UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-graduação Stricto Senso
Mestrado em Educação Física
INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ESPORTE EDUCACIONAL: UM
ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO
DANILO PERUCHI DE FREITAS
SÃO PAULO
2014
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
Programa de Pós-graduação Stricto Senso
Mestrado em Educação Física
INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ESPORTE EDUCACIONAL: UM
ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO
DANILO PERUCHI DE FREITAS
SÃO PAULO
2014
Dissertação de Mestrado apresentada
Universidade São Judas Tadeu como
requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Educação Física sob
orientação da Profa. Dra. Graciele
Massoli Rodrigues
Freitas, Danilo Peruchi de
F866i Inclusão da pessoa com deficiência no esporte educacional : um
estudo de caso da Associação Cristã de Moços de São Paulo /
Danilo Peruchi de Freitas. - São Paulo, 2014.
100 f. : il. ; 30 cm.
Orientadora: Graciele Massoli Rodrigues.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2014.
1. Educação inclusiva. 2. Esportes para deficientes. I. Rodrigues, Graciele
Massoli. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
CDD 22 – 796.07087
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464
“Eu não sou que eu poderia ser. Eu não
sou quem eu poderia ser, ainda. Eu não
sou quem eu deveria ser. Mas graças a
Deus eu não sou mais quem eu era.”
Martin Luther King
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço à Deus guiar meus caminhos, fechar as portas
que ele desejou fechar e abrir as que ele planejou para minha vida, desde o dia em
que escolhei participar de um programa de mestrado. Agradeço pela saúde que me
foi dada por ele para cumprir as missões que me foram dadas nos últimos anos. Que
eu possa ser um exemplo de seu grande amor.
Agradeço à minha querida e amada mãe, Aparecida, pelo seu amor,
carinho, por não medir esforços para que nunca faltasse nada para mim e meu
irmão e por ser a razão da minha vida. Por ela o amor infinito, o amor mais bonito.
Ao meu pai Juraci que, mesmo distante, nunca deixou de me apoiar,
incentivar e nunca me deixou desistir dos meus objetivos.
À minha querida orientadora, professora, mãe acadêmica e tantos outros
adjetivos Profa. Dra. Graciele Massoli Rodrigues. Agradeço pelo seu carinho,
dedicação, por acreditar em mim quando eu mesmo já não acreditava. Obrigado por
ser um dos maiores exemplos em minha vida, por me orientar dentro e fora do
universo acadêmico. A você todo o carinho, respeito e admiração.
À Associação Cristã de Moços de São Paulo, aos seus executivos
representados na Secretária Executiva Sra. Cristina Francesca Neglia, por abrir as
portas da instituição e proporcionar a realização deste estudo e confiança em meu
trabalho.
À toda minha família pelo amor demonstrado todas as vezes que temos a
oportunidade de estarmos juntos.
Aos meus amigos, em especial Guilherme Matarazzo, Raphael Mange,
Felipe Rocha e Diego Souza por todos os dias de companheirismo e alegria,
dificuldades e superações. Que Deus os abençoe sempre. ―Bem cedo junto ao fogo
tornaremos a nos ver.‖
Aos meus queridos alunos e companheiros de trabalho por
compreenderem minhas ausências e por todo suporte e auxílio que me deram
durante os anos de estudos e tarefas para o cumprimento de mais esta etapa em
minha vida.
Aos professores componentes e suplentes da banca de defesa pelo
pronto atendimento do convite e pelas contribuições tão necessárias para a
evolução deste estudo.
Aos companheiros de estudo e aos professores do programa de mestrado
da Universidade São Judas Tadeu.
Aos professores do Curso de Educação Física da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente estiveram comigo ao
longo destes anos e nunca deixaram de acreditar no meu potencial e sempre
torceram pelo meu sucesso.
Muito obrigado!
Sumário
Sumário ............................................................................................................................................ 7
RESUMO ......................................................................................................................................... 4
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6
1.2 INCLUSÃO ..................................................................................................................................21
1.3 ACESSIBILIDADE .......................................................................................................................25
1.4 ESPORTE EDUCACIONAL..........................................................................................................32
2. CARACTERIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS. ........................................................41
3. OBJETIVO ....................................................................................................................................42
4. JUSTIFICATIVA.............................................................................................................................43
5. METODOLOGIA ............................................................................................................................44
6. Resultados ..................................................................................................................................46
6.1 Análise Documental .................................................................................................................48
7. Considerações Finais ................................................................................................................68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:....................................................................................................72
ANEXO 1: TÓPICOS DE ANÁLISE DO ―GESTOR NACIONAL‖. ...........................................................90
ANEXO 2: TÓPICOS DE ANÁLISE DO ―GESTOR GERAL‖. ................................................................91
ANEXO 3: TÓPICOS DE ANÁLISE DOS ―GESTORES DE UNIDADES‖. ..............................................92
ANEXO 4: CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO .......................................................................93
ANEXO 5: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...................................................94
ANEXO 6: ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO ....................................................95
ANEXO 7: DOCUMENTO INSTITUCIONAL INTERNACIONAL ...........................................................................96
ANEXO 8: REGISTRO DE ATIVIDADE COM FOCO NA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ...............................................97
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INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ESPORTE EDUCACIONAL: UM
ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO
RESUMO
O processo inclusivo da pessoa com deficiência requer uma transformação da
sociedade em suas diversas faces, de modo que proporcione condições de acesso e
participação de todos de forma que sintam-se parte integrante de um grupo e com
as mesmas possibilidades. Entretanto, a realidade ainda permanece distante do
ideal. Deste modo, as esferas sociais, entre elas o esporte, ainda carecem de
diferentes estudos e formas de intervenção quando levamos em consideração as
questões referentes às pessoas com deficiência. Assim, o objetivo deste estudo foi
analisar os pressupostos inclusivos inseridos no programa de esporte educacional
na Associação Cristã de Moços de São Paulo e verificar a estrutura do programa
com relação à participação da pessoa com deficiência ao esporte educacional O
estudo apresentou caráter descritivo qualitativo com característica exploratória e
documental. Participaram da pesquisa as 12 unidades de atendimento esportivo da
Associação Cristã de Moços de São Paulo, representada por seus respectivos
gestores. O gestor geral de esporte da instituição e o gestor nacional também
compôs o grupo de participantes totalizando 14 pessoas delineando um perfil de
amostragem com caráter não probabilístico. Os participantes foram entrevistados
com um roteiro semiestruturado e os resultados foram analisados através da
proposta de análise de conteúdo de Bardin (2011). A documentação das diretrizes
que norteia o esporte na instituição e as propostas das unidades que participaram do
estudo forma analisadas de forma interpretativa tendo como base o instrumento
CIPP (Contexto, Insumo, Processo e Produto) sugerido por Worthen, Sanders e
Fitzpatrick (2004). Os resultados apontaram necessidade de um olhar inclusivo na
instituição, de melhoras nas instalações com diminuição das barreiras
arquitetônicas, de aprimoramento da capacitação profissional, implantação de
avaliações constantes que sustente e ampare as ações afirmativas com foco na
inclusão da pessoa com deficiência no esporte, uma vez que atender a todos está
na gênese da instituição.
Palavras-Chaves: Inclusão, Esporte, Gestão Esportiva, Deficiência.
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INCLUSION OF PEOPLE WITH DISABILITIES IN EDUCATIONAL SPORTS: A
CASE STUDY OF THE YOUNG MEN’S CHRISTIAN ASSOCIATION SAO PAULO
ABSTRACT
The process of inclusion people with disabilities requires a transformation from
society in its many faces, in that way society would provide access and participation
equally and with the same possibilities to more people. However, the reality is still far
from ideal. Thus, the social spheres, including sports still require more research when
we consider issues relating to people with disabilities. The goal of this study is to
examine the assumptions embedded in the inclusive educational sports program at
the YMCA of São Paulo and to the structure of the program with respect to
participation of people with disabilities in sports education. This study includes
qualitative character descriptions with characteristic exploratory and documentary.
Participants in the study consisted of 12 units of sports from YMCA São Paulo,
represented by their respective managers. The general manager of the sport and the
national authorizing institution were also in the group of participants totaling 14
people outlining a profile of non-random sampling. Participants were interviewed with
a semistructured script and the results were analyzed through content analysis
proposed by Bardin (2011). The documentation guidelines guiding the sport in the
institution and the proposals of the units participating in the study will be analyzed
interpretively based on the instrument CIPP (Context, Input, Process and Product)
suggested by Worthen, Sanders and Fitzpatrick (2004). The results showed the need
for a comprehensive look at YMCA São Paulo for improvements in facilities with
architectural barriers decreased, improvements for professional training,
implementation of ongoing evaluation to support and sustain affirmative action
focusing on the inclusion of people with disabilities in sports, important since serving
everyone is a mission of the institution.
Key Words: Inclusion, Sport, Sports Management, Disability.
6
1. INTRODUÇÃO
O caminho para chegarmos até a construção deste material começou a
ser traçado há alguns anos atrás, mais precisamente em 2006.
Neste ano, ingressei na Universidade Presbiteriana Mackenzie,
matriculado no Curso de Educação Física, onde realizei o primeiro contato com
pessoas com deficiência e a área da inclusão através da participação no Projeto de
Atividades Físicas Adaptadas, ofertado como projeto de extensão à comunidade e
sob orientação da Prof.ª Dr.ª Graciele Massoli Rodrigues.
Em meio a tantas novidades, algumas situações começaram a se
destacar e chamar minha atenção. Assim, no mesmo ano encaminhamos, para
apreciação e posteriormente, aprovação, um projeto ao Programa de Iniciação
Científica da Universidade, projeto este que buscava investigar os fatores de
interferência na aprendizagem da natação das pessoas com deficiência. Neste
mesmo projeto de atividades adaptadas pude, juntamente com minha orientadora,
desenvolver outros estudos que com base nas características dos próprios alunos
do grupo, em especial um estudo de caso sobre as atividades físicas e uma pessoa
com síndrome de Momo, estudo esse que se configura como um dos únicos a
relacionar a atividade física e a síndrome citada acima.
Durante os anos que se sucederam o envolvimento com o projeto
aumentava juntamente com a participação no Grupo de Estudo que tratava da
mesma temática dando início aos interesses pela pesquisa e participação em
eventos científicos da área da Educação Física, trabalhando a temática das
questões relacionadas à inclusão e deficiência. Neste período desenvolvemos
pequenos estudos sobre a inclusão, com foco em questões de barreiras
arquitetônicas e atitudinais.
No último ano de graduação (2009), após optar pela graduação em
licenciatura plena, pois estava inserido em um contexto escolar devido ao estágio
obrigatório acabei por deixar de lado os estudos das questões esportivas e as
7
pessoas com deficiência e focar nas questões referentes à educação física escolar e
a inclusão de alunos com deficiência. Assim, dediquei o meu trabalho de graduação
interdisciplinar (TGI) o estudo da tríade escola, família e aluno no processo de
inclusão da pessoa com deficiência na Educação Física Escolar. O processo de
coleta de dados e principalmente os resultados obtidos, sobretudo quando tratamos
das questões de formação profissional, onde evidenciamos que os profissionais
entrevistados relatavam não ter uma formação que os capacitava para atuar com
pessoas com deficiência no processo de inclusão, me fizeram abrir os olhos para
algo que poderia ser um novo passo para minha vida universitária. O programa de
mestrado.
Com o objetivo de poder auxiliar na formação dos novos profissionais de
Educação Física, possibilitando um maior conhecimento sobre a área das Atividades
Físicas Adaptadas, busquei subsídios maiores e um novo olhar para as atividades
que iram se suceder.
Em 2011, comecei minhas atividades profissionais na Associação Cristã
de Moços, bem como as atividades no Programa de Mestrado da Universidade São
Judas Tadeu, após aprovação no processo de seleção. Ao ingressar no programa
mantinha a questão da inclusão como tema central dos estudos ainda na
perspectiva da inclusão na Educação Física Escolar e a relação entre professores e
alunos neste ambiente. Após algumas reuniões, minha orientadora e eu optamos por
tentar aproximar a pesquisa de minha prática profissional, onde, a partir de então,
surgiu a proposta de analisar as instituições de grande abrangência que trabalham
com esporte no formato educacional na cidade de São Paulo, na perspectiva da
inclusão. Após algumas negativas de instituições que não permitiram o acesso e a
coleta de dados em suas unidades, optamos por realizar um estudo de caso da
Associação Cristã de Moços de São Paulo (ACM – SP), uma vez que já estava
inserido nesta instituição, já havíamos conseguido a permissão para realizar a coleta
de dados e verificamos a viabilidade de aprimorar o trabalho voltado para as práticas
esportivas e a oportunidade de aproximar novas perspectivas para a inclusão da
pessoa com deficiência no modelo de esporte da ACM.
8
Somado a esse fator, pudemos verificar que a instituição atende um
numero significativo de associados (aproximadamente 45 mil) em todas as regiões
de São Paulo e algumas cidades do interior paulista. Dentro deste quadro
associativo foi evidenciado que todas as unidades possuem pessoas com deficiência
praticando alguma atividade física ofertada pela ACM, entre elas o esporte.
Entendemos que uma instituição de tamanha relevância histórica para o
esporte poderia, de certa maneira, contribuir de forma significativa com estudos que
busquem desenvolver práticas inclusivas através das práticas esportivas e um
programa de atividades que viabilize o processo inclusivo.
O esporte é um veículo de mobilização de massas que proporciona ou
deveria proporcionar a participação de todos, de maneira que cada pessoa pudesse
praticar e se desenvolver dentro de suas condições, inseridas em grupos cujo foco
não seja no rendimento e, portanto, muitas vezes exclusivistas, impedindo e
limitando a participação das pessoas com menores condições de participação e,
como um direito fundamental do ser humano, deveria ser ofertado para todos. Neste
sentido, vemos que o princípio que conduz as ações da ACM vai ao encontro de
uma proposta de desenvolvimento integral do ser humano. A instituição leva como
princípio básico para suas ações o versículo bíblico em João 17:21 que diz: ―Para
que todos sejam um‖ e sua missão é: Fortalecer pessoas, famílias e comunidades.
Assim, fica claro o envolvimento das propostas acemistas1·, com a ideia de uma
oportunidade de desenvolvimento de todos no ambiente esportivo.
Por muito tempo o esporte foi visto como prática essencialmente exclusiva
para pessoas saudáveis, em boas condições físicas e utilizadas como demonstração
de supremacia entre potências político econômicas, deixando de lado as pessoas
que, por algum motivo não atendiam a essas expectativas.
Entretanto, verificou-se ao longo do tempo que o esporte pode ser um
grande objeto de estudo devido a sua influência e abrangência social, objetivada
1 Termo utilizado para descrever uma prática desenvolvida na Associação Cristã de Moços (ACM) ou
pessoa que faz parte desta instituição.
9
muitas vezes não no rendimento, mas, na condição de veículo de formação e
educação das pessoas através do desenvolvimento de práticas saudáveis onde não
tenham o foco no rendimento e sim na construção de relações de aprendizado e
crescimento através de um processo educativo. Com esse raciocínio, segundo
Marques, Almeida e Gutierrez (2007), o esporte é um elemento que pode
proporcionar diversas análises, de acordo com o significado que apresenta e
passível de transformações e configurações a partir do olhar que lhe é direcionado.
Com a perspectiva dos autores supracitados, vemos que uma das faces
do esporte a ser explorada pode ser a questão da inclusão das pessoas com
deficiência, sobretudo, em um ambiente onde costumeiramente não vemos pessoas
com deficiência na prática esportiva, mesmo sabendo que muitas estão nas
unidades da ACM. Assim, existe a necessidade de identificar os motivos pelos quais
essas situações estão acontecendo, bem como se o programa de esportes oferecido
pela ACM, de fato, possibilite as ações inclusivas e quais as possibilidades de
fortalecermos essas ações a fim de que seja possível colocar em prática os
princípios da instituição em uma de suas áreas mais importantes como o esporte.
Entender a relação entre a prática esportiva, a participação da pessoa
com deficiência e sua relação com as pessoas sem deficiência torna-se fundamental
para que possamos estimular a participação de todos, indo ao encontro de um
esporte que ensina, educa, fortalece relações e, sobretudo agrega valores as
diferenças e aponta para a convivência entre grupos com diferentes características,
mas com objetivos semelhantes.
Sob essas perspectivas buscamos analisar a relação da prática esportiva
desenvolvida na Associação Cristã de Moços de São Paulo e a presença das
pessoas com deficiência neste espaço.
1.1 SOCIEDADE INCLUSIVA
Estudos tais quais os de Maciel (2000), França e Pagliuca (2009), Quintão
(2005), Pacheco e Alves (2007), e Blumer, Pavei e Moceun (2004), relatam que a
temática da inclusão é debatida e estudada com o objetivo de transformar a
10
sociedade, de um modo geral, em um ambiente de oportunidades e condições de
igualdade e acesso às mais diversas áreas e de avanços em relação à legislação
que ampara e sustenta as ações voltadas à inclusão. Entretanto, analisando a
sociedade, onde impera fortes tendências de segregação, vemos que segundo
Santos (2002), Schneider (2003), Laplane (2006) e Vianna et al (2012) a realidade
de transformação voltada para inclusão, ainda se encontra longe do ideal.
Entretanto, quando discutimos sociedade inclusiva é necessário ter em mente qual a
construção histórica que nos leva a discutir a participação e o espaço das pessoas
com deficiência em um universo de diversas transformações e constantes mudanças
de perspectivas.
Para buscarmos componentes que nos deem subsídios para discutir as
questões referentes à inclusão na sociedade faz-se necessário compreender que as
discussões sobre inclusão caminham por diversos segmentos e fragmentos sociais
que hora perpassam e se aprofundam, também, nas questões relacionadas às
pessoas com deficiência, porém é algo muito maior e abrangente.
Um levantamento histórico realizado por Aranha (2001) nos mostra os
diversos momentos da sociedade e suas transformações nas questões sobre as
pessoas com deficiência. Os primeiros registros sobre a participação das pessoas
com deficiência surgem através dos escritos dos povos gregos e romanos, onde são
encontrados indícios que as pessoas com deficiência eram eliminadas da sociedade
por serem considerados fracos e defeituosos, não eram capazes de realizar os
serviços braçais, uma vez que a economia de boa parte das sociedades ocidentais
era sustentada pelas atividades de agricultura, pecuária e artesanato. Entretanto,
não só as pessoas com deficiência apresentavam dificuldades de convivência neste
modelo social, as pessoas economicamente mais vulneráveis eram consideradas
serviçais, escravos e sub-humanos. Nota-se nessas afirmações que desde o início
dos relatos a relação de produtividade e condição de deficiência já estavam ligados,
o pensamento de inferioridade sobre as pessoas com deficiência era algo inserido
no contexto social das civilizações antigas.
