UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ALCOOLISMO FEMININO: ENTRE O PRAZER E A
CONSCIENTIZAÇÃO DE CURA
Por: Maria da Conceição e Souza
Orientador
Profª. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ALCOOLISMO FEMININO: ENTRE O PRAZER E A
CONSCIENTIZAÇÃO DE CURA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Terapia de
Família.
Por: Maria da Conceição e Souza
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por se fazer presente
em todos os momentos que pensei em
desistir. Ele me iluminou.
Minha gratidão aos amigos do âmbito
pessoal e de curso que foram presentes
em incentivo e colaboração.
Muito obrigada!
4
DEDICATÓRIA
Aos dependentes alcoólicos masculinos e
femininos, que buscam a superação dos
seus conflitos dentro de uma sociedade
delineada por preconceitos.
5
Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas, que já tem
a forma do nosso corpo, e esquecer, os
nossos caminhos, que nos levam sempre
aos mesmos lugares. È o tempo da
travessia; e se, não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre, à margem
de nós mesmos.
(Fernando Pessoa)
6
RESUMO
A proposta deste estudo é traduzir de forma clara e objetiva,
informações sobre o alcoolismo, com ênfase no alcoolismo feminino, tema
desta pesquisa, cuja incidência vem elevando as estatísticas atuais. O
consumo de álcool entre as mulheres se aproxima cada vez mais do padrão
masculino, é um fenômeno em crescimento dentro da sociedade, porém
discutido com reservas.
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METODOLOGIA
A base desta pesquisa é fundamentada em estudos teóricos de alguns
autores, com a pretensão de entender, e esclarecer os questionamentos em
relação ao fenômeno do alcoolismo feminino, procurando expor de forma clara
e objetiva, como se desenvolve a problemática, suas repercussões e impactos
na vida social, física, emocional das mulheres em dependência alcoólica.
Os critérios utilizados para a construção do estudo foram baseados em
revisão bibliográfica disponível, artigos de jornais, revistas e internet, visando
obter maior compreensão do tema em questão.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
Capítulo I
1.1. Álcool, Alcoolismo e as Considerações 12
1.2. Álcool: Definições 13
1.2.1. Padrões de Consumo 12
1.2.2. Abuso de Álcool 14
1.2.3. Álcool e os problemas Orgânicos 14
1.3. Alcoolismo: Conceito 15
1.3.1. Identificando os Elementos Existentes dentro do Quadro
de Alcoolismo 16
1.3.2. Alcoolismo e os Mecanismos de Defesa 18
Capítulo II
2.1. Alcoolismo Feminino: Diversão, Prazer ou Fuga 20
2.2. As particularidades do Alcoolismo Feminino 22
2.3. Fatores Razões ou Motivações que induzem ao Alc. Feminino 24
2.3.1 Fatores Socioculturais 24
2.3.2. Fatores Fisiológicos 24
2.3.3. Fatores Psicológicos 25
2.3.4. Fatores Genéticos 26
2.4. Impactos Orgânicos, Sociais e a Síndrome do Álcool Fetal (SAF) 27
2.4.1. Impactos Orgânicos 27
2.4.2. Síndrome do Álcool Fetal 28
2.4.3. Impactos Sociais 29
2.5. Dependência Cruzada 30
9
Capítulo III
3.1. Conscientização da Dependência, Suporte Familiar e Terapêutico 32
3.1.2. Suporte familiar á Mulher em Dependência Alcoólica 34
3.1.3. Suporte Terapêutico 36
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44
WEBGRAFIA 45
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
10
INTRODUÇÃO
Um olhar mais sensato diante das vivências cotidianas constitui em
interrogações e inquietações sobre fatos e fenômenos que se intensificam
dentro da sociedade e que podem interferir na vida e no comportamento do ser
humano. Entre estes fenômenos está inserido o alcoolismo, em especial o
alcoolismo feminino, pouco comentado, divulgado e pesquisado. Sua
problemática ultrapassa idade, condição familiar, social, e é devastador.
Em função deste olhar atento e observador, a inquietação transcendeu o
cenário social e conduziu-se ao âmbito familiar, gerando interesse em
aprofundar conhecimentos sobre o tema, elaborar e documentar, visto que o
alcoolismo é um tema complexo, atual e entre as mulheres a incidência
aumenta de maneira progressiva.
Este é um tema discutido com reservas, é de rara bibliografia, relevante,
compromete a qualidade de vida das mulheres ingestoras de álcool de forma
total, e exige cautela para a exploração, já que os estudos direcionam para
transtornos psíquicos, e os estigmas reservados para as mesmas são cruéis e
destruidores.
Nossa sociedade ampliou a liberdade de escolha, nas relações sociais e
diversão, de acordo com a evolução da modernidade. Esta tal liberdade tão
sonhada, ás vezes é nada mais que ilusão, não é tão colorida como vêem as
mulheres, embora se ressalte muitas vezes as conquistas, paga-se o ônus por
tanta liberdade, principalmente quando elas usam o pensamento mágico de se
deixarem guiar pelos apelos e modismos impostos por esta sociedade tão
liberal e tão preconceituosa ao mesmo tempo, visando aceitação social.
Para dar respostas a estes questionamentos, o trabalho foi elaborado
em três capítulos: no primeiro capítulo o exposto mostra o panorama sobre o
álcool e o alcoolismo, em conceitos simples e objetivos. O segundo capítulo é
direcionado ao alcoolismo feminino, contextualizando os fatores que impelem
ao uso do álcool, os impactos causados no âmbito orgânico, social, psicológico
e abordaremos de forma resumida a Síndrome de Álcool Fetal e chamada
11
Dependência Cruzada. O terceiro capítulo aborda a conscientização da
dependência, busca de cura e a importância do suporte familiar e terapêutico.
Que os subsídios delineados nesta pesquisa possam propiciar reflexões,
sugerir caminhos e propostas para novas investigações e ações em relação ao
alcoolismo feminino.
12
CAPÍTULO I
1.1. Álcool, Alcoolismo e as Considerações
As discussões sobre uso ou abuso de álcool nas sociedades são
antigas e dinâmicas. As transformações sociais introduzidas nos centros
urbanos exigiram do ser humano, extensa corrida para adaptação aos novos
tempos, aliada a rapidez e a competitividade no mundo profissional. Hoje o
indivíduo não anda, mas corre contra o relógio e este cenário promove
inquietações, fobias, o constante desejo de estar incluído em grupos, ser
aceito, e estas mudanças de comportamentos levam ao desequilíbrio em um
todo.
Ás influências destes fatores e destes novos comportamentos contribui
para a busca de uma válvula de escape, entre elas o consumo de álcool, o que
requer investigação constante diante das amplas conseqüências, como por
exemplo, acidentes, mortes, violências, além das questões orgânicas, cujos
danos a saúde são irrefutáveis.
1.2. Álcool: Definições
É considerado como substância química denominada psicotrópica,
também conhecida como psicoativa (substância que ao ser utilizada altera o
humor, o nível de percepção ou funcionamento cerebral), por este motivo é
incluído na relação de drogas, sendo classificado como depressor do sistema
nervoso cerebral. O álcool tem três variedades: Etil (etanol), Metil (metanol) e
Isopropil (isoproponol), sendo o Etil (etanol), o constituinte básico das bebidas
alcoólicas, que podem ser classificadas, como fermentadas ou destilada.
