UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ORIENTAÇÃO
DE PROJETOS
Por: Camila Manes Augusto
Orientador
Prof ª: Flávia Cavalcanti
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DO ORIENTADRO EDUCACIONAL NA ORIENTAÇÃO
DE PROJETOS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Orientação Educacional e
Pedagógica
Por: Camila Manes Augusto
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AGRADECIMENTOS
Á toda à minha família, em especial aos
meus pais e ao meu marido que me
incentivaram a seguir este caminho.
O meu respeito e admiração.
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DEDICATÓRIA
Á Deus, pelo dom da vida, da sabedoria e do amor.
Aos meus pais que me incentivaram em todas as minhas escolhas e me
oportunizaram concretizar mais esse desejo.
Ao meu marido, companheiro e grande incentivador.
Aos meus amigos que tornaram essa jornada alegre e inesquecível.
A todos que de alguma forma, me ajudaram para que eu realizasse este
trabalho.
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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo mostrar a importância do papel do
Orientador Educacional na Unidade Escolar e na construção dos projetos
educacionais.
Para aprofundar essa questão, apresento dois projetos educacionais e
descrevo a atuação do Orientador Educacional em cada um deles de forma a
permitir um comparativo e uma reflexão sobre o papel desempenhado pelo
mesmo na construção do projeto.
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METODOLOGIA
Realizei esse trabalho a partir de reflexões de minha prática pedagógica
nas duas escolas citadas. Participei de ambas as construções dos projetos “O
Rio das Pedras canta e se encanta por Luiz Gonzaga, pela sustentabilidade e
cuidado com a vida” e “O Centenário de Jorge Amado”
e a partir dessas vivências pude observar diferenças na relação do Orientador
Educacional, nos casos, o Coordenador Pedagógico, e a construção dos
projetos citados.
Para desenvolver este trabalho, embasei os meus estudos em diversos
autores que debatem a função do Orientador Educacional na escola e autores
que discutem os projetos educacionais.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A importância dos Projetos Educacionais na Educação 10
CAPÍTULO II
O papel do Orientador Educacional na orientação dos Projetos 14
CAPÍTULO III
Projetos de Investigação: O Orientador Educacional face aos conflitos 18
3.1- Projeto: “O Rio das Pedras canta e se encanta por Luiz Gonzaga, pela
sustentabilidade e cuidado com a vida” 18
3.2- Projeto: “O Centenário de Jorge Amado” 23
CONCLUSÃO 26
ANEXOS 28
BIBLIOGRAFIA 37
ÍNDICE 38
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INTRODUÇÃO
A seguinte pesquisa tem como tema o papel do Orientador Educacional e
a forma como o mesmo, norteia as situações–problemas propostas na
construção do projeto educacional.
Este trabalho de pesquisa busca o aprofundamento e aperfeiçoamento da
pratica pedagógica, pois a pesquisa aliada a vivência é essencial na formação
do Orientador Educacional. A práxis permite que o individuo seja capaz de
observar novas formas de pensar e agir, compreendê-la, criticá-la, e modificá-
la, buscando de forma crítica e construtiva permear a construção do projeto.
O Orientador Educacional é um individuo ativo no processo de mediação
da construção do projeto educacional. Sendo capaz de direcionar o grupo, na
busca da concretização do objetivo através da reflexão e da produção flexível.
Na busca da melhor compreensão desta função, abordaremos a prática
da Orientação Educacional no, Projeto Educando com a Horta Escolar e no
projeto: “Interações Pesquisa e Extensão no Laboratório Horto-Viveiro (LAHVI-
UFF), como base para Educação Ambiental”.
Como base teórica, utilizarei em minha pesquisa obras da autora Mírian
Grispun e Heloisa Luck que expõem algumas questões específicas sobre a
orientação educacional na escola, Vilson Sergio de Carvalho que aborda o
tema educação ambiental e Edy Przbylski autor que aborda o papel da
supervisão educacional.
No primeiro capitulo, abordarei a importância dos projetos educacionais
nas unidades escolares. Estes projetos buscam uma construção coletiva que
objetiva o desenvolvimento do educando através da valorização das questões
vivenciadas pela comunidade escolar, do interesse dos alunos e do sujeito que
se pretende formar.
No segundo capitulo, realizarei um aprofundamento sobre o conceito do
papel do Orientador Educacional no cotidiano escolar. É importante
compreender com clareza a função do orientador e a importância do seu
direcionamento e da sua mediação na concretização do projeto.
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No terceiro capítulo, aprofundarei as situações–problemas nas quais o
educador educacional se depara com a construção coletiva dos projetos
educacionais. Sendo, associarei a pratica com a teoria citando e após
anexando dois projetos realizados em escolas públicas. O primeiro projeto é O
Rio das Pedras canta e se encanta por Luiz Gonzaga, pela sustentabilidade e
cuidado com a vida e o segundo projeto é O centenário de Jorge Amado.
Concluirei o trabalho reafirmando a importância da figura e do papel do
orientador educacional na instituição escolar como norteador da construção
dos projetos educacionais e da sua concretização.
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CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS EDUCACIONAIS NA
EDUCAÇÃO
A Unidade Escolar deve ser vista como um ambiente amplo, que engloba
a construção coletiva na busca de objetivos em comum. Este ambiente, é
composto pela equipe pedagógica ( educadores, orientadores, direção), equipe
de apoio( faxineira, merendeira, auxiliar de secretaria, vigia), responsáveis dos
alunos e alunos. Todos esses componentes, devem ter um objetivo comum
que é auxiliar na formação do cidadão crítico e autônomo. Para tal, todos os
envolvidos no processo educacional precisam construir os projetos
pedagógicos coletivamente, através de amplas discussões, embasadas em
fundamentos teóricos. Esses projetos pedagógicos irão nortear o trabalho
educacional na Unidade Escolar e necessitarão ser amplamente discutidos e
construídos coletivamente, passo a passo.
Inicialmente, deve-se orientar o desenvolvimento destes projetos a partir
do contexto histórico no qual a escola está inserida de forma a tornar
significativa a aprendizagem.
