UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
EMÍLIA LEOPOLDINA DE FREITAS
CONCENTRAÇÕES DE NITRATO E SUAS RELAÇÕES COM A DENSIDADE
POPULACIONAL E AS REDES COLETORAS DE ESGOTOS NO MEIO
URBANO DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS - RN
NATAL – RN
2021
EMÍLIA LEOPOLDINA DE FREITAS
CONCENTRAÇÕES DE NITRATO E SUAS RELAÇÕES COM A DENSIDADE
POPULACIONAL E REDES COLETORAS DE ESGOTOS NO MEIO URBANO DO
MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS - RN
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Engenheira Ambiental.
Orientadora:
Profa. Dra. Vera Lúcia Lopes de Castro
Co-orientadora:
Profa. Dra. Antônia Vilaneide Lopes Costa de Oliveira
NATAL – RN
2021
CONCENTRAÇÕES DE NITRATO E SUAS RELAÇÕES COM A
DENSIDADE POPULACIONAL E REDES COLETORAS DE
ESGOTOS NO MEIO URBANO DO MUNICÍPIO DE CURRAIS
NOVOS - RN
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Engenheira Ambiental.
Aprovado em: 01 / 05 / 2021
BANCA EXAMINADORA:
Profª. Drª. Vera Lúcia Lopes de Castro –
Orientadora da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN
Prof.ª Drª Antônia Vilaneide Lopes Costa de
Oliveira
Prof. Dr. Sebastião Luiz de Oliveira –
Examinador Interno da Universidade Federal do Rio
Grande – UFRN
Profª. Drª. Jazielli Carvalho Sá – Examinador
Interno da Universidade Federal do Rio Grande –
UFRN
NATAL – RN
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus por ter me dado o dom da vida, por me dispor
de saúde e equilíbrio nesta jornada de evolução de campo material e espiritual. Ao meu
anjo da guarda e demais amigos/familiares do campo espiritual que me protegeram e
me incetivaram neste caminhar com fé. À minha mãe Letícia e minha tia Nelci (in
memorian) que foram as duas forças femininas de apoio pela paciência, amor e
confiança para a realização de mais uma etapa no crescimento acadêmico.
Ao meu estimado amigo Alex Sandro a quem sempre me incentivou e me ajudou
em todas as etapas desse curso e aos meus amigos Múcio, Juliana Beda, Wédina e Maria
Carolina por serem minha porta de equilíbrio para as mais variadas situações a serem
vencidas. Obrigada pela compreensão, incentivo e amparo.
Às Professoras Vera Lúcia Lopes de Castro e Antônia Vilaneide Lopes Costa de
Oliveira pela orientação, amizade e por confiar no desempenho do meu trabalho.
À Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UFRN – (PROEX) pela
oportunidade de participar, como bolsista e voluntária do Projeto de Extensão
“Caracterização quali-quantitativa das águas subterrâneas na cidade de Currais
Novos/RN, visando à orientação dos usos múltiplos”, como também pelo suporte
financeiro para o desenvolvimento das atividades em campo e a realização das análises
químicas das águas.
Aos Professores Márcio Vieira da Silva e Pio Marinheiro de Souza Neto e a
Romeu Rilley pela atenção e colaboração durante as atividades de campo.
Aos membros da Banca examinadora, Professores Sebastião Luiz de Oliveira
e Jazielli Carvalho Sá pelas valiosas contribuições.
À Prefeitura Municipal de Currais Novos/RN, por todo apoio e contribuição
para o desenvolvimento desse trabalho, através da coordenadora do meio ambiente,
Diana Moreira da Costa.
Por fim, agradeço a todos os meus demais amigos e os professores da ECT e
da Engenharia Ambiental que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma
para o meu crescimento acadêmico/ profissional e para a realização desse estudo.
RESUMO
O presente estudo teve como base a necessidade de conhecer e compreender as possíveis
relações e interferências das densidades demográficas dos bairros e da atual situação das
redes coletoras de esgotos no comportamento das concentrações do nitrogênio no
composto nitrato, N(NO-3), nas águas subterrâneas, do meio urbano do município de
Currais Novos/RN. Nessa perspectiva, a pesquisa incluiu o levantamento de dados e
informações sobre os poços tubulares já existentes, sobre a atual situação da rede coletora
de esgotos, além das áreas territoriais dos bairros, suas populações e respectivas
densidades demográficas.
O estudo também envolveu investigações em campo, onde foram aplicados questionários
aos usuários dos poços tubulares, tendo sido cadastrados 90 (noventa) poços tubulares e
identificadas as profundidades, a posição do nível da água e a vazão destes poços. Após
60% (sessenta por cento) do total dos poços terem sido cadastrados, cuja distribuição
espacial já era representativa de todo o meio urbano, foram selecionados 17 (dezessete)
poços para as coletas de água e a realização das análises das concentrações de N(NO-3).
As coletas de água ocorreram no período de agosto a outubro de 2018. Os resultados
obtidos indicaram que 94% dos 17 poços analisados apresentaram concentrações de
N(NO-3) acima do valor máximo permitido, que é de 10 mg/L, conforme estabelecido na
Portaria de Consolidação No. 5 de 28 de Setembro de 2017, Anexo XX, do Ministério da
Saúde e na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA No. 357 de
17 de Março de 2005. No que diz respeito às possíveis relações e interferências da atual
situação das redes coletoras de esgotos no comportamento das concentrações de
nitrato, não foram constatadas relações de controle de contaminação a partir do fato da
existência de sistemas de esgotamento sanitário. Nesse contexto, destaca-se que por ainda
existir pelo menos 20% do meio urbano municipal com ausência de redes de coletas e de
tratamento de esgoto, essa situação continua potencializando os efeitos dos impactos dos
efluentes nas águas subterrâneas, principalmente considerando que se trata de um meio
fissural e que por sua vez apresenta elevada vulnerabilidade a esse tipo de contaminação.
Por outro lado, atualmente existe a necessidade de aumentar a oferta de água no meio
urbano do município de Currais Novos, através da construção de poços tubulares, devido
aos prolongados períodos de escassez hídrica que sempre comprometem o fornecimento
de água de seus principais açudes. Assim, a partir do cenário verificado, a título de
conclusão vale destacar: a perfuração de poços tubulares sem os devidos estudos sobre as
condições hidrogeológicas e hidrogeoquímicas, aliada à ausência da aplicação dos
instrumentos de gestão e controle, assim como à estrutura atual da rede de coleta de
esgotos, indica uma potencialização do aumento das concentrações de N (NO-3) nas águas
subterrâneas do meio urbano do município estudado.
Palavras Chave: Águas Subterrâneas Urbanas; Nitrato; Contaminação
ABSTRACT
The present study was based on the need to know and understand the possible
relationships and interference of the neighborhoods demographic densities and the current
situation of the sewage services regarding of groundwater nitrogen concentrations as
nitrate compound, N (NO-3), from the urban area of the municipality of Currais Novos /
RN. In this perspective, the research included the collection of data and information about
the existing tubular wells, about the current situation of the implemented sewage services,
in addition to the neighborhoods areas, their populations and respective demographic
densities. The study also included field activities, with application of questionnaires to
the tubular wells users, the identification of 90 (ninety) tubular wells in use, and the
recording of the depths, the water level and the flow of these wells. After 60% (sixty
percent) of the wells had been registered, whose spatial distribution was already
representative of the entire urban area, 17 (seventeen) wells were selected for the
collection of water and the analysis of the concentrations of N (NO-3). The water
collections took place from August to October 2018. The results indicated that 94%
(ninety-four percent) of the 17 wells analyzed presented concentrations of N (NO-3) above
the maximum allowed value, which is 10 mg / L, as established in the Health Ministry
Consolidation Ordinance No. 5, September 28, 2017, Annex XX and in the National
Environment Council, according to Resolution No. 357, March 17, 2005.
Regarding the possible relationships and interferences of the current sewage system in
the nitrate concentrations of groundwater, no contamination was found. In this context, it
is noteworthy that there is still at least 20% of the urban sewage with no collection and
treatment at all, what can potentially to affect the groundwater quality, especially
considering that it is a fissural rock profile, high vulnerable about this kind of
contamination. On the other hand, there is currently a need to increase the water supply
in the urban area of the municipality of Currais Novos, through the installation of tubular
wells, due to the prolonged periods of water scarcity that always compromise the water
supply that would normally come from their main dams. Thus, from the scenario raised,
as a conclusion, it is worth highlighting: the drilling of tubular wells without the necessary
studies on hydrogeological and hydrogeochemical conditions, combined with the
application of management and control instruments, as well as the current sewage system
conditions, indicates a potential concentration increase of Nitrogen (NO-3) in groundwater
in the urban area of the studied municipality.