A autora continua sua análise relatando que algumas mudanças mais
significativas começaram a surgir a partir do fortalecimento do cristianismo nas
11
sociedades, trazendo a ideia de que todos eram filhos de Deus, iguais perante a ele,
possuidores de alma e, portanto, merecedores de respeito e tratamento caridoso.
Neste contexto é possível verificar que as diferenças passam a receber mais valor e
acabam recebendo mais espaço no contexto social. Porém a visão de igualdade
trazida pelo cristianismo não se configura nas questões econômicas, haja vista que
essas diferenças se perpetuam até os dias atuais, com propostas de inserção social
e valorização dos marginalizados. Vemos também que as questões econômicas são
indissociáveis quando trazemos as análises historias da sociedade.
Aranha (2003) aponta que com a alta participação do cristianismo na
sociedade, uma nova camada social, o Clero, aparece e acaba exercendo domínio
até mesmo sobre a nobreza do período da Idade Média, cabendo ao povo a
obrigação do trabalho e a produção de bens de consumo sem a possibilidade de
participar de qualquer tomada de decisões. Nesta nova concepção, gradativamente
as pessoas que antes eram deixadas a margem da sociedade ou até mesmo
exterminadas passaram a receber auxílio, primeiramente, de suas famílias e também
pela igreja. Neste período histórico, duas ações mudariam o rumo das questões
sociais e também a relação com as pessoas com deficiência, sobretudo pela
mudança de visão, de modo que as pessoas com deficiência passaram a serem
vistas como a manifestação demoníaca ou como um castigo de Deus e essas
pessoas acabavam por sofrer punições, eram aprisionadas e sofriam castigos
severos. . Essas ações constituíram a Inquisição Católica e a Revolução
Protestante.
Quando tratamos da inquisição católica, Shitsuka et al (2008, p. 47)
apontam que foi um período de ―caça as bruxas‖, onde a igreja, entidade que
mantinha o poder sobre a sociedade, buscou excomungar e eliminar todos aqueles
que caminhavam contra sua proposta naquele momento, caracterizando as pessoas
como hereges ou endemoniados, matando milhares de pessoas, entre elas ―loucos,
adivinhos, alucinados e deficientes mentais‖.
Nesta breve análise do período dominado pelo cristianismo é possível
traçar um paralelo com algumas situações atuais da sociedade, onde as pessoas
são colocadas como os responsáveis pelas suas características de deficiência, eram
12
e são classificadas com terminologias extremamente pejorativas e muitas vezes
ofensivas e, com um olhar mais cuidadoso na sociedade moderna, vemos que
algumas situações colocam a própria pessoa com deficiência como única
responsável pela sua in/exclusão social, sendo reportada á ela a necessidade de se
adaptar àquilo que a sociedade oferece, de forma a manter-se como indivíduos
marginalizados e segregados, sem existir o cuidado para que sejam atendidos ou
expostos a ambientes que proporcionem um desenvolvimento igual para todos.
Voltando à construção social, segundo Aranha (2003), as ações tomadas
pela igreja de combater e lutar ferrenhamente contra as práticas sociais que se
desenvolveram na sociedade acabaram causando divergências dentro da própria
igreja, levando a uma cisão da entidade. Assim, liderado por Martin Lutero, membros
da igreja que eram contra as ações tomadas na inquisição buscavam uma nova
ordem que estivesse ao seu controle, com uma igreja de maior rigidez ética,
religiosa e moral. Nesta perspectiva uma nova visão sobre o trabalho também
passou a tomar novas formas, a ideia de que o trabalho não era um castigo, mas
sim algo que dignifica o homem. Essas ideias acabam se fortalecendo no início do
século XVI, trazendo um novo formato para a organização social de expansão e
emersão de uma classe econômica, a Burguesia, trazendo novas relações de
produção e expansão dos bens de consumo. Entretanto, quando pensamos nas
pessoas com deficiência, nenhuma mudança significativa foi evidenciada.
Avançando um pouco mais sobre a história do processo de
desenvolvimento das pessoas com deficiência no contexto social, percebemos que
novas formas foram constituídas para o olhar inclusivo onde, segundo Miranda
(2003), entre o século XVIII e meados do século XIX é evidenciada uma fase de
institucionalização de forma que os indivíduos que apresentavam alguma
característica de deficiência eram totalmente segregados, alocados e protegidos em
instituições residenciais. Somado a essas características, Miranda (2009) afirma que
neste período houve um aumento do interesse da ciência, principalmente da
medicina, sobre os aspectos referentes às pessoas com deficiência, passando a
existir uma preocupação com a educação e a socialização deste grupo, até então
excluídos. Entretanto, segundo a autora, a visão de deficiência com características
patológicas ainda persistia na sociedade, trazendo como consequência o
13
menosprezo.
Miranda (2003) ainda afirma que a fase seguinte a esta realidade social é
caracterizada no final do século XIX e meados do século XX como um período de
desenvolvimento de um ambiente educacional com a possibilidade da participação
das pessoas com deficiência em escolas e classes especiais públicas, visando
oferecer a essas pessoas uma educação a parte.
Ao encontro destas informações, Leite (2012) traz um posicionamento
que faz as amarras de um histórico opressivo e preconceituoso, afirmando que ao
longo da história da sociedade a humanidade sempre conviveu com a existência de
pessoas com deficiência, de modo que a sua sobrevivência em todo o mundo e em
todas as épocas nunca deixou de ser uma grande luta, na grande maioria das vezes,
ignorada pela sociedade e governos existentes. Nesta perspectiva, podemos
perceber que o caminho que leva a inclusão e a construção de uma sociedade que
tenha as portas abertas para as pessoas com deficiência ainda requer um cuidado
significativo, sobretudo com as possibilidades que ainda são negadas pela afirmação
e valorização daquilo que é comum, deixando as minorias e as diferenças á margem
das oportunidades.
Quando discutimos e levantamos temáticas acerca da construção de uma
sociedade inclusiva estamos, em determinado momento, afirmando que existem
situações de exclusão que segundo Leal (2004), podem ser oriundo de diversas
fontes, tais como o processo de ruptura com os laços sociais; forma de inserção
precária na sociedade; não cidadania, como negação de acesso aos direitos
fundamentais. Essa afirmação nos apresenta uma realidade, onde determinados
grupos são colocados distantes de uma condição social, podendo se desenvolver e
representar seus papeis sociais de forma integral e com as mesmas oportunidades
que os demais.
Egler (2002) afirma que a exclusão é uma relação social historicamente
determinada e que no transcorrer da história podemos observar suas formas
distintas. Segundo a autora, estar excluído é ocupar um lugar a margem de um
processo, permanecer na periferia, tratando de uma relação social que podemos
observar na complexidade das múltiplas relações sociais. A exclusão como conceito
14
pode ser lida em processos de segregação espacial ou nas formas de organização
da produção econômica.
Em uma análise histórica, Omote (2006) nos mostra que as diferenças ou
diversidade entre os indivíduos da mesma espécie são elementos fundamentais
para a vida coletiva e a construção social, de modo que, as diferenças podem estar
mais ou menos aparentes, porém, até em indivíduos aparentemente quase iguais,
ao fazermos uma análise mais aprofundada podemos notar diferenças significativas
entre eles. Essas diferenças levam a relações de superioridade e inferioridade a
partir do momento em que os indivíduos acabam se organizando em grupos e
começam então a construir relações sociais e divisões de tarefas. Neste momento
as condições favoráveis de alguns indivíduos em relação a diversas características,
como por exemplo, condição física, acaba por exercer certa soberania entre os
elementos de um determinado grupo, assumindo condições melhores ou de
destaque em relação aos demais.
Nota-se que as diferenças são situações comuns na construção de uma
sociedade. Entretanto, historicamente o tratamento dado a essas diferenças acabam
assumindo situações excludentes para diversos grupos e condições sociais. De
maneira geral, Wanderley (2001) relata que alguns fatores entre os séculos XX
colaboraram para agravar as diferenças e marginalizando boa parte da população,
construindo as primeiras análises com a preocupação dos estudos com foco nas
questões de exclusão. Segundo a autora, a influência política está diretamente
ligada ao processo de exclusão, uma vez que, com a derrota do modelo socialista, a
expansão do capitalismo e as evoluções econômicas abalaram a ―política da
solidariedade‖ e assistência.
Ao encontro destas informações, Sposati (2006) relata que as questões
referentes ao processo de exclusão estão intimamente ligadas as mudanças nas
correlações sociais e também às novas perspectivas de produção e
desenvolvimento social, sobretudo no modo de trabalho, uma vez que dois
momentos foram fundamentais para compreender este processo: New Deal e Welfar
State. Estes modelos econômicos, segundo Guerra, Cazzuni e Colho (2007) ditaram
o início de uma nova fase econômica onde, após a economia norte- americana e
15
mundial passar por uma profunda depressão, causando o fechamento e
endividamento de inúmeras fábricas, a demissão de milhões de pessoas e, com
consequência, a marginalização dos desempregados e a diminuição do poder de
consumo da população, um investimento significativo em melhorias sociais e a
necessidade de novas contratações e ampliação do mercado proporcionaram a
recuperação econômica necessária para estabelecer novamente a relação de
consumo e poder de consumo.
Assim, segundo Winclker e Neto (1992) foi este período que buscou uma
transformação no mercado financeiro onde havia se instaurado uma forte crise,
culminando em uma injeção de recursos no mercado econômico e um forte
investimento nos serviços básicos, como investimentos nas questões referentes ao
ensino, aos serviços de saúde, seguro desemprego, assistências às camadas mais
carentes, entre outras ações.
Esta reorganização econômica começa proporcionar, ao poucos, uma
nova relação entre o acúmulo de capital e grupos que se emergem na sociedade
com boas condições financeiras, em detrimento das pessoas desprovidas destas
condições, em categorias sócias excluídas, sobretudo do mercado de trabalho e
muitas vezes da própria sociedade. Nesta perspectiva, Sochaczewski e Lobato
(2014) apontam que esta nova organização e estruturação do trabalho, começam a
tornar mais complexas as relações sociais.
Neste modelo de relações, novas concepções de vida a margem da
sociedade se estabelecem, onde segundo Egler (2002) a exclusão da relação
capitalista resulta em formas de vida não capitalistas que organizam uma
determinada forma material espacial, desenhada pela desigualdade de sua
constituição.
Percebemos através desta constituição histórica que a sociedade se
molda através das relações de capital e de transformações dos modelos
econômicos, oferecendo as melhores condições para aqueles que são
economicamente mais saudáveis e acabando por marginalizar uma parcela da
população que não apresentam tais condições.
16
Neste sentido, Ratska (1999) afirma que não importa de qual grupo
específico nós vamos tecer uma análise crítica sobre a sociedade e inclusão, antes
de tudo faz-se necessário compreender que existem fatores que limitam as
possibilidades e fatores que são extremamente favoráveis para este processo que
são as ações de bem estar em geral, que são caracterizadas como serviços de
saúde pública, incluindo serviços de prevenção, tratamento e reabilitação, e provisão
de recursos de assistência; educação obrigatória desde o jardim de infância até,
pelo menos, os 18 anos, dirigida para o potencial do indivíduo; apoio financeiro na
forma de pensões, compensações e bem-estar social para os que não podem
trabalhar devido à idade, doença, deficiência ou condições do mercado de trabalho,
entre outros fatores. O autor ainda relata que, juntamente com esses fatores
essenciais ainda é necessário transformações e investimentos em transporte,
comunicação, mídia e cultura com acesso igual para todos.
Com relação às pessoas com deficiência, diversos foram os
posicionamentos sociais em relação à participação social. Silva (2009) expõe que a
conotação dada às pessoas com deficiência era distinta em cada sociedade, de
modo que, para alguns povos as pessoas com deficiência eram consideradas
divinas, para outros recebiam o rótulo de representar males futuros, o que causava o
afastamento do restante da sociedade. Posteriormente na Idade Média, a sociedade
considerava que as pessoas com deficiência sofriam da influência de espíritos e
forças demoníacas, uma vez que este período foi marcado pela forte ligação com a
religião.
Somado a todos esses fatores excludentes, Pacheco e Alves (2007)
colocam que a sociedade entendia que a deficiência era uma maneira que a pessoa
possuía de pagar seus pecados cometidos, indicando certo grau de impureza e
atitudes impróprias, justificando o fato de apenas serem tolerados pela sociedade,
sendo marginalizados e, sem a possibilidade de se desenvolver economicamente,
restavam a eles o destino de pedir auxilio pelas ruas.
Podemos perceber que os aspectos observados anteriormente vão ao
encontro dos problemas políticos econômicos da sociedade capitalista, pois, a partir
do momento em que um determinado sujeito ou grupo específico passa a não poder
17
desenvolver a prática do trabalho e não possui o amparo da sociedade,
automaticamente estão fadados a manter-se a margem social, sobretudo
fortalecendo as condições de profunda degradação, abandono e miséria por ser
entendido como uma necessidade de segurança para a sociedade.
Esta situação excludente passou a sofrer modificações, segundo Pacheco
e Alves (2007); Silva (2009) quando a influencia do Cristianismo passou a
disseminar que o homem, como um ser racional, era criado a imagem e semelhança
de Deus e as pessoas com deficiência passaram a serem vistos e serem
merecedores de cuidados. Assim, segundo Omote (1999), as pessoas com
deficiência passaram a não ser mais abandonadas e passaram a buscar e
conquistar seus direitos, iniciando uma longa busca em direção as conquistas para
uma vida digna e integral, abandonando os porões, asilos e outras instituições.
Segundo Sassaki (2002), termos como aleijado; defeituoso; incapacitado;
inválido, eram utilizados até a década de 80. Entretanto, segundo o autor, a partir de
1981, com a influência de mudanças pensadas para as pessoas com deficiência e o
ano internacional da pessoa com deficiência uma nova terminologia passou a ser
utilizada. Assim, Sassaki (2005) pontua que a terminologia aplicada atualmente é
―pessoa com deficiência‖. Ainda o autor destaca que nunca houve um termo que
fosse mais correto ou único para estas questões, contudo, existe um consenso de
que este termo não camufla ou esconde a deficiência, auxilia a não aceitar a ideia de
que todos possuímos alguma deficiência, valoriza as diferenças e as necessidades
em decorrência da deficiência, entre outros fatores que auxiliam a entender os
motivos que levaram a esta classificação. Isso nos mostra claramente uma
preocupação em estabelecer termos que busquem valorizar as pessoas com
deficiência, mostrando que há de fato alguém que se apresenta antes de sua
característica de déficit e que deve ser valorizada, respeitada e receber o tratamento
e as oportunidades que lhes são de direito.
Deste modo, Aranha (2000), relata que a ideia de inclusão está
sustentada em uma filosofia que reconhece e legitima a diversidade na vida em
sociedade, de modo que isso signifique a garantia de todos, a todas as
oportunidades independente de cada característica de cada indivíduo e/ou grupo
18
social. A ideia de coletividade e oportunidade de participação de todos é algo bem
claro quando pensamos nas questões que elucidam uma sociedade que busca a
inclusão.
Luz (2003) aponta que o ano de 1990 foi um marco fundamental para o
processo de inclusão social. Nesta data a Assembleia Geral da ONU descreve o que
é uma sociedade inclusiva e também denomina a ―Sociedade para todos‖. Nesta
proposta a autora afirma que a sociedade deve estar estruturada para atender às
necessidades de cada cidadão, baseando-se no princípio de que todas as pessoas
têm o mesmo valor perante a sociedade, onde, uma sociedade aberta às diferenças
é aquela em que todos se sentem respeitados e reconhecidos nas suas diferenças.
Com este paralelo traçado entre as questões que circundam a exclusão
social e as ações que favorecem o processo inclusivo das pessoas que se
encontraram hoje à margem social percebeu que esta discussão ganha forças na
medida em que entendemos que todas as pessoas são parte integrante de nossa
sociedade e como tal, devem ter os seus direitos respeitados e, sobretudo, devem
receber condições de se desenvolverem de forma plena e integral, fazendo valer os
seus direitos estabelecidos nas leis. Nossas discussões permeiam o universo da
inclusão das pessoas com deficiência em uma sociedade que ainda necessita de
diversas transformações, mas entendemos que o processo é muito mais amplo e
envolve diversos grupos que de alguma maneira ainda não são plenamente
contemplados.
Deste modo, Moreira (2006) relata que um dos grandes desafios para a
sociedade moderna é trabalho com foco nas questões referentes à inclusão social
em nosso país, uma vez que, devido a uma série de razões históricas, houve um
latente acúmulo no conjunto de desigualdades sociais, sobretudo em aspectos tais
como a distribuição de riquezas, terras, acesso a bens materiais e culturais e
aprimoramento do conhecimento. Assim, a inclusão neste contexto pode ser
entendida como ―a ação de proporcionar para populações que são social e
economicamente excluídas...oportunidades e condições de serem incorporadas à
parcela da sociedade que pode usufruir esses bens.‖ (MOREIRA, 2006, p.11).
Através destas informações podemos perceber que, para uma sociedade
19
inclusiva, são necessárias algumas transformações a fim de garantir as
oportunidades de que todos se desenvolvam, sobretudo que sejam garantidos o
acesso às necessidades básicas de cada indivíduo e, na medida em que a pessoa
tem contanto com as mais diversas esferas sociais, aumentam as possibilidades de
desenvolvimento e crescimento integral .
Embora exista a necessidade de segmentar as mais diversas esferas
sociais a fim de obter uma maior compreensão das necessidades de transformação,
a partir destas reflexões fica evidente que independente de quais aspectos sociais
estamos tratando, há necessidade de oferecer condições iguais de participação e
desenvolvimento para todas as pessoas, de forma que possam alcançar o
desenvolvimento pleno de suas necessidades.
O esporte, como esfera social, também não pode ficar alheio as
transformações buscadas pelo processo inclusivo.
Pensar em um modelo de sociedade inclusiva nos moldes atuais, nos faz
retomar a história da construção social com o olhar para as pessoas com deficiência.
Quando levamos em consideração as questões voltadas à igualdade
devemos ter em mente que estamos tratando, segundo Bobbio (1996) de uma
condição humana, na qual cada indivíduo deve ser, na sua singularidade, livre e
deve estar com os demais indivíduos em uma condição igual. Isso nos remete ao
fato de que todas as pessoas devem ter as mesmas oportunidades. Deste modo,
quando levantamos as questões acerca da pessoa com deficiência entendemos que,
na mesma proporção, devem ser respeitados os direitos e oferecidas as
oportunidades para que as pessoas com deficiência tenham condições iguais de
desenvolvimento e participação social.
Neste sentido, não buscamos afirmar que as pessoas devem ser iguais,
mas deveriam obter as mesmas possibilidades de se desenvolver e evoluir suas
competências com a mesma igualdade de oportunidades que toda sociedade,
independente dos fatores intrínsecos ao individuo que possam dificultar a sua
formação em todas as esferas sociais.