O uso do álcool muitas vezes é uma junção de opostos, por exemplo:
beber para experimentar novas emoções e prazer; em outros momentos beber
para esquecer ou preencher vazios, lacunas existenciais, ou ser um agradável
13
relaxante diante do cansaço profissional, em reuniões onde a auto-imagem do
ser social liberal se faz presente, então o bom e velho drinque é bem vindo na
interação social.
“O álcool etílico é um produto de fermentação de carboidratos
(açucares) presentes em vegetais, como a cana de açúcar, a uva e a cevada.
(...) É seguramente a droga psicotrópica de uso e abuso mais amplamente
disseminada em grande número de países na atualidade”. (Senad 2010 p.16).
Diante do exposto, parece natural e inofensivo o uso do álcool, porém
se o consumo se torna freqüente, este beber “socialmente” ou “moderado”
deixa de ser uma relação tranqüila com o álcool e o limite para a dependência
é frágil.
1.2.1. Padrões de Consumo
Significa quanto uma pessoa consome em quantidade de bebida
alcoólica. As pessoas costumam alegar que bebem raramente, “de vez em
quando”, acompanham amigos em alguns drinques, nada mais sério, sem
riscos á saúde.
“A grande maioria das pessoas que bebem o faz de forma
moderada. Contudo, há evidências de que o “beber
pesado” tem se tornado cada vez mais freqüente tanto
em homens como em mulheres”. (Senad 2010 p.88).
O National Institute Of Alcohol Abuse and Alcholism (NIAAA) utiliza o
termo “beber moderado” para se referir ao consumo com limites em que
prejuízos não são esperados tanto para o indivíduo quanto para a sociedade;
“Os homens não devem ultrapassar o consumo de duas doses diárias de
14
álcool e as mulheres uma dose diária, sendo que tanto homens como mulheres
não devem beber mais de duas vezes na semana”. (Senad, 2010, p.89).
Quando o consumo excede o padrão estabelecido em uma noite,
geralmente é por que o indivíduo não consegue parar e pede constantemente
a “saideira” termo utilizado em bares, baladas, para consumo da última dose;
isto se chama “beber pesado” ou heavy drinking, sendo considerado fator de
risco e abuso de álcool.
1.2.2. Abuso de Álcool
Pode-se definir como um consumo exagerado, que não inclui a vontade
incontrolável de beber, refere-se a um padrão de consumo persistente, é
diferente do alcoolismo, embora apresente muitas vezes efeitos similares
“Na ausência de dependência ao álcool, o indivíduo pode
receber o diagnóstico de abuso de álcool se ele
apresentar problemas repetidos decorrentes do uso do
álcool, em pelo menos uma destas quatro áreas
relacionadas ao viver: esfera social, interpessoal, legal e
problemas ocupacionais ou persistência do uso em
situações perigosas (exemplo; beber e dirigir). (Senad,
2010, p.91).
1.2.3. Álcool e os Problemas Orgânicos
O uso prolongado do álcool promove transtornos de saúde, afeta vários
órgãos do corpo; alguns problemas podem aparecer em curto tempo e outros
se desenvolverem lentamente; alguns destes problemas são descritos abaixo:
-Sistema Gastrointestinal; Exemplo Gastrite, Pancreatite.
15
-Sistema Nervoso: Exemplo Depressão do Sistema Nervoso Central com perda
de memória.
-Sistema Hepático; exemplo Hepatite, cirrose.
-Câncer: exemplo De boca, laringe, mama.
O efeito tóxico exercido no organismo pelo álcool promove danos
extremos, e que podem ser reversíveis quando cessa o consumo de álcool.
1.3. Alcoolismo: Conceito
O consumo regular de álcool torna-se um hábito, e com esta conduta de
repetição vem à necessidade de beber cada vez mais até ocorrer à
intoxicação. São tantos os conceitos e idéias formadas sobre alcoolismo, que
ao perguntarmos a uma pessoa o que é alcoolismo, certamente que é
conhecedora da palavra, porém são poucos aqueles que têm conhecimentos
reais dos problemas promovidos pelo uso e abuso do álcool. Para alguns é
doença, para outros um comportamento “irresponsável” e “louco”, e até
aponta-se para alguém bêbado, a dormir na calçada, referindo-se ao morador
de rua, alguém que se perdeu pela vida. Em pleno século XXI as pessoas vêm
consumindo muita bebida alcoólica, provocando muitos acidentes, violências e
o preconceito ao “outro”, que por um descontrole tornou-se dependente do
álcool persiste. Os conceitos evoluem e o ser humano não acompanha as
informações diante de fenômenos tão intensos, preferem ignorá-los e aceitar
os rótulos, clichês e o que se fala no dia a dia afinal vivemos em sociedade e a
maioria costuma seguir o que ela impõe.
“O alcoolismo é caracterizado pela ingestão repetitiva de
bebida alcoólica, num grau que agride o bebedor na sua
saúde, e também nos aspectos social e econômico,
acompanhada por uma consistente incapacidade de
controlar o uso no que se refere à quantidade e ocasião”.
(FILHO e ANDRÉ, 2002, p.18).
16
“O alcoolismo é uma doença crônica, progressiva, mas
tratável, caracterizada pelo uso contínuo do álcool,
apesar de problemas de vivências significativos em
diversas áreas – social, familiar, legal, emocional,
financeira e física”. (MICHEL, 2000, p.7).
1.3.1. Identificando os elementos existentes dentro do quadro de
alcoolismo:
• Compulsão: Necessidade, desejo incontrolável de beber.
“A compulsão só se torna evidente ao surgir uma conduta
autodestrutiva – como abandonar emprego e família para
viver como mendigo ou continuar bebendo mesmo depois
de diagnosticada uma cirrose hepática – quando só
então, o doente é claramente definido pela sociedade
como alcoólico”. (FILHO e ANDRÉ, 2002, p. 9).
• Intoxicação: Alguns drinques a “mais”, excesso de bebida, a qual se
chama embriaguez.
“A intoxicação por álcool é um fenômeno comum,
facilmente identificável e geralmente autolimitante. Os
sintomas consistem de diversos graus de alegria e
excitação, perda de controle, comportamento irregular,
loquacidade, desartria, falta de coordenação dos
movimentos e do andar, irritabilidade e sonolência”.
(MICHEL, 2000, p. 79).
17
• Tolerância: Ocorre antes da dependência. É a necessidade de doses
maiores de álcool para alcançar o efeito desejado, ou seja, o efeito da
bebida não satisfaz, requer o aumento.
“Por razões biológicas, o organismo do indivíduo suporta
quantidades cada vez maiores de álcool ou a mesma
quantidade não produz mais os mesmos efeitos que no
inicio do consumo”, (Senad, 2010, p. 40).
• Dependência: Quando o indivíduo não consegue reduzir ou cessar o
uso do álcool, encontra-se dependente do mesmo. Existe uma sincronia
entre o quadro de tolerância e dependência. Segundo Michel (2002)
“Essa dependência se torna aparente quando a redução da ingestão ou
a abstenção do álcool causa desconforto subjetivo e sinais objetivos de
abstinência”.
• Abstinência: A interrupção brusca do consumo de álcool promove
sinais e sintomas, por exemplo: náuseas, sudorese (aumento), tremores
etc.
