UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE ELETROTÉCNICA E ENERGIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E NEGÓCIOS NO
SETOR ENERGÉTICO
LÍGIA FERREIRA CEPEDA
CERTIFICAÇÃO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO
SÃO PAULO
2012
2
LÍGIA FERREIRA CEPEDA
CERTIFICAÇÃO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO
SÃO PAULO
2012
Orientador: Carlos Eduardo Freitas Vian
Monografia para conclusão do Curso de
Especialização em Gestão Ambiental e
Negócios no Setor Energético do
Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar forças todos os dias para superar os desafios em meu caminho.
À minha família por todo o amor e apoio em mais esta etapa de minha vida.
Aos meus amigos que se fazem presente mesmo a distância pelo carinho e lealdade.
Aos meus parceiros de curso por todo o companheirismo.
Ao meu orientador pela ajuda e ensinamentos para realização deste estudo.
Ao IEE e ao CENBIO pela realização deste curso pioneiro na área de Gestão Ambiental e Energia.
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RESUMO
CEPEDA, L.F.; Certificação no Setor Sucroalcooleiro. Monografia de especialização- Curso de
Especialização em Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético do Instituto de Eletrotécnica e
Energia da Universidade de São Paulo. 2012.
O setor sucroalcooleiro brasileiro na safra 2010/2011, de acordo com o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foi responsável por aproximadamente 1,6% do Produto Interno
Bruto, com a moagem de 620 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para a produção de 38 milhões
de toneladas de açúcar e 27,5 bilhões de litros de etanol. O setor ainda respondeu pela cogeração de
12.800 GWh de energia gerados a partir biomassa da cana-de-açúcar, sendo a bioeletricidade de
fundamental importância para a expansão do sistema elétrico nacional, por ser fonte complementar a
hidroeletricidade, e tendo ainda como vantagem a proximidade de grandes centros de consumo.
(MAPA, 2011)
Considerando que na safra 2010/2011 houve a exportação de 28 milhões de toneladas de açúcar
e de 2 bilhões de litros de etanol, movimentando respectivamente US$ 12,5 bilhões e US$ 1 bilhão, em
um momento onde são realizados cada vez mais investimentos em fontes renováveis, é preciso garantir
que a produção de açúcar e etanol seja realizada de acordo com padrões sustentáveis. (MAPA, 2011)
Para tanto, estão sendo desenvolvidas iniciativas como acordos setoriais, sistemas de
certificação e políticas públicas como forma de garantir que todos os elos da cadeia produtiva da cana-
de-açúcar e seus derivados cumpram critérios que considerem os eixos social, econômico e ambiental,
garantindo a sustentabilidade dos produtos comercializados.
O presente estudo tem como objetivo apresentar a Certificação BONSUCRO, que através de
princípios, critérios e indicadores, permite a todos os envolvidos na produção, processamento e
comercialização na cadeia de etanol e açúcar a identificação de pontos de melhoria e aperfeiçoamento
da produção e processamento minimizando seus impactos ambientais e sociais.
Palavras-chaves: Gestão Ambiental, Setor Sucroalcooleiro, BONSUCRO, Certificação
Socioambiental, Matriz Energética.
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ABSTRACT
CEPEDA, L.F.: Certification in the Ethanol and Sugarcane Sector. Monograph of Specialization in
Environmental Management and Business in the Energy Sector of the Institute of Electrotechnics and
Energy, University of Sao Paulo.2012
The Brazilian sugar and alcohol sector in 2010/2011 harvest, according to the Ministry of
Agriculture, Livestock and Supply, was responsible for approximately 1.6% of Gross Domestic
Product, with the grinding of 620 million tons of cane sugar to production of 38 million tons of sugar
and 27.5 billion liters of ethanol. The sector still accounted for the cogeneration of 12.800 GWh of
energy generated from biomass of cane sugar. The bioelectricity is fundamental for the expansion of
the national electricity system, to be a complementary source of hydroelectricity, and also taking the
advantage proximity to large centers of consumption. (MAPA,2011)
Considering that exports of this crop was 28 million tons of sugar and 2 billion gallons of
ethanol, respectively moving $ 12.5 billion and $ 1 billion, in a moment of increased investments in
renewable energy, we must ensure that the production of sugar and ethanol is carried out according to
sustainable standards.( MAPA, 2011)
For this purpose, certification systems and public policies are being developed in order to
ensure that all links in the sugarcane supply chain comply with social, economic and environmental
criteria to ensure sustainability of commercialized products.
The present study aims to present the BONSUCRO Certification which through its principles,
criteria and indicators, the ones involved in the production, processing and selling in the ethanol and
sugar supply chain can identify improvement opportunities and minimize social and environmental
impacts.
Keywords: Environmental Management, Ethanol and Sugarcane Sector, BONSUCRO, Socio
Environmental Certification, Energy Matrix.
6
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Gráfico da oferta de energia elétrica por fonte....................................................................13
FIGURA 2: Mapa da Produção Nacional de Cana-de-Açúcar...............................................................18
FIGURA 3: Prazo para eliminação da queima de cana-de-açúcar no Estado de São
Paulo........................................................................................................................................................25
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Fatores médios de emissão de veículos leves novos..........................................................15
TABELA 2: Informações técnicas da cultura de cana-de-açúcar...........................................................17
TABELA 3: Consumo e geração de energia na produção de cana e etanol............................................17
TABELA 4: Princípios da Certificação BONSUCRO............................................................................33
TABELA 5: Critérios Essenciais da Certificação BONSUCRO............................................................34
TABELA 6: Usinas com Certificação BONSUCRO..............................................................................37
8
NOMENCLATURA
Siglas
AAVC: Áreas de Alto Valor de Conservação
ACV: Análise do Ciclo de Vida
AISA: Avaliação de Impacto Socioambiental
ATR: Açúcar Total Recuperável
BSI: Better Sugar Cane Initiative
CQNUMC: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPA: Environmental Protection Agency
EPACT: Energy Policy Act
EU RED: European Union Renewable Energy Directive
GEE: Gases do Efeito Estufa
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MDIC: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MDL: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MME: Ministério de Minas e Energia
OIT: Organização Internacional do Trabalho
OMC: Organização Mundial do Comércio
PGA: Plano de Gerenciamento Ambiental
REN21: Renewable Energy Policy Network for the 21st Century
RFS: Renewable Fuel Standard
RTFO: Renewable Transport Fuel Obligation
TSAI: Açúcar Total Invertido
UNICA: União da Indústria da Cana-de-açúcar
Fórmulas Estruturais
CO2: dióxido de carbono
CO: monóxido de carbono
CH4: metano
NOX : óxidos de nitrogênio
CHO: aldeídos
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SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 11
1.2 Objetivos ........................................................................................................................................... 12
1.3 Metodologia ...................................................................................................................................... 12
2.MATRIZ ENERGÉTICA ................................................................................................................. 13
3. SETOR SUCROENERGÉTICO BRASILEIRO ........................................................................... 16
3.1 A cultura da cana-de-açúcar .............................................................................................................. 16
3.2 Produção e Faturamento Safra 2011/2012 ........................................................................................ 18
3.3 Bioeletricidade .................................................................................................................................. 19
3.4 Demais produtos derivados da cana-de-açúcar ................................................................................. 21
4. GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR SUCROENERGÉTICO ................................................... 21
4.1 Consumo de Fertilizantes ................................................................................................................. 22
4.2 Consumo de defensivos agrícolas ..................................................................................................... 22
4.3 Uso do solo........................................................................................................................................ 23
4.4 Recursos Hídricos ............................................................................................................................. 24
4.5 Colheita Mecanizada ......................................................................................................................... 16
4.6 Créditos de Carbono.......................................................................................................................... 27
5. ACORDOS E INICIATIVAS DE BOAS PRÁTICAS NO SETOR SUCROALCOOLEIRO .. 28
5.1 RTFO: Renewable Transport Fuel Obligation .................................................................................. 28
5.2 Roundtable on Sustainable Biofuels ................................................................................................. 28
5.3 Agência Internacional de Energia ..................................................................................................... 29
5.4 Diretiva Européia para a Promoção de Energia Renovável .............................................................. 29
5.5 Renewable Fuel Standard.................................................................................................................. 29
5.6 Protocolo AgroAmbiental ................................................................................................................. 30
6. CERTIFICAÇÃO BONSUCRO ...................................................................................................... 31
6.1 Objetivos da Certificação BONSUCRO ........................................................................................... 32
6.2 Padrões, Princípios e Critérios BONSUCRO ................................................................................... 32
6.3 Diretiva Européia no Padrão BONSUCRO ...................................................................................... 34
7. DISCUSSÃO E RESULTADOS ...................................................................................................... 35
8. CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................38
10
ANEXOS
ANEXO A: Princípios do Padrão de Produção BONSUCRO................................................................40
ANEXO B: Princípios e Critérios Adicionais para Cumprimento da Diretiva Européia.......................64
ANEXO C: Membros BONSUCRO.......................................................................................................81
ANEXO D: Definições utilizadas na Certificação BONSUCRO...........................................................82
ANEXO E: Símbolos e abreviaturas...................................................................................................... 88
ANEXO F: Lista das Convenções Internacionais Relevantes................................................................89
ANEXO G: Esquema BONSUCRO para calcular emissões de gases do efeito estufa decorrentes do
cultivo e processamento de cana-de-açúcar..........................................................................................100
ANEXO H: Parâmetros detalhados para o cálculo de emissões de GEE dos Biocombustíveis
estabelecidos pela Diretiva Européia para Energias Renováveis e pela Diretiva sobre Qualidade dos
Combustíveis.........................................................................................................................................107
ANEXO I: Valores Padrão utilizados...................................................................................................109
ANEXO J: Plano de Gerenciamento Ambiental...................................................................................111
11
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é privilegiado por sua riqueza de recursos naturais, apresentando uma matriz de
geração elétrica de origem predominantemente renovável, sendo que a geração interna hidráulica
responde por 74% da oferta. Somando as importações, que essencialmente também são de origem
renovável, pode-se afirmar que 89% da eletricidade no Brasil é originada de fontes renováveis. (EPE,
2012)
De acordo com o Balanço Energético de 2012 realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE) em 2011 houve acréscimo de aproximadamente 5 GW com a capacidade instalada das centrais
de geração de energia elétrica do Brasil alcançando 117.135 MW, na soma das centrais de serviço
público e autoprodutoras
Dentro deste cenário, destaca-se o setor sucroenergético, que atualmente conta com 435 usinas
de produção de açúcar, álcool e energia, contribuindo para a geração descentralizada. De acordo com o
Relatório de Sustentabilidade da União da Indústria da Cana-de-açúcar (UNICA), em 2011 o setor
sucroenergético brasileiro gerou riqueza de R$ 57,33 bilhões, equivalente a 1,6% do Produto Interno
Bruto (PIB) Nacional, sendo que os elos de produção antes e depois da porteira respondem por 24% do
movimento do setor sucroenergético, enquanto a atividade industrial, o transporte, a distribuição no
atacado e no varejo de produtos derivados de cana são responsáveis por 76%.(MAPA, 2011)
Em um país de grande extensão territorial como o Brasil, a geração descentralizada tem um
papel fundamental no atendimento a locais que não podem ser atendidos pelo sistema convencional de
distribuição de energia, sendo que grande parcela da população isolada não tem acesso aos benefícios
da eletricidade e ficam limitadas quanto a desenvolvimento de suas atividades produtivas. A geração
distribuída também é importante no sentido em que atua no aumento da qualidade e confiabilidade no
suprimento de energia já que acrescenta novas fontes de geração ao sistema, com diminuição de riscos
de interrupção do fornecimento de energia por acidentes ao longo do percurso da rede de transmissão.
O setor sucroenergético também contribui de forma significativa para a geração de empregos
no país, sendo que de acordo com o Anuário da Cana 2011, o setor foi responsável pela geração de 4,5
milhões de empregos diretos e indiretos na safra 2010/2011.
Por sua extensão territorial, condições favoráveis de solo e clima e experiência na produção de
bicombustíveis, o Brasil tem grande potencial de expansão de seus negócios, considerando os
incentivos dados por políticas que definem o aumento no percentual de etanol que deve ser adicionado
à gasolina.
12
Em 2005 foi criado o Renewable Fuel Standard (RFS), dentro da “Energy Policy Act
(EPAct),que entre outros objetivos, prevê o aumento da quantidade de bicombustível que deve ser
misturado a gasolina vendida no Estados Unidos, com meta de 7,5 bilhões de galões (o equivalente a
aproximadamente 28 bilhões de litros) até 2012.
Outra política que impacta no setor sucroalcooleiro brasileiro é a European Union Renewable
Energy Directive (EU RED) - Diretivas Européias para Energias Renováveis - que estabelecem metas
de uso de fontes renováveis na matriz energética européia, assim como requisitos de sustentabilidade a
serem cumpridos para importação de biocombustíveis na União Européia.
Para atingir estes mercados potenciais, como Estados Unidos e União Européia, o país tem que
cumprir as exigências impostas pelas políticas públicas e pelos sistemas de certificação, que tem como
objetivo principal avaliar se a cadeia produtiva atende aos critérios de sustentabilidade.
Em 2010 foi estabelecido o Padrão de Certificação BONSUCRO, que através de princípios,
critérios e indicadores, permite aos envolvidos na produção, processamento e comercialização na
cadeia de etanol e açúcar a possibilidade de identificar pontos de melhoria e aperfeiçoar a produção e
processamento minimizando seus impactos ambientais e sociais. Sendo assim, o momento exige a
todos os envolvidos na cadeia sucroalcooleira que desenvolvam seus processos de forma a aprimorar
seu sistema de gestão ambiental, considerando todas as etapas, desde o plantio da cana-de-açúcar até o
processo de comercialização e exportação de açúcar e álcool.
1.1 Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o sistema de Certificação BONSUCRO do
setor sucroalcooleiro e como a implementação de seus princípios e critérios induz a adoção de boas
práticas nos sistemas de produção de açúcar e álcool brasileiro, possibilitando a expansão para novos
mercados internacionais.
1.2 Metodologia
A metodologia de trabalho utilizada foi a revisão bibliográfica de legislação ambiental,
documentos, periódicos científicos e relatórios de órgãos, entidades e empresas dos setores
sucroalcooleiro, energia, meio ambiente e certificação socioambiental.
De acordo com a análise destes documentos foi realizada discussão referente aos desafios e
oportunidades que a obtenção do selo de certificação BONSUCRO traz ao setor sucroenergético.
13
1. MATRIZ ENERGÉTICA
A matriz energética brasileira tem a grande vantagem de ser constituída em sua maioria por
fontes renováveis, que segundo o Balanço Energético Nacional de 2010 da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), 76,9% são de fonte hidráulica seguida pelo uso de biomassa, que responde por 8,1%
da oferta de energia elétrica em 2009.
Nesta década, a participação do petróleo e derivados na matriz diminuiu cerca de oito pontos
percentuais: passou de 45,5% em 2000 para 37,9% em 2009. Ao fim desse período, cerca de 18% da
energia consumida no país já provinha de derivados da cana-de-açúcar, ultrapassando a energia
hidráulica em importância na matriz e assumindo o segundo lugar. (UNICA, 2010).
Tanto no mercado internacional como no Brasil, a biomassa tem sido considerada como umas
das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e diminuição da utilização de
combustíveis fósseis. E no Brasil, a fonte que tem se destacado é a biomassa da cana-de-açúcar, que
além do seu crescente destaque na produção de etanol, seus subprodutos, o bagaço e a palha da cana,
assim como a maioria dos resíduos de biomassa obtidos nas atividades agrícolas e industriais, possuem
elevados teores de materiais lignocelulósicos, fazendo com que se tornem matérias-primas capazes de
produzir energia (MAPA, 2011).
Figura 1: Gráfico da Oferta de Energia Elétrica por Fonte – Ano base de 2011
Fonte: Balanço Energético Nacional 2012
__________________________________________________________________________________________________
Energia Hidráulida e Eletricidade
39,9
Biomassa de cana 42,8
Biomassa Tradicional
26,3
Outras Renováveis 11,1
Petróleo 105,2
Gás Natural 27,7
Carvão Mineral 15,2
Urânio 4,1
OFERTA INTERNA DE ENERGIA 2011 (em Mtep1)
1. milhões de toneladas equivalente de petróleo
14
No Brasil predomina o sistema de transporte rodoviário, com pouca contribuição de ferrovias,
com utilização de gasolina e álcool em veículos leves e diesel em caminhões e ônibus.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o consumo de etanol combustível no
Brasil em 2009 alcançou valores de 6.352 milhões de litros de etanol anidro e 16.471 milhões de litros
de etanol hidratado.
Há uma busca constante pelo aprimoramento da eficiência no uso da energia no transporte, com
ações que vão desde o desenvolvimento de novos motores que consomem menos combustível,
aumento da frota de veículos flex que permitem a utilização tanto da gasolina como do álcool, e
sistemas de redução de emissão de gases poluentes.
15
ANO COMBUSTÍVEL CO
(g/km)
HC
(g/km)
NOx
(g/km)
CO2(2)
(g/Km)
CHO
(g/km)
EMIS. EVAP DE
COMBUSTÍVEL
(g/teste)
03
Gasolina C 0,40 0,11 0,12 194 0,004 0,75
Álcool 0,77 0,16 0,09 183 0,019 ND
Flex-Gasol.C 0,50 0,05 0,04 210 0,004 ND
Flex-Álcool 0,51 0,15 0,14 200 0,020 nd
04
Gasolina C 0,35 0,11 0,09 190 0,004 0,69
Álcool 0,82 0,17 0,08 160 0,016 ND
Flex-Gasol.C 0,39 0,08 0,05 201 0,003 ND
Flex-Álcool 0,46 0,14 0,14 190 0,014 ND
05
Gasolina C 0,34 0,10 0,09 192 0,004 0,90
Álcool 0,82 0,17 0,08 160 0,016 ND
Flex-Gasol.C 0,45 0,11 0,05 188 0,003 ND
Flex-Álcool 0,39 0,14 0,10 180 0,014 ND
06
Gasolina C 0,33 0,08 0,08 192 0,002 0,46
Álcool 0,67 0,12 0,05 200 0,014 ND
Flex-Gasol.C 0,45 0,10 0,05 185 0,003 0,62
Flex-Álcool 0,47 0,11 0,07 177 0,014 1,27
07(3)
Gasolina C 0,33 0,08 0,08 192 0,002 0,46
Álcool(3)
ND ND ND ND ND ND
Flex-Gasol.C 0,45 0,10 0,05 185 0,003 0,62
Flex-Álcool 0,47 0,11 0,07 177 0,014 1,27
08
Gasolina C 0,37
(-99%)
0,042
(-98%)
0,039
(-98%)
223 0,0014
(-97%)
0,66
(-97%)
Álcool(4)
ND ND ND ND ND ND
Flex-Gasol.C 0,51
(-98%)
0,069
(-97%)
0,041
(-97%) 185 0,0020
(-96%)
0,42
(-98%)
Flex-Álcool 0,71
(-96%)
0,052
(-97%)
0,048
(-96%)
187 0,0152
(-92%)
1,10
(-89%)
Diesel(5)
0,30 0,06 0,75 ND ND ND
09
Gasolina C 0,30 0,03 0,02 228 0,0017
Flex-Gasol.C 0,33 0,03 0,03 181 0,0024
Flex-Álcool 0,56 0,03 0,03 174 0,0104
10
Gasolina C 0,23 0,03 0,02 213 0,0014
Flex-Gasol.C 0,28 0,04 0,03 178 0,0015
Flex-Álcool 0,51 0,09 0,04 172 0,0073
11
Gasolina C 0,26 0,04 0,03 198 0,0020
Flex-Gasol.C 0,28 0,04 0,03 178 0,0010
Flex-Álcool 0,49 0,09 0,03 170 0,0090
(1) Médias ponderadas de cada ano-modelo pelo volume da produção
(2) Inclusão do dióxido de carbono a partir de 2002. (Valores medidos, sem legislação limitando as emissões.)
(3) Repetidos os valores de 2006.
(4) Os modelos dedicados exclusivamente a álcool foram descontinuados em 2007
(5) Veículos leves comerciais a diesel ensaiados em dinamômetro de chassi
ND: não disponível
(%) refere-se à variação verificada em relação aos veículos 1985, antes da atuação do PROCONVE.
