CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
VISITANDO O NORDESTE NA WEB: UM ESTUDO SOBRE A COMUNICAÇÃO DOS PORTAIS E SITES TURÍSTICOS
GOVERNAMENTAIS
ROSANA EDUARDO DA SILVA LEAL
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco,
sob a orientação do Prof. Dr. PAULO CARNEIRO DA CUNHA FILHO.
Recife, março de 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
Visitando o Nordeste na web: um estudo sobre a
comunicação dos portais e sites turísticos
governamentais
Rosana Eduardo da Silva Leal
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Comunicação da Universidade
Federal de Pernambuco como
requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre, sob a
orientação da Prof. Dr. Paulo
Carneiro da Cunha Filho.
Recife, março de 2006
A minha mãe, Luziete Eduardo,
pela coragem, paciência e amor
com que conduziu minha
educação. Acima de tudo, por
ter vivido plenamente todos,
absolutamente todos os meus
sonhos, acreditando, antes
mesmo de mim, que valeria a
pena sonhá-los e realizá-los.
A meu querido Fábio, pelo amor,
companheirismo e compreensão
– sobretudo por ter aceitado o
desafio de dividir o nosso
primeiro ano de casamento com
o processo de construção da
dissertação e a preparação para
a seleção do doutorado.
A minha estimada avó Luzinete,
pelas orações, carinho e apoio
incondicional.
AGRADECIMENTOS
- A Jesus, por ter-me permitido concretizar mais um sonho; - Ao Prof. Paulo Cunha, pelo equilíbrio e ética com que conduziu minha
orientação, bem como pela segurança e tranqüilidade que me foram passadas quando eu as havia perdido;
- Ao Prof. Dacier Barros, pelos valiosos ensinamentos acadêmicos, bem como
pelo estímulo e dedicação;
- Ao Prof. Momesso, pelos valores humanísticos transmitidos, os quais busco exercitar a cada dia e guardo com carinho;
- A Diego Rocha do Virtus-UFPE, pelo apoio e disposição em ajudar-me quando
as dúvidas eram maiores que as certezas;
- A José Carlos e Cláudia, pela atenção de sempre, assim como pelo profissionalismo e responsabilidade com que conduzem a Secretaria do PPGCOM;
- À Profa. Luzia Neide, pela delicadeza, carinho e entusiasmo demonstrados em
participar da defesa;
- À Profa. Cristina Teixeira, pelas refinadas avaliações produzidas e pelo exemplo de docente e ser humano que é;
- A Prof. Edgard Rebouças, pela coerência, consistência e profissionalismo
demonstrados na qualificação;
- À Prof. Isaltina Gomes, pela atenção e apoio durante todo o mestrado;
- Aos professores do PPGCOM, que me conduziram a um crescimento não só acadêmico, mas também pessoal e profissional.
“Turismo é um Universo personalizado
de megas e diminutas dimensões,
onde o Inovador busca realizar um
pouco diante dessa infinitude, jamais
vislumbra o fim da espiral especulativa
de suas reflexões, e recomeça sempre
uma nova viagem quando sente a
transformação do Universo em seu
próprio Ser. Bem-vindos a bordo”.
Mário Beni (2002, p.93)
RESUMO
O presente trabalho trata da intrínseca relação existente entre a comunicação e o turismo, mediante estudo dos portais e sites nordestinos. A motivação se deu devido à importância que o ciberespaço tem apresentado para o setor turístico e pela possibilidade de contribuir para a pesquisa acadêmica sobre o tema. A investigação busca entender como o ambiente da internet tem sido utilizado como mecanismo de promoção, informação e prestação de serviços turísticos, a partir das páginas virtuais de organismos oficiais. Para tanto, contou com aportes teóricos da comunicação turística, do turismo e do ciberespaço respectivamente. Como o propósito da pesquisa é examinar de que maneira os governos utilizam a web na comunicação da oferta turística, foram usados como material de análise o conteúdo informacional existente, o repertório representativo dos atrativos naturais e culturais, a interface das home pages e os recursos comunicacionais do ambiente virtual. A hipótese central é que o repertório de promoção e informação governamental ainda não está adaptado ao ambiente multimidiático do ciberespaço, deixando de inserir ferramentas tecnológicas que agregam valor ao conteúdo apresentado. O trabalho faz uma contextualização do desenvolvimento teórico-científico da comunicação turística, traz à reflexão sobre a influência dos recursos comunicacionais na construção da imagem, na divulgação dos destinos e nas experiências de viagens e discute de que forma a internet, com suas ferramentas e especificidades, tem dado uma nova dinâmica à comunicação no âmbito do turismo. Palavras-chave: comunicação turística, internet, portais e sites turísticos.
ABSTRACT
The present work treats of the intrinsic relationship that exists between communication and tourism, through the study of the portals and Internet sites from northeastern Brazil. The motivation was originated by the importance that the cyberspace has presented for the tourist sector and for the possibility it has, to contribute to the academic research on the subject. The investigation seeks to understand as the Internet environment has been used as a promotional, informational and tourist services outsourcing mechanism, starting from the virtual pages of official organisms. For that purpose, it counted on theoretical contributions of “Comunicação Turística”(a line of thought), of tourism itself and of cyberspace respectively. As the objective of the research is to examine how the governments use the web in the communication of the touristic offer, the following analysis material was used the existing informational content, the representative repertoire of the natural and cultural attractions, the interface of the home pages and the communicational resources of the virtual environment. The central hypothesis is that the promotional and governmental information repertoire is not still adapted to the multimedia background of cyberspace. Therefore, it stops the insertion of technological tools, which aggregate value to the presented subject matter. The work contextualizes the theoretical-scientific development of “Comunicação Turística” and makes us reflect on the influence of the communicational resources in the construction of the image, in the publication of the touristic destinations and in the tour experiences. It also discusses how the Internet, with its tools and peculiarities, has given a new dynamics to communication in the field of tourism.
Keywords: “Comunicação Turística”, Internet, portals and tourist sites.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Portal da Bahia ................................................................... 57
Figura 02: Recursos interativos do portal da Bahia .................................. 61
Figura 03: Home page de Sergipe ........................................................ 63
Figura 04: Sub home page destinada ao turismo de Sergipe .................... 63
Figura 05: Deficiências técnicas do site de Sergipe ................................. 65
Figura 06: Portal de Alagoas ................................................................ 66
Figura 07: Logomarca do portal alagoano .............................................. 67
Figura 08: Portal de Alagoas inativo ...................................................... 68
Figura 09: Portal de Pernambuco ......................................................... 70
Figura 10: Logomarca da Paraíba ......................................................... 72
Figura 11: Home page do governo da Paraíba ........................................ 73
Figura 12: Sub home page destinada ao turismo da Paraíba ..................... 73
Figura 13: Primeira página de abertura do site do Rio Grande do Norte ...... 75
Figura 14: Segunda página de abertura do site do Rio Grande do Norte ..... 75
Figura 15: Site do Rio Grande do Norte ................................................. 76
Figura 16: Sinalização turística presente no site do Rio Grande do Norte .... 77
Figura 17: Logomarca do Ceará ........................................................... 78
Figura 18: Portal do Ceará .................................................................. 79
Figura 19: Site do Piauí no início da pesquisa ......................................... 81
Figura 20: Site do Piauí redefinido durante a pesquisa ............................. 81
Figura 21: Logomarca do Maranhão ...................................................... 83
Figura 22: Mapa da Região do Quilombos no portal de Alagoas.................. 122
Figura 23: Culinária baiana .................................................................. 123
Figura 24: Baiana na Festa de Iemanjá ................................................. 125
Figura 25: Micarande .......................................................................... 128
Figura 26: Culinária junina .................................................................. 129
Figura 27: Dendê baiano ..................................................................... 130
Figura 28: Bebidas tropicais nordestinas ............................................... 131
Figura 29: Sincretismo religioso ........................................................... 133
Figura 30: Paraíba – o popular e o erudito em equilíbrio ........................... 134
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Sites, portais e órgãos governamentais pesquisados ................. 15
Quadro 2: Conteúdo promocional do Maranhão ....................................... 84
Quadro 3: Home pages e páginas virtuais do Maranhão ........................... 85
Quadro 4: Segmentação da oferta turística nos sites e portais................... 101
Quadro 5: Brincantes nordestinos.......................................................... 126
Quadro 6: Álbum virtual do Maranhão.................................................... 136
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APA’s – Áreas de Proteção Ambiental
BAHIATURSA - Empresa de Turismo da Bahia S/A
EMPETUR - Empresa de Turismo de Pernambuco
FACOM – Faculdade de Comunicação
FUNCEME - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
FUNESC – Fundação Espaço Cultural
NE - Nordeste
OMT – Organização Mundial do Turismo
ONU – Organização das Nações Unidas
PIEMTUR - Empresa de Turismo do Piauí
PNMT – Programa Nacional de Municipalização do Turismo
PNT – Plano Nacional de Turismo
PPGCOM - Programa de Pós-Graduação em Comunicação
RN – Rio Grande do Norte
RPPN’s – Reservas Particulares do Patrimônio Natural
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
W3C - WorldWide Web Consortium
WEB - World Wide Web
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................. 13
1. DIMENSÕES CONCEITUAIS DO TURISMO ..................................... 26
1.1 Dimensões classificatórias ......................................................... 28
1.2 Oferta Turística ........................................................................ 33
1.3 Componentes da Oferta Turística ................................................ 33
1.4 Singularidades do Produto Turístico ............................................ 35
2. UMA ABORDAGEM CONCEITUAL-REFLEXIVA SOBRE A RELAÇÃO DA
COMUNICAÇÃO COM O TURISMO ..................................................... 38
2.1 Comunicação turística ............................................................... 41
2.2 O papel da imagem no turismo .................................................. 47
3. A INTERFACE DOS PORTAIS E SITES TURÍSTICOS NORDESTINOS 53
3.1 Análise da interface dos portais e sites ........................................ 56
3.1.1 Bahia ................................................................................ 56
3.1.2 Sergipe ............................................................................. 62
3.1.3 Alagoas ............................................................................. 65
3.1.4 Pernambuco ....................................................................... 69
3.1.5 Paraíba ............................................................................. 71
3.1.6 Rio Grande do Norte ........................................................... 74
3.1.7 Ceará ............................................................................... 77
3.1.8 Piauí.................................................................................. 80
3.1.9 Maranhão .......................................................................... 82
4. A COMUNICAÇÃO TURÍSTICA NA WEB: UMA ANÁLISE DO CONTEÚDO
INFORMACIONAL DOS SITES E PORTAIS NORDESTINOS ................. 87
4.1 Informações geográficas ........................................................... 92
4.2 Previsão do tempo ................................................................... 93
4.3 Informações histórico-culturais .................................................. 94
4.4 Recomendações de viagem ........................................................ 94
4.5 Informações institucionais ......................................................... 95
4.6 Informações para públicos específicos ......................................... 96
4.7 Telefones úteis ........................................................................ 97
4.8 Programação cultural ................................................................ 98
4.9 Calendário de eventos .............................................................. 99
4.10 Segmentação da oferta turística ............................................... 100
4.11 Transportes ........................................................................... 101
4.12 Vias de acesso e distância entre capitais e municípios .................. 102
5. O PAPEL DO MEIO AMBIENTE NATURAL NA REPRESENTAÇÃO DOS
ESTADOS NORDESTINOS: VELHOS E NOVOS PARADIGMAS .............. 104
5.1 Destinos turísticos:velhos e novos paradigmas ............................. 107
5.2 A concepção do turismo sustentável na promoção do Nordeste ....... 111
5.3 As modalidades do turismo sustentável ....................................... 113
5.4 O sertão redescoberto nos portais e sites ..................................... 115
6. O NE CULTURAL NA WEB: A REGIÃO DA CULTURA POPULAR ........ 118
6.1 Cultura popular e folclore: discussões teóricas .............................. 119
6.2 O Nordeste da cultura popular ................................................... 121
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 137
REFERÊNCIAS ................................................................................. 148
APÊNDICES
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SITES TURÍSTICOS GOVERNAMENTAIS
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Introdução
A sociedade contemporânea vem dispondo de considerável arsenal de
dados informativos jamais compartilhados antes, o que cada vez mais tem permitido
a inserção de repertórios de localidades turísticas, por meio de modos de
comunicação que foram ampliados de forma excepcional à capacidade de produção,
acumulação e veiculação de dados e informações. Isso permite que os bens
simbólicos já não escapem da subordinação à nova prática econômica, fato que
alimenta o imaginário da maior parte dos seres humanos de todas as etnias, religiões
e classes sociais.
A informação eletrônica pela web tornou-se fundamental no setor turístico,
o que faz com que o estudo sobre o uso da internet pelo setor torne-se um novo
campo de estudo e investigação não só pelas suas potencialidades comunicacionais e
audiovisuais, mas também pela transformação que se estabelece na informação e
promoção turística. Esse veículo vem se tornando uma extensão de empresas
públicas e privadas do segmento, configurando-se como uma importante ferramenta
de divulgação dos destinos.
Na contemporaneidade, as narrativas dos viajantes deram espaço à
aparência virtual dos mais diversos recantos e civilizações, ampliando rapidamente a
aproximação dos “[...] grupos humanos que até recentemente se valiam da distância
como manto protetor de suas singularidades” (WAINBERG, 2003, p. 45).
As páginas virtuais passam a disponibilizar uma infinidade de dados sobre a
oferta turística local. Para tanto, há uma plena necessidade de se fazer uma reflexão
sobre como as empresas turísticas governamentais têm desenvolvido a comunicação
turística na web para informar, promover e divulgar as localidades.
Nos últimos anos, a promoção turística oficial tem se modificado
substancialmente devido à influência da tecnologia da informação. Isso se deve,
sobretudo, ao fato de os governos atentarem para a necessidade de se moldar ao
contexto político, econômico e tecnológico da atividade turística. Desse modo, os
órgãos oficiais vêm utilizando modernos processos comunicativos para melhor
desenvolver o marketing e o sistema informacional de suas localidades.
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A pesquisa buscará compreender como ocorre a articulação entre os bens
culturais locais e a cultura universalizante da internet. A partir daí, será discutido o
conteúdo apresentado no ambiente virtual, por meio da análise dos múltiplos
repertórios, narrativas e hibridações inseridas nas representações dos recursos
naturais e culturais, utilizando-se de recursos comunicacionais e tecnológicos
característicos do ciberespaço.
A pesquisa tem como objeto de estudo os sites e portais turísticos
governamentais nordestinos, constituídos por páginas virtuais de empresas oficiais,
secretarias, agências e gerências de turismo.
A escolha dos endereços eletrônicos se deu pela importância, conteúdo e
representatividade das páginas virtuais. Observou-se que as home pages1 dos
organismos governamentais permitem um estudo mais aprofundado da
representação turística dos Estados nordestinos, principalmente pelo papel que
exerce na condução da comunicação oficial destinada aos seus diversos públicos.
1 “Página projetada como ponto de entrada para navegar em um site” (OMT, 2003, p.270). “Página de abertura de um serviço na Internet. É a página inicial de um site. A partir da home page pode-se acessar as demais páginas do site” (FURASTÉ, 2002, p.108).
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Quadro 1: Sites, portais e órgãos governamentais pesquisados
Estado
URL2
Órgão Governamental
Responsável
Classificação
Bahia
<http://www.bahia.com.br>
BAHIATURSA – Empresa de Turismo da
Bahia S/A
Portal
Sergipe <http://www.turismosergipe.net> Secretaria de Estado de Turismo de Sergipe
Site
Alagoas
<http://www.visitealagoas.al.gov.br>
Secretaria Executiva de Turismo do Estado de
Alagoas
Portal
Pernambuco
<http://www.empetur.com.br>
EMPETUR - Empresa de Turismo de Pernambuco
Portal
Paraíba <http://www.Paraíba.pb.gov.br> Agência Paraibana de Turismo S/A
Site
Rio G. do
Norte
<http://www.setur.rn.gov.br>
Secretaria de Turismo do Estado do Rio Grande do Norte
Site
Ceará <http://www.setur.ce.gov.br> Secretaria do Turismo do Estado do Ceará
Portal
Piauí <http://www.piemtur.pi.gov.br> PIEMTUR-Empresa de Turismo do Piauí
Site
Maranhão <http://www.turismo.ma.gov.br> Gerência de Turismo do Maranhão
Portal
Neste estudo, os termos portal e site serão utilizados para designar
características distintas. No portal, a possibilidade de interação do usuário é maior
que no site, podendo abrigar várias páginas virtuais. Sua terminologia é utilizada
justamente para identificá-la como a porta de entrada para outros sites. Um portal
reúne sites, e sites reúnem páginas. O site, basicamente, é o conjunto de páginas
virtuais que disponibiliza arquivos na internet.
Conforme já foi dito anteriormente, o ciberespaço – como novo ambiente
comunicacional no turismo – vem ampliando suas possibilidades técnicas e
audiovisuais no contato com as demandas turísticas, sendo cada vez mais utilizado
por empresas públicas e privadas da área.
No sentido mercadológico, a internet proporciona hoje uma multiplicidade
de serviços que facilita e amplia o contato de empresas turísticas com seus clientes –
2 “Sigla para Uniform Resource Locator. O URL é o termo comum usado para indicar um endereço na internet” (OMT, 2003, p.271).
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principalmente hotéis, agências de viagens e empresas aéreas – que têm substituído
vários serviços existentes. É o caso, por exemplo, da comercialização de bilhetes
aéreos que anteriormente só eram comercializados diretamente nas companhias de
aviação e/ou agências de viagens e hoje são vendidos também pela web3.
As pesquisas científicas não acompanham o ritmo do mercado, em face de
o ciberespaço ainda vir se estabelecendo como um novo campo de estudo. Por isso,
diante desse contexto, o problema de pesquisa que se estabelece neste trabalho é
buscar compreender como os governos da Região Nordeste utilizam a web como
meio de informação e promoção da oferta turística dos destinos.
O principal objetivo da investigação é analisar os recursos de comunicação,
informação e promoção dos portais e sites turísticos governamentais nordestinos.
Para isso, buscou-se:
• Avaliar o conteúdo informacional turístico apresentado;
• Elencar os elementos mais representativos que figuram como atrativos
naturais situados nos Estados nordestinos, mediante a identificação dos
tipos, espaços e modalidades turísticas ligadas à natureza, para
compreender as características naturais promovidas pelos organismos
da Região;
• Pesquisar os elementos constitutivos da cultura popular dos Estados
nordestinos, comparando-os e relacionando-os pelas proximidades e
distinções apresentadas;
• Analisar a interface dos portais e sites, utilizando como parâmetros
aspectos como acessibilidade, navegabilidade, interatividade,
multiplicidade, conectividade e tratamento de erros.
3 “Abreviação de World Wide Web, também conhecida simplesmente como WWW. A web é a parte da Internet formatada por sites da Web” (OMT, 2003, p.271).
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As hipóteses inicialmente lançadas são:
• Há uma predominância de política governamental direcionada para o
turismo de “sol e praia” em relação às outras modalidades turísticas
ligadas aos recursos naturais;
• Ocorre uma homogeneização dos conteúdos da cultura popular
nordestina, o que não permite identificar as singularidades encontradas
em cada Estado;
• Os recursos comunicacionais e informacionais ainda são utilizados de
forma restrita, não havendo um tratamento adequado ao ambiente
virtual;
A intensa necessidade de informações em relação ao turismo se dá
principalmente pelas características intrínsecas do produto turístico, que, por ser
abstrato, precisa da presença do cliente no local. Isso faz com que o visitante
necessite obter uma maior e mais confiável quantidade de informações para efetuar
escolhas de serviços de qualidade e segurança. Essas informações podem ser obtidas
em várias fontes, ou seja, empresas prestadoras de serviços turísticos, agências e
operadoras, meios de comunicação e/ou organismos oficiais de turismo, sendo este
último o objeto de estudo do presente trabalho.
As informações turísticas, que podem ser disponibilizadas tanto por meios
impressos como também por meios eletrônicos, servem principalmente para
possibilitar ao visitante a condição de fazer escolhas adequadas ao perfil da sua
viagem, antes e durante a permanência no destino. Para os viajantes que organizam
suas viagens de forma independente, ou seja, sem o uso de serviços de empresas
intermediárias, como agências de viagens e operadoras de turismo, é um
instrumento que possibilita redução de riscos durante a viagem e maximização de
usufruto da localidade visitada.
Sheldon4 (apud O’CONNOR, 2001, p. 13) descreve que a informação é a
“força vital” da atividade turística.
4 Sheldon, P. Destination information systems. Annals of Tourism Research 20, p. 633-649.
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Assim sendo, o acesso a informações precisas, confiáveis e relevantes é essencial para ajudar os viajantes a fazer uma escolha apropriada, uma vez que eles não podem pré-testar o produto e receber facilmente seu dinheiro de volta se a viagem não corresponder às suas expectativas.
Os sistemas informacionais no turismo estão num contínuo processo de
evolução, buscando uma adequação ao mercado. Por isso, apresentam uma
variedade de modelos, conteúdos e características, moldados com base na
necessidade de cada localidade. No presente estudo, os parâmetros para a análise da
eficácia informacional dos portais e sites pesquisados foram identificados
antecipadamente, a partir de elementos pertencentes à oferta turística e por meio de
informações pertinentes aos visitantes no período de planejamento e vivência da
viagem.
Outra preocupação que norteia este estudo fundamenta-se na
compreensão de como ocorre a promoção turística oficial na internet, tomando como
parâmetro os conteúdos referentes aos atrativos naturais e culturais. O tratamento
comunicacional e audiovisual também é levado em consideração pela importância
desses recursos para a manutenção e atratividade das páginas virtuais.
Trata-se de um tema instigante, ao se perceber a relação cada vez mais
constante do turismo com as novas tecnologias, fato que possibilita redefinições
quanto aos significados, conteúdos e leituras das localidades turísticas quando
inseridas em novos espaços comunicacionais.
O turismo tem na web a possibilidade de ampliação de divulgação dos
destinos, utilizando-se de novas roupagens tecnológicas. As imagens, apresentadas
de forma estática na folheteria ou pôsteres, ganham movimento nas páginas virtuais
em forma de vídeos, cartões e lembranças das localidades, ferramentas de
interatividade e de animação amplamente utilizadas.
A contribuição do trabalho para o turismo se dá pelo fato de o ciberespaço
ser atualmente mais um instrumento de motivação de viagens turísticas, por meio
da aproximação das experiências virtuais e reais, o que possibilita a qualquer
indivíduo antecipar-se diante da oferta e dos serviços turísticos da localidade que
pretende conhecer.
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O desenvolvimento do trabalho foi orientado por discussões teóricas de
temas como:
• O turismo na contemporaneidade;
• O ambiente virtual, a cibercultura e seus recursos tecnológicos;
• A inserção dos aportes comunicacionais na atividade turística;
• O papel dos bens culturais no turismo;
• O meio ambiente como fator influenciador dos fluxos turísticos mundiais.
Espera-se que esta reflexão científica seja uma contribuição introdutória ao
tema, do ponto de vista da comunicação, mediante a possibilidade de novas
intervenções e abordagens que darão continuidade ao objeto de estudo, permitindo
assim novos olhares dos diversos campos científicos.
As análises foram feitas tanto com conteúdo apresentado na rede, ou seja,
on line, quanto fora, off line A análise on line se deu pela necessidade de investigar o
processo de acessibilidade das páginas e seus respectivos aspectos comunicacionais.
Houve também a captura e gravação de material para análise posterior sobre os
elementos referentes aos recursos naturais e culturais dos destinos.
Como a presente investigação contemplou o ambiente virtual, que é por
natureza um espaço em constante mudança, optou-se por gravar as páginas virtuais
pesquisadas, a fim de se reduzir a possibilidade de contratempos que inviabilizassem
a produção do trabalho. Mesmo optando por ações preventivas que garantissem a
continuidade da investigação, observou-se o não-funcionamento do portal de
Alagoas, que primeiramente mudou de endereço eletrônico e por muitas vezes deixou
de funcionar, impossibilitando a análise de alguns recursos avaliados.
A falta de uma única metodologia que pudesse contemplar os objetivos da
pesquisa também figurou inicialmente como um impasse. Isso estimulou o
agrupamento de metodologias distintas que atingissem as necessidades de cada fase
da investigação.
Foram utilizados os parâmetros de análise de portais turísticos da OMT –
Organização Mundial do Turismo, que serviram para adaptar as metodologias à
realidade da comunicação turística virtual e identificar elementos capazes de
possibilitar um bom funcionamento de sites e portais governamentais turísticos.
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A escolha do corpus – que na primeira impressão pareceu
substancialmente extenso pelo número de páginas visitadas – ocorreu devido à
heterogeneidade do conteúdo, que permitiria tornar a análise mais consistente.
Temeu-se inicialmente a escolha de alguns portais e sites que não tivessem a devida
variedade de mecanismos informacionais, promocionais e tecnológicos para análise.
Durante a investigação, constatou-se que a escolha de um site ou portal de
cada Estado nordestino constituiu número ideal para se ter a dimensão da
comunicação que vem se estabelecendo na web no contexto da Região, o que
possibilitaria ter uma visão dos repertórios culturais, naturais, promocionais e
informacionais.
Não houve a possibilidade de concentrar a investigação na imagem ou no
texto, uma vez que foi encontrada em alguns portais e sites a concentração de um
desses aspectos na condução da informação e divulgação dos destinos, causando – se
houvesse tal escolha – a redução do conteúdo para análise.
De acordo com Cunha (2004), a pesquisa pode ser subdividida em fase
decisória, construtiva e redacional. A fase decisória, ou seja, de escolha do tema,
definição e delimitação do problema ocorreu em julho.
A fase construtiva, que se refere ao processo de execução da pesquisa,
ocorreu nos meses de agosto de 2005 a janeiro de 2006, quando foram aplicados os
formulários de observação. A fase redacional, momento em que foi desenvolvida a
análise dos dados colhidos, iniciou-se no fim de setembro, concluindo-se em fevereiro
com a produção de relatórios de pesquisa e, posteriormente, artigos científicos que
abrangeram cada momento da investigação. Estes últimos foram produzidos tanto
para construir os capítulos da dissertação quanto para apresentação e/ou publicação
em eventos e revistas científicas.
Segundo a abordagem do problema, a pesquisa é de caráter quantitativo e
qualitativo. A investigação quantitativa foi realizada, no primeiro momento, pela
necessidade de compreensão dos repertórios específicos da oferta turística, com a
utilização de formulários de observação que identificaram a freqüência de
informações nos portais e sites, permitindo a investigação objetiva dos dados (ver
Apêndices). No segundo momento, teve-se a análise do repertório capturado, de
caráter qualitativo, agregando informações que não foram contempladas nos
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formulários, o que permitiu a compreensão dos elementos mais representativos e
suas respectivas significações na condução da informação e promoção turística dos
destinos pesquisados. Foram analisadas também as implicações da inexistência de
certos dados essenciais para os usuários das páginas virtuais.
Quanto aos objetivos, a investigação inicialmente se desenvolveu por meio
de pesquisa exploratória e posteriormente a partir de pesquisa descritiva.
Inicialmente a pesquisa teve caráter exploratório, sobretudo pela necessidade de
produzir interrogações preliminares sobre o objeto, identificando pressupostos
teóricos, critérios de avaliação e questões operacionais que deveriam orientar o
trabalho de observação, buscando explicitar o problema e aprofundar as idéias do
que seria analisado. Foi nessa fase que ocorreu a escolha dos sites e portais que
fariam parte da investigação, bem como as páginas virtuais que seriam gravadas
para permitir maior segurança durante a pesquisa. A seleção do corpus ocorreu pela
identificação das home pages de cada Estado, sobretudo aquelas que serviam tanto
para informar quanto para promover a destinação turística. Esse primeiro momento
ocorreu nos meses de julho e agosto de 2005.
A pesquisa descritiva foi utilizada no segundo momento para observar,
registrar, analisar e correlacionar as informações coletadas. Buscou-se descrever
características do conteúdo apresentado e dos elementos promocionais,
comunicacionais e tecnológicos utilizados, estabelecendo relações entre eles pelas
diferenças e proximidades encontradas.
Como a investigação foi desenvolvida no ambiente virtual, utilizou-se de
observação sistemática como principal técnica de coleta de dados. Esta última foi
aplicada de forma estruturada, por meio da identificação de elementos relevantes
com a utilização de formulários de observação. Foi utilizado também o caderno de
campo para a inserção de conteúdos não contemplados nos formulários.
Para analisar o conteúdo pertinente às informações turísticas, foram
escolhidos aleatoriamente alguns componentes da oferta turística – já que não seria
possível contemplar todos as informações existentes. Os dados pesquisados foram:
a) Informações geográficas;
b) Previsão do tempo;
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c) Informações histórico-culturais;
d) Recomendação de viagem;
e) Informações institucionais;
f) Informações para públicos específicos;
g) Telefones úteis;
h) Programação cultural;
i) Calendário de eventos;
j) Segmentação da oferta turística;
k) Transportes;
l) Vias de acesso e distância entre capitais e municípios.
Para analisar as informações sobre os atrativos turísticos naturais e
culturais, buscou-se perceber quais os elementos da natureza e da cultura nordestina
mais relevantes na divulgação e informação dos destinos turísticos da Região. Assim,
foram utilizados quatro formulários (ver Apêndices I,J,L,M,N) para contemplar os
elementos pertinentes ao repertório avaliado.
A análise da interface os critérios apresentados no artigo “Cidade,
Tecnologia e Interface. Análise de Interfaces de Portais Governamentais Brasileiros.
Uma Proposta Metodológica”, coordenado pelo Profº André Lemos, da Facom/UFBA,
em que foram elaboradas questões que devem ser avaliadas nos portais e sites
visitados, levando-se em conta critérios que permitem um bom funcionamento de
uma home page governamental. Lemos (2004, p. 09) esclarece que:
Por avaliação de interface baseada na Web, entende-se, resumidamente, qualquer método de análise crítica que objetive a observação de dados empíricos em web sites a partir de um modelo de verificação previamente formulado. Em geral, empregam-se métodos de inspeção que se caracterizam pela não-participação direta dos usuários finais do sistema no processo de verificação. Os avaliadores se baseiam em regras, recomendações, princípios e/ou conceitos preestabelecidos (Melchior5, 1996 apud Lemos) para identificar, por observação direta, os problemas da interface de um web site.
5 MELCHIOR, E. et al. Usability Study: Handbook for practical usability engineering in TE projects. Brussels-Luxembourg: ECSC-EC-EAEC, 1996.
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Foi utilizado, também, como mecanismo de análise a proposta
desenvolvida pelo Profº André Neves, referente ao projeto “Análise de Alternativas”,
desenvolvido em 1997 para o programa de pós-graduação em Ciências da
Computação, do Departamento de Informática da UFPE.
Os critérios de avaliação utilizados na pesquisa dizem respeito aos aspectos
ligados à acessibilidade, navegabilidade, interatividade, multiplicidade, conectividade
e tratamento de erros, elementos utilizados nos dois estudos anteriormente
apresentados (ver Apêndices A, B, C, D, E, F, G).
• Acessibilidade: trata-se de um conceito complexo que pode ser definido
de acordo com a área no qual o termo está sendo usado. A acessibilidade no
espaço virtual pode ser definida como aspecto que reúne elementos que
permitem o primeiro contato com o usuário. O W3C6 “[...] define a noção de
acesso universal como sendo a possibilidade para todos os indivíduos de
acessar os recursos da web, qualquer que seja seu material ou computador,
sua rede de infra-estrutura, seu idioma materno, sua cultura, sua localização
geográfica ou suas atitudes físicas ou mentais”. O critério avaliado no trabalho
foi a visibilidade na web, que busca verificar a presença dos endereços
eletrônicos nos principais sites de busca do Brasil, nesse caso representados
pelo Google, Yahoo Brasil!, Radar UOl e MSN, bem como o uso de versões da
home page em outros idiomas.
