UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
Memórias para uma análise da trajetória profissional
docente
Natal/ RN
2018
ERIKA RIBEIRO DE LIMA
Memórias para uma análise da trajetória profissional
docente
Relato Reflexivo elaborado pela acadêmica do curso
de Pedagogia, Erika Ribeiro de Lima, como trabalho
de conclusão de curso (TCC) apresentado à
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
parte dos requisitos para obtenção do grau de
Licenciada em Pedagogia
Orientação: Prof. Thiago Isaias Nobrega de Lucena
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Lima, Erika Ribeiro de.
Memórias para uma análise da trajetória profissional docente / Erika Ribeiro de
Lima. - 2018.
42 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Centro de Educação. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Thiago Isaías Nobrega de Lucena.
1. Experiências Profissionais - Pedagogia - TCC. 2. Práticas Pedagógicas - TCC.
3. Educação - TCC. I. Lucena, Thiago Isaías Nóbrega de. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 37
Elaborada por Sara Sunaria de Almeida Silva Xavier – CRB-15/572
ERIKA RIBEIRO DE LIMA
Relato de Experiência apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do título de licenciatura em Pedagogia.
Aprovada em 12/ 06/ 2018.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Thiago Isaias Nobrega de Lucena - Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Prof. José Antônio Gomes César- 1º Membro Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Profª Josineide Silveira de Oliveira- 2º Membro Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN)
Sumário
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
1. PERCURSO DE FORMAÇÃO ............................................................................... 6
1.1 A creche (casinha Feliz) ...................................................................................... 6
1.2 Alfabetização (Vilar dos Reis) ............................................................................ 7
1.3 Ensino Fundamental 1º e 2º série (Centro de Ensino Mineiro) ........................... 8
1.4 Ensino fundamental da 3º à 8ªserie (Colégio Solução Maranhense) ................ 10
1.5 Ensino médio..................................................................................................... 14
2. A PEDAGOGIA ....................................................................................................... 18
2.1 Disciplinas Pilares ............................................................................................. 20
Experiência Prática ................................................................................................. 23
2.2 Estágio pela SME (Secretaria Municipal de Educação) ..................................... 24
2.3 Reflexão sobre a prática de educação.............................................................. 27
2.4 ESTÁGIO OBRIGATÓRIO III ........................................................................... 31
2.4 A COORDENAÇÃO ......................................................................................... 32
3. IMPRESSÕES ........................................................................................................ 37
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 43
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INTRODUÇÃO
A educação é um processo constante que implica no conhecimento a
sequência de ação-reflexão segundo as ideias de Paulo Freire, nisso,
pude perceber o quanto esse processo foi decisivo entre os percursos de
minha vida, desde os primeiros contatos com a educação básica enquanto
discente até o ensino superior. As experiências como um todo na
formação do indivíduo contribuem de forma decisiva para a formação da
identidade e devido a isso, levando em consideração os fatores de
resiliência como Cyrulnik (2005) apresenta em sua obra, neste trabalho
buscou-se analisar a trajetória que molda o professor e por isso serão
levados em consideração vivências e memórias que ajudaram a formar o
indivíduo professor em mim.
Este relato está dividido em três sequências, inicialmente descrevo minhas
memórias sobre o percurso de formação básica , em seguida exponho uma
síntese do meu contato com a pedagogia , destacando as disciplinas que
me foram mais importantes bem como práticas de estágio enriquecedoras,
depois exponho minhas reflexões sobre as prática experienciadas durante
o curso e por fim o texto é concluído com as sugestões sobre todas as
experiências que o curso de pedagogia me ofereceu e a profissional que
me tornei.
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1. PERCURSO DE FORMAÇÃO
1.1 A creche (casinha Feliz)
Meu contato com a escola , começou aos 3 anos de idade quando
estudei na creche “Casinha Feliz” na cidade de Belém no Pará, onde
nasci e morei com minha família durante esse tempo. Lembro-me da
dificuldade de permanecer na escola que como qualquer criança, era
difícil segurar o choro ao me desfazer dos meus pais e entrar em um
espaço estranho. Minha mãe muito preocupada tinha um certo receio
sobre a metodologia que a escola aplicava, ela acreditava que de alguma
forma as crianças sofriam agressão mas isso nunca foi investigado.
Durante as aulas, nas atividades de pintura, das poucas que
participei quando não estava dormindo em um colchonete posto no canto
da sala, a professora usava de tinta guache, cola colorida ,giz de cera,
massinha e outros materiais que desenvolvesse nossa criatividade e
interação com outras criança, o que pra mim, uma criança tímida ,era um
pouco mais difícil. Dessa época não lembro de muitas situações, mas
ouvindo alguns relatos de minha mãe sobre minha infância ,ela revela que
nesse período de 3 para 4 anos de idade na escola, a professora insinuou
em uma conversa que poderia haver algum tipo de atraso mental em mim
e em outras crianças, que tinham dificuldades em se relacionar e
participar das atividades. Entendo que àquela época as formações de
magistério ainda preservavam práticas da educação tradicional1 e poucos
estudos existiam na área da educação especial como temos hoje.
Qualquer dificuldade que o aluno apresentasse em seu desenvolvimento
era motivo de rótulo quanto ao atraso mental. Talvez pelas abordagens
antigas presentes na formação da professora, fosse difícil compreender
que cada criança apresenta um desenvolvimento biológico e mental
diferenciado, não ao ponto de ser “anormal” como sugeria que fosse.
1 Concepção antiga da educação baseada no positivismo em que considerava o professor o
centro das atenções no processo educacional, foi introduzida no final do século XIX com o advento do movimento renovador.
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1.2 Alfabetização (Vilar dos Reis)
Pelo fato do meu pai ser militar, a mudança de cidade era comum
devido às missões e localidades especiais que seu trabalho provia, por
isso algumas fases de minha vida passei em lugares diferentes que me
obrigou a estudar em escolas diferentes. Assim, aos meus 4 anos de
idade, em 1995, nos mudamos para a cidade de Porto Velho no estado de
Rondônia, onde por aproximadamente um ano moramos junto com meu
tio e tia , primo e prima, até conseguir receber uma casa dentro da vila
militar. No mesmo ano completei 5 anos de idade, momento que cursei a
alfabetização no turno da manhã em uma escola chamada Vilar dos Reis,
localizada em umas das principais avenidas da cidade, de pequeno porte
e com poucos alunos matriculados. Porém a estrutura era muito boa,
dispondo de parque, quadra esportiva, lanchonete, banheiros,
aproximadamente seis salas de aulas, uma coordenação/direção,
secretaria e uma pequena sala para fazer algumas atividades práticas.
Atendia da antiga alfabetização2 até a antiga 4ºsérie.
Em minha turma, com dez alunos matriculados aproximadamente,
existiam 2 professoras a “Dorinha” uma senhora de 40 anos, que
ensinava religião e era substituta na falta de professores e outra mais
jovem que não recordo o nome, aparentava ter 25 anos de idade e era
professora polivalente, que ensinava português, matemática, ciências.
Não tenho certeza se existiam aula de geografia , história ou estudos
sociais, acredito que o foco do ensino era intensificado em português por
estarmos na etapa que confere a formatura do ABC no final do período
letivo, motivo que intensificava a leitura e escrita. Sobre a metodologia da
professora durante as aulas, avalio como tradicional, sendo comum á
época, em que se ensinavam as letra isoladas sem contextualização, o
vulgo “ba, be , bi …” , bem como as disciplinas eram fragmentadas não
buscando relação entre si.
Sobre essa questão, entende- se que :
2 Que corresponde hoje em dia ao 1º ano, após regulamentação que obriga a matrícula a
partir dos dos 6 (seis) anos de idade, e o ensino fundamental com duração de 9 anos.
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“...é nossa cultura científica que fragmenta o saber
para melhor controla-lo. Uma criança real não pode
ser fragmentada, ela é um ser total no qual a
melhoria corporal se associa ao progresso da
linguagem e cuja inteligência se alia à afetividade.”
(CYRULNIK ,2005. P 26.)
. Por muito tempo senti muita dificuldade com o reconhecimentos das
letras e não compreendia por que era tão importante se saber sobre elas.
Essa metodologia usada pela professora me fez sofrer ainda mais em
casa onde minha mãe me ensinava da forma que ela tinha aprendido na
escola, acreditando que tudo seria resolvido à base da palmatória e da
cartilha. Apesar do processo demorado, de alguma forma aprendi a
escrever e posteriormente a ler. Nessa escola não houveram queixas
quanto ao meu possível atraso como foi relatado pela professora durante
o período da pré escola, pelo contrário, consegui me relacionar bem com
outras crianças, fazer atividades corretamente e usar bastante da minha
criatividade principalmente nas aulas de artes. No final do ano participei
da festa formatura conhecida como “ festinha do ABC” onde fui aluna
oradora da turma.
Após aprender a ler e escrever, meu interesse com pelo ensino
começou a se desenvolver. Em minhas brincadeiras , comecei a
reproduzir a imagem da professora em sala de aula, enfileirando meus
ursinhos de pelúcia e minhas bonecas como se estivessem todos prontos
a assistir uma aula e responder atividades preparadas por mim. Apesar
de minha grande dificuldade ainda com as palavras, eu mesma respondia
todas elas mas não sabia se as respostas estavam certas e isso me
deixava um pouco insegura, pois como professora eu sentia que deveria
saber mais que os alunos.