Ao encontro deste posicionamento podemos exemplificar utilizando o que
20
sugere Maciel (2000) quando afirma que a inclusão social da pessoa com deficiência
traz na essência da discussão a equiparação das oportunidades, uma interação
mútua entre pessoas com e sem deficiência e acesso aos mais diversos recursos da
sociedade.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) afirma no Artigo I
que: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos...” e o Artigo
II alega que:
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Estas informações relevantes nos mostram que, costumeiramente, na
falta de uma equiparação de oportunidades, os direitos a livre acesso passam a não
serem respeitados quando as possibilidades das pessoas, como por exemplo, as
com deficiência, são impedidas de participarem das atividades de contexto social por
encontrar dificuldades na locomoção pelas inadequações dos locais, falta de
adaptações para circulação de cadeiras de rodas ou até mesmo situações que
colocam em risco as pessoas com deficiência visual, auditiva e intelectual, pois as
adaptações necessárias não são realizadas para atender toda a demanda
populacional.
Assim, percebemos que pensar a inclusão das pessoas com deficiência
no contexto social vai além das barreiras físicas ou até mesmo dos pré-conceitos
que estão inseridos nas atitudes e comportamentos de uma parcela da população
que não apresenta características de deficiência. É entender que este conjunto de
fatores pode fazer com que as potencialidades de uma população economicamente
ativa que hoje é ciente de seus direitos e deveres e crítica em relação às suas
necessidades, não se desenvolvam de forma equiparada com o restante da
população. Outros empecilhos referem-se ao atendimento nos mais diversos
ambientes, de modo que, muitas vezes, as pessoas que prestam serviços não
possuem o conhecimento necessário para atender as necessidades da população
com alguma especificidade, fazendo com que o direito de igualdade não seja
cumprido. Portanto, para que possamos pensar na perspectiva de uma sociedade
21
inclusiva, igual em direitos e oportunidades, fica evidente a necessidade de
transformação social, desde seus aspectos físicos até as questões atitudinais e
procedimentais de toda a população.
Nesta perspectiva, Luz (2003) aponta que a ideia da inclusão é uma
manifestação contemporânea que vem sendo defendida e difundida nos mais
diversos setores da sociedade. Portanto, segundo Peranzoni e Freitas (2000), é
necessário que busquemos uma sociedade inclusiva a que todos tenham acesso e
onde sejam respeitados os limites de cada um, sendo dado espaço a todas as
pessoas para que elas possam crescer e transformar cada dia mais o seu meio,
rompendo com muitas das barreiras que lhes são impostas.
1.2 INCLUSÃO
Quando colocamos em foco a inclusão social da pessoa com deficiência,
Pedrinelli e Verenguer (2008) relatam que os modelos sociais anteriores tratavam
das pessoas com deficiência com segregação, quando essa população era colocada
em instituições especializadas como única opção e também como cura ou
prevenção, pois o olhar, muitas vezes, mantinha o foco nas questões da limitação,
doença ou invalidez, limitando e podando a oportunidade de interação com o meio
em que habitavam. Diniz, Barbosa e Santos (2009) apontam que o posicionamento
das pessoas com deficiência frente à sociedade, através de uma nova visão sobre a
deficiência, deixou de tomar proporções de alienação.
Podemos perceber as preocupações voltadas a questões inclusivas, já
em afirmações como de Mantoan (1997, p. 137), o processo de inclusão perpassa
pela ―modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com
necessidades especiais desenvolver-se e exercer a cidadania‖. Aranha (2000, p.4)
afirma que a inclusão pode ser compreendida como o processo de acesso imediato
e contínuo garantido à pessoa com deficiência aos espaços comuns da vida social
independentemente do tipo e grau de deficiência apresentada pelo individuo.
Como discutido anteriormente, a transformação é um pré-requisito para
termos um ambiente de oportunidades, para que cada pessoa possa exercer seu
22
papel frente às oportunidades oferecidas, fazendo valer seus direitos previamente
estabelecidos. Assim, De acordo com Sassaki (1997), a prática desta inclusão
social, educacional, paira em princípios até então considerados incomuns, tais
como: a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a
convivência com diferentes grupos sociais e a aprendizagem através da cooperação.
Mais uma vez vemos que a sustentação do processo inclusivo esta sobre o pilar da
participação de todos os envolvidos no processo, seja o aluno com deficiência,
professores, colegas e familiares.
Para Cidade (2006) cada pessoa possui uma posição única frente às
relações sociais, de modo que, cada indivíduo acaba sendo inserido em um contexto
de grupos sociais já existentes antes dele, fazendo com que a formação individual
dependa das estruturas de relações humanas em um determinado padrão social.
Uma vez que cada pessoa tem uma representação única, significa que
possivelmente suas necessidades nem sempre serão comuns a todos, de forma que
devemos estar prontos para atender as necessidades desde as mais comuns às
mais complexas. Com esta análise é possível evidenciar a necessidade existente
das transformações sociais para que as pessoas com deficiência possam se
desenvolver como indivíduos, pois as condições de exclusão social são, em sua
essência, um grande facilitador para o não desenvolvimento das potencialidades de
cada sujeito.
Diniz et al (2009) apontam que a exclusão existente na sociedade não é
algo natural ou predeterminado, mas, é uma problemática evidenciada pela cultura
da normalidade, levando os impedimentos corporais como objetos à vida social.
Assim, vemos que a sociedade moderna apresenta características clássicas das
condições de segregação, pois fica evidente que as possibilidades de estabelecer
condições de vida e relações sociais ficam limitadas às características que a
população apresenta em comum, de modo que, as diferenças não são
contempladas, deixando ainda mais claro as condições exclusivas. Isso ocorre
porque, segundo Duarte e Santos (2003), alguns preceitos não são respeitados, tais
como: o respeito ao outro, considerando sua origem social, seus hábitos e as
próprias características como um ser humano diferente e também as questões do
diálogo, que está inserido em qualquer tipo de relação humana.
23
Assim, o processo de incluir alguém vai além de apenas uma integração
com o meio em que vivemos; segundo Filho (2001) a inclusão passa a ser uma nova
concepção de mundo e de relacionamentos humanos onde incluir passa a ser muito
mais do que apenas frequentar os mesmos espaços, incluir passa primeiro pelo
processo de enxergar o outro, de realizar um processo de interação com o outro, de
forma que, nos aproximamos e deixamos o outro se aproximar e com isso, podemos
perceber as reais necessidades que são apresentadas no cotidiano das relações.
A partir deste discurso vemos que, frente às relações sociais, todas as
questões que fogem daquilo que é caracterizado como condições comuns para a
população sem deficiência acabam sendo colocadas às margens das discussões e,
por sua vez, ficam distantes do olhar da transformação e das mudanças necessárias
para alterar as condições de exclusão. Neste sentido Oliveira e Rodrigues (2006)
apontam que, para que haja inclusão é necessário que a pessoa considerada
diferente integre ou faça parte de um grupo que deverá sofrer transformações e
adaptações a fim de aceitar as diversidades que emergem entre cada um dos
indivíduos.
Nesta afirmação, nos parece claro que o processo inclusivo apresenta,
como eixo de extrema importância, a derrubada das barreiras que impedem a
participação das pessoas com alguma característica de deficiência no ciclo social,
possibilitando a sua interação com o meio e, por consequência, fazendo valer a sua
representatividade em meio ao contexto que está inserido.
Entretanto, ―O processo inclusivo se mostra como aquele que foi
longamente discutido teoricamente, mas que se apresenta distante da realidade das
pessoas com deficiência.‖ (SALERMO, 2009, p. 11). Esta distância entre o que é
produzido pela comunidade acadêmica e o que aplicado em nossa sociedade vai
interferir diretamente no desenvolvimento das condições de acesso e acessibilidade
das pessoas com deficiência, haja vista que, se a prática não acompanha a teoria,
então temos uma produtividade acadêmica engavetada e uma sociedade que não
avança rumo ao desenvolvimento das transformações para se tornar acessível a
todos em suas mais diferentes esferas, acarretando novamente em um ambiente de
exclusão daqueles que dependem das mais diversas adaptações para exercerem os
24
seus direitos.
Ao encontro destes fatores, devemos levar em consideração que a
pessoa com deficiência deve se tornar parte do processo, buscando seu espaço e
não apenas manter-se de forma passiva como espectador, esperando que as
modificações ocorram para que, a partir de então se manifeste. Assim, o processo
inclusivo, ―para sua concretização é necessário ter consciência de que este é um
processo pelo qual a sociedade e a pessoa com deficiência procuram adaptar-se
mutuamente, através de uma equiparação de oportunidades‖ (CORDEIRO, 2010 p.
139).
As afirmações acima nos parecem de extrema relevância, pois
observamos que pesquisadores voltados às questões inclusivas continuam
produzindo e publicando novos estudos como Rodrigues (2003), Stelmachuk e
Mazzotta (2012) e Bissoto (2013), porém com conteúdos e resultados muito
semelhantes aos encontrados anos atrás, como nas discussões de Rosadas (1989),
pois nestes estudos ainda encontramos predominantemente problemas referentes
ao atendimento as pessoas com deficiência, sobretudo com o foco nas questões
educacionais, mostrando que é necessário não apenas diagnosticar e levantar as
necessidades de transformação, mas sim proporcionar condições e métodos para
que as reais necessidades sejam supridas e as modificações sejam feitas.
Ao encontro destas informações, o Decreto Federal 3.298/99 mostra que
as pessoas com deficiência tem assegurado o pleno exercício dos seus direitos
básicos, tais como educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao
lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à
habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que,
decorrentes da Constituição e das leis, propiciam seu bem-estar pessoal, social e
econômico, de modo que cabe ao poder público resguardar e fazer valer que os
mesmos sejam cumpridos. Entretanto, o que conseguimos observar é que a
adequação social caminha a passos lentos para a inserção e inclusão da pessoa
com deficiência nos diversos ambientes sociais, fazendo com que grande parte
desta população permaneça margeada e sem acesso, proporcionando um
alienamento involuntário dos indivíduos excluídos socialmente. Em outras palavras,
25
os indivíduos deixam de participar ativamente da vida social por não ter acesso aos
seus direitos.
A inclusão das pessoas com deficiência no circulo social parte de uma
troca bilateral de forma que os sujeitos devem abandonar o próprio preconceito de si
e buscar o espaço social que lhe é devido, ao passo que a sociedade tem como
obrigação fundamental de preparar e se adequar para que o atendimento a toda
população seja de forma justa e igualitária, fazendo com que as pessoas possam
gozar de uma igualdade de direitos e de oportunidades.
Mazzotta e D´Antino (2011) relatam que as condições inclusivas que
englobam o Lazer, a Cultura e a Educação e os demais ambientes sociais são
construídas na prática diária das diversas relações interpessoais, sociais e politicas,
fazendo com que as diferentes maneiras discriminatórias, os preconceitos e
situações excludentes que se refiram às pessoas com deficiência sejam
minimizados. Portanto, as tendências inclusivas englobam, transformação não só
física como atitudinal e cultural, uma vez que as raízes dos preconceitos e das
discriminações continuam resistindo, seja nas questões intrínsecas às pessoas ou
nas ações extrínsecas, nas dificuldades físicas do acesso e das transposições das
barreiras que impedem a evolução social.
1.3 ACESSIBILIDADE
Quando tratamos das complicações e das dificuldades que as pessoas
com deficiência enfrentam para cumprir determinado objetivo, devemos ter claro se
estamos pensando nas questões pertinentes à acessibilidade ou sobre o acesso às
mais diversas situações da vida cotidiana.
Segundo Manzini (2005), o acesso é o processo existente pelo qual
buscamos uma tentativa ou desejo de mudança para alcançarmos nossos objetivos.
Já o termo acessibilidade, aponta para questões mais mensuráveis ou que possam
ser medidas e se submetem às análises concretas, de modo que podem ser
implementadas, entre outras possibilidades.
26
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2004, p. 2),
acessibilidade é entendida como a ―possibilidade e condição de alcance, percepção
e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações,
espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos‖. O termo acessível é
considerado ―espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que
possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive
aquelas com mobilidade reduzida‖ (IBDEM). Assim, ser acessível implica tanto
acessibilidade física como de comunicação e estar adaptado, nos remete à estrutura
alterada para ser acessível. Porem, sabemos que a questão da acessibilidade vai
além dos aspectos físicos.
Segundo a Lei de Acessibilidade (BRASIL, 2000) Capítulo II Art. 3º aponta
que:
O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para as pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Sob os preceitos legais, o acesso aos ambientes deve ser disponibilizado
a todos e, portanto, existe a necessidade de adequar todas as estruturas para que
sejam minimizadas as limitações em relação às barreiras arquitetônicas,
proporcionando o acesso a todos. Entretanto, muitos destes direitos esbarram nas
barreiras já mencionadas. Assim, segundo Pagliuca, Aragão, Almeida (2007),
Independente do seu caráter, as instituições de qualquer ordem são responsáveis
pela segurança dos seus usuários.
Segundo Lima, Freitas e Santos (2013), a acessibilidade é a possibilidade
de viver o espaço urbano e de fato isso nos permite questionar até que ponto as
pessoas com deficiência tem a possibilidade de interação com o meio em seu dia a
dia. Essa afirmação apresenta uma realidade onde a participação das pessoas com
deficiência nos ambientes sociais, muitas vezes acaba gerando uma situação de
dependência sobre as possibilidades que a própria sociedade oferece, uma vez que
as necessidades não são supridas e proporcionam um aumento das limitações de
interação com o próprio meio em que as pessoas estão inseridas.
Neste sentido, Anselmo e Voltolin (2010) afirmam que a inclusão se fará
27
quando a sociedade se mostrar receptiva ao direito à acessibilidade da pessoa com
deficiência e começar a indagar-se sobre a melhor forma de oferecer esse acesso.
De fato, é necessário que modificações sejam realizadas para que seja possível
proporcionar um maior envolvimento das pessoas com deficiência nas mais diversas
situações da vida em sociedade, mas é necessário que tenhamos um
reconhecimento do valor das diversas e da necessidade de valoriza-las no sentido
da promoção de oportunidades para todos, uma vez que, segundo Lima, Freitas e
Santos (2013), as barreiras físicas podem se configurar como um forte agente
excludente das pessoas com deficiência na medida em que limita o comparecimento
dessas pessoas nos ambientes sociais.
Fernandes e Lippo (2013) afirmam em seu estudo sobre a acessibilidade
universal na sociedade contemporânea que a conexão entre os pontos que
dificultam a participação das pessoas com deficiência pode ser sintetizado no não
reconhecimento das diferenças individuais, pois, as pessoas que acabam se
encaixando nos moldes da cultura da normalidade tem uma maior possibilidade de
inserção social do que as pessoas que apresentam maiores necessidades,
ocasionando um grande desafio para vencer as barreiras e conseguir sua
participação.
Nesta perspectiva, fazer parte das ações sociais sempre será um esforço
de superações das dificuldades impostas, rompendo com as hostilidades que
emergem do fato de nossa sociedade não ter reconhecido a diversidade enquanto
característica peculiar de uma sociedade buscar as condições de adequação para
que todos os indivíduos sejam capazes de desenvolver-se e construir sua vida social
com as mesmas condições de qualquer outra pessoa.
Essas afirmações nos trazem uma reflexão sobre as diferentes
necessidades que as pessoas com deficiência necessitam vencer diariamente para
que seja possível desenvolver-se e participar da vida social de forma plena. Assim,
os desafios frente à acessibilidade vão além das barreiras impostas pelas
dificuldades arquitetônicas de construções ou ambientes públicos.
Para ilustrar esta discussão, os estudos de Castro et al (2011);
Mazzarino, Falkenbach e Rissi (2011); Almeida, Nunes e Zoboli (2012) e Mano et al
28
(2013), deixam claro que problemas relacionados com a acessibilidade são
visualizados nas mais diversas facetas sociais.
Castro et al (2011), trazem na essência do estudo a relação entre as
pessoas com deficiência e o Serviço Único de Saúde, apresentando diversos
problemas em relação à acessibilidade e ao acesso aos serviços de saúde. É
possível perceber que não existe uma desigualdade no atendimento e, na visão das
pessoas com deficiência, ainda existe a necessidade de significativas mudanças
para que possam gozar de um bom atendimento.
Mazzarino, Falkenbach e Rissi (2011), em seu estudo de caso sobre a
inclusão de uma aluna com deficiência visual na educação física escolar apresenta
uma realidade onde, muito embora as dificuldades sejam superadas pelos
comportamentos solidários de alunos e professores, ainda são evidenciados
problemas nas questões referentes à acessibilidade no ambiente escolar.
Almeida, Nunes e Zoboli (2012) discorrem a respeito das questões
relacionadas ao lazer e a participação das pessoas com deficiência. Neste estudo é
apontado que o lazer é uma das faces sociais de extrema importância, pois está
ligada a população como um dos principais direitos previstos pela constituição
Brasileira e mesmo com esta condição, ainda sofre com a negação pela sociedade.
No que tange as relações entre o lazer e as pessoas com deficiência, este estudo
afirma que algumas ações foram tomadas para melhoras as questões de
acessibilidade para pessoas com deficiência, entretanto, ainda existe um longo
caminho a ser percorrido para que todos possam ser contemplados uma vez que a
construção ambiental do espaço que foi objeto deste estudo, as diferenças ainda
não são valorizadas e colocam em cheque as condições de ir e vir e de acesso ao
lazer.
Já Mano et al (2013) apontam em seu estudo as problemáticas da
acessibilidade nos transportes públicos na visão das pessoas com deficiência em
uma grande cidade do Brasil. Este estudo aponta para uma profunda defasagem no
sistema de transportes, mostrando que às políticas públicas de inclusão e
acessibilidade, voltadas às pessoas com deficiência nos transportes públicos, tem
sido insuficientes para o atendimento das reais necessidades desse público, de
29
modo que a acessibilidade e mobilidade urbana são vistas de forma negativa pela
população com deficiência.
Podemos perceber que em diversas áreas de nossa sociedade, as
questões que englobam a acessibilidade e as possibilidades de desenvolvimento
das pessoas com deficiência ainda são limitadas por barreiras que continuam a
impedir a sua plena participação nos ciclos sociais acarretando um afastamento das
atividades que, legalmente, deveriam ser de direitos de todos os cidadãos,
inviabilizando o desenvolvimento integral de todos.
Porém, sabemos que apenas a estrutura física não nos garante o acesso.
Deste modo, a prática de atividades esportivas em ambientes público deve ser
garantida e os locais propícios às atividades devem estar devidamente adaptados
para proporcionar que todos tenham igualdade de oportunidades.
Entretanto, não apenas os locais públicos apresentam obrigatoriedade
legal de se adequarem às necessidades das pessoas com deficiência, pois, no
Capítulo V art. 13 mostra que os edifícios e construções devem seguir os requisitos
mínimos de acessibilidade, sendo os seguintes: “Percurso acessível que una as
unidades com o exterior e com as dependências de uso comum; Percurso acessível
que uma a edificação à via pública.” Deste modo, nos parece que as instituições
privadas, entre elas as que trabalham com a prática esportiva, também devem
manter as condições ideais para que a pessoa com deficiência tenha condições de
usufruir das atividades propostas pelos programas esportivos.
