UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Wendel Alessandro Ribeiro Silva
CISTO DENTÍGERO-UMA REVISÃO DE LITERATURA
CURITIBA
2010
Wendel Alessandro Ribeiro Silva
CISTO DENTÍGERO- UMA REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação Latu Sensu em Radiologia Odontológica e Imaginologia da faculdade de Ciências biológicas da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia. Orientadora: Prof. Lígia Aracema Borsato
CURITIBA
2010
TERMO DE APROVAÇÃO
WENDEL ALESSANDRO RIBEIRO SILVA
CISTO DENTÍGERO- UMA REVISÃO DE LITERATURA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia no Curso Latu Sensu em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 31 de Maio de 2010.
___________________________________________
Radiologia Odontológica e Imaginologia
Universidade Tuiutí do Paraná
Orientador: Prof. Msc. Lígia Aracema Borsato
Cescage – Departamento de Odontologia
Prof. Tatiana Maria Folador Mattioli
Universidade Tuiuti do Paraná – Departamento de Odontologia
Prof. Ana Claúdia Galvão de Aguiar Koubik
Universidade Tuiuti do Paraná - Departamento de Odontologia
RESUMO
O cisto dentígero é o segundo tipo mais comum dos cistos odontogênicos do
complexo maxilofacial, perdendo apenas para o radicular. Este trabalho tem por
objetivo realizar uma revisão de literatura sobre os conceitos atuais dos cistos
dentígeros, ressaltando suas principais características etiológicas, clínicas,
radiográficas, histopatológicas e formas de tratamento, de modo a auxiliar os
profissionais de Odontologia na resolução dessa patologia e com isso concluir qual o
melhor tratamento e tentar diferenciar o cisto dentígero de outras imagens
radiográficas semelhantes.
Palavras chaves: Cisto dentígero; cisto folicular; enucleação; marsupialização.
ABSTRACT
The dentigerous cyst is the second most common type of odontogenic cysts of
the maxillofacial region second only to the root.This paper aims to conduct a literature
review on current concepts of dentigerous cysts, emphasizing their main
characteristics etiological, clinical, radiographic, and histopathologic forms of
treatment in order to assist dental professionals in the resolution of this pathology and
thus conclude the best treatment and try to differentiate the dentigerous other similar
radiographic images.
Key words: Dentigerous cyst; follicular cyst; enucleation; marsupialization.
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................... iv
ABSTRACT ............................................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................07
2 OBJETIVOS ..........................................................................................................09
3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................10
3.1 ETIOLOGIA, LOCALIZAÇÃO E FREQUÊNCIA ............................................10
3.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ......................................................................16
3.3 CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS .........................................................21
3.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.........................................................................27
3.5 CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS .................................................29
3.6 TRATAMENTO E PROGNÓSTICO ..................................................................31
4 DISCUSSÃO ..........................................................................................................32
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................38
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................39
7
1- INTRODUÇÃO
O cisto dentígero é uma entidade patológica que se forma a partir de um dente
não erupcionado e origina-se por alterações no epitélio reduzido do órgão do esmalte
(MONSERAT et al. 2002, FREITAS et al. 2004). Depois do radicular, os cistos
dentígeros são os mais frequentes cistos odontogênicos diagnosticados, perfazendo
20% de todos os cistos epiteliais dos maxilares (NEVILLE et al. 2004).
Usualmente, esta lesão esta associada a um terceiro molar impactado na
mandíbula e não apresenta sintomatologia, sendo geralmente encontrada nos exames
radiográficos de rotina. Em casos, em que o cisto atinge grandes dimensões, pode ser
observada expansão da cortical óssea e dor (ZANIRATO et al.1998, MONSERAT et
al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003, FREITAS et al. 2004, NEVILLE et al. 2004,
GODOY et al. 2005). Para Varoli et al. (2000), o cisto dentígero é capaz de tornar-se o
mais agressivo dos cistos odontogênicos, estando sempre associado à coroa de dentes
retidos ou impactados.
Radiograficamente, o cisto é caracterizado por uma imagem radiolúcida, bem
delimitada por cortical óssea, envolvendo a coroa de um dente retido, a partir da
porção cervical (FREITAS et al. 2004, NEVILLE et al. 2004).
Neville et al. (2004) afirmaram que para se chegar ao real diagnóstico de cisto
dentígero, apenas aspectos radiográficos são inconclusivos, porque queratocistos
odontogênicos, ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores odontogênicos e
8
não odontogênicos podem ter aspectos radiográficos idênticos àqueles do cisto
dentígero.
Os dois principais métodos de tratar o cisto dentígero são a enucleação
(NEVILLE et al. 2004) e a marsupialização (ZANIRATO et al. 1998, GONDIM et al.
2008).
9
2- OBJETIVOS
Objetivo Geral: Fazer uma revisão de literatura sobre cisto dentígero, analisar
sua etiologia, características clínicas e radiográficas, histopatológicas, diagnóstico
diferencial, tratamento.
Objetivo Específico: Fazer uma comparação entre os autores, concluindo em
qual seria o melhor tratamento e conseguir diferenciar o cisto dentígero de outras
imagens radiográficas semelhantes.
10
3- REVISÃO DE LITERATURA
3.1 ETIOLOGIA, LOCALIZAÇÃO E FREQUÊNCIA
Zanirato et al., 1998 afirmaram que o cisto dentígero é um tipo de cisto
odontogênico que origina-se após a formação completa da coroa do dente, pelo
acúmulo de líquido entre esta e o epitélio reduzido do esmalte. As localizações mais
comuns deste cisto são as áreas de terceiros molares superiores e inferiores e caninos
superiores, a faixa etária de maior incidência do cisto dentígero está localizada entre
21 e 30 anos.
Varoli et al., 2000 relatam que o cisto dentígero, também conhecido como
folicular, é o segundo tipo mais comum entre os cistos odontogênicos. Na mandíbula,
sua localização mais freqüente é no terceiro molar, enquanto que, na maxila, os dentes
caninos são mais envolvidos. O cisto dentígero é capaz de tornar-se o mais agressivo
dos cistos odontogênicos, estando sempre associado à coroa de dentes retidos ou
impactados.