• Navegabilidade: está relacionado à possibilidade de mobilidade do
usuário nas páginas internas da home page. Lemos (2004) especifica três
agrupamentos de questões referentes a: página de entrada no site, indicadores
de contexto e localização e ferramentas adicionais de auxílio à navegação.
6 WorldWide Web Consortium - desenvolve tecnologias para a interoperabilidade por meio de especificações, diretrizes, software e ferramentas, com o objetivo último de trabalhar a Web ao seu potencial máximo. Disponível em: <http://www.vecam.org>. Acesso em: 25.jun.2005.
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• Interatividade: esse critério permite que o usuário possa interferir e
interagir no conteúdo apresentado nas páginas virtuais, além de poder
registrar suas opiniões.
• Multiplicidade: trata-se de disponibilizar para a utilização do usuário
vários elementos estimuladores para a transmissão da imagem, tais como:
sons, textos, vídeos, imagens estáticas e/ou em movimento.
• Conectividade: segundo Neves (1997), são interligações, também
chamadas de links7, explícitos entre diferentes sistemas, que permitem a
inserção de portas que possibilitam novas narrativas sobre o assunto
apresentado.
• Tratamento dos erros: preocupa-se em sanar problemas funcionais na
home page e garantir uma utilização adequada. A partir dessa preocupação,
tem-se muitas vezes a disponibilização de mecanismos comunicacionais para
que o usuário possa estabelecer contato com o organismo turístico na busca da
solução de problemas. Muitas vezes os sites e portais disponibilizam canais de
comunicação diversos, tais como: e-mail8, chat9, comunicação com o
webmaster10 ou apresentando páginas de auxílio aos usuários.
7 “Texto ou imagem em uma página da Internet. Quando se clica nele, o usuário é levado a outra página” OMT, 2003, p. 270).
8 “Correio eletrônico ou e-mail é o sistema de comunicação baseado no envio e no recebimento de mensagens eletrônicas via Internet. Indica tanto o ambiente da Internet onde você envia mensagens eletrônicas como a própria mensagem eletrônica em si” (Disponível em: <http://www.aisa.com.br/diciona.html>. Acesso em: 01.mar.2006).
9 “Chat - significa conversar pela Internet através de textos” (Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/dicionario/>. Acesso em 01.mar.2006).
10 “Indivíduo que gerencia um site” (Disponível em: <http://www.aisa.com.br/diciona.html>. Acesso em: 01.mar.2006).
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A home page também foi inserida neste estudo como espaço que agrega os
diversos aspectos anteriormente citados.
O trabalho encontra-se distribuído em seis capítulos, respectivamente. Na
introdução são apresentados os elementos que compuseram o projeto de pesquisa
para dar subsídios ao desenvolvimento da pesquisa, como o objeto de estudo, a
apresentação do problema, objetivos, hipóteses, importância do tema, critérios de
análise e estrutura do trabalho.
No capítulo 1, buscou-se contemplar as singularidades da atividade
turística mediante as dimensões conceituais e classificatórias do produto turístico e
suas características. No capítulo 2, tem-se uma abordagem conceitual-reflexiva sobre
a relação da comunicação com o turismo, por meio da discussão sobre a comunicação
turística e a relação da imagem com o turismo.
Nos capítulos 3, 4, 5 e 6, são apresentados os resultados da pesquisa.
Primeiramente, tem-se a análise dos aspectos comunicacionais (capítulo 3), logo após
há a discussão sobre o conteúdo informacional turístico dos sites e portais (capítulo
4), e em seguida o papel do meio ambiente e da cultura popular na promoção dos
destinos nordestinos (capítulos 5 e 6, respectivamente).
Nas considerações finais, são encontradas as respostas sobre as hipóteses
formuladas e as reflexões conclusivas diante das análises produzidas nos capítulos
anteriormente citados.
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Capítulo 1 Dimensões Conceituais do Turismo
Como atividade em intenso processo de desenvolvimento conceitual-
reflexivo, a definição do turismo constitui um tema ainda controverso, principalmente
pela diversidade de propostas que buscam esclarecer esse complexo fenômeno.
Trata-se de uma atividade socioeconômica de caráter multidisciplinar, que favorece a
ausência de definições conceituais claras para delimitar a atividade e distinguir seus
setores (OMT, 2001).
O turismo está intimamente ligado ao próprio sentido etimológico do termo
“tour”, que significa viagem em circuito; deslocamento de ida e volta. Em francês,
significa apenas “movimento circular”. Os ingleses formaram, no século XVIII, as
terminologias “tourism” e “tourist”, dando sentido atual ao conceito. Normalmente
são encontradas três correntes conceituais para buscar compreender o setor,
agregando concepções econômicas, técnicas e holísticas.
A primeira preocupa-se primordialmente com
A soma das operações, principalmente de natureza econômica, que estão diretamente relacionadas com a entrada, permanência e deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou região (SCHULLERN11 apud BENI, 2003, p. 34).
Na perspectiva econômica, o turismo é compreendido como indústria de
viagens e lazer, que favorece os negócios e o comércio dos mais variados produtos e
serviços. É representado também pelo conjunto de transações (compra e venda de
bens e serviços turísticos) efetuadas entre os agentes do setor.
As abordagens técnicas são utilizadas principalmente para fins estatísticos.
Surgiu a partir do momento que as empresas e organizações governamentais
passaram a pesquisar o mercado turístico, necessitando de definições que
favorecessem a mensuração do fluxo de visitantes e permitissem distinguir as
11 Herman von Schullern foi o primeiro estudioso, segundo Mário Beni, a dar uma definição de turismo sob a ótica econômica, em 1910.
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viagens turísticas das demais, bem como os turistas em relação aos outros
viajantes12, por meio de um embasamento conceitual unificado. Essas definições
foram oficialmente adotadas pela ONU – Organização das Nações Unidas – e
posteriormente publicadas pela OMT, em 1995. Nesse sentido, o turismo é
compreendido como
[...] as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras (OMT, 2001, p.38).
As definições holísticas “[...] procuram abranger a essência total do
assunto” (OMT, 2001, p. 36), reconhecendo o turismo como um campo de estudo
multi e interdisciplinar que incorpora teorias e conceitos de áreas afins, como da
comunicação, antropologia, psicologia, geografia, sociologia, ciência política, entre
outras. O presente trabalho segue as concepções holísticas do turismo, concordando
com a visão de Jafar Jafari13, quando diz que
É o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades e dos impactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e sociocultural da área receptora (apud IGNARRA, 2003, p. 12).
Ele acredita que a amplitude do turismo ultrapassa a economia e
desencadeia uma série de práticas, influências e conseqüências nos mais variados
aspectos, tanto nos centros emissores quanto receptores, tornando-se assim mais um
campo de estudo para a compreensão da realidade da sociedade contemporânea.
Beni (2003) identifica alguns elementos essenciais da atividade, que
normalmente se encontram presentes nas muitas definições do Turismo.
• Viagem ou deslocamento: para haver turismo, deve haver deslocamento
físico do núcleo emissor para o núcleo receptor. Trata-se de um elemento
essencial para que a atividade aconteça, que tem na sua essência conceitual a
12 Exemplo de outros viajantes: tripulantes, migrantes e trabalhadores temporários. 13 Editor-chefe da revista Annals of Tourism Research e editor da Tourism Social Science Serie e da Encyclopedia of Tourism, doutor em Antropologia Cultural, professor da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos.
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mobilidade. Para que isso ocorra, é necessário que o indivíduo tenha tempo
livre, recursos financeiros e motivação para realizar a viagem.
• Permanência fora do território domiciliar: a viagem deve ocorrer longe
do local cotidianamente utilizado para moradia. Excluem-se nesse caso as
viagens dentro da área habitual de residência e os deslocamentos regulares
entre o domicílio e o local de trabalho.
• Temporalidade: o viajante deve ter como princípio que sua viagem terá
uma permanência temporária no local visitado, não devendo fixar residência.
Para fins estatísticos, considera-se turista aquele que permanece mais de 24
horas no local visitado. Caso haja a visitação com características turísticas de
menos de 24 horas, tem-se o excursionista, que utiliza os mesmos serviços e
equipamentos turísticos, mas que não atinge o tempo mínimo para ser
considerado turista efetivamente. Trata-se de uma concepção utilizada pela
OMT destinada às pesquisas de demanda turística desenvolvidas pelos órgãos
oficiais do setor, buscando padronizar o conceito de turista nos vários países-
membros dessa organização. Existem algumas divergências quanto ao tempo
máximo de estada, que pode variar de um mês a um ano.
• Objeto do turismo: Trata-se das empresas turísticas que fornecem os
equipamentos e prestam serviços à demanda turística, sendo responsável pela
produção, preparação e distribuição dos bens e serviços. Pode-se acrescentar
nesse campo empresas como agências, operadoras, hotéis, locadoras,
organismos oficiais de turismo, entre outros.
1.1 Dimensões classificatórias
O turismo, como fenômeno social, dinâmico e complexo, pode ser
apresentado de maneira diversificada, à medida que as motivações turísticas
divergem. Sendo assim, buscar-se-á, diante da extensão da classificação existente,
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identificar apenas as que foram contempladas durante pesquisa, a partir de
adequações de classificações estabelecidas por autores como Mário Beni (2003) e
Margarita Barretto (2002).
a) Quanto à motivação dos viajantes:
• Ecoturismo: é o turismo desenvolvido em localidades com potencial
ecológico, de forma conservacionista, procurando conciliar a exploração
turística com o meio ambiente, harmonizando as ações com a natureza, bem
como oferecendo ao turista um contato íntimo com os recursos naturais e
culturais da região, contribuindo para a formação de uma consciência
ecológica. Modalidade turística que tem sido promovida freqüentemente pelas
páginas virtuais pesquisadas como opção de desenvolvimento sustentável para
o turismo nos Estados nordestinos.
• Turismo Rural: é o turismo desenvolvido no meio rural, mediante o
deslocamento de pessoas, com roteiros programados ou espontâneos, para
fruição dos cenários e instalações rurícolas. Os Estados nordestinos ainda
promovem pouco essa modalidade, que, no caso dessa Região, está
diretamente ligada às fazendas, engenhos e ranchos que vêm se adaptando
para receber a demanda turística.
• Turismo de Eventos: aquele que promove feiras, congressos e grandes
espetáculos, envolvendo atividades normalmente ligadas a uma determinada
categoria profissional ou datas comemorativas específicas. No âmbito
profissional, tem sido divulgado sobretudo pela presença dos centros de
convenções na informação turística das home pages. Quanto aos eventos
comemorativos, os Estados nordestinos promovem essa modalidade por
intermédio do calendário de eventos existente.
• Turismo de Negócios: atividade ligada às pessoas do meio empresarial,
que viajam a negócios e necessitam de uma estrutura hoteleira com tecnologia
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de ponta e um alto padrão de qualidade. Essa forma de turismo foi
praticamente banalizada pela promoção e divulgação governamental, estando
presente em apenas dois Estados (Bahia e Ceará).
• Turismo Cultural: tem como principal produto turístico o legado histórico
e cultural do homem em distintas épocas, representado pelos bens materiais e
imateriais. Assim como o ecoturismo, o turismo cultural mantém-se presente
nas home pages mediante a relação dos Estados com a cultura popular e o
patrimônio arquitetônico.
• Turismo Religioso: é aquele motivado pela fé ou necessidade de cultura
religiosa, seja por meio da visitação a igrejas e santuários, seja por
peregrinação, romarias e congressos eucarísticos. O Estado que se destacou
nessa modalidade foi o Ceará, que dispõe de dois centros de peregrinação
situados nos municípios de Juazeiro do Norte e Canindé.
• Turismo da Melhor Idade: turismo direcionado para pessoas idosas, que
vem expandindo a cada dia seus horizontes com eventos, atividades culturais e
de lazer – apenas presente nos Estados de Pernambuco e Ceará, por
intermédio do Clube da Melhor Idade, projeto criado pela EMBRATUR, que
deveria ser promovido por todos os Estados nordestinos.
• Turismo de Aventura: “denominação dada ao deslocamento de pessoas
para espaços naturais, com ou sem roteiros programados e ausência ou
incipiência de equipamentos receptivos, motivadas pela atração exercida pelo
desconhecido e desejo de enfrentar situações de desafio físico e emocional”
(BENI, 2003, p. 430-431), presente na promoção de quase todos os Estados
nordestinos.
• Turismo Social: é aquele que se pratica com o objetivo de facilitar o
turismo interno de classes economicamente menos favorecidas. Surgiu da
iniciativa de grupos formados por profissionais liberais, estudantes,
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professores, operários, que viram no lazer conjunto, por meio do turismo, uma
oportunidade para transmitir conceitos e fortalecer o vínculo entre seus
membros. O turismo social é realizado por pessoas de menores rendimentos,
geralmente subvencionados pelos governos, associações e sindicatos. Esta
forma de turismo foi promovida apenas pelo portal de Pernambuco, sendo
banalizado pelos demais Estados.
b) Quanto à característica da viagem turística:
• Turismo de Massa: utiliza-se de destinações turísticas que a maioria dos
turistas buscam. É desenvolvido a partir de programações individuais e grupais
ou mediante a aquisição de programas e pacotes de viagens. Caracteriza-se
“[...] pelo deslocamento de grande número de pessoas para os mesmos
lugares nas mesmas épocas do ano – e conseqüentemente
superdimensionamento dos equipamentos” (RUSCHMANN, 1995, p. 23). Suas
principais características são:
- Utilização de meios de transportes mais econômicos com serviços
incluídos nos pacotes comercializados pelas agências de viagens;
- Percursos mais curtos e permanência menos prolongada;
- Caráter estacional que coincide com a época de férias;
- Ocupações de hotel de nível médio;
- Ampla utilização do sistema de crédito para financiamento da viagem.
• Turismo Alternativo: surge como resultado da preocupação dos efeitos
danosos causados pelo turismo de massa. Trata-se de um novo segmento do
turismo, em que as viagens passam a ser organizadas para lugares que não
são tradicionalmente turísticos, com a preocupação ecológica e distanciando-se
do turismo de “sol e praia” – sendo chamado de turismo responsável. “[...] O
que os caracteriza são as viagens individuais, as atividades relacionadas com a
natureza, o alojamento em estabelecimentos pequenos, com serviços
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- 32 -
personalizados e, às vezes, até realizados pelos próprios turistas”
(RUSCHMANN, 1995, p. 23).
c) Quanto ao perfil do viajante turístico:
Psicocêntricos – perfil de visitante mais contemplado no conteúdo
informacional turístico dos Estados nordestinos.
• Preferem destinos conhecidos;
• Gostam de atividades típicas de turistas;
• Preferem se hospedar em cadeias hoteleiras;
• Preferem atmosferas conhecidas e familiares;
• Preferem pacotes turísticos fechados com atividades bem-programadas e
bem-previstas.
Alocêntricos – ainda pouco trabalhado no conjunto de informações
governamentais dos portais e sites visitados.
• Preferem áreas não-turísticas;
• Descobrem áreas ainda pouco ou não visitadas;
• Preferem hospedagem e alimentação convenientes, não necessariamente
em cadeias hoteleiras;
• Divertem-se lidando com a população local;
• Preferem pacotes turísticos que incluam amplo tempo livre para
atividades diversas.
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1.2 Oferta Turística
A oferta turística constitui tudo o que o destino tem a oferecer aos
visitantes efetivos e potenciais. São compostos por atrações naturais e artificiais,
além dos bens, serviços e equipamentos turísticos que são postos efetivamente no
mercado para satisfação das necessidades dos turistas – de forma singular ou numa
gama muito ampla de combinações, resultante das suas solicitações ou desejos.
A oferta turística quando percebida isoladamente possui pouco valor
turístico e pode inclusive ser utilizada para outras atividades. Quando é vista de
maneira agrupada, forma o produto turístico de um destino (IGNARRA, 2003). Esse
produto pode ser agrupado por Estados pertencentes a uma região, regiões
pertencentes a um país ou mesmo de destinos pertencentes aos Estados. Os
organismos oficiais nordestinos apresentam o produto turístico composto por destinos
internos e não por agrupamento dos Estados pertencentes à Região Nordeste.
É percebida também como “[...] a quantidade de bens e serviços turísticos
que as empresas são capazes de oferecer a determinado preço, em determinado
período de tempo” (LAGE e MILONE, 2001, p. 72).
1.3 Componentes da Oferta Turística
a) Atrativos turísticos: são todos os lugares, acontecimentos, bens
materiais ou imateriais que estimulam o fluxo turístico. Conforme Lage e Milone
(2001), podem ser divididos em:
1. Recursos Naturais: tudo que é proveniente da natureza que compõe a
destinação, ou “elementos do espaço geográfico que constituem a paisagem”
(BENI, 2003, p. 303). Exercem forte atratividade turística e normalmente
ajudam a compor a marca do lugar, tais como: clima, hidrografia, relevo, flora
e fauna. Na pesquisa, o papel dos recursos naturais para os Estados
nordestinos foi evidenciado no conteúdo informacional (sobre a previsão do
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- 34 -
tempo e as informações geográficas) e promocional (pela identificação de
recursos naturais diversos e modalidades turísticas ligadas à natureza).
2. Recursos histórico-culturais: todos os bens materiais ou imateriais
produzidos pelo homem. A pesquisa contemplou aspectos como monumentos,
sítios históricos e científicos, instituições e estabelecimentos de pesquisa e
lazer, manifestações, usos tradicionais e populares, priorizando a cultura
popular por identificar a intensa presença destes elementos nas diversas
páginas pesquisadas (ver Apêndices M e N).
3. Realizações técnicas e científicas contemporâneas: “toda obra ou
complexo científico e/ou tecnológico próprio para a exploração nas áreas de
mineração, agricultura, pecuária ou da indústria e outras instalações, que,
pelas características de elaboração técnica, estimulam o seu aproveitamento
como recurso de atração turística” (BENI, 2003, p. 312).
4. Acontecimentos Programados: “são acontecimentos organizados visando
ao intercâmbio e à divulgação de matérias científicas e técnicas, à
comercialização de produtos, ao desenvolvimento e à prática de atividades
desportivas e culturais e até assistenciais [...]" (BENI, 2003, p. 314).
b) Equipamentos e Serviços Turísticos: denominados também como
superestrutura, são compostos pelas instalações de superfície, instalações e serviços
indispensáveis às atividades turísticas (LAGE e MILONE, 2001), distribuídos em meios
de hospedagem, serviços de alimentação, entretenimentos, outros equipamentos e
serviços turísticos (operadoras e agências de viagens, transportadoras turísticas,
etc.).
c) Infra-estrutura de Apoio Turístico: conjunto de serviços públicos
necessários para o consumo turístico. Trata-se de todos os elementos que fazem
parte da estrutura e serviços básicos do núcleo receptor, tais como: informações
básicas do destino, serviços de transporte, sistemas de comunicações, sistemas de
segurança e equipamento médico-hospitalar.
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- 35 -
1.4 Singularidades do Produto Turístico
Para Ruschmann (1995, p. 11):
O produto turístico é composto de um conjunto de bens e serviços unidos por relações de interação e interdependência que o tornam extremamente complexo. Suas singularidades o distinguem dos bens industrializados e do comércio, como também dos demais tipos de serviços.
É na verdade a junção de elementos tangíveis e intangíveis de uma
determinada destinação, sentida pelo consumidor como uma experiência. Quanto
maior for o planejamento, a organização e a ordenação adequada da oferta turística,
melhor será o produto turístico da localidade.
Cada destinação pode ter vários produtos turísticos a oferecer, de acordo
com as características peculiares de cada área, permitindo que o consumidor turístico
possa escolher a localidade, as atividades e serviços que deverão ser utilizados
durante a viagem. Trata-se do conjunto de várias transformações e produções da
oferta turística, com singularidades bem definidas, como segue abaixo:
• Bem de consumo abstrato: trata-se de um bem intangível, do qual seus
consumidores não podem ver nem provar antes da compra. Diferentemente
dos bens tangíveis, não pode ser avaliado a partir do tamanho, peso, formato
ou cor, por não ser possível fornecer uma amostra do produto ao cliente, não
havendo a possibilidade de comparação com outros produtos antes de ser
visitado (RUSCHMANN, 1995).
• Superposição da mão-de-obra (produção): os produtos turísticos só
podem ser consumidos no momento da própria viagem ou no processo de
prestação do serviço, permitindo ao turista apenas analisá-lo após o usufruto
do produto.
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• Necessidade da presença da clientela no local da produção: o
consumidor é que vai até o produto turístico, e não o inverso, como ocorre com
outros bens tangíveis.
• Impossibilidade de estocagem: o produto turístico é perecível, com
consumo imediato por não poder ser estocado após o momento em que foi
destinado para ser consumido.
• Serviços turísticos prestados de forma irregular: trata-se de uma cadeia
comercializável de bens e serviços que não permite uma prestação de serviços
regular, pela amplitude de empresas e profissionais que trabalham para
possibilitar o desenvolvimento da viagem. Ter um serviço homogêneo é
praticamente impossível no contexto turístico.
• Complementaridade dos componentes: além da irregularidade da
prestação de serviços, há também uma interdependência entre eles, fazendo
com que o mau funcionamento ou mesmo a falta de um dos componentes
possa refletir ou mesmo inviabilizar os demais serviços que serão prestados
posteriormente.
• Concentração de atividades turísticas no espaço e no tempo:
normalmente os fluxos turísticos concentram-se em períodos específicos do
ano, sobretudo pela influência das férias escolares, feriados e fins de semana,
causando a sazonalidade em determinados períodos. Existem algumas formas
de turismo que proporcionam a redução da sazonalidade, como acontece com
o turismo de eventos, de negócios e da melhor idade, que ocorrem
praticamente durante todo o ano (negligenciados pelos portais e sites
nordestinos).
• Instabilidade da demanda: torna-se difícil prever a demanda que será
recebida pelo núcleo receptor, sobretudo porque existem vários fatores que
influenciam a escolha do destino e que estão em constante mudança.
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• Demanda heterogênea: é também chamada de procura turística, ou
seja, é a quantidade de bens e serviços turísticos que os consumidores
desejam e estão dispostos a adquirir por um dado preço e em um determinado
período de tempo. Inúmeros fatores internos e externos influenciam a decisão
de uma pessoa em participar de uma atividade turística. É heterogênea por
essência, podendo variar quanto aos aspectos motivacionais, econômicos,
sociais, culturais, entre outros. Por isso, muitos órgãos promotores do turismo
trabalham a segmentação do mercado para estabelecer contato e criar
produtos turísticos destinados a públicos específicos, situação percebida nas
páginas virtuais pesquisadas.
• Estático: como a atividade turística trabalha com atrativos turísticos
naturais e culturais das mais diversas ordens, grande parte destes são bens
estáticos, não podendo ser deslocados.
• Acentuada concorrência entre si: sobretudo no mundo globalizado, o
nível de concorrência dos produtos turísticos ocorre em esfera intercontinental,
mesmo havendo atrativos e serviços diferenciados.
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Capítulo 2 Uma abordagem conceitual-reflexiva sobre a relação da
comunicação com o turismo
O turismo, considerado como um importante fenômeno do contemporâneo,
é visto como atividade de consumo efêmero e passageiro, em que se demanda um
extenso e rico acervo de signos e representações simbólicas, capitalizados e
destinados ao desfrute, à descoberta e ao encantamento, por meio de uma
experiência lúdica e de animação cultural. Pode ser percebido como um movimento
maciço, convertido em um bem de consumo cada vez mais acessível a uma crescente
população mundial. Dessa forma, o turismo não pode mais ser visto como um
fenômeno desprezível e irrelevante, exigindo análises e monitoramentos científicos
interdisciplinares.
Na percepção de Wainberg (2003), a atividade turística desenvolveu-se,
sobretudo, pela necessidade de testemunho, em que a viagem passou a ser um
mecanismo de conhecimento do outro, da vida alheia, dos espaços e patrimônios
distintos da realidade vivida pelo viajante, sendo chamada de indústria da diferença.
Indústria por desencadear um processo de transformação de matérias-primas para a
elaboração de produtos que são comercializados e consumidos no mercado turístico,
e indústria da diferença por estimular o encontro entre visitantes e espaços culturais
e naturais distintos do ambiente em que cotidianamente vivem, favorecendo
experiências que se diferenciam das habitualmente desenvolvidas no seu espaço de
residência.
Mas não se trata de um encontro natural e espontâneo com o alheio, visto
que há um processo de monitoramento e controle, em que se criam e se administram
aspectos relevantes e pertinentes ao fluxo turístico e se removem outros não
pertinentes à condição turística. Assim, “nesse andar apressado, consomem-se
marcas, imagens, significações empacotadas, narrativas agendadas por roteiros pré-
moldados” (WAINBERG, 2003, p. 76), possibilitando que o olhar do turista torne-se
fragmentado, restrito e conduzido a perceber o que a indústria turística o orienta.
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Esse processo é chamado por Mitchell14 apud Wainberg (2003) de “diversidade
controlada”, situação em que não há necessariamente uma interação intercultural
holística, servindo apenas como percepção limitada e simplificada da realidade alheia.
Porém, se o turismo respeitar a dimensão pluralista da cultura, poderá ser
uma alternativa contra a homogeneização e a globalização dos bens culturais, sendo
também fonte de renovação, sensibilização e congraçamento entre os povos. Na
promoção turística dos Estados nordestinos, há uma intensificação das características
pertencentes à Região, não existindo o estímulo da diversidade existente em cada
Estado.
Castrogiovanni (2003, p. 45) defende que:
O turismo não nasceu de uma teoria, mas de práticas espontâneas que foram se configurando por si mesmas, o que parece justificar em parte, a leitura fluente, que insiste em tratar o turismo empiricamente e como ‘devorador de paisagens e lugares’. É hora de propor uma ‘intervenção inovadora do fazer-saber turístico [...] através da desconstrução do saber-fazer’ (Moesch15, 2000). A desconstrução é o instrumento mais adequado para romper paradigmas tão sedimentados e criar leituras que forcem a necessidade da questionabilidade contínua relativa aos saberes e informações, transformando-os em verdades provisórias e caminhos com opções diferenciadas.
Como objeto de estudo e reflexão, a atividade turística ainda não possui
um campo de estudo delimitado e com identidade própria. Conforme Knebel16 (1974,
p. 01) apud Wainberg (2003, p. 29), as primeiras tentativas de estudo sobre o
turismo teriam iniciado na Itália e Suíça, chegando à Alemanha na década de 1920.
Foi inicialmente identificada como Ciência do Movimento de Forasteiros
(Fremdenverkehr), denominação dada pela intensa mobilidade humana provocada
naquela época não só pelos crescentes fluxos imigratórios, mas também pela
Primeira Guerra Mundial.
As ciências sociais, que até meados do século XX não viam o turismo como algo digno de um esforço reflexivo, percebem sua importância e suas implicações para as culturas e sociedades, emissivas ou receptivas, afetadas pelo trânsito
14 MITCHELL, D. The end of public space? Peaople’s park, definitions of the public, and democracy. Annals of Association of American Geographers 85 1, 1999, pp.589-612. 15 MOESCH, Norma Martini. Cortina de Cristal: processo imigratório, identidade cultural e comunicação turística. Dissertação de Mestrado. PUCRS, 1997. 16 KNEBEL, Hans Joachim. Sociología del turismo: cambios estructurales en el turismo. Barcelona: Hispano Europea, 1974
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humano originado no turismo de massas. Particularmente, os estudos sobre as peregrinações contribuíram para o entendimento do fenômeno turístico ao confronta-lo com o pano de fundo de rituais e dos processos de interação social (ABUMANSSUR, 2003, p. 09).
No estudo do turismo, há o emprego de métodos e conceitos das disciplinas
das ciências sociais já consolidadas, não sendo independente, com sua dinâmica
própria. É como se a investigação científica do turismo estivesse ainda numa fase
pré-paradigmática, em que há um intenso desacordo sobre os fundamentos da
atividade, com tantas teorias quanto autores, fazendo com que cada teórico seja
obrigado a começar seu estudo fazendo uma retrospectiva do fenômeno turístico para
poder justificar sua visão específica.
As pesquisas têm sido o motor do ensino, na medida em que sistematizam o conhecimento e permitem sua comunicação. No caso do turismo, não se tem dado a devida atenção ao problema da investigação e da pesquisa. Em muitos casos, a investigação em turismo vem carecendo de fundamentação teórica ou mostra-se insuficiente e fragmentada. Muitos dos estudos são apenas descritivos, sem a preocupação de uma reflexão mais profunda em relação aos dados levantados (DENCKER, 1998, p. 38).
Assim, não há como evitar que o desenvolvimento da reflexão científica se
instale no campo do turismo, buscando transcender os limites da economia e da
indústria cultural e permitindo compreender questões de ordem diversas que se
relacionam com a atividade, como é o caso do espaço, da cultura, das novas formas
de lazer, de comunicação e de consumo, por meio de implicações teóricas sobre
planejamento, gerência e ensino.
É necessário que o turismo se fundamente na pesquisa, situando-o no
contexto histórico-social atual, buscando a análise de informações pertinentes aos
comportamentos, tendências e “[...] relações que permitam prever e compreender o
funcionamento do sistema de turismo em cada contexto específico” (DENCKER, 1998,
p. 39).
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2.1 Comunicação turística
Ao se perceber a relação do turismo com as diversas áreas do
conhecimento, há de se observar também sua intrínseca ligação com a comunicação,
sobretudo porque a atividade turística é capaz de utilizar os mais variados processos
de mídia, por intermédio das estratégias de divulgação e promoção do produto
turístico. No campo antropológico e sociológico, a comunicação também permite a
partilha de imaginários distintos e referências simbólicas por vezes opostas durante o
deslocamento turístico.
Conforme Wainberg (2003), o turismo é antes de tudo comunicacional,
fazendo-se necessário criar uma teoria comunicacional para buscar compreender
outras dimensões do tema.
A comunicação turística respeita ao mesmo tempo as conquistas das ciências da comunicação e a especificidade do fenômeno turístico, que é uma migração (abordagem geográfica), um deslocamento de consumo (segundo os economistas), um signo de pertencimento a uma elite ostentatória (análise dos antropólogos e sociólogos), um comportamento lúdico (no ponto de vista dos psicólogos e etnólogos), um testemunho da evolução pós-industrial da sociedade industrial (aos olhos do historiador) (BOYER & VIALLON17 apud YASOSHIMA, 2004, p. 12).
De acordo com Boyer e Viallon (apud YASOSHIMA, 2004, p. 09), a
comunicação e o turismo possuem um ponto em comum no que se refere ao aspecto
epistemológico, pois ambos
[...] formam mais campos científicos do que disciplinas fechadas. Várias abordagens desses dois domínios são possíveis: sociológico, histórico, jurídico, econômico, entre outros, mas só uma visão interdisciplinar permite uma análise exaustiva e cientificamente comprovada.
Nessa relação entre o turismo e a comunicação, percebe-se ainda que:
Considerado um dos mais impressionantes fenômenos humanos do século XX, o turismo tem sido estudado de variadas formas, em especial na sua dimensão
17 BOYER, Marc; VIALLON, Philippe. La communication touristique. Paris, PUF, 1994.
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econômica. [...] Tais reflexões não têm contemplado, no entanto, com profundidade, o fundamento comunicacional da experiência turística (WAINBERG , 2003, p. 07).
