UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O PAPEL DA POLÍTICA ECONÔMICA PARA A
SUSTENTABILIDADE DO CRESCIMENTO ECONÔMICO
BRASILEIRO A MÉDIO E LONGO PRAZO
Por: Guilherme Bastos Gurgel
Orientador
Profª Ana Claudia Morrissy
Rio de Janeiro
Julho/2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O PAPEL DA POLÍTICA ECONÔMICA PARA A
SUSTENTABILIDADE DO CRESCIMENTO ECONÔMICO
BRASILEIRO A MÉDIO E LONGO PRAZO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em finanças
corporativas.
Por: Guilherme Bastos Gurgel
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que direta ou
indiretamente contribuíram para a
realização desse trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus pais e a
todos que ainda acreditam nesse país.
5
RESUMO
A política econômica que o Brasil vem adotando desde 1999 trouxe
resultados muito positivos no que tange o controle da inflação e da situação
externa do país, porém, o Brasil vem apresentando taxas de crescimento do
PIB muito inferiores às observadas nos demais países emergentes. O grande
desafio do país para os próximos anos será de acelerar o crescimento
econômico, sem perder a estabilidade conquistada, e para conseguir esse
objetivo, esse trabalho mostra a importância das políticas econômicas nesse
intuito.
Entender como o governo faz das políticas econômicas o seu
instrumento para alavancar o crescimento econômico; analisar quais são os
obstáculos enfrentados pelo próprio governo pra executar suas políticas
econômicas e, por fim, propor sugestões relacionadas às políticas econômicas
para o Brasil crescer sustentadamente no futuro, serão assuntos tratados
nesse trabalho.
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METODOLOGIA
O método utilizado nesse trabalho foi de pesquisa bibliográfica através
de livros relacionados com o tema e sites ligados ao crescimento econômico
brasileiro para os próximos anos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................08
CAPÍTULO I - Instrumentos de Política Econômica e seus
objetivos................09
CAPÍTULO II - Condições adversas e obstáculos ao crescimento econômico
brasileiro...........................................................................................................20
CAPÍTULO III – Algumas proposições de alternativas de política econômica
para um crescimento econômico sustentado....................................................30
CONCLUSÃO..................................................................................................42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................43
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INTRODUÇÃO
O desempenho da economia brasileira nos últimos anos, num contexto
mundial favorável, vem sofrendo alterações significativas diante das mudanças
no cenário global competitivo. A baixa capacidade de recuperação nos países
desenvolvidos sinaliza a necessidade de se redefinir a política econômica em
vigor, com destaque para as políticas: fiscal, monetária, cambial e de rendas.
Diante desse cenário apresentado, há três perguntas chaves que estão
ligadas a esse trabalho monográfico: Quais e como são os instrumentos de
política econômica utilizado pelo governo? Quais os principais obstáculos ao
crescimento econômico sustentado? Quais são as políticas econômicas mais
adequadas para gerir o crescimento brasileiro no longo prazo? Para tanto,
esse trabalho, tem o objetivo de responder a essas perguntas e iniciar algumas
reflexões sobre as possíveis soluções que o Brasil deverá tomar, no que tange
os aspectos das políticas econômicas, para encontrar a melhor maneira de
crescer, promovendo o pleno emprego, reduzindo a desigualdade social,
melhorando a educação do seu povo e criando as condições necessárias para
sermos realmente o país do futuro no presente.
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CAPÍTULO I
INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS OBJETIVOS
Entendem-se como políticas econômicas, as ações tomadas pelo
governo, que, utilizando instrumentos econômicos, buscam atingir
determinados objetivos macroeconômicos, e dentre estes objetivos esta o de
se conseguir o crescimento sustentado da economia no longo prazo.
É papel do governo zelar pelos interesses e pelo bem-estar da
comunidade em geral. Para esta finalidade, o setor público, enquanto um
agente econômico de peso dentro do sistema, procura atuar sobre
determinadas variáveis e através destas alcançar determinados fins tidos como
positivos para a população.
