UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O SUPERVISOR ESCOLAR FRENTE AOS DESAFIOS DA
ESCOLA ATUAL
Por: Sonia Maria da Cruz Lira
Orientador
Profª. Mary Sue
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O SUPERVISOR ESCOLAR FRENTE AOS DESAFIOS DA
ESCOLA ATUAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Administração e
Supervisão Escolar
Por: . Sonia Maria da Cruz Lira
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AGRADECIMENTOS
% Agradeço em primeiro lugar à Deus, pelo dom da vida que ele me deu, sua presença constante em meu viver, pela força, coragem e determinação, pois sei que a minha vitória foi ele quem deu.
% Ao meu amado esposo Ricardo, pelos momentos difíceis, pela compreensão e carinho que me fizeram crescer e acreditar cada vez mais nos meus ideais. Você me ajudou a concretizar este sonho. % Aos meus queridos pais: Ramiro e Lindaura, por ter-me feito a mulher que hoje sou. Aos meus sempre presentes irmãos, sobrinhos e tios pelo incentivo e especialmente minha irmã Flávia que caminhou comigo nesta jornada. % E finalmente meus agradecimentos são também a todos que direta ou indiretamente contribuíram neste meu caminhar, em particular a minha querida orientadora Profª. Mary Sue. % O meu carinhoso abraço a todos que acreditaram em mim.
Sonia Maria da Cruz Lira Maia
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu filho Ricardo Júnior, bênção que Deus me deu; a você amor de minha vida, razão da minha luta, pela compreensão dos momentos ausentes em que o privei de minha companhia.
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RESUMO
Esta monografia trata de uma questão atual: os desafios enfrentados
pelo Supervisor Educacional. A temática escolhida tem por objetivo
colaborar na construção de ideias acerca das questões que envolvem
discussões pedagógicas de extrema relevância, em particular no que se
refere aos desafios enfrentados pelo supervisor escolar dentro do âmbito
educacional e à maneira como são designadas as funções de supervisor
pedagógico em suas assessorias aos professores no planejamento e
desenvolvimento curricular e os desafios de seu desempenho visando à
construção de uma escola mais justa e igualitária. Para fundamentar o
assunto, algumas referências bibliográficas foram utilizadas como
argumento teórico, a fim de construir o alicerce de minha argumentação.
Serão abordadas questões sobre a compreensão da relação
supervisor/professor e a importância da formação continuada. Percebe-se
que estão envolvidas inúmeras questões no espaço de ação do Supervisor
Escolar nos espaços institucionais de educação, demandas que acabam por
exigir dele próprio enquanto profissional, um desafiar-se constante, uma
busca de formação para contribuir com seus pares.
Palavras-chave: supervisão, formação continuada, desafios,
6
METODOLOGIA
Minha pesquisa será fundamentada na metodologia bibliográfica.
O uso desta metodologia busca a democratização das práticas educativas e
sociais. Será usada uma investigação qualitativa, que considera a
subjetividade e o aspecto sócio histórico dos sujeitos investigados. Utilizarei
o método descritivo para observar, registrar, analisar, descrever e
correlacionar fatos sem influenciar; com o objetivo de verificar como o
supervisor escolar enfrenta os desafios que propõe sua função dentro da
escola e quais as consequências e implicações do seu desempenho para
uma prática pedagógica democrática a fim de percebermos como se dá
esse processo nos diferentes contextos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A História do Supervisor Escolar e suas funções 11
CAPÍTULO II - Os desafios da relação Supervisor X Professor 19
CAPÍTULO III – O Supervisor frente à Educação Inclusiva e a
Formação Continuada 28
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 40
ANEXOS 58
ÍNDICE 59
FOLHA DE AVALIAÇÃO 63
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INTRODUÇÃO
Esta monografia é requisito parcial de conclusão do curso de Pós-
Graduação em Administração e Gestão Escolar da AVM Faculdade
Integrada, cujo tema central de investigação é – “O Supervisor Escolar
frente aos desafios da escola atual.”
Diante das significativas mudanças no perfil da Educação Brasileira
nas últimas décadas, vêm à tona às discussões pedagógicas aspectos de
extrema relevância, em particular no que se refere aos desafios enfrentados
pelo supervisor escolar dentro do âmbito educacional, à maneira como são
designadas as funções de supervisor pedagógico em suas assessorias aos
professores no planejamento e desenvolvimento curricular e os desafios de
seu desempenho visando à construção de uma escola mais justa e
igualitária.
Diante do exposto, elaboro a questão norteadora desse projeto.
Como o Supervisor Escolar vem encarando os desafios que sua função
exige dentro de uma perspectiva democrática?
A escolha do tema “O supervisor escolar frente aos desafios da
escola na atualidade”, baseia-se na abordagem dessas questões
relacionadas à realidade escolar, tendo como objetivo expor as
possibilidades de atuação deste profissional.
Acredita-se que o Supervisor Escolar tem uma grande
responsabilidade para a construção de um mundo mais justo e igualitário na
medida em que promova ações que visem incentivar uma gestão
participativa e a construção de uma visão crítica do contexto social da
escola em que trabalha. Essa consciência deve dar ênfase a novas práticas
para que se possa minimizar os conflitos que se instauram no processo
educativo.
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Historicamente, a função do Supervisor Escolar modificou-se. Seu
objeto de trabalho e suas ações, inicialmente voltados para o controle e para
a inspeção, passam a ser mais complexos e desafiadores, pois dizem
respeito à formação, à orientação, ao acompanhamento do trabalho
pedagógico dos professores em serviço.
A intenção desse trabalho é mostrar que a ação pedagógica
transcende a simples transmissão de conhecimento, pois envolvem
pessoas, valores, saberes, culturas, concepções e experiências diversas
daqueles que as realizam.
Percebe-se que estão envolvidas inúmeras questões no espaço de
ação do Supervisor Escolar nos espaços institucionais de educação,
demandas que acabam por exigir dele próprio enquanto profissional, um
desafiar-se constante, uma busca de formação para contribuir com seus
pares.
Dentro dessa perspectiva, a supervisão caracteriza-se por “(...) um trabalho
de assistência ao professor, em forma de planejamento, acompanhamento,
coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento de
processo ensino-aprendizagem” (RANGEL, 1988, p.13 apud ALARCÃO,
2007, p.12).
A caracterização da Supervisão precisa ser definida e assumida pelo
Educador e pelo Supervisor. É uma opção que lhe confere responsabilidade
e a tranquilidade de poder. O Supervisor Educacional deverá ser capaz de
desenvolver e criar métodos de análise para detectar a realidade e daí gerar
estratégias para a ação; deverá ser capaz de desenvolver e adotar
esquemas conceituais autônomos e não dependentes, diversos de muitos
daqueles que vem sendo empregados como modelo, pois um modelo de
Supervisão não serve a todas as realidades.
Para realizar o processo metodológico sobre os desafios do
Supervisor escolar dentro junto às escolas, será necessário fazer uma
investigação preliminar da própria percepção e compreensão dos elementos
10
que compõem essa realidade a fim de identificar os aspectos a serem
trabalhados.