É certo que os meios de comunicação vêm contribuindo substancialmente
na divulgação dos mais variados e inusitados destinos turísticos, que muitas vezes
eram desconhecidos e foram transformados em pólos de visitação turística a partir da
projeção nos meios de comunicação, sob forma de reportagens, filmes, minisséries,
novelas e páginas na internet.
Vários lugares, após terem sido vistos ou conhecidos por intermédio dos meios de comunicação, tiveram aumentos significativos no número de turistas. A Secretaria de Turismo de Ceará declarou que uma novela produzida no Estado, entre 1994 e 1995, mostrando praias cearenses, impulsionou a indústria do turismo. O filme Crocodilo Dundee, com cenas na Austrália foi considerado um grande impulsor do turismo local, sendo que o ator principal, Paul Hogan, foi contratado para interpretar uma série de anúncios televisivos de promoção turística da Austrália (SÁ, 2002, p. 19).
Na perspectiva de Droguett e Cunha (2004, p. 150), existe
[...] na práxis do Turismo uma ação comunicativa inscrita nas imagens
audiovisuais que a mídia promove para o exercício da crítica a respeito da conquista do espaço físico e humano, do qual somos todos responsáveis.
Para os autores citados anteriormente, a mídia é “[...] o principal
instrumento de mediação entre os agentes humanos e comerciais do turismo” (2004,
p. 146).
Boyer e Viallon apud Voisin (2004, p. 01) sublinham que
A expressão ‘comunicação turística’ foi encontrada nos anos 1990, na França, como título de um pequeno livro que se esgotou e não foi reeditado até o presente momento. Os autores esboçam, nesse texto, um campo científico interdisciplinar situado na encruzilhada desses dois domínios já tão complexos separadamente: o turismo e a comunicação.
Conforme Voisin (2004), as teorias da comunicação são fundamentais nos
estudos do turismo, sobretudo pela possibilidade de reflexão das questões culturais
contemporâneas que a abordagem comunicacional pode proporcionar.
Na comunicação turística todos participam: turista, iniciativa pública
iniciativa privada e população residente. O turista, ao chegar na localidade, terá
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contato com os mais variados mecanismos comunicacionais que lhe permitirão ter
uma percepção mais ampla da localidade (diferente daquela que tinha antes de
chegar ao destino): o patrimônio histórico e cultural, a população, os recursos
naturais, os espaços artificialmente construídos, entre outros aspectos, que
permitirão uma comunicação intercultural com a realidade local que está sendo
visitada. As empresas turísticas, composto pela iniciativa privada, que disponibiliza
seus serviços, produtos e profissionais. As instituições públicas, mediante a
responsabilidade com a infra-estrutura de recebimento de visitante, calendário de
eventos da cidade, bem como campanhas publicitárias. E a população residente – que
possibilitará um intercâmbio cultural pela troca de valores, experiências e costumes.
Na visão de Yasoshima (2004, p. 12):
A comunicação turística serve para entendermos melhor o papel do marketing para o turismo, porque ela é uma portadora de imagens que são feitas. A comunicação se faz através dos veículos da mídia, mas ela é feita também pelos profissionais que trabalham na área, o recepcionista de um posto de informações, o guia de turismo, o monitor de um atrativo histórico-cultural. Os turistas também fazem a comunicação, pois emitem mensagens para outros turistas. É essa dimensão humana que faz a riqueza do turismo.
Voisin (2004) identifica que a comunicação turística é formada por um
vasto universo de fontes documentais, que podem ser percebidos desde o mais
simples folheto distribuído pelos órgãos públicos ou privados, chegando às produções
cinematográficas, crônicas históricas e textos de ficção. Porém, para os
pesquisadores dessas fontes documentais, a primeira dificuldade que se apresenta no
contexto da investigação é, sobretudo, a banalização da importância científica de tal
acervo, que dificilmente são encontrados nos arquivos das entidades públicas e
privadas que as editaram – sobretudo “[...] os folhetos, mapas e pequenos guias de
distribuição gratuita, concebidos para uma consumação pontual, com seus conteúdos
em princípio perecíveis” (VOISIN, 2004, p. 04). No caso das home pages
governamentais, isso também deve ser levado em consideração.
Segundo Lopes (2001), para que um plano de comunicação seja feito no
âmbito do turismo, deve-se considerar, além das especificidades do produto turístico,
as características do destino que será trabalhado no âmbito comunicacional e o perfil
do visitante que a região deseja receber, sem deixar de dar conta da questão da
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sazonalidade do destino (ou seja, os períodos do ano em que há maior fluxo de
visitantes). A questão da regionalidade também deve ser levada em consideração,
identificando as características culturais, naturais e históricas da região.
Os objetivos da comunicação no turismo podem ser diversos e devem ser
formulados de acordo com a natureza do produto turístico. A OMT (apud RUSHMANN,
1995, p. 45) sugere três metas principais que normalmente situam as políticas de
comunicação dos destinos, que são: aumentar o fluxo de turistas por meio das ações
promocionais e publicitárias; obter a fidelidade dos turistas; e aumentar o tempo de
permanência dos turistas a partir da divulgação de novas possibilidades de recreação
e entretenimento do local. Os objetivos da política de comunicação poderão também
ser pormenorizados, de acordo com os interesses dos órgãos gestores, para:
• Fazer chegar visitantes em certos períodos do ano;
• Estimular a visitação de perfis específicos de turistas;
• Promover nas destinações determinadas localidades, recursos naturais,
culturais ou equipamentos turísticos que agreguem valor aos centros turísticos
já consagrados;
• Conscientizar a sociedade local da importância do turismo para o
desenvolvimento sustentável da localidade.
Fomentar o turismo significa desenvolver esforços mútuos entre a iniciativa
pública, privada e população local, viabilizando ações em comunicação que busquem
divulgar adequadamente as potencialidades dos destinos. É necessário também
compreender o papel e atribuições de cada componente da política de comunicação
turística, como o Marketing, a Relações Públicas, a Promoção de Vendas e a
Assessoria de Imprensa.
• Marketing: segundo Vaz (2001, p.21) o marketing turístico "é um
conjunto de atividades que facilitam a realização de trocas entre os diversos agentes
que atuam, direta ou indiretamente, no mercado de produtos turísticos".
Diferentemente do marketing tradicional, o marketing turístico oferece um bem
intangível, que é a vivência de uma experiência. Para Krippendorf (apud Ruschmann,
1995, p.25), o marketing turístico é a “adaptação sistemática e coordenada da
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política das empresas de turismo, tanto privadas como do Estado no plano local,
regional, nacional ou internacional, visando à plena satisfação das necessidades de
determinados grupos de consumidores, obtendo, com isso, lucro apropriado”.
• Relações Públicas: atuam na manutenção ou na construção da imagem
de uma localidade ou equipamento turístico (meios de hospedagem, transportes,
agência de viagens, entre outros), contribuindo para a formação da opinião pública,
que é por natureza heterogênea, formada por demandas turísticas de diferentes
nacionalidades, idiomas, hábitos e costumes. O objetivo das Relações Públicas é
“estabelecer, mediante um esforço deliberado, planejado e contínuo, um clima de
compreensão e de confiança mútuas entre uma organização e o público, permitindo
que a atividade turística se processe de forma harmoniosa e num ambiente favorável”
(CARRASCO18 apud RUSCHMANN, 1995, p. 47).
• Promoção de vendas: “a promoção de vendas é composta pelas
“medidas que visam a aprimorar os contatos pessoais entre os representantes dos
produtores turísticos e os compradores potenciais e a otimização do contexto no qual
esses contatos acontecem” (KRIPPENDORF19 apud RUSCHMANN, 1995, p. 53). Tem a
função de estimular os intermediários e favorecer a venda do produto, podendo ser
desenvolvida no local da prestação do serviço turístico e fora dele. No primeiro caso,
a promoção de vendas acontece por intermédio dos profissionais ligados às diversas
empresas locais que durante o fornecimento dos serviços turísticos contribuem para a
construção da imagem favorável do destino na mente do consumidor. Esses
procedimentos têm relação direta com a capacitação profissional dos agentes
envolvidos na prestação de serviços, que abrange desde a tapioqueira até o
recepcionista do hotel. Por sua vez, a promoção de vendas fora do local da prestação
de serviços, chamada por Ruschmann (1995) de “motivação dos intermediários”,
ocorre sobretudo por intermédio dos operadores turísticos e agentes de viagem por
serem o elo de intermediação entre a oferta turística e os consumidores. No caso dos
órgãos governamentais, é necessário manter esses profissionais sempre informados
18 CARRASCO, José. Promoção Turística. Lisboa, Severo, s.d. 19 KRIPPENDORF, Jost. Marketing im Fremdenverkehr, 2.ed. Berna, Lang, 1980.
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sobre as ações desenvolvidas nas localidades e fornecer material promocional e
informacional para distribuição, que permita estimular e criar condições para os
intermediários realizarem a venda para os destinos.
• Publicidade: materializa os objetivos e estratégias do plano de
comunicação, atingindo diretamente o público que se quer atingir. Normalmente
constitui o elemento mais visível da política de comunicação, por utilizar uma gama
de veículos de comunicação de massa. Para ser desenvolvida, é necessário conhecer
as tendências da demanda, saber qual a imagem que o produto turístico deve passar
e identificar as técnicas publicitárias mais adequadas. A impossibilidade de o
consumidor turístico conhecer o produto turístico antes do usufruto torna ainda mais
complexo o papel da publicidade turística, uma vez que é preciso apresentar o
produto turístico de forma atraente, ressaltando seus aspectos diferenciais com
credibilidade, pois “a frustração gerada pela compra de um produto turístico adquirido
em confiança, cujo consumo acontece no tempo mais precioso dos indivíduos – as
férias –, é irremediável e contribui para a falta de credibilidade de todo o setor
turístico” (RUSCHMANN, 1995, p. 63).
• Assessoria de Imprensa: além de ser uma formadora de opinião, busca
atingir os mais variados públicos, além de facilitar o contato com a imprensa. Uma
importante ação da Assessoria de Imprensa no turismo é tornar o destino ou o
serviço turístico mais conhecido nos meios de comunicação, buscando obter
divulgação espontânea na mídia. Além disso, pode desenvolver atividades diversas,
tais como: edição de publicações turísticas locais, produção de clippings, elaboração
de conteúdos para veículos comunicacionais distintos, distribuição de releases,
serviços de ouvidoria, fornecimento de informação sobre notícias, eventos, listas de
contatos, banco de imagens, entre outros aspectos.
Os comunicadores ligados ao turismo devem observar e compreender
também as discussões que vêm se descortinando a respeito do campo do lazer, do
qual o turismo faz parte, devendo reconhecer o papel do tempo livre para a sociedade
atual, sobretudo porque é na contemporaneidade que o lazer vem se consolidando
“[...] como um produto que impulsiona uma promissora indústria cultural capaz de
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gerar altas taxas de retorno, que pode ser verificada por meio dos investimentos
maciços que vêm sendo colocados nesse mercado nos últimos anos” (WERNECK,
2000, p. 70). O processo de urbanização, as condições de moradia e qualidade de
vida estimulam os deslocamentos turísticos e produzem uma ideologia do lazer.
Krippendorf (2001, p. 16) acredita que
O lazer, sobretudo, as viagens pintam manchas coloridas na tela cinzenta da nossa existência. Elas devem reconstituir, recriar o homem, curar e sustentar o corpo e a alma, proporcionar uma fonte de forças vitais e trazer um sentido à vida.
Sendo assim, a indústria cultural e a mídia, ao perceberem essas
perspectivas, comercializa práticas de lazer em forma de “shopping centers, bares,
boates, festas, shows, clubes, esportes radicais, cinema, CDs, jogos eletrônicos,
internet, parques temáticos, cassinos, hotéis-fazenda, resorts, spas, pacotes
turísticos e outras tantas atrações [...]” (WERNECK, 2000, p. 70). São esses os
elementos apropriados pela atividade turística como uma característica pós-moderna
da busca pelo prazer, com digestão efêmera, simplificada e passageira (WAINBERG,
2003).
2.2 O papel da imagem no turismo
Como evidencia Barbosa (2001, p. 31), “a imagem talvez seja um dos
temas de maior relevância quando se trata do turismo”, sobretudo porque a atividade
turística faz parte de uma economia simbólica em que a imagem do consumo
demanda o produto. Isso ocorre devido a uma movimentação de indústrias de
produção de bens palpáveis para indústrias de produção de imagens, transferindo-se
de um sistema econômico material para um sistema de signos, símbolos e
representações, tornando-se a indústria contemporânea mais flexível e adaptada às
necessidades emergentes dos consumidores.
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Nas imagens, são inseridas representações simbólicas atribuídas aos
produtos ou serviços apresentados, fazendo com que seja um fator determinante na
aquisição de qualquer produto ou serviço nos dias atuais, visto que:
[...] os produtos pós-modernos não vendem apenas a si mesmos, mas precisam agregar imaginários, porque os novos clientes precisam dos dois: do produto e do imaginário. Jamerson (1996) chama isso de capitalismo high-tech, em que há uma íntima conjugação do capital industrial com os meios de comunicação e a indústria cultural – nela incluída a propaganda, mas não só – levando à união absoluta entre o produto e o imaginário, apresentados ao mercado como um todo indissociável” (GASTAL, 2003, p. 55-56).
No produto turístico, isso não poderia ser diferente, pois ele trabalha com o
imaginário de que viajar passa a ser um bem necessário que a sociedade
contemporânea deseja usufruir como forma de agregação de valores sociais e
culturais. Gastal (2003, p. 57) compreende que “trabalhar no turismo significa
alimentar, reforçar ou renovar imaginários, para além das propostas de marketing”.
Na atividade turística, existem os imaginários tradicionais – que estão
relacionados à noção do paraíso natural, da liberdade, da alegria, do contato com a
cultura autêntica – e existem também os imaginários que surgem de acordo com as
características específicas de cada localidade, sendo algo dinâmico em que são
agregados novos elementos a cada temporada. Grande parte dos estados nordestinos
tem mantido nas suas páginas virtuais o imaginário tradicional do Nordeste, com
exceção dos Estados da Bahia, Ceará e Maranhão, que inserem ao lado do tradicional
novas leituras das suas localidades.
Normalmente o consumidor escolhe o destino em face da imagem
construída em sua mente – que pode ser influenciada pelos meios de comunicação de
massa, por informações de grupos ao qual pertence, por instituições, valores, bem
como pelo conhecimento generalista que possui sobre o local. Além disso, dependerá
também das características subjetivas individuais bastante dinâmicas e heterogêneas,
que poderão ser influenciadas e modificadas a cada momento, pois irá depender da
percepção, grau de informação e interpretação de cada indivíduo, bem como sua
formação educacional e intelectual.
Esses fatores conduzirão às mais variadas leituras das diversas localidades,
pois a escolha do destino será o resultado de aspectos como: motivação, tempo
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disponível, interesses pessoais, expectativas, sonhos, desejos e necessidades. “No
entanto, fatores histórico-sociais predominantes, posição geográfica, clima e, em
maior escala, a comunicação fornecem uma imagem de um lugar, em geral, bem
definida na mente da maioria dos consumidores” (SÁ, 2002, p. 12). Os Estados
nordestinos, por exemplo, têm sido promovidos constantemente pela mídia como
localidades privilegiadas para a visitação turística.
Como já foi dito, o uso do produto turístico só ocorre com a presença do
turista no local escolhido, o que posteriormente será automaticamente convertido em
recordações e imagens que foram capitadas, bem como pela memória dos visitantes.
Muitas vezes, a escolha do destino ocorre muito mais pelo valor subjetivo do que pelo
aspecto objetivo, pois as localidades turísticas buscam responder tanto as
necessidades práticas como também os valores subjetivos, como status e
sofisticação. Para cada destino turístico, tem-se um valor simbólico distinto, que
também passa a ser incorporado pelos turistas durante a escolha do local.
Na atualidade, os meios de comunicação possuem uma contribuição
substancial nessa realidade, pois diariamente inúmeras imagens são veiculadas nos
mais diversos veículos, usando as imagens para informar acontecimentos como
também para traduzir, estimular e produzir desejos e necessidades diante do que
está sendo exposto.
Meios como cinema, mídia, música e literatura são importantes canais de
divulgação de cidades turísticas, pois constroem e agregam valor às regiões
divulgadas. Não é do nada que se tem cidades como Paris – ícone do romantismo, da
moda e da sofisticação – e Nova York – sinônimo de centro de compras, negócios,
modernidade e diversão. “A literatura, a televisão e o cinema estão entre as
principais fontes de informações que definem as imagens turísticas” (SÁ, 2002, p.
19), porém ainda são pouco estudadas em relação às contribuições diretas e indiretas
na construção das imagens turísticas.
O uso inadequado de uma imagem poderá ter resultados catastróficos para
a localidade, sobretudo devido às especificidades do produto turístico, que,
diferentemente de outros, só poderá ser avaliado durante a experiência da viagem,
tornando-se difícil reverter situações indesejadas.
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No turismo, uma imagem pode atrair o cliente, mas se a estrutura social é problemática e as condições regionais e as infra-estruturas são deficientes, essas irão atuar como uma imagem contraposta, diminuindo o interesse do consumidor e muitas vezes criando uma outra imagem repulsiva, comumente chamada de negativa” (SÁ, 2002, p. 12).
A imagem construída nem sempre é clara e real. Nas revistas, folhetos e
folders turísticos, é comum serem identificados conteúdos completamente alterados,
sobretudo quando dizem respeito aos recursos naturais, em que se busca garantir
uma idéia de paraíso perdido, se distanciando muito da realidade do local.
Para Sá (2004), a imagem pode ser definida como um conjunto de
percepções a respeito de algo; a representação de um objeto ou ser; uma projeção
futura e/ou uma lembrança ou recordação passada, podendo ser construída de forma
múltipla e ampla, indo desde uma notícia de jornal, perpassando a memória de
infância ou informações contadas por outras pessoas. Porém, muitas vezes é
construída a partir de uma percepção parcial e preconceituosa, como resultado de
uma deturpação ou informação inadequada ou não condizente com a realidade.
Kotler, conhecido autor de marketing, distingue imagem e estereótipo afirmando que, enquanto o estereótipo é mais generalizado, a imagem é mais subjetiva, podendo variar de pessoa a pessoa. O estereótipo seria uma imagem largamente mantida, altamente deturpada e simplificada de algo, que levaria a pessoa a ter uma atitude favorável ou desfavorável com relação ao objeto. A imagem, por outro lado, seria muito mais pessoal (SÁ, 2002, p. 15).
A visão estereotipada minimiza e simplifica a percepção de determinado
aspecto que está sendo analisado. Faz com que haja uma leitura reducionista de
fatos, pois está calcada na visão superficial da maioria. Trata-se de uma maneira
mais fácil e menos aprofundada de dialogar com o mundo.
No caso do turismo, vários são os aspectos que devem ser levados em
consideração para minimizar uma construção estereotipada, buscando propostas que
conduzam à construção da imagem da forma mais real, consistente, responsável e
planejada possível, para que não haja equívocos e frustrações dos turistas no futuro,
visto que se compra, antes de mais nada, uma imagem que só poderá ser desfrutada
após a aquisição.
As imagens originárias da cultura e dos recursos naturais acabam
influenciando a produção da publicidade turística a partir da percepção do senso
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comum, podendo servir positivamente para o turismo na região. Isso ocorre devido
ao resultado do imenso fluxo de informações que são geradas diariamente, a partir
da representação das festividades, manifestações folclóricas, artesanato, pratos
típicos, costumes e crenças. A música, por exemplo, pode ser vista como um
importante elemento na constituição do imaginário dos lugares20. Além disso, existem
também pessoas ligadas à cena musical que representam os valores culturais de
determinadas localidades, as quais muitas vezes são apresentadas em campanhas
dos órgãos governamentais do turismo do Estado, como costuma fazer o Estado da
Bahia.
A imagem dos destinos turísticos depende de “[...] um conjunto de fatores
que compreende a linguagem e os processos de conhecimento, o discurso e os meios
de comunicação, a identidade nacional, o estereótipo e os processos históricos e
sociais [...]” (SÁ, 2002, p. 23).
Assim, devem ser criadas campanhas publicitárias e reportagens jornalistas
com bases sólidas, tanto para não estimular um fluxo inadequado ao local como
também para não superlotar uma região que não tem infra-estrutura para receber
grande fluxo turístico, problema influenciado pelas imagens divulgadas.
Na atividade turística, há sempre presente a criação de uma fantasia, algo
ilusório ou de sonho. Uma percepção imaginária que posteriormente passa a ser real.
“Nesse aspecto, muitas vezes o turista faz uma viagem na mente antes de se
deslocar de fato” (BARBOSA, 2001, p. 32). Assim, todo o composto comunicacional,
ricamente representado pela folheteria, publicidade, televisão, internet, revistas e
jornais, praticamente antecipa a imagem de uma determinada região, influenciando
sobremaneira a percepção antecipada do visitante. Trata-se de uma realidade
perigosa, pois, de acordo com o que está sendo apresentado, tem-se o risco de criar
uma imagem ilusória e superficial da localidade, no momento em que a publicidade
pode transformar rios poluídos em águas límpidas, monumentos mal conservados em
grandes fachadas ou praias pouco atrativas em paraísos naturais. Há que se ter
maior responsabilidade nessa condução.
20 Pode-se usar como exemplo as músicas de Dorival Caymmi sobre a Bahia, de Tom Jobim sobre o Rio de Janeiro e a música Leão do Norte, de Lenine, sobre Pernambuco.
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Na atualidade, a mídia passa a ser um dos principais instrumentos de
mediação entre visitantes, empresas, profissionais e destinos, tornando-se um
constante meio de motivação do deslocamento humano, por meio das mais variadas
notícias e reportagens veiculadas diariamente nos meios de comunicação. Tais
informações são muitas vezes determinantes no processo de escolha do consumidor
turístico, precisando estar calcadas nas características e vocação turística das
localidades. Por isso, o estudo comunicacional do turismo deve estar presente no
campo acadêmico, nas ações da iniciativa pública e privada como elemento
fundamental para uma construção adequada das imagens de atrativos, serviços e
equipamentos turísticos, fazendo-se necessário desenvolver estudos mais profundos
nesse sentido, na busca de uma construção simbólica mais responsável dos destinos.
É nessa percepção que está a pesquisa, que busca contribuir tanto para a academia
quanto para o poder público, no momento em que faz um diagnóstico de diversos
elementos que compõem os portais e sites turísticos.
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Capítulo 3 A interface dos portais e sites turísticos nordestinos
O ciberespaço – compreendido como “a fronteira pelo qual a sociedade
redefine noções de espaço e de tempo, de natural e de artificial, de real e de virtual”
(LEMOS, 2003), tem modificado a olhos vistos as formas de comércio, sociabilidade,
trabalho e entretenimento da Sociedade da Informação. É identificado como uma
configuração material, simbólica e imaginária da contemporaneidade. Lévy (1999,
p.92) define o ciberespaço como “o espaço de comunicação aberto, sem interconexão
mundial dos computadores e das memórias dos computadores”, que segundo o autor
tem o ambiente virtual como principal característica.
Willian Gibson21 (1991), em seu livro “Neuromancer”, foi o primeiro autor a utilizar o termo para designar esse ambiente artificial, onde dados e relações sociais trafegam (ou navegam?) indiscriminadamente. Para ele, o conceito de ciberespaço é o de um espaço não-físico ou territorial, no qual uma alucinação consensual pode ser experimentada diariamente pelos usuários. O ciberespaço é a “MATRIX”, uma região abstrata invisível que permite a circulação de informações na forma de imagens, sons, textos etc. Esse espaço virtual está em vias de globalização planetária e já constitui um espaço social de trocas simbólicas entre pessoas dos mais diversos locais do planeta (SILVA e SILVA, 1999, p.57).
Trata-se de um objeto de estudo cujo ambiente é dinâmico, amplo e de
manifestações socioculturais e políticas próprias – peculiares ao ambiente de redes,
instantaneidade e conectividade. O ciberespaço tem a vocação de colocar “[...] em
sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de comunicação
e de simulação” (Lévy, 1999, p. 92-93), potencializando assim as dimensões lúdicas
humanas por meio da cibercultura. Hoje existem várias correntes, sejam elas
literárias, musicais e artísticas, que fazem parte da “cultura do ciberespaço”. Há
também setores da sociedade envolvidos nessa nova realidade.
Em meados dos anos 90, governos e empresas do mundo inteiro empenharam-se em uma corrida frenética para a instalação do novo sistema, considerado
21 GIBSON, Willian.Neuromancer. São Paulo. Ed Aleph, 1991.
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uma ferramenta de poder, fonte potencial de altos lucros e símbolo de hipermodernidade (CASTELLS, 2001, p.387).
Esse novo contexto permite que os setores públicos e privados ampliem os
mecanismos comunicacionais e informacionais com seus diversos públicos, utilizando-
se de recursos tecnológicos adicionais que potencializem a difusão das mensagens e
imagens, por intermédio da multimídia22.
Castells (2001) compreende que a multimídia aparece como um ambiente
simbólico que estendeu a comunicação eletrônica para todo o domínio da vida, do
trabalho ao ambiente doméstico, das escolas aos hospitais, do lazer às viagens. Mas,
mesmo com presença já estabelecida na sociedade, é difícil avaliar suas
conseqüências para a cultura contemporânea – o que exige do pesquisador a
necessidade de buscar informações empíricas dispersas e comentários esclarecidos
para dar embasamento às hipóteses sobre as tendências sociais e culturais
emergentes.
O ambiente virtual possibilita a interação e combinação de várias mídias
tradicionais (rádio, televisão, cinema, jornais), que, por meio da codificação digital,
possibilita a comunicação eletrônica. Essa situação traz consigo possibilidades
diversas, tais como: acesso a distância em tempo real, interatividade,
hipertextualidade, transferência de arquivos, correios eletrônicos, conferências
eletrônicas e processos diversos de gravação e simulação. Para Lemos (2003, p. 22),
a cibercultura está sistematizada em três leis, que, segundo o autor, torna-se útil
para as análises desse campo. São elas:
1ª - Lei da Reconfiguração: “a Cibercultura reconfigura práticas,
modalidades mediáticas, espaços, sem necessariamente substituir os respectivos
antecedentes”;
2ª - Lei da Liberação do Pólo Emissor: “está presente nas novas formas de
relacionamento social, de disponibilização da informação e na opinião e
movimentação social da rede”;
22 “Combinação de meios eletrônicos, como textos, imagens estáticas e vídeo” (OMT, 2003, p. 270).
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3ª -Lei da Conectividade: “a conectividade generalizada põe em contato
direto homens e homens, homens e máquinas, mas também máquinas e máquinas
que passam a trocar informação de forma autônoma e independente. Nessa era da
conexão, o tempo reduz-se ao tempo real e o espaço transforma-se em não-espaço,
mesmo que por isso a importância do espaço real, como vimos, e do tempo
cronológico, que passa, tenham suas importâncias renovadas”.
A integração do conteúdo, da conectividade e da interação humana na Web permite a criação de redes por palavras, por imagens, por documentos e pela lógica que as interliga. Não é que o texto simplesmente se torne hipertexto, ligado internamente por supernotas de rodapé; o texto se torna a rede que conecta o usuário a todos os recursos de palavras: pessoas, organizações, informações, serviços. Ele fornece o contexto, a comunidade e as conexões de navegação que definem o ciberespaço (KAHIN23 apud JUNGBLUT 2004, p. 115).
Na comunicação turística governamental no ciberespaço, as leis citadas por
Lemos (2003) podem ser facilmente percebidas e identificadas. A Lei da
Reconfiguração permite que organismos turísticos estendam para o ciberespaço
representações de territórios, manifestações culturais, serviços e conteúdos que
podem estar disponíveis para qualquer tipo de consumidor turístico, seja ele
visitante, investidor ou profissional do setor.
Na Lei da Liberação do Pólo Emissor, a cibercultura permite estender o
relacionamento dos diversos setores governamentais com seus usuários, gerando um
fluxo contínuo de comunicação – que não necessariamente deve vir do governo para
seus públicos, mas também destes últimos para os primeiros. Essa relação é
permitida por espaços disponíveis nas páginas virtuais, que estimulam a interação
com o destino turístico.
No ciberespaço, em troca, cada um é potencialmente emissor e receptor
num espaço qualitativamente diferenciado, não fixo, disposto pelos participantes,
explorável. Aqui, não é, principalmente, por seu nome, sua posição geográfica ou
23 KAHIN, Brian. O cenário político e os negócios da Internet. In: INSTITUTE FOR INFORMATION STUDIES (Org.). A Internet como paradigma. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1997. p. 59-76.
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social que as pessoas se encontram, mas segundo centros de interesses, numa
paisagem comum do sentido ou do saber (Lévy, 1996, p. 113).
E a Lei da Conectividade possibilita que os territórios turísticos estejam
presentes no ciberespaço 24 horas por dia e acessível a qualquer usuário,
independentemente da nacionalidade ou idioma. O não-espaço, produzido pelo
ambiente virtual da internet, poderá propiciar a visitação ao espaço real – que
continua fundamental para a vivência turística, uma vez que não há uma substituição
do espaço pelo não-espaço.
Assim, analisar a interface de sites e portais governamentais nordestinos é
buscar compreender as três leis evidenciadas por Lemos (2003), mediante a análise
de elementos específicos das páginas turísticas, enfocando suas características e
inter-relações.
3.1 Análise da interface dos portais e sites
3.1.1 Bahia
O acesso à home page e às janelas do portal ocorre sem apresentar
nenhuma deficiência. A primeira página traz um mapeamento geral do conteúdo do
portal, com uma gama de informações sobre o Estado, distribuído por categorias. A
opção de idioma é facilmente identificada, permitindo a versão do portal na língua
estrangeira. Não há introdução prévia em flash24, aspecto que facilita o contato direto
com a home page. Não houve a identificação de nenhuma logomarca do destino.
24 “Tecnologia de animação gráfica com largura de banda ou de vetor que não depende do navegador” (OMT, 2003, p. 269).
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Figura 01: Portal da Bahia
Fonte: <http://www.bahia.com.br>. Acesso em: 15.ago.2005
Além das imagens estáticas, há também o uso de imagens em movimento
em que são utilizadas na promoção de anunciantes e do órgão gestor, previsão do
tempo e na divulgação do programa de fidelidade. O portal traz um diferencial no
momento que destina seu conteúdo para públicos diversos, tais como visitantes ou
possíveis visitantes, profissionais do setor e investidores.
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Possui uma área exclusiva destinada aos agentes e operadores turísticos,
em que são encontradas informações sobre cursos de capacitação profissional,
programa de fidelidade e material promocional. Os profissionais que queiram
participar gratuitamente dessa capacitação oferecida têm a possibilidade de
preencher um formulário de inscrição disponível na página e enviar para o órgão
gestor. É possível também obter orientações sobre as vantagens que as agências e
operadoras têm em credenciar-se e estimular o credenciamento dos seus clientes no
programa de fidelidade do Estado. E solicitar, por meio de um formulário, materiais
promocionais que são utilizados pelas agências e operadoras. Os profissionais podem
manter-se atualizados com a leitura de um press-release, que divulga as principais
notícias sobre a atividade turística da Bahia.
O menu aparece já na página principal, no campo inferior da tela, passando
a ser apresentado no espaço superior a partir das páginas subseqüentes. Neste
campo aparecem os itens: “Programa Fidelidade”, “Motivações”, “Destinos”, “Seu
Guia”, “Dicas de Roteiros”, “Álbum, Vídeos”, “Lembranças”, “B2Bahia”, “Links” e
“Downloads25”. Há também a presença de um submenu26, encontrado verticalmente
no canto direito da tela, onde estão o correio eletrônico, o motor de busca, as
atrações, os destinos, as localidades, as informações úteis e o mapa do portal. Tanto
o menu quanto o submenu se mantêm presentes nas páginas subseqüentes.