Keywords: Urban groundwater, Nitrate, Contamination
LISTA DE SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANA – Agência Nacional de Águas
C – Carbono
CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte
CCD – Convenção de Combate à Desertificação
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
MS - Ministério da Saúde
N – Nitrogênio
N2 – Nitrogênio gasoso
NBR – Norma Brasileira
NH3 – Amônia
NH4+ – Amônio
NO2- – Nitrito
NO3- – Nitrato
NUPPRAR – Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água Produzida e Resíduos
O2 – Oxigênio gasoso
PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico
PT - Poço tubular
SES – Sistema de Esgotamento Sanitário
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Mapa de localização do município de Currais Novos/ RN........................14
FIGURA 2 Acumulativo de chuvas no município de Currais Novos em
2016........................................................................................................ 16
FIGURA 3 Perfil geomorfológico......................................................................................19
FIGURA 4 Mapa de solos do município de Currais Novos/RN..................................23
FIGURA 5 Percurso de recarga de água subterrânea por rede de abastecimento de água
e esgoto.......................................................................................................30
FIGURA 6 Localização dos poços cadastrados em Currais
Novos/RN...................................................................................................34
FIGURA 7 Mapa de identificação dos poços operantes/inoperantes.............................34
FIGURA 8 Mapa de delimitação dos bairros com rede coletora de esgoto....................35
FIGURA 9 Delimitação dos bairros, rede de saneamento e representação de fontes de
contaminação do tipo tanques sépticos.......................................................36
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Principais açudes do município de Currais Novos (RN)...........................24
TABELA 2 Poços tubulares selecionados para a coleta de água..................................33
TABELA 3 População, área e densidade demográfica dos bairros..............................37
TABELA 4 Concentrações de N(NO-3) e densidades demográficas por bairros........37
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 12
2. OBJETIVOS ....................................................................................... 13
2.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................... 13
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................. 13
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ...................................................... 14
3.1. LOCALIZAÇÃO ................................................................................ 14
3.2. ASPECTOS FÍSICOS ........................................................................ 15
3.2.1. CLIMA ................................................................................................. 15
3.2.2. VEGETAÇÃO ........................................................................................ 16
3.2.3. RELEVO ............................................................................................... 17
3.2.4. GEOLOGIA ........................................................................................... 19
3.2.5. SOLO ................................................................................................... 22
3.2.6. HIDROLOGIA ........................................................................................ 24
3.2.7. HIDROGEOLOGIA ................................................................................. 24
4. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 25
4.1. ASPECTOS DO SANEAMENTO BÁSICO ...................................... 25
4.2. RECARGA URBANA ....................................................................... 28
4.3. RELAÇÕES DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E AS
CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO NO COMPOSTO NITRATO – N(NO3-) . 30
5. METODOLOGIA............................................................................... 32
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................... 33
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 39
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 40
12
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como recorte espacial o meio urbano do município de Currais
Novos/RN, que está inserido em uma região semiárida do nordeste brasileiro, no estado
do Rio Grande do Norte. Esta faz parte da mesorregião Central Potiguar e microrregião
do Seridó Oriental, a qual está incorporada no Núcleo de Desertificação do Seridó. Dentre
as diversas características físicas dessa região, destacam-se os elementos que compõem
o clima seco como: a precipitação média anual que varia entre 300 e 800 mm, o índice de
aridez inferior a 0,5 (Thornthwaite – relação entre a precipitação e a evapotranspiração
potencial), elevado nível de radiação solar e alta variação na temperatura tanto ao longo
do dia quanto a nível anual (GARCIA, 2011). Entretanto, nos períodos de estações
chuvosas, as precipitações são intensas e de curta duração, mas, ainda assim, a
sazonalidade destas precipitações, resultam em uma elevada vulnerabilidade quanto à
escassez hídrica dos corpos d’água superficiais intermitentes, comprometendo a recarga
hídrica e consequentemente o abastecimento de água para a população urbana.
Diante desse cenário, as águas subterrâneas têm sido uma das fontes estratégicas de
suprimento hídrico para períodos de seca prolongada, vindo suprir alguns usos
domésticos das populações, a dessedentação animal e outros fins.
No entanto, a qualidade das águas subterrâneas pode passar por modificações
progressivas decorrentes de causas naturais, que podem se apresentar por dois grupos de
fatores: exógenos e endógenos (FEITOSA, 2008). O primeiro envolve o clima, relevo,
hidrografia, enquanto o segundo abrange constituição litológica, estruturas e coberturas
sedimentares, por exemplo. Costa (2011) afirma que o clima é o que exerce uma
influência principal na qualidade da água. Para regiões com baixa pluviosidade e elevada
evaporação como a região do semiárido, há uma concentração gradual de sais, o que
tornam as águas com uma elevada concentração destes – o que em geral é superior ao
limite de potabilidade.
Para Ferreira (2018), mesmo que o manancial subterrâneo possa estar em condições
de subsuperfície e protegido por uma cobertura de solo e rochas, ele não está exímio de
sofrer contaminação. Nesse contexto, destacam-se os fatores relacionadas à infraestrutura
urbana como por exemplo, a presença ou não de redes coletoras de esgotos e estações de
tratamentos desses efluentes. No Brasil, o saneamento ainda apresenta um quadro
precário decorrente da carência de recursos para investimento e da deficiência ou da
13
ausência de políticas públicas de saneamento básico. Perante essas especificidades, o
município de Currais Novos apresenta características de clima muito quente, semiárido e
de estiagens prolongadas. Esta região tem enfrentado um longo período de seca, cuja
situação tem comprometido o volume dos açudes que fazem parte do conjunto de
reservatórios que abastecem a cidade, a exemplo dos açudes Dourado e Marechal Dutra
(Gargalheiras). E, em virtude do longo período de estiagem na região, a população urbana
utilizou como alternativa para suprir suas necessidades de abastecimento de água a
construção de poços tubulares para captar águas do aquífero caracterizado como fissural,
o denominado aquífero cristalino.
Assim, considerando às questões relacionadas à presença de nitrato em poços
construídos em área urbanas, onde não existe uma infraestrutura de rede coletora de
esgotos adequada sabe-se que a ocorrência de contaminações de aquíferos torna-se
frequente em qualquer meio urbano, que esteja inserido nesse contexto. Portanto, o
objetivo principal desse estudo é verificar o comportamento das concentrações de nitrato,
associando a uma análise sobre a densidade populacional do meio urbano estudado, como
também a atual situação das redes coletoras de esgotos no meio urbano do município de
Currais Novos/RN.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Examinar as relações entre as concentrações de N(NO-3) com a densidade
demográfica e a situação atual da presença ou não de redes coletoras de esgotos.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
− Mapear os poços tubulares do município de Currais Novos/ RN;
− Diagnosticar o comportamento das concentrações de N(NO-3) nas águas
subterrâneas do meio urbano;
− Conhecer os aspectos relacionados à relação da população/área ocupada
(densidade demográfica) do meio urbano estudado;
− Conhecer a atual situação das redes coletoras de esgotos;
− Analisar as relações entre o comportamento do N(NO-3), a densidade
demográfica urbana e o ordenamento da rede coletora de esgotos da cidade.
14
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
3.1. LOCALIZAÇÃO
O Município de Currais Novos/RN localiza-se na mesorregião Central Potiguar e
microrregião do Seridó Oriental, distante 180 km da cidade de Natal. O município possui
uma área territorial de 864,349 km2 e densidade demográfica de 49,35 hab/km2
(IBGE,2010), limitando-se com os municípios de Lagoa Nova, Cerro Corá, Acari, Campo
Redondo, São Vicente e São Tomé e com o Estado da Paraíba. O Censo demográfico de
do IBGE estima uma população para 2020 em torno de 44.905 habitantes.
O referido município está inserido no Núcleo de Desertificação do Seridó,
caracterizado por precipitação média anual inferior a 800 mm (a média anual do
município é de 476 mm), risco de seca maior que 60 % (de acordo com o Relatório Final
do Grupo de Trabalho Interministerial para Redelimitação do Semiárido e Polígono das
Secas em 2005), e estiagens prolongadas, com estação chuvosa concentrada nos meses
de fevereiro a abril. As temperaturas são elevadas durante todo o ano, com temperaturas
anuais média, mínima e máxima observadas em respectivamente 27,5º, 18º e 33ºC
(CPRM, 2005) e com horas de insolação de 2.400 (CPRM, 2005).
Figura 1: Mapa de localização do município de Currais Novos/ RN.
Fonte: Autora 2021
15
3.2. ASPECTOS FÍSICOS
3.2.1. Clima
O estado do Rio Grande do Norte (RN) pode ser considerado de clima
subúmido e semiárido, visto que segundo as normais climatológicas, 75% dos municípios
apresentam precipitações médias anuais inferiores aos 880 mm (LUCENA, 2018). De
acordo com Valadão et al (2016), a parte semiárida do RN – microrregião do Seridó –
está enquadrada pela Convenção de Combate à Desertificação (CCD) como núcleo de
desertificação, por apresentar déficit hídrico em condições de clima semiárido. Conforme
a classificação por índices de aridez, onde este relaciona o volume da precipitação ao da
evapotranspiração, tem-se que: as áreas com índice entre 0,05 a 0,20 são classificadas
como áridas; entre 0,21 e 0,50, semiáridas; e entre 0,51 e 0,65, subúmidas secas. Assim,
conforme o índice de aridez a área em apreço está classificada como semiárida,
compreendendo um clima muito quente, com temperatura média anual de 27,50C, tendo
sua máxima de 330C e mínima de 180C (CPRM, 2005), umidade relativa média anual de
70,4% e precipitação média anual de 523mm e de estiagens prolongadas e 2.400 horas de
insolação (CPRM, 2005, JESUS, 2014).