Monserat et al., 2002 relataram em seus estudos que o cisto dentígero deriva
do epitélio reduzido do esmalte que rodeia a coroa dental, sabe-se muito pouco sobre o
estímulo que separa o epitélio reduzido da superfície do esmalte, que pode ser de
origem química, física ou traumática, criando um espaço para acúmulo de líquido ao
redor da coroa dental. O órgão do esmalte residual e o epitélio reduzido do esmalte
formam uma das superfícies que limitam o cisto e a coroa do dente retido. Os cistos
dentígeros são os mais comuns na mandíbula, frequentemente associados a terceiros
11
molares não erupcionados. São os segundos cistos odontogênicos mais comuns depois
dos cistos radiculares, apresentando aproximadamente 24% de todos os cistos
verdadeiros da mandíbula.
Barroso et al., 2002 afirmaram que o cisto dentígero ou folicular é uma
cavidade revestida por epitélio que se desenvolve no espaço folicular de dentes não-
erupcionados, após a formação da coroa. Esta cavidade apresenta-se preenchida por
fluido, podendo apresentar tamanhos variados, localiza-se entre a coroa de um dente
impactado, incluso ou não-erupcionado e o epitélio que está revestindo o folículo
dental pericoronário. São observados com mais freqüência no gênero masculino e em
brancos. Estão localizados, na maioria das vezes, associados a terceiros molares
inferiores, caninos superiores, segundos pré-molares inferiores e terceiros molares
superiores mais raramente.
Malincônico et al., 2003 relataram que os cistos dentígeros ou foliculares são
originários de alteração do epitélio reduzido do esmalte dentário, após formação
completa da coroa do dente, com acúmulo de líquido entre o epitélio e a coroa do
dente. Representam cerca de 17,3% dos cistos maxilares, acometendo
predominantemente homens brancos, seguidos por mulheres de cor branca, sendo mais
freqüente na primeira e segunda década; em distribuição anatômica em ordem
decrescente, os terceiros molares inferiores e caninos superiores permanentes são os
elementos dentários mais frequentemente envolvidos por este tipo de cisto, seguidos
pelos pré-molares inferiores e o terceiros molares superiores.
12
O cisto dentígero tem sua origem associada a coroas de dentes retidos, na sua
porção cervical, por alterações no epitélio reduzido do órgão do esmalte, encontrados
no esmalte mineralizado. A lesão é mais freqüente em dentes caninos da maxila e
dentes terceiros molares inferiores, dentes estes que com maior freqüência estão
retidos. (FREITAS et al., 2004)
Neville et al., 2004 afirmaram que o cisto dentígero se origina pela separação
do folículo da coroa de um dente incluso. É considerado o tipo mais comum de cisto
dentígero de desenvolvimento, compreendendo cerca de 20% de todos os cistos
epiteliais dos maxilares. O cisto dentígero envolve a coroa de um dente incluso e está
unido ao dente na junção esmalte-cemento. Embora possam estar associados com
qualquer dente incluso, envolvem mais frequentemente os terceiros molares inferiores.
Outros locais relativamente frequente são os caninos superiores, terceiros molares
superiores e segundos pré-molares inferiores. São mais frequentes em pacientes jovens
entre 10 e 30 anos, com uma leve predileção pelos homens.
Lima et al., 2005 relataram que o cisto dentígero constitui o segundo grupo
mais freqüente dos cistos odontogênicos do complexo maxilofacial, são resultantes de
uma alteração degenerativa do epitélio reduzido do órgão do esmalte, desenvolvem-se
associado à coroa de um dente retido ou impactado, caracterizando-se por acúmulo de
fluído entre a coroa dentária e o epitélio reduzido do órgão do esmalte. As localizações
mais frequentes desta alteração são as regiões dos terceiros molares inferiores e
caninos superiores, justificado em parte, pelo fato de estes serem os dentes que mais
13
comumente se apresentam inclusos, seguidos pelos pré-molares inferiores e terceiros
molares superiores.
O cisto dentígero é definido como um cisto que se origina pela separação do
folículo que envolve a coroa de um dente incluso e está unido a esse no limite da
junção esmalte-cemento, apresentando o termo “dentígero” o significado de “contendo
um dente”. Ocorre mais frequentemente em terceiros molares inferiores, seguido de
caninos superiores e terceiros molares superiores, sendo raros em dentes decíduos e,
consequentemente, em pacientes da primeira década de vida. (Godoy et al., 2005)
Santos et al., 2006 relataram que o cisto dentígero é uma entidade patológica
que se forma a partir de um dente não erupcionado. Origina-se da proliferação do
epitélio reduzido do esmalte. Na maioria dos casos, acomete adultos jovens, sendo raro
nos idosos. Depois do radicular, os cistos dentígeros são os mais frequentes cistos
odontogênicos diagnosticados, perfazendo 20% de todos os cistos mandibulares.
Usualmente esta lesão está associada a um terceiro molar impactado na mandíbula e
não apresenta sintomatologia, sendo geralmente encontrada nos exames radiográficos
de rotina. Em casos, em que o cisto atinge grandes dimensões, pode ser observada
expansão da cortical óssea e dor.
Silva Júnior et al., 2006 afirmaram que os cistos dentígeros são duas vezes
mais comuns em mandíbula (75%) que na maxila e são relacionados mais
frequentemente a dentes permanentes retidos ou àqueles que erupcionam mais
tardiamente (molares mandibulares e caninos da maxila). A frequência de formação
14
dos cistos dentígeros tem sido calculada como 1,44 em cada 100 dentes não
erupcionados.
White e Pharoah, 2007 concluiram que cisto dentígero é aquele que se forma
ao redor da coroa de um dente não erupcionado. Ele começa com o acúmulo de fluido
nas camadas do epitélio reduzido do esmalte ou entre o epitélio e a coroa do dente não
erupcionado.
