é um bicho de sete cabeças, mas é preciso começar. Você tem que partir da necessidade. As pessoas não querem ir à ciclovia para ficar lá. Elas querem ir da origem, da casa delas, para

o destino: um shopping, o trabalho ou uma drogaria”, ilustra Warner Vonk.

De acordo com o holandês, o primeiro passo é um processo participativo com a população. Definir em um bairro, por onde a infraestrutura vai passar, quais são as principais origens e os destinos. Segundo Vonk, a população tem que ser ouvida, pois é ela quem sabe onde justifica a implantação.

O segundo passo é definir se vai envolver ciclovia ou ciclofaixa e por quais ruas e cruzamentos vai passar. “Depois a própria Prefeitura tem que fazer o desenho, detalhar, definir a largura, o material e fazer a licitação do projeto. Depois é fazer o detalhamento e a execução. Em geral, o processo todo pode ser realizado em um ano. Mas geralmente esse tipo de projeto fica parado por muito tempo, porque não há apoio, e as pessoas são contrárias”, alerta Vonk.

O diretor regional da ANTP/MG, Ricardo Mendanha, defende que a população precisa brigar e se mobilizar em prol do tema. Ele justifica: “principalmente a imprensa acha que o problema é o político, o órgão público que não faz. Quem não faz é a sociedade; quem não quer é a sociedade. É preciso discutir com o povo que esse modelo de cada um ter um carro; de cada um fazer do jeito que quiser. Isso não vai dar certo; não funciona”.

Para Medanha, o planejamento cicloviário deveria estar nos programas de governo de pretensos prefeitos e nas propostas dos candidatos à Câmara Municipal. “Criar ciclovias significa tirar espaço do automóvel. Isso faz com que muita gente concorde, mas não faça nada. É importante que um conscientize o outro, vizinhos, parentes, de que essa tem que ser uma disputa principal. É importante brigar para que se construam ciclovias, que se invista nelas e que esse seja o programa de governo de quem for eleito. Isso é necessário para que ele coloque as questões dos ciclistas, que prometa, cumpra e depois fiscalize para cumprir políticas e que trate a questão da bicicleta como um sistema. Para isso, a população precisa querer. Não adianta ficar 5% querendo e 95% não. Se a maioria da população não quiser, isso não vai acontecer”, defende.

Cerca de 50 ciclistas sofrem acidentes todo mês. o desrespeito ao código e a falta de fiscalização são os responsáveis pelo problema .........................................................................................................................

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FIsCAlIzAção DEFAsADA

Um levantamento realizado pelo Detran-MG revela que Belo Horizonte registra cerca de 50 acidentes envolvendo ciclistas por mês. Os maiores causadores, segundo quem usa bike, são os motoristas profissionais. “Taxistas e motoristas de ônibus e caminhão são os que mais ameaçam ciclistas nas ruas”, afirma um dos coordenadores do grupo Mountain Bike BH, Vinícius Mundim Zucheratto. A falta de educação no trânsito é, sem dúvida, a grande causa desse número.

Os acidentes são numerosos, e a fiscalização é escassa. Dados do Detran registram apenas um motorista multado em 2011 por deixar de reduzir a velocidade, quando foi ultrapassar um ciclista. Em 2012, até o mês de abril, ninguém havia sido multado por ter cometido esse tipo de infração.

Mas em relação às ciclovias houve um aumento da vistoria. Em todo o ano passado, 69 pessoas foram

multadas por estacionar sobre ciclovia ou ciclofaixa. Até abril deste ano, 59 veículos haviam sofrido a mesma punição. Porém, quando o assunto é transitar em ciclovias ou ciclofaixas, o número parece ter caído de 41, em 2011, para nove até abril de 2012.

Um dos maiores causadores de problemas para ciclistas é também o item menos observado. Desde o início de 2011, nenhum veículo foi multado por violar o artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro, que obriga os motoristas a guardarem uma distância segura de um metro e meio durante a manobra de ultrapassagem de ciclistas. Para Zucheratto, esse é justamente um dos principais fatores que devem ser modificados.

O ciclista Vinícius Túlio acredita que a educação no trânsito precise ser ensinada, desde cedo, nas escolas. “Um colega meu tem uma ideia interessante. Ele diz que o ciclista não precisa de ciclovias. E é verdade. Antes de ciclovias, o que o ciclista precisa é de respeito”.

Grupos de Pedal

na capital mineira, pelo menos 14 grupos, todos listados no portal do Mountain Bike Bh (MTB-Bh), saem dia e noite para pedalar. Praticamente todos os dias é possível ver um bando de ciclistas transitando pela cidade.

o MTB-Bh é o maior grupo de Beagá. Além de organizar pedaladas, representa um ponto de encontro para discussões. Contando hoje com 7,1 mil usuários do fórum na internet e 350 associados contribuintes, o grupo surgiu a partir de uma comunidade no orkut, em 2004. De acordo com um dos coordenadores do grupo, Vinícius zucheratto, no mesmo ano, um protesto contra a falta de segurança nos acessos e trilhos próximos à BR 040 ajudou a aumentar o número de participantes. Em 2005, o fórum foi criado, e as discussões sobre todos os temas ligados à bicicleta começaram a surgir.

Exclusivo para mulheres, o Pedal de salto Alto surgiu a partir de uma conversa entre amigas. A ideia era pedalar um dia como se estivessem em Copenhague, capital da Dinamarca. “Esse era o objetivo: incentivar as meninas a pedalar de um jeito alegre, divertido, de forma confortável”, explica uma das criadoras, Marcela Abreu.

o evento acontece de dois em dois meses. De acordo com Marcela, a maioria das meninas entra no clima e faz uma superprodução. “não tem como as pessoas na rua não olharem e deixarem de mexer com aquele bando de mulheres lindas pedalando. nos bares, as pessoas levantam, aplaudem e nos incentivam com frases carinhosas. Isso é um barato”, exclama a ciclista, que pedala há cerca de três anos.

outros grupos também são grandes incentivadores da pedalada na capital, como o le Vélo e o Grupo da Bike. Para fazer parte dessas multidões do pedal não há mistério. Geralmente basta olhar o horário, confirmar presença e aparecer montado no seu camelo.

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Em 2008, o ex-governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), mergulhou de cabeça na campanha eleitoral pela prefeitura de Belo Horizonte. O senador mineiro se empenhou para promover uma “aliança branca” com os petistas. A decisão propiciou a eleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Quatro anos depois, o mesmo Aécio que orquestrou a união trabalhou pelo isolamento e o enfraquecimento do PT na aliança, forçando a ruptura. Resultado: uma verdadeira reviravolta na disputa pelo poder municipal em 2012.

A construção da aliança entre PT, PSDB e PSB, em 2008, teria sido um fator muito mais pessoal do que político entre Pimentel, Aécio e Marcio Lacerda. É o que afirma o doutor em ciência política Malco Camargos. Os interesses que convergiam para os três partidos não estariam mais ligados nem no cenário municipal nem no nacional. “Passa também por uma dificuldade de acerto entre Pimentel e Aécio e entre PT e PSDB”. Camargos acredita que a cidade não tenha ganhado com o governo de coalizão de Lacerda.

“Eu acho que a aliança, a proposta de não ter uma oposição, de uma política entre iguais, faz com que a política se repita. Em outras palavras, é a existência da oposição que faz com que a situação repense o seu jeito de governar. Com isso, a política deixa de inovar e de ser diferente. Eu acho que a volta da disputa na

cidade traz a modernização da política”.

O professor do Departamento de Ciência Política da UFMG, Bruno Reis, acredita que a aliança tenha sido malcosturada. A inabilidade de Pimentel para articular a união refletiu em perdas políticas para o PT até mesmo no nível estadual. O partido teve que ceder na disputa pelo governo de Minas, em 2010. Patrus foi apenas o vice de Hélio Costa (PMDB). Assim como Pimentel, que disputou vaga no Senado Federal,

saíram derrotados.

“O PT agora se vê na contingência de disputar o poder contra um prefeito que é candidato à reeleição. Trata-se de um prejuízo político muito grande. O PT joga o favoritismo nas mãos do adversário, sem ter chegado a perder a eleição”. Entretanto, o professor destaca que o partido está ‘reenergizado’. “As coisas parecem mais claras na cabeça dos petistas e dos militantes. Resta saber qual é o tamanho do petismo a essa altura”, pondera Reis.

A escolha por Patrus em vez de Roberto Carvalho, que havia até

registrado candidatura no TRE, seria por respeito ao histórico político do também ex-prefeito de Belo Horizonte. Por ter sido vereador, prefeito da capital, deputado federal mais votado e ministro do governo Lula, Patrus tem candidatura mais densa e com mais peso do que a de Roberto Carvalho. Portanto, Patrus é um nome mais viável eleitoralmente, segundo Camargos.

Cara ou coroa nos bastidores da disputa pelo poder municipal, Dilma e Aécio

duelam em silêncio por apoio político e espaço para 2014

“Eu acho que a aliança,

a proposta de não ter uma oposição,

faz com que a política se repita”

Malco Camargos

Paulo Filho e André Martins

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Desde o início do mandato, a voz dissonante do governo Marcio Lacerda (PSB) – a do deputado estadual Délio Malheiros (PV) – surpreendeu ao aceitar a composição como vice-prefeito na chapa de Lacerda. Com a escolha de Patrus como o candidato do PT à prefeitura, Malheiros perdeu o lugar de opositor ao prefeito. “O Délio é uma força pragmática de uma candidatura com mais risco e pouca chance de vitória. Sendo vice, ele tem mais possibilidade de sucesso. Essa foi a escolha dele. Faz parte do jogo político. Mas isso pode atrapalhar o Délio futuramente. Parte do eleitorado dele mais consciente pode cobrar. Agora o cálculo é pragmático, pensando em 2012, no curto prazo”, conclui Camargos.