A pesquisa será fundamentada na metodologia bibliográfica. O uso
desta metodologia busca a democratização das práticas educativas e
sociais. Será usada uma investigação qualitativa, que considera a
subjetividade e o aspecto sócio histórico dos sujeitos investigados, utilizando
o método descritivo para observar, registrar, analisar, descrever e
correlacionar fatos sem influenciar; com o objetivo de verificar como o
supervisor escolar enfrenta os desafios que propõe sua função dentro da
escola e quais as consequências e implicações do seu desempenho para
uma prática pedagógica democrática a fim de percebermos como se dá
esse processo nos diferentes contextos.
O objetivo principal deste trabalho é analisar como o Supervisor
escolar vem encarando os desafios impostos pela escola da atualidade.
Para atingir o mesmo, outros servirão de apoio à elucidação do tema, são
eles: analisar historicamente as funções do supervisor escolar; relacionar as
várias atribuições do supervisor dentro do âmbito escolar; elucidar os
aspectos entre e relação do professor com o supervisor escolar; analisar a
ação do supervisor escolar frente à educação inclusiva; ressaltar a
importância da formação continuada para o supervisor e toda a comunidade
escolar.
O capítulo 1 tratará da trajetória do Supervisor até os dias de hoje,
isso porque é importante entender o que foi pensado sobre o assunto antes
para analisarmos as funções e ações do Supervisor Escolar dentro da
escola atualmente, e de como ele entende os processos que permeiam a
Educação Inclusiva.
Em seguida, no capítulo 2, será abordada a questão da relação do
Supervisor com o corpo docente como foco de atenção de pesquisadores e
estudiosos, na necessidade da intervenção do supervisor, orientando o
professor para a reflexão do processo de ensino-aprendizagem.
E para finalizar, no capítulo 3, será elucidada a ideia de que, não só o
Supervisor Escolar, como os profissionais da área de educação, têm uma
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grande responsabilidade para a construção de uma escola mais justa e
igualitária na medida em que promovam ações que visem incentivar a
formação continuada como forma de potencializar o processo educativo e a
construção de uma visão crítica do contexto social em que estejam
inseridos, levantando algumas questões sobre a gestão participativa.
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CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DO SUPERVISOR ESCOLAR E SUAS
FUNÇÕES
A ideia da supervisão surgiu com a industrialização, no sentido de
melhorar a quantidade e qualidade da produção, sendo a supervisão uma
forma de reprimir, vigiar, controlar, monitorar manteve durante muito tempo
nos séculos XVIII e início do século XX.
Somente em 1841, que a supervisão começa a ter um olhar
direcionado para o ensino, com intuito da busca de um melhor desempenho
da escola em sua tarefa educativa e verificação das atividades docentes.
No início do século XX com a melhoria do ensino e das
aprendizagens dos alunos, a supervisão obtém uma nova função: de
transmitir, explicar, mostrar julgar e recompensar o trabalho escolar; com
isso começa a ser um líder democrático, pois assume um “caráter de
liderança, de esforço cooperativo para o alcance dos objetivos, com a
valorização dos processos de grupo na tomada de decisões.” (RANGEL,
2001, p. 78)
A supervisão escolar propriamente dita surge pela primeira vez no
Brasil com Reforma de Francisco Campos decreto Lei 19.890 de 18/04/31,
mas assumindo um papel bem diferente daquele que vinha sendo realizado,
de fiscalizar e inspecionar o trabalho docente, “... cabia também ao inspetor
geral presidir os exames dos professores e lhes conferir o diploma, autorizar
a abertura das escolas particulares e até rever os livros, corrigi-los ou
substituí-los por outros.” (FERREIRA, 1999, p. 65).
A inspeção escolar neste período era muita rígida. A escola se
preparava toda para receber o inspetor, este só aparecia na escola para
observar e fiscalizar todo o trabalho, desde o administrativo até o
pedagógico.
13
Na década de 1950, no Brasil a nomenclatura inspetor passa
para supervisor escolar que permeia a educação atual.
Neste período a formação dos primeiros supervisores foi
mediante os cursos promovidos pelo Programa América - Brasileiro de
Assistência ao Ensino Elementar (PABAEE), sendo que o supervisor
atenderia somente o ensino primário. Este curso PABAEE se expandiu pelo
Brasil inteiro durante os períodos de 1957 a 1963.
Assim a formação do supervisor escolar passou para o ensino
normal designada pela LDB 4.024/61, após sua promulgação ficou
estabelecido que os governos estaduais e municipais a incumbência de
organizar e executar os serviços educativos.
Neste âmbito, com as mudanças ocorrendo e com a política do
governo pós-64 a educação começou explicitamente atender os interesses
econômicos de segurança nacional, ou seja, o supervisor escolar tinha o
papel de controlar a qualidade e promover a melhoria do ensino, sendo que
este especialista deveria ter formação específica.
E foi a partir da lei 5540/68, que a supervisão passa a ter a sua
formação em nível superior.
Na década de 70 a supervisão escolar engloba todas as
atividades de assistência técnica – pedagógica e de inspeção administrativa,
afim de não só atender a escola, mais todo ensino, nos anos 80, surgiram
críticas sobre os papéis dos especialistas a fim de eliminá-los das escolas.
Analisou-se melhor esta situação e percebeu-se que o serviço da
supervisão escolar tem uma atuação eficaz, para a organização do trabalho
pedagógico. Já nos anos 90, retoma-se a supervisão com a nova LDB
9394/96 que propõe: que a formação de especialistas será oferecida nos
Cursos de Pedagogia em nível de Pós-Graduação ou Complementação,
com intuito de formação em exercício das práticas pedagógicas e como
estas deverão ser desenvolvidas, visto que o supervisor é aquele que
contextualiza, auxilia, pesquisa, coordena as atividades pedagógicas em
parceria com os professores.
14
Segundo Alves & Garcia (1986, p. 71):
Se a educação é a preparação para o exercício da cidadania, a luta em favor de uma escola pública de qualidade é condição para que se realiza o direito fundamental de todos os brasileiros á cidadania. Uma escola em que todos tenham não só o direito de acesso, mas a possibilidade de permanência e a garantia de nela se apossarem do conhecimento que os capacite para o exercício da cidadania.
Após esta retrospectiva, na qual aconteceram várias mudanças
no âmbito educacional interferindo nos papéis dos responsáveis pela escola,
pretende-se que o Supervisor Escolar do século XXI tenha uma postura de
pesquisador, cooperador, companheiro, flexível, integral e acima de tudo
comprometido com a eficiência do trabalho pedagógico e seja um
conhecedor das leis, para poder entender as normas que o regem.
O trabalho dos profissionais da educação em especial da supervisão
educacional é traduzir o novo processo pedagógico em curso na sociedade
mundial, elucidar a quem ele serve explicitar suas contradições e, com base
nas condições concretas dadas, promover necessárias articulações para
construir alternativas que ponham a educação a serviço do desenvolvimento
de relações verdadeiramente democráticas.
Para desenvolver o trabalho idealizado por Ferreira (2003), o
supervisor precisa ser um constante pesquisador, é necessário que ele
antecipe conhecimentos para o grupo de professores, lendo muito, não só
sobre conteúdos específicos, mas também livros e diferentes jornais e
revistas. Entre as tarefas do supervisor estão: ajudar a elaborar e aplicar o
projeto da escola, dar orientação em questões pedagógicas e
principalmente, atuar na formação contínua dos professores.
