Download - Visitas Internacionais
ano 1 - março 2009 - n º 2
FUNDAÇÃO MARIO COVASem revista
visitasinternacionais
Em rEvista
editorial
PomPa e simPatia
Recepções, jantares de gala, regras diplomáticas. Nada disso agradava a
Mario Covas, um homem que gostava de ser simples e informal. Mesmo assim,
cumpria seu papel, recebendo os visitantes internacionais com muita simpatia
e respeito às normas. Austero na liberação de recursos para o cerimonial, ele
discutia os custos de tudo, mas ficava muito satisfeito com o resultado. Tanto
no comando da Prefeitura de São Paulo quanto no do governo do Estado, Mario
Covas queria que a cidade e o Estado estivessem representados à altura.
Quase toda personalidade internacional política importante dos cinco
continentes passou por São Paulo nas gestões Covas. Marcaram presença no
Palácio dos Bandeirantes, os presidentes Bill Clinton, dos Estados Unidos,
Jacques Chirac, da França, Oscar Luigi Scalfaro, da Itália, Eduardo Frei, do Chile,
e Václav Havel, da República Tcheca. Entre os primeiros-ministros, só Antonio
Guterres, de Portugal, esteve em São Paulo em três ocasiões.
A realeza também veio conversar e trocar presentes diplomáticos com o
governador. A visita mais longa e que exigiu mais do cerimonial foi a de Akihito
e Michiko, o casal imperial do Japão. Da Espanha, país de origem dos avós de
Mario Covas, vieram o rei Juan Carlos I e a rainha Sofia, antecedidos por seu
filho, o príncipe Felipe de Astúrias. Mônaco se fez representar pelo príncipe
Albert, e a Dinamarca, pela rainha Margrethe II.
Receber tantas personalidades até que não foi problema. Complicado, para
Covas, era sair do Estado. Durante seus seis anos de mandato, viajou apenas
uma vez ao exterior, em busca de investimentos na Inglaterra e de inspiração
para a desestatização na França e na Turquia. Nas próximas páginas, contamos
um pouco da história das visitas, dos bastidores do cerimonial e da única
viagem internacional de um homem que gostava mesmo era de governar.
Antonio Carlos Rizeque Malufe
Presidente da Fundação Mario Covas
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 3
ÍndiceFotoclip 6
Brasília sem cerimônia 8
Cris, a arquiteta dos eventos 11
Salles, o homem por trás do discurso 12
américas 15
Bill Clinton: tecnologia, web e comércio 16
Kissinger de olho nas telefônicas 17
Alberto Fujimori, o nissei do Peru 18
Eduardo Frei discute Mercosul e cultura 20
Escobar busca cooperação tecnológica 21
Zamora testa seu prestígio 22
Jesse Jackson celebra Zumbi dos Palmares 23
Desestatização na agenda de investidores dos EUA 23
George Bush pai faz visita de cortesia 24
IFC oferece assessoria em infraestrutura 24
Um Guggenheim em São Paulo 25
Canadá: governo e empresários juntos 26
Fox Quesada em missão política 28
Mais visitas 30
Europa 31
Em São Paulo, Scalfaro sente-se em casa 32
Negócios e ecologia na rota do duque de Kent 34
Um futuro de parcerias com Herzog 36
O Reino Unido aposta no ajuste fiscal paulista 38
A França quer recuperar espaço 38
Delegação portuguesa chega para investir 39
Da Polônia, o estímulo ao intercâmbio acadêmico 39
Tecnologia francesa à disposição 40
Desestatização na mira dos britânicos 40
Brazauskas reata laços diplomáticos 41
Brasil, a prioridade de Antonio Guterres 42
Prodi, Covas e as reformas 43
Václav Havel no papel de presidente 44
Martti Ahtisaari, o pacificador 46
Jacques Chirac e a balança 48
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Árpád Göncz e o símbolo da integração 50
E a Espanha quer mais 52
Niels Helveg segue o protocolo 53
Jorge Coelho festeja o Dia de Portugal 53
Português com e sem sotaque 54
O Príncipe de Orange e o IPT 56
Empresários holandeses de olho em São Paulo 57
Albert, um príncipe em São Paulo 58
Um encontro de amigos 60
Da Galícia, lembranças e protocolo 61
Carlo Ciampi vai à Pinacoteca 62
Aos reis da Espanha, com carinho 64
Mais visitas 66
Ásia 67
Elias Hraoui no Pequeno Líbano 68
A luta de Rafic Hariri 70
Obuchi celebra 90 anos de imigração 70
Li Lanqing, o terceiro homem da China 71
Princesa Sayako, delicadeza e tradição 72
A cerimônia do chá 73
Da terra do sol nascente chega o casal imperial 74
LG e Hyundai na bagagem coreana 76
Kocheril Narayanan vem em missão política 78
Xanana Gusmão agradece aos brasileiros 80
Taiwan abre as portas para o mundo 82
Vietnamitas na Embraer 83
Cingapurianos na Fiesp 83
Japan Bank financia projeto do rio Tietê 84
Keidanren e Fiesp, encontro de gigantes 84
Mais visitas 85
África 87
Angolanos buscam investimentos 88
Navios e aves na conversa com o presidente da Namíbia 90
Saúde e educação na pauta de Cabo Verde 92
Mais visitas 93
Três países numa tacada só 94
Alckmin recebe 98
Créditos 102
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a chefe do cerimonial fala da adaptação de mario covas ao protocolo e conta histórias saborosas das recepções
BrasÍlia sem cerimônia
FMC – CoMo Covas enCarava o CeriMonial na PreFeitura?Brasília – No princípio, ele não dava a menor importância. Na área internacional, a frase mais constante dele era: “Ah, mais? Cônsul não dá voto, embaixador não dá voto”. E eu ponderava: “Atrás do embaixador e do cônsul vem uma comunidade, um número muito expressivo de pessoas com toda uma cultura”. Fizemos um acordo e ele começou a receber os embaixadores em visita oficial, que, naquele tempo (1983 a 1985), era muito protocolar. O governo do Estado organizava e colocava na agenda uma visita ao prefeito. Qualquer embaixador que viesse pela primeira vez a São Paulo fazia uma visita oficial ao prefeito, ao presidente da Assembléia Legislativa, ao presidente do Tribunal de Justiça e ao governo do Estado. E era acompanhado de batedores, a banda tocava o hino do país e o hino de São
Paulo no hall da Prefeitura, que ainda era no Ibirapuera. O protocolo exigia que o prefeito recebesse o embaixador assim que ele chegasse. Ele acostumou-se com esse ritual e aprendeu a dar valor. Algumas vezes ele dizia: “Mas como? Quando a conversa começa a ficar interessante você olha no relógio e a visita vai embora”. Essas visitas têm tempo protocolar, duram de 20 minutos a meia hora.
FMC – e no governo do estado, CoMo Foi Fazer as Coisas aConteCereM?Brasília – O tempo da Prefeitura foi uma preparação. Na época, toda vez que um presidente da República viesse a São Paulo tinham de estar no aeroporto o governador, o vice-governador, os presidentes da Assembléia e do Tribunal de Justiça, o prefeito e os comandantes militares. O Covas percebeu que, se não houvesse o protocolo, ele não
traquejada na arte do bem receber,
Brasília de arruda Botelho chefiou
o cerimonial de mario Covas na
Prefeitura e no governo do Estado
de são Paulo. sua primeira missão
– e a mais complicada – foi
convencer um homem de estilo
despojado a encontrar valor nas
regras diplomáticas. Foi duro,
mas conseguiu. Nos anos em que
acompanhou Covas nas visitas
internacionais, Brasília acumulou
histórias de bastidor. aqui, ela
compartilha algumas das melhores.
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estaria colocado no lugar certo, então passou a dar valor a esse trabalho. Quando chegou ao governo do Estado, ele já gostava dessas oportunidades. Alguns chefes de Estado tinham uma conversa interessante, outros ficavam mais no protocolo, mas era um momento de relacionamento, de mostrar. Cerimonial na área internacional trabalha com imagem, e era a imagem de São Paulo que aparecia de uma forma correta. Com todas as dificuldades, ele era um parceiro desses eventos, fazia questão de que o roteiro todo estivesse muito bem explicado e o seguia. FMC – Às vezes ele Criava diFiCuldades, Mas, na hora do evento, CuMPria todas as suas deterMinações?Brasília – Um dos pouquíssimos elogios que eu ouvi dele foi na visita do imperador do Japão. Era uma visita longa, com muitos detalhes. A recepção no Palácio (dos Bandeirantes) tinha de ser importante porque a comunidade japonesa em São Paulo é muito grande. Eu queria que ele decretasse feriado para a gente poder fazer o almoço no hall principal sem ter tantos funcionários por ali. Ele concordou porque a dona Lila apoiou, perguntando a ele: “Quantos imperadores existem no mundo, Mario?” Ele teve de dizer que só tinha o do Japão. “Quantas vezes você vai receber o imperador?” Ele também concluiu que era uma única vez. Então os funcionários só foram trabalhar após as 15 horas, permitindo que organizássemos um grande e bem-sucedido almoço. Quando nós nos despedimos do imperador, o Mario Covas disse: “Foi tudo muito bom, muito bem organizado, muito bonito, meus parabéns!”.
FMC – nessas reCePções, voCê seMPre busCava algo diFerente, Criativo...Brasília – É porque eu não sou diplomata de carreira, não fiz o Itamaraty, a minha formação é mais na área de relações públicas e de organização de eventos. Sempre achei que uma recepção trabalha com imagem e que a linguagem simbólica pode ser colocada na mesa, no cardápio, na música. A recepção era um contexto que mostrava, em pouco tempo, um pouco da nossa cultura e da gentileza com que queríamos homenagear o visitante. Quando o imperador do Japão veio, nós colocamos na capa do cardápio a imagem do ipê amarelo. Escolhi essa árvore porque eu já havia recebido os imperadores quando eles
ainda eram príncipes e eu trabalhava com
o governador Paulo Egydio Martins. Nessa
época, a princesa tinha um ipê florido num
broche que ela mandara fazer para a viagem
ao Brasil. Eu sabia também que a imperatriz
gostava de harpa, tocava esse instrumento
quando era jovem. Colocamos uma harpista
para tocar durante o almoço. Ela ficou muito
emocionada, porque a harpista executou as
músicas que ela tocava para o pai. São esses
pequenos detalhes que mudam o contexto de
uma visita e deixam uma marca especial.
FMC – a iMPeratriz PerCebeu que era intenCional?Brasília – Mesmo com todo o formalismo
japonês, antes de subir no avião que a levaria
embora, ela virou-se, inclinou a cabeça e
agradeceu a organização da visita. Foi um
gesto totalmente fora do protocolo japonês,
que é muito rígido. Colaborou também a
interação boa com o Itamaraty. Na chegada
do imperador, chovia muito, a Marginal
estava com problemas, a ponte dos Remédios,
quebrada, nós precisávamos ter certeza de
que o imperador conseguiria ir pela Marginal
até o hotel com batedores. Nós conseguimos
que a Presidência da República mandasse
o avião do presidente, se fosse necessário
o imperador se deslocar do aeroporto de
Guarulhos para o de Congonhas. O presidente
ter mandado o avião dele foi emocionante.
FMC – quais eraM as outras atividades do CeriMonial, aléM da reCePção Às visitas internaCionais? Brasília – A ação do cerimonial envolve
toda a agenda do governador, todo o trabalho
de apoio. O nosso dia-a-dia era bem corrido.
Aprendi com Mario Covas que era importante
tanto receber chefe de Estado quanto uma
ação bem coordenada. Dávamos apoio a ele
desde as ações de Prefeitura na periferia até
as do interior do Estado. Ele ia de helicóptero
e fazia quatro cidades no mesmo dia. O
cerimonial e a imprensa iam correndo por
terra com duas, três equipes para cobrir todos
os compromissos da agenda do dia.
FMC – eM CoMPensação, Covas só Fez uMa viageM internaCional.Brasília – Ele achava que a ação dele à
frente do governo era mais importante do
que visitas ao exterior. Na única viagem
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que ele fez, eu o acompanhei. Começou por Londres, numa rodada de negócios com o apoio do embaixador brasileiro Rubens Barbosa. Depois fomos para Istambul, onde estava se realizando um evento da ONU, o Habitat 2. Antes de viajar, eu soube no último momento que o Mario Covas tinha resolvido levar mais pessoas, como o Junqueira, ajudante de ordens, e o Perosa, fotógrafo. O Junqueira resolveu ir armado e me criou uma enorme dificuldade. Pela norma do Habitat, só poderiam entrar dois seguranças armados por país, e a dona Ruth Cardoso, mulher do presidente Fernando Henrique, estava lá com dois. Logo, não podia ter um terceiro. Covas estava aflito, e não havia como resolver rápido porque tinha um procedimento. Aí a dona Lila falou: “Mario, senta aí e fica quieto! Tem quem resolva, isso não é função sua”. E ela calmamente sentou e folheou um livro. Nós resolvemos a situação com um certa rapidez, porque o problema era o credenciamento das pessoas que não estavam previstas.
FMC – e dePois de istaMbul?Brasília – Nós fomos à França, e antes houve um mal-entendido. Isso porque era uma dificuldade conversar e conseguir a aprovação de Mario Covas para os eventos. Durante a preparação da viagem, um dia eu perguntei: “A dona Lila vai a Bordeaux?” E ele respondeu: “A minha mulher vai onde eu for”. Perguntei porque o programa em Bordeaux era muito curto e talvez ela quisesse ficar em Paris. Mas ele achou que a gente tinha programado de ela não ir a Bordeaux. Foi uma calamidade. Bateram na porta do meu quarto uma e tanto da manhã. Abri e lá estava o governador e uma porção de gente. Ele queria saber porque a dona Lila não ia a Bordeaux. Eu falei: “Isso é um engano. Ela irá sim, com certeza”. Aí ele se acalmou.
FMC – CoMo ele FiCava nas viagens?Brasília – Muito tenso. Tanto que nunca mais fez outra viagem ao exterior. Embora ele soubesse que o vice-governador estava à frente de tudo, não ficava sossegado. O senso de responsabilidade dele foi marcante. Mesmo muito doente, o que o segurou mais tempo vivo foi a vontade de terminar o mandato. Achava que era um compromisso assumido com os eleitores. Daí o esforço dele em participar de cerimônias, com muita dor.
FMC – CoMo era Feita a MontageM das Mesas, a deCoração das reCePções e a distribuição de Pessoas?Brasília – A decoração das mesas devia
ser muito expressiva, geradora de assunto
para a conversa. Colocávamos sempre uma
decoração simbólica, de arte brasileira ou
de algo que tinha a ver com a visita ou o
visitante. Adotávamos o modelo da mesa
principal no centro do salão e as outras em
volta. Como essa mesa tinha uma superfície
muito grande, exigia uma decoração especial.
Usávamos livros antigos, peças de cristal,
porcelanas, candelabros. A distribuição
das pessoas dependia de vários fatores.
Era preciso colocar as pessoas de forma
que a foto oficial mostrasse o governador
e a dona Lila. As pessoas mais importantes
tinham de estar do mesmo lado. Havia uma
preocupação também com a língua. Por
mais que o intérprete seja necessário, é uma
figura incômoda. Eu procurava intercalar
pessoas que não falavam a língua com outras
que tivessem uma conversação mais fácil,
de forma que não era necessário ter tantos
intérpretes na mesma mesa. Nas mesas
auxiliares, ficam os secretários de Estado.
Procurávamos reunir as pessoas da comitiva
do visitante com outras de áreas afins. Por
exemplo, artistas ficavam na mesma mesa
que o secretário da Cultura.
FMC – iaM Pessoas da CoMunidade?
Brasília – Sim, sempre procurando nomes
originais, como a artista japonesa Tomie
Ohtake na recepção ao imperador do Japão.
Quando veio o presidente da Itália, faltou
uma pessoa na mesa principal. Depois de
pensar um pouco, convidei dona Filomena
Matarazzo, mãe do senador Eduardo Suplicy,
que é italiana. Resolveu um problema
protocolar, porque ela não tinha cargo
público. Até o último minuto é uma grande
complicação, porque nosso público não é
disciplinado. Uns dizem que vêm e não vêm,
outros nem respondem.
FMC – que MarCa FiCa Para voCê dessa exPeriênCia CoM Covas?Brasília – Ficou a marca muito boa de
alguém que entendeu a importância de
trabalhar a imagem e prezava as visitas.
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covas preferia que tudo fosse simples, mas obedecias às regras da coordenadora de visitas internacionais
cris, a arquiteta dos eventos
FMC – MesMo CuMPrindo ProtoColo, Covas Mantinha o boM huMor ou PrevaleCia o lado turrão?Cris – O governador Mario Covas tinha aquele lado implicante, mas sempre recebia bem, as pessoas o achavam muito simpático. Numa visita de um governador japonês, os integrantes da comitiva queriam convidar Covas para um jogo de futebol e ele perguntou: “Mas não é para jogar, é?”, e os japoneses se mataram de dar risada.
FMC – voCê se leMbra de outro Caso?Cris – Uma vez ele não pôde receber um grupo de religiosos porque teria uma audiência no mesmo horário. Quem fez as honras foi o Geraldo Alckmin, no Salão dos Despachos. Depois de um tempo de audiência, o Covas saiu da sala. Por coincidência, eu estava na ante-sala, telefonando. Quando ele ia passando, eu perguntei: “Governador, o senhor não vai atravessar o salão, vai?” Ele: “Por que não?” Eu: “Porque os bispos estão ali, aqueles que o senhor não pôde receber.” Ele respondeu: “Ah, o inimigo está do outro lado”. E voltou para o gabinete. Ele tinha essas tiradas.
FMC – e a história do jantar?Cris – Não presenciei, mas foi um jantar oficial no mezanino, o salão mais importante do Palácio dos Bandeirantes. Após ter sido servido o prato principal, uma senhora que estava na mesa de Covas levantou-se para ir ao banheiro. Ele, educado, também se levantou. Mas quando ele fez isso, a mesa dele inteira dele se levantou. E como a mesa principal estava em pé, todas as demais se levantaram. Ninguém mais podia dizer “pessoal, senta, ela foi ao banheiro, ainda tem a sobremesa”. Eles passaram para outra sala para tomar café e não teve mais jantar.
FMC – quais são as diFiCuldades na reCePção de Presidentes e reis?Cris – Essas visitas envolvem muitos detalhes. Um dos grandes problemas é a interpretação. A gente tem de tomar muito cuidado para que a pessoa venha acompanhada de intérprete. Se não vier, temos de contratar um muito bom, porque o intérprete tem papel preponderante. Outro problema é o orçamento apertado. Nós tínhamos muitas dificuldades para dar presentes à altura dos visitantes. Ficávamos constrangidos porque dávamos o nosso presente simbólico, e eles vinham com coisas maravilhosas, principalmente os árabes.
FMC – CoMo era o Presente Paulista?Cris – Como Mario Covas era do PSDB, o partido dos tucanos, o presente era um tucano feito de pedras brasileiras e prata. Há fornecedores que fazem esses bichos de pedras semi-preciosas, como cristal de rocha, ametista e sodalita, com prata. Convencionou-se dar tucanos porque Covas podia explicar seu significado. Com eles não corríamos o risco de dar uma coisa que a pessoa já tinha. Demos muitos tucanos, lindos, por sinal.
FMC – CoMo Foi trabalhar CoM Covas?Cris – Foi um período rico. Ele entendia a importância das visitas e do Estado de São Paulo no Brasil e no contexto internacional. Fazia questão de receber. Nas raras vezes em que não pôde, por motivo de agenda ou de doença, delegava para o vice-governador, Geraldo Alckmin. Recebia com simpatia e pontualidade, respeitando as regras do cerimonial. Nós trabalhávamos com o Itamaraty, porque não existia escritório de representação do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo. Então, a coordenação toda da visita ficava a cargo do cerimonial.
cristine starr, há anos na área internacional do cerimonial do palácio dos bandeirantes, coordenava as visitas estrangeiras na gestão covas, era o contato do governo estadual com as embaixadas e consulados. depois de marcado o encontro com o governador, todos os detalhes dos eventos ficavam sob sua responsabilidade, fosse uma simples audiência ou um grande jantar. veja o que ela conta da época.
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autor dos roteiros para as falas de mario covas diz que o governador deu utilidade ao conhecimento acumulado
salles, o homem Por trás do discursoo advogado José salles dos santos cruz respondia cartas de eleitores de mario covas quando herdou a tarefa de redigir roteiros para os discursos do então governador de são paulo. e que tarefa. covas lia, revisava, chamava o envergonhado escriba para apontar correções e, à revelia do cerimonial, mandava-o encompridar textos destinados aos chefes de estado. não deixava passar letra sobrando ou faltando. em contrapartida, era um bom companheiro nas longas discussões sobre mitologia. essas e outras histórias salles conta na entrevista a seguir.
FMC – CoMo voCê CoMeçou a esCrever disCursos Para o Mario Covas?salles – Caí nisso por acaso. No começo de 1996, eu respondia cartas dos eleitores. Quem fazia os roteiros de discursos e informativos era o Robert Henry Srour. Como ele não podia continuar, porque presidia a CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços), a Lúcia Maria Dal Médico, assessora especial do governador, me convidou para o posto. Como eu não era jornalista nem escritor, comecei a fazer descompromissadamente. Do primeiro discurso, ele não falou nada. No segundo, troquei o nome do reitor da Unesp, e ele leu. No dia seguinte, o jornal noticiou que Covas havia trocado o nome do reitor. Eu estava esperando uma bronca, mas só veio uma recomendação: é melhor não trocar o nome.
FMC – CoMo era o ProCesso? salles – Eu recebia a agenda do Covas. A partir dela, das informações que o pessoal do Palácio preparava e de alguma pesquisa minha, eu redigia o discurso e mandava. Se ele topasse, falava. Quando eram discursos para chefes de Estado, mandava encompridar – ele achava que o governo de São Paulo tinha que ter uma boa manifestação. Mas isso criava uma tensão. O cerimonial brigava comigo para fazer um discurso curto, por causa da tradução, que não era simultânea
– o governador lia um trecho, o tradutor traduzia – e duplicava os tempos. Já o Mario Covas brigava para que fosse mais extenso. Obviamente, eu seguia o dono da casa.
FMC – dizia-se que o Mario Covas não era Muito ligado aos ProtoColos, ele até se inCoModava CoM isso. Mas, CoM os CheFes de estado, ele tinha uM Cuidado esPeCial...salles – Acho que ele sentia que a dignidade de São Paulo estava em questão. Um exemplo disso foi a inauguração do quadro do Fleury (Luiz Antônio Fleury Filho, governador de São Paulo de 1991 a 1995) no Palácio dos Bandeirantes. Pela tradição, o governador que sai tem um retrato dele pintado e entronizado numa cerimônia reservada, e o Fleury era adversário político do Covas. No dia da inauguração, veio o Fleury, a mulher dele, alguns assessores da época. Quando estava começando a cerimônia, Covas apareceu e prestou homenagem não ao cidadão Fleury, mas ao governador do Estado de São Paulo.
FMC – e quando se tratava de alguéM da esPanha?salles – Ele tinha um prazer especial. Quando o príncipe Felipe das Astúrias estava para chegar, Covas achou o informativo e o discurso ruins e pediu a Enciclopédia Britânica
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para ele mesmo se informar e redigir o roteiro. Foi uma grande confusão no Palácio: não havia enciclopédia, nenhum material de consulta, e ele não tinha familiaridade com a internet. Covas informatizou o Estado mas, curiosamente, não era praticante disso. No fim, ele usou o discurso que eu fiz.
FMC – as sugestões que ele Fazia tinhaM alguM viés PolítiCo?salles – Não para os chefes de Estado. Ele podia tocar em dignidade, direitos humanos, alguma coisa política, mas sempre bastante ampla. O diálogo político era atribuição do Ministério das Relações Exteriores, e Mario Covas respeitava muito isso.
FMC – ele Fazia revisão dos textos?salles – Fazia, mas era um pouco para me provocar. Ele nunca reclamou de nada, mas gostava que eu o visse fazer as correções. Nos textos para chefes de Estado, ele sempre me chamava para ler junto, pegava uma canetinha e ia corrigindo erros de digitação, tirava letra a mais, punha a que faltou.
FMC – aléM do huMor, voCê seMPre inCluía nos disCursos histórias, relatos, Personagens, tradições. de qual baú vinha isso?salles – Eram coisas que estavam na minha cabeça, e o Mario Covas deu utilidade a elas, ele tinha prazer nisso. Muitos o apontavam como o cara que não ligava para a cultura, e isso não é verdade. Além do que ele fez como governador, reformando a Pinacoteca do Estado, por exemplo, ele adorava discutir mitologia. Tanto que, no aniversário dele, eu dei três livros importantes sobre o assunto, que ele levou para o hospital quando ficou doente. Inúmeras vezes Mario Covas me recomendou exposições para visitar.