Políticas econômicas têm como objetivo afetar a economia como um
todo, e é por isso que sua análise está no campo da macroeconomia. Entender
os objetivos e instrumentos das políticas é um dos objetivos do presente
capítulo. Portanto, torna-se fundamental o entendimento do encadeamento
lógico entre as ações, variáveis e objetivos. Desta forma é possível uma leitura
e interpretação geral do mundo macroeconômico.
Para atingir aos objetivos de política econômica e levar o país ao
crescimento. O governo brasileiro dispõe de um conjunto de instrumentos, os
quais serão apresentados a seguir:
Política Fiscal - A influência da política fiscal no crescimento deve ser
analisada sob os seguintes aspectos: a política de gastos do governo e a
política tributária. Como se sabe, o governo (nas esferas federal, estadual e
municipal) efetua despesas na economia com pagamento de funcionários,
construção e manutenção de escolas, hospitais, pagamento de juros da divida
interna etc. Quando o governo aumenta esses gastos, diz-se que a política
fiscal é expansionista; caso contrário, tem-se uma política fiscal contracionista.
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Segundo Lanzana (2010), a política fiscal será expansionista ou
contracionista dependendo do que o governo esta pretendendo atingir com a
política de gastos.
No outro lado da política fiscal, o governo pode atuar sobre o sistema
tributário de forma a alterar as despesas do setor privado (entre bens, entre
consumo e investimento etc.), incentivando determinados segmentos
produtivos, e assim por diante. A conjugação de despesas e receitas conduz
ao conceito do déficit publico, um dos temas de maior polêmica na economia
brasileira nos últimos anos.
A política de gastos do governo podem ser divididos em dois grandes
grupos: as despesas correntes e as de investimento. Como o próprio nome, as
despesas correntes dizem respeito aos gastos realizados com o objetivo de
manter a máquina governamental funcionando, bem como às despesas
impostas pela legislação. Já as despesas de investimento, referem-se às
despesas que o governo efetua para aumentar a capacidade e produção de
bens e serviços no país (construção de hidrelétricas, rodovias, ferrovias,
hospitais, escolas etc.).
Uma análise acerca do gasto público no Brasil revela alguns aspectos
importantes: a excessiva rigidez do gasto público federal, a parcela não
desprezível do gasto na área social e a ineficiência desse mesmo gasto social.
Como Lanzana (2010) diz que:
“O gasto público constituiu um importante instrumento a
disposição dos governos para controlar a atividade
econômica. É comum, em vários países, observar-se
períodos de expansão e contração dos gastos públicos,
em face das necessidades da política econômica, fato
esse que não ocorre no Brasil.” (LANZANA, 2010, p. 27).
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A longo prazo, a política fiscal é importante no sentido de disponibilizar
recursos para investimentos, que tanto podem ser públicos como privados. Na
realidade, o governo é um dos agentes que podem dispor de recursos, que
nada mais é do que uma poupança, para a realização de investimentos; os
outros agentes são as famílias, as empresas e o setor externo. Quanto maior
for o montante de poupança gerada no setor público, maior será a capacidade
de o país investir e, portanto, maior será o ritmo de crescimento da produção.
No que tange a política tributária, ela afeta o crescimento econômico
tanto pelos seus aspectos estáticos como dinâmicos. No aspecto estático (um
primeiro momento) o canal de influência surge pelos efeitos alocativos não
neutros oriundos de qualquer imposto. Dessa forma, as decisões alocativas
dos agentes econômicos serão diferentes na presença de impostos do que
seriam na ausência deles. Isto gera distorções que resultam em perdas de
eficiência para a economia como um todo. No aspecto dinâmico (momentos
seguidos no tempo), os efeitos negativos surgem pelo impacto na acumulação
de fatores produtivos sobre os quais incidem os impostos, notadamente
capital. No caso brasileiro, os impostos em cascata (PIS, COFINS e CPMF)
têm efeitos distorcivos tanto no setor produtivo quanto no setor financeiro.