Gasolina C: 78% gasolina + 22% álcool
Tabela 1: Fatores Médios de Emissão de Veículos Leves Novos
Fonte: IBAMA, 2011
16
3. SETOR SUCROENERGÉTICO BRASILEIRO
3.1 A Cultura da Cana-de-Açúcar
A indústria da cana-de-açúcar é de longa data um dos esteios da economia brasileira. A partir
da introdução das primeiras mudas no país, em 1532, por mais de dois séculos o açúcar foi o principal
produto brasileiro. Há cerca de 40 anos, teve início a transformação do setor. Além do açúcar, as
usinas passaram a ter foco na produção do etanol e, mais recentemente, a atenção voltou-se a
bioeletricidade, aos alcooquímicos e à comercialização de créditos de carbono. Os avanços do setor
sucroenergético, no entanto, não ficaram restritos à tecnologia. A nova usina brasileira também está
comprometida com as questões sociais e ambientais. A melhoria da qualidade de vida dos
trabalhadores, a racionalização do uso da terra e da água, a mitigação dos efeitos da mecanização da
colheita e a preservação dos ecossistemas fazem parte da agenda de trabalho do setor sucroenergético,
que é um dos grandes empregadores do Brasil. Embora os avanços não sejam poucos, ainda há muito
trabalho pela frente para que o setor possa crescer ainda mais. Externamente, é preciso convencer os
críticos de que o aumento da produção brasileira de cana-de-açúcar não acontece nas áreas de florestas,
de que há regularidade no fornecimento de etanol e de que as condições de produção são sustentáveis.
Internamente, é preciso mostrar a sociedade que existe uma série de outros benefícios, além dos
econômicos, ao se optar pelo etanol como combustível. (UNICA, 2010).
A cultura da cana-de-açúcar é semi-perene, o que significa que pode ser colhida sem
necessidade de replantio por até cinco safras anuais consecutivas, sendo que para renovação dos
canaviais, após este período deve ser plantada outra cultura por um período de uma safra, voltando-se a
plantar a cana em seguida.
17
ITEM DADO
Ciclo 5 anos
Número médio de cortes 5 cortes
Produtividade 85 ton/há
Rendimento açúcar 138 kg/ton
Rendimento álcool 82 l /ton
Cultivares registrados 119 (Saccaharum L.)
Tabela 2: Informações técnicas da cultura da cana-de-açúcar
Fonte: MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
ETAPAS DO PROCESSO Kcal / T DE CANA
I. CONSUMO DE ENERGIA, TOTAL
60.008
a. Na produção de cana-de-açúcar, compreendendo operação
agrícola, transporte, fertilização, insumos, mudas e
equipamentos
b. No processamento para produção de álcool, compreendendo
eletricidade comprada, produtos químicos, lubrificantes,
instalações e equipamentos
II. ENERGIA PRODUZIDA, TOTAL 499.400
a. Álcool 459.100
b. Bagaço excedente
40.300
III. ENERGIA LÍQUIDA PRODUZIDA
439.392
Tabela 3: Consumo e geração de energia na produção de cana-de-açúcar e etanol Fonte: Macedo (2005)
18
3.2 Produção e Faturamento Safra 2011/2012
A lavoura de cana-de-açúcar apresentou nesta safra um desenvolvimento aquém do ideal e
inferior ao da safra passada, levando a uma produtividade menor que a estimada inicialmente pelos
produtores. As causas foram diversas, mas o clima foi o principal causador da queda da produção, em
consequência das adversidades ocorridas a partir do mês de abril até outubro de 2010, com chuvas
escassas em toda a região Centro-Oeste e Sudeste. A produtividade média brasileira está estimada em
68.289 kg/ha, 11,8% menor que a na safra 2010/11, que foi de 77.446 kg/ha com ATR de 135,94 por
tonelada de cana. (CONAB, 2011). Na safra 2011/12, por razões principalmente relacionadas ao clima
adverso, a moagem de cana recuou temporariamente para 561,07 milhões de toneladas. (CNI, 2012)
Atualmente, existem 441 unidades fabris que produzem açúcar e etanol em todo o país, das
quais 153 são destinadas a produzir exclusivamente etanol, 20 unidades que produzem somente açúcar,
e outras 268 usinas mistas, que fabricam tanto açúcar como etanol. Na região Centro-Sul, estão
instaladas 354 usinas, com capacidade estimada para moer 620 milhões de toneladas de cana. O estado
que concentra maior número de usinas é o de São Paulo, com 190 unidades. (CNI, 2012) A área
cultivada com cana-de-açúcar colhida e destinada à atividade sucroalcooleira está estimada em 8.368,4
mil hectares, distribuídos em todos
Estados produtores. O Estado de São
Paulo continua sendo o maior
produtor com 52,2% (4.370 mil
hectares), seguido por Minas Gerais
com 8,87% (742,65 mil hectares),
Goiás com 8,1% (678,42 mil
hectares), Paraná com 7,3% (611,44
mil hectares) Mato Grosso do Sul
com 5,70% (480,86 mil hectares),
Alagoas com 5,45% (463,65 mil
hectares), e Pernambuco com 3,89%
(326,11 mil hectares). (CONAB,
2011).
Figura 2: Mapa de produção nacional de cana-de-açúcar
Fonte: NIPE-Unicamp,IBGE e CTC
19
O PIB do setor sucroenergético é estimado em R$ 57,33 bilhões em 2010, equivalente a 1,6%
do PIB nacional. Desde 2005, entraram em operação 117 novas unidades produtoras de açúcar, etanol
e bioeletricidade. O impacto da construção dessas novas plantas impulsionou outros setores da
economia, como construção civil, siderurgia, fabricação de máquinas e tratores e outros bens de
capital, fertilizantes, produtos de proteção ao cultivo e muitos outros. (CNI, 2012)
Levando em conta toda a receita com as exportações de açúcar, etanol e melaço, a agroindústria
canavieira elevou sua participação no total exportado pelo país, de 1,8%, em 1992, para 6,44% em
2011. O incremento na participação do setor sobre o total exportado é compreensível pelo fato de que
o Brasil elevou em mais de 10 vezes suas exportações de açúcar, passando de 2,4 milhões de toneladas
em 1992, para 28,0 milhões de toneladas em 2010, respondendo assim por 51% das exportações
mundiais do produto (CNI, 2012)
3.3 Bioeletricidade
A bioeletricidade gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar cada vez mais se destaca como
importante produto das usinas. Ela serve como combustível, abastecendo as caldeiras para gerar três
diferentes formas de energia: térmica (usada para aquecimento no processo produtivo do açúcar e
etanol), mecânica (utilizada para movimentar as máquinas de extração, preparo do caldo e as turbinas
responsáveis pela geração de energia) e elétrica (usada para consumo próprio da usina ou exportada
para rede de distribuição). Um dos principais pontos de destaque da bioeletricidade sucroenergética,
além de contribuir para a diversificação da matriz energética, está no fato da complementariedade ao
sistema hidrelétrico, uma vez que a safra ocorre entre os meses de abril e novembro, mesmo período
seco nas regiões sudeste e centro-oeste.
A bioeletricidade ainda apresenta como vantagem, pela maior parte da produção
sucroenergética ser proveniente das regiões sudeste e centro-oeste, o fato de estar localizada próximo a
grandes centros consumidores, reduzindo a necessidade de expansão das redes de transmissão e
fortalecendo o novo sistema cada vez mais adotado de geração distribuída. Além do fator que a
indústria de bens capitais nacional já se encontra apta a fornecer equipamentos que permitem aumentar
a eficiência nos processos de cogeração, a biomassa utiliza um insumo nacional, ou seja, não há
necessidade de importação de combustível para geração de energia. Tal fator é significativo quanto à
economia de divisas e redução da volatilidade de preço de energia, uma vez que o custo da geração a
óleo, carvão importado e a gás natural é indexado ao preço spot internacional desses insumos
energéticos, enquanto a bioeletricidade é indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA).
20
Para incremento da participação da bioeletricidade na matriz energética mundial devem ser
contemplados alguns pontos através de políticas públicas, como novos critérios nos novos leilões de
energia, adotando leilões por fontes ou contratações específicas de geração de base para o período
seco. Outro incentivo que deve ser dado através de políticas públicas seria facilitar a conexão de usinas
às redes de transmissão e distribuição, sendo atualmente este um ponto uma barreira para que novos
empreendimentos modernizem seus sistemas de cogeração e comercializem o excedente de energia
gerado para a rede.
Estudo que traçou o perfil da geração termoelétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar
publicado pela Companhia de Abastecimento Nacional, com base em levantamento realizado por meio
de visitas a 393 usinas em operação, mostra que safra 2009/2010, 88,78% do bagaço de cana
produzido foi utilizado como combustível no setor, sendo que 48,4% das unidades industriais vendem
energia a terceiros e 51,6% geram apenas para consumo próprio, mostrando que disseminação da
produção de eletricidade no setor ainda é bastante limitada. (GUARDABASSI, 2011)
Foram mais de 1.000 MW médios de bioeletricidade produzidos a partir do bagaço de cana-de-
açúcar em 2010, entre 2% e 3% da matriz elétrica brasileira. Estimativas indicam que em 2020 esta
participação poderá chegar a 18%, reduzindo a necessidade da utilização de usinas térmicas movidas a
energia fóssil. (CNI, 2012)
Em relação à tecnologia em uso, o documento atesta a existência de relação direta entre o
tamanho da usina (leia-se sua capacidade de moagem) e a produção de energia. Nas unidades que
vendem eletricidade excedente a capacidade média de moagem é de 2,5 milhões de toneladas por
safra, enquanto que as usinas que produzem energia apenas para o autoconsumo a moagem média é de
1,53 milhões de toneladas. Vale ressaltar que dois terços de toda a cana produzida é processada em
unidades com capacidade inferior a 3,0 milhões de toneladas de cana por safra, consideradas de médio
e pequeno porte. (GUARDABASSI, 2011)
O setor ainda tem grande potencial de crescimento para bioeletricidade, sendo que, segundo
dados da UNICA, somente 130 usinas comercializam hoje energia excedente. Segundo Zilmar de
Sousa, consultor da UNICA, estima-se que o bagaço e a palha da cana-de-açúcar tenham potencial
para gerar mais de 13 MW médios anuais até a safra 2020/2021.
21
3.4 Demais Derivados de cana-de-açúcar
O etanol para uso não-energético é utilizado no Brasil basicamente na produção de bebidas,
cosméticos, produtos farmacêuticos e químicos. Segundo estimativa da UNICA a evolução do
mercado de bioplásticos pode gerar necessidade superior a 1,5 bilhões de litros de etanol por ano e
criar 18 mil novos empregos. Cerca de 10% das leveduras utilizadas na produção de etanol (na
fermentação do caldo de cana) são posteriormente recuperadas e destinadas à composição de ração
animal. Juntamente com as leveduras para esta finalidade, são comercializados aditivos baseados em
leveduras de cana-de-açúcar (como a parede celular). (MAPA, 2011)
4. GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR SUCROENERGÉTICO
A agroindústria canavieira vivencia a necessidade de atender a mercados cada vez mais
exigentes quanto às questões socioambientais em toda a cadeia produtiva de açúcar e álcool e tem
adotado práticas de gestão ambiental para mitigar seus passivos ambientais.
Este tradicional e importante setor da economia brasileira deve aprimorar suas iniciativas para
economia de recursos naturais, gerenciamento de resíduos, uso racional de recursos hídricos e boas
práticas agrícolas garantindo ganhos diferenciados num futuro em que os stakeholders cada vez mais
atrelam seus investimentos a empresas sustentáveis.
O Brasil é um exemplo mundial no uso de biomassa para geração de energia por conta da
experiência com a implantação do Proálcool na década de 1970. Atualmente, com a promissora
perspectiva de crescimento do uso do álcool e do biodiesel, nos mercados interno e externo, novos
desafios produtivos e organizacionais estão sendo colocados aos agentes destes setores, à sociedade
civil e ao Estado, visando os ganhos de competitividade, garantias de abastecimento ao consumidor e
desenvolvimento tecnológico, sustentabilidade social e ambiental. (VIAN, 2008)
Serão apresentadas a seguir as principais características da produção de cana-de-açúcar, com
seus impactos, vantagens e desafios socioambientais:
22
4.1 Consumo de Fertilizantes
A utilização de fertilizantes na cultura de cana-de-açúcar no Brasil é baixa (aproximadamente
0,425 tonelada por hectare). Isto se deve principalmente à utilização de resíduos industriais da
produção do etanol e açúcar, como a vinhaça2
e a torta de filtro3
como fertilizantes orgânicos. Além
disso, o uso da palha da cana deixada sobre o solo após a colheita, principalmente nas áreas
mecanizadas, vem a otimizar todo este processo em termos de reciclagem de nutrientes e proteção do
solo. (UNICA, 2011). Como a cana é colhida anualmente durante cinco ou mais anos antes de precisar
ser replantada, a utilização de adubos minerais é baixa. Além disso, boa parte deles é substituída pelo
uso de fertilizantes orgânicos, produzidos a partir de resíduos da indústria, tais como a vinhaça e a
torta de filtro. (CNI, 2012) A vinhaça é gerada à razão de 12 litros por cada litro de álcool e apresenta
temperatura elevada, pH ácido e corrosividade, alto teor de potássio, além de quantidade elevadas de
nitrogênio, fósforo, sulfatos, cloretos, entre outros. (EMBRAPA, 2012)
O gerenciamento inadequado da vinhaça pode ter resultado negativo sobre a qualidade do solo
bem como contaminar as águas subterrâneas. Com o intuito de prevenir a ocorrência de poluição e
visando proteger o meio ambiente, a CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, por
meio da Norma Técnica P4.231/05, estabeleceu normas para o armazenamento, transporte e disposição
da vinhaça no solo.Porém é necessária a fiscalização adequada para garantir o cumprimento da
norma.(GUARDABASSI, 2011)
Da mesma forma, a utilização de torta de filtro pode contribuir com a poluição ambiental,
dependendo da forma como é utilizada. Para cada tonelada de cana moída, obtém-se cerca de 25 quilos
de torta de filtro.Para prevenir a contaminação por resíduos de torta de filtro, é recomendado que as
atuais áreas de compostagem ao ar livre sejam providas de base compactada e impermeabilizada com
geomembrana de polietileno de alta densidade. (EMBRAPA, 2012).
4.2 Consumo de Defensivos Agrícolas
O uso de inseticidas na cana-de-açúcar no Brasil é baixo e o de fungicidas é praticamente nulo.
As principais pragas da cana são combatidas através do controle biológico de pragas e com a seleção
de variedades resistentes, em grandes programas de melhoramento genético. (UNICA, 2011). O
consumo de agrotóxicos na cultura da cana-de-açúcar no Brasil é de aproximadamente 13% do total
comercializado. (EMBRAPA, 2012).
__________________________________________________________________________________
2 Subproduto da produção de etanol que é rica em água e nutrientes orgânicos.
3 Subproduto da agroindústria canavieira obtida nos filtros rotativos após a extração da sacarose residual da borra.
23
Desde a década de 1970 o país implanta em seus canaviais o maior programa de controle
biológico do mundo, ao liberar nas lavouras a vespa cotésia (Cotesia flavipes), eficiente no combate à
ação da broca-da-cana, a maior praga da plantação. Este combate natural evita a contaminação do
ambiente ao dispensar a utilização de agrotóxicos e reduzir em quase três vezes os custos com o
emprego de produtos químicos. (EMPRAPA, 2012).
Como a cana é colhida anualmente durante cinco ou mais anos antes de precisar ser replantada,
a utilização de adubos minerais é baixa. Além disso, boa parte deles é substituída pelo uso de
fertilizantes orgânicos, produzidos a partir de resíduos da indústria, tais como a vinhaça e a torta de
filtro. (CNI, 2012)
É de extrema importância o uso correto de defensivos agrícolas evitando a contaminação de
águas superficiais e subterrâneas, devido ao mau uso de adubos químicos, corretivos minerais e
herbicidas. (EMBRAPA, 2012).
4.3 Uso do Solo
A cultura da cana no Brasil é reconhecida hoje por apresentar relativamente pequena perda de
solo (cerca de 12,4 toneladas por hectare). Esta situação continua melhorando com o aumento da
colheita sem queima da palha de cana e com técnicas de preparo reduzido, levando a perdas e valores
muito baixos, comparáveis ao plantio direto em culturas anuais. (UNICA, 2011)
O consorciamento da cana com outras culturas em sistemas de rotação de cultivo em áreas de
renovação e o cultivo de leguminosas e outras espécies têm acelerado o processo de incorporação de
nitrogênio e matéria orgânica nos solos. Em muitos casos, como a cultura da cana-de-açúcar tem
expandido em solos pobres em fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e matéria
orgânica, seus efeitos têm contribuído para a “construção” de solos, aprimorando, ao longo do tempo,
suas características de fertilidade e capacidade de retenção de umidade.(CNI, 2012)
A expansão da cana de açúcar em território brasileiro deve ser baseada nos critérios do
Zoneamento Agroecológico, lançado em 2009 pelo Governo Federal. Através dele são determinadas as
áreas aptas para cultivo considerando fatores como áreas de proteção, recursos hídricos, características
edafoclimáticas entre outras. O zoneamento garante uma área equivalente a 7,5% do território
brasileiro, ou cerca de 65 milhões de hectares, como apta para o cultivo da cana, excluindo 93,5% do
território nacional. Vale notar que, hoje, apenas 0,9% da área do país é ocupada com cana. (CNI, 2012)
O cultivo de cana também obedece às exigências do Código Florestal definido pela Lei nº.
4771 que impede que Áreas de Preservação Permanente4 e de Reserva Legal
5 sejam indevidamente
ocupadas.
24
4.4 Recursos Hídricos
A cana-de-açúcar no Brasil praticamente não é irrigada. As necessidades hídricas, na fase
agrícola, são sanadas naturalmente pelo regime de chuvas das regiões produtoras, principalmente no
Centro-Sul do país, e complementadas pela aplicação da vinhaça em processo chamado de
fertirrigação. A irrigação de cana-de-açúcar é somente aplicada em casos específicos, na forma de
irrigação de salvamento para auxiliar a rebrota, nas regiões mais secas, e de forma restrita, como
irrigação complementar. (CNI, 2012).
Os níveis de captação e lançamento de água para uso industrial têm sido reduzidos
substancialmente nos últimos anos, de cerca de 5 metros cúbicos por tonelada para cerca de 1 metro
cúbico por tonelada processada. (UNICA, 2012) Nas usinas mais novas e eficientes instaladas
recentemente, o consumo de água observado é de 0,5 m3 por tonelada de cana moída, podendo, em
alguns casos, atingir 0,3 m3 por tonelada de cana moída. Há, no entanto, tecnologia disponível para
fazer com que o consumo de água pela indústria seja negativo. Isto é, ao invés de haver captação, a
indústria vai devolver água tratada, extraída da cana-de-açúcar entregue na usina. (CNI, 2012)
A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária classifica a cana-de-açúcar como
uma cultura agrícola de risco 1, isto é, com nenhum impacto na qualidade da água. Existe suficiente
evidência científica, a partir de vários experimentos, indicando que é mínimo o risco de haver a
contaminação de reservatórios de água e lençóis freáticos, e a possível salinização de solos, quando a
aplicação de vinhaça em fertirrigação é limitada a 300 metros cúbicos por hectare. (CNI, 2012) Já o
consumo de água nos processos industriais das usinas, é utilizado, por exemplo, na lavagem das
caldeiras e das instalações em geral, na geração de vapor, nas colunas barométricas dos cristalizadores,
no resfriamento de gases, na filtração e na incorporação ao produto final (no caso do álcool hidratado),
entre outros. Também existe um elevado consumo de água durante o processo fermentativo do caldo
da cana, pois os micro-organismos só trabalham em solução diluída. (ENGELBRECHT, 2012).
________________________________________________________________________________
4.área coberta ou não com mata nativa que tem como função ambiental preservar os recursos hídricos,a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas
5.área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos
naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;
25
4.5 Colheita Mecanizada
A Lei no
11.241 dispõe sobre a queima da palha da cana-de-açúcar e foi regulamentada pelo
decreto no 47.700 de 11 de março de 2003, que apresenta em seu artigo 2
0 a tabela de eliminação
gradativa do atual processo de cultivo, o qual deverá ser totalmente substituído em 30 anos, num prazo
que finaliza em 2031.Além da legislação, foi assinado em 4 de junho de 2007, o Protocolo
Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro, de adesão voluntária, que estabelece princípios e diretivas
técnicas, de natureza ambiental, a serem observadas pelas indústrias de cana-de-açúcar. Entre as
principais diretrizes, cabe destacar a antecipação do prazo para o fim da colheita com uso do fogo,
sendo o prazo final para áreas mecanizáveis 2014 e para áreas não mecanizáveis 2017.