1.3 Ensino Fundamental 1º e 2º série (Centro de Ensino Mineiro)
No ano seguinte o Colégio Vilar dos Reis teve que fechar suas
portas, não sei por quais motivos mas foi posto à venda. Com isso tive de
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mudar de escola , foi então que estudei minha 1º e 2º série no Ensino
Mineiro,uma escola de maior porte, localizada também em uma das
avenidas mais movimentadas da cidade de Porto velho. A quantidade de
alunos que frequentavam a escola ela bem maior que na anterior, agora
em minha turma da 1º série tinham aproximadamente 18 à 20 crianças
matriculadas. O poder aquisitivo das famílias dos outros alunos era maior,
assim como a mensalidade da escola despendia maiores custos
comparado à escola anterior em que fiz a alfabetização.
Como uma escola de grande porte ,esta funcionava nos turnos da
manhã e tarde, e em sua estrutura, tinha quadra esportiva, parque,
cantina, sala da secretaria e coordenação refrigerada, aproximadamente
8 salas, 1 biblioteca no primeiro andar e 1 sala de experimentos de
ciências que nunca foi visitada por minha turma. Dessa vez a escola tinha
uma quantidade maior de eventos culturais durante o ano, e a rotina de
pela manhã cantarmos enfileirados o Hino Nacional, do estado de
Rondônia e o hino á Bandeira.
A professora da turma era formada pelo magistério e tinha
aproximadamente 35 ano, foi a mesma que também acompanhou minha
turma na 2º série. Nessa escola não demorou muito tempo até começar a
ser importunada por alguns meninos da turma , que por causa do meu
sotaque e a aparência do meu cabelo volumoso, proferiam palavrões sem
outro motivo aparente que não fosse o preconceito, outras vezes me
apelidavam de qualquer coisa que passasse por suas cabeças e fizessem
referência ao meu cabelo. Com o tempo dessas agressões verbais e
psicológicas, comecei a desenvolver um problema de falar em público e
algumas crianças começaram a me achar estranha por quase não
ouvirem minha voz, falava muito baixo na tentativa de esconder a
presença em sala de aula.
Durante o primeiro ano nessa escola, minhas notas começaram a
ficar cada vez mais baixas, ao ponto de por pouco não reprovar no final
do ano letivo. Não consegui me adaptar muito bem á metodologia da
professora, baseada somente em cópia e atividades do livro didático.
Meus estudos ficaram prejudicados e não conseguia interagir muito bem
com outras crianças, resultando de uma época em que minha timidez era
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resultado do desenvolvimento da baixa auto estima e falta de auxílio
médico e profissional. Em casa meus pais reclamavam do meu jeito ati-
social e acreditavam que minha atitude era proposital para receber mais
atenção deles e dessa forma não procuravam entender o que acontecia.
Observando hoje, percebo que essa falta de auxílio prejudicou algumas
conquistas em minha carreira acadêmica e profissional, me fazendo
perder muitas oportunidades de trabalhos e estudos.
A 2ºsérie seguiu da mesma maneira, ainda sem acompanhamento
específico, minhas notas continuaram baixas, fazendo meus pais
cogitarem a possibilidade de um atraso devido a minha “personalidade
tímida”. Lembro-me de não gostar de ler livros e quando lia só saiam sons
de palavras sem significados, não compreendia o que estava sendo lido.
Nesse caso acredito que a ajuda de um profissional fonoaudiólogo e
psicopedagogo faria um avanço positivo no meu contato com a leitura e
escrita.
Nessa mesma escola participei da minha primeira feira de ciências.
Juntamente com outra criança fiquei responsável de falar sobre os
alimentos saudáveis, algumas verduras foram levadas para escola e
colocadas em cima de uma bancada para exposição. Alí deveríamos
explicar sobre seus benefícios e propriedades para alimentação, mas
lembro de não conseguir explicar muito bem sobre aquilo, claramente
estava nervosa na minha primeira apresentação em público.
1.4 Ensino fundamental da 3º à 8ªserie (Colégio Solução Maranhense)
Passados 2 anos que morei em Porto Velho, mudamos para São
Luís no Maranhão, e lá permanecemos por 6 anos . Durante esse tempo
cursei da 3º séria à 8ª no Colégio Solução Maranhense . Localizada em
um bairro populoso de classe média que atendia alunos da educação
infantil até o ensino médio, uma escola de grande porte da qual nunca
tinha experienciado antes. Esta dispunha de ampla quadra esportiva,
mais de 20 salas de aula, 1 laboratório de informática, 1 laboratório de
química, 1 sala de vídeo, 1 cantina, 1 sala dos professores grande , 1
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recepção, 1 secretaria, 1 sala da direção, 1 sala da supervisão/
coordenação, 1 depósito, 8 banheiros.
Sobre a metodologia, aparentava ser menos tradicional em
comparação com as escolas em que já tinha estudado anteriormente.
Durante as aulas , com frequência os alunos eram solicitados a trabalhar
em forma de grupos e duplas para elaboração de trabalhos, também
existia a prática de contação de história antes das aulas, algumas
atividades no livro didático eram feitas de forma mais dinâmica, cópias no
quadro permaneciam , porém com bem menos repetições, era comum
haverem exercícios para casa que necessitasse da ajuda dos pais,
apresentação de peças teatrais, aulas fora da sala, visitas á biblioteca e
sala de vídeo dentre outras experiências e formas de aprender. Talvez
essa forma de ensino tenha me ajudado no que diz respeito ao bom
desempenho nas disciplinas, pois minhas notas melhoraram
significativamente e até em matemática agora já não me preocupava em
reprovar de ano. Porém a interação com as outras crianças ainda
continuava ruim. Lembro-me de fazer amizade apenas com uma menina,
durante a 3º série, mas na 4º ela tinha ido estudar em outra escola.
Durante essa 4º série minha timidez em falar em público só
aumentou. As vezes com vergonha da minha voz, levava falta durante a
chamada por não fazer nenhum som indicando a presença. Com o tempo
passei a levantar só o dedo indicador e não muito alto para que o
grupinho dos meninos que me me perseguiam não ficassem caçoando de
mim. Não conseguia fazer amizade com ninguém por que de alguma
forma não me identificava com as outras crianças. Durante uma reunião
com os responsáveis, a professora relatou à minha mãe que eu era muito
tímida e que só participava mais nas aulas de artes onde era o “meu
mundo” segundo ela. Em outra reunião, minha mãe foi questionada sobre
o tipo de parto pelo qual nasci e se tinha acontecido de maneira saudável.
Provavelmente a professora notou algo anormal em minha cognição mas
não sabia delimitar o que poderia ser, por isso partiu para questões
biológicas.
Paralelo aos conhecimentos escolares, parte da minha formação
nessa época foi desenvolvida com brincadeiras na rua da casa onde
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morei. Diferente da escola, conseguia interagir muito bem com as outras
crianças vizinhas que cresceram comigo durante esses seis anos em que
morei no mesmo bairro, e de todas as brincadeiras a que eu mais gostava
de brincar era a de contar histórias de terror do folclore brasileiro.
Algumas vezes pela noite me sentava em uma cadeira e contava à minha
maneira para crianças da minha idade e mais novas, algumas lendas do
folclore como saci, curupira, mãe d’água ,pés de garrafa , ou mesmo as
que me permitia inventar, sobre essas só lembro de uma chamada “a
noiva do diabo”.
Talvez minha criatividade não tivesse tanto limite na rua de casa como
tinha na escola, e é por isso que acabava ficando tão fechada às pessoas
que me cercavam na escola. Dessa forma fui aprendendo na rua sobre o
que era certo e errado a partir das atitudes de outras pessoas
combinando á minha educação em casa. Compreendi sobre
discriminação de classe social, racial , homossexual dentro de situações
de violência simbólica3 reproduzida por adultos e crianças. Conheci um
pouco da realidade sobre o tráfico de drogas e violência vivenciada dentro
das famílias de algumas crianças a qual brincava. Fui me identificando
com elas e de certa forma percebi que assim como eu elas também
passavam por situações ruins, mas em uma proporção e gravidade maior
que as minhas porém me sentia aceita por elas, já que não julgavam
minha maneira de ser como as da escola. Assim fui compartilhando um
pouco de mim com as crianças mais próximas, com as quais me
identificava. Assim diante de tais memórias:
“Somos moldados pelo real que nos cerca, mas não
temos consciência disso. A marca do real se
inscreve em nossa memória sem que possamos
perceber , sem que isso se transforme em um
acontecimento.” (CYRULNIK ,2005. P 14)
3Conceito social elaborado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu que se funda na fabricação
contínua de crenças no processo de socialização, que induzem o indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante.
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Bem, voltando à escola , fui me acostumando com o método
desenvolvido e recebia notas regulares que me mantinham na média que
a época era 7,00. Da 5º à 8º série me destaquei muito na disciplina de
ciências, fui uma das alunas que mantinha as melhores notas nesta
disciplina. Foi nesse momento que a vontade de ser veterinária só
reforçou mais minhas expectativas.
Durante essa fase escolar fui perdendo o medo de falar em
público. Como não mudei de escola, fui me familiarizando com os rostos
permanentes na turma a cada ano. Desenvolvi atitude e autonomia em
sala, mesmo sabendo que nunca fui uma aluna muito aplicada, e tendo
muita dificuldade de entender o conteúdo, comecei a participar das aulas
pedindo algumas vezes a fala para o professor.
Ainda nesse tempo tive a coragem de participar de uma apresentação
que muito me motivou. Por livre vontade dancei em uma apresentação
cultural de boi bumbá elaborada pela professora da minha turma. Nessa
escola as festividades eram fortes e levadas a sério , com direito á
fantasia e muito ensaio, de forma que tudo ficasse impecável.