Os cistos dentígeros são o segundo cisto de origem odontogênica mais comum
sendo originados do epitélio reduzido do esmalte que envolve a coroa dos dentes
retidos é resultante de um distúrbio em algum estágio da odontogênese. A região mais
frequentemente afetada é a de terceiro molar inferior, apresentando-se principalmente
na segunda e terceira década de vida, raramente afeta os dentes decíduos. (Maurette et
al., 2007)
Marzola et al., 2007 definiram como cisto, uma cavidade patológica revestida
por epitélio que encerra em seu interior material fluido ou semi-fluido. Os cistos
originam-se de restos epiteliais que frente a um estímulo de origem química,
traumática ou infecciosa, passam a se proliferar. Como as células epiteliais se nutrem
através da difusão do líquido tissular a partir do tecido conjuntivo adjacente, aquelas
que se localizam centralmente, passam a sofrer deficiência de nutrição e terminam por
degenerar-se. Com a necrose, inicia-se o processo de cavitação central, onde se
acumulam os produtos de degradação do esqueleto lipo-protêico das células. Tais
produtos elevam a concentração do meio e, em decorrência do desequilíbrio de pressão
15
osmótica entre o meio interno e o externo, o líquido tissular passa a penetrar o interior
do cisto através do princípio de osmose. A pressão intracística vai aumentando e,
assim, o tecido ósseo adjacente vai sendo reabsorvido, possibilitando o aumento do
cisto. Esta lesão ocorre em qualquer região dos maxilares, sendo mais freqüente nas
proximidades dos terceiros molares inferiores, relacionado com um dente ausente ou
ainda com a degeneração do folículo de um germe supranumerário. Podem surgir entre
a segunda e terceira década da vida, produzindo um aumento de volume local, sendo
assintomático.
Sette-Dias et al., 2008 definiram o cisto dentígero como um cisto que se
origina pela separação do folículo pericoronário de um dente incluso devendo estar
associado à coroa do mesmo e unido à junção cemento-esmalte. Cisto dentígero é o
segundo cisto odontogênico mais comum, com freqüência variando entre 25 a 33%
dos cistos odontogênicos, sendo localizado mais freqüente na mandíbula. Nos
pacientes com cisto dentígero seqüencial ocorre o desenvolvimento de cisto dentígero
em diferentes momentos da vida do paciente em localização diferente.
Gondim et al., 2008 classificaram o cisto dentígero como uma lesão
odontogênica radiolúcida bem definida que envolve a coroa de um dente não
irrompido e que tem sua erupção interrompida. Existem várias teorias para explicar a
origem de um cisto dentígero, uma das hipóteses sugeridas é uma inflamação dos
tecidos periapicais originados a partir da polpa necrótica dos dentes decíduos, com isso
estimulando o acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte na
16
coroa do germe dental. Frequentemente são observadas polpa necrótica após trauma
em dentes decíduos. O cisto dentígero pode se desenvolver na segunda ou terceira
década da vida e raramente está associado a dentes decíduos, seu diagnóstico deve ser
baseado em exame clínico, radiográfico e criterioso exame histopatológico.
Os cistos odontogênicos se originam dos componentes epiteliais do aparato
odontogênico ou dos seus remanescentes, que são capturados dentro do osso ou dos
tecidos gengivais periféricos. A distribuição espacial mais freqüente dos cistos
dentígeros é na mandíbula. (POZZER et al., 2009)
3.2-CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Zanirato et al., 1998 descreveram o caso de um paciente de 50 anos de idade,
do gênero masculino, no qual apresentava um grande aumento de volume na hemiface
direita na região da maxila, causando um deslocamento considerável da asa do nariz,
sendo a tumefação indolor e de longa duração. Intra-oralmente observou mucosa com
coloração normal e flutuação da região, que estava elevada no vestíbulo e palato,
mostrando destruição óssea, tanto por vestibular como por palatino, demonstrando um
crescimento bastante acentuado da lesão. A paciente portava poucos dentes e em más
condições, mas a região da tumefação era edentada.
Varoli et al., 2000 relataram o caso de um paciente com 32 anos de idade,
leucoderma, do gênero masculino com queixa de sensibilidade dolorosa espontânea
nos dentes incisivos centrais superiores, ao exame clínico os dentes apresentavam-se
hígidos, com discreta mobilidade, sem ocorrência de doença periodontal ou história de
17
traumatismo. O paciente acusou dor a palpação na região apical, onde se observou
discreto edema sem crepitação.
Paciente do gênero feminino com 25 anos de idade apresentou-se ao serviço
de cirurgia estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Central da
Venezuela, por apresentar abaulamento em zona ântero superior do lado esquerdo. ao
exame clínico foi observada assimetria facial, por aumento de volume na região
nasogeniana, com perda do sulco nasogeniano do lado esquerdo. A paciente não
relatou dor à palpação. Ao exame intra-bucal houve expansão da tábua vestibular
desde o dente 11 até o 25, a mucosa apresentava-se sem sinais de inflamação e com
ausência clinica do elemento 23. (MONSERAT et al., 2002)
Barroso et al., 2002 descreveram o caso de uma paciente 7 anos de idade do
gênero feminino que apresentou-se à Clínica de Odontopediatria da Escola de
Farmácia e Odontologia de Alfenas/MG (Efoa/Ceufe), acompanhada de seus pais, para
a realização de tratamento odontológico restaurador. Foi solicitada uma radiografia
panorâmica, em que se detectou a presença de uma lesão radiolúcida localizada no
lado direito da_mandíbula. Tal lesão não apresentava sintomatologia dolorosa,
conforme relato da paciente. Com base nos aspectos clínicos, radiográficos e
histopatológicos, o diagnóstico foi de cisto dentígero.
Malincônico et al., 2003 descrevem o caso de um paciente do gênero
masculino, 17 anos de idade, leucoderma com tumoração no corpo da mandíbula. O
paciente relatou aumento de volume na face nos 3 últimos meses e ausência de
18
sintomatologia dolorosa. O exame clínico revelou aumento de volume localizado na
região do corpo mandibular esquerdo, sem a presença dos sinais flogísticos. Não foi
observada sintomatologia dolorosa à percussão dentária vertical e horizontal, tão
pouco mobilidade dentária.
Freitas et al., 2004 relataram que o cisto dentígero é o mais agressivo dos
cistos odontogênicos, podendo atingir grandes áreas, com abaulamentos das corticais
ósseas, necessitando diminuição da pressão interna ou marsupialização, pra evitar
fraturas na remoção cirúrgica.
Neville et al., 2004 descreveram que os cistos dentígeros pequenos são com
freqüência assintomáticos e descobertos apenas em exames radiográficos de rotina. Os
cistos podem aumentar consideravelmente de tamanho, podendo os maiores estarem
associados à expansão indolor do osso na região afetada. Nestes casos podem provocar
uma assimetria facial. Os cistos maiores são incomuns.