Figura 3: Prazo para eliminação da queima da palha de cana no Estado de São Paulo
Fonte: UNICA (2011)
O processo de mecanização tem sido fortemente implementado nos últimos anos
principalmente pela intensificação da tecnologia, para o atendimento de questões ambientais e para a
economia de gastos com mão-de-obra. No entanto, esse processo traz impactos sociais uma vez que
trabalhadores que dependiam do corte da cana perdem seu posto de trabalho, sendo que de acordo com
dados do Relatório de Sustentabilidade da UNICA (2011), cada máquina substitui o trabalho de 80
trabalhadores.
26
A Lei no
11.241 em seu artigo 10, pede a participação dos municípios, usinas e sindicatos rurais
para que, em conjunto, criem os programas de requalificação e que procurem o desenvolvimento de
novos equipamentos que não impliquem em dispensa de elevado número de trabalhadores antes
alocados nas atividades de colheita manual.( LAMPKOWSKI;VIEIRA,2011)
Cabe ressaltar que mesmo que a mecanização abra novos posto de trabalho, estes não são
suficientes para acolher todos os trabalhadores que estavam envolvidos no processo de colheita
manual. Uma pequena parcela de trabalhadores ainda é mantida para executar trabalhos em áreas que
ainda não permitem a entrada de maquinário. Trabalhadores com um nível de informação e
escolaridade maior podem ter a oportunidade de serem capacitados e realocados dentro do próprio
setor sucroalcooleiro em outras atividades, ou serem absorvidos por outras atividades do agronegócio.
No entanto, muitos trabalhadores sem o mínimo de grau de escolaridade têm como única opção
retornar a seu local de origem, onde tem como alternativa a agricultura de subsistência ou trabalhos
temporários no mercado informal.
Visando reduzir o impacto social da mecanização da colheita de cana-de-açúcar, podemos
destacar duas importantes iniciativas: o Programa RenovAção da UNICA e o Compromisso Nacional
para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar.O primeiro tem como objetivo
requalificar 3.500 trabalhadores por ano, funcionários e ex-funcionários do corte de cana, através de
cursos profissionalizantes do próprio setor sucroalcooleiro e para outros setores da economia. Até o
momento foram capacitados 4.550 em 30 diferentes cursos e mais 16 mil profissionais capacitados
pelas próprias usinas através da replicação de cursos nos mesmos moldes do programa RenovAção,
totalizando aproximadamente 20 mil profissionais requalificados.
Resultado da iniciativa de empresários, trabalhadores e Governo Federal, o Compromisso
Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar tem como objetivo debater e
propor soluções para tornar mais humano e seguro o cultivo manual da cana-de-açúcar, assim como
promover a reinserção ocupacional dos trabalhadores desempregados pelo avanço da mecanização.
(Compromisso Nacional, 2010). As discussões levantaram questões nos seguintes aspectos: contrato
de trabalho; saúde e segurança do trabalho; transparência na aferição da produção; alojamento;
transporte; migração; escolaridade, qualificação e recolocação; remuneração; jornada de trabalho;
alimentação; trabalho infantil e trabalho forçado; organização sindical e negociações coletivas;
proteção ao desempregado, com atenção aos trabalhadores no corte manual no período da entressafra;
responsabilidade sobre as condições de trabalho na cadeia produtiva; responsabilidade no
desenvolvimento da comunidade; Programa de Assistência Social – PAS da atividade canavieira;
trabalho por produção; trabalho decente e trabalho análogo ao escravo.
27
4.6 Créditos de Carbono
O Protocolo de Quioto é um acordo estabelecido pela Convenção – Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (CQNUMC) que tem como meta a diminuição das emissões de gases do
efeito estufa pelos países industrializados em 5% na média, tendo como base o ano de 1990. Para
atingir seu objetivo, o Protocolo estabelece uma série de ferramentas que tem como objetivo final criar
condições para minimizar os impactos negativos do efeito estufa. O documento define
responsabilidades comuns, porém diferenciadas entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento,
abrangendo o período de 2008 a 2012 para atingir o objetivo proposto.
Dentro dos instrumentos aplicados pelo Protocolo de Quioto, cabe destacar o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo, envolvendo países em desenvolvimento, através de projetos de implantação
de tecnologias limpas, eficiência energética, reflorestamento, uso de fontes de energia renovável,
entres outros para redução de emissão de gases e sumidouros. A implementação desses projetos gera
créditos de carbono para os países do Anexo I do Protocolo de Quioto (países desenvolvidos),
auxiliando através de financiamentos a expansão do desenvolvimento sustentável em países em
desenvolvimento.
No Brasil, a participação no mercado de Créditos de Carbono ocorre por meio do Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) que permite que países em desenvolvimento participem em caráter
voluntário, pelos mesmos não terem obrigação e metas a cumprir como no caso dos países do Anexo A
do Protocolo de Quioto.
Sediada em Doha, no Catar, a COP 18 – 18ª Conferencia das Partes da Convenção Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi realizada entre novembro e dezembro de 2012 reunindo
os 193 países integrantes para debate de acordo de medidas políticas para continuação do Protocolo de
Quioto, que entrará no seu segundo período de janeiro de 2013 até 2020. As discussões indicam a
necessidade que as nações desenvolvidas invistam pelo menos US$ 10 bilhões ao ano entre 2015 e
2020, na época que o novo acordo global entrar em vigor para compensação pelos efeitos das
mudanças climáticas.
Os 68 projetos brasileiros registrados pela United Nationd Framework Convetion on Climate
Change (UNFCCC) no mercado de créditos de carbono geraram uma redução estimada de 3,45
milhões de toneladas de CO2 e faturamento de US$ 25,4 milhões em 2008 (o preço médio no mercado
voluntário foi de US$ 7,3 em 2008). Dos 68 projetos, 24 são do setor sucroenergético, os quais
geraram redução estimada de 473,9 mil toneladas de CO2 (US$ 3,5 milhões).
28
5. ACORDOS E INICIATIVAS PARA BOAS PRÁTICAS SOCIOAMBIENTAIS NO
SETOR SUCROALCOOLEIRO
O Brasil, devido à sua dimensão territorial e condições edafoclimáticas, abundância de recursos
naturais e terras agricultáveis, apresenta vantagens competitivas estratégicas para um futuro voltado ao
uso de energia renovável.
Neste panorama, destaca-se cada vez mais a utilização de biocombustíveis, sendo abordado
neste trabalho como sistemas de certificação podem influenciar na adoção de boas práticas de gestão
ambiental ao longo de toda a cadeia produtiva de etanol proveniente do setor sucroalcooleiro.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o conceito de sustentabilidade é
apresentado como “atendimento das necessidades das gerações atuais, sem comprometer a
possibilidade de satisfação das necessidades das gerações futuras”. Para tanto, em um projeto que vise
ser sustentável, os fatores econômicos, sociais, culturais e ambientais devem ser considerados e
inseridos na estratégia central dos negócios.
A adoção de práticas sustentáveis ao longo da cadeia permite identificar como tornar etapas do
processo mais eficientes, aproveitando melhor os insumos, recursos naturais e matérias-primas,
reduzindo custos e se tornando mais competitivo. A imagem institucional também se beneficia, dando
destaque e valorização à marca junto aos mais diversos stakeholders.
A adoção de requisitos ambientais, além daqueles obrigatórios pela legislação ambiental,
proporciona oportunidades de atingir novos mercados, cada vez mais exigentes quanto à adoção de
tecnologias limpas. Outra vantagem é o acesso diferenciado a linhas de crédito e financiamentos, uma
vez que questões de riscos socioambientais inerentes ao negócio são cuidadosamente estudadas.
A partir de discussões envolvendo entidades ao redor do mundo estão sendo estabelecidos
sistemas de certificação que visam avaliar a sustentabilidade de biocombustíveis, como por exemplo:
5.1: Renewable Transport Fuel Obligation (RTFO)
Requerimento de teor de 5% de combustível de origem renovável em todo o combustível
automotivo vendido no Reino Unido.
5.2 Roundtable on Sustainable Biofuels
Iniciativa internacional envolvendo agricultores, empresas, organizações não-governamentais,
especialistas, agências internacionais e de governo interessadas em garantir a sustentabilidade de
produção e conversão dos biocombustíveis. (Frie et al,2006)
29
5.3 Grupo de Trabalho Internacional IEA no âmbito do Acordo de Bioenergia da Agência
Internacional de Energia
Desenvolve atividades focadas no comércio internacional de biomassa e bioenergia, suas
implicações e perspectivas, trabalhando especificamente no desenvolvimento de sistemas de
certificação, padronização e terminologia para a promoção do comércio internacional de vetores
bioenergéticos em bases sustentáveis, provendo análise e informações importantes sobre os esforços
em curso nesse campo (IEA Bioenergy, 2008)
5.4 Diretiva Européia para a Promoção de Energia Renovável (European Union Renewable
Energy Directive - EU RED
A primeira Diretiva Européia para Bicombustíveis foi estabelecida em 2003 (2003/30/CE),
fixando metas de 2% na matriz energética em 2005 e 5,75% em 2010, sendo tais objetivos alcançados
somente pela Alemanha, Áustria e Suécia. A Diretiva Europeia para promoção das Energias
Renováveis em 2009 (2009/28/EC), a União Européia estabeleceu como meta a substituição até 2020
de 20% de sua matriz energética por fontes renováveis, sendo que cada país membro deve substituir ao
menos 10% das fontes de energia empregadas no setor de transportes.
5.5 Renewable Fuel Standard (RFS)
Criado em 2005, dentro da Energy Policy Act (EPAct) que, entre outros objetivos, prevê o
aumento da quantidade de bicombustível que deve ser misturado a gasolina vendida no Estados
Unidos, com meta de 7,5 bilhões de galões (o equivalente a aproximadamente 28 bilhões de litros) até
2012. O programa foi desenvolvido em parceria com refinarias, produtores de biocombustíveis e
demais stakeholders. A agência ambiental norte-americana Environmental Protection Agency (EPA) é
o órgão responsável pelo desenvolvimento e implementação de regulamentações que viabilizem a
mistura de um volume mínimo de combustíveis renováveis e da aplicação dos critérios contidos no
RFS. Em 2007, de acordo com o Energy Independence and Security Act (EISA) de 2007, o programa
RFS foi expandido, sendo denominado RFS2, considerando também diesel além de gasolina,
aumentou o volume de substituição de combustível fóssil por combustível renovável de 9 bilhões de
galões em 2008 para 36 bilhões de galões em 2022. Esta expansão também estabeleceu novas
categorias de combustível renovável sendo definidas diferentes porcentagens de volume para cada um.
Ainda, foi solicitado a EPA uma Análise de Ciclo de Vida (ACV) para cada tipo de combustível
renovável, definindo como critério que cada categoria emita menos gases do efeito estufa do que o
combustível fóssil que venha a substituir. A EPA utiliza o ano de 2005 como referência para estudo da
30
diminuição da emissão de GEE, com o uso da ACV, para comparar as emissões com o uso de
bicombustíveis em comparação com o uso de combustíveis fósseis – gasolina e diesel.
5.6 Protocolo Agro-Ambiental
Assinado em 2006 pelo Governo do Estado de São Paulo e a UNICA implementou o Programa
Bioetanol Verde para fomentar as boas práticas do setor sucroalcooleiro por meio de um certificado de
conformidade e determinar um padrão positivo a ser seguido pelos produtores. Este instrumento cobre
alguns dos principais pontos de redução de impacto na cultura, como antecipação de prazos de
eliminação da queima de palha de cana, proteção de nascentes e de remanescentes florestais, controle
das erosões e o adequado gerenciamento de embalagens de agrotóxicos. (Lucon, 2008).
Com a crescente importância da bioenergia e da intensificação do uso de biocombustíveis é
necessário assegurar que toda a cadeia de produção seja realizada através de processos sustentáveis.
Como exposto acima, há diversas iniciativas que estão sendo aprimoradas para garantir a incorporação
de boas práticas no setor sucroalcooleiro.
Entre os diversos sistemas, o presente estudo tem como apresentar os princípios, critérios e
requisitos do Padrão de Produção BONSUCRO.
31
6. SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO BONSUCRO
Em um mundo onde o desenvolvimento é cada vez mais orientado para a economia de baixo
carbono, e a tendência são investimentos crescentes em fontes renováveis, o setor sucroenergético
brasileiro destaca-se por seu pioneirismo na produção de bicombustíveis. Quando estes são originados
da cana-de-açúcar os mesmos apresentam uma série de vantagens, como por exemplo, o balanço
energético6, que segundo pesquisa do World Watch Institute o do etanol brasileiro
é de
aproximadamente quatro vezes melhor que o etanol de beterraba e trigo, produzido principalmente na
Europa, e quase cinco vezes superior ao etanol produzido de milho, produzido nos Estados Unidos,
com redução de até 80% de redução de gases do efeito estufa em relação à gasolina.
A certificação socioambiental visa diferenciar produtos oriundos de processos de produção
ambientalmente adequados, socialmente justos e economicamente viáveis. Logo, seus padrões devem
refletir a conciliação de interesses dos setores econômico, ambiental e social. De maneira geral, os
Padrões de Certificação são apresentados na forma de princípios e critérios. Os Princípios expressam
idéias e conceitos gerais e definem a estrutura básica dos Padrões. Cada princípio é discriminado e
detalhado em uma série de Critérios, que traduzem as idéias expressas nos Princípios por meio de
elementos que possam ser medidos e/ou avaliados. Indicadores são os elementos pelos quais os
critérios são objetivamente medidos no campo.
Enquanto os Princípios e Critérios devem ser universais, os indicadores devem ser adaptados
para cada avaliação específica e dependem de fatores locais: físicos, ecológicos, socioeconômicos e
culturais.(PRABHU et al, 1996).
Antes denominada Better Sugar Cane Iniative (BSI), BONSUCRO é uma associação
multissetorial estabelecida para reduzir os impactos sociais e ambientais da produção de cana-de-
açúcar e seus derivados através do estabelecimento de padrões de produção que possam ser aplicados
mundialmente, considerando as condições locais.
Sediada em Londres, funciona como um fórum de diálogo internacional reunindo produtores,
ONGs, traders, redes varejistas, empresas e investidores empenhados no melhoramento contínuo da
produção de cana. É importante ressaltar que dentro desse padrão de certificação multissetorial de
etanol e açúcar, as empresas consumidoras e traders também devem ser certificados para obterem o
direito de comercializar os produtos certificados.
_________________________________________________________________________________
6.Comparação da energia renovável gerada com a energia fóssil utilizada para produzi-la.
32
6.1 Objetivos da Certificação BONSUCRO
A Certificação BONSUCRO tem como objetivos:
- Definir princípios, indicadores, critérios e padrões para produção de cana-de-açúcar, que
sejam aplicáveis mundialmente, considerando condições e circunstâncias locais, e sejam baseados em
processos transparentes, focados em direcionar o setor sucroenergético para o desenvolvimento
sustentável;
- Promover melhorias mensuráveis nas áreas econômica, ambiental e social da produção e
processamento da cana-de-açúcar;
- Desenvolver um sistema de certificação que permita que produtores, compradores e demais
envolvidos na cadeia de açúcar e etanol obtenham produtos derivados de cana-de-açúcar que tenham
sido produzidos de acordo com sistema.
BONSUCRO é membro do ISEAL Alliance, associação global de padrões social e ambiental,
que tem como missão o desenvolvimento de estabelecimento de guias de boas práticas internacionais
para a implementação de sistemas de certificação.
6.2 Padrões, Princípios e Critérios BONSUCRO
O sistema de certificação BONSUCRO é composto por dois padrões: O Padrão de Produção
BONSUCRO e o Padrão de Certificação da Cadeia de Custódia. O Padrão de Produção BONSUCRO
estabelece princípios e critérios para a adoção de boas práticas socioambientais para produção de cana-
de-açúcar e seus produtos derivados. A unidade de certificação considerada para este padrão é a usina
e sua área de fornecimento de cana-de-açúcar através de amostragem.
Já o Padrão de Certificação da Cadeia de Custódia estabelece uma série de requisitos técnicos e
administrativos que permitem a rastreabilidade da cana-de-açúcar e seus produtos derivados que foram
produzidos de acordo com o Padrão de Produção BONSUCRO. O Padrão de Certificação da Cadeia de
Custódia BONSUCRO contém a Metodologia do Balanço de Massa que regula a mistura de produtos
certificados e não certificados em qualquer ponto da cadeia de custódia, com a condição de que o
balanço entre entrada e saída continue o mesmo. Para este padrão, a unidade de certificação
considerada engloba qualquer agente que tenha posse legal ou controle físico de cana-de-açúcar e seus
produtos derivados em qualquer etapa da cadeia de custódia.
33
O Padrão de Produção BONSUCRO incorpora uma série de princípios, critérios e indicadores
que devem ser atendidos por toda a cadeia produtiva de açúcar e etanol, servindo de diretriz para
empresas que procuram fornecedores que possuam mecanismos de desenvolvimento sustentável, assim
como direcionam as decisões do setor financeiro,que busca cada vez mais investimentos sustentáveis.
A verificação dos requisitos é realizada tanto nas usinas quanto nas áreas de fornecimento da
cana-de-açúcar, sendo realizada por auditores qualificados e credenciados.
Sendo todos os requisitos cumpridos, é fornecido um certificado de conformidade de validade
de três anos, sendo realizadas auditorias anuais.
O padrão de certificação BONSUCRO determina seus requisitos através dos seguintes
princípios:
Princípio 1: Cumprir a lei
Princípio 2: Respeitar os direitos humanos e trabalhistas
Princípio 3: Gerenciar a eficiência dos insumos, produção e processamento para aumentar a sustentabilidade
Princípio 4: Gerenciar ativamente a biodiversidade e serviços dos ecossistemas
Princípio 5: Melhorar constantemente as áreas chaves do negócio
Tabela 4: Princípios da Certificação BONSUCRO
Em cada princípio são estabelecidos critérios e indicadores que avaliam se o mesmo está sendo
atendido, como por exemplo, consumo de água e energia, emissões de gases do efeito estufa, ações de
segurança para os trabalhadores entre outros, permitindo ao produtor identificar quais são as ações a
serem implementadas para que o padrão seja cumprido.
Para obter o certificado BONSUCRO, 80% dos indicadores presentes nos princípios devem ser
cumpridos, como também o cumprimento de 80% dos critérios referentes à Cadeia de Custódia.
Alguns critérios são considerados “critérios essenciais” e devem ser integralmente cumpridos
para obter conformidade com a norma BONSUCRO. Os critérios essenciais são os seguintes:
34
1.1 Cumprir as leis relevantes e aplicáveis
2.1 Cumprir com as convenções da Organização Internacional do Trabalho que regem sobre o
trabalho infantil, o trabalho forçado, a discriminação e liberdade de associação, e o direito de
negociar convenções coletivas
2.4 Pagar pelo menos o salário mínimo nacional aos empregados e trabalhadores (incluindo
trabalhadores migrantes e sazonais, e outros trabalhadores subcontratados)
4.1 Avaliar o impacto de empresas de cana-de-açúcar na biodiversidade e nos serviços do
ecossistema
5.7 Para novos projetos de cana-de-açúcar, assegurar processos transparentes, consultivos e
participativos que levam em conta impactos cumulativos e induzidos, através de uma
avaliação de impacto socioambiental (AISA)
Tabela 5: Critérios essenciais da Certificação BONSUCRO
Fonte: Padrões de Certificação BONSUCRO
6.3 Diretivas Européias no Padrão BONSUCRO
A Diretiva Européia para a Promoção de Energia Renovável (European Union Renewable
Energy Directive - EU RED) tem como objetivo cumprir a meta de 20% de participação de energia de
fontes renováveis no consumo de energia da comunidade europeia, assim como atingir 10% de uso de
fontes renováveis no transporte até 2020. Os biocombustíveis devem alcançar redução mínima de 35%
de suas emissões em relação a combustíveis fósseis até 2017 e de 50% após esta data.
A BONSUCRO é reconhecida como padrão voluntário dentro da EU RED e da Fuel Quality
Directive (EU FQD), permitindo que companhias que desejem produzir ou comercializar
bicombustíveis para a União Européia o façam através da apresentação da certificação BONSUCRO
EU, que agrega alguns requisitos adicionais que permitem acessar este mercado, incentivando a
sustentabilidade econômica e ajudando a aperfeiçoar tecnicamente a cadeia do açúcar e etanol.