PRojEçõEs

De um lado, Patrus Ananias – doutorando em filosofia pela Universidad Complutense de Madrid e docente do curso de Direito da PUC Minas. O bocaiuvense de 60 anos foi vereador (1989 - 1992) e prefeito (1993 - 1996) de Belo Horizonte, deputado federal (2002 - 2004) e Ministro do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome do governo Lula (2004 - 2010).

Enquanto esteve à frente da prefeitura da capital mineira, Patrus definiu como pilares de governo as políticas públicas que combatiam as disparidades sociais e propunham uma cidadania participativa. O ex-prefeito se destacou ainda por consolidar uma agenda cultural mais dinâmica na cidade.

De acordo com o professor Bruno Reis, a vitória de Patrus significaria o retorno ao que ele chama de “Prefeitura petista”. “Significaria um apoio mais efetivo à população pobre, que funcionou melhor antes do Lacerda; uma revitalização de instrumentos, como o Orçamento Participativo – criado na administração Patrus – e a rearticulação da base da política cultural, uma área que esteve em crise ao longo desses últimos quatro anos. O resto tende a ficar parecido”, analisa.

Do lado oposto, o principal oponente de Patrus e candidato à reeleição, Marcio Lacerda. Formado em Administração pela UFMG, o mineiro de Leopoldina, de

Com o rompimento da aliança, Patrus (esq.) e lacerda vão retomar uma disputa histórica que há muito não se via em Belo horizonte..............................................................................................................................................................................................................................................................

Roosewelt Pinheiro/ ABr Antônio Cruz/ ABr

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66 anos, foi um empresário bem-sucedido nos ramos da engenharia e das telecomunicações nas décadas de 80 e 90. Construtel e Batik, empresas criadas por ele, estiveram presentes em 16 estados brasileiros, no Chile e na Bolívia.

Uma das primeiras experiências políticas de Lacerda aconteceu em 2003, quando o administrador se tornou secretário executivo do Ministério da Integração Nacional, na gestão Ciro Gomes, no primeiro mandato do ex-presidente Lula. De 2007 a 2008, a convite do governador de Minas, àquela época, Aécio Neves, Marcio assumiu a gestão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.

Ligado ao empresariado, Lacerda tem sido um prefeito de perfil tecnocrático, que se assemelha ao do mentor político. “O Lacerda tem o estilo mais próximo da coisa do Aécio: muitas obras, um estilo mais executivo, grandes projetos, grandes planos e certa percepção de afastamento em relação a movimentos de base”, expõe Reis.

A reeleição de Lacerda não corresponderia a grandes alterações, segundo especialistas. Sem o PT como adjuntor, Lacerda deverá apenas reconstituir os quadros dentro da prefeitura, o que poderá influir, mas não de forma perceptível, no segundo mandato.

De perfis administrativos muito distintos são feitos os principais pleiteantes ao poder municipal. São características e projetos que, segundo o professor Bruno Reis, definem a identidade de PT e PSDB. “Há, sobretudo, uma diferença na cultura que cerca um e outro”, opina.

BElo hoRIzonTE no FoCo

De todas as capitais brasileiras, Belo Horizonte é a que terá a eleição menos local em 2012. Aqui a disputa está vinculada à corrida presidencial de 2014. Prova inconteste disso foram as convenções partidárias municipais que definiram as candidaturas. A maioria dessas candidaturas foi ignorada. As exceções foram as do PSB, com a manutenção do nome de Lacerda como candidato à reeleição, e as de partidos como o PSOL e PSTU.

O PMDB lançou o deputado federal Leonardo Quintão em uma chapa com um vice do PDT. O PV optou pelo deputado estadual Délio Malheiros, pré--candidato declarado desde a última eleição. O PTB lançou o deputado Eros Biondini. E o PT, depois de uma desgastante disputa entre “aliancistas” e “não aliancistas”, aprovou a indicação do vice na chapa do prefeito Marcio Lacerda. Depois, alegando traição do PSB e do prefeito a um acordo sobre a eleição de vereadores, o PT, em convenção, aprovou o fim da aliança e lançou o atual vice-prefeito, Roberto Carvalho.

Articulador da aliança de 2008, Aécio neves provocou o rompimen-to dois anos depois, vislumbrando a corrida pelo Palácio do Planalto.........................................................................................................................

Valter Campanato/ ABr

Fabio Rodrigues Pozzebom/ ABr

Para não perder espaço e ajudar o PT a retomar à prefeitura de Bh, Dilma deverá se envolver na campanha de Patrus Ananias.........................................................................................................................

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Nenhum deles será candidato. Não nesse pleito. No fim, prevaleceu o interesse dos caciques partidários, que se armam para a disputa ao governo federal em 2014, e a visão de que a prefeitura de Belo Horizonte é apenas mais um aparelho importante para a obtenção de votos numa campanha nacional.

Do outro lado, a definição da candidatura de oposição migrou de Belo Horizonte para Brasília e, segundo consta, teve a articulação e o martelo da presidente Dilma Rousseff e do vice, Michel Temmer (PMDB), na escolha.

O professor Bruno Reis coloca a capital mineira como estratégica na corrida para 2014 por dois fatores: é governada pelo PSB, um aliado importante do PT – principalmente no Nordeste, onde Dilma venceu com folga em 2010 – e por ser o domicílio eleitoral do provável principal adversário da presidente em 2014.

“Isso é explosivo. Há muito tempo, Aécio cultiva boas relações com o PSB, sobretudo por meio de Ciro Gomes e do presidente do partido, Eduardo Campos. O senador se oferece, de forma análoga, como esteio da posição do PSB na prefeitura de BH para estreitar

essa relação com o partido. Se essa eleição esquentar, isso pode desgastar as relações entre PT e PSB com ramificações federais”, opina. É o que espera o senador tucano para, assim, ter as simpatias e o apoio do partido de Lacerda daqui a dois anos.

O PT não acompanha as articulações de Aécio em silêncio e inércia. De acordo com Reis, o partido deve fazer uma “delimitação de território”. “Isso significa não se envolver na campanha no Recife, reconhecendo a preeminência de Eduardo Campos, e esperar que ele não se irrite com a perspectiva de Dilma entrar com força em Belo Horizonte”.

Inicialmente não seriam erradas as análises que colocam o ex-governador mineiro em vantagem nessa disputa: seu candidato tem a máquina da prefeitura na mão, apoio do governo estadual e de partidos da base do governo Dilma. É o caso do PSD que, contrariando orientação da direção do partido de apoiar a candidatura do PT, abriu dissidência para apoiar a reeleição de Marcio Lacerda. E mais do que tudo isso e sintomático para 2014, Aécio Neves e Eduardo Campos – governador de Pernambuco e maior estrela política nordestina da atualidade – estão do mesmo lado.

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paulO fIlHO jornalista e consultor de Comunicação social

[email protected]

artIgO - POLíticA

A política como ela é (no Brasil)

Lula e Maluf aos abraços nos jardins da casa de Maluf, observados por um papagaio de pirata que apenas compõe a cena e que vem a ser o candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.

O encontro, os afagos e o anúncio da aliança Lula/PT/Maluf para a disputa da prefeitura de São Paulo renderam manchetes e discussões, pautou a mídia nacional e, de quebra, afastou a deputada pessebista e ex-prefeita paulistana, Luíza Erundina, da função de vice na chapa com Haddad. Algo como ter vergonha na cara foi o que ela deu a entender.

Setores da mídia, da esquerda e mesmo do PT se manifestaram incrédulos, inconformados e até envergonhados com a atitude de Lula. Impressionados com a manobra do ex- -presidente, eles questionaram a necessidade de tamanho pragmatismo para tentar garantir a eleição de Haddad, escolha pessoal de Lula. Rápido na contraofensiva, o PT sacou o argumento de que os fins sempre justificam os meios, além do que, Lula, o grande líder, sempre tem razão. Se é para eleger nosso candidato, Maluf é bem-vindo às nossas hostes, esse é o entendimento petista.

O fato é que, observada de perto, a aliança PT/Maluf não tem nada de novo nem de inusitado. É apenas mais uma manifestação da velha e arcaica política tupiniquim, na qual o que vale é chegar ao poder e se

manter nele a qualquer custo. Ideologias e princípios não significam nada e mais uma vez fica clara a ideia de que “são todos farinha do mesmo saco”. A aliança PT/PP em São Paulo, festejada com ares de “matrimônio” por Lula e Maluf, teve até contrato pré-nupcial que rendeu um cargo no governo federal ao pepebista. Como velha raposa que é, Maluf topou o matrimônio,

mas resguardou seu “patrimônio”.

Maluf foi da Arena, partido de sustentação da ditadura militar, governador biônico do estado de São Paulo e prefeito da capital paulista. Hoje ele responde a vários processos por corrupção, fraudes e desvio de dinheiro público e é procurado pela Interpol. Até há algum tempo, Maluf era a encarnação do demônio para os petistas. Mas ainda mantém um bom curral eleitoral em São Paulo,

e seu partido tem pouco mais de um minuto de tempo para a propaganda eleitoral gratuita. Para Lula e o PT, assim como para a maioria dos partidos e dos políticos em geral, esses dois pontos são, hoje, os únicos que interessam.

Se Haddad for eleito, terá sido mais uma “jogada de gênio” de Lula, assim como teriam sido a aliança com Kassab, a parceria com Roberto Jefferson, a pressão sobre ministros do STF e mesmo a criação da CPI do Cachoeira, dentre as várias bolas-fora e os erros de avaliação do ex-presidente, caso tivessem dado outros resultados.

