UNIVERSIDADE DE ÉVORA
ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Expor para Divulgar – A Memória das Exposições de Eletricidade e Rádio e Eletricidade realizadas em Portugal nas décadas de 20 e 30 do século XX
Ana Mateus Malveiro
Orientação: Prof.ª Doutora Ana Cardoso de Matos
Mestrado em Gestão e Valorização do Património Histórico e Cultural
Área de especialização: Património Científico Tecnológico e Industrial
Dissertação
Évora, 2014
UNIVERSIDADE DE ÉVORA
ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Expor para Divulgar – A Memória das Exposições de Eletricidade e Rádio e Eletricidade realizadas em Portugal nas décadas de 20 e 30 do século XX
Ana Mateus Malveiro
Orientação: Prof.ª Doutora Ana Cardoso de Matos
Mestrado em Gestão e Valorização do Património Histórico e Cultural
Área de especialização: Património Científico Tecnológico e Industrial
Dissertação
Évora, 2014
Agradecimentos
Com a conclusão desde trabalho é muito gratificante perceber que tive bastante apoio no
percurso desde longo caminho. Assim quero deixar aqui os meus agradecimentos a todos
aqueles que contribuíram para a realização e conclusão desta dissertação.
Quero agradecer à minha orientadora, profª Doutora Ana Cardoso de Matos pelo apoio,
conselhos e correções prestadas ao longo da dissertação, que foram fundamentais para
conseguir alcançar os objetivos deste trabalho.
Um obrigado à Fondation EDF (Électricité de France)- Comité d'histoire de l'électricité et de
l'énergie, por me ter atribuído uma bolsa, que muito contribuiu para a investigação da minha
dissertação.
Um agradecimento à Dra. Fátima Mendes pelo apoio prestado no Centro de Documentação
do Museu da Eletricidade, ao Dr. Luís Cruz e Dra Rosa Goy pelas dúvidas esclarecidas e
informação facultada.
É necessário agradecer também à Dra. Isabel Manteigas e Dr. José Vilela, da Fundação
Portuguesa das Comunicações, onde realizei um estágio durante a investigação, pela sua
compreensão.
Aos meus pais, pois eles foram a base da minha construção pessoal e do meu caminho
académico, sem eles não tinha chegado até aqui.
Quero também agradecer aos meus amigos, Armando Quintas, e Cláudia Couto pela força e
motivação. À minha colega Miriam Pombinho, com que partilhei angústias. Não posso
deixar de agradecer às minhas colegas de estágio Maria Figueireido, Raquel Carvalho de
Castro, Liliana Cruz e Gisela Esteves minhas companheiras e amigas.
Ao António, meu grande companheiro nesta jornada, pelas reprimendas, paciência, apoio,
força, motivação, enfim, por estar presente.
Índice
Resumo/abstract 8
Introdução 9
Capítulo I - Espaços e objetos ligados à eletricidade: um património
técnico industrial. 29
1. Património Industrial 30
1.1 Definição de Património Industrial 30
1.2 Património Industrial- consciência do seu valor e ações de valorização 31
1.3 A Proteção, Conservação e valorização do património industrial em
Portugal 35
1.3.1 O Património Industrial do âmbito da proteção legislativa
e instituições públicas 36
1.3.2 Iniciativas de inventariação, salvaguarda, e valorização
do património industrial 38
1.3.3 A ação desenvolvida pelas associações ligadas ao património
industrial 40
2. O Património Industrial de natureza elétrica 42
3. O Património da Eletricidade em Portugal 45
3.1 A Fundação EDP e o seu papel na preservação e valorização
do património elétrico português 45
3.1.1 A Política patrimonal da Fundação EDP- O Museu
da Eletricidade. 48
3.1.2 Programa anual “Ilumina o património”. 50
3.1.3 O Roteiro Museus de Energia. 51
3.2 Iniciativas de valorização do património da eletricidade em
Portugal por parte de outras entidades. 53
3.2.1 Museu Hidroelétrico da Praia (Museu da Eletricidade)- pólo
do Museu de Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel, Açores. 56
3.2.2 Museu de Eletricidade-Casa de Luz, Funchal, Madeira. 57
3.2.3 Museu do Carro Életrico- A Musealização da “Sala das Máquinas”
da Central Termoelétrica de Massarelos, Porto. 59
3.2.4 Centro Ciência Viva/Museu Mineiro do Lousal, Grândola 60
4. Uma Iniciativa internacional – O Musée EDF Electropolis, França. 62
Capítulo II- As Exposições e a divulgação dos progressos
da Ciência, da Técnica e da Indústria. 64
1 . As Exposições industriais realizadas em cada país. 65
2. Das exposições Universais às Exposições de Eletricidade. 68
3. As Exposições de Rádio e Eletricidade. 74
4. As Exposições como meio de divulgação do conhecimento
científico e do progresso técnico. 76
Capítulo III- As Exposições de Eletricidade e de Rádio e
Eletricidade realizadas em Portugal. 81
1. O II Congresso de eletricidade e a “exposição de Machinismos e
aplicações da Electricidade.” 82
2. Das Exposições Nacionais de T.S.F. ao Iº Congresso Nacional de
Radiotelefonia. 85
2.1 A “Grande Exposição Nacional de T.S.F.” 87
2.2 A “II Exposição Nacional de T.S.F.” 90
2.3 A “Exposição da Luz e da Electricidade Aplicada ao Lar”. 92
2.4 A “III Exposição Nacional de T.S.F.” 96
3. O Iº Congresso Nacional de Radiotelefonia e a “exposição de
aparelhos de radiotelefonia” (IV Exposição Nacional de T.S.F. 97
4. As Exposições de Rádio e Eletricidade de 1934-1935 99
4.1 A “V Exposição de Rádio e Electricidade”. 100
4.2 A “VI Exposição de Rádio e Electricidade” 103
5. Os Catálogos Oficiais da V e VI Exposição de Rádio e Eletricidade –
Uma fonte para o estudo da memória das exposições. 107
Capítulo IV- Proposta de valorização e divulgação do património
móvel da Eletricidade. 111
1. A Cultura do Objeto Quotidiano Doméstico do século XX –
As Exposição de Eletricidade e de Rádio e Eletricidade. 113
1.2 Proposta de Valorização do Património Industrial Elétrico Móvel. 115
1.2.1 Website 116
1.2.2 Proposta de Ficha de Inventário do património móvel da eletricidade
– Os Objetos do quotidiano doméstico. 124
1.2.3 A Exposição Temporária “A Cultura do objecto do quotidiano
doméstico do século XX. - O património móvel da eletricidade” 128
Considerações Finais 130
Fontes Impressas 135
Bibliografia 137
Anexos 152
8
Expor para Divulgar – A Memória das Exposições de Eletricidade e Rádio e
Eletricidade realizadas em Portugal nas décadas de 20 e 30 do século XX.
Resumo
Esta dissertação aborda as exposições de eletricidade e as exposições de rádio e
eletricidade realizadas em Portugal nas décadas de 1920 e 1930, com os objetivos de
conhecer os objetos elétricos do quotidiano doméstico e recuperar a memória destas
exposições como eventos importantes na divulgação das aplicações de eletricidade. O estudo
dos objetos de uso do quotidiano que estiveram presentes nos stands dos certames liga-se
com a necessária valorização do património móvel de eletricidade, que tem sido pouco
estudado, preservado e valorizado em Portugal.
Como propostas de valorização patrimonial apresentam-se: a construção de um website
sobre a “V Exposição de Rádio e Electricidade”, realizada em 1934 no Palácio de
Exposições do Parque Eduardo VII e um inventário do património móvel de uso doméstico
realizado com base numa ficha construída por nós; a realização de uma possível exposição
temporária onde os objetos inventariados seriam expostos ao público.
Palavras Chave: Património industrial elétrico; história da eletricidade; objetos do
quotidiano doméstico; exposições.
Expose to Disclose - The Memory of Electricity and Radio and Electricity Exhibitions
held in Portugal in the 20s and 30s of the XXº century.
Abstract
This dissertation focus on the electricity and radio and electricity exhibitions held in
Portugal in the 1920s and 1930s. Its main goals are to improve the knowledge about
everyday domestic electrical appliances to recover the memory of these exposures, as
important events in the dissemination of applications of electricity. The study of the
everyday domestic electrical appliances which were in the stands during this exhibitions
binds with the necessary enhancement of the electrical movable heritage, which has been
rarely studied, preserved, and valued in Portugal.
The proposals for asset valuation are: the construction of a website about the "V
Exposição de Rádio e Electricidade" held in 1934 at the Palácio de Exposições of Parque
Eduardo VII; the inventory of movable heritage household using a record built by us and
finally the realization of a temporary exhibition where objects inventoried would be exposed
to the public.
Keywords: Electric industrial heritage; history of electricity; everyday household objects;
exhibitions.
9
Introdução
A presente dissertação visa a divulgação e a valorização patrimonial dos objetos acionados a
eletricidade que fizeram parte do quotidiano doméstico das populações e que, em muitos
casos, correm o risco de desaparecer. O objetivo deste trabalho é o estudo, divulgação,
preservação e valorização dos objetos elétricos do quotidiano doméstico e a recuperação da
memória das exposições de Eletricidade e das exposições de Rádio e Eletricidade realizadas
em Portugal ao longo das décadas de 1920 e 1930 como eventos importantes na divulgação
das aplicações da eletricidade, através do estudo das mesmas e do material elétrico e
radioéletrico exposto. Para tal foram estudadas, a partir de várias fontes, estas exposições e
identificados os vários objetos que aí foram apresentados.
Pretende-se também perceber de que modo as Exposições contribuíram para a
divulgação e generalização das aplicações da eletricidade em Portugal; as razões que
estiveram na origem da realização das Exposições de Eletricidade e de Rádio e Eletricidade;
identificar os organizadores destas exposições e as suas ligações ao setor elétrico; quais as
utilizações sociais, industriais e domésticas de eletricidade que eram propostas em cada
exposição. O estudo dos objetos do uso do quotidiano, presentes nos stands das exposições
liga-se também com a necessidade de valorização do património móvel da eletricidade, que
tem sido pouco estudado, preservado e valorizado em Portugal.
A escolha do período cronológico incluído entre as décadas de 20 e 30 prendeu-se com o
fato de ter sido na década de 20 que se iniciou este tipo de exposições em Portugal e de ter
sido na década de 30 que foi organizado o último destes certames por nós conhecidos, a
exposição de Rádio e Eletricidade de 1935.
Como resultados deste trabalho propõe-se a construção de um website sobre a “V
Exposição de Rádio e Electricidade” realizada em 1934, no Palácio de Exposições do Parque
Eduardo VII; a criação de uma ficha de inventário para o levantamento património móvel
elétrico de uso doméstico e a realização de uma possível exposição temporária onde serão
exibidos ao público os objetos selecionados a partir do levantamento que fizermos com base
na ficha de inventário.
10
No início da nossa investigação pretendíamos também estudar os objetos de utilização
doméstica que foram expostos nas Exposições de Eletricidade e Rádio e Eletricidade para
perceber a evolução, técnica e estética, que sofreram ao longo do período em análise,
contudo isso revelou-se impossível, pois as fontes impressas não o permitiram. A descrição
dos stands e da aparelhagem exposta revelou-se insuficiente para a realização desse
objetivo, uma vez que os repórteres que se descolaram às diversas exposições apenas
descreveram os stands e os produtos que, segundo eles, mais sobressaíram nos certames.
Também por esse motivo alguns expositores presentes nas exposições têm descrições muito
reduzidas nos jornais.
A importância das exposições como forma de divulgação dos objetos técnicos e
industriais
As Exposições eram consideradas uma das melhores formas de divulgar o conhecimento
científico e tecnológico na sociedade industrial do século XIX e do início do século XX e
incentivar o desenvolvimento económico dos países1. Foram durante esse período o reflexo
do progresso da ciência, da técnica, da engenharia, da indústria e das artes. Nelas foram
muitas vezes apresentadas ao público pela primeira vez novas invenções, novas técnicas e
objetos industriais2.
Os progressos que a eletricidade e as suas aplicações conheceram ao longo do século
XIX foram razões determinantes para que tivesse lugar em Paris, no Palais de l’Industrie, no
ano de 1881, a 1ª Exposição Internacional de Eletricidade3. Durante a Exposição de 1881
realizou-se um Congresso Internacional de engenheiros e outros técnicos que estudavam
esse tipo de energia. Neste congresso percebeu-se que existia uma importante comunidade
de engenheiros, cientistas e empresários interessados pelo tema da eletricidade. Após a
exposição e o congresso a divulgação da eletricidade e das suas aplicações assumiu um
carácter internacional sendo realizadas nos anos seguintes novas exposições noutros países
da Europa4.
1Ana Cardoso de Matos (2004), “World Exhibitions of the second half of the 19 th century: a means of
updating engineering and highlighting its importance.”, Quaderns de Història de L’ Enginyeria.Vol. VI, pp.
225-235. 2K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity. Londres: The Institution of Electrical Engineers.
3Alain Beltran e Patrice A. Carré (1991), La fée et la servant. La société française face à l’électricité XIXe –
XXe siècle. Paris: Belin, pp. 57-73. 4Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A Electricidade em Portugal. Dos primórdios à 2º Guerra Mundial.
Lisboa: Museu da Electricidade, EDP, pp. 41-50.
11
Em Portugal a Eletricidade esteve presente na Exposição Industrial que se realizou
em Lisboa em 18885, no entanto, só no século XX se realizaram exposições dedicadas à
eletricidade e suas aplicações.
As Exposições de Eletricidade e de Rádio e Eletricidade foram exemplos de espaços
privilegiados de divulgação dos progressos da técnica e da ciência. Na comissão
organizadora destes eventos participaram indivíduos ligados ao setor elétrico,
nomeadamente a algumas das mais prestigiosas marcas de material elétrico e radioelétrico.
Nelas, várias empresas de material elétrico, radioelétrico e de produção de eletricidade,
expuseram stands onde foram exibidos os últimos modelos da sua aparelhagem elétrica com
o objetivo de informar o público sobre as várias aplicações da eletricidade aos objetos do
quotidiano e divulgar os progressos da emissão radiotelefónica.
Em Portugal a “Exposição de Machinismos e aplicações da eletricidade” foi
inaugurada a 31 de Agosto de 1924 na cidade do Porto durante o II Congresso Nacional de
Eletricidade. As Exposições Nacionais de T.S.F. iniciaram-se em Fevereiro de 1929.
Durante a década de 30 as exposições prolongaram-se, sendo chamadas de Exposições de
Rádio e Eletricidade, pois em 1934 entre os seus stands encontravam-se representadas casas
comerciais destinadas à venda de aparelhos elétricos de uso doméstico para além de
recetores de T.S.F.6.
Estes certames, que foram iniciativas importantes para a divulgação dos avanços
técnicos na aparelhagem elétrica doméstica e na indústria da rádio em Portugal, tiveram
milhares de visitantes, habitantes da cidade onde se realizou a exposição e de outras zonas
do país. A sua realização foi profusamente noticiada pelos jornais e revistas da época, que
são hoje uma importante fonte para o seu estudo.
5 Idem, pp. 58-61.
6Ana Malveiro (2013), “Os Catálogos Oficiais da V e VI Exposição de Rádio e Electricidade – Uma fonte para
o estudo do Património Industrial.” in Actas do Colóquio Internacional, O Património Industrial – Dos
Objectos ao Território.”, Universidade de Évora, Évora, Março 2013 [No prelo].
12
O “estado da arte”
Tendo em conta os vários temas que são abordados nesta dissertação optámos por dividir o
“estado da arte” em função dos seguintes temas: as Exposições Nacionais e Internacionais, a
História da Eletricidade e suas aplicações, e Património Industrial da Eletricidade em
Portugal.
O estudo das Exposições dos séculos XIX e XX tem conhecido um interesse
crescente, sendo abordado por diversas disciplinas. Nos últimos anos têm sido publicadas
várias monografias e artigos sobre esta temática, o que torna a bibliografia sobre o tema
bastante vasta e difícil de analisar na sua totalidade. Assim decidimos apontar apenas alguns
estudos para que sejam percetíveis as diversas abordagens ao tema das Exposições dos
séculos XIX e XX.
No âmbito das Grandes Exposições encontramos algumas obras de referência7, obras
de natureza descritiva, que são uma importante fonte de consulta. Estes trabalhos fazem
alusão à organização das grandes exposições, à sua efetiva realização, características, e
“herança” que deixaram após o seu término. Neles é feito um relato e descrição dos
acontecimentos, através de dados quantitativos e da narração. Estudos de comparação têm
também sido realizados, como é o caso do trabalho de Marcel Galopin8 e Florence Pinot
Villechenon9, onde são identificadas e analisadas as características semelhantes das diversas
exposições. Mas também as ideologias, e as intenções dos países anfitriões.
José Amado Mendes publicou entre as décadas de 70 e 90 alguns trabalhos sobre as
Exposições Industriais e as Exposições Internacionais. Em 1979 escreveu um artigo na
revista O Instituto, uma das mais antigas revistas académicas existentes em Portugal. O seu
artigo10
descreve as exposições industriais realizadas em Coimbra nos anos 1869, 1884,
1894 e aponta os seus intervenientes e eventos que decorreram durante os certames. No seu
7Jonh Allwood (1977), The great Exhibitions. London: Studio Vista; (1983), Le Livre des Expositions
Universelles, 1851-1989. Paris: Éditions des Arts decoratifs/Herscher; (1987), Les Expositions Universelles.
Les Grand Dossiers de L`Illustration. Paris: L`Illustration; Brigitte Schroeder-Gudehus e Anne Rasmussen
(1992), Les Fastes du progrès. Guide des expositions universelles 1851-1992. Paris: Flammarion.
Jonh E. Findling e Kimberly D. Pelle (1990), Historical dictionary of world´s fairs and expositions 1851-1988.
New York: Greenwood Press New; (1998) Colecção Exposições Universais. Lisboa: Parque Expo 98; Jonh E.
Findling e Kimberly D. Pelle (eds.) (2008), Encyclopedia of World's Fairs and Expositions. Jefferson:
McFarland & Company. 8Marcel Galopin (1997), As Exposições Internacionais do Século XX e o BIE. Lisboa: Comissariado da
Exposição Mundial de Lisboa de 1998. 9Florence Pinot de Villechenon (1992), Les Expositions Universelles. Paris: Presses Universitaires de France.
10José M. Amado Mendes (1979), “As Exposições industriais em Coimbra na segunda metade do século.”, O
Instituto- Revista Científica e Literária, Vol. 139, pp. 35-55.
13
artigo estão também presentes as fontes de utilizou para o seu estudo. No ano de 1998
escreveu o artigo “As Exposições como Festas da Civilização”: Portugal nas exposições
internacionais (Sécs XIX-XX)” 11
. O artigo está publicado na revista Gestão e
Desenvolvimento da Universidade Católica Portuguesa, e nele são apresentadas as
exposições internacionais de 1851 até ao ano 1998, como fenómenos de sucesso, analisando
as suas linhas gerais: a política e ideologia por detrás da sua realização; o fato de terem sido
lugares de promoção e divulgação da ciência e tecnologia; a sua função pedagógica, cultural
e a forma como elas foram fatores de desenvolvimento técnico e industrial e facilitaram o
diálogo entre povos e países. Escreve também, embora sucintamente, sobre a participação de
Portugal em algumas exposições e sobre a organização por parte de Portugal da Exposição
Internacional de 1865 realizada no Porto e da Expo98 que estava a decorrer à data de
publicação do artigo.
No que diz respeito à participação dos vários países nas Grandes Exposições
(Universais e Internacionais) é importante referir o livro “O Mundo Ibero-americano nas
Grandes Exposições”12
. Esta publicação consiste num conjunto de textos resultantes do
colóquio realizado pelo Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da
Universidade de Lisboa e pelo Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Madrid) em
1998. Nela estão presentes vários artigos de investigadores portugueses e espanhóis sobre a
presença dos países ibero-americanos nas Grandes Exposições. Os artigos abordam, para
além da participação dos países nas exposições, a importância deste tipo de certames para a
divulgação da ciência e tecnologia, e algumas exposições industriais oitocentistas realizadas
em Portugal.
Em 1998 foi também publicado o catálogo da Exposição Icono-Bibliográfica
Portugal nas Exposições Universais e Internacionais13
, coordenado por Jorge Custódio, no
âmbito da exposição com o mesmo nome, realizada em Santarém. O catálogo teve o mérito
de referir a importância destas exposições e indicar os materiais existentes sobre a temática
para possíveis interessados e investigadores. No artigo está incluída uma cronologia das
exposições realizadas desde 1851 até ao ano 2000, as obras e imagens que foram expostas na
exposição e alguma bibliografia, iconografia e cartografia sobre as exposições.
11
José M. Amado Mendes (1998), “As Exposições como “Festas da Civilização”: Portugal nas exposições
internacionais (Sécs XIX-XX).”, Gestão e Desenvolvimento. Nº7, pp. 249-273. 12
José Augusto Mourão, Ana M. Cardoso de Matos, e M. Estela Guedes (coords.) (1998), O Mundo Ibero-
Americano nas Grandes Exposições. Lisboa: Ed. Veja. 13
Jorge Custódio (1998), Portugal nas Exposições Universais e Internacionais. Santarém: Câmara Municipal
de Santarém.
14
Também sobre a temática da participação dos países, em particular Portugal, nas
Grandes Exposições foi publicado recentemente o estudo de Maria Helena Souto14
realizado
como dissertação de mestrado em História da Arte Contemporânea. No seu trabalho a autora
aborda os pavilhões que se construíram com o intuito de representar Portugal nas
Exposições Universais, enquadrando as razões e os condicionalismos por detrás de cada um
deles.
No ano de 2010 foi editado o livro Expositions universelles, musées techniques et
société industrielle / Word Exhibitions, Technical Museums and Industrial Society15
. Este
livro resultou das comunicações apresentadas no workshop internacional "World Exhibitions
& Museums of Science and Technology / Expositions Universelles & Musées de la Science
et de la Technique", que se realizou no Museu de Ciência da Universidade de Lisboa em
2008. Da obra, que resultou de uma colaboração interuniversitária nacional e internacional,
fazem parte um conjunto de artigos que exploram as relações que se estabeleceram entre as
grandes exposições, os congressos internacionais e a constituição de museus técnicos no
final do século XIX e início do século XX. Abordam igualmente as razões porque as
exposições universais e os museus técnicos foram fenómenos da sociedade industrial e
contribuíram também para a sua consolidação.
Apontamos ainda investigadores que abordaram a temática das exposições da
perspetiva da História de Arte e da Arquitetura estudando e refletindo sobre a decoração e a
arquitetura dos edifícios, como é o caso de Margarida Acciaiuoli, com o livro Exposições
do Estado Novo 1934-194016
. Neste livro a autora apresenta os mecanismos ideológicos do
Estado Novo presentes nas Exposições através da arquitetura e decoração, nomeadamente na
Exposição Colonial de 1934 e na Exposição do Mundo Português em Lisboa 1940. E nas
exposições internacionais em o país participou e onde o regime tentou afirmar a sua imagem
política: a Exposição Internacional de Paris 1937, Exposição Internacional de Nova Iorque e
a Exposição de S. Francisco em 1939.
14
Maria Helena Souto (2011), Portugal nas Exposições Universais 1851-1900. Lisboa: Edições Colibri
IHA/Estudos de Arte Contemporânea- Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de
Lisboa. 15
Ana Cardoso de Matos, Irina Gouzévitch, e Marta C. Lourenço (2010), Expositions universelles, musées
techniques et société industrielle. Lisboa: Edições Colibri/ CIDEHUS-UE/ Centre Maurice Halbwachs/
CIUHCT. 16
Margarida Acciaiuoli (1998), Exposições do Estado Novo 1934-1940. Lisboa: Livros Horizonte.
15
Sylvain Ageorges, na sua obra Sur les traces des expositions universelles. Paris,
1855-1937: à la recherche des pavillons et des monuments Oublies 17
analisa as construções
efémeras que foram erguidas para as exposições internacionais realizadas em Paris, com o
intuito de serem destruídas no fim do certame, mas que acabaram por ser recuperadas por
privados, comunidades e associações.
A partir da perspetiva da Arquitetura e História da Arte foram também publicados
outros artigos em revistas e em várias monografias. Na obra Arte Efémera em Portugal,
publicada por ocasião de uma exposição patente na galeria de exposições temporárias do
Museu Calouste Gulbenkian, Maria Helena Souto e João Paulo Martins contribuíram como
um artigo, “Pavilhões Portugueses nas Exposições Universais do Século XIX”18
. Nesta obra
os autores abordam o aparecimento dos pavilhões com arquiteturas nacionais nas exposições
Universais. Descrevendo a arquitetura dos pavilhões portugueses nos certames de Paris em
1867, 1878, Antuérpia 1885; Paris, 1889 onde se celebrava o centenário da Revolução
Francesa; Madrid 1892 e na Exposição Universal de 1900 de Paris.
A revista Quaderns d'història de l'enginyeria, é uma revista em suporte digital
publicada pela Universidade Politécnica da Catalunha. No ano 2012 editou um número
temático no qual estava integrado um dossier dedicado às Exposições Universais: the world
exhibitions and the display of science, technology and culture: moving boundaries,
coordenado pelas investigadoras, Ana Cardoso de Matos, Christienae Demeulenaere-
Douyère e Maria Helena Souto com o propósito de demostrar a diversidade de abordagens
realizadas no estudo das Exposições Universais. Os artigos que compõem este número
foram apresentados na 4º Conferência Internacional da Sociedade Europeia para a História
da Ciência: The Circulation of Science and Technology realizada no ano 2010 em Barcelona.
As investigadoras introduzem o dossier temático com um artigo que aborda as diversas
perspetivas de análise abordadas pelos artigos que compõem este dossier temático19
: A
divulgação e publicidade do desenvolvimento agrícola e industrial dos países; a arquitetura,
com a construção de edifícios representativos da arquitetura nacional dos diversos países; a
sua contribuição para a introdução da tecnologia nos espaços urbanos do país anfitrião da
exposição; as exposições como meio de aprendizagem e transmissão de conhecimentos.
17
Sylvain Ageorges ( 2006), Sur les traces des expositions universelles. Paris, 1855- 1937: à la recherche des
pavillons et des monuments Oublies. Paris: Parigramme. 18
Maria Helena Souto e João Paulo Martins (2000), “Pavilhões Portugueses nas Exposições Universais do
Século XIX” in Arte Efémera em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1º edição, pp. 352-379. 19
Ana Cardoso de Matos, Christiane Demeulenaere-Douyère, e Maria Helena Souto (2012), “Introduction.”,
Quaderns d’història de l’enginyeria. Vol. XIII, pp. 3-10.
16
Entre estes artigos conta-se o de Paulo Rodrigues “The science of architecture
representations of portuguese national architecture in the 19th century world exhibitions:
archetypes, models and images”20
, no qual o autor analisa as Grandes Exposições como
meio de afirmação e propaganda dos arquétipos arquitetónicos nacionais. Algo conseguido,
segundo o autor, através da exibição de fotografias e modelos dos monumentos nacionais de
Portugal que os portugueses enviaram para serem expostos nas Grandes Exposições.
Na revista também está publicado o artigo: “Italians workers and the Universal
Exhibitions of the 19th century: Imaginaries and representations of technology and science.”
de Anna Pellegrino21
, no qual a investigadora estuda a visita dos trabalhadores italianos às
exposições do século XIX, com um propósito educacional.
O livro Les expositions universelles à Paris au XIXe siècle. Techniques. Publics.
Patrimoines está estruturado em 5 partes: representações, inovação e conhecimento técnico,
novos produtos e estratégias de desenvolvimento, os públicos das exposições, o património
técnico das exposições. Neste livro vários investigadores colaboraram, incluindo Ana
Cardoso de Matos, com o artigo “À mi-chemin entre études et « plaisir»: les visites des
Portugais aux expositions universelles de Paris (seconde moitié du XIXe siècle)»22
. A
investigadora no seu artigo escreve sobre as visitas de diferentes tipos de pessoas às
exposições universais, desde os políticos e os trabalhadores até aos jornalistas, passando
pelos comités oficiais enviados pelo governo português. Aliás, esta mesma autora já tinha
abordado a visita dos engenheiros às exposições internacionais e universais, com o propósito
de estudar o progresso técnico e industrial apresentado nos diversos certames e a sua missão
de redigir relatórios sobre todos os setores exibidos nas exposições num outro artigo datado
de 200423
.
A exibição da eletricidade e suas aplicações nas exposições é também um tema
recorrente em vários artigos e monografias. Patrice A. Carré, no seu artigo “Expositions et
20
Paulo Simões Rodrigues (2012), “The science of architecture representations of portuguese national
architecture in the 19th century world exhibitions: archetypes, models and images.”, Quaderns d’Història de
l’Enginyeria. Vol. XIII, pp. 25-34. 21
Anna Pellegrino (2012), “Italians workers and the Universal Exhibitions of the 19 th century: Imaginaries and
representations of technology and sience.”, Quaderns de Història de L’ Enginyeria. Vol. XIII, pp. 95-112. 22
Ana Cardoso de Matos (2012), “À mi-chemin entre études et « plaisir » : les visites des Portugais aux
expositions universelles de Paris (seconde moitié du XIXe siècle) ”. in CARRÉ, Anne-Laure et alli, (dir.), Les
expositions universelles à Paris au XIXe siècle. Techniques. Publics. Patrimoines. Paris: CNRS Editions, pp.
299-314. 23
Ana Cardoso de Matos (2004), “World Exhibitions of the second half of the 19 th century: a means of
updating engineering and highlighting its importance.”, Quaderns de Història de L’ Enginyeria. Vol. VI, pp.
225-235.
17
modernité : Electricité et communication dans les expositions parisiennes de 1867 à 1900”24
descreve com se exibiu a eletricidade nas exposições de Paris entre 1867 e 1900, indicando
como se apresentou a eletricidade e as suas aplicações: telegrafia, o telefone e o fonógrafo
nas exposições de 1867, 1878, 1881, e 1900.
Catherine Hodeir no seu trabalho La « Fée électricité » à l'Exposition coloniale de
Paris (1931)25
refere que a eletricidade desempenhou dois papéis na Exposição Colonial de
Paris em 1931: serviu como atração lúdica: encantando os visitantes através das
possibilidades da sua utilização na decoração e iluminação nos pavilhões e nas festas
noturnas; e como impulsionadora de desenvolvimento económico das colónias francesas.
K. G. Beauchamp na sua obra Exhibiting Electricity26
escreve sobre a história de
algumas exposições industriais do século XIX e XX, desde as suas origens, no final do
século XVIII, até à atualidade dando especial atenção à representação da eletricidade e das
suas aplicações.
Na revista Annales Historiques de l’ électricité, publicado pela Victoires-Éditions
com o apoio da Fondation Électricité de France, em Novembro de 2006 foi dedicado um
dossier27
à representação da eletricidade nas Exposições industriais, no qual se faz uma
reflexão sobre o desenvolvimento da eletricidade com base nos princípais acontecimentos
neste campo desde o século XIX até às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Sobre as Exposições de Rádio e Eletricidade das décadas de 20 e 30, encontrámos
dissertações de Mestrado onde se foca a sua decoração. Estas dissertações têm como tema de
fundo as Exposições de T.S.F. e de Rádio e Eletricidade, assim, algumas das exposições que
são abordadas na presente dissertação de mestrado, são também referidas na dissertação de
Rui Afonso Santos28
, na qual o autor descreve e analisa a decoração da I, II, III Exposições
Nacionais de T.S.F. e da V e VI Exposições de Rádio e Eletricidade e alguns dos seus
stands, embora o faça numa perspetiva da história da arte, diferente, portanto da abordagem
24
Patrice Carré (1989),“Expositions et modernité: Electricité et communication dans les expositions parisiennes
de 1867 à 1900.”, Romantisme, nº 65, pp. 37-48. Disponível em:
<http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/roman_0048-8593_1989_num_19_65_5597>
(Acesso em: 11.10.2013). 25
Catherine Hodeir (2002), “La « Fée électricité » à l'Exposition coloniale de Paris (1931) ”, Outre-mers. t.89,
n°334-335. pp. 55-69. Disponível em: <http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/outre_1631-
0438_2002_num_89_334_3924> (Acesso em: 11.10.2013) 26
K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity. Londres: The Institution of Electrical Engineers. 27
(2006) l’électricité en représentation/electricity on show.” Annales Historiques de l’électricité, nº 4. 28
Rui Afonso Santos (1994), O Design e a Decoração em Portugal: Exposições e Feiras. Os anos vinte e
trinta. Lisboa: Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea, Faculdade de Ciências sociais e
Humanas, Universidade Nova de Lisboa.
18
que pretendemos fazer. Na dissertação de Maria Theresa Figueiredo Beco de Lobo29
, é
descrita e analisada a decoração das I e II Exposições Nacionais de T.S.F. e a V e VI
Exposições de Rádio e Eletricidade e alguns dos seus expositores, também aqui numa
perspetiva de historia da arte.
Sobre as Exposições de Rádio e Eletricidade há também a investigação que realizei e
que resultou numa comunicação “Os Catálogos Oficiais da V e VI Exposição de Rádio e
Eletricidade – Uma fonte para estudo do Património Industrial”, que se encontra em
publicação.30
A comunicação está dividida em duas partes: uma pequena síntese sobre a
história das Exposições de Rádio e Eletricidade da década de 20 e 30 e uma segunda parte
em que são analisados os Catálogos Oficiais da V (1934) e VI (1935) exposições. E
demonstrado como estes são uma fonte para o estudo da memória das exposições de Rádio e
Eletricidade, e para o conhecimento da indústria elétrica e radioéletrica das décadas de 20 e
30 do século XX em Portugal. Relativamente aos Congressos de Eletricidade e aos
engenheiros eletrotécnicos apontamos os trabalhos de Ana Cardoso de Matos com as
comunicações: “Formation, carrière et montée en puissance des ingénieurs électriciens au
Portugal (de la fin du XIXe siècle aux années 1930)”31
e “Afirmação dos engenheiros
electrotécnicos em Portugal: dos Congressos de Electricidade ao 1ª Congresso de
Engenharia (1923‐1931)”, nos quais esta investigadora apresentou as razões e os passos que
conduziram “à criação de uma comunidade científica supranacional de investigadores e
técnicos”, analisou os Congressos Nacionais de Eletricidade (1924-1930) realizados em
Portugal e o Congresso Nacional de Engenharia (1931), em que os engenheiros
eletrotécnicos tiveram um papel importante32
.
O artigo de Cláudio Amaral, “Uma década de Congressos Nacionais de Electricidade
(1923-1930): Ambiente, percepções e representações”33
analisa os 4 Congressos Nacionais
29
Maria Theresa Figueiredo Beco de Lobo (1998) Para o Estudo da ilustração e do Grafismo em Portugal.
Publicidade, Moda e Mobiliário (1920-1940). Lisboa: Dissertação de Mestrado em História da Arte
Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. 30
Ana Malveiro (2013), “Os Catálogos Oficiais da V e VI Exposição de Rádio e Electricidade – Uma fonte
para estudo do Património Industrial.” in Actas do Colóquio Internacional, O Património Industrial – Dos
Objetos ao Território.”, Universidade de Évora, Évora, Março 2013 [No prelo]; 31
Ana Cardoso de Matos (2012), “Formation, carrière et montée en puissance des ingénieurs électriciens au
Portugal (de la fin du XIXe siècle aux années 1930).” in GRELON, Andre, EFEMERTOVA, Marcela, Le
monde progressivement connecté – Les électrotechniciens au sein de la société européenne au cours des XIXe
et XXe siecles. Bruxelles: Peter Lang. 32
Ana Cardoso de Matos (2011), “Afirmação dos engenheiros electrotécnicos em Portugal: dos Congressos de
Electricidade ao 1ª Congresso de Engenharia (1923‐1931).” in XXI Conference Of APHES (Associação
Portuguesa de Historia Económica e Social). Coimbra - Faculdade de Economia, 18-19 Novembro de 2011. 33
Cláudio Amaral (2012), “Uma década de Congressos Nacionais de Electricidade (1923-1930): Ambiente,
percepções e representações.” História. Revista da FLUP, IV Série, vol. 2, pp. 161-194.
19
de Eletricidade: Lisboa (1923), Porto (1924), Coimbra (1926) e Braga (1930) procurando
caracterizar os seus ambientes, e os seus resultados no plano económico português.
Nos últimos anos também têm sido realizados trabalhos de investigação sobre a
História da Eletricidade e das suas aplicações, vamos, contudo apenas referir os que
achámos mais significativos para a realização desta dissertação.
Alain Beltrain34
, em 1991 escreveu uma resumida História da Eletricidade, desde os
fenómenos elétricos que os Homens observavam nos céus, até à sua utilização como fonte
de energia e das suas diversas aplicações à vida quotidiana.
Em 1992 foi publicado o livro de Abílio Fernandes, Ilídio Mariz Simões, Mário
Mariano e Sara Silva Lisboa e a Electicidade35
. A obra aborda a eletrificação da cidade de
Lisboa, através das primeiras aplicações da energia que marcaram a vida quotidiana da
sociedade lisboeta: a iluminação pública, os transportes coletivos e a sua aplicação ao setor
industrial.
O livro História da Electricidade de Mário Mariano36
engenheiro eletrotécnico,
publicado em 1993 foi outras das obras que incidiu sobre o tema da eletricidade. Neste livro
o autor faz referência aos progressos científicos e tecnológicos mais relevantes que
estiveram na origem da produção e consumo da eletricidade. Indicando também a alteração
de padrões na vida da sociedade influenciados pela energia elétrica.
A obra O Porto e a Electricidade37
coordenada por Ana Cardoso de Matos e com
colaborações de Fátima Mendes e Fernando Faria, trata a eletrificação na cidade do Porto,
desde as primeiras iniciativas privadas para a formação de redes de gás e eletricidade, que
datam de meados do século XIX, até à intervenção do Estado na década de 1930. Apresenta
as iniciativas realizadas por alguns indivíduos e empresas responsáveis pela implantação da
energia elétrica na cidade.
No ano de 2004 foi publicado o livro A electricidade em Portugal: dos primórdios à
2ª Guerra Mundial38
onde é abordada a história da eletricidade em Portugal desde
introdução da eletricidade no século XIX até à segunda Guerra Mundial. A introdução da
eletricidade, as empresas, os seus desenvolvimentos científicos e tecnológicos, e a evolução
dos consumos são alguns dos aspetos referidos ao longo do livro. Na obra também podem
34
Alain Beltran (1991), La Fée électricité. Paris: Édition Gallimard. 35
Abílio Fernandes et alli (1992), Lisboa e a Electricidade. Lisboa: EDP - Electricidade de Portugal, S.A. 36
Mário Mariano (1993), História da Electricidade. Lisboa: AP Edições, EDP- Electricidade de Portugal S.A. 37
Ana Cardoso de Matos (coord.), Fernando Faria e Fátima Mendes, (2003), O Porto e a Electricidade. Lisboa:
EDP, Museu da Electricidade. 38
Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A Electricidade em Portugal. Dos primórdios à 2º Guerra Mundial.
Lisboa: Museu da Electricidade-EDP.
20
ser vistas imagens de documentos de época e fotografias de aparelhos elétricos. Esta
monografia é uma obra de referência para a investigação da eletricidade em Portugal.
No livro A História da Energia: Portugal 1890-198039
, coordenado por Nuno Luís
Madureira, diversos investigadores escreveram sobre o setor energético em Portugal a partir
da segunda metade do século XIX, referindo as alterações nos padrões de consumo da
sociedade que as aplicações da energia elétrica trouxeram, mas também sobre a persistência
das tradicionais utilizações da energia em Portugal. Deste livro faz parte o artigo de Ana
Cardoso de Matos e Gonçalo Rocha Gonçalves, “A gravação sonora e a TSF em Portugal”40
,
onde os investigadores abordam o impacto que as novas formas de comunicação
possibilitadas pela energia elétrica tiveram na sociedade e economia. Através da uma síntese
histórica sobre a gravação sonora em Portugal, desde a difusão do fonógrafo até à
rádiotelefonia.
Relativamente aos estudos sobre a Rádio apontamos o livro de José Matos Maia41
,
Telefonia42
. A monografia dividida em 3 partes apresenta a história da rádio portuguesa,
começa nas suas origens, e relata as diversas etapas do seu desenvolvimento. E a
disseratação de mestrado de Nelson Costa Ribeiro43
, “A Emissora Nacional como
instrumento de propaganda do Estado Novo (1933-1945)”, na qual o autor analisa o papel
desempenhado pela Emissora Nacional na difusão das ideologias do Estado Novo, focando-
se nas diversas fases da estação entre 1933 e 1945 e a relações que esta estabeleceu com
outros organismos de propaganda. Da sua dissertação resultou a publicação do livro A
Emissora Nacional nos Primeiros Anos do Estado Novo 1933-194544
.
O levantamento de vários cartazes, que foram utilizados em Portugal nas décadas de
30 e 40, foi demostrado no livro de Maria Helena de Freitas e Fernando Faria: Electricidade
e Modernidade: cartazes 45
publicado no ano 2000, onde se apresenta um conjunto de
cartazes que serviram para divulgar, difundir e publicitar os benefícios das aplicações da
energia elétrica no quotidiano das populações.
39
Nuno Luís Madureira (coord.) (2005), A História da energia: Portugal 1890-1980. Lisboa: Livros Horizonte. 40
Ana Cardoso de Matos e Gonçalo Rocha Gonçalves (2005), “A gravação sonora e a TSF em Portugal.” in
Nuno Madureira (coord.) A História da Energia: Portugal 1890-1980. Lisboa: Livros Horizonte. 41
Locutor de Rádio Português, que em 1958, realizou "A Invasão dos Marcianos", adaptação da Guerra dos
Mundos de Orson Wells (1915-1985) para a rádio portuguesa. 42
José Matos Maia (1995), Telefonia. Lisboa: Círculo de Leitores. 43
Nelson Costa Ribeiro (2003), A Emissora Nacional como instrumento de Propaganda do Estado Novo
(1933-1945). Lisboa: dissertação de mestrado em Ciências da Comunicação sobre Indústrias Culturais,
Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa. 44
Nelson Ribeiro (2005), A Emissora Nacional nos Primeiros Anos do Estado Novo 1933-1945. Lisboa:
Quimera Editores. 45
Maria Helena de Freitas e Fernando Faria (2000), Electricidade e Modernidade: cartazes: Lisboa: Museu da
Electricidade.
21
Sobre a aplicação da energia elétrica ao quotidiano doméstico podemos apontar as
investigações de Ana Thudichum Vasconcelos46
em 1998, e a investigação de Diego
Bussola47
em 2004. No seu trabalho, realizado no âmbito da sua dissertação de Mestrado em
Design industrial na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Ana Vasconcelos
analisa a contribuição tecnológica da eletricidade para a eficiência doméstica, estuda a
evolução do seu significado social, económico e geográfico. Diego Bussola na sua
dissertação de Mestrado em História Social Contemporânea, realizada no Instituto Superior
de Ciências do Trabalho e da Empresa de Lisboa, estudou o processo de modernização dos
lares Lisboetas baseado no consumo da energia elétrica e gás e na utilização dos
eletrodomésticos. O investigador identifica a mudança de valores, os interesses e as
alterações do quotidiano, resultantes desse processo a partir de dois eixos: analisa as
alterações das tarifas de valor e regime, tentando estabelecer a relação entre o Estado, a
empresa de energia e os consumidores; e identifica as escolhas das famílias no que diz
respeito ao consumo de energia e ao trabalho doméstico.
O Património Industrial da Eletricidade também tem sido alvo de vários trabalhos
nos últimos anos. Alguns foram realizados por iniciativa das instituições e museus que têm à
sua guarda património elétrico, mas também existem casos de diversos estudos académicos
sobre este tipo de património. O seu objeto de estudo é frequentemente o património
edificado. Estes estudos abordam a estrutura arquitetónica, os principais marcos da história
das centrais termoelétricas e aproveitamentos hidróletricos, e os seus contextos políticos,
económicos e sociais.
Michele Cannatà e Fátima Fernandes coordenaram em 1997 o livro Moderno
escondido, Arquitectura das Centrais Hidroéctricas do Douro 1953-196448
, a monografia
foi publicada em simultâneo com uma exposição com o mesmo título. O livro apresenta as 3
centrais hidroelétricas: Picote, Miranda, Bemposta como construções inseridas no
movimento Moderno Português. Na obra estão presentes fotografias e plantas dos
empreendimentos e são descritos os planos gerais da construção das três centrais
46
Ana Thudichum Vasconcelos (1998), A contribuição tecnológica no habitat: electricidade e eficiência
doméstica. Porto: Dissertação de Mestrado em Design industrial, Faculdade de Arquitectura da Universidade
do Porto. 47
Diego Bussola (2004), A “Modernização” dos lares Lisboetas. O consumo de energia e electrodomésticos na
Lisboa de após guerra (1947-1975). Lisboa: Dissertação de Mestrado em História Social Contemporânea,
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. 48
Michele Cannatá e Fátima Fernandes (coords.) (1997), Moderno escondido, Arquitectura das Centrais
Hidroélectricas do Douro 1953-1964. Porto: FAUP Publicações- Faculdade de Arquitetura da Universidade do
Porto.
22
hidroelétricas, bem como as zonas de habitação, educação e recreação dos operários
especializados e dos seus filhos.
Em 1999 foi editado na coleção Cadernos do Museu de Eletricidade o livro A
Central Tejo49
de Maria Luísa Mendes Moller Freiria e Maria Odete da Silva Amador
Ferreira. Na obra é analisada a evolução da Central Tejo e o seu estilo arquitetónico, desde a
sua conceção ao estabelecimento industrial. São indicadas as diversas fases da sua
construção e modificações, fazendo uma ponte com o contexto económico, social e político
da altura. No livro estão também inseridos dois textos dos engenheiros Ilídio Mariz Simões e
Victor Costa, sobre a Central Tejo.
No mesmo ano foi publicada a obra Picote, Miranda, Bemposta: aproveitamentos
hidroeléctricos do Douro Internacional50
editada pela EDP – Eletricidade de Portugal, com
textos de José de Carvalho Dias. Através de fotografias tiradas durante o período de
construção dos 3 empreendimentos, este livro conta a história do potencial energético do
aproveitamento do troço internacional do rio Douro e dos seus afluentes. Com textos
sucintos explicam como foram projetadas as construções e as dificuldades sentidas durante o
processo construtivo.
Mario Say Ming Kong51
na sua dissertação de Mestrado em Reabilitação da
Arquitetura e Núcleos Urbanos da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de
Lisboa estudou a organização do edifício da Central Tejo a sua arquitetura industrial
expressa em todos os seus espaços. Em 2013 a sua dissertação resultou na publicação de um
livro intitulado Central Tejo. Uma abordagem da arquitetura industrial52
.