No ensino fundamental II tínhamos a obrigação de participar de
eventos propostos pela escola, como o “mães carentes”, programa de
solidariedade criado pela escola onde trabalhávamos em estandes em
comunidades extremamente carentes. Acredito que esse tipo de
experiência me ajudou bastante no enxergar a presença de diferenças
econômicas entre classes. Outro evento obrigatório também eram as
gincanas que nitidamente estimulavam a competitividade entre turmas e
professores pois a recompensa em prêmio era em dinheiro no valor
altíssimo aquela época. Imagino que a escola superfaturava com os
patrocínios conseguidos pelos alunos e com a venda de ingressos.
Estudei nesta escola até a 8º série e como não falava muito, foi o
momento que desenvolvi mais a observação. Participei do time de vôlei,
que me ajudou bastante a superar algumas dificuldades. Levei pra vida
alguns ensinamentos e observações em relação ao comportamento
humano, e que como no esporte ,algumas estratégias são necessárias
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para se alcançar os objetivos. Competi junto desse time até ter que mudar
de escola novamente.
1.5 Ensino médio
Novamente mudei de cidade, voltei a morar em Porto Velho no estado de
Rondônia e a estudar na mesma escola que agora atendia o ensino
médio em um prédio recém construído, o Centro de ensino Mineiro.
Cursei até o 2ºano nesta escola. Novamente me via dentro da mesma
metodologia de ensino que na época do fundamental , me deixando com
as notas baixas novamente a ponto de quase reprovar em matemática
como antes. Lembro-me da falta que senti quanto as disciplinas de
filosofia e ética e cidadania, que não eram ensinadas nesta escola.
Posteriormente descobri que a disciplina de ciências sociais fazia parte
das disciplinas a serem ensinadas no ensino médio, porém acabei me
formando na escola básica sem nem saber ao menos que existiam.
A estrutura do prédio era mediana, com 1 quadra poliesportiva,1
lanchonete, 10 salas de aulas, sala da coordenação, direção e secretaria.
Não existia biblioteca nem laboratórios de química ou informática. A
quantidade de alunos matriculados por turma era mediana, seguia de 18 à
25 alunos .
Os materiais adotados pela escola eram as apostilas elaboradas por um
sistema de ensino que aos olhos de alguns professores eram muito bons,
porém aos olhos dos alunos era só mais um livro didático resumido e de
linguagem rebuscada que se sentia dificuldades em se adaptar.
Geralmente as apostilas eram usadas para encher o tempo em atividades
para em casa. Digo isso por que não havia correção posteriormente,
somente a passagem de visto pelo professor.
Semelhante à escola que estudei anteriormente, essa também
desenvolvia uma equipe de vôlei, mas muito prematura. Lembro que
existia um desejo enorme dentro de mim em participar das atividades do
time mas meus pais me proibiram por na visão deles ser uma coisa que
me faria perder tempo com relação ao foco no vestibular. Mas para mim o
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ensino superior estava muito longe dos meus anseios que no momento
era conseguir independência financeira para ficar livre do militarismo da
minha família, oportunidade que somente o trabalho poderia prover bem
antes que uma faculdade. Apesar de deixar alguns currículos, não fui
convocada para nenhuma entrevista e acabei sendo proibida pelos meus
pais de seguir o caminho do trabalho.
Nessa escola meu interesse pelos estudos começou a minguar, de
forma que fiquei ociosa e passei a não frequentar as aulas como antes. A
escola já não fazia parte dos meus planos, até o momento em que algo
atingiu minhas expectativas e me fez retornar a frequência como
antes.Foi a iniciativa de alguns colegas da turma em elaborar um grupo
teatral que se apresentaria como uma releitura sobre os contos de fadas.
Logo me convidaram para ser a personagem vilã da história , a que posso
dizer, que nas apresentações conquistava mais as crianças que os
famosos mocinhos e mocinhas. Assim, frequentamos vários lugares com
o grupo ,desde orfanatos, centro comunitário, igreja até mesmo outras
escolas, ficamos de certa forma conhecidos e tivemos uma matéria
dedicada a nós no jornal da cidade.
Essa experiência formadora deixou em mim, mesmo que inconsciente,
uma compreensão sobre as situações divergente à minha realidade,
como o desalento das crianças sem pais, a pobreza da comunidade de
bairros distantes , a doutrina e moral da religião no momento em que
tivemos que adaptar a peça por tais motivos e o reconhecimento de um
trabalho em conjunto quando parte de uma iniciativa verdadeira.
Chegado ao final do ano com as notas muito baixas, meu pai
resolveu me transferir para uma escola pública como se estivesse
desistindo de mim. Como já tinha estudado a educação básica quase toda
em escola particular fiquei animada pra estudar em uma escola do
governo. Dessa forma completei meu ensino médio na Escola Estadual
Major Guapindaia, localizada em um bairro próximo ao trabalho da minha
mãe, onde eu também trabalhava depois da escola.
Sendo uma escola recém reformada, e com nova diretoria,
faltavam muitos professores para completar o quadro de pessoal devido.
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Sua estrutura nova e ampla, segundo relatos, era por se tratar de uma
escola modelo. Algumas salas eram climatizadas e bem iluminadas, tinha
biblioteca, sala de jogos, quadra poliesportiva, cantina, pátio amplo,
auditório em construção, laboratório de ciências, direção, coordenação,
secretaria, depósito. Porém como dito antes não haviam professores para
todas as disciplinas e dessa forma tive o ensino prejudicado.
Assim, a formação insuficiente que estava tendo , fui matriculada
em um dos melhores cursinhos da cidade para me dedicar ao vestibular
mesmo contra minha vontade. Desse jeito minha rotina era assistir aulas
na escola pela manhã e pela noite frequentar o cursinho. Foi uma época
muito complicada entre a família, a escola e o vestibular.
Esse período foi propício para eliminar boa parte da minha timidez,
conheci pessoas legais na escola pública que me ajudaram bastante com
os estudos em grupos. Com a
convivência consegui perceber as diferentes realidade entre a
clientela da escola pública e do espaço privado, vejo que estes são
produto de seletividade financeira de cada um que o frequenta. Assim,
muitos não tinham expectativas quanto ao ensino superior por não ter
oportunidade como eu de fazer um cursinho pago e de qualidade. Alguns
acabavam trabalhando em lojas como vendedores ou qualquer outro
emprego que se aproveitam da mão de obra por um baixo salário.
Comecei a entender que não deveria resumir minhas expectativas
em independência para sair de casa por qualquer trabalho que surgisse,
já que a mim foi dado o outro lado da moeda e essa oportunidade poderia
resultar em um bom futuro profissional e acadêmico, além do ofício.
A escolha para o curso de ensino superior, foi impulsionada por
vários testes de proficiência, porém a maioria dos cursos revelado no
teste não tinham na Universidade de Rondônia -UNIR ,como o de
jornalismo, artes e teatro que faziam parte da minha vontade em
experienciar, por isso no fim da decisão, acabei optando pelo qual mais
se aproximava das minhas boas lembranças de escola e afinidade com o
conteúdo, A biologia.
17
Assim, fiz o vestibular e fui aprovada na primeira e segunda etapa e aos
17 anos entrei neste novo mundo que é o ensino Superior. Dentre tantos
caminhos percorridos, lá pude encarar minhas dificuldades com o apoio
dos amigos que fiz, conhecer pessoas com níveis intelectuais diferentes e
de cursos diferentes, também pude me surpreender com os sucessos e
insucessos nas disciplinas muitas vezes e descobri que a academia vai
muito além da formação técnica de uma área segregada como
geralmente é visto nas escola.
Nessa universidade cursei até o 2º período, até o momento em que tive
de mudar de cidade novamente. Fomos morar em Natal no Rio Grande
do Norte, cidade onde consegui fixar residência até então.
Em Natal continuei o curso de biologia transferido para
Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN) que comparado a
instituição anterior, essa seria muito diferente em vários pontos: a
clientela, infraestrutura, metodologia , programas de ensino e pesquisa,
projetos, estética etc. Enquanto na UNIR todos esses pontos não existiam
ou eram desenvolvidos de forma precária na UFRN eram colocados em
prática e conseguiam se manter.
Com o nível um tanto avançado, não consegui me adaptar ao
curso de biologia do qual cursei somente mais um período e acabei
desistindo. Senti que a área de ciências exatas não daria certo. Pensei
em estudar para o vestibular e escolher outros cursos mas não consegui
aprovação no vestibular, que na época se desenvolviam também em duas
fases, prova objetiva e dissertativa, assim fui eliminada na primeira etapa.
Durante os anos de 2011 e 2012, comecei a buscar cursos
técnicos e profissionalizantes para ter uma formação e conseguir entrar
no mercado de trabalho de forma qualificada. iniciei com alguns cursos
gratuitos de pouca duração pelo SENAC , como o de frentista e recreador
infantil. Terminados os curso não consegui trabalho nestas áreas e
comecei a entregar alguns currículos em call centers e algumas lojas mas
apesar de algumas vezes ter sido convocada entrevistas no fim não
aceitaram meu perfil. Então pesquisei sobre algumas áreas técnicas e
me identifiquei com o curso de Segurança do Trabalho. Procurei uma
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instituição privada e comecei as aulas instigada pra que tudo desse certo
e por esse motivo me cobrei mais e estudei bastante para as provas, fiz
vários trabalhos, tive notas boas, desenvolvi melhor minha fala em público
e fiz alguns amigos. No mesmo ano de 2012 fiz o Enem que nessa época
já garantia pelo SISU vaga nas universidades para os aprovados de
acordo com a nota de corte .Como 1º opção optei pelo curso de
pedagogia e em 2º opção o de psicologia. Lembro-me que não sabia
muito bem sobre as atribuições de um pedagogo. Fiz algumas pesquisas
sobre a profissão e descobri que existia um mundo vasto de
possibilidades para seguir carreira na área da educação, e assim encarei
como um desafio.