Em decorrência da região estudada ter um clima de transição Tropical de
Zona Equatorial para Tropical do Nordeste Oriental possuindo subdomínio Semiárido
Mediano, o período de estiagem pode se alongar de 8 meses. Dados da série EMPARN
do ano de 2016, podem ser observados na figura 2, o qual demonstra um baixo regime
pluviométrico (EMPARN, 2017).
De acordo com os dados da EMPARN, que se utiliza de dados coletados em
pluviômetros locais e dos dados da série histórica entre os anos de 1963 até 2006, o
município de Currais Novos apresentou uma média de chuva anual de 521,5 mm. Sendo
que entre os anos de 2012 a 2017 (EMPARN, 2012; EMPARN, 2017), um regime de seca
se estabeleceu na região e a condição de um quadro muito seco foi instalado, como podem
ser observadas nas informações do ano de 2016 (EMPARN, 2017).
16
Figura 2: Acumulativo de chuvas no município de Currais Novos em 2016.
Fonte: EMPARN, 2017.
3.2.2. Vegetação
A região do semiárido brasileiro apresenta condições climáticas de
semiaridez devido o déficit hídrico, as precipitações irregulares que possibilitam períodos
de estiagens prolongadas, altos níveis de radiação solar e elevadas taxas de
evapotranspiração, a qual reduzem a umidade do solo.
Dentro destas características da região, está inserido o bioma caatinga cuja
vegetação, de acordo com Fernandes e Queiroz (2018), é constituída principalmente por
árvores baixas e arbustos profusamente ramificados, frequentemente armados com
espinhos ou acúleos, geralmente com folhas pequenas, entremeados com plantas
suculentas (geralmente cactos), e um estrato herbáceo formado por plantas anuais
(principalmente terófitos), bromélias terrestres e cactos rasteiros.
A formação vegetal do município de Currais Novos tem predominância do
bioma caatinga, nome que significa mata branca e se caracteriza pelo aspecto da
vegetação na estação seca, quando suas folhas caem e revelam os troncos brancos das
árvores e arbustos na paisagem seca (BEZERRA JÚNIOR E SILVA, 2007). De acordo
com a CPRM (2005), o município sobredito apresenta dois tipos de caatingas:
Hiperxerófila e Subdesértica do Seridó, Hipoxerófila (floresta subcaducifólia), além da
Mata ciliar.
A caatinga do seridó, denominada hiperxerófila e subdesértica, tem sua
17
vegetação com plantas de porte mais baixos, geralmente inferior a 7 metros, com
aspecto arbóreo-arbustivo esparso se fixando em solos rasos e composta
principalmente por capim panasco e cactáceas (COSTA, 2009; LUCENA, 2016).
Já a caatinga hipoxerófila ocupa uma estreita faixa entre a zona úmida e o sertão,
sendo plantas que se caracterizam por um porte arbóreo-arbustivo (OLIVEIRA,
2012). E, a mata ciliar, sua área sofre influência fluvial de rios e riachos
intermitentes, sendo suas espécies vegetais adaptadas tanto aos períodos chuvosos
quanto ao período de estiagem; as quais podem ser encontradas como palmeiras,
salsa, muçambê, juazeiro e oiticica (OLIVEIRA, 2012).
3.2.3. Relevo
O relevo do Rio Grande do Norte é composto por planícies costeiras,
planaltos e chapadas sedimentares e colinas cristalinas da Depressão Sertaneja, que se
apresentam de diversas formas como serras, inselbergs, vales, dunas, tabuleiros
(NUNES,2006).
Milanez (2020) afirma que há sete padrões de relevo distintos na região de
Currais Novos, os quais são: Planaltos; Domínio de Morros e de Serras Baixas; Inselbergs
e Outros Relevos Residuais; Escarpas Serranas; Degraus Estruturais e Rebordos Erosivos;
Chapadas e Platôs; e Superfícies Aplainadas Retocadas ou Degradadas. E, Oliveira
(2012) endossa, com maior especificidade, afirmando que através de estudos da
declividade e hipsometria, além do Planalto da Borborema ser a unidade de maior
expressão, há também a Chapada da Serra de Santana, Encosta da Chapada da Serra de
Santana, Maciços Residuais e Planícies Fluviais.
Deste modo, tem-se que a área de estudo em relação as tipologias dos relevos
consideradas pela autora Oliveira (2012) podem ser descritas com os seguintes aspectos
e observadas na figura 3:
− Planalto da Borborema: são terrenos antigos formados pelas rochas Pré-
Cambrianas como o granito e representado pelo embasamento cristalino; onde se
encontram as serras e os picos mais altos com média de 200 a 400 metros de altitude,
porém na medida em que se desloca para a porção sudoeste do município, sua altitude
chega a aproximadamente 320 m (CPRM, 2005; OLIVEIRA, 2012). Seus solos são de
rasos a medianamente profundos e com certa frequência de afloramento rochoso e chão
pedregoso (JATOBÁ, 2006). Oliveira afirma que o planalto corresponde a uma área sob
condições de semiaridez, onde o intemperismo físico se torna mais acentuado, com
18
consequente desenvolvimento de superfícies aplainadas, resultando também da mudança
no aspecto da paisagem sobressaindo relevos residuais em forma de inselbergs e cristais
residuais. Ou seja, formas com topos retilíneos ou convexos esculpidos em litologias do
cristalino – esculpidas, comumente, em rochas ígneas e metamórficas (PMSB, 2017) – e
um baixo potencial hídrico subsuperfície (SOUZA et al, 1996) com aprofundamento até
50 metros.
− Planalto Residual: são chamados de Maciços Residuais – formas de
inselbergs e cristais residuais – onde se tem na sua porção sudeste, a Serra do Acauã cujo
afloramento é constituído em superfície de erosão de forma ondulada do tipo "pão-de-
açúcar"; sendo composta por rochas ígneas graníticas e tendo em sua lateral esquerda um
platô capeado por rochas sedimentares da Formação Serra dos Martins (OLIVEIRA,
2012). Oliveira ainda acrescenta que o afloramento de serra entre Currais Novos e Cuité
(PB) tem forma convexa muito pequena, de topos concordantes, talhadas em rochas
xistosas com encostas pavimentadas por fragmentos de quartzo pouco ferruginizado e
intercaladas por vales de fundo chato.
− Chapada da Serra de Santana: apresenta feições de chapadões tabulares
extensos, com encostas abruptas que margeia a Depressão Sertaneja, possuindo altitudes
superiores a 700 m (NOGUEIRA, 2011); sendo constituída de superfície tabular erosiva
(OLIVEIRA, 2012). O topo forma uma pequena cornija de aproximadamente 2 m de
espessura.
− Encosta da Chapada da Serra de Santana: área de relevo fortemente
inclinado com altitudes que chegam a 600 m apresentando escarpas erosivas presentes na
porção norte do município.
− Planícies Fluviais: são superfícies de acumulação de sedimentos que
formam áreas de solos mais férteis, onde estão em altitudes mais baixas, sendo
ocupadas por plantações de capim-elefante e vegetação de mata ciliar (OLIVEIRA,
2012).
19
Figura 3: Perfil geomorfológico.
Fonte: Dantas e Ferreira, 2010. Adaptado.
No que se refere as águas subterrâneas do município, Milanez 2020, atesta
que o platô formado pela Serra de Santana, no limite norte de Currais Novos/RN, é uma
importante fonte de recarga dos aquíferos presentes na região e que os processos de
infiltração em terrenos sedimentares elevados são mais intensos, alimentando dessa
forma, também os reservatórios cristalinos subjacentes.
3.2.4. Geologia
O Município de Currais Novos está geologicamente no embasamento
cristalino, estando inserido na Província Borborema que correspondente ao Domínio Rio
Piranhas-Seridó, constituído pelas rochas do Complexo Caicó, Suíte Poço da Cruz e
formações: Jucurutu, Equador, Seridó, Serra do Martins, além das Suítes Intrusivas – São
João do Sabugi, Itaporanga, Dona Inês (PMSB, 2018).
O Domínio Rio Piranhas-Seridó é constituído essencialmente por rochas do
Complexo Caicó (gnaisses e migmatitos, predominantemente), intrudidas pela Suíte Poço
da Cruz (augengnaisses paleoproterozoicos/orosirianos), os quais são cobertos por rochas
do Grupo Seridó, onde estão inseridas as principais minerações do estado para scheelita,
ferro e ouro, além de gemas e pedras ornamentais associadas a pegmatitos intrusivos na
região (MEDEIROS et al, 2010).
O Complexo Caícó foi subdividido cartograficamente em duas unidades:
Unidade metavulcanossedimentar e a Unidade de ortognaisse e, outra parte do complexo
continuou indivisa. A Unidade indivisa (PMSB, 2018; Medeiros et al, 2010) classifica
que a primeira unidade, mais antiga, é formada por gnaisses calcissilicáticos, gnaisses
xistosos, quartzitos ferríferos, formações ferríferas, gnaisses bandados, por vezes,
migmatizados, e migmatitos; enquanto a segunda, é classificada, de acordo com o PMSB
20
(2018), como uma suíte magmática expandida com composição gabróica, tonalítica,
granodiorítica e granítica; com predominância dos termos tonalítico graníticos, onde suas
rochas granitóides apresentam coloração cinza à esbranquiçada e granulação média a
grossa.
Oliveira (2012) acresce que seu relevo tem declive suave a ondulado e com
superfície inclinada a fortemente inclinada e, altimetria que varia de 370 m a 570 m.