O supervisor faz a transposição da teoria para a prática escolar,
reflete sobre o trabalho em sala de aula, estuda e usa as teorias para
fundamentar o fazer e o pensar dos docentes. Um bom supervisor deve
apresentar em seu perfil as seguintes características: auxiliador, orientador,
dinâmico, acessível, eficiente, capaz, produtivo, apoiador, inovador,
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integrador, cooperativo, facilitador, criativo, interessado, colaborador,
seguro, incentivador, atencioso, atualizado, com conhecimento e amigo.
A supervisão escolar passa então a ser uma ferramenta de atuação
que tem como princípio o fazer, o agir, o movimentar, o envolver-se, o
modificar. Como é possível observar, a educação é uma tarefa e um
encargo coletivo no mundo de hoje, logo Cunha (2006. p. 271) diz o
seguinte:
É imperioso que o profissional da educação contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a resolução de problemas e enfrentamentos de desafios na escola.
Apontado o primeiro passo, que é o querer, logo em seguida
passando para outro, o fazer. Para se construir sociedades humanas, é
preciso interessar-se em pessoas, já que pessoas são mais importantes que
coisas, precisa-se criar uma cultura do fazer, do preocupar-se, do
incomodar-se com este sistema que hoje se faz presente.
A diferença está em aceitar como as crianças vêm, mas não deixá-las
sair da mesma forma que entraram. É preciso estar em um processo de
simbiose onde se passe a sentir o que os pequeninos sentem e
compreender como se pode ser instrumentos de ajuste social no contexto
que se apresenta na escola. Isto só é possível se houver o espírito de
altruísmo, já que nem sempre a supervisão escolar terá a seu dispor a
estrutura necessária para desenvolver seus projetos e suas metas.
O segredo do sucesso está em ouvir os educandos em suas
dificuldades e necessidades, buscar estabelecer entre educandos e
educadores um canal de comunicação que vise dar a eles a condição de
serem ouvidos.
A escola pode ajudar muito neste sentido, desde que todos os envolvidos
contribuam com sua parcela de ajuda comprometendo-se com o
desenvolvimento social, educacional e familiar de todos os educandos.
16
Segundo Ferreira (2003, p.10):
O papel da escola hoje é formar pessoas fortalecidas por seu conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de autocrítica, solidárias com o mundo exterior e capacitadas tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização profissional. Neste contexto, o diretor de escola é o principal responsável pela execução eficaz da política educacional.
O desafio para o profissional da Supervisão Escolar é enorme, ele
terá que muitas vezes ser um visionário, já que o reflexo de suas ações
poderá acontecer talvez no futuro e a construção do educando só será
sentida no decorrer dos anos, já que o trabalho de supervisores e
professores é feito coletivamente. Não se pode vislumbrar como as ações
afetarão aqueles que nos são confiados, ou de que forma afetarão todos
que rodeiam ou que sonham com a escola mais justa e mais humana. O que
se pode ter certeza é o futuro não será o mesmo.
Existe muita negatividade dentro das escolas e com pedagogos em
sua prática docente, e como sempre se encontra com estas situações
poderá até vivenciar esta desesperança que às vezes se abate sobre os
próprios ombros. Sem dúvida construindo bases sólidas de conhecimento,
relacionamento e respeito poderá mudar este estado de coisas que hoje se
abate no sistema educacional brasileiro.
Cabe ao Supervisor Escolar criar, portanto, condições próprias para
este grande projeto de vida que será o seu sacerdócio durante sua vida
profissional. Pode-se com certeza construir grandes valores no espaço da
escola criando uma onda de relacionamento com as famílias, comunidade,
escola, governo e envolvê-los na problemática da escola que irá com isto
atender os pressupostos básicos para a qual foi criada.
Os desafios são enormes, falta de estrutura, recursos escassos, má
vontade dos educadores, dos alunos dos funcionários administrativos, enfim
uma série de coisas que dificultam o trabalho do supervisor, mas que não
impedem que o mesmo possa criar na sua atividade profissional meios de
mudar esta realidade e fazer com que a escola mude sua cara, e se
transforme na escola ideal.
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As condições para mudar existem e o diferencial passa então, pelo
respeito às escolhas e depois a influência positiva que se pode ter sobre as
pessoas. Temos que ser como uma pequena pedra atirada no rio que
provoca pequenas ondas e que depois vão se tornando grandes até o ponto
de causar grandes transformações em todos que fazem parte da sociedade.
O supervisor pode ser o agente desta transformação se começar a
colocar em prática os conteúdos aprendidos em sala de aula e tão debatidos
na construção da nova escola, a escola que se quer para todos. Como
agentes da transformação cabe aos supervisores escolares dar o pontapé
inicial deste desejo nacional de mudanças e que só precisa começar e para
não mais parar, não se pode conformar com este estado de coisas, não
existe o não consigo, existe sim o não quero.
O supervisor, na atual realidade, é capaz de pensar e agir com
inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade, valores esses que requerem
habilidade para exercer suas atividades de forma responsável e
comprometida.
Na década de 90, a supervisora é apontada como instrumento
necessário para mudança nas escolas. Justamente nesta década, segundo
Ferreira (2003, p. 74):
[...] desempenha-se o supervisor competente, entendendo-se que a competência é, em si, um compromisso público com o social e, portanto, com o político, com a sua etimologia na polis, cidade, coletividade. E o interesse coletivo opõe-se ao interesse individualizado, na educação e no seu serviço de supervisor.
Os sinais de descaso estão por toda a parte. A falta de interesse dos
governantes, falta de recursos nas escolas, baixos salários, falta de um
projeto serio de escolarização e políticas públicas em todos os níveis, pois o
que há hoje é um paliativo que não atende a demanda crescente do povo.
Cada vez mais os alunos saem das escolas sabendo menos do que
precisam para suas vidas, não há uma visão critica de formar cidadãos por
18
isto é necessário que se tenha supervisores audaciosos que ousem sonhar
e realizar, que sejam verdadeiros guerreiros da transformação, arautos do
conhecimento, defensores da verdade, e principalmente que ame as
pessoas.
Alunos desinteressados, analfabetos funcionais, baixa qualificação
profissional, despreparo emocional, são apenas alguns sintomas desta
doença que se instalou no meio escolar. Reflexo da falta de interesse da
maioria dos envolvidos no processo que não querem ou não sabem que o
sucesso desta empreitada nacional é para toda a vida.
No livro o Monge e o Executivo, aprende-se que quando mais
autoridade mais responsabilidade se tem, e que só depende de cada um
fazer a diferença na escola. Segundo Hunter (2004, p.95) "então, por
definição quando você exerce autoridade deverá doar-se, amar, servir e até
sacrificar-se pelos outros". Pode-se contaminar a todos com a energia,
alegria, serviço, altruísmo, sonhos e fazer com que os educandos e
educadores se libertem deste sistema padronizado de escolhas que hoje
esta vigente.
Supervisor escolar deve, portanto, ser esta ponte de acesso entre
todos, possibilitando um maior conhecimento entre os participantes desta
grande aventura que é a formação de pessoas para a sociedade. Somente
sendo um profissional antenado com estas características e com as
necessidades de todos os envolvidos tendo um forte senso de
responsabilidade e de iniciativa não esperando por quem não vem é que
seremos profissionais de sucesso e cidadãos realizados. O grande sucesso
que o supervisor escolar terá em sua vida pessoal será a certeza de ter
contribuído para o sucesso de muitas vidas que cruzarão seu caminho no
decorrer dos anos da docência.