Desta forma, além de cumprir 80% dos indicadores presentes nos princípios de 1 a 5 e dos
critérios considerados essenciais, é obrigatório o cumprimento destes critérios adicionais para
atendimento do Padrão BONSUCRO EU.
35
7. DISCUSSÃO DE RESULTADOS
O desenho dos novos papéis e da gestão de políticas públicas para os setores da agroenergia no
Brasil enseja uma reflexão sobre as possíveis formas de concertação entre os atores produtivos,
governamentais e de pesquisa. A realização desse exercício é fundamental para que se possa entender
os limites do planejamento para a inserção da sociedade brasileira nesse ambicioso projeto sem repetir
erros passados e garantindo um futuro sustentável e responsável para estas cadeias produtivas
(VIAN,2008).
O estabelecimento de critérios e padrões de sustentabilidade amplamente aceitos enfrenta como
dificuldade básica a inerente complexidade dos sistemas bioenergéticos, com sua gama de matéria-
prima, tecnologias e contextos de produção. (CGE, 2008).
É preciso reconhecer quais são os principais fatores que motivam os processos de certificação,
entre os quais podemos destacar: a busca pela segurança alimentar; garantia de rastreabilidade de
processos e produtos para promoção de cadeias produtivas sustentáveis; introduzir boas práticas
agrícolas que garantam o desenvolvimento rural aliado a preservação do meio ambiente; introduzir
práticas e procedimentos que colaborem para mitigação de mudanças climáticas; garantir que os
empreendimentos tragam desenvolvimento social para região onde são implantados; possibilitar acesso
a novos mercados e fontes de financiamento; melhoria da imagem institucional da empresa, entre
outros.
A ascensão das energias renováveis trouxe à tona questões socioambientais do sistema
produtivo de biocombustíveis, como impactos ambientais e questões trabalhistas, dando início a
barreiras comerciais não tarifárias para exportação a mercados consumidores potenciais, sendo
necessário adequar as práticas existentes aos padrões de sustentabilidade exigidos cada vez mais pelo
mercado consumidor e investidores. O setor sucroenergético brasileiro precisa provar que é capaz de
aumentar sua produção com respeito ao meio ambiente e aos direitos sociais para garantir a expansão
de seus negócios.
O processo de certificação busca, além de garantir a execução das boas práticas, dar apoio para
que o etanol se torne uma commodity internacional, facilitando a negociação e acesso a novos
mercados. Para isso deve transpor o limite do cumprimento da lei e ir além do que é legalmente
exigido, para que de fato seja um diferencial para os empreendimentos que buscam maximizar seus
resultados na área socioambiental.
36
Para uma efetiva ecoeficiência do processo de produção, ou seja, gestão empresarial baseada
em um esforço incessante para produzir mais e melhor, com menos uso dos recursos naturais, com
preços competitivos, reduzindo progressivamente os impactos ambientais, considerando as
necessidades de gerações futuras, é necessário um estudo de análise sobre cadeia produtiva, visando à
minimização dos impactos nocivos de todo o processo. (ESPÍNDOLA, 2009). Isto demanda que para
garantir a sustentabilidade, toda a cadeia produtiva deve ser analisada, considerando-se aspectos
técnicos, econômicos, sociais e ambientais.
O sistema de certificação também tem que ser trabalhado de forma que permita a adesão de
empreendimentos dos mais diversos portes, incentivando que todos os envolvidos possam ter a
oportunidade de implementar e demonstrar procedimentos socioambientalmente responsáveis,
independente de seu porte.
Todos os requisitos dentro de um sistema de certificação aplicado ao setor sucroalcooleiro
devem ser cuidadosamente estudados para que não se constituam em barreiras comerciais, se
transformando em medidas protecionistas, o que acaba prejudicando por sua vez o investimento e
expansão da utilização da bioenergia. Os sistemas de certificação devem permitir tratamento objetivo
de seus princípios e critérios, atestados e monitorados por corpo técnico externo a unidade auditada,
assegurando confiabilidade ao sistema.
Para a realização deste trabalho foram realizadas consultas com representantes de usinas de
açúcar e álcool da região de Piracicaba / SP que já conquistaram a certificação BONSUCRO, porém,
por se tratar de iniciativa recente no setor, não foram divulgados dados para a realização de estudo de
caso.
36
8. CONCLUSÃO
Considerando a necessidade de desenvolvimento de uma economia de baixo carbono,
uma das alternativas é a substituição de combustíveis de origem fóssil por recursos
energéticos renováveis. No entanto, somente isto não basta, neste processo é necessário criar
procedimentos que assegurem que esta troca seja de fato benéfica em termos de redução de
emissões de gases do efeito estufa, preservação da qualidade dos recursos hídricos, garantia
de direitos trabalhistas e sociais, melhoria da qualidade do ar, entre outros, tendo como
prioridade a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.
A Certificação BONSUCRO surge para atender esta demanda de promover a
sustentabilidade na cadeia produtiva de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. Esta
padronização colabora também como instrumento para transformar o etanol em commodity
internacional, favorecendo a comercialização global de biocombustíveis e o acesso a novos
mercados.
Da mesma forma, o desenvolvimento dos critérios deve ser acompanhado por todos os
stakeholders para que esta iniciativa que visa incentivar a adoção de boas práticas no setor
sucroenergético não oculte protecionismos e barreiras de acesso a mercados internacionais.
É preciso ressaltar, de acordo com os princípios e critérios BONSUCRO apresentados
no estudo, que alguns delem exigem somente o cumprimento da lei e de critérios de tratados e
convenções internacionais. Outros indicadores vão além do legalmente requerido e induzem
os empreendimentos a aprimorarem sua conduta na área socioambiental. Sendo assim, a
certificação, através da verificação de todos os indicadores e acompanhamento da evolução da
questão socioambiental, também cumpre o papel de diferenciar quem de fato está cumprindo
com toda a legislação necessária, uma vez que a fiscalização pelo poder público por muitas
vezes não é efetiva.
Neste estágio inicial de implantação da Certificação BONSUCRO somente os grandes
grupos do setor sucroenergético tem a possibilidade de atendimento aos critérios exigidos,
sendo que grupos menores demandam mais tempo e investimento para adequarem seus
processos produtivos e administrativos. Atualmente as seguintes usinas já possuem a
certificação BONSUCRO:
37
Raízen: Usina Maracaí, Usina Bom Retiro e Usina Costa Pinto.
Renuka do Brasil: Equipav
Coopersucar: Usina Quata, Usina Açucareira São Manoel, Usina Santa Adélia,
Açucareira Zillo Lorenzetti
BUNGE: Usina Moema de Açúcar e Álcool, Usina Frutal de Açúcar e Álcool.
ETH Bioenergia: Unidade Conquista do Pontal
Zilor: Usina Barra Grande de Lençois
Tabela 6: Usinas com Certificação BONSUCRO Fonte: BONSUCRO
Considerando todos os benefícios da certificação, é preciso esclarecer que a mesma
não substitui fatores essenciais como boa governança, implementação e condução apropriada
de políticas públicas adequadas ao setor.
Da mesma forma, a implementação de um sistema de certificação não tem a
capacidade de resolver todos os dilemas e problemas enfrentados pelo setor, sendo necessária
cooperação entre os diversos atores envolvidos durante todas as etapas da cadeia
sucroenergética para que um sistema de produção sustentável do ponto de vista econômico,
social e ambiental seja de fato implementado.
Sendo a Certificação BONSUCRO um sistema de certificação recente, é necessário
que sejam realizados mais estudos comparativos quanto ao sucesso de implementação dos
princípios e indicadores e as práticas existentes no setor sucroalcooleiro, como por exemplo, a
análise realizada no trabalho de Lucas Engelbrecht – O Setor Sucroenergético brasileiro e os
princípios de certificação socioambiental: desafios e oportunidades do IEE que compara as
exigências da BONSUCRO com as práticas adotadas no setor.
Caberá também a análise de como a aplicação da certificação está de fato
contribuindo para a adoção de boas práticas socioambientais, indo além das ações já
existentes para cumprimento da legislação aplicável, com o contínuo monitoramento da
evolução dos princípios e indicadores deste sistema de certificação socioambiental
acompanhando o desenvolvimento do setor sucroenergético na área socioambiental.
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Francisco et. al. Certificação Socioambiental para a Agricultura: Desafios para o
Setor Sucroalcooleiro. Piracicaba, SP: Imaflora; São Carlos: EdUFSCAR, 2008.
ESPÍNDOLA, Adriana Andrade. Processo de Certificação do Etanol Brasileiro - Revista
de Ciências Gerenciais. vol.XIII, nº 17, p.113 -130,São Paulo,2009.
BONSUCRO – BETTER SUGAR CANE INIATIVE. Padrão de Produção BONSUCRO.
Dezembro, 2010. Disponível em: www.bonsucro.com. Acesso em fevereiro de 2012.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da Safra
Brasileira: cana-de-açúcar, terceiro levantamento- dezembro de 2011. Brasília, 2011.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Fórum Nacional Sucroenergético –
Bioetanol: o futuro renovável. Brasília, 2012.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Impacto Ambiental da
cana-de-açúcar. Disponível em: www.cana.cnpm.embrapa.br. Acesso em novembro de
2012.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional
2012: Ano Base 2011. Rio de Janeiro, 2012.
ENGELBRECHT, Lucas. O setor sucroenergético brasileiro e os princípios da
certificação socioambiental: desafios e oportunidades. Monografia (Especialização em
Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético) – Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
GUARDABASSI, Patrícia Maria. Os desafios à expansão sustentável da produção de
etanol de cana-de-açúcar. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Energia da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS RENOVÁVEIS.
Programa de Controle de Emissões Veiculares: Fatores Médios de Emissão de Veículos
Novos. Disponível em <http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas-qa/programa-proconve>.
Acesso em dezembro de 2012.
39
LAMPKOWSKI, Francisco José; Vieira, Gilberto. Estratégia de Produção: inovação
tecnológica no processo de corte da cana de açúcar como fator competitivo. XI SIMPEP
– Simpósio de Engenharia de Produção. Bauru, 2004
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Secretaria de
Produção e Agroenergia. Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia.Anuário
Estatístico da Agroenergia 2010. Brasília, 2011.
UNIÃO DAS INDÚSTRIAS DE CANA-DE-AÇÚCAR. Etanol E Bioeletricidade – A cana-
de-açúcar no futuro da matriz energética. São Paulo, 2010.
UNIÃO DAS INDÚSTRIAS DE CANA-DE-AÇÚCAR. 2º Relatório de Sustentabilidade
do Setor Sucroenergético. São Paulo, 2011
VIAN, CARLOS E.FREITAS et al, Perspectivas da Agroenergia no Brasil. Piracicaba,
2008
VIAN, CARLOS E.FREITAS; MORAES, GUSTAVO INÁCIO. Bioenergia: Potenciais,
Problemas e Decisões para Viabilização Social e Econômica. Piracicaba, 2008.
40
ANEXO A
PRINCIPIOS DO PADRÃO DE PRODUÇÃO BONSUCRO
PRINCÍPIO 1 : CUMPRIR A LEI
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
1.1 Cumprir as leis
relevantes e
aplicáveis
Leis Nacionais e
Convenções
Internacionais
relevantes cumpridas.
* * Sim / Não Sim
Legislação relevante inclui leis e convenções
internacionais, mas não se limita a:
regulamentos que regem a posse e o usufruto da
terra, trabalho, práticas agrícolas, meio
ambiente, práticas de transporte e
processamento, atuação com integridade. Uma
lista das convenções internacionais relevantes é
citada no Anexo. Na falta de indicação
específica, deve prevalecer o regulamento mais
rígido ou a convenção ratificada pelo país mais
rígida – nacional ou internacional-.
Os princípios e critérios deste padrão oferecem
orientação quanto à definição das leis relevantes.
* Indica aplicabilidade.
41
PRINCÍPIO 1 : CUMPRIR A LEI
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
1.2 Demonstrar título
claro de terra, de
acordo com práticas e
leis nacionais.
O direito do uso da terra
deve ser demonstrado,
sem ser objeto de
legitima contestação
pelas comunidades
locais que tenham
direitos demonstráveis.
* * Sim / Não Sim
Tais direitos podem ser relacionados tanto à
posse quanto ao arrendamento legal da terra, ou
aos direitos de uso e costumes. Posse legal será o
título oficial no país (por exemplo, registro em
cartório, agência do governo, ou outro).
Encontra-se orientação quanto aos direitos
costumeiros nas convenções 169 e 117 da OIT.
*Indica aplicabilidade
42
PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
2.1 Cumprir com as
convenções da OIT
que regem sobre o
trabalho infantil, o
trabalho forçado, a
discriminação e
liberdade de
associação, e o direito
de negociar
coletivamente.
Idade mínima dos
trabalhadores. * * Anos
18 anos para
trabalho
perigoso
15 anos para
trabalho não-
perigosos.
Conforme a OIT, Artigo 3 C138 e C182, será no
mínimo 18 anos a idade mínima para se iniciar
em qualquer tipo de emprego ou trabalho que ,
ou por sua própria natureza, ou pelas
circunstâncias em que acontecer, ofereça a
possibilidade de prejudicar a saúde, segurança
ou moralidade dos jovens. (verificável também o
Art.16 da Convenção 184, Saúde e Segurança na
Agricultura). Crianças podem trabalhar em
pequenas fazendas familiares somente com a
supervisão adulta e desde que o trabalho não
interfira em sua educação formal, nem coloque
em risco sua saúde.
Ausência de trabalho
forçado. * * Sim/não Sim
Trabalho forçado ou obrigatório, conforme
definido pelas Convenções 29 e 105 da OIT.
A verificação deve incluir todos os trabalhadores
e todas as trabalhadoras.
*Indica aplicabilidade
43
PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
2.1 Cumprir com as
convenções da OIT
que regem sobre o
trabalho infantil, o
trabalho forçado, a
discriminação e
liberdade de
associação, e o direito
de negociar
coletivamente.
Ausência de
discriminação
*
*
Sim/Não
Sim
Discriminação conforme definida pela OIT
C111.
A verificação é realizada mediante entrevista
com trabalhadores.
Respeitar o direito de
todos os trabalhadores
de criar e se juntar a
sindicatos, e/ou
negociar coletivamente
na forma prevista em
lei.
* * Sim / Não Sim
Empregadores devem respeitar tais direitos e não
devem interferir com os esforços dos
trabalhadores de criar mecanismos de
representação, na forma prevista em lei.
* Indica aplicabilidade
44
PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
2.2 Aplicar os direitos
humanos e
trabalhistas da BSI
aos fornecedores e
contratados
Porcentagem de
contratados e principais
fornecedores que
demonstraram que
cumprem os direitos
humanos e trabahistas.
* * % 95
Empresas contratantes de mão-de-obra, bem
como os principais fornecedores à usina e aos
produtores de cana-de-açúcar, devem
demonstrar o cumprimento dos direitos humanos
básicos (por exemplo, ausência de trabalho
forçado, trabalho infantil e discriminação, a
existência de liberdade de associação e direitos
trabalhistas, etc.) O cumprimento efetivo será
verificado pelos auditores por amostragem, ao
nível da usina e da fazenda. A existência de
Códigos de Conduta nos contratos serão
considerados como prova de conformidade. A
metodologia da amostragem será baseada no
volume fornecido à usina.
* Indica aplicabilidade
45
PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
2.3Assegurar um
ambiente de trabalho
seguro e saudável em
operação de trabalho.
Freqüência de acidentes
com afastamento * *
Número por
milhão de horas
trabalhadas
Usina< 15
Agricultura< 45
Um acidente com afastamento é definido como
sendo um incidente que envolve um empregado
e que o impossibilita de continuar com suas
tarefas normais no próximo dia ou turno, devido
a lesão recebida. Os acidentes fatais devem ser
anotados em separado.
Avaliação dos
principais riscos para a
saúde e segurança e a
implementação de
medidas de mitigação
de risco.
* * Sim/Não Sim
Os principais riscos para saúde e segurança
devem ser conhecidos e sua avaliação
formalizada. Avaliação a ser feita pelo menos
uma vez no ano. Medidas devem ser tomadas
para eliminar, evitar ou reduzir riscos, de acordo
com legislação nacional, caso existente. As
recomendações 192 da Convenção 184 da OIT,
ou leis nacionais caso houver, oferecem
orientação quanto à lista das principais áreas de
risco a serem avaliadas.
Equipamento apropriado
de proteção individual
fornecido e utilizado
por todos os
trabalhadores.
* * Sim/Não Sim Manutenção periódica e uso efetivo do
equipamento de proteção individual.
*Indica aplicabilidade
46
PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
2.3 Assegurar um
ambiente de trabalho
seguro e saudável em
operação de trabalho
Treinamento para saúde
e segurança * * % 90
O padrão é uma medida média, da % dos novos
empregados que recebem treinamento, e da % de
empregados atuais que recebem treinamento de
atualização pelo menos a cada cinco anos (por
exemplo: promoção e participação em
seminários, palestras e campanhas relacionados
com saúde e segurança, etc). Empregados e
outros trabalhadores (incluindo trabalhadores
migrantes e sazonais, e outros trabalhadores
subcontratados) devem receber treinamento
básico em questões de saúde e segurança
relacionadas com suas funções. Isso deve
ocorrer quando começam a trabalhar e com
atualizações periódicas posteriores.
Cumprimento efetivo pode ser verificado por
amostragem.
* Indica aplicabilidade
47
PRINCÍPIO 2: RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
2.3 Assegurar um
ambiente de trabalho
seguro e saudável em
operação de trabalho
Disponibilidade em
quantidade suficiente de
água potável segura
para cada trabalhador
presente no campo e/ou
na usina
* * Sim/Não Sim
Verificação visual do acesso à água potável em
quantidade adequada, principalmente em
condições de alta temperatura, e de ausência de
fontes de contaminação perto da fonte de água
potável.
Acesso a primeiros
socorros e sistema de
resposta a emergências.
* * Sim/Não Sim
Acesso e proximidade a primeiros socorros, na
forma definida pela legislação nacional, ou na
falta desta, pela OIT.
*Indica aplicabilidade
48
PRINCÍPIO 2 : RESPEITAR OS DIREITOS HUMANOS E DE TRABALHO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
2.4 Pagar pelo menos o
salário mínimo nacional
aos empregados e
trabalhadores (incluindo
trabalhadores migrantes
e sazonais e outros
trabalhadores
subcontratados)
Razão entre o menor
salário inicial, incluindo
benefícios, e o salário
mínimo nacional,
incluindo benefícios,
conforme definido em
lei.
* * $/$ >=1
Salário mínimo como definido por lei ou, em sua
ausência, a OIT C131 servirá como base de
definição.
2.5 Fornecer contratos
completos, claros e
equitativos.
Existência de um
contrato, ou documento
equivalente.
*
*
%
100
Todos os trabalhadores devem receber um
contrato, ou documento equivalente (por
exemplo, uma carteira nacional de trabalho),
estar consciente de seus direitos, e ser pagos
numa forma e freqüência que lhes convém. Onde
não há lei específica, o contrato deve incluir pelo
menos os seguintes itens: horas de trabalho,
pagamento de horas extras, aviso prévio, férias,
salário e forma de pagamento. O pagamento do
salário deve ser em conformidade com OIT
Convenção 95 e OIT C110.
49
PRINCÍPIO 3: GERENCIAR A EFICIÊNCIA DOS INSUMOS, PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO PARA AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
3.1 Monitorar a
eficiência da
produção e do
processo.
Medir os impactos da
produção e do
processamento para
que melhorias sejam
feitas ao longo do
tempo.
Total de matéria prima
consumida por quilo de
produto
* Kg/Kg
< 11 onde não
há produção de
etanol
< 20 para
produção
completa de
etanol
A medida de sustentabilidade inclui cana-de-
açúcar como matéria-prima principal, além de
quantidades significativas de produtos químicos,
combustíveis, etc. O padrão exigido varia entre
dois limites, conforme as proporções de açúcar e
etanol produzidas. Caso uma usina exporte
eletricidade, os combustíveis comprados não
serão considerados como matéria-prima
consumida.
Produtividade da cana-
de-açúcar
* tc/ ha colhido/ano Dados no
Anexo
Valores de padrão vão depender do uso ou não
da irrigação. Pode ser usado o valor referente ao
período do relatório, ou uma média móvel de
cinco anos.
Horas de trabalho
perdidas, como
porcentagem das horas
totais trabalhadas.