Segundo Ilma Passos (1998), a escola é lugar de concepção, realização
e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar e
reorganizar seu trabalho pedagógico com base na necessidade e no interesse
dos alunos.
A escola, ao basear os seus projetos educacionais no interesse e na
necessidade da comunidade escolar tornará os assuntos abordados mais
interessantes o que facilitará o educador e o aluno no processo ensino-
aprendizagem.
Ao orientador educacional cabe reunir a comunidade escolar criando
condições, para a construção coletiva destes projetos. Essa construção deve
se iniciar com a discussão teórica de autores com os quais se busca basear o
processo ensino-aprendizagem na Instituição Escolar. Após, deve possuir um
direcionamento, de qual rumo se pretende tomar na construção do educando.
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O projeto busca um rumo, uma direção é uma ação intencional, com um sentido explicito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo o projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. (PASSOS, 1995, p.13)
Sendo assim, a ação se torna intencional, contínua e reflexiva, abordando
temas de interesse para a comunidade escolar. Tais temas devem, inclusive,
ser propostos a todos os participantes da comunidade escolar para serem
escolhidos e assim, posteriormente desenvolvidos em projetos.
A opção de se trabalhar em projetos educacionais deve ser uma escolha
democrática aonde todos os envolvidos no processo educacional devem ter
poder de escolha e quando julgar necessário defesa do ponto de vista, o que
causará enriquecimento a discussão.
A esse processo de construção podemos denominar planejamento.
Segundo Heloisa Luck (1992), o planejamento é um processo, uma dinâmica
mental, enquanto que o plano e o projeto são um produto, um documento, um
mapa de orientação para o desenvolvimento educacional.
É através do planejamento que se irão desenvolver duas dimensões
essenciais na construção de um plano ou um projeto de ação. São elas: a
dimensão política e a dimensão técnica.
A dimensão política diz respeito a ação reflexiva através de princípios
democráticos visando a construção do planejamento.Neste momento, todos os
envolvidos tem a possibilidade de construir, através do diálogo e da
compreensão de diversos pontos de vista, o posicionamento da escola de
forma justa e coerente com o que se espera construir e no que se acredita.
Logo, através desse processo será estabelecido um compromisso coletivo.
Conforme Heloisa Luck (1992), a dimensão técnica diz respeito à
observância dos passos do planejamento e precisão na descrição de cada um
dos aspectos relevantes para a organização das ações, registradas em um
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plano ou projeto. É a convergência de diferentes meios de ação propostas para
a realização dos objetivos estando diretamente relacionada ao método
cientifico.
O método científico é um conjunto de regras básicas ou operações
mentais apresentadas mediante uma organização lógica, sobre como se deve
proceder a fim de produzir conhecimento dito cientifico quer seja este um novo
conhecimento quer seja este fruto de uma nova integração ou evolução.
Com o mesmo ponto de vista, deve-se ter em mente os objetos das operações mentais, isto é: o que, por que, para que, como, quando, onde, (com) quem, para quem promover um dado programa ou ação. (LUCK, 1992, p.31)
A partir destas perguntas, a equipe pedagógica passa a nortear a sua
prática pedagógica onde a partir da construção coletiva de cada uma dessas
respostas, possa-se objetivar um objetivo comum que é a concretização do
planejamento, plano de ação ou projeto.
Vale ressaltar que planejamento é um processo, digo, a ação de planejar,
que visa a eficiência e a eficácia do trabalho docente que vai ser concretizada
em uma documentação que pode ser o plano ou o projeto.
O plano, conforme Luck (1991), é a descrição de larga abrangência, em
termos de problemática abordada e de tempo envolvido. Projeto costuma
corresponder à descrição de abrangência menor. Logo, o plano tem a
característica de ser por um longo período de tempo enquanto um projeto, é
mais especifico e com uma curta duração de tempo.
Os projetos são eventuais, abrangem tempo limitado e abordam problemáticas especificas. Já os planos tendem a abranger período maior de tempo, vindo a caracterizar-se em planos anuais, bianuais, quadrienais, quinquenais e abordando problemática ampla, de forma global e integrada. Dada essa característica, pode-se dizer que os planos apresentam aspectos mais genéricos e abrangentes sobre a realidade e sobre as ações a serem desencadeadas e os projetos detalham esses aspectos. Portanto, projetos pressupõem planos. (LUCK, 1992, p.33)
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A equipe pedagógica ao decidir democraticamente por desenvolver o
trabalho em projetos se torna capaz de englobar todos os envolvidos no
processo de construção de cada um deles, passo a passo. Sendo assim, o
papel do Orientador Educacional é fundamental no direcionamento da
construção e na concretização do projeto.
O projeto permite que a equipe discuta os temas a serem desenvolvidos,
o seu objetivo e o que se espera com isso. A equipe então, deve optar por
temas que sejam significativos para a comunidade escolar para que o aluno se
sinta inserido no que esta sendo proposto e assim possa modificar seus
hábitos e atitudes se tornando um cidadão critico e autônomo.
Afinal, sabe-se que o conhecimento não é verdade imutável, mas algo transitório, inacabado, imperfeito e em contínua pesquisa. Os projetos abrem para a possibilidade de aprender os diferentes conhecimentos construídos na história da humanidade de modo relacional e não linear, propiciando às crianças aprender através de múltiplas linguagens, ao mesmo tempo em que lhes proporcionam a reconstrução do que já foi aprendido. (Barbosa e Horn, 2008, p.35)
Portanto, executar o trabalho pedagógico através de projetos é uma
forma de garantir a participação de todos os envolvidos no processo ensino–
aprendizagem. Pensando coletivamente no bem estar do educando, no
educador e na relação de ambos com o cotidiano escolar, tornando assim, a
aprendizagem significativa e prazerosa.
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CAPÍTULO II
O PAPEL DO ORIENTADOR NA ORIENTAÇÃO DE
PROJETOS
O Orientador Educacional tem como função primordial a conscientização
de todos os envolvidos no processo educacional para a importância da
construção do projeto. Logo, todos os envolvidos no processo de construção
do projeto devem ter voz ativa e de relevância em todas as etapas.