O curso de segurança do trabalho tinha duração de 2 anos, e
durante o período que completava um ano e meio de curso, recebi a
notícia de que tinha sido aprovada pelo SISU no curso de pedagogia, e
dessa forta tive que trancar o curso técnico.
2. A PEDAGOGIA
Iniciei no curso de pedagogia na turma de 2013.2 na UFRN,
quando as aulas ainda eram desenvolvidas no setor 1 da universidade. As
salas geralmente eram climatizadas e com aparelho de retroprojetor para
apresentação de slides no computador. Apesar de algumas salas faltarem
iluminação suficiente ou ter ar condicionados com defeitos, isso não foi
motivo para prejudicar a formação pois logo tais problemas eram
solucionados pelos serviços técnicos terceirizados da UFRN. Como já
tinha estudado anteriormente nesta universidade, estava mais
familiarizada com a localização dos setores, alguns departamentos, com o
circular, o Restaurante universitário e a biblioteca que visitava com
frequência.
O curso de biologia me serviu de reflexão e experiência quanto a
prática de ensino pois, fazendo um comparativo entre a postura do
professor durante as aulas do curso de pedagogia e as do curso de
biologia percebi que mantinham abordagens divergentes quanto a
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interação com os alunos. Enquanto na biologia todos tinham uma
abordagem mais técnicas científica, baseada em conteúdos ,trabalhos e
provas de curto prazo, mantendo-se distante dos alunos, no curso de
pedagogia, os professores faziam o inverso dialogavam mais com os
alunos ao invés de nos encher de conteúdos isolados, tudo era
contextualizado e trazido para nossa realidade, de forma que
pudéssemos realmente compreender o assunto. Busquei entender como
professores de uma mesma universidade e muitas vezes formado por ela
em suas licenciaturas poderiam ter abordagens tão contrárias uma das
outras. Enquanto no curso de ciências exatas prevalecia a prática
conteudista4,na pedagogia, mesmo nas disciplinas de ensinos, como
ensino de matemática, ensino de geografia , ensino de ciências e ensino
de história, onde se tem o conteúdo específico deve ser passado,, não se
identifica esse distanciamento com os alunos, pelo contrário, como
professores estávamos ali para aprender da maneira propícia ao
conhecimento, de como educar, não somente para o ofício ou os termos
básicos para se saber ler e escrever e ter conhecimento das disciplinas,
mas educar também para a vida, entendendo o contexto do aluno,
conscientizá-lo do meio social em que vive para que o conhecimento não
se limite ao âmbito da escola. Nesses termos estamos falando de
exercício da cidadania que está além das disciplinas cobradas no
currículo5.
Esse é o conceito de universidade que formei ,um espaço com
multiplicidade de saberes que nos formam de experiências além das
técnicas ou do ofício propriamente dito, que são favorecidos além do
currículo e que dialogam dentro de um mesmo espaço propondo a
diversidade de conhecimentos, a multiplicidade de idéias, a diversidade
cultural, a politização entre os alunos e toda experiência que vai além da
grade curricular . Dessa forma percebi que consegui superar meus
4 Baseado no ensino tradicional , prioriza a prática de memorização dos conteúdos pelos
alunos, também avalia a quantidade de informação absorvida por ele. 5Onde estão contido os conteúdos que deverão ser abordados no processo de ensino-
aprendizagem implementadas pelas instituições escolares e que deverão ser vivenciadas pelos estudantes.
20
desinteresses e dificuldades e adentrar em um novo mundo cheio de
expectativas profissional. Assim:
“Todos nós somos co-autores do discurso íntimo dos
feridos da alma. Quando o fazemos calar-se, nós os
deixamos agonizar na parte ferida de seu eu, mas
quando os escutamos com se recebêssemos uma
revelação, podemos transformar sua narrativa em
mito.” (CYRULNIK ,2005.p.44)
Durante o curso alguma disciplinas foram destaques para mim por
ter uma abordagem mais reflexiva e dialógica,que muito serviram para a
prática posteriormente. Logo de início para um primeiro contato com a
Universidade, as disciplinas de fundamentos se apresentaram com
abordagens mais introdutórias e de explanação, o que nos instiga a
pesquisar para saber mais sobre os assunto abordados, isso criaria em
nós uma certa autonomia para buscar profundidade maior por conta
própria. As disciplina introdutórias eram: Fundamentos Históricos
Filosóficos da Educação,ministrada pelo Professora Inês; Fundamentos
Psicológicos da Educação, ministrada pela professora Rita; e
Fundamentos Sócio-Econômicos da Educação, pelo professor Cabral.
Apesar do objetivo das disciplinas, julgo que os fundamentos poderiam
ter uma abordagem um tanto diferenciada por se tratarem de disciplina
que recepcionam os alunos, assim as aulas poderiam ser desenvolvida
fora da sala de aula, para proporcionar aos alunos um certo
distanciamento com a escola básica conteudista., a qual se está
acostumados no 1º período do curso.
2.1 Disciplinas Pilares
Experiências de leituras se tornam muito mais significativas quando
encontramos a prática, porque é neste momento que podemos perceber
a aplicabilidade dos conhecimentos tão complexos. Dessa forma, todas
21
as disciplinas são fundamentais para a formação do pedagogo, desde as
mais introdutórias até as mais específicas ,porém destaco aqui três pilares
que para mim foram de fundamental importância na prática da educação.
A primeiro que considero o pilar central do curso de pedagogia,
são as disciplinas de fundamentos psicológicos da Educação I e II,
obrigatórias do primeiro e segundo período, que na minha época foi
ministrada pela professora Rita, docente maravilhosa que soube muito
bem conduzir a disciplina mesmo com prazos curtos para finalizá-la.
Justifico que como pilar central, a disciplina nos faz compreender as
formas como o ser humano pode desenvolver a cognição a partir do
momento que explica sobre as correntes teóricas do desenvolvimento
humano. Nesta temática recordo o conteúdo sobre a Gestalt, o
comportamentalismo, o behaviorismo e o construtivismo, que muito
serviram para compreender as reações humanas. Também tivemos
aporte teórico para entender os processos de aprendizagem dos sujeitos,
com enfoque nos estudos de Piaget e Vygotsky, que muito auxilia nas
relações entre sujeito e formação social, etapas do desenvolvimento e a
cognição. Dessa forma possibilita abordagens que facilitam a
aprendizagem, ja que assim o professor tem um aporte teórico
compreensível sobre o que se estabelece dentro do indivíduo e deste com
a sociedade.
Outra disciplina de grande importância que considero como o
segundo pilar do curso é a de Aprendizagem e Desenvolvimento da
Linguagem e Alfabetização e Letramento I e II, que são o carro chefe da
pedagogia em se tratando de conhecimentos sobre a forma de ensinar a
“ler o mundo”, digo isso porque não se resumiria a ensinar a ler e
escrever como um vácuo na formação do sujeito, mas sim ler, escrever,
compreender e se comunicar com o mundo, nas sua diversas formas. As
Disciplinas foram experienciadas por mim no 2º,3º e4ºperíodo , e
ministrada pela professora Giane e Denise. Lembro-me de no 2º período ,
estar enfrentando uma gravidez de risco e em um momento do curso foi
me dado a opção de fazer o trancamento da disciplina pelo motivo de ter
um internamento inesperado e sem previsão de alta. Logo optei por não
trancar a disciplina, e fiquei sob atestado médico por 15 dias. Durante
22
esse período recebi apoio de minha família e de alguns professores que
fizeram o acompanhamento da disciplina à distância, me enviavam as
atividade e as provas pela internet para que eu não ficasse prejudicada
quanto a extensão do curso. Mas mesmo assim, sinto que muito me faltou
com relação à uma das disciplinas também importante na época que foi a
de educação infantil, também desenvolvida durante o 2ºperiodo do curso
de pedagogia. Não pude participar das aulas presenciais , nem dos
seminários apresentados. O que me deixa um tanto insegura quanto á
prática em sala de aula .
Continuando os pilares, cito o último e não menos importante que
os outros no que diz respeito a sua complexidade e obrigatoriedade em
todo modelo educativo, a didática. Disciplina obrigatória e desenvolvida
no 3 º período do curso de pedagogia que juntando as disciplinas de
fundamentos psicológicos da educação e alfabetização e letramento, para
mim formam o tripé do curso e pedagogia.
Como alunos de pedagogia , sabemos que a didática é um fator
muito importante para a formação do professor, por isso é de certa
dificuldade seu entendimento e prática, com isso o professor ministrante
deveria tomar cuidado com a própria didática aplicada ao curso superior
de formação de professores. Acredito que por força maior, essa disciplina
não pode ser tão elaborada como deveria pois o professor ministrante
teve que por umas semanas viajar e orientar alguns trabalhos nas bancas
de mestrado. Dessa forma não podemos culpabilizar a disciplina nem
muito menos o professor. Acredito que a direção do curso deveria estar a
par disso e saber sobre a carga de trabalho do professor responsável.