“A abstinência é caracterizada pelo surgimento, com a
retirada do álcool, de sinais e sintomas – partindo da
ressaca, passando por leves tremores nas extremidades,
podendo em casos extremos chegar ao quadro dramático
de delírio (delirium tremens). E até a morte. Se os
sintomas de abstinência cessam com o uso da
substância, está caracterizado o critério da abstinência”.
(FILHO e ANDRÉ, 2002, p.11).
18
Segundo Filho & André (2002), “o Delirium Tremuns: Aflige 5% dos
alcoólatras, principalmente bebedores com longa história de abuso pesado de
álcool, (...) costuma aparecer tardiamente, após dois a quatro dias de
abstinência”.
1.3.2. Alcoolismo e os Mecanismos de Defesa
Segundo Michel (2000): “Mecanismos de defesa fazem parte da
personalidade de todos os seres humanos, porém são mais pronunciados no
alcoólatra”. O citado autor destaca alguns mecanismos de defesa, como por
exemplo: Negação: É o mais comum. “Não sou alcoólatra, sou compulsivo”.
Justificativa: “Bebo por que gosto, paro na hora que quiser”. Projeção: Todos
os sentimentos e a própria vida são vistos apenas no outro: “O outro é quem
bebe muito”.
O álcool é a droga lícita mais consumida no país, provocando danos
sociais e a saúde, sendo o alcoolismo a 3ª causa de mortalidade e morbidade
no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Atualmente
novo termo é designado para os usuários de álcool evitando-se os estigmas
que a problemática impõe.
“O termo “alcoólatra”, portanto, estigmatiza e rotula o
bebedor, como alguém que está fadado a uma condição
de depreciação, fraqueza e falta de escolhas, pois
privilegia o álcool acima de todas as coisas”. (...). “O
termo “alcoolista”, por sua vez, é proposto por alguns
pesquisadores como uma alternativa menos
19
estigmatizante, visto que, o termo coloca o indivíduo
como alguém que tem “afinidade” pelo álcool e não é
seduzido por ele”. (Senad, 2010, p.92).
Portanto, a expressão adequada para designar alguém que tem
sintomas físicos desencadeados pela falta do álcool, assim como outros
problemas decorrentes do uso desta substância é “dependente do álcool”.
”(senad 2010p.91)
Na sociedade brasileira o consumo de bebidas alcoólicas é associado a
bons momentos, estimulado por propagandas, principalmente por sermos um
país de muitas festividades; carnaval, futebol, dia dos pais e das mães, etc. Até
mesmo nos almoços de final de semana em família é franca a entrada de
bebida alcoólica. Atualmente encontra-se em ascensão as bebidas chamadas,
ICE, febre entre os adolescentes e com teor alcoólico similar ao da cerveja. É
difícil resistir a tantos apelos. O elevado consumo de álcool no Brasil é
preocupante, as pesquisas apontam para abuso excessivo entre 2006 e 2009.
De acordo com Malta (2010), coordenadora de vigilância de Agravos e
Doenças não Transmissíveis do Ministério da Saúde, “Em 2006, 16,2% da
população referiram consumo excessivo de álcool; em 2009, cresceu para 18,
9%. (...) Em 2009 28,8% dos homens, e, 10,4% das mulheres beberam
demais”.
Este capítulo conceituando em linguagem simples e atual caracterizou o álcool
e alcoolismo.
20
CAPÍTULO II
2.1. Alcoolismo Feminino: Diversão, Prazer ou Fuga.
A relação da mulher com o uso do álcool é antiga, porém na
contemporaneidade tornou-se mais estreita; o que antes era um tabu, ver uma
mulher em um bar bebendo e acompanhada de amigos, hoje é mais visível, e
já se discute com maior receptividade embora, os valores morais, que sempre
envolveram com intenso rigor o sexo feminino, ainda persistam mesmo que de
forma branda, e determine cautela diante das discussões acerca do tema. Não
se pode negar que avançou, saiu do âmbito familiar e se direcionou para os
bares, boates, reuniões de amigos.
A intensidade das mudanças sociais, tecnológicas e comportamentais
ao longo dos séculos XIX e XX, liberou a mulher em relação a antigos tabus
diante de seu modo de viver e agir, e estes tabus ainda assim persistem nos
dias atuais, por exemplo; embora liberada, ainda é comum ouvir mulheres
dizerem que estão á espera do príncipe encantado, aquele que irá suprir todos
os seus desejos e não precisará trabalhar, enfim continua interiorizado o tal
sentimento de submissão. Hoje é quase natural o homem depender
economicamente da mulher, eles não se preocupam com o chamado “pré-
conceito”, desta forma ocorre à inversão dos papéis. Estas mudanças
trouxeram as expectativas, exigências e até mesmo os riscos em relação a seu
modo de viver, agir, sua vivência familiar, social, econômica, psicológica e
comportamental.
Dentro da sociedade os espaços para a mulher sempre foram “pré-
estabelecidos”, ser mãe, boa esposa, freqüentar a igreja, ser boa filha etc., ela
transgrediu estas normas e invadiu o chamado espaço masculino,
principalmente na área profissional, hoje ela pode ser motorista, militar, etc.
Esta evolução, porém não rompeu com todos os preconceitos, ainda se fala e
ouve frases do tipo, “lugar de mulher é na cozinha”; A mulher inseriu em sua
vida diversos papéis (mãe, estudante, profissional, amante), produz e
21
reproduz ações e reações na sociedade; e ao ausentar-se do lar se expõe as
influências de fatores externos que potencializam os conflitos até consigo
mesmo.
Neste contexto verificam-se claras mudanças de comportamento; busca
por maior liberdade e novas experiências principalmente longe do lar, maior
adesão as redes de relações sociais (lazer, amigos, trabalho, festividades).
Abriu-se um leque de possibilidades, disponibilidades e caminhos com ações
específicas, como o início do uso do álcool, que ao se tornar um hábito poderá
incidir em consequências, graves. Os estudos antigos costumavam considerar
que as mulheres dependentes do álcool eram as pacatas donas de casa,
insatisfeitas, pobres, e reprimidas ou então aquelas mulheres consideradas
volúveis, ou ainda, as que sofriam influências do marido alcoólatra, pai e mãe
alcoólatras que promoviam violência ou abandono. Enfim, eram mulheres que
ao se envolverem com o álcool abandonaram a si mesmas e o principal papel
diante da sociedade, o de ser mãe zelosa e recatada, e existiam apenas como
protagonistas de um cenário oculto e sombrio.
“No entanto, contrariando estes estereótipos, o
alcoolismo nas mulheres não se limita a atrizes histéricas,
camponesas grosseiras e solteironas frustradas. A mulher
alcoólatra pode ser uma dona de casa exemplar, uma
profissional dinâmica ou a esposa do presidente
americano”. (BAUER, 2003, p.14).
Os dados apontam para o crescimento do número de mulheres que
abusam do álcool. Segundo reportagem (veja, 09/09/2009), entre as mulheres
brasileiras oito milhões abusam do álcool e cinco milhões são alcoólatras; um
22
aumento de 50% em relação há dez anos atrás, embora a prevalência do
consumo ainda é no gênero masculino.