FMC – PolítiCos CostuMaM ter vaidades, e uMa delas é o PróPrio disCurso. Mas o Mario Covas tornou PúbliCo que era voCê queM esCrevia os disCursos dele. CoMo aConteCeu isso?salles – Covas foi fazer uma palestra numa associação alemã em Santo Amaro, e eu fui junto, para cuidar dos slides. Terminada a palestra, eu tentei escapar de uma festa do PSDB, mas ele não deixou. Pegamos o helicóptero e pousamos no Palace, em Moema, lugar da festa. Ao chegar, me afastei para
que os companheiros do partido que tinham menos contato com ele pudessem estar mais próximos. Ele gostava muito disso e abraçava todo mundo, perguntava da família, era uma coisa afetiva. Depois, ele foi para o palco e eu fiquei no fundão do auditório.
FMC – CoM a sua tiMidez...salles – É. De repente, ele começou a gritar do palco: “Salles, Salles”. Ouvi aquilo e não entendi. E ele: “Cadê o Salles? Vocês conhecem o Salles?”, perguntou ao público. “Vocês sabem essas historinhas que eu conto? O Salles é que inventa, porque é ele quem escreve os meus discursos.” Começou a falar de mim, disse que eu era rápido. Quando eu ouvi aquilo, fiquei morrendo de vergonha e fugi para mais longe ainda no escuro. Mas foi uma coisa muito legal. O Covas tinha segurança, sabia no que ele era importante.
FMC – Mario Covas era uM PolítiCo que as Pessoas ParavaM Para ouvir o que tinha a dizer. isso auMentava a sua resPonsabilidade ao esCrever os disCursos dele?salles – Covas era o melhor com as palavras. Então, eu fazia o melhor que podia, mas sem ansiedade. Com o tempo e a confiança dele, fui me sentindo mais seguro. Se eu fizesse algo ruim, ele saberia dar a volta por cima e transformar aquilo numa coisa ótima. Foi uma boa parceria. A Lúcia (Dal Médico) sempre dizia que havia um respeito muito grande dele por mim, talvez pela minha lealdade. Havia momentos em que Mario Covas absorvia de tal maneira as coisas que eram escritas por mim que chegava a vir me contar as histórias que eu tinha contado para ele.
FMC – valeu a Pena ter sido uM ghost writer do governador? salles – Claro que sim. Mario Covas deu significado à minha vida. Sempre gostei muito desse mundo da leitura, mas era uma coisa da qual só eu usufruía, não tinha como compartilhar, e ele me fez compartilhar o idioma, a História, tudo o que eu cultivei durante anos a fio. O legal é que eu sentia nele o mesmo prazer. Algumas vezes ele discutia o sentido de algumas palavras, como empregá-las, se preocupava com isso. Tudo isso foi muito bom. Covas foi o meu caminho para fazer o bem. Ele fazia o bem, e eu, ajudando-o, me sentia representado.
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intercâmbio entre professores e alunos brasileiros e norte-americanos foi assunto do encontro do presidente dos estados unidos com covas
Bill clinton: tecnologia, WeB e comÉrcio
Cooperação tecnológica foram as palavras-
chaves do encontro entre o presidente dos
Estados Unidos Bill Clinton e o governador Mario
Covas, em 15 de outubro de 1997, em São Paulo.
As duas autoridades trocaram idéias durante um
evento sobre parcerias, realizado no Memorial
da América Latina. Promovido pela Câmara de
Comércio Brasil – EUA, o seminário contou com
a presença de 1.600 pessoas, entre empresários
brasileiros e norte-americanos.
O ponto central do encontro foi a proposta de
um amplo acordo de cooperação entre o Brasil
e os Estados Unidos, visando o emprego de alta
tecnologia, como o uso de computadores e da
internet, para fins educacionais. Pretendia-se
com isso tornar mais fácil o intercâmbio bilateral
entre os professores, os estudantes e as escolas
brasileiras e norte-americanas, possibilitando
a criação de um banco de informações e de
experiências didáticas compartilhadas e de fácil
acesso a todos os interessados. Previu-se também
o intercâmbio de professores e graduandos em
diversas áreas acadêmicas, inclusive as ligadas à
engenharia e à tecnologia.
liBerdade e igualdade
Durante o pronunciamento realizado durante
o evento, o governador do Estado de São Paulo
destacou as “várias razões históricas e políticas
que aumentam o júbilo de ter o presidente
dos Estados Unidos da América entre nós: a
contribuição americana às idéias da modernidade;
sua presença na arrancada do progresso material
Mario Covas dá as boas-vindas a Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, na chegada ao Memorial da América Latina
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alca, o real interesse dos estados unidos
a proposta de integração comercial na alca - Área de livre comércio das américas, um grande mercado comum sem barreiras, que abrangeria todo o continente até 2005, era, na verdade, o tema número um da pauta de encontros de clinton com o governador mario covas, o presidente fernando henrique cardoso, empresários e representantes de entidades. com esse acordo, os estados unidos poderiam ampliar ainda mais o acesso de seus produtos e serviços ao mercado latino-americano, principalmente ao brasileiro. o bloco da alca teria então mais de 700 milhões de consumidores e abarcaria uma riqueza da ordem de 9 milhões de dólares. para o desapontamento de clinton, o brasil se mostrou resistente em assinar o acordo, avaliando que seria um desastre expor os setores produtivos nacionais à competitividade do gigante americano.
dos povos; seu sistema educacional; a múltipla
e complexa convivência de povos e etnias em
seu vasto território e a admirável capacidade de
autocrítica da sua cultura.”
Em decorrência disso, assinalou Mario Covas “a
liberdade tem sido valor consagrado pela prática
de uma organização social aberta e plural”; por
isso,... “a busca da igualdade, para os vários
povos e minorias que coexistem em seu grande
país, vem-se acelerando e se objetivando, cada
vez mais, em conquistas inestimáveis.”
Acrescentou ainda que o grande progresso da
nação americana se respalda “na capacidade de
trabalho e na inventividade de seu povo”, que
geram “positivos avanços materiais e de uma
renda cada vez mais bem distribuída, tornando-
se marcos exemplares para os demais países”.
Destacaram-se no encontro temas como a Alca
(leia texto ao lado), a proteção ambiental,
com enfoque na Amazônia, e o combate ao
narcotráfico. Da agenda também constaram
assuntos como reforma da Organização das
Nações Unidas e ampliação do Conselho de
Segurança (Brasil e Argentina disputavam um
assento no conselho), cooperação aeroespacial,
acordos de cooperação em tecnologia, reforma
do Estado e globalização, entre outros.
Kissinger de olho nas telefônicas
Em 1995, o secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger veio ao Brasil para conhecer os programas de privatização e estudar as possibilidades de futuros investimentos no país. A passagem por São Paulo era inevitável. No dia 4 de setembro, Kissinger foi recebido pelo governador Mario Covas, numa recepção no Palácio dos Bandeirantes. Seus acompanhantes eram Michael Masin, presidente internacional da GTE Corporation, então a maior companhia de telefonia fixa e um dos principais fornecedores de serviços celulares dos Estados Unidos, e Paulo Villares, presidente do conselho de administração das empresas Villares e do conselho da Gevisa, joint-venture entre a Villares e a GE. Da agenda do secretário de Estado norte-americano constaram várias reuniões com intelectuais e empresários.
Henry Kissinger e Mario Covas em conversa de gabinete
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 17
recém-reeleito, o controvertido presidente peruano veio ao brasil tratar de comércio, cultura, amazônia e saídas para o mar
alBerto fujimori, o nissei do Peru
Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São
Paulo integraram o roteiro do presidente do
Peru, Alberto Fujimori, em sua visita oficial ao
Brasil no mês de fevereiro de 1996. Reeleito no
ano anterior, o peruano de origem japonesa
procurava estreitar as relações políticas e
comerciais entre os dois países. Em São Paulo,
foi recebido em audiência pelo governador Mario
Covas e participou de uma reunião de trabalho
com gestores do governo paulista.
Brasil e Peru assinaram um comunicado em que
se destacaram interesses bilaterais relevantes,
como a integração viária e o desenvolvimento na
fronteira de ambos os países, além de um acordo
cultural. As principais conversações giraram em
torno da proteção da Amazônia e da integração
física de ambos os países. A idéia era formar um
corredor bi-oceânico, que permitisse ao Brasil ter
acesso ao oceano Pacífico, e desse ao Peru uma
porta de entrada para o Atlântico.
O presidente do Peru, Alberto Fujimori, entrega presente diplomático para o governador Mario Covas no Palácio dos Bandeirantes
coBre vem, tratores vão
Até 1996, o Brasil foi, entre os membros da Aladi
– Associação Latino-americana de Integração, o
principal cliente dos produtos peruanos. No ano
anterior, o comércio entre os dois países somou
551,5 milhões de dólares – desse montante,
365,9 milhões de dólares corresponderam às
exportações realizadas por empresas brasileiras.
O Peru vendeu ao Brasil cobre, zinco e farinha
de pescado e comprou, principalmente, ônibus,
tratores e caminhões da Volvo.
As construtoras brasileiras Odebrecht e Andrade
Gutierrez estavam presentes no Peru há 15
anos, e a Camargo Corrêa e a OAS mostravam-
se interessadas em participar de alguns projetos
no país vizinho. Investiram no Peru empresas
instaladas no Brasil, como a White Martins, na
produção de oxigênio, e a Alcoa, na fabricação de
garrafas plásticas para refrigerantes.
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S18
Do poder à prisão
quase um ano antes de sua visita ao brasil, alberto fujimori foi reeleito presidente do peru, com 64% dos votos. o filho de imigrantes japoneses conquistou a maioria no congresso e arrasou os partidos tradicionais que dominaram a política durante décadas. sua reeleição deveu-se, principalmente, à volta da tranquilidade no país, ao dominar os grupos guerrilheiros sendero luminoso e o movimento revolucionário tupac amaru, que desestabilizavam o poder instituído.
no segundo mandato, fujimori vendeu empresas estatais, que renderam cerca de 8 bilhões de dólares e alimentaram o crescimento econômico de 12% em 1994, o maior do mundo até aquele momento. mas, em 1995, mais de 85% da população economicamente ativa não tinha carteira assinada e vivia da economia informal.
segundo analistas, os resultados da administração de fujimori não foram tão positivos como aparentavam. ele governou um país economicamente pobre, com 23,8 milhões de habitantes e um pib de 22,1 bilhões de dólares, segundo dados de 1992. nesse ano, sua maneira autoritária de conduzir o poder ficou mais
evidente. sob o pretexto de combater o terrorismo e a corrupção, com o apoio dos militares, fechou o congresso, interveio no Judiciário e suspendeu as garantias constitucionais. falava-se numa “fujimorização” da américa latina, sugerindo um renascimento de ditaduras em vários países. em 2000, no turbilhão de um escândalo, renunciou à presidência e pediu asilo político no Japão.
em 2005, fujimori mudou-se para o chile na condição de exilado político. em setembro de 2007, a Justiça chilena atendeu pedido do governo peruano de extradição do ex-presidente, para ser levado a julgamento por corrupção, enriquecimento ilícito, evasão de divisas e genocídio, este pela morte de 25 peruanos durante manifestação contra seu governo.
o julgamento por abuso dos direitos humanos e sequestro iniciou-se no final de 2007, em lima. fujimori foi condenado a seis anos de prisão pela revista ilegal da casa da mulher de seu ex-assessor vladimiro montesinos. na sentença, o juiz o obrigou a pagar 400 mil novos sóis (133.000 dólares) como reparação civil ao estado e o impediu de exercer cargos públicos por dois anos.
Mario Covas fala com o
presidente Fujimori sobre
trocas comerciais entre o Peru
e empresas paulistas
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 19
presidente do chile condecora mario covas e trata de investimentos com empresÁrios paulistas
eduardo frei discute mercosul e cultura
Em 27 de março de 1996, o governador Mario Covas recebeu em São Paulo o presidente do Chile, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, e foi condecorado com a insígnia Ordem de Bernardo O’Higgins. Destinada a recompensar os cidadãos estrangeiros que se distinguem por sua participação extraordinária nas artes, na educação, indústria, comércio ou cooperação humanitária e social, a comenda chilena revela, por si, a importância que o presidente do país vizinho deu ao encontro. As excelentes relações entre os governos do Chile e do Brasil foram reiteradas pelo governador Mario Covas em discurso de recepção ao presidente Eduardo Frei, na capital paulista: “Se os indicadores econômicos e os resultados comerciais fossem as condições indispensáveis para a amizade entre as nações, o Chile e o Brasil já teriam aí uma aliança sólida e próspera”. Prosseguindo, disse o governador: “Em sua visita, não nos traz o senhor
presidente apenas uma agenda econômica, voltada meramente para a integração material entre as duas nações, mas nos traz ainda mais: a possibilidade do estreitamento de nossa fraternidade espiritual pelo acesso à produção cultural chilena, seja a de caráter mais artesanal e popular, ...seja a de artistas contemporâneos, que fazem do Chile um dos principais pólos culturais do nosso continente”.
Além do encontro no Palácio dos Bandeirantes, Mario Covas e Eduardo Frei participaram, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, de um encontro com empresários brasileiros na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp. Na pauta do encontro, temas relevantes, como as negociações do Chile com o Mercosul e o papel do Brasil nesse processo, além dos investimentos recíprocos, da ampliação do comércio bilateral, da criação de corredores terrestres bi-oceânicos e do aumento da cooperação cultural.
Mario Covas recebe em São Paulo o presidente do Chile, Eduardo Frei Ruiz-Tagle, que o condecorou
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S20
Escobar busca cooperação tecnológica
Sucessor de Eduardo Frei Ruiz-Tagle na presidência do Chile, Ricardo Lagos Escobar não demorou a vir a São Paulo. No dia 14 de junho de 2000, ele e sua esposa foram recebidos no Palácio dos Bandeirantes pelo governador Mario Covas e dona Lila Covas. Nessa primeira visita a São Paulo depois de ter assumido a presidência, em 16 de janeiro do mesmo ano, Escobar veio acompanhado por ministros, embaixadores, empresários, parlamentares, personalidades da cultura e da comunidade científica de seu país. Durante os dois dias de permanência na capital paulista, o presidente chileno visitou o campus da Universidade de São Paulo, a Embraer, a Mostra do Redescobrimento, comemorativa dos 500 anos do Brasil, e participou da cerimônia de abertura do encontro empresarial Brasil-Chile, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
O aprofundamento da cooperação científica e tecnológica esteve entre os principais objetivos da visita do presidente Escobar ao Brasil. Os temas prioritários indicados para a elaboração da declaração sobre a cooperação em ciência e tecnologia foram: biotecnologia, astrofísica, tecnologia de informação, climatologia e meteorologia, desenvolvimento tecnológico, ciência e tecnologia para a Antártica, ciência e tecnologia marinha, matemática, ciências dos materiais, energia, ciências sociais e comunicações. Em relação ao comércio bilateral, verificou-se nos primeiros meses do ano 2000 acentuada recuperação na movimentação de mercadorias entre Brasil e Chile, afetadas nos dois anos anteriores pelos efeitos negativos da crise asiática na economia mundial. Apesar da retração do mercado, o Brasil manteve saldo positivo no intercâmbio comercial com o Chile em 1998 e 1999,
de 200 milhões de dólares e 182 milhões de dólares, respectivamente.
O governador Mario Covas explica o significado do tucano para o presidente chileno Ricardo Lagos Escobar
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 21
candidato ao segundo mandato, ex-presidente da bolívia faz contato com políticos e empresÁrios paulistas
Zamora testa seu PrestÍgio
Em 19 de setembro de 1996, o ex-presidente da
Bolívia, Jaime Paz Zamora, esteve em São Paulo,
em visita de cortesia ao governador Mario Covas.
Novamente candidato à presidência de seu
país, para as eleições do ano seguinte, Jaime
Paz Zamora aproveitou a viagem ao Brasil para
contatar políticos e empresários nas áreas da
construção civil e da saúde.
Zamora foi presidente da Bolívia de 1989 a 1993,
eleito pelo Congresso a partir de um pacto entre
o MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária, de
inspiração marxista), seu partido, e a ADN (Ação
Democrática Nacional), partido da direita. Foi o
primeiro presidente boliviano, depois de 25 anos,
a receber a faixa presidencial de seu antecessor,
covas exPande oferta com gás Boliviano
com base no projeto de importação de gás da bolívia, em junho de 1996, o governador mario covas reuniu-se com o presidente da petrobrás, Joel mendes rennó, o secretário de energia, david zylbersztajn, e a presidente da comgás, iêda correia gomes, para definir os pontos de negociação para a expansão do abastecimento de gás encanado no estado de são paulo. com o início das operações marcado para 1998, o plano de expansão contemplou a região metropolitana de são paulo, municípios do vale do paraíba e outras regiões do estado na rota do gasoduto brasil-bolívia.
Victor Paz Estenssoro, dada a quantidade de
golpes que seu país sofrera até então.
Na gestão Zamora, a Bolívia firmou vários acordos
comerciais com o Brasil e outros países da América
Latina. Trocou 300 milhões de dólares de sua
dívida por títulos da dívida externa brasileira,
adquiridos no mercado secundário. Assinou
acordos de cooperação e estimulou projetos,
como o do corredor ferroviário entre a Bolívia,
o Peru e a Argentina. Em agosto de 1992, Zamora
assinou com o então presidente Fernando Collor
de Mello o acordo para o fornecimento de gás
boliviano ao Brasil. Em 1993, a concessionária
paulista Comgás e a Petrobrás selaram acordo
para a compra do gás boliviano.
Mario Covas observa o presente que acaba de receber do ex-presidente da Bolívia, Jaime Paz Zamora, em visita a São Paulo
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S22
ativista dos direitos civis, o reverendo norte-americano conversou com autoridades, ongs e líderes da comunidade negra
jesse jackson celeBra ZumBi dos Palmares
O reverendo batista norte-americano e ativista
dos direitos civis Jesse Louis Jackson esteve no
Brasil para as celebrações do Dia Nacional da
Consciência Negra, em 20 de novembro de 1996.
A data lembra a morte de Zumbi dos Palmares, o
maior ícone da resistência negra ao escravismo
no Brasil, último país do mundo a aboli-lo.
Com uma agenda organizada pelo Conselho de
Participação e Desenvolvimento da Comunidade
Negra e pela Fundação Cultural Palmares, Jesse
Jackson esteve em Brasília com o presidente
Fernando Henrique Cardoso, visitou Mario Covas,
almoçou na Universidade de São Paulo, conheceu
a Pinacoteca e manteve encontros com ONGs.
Fundador da Rainbow/PUSH, organização de
defesa dos direitos civis, Jesse Jackson é uma das
mais importantes figuras públicas dos Estados
Unidos. Destacou-se por sua participação em
movimentos pela autodeterminação, a paz, a
igualdade de direitos entre os sexos e a justiça
social e econômica. Luta pelo estabelecimento de
prioridades justas e humanas e pela união das
pessoas em uma base comum, sem distinção de
raça, classe social, sexo e crença.
empresários americanos escolhem são Paulo para ampliar negócios na área de geração de energia
Desestatização na agenda de investidores dos EUA
Robert MacFarlane, líder de um grupo de investidores americanos, foi recebido pelo governador Mario Covas em 10 de abril de 1996. Os empresários estavam interessados em ampliar seus negócios na área de geração de energia, na América Latina, e apostavam que o Brasil, São Paulo especificamente, seria o lugar propício para novos investimentos.
Em sua visita de uma semana, MacFarlane fez contatos com autoridades, empresários e bancos para identificar oportunidades de transações e parceiros para investimentos de curto prazo. Conhecia o Programa Estadual de Desestatização e Parcerias com a Iniciativa Privada, do governo paulista, demonstrando vontade em desenvolver projetos com aporte de recursos e gestão privada. Estendeu seu interesse também por usinas já existentes, que pudessem ser recuperadas ou ampliadas pelo setor privado.
Jesse Jackson encontra-se com Covas durante viagem ao Brasil para a comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 23
ex-presidente americano participa de conferência para empresÁrios e professores e encontra-se com covas
george Bush Pai faZ visita de cortesia
Quatro anos após deixar a presidência dos Estados Unidos, George Bush veio ao Brasil, em novembro
de 1996, para participar de uma conferência a convite do Fórum das Américas. Com o apoio da Câmara
Americana de Comércio e do Instituto Latino Americano, Bush pai falou para 300 empresários e professores.
No dia 22, acompanhado pelo empresário Mário Garnero e o advogado Eugênio Montoro, o ex-presidente
americano foi recebido pelo governador Mario Covas no Palácio dos Bandeirantes.
George Bush foi o quadragésimo-primeiro presidente dos EUA. Eleito em 1988, assistiu ao desmantelamento
do mundo comunista, negociou a redução de armamentos na ex-URSS e atuou na América Latina,
invadindo o Panamá para depor o ditador Manuel Noriega. Quando as tropas iraquianas de Saddam Hussein
invadiram o Kuwait, em 1990, enviou soldados à Arábia Saudita, liderando uma aliança internacional que
expulsou o invasor. A aprovação dos americanos a seu governo atingiu 90%, mas a recessão econômica
que veio em seguida impediu sua reeleição em 1992, quando foi derrotado pelo democrata Bill Clinton.
IFC oferece assessoria em infraestrutura
Em 22 de outubro de 1997, o governador Mario Covas recebeu Assaad Jabre, vice-presidente de gestão de carteira e operações de consultoria da International Finance Corporation (IFC). Agência ligada ao Banco Mundial, com sede em Washington, Estados Unidos, a IFC fornece capital de risco a países membros, para estimular o crescimento da produtividade no setor privado e dar consultoria ao setor público, como em projetos de implantação de linhas de metrô.
Durante o encontro, Assaad Jabre e Mario Covas conversaram sobre o contexto econômico brasileiro e as áreas em que a International Finance Corporation poderia prestar assistência ao setor privado paulista, principalmente em infraestrutura. O vice-presidente da IFC prontificou-se a estabelecer contatos com empresários interessados nos programas de privatizações e concessões.
George Bush e Mario Covas
conversam com o apoio da
intérprete Cecília Malzoni
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S24
o complexo cultural villa lobos era um dos endereços cotados para abrigar a filial do museu nova-iorquino
um guggenheim em são Paulo
Contando com a possibilidade de a cidade de São Paulo sediar o primeiro museu Guggenheim na América
Latina, o governador Mario Covas recebeu em audiência o presidente da Fundação Guggenheim, Thomas
Krens, em 18 de outubro de 1999. Na época, o Complexo Cultural Villa Lobos era considerado um bom
endereço para abrigar a construção da sede brasileira do museu, oportunidade disputada também por
outros Estados brasileiros e países como a Argentina e o Chile.
Integravam a comitiva de Krens: Marifé Hernandez, ex-chefe do cerimonial da Casa Branca, Lisa Denison,
curadora-chefe do Museu Guggenheim de Nova Iorque, e Newton Simões Filho, da Racional Engenharia
Ltda., presidente da Associação Novo Teatro de São Paulo.
Colecionar, preservar e expor
A Fundação Guggenheim foi criada em 1937, na cidade de Nova Iorque, pelo milionário, filantropo e colecionador de arte Solomon R. Guggenheim. Seu objetivo era colecionar, preservar e expor objetos característicos da cultura visual do século XX e, desde a origem, reuniu grandes nomes da arte de vanguarda americana e internacional. O primeiro museu Guggenheim foi aberto em Nova Iorque. Depois vieram os de Veneza, na Itália, Bilbao, na Espanha, Berlim, na Alemanha, e, com inauguração prevista para 2011, o de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Krens (segundo à direita de Covas), conversa com o governador sobre uma filial paulista do Guggenheim
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 25
missão comercial canadense traz a são paulo o primeiro-ministro, o governador-geral, dezenas de autoridades e 389 representantes do setor privado
canadá: governo e emPresários juntos
O governador Mario Covas e a primeira dama Lila Covas receberam, no dia 15 de janeiro de 1998, Roméo
LeBlanc, governador-geral do Canadá, e esposa, para um jantar no Palácio dos Bandeirantes. Em seu
discurso de boas-vindas, Covas destacou que a grandeza da nação canadense não se deve apenas à sua
vastidão territorial, “mas sim a valores que a identificam profundamente com as aspirações do mundo
moderno: a democracia, a liberdade econômica, os direitos humanos”. Afirmou também que um dos
importantes feitos do governo do Canadá reside “no desenvolvimento de políticas públicas concretas
...que tem resultado em uma qualidade de vida já reconhecida como a segunda melhor do mundo, pelo
Banco Mundial, e como a primeira, pela ONU”.
No dia seguinte, Mario Covas e o presidente Fernando Henrique Cardoso encontraram-se com Jean
Chrétien, primeiro-ministro do Canadá, no World Trade Center, em São Paulo, para um almoço com toda a
comitiva canadense e empresários brasileiros. Chrétien também chefiava a Equipe Canadá, uma missão
comercial que reuniu ministros federais, os dez chefes de governos provinciais canadenses, dois líderes
de territórios, prefeitos e algumas centenas de empresários. Ao todo, o encontro contou com cerca de
700 empresários – 389 deles canadenses –, que celebraram uma série de contratos entre os dois países.