“Até há algum tempo, Maluf

era a encarnação do demônio para

os petistas”

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Em silêncio

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horas, meses ou até anos sem nada dizer. A condição das famílias que aguardam e as histórias de vida de quem despertou do coma

Fernanda Carvalho

Vânia Maria Serpa estava prestes a ser avó pela terceira vez. Dentro de pouco tempo, viajaria para a Bahia. Lá esperaria a chegada e auxiliaria a filha com o bebê. Mas, em um sábado, antevéspera do Natal de 2010, as chances dos planos se concretizarem se reduziram a zero.

Na sexta, Vânia estava bem, mas na manhã seguinte foi diferente. Não tinha forças para permanecer

sentada na cama e não conseguia pronunciar uma palavra sequer. “Minha irmã, que é enfermeira, achou que se tratava de um enfarto ou um AVC. Ela mediu a pressão e medicou a minha mãe. Mas não adiantou. Fomos ao hospital de Matozinhos”, narra uma das três filhas de Vânia, Shirley Serpa.

Depois de ser transferida duas vezes para hospitais da Unimed, em Belo Horizonte, Vânia passou por uma

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SalutarIS • sAúDe

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SalutarIS • sAúDE

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série de exames referentes a Acidente Vascular Cere-bral, Isquemia Cerebral e infarto. Mas, segundo Shir-ley, nenhum dos exames confirmaram as suspeitas dos médicos. O único resultado positivo foi para baixa de sódio no organismo. O caso seria solucionado em, no máximo, três dias com reposição de sal de cozinha.

Porém, na terça-feira o quadro clínico de Vânia se agravou. Com o fim do período de visitas, a família retornou para casa, em Pedro Leopoldo. Ao chegar, receberam uma ligação do hospital informando que além de não enxergar, Vânia tinha um dos braços dor-mentes. “Desde então, ela entrou em coma. Eles come-çaram a fazer outros exames. Fizeram pulsão lombar, por desconfiar que pudesse ser encefalite ou meningi-te”, explica Shirley.

A mãe de quatro filhos entrara em coma profun-do. “Numa primeira fase, ela ficou entubada. Não se mexia; não abria os olhos. Com o passar do tempo, foi melhorando”, analisa a filha. Como não tinha mais exames a serem feitos, depois de muitas opini-ões divergentes de vários neurologistas, o hospital da Unimed fechou o diagnóstico de sequela de encefalite

para que ela pudesse ser transferida para o hospital Octaviano Neves, de longa permanência.

De acordo com o chefe da neurologia do hospital João XXIII, Rodrigo Faleiro, o mais importante é de-finir a causa, porque é a partir desse momento que se torna possível resolver o problema. “Existe uma área no centro do cérebro que é responsável por ativá-lo. Então a maioria do tratamento do coma é avaliar se essa área está comprometida”, esclarece.

Shirley vive a dúvida do motivo que levou a mãe a entrar em coma há um ano e meio. Desde então, ela saiu do emprego e abandonou a própria vida para estar sempre por perto. Ela não se arrepende. “Não há dinheiro que pague esse prazer de cuidar dela o tempo todo”. Shirley, os irmãos e o pai revezam nos cuidados.

Hoje, ao reencontrar a mãe, Shirley a cumprimenta e recebe o olhar dela em sua direção. O progresso diário a torna ainda mais esperançosa. “Só quero que ela me reconheça. Eu fiquei sabendo de um caso de uma mu-lher que ficou em coma nove meses. Ela via os filhos, ouvia, mas não conseguia se comunicar com eles. Fico pensando se é isso que possa estar acontecendo”.

Segundo Faleiro, estar em coma significa perder o contato com o meio externo. “Existem algumas situ-ações que simulam o coma. Nesses casos, por algu-ma razão, a pessoa não consegue acordar, mas escuta tudo ao redor. Então parece que alguns pacientes, ao voltarem do coma, também passam por esse período e podem falar que se lembram de algo que foi dito”. Isso quer dizer que a esperança de Shirley pode estar mais próxima da realidade do que ela pensa.

ExPERIênCIA TRAnsCEDEnTAl

Era terça-feira, 19 de julho. Paulo Luiz Bezerra dirigia uma moto CB-450 na avenida Rebouças, em São Pau-lo. Ele seguia em direção ao shopping Eldorado, onde compraria uma roupa para ser padrinho de casamento no final de semana. Aproximou-se de um semáforo que acabara de ficar verde. O Escort XR3 que estava atrás acelerou e bateu na traseira da moto. O jovem de 28 anos, que acabara de se tornar pai pela segunda Entrar em coma significa perder o contato com o meio externo

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SalutarIS • sAúDE

vez, colidiu com o carro da frente e foi lançado por cima, batendo a cabeça no teto do veículo, caindo no segundo automóvel até paralisar-se de costas no chão.

Uma tranquilidade sobre-humana submergiu o mo-tociclista. Paulo descreve que flutuava em meio à né-voa branca que preenchia o lugar. Tudo estava em silêncio. Ao fundo, uma luz iluminava o que parecia ser um túnel. “Essa foi uma das situações mais confor-táveis que senti. Eu acho que é uma espécie de prêmio que a gente ganha depois que termina a vida. Mas eu não tinha consciência de que tinha morrido; só de que estava em uma situação de tanta satisfação que, in-dependentemente do que tivesse acontecendo, eu não queria sair daquele lugar”, relembra Paulo, 24 anos depois do acidente.

Seguia em direção à luz no fim do túnel, quando acordou do coma. Estava no banco de trás de um passat. “Minha reação foi de quem não entendia nada. Eu me lembrava apenas de que havia passado por uma situação agra-dável”, revela. O casal do banco da frente pediu que ele se acal-masse. Seguiam para o hospital. Mas Paulo não entendeu. Afinal, não sentia dores, estava bem. “Eu achava que aquilo era alguma brincadeira boba”.

De acordo com o neurocirurgião, Rodrigo Faleiro, é muito comum em acidentes haver uma parada transitória dos neu-rônios. Depois que a pessoa acorda do coma, é muito comum o relato de luz no fim do túnel. Segundo ele, existem explicações neurológicas que dizem que é a sequência de neurônios que vão se desligando, em que os mais primitivos descem a imagem de luz. Mas ain-da não há uma explicação científica do porquê dessa experiência.

Paulo só percebeu que tinha sofrido um acidente de moto, quando viu a traseira do carro que o carrega-va totalmente destruída e visualizou no próprio cor-

po a jaqueta que era vestida somente quando subia na moto. Ao chegar ao hospital Iguatemi e passar em frente a um espelho, assustou-se. “Eu tinha os dois braços e a costela quebrados, escorria sangue pelo na-riz, na cabeça,... Eu tive hemorragia dentro do olho e um monte de coisas. Eu estava todo arrebentado, e não sentia nada”.

O jovem ficou dez dias hospitalizado. “O médico percebeu que eu havia estado em coma, após o diag-nóstico de problemas neurológicos. Eu passei mais de quatro meses sem me lembrar do que havia aconte-cido. Só me lembrava do que lidei durante o estado de coma, que eles chamam de Experiência de Quase--Morte. Uma experiência que deve ser quase tão boa quanto a morte”, analisa.

Os fatos só voltaram à mente de Paulo, quando ele foi chamado a se explicar. Além de pensarem que o jovem havia tentado suicí-dio, recaía sobre ele um proces-so por danos materiais. “Como o carro que bateu em mim fugiu, eu me tornei o possível culpado. No final, o processo foi arquiva-do concluindo que eu não era o culpado”.

14 Anos sEM suA Voz

Flavia, dez anos, saudável e alegre. Boa aluna, tecladista, fa-lante de dois idiomas e dona de

uma inteligência brilhante. É assim que Odele Souza se lembra da filha. Há 14 anos, porém, Odele ouve apenas o silêncio de Flavia. Por seus lábios de jovem de 24 anos não saem palavras. O rosto é enfeitado por poucas expressões que a mãe percebe com suavidade. E o corpo, que aos olhos de muitos parece não ter vida, é cuidado com todo o carinho de uma mãe em plena batalha.

Odele ouviu a voz da filha pela última vez numa tar-de de verão. No dia 6 de janeiro de 1998, Flavia desceu com o irmão e os coleguinhas para a piscina do prédio

“Alguns pacientes, ao voltarem do

coma, podem falar que se

lembram de algo que foi dito”

Rodrigo Faleiro

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SalutarIS • sAúDE

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onde moravam, no bairro de Moema, em São Paulo. A menina teve os cabelos sugados pelo ralo da piscina – que estava ligado e era superdimensionado, de forma irregular. Ela se afogou e foi retirada da água já desa-cordada. Desde então, a menina permanece em estado de coma. O quadro é irreversível, segundo os médicos.

Flavia vive em casa com a mãe, por quem é muito bem-cuidada. Algumas vezes por semana, Odele desce para o jardim do prédio com a filha para que a jo-vem tome sol. Nesses momentos, ela é vestida como uma moça de 24 anos. O cabelo está sempre penteado e cortado no tamanho que ela gostava. “Eu costumo dizer que é pior que a morte, porque quando a pessoa morre, no outro dia você começa a trabalhar a perda. Quando você tem um filho numa situação de depen-dência total e de inconsciência, essa dor se torna diária e também irreversível”, expressa a mãe.

Um ano após o acidente, Odele começava a sair do estado de choque. Intrigada com o que acontecera com a filha, a mãe iniciou uma busca incansável pelos mo-tivos. Após algum tempo, começou a lutar por uma lei que colocasse fim a esse tipo de desastre silencioso.