* % < 5
Representa as horas perdidas devido à ausência
(todas as causas não-previstas greves, doenças e
outras ausências, etc. mas sem contar férias,
treinamento e ausências previstas em lei, por
exemplo, maternidade).
* Indica aplicabilidade
50
PRINCÍPIO 3: GERENCIAR A EFICIÊNCIA DOS INSUMOS , PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO PARA AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
3.1 Monitorar a eficiência
da produção e do
processo; medir os
impactos da produção e
do processamento para
que melhorias sejam
feitas ao longo do tempo
Eficiência total da
usina, em termos de
tempo
* % 75
Tempo de processamento, como porcentagem do
tempo total. Pode ser usado o valor referente ao
período do relatório, ou uma média móvel de
cinco anos.
Índice de Desempenho
da Fábrica * % 90
Utilizar somente quando a produção se limitar
ao açúcar, sem produção de etanol. É a razão
entre a recuperação efetiva do açúcar na cana,
comparado com a recuperação teórica. Nos
poucos casos onde há exportação de melaço de
alta qualidade para fermentação, pode-se
substituir este pela “Eficiência Industrial”.
Eficiência Industrial * % 75
A ser usado quando há produção somente de
etanol ou de açúcar e etanol na mesma
proporção. Trata-se da razão (açúcar +
equivalente etanol + equivalente sacarose no
melaço)/ (sacarose na cana + AR na cana
convertido em sacarose + AR no melaço
convertido em sacarose + levedura equivalente a
sacarose), expresso como % (AR= açúcar
residual).
* Indica aplicabilidade
51
PRINCÍPIO 3: GERENCIAR A EFICIÊNCIA DOS INSUMOS , PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO PARA AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
3.2 Monitorar as emissões
de gases do efeito estufa,
visando minimizar os
impactos nas mudanças
climáticas.
Contribuição ao
aquecimento global por
unidade-peso
produzido.
* * tCO2 eq/
t açúcar Total < 4
Utilizado somente quando açúcar é produzido.
Emissões do campo até a saída da usina.
Contribuição ao aquecimento em toneladas de
CO2 equivalente.
* * gCO2 eq/ MJ
combustível Total <24
A ser usado somente quando há produção de
etanol. Contribuição ao aquecimento em gramas
de CO2 equivalente.
* Indica aplicabilidade
52
PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
4.1 Avaliar o impacto
de empresas de cana-
de-açúcar na
biodiversidade e nos
serviços do
ecossistema.
Demanda de oxigênio
aquático por unidade
peso de produto.
Porcentagem de áreas
definidas nacional ou
internacionalmente
como legalmente
protegidas, ou
classificadas como
Áreas de Alto Valor de
Conservação, ou
AAVC (interpretadas
nacionalmente e
oficialmente, conforme
descrito no Anexo 1)
plantadas com cana-de-
açúcar após o prazo
final de 01 de janeiro
de 2008.
* Kg/t 1 Kg DQO ou
0,5 Kg DBO5
Demanda de oxigênio, por cálculo de
quantidade e análise do escoamento. A carga
ambiental pode ser expressa em termos de
DQO ou DBO5, conforme as medições
rotineiramente disponíveis.
* % 0
Para prevenir a expansão ou novo
desenvolvimento de cana-de-açúcar em áreas
de biodiversidade crítica (incluindo AAVC
categorias 1-4). Definições nacionais de AAVC
têm precedência frente definições
internacionais, quando ambas existem. Na
ausência de mapas ou bancos de dados
nacionais de AAVCs, serão necessárias provas
documentárias críveis de que nenhuma AAVC
foi convertida após 01 de janeiro de 2008.
53
PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
4.1 Avaliar o impacto
de empresas de cana-
de-açúcar na
biodiversidade e nos
serviços do
ecossistema
Existência e implementação
de um plano de
gerenciamento ambiental
(PGA), levando em
conta as espécies, os
habitats e os ecossistemas
ameaçados, bem como
referência para serviços do
ecossistema e controle de
plantas invasoras e de
animais. Cobertura dos
assuntos exigidos no
Anexo.
* % 90
Proteger num estado adequado qualquer área
ciliar, pântanos ou outros habitats naturais
existentes; disponibilizar corredores ecológicos;
e conservar qualquer espécie rara, ameaçada ou
em perigo.
O uso de subprodutos não
impacta os usos tradicionais
(por exemplo, alimentação
animal, fertilizante natural,
combustível local), nem
impacta o equilíbrio de
nutrientes e a matéria-
orgânica do solo.
* * Sim/Não Sim
O uso de sub-produtos agrícolas como insumos
não pode prejudicar usos locais, nem impactar
de forma adversa a qualidade do solo.
54
PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
4.1 Avaliar o impacto
de empresas de cana-
de-açúcar na
biodiversidade e nos
serviços do
ecossistema
Aplicação de
fertilizantes de acordo
com análise de solos e
folhas.
* Sim/Não Sim
Carga ambiental é quilograma de fosfato
equivalente, conforme definido no Anexo,
medindo o risco (ou seja, quantidades aplicadas)
em vez do nível em cursos de água. Quantidades
de fertilizantes de nitrogênio e fósforo, calculado
como equivalente de fosfato, como medida dos
potenciais efeitos de eutrofização por hectare por
ano. Para minimizar perdas com a aplicação
excessiva e a conseqüente contaminação do
lençol freático ou cursos de água.
Fertilizantes de
Nitrogênio e Fósforo
(calculado como
equivalente de fosfato)
aplicado por hectare por
ano.
* Kg/ha/ano <120
* Indica aplicabilidade
55
PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
4.1 Avaliar o impacto
de empresas de cana-
de-açúcar na
biodiversidade e nos
serviços do
ecossistema
Herbicidas e pesticidas
aplicados por hectare
por ano.
* Kg de ingrediente
ativo/ha/ano 5
Para minimizar a contaminação do ar, solo e da
água. Quantidades de pesticidas (incluindo
herbicidas, inseticidas, fungicidas, nematicidas e
produtos de amadurecimento) aplicados
calculados como medida do potencial tóxico no
meio ambiente. Observe ainda a exigência de
usar somente produtos registrados para uso e
usá-los nas taxas registradas e de cumprir a
Convenção de Estocolmo que trata de poluentes
orgânicos persistentes e exigências em relação a
agroquímicos persistentes e exigências em
relação aos agroquímicos caracterizados como
1a, 1b ou 2 na classificação da Organização
Mundial de Saúde (OMS)
*Indica aplicabilidade
56
PRINCÍPIO 4: GERENCIAR ATIVEMENTE A BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS DO ECOSSISTEMA
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
4.2 Implementar
medidas para mitigar
os impactos adversos,
quando identificados
Plano documentado e
implementação de
medidas de mitigação.
*
*
Sim/Não
Sim
Existência de uma lista de impactos adversos
identificados, tais como fumaça, poeira de fogos,
poluição de água à jusante, pulverização de
agrotóxicos levada pelo vento e poluição sonora.
Existência de um plano de mitigação e
verificação da implementação das medidas de
mitigação, incluindo consultas com stakeholders
impactados. Podem ser considerados programas
com objetivos desenvolvidos ao nível setorial.
* Indica aplicabilidade
57
PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
5.1 Treinar empregados
e outros trabalhadores
em todas as áreas do seu
serviço e desenvolver
suas habilidades gerais.
Gasto com treinamento
dos empregados como
porcentagem do gasto
com a folha de
pagamentos.
* * % 1,0
Gasto total de treinamento para todos os
trabalhadores dividido entre trabalhadores
básicos e de fábrica, gerentes intermediários e
alta gerência.
* Indica aplicabilidade
58
PRINCÍPIO 5 : MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
5.2 Melhorar
continuamente o
status dos recursos
de solo e água
Consumo líquido de
água por unidade-peso
de produto.
* * Kg/kg
Usina
20 kg/kg açúcar
ou 30 kg/kg
etanol
Agricultura
<130 kg/kg de
cana-de-açúcar
Na agricultura, água captada/comprada para
uso na irrigação; no processamento, água
consumida menos água lançada pela usina aos
corpos d´água.
% do solo coberto por
palha de cana-de-
açúcar após a colheita.
* % >20 Assegurar a melhoria contínua do carbono
orgânico do solo.
Superfície do solo
arado mecanicamente
por ano (% da área
usada para cana-de-
açúcar)
* % < 20
Para minimizar a oportunidade de erosão.
Superfície do solo arado por ano. Hectares
arados como porcentagem da área usada para
cana-de-açúcar.
59
* Indica aplicabilidade
PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
5.3 Melhorar
continuamente a
qualidade da cana-de-
açúcar e dos produtos
da usina.
Conteúdo de açúcar
teoricamente
recuperável na cana-de-
açúcar.
* * % >10
Recuperação teórica, normalizada pela pureza do
suco e pelo cálculo de conteúdo de fibra de
cana-de-açúcar, conforme mostrado no Anexo 1.
Pode ser usado o valor referente ao período do
relatório, ou uma média móvel de cinco anos.
Usado somente quando não há produção de
etanol.
Total de açúcares
fermentáveis contidos
na cana-de-açúcar,
expresso como açúcar
total invertido (TSAI)
* * Kg/ t cana-de-
açúcar >120
Usado quando há produção de etanol somente ou
em conjunto com a produção de açúcar. Baseado
numa utilização de 90,5% do TSAI, o que é
conhecido no Brasil como Açúcar Total
Recuperável (ATR). Pode ser usado o valor
referente ao período do relatório, ou uma média
móvel de cinco anos.
60
PRINCÍPIO 5 : MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
5.4 Promover a
eficiência energética
Uso total líquido da
energia primária por
quilo de produto
* * KJ/ Kg Total < 3000 Insumos diretos e indiretos de energia.
Especificações no Anexo.
Energia usada no
transporte da cana-de-
açúcar por tonelada
transportada.
* * MJ/ t cana-de-
açúcar < 50 Especificações no Anexo
Energia primária
utilizada por tonelada
de cana-de-açúcar
* * MJ/t < 300 Especificações no Anexo.
* Indica aplicabilidade
61
PRINCÍPIO 5 : MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
5.5 Reduzir as emissões
e os efluentes. Onde for
viável, promover a
reciclagem dos fluxos de
resíduos.
Carga de acidificação
atmosférica por
unidade-peso de
produto
* * Kg/t <5 Carga ambiental em quilograma de dióxido de
enxofre equivalente
Resíduos sólidos não-
perigosos, por tonelada
de cana-de-açúcar
* * t/t cana-de-açúcar <1,0
Subprodutos do processamento, a saber,
compostagem, torta de filtro, solo/lodo, cinza de
caldeira, bagaço.
5.6 Promover a pesquisa
efetiva e focada, o
desenvolvimento e a
extensão especializada.
Custos de pesquisa e
extensão como % das
vendas
*
*
%
> 0,5
Inclui subvenções pagas para instituições de
pesquisa e extensão especializada.
* Indica aplicabilidade
62
PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
5.7 Para expansão
greenfield ou novos
projetos de cana-de-
açúcar, assegurar
processos transparentes,
consultivos e
participativos que levem
em conta impactos
cumulativos e induzidos,
através de uma avaliação
de impacto
socioambiental (AISA)
Estar em conformidade
com uma AISA
reconhecida.
*
*
Sim/Não
Sim
Data limite 01 de janeiro de 2008. A AISA deve
cobrir todos os aspectos relacionados com
pesquisas e avaliações de diagnóstico, planos de
implementação, mitigação, monitoramento e
avaliação conforme necessidade. Transparência
e consultas participativas com todas as partes
interessadas relevantes são necessárias. Onde as
leis nacionais, regionais e/ou locais demandam
uma avaliação de impacto, o processo deverá ser
integrado para evitar duplicação de esforços.
Áreas de Alto Valor de
Conservação
interpretadas
nacionalmente
conforme descrito no
Anexo usadas como %
da área total impactada
por um novo projeto ou
expansão
*
*
%
0
Data limite 01 de janeiro de 2008.
Obs: Este indicador é duplicado no 4.1.2, mas
aqui ele inclui AAVC categorias 5 e 6.
* Indica aplicabilidade
63
PRINCÍPIO 5: MELHORAR CONSTANTEMENTE AS ÁREAS CHAVES DO NEGÓCIO
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
5.8 Para assegurar
engajamento e processos
transparentes, consultivos e
participativos com todos os
stakeholders relevantes.
Existência de um
mecanismo reconhecido
para resolução de
reclamações e disputas
para todos os stakeholders.
.
* * Sim/Não Sim
Existência de um mecanismo oficial para
resolução de disputas, reconhecido por todos os
stakeholders. Canal de comunicação (por
exemplo, um ombudsman, linha telefônica
exclusiva) pode ser aceito caso reconhecido por
todos os stakeholders.
Porcentagem de reuniões
de engajamento de
stakeholders onde um
acordo foi alcançado por
meio de um processo
motivado pelo consenso.
* * % 90
Avaliar a existência de um processo de consulta
no qual todos os stakeholders (de ambos os
sexos e incluindo povos indígenas) recebem
informações antes da consulta e que resulte em
acordos negociados dentro de um processo
motivado pelo consenso. Evidência de acordos
negociados deve ser demonstrada.
5.9 Promover a
sustentabilidade econômica
Valor adicionado/tonelada
de cana-de-açúcar
* * $/t
cana-de-açúcar
Usina > 4
Agricultura >
2
Valor adicionado pela operação é o valor de
vendas menos os custos dos bens, matérias
primas (incluindo energia) e serviços adquiridos.
* Indica aplicabilidade
64
ANEXO B
PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS ADICIONAIS PARA CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
6.1 Monitorar as
emissões de gases do
efeito estufa visando
minimizar os
impactos na mudança
climática
Contribuição ao
aquecimento global por
unidade de energia.
* * GCO2eq/MJ
combustível Total < 50
Até abril de 2013 este critério é aplicável apenas
as operações que iniciaram suas atividades após
23 de janeiro de 2008. Para cálculo das emissões
de GEE da produção e uso do etanol de cana-de-
açúcar, os valores padrão desagregados (pré-
estabelecidos) fornecidos no item D do Anexo V
da Diretiva Européia, devem ser utilizados. O
valor padrão será a soma do valor padrão para
cultivo: 14g CO2 eq/MJ + valor padrão para
processamento (incluindo excedente de
eletricidade): 1g CO2/MJ + valor padrão para
transporte e distribuição: 9g CO2 eq/MJ.
Emissões advindas da fabricação de máquinas e
equipamentos não devem ser consideradas. O
operador poderá utilizar este valor padrão de 24g
CO2/MJ de combustível se as emissões
associadas a alterações nos estoques de carbono
pela mudança no uso do solo após janeiro
de2008 foram iguais a zero. Caso as alterações
nos estoques de carbono devido à mudança no
uso do solo após janeiro de 2008 não forem
iguais a zero, as emissões de GEE resultantes de
mudanças nos estoques de carbono devem ser
adicionadas aos valores padrão de produção e
uso de etanol de cana-de-açúcar.
65
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
6.2 Proteger áreas
com alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono e
zonas úmidas.
Porcentagem de áreas
de alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono ou
zonas úmidas plantadas
com cana-de-açúcar
após a data limite de 1
de janeiro de 2008.
* % 0%
Áreas com alto valor de biodiversidade:
Áreas que em ou após janeiro de 2008
apresentavam um dos seguintes status,
independente se continuam ou não a apresentá-
los:
(a) florestas primárias e outras áreas arborizadas,
notadamente florestas e outras áreas arborizadas
de espécies nativas, onde não haja indicações
claras de atividades humanas e que não
apresentem seus processos ecológicos
significativamente afetados.
(b) áreas designadas por lei ou autoridade
competente para fins de proteção da natureza; ou
para a proteção de ecossistemas e espécies raras,
ameaçadas ou em perigo, reconhecidas por
acordos internacionais ou incluídas em listas
elaboradas por organizações
intergovernamentais ou pela Internacional Union
for the Conservation of Nature, sem prejuízo ao
reconhecimento da Comissão Européia, a menos
que sejam fornecidas evidências de que a
produção de matéria prima em questão não
interferiu nos propósitos de proteção.
* Indica aplicabilidade
66
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
6.2 Proteger áreas
com alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono e
zonas úmidas.
Porcentagem de áreas
de alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono ou
zonas úmidas plantadas
com cana-de-açúcar
após a data limite de 1
de janeiro de 2008.
* % 0%
Áreas com alto valor de biodiversidade:
Áreas que em ou após janeiro de 2008
apresentavam um dos seguintes status,
independente se continuam ou não a apresentá-
los:
(c) Pastagens com alto valor de biodiversidade
ou seja (i) pastagens naturais que continuariam a
ser naturais na ausência de intervenções
humanas e que mantêm a composição natural
das espécies e suas características e processos
ecológicos ou (ii) pastagens não naturais que
deixariam de ser pastagens na ausência de
interferência humana e que são ricas em espécies
e não degradadas; a menos que sejam fornecidas
evidências de que a colheita da matéria-prima
em questão é necessária para a preservação do
status desta passagem.
* Indica aplicabilidade
67
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR
PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
6.2 Proteger áreas
com alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono e
zonas úmidas.
Porcentagem de áreas
de alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono ou
zonas úmidas plantadas
com cana-de-açúcar
após a data limite de 1
de janeiro de 2008.
* % 0%
Áreas com alto valor de biodiversidade:
Áreas que em ou após janeiro de 2008
apresentavam um dos seguintes status,
independente se continuam ou não a apresentá-
los:
(d) novas áreas de proteção da natureza,
determinadas por uma Decisão da Comissão
Européia. A Better Sugar Cane Initiative Ltda.
Irá comunicar aos operadores econômicos
quaisquer detalhes relacionados à lista de áreas
protegidas assim que estas forem
disponibilizadas pela Comissão Européia.
Áreas com alto estoque de carbono:
Áreas que apresentavam um dos seguintes status
em Janeiro de 2008 e que não o apresentam
mais:
(a) Pantanais, sendo áreas cobertas ou saturadas
de água permanentemente ou por um período
significativo do ano.
68
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
6.2 Proteger áreas
com alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono e
zonas úmidas.
Porcentagem de áreas
de alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono ou
zonas úmidas plantadas
com cana-de-açúcar
após a data limite de 1
de janeiro de 2008.
* % 0%
Áreas com alto estoque de carbono:
Áreas que apresentavam um dos seguintes status
em Janeiro de 2008 e que não o apresentam
mais:
(b) áreas continuamente florestadas, sendo áreas
que apresentem mais de um hectare com árvores
de mais de cinco metros de altura e cobertura
arbórea de mais de 30% ou árvores capazes de
atingir este status in situ (não incluem áreas que
encontram-se predominantemente sob o uso
urbano ou agrícola, entendidas como árvores
estabelecidas em sistemas agrícolas, como por
exemplo plantações de árvores frutíferas e
sistemas agroflorestais onde culturas são
cultivadas sob cobertura árborea).
(c) áreas que apresentem mais de um hectare
com árvores de mais de cinco metros de altura e
cobertura arbórea entre 10% e 30% ou árvores
capazes de atingir este status in situ, ao menos
que sejam fornecidas evidências de que o
estoque de carbono da área antes e depois da
conversão é tal que, ao calcular a redução de
emissão de GEE, o limite mínimo estabelecido
no critério 6.1 da norma BONSUCRO é obtido.
69
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PROCESSAMENTO
MOAGEM AGRICULTURA VERIFICADOR PADRÃO OBSERVAÇÕES
6.2 Proteger áreas
com alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono e
zonas úmidas.
Porcentagem de áreas
de alto valor de
biodiversidade, altos
estoques de carbono ou
zonas úmidas plantadas
com cana-de-açúcar
após a data limite de 1
de janeiro de 2008.
* % 0%
Zonas úmidas: Biocombustíveis não podem ser
produzidos a partir de matérias-primas
provenientes de áreas que em Janeiro de 2008
tivessem o status de úmidas, a menos que o solo
estivesse completamente drenado em Janeiro de
2008 ou que não tenha havido drenagem de solo
desde janeiro de 2008.
* Indica aplicabilidade
70
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.1 Rastreabilidade
Cada operador econômico
da cadeia de custódia é
responsável pelos dados
fornecidos nas declarações
do produto submetidas ao
operador econômico
seguinte.
7.1.1 Produtos finais
certificados podem ser
rastreados da área de despacho
do processador até o próximo
proprietário
> 90% rastreável
* o auditor obtém uma amostra de 10 e,
quando esta amostra apresenta 0 ou 1
de falha, a conformidade pode ser
considerada e declarada como >= 90%.