Trabalhando em equipe, todos os profissionais envolvidos terão não
as melhores condições para desenvolver suas metas mais com certeza
terão o apoio moral que faz toda a diferença nos dias atuais. Diante das
diferentes e diversificadas funções do supervisor escolar, pode-se citar
como a de maior relevância a de coordenador, onde a organização do
19
trabalho é comum, onde a unificação dos alunos, professores, equipe
pedagógica e direção da escola.
É diante destas responsabilidades que se fazem necessárias
mudanças significativas na formação e postura do supervisor escolar, e com
isso reconhecendo seus aspectos gerais, onde Ferreira (2003, p.75) diz:
Ressignificar e revalorizar a supervisão, reconceitua-se, de modo a compreendê-la, na sua ação de natureza educativa e, portanto sociopedagógica, no campo didático e curricular do seu trabalho, no seu encaminhamento de coordenador.
Talvez uma das grandes dificuldades do ser humano seja
exatamente esta, precisamos de destaque a todo o momento, logo
precisamos refletir sobre o que diz Ronca (1995, p.32):
Nenhum educador cresce se não reflete sobre seu desempenho enquanto profissional e se não reflete sobre a ação que foi desenvolvida. Só entramos na práxis quando refletimos sobre a prática.
Cada ser social, cada aluno é um indivíduo em especial, com
características próprias de aprendizagem e necessidades diferentes. De
acordo com Gadotti e Romão apud Oliveira (2003 p.330):
Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida.
Cabe, portanto ao supervisor escolar estar sintonizado com as
necessidades da comunidade e propor projetos que atendam aos anseios
de todos que almejam futuro melhor. Muita coisa pode ser feita no contexto
escolar, pode-se desenvolver atividades que aproximem a comunidade da
escola, da família e dos objetivos para a qual ela existe. A escola como
espaço social e público deve ter esta característica de servir a todos os que
a procuram, bem como envolver outros segmentos da sociedade em suas
atividades.
20
CAPÍTULO II
A RELAÇÃO ENTRE O SUPERVISOR ESCOLAR E
OS PROFESSORES
Um dos assuntos mais polêmicos da atualidade e que vem sendo
amplamente discutido é a educação, no seu sentido de formação humana.
Educar é uma tarefa que exige comprometimento, perseverança,
autenticidade e continuidade. As mudanças não se propagam em um tempo
imediato, por isso, as transformações são decorrentes de ações. No
entanto, as ações isoladas não surgem efeito. É preciso que o trabalho seja
realizado em conjunto, onde a comunidade participe em prol de uma
educação de qualidade baseada na igualdade de direitos.
Com base em tais considerações, o supervisor escolar representa
um profissional importante para o bom desempenho da educação escolar, o
grupo escolar, o qual deve opinar expor seu modo de pensar e procurar
direcionar o trabalho pedagógico para que se efetive a qualidade na
educação. Na atualidade o supervisor se direciona para uma ação mais
científica e mais humanística no processo educativo, reconhecendo,
apoiando, assistindo, sugerindo, participando e inovando os paradigmas,
pois tem sua “especialidade” nucleada na conjugação dos elementos do
currículo: pessoas e processos. Desse modo, caracteriza-se pelo que
congrega, reúne, articula, enfim soma e não divide.
Silva afirma que (1985, p.68):
É o Supervisor Educacional um criador de cultura e de aprendizagens não apenas intelectual e/ou técnica, mas também afetiva, ética, social e política, que se questiona e questiona o circunstancial, definindo e redefinindo propriedades em educação no momento histórico brasileiro.
21
Neste contexto, compreender e caracterizar a função supervisora
no contexto educacional brasileiro não ocorre de forma independente ou
neutra. Essa função decorre do sistema social, econômico e político e está
relacionada a todos dos determinantes que configuram a realidade brasileira
ou por eles condicionada.
O desenvolvimento da sociedade moderna representa motivos de muita
reflexão, principalmente pelo fato de que a área educacional possui muitos
problemas e que diretamente vinculam-se as demais atividades sociais visto
que são tais profissionais que irão atuar junto ao mercado de trabalho.
Silva (1981, p.10) afirma que:
A escola é um sistema social, exigindo, para subsistir, que os papéis estejam claramente diferenciados e designados. Os indivíduos que desempenham papéis devem ser adequadamente treinados e distribuídos entre as diferentes posições. Enfim, todos os atores podem relacionar-se, uma vez que, aceitem as mesmas normas sobre os objetivos que buscam e os meios que empregam para alcançá-los.
Existe uma preocupação com a formação humana e com a forma
com que o educando vem obtendo o conhecimento científico. Acredita-se na
viabilidade de fazer do ambiente escolar um espaço construtivo, que
desperte o interesse do educando para aprender e fazer do professor um
mediador do saber.
A esse respeito Silva Junior (1997, p.96) acrescenta:
Se não cabe ao supervisor impor soluções ou estabelecer critérios obrigatórios de interpretação, cabe – lhe, sem duvida, por ser brasileiro e por ser um educador responsável, ajudar na construção da consciência histórico-política necessária à luta contra a dominação. Isso implica uma posição de profunda atenção aos fatos do cotidiano escolar e do cotidiano da sociedade que lhe assegure condições de analise adequada do significado das ocorrências que se vão acumulado.
Trata-se de ignorar as velhas práticas educacionais e acreditar na
possibilidade de construir uma sociedade onde o homem tenha consciência
do seu papel e da sua importância perante o grupo.
22
Santos e Haerter (2004, pág. 3) assinalam:
A necessidade de empreendermos tentativas de rompimento com verdadeiros “receituários” que todos nós professores tínhamos no sentido de “educar é assim”, “conhecimento é isso”, “é preciso cumprir o programa de conteúdos”, o que não nos causa estranhamento, uma vez que somos frutos de uma maneira bastante específica de ser, pensar, sentir e agir no mundo, identificada com a concepção cartesiana de conhecimento, que orientou e ainda orienta os conceitos e práticas relacionados à gestão e ao ensino na educação.
Acredita-se que se existem falhas no sistema educacional a
melhor maneira de redimensionar o trabalho é assumir o compromisso de
fazer do trabalho educacional uma meta a ser atingida por todos. Nessa
busca incessante por uma nova postura de trabalho, o professor possui um
papel fundamental, por isso, deve recuperar o ânimo, a sede e a vontade de
educar e fazer do ensino uma ação construtiva. Deve agir como um
verdadeiro aprendiz na busca pelo conhecimento e fazer desta ferramenta
um compromisso social.
Diante das perspectivas de inovação o supervisor escolar
representa uma figura de inovação. Aquele profissional que assume o papel
fundamental de decodificar as necessidades, tanto da administração
escolar, a fim de fazer com que sejam cumpridas as normas e como
facilitador da atividade docente, garantindo o sucesso do aprendizado.
Contudo, a ação supervisora tornar-se-á sem efeito se não for integrada
com os demais especialistas em educação.
Medina (1997) argumenta que nesse processo, o professor e
supervisor têm seu objeto próprio de trabalho: o primeiro, o que o aluno
produz; e o segundo, o que o professor produz. O professor conhece e
domina os conteúdos lógico-sistematizados do processo de ensinar e
aprender; o supervisor possui um conhecimento abrangente a respeito das
atividades de quem ensina e das formas de encaminhá-las, considerando as
condições de existência dos que aprendem (alunos).