No dia 1º de janeiro de 2007, ela fez o primeiro post em um blog dedicado a Flavia: flaviavivendoemco-ma.blogspot.com.br. Nele contou o que ocorreu com a filha e começou uma campanha de alerta. “Esse tipo de acidente é mais comum do que se pensa. Há casos no mundo inteiro. Pelo menos uma morte por ano no Brasil é causada pela sucção dos ralos de piscinas. E a maioria são crianças e vítimas fatais”, alerta.

De acordo com Odele, desde a criação do blog co-meçaram a “pipocar” projetos de lei para segurança de piscinas, mas nenhum deles mencionava a sucção dos ralos. “As pessoas desconhecem esse problema e é uma armadilha submersa. Enquanto não for criada uma lei em relação a isso, mais vidas serão perdidas”.

Como os projetos eram apresentados sem embasa-mento técnico, Odele resolveu ir atrás. Juntou-se a dois peritos em segurança de piscinas, um brasileiro e um americano, criou um adendo a um projeto que tinha sido baseado no caso da Flavia e levou tudo para Brasília, em agosto de 2011.

“Eu deixei minha filha, tomei um avião, fui para lá, trabalhei dias na elaboração daquele texto e fizemos uma apresentação em PowerPoint, mostrando os de-talhes técnicos e os dispositivos de proteção, que nem são caros. O deputado federal Darcísio Perondi (PMDB/RS), relator da lei, recebeu-nos muito bem e disse que até o fim do ano a lei deveria passar pelo Congresso”, conta Odele. Mas nada aconteceu. Hoje a mãe, que luta para que o mesmo mal não acometa outras mães do Brasil, não consegue falar com o deputado nem ter notícias do projeto ao qual tanto se dedicou.

Flavia está em coma vigil: abre os olhos, mas não interage com o ambiente. Na observação diária atenta, porém, a mãe percebe sutis reações à dor, ao barulho e ao toque. Embora não verbalize uma resposta, Odele acredita que a filha entenda o que acontece ao redor. “Eu leio histórias para ela, converso com ela, coloco músicas, porque sei que ela escuta. Ela ficou com a audição preservada”, relata.

Odele se esforça para não esquecer o que mais sente falta em relação à filha. “A maior saudade, com cer-teza, é da voz dela. Eu acho a coisa mais cruel é você deixar de ouvir a voz de um filho, que está na sua frente, mas que você não consegue ouvir, porque ela perdeu essa capacidade”.

há 14 anos, odele se dedica quase que exclusivamente à filha..........................................................................................................................

Arquivo Pessoal

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MarIa angélICa falCIPsicóloga clínica e especialista em saúde Mental

[email protected]

Tempo que tanto prezo, desejo e não consigo organizar... Hoje é comum ver pessoas relatar dificuldades em lidar com o tempo. Falam das muitas tarefas cotidianas, queixam-se que gostariam de ter tempo para fazer outras coisas, que não sentem o tempo passar e por aí vai uma infinidade de relatos.

Penso muito a respeito do assunto e compartilho algumas considerações. A maioria vai concordar com a aceleração econômica e social da atualidade, com o alto nível de exigência que faz com que crianças e adultos sejam inundados de atividades para preencher o tempo e seguir numa busca incessante de conhecimentos e aprimoramento de possíveis dons. Tempo ocioso é malvisto nos tempos “modernos”. Tornou-se “importante” falar sobre o tanto de atividades que se executa por dia, que o filho não tem nenhum horário livre, e vai por aí afora...

Na verdade, isso que presenciamos reflete inúmeras consequências. Percebem-se uma intensa fadiga e oscilações comportamentais em grande parte das pessoas. Elas trabalham, cuidam dos filhos, preocupam-se em aprender vários idiomas, têm a necessidade de praticar exercícios físicos, fazer novos cursos nos finais de semana, etc. Em resumo, o estresse acumulado fica visível. Assim as pessoas não conseguem refletir, aprofundar as boas conversas, falar de suas percepções ou sobre as coisas boas e valorosas da vida. Estão cansadas demais e, de certa forma, afastadas delas mesmas. Passam a agir de forma “mecânica”, e o prazer fica em segundo plano.

Com certeza é necessário desenvolvermos atividades profissionais, sociais, familiares, físicas e espirituais. É vital que possamos ativar todas as áreas de nossas vidas, mas com o devido equilíbrio e foco nas prioridades.

Observe-se para não cair na “rede” do “Se tá na moda, vou fazer também”. O modismo engole grande parte das pessoas que vivem em ritmo acelerado, sem nenhuma qualidade de vida. Muitas investem tempo

em atividades que não têm nada a ver com elas nem dão prazer. Essas pessoas seguem exercendo essas atividades somente para impressionar, como se isso fosse sinônimo de status. Cuidado!

Lembre que o tempo é precioso. É preciso dimensioná-lo com obrigações e prazeres para que o melhor da vida seja vivenciado com intensidade. As crianças que aprendem essa lição levam a vida sendo agraciadas pela segurança emocional, com tendência de buscar atividades que verdadeiramente vão

trazer resultado, prazer e alegria. Descobrem desde cedo que não precisam ser o “Sr. Sabe-Tudo” e que a perfeição compete ao íntimo de fazer bem aquilo que se ama. Para elas, o tempo pode ser um grande aliado, caso seja ajustado às reais prioridades.

Nada melhor do quer ter “tempo meu”; do que parar e cuidar de si. Isso pode significar não fazer nada ou estar no salão, na academia, na terapia ou debaixo de uma árvore conversando com seus “botões” ou com uma pessoa especial. Ficar assim é tudo de bom, quando temos tempo para sentir a VIDA e não sermos devorados pela enfadonha falta de tempo.

Tempo meu

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artIgO • PsicOLOgiA

“É vital que pos-samos ativar

todas as áreas de nossas vidas,

mas com o devido equilíbrio e foco nas prioridades”

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InGREDIEnTEs:

200 g de filé-mignon

2 ovos fritos

150 g de arroz branco cozido

150 g de batata para fritura

SalutarIS • ReceitA

MoDo DE PREPARo:

Grelhar o filé e reservar. Fritar as batatas e reservar.

Para montagem, dispor os ovos sobre os filés ao lado do arroz enformado e das batatas fritas.

Filé a cavalo

Fonte: Restaurante Armazém Medeiros

Petrônio Amaral

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A música e o vinho sempre andaram juntos. Desde a época de Dionísio e Baco, esse dueto é sinônimo de sucesso entre carreiras solo, de dupla e, claro, de vários grupos. Assim como o vinho, a música aguça nossos sentidos e sentimentos, chegando até a nos tocar a alma. Essa combinação encanta, apaixona e aproxima as pessoas.

É possível harmonizar a música e o vinho de acordo com o momento e a companhia. Ter essa percepção pode ser determinante para atingir um elevado estado de espírito.

Danilo Schirmer

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SalutarIS • vinHOs

Atentos a esse comportamento, há alguns anos, psicólogos da Heriot Watt University realizaram uma pesquisa que resultou na seguinte conclusão: enquanto se degusta um vinho, a música ouvida pode influenciar na percepção do sabor. As músicas mais pesadas e encorpadas, por exemplo, sugeriram robustez nos vinhos das uvas da família Cabernet. Já as músicas energéticas e agitadas realçariam as características refrescantes dos exemplares da uva Chardonnay e dos demais vinhos brancos e espumantes.

Um dos responsáveis pela pesquisa acredita que os produtores deveriam colocar algumas recomendações de músicas nos contrarrótulos das garrafas de vinhos.

Após algumas pesquisas, encontrei sugestões de músicas que harmonizam com determinadas uvas. Compartilho:

• Cabernet Sauvignon: All along the watch tower (Jimi Hendrix), Honky Tonk woman (Rolling Stones), Live and let die (Paul McCartney and Wings), Kashimir (Led Zeppelin), Carmina Burana (Carl Orff)

• Chardonnay: Disease (MatchboxTwenty), You could be mine (Gunsand Roses), Ever lasting love (Gloria Estefan), Love generation (Bob Sinclar), Just can’t get enough (Nouvelle Vague)

• Merlot: Paint in black (Sixth Finger), Creep (Radiohead), P.D.A. (John Legend), Stronger than me (Amy Winehouse), Come undone (Duran Duran)

Outra dica é o Festival I Love Jazz, que acontece todos os anos na Praça do Papa. O evento apresenta atrações nacionais e internacionais, com música de primeiríssima qualidade, potencializada em uma atmosfera mágica. Uma ótima escolha de música e, claro, regado a muito vinho. Este ano, o Festival acontece no primeiro final de semana de agosto.

Um brinde à vida!

O vinho e a música

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Page 34: Vox Objetiva 37

Segurança ou barbárie?

rObSOn SáVIO reIS SOuZa Com colaboração de luciana Teixeira de Andrade

Filósofo especialista em segurança pú[email protected]

artIgO • JUstiçA

De tempos em tempos, os meios de comunicação publicam pesquisas favoráveis à pena de morte e à tortura. Qualquer tentativa de pensar a violência de forma menos escandalosa e séria é vista como perversão ou como sua defesa. É neste contexto de altas taxas de crimes e de forte sentimento de insegurança que ganham espaço na mídia alguns comentaristas cujo principal tema é mais que o crime: o discurso violento sobre o crime. Bradam por mais repressão e, de sobra, conceituam sociólogos e pesquisadores como protetores de bandidos, quando esses estudiosos do assunto procuram somente compreender os processos sociais que levaram o nosso país a ser o sexto em número de homicídios.