Quando mais de 1 falha é encontrada, a
contagem do critério será declarada
como <90% e o critério será
considerado como não – conforme.
O processador mantém o rastreamento do transporte até a entrega ao próximo
proprietário do produto. O próximo proprietário assina o recebimento do produto
e assume a responsabilidade pelo processador.
7.1.2 Cada elo seguinte na
cadeia mantém o rastreamento
dos produtos.
> = 90% rastreável Cada operador econômico deve ser capaz de fazer o rastreamento um passo à
frente e um passo atrás.
71
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.2 Identificação,
rastreabilidade e
verificação das
características de
sustentabilidade.
Os critérios de
sustentabilidade estão
listados no Padrão de
Produção BONSUCRO e
estão em conformidade com
artigo 17 da EU RED. Para
cada remessa, em qualquer
estágio da cadeia de
custódia, as características
de sustentabilidade devem
ser identificadas e atribuídas
a mesma.
7.2.1 Cada remessa possui um #
de identificação único. >= 90% identificável
A identificação pode ser tanto física quanto a administrativa e neste caso deve ser
idêntica. É permitido ter somente o controle administrativo das remessas.
7.2.2 Cada remessa contém uma
especificação com, ao menos,
os dados especificados no
Apêndice 4 do Padrão para
Cadeia de Custódia para
Balanço de Massa.
>= 90% com especificação
Quando o proprietário seguinte aceita uma remessa sem especificações ou com
especificações incompletas, este assume a responsabilidade pelo fornecimento
destas informações.
Requisito BONSUCRO EU
7.2.3 As remessas devem
especificar claramente o escopo
da conformidade.
Não-conforme
Conforme com as normas
BONSUCRO
Conformidade com as normas
BONSUCRO EU
Maior
Nenhuma declaração incorreta.
Ex: Não-conformidade não pode
aparecer como conformidade; ou
conformidade com o BONSUCRO não
pode aparecer como conformidade com
o BONSUCRO EU.
Ao tornar-se proprietário de remessas não-conformes, o proprietário assume
inteira responsabilidade sobre a mesma e deve fornecer evidências de
conformidade antes que uma declaração de conformidade possa ser feita.
72
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.2Identificação,
rastreabilidade e
verificação das
características de
sustentabilidade.
Os critérios de
sustentabilidade estão
listados no Padrão de
Produção BONSUCRO e
estão em conformidade com
artigo 17 da EU RED. Para
cada remessa, em qualquer
estágio da cadeia de
custódia, as características
de sustentabilidade devem
ser identificadas e atribuídas
a mesma.
7.2.4 Requisito BONSUCRO
EU
Cada remessa em conformidade
com o BONSUCRO EU contém
uma especificação com, ao
menos, os dados especificados
no Apêndice 4 e 5 do Padrão
para Cadeia de Custódia para
Balanço de Massa.
Os valores de emissões de GEE
devem ser calculados de acordo
com as especificações
enumeradas nos Apêndices 2 e 3
do mesmo documento.
Maior Unicamente para a opção pelo BONSUCRO EU, em adição aos dados acima
mencionados para BONSUCRO.
73
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.3 Controle do Sistema de
Balanço de Massa:
O sistema de balanço de massa,
de acordo com o artigo 18 da EU
RED, é um sistema no qual as
características de sustentabilidade
permanecem atribuídas e
evidências que demonstram
conformidade com estas
características são exigidas e
devem ser documentadas e
registradas.
.O sistema de balanço de massa
deve ser controlado:
Em períodos de tempo, onde o
balanço do produto sustentável
BONSUCRO versus o produto
não-sustentável deve ser igual ou
positivo no momento do balanço.
A evidência do balanço deve ser
registrada e deve ser verificável
por relatórios periódicos de
balanço ao longo daquele
determinado período, mostrando
todas as entradas, misturas,
estoques e saídas.
O ano contábil para o Balanço de
Massa inclui um ciclo de safra
anual completo, o qual não se
permite ser dividido em 2 ano.
7.3.1 O sistema de cálculo
para controle do balanço de
massa é documentado e os
registros e dados do
balanço de massa são
mantidos em uma base
diária e verificável.
>= 90% validados ao longo de uma
semana.
O operador econômico deve coletar dados e registros em intervalos, de acordo
com o documento nos procedimentos locais, antes de lançá-los no sistema de
cálculo. Os dados devem ser atualizados e verificáveis no intervalo máximo de
uma semana, preferencialmente de 36 horas.
7.3.2 Validação de dados
antes do lançamento oficial
no sistema de cálculo. O
representante
administrativo é
responsável pela validação
conforme indicado no
Protocolo de Certificação
BONSUCRO.
>= 90% validável em uma semana
Uma vez validados, os dados lançados não podem ser modificados (estão
protegidos pelo programa) ou estão claramente marcados como válidos,
mostrando hora e data.
O representante administrativo assinou fisicamente os documentos ou os aprovou
por meio de procedimentos digitais de validação.
74
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR NOTAS
7.3 Controle do Sistema de Balanço
de Massa:
O sistema de balanço de massa, de
acordo com o artigo 18 da EU RED,
é um sistema no qual as
características de sustentabilidade
permanecem atribuídas e evidências
que demonstram conformidade com
estas características são exigidas e
devem ser documentadas e
registradas.
Princípios no Apêndice 6 do Padrão
para Cadeia de Custódia para
Balanço de Massa.O sistema de
balanço de massa deve ser
controlado:
Em períodos de tempo, onde o
balanço do produto sustentável
BONSUCRO versus o produto não-
sustentável deve ser igual ou
positivo no momento do balanço. A
evidência do balanço deve ser
registrada e deve ser verificável por
relatórios periódicos de balanço ao
longo daquele determinado período,
mostrando todas as entradas,
misturas, estoques e saídas.
O ano contábil para o Balanço de
Massa inclui um ciclo de safra anual
completo, o qual não se permite ser
dividido em 2 anos
7.3.3 O Balanço de Massa
em “períodos de tempo”
mostra, ao longo do
período, a evidência de que
o balanço de produto
sustentável certificado
versus produto não
certificado sustentável é no
mínimo igual ou positivo.
O representante
administrativo ou uma
terceira parte é responsável
pela validação.
Maior
Em caso de ausência de dados ou mais
do que um período (máximo de um
mês) sem relatório de balanço.
Maior
Em caso de balanço negativo e
nenhuma ação corretiva tomada no
período seguinte.
O intervalo para o relatório periódico e documentado de balanço de massa é de
no, no máximo, 1 mês.
Em cada período (mês) o balanço deve ser validado pelo representante
administrativo. Meses acumulados até a data do relatório de balanço de massa
devem ser registrados, mostrando a evolução dos dados de balanço de massa
durante o período de safra e/ou ano contábil.
75
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.3 Controle do Sistema de Balanço
de Massa:
O sistema de balanço de massa, de
acordo com o artigo 18 da EU RED,
é um sistema no qual as
características de sustentabilidade
permanecem atribuídas e evidências
que demonstram conformidade com
estas características são exigidas e
devem ser documentadas e
registradas. Princípios no Apêndice6
do Padrão para Cadeia de Custódia
para Balanço de Massa.O sistema de
balanço de massa deve ser
controlado:em períodos de tempo,
onde o balanço do produto
sustentável BONSUCRO versus o
produto não-sustentável deve ser
igual ou positivo no momento do
balanço. A evidência do balanço
deve ser registrada e deve ser
verificável por relatórios periódicos
de balanço ao longo daquele
determinado período, mostrando
todas as entradas, misturas, estoques
e saídas. O ano contábil para o
Balanço de Massa inclui um ciclo de
safra anual completo, o qual não se
permite ser dividido.
REQUISITO BONSUCRO
EU
7.3.4 O balanço de massa é
baseado no peso do açúcar ou
do álcool, ou no cálculo de
volume feito com base em
amostragem e análises de um
laboratório qualificado;
usando métodos normativos e
resultados de medição, são
validados por um laboratório
acreditado, preferivelmente
(mas não obrigatoriamente)
que possua uma acreditação
ISO IEC 17025(ABNT NBR
ISO/IEC 17025- Requisitos
gerais para competência de
laboratórios de ensaio e
calibração. Equipamentos para
medição e pesagem nas
operações ou utilizados pelos
subcontratados para entrada e
saída de volume ou peso do
balanço de massa requerem
calibração com freqüência
mínima de 1 vez por ano,
realizada por uma organização
de ensaio e calibração,
preferivelmente (mas não
obrigatoriamente) que possua
uma acreditação ISO IEC
17025
Maior
Em caso de falha total para calibrar.
Menor
De outra maneira:
Atrasado > 1 ano
Volumes podem variar em decorrência de processos de concentração ou diluição.
Por esta razão e para efetividade, o balanço de massa apenas em volume não é
possível.
A base do balanço é a combinação de peso (massa), volume, e o conteúdo da
remessa, seja em porcentagem de açúcar (m/m) ou em porcentagem de álcool
(v/v).
Por meio de cálculo de conversão, o açúcar pode ser expresso em álcool e vice-
versa.
Métodos permitidos para os cálculos de conversão estão especificados no capítulo
3 dos Princípios e Critérios BONSUCRO.
Métodos aplicados requerem documentação e validação e não podem variar
dentro do ano contábil.
76
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.3 Controle do Sistema de
Balanço de Massa:
O sistema de balanço de massa, de
acordo com o artigo 18 da EU RED,
é um sistema no qual as
características de sustentabilidade
permanecem atribuídas e evidências
que demonstram conformidade com
estas características são exigidas e
devem ser documentadas e
registradas. Princípios no Apêndice6
do Padrão para Cadeia de Custódia
para Balanço de Massa. O sistema de
balanço de massa deve ser
controlado: em períodos de tempo,
onde o balanço do produto
sustentável BONSUCRO versus o
produto não-sustentável deve ser
igual ou positivo no momento do
balanço. A evidência do balanço
deve ser registrada e deve ser
verificável por relatórios periódicos
de balanço ao longo daquele
determinado período, mostrando
todas as entradas, misturas, estoques
e saídas. O ano contábil para o
Balanço de Massa inclui um ciclo de
safra anual completo, o qual não se
permite ser dividido
7.3.5 O balanço de massa
total no período é
confiável, com uma
tolerância de +/-5%,
calculada sobre o conteúdo
total de entrada e saída de
açúcar e/ou álcool.
Em caso de perdas ou
derrames (spillage), estes
serão calculados.
Subprodutos também são
calculados, uma vez que
podem conter restos de
açúcar e/ou álcool que
devem ser comunicados.
>= 90% do balanço de massa dentro
da tolerância
O balanço de massa é o resultado de todas as entradas e saídas em um período.
Muitas entradas de dados são feitas e testes de laboratórios ocorrem. Dado o fato
de que volume, peso e % têm tolerâncias, o resultado total precisa assegurar que
toda a contabilidade, medição e testes são confiáveis.
Exceder o nível de 5% de diferença no balanço pode indicar erros que requerem
correção.
77
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.4 Controle de remessas
Para a identificação e
rastreabilidade da cana-de-açúcar
durante as fases de
produção,logística e comercio, é
essencial manter o controle sobre
as remessas e manter registros de
dados de produção, incluindo
volumes, peso, especificações dos
produtos, porcentagem de açúcar
e álcool, densidade, etc. (conjunto
mínimo de dados, conforme
especificado nos critérios),
juntamente com os registros
sobre as características de
sustentabilidade atribuídas às
remessas.
REQUISITO
BONSUCRO EU
7.4.1 Cada remessa possui
um número de
identificação único, o
número identifica o ano
contábil da colheita, a
unidade de operação
(fazenda, local, etc), e o
número é gerado pelo
sistema de contabilidade
em uma seqüência de
tempo, de acordo com o
lançamento inicial da
remessa no sistema. Cada
vez que novas remessas são
criadas, tanto por mistura
quanto por divisão, um
novo número único de
remessa será gerado para a
mistura ou para cada
remessa que tenha sido
dividida. Cada número
novo contém referência ao
número da remessa
anterior.
A partir do número de
remessa, podem ser
recuperados a data, hora e
o local físico da remessa.
Maior
O sistema não é operacional.
Menor
>= 90 % conformidade
A remessa e toda a informação a ela anexada podem ser identificadas e rastreadas
atrás e à frente ao se utilizar o número da remessa.
78
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
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CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.5 Controle de Mistura e
Remessas
É comum e freqüentemente
inevitável que as remessas sejam
misturadas na produção, logística
e comércio de cana-de-açúcar. A
mistura de remessas com
diferentes características de
sustentabilidade é permitida,
assim como a mistura de
remessas sustentáveis com
remessas não-sustentáveis, desde
que o balanço de produtos
sustentáveis se mantenha
positivo. A mistura pode ter
qualquer forma onde as remessas
podem normalmente estar em
contato, como em um container,
instalação de processamento ou
logística ou local (definido como
localização geográfica com
limites precisos, dentro dos quais
os produtos podem ser
misturados). Há regras que
devem ser respeitadas para o
controle e mistura de remessas e
elas estão especificadas nos
indicadores à direita.
7.5.1 Um novo número de
remessa é gerado para uma
mistura, o procedimento é
semelhante ao de uma
remessa individual.
>= 90% conformidade
A forma como a mistura irá se apresentar e qual número é possível em termos de
caracteres dependerá do sistema de contabilidade.
Alguns sistemas permitem a identificação de uma mistura por meio de
indicadores.
7.5.2 Os tamanhos distintos
e as características de
sustentabilidade de cada
remessa individual
permanecem atribuídos a
mistura
>= 90% conformidade Especificações no Anexo para Padrão para Cadeia de Custódia para Balanço de
Massa.
7.5.3 Permite que a soma
de todas as remessas
retiradas da mistura sejam
descritas como tendo as
mesmas características de
sustentabilidade, nas
mesmas quantidades, assim
como a soma de todas as
remessas adicionais à
mistura.
>= 90% conformidade Especificações no Anexo no Padrão para Cadeia de Custódia para Balanço de
Massa.
79
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.5 Controle de Mistura e
Remessas
É comum e freqüentemente
inevitável que as remessas sejam
misturadas na produção, logística
e comércio de cana-de-açúcar. A
mistura de remessas com
diferentes características de
sustentabilidade é permitida,
assim como a mistura de
remessas sustentáveis com
remessas não-sustentáveis, desde
que o balanço de produtos
sustentáveis se mantenha
positivo. A mistura pode ter
qualquer forma onde as remessas
podem normalmente estar em
contato, como em um container,
instalação de processamento ou
logística ou local (definido
como localização geográfica com
limites precisos, dentro dos quais
os produtos podem ser
misturados). Há regras que
devem ser respeitadas para o
controle e mistura de remessas e
elas estão especificadas nos
indicadores à direita.
7.5.4 Para evitar dupla
contagem: no momento em
que as designações
individuais são atribuídas à
mistura, estas serão
automaticamente atestadas
(booked off) como
“vendidas” do número
anterior para o novo
número da mistura.
>=90% conformidade A maneira como isto ocorre pode ser diferente, dependendo das possibilidades do
sistema de contabilidade.
80
CRITÉRIOS ADICIONAIS E OBRIGATÓRIOS PARA O CUMPRIMENTO DAS DIRETIVAS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E
SOBRE QUALIDADE DOS COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC)
CRITÉRIO INDICADOR PADRÃO NOTAS
7.6 Controle e separação de
remessas devido à misturas:
Uma vez que as características de
sustentabilidade tenham sido
atribuídas às remessas, os valores
podem ser calçudos e adicionados
às especificações da remessa. Os
métodos de cálculo, termos,
definições, ferramentas e valores
padrão estão enumerados nos
indicadores à direita.
7.6.1 Qualquer remessa
separada de uma mistura
ou separada de uma
determinada remessa
requer um novo número:
utilize o procedimento 7.5
para gerar uma nova
remessa.
>=90% conformidade
A forma como a remessa separada irá se apresentar e qual número é possível em
termos de caracteres dependerá do sistema de contabilidade.
Alguns sistemas permitem a identificação de uma nova remessa como resultado
da separação de misturas anteriores por meio de indicadores.
7.6.2 As características de
sustentabilidade da mistura
de remessas permanecem
atribuídas aos números das
remessas que foram
separadas na proporção do
volume que foi separado.
>=90% conformidade Checar Apêndice 6 da Cadeia de Custódia para balanço de massa.
Não utilizar média.
7.6.3 Para evitar dupla
contagem: no momento em
que um novo número único
tenha sido atribuído à
remessa separada, está será
automaticamente atestada
como “vendida” do número
anterior para o novo
número da remessa
separada.
>=90% conformidade A maneira como isso ocorre pode variar, dependendo das possibilidades do
sistema de contabilidade.
81
ANEXO C
MEMBROS BONSUCRO
Tate e Lyle
Copersucar
Reef Catchments
ACFA ED & F Man Renuka
Addax Bioenergy Management EID Parry Shell
Adecoagro ETH Bioenergia Solidaridad
Armajaro Trading Ltda Ferrero Sucre-Ethique
Azocaña Green Energy Suiker Unie
Azonosa Grupo São Martinho Syngenta
Bacardi Grupo USJ Toyota Tsusho Corp
Banah International Group IFC ÚNICA
Bayer Crop Science Neltec UNILEVER
BP New South Wales Sugar Milling Coop Union de Cañeros Guabira
Braskem North Sea Petroleum United Molasses
British Sugar Pepsico Usina Azucarera São Manoel
Cadbury Petrobrás Usina Santa Adélia
Cargill Procaña Usina São Luiz
CEVASA Rabobank World Wild Fund
CEVITAL Ragus Sugar Ltd. Zilor Energia e Alimentos
Coca-Cola Raízen
Fonte: BONSUCRO (2012)
82
ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA
Empresa
A totalidade de qualquer organização ou entidade empresarial responsável por implementar a norma.
SA 8000
Fornecedor/
contratado
Uma pessoa jurídica que fornece para a empresa bens e/ou serviços, que são integrados a, e utilizados na/ou para a
produção dos bens e/ou serviços da empresa
SA 8000
Sub-fornecedor/
sub-contratado
Uma pessoa jurídica na cadeia de produção que, direta ou indiretamente, provê aos fornecedores bens e/ou serviços
que são integrador a,e utilizados na/ou para, a produção dos bens e/ou serviços do fornecedor e/ou da empresa.
SA 8000
Categorias e
trabalhadores
agrícolas
Faltam diferenciações claras entre as categorias diferentes de trabalhadores. Como conseqüência existe vários tipos
de relações trabalhistas e formas diferentes de participação da mão-de-obra. As diferentes categorias de
trabalhadores também podem variar dentro de cada país e, em determinados casos, um único fazendeiro pode ser
classificado em mais de uma categoria. Muitos fazendeiros pequenos complementam suas rendas com salários
ganhos ao trabalhar em grandes fazendas comerciais na época da safra.
Resumo das grandes categorias de trabalhadores agrícolas:
OIT
NÃO –ASSALARIADOS ASSALARIADOS
Grandes e médios agricultores Trabalhadores permanentes
Pequenos agricultores Trabalhadores temporários e
sazonais Agricultores de subsistência Trabalhadores migrantes Agricultores familiares, sem salário Trabalhadores
subcontratados Trabalhadores cooperados Setor Informal Arrendatários e meeiros Posseiros
Trabalhadores sem -terra
OIT
Documento sobre
Segurança e Saúde
na Agricultura.
ANEXO D
DEFINIÇÕES UTILIZADAS NA CERTIFICAÇÃO BONSUCRO
83
ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA
Criança
Qualquer pessoa com menos de 15 anos de idade, a não ser que exista uma lei local que determine
uma idade maior para trabalhar, ou para a permanência na escola, caso em qual se aplica a idade
maior. Porém, caso exista uma lei local que determine idade mínima de 14 anos, em conformidade
com as exceções detalhadas na Convenção OIT 138 para países em desenvolvimento, então vale a
idade menor.
OIT
A Convenção de Idade Mínima da OIT 138 (1973) determina que a idade mínima para ser
empregado não pode ser menor que a idade de conclusão do ensino obrigatório, e em qualquer
caso, não pode ser menos que 15 anos. Porém, em determinadas situações, onde a economia e a
estrutura educional carecerem de desenvolvimento adequado, um país Membro pode especificar
inicialmente uma idade mínima de 14 anos.
OIT
Trabalho Infantil Qualquer trabalho feito por um jovem com menos que a idade especificada na definição anterior
de criança, salvo nos casos determinados na recomendação 146 da OIT.