Ferreira e Albuquerque (1969) acrescentaram que o Complexo Caicó seria composto por
uma sequência litológica de alto grau metamórfico.
A Formação Jucurutu consta, essencialmente, de gnaisses de cor cinzento
azulada com lentes de epidoto, onde os mármores, as formações ferríferas e os
paragnaisses indicam um ambiente de sedimentação marinho raso; enquanto os quartzitos
e metaconglomerados basais sugerem deposição em ambiente continental (JARDIM SÁ,
1994; PMSB, 2018). De acordo com Medeiros et al (2010), os principais depósitos de
scheelita (CaWO4) da Província Scheelitífera do Nordeste são encontrados em rochas
calcissilicáticas dessa formação. Oliveira (2012), afirma que a área apresenta altimetria
que varia de 340 m a 510 m e seu relevo tem caracterísitcas com aspecto ondulado e com
superfície inclinada e fortemente inclinada.
Na formação Equador estão incluídos quartzitos e metaconglomerados, onde
os primeiros são esbranquiçados até cremes e cinzas, finos a médios, com foliação bem
desenvolvida; enquanto o segundo são mono ou polimíctos, com matriz de coloração
cinzenta a esverdeada, predominantemente quartzosa (PMSB, 2018). Segundo Milanez
(2020), os quartzitos se constituem no principal tipo de rocha que formam o relevo de
serras e serrotes desssa região. Oliveira (2012) acresce que o relevo formado pelas rochas
da Formação Equador são em sua maioria de superfície inclinada a fortemente inclinada
e com altimetria variando de 450 m a 670 m.
O relevo esculpido nas rochas da Formação Seridó é de declive suave a
ondulado e inclinado a fortemente inclinado com altimetria variando de 310 m a 650 m
(OLIVEIRA, 2012). Sua litologia dominante consta de micaxistos feldspáticos ou
aluminosos de fácies de médio a alto grau metamórfico, com sítios restritos de fácies de
baixo grau metamórfico (PMSB, 2018). Oliveira (2012) ainda expressa que o relevo tem
declive suave a ondulado e superfície inclinada a fortemente inclinada, com altimetria
que varia de 370 m a 570 m.
A Formação Serra do Martins, de acordo com Medeiros et al (2010), é
representada por sedimentos que afloram em chapadas de relevo plano a levemente
21
ondulado, constituídos por arenitos médios a conglomeráticos, argilosos (por vezes
cauliníticos) e crosta laterítica com seixos de quartzo. Ela pode ser definida em seis fácies
sedimentares principais da base para o topo: I – Fácies de arenitos finos/médios/grossos;
II – Fácies de arenitos conglomeráticos; III – Fácies de arenitos grossos a muito grossos;
IV – Fácies de arenitos médios; V – Fácies de arenitos finos e VI – Fácies de siltitos a
argilitos (PMSB, 2018).
Oliveira (2012), afirma que, no município de Currais Novos, essa formação
aparece em uma pequena porção na parte noroeste, em área pertencente ao capeamento
sedimentar do platô Santana da Serra de Santana e de relevo com declive suave, com
altimetria que varia de 710 m a 720 m. A autora ainda complementa que na parte da
porção nordeste a qual é representada pela encosta da Serra de Santana, o relevo se
apresenta com superfície inclinada e fortemente inclinada e com altimetria que varia de
660 m a 690 m; e na porção sudeste – representada pela Serra do Fogo, divisa com Picuí
(PB) – o relevo com superfície inclinada e fortemente inclinada tem a altimetria que varia
de 580 m a 650 m.
A Suíte São João do Sabugi é representada por rochas de cor cinza a preta, de
granulação fina a média, grossa nos termos gabróides e, em geral, de estrutura isotrópica,
com orientação nas bordas, fortemente deformadas no pluton de São João do Sabugi
(PMSB,2018). Medeiros et al (2010) indica que essa suíte é encontrada como corpos
isolados ou, mais comumente, associadas a corpos dos granitoides porfiríticos da Suíte
Itaporanga, em relevo com declive suave e altimetria que varia de 350 m a 380 m.
A Suíte Itaporanga é constituída de um conjunto de rochas graníticas e tem
como principal característica uma textura porfirítica grossa a muito grossa, constituída
por megacristais de feldspato potássico que podem atingir até cerca de 10 cm de
comprimento (PMSB, 2018). Segundo Oliveira (2012), a altimetria varia de 360 m a 590
m em relevo com declive suave a ondulado e relevo com superfície inclinada a fortemente
inclinada; e em menor expressão, um relevo íngreme de região de montanha localizado
nas bordas da Serra de Santana que estabelece limite com Currais Novos. E, Medeiros et
al, (2010) seus litotipos (anfibólio-biotita ou biotita-monzogranitos) tem presença,
comum, de enclaves da Suíte São João do Sabugi, sugerindo coexistência de mistura de
magmas.
Quanto à Suíte Dona Inês, essa apresenta uma composição de rochas
plutônicas de granulação grossa a média constituída por megacristais de feldspato
potássico que podem atingir até cerca de 10 cm de comprimento (OLIVEIRA, 2012). Sua
22
granulação fina a média e coloração cinza-clara, de variações microporfiríticas de
composição granítica, tem seus fácies com muscovita primária e granada, as quais são
relativamente raras que ocorrem como corpos isolados, bem como na forma de diques
com espessura centimétrica a decimétrica (MEDEIROS et al, 2010).
Por fim, a Suíte Poço da Cruz é formada por rochas mais antigas dos tipos
augengnaisses graníticos e leuco-ortognaisse quartzo monzonítico a granítico, fazendo
parte do subdomínio do embasamento Rio Piranhas, sempre associado ao Complexo
Caicó (CPRM, 2005; PMSB, 2018). As citadas rochas são de granulação grossa com
altimetria que varia de 320 m a 550 m, em relevo com declive suave a ondulado e relevo
com superfície inclinada a fortemente inclinada (CPRM, 2005; OLIVEIRA, 2012).
3.2.5. Solo
O município de Currais Novos tem a predominância de Neossolos Litólicos,
além de associações de Latossolo amarelo, Argissolos e Luvissolos. Dessa forma, os
solos apontados têm as seguintes características:
− Neossolo Litólico: são solos que ocorrem em áreas de topografia
acidentada em colinas cristalinas, planalto e depressões do semiárido, associados a
afloramentos de rochas. As somas sequenciais de seus horizontes não ultrapassam 50
cm de espessura até o contato com a rocha, apresentando, deste modo, pouca
profundidade e relevo acidentado que possibilita uma atividade erosiva intensa
(OLIVEIRA, 2012). De acordo com Nunes (2006), sua capacidade de infiltração é
pequena, facilitando o escoamento na superfície devido a sua rápida saturação.
− Latossolo Amarelo: são solos que se encontram em relevos de declive
suave de topo de chapada e relevos ondulados e de superfície inclinada, apresentando
altimetria que varia de 650 a 720 m (OLIVEIRA, 2012). Originários de rochas
sedimentares da formação Serra do Martins, são profundos (2 m), bem desenvolvidos
com boa agregação entre as partículas, de porosidade abundante e permeável e
suscetibilidade à erosão reduzida (NUNES, 2006)
− Podzólico Vermelho-Amarelo: são solos encontrados em áreas de relevo
plano a ondulado, com profundidade média a profunda, fortemente a moderadamente
drenado e originados de rochas sedimentares (Formação Barreiras) ou associados a
rochas cristalinas metamórficas; apresentando certa suscetibilidade aos processos
erosivos (NUNES, 2006). Por esse solo decorrer de uma transição de um horizonte
mais arenoso para um horizonte subsuperficial mais argiloso, a infiltração de água ao
23
longo do perfil, em decorrência desse aspecto, representa um obstáculo, favorecendo
o escoamento superficial e subsuperficial e diminuindo sua permeabilidade,
conforme afirma Nunes (2006).
− Luvissolo: são solos com relevo suavemente ondulado a ondulado da
Depressão Sertaneja ou partes mais rebaixada da Bormorema. São rasos a pouco
profundos (80 cm) com pedregosidade superficial e afloramentos rochosos, sendo
originários de rochas ígneas metamórficas.
Assim, a figura 4 abaixo, representa as divisões dos tipos de solo do município
de Currais Novos.
Figura 4: Mapa de solos do município de Currais Novos/RN.
Fonte: Oliveira, 2012.
24
3.2.6. Hidrologia
A hidrologia do Rio Grande do Norte se caracteriza pela presença de rios de
caráter intermitente e que em sua maioria obedecem a padrões de drenagem
condicionados pela estrutura geológica (MEDEIROS, 2003).
O município de Currais Novos está inserido na Bacia Hidrográfica do Piancó-
Piranhas- Açu, a qual apresenta um regime fluvial sazonal constituída por rios e riachos
intermitentes. Esta bacia compreende a sub-bacia do Rio Seridó que comporta alguns
principais afluentes como o rio Acauã, o qual é o encontro entre os rios Currais Novos e
Picuí. De acordo com Oliveira (2012) estes rios são intermitentes e configuram um padrão
de drenagem tipo dentrítico cujos barramentos de rios e riachos trouxeram oportunidades
de criação de lagos artificiais (açudes).
Um levantamento realizado pela CPRM (2005), identifica os corpos de
acumulação de água (açudes) no município, os quais estão elencados na tabela 1, abaixo.