Em 2001 foi editado pela EDP-Eletricidade de Portugal e coordenada por Isabel
Pinho com textos de Marques Seabra, o livro Os primeiros grandes aproveitamentos
hidroeléctricos Castelo do Bode e Venda Nova53
. A monografia aborda os primeiros
empreendimentos hidroelétricos realizados no âmbito da política nacional de eletrificação do
país a partir da década de 40 do século XX. Na obra está presente um conjunto de
49
Maria Luísa Moller Freira e Maria Odete da Silva Amador Ferreira (1999), A Central Tejo. Lisboa: EDP-
Museu da electricidade. 50
Isabel Pinho (coord.) e José de Carvalho Dias (1999) Picote, Miranda, Bemposta: aproveitamentos
hidroeléctricos do Douro Internacional. Lisboa: EDP Electricidade de Portugal. 51
Mário Say Ming Kong (2001), Arquitectura Industrial- Uma Abordagem – Central Tejo. Lisboa: dissertação
de Mestrado em Reabilitação da Arquitetura e Núcleos Urbanos, Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade
de Arquitetura. 52
Mário Ming Kong (2013), Central Tejo- Uma abordagem da arquitetura industrial. Lisboa: Inside City. 53
Isabel Pinho (coord.) e Marques Seabra (2001), Os primeiros grandes aproveitamentos hidroeléctricos
Castelo do Bode e Venda Nova. Lisboa: EDP-Energias de Portugal.
23
fotografias obtidas durante o período de construção dos aproveitamentos de Castelo do Bode
e Venda Nova, e textos sobre a sua projeção e construções. No seu final encontramos uma
ficha técnica onde estão os momentos mais significativos da sua construção e as
características de cada um dos aproveitamentos.
O Gabinete de Comunicação da EDP Produção editou em 2006 o livro Central
Termoeléctrica da Tapada do Outeiro – Homenagem a uma Central 1959-2004l54
coordenado por Carlos Alves. O livro está estruturado em 9 capítulos e regista, através de
textos e ilustrações, o porquê da sua construção, as medidas tomadas para concretizá-la, os
trabalhos para a sua construção, o seu contributo na instalação da Rede Elétrica Nacional e
os discursos proferidos na sua inauguração e na altura da desativação. Contém também
fotografias obtidas durante a sua construção e um DVD com um documentário sobre a
construção da central.
Em 2006, o Gabinete de Comunicação da EDP Produção editou com o intuito de
comemorar os 50 anos da hidroeletricidade em Portugal dois livros55
. Neles está sintetizada
a história das centrais, as suas principais características e referência às linhas orientadoras e
políticas para desenvolver o setor elétrico português. Contêm também diversas fotografias
obtidas durante a sua construção, plantas, mapas, esquemas e artigos de jornais sobre as
centrais.
No ano de 2007, Fernando Faria, Luís Cruz e Pires Barbosa publicaram o livro A
Central Tejo: a fábrica que electrificou Lisboa56
, nesta obra é analisada a evolução
arquitetónica da Central Tejo, as razões da sua construção inicial e das edificações
posteriores. São referidos ao longo do livro os marcos da existência da central ligando-os
com o contexto político, económico e social existente em Portugal na época. São também
demostrados quais foram os combustíveis utilizados para produzir energia elétrica e o
porquê da sua escolha. Interessante é o fato de abordarem o trabalho dos operários e técnicos
da Central, descrevendo as funções e tarefas desempenhadas por cada um, mostrando a
dureza e esforço exigido do trabalho na Central Tejo. No final do livro são apresentadas
54
Carlos Alves (2006), Central Termoeléctrica da Tapada do Outeiro – Homenagem a uma Central. Porto:
EDP Produção- Gabinete de Comunicação. 55
(2006) Paradela: 50 anos ao serviço da hidroelectricidade e do país. Porto: EDP Produção, Gabinete de
Comunicação, 2006; Salamonde e Caniçada: 50 anos ao serviço da hidroelectricidade e do país. Porto: EDP
Produção-Gabinete de Comunicação. 56
Fernando Faria, Luís Cruz e Pires Barbosa (2007), A Central Tejo: a fábrica que electrificou Lisboa. Lisboa:
Editorial Bizâncio, Museu da Electricidade.
24
fotografias de época tiradas por Kurt Pinto onde se podem ver os ambientes e memórias do
edifício que é na atualidade o Museu da Eletricidade.
A Dissertação de mestrado em Estudos Locais e Regionais na Faculdade de Letras
da Universidade do Porto de Maria da Luz Braga Sampaio57
realizada em 2008 é outro
exemplo de estudos sobre a eletricidade. No seu trabalho a investigadora estudou o projeto
empresarial da União Elétrica Portuguesa desde a sua criação à sua integração na EDP em
197558
centrando-se na Central Termoelétrica do Freixo (1926-1960) e no seu contributo no
processo de abastecimento de energia elétrica à cidade do Porto.
Outro tema presente em vários trabalhos está relacionado com a valorização de
estruturas, maquinaria e reconversão de centrais termoelétricas e hidroelétricas.
O livro Um século de electricidade59
editado em 1990 pelo Gabinete de relações
públicas e informação da EDP, incide sobre a exposição que estava no Museu da
Eletricidade à data da sua publicação. Refere um pouco da arquitetura do edifício e descreve
os seus quatro núcleos expositivos: Central Tejo- Espaço e Memória; Núcleo 2- Lisboa:
Luzes na cidade; Núcleo 3- Um Século de Eletricidade; e o Núcleo 4- Fontes de Energia.
O estudo de Maria Leonor Domingues de Carvalho60
, resultante da sua dissertação de
mestrado em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias,
propõe um programa de musealização para a Central Elétrica da Companhia Fiação e
Tecidos de Alcobaça, que parta da identificação e estudo da memória da central na região de
Alcobaça e ponha em evidência o seu testemunho e papel na industrialização e urbanização
da região.
A dissertação de mestrado em Museologia e Património Cultural de João Orlindo
Marques61
incide também sobre a preservação e futura valorização da Central Hidroelétrica
da Nossa Senhora do Desterro I. Numa primeira fase o investigador trata a história da
57
Maria da Luz Braga Sampaio (2008), A Central do Freixo: Um projecto termoeléctrico para a região do
Porto. Porto: Dissertação de Mestrado de Estudos locais e regionais, Faculdade de Letras da Universidade do
Porto. 58
Decreto lei nº 205-G/75 de 16-04-1975. 59
(1990), Um Século de Electricidade. Lisboa: EDP- Gabinete de Relações Públicas e Informação-Museu da
Electricidade. 60
Maria Leonor Domingues Antunes Ferreira de Carvalho (2002), A Central Eléctrica da Companhia Fiação e
Tecidos de Alcobaça: Um testemunho Ímpar da industrialização e urbanização da vila e da Região. Lisboa:
Dissertação de Mestrado em museologia, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa. 61
João Orlindo Simão Ventura Marques (2008), Valorização do património industrial da senhora do Desterro.
Contributos para a sua musealização. Coimbra: Dissertação de Mestrado em Museologia e Património
Cultural, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
25
eletrificação, com o intuito de contribuir para o estudo da história da hidroelétricidade na
região da Serra da Estrela, e numa segunda propõe um programa museológico para o museu
onde seja possível transmitir o modo de funcionamento da Central da Senhora do Desterro I
e das suas infraestruturas. A sua dissertação resultou em 2009 na edição de um livro: A Casa
da Luz…Património Industrial da Senhora do Desterro, Serra da Estrela62
.
No âmbito do Património Cultural português a maioria dos estudos e propostas de
valorização do património elétrico incidem sobre os bens edificados: centrais termoelétricas
e hidroelétricas. Praticamente nenhum património móvel da eletricidade foi alvo de medidas
de valorização e salvaguarda, exceto algumas coleções de aparelhos elétricos inseridas no
acervo de museus.63
A razão para a escolha do presente tema de dissertação prende-se,
assim, com a necessidade em divulgar os objetos elétricos do quotidiano doméstico como
património móvel da eletricidade para que seja realizada a sua valorização e salvaguarda. A
valorização e preservação deste património técnico ligado ao quotidiano contribuem para a
compreensão pública da evolução técnica e estética dos vários objetos que são utilizados no
nosso dia-a-dia.
Fontes e metodologia.
Para o trabalho de investigação foi realizado um levantamento dos artigos e publicidade
sobre a Exposição de eletricidade associada ao 2º Congresso Nacional de Eletricidade, das
exposições Nacionais de T.S.F. e das exposições de Rádio e Eletricidade presente nos
jornais e periódicos da época em questão, de 1924 a 1935. Inicialmente no Arquivo
Distrital de Évora e na Biblioteca Pública de Évora e numa segunda fase na Biblioteca
Nacional de Portugal. Foram analisados dois discursos - jornalístico e publicitário no jornal
O Século, no jornal Diário de Notícias e no jornal O Comércio do Porto. Foram também
consultadas várias outras publicações periódicas – revistas do ano 1924 a 1935: Ilustração;
A Indústria Portuguesa; O amigo do lar - revista mensal de atualidades, assuntos artísticos,
crítica literária e artística e propaganda do gás e da eletricidade; O Volante, a revista ACP-
Automóvel clube de Portugal. Foram também consultados os Catálogos Oficiais da V e VI
Exposição de Rádio e Eletricidade. O Catálogo Ofícial da “V Exposição de Rádio e
Electricidade” foi consultado no Centro de Documentação do Museu da Eletricidade,
62
João Orlindo Simão Ventura Marques (2009), A Casa da Luz… Património Industrial da Senhora do
Desterro. Serra da Estrela: EDP Produção/Município de Seia. 63
Como é o caso do Museu da Eletricidade-Fundação EDP, Museu das Comunicações- Fundação Portuguesa
das Comunicações, Museu da RTP.
26
tutelado pela fundação EDP- Eletricidade de Portugal. E o Catálogo Ofícial da “VI
Exposição de Rádio e Electricidade” que se encontra na Bilioteca Nacional de Portugal.
Com as informações sobre as exposições retiradas da análise documental realizou-se um
estudo comparativo entre as exposições que permitiu perceber o contexto da realização de
cada uma delas.
À medida que a análise documental foi realizada foram também levantadas imagens,
fotografias e ilustrações publicitárias, alusivas às exposições e aos objetos do uso quotidiano
nelas presentes.
Paralelamente foi consultado o Centro de Documentação do Museu da Eletricidade,
onde se encontraram algumas fotografias das Exposições. Neste mesmo centro de
documentação foram consultadas as Actas do Conselho de Administração das Companhias
Reunidas de Gás e Eletricidade (C.R.G.E.), e os Relatórios de Actividades onde se
verificaram pequenas referências à participação das C.R.G.E. na V e VI Exposições de
Rádio e Eletricidade de 1934 e 1935; O Arquivo Nacional da Torre do Tombo no fundo
da Empresa Pública Jornal o Século – Serviço de Fotografia 1880/1970 onde se
consultaram algumas fotografias das Exposições Nacionais de T.S.F. e exposições de Rádio
e Eletricidade; e o Arquivo e Centro de Documentação do grupo Controlinveste, onde
foi consultado o arquivo do jornal Diário de Notícias e consultadas também algumas
fotografias das exposições.
Simultaneamente com a investigação sobre as exposições foi realizado um levantamento
do património elétrico português valorizado a partir da bibliografia sobre a temática e da
internet, com a consulta de sites de museus e instituições detentoras de património elétrico.
A partir desse resultado foram escolhidos exemplos de valorização em Portugal continental e
ilhas e um exemplo internacional para serem integrados na dissertação e serem uma base a
partir da qual podíamos pensar as nossas propostas de salvaguarda e valorização.
Para a realização da ficha de inventário de património móvel elétrico foram consultadas
as fichas de inventário do património científico e técnico do Museu das Comunicações-
Fundação Portuguesa das Comunicações; Museu da Eletricidade- Fundação EDP; e o
Guia de Inventariação Kit03 – Património Industrial desenvolvido pelo Instituto da
Habitação e da Reabilitação Urbana e o IGESPAR. Com a ficha propomos um levantamento
dos objetos do quotidiano acionados a eletricidade. Para a compilação e informatização dos
27
dados recolhidos através das fichas de inventário foi construída uma base de dados no
software Access com as entradas iguais aos campos da ficha de inventário (ver anexo A).
Como tema para o desenvolvimento do protótipo do Website escolhemos a “V
Exposição de Rádio e Eletricidade” devido a esta ser a primeira em que se juntou a
aparelhagem rádioelétrica, tema das Exposições Nacionais de T.S.F. e a aparelhagem
elétrica de uso doméstico. Na “Exposição da Luz e da Electricidade Aplicada ao Lar” em
1930 foram exibidos alguns aparelhos de T.S.F., contudo, o conceito da exposição era a
utilização da luz para a indústria e para o conforto do lar.
A presente dissertação desenvolve-se em quatro capítulos. No primeiro capítulo Espaços
e objetos ligados à eletricidade: um património técnico industrial são analisados tópicos
relacionados com o património industrial da eletricidade. Numa primeira parte é feita uma
síntese histórica do conceito de Património Industrial e o que foi realizado em Portugal ao
nível da proteção legislativa e ações de inventariação, salvaguarda e valorização. Na
segunda parte deste capítulo é proposta uma definição de Património da Eletricidade, e por
fim são apresentadas algumas iniciativas de valorização do património da eletricidade em
Portugal por parte do Museu da Eletricidade - Fundação EDP; Museu Hidroelétrico da
Praia, Açores; Museu de Eletricidade Casa da Luz, Madeira; Museu do Carro Elétrico-
Central Termoelétrica de Massarelos, Porto; Centro Ciência Viva / Museu Mineiro do
Lousal, Grândola. E uma iniciativa internacional: O Musée EDF Electropolis, França.
No II capítulo aborda-se a história das Exposições Industriais desde o primeiro
certame desse tipo até às Exposições de Eletricidade e Rádio e Eletricidade, e como as
exposições foram na sociedade industrial um meio de divulgação do conhecimento científico
e do progresso técnico.
O III capítulo é dedicado à história das Exposições de Eletricidade e Rádio e
Eletricidade realizadas em Portugal nos anos 20 e 30 do século XX. São apresentadas as
razões que estiveram na origem da sua realização; identificados os seus organizadores e as
suas ligações ao setor elétrico; como divulgaram a radiodifusão e as aplicações da
eletricidade em Portugal; e demonstradas as utilizações sociais, industriais e domésticas de
eletricidade que foram propostas em cada exposição. São analisadas 8 exposições que se
realizaram entre 1924 e 1935: a “Exposição de Machinismos e aplicações da
eletricidade” associada ao 2º Congresso Nacional de Eletricidade; a “Grande Exposição
Nacional de T.S.F.”, organizada em 1929; a “II Exposição Nacional de T.S.F.” também
28
no ano de 1929; a “Exposição da Luz e da Electricidade Aplicada ao Lar”, realizada em
1930; a “III Exposição Nacional de T.S.F.”, também realizada no ano 1930; a “Exposição
de Aparelhos de Radiotelefonia” associada ao Iº Congresso Nacional de Radiotelefonia em
1932; A “V Exposição de Rádio e Electricidade” que teve lugar no ano 1934; e a “VI
Exposição de Rádio e Electricidade” em 1935.
No IV capítulo é apresentada a proposta de divulgação e valorização para o
património móvel da eletricidade, mais precisamente os objetos do quotidiano doméstico. A
proposta consiste no desenvolvimento de um website sobre a “V Exposição de Rádio e
Eletricidade” para recuperar a memória da exposição e consciencializar a sociedade para a
necessidade de salvaguarda do património móvel da eletricidade. É também apresentada
uma proposta de ficha de inventário para levantamento desse tipo de património junto da
população do concelho de Évora e uma base de dados em Acess onde se poderá compilar e
informatizar a informação recolhida. Associada a esta proposta está a possibilidade de
realização de uma exposição temporária com os objetos inventariados.
29
Capítulo I - Espaços e objetos ligados à
eletricidade: um património técnico
industrial.
30
1. O Património Industrial.
1.1 Definição de Património Industrial
Segundo a Carta de Nizhny Tagil o conceito de Património Industrial compreende os
vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, arquitetónico,
científico e social64
.
Fazem parte destes vestígios as fábricas, minas, edificações relacionadas com a
produção técnica e industrial, os meios de transporte e todas as suas estruturas e
infraestruturas, máquinas, peças, instrumentos de engenharia e todos os locais onde se
desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria65
.
São também parte integrante do património industrial os bens imateriais e a
documentação ligada à atividade industrial. Os primeiros estão essencialmente ligados ao
saber-fazer obtido pelos operários na prática do seu trabalho e a documentação tem muitas
vezes informações sobre os conhecimentos adquiridos pelos operários ou informações sobre
técnicas e sistemas produtivos.
O património industrial reflete uma das maiores transformações conhecidas pela
humanidade. “Representa o testemunho de atividades que tiveram e que ainda têm profundas
consequências históricas. As razões que justificam a proteção do património industrial
decorrem essencialmente do valor universal daquela característica, e não da singularidade de
quaisquer sítios excecionais”66
. Os seus valores são arquitetónico/estético,
técnico/tecnológico, urbano/paisagístico, histórico, social e imaterial.
64
Nizhny Tagil, Carta sobre o Património Industrial, 1. Definição de Património, TICCIH, 2003. Disponível
em:
< http://ticcih.org/wp-content/uploads/2013/04/NTagilPortuguese.pdf>. (Acesso em: 05/09/2013). 65
Francesca Tugores e Rosa Planas (2006), Introduccíon al patrimonio cultural. Gijón: Ediciones Trea, S.L., p.
56. 66
Nizhny Tagil, Carta sobre…, 2. Valores do Património Industrial, TICCIH, 2003. Disponível em:<
http://ticcih.org/wp-content/uploads/2013/04/NTagilPortuguese.pdf>. (Acesso em: 05.09.2013)
31
1.2 O Património Industrial – consciência do seu valor e ações de valorização.
O interesse pelo estudo e preservação dos vestígios físicos da Revolução Industrial e das
sociedades industrializadas remonta ao século XIX67
. Século em que foram criados os
primeiros museus de Ciência e Técnica. Contudo ainda não se observava uma consciência
generalizada da sociedade face ao estudo e salvaguarda dos vestígios da indústria de épocas
mais recuadas. Segundo vários autores essa consciência desenvolveu-se na segunda metade
do século XX devido à grande destruição causada pela Segunda Guerra Mundial. Após o
segundo conflito mundial iniciou-se um período de desenvolvimento económico acelerado.
A expansão das cidades, o surto industrial e o desenvolvimento tecnológico contribuíram
para a destruição ou reconversão de estruturas industriais, o que muitas vezes teve como
consequência o abandono ou desaparecimento de diversas estruturas de valor histórico,
patrimonial e simbólico68
. Esta destruição alertou as populações e as instituições para a
necessidade da preservação e salvaguarda dos vestígios industriais, o que contribuiu para a
formação do conceito de Património Industrial, e com este conceito surge uma nova
disciplina científica, a Arqueologia Industrial.
As raízes desta disciplina encontram-se ainda na década de 50, nomeadamente no artigo
de Michael Rix datado de 1955 e intitulado “Industrial archaeology”, na criação do
Industrial Archaeology Research Committee em 1958, na organização em Inglaterra da 1º
Conferência Nacional sobre Arqueologia Industrial e na definição do conceito de
“monumento industrial” pelo Council for British Archaeology, em 195969
·.
67
Ignacio Galván Casado (2009), “Breve historia de la protección del patrimonio industrial”., Contribuciones a
las Ciencias Sociales, Disponível em: <www.eumed.net/rev/cccss/06/icg4.htm> (Acesso em: 20.09.2013); 68
José M. Amado Mendes (2000), “Uma Nova Perspectiva Sobre o Património Cultural: Preservação e
Requalificação De Instalações Industriais.”, Gestão e Desenvolvimento, nº 9, pp. 197-212; Ana Cardoso de
Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património Industrial: das experiências
realizadas às novas perspectivas de valorização.” in Maria da Luz Sampaio (coord.), Reconversão e
Musealização de Espaços Industriais. Actas do Colóquio de Museologia Industrial. Porto: Associação para o
Museu da Ciência e da Indústria, pp. 23-32; Alfredo Tinoco (2009), Património Industrial e Pré-industrial do
Montijo. Da obra à Memória. Lisboa: Edições Colibri; Deolinda Folgado (2010), “Património inclusivo. Das
Expectativas aos desafios.” in Jorge Custódio (coord.), 100 anos de Patrimonio. Memória e identidade. Lisboa:
Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico-I. P, pp. 323-335. 69
Jorge Custódio (1980), “Arqueologia Industrial e Património.” História & Crítica, nº 5, pp. 23-27; Paulo
Oliveira Ramos (1990), "Arqueologia Industrial." Dirigir, IEFP, n.º 14, pp. 24-27. Disponível em:
http://www.iefp.pt/iefp/publicacoes/Dirigir/Documents/1990/DIRIGIR_14.pdf. (Acesso em: 15.11.2013); Ana
Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património Industrial:…” p.
24; AIA - The Association for Industrial Archaeology, A major change in human evolution. Disponível em:
http://industrial-archaeology.org/aba86.htm. (Acesso em 10.11.2013); José M. Amado Mendes (1995), “Novas
Metodologias em História Económica: A Arqueologia Industrial.” Revista Portuguesa de História, Instituto de
32
A Arqueologia Industrial foi definida por Kenneth Hudson em 1963, como a disciplina
que estudava os restos físicos do passado industrial.70
Segundo Augus Buchanan esta
disciplina era o campo de estudo prático da análise, registo e salvaguarda do património
industrial71
.
De acordo com a Carta de Nizhny Tagil, estabelecida em 2003, e sobre a qual nos
referiremos mais à frente, “O período histórico de maior relevo para este estudo, estende-se
desde os inícios da Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVII, até aos
nossos dias, sem negligenciar as suas raízes pré e proto-industriais.”72
Interdisciplinar, a
arqueologia industrial recorre ao inventário, à identificação, à investigação arqueológica, e
tem como objetivos a divulgação, a compreensão, a salvaguarda e a proteção dos vestígios
industriais, servindo-se do apoio de várias disciplinas, como a história, a geografia, a
engenharia ou outras73
.
Na Década de 70 e ao longo das décadas seguintes o conceito de arqueologia
Industrial, o seu objeto de estudo, e âmbito cronológico evoluíram. Tal como o
desenvolvimento da disciplina nos vários países da Europa e nos Estados Unidos da
América, o conceito de património industrial também se desenvolveu, assim como o
interesse pela sua salvaguarda nos vários países. Este interesse apoiado por um vasto leque
de opções de valorização, como a reutilização, a musealização ou a preservação in situ de
vestígios, permitiu que algumas regiões em processo de desindustrialização preservassem as
memórias do seu passado74
.
Ao nível regional, nacional, e internacional, foram criadas várias associações e
organizações com o intuito de preservar a memória dos vestígios industriais. Um exemplo a
destacar é o TICCIH, o Comité Internacional para a Conservação do Património Industrial.
Criado após a 1.ª Conferência Internacional sobre a Conservação de Monumentos Industriais
realizada em 1973 no Ironbridge Gorge Museum, o primeiro museu industrial britânico a ser
História Económica e Social. t XXX, pp. 37-70. Disponível em:
<https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/12794/1/Jos%C3%A9%20M.Amado%20Mendes%2030.pdf>.
(Acesso em: 10.11.2013); 70
Kenneth Hudson (1976), Industrial Archaeology. A New Introduction. Londres: Baker, 3ª ed. p. 21. 71
R. Angus Buchanan (1972), Industrial Archaeology in Britain. Harmondsworth: Penguin. 72
TICCIH, 2003. Carta de Nizhny Tagil sobre o Património Industrial, Nizhny Tagil. 73
Sobre o assunto veja-se Ana Cardoso de Matos e Maria Luísa Santos (2000), “A interdisciplinaridade em
Arqueologia Industrial” in Separata das Actas do 3º Congresso de Arqueologia Peninsular: Terrenos da
Arqueologia da Península Ibérica. Porto: ADECAP, Vol. VIII, pp. 331-332. 74
Ana Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património
Industrial:...”, p. 24; José Amado Mendes (2009), Estudos do Património Museus e Educação. Coimbra:
Imprensa da Universidade de Coimbra, p. 122.
33
designado como “museu ao ar livre” e o primeiro monumento industrial britânico a ser
inscrito na Lista de Património Universal. Este comité incorporado no ICOMOS tem como
missão a “promoção, conservação, pesquisa, registo, investigação, interpretação e educação
avançada em todos os aspetos do património industrial”75
. O comité, através da sua ação
contribui para a divulgação das atividades relativas à valorização do património industrial e
para a troca de experiências, entre especialistas dos diversos continentes.
A UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura, e o Conselho da Europa começaram também a incluir a temática do Património
Industrial nas suas áreas de interesse. As minas de sal de Wieliczka, na Polónia, foram o
primeiro exemplar de Património Industrial a integrar a lista de Património Mundial da
UNESCO, em 197876
. Atualmente esta lista conta com dezenas de exemplares conhecidos.
Em 2003 o TICCIH e a UNESCO, redigiram a Carta de Nizhny Tagil sobre o
património industrial. Nesta Carta estão definidos vários aspetos importantes para a
preservação e salvaguarda do património industrial. Os seus valores e a importância da
identificação, do inventário e da investigação dos seus vestígios para a salvaguarda do
património industrial de modo a que sejam preservados para as gerações futuras. O
documento apresenta ainda diretrizes de gestão, conservação e educação para este tipo de
património.
Em novembro do ano 2011, na XVII Assembleia Geral do ICOMOS foi redigida a
Carta Princípios de Dublin, que utilizou como base a carta de Nizhny Tagil, redefinindo
alguns conceitos relacionados com o Património Industrial77
.
Outras iniciativas a destacar são: a E- FAITH, Federação Europeia das Associações
de Património Industrial e Técnico. Fundada em 1999, é uma plataforma de cooperação
Europeia de Associações do Património Industrial e Técnico. Tem como objetivos promover
o estudo e investigação, a interpretação, o registo, a conservação, a gestão e o
75
Marie Nisser (2010), “Industrial Heritage Training and Research- Achivements and some challenges for the
future.” in International Workshop Techniques, Patrimoine, Territoires d´industrie: Quel Enseignement?
Lisboa: Edições Colibri/Universidade de Évora/Universidade de Paris 1, Pantheon- Sorbonne/Universidade de
Pádua, pp. 141- 149; TICCIH- The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage.
Guiding principles & Agreements. Disponível em: <http://ticcih.org/about/>. (Acesso em: 05.09.2013). 76
Ana Serrano (2010), Reconversão de espaços industriais, três projectos de intervenção em Portugal. Lisboa:
Dissertação de Mestrado em Arquitetura, Instituto Superior Técnico, p. 34. 77
A Carta pode ser consultada em:
<http://www.icomos.org/Paris2011/GA2011_ICOMOS_TICCIH_joint_principles_EN_FR_final_20120110.pd
f>.
34
desenvolvimento do património técnico e industrial. Neste momento esta a levar a cabo uma
campanha para que seja decretado o “Ano Europeu do património Industrial e Técnico”78
.
A “Rota Europeia do Património Industrial”, ERIH, é uma “rede de informação
turística do património industrial Europeu”79
, desenvolvida entre 2003 e 2008 por onze
parceiros no âmbito do INTERREG III B – Noroeste da Europa. Tomou o estatuto de
Associação em 2008 na Alemanha e conta com 150 membros de 17 países europeus80
.
Também importante é a WORKLAB, International Association of Labour Museums.
Fundada em 1997 o seu objetivo principal centra-se na “compilação, conservação e
interpretação da cultura da classe operária, dos processos laborais e do movimento
operário”81
, Tem como parceiros 28 museus, localizados na Europa, África do Sul, e Estados
Unidos da América, dos quais faz parte o Museu de Portimão, Portugal82
.
78
E-Faith. What is E-Faith? Disponível em:<http://www.e-faith.org/home/?q=content/what-e-faith>. (Acesso
em 05/09/2013). 79
European Route of Industrial Heritage- ERIH. Welcome. Disponível
em:<http://www.erih.net/welcome.html>. (acesso em 05.09.2013). 80
European Route of Industrial Heritage- ERIH. ERIH Association. Disponível em:<http://www.erih.net/erih-
membership.html>. (acesso em: 05.09.2013), 81
Worklab. Home. Disponível em:<http://www.worklab.info/>. (Acesso a 05.09.2013). 82
Worklab. Members. Disponível em: <http://www.worklab.info/index.php/members>. (Acesso em:
05.09.2013)
35
1.3 A Proteção, Conservação e Valorização do Património Industrial em Portugal.
Em 1896, Sousa Viterbo (1845-1910) utilizou a expressão “arqueologia industrial”83
para
defender a necessidade de estudar os moinhos que estavam ameaçados pela expansão das
modernas moagens a vapor, o que indicava já o desenvolvimento de uma noção de
património mais abrangente nos finais do século XIX84
. Contudo em Portugal o
desenvolvimento da arqueologia industrial data dos finais da década de 70 do século XX.
Em 1978, foi realizada em Tomar a primeira exposição de arqueologia industrial85
.
A arqueologia industrial encontra na década de 80, eco na Universidade de Coimbra,
através da inclusão de disciplinas ligadas à museologia, património, arqueologia no
curricula do curso de História e na década seguinte na Universidade de Évora no curso de
História-Património Cultural. Nestas duas universidades foi criada a disciplina de
Arqueologia Industrial86
.
No entanto, só muito tarde o património industrial foi considerado na legislação
sobre o património e alguns locais foram classificados. Ao longo das últimas décadas foram
desenvolvidas várias ações de reutilização e valorização do património industrial que
referiremos mais adiante.
83
Sousa Viterbo (1896), “Archeologia Industrial Portuguesa. Os moinhos.” O Arqueólogo Português. vol. II,
nº 8 e 9, pp. 193-204; 84
Ana Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património Industrial:
…”, p. 23; José M. Amado Mendes, “Novas Metodologias em História económica:…”, pp. 47-48. 85
Ana Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património
Industrial:…”, pp. 23-25. 86
Idem, p. 26.
36
1.3.1 O património industrial no âmbito da proteção legislativa e
instituições públicas.
O primeiro texto legislativo sobre proteção patrimonial em Portugal deveu-se a D. João V
em 1721. O terramoto de 1755, as invasões francesas (1807-1811), a guerra civil entre
liberais e absolutistas (1832-1834) foram acontecimentos que reforçaram a ligação dos
portugueses aos seus vestígios materiais do passado. Em 1863 é fundada a Real Associação
dos arquitetos civis e arqueólogos Portugueses, esta associação realizou várias iniciativas,
entre as quais, em 1880 nomeou uma comissão de associados para realizar um levantamento
dos monumentos com vista a serem classificados como monumentos nacionais87
.
Na Primeira República (1910-1926) criou-se o primeiro sistema coerente de
proteção, salvaguarda, conservação e transmissão do Património Cultural88
.
Durante a Ditadura e o Estado Novo estava no auge o nacionalismo, a preservação e
valorização dos monumentos seguiram essa ideologia. Os monumentos que foram
restaurados e valorizados eram os “que melhor ilustram a história “rescrita” pelo regime,
funcionando como testemunhos vivos que autenticavam os momentos de triunfo da Nação
secular.” Os monumentos nacionais estavam sob tutela das Obras Públicas, com orientação
da Direcção-Geral dos edifícios e Monumentos Nacionais – DGEMN89
.
Na década de 80 criou-se o Instituto Português do Património Cultural, através do
Decreto-Lei nº 59/80 e estabeleceu-se a lei de Bases do Património Cultural, Lei nº 13/85 de
6 de julho. Inspirada nos modelos internacionais, a lei estava muito completa, contudo nunca
foi regulamentada, o que a tornava inoperante. Foi substituída pela atual lei de Bases da
87
Paulo Simões Rodrigues (1998), Património, identidade, e história. O valor e o significado dos monumentos
nacionais no Portugal de Oitocentos (secs. XVIII-XX). Lisboa: Dissertação de Mestrado em História da Arte
Contemporânea Universidade, Nova de Lisboa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, p. 25; Paulo Simões
Rodrigues (2010), “O longo tempo do património. Os antecedentes da República (1721-1910)” in Jorge
Custódio (coord.), 100 Anos de Património: Memória e Identidade, Portugal 1910-2010. Lisboa: Instituto de
Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico-I. P, pp. 20-26. 88
Sobre a proteção e salvaguarda do património cultural na 1º República ver: Jorge Custódio (2012),
“Renascença” Artística e Práticas de Conservação e Restauro Arquitectónico em Portugal, Durante a I
República. Fundamentos e Antecedentes. Casal de Cambra: Caleidoscópio. 89
Maria João Neto (2010), “Restaurar os monumentos da Nação entre 1932 e 1964” in Jorge Custódio (coord.),
100 Anos de Património:…, pp. 157-160; Sobre a ação da DGEMN ver: Maria João Baptista Neto (2001),
Memória, Propaganda e Poder- O Restauro dos Monumentos Nacionais (1929-1960). Porto: FAUP
Publicações.
37
Política e do Regime de Proteção e Valorização do Património Cultural nº 107/2001 de 8 de
Setembro90
.
Na década de 90 a fragmentação do IPPC – Instituto Português do Património
Cultural originou em 1991 a criação do IPM - Instituto Português dos Museus e do
IPPAAR- Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico em 1992. Em
1997 formou-se o IPA - Instituto Português de Arqueologia e o IPPAR - Instituto Português
do Património Arquitetónico91
.
Atualmente as instituições públicas que asseguram a salvaguarda do património
cultural português são a DGPC- Direcção-Geral do Património Cultural, as Direções
Regionais de Cultura e as várias Câmaras Municipais existentes pelo território Português.
A Lei de Bases do Património Cultural nº 107/2001 publicada em Diário da
República a 8 de Setembro define as bases da política, proteção, e valorização do património
cultural português. Face à lei anterior, a atual amplia o conceito de bens culturais, introduz a
inventariação como a medida mais importante para a defesa do património e remete para um
lugar secundário a educação patrimonial que estava prevista na lei anterior. “Além de definir
as várias políticas de protecção patrimonial, a lei prescreve os direitos e os deveres dos
cidadãos face aos bens culturais, bem como o papel do Estado e das autarquias locais na
protecção do património”92
.
Na atual lei de Bases do Património cultural o património industrial é referido apenas
duas vezes, no artigo 2º, no “Conceito e âmbito do património cultural”93
e no artigo 72º94
90
José Manuel Lopes Cordeiro (2007), “O património Industrial em Portugal. Situação actual e perspectivas de
futuro.” 4º serie, vol. I nº 1-2, p. 41; Alfredo Tinoco, (2009), Património Industrial e Pré-Industrial de
Montijo. Da Obra à Memória. Lisboa: Edições Colibri; Alfredo Tinoco (2012), “Para uma política de
preservação do património industrial em Portugal.” Cadernos de Sociomuseologia nº 42, p. 34. Disponível em:
<http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/2823/2142.>. (Acesso em:
12.09.2013). 91
Deolinda Folgado (2010), “Património inclusivo. Das Expectativas aos desafios” in Jorge custódio (coord.),
100 Anos de Património:…, p. 328. 92
Alfredo Tinoco (2009), Património Industrial…, p. 73; 93
“3-O interesse cultural relevante, designadamente histórico, paleontológico, arqueológico, arquitétónico,
linguístico, documental, artístico, etnográfico, científico, social, industrial, ou técnico, dos bens que integram o
património cultural reflectirá valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade,
singularidade ou exemplaridade.” in Decreto-Lei nº 107/2001 D. R. I Série A (08.09.2001), p. 5808. 94
José Manuel Lopes Cordeiro (2007), “O património Industrial em Portugal. Situação actual e…”, p. 42.
38
referente às “Disposições gerais – Componentes do regime geral de valorização dos bens
culturais”95
.
Estas duas referências são insuficientes, pois não identificam no que consiste o
património industrial e a importância da sua preservação.
1.3.2 Iniciativas de inventariação, salvaguarda e valorização do
património industrial.
Ao longo dos anos foram sendo desenvolvidas algumas iniciativas de salvaguarda e
valorização do património industrial por parte de entidades públicas e associações, podemos
destacar as seguintes:
A Associação de Arqueologia Industrial, APAI, fundada em 1980, da qual se falará
no ponto seguinte, realizou várias intervenções ao nível da recuperação, reutilização e
musealização do património industrial.
Em 1986 iniciou-se o levantamento arqueológico do núcleo da Tinturaria da Real
Fábrica de Panos, integrada no Museu dos Lanifícios da Região da Covilhã, através de um
protocolo de cooperação entre o instituto Universitário da Beira Interior e a APAI, com o
objetivo da musealização do local. A intervenção arqueológica e a investigação histórica
acompanharam o projeto arquitetónico até à fase final do projeto96
.
Também o Museu Mineiro do Lousal, alvo de referência mais adiante, e o Museu
da Fábrica de Cimento de Maceira-Liz em Leiria inaugurado em 22 de Abril de 1991 são
exemplos a destacar de recuperação, reutilização e musealização do património industrial
realizados por esta associação.
Das intervenções arqueológicas realizadas pela APAI distinguem-se as realizadas na
Fábrica de Garrafas da Amora, na Real Fábrica de Vidros de Coina, na Tinturaria da Real
Fábrica de Panos da Covilhã, na Fábrica de Vidros “Angolana” na Marinha Grande e na
Real Fábrica de Papel do Engenho Novo, em Paços de Brandão.
95
“3- As leis de desenvolvimento poderão estabelecer formas de protecção, e correspondentes regimes,
especialmente aplicáveis aos bens culturais ou a certo tipo de elementos que integrantes do património
arqueológico, arquivísistico, audivisual, biblográfico, fonográfico ou fotográfico ou a novos tipos de bens
culturais, nomeadamente os que integrem o património electrónico ou o património industrial.” in Decreto-Lei
nº 107/2001 D. R. I Série A (08.09.2001), p. 5820. 96
Sobre o assunto veja-se: Elisa Calado Pinheiro (1999/2000), “O Museu de Lanifícios da Universidade da
Beira Interior, Covilhã. Uma Intervenção Pioneira no Âmbito da Arqueologia Industrial.” Arqueologia &
Indústria, nº 2-3, pp. 163-177.
39
A associação executou também durante a sua existência vários inventários do
património industrial português. Inventariou várias fábricas de Lisboa (Alcântara, Belém e
Vale de Chelas97
), fábricas de papel da região de Santa Maria da Feira, fábricas de Vidro da
Marinha Grande, e do parque industrial da Venda Nova (Amadora), e o inventário do
património industrial de Vila Franca de Xira98
.
A antiga Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, DGEMN que tutelou
as questões patrimoniais durante várias décadas, reuniu ao longo da sua atividade um espólio
documental e um “inventário” de edifícios com valor patrimonial. Muitos deles referentes ao
património industrial99
.
O extinto IPPAR organizou alguns inventários de Património Industrial: No âmbito
de um protocolo efetuado com a Universidade da Beira Interior UBI, realizou durante os
anos de 1999 a 2001 o inventário do Património Industrial da Covilhã100
.
Em parceria com o DOCOMOMO Ibérico101
, apoiados por várias empresas e
Câmaras Municipais102
, O IPPAR realizou nos anos de 2000/2001 um projeto de
levantamento da arquitetura industrial moderna em Portugal entre os anos de 1920-1965.
Deste projeto resultou, uma publicação “A Arquitectura da Indústria, 1925-1965. Registo
Docomomo Ibérico”, um inventário temático do território português que pode ser consultado
97
Estes inventários foram coordenados por Ana Cardoso de Matos e realizados por Maria Clara Assunção,
Alice Martins e Albertina Ramos. Os resultados foram apresentados nas 1as Jornadas Ibéricas del Patrimonio
Industrial y la Obra Pública realizadas em sevilha em 1990. Sobre os inventários ver: Jorge Custódio, Ana
Cardoso de Matos e Maria Luísa Santos (1994), "O Inventário do Património Industrial Português". in Actas
das 1ªs Jornadas Ibéricas del Patrmonio Industrial y la Obra Pública", Sevilha, Junta da Andaluzia /
Consejeria de Cultura y Medio Ambiente, pp. 63-70; Maria Clara Assunção (1994), “Inventário do património
industrial de Lisboa, Alcântara”, in 1ªs Jornadas Ibéricas del Patrimonio Industrial…, pp. 149-158; Alice
Martins (1994), “Inventário do património industrial de Lisboa. Belém.”, in 1ªs Jornadas Ibéricas del
Patrimonio Industrial…, pp. 137-148; Albertina Ramos (1994), “Inventário do Património Industrial de
Lisboa, Vale de Chelas”, in 1ªs Jornadas Ibéricas del Patrimonio Industrial…”,pp. 173-183. 98
Ana Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património
Industrial:…”, pp. 25-26. 99
Alfredo Tinoco (2009), Património Industrial…, p.74. 100
Deolinda Folgado (2001), “Inventário do Património Industrial da Covilhã.” Revista Património Estudos-
Interpretação de Monumentos e Sítios. IPPAR – Instituto Português do Património Arquitectónico, nº1, pp.
186- 187; 101
Grupo de Trabalho filiado no DOCOMOMO Internacional, que tem por objectivo o estudo, documentação e
salvaguarda da arquitectura moderna. 102
Deolinda Folgado e Manuel Lacerda (2001), “Projecto de levantamento da Arquitectura Industrial
Contemporânea em Portugal (1920-1965)”, Revista Património Estudos- Interpretação de Monumentos e
Sítios, nº1, p. 186.
40
na página do IGESPAR103
, e uma exposição itinerante com o objetivo de sensibilizar e
divulgar o património industrial.
No ano de 2008 o IGESPAR e o IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação
Urbana, no âmbito da coleção de guias de inventário arquitetónico temático destinada aos
agentes da área do património cultural e aos cidadãos: o KIT03. Este documento tem como
objetivo o “ (…) fornecimento de ferramentas concebidas para o inventário do património,
(…) visando uma maior aproximação e participação destes no vasto processo de
identificação e salvaguarda do património”104
. O ficheiro pode ser consultado e descarregado
no site do IGESPAR105
.
1.3.3 A ação desenvolvida pelas Associações ligadas ao património
industrial
Em 1980 é fundada a Associação de Arqueologia Industrial da Região de Lisboa - AAIRL, a
que sucedeu a Associação Portuguesa da Arqueologia Industrial, APAI. Esta associação teve
um papel relevante e pioneiro no desenvolvimento da arqueologia industrial e na
salvaguarda do seu objeto de estudo, o Património Industrial. Organizada pela AAIRL,
realizou-se em 1985, na Central Tejo106
a exposição Arqueologia Industrial: Um Mundo a
Descobrir, um Mundo a Defender. Esta exposição ajudou a divulgar a arqueologia industrial
e conseguiu alertar entidades oficiais, empresas e associações da sociedade civil para o
desenvolvimento de projetos de investigação, estudo e valorização do património
industrial107
. Os objetivos da realização da exposição108
tinham como objetivo a criação de
um Museu Nacional da Indústria, mas que não se veio a concretizar109
.
103
http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/itinerarios/industrial/ A nova página da Direcção Geral do Património
Cultural ainda não se encontra disponível. 104
IGESPAR. Como inventariar o património. Disponível em:
<http://www.igespar.pt/pt/account/comoinventariaropatrimonio/> (Acesso em: 09.09.2013). 105
http://www.igespar.pt/media/docs/2010/11/11/KIT03.pdf 106
Atual Museu da Eletricidade. 107
Ana Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património
Industrial:…”, p. 25; Alfredo Tinoco, (2009), Património Industrial…, p. 59. 108
Os objectivos da realização desta exposição podem ser consultados em: Jorge Custódio, et. alli (1991),
“Introdução.” Museologia e Arquitectura Industrial. Estudos e Projectos Lisboa: Associação Portuguesa de
Arqueologia Industrial, pp. 3-4. 109
Alfredo Tinoco (2009), Património Industrial…, p. 59.
41
No seguimento da exposição foi realizado em 1986 o 1º Encontro Nacional sobre
Património Industrial em Coimbra, Guimarães e Lisboa110
. Durante este encontro foi
constituída a secção portuguesa do TICCIH. Após o 1º encontro Nacional sobre Património
Industrial a Associação de Arqueologia Industrial de Região de Lisboa realizou uma revisão
dos seus estatutos e tornou-se a Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI)
em 1987111
.
A Associação desenvolveu várias atividades com vista à preservação valorização e
salvaguarda do património industrial. Realizou e coordenou a execução de inventários, a
nível local e temático, sempre com o apoio das autarquias. Concretizou várias intervenções
arqueológicas e intervenções no nível da recuperação, reutilização e musealização de bens
do património industrial por solicitação de empresas ou das Câmaras Municipais. Realizou
eventos científicos de âmbito local e regional. Organizou e realizou cursos de formação
específica, a pedido das Câmaras Municipais, sobre arqueologia industrial e património
industrial, de modo a atingir um público mais diversificado do que o encontrado nas
Universidades112
.
Segundo Jorge Custódio a principal preocupação da Associação Portuguesa de
Arqueologia Industrial era a “necessidade de salvaguarda do património industrial móvel e
imóvel, suporte da história industrial portuguesa, com fins museológicos”113
.
Em 1997 é constituída a APPI na cidade do Porto, que é atualmente a representante
da TICCIH em Portugal e que ao longo dos anos também desenvolveu algumas ações de
preservação e divulgação do Património Cultural.114
São também de referir as ações de
preservação e valorização do património industrial que foram levadas a cabo por outras
associações e por Câmaras Municipais, por freguesias ou mesmo por universidades.
Refiram-se, entre outros, o caso Câmara Municipal do Seixal que criou o Ecomuseu do
110
Para consultar as actas 1º do Encontro Nacional de Património Industrial ver: APAI (1989-1990), Encontro
Nacional Sobre o Património Industrial. Coimbra, Guimarães, Lisboa - Actas e comunicações. Coimbra:
Coimbra Editora, 2 Vol; 111
Ana Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património
Industrial:…”, p. 25; José Manuel Lopes Cordeiro (2007), “O património Industrial em Portugal. Situação
actual…”, p. 44. 112
Ana Cardoso de Matos, Isabel Maria Ribeiro e Maria Luísa Santos (2003), “Intervir no Património
Industrial:…”, pp. 25-26. Artigos sobre algumas das actividades realizadas pela APAI, podem ser consultados
na sua revista: APAI (1998-2000), Arquelogia e Indústria: Revista Da Associação Portuguesa de Arqueologia
Industrial. Lisboa, nº1, nº2-3. 113
Jorge Custódio Jorge Custódio, et. alli. (1991), “Introdução.” Museologia e Arquitectura Industrial…, p. 3. 114
José Manuel Lopes Cordeiro (2007), “O património Industrial em Portugal. Situação actual…”, p. 44;
Associação Portuguesa para o Património Industrial- APPI. APPI… Apresentação, disponível
em:<http://www.museudaindustriatextil.org/appi/apresentacao.php>. (Acesso em: 09.09.2013).