OIT
Trabalhador
Jovem
Qualquer trabalhador com menos de 18 anos de idade, mas acima da idade de uma criança,
conforme definição anterior.
OIT
Piores formas de
trabalho infantil
Embora existam muitas formas de trabalho infantil, a prioridade é a rápida eliminação das piores
formas de trabalho infantil, conforme definidas pelo Art. 3 da Convenção 182 da OIT
OIT
84
ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA
Acidente de
trabalho
Um acidente de trabalho é um evento inesperado e não-planejado, incluindo atos de violência,
que é decorrente de, ou tem vínculo com o trabalho que resulte em lesão pessoal, doença ou morte
de um ou mais trabalhadores. São incluídos em acidentes de trabalho os acidentes de trânsito,
transportes ou viagem que resultam em ferimentos de trabalhadores, e que aconteçam durante o
trabalho, ou em decorrência deste, por exemplo, o ferimento do trabalhador enquanto participa de
uma atividade econômica, seja no serviço, seja enquanto desenvolve os negócios do empregador.
Lesão de trabalho: qualquer ferimento, doença ou morte que é resulte de um acidente de trabalho;
uma lesão de trabalho é, portanto, diferente de uma doença de trabalho, que é uma doença
contraída em conseqüência da exposição ao longo do tempo a fatores de risco que são decorrentes
de uma atividade laboral.
Resolução/Convenção
155 da OIT sobre
estatísticas de
ferimentos de trabalho
(que resultam de
acidentes de trabalho),
adotada pela 16ª
Conferência
Internacional de
Estatísticos de Trabalho
(outubro de
1998).
Doença de
trabalho
Uma doença contraída como conseqüência da exposição a fatores de risco decorrentes de atividade
laboral.
OIT
Recuperação
Teórica do
Açúcar
A recuperação total (OR) teórica, ajustada pelo grau de pureza do suco e o conteúdo da fibra de
cana-de-açúcar, é medida da seguinte forma:
OR = E . BHR = 0.98 . [ 100 – 20 . WF.C] .[ 1.5 – 50/ Pj ]
Onde: WF.C é o conteúdo de fibra na cana-de-açúcar, expresso em g/ 100 g, e PJ é a pureza do
caldo. Além disso, estima-se que refinar totalmente o açúcar branco numa refinaria “white end”
deve aumentar em 0,4% a perda, não determinada do açúcar no caldo. Assim, o teor 0,98 fica em
0,976.
100 – W F.C
85
ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA
Produtividade da
cana-de-açúcar
Irrigado, 85; Irrigação suplementar ("de salvamento") 65; Não-irrigado 45 (rendimento total anual
/total de ha colhidos/ idade média ponderada na safra) para cada categoria de regime hídrico. Pode
ser usado o valor referente ao período do relatório, ou uma média móvel de cinco anos. Deve ser
excluída a produção de brotos de cana-de-açúcar (produtividade e área); da área colhida devem ser
excluídas áreas não utilizadas para cana-de-açúcar, bem como estradas e curvas de nível.
(Suplementar = irrigação quando o sistema não é capaz de suprir todas as necessidades da planta.)
IChemE (2002).
Medidas de progresso
no desenvolvimento
sustentável. Instituto
de Engenheiros
Químicos, Londres.
Alto Valor de
Conservação
Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC) são definidas como habitats naturais onde os valores
de conservação/biodiversidade são vistos como sendo de alto significado ou importância crítica
baseado em fatores tais como a presença de espécies raras ou endêmicas, sítios sagrados, ou
recursos colhidos por comunidades locais (ver www.hcvnetwork.org). Para implementar a norma
BONSUCRO, cada país precisa fornecer sua interpretação própria e oficial de Alto Valor de
Conservação, que será usada em auditorias naquele país. Será aplicada a data-limite de 01 de
janeiro de 2008. Os seis Altos Valores de Conservação (AVCs):
AVC 1: Áreas contendo concentração significativa de valores relativos à biodiversidade em nível
global, regional ou nacional (ex: endemismo, espécies ameaçadas, refúgios de biodiversidade).
AVC 2: Áreas florestais extensas, em nível de paisagem, que estão dentro da unidade gerencial, ou
que a incluem dentro de sua área e que têm significância global, regional ou nacional, onde as
populações viáveis da maioria, ou de todas as espécies naturais ocorrem em padrões naturais de
distribuição e abundância.
AVC 3: Áreas situadas dentro de, ou que contenham ecossistemas raros, ameaçados ou em perigo
de extinção.
AVC 4: Áreas que fornecem serviços ambientais básicos em situações críticas (ex.: proteção de
bacias hidrográficas, controle de erosão).
AVC 5: Áreas essenciais para suprir as necessidades básicas de comunidades locais (ex:
subsistência, saúde).
AVC 6: Áreas críticas para a identidade cultural tradicional de comunidades locais (áreas de
importância cultural, ecológica, econômica ou religiosa, identificadas em conjunto com estas
comunidades).
Também inclui solos com grande risco de apresentarem teores significativos de carbono no solo.
86
ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA
Alteração
significativa
Um impacto significativo seria aparente, caso as operações das plantações ou usinas de cana-de-
açúcar provoquem mudanças no meio-ambiente que resultem em:
(1) um impacto na qualidade e/ou quantidade de habitats que suportam uma espécie ameaçada ou
em perigo, ao ponto de que os números e a viabilidade daquela espécie (a classificação vem da
lista vermelha do IUCN) sejam negativamente impactados;
(2) a conversão, diminuição ou degradação da integridade de um habitat ameaçado, ao ponto de
que ocorra, na opinião de um ecologista competente, um impacto negativo mensurável no seu
status ecológico;
(3) alteração num serviço do ecossistema (por exemplo, o fornecimento d’água) ao ponto de
causar impactos negativos materiais para comunidades locais ou ecossistemas (por exemplo,
fluxos com nutritivos adicionais que alterem a ecologia a jusante, ou que alterem a disponibilidade
de água potável para comunidades à jusante).
Conduzir o
negócio com
integridade
As empresas devem militar contra toda e qualquer forma de corrupção, incluindo extorsão e
suborno.
PRINCIPIO 10:
Acordo Global das
Nações Unidas (UN
Global Compact)
87
ITEM DEFINIÇÃO REFERÊNCIA
Trabalho forçado
ou compulsório
Qualquer trabalho ou serviço exigido de qualquer pessoa mediante ameaça de qualquer
penalidade, e para qual aquela pessoa não se ofereceu de forma livre e espontânea.
Os tipos mais comuns de trabalho forçado ou compulsório: Trabalho forçado pode existir em
muitas formas – algumas delas impostas pelo Estado, mas na sua maioria no setor privado.
Trabalho forçado pode ser o resultado de tráfico de pessoas e migração irregular. Os mecanismos
de força incluem servidão por dívida, escravidão, abuso de práticas de usos e costumes e sistemas
enganosos de recrutamento. Algumas das formas mais comuns de trabalho forçado incluem (ver
lista completa no Handbook da OIT):
• Trabalho Forçado por dívida induzida: Freqüentemente chamado de "trabalho obrigatório"
(‘bonded labour’) no Sul da Ásia, aonde é mais comum, mas também como "servidão por dívida"
(‘debt bondage’). Acontece quando uma pessoa fornece seus serviços, ou aqueles de um membro
da família, recebendo créditos, como maneira de pagar o empréstimo ou adiantamento.
• Trabalho Forçado como resultado de tráfico de pessoas: O tráfico de pessoas ou tráfico
humano tem vínculo freqüente com o trabalho forçado. É alimentado por indivíduos ou por redes
criminosas organizadas, e pode incluir recrutamento enganoso, extorsão e chantagem, com a
finalidade de exploração de mão-de-obra.
• Trabalho Forçado ligado à exploração em sistemas de contratação de mão-de-obra: Existe
hoje em quase todos os lugares to mundo. Por exemplo, os trabalhadores migrantes se descobrem
presos a umfornecedor de mão-de-obra porque foram lhes cobradaos taxas excessivas, e eles têm
pouca ou nenhuma possibilidade de mudar de empregador uma vez que chegam ao país de destino.
Convenção 29 da OIT
Combate a Trabalho
Forçado : Livreto para
empregadores e
Empresas, booklet 2.
Discriminação
1 O termo ‘discriminação’ inclui —(Art. 1 C111)
(a) qualquer distinção, exclusão ou preferência feita com base na raça, cor, sexo, religião, opinião
política ou origem nacional ou social, que tem o feitio de negar ou enfraquecer a igualdade de
oportunidade ou tratamento no emprego ou na ocupação;
(b) qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha o efeito do negar ou enfraquecer a
igualdade de oportunidade ou tratamento no emprego ou na ocupação e que possa ser assim
identificada pelo Membro envolvido, após consultar organizações representativas de empregadores
e empregados, onde existam tais organizações, e com outras entidades apropriadas.
2. Não será classificada como discriminação qualquer distinção, exclusão ou preferência que se
refira a um emprego específico, e que se baseie nas exigências inerentes do mesmo.
OIT Convenção C111
88
ANEXO E
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
PGA Plano de Gerenciamento Ambiental
AASA Avaliação de Impacto Ambiental e Social
g Gramas
GEE Gases de Efeito Estufa
ha Hectares
AVC Alto Valor de Conservação
Kg Quilogramas
KJ Quilo joules
KWh Quilowatt horas
L Litros
MJ Mega joules
EPI Equipamento de Proteção Individual
AI Açúcar Invertido (inglês RS – reducing sugar)
t Toneladas
tc Toneladas de cana-de-açúcar
ART Açúcar Redutor Total (inglês: TSAI – total sugars expressed as invert)
a ano
89
ANEXO F
LISTA DAS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS RELEVANTES
As convenções principais (Core Conventions ) da OIT tratam dos seguintes assuntos: Abolição do Trabalho Infantil (C 138 e C 182) ;
Eliminação do Trabalho Forçado ou Compulsório ( C 29 e 105); Remuneração igualitária (C 100); Eliminação da Discriminação no Emprego e
Ocupação ( C111); Liberdade de Associação ( C 87); e o Direito de Negociar Convenções Coletivas ( C 98 ).
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Não ao Trabalho Forçado
ILO Convention 29 (1930)
Forced Labour
OIT Convenção 29 (1930)
Trabalho Forçado Art. 5
Nenhuma concessão para
empresas deve envolver
qualquer forma de trabalho
forçado ou compulsório.
ILO Convention 105
(1957) Abolition of forced
Labour
OIT Convenção 105 (1957)
Abolição do Trabalho
Forçado
Art.1
Não usar nenhuma forma
de trabalho forçado ou
compulsório.
Proteção das Crianças
ILO Convention138 (1973)
Minimum Age
OIT Convenção 138 (1973)
Idade Mínima Art.13
Abolição do trabalho
infantil e determinação de
uma idade mínima nacional
para trabalhar, não menos
que 15-18 anos (a depender
da ocupação).
ILO Convention 182
(1999) Worst Forms of
Child Labour
OIT Convenção 182 (1999)
Piores Formas de Trabalho
Infantil
Art. 1- 7
Abolição da escravidão
infantil, servidão por
dívida, tráfico e solicitação
para prostituição, métodos
apropriados para monitorar
e assegurar o cumprimento.
90
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Proteção das Crianças
UN Declaration of the
Rights of Indigenous
Peoples (2007)
ONU Declaração sobre os
Direitos dos Povos
Indígenas (2007)
Art. 17 (2), 21, 22(2)
Nenhuma exploração das
mulheres e crianças
indígenas, nem a
exposição das mesmas ao
perigo ou à discriminação.
Liberdade de Associação
e de Negociação de
Convenções Coletivas
ILO Convention 87 (1948)
Freedom of Association
and Protection of Right to
Organise
OIT Convention 87 (1948)
Liberdade de Associação e
Proteção do Direito a
Organizar
Art. 2- 11
Liberdade para que os
trabalhadores se associem
à organizações, federações
e confederações da sua
escolha, com regras e
constituições livremente
escolhidas; medidas para
proteger o direito à
organização.
ILO Convention 98 (1949)
Right to organise and
collective bargaining
OIT Convenção 98 (1949)
Direito de Organizar e
Negociação Coletiva
Art. 1- 4
Proteção contra atos que
reprimem sindicatos e
contra medidas para
dominá-los;
procedimentos
estabelecidos para a
negociação voluntária de
termos e condições de
trabalho, através de
acordos coletivos.
91
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Liberdade de Associação e
de Negociação de
Convenções Coletivas
UN Declaration of the
Rights of Indigenous
People (2007)
ONU Declaração sobre os
Direitos dos Povos
Índigenas
Art. 3
Povos indígenas têm o
direito à autodeterminação
e à buscar livremente seu
próprio desenvolvimento
econômico, social e
cultural.
Não-discriminação e
igualdade de
remuneração
ILO Convention 100 (1951)
Equal Remuneration
OIT Convenção 100 (1951)
Remuneração Igualitária Art. 1- 3
Igualdade de remuneração
para homens e mulheres
que desempenham o mesmo
trabalho.
ILO Convention 111 (1958)
Discrimination
Employment and
Occupation
OIT Convenção 111 (1958)
Discriminação (Emprego e
Ocupação)
Art.1 – 2
Igualdade de oportunidade
e tratamento no que se
refere ao trabalho e
emprego: sem
discriminação em base de
raça, sexo, cor, religião,
opinião política ou origem
acional ou social.
92
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Não-discriminação e
igualdade de remuneração
UN Declaration of the
Rights of Indigenous People
(2007)
ONU Declaração sobre os
Direitos dos Povos
Índigenas
Art.2 , 8
(2e),9,15(2),16(1),21 (2)
,22,24 (1) ,29 (1) ,46 (3)
Ausência de discriminação
em base da origem ou
identidade; liberdade para
manifestar identidade
baseado nos costumes;
atenção especial pela plena
proteção dos direitos das
mulheres indígenas.
Emprego Justo dos
Imigrantes
ILO Convention 97 (1949)
Migration fo Employment
OIT Convenção 97 (1949)
Migração para Emprego
Fornecimento de
informação; nenhuma
restrição à viagem;
fornecimento de serviço de
saúde; não discriminação no
emprego, alojamento,
proteção social e
remuneração; nenhuma
repatriação forçada de
trabalhadores legais;
repatriação de poupança.
93
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Proteção dos Pequenos
Proprietários
ILO Convention 117 (1962)
Social Policy (Basic Aims
and Standards)
OIT Convenção 117 (1962)
Política Social (Metas e
Padrões básicos)
Art. 4
Alienação com o devido
respeito aos direitos de usos
e costumes; assistência para
a formação de cooperativas;
condições de locação devem
assegurar os padrões de vida
mais altos possíveis.
Aquisição Justa da Terra
ILO Convention 169 (1989)
on Indigenous and Tribal
Peoples
OIT Convenção 169 (1989)
sobre Povos
Indígenas e Tribais
Art. 13-19
Respeitar e proteger os
direitos à terra e aos
recursos naturais que são de
uso e ocupação tradicionais;
respeito para com as
tradições de herança;
nenhuma remoção forçada;
compensação por perdas e
danos.
UN Declaration on the
Rights of Indigenous
Peoples (2007)
ONU Declaração sobre os
Direitos dos
Povos Indígenas (2007)
Art.25 -26
Direito a ter um
relacionamento individual
com a terra; direito de
posse, uso, desenvolvimento
e controle de suas terras,
territórios e outros recursos.
94
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Aquisição Justa da Terra
UN Convention on
Biological Diversity
(1992)
ONU Convenção sobre
Diversidade Biológica
Art.10 (c)
Proteger e estimular o uso
costumeiro dos recursos
biológicos de acordo com as
práticas tradicionais.
Justa Representação e
Participação dos Povos
Indígenas e Tribais
ILO Convention 169 (1989)
on Indigenous and Tribal
People
OIT Convenção 169 (1989)
sobre Povos Índigenas e
Tribais
Art. 6 -9
Auto-representação, através
das suas próprias
instituições representativas;
consultas com a meta de
chegar a um acordo, ou ao
consenso; o direito de
decidir suas próprias
prioridades, manter seus
costumes e resolver ofensas
pelas leis tradicionais (desde
que compatíveis com os
direitos humanos
internacionais).
95
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Justa Representação e
Participação dos Povos
Indígenas e Tribais
UN Declaration on the
Rights of Indigenous People
(2007)
ONU Declaração sobre os
Direitos dos Povos Indígenas
(2007)
Art. 10, 11 (2), 19, 28 (1), 29
(2) and 32.(2).
O direito das suas próprias
instituições representativas
aprovarem antecipadamente,
de forma livre e com as
devidas informações,
qualquer projeto que impacte
suas terras.
Convention on the
Elimination of All Forms
of Racial Discrimination,
International Covenant on
Economic, Social and
Cultural Rights,
InterAmerican Human
Rights System
Convenção sobre a
Eliminação de Todos os
Tipos de Discriminação
Racial, Pacto Internacional
sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais, Sistema
Inter-Americano de Direitos.
Humanos.
Comitê CERD da ONU,
Comitê da ONU sobre
Direitos Sociais, Culturais e
Econômicos, Comissão
Inter-Americano de Direitos
Humanos.
Aprovação antecipada, livre
e informada de qualquer
decisão que possa impactar
povos indígenas.
96
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Controlar ou Eliminar o
Uso de Produtos Químicos
e Pesticidas Perigosos
Stockholm Convetion on
Persistent Organic Pollutants
Convenção de Estocolmo
sobre Poluentes Orgânicos
Resistentes (2001)
Art. 15
Proibir e/ou eliminar a
produção e uso dos produtos
químicos listados no Anexo
A da Convenção (por
exemplo, Aldrin, Chlordane,
PCB); restringir a produção
e uso dos produtos químicos
listados no Anexo B (por
exemplo, DDT); reduzir ou
eliminar emissões de
produtos químicos listados
no Anexo C (por exemplo,
hexaclorobenzina).
97
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Controlar ou Eliminar o
Uso de Produtos Químicos
e Pesticidas Perigosos
FAO International Code of
Conduct on the
Distribution and use of
Pesticides (1985,Revised
2002)
FAO Código Internacional
de Conduta sobre a
Distribuição e Uso de
Pesticidas (1985, Revisado
2002)
Art.5
Restringir o uso de
pesticidas perigosos onde o
controle é difícil; assegurar o
uso de equipamentos e
técnicas protetoras; fornecer
aos trabalhadores orientação
referente a medidas de
segurança; fornecer aos
pequenos fazendeiros e
produtores rurais um serviço
de treinamento; proteger
trabalhadores e outras
pessoas que possam estar
por perto; disponibilizar
informações completas sobre
riscos e proteções; proteger a
biodiversidade e minimizar
impactos no meio ambiente;
assegurar o descarte seguro
de resíduos e equipamento;
estar preparado para lidar
com casos emergenciais de
envenenamento.
98
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Controlar ou Eliminar o
Uso de Produtos Químicos
e Pesticidas Perigosos
Rotterdam Conventions on
Prior and Informed Consent
Procedure for certain
Hazardous Chemicals and
Pesticides in International
Trade (1998)
Convenções de Rotterdã
sobre Procedimento para a
Concordância Antecipada e
Informada referente a
Determinados Produtos
Químicos e Pesticidas
Perigosos no Comércio
Internacional (1998)
Art. 1, 5, 6
Coibir o comércio de
produtos químicos e
pesticidas proibidos;
desenvolver procedimentos
nacionais para controlar seu
uso e comércio; a
Convenção lista os produtos
químicos e pesticidas
proibidos e perigosos.
UN Declaration on Rights of
Indigenous People (2007)
ONU Declaração sobre os
Direitos dos Povos Indígenas
(2007)
Art. 21 (1), 23, 24, 29 (3)
Melhorar as condições de
vida em termos de
saneamento, saúde e
moradia; participar no
fornecimento de serviços de
saúde; manter sistemas
tradicionais de saúde;
monitoramento efetivo da
saúde.
Preservar áreas de várzea
Ramsar convention on
wetlands of
International Importance
Convenção de Ramsar sobre
Zonas
Úmidas de Importância
Internacional
www.ramsar.org
99
PRINCÍPIOS NORMAS
INTERNACIONAIS
NOME NÃO OFICIAL
EM PORTUGUÊS SEÇÕES CHAVES
RESUMO DAS
PROTEÇÕES
Proteger o Patrimônio
Cultural e Natural
World Heritage Convention
concerning the Protection of
the World cultural and
Natural heritage.