Tabela 1 – Principais açudes do município de Currais Novos/RN (CPRM, 2005).
RESERVATÓRIO VOLUME
(m3)
Dourado 10.322.000
Totoró 3.941.000
Pedra Branca, Gangorra ou Úrsula Medeiros 2.682.000
Desembargador Salustino, São Roque, Furna da Onça, Público de Currais
Novos 3.815.000m3
Barra do Catunda 2.240.000
Alívio, Feijão 796.312
Riacho Fechado II, Mocotó, Saco dos Veados e Barra Verde Não informado
A região de Currais Novos apresenta um número considerado de açudes que
fazem parte da dinâmica fluvial da região, onde o Dourado, maior em volume, tem uma
área de 364,83 km2 (OLIVEIRA, 2012).
3.2.7. Hidrogeologia
A hidrogeologia de meios fissurais tem a sua principal aplicação no domínio
das rochas ígneas e metamórficas, designadas como rochas cristalinas. Estas rochas
cristalinas são litologias caracterizadas pela pequena e/ou inexistente porosidade
intergranular (porosidade primária) e a circulação e o armazenamento da água
subterrâneas são condicionados por superfícies e/ou planos de descontinuidades
(porosidade secundário), caracterizando um aquífero fraturado (CORIOLANO, 2002).
25
Dados levantados pela CPRM (2005) apontam que o Município de Currais
Novos está inserido em dois domínios: Domínio Hidrogeológico Intersticial e Domínio
Hidrogeológico Fissural. O primeiro, Domínio Intersticial, é composto de rochas
sedimentares da Formação Serra dos Martins e depósitos de aluviões formados por areias
de composição quartzosa que são encontrados ao longo dos principais rios da região, a
exemplo dos Rios Currais Novos, Picuí e Acauã. O segundo, Domínio Fissural, é
constituído de rochas do embasamento cristalino que englobam o subdomínio rochas
metamórficas constituído da Formação Seridó, Formação Jucurutu e da Formação
Equador; e o subdomínio rochas ígneas constituído dos Granitóides, Suíte Poço da Cruz,
Suíte calcialcalina Itaporanga, Suíte calcialcalina Conceição e da Suíte Máfica. Costa
(1982) afirma que para terrenos cristalinos, o clima exerce influência na qualidade das
águas subterrâneas através dos sais que se concentram gradualmente nas fraturas das
rochas e que determinados tipos de rochas de elevada solubilidade como o calcário e a
gipsita também podem influenciar no processo de salinização da água (CRUZ 1967 e
1974 e LEAL, 1969). Já Diniz Filho (1999) complementa associando a condição de solos
pouco espessos e pouco drenados. Para Coriolano (2002), solos espessos podem ter uma
relação com a vegetação, a qual tem uma maior evapotranspiração e, consequentemente,
maiores precipitações que proporcionarão melhores condições de recarga de aquíferos no
cristalino.
Logo, o Município de Currais Novos por apresentar um clima seco, solos
rasos e poucos espessos, pouca cobertura vegetal e ter natureza anisotrópica das rochas
cristalinas, suas águas se caracterizam por elevada salinidade e baixas vazões, tendo desta
forma, de acordo com Diniz Filho (1999), um sistema de recarga comprometido com
baixa vocação e potencial hidrogeológico. Milanez (2020) ainda destaca que para
aquíferos cristalinos, a heterogeneidade na estrutura dificulta a locação de poços,
aumentando consideravelmente o insucesso nas perfurações. Diagnóstico realizado pela
CPRM (2005) indicou uma faixa de vazão nos poços, do município de Currais Novos,
entre 0,3 m3/h 1,8 m3/h.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1. ASPECTOS DO SANEAMENTO BÁSICO
A conservação dos recursos naturais é um tema que vêm sendo debatido desde
final do século XX, uma vez que qualidade do meio ambiente e a qualidade de vida são
26
essenciais para o bem-estar da população. A disponibilidade de água potável vem sendo
reduzida ao longo dos anos devido a interferência da poluição nas fontes de águas
superficiais, subterrâneas e no próprio caminho que a água realiza no ciclo hidrológico.
O lançamento indiscriminado de esgotos nos corpos d’água bem como no solo, sem
tratamento, tem exigido medidas urgentes de controle.
No Brasil, o saneamento ainda apresenta um quadro precário decorrente da
carência de recursos para investimento e da deficiência ou da ausência de políticas
públicas de saneamento básico. A aprovação da Lei Federal nº 11.445/07, bem como o
Decreto Federal nº 7.217/10, inauguraram uma nova e desafiadora fase na história do
saneamento no Brasil, pois confirma o município como o grande protagonista dos
serviços vinculados ao saneamento básico no país, reafirmando a competência municipal
para legislar sobre assuntos considerados de interesse local, destacado sob o amparo da
Constituição Federal de 1988 (GIMENEZ, 2013). Vale destacar que, embora esta lei
tenha sido atualizada pelo novo marco legal do saneamento básico – Lei nº 14.026, de 15
de julho de 2020, a qual altera a Lei nº 11.445 para aprimorar as condições estruturais do
saneamento básico no país – a definição de Saneamento Básico, em nível federal, se
mantém como um conjunto de serviços, de infraestruturas e instalações operacionais
compostos por: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário (tratamento e
disposição final adequada dos esgotos sanitários), limpeza urbana, e manejo de resíduos
sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais (BRASIL, 2007).
Essa normativa também considera a universalização do serviço, de modo que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de Lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando
a gestão associada de serviços públicos. O Decreto Federal sobredito, regulamenta a Lei
11.445/07 estabelecendo diretrizes nacionais para o saneamento básico. Somado a estes
preceitos, há a Resolução Recomendada n° 75/2009 do Ministério das Cidades, a qual
determina orientações relativas à Política de Saneamento Básico e ao conteúdo mínimo
dos Planos de Saneamento Básico.
No que concerne à Constituição do Estado do Rio Grande do Norte de 1989,
consolidada através da Emenda Constitucional nº 013/2014 – citada no Plano Municipal
de Saneamento Básico de Currais Novos/ RN (PMSB/ 2018) – é da competência comum
do Estado e dos Municípios promover programas de construção de moradias e a melhoria
das condições habitacionais e de saneamento básico. O Plano ainda consta que a Lei
Estadual nº 8.485/2004 destaca e define os instrumentos da Política Estadual de
27
Saneamento básico, sendo eles: o Plano Estadual de Saneamento Básico; o Fundo
Estadual de Saneamento Básico; a compulsoriedade do uso das redes de abastecimento
de água e de esgotamento sanitário, quando disponíveis; e, a cobrança pelo uso das redes
de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
Embora os instrumentos dessa política ainda não tenham sido institucionalizados,
o Estado do Rio Grande do Norte e o Município de Currais Novos dispõem de um
mecanismo para o ordenamento jurídico estadual, o qual contém as diretrizes e metas que
permitem uma melhor visibilidade das normas e ações sobre as quais devem estar
pautadas o saneamento básico (PMSB, 2018). Nesse cenário, destaca-se a Lei municipal
No. 3.355 de 28 de dezembro de 2017 – que tem por finalidade assegurar a promoção e
proteção da saúde da população e a salubridade do meio ambiente urbano e rural, além
de disciplinar o planejamento e a execução das ações, obras e serviços de Saneamento
Básico, estabelecer diretrizes e definir os instrumentos para a Regulação e Fiscalização
da prestação dos serviços de Saneamento Básico do Município de Currais Novos.
Entretanto, o município ainda não possui uma formatação de regulação, sistema de
informações e fiscalização dos serviços de saneamento básico.
Quanto ao Plano Diretor do Município, este foi aprovado e sancionado através da
Lei Complementar Municipal Nº 008 de 01 de novembro de 2007 com o objetivo de ser
o principal instrumento da política de desenvolvimento e expansão urbana, de
ordenamento territorial, de desenvolvimento social e econômico, de preservação
ambiental e da identidade cultural e histórica do município (PMSB, 2017). E apesar de o
município de Currais Novos contar com a Lei Complementar Municipal Nº 10/ 2015,
onde se encontra a delimitação legal de seu núcleo urbano e áreas de expansão urbana,
não há uma Lei de Regulação, Ocupação e Parcelamento do solo urbano.
A definição de esgotamento sanitário pela lei 11.445/ 2007 em seu artigo 3o
assevera que é a constituição de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de
coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde
as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. A Fundação Nacional
de Saúde (FUNASA, 2017) declara que o sistema de esgotamento sanitário (SES) visa o
controle de doenças e outros agravos, assim como contribui para a redução da
morbimortalidade provocada por doenças de veiculação hídrica e para o aumento da
expectativa de vida e da melhoria na qualidade de vida da população. Para que o SES
possa diminuir os impactos no meio ambiente e reduzir os riscos à saúde pública, é
importante que os sistemas que abrangem todo o conjunto de redes de esgotos que vão
28
das redes coletoras, interceptores, sifões invertidos, emissários, corpo de água receptor,
estações elevatórias até as estações de tratamento funcionem corretamente.
A, total ou parcial, solução coletiva para o esgotamento sanitário nas áreas urbanas
e rurais exige a implantação de algum meio de tratamento e disposição das águas residuais
com o objetivo de evitar a contaminação, em especial, ao solo e das águas superficiais e
subterrâneas e a proliferação de vetores transmissores de doenças (PMSB,2017).