Lima et al., 2005 estudaram um paciente que apresentava assimetria no 1/3
médio da hemi-face direita, indolor e segundo informações do paciente com história de
trauma na região ocorrido há quatro anos. Ao exame clínico constatou aumento de
volume estendendo-se desde a região do canino (53) até os molares decíduos.
Godoy et al., 2005 verificaram o caso de um paciente com cisto dentígero que
apresentava um discreto abaulamento ósseo no corpo mandibular esquerdo, na região
dos molares decíduos, o dente 75 apresentava uma extensa destruição coronária devido
à cárie dentária. O paciente não apresentava sintomatologia dolorosa, apenas referia
19
que este discreto aumento de volume já havia sido verificado há, aproximadamente,
dois anos.
Santos et al., 2006 relataram dois casos clínicos, o primeiro de um paciente de
67 anos de idade, gênero feminino, leucoderma, procurou a clínica de cirurgia oral e
maxilofacial da UFRJ, com queixa de dor e tumefação moderada no lado direito da
mandíbula. Exceto pela assimetria facial os demais exames, físico e laboratorial
estavam dentro dos limites de normalidade. O exame extra-oral revelou tumefação de
consistência amolecida na região do masseter. No exame intra-oral, foi observado uma
massa exofítica palpável, nas superfícies lateral e medial do ramo ascendente da
mandíbula. No segundo caso, um paciente de 62 anos de idade, do gênero masculino,
leucoderma, apresentou na radiografia panorâmica uma área radiolúcida associada à
coroa da unidade dentária 38. Os exames intra e extra-oral não evidenciaram
alterações relevantes associadas com a entidade patológica. As avaliações médica e
laboratorial estavam dentro dos padrões de normalidade.
Silva Júnior et al., 2006 relataram um caso clínico de um paciente de 35 anos
de idade, do gênero masculino, que apresentava expansão da cortical vestibular na
região dos molares inferiores do lado direito e ausência das unidades dentais nesta
área. A mucosa bucal apresentava-se com características de coloração e consistência
normais e ausência de sintomatologia.
White e Pharoah, 2007 descrevem em seu livro que os cistos dentígeros ao
exame clínico, revelam ausência de um ou mais dentes e, possivelmente, um aumento
20
de volume endurecido, ocasionalmente resultando em assimetria facial. O paciente
tipicamente não apresenta dor ou desconforto.
Maurette et al., 2007 relataram um caso clínico de um paciente com 65 anos
de idade, leucoderma, gênero masculino atendido na clínica de Cirurgia Bucal e
Maxilofacial da Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Ao exame clínico intrabucal
o paciente apresentava-se parcialmente edêntulo, com ausência clínica dos terceiros
molares inferiores, sem evidência de aumento de volume e expansão das tábuas ósseas
vestibulares e linguais, a lesão só foi detectada devido ao Rx panorâmico de rotina.
Marzola et al., 2007 descreveram dois casos clínicos. No caso 1, paciente de 5
anos de idade do gênero masculino, ao exame clínico apresentava edema destacado na
região mandibular esquerda, apontando para uma alteração óssea, pois apresentava-se
endurecida. No segundo caso, paciente com 11 anos de idade, ao exame clínico
apresentava grande expansão da cortical vestibular e através do exame radiográfico foi
observado o comprometimento do primeiro molar e dos molares decíduos, além dos
pré-molares permanentes e canino, que também se encontravam na massa cística.
Sette-Dias et al., 2008 relataram um caso clínico de um paciente de 16 anos de
idade, do gênero masculino, que compareceu a Clínica de Cirurgia da Faculdade de
Odontologia UFMG. Ao exame clínico foi observada a presença de assimetria facial,
com abaulamento do lado esquerdo. Paciente relatou crescimento lento com evolução
de quatro meses e assintomático. Após exame radiográfico foi sugerido como hipótese
21
diagnóstica de cisto dentígero, ceratocisto odontogênico, ameloblastoma e fibroma
ameloblástico.
Gondim et al., 2008 relataram um caso clínico de um paciente com 4 anos de
idade, do gênero masculino. Clinicamente, o paciente apresentava dentição decídua e
todos os dentes estavam presentes e em boas condições, exceto pelo incisivo decíduo
do lado direito que estava mal posicionado e com coloração acinzentada, o paciente
apresentava-se assintomático. Durante anamnese a mãe relatou ter ocorrido trauma na
região dos incisivos centrais superiores e região peribucal.
3.3. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS
Zanirato, 1998 após exame radiográfico de um paciente de 50 anos, gênero
masculino percebeu área radiolúcida ocupando seio maxilar, maxila e borda da
cavidade nasal. A lesão estendia-se 37 mm posteriormente, dentro do seio maxilar e o
dente canino, responsável pelo cisto, encontrava-se junto ao assoalho de órbita direita.
Viu-se ainda uma nítida delimitação da lesão, o que radiograficamente deu forte
sugestão do diagnóstico de cisto dentígero.
Varoli et al., 2000 inicialmente realizou uma radiografia periapical da região
dos dentes incisivos centrais superiores de um paciente com 32 anos de idade
leucoderma do gênero masculino que queixava-se de sensibilidade dolorosa
espontânea. O exame demonstrou uma imagem radiolúcida sobreposta ao terço apical
das raízes dos dentes incisivos centrais superiores, circunscrita e envolvida por um
halo radiopaco contendo em seu interior uma imagem sugestiva de dente
22
supranumerário (mesiodens). Foi também constatada reabsorção radicular externa em
ambos os incisivos. Devido à necessidade de se saber a real extensão da lesão,
solicitou-se uma radiografia oclusal total de maxila e uma radiografia panorâmica, que
confirmaram a imagem radiográfica sugestiva de cisto dentígero circunferencial na
região mediana da maxila, envolvendo totalmente o dente supranumerário, o qual foi
deslocado obliquamente pelo crescimento cístico.
Monserat et al., 2002 solicitaram Rx panorâmico e tomografia
computadorizada axial de um paciente com 25 anos de idade do gênero feminino, por
apresentar aumento de volume e assimetria facial. Ao exame radiográfico foi
evidenciada imagem radiolúcida entre os elementos 11 e 26 a lesão está em relação de
imagem com as paredes laterais das fossas nasais, também observou presença do
canino em posição vertical.