Winnick (2004) aponta que um ambiente inclusivo para a prática de
esportes deve ser utilizado de forma que sejam prontamente acessíveis para as
pessoas com deficiência, de modo que a acessibilidade pode exigir mudanças nas
estruturas físicas já existentes a fim de que todos possam gozar de uma participação
plena nas atividades esportivas.
Segundo Rodrigues (2008) os ambientes inclusivos devem ter como um
dos eixos, derrubar as barreiras que impedem o acesso das pessoas com
deficiência e seguir os moldes da legislação, adaptando e reconstruindo as
condições de acessibilidade, o que, de fato, favoreceria o ingresso e a manutenção
30
da permanência destas pessoas nas mais diversas atividades.
Entretanto, é evidente que apenas as adaptações para minimizar as
barreiras arquitetônicas não constituem um ambiente de inclusão por si só, pois
outros fatores também se apresentam como preponderantes para uma ação
inclusiva positiva. Faz-se necessário proporcionar condições de acesso.
Sob as perspectivas acima, Barrozo et al (2012) mostraram que é
fundamental que as questões referentes a acessibilidade, temática bastante
discutida atualmente, sejam aprofundadas, pois, são fatores fundamentais para que
realmente tenhamos um ambiente inclusivo. Contudo, não podem ser deixados de
lado os questionamentos que vão além do fato de minimizar as barreiras
arquitetônicas. Deve-se levar em consideração as barreiras atitudinais das pessoas
que são direta ou indiretamente responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos
arquitetônicos, pessoas ligadas ao processo de participação das pessoas com
deficiência ou até mesmo os usuários dos ambientes comuns.
Deste modo, vemos que romper com as barreiras de acesso é muito mais
do que apenas fornecer condições de ambientes adaptados. É fundamental que as
barreiras referentes ao atendimento sejam minimizadas a fim de proporcionar
condições para que todos possam usufruir, de maneira igualitária, das práticas
esportivas que são legalmente de direito de todos.
Portanto, quando levantamos as questões referentes à acessibilidade,
temos ciência que a problemática vai além das barreiras arquitetônicas. Outro fator
fundamental são as barreiras atitudinais enfrentadas pelas pessoas com deficiência.
Reis et al (2010), Lima (2011) e Stelmachuk e Mazzotta (2012) relatam
que ainda há profissionais de Educação Física que apresentam dificuldades em
atender as pessoas com deficiência no trabalho inclusivo, colocando em evidência
não só o processo de formação como uma lacuna nos conhecimentos referentes a
deficiência e ao modo como atuar frente a esta realidade mas também as
necessidades de intervenções capazes de favorecer e fortalecer o processo
inclusivo sob esta perspectiva.
Neste mesmo prisma, Carvalho, Bessa e Silva (2011) afirmam que apesar
31
dos avanços no ―processo de inclusão‖, pouco se caminhou em relação às
condições de trabalho do professor de Educação Física, demonstrando ainda
resistência e sentimento de inadequação diante dos desafios apresentados neste
processo.
Assim, Omote, Oliveira, Baleotti e Martins (2005) os professores
necessitam de suporte de varias ordens para que possam desenvolver o trabalho
adequado sob a ótica da inclusão, tais como: materiais instrucionais apropriados,
apoio de pessoas especializadas e compromisso dos gestores para lidar com
situações que requeiram medidas particulares como treinamento e supervisão.
Existe a necessidade de um maior tempo de planejamento para que haja o preparo
de atividades que de fato coloquem em prática a proposta inclusiva, práticas
pedagógicas inovadoras e se possível até mesmo a redução do número de alunos
por turma.
Neste sentido, Filho et al (2011), afirma que, em relação à formação
profissional dos educadores físicos, ainda existem pontos que deixam a desejar no
processo inclusivo pois, ainda que exista uma legislação que trate sobre a
obrigatoriedade de disciplinas de Educação Física Adaptada nos currículos dos
cursos de graduação desta área, há ainda a falta de condições pedagógicas,
didáticas e humanas.
Mesmo com todas essas necessidades apresentadas, os professores não
devem abandonar o objetivo de promover o desenvolvimento de todos os alunos
assim como afirmam (NOZI e VITALIANO 2012, p.344) quando relatam que além
dos conhecimentos e habilidades que todos os professores devem adquirir e
desenvolver no exercício da profissão, a capacidade que eles têm de se
comprometer com a educação de todos os alunos, com ou sem deficiências, ainda é
uma questão fundamental para o sucesso de práticas inclusivas, é um imperativo
ético da profissão docente.
Através deste posicionamento podemos evidenciar que, para que o
professor consiga romper as barreiras atitudinais e tenha a possibilidade de se
colocar a frente do processo inclusivo é necessário uma serie de transformações e
ações que visem uma reestruturação do ambiente, proporcionando situações que
32
venham a colaborar com a proposta inclusiva.
O processo formativo destes profissionais também não pode ser
descartado. Segundo Pedrosa et al (2013), os professores de Educação Física que
participaram de seu estudo, relataram que, ainda que exista um grande emprenho
em trabalhar para a efetivação da inclusão, existem dificuldades para que a sua
prática seja efetiva, de modo que o professor deve caminhar lado a lado com a
formação continuada como ferramenta para que ele seja capaz de desenvolver
competências para atuar com o processo inclusivo.
Especificamente no esporte, Costa e Winckler (2012) apontam que muitas
vezes o ambiente esportivo é cenário para técnicos que possuem experiências
apenas de vivências como atletas, de modo que no esporte para pessoas com
deficiência isso também pode ocorrer. A possibilidade de sucesso pode ser reduzida
e a falta de conhecimento sobre as questões da deficiência podem acarretar em
comprometimento da saúde, desempenho e até mesmo da inclusão social das
pessoas com deficiência.
Pedrinelli e Nabeiro (2012) colocam que neste processo o professor ou
técnico deve assegurar reciprocidade, equilíbrio de poder e afetividade entre os
atletas, pois estes estão em constantes mudanças e sofrendo influencias diretas do
contexto onde estão inseridos.
Refletindo sobre essa problemática, percebemos que é de suma
importância que os profissionais que atuam no processo inclusivo da pessoa com
deficiência no esporte tenham conhecimento sobre os conteúdos e processos a
serem trabalhados e desenvolvidos para que seja possível facilitar a participação de
todos e possibilitar que haja o desenvolvimento de suas capacidades e
potencialidades.
1.4 ESPORTE EDUCACIONAL
O esporte em uma perspectiva global nos apresenta uma gama de
possibilidades, podendo se expressar nas mais diversas formas, estilos locais e
33
representações sociais com diversos personagens e atores deste movimento
cotidiano. Assim, Vianna e Lovisolo (2011) afirmam que o esporte é um meio
importante de socialização por conseguir atingir valores como coletivismo, amizade
e solidariedade, que são relevantes para vencer dificuldades.
Com inúmeras possibilidades de manifestar-se, o esporte também pode
apresentar-se na perspectiva da formação educacional dos indivíduos. Sobre essa
manifestação, Viola et al (2011) afirmam que o espore, como sendo um fenômeno
de múltiplas possibilidades, entre sujeitos, cenários e significados é possível afirmar
que uma de suas características principais no cenário educacional e oportunidade
de oferecer a formação da autonomia para o aluno que o pratica.
Neste mesmo sentido, Bento (2000 apud Costa e Winckler, 2012) o
Esporte é uma palavra de diversos significados e possibilidades e é um cenário em
que a educação física encontra uma de suas ferramentas de intervenção mais
eficiente e valiosa. Assim, o esporte pode ser visto através de diferentes visões e
formas diversas formas de manifestações. Faz-se necessário entender um pouco
mais sobre o fenômeno social que está presente em todo o globo terrestre.
Em sua tese de doutorado, Proni (1998) traz algumas linhas sobre o
desenvolvimento das práticas esportivas e suas finalidades. Assim, uma das linhas é
baseada na teoria do historiador Richard Mandell que aponta algumas culturas
antigas da Europa e grandes povos do continente americano deixaram registros de
atividades recreativas e teatrais que podem ter ligação com o esporte que
conhecemos. Nessa linha de raciocínio, o que hoje conhecemos como esporte
moderno apresenta muitas características de relatos passados, tais como corridas
de cavalo e combates entre lutadores, que causaram excitamento e satisfizeram
aspirações sociais durante milênios.
Outra visão da constituição das práticas esportivas que, segundo o autor,
pode até ter se tornado senso comum, é de que o esporte tenha surgido
espontaneamente durante a idade do ouro na Grécia clássica onde teve experiência
gloriosa e então teria desaparecido e renascido posteriormente através dos jogos
modernos.
34
Com relação ao esporte moderno, Rubio (2002) afirma que o esporte
nasceu, cresceu e tem se desenvolvido no seio da sociedade urbana e industrial
sujeito às adaptações particulares da vida política, econômica e social moderna. Sua
prática atual surge pela primeira vez na Inglaterra, no mesmo momento, e não por
casualidade, em que se inicia a Revolução Industrial.
Independente de sua origem, certo é que estamos diante de um elemento
social capaz de envolver as pessoas e trazer mudanças significativas para seus
praticantes. Assim, Rubio (2002) afirma que o esporte é um fenômeno cultural
complexo e de grande importância para a sociedade contemporânea, capaz de
anunciar e denunciar inúmeras manifestações latentes nos diversos grupos sociais.
Quando pensamos a inclusão da pessoa com deficiência no esporte,
vemos que segundo Pedrinelli e Nabeiro (2012) significa oferecer a oportunidade e
incentiva a adesão de qualquer pessoa com deficiência à prática esportiva e a oferta
e a diversificação de programas esportivos constitui um verdadeiro desafio, já que
na maioria das vezes programas voltados para esta característica de inclusão são
escassos ou inexistentes. As autoras afirmam ainda que o esporte como meio para a
inclusão visa ―a promoção da aceitação social...cujos valores e preceitos norteiam as
politicas de apoio e intervenção.‖ (PEDRINELLI e NABEIRO, 2012, p.21).
Quando tratamos das questões relacionadas ao esporte neste estudo,
temos clareza de que existem diversas maneiras de manifestação da prática
esportiva e que segundo Paes e Balbino (2002), o esporte pode ser um grande
facilitador da vida humana quando pensamos na busca pela qualidade de vida em
todos os segmentos da sociedade. Entretanto, segundo Silva (2007) o
desenvolvimento das práticas esportivas no país se configura assim como a situação
do país em um modo geral, onde é possível verificar injustiças, desigualdades e
baixo investimento na garantia desse que também é considerado como um direito
fundamental.
Segundo Costa e Winckler (2012), o esporte educativo tem como eixo
principal o processo de ensino-aprendizagem, onde para as pessoas com deficiência
pode ser considerado um canal para as possibilidades de movimento ou interação
com o meio, de modo que viabilize o acesso às pessoas com deficiência a novos
35
contextos de inserção que um dia foi limitado.
Quando caracterizamos o modelo de esporte educacional devemos ter
em mente que estamos tratando de características que o distingue das demais
práticas por levar em consideração elementos anteriormente não significantes, de
modo que, Gimenez, Abad e Robles (2009) mostram que a Proposta de sequencia
da Educação Física, do Ministério da Educação Espanhola define algumas
características ao Esporte Educacional, como um caráter mais aberto, voltado para
todos aqueles que queiram participar das práticas esportivas, minimizando as
situações de descriminação por qualquer motivo. Somado a esses elementos, o
esporte educativo terá objetivos que vão além das competências motoras, de forma
que contribua para um fortalecimento da educação de forma global. Por fim, visa
utilizar de abordagens que buscam sobrepor-se ao excessivo valor dado aos
resultados, buscando outros elementos importantes que o desporto possa oferecer,
fortalecendo uma formação mais útil e educativa aos participantes.
Com estas informações, podemos enxergar que este modelo de trabalho
com o esporte apresenta um claro desprendimento com a busca pelo resultado e
desempenho, possibilitando que qualquer pessoa seja capaz de participar e se
desenvolver através de uma prática esportiva saudável, sem que haja, de fato, uma
cobrança excessiva em busca de determinados objetivos. Assim, este modelo
esportivo pode ser levado ao encontro das práticas esportivas voltadas para o
modelo inclusivo, uma vez que a grande preocupação está na participação de todos
e não nas condições competitivas que cada pessoa pode oferecer.
Neste cenário educacional através do esporte, Barbieri (1999) aponta
algumas diretrizes para a prática do esporte educacional, tais como:
- As atividades deverão ser dirigidas no sentido da pedagogia do Esporte
como meio de Educação;
- Os alunos participantes deverão vivenciar um processo educativo que,
centrado em suas necessidades fundamentais (de afeto, segurança, realização e
valorização), contribua para a consolidação de sua identidade pessoal e social; seja
mais uma oportunidade na busca de equilíbrio entre o individual e o coletivo,
36
permitindo que cada um possa compreender a contribuição de sua ação individual
na construção do coletivo.
Percebemos através de estudos, tais como os de Zilio (1994), Bracht
(2000), Taffarel (2000), Pinto (2009), Kravchychyn e Oliveira (2012), que este
modelo esportivo, com grande frequência é debatido e estudado em ambientes
escolares. Contudo, esta vertente do esporte pode ser aplicada nos mais diversos
ambientes de práticas esportivas, tais como praças esportivas, projetos sociais e
clubes esportivos.
Este modelo esportivo, quando bem trabalhado, segundo Sanches e
Rubio (2011) pode ser caracterizado como ferramenta de grande intervenção e
desenvolvimento psicossocial além das contribuições físicas e sociais para seus
praticantes. Esta manifestação esportiva caminha de encontro às características do
esporte de rendimento que, segundo Muniz e Borges (2013), é responsabilizado por
disseminar contra valores educativos, competição excessiva, dominação dos
indivíduos e aumento das desigualdades sociais.
Entretanto, segundo Sanches e Rúbio (2011) se esta prática for
conduzida segundo as diretrizes da educação pelo esporte, ela será um excelente
veiculo de contribuição para o desenvolvimento saudável do praticante.
Entretanto, para que tenhamos a possibilidade de colocar em prática as
propostas de inclusão através do esporte e desenvolver a capacidade de todos os
participantes, é necessário que os preceitos legais e as propostas sejam colocados
em prática e reafirmados pelas políticas de acesso ao esporte.
Azevedo e Barros (2004) apontam que após um grande período de
exclusão, os indivíduos com deficiência passaram a receber uma atenção maior
voltada para as práticas esportivas. Segundo os autores um dos grandes motivos
para esse fato é principalmente a pressão exercida sobre os governantes para que
os discursos sobre a inclusão sejam, de fato, efetivados na prática.
Para que sejamos capazes de compreender a problemática da inserção
da pessoa com deficiência no esporte, necessitamos conduzir nosso olhar ao início
do processo, pois, entendendo o contexto, somos capazes de questionar as
37
questões atuais das práticas esportivas e as relações com as questões inclusivas.
Korsakas e De Rose Jr. (2002), Tubino (2003), Nogueira e Palma (2003),
relatam que um marco para o início das atividades pensando no esporte além das
práticas competitivas foi o movimento ―Esporte para todos‖. Segundo os autores,
este movimento teve início na Europa na década de 1960 e se difundiu por todo
ocidente, chegando ao Brasil por volta de 1973. O movimento confrontava as ideias
de um esporte destinado a atletas ou pessoas com o biótipo privilegiado, o esporte
de alto rendimento. Deste modo, surgiram novas denominações para a prática
esportiva para toda a população, tais como: Esporte-Lazer, Esporte de rendimento e
Esporte-educação. Outros documentos também passaram a dar subsidio para que o
Esporte fosse direito de todos e garantido legalmente.
Assim, conforme o art. 1º da Carta de Educação Física e Desporto da
UNESCO (1978):
Art. 1º: Fica determinado à prática de Educação Física e Esporte
como um direito fundamental para todos, que são indispensáveis
para o pleno desenvolvimento de sua personalidade, de modo que
sejam oferecidas atividades especiais para jovens, compreendendo
meninos em idade pré-escolar, pessoas de idade e deficientes,
participando de programas de Educação Física e Desportos
adaptados às suas necessidades.
Com base neste importante documento é possível observar que a
preocupação para que o esporte se tornasse um veículo de promoção social e
atendesse a toda demanda populacional é legalmente garantido, porém ainda
esbarra em condições adversas para que estas ações sejam efetivadas.
Entretanto, paralelo a este movimento, a Educação Física e o Esporte, em
linhas gerais, são discutidos em outras áreas como, por exemplo, na Educação. A
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) aparece como documento que
sustenta o formato da Educação Brasileira em 1961, seguida por uma versão em
1971, que vigorou até a promulgação da mais recente em 1996. Neste último
documento a Educação Física passa a ser tratada como componente curricular
obrigatório
Outros documentos apontam a real obrigatoriedade da manutenção e
38
oferta de práticas esportivas para as pessoas com deficiência. Segundo a Política
Nacional do Esporte (BRASIL, 2005) hoje a responsabilidade de proporcionar que as
pessoas com deficiência possam desfrutar de ambientes esportivos está dividida
entre o poder público e as instituições privadas. No mesmo documento ficam
evidentes os motivos pelos quais ainda é possível observar a escassez de público e
de propostas, bem como as dificuldades costumeiramente transitam por um
ambiente de pouco apelo da mídia, número pequeno de atletas em cada entidade,
falta de núcleos de iniciação esportiva, dificuldade de patrocínios e recursos públicos
insuficientes.
Fica visível que as necessidades básicas da prática esportiva para
pessoas com deficiência ainda não foram supridas, acarretando em um processo
indireto de exclusão pois, na medida em que não existe a possibilidade de acesso
por causa das barreiras estruturais e ambientais acabam ocorrendo impedimentos,
fazendo com que o número de participantes ou de pessoas com acesso fique
reduzido e, portanto, limitando a desenvolvimento dos demais. ―Os poucos projetos
que existem partem de iniciativas privadas, de entidades e instituições que firmam
parcerias com as secretarias para utilização de espaços públicos.‖ (SILVA e
RODRIGUES, 2009, p. 9). Assim, a cada dia fica mais evidente a necessidade de
uma transformação física e atitudinal para que, enfim, possamos proporcionar
condições de igualdade de acesso e de qualidade nas propostas esportivas
oferecidas, fazendo com que as pessoas com deficiência possam gozar da
oportunidade de se desenvolver superando as barreiras pessoais e maximizando
seu potencial dentro das suas escolhas pessoais.