Sobre o aumento dos impostos, Wonnacott (1994) diz que:
“Um aumento nos impostos representa um
instrumento de política apropriado para o caso em que a
demanda agregada esteja muito alta e os preços estejam
subindo. Por outro lado, um corte nos impostos
representa uma política de estímulo; a redução nos
impostos aumentará a renda disponível e mudará a
função consumo e a função demanda agregada para
cima” (PAUL WONNACOTT, 1994, p. 218)
A variação nos impostos é um componente importante da política fiscal
porque é mais facilmente revertida que os gastos governamentais. É bem
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verdade que o público não se sente feliz quando impostos previamente
retirados retornam. Deve ficar menos feliz, porém, do que se programas de
gastos públicos forem eliminados. Além disso, alguns gastos governamentais,
como por exemplo, estradas, barragens ou construções, não podem ser
paralisados sem desperdício considerável. Uma barragem ou ponte realizada
até a metade não serve para ninguém.
“A política tributária pode influenciar os
investimentos através da sua influência nos fluxos de
caixa dos projetos. O aumento das incertezas com
relação ao regime tributário futuro pode gerar dúvidas
quanto ao retorno do investimento e conseqüentemente
afetar negativamente os investimentos totais. Neste
sentido, as constantes mudanças no regime fiscal
brasileiro ou a própria incerteza quanto à futura reforma
fiscal podem ter efeitos negativos sobre o investimento
privado e, assim, afetar o crescimento tanto no curto
prazo como no longo prazo.” (www.fiesp.org.br)
Política Monetária – não é difícil perceber que as condições de crédito
(disponibilidade ou não de empréstimos, juros altos ou baixos etc.) afetam o
comportamento da economia. Por exemplo, quanto mais baixos forem os
juros da economia, maior será a tendência das pessoas consumirem (as
pessoas sentem-se desestimuladas a poupar e desviam a renda para
consumo, e, além disso, as prestações, nas compras a prazo, ficam mais
baixas) e das empresas investirem (“pagar” o investimento fica mais fácil e
aplicar no mercado financeiro menos rentável). A avaliação permanece
quando o credito é farto. Por outro lado, em períodos de credito difícil
(como ocorreu fortemente em meados de 1995 e em 1998), os
consumidores tendem a reduzir suas compras, as empresas diminuem
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seus investimentos e a inadimplência aumenta na economia. O inverso
ocorreu em 2000 e início de 2004.
Para controlar as condições de crédito (custo, volume etc.), o governo
utiliza a política monetária. Para isso, ele pode:
1- aumentar ou diminuir o dinheiro que circula na economia (que o
Banco Central emite);
2- aumentar ou diminuir a capacidade dos bancos emprestarem
(obrigando os bancos a depositarem parcela maior ou menor de seus
recursos no Banco Central, que é o depósito compulsório);
3- atuar sobre as taxas de juros que o Banco Central cobra dos
Bancos Comerciais, a chamada taxa de redesconto bancário;
4- atuar diretamente sobre o crédito.
Detalharemos melhor a seguir esses 4 instrumentos:
1 - Operações de mercado aberto (Open Market)
As operações de mercado aberto são caracterizadas pela compra e venda
de títulos públicos do BACEN no mercado. Esses títulos podem ser de
emissão própria ou em geral do Tesouro. Seu impacto sobre a liquidez na
economia pode ser resumido em dois simples exemplos:
Exemplo 1: Banco Central compra títulos públicos do mercado, fazendo o
pagamento em reais. Nesse caso, a oferta de moeda aumenta, pois o
BACEN está retirando um ativo (título) que não é meio de pagamento e
fornecendo ao mercado um ativo líquido (moeda), no caso, Real. Essa
operação, realizada em grande quantidade, tem como objetivo aumentar a
oferta de moeda e conseqüentemente diminuir a taxa de juros do mercado.
Exemplo 2: Banco Central vende títulos públicos ao mercado, recebendo o
pagamento em reais. Ocorre o caso inverso do exemplo anterior. O BACEN
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está ofertando um ativo menos líquido (títulos) e retirando do mercado
(economia) um ativo mais líquido (moeda). Essa operação, realizada em
grande escala, tem como finalidade diminuir a oferta monetária e
conseqüentemente aumentar a taxa de juros e com isso controlar o nível de
preços.