Diante dos três pilares citados, algumas disciplinas adjacentes me
chamaram atenção quanto sua importância prática que foram as de
Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial e Tecnologia da
Educação, porém posso dizer posso dizer que mesmo sendo importantes
também para a prática em sala de aula, acabam apresentando uma
formulação limitada, deixando o conteúdo limitado à teorias , como por
exemplo a de Educação e Tecnologia , que nitidamente é encarada como
um suporte na grade curricular do curso, se limitando a utilização de
aparelhos tecnológicos com pouca contextualização que faça sentido à
23
sociedade pós moderna em que vivemos, e onde a escola também se
insere. Essa disciplina ainda é encarada com distanciamento de nossas
relações humanas sob o uso do aparelho tecnológico, fragmentando de
nossas relações afetivas, culturais e psicológicas.
Sobre as disciplinas do curso posso afirmar que favoreceu em sua
completude, um ensino além do ofício, pois também abriu portas para o
desenvolvimento de novas habilidades pessoais antes desconhecida, o
envolvimento e interação social promovida de forma diferente em meio a
diversidade de pensamentos ,experiências de formação humana
enquanto aprendemos com nosso semelhante dentre outros
ensinamentos além do conteúdo proposto.
Experiência Prática
No percurso de minha formação tive a oportunidade de estagiar em
escolas e participar de bolsa de iniciação à docência concedida pela
capes pelo Programa de Iniciação à Docência- PIBID, o qual acoplei
muito dos conhecimentos teóricos em minha prática em sala de aula nas
escolas por onde passei.
Esse programa é voltado para os cursos de Licenciatura, no intuito
de complementar e aperfeiçoar a formação de professores para a
educação básica e a melhoria de qualidade da educação pública
brasileira com as experiências práticas em sala de aula , a partir de
atividades pedagógicas desenvolvidas nas escolas públicas de ensino.
Assim, logo no 2º período do curso de pedagogia,iniciei no PIBID
com intervenções em sala de aula, juntamente com minha dupla e na
Escola Estadual Professor Luiz Antônio localizada no bairro de
candelária. Nesta escola permaneci por dois momentos , em 2014 e
posteriormente em 2016.
Durante os primeiros meses do ano de 2014, momento em que
passava por uma gravidez arriscada, participei até o mês de maio das
atividades do Programa na escola. Nesse primeiro contato com o espaço
escolar, recebemos algumas orientações através das reuniões internas na
24
escola, com o auxílio das professoras supervisoras e professoras titulares
das turmas, e as reuniões gerais na universidade com o auxílio dos
professores coordenadores de área responsáveis por cada modalidade
de atuação no programa, como EJA (Educação de Jovens e Adultos),
Educação Infantil e Ensino fundamental, que muito nos auxiliaram no
preparo de planos de aula e formulação das propostas de intervenções.
Para primeiro contato com a prática da educação, muitas
dificuldade no que diz respeito a postura em sala de aula, atividades
interdisciplinares e principalmente a proposta de alfabetização e
letramento que são de suma importância nos anos iniciais do fundamental
surgiram durante a criação do projeto anual que é de obrigatoriedade
dentro do PIBID. As intervenções feitas na turma do 2º ano, deveriam
propor um ensino que levasse em consideração a idade escolar dos
alunos e o período contínuo do processo de alfabetização.
Durante o ano de 2014 , como tive que interromper as atividades
no PIBID devido ao afastamento por internação, o contato com a turma
foi breve, de aproximadamente dois meses, deixando minha dupla
sozinha com as intervenções. Mas, no mês de agosto retornando à escola
para cumprir com as atividades do programa, dividimos as tarefas e o
contato com a turma foi maior. Apesar das dificuldades quanto à
adaptação com a rotina da escola, consegui manter o foco nos estudos
novamente e através das observações e avaliações dos alunos ,pudemos
refletir sobre nossa prática e melhorar cada vez mais , registrando tudo
sobre nossos avanços e dificuldades nos relatos reflexivos orientado por
nossa coordenadora Professora Crislane.
2.2 Estágio pela SME (Secretaria Municipal de Educação)
Finalizado o ano e iniciando 2015,quando já estava no 3º período
do curso, passei por uma dificuldade financeira muito grande que não me
permitiu continuar no PIBID, precisava procurar um estágio com
remuneração maior, que pudesse suprir minhas passagens de ônibus, as
xerox para leitura de textos e outros aparatos acadêmicos que requer
custos. Dessa forma enviei meu currículo para o IEL (Instituto Evaldo
25
Lodi) e me candidatei à vaga disposta pela SME (Secretaria Municipal de
Educação) nas escola do município, que na época tinha a maior
remuneração entre as escolas da cidade de Natal.
Assim, fui selecionada para estagiar em uma escola de educação
infantil , localizada no bairro Dix sept Rosado, um lugar um tanto distante
da cidade em que morava que era Parnamirim. Tive muita dificuldade de
compreender e aceitar a metodologia da escola, pois como minha última
experiência tinha sido o PIBID , onde tínhamos a carga horário de 20
horas distribuídas entre 1 dia de planejamento durante a semana e 2 dias
de intervenção/ observação na escola, o estágio atual provia um peso
maior quanto às frequências na escola de segunda a sexta, as
festividades realizadas na semana com a quinta literária, e as
responsabilidade que se deve ter em relação às rotinas do turno integral,
já que as crianças permanecem na escola de 7:00 às 17:00h.
Fiquei alocada como estagiária na turma do Nível 2 da educação
infantil ,como era meu primeiro contato na função de auxiliar e na
educação infantil, justamente a área da disciplina que na época não pude
frequentar, me senti um pouco alheia à rotina e formas de lidar com as
crianças, e procurei conversar com a professora da sala, que me recebeu
muito bem ,sobre as rotinas e atividades, futuramente ela e chegou a
compartilhar seus planos de aula por e-mail para que eu pudesse
acompanhar as intervenções. Porém, a atuação em sala de aula de um
estagiário do cargo de auxiliar de sala, na SME, não compete à reais
atribuições para o cargo, pois não são permitidas tais intervenções como
o planejamento junto a professora da sala, ou mesmo participar das
reuniões pedagógicas da escola, as reuniões dos responsáveis dentre
outras funções que cabe ao auxiliar de sala. A nós era atribuído com
exclusividade à função de cuidador, pois a hora do banho, do sono das
crianças, do café da manhã, lanche e almoço, era a nós que toda a carga
de responsabilidade era deixada. As outras atividades pedagógicas ficava
com a professora responsável que planejou a aula, e nós ficávamos com
parte observação para evitar mordidas , brigas e quedas. Era difícil de
alguma professora trocar as fraldas das crianças em algum momento
durante a aula, mesmo que esta estivesse no fim, pois essa função era
26
atribuída exclusivamente a nós. Não existia a possibilidade de uma troca
durante a semana quanto a aplicação das atividades do professor pelo
estagiário. Tudo para nós se resumia no cuidar.
A rotina nos centro municipais de educação infantil (CMEI) seguem
um padrão comum quanto aos horários, tanto para as turma integrais
como para as que funcionam por turnos, porém as atividades podem ser
dividida a critério do professor. Nessa escola a rotina era dividida em
acolhida , café da manhã, hora da roda e atividades, hora do banho , hora
do almoço e hora de dormir. Como a turma do nível 2 era de período
integral, as crianças dormiam na escola, e nesse momento acontecia a
troca de estagiários e de professores.
Lembro-me de ter alguns problemas quanto ao horário de saída
permitido aos estagiários que era de 12:45, nessa época estava
matriculada na disciplina de história que iniciava às 13h e antes desse
horário eu teria que almoçar no Restaurante Universitário que na época
enfrentava uma superlotação com filas enormes. Com certeza fiquei
prejudicada, levei muitas faltas por atraso tive que fazer o trancamento da
disciplina. Mesmo conversando com a diretoria da escola sobre o caso
nada adiantou. Nessa escola havia muitos conflitos corriqueiros entre
professores e direção assim com os estagiários também. Até o momento
que resolvi sair e buscar outra escola mais próxima de parnamirim e que
contribuísse melhor com minha formação.
Assim com muita dificuldade, fui transferida para o CMEI Fernanda
Jalles. Escola municipal modelo que atende do berçário até o nível 5 da
educação infantil. Localizada no bairro do Pitimbu na zona sul de Natal,
desta vez ficaria mais próximo à parnamirim e o acesso a transporte seria
mais fácil.
Começando as intervenções nesta escola, consegui perceber que
o problema das atribuições do auxiliar de sala estava dentro de como a
escola organiza seus estagiários. Percebo que seria um tanto inviável o
professor dedicar o pouco de tempo que tem para planejar com o
estagiário, já que o trabalho em sala na educação infantil é intenso. Mas
cada escola tem a sua política e no Fernanda Jalles éramos convidados a
27
fazer parte das reuniões gerais e algumas formações. A preocupação
com o bom andamento da escola era constante e muitas vezes nossas
queixas foram ouvidas e atendidas. As alunas estagiárias assim como eu
que tinhas aulas no 1º horário poderiam sair mais cedo, em vez de 12:00h
passamos a sair ás 11:40 ,mas isso só era possível quando outra
professora que trabalhava na rotatividade das turmas chegasse na sala
pois nesse horário acontecia o sono das crianças e um cuidado maior
haveria de ter quanto ao choro e as possíveis mordidas. Dessa forma
poderíamos ter um pouco mais de tempo e conseguir chegar no horário
de início de nossas aulas.
O PIBID também atuava nessa escola, nas quartas-feiras
aconteciam as intervenções das duplas e na quinta era a reunião sobre o
planejamento. Acompanhei alguns projetos da dupla que trabalhou em
nossa sala. As crianças puderam aprender bastante sobre os
instrumentos musicais e recicláveis. Assim como eu também aprendi
muito enquanto presenciava as intervenções.