O motor de busca disponível pode ser usado tanto por meio de palavras-
chave como a partir de categorias, o que possibilita pesquisas generalistas e
específicas do conteúdo. Mesmo estando no submenu, o ícone que representa o mapa
do portal é pouco representativo, dificultando o uso desse mecanismo.
A escolha da localidade a ser visitada é feita no campo “Destinações”, que
traz destinos compostos por grupos de cidades com características próximas. Para
identificar os elementos de atratividade dos destinos, tem-se o campo “Motivações”,
onde o usuário pode identificar informações sobre recursos naturais, culinária,
folclore, eventos, entre outros.
As informações destinadas aos investidores, que aparece como “B2BAHIA”,
traz um conteúdo referente ao órgão oficial de turismo, as ações governamentais no
25 “Transferência de dados eletrônicos de outro computador para o seu” (OMT, 2003, p. 269). 26 Subdivisão do menu, que possibilita especificar ainda mais o conteúdo.
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setor, os investimentos, negócios no Estado, oportunidades de investimentos e
cadastro do estabelecimento.
Não há informações sobre a hora local e data. São encontradas apenas
informações sobre o dia da semana – que é apresentada ao lado de referências
culturais religiosas da localidade –, estabelecendo relação entre o dia da semana, o
orixá e o santo católico correspondente.
O portal não apresentou deficiência de carregamento nem de velocidade,
mesmo em conteúdos mais consistentes. Utiliza de forma atrativa as cores, as fontes
e o tamanho das letras, tornando a visitação agradável e tranqüila. O uso das cores é
feito com escolhas compatíveis, priorizando os tons claros. Há a mudança de cores do
menu, que é alterado de acordo com a opção desejada.
Os recursos de multimídia são utilizados de forma atrativa e orientados
para o uso turístico. Com isso, o acesso a textos, vídeos, sons e imagens com
animação torna-se uma visita virtual lúdica e interativa.
Um aspecto desfavorável identificado foi a falta de sinalização para voltar à
home page. O recurso está disponível no ícone do endereço eletrônico do portal
situado no canto superior da tela, mas não é facilmente percebido por quem navega
nas diversas páginas, o que dificulta o retorno ao ponto inicial.
Deixa também a desejar no que se refere às orientações sobre a
navegação. Não há sinalização que informe onde o usuário se encontra e para onde
ele pode ir posteriormente. A home page não aparece nem é especificada no menu
principal.
Os elementos interativos permeiam todo o portal baiano, tornando-o
interessante de ser visitado. Há a constante presença de mecanismos que orientam o
usuário a interagir com a página virtual, por meio de serviços como correio
eletrônico, indicação do portal para amigos, opções de downloads de conteúdos,
formulários de preenchimentos, cadastramentos, cartões postais virtuais, vídeos,
mapas interativos, links externos, entre outros aspectos.
O portal baiano possui uma gama de elementos multimídia, do qual o
usuário tem a possibilidade de se informar, ser persuadido a visitar o local e conhecer
a diversidade de atrativos e serviços turísticos. Não se trata apenas de um portal
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promocional e informacional do Estado, mas sim um espaço que insere elementos
que favorecem o entretenimento do usuário, como se percebe no texto capturado:
Para a Bahia não sair de seu pensamento, guarde uma lembrancinha com você. Screen savers divertidos, web cards para você enviar para aquela pessoa especial, fundos de tela para personalizar seu computador e, ainda, o Bahia Estúdio para você montar suas próprias músicas e ritmos (Disponível em <http://www.bahia.com.br>. Acesso em: 01.nov. 2005).
As possibilidades de cadastramento são encontradas na newsletter27, no
programa de fidelidade e na solicitação de materiais promocionais para profissionais
do setor. No caso do programa de fidelidade, além de preencher o cadastro o usuário
pode solicitar informações sobre a senha esquecida, identificar estabelecimentos
credenciados, ver os programas de pontuação, regulamento, vitrine de benefícios e
eventos.
São disponibilizados conteúdos publicitários ligados ao Estado por meio de
opções de download de Cd-Cards, Panfletos e CD Bahia Conection. Essa iniciativa
favorece o trabalho dos profissionais do setor, sobretudo de outros Estados e países
que necessitam desse material de divulgação local. Os Cd-Cards dispõem de
conteúdos sobre os recursos naturais e culturais da Bahia, subdivididos em “Terra da
Felicidade”, “Ecologia”, “Igrejas”, “Religiosidade”, “Folclore e Culinária” e “Turismo
Rural”. Os panfletos trazem o material promocional dos 12 roteiros divulgados. E o
material “Bahia Conection” dispõe de várias informações e imagens do destino em
quatro idiomas (espanhol, francês, alemão e italiano). Não foi identificada a presença
de nenhum mecanismo de avaliação do portal por parte dos usuários.
27 Notícias enviadas por e-mail. Normalmente, são enviados boletins periódicos (Disponível em: <http://www.henry.eti.br/pagina.php?IdPagina=272>. Acesso em: 01.mar.2006.
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Figura 02: Recursos interativos do portal da Bahia
Fonte: < http://www.bahia.com.br>. Acesso em: 08.ago.2005
Como a página inicial adiciona todo o conteúdo, acaba por criar uma
poluição visual pelo excesso de textos, temas e imagens apresentadas em uma só
página. Essa realidade não mais aparece à medida que se visitam as páginas
subseqüentes, que possuem conteúdos restritos e concentrados em temas
específicos.
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O portal apresenta textos dispostos de acordo com os temas principais, o
que torna fácil ser encontrado pelos usuários. Há um equilíbrio entre texto e imagem,
que aparece de forma consistente e interessante. Trabalha tanto com links internos
como externos, que complementam o conteúdo apresentado.
Nenhum item inativo ou arquivo inexistente foi detectado. Identificou-se
apenas que o portal não oferece contato para o suporte técnico caso ocorram
problemas funcionais. Não foi percebido nenhum erro de compatibilidade entre
imagem e texto.
3.1.2 Sergipe
O acesso às janelas do site ocorre de forma lenta, o que dificulta a sua
usabilidade. A página que precede a página principal é constituída pela home page
Secretaria de Estado de Turismo de Sergipe, espaço em que são encontradas
informações pertinentes ao órgão governamental em si. O menu é composto pelos
itens: secretaria, sua estrutura administrativa, projetos, programas, serviços,
telefones úteis, destaques e notícias. Trata-se de um suporte governamental ao site
dirigido ao consumidor – que poderia ser concentrado em uma única página.
Há uma barra no canto superior da página em que são apresentadas
janelas intituladas “notícias”, “licitações”, “links”, “pesquisa”, “contato” e “acesso”. A
pesquisa pode ser feita por palavras-chaves, identificando também a seção
correspondente. No item “contato”, é possível contactar o órgão mediante o
preenchimento de formulário e mensagem correspondente.
A home page demonstra que o conteúdo apresentado é direcionado apenas
para os consumidores turísticos, não havendo informações para outros públicos
específicos. Há uma confusão entre a página de abertura e a página inicial, visto que
na primeira há um conteúdo tanto destinado ao morador do Estado quanto ao
consumidor turístico, causando certa dificuldade no acesso. Nesse sentido, é
necessário direcionar cada página para seus respectivos usuários, com o propósito de
não confundir ou mesmo fragmentar as informações pertinentes ao consumidor
turístico. Um exemplo disso é o conteúdo informacional sobre a secretaria de turismo,
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que só aparece na primeira página, não havendo tais informações no próprio site
turístico.
Figura 03: Home page de Sergipe
Figura 04: Sub home page destinada ao turismo de Sergipe
Fonte: < http://www.turismosergipe.net> Acesso em: 20.set.2005
Fonte:<http://www.turismosergipe.net> Acesso em: 20.set.2005
A página do Estado de Sergipe deixa a desejar no que se refere ao
design, pois, mesmo utilizando belas imagens, existem falhas no uso. Os textos e
imagens aparecem sempre estáticos, demonstrando pouca preocupação com a
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atratividade e persuasão do consumidor turístico. A aparência também é bastante
simples, utilizando-se de poucas cores e poucos recursos. A disposição de texto e
imagem ocorre de forma pouco trabalhada, e o conteúdo é superficial.
O motor de busca só aparece na página que antecede a home page –
fato que prejudica a navegação do consumidor turístico. Um outro aspecto
deficiente de navegabilidade é a falta de opção de escolha do idioma em que se
pode visualizar a página. Não há sinalização nem mapa que auxiliem a
movimentação do usuário.
São poucos os dispositivos de interatividade, concentrados apenas no
correio eletrônico. Não foi identificada nenhuma ferramenta que estimule a
interatividade, tornando-se o site básico, destinado a informar e divulgar o Estado,
sem agregar maiores serviços. A página aparece na tela como um folheto impresso,
que não pode ser alterado e que impossibilita a interferência do usuário.
O site não disponibiliza recursos sonoros nem vídeos. Priorizam-se as
imagens estáticas. As imagens em movimento mudam com regularidade, mas de
forma lenta. Mesmo havendo a presença de um item intitulado “link” no menu, não
há o funcionamento do mesmo, apresentando-se como item em construção.
Foram identificadas páginas ainda em desenvolvimento e páginas sem
dados cadastrados. Na apresentação das manifestações folclóricas, foi comum
observar que não há uma relação entre o tipo de manifestação e a imagem
apresentada. Houve o caso de uma imagem, que representa o artesanato local, que
estava presente em várias manifestações culturais. A imagem que segue identifica
um desses casos em que se tem o texto sobre “maracatu” com a imagem de
“artesanato”:
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Figura 05: Deficiências técnicas do site de Sergipe
Fonte: <http://www.turismosergipe.net> Acesso em: 20.nov.2005
Possui carregamento deficiente. As páginas sempre aparecem como se
ainda não tivessem sido concluídas (ver novamente a imagem e perceber esse
aspecto na margem inferior da página).
3.1.3 Alagoas
Foram identificados vários problemas no portal alagoano, no que se refere
à acessibilidade. Inicialmente, houve a mudança do endereço eletrônico durante a
pesquisa dos recursos informacionais e promocionais. E, posteriormente, já no
período da investigação sobre os recursos técnicos, a página deixou de ser
disponibilizada na web. Além disso, não houve a identificação do portal em nenhum
dos sites de busca (Google, Yahoo Brasil!, UOl e MSN) pesquisados. O caso do
Estado de Alagoas é um bom exemplo do que não deve acontecer nos portais
turísticos governamentais.
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Figura 06: Portal de Alagoas Fonte: <http://www.visitealagoas.al.gov.br>. Acesso em: 17.ago.2005
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Na primeira página, é possível ter acesso a todo o conteúdo informacional
disponível. Por isso, a home page acaba sendo bastante extensa em comprimento,
não havendo opção de escolha de idioma nem introdução em flash.
Os menus aparecem no canto esquerdo e na parte superior da tela. No
primeiro, são inseridos itens como “pólos turísticos”, “cultura”, “história”, “serviços”,
“eventos” e “negócios”. E na segunda opção, têm-se informações como “secretaria”,
“objetivo”, “quem é quem”, “fale conosco” e “mapa da home page”. O aspecto mais
relevante do portal é o conjunto de conteúdo informacional distribuído – que
apresenta variedade e quantidade sem haver poluição visual.
A logomarca apresentada na primeira página é atrativa, interessante e
lúdica, porém apresenta erro na divulgação do endereço do portal (que sofreu
alterações no período de estudo). Trata-se de um aspecto a ser levado em
consideração, uma vez que a manutenção do uso dessa logomarca em outros
materiais promocionais do Estado possibilitará a divulgação errônea da página.
Figura 07: Logomarca do portal alagoano
Fonte: <http://www.visitealagoas.al.gov.br> Acesso em: 10.ago.2005
A home page traz também informações como hora, dia e data – aspectos
favoráveis ao usuário estrangeiro pelo fornecimento do horário local.
O texto aparece bem divido mediante a identificação das informações
desejadas. O portal não apresenta nenhum tipo de anunciante, divulgando apenas
os banners do próprio governo. A disposição de texto e imagem ocorre de forma
coerente e interessante, tornando-se fácil a visita virtual. Há o uso de cores
variadas e alegres, que dão a idéia do clima tropical típico dos Estados nordestinos.
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A navegabilidade não foi possível ser analisada devido ao não-
funcionamento do portal no período da pesquisa. Essa situação revela o pouco
comprometimento do órgão oficial em reativar a página e demonstra a falta de
percepção da necessidade de se manter uma home page na web, por se tratar de
mais um meio comunicacional e promocional do Estado. Por isso, optou-se em fazer
a pesquisa técnica a partir das páginas gravadas sobre os aspectos culturais,
tornando o resultado apenas parcial na medida em que não houve condições de
contemplar todos os itens analisados.
O portal apresenta uma série de funções interativas, que vão desde
enquetes (utilizadas como mecanismo de avaliação do portal), correio eletrônico,
cartão postal (usado como meio de indicação do portal para amigos) e mapa
interativo. Os recursos de multimídia disponíveis, tais como vídeo, som e imagens
em movimento, não puderam ser analisados, assim como o uso de links internos e
externos.
Durante toda a pesquisa, o portal de Alagoas apresentou problemas
técnicos, como imagens repetidas, mudança de endereços, finalizando com a sua
completa desativação, como aparece a seguir:
Figura 08: Portal de Alagoas inativo
Fonte: <http://www.visitealagoas.al.gov.br>. Acesso em: 10.dez.2005
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3.1.4 Pernambuco
O acesso ocorre sem haver nenhuma dificuldade ou deficiência. Em
relação aos sites de busca, constatou-se que não há a presença do endereço do
portal no MSN. Não se faz uso de nenhum tipo de introdução inicial ou página de
abertura que antecede a home page. O portal adiciona vários serviços já na
primeira página, como ocorre com as enquetes, previsão do tempo, opção de
downloads, vídeos, visita virtual, entre outros aspectos.
O menu aparece distribuído em duas partes. O primeiro é composto por
elementos interativos do portal, distribuídos em: “indique”, “links”, “faça do site da
EMPETUR a sua home”, “assine nossa newsletter”, “home” e “contato”. A segunda
linha do menu é formada pelo conteúdo informacional da página, disponível por
meio de itens como: “Pernambuco”, “EMPETUR”, “como chegar”, “centro de
convenções”, “eventos”, “atrativos turísticos”, “serviços turísticos”, “brindes” e
“notícias”. Existem submenus que especificam o conteúdo, tornando-se mais prático
para o usuário. Não há a identificação de opção de idioma e logomarca do Estado.
A primeira página é, na verdade, um resumo do material promocional,
informacional e técnico do portal, distribuído de forma ordenada. Para dar conta de
toda esta diversidade, o portal acaba tornando-se bastante extenso em
comprimento, o que favorece a distribuição textual e imagética.
A preocupação quanto à navegabilidade se traduz pela presença dos
menus em todas as páginas internas da home page. Não há nenhum tipo de
orientação para a pesquisa ou mesmo sinalização que permita identificar a posição
da navegação do usuário. Além disso, não foram identificados os itens como motor
de busca e mapa do site, o que demonstra fragilidade quanto aos recursos que
favorecem a navegabilidade mais adequada no portal, deixando a desejar em vários
aspectos.
Um ponto forte é a diversidade de elementos interativos que favorecem o
entretenimento do usuário. São disponibilizados recursos como: enquetes, cartões
virtuais, vídeos, visitas virtuais, papéis de parede, mapas interativos, correio
eletrônico, indicação do portal para amigos, opção de downloads e newsletter.
São utilizados dois recursos pelo Estado de Pernambuco que acabam
sendo bastante interessantes para portais turísticos. O primeiro diz respeito à
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possibilidade de fazer download das diversas versões do hino do Estado – diferencial
do portal. E o segundo serviço é a possibilidade de o usuário tornar a home page a
página inicial no seu computador – situação que favorece a promoção da página
com seus usuários. No link destinado ao centro de convenções do estado é possível
fazer reservas on line – serviço identificado apenas nesse portal.
Figura 09: Portal de Pernambuco
Fonte: <http://www.empetur.com.br>. Acesso em: 25.ago.2005
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As páginas são bem-resolvidas em termos de disposição de texto e
imagem. O uso da cor branca para compor o plano de fundo do portal permite uma
aparência suave e equilibrada, distanciando-se sobremaneira da poluição visual. As
demais cores sobressaem-se ao se contrapor com o branco, dando maior vida às
imagens que aparecem dispostas na tela.
O portal faz um bom uso dos links para complementar o conteúdo
apresentado, os quais estão presentes nos diversos espaços informacionais. Existe
também a inserção de endereços de sites que complementam o conteúdo
apresentado – situam-se após o texto. Não houve a identificação de nenhum
aspecto inadequado ou falta de funcionamento de algum recurso disponível.
3.1.5 Paraíba
A acessibilidade do site não apresenta nenhuma deficiência de utilização.
A página turística do Estado é, na verdade, um link da home page do governo, o
que acaba por confundir o usuário por contemplar vários outros temas sem
relevância para a demanda turística. Para se chegar ao site oficial do Estado, é
necessário inicialmente acessar a home page do governo e buscar no menu o link
intitulado “turismo” – o que acaba obrigando o consumidor turístico a passar por
uma página inicial para depois chegar à opção desejada.
Os menus apresentados são os mesmos da página inicial – mantendo
presentes alguns conteúdos desnecessários que poderiam dar espaço para outros
mais pertinentes. Além disso, subdivide conteúdos necessários em duas páginas (a
do governo e a de turismo), que poderiam ser concentrados apenas na destinada ao
consumidor turístico. Assim, como o site de Sergipe, que também é proveniente de
uma home page do governo, as informações acabam por ficar fragmentadas e
confusas, não havendo concentração de informações específicas das respectivas
páginas.
Não há um bom tratamento visual – fato que acaba deixando-a sem
atratividade. As cores, imagens e disposição de texto demonstram a inserção de
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poucos elementos tecnológicos que possam garantir uma usabilidade e
funcionalidade adequada.
Figura 10: Logomarca da Paraíba
Fonte: <http://www.paraiba.pb.gov.br> Acesso em: 10.jan.2006
As imagens e quadros temáticos são estáticos e parecem reproduzir o
material impresso promocional transportado para o ambiente virtual. A
movimentação na página de turismo ocorre sem a presença da sinalização que
orienta sobre as páginas já visitadas e as que poderão ser utilizadas. Existem dois
menus da home page do governo. Um encontra-se no canto superior da tela,
subdividido em itens como “notícias”, “cartões virtuais”, “contato”, “governo”,
“turismo”, “guia PB”, “servidor”, “web mail” e “fala cidadão”. E o outro pode ser
visualizado no canto direito, intitulado “administração direta”, em que são
apresentados os vários departamentos do governo. Ambos se mantêm em todas as
páginas internas.
Na página de turismo, observam-se não só os menus principais, mas
também o menu específico da página. Os itens identificados são: “principal”,
“institucional”, “roteiros turísticos”, “eventos”, “cultural”, “FUNESC28”, “serviços”,
“galeria de imagens”, “localização de mapas” e “links”.
A opção de busca só aparece na home page do governo, fazendo com que
o usuário da página de turismo tenha que obrigatoriamente usar a página principal
para fazer pesquisa. Não foi identificada nenhuma orientação sobre como pesquisar
no site.
28 Fundação Espaço Cultural
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SITES TURÍSTICOS GOVERNAMENTAIS
Figura 11: Home page do Governo da
Paraíba
Figura 12: Sub home page
destinada ao turismo da Paraíba
Fonte: < http://www.paraiba.pb.gov.br> Acesso em: 18.dez.2005
Fonte: <http://www.paraiba.pb.gov.br> Acesso em: 18.dez.2005
A interatividade está presente no site por meio de mecanismos como
correio eletrônico, álbum de fotos, cartão virtual e mapa interativo. O usuário tem a
possibilidade de escolher a imagem de acordo com a temática – dividida em
ecoturismo, eventos, monumentos, São João, paisagens, praias, religiosos, parques
e vistas aéreas. O site também recebe imagens de usuários para compor as fotos, a
partir do preenchimento de uma ficha e envio da imagem para posterior avaliação,
permitindo a ampliação do acervo e, ao mesmo tempo, estimulando a
interatividade.
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SITES TURÍSTICOS GOVERNAMENTAIS
- 74 -
Um aspecto relevante e pouco freqüente nos portais e sites nordestinos é
a presença de orientações para o uso de algum link das páginas virtuais, como foi
encontrado na página do cartão virtual, em que o usuário poderá ter informações de
como enviá-lo e de como lê-lo.
Não há o uso de recursos sonoros ou vídeos. A página utiliza-se de
imagens estáticas e de pouca atratividade para o usuário. A disposição dos textos
também se torna comprometida, pois, como o espaço destinado ao turismo é um
link da home page do governo, ocorre a manutenção do menu principal na parte
superior e à direita da tela, reduzindo o espaço da página. O que ocorre é que
muitas informações que não são diretamente necessárias para o consumidor
turístico continuam preenchendo o espaço contribuindo para a poluição visual.
É possível identificar a presença de links externos que possibilitem obter
informações adicionais sobre o conteúdo apresentado. O site também disponibiliza
endereços eletrônicos de outros organismos oficiais de turismo no Brasil. Nenhum
tipo de problema, falha ou erro foi percebido durante a avaliação da home page do
Estado da Paraíba.
3.1.6 Rio Grande do Norte
Em relação à acessibilidade, o único problema identificado foi a não-
aparição do endereço do site nas dez primeiras opções do Yahoo Brasil!. Quanto ao
acesso às janelas internas, nenhuma deficiência foi identificada.
O site utiliza duas páginas de abertura. A primeira é destinada à escolha
do idioma, e a segunda aparece como recurso promocional do Estado. Tanto a
primeira quanto a segunda são dispensáveis, sobretudo porque não há o uso
adequado dos recursos tecnológicos, tornando-as simples e pouco atrativas. Mesmo
assim, tem-se a possibilidade de pular esta última abertura, o que não acontece
com a primeira, que é obrigatória. Esses recursos poderiam ser inseridos na
primeira página, facilitando o acesso e diminuindo o tempo do usuário para chegar à
home page.
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Figura 13: Primeira página de abertura (site do RN)
Figura 14: Segunda página de abertura (site do RN)
Fonte: <http://www.setur.rn.gov.br> Fonte: <http://www.http://setur.rn.gov.br> Acesso em: 15.out.2005 Acesso em: 15.out.2005
As imagens são em sua maioria estáticas, deixando o site com pouca
mobilidade pelo intenso uso de imagens paralisadas e sem opções de links para
acessá-las.
Não há sinalização indicativa da posição do usuário ou mesmo a
possibilidade de retornar à página anterior. É possível retornar tanto à página
principal, por intermédio da opção "home” , como também para a segunda página
de abertura, utilizando o link “início”. Não é possível voltar para a primeira página
do site, que é destinada à opção do idioma, devendo o usuário acessar novamente
o endereço eletrônico.
O campo menu apresenta-se na home page em duas áreas: na parte
superior e a esquerda da tela. Além dos itens principais, há subdivisões de outras
seções, o que facilita a navegabilidade. Foram identificadas algumas deficiências
nesse campo, pois, se há a inserção de dois menus, não haveria necessidade de
repetição dos links, como ocorre. Muda-se também o conteúdo das seções que
possuem o mesmo título – o que pode confundir o usuário. As informações
deveriam ser concentradas num único menu.
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- 76 -
Figura 15: Site do Rio Grande do Norte
Fonte: <http://www.setur.rn.gov.br>. Acesso em: 26.ago.2005
São poucos os elementos que favorecem a interatividade do site – apenas
identificado nos recursos de correio eletrônico e mapa interativo. A interatividade,
se melhor utilizada, poderia facilitar e otimizar as informações, estimular a
promoção do destino e oportunizar recursos técnicos que favoreçam a atratividade
da home page. As imagens, que poderiam proporcionar vários recursos interativos,
são pouco utilizadas e permanecem inacessíveis como mecanismo de uso.
Não existe uma boa relação e disposição entre imagem e texto. A
aparência da página fica muito próxima das páginas do word, o que acarreta um
tratamento imagético obsoleto. Há uma sobreposição de texto em relação à imagem
que não favorece a atratividade e sim dificulta a identificação do conteúdo.
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Há um bom uso de ícones de sinalização turística, que favorece a
identificação de informações básicas necessárias à demanda turística, representadas
pelos itens: “atrações”, “como chegar”, “onde comer” e “onde se hospedar”.
Figura 16: Sinalização turística presente no site do RN
Fonte: <http://www.setur.rn.gov.br>. Acesso em: 10.jan.2006
O uso de links externos é outro ponto positivo do site – que disponibiliza
uma janela apenas para esse aspecto, onde são divulgados vários endereços de
sites destinados ao uso turístico, como órgãos federais e informações turísticas. Há
também a utilização desses links para a complementação dos textos apresentados.
Nenhuma falha na utilização das páginas foi identificada durante a pesquisa.
3.1.7 Ceará
O endereço eletrônico do Ceará aparece em todos os sites de busca, sem
apresentar nenhum problema de acessibilidade. O usuário encontra na primeira
página a escolha do idioma que quer visualizar e as logomarcas do Estado e do
governo – a primeira serve como opção para voltar à página inicial, e a segunda
permite ao usuário seguir para a área de serviços e informações do governo.
Trata-se de uma página com visual agradável e com escolhas adequadas
em relação às cores, imagens e textos, não havendo excessos nem deficiências
nesses aspectos. O portal é funcional, pois, mesmo havendo várias categorias
listadas na home page, não se torna confuso para o usuário pela subdivisão que é
apresentada.
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Figura 17: Logomarca do Ceará
Fonte: <http://www.setur.ce.gov.br> Acesso em: 10.ago.2006
Durante a pesquisa, o portal acrescentou o idioma espanhol como mais
uma opção de língua estrangeira – contribuindo para a visitação de usuários
estrangeiros. A qualidade da imagem também é um diferencial – nítida, sofisticada
e com tamanho adequado ao espaço da primeira página.
O Estado não insere publicidade de empresas privadas nas suas páginas.
A divulgação ocorre por mecanismo informacional das empresas turísticas – não
havendo links de anunciantes.
A sinalização para situar o usuário é feita de forma adequada, não
havendo problemas de navegação. Em todas as páginas tem-se a opção de voltar
para a página inicial ou mesmo voltar para a página anterior. Só não há indicação
da posição do usuário em relação ao menu de navegação.
O portal possui uma série de menus distribuídos em várias áreas da
página – na parte superior e à esquerda da tela –, opção que facilita a navegação
de acordo com o assunto. Tanto a lista de conteúdos quanto a sinalização para
voltar à home page estão presentes em cada página, não acarretando dificuldade de
uso nesse sentido.
A home page permite que os usuários possam ter acesso a dados
específicos, subdivididos de acordo com a necessidade verificada, com itens como
“aonde ir?”, “qual o interesse?” e “onde ficar”?. Vários campos, tais como “notícias”,
“eventos”, “serviços”, proporcionam o refinamento da pesquisa a partir da
identificação de itens como ano, mês, assunto, palavra, localidade, entre outros
aspectos, facilitando assim a identificação da informação presente no banco de
dados do portal.
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- 79 -
Figura 18: Portal do Ceará
Fonte: <http://www.setur.ce.gov.br>. Acesso em: 23.ago.2005
Dois aspectos desfavoráveis foram percebidos. O primeiro foi a não-
identificação do motor de busca nas outras páginas, aparecendo apenas na página
inicial. E o segundo diz respeito à inexistência de mapa do portal.
O Ceará, assim como a Bahia, disponibiliza vários recursos interativos –
como enquetes, newsletter, cartões postais, correio eletrônico, entre outros. É
possível fazer o cadastramento no portal, seja como visitante ou fornecedor de
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- 80 -
produtos turísticos que queira divulgar informações sobre os estabelecimentos,
produtos e/ou serviços. Isso pode ser feito com o preenchimento de um formulário
virtual, onde devem constar o nome completo e e-mail. No item “fale conosco”; o
usuário pode enviar uma mensagem diretamente para a Secretaria de Turismo do
Estado; mediante a utilização de formulário disponível no portal.
Há um link externo que leva o usuário à outra página do governo,
intitulada “Idéia Cidadã”, em que se pode dar opiniões e sugestões que contribuam
para o desenvolvimento do Estado. Chama-se “canal aberto de comunicação com a
sociedade”.
Não foram encontradas as opções de indicação do portal ou mesmo de
visita virtual e opção de imagens para fundo de tela. É possível fazer download do
vídeo sobre o Ceará. Um aspecto relevante percebido foi a possibilidade de
denunciar por intermédio de outro link externo disponível, situações de turismo
sexual envolvendo menores. Trata-se de um importante recurso que pode ser
utilizado por web sites governamentais.
Há um reduzido uso de imagens em movimento, o que privilegia as
imagens estáticas. A relação de texto e imagem se dá de forma harmônica, não
ocorrendo, assim, poluição visual ou excesso de um deles. Há intenso uso de links
internos e externos. Estes últimos são usados para levar o usuário aos outros
portais do governo do Estado. Foi identificada a repetição da página nos itens
“favoritos” e “visitantes”.
3.1.8 Piauí
O portal do Estado do Piauí sofreu reformulação no design e no conteúdo
promocional e informacional durante a pesquisa. Quando a análise técnica foi
produzida, em janeiro de 2005, foram identificados elementos não-presentes na
pesquisa anterior. Como esta análise tem como premissa a pesquisa no site on line,
não houve a possibilidade de usar a home page anteriormente investigada na
pesquisa sobre os conteúdos informativos e promocionais.
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Figura 19: Site do Piauí no início da pesquisa
Figura 20: Site do Piauí redefinido durante a pesquisa
Fonte: <http://www.piemtur.pi.gov.br> Fonte: <http://www.piemtur.pi.gov.br> Acesso em: 15.out.2006 Acesso em: 22.dez.2006
Não há nenhum tipo de abertura anterior à página principal, facilitando o
acesso do usuário. Foram identificadas várias janelas indisponíveis, subentendendo-
se que o site ainda está em processo de construção, mesmo sem haver nenhum
tipo de explicação nesse sentido.
O site do Piauí faz uso de várias imagens e textos na primeira página,
porém de maneira desordenada e ineficaz. A página demonstra a necessidade de
inserir a maior quantidade possível de imagem e texto, independentemente do
resultado final, com o uso de recursos pouco modernos.
O motor de busca aparece já na primeira página, mas funciona
erradamente, pois acaba levando o usuário para a opção “escolher arquivo”. É
possível identificar várias imagens que mudam continuamente, porém não são
usadas como links para a visualização ou mesmo identificação da imagem. A
sinalização que orienta o usuário a mover-se entre as páginas é inexistente,
havendo apenas um ícone referente à opção para retornar ao topo da página.
O menu, que no site aparece intitulado como “índice”, permanece em
todas as páginas e é subdividido em “PIEMTUR”, “Piauí”, “parques estaduais”,
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“parques municipais”, “mapas”, “Serra da Capivara”, “Sete Cidades”, “Serra das
Confusões”, “hospedagem”, “atrativos naturais” e “atrativos culturais”, porém
apenas quatro dos onze itens estão disponíveis para a visualização. O motor de
busca se mantém nas páginas respectivas, porém apresentando erro técnico, o que
inviabiliza seu uso. Não há mapa do site nem orientação para a pesquisa na home
page.
O que se constatou foi a falta de qualquer recurso que possa contribuir
para a visitação e uso das páginas internas, tornando a visita confusa e complicada
pela falta de sinalização necessária. Os recursos que possibilitam a interatividade
são praticamente inexistentes, sendo representados apenas pela presença de
enquete.