42
Seixal, o caso do Museu da Indústria de Chapelaria, tutelado pela Câmara Municipal de S.
João da Madeira115
ou o caso do Museu dos Lanifícios da Universidade da Beira Interior.
2. O “Património Industrial de natureza elétrica”116
O património industrial tal como refere a Carta de Nizhny Tagil compreende os vestígios da
cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetónico e
científico117
.
O património industrial compreende, assim, todos os vestígios, móveis e imóveis,
materiais e imateriais relacionados com a industrialização, que sejam testemunhos da
atividade do Homem. É constituído por estruturas industriais e sítios de natureza variada
(fábricas, armazéns, minas). São considerados património deste tipo as estruturas ligadas à
produção, à distribuição, ao abastecimento (água, energético, alimentar); utensílios e
equipamentos; sistemas de transporte e comunicações (ferroviárias, pontes, rodoviárias,
portos); bairros operários; equipamentos coletivos relacionados com a saúde, ensino, lazer;
casas de comércio, os produtos da indústria; os arquivos de empresa, privados, documentos
iconográficos como fotografias, catálogos entre outros vestígios ligados à indústria118
.
Posto isto, os vestígios e produtos da eletricidade são considerados património industrial.
Podendo afirmar-se a existência de um património industrial de natureza elétrica ou
115
Museu da Indústria chapeleira de São João da Madeira. Conceito e Vocação. Disponível em:
<http://museudachapelaria.blogspot.pt/p/museu.html> (Acesso em 09.09.2013). 116
Mário Mariano refere este conceito na sua comunicação “Electricidade e Património Cultural.” no Iº
Encontro Nacional sobre o Património industrial em 1986. Para consultar a comunicação veja-se: Mário
Mariano (1986), “Electricidade e Património Cultural.” in APAI (1989-1990). I Encontro Nacional sobre o
Património Indústrial. Coimbra – Guimarães – Lisboa / 1986. Actas e Comunicações, Coimbra: Coimbra
Editora lda, 2º vol; pp. 89-94; 117
Nizhny Tagil, Carta sobre o Património Industrial, 1. Definição de Património, TICCIH, 2003. ( Acesso
em: 06.12.2013) Disponível em:
< http://ticcih.org/wp-content/uploads/2013/04/NTagilPortuguese.pdf>. 118
José M. Amado Mendes (1990), “Património industrial: um bem da comunidade ao alcance da escola.”
Munda, nº 20, pp. 65-72; António Castanheira Nabais (1992), “Património Industrial, Científico e Técnico.”
Al- Madan., II série nº 1, pp. 59-62; Paulo Oliveira Ramos (1993), “Arqueologia da cidade industrial”, in A
Cidade. Jornadas Inter E Pluridisciplinares. Actas I. Lisboa: Universidade Aberta, pp. 295-316; José Amado
Mendes (1996), “Construção Civil e património industrial”. Munda, nº 31, pp. 31-40; António Castanheira
Nabais (1999), “Conceito de Património e Arqueologia industrial. Seus limites, problemas de conservação e
musealização.” Al-Madan, nº8, pp. 177-181.
43
simplesmente património da eletricidade119
. A indústria da eletricidade é uma indústria é
centenária120
, e alterou profundamente a vida dos Homens.
Segundo Ana Cardoso de Matos “a electricidade marcou a vida económica, social,
cultural e mesmo política de cada país”121
. A energia elétrica foi um produto e um estímulo
da industrialização.
A utilização da energia elétrica como força motriz e a produção dessa energia alterou a
qualidade e quantidade de produção de vários setores industriais122
. A eletricidade permitiu
que a indústria em geral se tornasse mais competitiva e desenvolveu um tipo de indústria
específica, a indústria de materiais elétricos. A construção de barragens e os aumentos dos
consumos industriais e domésticos favoreceram a criação de um mercado para a indústria de
materiais e equipamentos elétricos123
.
A construção de centrais termoelétricas e hidroelétricas, o desenvolvimento de redes de
energia, a sua utilização nos meios de transporte e comunicação alterou a comunicação entre
as pessoas e transformou e condicionou a paisagem urbana124
. Os postes e fios da
iluminação, as vias dos elétricos, os postes e cabos de transmissão de energia alteraram a
paisagem da cidade. A existência de luz elétrica nas ruas mostrou outra face da cidade125
. A
instalação de redes de eletricidade (e gás) esteve associada ao desenvolvimento das ideias
urbanísticas do século XIX, onde se verificava uma maior preocupação com a organização
espacial das cidades, e o bem-estar e segurança das populações126
.
119
Horacio Capel, (1996) "El Turismo Industrial y el Patrimonio Historico de la Electricidad", Scripta Vetera.
Reproduzido de Actas de las I Jornadas sobre Catalogación del Patrimonio Histórico, Hacia una integración
disciplinar. Instituto Andaluz del Patrimonio Histórico, 19 al 22 de abril de 1995, Sevilha Disponível em:
<http://www.ub.edu/geocrit/sv-14.htm> (Acesso em 09.10.2013); 120
Mário Mariano (1986), “Electricidade e Património …”, p. 89. 121
Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A electricidade em Portugal. Dos primórdios à 2º Guerra Mundial.
Lisboa: Museu da Electricidade, EDP, p. 10; Sobre as histórias da eletricidade de outros países veja-se:
François Caron e Fabienne Cardot (1991), Histoire de l électricité en Frace. Paris: Édition fayard, 3 vols;
Horacio Capel (1994), Las Tres Chimeneas. Implantación industrial, cambio tecnológico y transformación de
un espacio urbano barcelonés. 3 vols, Barcelona: Fuerzas Eléctricas de Cataluña S.A. (FECSA). 122
Ana Cardoso de Matos, et alli. (2004), A electricidade em Portugal…, p. 10. 123
Fernando Faria, Luís Cruz e Sofia Teives (2005), “Energia e indústria.” In Nuno Luís Madureira (coord.),
A História da Energia. Portugal 1890-1980. Lisboa: Livros Horizonte, pp.100-102. 124
Ana Cardoso de Matos, et alli. (2004), A electricidade em Portugal…, p. 10. 125
Alenuska Kelly Guimarães Andrade (2009), A eletricidade chega à cidade: Inovação técnica e a vida
urbana em Natal (1911-1940). Rio Grande do Norte: dissertação de mestrado em História e Espaços-natureza,
relações economico-sociais e produção dos espaços, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Norte Disponível em:
<http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/bitstream/1/8791/1/AlenuskaKGA_DISSERT.pdf> (Acesso em:
22.01.2014). 126
Ana Cardoso de Matos (coord.), Fernando Faria, Fátima Mendes (2003), O Porto e a Electricidade. Lisboa:
EDP-Museu da Electricidade, p. 8; Mercedes Arroyo e Ana Cardoso de Matos, (2009), “La modernización de
44
A energia elétrica alterou as formas de sociabilidade e organizou as relações
estabelecidas no interior do espaço doméstico127
. Com a instalação de eletricidade nas casas
os hábitos noturnos modificaram-se, as reuniões familiares, a leitura, o convívio ao “redor”
do rádio. A criação de aplicações domésticas da eletricidade que surgem devido ao
desenvolvimento da indústria eletrotécnica (ferro de passar roupa, aspirador de pó,
frigorífico, aquecedores e fogões elétricos entre outros, modificam o cenário da casa
tornando-a mais mecanizada128
. A casa deixa de ser vista como um local de trabalho e passa
a ser vista como um local de isolamento e intimidade.
A aplicação da eletricidade na medicina permitiu melhoramentos, como a utilização de
novas terapias no tratamento de várias doenças. No início do século XX os tratamentos de
eletroterapias foram utilizados em vários estabelecimentos de saúde. A sua utilização foi
também realizada na aplicação da pena de morte em Nova Iorque em 1888. E em
tratamentos de beleza129
.
Assim fazem parte do património industrial de natureza elétrica todas as estruturas
relacionadas com a produção e distribuição da eletricidade; os equipamentos destas
estruturas; utensílios; ferramentas; vestuário dos operários e trabalhadores das diversas
empresas de eletricidade; os produtos da indústria elétrica como a aparelhagem radioelétrica
e os seus materiais e a aparelhagem elétrica de uso doméstico; documentação iconográfica,
fotografias, cartazes, catálogos de exposições desenhos, monografias, processos, legislação
entre outros.
dos ciudades: las redes de gas de Barcelona y Lisboa (siglos xix y xx).”, Scripta Nova, vol. XIII, nº 296 (6);
Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-296/sn-296-6.htm> (Acesso em 15.01.2014); 127
Diego Bussola (2004), A“Modernização” dos lares Lisboetas. O consumo de energia e electrodomésticos
na Lisboa de após guerra (1947-19759. Lisboa: dissertação de Mestrado em História Social Contemporânea,
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, p. 102; Ana Cardoso de Matos, et alli. (2004), A
electricidade em Portugal…,p. 10. 128
Irene Vaquinhas e Maria Alice Pinto Guimarães ( 2001), “Economia doméstica e governo do lar. Os saberes
domésticos e as funções da dona de casa.” in José Mattoso (direc.), História da vida Privada em Portugal-
Época Contemporânea, vol.3, Lisboa: Temas e Debates, p. 213; Sobre a mecanização da casa ver: Sigfried
Giedion (1980), La mecanisation au pouvoir: contribution à l´histoire anonyme. Les machines dans la
maison. vol.3, Paris: Centre Georges Pompidou/CCI; Ana Thudichum Vasconcelos (1998), A contribuição
tecnológica no habitat: electricidade e eficiência doméstica, Porto: Dissertação de Mestrado em Design
Industrial, Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto; 129
Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A electricidade em Portugal…,p. 91.
45
3. O Património da Eletricidade em Portugal.
3.1 A fundação EDP e o seu papel na preservação e valorização do património elétrico
português.
Criada em Dezembro de 2004 pela EDP – Energias de Portugal, a Fundação EDP é uma
instituição privada sem fins lucrativos. Assente em cinco pilares: “inovação social;
excelência nas artes; fusão da energia com ciência e educação; promoção de cidades
contemporâneas e sustentáveis; a construção de uma cultura corporativa (…) que abra o
grupo empresarial ao país e ao mundo”130
, a Fundação tem como grande missão o apoio
ativo à cultura.
A Fundação tem a sede na Central Tejo, local onde se encontra também localizado o
Museu da Eletricidade. Classificada como Imóvel de interesse Público a antiga central
termoelétrica iluminou a cidade de Lisboa durante várias décadas. Situada em Belém a
central foi propriedade das Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade, (CRGE) e
abasteceu toda a região de Lisboa131
.
Criada em 1891, a CRGE resultou da fusão da Companhia Lisbonense de Iluminação
a Gás e Companhia Gás de Lisboa, e a produção e distribuição de gás e eletricidade na
cidade de Lisboa fica a seu cargo132
.
O período de atividade da Central Tejo está compreendido entre 1909 e 1972, apesar
de que a partir de 1951 com as novas centrais hidroelétricas a central passou a ser utilizada
como reserva, produzindo apenas quando era necessário completar a energia das centrais
hídricas133
.
130
Fundação EDP. Quem Somos. Disponível em <http://www.fundacaoedp.pt/fundacao-edp/quem-
somos/missao-e-valores/126>.(Acesso em: 19.11.2013). 131
António Maria dos Anjos Santos (1996), Para o estudo da arquitectura industrial na região de Lisboa
(1848-1918). Lisboa: Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea, Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Novembro, pp. 386-387; Vítor J. C. Costa (1999/2000),
“Central Tejo. Breve resumo da sua evolução e dos processos tecnológicos (1916-1972).” Arqueologia &
Indústria, nº 2-3, pp.12-13. 132
António Maria dos Anjos Santos (1996), Para o estudo da arquitectura industrial na…, p. 374 (ver nota 25);
Mário Say Ming Kong (2001), Arquitectura Industrial- Uma Abordagem – Central Tejo. Lisboa: Dissertação
de Mestrado em Reabilitação da Arquitetura e Núcleos Urbanos, Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade
de Arquitetura, p. 71; Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A electricidade em Portugal…, p.157. 133
Wikienergia. Central Tejo: Integração na Rede Eléctrica Nacional. Disponível em:
<http://www.wikienergia.pt/~edp/index.php?title=Central_Tejo:_Integra%C3%A7%C3%A3o_na_Rede_El%C
3%A9ctrica_Nacional>. (Acesso em: 10.10.2013).
46
Ao longo da sua existência a central sofreu várias modificações e ampliações,
passando por fases de construção e alteração dos seus sistemas produtivos e em 1975 foi
desativada, sendo no ano seguinte integrada na EDP- Energias de Portugal. A sua construção
e sucessivas ampliações tiveram como objetivo principal responder ao consumo público e
privado da cidade de Lisboa, que conheceu um aumento significativo durante o século
XX134
.
A EDP- Eletricidade de Portugal criada em 1976, resulta da fusão de treze empresas
de produção, transporte e distribuição de energia elétrica nacionalizadas no ano de 1975135
.
Como as CRGE foram uma das empresas integradas este fato permitiu que a Central Tejo
fosse também integrada no património da EDP.
Em 1982 o conselho de Administração da EDP declarou o seu interesse em
musealizar o edifício mantendo as máquinas e estruturas que existiam no seu interior,
contudo apenas 10 anos depois essa intenção foi concretizada136
.
Quando foi formalizado o desejo de musealizar a Central Tejo, foi clarificado o
propósito de funcionar como espaço de preservação e divulgação da história da eletricidade
através de um espaço pedagógico137
.
No ano de 1990 a Central Tejo abriu as suas portas como Museu da Eletricidade com
a exposição: Um século de Eletricidade. A exposição continha quatro núcleos expositivos:
“Central Tejo-Espaço e Memória”, “Lisboa-Luzes da Cidade”, “Um Século de Eletricidade:
1889-1989” e “Fontes de Energia”. Em cada núcleo era narrada a história da central elétrica,
dos seus trabalhadores, a evolução da eletrificação em Lisboa e em todo o país. O quarto
núcleo continha uma mostra de outras fontes de produção elétrica138
.
134
Fernando Faria, et alli. (2007), A Central Tejo: a fábrica que electrificou Lisboa. Lisboa: Editorial Bizâncio,
Museu da Electricidade; p. 139; Sobre o programa técnico e projeto arquitétónico inicial da Central Tejo veja-
se: António Maria A. Santos (1999/2000) “A «Arquitectura da Electricidade» em Portugal (1906-1911) – A
«Central Tejo» em Lisboa e a «Central do Ouro» no Porto. Projectos técnicos e intervenções arquitectónicas.”
Arqueologia & Indústria, nº 2-3, pp. 129-148; Sobre as várias fases de evolução da Central veja-se também:
Vítor J. C. Costa (1999/2000), “Central Tejo. Breve resumo...”, pp. 149-160. 135
(2002), Luz Própria. 50 anos do Sistema Eléctrico Nacional, 25 anos da EDP. Lisboa: EDP- Eletricidade de
Portugal- Gabinete de Comunicação e imagem, p. 30. 136
Fernando Faria, et alli (2007), A Central Tejo:…, p. 183. 137
Ana Delicado (2009), A Musealização da Ciência em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian/Fundação para a Ciência e a Tecnologia, p. 210. 138
EDP- Museu da Eletricidade (1990), Um Século de Electricidade. Lisboa: EDP- Gab. de Relações Públicas e
Informação.
47
Entre 2002 e 2006 o Museu da Eletricidade passou por um novo período de
reabilitação dos seus edifícios e equipamentos. A Central Tejo - Museu da Eletricidade é um
museu de empresa, inserido num edifício representativo da Lisboa industrial de princípios
do século XX139
. Na recuperação da Central foi feita a restauração dos seus edifícios,
caldeiras, geradores e maquinaria auxiliar com o objetivo de se tornar um centro cultural e
didático, há semelhança de outras centrais existentes noutros países, nas quais a partir do
edifício da central e do seu acervo focam a História da Eletricidade e da Energia140
.
Quando se constituiu o Museu da Eletricidade tinha como missão “preservar a
Central Tejo e a sua memória, dinamizar, a nível nacional, a investigação e a conservação do
património histórico da eletricidade, despertar o público para a ciência relacionada com toda
a diversidade dos fenómenos elétricos e debater as questões emergentes da sustentabilidade
energética”141
.
De acordo com o que é divulgado no seu site o Museu da Eletricidade é um Centro
de Cultura e apresenta nos seus espaços o passado, o presente e o futuro das energias. Museu
de ciência de base industrial oferece exposições temáticas e experimentais e vários eventos
culturais de diversas temáticas. Para além das exposições o Museu da Eletricidade recebe
conferências e eventos das áreas de missão da Fundação EDP. O museu aborda temáticas
relativas às fontes de energia, os cientistas que contribuíram para o desenvolvimento da
eletricidade, os processos de produção, transporte, e distribuição de eletricidade. A
exposição permanente é a própria central, onde se “mostra e explica por intermédio da
maquinaria original da antiga Central Tejo o seu modo de funcionamento e o seu ambiente
de trabalho”142
.
139
Sobre este assunto veja-se Jorge Custódio (1994), “Reflexos da Industrialização na Fisionomia e vida da
cidade. O mundo industrial na Lisboa Oitocentista” in Irisalva Moita (coord.), O Livro de Lisboa, Lisboa:
Livros Horizonte; pp. 435-492. 140
Horacio Capel (1996), "El Turismo Industrial y el Patrimonio Historico…”, pp. 170-195; 141
Fundação EDP. Museu da Electricidade | Missão. Disponível em: <http://www.fundacaoedp.pt/museu-da-
eletricidade/missao/centro-de-cultura/91.> (Acesso em: 10.10.2013). 142
Ibidem.
48
3.1.1 A Política patrimonial da Fundação EDP – O Museu da Eletricidade.
O Museu da Eletricidade tem como missão identificar, classificar, proteger e valorizar o
património elétrico nacional. Esta missão é alcançada através de uma política ativa que
obedece ao princípio da descentralização, o património identificado fica preferencialmente
nos locais de origem143
. Para realizar a sua missão de investigação e valorização do
património elétrico nacional o Museu da Eletricidade auxilia-se de vários instrumentos que a
seguir se indicam.
A Fundação EDP dotou o museu de um Centro de Estudos e Documentação com o
objetivo de preservar, investigar e divulgar a história da eletricidade em Portugal144
.
De acordo com o que se indica no site do Museu da Eletricidade o Centro de Estudos
tem como temas de investigação: A CRGE; A Central Tejo; História das políticas, das
empresas, da produção, da distribuição e dos usos da eletricidade e inovação e tecnologias.
Os projetos que vem desenvolvendo são: História da Central Tejo; História política da
CRGE; Catálogo do Museu da Eletricidade; História da Central Térmica do Carregado;
Reconstituição da Central Tejo I (Junqueira); Reconstituição da subestação da Central Tejo;
Revista Wikienergia sobre inovação tecnológica.
O Centro de Documentação “desenvolve ações de recolha, organização, descrição,
comunicação, conservação e disponibilização” de documentação com interesse histórico que
constituem fundos e ações de arquivo. Realiza investigação própria e apoia investigação
externa, uma vez que permite a consulta e empréstimo do seu acervo documental.
Paralelamente integra numa base de dados online145
o acervo de peças, equipamentos e
documental do Museu da Eletricidade e outras entidades, uma vez que comunica com outros
arquivos nacionais da mesma temática e de outras entidades com património elétrico146
.
O seu acervo é constituído por documentos de arquivo e biblioteca em vários
suportes (papel, áudio, digital e vídeo) e de várias tipologias (projetos, estudos, atas,
fotografias, filmes, monografias, cartazes, livros, desenhos, diplomas, cartas, periódicos)
datados do final do século XIX até à atualidade. Relativamente à política de aquisições de
143
Fundação EDP. Museu da Electricidade| Investigação e Património. Disponível em:
<http://www.fundacaoedp.pt/museu-da-eletricidade/investigacao-e-patrimonio/valorizacao-do-patrimonio-
nacional/111>. (Acesso em: 10.10.2013). 144
Fernando Faria, et alli (2007), A Central Tejo….,p.183. 145
Consulta em: <http://www.cdme.edp.pt/winlib/>. 146
Fundação EDP. Museu da Electricidade | Investigação e…
49
objetos o Museu da eletricidade defende uma política de descentralização. Defende a
“criação de pólos descentralizados e autónomos que conjuguem a conservação de espólios,
documentais e equipamentos, com a dinamização de atividades museológicas e
interpretativas locais”147
.
Contudo, caso o valor do espólio o justifique, membros do Museu da Eletricidade
deslocam-se ao local onde se encontra o património, procedem ao seu levantamento,
classificam-no e transmitem a situação em que se encontra esse espólio, a partir de um
relatório, às várias empresas do grupo EDP ou outras instituições detentoras de bens
patrimoniais ligados à eletricidade, e que podem ter interesse nos espólios que identificam
em cada momento. O bem patrimonial raramente é descontextualizado, contudo se for
necessário e possível é movido para restauro, caso a sua conservação não seja viável no seu
local de origem e a sua importância o justifique procura-se que fique à guarda no Museu da
Electricidade da Fundação EDP.
A exposição permanente do museu é constituída pelo edifício e respetiva maquinaria
da Central Tejo. O edifício é o único bem patrimonial imóvel da Fundação EDP e a sua
conservação exige frequentemente obras de manutenção e restauro. As reservas do museu
contêm equipamentos da Central Tejo e peças com origem de outras centrais e doações de
instituições ou particulares. Neste momento as reservas museológicas foram deslocalizadas
para o Barreiro por período indefinido devido a obras148
.
Cerca de 85% do seu acervo encontra-se inventariado e disponível para consulta
online149
. As peças estão classificadas por coleção, sendo as coleções as seguintes:
aparelhos de medida; contadores; eletrodomésticos; eletrónica; equipamento (Central Tejo);
equipamento centrais hidroelétricas; ferramentaria; iluminação; maquetas e protótipos;
máquinas rotativas; material de comando, proteção e manobras; material de escritório;
material de formação; material de intercomunicação; material de laboratório; material de
laboratório de escolas secundárias; material de prevenção e segurança; material de
topografia; oficinas; quadros de comando; relés; reóstatos: transformadores; válvula e
vestuário.
147
Ibidem. 148
Informação facultada pela Dra. Rosa Goy do Museu da Eletricidade 149
Consulta em: http://www.cdme.edp.pt/winlib/.
50
3.1.2 Programa Anual “Ilumina o Património”
Desde 2011, a Fundação EDP promove o programa anual “Fundação EDP Ilumina o
Património, subprograma Património Elétrico Nacional.” O objetivo do programa é apoiar
projetos de preservação, valorização e divulgação do património industrial elétrico nacional.
Com a assessoria técnica do Museu da Eletricidade, e a dotação anual de 125 mil euros,
obedece a um regulamento e a selecção é feita por um júri 150
composto por personalidades
de reconhecida competência nas áreas do património arquitetónico e industrial, da energia e
da museologia.
No ano de 2011 foram apoiados pelo programa: o projeto de musealização da
Central Elétrica da Confluência dos Rios Alcôa e Baça; o projeto de conservação e
valorização do património industrial das Caldeiras Babcock Wilcox do Ecomuseu Municipal
do Seixal / Núcleo Mundet; a alteração mecânica e adaptação de equipamento elétrico no
motor diesel marca Carels Ingersoll Rand Tipo: 3 e motor de 3 cilíndros da Associação
Centro de Ciência Viva do Lousal; a recuperação do motor Blackstone da antiga moagem de
Serpa e o funcionamento de um grupo gerador da Central Hidroelétrica da Nossa Senhora do
Desterro em Seia. Em 2012 o programa Ilumina o Património apoiou a musealização da
antiga “Sala de Máquinas” da Central Termoelétrica de Massarelos local do atual Museu do
Carro Elétrico; a musealização do património cinematográfico, arquitetónico e industrial do
Cinema São Jorge; a intervenção no motor Hornsby-Stockport da Moagem de Sampaio em
Sesimbra; e o projeto de conservação do património móvel da Central Elétrica de Tomar,
Futuro Museu da Levada151
.
As candidaturas ao programa podem ser apresentadas por várias entidades, como
autarquias, museus, empresas, associações entre outras, que tenham à sua responsabilidade
património energético.
150
Fundação EDP. Regulamento do programa “Ilumina o Património”. Disponível em:
<http://www.fundacaoedp.pt/folder/galeria/ficheiro/9_Regulamento%20EDP%20Eletricidade%20e%20Patrim
%C3%B3nio_09_04_2012_413mgf2nqk.pdf>. (Acesso em 10.10.2013). 151
Fundação EDP. Ciência e Energia | Programa Ilumina o Património. Disponível em: <
http://www.fundacaoedp.pt/ciencia-e-energia/programa-ilumina-o-patrimonio/edicao-2011/33>. (Acesso em
10.10.2013)
51
3.1.3 O Roteiro Museus de Energia.
Inserido no programa “Ilumina o Património”, a Fundação EDP, por intermédio do Museu
da Eletricidade, promove e apoia a “Rede Museus de Energia”. Esta rede, inicialmente
desenvolvida em 2011, é uma rede de conhecimento com várias parcerias a nível nacional
constituída por entidades que possuem património elétrico/ energético de valor histórico. As
entidades parceiras têm como objetivos a proteção do património e a sua valorização; a sua
abertura ao público; e a sua inserção nas comunidades originais.
“A rede assume-se como instrumento de partilha de conhecimento e de valorização
mútua visando potenciar o trabalho individual de cada parceiro”152
. Realiza um encontro
anual e desenvolve um site na internet, onde é apresentado um “Roteiro dos Museus da
Energia”153
.
O “Roteiro dos Museus da Energia”, composto por 15 municípios, apresenta o
património energético imóvel e móvel que as entidades parceiras têm ao seu encargo e a
partir dos quais são desenvolvidas atividades pedagógicas e culturais que contribuem para
consciencializar as populações para as necessidades energéticas e os problemas ambientais.
A razão do desenvolvimento desta rede nacional de conhecimento prendeu-se com o fato de
se observar, um pouco por todo o país os centenários da eletrificação de cidades e vilas
relembrando a necessidade de valorizar o património elétrico/energético português, de forma
a divulgá-lo à população.
A valorização de alguns dos pólos e maquinaria presente no roteiro têm apoio
financeiro da Fundação EDP, no âmbito do programa “Ilumina o Património” outros não
têm esse tipo de apoio, contudo beneficiaram de uma análise por parte dos técnicos do
Museu da Eletricidade, sendo considerados pólos de interesse. A única contrapartida
imposta pelo Museu da Eletricidade é a sua divulgação à comunidade, e que explorem o seu
potencial científico, tecnológico e educativo.
A rede de conhecimento dos museus de energia e o seu roteiro é uma iniciativa
bastante interessante que contribui para o conhecimento, inventário e valorização do
património histórico elétrico português. O conhecimento do património da eletricidade quer
por parte de entidades culturais responsáveis, quer pela comunidade no geral é o primeiro
152
Fundação EDP. Museu da Electricidade| Investigação e… 153
Informação facultada pelo Dr. Luís Cruz, Centro de Estudos do Museu da Eletricidade.
52
passo para reconhecer a importância histórica desse tipo de património e o seu possível
contributo para o desenvolvimento.
Contudo o “Roteiro dos Museus de Energia” iniciado, como já referimos
anteriormente, no ano 2011 apresenta alguma falta de conteúdo e desenvolvimento. Indica e
localiza pólos importantes de património da energia e fornece aos visitantes do site alguma
informação histórica referente às antigas estruturas que foram musealizadas ou estão em
processo de musealização; apresenta os parceiros da rede e indica alguma bibliografia
relativa aos pólos. No entanto, muito mais podia ser feito e divulgado no âmbito deste
projeto sem que fossem grandes recursos financeiros por parte dos vários parceiros.
Concretamente devia-se atualizar o site e promover a sua divulgação, pois está pouco
divulgado e encontra-se desatualizado, não apresentando o desenvolvimento dos pólos em
processo de reabilitação. Podia-se também explorar o seu potencial educativo, tecnológico,
científico e histórico. Vários links que se encontram no site não têm direção, deveria existir
um esforço por parte dos parceiros para colocar o site em pleno funcionamento ou então
retiravam os links do site.
No que diz respeito à informação divulgada no site, poderia ser em maior quantidade
e mais interessante, dando aos seus utilizadores o desejo de ir presencialmente aos locais.
Poderia ser investigada e colocada no site mais informação histórica sobre os locais, o seu
antigo funcionamento e informações relativas a acontecimentos presentes, como exposições
e acervo. No “Roteiro dos Museus da Energia” consegue-se observar algum acervo, contudo
contém poucas fotos e pouca informação relativa ao acervo. No caso dos museus se situarem
em centrais termoelétricas ou hidroelétricas, como é o caso de muitos, era interessante
colocar um pouco do seu processo de funcionamento para conhecimento da população em
geral. Poderiam ser colocadas também pequenas informações biográficas dos intervenientes
na história das antigas estruturas, intervenientes nos processos de eletrificação das regiões.
No site encontra-se a indicação de alguma bibliografia referente aos pólos do roteiro,
contudo existem outras obras que não são referidas, como é o caso do Museu Natural da
Eletricidade de Seia154
. Seria importante um esforço por parte dos parceiros de modo à
154
Sobre a central veja-se: João Orlindo Simão Ventura Marques (2008), Valorização do património industrial
da senhora do Desterro. Contributos para a sua musealização. Coimbra: Dissertação de Mestrado em
Museologia e Património Cultural, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O trabalho originou uma
publicação: João Orlindo Simão Ventura Marques (2009), A Casa da Luz…Património Industrial da Senhora
do Desterro. Serra da Estrela: EDP Produção/Município de Seia.
53
atualização bibliográfica, uma vez que optaram por colocar essa indicação, e seria muito útil
a futuros investigadores.
Poderiam ainda ser indicadas no site rotas do mesmo género a nível europeu, como é
o caso da ERIH, e integrar a rede de conhecimento nessa rede. A ERIH apresenta diversas
rotas regionais de energia e não contém nenhuma portuguesa. O único museu do “Roteiro
dos Museus da Energia” indicado na ERIH é o Museu de Eletricidade, Casa da Luz do
Funchal.
Uma vez que se trata de Património Energético, seria significativo indicar um pouco
da História da Energia, e dos processos de evolução das fontes de energia.
3.2 Iniciativas de valorização do património da eletricidade em Portugal por
parte de outras entidades.
Como se pode verificar a partir no mapa na fig. 1 existem no território português, vários
pólos de património elétrico musealizado, de norte a sul do país. A maioria dessas iniciativas
foi desenvolvida pelos municípios onde existe esse tipo de património. Cada vez mais as
câmaras municipais ganham consciência do valor histórico e patrimonial do património
industrial elétrico, como marco significativo do processo de eletrificação da sua região e do
país. E apostam na sua valorização como forma de dá-lo a conhecer à comunidade e
contribuir para a promoção do desenvolvimento do turismo.
A partir da análise do mapa, podemos observar um maior número de Património
Elétrico musealizado na zona de Lisboa e Vale do Tejo. No resto do país encontramos
poucas iniciativas de musealização de antigas centrais.
No Norte do país, verifica-se a existência de dois exemplos de património da
eletricidade musealizado por iniciativa dos municípios. São eles o Museu Hidroelétrico de
Santa Rita em Fafe e o Museu do Carro Elétrico do Porto situado na Antiga Central
Termoelétrica de Massarelos.
54
Legenda:
Iniciativas da Fundação EDP e parceria
com outras instituições.
Iniciativas de outras instituições.
Roteiro Museus de Energia.
Fig. 1 Mapa: Pólos de Património Industrial Elétrico valorizado. ( Elaboração própria)
55
No centro do país, encontramos uma parceria entre a Câmara Municipal de Seia e a EDP, o
Museu Natural de Eletricidade situado na antiga Central da Senhora do Desterro e a Central
hidroelétrica da Confluência dos rios Alcôa e Baça, musealizada por iniciativa da Câmara
Municipal.
Através do mapa podemos observar na zona de Lisboa e Vale do Tejo a presença de
vários pólos de património elétrico valorizado, a Central Tejo, Museu da Eletricidade; o
Museu da Carris, onde se encontra património móvel da eletricidade, alguns elétricos que
circularam nas ruas de Lisboa; O Museu das Comunicações, onde se encontram núcleos
expositivos de telecomunicações, uma das aplicações da eletricidade que maiores alterações
provocou na economia, sociedade e política de vários países155
, e o Museu RTP, que contém
uma coleção museológica de Rádio e Televisão.
Na zona sul de Portugal, observamos o Museu Mineiro do Lousal, cuja Central
Elétrica está musealizada e faz parte do seu programa museológico.
No arquipélago dos Açores, encontramos dois pólos de património elétrico
musealizado na Ilha de São Miguel, O Museu Hidroelétrico da Praia, situado na antiga
central termoelétrica do Funchal. A central foi restaurada no âmbito de um projeto de
cooperação entre a Empresa de Eletricidade dos Açores - EDA e o município de Vila Franca
do Campo, e o Núcleo Museológico da Central Hídrica da Fajã Redonda, onde se encontram
preservados in situ os mecanismos da central parada desde 2002 e preservada por iniciativa
da EDA. No arquipélago da Madeira existe o Museu de Eletricidade “Casa da Luz”,
musealizada por iniciativa da Empresa de Eletricidade da Madeira E.P.- EEM.
155
Ana Cardoso de Matos e Gonçalo Rocha Gonçalves (2005), “A gravação sonora e a TSF em Portugal”. in
Nuno Luís Madureira (coord.) A História da Energia: Portugal 1890-1980. Lisboa: Livros Horizonte, pp.
191-218.
56
3.2.1 Museu Hidroelétrico da Praia (Museu da Eletricidade) - Pólo do Museu de
Vila Franca do Campo, Ilha de São Miguel, Açores.
No ano de 1897, iniciou-se o processo de introdução da energia hídrica comercial e de
iluminação elétrica pública e particular na bacia hidrográfica da Ribeira da Praia na ilha de
São Miguel156
. Esta iniciativa privada deveu-se ao engenheiro José Cordeiro (1867-1908)157
,
que foi fundador da Companhia Michaelense de Iluminação Elétrica (1898-1907), e teve
apoio da Câmara Municipal vila-franquense e do seu presidente, António José da Silva
Cabral (1863-1933)158
.
A primeira central hidroelétrica dos Açores construída junto às três quedas de água
da Ribeira da Praia foi designada de Fábrica da Vila (1900-1972), que se encontra em
ruínas. Posteriormente foram construídas a Fábrica da Cidade (1904-1974), que também se
encontra em ruínas; a Fábrica da Praia, projetada pelo engenheiro José de Amaral159
, local
onde se situa o Museu da Eletricidade; e a Fábrica Nova (1927-).
No mês de Março do ano 1989, o Conselho de Administração da EDA- Eletricidade
dos Açores cedeu as estruturas da Central da Praia e Central da Vila ao município de Vila
Franca do Campo. A Central da Praia foi restaurada no âmbito de um projeto entre a EDA e
o Município de Vila Franca do Campo e teve colaboração do Museu Carlos Machado de
Ponta Delgada e do Museu de Vila Franca do Campo. Foram colocados uns painéis com
uma exposição temporária dedicada à história da eletricidade nos Açores e uma coleção de
material elétrico cedido pela EDA na central musealizada com a finalidade de se
desenvolver o Museu Hidroelétrico da Praia.
A Central musealizada foi inaugurada a 25 de Março de 1990, como pólo do Museu
de Vila Franca do Campo. A sua manutenção e divulgação à comunidade ficaram a cargo da
156
Sobre o Fornecimento energético e Electrificação nos Açores veja-se: Luiz Augusto Teixeira de Simas
(1990), Esboço histórico da Electrificação dos Açores. Ponta Delgada: Empresa de Electrificação dos Açores-
E.P. 157
Sobre José Cordeiro veja-se Ilídio Mariz Simões (1997), Pioneiros da electricidade em Portugal e outros
estudos. Cadernos do Museu da Electricidade 1. Lisboa: Museu da Electricidade, EDP- Gabinete de
Comunicação, pp.75-77. 158
Rui de Sousa Martins (2001), Parque da Energia Hídrica da Ribeira da Praia Água d’alto, São Miguel,
Açores. Vila Franca do Campo: Museu de Vila Franca do Campo. Disponível
em:<http://siaram.azores.gov.pt/centros-
interpretacao/MuseuHidroeletricoPraia/ParqueEnergiaHidricaRibeiraPraia.pdf>. (Acesso em: 20.10.2013). 159
Luiz Augusto Teixeira de Simas (1990), Esboço histórico de electrificação…, p. 117.
57
Câmara Municipal de Vila Franca do Campo com o apoio da família que habitava junto à
Central160
.
O edifício da central em Alvenaria compõe-se de um rés-do-chão, onde se encontra
uma sala com 6 x 7,90 m, em que se localiza o gerador, e um piso elevado que era destinado
a arrecadação e locais de descanso do pessoal em serviço. No seu interior encontra-se um
grupo gerador constituído por uma turbina construída em 1910 pela firma S. A Theodore
Bell, do tipo Francis. Com uma potência de 180 CV e RPM de 600. E por um alternador
construído pela Sociedade D`elect-Alioth, com uma potência de 150 KVA; o quadro de
comando e manobra manual, constituído por uma placa de mármore, com 4 amperímetros,
três de alternador e um de excitatriz; dois transformadores de medida de tensão e três
transformadores de medida de corrente, para alimentação do quadro de comando161
.
Pode ainda observar-se no pólo museológico várias peças ligadas à eletrificação da
ilha. A central não tem um horário de abertura ao público fixo, mas pode ser visitada a
qualquer altura do ano basta bater à porta da família que vive junto ao edifício do museu.
3.2.2 Museu de Eletricidade Casa da Luz, Funchal. Madeira.
A Central Térmica do Funchal foi construída pela The Madeira Eléctric Lighting Company
Limited (1ª MELC) em 1897. No início do seu funcionamento a central disponha de um
grupo gerador a vapor, cuja potência seria de 35CV. No ano 1949 a Câmara Municipal do
Funchal assumiu o fornecimento de energia elétrica formando os Serviços Municipalizados
de eletricidade. A 14 de Abril de 1952 foi atribuído à Comissão Administrativa dos
Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira (CAAHM) as tarefas de produção, transporte e
distribuição da energia elétrica a toda a ilha. Em 1974 a CAAHM foi transformada, por
decreto-lei, em empresa pública, a Empresa de Eletricidade da Madeira E.P (EEM). A sua
regionalização foi realizada em 1979 pelo Governo Regional162
.
160
Rui de Sousa Martins (2001), Parque da Energia Hídrica…, p. 18. 161
Luís Miguel Rodrigues Martins (coord.) (2000), 1.º Centenário da luz elétrica nos Açores 1900-2000. Ponta
Delgada: Eletricidade dos Açores, SA., pp. 20- 21. 162
(1997), Catálogo do Museu de Electricidade “Casa da Luz”, Funchal: Empresa de Eletricidade da Madeira-
EEM pp. 16-24.
58
A Central térmica do Funchal estava desativada desde 1989, sendo que a decisão de
sua musealização partiu do Conselho de Administração da EEM163
.
O Museu de Eletricidade - Casa da Luz, assim denominado, pois a central era
conhecida pela população como casa da luz foi inaugurado a 24 de Novembro de 1997. O
arquiteto responsável pelo programa museológico foi João Francisco Caires, relativamente
ao plano tentou manter-se a maior parte dos elementos, tanto a nível do equipamento no
interior da central, como estruturalmente164
.
No museu podem visitar-se três exposições de carácter permanente, a “Luzes do
Funchal”, onde se descreve a história da iluminação, de uso doméstico e público desde a
iluminação por azeite até à energia elétrica; a exposição “Um Século de Eletricidade”, onde
se demostra a história do setor elétrico no arquipélago; e a exposição “ Fontes de Energia”,
onde se explica a produção de energia elétrica165
.
Aquando da abertura do museu este apresentava uma exposição temporária intitulada
“De Central Térmica a Museu de Eletricidade”, onde se mostravam as obras de reabilitação
e musealização da central.
No que diz respeito à maquinaria de produção de energia elétrica, está em exposição
no museu, sendo uma das coleções mais importantes. Pode observar-se o grupo 11, que
pertencia à central térmica do Funchal; o grupo 12; o grupo 1, pertencente à primeira Central
Elétrica de Porto Santo (1954); um grupo que pertenceu à Central Térmica da Cª Insular de
Moinhos; um grupo gerador de vapor com dínamo acoplado (1926) adquirido para o Museu;
e uma Turbina Pelton, onde é mostrada a produção hídrica da energia. O Museu de
Eletricidade- Casa da Luz faz parte da rede de conhecimento “Museus de Energia”, é
constituído por um Centro de Documentação onde se encontra a documentação e a
bibliografia necessária para o estudo e investigação do setor elétrico: projetos; legislação;
documentos históricos; fotografias e monografias166
.
163
Museu de Electricidade/Casa da Luz. História do MCL. Disponível
em:<http://www.museucasadaluz.com/index.php?option=com_content&task=view&id=60&Itemid=111>(aces
so em: 22.10.2013). 164
Sara Dinis Mendes da Silva (2002), Realidade Museológica no Arquipélago da Madeira – da génese à
actualidade, Lisboa: Dissertação de Mestrado em Museologia, Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, pp.167-169; 165
Museu de Electricidade/Casa da Luz. Exposições Permanentes. Disponível em:
<http://www.museucasadaluz.com/index.php?option=com_content&task=view&id=62&Itemid=117>.(Acesso
em: 20.10.2013). 166
Sara Dinis Mendes da Silva (2002), Realidade Museológica…, pp.170-174.
59
3.2.3 Museu do Carro Elétrico – A Musealização da “Sala das Máquinas” da
Central Termelétrica de Massarelos. Porto
O Museu do Carro Elétrico abriu ao público em 1992, propriedade da Sociedade de
Transportes Coletivos do Porto S.A, apresenta uma vasta coleção de carros elétricos167
. Tem
como missão “preservar, conservar e interpretar, em benefício do público, espécies e
artefactos ilustrativos e representativos da história e desenvolvimento dos transportes
públicos urbanos sobre carris da cidade do Porto”168
.
O museu está instalado na antiga Central Termoelétrica de Massarelos, junto ao Rio
Douro. Construída pela “Companhia Carris de Ferro do Porto”, com o objetivo de produzir
energia para alimentar a tração elétrica. Foi um projeto da autoria do engenheiro Couto dos
Santos (1872- 1938)169
.
A sua construção e inauguração data de 1915 e ao longo da sua atividade a Central
foi ampliada várias vezes. O edifício possui duas naves, numa encontra-se a “Casa dos
geradores” e noutra a “Casa das Máquinas”. Tem uma fachada tripartida e grandes janelas
nas paredes170
.
Em 2010 o Museu do Carro Elétrico viu aprovada a sua candidatura de musealização
da antiga Sala das Máquinas da Central Termoelétrica de Massarelos ao financiamento do
“QREN ON2 – Eixo prioritário III- Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial –
Património Cultural”. Esta candidatura englobava também a requalificação estrutural de
todo o edifício da Central171
.
Assim foi lançado um concurso público internacional de arquitetura para a
requalificação do edifício da antiga central ao qual concorreram 52 projetos, sendo o
vencedor um projeto de um arquiteto alemão, Thomas Kröger172
.
167
STCP- Museu do Carro Eléctrico (2001), Guia para uma visita. Porto: Museu do Carro Eléctrico, p. 3. 168
Museu do Carro Eléctrico. Apresentação. Disponível em:< http://www.museudocarroelectrico.pt/museu-
carro-electrico/museu.aspx>. (Acesso em: 25.10.2013). 169
Fernando Pinheiro Martins (2007), O Carro Eléctrico na Cidade do Porto. Porto: dissertação de Mestrado
em Transportes, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Departamento de Engenharia Mecânica e
Gestão Industrial, p. 91. 170
STCP- Museu do Carro Elétrico (2001) Guia para…,pp. 11-12. 171
Museu do Carro Eléctrico do Porto. O Projecto de musealização da Sala das Máquinas. Disponível em: <
https://museucarroelectrico.wordpress.com/2011/07/07/o-projecto-de-musealizacao-da-sala-das-
maquinas/>.(Acesso a 25.10.2013). 172
Fernanda Meneses (2001), “STCP- A requalificação do imóvel de Massarelos. Opção Segura em Tempos de
crise.” in Sandra Vasconcelos Lameiras, Cristina, Pimentel, (coords.), Massarelos. A Requalificação do
60
O que se pretendia fazer era a uma intervenção que enaltecesse as qualidades
histórias e arquitetónicas que caracterizam o edifício. Pretendia-se valorizar a estrutura
espacial e construtiva original, juntando-lhe novas estruturas, relacionando os espaços,
criando ambientes nos espaços já existentes173
.
Os equipamentos da central deviam ser recuperados e mantidos no espaço designado
no projeto como “Salão Nobre”, como parte integrante do acervo museológico174
.
Em 2011 iniciaram-se os trabalhos de conservação e restauro do quadro elétrico geral
de comando da sala das máquinas da antiga central. Os trabalhos de limpeza revelaram uma
estrutura integralmente decorada, que foi ao longo dos anos sendo coberta pelo
escurecimento dos materiais resultado do seu envelhecimento e degradação175
. Após esta
descoberta o objetivo dos trabalhos foi travar o processo de degradação do painel de
controlo da fábrica, consolidá-lo e prepará-lo para as obras de requalificação de todo o
edifício.
O Museu do Carro Elétrico faz parte do “Roteiro Museus da Energia”176
, e a
musealização da “Sala das Máquinas” da Central Termoelétrica de Massarelos foi apoiada
financeiramente no âmbito da edição de 2012 do “Programa Ilumina o Património.”
3.2.4 Centro Ciência Viva / Museu Mineiro do Lousal. Grândola.
O Museu Mineiro do Lousal está situado no antigo edifício da Central termoelétrica que
alimentou a mina com energia elétrica e a população do Lousal entre 1934 e 1992177
.