Permaneci nesse CMEI até o começo de 2016 , quando nossos
pagamentos começaram a atrasar e haver rumores de que a
remuneração passaria a ser a mesma quantia paga pelo PIBID , 400
reais. A experiência na educação infantil pra mim foi de grande
importância para conhecer como a ludicidade é desenvolvida na prática e
como os RCNEI’s (Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil) saem do papel e se concretizam. Apesar de não ter cursado a
disciplina de educação Infantil de forma satisfatória pelo motivo que
expliquei anteriormente, acredito ter sido uma experiência mais que
necessária para minha formação, pois foi ali que obtive conhecimentos
práticos e pude comparar a metodologia das professoras em cada
contexto escolar.
2.3 Reflexão sobre a prática de educação
Após sair da escola devido aos atrasos no pagamento do estágio,
percebi o quão tinha ficado distante dos estudos da faculdade, estava
deixando a desejar em algumas disciplinas por não ter tempo de me
28
dedicar mais seriamente a elas. Durante a semana inteira minha minha
rotina era sair às 5 horas da manhã e chegar em casa de 8h da noite.O
cansaço e a baixa auto estima tomava conta de todas as expectativas que
tinha de estudar assim que chegasse em casa e acabava por cuidar de
outras pendências domésticas de urgência. Percebo que ao mesmo
tempo que o estágio na escola era importante para meu conhecimento
docente, ele também era prejudicial pois acabou criando um afastamento
com o curso no que diz respeito a minha participação em eventos ,
escritas de trabalho e leituras, pouca prática na formulação de planos de
aula etc.., como uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que a mim
era dado a oportunidade da prática, a teoria era afastada por falta de
acompanhamento e embasamento. Percebi que o trabalho repetitivo do
cuidar causa de certa forma uma alienação no estagiário da licenciatura
por delimitar o serviço. O que aprendemos sobre as questões
pedagógicas, não são praticadas em sua totalidade nesse estágio. Como
um contrato de estágio, trocas deveriam acontecer no sentido de ensinar
o estagiário a caminha e não deixá-lo caminhar sozinho. Apesar de a
escola ter dado grande apoio à equipe de auxiliares, o sistema de como
funcionam os estágios pela Secretaria Municipal tem sempre esse mesmo
caráter.
Dessa forma almejava retornar os estudos e práticas de ensino de
forma orientada, e ter tempo para estudar as disciplinas do curso. Então
me candidatei novamente ao PIBID pelo edital de 2016, almejando
complementar minha formação de maneira adequada. Passados uns
meses, já em 2016.2 consegui retornar ao PIBID na Escola Luís Antônio ,
vi então uma oportunidade de novas experiências na mesma escola e
com outro olhar.
Agora sem tantas dificuldades como à primeira vez, fiquei com
minha nova dupla na turma no 3º ano, que era a única turma da escola
que estava sem acompanhamento do PIBID e ficou muito tempo sem
professor titular. Percebemos que por esses motivos os alunos se sentiam
sem identidade, e não conseguiam se adaptar à professora recém-
chegada que não conseguia lidar com as posturas dos alunos. Diante
esse caso , observamos por algumas semanas os alunos e conseguimos
29
identificar a partir do contexto do bairro e a característica da clientela
frequentante à escola ,algumas problemáticas antigas,vividas por estes
alunos, indo desde problemas de afetividade, separação da famílias, até o
envolvimento com drogas e violência doméstica. Outros problemas não
tivemos como identificar, somente a partir de conversa com os pais, o que
não foi possível. Dentro desses problemas, preparamos um projeto
voltado para os temas transversais, que trabalhassem além dos
conteúdos curriculares, a ética , cidadania , saúde e outros temas
relevantes.
Com as intervenções e planejamentos , os alunos começaram a
mudar e serem mais participativos, durante 6 meses, percebemos um
grande avanço no interesse dos alunos com os eventos escolares. Logo
consegui compreender, que a educação para além dos conteúdos
escolares, dá a oportunidade para o sujeito estabelecer nova ótica sobre
si mesmo, à escola e a sociedade.
Chegado ao início de 2017, as novas modalidade da educação
propostas do governo atual, modificou o PIBID na escola Luiz Antônio,
fazendo fechar 2 turmas de ensino fundamental onde atuava o PIBID,
para colocar o ensino médio técnico no turno da manhã. Assim, os
bolsistas foram remanejados para outra escola e alguns assim como eu
tiveram que esperar a seleção de uma nova escola para receber o
Programa.
Após 2 meses de espera , a escola selecionada foi a Stella
Gonçalves no bairro do Alecrim, onde a diretora e a coordenadora eram
recém formadas pela UFRN e ambas participaram de bolsas de pesquisa.
Dessa maneira era observável o olhar mais crítico reflexivo nas práticas
das professoras.
Distribuída as duplas entre as salas de 1º ao 5 ano do fundamental,
turmas que só funcionavam no período da manhã na escola, iniciamos
nossas atividades, no Stella Gonçalves . Eu e minha dupla fomos os
bolsistas do 3º ano, sob a orientação da professora Gheysa que tinha 5
anos de experiência de sala de aula no ensino fundamental. Ela nos
orientou com as observações e intervenções em sala de aula. Apesar de
30
pouco tempo na instituição comparado às outras professoras, a Gheysa
sabia muito bem se expressar com seus alunos e fazer eles refletirem
sobre o conhecimento para além da escola. Uma de suas especializações
era a área de neuropedagogia, da qual ela sempre nos falava sobre os
assuntos que estudou durante o curso.
Tenho essa experiência como um exemplo que levarei para minha pra
prática, de ensinar os alunos a perceberem o porquê de se aprender
novos conhecimentos e formular nova ideias , para quê serve o
conhecimento e quais os motivos de ir para a escola. São
questionamentos que foram abertos durante algumas aulas na qual
observamos a professora. De acordo com essas observações
percebemos o nível da turma e pudemos fazer nosso projeto baseado nos
gêneros textuais , dando mobilidade ao conhecimento dos alunos que
eram muito espertos.
A cada intervenção , avaliamos nossa prática e o retorno dos
alunos quanto ao que era ensinado. Assim reformulamos novas
abordagens quanto ao projeto, que culminou dando destaque ao jornal da
turma que foi bem desenvolvidos pelos alunos. Posteriormente
apresentaram-no na quinta literária da escola e nós bolsistas na
CIENTEC de 2017.
Com todas as experiências , posso afirmar que fomos bem
orientados e que se não fosse por essa segunda passagem pelo PIBID,
seria um tanto difícil pra mim se pensar planos de aula significativos , ou
propor uma prática mais reflexiva para os alunos. Visto que essa
oportunidade muitos alunos do curso de pedagogia no ano de 2018 não
puderam ter, pois o edital foi suspenso e nós, antigos bolsistas tivemos
que parar de frequentar a escola, assim como os novos bolsistas não
puderam ser convocados.
31
2.4 ESTÁGIO OBRIGATÓRIO III
Durante minha trajetória na pedagogia, dentre estudos que
incluíam a formação do professor, a práxis libertadora6,a Didática, os
documentos de diretrizes e Bases, as Diretrizes do Currículo Nacional,
dentre outros assuntos que cabem ao professor no exercício da prática,
pude encontrar algumas divergências que mudam a forma de atuação
prevista pelo currículo do curso de formação. Foi com a prática que pude
perceber dentro dos sistemas de ensino público o qual tive experiência de
vivenciar, mecanismos burocráticos que causam a necessidade de
adaptação para o cumprimento das demandas obrigatórias da instituição.
Essa observação pôde ser construída durante o estágio obrigatório III,
disciplina orientada pela professora orientadora Elena Mabel, que criou
pesquisas na área de estágio supervisionado, e nos apresentou todo o
instrumento necessário para realizarmos as observações na escola. Esse
estágio é desenvolvido na coordenação das escolas e de suma
importância para se enxergar o trabalho do pedagogo além da sala de
aula. Para Bianchi, Alvarenga e Bianchi (2002, p. 16) “o estágio é um
período de estudos práticos para a aprendizagem e experiência e envolve
ainda, supervisão, revisão, correção e exame cuidadosos”.
Como os autores afirmam, concordo que a atividade de estágio é um
processo que requer o cumprimento de várias etapas durante o exercício
prático, e foi dessa forma que o estágio na coordenação se desenvolveu,
em várias etapas.
Assim, com minha dupla, iniciei o estágio supervisionado de
formação de professores III na Escola Estadual Desembargador Floriano
Cavalcante(FLOCA), que está localizada na Rua dos Manacas, s/n
Conjunto Mirassol, Bairro Capim Macio zona urbana de Natal – RN,
atendendo alunos do Ensino Fundamental II (6º ano ao 9º ano) e Médio
(1º ano ao 3º ano), na parte da manhã e da tarde.
6 Usei o termo como referência às reflexões de Paulo Freire ,que propõe uma pedagogia
crítico-educativa, capaz de libertar o ser da situação de opressão e se inserir na sociedade de forma efetiva.
32
Observamos que o prédio oferece ampla estrutura ,que se divide
em 24 salas de aula , uma biblioteca, um ginásio, uma sala de vídeo, um
laboratório de informática, uma secretaria, uma sala de professores, uma
sala da coordenação, uma sala de direção, um pátio grande, uma
cozinha, laboratórios de física, química, biologia e matemática e seis
banheiros no total. Também na entrada da escola identificamos as
rampas de acesso para cadeirantes assim como no pátio e corredores.