Azevedo e Barros (2004) acreditam que mesmo em nível recreativo ou em
nível de alto rendimento, o esporte se apresenta como um dos requisitos para que a
pessoa com deficiência possa atingir a dimensão total da inclusão social, pois passa
a ser um instrumento simples, barato, de fácil acesso e eficiente. Em se tratando de
esporte, há escassez de oportunidades que são oferecidas à iniciação esportiva de
pessoas com deficiência e a produção de conhecimento voltada para o atendimento
dessa população especificamente é bastante limitada, com poucos estudos tais
como os de Azevedo e Barros (2004), Silva e Rodrigues (2009) e Terejo et al (2012),
que focam a otimização do trabalho oferecido no esporte inclusivo.
39
Segundo Salermo (2004) a intervenção nos locais de participação da
pessoa com deficiência, entre eles o esporte, ainda carece de diferentes estudos e
formas de intervenção. Munster e Almeida (2006) apontam que nos programas de
atividade motora a diversidade está inserida no contexto da inclusão nos seus mais
diferentes aspectos, tais como as estratégias, materiais, conteúdos e objetivos.
Ao encontro destas informações, Cordeiro (2010) afirma que em tempos
em que o respeito aos direitos humanos é proeminente, deve-se esperar que a
sociedade mude seu caráter excludente, não só pela infraestrutura, mas também
pelo acesso a atitudes e a programas utilizados de forma a permitir a plena
participação de pessoas com deficiência em todos eles. Assim, para Barrozo et al
(2012) participar de atividades como o esporte passa a ser uma necessidade de
todos, independente da condição que ela apresente, pois essa participação pode
proporcionar situações para que a pessoa desenvolva a cidadania além das
condições físicas e sociais. Neste sentido, podemos evidenciar que a problemática
estabelecida recai sobre os programas de atividade motora e não sobre as
condições de deficiência dos alunos, uma vez que existe a necessidade desta
prestação de serviços estar pronta para receber todas as pessoas.
Silva e Rodrigues (2009) relatam que o processo para que a inclusão e o
esporte caminhem juntos ainda é muito longo e para isso existe a necessidade de
refletir sobre as ações a fim de iniciar a reorganização dos setores envolvidos neste
processo. Para que novas medidas sejam tomadas objetivando o planejamento de
programas que atendam esta demanda populacional, faz-se necessário avaliar as
condições do atendimento desse público pois, para Araújo e Seabra jr. (1997), a
prática esportiva para pessoas com deficiência necessita do envolvimento do
governo e da sociedade, haja vista o fato de que esta prática é associada a um
grupo que é contrário aos moldes elitistas sociais. Ainda segundo os autores, não há
interesse da iniciativa privada nesta prática, pois as chances de retorno são remotas.
Nesta mesma perspectiva, Oliveira (2010) afirma que é necessário que
exista uma parceria e colaboração entre Estado e o movimento associativo para
que, sem prejuízos das competências próprias de cada um, seja possível encontrar
caminhos que se encontrem em seu objetivo final a possibilidade de tornar a
40
população mais ativa e saudável.
A partir destas afirmações evidencia-se que as propostas e programas
com o objetivo de incluir as pessoas com deficiência nas práticas esportivas,
recreativas, educacionais ou de alto rendimento são fundamentalmente importantes
para que todos tenham a possibilidade de acesso ao ambiente esportivo e possam
desfrutar dos benefícios que esta atividade possa proporcionar. Como a
oportunidade de prática esportiva deve ser ofertada a todos, faz-se necessário a que
tenhamos um controle e uma maneira de verificar, de fato, as ações tem sido
afirmativas Deste modo, tão importante quanto o desenvolvimento de novas
propostas e projetos que atendam esta demanda populacional, é necessário que o
trabalho seja avaliado para que tenhamos a dimensão da eficiência do atendimento.
Nesse mesmo sentido, Carreiro, Rangel e Darído (2007) apontam que a
avaliação é de extrema importância, pois, os documentos gerados através da
avaliação criam uma espécie de memória do que foi produzido, facilitando a
construção de novas propostas, melhorias para projetos futuros e ainda aponta
benefícios gerados pelas atividades e seus pontos positivos e negativos. Ao
encontro destas informações, Ala-harja e Helgason (2014), afirmam que a ampla
apresentação dos resultados de um programa através de sua avaliação aumenta a
credibilidade e estimula as tomadas de decisões com base nos resultados. Com
essas afirmações, podemos perceber a extrema relevância de se conhecer os
resultados de uma determinada ação, projeto ou tomada de decisões por intermédio
de um bom método avaliativo, possibilitando uma estruturação de novos programas
e auxiliando na reestruturação de ações já existentes, com o objetivo de alcançar as
metas proposta no inicio das atividades.
A construção de um bom programa por si só não é suficiente para que
todos sejam contemplados, pois de acordo com Munster e Almeida (2006), respeitar
as diferenças e valorizar a diversidade deve ser condições fundamentais para que o
programa apresente uma filosofia de inclusão e isso será manifestado na
diversidade de metas, currículos e conteúdos programáticos, além dos locais de
intervenções adaptados. Segundo os autores, o estilo de trabalho e as intervenções
pedagógicas irão externar os valores das pessoas envolvidas no projeto.
41
Para Terejo et al (2012), um modelo de prática esportiva inclusiva pode
ser uma mudança positiva em relação às pessoas com deficiência. Com mais
atenção aos aspectos referentes ao esporte com foco na inclusão, emergem
questionamentos acerca da realidade apresentada no sentido de entender se: O
programa de atividade esportiva educacional da Associação Cristã de Moços (ACM)
de São Paulo, uma das maiores instituições esportivas do Brasil, é inclusivo para
pessoas com deficiência? O esporte na ACM São Paulo apresenta características de
segregação? O programa com foco no esporte educacional esbarra na problemática
do acesso para pessoas com deficiência? Há perspectivas de planejamento para o
atendimento inclusivo da pessoa com deficiência nos espaços de atividades
esportivas da ACM de São Paulo? Sob essas condições e inquietações
traçamos nosso estudo.
2. CARACTERIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS.
Segundo o relatório anual de atividades de 2012, a Young Men‘s Christian
Association (YMCA) – Associação Cristã de Moços (ACM) – idealizada em 06 de
junho de 1844, pelo jovem George Williams, surgiu na Inglaterra, quando eclodia a
Revolução Industrial: um período cujas condições de vida eram precárias, as
jornadas de trabalho extensas e as opções de lazer inexistentes.
Preocupado com o bem-estar e o futuro de sua geração, Williams inicia as
atividades da YMCA, primeiramente promovendo a leitura de textos bíblicos entre os
jovens trabalhadores da época, com o objetivo de proporcionar integração e levar
mensagens positivas a eles. Grupos como esse, existiam desde o século XVI, pela
Europa, contudo, nenhum deles alcançou a dimensão do movimento acemista que,
após sete anos, se expandiu e chegou aos Estados Unidos.
A juventude ganhou um incentivo ainda maior, ao fincar raízes na
América, uma vez que, em 1851, a Instituição uniu os benefícios da prática
esportiva, ao desenvolvimento de valores do caráter e do espírito.
Atualmente, a ACM / YMCA está presente em mais de 125 países, com,
aproximadamente, 12 mil sedes que conectam mais de 45 milhões de pessoas e é
42
considerada uma das maiores e mais antigas organizações de jovens do mundo.
Além disso, ocupa uma cadeira no Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social da Organização das Nações Unidas (ONU).
Sua presença em território brasileiro é datada em 1893, sendo a cidade
do Rio de Janeiro a sediar sua primeira unidade. A partir deste momento o
movimento começa a se expandir e em 1901 surge a ACM do Rio Grande do Sul.
Em 1902 foi fundada a primeira unidade da ACM São Paulo, objeto de nosso estudo.
Atualmente a ACM São Paulo conta com 12 Unidades de atendimento
esportivo e também 20 pontos de atendimento social, onde os atendimentos estão
discriminados entre 12 unidades de atividades esportivas, sete centros de
desenvolvimentos comunitários (CDCs) e um Centro de Educação Infantil (CEI).
A Associação Cristã de Moços de São Paulo conta com cerca de 45 mil
pessoas em seu quadro associativo, representando aproximadamente 1% do
número de associados em todo o Mundo.
Em seu lado assistencial, a ACM SP é registrada na Prefeitura do
Município de São Paulo e na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento
Social como uma entidade filantrópica e de utilidade pública. Os registros mais
recentes apontam que no ultimo ano cerca de 10.421 pessoas foram atendidas nos
programas sociais, além de 1.650 pessoas em iniciação e capacitação profissional e
2.894 pessoas do programa Superveteranos / Terceira idade.
Segundo Correa e Filho (2008) a ACM é considerada no Brasil como uma
das instituições disseminadoras das atividades físicas e esportivas. Segundo Correia
e Filho (2008), isso aconteceu porque a ACM atuou e atua de forma intensa na
difusão das atividades físicas e esportivas no Brasil.
3. OBJETIVO
Primário: Analisar os pressupostos inclusivos inseridos no programa de
esporte educacional da Associação Cristã de Moços de São Paulo.
43
Secundário: Verificar a estrutura do programa com relação ao acesso ao
esporte educacional para pessoas com deficiência.
4. JUSTIFICATIVA
A produção de conhecimento nesta área mostra que os trabalhos estão
polarizados na acessibilidade, nas estratégias, politicas públicas, como o estudo de
Falkenbach e Lopes (2010), mas são muito frágeis os trabalhos que focam a
especificidade na diversidade como proposto por Pedrinelli (2002).
Ao buscarmos entender as diretrizes e os caminhos seguidos para
implementação de propostas inclusivas no esporte educacional, vemos que
trabalhos como de Azevedo e Barros (2004) tratando as políticas públicas de acesso
ao esporte para pessoas com deficiência não são comuns para a literatura e
também focam apenas a responsabilidade do estado perante esta temática. Com
isso, acreditamos que este estudo poderá colaborar com um entendimento mais
profundo sobre as questões levantas a cerca da inclusão esportiva para pessoas
com deficiência. Outro aspecto relevante sobre essa temática se deve ao fato de
que o trabalho com foco inclusivo recai sobre as condições legais e voltadas para o
ambiente escolar.
Deste modo, nos é pertinente analisar como o esporte educacional para a
pessoa com deficiência é tratado fora das instituições esportivas governamentais.
Através desta análise das condições das práticas esportivas educacionais será
possível contribuir com projetos esportivos que almejem ser inclusivos e possam
com isso, favorecer o acesso e diminuir as condições de exclusão.
No universo privado, muitas vezes as propostas estão documentadas,
mas não se efetivam (PERONI, 2009). Como o programa de esporte na ACM vem
sendo vivenciado por muitos anos é possível que seja identificada a preocupação
com a inclusão, porém na prática as ações podem não se confirmar.
44
5. METODOLOGIA
O método de pesquisa utilizado para a execução deste estudo teve
característica descritiva qualitativa com cunho exploratório e documental com apoio
metodológico de Thomas e Nelson (2002) no modelo de estudo de caso. Para a
execução desta pesquisa nossa amostra estava inserida no universo das atividades
esportivas oferecidas pela Associação Cristã de Moços de São Paulo (ACM). Assim,
fizeram parte do estudo as 12 unidades esportivas da ACM, representadas por seus
gestores esportivos, bem como o gestor responsável por todas as unidades e o
gestor nacional, totalizando 14 entrevistas e 12 participantes, pois 2 dos
participantes da pesquisa acumulavam funções dentro do organograma da
instituição e, portanto, a amostragem tem caráter não probabilístico. Para ser
incluído na amostra o gestor geral ou operacional responsável pela instituição
deveria estar na instituição há pelo menos dois anos. O número se justifica pelo
perfil escolhido do programa, que agrega a abrangência e inserção nas diferentes
regiões da cidade de São Paulo (Norte, Sul, Leste, Oeste e Central) e interior com
exceção da cidade de Sorocaba e Santos por se tratarem de um movimento
Acemista independente do movimento ACM São Paulo e que possuem um vínculo
direto com a Federação Brasileira das ACMs e não especificamente com a ACM São
Paulo, enquanto movimento. Assim, farão parte do estudo as ACMs das cidades de
Ribeirão Preto, Campos de Jordão, São José dos Campos, Barueri – Alphaville,
Osasco, Guarulhos e as representantes das zonas Norte – unidade Norte, zona Sul
– unidade Santo Amaro, zona Oeste – unidades Lapa e Pinheiros, zona Leste –
unidade Itaquera e zona Central – unidade Centro.
Os participantes foram entrevistados, após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e esclarecido (ANEXO 5), com um roteiro semiestruturado com
questões abertas, sendo um roteiro específico para os gestores locais das unidades
esportivas (um em cada unidade – ANEXO 3), um para o gestor estadual que
responde por todas as unidades da instituição no estado de São Paulo (um para a
instituição – ANEXO 2) e outro para o gestor nacional (ANEXO 1). As entrevistas
foram transcritas e as análises foram realizadas pela Análise de Conteúdo de Bardin
(2011) e posteriormente analisadas pelo instrumento CIPP, proposto por
45
Stufflebeam entre os anos de 1968 e 1971, sugerido por Worthen, Sanders e
Fitzpatrick (2004).
Para a pesquisa documental foi requisitada à instituição a documentação
da proposta/programa na qual constasse as diretrizes norteadoras da instituição e a
cada unidade, solicitamos ainda a proposta esportiva local. A análise foi baseada no
instrumento CIPP, que apresenta uma proposta de avaliação centrada nas tomadas
de decisões. Segundo o próprio Sufflebeam (2007), o modelo CIPP é um quadro
abrangente para orientação, avaliações de programas, projetos, pessoal, produtos,
instituições e sistemas que está focado em avaliações de programas, com vistas a
efetuar a longo prazo melhorias sustentáveis. O autor supracitado relata que,
correspondendo às letras da sigla CIPP (contexto, insumo, processo e produto) são
peças fundamentais do modelo que, em geral, estas quatro partes de uma avaliação
nos remete questionar: O que precisa ser feito? Como deve ser feito? Está sendo
feito? Será que conseguem? Será que terão sucesso?
Uma análise feita por Andriola (2010) sobre o instrumento em questão
aponta que a avaliação de contexto visa fornecer subsídios para as decisões
referentes no processo de planejamento das atividades, pois permitiria identificar as
características, as demandas e os potenciais problemas, sob um prisma e um
contexto delimitado, fundamentando, assim, base lógica para a determinação de
objetivos e de metas.
A avaliação dos insumos buscaria descrever as principais características
(qualitativas e/ou quantitativas) dos recursos disponíveis (humanos e materiais) de
maneira que fosse possível buscar os objetivos e metas determinadas a principio na
fase de estruturação das atividades ou dos programas propostos
O terceiro quesito de análise é a avaliação de processos, e possui como
objetivo fornecer informações periódicas acerca dos procedimentos empregados
pelos executores das ações componentes de uma atividade, de uma organização,
de um programa, de um curso, de um setor ou algo similar. Seu grande objetivo é
apontar e reconhecer possíveis deficiências de planejamento, efetuar correções da
direção em que o programa esta caminhando e manter os registros dos
procedimentos atualizados, o que a torna fundamental, uma vez que torna-se um
46
excelente mecanismo de feedback para os processos em execução. Por fim, o
quarto tipo foi rotulado de avaliação de produto, para referir-se aos resultados
alcançados pelo elemento analisado em questão.
Com relação aos aspectos éticos o projeto de pesquisa foi submetido e aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu, sob o CAAE de
nº: 15622213.3.0000.0089, para atender as determinações contidas na Resolução
CNS nº 196/96 e para tanto, os participantes ao aceitarem participar, assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a Instituição acatou a
pesquisa assinando o Termo de Responsabilidade Institucional.
6. Resultados
Para a construção dos resultados buscamos quatro fontes de dados,
sendo elas: Análise documental; Entrevistas com os gestores de unidades;
Entrevista com o gestor de esportes da ACM São Paulo (descrito neste trabalho
como gestor geral); Entrevista com o Gestor Nacional (responsável pela gestão da
Federação Brasileira das ACMs).
Para a realização da coleta de dados através das análises documentais,
recebemos a autorização para acessar o acervo histórico da instituição. Durante
cerca de três semanas foram analisados diversos registros documentais desde a
fundação da Associação Cristã de Moços de São Paulo até os dias de hoje. Os
documentos estavam organizados em caixas numeradas pelos departamentos
responsáveis que cada informação correspondia. Entre os principais conteúdos
levantados estavam os registros da área de marketing os quais continham
informações referentes sobre as divulgações dos trabalhos Acemistas em jornais e
revistas, materiais de divulgação dos trabalhos históricos realizados pela instituição,
tais como participação em Guerras Mundiais, ações de auxilio a comunidade,
atividades de recreação, entre outros.
Nos registros referentes à Secretaria geral foi possível encontrar
documentos sobre ações de expansão e crescimento do movimento Acemista e
planos de ações para os anos subsequentes. Nos materiais sobre o departamento
47
de programa (departamento que engloba a prática esportiva) encontramos registros
sobre o desenvolvimento das práticas de diversas atividades físicas ao longo da
constituição da instituição. Foram analisados ainda o livro do centenário da
instituição e o estatuto vigente.
Em relação às coletas de dados referentes aos gestores locais, as
entrevistas foram previamente agendas e na data e local marcado fizemos os
registros através da gravação das informações concedidas pelos participantes e,
posteriormente, essas informações foram transcritas e analisadas através do método
proposto para este estudo.
Todos os participantes foram devidamente orientados sobre o conteúdo
das entrevistas e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, de forma
que estavam todos cientes a respeito dos objetivos deste estudo. Todas as
entrevistas foram realizadas de forma individual para que não houvesse interferência
uma sobre as outras.
A partir de então traçamos as análises das informações. Vale ressaltar
que para esta coleta de dados, um dos gestores participou duas vezes por se tratar
de um gestor que é responsável por duas unidades esportivas.
Assim como as entrevistas dos gestores de unidades, as entrevistas com
o gestor geral e o gestor nacional aconteceram seguindo o mesmo padrão, sendo
previamente agendadas e na data e local marcado realizamos a coleta de dados
através das entrevistas que foram construídas com foco na função especifica de
cada gestor. Buscando extrair o máximo de informações possíveis a respeito do
tema abordado neste estudo. Especificamente para o gestor geral realizamos duas
entrevistas, uma vez que ele responde pelo programa de esporte da instituição e
também acumula a função de gestor de unidade. Visando minimizar as
interferências que uma entrevista poderia causar sobre outra, as coletas foram
realizadas com exatamente uma semana de intervalo entre uma e outra.
Com relação ao gestor nacional, buscamos informações a respeito da
relação entre a federação brasileira das ACMs e as instituições afiliadas sobre as
práticas esportivas e a questão da participação de pessoas com deficiência nos
48
diversos movimentos Acemistas difundidos pelo país. Através deste contexto
construímos nossas análises.