O site opta pelo uso de cores e tons fortes, tipicamente utilizados na
promoção turística, porém não consegue relacionar adequadamente as cores e
tonalidades. O tipo e tamanho de letra, bem como a disposição de texto, também
deixam a desejar, favorecendo uma imagem carregada do site. A home page não
trabalha muito bem com elementos que dão mobilidade ao usuário, sendo comum
encontrar imagens paralisadas e textos sem links.
Não há a utilização de links externos, deixando o usuário sem a
possibilidade de aprofundar as informações existentes. O site apresentou muitas
janelas ainda sem funcionamento, como ocorreu com os atrativos culturais e
mapas, por exemplo. A situação mais grave identificada foi a indisponibilidade do
recurso chamado “tradutor”, que subtende ser a possibilidade de uso do site da
versão na língua inglesa (conteúdo presente apenas nessa nova versão da home
page). As janelas destinadas às notícias não funcionam, e as informações sobre a
data e dia da semana não são atualizadas, expondo ainda mais a fragilidade e a
ineficácia de vários recursos técnicos do site.
3.1.9 Maranhão
O portal maranhense disponibiliza uma página de abertura, que antecede
a principal, utilizada tanto para a escolha do idioma quanto para promover o destino
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mediante a utilização de imagem sobre o destino, o que permite apresentar os
diversos roteiros propostos pelo organismo responsável.
A abertura da página é feita em meio a uma abertura musical,
promovendo uma junção harmônica entre imagem e som. Mesmo usando tais
recursos, não houve a identificação de nenhum problema de carregamento da
página, demonstrando assim o uso adequado dos recursos tecnológicos.
Um aspecto relevante da home page é a personalização visual, tanto no
que se refere aos destinos quanto por meio da logomarca. Para cada pólo turístico,
tem-se uma página de cor diferente e uma marca correspondente.
Trata-se de um portal atraente, sofisticado e que se distancia da
tipicidade nordestina. Traz uma proposta diferenciada, que é facilmente evidenciada
nos aspectos promocionais, informativos e comunicacionais. O conteúdo é
apresentado sem excesso, dando prioridade às informações específicas e
direcionadas, o que facilita a navegação. O tratamento visual é cuidadoso e
coerente, como se pode notar a seguir:
Figura 21: Logomarca do Maranhão
Fonte: <http:/www.turismo.ma.gov.br> Acesso em: 15.out.2006
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Quadro 2: Conteúdo promocional do Maranhão
Fonte: <http://www.turismo.ma.gov.br>. Acesso em: 10.jan.2006
A navegação no portal ocorre de forma tranqüila, fácil e simples,
utilizando a sinalização presente em todas as páginas, que orienta o usuário a
retornar à tela anterior ou à tela principal. Não foi identificada a presença do mapa
do site – recurso que facilitaria ainda a mais a navegação. Os menus, submenus e
opção de busca encontram-se em todas as páginas da home page.
No portal, tem-se a oportunidade de escolher a imagem que será utilizada
na abertura e que posteriormente servirá de pano de fundo de todas as páginas
disponíveis, possibilitando que o usuário interfira na aparência do portal. Trata-se
de um recurso interativo interessante, na medida em que o Estado disponibiliza 47
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opções para personalizar as páginas que serão utilizadas, possibilitando que cada
usuário visualize a home page da maneira escolhida. Trata-se de um diferencial, um
recurso de interatividade disponível apenas no portal do estado do Maranhão.
Quadro 3: Home pages e páginas virtuais do Maranhão
Fonte: <http://www.turismo.ma.gov.br>. Acesso em: 10.jan.2006
Home pages Páginas virtuais correspondentes
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O portal trabalha também com outros elementos interativos, tais como
“opinião sobre o portal”, “opção de busca”, “espaço para contato com o órgão
responsável” e “mapa interativo”. Faltou diversificar os serviços interativos a partir
do material já disponibilizado, o que poderia tornar as páginas mais lúdicas.
Não há o uso de cartões virtuais ou opções para transformar as imagens
em descansos e/ou fundos de tela, recursos que poderiam ser facilmente inseridos
em conjunto com o álbum virtual. Este último também poderia ser transformado em
vídeo, sobretudo pela qualidade e diversidade de fotos disponíveis. E a música
apresentada na abertura poderia ser disponibilizada para download – uma vez que o
repertório popular maranhense tem um estilo muito próprio, servindo como
elemento promocional do destino.
O portal trabalha bem a relação de imagem, texto e cor, que são alterados
de acordo com o assunto tratado. Os menus são destinados tanto para os pólos
turísticos (situados à esquerda da tela) quanto para outras informações
complementares.
Trata-se de um portal bem-resolvido no que se refere à aparência, sendo
entre os sites e portais pesquisados o que melhor soube planejar suas páginas. Não
há acúmulo de conteúdo, interessante e não deixa de acrescentar as características
locais. É sóbrio na escolha das cores, distanciando-se das opções feitas
normalmente em páginas turísticas.
Há uma concentração nas imagens estáticas, que são utilizadas sem
prejuízo do desempenho e atratividade do portal, principalmente pela qualidade e
tratamento do material exposto. Os textos estão dispostos adequadamente em
vários pontos da página, por meio de fragmentos curtos, mas que se concentram no
tema trabalhado, permitindo uma informação rápida e prática.
Observou-se pouco uso de links internos e externos. Nenhum problema foi
identificado durante as visitas ao portal.
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SITES TURÍSTICOS GOVERNAMENTAIS
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Capítulo 4
A comunicação turística no ciberespaço: uma análise do
conteúdo informacional dos sites e portais nordestinos
Hoje, a tecnologia permite o contato direto com as empresas turísticas
por meio de portais e site na web, fazendo como que muitos usuários deixem de
utilizar os serviços tradicionais e passem a se informar pela rede.
O intercâmbio entre o governo e as empresas prestadoras de serviços é
fundamental, pois, para se estabelecer um bom sistema de informação que auxilie
no planejamento e vivência da viagem, há que se ter dados sobre uma gama de
serviços que podem ser utilizados pelo visitante, tais como: transportes, passeios,
meios de hospedagem, locação de veículos, pacotes turísticos, excursões, entre
outros. Em algumas home pages governamentais nordestinas, foram identificados
diversos tipos de publicidade de empresas turísticas, que ampliam as informações
necessárias aos viajantes.
Os órgãos governamentais figuram como intermediários de informações
entre fornecedores e consumidores turísticos (POLLOCK29 apud O’ CONNOR, 2001).
É por isso que se faz cada vez mais necessário o desenvolvimento de pesquisas
para identificar o perfil dos públicos (fornecedores e consumidores), para poder
direcionar de forma mais eficaz a informação disponibilizada.
Antes da internet, as informações transmitidas pelos órgãos
governamentais eram distribuídas por meios impressos (guias turísticos e
folheterias), que nem sempre figuravam como sinônimo de eficácia e economia para
os setores responsáveis. Ainda hoje esse material gera custos significativos para a
iniciativa pública, pois, além do processo de reprodução, há também o de
distribuição, sendo este último de fundamental importância para a captação de
novos visitantes, incluindo os de outros países.
29 POLLOCK, A. Creating intelligent destinations for wired consumers: a conceptual framework and its Scottish application. Presentation at the 4th International Conference on Information and Communication Technologies in Tourism – (ENTER), Edinburgh.
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SITES TURÍSTICOS GOVERNAMENTAIS
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Os procedimentos de atualização das informações no meio impresso nem
sempre conseguem acompanhar o mercado turístico, tornando-se muitas vezes
obsoletos em rápido tempo, situação difícil numa atividade que é conhecida por sua
natureza dinâmica, sobretudo no que se refere às tarifas e serviços. Uma
informação desatualizada pode causar várias situações desencontradas, que
interferem e comprometem o planejamento, a contratação de serviços e o usufruto
da viagem.
Os materiais informativos impressos ainda são largamente utilizados
pelas estruturas governamentais, mas é bem verdade que a web passou a ter uma
contribuição decisiva na comunicação turística entre o governo e seus diversos
públicos. Destaca-se, sobretudo, por inaugurar mais uma maneira de difundir
informações turísticas, de forma rápida, interativa e universal. Hoje, a internet
permite a congruência de todos os elementos anteriormente citados em um só
espaço, tornando-se mais econômico e eficaz sem necessitar de serviços de
impressão e reprodução em grande quantidade.
[...] a Internet tem grande potencial para influenciar a forma com que os produtos de hospitalidade e turismo são distribuídos, ao redefinir como os viajantes descobrem e compram produtos de turismo. [...] Também tem o potencial de superar muitos dos problemas de distribuição mais tradicionais (MUTCH 30apud O’CONNOR, 2001, p. 116).
Nos portais e sites, a informação turística oficial deve estar presente de
forma atualizada e acessível não só para os visitantes efetivos e potenciais, mas
também para as empresas intermediárias e as prestadoras de serviços turísticos,
por intermédio de um consistente banco de dados das destinações. Esse aspecto
tem sido negligenciado pelos organismos turísticos nordestinos, sobretudo porque
quase não foi identificada a presença de conteúdos informacionais destinados aos
intermediários e prestadores de serviços, centralizando os dados para a demanda
turística.
Quanto à terminologia, O’Connor (2001) esclarece que pode variar
bastante, sendo identificadas a partir das mais diversas maneiras, como segue:
30 Mutch, A. The English Tourist Network Automation project: a case study in interorganizational system failure. Tourism Management 17 (8), p. 603-609.
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• Sistemas de banco de dados de destinações;
• Sistemas de gerenciamento de destinações;
• Sistemas de informações de destinações;
• Sistemas de serviços aos visitantes;
• Sistemas de informações de viagem.
Na verdade, mesmo sendo intitulados de formas variadas, as
terminologias possuem o mesmo objetivo, que é “[...] distribuir informações sobre
uma gama diversa e abrangente de produtos turísticos, geralmente de uma região
geográfica específica, em uma tentativa de facilitar o melhor uso econômico da
estrutura da região” (FRENCH31 apud O’ CONNOR, 2001, p.71).
A distribuição informacional eletrônica vem ganhando uma substancial
aceitação no turismo, configurando-se como uma das ferramentas de marketing e
distribuição no setor. Tais sistemas estão presentes tanto no campo da iniciativa
pública quanto no setor privado da atividade. Algumas áreas já vêm utilizando-se
dessa tecnologia no processo de divulgação, informação, promoção e venda, como
ocorre com as empresas aéreas, os meios de hospedagem e as agências de
viagens. No caso governamental, os meios eletrônicos permitem a intermediação
entre os visitantes e as empresas, além de tornarem-se espaços de divulgação e
informação dos atrativos turísticos, serviços e infra-estrutura local.
Os sistemas de gerenciamento de destinações, que são voltados apenas
para o armazenamento e distribuição de informação, são amplamente utilizados
pelos órgãos governamentais do turismo, tornando-se tanto um interessante banco
de dados quanto uma valiosa fonte de suporte informacional para o visitante.
Sheldon (apud O’ CONNOR, 2001, p. 71-72) complementa ainda que:
Os órgãos regionais de turismo tentam fornecer informações sobre estruturas públicas e privadas. Para o setor privado, isso inclui informações sobre hospedagem (tipos, classificações, localizações, preços, instalações e disponibilidade), roteiros (componentes, passeios, atividades, datas e disponibilidade), atrações, eventos e entretenimento (descrições, locais, preços, horários de funcionamento e disponibilidade) e restaurantes
31 FRENCH, H. Destination management systems – Canadian experience in the development of destination management systems. In: Jordan, Y. (ed.) Information for Travel ant Tourism Marketing: a Tool for Profit. Proceedings of the Pacific Asia Travel Association Conference. Pacific Asia Travel Association, Vancouver, British Columbia.
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(gastronomia, local, tamanho, faixa de preços e horários de funcionamento). Para o setor público, a informação deveria incluir parques, museus, galerias (horários de funcionamento, descrições, preços de ingressos, locais e mapas), transporte público (horários, destinações, meios e preços), ambiente (condições de tráfego, previsão do tempo, condições para esqui ou praia) e exigências legais (controles de fronteiras e exigências de saúde).
Um sistema de informação turística contribui e melhora o aconselhamento
de viagem, uma vez que pode apresentar ao turista uma gama de elementos que
fazem parte do produto turístico procurado, bem como contribuir para melhorar a
qualidade dos serviços informacionais prestados pelos profissionais e empresas
turísticas com tempo e custo menor.
Nos portais e sites, há dois tipos distintos de conteúdos. O primeiro está
ligado aos atrativos naturais, históricos e culturais das localidades, que servem
principalmente para seduzir o usuário e estimular o desejo de visitação. Como não
ocorrem significativas mudanças desses conteúdos, não há necessidade de
constante atualização. O segundo grupo – formado por dados mais específicos,
como calendários de eventos, agenda cultural, instalações hoteleiras, serviços
turísticos e serviços públicos – deve ser regularmente atualizado para garantir a
precisão e a qualidade da informação.
Pollock (apud O’Connor, 2001) adverte que é muito difícil desenvolver
etapas como compilação, armazenamento e gerenciamento dos dados dos sites e
portais, sobretudo por se tratar de um procedimento bastante complexo. Porém
pode-se utilizar o potencial dos computadores para melhor se gerenciar as
informações. “Uma vez a informação turística esteja digitalizada, ela poderá ser
facilmente manipulada, reorganizada e reutilizada tantas vezes quantas forem
necessárias e comunicada em velocidades eletrônicas” (POLLOCK apud O’ CONNOR,
2001, p.72). Porém, em algumas situações, o problema não é nem de caráter
tecnológico e sim organizacional. Quando se trata de sites e portais
governamentais, as dificuldades em garantir a atualização das informações podem
estar situadas no campo da burocratização – comum na estrutura pública brasileira
–, que dificulta a continuidade necessária para garantir das páginas virtuais.
Percebe-se que cada vez mais há um avanço do uso da potencialidade
informacional das home pages, porém uma realidade paradoxal se apresenta. Ao
mesmo tempo em que são encontrados sites e portais bastante desenvolvidos, há
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também aqueles que dão uma idéia de que não saíram do plano piloto e não
evoluíram (como ocorre com o site do Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba).
Uma vez que as páginas virtuais permitem interconectar os vários
públicos participantes do setor – governo, comunidade local, empresas setor
turístico e visitantes – devem figurar para seus usuários como uma fonte de
informação precisa, detalhada e eficiente do destino. Podem ser utilizadas também
como possibilidade de comunicação com os vários setores ou departamentos do
órgão responsável pela home page, sendo fundamental que haja um monitoramento
de e-mails recebidos, para que os mesmos possam ser respondidos de forma
rápida, eficaz e elucidativa para quem solicita. Durante a investigação, foram
enviadas, como teste, mensagens para e-mails apresentados nas páginas virtuais
de cada estado, para avaliar o processo de monitoramento dos correios eletrônicos.
O fato é que nenhum destino nordestino respondeu a mensagem enviada, o que
demonstrou falta de gerenciamento das informações recebidas.
O portal e/ou site não pode operar de forma isolada, sendo necessária
uma forte campanha publicitária para divulgação do endereço na web, o que pode
ser feito nos eventos turísticos, junto com a folheteria e o material promocional. “O
sistema deve ser parte de uma identidade de marca da região, de forma que
quando um cliente pensar na região, automaticamente pensará no sistema como
um local para encontrar informação e reservar produtos turísticos” (O’ CONNOR,
2001, p. 83). Percebe-se que um portal e/ou site bem planejado, organizado e
atualizado passa a ser também um diferencial de mercado, na medida em que se
torna uma representação simbólica do destino, como foi identificado nos Estados do
Ceará, Maranhão e Bahia. Caso o site e/ou portal não receba o tratamento
adequado, pode influenciar no sentido inverso, transformando-se num instrumento
de desqualificação da percepção turística da localidade.
Na promoção do produto turístico, o que se percebe é um processo
competitivo, em que os governos buscam uma fusão com o mercado na tentativa de
promover a atividade turística em sua localidade, utilizando-se dos meios de
comunicação tradicionais e agregando outros novos, como ocorre com a internet.
Para se desenvolver um sistema de informação turística na web, tem-se a
necessidade de disponibilizar conteúdos que permitam ao usuário a identificação de
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- 92 -
serviços necessários, capazes de possibilitar a utilização antes mesmo de a viagem
ser concretizada. O portal ou site deve permitir que se identifiquem com
antecedência os atrativos naturais e culturais da localidade, os serviços turísticos
disponíveis e a infra-estrutura pública que serve de apoio ao turista. Ao chegar ao
destino, a home page deve oportunizar informações para que o visitante possa
aproveitar da melhor forma possível a sua permanência, disponibilizando conteúdos
atualizados sobre agenda cultural, calendário de eventos, serviços públicos,
telefones úteis, entre outros aspectos.
Portanto, há uma necessidade contínua de melhorar a eficiência dos
portais e sites no sentido de ampliar sua capacidade informacional, agregando
novos serviços, reduzindo erros, atualizando conteúdo e melhorando a sua eficiência
para os diversos públicos para os quais está destinado.
4.1 Informações geográficas
As abordagens geográficas estão presentes em todos os portais e sites
nordestinos. Isso se deve à importância que os recursos naturais representam para
a localidade – região com diversidade de ecossistemas ainda preservados, com
temperatura agradável e plena vocação para a prática de modalidades esportivas
ligadas ao meio ambiente –, figurando como fortes atrativos locais.
Os elementos que apareceram com maior freqüência estão ligados aos
dados populacionais, extensão da costa litorânea, localização, clima, área territorial,
limites geográficos, vegetação, número de municípios, principais rios, temperatura,
precipitação média anual e altitude. Há também o uso de subdivisões geográficas,
de acordo com as características naturais de cada localidade, tais como região de
Mata Atlântica, Agreste, Borborema e Sertão.
Os Estados demonstraram preocupação em oportunizar uma vasta oferta
de informações que permitam ao usuário ter uma visão ampla das localidades,
mediante os dados geográficos gerais e necessários aos viajantes, favorecendo a
escolha dos ecossistemas que deverão ser visitados, os tipos de turismo que serão
vivenciados e as atividades de lazer que serão desenvolvidas.
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SITES TURÍSTICOS GOVERNAMENTAIS
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4.2 Previsão do tempo
Para os visitantes efetivos e potenciais, as informações sobre as
condições de tempo do destino permitem oportunizar a escolha do período do ano
da visita e as condições climáticas com que deverão ter contato. Por isso, é
necessário que tais dados estejam presentes nas home pages de maneira constante
e atualizada, representando uma fonte segura no processo de planejamento da
viagem. Nesse sentido, verificou-se que apenas quatro Estados disponibilizaram
esse conteúdo. Pernambuco sobressai ao adicionar não só a previsão de tempo,
mas também os horários e a altura das marés, os horários e fases da lua e do sol,
favorecendo assim os praticantes de esportes náuticos. A Paraíba também ressaltou
esse aspecto, acrescentando dados sobre o volume dos açudes, já que estes
também estão sendo utilizados para passeios turísticos em muitos dos municípios
nordestinos.
No portal do Ceará, a previsão do tempo é apresentada com o uso de um
mapa ilustrativo que identifica o tempo nas principais regiões do Estado. Além
disso, há também a presença de imagens de satélites com que se analisam as
condições atmosféricas dos municípios. O portal está ligado à FUNCEME - Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, que dá respaldo às informações
divulgadas.
Os aspectos ligados ao tempo estão sempre presentes na promoção dos
destinos, pois são eles que orientam o tipo de produto turístico que vai ser
divulgado, as atividades e locais que deverão ser visitados e os eventos que
poderão ser realizados. No ciberespaço, não basta apenas promover os recursos
naturais, é necessário também oferecer serviços de previsão de tempo, utilizando-
se a tecnologia da informação, que possibilita a inserção de dados de forma
contínua e atualizada. Poucos são os Estados que adicionaram esse serviço em suas
páginas – informação importante para quem pretende viajar e deseja saber o
período do ano que melhor se enquadra ao perfil da viagem.
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- 94 -
4.3 Informações histórico-culturais
A história e a cultura dão uma substancial contribuição para a atividade
turística, principalmente por ser um fator de motivação de viagem que se concretiza
por meio do turismo cultural – praticado em todo o Nordeste. O legado histórico-
cultural está representado nos sites e portais pelo acervo material e imaterial dos
Estados, evidenciado nos monumentos, sítios históricos, instituições e
estabelecimentos de pesquisa, folclore, culinária, artesanato, entre outros aspectos.
As informações históricas encontradas referem-se principalmente à
importância e contribuição que os Estados nordestinos tiveram para o País. O
período colonial aparece como momento de maior importância para o Nordeste,
sendo identificado em conteúdos que refletem o processo de povoamento,
subdivisões dos Estados e legado cultural deixado pelas três etnias, numa
perspectiva saudosista e bucólica de um Nordeste guerreiro, que paulatinamente
perdeu espaço na constituição econômica e política do País, mas que busca resgatar
tal importância por meio do patrimônio histórico.
A diversidade cultural está bastante presente na representação do
Nordeste turístico, de forma tradicional, tendo a cultura popular um espaço de
destaque quando comparado ao erudito. O artesanato, as festas populares, a
gastronomia e o folclore são os elementos que melhor definem culturalmente os
Estados da Região, além das crenças, valores e hábitos ainda presentes nas cidades
interioranas.
Os governos têm no legado histórico-cultural nordestino um dos principais
elementos de atratividade da Região, percebido claramente na pesquisa devido à
importância e espaço dado a esse conteúdo em todos os portais e sites avaliados.
4.4 Recomendações de viagem
Os espaços para recomendações de viagem são encontrados
normalmente com maior freqüência nas revistas e jornais, por meio de informações
que buscam possibilitar maior qualidade, segurança e usufruto da experiência
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turística. As orientações podem se referir a procedimentos para aquisição de
serviços turísticos (em agências, transportadoras, locadoras, meios de hospedagem,
seguro de viagem, bagagens, passeios, entre outros), aspectos jurídicos e de
segurança de viagem, documentos necessários, saúde, comportamento diante de
usos e costumes locais, vestimentas, entre outros aspectos.
Na pesquisa, apenas o portal do Maranhão apresentou esse conteúdo, que
esteve presente com um link intitulado “o que levar”, onde são dadas
recomendações práticas sobre os tipos de roupas, calçados e acessórios necessários
à visitação de certos espaços naturais. As recomendações estiveram inseridas em
cada pólo turístico maranhense, de acordo com as características de cada área,
como pode ser observado:
Quem visita São Luís deve ter em mente que as temperaturas são altas o ano inteiro. Além disso, a maioria dos passeios é ao ar livre, envolvendo caminhadas por ruas que mantêm seu padrão de calçamento original, em paralelepípedos. Por isso a dica é abusar das roupas e calçados leves e não esquecer acessórios importantes como chapéus, bonés, protetor solar e óculos escuros, principalmente durante as visitas às praias e ao Centro Histórico32.
Nos sites e portais oficiais, as recomendações de viagem podem também
contribuir para a melhoria da imagem institucional dos Estados, figurando como
uma demonstração de preocupação do governo com o conforto e segurança dos
viajantes, bem como com a adequação dos visitantes às características naturais e
culturais da localidade. Os Estados que não apresentaram esse conteúdo deixaram
de contribuir para a melhoria da viagem dos seus usuários, como também de
promover o órgão gestor.
4.5. Informações institucionais
As páginas virtuais governamentais são na web representações virtuais
de cada órgão gestor. Por isso, se faz necessário disponibilizar informações que
possam situar o usuário diante da instituição responsável pelo site ou portal,
32 Disponível em: <http://www.turismo.ma.gov.br>. Acesso em: 15.ago.2005
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mediante aspectos históricos, competências, ações, setores, objetivos, estrutura
organizacional e serviços, além de endereços eletrônicos dos departamentos
existentes.
Nesse sentido, apenas cinco dos nove Estados dispõem de tais
informações. Essa realidade reflete a percepção, ainda restrita, que os governos
possuem sobre as potencialidades da internet – usada mais como veículo
promocional do que informacional –, dificultando a prestação de serviços oficiais
específicos, que poderiam ser inicialmente divulgados por e-mails.
4.6 Informações para públicos específicos
Além dos dados institucionais, a pesquisa buscou perceber se haviam
informações destinadas a públicos específicos, pois, além do conteúdo destinado aos
visitantes potenciais ou efetivos, os portais e sites também podem estabelecer
contatos e serviços para usuários que estão direta ou indiretamente envolvidos com
a área, como ocorre com os investidores, profissionais de turismo e jornalistas.
Dos três públicos citados, o que teve maior freqüência de informação
foram os investidores, aparecendo em cinco Estados. A Bahia teve maior destaque
nesse aspecto, por dispor de amplo espaço para esse público, com links sobre
negócios, investimentos no setor e oportunidades de investimentos. No portal
pernambucano, há a divulgação de dois sites da EMBRATUR – Instituto Brasileiro de
Turismo – dirigidos àqueles que queiram explorar economicamente a atividade
turística, porém não se percebeu nenhum conteúdo destinado a estimular os
investimentos no Estado, demonstrando a reduzida utilização do potencial
mercadológico do portal. No caso do Maranhão, observaram-se não só os dados
sobre os investimentos no setor turístico, mas também orientações para outras
áreas economicamente rentáveis, no qual o governo descreve as principais áreas da
economia com possibilidades de investimentos.
As informações direcionadas aos profissionais de turismo só foram
encontradas no portal da Bahia – que dispõe de uma área exclusiva para agências
de viagens e operadoras. Nesse espaço, são oferecidos cursos de capacitação
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profissional desenvolvidos pelo governo, com o intuito de melhor promover e vender
o destino. Caso o profissional queira participar dessa capacitação, é possível
preencher um formulário e enviar para a BAHIATURSA – Empresa de Turismo da
Bahia S/A – por e-mail. Há também a possibilidade de solicitar materiais de
divulgação e fazer leitura de notícias atualizadas sobre o turismo no Estado, a partir
de press-releases específicos para profissionais da área. O “Programa Fidelidade
Bahia”, que é destinado tanto para o turista como para o setor turístico, também
aparece nesse espaço exclusivo com informações sobre as vantagens que as
agências e operadoras terão em tornar-se credenciadas e estimular o
credenciamento dos seus clientes.
Nenhum Estado apresentou espaço dedicado às necessidades específicas
da imprensa, que nos dias de hoje atua como importante parceira na divulgação de
cidades turísticas. Para esse público, os governos poderiam desenvolver um
trabalho de relações públicas, que seria substancialmente ampliado por meio de
sites e portais oficiais. Segundo a OMT, isso pode ocorrer mediante “um serviço de
notícias, ou arquivo de mídia, no qual se pode armazenar, catalogar e acessar todos
os artigos, notícias e programas publicados” (2003, p. 113). Como foi dito, não
houve a identificação desse espaço específico nem, muito menos, a presença de
bancos de dados nesse sentido. Mas foram encontrados em alguns Estados espaços
de notícias jornalísticas sobre o turismo local. Um aspecto desfavorável percebido
nesse sentido foi a falta de atualização dos conteúdos, como aconteceu com o portal
de Pernambuco, que disponibilizava notícias bastante desatualizadas.
4.7 Telefones úteis
Ao chegar ao destino, os visitantes passam a utilizar serviços turísticos e
serviços públicos existentes na cidade. Por isso, é necessário ofertar, nas home
pages, links de telefones úteis, que poderão orientar os usuários sobre os serviços,
empresas e instituições existentes na localidade.
De acordo com o perfil de cada viagem, têm-se maiores ou menores
necessidades de uso de números telefônicos úteis, pois, quanto maior for a
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independência do turista diante de serviços pré-contratados, maior será a
necessidade de uso de tais informações, ou seja, se o turista contratar serviços de
hospedagem, programação cultural, guias de turismo, entre outros serviços, menos
necessitará buscar outras empresas ou serviços locais. Porém, se a viagem foi
planejada sem tais contratações, será necessário o uso de telefones que possam
facilitar a circulação no espaço visitado, as compras, a visitação de atrativos e a
diversão na cidade.
Na pesquisa, os links para informações úteis estiveram presentes em sete
Estados, ou seja, em grande parte dos pesquisados, nos quais foram encontrados
telefones de empresas turísticas, transportes, comunicações, órgãos de fiscalização,
órgãos públicos, serviços públicos, entre outros, apresentando, nesse sentido, um
resultado positivo a partir de um conteúdo diversificado e orientado para satisfazer
as necessidades dos visitantes.
4.8 Programação cultural
As informações sobre a programação cultural servem para ampliar as
possibilidades de uso turístico dos destinos, por permitir o melhor aproveitamento
diurno e noturno da localidade e possibilitar também o contato com a produção
cultural existente. Normalmente, as informações mais freqüentes estão ligadas a
exposições, cinemas, feiras, espetáculos musicais e de dança, peças teatrais,
cursos, encontros e eventos dos mais variados tipos.
De acordo com a modalidade turística que está sendo desenvolvida, têm-
se perfis distintos de motivações e formas de entretenimento. Assim – para o
turismo de lazer, de eventos e de negócios –, ter informações sobre a programação
cultural é fator primordial para garantir o uso de espaços recreacionais e de
entretenimento. Além disso, as opções culturais variadas e interessantes podem
manter o tempo de permanência na cidade, ampliar o período de estada do
visitante, bem como possibilitar visitas futuras ao destino.
A pesquisa constatou que, dos nove Estados pesquisados, apenas dois
apresentaram informações sobre a programação cultural local (da Bahia e da
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Paraíba), dos quais somente a Bahia apresentou informações atualizadas. Para o
Nordeste, onde o turismo de lazer é desenvolvido de forma intensa, a falta destas
informações pode significar prejuízos para o pólo receptor, uma vez que se
reduzirão as possibilidades de entretenimento, de conhecimento da diversidade
cultural local e do contato com a população residente para aqueles que acessam os
sites e portais oficiais.
4.9 Calendário de eventos
Esse item pode ser compreendido como uma resenha dos eventos locais,
nos quais devem constar acontecimentos dos mais variados campos de interesse –
social, artístico, científico, cultural, cívico, desportivo, folclórico, entre outros. No
estudo, buscou-se perceber se havia ou não a divulgação do calendário de eventos
dos Estados, principalmente pela importância que tais informações representam na
orientação dos acontecimentos que irão ocorrer no pólo receptor de forma
antecipada e ordenada.
O calendário oficial de eventos deve ter como prioridade a divulgação dos
acontecimentos de maior força promocional das localidades, além de possibilitar a
chance de promover os novos eventos. No caso dos portais e sites turísticos, essa
informação pode ser um procedimento eficaz de propagar, de forma racional e
imediata, os eventos em âmbito global. Além disso, o calendário de acontecimentos
locais favorece e estimula a redução da sazonalidade, por dinamizar a estrutura
turística em períodos em que o fluxo de visitantes torna-se mais reduzido.
Seis Estados divulgam o calendário de eventos nas home pages, mas nem
todos mantêm os dados atualizados, como é o caso do Ceará e de Pernambuco. No
portal do Ceará, os dados são de 2003, e no de Pernambuco não são apresentados
os dias em que ocorrerão os eventos com datas móveis (que sofrem modificações
de acordo com o calendário anual). A falta de atualização dessas informações anula
a possibilidade de estimular o turismo de eventos na Região e reduzir o processo de
sazonalidade tão presente na atividade turística.