Após observações iniciais, necessárias para compreender as
situações e contexto da escola , direcionamos nossos olhares para a
coordenação pedagógica no intuito de observar o coordenador do FLOCA
Emerson Maia, e também supervisor do nosso estágio, que há
aproximadamente 1 ano assumia pela manhã com mais outros dois
coordenadores a função. Além dessa escola, ele também trabalhava em
uma instituição de ensino superior como professor de estágio
supervisionado no curso de pedagogia da instituição. Sua formação foi
primeiramente no curso de letras e posteriormente em pedagogia pela
UFRN .
2.4 A COORDENAÇÃO
Partindo para as observações feitas no período da manhã,
utilizamos durante 15 dias de presença na escola, documentos,
propostos pela professora Elena Mabel, foram utilizados para nos orientar
sobre os procedimentos e atribuições mais corriqueiros dentro da
coordenação.
A partir do instrumento criamos uma tabela identificando os
principais acontecimentos e descrevemos sobre as atividades diárias de
Emerson, na qual pudemos constatar que devido alguns setores da
escola serem mal gerenciados, a carga de serviço acabava sendo
assumida pela coordenação.
Assim grandes demandas tanto em questões internas como
externas à escola interferia as competências do coordenador. Dessa
forma muito tempo era despendido para impressão de provas ou atividade
para os professores aplicarem no mesmo dia, também a elaboração e
33
impressão de declarações a serem enviadas para os responsáveis antes
das aulas de campo, informações a respeito dos boletim,elaboração de
capa,sumário e gabaritos para o simulado como também a tarefa de
fazer a montagem dos cadernos de prova um a um, resolver problemas
de alunos sem fardamentos, ir após o intervalo chamá-los no pátio para
retornarem à sala de aula dentre outras atividades de responsabilidade da
secretaria e portaria da escola.
Percebemos que a falta de comprometimento de outros setores
afetam o bom desenvolvimento da equipe pedagógica da escola, pois a
redução de tempo, impossibilitava uma dedicação maior quanto a
conversa com os professores, as orientações pedagógicas aos alunos e
pais, melhor organização com o conselho de classe ou reuniões de
votação, que nesse caso ocorria geralmente no intervalo dos professores.
Com tantas atividades a serem assumidas pela coordenação, o
olhar do coordenador pedagógico sobre sua profissão é evidenciada
quando afirma em sua fala “uma das coisas mais difíceis de lidar, é saber
minha função e não conseguir executar todos os dias.
As tarefas que a coordenação acaba tomando para si poderiam ser passa
das para outro Profissional, sobrando mais tempo para o que é primordial.
” (2015).
Conforme Lopes (2013):
O trabalho na gestão escolar nas instituições escolares
brasileiras, a partir da LDB/96 art.14 é entendido como
atividade compartilhada pela comunidade escolar e local.
Neste sentido deveria tornar-se uma tarefa coletiva,
organizadora e produtiva que resulte na aprendizagem
dos educandos. ( p.10)
Dessa forma pude refletir sobre o contexto e importância do
comprometimento da equipe pedagógica no dia a dia da escola dentre a
gama de afazeres cotidianos. Percebo que cada setor da escola é como
um conjuntos de engrenagens que se completam no desenvolver da
função corretamente e caso alguma pare de funcionar, ocorre uma
sobrecarga para um único setor e este agora é o responsável a manter o
34
sistema funcionando. Assim do porteiro, à secretaria, da direção aos
professores, dos profissionais de biblioteca aos alunos, da limpeza aos
pais, todos devem cumprir sua devida função para que a coordenação
pedagógica possa cumprir a dela, assim como os demais setores
adequadamente . Todos os dias o coordenador foi uma ponte entre todas
as partes da comunidade escolar: entre alunos, pais e professores;
professores e direção, etc. Mas a ponte primordial da formação
continuada, ainda não é contemplada na realidade da escola, atribuições
necessário e de responsabilidade do coordenador para poder manter
desenvolver o olhar sobre a educação de forma coletiva e homogênea
para o professores.
As divergências na conduta e pensamento dos professores sobre a
educação , faz parte da desorganização do coletivo. Isso é percebido
quando aplicamos uma pesquisa oferecida por Mabel ,como parte do
processo na disciplina, com alguns professores com o objetivo de saber
de que forma heterogeneidade reflete no coletivo.
A pesquisa foi feita a partir de um questionário no qual os
professores deveriam enumerar dez questões de 1 a 10 por ordem de
importância, as alternativas mais importantes para a própria prática
profissional, 1 seria dado ao maior grau de importância e 10 o menor,
dentre as 18 questões dispostas.
Conseguimos solicitar 1% do total de 32 professores que atuam no
turno da manhã em variados dias da semana e em um dia específico,
contactamos aproximadamente 15 professores presentes na escola que
estava na hora do intervalos na sala dos professores, já esse era o
horário mais propício para conversas e apresentações. Nos
apresentamos como estagiários da coordenação e estudantes do curso
de pedagogia, distribuímos alguns questionários para os que aceitavam
dedicar o mínimo de seu tempo para responder às questões .
Conseguimos a quantidade mínima que valida a pesquisa para fins de
avaliação quantitativa que foram 6 professores no total. Porém dentre
esses, 2 responderam o questionário de forma errada não se atentando
ao enunciado explicativo, e dessa forma não pudemos considerar as
respostas.
35
Essa experiência de estabelecer um contato com os professores
a respeito de processos pedagógicos, apresentou-se muito difícil devido
ao envolvimento destes com a coordenação da escola ser um tanto
limitada. Dessa forma cada um trabalha em sua individualidade, de um
lado a coordenação não consegue desenvolver a formação continuada
por não ter tempo e acumular grande carga de serviço e por outro os
professores não orientados se sentem na obrigação de cumprir as
obrigações de sua disciplina da maneira como pensa ser a melhor para
educação. Questões assim geram conflitos dentro do mesmo coletivo,
atrapalhando os processos de ensino aprendizagem dentro da escola.
Sobre o coordenador pedagógico Paulo Freire (1982),defende que esse é
primeiramente, um educador e como tal deve estar atento ao pedagógico
das relações de aprendizagem no interior da escola, é ele quem leva os
professores a resinificarem suas práticas, resgata a autonomia docente
sem se desconsiderar a importância do trabalho coletivo.
Mas não pudemos identificar essas ações que unam a equipe da escola.
Devido às divergências, grande heterogeneidade nos princípios da
coletividade foram identificados nas respostas durante a pesquisa
realizada. Acredito que a falta de uma formação continuada, atribuição do
coordenador pedagógico, faz com que os professores se organizem de
forma independente, fazendo com que as relações com a equipe
pedagógica sofra um distanciamento .
Penso que dessa forma, para melhorar o sistema de ensino
levando em conta a prática do professor, que é reflexo de seu
entendimento sobre a educação, seria necessário uma modificação nas
abordagens com o corpo docente, assim , cabe aos coordenadores
pedagógicos :
“...buscarem espaços e estratégias formativas que
possam fomentar a reflexão sobre aspectos
relevantes da prática, à luz de referenciais teóricos
que contribuam para um processo reflexivo rico e
transformador, na perspectiva da tríade reflexão/
ação/ reflexão.” (SALVADOR .2012. p.50)
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Seria necessário o desenvolvimento com processos formativos na
escola, articulados com o projeto pedagógico e com um currículo de
formação .
A tal preparação dos docentes que deveria ser planejada pelo
coordenador pedagógico está diretamente relacionada à formação
continuada dos professores para a atuação em suas sala de aula. Cabe
ao profissional auxiliar os docentes para que aprimorem seus
conhecimentos e suas práticas pedagógicas, por meio do oferta de
oficinas ou cursos de preparação relevante por exemplo sobre a didática,
prática de ensino e métodos avaliativos, Fazendo o professor questionar
de forma crítica- reflexiva sobre suas práticas .
Outro ponto importante, resultado do envolvimento prático com o
estágio , foi a proposta da professora Mabel sobre a criação de um pré-
projeto que propusesse vias alternativas para sanar maiores
irregularidades/ dificuldades observadas na escola no período de
frequências.
Assim, direcionamos nossos olhares para as recorrências
prejudiciais ao interesse dos alunos e envolvimento com a escola .
Identificamos que após o intervalo, era recorrente vários alunos não
retornarem às salas como deveriam, alguns por motivo da falta do
professor da disciplina, e outros por preferir ficar no pátio da escola junto a
esses que estavam sem aula.
Percebemos que esses acontecimentos dificultavam o trabalho da
coordenação que geralmente iam ao encontro dos alunos no pátio da
escola a saber o porquê de não estarem em sala. Aos que não tinham
aula, ficavam com o tempo livre e acabavam, na busca por alguma
atividade ,causando algum tumulto na escola . Com isso formulamos um
pré projeto voltado a esse tempo livre,que propõe atividades em parcerias
com projetos já existentes na escola , que busque usar esse tempo para
experiências com atividades lúdicas ,interativas , criativas e solidárias,
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com o objetivo de valorizar o tempo livre transformando-o em momentos
de novas experiências de cidadania.
Todas as vivências e observações proporcionada na coordenação
do FLOCA criaram uma reflexão sobre as diferenças na dificuldade em
enquanto professor em sala de aula e enquanto professor em
coordenação. Interpretei que este acaba enfrentando maiores problemas
por não ter suas funções mais demarcadas dentro do processo de ensino-
aprendizagem como no caso do professor. Um pouco mais além do
professor, o profissional da coordenação ,atua em tudo que faz parte dos
processos de formação integral,que ultrapassa o ensino-aprendizagem
com os alunos, pois este tem a responsabilidade de promover articulações
com os professores ,pais e responsáveis,desenvolver estratégias sob
projetos e desenvolvimento do PPP , estar a par das legislações dentre
outras intervenções tangentes relativas à processos burocráticos. Dessa
forma o coordenador precisa estar sempre mediando entre as diferentes
instâncias educacionais , e por meio delas, oferecer o suporte requerido
para que o estudante aprenda da melhor maneira possível.Essas
responsabilidades entram em conflito quando alguns setores da escola
não funcionam corretamente como deveriam, com no caso do FLOCA,
que como escola pública,tangenciam processos burocráticos.