Barroso et al., 2002 ao analisarem radiografias panorâmica e periapical de um
paciente de 7 anos de idade gênero feminino, com cisto dentígero, observaram área
radiolúcida, unilocular, circundada por um halo ligeiramente radiopaco, envolvendo a
coroa do dente 45 e relacionada com o 85, que apresentava-se tratado
endodonticamente. A lesão estendia-se da face mesial do elemento 46 até a distal do
dente 43, atingindo a porção basilar da mandíbula, provocando expansão e
adelgaçamento da cortical vestibular, visíveis na radiografia oclusal.
Malincônico et al., 2003 solicitaram radiografia panorâmica dos maxilares de
um paciente com 17 anos de idade, gênero masculino, leucoderma, que evidenciou
23
extensa lesão osteolítica, multilocular, com aspecto de "bolhas de sabão", envolvendo
o dente 38 incluso deslocado para a basilar da mandíbula; comprometia apófise
coronóide, côndilo, toda a extensão do ramo ascendente, tendo como limite anterior o
corpo mandibular esquerdo ao nível do elemento 33. Muito embora o septo
interradicular dos 37 e 36 estivesse reabsorvido pela lesão, não foi evidenciada
reabsorção das raízes dos dentes da região. Foi solicitada uma tomografia
computadorizada contrastada para precisar os limites da lesão.
Freitas et al., 2004 descreveram que radiograficamente, o cisto dentígero é
caracterizado por uma imagem radiolúcida, bem delimitada por cortical óssea,
envolvendo a coroa de um dente retido, a partir da porção cervical. Esta imagem
radiográfica não deve ser inferior a 2,5 mm de extensão, para diferenciá-la da imagem
do saco dentário.
Nev
ille et al., 2004 afirmaram que o cisto dentígero apresenta-se como uma lesão
radiotransparente unilocular associada à coroa de um dente incluso. Comumente a área
radiotransparente apresenta uma margem bem definida e muitas vezes esclerótica,
porém um cisto infectado poderá mostrar limites maldefinidos. Um cisto dentígero
grande pode dar a impressão de um processo multilocular devido a persistência das
trabéculas ósseas na área radiotransparente. Entretanto, os cistos dentígeros constituem
macroscopicamente processos uniloculares e provavelmente nunca são lesões
multiloculares verdadeiras. A relação coroa-cisto pode apresentar três variantes:
24
central, lateral e circunferencial. A central é mais comum e o cisto circunda a coroa do
dente que está projetada para dentro do cisto. A lateral está geralmente associada a um
terceiro molar inferior com impactação mesio-angular e parcialmente erupcionado. O
cisto cresce lateralmente ao longo da superfície radicular e circunda parcialmente a
coroa. Na variante circunferencial, o cisto circunda a coroa e se estende por alguma
distância ao longo da raiz, de tal forma que parece estar dentro do cisto. Raramente
ocorre deslocamento de um terceiro molar para a borda inferior da mandíbula ou para
o ramo ascendente. Os cistos dentígeros podem deslocar o dente envolvido a distâncias
consideráveis. Pode ocorrer reabsorção radicular dos dentes adjacentes já
erupcionados.
Lima et al., 2005 relataram que a imagem radiográfica do cisto dentígero,
observado em uma radiografia panorâmica seria de uma área radiolúcida incomum,
com suspeita de ser um provável cisto, visto que, nesta idade, 7 anos, o seio maxilar
não se apresenta tão expandido. Foi solicitada também uma tomografia, onde se
evidenciou a caracterização de uma lesão cística, área radiolúcida com bordos bem
definidos envolvendo a coroa do elemento 13.
Godoy et al., 2005 inicialmente realizaram uma radiografia periapical do
elemento 75 e observaram que o referido dente já havia sido submetido a uma
pulpotomia. Adicionalmente, verificaram uma lesão radiolúcida unilocular envolvendo
a coroa do dente 35 sucessor. Solicitaram radiografia panorâmica, a qual mostrou mais
25
precisamente uma ampla lesão radiolúcida unilocular com margens bem delimitadas e
envolvendo o germe dentário em formação correspondente ao dente 35.
Santos et al., 2006 relataram caso clínico de paciente de 67 anos de idade,
gênero feminino leucoderma que ao exame radiográfico revelou a unidade dentária 48
impactada associada a uma área radiolúcida de aproximadamente 4 x 3 cm, localizada
no ramo ascendente da mandíbula direita e grande expansão das corticais medial e
lateral vista no exame postero-anterior. Caso 2. Um paciente 62 anos de idade, gênero
masculino, leucoderma apresentou ao exame radiográfico lesão osteolítica, medindo
cerca de 4,5 x 2,0 cm, na região de corpo e ramo ascendente da mandíbula esquerda,
associada à unidade 38 que se encontrava deslocada.
Silva Júnior et al., 2006 após a tomada de uma radiografia panorâmica de um
paciente de 35 anos de idade, gênero masculino, observaram uma lesão osteolítica,
circunscrita, unilocular na região de corpo mandibular do lado direito, envolvendo a
coroa das unidades 46 e 47 que permaneciam inclusas. Essa área radiolúcida
comprometia o corpo da mandíbula desde as raízes dos pré-molares até a região
retromolar.
O epicentro de um cisto dentígero é observado logo acima da coroa do dente
envolvido, que geralmente é o terceiro molar superior ou inferior ou o canino superior,
que são os dentes mais comumente afetados. Uma importante característica para o
diagnóstico é que o cisto se liga a junção cemento-esmalte. Periferia e forma dos cistos
dentígeros normalmente tem uma cortical bem definida com um contorno curvo ou
26
circular se houver infecção a cortical pode estar ausente, a estrutura interna é
completamente radiolúcido a não ser pela coroa do dente envolvido (WHITE e
PHAROAH, 2007).
A radiografia panorâmica mostra os terceiros molares inclusos. Ambos os
dentes se encontravam associados a uma lesão radiolúcida, unilocular, de bordas bem
definidas (MAURETTE et al., 2007).