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4.10 Segmentação da oferta turística
Uma iniciativa que foi identificada de forma significativa nos portais e
sites foi a divulgação segmentada dos municípios. Como o perfil do fluxo turístico é
naturalmente heterogêneo – podendo diferenciar-se quanto às motivações, faixa
etária, tipos de acompanhamento, nível de renda, duração de viagem, necessidade
e preferências –, a segmentação passa a ser uma prática freqüente no processo de
promoção dos destinos, por agrupar localidades a partir de suas características.
Segundo Vaz (2001, p. 80), a “segmentação do mercado é a divisão do
público em agrupamentos homogêneos, com uma ou mais referências
mercadologicamente relevantes”, podendo ser também uma fragmentação do
produto turístico em nichos de mercado. Nas páginas virtuais, a segmentação
aparece a partir das características naturais e culturais de cada Estado, bem como a
vocação turística dos núcleos receptores (por meio dos vários tipos de turismo).
O mesmo autor compreende ainda que a segmentação de mercado
permite a identificação de grupos de consumidores atuais ou potenciais de um
produto turístico, possibilitando uma orientação mais eficiente nas ações de
marketing dos destinos, uma vez que tal iniciativa permite construir uma divulgação
direcionada para demandas específicas.
No Nordeste, a segmentação de mercado vem permitindo também
estimular a interiorização do turismo, possibilitando a descentralização do fluxo
turístico urbano, a ampliação e aproveitamento do produto turístico ofertado, bem
como o aumento de modalidades turísticas. Para a iniciativa pública e privada, a
segmentação permite destinar informações, serviços e equipamentos mais
direcionados a públicos específicos, oferecendo aos visitantes o que realmente
combina com seu perfil de viagem.
Sete Estados desenvolvem a segmentação na divulgação de seus
destinos, como se pode observar na página seguinte:
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SITES TURÍSTICOS GOVERNAMENTAIS
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Quadro 4: Segmentação da Oferta Turística nos sites e portais
Na divulgação dos municípios nordestinos, há uma predisposição de
segmentação segundo os aspectos geográficos, nos quais são utilizados elementos
naturais que representam as destinações, tais como: mar, coqueiros, rios, matas,
chapadas, sertões, deltas, entre outros. Os elementos culturais também são
relevantes na segmentação das localidades, sendo descritos por meio de
manifestações tradicionais, sítios históricos, comunidades remanescentes e
personalidades locais – conteúdo freqüentemente encontrado no sistema
informacional dos sites e portais.
4.11 Transportes
A preocupação em destinar informações sobre a infra-estrutura de
transportes tem por objetivo facilitar a locomoção dentro da localidade, mediante a
ESTADOS SEGMENTAÇÃO
Bahia
Baía de Todos os Santos, Caminhos do Oeste, Chapada Diamantina, Costa das Baleias, Costa do Cacau, Costa do Dendê, Costa do Descobrimento, Costa dos Coqueiros, Lagos do São Francisco, Recôncavo, Salvador e Sertão.
Sergipe Aracaju, Cidades Históricas, Litoral Sul, Litoral Norte, Foz do São Francisco, Canyon de Xingó e Roteiros Alternativos.
Alagoas Maceió, Costa dos Corais, Costa dos Coqueiros, Delta do São Francisco, Celeiro de Tradições Culturais e Regiões dos Quilombos.
Pernambuco NÃO PROMOVE O ESTADO DE FORMA SEGMENTADA
Paraíba
João Pessoa, Litoral Sul, Litoral Norte, Engenhos, Campina Grande, Pedras Paraibanas, Ecoturismo e Esportes de Aventura, Paraíba: História e Personalidades e Sertão.
Rio Grande do Norte
Sítios Históricos e Pólos de Ecoturismo (Pólo Litoral Sul, Pólo Litoral Norte, Pólo Serra do Sul, Pólo Serra Branca, Pólo Seridó e Pólo Chapada do Apodi).
Ceará Fortaleza Metropolitana, Litoral Oeste/Ibiapaba, Litoral Leste/Apodi, Serras Úmidas/Baturité, Sertão/Central e Araripe/Cariri.
Piauí NÃO PROMOVE O ESTADO DE FORMA SEGMENTADA
Maranhão São Luís, Parque dos Lençóis, Delta das Américas, Chapada das Mesas e Floresta dos Guarás.
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oferta de dados que orientem a utilização desses serviços, de acordo com a forma
da viagem, podendo ser os tradicionalmente utilizados por visitantes (locadoras,
táxis, receptivo) ou serviços públicos (ônibus, metrô, etc.).
Numa visão geral, os sites e portais demonstraram a predisposição em
valorizar os transportes menos econômicos diante dos mais econômicos. Apenas o
Estado de Pernambuco apresentou conteúdo sobre empresas de ônibus locais. Esse
resultado reflete a pouca preocupação governamental com a demanda turística que
não contrata os serviços tradicionais. No portal baiano, há uma variedade de opções
de transportes, onde são informados endereços e telefones de locadoras,
rodoviárias, cooperativas de táxi, entre outros. Mas faltou orientação para o turista
sobre as empresas de transportes públicos que circulam pelo Estado.
O outro aspecto percebido foi a inexistência de informações para os
viajantes de carro, que necessitam de tratamento especial em relação a mapas,
hotéis, restaurantes, estradas, serviços automobilísticos, entre outros aspectos. O
visitante que chega ao destino de automóvel particular tem a necessidade de reunir
informações básicas, que devem ser capturadas nas páginas virtuais antes mesmo
de iniciar o percurso, por meio de informações mais consistentes.
Há a necessidade de melhoria desses conteúdos, na busca de agregar
serviços de transportes que auxiliem a circulação dos viajantes alternativos, que
saem do circuito preestabelecido do turismo de massa e que precisam de
orientações mais específicas que favoreçam maior liberdade no deslocamento
dentro do território visitado.
4.12 Vias de acesso e distância entre capitais e municípios
Muitas vezes os turistas buscam conhecer certas localidades, mas
desconhecem o percurso que deverá ser utilizado e a distância que será percorrida.
Por isso, ter informações sobre as vias de acesso e a distância entre capitais e
municípios pode favorecer a compreensão do espaço que está sendo visitado,
servindo tanto para aqueles que viajam de forma independe quanto aos que
contratam serviços turísticos.
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Sete dos nove Estados apresentaram informações relacionadas às vias de
acesso, subdivididas em terrestre, marítima e aérea. Percebeu-se que as
informações sobre as vias terrestres e aéreas foram mais freqüentes que a
marítima, sobretudo por não haver um fluxo tão expressivo de visitantes
provenientes desse transporte na Região. As informações sobre distâncias entre
capitais e municípios estiveram presentes em cinco home pages, e apenas
Pernambuco permitiu que o usuário tenha informação não só sobre a distância da
capital para os municípios turísticos, mas também em relação à distância do Recife
para outras capitais brasileiras.
Os serviços acima analisados são fundamentais para todo tipo de
viajante, devendo estar presentes não só em grande parte, mas sim em todos sites
e portais turísticos governamentais nordestinos.
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Capítulo 5
O papel do meio ambiente natural na representação dos
estados nordestinos: velhos e novos paradigmas
A motivação em desenvolver a pesquisa sobre a relação do turismo
nordestino e a natureza se deu pela necessidade em compreender como o meio
ambiente natural está sendo retratado nas páginas virtuais nordestinas, a partir da
análise dos elementos que constituem os recursos naturais dos Estados.
Percebeu-se, durante o estudo, que a natureza possui papel fundamental
na construção da imagem promocional dos Estados nordestinos, estando presente
em todas as páginas virtuais visitadas.
Há uma relação de dependência do turismo com o espaço geográfico, na
medida em que o setor não só se utiliza, mas também se apropria dos ambientes
naturais para transformá-los em espaços de práticas de lazer e de consumo dos
visitantes. Isso ocorre, sobretudo, porque o espaço geográfico contribui
sobremaneira para o desenvolvimento turístico dos destinos, devido à constante
busca dos visitantes pelas paisagens, cultura, patrimônio histórico e tudo que faz
parte dos ambientes, dos lugares e territórios de que a atividade turística se
apropria (CORIOLANO, 2005).
Rodrigues (1996, p.17) salienta que, no mundo globalizado atual, o
turismo tem se expandido em escala planetária, sem poupar nenhum território,
estando presente em “[...] zonas glaciais, nas cadeias terciárias, até nas regiões
submarinas – na cidade; no campo; na praia; nas montanhas; nas florestas;
savanas, campos e desertos; nos oceanos, lagos, rios, mares e ares”.
A realidade anteriormente citada é um reflexo da civilização atual – gerida
pelo excesso de trabalho, baixa qualidade de vida e altos índices de poluição –, que
começa a buscar um intenso reencontro com a natureza por meio dos
deslocamentos turísticos. Krippendorf (2001) define essa situação como ciclo de
reconstituição do ser humano, que tem nas viagens a busca pela reconstituição das
forças físicas e mentais. O autor sinaliza ainda que durante as viagens há um
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consumo do clima, da natureza e suas paisagens, da cultura e dos serem humanos
das regiões visitadas, tornando-se “espaços terapêuticos”.
Trata-se de um contexto que vem se descortinando desde os últimos anos
do século XX, quando a sociedade passou a ampliar sua busca pela melhoria da
qualidade de vida e possibilidade de distanciamento da vivência diária,
marcadamente urbana e estressante.
Para o turismo, o meio ambiente passa a ser um importante
condicionador do fluxo mundial, influenciando decisivamente na ampliação de
destinos e modalidades do setor. Por isso, cada vez mais o leque de opções ligadas
ao meio ambiente natural vem crescendo, sobretudo pela necessidade identificada
de estreitar a relação entre o ser humano e o seu entorno.
O marketing turístico se apóia numa série de repertórios ligados à
natureza para estimular o deslocamento humano, apresentando o lazer e, por
extensão, o turismo como necessidades básicas da sociedade contemporânea. O
meio ambiente natural, nesse caso, representa um espaço de regeneração ou de
busca pelo tradicional e/ou ‘autêntico’ modo de vida do passado, que tem sido
resgatado para contrabalançar o artificialismo da vida nos grandes centros urbanos,
baseado nas relações impessoais, individualistas e isoladas.
A atividade turística possui uma relação paradoxal com os recursos
naturais, podendo tanto favorecê-lo quanto prejudicá-lo. Pode contribuir para o
processo de valorização de áreas naturais, principalmente porque o segmento atrai
a participação da iniciativa privada (gerando investimentos na área) e da iniciativa
pública (melhorando os serviços públicos locais, por meio do planejamento e
inserção de medidas de monitoramento dos espaços). Isso possibilita uma
ampliação de atrações turísticas, equipamentos turísticos (hotéis, pousadas,
restaurantes), serviços turísticos (passeios, trilhas ecológicas, mergulho, esportes
náuticos) e serviços públicos (novas vias de acesso, melhoria da infra-estrutura de
segurança, saúde, saneamento, limpeza e iluminação pública). Porém o mesmo
desenvolvimento anteriormente citado poderá ser o mesmo que possibilitará o
aumento de prejuízos ambientais para as localidades, devido aos impactos
negativos causados pela atividade. “Os lugares turísticos mais atrativos e
organizados, mais trabalhados pelos meios de comunicação de massa, conseguem
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mobilizar maiores fluxos de turistas e de capitais, mas, por outro lado, são os que
ficam mais vulneráveis aos grandes impactos” (CORIOLANO, 1998, p. 145). Isso
também pode ser provocado pelo não-conhecimento das condições naturais dos
lugares, o que estimula seu uso inadequado. Dias (2003, p. 20) compreende que
O turismo tem-se revelado um grande consumidor de espaço, especialmente aqueles que apresentam elevado valor ambiental, e particularmente apresenta uma tendência marcante de concentrar-se no litoral, embora tenha crescido o fluxo para o interior.
Essa leitura pode ser feita para os Estados nordestinos, que em seus sites
e portais apresentam um intenso conteúdo sobre o litoral, mas que ao mesmo
tempo vem buscando inserir as cidades interioranas como destinos turísticos locais.
O embate entre interior e litoral retrata o resultado de políticas públicas
desenvolvidas na Região, com o intuito de estimular o fluxo turístico de visitantes
com perfis e motivações distintas.
De um lado, tem-se a valorização do modelo do turismo de “sol e praia”,
com políticas direcionadas para megaprojetos turísticos na costa litorânea
nordestina. Nesse modelo, há uma concentração de grupos transnacionais do setor
hoteleiro, que obedecem a padrões internacionais de urbanização turística. O
Nordeste passou a ser o grande canalizador desses empreendimentos, que estão
intensamente estalados nos mais diversos Estados, como ocorre com “[...] o Projeto
Parque das Dunas – Via Costeira (Natal-RN); o Projeto Cabo Branco (Paraíba); o
Projeto Costa Dourada (Pernambuco e Alagoas); e o Projeto Linha Verde (Bahia),
com o megaresort Costa Sauípe” (HAZIN, OLIVEIRA e MEDEIROS, 2001, p. 05).
De outro lado, há a presença do estímulo ao turismo interiorano, que
permite maior contato com as raízes nordestinas e seus elementos sociais, culturais
e naturais, por meio do processo de municipalização turística, que vem abarcando
diversos ecossistemas, como é o caso do sertão.
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5.1 Destinos turísticos nordestinos: velhos e novos paradigmas
Nos últimos anos, o turismo no Nordeste vem crescendo em todos os
sentidos – no fluxo de visitantes, na quantidade de equipamentos hoteleiros, nas
opções de destinos e no volume de capital gerado pela atividade –, apresentando-se
como atividade de considerável potencial de desenvolvimento regional. A busca
pelo contato com a natureza e a contemplação das diversas paisagens aparecem
como uma das principais motivações para a visitação da localidade, tendo os
recursos naturais um papel significativo nesse contexto.
O Nordeste possui características ambientais que contribuem
sobremaneira para atividades ligadas à natureza. A variedade de paisagens, a
diversidade e exuberância de seus recursos naturais, além da estratégica posição
geográfica fazem da Região um importante destino turístico brasileiro,
principalmente pelo cenário de tropicalidade que muito agrada aos visitantes. Nos
portais e sites nordestinos verificou-se que a preocupação governamental em
oportunizar informações sobre a riqueza paisagística e a diversidade natural é
latente, uma vez que os atrativos naturais estiveram presentes em todas as home
pages como elemento de representação da localidade.
Um aspecto relevante percebido durante a investigação foi a reorientação
que vem se estabelecendo na construção simbólica do “Nordeste Turístico” – que
por muito tempo esteve concentrado no dueto “sol e praia” e que agora parte para
outros ecossistemas, paisagens e roteiros distantes do litoral. Os governos estão
promovendo atrativos naturais, como matas, serras, cachoeiras, dunas e rios, que
evidenciam essa mudança de paradigma. Nesse sentido, o Nordeste descentraliza a
sua vocação para o turismo litorâneo e passa a ser representado como área de
desenvolvimento do turismo alternativo, por meio do ecoturismo e da prática de
esportes radicais.
Os Estados que apresentaram maior distanciamento da perspectiva do
turismo litorâneo foram o Piauí e o Maranhão. No Piauí, onde há uma reduzida
extensão litorânea, os parques nacionais e municipais são os elementos naturais de
maior evidência – não só pela sua diversidade de fauna e flora, mas também pelo
seu acervo e importância arqueológica. O Maranhão, que está localizado em uma
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área de transição entre o Nordeste e a Amazônia e que, por isso, agrega
características ambientais tanto do Nordeste como do Norte, apresenta-se como
destino vocacionado para o ecoturismo e o turismo de aventura. Os pólos de
visitação maranhenses são divulgados a partir da diversidade natural herdada das
duas regiões, tais como: Parques dos Lençóis, Delta das Américas, Chapada das
Mesas e Floresta dos Guarás.
As praias permanecem tendo grande destaque e presença na divulgação
oficial da Região, principalmente pelos elementos paisagísticos que atraem
sobremaneira os fluxos turísticos, conforme comentário abaixo:
Suas praias, muitas das quais em condições de ‘primeira natureza’ e com temperaturas elevadas o ano todo, constituem áreas preferenciais para o turismo, para a contemplação e o descanso, dimensões estas que compõem o modelo existencial da sociedade industrial (BENEVIDES, 1998, p. 48).
O litoral é representado como área de rara beleza, com águas mornas,
calmas e cristalinas, onde, devido à presença dos corais, tem-se o aparecimento de
piscinas naturais, favorecendo passeios, banhos e mergulhos.
Em alguns sites e portais, são apresentadas faixas litorâneas ainda pouco
povoadas, que, paralelamente às praias urbanas já inseridas no circuito turístico
tradicional, estão paulatinamente se adaptando à atividade turística, promovidas
como paraísos perdidos e espaços de exuberante diversidade ambiental, como se
percebe neste comentário:
Mar de águas cristalinas, calmas, mornas, verdes, tapetes tecidos em finas areias brancas, coqueirais e jangadas, temperatura agradável e sol o ano inteiro, no Rio Grande do Norte há belas praias. Algumas são desertas, como São Miguel do Gostoso, Ponta do Mel, Zumbi e Perobas, que oferecem tranqüilidade e uma beleza selvagem ao local; outras são agitadas, como Pipa, Ponta Negra, Genipabu e Pirangi do Norte (Disponível em: <http://www.setur.rn.gov.br>. Acesso em: 17.set.2005).
Conforme Cruz (2001, p. 264), há alguns fatores geográficos
representativos que influenciam diretamente na configuração do litoral nordestino
como área vocacionada “para e pelo” turismo:
Todos os Estados que compõem a Região Nordeste são litorâneos, e somadas as extensões de costa de cada um deles tem-se, aproximadamente, 3.300 km
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(o que corresponde a quase 50% do litoral brasileiro, que possui, em linha reta, cerca de 7.000 km de extensão).
O autor complementa ainda que, com exceção do Piauí, todos os Estados
nordestinos têm capitais litorâneas, aspecto que possibilita o turismo de lazer nos
centros urbanos. Essa característica contribuiu por muito tempo para a
concentração dos fluxos turísticos nas capitais dos Estados, o que acarretou em
alguns casos o reduzido número de visitantes nas cidades interioranas.
Para mudar essa realidade, os governos vêm buscando aos poucos
descentralizar e interiorizar o turismo na Região, planejando e promovendo novos
pólos municipais. Isso se deve, sobretudo, pela influência de projetos que têm sido
desenvolvidos em nível federal, com a finalidade de buscar o fortalecimento do
turismo nos municípios, como o PNMT – Programa Nacional de Municipalização do
Turismo – e o PNT – Plano Nacional de Turismo.
O processo de inserção do interior nordestino na divulgação turística teve
influência inicial do PNMT, criado em 1992, que tinha por finalidade a
descentralização e o fortalecimento do poder público municipal na gestão de
políticas, programas e ações locais dirigidas para municípios com potencial turístico.
A busca por uma gestão descentralizada se manteve no atual mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio da Política Nacional de Turismo, cujo
instrumento principal é o PNT, com vigência desde 2003, em que:
Ainda como parte da política de descentralização, os Municípios serão incentivados a criar os Conselhos Municipais de Turismo e organizarem-se em consórcios para formar Roteiros Integrados, ofertando um conjunto de produtos turísticos, completando-se assim o sistema de gestão do turismo brasileiro” (PNT, 2003, p. 13).
O Nordeste atualmente tem passado por um processo de redescoberta e
de ressignificação da imagem. Na mídia, a Região não é mais apenas sinônimo de
problemas socioeconômicos e estruturais, mas também celeiro de riquezas naturais,
históricas e culturais. Benevides (1998) acredita que a Região passa a ser vista
como espaço privilegiado de atratividades naturais, recursos paisagísticos e
climáticos, valorizados principalmente pela prática do turismo internacional.
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O mesmo autor salienta também que os territórios identificados como
exóticos e inusitados passam a corresponder às motivações das demandas
contemporâneas, em que há “[...] fluxos para os países periféricos, em particular
para os chamados paraísos tropicais – espaços de reserva de valor –, que só agora,
com nova vocação, entram em cena” (RODRIGUES apud BENEVIDES, 1998, p. 28).
Os Estados apresentaram como principais elementos paisagísticos da
Região, além das praias, as dunas, os coqueiros e rios. Nas home pages do Rio
Grande do Norte e Maranhão, as dunas são bastante valorizadas, sendo o Parque
das Dunas (RN) e o Parque Nacional dos Lençóis (MA) seus principais
representantes. Esse espaço natural é normalmente utilizado para passeios,
caminhadas e banhos nas diversas lagoas existentes. Tal paisagem, apresentada
com uma imensidão de areia que se assemelha a um deserto, possui características
diferenciadas de outros ecossistemas da Região, estando “entre os mais
representativos elementos da paisagem litorânea regional, sendo amplamente
utilizadas pelo turismo, principalmente como recurso paisagístico” (CRUZ, 2001, p.
264).
Os coqueiros também foram freqüentemente lembrados como vegetações
que emolduram as praias nordestinas, servindo como expressivo componente
representativo local, pois
A presença de coqueiros nas praias e ao longo de vastos trechos da orla não somente ameniza o rigor das altas temperaturas locais mediante a geração de espaços sombreados, mas também atua como importante componente visual” (CRUZ, 2001, p. 265).
Esse elemento esteve representado principalmente na imagem e no
discurso do portal do Estado de Alagoas, intitulando inclusive um dos roteiros
existentes no Estado.
Além das dunas e coqueiros, os rios também seguem como outro
elemento constitutivo da paisagem nordestina, por serem áreas observáveis
durante os passeios fluviais (LEMOS, 2001). O Rio São Francisco, inserido como
roteiro turístico dos Estados da Bahia, Sergipe e Alagoas, tem sido divulgado não só
pelo sua riqueza natural, mas também pelo papel social, político e cultural que
exerce na região. As paisagens, dunas, área de várzea e o encontro desse rio com o
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mar são vistos como importantes atrativos pelos órgãos oficiais locais. É
apresentado como espaço de atividades de lazer, prática de esportes náuticos,
turismo de pesca e passeios de barco.
5.2. A concepção do turismo sustentável na promoção do Nordeste
Para Coriolano (2005), o capitalismo transformou o meio ambiente
natural em recurso econômico e, por conseguinte, em mercadoria, desencadeando
um processo de deterioração das condições de vida no planeta e fazendo emergir
discussões mundiais sobre o uso sustentável desses territórios.
No fim do século XX, houve o processo de fortalecimento da
conscientização ambiental não só no aspecto natural, mas também no campo social
e político, mediante a exigência de mudanças de comportamento e no exercício de
práticas ecologicamente corretas, que levassem em consideração a responsabilidade
social das empresas e a busca de modelos alternativos no desenvolvimento.
O turismo, como mais um setor da economia, também trilhou o processo
de consumo exacerbado do meio ambiente – pelo estabelecimento de uma relação
individualista e de consumo – utilizando-se de procedimentos massivos, de
desrespeito e apropriação inadequada dos recursos naturais. Ao se ver diante desse
novo paradigma de desenvolvimento, o setor passou a assumir novas propostas
para a redução dos impactos socioculturais, econômicos e ambientais. Dias (2003,
p. 17) esclarece que o surgimento dessa nova perspectiva ocorreu em decorrência
de uma série de circunstâncias, tais como:
• O aumento da consciência da necessidade de preservação dos recursos
naturais;
• A necessidade psicológica das pessoas de encontrarem alternativas de
lazer diferentes das praticadas nos grandes centros urbanos;
• Maior aproximação de formas simples de vida em contraposição à
complexidade da vida moderna nos grandes centros urbanos;
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• Busca de melhor qualidade de vida, que se traduz em maior interação
com a natureza.
Esse paradigma foi constantemente percebido nas páginas virtuais, a
partir da freqüente valorização político-econômica dos aspectos ambientais –
reconhecidos como espaços de utilização e conservação ecológica com base na
influência do conceito da sustentabilidade33. Essa terminologia é utilizada para
representar a busca pela compatibilização entre o desenvolvimento turístico e a
conservação dos recursos ambientais, sejam eles naturais ou culturais. Trata-se de
uma mudança que vem ocorrendo em escala global, percebida como a busca pela
redução dos impactos causados pelo turismo.
Na atividade turística, essa evolução dos paradigmas aponta para uma substituição do turismo de massa por um tipo mais brando, para a busca de um desenvolvimento auto-sustentável e de uma atitude mais responsável em relação à natureza e ao meio ambiente (DENCKER, 1998, p. 35).
Nos portais e sites, o turismo de “sol e praia” vem sendo publicizado
paralelamente ao turismo alternativo, que representa uma fuga da padronização
das atrações e serviços turísticos, sendo resultado da busca pela qualidade de vida
evidenciada mundialmente.
As áreas naturais, sobretudo aquelas protegidas legalmente, são hoje
consideradas de intensa atratividade, principalmente pelos elementos que
constituem a paisagem, a fauna e a flora, que em conjunto com os elementos
culturais atraem não só demandas nacionais, mas também estrangeiras. Farias
(2003) observa que o turismo passou a ter uma importância fundamental para a
promoção de benefícios socioeconômicos em Áreas de Proteção Naturais, recebendo
um fluxo cada vez maior de visitantes. O portal de Alagoas, por exemplo, ao
divulgar a Área de Proteção Ambiental Marinha Costa dos Corais como opção de
destino turístico, deixa bem claro esse novo modelo:
33 “Sustentabilidade significa política e estratégia de desenvolvimento econômico e social contínuo, sem prejuízo do ambiente (inclusive dos recursos naturais), cuja qualidade depende a continuidade da vida, da atividade humana, do desenvolvimento e a capacidade dos animais e das plantas se reproduzirem ao longo do tempo” (CORIOLANO, 2005, p. 08).
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Devido a sua importância, foi criada a Área de Proteção Ambiental Marinha Costa dos Corais. Nesses ambientes, o turista poderá observar uma rica biodiversidade marinha, e com o manejo adequado à atividade turística será fundamental para a conservação desse fantástico ecossistema (Disponível em <http://www.visitealagoas.al.gov.br>. Acesso em: 17.set.2005).
As áreas naturais de conservação estão representadas nas home pages
pelas estações ecológicas, APAs – Áreas de Proteção Ambiental, parques, projetos
de preservação ambiental, reservas, RPPNs – Reservas Particulares do Patrimônio
Natural, entre outros. Porém percebe-se que, para a utilização adequada das áreas
preservadas, se faz necessário desenvolver campanhas educativas governamentais
que orientem os fluxos turísticos sobre os impactos causados pelo uso inadequado
dos espaços visitados. Nesse sentido, as páginas virtuais oficiais poderiam ser
utilizados como mais uma ferramenta de conscientização e orientação de práticas e
princípios básicos para o contato com o patrimônio natural, cultural e comunidades
locais. Poderiam também servir como um veículo de educação turística para seus
usuários, sejam visitantes, empreendedores ou mesmo agentes de viagens.
Mesmo com a presença constante da perspectiva preservacionista, quase
não foi identificada a preocupação dos organismos em desenvolver um trabalho
educativo com os seus usuários, pois
[...] a falta de cultura turística dos visitantes faz com que se comportem de forma alienada em relação ao meio que visitam – acreditam que não têm nenhuma responsabilidade na preservação da natureza e na originalidade das destinações (RUSCHMANN apud DIAS, 2003, p. 15).
O discurso ligado à educação ambiental foi identificado de maneira tímida
no portal da Bahia, que orienta sobre os procedimentos que deveriam ser tomados
por aqueles que busca visitar espaços naturais. Nos demais Estados, nada foi
percebido nesse sentido.
5.3 As modalidades do turismo sustentável
Mesmo com a intensa presença do turismo sustentável, o turismo de
massa também esteve evidenciado nos portais e sites no conteúdo ligado às
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orientações básicas dos viajantes. As informações essenciais, que deveriam atingir
as duas modalidades turísticas, estão direcionadas principalmente para a demanda
convencional. Isso ocorre em face da disponibilização de serviços turísticos que
seguem o caráter padronizado e típico do turismo tradicional, distanciando-se da
demanda do turismo alternativo.
No que se refere ao aspecto promocional, vê-se que a concepção da
sustentabilidade está presente em grande parte das home pages, por meio do
turismo alternativo34, que teve como principal representante o ecoturismo, presente
em todos os Estados nordestinos.
O ecoturismo tem sido a atividade que representa também o processo de
interiorização turística do Nordeste, agregando localidades ainda pouco conhecidas.
É utilizado normalmente por aqueles que buscam maior contato com a realidade
social e econômica do destino, por meio de relações mais estreitas com a população
local e o cotidiano do lugar.
As serras foram apresentadas como as áreas mais utilizadas para o
ecoturismo, representadas como espaços onde se situam formações rochosas de
significativas altitudes, fontes de água, cachoeiras, reservas ecológicas e sítios
arqueológicos. Nelas foram evidenciadas também um variado conjunto de fauna e
flora, que favorece o desenvolvimento dos esportes radicais.
As práticas esportivas aparecem como opção de lazer bastante enfatizada
para se ter contato com o meio ambiente natural. No portal da Bahia, por exemplo,
há um vasto conteúdo de modalidades esportivas que podem ser desenvolvidas no
Estado, no qual o usuário tem a possibilidade de identificar os tipos de esportes
radicais, as localidades destinadas a essa prática, grupos de praticantes e eventos
ligados à temática. O Estado do Ceará também estimula tais opções, como se pode
perceber a seguir:
Para os amantes da natureza e dos esportes, o Ceará é um verdadeiro desafio. A diversidade de terrenos e climas (praias, sertão e serras) oferece
34 De acordo com Wearing e Neil apud Dias (2003, p. 16), “o termo alternativo implica o seu oposto. Assim, turismo ‘alternativo’ é oposto ao que é visto como negativo ou prejudicial no turismo convencional: caracteriza-se pela tentativa de minimizar o visível impacto ambiental e sociocultural negativo das pessoas em férias, promovendo abordagens radicalmente diferentes em relação ao turismo convencional”.
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para os turistas uma combinação perfeita de aventura e ecologia em modalidades tão diferentes quanto windsurf, rappel ou montanhismo. Os roteiros são muitos e variados (Disponível em <http://www.setur.ce.gov.br>. Acesso em: 18.set.2005).
Os sites e portais demonstraram o reflexo da necessidade contemporânea
em buscar o contato com o meio ambiente natural e cultural, por meio de
experiências turísticas que se distanciam do turismo tradicional. Essa realidade
aparece como um componente de atratividade do lugar, como ocorre na divulgação
de vilarejos e povoados baianos:
Vilarejo praiano, com apenas 30 casas, onde uma comunidade nativa, de hábitos simples, sobrevive da pesca e vem diversificando sua economia com a produção e venda de artesanato confeccionado com palha de piaçava: tapetes, bolsas, chapéus, jogo americano, etc. (Disponível em <http://www.bahia.com.br>. Acesso em: 18.set.2005)
Na divulgação dos Estados, são identificadas muitas localidades dedicadas
ao ecoturismo que ainda não estão completamente preparadas turisticamente,
possuindo algumas vezes pequena infra-estrutura de hospedagem e alimentação.
5.4 O sertão redescoberto nos portais e sites
Os Estados nordestinos têm divulgado variados cenários para a prática do
ecoturismo35, e é nesse contexto que surge o sertão como mais um território de
atratividade turística. A área sertaneja está inserida como produto turístico nas
home pages da Bahia, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará,
apresentando-se como um importante elemento natural da Região. Os Estados
citados destacaram o local como típico ecossistema regional, sendo a caatinga o
principal recurso natural – detentora de singular variedade de “[...] arbustos secos,
35Praias, morros, vales, grutas, pesca, morros, mirantes, projetos de preservação de fauna e flora, sítios históricos, fontes d’água, serras, águas termais, cascatas, engenhos, estâncias hidrominerais, povoados, jardins botânicos, ilhas, manguezais, parques ecológicos, balneários, corredeiras, ruínas, cavernas, cachoeiras, reservas ambientais, mirantes, recifes, terras indígenas, lagoas, rios, vilas, trilhas, entre outros elementos.