A longa tradição autoritária do Brasil produziu instituições de controle social, como as polícias, que foram e são estimuladas a garantir a lei e a ordem a qualquer custo. Em vez do recurso à Justiça, as polícias brasileiras definem a fronteira cotidiana entre o legal e o ilegal. Paradoxalmente a opinião pública é cambiante, na medida em que depende se o castigo e a punição estão mais ou menos direcionados ao controle dos “bandidos”. É interessante observar que dessa maneira a punição tem como alvo pessoas e grupos, e não os atos infracionais.

O mais dramático nesse dantesco quadro é que existe um pacto de silêncio e conivência associado a um comportamento dúbio por parte da sociedade nos seguintes moldes: quando se exige da polícia um comportamento republicano e democrático

(principalmente quando a ação discricionária da polícia atinge “gente de bem”) ou quando se considera aceitável e natural que a mesma polícia faça conchavos, tome medidas extralegais ou não preste contas à sociedade dos atos praticados.

A segurança pública demanda o equilíbrio de expectativas em duas vertentes: na esfera dos fenômenos, ou seja, na redução da quantidade de práticas violentas e na esfera dos sentimentos e de percepções relacionadas com o que é vivenciado pelas

vítimas, com as experiências vividas por parentes, amigos e as divulgadas nos meios de comunicação social.

Num mundo volátil e mutante, as pessoas são induzidas a um investimento naquilo que supõem controlar, tendo em vista a sua autopreservação. Para tanto, o paliativo para a insegurança é a busca por segurança que tem a ver com a integridade corporal, a defesa da propriedade e uma ideia de “comunidade” que faz

do estranho o inimigo a ser combatido. Existe um evidente contrassenso aí: ao incrementar o arsenal de segurança, há um sempre crescente sentimento de insegurança; e mais: os “outros” se tornam ameaçadores. Para eles, os outros, não há lei. Desde que sejam “os outros”, a polícia teria autorização para fazer o que quiser.

Não é possível, racional, nem eticamente aceitável que formadores de opinião ratifiquem práticas que afrontam a dignidade.

“O controle externo das

organizações policiais no Brasil é um

faz de conta”

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Mão robótica sensível

Engenheiros da Escola de Engenharia de Viterbi, na Califórnia, divulgaram a criação de mãos sensíveis ao toque, equipadas com BioTac (sensores de toque que usam algoritmos inteligentes). As mãos robó-ticas têm dedos com “impressões digitais” capazes de sentir textura por meio de vibrações. As mãos se-riam mais sensíveis que a própria mão humana.

Novo pacote Office da Microsoft

uma versão prévia do novo pacote office da Microsoft foi apresentada no último dia 16, em san Francisco (EuA). A versão batizada como office 2013 terá a integração das fun-ções dos programas Word, Excel e PowerPoint ao office 365, versão on-line anunciada em 2010. o diferencial do novo pa-cote é a facilidade na utilização dos programas em tablets, com o uso do toque ou com canetas digitais. A ideia é fazer com que o produto concorra com o Google Docs e o iWork, da Apple.

o supercomputador mais rápido do mundo perten-ce aos Estados unidos novamente. o país bateu o K, do japão, com o novo sequoia, 1,55 vez mais rápido do que o modelo japonês. A tecnologia vai conduzir simulações para garantir a vida útil de armas nuclea-res em processo de deterioração. o sequoia está ins-talado no laboratório nacional de lawrence liver-more, na Califórnia. A máquina é 273.930 vezes mais veloz do que o primeiro supercomputador americano a ficar no topo do ranking dos mais velozes, criado em 1993, pela Thinking Machine: o CM-5/1024.

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O computador mais rápido do mundo

Vanguarda - tecnOLOgiA

Reprodução

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Os clássicos que ainda fazem sucesso nas ruas graças à velha e à nova guarda de

motoristas apaixonados por carros antigos Bianca Nazaré

Land Rovers, Audis, EcoSports e Picantos. As ruas estão lotadas de carros bem-equipados, com bancos com aquecimento, faróis de xênon, computador de bordo. Os veículos aliam alta potência e aceleração à economia de combustível e a baixos níveis de poluição. Nesse cenário de modernidade, não raro, a vista foca no retrovisor um velhinho que se adianta na calçada do tempo. São raridades que ainda se aventuram circulando pelas ruas: Fuscas 1969, Opalas 1966, Cadilacs Eldorado 1970, Mavericks V8 1977.

A paixão por carros antigos é a razão para a preservação desses “senhores” de quatro rodas. Seus

amantes compartilham o sentimento de adoração em clubes que realizam encontros e exposições, como os apaixonados por Fusca. Em Belo Horizonte existem dois clubes de proprietários de um dos primeiros carros populares do país: o Clube do Fusca e o Portal do Fusca.

Inconformados com os poucos encontros que aconteciam na cidade, alguns donos de Fusca se aliaram para criar um grupo concorrente do pioneiro Clube do Fusca. O consultor de vendas Bruno Beleza, 34 anos, foi o mentor da ideia. Tudo começou com uma comunidade no Orkut. Aos poucos, o número de membros foi crescendo. O primeiro encontro do Fusca reuniu 10 participantes. No segundo encontro, eles somavam 30 e no terceiro, 50. “O Portal reacendeu uma chama nos proprietários de Fusca e trouxe tudo isso à tona. Hoje, graças a Deus, o Portal está muito bem”, comemora o Presidente do Portal do Fusca, Bruno Beleza. O clube tem site próprio: o portaldofusca.blogspot.com.br.

Os encontros acontecem no primeiro domingo do mês, no bairro Mangabeiras. Os “fusqueiros” trocam

informações sobre peças, oficinas, serviços, compram e vendem acessórios, demonstram

devoção. “É um lugar onde todo mundo se identifica e troca experiências. Cria-se muita amizade. Hoje é muito comum termos

membros que se tornaram grandes amigos e até as famílias se conhecem”, conta Bruno. Os membros do clube aproveitam

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Divulgação

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Vanguarda • sÉRIE RetRô

as reuniões para arrecadar alimentos não perecíveis para instituições de caridade.

Bruno conta que sua história com o Fusca começou quando o tio da esposa procurava um comprador para o carro. Ao perceber o cuidado que o marido da sobrinha tinha com os próprios automóveis, ele fez a proposta de venda, porque não queria passar aquela raridade para qualquer pessoa. “Para não arriscar, ele me disse para ficar com o veículo. Então a gente começou a comprar peças e a curtir o carro juntos. Depois fiquei com o carro só para mim. Mas quando o Ailton vê o Fusca, ele costuma dizer que é dele”, graceja.

O que torna o veículo raro é o fato de estar em perfeito estado de conservação, considerando a fabricação que data de 1973. O consultor de vendas explica que uma pessoa comum relutaria em pagar mais que R$ 5 mil pela antiguidade, mas entre colecionadores o valor é alto. Bruno já recebeu uma proposta de R$ 20 mil pelo carro. “Eu não o vendo por nada. É como se fosse um membro da família. Tenho um carinho especial pelo carro. Para mudar de ideia, teria que estar diante de uma oferta absurda. Mesmo assim, conversaria com minha esposa e com meu tio. A intenção é manter o carro sempre comigo e que meu filho se apegue a ele”.

No encontro dos “fusqueiros”, no Mangabeiras, os transeuntes ficam encantados e encostam o carro para conversar com os donos dos Fuscas e ver as fotos que eles carregam. Um fusquinha com ar moderno chama a atenção de dois senhores. Eles param para conversar com João Fernando, 52 anos, o dono da belezinha. Ele comprou um Fusca 1994, em 2010, e pagou para que modificassem o veículo completamente. O Fusca Itamar, como ficou conhecido no Brasil, é conversível e rebaixado. O automóvel, como nunca se poderia imaginar na época da fabricação, tem vidro elétrico, ar-condicionado, som digital, poltronas de couro e volante de madeira. João diz que tudo isso é um diferencial do carro. Ele tem ainda outros dois. “Não vou dizer que o fusca é o melhor carro do mundo, mas é uma paixão que eu tenho desde menino”, completa.

O carro chegou a levar um membro do Portal para

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o cinema. Em 2005, o aposentado José Antonino Emery Pereira, 69 anos, fez uma participação nas gravações do filme O Balé da Utopia, do diretor Marcelo Santiago. A estudante vivida pela atriz Mel Lisboa se apaixona por um bailarino. A história se passa na década de 1970. Antonino foi procurado pela produção do filme, porque possuía um Fusca original da época, ano 1969. As filmagens aconteceram em Belo Horizonte. O aposentado diz que a gratificação pelo “empréstimo” é boa. “Eles (produtores do filme)

Bruno diz recusar as melhores proposta pelo xodó, o fusquinha 73.........................................................................................................................

o fusca 69 de Antonino já deu o ar da graça até nas telonas.........................................................................................................................

Fotos Bianca nazaré

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Vanguarda • sÉRie RetRô

pagam até bem! Eles convidam para fazer com ou sem motorista. Eu fui o motorista. Não ponho meu carro na mão de qualquer um”, brinca.

Antonino chegou a ter sete Volkswagen. Restaram dois. O outro é um de 1954. A decisão de venda decorreu simplesmente pela falta de espaço. Há uma explicação para a obsessão pelo Fusca. Antonino conta que o fabricado em 69 foi o primeiro carro adquirido com o próprio dinheiro, no ano de 1972. “Quando você compra uma coisa pela primeira vez, como se sente? Você tem uma paixão por aquilo, não é? Comigo aconteceu isso. Quando eu voltei a encontrar esse fusca, igualzinho ao meu primeiro, voltou toda aquela paixão de época. Até então, eu rodava com os carros do meu pai. Rodei bastante tempo. Eu vendi o primeiro, mas tenho esse vermelhinho que é idêntico. Porém, coloquei vários acessórios, e hoje ele é um hobby”. Antonino é vice-presidente da Associação dos Amigos do Carro Antigo.