6.1 Análise Documental
Durante as análises documentos, buscamos encontrar informações que
nos levassem as práticas esportivas oferecidas pela Associação Cristã de Moços
(ACM) e também buscamos verificar se, em algum momento, a instituição
apresentava alguma informação referente ao processo inclusivo na prática esportiva.
Verificamos que a Associação Cristã de Moços é uma instituição
internacional, fundada em Londres no ano de 1844, com valores cristãos e não
apresentava o foco em atividades esportivas. Seu primeiro documento oficial foi a
Base de Paris (Paris, 1855), documento que buscava unificar a ideologia da
instituição que se difundia pelo mundo. Neste documento é apontado que as ACMs
buscavam unir os jovens de todo o mundo que, firmados na fé cristã, buscassem
expandir o reino de Jesus Cristo na Terra.
Complementando a Base de Paris, outro documento foi criado pela
instituição. A Declaração de Kampala (Uganda, 1973) é considerava uma revisão da
Base de Paris e acrescenta que alguns elementos importantes para a ampliação das
ações da instituição, tais como: Trabalhar para que todos tenham oportunidades
iguais e exista justiça para todos; Trabalhar para obter e manter um ambiente onde o
relacionamento entre as pessoas se caracterize pelo amor e compreensão;
Trabalhar para o desenvolvimento integral do ser humano.
Ainda no cenário internacional da instituição, outro documento de
fundamental importância é o Desafio 21 (FRENCHEN, 1998). Este documento pauta
os caminhos e projetos da ACM no plano global e foi uma revisão dos princípios
estabelecidos na Base de Paris. Ele reafirma os valores iniciais da ACM e transmite
de forma clara as maneiras de colocar, em prática, as aspirações da instituição.
Entre os elementos que compõem o Desafio 21 e para os fins deste
estudo, destacam-se as seguintes ações: Comprometer-se a trabalhar em
solidariedade com os pobres, despojados, desarraigados e minorias raciais,
49
religiosas e étnicas oprimidas; Estimular o diálogo e a parceria entre as pessoas de
diferentes credos e ideologias e reconhecer as peculiaridades culturais das pessoas,
promovendo a ampliação dos seus horizontes culturais; Propiciar condições para
que todos, especialmente, jovens e mulheres, assumam mais responsabilidades e
liderança em todos os níveis e trabalhar em prol de uma sociedade mais justa.
Nota-se que ao passar dos anos houve uma evolução no entendimento
das ações ofertadas pela instituição, de modo que as propostas para que todos, sem
exceção possam fazer parte do universo das ACM e se desenvolverem de forma
igualitária com as mesmas possibilidades. A ACM em âmbito mundial deixa de ser
apenas uma instituição que buscava um crescimento cristão para ser uma entidade
que atende uma demanda populacional sem descriminação ou preconceito, sem
deixar de lado seu objetivo de fundação.
Embora os documentos não mencionem especificamente as questões
relacionadas à inclusão das pessoas com deficiência, é possível verificar, sobretudo
na Declaração de Kampala e no Desafio 21, a preocupação de que tenhamos uma
sociedade mais justa e com a possibilidade de desenvolvimento integral do ser
humano. Quando pensamos no processo inclusivo vemos que entre esse período da
criação dos documentos, as questões referentes à inclusão das pessoas com
deficiência tomavam grandes proporções, pois, segundo Rossetto (2004), o ano de
1981 é um grande marco da inclusão, declarado como o ano da Pessoa com
deficiência e entre 1983-1992 foi declarada nas Nações Unidas a década da pessoa
com deficiência. Não existem evidencias de uma relação direta entre os documentos
e o momento histórico pelo qual passava a sociedade. Entretanto as evoluções nos
remetem a este pensamento, uma vez que os objetivos dos documentos nos
permitem observar o trabalho para minorias e pessoas a margem da sociedade.
Pudemos evidenciar que as atividades oferecidas pela ACM em São
Paulo datam de 1902, mesmo ano em que a instituição foi fundada, entretanto,
devido às limitações físicas de sua estrutura não é possível identificar exatamente
quando a prática esportiva se instaurar na instituição. Mas é possível identificar,
através dos registros dos arquivos de programa e também através do livro do
centenário que essas atividades estão entre a data de fundação e 1906, ano em que
50
aparecem registros da prática do então Foot-ball na instituição. Até este período está
registrada a prática de atividades, tais como palestras, aulas, comemorações,
sessões de orações, leituras e estudos bíblicos, saraus literários e programas
recreativos.
Outras informações coletadas nos dão a dimensão da proposta de
atendimento ofertada pela ACM. O estatuto da Associação Cristã de Moços deixa
claro que podem ser associados das unidades pessoas de ambos os sexos, sem
qualquer distinção de origem e raça, seja qual for sua nacionalidade, posição social,
profissão ou crença religiosa. Assim, mais uma vez, através das análises
documentais, fica evidente que a instituição busca atender todas as pessoas,
tentando minimizar os fatores de exclusão e permitindo o acesso incondicional a
qualquer sujeito que tenha o interesse em fazer parte da instituição como associado.
Este posicionamento da instituição frente às diversas diferenças sociais
nos traz significativa relevância uma vez que, ―a inclusão social traz em seu bojo a
equiparação de oportunidades, a mutua interação entre pessoas com e sem
deficiência e o pleno acesso aos recursos da sociedade.‖ (MACIEL, 2000, p.56).
Entendemos que essa equiparação de oportunidades fortalece o direito a igualdade
que, segundo Resende (2008), é tido como regra de equilíbrio entre as pessoas que
têm e as que não têm uma deficiência, uma vez que determina a todos, que todas as
pessoas formam a população de um país, e neste caso podendo ser compreendida
como a população de associados de uma mesma entidade.
Ao continuarmos com as análises dos documentos cedidos, nos
deparamos com os planos de ações anuais, registrados entre 1987 e 2009. Nestes
registros é possível perceber uma grande preocupação com os recursos oferecidos
pela instituição aos seus associados.
Entre os elementos que são apresentados nos planos de ações
destacam-se a preocupações com as instalações físicas e também com a formação
profissional. Em relação às instalações, são levantados pontos como as melhorias
na estrutura física das unidades, como aquecedores de piscina, iluminação, salas de
condicionamento físico, entre outros. Ainda sem relatos de ações voltadas para a
estruturação de algo a viabilizar a entrada da pessoa com deficiência na associação.
51
Esses mesmos documentos relatam em relação à capacitação profissional a
necessidade de um aprimoramento e capacitação de seus profissionais visando a
melhora no atendimento oferecido, porém, não vemos relatos de ações planejadas
para receber pessoas com deficiência.
Para finalizarmos as informações contidas nos documentos, identificamos
a missão atual da Associação Cristã de Moços: Fortalecer pessoas, famílias e
comunidades. Mais uma vez uma proposta da instituição esta intimamente ligada ao
processo inclusivo, sobretudo pelo fato de que este processo, segundo Maciel
(2000), Blumer, Pavei e Moceun (2004), Quintão (2005), Moreira (2006), Pacheco e
Alves (2007) e França e Pagliuca (2009), a inclusão passa por uma modificação
social e a inclusão fortalece o desenvolvimento das comunidades, das sociedades.
Somado a esses fatores Rodrigues e Freitas (2012) apontam que a participação da
família é fundamental para o desenvolvimento das pessoas com deficiência.
Especificamente sobre a prática de atividades física inclusivas nos interior
das unidades da Associação Cristã de Moços, não encontramos nenhum registro
que discorre sobre tal prática, apenas encontramos, no ano de 1991, registros de
jornais onde relatavam a divulgação de cursos de mergulhos para pessoas com
deficiência realizados na instituição. Ademais nada foi encontrado.
Ao aplicarmos a proposta de análise do sistema de avaliação CIPP, como
descrito na metodologia de estudo não identificamos informações sobre o processo
avaliado.
Em relação ao contexto, percebemos que os registros documentais
destacados no estatuto da instituição apontam a intenção que a instituição
demonstra de atender a todos e apresenta objetivos bem definidos sobre seu
trabalho e papel junto à comunidade, buscando favorecer e desenvolver o ser
humano nas dimensões física, social e espiritual, independente de quais
características apresente.
Entretanto, quando levantamos as características do insumo, elemento
que buscou identificar os recursos humanos e estruturais disponíveis para alcançar
os resultados do estudo, vemos que existe a necessidade de dar subsídios para
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uma melhora da capacitação dos profissionais que nela atuam, além de uma
reestruturação de suas instalações físicas, porém, como descrito anteriormente, não
é possível identificar uma relação das melhoras físicas e de aprimoramento
profissional como a inclusão de pessoas com deficiência, uma vez que isto não está
claro nas propostas documentais.
Podemos ainda considerar que, em relação às análises sobre o processo,
os documentos analisados de histórico da instituição, registros de jornais e revistas,
livros e materiais sobre o centenário da instituição e seu estatuto, cujo acesso nos
foi permitido, não relatam informações suficientes para que possamos tecer
comentários sobre as possíveis deficiências apresentadas pelo programa de
esportes da ACM, a não ser os já identificados no tópico acima, sobre formação
profissional e estruturas físicas das unidades esportivas. Dentre todo o acervo de
informações verificamos que apenas uma nota de jornal datada de 24 de Agosto de
1991 (Anexo 8) apresenta alguma ação voltada para a inserção das pessoas com
deficiência em atividades na instituição.
Assim, através destes dados podemos perceber que os registros não são
claros quanto às atividades inclusivas na ACM, o que, segundo Januzzi (2005) pode
ser uma das dificuldades para a avaliação deste processo, uma vez que há
dificuldades em obter informações e registros periódicos e específico sobre essas
ações.
Quando levamos em consideração o tópico de análise classificado como
produto, percebemos que o programa atende um número significativo de pessoas
em suas atividades propostas, pois, segundo o relatório anual de 2012, a instituição
atendia cerca de 45 mil associados. Entretanto, quando voltamos os olhares para as
questões referentes a inclusão das pessoas com deficiência nos parece que o
programa, não apresenta uma proposta ou ação efetiva para que tenhamos, de fato,
os objetivos propostos alcançados. Essa condição pode ser identificada ao
analisarmos os registros de atividades oferecidas através dos relatórios, através das
documentações que sustentam o trabalho da instituição e, sobretudo, por não haver
em nenhum dos documentos analisados uma proposta estruturada de atendimento
para as pessoas com deficiência.
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Entre as análises percebemos que o documento que pode apontar uma
preocupação com as questões referentes ao atendimento as pessoas com
deficiência é o Estatuto da instituição (Anexo 6). Nele é possível identificar que a
proposta de atividades é ofertada a todos, com o objetivo de desenvolver o ser
humano em suas dimensões, espiritual, cultural, física e social, através de atividades
que favoreçam o desenvolvimento e a promoção das pessoas, podendo deixar
subentendido a possibilidade da participação das pessoas com deficiência em suas
atividades, uma vez que é possível que este grupo esteja inserido nestes objetivos.
Porém não identificamos em nenhum dos documentos uma proposta construída
para um trabalho voltado á inclusão.
6.2 Análise dos Gestores de Unidade
Assim como descrito na metodologia deste estudo, as entrevistas foram
transcritas e as análises foram realizadas pela análise de conteúdo proposta por
Bardin (2011). Antes de adentrarmos nas categorias específicas, os gestores foram
questionados sobre o número de associados nas respectivas unidades e se há no
quadro associativo pessoas com deficiência. Sobre este questionamento todos os
gestores souberam precisar o número de associados de suas respectivas unidades.
Entretanto, quanto ao número de pessoas com deficiência, não foi possível
identificar. Apenas houve a informação de que em todas as unidades existem
associados com alguma característica de deficiência.
Quanto à categoria de atendimento no esporte, através das entrevistas
pudemos verificar que a ACM trabalha com a padronização das atividades
esportivas que são planejadas por um corpo técnico e posteriormente encaminhadas
para todas as unidades, de modo que todos possam seguir o mesmo padrão de
desenvolvimento das ações propostas pela instituição. Ainda referente ao
atendimento, além da padronização da prática esportiva, as atividades são divididas
por faixa etária, contemplando crianças, jovens e adultos, adaptadas de acordo com
o perfil do grupo. Neste sentido parece haver uma clareza muito grande em relação
ao método de trabalho desenvolvido pela instituição, uma vez que, na fala dos
54
gestores está bem descriminado a proposta de atendimento oferecida pela
instituição.
Ainda sobre as questões voltadas ao atendimento, os gestores foram
questionados sobre a existência de uma avaliação para verificar o desenvolvimento
dos alunos e alguma estratégia para receber as pessoas com deficiência na prática
esportiva. Segundo as informações obtidas, para a prática esportiva não existe uma
avaliação para verificar um melhora de resultados ou evolução de algum quadro
específico. Em linhas gerais, a única avaliação existente nas unidades é
caracterizada pela Avaliação Física que, segundo alguns gestores, “esse controle de
melhora de desempenho ou resultado existe no processo da Avaliação Física e que
é muito utilizado, 80, 90% destinado para a musculação.” (S5). Outros
posicionamentos sobre a avaliação nos parecem pertinentes, tais como a questão
da formalidade deste processo: “É bem informal, formal não. É informal.” (S3).
Quanto à responsabilidade da avaliação: “Não existe, a avaliação fica muito em
função do professor que esta a frente da atividade.” (S2). Assim, podemos perceber
que como todo processo de transformação dentro da prática de atividades físicas, a
participação do professor é fundamental, sobretudo no que tange as discussões
sobre inclusão, uma vez que ―a construção de um professor inclusivo na área de
Educação Física não é uma tarefa muito fácil, pois está intrinsecamente ligada a
vários pressupostos que instigam a busca pela mudança e a aceitação do novo...‖
(SOUZA e MARTINS, 2013, p.289).
Outras informações relatam que não há avaliação, mas apenas um
registro de frequência dos alunos. Quanto ao plano estratégico específico para o
atendimento das pessoas com deficiência há um apontamento geral dos gestores e
a afirmação de que não existe nenhuma ação especifica e estruturada para receber
as pessoas com deficiência.
Especificamente sobre este questionamento, os gestores levaram
pontos importantes a serem salientados como a questão da reestruturação: “Não
existe um plano estratégico para que se trabalhe essa inclusão. O que hoje esta
acontecendo nesta unidade é que está acontecendo uma readequação da
acessibilidade.” (S2); A afirmação de que as atividades desenvolvidas na ACM têm o
55
foco no desenvolvimento do grupo: “Não, plano especifico para isso não existe. O
que existe é um trabalho da ACM São Paulo assim, de incluir o portador de
deficiência dentro de uma atividade que é comum a todos.” (S4); Atendimento de
forma igual: ―A gente segue algumas políticas dentro da instituição, então não tem
isso claro, na ACM você recebe qualquer pessoa. Não tem um processo
diferenciado, é igual pra todo mundo.” (S7); Condição de atendimento: “Temos que
estar preparados para atender alguém com 100% de condição física e estarmos
preparados para atender alguém com condição física nenhuma nas atividades. Na
nossa visão é muito claro de permitir a igualdade.” (S5). Podemos perceber através
dos discursos que alguns passos precisam ser dados rumo à construção de novos
modelos de atendimento, pois, segundo Omote (2006), para atender às
necessidades especiais de todas as pessoas, sem exceção nenhuma, adaptações
precisam ser feitas nos serviços destinados a usuários em geral.
Outro elemento que aparece em alguns relatos sobre o atendimento está
relacionado à participação da pessoa com deficiência nos grupos de atividades.
Afirmações como ―a gente procura saber se ele quer fazer um teste, se ele
consegue assimilar juntamente com o grupo, junto com o professor. Se a gente ver
que ele conseguiu tudo isso e a família também, a gente...é inserido.” (S3) e “Se a
criança, mesmo com deficiência, age de forma muito natural flui como se nada
tivesse acontecido...” (S5).
Por essas colocações podemos avaliar que em algumas situações os
fatores de inclusão acabam recaindo sobre a pessoa com deficiência, colocando-a
como personagem principal responsável pelo processo inclusivo, quando na
verdade, segundo Oliveira e Rodrigues (2006) as transformações e adaptações para
receber as pessoas com deficiência devem acontecer como o grupo já existente.
Elementos que recebem um destaque maior por parte dos gestores de
unidade estão ligados às barreiras enfrentadas para que tenhamos um ambiente
inclusivo. Entre os principais aspectos levantados estão às limitações físicas
apresentadas pelas unidades e a capacitação profissional o acolhimento das
pessoas com deficiência.
56
Com relação às barreiras físicas, encontramos afirmações como: ―A
dificuldade maior é neste sentido, a unidade estar preparada estruturalmente...‖ (S1);
“Eu acho que o maior problema é o espaço físico.” (S6); ―Talvez, para ficar mais
modernizada, questões de sinalizações...” (S7); “...não é aquela estrutura adequada
para os deficientes, então é complicado, hoje, é uma estrutura que não consegue
atender um número maior.” (S8); “Hoje o acesso pra um deficiente a nossa unidade
consegue atender bem e agente vai estar passando agora por uma reforma e nessa
reforma um dos pontos que agente levantou é exatamente esse.” (S9).
Percebe-se que é uma necessidade e uma realidade comum para a
grande maioria das unidades esportivas, na perspectiva dos gestores, da ACM e se
mostrando um fator que dificulta as práticas esportivas para as pessoas com
deficiência, indo ao encontro de Gorgatti e Gorgatti (2008), onde a falta de
instalações apropriadas para receber as pessoas com deficiência é um grande
empecilho para a disseminação da prática esportiva.
Em relação à capacitação profissional, os discursos apontam para uma
formação inicial que não ofereceu subsídios para que o profissional tivesse
condições de atuar com a inclusão e a necessidade de promover um
aperfeiçoamento de suas competências. Assim, temos afirmações como: “Nós temos
um espaço muito pequeno pra atividades com grupos especiais (na universidade).
Então assim, uma matéria que ela é passada. Acredito que todas as faculdades
devem passar, mas de forma muito rápida. Pra atender esse tipo de público você
tem que ter uma capacitação muito maior, porque são muitas diferenças são muitas
situações que você tem que saber lidar.” (S10); “... capacitar seus profissionais para
ai sim ter condições de ta podendo atender.” (S1); “Com certeza nós não temos
especificamente um profissional que entenda a fundo de como tratar com uma
deficiência, de lidar com a deficiência.” (S2); “... as pessoas tem que procurar
estudar e se aperfeiçoar, mas talvez uma pós-graduação.” (S9).
Percebe-se que a capacitação profissional torna-se necessária, uma vez
que, segundo Pedrinelli e Nabeiro (2012); Silva et al (2013), o professor é um
elemento fundamental neste processo, assumindo seu papel de mediador,
assegurando a reciprocidade entre as pessoas, o equilíbrio e afetividade entre os
57
alunos, lidando com as mais diferentes situações que podem se desencadear
através do fenômeno esporte.