O que de forma alguma é admissível é manter as velhas políticas
de submissão, onde toda a estrutura escolar submetia-se aos interesses da
23
classe dominante. De certa forma, tem-se a impressão de ser esta uma
postura radical. No entanto, busca-se uma escola cidadã, onde haja
comprometimento com o ensino, com a aprendizagem, onde o professor
seja valorizado enquanto profissional e onde o supervisor consiga
desenvolver com eficiência a sua função. A nova realidade denota que a
função do supervisor educacional assume um parecer diferente do que era
conceituada na escola tradicional.
Passerino (1996, pág. 39) estabelece alguns conceitos
fundamentais que se tornam suporte desta nova concepção do supervisor
educacional:
• Práxis via análise do cotidiano: é preciso olhar a
realidade presente em sala de aula e os conceitos trazidos pela
criança para refletir os métodos e modo como devem ser trabalhos no
espaço escolar;
• Diálogo inclui conflito: o diálogo representa uma
possibilidade de desenvolvimento das relações interpessoais de
modo a permitir a análise e o desocultamento da realidade. Ser
dialógico é permitir que cada educando exponha seu modo de pensar
mesmo que este não seja coerente com a sua visão. Todavia para
administrar os conflitos que podem ser gerados o professor precisa
desenvolver uma série de dinâmicas em grupo;
• Conscientização a partir da dúvida e do questionamento:
o supervisor deve atuar na dinamização de um clima de análise das
rotinas da escola para que as mesmas possam ser confrontadas com
as novas ideias que se almeja desenvolver. Convém destacar que o
processo de desenvolvimento da consciência é lento e requer uma
interpretação abrangente do todo;
• O método dialético supera a visão parcial: a aplicação
do método dialético proporciona uma visão objetiva de toda a
realidade permitindo a compreensão entre o velho e o novo. A partir
destas o supervisor pode encaminhar estratégica concreta para a
superação das dificuldades encontradas.
24
• Participação crítica para a transformação: a escola
segundo a visão de educação libertadora colabora para a
emancipação humana à medida que garantem o conhecimento às
camadas menos favorecidas da sociedade. Assim sendo, o
supervisor, deve ser aquela pessoa que orienta e estimula a
concretização de um projeto transformador sob o qual são elaborados
esforços coletivos para a obtenção dos êxitos.
Para Passerino (1996, pág. 40):
O trabalho do supervisor educacional deve ser orientado pela concepção libertadora de educação, exige um compromisso muito amplo, não somente com a comunidade na qual se está trabalhando, mas consigo mesmo.
Trata-se de um compromisso político que induz a competência
profissional e acaba por refletir na ação do educador, em sala de aula, as
mudanças almejadas. Todavia, a tarefa do supervisor é muito difícil de ser
realizada, exige participação para a integração em sua complexidade.
Assim, descreve Gandin (1983, pág. 89), esta ação não é fácil,
porque:
• Exige compromisso pessoal de todos;
• Exige abertura de espaços para a participação;
• Há necessidade de crer, de ter fé nas pessoas e nas
suas capacidades;
• Requer globalidade (não é participação em alguns
momentos isolados, mas é constante);
• Distribuição de autoridade;
• Igualdade de oportunidades em tomada de decisões;
• Democratização do saber.
No entanto, diante do exposto até aqui se conclui que a escola,
como parte integrante da totalidade social, não é um produto acabado. É
resultado, dos conflitos sociais que os trabalhadores vivem nas relações de
produção e nas relações sociais.
25
Contudo, caracteriza Brandão (1999, em seu artigo):
A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão é transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros.
Para que a escola possa cumprir com este papel, será necessário
investir na mudança de atitude do seu professor, do supervisor, no sentido
de criar condições que favoreçam este elo, tendo como objetivo a
valorização e a cultura do aluno e busque promover o diálogo com a cultura
erudita. Sem dúvida, é imprescindível a presença do supervisor, como
instigador da capacitação docente, destacando a necessidade de adquirir
conhecimento e condições de enfrentar as dificuldades próprias de sua
profissão, como também, estar preparado para administrar as constantes
mudanças, no contexto escolar.
Ressaltando que a LDB, no seu capítulo IX afirma:
Quando se fala em uma nova abordagem pedagógica (...) e avaliação contínua do aluno, tudo isto exige um novo tipo de formação e treinamento ou retreinamento de professores.
Medina (1997) aduz que o supervisor, tomando como objeto de
seu trabalho a produção do professor, afasta-se da atuação hierarquizada e
burocrática - que sendo questionada por educadores, e passa a contribuir
para um desempenho docente mais qualificado. Assim, torna-se desafio do
professor a busca do conhecimento para poder encaminhar e articular o
trabalho nas diferentes áreas; reflexões permanentes sobre os princípios
que fundamentam os valores, objetivando a construção da cidadania no
espaço escolar.
Neste sentido, o professor passa a ser visto como um elemento
fundamental responsável pela construção da sociedade, tendo em vista
resultados a curto, médio e longo prazo. A LDB no seu art. 22 afirma:
26
A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Lembrando que a escola deve trabalhar a educação, de maneira
a ajudar de forma intencional, sistemática, planejada e contínua para os
alunos que a frequentam. Esta educação deve ser diferente da forma como
fazem as outras instituições como: a família, os meios de comunicação, o
lazer e os outros espaços de construção do conhecimento e de valores para
convivência social.
Deve, portanto, assumir explicitamente o compromisso de educar
os seus alunos dentro dos princípios democráticos. Ela precisa ser um
espaço de práticas sociais em que os alunos não só entrem em contato com
valores determinados, mas também aprendam a estabelecer hierarquia
entre valores, ampliam sua capacidade de julgamento e realizam escolhas
conscientes, adquirindo habilidades de posicionar-se em situações de
conflito.
De acordo com os PCNs (1997), como princípio, o espaço escolar
caracteriza-se como um espaço de diversidade. O caráter universal do
ensino fundamental, definido em lei, torna a escola um ponto de
convergência de diversos meios sociais, traz para o seu seio os mais
variados valores expressos na diversidade de atitudes e comportamentos
das pessoas que a integram. Como instituição permanente, defronta-se com
o desafio da constante mudança em seu interior. Coloca-se para a escola a
questão de como enfrentar o conflito entre suas normas e regras e aqueles
valores que cada um de seus membros traz consigo. Tal conflito traduz-se
frequentemente em problemas que, se não são novos, têm se tornado cada
vez mais relevantes no espaço escolar, como, por exemplo, a indisciplina e
a violência, portanto, a necessidade de problematizá-las na perspectiva de
uma formação moral.
Logicamente o supervisor escolar, em suas ações, pode delinear
o início de uma nova era educacional, onde haja mais coletividade e o
27
ensino seja buscado com qualidade, priorizando o aluno e valorizando as
experiências significativas.
A liderança do supervisor garante o compromisso do professor
ensinar e do aluno aprender, mediando as práticas do desenvolvimento
pedagógico dentro da realidade escolar desejada. Na parceria entre
professor e supervisor há posições definidas que indicam o objeto de
ação/reflexão para a ação supervisora, a fim de superar impasses
conceituais do termo supervisão, compreender a escola como local de
trabalho, conceber o professor como um dos trabalhadores da escola e o
próprio supervisor identificar-se como trabalhador da escola, desmistificar a
figura do supervisor escolar, conceber-se como sujeito que produz e
reproduz, pesquisa formas diferentes de aprender, ensinar e orientar, admitir
que o professor em sala tem sua própria produção, perceber que é na
interação entre professor e aluno que se encontra o eixo principal da
aprendizagem na escola.