A Associação foi criada há aproximadamente 11 anos para formalizar as reuniões de amigos que expunham

carros nos shoppings da cidade. O grupo é composto por proprietários de diversos modelos de automóveis antigos. O objetivo do clube, segundo o presidente da Associação, José Pio Júnior, 48 anos, é simplesmente o encontro. “Há um ano que nós não realizamos o nosso encontro semanal das terças-feiras por falta de espaço. Os shoppings ficaram cheios e sem condições de ceder lugar”.

Além dos eventos da Associação, os membros participam de reuniões de outros clubes, como o Clube do Opala, do Dodge, do Fusca e outros que acontecem na cidade. O diferencial, porém, é que os Amigos do Carro Antigo não têm fins lucrativos, como acontece em outros clubes. “Todos aqueles que têm um antigo falam com um amigo, que fala para outro. Não tem cobrança de taxa nem mensalidade. É só ir ao evento”.

O hobby de Pio acabou virando um negócio. O gosto pelos carros raros fez com que ele comprasse diversos automóveis para colecionar. Como tinha uma garagem grande, ele vislumbrou a possibilidade de montar um negócio de venda e compra de automóveis antigos. A garagem se transformou na Pio Autos Antigos. Segundo ele, a loja tem carros para “todo gosto e todo bolso”. “As pessoas que procuram a loja querem curtir uma coisa diferente. Elas têm um saudosismo. As pessoas que frequentam a loja têm mais de 30 anos, o que contribui por causa da situação financeira”.

Pio coleciona carros antigos, um hobby que acabou virando negócio.........................................................................................................................

Muitos proprietários tem investido em estilo arrojado e conforto aos carros antigos, equipando-os com ítens encontrados nos lança-mentos da indústria automotiva.........................................................................................................................

Fotos Bianca nazaré

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saudosismo em quatro rodas - apesar de “avançados em idade”, os carros antigos fazem a cabeça de muita gente até hoje..............................................................................................................................................................................................................................................................

Fotos Bianca nazaré

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Henrique André

era pior. Na 16ª colocação, o time beirava a zona de rebaixamento com 9 pontos dos 27 disputados.

A comparação escancara um impressionante salto de produtividade. De acordo com analistas esportivos, nunca na era dos pontos corridos o Atlético surpreendeu tanto. A equipe de Cuca ambiciona algo grande em 2012. Tem razão e o direito de sonhar.

Campeão mineiro invicto, o Atlético chama a atenção do Brasil dentro e fora de campo. Líder até a nona rodada, o clube abriu os cofres e fez contratações pontuais – tudo para acabar com o jejum de 41 anos do último título da divisão principal do Campeonato Brasileiro. A mais chamativa delas, a do meia Ronaldinho Gaúcho – eleito o melhor do mundo em 2004 e 2005 e pentacampeão com a seleção brasileira em 2002. O atacante Jô, o lateral esquerdo Júnior César e o goleiro Victor também chegaram para assumir a titularidade alvinegra. A contratação do ex-gremista foi muito festejada. Ele é esperança de que a carência por um goleiro de alto nível chegue ao fim.

Em 30 pontos disputados, o time carijó chegou aos 25 e ganhou o respeito dos adversários. Com uma base montada no ano passado e reforços que agradaram ao torcedor, o Galo do técnico Cuca não está para brincadeira. Façanhoso, o carijó aprontou duas vezes no Sul este ano: contra o Grêmio, na vitória por 1 a 0, e em Florianópolis, quando derrotou o Figueira por 4 a 3 em uma partida inesquecível.

CRuzEIRo

O arquirrival atleticano também investiu. Os resultados, entretanto têm vindo a conta-gotas. Até a décima rodada, Cruzeiro permanece na zona

pOdIuM • esPORte

Todo ano, com raras variações, o Atlético inicia o Campeonato Brasileiro de forma avassaladora. Larga na dianteira, vence fora de casa e faz o dever dentro de seus domínios. Mas, em determinado momento, a coisa “desanda”, e o time cai diante dos menores. Aos poucos, a equipe alvinegra deixa a briga pela parte de cima da tabela e se torna protagonista da desesperadora luta contra o descenso.

Na nona rodada do Brasileirão de 2011, o Atlético tinha 11 pontos, a metade do que teve até a nona rodada da competição deste ano. Em 2010, a situação

Com mais de um quinto do Brasileirão disputado, Atlético segue firme na parte de cima da tabela enquanto Cruzeiro faz campanha irregular

Cavalo paraguaio?

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Gabriel Castro

Ronaldinho é a maior contratação do futebol mineiro em 2012.........................................................................................................................

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intermediária da tabela, mas vê o G4 muito próximo, da 6a posição que ocupa, com 17 pontos.

Na Toca da Raposa II, a tática adotada foi bem diferente. Após um desmanche feito no ano passado e com a reformulação errada do time, o Cruzeiro acabou ficando de fora da decisão do campeonato mineiro e precisou agir rapidamente. A primeira mudança foi na diretoria de futebol: saiu Dimas Fonseca, entrou Alexandre Mattos, ex-diretor do América. No comando técnico, uma substituição oportuna: Vágner Mancini pelo cauteloso e ‘linha-dura’ Celso Roth.

Rescindindo o contrato de alguns jogadores trazidos por Mancini e se encaixando no estilo no novo comandante, o Cruzeiro se reforçou, apostou num elenco experiente. Tinga, que defendeu a seleção brasileira e vários clubes da Europa, foi o reforço mais chamativo e comemorado. O meia Souza, o zagueiro Rafael Donato, o volante William Magrão e o meia-atacante Fabinho engrossaram o caldo celeste. Para a sequência do campeonato, mais três reforços: o atacante Borges, artilheiro do campeonato brasileiro do ano passado; o lateral-direito Ceará, campeão do mundo com o Internacional, e o meia argentino Martinuccio, vice-campeão da Libertadores do ano passado com o Peñarol, do Uruguai, e ex-jogador da Villareal, da Espanha, emprestado pelo Fluminense.

EsPECulAnDo

O jornalista esportivo Thiago de Castro, do site ‘Superesportes’, vê com bons olhos o trabalho das diretorias. Ele se mostra confiante numa boa campanha de Galo e da Raposa. “Atlético e Cruzeiro tiveram uma melhora de perspectiva importante, desde o fim do estadual. A movimentação no mercado foi interessante por parte das duas diretorias”, opina.

Thiago entende que o Atlético, pelas contratações que fez, não pode pensar pequeno dentro da competição, e que o Cruzeiro, nas mãos do técnico Celso Roth, também pode sonhar com uma bela campanha, apesar do começo morno. “Em relação ao Galo, as chegadas de Victor e Ronaldinho credenciam o clube para a disputa do título. Classificar-se para a Libertadores

também vai representar a melhor campanha da era dos pontos corridos. Já a equipe celeste acertou por linhas tortas ao contratar o técnico Celso Roth. Com um trabalho bem-feito, a Raposa pode garantir vaga na Libertadores 2013”, acrescenta.

O cronista esportivo Paulo Azeredo, repórter das rádios 98FM e Inconfidência, acredita que Atlético leve vantagem em relação ao Cruzeiro. “Se compararmos, acredito que o Atlético esteja mais pronto. Depois de três anos errando muito na montagem do elenco, o presidente Alexandre Kalil acertou, mantendo o treinador e a base que teve uma boa arrancada na reta final do campeonato no ano passado. Por sua vez, o Cruzeiro demorou muito para contratar um técnico de ponta e, por conseguinte, jogadores diferenciados. Devido à dificuldade financeira que atravessa, o clube teve que apostar em alguns ‘medalhões’”, diz.

Ainda é cedo. Faltam 28 rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro e muita água ainda vai correr debaixo da ponte. Com muita cautela, trabalho e dedicação, os ‘Gigantes’ da capital mineira podem deixar alerta os preferidos da mídia, residentes no eixo Rio – São Paulo. Como o regulamento não permite que tenhamos dois campeões, nada melhor que um clichê bem conhecido para encerrar o assunto: que vença o melhor, e que o melhor seja mineiro.

pOdIuM • esPORte

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A contratação de Tinga foi comemorada pelo torcedor celeste .........................................................................................................................

Gabriel Castro

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Depois de viajar por todo Estados Unidos e viver o que tanto sonhou, o escritor se sentou à mesa e “escarrou” milhares de palavras em uma máquina de escrever. Em meio a muitos goles de café com benzedrina e um jazz eufórico ecoando pelo rádio, a primeira versão do que viria a ser o parcialmente autobiográfico On the Road ficou pronta em apenas três semanas. Passados 55 anos do lançamento tardio do livro ícone da geração Beat, a história ganha imagens e sons, que vão além da imaginação do leitor, e chega aos cinemas brasileiros.

Era difícil imaginar o livro do norte-americano Jack

Kerouac na sétima arte. Não porque não fosse possível o fazer, mas porque a adaptação exigiria um esforço excelso do diretor. Seria muito fácil banalizar a história e transformá-la em um mero Road movie, como os tantos que existem nas prateleiras das locadoras. Facilmente os seguidores, que não conseguem aceitar nada do que não tivesse sido imaginado por eles mesmos, sairiam do cinema com expressão de desagrado.

Entretanto, a narrativa espontânea parecia ter caído em mãos heróicas. Na ficha técnica, alguns nomes de peso atraíram olhares curiosos, como na direção,

kultur • cRiticA

Intenso e eufórico, On the Road, de Jack Kerouac, ganha as telonas depois de mais de seis décadas influenciadas pela geração Beat

Uma história para ser vivida

Fernanda Carvalho

sam Riley (esq.) e Garret hedlund são os viajantes sal Paradise e Dean Moriaty no melancólico e intenso na Estrada..............................................................................................................................................................................................................................................................