“Quarenta anos atrás a maioria das mulheres na América
não bebiam, mas hoje 60% ou mais das mulheres adultas
bebem. A maioria das mulheres que bebem, bebem sem
nenhuma dificuldade aparente. Mas para algumas, o
álcool pode se tornar um problema”. (MICHEL, 2000,
p.103).
Diante desta problemática se faz necessário investigar quais os fatores
que impelem as mulheres ao uso de forma abusiva do álcool, se é similar ao
masculino, quais os impactos na vida orgânica, social, psicológica, diante das
mudanças que ocorrem no padrão de vida e eleva os índices das estatísticas.
2.2. As Particularidades do Alcoolismo Feminino
Estudos apontam que o alcoolismo feminino transita por caminhos
diferentes do alcoolismo masculino e que tem características próprias.
“O alcoolismo não se apresenta da mesma forma entre os
homens e as mulheres. No sexo masculino a doença
tende a se manifestar em idade mais baixa, geralmente
na adolescência ou em torno dos vinte anos de idade. (...)
Em mulheres a doença irrompe mais tarde e tem curso
mais variável, com freqüência associado com quadro
depressivo”. (FILHO e ANDRÉ, 2002, p. 74).
23
Estudo conduzido pelos psiquiatras Laura Andrade, Camila Magalhães
Silveira e Arthur guerra Andrade, da Universidade de São Paulo (USP)
esclarecem: “Mulheres com idade entre 18 e 44 anos, solteiras ou divorciadas
e que cursaram o colegial ou ainda estão na Universidade, também costumam
exagerar nas doses tanto quanto os homens”. (Fapesp 09/2007).
Bauer (2003) relata: “Sua formação difere tanto quanto seu estilo de
vida. O que compartilham é a compulsão de beber. Quanto ao que as levou ao
vício e a maneira como o vivenciaram, os padrões também variam”.
Podemos dizer que imagem antiga da mulher dependente do álcool,
quebrou-se, o perfil hoje é de mulheres com maior nível de escolaridade, com
independência financeira e liberdade de escolhas. Abre-se um leque de
opções para o consumo de álcool, visto que, hoje existem bebidas
direcionadas para as mulheres e ao mesmo tempo as diferenciam da usuária
de álcool da classe mais pobre. Algumas vezes chega a extremos como se
prostituir para garantir o consumo do álcool. Vemos que são repercussões
negativas inerentes a problemática. Michel (2000) declara: (...) “As mulheres
conseguem beber por mais tempo sem serem detectadas”.
A realidade, porém, denuncia outra imagem; Artigo do Jornal Folha de
São Paulo (03.09.2007), “A presença de mulheres nos bares é cenário comum
e não fica muito atrás da dos homens em estabelecimentos visitados pela
folha”.
Estamos diante de um fenômeno complexo, com características
próprias, se edificando em realidades diferentes; a mulher que bebe sozinha
em casa e a mulher que se expõe em bares, boates, baladas, cujo número é
crescente, elas invadem á noite com copos e copos cheios, retocando o batom
constantemente afinal são mulheres e vaidosas, e às vezes são surpreendidas
pelo álcool e com o constrangimento de no auge da embriaguez adormecer por
sobre mesa do bar ou sentadas. Portanto não é mais comedido, privado, é
público. E então, é diversão, prazer ou fuga? O estudo da temática se
direciona para o lado subjetivo, da fuga.
24
2.3. Fatores, Razões ou Motivações que Induzem ao Alcoolismo
Feminino
Um conjunto de fatores se apresentam como geradores do uso e abuso
do álcool por parte das mulheres; a maioria dos estudos remetem a
perturbações mentais, como por exemplo a depressão.
2.3.1. Fatores Socioculturais:
A participação da mulher em atividades sociais, profissional ou nas
relações de amizades, impõe a construção de uma identidade, auto-imagem, e
muitas vezes elas não conseguem corresponder ás expectativas impostas,
como os projetos que as pessoas fazem umas nas outras, a pressão da
competitividade, suportar o estresse diante de um cotidiano veloz e mesmo
violento pode ser um indicativo para o abuso do álcool. “Mulheres alcoólatras
constituem, talvez, um fenômeno moderno, já que em épocas recuadas elas se
mostravam menos suscetíveis a esse “mal masculino”. (BAUER, 2003).
2.3.2. Fatores Fisiológicos:
As mulheres são organicamente mais vulneráveis que os homens, a
ação tóxica do álcool e as complicações físicas aparecem e progridem mais
cedo.
“Para cada dose ingerida, a concentração de álcool no
sangue é maior na mulher que no homem. (...) Mulheres
exibem um nível reduzido de álcool-desidrogenase no
estômago, que influi na capacidade de metabolizar o
álcool. (...) A concentração de álcool no sangue será
25
maior entre estas, devido á vários fatores fisiológicos,
como menor peso corporal e menor quantidade de água
contida no organismo”. (FILHO & ANDRÉ, 2002, p.77).
Esclarecendo que o álcool-desidrogenase (ADH) é uma das enzimas
que metabolizam o álcool no fígado e no estômago, e o organismo feminino
por determinação genética secreta menos do que o organismo masculino.
2.3.3. Fatores Psicológicos:
Há diferenças cruciais no modo como mulheres e homens se relacionam
com a bebida. Como regra geral, elas passam a beber descontroladamente
para, como se diz popularmente “afogar as mágoas” de amores perdidos. As
mulheres buscam consolo emocional na bebida, e mais comumente do que os
homens, bebem em casa quando se sentem solitárias”. (Veja, 2009).
Excessos nem sempre são escolhas perfeitas, embora as fortes
motivações levem a busca de caminhos mais fáceis, as mulheres buscam
atalhos para obter mudanças rápidas, perdendo o autocontrole a
autodisciplina, e desenvolvendo a frustração, recorrem ao álcool, ainda que
muitas vezes de forma inconsciente. Este sentimento de depreciação pode
gerar uma série de situações agradáveis (diversão, prazer) e outras
desagradáveis, problemáticas, como a dependência alcoólica.
“A influências culturais reforçam os padrões familiares,
estabelecendo a predileção pelo abuso do álcool como
meio de obter alívio da ansiedade e da depressão, que
realmente ocorrem muito mais, em mulheres que em
homens”. (MICHEL, 2002, p. 304).
26
“Muitas mulheres casadas começam a beber na meia idade, quando seu papel
de mãe e esposa é desafiado pela partida dos filhos - o desafio do “ninho
vazio”.(Michel, 2000, p.304).
Situações de solidão e sofrimento parecem ser estado que aproximam
as mulheres do alcoolismo, é a resposta as crises que a vida lhes apresenta,
tentar suavizar as dores que atinge muitas vezes de dentro para fora; e o
álcool proporciona esta compensação aliada ao prazer.
“Existem provas de que o alcoolismo na mulher esta
frequentemente relacionado com situações específicas da
vida, como divórcio, a morte de um ente querido, ás más
relações conjugais ou o ocultamento das necessidades
emocionais insatisfeitas: falta de amor, de segurança, de
reconhecimento e de pertença”. (Cruz Azul).
2.3.4. Fatores Genéticos
Identificada como uma doença com “rede de fatores multicausais”, a
participação genética seria uma a mais, ou o fator mais preponderante? Alguns
autores definem assim: “O alcoolismo não é hereditário. Porém a
predisposição orgânica para desenvolver o alcoolismo pode ser transmitida de
pais para filhos”. (MICHEL, 2002).