Conforme Heloisa Luck (1992), planejar em educação, envolve também
habilidades de trabalho em grupo, de envolvimento de pessoas e de
articulação de seus esforços, sendo uma ação coletiva, implica que seja de
forma participativa.
Cabe ao Orientador, criar situações preferencialmente através de
dinâmicas de grupo para a construção dos elementos básicos do planejamento
e consequentemente, do projeto. Essas dinâmicas podem ser por exemplo
com textos reflexivos e questões propostas a serem respondidas, aonde os
grupos mistos, com pessoas de diferentes funções no processo educacional,
deverão construir as respostas que culminarão nos pontos chaves do projeto.
Segundo Grispun (2001) o Orientador Educacional possui um caráter
mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas
da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de
qualidade. Sendo assim, busca-se um enfoque coletivo com a construção
grupal da escola e da própria sociedade onde a coletividade é composta por
pessoas devem pensar e agir a partir de questões contextuais envolvendo
contradições e conflitos que são necessários na construção de um senso
comum.
Quando uma equipe educacional, encontra o senso comum, a partir da
construção coletiva, significa que o projeto, construído está de acordo com os
objetivos propostos e esperados por todos os envolvidos.
Segundo Hernandez e Ventura (2009), o projeto é visto como uma
articulação dos conhecimentos escolares, sendo uma forma de organizar a
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atividade de ensino e a aprendizagem, que se implica considerar que tais
conhecimentos não se ordenam para a sua compreensão de uma forma
rígida, nem em função de algumas referencias disciplinares preestabelecidas
ou de uma homogeneização dos alunos. Logo, deve-se discutir coletivamente
e primeiramente qual o aluno que se tem e quais os temas terão relevância no
processo educacional facilitando assim, a aprendizagem a partir do interesse
do educando.
A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio.(Hernández, 2009, p.61)
O projeto para ser construído precisa ser um trabalho participativo
fundamentado em alguns tópicos essenciais como por exemplo: o tema, os
objetivos, o conteúdo, a metodologia, o período e a avaliação.
O tema seria o assunto a ser abordado no projeto, geralmente retirado de
um problema eixo ligado ao cotidiano do aluno que por ser de interesse
comum, seria um facilitador da aprendizagem. Conforme Hernández e Ventura
(2009), o tema pode pertencer a um currículo oficial, proceder de uma
experiência comum (como os acampamentos), originar-se de um fato da
atualidade, surgir um problema proposto pela professora ou emergir de uma
questão que ficou pendente em outro Projeto.
O objetivo deve refletir os pontos que se pretendem alcançar com o
projeto sendo o principal objetivo que o aluno aprenda de acordo com sua
necessidade sócio-politico-cultural. Segundo Luck (1992), em educação, não
se age por agir; não se faz algo por fazer. Toda ação educativa deve ser
intencional e buscar alcançar determinados resultados referentes à
aprendizagem ou mudanças de comportamentos.
Logo, objetivo educacional são os resultados que a equipe pretende
alcançar ao final das ações propostas.
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Os conteúdos devem ser conceituais, atitudinais e procedimentais; seriam
conhecimentos acumulados sócio-historicamente pela humanidade. Devendo
ser democratizados através da educação escolar, possibilitando a todos o
acesso de forma igualitária. É de fundamental relevância, que a escolha do
conteúdo deva estar diretamente relacionada a realidade social no qual a
escola está inserida, ou seja, deve estar relacionado ao cotidiano do aluno.
Assim sendo, o aluno compreenderá o significado do projeto e se sentirá
inserido no processo ensino-aprendizagem, o que tornará esse processo mais
prazeroso para o educando e estimulará o seu interesse pelas questões
propostas.
A metodologia é o processo pelo qual o educador utiliza diversos
procedimentos, técnicas, recursos e estratégias de ensino para mediação entre
o educando e os conteúdos de ensino. Seria a decisão de qual atividade fazer
e como fazer de acordo com a faixa etária e com o material fornecido pela
escola. Conforme Luck (1992), na medida em que, ao se desenvolver uma
ação, se tenha uma compreensão clara e precisa dos objetivos a serem
obtidos por meio dela, realizar-se-á uma ação mais eficaz, mediante o
emprego racional do tempo, energia e recursos empregados.
O período de duração de um projeto, deve ser uma questão discutida no
grupo envolvido onde se levará em conta o tema a ser trabalhado e a sua
relevância. Um projeto pode ter a duração de quinze dias, um mês ou até
mesmo um bimestre ou trimestre, podendo variar de acordo o tema, com a
série, o professor, o interesse dos alunos ou até mesmo da comunidade
educacional.
A avaliação seria uma forma de verificar se a aprendizagem foi bem
sucedida, ou seja, se foi assimilada pelo educando e para o educador, ajudaria
na tomada de decisão para a próxima atividade. Essa avaliação, pode ser feita
pelos educadores que implementaram o projeto ou pelo próprio educando de
forma coletiva ou individual. Outra sugestão é que se faça uma avaliação
inicial com os educando, levando-os a pensar o que se pretende com o projeto
ou seja, o que se espera e após , se faria uma avaliação final, aonde se
observaria se as finalidades forma alcançadas.
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Na construção do projeto, o orientador educacional tem papel
fundamental pois é ele que leva os educadores e demais envolvidos no projeto
a pensar a sua construção. É o orientador também, o responsável pela sua
concretização, ou seja, sua formulação e distribuição para os educadores.
Durante os projetos, o orientador se põe a disposição dos educadores e
educandos para possíveis esclarecimentos de duvidas ou, direcionamento para
quaisquer fatores de imprevisibilidade que venham a acontecer.
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CAPÍTULO III
PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO: O ORIENTADOR
EDUCACIONAL FACE AOS CONFLITOS
Neste capitulo descreverei dois projetos educacionais que foram
desenvolvidos em escolas públicas de diferentes municípios.
O primeiro projeto “O Rio das Pedras canta e se encanta por Luiz
Gonzaga, pela sustentabilidade e cuidado com a vida” foi construído no
início do ano de 2012 na Escola Municipal Claudio Besserman Vianna.