Radiograficamente constitui-se de uma área radiolúcida associada a um dente
não irrompido ou retido, apresentando-se envolvida por uma linha esclerótica
demarcatória (MARZOLA et al., 2007).
Sette-Dias et al., 2008 observaram na radiografia panorâmica lesão
radiolúcida unilocular, bem delimitada, envolvendo o dente 37 e localizando-se do
dente 35 até o ramo ascendente esquerdo da mandíbula. Os autores constataram
também ausência do dente 38, reabsorção radicular dos dentes 36 e 37. O teste de
sensibilidade pulpar foi positivo nos dentes 34, 35 e 36.
Gondim et al., 2008 após análise radiográfica não observaram reabsorção
patológica. No entanto, uma lesão radiolúcida com margens bem definidas abrangendo
10 mm de diâmetro foi observada sobreposta ao ápice do elemento 51 e envolvendo a
coroa do incisivo permanente sucessor com discreto deslocamento.
Pozzer et al., 2009 na radiografia panorâmica, observaram uma região
radiolúcida bem delimitada ao redor da coroa do dente 45 de, aproximadamente, 1,5
27
cm de diâmetro. O dente encontrava-se deslocado apicalmente, em direção à base da
mandíbula.
3.4. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Monserat et al., 2002 afirmaram que o diagnóstico deferencial é de
ameloblastoma, carcinoma epidermóide e carcinoma mucoepidermóide.
Barroso et al., 2002 com base nos aspectos clínicos e radiográficos de um
paciente com 7 anos de idade, gênero feminino, sugeriram como hipótese diagnóstica
cisto dentígero e cisto periapical inflamatório, realizaram uma punção aspirativa na
lesão, sendo esta negativa para conteúdo Iíquido.
Malincônico et al., 2003 confrontando a anamnese, exame clínico e exames
radiográficos, formulou uma hipótese diagnóstica de ameloblastoma ou de cisto
dentígero. Propôs realizar uma biópsia do tipo incisional com fins de diagnose. Sob
anestesia geral, realizaram, inicialmente uma punção na região em que realizou
aspiração de grande quantidade de líquido sero-purulento. Diante de tal fato, sua
suspeita de cisto dentígero aumentou, optaram, então, por realizar uma biópsia
efetuando concomitantemente uma marsupialização.
Neville et al., 2004 relataram que a distinção do cisto dentígero com o
aumento do folículo dentário é difícil, para a lesão ser considerada um cisto dentígero,
alguns investigadores acreditam que o espaço radiotransparente que circunda a coroa
do dente deve ter pelo menos 3 a 4 mm de diâmetro. Contudo aspectos radiográficos
28
não são suficientes para o diagnóstico de cisto dentígero, porque os queratocistos
odontogênicos, ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores odontogênicos e
não odontogênicos podem ter aspectos radiográficos essencialmente idênticos àqueles
do cisto dentígero.
Lima et al., 2005 realizaram punção, para se ter o diagnóstico diferencial com
o cisto ósseo aneurismático. Aspirou-se um líquido citrino onde realmente revelou a
característica cística da lesão.
Godoy et al., 2005 concluiram que a hipótese diagnóstica do cirurgião buco-
maxilo-facial foi de um cisto de natureza odontogênica a esclarecer.
Silva Júnior et al., 2006 após a realizarem anamnese, observaram ao exame
clínico e análise dos exames radiográficos, formularam uma possível hipótese
diagnóstica de cisto dentígero ou ameloblastoma pela aparência clínica e radiográfica
de ambas lesões.
White e Pharoah, 2007 descreveram que um dos diagnósticos diferenciais
mais difíceis é o que se dá entre um pequeno cisto dentígero e um folículo
hiperplásico. Deve ser considerado cisto se houver alguma evidência de deslocamento
dentário ou considerável expansão do osso envolvido. O tamanho normal do espaço do
folículo é 2 a 3 mm. Se o espaço do folículo exceder 5 mm, é mais provável que se
trate de um cisto dentígero. Os diagnósticos diferenciais também podem incluir um
ceratocisto odontogênico, um fibroma ameloblástico e um ameloblastoma cístico.
29
Gondim et al., 2008 relataram que o fibroma odontogênico pode apresentar
características similares ao cisto dentígero, entretanto análise histopatológica é
necessária na maioria dos casos para determinar o tipo de lesão e confirmar a hipótese
diagnóstica.
3.5. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS
Histologicamente, o cisto dentígero não possui características microscópicas
que possam, com segurança, distingüi-lo de outros tipos de cistos odontogênicos. É,
geralmente, composto por uma parede de tecido conjuntivo a qual, frequentemente,
está bastante espessada e composta de tecido conjuntivo fibroso, com a luz revestida
por uma camada fina de epitélio pavimentoso estratificado (ZANIRATO et al., 1998).
Varoli et al., 2000 devido às inúmeras hipóteses diagnósticas levantadas frente
à imagem radiográfica de cisto dentígero, afirmaram que torna-se imprescindível o
exame histopatológico de todo o cisto. Somente este exame confirma o diagnóstico e
revela possíveis alterações neoplásicas do epitélio de revestimento, lembrando que tais
lesões malignas podem ser semelhantes, tanto clínica como radiograficamente, aos
processos benignos.
Para o cisto dentígero não há características microscópicas típicas que possam
distinguir o cisto dentígero de qualquer outro cisto odontogênico. Em geral é
constituído por uma parede delgada de epitélio escamoso estratificado que recobre a
luz do cisto (MONSERAT et al., 2002).
30
Os aspectos histopatológicos variam dependendo de o cisto estar ou não
inflamado. No cisto não inflamado, a cápsula de tecido fibroso é arranjada
frouxamente e a substância fundamental contém quantidade considerável de
glicosaminoglicanos. Pequenas ilhas ou cordões de restos de epitélio odontogênico
aparentemente inativos podem estar presentes na cápsula fibrosa. O revestimento
epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não queratinizadas, e
a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo são planas. No cisto inflamado a
cápsula fibrosa é mais colagenizada e o infiltrado crônico de células inflamatórias é
variável (NEVILLE et al., 2004).