LeBlanc, governador-geral do Canadá, acompanha Covas pelos corredores do Palácio dos Bandeirantes
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S26
Os objetivos da Equipe Canadá
A delegação encabeçada pelo primeiro-ministro
Chrétien foi resultado de um esforço de parceria entre a
administração pública e o setor privado canadense. Seu
objetivo era intensificar os negócios com os mercados
emergentes, por meio do apoio a empresas estreantes
em comércio exterior e a exportadores que desejavam
explorar novos mercados. Entre os setores prioritários
da Equipe Canadá destacam-se: telecomunicações,
tecnologia da informação, transportes, meio ambiente,
energia e recursos naturais, agricultura e agroindústria,
indústrias nas áreas de educação e cultura, manufaturas
avançadas e serviços especializados. Embora o país
seja altamente industrializado, os canadenses levam
a sério o conceito de desenvolvimento sustentado, a
possibilidade de crescimento econômico associado à
proteção do meio ambiente.
Sob domínio britânico
Localizado entre os Estados Unidos e o oceano Ártico, o Canadá é o segundo maior país do mundo,
formado por dez províncias e três territórios. Colonizado pela França, desde 1763 é controlado pela
Grã-Bretanha. A população, composta por franceses, britânicos e povos de origens múltiplas, tem o
francês e o inglês como idiomas oficiais. Dono de reservas importantes de petróleo, lidera a produção
mundial de zinco e urânio e possui solo rico em potássio, gás natural, níquel e alumínio. Sua economia
é uma das dez maiores do mundo, concentrada nos setores industrial e de serviços. Adota a monarquia
parlamentarista, tendo como chefe de Estado a rainha Elisabeth II, do Reino Unido, representada pelo
governador-geral, e como chefe de governo, o primeiro-ministro. O Poder Legislativo é bicameral. O
Senado conta com 104 senadores, indicados pelo governador-geral para mandato até a idade de 75 anos,
e a Câmara dos Comuns, com 295 membros, eleitos por voto direto, para mandatos de cinco anos.
Em defesa dos interesses do Brasil
Às vésperas da viagem do primeiro-ministro Jean Chrétien ao Brasil, surge uma saia justa diplomática. A tentativa da Bombardier, empresa do setor aeronáutico canadense, de afetar negócios da Embraer para o fornecimento de aeronaves a companhias norte-americanas, provocou reação do governo brasileiro, que ameaçou suspender as negociações para um convênio de cooperação comercial entre o Canadá e o Mercosul e anunciou que reveria todos os projetos de interesse canadense no país, nessa área. Venceram o Brasil e a Embraer.
Roméo LeBlanc deixa sua mensagem no Livro de Tombo, de registro dos
visitantes do governo paulista
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presidente do méxico traz dirigentes dos três principais partidos de seu país para encontro com o governador de são paulo
fox quesada em missão PolÍtica
Recém-eleito presidente do México, Vicente Fox
Quesada esteve em São Paulo no dia 10 de agosto
de 2000, em visita de cortesia, e foi recebido
no Palácio dos Bandeirantes pelo governador
Mario Covas. Três anos antes, quando ainda
era governador do Estado de Guanajuato, Fox
Quesada fizera uma primeira visita a Covas.
No segundo encontro, de acentuado caráter
político, o novo chefe do Executivo mexicano
estava acompanhado de Luís Felipe Bravo Mena,
presidente do Comitê Executivo Nacional do
Partido de Ação Nacional (PAN); Sérgio Garcia
Ramires, secretário-geral do Comitê Executivo
Nacional do Partido Revolucionário Institucional
(PRI); Jesús Zambrano, secretário-geral do Comitê
Executivo do Partido da Revolução Democrática
(PRD); Santiago Creel, coordenador da área
política; Porfírio Muñoz Ledo, coordenador da
mesa de estudos sobre a reforma do Estado;
Luís Felipe de Macedo Soares Guimarães, futuro
embaixador do Brasil no México, e Luiz Cabrera,
cônsul-geral do México em São Paulo.
As relações bilaterais entre o Brasil e o
México, segundo o Itamaraty, desenvolvem-
se habitualmente em clima de cordialidade e
cooperação. Os acordos são facilitados pelo fato
de ambos os países não abrigarem qualquer tipo
de ressentimento histórico entre si e de possuírem
interesses convergentes em ampla gama de
temas da agenda regional e internacional.
Os dois países mantêm aberto um canal de
diálogo de alto nível, de que foram exemplos as
visitas do presidente Fernando Henrique Cardoso
Vicente Fox Quesada, presidente do México, troca presentes diplomáticos com o governador Mario Covas
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S28
Banhado pelos oceanos Atlântico e Pacífico, o México possui belas praias e balneários famosos, como Acapulco, Tampico e Cancún. Antes da invasão espanhola, em 1519, e dos turistas, quem desfrutava do paraíso mexicano eram os povos autóctones maias, toltecas e astecas. Em 1999, a população somava 97,4 milhões de habitantes. O idioma oficial é o castelhano, que convive com línguas nativas, como o náhuati.
Os Estados Unidos do México dividem-se em 31 Estados e Distrito Federal. A capital, Cidade do México, é uma das maiores metrópoles do mundo. O país é regido pelos princípios da Constituição de 1917. O Congresso é bicameral, composto pela Câmara Federal dos Deputados, com 500 membros, e pelo Senado, com 128. Todos são eleitos por voto direto para mandatos de três a seis anos, respectivamente.
Em 1995, o então presidente Ernesto Zedillo viu-se confrontado com uma grave crise econômica e com forças opositoras, sobretudo do Exército Zapatista de Libertação Nacional, fatos que levaram a reformas políticas e eleitorais. Em decorrência das mudanças constitucionais
ao México, em 1996, e do presidente Ernesto
Zedillo ao Brasil, em 1999. Além das visitas, houve
o encontro dos dois mandatários no contexto
das cúpulas do Grupo do Rio (ou Mecanismo
Permanente de Consulta e Concertação Política
da América Latina e Caribe), Ibero-Americanas e
durante a Cimeira entre América Latina, Caribe e
União Européia, em junho de 1999.
No Brasil, residiam aproximadamente 2.000
mexicanos na época da visita de Fox, dos quais
1.200 estavam no Estado de São Paulo.
O presidente mexicano Vicente Fox expõe ao governador paulista detalhes do cenário político de seu país
adotadas em 1996, no pleito do ano seguinte, pela primeira vez, 32 dos 128 membros do Senado foram eleitos por meio de listas partidárias, com mandato de três anos de duração. Os principais partidos são atualmente: Partido Revolucionário Institucional (PRI), Partido da Revolução Democrática (PRD) e Partido de Ação Nacional (PAN), pelo qual Fox foi eleito.
O PAN, fundado em 1939, representa o pensamento neoliberal, tendo como importante base política o empresariado dos Estados próximos à fronteira com os Estados Unidos. Fox conseguiu popularizar o partido e trazê-lo mais ao centro. O PAN consolidou seu espaço na contenda eleitoral de agosto de 1994, quando seu candidato presidencial situou-se em segundo lugar na preferência do eleitorado.
Vale ressaltar o papel de Zedillo, que, ao reformar o sistema judiciário e influenciar seu partido, o PRI (no poder há sete décadas), a adotar novas regras para a escolha do candidato presidencial, pôs fim à prática de o presidente da República indicar o candidato do partido, conhecida informalmente como “dedazo” presidencial.
Dos maias ao “dedazo” presidencial
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 29
amÉricas
1995• Tommy G. Thompson,
governador de Wisconsin, EUA
• E. Benjamin Nelson, governador
de Nebrasca, EUA
• Alejandro Gordillo Fernández,
embaixador do Peru no Brasil
1996• Heraldo Muñoz, embaixador
do Chile no Brasil
• Bill Gates, presidente da Microsoft
• Warren Christopher, secretário
de Estado dos Estados Unidos
• Diego Ramiro Guelar, embaixador
da Argentina no Brasil
• Lincoln Almond, governador
de Rhode Island, EUA
• Buddy MacKay, vice-
governador da Flórida, EUA
1997• Robert Murray Torry, embaixador
de Trinidad e Tobago no Brasil
• Zell Miller, governador da Geórgia, EUA
• Joseph E. Kernan, vice-
governador de Indiana, EUA
• Juan Carlos Romero, governador
de Salta, Argentina
• Jorge Hugo Herrera Vegas,
embaixador da Argentina no Brasil
• Julie Norris, diretora do Office
of Sponsored, do Massachusetts
Institute of Technology – MIT, EUA
1998• Pedro Rosselló, governador
de Porto Rico, EUA
• Melvin Carnahan, governador
do Missouri, EUA
• Ricardo Marquez, primeiro
vice-presidente do Peru
1999• Christine Todd Whitman,
governadora de New Jersey, EUA
• Adolfo Rodrigues Saá, governador
de San Luis, Argentina
• Juan Antonio Martabit,
embaixador do Chile no Brasil
• Arturo Pedro Lafalla, governador
de Mendoza, Argentina
• James Hunt, governador da
Carolina do Norte, EUA
• Gobind T. Nankani, vice-
presidente do Banco Mundial
• Graciela Meijide, deputada
federal e líder da delegação de
parlamentares da Argentina
2000• Anthony Harrington, embaixador
dos Estados Unidos no Brasil
• Jorge Omar Sobisch, governador
de Neuquén, Argentina
• Carlos Federico Ruckauf, governador
de Buenos Aires, Argentina
Do continente americano, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:
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presidente da itÁlia assina acordo de intercâmbio com pequenas empresas e visita a colônia italiana paulista
em são Paulo, scalfaro sente-se em casa
Foram seis dias de visita oficial do presidente
da Itália ao Brasil, em junho de 1995. Oscar Luigi
Scalfaro veio intensificar as relações comerciais
entre os dois países e quebrar um antigo jejum:
encontrou-se com a numerosa colônia italiana
paulista, gentileza que os dirigentes de seu país
não faziam há 30 anos.
Em sua comitiva, Scalfaro trouxe uma delegação
de empresários filiados à Confisdustria
(Confederação das Federações das Indústrias
Italianas). Na pauta de negociações constaram
as propostas de adoção de um programa de
intercâmbio para micro e pequenas empresas,
além da integração da América Latina com a
União Européia por intermédio do Mercosul.
Mario Covas, ao receber o presidente, no dia 28,
assinalou em seu pronunciamento a importância
da imigração italiana para o processo de
transformação da “economia latifundiária e
escravista paulista numa economia urbana e
Oscar Luigi Scalfaro, presidente da Itália, cumprimenta Covas sob os olhares das respectivas esposas
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S32
Católico, advogado e antifascista
oscar luigi scalfaro nasceu em 1919, em novara, itália. formou-se em direito pela universidade católica do sagrado coração, em milão, ingressando na magistratura. foi presidente da ação católica da diocese de novara e, durante o fascismo, ajudou os antifascistas encarcerados.
após 1945, foi promotor público nos tribunais superiores especiais de novara e alessandria e eleito para a assembléia constituinte, em 1946. popular, desde 1948 scalfaro é reeleito deputado ininterruptamente e sempre o mais votado do partido democrata-cristão, em seu colégio eleitoral.
em 1954, tornou-se vice-ministro do trabalho e previdência social e, de 1954 a 1955, vice-ministro da previdência do conselho de ministros. entre 1955 e 1962, ocupou os cargos de vice-ministro da Justiça e do interior. após 1966, assumiu o ministério dos transportes e da aviação, da educação e do interior. elegeu-se presidente em maio de 1992.
o sistema de governo italiano é parlamentarista. o presidente é eleito para um mandato de sete anos. escolhe o primeiro-ministro e tem o poder de dissolver o senado e a câmara, exceto nos últimos seis meses de mandato.
A economia italiana
A República Italiana, um dos pilares da civilização européia, sabe aproveitar sua condição. Sua economia baseia-se em serviços, categoria em que se destaca o turismo, e nas indústrias de base, equipamentos de transporte, têxteis, vestuário e produtos químicos. Exporta principalmente máquinas industriais e equipamentos de transporte, vestuário e calçado, manufaturas básicas, produtos químicos e alimentos. Seus principais parceiros comerciais são a Alemanha, a França, os EUA, o Reino Unido e a Holanda.
assalariada. A ela se devem muitas oficinas
artesanais e muitas manufaturas, além da base
de um operariado habilidoso”. Lembrou também
que dos imigrantes italianos nasceram “as raízes
de associações e movimentos cooperativos e
sindicais”. Deles também herdamos vários aspectos
culturais, tais como “costumes, paladares, muitos
linguajares e parte característica do gestual”.
Ainda em São Paulo, o presidente Scalfaro
acompanhou a assinatura de um acordo entre
a Confisdustria e a brasileira CNI (Confederação
Nacional das Indústrias). Segundo Roberto
Ricupero, embaixador do Brasil, o acordo previa
associações entre pequenas e médias empresas
italianas e brasileiras, além do financiamento
de um milhão de ECUs (a unidade monetária dos
países europeus, na época), pela União Européia,
para compra e instalação de equipamentos.
Covas e Scalfaro caminham pelo
Palácio dos Bandeirantes seguidos de
intérpretes e assessores
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 33
visita do nobre inglês incluiu seminÁrio em são paulo, encontro das Águas de rios amazônicos e Jardim botânico carioca
negócios e ecologia na rota do duque de kent
A visita ao Brasil do príncipe Edward, duque de Kent, da Inglaterra, incluiu várias atividades em São
Paulo. No dia 7 de novembro de 1995, o nobre foi recebido pelo governador Mario Covas, no Palácio dos
Bandeirantes. Em seguida, presidiu a abertura do seminário “Londres – um parceiro global para o Brasil”,
promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para empresários brasileiros.
Edward visitou o Autódromo de Interlagos, palco das corridas de Fórmula 1, e a Câmara de Comércio
Britânica, onde manteve encontros com empresários ingleses.
A agenda do duque de Kent não parou por aí. Edward fez questão de ir a São José dos Campos, interior
de São Paulo, para conhecer a Embraer, fábrica dos aviões brasileiros que fazem sucesso no mundo, e
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Em seu giro pelo país, manteve contato com o governador
Amazonino Mendes, do Amazonas, e conheceu o encontro das águas dos rios Negro e Amazonas. No
Paraná, visitou as Cataratas do Iguaçu, e, no Rio de Janeiro, o Jardim Botânico e a Shell.
A comitiva do duque de Kent contou com empresários de peso: Simon Sayer, do Lloyds Bank; Robert
Andrewartha, da Matra Marconi; David Mortimer, da British Gas do Brasil; Alan Sinclair, da Rolls Royce do
Brasil; Keith Haskell, embaixador da Grã-Bretanha no Brasil; Roger Brown, cônsul-geral em São Paulo e
Mike Mecham, do departamento da indústria de Londres.
O príncipe britânico Edward, duque de Kent,
cumprimenta Mario Covas em São Paulo
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S34
o primo da rainha
edward george nicholas patrick paul, duque de Kent, é primo da rainha elisabeth ii e neto do rei george v. estudou em eton, na inglaterra, em le rosey, na suíça, e na academia militar real, em sandhurst, onde se formou em 1955. nomeado segundo-tenente no royal scots greys, serviu no reino unido e em chipre, como integrante da força das nações unidas. reformado como general-de-brigada em 1982, assumiu a presidência da Junta britânica de comércio exterior. em 1959, assumiu cargo na câmara dos lordes e foi conselheiro de estado durante a ausência da rainha.
o duque de Kent é presidente de diversas instituições não-governamentais filantrópicas, incluindo o instituto real de barcos salva-vidas, a comissão britânica de sepulturas de ex-combatentes, a associação de automóveis, a associação de escoteiros e a orquestra filarmônica de londres. foi nomeado chanceler da universidade de surrey, em 1977. é diretor não-executivo da bicc plc (corporação do setor de cabos e telecomunicações) e da vickers plc (grande empresa de engenharia).
Acompanhado de integrantes de sua comitiva, o duque de Kent ouve a exposição de Mario Covas
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 35
presidente da alemanha participa de feira de tecnologia e trata de cooperação com o governador mario covas
um futuro de Parcerias com herZog
Em seu discurso na recepção ao presidente da
República Federal da Alemanha, Roman Herzog,
no dia 26 de novembro de 1995, o governador
Mario Covas aproveitou a ocasião para definir as
novas relações estratégicas que se estabeleciam
e se reafirmavam entre os dois países: “Hoje,
governar consiste em articular os interesses
da sociedade, induzir o desenvolvimento para
gerar riquezas e empregos, sem o que não se
tem progresso social. Queremos contribuir para
reverter uma distribuição de renda cuja curva é
perversa. Queremos aparelhar o Estado para que
possa desempenhar suas funções sociais”.
Para uma platéia de empresários brasileiros
e alemães, que lotavam o auditório Ulisses
Roman Herzog, presidente da Alemanha, entrega a Covas a comenda Ordem do Mérito de seu país
Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, Covas
destacou que as relações entre o Brasil e a
Alemanha “não se alicerçam apenas num passado
de realizações. Mas abrigam pela frente um futuro
dos mais promissores. Contamos com a efetiva
participação das empresas alemãs nos programas
de concessão e parceria com a iniciativa privada
que o Estado de São Paulo lançou recentemente”.
O governador Mario Covas concluiu seu discurso,
citando a feira de tecnologia da indústria
alemã, que seria inaugurada no dia seguinte
com a presença de Herzog, “como signo de uma
cooperação efetiva entre Brasil e Alemanha,
não em termos de ‘ajuda’, mas em termos de
‘negócios’, bons para ambas as partes”.
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S36
Personalidades premiadas
no dia seguinte ao encontro de herzog e covas no palácio dos bandeirantes, foi aberto o evento de lançamento e entrega do prêmio personalidade do ano, instituído pela câmara de comércio e indústria brasil-alemanha e a confederação das câmaras alemãs. o prêmio fez parte da programação da feira brasil-alemanha de tecnologia para o mercosul (ferbral’95), e se inseriu no quadro das atividades do encontro empresarial brasil-alemanha e da reunião da comissão mista de cooperação econômica.
com o prêmio, pretende-se reconhecer publicamente as contribuições pessoais e profissionais de personalidades brasileiras e alemãs, em favor das relações de amizade e dos laços culturais, políticos e econômicos entre ambos os países. uma placa e um diploma – que distinguem o agraciado como um amigo do brasil e da alemanha – são entregues anualmente a um brasileiro e a um alemão, alternadamente nos dois países. nessa primeira edição, foram agraciados o brasileiro elieser batista da silva e o alemão hans l. merkle, escolhidos com base em ampla pesquisa da qual participaram os associados da câmara de comércio brasil-alemanha de são paulo.
o governador mario covas rendeu homenagens aos ganhadores do prêmio e, em seu pronunciamento, disse: “sabemos que este prêmio constitui o ponto de partida de uma família de prêmios que virão incentivar personalidades cuja competência lhes confere destaque e admiração. e, assim, muito nos orgulha poder colaborar, ao acolher no palácio dos bandeirantes o digníssimo presidente da alemanha, roman herzog, bem como sua comitiva. muito nos alegra saber, além do mais, que a alemanha elegeu o brasil como um parceiro preferencial na américa latina”.
Herzog e Covas (ao centro)
participam do lançamento
e da entrega do prêmio
Personalidade do Ano
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 37
ministro da fazenda conversa com covas sobre oportunidades de negócios em eletricidade, gÁs e Água
ministro das finanças traz missão empresarial francesa para reunião com o governo paulista
o reino unido aPosta no ajuste fiscal Paulista
a frança quer recuPerar esPaço
O ministro britânico da Fazenda, Kenneth Clarke,
chegou a São Paulo com vontade de conversar.
Acompanhado por um grupo de empresários
ingleses do setor financeiro, reuniu-se com o
governador Mario Covas, no dia 10 de janeiro de
1996, para discutir a cooperação entre empresas
dos dois países e as oportunidades oferecidas
por São Paulo, principalmente nos segmentos
de eletricidade, gás e água. A disposição do
ministro foi bem recebida pelo governo paulista.
Naquele período, a Grã-Bretanha elegeu o Brasil
Em janeiro de 1996, veio ao Brasil o ministro das Finanças e do Comércio Exterior da França, Yves
Galland, chefiando uma missão com 35 representantes das maiores empresas de seu país, entre elas a
AGF, Aérospatiale, Renault, Thomson, Société Generale e CCF. Integravam a delegação de Galland, altos
funcionários dos ministérios da Fazenda, Infraestrutura, Indústria, Correios e Telecomunicações, Habitação,
Relações Exteriores e Transportes e Turismo. Na reunião de trabalho realizada com representantes de
vários setores do governo paulista, a comitiva demonstrou forte disposição da França de recuperar a
posição de relevância que, no passado, ocupara no mercado brasileiro.
Covas recebe Kenneth Clarke, observado pelo embaixador Rubens Barbosa, secretários e assessores
como parceiro estratégico, devido às reformas
econômicas e o ajuste fiscal promovido por Mario
Covas no Estado de São Paulo.
Até então, o Reino Unido vendia para o mercado
brasileiro produtos químicos, farmacêuticos,
equipamentos para geração de energia,
maquinários, material de transporte e uísque.
Do Brasil comprava, principalmente, alimentos,
derivados de papel, maquinários, calçados,
produtos químicos e tabaco.
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S38
missão de 30 empresÁrios de portugal reúne-se com o governador e secretÁrios de estado
delegação polonesa trata com covas da troca de experiências nas Áreas científica, econômica e educacional
delegação Portuguesa chega Para investir
da Polônia, o estÍmulo ao intercâmBio acadêmico
Esteve no Brasil, em janeiro de 1996, uma missão de empresários portugueses chefiada pela empresa
Antônio Vilar & Associados. O objetivo era aproveitar o momento de abertura do país ao exterior para
investir no Brasil. A Antônio Vilar & Associados é especializada em consultoria de investimentos, e contou
com o apoio do Consulado Geral do Brasil e do Porto. A visita foi resultado do seminário Como investir no
Brasil, realizado em 1995 na cidade do Porto, e organizado pelo ICEP – Investimentos, Comércio e Turismo
de Portugal. A delegação, composta por 30 empresários, esteve em São Paulo no dia 18 de janeiro de 1996,
quando foi recebida pelo governador Covas e vários secretários de Estado.
O ministro do Comitê de Pesquisas Científicas
da Polônia, Aleksander Luczak, e o primeiro
vice-ministro de Relações Exteriores, Eugeniusz
Wyzner, integraram uma delegação polonesa que
visitou o Brasil, em março de 1996.
No dia 8, o governador Mario Covas recebeu em
audiência os poloneses para discutir assuntos
ligados à cooperação e a troca de experiências
nas áreas científica, econômica e educacional.
No dia 3 de maio, data nacional da Polônia, foi
aberta uma cátedra polonesa na Universidade
de São Paulo e uma cátedra brasileira na cidade
polonesa de Lodz, com o objetivo de estimular
o intercâmbio de estudantes e professores, em
diversas áreas, entre elas, economia e ciências.
A delegação participou do 2º Congresso da
Comunidade Polonesa da América Latina, de
13 a 16 de março, em Curitiba, cuja intenção foi
discutir a situação da colônia polonesa no Brasil,
envolvendo temas como folclore e idioma.
Aleksander Luczak, ministro do Comitê de Pesquisas Científicas da Polônia, entrega presente a Covas
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 39
cooperação nas Áreas técnicas foi tema da conversa do ministro francês bernard pons com o governador
malcolm rifKind, chanceler do reino unido, vem examinar oportunidades nos setores de eletricidade, Água e gÁs
tecnologia francesa à disPosição
desestatiZação na mira dos Britânicos
Bernard Pons, ministro do governo francês responsável pela infraestrutura, habitação, transporte e
turismo, veio ao Brasil em março de 1996 para discutir possibilidades de cooperação entre a França e o
nosso país, principalmente nas áreas técnicas a que estão vinculadas empresas francesas reconhecidas
pela excelência de seu trabalho. No dia 25, foi recebido pelo governador Mario Covas para discutir acordos
bilaterais e uma exposição tecnológica francesa, marcada para outubro de 2000, na capital paulista.
Os 361 empreendimentos franceses então instalados no Brasil realizavam negócios de mais de 10 bilhões
de dólares e empregavam cem mil pessoas. A França era o quinto maior investidor no Brasil. Tais
investimentos se concentraram em cinco grandes grupos: Accor, Michelin, Carrefour, Rhodia e Saint-
Gobain, dos quais os três últimos figuram entre os 20 maiores grupos estrangeiros instalados no Brasil.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Malcolm Rifkind, chegou a São Paulo interessado no
programa privatizações do governo paulista. Foi recebido por Mario Covas, no dia 12 de abril de 1996,
em uma reunião de trabalho para discutir a ampliação das exportações e dos investimentos britânicos
no país. O ministro Rifkind trouxe consigo um grupo de empresários da área financeira para examinar
as oportunidades oferecidas pelo governo de São Paulo, particularmente nos setores de gás, água e
eletricidade. Cerca de 40 das 100 maiores empresas britânicas já estavam presentes no Brasil, em 1996.
Era grande o empenho dos britânicos em fomentar negócios com toda a América Latina - seu objetivo era
dobrar o volume de exportações para a região.