O segundo projeto “Jorge Amado” está sendo construído no ano de
2012 na Escola Municipal Jorge Amado.
3.1- Projeto: “O Rio das Pedras canta e se encanta por
Luiz Gonzaga, pela sustentabilidade e cuidado com a
vida”
Inicialmente, é importante frisar, que na rede educacional do Município do
Rio de Janeiro, não existe o cargo de Orientador Educacional ou Orientador
Pedagógico, ficando a função desses cargos devendo ser desempenhada por
apenas um funcionário chamado de Coordenador Pedagógico. Na minha
opinião isto acarreta em um retrocesso educacional, visto que ambos os
cargos possuem papel de fundamental importância no processo educacional
desenvolvido na Unidade Escolar.
A Escola Municipal Cláudio Besserman Vianna, na qual se realiza o
projeto sobre Luiz Gonzaga, fica localizada na comunidade de Rio das Pedras
no Município do Rio de Janeiro. A escola possui três turnos sendo o primeiro
horário de 7h às 11h, o segundo de 11h às 15h e o terceiro horário de 15h às
19h. A escola atende crianças da educação infantil ao ensino fundamental
sendo um total de aproximadamente 900 alunos e aproximadamente 40
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professores, um coordenador pedagógico, um diretor e um diretor adjunto, uma
secretária, 3 funcionários da Comlurb responsáveis pela limpeza, dois
inspetores de alunos, três porteiros e 8 merendeiras.
A construção do projeto se iniciou na primeira reunião anual aonde toda a
equipe se propôs a discutir o projeto educacional que seria desenvolvido no
ano de 2012. Primeiramente, a coordenadora pedagógica se reuniu com a
direção para discutir a ideia inicial do projeto para que após ela pudesse expô-
lo ao grupo.
Segundo Hernádez e Ventura (2009), ao se optar por trabalhar com
Projetos de trabalho busca-se uma articulação dos conhecimentos escolares,
através da organização da atividade de ensino e aprendizagem. Sendo assim,
a função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos
conhecimentos escolares em relação a informação e aos diferentes conteúdos
e problemáticas que norteiam o tema a ser trabalhado, de forma a facilitar o
processo ensino-aprendizagem e a inserir o cotidiano do educando na
construção do conhecimento.
Na primeira reunião anual, com todos os membros da equipe educacional
presente, a coordenadora pedagógica, disse que o projeto anual seria
trabalhado em cima da obra de Luiz Gonzaga que está completando 100 anos
e possui sua raiz fundamentalmente nordestina assim como a comunidade
escolar de Rio das Pedras.
Após essa introdução, a coordenadora colocou no quadro negro algumas
colunas com as partes de construção do projeto: objetivo, justificativa,
metodologia e subprojetos. Em seguida, entregou a todos um texto sobre a
bibliografia de Luiz Gonzaga que foi lido coletivamente por todos os presentes
e discutido.
Posteriormente, pediu que todos colaborassem com ideias para
construção do projeto e foi levantando questões quanto ao objetivo, a
justificativa, a metodologia e por fim, os subprojetos.
Após ampla discussão, o Coordenador Pedagógico, baseado nos tópicos
que surgiram na reunião formulou que os objetivos do projeto a serem
alcançados seriam:
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• Conhecer a vida e a obra de Luiz Gonzaga no contexto da história da
música popular brasileira.
• Conhecer a trajetória do cantor e compositor.
• Conhecer e analisar as músicas de Luiz Gonzaga.
• Reconhecer o gênero musical (forró, xote, baião e xaxado).
• Identificar os problemas sociais do nordeste a partir da obra do
compositor.
• Conhecer alguns elementos que caracterizam o sertão nordestino e
a vida do homem do interior, retratadas nas músicas do compositor.
• Compreender as causas do êxodo rural.
• Pensar o cotidiano das raízes do povo brasileiro de forma lúdica por
meio da obra do Rei do Baião e das danças típicas.
• Conhecer e analisar a formação do povo brasileiro.
• Reconhecer e validar a cultura afro-indígena do nosso país.
• Apropriar-se do conhecimento e cuidado que as tribos têm na
manutenção dos recursos naturais.
• Compreender o conceito de sustentabilidade do planeta.
• Construir consciência critica quanto à responsabilidade do ser
humano na preservação dos recursos naturais do seu planeta para
as futuras gerações.
• Apropriar-se do conceito dos 5 R's: repensar, recusar, reduzir,
reutilizar e reciclar para a preservação dos recursos naturais e dos
biomas do planeta terra.
Em seguida, a discussão relevante foi a justificativa para se construir o
projeto em cima do tema proposto, que neste caso, seria a obra de Luis
Gonzaga atrelada a questão da sustentabilidade, tema este que seria
trabalhado no período da Rio + 20. Baseada na discussão, buscou-se
respostas para as seguintes perguntas: Por que trabalhar com o tema Luiz
Gonzaga e sustentabilidade simultaneamente? Será que esses dois temas
apresentam algo em comum?
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É interessante frisar que Hernadez e Ventura, (2009), afirmam que um
projeto pode organizar-se seguindo um determinado eixo, a definição de um
conceito, um problema geral ou particular, um conjunto de perguntas inter-
relacionadas, uma temática que valha a pena ser tratada por si mesma.
Um projeto é uma abertura para possibilidades amplas de encaminhamento e de resolução, envolvendo uma vasta gama de variáveis, de percursos imprevisíveis, imaginativos, criativos, ativos e inteligentes, acompanhados de uma grande flexibilidade de organização. Os projetos permitem criar, sob forma de autoria singular ou de grupo, um modo próprio para abordar ou construir uma questão e respondê-la. (Barbosa e Horn, 2008, p.31)
No caso do projeto estudado, a Coordenadora Pedagógica, direciona a
construção do projeto baseada nas duas perguntas que se inter-relacionam. E
assim, constrói com o grupo a justificativa do projeto baseada importância do
mestre Luiz Gonzaga para a música popular brasileira e nordestina conhecida
mundialmente. Enfatiza a característica da obra do autor em retratar na letra
de suas músicas o sofrimento do povo nordestino em relação as suas
dificuldades com a seca, a fome e a necessidade de migração dessas pessoas
em busca de condições melhores de vida.