2 - Depósito compulsório
São depósitos sob a forma de reservas bancárias que cada banco
comercial é obrigado legalmente a manter junto ao Banco Central. É
calculado como um percentual sobre os depósitos à vista nos bancos
comerciais. Quanto maiores os depósitos compulsórios, maior o nível de
reservas obrigatórias dos bancos junto ao Banco Central. Os recursos
destinados aos empréstimos sofrerão uma diminuição e provocando com
isso a criação de moeda bancária (valores depositados nos bancos). A taxa
de juros sofreria um aumento, sendo o inverso também verdadeiro. Para
diminuir a liquidez do sistema financeiro, o Banco Central eleva a taxa de
compulsório. Com menos recursos para emprestar dos bancos comerciais,
o crescimento da economia como um todo é afetado.
3 - Redesconto bancário
A assistência financeira de liquidez ou redesconto é o mecanismo pelo qual
o BACEN socorre instituições financeiras com problemas de liquidez. O
redesconto é o empréstimo que os bancos comerciais recebem do BACEN
para cobrir eventuais problemas de liquidez. A taxa cobrada sobre esses
empréstimos é chamada de taxa de redesconto. Um aumento da taxa de
redesconto indica que os bancos sofrerão maiores custos, caso tenham
problema de liquidez. Neste caso, as instituições irão aumentar suas
reservas e diminuir o crédito, aumentando o custo para se obter meios de
pagamento, ou seja, a taxa de juros.
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4 - Controle e seleção de crédito
Um instrumento não muito convencional, mas às vezes utilizado pelo Banco
Central, refere-se ao controle direto sobre o crédito. Este pode estar
relacionado ao volume de crédito, ao prazo e destinação do crédito. Este
instrumento pode gerar distorções no livre funcionamento do mercado de
crédito, e até desestimular a atividade de intermediação financeira.
Política Cambial e de Comércio Exterior – a política cambial e de comércio
exterior corresponde a ações do governo que atingem diretamente as
transações internacionais do país. Por meio da política cambial, o governo
pode atuar no mercado de divisas de várias formas, dependendo da política
que esta sendo adotada.
“Em matéria de política cambial, cada país terá, a
cada conjuntura, suas razões para colocar em prática o
que melhor lhe parece. Neste momento, o desafio que se
apresenta ao governo Dilma Roussef é conter a
valorização do real, dadas suas implicações no processo
de desenvolvimento econômico brasileiro. Deixado ao
livre sabor do mercado, o efeito de novas valorizações
poderia ser devastador para a economia brasileira. É
claro que um dia a situação tenderia a se ajustar, em
resposta ao crescente déficit em conta corrente, mas o
estrago já teria sido muito grande.”
(http://www.zashi.com.br/2.opiniao/583.shtml)
As empresas brasileiras que participam do comércio internacional
dependem substancialmente da taxa de câmbio. Entender o funcionamento
desse mercado é fundamental. Ele pode agir de três maneiras:
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1 - Regime de câmbio flutuante
Neste caso não há intervenção do Banco Central no mercado. O preço da
moeda estrangeira, ou a taxa de câmbio, é determinado exclusivamente
pela interação entre oferta e demanda. O BACEN não compra e não vende
dólares. Esse procedimento é adotado nos principais países desenvolvidos.
Após a desvalorização do Real frente ao Dólar em 1999, o País adotou um
regime híbrido de câmbio, que mais se aproxima do cambio flutuante.
2 - Regime de câmbio fixo
Este regime representa um caso extremo de controle do mercado. O Banco
Central deve estar constantemente regulando o mercado. Caso haja um
excesso de procura/demanda por dólares, este deve vender dólares ao
mercado para que o câmbio não se desvalorize. Caso ocorra um excesso
de oferta de dólares no mercado, o Banco Central deve comprar o excesso
para que o câmbio não se valorize. A Argentina adotou esse regime durante
a década de 1990. Alguns países da América Latina, tais como, Equador e
Uruguai, também adotam ou adotaram esse sistema. Eles buscavam uma
alternativa para controlar o nível de preços internos, fortalecendo a moeda
nacional, pois esta estava fixada a uma taxa determinada de câmbio.