Mario Covas cumprimenta Bernard Pons, ministro francês responsável pela infraestrutura e transporte
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S40
primeiro presidente da lituânia como república independente busca reconhecimento no brasil
BraZauskas reata laços diPlomáticos
Na primeira visita de um chefe de
Estado da Lituânia ao Brasil, São Paulo
era uma parada obrigatória. Assim, o
presidente Algirdas Mykolas Brazauskas
foi recebido por Mario Covas no Palácio
dos Bandeirantes no dia 18 de março de
1996. A principal intenção da comitiva
presidencial, composta por ministros
e chanceleres, era restabelecer laços
diplomáticos e buscar reconhecimento
para o recente estado político da nova
república independente, após 50 anos
de ocupação soviética.
Localizada no centro da Europa, a
nordeste da Polônia, a Lituânia, cuja
capital é Vilnus, foi o primeiro dos
Estados bálticos (Lituânia, Letônia e
Estônia) a efetivar sua independência,
no ano de 1991. Tornou-se uma
república parlamentarista, dividida
em onze cidades e 44 distritos rurais.
Em seus 65.200 quilômetros quadrados
- quase quatro vezes menor do que o
Estado de São Paulo – abrigava uma
população, na época, composta de 3,7
milhões de habitantes.
Em decorrência de guerras, muitos lituanos imigraram para o Brasil. As primeiras cem famílias que
chegaram aqui fixaram residência em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Em 1996, o país tinha a maior
comunidade lituana da América Latina, e a maior colônia estava concentrada em São Paulo.
Privatizar com prudência
ao assumir a presidência da lituânia, brazauskas, adepto da economia de mercado, imprimiu um ritmo prudente às privatizações, para não desorganizar bruscamente o sistema produtivo. em janeiro de 1994, assinou um acordo para o ingresso do país na parceria para a paz, estrutura criada pela otan para a cooperação militar com os países do leste europeu. no início de 1995, 78% das antigas empresas estatais já estavam privatizadas. em maio, o país fez acordo de livre-comércio com a união européia. nesse mesmo ano, o brasil exportou para a lituânia 385.516 dólares em mercadorias, com destaque para café solúvel, cacau, cigarros, máquinas e ferramentas. no mesmo período, importou 1.875.570 dólares em tubos para aparelhos de tv, couro bovino e fios de acetato de celulose.
Mario Covas posa com Algirdas Mykolas Brazauskas,
presidente da Lituânia, vestindo a faixa do país
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 41
primeiro-ministro de portugal encontra-se com o governador de são paulo pela terceira vez em três anos
Brasil, a Prioridade de antonio guterres
Durante sua gestão à frente do governo paulista,
Mario Covas recebeu Antonio Manuel de Oliveira
Guterres em três momentos distintos. A primeira
vez foi em janeiro de 1995, primeiro mês de
mandato, quando Guterres era ainda secretário-
geral do Partido Socialista português. A segunda,
em abril de 1996, seis meses após Guterres
tornar-se primeiro-ministro de Portugal, em
uma visita de cortesia. Em 24 de junho de 1997,
Covas recebeu em audiência o primeiro-ministro
português, desta vez cumprindo extensa agenda
de trabalho por países da América Latina.
No Brasil, ele esteve em Brasília, Rio de Janeiro
e São Paulo, sempre acompanhado por sua
comitiva de ministros de Estado: dos Negócios
Estrangeiros, Jaime Gama; da Educação, Marçal
Grilo; da Administração Interna, Alberto Costa;
da Economia, Augusto Mateus; e o assessor de
Comércio, Indústria e Turismo, Luís Nazaré.
Antonio Manuel de Oliveira Guterres elegeu o
Brasil como prioridade em política externa,
para negócios bilaterais e para servir de ponte
entre Portugal, a União Européia e o Mercosul.
Embora fosse favorável à integração européia,
o primeiro-ministro acreditava que Portugal
não poderia virar suas costas aos outros países
e blocos econômicos, e que seu país precisava
encontrar novos mercados.
o que vem e o que vai
Em 1995, Portugal exportara para o Brasil mercadorias no valor de 168,8 milhões de dólares e importara o equivalente a 453,2 milhões de dólares. No ano seguinte, vendeu um pouco mais – 225,8 milhões de dólares – e comprou de empresas brasileiras um pouco menos – 427,9 milhões de dólares. Os principais produtos vindos de Portugal eram: azeite de oliva, minério de cobre, combustíveis minerais, vinhos, aparelhos e dispositivos elétricos, moldes, partes de motores, livros, brochuras, frutas e produtos hortículas. Os produtos brasileiros mais exportados para Portugal: couros e peles, soja, bagaço e resíduos de óleo de soja, madeira bruta, café, madeira serrada, madeira perfilada, sisal e fibras têxteis, bagaços de extração de gorduras e chapas de ferro.
Mario Covas mostra o material sobre o programa de
desestatização de São Paulo a Antonio Guterres
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em visita inédita, o primeiro-ministro da itÁlia trata de pontos coincidentes na agenda dos dois países
Prodi, covas e as reformas
O governador Mario Covas recebeu em audiência
o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, no
dia 3 de março de 1998. Era a primeira visita de
um primeiro-ministro italiano ao Brasil. Prodi
veio a São Paulo acompanhado por uma comitiva
de ministros, conselheiros, parlamentares,
embaixadores e 110 empresários dos mais
variados setores, que mantiveram contato com
industriais brasileiros na sede da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A conversa entre Mario Covas e Romano Prodi, no
Salão dos Despachos do Palácio dos Bandeirantes,
girou em torno de elementos coincidentes da
agenda interna de ambos os países: reformas
constitucionais, reestruturação da previdência
social, avanços no processo de privatização e a
importância do controle do déficit público.
Brasil e Itália guardam profunda identificação
cultural e sentimentos de simpatia recíprocos,
favorecidos pela contribuição da imigração
italiana à formação da população brasileira.
O sexto mercado
até a chegada de prodi, a itália detinha o sexto lugar no ranking de mercados mais importantes para as exportações brasileiras. o intercâmbio comercial entre os dois países expandia-se, passando de 2,75 bilhões de dólares, em 1990, para 5,2 bilhões de dólares, em 1995. tal aumento devia-se às importações brasileiras, que passaram de 798 milhões de dólares, em 1990, para 3,16 bilhões de dólares, em 1995. a itália, nesse período, era a quarta maior fonte de investimento estrangeiro direto no brasil. entre as empresas italianas que mais investiram no país, boa parte delas instalada em são paulo, estavam: fiat, iveco, pirelli, stet, parmalat, grupo círio, de longhi, polti e candy.
Segundo o Conselho Geral de Italianos no Exterior,
a comunidade de descendentes de italianos no
Brasil constituía-se, na época, de cerca de 23
milhões de pessoas, e estimava-se que 5 milhões
residiam no Estado de São Paulo.
Mario Covas entrega presente diplomático paulista a Romano Prodi, primeiro-ministro da Itália
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 43
primeiro chefe de estado da república tcheca, o dramaturgo vem divulgar aspectos do novo país
václav havel no PaPel de Presidente
Em setembro de 1996, o escritor e dramaturgo
tcheco Václav Havel chega ao Brasil em seu
papel mais importante: primeiro presidente da
República Tcheca, nascida da divisão da antiga
Tchecoslováquia, em 1993. Havel e sua comitiva
vieram para uma visita oficial de cinco dias, com
o objetivo de dar a conhecer os aspectos políticos,
econômicos e culturais da recente república e
verificar as possibilidades de negócios bilaterais
com o Brasil. O presidente veio também agradecer
a solidariedade do povo brasileiro durante a
Segunda Guerra Mundial, por manter-se do lado
dos aliados, contra a ditadura fascista.
defenestração e cerveja
Ao recepcionar Václav Havel e comitiva em São
Paulo, em 19 de setembro, o governador Mario
Covas abriu seu discurso com bom humor: “A
história da República Tcheca nos deu muitos
exemplos e uma complicação. A complicação veio
do povo de Praga, que, em 1618, ao atirar por
uma janela os emissários do imperador, trouxe
para a língua portuguesa uma de suas palavras
mais difíceis de pronunciar: o substantivo
‘defenestração’, ou seja, o ato de jogar alguém
janela abaixo, expressão com freqüência utilizada
metaforicamente na vida política brasileira”.
Covas brincou ainda com os visitantes dizendo que
“aos tchecos, também, devemos uma de nossas
paixões nacionais: a cerveja Pilsen, originária da
cidade de mesmo nome”. Destacou a seguir a
tenacidade e a coragem do povo tcheco na defesa
de sua pátria e na manutenção de sua identidade
ao longo do tempo. “Essa identidade nós
O chefe da Casa Militar, Cel. PM Lourival Costa Ramos, observa o cumprimento de Václav Havel e Covas
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S44
A República Tcheca
Em 1º de janeiro de 1993, a Tchecoslováquia dividiu-se em dois Estados: a República Eslovaca e a República Tcheca, imediatamente reconhecidos pelo Brasil. País de elevado padrão econômico e cultural, a República Tcheca localiza-se na Europa Central, sua capital é Praga e divide-se administrativamente em oito regiões subdivididas em municipalidades. Em 1998, sua população somava 10,3 milhões de habitantes. Industrializado desde o século XIX, destaca-se na fabricação de máquinas e equipamentos, produz cereais e explora recursos naturais. O sistema de governo tcheco é parlamentarista, com chefe de Estado forte. O legislativo é bicameral: o Senado conta com 81 membros, e a Câmara dos Deputados, com 200. O voto é direto, para mandatos de seis e quatro anos, respectivamente.
As relações com o Brasil
em 1994, foi fundada em são paulo a câmara internacional de comércio, indústria e cultura brasil-república tcheca. no ano seguinte, o brasil exportou para os tchecos ferro, manganês, soja, frutas, couro, tabaco e café; e importou artigos para consumo, máquinas, produtos agrícolas, lúpulo e leite em pó. o brasil também era tradicional comprador de maquinaria tcheca. em são paulo estavam sediadas as empresas tchecas skoda (montadora e produtora de caminhões para fins civis e militares e plataformas de ônibus para venda no brasil e na américa latina) e omnipol brasileira s/a (produtora e distribuidora de rolamentos).
conhecemos muito bem. Alegre e jovial, dinâmica
e empreendedora, a reencontramos em um dos
nossos maiores presidentes: Juscelino Kubitschek
de Oliveira, de origem tcheca pelo lado materno
e, como todos os tchecos, também preocupado
com o desenvolvimento e a industrialização”.
O governador citou o escritor tcheco Franz Kafka,
que anteviu “o ovo da serpente”, ao denunciar
os absurdos do totalitarismo e da burocracia,
nas obras O Castelo e O Processo. Mario Covas
encerrou seu discurso manifestando o carinho do
povo paulista ao presidente Havel: “Que seja o
portador da nossa certeza de que o totalitarismo,
desta vez, foi definitivamente defenestrado da
República Tcheca, isto é, que o autoritarismo saiu
de cena para sempre, como se diria na linguagem
tão cara ao dramaturgo Václav Havel”.
Václav Havel e Mario
Covas conversam
com o auxílio de
uma intérprete
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conhecido por sua atuação diplomÁtica em regiões de conflito, o presidente da finlândia busca intercâmbio comercial no brasil
martti ahtisaari, o Pacificador
Décimo presidente da República da Finlândia - e o
primeiro a ser eleito por voto direto -, Martti Oiva
Kalevi Ahtisaari esteve em São Paulo em fevereiro
de 1997. Veio em missão comercial, acompanhado
de uma delegação composta por cerca de 20
empresários, com o objetivo de incrementar o
intercâmbio econômico bilateral.
Mario Covas e a primeira dama Lila receberam
o presidente finlandês em jantar no Palácio
dos Bandeirantes, no dia 26. O governador de
São Paulo abriu seu discurso saudando “no
presidente Martti Ahtisaari, todos aqueles que,
como ele, estão empenhados na construção da
paz. Sua atuação na presidência do grupo de
trabalho da Bósnia-Herzegóvina o fez credor
do reconhecimento não apenas dos povos
envolvidos no conflito, mas, também, de toda a
comunidade internacional”, destacando, assim,
e, em primeiro lugar, “a índole pacífica do povo
finlandês que se assemelha à do povo brasileiro”.
um merecido noBel da PaZ
A história política do presidente Martti Ahtisaari
começa com um convite da Direção de Cooperação
da Suécia para atuar num projeto educacional no
Paquistão. Depois, foi representante diplomático
em Moçambique, Tanzânia, Somália, Zâmbia e
Namíbia, desempenhando importante papel no
processo de independência. Em 1992, presidiu
o grupo de trabalho da Bósnia-Herzegóvina na
Conferência Internacional sobre a ex-Iugoslávia.
Na volta a seu país, os cidadãos da cidade de
Oulu propuseram sua candidatura a presidente.
Ganhou as eleições por larga maioria, para
grande surpresa dos analistas políticos locais. A
política econômica que propôs para a Finlândia
foi o sustentáculo para o forte apoio popular que
desfrutou em seu país. Por seu trabalho na busca
de solução para a Guerra do Kosovo, em 1999,
Ahtisaari recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2008.
Observado por Mario e Lila Covas, Martti Oiva Kalevi Ahtisaari deixa mensagem no Livro de Tombo
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A República da Finlândia, cuja capital é Helsinque, ocupa território de 338 mil quilômetros quadrados. As línguas oficiais são o finlandês e o sueco. É dividida em 12 províncias e tem um Parlamento unicameral, composto de 200 membros eleitos por voto direto, para mandato de quatro anos.
O chefe de Estado é o presidente da República, com mandato de seis anos. O chefe de governo é o primeiro-ministro. O presidente tem poderes constitucionais para dirigir as relações exteriores, escolher o primeiro-ministro e dissolver o Parlamento. Em 1997, as 200 cadeiras do Parlamento estavam distribuídas entre dez partidos. Dos parlamentares, 67 eram mulheres.
As mudanças impostas ao mundo pelo esfacelamento da União Soviética também chegaram à Finlândia. Por manter posição de neutralidade durante a Guerra Fria, o país arcou com a redução de sua capacidade de poupança interna, mas manteve uma renda per capita invejável - 24.700 dólares -, graças a uma
política econômica de austeridade. O Produto Interno Bruto cresceu 4,4%, em 1995, mas o país, como o restante da União Européia, teve problemas com o desemprego, na ordem de 17%.
A Finlândia entrou na União Européia como uma das principais parceiras comerciais dos demais países que a compõem. A pauta de importações finlandesa incluía reatores nucleares, equipamentos elétricos, combustíveis, óleos, automóveis e bicicletas, plásticos e derivados, ferro e aço.
Segundo estatísticas finlandesas, em 1994, o Brasil ocupava a 23ª posição entre os maiores exportadores e o 39º lugar entre os maiores importadores de produtos da Finlândia. Em 1997, o Itamaraty recomendou intensificação das informações sobre a abertura da economia brasileira e do processo de privatizações para atrair os investimentos finlandeses, fortemente concentrados no Chile. Sugeriu ainda a realização de seminários sobre investimentos e a visita de uma missão comercial a Helsinque.
Mario Covas despede-se do presidente finlandês, após o jantar realizado no Palácio dos Bandeirantes
Renda per capita reforçada
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disposto a ampliar o comércio bilateral, o presidente da frança e sua comitiva de empresÁrios encontram-se com covas
jacques chirac e a Balança
A balança comercial do Brasil com a França estava
desequilibrada quando Jacques Chirac chegou ao
país para uma visita de três dias, em março de
1997. No ano anterior, os brasileiros compraram
438 milhões de dólares a mais em mercadorias
francesas do que venderam. Mas o presidente
francês não estava satisfeito.
Chirac queria desbancar os Estados Unidos do
posto de principal parceiro comercial do Brasil
e estreitar relações entre Mercosul e União
Européia. Por isso, trouxe em sua comitiva quase
cem empresários, dispostos a fazer negócios por
aqui. O que ele não sabia é que o governador
Mario Covas estava preparado para virar o jogo.
Chirac e empresários franceses reuniram-se com
Covas e o presidente Fernando Henrique Cardoso,
no dia 13 de março, no Hotel Mofarrej-Sheraton.
Integravam a audiência 17 executivos de empresas
importantes, como Carrefour, Accor e Saint-
Gobain, além do milionário Jean-Luc Lagardère,
controlador da Airbus, dono do império editorial
Hachette e marido da mineira Betty Lagardère.
A seleta platéia ouviu do governador sua visão
sobre a conjuntura econômica mundial, marcada
pela globalização, e sua esperança de que os
problemas históricos de desequilíbrio entre Norte
O presidente da França, Jacques Chirac, cumprimenta o governador Covas no encontro em São Paulo
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S48
Empresários de peso
A comitiva de Jacques Chirac era composta por presidentes de importantes companhias: Edmond Alphandery, da Electricité de France; Daniel Bernard, do Carrefour; Françoise David, da Compagnie Française d’Assurance pour le Commerce Extérieur; Jérôme Le Carpentier, da Société Anonyme A.C.C.M.; Jérôme Monod, da Lyonnaise des Eaux; Jean-Pierre Savare, do Groupe François-Charles Oberthur; Jean-Paulo Bailly, da Régie Autonôme de Transports Parisiens; Pierre Bilger, do Grupo GEC-Alsthom; Paul Dubrule, da Accor; Pierre Lescure, do Canal Plus; Jean-Louis Beffa, da Saint-Gobain; Charles de Croisset, do Crédit Commercial da França; Jean-Luc Lagardère, da Matra Hachette; Yves Michot, da Aérospatiale; Alain de Pouzilhac, da Havas-Advertising, e Guy Vicente, diretor-geral da Société ETA.
e Sul do planeta conseguissem resposta. Pelo
menos, o Brasil estava fazendo a lição de casa,
esforçando-se para tornar a democracia genuína,
inclusiva, tratando de trazer mais gente para o
consumo, manter a estabilização monetária e
consolidar a abertura externa.
a cara de são Paulo
De São Paulo, Covas exibiu o melhor retrato. “O
Estado responde por um Produto Interno Bruto
de 200 bilhões de dólares, cerca de um terço do
PIB nacional. Nele está contida a mais completa
rede urbana da América Latina. Suas cidades
médias combinam qualidade de vida com infra-
estrutura moderna e mão-de-obra qualificada”,
disse, ressaltando a boa rede de transportes e o
aparato tecnológico, entre outros itens favoráveis
à atração de novos investimentos.
Disse aos franceses que a população paulista,
então de 33 milhões de habitantes, contava com
renda per capita anual de 6 mil dólares, cerca de
57% acima da média nacional, e era responsável
por 40% do volume total de venda a varejo do
país. Sobre o esforço de seu governo, Covas
afirmou que o Estado tratou de eliminar o déficit
público, reduziu o quadro de pessoal e renegociou
débitos de forma a restaurar as condições de
investir em habitação popular, saúde e educação.
Por fim, o governador Mario Covas discorreu sobre
o programa de desestatização e de parcerias com a
iniciativa privada como meio de eliminar gargalos
de transportes, telecomunicações e energia. “As
políticas públicas em São Paulo continuarão a
estimular as mudanças. Essa diretriz favorecerá
a redução dos custos adicionais de produção
criados por ineficiências de qualquer natureza e
promoverá a intensificação de relações comerciais
com o resto do mundo.”
Naquele mesmo dia, Daniel Bernard, diretor
do grupo Carrefour, anunciou que aceleraria os
investimentos no país, com a abertura de seis
novas lojas só no ano da visita de Chirac.
O prefeito Celso Pitta,
Chirac, o presidente
Fernando Henrique e
Covas descerram placa
c0memorativa
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 49
ministros, banqueiros e industriais acompanham o presidente da hungria em almoço com covas e lila
árPád göncZ e o sÍmBolo da integração
O presidente da Hungria Árpád Göncz veio ao
Brasil em 1997 com dois objetivos: fortalecer os
laços de amizade entre os dois países e constituir
relações comerciais bilaterais mais expressivas.
Em 4 de abril, o governador Mario Covas e a
primeira dama Lila Covas ofereceram um almoço
em homenagem ao presidente húngaro e sua
esposa, Maria Zsuzsanna Göntér, no Palácio
dos Bandeirantes. A comitiva húngara era
composta por ministros de Estado, dirigentes de
instituições financeiras e empresários dos setores
alimentício, de equipamentos petrolíferos e
agrícolas, artigos de couro, eletrodomésticos,
produtos farmacêuticos e informática.
No discurso de recepção ao presidente, Mario
Covas destacou: “Encravada no centro da Europa,
a Hungria tem sido o elo entre dois mundos,
mostrando, através da união das cidades de Buda
e de Peste, a possibilidade da confluência de vários
interesses em um só. Simbolicamente, Budapeste
(a capital do país) parece sinalizar à comunidade
internacional o caminho da integração”.
Polidos e PolitiZados
Os cidadãos húngaros desfrutam de um dos
mais altos padrões de vida dos países do Leste
Mario Covas e dona Lila cumprimentam Árpád Göncz e esposa na chegada ao Palácio dos Bandeirantes
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S50
ao nascer em budapeste, em 1922, Árpád göncz recebeu o nome do primeiro governante da hungria, o príncipe magiar Árpád. era um prenúncio do futuro que o aguradava. graduado em direito, artes e ciências, foi membro ativo da resistência armada contra a ocupação alemã. com o fim da segunda guerra mundial, seu país ficou sob a tutela de moscou, adotando o comunismo. sob o novo sistema político, göncz trabalhou como soldador e encanador.
em 1953, morre o ditador Josef stálin, alterando o rumo político da
hungria e de Árpád göncz. o país leva ao poder o reformista imre nagy, deposto pouco depois pelas forças soviéticas. em 1956, göncz participa da rebelião popular, apoiada pelo exército, que conduz nagy novamente ao poder. os soviéticos reagem. instalam János Kádár no poder (1956-1988), prendem e executam nagy.
durante o longo governo Kádár, o país experimentou a estabilidade e o crescimento muito antes de gorbatchev implementar a perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (abertura) no mundo comunista. foi nessa época que a hungria passou a viver a plenitude da economia de mercado, abrindo suas fronteiras ao comércio global e ao turismo, destoando assim dos demais países pertencentes à união soviética.
nesse período, göncz amargou as penas dos cárceres comunistas por ter participado ativamente da revolução húngara, trabalhando na federação dos agricultores e unindo-se aos resistentes contra a ocupação soviética. foi preso e, em 1958, condenado à prisão perpétua. em 1963, göncz ganhou a liberdade pela lei da anistia. na segunda metade dos anos de 1980, participou da criação de entidades civis e de partidos políticos. em 1990, elegeu-se deputado, liderando a aliança de democratas livres, e foi porta-voz do parlamento em sua sessão de instalação. elegeu-se presidente da república em 3 de agosto de 1990.
Europeu. A maioria da população é de classe
média, bastante politizada e manifesta elevado
grau de cidadania. Descendem principalmente de
tribos magiares e ocupam um território de 93.031
quilômetros quadrados no centro-sul da Europa.
A Hungria é administrativamente dividida em
19 condados. O Parlamento é unicameral, e a
Assembléia Nacional é formada por 394 membros,
dos quais 386 eleitos por voto direto, para
mandatos de quatro anos. Exporta máquinas
e equipamentos de transporte, alimentos,
produtos químicos, vestuário, metais não-
ferrosos, ferro e aço, combustíveis minerais e
metais manufaturados, e importa máquinas e
equipamentos, produtos químicos, petróleo e
derivados, fios têxteis, roupas e manufaturas,
alimentos, gás natural e metais manufaturados.
Árpád Göncz faz uma observação a Mario Covas antes de sentar-se
para o almoço oficial no Salão dos Pratos
De encanador a presidente
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José maria aznÁr, primeiro-ministro espanhol, traz trinta empresÁrios para ampliar negócios no brasil
e a esPanha quer mais
“Safarad, para os judeus, al Andaluz, para
os árabes, Espanha, para os cristãos: são
três nomes que designam um só país. Três
nomes que demonstram que é na tolerância
que se fundamenta toda grande civilização.”
Tais palavras fizeram parte do discurso
de saudação de Mario Covas ao primeiro-
ministro da Espanha, José Maria Aznár, em
16 de abril de 1997. Naquele dia, o chefe do
Executivo espanhol esteve no Palácio dos
Bandeirantes, participando de um jantar com
empresários paulistas e com representantes
da comunidade espanhola de São Paulo.
Aznár, que acreditava nas possibilidades
de negócio no Brasil, principalmente em
São Paulo, trouxe uma delegação com vinte
representantes de grandes companhias e dez
de pequenas e médias empresas, para fazer
contato com o empresariado brasileiro. Já
estavam por aqui os hotéis Sol Meliá, os bancos
Santander, Bilbao-Vizcaya e Central Hispano e
as empresas Carbonell, Gamesa Automotiva
Ltda., GTD do Brasil e a CAF-Construção e
Auxiliar de Estradas de Ferro.
trens com ar condicionado
Logo após a posse como governador de São
Paulo, em 1995, Mario Covas firmou acordo
entre o governo do Estado e um consórcio de
empresas européias, incluindo as espanholas,
para a compra de trinta trens com ar
condicionado e música ambiente para a CPTM.