Outra questão seria a necessidade de conscientização da população de
que os recursos do nosso planeta são finitos e necessitam de cuidados na sua
utilização; pois caso esses recursos entrem em extinção, a espécie humana e
todas as demais espécies do planeta irão passar fome, sede e outras
dificuldades que culminarão na sua morte. Sendo assim, deve-se trabalhar a
Sustentabilidade, que seria uma forma de se gerir melhor os recursos
disponíveis no planeta para que as futuras gerações possam ter uma vida
digna.
O grupo então conclui afirmando que os dois temas, Luiz Gonzaga e
Sustentabilidade, se casam e proporcionarão aos nossos alunos a
possibilidades de conhecer mais a fundo nossa cultura de raiz, pensando de
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forma consciente, politizada e social a preservação e manutenção de nossa
casa, o planeta terra.
A próxima discussão é a Metodologia a ser adotada. Neste tópico, todos
puderam dar sugestões de atividades que poderão ser realizadas com os
alunos durante o ano letivo:
• Uso de canções para despertar a alfabetização;
• Uso de poemas;
• Reescritura das canções, estudo e construção de versos e rimas;
• Leitura oral e compartilhada por todos os alunos;
• A memorização de versos, falados ou cantados em coro;
• Utilização de pequenos textos cantados, associados aos
movimentos corporais ou dançados;
• Contação de historias, desafios, explanações, etc.
• Associação dos temas propostos com obras infantis.
Os subprojetos foram divididos em quatro bimestres aonde ao final de
cada um, deveria haver uma culminância.
Os temas dos subprojetos são:
• 1° BIMESTRE: Com Gonzagão e sua canção, conhecendo
a identidade de uma nação;
• 2º BIMESTRE: Gonzagão apresenta a formação cultural
brasileira e a necessidade de uma vida sustentável;
• 3º BIMESTRE: Refletindo com o rei do baião a importância
de cuidar do corpo e do planeta: Cantar, dançar, brincar,
exercitar-se e reciclar;
• 4º BIMESTRE: De Gonzagão a Gonzaguinha, a busca por
uma consciência cidadã.
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O tema desses subprojetos foram sugeridos de acordo com o que se
costuma trabalhar nesses bimestres como, por exemplo, a identidade e hábitos
de higiene no primeiro bimestre; a cultura brasileira no segundo bimestre pois
tem a festa junina, sendo esta a culminância; no terceiro bimestre haveria um
paralelo com os Jogo Olímpicos e Paraolímpicos , e os 5 R’s da Educação
Ambiental em ação: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar, afim de
melhorar a vida no planeta. No quarto e ultimo bimestre seria trabalhado a
herança afro-brasileira em nossa sociedade e os direitos do cidadão
abordando assim como as eleições, a importância do voto e da escolha
consciente dos representantes.
É importante ressaltar que ao final das discussões a Coordenadora
Pedagógica anotou tudo o que foi construído com o grupo e ficou com a
responsabilidade de montar o projeto final, baseado em tudo o que foi dito, e
distribuí-lo para todos os funcionários da Unidade Escolar para que o mesmo
fosse trabalhado durante o ano letivo.
3.2- Projeto: “O Centenário de Jorge Amado”
Este segundo projeto foi realizado na Escola Municipal Jorge Amado,
pertencente ao Município do Rio de Janeiro, localizada no bairro de Rio das
Pedras. Esta escola funciona em três turnos sendo o primeiro horário de 7h às
11h, o segundo de 11h às 15h e o terceiro horário de 15h às 19h. A escola
atende crianças da educação infantil ao ensino fundamental, e crianças
especiais, sendo um total de aproximadamente 1000 alunos e
aproximadamente 45 professores, um coordenador pedagógico, um diretor e
um diretor adjunto, uma secretária, 3 funcionários da Comlurb responsáveis
pela limpeza, dois inspetores de alunos, três porteiros e 8 merendeiras.
Nesta escola, comentou-se na primeira reunião anual, que se realizaria
neste ano letivo de 2012, um projeto sobre o Centenário de Jorge Amado que
estaria completando cem anos. Alguns professores então, iniciaram seus
trabalhos montando exposições sobre Jorge Amado, expondo suas obras,
fotos etc.
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Pude observar, que nesta Unidade Escolar, a Coordenadora Pedagógica,
não se preocupou em construir um projeto educacional com o grupo, deixando
totalmente vaga a ideia do projeto o que dificultou o trabalho e desestimulou o
trabalho de alguns professores. Neste exemplo de projeto pesquisado, não
houve construção coletiva ou seja, não houve reflexão do grupo sobre o que se
pretendia com o projeto, sobre a intencionalidade do mesmo.
Segundo o dicionário Aurélio (1993), projeto significa arremessar, atirar
longe, plano, intento, redação preliminar de relatório, um plano geral. Portanto
um projeto é um plano que se constrói, objetivando algo. No caso do projeto
Jorge Amado, este projeto deveria ser construído, objetivando direcionar o
trabalho pedagógico da Unidade Escolar sobre o tema proposto, porém, isto
não foi feito.
Me arrisco a afirmar e concluir, que isso não é um projeto mas sim um
tema proposto para que o grupo trabalhe. Sabemos que um projeto deve ter
objetivo, justificativa, metodologia e cronograma. Um projeto que possui essas
características, cumpre com a sua finalidade, que é a de fazer um
direcionamento para o futuro, para as ações pedagógicas futuras.
É um plano de trabalho, ordenado e particularizado para seguir uma ideia ou um propósito, mesmo que vagos. Um projeto, é um plano com características e possibilidades de concretização. Um plano de ação intencionado que potencializa a capacidade de avaliar o futuro a quem o propõe ou o vive; que, por antecipar-se na consciência e ter como base o passado e o presente, oferece uma consequente capacidade metodológica para a escolha dos meios necessários para a concreta realização do plano. Um projeto pode ser esboçado por meio de diferentes representações, como cálculo, desenhos, textos, esquemas e esboços que definam o percurso a ser utilizado para a execução de uma ideia. (Barbosa e Horn, 2008, p.31)
Segundo Barbosa e Horn (2008), a proposta de trabalho com projetos
possibilita momentos de autonomia e de dependência do grupo, momentos de
cooperação do grupo sob uma autoridade mais experiente, momentos de
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interesse e esforço, momentos de jogo e de trabalho como fatores que
expressam a complexidade doo fato educativo. Essa autoridade mais
experiente seria o Orientador Educacional, ou seja, no caso do Município do
Rio de Janeiro, seria o Coordenador Pedagógico.