Ao analisar os citados fatores percebe-se a sua complexidade e o
quanto esta realidade é desafiadora e destrutiva.
Segundo Filho & André (2002 p.18): “Geralmente fatores genéticos
tendem a ser mais importantes em etilistas graves, (...) O traço herdado pode
ser direto – maior risco de desenvolvimento do alcoolismo - ou indireto –
comportamento impulsivo – agressivo”.
27
2.4. Impactos Orgânicos, Sociais e a Síndrome do Álcool Fetal
(SAF)
Está comprovado o quanto é destrutivo a ação do álcool no organismo,
seja no gênero masculino ou feminino. Como descrito anteriormente, a mulher
é mais vulnerável a estas ações e também a progressão é mais rápida. Além
das conseqüências orgânicas, terão que conviver com os estigmas e
preconceitos via sociedade.
2.4.1. Impactos Orgânicos:
De acordo com Filho e André (2002) os mesmos relatam:
“As mulheres são mais sensíveis ás complicações
orgânicas causadas ao fígado, ao coração e ao cérebro
pelo consumo de álcool, assim como apresentam maior
incidência de hipertensão, obesidade, anemia, úlceras,
hemorragias gastrointestinais e desnutrição”.
Os supracitados autores prosseguem: “outros estudos se ocuparam com
a influência do ciclo menstrual sobre a ação do álcool. Segundo estes estudos,
do 23º ao 28º dia do ciclo, é maior a velocidade de eliminação.(...)”.
Os efeitos da bebida são mais devastadores para o sexo feminino do
que para o masculino. As doenças decorrentes do alcoolismo matam
proporcionalmente duas vezes mais mulheres do que homens alcoólatras.
Entre elas, os estragos á saúde provocados pelo vício da bebida costumam
aparecer dez anos antes do que entre eles. (Veja, 2009).
Segundo a fonte: O envelhecimento precoce da pele é de 30% maior no
sexo feminino decorrente do abuso de álcool do que entre o sexo masculino.
28
Depressão 30% a40% maior em mulheres dependentes de álcool do que entre
os homens na mesma situação, além da Anorexia e Bulimia que estão
presentes em 15% a 32% das pacientes que abusam do álcool.
Dentro deste quadro faremos uma rápida abordagem, sobre Síndrome
do Álcool Fetal.
2.4.2. Síndrome do Álcool Fetal:
Entre as mulheres ingestoras de álcool encontram-se as mulheres
gestantes, pouco ou nada sabem sobre esta síndrome do álcool fetal (SAF),
então é relevante abordar mesmo que resumidamente. Se os impactos na
saúde por via do álcool já são destrutivos, o que dizer no organismo da mulher
em gestação;
“Quando uma mulher grávida toma uma bebida alcoólica,
o álcool imediatamente atravessa a placenta e atinge o
feto. Além do mais, o álcool atravessa o fluxo sanguíneo
do bebê na mesma concentração em que se encontra no
da mãe”. (MICHEL, 2000, p. 186).
Diz ainda Michel (2000): ”Quando uma mulher bebe muito, por exemplo,
mais que seis bebidas por dia, ela esta se arriscando a dar a luz uma criança
com a síndrome de álcool fetal”.
Esclarecendo: Síndrome de Álcool Fetal: Expressão de maior
comprometimento comportamental e neurológico em filhos de mulheres que
beberam em excesso na gestação. (Senad, 2010 p.94).
As alterações que acontecem neste quadro são denominadas
alterações fetais ou síndrome fetal alcoólica, onde se observa as seguintes
características:
29
“Ocorre uma incidência mais alta de natimortos, bebês
prematuros e bebês menores. (...) Eles também são
portadores de alta incidência de defeitos faciais, dos
braços e do coração, e também têm uma incidência muita
alta de retardamento mental”. (Michel, 2000, p.49).
2.4.3. Impactos Sociais
Vivemos em uma sociedade que estimula a beleza, o bem estar, o ter, e
recentemente a promoção da qualidade de vida. Dentro deste contexto é
seguramente um dilema descobrir-se dependente do álcool, já que o próprio
termo em si mesmo é estigmatizante. Embora se fale mais hoje sobre
alcoolismo, ainda existe e muito, preconceitos cercando a problemática, pois
no sexo feminino engloba o lado moral, da conduta e dos papéis impostos a
mulher pela sociedade.
“As mulheres mais fortes ou afortunadas começaram a
escapar de seu paraíso isolado em busca de atividades
mais conscientes e a participar do mundo
tradicionalmente masculino da influência e do poder real.
Contudo, seus progressos trouxeram-lhe uma cota não só
dos privilégios desse mundo, mas também das patologias
– sendo o alcoolismo uma das mais comuns”. (BAUER,
2003, p. 12).
Os pré-conceitos, vergonha, baixa-estima, submissão, envolve um
discurso totalmente moralista. Diz Bauer (2003 p29) ”Esta muito bem que a
mulher fique um pouquinho “alta”, sobretudo se for jovem e atraente: isso
conduz com sua natureza de objeto sexual, inofensivo e irresponsável”. Este
30
discurso determina o que pode e o que não pode, se a mulher não é jovem
qual será o comportamento permitido?
“Portanto, o pressuposto em nossa sociedade de bebedores é que a mulher
pode beber, mas não embriagar-se”. (BAUER, 2003).
O comportamento do ser humano é muito emocional, e os conceitos e
clichês determinados pela sociedade costumam serem condicionados
facilmente e neste sentido os chamados “desvios de conduta” obtém sanção
maior, principalmente se é do sexo feminino. Segundo Bauer (2003), “Sabe-se
que os maridos tendem a deixar suas esposas alcoólatras mais que ela as
eles”.
Neste conflito da conjugalidade, a mulher é vista como desajustada e o
intercâmbio familiar torna-se difícil; a ruptura dos laços conjugais é maior por
parte dos companheiros, a mulher também depende economicamente do
homem em maior freqüência, o que gera sentimentos de fracassos, culpas e
complexos, como de inferioridade, e interfere na procura por tratamento. Esses
fatores podem se tornar obstáculos para a compreensão da dependência, e
levar ao uso de outras substâncias de acordo com o estado emocional, tipo a
depressão; esta utilização do álcool com outras substâncias não é tão
desconhecida, é apenas pouco divulgada, e por isto vamos destacá-la breve a
seguir.
2.5. Dependência Cruzada
Refere-se á ingestão de álcool associado á outra droga sedativa
chamada de calmante, com a finalidade de aliviar a ansiedade ou como
moderador de apetite, visando melhorar esteticamente.
“É comum entre elas a presença da chamada
“dependência cruzada”, envolvendo, além do uso do
álcool, a utilização de comprimidos (...) uma tendência ao
31
consumo de calmantes, geralmente os
benzodiazepínicos”. (FILHO e ANDRÉ, 2002, p. 75).
A diversão e o prazer encontrados na bebida, é ilusório, busca-se a
valorização enquanto ser humano, e, a mulher envolvida com o álcool não
consegue interrogar a si mesma, que papel tem o álcool em sua vida. A vida
lhe parece repetitiva, é o escapismo, isto promove a autodestruição. “Como
vimos, embora menos comum do que o alcoolismo masculino, o alcoolismo
feminino traz consigo problemas bem complexos” (Filho e André, 2002, p.77).