O SES do município de Currais Novos é constituído por 14 sub-bacias
apresentando quatro sistemas de tratamento de esgoto, onde um se encontra desativado e
o outro é operado pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte
(CAERN). Contudo, não há infraestrutura projetada para a coleta e tratamentos dos
esgotos industriais nem plano diretor de esgotamento sanitário que oriente para obras e
as ações implementadas nesta esfera.
4.2. RECARGA URBANA
A recarga das águas subterrâneas pode ser definida no senso geral como o fluxo
de água descendente que alcança o nível da água de um aquífero livre, formando uma
reserva de água adicional para as águas subterrâneas (MELO et al, 2005).
De acordo com Lerner (1999), Simmers e Vries (2002), a recarga pode ser
apresentada de forma direta, indireta e localizada. A primeira resulta da precipitação, a
segunda do aporte de águas superficiais e terceira de uma concentração de água na
superfície horizontal quando não há canais bem definidos. Porém, quando se trata de
recarga em meio rural e urbano, Hirata e Wahnfried (2005) afirmam que os caminhos e
fontes de recarga da água subterrânea em áreas urbanas são mais numerosos e complexos
do que em áreas rurais, pois, a maior parte das grandes quantidades de água são
importadas de outras bacias hidrográficas para abastecimento (BRITO et al., 2019)
Entretanto, por mais que se tenha o conceito de que nas zonas urbanas a
impermeabilização dificulta o sistema de recarga, uma vez que diminui a infiltração
acelera o escoamento superficial. Este conceito foi refutado por Foster (1999); que aponta
que, as perdas de água através da rede de coleta de água e esgoto, bem como irrigação de
jardins são meios de recarga mais significativos quando comparados a zonas rurais. Esta
condição para a recarga das águas subterrâneas pode ser denominada de recarga acidental.
Silva (2017) sinaliza que ela ocorre com a incorreta disposição de efluentes em fossas
sépticas não impermeabilizadas, escoamento superficial de áreas urbanas, rupturas em
sistemas de abastecimento de água e esgotos ou demais vazamentos (SILVA,2016).
29
Um estudo de Lerner (2002), para regiões áridas e semiáridas, constatou que são
comuns os vazamentos nas redes de água e coleta de esgoto, os quais alcançam uma taxa
em cerca de 20-25% e podendo até atingir 50%, provocando uma ampla quantidade de
recarga. O referido autor ainda endossa com exemplos de uma cidade na Rússia, Tomsk,
cuja taxa de vazamento é em torno de 15-30% e Göteborg, na Suécia que compreende um
valor de 26% (SILVA,2016)
A Agência Nacional de Águas (ANA) executou um estudo para a gestão das águas
subterrâneas na região de Belém (PA) e identificou que os índices de perdas físicas nas
redes de distribuição de água são superiores ao índice médio do Brasil (36,7%) e em
relação aos vazamentos na rede coletora de esgotos foi estimado 26,8%; denotando que,
a parcela da recarga nas zonas urbanas, proveniente do esgotamento sanitário, é altamente
indesejável por ser tratar de um volume de água contaminada, representando, desta forma,
uma forte ameaça à qualidade das águas subterrâneas. (ANA, 2018). Tucci (1997) ainda
assegura que grande parte das cidades brasileiras utilizam fossas sépticas como destino
final do esgoto e esse conjunto tende a contaminar uma parte superior do aquífero, a qual
pode comprometer o abastecimento de água urbano quando existe comunicação entre
diferentes camadas dos aquíferos através de percolação e de perfuração inadequada dos
poços artesianos.
Uma das razões que resultam para este quadro atestada por Lawence (1998) é que
a maioria das cidades em desenvolvimento, a instalação de sistemas de rede esgoto fica
consideravelmente atrás do crescimento populacional e da oferta de abastecimento de
água.
A figura abaixo (FIGURA 5), adaptada por Viviani-Lima (2007) apresenta o
processo de recarga em áreas urbanas.
30
Figura 5: Percurso de recarga de água subterrânea por rede de abastecimento de água e
esgoto.
Fonte: Adaptado por Viviani-Lima (2007).
4.3. RELAÇÕES DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E AS CONCENTRAÇÕES DE
NITROGÊNIO NO COMPOSTO NITRATO – N(NO3-)
Processos de urbanização de áreas sem um planejamento de uso e ocupação do
solo podem trazer sérias consequências no campo de impactos sociais bem como,
ambientais. No que concerne aos impactos decorrentes às águas subterrâneas, Silva
(2020) atesta que uma das principais preocupações é a carga contaminante em zonas
residenciais sem esgotamento sanitário seja partindo de tanques sépticos a fossas negras.
Portanto, sabendo-se que tais fontes de poluição podem comprometer as águas
subterrâneas a partir da contaminação por nitrato, se faz necessário o conhecimento do
ciclo do nitrogênio para compreender o mecanismo de contaminação desses sistemas
hídricos.
Sperling (2014) conceitua que o ciclo do nitrogênio se alterna entre várias formas
de estados de oxidação, tendo dentre elas a do NO3-, no qual acontece processos
bioquímicos de conversão de NH3 a NO2- e deste a NO3
-; associando, deste modo, a uma
poluição mais remota e fornecendo indicações sobre o estágio da poluição. Sperling ainda
31
acrescenta que quando o N2 está na forma de N ou NH3, significa uma poluição recente e
caso ele esteja no formato de NO3-, constata-se uma poluição mais antiga.
Manoel Filho (2008) adverte que a conversão do N (nitrogênio orgânico) nos
processos de amonificação – conversão do N em NH4+ – e nitrificação – NH4
+
transformado em NO2- e depois em (NO3
-) – favorecem a movimentação do NO3- nas
águas subterrâneas por ser considerado a forma do nitrogênio dissolvido.
De acordo com Silva (2020), o NO3- é a forma mais completamente oxidada do
nitrogênio e é formado durante estágios finais da decomposição biológica, possuindo
grande mobilidade no solo e sendo extremamente solúvel em água.
Para regiões constituídas por rochas cristalinas, e em consequência por aquíferos
fissurais, a percolação da água acontece em zonas de fraturamentos e descontinuidades
cujo caminho preferencial do fluxo depende dos padrões fundamentais que são a junção
entre as fraturas (conectividade) e a medida de separação entre as paredes rochosas ao
logo do plano de quebramento (abertura) – SANTOS, 2005. Manoel Filho (2008)
complementa que a pouca profundidade das águas subterrâneas e as rochas fraturadas que
possuem alto teores de O2 (oxigênio gasoso) dissolvido, promovem a movimentação sem
retardo do NO3-. Além deste caráter, Heath (1983) discorre que o solo também é um meio
de difusão, uma vez que suas características físicas em conjunto com as características
das rochas e a composição mineral podem fazer com que a movimentação de poluentes
seja afetada de diferentes modos, dado que as características hidráulicas de solos e de
rochas determinam o caminho tomado e, a velocidade, do movimento dos contaminantes.
Do ponto de vista sanitário, seu consumo, por meio das águas de abastecimento,
está associado a dois efeitos adversos à saúde: a indução à metahemoglobinemia,
especialmente em crianças (impedindo o transporte de oxigênio no sangue) – “síndrome
do bebê azul” – e a formação potencial de nitrosaminas carcinogênicas. No entanto, a
relação entre a ingestão de águas com a presença de nitrato e doenças cancerígenas ainda
não foi demonstrada de forma conclusiva (BOUCHARD et al., 1992).
A região do município de Currais Novos está situada em terrenos do embasamento
cristalino compreendida por solos pouco desenvolvidos, rasos e com minerais primários
facilmente intemperizáveis (PMSB, 2018), contribuindo para que o nível de infiltração
do NO3- aumente; uma vez que este tipo característico de solo apresenta pouca matéria
orgânica, impossibilitando uma melhor relação C/N das plantas, por estas terem
dificuldades de fixação e crescimento de suas raízes.
32
5. METODOLOGIA
A primeira fase dessa pesquisa incluiu o levantamento de dados e informações sobre
os poços tubulares nas instituições gestoras em âmbito nacional – na Companhia de
Recursos Minerais (CPRM), estadual – no Instituto de Gestão das Águas e em nível
municipal - na Secretaria de Agricultura, através da Coordenadoria do Meio Ambiente.
Esse levantamento inicial subsidiou o planejamento das atividades de campo, que
compreendeu: (a) a elaboração de um formulário para o cadastro dos poços tubulares e
das fontes de poluição e contaminação (anexo 1) in loco compreendendo identificação do
poço e respectivo proprietário, localização através das coordenadas geográficas, situação
atual do poço (ativado/desativado ou abandonado) e sua profundidade, nível estático (NE)
(m), nível dinâmico (ND) (m), vazão (L/h) e ano de construção registrados em planilha
(anexo 2) e (b) a preparação de uma base cartográfica para a localização dos poços
cadastrados.
A partir dessa base inicial foram realizadas as atividades de campo envolvendo: (a)
reconhecimento do meio urbano do município de Currais Novos e (b) o cadastro dos
poços tubulares e das possíveis fontes de contaminações no entorno dos poços tubulares
levantando o tipo de fonte, coordenadas geográficas e sua distância até o poço tubular,
onde pode ser verificado pela ficha de cadastro no ANEXO 1.