Godoy et al., 2005 verificaram lesão cística de natureza odontogênica
exibindo um limitante epitelial do tipo pavimentoso estratificado, o qual apresentava
áreas de hiperplasia, degeneração hidrópica, espongiose e exocitose, bem como
extensas áreas emitindo projeções arciformes. A cápsula cística era composta por
tecido conjuntivo fibroso ricamente vascularizado, com numerosos vasos congestos, e
intenso infiltrado inflamatório do tipo linfoplasmocitário disperso pelo espécime.
Adicionalmente, observou-se extensas áreas de extravasamento hemorrágico. Diante
deste quadro o diagnóstico foi cisto dentígero inflamatório.
Microscopicamente a membrana cística é revestida inteiramente por um
epitélio plano estratificado e raramente por um epitélio colunar. A membrana
conjuntiva é bem fibrosa, podendo apresentar um infiltrado inflamatório. Um dado
microscópico importante é a presença ou não de ninhos de células ameloblásticas na
31
parede cística, células estas que poderão evoluir para um ameloblastoma, carcinoma in
situ ou ainda um carcinoma plano celular (MARZOLA et al., 2007).
3.6. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO
Zanirato et al., 1998 afirmaram que a enucleação é a melhor forma de tratar os
cistos dentígeros, mas em casos bem selecionados a técnica de marsupialização pode
ser realizada, mostrando-se efetiva. Técnica essa comprovada por estudos realizados
por Silva Júnior et al. (2006).
Neville et al., 2004 asseguraram que o tratamento usual para o cisto dentígero
é a cuidadosa enucleação do cisto e a remoção do dente incluso associado. Quando a
erupção do dente envolvido é considerada viável, o dente pode ser mantido no local
após a remoção parcial da parede do cisto. O prognóstico para a maioria dos cistos
dentígeros é excelente e raramente ocorre recorrência após a remoção completa do
cisto. Tratamentos estes confirmados por Lima et al.( 2005), Godoy et al. (2005),
Maurette et al. (2007) e Marzola et al.( 2007).
Cistos dentígeros são tratados por remoção cirúrgica, que pode, também,
incluir o dente. Cistos grandes podem ser tratados por marsupialização antes da
remoção. O revestimento cístico deve ser enviado para exame histológico, pois há
relatos da ocorrência de ameloblastomas no revestimento cístico (WHITE e
PHAROAH, 2007).
32
4- DISCUSSÃO
Existem várias teorias para explicar a origem de um cisto dentígero, a mais
aceita é de que o cisto dentígero tem sua origem associada a coroas de dentes retidos,
na sua porção cervical, por alterações no epitélio reduzido do órgão do esmalte
(MONSERAT et al. 2002, FREITAS et al. 2004), outra hipótese sugere que após a
formação completa da coroa do dente, há um acúmulo de líquido entre esta e o epitélio
reduzido do esmalte (ZANIRATO et al.1998, MONSERAT et al. 2002, BARROSO et
al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003), ou ainda de uma inflamação dos tecidos
periapicais originados a partir da polpa necrótica dos dentes decíduos (GONDIM et al.
2008, MARZOLA et al. 2007).
Os cistos dentígeros são observados com mais frequência no gênero masculino
e em brancos (BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003), seguido por
mulheres brancas (MALINCÔNICO et al. 2003), acometendo, na maioria dos casos,
adultos jovens na segunda e terceira década de vida (ZANIRATO et al.1998,
NEVILLE et al. 2004, GODOY et al. 2005, MARZOLA et al. 2007, GONDIM et al.
2008), sendo raro nos idosos (SANTOS et al. 2006) e raros em dentes decíduos
(GODOY et al. 2005, MAURETTE et al. 2007, GONDIM et al. 2008).
De acordo com Neville et al. (2002), o cisto dentígero é considerado o tipo
mais comum dos cistos odontogênicos, compreendendo cerca de 20% de todos os
cistos epiteliais dos maxilares. Varoli et al. (2000), Lima et al. (2005) e Sette-Dias et
al. (2008) relatam que o cisto dentígero é o segundo tipo de cisto mais comum entre
33
os cistos odontogênicos e correspondem, segundo Monserat et al. (2002), a
aproximadamente 24% de todos os cistos verdadeiros da mandíbula, por outro lado,
Sette-Dias et al. (2008) relata que essa freqüência varia entre 25 a 33%.
Localizados, na maioria das vezes, em região de terceiros molares inferiores
(ZANIRATO et al.1998, VAROLI et al. 2000, BARROSO et al. 2002,
MALINCÔNICO et al. 2003, FREITAS et al. 2004, NEVILLE et al. 2004, LIMA et
al. 2005, GODOY et al. 2005, SANTOS et al. 2006, MAURETTE et al. 2007,
MARZOLA et al. 2007) e caninos superiores (ZANIRATO et al.1998, VAROLI et al.
2000, BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003, FREITAS et al. 2004,
NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005, GODOY et al. 2005, SILVA JÚNIOR et al.
2006), podendo ser encontrados também em áreas de terceiros molares superiores
(ZANIRATO et al.1998, BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003,
NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005, GODOY et al. 2005) e mais raramente em
segundos pré-molares inferiores (BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al.
2003, NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005). Para Varoli et al. (2000), o cisto
dentígero é capaz de tornar-se o mais agressivo dos cistos odontogênicos, estando
sempre associado à coroa de dentes retidos ou impactados.
Para Freitas et al. (2004) o cisto dentígero é o mais agressivo dos cistos
odontogênicos, podendo atingir grandes volumes, com abaulamentos das corticais
ósseas, o que é reafirmado por Neville et al. (2004), que em seu trabalho relata a
possibilidade de ocasionar expansão indolor do osso na região afetada, provocando
34
uma assimetria facial. O aumento de volume indolor é relatado por diversos autores
(ZANIRATO et al.1998, MONSERAT et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003,
GODOY et al. 2005, SANTOS et al. 2006, SILVA JÚNIOR et al. 2006, WHITE e
PHAROAH, 2007, MAURETTE et al. 2007, MARZOLA et al. 2007, SETTE-DIAS et
al. 2008).
Varoli et al., 2000, num relato de caso descreveram a queixa de sensibilidade
dolorosa espontânea nos dentes incisivos centrais superiores, os quais apresentavam-se
hígidos e com discreta mobilidade, sem ocorrência de doença periodontal ou história
de traumatismo. Santos et al., 2006 relataram em seu trabalho um caso em que houve
tumefação moderada no lado direito da mandíbula com moderada tumefação e queixa
de dor.