Neste capítulo compreendemos qual é o peso do emocional. Não é
diversão, não é prazer, é um caminho de fuga. Contextualizamos o Alcoolismo
Feminino.
32
CAPITULO III
3.1. Conscientização da Dependência, Suporte Familiar e
Terapêutico.
Nos capítulos anteriores foram trabalhados os questionamentos em
relação ao álcool e alcoolismo assim como a problemática central, o alcoolismo
feminino. Vimos que as complicações decorrentes deste fenômeno, orgânicas,
psicológicas e sociais retratam o quanto é difícil a superação da doença, e
para a mulher admitir em que momento iniciou esse processo, e por que se
deixou levar pelos excessos; ter a conscientização da dependência alcoólica e
ir em busca de cura.
“Quando se fala em alcoolismo, todos nós, até mesmo os
médicos, pensamos logo em um homem. Por esta razão,
mulheres têm mais pudor em pedir ajuda e também
demoram um pouco mais a recebê-la”. (FILHO e ANDRÉ,
2002 p.77).
As mulheres são vistas como seres frágeis, recatadas, e se reconhecer
como dependente alcoólica dentro de um universo que impera o masculino
resulta em censura, quebra de auto-imagem, gera intimidação e obstáculos
para a conscientização da dependência e procura por tratamento, já que o
alcoolismo feminino é visto como distúrbio psiquiátrico.
“Verificamos que as mulheres se sentem mais
estigmatizadas que os homens quando são rotulados de
33
alcoólatras, e portanto relutam mais em admitir que têm
um problema”. (MICHEL, 2000, p.123).
Diante deste raciocínio a problemática cresce em proporções amplas e a
mulher dependente enfrenta o combate ao alcoolismo, solitária, lutando contra
seus conflitos, sua dificuldade de aceitar a realidade, que é a sua relação
íntima com o álcool.
Segundo Michel (2000): “Não é fácil romper com vínculos destrutivos”.
Esta afirmação demonstra o quanto o álcool é adaptável ao indivíduo, as
situações, as atitudes e aos diferentes padrões de comportamento, como por
exemplo, a nível profissional; quantas profissionais dependentes do álcool
transitam entre o campo de trabalho e o social sem fazer-se perceber a
dependência e seus conflitos internos.
“O alcoolismo feminino constitui um grande problema de
saúde pública. (...) Mas sua doença, por ser menos
freqüente e menos visível, não merece a mesma atenção
das autoridades de saúde”. (FILHO e ANDRÉ, 2002,
p.77).
Os obstáculos para a compreensão e atenção em torno do alcoolismo
feminino, suscita a não procura por tratamento, a autopunição, o sentimento de
culpa, isolamento e o sigilo, evitando falar sobre o problema. Por estes motivos
a busca por tratamento geralmente é ambulatorial, com referências a dores de
cabeça, indisposição, nervosismo e até queixando-se de depressão. Não
ousam falar sobre o uso abusivo do álcool.
34
“É uma tendência clássica entre os profissionais de saúde
certa relutância em perguntar a uma paciente se vem
consumindo álcool. (...) Com isso perde a ocasião de
trazer à tona um problema grave, oculto por trás das
queixas que trouxeram a paciente à consulta”. (FILHO e
ANDRÉ, 2002, p.76).
Romper com o silêncio e enfrentar o ajuizamento social é o momento
mais doloroso para a mulher em dependência alcoólica; é romper uma relação
estabelecida, afinal por momentos o álcool promove euforia e o esquecimento
das tristezas. É uma invasão de sentimentos explodindo e várias razões para
se conscientizar que é necessário um apoio, um suporte, que pode ser familiar
ou terapêutico para romper o vínculo com o álcool. Bauer (2003) resume:
“Portanto, para a cura, é necessário o sentimento de aceitação da realidade e
de si mesmo”.
Neste processo a família é de vital importância para que a mulher
consiga sair do anonimato em busca de tratamento, embora de acordo com
Filho & André (2002): “Com muita freqüência a família do alcoólatra não aceita
o diagnóstico, preferindo atribuir á outra doença os distúrbios de
comportamento”.
3.1.2. Suporte Familiar à Mulher em Dependência Alcoólica
A família é o núcleo de principal influência e formação na identidade
humana. Dentro da sociedade constroem-se várias relações sociais, onde
poderíamos exemplificar entre elas as relações familiares, que definimos como
o primeiro grupo social, ou seja, a família.
“A formação de cada um de nós se inicia na família. É
função da família proteger seus filhos e favorecer neles o
35
desenvolvimento de competências, por exemplo, para
lidar com limites e frustações”. (Senad, 2010, p.107).
A família é o universo de experiências, convive-se com as diferenças;
sexo, idade, disputas, conflitos e as incapacidades (deficiências), promovendo
o acolhimento ou não dos seus membros. A evolução dos séculos direcionou a
família para novas formas, o dito, novos arranjos familiares; a mulher já não é
tão submissa como em tempos passados, emancipada tem consciência da sua
capacidade enquanto ser humano e do seu papel dentro da família e da
sociedade, pode reconstruir sua vida após divórcio, e nesta reconstrução
agrupa-se filhos de outras relações; pode vivenciar a maternidade sem o
contato sexual, é um bárbaro progresso.
Hoje a família convive com a flexibilidade dos papéis, masculino e
feminino; a mulher torna-se provedora do lar e o homem se aproxima cada vez
mais do âmbito familiar. Já é possível ver homens em tarefas domésticas.
Olhando por este ângulo a família é o espaço de paz, segurança e a priori de
felicidade; porém, de encontro às mudanças positivas existem as crises
instauradas, e as relações familiares nem sempre são de fácil convivência,
podem ser harmônicas ou irem da desarmonia a indiferença com seus
membros.
Os fatores desencadeantes das crises encontram-se dentro do contexto
das transformações sociais; a sobrecarga que a mulher se submete com
extensa jornada de trabalho fora do lar, o estresse, as dificuldades ao assumir
o controle financeiro da família. Estes conflitos remetem ao distanciamento, a
falta de diálogo, discussões, e por fim a ruptura dos laços conjugais.
Dentro deste cenário a família deixa de ser o recanto de felicidade e dá
espaço aos conflitos oriundos de fatores externos, que contribuem para a
busca de alguma compensação, algo que iniba o sentimento de fracasso, e
esta compensação é muitas vezes encontrada no consumo do álcool. Um
membro alcoólico promove alteração na estrutura familiar e a forma de lidar
com este questionamento, pode variar, entre acolhimento ou opressão,
violência, abandono, principalmente se for á mulher este dependente
36
De acordo com Michel (2000): “O alcoolismo engloba toda a família e
não somente o alcoolista. Por isto o tratamento familiar é necessário e
indicado”.
Os efeitos do alcoolismo refletem em todo o núcleo familiar; o medo do
estigma que o problema impõe a rejeição por parte dos próximos, como
amigos, vizinhos, resulta no isolamento, que dá origem a denegação como
forma de manter a família em paz, longe dos preconceitos, porém com baixa
auto-estima dos membros e difícil funcionamento. “O que contribui ao dilema
das mulheres é a falta de apoio e de compreensão de suas famílias”.