Covas queria conforto e segurança para o
transporte público da periferia da capital.
Diversidade cultural
Ladeada pelo mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, a Espanha ocupa uma área de 505.954 quilômetros quadrados, a sudoeste da Europa. Convivem ali mais de 46 milhões de habitantes, entre eles bascos, catalães e galegos, donos de línguas e culturas próprias. Esses povos vivem em três das 17 regiões autônomas da Espanha. O sistema de governo é a monarquia parlamentarista, que possui um Legislativo bicameral com 256 senadores e 350 deputados. As principais cidades são: Madri, a capital, Barcelona, Valença, Sevilha e Saragoza. O turismo é uma importante fonte de divisas do país, dadas as praias, as touradas, os tesouros arquitetônicos de Gaudi e as pinturas de Goya, Picasso, Miró e Salvador Dali.
Mario Covas e o primeiro-ministro espanhol, José Maria
Aznár, em corredor do Palácio dos Bandeirantes
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ministro das relações exteriores da dinamarca é recebido emaudiência pelo governador de são paulo
ministro português da administração interna participa decomemorações lusitanas em são paulo
niels helveg segue o Protocolo
jorge coelho festeja o dia de Portugal
A visita do ministro das Relações Exteriores da Dinamarca ao Brasil, Niels Helveg Petersen, no início de
1997, foi protocolar. Procedente de Santiago, capital do Chile, ele esteve no país a convite do chanceler
brasileiro Luís Felipe Lampreia. Em Brasília, o ministro encontrou-se com o presidente Fernando Henrique
Cardoso e com ministros da área econômica. Petersen visitou Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, onde
foi recebido em audiência pelo governador Mario Covas, no dia 8 de janeiro.
O Brasil, na época, era o maior parceiro comercial da Dinamarca na América Latina. Segundo dados do
Itamaraty, as relações entre os dois países eram boas e construtivas, e a cooperação bilateral poderia
desenvolver-se de modo mais positivo à medida que as expectativas dos dinamarqueses quanto à
evolução da economia brasileira fossem se ajustando às novas realidades de mercado. Em 1995, o Brasil
importou cerca de 177 milhões de dólares da Dinamarca e exportou 250 milhões de dólares.
Niels Helveg Petersen, ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, em audiência com Covas
Foi de cortesia a visita do ministro da Administração Interna de Portugal, Jorge Coelho, recebido pelo
governador Mario Covas no dia 9 de junho de 1998, no Palácio dos Bandeirantes. O ministro veio a São
Paulo para participar, no dia 10, das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Portuguesas. Integravam a comitiva do ministro o embaixador de Portugal, o chefe de gabinete do
ministro e o cônsul-geral de Portugal em São Paulo.
portugal ocupa uma área de 91.986 quilômetros quadrados a oeste da península ibérica. sua economia destaca-se pela agricultura, pecuária, pesca, extração de minérios, indústrias de vestuário, calçados, cortiça, química, aparelhos elétricos, cerâmica e polpa de papel. o país produz ainda vinhos e azeitonas, de qualidade reconhecida internacionalmente. destaca-se como centro turístico graças ao clima mediterrâneo, aos vestígios da presença romana e árabe na região e aos palácios, conventos e monumentos que testemunham seu passado de potência marítima.
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 53
na recepção a Jorge sampaio, presidente de portugal, covas expressa com humor a amizade entre brasileiros e lusitanos
Português com e sem sotaque
Ao oferecer um jantar de recepção ao presidente
de Portugal, Jorge Sampaio, e sua esposa, Maria
José Ritta, em 9 de setembro de 1997, o governador
Mario Covas iniciou seu pronunciamento
expressando a amizade, o humor e a união que
mesclam as relações de portugueses e brasileiros
desde os tempos da colonização:
“Um amigo português contou-me certa vez
que, após fazer compras numa loja, quando já
estava indo embora, a vendedora – uma jovem
bonita e simpática – comentou: ‘que sotaque
bonito o senhor tem’. Não sem alguma irritação,
retrucou o amigo: ‘sotaque tens tu, menina,
eu falo é português’”, disse Covas, provocando
gargalhadas na audiência. “Que nos perdoe o
senhor Jorge Sampaio se falamos português
com sotaque. Mas o fato é que, nestas terras –
tão distantes de Lisboa, mas tão próximas do
coração lusitano –, nos legaram os colonizadores
o patrimônio cosmopolita, o espírito universal e
a pluralidade cultural da sociedade portuguesa,
que viabilizaram a expansão por cinco oceanos.”
“E assim construímos uma nação múltipla
racialmente, mas una na identidade e na
preservação da cultura herdada dos portugueses”,
prosseguiu o governador. “Uma nação que
Mario Covas e Jorge Sampaio exibem suas condecorações sob os olhares das esposas Lila e Maria José
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S54
Homem de esquerda
Jorge Fernando Branco de Sampaio nasceu em Lisboa, em 1939. Participou de movimento estudantil e, como advogado, defendeu presos políticos. Após a Revolução dos Cravos, que pôs fim ao regime ditatorial salazarista em abril de 1974, foi um impulsionador da criação do Movimento de Esquerda Socialista. Em 1978, aderiu ao Partido Socialista e elegeu-se deputado à Assembléia da República por cinco legislaturas. Em 1996, foi eleito presidente de Portugal, no primeiro turno, com 53% dos votos. É autor dos livros A festa de um sonho, publicado em 1991, e Um olhar sobre Portugal, editado em 1995.
sintetizou a linguagem dos primeiros povoadores
com a dos primeiros americanos e a dos novos
brasileiros trazidos da África.”
“Oswald de Andrade, um irreverente homem de
letras paulista, apontava como ato inaugural da
cultura brasileira a deglutição do bispo Afonso
Sardinha, português devorado pelos índios
caetés, em 1556. Esse evento radical simbolizaria,
da maneira mais íntima, a união entre as duas
culturas, entre os dois continentes. Muitos,
porém, contestam a tese, ressaltando que, com
índios bravos como aqueles, um bispo com aquele
nome não poderia ter destino diferente. De
Troca de honrarias
para renovar e reafirmar os laços de amizade entre são paulo e portugal, mario covas e Jorge sampaio condecoraram um ao outro, com as mais altas honrarias de seus governos.
covas recebeu a ordem do infante dom henrique, no grau de grã-cruz, e sampaio, a ordem do ipiranga, também no mais alto grau, de grã-cruz. as duas comendas são utilizadas para homenagear aqueles que, com seus méritos pessoais, prestaram relevantes serviços ao país.
qualquer maneira, estamos aqui comemorando
exatamente essa união.” Depois de afirmar que
“quando se saúda um presidente, se homenageia
aquilo que há de mais nobre em uma nação: o
seu povo”, Mario Covas citou como exemplo
da excelência do povo português algumas das
personalidades famosas mais conhecidas, desde
grandes navegadores até eminentes homens
de letras, como Fernando Pessoa, Camões e
José Saramago. Encerrou sua fala, destacando a
trajetória do presidente Jorge Sampaio, marcada
pelo esforço em restaurar os valores democráticos,
necessários à modernização de seu país.
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 55
herdeiro do trono holandês compromete-se a ampliar a colaboração tecnológica com o instituto
o PrÍnciPe de orange e o iPt
O governador Mario Covas recebeu no Palácio dos
Bandeirantes Willem-Alexander Claus George
Ferdinand, o Príncipe de Orange, herdeiro do
trono do Reino dos Países Baixos, nome oficial da
Holanda, no dia 12 de março de 1998. Durante a
nobre visita, foi assinada uma carta de intenção
entre a Universidade Tecnológica de Delft e o IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
de São Paulo), com o objetivo de aprofundar a
colaboração entre as duas instituições.
Mario Covas recebe Willem-Alexander Claus
George Ferdinand, príncipe holandês
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S56
empresÁrios holandeses de olho em são paulo
meses depois da visita do príncipe de orange, mario covas recebeu o primeiro-ministro do reino dos países baixos, Wim Kok, para uma reunião de trabalho. em 26 de novembro e 1998, o staff governamental chegou com uma comitiva de 80 empresários, conferindo relevante dimensão econômica ao encontro. a visita do primeiro-ministro refletiu o interesse do governo holandês em dinamizar as relações entre os dois países e contribuiu para reforçar a imagem positiva do brasil nos planos político, econômico e cultural, com a implantação de uma cátedra de estudos brasileiros na universidade de leiden.
Willem-Alexander, nascido em 27 de abril de 1967,
em Utrecht, é filho primogênito da rainha Beatrix
e do príncipe Claus de Amsberg. Graduou-se em
História pela Universidade de Leiden, concluindo
mestrado em 1993. É capitão-tenente da
Marinha, tenente-coronel do Exército e da Força
Aérea e representa a Casa Real Holandesa em
eventos oficiais. O príncipe é membro de diversas
entidades beneficentes e esportivas dos Países
Baixos e patrono do Comitê Olímpico Holandês.
namoro antigo
A origem das relações entre o Brasil e o Reino dos
Países Baixos remonta ao século XVII, quando
os holandeses realizaram duas tentativas de
se estabelecer na região Nordeste. A primeira,
na Bahia, em 1624, o domínio durou pouco. Em
Pernambuco, em 1630, levou 24 anos.
As invasões eram um empreendimento ligado
aos interesses do capitalismo mercantil europeu
na América, com o objetivo de recuperar para
a Holanda o comércio de açúcar e de escravos,
fortemente prejudicados no decorrer do domínio
espanhol (1580-1640). Durante esse período, a
Holanda enviou seu príncipe Maurício de Nassau
ao Brasil para administrar as terras conquistadas.
Países muito baixos
Metade dos 41.526 quilômetros quadrados do território da Holanda, no oeste da Europa, fica abaixo do nível do mar. Por isso, foi construído um complexo sistema de diques, aterros e canais para aumentar a área do país, avançando-o sobre o Mar do Norte. Bastante industrializada, a Holanda destaca-se como quarto país produtor de gás natural e é famosa por seus moinhos, que trabalham impulsionados pelos ventos fortes da região. Tem 70% de seu território cultivado, mas importa matérias-primas industriais.
Dotado de espírito renovador, Maurício de
Nassau ganhou a simpatia de parte dos senhores
de terras, implantando medidas de estímulo à
recuperação de engenhos de açúcar e plantações.
Realizou obras de urbanização no Recife, ampliou
a lavoura açucareira, desenvolveu fazendas de
gado e assegurou a liberdade de culto.
Trouxe como colaboradores uma equipe de
cientistas e promoveu estudos de História
Natural, Astronomia, Meteorologia e Medicina.
É também responsável pela vinda de artistas,
como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, os
primeiros a retratar cenas do cotidiano brasileiro.
A administração de Maurício de Nassau terminou
em 1654, quando os colonos portugueses,
apoiados por Portugal e a Inglaterra, conseguiram
expulsar os holandeses do Brasil. A partir de
1950, grupos holandeses se instalaram no Brasil
e se dedicaram à floricultura, à suinocultura, à
produção de laticínios, à avicultura e à citricultura
com notável sucesso. No Estado de São Paulo, o
município de Holambra destaca-se como um dos
redutos importantes de população holandesa
no Brasil. Localiza-se na região de Campinas
e é conhecido por sua rica produção de flores
e plantas. O nome Holambra é um anagrama,
formado de Holanda, América e Brasil.
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então herdeiro do trono de mônaco, sua alteza veio tratar da construção de uma indústria em taubaté
alBert, um PrÍnciPe em são Paulo
Como primeira missão destinada a promover
a aproximação sócio-econômica entre Brasil e
Principado de Mônaco, o governador Mario Covas
recebeu, em 11 de novembro de 1998, a visita de
sua Alteza Sereníssima, o príncipe Albert, então
herdeiro do trono de Mônaco. O nobre chefiava
uma comitiva de ministros e embaixadores,
cuja principal agenda foi a assinatura de
um contrato para a construção da indústria
Mecaplast do Brasil, de capital monegasco, em
Taubaté, interior paulista. A fábrica, altamente
mecanizada, fornece tecnologia para a produção
de componentes de plástico injetado para a
indústria automobilística do Mercosul.
O príncipe Albert também participou de um
seminário na Federação do Comércio do Estado
de São Paulo, voltado para aspectos econômicos,
comerciais, culturais e turísticos de Mônaco e
cumpriu intensa agenda, com vários encontros
de negócios e compromissos sociais.
faixa Preta no trono
O príncipe Albert Alexandre Luis Pierre nasceu em
14 de março de 1958, filho do príncipe Rainier III
e da bela princesa e ex-atriz norte-americana
Grace Kelly, protagonista de Disque M para
Matar, filme clássico de Hitchcock. Formado em
Ciências Políticas pela Universidade de Amherst,
Massachusetts (EUA), é um aficionado por esportes
e faixa preta de judô. Recebeu várias medalhas
por participação em competições como atletismo,
futebol, handebol, judô, natação, tênis, esqui,
squash e esgrima, entre outros. É presidente
da Cruz Vermelha monegasca, vice-presidente
da Fundação Princesa Grace – EUA, que concede
bolsas de estudos a jovens talentos no campo das
artes, membro de honra do Instituto Internacional
de Direito Humanitário, com sede em Genebra, e
do comitê de apoio ao World Life Fund, da França.
Com a morte de Rainier III, em 2005, assumiu o
trono como soberano de Mônaco.
Mario Covas e o príncipe Albert, de Mônaco, trocam presentes diplomáticos em São Paulo
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Curiosidades monegascas
• A família Grimaldi reina há 700 anos.• A data nacional é 19 de novembro, dia de Santo Rainier.• Em 1967, o príncipe Rainier III encampou a Societé Bains de Mer, que controlava o cassino de Monte Carlo, pertencente ao armador grego Aristóteles Onassis. • Segundo o Consulado Geral de Mônaco, no principado não existem pobres.• O príncipe Albert I, pai de Rainier III, foi pioneiro nas pesquisas oceanográficas.• Santos Dumont realizou algumas experiências com o “mais pesado que o ar” em Mônaco. Certa noite, ao tentar um vôo, o aparelho caiu na baía e Santos Dumont foi socorrido pessoalmente pelo príncipe Albert I, seu amigo, que acompanhava o evento.• A Academia Internacional de Turismo nasceu em Mônaco. O principado detém a secretaria da instituição em caráter permanente. Ali é editado, em diversas línguas, o Dicionário Internacional do Turismo.• O Principado possui um time de futebol, o Mônaco. • Nas ruas de Monte Carlo é realizado anualmente o Grande Prêmio de Fórmula 1, o mais famoso evento do país. Os pilotos brasileiros Ayrton Senna e Nélson Piquet, quando atuavam na Fórmula 1, viviam em Mônaco como cidadãos monegascos.
pequeno, o principado de mônaco tem apenas 1,95 quilômetro quadrado de território e é o segundo menor estado do mundo – só perde em tamanho para o minúsculo vaticano. a capital do país é mônaco ville. por acordo fechado em 1891, a frança controla a moeda, a defesa e representa os interesses internacionais de mônaco. a língua oficial é o francês, embora a população também fale o monegasco, uma mistura do provençal com o dialeto italiano da ligúria.
monarquia parlamentarista, mônaco tem como chefe de estado o príncipe albert ii, da família grimaldi, desde 2005, e como chefe de governo,
o primeiro-ministro Jean-paul proust. o turismo e o setor imobiliário são as grandes forças que movem a economia local. no ano da visita do príncipe albert a covas, o orçamento de mônaco era superavitário há dez anos.
no principado de mônaco, não há incidência de impostos diretos sobre pessoas físicas. os recursos do estado provêm de taxas sobre negócios, rendas aduaneiras, fabricação de cigarros, fósforos, perfumaria, cerâmica e indústrias alimentícias. mônaco não tem dívida pública e, segundo o consulado no brasil, jamais um príncipe recorreu a um empréstimo.
O segundo menor Estado do mundo
Acompanhado de secretários de Estado, Covas realiza reunião de trabalho com o príncipe de Mônaco
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um encontro de amigos
dois marios...O Covas, da década de 1930, um brasileiro
de Santos, engenheiro civil, líder partidário,
deputado federal, prefeito de São Paulo, senador
da República e governador de São Paulo.
O Soares, dos anos 1920, um português de Lisboa,
advogado, líder partidário, primeiro-ministro
(1976 a 1978 e 1983 a 1985) e presidente da
República (1986 a 1996) de seu país.
O Covas foi preso, teve o mandato cassado e
os direitos políticos suspensos por dez anos. O
Soares foi preso, deportado e exilado na França.
Mario Covas e Mario Soares conversam animadamente na sala vip do Parlatino Americano, em 1999
A admiração de um pelo outro era recíproca.
Mario Covas e Mario Soares gostavam de política,
respeitavam a democracia, lutavam pela
liberdade e viviam pelo bem comum.
No último encontro havido entre os dois, no dia
2 de dezembro de 1999, na sala vip do Parlatino
Americano, para a solenidade de abertura
da 1° Sessão da Comissão Internacional pelos
Direitos da Juventude e da Adolescência, da
qual Mario Soares foi presidente de honra, o
então governador paulista e o ex-presidente
português conversaram, como sempre, muito
animadamente. O que disseram...
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o presidente iribarne, galego como os antepassados de covas, fortalece os intercâmbios universitÁrios
da galÍcia, lemBranças e Protocolo
Expressiva, a comunidade espanhola em São
Paulo contava com cerca de 90 mil pessoas, entre
imigrantes e seus descendentes, em 1999. Mario
Covas, neto de espanhóis galegos da cidade de
Pontevedra, era um deles. Com emoção, Covas
recebeu o presidente da Junta de Governo da
Região Autônoma da Galícia, Manuel Fraga
Iribarne, no dia 23 de novembro de 1999.
A comitiva, composta por integrantes do governo
e empresários, apresentou os cumprimentos do
povo galego ao governador paulista, oferecendo-
lhe a medalha de ouro da Galícia.
Mario Covas e Manuel Fraga Iribarne assinam protocolo de cooperação entre a Galícia e São Paulo
Na rota dos peregrinos
a galícia, uma das 17 regiões autônomas da espanha, situa-se no extremo noroeste da península ibérica e limita-se com portugal. montanhosa e úmida, com litoral recortado por rios, estuários rochosos e amplos, ricos em mariscos, possui uma cultura original, folclore diversificado e língua própria: o galego, que se assemelha ao português. foi célebre durante a idade média devido ao caminho de santiago, principal rota de peregrinação européia, entre os séculos xi e xviii. a região está dividida em quatro províncias: pontevedra, la coruña, lugo e ourense. suas construções e espaços mais representativos ficam no interior ou nas imediações da zona que, desde a baixa idade média, esteve delimitada por muralhas: praças, igrejas góticas dos séculos xiv e xv, a basílica de santa maria e o templo de san bartolomé, que pertenceu à companhia de Jesus.
Durante o encontro, foi assinado um protocolo
de cooperação entre a Junta de Governo da
Galícia e o governo do Estado de São Paulo,
visando promover a assistência mútua no
desenvolvimento de atividades relacionadas à
União Européia e ao Mercosul. A intenção era a
de estimular as relações econômicas bilaterais,
fortalecer os intercâmbios universitários e
culturais, organizar seminários sobre os temas
constantes do protocolo e implantar um
programa de formação de bolsistas, destinando-
os a órgãos do governo paulista, da Galícia e de
suas representações no Mercosul.
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presidente da itÁlia inaugura exposição do pintor giacomo balla e lança edição brasileira de Jornal de seu país
carlo ciamPi vai à Pinacoteca
O governador Mario Covas e dona Lila, presidente
do Fundo Social de Solidariedade, receberam o
presidente da República Italiana, Carlo Azeglio
Ciampi e comitiva, em almoço no Palácio dos
Bandeirantes, no dia 13 de maio de 2000.
À noite, na Pinacoteca do Estado, inauguraram
a exposição do pintor Giacomo Balla (1871-1958),
um dos fundadores do futurismo e signatário do
Manifesto da pintura futurista e do Manifesto
Francisco Weffort, ministro da Cultura, aplaude o cumprimento de Mario Covas e Carlo Azeglio Ciampi
técnico da pintura futurista, feitos em 1910.
Giacomo Balla teve forte influência na Semana
da Arte Moderna de 1922 no Brasil.
Durante a visita, o governador Covas e o
presidente Ciampi também participaram do
lançamento da edição brasileira do jornal Corriere
della Sera, jornal italiano fundado em 1876 e líder
de tiragem naquele país, que seria publicado, em
língua italiana, pelo O Estado de São Paulo.
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São Paulo: um pedaço da Itália no Brasil
em seu pronunciamento, o governador mario covas disse ao presidente carlo azeglio ciampi que o recebia com alegria “no ano em que o brasil comemora o seu quinto centenário” e que sua visita iria “estreitar a fraternidade entre países que há muito possuem laços comuns...”, uma vez que “a itália teve a generosidade de ceder-nos o mais precioso bem de qualquer nação: os seus filhos”. estimava-se, na ocasião, que residissem no estado de são paulo cerca de 5 milhões de italianos e descendentes, somando 23 milhões em todo o brasil.
“talvez sem qualquer modéstia – e certamente com muito orgulho – nossa capital se considera a maior cidade italiana em todo o mundo. e também a que faz a melhor pizza...”, brincou covas. em seguida, assinalou que a cidade de são paulo “está profundamente marcada pela cultura italiana”, do trabalho às artes. e agradeceu: “somos especialmente reconhecidos aos capitães de indústria e aos milhares de operários italianos que aqui chegaram para construir o nosso desenvolvimento. e também a seus filhos. Juntos enriqueceram para sempre a cultura brasileira: de anita malfatti a portinari e volpi, de camargo guarnieri a francisco mignone, de lívio a cláudio abramo, de franco zampari a adolfo celli. pintores, escultores, gente de teatro, arquitetos, intelectuais e cientistas que, a exemplo de lina bó e pietro maria bardi, fizeram desta terra a terra nostra, a pátria de todos nós”.
mario covas destacou a “eloqüência” da democracia italiana pela escolha de carlo azeglio ciampi para a presidência da república que, não sendo parlamentar e “não alinhado a qualquer partido, foi eleito em primeira votação”. com uma declaração de amizade entre os dois países, encerrou seu discurso: “todos os caminhos levam a roma, porém, o mais seguro, o melhor deles, é o que une a itália ao brasil”.
O saneador das finanças
Carlo Azeglio Ciampi nasceu em 9 de dezembro de 1920, em Livorno. Formou-se em Literatura em 1941, na Escola Normal de Pisa. Cinco anos depois, graduou-se em Direito, pela Universidade de Pisa. Iniciou sua carreira pública em 1946, na Banca d’Italia (Banco Central italiano), instituição financeira que presidiu entre os anos de 1979 e 1993. De abril de 1993 a maio de 1994, foi primeiro-ministro na transição entre os governos de Giuliano Amato e Silvio Berlusconi.
Antes de assumir a Presidência da República, em 1999, exerceu o cargo de Ministro do Tesouro, Orçamento e Programação. Foi um dos principais responsáveis pelo saneamento das finanças públicas e pela adesão da Itália ao euro. Primeiro não-parlamentar eleito a presidente em cinco décadas, Ciampi foi o décimo chefe do Executivo italiano, cargo que exerceu de 13 de maio de 1999 a 15 de maio de 2006.
A Constituição italiana de 1948 estabeleceu um parlamento bicameral, que é formado por uma Câmara de Deputados e de um Senado. O sistema executivo é composto de um Conselho de Ministros, encabeçado pelo primeiro-ministro. O presidente da República tem direito a um mandato de sete anos, escolhe o primeiro-ministro, e este propõe os outros ministros, que são aprovados pelo presidente.
O intercâmbio cultural entre Brasil e Itália era
expressivo, mas não maior do que as trocas
comerciais. A Itália manteve-se como o sexto
mercado mais importante para as exportações
brasileiras nos anos que antecederam a visita
de Ciampi. Em 2000, 10 mil empresas italianas
exportavam para o Brasil, enquanto 5,5 mil
empresas brasileiras vendiam para a Itália.
Segundo o Instituto Italiano para o Comércio
Exterior, o Brasil assumiu crescente importância
para as operações de grandes grupos empresariais
italianos como Fiat, Pirelli e Parmalat.
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brasileiro de sangue espanhol, mario covas recebe o rei Juancarlos i e a rainha sofia com um discurso emocionado
aos reis da esPanha, com carinho
No dia 12 de setembro de 2000, o governador Mario
Covas e sua esposa, dona Lila Covas, receberam
o rei Juan Carlos I e a rainha Sofia da Espanha.
O casal real permaneceu em São Paulo durante
dois dias. Nesse curto período, os monarcas
visitaram a Mostra do Redescobrimento, evento
das comemorações dos 500 anos do Brasil, e a
Estação Especial da Lapa. Compunham a comitiva
membros do governo e séquito de 24 pessoas.