Controlar o mercado de câmbio exige do Banco Central um certo nível de
reservas internacionais (cambiais). Se esse regime sofrer uma fuga
significativa de capitais (dólares), o BACEN ira perder muitas reservas e
conseqüentemente pode desvalorizar a moeda local.
3 - Formas híbridas de câmbio
Formas híbridas de câmbio são maneiras de atuar sobre este; é uma
mistura entre o câmbio fixo e o câmbio livre ou flutuante. Existem inúmeras
maneiras intermediárias entre o câmbio fixo e o câmbio livre de se atuar
sobre o câmbio. Lanzana (2010) comenta sobre a correlação entre política
cambial a ser adotada e o objetivo do governo:
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“Vale lembrar que a política cambial a ser adotada
procura estar sintonizada com o objetivo que está sendo
perseguido pela política econômica do país: se a ênfase
está concentrada no controle da inflação, no equilíbrio
externo ou no crescimento da produção. No lançamento
do Plano Real, por exemplo, o objetivo da política
econômica era o de atacar a inflação. Já em janeiro de
1999, o objetivo centrava-se na busca do equilíbrio
externo.” (LANZANA, 2010, p. 74).
Já a política de comércio exterior diz respeito à atuação do governo na
área de exportação e importação. Isso pode ser feito na área de exportação,
por meio de medidas de promoção comercial, de estímulos fiscais (crédito-
prêmio à exportação) e creditícios (taxas de juros subsidiadas), entre outros, e
na área de importação via impostos de importação, estabelecimento de
alíquotas, práticas antidumping etc.
Do ponto de vista dos objetivos de política econômica, vale observar
que a taxa de câmbio pode contribuir para o aumento do PIB, pode meio da
elevação da exportação, que é um dos componentes da demanda agregada.
Portanto, para incentivar a exportação e, portanto o PIB, a política cambial
precisa ser agressiva. A política de incentivos a exportação também pode ser
usada para aumentar as vendas externas.
Por outro lado, desvalorizações mais pronunciadas da moeda local (e,
portanto, aumentos da taxa de câmbio) impactam negativamente a inflação,
pelo aumento dos preços dos produtos importados, em reais. Portanto, se o
objetivo da política econômica está concentrado no combate à inflação, quanto
mais baixo for o valor do dólar, maior será a contribuição da política cambial
para estabilizar a inflação. A mesma contribuição ocorre com a redução das
alíquotas do imposto de importação, como ocorreu no âmbito do Plano Real.
Lanzana (2010) diz que:
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“Quanto ao equilíbrio externo, a experiência
brasileira é muito rica em termos de papel da política
cambial. As crises externas de 1982-1983, de 1987 e de
1998-1999 foram superadas a partir de fortes
desvalorizações da moeda brasileira. De outro lado, as
prefixações da correção cambial de 1980, o
congelamento do cambio no Plano Cruzado e a política
cambial do real, mostraram que, quando a moeda local
fica supervalorizada, a crise no setor externo
inevitavelmente acontece.” (LANZANA, 2010, p. 80).
Política de Rendas – as tentativas de estabelecer um pacto social no Brasil,
no final da década de 80, trouxeram à tona uma discussão que se chamou de
política de rendas, que nada mais é do que o estabelecimento de critérios para
reajuste de preços e salários.
Ocorre, que tais critérios podem ser negociados ou impostos. Há
países onde foram negociados acordos entre trabalhadores, empresários e
governos com o objetivo de fixarem metas decrescentes de inflação. No Brasil,
a inviabilidade de tal acordo levou a várias experiências de imposição, pelo
governo, das regras de reajuste. Na área de preços, as tentativas de definição
de regras acabaram concentrando-se nos fracassados programas de controle
de preços ao longo dos anos 80 e inicio de 1990 (Plano Cruzado -1986, Plano
Bresser – 1987, Plano Verão – 1989, Plano Collor – 1990). Já em termos de
salários, as intervenções ocorreram por meio de um sem número de políticas
salariais: reajustes anuais, semestrais, trimestrais, mensais, pela média, pelo
pico, pela inflação passada, pela inflação futura etc. Desde a implantação do
Plano Real, pode-se dizer que não existe política de rendas porque os preços
são livres, e no mercado de trabalho prevalece a livre negociação salarial.