Ao analisarmos a categoria relacionada ao preconceito existente nas
atividades ofertadas pela ACM pudemos identificar que na grande maioria das vezes
o ambiente interno é propício para o desenvolvimento de práticas inclusivas, haja
vista que poucos são os relatos de situações onde foram expressas
posicionamentos de estigma e preconceito. Podemos encontrar situações como as
relatadas a seguir pelos gestores, quando discutimos se há presença de situações
de preconceito e sua interferência nas atividades: “Eu acredito que não, eu acredito
que isso é um dos grandes fatores positivos da ACM que de uma forma ou de outra
ela tenta sempre trabalhar com a inclusão, não só da inclusão como nós estamos
discutindo hoje mais também da inclusão social.” (S2); “Acho que as pessoas que
frequentam a ACM estão preparadas e sabem que dentro da ACM você pode ter os
mais variados tipos de pessoas, pessoas com deficiência, pessoas com níveis
sociais diferentes, cores diferentes, raças diferentes, religiões diferentes, então
assim, acho que as pessoas na ACM lidam muito bem com as diferenças.” (S4);
“Não. A pessoa que tem dificuldade que já frequentam acham que são muito bem
recebidas nunca vi nenhum caso de preconceito.” (S10). Esses relatos demonstram
mais uma vez que a inclusão parte de uma troca onde a sociedade se adapta
juntamente com a pessoa com deficiência para que as situações de exclusão sejam
minimizadas (CORDEIRO, 2010).
Outro fator importante levantado, através das análises, está ligado ao
preconceito da pessoa com deficiência consigo próprio. A afirmação: “mas às vezes
eu também vejo preconceito da própria pessoa. Ela já vem com aquela ideia de que
as pessoas não vão incluí-las dentro do processo. Então ela já tem esse preconceito
achando que ela não vai ser inclusa.” (S8). Esta afirmação pode evidenciar, mais
uma vez, a necessidade de uma troca mútua entre as partes envolvidas no
processo, para que de fato ele se concretize.
Para o último aspecto levantado junto aos gestores, buscamos
informações sobre a existência de alguma avaliação sobre o processo de inclusão
das pessoas com deficiência na instituição e especificamente nas práticas
58
esportivas. As respostas deixam claro que ainda não há em nenhuma das unidades
esportivas da ACM uma avalição que aponte qualquer informação a respeito da
participação das pessoas com deficiência no programa de atividade física regular.
As afirmações relatam as seguintes informações: “Não, infelizmente nós não temos
uma avaliação específica para esse caso.” (S8); “Não existe uma avaliação
específica para verificar o andamento do atendimento e da participação das pessoas
com deficiência na ACM.” (S11). “É como eu te disse, especificamente não existe.”
(S4).
Vianna e Lovisolo (2009) afirmam que conhecer a realidade local e as
expectativas dos participantes, deveria ser um elemento chave para a otimização do
processo de inclusão social através da educação física, do esporte e do lazer. Deste
modo, percebemos que para o sucesso de um programa específico, é necessário
que saibamos e tenhamos conhecimento sobre o contexto em que determinada
atividade está inserida, facilitando o aprimoramento do programa e do atendimento.
Esses relatos dos gestores de unidades acabam caminhando de encontro
do que diz Carreiro, Rangel e Darído (2007), onde o processo de avaliação torna-se
fundamental a partir do momento em que oferece informações sobre o que está
acontecendo e auxilia no desenvolvimento de novas propostas e ações, a fim de
promover melhoras em determinados segmentos. Uma avaliação constante pode
fortalecer as práticas esportivas de maneira geral e dar subidos para que as
propostas inclusivas ganhem força.
Quando aplicamos as análises proposta pelo modelo CIPP nas
entrevistas com os gestores de esportes das unidades da ACM, pudemos levantar
elementos que nos permitem identificar algumas questões essenciais no programa
de esporte da instituição.
No que se refere ao contexto, fica evidente que existe um plano de
trabalho que é seguido por todas as unidades esportivas visando um atendimento
igual em todas as unidades. Percebemos também que as atividades são planejadas
e executadas de acordo com o que é proposto pela instituição, onde uma
metodologia de trabalho é estruturada e seguida por todos. Entretanto, ao
adentramos as questões sobre a possibilidade de participação da pessoa com
59
deficiência nas práticas esportivas da instituição percebemos que ainda é um terreno
a ser explorado e tratado com mais atenção, pois não identificamos nenhuma
proposta ou planejamento para estruturar ações que favoreçam tal participação.
Já em relação à avaliação de insumo, vemos que, no que tange às
questões referentes á inclusão das pessoas com deficiência, os recursos humanos e
materiais necessitam de capacitação e uma reestruturação, respectivamente, de
modo que, fica evidente na fala dos gestores a dificuldade de se tratar do tema da
inclusão uma vez que ainda existe a necessidade de uma reestruturação física das
unidades e também um cuidado com a formação dos profissionais que atuam na
instituição.
A avaliação dos processos nos permitiu identificar que não existe muitas
informações ou acompanhamento do trabalho realizado com a proposta de incluir as
pessoas com deficiência nas práticas esportivas da instituição. Foi possível
identificar que boa parte deste processo recai sobre o profissional que está atuando
com determinado grupo e cabe a ele desenvolver estratégia e ações para que possa
proporcionar uma prática inclusiva em suas aulas. Assim, nos parece que a gestão
das unidades não consegue acompanhar de perto e também apresentam
dificuldades em participar das tomadas de decisões sobre as ações em aula e sobre
o processo inclusivo de um modo geral.
Deste modo, ao avaliarmos o produto é possível evidenciar que, quando
levamos em consideração a inclusão da pessoa com deficiência nas práticas
esportivas ofertadas pela ACM, ainda existe a necessidade de uma melhor
estruturação para que o atendimento possa ser realizado.
Esta necessidade se configura ao verificarmos que para que os objetivos
da instituição sejam contemplados, pois o que foi constatado através destas
entrevistas deixa uma lacuna no atendimento, apontando apenas para situações
específicas onde o atendimento é realizado, porém sem nenhum registro ou
proposta estruturada para que seja possível identificar o real caminho que a inclusão
toma dentro da instituição. Assim, segundo San Martin, Alver e Duarte (2012) é
necessário que a gestão da instituição compreenda o processo inclusivo e sua, de
60
maneira que consigam transmiti-lo de forma clara e objetiva aos profissionais que
atuam diretamente com os alunos.
6.3 Análise do Gestor Geral
A fim de iniciarmos as análises das informações cedidas pelo gestor
geral de esporte da ACM, buscamos informação sobre os princípios, objetivos e
estruturação da prática esportiva da instituição, perfil do associado que busca o
esporte da ACM, contato do profissional com esta realidade e relação entre o
conhecimento profissional e o perfil da instituição, proposta das práticas esportivas
com foco na inclusão, acesso das pessoas com deficiência e os caminhos para
promover mudanças no programa já estabelecido.
Com relação aos princípios e objetivos da prática esportiva da ACM,
mais uma vez é possível visualizar a participação de todos como ponto fundamental
das atividades além de um cuidado especial com a formação dos praticantes,
sobretudo com crianças e jovens. “A gente acaba fazendo com que todos participem
da mesma forma. A prática esportiva não tem o caráter de performance. A gente tem
um modelo de padronização das atividades. Aspecto de formação mais intenso na
faixa etária de crianças e jovens e recreativo para os adultos.” “O objetivo da ACM
em relação ao esporte eu penso que seja a administração do grupo, o convívio do
grupo, das pessoas, fazer com que elas convivam bem fazendo uma atividade física
que seja o esporte de quadra. ”.
O posicionamento de instituição frente aos princípios e objetivos nos
parece estar intimamente ligados ao processo de desenvolvimento da formação e do
conhecimento das pessoas que ali estão aprimorando o convívio e respeitando as
diferenças, sejam elas quais forem. Tal posicionamento é citado por Neira (2009)
quando afirma que este processo de participação no esporte fortalece a cidadania e
eleva o indivíduo à condição de sujeito no seu processo de ensino, capacitando-o
61
para a participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente o
desenvolvimento de competências técnicas, mas também de conhecimentos e
convívio com os semelhantes. Isso acontecerá se os grupos forem submetidos a
constantes incentivos ao dialogo para que os problemas emergentes das diferenças
apresentadas sejam solucionados.
Com relação ao desenvolvimento das práticas esportivas da ACM é
possível observar uma simbiose entre o programa de esportes e as atividades
desenvolvidas nas unidades esportivas, isso porque o posicionamento do gestor
geral sobre as atividades caminha no mesmo sentido dos relatos feitos pelos
gestores de unidade quando vemos a seguinte afirmação: “Em 2006 nós sentamos
com uma equipe de profissionais e achamos por bem criar uma sistematização de
aula que ela tá relacionada principalmente com os fundamentos das modalidades.
Desde então a gente realiza workshops trimestrais para toda equipe da ACM de São
Paulo.”.
Percebe-se que existe a preocupação de, além de desenvolver um
método de ensino do esporte dentro da instituição, existe um foco na formação do
profissional que irá aplicar as atividades e, isso se torna fundamental, uma vez que,
segundo Silva e Krug (2012) a formação acadêmica compreende apenas uma
parcela da construção do profissional e que convive com outras possibilidades de
formação, pois essa construção transcende a etapa universitária. Esse
posicionamento então deixa clara a necessidade de estar em constante
aprimoramento para que possamos oferecer sempre um bom atendimento e
fortalecendo o desenvolvimento dos alunos.
Outros dois aspectos levantados junto ao gestor geral dizem respeito
ao perfil do associado que frequenta as atividades esportivas e a forma como o
profissional que ingressa na ACM toma contato com este perfil de público. Para
estes questionamentos obtivemos respectivamente as seguintes respostas: “É o
perfil de uma pessoa não tão apta. ACM logicamente que trabalha na questão da
inclusão e a gente acha espaço pra todo mundo, isso que é o grande lance, o
grande diferencial da ACM.” “Não existe uma preparação para que ele comece a
62
ministrar ou iniciar atividades com os associados, esse início fica por conta da
gestão da unidade local. “.
As informações acima nos deixam transparecer que não existe um
contato prévio dos professores com os alunos de características distintas, já que as
pessoas que procuram os serviços esportivos oferecidos pela ACM apresentam
origens e conhecimentos diferenciados sobre a modalidade escolhida e
possivelmente apresente em comum apenas o interesse pelo esporte, pois, em
relatos anteriores pudemos identificar que os grupos assistidos em aula apresentam
um perfil heterogêneo e portanto repleto de situações desafiadoras, como por
exemplo, organização das equipes para disputas equilibradas, mediar os conflitos
que possam emergir das diferenças técnicas apresentadas pelos praticantes de
determinada modalidade, conflitos que surgem do contato físico entre os praticantes
que acabam tendo como referência e influencia as ações tomadas por atletas
profissionais, entre outras situações adversas no ambiente esportivo.
Essas situações de conflito não são apresentadas ao professor, pois seu
primeiro contato, na maioria das vezes é a aula propriamente dita. Neste sentido,
Quadros (2013), afirma que o conhecimento dos alunos, tanto em classes especiais
como classes regulares conhecer a realidade dos alunos e as características da
turma é fundamental para que o professor possa planejar suas ações e para que
não haja nenhuma situação desagradável com os alunos, sejam eles oriundos do
processo inclusivo ou não. Esta afirmação feita pela autora tem como pano de fundo
a escola. Entretanto, quando tratamos do processo inclusivo vemos que essa
realidade transcende o universo escolar e se consolida em outros ambientes, entre
eles o esporte, deixando clara a necessidade não só da capacitação profissional
mas sim o contato prévio para conhecer a realidade local, com suas necessidade e
características especificas, a fim de não comprometer o trabalho e desenvolver as
competências dos alunos.
Questionamos também a respeito das propostas da ACM para o
esporte e sobre a existência de alguma especifica para a inclusão das pessoas com
deficiência e ao que nos parece, de um modo geral, que o entendimento de inclusão
por parte de alguns gestores caminha um pouco distante daquilo que nós levamos
63
como principio inclusivo. Aparentemente é possível perceber que em alguns
momentos, o fato de oferecer oportunidades para a participação da pessoa com
deficiência, exige da instituição atividades especificas para este grupo de pessoas,
quando na verdade, à medida que oferecemos atividades com foco apenas para
pessoas com deficiência, estamos reafirmando as condições de segregação e não
viabilizando a inclusão. Confrontamos essa afirmação com o seguinte
posicionamento: “Hoje não, nós não temos uma atividade que seja especifica para
um público que necessite de uma condição especial, relacionada à acessibilidade, a
um grupo especial, hoje nós não temos atividades relacionadas a esse público. ”.
Nesta perspectiva, Borges et al (2013), as adaptações do programa deve
ser a consequência de uma reflexão e conscientização sob o olhar da inclusão. Essa
nova visão se faz necessária para que tenhamos mudanças nas constituições das
práticas esportivas.
Mesmo não evidenciamos uma proposta para questões voltadas a
participação das pessoas com deficiência no esporte também, através da fala do
gestor geral, vem que existe uma preocupação de estar apto a receber as pessoas
com deficiência e eliminar as barreiras que possam impedir o acesso dessas
pessoas. Através da desta afirmação: “A primeira preocupação parte da estrutura
física dos prédios, das instalações das unidades. Hoje a gente não tem em nenhuma
unidade, falando da área esportiva, que a gente tenha uma atividade que contemple
portadores de necessidades especiais. ”.
De fato, Winnick (2004) aponta que um ambiente inclusivo para a
prática de esportes deve ser utilizado de forma que sejam prontamente acessíveis
para as pessoas com deficiência, entretanto, quando tratamos das barreiras que
impedem o acesso devemos estar cientes de que vai muito além de promover
adaptações e reestruturações físicas, devem ser levados em consideração todos os
elementos discutidos até o momento, tais como, capacitação profissional,
preconceito, planejamento e avaliação, estratégia de ação, entre outros elementos.
Por fim questionamos sobre o processo para que sejam realizadas
mudanças em atividades já existentes e para isso é necessário que a idéia
específica sobre a mudança seja levada até a equipe técnica responsável pelo
64
esporte para que seja verificada a viabilidade da execução de tal proposta. Assim,
havendo o interesse e entendendo que é possível, a proposta é colocada em prática.
―O profissional trás uma novidade que seja talvez interessante para a ACM de São
Paulo... é levado em consideração e é levado a diante para essa divisão para ver a
questão de viabilidade...‖. Mais do que apenas colocar uma nova proposta e prática,
faz-se necessário avaliar a necessidade de mudança e também os resultados
obtidos que possam ser obtidos por ela. Avaliar, modificar e reavaliar deve ser ações
constantes para o sucesso de um programa.
A partir do CIPP podemos constatar que, em relação ao contexto do
programa de esportes da ACM foi possível verificar que existe um processo de
construção e uma necessidade de reestruturação e planejamento prévio das ações
que seriam tomadas posteriormente, favorecendo o desenvolvimento do modelo de
esporte escolhido pela instituição. Através da análise dos discursos verificamos a
existência de um objetivo nas ações implementadas e um método de trabalho
proposto.
Um dos aspectos referente ao insumo aparece na identificação de
possíveis problemas para o desenvolvimento das práticas inclusivas, estando entre
elas a dificuldade no atendimento das pessoas com deficiência, uma vez que é
entendido como um ―atendimento individualizado‖ e a falta de uma atividade que
proporcione a inclusão das pessoas com deficiência e, novamente nos deparamos
com as problemáticas relacionadas à formação do profissional e as estruturas
físicas, sobretudo a falta de sinalização dentro das unidades esportivas, as
dificuldades por falta de rampas que precisam ser modificadas para o real
atendimento de todos.
Vale ressaltar que todas as propostas, problemas e soluções
identificadas na análise do discurso ressaltam a prática do esporte com foco nas
pessoas que não apresentam características de deficiência, de modo que não foi
possível identificar ações e propostas para a participação das pessoas com
deficiência.
Neste sentido, vemos no elemento processo, a preocupação em
oferecer condições aos profissionais de atuarem nas atividades esportivas da
65
instituição. Entretanto, a formação oferecida busca fornecer subsídios técnicos
referentes a uma modalidade ou a um grupo de modalidades esportivas específicas.
Não foi possível identificar, quando questionamos sobre as competências e
formação profissional, algo que esteja vinculado a melhora da capacitação dos
professores em relação ao objetivo deste estudo que é a participação das pessoas
com deficiência.
A partir destas considerações vemos que o produto atinge seus
objetivos propostos quando olhamos para as práticas esportivas, atendendo ao
público em geral, com padronização e metodologia de atendimento. Entretanto, com
foco no processo inclusivo, ainda carece de uma nova visão e construção de um
programa que de subsídios para o processo inclusivo. O que pudemos levantar de
informações torna-se insuficiente para que o programa caminhe sob a ótica do
processo inclusivo.
Assim, segundo Vioto e Vitaliano (2012) o gestor se destaca no processo
inclusivo por exercer a responsabilidade planejar e organizar as ações de forma que
ele viabilize caminhos para que a prática inclusiva seja estabelecida além de auxiliar
os professores na construção de métodos e estratégias que facilitem a participação
e o desenvolvimento dos alunos com deficiência.
6.4 Análise da Gestão Nacional
A Federação Brasileira das Associação Cristã de Moços é o elo que une
todos os movimentos Acemistas disseminados pelo Brasil. Assim, entendemos que
informações importantes poderiam ser encontradas através da entrevista com o
gestor nacional.
Quando questionamos a relação entre a missão da ACM e a inclusão,
vemos que existe certo alinhamento entre a ACM-SP e a Federação Brasileira, uma
vez que o entendimento de inclusão passa pelo atendimento para todas as pessoas
independente de quais características inclusivas ela apresenta. “Qualquer tipo de
inclusão se encaixa na nossa missão. Não excluir ninguém faz parte de nosso DNA.”
66
Nota-se também que houve um acompanhamento histórico do processo
inclusivo pois, segundo o relato de gestor nacional, o termo inclusão da pessoa com
deficiência não era utilizado no inicio das atividades da ACM, eram levados em
consideração outros grupos considerados excluídos. Entretanto, ao longo do
processo a deficiência já se tornou uma realidade. “Antigamente quando a ACM
estava no começo, não se falava “Não excluirá pessoas portadoras de deficiência.”
Se falava para não excluir por sua raça ou crença e numa leitura contemporânea é
lógico que nós não podemos excluir ninguém, raça, crença, cor, partido político e
também os portadores de deficiências especiais.” Ao contextualizarmos estas
afirmações vemos que na mesma medida em que houve o crescimento da
instituição começaram a surgir discussões.
Em seguida questionamos a respeito do diálogo entre a federação
brasileira das ACMs, ACM SP e os demais movimentos para saber se há realmente
alguma ação ou conversa sobre as questões da inclusão sobre planos para que isso
realmente aconteça. Assim, através das respostas percebemos que, embora o
movimento das ACMs seja independente, o vínculo estabelecido por meio da
federação, viabiliza o fortalecimento das atividades locais pois se existe algo em que
uma ACM encontra-se em maior desenvolvimento, o modelo é compartilhado para
outros locais a fim de promover uma melhora no atendimento e na prestação de
serviços, como diz a afirmação: “Na área da educação física, estamos começando a
unificar grandes grupos, como a área de musculação, fitness, natação e desportos.