Em seu discurso de saudação, Mario Covas falou
do povo espanhol, deixando transparecer traços
de sua própria identidade e o carinho dedicado
aos seus ascendentes que, junto com outras
etnias, constituíram a mescla de culturas que
compôs a nação brasileira: “Não se sabe bem se
O rei Juan Carlos I, Mario Covas, Lila Covas e a rainha Sofia em recepção no Palácio dos Bandeirantes
pela ousadia dos versos ou se pelo atrevimento
em verter para o castelhano um trecho das
Sagradas Escrituras. Mas conta-se que, no século
XVI, frei Luís de Leon – após traduzir o Cântico
dos Cânticos, de Salomão – foi despojado de sua
cátedra em Salamanca e preso. Libertado após
cinco anos de confinamento, imediatamente
retornou à famosa universidade. Logo em
sua primeira aula, foi falando com toda a
naturalidade: Conforme dizíamos ontem...”
“Talvez nada revele melhor o caráter espanhol
do que estas palavras. Pois aos ibéricos não
intimidam as adversidades. Enfrentam-nas,
antes, com destemor e galhardia. E, vencida a
tribulação, as encaram até mesmo com altivez.”
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S64
“É uma grande honra para todos nós receber a
visita de Suas Majestades, o rei Juan Carlos I e a
rainha Sofia, pois os laços que nos unem são tão
antigos quanto a própria história de São Paulo.
Foi o trabalho de Anchieta, espanhol das Ilhas
Canárias, que pacificou os índios do planalto e
fez crescer a cidade em torno do modesto colégio
dos jesuítas”, disse Covas, emocionado.
“Eram espanhóis, igualmente, muitos dos
primeiros povoadores... Talvez fidalgos uns,
trabalhadores, outros. Tal como fidalgos e
trabalhadores se reencontrariam aqui, muitos
séculos mais tarde, para, junto com outros povos
do mundo, construir uma grande nação.”
“Se a linha de Tordesilhas separou um dia as
terras de Portugal e de Espanha, em São Paulo
ela riscou o traço de união do continente. Pois
nossa gente não conheceu fronteira para cumprir
a vocação cosmopolita.”
“Constrange-me falar da Espanha. Mas, ao
mesmo tempo – num sentimento bem espanhol
–, muito me orgulha. Porque me honram avós
nascidos ali onde a Espanha acaba e o oceano
começa. Na Galícia. Em Pontevedra, vizinha a
Compostela, onde repousa o discípulo de Cristo
e apóstolo da Ibéria – término da jornada de
peregrinos que, em todos os tempos, com os pés
firmes sobre a terra, mas com os olhos voltados
para os céus, para a Via Láctea, buscavam
o caminho de Santiago. E o encontravam.”
o sonho de dom quixote
Mario Covas segue em seu discurso discorrendo
com paixão os muitos feitos do povo espanhol
durante séculos, suas conquistas, suas produções
artísticas, sua criatividade em todas as áreas do
saber e no trabalho cotidiano.
O monarca tem poder
A Espanha é regida por uma monarquia parlamentarista em que o soberano não é apenas uma figura decorativa. O rei é o chefe de Estado, arbitra e modera o funcionamento das instituições democráticas, representa o país nas relações internacionais, sanciona e promulga leis e detém o comando supremo das Forças Armadas. Pode convocar e dissolver Cortes Gerais e convocar eleições. É o rei que propõe o candidato a primeiro-ministro ao Parlamento. Se for aprovado, o monarca o nomeia e pode destituí-lo. O primeiro-ministro chefia o Conselho de Ministros, que exerce o poder executivo.
“Conhecimento e trabalho: estes foram os valores
que os espanhóis, mesmo os mais modestos,
trouxeram consigo. O saber técnico multiplicado
nas fábricas, na agricultura, nos escritórios, nas
artes e nas ciências.”
No fecho de seu discurso, agradece a contribuição
do rei Juan Carlos I à democracia: “Senhor Dom
Juan Carlos, não só a Espanha, mas também o
nosso continente têm um débito para com Vossa
Majestade. Seu firme empenho na defesa da
democracia espanhola e na liberdade, este bem
que não tem substituto, esta palavra que não tem
sinônimo, foi decisivo para que os povos latino-
americanos caminhassem no mesmo sentido,
ampliando seus direitos e sua prosperidade.”
E deixa também sua mensagem de esperança:
“Aguarda-nos o século XXI. Nele reencontraremos
a Espanha e o Brasil cada vez mais unidos. Não
para viver a luta vã contra os moinhos de vento,
mas sim para concretizar o sonho definitivo de
Dom Quixote, que é o da preservação dos bons
princípios da cortesia, da coragem e da justiça.”
O rei Juan Carlos I e o governador Mario Covas conversam
enquanto aguardam o início da cerimônia oficial
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euroPa
1995• Jean-Pascal Delamuraz, vice-presidente
e ministro da Economia da Suíça
• Philippe Lecourtier, embaixador
da França no Brasil
1996• Marco Formentini, prefeito
de Milão, Itália
• Artur João Lourenço Vaz,
governador de Vila Real, Portugal
• Felipe de Borbón y Grecia, príncipe de
Astúrias e herdeiro do trono espanhol
• Anthony Nelson, ministro do
Comércio da Grã-Bretanha
1997• Oscar Knapp, embaixador
da Suíça no Brasil
• Claus-Jürgen Duisberg, embaixador
da Alemanha no Brasil
• Paul Dijoud, embaixador
extraordinário da França
• Per Christer Magnus Manhusen,
embaixador da Suécia no Brasil
• Edmund Stoiber, ministro-
presidente da Baviera, Alemanha
• Erhard Rittershaus, vice-prefeito
de Hamburgo, Alemanha
• César Alba, embaixador
da Espanha no Brasil
• Miguel Sanz Sesma, presidente
de Navarra, Espanha
• Michelangelo Jacobucci,
embaixador da Itália no Brasil
• Bohdan Jastrzebski, governador
de Varsóvia, Polônia
• Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim,
presidente da Ilha da Madeira, Portugal
1998• Ignacio González, vice-ministro da
Educação e Cultura da Espanha
• Zdenka Kramplová, ministra
dos Negócios Estrangeiros
da República Eslovaca
• José Antônio Ardanza Garro,
presidente do País Basco, Espanha
• Hiroshi Nagajima, diretor geral da
Organização Mundial de Saúde, Suíça
• Antônio de Sousa Franco, ministro
das Finanças de Portugal
1999• Frederik Korthals Altes,
senador e chefe da delegação de
parlamentares da Holanda
• Roberto de Sousa Rocha
Amaral, vice-presidente do
governo dos Açores, Portugal
• Angelo Capodicasa, presidente
da Sicília, Itália
• Patrizia Toia, vice-ministra de
Relações Exteriores da Itália
• Francisco José Laço Treichler Knopfli,
embaixador de Portugal no Brasil
• Danilo Türk, embaixador
da Eslovênia no Brasil
• Roger Bridgland Bone, embaixador
da Grã-Bretanha no Brasil
2000• Piero Franco Rodolfo Fassino, ministro
do Comércio Exterior da Itália
• John Prescott, vice-primeiro-
ministro da Grã-Bretanha
• Jozef Adamec, embaixador da
República Eslovaca no Brasil
• Vartan Oskanian, ministro das
Relações Exteriores da Armênia
• John Campbell, embaixador da
Irlanda em Portugal e no Brasil
• Emil Constantinescu,
presidente da Romênia
• Juan José Lucas Giménes, presidente
de Castilla y León, Espanha
Do continente europeu, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:
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presidente do líbano, esposa e filha são recebidos em Jantar com a comunidade libanesa de são paulo
elias hraoui no Pequeno lÍBano
O governador Mario Covas e sua esposa dona Lila
receberam o presidente do Líbano, Elias Hraoui,
sua mulher, Mouna Elias Hraoui, e a filha do
casal, Reina Hraoui Hajjal, no dia 4 de setembro
de 1997, em jantar de confraternização no Clube
Monte Líbano, com a presença de representantes
da comunidade libanesa radicada em São Paulo.
Em seu discurso, o governador Mario Covas saudou
o presidente Hraoui e o povo do Líbano, afirmando
que o Brasil muito se orgulha da contribuição que
cerca de 6 milhões de libaneses e descendentes
deram à formação da sua nacionalidade. Uma
comunidade que, pelo seu número, e em que
pese a vastidão do nosso território, “pode nos
levar a ser chamados de Pequeno Líbano. Porque
Grande Líbano é aquele que, confinado entre as
altas montanhas e o Mediterrâneo, conquistou o
mundo pelo comércio, pela cultura, pelo valor de
seu povo”, assinalou o governador.
“Brasileiros e libaneses estavam mesmo
condenados a firmar uma grande amizade.
Afinal, aqui, como no Líbano, em São Paulo como
Lila Covas, Elias Hraoui e intérprete, Mario Covas e Mouna Elias Hraoui em jantar no Clube Monte Líbano
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A Ordem do Cedro
No encontro com Elias Hraoui, o governador Mario Covas foi agraciado com a Ordem do Cedro, uma honraria outorgada àqueles que prestam relevantes serviços por longo período ao país, a grandes instituições nele existentes e a autoridades julgadas dignas da distinção. É a mais alta condecoração
do governo libanês, concedida apenas por seu presidente.
em Zahle, encontramos a mesma sociabilidade,
o mesmo espírito cordial, a mesma alegria e
doçura de viver. Até mesmo quando os tempos
se apresentam amargos. E foi com sonhos, com
muitos sonhos e o firme desejo de concretizá-
los, que aqui aportaram aqueles que, talvez
considerando-se os últimos, mostraram estar
entre os primeiros de sua nova pátria.”
um homem de PaZ
Prosseguindo seu discurso, Mario Covas mostrou
seu contentamento em receber o presidente
do Líbano: “É uma satisfação, também, porque
o presidente Hraoui é uma personalidade
forjada na experiência solidária do movimento
cooperativista. Uma personalidade temperada
pelo espírito de tolerância, que o fez um
destacado articulador da ampla participação
política das 18 comunidades religiosas que
compõem a nação libanesa. Uma personalidade,
enfim, profundamente comprometida com o
processo de construção da paz em seu país e
no Oriente, e, por isso mesmo, comprometido
com a paz mundial. Solidariedade, tolerância e
paz: estes são anseios de todos os povos. Estes
são o fundamento da prosperidade das nações.
Estas são as marcas que o presidente Elias Hraoui
gravou na história de seu país”.
O governador citou em sua fala um dos grandes
pensadores libaneses, Kalil Gibran Kalil (1888-
1931). “‘Grande cantor é aquele que canta os
nossos silêncios’. Este pensamento, que contém
uma sabedoria milenar, nos remete à nossa
própria subjetividade. Mas evoca também a
daqueles que nos precederam e que o tempo
calou. Mas tem um lado pragmático, também,
pois alerta para o fato de que muitas vezes o
silêncio é mais eloqüente do que o discurso.”
Ao encerrar seu pronunciamento, o governador
Mario Covas disse: “Na lembrança de todos os
que trabalharam e trabalham pela amizade entre
o Brasil e o Líbano, manifestamos, em nome
do povo de São Paulo, a alegria de ter vossas
excelências entre nós, desejando-lhes que aqui
tenham uma boa estada”.
FUNDAÇÃO M AR IO COVAS EM RE V I S TA V I S I TA S In T ERn A cIon A I S 69
primeiro-ministro do líbano busca apoio em são paulo para areconstrução de seu país
ministro Japonês participa das comemorações da comunidade nipo-brasileira em são paulo
a luta de rafic hariri
oBuchi celeBra 90 anos de imigração
O primeiro-ministro do Líbano, Rafic
Hariri, esteve em visita a São Paulo no dia
13 de junho de 1995. Em seu discurso de
boas-vindas a Hariri, o governador Mario
Covas falou da luta pela reconstrução
daquele país e a obstinação de seu povo
radicado em terras paulistas.
“A reconstrução do Líbano, após quinze
anos de guerra, luta que o ministro Hariri
persegue com determinação, certamente
encontrará os apoios necessários numa
colônia que já conta com mais de seis
milhões de pessoas. E mais ainda:
encontrará simpatias, entre os inúmeros
empresários que saberão reconhecer no
Líbano – tradicional centro comercial e
financeiro do Oriente Médio – um país
empreendedor”, disse o governador.
A participação do Brasil no projeto de
reconstrução do Líbano, segundo Covas,
poderia se estender aos setores de eletricidade, do petróleo, do transporte urbano, do metrô, das
rodovias, da engenharia de trânsito, do asfaltamento, da instalação de redes elétricas, da telefonia e do
saneamento básico. “Vale dizer, Brasil e Líbano têm tudo para serem excelentes parceiros, apoiando-se
mutuamente em arrojadas empreitadas. Por isso mesmo, quero saudar, na figura do primeiro-ministro
Rafic Hariri, a obstinação dos estadistas que dão tudo de si para que seu país prospere”, completou.
Governadores e deputados japoneses fizeram parte da comitiva do governo do Japão, acompanhando
o ministro dos Negócios Estrangeiros, Keizo Obuchi, ao Brasil, para as comemorações dos 90 anos da
imigração japonesa. Em 21 de junho de 1998, o governador Mario Covas e dona Lila receberam a delegação
para um almoço no Palácio dos Bandeirantes, além de representantes da comunidade nipo-brasileira.
Mario Covas saudou o ministro e comitiva, registrando “um triplo agradecimento” ao governo japonês.
“Em primeiro lugar, à generosidade com que o Japão abriu mão de pessoas que, há noventa anos, para
cá vieram. E que aqui ajudaram a construir uma grande nação”. Agradeceu depois “à verdadeira parceria
que o governo e as empresas japonesas estabeleceram com o desenvolvimento do nosso Estado e do
nosso país, nele investindo mais de cinco bilhões de dólares”. E finalizou, brincando com os convidados:
“Quero cumprimentar o Japão por estar participando, pela primeira vez, da Copa do Mundo. Por aqui,
futebol é uma paixão nacional, e como todos sabem, sou torcedor do Santos Futebol Clube, time que já
contou com o craque japonês Kazu ...E por ele, registro o terceiro agradecimento.”
O primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, e o governador Mario
Covas cumprimentam-se no Hall Monumental do Palácio
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vice-primeiro-ministro chinês veio a são paulo em busca de novos negócios com os brasileiros
li lanqing, o terceiro homem da china
Uma comitiva de 68 pessoas, incluindo autoridades
governamentais e 37 representantes de setores
econômicos e empresariais, acompanhou o vice-
primeiro-ministro do Conselho de Estado da
República Popular da China, Li Lanqing, e esposa,
em visita oficial ao Brasil. Em São Paulo, foram
todos recebidos pelo governador Mario Covas, em
7 de maio de 1997, no Palácio dos Bandeirantes.
O objetivo do encontro era manter contato com
autoridades e empresários brasileiros, visando
estreitar as relações comerciais. Na ocasião,
Lanqing era o terceiro homem na hierarquia
chinesa, responsável pelo comércio nacional e
internacional e pelo setor de educação. Era um
dos seis vice-ministros de Estado, encarregado da
administração pública chinesa, cujos interesses
passam pelo comércio exterior, comércio interno
e engenharia, promoção de investimentos,
metalurgia e siderurgia, farmacologia, indústrias
automotiva e leve, transporte marítimo,
equipamentos agrícolas e indústria florestal.
Na época, considerando o interesse dos chineses
pelo Brasil, o governo paulista elaborou um
estudo com o objetivo de promover uma missão
comercial prospectiva à China, liderada pela
Secretaria de Ciência e Tecnologia, e integrada
por membros da Federação das Indústrias e da
Federação do Comércio do Estado de São Paulo. A
intenção primordial consistia em ampliar a pauta
de exportações brasileiras, concentrada em
matérias-primas, para produtos manufaturados.
Os negócios bilaterais
nos anos que antecederam a visita de li lanqing, houve forte crescimento do comércio entre brasil e china. em 1992, por exemplo, o volume total negociado foi de 557 milhões de dólares, passando, em 1995, para 2,243 bilhões. os dados parciais de 1996 mostravam um aumento de 21,27% nas exportações brasileiras para a china e redução de 2,1% nas importações, em relação a 1995. desde o comunicado conjunto sobre o estabelecimento das relações diplomáticas, de 1974, o brasil e a china assinaram dezenas de acordos bilaterais nas áreas econômica, científica, tecnológica, cultural e educacional, entre outras.
Li Lanqing, vice-primeiro-ministro do Conselho
de Estado da China, cumprimenta Mario Covas
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única filha mulher de aKihito, imperador do Japão, a Jovem princesa participou das comemorações do tratado de amizade
Princesa sayako, delicadeZa e tradição
Simpatia e simplicidade, combinando delicadeza
e tradições de um povo milenar. Essa poderia
ser a síntese da passagem da princesa Sayako
pelo Estado de São Paulo, representando a Casa
Imperial do Japão, nos eventos comemorativos
do centenário do Tratado de Amizade, Comércio
e Navegação entre Brasil e Japão. A princesa
Sayako, única filha mulher do imperador Akihito e
a caçula do casal imperial, tinha 26 anos quando
foi recebida, no dia 8 de novembro de 1995, pelo
governador Mario Covas.
A princesa Sayako brinda com Covas durante comemoração do Tratado de Amizade entre Brasil e Japão
Em cerimônia de boas-vindas, o governador
paulista saudou a jovem princesa, sua pátria e
seu povo: “Gostaria de saudar, na pessoa de Sua
Alteza Imperial, Princesa Sayako, o extraordinário
povo japonês. Um povo que revolucionou o
modo de produzir contemporâneo e converteu
a ‘civilização do desperdício’ dos anos 1970 em
uma ética da qualidade e da parcimônia. Não é
sem razão que conceitos como o do toyotismo
e o do controle da qualidade total entraram no
vocabulário mundial.”
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a cerimônia do chá
Como parte dos eventos comemorativos do centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão, vieram ao país Sen Sôshi, mestre em chadô (cerimônia do chá), e a princesa Masako, sua esposa. Masako é a segunda filha do príncipe Takahito Mikasa, tio de Akihito, imperador japonês, e formou-se em Direito. Sen Sôshi preside a Fundação Urasenke do Japão, guardiã e promotora da cultura japonesa.
A cerimônia do chá foi escolhida para a comemoração do centenário porque, dentro das milenares tradições do país, eleva o sentimento cultural dos japoneses. Além disso, o momento coincidia com a campanha de fraternidade universal instituída no Japão, cujo lema era: “A paz mundial, a partir de uma xícara de chá”, que mobilizou os membros do Centro de Chadô Urasenke (Arte do Chá Urasenke) do Brasil. A cerimônia foi realizada em Brasília, no Senado Federal, e em São Paulo, no MASP - Museu de Arte de São Paulo e no Palácio dos Bandeirantes.
No dia 27 de outubro de 1995, o governador Mario Covas conheceu e participou do ritual do chadô e foi agraciado com um vaso de estanho e uma peça em porcelana, ambos utilizados na cerimônia do chá. Durante as festividades, houve o lançamento de um livro e uma exposição sobre a Arte do Chá, que assinala a expansão do Chadô no Brasil, graças ao professor Sokei Hayashi, o primeiro professor residente em nosso país, enviado pela Urasenke Foundation, em 1978.
A presença japonesa em São Paulo foi um dos
destaques da fala de Covas. “Aprendemos a
reverenciar a cultura japonesa, não somente
em função de seus êxitos reconhecidos
mundialmente, mas também em função das
cinco gerações de descendentes de imigrantes
japoneses aqui radicados. Dos 240.000 que
imigraram nesses exatos cem anos, seus
descendentes hoje somam cerca de 1.400.000
pessoas – a maior população nipônica fora do
Japão. Esta última referência, aliás, basta para
demonstrar o quão correto e visionário foi o
Tratado de Amizade, Comércio e Navegação,
firmado em Paris, pelo Japão e o Brasil.”
Ao encerrar seu pronunciamento, o governador
manifestou o desejo de ver intensificadas as
trocas comerciais com o Japão. “Acredito que a
comemoração do centenário do Tratado pode
constituir-se num marco para uma virada nas
relações econômicas nipo-brasileiras. Pois o
volume atual de intercâmbio ainda é modesto.”...
“O estreitamento dos laços entre os dois países
encontra razões na própria complementaridade
das duas economias. Ademais, assenta-se
na velha parceria que o Tratado centenário
inaugurou, gerando frutos de longa maturação.”
Sen Sôshi realiza a cerimônia do chá com a atenção da esposa, princesa Masako, e de Mario Covas
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o imperador aKihito e a imperatriz michiKo, do Japão, almoçam ao som de harpa com mario e lila covas
da terra do sol nascente chega o casal imPerial
O casal imperial do Japão, Akihito e Michiko,
visitou o Brasil em junho de 1997. Era a primeira
visita de um imperador japonês ao país, uma
vez que, nas duas vezes anteriores em que
aqui esteve, em 1967 e 1978, Akihito ainda era o
príncipe herdeiro, aspirante ao trono.
A visita imperial foi um sinal da importância que
o Japão dá a seu relacionamento com o Brasil.
Mesmo sem uma agenda de compromissos
comerciais, Akihito e Michiko representaram o
interesse do governo e dos empresários japoneses
pelo país. Em sua passagem por Belém, no Pará,
o casal imperial revelou sua preocupação com
a ecologia, chegando a expressar seu desejo de
que a região amazônica possa se desenvolver em
harmonia com o meio ambiente.
uma singela homenagem
Em 5 de junho de 1997, Mario Covas e dona Lila
receberam o casal imperial para um almoço no
hall monumental do Palácio dos Bandeirantes.
Durante a refeição, o som ambiente vinha de
uma harpa. No repertório, músicas japonesas,
executadas por uma jovem brasileira, que foi
buscar na memória da imperatriz seus dias de
infância e juventude. Michiko, emocionada e
agradecida, pediu bis.
Não menos emocionante foi o discurso do
governador paulista, que, com certeza, ficou
na memória de todos que lá estavam. No
pronunciamento, Mario Covas saudou os
Michiko e Akihito, Mario e Lila Covas posam para a foto oficial da visita imperial no Salão dos Despachos
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A pedido do imperador
Apaixonado por futebol, principalmente pelo futebol brasileiro, o imperador Akihito pediu apenas uma coisa. Queria conhecer um estádio em dia de jogo. Pois bem, lá foi sua majestade, acompanhado pela imperatriz e o casal Mario e Lila Covas ao estádio do Morumbi. O programa não poderia ter sido melhor: casa cheia com Corinthians e São Paulo na final do campeonato paulista. Além do futebol, os imperadores apreciaram o espetáculo das torcidas.
imperadores: “Estão aqui, majestades, os
descendentes daqueles corajosos homens e
mulheres que cruzaram oceanos, e, espalhando-
se pelos mais remotos rincões do seu novo país,
desbravaram sertões e abriram cidades...”
“Estão aqui os filhos, os netos e os netos dos
netos daquelas pessoas determinadas que, com
o arado e a enxada, com os conhecimentos
acumulados em milhares de anos de cultura e
civilização, criaram tantas riquezas neste novo
mundo, desenvolvendo nossos campos e nossas
cidades, fazendo prosperar as empresas, as artes,
a universidade...”
“Que desta manhã brasileira, em que tantas
emoções se encontram, chegue ao outro lado do
mundo, ao Japão, o eco dos votos de boas-vindas
de todos os brasileiros ao imperador Akihito e à
imperatriz Michiko.”
Peixes e piano no cotidiano real
o imperador akihito nasceu em tóquio, em 23 de dezembro de 1933. ascendeu ao trono em janeiro de 1989, com a morte de seu pai, o imperador hiroito. estudou no departamento de política e economia da universidade de gakushuin e, em 1953, realizou uma viagem de conhecimento por 14 países da europa ocidental e pela américa do norte. o imperador é um estudioso de ictiologia, parte da zoologia dedicada aos peixes. em 1959, casou-se com michiko shoda, filha mais velha do industrial hidesaburo shoda.
a imperatriz michiko nasceu em tóquio, em 20 de outubro de 1934. em 1953, entrou para a universidade do sagrado coração, instituição de ensino superior católica japonesa para mulheres, onde formou-se bacharel em literatura inglesa. em 1959, o conselho da casa imperial deu o consentimento unânime para a realização do seu casamento com o então príncipe akihito. michiko acompanha o imperador em todas as suas viagens. tem por hobbies tocar piano e harpa, bordar, tecer e executar trabalhos manuais. aprecia especialmente flores e literatura.
contrariando as tradições, akihito e michiko cuidaram da criação dos três filhos pessoalmente, para manter mais estreitos os laços familiares.
Covas e os imperadores do Japão assistem à
final do campeonato paulista no Morumbi
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empresas anunciam investimentos no brasil durante a visita de Kim Young sam, presidente da coréia
lg e hyundai na Bagagem coreana
O presidente da República da Coréia, Kim Young
Sam, foi recebido pelo governador Mario Covas,
em 10 de setembro de 1996. Veio acompanhado de
uma comitiva de 41 empresários, todos dispostos
a fechar negócios bilaterais. A melhor notícia
dessa visita foram os investimentos de peso que
duas grandes empresas coreanas, a LG Electronics
e a Hyundai, anunciaram para o Brasil.
A LG declarou que pretendia construir uma
subsidiária em São Paulo, em terreno oferecido
pelo governo paulista. Os primeiros 85 milhões
de dólares de investimento destinavam-se
à instalação de uma fábrica de monitores de
TV, com sede em Taubaté, já no ano seguinte.