Em 1999, iniciam-se os trabalhos de musealização do complexo mineiro do Lousal,
nomeadamente a musealização da Central Elétrica. A Criação do Museu inseriu-se um
programa mais amplo, com o objetivo de corrigir assimetrias e promover o desenvolvimento
integral e sustentado do Lousal, o “RELOUSAL - Programa de Desenvolvimento Integrado
e de Redinamização do Lousal.” A promoção e gestão do programa pertencem à Fundação
edifício da antiga Central Termoeléctrica de Massarelos - Registos de um projecto em curso. Porto: STCP,
S.A; pp. 6; 173
José Gigante (2001), “Um projecto…”, in Massarelos. A Requalificação do edifício…, p. 30. 174
Idem, p. 45. 175
STCP. Relatório de Gestão e Sustentabilidade. Disponível
em:<http://www.stcp.pt/fotos/editor2/relatorioconta2011/rgestao_e_sustent_2011.pdf.> (Acesso em:
26.10.2013). 176
http://museus-energia.byclosure.net/patrimonios/18-sala-das-maquinas-da-central-termoelectrica-de-
massarelos. 177
Centro Ciência Viva do Lousal. Museu Mineiro do Lousal. Disponível em:<
http://www.lousal.cienciaviva.pt/Museu%20Mineiro/>. (Acesso em: 25.10.2013).
61
Frederic Velge que juntou a Câmara Municipal de Grândola e a empresa imobiliária
SAPEC, antiga proprietária do complexo mineiro178
.
Para a realização da parte cultural do programa foi convidada a APAI-Associação
Portuguesa de Arqueologia Industrial, que desenvolveu o “projecto de musealização da
Mina do Lousal” e elaborou o plano museológico179
.
O programa museológico foi faseado, a primeira inauguração da responsabilidade da
APAI data de 2001 e incluía o centro de interpretação e a central elétrica. A segunda fase foi
iniciada em 2006 e procurou aproveitar várias estruturas do antigo complexo mineiro.
O museu apresenta um “Centro de Receção e Acolhimento”, o ponto de partida para
as visitas, onde se podem observar alguns apontamentos sobre o complexo mineiro do
Lousal e coutos mineiros a nível nacional, com enfoque especial para a região do Alentejo a
da faixa Piritosa da Península Ibérica.
No núcleo da Central Elétrica foi conservada a maior parte do equipamento referente
à produção de eletricidade, motores, compressores e quadro elétrico entre outros
equipamentos. Na primeira exposição no local o tema escolhido foi “Energia e Minas”. O
Núcleo Central, onde se apresenta a história do complexo mineiro do Lousal nas várias
décadas de funcionamento; um Centro de Ciência Viva, onde são explorados aspetos
científicos ligados à vida e atividade mineira; um Núcleo Geológico; um Paiol ou Armazém
de Explosivos; uma casa das Máquinas dos malacates; um Centro de Documentação e
Arquivo180
. Em 2001 o programa “Ilumina o Património” da Fundação EDP apoiou os
trabalhos de reabilitação de dois motores da antiga Central Termoelétrica da mina do Lousal.
Este pólo faz parte do “Roteiro Museus da Energia”.
178
Alfredo Tinoco (2012), “Para uma política…” p. 43. 179
Alfredo Tinoco, Ana Cardoso de Matos e Maria Luísa Santos (1998), "O Museu Mineiro do Lousal – Parte
I – A musealização das Minas do Lousal". In J. M. Brandão (coord.), Actas do Seminário Arqueologia e
Museologia Mineiras. Lisboa: IGM; pp. 12-16; Luisa Santos e Alfredo Tinoco, (1998), “Um projecto de
Musealização para as minas do Lousal.”Arqueologia & Indústria, nº 1, pp.119; Paulo Luís de Matos Chaínho
(2011), Gestão e Programação do Museu Mineiro do Lousal. O Museu polinucleado do Lousal. Coimbra:
dissertação de mestrado em Gestão e Programação do Património Cultural, Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra; Alfredo Tinoco (2012), “Para uma política…”, pp. 46-47. 180
Luisa Santos e Alfredo Tinoco (1998), “Um projecto de Musealização…”, pp. 121-125; Paulo Luís de Matos
Chaínho (2011), Gestão e Programação do Museu Mineiro do Lousal,…, pp. 59-60; Alfredo Tinoco (2012),
“Para uma política…”, pp. 47-50.
62
4. Uma iniciativa Internacional - O Musée EDF Electropolis, França.
O Museu EDF Electropolis, localizado em Mulhouse, a capital europeia dos museus
científicos, tecnológicos e industriais181
, apresenta a eletricidade de várias perspetivas:
histórica, sociológica, técnica e cultural.
O Espaço museológico foi criado e inaugurado em 1992, com o apoio da EDF-
Électricité de France e de autoridades públicas, com o objetivo de salvar da destruição um
compressor Sulzer BBC – Brown and Boveri and Co. que fora construído em 1901, e
utilizado para fornecer energia às fábricas D.M.C. (Dollfus Mieg et Cie) de 1901 à 1953182
.
Salvo da destruição em 1980, o Sulzer BBC, foi restaurado e encontra-se no edifício
central do museu, fazendo parte da sua coleção, sendo apelidado de « La Grande Machine »
devido às suas grandes dimensões.
De acordo com o divulgado no site deste museu a exposição permanente tem três
núcleos expositivos: la Galerie de Jupiter, onde o visitante pode observar num percurso de
80 metros de comprimento de como se concretiza a produção e distribuição de eletricidade
atualmente; De l`Antiquité au XIXe siècle, núcleo em que está patente o processo evolutivo
da invenção da eletricidade, desde o relâmpago, que suscitava curiosidade e medo ao
Homem, passando pelos gabinetes de curiosidades do século XVI e XVII e experiências
elétricas do século XVIII, onde o visitante é convidado a descobrir os poderes da
eletricidade terminando na revolução científica e tecnológica levada a cabo pelo trabalho de
Luigi Galvani (1737-1789) e Alessandro Volta (1745-1827); Le XXe siècle électrique,
núcleo em que o visitante pode observar as “revoluções” ao nível dos transportes,
comunicações e iluminação realizadas pela fada eletricidade, uma coleção de aparelhos
domésticos, um espetáculo multimédia que apresenta o Sulzer-BBC, um espaço destinado às
crianças, onde encontram jogos objetos e exposições interativas com a temática da energia
elétrica e um percurso exterior, onde o visitante pode observar grupos de turbogeradores
entre outros tipos de maquinarias.
As suas coleções incluem equipamentos elétricos, como motores, geradores e
transformadores, dispositivos de medição, hardware, material médico e, os pequenos e
181
Musée EDF Electropolis. Le mot du président. Disponível em:
http://electropolis.edf.com/le-musee/le-mot-du-president-201308.html>. (Acesso em: 06.12.2013) 182
Musée EDF Electropolis. Historique. Disponível em:
< http://electropolis.edf.com/le-musee/historique-201309.html>. (Acesso em: 06.12.2013)
63
grandes eletrodomésticos, dispositivos de áudio visuais, dispositivos de iluminação,
telefone, brinquedos, artigos de publicidade e obras de arte. Para além destas coleções o
museu conserva também vários fundos documentais, de arquivos técnicos e comerciais que
o ajudam na sua missão de conservação, pesquisa e valorização do património elétrico183
.
No seu centro de documentação encontram-se livros e periódicos sobre a eletricidade
e energias. O museu tem a biblioteca mais rica de França no domínio da História das
energias, com 9. 500 obras sobre a eletricidade e outras fontes de energia.
Regularmente Catherine Fuchs, curadora chefe do museu apresenta um objeto
pertencente à coleção do museu. A informação relativa ao objeto em questão é também
facultada no sítio da internet do museu EDF Electropolis.
183
Musée EDF Electropolis. Près de 10 000 objets. Disponível em:< http://electropolis.edf.com/le-musee/les-
collections/pres-de-10-000-objets-201389.html>. (Acesso em: 06.12.2013).
64
Capítulo II – As Exposições e a divulgação
dos progressos da Ciência, da Técnica e da
Indústria.
65
1. As Exposições Industriais realizadas em cada país
Em 1761 foi organizada pela Royal Society of Arts, a exposição que veio a ser considerada a
primeira exposição industrial de caráter nacional. Contudo, a maioria dos investigadores
considera que a “primeira verdadeira exposição industrial” é a Exposition publique des
produits de l`industrie française. Inaugurada em 1798 por Napoleão Bonaparte, realizou-se
no Champ de Mars, e favoreceu mais os modelos e a maquinaria industrial do que os
produtos industriais propriamente ditos. Nesta exposição não houve venda de produtos184
.
Embora seja um fato pouco conhecido a nível internacional, o Marquês de Pombal foi o
responsável em data anterior pela realização das primeiras exposições para o fomento das
artes, das indústrias e do comércio português que se realizaram ainda na década de 1770185
.
A primeira exposição industrial que teve lugar em Portugal data de 1772 e foi realizada
em Oeiras na quinta de que o Marquês de Pombal era proprietário. Em 1775, realizou-se na
cidade de Lisboa uma nova exposição durante os festejos da inauguração da estátua equestre
de D. José I. No ano seguinte teve lugar, nova mostra e venda de produtos da indústria da
época organizada pelo Marquês de Pombal. Segundo Maria Helena Souto esta exposição é
referida como o certame precursor e inspirador das exposições nacionais de oitocentos. Na
altura foi enviado um convite a todos os donos de fábricas para participarem nesta exposição
e “montarem” um expositor em local designado pelos organizadores para apresentarem os
produtos da sua indústria186
.
Contudo estas exposições apenas seriam retomadas em 1838, após o triunfo do
liberalismo por iniciativa da Sociedade Promotora da Indústria Nacional. Organizadas em
1838, 1840, 1844 e 1849187
as três primeiras exposições industriais foram realizadas no
184
Maria Helena Souto ( 2012), Portugal nas Exposições Universais 1851-1900. Lisboa: Edições Colibri/ IHA/
Estudos de Arte Contemporânea-Faculdade de Ciência Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa, p.
23. 185
Joel Serrão (dir.) (1984), “Exposições Agrícolas e industriais” in Dicionário de História de Portugal. Porto:
Figueirinhas, vol.2, p. 509; José Amado Mendes (1998), “As Exposições como “Festas da Civilização” titulo:
Portugal nas exposições internacionais (Sécs XIX-XX)”, nº7, p. 252; Ana Cardoso de Matos (1997), Ciência
Tecnologia e Desenvolvimento Industrial no Portugal oitocentista, o caso dos lanifícios do Alentejo. Évora:
Dissertação de Doutoramento em História Contemporânea, Universidade de Évora, pp. 206-207; Maria Helena
Souto, Portugal nas Exposições…, p.22. 186
Maria Helena Souto, Portugal nas Exposições…, pp.24-25. 187
Jorge Custódio (1994), “Reflexos da Industrialização na Fisionomia e vida da cidade. O mundo industrial na
Lisboa Oitocentista” in Irisalva Moita (coord.), O Livro de Lisboa, Lisboa: Livros Horizonte, p. 438; Ana
66
Convento dos Paulistas em Lisboa e a quarta realizou-se na Sala do Risco do Arsenal da
Marinha, um edifício de Estado188
. As exposições de 1838 e de 1840 tiveram pouco impacto
na sociedade portuguesa e estiveram presentes poucos expositores, quase todos da zona de
Lisboa. Na primeira estiveram 46 fabricantes e industriais, número que diminuiu para 36 na
segunda. As exposições de 1844 e 1849 contaram com mais expositores e uma maior
diversidade geográfica189
. Todas estas exposições procuraram incentivar a atividade do país
a nível nacional.
Na exposição de 1844, que durou 22 dias, apresentaram-se 134 expositores. O
aumento do número de expositores pode ser explicado pelo desenvolvimento industrial
verificado em Lisboa a partir de 1840190
, e pelo fato da exposição ter sido oficialmente
anunciada através de um aviso enviado à imprensa. A Exposição não teve critérios rigorosos
de classificação, e desta forma estiveram presentes vários tipos de produtos que foram
apresentados de forma pouco organizada: tecidos, vidros, escovas, cartas de jogar, indústria
do ferro presente através de modelos e máquinas, mas igualmente por armaria, cutelaria,
medalhas entre outros191
.
A exposição de 1849 foi inaugurada em 29 de Outubro e foi classificada por Ribeiro
de Sá como a mais brilhante das quatro exposições que se tinham realizado. Segundo
Ribeiro de Sá 300 pessoas exibiram os seus produtos, mas, apesar disso, nem metade da
indústria portuguesa estava representada na exposição. O aumento significativo dos
expositores demostrou pela primeira vez a existência de uma consciência mais esclarecida
sobre a importância deste tipo de certames, que se estavam a afirmar como uma “parte
integrante da complexa engrenagem da sociedade industrial”192
.
Cardoso de Matos (1996), “Sociedades e associações industriais oitocentistas: Projectos e acções de divulgação
técnica e incentivos à actividade empresarial.”, Análise Social, Vol. XXXI, nº 2-3 (136-137), p. 407. 188
Maria Helena Souto (2011), Portugal nas Exposições…, p. 41. 189
Idem, pp. 32-34. 190
Joel Serrão (dir.) (1984), ”Indústria”. in Dicionário de História de Portugal. Porto: Figueirinhas, vol.3,
pp.311-314; Manuel Ferreia Rodrigues e José M. Amado Mendes (1999), História da Indústria Portuguesa.
Lisboa: Publicações Europa América Lda/Associção industrial Portuense, pp. 195-198. 191
Maria Helena Souto (2012), Portugal nas Exposições…, p.38. 192
Idem, pp. 41- 42.
67
2. Das Exposições Universais às Exposições de
Eletricidade
A 1 de maio de 1851 realizou-se a primeira Exposição Universal, The Great Exhibition of
the Works of Industry of all Nations no Cristal Palace, em Londres, iniciando-se o ciclo das
exposições universais. Em meados do século XIX, aconteciam cada vez em maior número
exposições nacionais, como refere José Amado Mendes, entre 1845 e 1850 realizam-se
certames em cinco cidades francesas. E ao mesmo tempo entrou-se, como se disse, num
novo ciclo com a realização de exposições internacionais. Foi a Grã-Bretanha que iniciou
este ciclo. Para isso contribuíram vários fatores: A precocidade da sua revolução industrial,
o tradicional livre cambismo britânico, a necessidade de autoafirmação no contexto
internacional, sobretudo em relação à França e a países como a Bélgica e os Estados Unidos.
Quando as autoridades francesas discutiam a possibilidade de organizar uma exposição
internacional (1849), a Inglaterra antecipou-se. A iniciativa deveu-se a Henry Cole-
Comissário da Exposição e ao príncipe Alberto (1819-1861)193
. Para a organização da
exposição foi nomeada uma Comissão Real, da qual faziam parte o principe Albert e o
marquês de Granville, membro do Governo, Robert Peel, ex-primeiro ministro, o arquiteto
Charles Barry, Willian Cubitt, presidente do instituito de Engenheiros Civis entre outos194
.
Segundo K. G. Beauchamp a Sala das Máquinas em Movimento foi a mais popular
da exposição de 1851. Os expositores na sua maioria utilizaram a vitrina para exibir os seus
produtos. O público interessava-se por aparelhos mecânicos, por máquinas agrícolas e
aplicações da máquina a vapor, as quais eram cerca de 60 e eram os artefatos de engenharia
principais da exposição. A Exposição era bastante rica no que diz respeito à telegrafia
elétrica. Estavam presentes equipamentos de telegrafia nos vários stands da exposição e
uma rede instalada dentro dos edifícios da exposição, permitia a sua utilização no certame.
Este sistema servia para alertar as autoridades da presença de carteiristas195
. A partir desta
exposição foi criado por Lyon Playfair, professor de química na Universidade de Edimburgo
um sistema de catalogação dos produtos expostos que foi utilizado em várias exposições
realizadas mais tarde em Inglaterra e noutros países. Esta catalogação dividia-se em: 1-
Máquinas de uso direto; 2- Máquinas e ferramentas de fabrico; 3- Engenharia mecânica e
193
José M. Amado Mendes (1998), “As Exposições como “Festas da Civilização…”, pp. 252-253”. 194
Nicolau Andreson Leitão (1994), Exposições Universais, Londres 1851. Lisboa: Expo98, p.24. 195
K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity. Londres: The Institution of Electrical Engineers, pp. 80-81.
68
invenções de arquitetura; 4- Arquitetura naval e engenharia civil; 5- Maquinaria agrícola e
hortícola; 6- Filosófica, musical, relojoaria, acústica e diversos196
.
Em 1855 realizou-se em Paris no Palais d`industrie a Exposition Universelle des
produits de l'Agriculture, de l'Industrie et des Beaux-Arts de Paris. A partir deste ano as
exposições passaram a incluir secções dedicadas às Belas-Artes, para além dos produtos da
agricultura, indústria e comércio197
, o que aumentou a circulação de novas ideias,
tecnologias e “manipulação de linguagens formais”198
.
A imprensa portuguesa199
teve um papel importante na divulgação das exposições,
dando a conhecer os produtos nelas apresentados e publicando relatos sobre estes certames
e os prémios que os portugueses receberam.
As Exposições Universais realizadas em Londres e Paris fascinaram os portugueses e no
ano 1865 tentou-se organizar uma Exposição Internacional no Porto 200
. Uma das razões
para o desejo de organização de um certame deste tipo em Portugal era a convicção de que
através da exposição se fomentaria o consumo dos produtos nacionais contra a concorrência
estrangeira201
.
Para a inauguração do certame construiu-se um edifício que utilizou também o vidro e o
ferro e a que se deu o nome de Palácio de Cristal para relembrar o Palácio de Cristal
Londrino202
, onde tinha sido realizada a primeira exposição universal. O país mais
representado foi Portugal com 1614 expositores e o país estrangeiro com mais
representatividade foi a França, que contou com 499 expositores. Os produtos e máquinas
expostos estavam distribuídos em quatro grandes divisões: Materías primas e suas
transformações imediatas; Máquinas; Produtos manufaturados e processos correlativos;
196
Idem, p.79. 197
Maria Helena Souto (2012), Portugal nas Exposições…, p. 269; Christiane Demeulenaere-Douyère, (2012),
“World exhibitions: a gateway to non-european cultures?”, Quaderns de Història de L’ Enginyeria,vol.XIII,
pp. 81 198
Maria Helena Souto (2012), Portugal nas Exposições…, p. 269; 199
Jornais e periódicos como: Boletim do Ministério das Obras Públicas (1853-1868); O Occidente (1878-
1915); Revista Universal Lisbonense (1841-1859) entre outros. 200
José Coelho dos Santos (1989), O Palácio de Cristal e a arquitectura do Ferro no Porto em meados do
século XIX. Porto: Fundação eng. António de Almeida, p. 15; Ana Cardoso de Matos(1998),“As Exposições
Universais: Espaços dos Progressos da Ciência, da Técnica e da Indústria e a sua Influência na opinião pública
Portuguesa”. in José Augusto Mourão, Ana M. Cardoso Matos e M. Estela Guedes (coords.) O Mundo Ibero
Americano nas Grandes Exposições. Lisboa: Ed. Veja, pp. 104- 105. Sobre a exposição ver o 2º capitulo do
livro José Coelho dos Santos (1989). O Palácio de Cristal e a arquitectura… 201
José M. Amado Mendes (1979), “As Exposições industriais em Coimbra na segunda metade do século”. O
Instituto- Revista Científica e Literária, vol. 139, p. 37. 202
Ana Cardoso de Matos (1998), “As Exposições Universais: …”, p.105.
69
belas-artes203
. Contudo a exposição ficou muito aquém das Exposições Universais realizadas
nos outros países, devido à crise da indústria têxtil, que se sentia com maior peso no Porto, o
que fez com que muitos industriais do têxtil não estivessem presentes no certame204
. Além
disso, muitos industriais europeus estavam mais interessados em preparar as suas delegações
para a Exposição Universal, que se realizaria em Paris em 1867205
.
Na Exposição Universal de 1867 foi organizada uma secção dedicada à História do
Trabalho206
. Nesta exposição a eletricidade teve já alguma importância e estiveram expostas
várias máquinas dínamo-elétricas, apresentadas pelo físico inglês W. Ladd e pelo fabricante
alemão Siemens & Halske207
. Foi também na Exposição Universal de 1867 que surgiram
pela primeira vez os pavilhões nacionais. Estes foram construídos em torno do Champ-de-
Mars. Nas Exposições de 1878 e 1900 estavam reunidos ao longo de uma rua, a Rue des
Nations. Na construção dos seus pavilhões, os vários países seguiram os estilos
arquitetónicos nacionais. Na sua maioria as diversas culturas presentes optaram por
“cenografias historicistas” que melhor revelassem as suas essências, arquétipos de imagens
facilmente reconhecidas no exterior208
.
Até á década 70 do século XIX a Europa tinha o monopólio da realização das exposições
universais, embora tivesse sido realizada uma primeira exposição nos EUA em 1853. As
exposições realizavam-se em Paris ou Londres, países que na época detinham o poderio
económico da Europa. Em 1873 realizou-se em Viena de Áustria a primeira exposição
203
José Coelho dos Santos (1989), O Palácio de Cristal e a arquitectura… p. 40. 204
Jorge Fernandes Alves (1998), “As Exposições industriais no Porto oitocentista.” in José Augusto Mourão,
Ana M. Cardoso de Matos, M Estela Guedes, (coords.) O Mundo Ibero Americano nas Grandes Exposições.
Lisboa: Ed. Veja, pp. 171-172. 205
Ana Cardoso de Matos (1998), “As Exposições Universais:...”, p. 105. 206
K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity…, p.116; Jonh Allwood (1977), the Great Exihibitions.
Londres: Studio Vista, p. 34; Maria Helena Souto (2010) “The Portuguese section of the histoire du trail at the
1867 universal exhibition : ornamental art and museology in Portugal.” in Ana Cardoso de Matos, Irina
Gouzévitch, Marta C. Lourenço (dir), Expositions universelles, musées tecnhiques et sociéte indistrielle.
Lisboa: Edições Colibri, CIDEHUS/UE, CIUHCT, p.102. 207
Ana Cardoso de Matos, (2012), “Tecnologia, engenharia e eletricidade nas redes urbanas de iluminação e
transporte. Portugal 1880-1926” in Simposio Internacional, Globalización, innovación, y construcción de rede
técnicas urbanas en América y Europa, 1890-1930 Brazilian Traction, Barcelona Traction y outros
aglomerados financieros y técnicos”. Universidad de Barcelona, Facultad de Geografia e Historia, Barcelona,
23-26 enero 2012. Disponível em: <:http://www.ub.edu/geocrit/cMatos_Tecnologia.pdf> (Acesso em:
20.11.2012). 208
Maria Helena Souto e Ana Cardoso de Matos (2012), “The 19th century world exhibitions and their
photographic memories. between historicism, exoticism and innovation in architecture”. Quaderns d’Història
de l’Enginyeria, Vol XIII, 2012 p, 63. pp 57-80; Maria Helena Souto e João Paulo Martins (2000), “Pavilhões
Portugueses nas exposições Uiversais do século XIX”, in Arte Efémera em Portugal. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1º edição, p. 354.
70
universal e no ano 1876 organizou-se uma exposição universal em Filadélfia, sob pretexto
da comemoração do centenário da independência americana209
.
Entre 1873 e 1900 a indústria de fornecimento de eletricidade na Europa e na América
desenvolveu-se, e isso refletiu-se nas exposições que foram realizadas neste período, e a
eletricidade foi tema de exposições ou teve direito a secções separadas nas exposições
universais210
. O fornecimento e a aplicação de energia elétrica como um componente
importante no cenário industrial tornou-se significativo.
Segundo Beauchamp, o que se pretendia com este tipo de exposições especializadas na
eletricidade era demostrar aos industriais e engenheiros o que havia sido conseguido e o que
se poderia alcançar no aproveitamento da energia elétrica para fins de industriais e, em
simultâneo, educar e interessar o público em geral.
A primeira exposição especializada foi a Exposição Internacional de Eletricidade de
1881 realizada em Paris no Palais de l'Industrie foi inaugurada em 10 de Agosto, e esteve
aberta até 20 de Novembro211
. Toda a exposição estava iluminada com várias lâmpadas.
Nela esteve em exposição o primeiro elétrico que continha motores fabricados pela empresa
Siemens-Frères em Paris212
.
Após a Inauguração por Jules Grevy, cerca de 900 000 visitantes rumaram ao Palais de
l’industrie para descobrir “objetos” e técnicas que caracterizaram uma nova civilização
material. No Catálogo Oficial da Exposição estão listados 1.768 expositores espalhados ao
longo de quase 30 mil metros quadrados e divididos em seis grupos, cada um deles dividido
em várias classes, estabelecidas pelo Comité Técnico da exposição.
209
Ana Cardoso de Matos (1998), “As Exposições Universais: …p. 95.” O quadro com as Exposições
Históricas Mundiais pode ser consultado do site oficial do Bureau International des Expositions, disponível
em:< http://www.bie-paris.org/site/en/expos/introduction-to-expos/world-expos>. 210
Patrice Carré (1989),“Expositions et modernité: Electricité et communication dans les expositions
parisiennes de 1867 à 1900”, Romantisme, nº 65, pp. 37-48. Disponível
em :<http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/roman_0048-8593_1989_num_19_65_5597>
(Acesso em: 11.10.2013).
David E. Nye (1992), Electrifying America: social Meanings of a New Technology. 1880-1940. Cambridge:
The MIT Press p. 339; K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity…1997, p. 133; Ana Cardoso de Matos,
et alli (2004), A electricidade em Portugal. Dos primódios à 2º Guerra Mundial. Lisboa: Museu da
Electricidade-EDP, pp. 41-50. 211
K. G. Beauchamp, (1997), Exhibiting Electricity…, pp.159-16; Ana Cardoso de Matos, os primórdios da
electricidade…, pp. 41-43. 212
Idem, p.164.
71
O grupo 4: Aplicações de eletricidade - com oito classes era o grupo mais importante
(telégrafo e sinais, telefonia, photophonie e microfonia luz motores elétricos, instrumentos
médicos elétricos, eletro-química precisão, vários aparelhos)213
.
No certame foram dados, para além da iluminação, espaços importantes para a
apresentação da telegrafia, área em que os expositores ingleses foram os mais significativos.
Na secção dos Estados Unidos estiveram presentes vários stands com aparelhos elétricos
destinados ao exército.214
Mas o aparelho que mais se destacou nesta secção foi a recente
invenção de Alexander Grahm Bell´s – o telefone. Este aparelho estava presente numa sala,
onde o visitante podia ouvir uma performance ao vivo da Opera House cantada a um
quilómetro de distância a partir de uns fones de colocar no ouvido. A Exposição foi notável
também no que diz respeito à educação. Foi realizada deliberadamente a tentativa de
fornecer explicações nos aparelhos expostos nas secções francesas, britânicas e alemãs. Esta
ação repetiu-se nas várias exposições universais seguintes215
.
Com a Exposição de Eletricidade de Paris de 1881216
, a eletricidade deixou de estar
limitada aos laboratórios, instituições científicas, ao mundo dos académicos ou a
acontecimentos esporádicos, para passar a ser conhecida por um maior número de pessoas.
Os seus progressos vão ser seguidos por um grupo específico de técnicos, os engenheiros
eletrotécnicos217
.
Com o intuito de “discutir os desenvolvimentos técnicos da eletricidade e estipular a
nível internacional normas e procedimentos nesta área”218
, durante a exposição, entre 15 de
Setembro e 5 de Outubro, realizou-se um Congresso que juntou 256 delegados provenientes
de 28 países. Os representantes portugueses no congresso foram: o engenheiro João
d’Andrade Corvo (1824- 1890), Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal entre 13 de
213
Carré Patrice (1989), “Expositions et modernité...” p.41. 214
A concorrência entre países não era apenas económica, era também política. As nações procuravam
influência e demonstrar poder militar. “As exposições reforçavam nacionalismos”. José Amado Mendes
“Exposições Universais na Europa (1851-1900): Dinâmica de uma cultura científica e material”, Munda, nº 25
maio, 1993, p 14. 215
K. G. Beauchamp, (1997), Exhibiting Electricity…, pp.164-165; Para mais informação sobre a Exposição
Internacional de Eletricidade ver: Catalogue général officiel Commissariat général.
Disponível em: <https://archive.org/stream/cataloguegnr00pari#page/n5/mode/2up>. 216
Sobre a importância de a Exposição ver Alain Beltran e Patrice A.(1991), La fée et la servante. La société
française face à l’électricité XIXe-XXe siècle. Paris:Belin. 217
Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A electricidade em Portugal…p. 41; Ana Cardoso de Matos (2012),
“Tecnologia, engenharia e eletricidade…”,p. 6; Ana Cardoso de Matos, “Formation, carrière et montée en
puissance des ingénieurs électriciens au Portugal (de la fin du XIXe siècle aux années 1930)” in Andre Grelon
et Marcela Efemertova, Le monde progressivement connecté – Les électrotechniciens au sein de la société
européenne au cours des XIXe et XXe siecles. Bruxelles : ed Peter Lang [no prelo]. 218
Ana Cardoso de Matos (2012), “Tecnologia, engenharia e eletricidade...”, p. 3.
72
Setembro de 1871 e 29 de Janeiro de 1878, acumulou a pasta da Marinha e Ultramar de
1872 a 1877; Guilherme Augusto de Barros (1828-1900), Diretor Geral dos Correios,
Telégrafos e Faróis, e António dos Santos Viegas (1837-1914) professor e reitor da
Universidade de Coimbra em vários períodos219
.
O Congresso estava dividido em três secções que traduziam as diversas formas de
encarar a energia elétrica. Na primeira encontravam-se os físicos, os químicos, os
fisiologistas. Na segunda os telegrafistas e os engenheiros do caminho-de-ferro e na terceira
os engenheiros que se interessavam, sobretudo pelas aplicações civis e militares da
eletricidade. Com a Exposição Internacional de 1881 realizada em Paris, manifestou-se um
grande interesse a nível internacional sobre a temática, o que desencadeou noutras cidades
europeias e nos Estados Unidos a organização de novas exposições da eletricidade nos anos
seguintes220
. Crystal Palace London-1881; Munique – 1882; Vienna- 1883; Filadelfia- 1884.
Com esta exposição ficou claro as várias potencialidades da energia elétrica, na
iluminação, indústria e transportes.
Nos vários países da Europa, incluindo Portugal, o surgimento de periódicos dedicados
às aplicações da eletricidade esteve associado à Exposição Internacional de Eletricidade de
1881. No ano de 1883 começou a publicação da Revista de Electricidade e Telégrafia, na
qual se incluíram artigos sobre a exposição de eletricidade de Paris e notícias do
desenvolvimento de novas aplicações elétricas. Na revista foram também publicados artigos
de várias publicações estrangeiras, “Journal Parisienne d'Electricité, La Electricidad de
Barcelona, La Lumière Electrique”221
.
Com a passagem do século XIX para o século XX, o conteúdo tecnológico presente
nas exposições aumentou e para a tecnologia elétrica foram destinados mais espaços, os
quais estavam todos iluminados. A arquitetura e o design no exterior e interior dos edifícios
e pavilhões continuaram a ter um papel importante e relacionavam-se com a tecnologia
exposta e temas das exposições. As exposições tornaram-se mais competitivas e maiores,
219
Idem, pp. 2-3. 220
Ana Cardoso de Matos, et alli, (2004) A electricidade em Portugal….,pp. 44- 45.; K. G. Beauchamp (1997),
Exhibiting Electricity... 221
Ana Cardoso de Matos, “Tecnologia, engenharia e eletricidade…”, p.4.
73
pois os expositores de arte separaram-se dos expositores de objetos de engenharia,
industriais e técnicos222
.
Em 1900 realizou-se novamente uma Exposição Internacional em Paris e nesta
exposição a eletricidade ficou associada à imagem de Fada223
. Nela privilegiou-se o
divertimento em detrimento dos objetivos principais iniciais das exposições. A divulgação
dos progressos da ciência, técnica e da indústria224
.
Segundo K.G. Beauchamp a Exposição Internacional de Paris de 1900 esteve aberta
durante sete meses e cerca de 50 milhões de pessoas visitaram o certame. Aos edifícios já
existentes, construídos para as exposições de 1878 e 1889, a Galerie des Machines e a Tour
Eiffel situadas no Champ de Mars, foram associados a novos edifícios. Nos espaços da
exposição estiverem distribuídos cerca de 100 pavilhões franceses e 75 de outras
nacionalidades. Ao todo cerca de 83 000 expositores distribuídos por 40 países. Estavam
classificados por grupos, classes e assuntos e não por país de origem.
A maior parte dos expositores com objetos elétricos estavam localizados no Palais
de l`industrie e tiveram muito interesse para os industriais, engenheiros, e público em geral.
O espetáculo de iluminação elétrica presente na Exposição Internacional de Eletricidade de
1881 repetiu-se, e a fachada do Palais de l’Industrie estava iluminada por 5000 lâmpadas
incandescentes coloridas225
.
No século XX as Grandes Exposições continuaram a ter lugar, exceto em alguns
períodos de maior instabilidade, no início do século, e durante as duas Grandes Guerras
(1914-18 e 1939-45). Continuaram a acontecer herdando algumas tendências do século XIX.
Tendências essas que foram: aumento dos países participantes e visitantes; diversidade dos
países organizadores e áreas geográficas: iniciaram-se na Europa, foram expostadas para os
Estados Unidos da America, e no século XX difundiram-se por outros países da Europa e do
continente americano e oriente; e a motivação e justificação da realização das exposições
estiveram muitas vezes associadas a grandes eventos da história nacional do país
organizador. Ao longo do tempo foram registando inovações, nomeadamente no que diz
respeito aos espaços e urbanismo, às temáticas e os métodos expositivos e comunicação.
222
K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity ..., p.195. 223
Alain Beltran e Patrice A., (1991) La fée et la servante. La société française face à l’électricité XIXe-XXe
siècle. Paris:Belin. 224
Ana Cardoso de Matos, et alli, (2004), A electricidade em Portugal…,p. 32. 225
K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity…, p. 197.
74
Com a tendência, como já referimos, para os pavilhões múltiplos, onde através da sua
arquitetura se demonstrava a que país o mesmo pertencia. As exposições começam a
realizar-se nas zonas periféricas das cidades, onde havia mais espaço disponível, em vez de
serem no centro das cidades; relativamente às temáticas, o âmbito foi alargado. Quando ao
método expositivo e de comunicação, foram também aperfeiçoados pelas novas
tecnologias226
.
3. As exposições de Rádio e Eletricidade
Nos anos 20 do século XX a proporção de eletricidade consumida pelos utilizadores
domésticos aumentou. Consequentemente também aumentou o interesse do público pela
disponibilidade, entendimento e uso correto de aplicações da eletricidade. Este interesse
refletiu-se no conteúdo das exposições industriais, e cada vez mais as exposições
reservavam espaço para expor as aplicações da eletricidade e algumas exposições
concentravam-se apenas num único tipo de aplicação da eletricidade.
A importância crescente do entretenimento do público pela rádio gerou um enorme
desejo dos consumidores de conhecer melhor esta maravilha técnica e perceber o que a
indústria poderia fornecer para a instalarem em suas casas. Surgem assim as exposições
públicas de rádio, onde eram apresentados estes aparelhos e uma série de produtos de
empresas diferentes poderiam ser comparados lado a lado, ao nível da estética, da sua
qualidade e do seu preço. Este tipo de exposições iniciou-se quase simultaneamente nos
principais países da Europa e Estados Unidos da América. As Exposições Nacionais de
Rádio Inglesas, iniciadas no ano 1926, foram inicialmente organizadas pela RMA (Radio
Manufacturers Association) e realizadas anualmente em Londres ou Birmingham. A
televisão foi incluida nestes certames pela primeira vez em 1936227
.
Noutras exposições o conceito era mais amplo e incluíam-se outras aplicações da
eletricidade, algumas das quais aplicações domésticas, como o evento National Electric and
Radio Show em Nova Iorque realizadas nos anos 1930 e 1940. As exposições de aplicações
226
José M. Amado Mendes (1998), “As Exposições como Festas estas da Civilização…”, pp. 255-257; Marcel
Galopin (1997), As Exposições Internacionais do século XX e o BIE. Lisboa: EXPO 98 - Comissariado da
Exposição Mundial de Lisboa de 1998. pp. 26, 99-100, 287-291, 166. 227
K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity…, p. 266.
75
da eletricidade dessas décadas apresentam equipamentos de aquecimento elétrico, de
refrigeração, ar condicionado, cozinha e lavandaria, bem como recetores de rádio e
televisão228
.
Umas das primeiras exposições a considerar o tema doméstico foram as Ideal Home
Exhibitions patrocinadas pelo jornal Daily Mail. A primeira aconteceu no ano 1908, mas
nesta exposição as aplicações elétricas para além da iluminação ainda eram poucas. No ano
de 1910 incluíram-se nestas exposições alguns aparelhos de aquecimento, para cozinhar,
uma faca elétrica e aspiradores da British Vacuum Co229
. Com o estabelecimento, em 1930,
da rede elétrica nacional em Inglaterra, os aparelhos elétricos foram apresentados nas
exposições inglesas de forma cada vez mais ampla.
A primeira exposição de T.S.F. (Telegrafia sem fios) em França data do ano 1924,
teve lugar no Grand Palais des Beaux-Arts, foi organizada pelo Syndicat professionnel des
Industries radioélectriques e contou com 90 expositores230
.
Em Portugal a I exposição Nacional de T.S.F foi realizada em Fevereiro de 1929 na
sala de exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes. Foi organizada pela Sociedade
Portuguesa de Amadores de T.S.F e patrocinada pelo jornal Diário de Notícias231
.
As Exposições prolongaram-se durante a década de 30, com o nome de Exposições
de Rádio e Eletricidade. Esta mudança deveu-se ao fato de no ano 1934 entre os seus stands
encontravam-se representadas casas comerciais destinadas à venda de aparelhos elétricos de
uso doméstico para além de recetores de T.S.F.232
.
228
Idem, p. 245. Para o caso português pode ler-se alguns artigos sobre o assunto na revista « O Amigo do
Lar » (1932-1938) - Revista mensal de atualidades, assuntos artísticos, crítica literária e artística e propaganda
do gaz e da eletricidade. 229
K. G. Beauchamp (1997), Exhibiting Electricity…, p. 263. 230
Site do Dieppe Radio Club, Histoire de la T.S.F. Les Salons de la T.S.F...Disponível em:
<http://f6kum.free.fr/tsf.html#17 >. (Acesso em: 26.11.2013) 231
Diário de Notícias, ano 66, nº 22.648 de 17 de fevereiro de 1929, p.1. 232
Ana Malveiro, (2013), “Os Catálogos Oficiais da V e VI Exposição de Rádio e Electricidade – Uma fonte
para estudo do Património Industrial” in Actas do Colóquio Internacional, O Património Industrial – Dos
Objectos ao Território.”, Universidade de Évora, Évora, Março 2013 [No prelo].
76
4. As Exposições como meio de divulgação do
conhecimento científico e do progresso técnico
Num primeiro momento as exposições industriais realizadas em cada país foram uma forma
de divulgar o progresso da indústria, mas foi com a realização das Exposições Universais a
partir de 1851 que estes certames se tornaram espaços priviligiados de divulgação dos
progressos da ciência, da técnica e da indústria. Estes certames foram um estímulo para
incluir a ciência e a tecnologia na vida moderna a longo prazo233
.
As exposições foram espaços de divulgação dos produtos da indústria e das descobertas
científico-tecnológicas. Foram exibidos nos vários certames grandes obras de arquitetura e
engenharia e todos os progressos da energia a vapor, e da eletricidade, e as suas aplicações
na indústria, nos transportes, nas comunicações e iluminação. Na exposição de Londres em
1851 foi exibido o Crystal Palace- Uma construção em vidro e ferro; Na Exposição de Nova
Iorque em 1853, o primeiro elevador apresentado por Elisha Graves Otis (1811-1861), na
exposição de Paris em 1998 a Torre Eifel; na Exposição de Chicago em 1893 foi
apresentada uma cozinha elétrica234
.
As exposições foram um dos pilares da cultura de massas e foram determinantes na
definição da nova relação público-ciência. Estas realizações foram as únicas na época
capazes de reunir milhões de visitantes. Elas reuniram no mesmo espaço pessoas
diversificadas: operários, industriais, engenheiros, amadores. Não existia outro meio capaz
de concorrer com as exposições no que diz respeito à transmissão de conhecimentos e
conteúdos científicos e técnicos à população. O fato que terem contribuído para a
emergência de uma cultura de massas determinou o modo como a opinião pública passou a
encarar e receber as novas tecnologias235
. As exposições contribuíram para uma “aceitação”
por parte do público das novas máquinas e do conforto que elas poderiam trazer aos seus
utilizadores e devido ao seu numeroso público que as frequentavam atingiram dois objetivos
233
Leoncio López-Ocón Cabreza (1998), “La exhibicion del poder de la ciencia. La America Latina en el
escenario de las exposicioes Universales del siclos XIX” in José Augusto Mourão, Ana M. Cardoso de Matos e
M. Estela Guedes (coords), O Mundo Ibero Americano nas Grandes Exposições, Lisboa, Ed. Veja, 1998, p.70. 234
José Amado Mendes (1993), “Exposições Universais na Europa (1851-1900): Dinâmica de uma cultura
científica e material”. In Munda, nº 25. 235
José M. Amado Mendes (1998), “As Exposições como «Festas da Civilização»…”, p. 258; Antonio
Lafuente e Tiago Saraiva (1998), “Ciência, Técnica e Cultura de Massas” in José Augusto Mourão, Ana M.
Cardoso de Matos e M. Estela Guedes (coords), O Mundo Ibero Americano nas Grandes Exposições. Lisboa:
Ed. Veja, p. 34.
77
importantes para o desenvolvimento industrial: a publicidade e a concorrência236
. Durante
décadas as exposições tiverem grande popularidade e tinham uma imagem de utilidade
educacional para o grande público. No final do século XIX o entretenimento aumentou e os
divertimentos nas exposições ganharam cada vez mais relevância.
“Com elas, as máquinas convertiam-se em objectos dispostos para ser observados. A
população transformava-se em espectadora, a quem era permitido absorver a realidade
industrial e o olhar do público constituiu-se no motor que ativava a sociedade”237
.
O que estava exposto não era apenas tecnologia, era a ideia de progresso que atraia o
público, a novidade238
. Nestes certames os países exponham os seus produtos e invenções,
tornando-os espaços para o conhecimento e popularização dos avanços tecnológicos e
científicos que se verificaram ao longo da segunda metade do século XIX. Os seus visitantes
podiam conhecer e observar “as novas condições da vida moderna” de forma segura e
distanciada de maneira a reconcetualizar e assimilar a realidade da sociedade industrial239
.
“O princípio fundamental da instituição exposição correu lado a lado com a idéia de
progresso humano”240
. Cada exposição estava projetada para superar a anterior. No discurso
das exposições do século XIX a palavra“progresso”foi várias vezes repetida, contudo o seu
sentido nunca foi ponderado nem explicado241
.
Devido aos milhares de visitantes que rumaram ao país que albergava a exposição
universal e os seus imponentes edifícios e infraestruturas necessárias, estas exposições foram
também sinónimo de desenvolvimento e progresso para as cidades que recebiam o certame.
Era necessário modernizar a cidade, melhorar as suas infraestruturas para acomodar os
visitantes e os países que iam exibir os seus produtos. Exemplo disso foram as três
Exposições Universais de 1978, 1889, 1900 realizadas em Paris, elas foram uma “desculpa”
236
Expondo-se o que cada país produzía, as medalhas e apreciações favoráveis que cada estabelecimento fabril
recebia o consumo desses produtos era incentivado. Sobre o assunto ver: Ana Cardoso de Matos (1997),
Ciência Tecnologia e Desenvolvimento Industrial no Portugal oitocentista, o caso dos lanifícios do Alentejo.
Évora: dissertação de doutoramento em História Contemporânea, Universidade de Evora, pp. 209; Ana
Cardoso de Matos (1998) “As Exposições Universais:…” pp.96-97. 237
Maria Helena Souto (2012), Portugal nas Exposições…, pp. 42-43. 238
José Augusto Mourão (1998),“Retórica do Espanto, Estilística do Relatório sobre a Exposição Universal de
Paris (1855/1867), in memoriam de Isabel Lico” in José Augusto Mourão, Ana M. Cardoso de Matos e M.
Estela Guedes (coord.), O Mundo Ibero Americano nas Grandes Exposições. Lisboa: Ed. Veja, p. 45. 239
Maria Helena Souto (2012), Portugal nas Exposições…, p. 53. 240
Taina Syrjämaa (2010), “Experiencing Progress. Techology as entertainment in world exhibitions at the turn
of the twentieh century / Mise en expérience de progrès. Techologie comme divertissement aux expositions
universelles au seuil du XXe siècle.” in Ana Cardoso de Matos, Irina Gouzévitch, Marta C. Lourenço (coords)
Expositions universelles, musées techniques et société industrielle. Lisboa: Edições Colibri/ CIDEHUS-UE/
Centre Maurice Halbwachs/ CIUHCT. 241
Idem, pp.170- 171.
78
para melhorar o transporte, a circulação do trânsito e outros bens-estares que tornaram a
cidade num espaço para a exibição e visualização de ciência a tecnologia242
.
O público que visitava os certames iluminados a eletricidade podia observar as
vantagens desta forma de iluminação e familiarizarem-se com as máquinas, aparelhos,
aplicações e meios de transporte que utilizavam a energia eléctrica como fonte de energia.
Estes certames tiveram um papel importante na divulgação dos progressos técnicos,
cientifícos e industriais e foram um espaço priviligiados para observar os progressos e as
inovações no campo das aplicações da electricidade243
. As aplicações da eletricidade tiveram
lugar nas exposições desde a Great Exhibition em Londres de 1851244
.
Uma vez Internacionais ou Universais as exposições permitiram comparar o poder
económico e político dos países participantes. E as apreciações relativas à participação de
cada país e as recompensas obtidas durante o certame funcionavam como forma de
hierarquização dos países a nível tecnológico, cientifíco, industrial245
. As exposições eram a
“(…) vitrine do estado da nação, e da sua capacidade de concorrência”246
.