Ferreira (1999) afirma que supervisor é aquele que:
Assegura a manutenção de estrutura ou regime de atividades na realização de uma programação/projeto. É uma influência consciente sobre determinado contexto, com a finalidade de ordenar, manter e desenvolver uma programação planejada e projetada coletivamente.
Ser supervisor não é ocupar um cargo que oferece privilégio, e
sim um cargo que envolve total ação com os professores, a comunidade e o
desejo dos alunos, participando e também observando o desenvolvimento
cotidiano na escola, reproduzindo esses desejos. O supervisor deve agir de
acordo com as exigências determinadas pela instituição, percebendo que as
escolas são diferentes e a forma de agir do supervisor nunca será a mesma.
Cada escola considera suas necessidades, desejos, projetos e o supervisor
deve se adaptar a esses elementos, contribuindo para um desempenho
docente mais qualificado, em vez de prestar um serviço de assessoria e/ou
consultoria.
28
De acordo com Rangel et alli (2001, p. 12) relatam que:
A supervisão passa de escolar, como é frequentemente designada, a pedagógica e caracteriza-se por um trabalho de assistência ao professor, em forma de planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento de processo ensino-aprendizagem. A sua função continua a ser política, mas é uma função sociopolítica crítica (...).
Enfim, o supervisor é um problematizador do desempenho
docente, indagando, comparando, duvidando, opinando, questionando e
apreciando situações, sejam essas de ensino geral ou da classe regida por
determinado professor. O supervisor é um relevante parceiro político-
pedagógico do professor em um movimento de ação continuada,
viabilizando anseios coletivos e proporcionando subsídios para que os
projetos do corpo docente e discente tomem direção e se concretizem.
29
CAPÍTULO III
O SUPERVISOR FRENTE À EDUCAÇÃO INCLUSIVA E
A FORMAÇÃO CONTINUADA
Na sociedade cibernética em que vivemos, as grandes
transformações nas políticas sociais e na educação são nítidas, exigindo
dos professores-educadores novas atitudes frente a uma realidade
desconhecida, desafiadora e necessária. A educação incorporou no espaço
escolar a educação inclusiva (através da lei nº 9.394 de 20 de dezembro de
1996) como necessidade prioritária no que se refere a um ensino
humanizador e integrado, possibilitando uma mudança tão almejada ao
longo de várias décadas – a inserção de todos os indivíduos no ambiente
escolar.
A escola, sendo uma entidade unitária, passa por um momento
auspicioso, necessitando de métodos, recursos, habilidades e estratégias
para incorporarem em sua estrutura ferramentas de mudanças, no tocante a
uma educação diferenciada, no momento contemporâneo e específico da
educação inclusiva. (ALARCÃO, 2000).
E, neste complexo universo da educação, destaca-se o papel do
supervisor escolar, uma vez que tem na sua prática o exercício de equalizar
as oportunidades, de melhorar a produtividade do ensino na efetivação do
desenvolvimento de projetos, promovendo mudanças estruturais
significativas e fundamentais em qualquer coletividade, sendo o agente
modelador que lidera e media as metas e dificuldades, estando a educação
inclusiva amparada muitas vezes por este. (DUY, 2007).
Nesta perspectiva, Alarcão (2000, pág. 120) discorre sobre a
atuação do supervisor:
30
Este tem o papel: i) conhecimento da escola como organização, como uma missão, um projeto e um determinado nível de desenvolvimento; ii) conhecimento dos membros da escola e das suas características como indivíduos - grupos; iii) conhecimento das estratégias de desenvolvimentos institucional e profissional; iv) conhecimento do fenômeno da aprendizagem qualificante, experiencial e permanente; v) conhecimento de metodologias de ação, investigação e formação; vi) conhecimento de metodologias de avaliação da qualidade (das aprendizagens, do desempenho, institucional); e vii) conhecimento das ideias e das políticas atuais sobre educação, juntamente com a integração de práticas para todos os profissionais da área em determinadas exigências dos projetos e políticas efetivadas.
Percebe-se a difícil tarefa do supervisor, este sendo muitas vezes
retratado pelos professores como um mediador indébito e totalmente
fiscalizador, não promovendo articulação do processo de integração e
flexibilização das ações pedagógicas com o corpo atuante no espaço intra-
escolar, mais especificamente na sala de aula.
No mosaico que compete ao supervisor no que diz Alarcão (2002,
pág. 232) que é: “facilitar, liderar e dinamizar, os profissionais da educação
no interior da escola”, torna-se preocupante a realidade da supervisão no
Brasil, pois conforme Duy (2007, pág. 137) diz: “não existe no nosso país
um retrato completo da educação inclusiva, e nem a preparação –
capacitação – dos dirigentes no auxilio das atividades escolares – diretores
e supervisores, muito menos professores”, o que dificulta a tarefa do
educador na atuação da nova realidade educacional, prejudicando
consideravelmente os alunos e suas necessidades. O que faz necessário
refletir a retratação de Oliveira (2000) para a atual situação que vivenciamos
no cenário educacional, no âmago inclusivo.
[...] a responsabilidade ao nível de coordenação e liderança pedagógica, no aspecto curricular, acompanhamento, orientação profissional, coordenação disciplinar e educativa, é uma vertente da direção e principal da supervisão, que esta infelizmente está fadada a não realização desta na educação exigida no mundo contemporâneo. (OLIVEIRA, 2000, pág. 49).
Para que a aplicação e efetivação de uma educação inclusiva
aconteçam de fato com prática e respostas da atuação dos supervisores, é
31
preciso que estes sejam capacitados, atendendo a qualidade que a
educação merece, como nos aponta Vasconcellos (2002, pág. 71):
[...] é preciso ter pessoas altamente qualificadas neste âmbito a fim de ajudar na coordenação da travessia, não como o ‘iluminado’, dono da verdade, mas naquela perspectiva que apontamos do intelectual orgânico: alguém que ajuda o grupo na tomada de consciência do que está vivendo para além das estratégias de intransparências que estão a nos salientar, a preparação a nos preparar, a ajudar o aluno [...].
Nesta realidade opaca que a educação vivência, no dualismo da
percepção da mudança e na omissão de efetivação de capacitados, torna-
se realidade nos cursos de pedagogia e áreas afins a formação de
profissionais com disciplinas que visem esta tendência existente, o que é
sentido desde o final do ano de 2005, mas que remotamente se faz com
eficiência, uma vez que sua carga horária é diminuta em relação às demais
disciplinas (FERREIRA, 1999) e (HARRIS, 2002).
A caracterização e compreensão da função do supervisor no
contexto educacional brasileiro decorrem do sistema social, econômico e
político implantado no sistema do ensino, e a supervisão justifica-se como
um meio de garantir a execução do que foi planejado e que infelizmente não
ocorre com maestria (SILVA, 1985). E, para mudar este palco “sem”
realizações notórias, faz-se necessário no sistema escolar um número maior
de supervisores e, que estes sejam bem preparados, pois auxiliam o
trabalho do professor, usando do seu suporte técnico especializado um
referencial na sua atuação, como diz Silva Junior (1997):
[...] a supervisão no Brasil hoje significa necessariamente pesquisar supervisão. Pesquisar “a” e “para” a supervisão. Significa consequentemente, examinar criticamente à prática que se desenvolve e investiga as situações e as condições que possam contribuir para o desenvolvimento qualitativo dessa prática, para de fato pensar em mudanças no ensino e nos seus projetos, pois este auxilia no trabalho do professor, na escola [...]. (SILVA JUNIOR, 1997, pág. 100).