Fotos Divulgação/ Play Arte

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kultur • cRiticA

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Walter Salles (Central do Brasil), na produção, Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão), e na fotografia, Eric Gautier (Na Natureza Selvagem). O resultado, assim como o das principais produções do gênero, foi o de um filme belíssimo.

Passado no final da década de 40, o filme conta a trajetória de um bando de jovens, os Beats, que se libertam das imposições conservadoras da época e buscam os próprios caminhos. O protagonista é Sal Paradise (interpretado por Sam Riley) – um jovem que tem a vida transformada com a chegada do contagiante Dean Moriarty (Garrett Hedlund) a Nova York.

A história elétrica ganha tons de melancolia na adaptação de Salles. Em meio à euforia dos personagens há um leve toque depressivo. Por mais que quebrem barreiras e façam tudo o que querem, os Beats nunca parecem satisfeitos. É como se fossem buscar, para sempre, novos rumos e nunca conseguissem ser realmente felizes.

O elenco surpreende com interpretações fiéis aos reais personagens do final da década de 40. E não é por menos. Antes de começarem as filmagens, os atores e atrizes passaram por uma espécie de curso

intensivo sobre a cultura Beat. Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis) chegou a buscar o que o próprio personagem Old Bull Lee (na realidade William F. Burroughs) lia na época.

A trilha sonora sabiamente escolhida vagueia ora pelo jazz eletrizante, ora pelo melancólico blues. A fotografia é bela como uma vida na estrada pode ser: rica em detalhes e culturas. O roteiro chegou a esse fim depois de ter ganhado mais de dez versões. Salles teve a honra de criar uma adaptação a partir do roteiro original, pouco legível, com um texto quase sem vírgulas, pontos ou parágrafos.

Assim é a história: não apenas para ser lida ou vista. Para ser vivida. O que Kerouac trouxe ao mundo foi uma narrativa que inspira, que provoca o pouco (ou muito) dos Beats que existe dentro de cada um. Como o próprio autor disse, à sombra de Sal Paradise: “...pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações”. Assim devem ser as pessoas marcadas por Kerouac e Allen Ginsberg de Sturridge: intensas e prontas para viver.

Kristen stewart, protagonista da saga Crepúsculo, é Marylou no filme de salles..............................................................................................................................................................................................................................................................

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kultur • cineMA

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kultur • QUADRinHOs

Traçado familiarDas serras de Minas, os irmãos Cafaggi atraíram a atenção de Maurício de Sousa e agora

trabalham em projeto que festeja a carreira do criador da Turma da Mônica

Além do sobrenome, há outros elementos que denunciam o parentesco entre Vitor e Luciana Cafaggi. O anil suave dos olhos é um exemplo. São idênticos! Cada olhar emana simpatia e timidez que levam a sistemáticos desvios de olhar durante uma conversa. É também por meio dos olhos que a dupla dialoga, sorri e entra em acordo, quando o assunto são os “quadrinhos” – uma paixão de infância.

Mesmo com os laços de sangue, engana-se quem atribui à “herança genética” a destreza com o papel e o lápis de desenho. O pai é um advogado e a mãe, uma dentista. Os irmãos se tornaram bons de verdade no ofício por esforços próprios. A habilidade se deve a muito treino e a horas a fio de imersão em páginas de gibis, mangás e demais revistas de ilustração.

“Quando pequena, meus desenhos era exatamente como os das outras crianças. Passou a ter alguns traços mais bem-acabados a partir das orientações que recebia do meu irmão, que desenha desde sempre. Mas comecei a desenhar com pretensões profissionais agora. Tenho o meu irmão como referência. Ele me dá vários toques”, detalha Luciana, de 24 anos. No blog lospantozelos.blogspot.com, a estudante de jornalismo publica as ilustrações – a maioria singela e definida por cores românticas.

A história de Vitor com os desenhos começou bem mais cedo que a da irmã. Na escola, o designer gráfico e professor de desenho, de 34 anos, instalava conflitos pedagógicos na cabeça das professoras de Artes. O menino não obedecia aos comandos das educadoras. Mas o resultado sempre surpreendia e era considerado satisfatório. “Na maioria das vezes, elas aceitavam. Meus colegas achavam o máximo. Acabaram se tornando clientes. Vendi muitos

André Martins

desenhos das Tartarugas Ninjas na escola”, relembra sorrindo.

Vitor começou a divulgar o trabalho dele no Orkut. Em 2008 criou o blog punyparker.blogspot.com. Ele usava o espaço virtual para reconstruir a infância do principal personagem da Marvel: o Homem Aranha, com um quê de autobiografia. As 140 tirinhas publicadas até junho de 2011 são mais que as aventuras do pequeno Parker. O blog é um registro do amadurecimento pessoal e profissional do artista.

Oportunidades começaram a surgir à medida que a página na internet ganhava notoriedade. Em 2010, o jornal carioca O Globo reformulou as páginas destinadas ao entretenimento, e Vitor foi convidado para contribuir semanalmente com a publicação. Até hoje, sempre aos domingos, o desenhista mineiro disponibiliza os desdobramentos da saga amorosa do cão Valente.

Desde pequenos, Vitor e luciana cultivam interesse pelos quadrinhos..............................................................................................................................

Renata Maia

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kultur • QUADRinHOs

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Em 2009, o jovem foi selecionado para ilustrar um dos personagens da Turma da Mônica. Lançado em comemoração aos 50 anos de carreira de Maurício de Souza, o livro MPS50 traz histórias curtas sobre personagens do cartunista, ilustradas por 150 diferentes artistas. A página de Vitor agradou muito. Prova disso foi dada em 2011: a ideia foi expandida. E a convite do próprio Maurício de Souza, o desenhista e a irmã começaram a trabalhar em um projeto maior - um livro de 72 páginas. A obra traz a visão dos irmãos Cafaggi sobre os quatro principais personagens da Turma da Mônica.

“Estamos dando andamento ao projeto. A nossa intenção é lançar outro olhar sobre Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, que fizeram parte de nossa infância. A ideia é mostrar que o Cascão é bem mais que um menino sujinho, que a Magali é mais que uma menina que come demais”, revelam em tom confidencial. A previsão é que o livro seja publicado pela editora Panini em dezembro. Outros três artistas vão responder por mais livros similares.

Os dois concordam que é uma honra participar de algo que festeja o trabalho de um dos mais renomados quadrinistas do país e um ídolo de infância. O projeto é o mais importante da trajetória profissional de Vitor e Luciana. Mas eles lançaram trabalhos independentes, com recursos próprios.

No Festival Internacional de Quadrinhos 2012, Luciana apresentou ao público a Mixtape – uma caixinha do tamanho de uma fita cassete, com quatro pequenos livretos de 12 páginas cada. “São historinhas sobre quatro mulheres que moram juntas e que falam sobre a relação delas com a música”, explica. Vitor tem dois trabalhos impressos: Due.tone, duas histórias independentes, e Valente – Para Sempre, uma compilação das primeiras 72 tirinhas publicadas no jornal O Globo. A edição do conjunto de tirinhas está esgotada.

O retorno financeiro, que geralmente não é realidade para artistas independentes, não custou a vir para a dupla. Mas os dois destacam que melhor que ver o resultado financeiro é perceber o retorno por meio de palavras. Um carinho que, de acordo com Luciana, não pode ser mensurado.

“Isso é a melhor coisa. É essa resposta que nos faz sentir estimulados a continuar a desenhar. Eu fico muito feliz, quando as pessoas me enviam mensagens dizendo que carregam a Mixtape na bolsa ou na mochila para lerem ao longo do dia. As pessoas descobrem tantas coisas por meio daquelas historinhas tão pequenas, coisas que eu nem havia pensado no processo produtivo. E aí eu percebo que o que as pessoas enxergam está ali mesmo”, finaliza.

IDEnTIDADE VIsuAl

Singularizar o próprio fazer artístico não é algo tão simples. Exige conhecimento. Os irmãos acreditam que o tão propalado “estilo” não esteja bem definido nos próprios trabalhos. “O Vitor evoluiu muito, principalmente nos últimos dois anos. É algo perceptível”, opina a irmã. Ele concorda: “quando

Capa do livro escrito e ilustrado por luciana e Vitor.........................................................................................................................

Reprodução

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pego meus desenhos do passado, percebo diferenças muito grandes”.

Para Vitor, a identidade artística surge a partir da observação dos diversos tipos de traços e estilos de desenho. “Acontece muito de a gente selecionar aspectos que nos agradam em determinados artistas e unir o que de melhor se percebe no trabalho de cada um”, arremata.

DoM?

Talento é algo raro entre os desenhistas. De acordo com Vitor, a repetição e a força de vontade são os ingredientes principais para quem procura evoluir e, quem sabe, tornar o desenho um ganha-pão? “Até hoje, como professor dos quase 300 alunos que passaram por mim, é possível que tenha visualizado esse chamado talento natural em apenas dois. Acho que o segredo para a maioria das pessoas está no treino”, explica. Por isso, eles defendem a ideia de que, sim, manusear bem um lápis é algo que pode ser aprendido.

Desenhistas frustrados, cujas ilustrações se resumem aos bonequinhos de palito, não têm por que perderem a esperança de um dia desenharem bem. Ilustrações à base de traços e formas geométricas simples não são totalmente descartáveis. “Às vezes as pessoas pensam que os desenhos presentes nas revistas e nos

gibis surgem de modo espontâneo e bem-definido. Na verdade, o artista começa a partir de moldes, que vão definindo o posicionamento do corpo do personagem, o ambiente, etc.”, esclarece.