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“Uma das principais lições transmitidas pelo
crescimento da economia em 2007 é a de que está na
hora de rever as teorias que condenam as políticas de
renda como promotoras do crescimento, em razão dos
generalizados desarranjos econômicos futuros de que,
hipoteticamente, seriam portadoras potenciais. Os fortes
aumentos reais do salário mínimo, a ampliação da
abrangência dos programas de transferência
condicionada de renda e a resistência a encolher os
benefícios da previdência social pública estão na base
dos resultados agora comemorados. Mas os variados e
graves desajustes anunciados em tom ameaçador como
inevitáveis não deram, pelo menos até aqui, o ar da
graça”. (http://blogs.estadao.com.br/jpkupfer/a-maldita-
politica-de-renda-e-a-chave-do-crescimento)
20
CAPÍTULO II
CONDIÇÕES ADVERSAS E OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO
ECONÔMICO BRASILEIRO
Existem várias condições adversas e obstáculos – do lado da demanda
e do lado da oferta – para que uma economia alcance uma trajetória de
crescimento econômico sustentado. O alcance desse objetivo requer que tais
adversidades sejam enfrentadas e, de alguma forma, superadas. Listaremos a
seguir as principais adversidades e obstáculos que o Brasil enfrenta e que terá
que superar para garantir seu crescimento no médio e longo prazo. São eles:
Falta de capacidade produtiva
A falta de capacidade produtiva pode limitar o crescimento econômico
no longo prazo em dois cenários. Durante a aceleração cíclica, o elevado
crescimento econômico pode ocupar a plena capacidade produtiva de uma
economia, um fenômeno que pode resultar em pressões inflacionarias. Por
outro lado, depois de um período prolongado de baixo crescimento, o tamanho
do estoque de capital pode ficar abaixo do que é requerido para sustentar o
pleno emprego, devido à incerteza quanto ao futuro que afeta o “espírito
animal” dos empresários e, conseqüentemente, as suas decisões de
investimento. Nessas condições, as expectativas empresariais devem ser
estimuladas em suas decisões relacionadas a investimentos fixos por políticas
econômicas de estímulo à demanda.
A reduzida taxa de investimento
Apesar do forte aumento ocorrido desde 2003, a formação bruta de
capital fixo como proporção do PIB se encontra atualmente em torno de 18%,
nível esse que é insuficiente para garantir um crescimento sustentado de 5,5%
ao ano como o desejado pelo governo. A partir de projeções simples do
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modelo de crescimento Harrod-Domar podemos constatar que uma taxa de
investimento de 18% do PIB é suficiente apenas para garantir uma taxa de
crescimento de 3,5% a.a.
“Esse ritmo de crescimento atual não só é insuficiente
para criar postos de trabalho no ritmo requerido pelo
crescimento demográfico no Brasil, como ainda é
insuficiente para permitir o processo de catching-up do
Brasil com respeito aos países desenvolvidos no que se
refere ao PIB per-capita. De fato, um crescimento de
longo-prazo de 3,5% a.a para o PIB brasileiro implica num
crescimento do PIB per-capita de apenas 2,0% a.a, valor
similar ao observado nos países desenvolvidos. Nesse
contexto, o gap de renda per-capita entre o Brasil e os
países do primeiro mundo se manterá indefinidamente,
perpetuando assim a condição de sub-desenvolvimento
da economia brasileira.”
(http://jlcoreiro.wordpress.com/2010/10/14/crescimento-
sustentado-e-reformas-macroeconomicas-foram-temas-
do-xxii-since)
O elevado custo do capital prevalecente na economia brasileira
Se somarmos a taxa básica de juros com o spread bancário médio
chegaremos a um valor de aproximadamente 40% a.a para empréstimos
tomados por bons pagadores junto ao setor bancário brasileiro. Considerando
uma taxa média de inflação de 5% a.a, isso significa uma taxa real de juros de
aproximadamente 35% a.a para empréstimos relacionados ao financiamento
de capital de giro das empresas e financiamento de gastos de consumo. Trata-
se de um valor extraordinariamente elevado, incompatível com a taxa de
retorno de praticamente qualquer negócio lícito realizado pelas empresas
brasileiras. Com esse custo do capital de terceiros, as empresas são obrigadas
a recorrer ao autofinanciamento de suas operações normais de produção e
aos empréstimos do BNDES para a expansão de capacidade produtiva. Isso
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não só limita o seu potencial de crescimento, como ainda reduz a sua
competitividade externa à medida que parte do financiamento do capital de giro
é, inevitavelmente, feito por intermédio de empréstimos bancários cujas taxas
de juros são significativamente superiores às taxas de juros pagas pelos
competidores externos.