Radiograficamente, o cisto é caracterizado por uma imagem radiolúcida, bem
delimitada por cortical óssea, envolvendo a coroa de um dente retido, a partir da
porção cervical (FREITAS et al. 2004, VAROLI et al. 2000, BARROSO et al. 2002,
NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005, GODOY et al. 2005, SILVA JÚNIOR et
al. 2006, WHITE e PHAROAH, 2007, MAURETTE et al. 2007, MARZOLA et al.
2007, SETTE-DIAS et al. 2008, GONDIM et al. 2008, POZZER et al. 2009). Esta
imagem radiográfica não deve ser inferior a 2,5 mm de extensão, para diferenciá-la da
imagem do saco dentário (FREITAS et al. 2004). Malincônico et al. (2003)
evidenciou extensa lesão osteolítica, multilocular, com aspectos de “bolhas de sabão”,
35
envolvendo o 38 incluso deslocado para basilar da mandíbula, demonstrando dessa
forma que os cistos dentígeros podem assumir vários aspectos radiográficos.
O cisto dentígero pode deslocar o dente envolvido à distâncias consideráveis e
também promover a reabsorção radicular dos dentes adjacentes já erupcionados
(NEVILLE et al. 2004, VAROLI et al. 2000, SETTE-DIAS et al. 2008).
Neville et al. (2004) afirmaram que para se chegar ao real diagnóstico de cisto
dentígero, apenas aspectos radiográficos são inconclusivos, porque queratocistos
odontogênicos, ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores odontogênicos e
não odontogênicos podem ter aspectos radiográficos idênticos àqueles do cisto
dentígero.
Um diagnóstico diferencial de cisto dentígero é o de ameloblastoma, pela
aparência clínica e radiográfica semelhantes de ambas as lesões (MONSERAT et al.
2002, MALINCÔNICO et al. 2003, NEVILLE et al. 2004, SILVA JÚNIOR et al.
2006). Outras patologias citadas são: cisto periapical inflamatório (BARROSO et al.,
2002), cisto ósseo aneurismático (LIMA et al., 2005), White e Pharoah, 2007,
relataram a dificuldade em diagnosticar um pequeno cisto dentígero de um folículo
hiperplásico, ceratocisto odontogênico, fibroma ameloblástico ou um ameloblastoma
cístico, devido ao seu pequeno tamanho, neste caso, considerar para o diagnóstico, o
tamanho normal do folículo (2 a 3 mm), se este exceder 5 mm, mais provável que se
trate de um cisto. Gondim et al. (2008) sugeriram em seu relato de caso como
36
diagnóstico diferencial o fibroma odontogênico, sendo necessária a análise
histopatológica para confirmar a hipótese diagnóstica.
Devido às inúmeras hipóteses diagnósticas levantadas frente a uma imagem
radiográfica de cisto dentígero, torna-se imprescindível o exame histopatológico de
todo o cisto (VAROLI et al. 2000). No entanto, o cisto dentígero não possui
características microscópicas que possam, com segurança, distinguí-lo de outros cistos
odontogênicos (ZANIRATO et al. 1998, MONSERAT et al. 2002).
Neville et al., 2004 relataram que os aspectos histopatológicos variam
dependendo de o cisto estar ou não inflamado. No cisto não inflamado, a cápsula de
tecido fibroso é arranjada frouxamente e a substância fundamental contém quantidade
considerável glicosaminoglicanos. Microscopicamente a membrana cística é revestida
inteiramente por um epitélio plano estratificado (MARZOLA et al. 2007) não
queratinizado que consiste de duas a quatro camadas de células (NEVILLE et al.
2004).
No cisto inflamado a cápsula fibrosa é mais colagenizada e o infiltrado crônico
de células inflamatórias é variável (NEVILLE et al., 2004). GODOY et al., 2005
verificaram em seu relato de caso que, a cápsula cística era composta por tecido
conjuntivo fibroso ricamente vascularizado, com numerosos vasos congestos e um
intenso infiltrado inflamatório do tipo linfoplasmocitário disperso pelo espécime com
adicional extravasamento hemorrágico, diagnosticado como cisto dentígero
inflamatório.
37
Outro dado microscópico importante é a presença ou não de ninhos de células
ameloblásticas na parede cística, células estas que poderão evoluir para um
ameloblastoma, carcinoma in situ ou ainda um carcinoma plano celular (MARZOLA
et al. 2007).
O tratamento pode incluir enucleação total e remoção do dente retido
associado (VAROLI et al. 2000, MONSERAT et al. 2002, NEVILLE et al. 2004,
LIMA et al. 2005, MAURETE et al. 2007, MARZOLA et al. 2007), porém, se a
erupção do dente envolvido é viável, apenas a enucleação é realizada (GONDIM et al.
2008). Outra opção é o tratamento conservador, por marsuapialização, seguido de
acompanhamento radiográfico (ZANIRATO et al.1998, GONDIM et al. 2008,
POZZER et al. 2009).
38
5- CONCLUSÃO
Com base na revisão de literatura, pode-se concluir que para se chegar ao real
diagnóstico de cisto dentígero, não se deve apenas avaliar os aspectos radiográficos,
porque existem outras entidades patológicas que se assemelham e, portanto, exames
histopatológicos são indispensáveis. Os cistos dentígeros são o segundo tipo de cisto
mais comum entre os cistos odontogênicos sendo que sua localização mais freqüente é
na região de terceiros molares inferiores e caninos superiores retidos. O tratamento
pode ser feito por marsupialização e é realizado quando a lesão é muito extensa e há
risco de fraturas ósseas ou somente enucleação do cisto quando existe espaço viável
para erupção dentária ou então enucleação total com exodontia do dente envolvido.
Geralmente a lesão é descoberta em exames radiográficos de rotina, no qual é
observada uma imagem radiolúcida, bem delimitada por cortical óssea, envolvendo a
coroa de um dente retido, a partir da porção cervical. Clinicamente só é observado
quando já existe algum sinal de expansão óssea e com assimetria facial, quanto à
sintomatologia dolorosa alguns autores relatam sua existência, porém não é tão
freqüente e se dá quando o cisto torna-se infectado.
39
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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