(MICHEL, 2000). A falta de apoio e compreensão a mulher em dependência
alcoólica por parte da família, constitui-se num entrave para o resgate da
mesma, pois é difícil romper sozinha a relação estabelecida com o álcool.
“No tratamento e na recuperação do alcoolista o familiar
ocupa o papel de relevo tanto por ser pessoa envolvida
na doença do paciente, suas perdas e sofrimentos, como
pode ser um dos “recursos” mais importantes com que
poderemos contar para a reabilitação do enfermo”.
(MICHEL, 2000, p.239).
Neste contexto a família necessita de ajuda terapêutica para vencer a
problemática do alcoolismo.
3.1.3. Suporte Terapêutico
Quando a família não consegue trabalhar com o dependente alcoólico a
aceitação e gera conflitos e sentimentos de culpa, se faz necessário a
intervenção do terapeuta para sinalizar que toda a família necessita de ajuda.
Quem busca ajuda geralmente é outro membro da família já cansado do
37
desconforto que a situação proporciona. A reabilitação é um processo
doloroso, á longo prazo, em determinados quadros exige internação para
promover a desintoxicação. Não ocorre de um dia para o outro e a terapêutica
significa: “No seu sentido mais extenso pode ser considerada qualquer medida
tomada no tratamento de uma doença”.(Michel 2000p155).
É necessário que médicos ou terapeutas se encontrem em total sintonia
com a paciente e com seu quadro clínico, visto que no passado, segundo
estudos, a conduta médica na área de psiquiatria era hermética (difícil de ser
compreendida) e o paciente não recebia qualquer informação sobre o seu
quadro clínico e os procedimentos utilizado. Felizmente a realidade hoje é mais
transparente, embora nem todos tenham acesso a serviços de saúde com
dignidade, pois em nosso país a desigualdade impera e os seguros de saúde,
ou seja, planos de saúde, nem toda a população pode obter. Mas existem
locais que possibilitam o tratamento e acolhimento destes pacientes com baixo
ou nenhum custo.
Os pacientes que não necessitam internação são encaminhados aos
centros de recuperação – onde são acolhidos em grupos de mútua – ajuda, e
entre estes grupos se destaca os Alcoólicos Anônimos (A. A.), que é voltado ao
apoio do dependente alcoólico e de outras drogas.
Alcoólicos Anônimos é uma Irmandade de homens e mulheres que
compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu
problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo.
Os Alcoólicos Anônimos e as Organizações Associadas (Al – Anon) uma
organização que ajuda os casos de alcoolismo em família, principalmente o
A.A, é a primeira, mais antiga e mais conhecida comunidade de ajuda que
através de reuniões onde cada membro se reconhece como dependente,
segue um programa estabelecido pela Irmandade conhecido como os “Doze
Passos” sugeridos para a recuperação, e as doze tradições para as relações
dentro da Irmandade e com a comunidade de fora; descreveremos os Doze
Passos.
38
1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos
perdido o domínio sobre nossas vidas.
2. Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia
devolver-nos à sanidade.
3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus,
na forma em que O concebíamos.
4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser
humano, a natureza exata de nossas falhas.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos
esses defeitos de caráter.
7. Humildemente, rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos
prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre
que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a
outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos
errados, nós o admitíamos prontamente.
11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato
consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando
apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para
realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos,
procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes
princípios em todas as nossas atividades.
Dentro da Irmandade ocorrem reuniões abertas e fechadas. As reuniões
fechadas somente os membros participam, as reuniões abertas qualquer
pessoa que tenha interesse em obter informações e esclarecimentos sobre o
alcoolismo pode participar. A proposta deste grupo de auto-ajuda é obter a
sobriedade, que o dependente alcoólico tenha o real desejo de parar de beber.
39
“Os alcoólicos anônimos é um programa inteiramente voluntário, com
finalidade de levar a sobriedade aos alcoólatras”. (MICHEL, 2000, p.184).
Existem diversos grupos de auto-ajuda para homens e mulheres em
dependência alcoólica. Ás igrejas com a ajuda da comunidade trabalha através
de encontros com os dependentes, despertando a conscientização, elevando a
auto-estima, elaborando os conflitos e como forma de ressocialização.
.
“O objetivo do tratamento é o de tornar-lhe uma pessoa
mais feliz e mais autoconsciente, que não precisa de
álcool para funcionar. Você aprenderá a compreender os
temores, tensões, sentimentos de incapacidade e os
outros conflitos que contribuem ao seu problema de
beber”. (MICHEL, 2000, p.106).
Em 2003, o Ministério da Saúde publicou a Política de Atenção Integral
aos usuários de álcool e outras drogas, na qual deixou clara a posição do SUS
(Sistema Único de Saúde), em atender esta população. (Diálogos 11/2009).
Algumas mulheres argumentam que para se preservarem buscam atendimento
no serviço público, e muitas com nível universitário e condição financeira,
inclusive com seguro saúde, que lhes garantem melhor atendimento, porém
acreditam no anonimato do atendimento público.
“Os centros de Atenção Psicossocial (CAPS) incluindo os
Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas
(CAPASad) são espaços para acompanhamento clínico e
reinserção social, assim como evitar as internações em
hospitais psiquiátricos, assim como qualificar as equipes
de saúde da família para atender os casos relacionados
ao consumo de álcool e outra drogas”. (Diálogos, 2009).
Aliados a estes recursos entram as terapias:
40
Terapia de Grupo:
Uma alternativa com custo mais baixo, considerada viável e efetiva para
atender em menor tempo maior número de pessoas dependentes químicos.
“O terapeuta deve ter em mente que os indivíduos
afetados por uma doença tão dolorosa como o
alcoolismo, ao aceitar que precisam se tratar desejam
soluções imediatas de seu problema”. (FILHO e ANDRÉ,
2002, p.140).
Terapia Comunitária:
Criada pelo psiquiatra e antropólogo Adalberto Barreto, a metodologia
desta terapia tem como fundamento o reconhecimento dos potenciais e
competências existentes em cada pessoa, nos grupos e na comunidade, para
o enfrentamento dos problemas do cotidiano. A terapia comunitária tem sido
um instrumento de mobilização de recursos e de reflexão sobre o sofrimento
das famílias com problemas decorrentes do uso do álcool. (Senad, 2010).
41
Terapia Familiar:
Indicada para amenizar os conflitos familiares que interferem no
tratamento. A terapia Familiar trabalha a coesão entre os familiares, visto que
são eles a buscarem o socorro com maior freqüência e dispõem do histórico de
vida do dependente (a) alcoólico; são orientados sobre o contexto do
alcoolismo, trabalham-se os sentimentos de vergonha e culpa que tanto os
afligem e a conscientização do próprio dependente sobre a doença.
“A recuperação é um trabalho para anos e consiste em
transformar uma vida até então marcada por brigas,
egocentrismo, perdas, pensamentos obsessivos,
compulsão, não aceitação do outro, dificuldades de
relacionamentos, desconfiança, paranóia, etc. em uma
vida produtiva e melhor do que qualquer indivíduo não
alcoólico”. (MICHEL, 2000, p.301).