Inquestionavelmente, vai chegar um momento quando isso de fato se cumpra e
pretendemos que em 2014 alcance sua plenitude e tenhamos tudo isso
sistematizado.”
Mesmo com essa abertura e possibilidade de troca de informações,
vemos que a inclusão ainda não foi uma questão abordada para a tentativa de firmar
uma ação conjunta. Entretanto, esta possibilidade não é descartada em nenhum
momento. “Não, ainda não se abriu nenhuma janela específica para portadores de
necessidades especiais ou deficiência. Então de fato, no momento não tem esse
diálogo a nível nacional... Nós vamos começar a abrir janelas e a janela hoje sem
dúvida, é a janela da pessoa portadora de necessidades especiais.”
67
Outro ponto de análise foi em relação às dificuldades que são enxergadas
pela ACM em âmbito nacional para que tenhamos um processo inclusivo de
sucesso. A resposta obtida transita por três pontos específicos e que comumente
aparecem quando tratamos de inclusão.
Foi apontada a falta de preparo da sociedade para receber as pessoas
com deficiência, a formação profissional, sobretudo no contexto da formação inicial
do profissional de educação física e também a participação familiar no processo
inclusivo. “Não me atreveria falar em que grau de força essa barreira tem, mas uma
dela vem da sociedade que não está preparada para o processo de inclusão... As
nossas universidades não preparam os nossos professores para trabalhar com essa
necessidade. Nossos recursos humanos não estão preparados para isso... A maior
barreira era, justamente, as famílias entenderem que as pessoas podem estar
juntas, fazendo atividade.” Quanto ao tocante da família, Sikora (2013) afirma que a
família desempenha um papel importantíssimo na educação de seus filhos, pois é
com ela que as crianças absorvem os valores de convívio social.
Deste modo, nos parece interessante esta relação, pois a partir do
momento que o convívio social se estabelece na forma de boas relações e convívio
harmonioso, é possível alcançar uma fatia das necessidades de transformação para
o processo inclusivo, favorecendo as mudanças sociais e fortalecendo as boas
práticas de convivência.
Nos relatos trazidos pela entrevista com a gestão nacional das ACMs,
percebemos que em relação ao contexto do programa não é possível identificar
tomadas de decisões em relação ao processo inclusivo e de participação da pessoa
com deficiência nas práticas esportivas da instituição. Identificamos o objetivo de
unificar as práticas bem sucedidas nas diversas áreas de atuação da atividade física
das ACM, tais como a padronização das atividades esportivas, organização e
padronização de um programa de vídeo-aulas para o segmento de fitness, porém,
em relação à inclusão ainda existem vagas informações.
Em relação ao insumo no âmbito nacional da instituição, nos parece que o
maior recurso para que as atividades venham a ser aprimoradas está relacionado ao
dialogo entre os diferentes movimentos da ACM pelo Brasil e, sobretudo, nos
68
programas que cada um desenvolve e encontra relativo sucesso em suas atividades
locais. Entretanto, as práticas inclusivas não aparecem como tônica atual das
discussões entre os movimentos, de forma que aparenta não haver projeto nacional
ou alguma atividade em conjunto para buscar desenvolver melhores práticas
inclusivas.
Nesta mesma perspectiva de mudanças, vemos que na avaliação do
processo, a formação do profissional de Educação Física aparece novamente como
um dos principais problemas a serem resolvidos juntamente com as questões sociais
da inclusão em uma perspectiva mais global.
Ainda nos parece bastante prematuro realizar uma análise na perspectiva
do produto com base nestas afirmações, uma vez que ainda não existe um diálogo
ou ações voltadas para o objetivo de nosso estudo. O que podemos salientar é que,
com um movimento de ACM independentes no Brasil, o diálogo e a possibilidade de
troca de informações e atividades possibilitam um desenvolvimento maior de ambos
os lados, de quem oferece e de quem recebe. Neste sentido nos parece um avanço
significativo na busca por oferecer melhores serviços e condições de atendimento.
Entretanto, no que se refere à inclusão e à participação das pessoas com
deficiência, nos parece que este caminho ainda terá muitos passos a serem dados
rumo ao desenvolvimento de atividades que proporcionem a participação de todos e
que deem subsídios para um processo inclusivo capaz de atender a todos.
7. Considerações Finais
Este estudo teve como objetivos analisar os pressupostos inclusivos
inseridos no programa de esporte educacional da Associação Cristã de Moços de
São Paulo e verificar a estrutura do programa com relação ao acesso ao esporte
educacional para pessoas com deficiência.
Assim, a partir do momento em que entendemos que o processo de
inclusão vai além das premissas legais e de um momento histórico de intervenção
frente às minorias ou até mesmo de uma reestruturação arquitetônica, mas se
configura como a oferta de oportunidades iguais para todas as pessoas,
69
independente de qual condição ou característica específica que ela apresente,
possibilitando o desenvolvimento integral do indivíduo frente às esferas sociais,
podemos traçar um paralelo entre a oferta de serviços de esportes da Associação
Cristã de Moços de São Paulo.
Com este estudo é possível afirmar que é difícil desvincular a ligação da
instituição com o processo inclusivo, uma vez que está instaurado na gênese
internacional da instituição e configurada nas considerações feitas por seus
gestores, a participação de todos, desde o mais habilidoso até as pessoas que
possam apresentar as mais diversas dificuldades de aprendizagem de uma
determinada modalidade. Entretanto, percebemos que, mesmo com princípios e
valores inclusivos, ainda existe certo distanciamento entre as práticas esportivas
ofertadas pela instituição e a participação das pessoas com deficiência no universo
acemista.
No que tange a participação das pessoas com deficiência, é possível
identificar alguns pontos específicos que, se desenvolvidos podem viabilizar a
participação de todos. Quando pensamos nas barreiras enfrentadas pelas pessoas
com deficiência, identificados dois aspectos apontados como principais empecilhos
para a efetivação de um processo inclusivo na instituição, sendo eles a estrutura
física das instalações e a formação profissional dos professores que atuam com
esporte. Ao levantarmos as questões referentes às barreiras físicas é evidente que
as adaptações estruturais devam ser realizadas para garantir a acessibilidade de
todos.
Algumas unidades esportivas da instituição já veem passando por este
processo de reestruturação porém ainda há locais onde o espaço físico caminha
distante desta realidade. Um dos aspectos mais importantes deste processo e que
foi evidenciado nesse estudo diz respeito à formação profissional. Poucos são os
profissionais que apresentam um conhecimento técnico para atuar junto à pessoa
com deficiência e, mais do que isso, trabalhar para que as modificações no grupo
aconteçam, possibilitando a entrada de pessoas com diferentes características e
conhecimentos de uma modalidade específica.
Neste sentido, entendemos que se faz necessário o investimento em uma
reestruturação física das unidades esportivas para que as condições de
70
acessibilidade sejam oferecidas a todas as pessoas, independente de apresentar
condições de deficiência ou não.
Somado aos fatores mencionados acima, acreditamos que a estruturação
de um programa de esportes que atenda a demanda do processo inclusivo é outro
fator de fundamental importância, uma vez que existe a necessidade de estruturar e
alicerçar o trabalho de inclusão em bases sólidas que apresentem objetivos claros e
bem definidos, bem como as estratégias de implantação e atendimento e as metas
que se espera alcançar com a aplicação deste novo projeto.
Em um ambiente onde a busca pela formação integral do indivíduo é o
que move as ações, torna-se fundamental que o profissional seja um agente de
mudanças, rompendo com as práticas tradicionais do esporte, fortalecendo os
objetivos e a missão da instituição e colocando em prática o respeito pela diferença
e a valorização do ser humano através de um modelo de esporte que visa a
formação de cada pessoa, fortalecendo os grupos e as comunidades como a própria
missão da instituição almeja. Para que essas ações sejam efetivadas é de
fundamental importância que instituição e profissionais busquem cada dia mais
conhecimentos que darão subsídios para sustentar as ações inclusivas.
É de suma importância que os profissionais que atuam nas atividades de
desporto tenham plena condição de oferecer o atendimento para todos. Para que
isso aconteça, identificamos a necessidade de um aporte maior para a busca de
uma formação continuada que objetive, não só o conhecimento técnico do esporte,
mas sim uma formação que possibilite ao profissional compreender e identificar as
necessidades das pessoas com deficiência e oferecer o melhor atendimento
possível.
A participação em eventos científicos e cursos de formação continuada
como, por exemplo, cursos de pós-graduação ou cursos de curta e média duração
são grandes aliados no processo de obtenção de subsídios e aportes para o
desenvolvimento de uma prática inclusiva.
Quando tocamos nas questões das propostas para o esporte e a inclusão
vemos que existe certa preocupação em oferecer práticas iguais para todos os
associados através de uma metodologia de trabalho aplicada a todas as unidades
da instituição. Entretanto, no que se refere especificamente à inclusão através do
esporte percebemos que ainda existe uma lacuna, pois ainda não há um
71
direcionamento de trabalho ou uma proposta voltada para essas questões. Assim,
passa a ser necessária a busca por informações e conhecimentos que alimentem a
construção de uma proposta inclusiva; uma proposta que permita o acesso de todos
e para todos, de forma que as ações práticas estejam amparadas e sustentadas por
um aporte teórico que auxilie e fortaleça as práticas inclusivas.
A avaliação constante do modelo esportivo proposto pela instituição em
relação a seus objetivos, processos, metas e efetiva ação, passa a ser um
importante aliado, uma vez que para ela permitirá compreender as reais condições
em que as ações deste programa se encontram e proporcionará novas ações para
atingir os objetivos propostos.
Assim, torna-se um elemento imprescindível, sobretudo para
compreender se realmente os objetivos estão sendo ou não alcançados. Para isso,
os pressupostos do modelo CIPP podem ser um grande aliado das propostas
acemistas já que ele oferece condições para avaliar de forma integral um
determinado programa. Este modelo pode oferecer informações de todo o processo,
desde sua construção até a efetivação da prática e apontar as qualidades e
problemas que determinado programa possa estar enfrentando.
A participação dos gestores de esporte da instituição é fundamental para
que tenhamos um programa bem desenvolvido e que a tenda a todas as demandas
pois segundo Misener (2014), o desafio deve ser assumido não só pelas pessoas
que estudam essas questões mas, sobretudo pela gestão que deve entender o
processo inclusivo onde a deficiência é apenas uma outra consideração que deve
ser integrada ao programa existente.
Para que seja possível colocar em prática a missão de fortalecer pessoas,
famílias e comunidades, temos que antes de tudo, ter a certeza de que todos que
desejarem fazer parte desta instituição tenham assegurados as condições ideais
para o desenvolvimento de suas atividades, possibilitando seu desenvolvimento em
todas as esferas apontadas pelo estatuto da instituição, mental, espiritual, cultural,
físico e social.
Segundo Bota, Teodorescu e Serbãnoiu (2014) a inclusão social das
pessoas com deficiência tem sido um dos temas consistentes para estudo e
pesquisa, bem como para vários programas e atividades práticas em todo o mundo
e nesta perspectiva, a criação de ambientes de atividades físicas que estimulem a
72
diversidade e melhoria individual são abordagens eficazes para uma inclusão bem
sucedida, para a prática de habilidades sociais e exploração de boas atitudes.
Deste modo, entendemos que novos estudos devem ser realizados para
que sejam verificadas as continuidades dadas através das informações obtidas e
verificar se as ações inclusivas para as pessoas com deficiência possam se tornar
uma realidade na Associação Cristã de Moços, que carrega no seu bojo o princípio
de igualdade e o desejo de que todos sejam um.
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90
ANEXO 1: TÓPICOS DE ANÁLISE DO “GESTOR NACIONAL”.
Como a inclusão de pessoas com deficiência no esporte se encaixa na
missão da instituição?
Qual o papel da gestão da ACM no processo de inclusão das pessoas com
deficiência nas práticas esportivas?
Quais as dificuldades para o atendimento das pessoas com deficiência no
programa de esportes da ACM?
4.Existe algum dialogo entre a Federação Brasileira das ACMs e as unidades
com foco na inclusão das pessoas com deficiência?
91
ANEXO 2: TÓPICOS DE ANÁLISE DO “GESTOR GERAL”.
Quais os princípios que norteiam a prática esportiva dentro da instituição?
Quais os objetivos da instituição em relação ao esporte?
Existe uma proposta específica de inclusão para pessoas com deficiência nas
atividades esportivas?
Qual a preocupação da instituição com relação ao acesso para pessoas com
deficiência nas suas unidades? Como a instituição compreende a
acessibilidade em suas atividades esportivas?
Como são realizadas as proposições para alteração do programa/atendimento
esportivo?
92
ANEXO 3: TÓPICOS DE ANÁLISE DOS “GESTORES DE UNIDADES”.
1. Como ocorre o desenvolvimento das práticas esportivas nas unidades? Existe
um plano estratégico para a inclusão da pessoa com deficiência no esporte?
2. Qual a visão da unidade sobre seu papel no processo de inclusão da pessoa
com deficiência?
3. Quais as estratégias utilizadas para inclusão para a participação das pessoas
com deficiência no esporte?
4. Qual a condição de atendimento para as pessoas com deficiência em relação
à capacitação profissional?
5. Como é feito a avaliação do programa em relação à inclusão?
93
ANEXO 4: CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Declaração de Autorização e Responsabilidade da Instituição
Eu__________________________________________________________________________,CPF_____________________RG_________________,residente a __________________________________________________________________, telefone__________________, abaixo assinado, responsável pela Associação Cristã de Moços de São Paulo, declaro, que autorizo e assumo a responsabilidade de zelar para que o pesquisador cumpra os objetivos da pesquisa, a fim de viabilizar a execução do projeto intitulado: “INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ESPORTE EDUCACIONAL: UM ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO”, sob a responsabilidade do aluno Danilo Peruchi de Freitas do Programa de Mestrado de Educação Física da Universidade São Judas Tadeu e com orientação da professora Dra. Graciele Massoli Rodrigues,
Assinando este termo de Consentimento estou ciente de que esta pesquisa tem como objetivo analisar os pressupostos inclusivos inseridos no programa de esporte educacional da Associação Cristã de Moços de São Paulo. Para tal, solicitam a minha colaboração na viabilização ao acesso as informações referentes ao programa de esporte educacional oferecido pela instituição e os documentos que fundamentam o programa esportivo. O instrumento de coleta de dados junto aos gestores é uma entrevista e o contato interpessoal não oferecerá riscos de qualquer ordem aos participantes. A divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica, esperando contribuir para um maior conhecimento do tema estudado.
Quaisquer dúvidas que existirem agora ou depois poderão ser livremente esclarecidas, bastando entrar em contato com os responsáveis por telefone ou endereço mencionado.
De acordo com estes termos, assino abaixo. Uma cópia será cedida à instituição e outra ficará com as pesquisadoras.
São Paulo _____, de _____________________ de 2013.
______________________________________________________________
Nome e assinatura do responsável
__________________________ ____________________________
Professora Orientadora Danilo Peruchi de Freitas
Profª Dra. Graciele Massoli Rodrigues Aluno do Mestrado
Universidade São Judas Tadeu Telefone para contato: (11) 7756-9710
Telefone para contato: (11) 2799-1638
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ANEXO 5: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado/a a participar, como voluntário/a, da pesquisa – “INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO
ESPORTE EDUCACIONAL: UM ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO ”. Caso você
concorde em participar, favor assine esse documento. Sua participação não é obrigatória, e a qualquer momento você poderá
desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo para sua relação com os
pesquisadores ou com a instituição. Você receberá uma cópia deste termo em que constam o telefone e endereço da
pesquisadora principal bem como do Comitê de Ética em Pesquisa, para que possa esclarecer eventuais dúvidas sobre o
projeto e sobre sua participação.
NOME DA PESQUISA: “INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ESPORTE EDUCACIONAL: UM ESTUDO DE
CASO DA ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE MOÇOS DE SÃO PAULO”.
PESQUISADOR (A) RESPONSÁVEL: Prof. Dra. Graciele Massoli Rodrigues.
PESQUISADOR PARTICIPANTE: Prof. Danilo Peruchi de Freitas
OBJETIVOS DO ESTUDO: Analisar os pressupostos inclusivos inseridos no programa de esporte educacional na Associação
Cristã de Moços de São Paulo.
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: O voluntário responderá a uma entrevista referente à gestão das atividades esportivas
oferecidas pela instituição, com foco na inclusão de pessoas com deficiência no esporte. Todos esses procedimentos serão
gravados e transcritos.
RISCOS E DESCONFORTOS: Os riscos para a realização desta pesquisa são mínimos, devido ao fato de que não há
procedimentos invasivos para os sujeitos. Entretanto, entendemos que pode haver uma situação de constrangimento durante
as respostas dos questionamentos. Caso esta situação aconteça, e o sujeito verificar a necessidade de acompanhamento,
será encaminhado a Clínica Psicológica da Universidade São Judas Tadeu para um acompanhamento profissional.
BENEFÍCIOS: O participante terá oportunidade de contribuir para mudanças no processo inclusivo da pessoa com deficiência
no esporte educacional.
CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: Não haverá despesas do voluntário para participar no estudo. Não haverá
nenhuma remuneração pela participação.
CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: As informações obtidas serão utilizadas somente para a pesquisa, não sendo
divulgada nenhuma informação pessoal sobre nenhum participante. A gravação dos procedimentos será utilizada para fins
acadêmicos e para publicação do estudo. Os dados da pesquisa serão armazenados com os pesquisadores por um período de
5 anos.
Eu,_______________________________________________________________________
RG:_________________________, declaro que li as informações contidas nesse documento, fui devidamente informado/a
pelos pesquisadores sobre os procedimentos que serão utilizados, os riscos e desconfortos, benefícios, custo de participação e
reembolso de despesas bem como sobre a confidencialidade da pesquisa. Declaro que concordo por livre decisão minha em
participar da pesquisa. Foi-me garantido que posso retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer
prejuízo para mim. Declaro ainda que recebi uma cópia desse Termo de Consentimento.
Qualquer dúvida, poderei entrar em contato com os telefones abaixo discriminados ou com o Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu pelo telefone (11) 2799-1944.
LOCAL E DATA: São Paulo, ___ de____________ de 2013. NOME E ASSINATURA DO/A VOLUNTÁRIO/A
___________________________ __________________
Nome por extenso Assinatura
Assinatura dos responsáveis pela pesquisa
Danilo Peruchi de Freitas Profa. Dra. Graciele Massoli Rodrigues Mestrando Universidade São Judas Tadeu
Tel. (11) 77569710 Tel. (11) 2799 1638