As exposições contribuíram para a globalização da ciência, pois agiram como pontos de
transferência da ciência e tecnologia de uns países para os outros e tiveram um papel
importante na indústria e investigação científica, pois permitiram um intercâmbio de ideias,
e de conhecimento internacional enriquecedor para todos os intervenientes247
. Foram
também uma forma de transmitir informação numa época em que ainda não existia uma rede
internacional de difusão da informação. Este conhecimento foi absorvido e apropriado pelos
vários visitantes das exposições. A circulação de ideias e técnicas exibidas nas exposições de
carácter universal chegou a vários pontos do planeta devido “às redes de comunicação de
242
Miriam R. Levin (2010), “Modernizing Paris through expositions and museums, 1878-1914” in Ana
Cardoso de Matos, Irina Gouzévitch, Marta C. Lourenço, (coords) Expositions universelles, musées techniques
et société industrielle. Lisboa : Edições Colibri/ CIDEHUS-UE/ Centre Maurice Halbwachs/ CIUHCT, p. 116. 243
Ana Cardoso de Matos (2012), “Formation, carrière et montée en puissance... ”, p.1. 244
Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A electricidade em Portugal…p. 32; K. G. Beauchamp (1997),
Exhibiting Electricity... 245
José Mendes, (1993), “Exposições Universais na Europa (1851-1900)…”, p.14; Ana Cardoso de Matos “As
Exposições Universais:..”,p. 94. 246
Maria Helena Souto (2012), Portugal nas Exposições…, p.42. 247
Hugo Gonçalo Bravo Marques (1998), “Portugal na Exposição Universal de Paris de 1889. Breve incursão
pelo pavilhão português” in José Augusto Mourão, Ana M. Cardoso de Matos, M. Estela Guedes (coords.), O
Mundo Ibero Americano nas Grandes Exposições. Lisboa: Ed. Veja, p.146.
79
tipo horizontal e internacional e de índole vertical e intercultural”248
que os industriais e
cientistas promoveram. Estas realizações impulsionaram também o desenvolvimento de
certas disciplinas, como a antropologia e a sociologia.
Além de difundirem conhecimentos científicos e tecnológicos, as exposições e tinham
como um dos seus objetivos “educar” a sociedade oitocentista para os novos avanços da
ciência e da técnica 249
e cumpriram uma função pedagógica e cultural. Os países não
adotavam apenas as técnicas que observavam nas exposições, mas também adotaram
modelos de educação profissional apresentados nos certames250
.
Consideradas palcos dos mais recentes progressos da ciência e da técnica, as exposições
eram para os visitantes que não tinham formação especifíca espaços entretenimento e de
divulgação das realizações dos vários progressos que alteravam o quotidiano e as atividades
económicas. E para os visitantes com formação científica e os industriais eram um lugar
para adquirerem conhecimento e investigações251
.
Os governos tinham noção da importância das exposições para conhecer os progressos
verificados a nível da ciência, da técnica e da indústria e, por isso, com o intuito de tomar
contacto com as mais recentes inovações técnicas exibidas nas exposições e conhecer os
novos processos de produção realizados nos estabelecimentos fabris de países mais
avançados, os governos, nomeadamente os governos portugueses da 2ª metade do século
XIX, nomearam comissões para estudarem os progressos apresentados nestas exposições252
.
Ao longo do tempo foram realizadas várias visitas de estudo por parte de engenheiros,
científicos, técnicos especializados e também operários oriundos de diversos países253
.
As exposições universais despertaram um grande interesse nos diferentes países
europeus e extraeuropeus e, como se disse, estes certames foram visitados por um número
248
Leoncio López-Ocón Cabrera, (1988) “La exhibicion del poder de la ciencia. La America Latina en el
escenario de las exposiciones universales del siglo XIX” in José Augusto Mourão, Ana M. Cardoso de Matos,
M. Estela Guedes (coords.), O Mundo Ibero Americano nas Grandes Exposições. Lisboa: Ed. Veja, p. 76. 249
Ana Cardoso de Matos (1998), “As Exposições Universais:…”, p.91. 250
José M. Amado Mendes(1998), “As Exposições como «Festas da Civilização»…”, p 261. 251
Ana Cardoso de Matos (1998), “As Exposições Universais:…”, p. 96. 252
Ana Cardoso de Matos, et alli (2004), A electricidade em Portugal. Dos primódios à 2º Guerra Mundial,
Lisboa, Museu da Electricidade-EDP, 2004, p. 32; 253
Ana Cardoso de Matos, Matos (2012), “À mi-chemin entre études et « plaisir » : les visites des Portugais aux
expositions universelles de Paris (seconde moitié du XIXe siècle) ”. in Anne-Laure Carré, et alli (dir.), Les
expositions universelles à Paris au XIXe siècle. Techniques. Publics. Patrimoines. Paris: CNRS Editions,
pp.299-314; Marcel Galopin (1997), As Exposições Internacionais do século XX…, p. 20; Para o caso dos
operários italianos veja-se Anna Pellegrino (2012) “Italians workers and the Universal Exhibitions of the 19 th
century: Imaginaries and representations of technology and sience.”, Quaderns de Història de L’ Enginyeria,
vol XIII, pp. 95-112.
80
significativo de pessoas. Também a sociedade portuguesa se interessou pelas exposições
universais, foram feitas várias visitas a título individual às mesmas. Vários empresários,
engenheiros, cientistas e jornalistas fizeram visitas e divulgaram em Portugal as inovações
tecnológicas, científicas e industriais que tinham sido apresentadas nas exposições, através
dos jornais e revistas da época, mas também por conferências e relatórios dos júris e
catálogos das exposições.
No período das exposições universais o Estado português nomeou comissões que
representavam o país, deu apoio financeiro aos expositores e facilidades de transporte. Os
membros das comissões enviados às exposições universais pertenciam normalmente às
associações científicas e económicas mais importantes existentes em Portugal. Como a
Academia Real das Ciências, da Sociedade de Geografia, ou da sociedade promotora da
indústria254
. Os vários grupos de operários eram enviados às exposições universais, com o
intuito de conhecer os produtos das fábricas e as técnicas dos vários países que participavam
das Exposições255
. Inclusive em algumas exposições a entrada aos operários era livre ou
então era a preços reduzidos. As delegações de operários em que se organizava a exposição
vinham da província e beneficiavam muitas vezes de tarifas especiais nos caminhos-de-
ferro256
.
O contacto direto com os progressos técnicos e industriais que as exposições
proporcionaram facilitou a introdução de novos processos e maquinaria industrial nas
empresas portuguesas.
Como já se referiu, relacionados com estas exposições eram, muitas vezes, realizados
congressos científicos ligados com vários temas e com o avançar do século o número de
congressos realizados durante as exposições aumentou257
. Os congressos foram também um
meio de troca e divulgação de conhecimento.
254
Ana Cardoso de Matos (1998), “As Exposições Universais:…”, p. 98. 255
Ana Cardoso de Matos (1997), Ciência Tecnologia e Desenvolvimento Industrial…, pp. 210-211. 256
Marcel Galopin (1997), As Exposições Internacionais do século XX…, p. 20. 257
Ana Cardoso de Matos (2012), “Tecnologia, engenharia e eletricidade…”
81
Capítulo III – As Exposições de
Eletricidade e de Rádio e Eletricidade em
Portugal.
82
1. O II congresso de Eletricidade e a “Exposição de
Machinismos e aplicações da eletricidade”.
A partir da 2º metade do século XIX, realizaram-se congressos de domínio nacional e
internacional sobre os mais variados temas. O seu intuito era a transferência e partilha de
conhecimento e experiências e também a promoção, dinamização e desenvolvimento de um
determinad assunto.
Nos anos 20, realizaram-se em Portugal quatro Congressos Nacionais de
Eletricidade258
, que difundiram o “debate sobre os problemas e estratégias de promoção e
implementação da electricidade”259
. E foram reuniões de trabalho cientifíco-técnicas sobre
as dificuldades, estratégias e soluções para a eletrificação em Portugal. Sempre procurando
efetividade económica e social260
.
Os Congressos Nacionais de Eletricidade tiveram lugar nas cidades de Lisboa
(1923); Porto (1924); Coimbra (1926); e Braga (1930)261
. Estes tiveram um papel muito
importante na afirmação da indústria elétrica e da engenharia em Portugal262
.
«O objectivo do 2.º Congresso é segundo o respectivo regulamento, o estudo e solução dos
problemas nacionais sobre a produção, transporte, distribuição e utilização de energia
eléctrica, da indústria e comércio de máquinas e aparelhos eléctricos e as demais aplicações
da electricidade, consideradas sob o aspecto social, económico ou técnico»263
.
258
Sobre o assunto veja-se Ana Cardoso de Matos (2012), “Formation, carrière et montée en puissance des
ingénieurs électriciens au Portugal (de la fin du XIXe siècle aux années 1930).” in GRELON, Andre,
EFEMERTOVA, Marcela, Le monde progressivement connecté – Les électrotechniciens au sein de la société
européenne au cours des XIXe et XXe siecles. Bruxelles: Peter Lang. Ana Cardoso de Matos(2011), “Afirmação dos engenheiros electrotécnicos em Portugal: dos Congressos de
Electricidade ao 1ª Congresso de Engenharia (1923‐1931).” in XXI Conference Of APHES -Associação
Portuguesa de Historia Económica e Social. Coimbra - Faculdade de Economia, 18-19 Novembro de
2011;Cláudio Amaral,(2012),“Uma década de Congressos Nacionais de Electricidade (1923-1930): Ambiente,
percepções e representações” História, IV Série, vol. 2, 2012, pp. 161-194. 259
Cláudio Amaral, (2012), “Uma década de Congressos…”. p. 165. 260
Idem, pp. 166-167. 261
Sobre os Congressos Nacionais da Eletricidade consultar ainda: Ana Cardoso Matos et. alli (2004), A
Electricidade em Portugal. Dos primórdios à 2.ª Guerra Mundial. Lisboa: EDP- Museu da Electricidade, p.
251-260. 262
Ana Cardoso Matos et alli (2004), A Electricidade em Portugal...” p. 251. 263
O Século, ano 45, n.º 15:266 de 14 de Agosto de 1924, p.8.
83
No âmbito do 2º Congresso Nacional de Eletricidade, realizado entre os dias 31 de
Agosto e 4 de Setembro de 1924 na cidade do Porto, organizaram-se, entre várias outras
atividades como visitas de estudo a fábricas, aproveitamentos hidroelétricos e centrais, uma
exposição de material elétrico na nave central do Palácio de Cristal264
.
A “Exposição de Machinismos e aplicações da electricidade” 265
decorreu entre os
dias 31 de Agosto e 14 de Setembro de 1924. Com a organização desta exposição a
comissão organizadora, da qual faziam parte os engenheiros Avides Basto Terrão
(Secretário); Ezequiel de Campos (Presidente), Lopes Ferreira, (secretário), Humberto
Mendes Correia, Serafim Lainho, Álvaro Marques, Ferreira do Amaral; Paulo Brandt266
,
pretendeu dar a conhecer ao país a vitalidade e os desenvolvimentos, da indústria elétrica
nacional e estrangeira, e afirmar o progresso deste setor industrial, não só pelo valor dos
maquinismos e acessórios expostos, mas também por ser uma novidade.
Várias casas da especialidade nacionais e representantes de empresas estrangeiras
fizeram-se representar na “Exposição de Machinismos e aplicações da electricidade”. As
empresas nacionais foram: A Electro Material de Coura, Ld.ª; Empresa Técnica Industrial,
Ld.ª; União Eléctrica Portuguesa (UEP) – Electra del Lima. Esteve presente também um
stand do jornal O Século, onde era distribuído um suplemento especial sobre o Congresso e
a sua Exposição267
. As empresas estrangeiras representadas foram: Allgemeine Elektrizitäts-
Gesellschaft (AEG), representada em Portugal pela Sociedade Lusitana de Electricidade; a
empresa sueca Allmana Svenska Elektriska Akliebolaget (ASEA), representada em Portugal
por Jaime da Costa Ld.ª; a empresa suíça Brown, Boveri & C.ie, cuja delegação portuguesa
estava a cargo do engenheiro Edouard Dalphin, membro da comissão organizadora do II
Congresso Nacional de Eletricidade268
.
No jornal Comércio do Porto são feitas também referências aos stands da Energia
Hidroeléctrica Limitada, situado na sala Holandesa, como sendo o único com exposição de
aparelhos T.S.F.; à Casa Gerard, que expunha um modelo de motor-gerador-Electrico nº 1
construído em 1850; e ao stand Siemens. Estes receberam elogios do Ministro do Comércio,
contudo não é realizada nenhuma descrição detalhada e técnica por parte do jornal dos
264
O Século, ano 45, nº 15: 280 de 28 de agosto de 1924, p.2. 265
O Comércio do Porto, anno Lxx, nº 185 de oito de setembro de 1924, p. 1. 266
Diário de Notícias, ano 60, nº 21:056 de 31 de agosto de 1924, p. 4. 267
O Século, ano 45, nº 15:284 de 1 de setembro de 1924, p.1. Atualmente não se conhece nenhum exemplar
desse suplemento comemorativo. 268
O Comércio do Porto, ano LXX, nº 208, de 4 de setembro de 1924, p.2; O Século, ano 45, nº 15:301 de 18
de setembro de 1924, p 6.
84
artigos expostos nestes stands269
. São mencionados como participantes na exposição 9 casas
e empresas de material elétrico, contudo não se pode afirmar que foram na totalidade 9, pois
não é feita qualquer menção nas fontes sobre o número total de expositores participantes no
certame. Apenas se refere que a exposição é um "Mostruario de tudo quanto se produziu até
hoje acionado pela electricidade" e “A ideia da exposição foi muitissimo bem acolhida pela
indústria nacional e representantes de casas estrangeiras que, com a maior boa vontade
acederam ao convite feito”270
.
Segundo o engenheiro Ezequiel de Campos, num artigo escrito no jornal Diário de
Notícias, o II Congresso de Eletricidade e a sua exposição iam afirmar a tendência do uso da
energia elétrica como força motriz nas fábricas e iniciar a propaganda do uso doméstico da
eletricidade. Quanto à exposição ainda afirma que no certame se podia ver como a
eletricidade se gere, se transporta e se transforma em fonte de energia industrial e
doméstica271
.
Para além de constituir parte da exposição a aparelhagem elétrica das fábricas e
casas comerciais, os stands também apresentavam uma vertente educacional, visto que
alguns demostravam a maquinaria empregue em instalações hidroelétricas, e fotografias de
centrais, aproveitamentos e instalações transformadores e subtransformadoras de diversas
fábricas completando as descrições dos oradores no congresso272
.
Nos diversos stands estiveram expostos artigos de uso industrial: Um grupo para
transportar a corrente trisafado; um grupo moto-bomba elétrica; motores e geradores;
alternadores e dínamos; transformadores: monofásados, trifásicos, de campainha minúscula,
de corrente, de tensão e de intensidade; turbinas; bobinas: de self-indução e de autoindução;
interruptores tripolares, interruptores de reparação e automáticos; quadros: de distribuição,
com contadores elétricos, e de manobra; ventiladores para fábricas; pára-raios; uma máquina
elétrica para soldar; aparelhos de medida; aparelhagem para cabines; caixas de manobras;
resistências liquídas; arrancadores em banho de óleo; lâmpadas; seccionadores unipolares;
corta-circuitos de fusíveis de alta tensão; vara de manobra isoladora para os seccionadores;
pinça isoladora para a manobra dos corta-circuitos de fusíveis. E artigos de uso doméstico:
sugadores de pó; máquina de fabricar gelo em casa; amassedeira mecânica; ferros de brunir
269
O Comércio do Porto, anno LXX, nº 206 de 4 de setembro de 1924, p.2. 270
Ibidem. 271
Diário de Notícias, ano 60, nº 21:056, de 31 de agosto de 1924, p.4. 272
O Comércio do Porto, ano LXX, nº 206, de 4 de agosto de 1924, p.2.
85
elétricos, cafeteiras, caloriferos, ventiladores; fogões elétricos, aquecedores de ferros de
frisar, acendedores de cigarros, e telefones. (Consultar anexo B para uma descrição dos stands e
aparelhagem elétrica em exposição. )
Durante a sua realização, a exposição foi muito visitada273
e foram vendidos vários dos
produtos expostos, principalmente motores e acessórios274
. Para anunciar a exposição esteve
montada no torreão de um edifício pertencente à Companhia de Seguros Nacional, situado
na Praça da Liberdade, uma "potentíssima" sirene elétrica cujo som, como indica no jornal,
se ouvia em toda a cidade. E durante a noite no alto da Torre dos Clérigos esteve montado
um “potentíssimo” holofote que fazia repetidas projecções sobre a cidade275
.
2. Das Exposições Nacionais de T.S.F. ao Iº Congresso
Nacional de Radiotelefonia.
No início do século XX surgiram em Portugal os primeiros radioamadores. Primeiro
realizaram-se pequenas experiências de amadores, depois os rádios de bairro e as primeiras
estações que transmitiam regularmente. As primeiras experiências radiofónicas em Portugal
foram realizadas em 1902, por José Celestino Costa, aluno da Escola Politécnica276
. Em
1914 realizaram-se algumas experiências, mas não tiveram continuação imediata, como foi
o caso de Fernando Gardelho Medeiros que realizou alguns ensaios de emissão de rádio que
apenas foram retomados em 1920 com a emissora Rádio Hertz. No mesmo, ano Joaquim de
Sousa Dias Melo, iniciou atividade de emissão e receção, que no ano 1925 alargou à
radiodifusão. A partir desta data surgem várias rádios amadoras de caráter bairrista, que na
sua maioria funcionavam em instalações provisórias, como a Rádio do Parque, Rádio Dyne,
entre outras. Nesse mesmo ano, um posto emissor começou a realizar emissões
regularmente, o posto CT1AA277
de Abílio Nunes dos Santos Júnior278
.
273
O Século, ano 45, nº 15:301 de 18 de setembro de 1924, p. 6. 274
O Comércio do Porto, anno LXX, nº 214 de 11 de setembro de 1924, p. 1. 275
Idem, ano LXX, nº 206 de 2 de agosto de 1924, p. 1. 276
José Matos Maia (1995), Telefonia. Lisboa: Círculo de Leitores, pp. 36- 40; Nelson Costa Ribeiro (2003),
A Emissora Nacional como instrumento de propaganda do Estado Novo, (1933-1934). Lisboa: Dissertação de
Mestrado em Ciências da Comunicação em indústrias Culturais, Faculdade de Ciências humanas, Universidade
Católica Portuguesa, pp. 110- 111. 277
Sobre este posto emissor consultar: José Matos Maia (1995), Telefonia…, pp. 55- 64.
86
O aumento das emissões de radiotelefonia foi acompanhado pela publicidade a aparelhos
capazes de facilitar a receção das transmissões com maior clareza. E por um público cada
vez mais alargado interessado na radiotelefonia.
Os fatores importantes para este público na aquisição dos aparelhos de radiodifusão eram
a qualidade do som, o preço e a estética. Assim, os comerciantes na tentativa de aliciar a
compra dos aparelhos, publicaram nos periódicos anúncios, onde se divulgava a casa
comercial que vendia a marca e as qualidades dos aparelhos.
Esses anúncios continham também ilustrações da aparelhagem elétrica e radioelétrica, o
que estimulava a compra dos objetos pela sua beleza. A necessidade da beleza estética dos
aparelhos para os consumidores explica-se devido ao local de destaque na zona de convívio
das habitações, dado pelos compradores aos objetos279
.
Para difundir a radiotelefonia e introduzir no país os produtos de uma nova indústria,
foram realizadas em Portugal no final dos anos 20, as primeiras Exposições de Rádio na
Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa. Estas exposições prolongaram-se para a
década de 1930, década da realização da Exposição da Luz e da Eletricidade Aplicada ao
Lar e do I Congresso Nacional de Radiotelefonia em Portugal, ao qual esteve associada uma
Exposição de Aparelhos de Radiotelefonia.
278
José Matos Maia (1995), Telefonia…, pp. 36- 38; Nelson Costa Ribeiro (2013), A Emissora Nacional como
instrumento de…, pp. 110-111; Ana Cardoso de Matos e Gonçalo Rocha Gonçalves (2005) “A Gravação
Sonora e a T.S.F. em Portugal” in Nuno Luís Madureira (coord), História da Energia. Portugal 1890-1980, p.
211. 279
P. Griset (1996), “Les communications en France” in LEVY-LEBOYER, Maurice, MORSE, Henry (dirs.),
Histoire Général de L´Électricité en France. – L´interconnexion et le marché 1919-1946. Vol II, Paris: Fayard.
87
2.1 A “Grande Exposição Nacional de T.S.F.”
A “Grande Exposição de Radiotelefonia” inaugurou-se a 17 de fevereiro de 1929 280
na sala
de Exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes e encerrou dia 27 do mesmo mês. Foi
organizada pela Sociedade Portuguesa de Amadores de T.S.F., com o patrocínio do jornal
Diário de Notícias281
. Da sua comissão organizadora faziam parte Jaime P. Esteves,
proprietário da Rádio Portugal, Jacques Morpurgo, Diretor da Philips Portugal, Lúcio
Reverendo da Conceição282
, também é indicado o nome Francisco Pereira no jornal Diário
de Notícias 283
como sendo membro da comissão organizadora do certame. Dos últimos dois
membros não encontrámos qualquer referência à sua ligação a alguma firma ou casa
comercial especifíca.
Um dos objetivos do certame foi alertar para a necessidade do estabelecimento da
radiodifusão em Portugal. Na época Portugal era o único país da Europa onde ainda não
existia uma radiodifusão regular e regulamentada284
, onde apenas um amador se destacava,
pois o seu posto emissor dava concertos “por aficion” sendo estes repetidos centenas de
vezes. O posto C. T.1 A. A. de Lisboa- Portugal. Apesar de não existir uma radiofusão
regular e regulamentada o número de amadores de telefonia aumentava cada vez mais285
.
Outro objetivo da realização da exposição de radiotelefonia era corresponder ao
crescente desenvolvimento que o senfilismo representava em Portugal e ao aumento do
número dos amadores de rádio. Com a exposição pretendia-se demonstrar o
desenvolvimento da T.S.F. no mundo, estimular o interesse dos amadores e senfilistas286
,
apresentar ao público em geral a radiotelefonia e divulgar uma nova indústria, a indústria de
material de T.S.F. e de radiotelefonia em Portugal287
. Na I Exposição Nacional de T.S.F.
280
Diário de Notícias, ano 67, nº 22.648 de 17 de fevereiro de 1929, p.1. 281
Ibidem. 282
O Volante, ano IV, nº 134 de 1 de dezembro de 1929, p. 12. 283
Diário de Notícias, ano 67, nº 22.649 de 18 de fevereiro de 1929, p.1. 284
As Bases em que deveria ser realizada a radiodifusão em Portugal segundo a Sociedade Portuguesa de
Amadores de T.S.F. podem ser consultadas em: Diário de Notícias, ano 65, nº 22.648 de 17 de fevereiro de
1929, p. 9. 285
Ibidem 286
Pessoas especializadas em telefonia sem fios (T.S.F.). 287
Diário de Notícias, ano 65 nº 22.648 de 17 de fevereiro de 1929, p. 9; Diário de Notícias, ano 65, nº 22.654
de 23 de fevereiro de 1929, p. 1.
88
estavam reunidos os “maiores aprefeiçoamentos dos aparelhos radiofónicos”, e estavam
expostas as maravilhas da “bela conquista scientitica” do país288
.
Vários stands de empresas e casas comerciais de material T.S.F. e aparelhagem
radioéletrica figuraram na Iº Exposição de Radiotelefonia. No total foram 18 stands. Dois
desses stands pertenciam ao jornal Diário de Notícias e neles estavam presentes as várias
edições da secção editorial do jornal. Outro stand pertencia à Associação Portuguesa de
Amadores de T.S.F289
. Neste último stand podia ver-se um pequeno posto transmissor
amador que tinha comunicações com vários países através da telegrafia e telefonia, uma
montagem para aprendizagem da receção ao ouvido dos sinais Morse, e um recetor super-
heteródino que recebia emissões dos 20 aos 600 metros de cumprimento de ondas.
Encontrava-se também neste stand um serviço de informações gerais, para consulta dos
amadores de T.S.F. e público em geral. Nele estavam ainda presentes vários prospetos e
tabelas de preços do material e aparelhagem existente nos diversos stands290
. No que diz
respeito a stands de empresas e casas comerciais de material T.S.F. e aparelhagem
radioéletrica foram 16 os expositores presentes: A Companhia Anglo-Portuguesa de
Telefones, que expôs, entre outra aparelhagem, uma central telefónica particular cujo
serviço foi prestado a todo o certame através da ligação entre os vários stands; Os Grandes
Armazéns do Chiado, representados através da secção de T.S.F.; A casa comercial
Armando Casquilho & Cª, que exibiu recetores da marca Apolo; A Sociedade Comercial
Philips Portuguesa; a Atwater Kent-Radio, representada por Boavista Ltd. em Lisboa e
Alfredo A. da Cunha no Porto; A Agência Técnica e Comercial com recetores das marcas
Marconiphone e Amplion; A Rádio-Vitória, que fabricava recetores e era representante em
Portugal dos Alta-Voz do sistema Baltic e dos acumuadores Sparta; a Audak lda e Costa e
Arez lda, duas firmas associadas que representavam em Portugal as marcas Sicra, Ducretet,
Celestion, Fulmen e Brunet291
; A Companhia Portuguesa Radio Marconi que realizou
uma exemplificação do trabalho emissor e recetor de radiotelegrafia, num posto de
transmitia 200 palavras por minuto; A Empresa Electrica A. E. G, que expunha aparelhos
Telefunken; A Rádio Portugal, que apresentava as marcas Scnider-Opei, De Te We, Ahemo,
e era representante em Portugal dos Alta-Voz Tefage e N & K; a Sociedade Ibérica de
Construções Electricas, que exibia um eletrofone (Grafonola e T.S.F.); a casa Rádio
288
Diário de Notícias, ano 65, nº 22.648 de 17 de fevereiro de 1929, p.1. 289
Diário de Notícias, ano 65, nº 22.649 de 18 de fevereiro de 1929, p. 2. 290
Ibidem. 291
Ibidem.
89
Técnica de J. F. Lopes, com aparelhos e material importado da Radio-Corporation, da Nife
e da Lessen; a casa Hertziana Ldt., que nas suas oficinas era construído toda a espécie de
recetores; a J. Coelho Pacheco, com recetores Nife, e acessórios de T.S.F. dos laboratórios
Stern & Stern; e a Gilman & Gilbert, que expôs acumuladores Oldham292
.
Nos vários expositores também estiveram presentes impressos de propaganda à
aparelhagem exposta, que foram bastante requisitados pelos visitantes e que ao fim da tarde
do dia 18 já estavam esgotados293
. Para além de se exibir a aparelhagem radioéletrica e
acessórios de T.S.F. nos stands também eram feitas demonstrações de funcionamento e
dadas informações e esclarecimentos sobre os produtos expostos. (Consultar anexo C para uma
descrição dos stands e aparelhagem elétrica em exposição.)
Durante os dias da exposição o posto emissor de Abílio Nunes dos Santos Júnior
transmitiu concertos 294
, para serem ouvidos pelo público que visitou ao certame, estes
concertos eram ouvidos apartir dos aparelhos de telefonia presentes em alguns stands. Para
além da transmissão de concertos, os chás dançantes também fizeram parte das actividades
do certame295
. Segundo as fontes impressas a exposição foi muito visitada296
.
292
Diário de Notícias, ano 65, nº 22. 650 de 19 de fevereiro de 1929, p. 2. 293
Idem, ano 65, nº 22. 649 de 18 de fevereiro de 1929, p. 2. 294
A programação dos concertos transmitidos pelo posto emissor de Abílio Nunes dos Santos Júnior podem ver
vistos no jornal Diário de Notícias dos dias da I Exposição Exposição Nacional de T.S.F. entre 17 e 27 de
fevereiro do ano 1929. 295
Diário de Notícias, ano 65, nº 22.649 de 18 de fevereiro de 1929, p. 2. 296
Ibidem.
90
2.2 A “II Exposição Nacional de T.S.F.”
A II Exposição Nacional de T.S.F. realizou-se no mesmo ano que I Exposição Nacional de
T.S.F., com a colaboração na sua propaganda da revista O Volante 297
, e patrocinada pelo
jornal Diário de Notícias298
. A exposição foi inaugurada a 30 de Novembro na sala de
Exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes e encerrou a 8 de dezembro. Fizeram
parte da sua comissão organizadora Jaime Prieto Esteves (Proprietário da Rádio Portugal);
Américo Arez (Sócio da firma Costa e Arez lda); Jacques Morsing (Diretor da Sociedade
Comercial Philips Portuguesa)299
.
A Exposição foi segundo Jaime Prieto Esteves uma continuação da anterior. Realizou-se
no final do mesmo ano300
e os objetivos da sua organização foram mais uma vez a
divulgação de material radioelétrico, o acompanhamento do desenvolvimento da T.S.F.e a
intenção de manter o entusiasmo dos amadores, senfilistas e público em geral face ao
desenvolvimento da T.S.F. e da sua indústria301
.
Segundo Américo Arez, membro da comissão organizadora da exposição, nesta
exposição o público respondeu de maneira diferente da forma como tinha respondido à I
Exposição. No primeiro certame de T.S.F. o público visitou o palácio da Sociedade de Belas
Artes por curiosidade face à exposição e passava pelos seus stands sem lhes prestar muita
atenção. Durante o segundo certame o público escolhia os expositores que visitava e
interessava-se pelo material e aparelhagem que estava exposto. Não se limitaram a ver os
aparelhos, mas também a pedir explicações sobre o seu funcionamento 302
. O que transmite
um maior interesse por esta atividade científica.
Do ponto de vista técnico, no certame estiveram expostos vários aparelhos de ligar à
corrente elétrica, que não exigiam o uso de pilhas e acumuladores. O que mais interessou os
297
Revista semanal de automobilismo e turismo. Segundo um artigo da revista esta colaboração foi realizada
porque entre os muitos assinantes da revista existiam senfilistas, aliás, neste artigo é referido que a T.S.F. e o
Automobilismo eram na época, duas manifestações práticas da aplicação da ciência que marcavam e
caracterizavam a época. Segundo a revista “ambas progridem lado a lado, não há homem deste tempo que não
seja automobilista ou senfilista.” O Volante, Ano IV, nº 134 de 1 de dezembro de 1929, p. 9. 298
Diário de Notícias, ano 65, nº 22.932 de 30 de novembro de 1929, p.1. 299
Diário de Notícias, ano 65, nº 22.932 de 30 de novembro de 1929, p.1; Diário de Notícias, ano 65, nº
22.933, de 1 de dezembro de 1929 p.1; Diário de Notícias, ano 65, nº 22.935 de 4 de dezembro de 1929, p.2. 300
O Volante, Ano IV, nº 134 de 1 de dezembro de 1929, p. 12. 301
O século, ano 50, nº 17:529 de 18 de dezembro de 1930, p. 2. 302
Diário de Notícias, ano 65, nº 22.935 de 4 de dezembro de 1929, p. 9.
91
sentifilistas foram as válvulas de grelha blindada, a tendência para a ampliação em baixa
frequência, e os alto-falantes eletrodinâmicos 303
.
Tal como na I Exposição Nacional de T.S.F. “Ali se apresentam, em resumo variado, os
últimos aperfeiçoamentos da sciência moderna”304
. Na II exposição estiveram presentes 15
stands de casas comerciais de aparelhagem radioéletrica: Os Grandes Armazéns do
Chiado, com a sua secção de T.S.F., onde estava exposto exclusivamente material da marca
R.C.A.; a Sociedade Comercial Philips Portuguesa; a casa de J. Coelho Pacheco, que
apresentou os acumuladores Nife; a Audak, limitada, que expôs peças soltas Forg e os
aparelhos de receção Sicra; a Hertziana, lda., que apresentou os recetores americanos
Crosley; a casa Armando Castilho e Cª., que exibiu o fultógrafo, aparelho para receção à
distância de fotografias; a Atwater Kent Radio, que apresentava os aparelhos de 2 a 3
válvulas de grelha blindada screen-grid; a Radio Portugal, com aparelhos da marca Ahemo,
difusores Tefag, válvulas Valvo; a Radio-Vitória, que expôs recetores das marcas Baltic e
aparelhos Vitória de fabricação portuguesa; a firma Costa & Arez lda, que expôs aparelhos
da marca Ducret, difusores da marca Celestion; a Construções Domotta, de Carlos Brazão
da Mota, onde estiveram exportos aparelhos construídos pela sua ofícina; o stand da
Sociedade Lusitana de Eletricidade A.E.G, onde estava exposto material da marca
Telefunken; a Radiofonia limitada, onde se apresentaram os Alto-falantes Sandahl, as
válvulas New Cossor; a Radio-Lisboa, que exibiu no seu stand os alto-falantes e
auscutadores Brown; e a Rádio-Técnica, que apresentou os aparelhos Simplex305. (Consultar
anexo D para uma descrição dos stands e aparelhagem elétrica em exposição.)
Como na I Exposição de T.S.F. também nesta exposição o posto emissor de Abílio
Nunes dos Santos Júnior transmitiu concertos e realizaram-se concertos ao vivo no Palácio
da Sociedade Nacional de Belas Artes. Durante os vários dias da exposição foram sorteados
ao público vários aparelhos e realizaram-se chás dançantes e buffets.
303
O Volante, Ano IV, nº 135 de 8 de dezembro de 1929, p.16. 304
O Volante, Ano IV, nº 134 de 1 de dezembro de 1929, p. 12. 305
Diário de Notícias ano 65, nº 22.935 de 4 de dezembro de 1929, p. 9; 15-18; O Volante, Ano IV, nº 135 de 8
de dezembro de 1929, pp. 15-16.
92
2.3 A “Exposição da Luz e da Electricidade Aplicada ao Lar”.
No ano de 1930, a 22 de Novembro inaugurou-se a primeira “Exposição da Luz e da
Electricidade Aplicada ao Lar”, no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes. O certame
durou 15 dias e terminou no dia 6 de Dezembro de 1930306
. Patrocinado pelo Jornal O
Século, o evento teve como membros da sua comissão executiva o engenheiro José Carlos
Santos, que foi responsável pela parte técnica, e o pintor António Soares, que foi o
decorador do salão da exposição307
. Da sua comissão de honra faziam parte o presidente da
Sociedade Nacional de Belas, Artes João Matoso da Fonseca, o pintor belga Albert Jourdain
e o engenheiro belga Maurice De Roo308
, formado em engenharia mecânica e eletrotécnica e
que estava ao serviço das C.R.G.E.
O que se aspirou com esta exposição foi expor a Luz e demostrar os progressos da
eletrotécnica. Os objetivos da sua organização foram dois: demonstrar a eficácia da luz
como elemento na publicidade, com os seus réclamos e placares luminosos, aos
comerciantes e industriais. E divulgar as vantagens da luz elétrica e aplicações domésticas
elétricas no conforto do lar ao público em geral309
.
O Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes foi decorado de maneira a ser uma
“apoteose” à luz. Para isto e devido à grande intensidade de corrente elétrica que esta
decoração e aparelhagem elétrica em exposição exigiram, durante o tempo em que esteve
aberta a exposição a subestação da Estrela, que pertencia às Companhias Reunidas de Gás e
Eletricidade, funcionou exclusivamente para o certame310
.
Na tarde do dia de inauguração da “Exposição da Luz e da Electricidade Aplicada ao
Lar” a visita ao salão esteve reservada ao chefe de Estado, Óscar Carmona, entidades
ofíciais, representantes da imprensa, professores e alunos nas escolas técnicas de eletricidade
306
O Século, ano 50, nº 17:490 de 17 de novembro de 1930, pp.1-2. 307
Idem, ano 50, nº 17:491 de 18 de novembro de 1930, p.1. 308
Maria Theresa Figueiredo Beco de Lobo, (1998), Para o Estudo da ilustração e do Grafismo em Portugal.
Publicidade, Moda e Mobiliário (1920-1940). Lisboa: Dissertação de Mestrado em História da Arte
Contemporânea, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, p. 337. 309
O Século ano 50, nº 17: 494 de 21de novembro de 1930, p.1. 310
Idem, ano 50, nº 17:491 de 18 de novembro de 1930, p.1.
93
portuguesas, engenheiros, industriais, e entidades cientifícas. À noite as portas da exposição
abriram para o grande público311
.
No certame participaram 18 casas comerciais de aparelhagem elétrica e de aparelhagem
elétrica doméstica: O stand do Electro-Jornal, da firma M. Cabral, um jornal luminoso de
patente e fabrico português; o expositor da Singer, que apresentou máquinas de coser
elétricas; a Electrigia, que expôs as lâmpadas Ormuz; o expositor da Casa Denis &
Almeida, com os frigoríficos da marca Frigidaire; o stand da Companhia Vidreira
Marquês de Pombal, da Marinha Grande, que apresentou candeeiros em vidro; a casa
Siemens, que expôs várias aparelhagens elétricas de uso doméstico: ferros, fogões,
ventoinhas, auto-falantes entre outros; a Sociedade Iberica de Construções Electricas lda
(S.I.C.E.), com dois stands, uma secção de iluminação, onde estavam expostas as lâmpadas
mazda e outra de aplicações da eletricidade ao lar e uma grande variedade de aparelhos
domésticos das marcas Thomson e Hotpoint; o stand da Electro-lux, onde se apresentaram
aspiradores e enceradoras; a firma Stubs & Guedes, que expôs o aparelho cinematográfico
de projeção Duoskop; a casa Sampaio Baptista lda., que apresentou um modelo de ascensor
da marca Otis; o expositor das Companhias Reunidas de Gás e Electicidade, onde estava
afixada diversa informação relacionada com a energia elétrica, gráficos de consumo,
diagramas luminosos, réclamos luminosos entre outras informações; o stand de Manuel
Burnay, representante do Circuito oscilante Lakhovsky, colares para fins terapêuticos, que
recebiam ondas radio-elétricas; o stand da firma de Fernando Vilhena, onde estavam
expostos os filtros Seitz- Eka; Sociedade Comercial Philips Portuguesa, com dois stands,
um deles dedicado à luz, onde se apresentaram as lâmpadas produzidas pela fábrica philips,
e outro dedicado à aplicação da eletricidade ao lar com projetores, plafoniers para
iluminação racional de escritórios, fábricas, estúdios; a Citroën, com um stand com vários
cartazes e num deles o desenho da instalação elétrica de um citroën; o expositor de Serra
Ribeiro, onde se realizavam fotografias elétricas; o stand da Electro Reclamo lda, onde
eram apresentados alguns réclamos de publicidade luminosa; a casa J. Gonçalves, que
expôs máquinas de calcular acionadas a eletricidade; e finalmente o stand do jornal O
Século, patrocinador da iniciativa do certame. A sala de chá da Exposição da Luz e
Eletricidade Aplicada ao Lar foi decorada com tapetes ingleses e indianos da casa Tapetes
311
Ibidem; O Século ano 50, nº 17:496 de 23 de novembro de 1930, p.1.
94
Orientais, ldaª312
. (Consultar anexo E para uma descrição dos stands e aparelhagem elétrica
em exposição.)
Talvez com o intuito de atrair os visitantes, a comissão da exposição organizou durante
os 15 dias da realização do certame algumas festas temáticas, chás dançantes, concertos,
bailes e espetáculos de arte com os principais artístas portugueses da altura: Beatriz Costa,
Vasco Santana, Lucília Simões, entre outros313
.
Foram também organizadas nos dias da exposição outras atividas. Assim foi realizada
uma conferência de caráter técnico, dada pelo engenheiro José Carlos dos Santos e outra de
caráter mais leve pelo comediográfo Chagas Roquete314
com o título “ A luz através dos
tempos”315
. Nos dias do certame também houve lugar para o cinema e foram realizadas
exibições cinematográficas de fitas cómicas, fitas direcionadas para as crianças e alguns
documentários. Entre os documentários contaram-se os seguintes: “A Central Tejo das
Companhias Reunidas Gás e Electricidade.”, fita demostrativa do funcionamento e
instalação da Central Tejo; “A vida de Edison”; “As fábricas Philipps”316
. Para algumas
sessões de cinema as Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade forneceram o material e o
operador317
.
Num dos dias da exposição realizou-se uma matinée demostrativa da aplicação prática
dos diversos aparelhos, máquinas e utensílios expostos. Esta demonstração funcionou como
um espectáculo teatral para o público, transmitindo a animada utilização dos aparelhos
expostos. A performance foi realizada pelo ator Carlos Leal, e de todos os stands foram
retirados aparelhos para serem experimentados e demostrados no palco. Todos os
expositores colaboraram nesta matineé. Fica o exemplo de alguns: As máquinas de calcular
Monroe, da firma J. Gonçalves fizeram cálculos; uma máquina de costura na marca Singer
que funcionava à eletricidade bordou; “aparelhos elétricos” da casa Siemens cortaram
cabelo; o fotografo do stand Serra Ribeiro tirou fotografias para serem projetadas num
écran por meio de uma lanterna elétrica; aspiradores e enceradores da casa Electro-lux
limparam e enceraram o palco; Cozinheiros cozinharam num forno elétrico Siemens; foram
312
O Século, ano 50, nº 17:496, de 23 de novembro de 1930) p. 1,6;
Diário de Notícias, ano 66, nº 23.291, de 1 de dezembro de 1930, p.10; O Século, ano 50, nº 17:505 de 2 de
dezembro de 1930, p.9; O Século, ano 50, nº 17:490 de 17 de dezembro de 1930, pp. 1-2; 313
O Século, ano 50, nº 17:493 de 20 de novembro de 1930, p.1. 314
Idem, ano 50, nº 17:491 de 18 de novembro de 1930, p.1. 315
Idem, ano 50, nº 17. 499, de 26 de novembro de 1930, p. 1. 316
Idem, ano 50, nº 17 493, de 20 de novembro de 1930, p.; Idem, ano 50, nº 17.502 de 29 de novembro de
1930, p.1; Idem, ano 50, nº 17. 503 de 30 de novembro de 1930, p.1. 317
Idem, ano 50, nº 17.502 de 29 de novembro de 1930, p.1.
95
feitos sorvetes, chá e torradas pela aparelhagem elétrica da Sociedade Ibérica de
Construções Eléctricas para serem servidos ao público; foi realizada a lavagem e secagem
dos pratos, talheres e roupas de mesa, feitas nos “secadouros” elétricos da casa Fernando de
Vilhena, e a Electrigia engomou os guardanapos. Também os colares Lakhovsky, foram
demonstrados. Na mesa do ator da performance estava pousada uma lâmpada artística da
Companhia Videreira Marquês de Pombal da Marinha Grande e para a sua iluminação uma
lâmpada Ormuz; O Jornal luminoso, Electro-jornal divulgou o que realizou nessa
atividade318
. (Consultar anexo E para uma descrição dos stands e aparelhagem elétrica em
exposição.)
As várias atividades realizadas no salão da Sociedade Nacional de Belas Artes foram
transmitidas para o exterior do edifício e no seu interior por meio de auto-falantes instalados
pela Siemens e pela Sociedade Comercial Philips Portuguesa319
. A Exposição foi muito
visitada e o público interessou-se bastante pela aparelhagem exposta,e antes do dia da sua
abertura já se fazia publicidade a este acontecimento nos postos emissores estrangeiros,
milhares de senfilistas ouviam este anúncio o que trouxe à exposição grande notoriedade320
.
Durante os dias do certame os visitantes solicitaram informações aos expositores, tomaram
notas, interessaram-se pelos funcionamentos dos utensílios e aparelhos expostos321
.
A “Exposição da Luz e Electricidade Aplicada ao Lar” dividiu-se em 3 aspetos
diferentes: o valor industrial e comercial da luz; a utilidade doméstica da energia elétrica; as
suas festas e atividades educativas e recreativas.
318
Idem, ano 50, nº 17:490 de 17 de novembro de 1930, p.9; Idem ano 50, nº 17:506 de 4 de dezembro de
1930, p.1; 319
Idem, ano 50, nº 17:491 de 18 de novembro de 1930, p.1; Idem, ano 50, nº 17:492 de 19 de novembro de
1930, p.1. 320
Exemplo disso é o posto Radio-telefónico de Toulouse anunciou a exposição, durante vários dias. Idem,
ano 50, nº 17:491 de 18 de novembro de 1930, p.1. 321
Idem, ano 50, nº 17:502 de 29 de novembro de 1930, p.1.
96
2.4 A “III Exposição Nacional de T.S.F.”
A III Exposição de T.S.F. realizou-se nos mesmos “moldes” que as anteriores. Inaugurou-se
a 13 Dezembro de 1930 na Sociedade de Belas Artes 322
, durou onze dias, encerrando a 23
de Dezembro 323
. Da sua comissão organizadora fizem parte Jaime P. Esteves, (Proprietário
da Radio Portugal); Américo Arez, (sócio da firma Costa e Arez lda); e Artur Silva
Carvalho, (Representante no sul da Atwater Kent Radio, sócio gerente da Nacional Rádio
Ldª) 324
. Os objetivos da sua organização foram os mesmos que na Exposição Nacional de
T.S.F. do ano anterior.
Pretendeu-se com a realização do certame mostrar o que foi realizado de útil, prático e
moderno no ramo da T.S.F., estimular o interesse dos radiófilos, demonstrar em Portugal o
desenvolvimento do produto de uma nova indústria. “Na terceira quisemos mostrar o que foi
feito de útil, prático e moderno no ramo da T.S.F”325
.
Estiveram presentes na III Exposição de T.S.F. 13 stands de casas comerciais de
aparelhagem radioélectrica 326
. As firmas eram: A Sociedade Comercial Portuguesa
Philips, onde se apresentou um posto emissor e recetor de onda curta para telefonia,
telegrafia e "Tonic-Tram", controlado por cristal de quartzo; a Radio-Portugal lda, onde se
expôs a marca Stromberg-Carlson; a Costa & Arez lda., onde se apresentaram os primeiros
modelos da lâmpada “Sila”, que a firma iria em breve lançar no mercado; A Sociedade
Lusitana de electricidade A.E.G., com os aparelhos da marca Tefunken; a Rádio Técnica
de J.F.Lopes onde se apresentaram os aparelhos, modelo 1931 da Radio Corporation of
America; a Nacional-Rádio lda, que expôs os recetores Atwater Kent de fabricação
americana. A Mantua lda, com os seus aparelhos Fada; O Grande Bazar do Porto, que
apresentou os aparelhos da marca His Master´s Voice, marca americana; A Casa Vasco
Alcobia, que representava em Portugal a marca Burndept, de fabricação inglesa; a Agência
Técnica e Comercial lda, onde se exibiram os aparelhos Majestic e os difusores e Alto-
Falantes Amplion. A casa de Jaime da Costa lda, onde se expuseram os aparelhos da marca
suiça Stern; e a Casa Serras, onde se apresentavam os aparelhos Clarion, que foram
322
Diário de Notícias, ano 66, nº 23:302 de 13 de dezembro de 1930, p.1. 323
O Século, ano 50, nº 17:515, Ano 50 de 18 de novembro de 1930, p.1. 324
Diário de Notícias, ano 66, nº 23:303 de 14 de dezembro de 1930, p.2. 325
O Século, ano 50, nº 17.529 de 18 de dezembro de 1930, p.2. 326
O Volante, ano V, nº 182 de 2 de dezembro de 1930, p.40; O Século, ano, nº 17:515 de 13 de dezembro
de1930, p.1.