O Coordenador teria como função direcionar a construção do projeto,
levando aos demais participantes da equipe pedagógica, através do interesse
e comprometimento, a pensar, a tencionar o projeto educativo que seria do
interesse de todos.
Um dos efeitos desejados ao se planejar é o de que os planos ou projetos resultantes sejam capazes de estruturar as ações daqueles que serão responsáveis pela realização dos objetivos. Portanto, um bom plano ou projeto de ação determina responsabilidades: quem fará o que, em que momento, com que objetivo, etc. (Luck, 1992, p.57)
Portanto, o Orientador Educacional, no caso do exemplo pesquisado, o
Coordenador Pedagógico, assume a responsabilidade, isto é, o compromisso
consigo mesmo e com a comunidade escolar. Infelizmente, no projeto “O
centenário de Jorge Amado”, esse comprometimento deixa a desejar, não
sendo o Coordenador, capaz de assumir essa responsabilidade, ou por falta de
compreensão do seu papel na Unidade ou por julgar que suas outras funções
são mais importantes do que a construção do projeto.
26
CONCLUSÃO
O universo escolar é um mundo complexo, onde cada individuo possui
o seu papel de fundamental relevância na busca de um objetivo comum, o
desenvolvimento do educando de forma plena.
Uma instituição escolar ao optar por desenvolver o currículo através de
projetos pedagógicos deve estar de pleno acordo com todos os personagens
envolvidos no processo ensino-aprendizagem pois o projeto não é uma
construção solitária e sim um pretensão coletiva,isto é, uma construção
conjunta.
Assim como em todos os projetos de nossa vida, deve haver um
responsável pela sua realização, um incentivador e direcionador das nossas
vontades e anseios. No caso dos projetos educacionais, esse responsável é o
Orientador Educacional.
A figura do Orientador, é fundamental nestes projetos pois ele focará e
direcionará a visão do grupo para a reflexão do que se pretende e para a
construção de um objetivo de comum acordo com todos os personagem
envolvidos que culminará no projeto educacional.
A partir da vivência descrita nos projetos “O Rio das Pedras canta e se
encanta por Luiz Gonzaga, pela sustentabilidade e cuidado com a vida” e “O
centenário de Jorge Amado”, podemos ver claramente a diferença entre as
praticas educacionais dos orientadores.
No primeiro projeto, o orientador se mostra comprometido com a
construção do projeto e o seu grupo escolar, enquanto no segundo projeto o
orientador aparenta falta de interesse pela construção do projeto o que acaba
por acarretar em descaso com a sua função e suas responsabilidades perante
o projeto pedagógico gerando desestimulo em todo o grupo envolvido.
Concluo que o papel do Orientador Educacional deve ser revisto pelas
instituições educacionais de forma que seja desempenhado por profissionais
qualificados, interessados e estimulados em desempenhar a função.
O trabalho do orientador está diretamente relacionado com o sucesso
escolar, ou seja, com o sucesso do processo ensino-aprendizagem pois é ele
27
quem orienta o trabalho dos demais profissionais envolvidos o que irá ter
influencia direta no desenvolvimento do educando.
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ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Projeto O Rio das Pedras canta e se encanta por Luiz
Gonzaga.pela sustentabilidade e cuidado com a vida
Anexo 2 >> Texto da reunião para discutir a construção do projeto
Anexo 3 >> Texto retirado da internet
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ANEXO 1
E. M. CLAUDIO BESSERMAN V'ANNA
PROJETO -2012
O RIO DAS PEDRAS CANTA E SE ENCANTA POR LUIZ GONZAGA.
PELA SUSTENTABILIDADE E CUIDADO COM A VIDA
OBJETIVO:
-Conhecer a vida e a obra de Luiz Gonzaga no contexto da história da
música popular brasileira.
-Conhecer a trajetória do cantor e compositor.
-Conhecer e analisar as músicas de Luiz Gonzaga.
-Reconhecer o gênero musical (forró, xote, baião e xaxado).
-Identificar os problemas sociais do nordeste a partir da obra do
compositor.
-Conhecer alguns elementos que caracterizam o sertão nordestino e a
vida do homem do interior, retratadas nas músicas do compositor.
-Compreender as causas do êxodo rural.
-Pensar o cotidiano das raízes do povo brasileiro de forma lúdica por
meio da obra do Rei do Baião e das danças típicas.
-Conhecer e analisar a formação do povo brasileiro.
-Reconhecer e validar a cultura afro-indígena do nosso país.
-Apropriar-se do conhecimento e cuidado que as tribos têm na
manutenção dos recursos naturais.
-Compreender o conceito de sustentabilidade do planeta.
-Construir consciência critica quanto à responsabilidade do ser humano
na preservação dos recursos naturais do seu planeta para as futuras gerações.
-Apropriar-se do conceito dos 5 R's: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e
reciclar para a preservação dos recursos naturais e dos biomas do planeta
terra.
JUSTIFICATIVA: Por que trabalhar com o tema Luiz Gonzaga e
sustentabilidade simultaneamente? Será que esses dois temas apresentam
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algo em comum? Vejamos: Luiz Gonzaga é um mestre da música popular
brasileira, foi e ainda é um ícone da música nordestina de raiz, popularizou
esse estilo, levou sua música a todos os cantos do nosso pais e se tornou
conhecido em Paris, Estados Unidos e Japão ao se apresentar juntamente
com seu filho Gonzaguinha. Encontramos nas músicas de Gonzagão, uma
preocupação grande em retratar o sofrimento do povo nordestino em relação
as suas dificuldades relacionadas a seca, e consequentemente a fome e sede
de seu povo, retrata também o descaso de nossos políticos com esse povo tão
sofrido e trabalhador que por falta de opção separam-se de seus entes
queridos e se espalham pelo pais na busca incessante por uma vida mais
digna para ele e sua família. Gonzagão retrata em suas composições
brilhantemente a alegria de viver inerente a esse povo que mesmo em meio a
toda diversidade, não tem vergonha de ser feliz, como bem canta seu filho
Gonzaguinha. Entre outras preocupações Luiz Gonzaga demonstrava em suas
músicas uma inquietação em relação a subsistência de seus conterrâneos.