Projetava-se empregar cerca de 400 pessoas e
produzir inicialmente 400 mil unidades, devendo
chegar a 3 milhões de unidades até o ano 2000.
Nessa data, a LG planejava também investir 100
milhões de dólares em São Paulo, até 2003, na
implantação de uma indústria com produção
anual de 1,5 milhão de televisores, 400 mil
videocassetes e 400 mil fornos de microondas.
Segundo seu porta-voz, Chung Jae Yup, o Brasil
estava destinado a ser o centro de todas as
operações da empresa na América Latina.
A Hyundai, segundo maior grupo industrial
coreano, programava naquele momento
empregar no Brasil metade dos 3,38 bilhões de
dólares que pretendia investir na América Latina
na construção de fábricas, usinas de energia
e obras de infra-estrutura, como estradas e
gasodutos. Uma das suas intenções era comprar
5% das ações da Companhia Vale do Rio Doce e
construir uma fábrica com parceiro local.
O governador Mario Covas cumprimenta o presidente da República da Coréia, Kim Young Sam
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Um recordista no poder
Kim Young Sam nasceu em Koje-gun, em 1927. Formou-se em Filosofia e Ciência Política pela Universidade
Nacional de Seul. Em 1954, filiado ao Partido Liberal, foi eleito para a Assembléia Nacional. Nesse mesmo
ano, quando o presidente Syngman Rhee começou a recorrer a táticas escusas para que a Constituição fosse
revisada e ele pudesse concorrer a um terceiro mandato, Kim Young deixou o partido do governo e passou
para a oposição, lutando pela democratização da Coréia. Sam bateu alguns recordes na área política: foi
a pessoa mais jovem a ser eleita para a Assembléia Nacional, a que se elegeu mais vezes (nove) para a
Assembléia e como presidente de um partido de oposição.
As garras do tigre asiático
localizada no nordeste da Ásia, a república da coréia (ou coréia do sul) nasceu da divisão da península coreana, depois da segunda guerra mundial. até então, tinha compartilhado dois mil anos de história com a república democrática popular da coréia (coréia do norte), uma república parlamentarista de modelo socialista. a república da coréia é um dos chamados tigres asiáticos, países que tiveram grande crescimento econômico de 1960 a 1990, graças à agressividade de sua política de atração de capitais e à aliança de interesses entre governo e grandes grupos industriais. os conglomerados dividiam entre si os contratos estatais e contavam com o socorro do governo para detonar concorrentes incômodos. em 1997, a coréia controlava 45% do mercado mundial de construção naval, era o segundo maior fabricante de microprocessadores para computador e usufruía de uma renda per capita anual de 10 mil dólares.
A intérprete coreana assegura o bom humor na conversa entre o presidente Kim Young Sam e Mario Covas
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o governador de são paulo recepciona o presidente da índia, ressaltando a visão humanista de seus líderes
kocheril narayanan vem em missão PolÍtica
Mario e Lila Covas ofereceram um jantar ao
presidente da Índia, Kocheril Raman Narayanan,
no dia 7 de maio de 1998, no Salão dos Pratos do
Palácio dos Bandeirantes. O presidente indiano
estava acompanhado por sua esposa, Usha, pela
filha, Chitra, e comitiva oficial.
Na ocasião, o governador de São Paulo fez um
discurso em que ressaltou a importância da Índia
pela espiritualidade com que influencia o mundo
e pela visão humanista e profunda de seus
grandes líderes. Valorizou também a amizade
entre os dois países, destacando a convergência
de ideais apresentados em foros internacionais,
e propôs a expansão das relações comerciais
bilaterais. Em seguida, Mario Covas abriu as
portas da capital paulista para um comércio mais
intenso e mais equilibrado com os indianos.
Segundo o Itamaraty, a visita do presidente
indiano teve conotação nitidamente política. Dois
anos depois de receber o presidente Fernando
Henrique Cardoso - em janeiro de 1996 -, a Índia
respondeu ao interesse que o Brasil finalmente
demonstrou em elevar as relações entre os dois
países a um novo patamar. O comércio bilateral
entre Brasil e Índia registrou importantes
transformações, especialmente a partir de 1991.
As importações de produtos indianos passaram
de 2,69 milhões de dólares, em 1987, para 227,8
milhões de dólares, em 1997. Em contrapartida,
a Índia importou cada vez menos do Brasil
nesse mesmo período. Uma das razões desse
movimento era que a Índia beneficiava ao
máximo sua indústria de transformação. Por
isso, tornou-se importadora basicamente de
O presidente da Índia, Kocheril Narayanan, e
Mario Covas cumprimentam-se efusivamente
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palavras de covas a naraYanan
“Barhat para o seu povo. Índia, para todos nós... Mãe pátria das grandes religiões e de ilustres pensadores como Gandhi, Tagore e Jawaharlal Nehru, que marcaram profundamente este século.
Apóstolo da não violência, Gandhi afirmava a precedência da verdade e dos princípios éticos em todas as ações humanas, inclusive na atividade política... De Nehru veio o modelo de um líder verdadeiramente democrático que, consolidando a independência do seu país, defendeu a política de não alinhamento, denunciando a Guerra Fria e a polarização do planeta entre as grandes potências.
Rabindranath Tagore marcou profundamente a poesia moderna. Prêmio Nobel de Literatura de 1913, destinou os recursos recebidos à escola que criou e na qual se mesclavam métodos de ensino indianos e ocidentais.
A Índia está presente no Brasil desde o seu descobrimento pelos portugueses. Um feliz engano desviou a frota de Pedro Álvares Cabral do seu rumo. E cá viemos nós.
Mas a amizade entre nossas nações vai mais longe. E se manifesta na identidade de pontos de vista em foros internacionais, como a ONU e o GATT e, também, em expressivo intercâmbio comercial.”
Um pária na Presidência
o presidente Kocheril raman narayanan foi o primeiro membro da casta dos intocáveis ou párias - a mais baixa na milenar escala social hinduísta - a ocupar a chefia de estado da índia. elegeu-se em 1997 com 95% dos votos dos quase cinco mil membros dos legislativos federal e estaduais. sua ascensão à presidência foi o acontecimento histórico que marcou a natureza laica do estado indiano.
matérias-primas, insumos e bens de capital, e
exportadora de produtos manufaturados e semi-
manufaturados. Outro fator importante era que
o mercado brasileiro conhecia pouco o mercado
indiano para atuar em melhores condições.
O governo e os empresários indianos dedicaram
grandes esforços para colocar seus produtos no
Brasil. Promoveram encontros empresariais,
criaram eventos, participaram de feiras, como
a Fenasoft, e instituíram uma política agressiva
de exportações, empreendidas pelo Consulado-
Geral da Índia, criado em abril de 1996, em São
Paulo, com a finalidade de gerar negócios.
Dona Lila, Kocheril narayanan, covas e usha narayanan brindam antes do jantar no palácio dos bandeirantes
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líder de timor leste participa de reunião de trabalho com covas e secretÁrios de estado de são paulo
xanana gusmão agradece aos Brasileiros
A convite do governo brasileiro, o líder timorense
Xanana Gusmão esteve no país, em abril de 2000.
Nessa primeira visita, Xanana veio agradecer os
esforços das autoridades do Brasil na ajuda à
viabilização social e econômica do futuro Estado
do Timor Leste. No dia 3, visitou Mario Covas
no Palácio dos Bandeirantes, onde participou
de uma reunião de trabalho com a presença de
secretários de Estado e parlamentares paulistas.
Na ocasião da visita feita a São Paulo, José
Alexandre de Xanana Gusmão presidia o Conselho
Nacional de Resistência Timorense (CNRT),
entidade que governou o território antes da
formalização do Estado timorense, e era membro
do Conselho Consultivo Nacional da Administração
Transitória das Nações Unidas em Timor Leste
(Untaet), que aprovou a independência do país
do domínio da Indonésia.
Xanana Gusmão (no centro à esq.) e Mario Covas em reunião com secretários de Estado e parlamentares
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De colônia a Estado independente
timor leste, cuja capital é dili, ocupa a parte oriental da ilha de timor, na Ásia. a ilha tornou-se colônia de portugal em 1514 e permaneceu assim até que os holandeses, em 1651, conquistassem Kupang, no extremo ocidental do timor, dividindo a ilha. em 1945, as índias orientais holandesas declararam unilateralmente sua independência e tornaram-se a república da indonésia. o timor ocidental, então, passou a fazer parte integrante do novo estado.
o timor leste ficou sob jurisdição de portugal e, em 1960, foi considerado pela onu território não-autônomo sob administração portuguesa. mas a revolução de abril de 1974, que restaurou a democracia em portugal, reconheceu o direito à autodeterminação das colônias. a liberdade durou até a invasão pela indonésia, em dezembro de 1975.
depois de várias negociações entre portugal e indonésia, em maio de 1999 firmaram-se acordos para a consulta popular sobre o futuro político do país. a população aprovou a independência da região, com 78,5% dos votos, que foi aceita por Jacarta, em setembro. a violência na ilha, porém, não pôde ser coibida. a reorganização de timor leste passou a ser administrada pela onu, dirigida pelo diplomata brasileiro sérgio vieira de melo. o brasil participou ativamente do processo de votação, enviando peritos eleitorais, observadores policiais e oficiais de ligação. também colaborou indicando profissionais e técnicos para a estruturação da administração pública e do sistema judiciário do novo país. em 20 de maio de 2002, timor leste tornou-se totalmente independente.
O Brasil estava vinculado ao Timor Leste por
afinidades de caráter cultural, histórico e
lingüístico. Segundo o Itamaraty, na época,
essas afinidades conferiam legitimidade à ação
diplomática brasileira, orientada para a obtenção
de uma solução internacionalmente aceitável
para a questão do território.
Fizeram parte da comitiva timorense Taur Matan
Ruak, vice-comandante das Forças Armadas de
Namoro na cadeia
José Alexandre Xanana de Gusmão nasceu no Timor Leste, em 1946. Prestou serviço militar e, depois da retirada de Portugal da ilha, em 1975, aderiu à Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin). Entrou para a clandestinidade quando a Indonésia invadiu a ilha, foi preso e condenado. Na prisão, conheceu a australiana Kirsty Sword, com quem viria a se casar mais tarde. Foi libertado em 1999. Quando visitou o Brasil, era responsável pela Comissão Política Nacional e Comandante das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor Leste (Falintil), entre outros cargos. Em dezembro de 1999, Xanana Gusmão recebeu o Prêmio Sakharov por sua luta em defesa dos direitos humanos. Foi eleito presidente de seu país em 2002.
Libertação Nacional de Timor Leste (Falintil),
membro da Comissão Política Nacional do CNRT,
e do Conselho Consultivo Nacional/Untaet; Roque
Rodrigues, embaixador e chefe de gabinete de
Xanana Gusmão, membro da comissão executiva
do CNRT e embaixador de Timor Leste em Angola;
senhora Paulo Pinto, assistente-executiva do
gabinete de Xanana Gusmão.
Brasília de Arruda Botelho e o Cel. PM Olavo Sant’Anna
Filho recebem o timorense Xanana Gusmão
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o estado de são paulo foi escolhido para a realização de encontros comerciais, industriais e de investidores
taiWan aBre as Portas Para o mundo
Uma relação delicada
Taiwan ou República da China, de economia capitalista, se considera um Estado independente. Mas a República Popular da China, comunista, a reivindica como um território rebelde. Em 1974, o Brasil rompeu relações diplomáticas com Taiwan, reconhecendo a República Popular da China como único governo.
Taiwan não é membro da ONU ou de qualquer organização internacional reservada a Estados. Entretanto, poderá ser admitida na Organização Mundial de Comércio como uma economia, sob a denominação de Chinese Taipei. Brasília e Taipé, capital de Taiwan, mantêm um Escritório Econômico e Cultural, sem status diplomático.
O ano de 1999 foi especialmente importante para
o estreitamento das relações entre o Brasil e
Taiwan. Em São Paulo, foram realizados eventos
comerciais relevantes, como o Encontro da Câmara
Mundial Taiwanesa de Comércio e o 22º Encontro
de Empresários Chineses, do qual participaram
comerciantes, industriais e investidores de
origem chinesa residentes nas principais cidades
da América do Norte, Europa e Ásia.
Em março de 2000, o governador Mario Covas
recebeu os integrantes da missão comercial de
Taiwan, liderados por Chen Ruey-Long, diretor-
geral do escritório de negócios estrangeiros do
Ministério da Economia e Negócios da Ilha de
Taiwan, ex-Formosa. A missão foi organizada
pelo China External Trade Development Council
(Cetra), organização semi-governamental, sem
fins lucrativos, constituída para a promoção do
comércio de Taiwan com o resto do mundo.
O grupo esteve no Brasil para incrementar
negócios e investimentos industriais em São
Paulo e realizar a reunião conjunta Brasil-
Taiwan, da qual participaram representantes
da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e
de sua congênere taiwanesa, a Chinese National
Association of Industry and Commerce.
Chen Ruey-Long, representante de negócios estrangeiros de Taiwan, troca presentes com Mario Covas
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acompanhado de uma comitiva de 70 pessoas, le duc anh, presidente do vietnã, visita são José dos campos
goh choK tong, primeiro-ministro da república de cingapura, encontra-se com empresÁrios paulistas
vietnamitas na emBraer
cingaPurianos na fiesP
Le Duc Anh, presidente do Vietnã, foi recebido
pelo governador Mario Covas e a primeira dama
Lila Covas no dia 11 de outubro de 1995. Além
da esposa, Vo Thi Le, o presidente trouxe uma
delegação de 70 pessoas, incluindo o ministro
dos Negócios Estrangeiros, o Chefe da Casa Civil,
o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, o
vice-ministro do Interior, o vice-presidente
da Comissão Estatal de Planejamento e o vice-
ministro de Comércio. Em São José dos Campos,
o presidente e sua comitiva visitaram a Empresa
Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer) e o Centro
Técnico Aeroespacial (CTA).
Em 12 de setembro de 2000, o governador Mario Covas recebeu o primeiro-ministro da República de
Cingapura, Goh Chok Tong. Na companhia do presidente estavam o ministro das Relações Exteriores,
o ministro da Justiça e o embaixador de Cingapura no Brasil. No mesmo dia, a delegação cingapuriana
esteve com o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alcides Tápias, e
almoçou com empresários paulistas na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Cingapura, cuja capital tem o mesmo nome, é um país insular, situado no sudeste asiático, na extremidade
meridional da península Malaia. Compõe o grupo dos tigres asiáticos, países da região cujas economias
têm obtido um rápido desenvolvimento com políticas agressivas. É uma república parlamentarista e um
dos principais centros financeiros internacionais.
Sempre na lutalocalizada no sudeste da Ásia, a república socialista do vietnã faz divisa com a china, o mar da china meridional, o camboja e o laos. sua história caracteriza-se por lutas constantes, como os dez anos de guerra com os estados unidos, na busca da identidade nacional e da independência. o processo de abertura econômica começou com a promulgação de uma nova constituição, em 1992.
Le Duc Anh e Mario Covas, dona Lila e Vo Thi Le
trocam presentes diplomáticos
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mario covas reúne-se com representante da instituição para prestar contas e ampliar a parceria
altos executivos das maiores empresas Japonesas visitam o governador e empresÁrios paulistas
jaPan Bank financia Projeto do rio tietê
keidanren e fiesP, encontro de gigantes
Em 12 de novembro de 1999, o governador Mario
Covas recebeu em audiência o representante, no
Brasil, do Japan Bank for International Cooperation
(JBIC), Noriaki Kishimoto, acompanhado pelo
cônsul-geral do Japão em São Paulo, Takaaki
Kojima. Discutiu-se a utilização do saldo
remanescente do empréstimo relativo ao projeto
do rio Tietê. Dos 49,4 bilhões de ienes (559,48
No dia 24 de março de 1997, membros da Keidanren, entidade de classe que reúne a maior parte das
empresas do Japão e representa 70% do Produto Interno Bruto do país, avaliado, em 1996, em mais de
4 trilhões de dólares, estiveram em São Paulo. Almoçaram na Fiesp, visitaram a Câmara de Comércio
Japonesa e foram recebidos em audiência por Mario Covas.
O presidente da Keidanren, Shoichiro Toyoda, liderava a missão de 15 empresários, entre eles, Norio Ohga,
o principal executivo da Sony; Minoru Murofushi, presidente da Itochu Corporation; Rokuro Suehiro,
vice-presidente da Nippon Steel Corporation; Tokuji Nagaoka, diretor-presidente da Toyota do Brasil S.A.;
Yasuyoshi Ohta, presidente da Itochu Brasil S.A., acompanhado por Shigeki Tsutsui, principal executivo da
empresa, e Taichiro Ohsumi, diretor-geral da Nippon Steel Corporation.
Representantes do Japan Bank posam para foto com Covas, após acerto de contas de financiamento
milhões de dólares) para a realização da fase I
do projeto – alargamento e aprofundamento
do leito do rio, canalização e construção de
barragens – restavam 33 bilhões de ienes. Esses
recursos foram pleiteados para a realização da
fase II do projeto: ampliação e rebaixamento da
calha do rio Tietê. Mario Covas prestou contas e
apresentou novos projetos para financiamento.
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ásia
1995• Isamu Imoto, governador da
Província de Saga, Japão
• Yutaka Nakaoki, governador
de Toyama, Japão
• Yuzan Fujita, governador
de Hiroshima, Japão
• Ehud Olmert, prefeito
de Jerusalém, Israel
1996• Yaacov Keinan, embaixador
de Israel no Brasil
• Adian Silalahi, embaixador da
Indonésia para o Brasil, a Bolívia e o Peru
• Masayasu Kitagawa,
governador de Mie, Japão
• Chihiro Tsukada, embaixador
do Japão no Brasil
• Sam-Hoon Kim, embaixador
da Coréia do Sul
• Yoshihico Tsuchiya, governador
de Saitama, Japão
• Li Peng, primeiro-ministro da China
• Amsa Amin, embaixador de
Bangladesh no Brasil
1997• Li Zhaoxing, vice-ministro de
Negócios Estrangeiros da China
• Bahman Taherian Mobarakeh,
embaixador do Irã no Brasil
• Takeshi Numata, governador
de Chiba, Japão
• Sekinari Nii, governador
de Yamaguchi, Japão
• Morihiko Hiramatsu,
governador de Oita, Japão
• Sota Iwamoto, governador
de Ishikawa, Japão
• Eisaku Sato, governador
de Fukushima, Japão
Do continente asiático, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:
1998• Yoon-Mo Kang, vice-ministro
da Construção da Coréia do Sul
• Cong Fukui, vice-governador
de Hebei, China
1999• Muthal Puredath Muralidhar Menon,
embaixador da Índia no Brasil
• Muhammad Tawfik Juhani,
embaixador da Síria no Brasil
• Chuan Leekpai, primeiro-
ministro da Tailândia
• Tatsuya Hori, governador
de Hokkaido, Japão
• Sutadi Djajakusuma, embaixador
extraordinário da Indonésia
• Itamar Rabinovitch, presidente da
Universidade de Tel Aviv, Israel
• Li Changehun chefe da delegação
do Partido Comunista Chinês
• Goro Yoshimura, governador
de Nagano, Japão
2000• Faris Mufti, embaixador
da Jordânia no Brasil
• Nasser Sabeeh Al-Sabeeh,
embaixador do Kuaite no Brasil
• Wu Guanzheng, líder da delegação
do Partido Comunista Chinês
• Mansour Moazami, embaixador
do Irã no Brasil
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o presidente de angola, José eduardo dos santos, pede apoio a covas e renegocia dívida com o brasil
angolanos Buscam investimentos
Foi de cortesia a visita que o presidente da
República de Angola, José Eduardo dos Santos,
fez a São Paulo, onde foi recebido no Palácio
dos Bandeirantes por Mario e Lila Covas, no dia
17 de agosto de 1995. No encontro, solicitou
apoio do governador e de empresários paulistas
para a ampliação de investimentos em seu país,
devastado por décadas de guerra.
Santos veio acompanhado de sua mulher, Ana
Paula Lemos dos Santos, dos quatro filhos,
dos ministros Venâncio de Moura, de Relações
Exteriores, e Augusto da Silva Tomás, da Economia;
do embaixador de Angola no Brasil, Osvaldo de
Jesus Sierra Van-Dunen; do embaixador do Brasil
em Angola, Alexandre Ador, e de empresários
angolanos. Em visita à Universidade de São Paulo
(USP), foi recebido pelo reitor Flávio Fava de
Moraes, almoçou na Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo e participou de sessão solene
na Assembléia Legislativa.
A visita de José Eduardo dos Santos ao Brasil
teve também como missão a assinatura de um
acordo de reescalonamento da dívida de Angola
com o nosso país. Naquele momento, o governo
brasileiro já estava retomando os investimentos
no setor energético em Angola e enviando uma
missão de cerca de mil homens para integrar as
forças de paz da ONU no país.
O presidente angolano José Eduardo dos Santos e a mulher, Ana Paula, em visita a Mario e Lila Covas
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Diversidade étnica e mineração
com mais de 10 milhões de habitantes pertencentes a 90 grupos étnicos distintos, angola é um país independente desde 11 de novembro de 1975. depois de submetida por cinco séculos ao domínio de portugal, a república de angola ainda se empenha em reconstruir seu território devastado por uma das mais sangrentas guerras de guerrilha do mundo. o conflito, iniciado na década de 1960, só terminou com o acordo de paz, assinado em novembro de 1994. antes da independência, angola tinha uma comunidade de cerca de 400 mil portugueses, dos quais 90% voltaram para seu país de origem. a língua oficial de angola é o português, porém, mais de 90% da população fala línguas bantu. o forte da economia angolana é a mineração – petróleo, diamantes, minério de ferro, cobre, zinco, ouro, manganês, chumbo, fosfato, sal e urânio –, que representava 58,2% do pib em 1991. os principais países parceiros comerciais são portugal, estados unidos, brasil, holanda e frança.
Da luta armada à Presidência da República
José Eduardo dos Santos nasceu em 1942, em Sambizanga. Com a mudança do cenário político na África, na década de 1950, após a independência de vários países, e em consequência da cruel repressão e da segregação racial, Santos abandonou seu país. Ingressou no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), juntando-se aos guerrilheiros sediados em Kinshasa, capital do Zaire.
Em 1963, foi para a ex-União Soviética, fazer um curso superior de Engenharia de Petróleo. Lá também especializou-se em telecomunicações, em 1970, voltando em seguida para Angola, onde continuou na luta armada. Em 1975, foi eleito para o Comitê Central e para o Bureau Político do MPLA e indicado para a coordenação das relações exteriores do movimento. Em novembro desse ano, com a proclamação da independência de Angola, foi nomeado ministro das Relações Exteriores e, depois, primeiro-ministro.
Após a morte do presidente Agostinho Neto, em 1979, Santos assumiu o posto e o comando das Forças Armadas, aos 35 anos. Em novembro de 1980, elegeu-se presidente da Assembléia do Povo, órgão máximo do poder de Estado. Ciente das dificuldades do processo de reconstrução nacional e da guerra que assolava o país, Santos dedicou-se à reabilitação da infra-estrutura destruída, com ênfase na defesa do território angolano, no fim do racismo e na formação tecnocientífica da população.
O governador Mario Covas acompanha o presidente de Angola,
José Eduardo dos Santos, pelo Palácio dos Bandeirantes
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sam nuJoma discute com mario covas a possibilidade de adquirir embarcações e grãos a preço de custo
navios e aves na conversa com o Presidente da namÍBia
Acompanhado pelos secretários de Governo e
da Agricultura e Abastecimento, Mario Covas
recebeu em seu gabinete particular, no dia 1º de
novembro de 1995, o presidente da República da
Namíbia, Sam Nujoma.
Da pauta constavam discussões sobre a
possibilidade de um financiamento para a
compra de navios brasileiros, o estabelecimento
de um termo de cooperação aeronáutica
para a formação da Força Aérea Namibiana,
o pedido de fornecimento de grãos a preço de
Sam Nujoma, presidente da Namíbia, recebe presente de Mario Covas, que ouve tradução de Cecília Malzoni
custo e a colaboração técnica paulista para o
desenvolvimento de um projeto avícola.
Em 1987, Nujoma fizera sua primeira visita
ao Brasil, ainda como líder do movimento
guerrilheiro Organização dos Povos do Sudoeste
da África (Swapo), de linha marxista. Na época, o
objetivo da visita era agradecer o apoio do governo
brasileiro ao movimento pela independência da
Namíbia, invadida pela África do Sul, em 1915,
durante a Primeira Guerra Mundial. A Namíbia só
se tornou independente em março de 1990.