97
novidade em Atlantic City327
. (Consultar anexo F para uma descrição dos stands e
aparelhagem elétrica em exposição.)
3. O Iº Congresso Nacional de Radiotelefonia e a “Exposição de Aparelhos de
Radiotelefonia” ( IV Exposição Nacional de T.S.F.).
Em 1930, é criada a Direção Geral dos Serviços Radioelétricos, que ficou sob alçada dos
CTT- Correios, Telégráfos e Telefones. A 29 de janeiro, através do Decreto nº 17.899,
passou a ser considerado monopólio estatal todo o serviço de radiotelegrafia, radiotelefonia,
radiodifusão e radiotelevisão. Esse Decreto Lei tornou-se o primeiro diploma legislativo
sobre radiodifusão em Portugal. No mês de maio de 1932 começaram a ser iniciadas no
edifício dos CTT as emissões experimentais de Rádio, utilizando o emissor de onda média
de 20 KW instalado em Barcarena328
.
Também em 1932, o jornal O Século, ciente do valor social da rádio, propôs com o apoio
do Rádio Clube Português e da Rede dos Emissores Portugueses, dirigida por Eugénio de
Avilez, a realização do I Congresso Nacional de Radiotelefonia329
. O Congresso teve lugar
nos dias 29, 30, 31 de Maio de 1932, na sala Portugal da Sociedade de Geografia de
Lisboa330
. Associada a este congresso esteve uma Exposição de Aparelhos de Radiotelefonia
(IV Exposição Nacional de T.S.F.), iniciativa da seção de T.S.F. da Associação Comercial
de Lojistas de Lisboa, foi inaugurada a 29 de maio na Sala Portugal, e durou até ao dia 5 de
Junho331
.
“Com a inauguração do I Congresso Nacional de Radiotelefonia, realiza-se hoje também
a abertura da interessante exposição de novidades radiofónicas que logo no começo da sua
longa campanha a favor da efectivação daquele certame, o Século anunciou”332
.
O I Congresso Nacional de Radiotelefonia tinha como objetivos definir as linhas
orientadoras acerca da T.S.F. em Portugal com a adoção de uma legislação para o setor, e
327
Diário de Noticías, ano 66, nº 23.304 de 15 de dezembro de 1930, p. 10; O Volante, ano V, nº 182 de 2
de dezembro de 1930, pp. 40-42. 328
José Matos Maia (1995)…, p. 132. 329
José Matos Maia (1995)…, p. 41; Indústria Portuguesa, 5º ano, nº 48, fevereiro 1932; O Século, ano 52, nº
18:036 de 29 de maio de 1932, p. 17. 330
O Século, ano 52, nº 18:036 de 29 de maio de 1932, p. 17. 331
Idem, p. 1; O Século, ano 52, nº 18.042 de 4 de junho de 1932, p.5. 332
O Século, ano 52, nº 18:036 de 29 de maio de 1932, p.1.
98
estreitar relações entre todos os radiófilos. Nele foram apresentadas 11 teses333
que
encararam vários problemas da radiotelefonia da época, apresentaram soluções para alguns
problemas e defendia a T.S.F. ao “serviço de várias temáticas”334
.
Na Exposição de Aparelhos de Radiotelefonia 14 casas comerciais de aparelhagem
radioélectrica expuseram a sua aparelhagem e material de T.S.F. No stand da International
Standart Corporation, foi exposta a coleção de material que esta casa iria fornecer à
Emissora Nacional de Radiodifusão; a Sociedade Comercial Philips Portuguesa,
apresentou um posto emissor e recetor de onda curta para telefonia, telegráfia e tonic-tom
controlado por cristal de quatzo; o stand da Audak, lda, exibiu um radiogramofone
automático que permitia a receção de ondas curtas e médias e reproduzia automáticamente
12 discos no stand da casa Costa & Arez, lda, estiveram expostos recetores da marca
francesa Ducretet e americanas Air-king e Echophone; a Casa Serras, com dois stands
contíguos, apresentou os novos modelos de superheterodinos de 6 a 10 lâmpadas da marca
Clarion; o stand da Agência de Radiofonia, lda, fundada em 1929 e especializada na venda
de peças soltas e acessórios para T.S.F.; no stand da firma Nacional Radio, lda,
distribuidora, para o centro e sul de Portugal da marca americana Atwater Kent Radio, foram
apresentados novos modelos de recetores com a inovação de “sintonia por luz néon”; o stand
da firma Radio Portugal, de Jaime P. Esteves, apresentou um modelo da marca americana
Stromberg-Carlson; a casa Radio-Lisboa, precursora no comércio de rádio em Portugal,
expôs os recetores Silver-Marshall; a firma Armando Castilho & C.ª, apresentou os
aparelhos Apolo, construídos nas suas oficinas com peças e acessórios de marcas inglesas e
alemãs; a casa de J.F. Lopes a Rádio-Técnica, que representava em Portugal a fábrica
americana Westing House, expôs o Simplex 6, posto para todos os comprimentos de ondas
construído nas suas oficínas, montado a partir de material da marca Sator Radio; a casa
Olavo Cruz, apresentou no seu stand vários modelos dos recetores Schub; no expositor da
casa Radiofila, lda, onde se exibiram alguns modelos da marca Philco; a Electro Radio,
lda, expôs aparelhos recetores da marca americana Kolster Internacional e Kolster Brandes,
marca inglesa; a firma Costa e Brito, lda, que representava em Lisboa a marca Emerson
Rádio and Phonograph Corporation de Nova Iorque335
. Está indicada a participação da casa
333
Algumas das teses apresentadas no I Congresso Nacional de Radiotelefonia podem ser consultadas na
Biblioteca Nacional de Portugal. 334
Para ver programa do I Congresso Nacional de Radiotelefonia consultar: O Século ano 52, nº 18:036 de 29
de maio de 1932, p 19. 335
O Século ano 52, nº 18:036 de 29 de maio de 1932, pp. 17-18; O Século, ano 52, nº 18.037 de 30 de maio de
1932, p.6.
99
Costa e Brito lda, contudo, não foi encontrada a descrição do seu stand nas fontes
consultadas. No jornal O século foi feita também referência a algumas casas de material de
T.S.F. que não conseguiram estar presentes na exposição, como a Radio Dine; Casa
Odéon; Nogueira, lda; Sociedade Comercial Luso-Americana, lda; Electro Lisboa,
lda336
. (Consultar anexo G para uma descrição dos stands e aparelhagem elétrica em
exposição.)
4. As Exposições de Rádio e Eletricidade de 1934 -1935.
As exposições de aparelhagem e material radioelétrico dos anos 20 prolongaram-se para a
década de 30 e em 1934 e 1935 foram realizadas Exposições de Rádio e Eletricidade no
Palácio do Parque Eduardo VII. Estes certames foram assim designados, pois entre os stands
participantes encontraram-se representadas casas comerciais destinadas à venda de aparelhos
elétricos para uso doméstico para além de materiais de radiodifusão.
“Apresentam-se ali todas as marcas importantes, de consagração mundial, tanto
europeias como americanas, todas as maravilhas da rádio. Uma verdadeira parada de últimos
modelos, alguns deles sensacionais que vão causar a melhor impressão entre o público.
Também ali estará exposta, numa maneira interessante, pela sua abundância e qualidade, a
mais moderna aparelhagem de electricidade, nas suas múltiplas aplicações. Esta cooperação,
este conjunto de comerciantes dos dois ramos, permitiu aos organizadores apresentar ao
público uma exposição verdadeiramente notável, a mais completa de quantas, até hoje, no
género têm sido levadas a efeito em Portugal”337
.
336
O Século ano 52, nº 18:036 de 29 de maio de 1932, p.18. 337
O Volante, ano IX, nº 317 de 20 de novembro de 1934, p. 6.
100
4.1 A “V Exposição de Rádio e Electricidade”.
A “V Exposição de Rádio e Electricidade” foi inaugurada a 1 de Dezembro de 1934 e
inicialmente estaria patente até 10 de Dezembro do mesmo ano338
, contudo, devido ao seu
grande êxito e à grande afluência de público ela foi adiada por mais 3 dias. “O encerramento
estava marcado para dia 10, mas a afluência do público foi tanta que foi prorrogada por mais
três dias”339
.
Inspirada nas últimas exposições da especialidade realizadas nos Estados Unidos foi
organizada em moldes inéditos em Portugal340
. Ideia dos comerciantes de aparelhagem
elétrica e radioelétrica que elegeram uma comissão organizadora para a sua realização. A
comissão era constituída por representantes de casas da especialidade que tinham um
expositor no certame341
.
Os membros na comissão organizadora eram: Presidente - Jaime Prieto Esteves, com
ligação à Rádio Portugal; Secretário - Artur Silva Carvalho, ligado à Nacional Radio Ltd;
Tesoureiro – Américo da Costa Arez, Audak, Ltd; Vogal – Augusto Serras, Casa Serras;
Vogal – Abel Baptista da Fonseca, Empresa Eléctrica de Lisboa342
.
As razões da sua organização foram entusiasmar os senfilistas, radiófilos e o público em
geral pela radiofusão, o que se tinha já verificado desde o início das exposições, demostrar o
que tinha sido realizado de novo neste ramo da indústria, e agora pretendia-se também
divulgar ao público as novas aplicações de uso doméstico da eletricidade. “todas as
maravilhas da técnica, algumas completamente desconhecidas em Portugal. Serão facultadas
aos visitantes da exposição por intermedio dos stands que representam as melhores as
melhores casas de tão útil e interessante especialidade”343
.
338
Diário de Notícias, ano 70, nº 24.724 de 1 de dezembro de 1934, p.17; V Exposição de Rádio e
Electricidade: Catálogo Oficial. (1934) Lisboa: Ed: Comissão Organizadora da V Exposição de Rádio e
Electricidade/ O Volante. 339
Ilustração, 9º ano, nº 216 de 16 de Dezembro, de 1934, p.42. 340
Diário de Notícias, ano 70, nº 24.724 de 1 de dezembro de 1934, p.17; V Exposição de Rádio e
Electricidade: Catálogo Oficial. (1934) Lisboa: Ed: Comissão Organizadora da V Exposição de Rádio e
Electricidade/ O Volante. 341
Diário de Notícias, ano 70, nº 24.724 de 1 de dezembro de 1934;V Exposição de Rádio e Electricidade:
Catálogo Oficial. (1934) Lisboa: Ed: Comissão Organizadora da V Exposição de Rádio e Electricidade/ O
Volante 342
V Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial. (1934) Lisboa: Ed: Comissão Organizadora da V
Exposição de Rádio e Electricidade/ O Volante. 343
Diário de Notícias, ano 70, nº 24.724 de 1 de dezembro de 1934, p. 17.
101
A comissão organizadora editou junto da secção de publicidade da revista o Volante um
Catálogo Ofícial do “V Salão de Rádio e Electricidade”344
. Este catálogo pode ser
consultado no Centro de Documentação do Museu da Eletricidade de Lisboa, e está
disponibilizado online.
A Emissora Nacional colaborou com o certame, montou numa das salas laterais do
Palácio de exposições um modelo dos seus estúdios, com uma das faces em cristal, para que
o público pudesse assirtir à emissão de programas radiofónicos no momento da sua
realização345
. O estúdio estava isolado de qualquer ruído externo, por vários aglomerados de
cortiça, como afirma António Joyce346
numa entrevista à revista O Volante347
. No stand da
Emissora Nacional estava também presente diversa documentação fotográfica e gráfica do
trabalho realizado durante 6 meses, de modo a que o público o pudesse avaliar348
.
Para além da possibilidade de observação do trabalho técnico de uma emissão
radiofónica, neste estúdio realizaram-se concertos da orquestra da E.N. e vários artistas
portugueses, que puderam ser ouvidos através de recetores distribuídos e instalados nos
vários stands que estavam presentes na exposição349
. Estiveram presentes na exposição 35
casas comerciais, com stands, distribuídos pela sala principal, salas laterais e galerias
superiores. “(…) estará exposta, numa maneira interessante, pela sua abundância e
qualidade, a mais moderna aparelhagem de electricidade, nas suas múltiplas aplicações. Esta
cooperação, este conjunto de comerciantes dos dois ramos, permitiu aos organisadores
apresentar ao público uma exposição verdadeiramente notável, a mais completa de quantas,
até hoje, no género têm sido levadas a efeito em Portugal”350
.
As casas comerciais e firmas com aparelhagem radioelétrica e elétrica presentes na
exposição foram: a Costa e Brito lda., que expôs vários modelos da marca Emerson;
estabelecimentos Valentim de Carvalho, onde estava exposto um aparelho radiofónico para
automóvel da marca Sterwart-Warner; a Sociedade Comercial Luso-Americana lda., que
apresentou vários modelos da marca Colossal Radio; a firma Arvin Portuguesa lda., com
os aparelhos Arvin para automóveis; a Casa Audak, que expôs as marcas Royal, Windsor e
Ponto-Azul; a Nacional-Rádio lda., com a marca Atwater-kent; a Rádio Técnica de J.F.
344
O Volante, ano IX, nº 317 de 20 de novembro de 1934, p. 6. 345
Diário de Notícias, ano 70, nº 24.732 de 30 de novembro de 1934, p.1. 346
Director Artístico dos Estúdios da Emissora Nacional. 347
O Volante, ano IX, nº 318 de 5 de dezembro de 1934, p.5. 348
O Século, ano 54, nº 18.937 de 1 de dezembro de 1934, suplemento exp. da exposição p. 2. 349
Diário de Notícias, ano 70, nº 24.732 de 30 de novembro de 1934, p.1; O Volante , ano IX, nº 318 de 5 de
dezembro de 1934, p.5. 350
O Volante, ano IX, nº 317 de 20 de novembro de 1934, p. 6.
102
Lopes, que representava as marcas Courrier, Luxor, Minerva e Midwest; os Grandes
Armazéns do Chiado, com modelos da marca Lincoln; a casa de António Burguete, expôs
frigoríficos Kelvinator; a Sociedade Comercial Matos Tavares lda., expôs a mais diversa
aparelhagem elétrica de aplicação médica; a Anglo-Portuguese Telephone
Company/Companhia dos Telefones, onde se demonstrou o funcionamento de um
telefone automático; a firma Fornecimentos Eléctricos, lda., onde estiveram expostos
vários modelos dos aparelhos Westinghouse; a Radiofilia lda., aparelhos da marca america
Philco; a casa Carlos Brazão da Mota, que expôs o modelo magicolor da marca Ica; a
Casa Serra, onde estavam presentes modelos da marca Clarion; a Sociedade Companhias
Reunidas Gás e Electricidade, onde se fez uma demostração prática de vária aparelhagem
elétrica de uso doméstico; a Sociedade Comercial Philips Portuguesa, com dois stands,
onde estiveram expostos aparelhos T.S.F. e material solto para rádio da marca; a
Metalúrgica Comercial do Socorro lda., que expôs modelos da marca G.E.C.; a firma
Sociedade Porcelanas, lda., que apresentou no seu expositor candeeiros de porcelana de
fabrico nacional; a Empresa Electrica de Lisboa, lda., expôs o tapete elétrico, invenção
portuguesa; a casa Olavo Cruz lda., expôs os frigoríficos da marca americana Gibson; a
casa C.A. Cardoso lda., que expôs os modelos da marca Pilot Radio; a Radio Portugal,
que apresentou no seu expositor as marcas Erla, Grunow e Stromberg-Carlson; a casa
Fassio lda., expôs o aparelho elétrico “Anel prismático” o Amplilux; a casa Gilberto
Sequeira, que apresentou as lâmpadas Pallas; a Sociedade de Comércio Internacional
lda., que apresentou no seu stand a aparelhos da marca americana Welco; a casa Armando
Castilho & Cª, com aparelhos da marca Nora e recetores para automóveis das marcas
Motortone, Faibanks; a Empresa Electro-Ceramica, que expôs diverso material elétrico; a
firma Radio Lisboa, apresentou modelos da marca Crosley; a casa Paixão & Paiva lda, era
especializada na construção e reparação de transformadores e motores elétricos; a casa
António G. D. de Oliveira, onde estiveram expostos móveis para aparelhos de rádio de
fabrico nacional; a casa Júlio Coelho, que expôs modelos da marca Motorola para
automóveis; a firma Sociedade Iberica de Construções Eléctricas, com aparelhos da
marca R.C.A.; a firma Laboratorio Electro-Tecnico de Radio e Fono-Frequência, que não
vendia aparelhos de rádio, dedicou-se à reparação, montagem e modificação dos aparelhos; a
Empresa Nacional de Aparelhagem Eléctrica, que expôs as lâmpadas de fabrico
103
português Lumiar351
. (Consultar anexo H para uma descrição dos stands e aparelhagem
elétrica em exposição.)
Todos os dias do certame foram realizados sorteios de aparelhos T.S.F. e outras
aplicações da eletricidade de uso doméstico. Para facilitar a entrada no palácio de exposições
do Parque Eduardo VII aos visitantes, houve transporte gratuito, desde a entrada do parque
até o palácio das exposições. Foram disponibilizados taxis e autocarros para o público que
visitou a exposição352
.
4.2 A “VI Exposição de Rádio e Electricidade”.
A “VI Exposição de Rádio e Electricidade” iniciou-se a 16 de Novembro de 1935 teve lugar,
como se disse no Palácio de Exposições do Parque Eduardo VII353
, e esteve patente ao
público até ao dia 24 do mês de Novembro354
. Tal como a exposição do ano anterior os
motivos da sua organização foram a divulgação do progresso da T.S.F. e dos seus aparelhos,
e a divulgação das várias aplicações de uso doméstico da eletricidade. Tal como na “V
Exposição de Rádio e Electricidade” o que se pretendia era entusiasmar os sentifistas,
radiófilos e o público em geral pela radiofusão, e dar a conhecer ao público as aplicações de
uso doméstico da eletricidade.
Não se pretendeu apenas incentivar o comércio de aparelhagem radioelétrica e elétrica
de uso doméstico, mas também demostrar a importância que a aparelhagem presente no
certame tinha na vida quotidiana da época.
Os membros da comissão organizadora eram: presidente – Augusto Serras, da Casa
Serras; Vogais - o Engenheiro Carlos Pereira da Costa, que representava as Companhias
Reunidas de Gás e Electricidade (C.R.G.E.); o engenheiro Armando Castilho, sócio da firma
Armando Castilho e C. ª; Américo de Castro Arez, representante da firma Costa e Arez Ltd.;
Abel Baptista da Fonseca com ligação à Empresa Eléctrica de Lisboa Ltd355
. Tal como nas
exposições anteriores os membros da comissão organizadora tinham ligações com o setor
comercial elétrico.
351
O Volante, ano IX, nº 319 de 24 de dezembro de 1934, pp.14, 21; O Século, ano 54, nº 18:936 de 1 de
dezembro de 1934, pp.6, 8, 7; O Século, ano 54, nº 18:941 de 6 de dezembro de 1934, p.2; Diário de Notícias,
ano 70º, nº 24:733, de 1 de dezembro de 1934, p. 22; O Século, ano 54º, nº 18:937, de 1 de dezembro de 1934,
pp. 2, 9 suplemento especial; Diário de Notícias ano 70, nº 24:731, de 9 de dezembro de 1934, p.9. 352
Diário de Notícias, ano 70, nº 24:732 de 30 de novembro de 1934, p.1. 353
O Século, ano 55, nº 19:280 de 16 de novembro de 1935, p.1. 354
Diário de Notícias, ano 71, nº 25:068 de 17 de novembro de 1935, p.4. 355
VI Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial. (1935) Lisboa: Ed. Comissão Organizadora da VI
Exposição de Rádio e Electricidade/ Editorial Império.
104
As G.R.G.E. participam na IV exposição com um stand, mas também com uma
colaboração importante, pois estavam representadas na comissão organizadora do certame e
tomaram a seu cargo a direção técnica de toda a iluminação que decorava a sala principal do
palácio e a sua fachada, assim como a respetiva montagem, realizada por técnicos das
Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade dirigidos pelo engenheiro Carlos Pereira da
Costa. Esta colaboração foi também uma forma da C.R.G.E. demonstrar aos visitantes do
certame as numerosas aplicações da eletricidade. Para isso escolheram a que mais
diretamente podia chamar a sua atenção: a luz, “Teremos, portanto, na exposição por um
lado uma distribuição racional da luz, por outro a luz utilizada como elemento
decorativo”356
.
A Emissora Nacional colaborou no certame como já tinha acontecido na exposição do
ano anterior. Em 1934 a Emissora Nacional iniciou as primeiras emissões, mas a sua
inauguração oficial aconteceu a 1 de Agosto de 1935357
. A sua colaboração consistiu na sua
participação através de um estúdio de cristal, onde foram retransmitidos os programas da
Emissora. Assim o público pode tomar conhecimento de uma parte do trabalho técnico dos
serviços da Emissora Nacional e ouvir durante o certame os vários programas358
.
A comissão organizadora da exposição preparou um catálogo ofícial359
da exposição em
colaboração com algumas individualidades da indústria da rádio e engenharia, como os
engenheiros Henrique Galvão, Brito Aranha, Arantes e Oliveira, V. Chagas Roquete, entre
outros, com o intuito de facilitar aos visitantes a apreciação do certame e ainda com o
objetivo de divulgar os principios técnicos da radiotelefonia360
.
Este catálogo pode ser consultado na Biblioteca Nacional de Portugal, e é uma
importante fonte para o estudo da memória desta exposição. A partir da sua consulta podem
ser retiradas várias informações relativas à exposição e ao próprio catálogo361
.
Tal como na Exposição de Rádio e Eletricidade do ano anterior foram sorteados entre os
visitantes prémios, vários aparelhos das casas e firmas presentes na exposição. E foi
356
Diário de Notícias, ano 71, nº 25:068 de 17 de novembro de 1935), pp.1,18.; O amigo do Lar, ano III, nº 11
de 30 de novembro de1935, p. 4. 357
José Matos Maia, Telefonia…, p. 100. 358
Diário de Notícias, ano 71, nº 25:068 de 17 de novembro de 1935, p. 22. 359
VI Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial / ed. Comissão Organizadora da VI Exposição de
Rádio e Electricidade, Lisboa: Editorial Império, 1935. 360
Diário de Notícias, ano 71, nº 25:067 de 16 de novembro de 1935. P.1; O Século, ano 55, nº 19:280, de 16
de novembro de 1935, p.1. 361
Ana Malveiro (2013), “Os Catálogos Oficiais da V e VI…”
105
facultado transporte automóvel gratuito desde a entrada do parque Eduardo VII até ao
palácio onde se realizou a exposição.
Na VI Exposição de Rádio e Eletricidade esteveram presentes 36 casas comerciais
com as “Últimas relevações das indústrias de radio e electricidade: Receptores de
aparelhagem de som e de uso doméstico, cinema sonoro, iluminação tudo, enfim que os
países produtores realizaram durante um ano”362
.
Entre os diversos stands na exposição não estavam apenas expositores de casas
comerciais de aparelhagem radioéletrica e elétrica de uso doméstico. Estiveram presentes
dois expositores do Radio Club Português (CT1 GL)363
, os locais para estes expositores
foram cedidos gratuitamente pela comissão e houve uma festa no recinto do certame cujo
produto reverterteu em benefício do Rádio Club Português. Nos seus stands estava exposta
uma maqueta na escala de um para cem dos projetos de reconstrução e melhoramentos do
club desde a sua fundação em 1931 até essa altura364
. Um stand onde se realizavam as
emissões radiofónicas da Emissora Nacional e um stand da Rádio Semanal, semanário de
divulgação de T.S.F.365
.
Relativamente aos expositores de firmas e casas comerciais 32 estiveram presentes
com os seus produtos: The Anglo Portuguese; Telephone & Cª/ A Companhia dos
Telefones, que apresentou um mostruário retrospetivo do telefone até à época; a
Companhias Reunidas de Gás e Electricidade, em cujo stand um grupo de mulheres
realizou uma demostração prática da aparelhagem de aplicação doméstica, utilizando os
aparelhos que estavam em exposição; o stand da firma C.A Cardoso & Cª, expôs os
aparelhos da marca Pilot; a Radiofila, lda., onde se apresentou os aparelhos da marca
Philco; a firma de A.L. Ferreira, onde esteve exposto o recetor Fairbanks-Morse Radio; o
stand da Iluminante de Francisco Nunes Bernardo, que apresentou as lâmpadas Kato; a
casa Valentim de Carvalho, com recetores das marcas Stewart Warner Radio e frigorífico
His Master Voice; o stand da casa Costa & Brito, lda., que apresentou o aparelho Superson,
modelo único com duas faces; a Nacional Radio lda.., representante da marca “Awater
Kent”; a Sociedade Comercial Luso-Americana, que expôs a marca Colossal Radio; o
362
Diário de Notícias, ano 71, nº 25:068 de 17 de dezembro de 1935, p.17. 363
Para saber mais sobre o Rádio Club Português consultar: José Matos Maia (1995), Telefonia. Lisboa:
Círculo de Leitores, pp. 119- 132. 364
Diário de Notícias, ano 71, nº 25:068 de 17 de dezembro de 1935, p.19. 365
VI Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial / ed. Comissão Organizadora da VI Exposição de
Rádio e Electricidade, Lisboa: Editorial Império, 1935.
106
expositor da Rádio Lisboa, que apresentou os aparelhos Crosley; a Rádio Europa, que
expôs os recetores Inteocean Radio; o stand da Casa Serras, que apresentou o recetor
emissor Transceives; a Casa Audak, de Costa e Arez Ltd, representante das marcas Ponto
Azul, Kapsch,e Air-King; a firma Fornecimentos Eléctricos lda., em cujo stand se
apresentaram vários aparelhos da marca Westinghouse Radio; a firma Sociedade Comercial
Philips Portuguesa, que expôs os novos modelos Philips e o aparelho cinematográfico
Philisonos; a Sociedade Nacional de Aparelhagem Electrica, que apresentou no seu
expositor as lâmpadas Lumiar; a casa Electro–Reclame lda., com vários réclamos
luminosos em exposição, a casa Primax Ltdª, que expôs relógios elétricos e sinais
luminosos para casas de saúde, hospitais e hóteis; a Empresa Electrica de Lisboa lda., que
no seu expositor apresentou o candeeiro Salazar, e diversa aparelhagem elétrica de aplicação
doméstica; o stand da Sociedade Lusitana de Electricidade, que apresentou seções com as
marcas A.E.G., Osram, Telefunken e Klargfilm; a firma Agência e Laboratorio Técnico de
Rádio de Jayme Dray, que expôs recetores da marca Stern e Stern; a casa Coelho e Castro
& Alves, lda., que apresentou o recetor Stranfurt Imperial, pela primeira vez nas exposições
portuguesas; a firma Paixão & Paiva, lda., especialista em construções e reparações em
recetores e emissores de T.S.F. e aparelhagem elétrica; o stand de Lobo e Freitas, onde se
apresentou o recetor Detrola Radio; a casa Olavo Cruz lda., com frigoríficos Gibson em
exposição; o stand da casa Freitas, Delfim & Machado, lda., onde esteve exposto material
de rádio; o stand da Sociedade de Comercio Internacional, lda., apresentou um aparelho
da marca Welco; o expositor da casa J.F.Lopes, que expôs as últimas novidades na indústria
da Rádio; o stand de Armando Castilho e Cª, distibuidor da marca philips; a casa Gilberto
Sequeira, apresentou as lâmpadas Pallas e Niam; a Sociedade Industrial de Produtos
Electricos, lda., que expôs materiais isolantes de ebonite, resinas sintéticas, fabricadas em
Portugal366
. (Consultar anexo J para uma descrição dos stands e aparelhagem elétrica em
exposição.)
366
Diário de Notícias, ano 71, nº 25:068 de 17 de dezembro de 1935, p. 4; O Século, ano 55, nº 19:281, de 17
de dezembro de 1935, p. 2; VI Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial / ed. Comissão
Organizadora da VI Exposição de Rádio e Electricidade, Lisboa: Editorial Império, 1935.
107
5. Os Catálogos Ofíciais da V e VI Exposição de Rádio e Eletricidade – Uma fonte
para o estudo da memória das exposições.
Em algumas exposições nacionais de T.S.F. foram realizados catálogos e folhetos sobre
as exposições e sobre os diversos stands que estiveram presentes nos certames367
, contudo,
foram poucos os que se conservaram até à atualidade.
Os catálogos Oficiais da V e VI Exposição de Rádio e Eletricidade são documentos que
foram preservados e podemos consultá-los para obtermos informação relativa a esses
certames. Eles são uma fonte importante para o estudo da memória das exposições de Rádio
e Eletricidade, e para o conhecimento da indústria elétrica e radioéletrica das décadas de 20
e 30 do século XX em Portugal.
Através da leitura e análise deste tipo de documentação conseguimos obter dados sobre
a V e VI Exposição de Eletricidade; os stands e objetos em exposição para divulgação; as
casas comerciais que tinham expositores e as marcas de material elétrico e radioelétrico que
representavam. Os catálogos foram organizados antes das exposições e distribuídos no local
durante os dias do certame. Dirigidos ao grande público visitante da exposição, continham
informação sobre a localização no palácio dos vários stands, o seu nome e a marca que
representavam. Tinham também um caráter publicitário, apresentam vários anúncios
relativos às marcas às casas comerciais e firmas, à aparelhagem radioelétrica e elétrica de
uso doméstico, para a sua divulgação e propaganda dos seus representantes no país. A
publicidade foi realizada através da colocação de algumas imagens e descrição das
características dos aparelhos. Junto à publicidade às marcas e aos expositores colocaram
também a morada e o número de telefone da casa comercial correspondente, assim os
visitantes da exposição saberiam onde encontrar as lojas respectivas dos materiais e objetos
expostos se quisesse comprá-los mais tarde368
.
No Catálogo Oficial do V Salão de Rádio e Eletricidade está presente o regulamento da
Exposição. O regulamento tem 23 artigos dos quais se pode retirar bastante informação
sobre a exposição e a sua organização. O regulamento é uma importante fonte de
informação, na medida em que nos dá conhecimento sobre vários aspetos da organização da
367
A “Exposição de Machinismos e aplicações da eletricidade”em 1924 é um exemplo, o jornal O Século
organizou um folheto sobre a exposição, mas não se conhece nenhum exemplar. 368
Ana Malveiro (2013), “Os Catálogos Oficiais da V e VI…”
108
exposição; do papel da comissão organizadora; e deveres e direitos dos expositores. Nos
artigos encontramos algumas referências importantes:
A comissão organizadora, que foi eleita em assembleia de comerciantes de T.S.F., e
apenas podiam participar na exposição os comerciantes e industriais de radiotelefonia e
materiais elétricos;
A inscrição dos expositores devia ser realizada junto dos estabelecimentos para esse fim,
em boletins distribuídos pela comissão organizadora. Esse boletim devia ser autênticado pela
assinatura do expositor ou pelo seu representante, com uma caução de 200$00, que não era
devolvida caso houve-se uma desistência;
A distribuição dos espaços destinados aos stands era realizada pela comissão
organizadora, todos os expositores tinham igualdade de direitos. Caso dois ou mais
expositores se interessassem pelo mesmo espaço, a este era atribuído um valor suplementar,
sendo entregue aquele que fizesse a melhor oferta;
O metro quadrado tinha o valor de 50$00 no salão principal e de 35$00 nas galerias
superiores. O pagamento do total da área utilizada por cada expositor devia ser realizado
logo após a notificação da cedência do local. A quantia conseguida com o aluguer do espaço
serviria como rasteio de algumas despesas que poderiam acontecer e para a distribuição de
lucros caso houvesse;
Todas as despesas que excedessem a receita seriam divididas pelos expositores.
Além das despesas comuns era debitado a cada stand o respetivo consumo de eletricidade
assim como as o custo das chamadas telefónicas efetuadas;
Em relação à decoração, cada expositor estava responsável pela construção e
decoração do seu stand, contudo era necessário apresentar o projeto antes para a aprovação
da comissão organizadora. Cada stand deveria ser construído de maneira a não prejudicar os
stands vizinhos e o aspeto da decoração geral da Exposição. Caso a decoração de um
determinado stand interferisse com a decoração geral da exposição, a comissão organizadora
poderia mandar modificar ou até mesmo suprimir o stand. A comissão organizadora era a
responsável pela decoração geral da exposição;
109
Os estragos no palácio eram da responsabilidade do expositor que os causasse. O
material e todos os artigos só poderiam ser retirados dos stands se não houvesse débitos
devidos à comissão.
Sempre que a exposição estivesse aberta, estava presente um diretor-delegado da
comissão organizadora, que tinha plenos poderes para fazer cumprir o regulamento e
resolver algum imprevisto. Todos os artigos expostos tinham preço, mas não eram
permitidas vendas no local da exposição, sendo também proibida a falsa publicidade. A
distribuição de qualquer tipo de publicidade ou propaganda apenas podia ser efetuada nos
respetivos stands e apenas podia ser feita a publicidade relativa aos produtos expostos.
A organização disponibilizava um serviço de polícia e socorros contra incêndios.
Mas não se responsabilizava por qualquer tipo de roubo, fogo ou outros acidentes possíveis
de acontecer durante os dias das exposições.
Durante as horas da abertura das exposições todos os artigos deveriam estar à mostra.
A limpeza dos stands estava a cargo dos expositores. O preço da entrada da exposição era
2$50, com exceção dos dias em que a comissão organizadora determinasse que fosse
gratuita;
A inscrição de um expositor implicava a aceitação de todo o regulamento publicado
no Catálogo Oficial da Exposição.
Por último a comissão organizadora reservava para si o direito de resolver todos os
casos não previstos no regulamento, sendo que os representantes dos expositores teriam que
aceitar as suas deliberações369
.
Nos dois catálogos estão escritas referências às Exposições Nacionais de T.S.F. No
Catálogo Oficial da V Exposição está presente um pequeno artigo com a história das
exposições realizadas anteriormente e a exposição a que o catálogo é dedicado. Este artigo
tem um erro no início, pois afirma que a primeira exposição aconteceu em 1928, contudo, a
primeira Exposição Nacional de T.S.F. realizou-se em Fevereiro de 1929. O catálogo da VI
Exposição inclui um artigo que é uma espécie de introdução à VI Exposição de Rádio e
Electricidade. No artigo é mencionado o esforço da organização, o crescente interesse do
369
O regulamento da “V Exposição de Rádio e Electricidade” pode ser consultado em: V Exposição de Rádio
e Electricidade: Catálogo Oficial. (1934) Lisboa: Ed: Comissão Organizadora da V Exposição de Rádio e
Electricidade/ O Volante, pp. 3-13; Ana Malveiro (2013), “Os Catálogos Oficiais da V e VI…”
110
público pelo progresso da rádio e da eletricidade e o progresso da indústria radioelétrica e
elétrica visível nos artigos expostos na “VI Exposição de Rádio e Electricidade”370
.
No catálogo da VI exposição colaboraram individualidades do campo da
radiodifusão, que escreveram alguns artigos sobre a radiodifusão e radiotelefonia em
Portugal, dirigidos ao público visitante da exposição. Entre os seus colaboradores Henrique
Galvão, presidente da Emissora Nacional, que escreve um texto sobre a importância da
radiodifusão como instrumento nacional. Outro colaborador foi o engenheiro Paulo de Brito
Aranha, que no seu artigo explica alguns conceitos relativos à radiotelefonia numa
linguagem destinada ao grande público. Conceitos como emissor, recetor e ondas. Chagas
Roquete contribuiu também com um artigo sobre as desvantagens da difusão de material
T.S.F. às massas populacionais e sobre os amadores que se ouviam na Rádio. Por seu lado o
engenheiro Arantes e Oliveira escreveu sobre a televisão e a telefotografia371
.
Apesar de serem fontes importantes para conhecer a indústria elétrica e radioelétrica,
o facto de terem sido realizados antes da inauguração dos certames de divulgação técnica,
faz com que seja necessário confirmar e comparar algumas das informações com outro tipo
de fontes372
.
370
VI Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial / ed. Comissão Organizadora da VI Exposição de
Rádio e Electricidade, Lisboa: Editorial Império, 1935. 371
Ana Malveiro (2013), “Os Catálogos Oficiais da V e VI…” 372
Ibidem.
111
Capítulo IV- Proposta de valorização e
divulgação do património móvel da
Eletricidade
112
1. A Cultura do Objeto Quotidiano Doméstico do século XX - As
Exposição de Eletricidade e Rádio e Eletricidade.
O processo de industrialização marcou profundamente a sociedade, a economia e a
paisagem, com a exploração mais intensa de matérias-primas, de recursos energéticos e
construção de diversas unidades de produção e edificações. O fenómeno de
desindustrialização iniciado nos anos 70 do século XX levou em vários países, inclusive em
Portugal, à extinção e desativação de diversas unidades de produção, à obsolescência de
equipamentos, e a novos modos de organização territorial. O fato dos testemunhos
industriais obsoletos estarem situados em zonas privilegiadas das cidades fez com que os
seus terrenos fossem alvo de especulação imobiliária, e os edifícios foram muitas vezes
destruídos e substituídos por outros. Perdendo-se, assim, construções de grande valor
arquitétonico, cultural e valores simbólicos e memórias a eles associados. Desta forma
tornou-se necessário estudar, preservar e salvaguardar esses testemunhos do passado
industrial.
Quando se fala em salvaguarda do património industrial pensa-se quase
instantaneamente em preservação e conservação de grandes infraestruturas ligadas à
produção técnica e industrial: unidades de produção – fábricas; minas; em estruturas de
apoio às unidades de produção - bairros operários, armazéns, entre outros373
. Face a este tipo
de património industrial as soluções para a sua salvaguarda são normalmente a reconversão:
transformando-se a instalação industrial num estabelecimento de ensino374
, num museu375
,
numa biblioteca, num centro cultural, ou num prédio habitacional. Devido às suas grandes
dimensões e interiores amplos são passíveis de se adaptar a diversas funções. Ou podem
também ser musealizados exemplo disso é a antiga Central Tejo que “alberga” o Museu da
Eletricidade de Lisboa ou o Museu Mineiro do Lousal já referidos no primeiro capítulo desta
dissertação.
373
Ver o caso da Direção Geral do Património Cultural, que apenas tem na sua classificação de Património
Industrial, património edificado e infraestruturas ligadas aos transportes. 374
Ver o caso da Antiga Fábrica dos Leões em Évora que foi reconvertida no complexo de Artes e Arquitetura
da Universidade de Évora. 375
Ver o caso do Armazém frigorifico da Doca de Alcântara que foi reconvertido em Museu Oriente. Deolinda
Folgado, et alli (2008), Museu do Oriente: de armazém frigorífico a espaço museológico. Lisboa: Fundação
Oriente.
113
Contudo, o Património Industrial igualmente “(…) diz respeito aos bens imóveis
(construções, sítios adaptados e paisagens), às instalações, máquinas e utensílios, assim
como ao conjunto dos produtos resultantes das indústrias”376
. Ou seja, não são apenas os
locais de produção e memórias associadas a eles, mas também os objetos resultantes da
produção industrial, que devemos salvaguardar, pois também eles foram impulsionadores de
mudança na sociedade e são testemunhos de alterações culturais, sociais e económicas.
Como já foi mencionado no 1º capítulo da dissertação, a construção de barragens e o
aumento dos consumos industriais e domésticos da eletricidade377
permitiram a criação de
um mercado para a indústria de materiais e equipamentos elétricos. Os objetos produzidos
por esse setor foram o resultado de uma indústria e de uma tecnologia que revolucionaram a
vida social, económica, cultural e política das sociedades.
A divulgação do património cultural é um dos três pilares sobre os quais a gestão
patrimonial se sustenta, a sua missão é realizar a ligação entre os bens patrimoniais e a
sociedade. Segundo Marcelo Martín Guglielmino a difusão tem duas vertentes, por lado
permite a acessibilidade e deleite da sociedade aos bens patrimoniais e por outro a
transferência de conhecimento. O objetivo da difusão é a conciencialização da sociedade
face aos conceitos de fragilidade, pertença e conservação do património cultural378
. O que
pretendemos ao realizar este trabalho é a criação dessa consciencialização face aos objetos
elétricos do quotidiano doméstico.
Antes de mais é necessário esclarecer que “objetos do quotidiano doméstico” dizem
respeito a todos os aparelhos utilizados em casa. Neste conceito estão inseridos a
aparelhagem elétrica de lazer e informação, como os rádios, a televisão; os aparelhos para
conforto no lar, como os candeeiros, aquecedores; e aparelhos de limpeza e conservação e
preparação de alimentos.
O fato de serem aparelhos presentes no nosso quotidiano impede a sua visão por parte da
sociedade como bens patrimoniais, contudo eles alteraram a sociedade fazendo parte da
nossa memória coletiva.
376
Cit. por José Amado Mendes (2000), “Uma nova perspectiva sobre o património cultural: preservação e
requalificação de instalações industriais”, Gestão e Desenvolvimento, nº 9, p. 203. 377
Sobre o consumo de doméstico em Portugal ver Diego Bussola (2004), A “modernização” dos lares
lisboetas. Consumo de energia e electrodomésticos na Lisboa de após guerra (1947-1975). Lisboa: dissertação
de Mestrado em História Social Contemporânea, Instituto Superior de ciências do Trabalho e da Empresa.
Marcelo Martín Guglielmino (2007) “La difusión del patrimonio. Actualización y debate”. E-RPH, nº7, p. 4.
Disponível em: <http://www.revistadepatrimonio.es/revistas/numero1/difusion/estudios/_pdf/difusion-
estudios.pdf>.( Acesso em: 15.03.2014).
114
As novas formas de comunicação, que a aplicação da eletricidade ao setor permitiu,
tiveram grande impacto na sociedade e na economia. A transferência do som, a partir da
telegrafia elétrica, do telefone, da telegrafia sem fios (T.S.F.) e mais tarde a transferência de
imagens através da televisão, permitiram a chegada da informação aos locais mais isolados
da província, e a um grupo de pessoas mais diversificado, alargando o acesso à informação
para além dos grupos mais favorecidos e das instituições políticas, administrativas e
empresariais. Ao difundir a vários grupos sociais e países as notícias, ideias, e as “modas”
culturais ajudou a patronizar gostos e comportamentos, a sua utilização pelo poder político
facilitou a propaganda política, constituiu ideologias, e condicionou a opinião da
sociedade379
. As famílias adquiriram recetores de T.S.F. para as suas casas, o que modificou
os comportamentos familiares. A mecanização da casa foi um dos fenómenos tecnológicos
que mais impacto teve no quotidiano da sociedade, alterou as relações na casa, na vida
privada, alterou os hábitos e conteúdos alimentares, e permitiu um maior conforto do lar. A
criada deixou de ter um lugar na família sendo substituída pelos aparelhos elétricos de uso
doméstico, o que tornou o lar mais privado380
. Agora a “dona de casa” podia ter mais tempo
para si, pois as tarefas domésticas seriam realizadas mais rapidamente, o homem passava
mais tempo em casa a ouvir as emissões no seu aparelho recetor, e toda a família se reunia
em redor do rádio para passar o “serão”; a iluminação artificial com lâmpadas elétricas
estendeu a duração do dia, e o seu impacto na arte foi também significativo, permitindo ao
artista pintar à noite o que permitiu o surgimento de novas técnicas e temáticas.
Todas estas alterações fazem dos objetos elétricos do quotidiano doméstico bens do
património industrial e tecnológico, para além de serem esteticamente bonitos. Pensados
para serem funcionais, cada vez mais se tornaram objetos para a decoração e beleza do lar. A
indústria dos “eletrodomésticos” foi a primeira a empregar os designers industriais. Os
aparelhos e peças foram desenhados por arquitetos e designers, como é o caso de Peter
Behrens (1868- 1940), consultor artístico para aparelhos “eletrodomésticos” da empresa
alemã AEG381
. Numa tentativa de incentivar o consumo por parte da sociedade destes
aparelhos durante e após a Grande Depressão dos anos 30.
379
Ana Cardoso de Matos e Gonçalo Rocha Gonçalves (2005) “A gravação sonora e a TSF em Portugal” in
Nuno Luís Madureira (coord.), História da Energia. Portugal 1890-1980. Lisboa: Livros Horizonte, p. 192. 380
A diminição de empregados ou a supressão não se deve apenas à mecanização da casa, deveu-se também ao
fato d o ideal de ter vários empregados ter sido condicionado pelos recursos económicos do pós Guerra. ver:
Diego Bussola (2004), A “modernização” dos lares lisboetas…. p. 102. 381
Site Tipografos. net. Peter Behrens (1868 — 1940) disponível em
<http://www.tipografos.net/design/behrens.html>.(Acesso em: 15.03.2014).
115
1.2 Proposta de Valorização do Património Industrial Elétrico Móvel.
A nossa proposta de valorização centra-se na divulgação e promoção do património móvel
da eletricidade de uso doméstico. Para tal propomos realizar um website de acesso gratuito
para investigadores e população em geral. O objetivo do website é a valorização dos objetos
do quotidiano doméstico e da memória da “V Exposição de Rádio e Electricidade”, através
da recriação de uma exposição virtual de maneira a demostrar como a aparelhagem
radioelétrica e elétrica de uso doméstico foi apresentada ao público na época.
A partir das gravuras e fotografias da V exposição de Rádio e Eletricidade, recolhidas
durante a investigação, conseguimos recriar os ambientes e memória da exposição. As
fotografias e outras imagens que serão utilizadas no website foram recolhidas em diversos
arquivos. A escolha do uso das novas tecnologias de informação e comunicação para a nossa
proposta deveu-se à facilidade e rapidez de difusão da informação conseguida com o uso da
internet. Para além de recuperar a memória da exposição, o website tem como objetivo
sensibilizar as pessoas para o património móvel da eletricidade e pela necessidade da sua
valorização e salvaguarda.
Em paralelo propomos também a construção e aplicação de uma ficha de levantamento
do património móvel elétrico do quotidiano doméstico, pois por não serem considerados
como elemento do património industrial, estes aparelhos acabam por não ser salvaguardados
e são destruídos Esta ficha tem como propósito desenvolver no futuro um inventário
temático. O seu objetivo é identificar e documentar este tipo de património, para que seja
possível realizar a sua proteção e conservação. A nossa ideia é, no futuro, colocar em prática
o levantamento destes aparelhos na cidade de Évora com base na referida ficha.