A educação inclusiva é mais que um processo de reestruturação
da prática educativa, mais que uma abordagem crítica, renovadora,
32
democrática, humanista, libertária, onde o legado psico-médico, as
discussões sociológicas, as abordagens curriculares, as estratégias de
melhoria da escola e as críticas aos estudos das “deficiências” adentraram o
espaço da prática, no cosmo do ensino, e neste mundo de desafios e
possibilidades o supervisor necessita de um olhar diferenciado, oferecendo
ao mesmo a aos educandos o direito à educação inclusiva e,
consequentemente, a afirmação de sua cidadania.
Com a chegada do século XXI, chegaram também as mudanças
na educação, algumas decorrentes das transformações mundiais, outras
exigidas pelo novo contexto no qual a escola está inserida. Pode-se então,
conforme Ramal (1997), dizer que surge um novo paradigma em educação,
que já aparece na prática dos educadores que estão antenados com as
mudanças e que buscam trabalhar de modo a contribuir com a construção
de um novo tempo.
Vive-se ainda um período de transição, no qual se vislumbra
novas possibilidades, apesar de nem todas elas estarem de fato sendo
aplicadas e consolidadas no fazer pedagógico dos educadores. Pensando
nestes aspectos, pode-se traçar um paralelo entre “o velho” e “o novo”
paradigma (RAMAL, 1997), considerando-se a urgente necessidade de se
rever as práticas pedagógicas em um tempo que exige dos educadores
nova postura, nova forma de visualizar seu papel como docente.
No velho paradigma o professor “passa” a matéria para os alunos
que a recebem de modo passivo. Todos devem ficar quietos na sala de aula
para ouvir o professor, único detentor do saber; o aluno aprende por
obrigação. Os conteúdos são rígidos e fixos, a tecnologia é utilizada
desvinculada do contexto, apenas para tornar o assunto mais agradável. A
escola é fechada, isolada, não se insere nos problemas da comunidade.
No novo paradigma, o professor é orientador dos estudos, os
alunos pesquisam, questionam, participam ativamente da aprendizagem. Os
alunos trabalham cooperativamente na sala de aula, há trocas, os alunos
aprendem motivados. Os conteúdos são flexíveis e atendem as curiosidades
dos alunos, a tecnologia é utilizada para enriquecer a aprendizagem. A
33
escola é aberta, conectada com o mundo, participa das questões sociais, as
discute e aponta caminhos para solucioná-las.
No novo paradigma, exigido pelo atual contexto, é importante que
o conhecimento seja construído, partilhado, pesquisado de forma coletiva.
Valorizam-se as formas de buscar o saber, a criatividade, pois não há um
padrão único a ser seguido, é necessário descobrir, inventar, criar caminhos
de aprendizagem (RAMAL, 1997).
O novo paradigma prevê uma relação muito mais dinâmica e
aberta entre professor e aluno. O professor do século XXI precisa estar
atento ao conhecimento trazido pelo aluno e também conhecer os saberes
historicamente elaborados, para que possa organizar a dinâmica de trabalho
em sala de aula de modo a partir dos conhecimentos que os alunos
possuem, auxiliando-os a se apropriarem e relacionarem os conhecimentos
sistematizados ensinados pela escola com os saberes que já possuem.
Refletindo acerca destas mudanças nos processos de ensinar e
aprender, exigidas pelo atual contexto, Anastasiou (2004), utiliza a
expressão “ensinagem” para indicar uma prática educacional complexa
efetivada entre os sujeitos, professor e aluno, englobando tanto a ação de
ensinar quanto a de aprender, em um processo contratual, de parceria para
a construção do conhecimento escolar, decorrente de ações efetivadas na
sala de aula e fora dela.
Trata-se de uma ação de ensino da qual resulta a aprendizagem
do estudante, superando o simples dizer do conteúdo por parte do
professor, pois é sabido que na aula tradicional, que se encerra numa
simples exposição de tópicos, somente há garantia da citada exposição, e
nada se pode afirmar acerca da apreensão do conteúdo pelo aluno
(ANASTASIOU, 2004, p.15).
Para efetivar o processo de ensinagem, faz-se necessário o
compromisso do educador com a aprendizagem do aluno. O professor não é
mais aquele que se preocupa somente com o ensino, com as melhores
técnicas e métodos, mas também, alguém preocupado com a aprendizagem
dos alunos, entendendo que o processo de ensinar é um processo de mão
34
dupla. Ensinar possui uma dimensão intencional e uma dimensão de
resultado, exigindo que o educador organize seu planejamento traçando sua
intenção de ensino, e verifique, analise, reflita sobre o resultado desta
intenção, se ela de fato se efetivou ou não (ANASTASIOU, 2004).
Neste processo, torna-se extremamente necessária a figura do
supervisor escolar, para auxiliar o professor no seu trabalho cotidiano, nas
reflexões acerca do processo de ensinar e aprender, que precisa ser
constantemente revisto, analisado, avaliado, para que se busquem reais
condições de alcançar a aprendizagem.
Este trabalho também exige que o grupo de professores esteja
coeso, disposto, visto que as mudanças precisam ser intencionais,
planejadas, resultantes da análise das ações desenvolvidas. Desta forma,
cabe ao supervisor organizar o grupo docente para que se envolvam em um
clima cordial, de cooperação, respeitando e valorizando as experiências e
conhecimentos de cada um. (ALONSO, 2000).
Conhecimento, competência profissional, formação contínua são
algumas das condições para a atuação do supervisor neste contexto de
mudanças paradigmáticas. O supervisor, entendido aqui como articulador da
proposta pedagógica da escola, precisa estar ciente das mudanças que se
processam no mundo e na escola para poder auxiliar os educadores neste
processo.
A supervisão escolar é a atividade de estimular, orientar e
coordenar o desenvolvimento contínuo do professor para desempenhar
todas as suas funções sempre orientadas para o desenvolvimento do
educando, “(...) a fim de que este possa tornar-se cada vez mais consciente,
eficiente e responsável em função de sua realidade pessoal e social”
(NERICI, 1986, p.28).
Assume o supervisor a tarefa de articular tudo o que ocorre no
universo escolar, orientar a formação continuada dos professores (MIZIARA,
2005b), propiciando momentos de estudos com os educadores dentro do
ambiente escolar.
35
Neste trabalho de formação continuada, o supervisor precisa
conhecer qual o entendimento dos professores acerca do que é educação e
como ocorre o processo de formação do conhecimento pelo aluno, visto que
esta base epistemológica do professor é o que dará suporte para suas
ações pedagógicas (MIZIARA, 2005b).
Outra função do supervisor é manter as relações interpessoais
entre direção, corpo docente, corpo discente e pais de alunos,
estabelecendo a parceria e a cooperação entre todos, visando à promoção
de uma educação mais eficiente, que possibilite a formação de uma
sociedade mais justa e igualitária (MIZIARA, 2005b).
Outra tarefa muito importante do supervisor é a elaboração do
projeto político pedagógico da escola em conjunto com a direção, corpo
docente, corpo discente e comunidade (MIZIARA, 2005a).