Nesse caso o Projeto Político Pedagógico da escola, passava por
processo de implementação até onde era possível, através da
implementação de projetos desenvolvidos na escola e decisões do
conselho de classe pois com pouco tempo de trabalho e com muitas
demandas, o tempo para concentrar uma dedicação com o PPP fica mais
demorado.
3. IMPRESSÕES
Todas as experiências proporcionadas pelo curso de pedagogia,
tanto as de cunho teórico como prático, se apresentaram sempre como
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um nova descoberta relativas à formação futura em pedagogia , me
fazendo refletir muito em meio a conflitos, sobre as dificuldades e
valorização da área profissional a qual estaria a desenvolver futuramente
na sociedade. Sobre o sentido da experiência Nóvoa (2001, p.36) explica
que esta não é nem formadora nem produtora, a reflexão sobre a
experiência é que pode provocar a produção do saber e a formação”.
Nesse caso a experiência por ela mesma não é possível ser formadora
sem a reflexão . Assim a interação dos seres com o meio promove
elementos construtivos como as experiências para processos de
formação e transformação.
Sobre trocas e experiências dentro do contexto escolar ao qual
pude vivenciar durante o curso, encarei todas de forma positiva, levando
em conta que a cada novo contato prático ou teórico, situações de
desequilíbrio foram necessária para confrontar antigos conhecimentos e
assim alargar conceitos sobre a experiência atual, até mesmo aquelas
que se distanciaram em alguns momentos do que foi estudado durante as
disciplinas tive como ponto de partida para a formação de críticas
construtiva. Logo , penso que como educadores ,envolvidos no processo
de ensino aprendizagem em meio às constantes transformações
sociais,tecnológicos,políticos,econômicos entre outros, devemos
acompanhar através da experiência prática as mudanças que o meio
propõe e modifica dentro das escolas,e acredito que como profissionais
da educação o estágio oferece as primeira noções de mundo no meio
educacional de formação.
Os estágio curriculares do curso de pedagogia atuam sobre as
áreas da educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, educação
de jovens e adultos e a coordenação pedagógica. O qual experienciei
obrigatoriamente,anos iniciais do ensino fundamental, educação de
jovens e adultos e a coordenação pedagógica. Em todas essas
modalidades senti dificuldades quanto à procura de escolas para intervir,
pois grande maioria quando não estavam em greve, apresentavam
superlotação de estagiários, quando não os professores rejeitaram
dedicar o tempo requerido para orientar o estágio. Dessa forma o tempo
para o término das intervenções diminui reduzindo o tempo para concluir o
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estágio obrigatório. Alguns alunos da minha turma chegavam a reprovar
na disciplina e outros trancavam por não conseguir uma escola acessível
para intervir. Essa problemática fez-me questionar sobre a organização
das escolas e da UFRN, já que como alunos de graduação são obrigados
a participarem do estágio, o curso poderia fazer uma triagem de escolas e
direcionar os alunos aos locais disponíveis para intervenção, assim as
condições para fazê-lo ajudaria a diminuir a quantidade de trancamento e
reprovação dos alunos e com isso a evasão seria menor.
Apesar de afirmar que o curso me garantiu sempre possibilidades de
reflexões quando acompanhadas de embasamentos teóricos e práticos
favoráveis a formação, tanto em rodas de conversas, escrita de projetos,
debates, apresentações de trabalho, como também através do contato
com as escolas públicas que contribuíram com meu universo cultural.
Sinto em não experienciar e compreender de forma mais esclarecida as
atribuições do pedagogo em experiências que ultrapassaram a limitação
do contexto da sala de aula, como é comumente oferecido pelo curso.
Aparentemente se esperar atuação do docente limitada a esse ambiente.
Segundo Vieira (2011):
[...] é importante ressaltar mais uma vez que a
concepção de docência presente nas diretrizes não
se restringe às atividades pedagógicas de sala de
aula. O docente formado no curso deverá estar
preparado para desenvolver todos os tipos de
trabalho de natureza educativa. (VIEIRA, 2011,
p.148)
Compreendo ser muito pertinente a crítica de Vieira quando nós
estudantes de pedagogia durante o curso, deixamos de explorar a
aplicação da gama de conhecimentos assegurados nas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) em espaços fora da sala de aula, em
contextos não escolares.
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Durante o curso, essa foi a área em que a experiência se resumiu em
apenas uma disciplina optativa de carga horária limitada e completamente
teórica, nos deixando sem ações mais concretas de atuação nos espaços
onde os processos de ensino -aprendizagem também são necessários.
Em contrapartida, durante o curso foi defendido bastante o discurso da
inclusão social e Educação, talvez não enxergamos tanto que essa
possibilidade vai além de espaços escolares, podendo ser através de uma
educação formal e não formal. Segundo LIBÂNEO( 2002):
… Verifica-se hoje, uma ação pedagógica múltipla
na sociedade. O pedagógico perpassa toda a
sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal,
abrangendo esferas mais amplas da educação
informal e não-formal.( p.28).
Arcabouço prático de vivência suficientes para entender como o
pedagogo se insere neste novo contexto social, e sua relação em
diferentes espaços não foram tão esclarecedoras como poderiam ser se
desenvolvidas na prática. Pois esse formato é propício para que se
consolide conhecimentos sobre metodologias e ações da prática
pedagógica, a qual nos conduzirá à aplicabilidade instrumentalizada,
para melhoria da formação e futura transformação da sociedade a partir
da construção da cidadania.
Creio que um estágio supervisionado nesta área deveria ser
pensado para que o curso consiga formar um pedagogo mais preparado,
e competente para atuar em todas as áreas referentes a ele.
Esses são alguns reflexos que atingem positivamente e
negativamente minha formação no curso de pedagogia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pedagoga em formação inicial, adquiri conhecimentos
relevantes não só para a formação profissional como também a formação
global humana, no sentido de repensar atitudes, conceitos, posturas, meu
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papel na sociedade, como também minhas memórias sobre as práticas
pedagógicas.
Tais processos foram capazes de construir gradativamente um
novo universo favorável às relações interpessoais, que me fizeram criar
bons anseios sobre a atuação profissional de me descobrir na pedagogia.
Destaco que as práticas foram feitas em um processo global de
reflexão sobre mim para a sociedade com para a educação à construção
social, um fator de grande importância que ajudou a modelar minha
identidade própria como professora. Com isso as lembranças me
ajudaram a construir um olhar sobre mim, desde a infância até a chegada
da carreira docente. Assim sustenta CYRULNIK ,2005:
“ A marca do real no cérebro, o vestígio mnésico, é
continuamente remanejado pelo olhar sobre si mesmo
constituído pelas lembranças.” ( P 50)
Aprendi que o comprometimento com a educação é necessário
para a coletividade no meio escolar, e desenvolvimento de processos
burocráticos. Como também aprendi que ser professora vai além da
responsabilidade de passar o conteúdo, vale reconhecer as necessidades
dos aluno, o contexto social, as modernas relações, a identidade ,dentre
outras observações que fazem com que o professor assuma a postura
multifuncional de ser psicólogo, sociólogo, assistente social, recreador, e o
misto de atribuições dentro de uma mesma profissão que é a pedagogia..
Sobre as narrativas e memórias:
“Como hoje sabemos que nossa identidade é estruturada
por narrativas íntimas e culturais, seria interessante nos
perguntarmos quais acontecimentos guardamos na
memória nos permite construir narrativas de vida. Após
uma grande provação, são esperadas modificações
emocionais. Experimentamos um alívio e até certo
orgulho quando superamos a dificuldade, enquanto a
confusão é a regra após o traumatismo”
(CYRULNIK,2005. P 41)
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Pretendo colocar meus conhecimentos em prática na sala de aula e
no campo da pesquisa constante, para que meus alunos não passem de
meros receptores como diz Paulo Freire sobre a educação bancária, hoje
infelizmente ainda presente no âmbito das escolas públicas, mas sim
trazer para eles questionamentos sobre suas vivências e experiências
formadoras, que me permitirá fazer a ponte para o conhecimento científico
e este não se tornar algo distante da realidade.
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REFERÊNCIAS
BIANCHI, A. C.; ALVARENGA, M.; BIANCHI, R. Manual de orientação:
estágio supervisionado. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2002.
CYRULNIK, Boris. O murmúrio dos Fantasmas. São Paulo, Martins
fontes, 2005.
FREIRE, Paulo. Ação Cultural para Liberdade e Outros Escritos. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê? In:______
Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática. São Paulo, Cortez,
2002.
LOPES, Rosana. A identidade do pedagogo como organizador do
trabalho pedagógico escolar. 2013.
MORIN, Edgar. Meus Demônios. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2010.
NÓVOA, A. O professor pesquisador e reflexivo. Salto para o Futuro,
13 set. 2001.
VIEIRA, Suzane da Rocha. Docência, gestão e conhecimento:
conceitos articuladores do novo perfil do pedagogo instituído pela
resolução CNE/CP N. 01/2006. Revista HISTEDBR On-line, Campinas,
n.44, p. 131-155, dez 2011.