1.2.1 Website
As imagens do protótipo do site encontarm-se nas páginas seguintes desta dissertação.
116
Fig. 2. Protótipo do website “A V Exposição de Rádio e Electricidade” 1934 – Botão: “Apresentação”.
Apresentação Antecedentes
A Exposição
Stands
Aparelhagem Exposta
“V Exposição de
Rádio e
Electricidade”
1934
O projeto tem como objectivo a valorização dos objetos do quotidiano
doméstico e da memória da “V Exposição de Rádio e Electricidade” através
da recrição de uma exposição virtual de como a aparelhagem radioelétrica e
elétrica de uso doméstico foram apresentadas ao público na época.
Coordenação Científica:
Ana Cardoso de Matos (Cidehus - Universidade de Évora)
Investigador:
Ana Alexandra Mateus Malveiro (Universidade de Évora) Fontes e Bibliografia
117
Fig. 3. Protótipo do website “A V Exposição de Rádio e Electricidade” 1934. – Botão: “Antecedentes”.
Apresentação Antecedentes
A Exposição
Stands
Aparelhagem Exposta
“V Exposição de
Rádio e
Electricidade”
1934
Durante a década de 1920 verificou-se um aumento das emissões de
radiotelefonia, que foi acompanhado pela publicidade a aparelhos capazes de
facilitar a receção dessas transmissões com maior clareza.
Com o objetivo de difundir a radiofonia, introduzir no país os produtos de
uma nova indústria e estimular o interesse dos radiófilos, foi organizada em
Fevereiro de 1929 a Primeira Exposição Nacional de T.S.F.
As Exposições prolongaram-se durante a década de 30, sob a designação de
Exposições de “Rádio e Electricidade”, pois a partir do ano 1934 entre os
seus stands encontravam-se também representadas casas comerciais
destinadas à venda de aparelhos elétricos de uso doméstico, para além de
aparelhagem radioelétrica.
Fontes e Bibliografia
118
Fig. 4. Protótipo do website “A V Exposição de Rádio e Electricidade” 1934. – Botão: “A Exposição”.
a)
Apresentação Antecedentes
A Exposição
Stands
Aparelhagem Exposta
“V Exposição de
Rádio e
Electricidade"
1934
Data/Local
Organizadores
Salão Principal:
Decoração
a)
b)
c)
Fontes e Biliografia
A V Exposição de Rádio e
Eletricidade foi inaugurada a 1 de
Dezembro de 1934 no Palácio de
Exposições do Parque Eduardo VII
e encerrou a 13 de Dezembro.
Fig. 4.1 imagem que surge no website quando se
pressiona o botão Data/local.
119
b) Organizada em moldes inéditos em Portugal, sendo inspirada nas últimas exposições
da especialidade realizadas nos Estados Unidos da América. A ideia da sua
organização partiu de comerciantes de aparelhagem elétrica e radioelétrica que
elegeram uma comissão organizadora para a sua realização. Os membros na
comissão organizadora eram: Presidente - Jaime Prieto Esteves, com ligação à Rádio
Portugal; Secretário - Artur Silva Carvalho, ligado à Nacional Radio Ltd; Tesoureiro
– Américo da Costa Arez, Audak, Ltd; Vogal – Augusto Serras, Casa Serras; Vogal
– Abel Baptista da Fonseca com ligação à Empresa Eléctrica de Lisboa.
c)
Fig. 4.2. Imagem que surge no Website quando se pressiona no botão: Salão principal: Decoração.
A sala principal do palácio foi decorada por Roberto dos Santos, José Mergulhão e Raul
Campos. Todos os seus elementos arquitetónicos neobarrocos foram escondidos e
substituídos por uma decoração Art. Déco. Suspensas das galerias estavam longas tiras de
tecido com o emblema da eletricidade impresso a traços pretos. De um lado a outro
encontravam-se os principais stands. Ao fundo da sala destacava-se uma tela, desenhada a
traços fortes a alegória da eletricidade e do comércio que na imagem caminhavam seguros
de mãos dadas. Nas paredes estavam desenhados motivos musicais, e na parte superior da
sala estava colocado um pano branco com cerca de 400 quilos de peso que cobria todo o
recinto. Assim foi encoberto o vigamento e o sistema de iluminação da sala que utiliza
60.000 velas. Na Ala esquerda do palácio encontrava-se o estúdio de cristal da Emissora
Nacional.
120
Fig. 5. Protótipo do website “A V Exposição de Rádio e Electricidade” 1934. – Botão: “Stands”.
a) Abre também uma imagem com a planta das galerias e a lista dos stands para
que seja possível localizá-los dentro do Palácio de Exposições do Parque
Eduardo VII.
b) Ex: Empreza Electrica de Lisboa, Ltdª: “Decoração de Roberto Santos com
cooperação de Mergulhão e Raul Campos. Exposição bastante interessante, dos
últimos modelos de lustres para iluminação, sua importação directa das principais
fabricas da Austria. Muito curioso o seu tapete eléctrico, invento português já
muito divulgado. Em rádio, expostos alguns modelos das duas marcas que
representa: a inglesa "Ultra-Radio" e a americana "continental". A apresentação
de qualquer dos aparelhos destas duas marcas é magnifica”382
.
382
O Volante, Ano IX nº 319 de 24 de novembro de 1934, p. 14.
Apresentação Antecedentes
A Exposição
Stands
Aparelhagem Exposta
“V Exposição de
Rádio e
Electricidade”
1934
Localização
Costa e Brito ltdº.
Empresa Eléctrica
de Lisboa ltdª
(…)
Planta
Exposição
Imagem
b) Descrição
a)
Fontes e Bibliografia
121
Fig. 6. Protótipo do website “A V Exposição de Rádio e Electricidade”. 1934 – Botão: “Aparelhagem
Exposta”.
Apresentação Antecedentes
A Exposição
Stands
Aparelhagem Exposta
“V Exposição de
Rádio e
Electricidade”
1934
Material T.S.F.
Aparelhagem
doméstica
Recetor
Philco 16-X.
11 vâlvulas,
receção dos
13 aos 555
metros.
Potência
acústica de 15
watts.
Distribuidor:
Radiofila ltd.
Lâmpadas
Philips. Em
vidro
transparente;
vidro azul
especial;
foscado
interiormente.
(…)
Fontes e Bibliografia
122
Fig. 7 Protótipo do website “A V Exposição de Rádio e Electricidade”. 1934 – Botão: “Fontes e Biliografia”
a) Fontes:
V Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial. (1934) Lisboa: ed. Comissão
Organizadora da V Exposição de Rádio e Electricidade/O Volante.
O Século, novembro e dezembro 1934;
Diário de Notícias, novembro e dezembro 1934;
O Volante, novembro e dezembro 1934;
O Amigo do lar, novembro e dezembro 1934;
Apresentação Antecedentes
A Exposição
Stands
Aparelhagem Exposta
“V Exposição de
Rádio e
Electricidade
1934”
Fontes e Bibliografia
a) Fontes:
b) Biliografia:
123
b) Bibliografia:
MAIA, Jose Matos, (1995) Telefonia. Lisboa: Círculo de Leitores;
MALVEIRO, Ana, “Os Catálogos Oficiais da V e VI Exposição de Rádio e Electricidade –
Uma fonte para estudo do Património Industrial”. in Actas do Colóquio Internacional, O
Património Industrial – Dos Objectos ao Território.Universidade de Évora. Évora, Março
2013 [No prelo];
MATOS, Ana Cardoso de; GONÇALVES Gonçalo Rocha. (2005), “A gravação sonora e a
TSF em Portugal”. in Nuno Luís Madureira (coord.), História da Energia. Portugal 1890-
1980. Lisboa: Livros Horizonte, pp. 191- 219;
RIBEIRO, Nelson Costa, (2003) A Emissora Nacional como instrumento de Propaganda do
Estado Novo (1933-1945). Lisboa: dissertação de mestrado em Ciências da Comunicação
sobre Indústrias Culturais, Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica
Portuguesa.
124
1.2.2 Proposta de Ficha de Inventário do património móvel da
eletricidade – Os Objetos do quotidiano doméstico
A proposta de construção de fichas de levantamento para património industrial não é algo
inédito. Podemos apontar o exemplo o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana
(IHRU) e o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR),
que em 2008 começaram a desenvolver um guia prático de nível básico sobre inventariação
de Património Industrial, o KIT03. Este guia faz parte da coleção KITS - Património, uma
coleção de guias sobre inventariação de património arquitetónico, urbanístico e paisagístico.
No KIT03- Património Industrial estão contemplados os possíveis elementos a integrar no
registo de inventário de um edifício, referindo os bens móveis, apenas como constituintes
das unidades de produção ou alguma estrutura de apoio a estas, não se referindo ao
património móvel que resulta da produção industrial.
A ficha de inventário do património móvel elétrico do quotidiano doméstico é uma
proposta de uma ficha nova, da nossa autoria baseada em fichas já existentes. Foram
consultados catálogos de alguns museus que integram peças no seu acervo semelhantes às
que pretendemos inventariar, como foi o caso do Museu da Eletricidade383
, e do Museu das
Comunicações384
, cujos catálogos podem ser consultados online e o Guia KIT03-
Património Industrial. Foram analisados os campos dos diversos exemplos e integrados
numa ficha os que achámos que podiam ser utéis para identificar e descrever as tipologias de
objetos que pretendemos inventariar. O modelo da ficha pode ver observado na fig. 8, e será
aplicada à população residente e associações do concelho de Évora, em colaboração com a
Câmara Municipal e as diversas juntas de freguesia do concelho. Foram utilizados os
campos: função; características técnicas; marca; fabricante; presentes no catálogo do Museu
da Eletricidade para inventariação das suas peças; o campo: tipologia, presente no Guia
KIT03- Património Industrial; todos os outros campos: Nº de inventário; ano; materiais;
dimensões: localização: estado de conservação são campos presentes em diversos
inventários de Património Cultural, não apenas Património Industrial. Os restantes campos:
observações; bibliografia; autor da ficha; data são campos que integram algumas fichas de
inventário e que consideramos informação importante para a posterior valorização e
preservação dos possíveis objetos inventariados. Com a aplicação da ficha de inventário
383
O Catálogo das coleções do Museu da Electricidade pode ser consultado em:
<http://www.cdme.edp.pt/winlib/?skey=8D3C63C5D9F64A639C713CC9BDF27AAD>. 384
O Catálogo das coleções do Museu das Comunicações pode ser consultado em:
<http://bh1.fpc.pt:8080/MatrizWeb/Home.aspx>.
125
contamos conseguir identificar alguns desses aparelhos. As peças inventariadas serão mais
tarde inseridas numa base de dados no programa informático Access385
de maneira a
informatizar, articular e quantificar toda a informação recolhida. A organização da base é
igual à das fichas de inventário, integrando também a imagem da peça.
385
O Layout do formulário de preenchimento da base de dados em Access pode ser visto no anexo A.
Nº de Inventário:
Tipologia:
Ano:
Função:
Descrição:
Características técnicas:
Fabricante:
Marca:
Materiais:
Dimensões:
Localização:
Estado de Conservação:
Observações:
Bibliografia:
Autor da Ficha:
Data:
Ficha de Inventário Património Móvel Elétrico do Quotidiano
Doméstico
Imagem
Fig. 8. Modelo de ficha de inventário de património móvel elétrico do quotidiano.
126
a) Preenchimento da ficha de inventário:
Nº de Inventário: A todos os objetos deverá ser atribuído um nº de inventário. A numeração
inicia-se no nº1 e deverá ser sequencial, não se poderá repetir, sendo única. Antes do número
deverão colocar-se as siglas PME – Património Móvel Elétrico e a primeira sigla da sua
função.
Tipologia: Registar a tipologia dos objetos. A tipologia do objeto é o tipo de objeto a que se
refere e que corresponde à denominação lhe que foi dada. Ex: rádio; telefone; aspirador.
Ano: A data da construção do objeto.
Função: A função de um objeto pode ser: lazer/informação; comunicação; limpeza;
conservação; alimentação; conforto. A função é designada pela tipologia do objeto.
Lazer/informação- Rádios; gramofones; aparelhagem e material de telefonia; reprodutores
de cassete e cd; televisores; computadores; calculadoras; máquinas de escrever.
Comunicação- Telefones e telegrafos
Limpeza e manutenção das necessidades do lar - Aspiradores; enceradoras; máquinas de
lavar roupa; secadoras; máquina de lavar loiça; ferros; máquinas de cozer.
Conservação- Frigoríficos.
Alimentação- Fogões e fornos; varinhas; misturadoras; robôs de cozinha; moinhos de café;
torradeiras; cafeteiras; outros.
Conforto e beleza - Candeeiros; lâmpadas; aquecedores; ventiladores; secadores de cabelo;
máquinas de barbear e depilar; outros.
Descrição: O objeto deve ser descrito de forma simples, numa linguagem clara e objetiva,
mas com uma descrição completa e rigorosa. Deve-se partir do geral para o particular,
indicando a sua forma e elementos. É necessário também registar as várias partes do objeto,
caso seja um objeto composto.
Características técnicas: Serão referidas as que forem indicadas na descrição de objetos
idênticos nas fontes estudadas (pois não dispondo a pessoa que está a fazer o levantamento
127
dos conhecimentos técnicos dificilmente poderá identificar as características técnicas de
outra forma).
Fabricante: Deverá ser registado o do nome fabricante do objeto e qualquer outra
informação relativa a esse fabricante.
Marca: A marca que está indicada no objeto e que muitas vezes está inscrita numa placa.
Materiais: Registam-se todos os materiais que são constituintes do objeto. Caso não se
consiga identificar o material recomenda-se a consulta de um especialista.
Dimensões: Neste campo colocam-se todas as medidas do objeto que possam ser relevantes
para o seu estudo. A medição de ser feita considerando as dimensões máximas do objeto,
em centímetros, exceto no caso em que o objeto seja muito pequeno ou de grandes
dimensões, nestes casos pode-se adotar os milímetros ou metros.
Localização: Onde se encontra o objeto. Em caso de se encontrarem em casa privadas
coloca-se a morada e a localidade. Ex. Largo dos Colegiais 2, 7004-516 Évora.
Estado de Conservação: Regista-se a integridade dos vários materiais que constituem o
objeto. Deve-se analisar a sua aparência, mas também se o objeto ainda funciona. O
esquema de conservação é: Mau/ Razoável/ Bom/ Muito bom.
Mau- Objeto que é urgente intervir com medidas de restauro ou conservação;
Razoável- Objeto que apresenta alguma falha e necessita de intervenção de restauro ou
conservação, sem funcionar;
Bom- Objeto sem problemas de conservação, mas pode apresentar alguma falha, a
funcionar;
Muito Bom- Objeto sem problemas de conservação, a funcionar.
Bibliografia: Indicação da existência de bibliografia (documentação) sobre o objeto. Ex.
Catálogos de marcas, anúncios em periódicos.
Autor da Ficha: O nome do autor da ficha de inventário.
Data: A data da realização da ficha de inventário.
128
1.2.3 A Exposição Temporária “A Cultura do objecto do quotidiano
doméstico do século XX. - O património móvel da eletricidade”
Associada a esta proposta de aplicação da ficha de inventário propomos também a realização
de uma exposição temporária onde as peças inventariadas serão exibidas ao público, numa
tentativa de sensibilização para a existência deste tipo de património e para a sua
valorização. Dos diversos aparelhos inventariados será feita uma seleção das peças mais
significativas de cada tipologia para fazerem parte da exposição. Um entrave que a
exposição poderá ter é não ser possível identificar e recolher os aparelhos suficientes para
uma exibição, caso isso aconteça poderemos pedir o apoio de alguns museus386
que têm nos
seus acervos “objetos do quotidiano doméstico” e solicitar o empréstimo de algumas peças.
O título da exposição será: A Cultura do objecto do quotidiano doméstico do século XX.-
O património móvel da eletricidade. Os objetos selecionados serão expostos
cronologicamente, o que permite demostrar a evolução tecnológica e estética que os objetos
passaram ao longo dos anos. E serão agrupados por funcionalidade: Lazer/Informação;
Comunicação; Limpeza; Conservação; Alimentação; Conforto e Beleza. Os aparelhos
de pequenas dimensões e mais frágeis serão colocados dentro de vitrines de vidro para que
seja possível ao público observá-los sem o perigo de serem danificados. Essas vitrines não
estarão fixadas nas paredes, pois assim os visitantes não conseguiriam observar todos os
lados do aparelho, estarão um pouco afastadas permitindo ao público a circulação por detrás
delas e a observação total das peças. As peças de maiores dimensões serão colocadas ao
longo da sala. Todas as peças serão acompanhadas de uma legenda e texto informativo sobre
as mesmas.
No espaço da exposição serão exibidas também imagens e fotografias das Exposições de
Rádio e Eletricidade realizadas na Sociedade Nacional de Belas Artes e no Palácio de
Exposições do Parque Eduardo VII em Lisboa nas décadas de 20 e 30. (Podem ser
observadas algumas imagens no anexo J.) Estas imagens estarão afixadas nas paredes junto
das suas legendas. As imagens que serão expostas foram encontradas durante a investigação
para a realização da presente dissertação e são provenientes de algumas das fontes impressas
(periódicos) que consultámos. Foram elas: o jornal O Século; jornal diário de Diário de
386
Museu da Eletricidade- Fundação EDP; Museu do Design e da Moda- Coleção Francisco Capelo; Museu
das Comunicações- Fundação Portuguesa das comunicações.
129
Notícias; revista O Amigo do Lar; Ilustração. E de alguns arquivos consultados: Centro de
Documentação do Museu da Eletricidade- Fundação EDP; Arquivo Nacional da Torre do
Tombo- Fundo O Século.
Uma vez que não conhecemos a totalidade das peças torna-se difícil nesta fase decidir
um local para a exposição. Contudo podemos apontar a antiga unidade de produção de
massas, a “Fábrica dos Leões” onde na atualidade está situado o Departamento de
Arquitetura, Artes Cénicas e Artes Visuais da Universidade de Évora como um possível
espaço. Este espaço é um símbolo do Património Industrial em Évora e contém salas
bastante amplas onde existe a possibilidade de realizar uma exposição deste âmbito. Porém a
escolha desde espaço apresenta um senão, a sua localização. O edifício está localizado numa
zona distante do centro da cidade de Évora, apesar disso pensamos que a aposta numa
apropriada divulgação conseguirá atrair a visita do público à exposição temporária.
Em relação à divulgação, será realizada a partir de cartazes espalhados em diversos
locais da cidade de Évora, biblioteca, associações, cafés, nos vários pólos da Universidade
de Évora, e também alguns locais na cidade de Lisboa, nas faculdades de Lisboa e nos
museus que têm no seu acervo património móvel elétrico. Na página da intenet dos museus
poderá também ser colocada uma notícia referente à exposição e a sua divulgação ser ainda
feita apartir da rede social Facebook.
A exposição terá como público alvo, a população em geral, mas também o público
escolar: os alunos do 2º e 3º ciclo do ensino básico, alunos do ensino secundário do concelho
de Évora e os alunos da Universidade de Évora e outras Universidade do país que estejam
interessadas em conhecer este património.
No que diz respeito a apoios e patrocínios, após o processo de inventariação poderemos
contatar várias instituições públicas e privadas, como Câmara de Évora ou as empresas
ligadas à eletricidade, para apresentar o nosso projeto de valorização com o objetivo de nos
apoiarem aquando da realização da exposição. Caso haja algum interesse por parte de algum
museu ou outra instituição do país em expor essas peças a exposição poderá tornar-se
itinerante, divulgando o património móvel da eletricidade do quotidiano por todo o país.
130
Considerações Finais
No decorrer deste trabalho estudámos a memória das exposições de Eletricidade e de Rádio
e Eletricidade realizadas em Portugal nas décadas de 1920 e 1930, através da análise das
mesmas e do material elétrico e radioéletrico exposto em cada uma delas, com o objetivo de
demostrar a importância patrimonial dos objetos acionados a eletricidade utilizados no
quotidiano doméstico das populações e a necessidade da sua valorização e salvaguarda
como bens integrados no património industrial elétrico.
Para percebermos se o património industrial móvel da eletricidade tem sido, ou não,
estudado, preservado e valorizado em Portugal, procuramos fazer um levantamento do
património elétrico valorizado existente no país. Chegámos à conclusão que por todo o país
se verifica a existência de património elétrico valorizado, no entanto, trata-se na maioria dos
casos de património edificado - centrais termoelétricas e hidroelétricas -, algumas ainda com
a maquinaria preservada. Existe, contudo algum património móvel elétrico do quotidiano
doméstico inserido em coleções de museus português.
No território português encontram-se alguns pólos de património elétrico musealizado. A
maioria dessas iniciativas foi realizada pelas autarquias onde esse tipo de património está
presente. No Norte do país encontramos o Museu Hidroéletrico de Santa Rita em Fafe e o
Museu do Carro Elétrico do Porto situado na Antiga Central Termoelétrica de Massarelos.
No centro do país o Museu Natural de Eletricidade situado na antiga Central da Senhora do
Desterro e a Central hidroelétrica da Confluência dos rios Alcôa e Baça. Na zona de Lisboa
e Vale do Tejo o Museu da Eletricidade, o Museu da Carris, o Museu das Comunicações e o
Museu RTP. No sul do território português o Museu Mineiro do Lousal- Central
termoelétrica. No arquipélago dos Açores o Museu Hidroelétrico da Praia e o Núcleo
Museológico da Central Hídrica da Fajã Redonda; No arquipélago Madeira o Museu de
Eletricidade “Casa da Luz”.
A fundação EDP, detentora do edifício da antiga Central Tejo decidiu musealizar o
edifício mantendo as máquinas e estruturas que existiam no seu interior, constituindo em
1990 o Museu da Eletricidade. O Museu é descrito como um Centro de Cultura que
apresenta nos seus espaços o passado, o presente e o futuro das energias e tem como missão
identificar, classificar, proteger e valorizar o património elétrico nacional. O
131
edifício da Central Tejo é o único bem patrimonial imóvel da Fundação EDP, entre as
coleções do seu acervo existem alguns exemplares de objetos do quotidiano doméstico.
Tendo em vista a sua missão o Museu da Eletricidade apoia-se em alguns programas, como
o programa “Ilumina o Património” onde são apoiados projetos de preservação, valorização
e divulgação do património industrial elétrico nacional. Por iniciativa das autarquias,
museus, associações e outras entidades que têm em sua posse património energético e se
candidatam a este programa, já foram identificados, valorizados e preservados imóveis e
património móvel da eletridade.
Associada ao programa “Ilumina o património” esta a iniciativa “Roteiro dos Museus
da Energia”, onde municípios e entidades apresentam o património energético imóvel e
móvel. Esta rede nacional pretende divulgar esse património à população. Apesar de ser uma
iniciativa bastante interessante que contribui para o conhecimento, inventário e valorização
do património histórico elétrico português, tem algumas falhas: apresenta alguma falta de
conteúdo e desenvolvimento. O site não é constantemente atualizado e não está muito
divulgado, uma vez que a ideia da constituição do roteiro seria a divulgação à população e o
site deveria estar constantemente a ser atualizado; diversos links que se encontram no site
não têm direção; e também a informação referente aos vários pólos de património deveria:
incidir mais no contexto histórico dos pólos; o seu antigo funcionamento; e informações
relativas a acontecimentos presentes, como exposições e acervo; poderiam ser colocadas
também pequenas informações biográficas dos intervenientes na história das antigas
estruturas, intervenientes nos processos de eletrificação das regiões; e realizar-se uma
pesquisa bibliográfica sobre os locais mais intensiva.
No seu acervo o Museu da Eletricidade integra património móvel da eletricidade,
sendo algumas peças objetos do quotidiano doméstico acionados pela eletricidade.
Com a análise e interpretação das fontes impressas sobre as exposições concluímos
que as exposições de Eletricidade e Rádio e Eletricidade realizadas entre 1924 e 1935,
foram, tal como outros certames, uma forma de divulgar dos progressos da ciência, da
técnica e da indústria. As exposições divulgaram e difundiram a radiodifusão em Portugal,
os progressos da T.S.F., a energia elétrica e as suas aplicações de uso quotidiano entre a
população em geral, os radioamadores e senfilistas.
132
As exposições de rádio e eletricidade impulsionaram a radiodifusão em Portugal. A
estes certames estavam ligados e participaram várias individualidades vinculadas a
rádios/clubes como a emissora nacional, ou o Rádio Clube Português.
A primeira exposição de eletricidade, a “Exposição de Machinismos e aplicações da
eletricidade” , esteve associada ao 2º Congresso Nacional de eletricidade realizado na cidade
do Porto em 1924, e foi o primeiro certame do género em Portugal. As Exposições
Nacionais de T.S.F. começaram a realizar-se em 1929 e no ano seguinte continuaram. Em
1930 realizou-se a “Exposição da Luz e da Electricidade Aplicada ao Lar”, que foi dedicada
à “luz” na indústria, na publicidade e no lar. A IV exposição Nacional de T.S.F. “Exposição
de Aparelhos de Radiotelefonia” decorreu em 1932 e esteve associada ao I Congresso
Nacional de radiotelefonia, que tinha entre outros objetivos definir as linhas orientadoras
acerca da T.S.F. em Portugal. Em 1934 realizou-se a “V Exposição de Rádio e
Electricidade”, assim designada, pois apresentava também aparelhagem doméstica nos seus
expositores, no ano seguinte realizou-se a “VI Exposição de Rádio e Electricidade”.
Fizeram parte das comissões organizadores das exposições indivíduos ligados ao
setor elétrico e radioelétrico português. Na “Exposição de Machinismos e aplicações da
eletricidade” no ano 1924, fizeram parte da sua comissão engenheiros ligados ao setor da
eletricidade. Nas exposições Nacionais de T.S.F. e Exposições de Rádio e Eletricidade os
membros das suas comissões organizadoras eram representantes do comércio de materiais
de T.S.F. e aplicações da eletricidade de uso quotidiano.
Foi no espaço das Exposições de Eletricidade e Rádio e Eletricidade que diversas
casas comerciais e firmas apresentaram ao público os seus aparelhos. Aplicações essas que
permitiram um desenvolvimento na indústria, uma publicidade comercial mais atrativa,
lazer, comunicação, obtenção de informação sobre o que se passava em território nacional e
internacional de forma mais rápida e um maior conforto no lar. As exposições não tinham
apenas a vertente comercial, nelas também podíamos encontrar a vertente educacional. Para
além de estar presente nos certames os últimos modelos da aparelhagem elétrica e
rádioelética, entre os stands encontravam-se fotografias e cartazes sobre a energia elétrica, a
maquinaria empregue em algumas centrais, catálogos das casas comercias e marcas
presentes na exposição, em algumas exposições foram visionados documentários sobre a
eletricidade, nos stands fez-se demostrações do funcionamento dos aparelhos, e os
133
empresários e indivíduos que prestavam apoio aos stands, estiveram recetivos quando os
visitantes se dirigiam e eles e pediam informações sobre a aparelhagem exposta.
As exposições tiveram também como objetivo aumentar o consumo de eletricidade
por parte dos consumidores domésticos. Quanto mais divulgavam as novas aplicações da
eletricidade para uso doméstico, mais pessoas teriam interesse em adquiri-las e assim mais
energia elétrica era consumida.
As exposições de ano para ano contemplavam mais público interessado. Elas foram
muito visitadas, por pessoas de todos os pontos do país, e cada vez mais os seus visitantes se
interessavam pelos produtos expostos gradualmente as pessoas começaram a observar mais
os produtos, e a fazer questões sobre o seu funcionamento. Durante os dias das exposições
foram realizadas festas, concertos, buffets, entre outras atividades que aliciaram os visitantes
a visitar as exposições. Provavelmente os membros das comissões organizadoras
organizaram essas atividades numa tentativa de atrair mais visitantes. Ao mesmo tempo
também cada vez mais os comerciantes estiveram interessados em expor nos certames o que
vendiam nas suas casas comerciais. Na primeira exposição Nacional de T.S.F. estiveram
presentes 18 expositores, na “VI Exposição de Rádio e Electricidade” em 1935, participaram
32 expositores de casa comerciais.
Os certames acompanharam os progressos tecnológicos dos aparelhos de T.S.F. e dos
aparelhos para uso doméstico, ou seja, dos eletrodomésticos. Cada ano exibiam as últimas
novidades no campo da radiotelefonia e eletricidade, as casas comerciais representavam
marcas internacionais, assim Portugal detinha, tal como outros países da Europa e Estados
Unidos os modelos mais recentes neste campo.
Estas exposições foram iniciativas importantes para uma maior difusão da
radiodifusão e eletricidade no país.
Após a análise e interpretação das fontes impressas realizámos uma proposta de
valorização patrimonial centrada na divulgação e promoção do património móvel da
eletricidade de uso doméstico. A nossa proposta é a construção de um website com a
reconstrução virtual da “V Exposição de Rádio e Eletricidade”. O objetivo é deste website é
a valorização dos objetos do quotidiano doméstico e da memória da exposição, com o intuito
de sensibilizar a população para o reconhecimento do património elétrico do quotidiano
doméstico que foi usado no passado e a sensibilização para a sua preservação. Realizámos
134
também a proposta de criação de uma ficha de inventário do património móvel elétrico do
quotidiano doméstico que se baseou nas fichas de inventário já existentes, mas que
adaptamos a este tipo de património. Com a sua aplicação contamos conseguir identificar
alguns dos aparelhos de uso doméstico. Com os objetos inventariados pretendemos realizar
uma exposição temporária: “A Cultura do objeto do quotidiano doméstico do século XX. - O
património móvel da eletricidade”. Para se seja possível divulgar os bens do património
móvel da eletricidade do quotidiano à população.
135
Fontes Impressas
Processos
Centro de Documentação do Museu da Eletricidade
Relatório do Conselho de Administração e Balanço e Parecer do Conselho Fiscal sobre o
Exercício 1934 das Companhias Reunidas Gás e Electricidade Companhias Reunidas Gás e
Electricidade / Companhias Reunidas Gás e Electricidade. - Lisboa: Oficina Gráfica, Ldª,
1935.
Relatório do Conselho de Administração e Balanço e Parecer do Conselho Fiscal sobre o
Exercício 1935 das Companhias Reunidas Gás e Electricidade Companhias Reunidas Gás e
Electricidade/ Companhias Reunidas Gás e Electricidade. - Lisboa: Oficina Gráfica, Ldª,
1936.
Monografias
Centro de Documentação do Museu da Eletricidade
V Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial. (1934), Lisboa: ed. Comissão
Organizadora da V Exposição de Rádio e Electricidade/O Volante.
Biblioteca Nacional de Portugal (B.N.P.)
VI Exposição de Rádio e Electricidade: Catálogo Oficial. (1935) Lisboa: ed. Comissão
Organizadora da VI Exposição de Rádio e Electricidade/ Editorial Império.
Publicações períodicas
Arquivo Distrital de Évora (A.D.E.)
Biblioteca Nacional de Portugal (B.N.P.)
Hemeroteca Municipal de Lisboa.
Diário de Notícias 1928-1935;
O Comércio do Porto 1924;
O Século 1928-1935;
Ilustração 1929-1935;
A Indústria Portuguesa 1932;
O Amigo do Lar 1934-1935;
O Volante 1928-1934;
ACP-Revista de Turismo e Automobilismo 1929- 1934;
Documentação fotográfica
Arquivo Nacional da Torre do Tombo (A.N.T.T.)
136
Fundo: Empresa Pública jornal O Século – Serviço de Fotografia. 1929-1935
Arquivo e Centro de Documentação do grupo Controlinveste
Diário de Notícia, Novembro 1934;
Centro de Documentação do Museu da Electricidade
Companhias Reunidas Gás e Electricidade. Publicidade; Exposição; V Exposição de Rádio e
Electricidade;
Companhias Reunidas Gás e Electricidade. VI Exposição de Rádio e Electricidade
Bibliografia
Instrumentos auxiliares.
SERRÃO, Joel (dir.), (1984), “Exposições Agrícolas e industriais”. in Dicionário de
História de Portugal, , Porto: Figueirinhas, vol.2, pp. 509-511;
- (1984), ”Indústria”. in Dicionário de História de Portugal. Porto: Figueirinhas, vol.3, pp.
301-315;
Estudos sobre Exposições Industriais.
ACCIAIUOLI, Margarida (1998), Exposições do Estado Novo 1934-1940. Lisboa: Livros
Horizonte;
AGEORGES, Sylvain (2006), Sur les traces des expositions universelles. Paris, 1855- 1937:
à la recherche des pavillons et des monuments Oublies. Paris: Parigramme;
ALLWOOD, Jonh (1977), The great Exhibitions. London: Studio Vista;
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MOURÃO, José Augusto, MATOS, Ana M. Cardoso de, GUEDES, M. Estela (coords.) O
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DEMEULENAERE-DOUYÈRE , Christiane (2012), “World exhibitions: a gateway to non-
european cultures?”, Quaderns de Història de L’ Enginyeria, vol.XIII, pp.81- 96;
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en représentation/electricity on show.”. Paris: Victoires Éditions - Fondation EDF,
Novembre, nº 4;
137
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Commissariat général. Paris: A. Lahure, imprimeur-editeur. Disponível em:
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150
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Worklab. Disponível em:<http://www.worklab.info/>. (Acesso a 05.09.2013)
151
Anexos
152
Anexo A- Layout do Formulário de preenchimento da base de dados em Acess.
153
Anexo B- Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: "Exposição de Machinismos
e aplicações da electricidade"- 31 de Agosto a 14 de Setembro de 1924.
Stand da Energia Eléctrica lda: Aparelhos de T.S.F;
Casa Gerard: Motor-gerador elétrico modelo nº 1 construído em 1850;
Stand da União Electrica Portugueza: Na sua entrada estavam colocados dois postes, um
de cada lado, identicos aos em uso na condução de energia elétrica do Lindoso aos centros
de distribuição. No seu interior estavam fotografias que representavam as constituições da
central hidroelétrica do Lindoso e ainda de outras instalações transformadoras e
subtransformadores de diversas fábricas fornecidas de energia por esta sociedade. Estavam
também estampas com várias imagens, cerca de 100 distribuídas por treze quadros;
Stand da casa Electro Material do Coura lda: Mostruário de lâmpadas Ferrowatt
fabricadas pela casa; lâmpada "Mignom"; "Niva" de vidro opalino;
Stand da casa A.E.G. /Sociedade Luzitana de electricidade: Demostrou as maquinarias
empregadas nas instalações hidroelétricas completando as descrições dos oradores no
congresso; Transformadores trifásicos de 2:000 K.V. A- 60:000 +4% 15:000 volts, com
refrigeração de água e óleo; bobinas de self, sistema "campos"; ventiladores para fábricas
acionados diretamente por um motor trifásico e ventoinhas minúscula de quarto; teares
mecânicos por eletricidade; interruptores tripolares de alta tensão 60:000 volts, e 350
ampéres; interruptores de reparação, para 60:000 volts 350 ampéres; interruptores
automáticos de ligação direta e ligação indireta de 24:000 volts, 200 ampéres; quadros de
distribuição para centrais elétricas; transformador de 100 KW. a. - 15:000/400/231 volts. 20
Kv. a. -5:000/200 volts; transformador de campainha minúsculo para 110 volts e até 3.5.8
volts, 1/2 Watt; geradores de corrente alterna 220/380 volts; motores-dínamos de 1/8 até 30
HP; transformadores de corrente e tensão; pára-raios do sistema Bedmannn; vibradores
sanax e sugadores de pó da marca vampiro; máquina de fábricar gelo em casa; ferros de
brunir; elétricos; cafeteiras; bules para todas as capacidades: aquecedores; radiadores de
calor; ventoinhas de vários sistemas e tamanhos; fogões elétricos; aquecedores de ferros de
frisar; acendedores de cigarros; lâmpadas da marca Osram e lâmpadas portáteis;
Stand da ASEA/ Casa Jayme da Costa lda: Geradores de corrente alterna; motores
trifásicos de várias potências; aparelhos de alta e baixa tensão; quadros de distribuição,
transformadores; aparelhos de medida; aparelhagem para cabines; para caixas de manobras;
No stand estavam expostas fotografias de centrais hidroelétricas cujo material foi fornecido
154
pela empresa; quadro com contadores elétrico do fábrico da landis & gyr Sociedade
Anonyma;
Stand de Brown, Boveri & Cª: Transformador trifasado em banho de oléo de 200 Kva.
com a tensão de 15:000 volts e corrente de 525 volts, com duas tomadas suplementares para
14:500 e 14:000 volts e frequência de 50 periodos. Estava exposto aberto; Um grupo para
transportar a corrente trisafado de 525 volts e 50 períodos em corrente continua de 115 volts,
composto por 1 motor assíncrono trifasado de 200 cavalos, 975 rotações por minuto
diretamente acopiado com 1 dínamo gerador de corrente continua de 135 kw; o motor deste
grupo trás um arrancador ligado e este por sua vez, está combinado com o interruptor do
motor. Com um volante pode por-se o grupo em marcha ou pará-lo. O interruptor é
automático e tem dois relés de máximo e tempo; 1 quadro de manobra em dois paíneis, com
placas de mármore, para o serviço de transformador de 200 KVA e do dínamo do grupo
acima especificado; 1 alternador trifasado de 130 KVA, com 1:000 rotações por minuto, 550
volts, 50 períodos, com excitadriz combinada; 3 seccionadores unipolares para 16:000 volts
e 200 ampéres; 3 bobines de autoindução para 25 ampéres e 16:000 volts; 3 resistências
líquidas horizontais em tubos de grés, para 16:000 volts; 1 interruptor tripolar em banho de
oléo para 200 ampéres e 16:000 Volts, com 2 relés diretos de máximo e tempo reguláveis e
com bobine de minuto; 2 transformadores monofasados de tensão para 15:000/110 volts, 40
VA; 3 corta-círcuitos de fusíveis de alta tensão para 16:000 volts e 1/2 ampéres em tubos de
porcelana; 2 transformadores de intensidade para 16:000 volts 40/5 ampéres, em banho de
oléo; 1 vara de manobra isoladora; 1 pinça isoladora para a manobra dos corta-círcuitos de
fusíveis; 2 motores trifasados com induzido de curto-círcuito de 1 cavalo e 1:430 rotações
por minuto, 190 ou 200 ou 380 volts, 50 períodos; 3 ditos de 3 cavalos; 2 motores trifasados
com induzido de anéis, de 3 cavalos e 1:440 rotações por minuto, 50 períodos; 11
arrancadores em banho de óleo para os motores com induzido de anéis; 8 caixas de manobra
para os motores trifasados, hermeticamente fechadas montadas cada uma com um
ampérimetro, um interruptor tripolar e 3 curta-círcuitos de fusíveis para 60 ampéres e 500
volts no máximo; 1 motor trifasado com arrancador centrífugo automático de 12 cavalos,
1:440 rotações por minuto, 380, 190 ou 220 volts, 50 períodos; 1 grupo moto-bomba elétrica
Brown-Boveri-Sulzer, para elevar 2,5 litros de água por segundo à altura manométrica total
de 20 metros combinado com motor de 2 cavalos com 2:800 rotações por minuto, 380 volts,
50 períodos;1 grupo como o anterior mas para elevar 1,2 litros a 15 metros, com motor de 1
cavalo com 2:800 rotações, 380 volts, 50 períodos; amostras de palhetas para as turbinas a
vapor combinadas; amostras de enrrolamentos de alternadores para 5:000 e 11: 0000 volts;
155
fotografias de instalações feitas em Portugal e noutros países pela empresa; plantas de
instalações de turbinas feitas em portugal e fotografias de locomotivas elétricas, motores de
grande potência de centrais hidro e termoelétricas;
Stand da Empresa Tecnica Industrial, lda: Motores a óleo tipo trator lanz, acionando um
moinho; alternadores e motores bergmann; máquina elétrica para soldar; ventiladores para
forja e ventoinhas; amassedeira mecânica; interruptores automámios; utensílios e aparelhos
elétricos como: chaleiras, cafeteiras, caloríferos, ventiladores, contadores, quadros de
distribuição, telefones entre outros.
Fontes: O Comércio do Porto, Anno LXX, nº 206 de 4 de setembro de 1924, p. 2; O Século
ano 45, nº 284 de 1 de setembro de 1924, p.1; Século, ano 45, nº 15:301 de 18 de setembro
de 1924, p.6.
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessantes.
156
Anexo C - Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: A “Grande Exposição
Nacional de T.S.F.” - 17 de fevereiro a 27 de fevereiro de 1929.
Da aparelhagem radioelétrica exposta nos vários expositores fizeram parte: aparelhos
recetores; uma central telefónica e telefones; posto emissor e recetor de radiotelegrafia; uma
montagem para aprendizagem de receção ao ouvido dos sinais Morse; eletrofone; alta-voz;
auscultadores de cabeça; lâmpadas emissoras; transformadores; acumuladores; baterias;
difusores; retificadores; desmultiplicadores; condensadores; suportes de válvulas;
voltímetros e amperímetros; peças soltas para construção de aparelhos de T.S.F.
Companhia Anglo-Portuguesa de Telefones: Central telefónica particular, cujo o serviço
era prestado a toda a exposição em ligação com os outros stands; um aparelho de ligação
telefónica automática Strowger para 10.000 linhas;
Grandes Armazéns do Chiado: secção T.S.F.: Aparelhos recetores norte americanos,
heterodinos, e super-heteródinos, para funcionar com corrente direta ou com baterias de
acumulação; transformadores Kramer que recebiam diretamente a corrente e comunicavam-
na em alta ou baixa tensão a qualquer aparelho; alta-voz Gik, modelo recente com 3
intensidades: grave agudo e em conjunto;
Armando Casquilho & Cª: recetores "Apolo" com 3 válvulas para trabalhar com antena,
superheterodino Hardy, acumulador Hart, conjunto de peças soltas para amadores; aparelho
recetor Patria: seletivo de 8 válvulas para ondas curtas e extras curtas sem antena, equipado
com um quadro de fácil desmontagem que se guardava dentro o aparelho, era montado em
metal em vez de ebonite, o que resultava numa notável economia de voltagem, um aumento
da nitidez e volume do som. Reunia baterias e o alta-voz;
A Sociedade Comercial Philips Portuguesa: Lâmpadas emissoras; recetores; retificadores;
conjunto de receção com 4 válvulas com um alta-voz;
Atwater Kent Radio: Aparelhos que se ligavam diretamente à corrente do setor: contínua
ou alterna, para ondas extra-curtas e em diversos modelos até ao modelo 44; alta-voz;
A Agência Técnica e Comercial lda: Recetores e alta-voz das marcas Marconiphone e
Amplion. Portáteis, super-heteródinos que utilizavam as mais modernas modificações em
lâmpadas: a lâmpada da grelha protegida, que tinha um quoficiente de amplificação de 1
para 100;
157
Rádio-Vitória: Recetores de vários géneros, de 8 válvulas até os de galena; alta-voz do
sistema Baltic; acumuladores Sparta;
Audaz e Costa e Arez lda: Recetores Sicra e Ducret; difusores Celestion, acumuladores
Fulmen; pick-up para reprodução de disco; alta-voz Brunet; recetores desde os de galena até
os de 7 lâmpadas funcionando com radio-moduladores; Material Ducretet para
radiotelefonia;
Companhia Portuguesa Radio-Marconi: Posto emissor e recetor de radiotelegrafia que
transmitia duzentas palavras por minuto;
Empresa Electrica A. E.G.: Marca telefunken, recetores para ligação direta e para tomada
de corrente, podiam também ser alimentados por pilhas de bateria; recetor com 5 válvulas e
interruptor geral, com um único regulador, condensador e um manípulo de reação e com um
comutador que permitia ouvir audições de vários comprimentos de onda, desde os 200 até
1.000 metros; difusores; alta-voz; auscultadores de cabeça de 2.000 ohms e um sortido de
válvulas;
Rádio Portugal: Aparelhos e utensílios Galena; alta-voz Tefage e N&K ; aparelhos da
marca alemã Schnider-Opei, Do te we e Ahemo de ligação direta à rede elétrica; lâmpada da
fábrica Valvo; transformador de baixa frequência Weilo;
Sociedade Ibérica de Construções Electricas lda.: eletrofone (grafonola e T.S.F.) para
corrente alterna ou contínua com guarnição de madeira nobre; recetor da marca americana
Radio Corporation, funcionava com bateria; recetores para ligação à corrente; retificadores
Tungar; posto de receção com 11 válvulas, nove recetoras e duas retificadoras; baterias da
marca americana Eveready;
Radio Técnica de J.F. Lopes: Desmultiplicadores das marcas Burndept, Ormond e Mar-
co; condensadores variáveis e fixos; transformadores; unidades de baterias para alta-voz;
voltímetros; amperímetros; suportes de válvulas de todos os tipos; acumuladores, difusores
da marca Nife e Lessen; recetores simplex para todas as ondas de 4 válvulas (super P.M.) ou
de 6 válvulas (super Burndept.);
Hertziana lda: Peças soltas para construção de aparelhos; posto para ondas curtas e ondas
médias com circuito oficial da marca American - Radio Relay League; recetor de 3 válvulas
que utilizava as modernas válvulas de grelha blindada e os pentodos, que proporcionavam
158
um intenso volume de som com pequena voltagem; modelo de super-heteródino de oito
válvulas e uma combinação de fono-rádio de nove válvulas que funciona com baterias e a
corrente elétrica;
J. Coelho Pacheco: Recetores Nife; acumuladores de ferro-niquel Cadmi; acessórios e
material de T.S.F. dos laboratorios Stern & Stern, aparelhos de monocontrole para onda-
concerto;
Sociedade Portuguesa de amadores de T.S.F: Pequeno posto transmissor de amador que
tinha no seu ativo comunições com todos os continentes do globo pela telegrafia e com
várias nações da europa pela telefonia; uma montagem para aprendizagem da receção ao
ouvido dos sinais Morse; um recetor super-heteródino apto a receber em quadro emissões
desde os 20 aos 600 metros de comprimento de ondas. Todas as montagens expostas eram
feitas por amadores. Tinha um serviço de informações gerais e apresentava tabelas e
prospetos de preços, que também estavam em distribuição pelos diversos stands, para
consulta de todos os interessados;
Gilman & Gilbert: Os 70 tipos de acumuladores da marca Oldham.
Fontes: Diário de Notícias, ano 65, nº 22.650 de 19 de fevereiro de 1929, p. 2; Diário de
Notícias, ano 65 nº, 22.649 de 18 de fevereiro de 1929, p. 2; Diário de Notícias, ano 65 nº,
22.653 de 22 de fevereiro de 1929, p.1.
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessantes.
159
Anexo D- Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: A “II Exposição Nacional de
T.S.F.” - 30 de Novembro a 8 de Dezembro.