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cactáceas, bromeliáceas e árvores de rara beleza [...]”, com natural vocação para a
exploração botânica (CONTI, 1997, p. 22).
Mesmo estando numa área castigada pela seca e com problemas
econômicos e sociais crônicos, existem outros elementos marcantes para serem
conhecidos pelos visitantes, como é o caso do artesanato e da população local. Os
sertões nordestinos possuem ainda açudes, que estão sendo utilizados para
atividades náuticas e aquáticas.
Nas regiões semi-áridas, formas de relevo residuais denominadas ‘inselbergs’ emergem, formando saliências em áreas horizontalizadas e apresentam extraordinária beleza paisagística. Geralmente constituídos por granitos ou migmatitos, resultam de processos erosivos típicos de regiões secas. No território brasileiro, é no interior nordestino que estão os mais conhecidos e já começam a ser alvo de visitas turísticas (CONTI, 1997, p. 25).
O sertão é também percebido pela sua importância paisagística e
arqueológica. No site sergipano, é representado pelo Canyon de Xingó, tendo como
atrativos as diversas paisagens, formações rochosas, trilhas ecológicas e o parque
temático da caatinga. A Paraíba apresenta o sertão a partir do Vale dos
Dinossauros, onde são encontradas marcas deixadas por gigantescos animais que
habitavam a região. Os sítios arqueológicos também aparecem nos Estados do Rio
Grande do Norte e Ceará como espaços onde viveram antigas civilizações, como se
percebe no trecho a seguir:
No sertão do Nordeste do Brasil, desenvolveu-se uma arte rupestre pré-histórica das mais ricas e expressivas do mundo, demonstrando a capacidade de adaptação de numerosos grupos humanos que povoaram a Região desde épocas que remontam ao pleistoceno final. Os mitos e cerimoniais representados significam o imaginário das mais profundas e antigas raízes nordestinas (Disponível em: <http://www.setur.rn.gov.br>. Acesso em: 18.set.2005).
Esse território, que por tantas décadas figurou como sinônimo de fome,
miséria e desnutrição, hoje vem sendo redescoberto pelo turismo alternativo
mediante o contato da demanda turística com o seu típico ambiente natural, social e
cultural. A emergência turística desse espaço retrata a busca por experiências
turísticas mais qualitativas, a partir da marcha para o interior, que traz com ele
elementos lingüísticos, modos de vida, paisagens e fatores históricos distintos dos
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já evidenciados pelo turismo convencional, sendo o local ideal para se ter contato
com o Nordeste brasileiro.
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Capítulo 6
O Nordeste Cultural na web: a região da cultura popular
O turismo pode ser identificado como uma importante fonte de contato
intercultural, sendo visto também como meio de aquisição de experiências e
conhecimentos de realidades socioeconômicas e culturais distintas. A atividade
tanto pode ajudar na preservação cultural de um povo – fato que beneficia os
visitantes e visitados – como também possibilitar a distorção e banalização dos
significados, reduzindo os bens culturais à curiosidade turística.
Na realidade atual, os fenômenos culturais são visto muitas vezes como
um produto multideterminado de agentes populares e hegemônicos, rurais e
urbanos, locais, nacionais e transnacionais (CANCLINI, 2003). Os meios de
comunicação eletrônicos, por exemplo, vêm possibilitando hoje um cruzamento das
heranças culturais com as culturas eletrônicas e o mercado consumidor. O resultado
disso é a mudança de lugar do tradicional, do moderno, do culto e do popular, que
deixam os espaços anteriormente pré-definidos e ocupam possibilidades distintas,
mesclando-se e permitindo, assim, novas fusões e leituras – situação que eleva
quantitativamente e qualitativamente os estudos e pesquisas a respeito dessa
problemática.
O papel da cultura na promoção de destinos turísticos é cada vez mais
constante, sobretudo pela importância que esse aspecto exerce no processo de
representação identitária das regiões, percebido também como elemento
diferenciador das localidades. O ciberespaço, como mais um mecanismo de
divulgação de produtos turísticos, desenvolve um processo de redefinição de
significados, conteúdos e leituras da produção cultural, por meio dos recursos
tecnológicos utilizados.
O que se busca discutir neste capítulo é a difusão que vem ocorrendo na
web dos bens culturais locais mediante a apresentação de conteúdos
representativos, como as manifestações culturais, o artesanato, o patrimônio
histórico e a gastronomia. Na pesquisa, houve a preocupação de utilizar o conteúdo
imagético-discursivo disponibilizado nas páginas virtuais como elementos
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informativos e publicitários dos recursos culturais da Região. O estudo buscou
também compreender como o Estado se apropria da memória coletiva das
destinações turísticas para representar a identidade cultural local, a partir dos
elementos simbólicos contidos nas páginas pesquisadas.
O repertório dos bens culturais contidos nos sites e portais é percebido
como um conteúdo que comunica não só os atrativos turísticos locais, mas refletem
também aspectos políticos, ideológicos, identitários e de significação simbólica,
sendo ferramentas de compreensão e tradução do discurso governamental em
questão.
6.1 Cultura popular e folclore: discussões teóricas
Muitos autores sinalizam que a cultura popular e o folclore são sinônimos.
Outros acreditam que é preciso distinguir os dois saberes. O que se percebe é que
na verdade não há um consenso conceitual. Esse embate teórico desperta e produz
as mais diversas percepções, tornando-se um verdadeiro desafio conceitual e um
campo de pesquisa que exige bastante cautela.
A expressão folclore está muitas vezes permeada por uma visão
reducionista e discriminatória da cultura popular, dando uma dimensão não-
dinâmica, engessada e arqueológica das manifestações populares, como se os bens
culturais populares estivessem fixados no passado e não no presente. Ayala e Ayala
(1987, p. 10-11) explica que
[...] na linguagem corrente, o termo folclore é aplicado, em geral, com sentido pejorativo: o que é risível, o que não deve ser levado a sério [...]. Essa depreciação tem certa base em uma tradição de estudos nas quais as manifestações culturais populares são tratadas como algo pitoresco, arcaico, anacrônico, inculto. Enfim, alguma coisa superada ou em superação.
Neste trabalho, optou-se pela visão de Brandão (1982), que percebe o
folclore como uma cultura anônima e socialmente coletivizada, sendo uma fração
tradicional da cultura popular:
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Aquilo que vimos existir como folclórico não existe em estado puro. Existe no interior de uma cultura, de culturas que se cruzam a todo momento e que representam categorias sociais de produtores dos modos de ‘sentir, pensar e fazer’. Talvez mais certo do que dizer até que folclore é um tipo de cultura [...] seja dizer que o folclore é uma situação da cultura. É um momento que configura formas provisoriamente anônimas de criação: popular, coletivizada, persistente, tradicional e reproduzida através de sistemas comunitários não-eruditos de comunicação do saber” (BRANDÃO, 1982, p. 56-57).
O folclore é um codificador de identidade, que reproduz símbolos que
consagram um modo de vida de classe. Mesmo tendo relação com a tradição, não
significa dizer que se trata de algo intocável, pois está em constante movimento e
recriação, dentro das condições de existência do grupo. As mudanças que ocorrem
persistem no tempo, pois as recriações são incorporadas aos costumes dos
participantes para assim ser consagradas e conservadas de geração em geração.
Por isso, Brandão (1982) defende que são raros os modismos que perpassam o
folclore.
Pensar sobre os bens culturais populares numa visão contemporânea é
antes de tudo ter a compreensão da sua posição na realidade atual, que se distancia
da noção de rusticidade e ingenuidade – algo que se opõe ao progresso da
sociedade. Assim, a primeira precaução a ser tomada é distanciar-se da perspectiva
conservadora, que a compreende como sinônimo das classes rurais oprimidas, vista
como resquício do original, do autêntico e do puro, em que a cultura popular é vista
como sendo o resultado da absorção passiva das ideologias dominantes.
Hoje, a cultura popular dissolveu fronteiras entre o rural e o urbano,
sobretudo porque, com o processo de urbanização acelerada, vem gerando formas
culturais novas e sincréticas que diferem das culturas tradicionais. Esse fenômeno
cultural ocorre devido a um grande número de pessoas provenientes do campo, que
produz uma cultura de origem rural no espaço urbano, onde os símbolos
tradicionais são vivenciados diferentemente de sua origem. No Brasil, não se tem
mais a percepção distinta de campo e cidade, pois tais fronteiras foram dissolvidas
pela migração exacerbada das populações rurais para os grandes centros urbanos e
o fluxo de conteúdos simbólicos já não mais possibilita perceber as manifestações
culturais de forma compartimentada nessa relação.
Segundo Ayala e Ayala (1987, p. 8-9), os “[...] trabalhos que insistem em
ver as manifestações de cultura popular como sobrevivências do passado no
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presente, como práticas isoladas, cristalizadas, imutáveis [...]” estão sendo
superados por novos enfoques – sendo a perspectiva conservadora identificada
como ineficaz por desconhecer “[...] os estudos que vêem as práticas culturais
populares da mesma maneira que qualquer manifestação de cultura, como parte do
contexto sociocultural historicamente determinado”. Bosi (1986, p. 65)
complementa ainda que a cultura popular pode “[...] assimilar novos significados
em um fluxo contínuo e dialético”, onde se modifica juntamente com o contexto
social, cultural, político e econômico em que está inserida, num processo contínuo
que não necessariamente leva à sua extinção.
Ayala e Ayala (1987, p. 40) percebe que, “com o processo de mudança
dessas condições, alguns aspectos da cultura popular podem desaparecer, enquanto
outros podem ser reelaborados, passando a responder às novas condições
enfrentadas”. Percebe-se, a partir da visão do autor, uma perspectiva dinâmica das
abordagens atuais, em que identifica um processo de absorção ativa da realidade,
por meio de um diálogo que reelabora a construção popular, mas que não a reduz,
sendo necessário [...] preocupar-se menos com o que se extingue do que com o
que se transforma” (CANCLINI, 2003, p. 22).
Tem-se que, nos dias atuais, a cultura popular passou a suplantar muita
das suas características tradicionais, agregando valores de outras searas, inserindo-
se em distintos espaços, reelaborando práticas e produzindo novos conteúdos e
sentidos. Assim, para haver uma ampliação da compreensão do tema nos
parâmetros contemporâneos, se faz necessário entender como se descortina essa
nova realidade, que nesse caso será visto por intermédio da representação cultural
nordestina nos web sites governamentais da Região.
6.2 O Nordeste da cultura popular
Neste item, serão apresentados os resultados da pesquisa a partir dos
principais aspectos identificados sobre os recursos culturais, tais como: constituição
étnica, artesanato, representação do nordestino, ciclos festivos, gastronomia,
manifestações populares, religiosidade e patrimônio histórico-cultural.
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Grande parte dos portais e sites aponta para a importância da contribuição
da cultura portuguesa, indígena e africana na constituição social, política e
econômica dos Estados, sendo divulgada como fator primordial para a diversidade e
riqueza cultural da Região. Em alguns Estados, como Alagoas, Bahia e Maranhão, a
presença africana encontra-se presente de forma mais enfática do que em relação
às demais etnias.
Alagoas apresenta-se como a “região dos quilombos”, sobretudo devido
ao Quilombo dos Palmares, que figura como marco de liberdade e símbolo da
resistência negra à escravidão no Brasil. Essa região, intitulada “Parque Nacional de
Zumbi”, é divulgada como um dos roteiros turísticos em que é possível conhecer o
“Povoado Muquém” habitado por remanescentes de escravos. Além disso, há
também uma programação cultural divulgada no portal relacionada ao calendário de
eventos do local.
Figura 22: Mapa da Região dos Quilombos no portal de Alagoas
Fonte: <http://www.visitealagoas.al.gov.br>. Acesso em: 10.ago.2005
Na culinária, Bahia e Maranhão se aproximam na representação de seus
cardápios, que apontam para a intensa contribuição africana:
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A culinária típica maranhense é variada, saborosa, com temperos e personalidade marcantes. As influências vêm de índios, portugueses e africanos. Mas muito mais dos africanos, que souberam dar vida e sabores novos a tudo que encontraram nestas terras (Disponível em: <http://www.turismo.ma.gov.br>. Acesso em: 20.ago.2005).
Figura 23: Culinária baiana
Fonte: <http://www.bahia.br>. Acesso em: 20.ago.2005
No caso da Bahia, o negro é percebido como um dos símbolos do Estado,
sendo referência da riqueza cultural existente. É o destino onde se identifica maior
ligação com a cultura africana, promovida pelo governo como fundamental na
constituição cultural local. Nas manifestações folclóricas, os negros são
apresentados como principais produtores, agentes e responsáveis pela manutenção
das atividades culturais. Além disso, a influência africana conseguiu se inserir
também no cotidiano dos baianos, em que costumes como “usar roupas brancas nas
sextas-feiras” já se tornaram comuns no local, servindo inclusive para a promoção
turística do Estado. Esse aspecto permite transmitir uma identidade cultural
diferenciada, que se desprende da visão regional unificada do Nordeste, tornando a
Bahia um Estado singular nesse aspecto.
A influência branca e indígena perpassa todos os portais e sites
governamentais pesquisados, estando inserida nas mais variadas manifestações
populares, porém sem necessariamente sobressair, como ocorreu com a
contribuição africana.
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A presença do artesanato nos portais foi intensa, sendo um elemento de
considerável importância na promoção turística nordestina. Porém há algumas
contradições existentes, pois, ao mesmo tempo em que há uma variedade de peças
e materiais sendo divulgados, tem-se uma homogeneização de repertório entre os
Estados.
Canclini (1983) declara que o turismo, ao lidar com o artesanato, tanto
incentiva as diferenças como também busca a uniformidade confortável para os
viajantes. Essa realidade foi constatada durante a pesquisa pela promoção
padronizada existente, em que quase não há uma diferenciação da produção
específica de cada Estado. Como o artesanato é mais um elemento identitário local,
é necessário que os governos façam uma seleção do repertório para promover os
tipos de artesanato mais representativos de cada destinação, buscando privilegiar
as especificidades dos Estados.
Alagoas aparece como local que melhor apresenta o seu artesanato,
exatamente por ter sabido identificar a sua singularidade – identificando-se como
destino dos bordados e rendas feitos à mão. Sergipe inovou em outro aspecto, pois
nenhum outro Estado acrescentou novas modalidades artesanais, optando pelo
tradicional. O site sergipano trouxe o chamado “artesanato alternativo”, resultado
de um trabalho de reciclagem que vem sendo desenvolvido, como segue abaixo:
No município de Cumbe, existe o primeiro grupo de produção de papel reciclado conhecido como Tudo Encaixa. O trabalho coletivo prioriza a reutilização das sobras de papel das instituições públicas, incluindo revistas e jornais velhos, que são transformados em objetos utilitários e decorativos (Disponível em: <http://www.visitealagoas.al.gov.br>. Acesso em 10.ago.2005)
Certamente os Estados nordestinos vêm desenvolvendo vários novos
trabalhos artesanais, porém deixam de divulgar e conseqüentemente criar
distinções da produção local, o que favorece a banalização da arte popular.
O artesanato hoje absorve novas funções, pois, além de manter as
tradicionais, passa a agregar outras como atração turística e produto de consumo
urbano por oferecer signos de distinção cultural. É, ao mesmo tempo, uma atração
econômica e de lazer e instrumento ideológico promovido pelos órgãos oficiais como
símbolo de identidade cultural.
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Para Bonald Neto (1983), o artesanato inserido no contexto turístico
representa a busca pela individualidade de cada lugar e o selo deixado pelas mãos
do artesão local. São peças artísticas que fazem parte do mundo de recordação do
viajante, tornando-se a evocação dos destinos turísticos visitados e que
posteriormente irão alimentar a lembrança e imaginação. Caso essa distinção não
seja percebida, há uma redução da primeira função do artesanato, que é a
identitária.
As características comportamentais do nordestino são constantemente
representadas nos portais e sites com adjetivos diversos, identificados como povo
alegre, criativo, com intensa musicalidade e bastante receptivo, herdeiro do folclore,
da diversidade cultural, dos ritos e crenças populares.
Os personagens típicos da cultura local são apresentados
promocionalmente apenas pelo portal baiano. A baiana é o símbolo popular mais
representativo do Estado, pois ultrapassa o aspecto estético da vendedora de
acarajé com vestimentas tradicionais e passa a ser uma representação simbólica da
religiosidade, culinária e receptividade.
Figura 24: Baiana em festa de Iemanjá
Fonte: <www.bahia.com.br> Acesso em: 22.ago.2005
O Maranhão apresenta, de forma tímida, alguns personagens comuns às
ruas de São Luís, como os sorveteiros, verdureiros e carvoeiros. Porém os
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personagens que melhor constituem o universo cultural nordestino são os
brincantes das várias manifestações populares – presentes em grande parte dos
portais e sites.
Quadro 5: Brincantes nordestinos
Fonte: <http://www.visitealagoas.al.gov.br>. Acesso em: 21.ago.2005
No tratamento imagético, há a manutenção da representação tradicional
da população nordestina – espontânea, simples, pertencente às cidades interioranas
e mantenedores das raízes locais. Não há uma identificação com o urbano, com a
cidade e/ou com o cosmopolitismo.
O nordestino está representado também pelos diversos “filhos da terra” –
como são chamados os intelectuais que contribuíram para a literatura brasileira.
Esse conteúdo é encontrado nos Estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia e
Paraíba, com referência a Castro Alves, Augusto dos Anjos, José Lins do Rêgo,
Aurélio Buarque de Hollanda, Graciliano Ramos, Luís da Câmara Cascudo, entre
outros. A Bahia apresenta Caetano e Maria Betânia como símbolos culturais locais.
Sergipe, diferentemente dos Estados já citados, optou por apresentar não os
intelectuais, mas sim os artistas populares.
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Os governos nordestinos preocuparam-se em apresentar seus
intelectuais, mas não souberam relacioná-los aos espaços culturais ou mesmo
cidades que tenham a ver com as suas histórias de vida e/ou das obras – o que
permitiria estimular a curiosidade turística em visitar tais espaços e monumentos.
Alguns Estados, além de apresentarem as manifestações populares,
também fazem alusão aos ciclos festivos (carnavalesco, quaresmal, junino e
natalino). O carnaval, que, sobretudo, para os Estados da Bahia, Sergipe e
Pernambuco aparece como a principal festividade, vem apresentando características
distintas do São João. Além de ser visto pelo seu aspecto tradicional de vivência das
heranças culturais, passa agora a receber um tratamento moderno da indústria
cultural. O Estado que melhor representa essa realidade é a Bahia, que não só traz
a relação entre o popular e o de massa, mas também influencia sobremaneira
alguns eventos culturais de outros Estados nordestinos, por meio das “micaretas”,
que são os carnavais fora de época distribuídos nas diversas cidades brasileiras.
Essa influência foi identificada nos portais e sites de Sergipe, Paraíba e Rio Grande
do Norte, que as apresenta como mais uma festividade para ser usufruída pelos
visitantes:
Carnaval fora de época, realizado em vários municípios de Sergipe, com destaque para o Coco Folia na Atalaia Nova (município de Barra dos Coqueiros) e as micaretas realizadas em Boquim, Itabaiana, Lagarto, Propriá e Nossa Senhora da Glória (Disponível em: <www.turismosergipe.net> Acesso em: 20.ago.2006).
Esse período se destaca por envolver muita folia nas ruas, com o já consagrado mela-mela, onde as pessoas vão atrás do trio elétrico se lambuzando de mel de engenho pelas ruas da cidade. Os bailes de rua de Macau são animados pelos trios elétricos ao estilo dos baianos, embora anteriormente existissem alegorias de blocos puxados por tratores, semelhante ao que já caracterizou, por muito tempo, o carnaval de rua de Natal36.
36 Disponível em: <www.setur.rn.gov.br>. Acesso em: 12.set.2005
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Figura 25: Micarande
Fonte: <http://www.paraiba.pb.gov.br>. Acesso em: 24.ago.2005
O carnaval baiano vem despontando no Nordeste e no Brasil como evento
de massa, que agrega características capitalistas, modernas e tradicionais ao
mesmo tempo. O tradicional pode ser encontrado nos grupos de cultura afro-
brasileira, que ao lado dos trios elétricos, se apresentam no centro do carnaval de
Salvador em perfeita harmonia, como ocorre com os grupos de afoxés. O moderno
está representado pelo princípio capitalista, tecnológico e de massa que é dado ao
evento, do qual empresas dos mais variados setores se inserem na festividade para
divulgar e vender seus produtos e serviços.
Hoje, o carnaval da Bahia consegue estender mecanismos de consumo
durante o ano todo, por meio de bandas musicais, carnavais fora de época, venda
de kits de trios elétricos, shows e campanhas publicitárias dos artistas pertencentes
a esse cenário. Trata-se de um carnaval de rua que agregou características da
indústria cultural, movimentando grandes recursos e ajustando-se à realidade
atual, criando modismos e tornando-se referência da relação do moderno com o
tradicional.
O papel da gastronomia ou culinária peculiar de cada região ou localidade
turística vem ganhado a cada dia mais importância na promoção governamental.
Isso se deve sobretudo às mudanças que vêm se estabelecendo no cotidiano das
sociedades urbanas, que têm na praticidade e universalização dos hábitos
alimentares suas principais características. Além disso, há mudanças alimentares
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que estão surgindo a partir da conscientização e busca de dietas equilibradas que
proporcionem melhoria na qualidade de vida, acarretando muitas vezes o
distanciamento de componentes comuns às diversas receitas tradicionais, fartos em
elementos desaconselháveis para a saúde, que não são bem-vindos à vida diária.
No contexto turístico, a gastronomia passa a representar a busca dos
traços culturais e a permissibilidade de usufruto de sabores pouco comuns ao
cotidiano. Por isso, normalmente as destinações buscam identificar elementos da
gastronomia que melhor refletem seu contexto histórico-cultural e natural. No caso
dos Estados nordestinos, essa relação pode ser identificada a partir de
características ligadas ao espaço, aos ciclos festivos e a contribuição étnica.
Espacialmente, tem-se a subdivisão da culinária litorânea, que traz em
seu cardápio uma intensa variedade de peixes e crustáceos apresentados de
diversas formas (ensopados, escaldados, cozidos ou fritos). Nas regiões
interioranas, a ênfase é dada à culinária que deriva da pecuária, como a de bode,
de carneiro, carne-de-sol, paçoca, queijo de manteiga e de coalho, sendo comum
também o consumo de raízes e comidas de milho, além das frutas tropicais, que
permitem a produção de sucos, sobremesas, sorvetes, licores e aguardentes.
Nos ciclos festivos, a culinária que melhor representa a Região é a do
ciclo junino, que tem como base para seus principais pratos o milho, a macaxeira e
o amendoim.
Figura 26: Culinária junina
Fonte: <http:www.paraiba.pb.gov.br>. Acesso em: 24.ago.2005
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Nos sites e portais nordestinos, a culinária representa um aspecto
relevante na constituição da identidade cultural local, em que a influência histórica é
determinante na construção dos doces, salgados e bebidas, sendo comuns à relação
com a época dos engenhos, de suma importância para a produção da variedade
culinária nordestina.
Na apresentação dos doces, por exemplo, percebe-se um significativo
saudosismo diante de uma época de farto desenvolvimento econômico regional, que
remete ao retorno à infância vivida, demonstrando a necessidade de ter o passado
sempre inserido no discurso atual.
A influência indígena, portuguesa e africana – sempre lembrada – revela-
se na da diversidade de elementos que compõem a culinária nordestina. Assim
como o artesanato, não houve muita distinção na apresentação das opções
gastronômicas, exceto nos Estados do Maranhão e Bahia, que trouxeram, além dos
tradicionais elementos, outros aspectos que complementam a sua culinária.
Como o Maranhão situa-se em área de transição geográfica entre as
regiões Nordeste e Norte, acaba por ser favorecido nesse aspecto, trazendo frutas
distintas dos outros Estados, como o bacuri e o cupuaçu, comuns na região Norte.
No caso da Bahia, são os temperos que exercem papel principal na diferenciação em
relação à culinária nordestina, sendo promovidos como elementos indispensáveis
na construção dos pratos. Nos textos, temperos como cominho, pimenta, azeite de
dendê, gengibre e coentro são apresentados como elementos que realçam o sabor
da culinária baiana.
Figura 27: Dendê baiano
Fonte: <http:www.bahia.com.br> Acesso em: 20.ago.2005
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Na representação das bebidas, percebe-se uma forte presença da
aguardente, característica da Região Nordeste, que, com uma estética moderna,
traduz a riqueza de frutas que podem ser utilizadas no preparo das bebidas. Na
imagem, as cores são fundamentais na representação da alegria, do calor dos
trópicos e dos sabores provenientes da variedade de frutas da Região, utilizando-se
também de um toque de sofisticação tão comum nas imagens turísticas. É o popular
se adequando às exigências turísticas modernas, em que se produz uma imagem
que atrai a curiosidade turística.
Figura 28: Bebidas tropicais nordestinas
Fonte: <http://www.bahia.com.br>. Acesso em: 20.ago.2005
Na relação da culinária regional com a internacional, há uma
predominância da primeira. A cozinha internacional só aparece no item referente às
opções de restaurantes, não sendo encontrada na área destinada à gastronomia. É
o tradicional que prevalece na constituição e representação da culinária.
A diversidade das manifestações populares é notória. E é por isso que os
governos promovem firmemente as danças, folguedos, ritos e eventos nos quais
são apresentadas tais manifestações. Assim como em outros aspectos culturais, as
especificidades dão lugar à diversidade, não havendo possibilidade de identificação
das principais manifestações de cada Estado.
Só Alagoas concentrou a promoção das manifestações culturais nos
folguedos, que se dividem em natalinos, religiosos e carnavalescos. E o Maranhão
revelou-se como Estado que diverge um pouco mais dos outros, por concentrar-se
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nas manifestações juninas. Os demais promoveram várias manifestações
populares, sem haver a identificação das mais representativas. As mais freqüentes
são o Bumba-meu-Boi, a Dança de São Gonçalo, os Bacamarteiros, Caboclinhos,
Chegança, Coco, Maracatu e Reisado.
A influência da religião católica e afro-brasileira apresenta-se em várias
home pages por meio de elementos como gastronomia, festividades e
manifestações culturais. Os casos mais relevantes são os do Estado da Bahia, que
retrata o sincretismo das regiões afro-brasileiras, e o do Ceará e Sergipe, que
possuem uma relação intensa com o catolicismo.
Em toda a promoção das manifestações populares sergipanas estão
presentes as influências religiosas, sobretudo no calendário de festas que tem
relação direta com as comemorações católicas. Até mesmo festividades que se
desvinculam do caráter religioso, como ocorre com o São João – promovido pelos
demais Estados a partir das danças, músicas e culinária – não perdem o seu papel
católico no site sergipano. Além disso, o Estado promove os “Roteiros de Fé”, como
segue:
Acontecem durante todo o ano para homenagear os santos padroeiros. Procissões, novenas e missas atraem milhares de fiéis. Em Sergipe, os municípios considerados roteiro da fé são Divina Pastora, São Cristóvão e Carmópolis (Disponível em:<http://www.turismosergipe.net>. Acesso em: 20.set.2005).
O governo cearense trabalha a religiosidade, inserindo essa realidade
como mais um atrativo cultural, por intermédio do turismo religioso. Isso se deve à
presença de cidades dedicadas à devoção católica, como ocorre com os municípios
de Juazeiro do Norte e Canindé, transformando o Ceará num dos principais destinos
religiosos do Brasil e sendo a principal referência nordestina nesse aspecto.
Na Bahia, a cultura africana tem na promoção turística maior importância
que a cultura branca e erudita. Algumas imagens e textos contidos no portal
revelam o intenso sincretismo religioso encontrado na localidade, onde o catolicismo
e o candomblé andam lado a lado.
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Figura 29: Sincretismo religioso
Fonte:<http://www.bahia.com.br>. Acesso em: 25.ago.2005
Segundo Carvalho (2000), devido à secularização crescente das
sociedades, que coloca à disposição dos indivíduos uma ampla gama de opções no
campo religioso, há um rompimento da hegemonia do catolicismo no campo
simbólico e estético, que é dominante muitas vezes em algumas manifestações
culturais. No portal do governo baiano, esse aspecto está bastante claro, na
medida em que se percebe que não é o catolicismo e sim o candomblé que se
sobrepõe em termos de importância religiosa, ficando a primeira em segundo plano.
O portal diariamente apresenta o orixá do dia, onde são encontradas explicações em
termos de importância e característica, dando informações do santo católico
correspondente, como segue nesta citação capturada: “Terça-feira saudamos
Ogum, senhor da guerra e da agricultura. No sincretismo, é Santo Antônio.
Ogunhê!37”. Os terreiros são divulgados com a mesma importância que as igrejas,
sobretudo por serem uma referência na manutenção da religião negra. O
candomblé, que por muito tempo foi perseguido pela Igreja e pelo Estado, hoje é
reconhecido como crença e divulgado pelo governo como atrativo turístico. Os
terreiros são apresentados como espaços culturais populares para serem apreciados
e visitados turisticamente.
A principal representação da cultura erudita nordestina ocorre por meio
do patrimônio histórico – representado sobretudo pelas igrejas que estão
37
Disponível em <www.bahia.com.br>. Acesso em 25.jul.2005
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espalhadas em grande parte da Região –, composto por monumentos que
evidenciam a presença da colonização portuguesa nos Estados.
Na promoção governamental, o erudito tem menos representatividade
que o popular. A divulgação do patrimônio histórico ocorre também com imagens
das ruas, praças e personalidades, que permite aos visitantes terem uma noção
mais ampla dos acontecimentos que marcaram a história das localidades. As
fortificações também são encontradas como componentes arquitetônicos de intensa
freqüência nos portais e sites.
Os Estados que se destacam nesse aspecto são o Piauí, Maranhão e a
Paraíba. O primeiro prioriza o patrimônio cultural na divulgação dos recursos
culturais, representado pelas pontes, palácios, teatros, praças, entre outros.
A Paraíba traz uma leitura diferente dos outros Estados na representação
dos recursos culturais, demonstrando que não é um destino formado apenas pela
cultura popular, mas também pela erudita, utilizando-se de imagens da orquestra
sinfônica do Estado, balé de dança contemporânea e interior do teatro Santa Rosa.
Figura 30: Paraíba – O popular e o erudito em equilíbrio
Fonte: <http://www.paraiba.pb.gov.br>. Acesso em: 24.ago.2005
Sabe-se que o tipo de patrimônio cultural divulgado pela Paraíba também
pode ser encontrado nos outros destinos nordestinos. Mas o que há é uma
promoção ainda pouco restrita e reducionista diante dos monumentos histórico-
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culturais existentes nas cidades nordestinas, o que pode favorecer uma percepção
estereotipada sobre a Região no que se refere a esse repertório.
O Maranhão traz em sua promoção do patrimônio cultural uma leitura
sofisticada e diferenciada diante dos outros Estados. Ao divulgar seu acervo,
centralizou o foco não só no popular, dando a mesma importância e espaço para o
patrimônio histórico. Este último é apresentado pelas especificidades e não pela
suntuosidade dos monumentos, com a identificação de elementos arquitetônicos
que muitas vezes não são valorizados pelo olhar turístico, como azulejos, sacadas,
telhados, portões, entre outros.