A Mixtape traz a delicadeza do traço de luciana...........................................................................................................................

KULTUR • QUADRinHOs

Page 47: Vox Objetiva 37

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Autor: Nicholas SparksEditora: Novo ConceitoPáginas: 307

O autor Nicholas Sparks parece mesmo ter caído no gosto do leitor brasileiro. Há alguns anos, as histórias açucaradas do ro-mancista americano de 46 anos permanecem entre as mais ven-didas. O novo sucesso de Sparks é A escolha. O livro acompanha Travis Parker, um homem bem-resolvido profissionalmente, que tem bons amigos e uma bela casa à beira-mar na ci-dade de Beaufort, na Carolina do Norte. Entretanto, a vida sentimental do protagonista é instável. Parker vive de relac-ionamentos temporários. Mas o quadro muda, quando ele con-hece a vizinha Gabby, por quem se apaixona e fará de tudo para conquistar.

Autor: Stephen HawkingEditora: EdiouroPáginas: 216 páginas

O nome do livro advém de uma citação de Hamlet: “eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar o rei do espaço infinito”. Para o autor, o físico inglês Sephen Hawking, a fra-se de um dos mais conhecidos personagens shakespearianos expressa que, apesar das limi-tações físicas, os seres humanos são capazes de avançar cientifi-camente, explorando o inimag-inável e alcançando a evolução. Dentre os assuntos abordados por Hawking estão a constante cosmológica, os buracos negros, o princípio da incerteza, as “p-branas”, a supergravidade em 11 dimensões e a teoria do tempo imaginário ou entropia.

A escolha

O universo numa casca de noz

Reprodução

Reprodução

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Após uma longa temporada no exterior, a mais respeitada companhia de dança contemporânea do Brasil, o Grupo Corpo, volta a se apresentar em “casa”. Depois de Belo horizonte, os espetáculos Benguelê e sem Mim seguem para o Rio de janeiro, Curitiba e Porto Alegre. Depois das apresentações no Brasil, a companhia volta ao exterior, desta vez para se apresentar nos Estados unidos e no Canadá. os espetáculos têm coreografia de Rodrigo Pederneiras e direção artística é de Paulo Pederneiras.

local: Palácio das ArtesPeríodo: 23 de agosto a 26 de agostoMais informações pelo site www.fcs.mg.gov.br ou pelo telefone 3236-7400

os ingressos para o show do compositor e instrumen-talista grego Yanni já estão à venda. o artista tem 35 anos de carreira, 19 discos lançados, mais de 20 milhões de cópias vendidas e mais de 35 discos de platina e ouro. A nova turnê An evening with Yanni under the stars passou por mais de 20 países.

local: Chevrolet hallData: 16 de outubroMais informações pelo site www.chevrolethallbh.com.br ou pelo telefone 3209-8989

Precisa e emocionante em interpretações de grandes nomes da MPB, Maria Bethânia se apresenta no Gran-de Teatro do Palácio das Artes, em Belo horizonte, no final de julho. na ocasião, a cantora dará voz às canções de Chico Buarque. A própria Bethânia se au-tointitula, com a “bênção” do cantor, como a melhor intérprete de Chico.

local: Palácio das ArtesData: 28 de julhoMais informações pelo site: www.fcs.mg.gov.br ou pelo telefone 3236-7400

O Corpo

Yanni

Maria Bethânia

josé luiz Pederneiras

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A exposição “Peso e leveza – fotografia latino- -americana entre o humanismo e a violência” chega à capital mineira, após passar pelo Rio de janeiro. A mostra é uma compilação de fotografias de 15 artistas latino-americanos. são 73 fotografias que ilustram a dualidade entre as desigualdades sociais e violência e a leveza das imagens que tentam recuperar o humanismo perdido.

local: Galerias Arlinda Corrêa lima e Genesco Murta / Palácio das ArtesPeríodo: 24 de julho a 26 de agostohorários: terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21hMais informações pelo telefone 3236-7400

o projeto Viva Elis, idealizado pelo filho da cantora, joão Marclo Bôscoli, vai mesmo se tornar um espetáculo. no show Redescobrir, Maria Rita apresenta alguns dos maiores sucessos imortalizados na voz da mãe, Elis Regina. Ao longo de um mês, a cantora trabalhou com arranjos, pensou no figurino e no cenário do show. Redescobrir será uma oportunidade para os fãs que não puderam presenciar o Viva Elis na turnê que percorreu seis capitais brasileiras. Todos vão poder relembrar uma das mais célebres cantoras brasileiras de todos os tempos.

local: Chevrolet hallData: 18 e 19 de agostohorário: sábado, às 22h, e domingo, às 20hMais informações pelo site www.chevrolethallbh.com.br ou pelo telefone 3209-8989

Fotografias no Palácio das Artes

Maria Rita

KULTUR • AgenDA cULtURAL

Fernanda Carvalho

Mayerling Garcia

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JOanIta gOntIJOjornalista e autora do blog tresoumais.blogspot.com

[email protected]

CrÔnICa

Em defesa das “patroetes” Assim que cruzei a porta de casa no fim de um

dia exaustivo de trabalho, minha ajudante se aproximou com cara de conversa séria e disse: - “Arrumei um emprego perto da minha casa para ganhar mais e estou saindo daqui”. O valor do novo salário não caberia no meu orçamento. Tive vontade de me jogar pela janela, mas a queda do segundo andar iria render, no máximo, algumas costelas quebradas. Consegui que ela aguardasse uma semana até que eu contratasse outra pessoa. E assim estava aberta a temporada “procurando agulha em um palheiro”.

Quem é dona de casa sabe bem o que significa perder uma funcionária. Se você trabalha o dia todo e tem filhos pequenos, deve estar com lágrimas nos olhos por compartilhar meu drama. Quase nada é capaz de gerar tantos problemas quanto essa tragédia doméstica. Não dá pra deixar os bebês na gaveta enquanto você “rala” para ganhar o pão de todo o dia. Não há botões autolimpantes para a casa nem para as crianças. Marido e filhos desaprovam a ideia de fazer greve de fome durante alguns dias para que a pia não fique lotada de louça.

Depois da mensagem do apocalipse, o jeito é soar o alarme! Amigas, irmãs, colegas de trabalho são avisadas e espalham a notícia em busca de uma alma boa que esteja disponível no mercado. Hoje em dia, além de agências especializadas no assunto, há páginas nas redes sociais para indicação de empregadas domésticas. Vale a

pena visitar uma delas para ler os depoimentos desesperados! Prepare-se para fortes emoções.

A verdade é que, em tempo de “empreguetes” humilhadas por patroas de nariz empinado no horário nobre da TV, a função doméstica anda denegrida, e quem precisa dessa mão de obra virou vilã. Sei que existem muitas madames por aí que não só ignoram as contribuições sociais, o direito a folgas e férias como tratam as funcionárias com um desdém que mereceria cadeia. Mas nem todas as patroas são megeras, assim como nem todas

as empregadas domésticas são tão inocentes e dedicadas quanto às da telinha.

Já tive funcionárias que abandonaram o serviço no meio da tarde sem sequer me avisar que meus filhos pequenos não teriam como entrar em casa na volta do colégio. Quase tive meu estômago cortado por cacos de vidro, quando uma antiga empregada decidiu não

jogar fora a maionese que caiu no chão com a embalagem espatifada. E a mais ousada delas não apenas passeava com meus vestidos nos fins de semana como – pasmem! – usava minhas roupas íntimas.

Há pessoas do bem e do mal em qualquer função social ou profissional. Patroas e empregadas podem ser grandes parceiras e se ajudarem nos projetos pessoais. Por isso, sou do movimento que luta contra a extinção desse ofício digno e cada vez mais bem-remunerado. Salvem as empregadas domésticas! Afinal de contas, eu sou “patroete”, mas também pego às sete...

50

Patroas e emprega-das podem ser

grandes parceiras e se ajudarem nos

projetos pessoais

Para ajudar a trazer a vida de volta aos nossos rios, a CoPasa realizou um grande investimento, que fiCamaior ainda se voCê olhar os benefíCios que ele traz.

Para garantir que a água chegue sempre pura e tratada

para mais de 13 milhões de mineiros, a Copasa também

precisa ajudar a proteger os nossos rios. É por isso que

nunca se investiu tanto em tratamento de esgoto, em

Minas, como nos últimos anos. Desde 2003, o número

de Estações de Tratamento de Esgoto construídas pela

Copasa aumentou de 34 para 118. E outras 79 estão em

construção. Agora, a Copasa vai realizar um investimento de

R$ 450 milhões* para recuperar a bacia do Rio Paraopeba

e a Lagoa da Pampulha. Um valor pequeno, se comparado

aos milhões de pessoas que serão beneficiadas. São obras

concretas, com o tamanho e a importância que Minas e a

natureza merecem.

nunca se investiu tanto em tratamentode esgoto em minas

» R$ 6 bilhões** em obras

» Aumento de 230% no volume de esgoto tratado em todo o Estado

» Implantação de 8.000 km de redes de esgoto

» Aumento de 70% da população atendida pelo serviço de esgoto

r$ 6 bilhões de investimentosem água e esgoto em todo o estado.

Legenda:

84 novas ETEs em operação de 2003 a 2011

79 ETEs em obras

34 ETEs em operação até 2003

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ETE OnçaBelo Horizonte

* Recursos próprios e financiamentos de agentes federais e internacionais.

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Para garantir que a água chegue sempre pura e tratada

para mais de 13 milhões de mineiros, a Copasa também

precisa ajudar a proteger os nossos rios. É por isso que

nunca se investiu tanto em tratamento de esgoto, em

Minas, como nos últimos anos. Desde 2003, o número

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