Aproveitando essa preocupação presente em sua: letras e percebendo a
degradação que nós seres humanos estamos impondo ao nosso planeta,
tendo consciência que nossos recursos naturais não são infinitos e portanto,
podem se extinguir e com isso não só a espécie humana como todas as
espécies do planeta podem passar fome, sede e dificuldades outras
juntamente com uma conscientização que a humanidade começa a apresentar
em relação a esses fatos agregamos ao primeiro tema a questão da
sustentabilidade, tão falada e divulgada nas últimas quatro décadas. A
sustentabilidade defende a teoria de que a geração atual utilize os recursos
naturais de tal maneira que não prive as gerações futuras de usufruírem
também tais recursos, para isso precisamos nos conscientizar e aprender a
repensar nossa cadeia de produção e consumo, recusar o consumo exagerado
a produção e descarte inadequada de materiais que causem mal ao meio
ambiente, reduzir a produção de lixo, reutilizar materiais que já foram usados,
que podem ser reaproveitados e muitas vezes os descartamos, acreditando
que não servem para mais nada, reciclando algo velho já utilizado, em algo
31
novo por meio de processos industriais, além do cuidado em usar os recursos
naturais de forma racional.
Percebemos, portanto que os dois temas se casam e proporcionarão aos
nossos alunos a possibilidades de conhecer mais a fundo nossa cultura de
raiz, pensando de forma consciente, politizada e social a preservação e
manutenção de nossa casa, o planeta terra.
METODOLOGIA: Precisamos com urgência, nos apropriarmos de
práticas mais produtivas e contextualizadas nas aulas de alfabetização, a fim
de despertar o desejo pela leitura. Desta forma também despertamos o prazer
de escrever, ao utilizar a obra de Luiz Gonzaga, pois suas canções expressam
na estética e estrutura de seus poemas, os textos em nossa Língua
Portuguesa. Os alunos e suas famílias já conhecem de memória e já
escutaram, em algum momento de suas vidas. Sendo de grande aceitação
popular, portanto, textos da tradição oral brasileira.
Estas canções são de domínio público, conhecidas por muitos brasileiros,
oportunizando que o aluno sinta-se mais estimulado a escrever, sobre algo que
já faz parte do seu universo e de forma lúdica.
Então, propomos, utilizar a reescritura das canções, que são poemas
musicados, brincando assim com os sons de seus versos, rimas e palavras, na
perspectiva de alfabetizar com letramento.
O acesso a estas músicas para quem ainda não lê, deverá ser mediado
pelo alfabetizador, através da leitura oral em classe, compartilhada por todos
os seus alunos.
A memorização de seus versos, falados ou cantados em coro, ampliam o
cabedal da linguagem memorizada.
Desta forma, a partir de pequenos textos cantados, associados aos
movimentos corporais ou dançados, exploramos a acuidade auditiva, na
importância de perceber a linguagem oralizada, para saber segmentar da fala
para a escrita.
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A obra de Luiz Gonzaga é rica em informações culturais, sócias e
históricas. Então discutiremos a sustentabilidade, no decorrer do ano letivo, no
sentido de estabelecer uma educação cidadã.
Compondo nossas ações para o ano letivo de 2012, continuaremos a
mobilizar a nossa comunidade escolar, através do quiz, nas entradas de cada
turno escolar, onde fazemos perguntas, explanações, desafios, contação de
histórias, etc. Objetivando sensibilizar os mesmos, para uma participação
coletiva na construção do conhecimento mais significativo e contextualizado
pelo projeto "O Rio das Pedras, Canta e Se Encanta Por Luiz Gonzaga, Pela
Sustentabilidade e Cuidados Pela Vida."
A Literatura Infantil, com suas obras referentes aos temas abordados pelo
projeto pedagógico, articulará em parceria com a sala de leitura, o prazer de ler
e um olhar prospectivo para a leitura de mundo de nossos alunos. Assim, ao
final de cada período avaliativo, bimestralmente, faremos nossas culminâncias.
SUB PROJETOS
SUBPROJETO - 1° BIMESTRE: Com Gonzagão e sua canção,
conhecendo a identidade de uma nação
-A história da vida do Rei do Baião e sua história como artista popular do
Brasil.
-E eu? Quem sou? De onde venho? E a nossa família?
-Nossos hábitos e higiene para uma vida sustentável.
-A linha do tempo do nosso crescimento e da vida de Luiz Gonzaga.
-Luiz Gonzaga era chamado de Rei do Baião, Lua ou Gonzagão. E o meu
nome?
-Gonzagão veio viver no Rio de Janeiro e em qual cidade eu vivo? Sou
carioca?
-Nossa casa, nossa escola.
-Conhecendo o Rio das Pedras, Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Região
Nordeste e Pernambuco.
-Trabalhando com localização com mapas.
33
SUBPROJETO - 2º BIMESTRE: Gonzagão apresenta a formação
cultural brasileira e a necessidade de uma vida sustentável.
-Comunidades Indígenas de Pernambuco, do Brasil e a formação do povo
brasileiro.
-A sustentabilidade, como herança cultural, através dos contos indígenas,
na mística da terra sem males.
-O sertão nordestino e sua cultura regional.
-A caatinga, a vida sertaneja e os hábitos do povo do interior.
-Gonzagueando com os elementos da natureza: ar, água, fogo e terra.
-A importância dos recursos naturais para a vida do planeta.
-A relação do homem do campo com a preservação do meio ambiente.
-As festas do povo brasileiro pelo interior, suas danças, brincadeiras e
costumes populares quando chega São João.
