UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
Estresse: Conceito e pontos de observação fisiológicos em cães
KARLA VALÉRIA PIRES FERREIRA
PATOS - 2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
Estresse: Conceito e pontos de observação fisiológicos em cães
KARLA VALÉRIA PIRES FERREIRA Graduanda
Profª. Drª. Melania Loureiro Marinho Orientadora
Patos Abril de 2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
KARLA VALÉRIA PIRES FERREIRA Graduanda
Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. APROVADO EM...... /...... /...... EXAMINADORAS:
______________________________________________ Profª. Drª. Melania Loureiro Marinho
Orientadora
______________________________________________ Profª. MSc. Rosangela Maria Nunes da Silva
Examinadora
______________________________________________ Profª. Drª. Sônia Correia Nóbrega
Examinadora
Dedico este trabalho a todos os amantes Dedico este trabalho a todos os amantes Dedico este trabalho a todos os amantes Dedico este trabalho a todos os amantes
dos animais independente da espécie, raça, dos animais independente da espécie, raça, dos animais independente da espécie, raça, dos animais independente da espécie, raça,
cor e sanidade. E a todos os animais pelo cor e sanidade. E a todos os animais pelo cor e sanidade. E a todos os animais pelo cor e sanidade. E a todos os animais pelo
mundo abandonados de carinho e atenção, mundo abandonados de carinho e atenção, mundo abandonados de carinho e atenção, mundo abandonados de carinho e atenção,
bem como aos que fizerabem como aos que fizerabem como aos que fizerabem como aos que fizeram parte da minha m parte da minha m parte da minha m parte da minha
história na universidade.história na universidade.história na universidade.história na universidade.
AGRADECIMENTOS
A Nossa Senhora por Sua poderosa intercessão. Aos meus pais por toda luta e
esforço para tornar possível meu sonho. Aos meus irmãos Kátia e Roberto por acreditarem
em mim. Ao meu amado noivo Erik pela compreensão, apoio, incentivo e amor em todos
os momentos, que mesmo na distância, de alguma forma sempre esteve comigo;
inenarrável é o meu amor e minha gratidão por ti. Amor deu tudo certo mesmo!
Aos meus tios, minha avó, cunhada, sobrinhos e amigos que torceram e oraram por
mim; bem como meus futuros sogros e cunhados pela força e pelo carinho.
Aos amigos que fiz em Patos, e são tantos que não dá para citar o nome de todos, a
vocês meu agradecimento pela atenção e assistência, a Paróquia de São Pedro e toda
diocese de Patos pelo acolhimento e permissão para continuar servindo a Deus, aprendi
muito com todos.
De forma especial aos Perônico, família de anjos enviada por Deus para cuidar de
mim, sobretudo Bel, abrigada pelo zelo e amor, Deus os abençoe! A minha companheira
de apartamento Iana, como já havia dito, as coisas boas que fizestes por mim superaram
nossos desentendimentos, obrigada mesmo por tudo!
A todos da universidade, colegas (em especial Ailson, Cydia, Gisllyana e Hellen),
professores, em especial Assis, mas, também Melania (orientadora), Patrícia e Jocelin
Brandão, Gil, Rosângela, Almir, Verônica, Paulo Bastos, Sônia Correia, Adílio e Sérgio
Santos e os funcionários que direta ou indiretamente contribuíram para realização dos
meus sonhos. Com tamanha satisfação agradeço ao Dr. Júlio e Drª. Andréa pelas
oportunidades de estágio e pela amizade.
Ao quarteto inseparável, amigas de infância Andréa, Enilma e Iêda, a nossa
cumplicidade faz a diferença.
Aos meus mais especiais filhinhos Negão e Luzia (in memorian) que indiretamente
muito me incentivaram e diretamente me amaram, saudades.
Aos componentes do El Shaday, Missão Nova Tribo do Leão de Judá e
Comunidade Sagrado Coração de Jesus Imaculado Coração de Maria que oraram por mim,
com certeza o Senhor já retribuiu estas orações.
E a todos que me julgaram incapaz; no meu silêncio tenho a vida inteira para
mostrar a capacidade que me vem de Deus. “Toda vocação é uma profissão, mas, nem toda
profissão é uma vocação”.
E a ti Senhor Jesus não poderia deixar de agradecer, mas palavras não
bastam, quero então agradecer com a minha vida, te buscando e sendo-te fiel cada dia
mais.
“Graças te dou Pai por tudo, que eu seja sempre digna das maravilhas e milagres
que realizas em minha vida”.
Obrigada a todos!
SUMÁRIO
Pág.
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... 07
LISTA DE QUADROS ...................................................................................... 08
RESUMO............................................................................................................. 09
ABSTRACT......................................................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 11
2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 12
2.1.HISTÓRICO........................................................................................ 12
2.2.DEFINIÇÃO DE ESTRESSE............................................................ 14
2.2.1 Reação de alarme......................................................................... 14
2.2.2 Adaptação ou resistência............................................................. 16
2.2.3 Fase de exaustão.......................................................................... 17
2.3 MODELO DE ESTRESSE ANIMAL................................................ 19
2.3.1 A resposta do comportamento..................................................... 20
2.3.2 A resposta do sistema nervoso autônomo.................................... 21
2.3.3 A resposta do sistema neuroendócrino........................................ 22
2.3.4 A resposta imunológica............................................................... 23
3. ESTRESSE E SEUS ESTÍMULOS................................................................ 25
3.1 Estímulos estressantes em cães.............................................................. 25
3.2 A dor como estímulo estressante........................................................... 27
4. COMO AMENIZAR O ESTRESSE.............................................................. 28
4.1 Acupuntura............................................................................................ 28
4.2 Florais de Bach...................................................................................... 28
4.3 Florais de Sant German......................................................................... 29
4.4 Fitoterapia.............................................................................................. 30
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 31
6. BIBLIOGRÁFIA............................................................................................. 32
LISTA DE FIGURAS Pág.
FIGURA 1 – Dr. Walter Cannon.......................................................................... 13
FIGURA 2 – Dr. Hans Selye................................................................................ 13
FIGURA 3 – Esquema do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal............................... 16
FIGURA 4 – Modelo da resposta biológica do animal ao estresse...................... 19
FIGURA 5 – Respostas biológicas do animal ao estresse.................................... 20
FIGURA 6 – Mecanismo de regulação de cortisol............................................... 23
FIGURA 7 – Cão acorrentado em condição inadequada de vida......................... 26
FIGURA 8 – Cão acorrentado em condição inadequada de vida......................... 26
FIGURA 9 – Pitt Bull, após traumas e agressões................................................. 27
FIGURA 10 – Poodle com os pêlos tingidos........................................................ 27
LISTA DE QUADROS
Pág.
QUADRO 1. Alterações na fase de choque da reação de alarme....................................... 16
FERREIRA, Karla Valéria Pires. Estresse: Conceito e pontos fisiológicos de observação em cães. Patos, UFCG. CSTR/UAMV. 2008, 35p. (Trabalho de conclusão de curso em Medicina Veterinária)
RESUMO Assim como os humanos os animais também vivenciam o estresse. Sendo este definido como sendo a resposta biológica ou conjunto de reações obtidas quando um indivíduo percebe uma ameaça a sua homeostase. Quando confrontado com situações estressantes o animal apresenta quatro respostas gerais de defesas biológicas, resposta do comportamento; resposta do sistema nervoso autônomo; resposta do sistema neuroendócrino e resposta imunológica. O Médico Hans Selye identificou três estágios distintos na resposta destes animais: fase de alarme, na qual o corpo do animal reconhece o estresse e se prepara para agir, seja para brigar ou fugir, é nesta fase que glândulas endócrinas liberam hormônios que aumentam o ritmo cardíaco e a respiração, aumentando o aporte de nutrientes às células que deles necessitam com urgência; fase de resistência, na qual o organismo tenta reparar, ou pelo menos, contrabalançar os danos causados na fase do alarme; e fase de exaustão que é a fase resultante da continuação da fase da resistência. Doenças relacionadas ao estresse podem advir desta fase, ou, se o estresse for muito prolongado, pode ocorrer depleção de energia e depleção de metabólitos de reserva nas células, o que pode acarretar, entre outras coisas, a morte do indivíduo. Muitas terapias complementares têm sido efetivas e seguras para restaurar a saúde dos animais, entre elas, Acumputura, Aromaterapia, Florais de Bach, Florais de Saint German. Palavras chave: Estresse, cães, hipotálamo, cortisol, bem estar animal.
FERREIRA, Karla Valéria Pires. Stress: Concept and physiologic points of observation in dogs. Patos, UFCG. CSTR/UAMV. 2008, 35p. (Work of course conclusion in Veterinary Medicine)
ABSTRACT
As well as humans, animals live the stress, being defined as the biological response or group of obtained reactions when an individual notices a threat to your homeostase. When confronted with stressful situations the animal presents four general response of biological defenses, response of the behavior; response of the autonomous nervous system; response of the neuroendocrine system and immunologic response. Doctor Hans Selye identified tree different phases in the response of these animals: alarm phase, in which the body of the animal recognizes the stress and it gets ready to act, be to fight or to run In this phase endocrine glands release hormones that increase heart rhythm and breathing, increasing nutrients to cells that need them with urgency; resistance phase, in which the organism tries to repair, or at least, to compensate, damages caused in the alarm phase; and exhaustion, phase that is the phase resulting from the continuation of the resistance phase. Diseases related to the stress can occur this phase, or, if the stress goes very lingering, it can happen depletion of energy and depletion of reservation metabolites in the cells, what can cause, among other things, individual's death. Many complementary therapies have been effective and safe to recuperate the health of the animals, among them, Acupuncture, Aromatherapy, Flowers of Bach, and Flowers of Saint German.
Key Words: Stress, dogs, hypophysis, cortisol, animal welfare.
1. INTRODUÇÃO
De forma geral, entende-se estresse como sendo uma alteração na homeostase do
animal, e respostas efetivas para os desafios do meio ambiente são essenciais para a
sobrevivência de qualquer espécie. Quando ameaçado, o animal fica alerta e pode agir em
resposta à ameaça lutando, fugindo ou ficando imóvel para não ser notado. Ao mesmo
tempo ocorre uma série de alterações fisiológicas no organismo do animal, como nos
sistemas nervoso e endócrino.
No estresse, seja ele de natureza física, psicológica ou social, o conjunto das
reações fisiológicas, sendo exageradas em intensidade e duração, acabam por causar
desequilíbrio aos organismos, freqüentemente com efeitos danosos. Assim, existe a
necessidade de compreender o metabolismo do estresse, a resposta do animal a esta
influência, para que a avaliação dos parâmetros do estresse sobre a fisiologia seja mais
precisa, visto não ser este um tema devidamente explorado em animais de companhia, o
que impossibilita um trabalho mais eficaz sobre o bem estar dos animais e prevenção de
doenças.
Diante disto considera-se importante entender as causas do estresse nos animais, em
particular os cães, para que possa agir na minimização e prevenção de seus efeitos,
possibilitando-lhes uma melhor qualidade de vida. Portanto o objetivo deste trabalho foi
estudar, através de uma revisão de literatura, o conceito e a definição do estresse tomando
como principal base às definições de Hans Selye e Walter Cannon, que demonstraram
como os fatores estressantes alteram a homeostase do animal, causando muitas vezes danos
irreversíveis aos mesmos.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. HISTÓRICO
A palavra “estresse”, de uso corrente na língua inglesa, provém do latim “stringere”
= tensionar, via francês arcaico. Já era utilizada pelos ingleses no século XVII para
significar a adversidade ou a infelicidade, antes de ser recuperada pelos teóricos da Física
do século XIX para designar a força resultante de um corpo submisso a uma força contraria
que tende a deformar tal corpo (JEAMMET, 2000). E com a evolução foi denominada
“STRESSE”, que advém do inglês STRESS, significando “pressão, tensão, insistência”
(SCHITTINI, 2003).
A teoria do estresse alcançou títulos de nobreza com Walter Cannon e Hans Selye.
(Figuras 1 e 2) que se opuseram à teoria “visceral” de James e Lange, que fazia das
modificações fisiológicas corporais a “causa” da percepção psicológica que constitui a
emoção (JEAMMET, 2000).
Cannon declarou que a origem da emoção não devia ser pesquisada na atividade
visceral, mas, no nível do sistema nervoso central. Estudando as reações de medo no gato
confrontado com a ameaça de um cão, mostrou que as reações de fuga ou de combate são
associadas a uma séria de manifestações fisiológicas, podendo ser relacionadas com a
liberação de um hormônio da medula supra-renal, o “hormônio do estresse” ou adrenalina.
Essa liberação está ligada à atividade do sistema simpático (o gato, cujo sistema simpático
se atrofiou se mostra apático e não consegue se defender). A injeção de adrenalina
reproduz as manifestações fisiológicas e comportamentais observadas durante uma
situação de ameaça. O organismo é então munido de uma estrutura funcional capaz de
reforçar os meios de que ele dispõe para lutar contra um perigo ou para mobilizar
rapidamente uma energia considerável. Tal dispositivo tem uma função adaptativa e está a
serviço da sobrevivência do animal (JEAMMET, 2000).
Dr. Hans Selye, é reconhecido internacionalmente como criador da Teoria do
Estresse. Suas teorias também foram influenciadas pelos trabalhos do Dr. Walter Cannon.
Mas considerando que Cannon viu a “síndrome de briga ou fuga” como um mecanismo
positivo que o corpo usava para se proteger, Selye percebeu um fato imensamente
importante, que se a reação de tensão ou estresse continuasse por longo tempo, causaria
dano para o corpo e mente e retro-alimentaria a enfermidade (SCHITTINI, 2003).
As experiências que ele realizou com ratos em 1936, mostraram que vários
estressores, tais como infecção, trauma, hemorragia, temor, e até mesmo injeção de
substâncias nocivas, produziam o mesmo efeito, pois quando os animais foram examinados
após serem submetidos a estes estressores, todos apresentavam as glândulas supra-renais
hiperplásicas, o tecido imune atrofiado (timo e linfonodos) e úlceras gastrintestinais
(SCHITTINI, 2003).
Ele denomina o conjunto das reações fisiológicas às agressões diversas, pelo termo
“Síndrome Geral da Adaptação” (GAS). Esta se desenvolve de maneira relativamente
estereotipada em três fases sucessivas: Uma fase de alarme ou choque, uma fase de
adaptação ou de resistência e, enfim, uma fase de esgotamento, durante a qual as defesas
do organismo não chegam mais a responder a agressão e são submergidas, fase que pode
conduzir a uma doença orgânica (“patologias da adaptação”) ou à morte. Como a ablação
das supra-renais torna o organismo muito mais sensível aos fatores de agressão, Selye
conclui que a ativação das supra-renais desempenha uma função pivô na resposta
fisiológica ao estresse (JEAMMET, 2000).
Anos mais tarde ele retomou os resultados do conjunto de sua obra, vendo sempre
no estresse o “resultado não-específico” de todo pedido imposto ao corpo, quer o efeito
seja mental ou somático. Uma confusão terminológica foi favorecida pelos seus escritos
quando aproximadamente no final de sua carreira, se propôs a distinguir o “bom estresse”
(eustress) do “estresse fonte de prejuízo” (distresse), sublinhando com razão que nem toda
perturbação de homeostasia do organismo é potencialmente nociva (JEAMMET, 2000).
Figura 1. Dr. Walter Cannon Figura 2. Dr. Hans Selye Fonte:http://www.edumed.org.br/cursos/neurociencia/01./monografia/neuroendocrinologia_stresse.doc
2.2. DEFINIÇÃO DE ESTRESSE
Segundo Moberg apud ROSA (2003), estresse pode ser definido como a resposta
biológica ou conjunto de reações obtidas quando um indivíduo percebe uma ameaça à sua
homeostase. Apesar de a terminologia estresse ser amplamente utilizada, não existe um
consenso sobre sua definição (ROSA, 2003).
Cungi (2006) afirma que o estresse é uma reação não-específica que acomete quem
é exposto, a fatores e/ou situações que desencadeiam uma reação de estresse, ou seja, a
estressores. Ele se manifesta nos campos fisiológico (coração, pulmão, hormônios etc.),
psicológico e comportamental.
O estresse pode ser definido como um estímulo ambiental sobre um indivíduo que
sobrecarrega seus sistemas de controle e reduz sua adaptação, ou parece ter potencial para
tanto. Ao se utilizar esta definição, a relação entre estresse e bem-estar fica muito clara.
Em primeiro lugar, considerando-se que bem-estar se refere a uma gama de estados de um
animal, desde muito bom até muito ruim, sempre que existe estresse o bem-estar torna-se
pobre. Em segundo lugar, estresse refere-se somente a situações nas quais existe falência
de adaptação, porém bem-estar pobre se refere ao estado de um animal, seja em condições
onde existe falência de adaptação ou quando o indivíduo está encontrando dificuldades em
se adaptar (BROOM, 1994).
A interação entre estímulo (o estressor) e a resposta ao estímulo (somatório das
reações não específicas), manifesta-se na forma de uma Síndrome de Adaptação Geral
(“Generation Adaptation Syndrome” – GAS) (MARSON, 1999).
De acordo com Ballone (2005), a Síndrome Geral de Adaptação descrita por Selye
consiste, em três fases sucessivas: reação de alarme, fase de adaptação ou resistência e fase
de exaustão. Sendo que a última, fase de exaustão, é atingida apenas nas situações mais
graves e, normalmente, persistentes.
2.2.1 - Reação de Alarme
A Reação de Alarme subdivide-se em dois estados, a fase de choque e a fase de
contrachoque. As alterações fisiológicas na fase de choque, momento onde o indivíduo
experimenta o estímulo estressor, são muito exuberantes. (Quadro 1).
Quadro 1 - Alterações na fase de choque da reação de alarme
ALTERAÇÕES OBJETIVOS a) Aumento da freqüência cardíaca e
pressão arterial
O sangue circulando mais rápido melhora
a atividade muscular esquelética e
cerebral, facilitando a ação e o
movimento.
b) Contração do baço Carrear mais glóbulos vermelhos à
corrente sanguínea e melhora a
oxigenação do organismo e de áreas
estratégicas
c) O fígado libera glicose Para ser utilizado como alimento e energia
para os músculos e cérebro
d) Redistribuição sanguínea Diminui o sangue dirigido à pele e
vísceras, aumentando para músculos e
cérebro
e) Aumento da freqüência respiratória e
dilatação dos brônquios
Favorece a captação de mais oxigênio
f) Dilatação das pupilas Para aumentar a eficiência visual
g) Aumento do número de linfócitos na
corrente sanguínea
Preparar os tecidos para possíveis danos
por agentes externos agressores
Fonte: http://www.psiqweb.med.br/cursos/fisio.html
Durante a Reação de Alarme, o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) participa
ativamente do conjunto das alterações fisiológicas. Este sistema é um complexo conjunto
neurológico que controla, autonomamente, todo o meio interno do organismo, através da
ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas (BALLONE, 2005).
Durante o momento em que está havendo estimulação estressante aguda (fase de
choque da reação de alarme), uma parte do Sistema Nervoso Central (SNC) denominado
Hipotálamo promove a liberação de um hormônio, o Fator Liberador da Corticotrofina
(CRH), o qual, por sua vez, estimula a hipófise (glândula vizinha ao Hipotálamo) a liberar
um outro hormônio, o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), este ganhando a corrente
sanguínea estimula as glândulas supra-renais para a secreção de corticóides (Figura 3)
(BALLONE, 2005).
Figura 3. Esquema do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Fonte: www.psiquiatriageral.com.br/cérebro/texto13.htm
2.2.2 - Adaptação ou Resistência
Se por um lado a fase lutar ou fugir é de curta duração, o período de resistência e
combate ao estresse é bem mais longo. Uma vez que a mente e o corpo identificam o
agente estressante, eles ativam as células, tecidos, órgãos e sistemas mais apropriados aos
mecanismos de resistência (CAMARGO, 2006).
Nessa fase, além de o organismo se esforçar para manter estáveis os níveis de
energia, a composição sangüínea, etc., ele também tem que lidar com as conseqüências dos
distúrbios emocionais e dar apoio às respostas imunológicas (CAMARGO, 2006).
Esta fase se caracteriza, basicamente, pela hiperatividade da glândula supra-renal
sob influência do Hipotálamo, particularmente da Hipófise (BALLONE, 2005). Há um
aumento no volume da supra-renal, onde os corticosteróides, hormônios secretados pelo
córtex adrenal, são importantíssimos durante essa fase, promovendo a conversão das
proteínas em energia, caso as reservas de glicose sejam exauridas (CAMARGO, 2006),
concomitante a uma atrofia do baço e das estruturas linfáticas, assim como um continuado
aumento dos glóbulos brancos, promovendo uma leucocitose (BALLONE, 2005).
Dessa forma, a ação da Hipófise ao ativar todo o Sistema Endócrino ocorre porque
o organismo necessita concentrar maior quantidade de energia para se defender. As
descargas simpáticas na camada medular da glândula supra-renal, provocam uma liberação
de catecolaminas nas situações emergenciais do estresse. Isto leva a uma ativação da
glicogenólise no líquido extracelular e da glicogênese no fígado. Ocorre ainda uma
inibição da insulina que por sua vez estimula o glucagon, sendo estes dois últimos
hormônios pancreáticos (BALLONE, 2005).
A taxa de glicose precisa ser elevada no sangue para que haja energia disponível ao
longo do estresse. Mas, se o estresse continua por muito tempo, os glicocorticóides são
destrutivos para os tecidos, inibindo o crescimento somático e ósseo (BALLONE, 2005).
Assim, se os estímulos estressores continuam e se tornam crônicos, a resposta
começa a diminuir de intensidade, podendo haver uma antecipação das mesmas. É como se
o indivíduo começasse a se acostumar com os estressores, mas, não obstante, pudesse
também desenvolver a reação de estresse apenas diante da perspectiva ou expectativa do
estímulo (BALLONE, 2005).
Se o agente ou estímulo estressor continua, o organismo vai à terceira fase da GAS,
a Fase de Exaustão.
2.2.3 - Fase de Exaustão ou Esgotamento
É quando começam a falhar os mecanismos de adaptação e déficit das reservas de
energia (BALLONE, 2005). A tendência é que haja um colapso nos sistemas, funções ou
órgãos mais desgastados durante a fase de resistência (CAMARGO, 2006), podendo levar
à morte alguns organismos. (BALLONE, 2005)
Embora a intensidade da exaustão seja variável, suas principais características são:
enfraquecimento dos órgãos, tecidos e sistemas - coração, veias, glândulas supra-renais,
sistema imunológico etc. - sobrecarregados pelo estresse prolongado. Muito antes, porém,
das conseqüências do estresse se somatizarem como disfunção ou doença, elas se
manifestam pela perda de energia e desequilíbrios emocionais (CAMARGO, 2006). A
maioria dos sintomas somáticos e psicossomáticos fica mais exuberante nessa fase.
(BALLONE, 2005).
Como se supõe, a resistência do organismo não é ilimitada. O estado de resistência
é a soma das reações gerais não específicas que se desenvolvem como resultado da
exposição prolongada aos agentes estressores, frente aos quais desenvolveu-se adaptação e
que, posteriormente, o organismo não pode mantê-la (BALLONE, 2005).
Os efeitos da GAS sobre o indivíduo ao longo do tempo compõem o substrato
fisiopatológico das doenças psicossomáticas. Cada órgão ou sistema são envolvidos e
apenados pelas alterações fisiológicas continuadas do estresse, de início apenas com
alterações funcionais e depois, com lesões também anatômicas (BALLONE, 2005).
De modo geral, pode-se afirmar que o organismo humano está muito bem adaptado
para lidar com o estresse agudo, desde que ele não ocorra com muita freqüência. Mas,
quando essa condição se torna repetitiva ou crônica, seus efeitos se multiplicam em
cascata, desgastando seriamente o organismo (VILELA, 2003).
Para Kitchen apud MARSON (1999), a resposta ao estresse geralmente envolve
mudanças na função neuroendocrinológica no nível de SNA e no estado mental do animal,
bem como em seu comportamento. A resposta do animal ainda varia de acordo com suas
experiências, sexo, idade, perfil genético e estado fisiológico e patológico.
O estresse em relação às suas subseqüentes respostas pode ser considerado como
estresse neutro, o qual não é por si só prejudicial ao animal e evoca respostas que nem
aumentam nem ameaçam o bem-estar do mesmo. Eustresse, que envolve alterações
ambientais não prejudiciais aos animais, mas, iniciam respostas que podem, contudo,
fornecer efeitos potencialmente benéficos. E o distresse, estado que o animal se encontra
incapaz de se adaptar ao ambiente alterado ou ao estímulo interno, evoca respostas
prejudiciais que interferem com o seu bem-estar, conforto e/ou fatores reprodutivos sendo
capazes de induzir mudanças patológicas (Kitchen apud MARSON, 1999).
2.3. MODELO DE ESTRESSE ANIMAL
Moberg apud ROSA (2003), propôs um modelo para servir como fundamento
teórico na discussão e reconhecimento do estresse. Este modelo é aplicado na compreensão
do estresse em toda espécie animal, seja nos seres humanos, animais de laboratórios,
domésticos, selvagens, ou mesmo em invertebrados.
O modelo de estresse animal desenvolvido sugere uma resposta biológica ao
estresse a partir de três estágios gerais (Figura 4):
1- O reconhecimento de um estímulo estressante;
2- A defesa biológica contra o estímulo estressante;
3- As conseqüências da resposta ao estresse.
Figura 4: Modelo da resposta biológica do animal ao estresse segundo Moberg, 1985. Fonte: MARSON, 1999
A resposta ao estresse começa com a percepção de uma ameaça potencial (estímulo
estressante) a homeostase, pelo SNC. Uma vez que o SNC percebe uma ameaça, o
organismo desenvolve uma resposta biológica ou defesa que consiste em uma combinação
de quatro respostas gerais de defesas biológicas (Figura 5).
• Resposta do comportamento;
• Resposta do sistema nervoso autônomo;
• Resposta do sistema neuroendócrino;
• Resposta imunológica
Figura 5: Respostas biológicas do animal ao estresse segundo Moberg, 2000 Fonte: ROSA, 2003.
2.3.1 - A resposta do comportamento
A primeira e incontestável resposta biológica mais econômica é a do
comportamento Moberg apud ROSA (2003). As ações de evitar, escapar ou controlar a
dor são as respostas mais comuns dos animais, incluindo os humanos (Dantzer & Morméde
apud MARSON, 1999).
O animal pode ser bem sucedido em evitar a ameaça potencial, pela sua própria
remoção mediante o estímulo estressante. Assim um predador pode ser evitado por
escapar, ou um animal pode procurar sombra se sua temperatura corporal torna-se elevada
(Moberg apud ROSA 2003).
Segundo Moberg apud MARSON (1999), se esta opção comportamental não
estiver disponível ou não for apropriada, o animal poderá alterar sua fisiologia através do
disparo dos sistemas nervoso autônomo e neuroendócrino. As respostas destes sistemas
resultam em mudanças na função biológica do animal, divergindo para novas atividades
biológicas, que podem ajudar o animal a lidar com os agentes estressores.
2.3.2 - A resposta do sistema nervoso autônomo (SNA)
O SNA é o local de ação de grande quantidade de drogas, sendo essencial para
homeostase (CUNNINGHAM, 2004). Esse sistema é ativado, sobre tudo por centros
localizados na medula espinhal, no tronco cerebral e no hipotálamo. Também, porções do
córtex cerebral, especialmente do córtex límbico, podem transmitir impulsos para os
centros inferiores e, desta maneira, influenciar o controle autonômico. Os sinais eferentes
autonômicos são transmitidos para o corpo por meio de duas principais subdivisões: o
sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático (ROSA, 2003).
Durante uma situação de estresse, a estimulação dos nervos simpáticos das medulas
supra-renais faz com que grandes quantidades de adrenalina (epinefrina) e noradrenalina
sejam liberadas na circulação sangüínea, através da qual são transportados para todos os
tecidos do corpo. Estes hormônios têm quase os mesmos efeitos, sobre diferentes órgãos,
que os causados pela estimulação simpática direta, à exceção de que os seus efeitos são
mais prolongados, 1 a 2 minutos após a estimulação ter cessado (GUYTON, 1997).
Portanto, os órgãos são, na verdade, estimulados de maneiras simultâneas: diretamente
pelos nervos simpáticos, e indiretamente, pelos hormônios. Os dois modos de estimulação
sustentam um ao outro, e cada um deles pode na maioria dos casos, substituir o outro,
constituindo-se em um fator de segurança.
Em muitos casos, o sistema nervoso simpático afeta diversos números de sistemas
biológicos (descarga em massa), incluindo o sistema cardiovascular, o aparelho
gastrintestinal, as glândulas exócrinas e a medula adrenal. Como resultados promovem
mudanças na taxa cardíaca, pressão sangüínea, atividade gastrintestinal, excreção de urina,
regulação da secreção pancreática, sudorese, concentração de glicose sangüínea, além de
importantes reflexos sexuais. Entretanto, seus efeitos são relativamente de curta duração, e
consequentemente não apresentam impacto significante no bem-estar do animal (ROSA,
2003).
2.3.3 - A resposta do sistema neuroendócrino
Em contraste aos efeitos do SNA, os hormônios secretados no sistema
neuroendócrino (hipotálamo-pituitária) têm um efeito longo-duradouro, no corpo. A
secreção destes hormônios é alterada diretamente ou indiretamente durante o estresse
(Matteri et al.apud ROSA, 2003).
A resposta neuroendócrina ao estresse mais conhecida e consistente, é a ativação do
eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), iniciando com a liberação do hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, para resultar na secreção de hormônios
glicocorticóides da glândula adrenal (ROSA, 2003).
Para que a hipófise comece sua resposta ao estresse, o próprio hipotálamo secreta
algumas substâncias conhecidas por neuro-hormônios, como é o caso, entre outros, da
Dopamina, da Norepinefrina e do Fator Liberador da Corticotrofina (CRF). (BALLONE,
2005).
Inicialmente há envolvimento do hipotálamo, que ativa todo o SNA, em sua porção
simpática, assim ativando as respostas físicas, mentais e psicológicas ao estresse
(BALLONE, 2005).
Além do hipotálamo aumentar a produção de Dopamina, Norepinefrina e do Fator
Liberador da Corticotrofina no estresse, a hipófise também faz sua parte, aumentando a
produção de outros hormônios, tais como a Vasopressina, a Prolactina, o Hormônio
Somatotrófico (do Crescimento ou GH), o Hormônio Estimulador da Tireóide (TSH). Em
relação ao GnRH ou Hormônio Liberador de Gonadotrofinas, que também é produzido no
hipotálamo e estimula a hipófise na liberação dos hormônios gonadotróficos pode ocorrer,
no estresse, tanto uma inibição quanto um aumento desmedido Por causa de tudo isso, o
hipotálamo é considerado o principal sítio cerebral responsável pela constelação das
respostas orgânicas aos agentes estressores. A hipófise, por sua vez, tem como uma das
principais ações estimular as glândulas supra-renais (BALLONE, 2005).
A partir da produção do CRF, o hipotálamo estimula a hipófise para aumentar a
produção da própria corticotrofina, chamada também de ACTH, o qual, por sua vez, agirá
em outra glândula bem distante do SNC, as supra-renais. Ali, nas glândulas supra-renais,
ocorre um aumento na liberação de seus hormônios; os corticóides e as catecolaminas.
Esses últimos são de fundamental importância na resposta fisiológica ao estresse
(BALLONE, 2005).
O cortisol apresenta um efeito de feedback negativo direto sobre o hipotálamo, onde
diminui a formação de CRH, e também sobre a glândula pituitária anterior para diminuir a
formação de ACTH, controlando a liberação do mesmo (Figura 6) (ROSA, 2003).
Figura 6: Mecanismo de regulação de cortisol. Fonte: ROSA, 2003.
2.3.4 - A resposta imunológica
O aumento da incidência de doenças em animais com estresse pode ser atribuído à
supressão do seu sistema imunológico, que por si só é um dos maiores sistemas de defesa
em resposta ao estímulo estressante (Dunn apud ROSA, 2003).
A fisiopatologia sabe, há tempos, que os níveis aumentados de corticóides
influenciam o sistema imunológico inibindo a resposta inflamatória, afetando
essencialmente a função das células T (ROSA, 2003).
Um dos primeiros cientistas a demonstrar experimentalmente a ligação do estresse
com o enfraquecimento do sistema imunológico foi Louis Pasteur (1822-1895). Em estudo
pioneiro no final do século 19, ele observou que galinhas expostas a condições estressantes
eram mais susceptíveis a infecções bacterianas que galinhas não estressadas (VILELA,
2007). Em modelos experimentais desenvolvidos em macacos separados de suas mães e
mantidos em isolamento social, observou-se que estes animais mostravam comportamento
depressivo, com elevação nos níveis de cortisol e depressão na atividade imunológica
(BONAMIN & PAULINO, 1996). Em outros modelos desenvolvidos em ratos, o
estabelecimento da relação entre animais dominantes e animais submissos também pode
induzir alterações na imunocompetência. O líder de uma colônia, ao ser deposto por outro
animal estranho inserido na mesma, desenvolve uma forte imunossupressão (BONAMIN
& PAULINO, 1996).
De acordo com Aires (1991), quando uma proteína estranha, o antígeno, invade o
organismo, ela é captada por um macrófago que apresenta o antígeno a uma célula T e ao
mesmo tempo secreta um peptídeo, a interleucina-1. Este peptídeo ativa um subgrupo de
células T com propriedade auxiliadora indutora, que por sua vez secretam interleucina-2,
um peptídeo que estimula a proliferação de novas células T. Estas células podem tanto ser
auxiliadoras (ativadoras) como supressoras de linfócitos–B (produzidos na bolsa de
Fabricius), que secretam os anticorpos dirigidos contra o antígeno. Os glicocorticóides
inibem a produção de interleucina-1 pelos macrófagos e interleucina-2 pelas células
auxiliadoras. Como em geral as células que diminuem em número são auxiliadoras, e não
as supressoras, diminui a resposta imunitária. Uma vez produzidos pelas células B, os
anticorpos não sofrem interferência dos glicocorticóides. Em altas doses, estes hormônios
são linfotóxicos, provocando a destruição das células T, como a interleucina também tem
atividade pirogênica, os glicocorticóides podem ainda se opor ao aumento de temperatura
induzido por infecções.
Temporariamente esta inibição imunológica parece ser benéfica, tendo em vista
diminuir a intensidade das reações inflamatórias aos agentes de estresse (BALLONE,
2005). De acordo com Aires (1991), os níveis normais do hormônio teriam função de,
através de sua ação permissiva, permitir as respostas metabólicas, circulatórias e outras,
necessárias para adaptação aos diversos tipos de estresse. Em contraposição, níveis mais
elevados do hormônio teriam a função de limitar as respostas adaptativas, impedindo que
elas se tornem exageradas e deletérias para o organismo. Assim, por exemplo, os
glicocorticóides, pela sua ação restritiva, impediriam que a resposta imunológica a outro
antígeno se tornasse exagerada e prolongada, o que teria serias conseqüências (doenças
auto-imunes).
3. ESTRESSES E SEUS ESTÍMULOS
Os indivíduos são comumente expostos a uma grande variedade de estímulos e
condições que tendem a alterar drasticamente a homeostase do organismo de uma maneira
mais geral do que específica (MOUNTCASTLE, 1978).
Para Stort apud MARSON, (1999), o estresse é um indicativo de uma condição
adversa ao bem-estar do animal, podendo ser climático, em virtude do frio ou calor
excessivo; nutricional, devido à restrição à ingestão de alimentos e água e social, resultado
de competição e liderança nas hierarquias formadas dentro do grupo.
Para Diniz (1996) o estresse mostra-se com um conjunto de reações do organismo
frente à agressão de ordem física, psíquica, infecciosa etc. capaz de perturbar a
homeostase.
3.1 - Estímulos estressantes em cães
• Situações de perda, como morte de pessoas queridas ou de um animal
companheiro; viagens dos donos, ficar em hotel, canil, podem deprimir alguns
animais, que chegam até a ficar os primeiros dias sem comer (FOLLAIN, 2006); se
um cão forma laços tão fortes com seu dono ao ponto de se sentir inseguro longe
dele, poderá desenvolver um distúrbio compulsivo ou ansiedade de separação
(SAS) (JOCHYMANN, 2008); A SAS, é incriminada como geradora de estresse
(SOARES, TELHADO, PAIXÃO, 2007)*;
• Mudanças na rotina da casa; vinda de um novo bicho na casa, cães e gatos levam
tempo para aceitar estranhos, mesmo aqueles com quem passam a conviver no dia a
dia (ESPAÇO ANIMAL, 2008); alterações em sua própria posição social
(JOCKYMANN, 2008);
• O dono passar menos tempo em contato com o animal ou ir passear menos causa
estresse; (ESPAÇO ANIMAL, 2008).
_________________________________________________________________________________________________
* Na medicina veterinária, a ansiedade de separação é uma síndrome manifestada pelo conjunto de comportamentos exibidos pelos cães quando são deixados sozinhos, e constitui-se em um dos problemas comportamentais mais comuns da espécie. (Guilherme MARQUES, João TELHADO, R. Leal PAIXÃO, Clínica Veterinária n .67, p. 77, 2007)
• Cães mantidos na corrente por longos períodos de tempo, longe de lugares
confortáveis e seguros e do convívio humano; confinamento prolongado que leva a
falta de exercícios, principalmente para aqueles animais que não estão acostumados
a isto (JOCKYMANN, 2008); (Figura 7 e 8)
• Animais que sofrem agressões através de treinamento violento, ou aqueles que são
atropelados, e ainda, erros na criação onde são usados métodos de punição severos
(ESPAÇO ANIMAL, 2008); (Figura 9)
• Mudanças ambientais; mudanças bruscas de temperatura, mudança na dieta ou no
local onde o animal vive (ESPAÇO ANIMAL, 2008); Lesões, traumas cirúrgicos,
infecções (MOUNTCASTLE, 1978), dor (BRANCO & LOBÃO, 1983).
• A maneira como forçamos os animais a viverem como seres humanos.
(JOCKYMANN, 2008) (Figura 10), a Cordotomia que se define como sendo uma
mutilação das cordas vocais e o animal tende a ficar deprimido. “Latir é uma forma
de comunicação do cão. É uma mutilação tanto física quanto psíquica”(FALCÃO,
2007).
Figuras 7 e 8. Cães acorrentados em condições inadequadas de vida. Fonte: www.sofia.gonçalves.blogspot.com/2006/03/se-souber Fonte: www.cache02.stormap.sapo.pt/fotostore02/linkanimal.blogs.html
Figura 9. Pitt Bull, além dos traumas por conta da rinha o proprietário ainda o agrediu até a morte por perder a luta. Fonte: http://forum.portaldovt.com.br/forum/lofiversion/index.php/t21029.html
Figura 10. Poodle com os pêlos tingidos, situação que foge ao extremo da realidade do animal. Fonte: g1.globo/.../rio/foto/o..11309839-ex100.jpq
3.2 - A dor como estímulo estressante
Fala-se de dor em pontada, dor em queimação e dor contínua; dor superficial e dor
profunda; dor lancinante, dor latejante, dor cortante, dor em cólica etc. Sem dúvida, que
estes diferentes tipos de dor são frutos de afecções diferentes, estímulos diferentes atuando
de modo diverso nos algioceptores e sendo conduzidos de modo também diverso pelas
diferentes fibras nervosas. Porém essas sensações, ao cruzarem o tálamo, hipotálamo e
sistema límbico adquirem uma conotação emocional e projetam-se a córtex já mescladas
de emoções; ou, ao contrário, depois de chegarem ao córtex, retornam ao sistema límbico,
via lobo frontal, e já então conscientizado, evocam lembranças e experiências anteriores de
sofrimento próprio ou alheio. Assim, a dor desencadeia o medo, a ansiedade, a angústia, a
tristeza, o choro; enfim, deixa de ser senso-percepção para adquirir o colorido dos afetos,
provocando reações emocionais intensas como o medo (BRANCO & LOBÃO, 1983).
4 - COMO AMENIZAR O ESTRESSE
Muitas terapias complementares têm sido efetivas e seguras para restaurar a saúde
dos animais, entre elas, Acupuntura, Aromaterapia, Florais de Bach, Florais de Saint
German (SPALATO, 2007), massagens e banhos relaxantes. É preciso também melhorar a
qualidade de vida do animal, com uma rotina saudável, passeios diários e momentos de
lazer. (ESPAÇO ANIMAL, 2008).
4.1 - Acupuntura
Foi avaliada em experimentos com estresse agudo por contenção onde avaliou-se o
efeito da acupuntura nos acupontos 06BP, 36E, 17VC, 06CS, 20VG durante um período de
imobilização de 60 minutos em ratos Wistar, utilizando como parâmetros a pressão arterial,
a freqüência cardíaca e análise de comportamento. Os resultados obtidos sugerem que a
acupuntura aplicada durante o estresse agudo por contenção atenua alguns comportamentos
envolvidos na reação de luta ou fuga característica do estresse, de maneira independente
dos parâmetros cardiovasculares avaliados (SCOGNAMILLO-SZABÓ, BECHARA,
2001).
4.2 – Florais de Bach
Estes florais tratam no cão estressado, o estado de alma negativo – esse estado de
alma negativo não é “combatido”, pois isso lhe conservaria a energia, mas é inundado por
ondas de energia harmoniosas. As flores usadas por Bach são de plantas de uma ordem
mais elevada, onde cada planta tem um comprimento determinado de onda de energia. O
floral atua como um catalisador, restabelecendo o contato entre a alma e a personalidade,
no ponto em que este se rompeu.
Os Florais de Bach indicados como sugestões para tratar o estresse do animal são:
• Rescue: Trata o estresse e a tensão, restitui a calma.
• Walnut: É usado sempre que ocorre alguma mudança para os animais.
• Wild oat: Para tratar o tédio, falta de propósito na vida.
• Impatiens: Para tratar a impaciência, a irritabilidade.
• Heather: Para tratar animais que fazem barulho para chamar atenção ou por
sentirem solidão.
• White chestnut: Trata a preocupação e a insônia. Para qualquer
comportamento obsessivo.
• Holly: Para tratar ciúmes. É útil quando um bebê ou um outro animal passa
a conviver no mesmo ambiente.
• Sweet chestnut: Trata a angústia mental.
• Willow: Trata o comportamento rancoroso e o mau-humor.
• Chicory: Trata os ciúmes, o amor condicional. Trata a necessidade de
chamar a atenção (FOLLAIN, 2006).
4.3 - Florais de Sant German
Os cães são mais susceptíveis a desenvolver problemas comportamentais porque se
envolvem com os problemas emocionais das pessoas com que convivem. Nesses casos, o
floral é eficaz e tem o poder de solucionar a causa dos problemas, sem causar efeitos
colaterais podendo atuar como preventivo ou como coadjuvante em tratamentos
homeopáticos ou alopáticos (SPALATO, 2007).
Em 2003, Eunice Santos, veterinária do Centro de Zoonoses de São Paulo realizou
um projeto de utilização de florais de Saint Germain nos animais que estavam recolhidos,
com o objetivo de promover o bem-estar emocional dos animais, acalmar e minimizar os
traumas e medos vividos pelo abandono e pelo confinamento. Por quatro meses em que os
ambientes foram saturados com florais, os animais ficavam mais calmos, em média, 30
minutos após o spray floral (SPALATO, 2007).
4.4 - Fitoterapia
Dentre as plantas medicinais algumas são consideradas calmantes e seria uma
alternativa para o tratamento do estresse principalmente o físico, em que se pode destacar:
o capim-limão ou capim-cidreira (Cymbopogon citratus staupf), esta planta contém citral,
uma substância que oferece propriedades calmantes e sedativas (ANIBAL, et al, 2008).
ANIBAL et al (2008) em pesquisa realizada como objetivo de demonstrar o perfil
dos leucócitos circulantes no modelo de ratos sob estresse físico, e avaliar a fitoterapia
como alternativa para controlar os sintomas patológicos após esse estresse, demonstraram
que o uso da fitoterapia influenciou de forma positiva para alguns tipos de reações nas
células sangüíneas causadas pelo estresse.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desta revisão foi verificado que o estresse nem sempre é um fator de
desgaste emocional e físico, mas, um mecanismo natural de defesa do organismo. Os
estímulos estressantes são recebidos através do sistema nervoso e dependendo da forma
com que esses estímulos são enfrentados poderão provocar um conjunto de reações
fisiológicas, onde sendo elas exageradas em intensidade e duração, acabam por causar
desequilíbrio no organismo, freqüentemente com efeitos danosos. Por outro lado, se o
estimulo estressante é agudo e sem persistência o animal logo se recupera, passando a ter
uma vida normal.
Pôde-se constatar a influência que o homem tem em relação ao estresse em cães
podendo ser de forma negativa, quando não se permite que o cão se expresse e/ou viva
como tal, ou de forma positiva quando se respeita às atitudes e limitações dos animais e
desta forma se promove o bem estar animal.
Ao observar as complexas alterações fisiológicas, neuroendócrinas e psicológicas
percebe-se a importância em se valorizar e aprofundar os conhecimentos relacionados ao
estresse, visto que o mesmo pode se tornar uma porta de entrada para patologias.
6 – BIBLIOGRAFIA AIRES, M.M. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. ANIBAL, F. F. et al. Alterações imunológicas em camundongos e a atuação de fitoterapia no estresse induzido. Faculdades Integradas Fafibe. Disponível em < www.fafibe.br/revistaonline/arquivos/012_fernanda_anibal_alunos_alter_%20imuni_camu_.pdf> Acesso em :31 mar.2008. BALLONE, G.J. Fisiologia do Estresse. Disponível em: <http:// www.psiqweb.med.br/cursos/fisio.html> Acesso em: 16 dez 2007. BRANCO, C; LOBÃO, A. N. Manual de Psicologia Médica. Piauí: Comepi, 1983. BROOM, D. M; MOLENTO, C. F. M. Bem-estar animal: Conceito e questões relacionadas – Revisão Archives of Veterinary Science, Paraná, n.2, 2004. CAMARGO, L. M. Saúde & Beleza Forever. Disponível em:<http://www.rense.com/general19/chemical.htm>. Acesso em 02 abr. 2008. CUNGI, C. Saber administrar o estresse na vida e no trabalho. 2 ed. São Paulo: Larousse, 2006. CUNNINGHAM, J. G. Tratado de Fisiologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. DUKES, H. H. Fisiologia dos animais domésticos. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. FALCÃO, J. Cirurgia para diminuir som de latidos e miados gera polêmica. Diário de S. Paulo. Disponível em:< www.revitaepoca.globo.com/revista/epoca/o>. Acesso em 31mar. 2008. FOLLAIN, M. Estresse em cães e os florais de Bach. Disponível em:<www.greepet.vet.br> Acesso em: 31 mar. 2008.
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FICHA CATALOGADA NA BIBLIOTECA SETORIAL DO CAMPUS DE PATOS - UFCG
F383e
2008 Ferreira, Karla Valéria Pires, Estresse: conceitos e pontos de observação fisiológicos em cães. /Karla Valéria Pires Ferreira - Patos - PB: CSTR, UFCG, 2008.
35p.: il Inclui bibliografia. Orientador(a): Melania Loureiro Marinho.
Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) – Centro de Saúde e tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande.
1 - Psicologia fisiológica – cães - Monografia. I - Título CDU: 159.91