Convenção sobre Patrimônio
Mundial, referente à
Proteção do Patrimônio
Cultural e Natural do Mundo
whc.unesco.org/
Conservação da
Diversidade Biológica
Convention on Biological
Diversity
Convenção sobre
Diversidade Biológica www.cbd.int
Preservar áreas de várzea
Ramsar convention on
wetlands of International
Importance
Convenção de Ramsar sobre
Zonas Úmidas de
Importância Internacional
www.ramsar.org
100
ANEXO G
ESQUEMA BONSUCRO PARA CALCULAR EMISSÕES DE GASES DO EFEITO
ESTUFA (GEE) DECORRENTES DO CULTIVO E PROCESSAMENTO DE CANA-
DE-AÇÚCAR
1. Demarcação do Sistema
A delimitação operacional engloba o cultivo e processamento da cana-de-açúcar,
reconhecendo cada usina, junto com os seus fornecedores de cana-de-açúcar como uma
unidade individual, em vez de considerar uma empresa que tem e opera várias usinas. No caso
de Produtores Independentes de Energia (PIE) que fornecem vapor e energia elétrica para uma
usina a partir do bagaço proveniente dela, aquele PIE será incluído junto com a usina em
questão.
A fronteira do sistema ainda inclui ainda a energia embutida na fabricação e
fornecimento de todos os fertilizantes e produtos químicos, mas exclui a energia embutida nos
bens de capital usados na agricultura e processamento. Serão incluídas todas as atividades da
usina no local, visando refletir a sustentabilidade total de um sistema que produz alimento,
combustível, energia e produtos químicos. Esta análise leva em conta a operação de uma
planta de processamento de cana-de-açúcar, que produz açúcar bruto e/ou etanol. Unidades
que são somente refinarias não serão incluídas dentro do escopo. Representam o fornecimento
de produtos para uma terceira parte que não é o usuário (Análise de Ciclo de Vida da
Produção).
2. Impactos Diretos e Indiretos
Os cálculos de energia de GEE são associados com os insumos diretos de energia e,
num nível secundário, com insumos indiretos. Os insumos diretos são principalmente insumos
de combustíveis e energia, expressos em termos de seu valor primário de energia. Os insumos
indiretos incluem adicionalmente a energia necessária para a produção de produtos químicos,
fertilizantes e outros materiais utilizados. Os insumos indiretos não incluem a energia
adicional consumida na fabricação e construção de prédios e equipamentos usados na fazenda,
no transporte ou no processo industrial.
101
3. Mudança de Uso do Solo
3.1 Mudança de Uso do Solo pode ser separada em componentes diretos e
indiretos:
A.3.1 Mudança Direta no uso do solo se refere à mudança do estado original da terra
para seu uso na produção da cana-de-açúcar. Dependendo do uso anterior da área em questão
supõe-se que a mudança no uso do solo possa liberar parte do carbono contido no solo e na
vegetação.
A.3.2 Mudança Indireta no uso do solo se refere aos efeitos secundários induzidos pela
expansão em grande escala. Com isso, culturas existentes são substituídas, levando à
expansão de sua área cultivada para outros lugares, sejam no mesmo país ou em outras partes
do mundo. É muito difícil estimar os impactos dessas mudanças.
Caso a cadeia de produção de produção do produto tenha causado a conversão direta
de terras não agrícolas em terras agrícolas em ou após 1 de janeiro de 2008, então as emissões
de GEE associadas com a mudança direta no uso do solo são incluídas no cálculo do carbon
footprint. A tabela do IPCC de valores padrão para mudanças no uso do solo para países
selecionados, publicada no PAS2050 é utilizada no cálculo.
4. Como Lidar com Sub-Produtos e Produtos Múltiplos
Duas abordagens são possíveis:
4.1 O método de ‘substituição’ ou ‘deslocamento’ visa modelar a realidade ao rastrear
o destino provável dos sub-produtos. Cada sub-produto gera um crédito de energia e emissões
equivalente à energia e às emissões evitadas ao deixar de produzir a matéria-prima que o sub-
produto provavelmente substituirá.
4.2 O método de alocação aloca energia e emissões decorrentes de um processo para
os seus vários produtos, de acordo com seus conteúdos de massa e energia ou valores
monetários.
102
No caso do processamento da cana-de-açúcar, uma fábrica que exporta energia elétrica
ou bagaço adquire um crédito em termos de energia e emissões evitadas, de acordo com a
substituição de energia naquele país. Algumas normas recomendam o uso da intensidade
média de GEE do sistema geral da rede de transmissão para calcular o crédito de GEE da
energia exportada, embora possa ser mais realista usar o mix marginal de energia.
Considerando que o fornecimento marginal de energia virá, normalmente de
combustíveis fósseis, a estimativa da redução (de emissões) será conservadora caso seja usado
o mix médio de geração. Neste caso, adota-se o procedimento que se alinha com a EU RED –
Diretiva da União Européia para Energias Renováveis, que determina o uso do fator médio,
ao calcular créditos para energia exportada.
Caso uma fábrica produza somente açúcar e melaço, usa-se uma alocação proporcional
ao valor de mercado; na maioria dos casos a alocação para o melaço é menos de que 10% do
total.Embora o preço vá flutuar ao longo do tempo, os valores relativos devem permanecer
bem mais estáveis. É possível usar um cálculo de deslocamento, supondo que o melaço
substitui determinados ingredientes de uma ração animal. Isso, porém, deve variar bastante
entre países.
No caso de uma fábrica que produza quantidades mais ou menos equivalentes de
açúcar e etanol, torna-se mais complicada a distribuição dos insumos de energia e das
emissões de GEE entre os dois produtos. O cálculo considera que a alocação deve ser feita
conforme o conteúdo energético dos produtos. O açúcar tem o poder calorífico de 16500MJ/t
e o etanol 21MJ/L. Supondo que se produz 600L de etanol a partir de uma tonelada de
sacarose, o valor equivalente de açúcar para sacarose seria de 27,5 MJ/L. Nesta base, 57% das
emissões seriam alocadas ao açúcar e 43% ao etanol. Como alternativa, o procedimento de
cálculo também aloca o uso de energia e as emissões com base no peso em equivalente de
açúcar, considerando que uma tonelada de açúcar é equivalente a 600L de etanol.
No caso de uma destilaria autônoma, onde se produz somente etanol, o uso de energia
e as emissões são relacionados aos litros de etanol produzidos, ou ao MJ no etanol.
103
5. Componentes que contribuem às emissões
O CO2 advindo da cana-de-açúcar emitido na combustão e na fermentação do etanol é
considerado como zero de emissão atmosférica de CO2, por representar o carbono retirado do
ar durante o crescimento da cana-de-açúcar. Assume-se que o CO (Monóxido de Carbono) e
os VOC (componentes orgânicos voláteis) emitidos na combustão são convertidos
relativamente rápido em CO2, já o metano e os óxidos de nitrogênio emitidos durante a
queima do bagaço são contabilizados nas emissões de GEE. As emissões de CO2 provenientes
de fontes de carbono biogênico são excluídas do cálculo das emissões de GEE do ciclo de
vida dos produtos, a não ser que o CO2 seja decorrente de mudança direta do uso do solo.
Os GEE cobertos são CO2, N2O e CH4. Metano e N2O têm potencial de aquecimento
global 23 e 296 vezes maior que o do CO2, respectivamente. (IPCC 2007). As emissões de
GEE são agregadas na base de equivalência em Dióxido de Carbono (CO2eq).As emissões
que não são de CO2, decorrentes de fontes de carbono fóssil e biogênico, são incluídas no
cálculo das emissões de GEE. No caso da queima do bagaço nas caldeiras das usinas de cana-
de-açúcar, estima-se que 30 g de CH4 e 4g de N2O são produzidas para cada 1000 MJ de
energia de bagaço queimado, considerando dados do IPCC referentes à queima da biomassa.
Mudanças no conteúdo de carbono dos solos, sejam elas emissões ou sequestros, com exceção
das decorrentes de mudanças diretas no uso do solo, são excluídas da avaliação das emissões
de GEE. Quaisquer emissões de GEE que decorram do transporte necessário durante o ciclo
de vida do produto e das matérias-primas são consideradas na estimativa do carbon footprint.
Fatores de emissão para transportes incluem as emissões associadas com a produção e o
transporte dos combustíveis consumidos.
6. Método de Cálculo
Foi sugerido um limiar de materialidade de 1%, visando assegurar que fontes muito
pequenas de emissões de GEE no ciclo de vida não recebam o mesmo tratamento do que as
fontes mais significativas. Tanto o uso de energia quanto as emissões são calculadas na
mesma planilha, já que as últimas são em grande parte determinadas pelo primeiro. O cálculo
considera os impactos da produção de fertilizante. As operações agrícolas incluem a aplicação
dos produtos químicos, irrigação, cultivo e colheita (e o preparo dos colmos da cana-de-
açúcar para o plantio). O transporte da cana-de-açúcar inclui a sua movimentação até a usina.
104
A cana-de-açúcar é processada para produzir açúcar e melaço ou etanol, e pode incluir
a exportação de energia elétrica ou bagaço. É excluída a energia embutida na produção dos
equipamentos, inclusive de moagem. A inclusão da energia embutida nos bens de capital e
equipamentos tem geralmente um impacto de menos de 10% nas emissões calculadas, e não e
considerada. Não é considerada qualquer estimativa referente ao transporte dos produtos a
partir da porta da fábrica. O transporte de trabalhadores não é considerado.
A energia primária é calculada. É diferente do insumo direto de energia na medida em
que a energia primária leva em conta a eficiência na geração e no fornecimento da fonte
secundária de energia, p.ex. utilizando um fator de conversão da energia do combustível
utilizado para gerar eletricidade, para a energia contida na eletricidade produzida. Essa lógica
se aplica à energia elétrica, combustíveis, vapor e qualquer outro insumo de energia.
O balanço de incerto GEE é particularmente incerto, já que as margens de erro e de
emissões de Óxido de Nitrogênio dos fertilizantes podem ser enormes. O uso dos fertilizantes
nitrogenados resultam em emissões de GEE em duas fases: na produção dos fertilizantes
(principalmente emissões de CO2 pela energia consumida) e na aplicação dos fertilizantes
(principalmente emissões de N2O pelos processos de nitrificação e desnitrificação no solo). A
partir de recomendações do IPCC, supõe-se que 1,325 % do N no fertilizante nitrogenado é
convertido para N em N2O através da nitrificação e desnitrificação. Além disso, as aplicações
de calcário agrícola resultam em emissões de GEE, tanto pelo uso de energia na sua produção,
quanto pelas reações no solo que liberam CO2.
Estas últimas representam mais uma fonte de incerteza. O modelo usa o fator sugerido
pelo IPCC, de 0,44 kg CO2eq/kg calcário, que supõe que todo o carbono no calcário se torna
CO2. Trata-se de um limite máximo; em solos pouco ácidos é possível que o calcário resulte
numa absorção líquida de CO2. A estrutura de cálculo adotada neste estudo é parecida com
aquela usada no modelo EBAMM (Farrell et al. 2006), que por sua vez é similar ao modelo
GREET (Wang et al. 2008).
Estes modelos têm sido usados no passado, principalmente para modelar a produção
dos biocombustíveis produzidos a partir do milho, e precisaram receber modificações para
cana-de-açúcar, visando incorporar questões adicionais, a saber:
105
6.1 Modificações para incorporar a produção de açúcar como atividade principal.
Inclui energia elétrica, combustíveis e lubrificantes.
6.2 Emissões decorrentes da queima da cana-de-açúcar. Baseia nos fatores de emissão
do IPCC para a queima de biomassa de 0,07 kg de N2O/t e 2,7 kg de CH4/t, ambos para
matéria seca.
6.3 Incorporar estimativas para emissões de N2O provenientes da torta de filtro,
vinhaça e resíduos da cana-de-açúcar deixados na plantação. Supõe-se que 1,225 % de N no
resíduo seja convertido para N em N20 (Macedo et al. 2008).
6.4 Emissões de CH4 e N2O advindas da queima do bagaço em caldeiras nas usinas;
valores de 30 e 4 g/ 1000 MJ de energia de bagaço são utilizadas, respectivamente (Wang et
al. 2008).
6.5 Valor energético dos produtos químicos usados no processo.
6.6 Um crédito para o melaço (quando produzido), com base em seu valor econômico
em relação ao valor do açúcar.
6.7. As emissões decorrentes do tratamento anaeróbico dos efluentes, no caso de não
haver captura de metano e seu uso como combustível. O IPCC sugere 0,21 t de CH4
produzido para cada t COD (Chemical Oxygen Demand) removida.
6.8. Incorporar estimativas para importações de melaço, bagaço e/ou qualquer outra biomassa.
7. Dados Padrão e Dados Secundários
Dados secundários (obtidos de fontes que não sejam de medição direta) são usados
para calcular emissões na ausência de dados primários, ou quando estes não são apropriados,
visando garantir a consistência e, quando possível, a comparabilidade:
- Potencial de aquecimento global dos GEE
- Emissões de energia elétrica (em kg CO2eq /Kwh) proveniente de várias fontes de
energia
-Conteúdo energético dos fertilizantes por quilo
-Uso de energia por conta de pesticidas e herbicidas, por quilo
-Emissões dos combustíveis, por litro
-Emissões dos resíduos, por quilo
-Emissões de N2O e CH4, pela queima do bagaço
- Emissões de N2O e CH4, pela queima da cana-de-açúcar
106
-Energia embutida e emissões referentes aos produtos químicos utilizados nos
processos
-Mudança direta no Uso do Solo
8. Apresentação dos resultados
As fases agrícola e de processamento são tratadas separadamente. Assim, os resultados
são disponibilizados da seguinte maneira:
Uso líquido de energia na agricultura: MJ/ha ou MJ/t cana-de-açúcar
Energia usada no transporte da cana-de-açúcar: MJ/t cana-de-açúcar
Uso líquido de energia no processamento: MJ/t cana-de-açúcar ou MJ/t açúcar
Uso total líquido de energia: MJ/t açúcar ou MJ/L etanol
Emissões de GEE na Agricultura: kg CO2 eq/t cana-de-açúcar
Emissões de GEE no Processamento: kg CO2 eq/t cana-de-açúcar ou kg CO2 eq/t
açúcar
Emissões totais líquidas de GEE: gCO2eq/g açúcar; gCO2 eq/L etanol e/ou
gCO2eq/MJ etanol
107
ANEXO H
PARÂMETROS DETALHADOS PARA O CÁLCULO DE EMISSÕES DE GEE DOS
BIOCOMBUSTÍVEIS ESTABELECIDOS PELA DIRETIVA DA UNIÃO EUROPÉIA PARA
ENERGIAS RENOVÁVEIS (2009/28/EC) E PELA DIRETIVA SOBRE QUALIDADE DOS
COMBUSTÍVEIS (2009/30/EC) E INCLUÍDOS NA SEÇÃO 6.
A contabilização anual das emissões provenientes de alterações nos estoques de carbono devido
à alterações no uso do solo após 1 de janeiro de 2008, deve ser feita dividindo as emissões totais em
quantidades iguais ao longo de 20 anos. Mudanças de uma cultura para outra não são consideradas
como mudança no uso do solo. Para o cálculo das emissões, aplica-se a seguinte fórmula:
el: (CSR – CSA) x 3.664 x 1/20 x 1/P (1)
Em que:
el: contabilização anual das emissões provenientes de alterações nos estoques de carbono
devido à alterações no uso do solo (medidas em massa de equivalente de CO2 por unidade
de energia produzida de biocombustível)
CSR: estoque de carbono por unidade de área associado o uso atual do solo (medido em
massa de carbono por unidade de área, incluindo solo e vegetação). O uso de referência do
solo reporta-se a janeiro de 2008, ou 20 anos antes da obtenção de matéria-prima, caso esta
última data seja posterior.
CSA: Carbono armazenado por unidade de área associados ao uso efetivo de solo (medido
em massa de carbono por unidade de área, incluindo solo e vegetação). Nos casos em que o
carbono esteja armazenado durante mais de um ano, o valor atribuído ao CSA é o do
armazenamento estimado por unidade de área passados vinte anos ou quando a cultura
atingir o estado de maturação, sendo o que ocorrer primeiro.
P: produtividade da cultura (medida em quantidade de energia de biocombustível ou
biolíquido por unidade de área por ano)
108
Estoques de carbono no solo são calculados de acordo com as diretrizes publicadas pela
Comissão Européia para áreas convertidas após 1 de janeiro de 2008. Tais diretrizes foram definidas
pela Decisão da Comissão de 10 de junho de 2010, relativa às diretrizes para o cálculo de estoques de
carbono no solo para propósitos do Anexo V da Diretiva 2009/28/EC,publicada pelo Jornal Oficial da
EU L 151 de 17 de junho de 2010, p 19. A Better Sugar Cane Initiative Ltda irá comunicar aos
operadores econômicos quaisquer detalhes das listas de áreas protegidas, assim que estas forem
disponilizadas pela Comissão Européia.
Critérios adicionais e obrigatórios para o cumprimento da Diretiva da União Européia para
Energias Renováveis (2009/28/EC) presentes na Seção 6 e neste Anexo, deverão ser modificados de
acordo com publicações da União Européia relativas à novas comunicações e decisões, incluindo a
definição de pastagens com alta diversidade, áreas degradadas, e novos valores default para emissões
de GEE, assim como qualquer modificação relacionada à Diretiva 2009/28/EC. O artigo 17.3 c) da
Diretiva 2009/28/EC da EU determina que a Comissão deverá estabelecer os critérios e os limites
geográficos para determinar as áreas de pastagem que devem ser consideradas pelo referido artigo. Na
ausência de decisão da Comissão com relação a este tópico, nenhuma interpretação legal pode ser dada
ou reivindicada em relação a este conceito. Este padrão pode ser modificado para se adequar aos
critérios e limites geográficos definidos pela Comissão assim que uma decisão ou comunicação oficial
for emitida.
O combustível fóssil a ser comparado para o cálculo de reduções de GEE, conforme
recomendado pela EU é 83,8g CO2 eq/MJ. O valor de emissões de GEE que deverá constar nos
certificados BONSUCRO EU devem ser calculados da seguinte maneira:
REDUÇÃO = (( 83,8 – Emissões do critério 6.1)/83,8) x 100 %.
109
ANEXO I
VALORES PADRÃO UTILIZADOS
Espera-se que alguns destes valores padrão sejam alterados à medida que valores mais exatos
ou realistas sejam publicados. Também pode haver no futuro um maior refinamento,por exemplo,
permitindo que diferentes emissões sejam consideradas para os diferentes tipos de fertilizantes
nitrogenados. Pode ser ainda necessário introduzir valores padrão específicos para diferentes
países, na medida em que se percebe que estes farão uma diferença importante aos cálculos.
A maioria dos valores padrão é obtida do modelo EBAMM (Farrell et. al .2006),
frequentemente baseados no modelo GREET usando dados de Shapouri et.al.(2004) e Gabroski
(2002), ou de Macedo et.al (2008)
Fertilizantes e produtos químicos agrícolas, em MJ/kg:
DEMANDA DE
ENERGIA
(MJ/kg)
FATOR DE
EMISSÕES
(kg CO2 eq / kg)
EMISSÕES NA
APLICAÇÃO
(kg CO2eq/ kg)
Nitrogênio ( Elemental) 56.9 4 6.2
Potássio (K2O) 7 1.6
Fosfato (P2O5) 9.3 0.71
Calcário (CaCO3) 0.12 0.07 0.44
Herbicida 355.6 25
Inseticida 358 29
Dados do EBAMM
110
DEMANDA DE ENERGIA
(MJ/MJ combustível)
EMISSÕES TOTAIS
(g CO2 eq / MJ)
Gasolina 1.14 85
Diesel 1.16 91
Óleo combustível 1.24 96
Gás natural 1.12 66
Carvão Mineral 1 107
Eletricidade 2.5 150
Dados da demanda de energia de Macedo et.al.(2008), emissões do EBAMM.
*Valor médio; se possível utilizar valores específicos de cada país.
Para calcular o Valor da Energia Primária, multiplique o Valor Energético pelo Fator de Demanda de Energia.
DEMANDA DE
ENERGIA
(MJ/kg)
FATOR DE
EMISSÕES
(g CO2 eq / MJ)
Cal (CaO) 0.11 951
Biocida 3.02 951
Nitrogênio 56.33 951
Soda Cáustica 75 951
Ácido Sulfúrico 24 951
Anti Espumante 10 951
Miscelânea 50 95
Macedo et.al (2008); Mortimer et.al.(2004), EBAMM