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Quadro 6: Álbum virtual do Maranhão
Fonte: <http://www.turismo.ma.gov.br>. Acesso em: 23.ago.2005
Trata-se de um tratamento contemporâneo, que coloca o patrimônio no
seu devido lugar e importância, abolindo a visão do “típico para turista ver” e
estimulando a contemplação, sensibilidade e educação patrimonial dos visitantes,
além de valorizar ainda mais os monumentos apresentados.
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Considerações finais
O estudo revelou, a partir dos resultados apurados na investigação, que a
usabilidade da internet como espaço para a difusão da informação e promoção
turística nordestina governamental possui uma significativa deficiência a respeito
dos recursos comunicacionais e técnicos evidenciados. Isso tem permitido uma
subutilização das possibilidades tecnológicas existentes. Os organismos nordestinos
estão utilizando a web como uma extensão dos meios de comunicação tradicionais,
por meio de home pages sem atratividade, desatualizadas e com poucos recursos
multimidiáticos, o que confirma a hipótese lançada de que os recursos tecnológicos
ainda estão sendo usados de forma restrita.
A falta de gerenciamento e atualização das informações foi outro
elemento presente na pesquisa, tornando-se fator desfavorável para a dinâmica da
comunicação entre os governos e seus usuários, principalmente porque a internet
exige procedimentos contínuos de inserção e retirada de informações. Grande parte
dos Estados não vem dando a devida atenção a esse aspecto, transmitindo
conteúdos desatualizados de informações que mudam constantemente, como foi
identificado na divulgação de calendário de eventos, programação cultural e
notícias do segmento turístico.
A divulgação segmentada da oferta turística apareceu como uma proposta
inovadora e criativa na promoção dos Estados permitindo a divulgação concentrada
das localidades e favorecendo a municipalização do turismo e a atração de
demandas específicas.
O Estado que mais se destaca no uso do ciberespaço para estabelecer
contatos, desenvolver divulgação e disponibilizar informações é a Bahia, que vem
trazendo em sua página um conteúdo que relaciona eficácia, criatividade,
atratividade e interatividade. Em seguida, vem o Maranhão, que apresenta uma
proposta diferenciada, por conseguir atingir o equilíbrio entre o conteúdo
informacional, imagético e multimidiático.
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Percebeu-se que as páginas virtuais podem permitir a interação entre
conteúdo e atratividade, por meio de elementos como cores, disposição do texto e
sinalização das páginas com recursos de multimídia. Os Estados da Bahia e do
Maranhão conseguiram desenvolver uma personalidade visual, sonora e informativa
das páginas, levando em consideração as suas especificidades culturais. Os demais
Estados apenas apresentaram o conteúdo nordestino já consolidado, não
conseguindo estabelecer uma diferenciação promocional dos destinos da Região.
A análise da interface das home pages mostrou que há uma necessidade
de discutir não só os elementos que devem estar presentes nas páginas virtuais
turísticas – já pré-identificados no processo metodológico –, mas também buscar
entender como esses elementos estão dispostos e suas respectivas especificidades.
Essa realidade permitirá entender por que o mesmo recurso utilizado passa a
representar resultados tão diversos. Um exemplo disso foi o que ocorreu com o uso
das aberturas que antecedem a home page. Alguns Estados, como o Rio Grande do
Norte e o Maranhão, inseriram páginas de abertura para a escolha do idioma e/ou
promoção do destino. O Rio Grande do Norte acabou criando uma barreira de uso
no momento em que apresentou recursos deficientes que só dificultaram a
navegação. Por sua vez, o Maranhão conseguiu inserir uma abertura atrativa, com
carregamento rápido e que ao mesmo tempo promove o destino e possibilita a
escolha do idioma, com soluções modernas e funcionais. É dizer que, mesmo
quando há a avaliação de recursos tecnológicos, têm-se as variações de estruturas
que levam o pesquisador a tentar compreender cada realidade apresentada.
Buscou-se perceber também se havia o uso das logomarcas dos Estados e
se estas estariam sinalizadas já na página principal, notadamente porque a
logomarca passa a ser a imagem que se pretende produzir sobre a localidade,
sendo um ícone de representação de valores e características. Ela proporciona uma
identidade visual do destino, devendo estar em sintonia com a proposta da política
do local. Na pesquisa, apenas os Estados do Maranhão, Ceará, Alagoas e Paraíba
apresentaram esse item, e em todos os casos a logomarca foi encontrada na página
principal. Seria interessante que todos os portais e sites evidenciassem um símbolo
representativo dos seus destinos, pois poderia figurar como mais um mecanismo de
personalização e identificação local.
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Quanto à presença dos endereços das páginas nos principais sites de
busca, observou-se que Alagoas, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte não
estiveram em todas as opções pesquisadas, o que pode acarretar prejuízo para os
Estados na medida em que os sites de busca, além de serem mais um meio de
divulgação para os organismos de turismo, são muitas vezes utilizados como fonte
para o início de pesquisas, das quais não se tem os endereços virtuais pertinentes.
A acessibilidade, que reflete também a possibilidade de uso dos portais e
sites por usuários de outras culturas e idiomas, permite a disponibilização de
recursos que facilitem o uso de demandas estrangeiras, por meio da conversão das
informações em outras línguas. Os governos, ao produzirem páginas virtuais
turísticas, precisam dispor de um sistema de informação e divulgação que possa ser
compreendido de forma plena e eficaz, atingindo os mais diversos públicos, de
distintas localidades e culturas. Um aspecto fundamental para que isso aconteça é a
presença de versões em outros idiomas, para que o usuário possa visualizar a home
page nos idiomas mais utilizados mundialmente. Isso acontece porque o turista
contemporâneo tem na internet uma importante ferramenta de aquisição de
conhecimento e pesquisa. Além disso, a demanda estrangeira tem no ciberespaço
mais um meio de busca das informações desejadas.
Dos nove portais pesquisados, apenas quatro – dos Estados da Bahia, Rio
G. Do Norte, Ceará e Maranhão – possuem versões em outras línguas, situação que
reflete a inadequação da informação turística a esse novo meio comunicacional, que
tem como característica a possibilidade de atingir usuários em escala mundial. A
versão em inglês está presente em todos os portais acima citados, sendo o espanhol
disponibilizado apenas pelo Estado do Rio Grande do Norte. Como o turismo é por
natureza uma atividade de caráter universalista, sem fronteiras culturais e
territoriais, a presença de versões em outros idiomas deveria ser elemento
prioritário e básico, principalmente porque a informação tem a possibilidade de
atingir um público não só nacional. A falta desse mecanismo pode inviabilizar o
acesso dos usuários estrangeiros e dificultar a promoção turística nos mercados
internacionais.
No item referente à navegabilidade, buscou-se avaliar as facilidades e
dificuldades encontradas pelos usuários em moverem-se entre as páginas internas
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de cada portal ou site. Para isso, foram identificados elementos que permitissem o
uso dos vários conteúdos e recursos disponíveis nas páginas virtuais, como
sinalização de orientação do usuário, menu principal, motor de busca, instruções
para pesquisa e mapa da home page. A navegabilidade foi um dos elementos em
que mais foram identificadas falhas, sendo uma realidade comum entre os Estados
visitados no ciberespaço. Em nenhum dos portais e sites, foi possível encontrar
sinalização de orientação ao usuário que o permitisse saber onde se encontrava e
para onde poderia ir na navegação, causando muitas vezes confusão e desencontros
no uso das diversas páginas internas.
De todos os elementos pesquisados na categoria de navegabilidade, o que
apareceu de maneira mais satisfatória foi o campo menu de navegação global, que
está presente em todos os sites e portais. Esse item serve para apresentar ao
usuário a subdivisão do conteúdo que está disponível, favorecendo a navegação
específica. Além disso, existem menus que possuem outras categorias de
identificação de conteúdo que favorecem ainda mais a fragmentação da informação.
Nenhuma das home pages apresenta a posição do usuário em relação ao menu de
navegação, demonstrando o descomprometimento nesse aspecto.
Uma característica muito comum entre os Estados é o uso de mais de um
menu, que contribui em grande parte para a ampliação de alternativas de
navegação específica. No caso do Rio Grande do Norte, essa opção apenas ajuda a
confundir e dificultar a usabilidade.
Um outro aspecto que aparece de forma positiva na pesquisa é a
manutenção do menu nas páginas posteriores, encontrada nomeada na barra de
títulos do navegador. No entanto, o ícone de representação da home page não
esteve presente nessa mesma totalidade, sendo muitas vezes negligenciado pelos
órgãos turísticos. Alguns portais e sites utilizaram a própria logomarca ou nome do
Estado para tornar-se a opção de retorno à home page, não configurando como
opção ideal, sobretudo porque o usuário deve ter a sinalização adequada e de fácil
identificação sem necessariamente ter que decifrar. O Estado do Piauí, assim como
o de Alagoas, apresentou uma série de deficiências quanto à navegabilidade. Não há
sinalização que oriente o usuário a retornar às páginas anteriores ou página
principal.
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O campo para motor de busca aparece na página principal em quatro
Estados (Bahia, Ceará Piauí e Maranhão), porém em apenas dois (Piauí e Maranhão)
foi identificado o item em todas as seções da home page, funcionando plenamente
apenas no Estado do Maranhão. É um resultado insatisfatório, sobretudo porque
esse mecanismo é outra alternativa para especificar o conteúdo, que muitas vezes
não aparece na subdivisão do menu, sendo essencial estar em todas as páginas
internas.
Ao analisar a presença do mapa do site nas páginas governamentais,
identificou-se outra situação inadequada, visto que apenas dois Estados (Bahia e
Alagoas) apresentam tal elemento. Como não foi possível visitar as páginas
internas do Estado de Alagoas, percebeu-se que apenas o Estado baiano mantém
este link em suas páginas subseqüentes.
Os serviços interativos estiveram presentes em todas as home pages,
porém com significativas diferenças em relação ao repertório. Foram vários os
Estados que se destacaram por meio de distintas iniciativas.
Os recursos sonoros foram encontrados em cinco páginas virtuais, sendo
utilizados normalmente em vídeos, conteúdos musicais e em páginas de abertura.
Percebe-se que esse elemento poderia ser mais bem utilizado pelos Estados como
mais uma possibilidade promocional de divulgação do acervo cultural, com a
disponibilização de músicas típicas, hinos, cantores locais, manifestações populares,
entre outros aspectos. O Maranhão, por exemplo, faz um bom uso desse recurso na
sua página de abertura, quando apresenta uma canção local, mas não estende esse
recurso para download, o que permitiria que o repertório pudesse ser ouvido
posteriormente pelos usuários.
Observou-se que grande parte dos portais e sites privilegia as imagens
estáticas em detrimento das imagens em movimento, o que favorece muitas vezes
a redução da atratividade das home pages. Em alguns casos, como nos Estados do
Rio Grande do Norte e Piauí, as imagens são tão pouco trabalhadas para o universo
virtual que acaba por produzir uma aparência muito próxima de uma folheteria
turística impressa. O portal do Maranhão demonstra um diferencial nesse aspecto,
pois, mesmo concentrando-se em imagens estáticas, não sofreu prejuízo na
qualidade imagética das páginas pela qualidade e tratamento do conteúdo exposto.
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A disposição dos textos também fica comprometida em vários portais e
sites, sobretudo nos Estados da Paraíba, Sergipe, Bahia e Rio Grande do Norte. No
caso dos dois primeiros, o fato de possuírem páginas iniciais do governo do Estado
acabou por fragmentar conteúdos ou mesmo disponibilizar informações que não são
interessantes para o consumidor turístico na web, preenchendo espaços que
poderiam ser usados para outras informações.
A conectividade, compreendida como o processo de interligação entre o
conteúdo presente nas páginas virtuais com outras janelas que possibilitem a
complementação do assunto por meio de links externos, foi mais um aspecto
avaliado. Percebeu-se que esse recurso aparece de forma tímida entre os Estados,
havendo normalmente a opção pelo uso de links internos, que levam a conteúdos
das próprias páginas.
O uso de links externos pode favorecer sobremaneira conteúdos
informativos que necessitam ser atualizados constantemente, como ocorre com
aspectos como notícias, calendário de eventos, previsão de tempo, entre outros.
Nesses casos, adicionar janelas que levem a outros sites pertinentes ao tema pode
facilitar o trabalho de portais e sites que não possuem profissionais para constantes
atualizações. Além disso, essa opção pode minimizar a manutenção de conteúdos
obsoletos, que reverte negativamente para a imagem do destino turístico. O outro
aspecto favorável é também destinar notícias mais consistentes de empresas ou
órgãos específicos que tratam sobre o assunto, permitindo uma informação de
qualidade e de confiança. O Estado da Paraíba, por exemplo, disponibiliza endereços
eletrônicos de outros organismos oficiais de turismo no Brasil. Há casos em que os
portais e sites criam opções de menu só para links externos, como foi observado no
do Rio Grande do Norte. No site de Sergipe, também foi identificado esse item no
menu, porém apresentando problemas de funcionamento.
Quase metade dos portais e sites visitados (Alagoas, Sergipe, Paraíba e
Piauí) apresenta algum tipo de deficiência no acesso às diversas páginas internas,
sendo Alagoas o campeão nesse sentido, por ter permanecido fora do ar grande
parte do tempo da investigação.
Durante toda a pesquisa, foi comum observar situações inadequadas no
tratamento técnico das páginas virtuais nordestinas, situação que pode influenciar
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decisivamente na qualidade da prestação de serviços, informações e promoção
turística dos organismos. Foram identificados links inativos, inexistência de
arquivos, falta de contato para soluções de problemas funcionais e erros de
compatibilidade entre imagem e texto. Os Estados que apresentam maior
quantidade de deficiências técnicas são Alagoas, Sergipe e Piauí.
Nenhum dos portais e sites disponibiliza suporte técnico para tratamento
de erros identificados, demonstrando o amadorismo dos organismos diante das
especificidades do ciberespaço. O canal de comunicação entre usuário e empresa
responsável poderia ser benéfico para a melhoria da qualidade técnica da home
page, sobretudo porque é importante ter a interação do usuário para analisar e
contribuir para a melhoria das ferramentas de uso dos web sites e portais.
Sobre o papel dos recursos naturais na promoção dos Estados, observou-
se que a consciência do Estado em buscar desenvolver a atividade turística de
forma sustentável, intensamente constatada nas páginas turísticas visitadas, tem
sido também trabalhada como mecanismo mercadológico que reflete a lógica
capitalista atual. Trata-se de um discurso direcionado para o “politicamente
correto”, que pode camuflar e/ou dar uma nova roupagem ao turismo tradicional.
Nesse sentido, concorda-se com a visão de Magalhães apud Dias (2003,
p. 16), quando diz que “o turismo alternativo é talvez o resultado da saturação do
turismo de massa, uma estratégia de expansão capitalista ou fruto de uma
emergência das questões ambientais que vêm ocupando gradativamente o centro
do cenário político internacional”. Essa situação foi claramente percebida ao se
comparar o conteúdo promocional com o conteúdo informacional existente nas
páginas virtuais. No primeiro, prevalece o turismo suave e de baixo impacto, ou
seja, o turismo sustentável. No segundo, tem-se a concentração de conteúdos
destinados às viagens padronizadas sem a preocupação com o conjunto de
informações relacionadas à sustentabilidade. A questão é saber até que ponto o
turismo alternativo está sendo divulgado na sua essência, uma vez que ao se
contrapor aos serviços disponibilizados percebeu-se a falta de conteúdos referentes
a essa modalidade.
É o que compreende Rodrigues apud Dias (2003, p. 105) quando dizem
que “[...] se trata da comercialização de estereótipos, da venda de imagens, de
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rótulos, com o objetivo concreto e explícito da captação de nichos de demanda
diferenciados”. Na verdade, o turismo de massa vem sendo promovido com a
roupagem do turismo alternativo, tentando criar uma nova leitura do turismo
nordestino a partir da idéia de sustentabilidade.
O modelo turístico predominante nos portais e sites foi o convencional-de-
massa, prevalecendo a racionalidade econômica, destinada aos serviços,
equipamentos e atividades turísticas que primam por informações turísticas
convencionais. Negando a hipótese inicial, não há predominância do turismo de “sol
e mar”, pois o ecoturismo também tem sido promovido na mesma proporção que o
anteriormente citado. Prevalece a divulgação das paisagens nordestinas como fins
de consumo, sem possibilitar o acesso a esclarecimentos mínimos sobre a forma de
uso turístico conforme as condições estruturais dessas paisagens, o que pode
contribuir para a depredação e o desgaste. Os gestores públicos precisam utilizar
suas páginas virtuais não só para fins promocionais, mas também educativos, já
que o ecoturismo vem se mostrando uma constante atividade no território
nordestino, necessitando de campanhas de orientação para a utilização de
ecossistemas distintos.
O sertão é outra questão a ser levantada, sobretudo porque vem
recebendo uma nova construção imagético-discursiva pelos organismos oficiais. O
estudo revelou que há um sertão que não deixa para trás a sua já conhecida
construção ideológica como espaço de exclusão social, fome, atraso, miséria mas
que passa também a ser um espaço de reencontro com os elementos sociais e
culturais perdidos pela sociedade contemporânea.
O meio ambiente sertanejo começa a ser representado não só pelos
aspectos geográficos, de fauna e flora, mas também pela singularidade paisagística,
pela ordenação do espaço e pelo modo de vida existente. Trata-se do processo de
inserção desse espaço na atividade turística, que por muito tempo deixou de levar
em consideração suas especificidades e que hoje vem permitindo descortinar um
Brasil ainda pouco conhecido pelos próprios brasileiros.
Quanto ao conteúdo referente aos bens culturais apresentados nos portais
e sites, observou-se a intensa necessidade de resgatar a memória coletiva como
mecanismo de utilização governamental no campo do turismo. O Estado, por meio
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das manifestações populares, cria uma identidade cultural assentada na tradição,
mas em constante diálogo com a atualidade. Isso ocorre pela inserção da cultura
popular num universo de consumo simbólico turístico, em que a divulgação de
manifestações tradicionais segue os princípios capitalistas, agregando valor à
localidade. Na Bahia e no Maranhão, a cultura popular é publicizada e consumida a
partir de uma leitura diferenciada, onde, além de as manifestações populares não
serem vistas de maneira fossilizante e engessada, são sinônimo de dinamismo e
continuidade, sendo representadas em boa parte no espaço urbano, onde convivem
e agregam elementos atuais.
Nessa relação entre turismo e órgãos governamentais, são muitas as
trocas de influências, gerando contradições e desencontros na representação do
Nordeste Cultural. O “típico”, que passa a ser o resultado da abolição das diferenças
locais, como indica Canclini (1983), vem ocorrendo freqüentemente nos Estados
nordestinos à medida que se apresentam com poucas distinções identitárias, o que
permite a redução das referências distintivas devido à identificação da pluralidade
de hábitos, manifestações culturais e representações simbólicas.
O papel da cultura, na promoção turística é dar uma identidade própria ao
destino e tornar a localidade singular aos olhos do visitante. Como a atividade
turística passa por um processo de homogeneização globalizada de serviços, a
cultura começa a ser uma importante fonte de diferenciação regional. Mas o que foi
verificado na promoção de grande parte dos destinos foi a confirmação da hipótese
de que há uma homogeneização dos conteúdos culturais, com pouco espaço para as
singularidades.
Observou-se também que os Estados nordestinos são apresentados como
espaços em constante “estado de graça”, em que a atmosfera de férias permanece
durante todo o ano – territórios em que a cultura popular floresce em sua plenitude
para ser consumida pela demanda turística. A relação com o turismo cultural é
latente, não havendo relação com outros tipos de turismo como o de negócios ou de
eventos na relação com o primeiro.
É curioso identificar o paradoxo existente na divulgação turística da
região, pois o sentido de “novidade” que é divulgado sobre a cultura local está
associado à memória e ao passado e não ao presente e ao futuro. Mesmo existindo
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uma visão moderna na divulgação da cultura por parte de alguns Estados, é a
tradição que aparece como pano de fundo para o discurso e as imagens
apresentadas.
O cultural popular está sendo apresentado pelos governos numa
perspectiva romântica, como algo pitoresco e exótico, como manifestações que
podem seduzir o turista pelo contraste que há com a vida cotidiana moderna –
comum aos grandes centros urbanos. Os Estados do Ceará, Bahia e Maranhão
apresentam-se como destinos em processo de modernização, porém trata-se de
uma modernização em comum acordo com o tradicional, onde os costumes, as
crenças, os ritos e as manifestações podem ser envolvidos por ações
modernizadoras sem perder a sua essência e historicidade. Nesses casos, é a
modernidade que deve se adequar às singularidades dos Estados e não o inverso.
Segundo a seletividade que é feita a partir de princípios ideológicos do
governo, alguns elementos culturais são mais enfatizados que outros. A música,
hábitos e costumes, por exemplo, são aspectos pouco trabalhados nas páginas
virtuais. É necessário não esquecer também a posição do patrimônio histórico-
cultural, que, em muitos Estados, acaba sendo banalizado e negligenciado na
constituição identitária local.
Portanto, a cultura é um elemento prioritário dos governos e, como tal,
deve ser levada em consideração por todos os portais e sites visitados. Trata-se de
um aspecto que permite a construção de um “estado de espírito local”, direcionado
principalmente para favorecer e agradar o turista.
Em alguns Estados, como Sergipe, Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte
o popular contemporâneo possui uma intensa relação com a cultura urbana de
massa, fato que a faz estabelecer formas híbridas de existência e sobrevivência,
estabelecendo assim uma relação direta com as motivações da sociedade atual.
Essa leitura é feita, sobretudo, ao se analisar as configurações que vem tomando o
ciclo carnavalesco nordestino sob influência baiana.
É necessário melhorar o tratamento governamental que tem sido dado ao
patrimônio histórico-cultural, favorecendo a descentralização do turismo de massa e
possibilitando a concepção de um Nordeste constituído de espaços culturais
importantes de serem visitados, como museus, exposições, monumentos
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arquitetônicos urbanos e rurais, esse último representado pelos vários casarios do
período colonial, com suas peculiaridades naturais, culturais e históricas. Quanto ao
patrimônio arquitetônico urbano, é importante também introduzir em alguns portais
e sites a identificação de praças, ruas, bibliotecas, pontes e outros elementos que
contribuem significativamente para a valorização cultural e paisagística dos centros
urbanos nordestinos.
As considerações finais a que se chegou apontam para as referências
tradicionais, representadas principalmente pelas manifestações populares, por meio
da religiosidade, festividade, artesanato e gastronomia. E os elementos modernos
estão inseridos na apropriação do discurso governamental para divulgar
turisticamente os Estados, na busca de uma estética moderna e competitiva de uso
do ciberespaço como meio de informação e contato com a demanda turística.
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PIEMTUR – EMPRESA DE TURISMO DO PIAUÍ. Disponível em: <http://www.piemtur.pi.gov.br/>. Acesso em: 30. ago. 2005, 15.out.2005, 22.dez.2005.
SECRETARIA EXECUTIVA DE TURISMO DO ESTADO DE ALAGOAS. Disponível em: <http://www.visitealagoas.al.gov.br>. Acesso em: 10.ago.2005, 11.ago.2005, 12 ago. 2005, 17.ago.2005, 21.ago.2005, 17.set.2005, 10.dez.2005.
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- 154 -
SECRETARIA DO TURISMO DO ESTADO DO CEARÁ. Disponível em: <http://www.setur.ce.gov.br>. Acesso em: 10.ago.2005, 13 ago. 2005, 23.ago.2005, 10.set.2005.
SECRETARIA DE TURISMO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Disponível em: <http://www.setur.rn.gov.br/>. Acesso em: 16 ago. 2005, 26.ago.2005, 17.set.2005, 18.set.2005, 15.out.2005, 10.jan.2006.
SECRETARIA DE ESTADO DE TURISMO DE SERGIPE. Disponível em: <http://www.turismosergipe.net/>. Acesso em: 17 ago. 2005, 20.ago.2005, 23.ago.2005, 26.ago.2005, 20.set.2005, 20.nov.2005.
<http://www.vecam.org>. Acesso em:25.jun.2005.
<http://www.aisa.com.br>. Acesso em 01.mar.2006.
<http://www.suapesquisa.com>. Acesso em 01.mar.2006.
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- 155 -
Apêndices
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Apêndice A – Quadro de análise da acessibilidade
ACESSIBILIDADE
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Tem problemas para acessar as janelas?
Não Sim Sim Não Sim Não Não Sim Não
Aparece entre os 10 primeiros endereços dos sites de busca
escolhidos (MSN, Google, Yahoo Brasil! e Radar UOL)?
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Sim Sim
Obs:
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- 157 -
Apêndice B – Quadro de análise da primeira página
PRIMEIRA PÁGINA (Home page)
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Introdução em flash Não Não Não Não Não Sim Não Não Sim
Escolha de idioma Não Sim Não Não Não Sim Sim Não Sim
Logomarca Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim
Menu Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
O site/portal apresenta uma página de abertura que
precede a página principal?
Não
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Não
Sim
O site/portal disponibiliza campo para o motor de busca
na página principal?
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Sim
Possui imagem em movimento?
Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Não
Obs:
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- 158 -
Apêndice C – Quadro de análise da navegabilidade
NAVEGABILIDADE
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É utilizada sinalização necessária para que o usuário se movimente no portal/site, que informa onde ele se encontra e para onde ele pode ir na navegação?
Não
*
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
O menu de navegação global da home page é mantido em todas as páginas internas?
Sim
*
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
A posição do usuário, em relação ao menu de navegação principal é indicada em todas as páginas?
Não
*
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
A home page e a primeira de cada seção do menu principal encontram-se especificamente nomeadas na barra de títulos do navegador?
Não
*
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
O site/portal disponibiliza campo para motor de busca em todas as seções do menu principal?
Não
*
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Há instruções para a pesquisa?
Não
*
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Há link para o mapa do site na página principal?
Sim
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Há link para o mapa do site em todas as seções do menu principal?
Sim
*
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Obs: *recursos não analisados devido portal inativo
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- 159 -
Apêndice D – Quadro de análise da interatividade
INTERATIVIDADE
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Existem serviços interativos? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Existe correio eletrônico no portal/site?
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Há mecanismo de indicação do portal/site para amigos?
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Existem opções de downloads de conteúdos do portal/site?
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Há a possibilidade de cadastramento no portal/site?
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Existem possibilidades de capturar imagens para fundo de tela?
Sim
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
É possível fazer uma visita virtual ao estado?
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Há álbum de fotos virtual? Sim Não Sim Sim Sim Não Não Não Sim
Há mapas interativos? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim
Há mecanismo de avaliação dos serviços do portal/site?
Não
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Sim
Há o uso de enquetes? Não Sim Não Sim Não Não Não Sim Não
Obs:
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- 160 -
Apêndice E – Quadro de análise da multiplicidade
MULTIPLICIDADE
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O portal/site disponibiliza recursos sonoros?
Sim
Não
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Há poluição visual? Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
Não
Não
O portal/site disponibiliza vídeos?
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
E quanto à qualidade sonora dos vídeos disponibilizados?
As imagens encontradas no portal/site são estáticas, em movimento ou ambos?
Quanto à disposição dos textos no portal/site?
Obs:
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- 161 -
Apêndice F – Quadro de análise da conectividade
CONECTIVIDADE
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Há a presença de links externos ao web site para outras fontes de informações que se referem à mensagem apresentada?
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Existem links externos ao portal/site de outros endereços eletrônicos relacionados ou complementares a temática apresentada?
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Obs:
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- 162 -
Apêndice G – Quadro de análise do tratamento de erros
TRATAMENTO DE ERROS
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O portal/site apresenta links inativos?
Não * Sim Não Não Não Sim Sim Não
Há alguma informação relevante na página que indica a inexistência de arquivos?
Não
*
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Não
É oferecido, na página principal, contato para o caso de ocorrerem problemas funcionais no portal/site?
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
É oferecido, em todas as páginas internas, contato para o caso de ocorrerem problemas funcionais no portal/site?
Não
*
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Há algum erro de compatibilidade entre texto e imagem?
Não
*
Sim
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Obs: *recursos não analisados devido portal inativo
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- 163 -
Apêndice H – Quadro de análise das informações turísticas
INFORMAÇÕES TURÍSTICAS
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Há informações sobre a previsão do tempo?
Sim Sim Não Sim Não Não Sim Não Não
Há a divulgação da agenda cultural mensal do estado?
Sim Não Não Não Sim Não Não Não Não
O calendário de eventos é apresentado?
Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Não
Existem endereços eletrônicos do órgão
governamental responsável pelo site/portal?
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Não
Sim
Não
Sim
Há informações destinadas a imprensa?
Não Não Não Não Não Não Não Não Não
Há informações destinadas a profissionais de turismo?
Sim Não Não Não Não Não Não Não Não
Há informações geográficas?
Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Há informações históricas?
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Há informações para investidores em turismo?
Sim Não Sim Sim Não Não Sim Não Sim
Há notícias atualizadas sobre o turismo no estado?
Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Sim
O site/portal disponibiliza informações sobre as vias
de acesso ao estado?
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Sim
Há links para telefones úteis?
Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Sim
Existe informação sobre distância das cidades para a
capital?
Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Não Não
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- 164 -
Apêndice I – Quadro de análise das modalidades turísticas identificadas
MODALIDADES TURÍSTICAS IDENTIFICADAS
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Ecoturismo Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Turismo Rural Sim Não Sim Sim Não Não Sim Não Não
Turismo Social Não Não Não Sim Não Não Não Não Não
Turismo de Eventos Sim Não Sim Não Não Não Sim Não Não
Turismo de Negócios Sim Não Não Não Não Não Sim Não Não
Turismo Cultural Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Turismo Religioso Sim Não Não Não Não Sim Sim Não Sim
Turismo Urbano Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
Turismo da Terceira Idade
Não Não Não Sim Não Não Sim Não Não
Turismo de Aventura Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Obs:
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Apêndice J – Quadro 1 da análise dos atrativos turísticos naturais
ATRATIVOS TURÍSTICOS NATURAIS
Picos
Serras
Cachoeiras
Morros
Colinas
Chapadas
Tabuleiros
Vales
Rochedos
Praias
Praias fluviais
Praias lacustres
Mangues
Enseadas
Falésias
Dunas
Ilhas
Arquipélagos
Obs:
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- 166 -
Apêndice L – Quadro 2 da análise dos atrativos turísticos naturais
ATRATIVOS TURÍSTICOS NATURAIS
Recifes
Rios
Lagos
Lagoas
Quedas d’água
Parques
Reservas
Grutas
Cavernas
Áreas de caça
Área de pesca
Restingas
Baías
Outros
Obs:
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- 167 -
Apêndice M – Quadro 1 de análise dos atrativos turísticos histórico-culturais
ATRATIVOS TURÍSTICOS HISTÓRICO-CULTURAIS
Arquitetura civil
Arquitetura religiosa
Arquitetura funerária
Arquitetura industrial
Arquitetura agrícola
Arquitetura militar
Ruínas
Esculturas
Pinturas
Monumentos
Outros legados
Sítios históricos Sítios
Sítios científicos
Museus
Bibliotecas
Arquivos
Institutos históricos
Instituições e Estabelecimentos
de Pesquisa e Lazer Institutos
geográficos
Outros
Obs:
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- 168 -
Apêndice N – Quadro 2 de análise dos atrativos turísticos histórico-culturais
ATRATIVOS TURÍSTICOS HISTÓRICO-CULTURAIS
Festas
Atividades religiosas
Comemorações cívicas
Comemorações populares
Comemorações folclóricas
Gastronomia típica (Salgados)
Gastronomia típica (Doces)
Gastronomia típica (Frutas)
Gastronomia típica (Sucos)
Gastronomia típica (Bebidas)
Feiras
Mercados
Artesanato
Folclore
Manifestações, Usos
Tradicionais e Populares.
Usos e costumes
Outros
Obs: