UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
LUIZ CARLOS MERGÍNIO DOS SANTOS
A VALORIZAÇÃO DO CONTADOR RELACIONADA A MUDANÇA DE POSTURA, ATUAÇÃO NO MERCADO E A ÉTICA
Biguaçu
2007
LUIZ CARLOS MERGÍNIO DOS SANTOS
A VALORIZAÇÃO DO CONTADOR RELACIONADA A MUDANÇA DE POSTURA,
ATUAÇÃO NO MERCADO E A ÉTICA
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis na Universidade do Vale do Itajaí, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Juarez Domingues Carneiro
Biguaçu
2007
LUIZ CARLOS MERGÍNIO DOS SANTOS
A VALORIZAÇÃO DO CONTADOR RELACIONADA A MUDANÇA DE POSTURA, ATUAÇÃO NO MERCADO E A ÉTICA
Esta monografia foi apresentada como trabalho de conclusão de curso de Ciências Contábeis da Universidade do Vale do Itajaí e aprovada pela banca constituída pelo orientador e membros abaixo.
Biguaçu, 04 de julho de 2007
Professores que compuseram a banca:
Prof. Juarez Domingues Carneiro
(Orientador)
Profª Marisa Luciana Schwabe de Morais
(Membro de Banca)
Prof. Anderson dos Reis Bellaguarda
(Membro de Banca)
Ser ou não ser. Eis a questão. Willian Shakespeare
AGRADECEMENTOS
Pelo incentivo, colaboração e ajuda, o meu agradecimento especial a Minha Esposa Lenita e as Minhas Filhas Arádia e Mariana Luiza
RESUMO
O objetivo geral desta monografia é uma reflexão a respeito do desenvolvimento e comportamento humano do Contador, visando a sua valorização pessoal, o seu desempenho profissional, a sua postura, a sua atuação no mercado de trabalho e sua integração com a sociedade, através de pesquisas bibliográficas a respeito do assunto. Sabe-se que pela internacionalização de conhecimentos e pela competitividade existente no mercado, as organizações estão exigindo para a ocupação de seus cargos e funções, profissionais especializados, com conhecimentos específicos da matéria e comprometidos com as causas sociais e humanas de maneira diferenciada as que estavam acostumados a praticar até então. O Contador atual para exercer sua profissão de forma adequada e transparente deverá buscar os conhecimentos específicos e genéricos inerentes à profissão e exercê-la com ética e objetividade, não esquecendo jamais, que o marketing pessoal e sua apresentação fazem parte do seu dia-a-dia. O Contador atual deverá ter como missão, de maneira continua e persistente a busca de conhecimentos através da educação continuada necessária ao bom desenvolvimento de suas atividades. O mercado cada vez mais competitivo e exigente, a globalização, o conhecimento, o uso crescente da informática exigem do Contador novos desafios, buscando atender as necessidades dos seus clientes, com zelo e qualidade, “quebrando” os velhos e estabelecendo novos paradigmas sempre em busca da qualidade e de melhores serviços. É época de mudar, atualizar-se, identificar as necessidades das entidades, fornecer informações objetivas e com qualidade, sabendo utilizá-las e transmiti-las de forma que sejam úteis aos gestores do negócio. Fatores como a globalização dos mercados e o crescente avanço tecnológico continuam transformando a Contabilidade em uma área cada vez mais requisitada e abrangente. Palavras Chaves: Contador. Contabilista. Profissão. Valorização. Educação. Ética. Postura.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 7
1.1 JUSTIFICATIVA....................................................................................................................... 8
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.................................................................................................. 9
1.3 OBJETIVOS........................................................................................................................... 10
Objetivo Geral................................................................................................................................. 10 Objetivo Específico........................................................................................................................ 10
1.4 SUPOSIÇÕES ....................................................................................................................... 11
ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................................... 12 1 A EVOLUÇÃO E OS PILARES DA EDUCAÇÃO NA CONTABILIDADE ........................... 14 2 PERFIL DO CONTADOR...................................................................................................... 19 Atributos de natureza humana ..................................................................................................... 20 Atributos de natureza social ......................................................................................................... 21 Atributos de natureza profissional............................................................................................... 21 3 FORMAÇÃO PROFISSIONAL.............................................................................................. 23 Facilidade de Expressão e Comunicação ................................................................................... 24 4 POSTURA DO CONTADOR ................................................................................................. 27 Postura Física................................................................................................................................. 27 Postura Profissional ...................................................................................................................... 30 5 ÉTICA PROFISSIONAL ........................................................................................................ 32 6 EDUCAÇÃO CONTINUADA E ATUALIZAÇÃO PERMANENTE........................................ 36 7 MERCADO DE TRABALHO E ATENDIMENTO .................................................................. 41 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 44 REFERÊNCIAS................................................................................................................................ 46 ANEXOS .......................................................................................................................................... 48
INTRODUÇÃO
Extraído do artigo www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm
A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da humanidade.
Desde o surgimento da civilização, tem-se a necessidade do controle e da
contagem. Os primeiros indícios de que se tem sobre a Contabilidade são de
10.000 a.C., quando foram encontrados os primeiros rudimentos contábeis para
controle da agricultura e criação de animais, através de fichas de barro. Cerca de
4.000 a.C. caracterizou-se por um período de proteção à posse e de simples
controle de contas.
Passamos pela era da agricultura, que perduraram milênios, em que
trabalhar com partidas simples na contabilidade era suficiente. Em seguida veio a
era da indústria, que perdurou alguns séculos, com a ênfase nas partidas
dobradas, no custo histórico, na preparação dos relatórios contábeis, que por si
só, já não atendem mais as necessidades das organizações. O Contabilista
competente é o que guia o seu cliente para a eficácia constante.
Saltando algumas centenas de anos temos que seu marco histórico deu-se
no ano de 1494, em Veneza, com a publicação da obra Summa de Arithmetica,
Geometrica, Proportioni et Proportionalita (Análise Aritmética das Proporções e
das Proporcionalidades), do Monge franciscano frei Lucca Paciolli. Tal obra
descreveu o método usado pelos mercadores daquela região para controlar as
operações de compra e venda, que seria posteriormente chamado de “partidas
dobradas”, como é conhecido até os dias de hoje.
Com a evolução natural da humanidade, transformou-se o perfil do
Contador. Fatores econômicos e sociais fazem deste, um profissional cada vez
mais requisitado e presente no dia-a-dia da sociedade, tornando sua função muito
mais significativa e necessária para as pequenas e médias empresas e,
principalmente, para as grandes organizações.
E neste ínterim, a profissão evoluiu bastante, principalmente após o ano de
1946, quando foi, de fato, regulamentada a profissão no Brasil. Desde então, as
oportunidades no mercado de trabalho não param de crescer.
Seu impacto continua extrapolando limites e serve, cada vez mais, como
apoio das grandes decisões gerenciais.
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1.1 JUSTIFICATIVA
Como vimos anteriormente, aquela imagem do contador, que tem função
de apurar impostos e atender a fiscalização, não mais se aplica aos dias de hoje.
A globalização, a tecnologia, a integração, a comparação e a
competitividade fizeram com que o mercado exigisse muito mais do contador,
com o constante aperfeiçoamento (educação continuada), a sua reciclagem, o
seu empenho, a sua experiência, o seu conhecimento e a sua criatividade a
serviço das empresas e/ou dos empresários (muitas vezes eles próprios).
Pela importância e o futuro da profissão do Contador no contexto
globalizado em que vivemos, através de pesquisas bibliográficas, destacaremos
neste trabalho de monografia, “A Valorização do Contador Relacionada a
Mudança de Postura, Atuação no Mercado e a Ética”, a sua atitude, a sua
postura, o seu desenvolvimento profissional, a sua educação continuada, ética e a
sua aceitação no mercado de trabalho.
Desta forma, acreditamos estar prestando ao Contador mais um subsídio
do valor da sua profissão e será uma maneira de incentivar o contador a acreditar
em si mesmo e na sua profissão, fazendo com que ele veja aonde deve melhorar
/ investir para ter um futuro promissor. Passando a valorizar mais o seu serviço e
a sua classe.
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1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
A evolução tecnológica, com a globalização do mercado, pela estreita
integração com as demais ciências, exige do Contador uma constante interação
pelos conhecimentos adquiridos, valorizando e revigorando a ciência contábil,
fazendo com que o contador acredite e valorize a sua classe, atuando com
empenho, ética, conhecimento e satisfação no dia-a-dia no desempenho de suas
funções.
No Brasil, segundo dados divulgados do Conselho Federal de
Contabilidade, que se encontram em anexo 01, 02 e 03, em março de 2007,
existiam mais de 392.000 Técnicos em Contabilidade e Contadores registrados, e
as necessidades e as exigências de mercado não param de crescer, daí o
constante desafio para os Contadores, de suprir estas necessidades, com
criatividade e com as diversidades peculiares a função.
Diante disso, devido à transformação e a velocidade com que se necessita
de novas informações, a mensuração dos dados postos a disposição dos clientes
e das organizações, foi relegada ao um segundo plano, continuando muitos dos
Contadores a desenvolverem suas funções de forma a atender as exigências
tributárias e fiscais, que no Brasil, são muitas, complexas e absurdamente altas.
Diante do exposto, buscou-se em bibliografias especializadas, reunir neste
trabalho de monografia, as várias opções de trabalho do Contador e
principalmente a sua valorização profissional, através do seu conhecimento,
hábitos e atitudes.
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1.3 OBJETIVOS
Com a realização deste trabalho, buscou-se atingir os seguintes objetivos
propostos:
Objetivo Geral
Promover uma reflexão a respeito do desenvolvimento e comportamento
humano do contador, relacionado com seu perfil, postura, ética, educação
continuada e valorização profissional.
Objetivo Específico
• Identificar perfil do Contador atual
• Destacar a importância do código de ética para o profissional
contábil.
• Identificar a necessidade da Educação continuada no mercado do
profissional.
• Evidenciar a valorização da profissão contábil.
• Descrever a postura do profissional contábil .
• Descrever o mercado de trabalho do contador.
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1.4 SUPOSIÇÕES
Pela característica do presente projeto, optou-se pela antecipação de
algumas suposições, levando a acreditar que o Contador, devido a sua atuação
milenar nas técnicas contábeis até então empregadas, ainda não se apercebeu
da enorme transformação cultural, social e tecnológica em que estão sendo
submetidos diariamente, relegando a um segundo plano a sua valorização
profissional e pessoal no desempenho de suas funções.
ESTRUTURA DO TRABALHO
O estudo será conduzido através de pesquisas bibliográficas sobre a
profissão do Contador e a Contabilidade, sua atuação no mercado, a ética que
deve ser observada, bem como o seu desenvolvimento profissional, pessoal e
mercadológico com vistas ao conhecimento e a valorização efetiva da classe,
esperado para os próximos dez anos da profissão.
Portanto, no primeiro capítulo encontra-se a Evolução e os Pilares da Educação na Contabilidade e conseqüentemente a do contador, como ele deve
adaptar-se a era na qual nos encontramos (a era da informação, do conhecimento
e do bem estar) e a importância disso.
No segundo capítulo é apresentado o Perfil do Contador, identificando a
sua formação, satisfação profissional, dentre outros aspectos. Aborda também
seus atributos, quanto à natureza humana, social e profissional.
O terceiro capítulo diz respeito a sua Formação Profissional, tratando da
importância desta formação. Esta focado principalmente na expressão e
comunicação do contador, algo de suma importância para a realização de seu
trabalho e na conquista de clientes.
O quarto capítulo menciona a Postura do Contador, trata-se da sua
postura profissional e física, algo que a maioria dos contadores não se preocupa,
porém pode ter grande influência no seu crescimento profissional.
O quinto capítulo trata da Ética Profissional a que todo o profissional está
submetido desde a sua mais tenra idade, desde a sua decisão em trilhar por uma
profissão qualquer, fazendo jus ao juramento e promessas feitas por ocasião da
sua formatura e no desenvolvimento de suas atividades diárias.
O sexto capítulo trata da Educação Continuada e Atualização Permanente a qual um profissional contábil deve estar sempre atento, pois com a
velocidade das informações, este é um ponto no qual ele não pode negligenciar
nunca.
O sétimo capítulo aborda o Mercado de Trabalho e Atendimento para o
profissional contábil, neste capítulo observa-se como é grande o leque de
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ramificações nas quais um contador pode atuar e como é promissor este
mercado.
O oitavo capítulo traz as Considerações Finais sobre a pesquisa
realizada.
1 A EVOLUÇÃO E OS PILARES DA EDUCAÇÃO NA CONTABILIDADE
A evolução natural da humanidade fez com que o profissional contabilista
naturalmente deixasse de visualizar os números de forma individualizada.
Percebe-se aí, a importância de estudar, analisar, propor e, o mais importante,
planejar com base nos registros contábeis as melhores estratégias para o futuro
da empresa.
E o futuro reserva diversos campos de atuação para o contador que souber
acompanhar o progresso tecnológico. Administração de finanças, auditoria,
controladoria, perícia, análise financeira e consultoria são algumas das opções
para aqueles que não temem as inovações e os desafios da profissão.
O profissional de contabilidade tem empregabilidade praticamente
garantida. Além do mais, os salários destes profissionais tem se mostrado atrativo
comparado aos das diversas carreiras tidas como "clássicas" (Medicina,
Engenharia, Direito etc.).
As oportunidades são inúmeras. Qualquer empresa, não importa o
tamanho ou o setor de atuação, é obrigada por lei a contratar os serviços de um
contador, tornando-se a pessoa de confiança da empresa, indicadora da
prosperidade e dos rumos de atuação da empresa.
O Contador pode atuar como planejador tributário; analista financeiro;
auditor interno e, contador de custo, gerencial, público e geral. Pode também ser
empresário contábil, perito contábil, investigador de fraude, professor, escritor,
pesquisador, parecerista, conferencista, agente fiscal de renda, entre outros.
Se a classe contábil realmente obstinar-se no cumprimento de seus
deveres para com a questão, com certeza, poderá mudar a face da economia
nacional e se transformar num grande contingente de missionários da
prosperidade.
Modificações precisam ser introduzidas nas escolas, nas faculdades, nas
empresas, na atuação e nos hábitos dos Contadores, especialmente no que tange
ao interesse pela leitura e pelas pesquisas no campo do progresso do
conhecimento.
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A Contabilidade, por ser uma ciência social, voltada ao “saber pensar”,
exige que o Contador de nossos dias amplie a sua formação cultural, humanista e
social.
Como a informação em nossos dias, ficou absorvida, em quase a sua
totalidade, pelos recursos dos computadores, a valorização do Contabilista está
também em saber interpretar e explicar os informes e em oferecer modelos de
comportamentos aos empresários e aos gestores das riquezas públicas.
Hoje estamos na era da informação, do bem estar, do conhecimento, das
novas tecnologias, do desenvolvimento social e humano, em que o mercado
consumidor da contabilidade tem uma nova demanda por profissionais contábeis
e os meios de comunicação, com sua velocidade de veicular a informação,
deixam mais explícita a necessidade de mudanças nos currículos escolares e
aperfeiçoamento dos professores.
O ensino, portanto, deverá atender a demanda dos diversos usuários da
informação contábil, ser dinâmico, estarem em harmonia com a realidade social,
econômica e política e dentro do projeto pedagógico da instituição.
Segundo Maria Elisabeth Pereira Kraemer, em seu artigo “Uma Reflexão
sobre o ensino da Contabilidade”, precisamos refletir sobre os quatro pilares da
educação, ou seja; ensino de contabilidade, o professor de contabilidade e sua
formação, metodologias no ensino de Contabilidade e formação continuada do
profissional de Contabilidade.
No artigo de Kraemer “Uma Reflexão sobre o ensino da Contabilidade”,
publicado no site www.gestiopolis.com.br, é dito que:
A noção de educação como desenvolvimento humano define o objetivo maior da educação como a construção, pelas pessoas, de competências e habilidades que lhes permitam alcançar seu desenvolvimento pleno e integral. Os Quatro Pilares servem, em seu conjunto, como princípio organizador nesse processo de construção de competências e habilidades.
Vê-se pela reflexão sobre os quatros pilares da educação, a preocupação
sobre o ensino da contabilidade e a formação continuada dos contadores, como
pressuposto básico ao sucesso de todo profissional contábil, onde no aprender e
acreditar naquilo que se está fazendo, traduz-se o gostar do que se faz e fazer
com zelo, com entusiasmo, vontade e responsabilidade.
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Segundo Negra (2003), no quadro dessa diversidade complexa e
desafiadora, destaca-se os quatro pilares básicos essenciais a um novo conceito
de educação, Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a conviver e
Aprender a ser (Anexo 04).
Negra (2003), diz que Aprender a conhecer, indica interesse, a abertura
para conhecimento, que verdadeiramente liberta da ignorância. Permite
autonomia e criatividade de uma maneira constante e contínua.
O conhecimento contábil, para Negra (2003), apesar de datar de milhares
de anos, não é um conhecimento estático. A cada dia novos métodos, novas
técnicas e novas metodologias são incrementadas nos Sistemas de Informações
Contábeis de quaisquer organizações para melhor gerir seus patrimônios.
Enfim, diz Kraemer, antes de aprender a conhecer, o indivíduo deve
aprender a aprender, para isso deverá estar sempre atualizado, fazer cursos de
especialização da sua profissão, exercitar a leitura e as pesquisas, pois assim ele
terá mais facilidade para encarar todas as situações e será mais competitivo
dentro da sociedade onde vive. Também o indivíduo deverá exercitar a memória,
pois a criança aprende o exercício do pensamento com os pais, depois com os
professores. Então, aprender a conhecer é o mesmo que aprender a aprender,
para se beneficiar das oportunidades oferecidas.
Deduz-se pois, que as oportunidades oferecidas deverão ser perseguidas
com o objetivo de aprendizagem e valorização do contador, e que o mesmo
sempre esteja disposto a persegui-las e valoriza-las dentro do princípio de que a
vida é um aprendizado contínuo e ininterrupto.
O aprender a fazer mostra a importância da coragem de executar, de
correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar.
Kraemer diz que é preciso aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente
uma qualificação profissional, mas de uma maneira mais ampla, competências
que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em
equipe. Mas também é necessário aprender a fazer, no âmbito das diversas
experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes,
quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente,
graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
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Temos que perceber que aprender a fazer não pode ser apenas ensinar o
jovem para uma função onde fará uma tarefa material.
Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar com os outros,
de gerir e de resolver conflitos tornam-se cada vez mais importantes. Aprender a
fazer significa tornar as pessoas aptas a enfrentar numerosas situações e a
trabalhar em equipe, não somente ter uma qualificação profissional.
Neste sentido, Negra (2003) diz que o pilar aprender a fazer aponta para
duas vertentes: a relação teoria e prática do ensino contábil e o trabalho do
contador do futuro.
Pode-se deduzir desta forma, que o aprender a fazer, é o contador ter a
humildade de receber para poder aprender a fazer, é mais uma vez a sua
constante reciclagem visando adquirir novos conhecimentos e reforçar os até
então adquiridos.
Aprender a conviver, para Kraemer, é o desafio da convivência que
apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade como caminho do
entendimento.
Para que todos possam aprender a viver juntos, e aprender a viver com os
outros, tem a educação um papel importantíssimo e um grande desafio, já que a
opinião pública toma conhecimento através dos meios de comunicação e nada
pode fazer.
A missão da educação é, pois, transmitir conhecimentos sobre a
diversidade humana, bem como mostrar e levar as pessoas a se conscientizar
sobre as interdependências entre todos os seres humanos do planeta. Baseado
nisto, educando a criança desde pequena a descobrir a si mesma, poderá ela se
pôr no lugar dos outros, compreendendo-as e respeitando-as.
O professor não deve ter regras que mantém a curiosidade dos
adolescentes, porque, se assim o fizer, ele os prejudicará a vida inteira, pois não
aceitarão pessoas de outros grupos ou nações. Para o século XXI é indispensável
o diálogo e a troca de argumentos, aprender a viver juntos, desenvolver a
compreensão do outro e a percepção das interdependências, realizar projetos
comuns, nos valores do pluralismo e da compreensão mútua de paz.
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Vê-se que, aprender a viver juntos, é perceber a independência de cada
um, é a realização de projetos comuns respeitando a individualidade de cada um
visando o bem comum.
Aprender a ser, talvez seja o mais importante, diz Kraemer, a educação
deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, espírito e corpo,
inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal,
espiritualidade.
Todos os seres humanos devem ser preparados, pela educação que
recebem, para agir nas diferentes circunstâncias da vida. Para isso, cada um
deverá ter pensamentos autônomos e críticos, ou seja, personalidade própria.
Deverá o ser humano estar preparado para as mudanças e principalmente para
evitar a desumanização do mundo relacionado com a evolução técnica.
Para que o aluno de Ciências Contábeis aprenda a ser um profissional e
um cidadão do mundo, os professores, segundo Negra (2003), têm que lhes
mostrar referências intelectuais que lhes permitam compreender o mundo que os
rodeia e a se comportar nele como autores responsáveis e justos.
Os quatros pilares da educação devem ser a base ao longo de toda a vida.
Portanto, a educação deve preparar as crianças e os jovens para possíveis
descobertas e experimentações, a aprender a ser, desenvolver sua
personalidade, maior capacidade e responsabilidade pessoal.
2 PERFIL DO CONTADOR
Do livro "Perfil do Contabilista Brasileiro", editado pelo Conselho Federal de
Contabilidade, em 1996, podem-se extrair alguns dados estatísticos sobre os
Contadores, tais como: o contador brasileiro tem em média de 36 a 45 anos;
portanto, jovem. Recebe mensalmente salários em torno de 1.500,00 a 2.500,00
dólares; portanto, tem acesso por exemplo, à cultura e pode andar dignamente
vestido. Mais alguns dados revelam que 60% dos contadores são empregadores;
portanto, empresários, e que 77% deles estão satisfeitos com a carreira e
pretendem continuar nela. 85% possuem casa própria, 87% possuem veículo e
40% possuem outro curso superior.
As oportunidades de mercado para os Contadores são muitas, as
oportunidades de empregabilidade sejam na área pública, seja na área privada,
seja como empregado, seja como patrão, estão demonstradas no dia-a-dia pelos
concursos e no exercício da profissão.
Segundo o artigo “Perfil do Contador” encontrado no site
www.alunoscontabeis.hpg.ig.com.br
A preocupação maior é a formação de um profissional de contabilidade altamente qualificado, com condições de satisfazer as exigências do mercado de trabalho, participativo, responsável, compromissado, empreendedor, criativo e crítico.
O contador deve estar no centro e na liderança deste processo, pois, do
contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. O contador deve saber
comunicar-se com as outras áreas da empresa para tanto, não pode ficar com os
conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador deve ter
formação cultural acima da média, inteirando-se do que acontece ao seu redor, na
sua comunidade, no seu Estado, no país e no mundo. O contador deve participar
de eventos destinados à sua permanente atualização profissional. O contador
deve estar consciente de sua responsabilidade social e profissional (NASI, 1994.
p. 5).
Vimos que, segundo entendimentos de NASI, já não basta para o contador
apenas o conhecimento técnico do assunto, pela globalização do mercado, pela
constante renovação de necessidade, pela posição de destaque que o contador
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exerce nas organizações, o mesmo deverá ampliar seu leque de conhecimentos e
sua atuação no mercado, de maneiras poder responder também pela gestão de
negócios e estar consciente da sua responsabilidade social em sua comunidade.
Já Branco em seu artigo intitulado “Contabilidade”, encontrado no site
www.aespi.com.br, diz que:
O contabilista deve possuir um perfil e uma formação humanística, uma visão global que o habilita a compreender o meio social, político, econômico e cultural onde esta inserido, tomando decisões em um mundo diversificado e interdependente. Deve ter uma formação técnica e cientifica para desenvolver atividades especificas da prática profissional, com capacidade de externar valores de responsabilidade social, justiça e ética. Deve ter competência para compreender ações, analisando, criticamente as organizações, antecipando e promovendo suas transformações, compreensão da necessidade, continuo aperfeiçoamento profissional, desenvolvimento da auto-confiança e capacidade de transformar.
Mais uma vez nota-se a necessidade da diversificação de conhecimentos
do contador tanto no meio social, como no meio político, econômico e cultural, o
profissional deverá, em todos os momentos, estar à altura do desempenho de sua
profissão, com ética, postura de conhecimento técnico e social; exercer com
competência e responsabilidade a função social e que corresponda ao que dele a
comunidade espera e são esperados do profissional de Ciências Contábeis, são
os atributos ao que o mesmo está atrelado (www.alunoscontabeis.hpg.ig.com.br ).
Atributos de natureza humana
É inerente a pessoa, é a capacidade de ação e reação do profissional
frente aos desafios apresentados, é o desenvolvimento do senso de
responsabilidade, capacidade de desenvolver um pensamento crítico, capacidade
de discernimento para julgar e optar em situações de alternativas, agilidade de
raciocínio e criatividade, exigência quanto a qualidade de qualquer ação de
responsabilidade própria, capacidade de identificar a própria capacidade e as
naturais limitações.
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Atributos de natureza social
Diz da convivência do profissional com o meio em que está inserido, o
desenvolvimento do espírito de equipe, a capacidade de envolvimento e de
participação em iniciativa de interesse comum, a disponibilidade para cooperar no
equacionamento de problemas e na busca de soluções que satisfaçam objetivos
profissionais comuns, a capacidade de desenvolver críticas construtivas e de
evitar críticas meramente negativas, desenvolver a consciência de sua real
capacidade para contribuir para o bem do grupo, organização ou sociedade;
capacidade de gerenciar pessoas.
Para Franco (1999, p. 86) ao se referir sobre as expectativas da sociedade
em relação a profissão contábil, significa dizer que:
As expectativas da sociedade crescem continuamente, uma vez que ela vê a profissão contábil como capaz de enfrentar os desafios do futuro e de cumprir suas responsabilidades. A profissão tem, portanto, de avaliar e reconhecer até onde ela pode atender às expectativas da sociedade, sempre crescentes, adaptando-se às novas situações, seu crescimento será assegurado.
Conclui-se que o profissional contábil muito tem a contribuir para com a
sociedade, identificando as suas necessidades e retribuindo a ela parte dos
benefícios auferidos no desenvolvimento e na prática da profissão.
Atributos de natureza profissional
É o conhecimento e a visão do profissional no desempenho de suas
atividades diárias, é a ampla visão de conjunto da área de conhecimento
abrangida pela profissão, domínio mais aprimorado de algum campo específico
dentro dessa área (ex.: Contabilidade Pública, Custos, Controladoria, etc.),
domínio de práticas contábeis de uso internacional; conhecimento de aspectos
contábeis pertinentes a blocos sócio-econômicos ou geopolíticos específicos,
preocupação em manter-se atualizado em áreas sujeitas a alterações, capacidade
de avaliação judiciosa do fator custo/benefício; preocupação com a correção de
seus atos e com a precisão de suas avaliações, capacidade de administrar
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adequadamente o cumprimento de cronogramas, prioridades e prazos
estabelecidos.
Neste contexto, Carvalho (2002, p. 10), comenta que “O fim do curso de
graduação, por si só, não garante o sucesso profissional. Muito pelo contrário, é o
início de uma longa caminhada, que tem como pressuposto básico a educação
continuada”.
Para Silva (2003, p. 3):
O profissional contábil precisa ser visto como um comunicador de informações essenciais a tomada de decisões, pois a habilidade em avaliar fatos passados, perceber os presentes e predizer eventos futuros pode ser compreendido como fator preponderante ao sucesso empresarial.
Como vimos, a continuidade do profissional contábil na busca permanente
do conhecimento e informações genéricas e específicas da profissão, torna-se
imperativo ao desenvolvimento de suas atividades, ao seu bem estar e a
sobrevivência da classe.
3 FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Para os Contadores, de acordo com Thomé (2001, p. 51), “A formação
profissional deve ter sua base principal na área contábil subsidiada por sólidos
conhecimentos no campo do Direito e nas áreas de Administração, Economia e
Finanças”.
Isto significa que, o conhecimento específico da área contábil deverá ser
subsidiado pelo conhecimento genérico das áreas afins que afetam direta ou
indiretamente o entendimento contábil.
Thomé (2001, p. 52) diz que:
Esse conjunto de conhecimentos de áreas afins é importante quando pretendemos atuar como consultores de nossos clientes. Já mencionei, anteriormente, nossa condição de “clínico geral” das empresas que assistimos e dos seus Sócios Geralmente, somos os primeiros a ser consultados quando nossos clientes precisam de orientação como empresários, porém nem sempre o assunto é da nossa competência, embora pareça sê-lo. Nessas ocasiões, não podemos decepcionar totalmente quem procurou nossa orientação. O conhecimento básico dessas áreas afins permitirá indicar ao cliente onde buscar ajuda para suas necessidades, para que ele não saia frustrado conosco.
Sabe-se que a grande maioria dos clientes de empresas contábeis é
composta por pequenas e médias empresas, e que na maioria das vezes estas
empresas / clientes não tem todos os profissionais que deseja, é comum o cliente
procurar seu contador para obter orientação sobre assuntos jurídicos ligados à
sua empresa, neste caso o contador poderá orientá-lo sobre a importância do
assunto e a melhor maneira de conduzi-lo não deixando cliente sem uma
orientação a respeito do assunto.
Desta forma, o cliente não ficará decepcionado com o serviço prestado
pelo contador porque recebeu no mínimo, a orientação sobre a importância do
assunto e a quem procurar para auxiliá-lo, diz Thomé.
Pela afirmação acima, vimos que para o contador já não basta os
conhecimentos e as técnicas contábeis assimiladas nos bancos escolares, onde o
tradicional débito e crédito eram o que de mais significativo existia, já não basta a
prática dos conhecimentos acadêmicos adquiridos nos tempos de escola, é
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necessário agregar outros conhecimentos fundamentais para o desempenho e a
continuidade da profissão.
“Para que se possa ser um grande profissional é necessário que a
universidade tenha a função de ajudar a crescer na responsabilidade no
humanismo, no raciocínio e no conhecimento cientifico” (SCHWEZ, 1995. p. 32).
De acordo com Abrantes (1998) hoje existe a obrigação por contínuo
aperfeiçoamento dos conhecimentos técnicos e culturais. Entre os valores
profissionais do Contabilista destaca-se a evolução pessoal e profissional,
superação das próprias expectativas, acompanhar as mudanças que ocorrem, às
vezes lentamente outras vezes de maneira absurdamente rápidas. É preciso estar
atento para as oportunidades que surgem no meio profissional, para não serem
desperdiçadas, em decorrência de não acompanhar a evolução do mercado e da
falta de ampliação dos conhecimentos. Temos que conquistar o devido espaço e
ter reconhecimento da relevância da nossa profissão no país. Sendo a
contabilidade de suma importância para as empresa, o Contador do Século XXI é
obrigado a manter-se atualizado.
Diante do exposto, fica claro que o mercado consumidor da contabilidade
é muito exigente. E para atender a essa nova demanda, o Contador do Século
XXI tem que promover mudanças, caso contrário corre o risco de ficar
completamente fora do mercado de trabalho.
As áreas de Direito, tais como, Direito Tributário, Direito Comercial e Direito
Civil são o complemento para o bom desempenho do contador, o conhecimento e
entendimento das técnicas administrativas e econômicas, fazem parte do contexto
globalizado de conhecimentos exigido dos contadores.
Facilidade de Expressão e Comunicação
O Contador deve poder transmitir suas análises de maneira clara e objetiva
de maneira a que o cliente se intere do assunto sem precisar recorrer a outros
profissionais para o esclarecimento do mesmo. Cabe ao Contador saber quais os
detalhes são úteis para poder sintetizar o assunto com segurança, evitando o
excessivo emprego de termos técnicos muitas vezes claros para o dia-a-dia dos
Contadores, mas totalmente estranhos pela falta de convivência com os clientes.
25
Thomé (2001, p. 55), alerta que a facilidade de expressão dos contadores,
deve ser estudada e empregada de maneira acessível aos clientes,
É importante que o profissional se expresse corretamente, isto é, transmita sua informação ou orientação com precisão, de forma tal que seu cliente entenda perfeitamente, não devendo haver possibilidade de entendimento diverso. É preciso ter sempre em mente que o assunto que estamos tratando é familiar para nós, mas não o é para nosso cliente.
Com isto Thomé coloca os contadores como facilitadores no entendimento
das orientações a serem repassadas para os clientes, exigindo do profissional um
profundo conhecimento e assimilação do assunto de maneira a poder expressar
seus entendimentos de forma clara, objetiva e simples.
Diz (2001, p. 55) Thomé que:
Transmitir conhecimentos nem sempre é fácil. Todos nós lembramos de alguns professores que tivemos, no ensino secundário ou no superior, de quem se dizia, sem maldade: “ele conhece tudo, mas não sabe ensinar”. Não é necessário ser professor. Algumas pessoas, extremamente habilidosas em sua profissão, em seu ofício ou em sua arte, têm imensas dificuldades em transmitir seus conhecimentos, sua técnica ou sua arte a outras pessoas.
Mais uma vez fica evidenciado a necessidade da diversidade e da
aprendizagem constante de áreas afins no desempenho do dia-a-dia da profissão,
de alinhar ao conhecimento técnico, as técnicas de comunicação a serem
empregadas.
Cabello et al. em seu artigo publicado no site www.eac.fea.co.br explica
que “é primordial verificar que para ser, verdadeiramente, um contador
informatizado, é imprescindível unir facilidades e a velocidade da informática
como raciocínio sagaz da mente contábil”.
A informática traz para o contador a qualidade de serviços, nas facilidades
disponibilizadas pelos seus programas e sistemas, mas não deve tomar conta da
capacidade que o profissional tem, de usar o seu raciocínio, acomodando-se. Na
profissão contábil a mente e o raciocínio são a base para que se chegue a um
denominador comum e ser um bom profissional.
26
Deve-se, no entanto deixar claro que pelo o avanço global das
comunicações, muitas vezes o emprego de termos técnicos, não só são
necessários, como também até obrigatórios para o entendimento geral da
matéria, o que não podemos perder de foco é a objetividade e entendimento,
tanto pelos clientes, como pelos especialistas na área.
Para isto, nos pareceu oportuno transcrever na íntegra o artigo do
Contador Haroldo Santos Filho denominado “A CARA DO CONTADOR” (Anexo
05).
4 POSTURA DO CONTADOR
Define-se como sendo uma habilidade necessária ao bom desempenho de
qualquer profissional, tanto pelo lado Físico como pelo lado Profissional.
Postura, Física e Profissional, estarão nelas os pilares de sustentação ao
desempenho e desenvolvimento humano dos contadores atuais.
Postura Física
Thomé (2001, p. 60) diz:
Dificilmente um advogado pode ser visto, no exercício de sua profissão, sem paletó e gravata. Já médicos e dentistas raramente usam paletó e gravata como os advogados, mas tem seu próprio ‘uniforme’, vestem-se com roupas comuns, preferencialmente brancas.
O que o autor está sugerindo acima, é que os contadores poderiam ter algo
que os caracterizassem como tal, é evidente que nem todos que usam paletó e
gravata são advogados como não são médicos ou dentistas todos os que se
vestem com roupas brancas, mas seria uma característica positiva a ser
identificada pelos seus clientes no profissional que os represente, no profissional
ao qual o cliente depositou e confiou todos os serviços de contabilidade prestados
para a sua empresa.
Vestir bem não significa, necessariamente, estar “uniformizado” com paletó
e gravata que, em algumas regiões, é até desaconselhável. O bom-senso e o
bom gosto devem nortear o profissional. Assim como um bom carro não significa,
exclusivamente, um carro importado e o escritório tenha que esbanjar luxo,
ressalta Thomé.
Vê-se, que a apresentação do profissional contador, sempre deve ser
norteada também por uma boa dose de bom senso, para cada ocasião o contador
analisará a melhor maneira para a sua apresentação. Sabe-se que o bom
profissional não se faz pela roupa, sabe-se também que em algumas ocasiões
não é suficiente o profissional ser competente, é preciso que ele pareça
competente.
28
Thomé (2001) diz ainda que a postura do contador não deve se limitar à
sua atividade profissional. Seu nível cultural e alguns hábitos sadios podem
consolidar o relacionamento com seus clientes. Freqüentar restaurantes, apreciar
comidas e bebidas, gostar de viajar ou de ler, pescar, praticar esportes, ir ao
teatro ou ao cinema, enfim, praticar ou ter hábitos ligados à cultura e ao lazer
podem propiciar conversas amenas e agradáveis com o cliente e, como
enfatizado acima, melhorar o relacionamento profissional.
Claro está que, não está se fazendo a defesa do uso de “uniformes” ou
roupas padrão a serem utilizada pelos contadores, nem se assegurar de que o
uso de paletó e gravata vá melhorar o desempenho dos contadores no dia-a-dia,
o que se propõe, é a devida valorização do Contador pelo Contador, e neste caso
a roupa usada, a sua aparência, sua apresentação, o seu conhecimento e o seu
astral, são vitais para o sucesso da profissão.
Se a ocasião for propícia a ser apresentado de gravata, que seja feito
desta forma, o contador deve estar sempre decentemente vestido no exercício de
sua profissão e na apresentação com seus clientes, os clientes se sentem
satisfeitos e valorizados, quando acompanhados por profissionais que valorizam
sua profissão.
A apresentação pessoal mescla com a postura física do contador, suas
atitudes, seus hábitos e seu marketing pessoal são de suma importância para o
sucesso profissional no mercado competitivo em que vivemos nos dias de hoje, é
preciso lembrar que não basta que você seja bom, é necessário que muitas
pessoas saibam disto. É preciso criar vínculos verdadeiros e duradouros, com
forte empatia e admiração.
É vital que o contador imprime sua marca pessoal e construa seu nome.
Todo profissional está exposto em uma vitrine chamada mercado de trabalho, em
que as informações pessoais e profissionais circulam com muita velocidade.
Ter um bom marketing pessoal é recriar-se constantemente, é imprimir a
sua marca, é construir o seu nome, é aprimorar-se com qualidade, é cuidar-se
diariamente e sempre.
A seguir algumas dicas importantes elaboradas por Jesus (2005, p. 115).
29
Converse com as pessoas, seja gentil. Todos são importantes ou um dia
serão. Gente tem que gostar de gente.
Planeje suas ações, crie metas, saiba o que deseja atingir e, acima de
tudo, tenha estratégia para alcançá-las. Tenha foco.
Seja seu garoto propaganda, faça seu comercial curtindo, sem ser chato,
mas faça. Tenha em mente seu roteiro e seus pontos mais fortes, pois nunca se
sabe quem você pode encontrar ou quais as oportunidades poderão surgir.
Lembre-se de seu cartão de visitas! Nada pior que alguém lhe oferecer o
cartão e você ter de se desculpar por ter esquecido o seu e ficar anotando em
“papeizinhos” seus contatos. Isso é horrível! Pode ser um cartão simples mas que
contenha as informações básicas e tenha um mínimo de qualidade.
Educação e pequenas gentilezas nunca são demais. Por favor, por
gentileza e expressões do gênero podem fazer a diferença.
Esteja bem informado para não cometer gafes. Leia jornais, revistas e
livros; ouça rádio (ainda que nos deslocamentos de automóvel) e veja os
principais jornais na televisão. Também é bom prestar atenção nas conversas
informais no bar, supermercados, na fila do banco ou da lotérica (de forma
discreta), pois o profissional pode captar informações muito importantes.
Promova-se. Fale de seus projetos e conquistas com sobriedade e não se
vanglorie. O auto-elogio em público é péssimo; deixe que as outras pessoas
reconheçam o trabalho do qual está falando e façam as suas considerações. Se
forem negativas, tome fôlego e receba como críticas construtivas, a não ser que
sejam baixas demais que mereça uma elegante reprimenda.
Pratique esportes. Isso vai mantê-lo saudável, é um requisito de pessoas
bem resolvidas e equilibradas, além de aliviar o estresse e promover sua imagem.
Se houver algum impedimento para a prática de esportes, faça pelo menos,
exercícios regulares para manter a saúde.
Cuide de sua aparência. Ela é o primeiro aspecto que será avaliada.
Pense: “Será que minha imagem é a de alguém de sucesso?”. Neste caso nada
substitui o espelho!
Procure aprender sempre mais. Informação é poder.
30
Postura Profissional
Sobre a postura profissional, diz Thomé (2001, p. 65):
Postura profissional é um estado de espírito, é a decisão de auxiliar o cliente em busca de uma solução para suas necessidades e fazer o possível para chegar a essa solução.
A postura profissional de um Contador é medida pelo seu interesse em
busca de soluções para os seus clientes, mesmo não sendo de sua área de
atuação. O Contador deverá estar preparado para buscar orientações em outras
áreas, se for o caso, ou para o devido encaminhamento dos clientes a outro
profissional ou ainda oferecer outras alternativas.
Não se pode esquecer, que postura profissional está intimamente ligado a
postura ética, que de acordo com Vasquez (1995, p. 12), ética “é a teoria ou
ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência
de uma forma específica de comportamento humano”.
Segundo Motta (1984, p. 69):
A ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim de todo ser humano, por isso, “o agir” da pessoa humana está condicionado a duas premissas consideradas básicas pela Ética: “o que é” o homem e “para que vive”, logo toda capacitação científica ou técnica precisa estar em conexão com os princípios essenciais da Ética.
De acordo com Fortes (2002, p. 108):
Os contabilistas, como classe profissional, caracterizam-se pela natureza e homogeneidade do trabalho executado, pelo tipo e características do conhecimento, habilidades técnicas e habilitação legal exigidos para o seu exercício da atividade contábil. Portanto, os profissionais da contabilidade representam um grupo específico com especialização no conhecimento da sua área, sendo uma força viva na sociedade, vinculada a uma grande responsabilidade econômica e social, sobretudo na mensuração, controle e gestão do patrimônio das pessoas e entidades.
Diante do exposto, conclui-se que o profissional de contabilidade, tem o
dever de manter conduta profissional ilibada, reconhecida por todos aqueles que
se utilizam do seu trabalho, não bastando apenas não fraudar empresas, é
31
preciso ter atuação condigna com suas funções de guardião dos dados de seus
clientes.
Segundo Jesus (2005, p.113), Saber ser um bom profissional não é, de
modo algum tarefa fácil. É um esforço contínuo e constante; é um caminho longo
e necessário para ser reconhecido pelo trabalho desempenhado, que tem como
características essenciais ser: Ambicioso; Bem disposto; Criativo; Dinâmico;
Eficiente; Feliz; Gentil; Honesto; Inteligente; Justo; Lutador; Meticuloso; Notável;
Organizado; Perspicaz; Querido; Responsável; Sensato; Trabalhador; Utópico;
Visionário; Zeloso e Equilibrado. De qualquer forma, por mais virtudes que tenha,
o profissional “perfeito” não existe, deve-se sim, estudar sempre e estar atendo à
todas as oportunidades surgidas no dia-a-dia.
5 ÉTICA PROFISSIONAL
A Ética é a ciência vinculada a julgamento de apreciação moral, sobre
juízos de valores amarrados à distinção entre o bem e o mal. Ela é um valor de
primeira grandeza para o profissional. A ética esta presente em todas as raças.
Nunca o contabilista deve abrir mão de certos princípios, como a honestidade e a
transparência.
Em seu sentido mais amplo, Lopes de Sá (2005) diz que: “a Ética tem
sido entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus
semelhantes”.
Ética é a virtude do ser humano em praticar o bem para o seu
semelhante e a sociedade. Ser ético é proceder sem prejudicar os outros, é agir
direito, é cumprir com os valores da sociedade em que vive, é ter coragem para
assumir erros e decisões. Quando escolhemos nossa profissão, passamos a ter
deveres profissionais éticos obrigatórios.
Abaixo algumas infrações cometidas pelos contabilistas, segundo o
Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina (CRCSC), de acordo com
o Código de Ética Profissional do Contabilista criado pelo Conselho Federal de
Contabilidade através da Resolução n. 803 de 10 de outubro de 1996:
1) - Angariar clientes por meio de agenciador
Utilizar-se de terceiros para obter novos clientes, oferecendo
percentuais ou outros meios como forma de pagamento por cliente.
2) - Inexecução dos serviços contábeis para os quais foi expressamente contratado
Deixar de executar os serviços contábeis contratados pelo cliente e
em desobediência à Legislação e às Normas Brasileiras de Contabilidade.
3) - Inexecução de serviços contábeis obrigatórios
Não executar os serviços de acordo com os princípios contábeis,
sendo-os obrigatórios e resguardando ao seu cliente a situação
econômico-financeira de sua empresa, através dos lançamentos e das
Demonstrações Contábeis.
33
4) - Adulteração ou manipulação fraudulentas na escrita ou em documentos, com o fim de favorecer a si mesmo ou a clientes
Trabalhar de forma inidônea para seu cliente ou com os órgãos
públicos no recolhimento de impostos. Deixando de conservar a boa-fé e a
confiabilidade depositada pelo empresário.
5) - Apropriação indébita
Apropriar-se de valores confiados pelos clientes para recolhimento
de impostos devidos pelas empresas aos cofres públicos.
6) - Incapacidade técnica
Contratar serviços contábeis para os quais não esteja
absolutamente capacitado, vindo, desta forma, a colocar em risco o
patrimônio da empresa pelas más execuções dos serviços e denegrir a
imagem de uma categoria.
7) - Incapacidade técnica em virtude de erros reiterados (precedida de processo de sindicância)
Persistir nos erros durante a execução dos trabalhos, sabendo que
não tem capacidade para a execução dos mesmos em que o cliente
depositou tal confiança
8) - Aviltamento de honorários
Ocorre quando um profissional oferece seus serviços por preço bem
inferior ao ofertado pelos demais profissionais atuantes no seu mercado
específico. Deve ser levado em consideração o tipo de atividade
desenvolvida pelo cliente “disputado”, além da região em que deverá de
ser prestado o serviço.
9) - Concorrência desleal
Pode ser caracterizada pela propaganda desabonadora que um
profissional faça de outro colega. Poderá ocorrer na oferta de serviços de
forma promocional, como por exemplo: “seja nosso cliente e ganhe 3
meses de honorários de graça”. É importante observar que neste caso o
34
profissional ou empresa de Contabilidade pode até estar cobrando
honorários superiores aos dos outros colegas, porém, por tratar-se de
“oferta”, certamente cativará clientes em detrimento dos demais. A
concorrência desleal pode ser caracterizada também como propagandas
enganosas, como por exemplo: “seja nosso cliente e não pague imposto de
renda”.
10) - Anúncio que resulte na diminuição de colega ou de organização contábil
Publicar de forma imoderada, os trabalhos desenvolvidos nos meios
de circulação, menosprezando os trabalhos executados pelos colegas
daquela região.
11) - Retenção abusiva, danificação ou extravio de livros ou documentos contábeis, comprovadamente entregues aos cuidados do contabilista
Reter abusivamente documentos quando da troca de profissional
por parte do cliente, extraviar ou danificá-los, quando os mesmos forem
deixados em confiança sob responsabilidade do profissional no decorrer da
prestação dos serviços.
Para Lopes de Sá (2005, p.25), “a conduta do ser é sua resposta a um
estímulo mental, ou seja, é uma ação que se segue ao comando do cérebro e
que, manifestando-se variável, também pode ser observada e avaliada. O que a
ética estuda, pois, é a ação que comandada pelo cérebro, é observável e variável,
representando a conduta humana”.
Deduz-se, portanto, ser a ética um dos pilares de sustentação da
sociedade, na qual o ser humano estará investido desde a mais tenra idade de
acordo com os costumes e práticas adotadas em seu meio.
Diz Lopes de Sá (2005, p. 204) “O profissional tem o dever ético de guiar
seu cliente e de conduzi-lo ao limite máximo de aproveitamento da tarefa, com
segurança, serenidade e teor humano, durante todo o tempo que necessário for a
eficácia da prestação de serviços.”
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A ética profissional, portanto, visa a retidão de princípios e busca
valorizar a profissão exercida por profissionais competentes, com firmeza de
caráter.
6 EDUCAÇÃO CONTINUADA E ATUALIZAÇÃO PERMANENTE
Entende-se por educação continuada, o ato da busca constante do
conhecimento e aperfeiçoamento da profissão, dos avanços tecnológicos,
científicos e culturais da sociedade globalizada.
Por isso é imprescindível que o Contador mantenha-se em constante
atividade de atualização de seus conhecimentos, valorizando desta forma seu
trabalho, acompanhando as novas técnicas empregadas na profissão, com
transparência ética e atitudes.
A necessidade de aprendizado não deve ser privilégio de estudantes, mas
uma obrigação e necessidade de todos os profissionais.
De acordo com Kramer (2000. p.83):
No caminho da valorização do profissional contábil, faz-se necessário que ele desenvolva estudos para conhecer as necessidades dos usuários da informação contábil e que as assimile, pois só assim poderá alcançar qualidade em seus serviços.
Para isto, necessário se faz o conhecimento de línguas, mantendo-
se informado a cerca do que esta ocorrendo em termos de mundo, conhecimento
de informática, ferramenta indispensável para execução dos trabalhos mecânicos
até então executado sob forma manual pelos contadores, conhecimentos gerais
das áreas afins e pertinentes ao seus trabalhos, direito, administração economia,
etc.
Para os Contadores, de acordo com Thomé (2001, p. 51), “A formação
profissional deve ter sua base principal na área contábil subsidiada por sólidos
conhecimentos no campo do Direito e nas áreas de Administração, Economia e
Finanças”.
Lopes de Sá discorre que:
A disputa pelos mercados, a evolução cientifica, a mudança de consciência social, a concentração de capital, a valorização da criatividade, a informática, a telemática, foram alguns dos fatores que revolucionaram o mundo na segunda metade do século XX”. SÀ (2000, p.2).
37
Assim, a atualização profissional deixou de ser uma opção para ser
também uma condição e uma necessidade dentro do exercício da profissão.
Cada vez mais o mercado empresarial procura não apenas de profissional
com um vasto currículo, mas também de agentes participativos e que saibam
valorizar os aspectos sociais humano de seus colegas. Saber compartilhar e
expressar idéias e antes de tudo, saber compreender e ouvir o que o outro tem a
dizer.
A educação continuada também serve também para que o contador
aprenda algumas habilidades fundamentais ao desenvolvimento de sua profissão.
Habilidades tais como:
Criatividade – permite que se tenha uma visão futurista para antever os
problemas e assim propor soluções rápidas;
Princípios Éticos – respeitar a ética da profissão e ter boa moral é um
aspecto de suma importância dos usuários da contabilidade;
Flexibilidade – prestar constante atenção às tendências do mercado e se
preparar para correspondê-las;
Liderança – capacidade de liderar grupos e de tomar decisões adequadas
e assumir os riscos;
Versatilidade – obtenção de conhecimentos gerais e de áreas
correlacionadas com a sua função;
Seja no aspecto operacional, gerencial e ou cultural, o constante
aperfeiçoamento do Contador é de fundamental importância, a leitura de livros
artigos, trabalhos, etc. muito pode enriquecer a bagagem geral de conhecimentos
necessários ao desempenho de qualquer profissão.
É fato que o mercado de trabalho está muito competitivo. As pessoas se
preparam cada vez mais para disputar um lugar ao sol. São cursos e mais cursos,
especializações, idiomas, MBA’S e doutorados, que estão em alta e a oferta tem
aumentado significativamente nos últimos anos.
38
A verdade é que, para cada profissional competente, existem muitos outros
igualmente capazes, com formação e bagagem muito semelhantes. É preciso ter
feeling, visualizar as melhores oportunidades e investir nelas. Na era do
conhecimento, o mais importante é o autoconhecimento.
Segundo Kraemer em seu já citado artigo “Uma Reflexação sobre a
Contabilidade”:
A educação é um processo de desenvolvimento e formação da personalidade humana, que atua sobre o ser humano em todos os aspectos, começando na família, continuando na escola e se prolongando por toda existência.
A Contabilidade vem sendo considerada como uma das atividades mais
promissoras da atualidade. Análises feitas pela imprensa especializada colocaram
a Contabilidade entre as 10 profissões que mais se destacam no mercado
globalizado. Sob essa ótica da modernidade e atualização de técnicas de
trabalho, a Contabilidade e seu profissional, o Contador, tornaram-se
indispensáveis nessa era onde as áreas administrativas, econômicas e jurídicas
chamadas áreas correlatas se mesclam. Esse mesmo enfoque de modernidade
mudou por completo o perfil do Contador. O contador deixou de ser apenas a
figura responsável por balanços e fluxos de caixa. Hoje seu raio de ação estende-
se aos domínios da economia internacional, exigindo o desenvolvimento de visão
geral sobre os negócios da empresa.
O Contador é indispensável em qualquer empresa – como funcionário
direto ou terceirizado – pois é o responsável legal pelo registro de todas as suas
transações, pagamentos e débitos. Também é função dele o planejamento
tributário, de importância estratégica, a ponto de hoje determinar o sucesso de
uma empresa ou sua estagnação e fracasso.
Thomé (2001, p. 75) discorre sobre isso
Como profissionais da contabilidade, direcionamos nosso trabalho contábil para dois objetivos: um, com aspecto gerencial, no qual procuramos levar informações ao administrador para a tomada de decisões e informações aos proprietários, sócios e acionistas sobre a situação econômica e financeira de sua empresa. Outro, com enfoque tributário, no qual devemos estar atentos para todas as disposições legais, evitando tanto o recolhimento de tributos
39
acima do exigido, como o recolhimento a menor, que irá gerar multas e outros encargos no futuro. A atualização permanente é uma necessidade em quase todas as profissões. Em alguns países, ela é obrigatória e quem não cumpre certa carga horária de atualização não tem seu registro ou licença profissional renovado. São muitas as fontes onde o empresário contábil deve buscar a atualização, mas elas não são excludentes, são complementares. Podemos classificá-las, apenas para estudo, de acordo com sua freqüência, em: imediatas, de curtíssimo prazo, de curto prazo e de médio e longo prazo.
Isto mostra que já não satisfaz aquela contabilidade pura e simples de
lançamentos contábeis, o Contador deve estar preparado para levar informações
gerenciais aos seus Clientes e Administradores, saber interpretar o que estas
informações dizem para possíveis tomadas de decisões, e isto só será
conseguido com o exercício continuado de educação.
Com as constantes mudanças e atualizações legais da carga tributária
incidente sobre o faturamento das empresas e sobre a remuneração dos
contribuintes, a atualização e o constante acompanhamento destas mudanças,
devem fazer parte dos conhecimentos atualizados dos contadores.
Mais uma vez ainda citando Kraemer que diz:
Assim, os contabilistas têm que atuar nesse novo ambiente, que exige informações úteis completas e corretas e em curto espaço de tempo. Seu papel também deve passar por transformações de modo a tornar-se compatível com os novos tempos. Deve ter competência para compreender ações, analisando criticamente as organizações, antecipando e promovendo suas transformações, compreensão da necessidade do contínuo aperfeiçoamento profissional.
A formação continuada do profissional de Contabilidade é de suma
importância para o sucesso da profissão, tanto para a área de ensino como para o
mercado, com referência a área de ensino Kraemer ainda coloca em seu artigo
que:
O ensino continuado também é um fator de suma importância dentro das estratégias de ensino. Professores que estão em determinada cadeira há mais de um período, como diz Pinheiro (2001), devem sempre se atualizar na tentativa de melhorar ao máximo seu desempenho, adquirindo domínio de muitos métodos
40
e técnicas de ensino. Isso possibilita uma grande variação de exposições e maior motivação para o aluno, tornando sempre a aula criativa e dinâmica. As ações que desafiam a inteligência e a capacidade de inovar têm como aliado o professor, que desempenha um papel fundamental neste processo de ensino e aprendizagem. Para Sá (1998), amplia-se, a cada momento, a cada passo em frente que os meios de comunicação realizam, a necessidade de transformações de conceitos e de práticas no campo da informação sobre a riqueza. A velocidade com que as decisões devem ser processadas mudou a atmosfera administrativa de nossos dias e a Contabilidade, como fonte de orientação de modelos de comportamento dos capitais, vem acompanhando essa evolução. Isso, todavia, não só exige repensar os critérios informativos, mas, especialmente, considerar como tais sistemas de enquadram nas exigências doutrinárias científicas, sob pena de se estabelecer o caos. A Contabilidade, como ciência social, ao ampliar seus objetivos de controle, análise e gestão do patrimônio das entidades, insere-se nesse movimento interdisciplinar para contribuir com o processo de formação continuada, visando com isso torná-la um diferencial competitivo do profissional contábil. Neste sentido, Laffin (2002) diz que é nessa perspectiva da profissão contábil que a formação continuada precisa superar as formas tradicionais de treinamentos aligeirados sobre temas contábeis. A formação continuada do profissional da área contábil não pode apenas se restringir aos cursos de atualização, mas necessita tornar próprios os conteúdos e conhecimentos consistentes e abrangentes que envolvem a legislação pertinente às normas técnicas e profissionais.
7 MERCADO DE TRABALHO E ATENDIMENTO
No mercado há permanente busca de profissionais com conhecimentos de
legislação e economia. Especial valorização é oferecida ao Contabilista dotado de
visão global da economia, domínio de línguas e informática, habilidades
gerenciais e de liderança. Auditoria e Peritagem também são áreas de boas
oportunidades.
O mercado de trabalho para contadores é o que mais proporciona
oportunidade para o profissional, conforme é ilustrado na figura abaixo:
FIGURA 1 – MERCADO DE TRABALHO DOS CONTADORES
Fonte: MARION (2003, p. 29).
42
O contador deve estar no centro e na liderança deste processo, pois, do contrario, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. O contador deve saber comunicar-se com as outras áreas da empresa para tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador deve ter formação cultural acima da média, inteirando-se do que aconteceu ao seu redor, na sua comunidade, no seu Estado, no país e no mundo. O contador deve participar de eventos destinados à sua permanente atualização profissional. O contador deve estar consciente de sua responsabilidade social e profissional (NASI, 1994, p. 5).
Outro alargamento do campo de trabalho para Contabilistas, em especial
os dispostos a abrir seu próprio negócio, surgiu com a terceirização não só de
empresas, mas também da atividade exercida por vários profissionais, que
deixaram de ser empregados com carteira assinada. Advogados, engenheiros,
jornalistas, arquitetos, passaram a prestar serviços como terceiros, por meio de
pequenas empresas, que obrigatoriamente necessitam de contadores. O mesmo
acontece com empresas de serviços como de transporte, limpeza, segurança,
malotes, etc. Não importa o tamanho e a área de atuação da empresa, todas, por
força de lei, têm de contratar um Contador.
Referenciando ainda sobre os dados do Conselho Federal de
Contabilidade de março de 2007, existiam 392.170 profissionais registrados
atuando no mercado de trabalho, sendo 198.511 Contadores (50,62%) e 193.659
(49,38 %) Técnicos em Contabilidade e 65.782 escritórios, há outras estatísticas
que dão de 400.000 a 500.000 profissionais em atividades, tratando-se de um
contingente nada modesto e que muito pode ser feito pela valorização da
profissão.
Vê-se que os desafios e as oportunidades de mercado de trabalho para os
Contadores são imensos, vimos também que a Contabilidade apesar de ser uma
profissão de milênios, ainda é pouco conhecida pelas atividades desenvolvidas, é
preciso mostrar união, conhecimento, valor, integridade e trabalho, sem os quais
dificilmente será superado o desconhecido.
Quanto ao atendimento, sabe-se que a diferenciação do mercado, está na
atenção que se dá ao cliente.
43
Thomé (2001, p. 30) diz que:
Para as empresas prestadoras de serviços, a atenção que se dá ao cliente tem maior importância na satisfação e conseqüente manutenção do mesmo do que em outras áreas - O atendimento ao cliente de um supermercado, por exemplo, é bastante impessoal. O que assegura sua fidelidade são outros fatores, tais como preços competitivos, localização, publicidade etc. Para a empresa de contabilidade, o atendimento é ainda mais importante se levarmos em conta que a carteira de clientes é parte significativa na avaliação da empresa, superando outros bens (equipamentos, móveis, instalações) que compõem seu patrimônio. Visitas especiais visando maior aproximação do cliente com o contador ou das pessoas de contato fortalecendo os laços existentes entre o empresário (contador) e as empresas (clientes).
O que o autor deixa claro, é a satisfação do cliente pelo atendimento
recebido, o cliente sente-se satisfeito em ver as suas necessidades senão
atendidas, pelo menos estudadas, é o grande diferencial que o profissional
contábil deverá observar em relação aos outros profissionais, haja vista, a
competitividade existente no mercado, com as mesmas técnicas e funções
desempenhadas.
Existe aquele atendimento inicial onde a primeira impressão se torna
primordial a contratação dos serviços pelos clientes, quem irá atendê-lo, qual o
grau de conhecimento que esta pessoa deverá ter, o encaminhamento dado ao
cliente, rapidez, eficiência, eficácia, etc.
Atendimento preventivo, através de visitas periódicas aos clientes com o
objetivo de levar e retirar documentos, executar alguns serviços no próprio local e
atender o cliente em suas necessidades dentro dos serviços prestados pela
empresa contábil.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos que o ser humano dependendo do seu momento de vida e de sua
colocação no mercado tem maneiras diferentes e antagônicas de reagir e de
pensar, porém o que ficou caracterizado para que o profissional de contabilidade
possa acompanhar a evolução e diversidade do mercado, foi a necessidade de
atualização constante das matérias afins e correlatas do assunto, seja através de
cursos, seja via internet, livros, revistas, periódicos, etc.
Em face da grande necessidade de informações e do volume de dados a
serem traduzidos pelos Contadores, para uma linguagem acessível aos clientes /
administradores, vimos que a tarefa dos Contadores atuais exige que os mesmos
tenham conhecimentos diferenciados das demais áreas para poder explicar os
acontecimentos contábeis de forma clara e simples para as tomadas de decisões.
Quanto à apresentação pessoal, também ficou caracterizado não só o
conhecimento profundo do assunto a ser tratado, a necessidade de bem se
apresentar, até pela cultura adotada no Brasil, onde a apresentação pessoal as
vezes se torna fundamental nas atividades que tenham relacionamentos direto
com clientes, e esta prática embora ainda de maneira um pouco tímida, já vem
sendo empregada pelos novos Contadores.
Vimos também que a profissão exercida pelo Contador nos dias de hoje,
exige destes profissionais não só conhecimentos profissionais atualizados, o seu
relacionamento, a sua atitude, a sua apresentação e o seu desenvolvimento
intelectual generalizado fazem parte do sucesso no desempenho das funções do
Contador.
A informática em muito facilita aqueles trabalhos rotineiros até então
exercidos pelos Contadores de forma mecânica e repetitiva, exigindo dos mesmos
não só a visualização simples e pura dos números, mas a sua interpretação de
maneira global e gerencial.
Vale também salientar a necessidade permanente da adoção de uma
educação objetiva e continuada em todas as ciências que envolvem os
conhecimentos específicos e genéricos da contabilidade, leituras, cursos,
eventos, são alguns exemplos desta necessidade a que o Contador terá que
satisfazer no dia-a-dia da sua função.
45
O seu conhecimento, a sua postura, a sua apresentação, o seu
companheirismo, a sua solidariedade, o seu equilíbrio, a sua felicidade, são
atitudes ou formas de ser que deverão ser cultivadas também permanentemente
pelo Contador para o bom exercício da sua função.
Nada mais apropriado do que um “causo” sobre valorização profissional,
narrado por Domingos X. Teixeira em seu artigo publicado na Internet
(www.teixeira-advogados.com.br), transcrito na íntegra, que muito esclarece este
assunto (Anexo 065).
REFERÊNCIAS
ABRANTES, José Serafim. Educação Continuada. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, nº 109, p 4 – 6, janeiro/fevereiro 1998. BRANCO, José Corsino Raposo Castelo. O Profissional Contábil na Era do Conhecimento. Disponível em: <www.aespi.br>. Acesso em 18 de setembro de 2005. CABELLO, Otávio Gomes et al. Contador: Formação e Atuação Profissional. Disponível em: < www.eac.fea.usp.br>. Acesso em 20 de setembro de 2005. CARVALHO, Joana D´Arc Silva Galvão de. O Perfil Profissional do Contador Ingresso no Mercado de Trabalho no Município de Salvador-Ba de 1991 a 2000. Salvador: FVC, 2002. Dissertação (Mestrado em Contabilidade), Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Visconde de Cairú - CEPPEV, Fundação Visconde de Cairú, 2002. CFC (1996) p. 16. FILHO, Haroldo Santos. A Cara do Contador. Disponível em: <www.cyber.com.br>. Acessado em: 20 de outubro de 2005. FORTES. José Carlos. Ética e Responsabilidade Profissional do Contabilista. Fortaleza: Fortes, 2002. FRANCO, Hilário. A Contabilidade na Era da Globalização: Temas Discutidos no XV Congresso Mundial de Contadores, Paris, de 26 a 29-10-97. São Paulo: Atlas, 1999. JESUS, Antonio Correa de. Reflexão, teoria e ação de campeão em busca do topo. Santa Catarina: Book Link, 2005. KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Uma Reflexação sobre a Contabilidade. Disponível em: <www.gestiopolis.com>. Acessado em: 15 de outubro de 2005. MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. MOTTA, Nair de Souza. Ética e Vida Profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições, 1984. NASI, Antônio Carlos. A Contabilidade como Instrumento de Informações, Decisão e Controle da Gestão. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília. Ano 23 nº 77. Abril/Junho 1994. NEGRA (2003) p. 13, 14, 15, C.A.N. Reflexões Sobre os Quatros Pilares da Educação no Ensino Superior de Ciências Contábeis.
47
Perfil do Contador. Disponível em: <www.alunoscontabeis.hpg.ig.com.br>. Acessado em: 15 de outubro de 2005. SCHWEZ, Nicolau. Qualidade Total do Ensino da Contabilidade. Revista do Conselho Regional de Contabilidade. Rio Grande do Sul, nº 83, p 31 – 35, out/dez 1995. SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade: Orientações de Estudos, Projetos, Relatórios, Monografias, Dissertações, Teses. São Paulo: Atlas, 2003. TEIXEIRA, Domingos X.. Valorização Profissional. Disponível em: <www.teixeira-advogados.com.br>. Acessado em: 15 de outubro de 2005. THOMÉ, Irineu. Empresas de Serviços Contábeis: estrutura e funcionamento. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001. VASQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. 15. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. Visão prospectiva do papel do contador no auxílio a gestão. Disponível em: <www.classecontabil.com.br>. Acessado em 12 de setembro de 2005. www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm, Acessado em: 05 de março de 2007.
ANEXOS
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Anexo 01
50
Anexo 02
51
Anexo 03
52
Anexo 04
53
A CARA DO CONTADOR
“Certa vez fui ao encontro de um cliente, com quem, até aquele momento,
só havia tratado por telefone. Ao apresentar-me, notei uma expressão de espanto
e surpresa no empresário, que não resistiu muito o tempo e soltou: "Você é o
contador?...Que coisa engraçada, você não tem cara de contador!". Foi quando
me veio a pergunta: "Que tipo de cara eu deveria ter para ficar parecido com um
contador?".
Outra passagem curiosa se deu quando visitei o escritório de um
advogado, a pedido de um cliente, comum entre nós, para que pudéssemos
inteirar-nos um pouco mais sobre a questão tributária a ser defendida. Ao chegar,
o advogado foi logo me convidando a sentar dizendo: "Desnecessária a vinda do
colega até aqui. Eu disse ao meu cliente que precisava conversar com o contador
e não com o seu advogado!". Quando eu disse que era o próprio, ele argumentou:
"Mas também ..., de paletó e gravata, pensei que fosse um dos nossos!".
Será que se eu estivesse de branco ele teria pedido para eu medir a sua
pressão sangüínea?
Há poucos meses, a revista VEJA preencheu quase trinta de suas caras
páginas enumerando e discriminando as profissões mais procuradas e
promissoras do país. É claro, a profissão de contador tinha de ficar de fora
daquela lista. Afinal, que charme ela possui para ser divulgada em espaço tão lido
e concorrido? Por essas e outras, resta-nos procurar responder e identificar os
fatores que levam a esse total desconhecimento e aparente desinteresse por
parte das pessoas com relação a nossa profissão. Penso que, de vez em quando,
uma breve apresentação do que realmente somos seria um bom começo.
Do livro "Perfil do Contabilista Brasileiro", editado pelo Conselho Federal de
Contabilidade, em 1996, podem-se extrair alguns dados estatísticos sobre nós,
tais como: o contador brasileiro tem em média de 36 a 45 anos; portanto, jovem.
Recebe mensalmente salários em torno de 1500 a 2500 dólares; portanto, tem
acesso à cultura e pode andar dignamente vestido. Mais alguns dados revelam
que 60% dos contadores são empregadores; portanto, empresários, e que 77%
deles estão satisfeitos com a carreira e pretendem continuar nela. 85% possuem
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casa própria, 87% possuem veículo, 40% possuem outro curso superior e quase
100% dos contadores praticam algum tipo de esporte.
Para os padrões nacionais, até que não é um mal perfil, é?!
Porém, pesquisas recentes feitas pela FEA/USP e por outras entidades,
juntas, mostram que, no inconsciente coletivo do brasileiro, a imagem física do
contador é a de um sujeito idoso, de óculos com lentes verdes e grossas,
baixinho, detalhista, rabugento, introspectivo e que vive atolado de burocracia e
papel por todos os lados. E ainda, quando perguntadas sobre a função do
contador, as pessoas não hesitavam em dizer: "apurar impostos", "fazer imposto
de renda", "atender à fiscalização", "fazer escrituração", "fazer serviços de
escritório" e obtenção de vias de documentos". Percebeu-se que mesmo os
entrevistados que possuíam familiares contadores, disseram que nossas funções
limitavam-se ao tipo fiscal-tributário e às rotinas de trabalho específicas de
escritórios de contabilidade.
Convenhamos, é muito pouco para uma profissão de tão amplos
horizontes.
Essa ignorância coletiva que acomete as pessoas com relação a nós,
contadores, deve-se, por um lado, a nossa manifesta e confessa incompetência
ao lidar com a mídia e, por outro lado, pelos resquicios que ainda conservam
alguns colegas de que os "segredos de nossa profissão" devem ser mantidos
guardados a sete chaves, em nome de nossa suposta preservação. Balela! A
nossa preservação nada tem a ver com isso, pelo contrário, pode até ser
prejudicada com tanto segredo assim. Quem pode gostar daquilo que não
conhece?!
Por causa disso, grandes revistas e jornais brasileiros e, por conseguinte, o
público que os lê, ficam sem saber que a função fiscal-tributária é tão-somente
uma das inúmeras funções da Contabilidade, incluindo-se nesse rol as funções de
Auditoria Interna, Auditoria Independente, Perícias Judiciais, Magistério,
Consultoria e Controladoria, a mais nova sensação do mercado.
Também não se divulga o fato de que a concorrência por vagas de
empregos nas áreas ditas mais nobres da contabilidade supera até ao mais difícil
vestibular de nosso país. Por exemplo, podemos citar o caso das empresas de
55
auditoria que recebem, em média, de 7 a 10 mil fichas de inscrição por ano, para
selecionar apenas 100 "trainees", que deverão seguir uma das mais seguras e
promissoras carreiras que se conhece: a de Auditor Independente. Começam com
um salário de 600 dólares e, após uns 15 anos de carreira, podem até chegar a
sócios das empresas que os havia contratado, com salários, aí sim, de causar
inveja a qualquer profissional liberal.
Existem contadores que, como peritos ou "pareceristas", especializam-se
em fornecer pareceres e relatórios que, muitas vezes auxiliam o judiciário em
causa que movimentam quantias vultosas, na casa de milhões de dólares.
Nesses casos, suas teses contábeis transformadas em parecer, após atingidos os
objetivos a que se propunham, podem render, de uma só vez, dezenas de
milhares de dólares ao profissional. E, ainda assim, alguns insistem, em rebaixar
a profissão contábil a uma mera rotina de preencher guias e dizer quanto o
cidadão deve pagar de impostos!
Estamos na trilha certa de um caminho que vislumbra, num futuro real e
palpável um profissional de contabilidade especializado, invejavelmente bem
capacitado, culto, respeitado, incorruptível e justo nas suas posições e procurado
por todos para solucionar problemas de gestão empresarial ou governamental
que só a ele caberia resolver. Isso se dará, tenho certeza, quando tivermos mais
qualidade e seriedade nas informações que transitam entre o contador, a
sociedade e a mídia.
Ao colega profissional, lembramos que antes de ele ser auditor, "controller"
ou perito, ele é contador e, portanto, é assim que ele deveria se apresentar,
mostrando aos outros quem realmente somos.
Ao público, dedicaremos todo o tempo do mundo, se preciso for, para que
muito em breve, enfim possa-se ter uma visão menos obtusa sobre as
prerrogativas de nossa profissão, bem como ter mais simpatia por ela.
Aos responsáveis pelas informações veiculadas na mídia que, com raras
exceções, sempre erram ao criar uma imagem deturpada e denegrida de nossos
profissionais, ligando-os a escândalos econômico-financeiros ou à famigerada
carga tributária e obrigações acessórias impostas pelo fisco, resta-nos dizer:
"Errar é humano, mas insistir no erro...".
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Haroldo Santos Filho (Contador, Engenheiro e Presidente do SESCON-ES
- Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis)”.
Anexo 05
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VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
No dia-a-dia de nossa vida profissional de auditor e consultor, você tem
contactos com as mais diferentes pessoas do ramo empresarial e a conversa gira,
além dos assuntos profissionais como é natural, em torno de amenidades, o que
torna a profissão ainda mais interessante. Na semana passada, um empresário
falando sobre como cada um deveria valorizar o seu negócio, contou o seguinte
causo: Tinha um fazendeiro que aplicou a tecnologia na sua fazenda, e os seus
negócios iam muito bem, apesar da crise que todo mundo vinha passando. Certo
dia, um fazendeiro vizinho seu, cujo negócio não ia bem, chegou em sua fazenda
e lhe perguntou: Olha, Fulano, como vão as coisas? Ora – respondeu ele – muito
bem. Depois que eu comprei esse cavalo, o meu negócio vai muito bem. Ele só
me tem dado sorte, aliás muita sorte. Esse cavalo é o meu guia ... É o meu ídolo.
E o vizinho olhou e viu então o cavalo. De fato, era um cavalo muito bonito, de
aparência vistosa, elegante na forma de ser e de andar e de marchar. Dias
depois, chegou um outro vizinho e, então, a história se repetia. E foi-se repetindo
daí para frente. E todos os vizinhos estavam entusiasmados com o cavalo. Até
que um dia, um deles, acreditando que o cavalo realmente era o enigma da sorte
daquele fazendeiro, lhe perguntou: Você não vende este cavalo? E ele então
respondeu: Não, só se for por muito dinheiro. E o vizinho foi embora. Acontece
que esse vizinho, então entusiasmado com o cavalo, vendeu um apartamento na
cidade e, então, procurou o fazendeiro: Quanto é que você quer no cavalo? Ah,
eu não vendo. Olha, eu vendi um apartamento e quero comprar esse cavalo. Eu
dou trezentos mil dólares pelo seu cavalo. O fazendeiro pensou, pensou e disse:
Bom, por esse preço, eu fico triste, mas eu vendo o meu cavalo. E então negócio
fechado. E o fazendeiro levou o cavalo...
Meses depois, ele voltou até a fazenda do antigo dono do cavalo e então
lhe disse: Olha, eu levei o cavalo, estou tratando dele com ração importada, da
melhor qualidade, muito cara. Ele está bonito, está gordo, vistoso... Mas os
meus negócios não melhoraram. Aquele cavalo não presta!!! O fazendeiro então
disse: Olha, se você não acreditar que o seu cavalo é bom, e mudar a tecnologia
do seu negócio, ninguém vai te pagar dinheiro algum por ele. Você tem que
valorizar o que é seu, se não fizer isso, quem o faria? Diz para todo mundo que
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o seu cavalo é bom, aprimore a sua tecnologia, e invista no seu negócio. Se você
não acreditar que o seu cavalo é bom, você quer que o seu vizinho acredite?
Meus caros colegas de profissão: A história é simples, mas ela se aplica à
maioria de nós. Muitos de nós não acreditamos que temos um bom cavalo.
Achamos que o nosso serviço não vale o que estamos cobrando, desmerecemos
o nosso mérito cobrando barato pelos serviços que prestamos. E assim aviltamos
o preço de nossos serviços e, por conseqüência, alvitamos os serviços de toda
uma classe, prejudicando a todos.
Os honorários profissionais devem ser estabelecidos não só em função do
tempo que gastamos na sua execução, mas também em função do benefício que
o cliente terá. Porque, por exemplo, muitas vezes um médico faz uma cirurgia de
uma hora e cobra cinco mil reais? Porque o mesmo não acontece conosco.
Porque, simplesmente porque, não acreditamos no nosso cavalo.
Dizem as regras de nossa profissão (a Resolução 803/96), cujos autores
muito bem acreditavam no seu cavalo:
“Do valor dos serviços profissionais
Art 6º - O Contabilista deve fixar previamente o valor dos serviços, de
preferência por contrato escrito, considerados os elementos seguintes:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a
executar;
II - o tempo que será consumido para a realização do trabalho;
III - a possibilidade de ficar impedido da realização de outros serviços;
IV - o resultado lícito favorável que, para o contratante, advirá com o
serviço prestado;
V - a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou
permanente;
VI - o local em que o serviço será prestado.”
Portanto, todos nós, Contadores, deveremos acreditar em nosso cavalo e
valorizá-lo. Se nós não o fizermos, quem o faria por nós? Precisamos valorizar a
nossa profissão, o nosso cavalo. Assim, deveremos cobrar um preço justo para
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fazer a contabilidade de uma empresa, ou para responder uma consulta do cliente
seja ela contábil ou fiscal ou de outra natureza, ou para fazer uma auditoria, ou
uma perícia. Deveremos cobrar também pela nossa responsabilidade que é
envolvida no assunto. Ou às vezes também deveremos cobrar pelo risco de
associar o nosso nome com determinado cliente. E deveremos cobrar um preço,
não somente levando em consideração o tempo gasto, mas também o benefício
que o cliente terá com a solução que lhe dermos para o seu problema. E porque
não? Quando você encontra um médico “seu amigo” e lhe consulta, ele
normalmente pede a você para marcar uma consulta em seu escritório para
“estudar e examinar melhor o assunto”. E então ele lhe cobra a consulta. Com o
advogado é a mesma coisa. Porque conosco, Contadores, tem que ser diferente?
Porque o médico valoriza o seu cavalo, o advogado faz o mesmo, e porque nós,
Contadores, não o fazemos? O preço do cavalo depende de nós acreditarmos no
quanto ele vale e então cobrarmos. Portanto, caros colegas, vamos valorizar a
nossa profissão, o nosso trabalho, e o nosso cavalo. Se nós não o fizermos,
quem o faria por nós? A resposta é simples: Ninguém.
Anexo 06