Da aparelhagem radioelétrica exposta nos vários expositores fizeram parte: fultógrafo
(aparelho para receção à distância de fotografias); grafonola elétrica; aparelhos e recetores
de várias marcas para ligação direta ao setor de corrente elétrica e para baterias; alto-
falantes; alto-falantes em pequenos móveis; auscutadores; difusores; transformadores;
amplificadores; válvulas; lâmpadas recetoras, retificadoras e de emissão; baterias,
acumuladores; pilhas; condensadores; filtros; bobines; ferramentas em estojos e avulsas
para a montagem de aparelhos por amadores.
Os Grandes Armazéns do Chiado: Secção de T.S.F.: Material da R.C.A. da casa Radio
Victor Corporation of America; modelo R. 33: recetor neutrodino de 6 válvulas montado em
móvel de ferro blindado; modelo R. 44: criação de 1930, com 3 válvulas série em corrente
alterna, sendo a terceira detentora de grande sensibilidade e potência, com lâmpadas Screen-
grid. Equipado com a válvula de baixa frequência que permite o realismo na música; modelo
R. 60: o super-hereródino de corrente alterna, apresentava um aspeto sóbrio e um único
comando que permitia captar rapidamente 65 estações emissoras; modelo R. 46: semelhante
ao modelo R. 44, mas montado em móvel da mais moderna conceção e equipado com o
electrodynamico 106 R.C.A.; modelo R. 66: super-heteródino; modelo R. 60: igualmente
montado num artististico móvel sóbrio de aspeto, tinha como reprodutor também o
electrodynamico 106 R.C.A. Todos os modelos utilizavam na última baixa frequência,
válvula X245, de grande poder amplificador e distorção práticamente nula;
Armando Castilho & Cª.: Fultógrato, (aparelho para recepção a distância de fotografias);
material da marca Lissen; peças soltas para montagem de circuitos; blocos de pilhas de
diversas tensões; acumuladores de chumbo Hart, para baixa e alta tensão de diferentes
capacidades; aparelhos da marca Nora para ligar ao setor de corrente alterna e contínua; o
aparelho Apolo 3, destinado a receção de todos os comprimentos de ondas; aparelho S.G. 3
uma nova montagem da casa Castilho; ferramentas em estojos e avulsas para a montagem de
aparelhos por amadores; amplificadores para gramofones e para microfones;
Sociedade Comercial Philips Portuguesa: Recetores: modelo nº 2.511, alimentado pelo
setor de corrente elétrica; o recetor nº 2.802 para alimentação independente para todos os
comprimentos de ondas, entre os 10 e 2.400 metros; alto-falantes eletrodinámicos nº 2.009 e
nº 2.011; alto-falante eletromágnetico nº 2.007; transformadores Anodus; retificador para
160
telefonia e usos industriais nº 1.370, para carga de 6 elementos; amplificadores
gramofónicos e de grande potência de 10 a 600 watts; transformadores de baixa frequência
nº 408 e nº 409, para telefonia; Picks-ups adaptáveis a todos os braços de gramofone;
válvulas da marca Philips de grelha écran: A442, A 415 e B 443;
Atwater Kent Radio: Recetor modelo 66: com 3 lâmpadas de grelha blindada, em alta
frequência e com duas lâmpadas cx350 lemmingham em push-pall; aparelhos de
acumuladores de corrente contínua e de corrente alterna de imensos tipos e para todos os
preços; pequenos móveis de aço estampado que continham aparelhos e alto-falantes;
Radio Portugal: Mostravam-se as 3 fases principais de uma radio-emissão: O concerto no
"estudio", o posto emissor e a receção numa linda sala de baile, onde pares rodopiam ao som
da música forecida por um aparelho T.S.F; material para T.S.F.; variada quantidade de
recetores, proveniente de fabricas alemã que a firma representa em Portugal; Alto-falantes e
difusores da marca Tefag; auscultadores N&K; recetores Schneider-Opel e D.T.W.; recetores
A.H.E.M.O: de ligação à corrente de luz; Recetor de 3 lâmpadas de ligação à corrente alterna
que recebia emissões estrangeiras em alto-falante com o preço de 600$00; lâmpadas da
marca Valvo;
J. Coelho Pacheco: Acumuladores da marca sueca NIFE, os únicos de tipo Ferro-niquel-
cádmio para todas as capacidades;
Radio Vitória: Recetores Baltic de 4 válvulas para ligação direta à corrente contínua ou
alterna, de fabrico estrageiro; aparelhos Victoria obra da indústria portuguesa: Vitoria VIII
modelo de 1930; Victoria III: grafonola elétrica em que tudo era feito pela eletricidade e
automaticamente sem a necessidade de "dar corda".
Audak, lda: Peças soltas para todas as aplicações de T.S.F. fábricas em Alemãs, francesas,
Inglesa e americanas; aparelho Creatone: amplificador para reprodução de discos,
funcionava eletricamente tocava 15 discos automaticamente sem necessidade de lhe
tocarem. Os 15 discos podiam ser tocados seguidos ou alternadamente; recetores de
telefonia da marca Sicra de fabrico francês de regulação automática para trabalhar com
corrente altena e acumuladores; aparelho em forma de mala, pesava apenas 12 quilos e no
qual se podiam ouvir as principais estações emissoras da Europa; aparelhos da marca Philips
e Telefunken; alto-falantes da marca inglesa Celeste e lenzola, de patente americana e
fabricada na Alemanha;
161
Costa & Arez: Aparelhos da marca Ducret; aparelhos de todos os modelos de 4, 5, 6 e 7
lâmpadas com baterias ou caixas de alimentação; Baterias e acumuladores da marca Fulmen
para filamento; alto-falantes da marca Brunet;
Construções Domotta: Oficinas de rádio-eletricidade de Carlos Brazão Mota. Apresentava
as diferentes fases de uma montagem e ao mesmo tempo alguns modelos das suas
construções; Radio S. IV Domotta para receção de ondas de 20 a 60 metros e de 600 a 2000
metros, empregando uma voltagem de 4 volts no filamento e 50 a 100 volts na placa; Radio
S. VI e VII Domotta, um super-heterónino de conversão de frequncia por bigrelha; Posto de
grande seletividade para recepção de ondas de 20 a 60 metros sem mudança de bobines
trabalhava com 4 volts no filamento e 80 volts na plana;
Sociedade Lusitana de Electricidade A.E.G.: Aparelho recetor Telefunken: modelo 9 w:
com ligação direta ao setor da corrente alterna de grande amplicação e seletividade; vários
tipos de difusores incluindo eletrodinâmicos; aparelhos Telefunken modelo 40: para ligar
diretamente ao setor de corrente contínua, corrente alterna ou para funcionamento por meio
de pilhas e acumuladores. Eram equipados com uma lâmpada squeen-greed especial, com
blindagem metálica, que era uma nova patente da Telefunken; alto-falantes; lâmpadas
recetoras, retificadores;
Radiofonia, lda: Aparelhos e peças soltas; material para montagens de postos recetores;
eliminadores de baterias secos da marca Regentone; válvulas New Cossor; alto-falantes que
se confundiam com qualquer quadro de pendurar na parede; transformadores Multraformer;
condensadores fixos da fábrica inglesa T.C.C; bobines Liliputianas de grande seletividade;
difusores eletrodinâmicos e eletromagnéticos de 4 polos; aparelhos recetores para baterias e
de ligação direta ao setor de corrente alterna;
Radio-Lisboa: Alto-falante Brown: de 3 lâmpadas, que dava todas as estações europeias;
condensadores variáveis da marca Maneus; transformadores da M.F. Unic, os únicos
acordados para as lãmpadas S.G.; lâmpadas de metal com filamento a oxyde, material
F.A.R.; bobines; pilhas da marca Wonder;
Radio-Técnica: Aparelhos Simplex IV, para todos os comprimentos de onda, a partir de 10
metros, trabalhava com antena e terra; Simplex VI super-heteródino trabalhava em quadro de
extraordinária seletividade; válvulas Kremenezky; desmultiplicadores da marca orion;
162
transformadores de frequência média e filtros da marca Amo; condensadores variáveis da
marca Ormond; Peças soltas para todas as aplicações;
Hertziana, lda: Recetores de grelha blindada alimentados por corrente elétrica de setor;
modelo Crosley 1930 produto da Crosley Radio Corporation, fábrica norte-americana;
modelo Pilot-Wasp e o Hertz Iv, fabrico da Hertziana, recebem todos os comprimentos de
onda. Estes recetores foram fabricados com material da Pilot Radio e Tube Corporation;
recetor Super-Wasp Pilot modelo A. C. que recebe ondas ultracurtas e médias e funciona
totalmente alimentado por corrente alterna; ampliador duplo Push-pull Ux-250 Fabricado
pela Hertziana com mateial Thordarson.
Fontes: Diário de Notícias, ano 65, nº 22.935 4 de dezembro de 1929, p. 9; O Volante ano
IV, nº 135, de 8 de dezembro de 1929, p. 15-18.
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessantes.
163
Anexo E- Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: “Exposição da Luz e da
Electricidade Aplicada ao Lar.” De 22 de Novembro a 6 de Dezembro de 1930.
Firma M. Cabral: “Electro-jornal” um jornal luminoso de patente e fabrico português;
segundo as fontes era o jornal luminoso mais pequeno até à data. Era construído por
centenas de lâmpadas o seu consumo de energia era 60$ por hora. Para o seu funcionamento
bastava dar a volta a um interruptor. Os textos eram realizados com o apoio de uma máquina
perfuradora especial e poderiam variar consuante a vontade do utilizador. Servia para as
agências e filiais jornais de grande circulação, treatros, cinemas, cafés, era um prático,
económico, e interessante réclame luminoso;
Singer: Máquinas de costura elétricas de várias dimensões e portáteis;
Electrigia: Lâmpadas da marca Ormuz;
Casa Denis & Almeida: Frigoríficos da marca Frigidaire;
Companhia Vidreira Marquês de Pombal Da Marinha Grande: candeeiros em vidro;
Siemens: Material elétrico de utilidade caseira: ferros; fogões; ventoinhas; alto-falantes;
Sociedade Iberica de Construções Electricas lda (S.I.C.E.): Dois stands: uma secção de
iluminação: lâmpadas na marca mazda e a sice; refletor de albalite e refletor Modul da
Compagnie des Lampes de Paris; refletores e projetores para montras e vitrines; X Ray da
Curtis Lighting co. Secção de aplicações da eletricidade ao lar: grande variedade de
aparelhos domésticos das marcas Thomson e Hotpoint; ferros de engomar, aquecedores de
água; secadores de cabelo, secadores de mãos; aspiradores de poeira, radiadores; fogões de
aquecimento; fogareiros de cozinha, fervedores de água; aquecedores de cama, e banho por
acumulação; ventiladores; ferro de frisar; ferro de soldar; frigorífico da marca General
Electric.;
Electro-lux: Filtros para água de jacto contínuo; frigoríficos sem motor e sem ruído;
aspiradores e enceradoras automáticas simples numa só cor;
Stubs & Guedes: Aparelho cinematográfico de projeção da marca Duoskop;
164
Sampaio Baptista lda: Modelo de ascensor da marca Otis. O stand representava um
elevador estilizado, com uma pequena cabina que funcionava;
Companhias Reunidas Gás de Electicidade: Afixada vária informação relacionada com a
energia elétrica, gráficos de consumo, réclamos sugestivos para consumo de energia
elétrica, esquemas demostrativos de consumos comparados, entre outros;
Manuel Burnay: Representante do Circuito Oscilante Lakhovsky: colare para fins
terapêuticos, que recebia ondas radio-elétricas. Um empregado demostrava praticamente os
efeitos radio-elétricos desse circuito, que por si só conseguia acender uma lâmpada;
Fernando Vilhena: Aparelhos culinários, todo o conforto trazido ao lar doméstico pelas
inovações práticas da eletricidade: filtros Seitz- Eka; secadores;
Sociedade Comercial Philips Portuguesa: Dois stands; um deles dedicado à luz: lâmpadas
produzidas pela fábrica philips, desde a lâmpada minúscula para lanterna de bolso até a
lâmpada de 5.000 velas de farolagem; desde o pequeno aparelho de T.S.F. até aos grandes
alto-falantes. Stand dedicado à aplicação da eletricidade ao lar: projetores, plafoniers para
iluminação racional de escritórios, fábricas, e conjuntos arquitetónicos; letreiros
demostrativos da iluminação a gaz Neon; Luz cantante: uma demostração das células foto-
elétricas como agente transformador da luz em som; difusores;
Citroën: Stand com vários cartazes, num deles o desenho da instalação elétrica de um
automóvel citroën;
Serra Ribeiro: Stand onde se realizavam fotografias elétricas, sem recurso a qualquer luz
suplemental;
Electro Reclamo lda: Réclamos de publicidade luminosa; demostração de iluminação de
fachadas; réclamo Ballon Fabrik e modelos Strax;
J. Gonçalves: Máquinas de calcular acionadas a eletricidade para escritórios; máquinas
Adrema para organizações comerciais e de impressão de endereços;
A sala de chá da exposição da luz e eletricidade aplicada ao lar foi decorada com os tapetes
ingleses e indianos da casa Tapetes Orientais, Lda.
165
Fontes: Diário de Notícias, ano 66, nº 23.291 de 10 de dezembro de 1930; O Século, ano
50, nº 17 496 de 23 de novembro de1930, p. 1 e 6; O Século, ano 50, nº 17.503 de 2 de
dezembro de 1930, p. 9;
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessantes.
166
Anexo F- Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: A “III Exposição Nacional
de T.S.F.” – 13 de dezembro a 23 de dezembro de 1930.
Da vária aparelhagem radioelétrica exposta nos diversos expositores fizeram parte: recetores
de várias marcas, em móveis e para mesa; aparelho de televisão Baird, a 1º vez exposto em
Portugal; “Luz Cantante” da marca Philips; rádios gramofones, sem discos, reprodutores e
gravadores elétricos de discos; postos recetores; auto-falantes; válvulas; lâmpadas;
difusores; baterias; acumuladores, e material solto para construção de aparelhos de rádio.
Nacional Radio lda: Recetores Atwater Kent: super-heteródinos; postos que podiam ligar-
se a 15 difusores; comutatrizes de M.L. Magneto Synd Ltd; lâmpadas Arcturus; Recetores
feitos nas oficinas da Nacional Radio: antigas oficinas de Carlos Brazão da Mota.
Dedicavam-se também à reparação de qualquer montagem de T.S.F.;
Grande Bazar do Porto: Representante da marca americana His Master´s Voice; aparelhos
com 3, 4 e 5 lâmpadas: 3 modelos da Victor Talking Cª; micro-synchronics da marca His
Master Voice: 8 válvulas, 4 são de grelha blindada; Um dos 3 modelos era um aparelho de
combinação, radio-gramofone e reprodutor elétrico de discos, com um dispositivo para
gravação de discos. Vinha equipado com um pequeno microfone, para gravar os programas
das várias estações que recebia;
Sociedade Comercial Philips Portuguesa: 12 modelos de postos recetores e 16 modelos de
alto-falantes; As duas grandes novidades eram: o modelo 2811: móvel radio-gramofone,
com corrente de iluminação e ligação da ficha própria numa normal tomada corrente, com
alto-falante eletrodinâmico excitado; Modelo 2601: construído em Wahnerite, tinha um
poderoso recetor totalmente elétrico, um alto-falante eletrodinâmico de iman permanente;
Luz cantante Philips - a título demonstrativo, instalação demostradora do funcionamento das
células foto-elétricas como agente transformador da luz e do som; aparelhos de tensão
anódica, transformadores, microfones, retificadores, ampliadores de potência; vários tipos de
Válvulas;
Jaime da Costa lda.: recetores da marca Stern: de 2 válvulas com alto-falante incorporado,
para ligar diretamente ao setor de corrente alterna ou continua; Recetor de 3 válvulas para
ligar ao setor de corrente alterna e contínua; aparelho para ondas curtas e médias Concerton
47; recetor de 3 válvulas para alimentação por baterias;
167
J. Coelho Pacheco: acumuladores elétricos da marca sueca Nife em ferro, níquel e cádmo;
Casa Serras: aparelho de televisão Baird - 1º vez em Portugal; Aparelhos Clarion
Transformer Corporation of America;
A Sociedade Lusitana de electricidade A.E.G: Marca Telefunken: aparelhos Standart da
marca;
Costa e Arez lda: Aparelhos da marca francesa Ducret, alimentados por bateiras ou pelo
setor; posto Valise, portátil; difusores das marcas Celestion e Brunet; baterias da marca
francesa Fulmen para alimentação dos postos em alta e baixa tensão; lâmpadas Sila;
Mantua lda: recetores da marca Fada construidos por F.A.D. Andrea inc. de New York,
possui um regulador automático de sonoridade, um quadrante, um filtro de ruído, ligação de
fonógrafo, interruptor local e de distância, detetor de dois elementos, sintonização pré-
selectiva, chassis blindados e 9 válvulas com 3 de grelha blindada. O flashografh: anúncio
luminoso das estações sintonizadas e um alto-falante dinâmico. Reproduz exatamente a voz
humana e a música com clareza e nitidez;
Radio Portugal: Recetores da marca americana Stromberb-Carlson, apresentada pela
primeira nesta exposição;
Rádio-Técnica: Aparelhos da marca Radio Corporation of America modelo 1931; material
solto para construção de aparelhos da marca austríaca Onion; válvulas; recetores Simplex-6.
de construção nacional para ondas de 10 a 2000 metros;
Agência Técnica e Comercial lda: Aparelho construído em série com um móvel de linhas
modernas. O móvel contém um recetor e alto-falante provido de uma membrana especial
que dava uma grande qualidade de produção. Tem uma tomada de pick-up, quadrante
iluminado e circuito com lâmpadas de grelha blindada e pentodo; aparelhos da marca
majestic, super-heteródino de comando único das fábricas Majestic Electric Cº. de chicago;
difusores e alto-falantes Amplion;
Vasco Alcobia: Representante da Burndept Wireless Limited de Londres; Aparelho portátil
Gramofone sem discos; modelo universal com ligação direta à corrente captava sem
mudança de bobines, ondas curtas, médias e longas.
168
Fontes: Diário de Noticías, Ano 66 nº 23.304 de 15 de dezembro de 1930, p. 10; O Volante,
ano V, nº 189 de 21 de dezembro de 1930, p. 40-42.
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessantes.
169
Anexo G - Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: “Exposição de Aparelhos
de Radiotelefonia” ( IV Exposição Nacional de T.S.F.) - De 29 de maio a 5 de junho de
1932.
Da vária aparelhagem radioelétrica exposta fizeram parte: aparelhos recetores de várias
marcas, para mesa e com móvel incluidos; rádio-gramofone automático; postos emissores;
posto emissor e recetor de onda curta para telefonia, telegrafia e Tonic-Tram; recetores para
baterias e para automóveis; microfones; alto-falantes; modelos de radiogoniómetros;
lâmpadas; válvulas emissoras; acumuladores; condensadores fixos e variáveis; várias peças
soltas para a construção de aparelhos;
Internacional Standart Corporation: Colossal válvula transmissora; modelos de
radiogoniometros; aparelho recetor Kalster Internacional;
Sociedade Comercial Philips Portuguesa: Colecção de válvulas emissoras do tipo mais
reduzido até ao maior, de grelha blindada de meio KW antena; Um posto emissor e recetor
de ondas curtas para telefonia, telegrafia e Tonic-Tram, controlado por cristal de quartzo;
microfones; lâmpadas: E 452 e E 445; novos modelos de recetores de super-indutância:
modelo 730 e 720 para corrente alterna e de quatro válvulas;
Audak, lda: Recetores da marca Sterwart Warner para 1932; rádio-gramofone automatico
para receção de ondas curtas e média e reprodução automática de 12 discos; alto-falantes da
marca Jensen; a Audak dedicava-se igualmente ao cinema sonoro; apresenta uma célula
foto-elétrica adaptável a qualquer projetor de filme sonoro, gravado (movitoque); peças
soltas para a construção de aparelhos e as lâmpadas Silvania, pilhas da Helessens;
Costa & Arez lda: Representante da fábrica Société Independante de Télégraphie Sans Fils;
recetores das marcas Ducret e americana Air-King e Echophone; coleção de acumuladores
Fulmen;
Casa Serras: Dois stands. Novos modelos de super-heteródinos de 6 a 10 lâmpadas da
marca Clarion; o modelo de 6 lâmpadas incluia o novo circuito especial autodino; o modelo
de 10 lâmpadas é verdadeiramente assombroso pelo seu alcance, utilidade e majestosa
sonoridade. O modelo 10 9 destinava-se a ondas curtas e médias, possuia um conversor de 3
lâmpadas que o tornava superior; representante da fábrica Transformar Corporation of
America com o modelo Clarion;
170
Agência de Radiofonia, Lda: Especialista em peças soltas e acessórios; marca Cossor,
produtora de válvulas e de eletrodinâmicos; os condensadores fixos T.C.C.; material da
marca Polar; condensadores variáveis de precisão montados em jogos de esferas um bronze;
Costa & Brito, lda: Representava a marca Emerson Rádio and Phonograph Corporation de
Nova York; receptor de modelo popular de 4 válvulas, dinâmico e ligação direta à corrente;
super-heteródinos de 5 a 8 válvulas para ligar à corrente; super-heteródinos que recebem de
15 a 600 metros são equipados com 8 válvulas e alto-falante electrodinâmico Utak e possuia
uma ligação para adaptador e televisão;
Nacional Radio, lda: Distribuidora da marca Atwater Kent Radio; Modelos para todas as
correntes, para baterias e para automóvel;
Radio Portugal: Modelos da marca Stromberg-Carlson;
Radio-Lisboa: Recetores da marca americana Silver-Marshall; recetor para ondas curtas
com um só comando; peças soltas; condensadores, variáveis e fixos da marca Manerns,
cujas laminas são talhadas e frezadas num só bloco isoladas a quartzo;
Armando Casquilho & Cª: Recetor "Apolo 6", fabricado nas suas oficinas: super-
heteródino, recebia as 3 séries de ondas: curtas, médias e longas (de 20 a 2.000 metros),
alimentação a baterias ou corrente de qualquer sector. Apresentação no género americano,
com linhas sóbrias e elegantes. As peças e acessórios do recetor são de marcas inglesas e
alemãs. Tem um alto-falante eletrodinâmico de iman permanente;
Rádio-Técnica: Representa a fábrica americana Westing House; recetores de 5 a 10
válvulas de ligar à corrente e para ambos os setores; válvulas e material diverso da fábrica
Sator Radio: o Simplez 6, posto construído nas suas oficinas, para todos os comprimentos de
onda, sem mudança de bobines, trabalhava com pilhas ou com a corrente do setor;
Olavo Cruz: Recetor Schub de 6 válvulas e ligação ao setor, com chassis e móvel artístico;
Radiofila, lda: Aparelhos Philco: Philco 112 x, super-heteródino de 11 válvulas; modelos
de 9 e 11 válvulas para receção de todas as ondas de 10 a 600 metros; conversores de ondas
curtas; recetores para baterias, para automóveis.
Sociedade Comercial Luso-Americana, Lda: Representantes das marcas: Colossal e
Grebe: super-heteródinos em móveis artísticos;
171
Electro Lisboa, lda: Aparelhos das melhores marcas mundiais;
Electro Radio, lda: Material da fábrica inglesa Terrantis, transformadores; bobines de
choque; condensadores fixos; aparelhos de medida; aparelhos de receção da Kolster
international de Nova York e da Kolster Brandes de Inglaterra
Fontes: O século ano 52, nº 18.036 de 29 de maio de 1932 pp.17-18; O Século ano 52, nº
18.037 de 30 de maio de 1932, p. 6.
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessantes.
172
Anexo H - Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: A “V Exposição de Rádio e
Electricidade” - 1 a 13 de dezembro de 1934.
Da diversa aparelhagem elétrica e rádioeletrica apresentada nos vários expositores faziam
parte: recetores de várias marcas para móveis, mesa e consola; aparelhos de rádio para
automóveis; telefones; válvulas recetoras, aparelhagem para cinema sonoro, válvulas
luminosas, aparelhos de emissão, amplificadores, retificadores para carga de baterias;
material diverso para T.S.F.; aparelhos elétricos de uso doméstico como frigoríficos;
aparelhagem para aplicação clínica e cirurgica; mobiliário para hospitais e consultórios;
"anel prismatico"; lustres para iluminação; lâmpadas; artigos de porcelana;
Costa e Brito lda: Modelos Emerson tipo 38, super-heteródino de 6 válvulas, para ondas
curtas, extra-curtas e compridas; aparelho para automóvel de 6 válvulas; últimos modelos de
1935 da marca Supersom Radio, entre os quais se destava o modelo 38, super-heteródino de
6 válvulas de alta capacidade, com 2 de duplo rendimento, funciona em corrente alterna e
contínua, num circuito seletivo, que dava ótimas receções em ondas médias e curtas, com
isenção automática de ruídos e fading. Este aparelho era apresentado numa elegante caixa,
ricamente trabalhada em nogueira americana;
Estabelecimentos Valentim de Carvalho: modelos das marcas Sterwart-Warner, Tefag e
Columbia, aparelhos que se podem utilizar em todas as correntes e baterias. O seu circuito,
super-heteródino permitia-lhes uma melhor audição, seletividade e a mais fiel reprodução de
som; aparelho para automóvel da marca Sterwart-Warner;
Sociedade Comercial Luso-America: apresentação de vários modelos da marca Colossal-
Rádio uma marca já bastante generalizada em Portugal; modelos diversos desde os mais
modestos aos de grande luxo; modelos K 60 e K 65, de 5 vávulas e K 58 de 8 válvulas;
Arvin Portuguesa lda: aparelhos da marca Arvin a grande marca para automóveis;
Casa Audak: Expunha a marca Royal nos modelos universal e a marca Windsor e o famoso
Ponto Azul; amplificadores de sons para cinema sonoro e alto-falante Jansen também para
cinema;
Nacional Radio, lda: Marca Atwater-Kent em diversos tipos, de uma bela apresentação para
todas as ondas e para todos os preços;
173
Radio-Técnica: modelos das marcas Courrier , Luxor, Minerva, e Midwest, para corrente
alterna;
Grandes Armazéns do Chiado: Representante da marca americana Lincoln, super-
heteródinos de 11 lâmpadas com de receção de 15 a 560 metros; modelo exposto de 12
válvulas, todas as ondas para corrente alterna;
Antonio Burguete: Exposição de vários artigos do seu comércio, geleiras da marca
Kelvinator aparelhos elétricos de ménage;
Sociedade Comercial Matos Tavares, lda.: Aparelhos de Raios-X, diaterma, de sol
artifícial e ultra-violeta ; mesas de operações e mobiliário para hospitais e consultórios; A
mais diversa aparelhagem para aplicação clínica e cirurgica;
Anglo-Portuguese Telephone Company/ Companhias dos telefones: Um stand cheio de
originalidade e sempre cheio de público. Onde se mostrava a grande utilidade, para todos os
setores da vida moderna que era dado pelo telefone. Demonstração curiosa do
funcionamento do "automático" PABX; Aptofones de todas as cores;
Fornecimentos Electricos, lda: Aparelhos da marca Westinghouse, nos seus modelos de 4,
5, 6 e 8 válvulas, para todos os comprimentos de onda;
Radiofilia lda: Exposição da marca americana Philco nos seus vários tipos para todas as
ondas, destacando-se o 16 R de 11 válvulas, para curtas e médias; o modelo 200 x, que era o
primeiro recetor de "alta-fidelidade" até então concebido e o extraordinário 16 x, que era o
melhor e mais poderoso recetor para todas as ondas que até agora se tem realizaram;
Modelos de mesa e móvel de 4 a 11 válvulas para corrente alterna, contínua e para ambas as
correntes; Philco 49, com 8 válvulas para corrente contínua, ondas médias e ondas curtas,
rendimento igual ao dos modelos de corrente alterna; Philco 89 com 6 válvulas, recetor
ecónomico com todos os aperfeiçoamentos modenos. Para instalações domésticas;
Carlos Brasão Mota: Aparelhos da marca Ica, nos vários modelos, para todas as correntes,
todas as voltagens e todas as ondas. Interessantissimo o seu modelo magicolor, um super-
heteródino de 6 válvulas equivalente a 9, muito potente na receção de ondas extra-curtas e
preço acessível; Exteriormente no sítio onde costuma ser colocado o alto-falante via-se um
écran, onde durante o seu funcionamento eram projetadas várias tonalidades e cores; O
Transpacific aparelho apresentado num móvel luxuoso, com o novo circuito Ica de 8
174
válvulas, equivalente a 11; o modelo Multe-waves para todas as correntes e todas as ondas,
recebia todas as estações com grande intensidade. Construído segundo uma técnica nova,
tinha 6 válvulas;
Casa Serras: recetores da marca Clarion nos seus diversos modelos de 1935 de alta-
fidelidade. Desde o popular ao de luxo. Também um modelo para automóvel de 6
lâmpadas;
Companhias Reúnidas Gás e Electricidade: Stand muito útil, de demostração, prática da
aparelhagem elétrica, com umas empregadas muito gentis.Onde se podia recolher todas as
informações sobre as diversas aplicações da energia elétrica;
Sociedade Comercial Philips Portuguesa: A maior instalação do salão. Duas salas sempre
cheias de público. Grandeza e bom gosto. Exposição de aparelhos de T.S.F. da conhecida
marca; válvulas; recetores; cinema sonoro; válvulas luminosas; aparelhos de emissão;
amplificadores; rectificadores para carga de baterias e soldadura elétrica; a utlização da
válvula Octodo recentemente fabricada pela Philips. A destacar, entre os modelos expostos
os 521, 522, 638 e 572; os aparelhos automóveis, modelo 638 baseado no princípio da
super-indutância;
Metalúrgica Comercial do Socorro, lda.: Aparelhos na marca inglesa G.E.C., Modelos de
5, 6 e 7 lâmpadas, destacando-se o modelo oversea de 7 válvulas, para corrente alterna;
Sociedade Porcelanas, lda: Exposição de vários artigos de porcelana do seu fabrico;
Empresa Nacional de Aparelhagem Electrica: Fábrica portuguesa da única lâmpada
elétrica que se construia em Portugal à época; lâmpada "Lumiar";
Empreza Electrica de Lisboa, lda: Últimos modelos de lustres para iluminação,
importação das principais fábricas da Áustria; tapete elétrico, invenção portuguesa já muito
divulgada. Em rádio, expostos alguns modelos das duas marcas que representa: a inglesa
Ultra-Radio e a americana Continetal. A apresentação de qualquer dos aparelhos destas duas
marcas é magnifica;
Olavo Cruz lda: Apresentação dos aparelhos Schaub para todas as ondas, possuia filtro de
vidro para purificar a audição, limpando-a de perturbações atmosféricas locais, medida de
intensidade, que facilitava a obtenção da sintonia máxima e simplificava a pesquisa de boas
emissões, indicador de sonoridade, bobines ultraferit; modelo Schab-Welt Super 1935
175
destava-se entre eles, pela sua beleza e pela sua perfeição. Super-heteródino de alto
rendimento, era admirável na captação de ondas curtas, tão apreciadas na época. Um
supressor automático de Fading garatia ao Weltsuper 35 uma estabilidade; Expunha também
a marca Lyric, nos seus modelos 454 e 480. O primeiro, para ondas curtas e médias, com
potente recepção em onda curta, mesmo sem antena, super-heteródino de 5 válvulas. O
segundo de 8 válvulas, com 2 andares de ampliação em alta frequência com hexodos; a
marca Lissen um rádio-gramofone de substituição de discos automática; Frigoríficos da
marca Gibson, silenciosos, com 12 graduações de frio;
C.A. Cardoso lda: Apresentação de modelos Pilot Radio marca americana representada for
esta firma; modelos de 5 e 6 lâmpadas; recetores super-heteródinos, com mostrador tipo
compasso; modelos 53, para ondas curtas e médias, 55 para ondas curtas, médias e longas,
63 para ondas curtas e médias e 65 para ondas curtas, médias e longas; para corrente
contínua, os modelos 68 e 69;
Radio Portugal: Exposição de vários modelos: Erla: aparelhos para todas as ondas,
correntes e para baterias (com ondas curtas) em móveis de mesa e consolas; Grunow: marca
com lugar marcado na preferência do público, e Stromberg- Carlson;
Fassio lda: Exposição ao público do seu aparelho elétrico " anel prismático" para maior
intensidade luminosa. Resolvia todos os problemas de iluminação sem a necessidade de
mudar a instalação existente. Assim aumentava a intensidade da luz útil das lâmpadas em
mais de 20 %.: o Amplilux era constituído por um anel prismático de cristal que se fixava
facilmente a qualquer lâmpada ou na parte interior de qualquer refletor;
Gilberto Sequeira: Apresentava as conhecidas lâmpadas elétricas Palas;
Sociedade de Comércio Internacional: Modelos de 1935 da marca americana Welco,
recetores super-heteródinos com controlo de tonalidade, em toda a escala, alto-falante
electrodinâmico e montagens do "chassis" do tipo flutuante. Estes modelos de receção em
onda curta, dos 16 m, 4 aos 51 m, 6, em onda média, 170 a 565 m, apresentam-se em móveis
de nogueira americana, de linhas modernas, produto da Weels-Gardner Company,
Armando Castilho & Cª: Aparelhos da marca Nora para casa e recetores Motortone e
fairbanks para automóves;
Empresa Electro-Cerâmica: Exposição de diverso material elétrico do seu fabrico;
176
Radio Lisboa: Exposição de modelos da marca Crossley americana. Modelos desde os
populares aos de luxo; Apresentava também um aparelho para automóvel de 5 válvulas,
equivalente a um parelho de 8;
Paixão Paiva, Lda: Esta firma era especializada na construção e reparação de
transformadores e motores elétricos. Bastante conhecida pelos s amadores de rádio;
António G. D. de Oliveira: stand das galerias onde estavam expostos móveis para
aparelhos de rádio;
Julio Coelho: Marca Motorola de rádios para automóveis. Um dos stands mais visitados da
exposição; modelos de 5 a 8 válvulas;
Sociedade Iberica de Construções Electricas: Modelos de 1935 da marca R.C.A. para
todas as ondas; destacava-se o de móvel 314 com 8 válvulas, mudança automática de discos;
máquinas para cinema sonoro, construção especial para particulares;
Laboratorio Electro Tecnico de Radio e Fono-Frequência: Esta firma não era vendedora
de aparelhos de Rádio. Dedicava-se a sua reparação, montagem e modificação.
Fontes: O Volante, ano IX nº 319 de 24 de dezembro de 1934, p. 14,21; O Século ano 54, nº
18.941 de 1 de dezembro de 1934, p. 6, 8, 7; Diário de Notícias ano 70, nº 24.731 de 9 de
dezembro de 1934; p. 22;
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessante.
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Anexo: I- Lista de stands e aparelhagem elétrica exposta*: “VI Exposição de Rádio e
Electricidade”- 16 a 24 de novembro de 1935.
Da diversa aparelhagem radioelétrica e elétrica exposta nos diversos expositores fizeram
parte: esquentadores elétricos, ventoinhas, ferros para engomar, aparelhos para preparar
torradas, frigoríficos, tapetes elétricos, enceradores; decoração luminosa de interiores e
exteriores; relógios elétricos para habitações privadas e intituições públicas; aparelhos
recetores e emissores de várias marcas; recetores para automóveis; microfones; aparelhos e
aparelhagem de cinema sonora e para instalações ao ar livre; centrais telefónicas
automáticas; telefones; um oscilógrafo; lâmpadas; baterias; pilhas; acumuladores; válvulas;
retificadores; ampliadores; transformadores; bobines; tubos luminescentes; filtros para
máquinas elétricas para evitar interferências e ruídos nas audições de T.S.F.; motores e
bombas elétricas; escovas para máquinas elétricas; isolantes; material solto para T.S.F.
The Anglo Portuguese Telephone & Cª/ Companhia dos Telefones: Mostruário
retrospetivo do telefone, centrais automáticas, um oscilografo: aparelho que registava as
oscilações da voz e apresentava um corte vertical do telefone automático,
Companhias Reunidas de Gás e Electricidade: Demostração prática feita por senhoras da
aparelhagem de aplicação doméstica: A confeção de alimentos, a engomagem, o trabalho
das máquinas de lavar, a limpeza de uma casa, rápida e higienicamente, tudo pode ser feito
com a aparelhagem eletrica que estava presente; esquentadores elétricos, ventoinhas, ferros
para engomar, aparelho para preparar torradas;
Radiofila lda: Aparelhos da marca Philco; O 116 x: grande móvel equipado com quatro
alto-falantes, dos quais três eram utilizados como amortecedores acústicos da ressonância do
móvel; Todos os modelos 1936 são equipados com as novas válvulas de metal e de vidro;
C.A Cardoso & Cª: recetores Pilot;
A.L. Ferreira: receptores Fairbanks Morse, que tinha como novidade o som de 3º
dimensão, o tom verdadeiro da música; Estes aparelhos davam ao som qualidade e riqueza
incomparáveis; modelo o 1126 r de 11 lâmpadas, 9 de metal e 2 de cristal e sintonização de
sombra;
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Francisco Nunes Bernardo: “A lluminante”, materiais elétricos: artísticas lâmpadas Kato;
tubos de T.S.F., baterias, aparelhos automáticos;
Valentim de Carvalho: os modelos 1301, de 5 válvulas para ondas curtas e médias, com
quadrante aeroplano e flutuante; o 1351, de 7 válvulas, para todas as ondas, com um móvel
riquissimo; frigorifico His Masters Voice; modelo Ferrodyne 1936: com regulador de duas
tonalidades, registrador automático para sintonizar instantaneamente qualquer estação,
regulador de volume de som de compensação automática e eliminação de fading filtro
especial para absorver os ruídos da corrente, seletor de duas velocidades com o novo
quadrante Magic Dial multicolor, com ponteiro especial para as estações de ondas curtas;
Costa & Brito lda: Aparelho da marca Superson: aparelho popular de 6 válvulas metálicas
ondas e médias, modelo único de duas faces. O móvel com 11 válvulas, dínamo de suprema
fidelidade. Supersom Radio de 8 válvulas metálicas, super-heteródino, para receber ondas
extra-curtas, curtas e médias, quadrante micro-seletor; Recetor de 6 válvulas, super-
heteródino, para captação de ondas extra-curtas, curtas e médias, funcionando com todas as
correntes e também com quadrante micro-seletor. A caixa apresenta uma novidade
interessante: tem duas faces; recetor de 5 válvulas metálicas para receção de ondas curtas e
médias para todas as correntes, quadrante aéreo e uma ótima apresentação. O simbolo da
marca era a "betty-Boop";
Nacional Radio, lda: variedade enorme de recetores Atwater Kent; Para corrente alterna e
contínua, modelos elegantes com escala de ondas média, quadrante tipo aeroplano,
magníficos difusores eletro-dinâmicos de fácil instalação e sem necessidade de filtragem; o
modelo 412 de 12 válvulas de metal e vidro; lâmpadas Sylvania para aparelhos recetores;
Sociedade Comercial Luso-Americana: Grande variedade de modelos da Colossal Radio;
G 25, para ondas extra-curtas e médias e corrente alterna de 110 e 220 volts, condensadores
anti-vibratórios, alto-falante de grande dimensão, caixa de raiz de nogueira de belas linhas
arquitetonicas, regulador de tonalidade, fácil catação em todas as gamas de ondas. Com 5
lâmpadas que equivaliam a oito e fornecido com o boletim de garantia de um ano;
Radio Europa: Recetores Interoceon Radion;
Radio Lisboa: Aparelhos Crosley com modelos de 10 válvulas de metal, para ondas curtas;
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Casa Serras: um mapa mundo onde eram indicadas as principais estações emissoras;
aparelhos Clarion, modelos de 1936, com círcuitos aperfeiçoados, válvulas de metal, o "olho
elétrico", que permitia ver quando o recetor esta perfeitamente sintonizado; Recetor e
emissor transceives com uma pequena antena com raio de ação de 50 quilómetro, muito
aplicado aos serviços militares;
Costa & Arez, Lda: aparelhos das marcas Ponto Azul, Kapsch, e Air-king;
Fornecimentos Electricos, lda: diversos aparelhos da marca Westinghouse Radio;
Sociedade Comercial Philips Portuguesa: Recetores Philips para todas as ondas e
correntes, com círcuitos da multi-indutância, baseados no círcuito anterior da super-
indutância; aparelho cinematográfico Philisonor; lâmpadas D.D. de filamento duplamente
espiralado; retificadores tipos 1360, 1370 366; microfones; aparelhos octodo-super; válvulas
de receção; artigos para diversas indústrias; amplificadores; emissores;
Sociedade Nacional de Aparelhagem Electrica:Lâmpadas lumiar tipos: pintadas, com
casquilhos especiais, foscas em vidros de cor, especiais para fornos de padeiro, contra
choques, para comboios, para ligações em serie, entre outas; tubulares com inscrições
luminosas interiores;
Electro Reclamo, lda: Réclamos Luminosos; Demostrava os métodos e materiais das suas
execuções atravéz dos tubos luminescentes;
Primax, lda: Aparelhos T.S.F. Lorenz, com sintonização ótica e silenciosa: mostrador no
qual uma luz mudava de cor conforme o comprimento de ondas recebidas, e um ponteiro
luminoso que se movia, na escala para indicar as estações; Relógios elétricos para fábricas,
escolas, bancos e casas de saúde, hospitais e hóteis. O relógio possuia um dispositivo, que
depois de convenientemente ligado, dava automáticamente as horas de trabalho para grandes
estabelecimentos; telefones da casa Fuld & Cª particulares, manuais e automáticos, serviam
para várias aplicações;
Empresa Electrica de Lisboa, lda: Materiais Elétricos: decorações luminosas interiores;
Candeeiro Salazar; Tapetes elétricos; enceradores; e aparelhagem elétrica de aplicação
doméstica;
Sociedade Lusitana de Electricidade: Materiais A.E.G. e Telefunken; Árvore de Natal
muito iluminada, lâmpadas Osram; Osram D, com filamento incandescente de dupla aspiral
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de maior intensidade luminosa e menor consumo; aparelhagem de cinema sonoro ligada a
um alto-falante: Klangfilm, tipo europa, para cinemas com volume de 20.000 metros
cúbicos; instalação eletro-acústica Telefunken com microfones e amplificadores; Recetores
Telefuken, modelos Aristokrat e Presidente; lâmpadas Osram D, filamento incandecente, de
dupla espiral; Motores; bombas; aparelhos de ménage; filtros para máquinas elétricas pra
evitar interferências e ruídos nas audições de T.S.F;
Agência e Laboratorio Tecnico de Radio: Recetores Stern e Stern, três modelos: V 67, U
66 e V 66, para onda curta;
Coelho & Castro Alves, lda: receptor Stranfurt Imperial, a 1º vez nas exposições
portuguesas;
Paixão e Paiva, lda: Firma que procedia a reparações elétricas; Construção de
transformadores; auto-transformadores; bobines de modulação, para aparelhos,
amplificadores, entre outros. Reparações em recetores e emissores de T.S.F. e aparelhagem
elétrica. Esta casa estava apta a proceder à construção de transformadores estáticos de 10 a
20.000 watts, para fins industriais e T.S.F.; transformadores para emissores, receptores,
anodons e carregadores; auto-transformadores, com voltímetro, bobines para filtros ou
modulação; amplificadores de potência, transformadores classe B, B. F, Push-pull;
Lobo e Freitas: Aparelhos Detrola Radio, caracterizava-se pelo regulador de tom luminoso,
com seletor de onda também luminoso e desmultiplicador de onda; modelo para automóvel
Detrola Radio; recetor para automóvel Autorola;
Radio Club Português: dois stands; Apresentam o projeto das instalações da estação
emissora. Num dos stands vê-se um recetor da marca Pilot, oferta de C.A. Cardoso &Cª para
ser vendido pelo maior lance;
Olavo Cruz, lda: Aparelhos Shaub de 1936 com quadrante móvel, 6 válvulas com grande
rendimento e ótima captação em todas as ondas; Aparelhos Lyric, que se caracterizavam
pela beleza do som; frigoríficos Gibson, schaub Welasuper 35, para todas as ondas, com
supressor automático de fading, que permitia uma audição perfeitissíma, sintonização
silênciosa das estações de ondas curtas. Tinha válvulas octodo-Pendolo de alta frequencia,
Duodiodo- Pentodo final, rectificadora, filtro de ruídos, mediador de intensidade de
estações, visor numerado de o a 8 onde se verifica a intensidade máxima com que pode ser
captada qualquer estação, ao mesmo tempo que é indicado o mais alto grau de sintonização,
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afinador de tonalidade (retonador). À esquerda do visor da escala de estações encontrava-se
um segundo visor com um ponteiro de comando facultativo. Por meio deste ponteiro podia-
se graduar o som antes que a audição começasse;
Freitas Delfim & Machado, lda: Materiais de Rádio;
Sociedade de Comercio Internacional, lda: modelo Welco de 16 válvulas de metal e vidro
para todas as ondas, incluindo as micro-curtas, com alto- falantes de som duplo, todo
cromado;
J.F. Lopes: Materiais de Rádio;
Armando Casquilho & Cª: Aparelhos recetores e todo o material de rádio. Distribuidor da
marca Philips; pilhas; acumuladores; isolantes; aparelhos de medida, fios para enrolamento;
fios resistentes; mostruários de Carvões; instalações sonoras para ar livre, teatros, grandes
salões; tudo o que é necessário para a montagem de aparelhos de reprodução de som e
concertante aos alto-falantes; escovas para máquinas elétricas; cinema; soldadura elétrica,
portas-escovas de todos os sistemas; isolantes da casa inglesa Attwater: ebonites; baquelites;
micas; telas; vernizes;
Gilberto Sequeira: Lâmpadas Pallas; Niam: lâmpada rotativa;
Sociedade industrial de Produtos Electricos, lda: Materiais isolantes de ébonite; resinas
sintéticas; pós para moldação, matrizes, artigos de escritório, Tudo fabricado em Portugal.
Produtos da marca Semplite
Fonte: Diário de Notícias, ano 71 nº 25:068, de 17 de dezembro de 1935, p.4; O século, ano
55, nº 19:281 de 17 de novembro de 1935, p.2
* As fontes apenas descreverem os stands que para os repórteres eram mais interessante.
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Anexo J – Exemplo de fotografias para a exposição temporária.
Exposição de Telegrafia Sem Fios. Stand da Hertziana. A.N.T.T./ EPJS/
SF/1651D
Stand da Burndent na exposição de TSF de 1930.
A.N.T.T./ EPJS/ SF/1613E