A situação fiscal do setor público brasileiro
Nos últimos oito anos, o setor público consolidado tem conseguido
gerar superávits primários em magnitude suficiente para estabilizar e, inclusive,
efetuar uma redução moderada da relação dívida líquida/PIB. No entanto, em
função do reduzido prazo de maturidade da dívida pública e da elevada taxa
básica de juros, os encargos financeiros da dívida pública superam em cerca
de 5 vezes o montante do superávit primário. Com efeito, enquanto o superávit
primário como proporção do PIB se situava em torno de R$ 100 bilhões ao ano
no primeiro semestre de 2009, os juros sobre a dívida pública eram de R$ 150
bilhões no período, enquanto os pagamentos referentes à amortização do
principal totalizavam cerca de R$ 450 bilhões. Esses dados mostram de forma
inequívoca que a postura financeira do setor público brasileiro é ruim, o que
gera um elevado grau de fragilidade financeira em função do alto risco de
refinanciamento da dívida pública derivado da elevada concentração de
vencimentos num espaço relativamente curto de tempo. Nesse contexto,
mudanças no humor dos mercados financeiros podem se traduzir numa rápida
elevação do custo de refinanciamento da dívida pública, o qual, se
suficientemente forte, pode colocar a dívida pública novamente numa trajetória
explosiva.
Tendência à apreciação da taxa real de câmbio que a economia brasileira
vem apresentando nos últimos anos
Desde 2005 a relação taxa real efetiva de câmbio/salário vem
apresentando uma forte tendência de queda, o que é um forte indicativo de
sobre-valorização cambial. Essa tendência a sobre-valorização cambial tem
sido seguida por uma rápida e crescente deterioração do saldo em conta-
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corrente, o qual passou de um superávit de cerca de 1,5% do PIB em 2005
para um déficit projetado de 3% do PIB para o ano de 2010. A continuar a
atual sobre-valorização cambial, é possível que o déficit em conta-corrente
alcance 10% do PIB em 2015! Nesse caso, a ocorrência de uma crise cambial
de grandes proporções será inevitável, a qual poderá levar a uma nova década
perdida em termos de crescimento econômico, em função dos efeitos
desestabilizadores da crise externa sobre as decisões de investimento em
capital fixo.
“A economia brasileira encontra-se em estágio que ainda
não pode se dar ao luxo de admitir uma moeda muito
valorizada. Isso prejudicaria nosso desenvolvimento pela
menor capacidade competitiva de nossos produtos
industriais, tanto no mercado interno quanto no mercado
internacional. Um real muito valorizado (dólar muito baixo)
ajuda a destruir empregos no Brasil e a criar empregos no
exterior (na China, por exemplo).”
(http://www.espacoacademico.com.br/035/35cpereira.htm)
Fontes Energéticas
Existem importantes desafios a serem superados para a manutenção
do processo de crescimento econômico e a melhoria das condições de vida da
maioria da população, uma delas esta relacionada a energia. Apesar da
existência de diversas fontes de energia com baixo impacto sobre o meio
ambiente e de baixo custo, a incapacidade de concessão de autorização para
a expansão da rede de hidrelétricas leva à necessidade de uso de
termelétricas a óleo, resultando em piores condições para o meio ambiente e
maiores custos para a sociedade. O maior custo da energia elétrica acaba
levando a que diversos investimentos produtivos sejam realizados em outros
países, quando poderiam ser realizados de forma mais eficiente no Brasil.