Além destas, tem-se como funções do supervisor a coordenação
do trabalho coletivo, a integração dos planos com as ações, o
encaminhamento de estudos, estimulando a consciência crítica e ampliando
o entendimento dos princípios e projetos educacionais (RANGEL, 1997).
Diante de todas estas tarefas, percebe-se a supervisão “(...) como
a prática profissional do educador comprometido com o significado e as
implicações sociopolíticas da educação“ (RANGEL, 1997, p.148).
Mas, para que isto aconteça, o supervisor tem que pensar e
refletir sobre o seu fazer cotidiano, ser um supervisor/pesquisador, para que
possa traçar com os professores o conhecimento da realidade na qual irão
atuar, para selecionar meios e estratégias de intervenção, procurando
melhorar a realidade que hoje se encontra nas escolas (BALZAN1988).
Precisa estimular o professor-planejador, não aquele que só fabrica planos
para serem arquivados, mas aquele que pesquisa a realidade reflete sobre
ela e busca alternativas pedagógicas para dar conta da grandeza do
processo educativo.
Espera-se que o supervisor “(...) seja um elemento criativo, com
iniciativa, dinâmico, a fim de encontrar os momentos adequados para agir e
36
provocar o trabalho cooperativo dos professores” (FERNANDES, 1997,
p.117).
Mas será que os supervisores têm formação para desempenhar
esses novos papéis?
Silva Júnior (1984) ressalta que a formação deve constituir-se
num processo de autoformação, que envolve a construção de uma
consciência pessoal e de uma consciência política. Essa consciência deverá
favorecer a compreensão e dinamização de sua relação com os outros e
com o mundo.
Para que consiga auxiliar os professores a também refletirem
sobre a atuação em sala de aula, é necessário que o supervisor reflita,
discuta, analise sua própria prática, vivenciando a práxis (SILVA Jr, 1997).
Desta forma, cabe ao supervisor se atualizar constantemente, ler materiais
referentes a área educacional, para não agir com base no “achismo”, pois
nem sempre a sua formação inicial contempla todos os atributos
necessários a sua atuação na escola.
A supervisão precisa deixar de ser apenas técnica “para se tornar
um fator político, passando a se preocupar com o sentido e os efeitos da
ação que desencadeia mais do que com os resultados imediatos do trabalho
escolar”. Porém, “essa dimensão política da supervisão somente se torna
efetiva quando (...) altera o „ambiente escolar, tornando-o mais compatível
com as novas exigências, portanto, mais aberto a mudanças” (ALONSO,
2000, p.175).
Vasconcellos (2003) discute a necessidade de mudanças na
educação e menciona que a mudança exige intervenção, atuação
consciente, planejada, organizada. Quando o supervisor faz um
apontamento ao trabalho do professor, pode ajudá-lo a tomar consciência
do seu fazer, para que problematize a ação, utilizando a teoria para provocar
e suscitar ações da prática.
Se o professor, ao invés de apenas ser criticado ou de receber
“receitas”, “manuais” prontos for “(...) solicitado a refletir sobre sua prática, a
37
fundamentá-la, a buscar as suas alternativas (...)” (VASCONCELLOS, 2003,
p.68), terá melhores condições para se constituir autor da ação educativa.
Nisto consiste a tarefa do supervisor, pois as contradições do
trabalho pedagógico dificilmente são percebidas pelo próprio professor, em
vista dele estar mergulhado na ação. Desta forma, é importante encontrar
no supervisor, alguém que o provoca, que o auxilia a problematizar sua ação
pedagógica, para poder tomar consciência das contradições que perpassam
seu fazer, buscando meios de superá-las.
Para isto, é importante que além dos conhecimentos
pedagógicos, o supervisor conheça um pouco sobre as disciplinas e
conteúdos que compõe o currículo da escola na qual trabalha, para que
possa dialogar com os professores sobre estratégias e recursos a serem
adotados (BALZAN, 1988). Também é oportuno conhecimento de outras
áreas, tais como antropologia, filosofia, linguística, sociologia e
aprofundamento em temas como agressividade, sexualidade, raça e gênero
(MEDINA, 1997).
O supervisor deve orientar as atividades educativas que
acontecem na escola, orientações estas que se constituem em apoio aos
professores para que desenvolvam suas atividades em sala de aula,
sugerindo e propondo atividades diferentes, com a utilização de materiais
adequados, visando o aperfeiçoamento do trabalho do professor e,
consequentemente, sua relação com os alunos.
Para assumir tais desafios, o supervisor necessita “(...) desfazer-
se e refazer-se todos os dias, repensando sua própria prática e a teoria que
a embasa, revendo sua opção política (...), analisando-se enquanto
educador e agente transformador (...)” (MIZIARA, 2005b, p.13).
38
CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho foi-se pontuando os diferentes momentos
pelos quais passou a atuação dos supervisores desde a sua criação até os
dias atuais e as muitas funções pertinentes ao trabalho deste profissional.
Percebe-se que, em termos de conceito e definição da função
supervisora, muito se avançou, porém, na prática dos supervisores nas
escolas, ainda se percebe muitos resquícios da atuação denominada
“tradicional”.
No atual contexto paradigmático que se apresenta neste início de
século XXI, percebe-se que há muitas funções a serem desempenhadas
pelos supervisores, especialmente aquelas que se referem as contribuições
para o trabalho do professor.
Observa-se que a formação inicial nos cursos de licenciatura não
tem dado conta da complexidade de formação exigida pelos novos
paradigmas. Portanto, urge que os supervisores estejam preparados para
auxiliarem na formação continuada dos professores para que estes
desenvolvam a reflexão crítica, a análise fundamentada e possam melhorar
o trabalho pedagógico, realmente comprometido com o processo de ensino
e aprendizagem.
Acredita-se que os professores precisam do supervisor escolar e
de sua atuação presente, pontual, atendendo as dificuldades de formação,
auxiliando-os no planejamento das aulas, na revisão dos horários
fragmentados, quem sabe reestruturando a escola para um trabalho
integrado, com pesquisa, com diálogo, com interação.
Para dar conta desta complexidade de tarefas, é preciso que o
supervisor também tenha uma boa formação, tanto inicial quanto
continuada, que se envolva em grupos de pesquisa e de discussão com
outros colegas supervisores, para que possam trocar experiências, analisar
a prática, buscar soluções conjuntas para os problemas enfrentados.
39
Quando se entender que o paradigma que marca a educação
está mudando se perceberá que a realidade atual, de um mundo envolto em
tecnologias, que se modifica a cada instante, em transformação, em
permanente metamorfose, demanda a organização de atividades
pedagógicas capazes de dar conta desta realidade.
O supervisor precisa ter clareza destas questões, ter
conhecimento teórico para exercer papel de liderança e auxiliar os
professores a perceberem as mudanças, propondo novas formas de
atuação em sala de aula.
Alterar o “status quo” existente não é tarefa fácil, mas é
necessário iniciar, fazer algo em prol da melhoria da educação deste país.
Se cada um fizer a parte que lhe compete, será possível sonhar com uma
realidade escolar mais condizente com as perspectivas do mundo atual.
40
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DO SUPERVISOR ESCOLAR E SUAS FUNÇÕES 12
CAPÍTULO II
OS DESAFIOS DA RELAÇÃO SUPERVISOR X PROFESSOR 20
CAPÍTULO III
O SUPERVISOR FRENTE À EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A 29
FORMAÇÃO CONTINUADA
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 43