"O Brasil pega fogo com Gonzagão, chega São João"
"O fogo que aquece os corações nas festas juninas,
através das músicas do Rei do Baião, não pode provocar
desequilíbrio para o meio ambiente"
-A importância do cuidado com as queimadas, fogos e balões.
-A utilização do fogo para o desenvolvimento sustentável da humanidade.
-O respeito a natureza, na economia do campo x cidade.
-A valorização do homem da interior, sua vocação pelo trabalho na terra e
suas tradições.
SUBPROJETO - 3º BIMESTRE: Refletindo com o rei do baião a
importância de cuidar do corpo e do planeta: Cantar, dançar, brincar, exercitar-
se e reciclar.
-Partimos para a discussão de uma vida saudável e sustentável,
redirecionando nosso olhar para atividades que mexam com o corpo: música,
dança e exercícios, aproveitando a obra de Luiz Gonzaga.
Nesta perspectiva, os esportes vivenciados pelos Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos, representam ( movimento da humanidade, em prol da saúde e
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confraternização dos povos. Ao mesmo tempo, nos apropriamos dos 5 R's da
Educação Ambiental em ação: Repensar. Recusar, Reduzir, Reutilizar e
Reciclar, a fim de melhorar a vida no planeta.
SUBPROJETO – 4º BIMESTRE: De Gonzagão a Gonzaguinha, a busca
por uma consciência cidadã.
-A partir da perspectiva social da obra de Gonzaguinha, repensamos a
busca do povo brasileiro, a favor de dignidade humana e o seu bem estar,
conquistando:
• Autoestima e valorização da vida.
• Questões de gêneros e diversidades sociais.
• A herança Afro-brasileira como as diferentes etnias da nossa sociedade.
• Os direitos do cidadão, nas eleições de seus representantes pelo voto
direto e a questão da sustentabilidade no cenário político.
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ANEXO 2
Texto da reunião para discutir a construção do projeto
LUIZ GONZAGA
Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de dezembro de 1912 — Recife, 2 de
agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o Rei do Baião.
Foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular
brasileira. Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou a alegria
das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as
injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do país, numa época em
que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado. Admirado por
grandes músicos, como Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Raul Seixas, Caetano Veloso,
entre outros, o genial instrumentista e sofisticado inventor de melodia e harmonias[carece
de fontes?], ganhou notoriedade com as antológicas canções Baião (1946), Asa Branca
(1947), Siridó (1948), Juazeiro (1948), Qui Nem Jiló (1949) e Baião de Dois (1950)
Luiz Gonzaga nasceu numa fazendinha no sopé da Serra de Araripe, na zona rural
do sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma
de suas primeiras composições. Sua mãe chamava-se Ana Batista de Jesus (ou
simplesmente Santana). Seu pai, Januário José dos Santos, trabalhava na roça, num
latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento). Foi
com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando
passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai.
Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo
seguindo carreira musical no sudeste do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o
baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em
parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
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ANEXO 3
INTERNET
http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/orientador-
educacional/orientador-educacional-424364.shtml
Quem é o e que faz o orientador educacional Esse é o profissional que se preocupa com a formação pessoal de cada estudante
Na instituição escolar, o orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão. Ele trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com a escola, na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis.
Apesar da remuneração semelhante, professores e orientadores têm diferenças marcantes de atuação. "O profissional de sala de aula está voltado para o processo de ensino-aprendizagem na especificidade de sua área de conhecimento, como Geografia ou Matemática", define Mírian Paura, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. "Já o orientador não tem currículo a seguir. Seu compromisso é com a formação permanente no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre discutindo, analisando e criticando." Embora esse seja um papel fundamental, muitas escolas não têm mais esse profissional na equipe, o que não significa que não exista alguém desempenhando as mesmas funções. Para Clice Capelossi Haddad, orientadora educacional da Escola da Vila, em São Paulo, "qualquer educador pode ajudar o aluno em suas questões pessoais". O que não deve ser confundido com as funções do psicólogo escolar, que tem uma dimensão terapêutica de atendimento. O orientador educacional lida mais com assuntos que dizem respeito a escolhas, relacionamento com colegas, vivências familiares. Se você se interessa em seguir essa carreira, saiba que é preciso ter curso superior de Pedagogia ou pós-graduação em Orientação Educacional.
O que ele faz Contribui para o desenvolvimento pessoal do aluno. Ajuda a escola a organizar e realizar a proposta pedagógica. Trabalha em parceria com o professor para compreender o comportamento dos alunos e agir de maneira adequada em relação a eles. Ouve, dialoga e dá orientações.
37
BIBLIOGRAFIA
AURÉLIO. Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
BARBOSA, M. C. S. e HORN, M. G. S.. Projetos Pedagógicos na educação
infantil.Porto Alegre: Artmed, 2008.
HERNÁNDEZ, F. e MONTSERRAT, V. A organização do currículo por projetos
de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Tradução: Jussara Haubert
Rodrigues. 5º ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
LUCK, Heloísa. Planejamento em Orientação Educacional. 6ª ed. Petrópolis:
Vozes, 1992.
____________. Planejamento em Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes,
2011.
GRINSPUN, M.P.S.Z.(Org). A Prática dos Orientadores Educacionais. São
Paulo: Cortez, 1994.
_________________. A Orientação Educacional: conflito de paradigmas e
alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2001.
VEIGA, I. P. A. (Org.). Projeto Politico-Pedagógico da Escola: uma construção
possível. 6ª ed. Campinas, SP: Papirus, 1995.
38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A importância dos Projetos Educacionais na Educação 10
CAPÍTULO II
O papel do Orientador Educacional na orientação dos Projetos 14
CAPÍTULO III
Projetos de Investigação: O Orientador Educacional face aos conflitos 18
3.1- Projeto: “O Rio das Pedras canta e se encanta por Luiz Gonzaga, pela
sustentabilidade e cuidado com a vida” 18
3.2- Projeto: “O Centenário de Jorge Amado” 23
CONCLUSÃO 26
ANEXOS 28
BIBLIOGRAFIA 37
ÍNDICE 38