Após o alcance de aproximadamente 60% do total dos poços cadastrados, cuja
distribuição espacial já era representativa de todo o meio urbano (anexo 4) foram
selecionados os poços para as coletas de água e a realização das análises de concentrações
de N(NO-3), conforme demonstrado na tabela 2. Os pontos para a coleta da água
subterrânea ocorreram nos poços da zona urbana do Município de Currais Novos, entre o
período de agosto a outubro de 2018 cuja coleta foi quinzenal. A seleção envolveu poços
distantes e próximos às fontes de contaminação, seguindo os procedimentos de coleta,
preparo e preservação das amostras de acordo com ABNT NBR 15.469:2015. As
amostras foram armazenadas em garrafas plásticas de 1 litro (1000 ml) e enviadas para
análises no NUPPRAR, laboratório localizado na UFRN. Foram confeccionados mapas
temáticos que compreenderam: (i) a distribuição dos poços tubulares cadastrados; (ii) os
poços selecionados para análise do comportamento das concentrações de N(NO-3); (iii)
fontes de contaminação e (iv) da rede coletora de esgoto do município de Currais Novos.
Paralelamente a esse conjunto de atividades e ao longo de todo o estudo foram realizadas
pesquisas no intuito de compor um referencial teórico para contribuir com a discussão e
a compreensão do comportamento das concentrações de nitrato nas águas subterrâneas
33
do meio urbano de Currais Novos. Nessa perspectiva, houve a necessidade de registrar
como referencial teórico os seguintes temas: (i) aspectos legais do saneamento no
município de Currais Novos à luz do contexto nacional e regional; (ii) recarga urbana,
(iii) relações das águas subterrâneas e as concentrações de Nitrogênio no composto
Nitrato N(NO-3).
Tabela 2 – Poços tubulares selecionados para a coleta de água.
Fonte: Elaborado pela autora
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A sistematização e interpretação dos dados dos cadastros possibilitaram a
identificação do quantitativo de 93 (noventa e três) poços tubulares, construídos na zona
urbana do Município de Currais Novos, Anexo 2, cujas localizações estão apresentadas
na figura 6. A situação dos poços operantes e inoperantes constam na figura 7. De acordo
com o cadastro realizado, os poços em atividade apresentaram vazões entre 1 m3/h a 8,5
m3/h e profundidades de 30 metros a 98 metros, conforme apresentado em planilha no
ANEXO 2, bem como registros das atividades laborais do estudo da área no ANEXO 3.
ID - POÇO BAIRRO
PT 03 Paizinho Maria
PT 05 Paizinho Maria
PT 08 Centro
PT 14 Centro
PT 18 Gilberto Pinheiro
PT 19 Gilberto Pinheiro
PT 22 Manoel Salustino
PT 24 Manoel Salustino
PT 29 Juscelino Kubtischek
PT 35 Juscelino Kubtischek
PT 48 Dr. José Bezerra
PT 53 Silvio Bezerra
PT 55 Radir Pereira
PT 63 Parque Dourado
PT 67 Parque Dourado
PT 68 Sta. Maria Gorete
PT 91 Juscelino Kubtischek
34
Figura 6: Localização dos poços cadastrados em Currais Novos/RN.
Fonte: Figura adaptada pela autora da pesquisa (IBGE, 2020).
Figura 7: Mapa de identificação dos poços operantes/inoperantes.
Fonte: Figura adaptada pela autora da pesquisa (IBGE, 2020).
35
A configuração espacial da presença das redes coletoras de esgotos com tratamento e
sem tratamento está demonstrada na figura 08, enquanto na figura 09 estão adicionadas
as fontes de poluição/contaminação do tipo fossas sépticas, que ainda são utilizadas, no
meio urbano do município de Currais Novos.
Figura 8: Mapa de delimitação dos bairros com rede coletora de esgoto.
Fonte: Figura adaptada pela autora da pesquisa (CAERN, 2019; IBGE, 2020).
36
Figura 9: Delimitação dos bairros, rede de saneamento e representação de fontes de
contaminação, do tipo tanques sépticos.
Fonte: Figura adaptada pela autora da pesquisa (CAERN, 2019; IBGE, 2020).
A tabela 3 compreende os dados populacionais dos bairros, que foram levantados
com base no banco de dados das Unidades Básicas de Saúde, UBSs, as áreas dos
respectivos bairros e suas respectivas densidades demográficas. A tabela 4 apresenta as
concentrações de N(NO-3) mg/L e as densidades demográficas por bairros.
37
Tabela 3– População, área e densidade demográfica dos bairros.
Bairro *População
(Habitantes)
**Área do
Terreno
(Km²)
Densidade
Demográfica
(Hab/Km²)
Centro 2.960,00 1,04 2.846,15
Dr. Sílvio Bezerra de Melo 4.172,00 8,89 469,29
Gilberto Pinheiro 2.969,00 5,51 538,84
Juscelino kubitschek 5.476,00 0,57 9.607,02
José Bezerra 2.699,00 4,17 647,24
José Dantas de Araújo 3.125,00 0,82 3.810,98
Manoel Salustino 6.201,00 1,29 4.806,98
Paizinho Maria 3.885,00 8,22 472,63
Parque Dourado 2.848,00 0,44 6.472,73
Radir Pereira 2.131,00 1,09 1.955,05
Santa Maria Gorete 2.994,00 0,31 9.658,06
Total 39.460,00 32,35 1.219,78
Fontes: *População - Secretaria de Saúde do município de Currais Novos - Banco de Dados das Unidades
Básicas de Saúde dos Bairros. ** Levantamento realizado pela autora
Tabela 4 - Concentrações de N(NO-3) mg/L e densidades demográficas por bairros.
*Valor Limite de Referência = 10 mg/L. conforme a Portaria de Consolidação No 5 de 28 de
Setembro de 2017, Anexo XX, do Ministério da Saúde.
Id - Poço Bairro N(NO-3) mg/L
*VLR=10mg/L **Densidade
Demográfica
(hab./Km²)
PT 03 Paizinho Maria 11,3 472,63
PT 05 Paizinho Maria 22,64
PT 08 Centro 17,23 2.846,15
PT 14 Centro 69,01
PT 18 Gilberto Pinheiro 27,92 538,84
PT 19 Gilberto Pinheiro 21,89
PT 22 Manoel Salustino 15,08 4.806,98
PT 24 Manoel Salustino 35,12
PT 29 Juscelino
Kubitschek 19,54 9.607,02
PT 35 Juscelino
Kubitschek 20,53
PT 48 Dr. José Bezerra 18,79 647,24
PT 53 Silvio Bezerra 4,83 469,29
PT 55 Radir Pereira 20,76 1.955,05
PT 63 Parque Dourado 35,81 6.472,73
PT 67 Parque Dourado 41,59
PT 68 Sta. Maria Gorete 46,31 9.658,06
PT 91 Juscelino
Kubitschek 25,11 9.607,02
38
Fonte: Autor da pesquisa (2019).
** Estimativas realizadas a partir do levantamento das populações, por bairros, com base nas informações
emitidas pelas Unidades Básicas de Saúde UBSs do município de Currais Novos.
A partir dos dados já demonstrados em mapas, associados às informações sobre as
populações dos bairros, como também das suas respectivas áreas, densidades
demográficas, concentrações de N(NO-3) e das informações sobre a abrangência das
redes coletoras de esgotos, foi possível realizar algumas análises sobre as relações entre
densidade demográfica, presença ou não de redes coletoras de esgotos e comportamento
do nitrogênio (N) no composto nitrato (NO-3).
Inicialmente, constatou-se que todos os poços, com a exceção do poço PT 53, todos
apresentam concentrações de N(NO-3) acima do valor máximo permitido, de 10 mg/L,
conforme estabelecido na Portaria de Consolidação No. 5 de 28 de Setembro de 2017,
Anexo XX, do Ministério da Saúde (MS) e na Resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente, CONAMA No. 357 de 17 de Março de 2005.
Quando se comparam os resultados destas concentrações de N(NO-3), entre os
bairros, observa-se que o poço PT 53, que apresentou a menor concentração de N(NO-3),
da ordem de 4,83 mg/L, está localizado no Bairro Silvio Bezerra de Melo, cuja densidade
demográfica atualmente, de 469,29 hab./Km², é a menor, quando comparada com os
outros bairros. No entanto, os poços PT 03 e PT 05 localizados no bairro Paizinho Maria,
que apresenta uma densidade demográfica de 472,63 hab./Km², valor aproximado ao do
Bairro Silvio Bezerra de Melo, já apresentam concentrações superiores a 10 mg/L. De
modo que dos 17 poços analisados 11 poços estão com concentrações acima de 20 mg/L
atingindo o valor de 69,01, no Centro da cidade.