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Os diamantes brotam do deserto
A Namíbia é um vasto território desértico, rico em diamantes, urânio, cobre, zinco e chumbo. A mineração responde por 20% do PIB, mas o país também desenvolve a pecuária e da agricultura de subsistência. A população, de mais de 1,5 milhão de habitantes, é composta por 86% de negros, 6,5% de brancos e 7,5% de mestiços. O país exporta, principalmente, diamantes, urânio e gado de corte. Compra no exterior produtos químicos, derivados de petróleo, alimentos, equipamentos industriais e de transporte. Seu principal parceiro comercial é a África do Sul. Constituiu-se como uma república presidencialista, com chefe de Estado forte. A Constituição namibiana pode ser vista como um modelo para outros países africanos, pois é fundamentada numa sociedade multirracial e multipartidária, embasada em um sistema econômico misto, em que a propriedade privada e a presença do Estado na economia convivem harmonicamente. Com cerca de 60% de analfabetos, as línguas oficiais do país são o inglês, o africâner e o alemão. Cada grupo étnico africano fala sua própria língua.
Covas conversa com Nujoma,
acompanhado dos secretários Antonio
Angarita e Antonio Cabrera
dÉcadas de luta Pela indePendência
sam nujoma nasceu na namíbia em 1929 e foi educado na escola missionária finlandesa de okahao. nos anos de 1940, foi para a capital, Windhoek, trabalhar na south african railways. terminou sua educação secundária cursando, por correspondência, a transafrica correspondence college, sediada na África do sul.
em meados da década de 1950, já estava envolvido em atividades políticas contra o domínio colonial sul-africano. enviava petições à onu, pleiteando o apoio da comunidade internacional para o término do mandato sul-africano sobre a namíbia. preso pela polícia sul-africana em 1959, escapou do país em fevereiro de 1960. foi para os estados unidos e lá solicitou à quarta comissão da onu o fim da administração colonial na namíbia. em abril de 1960, a swapo foi fundada em Windhoek e teve nujoma como presidente.
seis anos depois, sam voltou a Windhoek para testar a afirmação sul-africana de que os membros da swapo estavam em exílio voluntário e podiam retornar livremente ao país. ao chegar, foi detido e deportado para a zâmbia. em agosto de 1966, transportou as primeiras armas da argélia para a namíbia e começou o movimento armado. foi o primeiro líder de um movimento nacionalista africano, durante a campanha para a independência, a falar perante o conselho de segurança da onu, em 1971.
em 1978, assinou o acordo de cessar fogo com a África do sul. elegeu-se membro da assembléia constituinte, após a vitória da swapo nas eleições de 1989, e presidente da república da namíbia, por unanimidade, em fevereiro de 1990. reelegeu-se com expressiva margem nas eleições gerais de dezembro de 1994.
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alberto Wahnon de carvalho veiga, primeiro-ministro cabo-verdiano, encontra-se com covas, empresÁrios e acadêmicos
saúde e educação na Pauta de caBo verde
Comércio exterior, saúde, educação e turismo
foram as áreas de interesse na pauta da visita
do primeiro-ministro de Cabo Verde, Alberto
Wahnon de Carvalho Veiga, a São Paulo, no dia
8 de abril de 1998. Recebido pelo governador
Mario Covas e a primeira dama Lila Covas,
presidente do Fundo Social de Solidariedade, o
primeiro-ministro estava acompanhado de sua
esposa, Maria Epifânia Cruz Almeida, e de vários
membros de seu governo, entre eles o ministro
da Educação, Ciência e Cultura; o secretário dos
Negócios Estrangeiros e Cooperação; o diretor-
geral de Cooperação Internacional; o presidente
do Instituto de Apoio ao Imigrante; o presidente
da Federação Nacional da Juventude; e o diretor
de Investimento e das Exportações (Promex).
A visita ao Brasil tinha como objetivo reforçar
os laços entre os dois países, sobretudo nos
setores de saúde, comércio exterior, turismo
e educação. Em São Paulo, visitou também a
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), a Pontifícia Universidade Católica (PUC), a
Universidade de São Paulo (USP) e se encontrou
O cabo-verdiano Alberto Veiga entrega presente a Covas, acompanhado pela mulher, Maria Epifânia
Relações de amizade e cooperação
O Brasil reconheceu a independência da República de Cabo Verde no dia de sua proclamação, em 5 de julho de 1975. No dia 28 do mesmo mês, estabeleceu embaixada na capital, a cidade de Praia. Nas relações bilaterais entre os dois países, destacam-se os laços de amizade e de cooperação em vários setores. No campo educacional, o Programa de Estudantes-Convênio (PEC) é uma das mais bem-sucedidas modalidades de cooperação brasileira no país. Na área cultural, foi criado em 1984 o Centro de Estudos Brasileiros na cidade de Praia, o primeiro a funcionar na África, com o objetivo de divulgar a literatura e a cultura brasileiras. Os dois países já trocaram várias visitas oficiais de presidentes, vice-presidentes e ministros, desde a independência.
com a comunidade cabo-verdiana, em Santo
André. Segundo o Consulado Geral de Cabo Verde,
havia 800 estudantes cabo-verdianos no Brasil,
dos quais cerca de 120 em São Paulo.
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áfrica e oceaniaDo continente africano e da Oceania, Mario Covas recebeu ainda as seguintes visitas:
1995• Francisca Pereira, primeira vice-presidente da Assembléia Nacional Popular
da Guiné-Bissau, chefiando uma delegação de parlamentares de seu país
1997• Amílcar Fernandes Spencer Lopes, ministro dos Negócios
Estrangeiros e das Comunidades de Cabo Verde
1998• Don McKinnon, ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio da Nova Zelândia
1999• Robert Gabriel Mugabe, presidente do Zimbábue
2000• Mbulelo Rakwena, embaixador da África do Sul no Brasil
• Thaddeus Daniel Hart, embaixador da Nigéria no Brasil
• David Hawker, deputado e chefe da delegação parlamentar da Austrália
• Alhaji Atiku Abubakar, vice-presidente da Nigéria
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o governador mario covas tratou de parcerias na inglaterra,de megacidades na turquia e de Água na frança
três PaÍses numa tacada só
De voar, até que ele gostava. viajar, também. sair de são Paulo é que era o problema. Cioso de seus deveres no comando do governo estadual, mario Covas não gostava de se afastar. Queria estar à frente de tudo, sempre, e o telefone não era instrumento suficiente para pilotar a equipe nem para aplacar a ansiedade que o tomava quando se ausentava do Estado, muito menos do país. Em seis anos, o governador fez uma única viagem oficial ao exterior, em junho de 1996, visitando inglaterra, França e turquia. acompanhe o roteiro e as atividades.
Em Londres, a busca de investimentos
O governador Mario Covas e sua comitiva
desembarcaram em Londres no dia 5 de junho
pela manhã. Nos três dias de visita oficial ao
Reino Unido, encontraram-se com autoridades
britânicas, visitaram o porto de Tilbury e o metrô
e participaram do seminário Parceria com São
Paulo, sua principal missão. Realizado no dia 6, no
Hotel Savoy, o seminário contou com a presença
de representantes de mais de 150 empresas e
propiciou a divulgação das possibilidades de
cooperação, contatos diretos e reuniões para o
exame de projetos com empresas britânicas.
O embaixador Rubens Barbosa acompanha Covas
no encontro com empresários ingleses
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Na abertura do evento, Covas fez um discurso,
convidando as empresas e instituições britânicas
a investir em São Paulo, integrando-se ao
projeto destinado a impulsionar um novo ciclo
de crescimento do Estado mais moderno e
desenvolvido do Brasil. Para criar as condições,
o país estava fazendo a sua parte, mantendo
a moeda estável, dando continuidade ao
crescimento e consolidando a abertura externa.
Covas retratou São Paulo com seus melhores
indicadores. O Estado respondia por um PIB
de 149 bilhões de dólares, cerca de um terço
do PIB nacional, era o mais moderno dos
26 Estados, continha a rede urbana mais
complexa, infraestrutura moderna e mão-de-
obra qualificada. A população, estimada em 33
milhões de habitantes em 1994, possuía renda
per capita anual de 4.400 dólares e respondia por
40% do volume total de venda a varejo do Brasil,
um mercado e tanto. Falou do diversificado
mercado manufatureiro, do elevado nível técnico
da agricultura, da qualificação da mão-de-obra
e da capacitação científica e tecnológica.
Para que São Paulo pudesse manter o crescimento,
o governo estadual deveria apoiar “a inserção
do setor produtivo na economia globalizada
e promover a superação das carências sociais
de parte de sua população”, disse Covas. Com
essa intenção, o governo estava reduzindo sua
presença na produção de produtos e serviços,
reforçando a capacidade de estabelecer políticas
públicas, estruturar regiões e exercer sua função
regulatória. Era seu compromisso limar gargalos
na infraestrutura de transportes, manter o
déficit público sob controle, desinchar a máquina
administrativa e explorar os ativos existentes.
Do que estava em andamento, Covas destacou o
Programa Estadual de Desestatização e Parcerias,
com as reestruturações do setor elétrico e
de saneamento, as concessões rodoviárias,
a modernização das relações de trabalho e a
melhoria do porto de Santos, entre outras. Para
estimular o cenário de mudanças, o governador
anunciou um programa de incentivos fiscais
para fomentar as atividades industriais e gerar
empregos nas regiões mais pobres do Estado.
Covas finalizou seu discurso exortando o
empresariado local a visitar São Paulo. “Uma
atmosfera de confiança marca nossas relações
com investidores nacionais e estrangeiros desde
o início de nosso governo , em 1995, levando-os
a comprometer, até agora, inversões de capital
no montante de 13,2 bilhões de reais – relativos a
91 novos investimentos – em território paulista.
Queremos expandir esse processo.”
Após a fala do governador, os secretários Émerson
Kapaz, da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento
Econômico, André Franco Montoro Filho, de
Economia e Planejamento, Plinio Assmann, dos
Transportes, Claudio de Senna Frederico, de
Transportes Metropolitanos e David Zylsberstajn,
de Energia, falaram dos planos para suas áreas.
O encontro rendeu conversações concretas sobre
gás natural, portos de São Sebastião e Santos,
linha 4 do metrô e centrais hidrelétricas.
André Montoro, Rubens Barbosa, Covas, Emerson Kapaz e Plínio Assmann, em seminário em Londres
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Em Istambul, o drama das megacidades
Será que as megacidades têm futuro? As possíveis
respostas a essa questão levaram Mario Covas de
Londres à populosa Istambul, cidade turca que
sediava a conferência da Organização das Nações
Unidas sobre Assentamentos Urbanos, a Habitat
2. O governador esteve presente ao evento nos
dias 9 e 10 de junho, acompanhado de dona
Lila, David Zylsberstajn, secretário de Energia, e
Antonio de Pádua Perosa, secretário-adjunto de
Recursos Hídricos, Saneamento e Obras.
A Habitat 2 reuniu 20.000 representantes de 150
países em feira, palestras e várias exposições
de agências da ONU e de outras organizações
internacionais, fórum de vídeos e a mostra
“Construindo para o Futuro”. Foi a primeira vez
que as ONGs participaram.
Durante as várias atividades, muitas cidades
provaram que os problemas urbanos podem
ser resolvidos com crescimento econômico e
administração competente. Numa perspectiva
David Zylsberstajn, secretário de Energia, e Mario Covas visitam stand do Brasil na Habitat, em Istambul
otimista, as megacidades seriam fontes de
riquezas. Afinal, é nelas que se concentram as
oportunidades de emprego, educação, lazer e
de acesso à assistência médica. São espelhos da
economia, gerando as maiores fatias do PIB.
Apesar do inchaço populacional, constatou-
se que a qualidade de vida nas megacidades
melhorou desde a Habitat 1, realizada 20 anos
antes, oferecendo, por exemplo, mais água
encanada e esgotos. Mas como a urbanização é
rápida e caótica, estimava-se que mais da metade
da população mundial estaria vivendo em áreas
urbanas na virada do século, com um número
maior de sem-teto. Em 1996, mais de 600 milhões
de pessoas viviam em condições precárias nas
cidades, inclusive com risco de vida.
A experiência compartilhada na Habitat 2 mostrou
que é a falta de regulamentações apropriadas
que inviabiliza as habitações populares. Um
programa de gestão integrada entre prefeitura e
favelados em Fortaleza, por exemplo, permitiu a
reurbanização de 400 favelas na capital cearense.
Esse projeto foi um dos doze premiados como as
melhores práticas urbanas recentes.
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Em Paris, o jeito de gerir as águas
O modelo francês de lidar com a água era algo
que Mario Covas há muito queria conhecer. Com
essa intenção, ele e dona Lila deixaram Istambul
com destino a Paris no dia 11, acompanhados
do secretário David Zylsberstajn, de Energia. Na
capital francesa, Hugo Vinícius Marques Rosa,
secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e
Obras, juntou-se à comitiva.
No dia 12, em Bordeaux, o governador foi conhecer
o método de gerenciamento de recursos hídricos
em área urbana da Lyonnaise des Eaux, companhia
similar à paulista Sabesp. Nas visitas técnicas,
conheceu as estratégias que permitem gestão em
tempo real e a forma como a Comunidade Urbana
de Bordeaux montou seu programa de controle
de enchentes e equacionou o problema. Chamou
a atenção de Covas o cimento poroso, que absorve
a água das chuvas. À tarde, voltou a Paris. Lá,
foram apresentados os pontos críticos em um
processo de concessão, como organismos de
controle, equação financeira, montagem jurídica
e avaliação do atual momento brasileiro.
Carlos Nogueira, diretor para a América Latina
da Lyonnaise des Eaux, falou de sistemas de
participação da iniciativa privada, especificando
as diferenças entre privatização e concessão.
Segundo ele, para a implantação de uma
concessão era necessária uma montagem jurídica
prévia, a verificação e o estabelecimento de
leis sobre águas, contratos com o Estado e
sobre concessões, além de características dos
organismos de controle. Outros representantes da
empresa falaram sobre os elementos técnicos da
concorrência, como a definição dos objetivos de
qualidade e a montagem financeira do projeto.
No dia seguinte, Covas visitou a Lyonnaise des
Eaux em Nanterre, onde realizou uma reunião de
trabalho e almoçou com a diretoria da empresa.
À tarde, em Paris, participou de um encontro
sobre autoestradas, organizado pela Cofiroute,
em que se discutiram os benefícios obtidos
pela França nas concessões, custos de pedágio
e de manutenção, serviços de ajuda ao usuário,
entre outras questões. Em seguida, teve uma
reunião sobre gás, montada pela Gaz de France.
Foi exposto o modelo de gestão e a experiência
francesa no exterior. À noite, o governador
embarcou para São Paulo, satisfeito.
Covas recebe informações de representantes da Lyonnaise des Eaux na visita às instalações de Bordeaux
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compartilhando com covas a agenda de visitas, o vice-governador fez as honras da casa em vÁrias ocasiões
alckmin receBe
kofi annansecretário-geral da onu
Com um almoço no Palácio dos Bandeirantes,
Geraldo Alckmin e Maria Lúcia Alckmin
recepcionaram o secretário-geral da Organização
das Nações Unidas, Kofi Annan, e sua mulher,
Nane Annan, no dia 14 de julho de 1998. O casal
visitava o Brasil a convite do governo federal,
que ratificou, naquela ocasião, o tratado de não-
proliferação de armas nucleares.
Em São Paulo, Kofi Annan inaugurou a Associação
das Nações Unidas-Brasil - Anubra, em parceria
com o Fórum das Américas, presidido por Mario
Garnero. A Anubra tem a missão de aproximar o
empresariado brasileiro da ONU, especialmente no
O fluxo de visitantes internacionais a são Paulo foi enorme na gestão Covas,
impulsionado pela possibilidade de ampliar negócios no Estado na esteira da
privatização de empresas públicas. Como a agenda do governador estava sempre
carregada, seu vice, Geraldo alckmin, compartilhava a carga, recepcionando dezenas
de personalidades estrangeiras. aqui, destacamos algumas das mais importantes.
que diz respeito à definição de padrões e normas
técnicas. Acompanhavam Annan nessa viagem
o embaixador Celso Amorim, representante do
Brasil na ONU, e José Antonio Ocampo, secretário
executivo da Cepal, entre outros.
Sétimo secretário-geral da ONU, o ganense Annan
é um homem bem preparado. Formou-se em
Ciência e Tecnologia em seu país e pós-graduou-
se em Economia em Genebra, Suíça. Titulou-se
mestre em Gestão no incensado MIT e é doutor
em Serviço Público pelo Cedar Crest College,
ambos nos Estados Unidos. Sua mulher é sueca,
juíza e artista plástica. Na ONU, antes de assumir
o mais alto cargo administrativo, diplomático e
de conciliação, Annan cuidava das operações de
paz, atuando firmemente para a assinatura do
acordo que pôs fim à guerra da Bósnia.
Geraldo Alckmin recebe presente diplomático de Kofi e Nane Annan, observado por Lu Alckmin
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chuan leekPai,Primeiro-ministro da tailândia
A Tailândia, um dos tigres asiáticos, enviou a
São Paulo seu primeiro-ministro, Chuan Leekpai,
chefiando uma comitiva de 51 pessoas dispostas
a fazer negócios. Alckmin o recebeu em audiência
no dia 31 de maio de 1999, acompanhado de
empresários e representantes do governo
tailandês, entre eles três ministros: Supachai
Panitchpakdi, do Comércio, Surin Pitsuwan, das
Relações Exteriores, e Khunying Supatra Masdil,
dos Assuntos Comerciais.
O advogado Chuan Leekpai é versado também
em pintura e escultura. Político desde 1960, foi
ministro de Estado durante vários governos.
Foi primeiro-ministro pela primeira vez em
1992, após a renúncia de um militar acusado de
envolvimento com o narcotráfico. Para o segundo
mandato, foi eleito em 1997.
Até destacar-se economicamente, a Tailândia
passou por poucas e boas. Sua história começa
quando o povo thai foi expulso da China no
século XI, refugiou-se no Sudeste da Ásia e
formou o Reino de Sião. A monarquia tornou-
se parlamentarista em 1932 e, sete anos depois,
mudou para o nome atual. Na Segunda Guerra
Mundial, foi ocupada pelo Japão. Depois, os
militares controlaram o país, alinhando-se
com os Estados Unidos. A estratégia rendeu
um bom fluxo de investimentos para o país,
que, nos anos 1980, promoveu a abertura
comercial e experimentou grande crescimento
econômico. Politicamente, a Tailândia conviveu
com sucessivos golpes de Estado, até atingir a
estabilidade nos anos de 1990.
emil constantinescu,Presidente da romênia
A lista de encontros de Emil Constantinescu
em São Paulo no dia 26 de julho de 2000 era
extensa. Acompanhado de sua mulher, Nadia
Ileana Constantinescu, o presidente romeno
reuniu-se com Geraldo Alckmin no Palácio dos
Bandeirantes. Depois iria encontrar-se com Yves
Marcovitch, reitor da USP, e Horácio Lafer Piva,
presidente da Fiesp. Por fim, visitaria a Mostra
do Redescobrimento, em comemoração aos 500
anos da descoberta do Brasil pelos portugueses.
Integravam a comitiva do presidente Mircea
Ciumara, ministro de Estado e presidente do
Conselho de Cooperação Econômica e Financeira,
Ioan Avram Muresan, ministro da Agricultura e
da Alimentação, Constantin Degeratu, general
de Exército e conselheiro presidencial, e mais 19
pessoas, entre parlamentares, representantes
do Executivo, personalidades da cultura e da
comunidade científica.
Emil Constantinescu seguiu carreira acadêmica em
Direito na Universidade de Bucareste até tornar-
se reitor, nos anos 1990. Fundou a Aliança Cívica,
organização civil dedicada à democratização. Em
1992, presidiu uma coalização de partidos que
o lançou candidato à Presidência, após o fim
da ditadura de Nicolau Ceausescu, mas perdeu.
Em 1996, candidatou-se de novo e venceu,
prometendo a reestruturação do país. Em 2000,
a Romênia tinha inflação superior a 40% e previa
fechar o ano com 12% de desemprego.
Chuan Leekpai, primeiro-ministro da Tailândia, admira o
tucano que acaba de receber do vice-governador
Emil Constantinescu, presidente da Romênia, oferece um
livro ao vice-governador Geraldo Alckmin
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roBerto formigoniPresidente da região da lomBardia, itália
O ano 2000 estava no fim quando Roberto
Formigoni veio a São Paulo. No dia 5 de
dezembro de 2000, o presidente da Lombardia
foi recepcionado por Geraldo Alckmin. Mais
rica, desenvolvida e populosa região da Itália, a
Lombardia possuía na ocasião 21 pólos industriais
e 25 mil empresas que atuavam no comércio
internacional. Desde 1996, o Estado de São
Paulo e a Lombardia mantinham um protocolo
de intenções com o objetivo de promover o
intercâmbio de conhecimentos e colaboração
econômica por meio do desenvolvimento de novos
produtos e serviços, transferência de tecnologia
e capacitação profissional, entre outros itens.
Durante sua visita a São Paulo, Formigoni
agraciou o governador Mario Covas com a
Medalha da Junta Regional da Lombardia. Depois,
na Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade (FEA) da USP, fez uma palestra
defendendo a implementação do federalismo
em oposição ao centralismo, como forma de
modernizar o Estado. Por fim, foi à Fiesp contar
aos empresários paulistas como funcionam os
consórcios de exportação das pequenas e micro-
indústrias italianas.
ramón Bautista mestregovernador de córdoBa, argentina
No dia 2 de dezembro de 1996, Alckmin recebeu
Ramón Bautista Mestre, governador da Província
de Córdoba, Argentina. Mestre fazia uma visita de
cortesia, chefiando uma comitiva composta por
José Porta, ministro da Produção e Trabalho, Maria
Teresa Panetta de Martinez Marull, subsecretária
de Comércio Exterior, Eduardo Silvestre, secretário
de Turismo, Guilhermo Hunt, cônsul-geral, e
Gabriel Martinez, cônsul-adjunto.
Ramón Bautista Mestre combinava duas carreiras:
a acadêmica e a política. Nos anos 1960, enquanto
estudava Odontologia na Universidade Nacional
de Córdoba, era também líder estudantil. Depois
fez mestrado, doutorado e lecionou para futuros
dentistas, ao mesmo tempo em que exercia cargos
públicos, como subsecretário de Saúde Pública
e secretário-geral de governo. Foi deputado
estadual e prefeito da cidade de Córdoba antes
de assumir o governo da Província.
Roberto Formigoni mostra Medalha da
Lombardia a Geraldo Alckmin
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cong fukuivice-governador da ProvÍncia de heBei, china
Representando uma das maiores Províncias
chinesas, Cong Fukui, vice-governador de Hebei,
foi recebido em audiência por Geraldo Alckmin
em 17 de junho de 1998. Fukui chefiava uma
delegação de cooperação econômica e comercial
que buscava entrar em contato com empresários
brasileiros de São Paulo e Goiás. Participaram do
encontro os diretores-adjuntos de departamentos
provinciais Lai Jiuman (Assuntos Exteriores), Cui
Jiangsui (Economia e Comércio Exterior) e Ning
Jingbiao (Finanças), entre outros.
Como Mario Covas, Fukui formara-se engenheiro
e passara para a carreira política. Foi prefeito de
três cidades e vice-governador de Heilongjiang
antes de assumir o mesmo posto em Hebei.
Sexta em importância econômica para a
China, a província de Hebei possui área de 188
mil quilômetros quadrados e uma população
estimada na época em 64,9 milhões de pessoas,
quase meio Brasil. Banhada pelo mar Amarelo,
Hebei conta com vastos recursos naturais, grande
produção de cereais, algodão e óleos vegetais,
além de uma brilhante cultura. É nela que fica
Pequim, a capital do país.
Depois de São Paulo, Fukui iria a Goiás visitar o
governador Luiz Alberto Maguito Vilela e projetos
agropecuários. Seguiria em seguida para o Rio de
Janeiro e, dali, para a Argentina.
Ramón Bautista Mestre, governador de Córdoba, entrega
presente diplomático ao vice-governador paulista
Cong Fukui, vice-governador da Província chinesa de Hebei,
em audiência com Alckmin
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fundação mario covasDirEtOria
Presidente da Fundação Mario Covas Antonio Carlos Rizeque Malufe
Diretor Secretário Luis Sergio Serra Matarazzo
Diretor Tesoureiro Marcos Martinez
CONSELHO CURADOR
Presidente Bruno Covas Lopes
Vice-Presidente Belisário dos Santos Junior
Secretário Marco Vinício Petrelluzzi
Membros Vitalícios Florinda Gomes Covas
Mario Covas Neto
Renata Covas Lopes
Rubens Naman Rizek
Membros Eletivos Edson Tomaz de Lima Filho
Edson Vismona
Fernando Padula Novaes
José da Silva Guedes
Luiz Carlos Frigério
Marcos Arbaitman
Marco Ribeiro de Mendonça
Mauro Guilherme Jardim Arce
Michael Paul Zeitlin
Osvaldo Martins de Oliveira Filho
Sami Bussab
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Odair Aparecido Ribeiro Campos
CENtrO DE mEmória mariO COvas
Coordenação Raquel Freitas
Consultora Arquivística Maria Cristina de Carvalho Pazin
Técnicos Documentalistas Gustavo Molina Turra
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Pesquisadores Pedro Rodrigues de Albuquerque Cavalcanti
Renato de Mattos
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fundação mario covasem revista
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Enio de Freitas
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