A recaída neste momento é um dos maiores inimigos, porém é normal, o
importante é conseguir lidar com os códigos que desestabilizam, romper com o
mecanismo que leva a recaída, neste caso uma intensa vontade de voltar a
beber, que se chama “craving” e se designa como dependência psicológica. O
índice de recaída é alto.
Este capítulo encerra a análise do conjunto de questionamentos
referentes ao alcoolismo feminino, cuja dimensão nos leva a caminhos não
esperados. È um tema complexo, rico em detalhes, requer aprofundamento por
ser um universo ainda pouco explorado.
42
CONCLUSÃO
A possibilidade de desenvolvimento desta pesquisa foi especialmente
significativa em razão do tema, e pelos conhecimentos abrangentes que o
fenômeno do alcoolismo feminino proporcionou cuja incidência aumenta os
índices das estatísticas.
A dificuldade de maior exposição do tema, maior riqueza de detalhes
ocorreu pela raridade de bibliografia, e por ser uma problemática pouco
discutida. Contudo, as limitações não impediram de atingir os objetivos através
da revisão bibliográfica existente, os artigos encontrados em revista e jornais.
A pesquisa se direcionou para o alcoolismo como um comportamento de
fuga, embora a construção de hábitos não saudáveis, na realidade atual esteja
em declínio, afinal, estamos vivenciando a promoção da qualidade de vida, da
saúde, da alimentação natural. Ao discutirmos as motivações que conduzem
as mulheres ao consumo abusivo de álcool encontramos um perfil totalmente
diferenciado do gênero masculino. O alcoolismo feminino se reporta ao refúgio,
ao campo das emoções, e através da bebida alcoólica compensa as
inseguranças e instabilidades emocionais.
Em algum momento a mulher alcoólica sentirá a ambivalência em
relação aos seus sentimentos, estou me divertindo, sentindo prazer, ou estes
sentimentos irão mascarar o desejo de evadir-se da realidade, das
adversidades impostas pela vida e que tanto machucam. Neste cenário o
álcool é determinante para a construção da identidade social dentro dos
grupos de vivências pessoais.
O ser humano tem necessidade de ser aceito e como ânsia de atender
os padrões externos impostos como, por exemplo, de beleza, financeiro,
muitas vezes as pessoas chegam ao descontrole, desembocando para a fuga,
punição, bebida, para a dor, o sofrimento, e não há respostas prontas; somos
seres sociais, crescemos através das relações sociais.
A disponibilidade de substâncias psicoativas é ampla, garantindo o
estímulo e excesso de consumo dentro da sociedade. A propaganda, as
43
publicidades escancaradas, com bebidas apropriadas para as mulheres,
investem pesado nos apelos, e a não condescendência ao modismo imposto
pelos grupos sociais se torna quase que impossível. Fazemos escolhas
diariamente, ou existe algo dentro do inconsciente que nos direciona ao
consumo de bebidas em excesso. Ter autoconhecimento vem amenizar o que
é ruim e ampliar o que é bom.
O consumo do álcool é democratizado dentro da sociedade, chega a
todas as classes sociais como mecanismo de interação social, é
comportamento de risco, porém, se aceita conviver com o risco, transitando
entre o consumo moderado e o pesado, entre a linha do possível e do limite.
Isto sinaliza a necessidade de programas específicos na área de saúde para
contribuir com informações definindo as conseqüências do hábito freqüente,
afinal o álcool fornece prazer e esta sensação é que promove o alto consumo.
São estas armadilhas que atingem o ser humano e os impulsiona a buscar
situações, caminhos de auto destrutividade, como relata Shakespeare: “O
mundo todo é um palco e todos os homens e mulheres são apenas atores”.
Com este trabalho almejamos contribuir com estudos relacionados á
temática do alcoolismo feminino, cujas respostas ainda são insuficientes.
Portanto que as lacunas ou determinados pontos que não foram aprofundados
possam ser explorados em futuras pesquisas.
44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BAUER, Jan. O alcoolismo e as Mulheres: Contexto e Psicologia. São Paulo:
Cultrix, 2003.
BECHARA, Evanildo. Minidicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2009.
FILHO, Jorge Antonio; JABER, Andre Charles. Alcoolismo. Rio de Janeiro:
Revinter, 2002.
KRUGER, René. Voltar do Abismo: Uma abordagem pastoral do alcoolismo.
São Leopoldo: Sinodal, 2005.
LARANJEIRA, Ronaldo; PINSKY, Ilana. O Alcoolismo. 8ª ed. São Paulo:
Contexto, 2005.
MICHEL, Oswaldo Rocha. Alcoolismo e Drogas de Abuso: Problemas
ocupacionais e Sociais. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.
Revista Veja. Alcoolismo. Ed. 2129. 09/09/2009.
Revista Diálogos. Álcool e outras drogas. Psicologia. Nov: 2009.
SENAD. Prevenção ao uso indevido de drogas: Capacitação para Conselheiros
e Lideranças Comunitárias. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. 2.
ed. Brasília: 2010. 376 p.
45
WEBGRAFIA
Alcoolismo. Disponível em:
<http//www.psicosite.com.br/tra/drg/alcoolismo.htm#topo>
Acesso em: 25/03/2010.
O Alcoolismo Feminino I .Disponível
<http://www.cruzazul.pt/Fils/114AlcFemn.htm>
Acesso em: 20/06/2010.
Vargas, Divane de; LUIS, Margarita Antonia Villar. Álcool, Alcoolismo e
Alcoolista: concepções e atitudes de enfermeiros de unidades básicas distritais
de saúde. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16nspe/pt_07.pdf>
Acesso em: 14/08/2010.
RODRIGUES, Joelson Tavares; ALMEIDA, Leonardo Pinto de. Liberdade e
Compulsão: uma análise da programação dos doze passos dos alcoólicos
anônimos. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v7n1/v7n1a12.pdf>
Acesso em: 15/08/2010.
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 10
Capítulo I
1.1. Álcool, Alcoolismo e as Considerações 12
1.2. Álcool: Definições 12
1.2.1. Padrões de Consumo 13
1.2.2. Abuso de Álcool 14
1.2.3. Álcool e os problemas Orgânicos 14
1.3. Alcoolismo: Conceito 15
1.3.1. Identificando os Elementos Existentes dentro do Quadro
de Alcoolismo 16
1.3.2. Alcoolismo e os Mecanismos de Defesa 18
Capítulo II
2.1. Alcoolismo Feminino: Diversão, Prazer ou Fuga 20
2.2. As particularidades do Alcoolismo Feminino 22
2.3. Fatores Razões ou Motivações que induzem ao Alc. Feminino 24
2.3.1 Fatores Socioculturais 24
2.3.2. Fatores Fisiológicos 24
2.3.3. Fatores Psicológicos 25
2.3.4. Fatores Genéticos 26
2.4. Impactos Orgânicos, Sociais e a Síndrome do Álcool Fetal (SAF) 27
2.4.1. Impactos Orgânicos 27
47
2.4.2. Síndrome do Álcool Fetal 28
2.4.3. Impactos Sociais 29
2.5. Dependência Cruzada 30
Capítulo III
3.1. Conscientização da Dependência, Suporte Familiar e Terapêutico 32
3.1.2. Suporte familiar á Mulher em Dependência Alcoólica 34
3.1.3. Suporte Terapêutico 36
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44
WEBGRAFIA 45
ÍNDICE 46