Quando se analisa o comportamento do N(NO-3), no contexto dos bairros com a
presença da rede coletora de esgotos, não são constatadas relações de controle de
contaminação a partir da presença destes sistemas de esgotamento sanitário. Nesse
contexto, vale destacar que devido ainda existir pelo menos 20% do meio urbano
municipal com ausência de redes de coletas e tratamento de esgoto, essa situação continua
potencializando os efeitos dos impactos dos efluentes nas águas subterrâneas,
principalmente considerando que se trata de meio fissural e que por sua vez é vulnerável
a esse tipo de contaminação, devido as suas próprias características naturais. Além disso,
existe o fato de que, mesmo 80% da cidade tendo redes coletoras de esgotos, deve-se
considerar a existência de falhas nas estruturas das redes coletoras, que podem causar
39
vazamentos e consequentes infiltrações de efluentes no sistema hídrico subterrâneo. Além
disso, ressalta-se que além das fontes de contaminação mapeadas, como os tanques
sépticos, existe a presença de esgotos a céu aberto, em alguns dos bairros. Portanto, no
âmbito desse estudo não foi verificado uma relação direta entre a presença de rede
coletora de esgoto e concentrações de nitrato abaixo de 10 mg/L. Isso foi observado em
apenas 01 poço, como já foi mencionado. Outros fatores relevantes na discussão desses
resultados envolvem alguns pontos abordados no referencial teórico, como:
(i) as perdas, através da rede de coleta de água e esgoto se tornam veículos de recarga
significativa em meio urbano, sendo denominada de recarga acidental, Foster (1999).
Estudos indicam que as perdas atingem cerca de 20 a 25% e podendo até atingir 50%,
Lerner (2020);
(ii) As características naturais do aquífero que armazena as águas do meio urbano do
município de Currais Novos favorece a infiltração, através das zonas de fraturamentos e
descontinuidades cujo caminho preferencial do fluxo depende das junções entre as
fraturas (conectividade) das rochas que constituem o sistema aquífero. Associado a esse
conjunto de comportamentos ainda existe o fato da elevada mobilidade do íon nitrato,
nesses sistemas.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora, sendo imprescindível aumentar a oferta de água no meio urbano do
município de Currais Novos, devido aos períodos prolongados de escassez hídrica, o qual
sempre compromete o fornecimento de água de seus principais açudes, se faz necessário
destacar que: (i) a perfuração de poços tubulares, na área urbana, sem os devidos estudos
sobre as condições hidrogeológicas e hidrogeoquímicas; (ii) a ausência de rigorosos
controles, quanto às próprias construções dos poços tubulares; (iii) a falta de controle
quanto às fontes de contaminação, durante a locação dos poços tubulares; (iv) a ausência
de monitoramento do comportamento da evolução das concentrações de N(NO-3). Tudo
isso associado a atual estrutura da rede de coletas de esgotos, incluindo as perdas, tem
promovido a evolução das concentrações de N(NO-3), nas águas subterrâneas do meio
urbano do município. Portanto, considerando os resultados obtidos e as avaliações
realizadas, nesse estudo, percebe-se a extrema necessidade de uma gestão integrada, pelo
menos, entre as políticas de desenvolvimento urbano, saneamento, recursos hídricos e
40
resíduos sólidos. Além disso, é de suma importância a instalação de redes de
monitoramento das concentrações de nitrato nos poços tubulares, como também o
monitoramento e controle das perdas de esgoto na rede coletora.
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45
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46
ANEXO 1
Ficha de cadastro dos poços
47
ANEXO 2
Cadastro dos poços em atividade e suas respectivas vazões e profundidades.
CÓD. COORDENADA
BAIRRO PROFUNDIDADE
(m)
VAZÃO
(m3/h) LAT. LON.
PT 01 9307648 775807 Paizinho Maria NI NI
PT
02 9307514 775834 Paizinho Maria 63 NI
PT 03 9307874 775585 Paizinho Maria NI 1,2
PT 04 9307550 775725 Paizinho Maria NI NI
PT 05 9307724 776551 Paizinho Maria NI 0,55
PT 06 9306958 775521 Paizinho Maria NI 6
PT 07 9306910 775664 Paizinho Maria 60 1,5
PT 08 9307054 775319 Centro NI 1,5
PT 09 9306964 775311 Centro NI NI
PT 10 9307602 775372 Centro NI NI
PT 11 9307378 775197 Centro 60 0,85
PT 12 9307352 775333 Centro 60 2,45
PT 13 9307606 775364 Centro NI NI
PT 14 9307524 774913 Centro 60 2
PT 15 9306090 774506 Gilberto
Pinheiro 40 1,5
PT 16 9306716 774226 Gilberto
Pinheiro 30 2,4
PT 17 9306420 774681 Gilberto
Pinheiro 40 4,8
PT 18 9306384 774731 Gilberto
Pinheiro NI 1,2
PT 19 9306532 775290 Gilberto
Pinheiro NI 30
PT 20 9306528 775197 Gilberto
Pinheiro NI NI
PT 21 9306350 774743 Gilberto
Pinheiro 52 3,5
PT 22 9307398 774184 Manoel
Salustino 40 1,5
PT 23 9307034 774365 Manoel
Salustino NI NI
PT 24 9306698 774210 Manoel
Salustino 50 0,75
PT 25 9308114 773929 JK 98 0,43
PT 26 9307858 773708 JK 72 1
PT 27 9307954 773838 JK 47 1
PT 28 9307736 774041 JK NI NI
PT 29 9307546 774324 JK 64 0,3
PT 30 9307846 774004 JK NI NI
48
PT 31 9307886 774357 JK 36 NI
PT 32 9307888 774357 JK NI NI
PT 33 9307850 773655 JK NI 2,5
PT 34 9307616 774155 JK NI NI
PT 35 9307850 773654 JK 50 NI
PT 36 9307848 774004 JK NI NI
PT 38 9308472 772695 Valfredo Galvão 60 NI
PT 39 9308314 772500 Valfredo Galvão NI NI
PT 40 9308036 772798 Valfredo Galvão 40 NI
PT 41 9308292 772452 Valfredo Galvão NI NI
PT 42 9307994 772586 Valfredo Galvão NI NI
PT 43 9308300 772937 Valfredo Galvão NI NI
PT 44 9308306 772429 Valfredo Galvão NI NI
PT 45 9308280 772472 Valfredo Galvão NI NI
PT 46 9308372 774266 Valfredo Galvão 80 2
PT 47 9308168 773032 Valfredo Galvão NI 5,02
PT 48 9308970 773962 Dr. José Bezerra NI 6
PT 49 9309146 774628 José Dantas de
Araújo NI NI
PT 50 9309200 774593 José Dantas de
Araújo NI NI
PT 51 9309268 774553 José Dantas de
Araújo 80 3,6
PT 52 9309234 774564 José Dantas de
Araújo 60 2,2
PT 53 9303770 774055 Silvio Bezerra 60 2,65
PT 54 9308562 774648 Radir Pereira NI NI
PT 55 9308892 775000 Radir Pereira 38 8,5
PT 56 9309320 774584 Radir Pereira NI NI
PT 57 9309142 774930 Radir Pereira 52 3,8
PT 58 9309180 775193 Radir Pereira NI 2
PT 59 9308622 774838 Radir Pereira 40 NI
PT 60 9308566 774674 Parque Dourado 32 1,5
PT 61 9308362 774562 Parque Dourado 52 5
PT 62 9307818 775302 Parque Dourado NI NI
PT 63 9308170 774712 Parque Dourado 52 4,8
PT 65 9307766 775271 Parque Dourado NI NI
PT 66 9308578 774851 Parque Dourado NI NI
PT 67 9308210 774765 Parque Dourado 60 0,98
PT 68 9307642 775134 Sta. Maria
Gorete 60 7
PT 70 9307732 774816 Sta. Ma. Gorete NI NI
PT 72 9308030 774601 JK NI NI
PT73 9307406 774173 Manoel
Salustino NI 6
49
PT 74 9307220 774078 Manoel
Salustino NI 4,2
PT 75 9307312 774138 Manoel
Salustino 60 0,25
PT 76 9307430 774211 Manoel
Salustino 40 0,2
PT 77 9307454 774211 Manoel
Salustino 42 2,4
PT 78 9307564 773751 Manoel
Salustino 56 0,1
PT 79 9307556 773656 Manoel
Salustino 48 1
PT 80 9307530 773669 Manoel
Salustino NI 1,2
PT 81 9307562 773612 Manoel
Salustino 50 0,25
PT 82 9307702 773762 Inocoop 60 2
PT 83 9305854 774095 Gilberto
Pinheiro 50 1,2
PT 84 9305922 774357 Gilberto
Pinheiro NI NI
PT 85 9306110 774317 Gilberto
Pinheiro NI NI
PT 86 9305482 774027 Distrito
Industrial 49 2
PT 87 9304804 774113 Distrito
Industrial 60 2,8
PT 88 9308202 773760 JK NI NI
PT 89 9308396 773491 Dr. José Bezerra NI 5 a 1
PT 90 9308740 773423 Dr. José Bezerra NI NI
PT 91 9308374 774263 JK 63 NI
PT 92 9307174 775016 Centro NI NI
PT 93 9307556 776239 Paizinho Maria NI 2
50
ANEXO 3
Registros fotográficos das atividades realizadas em campo
PT 04 - Poço inoperante (falta de
equipamento (DNER).
Fonte: Autora da pesquisa (2018).
PT 26 – Casa de carnes (poço
operante)
Fonte: Autora da pesquisa (2018).
PT 53 – Matadouro municipal (poço
operante).
Fonte: Autora da pesquisa (2018).
PT 79 – Poço paralisado (baixa
vazão).
Fonte: Autora da pesquisa (2018).
Material utilizado nas medições
(medidor de nível e trena).
Fonte: Autora da pesquisa (2018).
Material utilizado para
georreferenciar os poços. Fonte: Autora da pesquisa (2018).