24
Sistema tributário e aspectos legais e institucionais
As regras do sistema tributário brasileiro, com autonomia local para
determinação de tributos sobre valor agregado e sobre a venda de serviços,
resultam em distorções e ineficiências que desestimulam o investimento e a
produção, tornando mais alto do que o socialmente necessário o custo dos
serviços e dos produtos.
Há ainda diversos aspectos legais e institucionais em que o Brasil se
encontra distante das principais economias: o direito à proteção das bases de
dados, a tipificação da fraude eletrônica como crime, o desenvolvimento de
cadastros positivos de crédito, a desoneração da tecnologia de intermediação
entre poupança e investimento e o incentivo à captação e ao financiamento de
longo prazo.
Se esses obstáculos não forem enfrentados, o ciclo de crescimento
recente encontrará a natural exaustão dos ganhos de produtividade definidos
pelas reformas já realizadas. Se, em vez disso, elas forem enfrentadas, novos
ganhos de produtividade serão obtidos, permitindo a continuação do nosso
ciclo atual de crescimento econômico.
Obstáculos do lado da demanda
De acordo com o princípio da demanda efetiva, o nível do produto e
emprego em uma economia é determinado primariamente pela demanda por
bens e serviços. Assim, o crescimento econômico baixo e o alto nível de
desemprego resultam da insuficiência de demanda efetiva. Tal demanda é
determinada pelas expectativas empresariais em relação ao futuro, uma vez
que os empresários têm de decidir a cada período de produção o que eles irão
25
produzir e quanto irão empregar. Em outras palavras, o volume de gasto
determina a demanda agregada da economia, enquanto o nível de emprego
depende dos gastos esperados dos agentes. Em resumo, de acordo com a
abordagem pós-keynesiana, existe uma ausência de forças automáticas em
uma economia de mercado que assegure um nível de demanda agregada
compatível com o pleno emprego da força de trabalho e o estoque de capital
existente na economia.
Obstáculos inflacionários
As pressões inflacionárias emanam principalmente do lado real da
economia. De fato, o processo de mover a economia para o pleno emprego
consiste, freqüentemente, em aumentar o uso da capacidade da economia,
que pode gerar pressões inflacionárias e exarcebar as expectativas
inflacionárias. Davidson (1994) afirma que:
“Uma significante expansão da atividade econômica
induzirá algum aumento nos preços devido aos retornos
decrescentes (em função da escassez de algum insumo,
tal como matéria-prima ou talento gerencial). Com preços
maiores e maiores oportunidades de emprego,
trabalhadores tentarão buscar, pelo menos, aumentos
nos salários compatíveis com o custo de vida. Uma vez
que o desemprego diminui, os trabalhadores aumentam
suas demandas salariais. Executivos e gerentes se
tornam mais desejosos de obter maiores salários em uma
economia em crescimento.” (DAVIDSON 1994, p. 145).
O impacto das pressões inflacionárias depende do grau de monopólio
das firmas, que podem permitir que elas aumentem sua margem de preços
sobre custos, e do grau de organização dos trabalhadores, uma vez que
qualquer acréscimo nas taxas de salários monetários não compensados por
26
ganhos de produtividade aumenta os custos de produção. Em particular, se as
taxas de desemprego diminuem significativamente, é mais fácil aos
trabalhadores obterem maiores aumentos salariais. Segundo Sicsú e Vidotto
(2008), dizem que:
“A visão pós-keynesiana critica o uso de políticas
antiinflacionárias ortodoxas de aperto monetário, uma vez
que elas atacam o sintoma, mas não a causa da inflação.
Qualquer pressão inflacionária que ocorra em uma
situação em que a economia esteja operando em níveis
abaixo do pleno emprego tem sua causa do lado da
oferta. Políticas ortodoxas antiinflacionárias são
orientadas para manter uma taxa de desemprego
suficientemente alta de modo a constranger demandas
salariais dos trabalhadores e os aumentos nas margens
de lucro das empresas. Isto é, ela só pode ser bem-
sucedida se perpetuar níveis de desemprego elevados.”
(SICSÚ E VIDOTTO, 2008, p. 222)
Na visão pós-keynesiana, existem múltiplas e diferentes causas para a
inflação e, conseqüentemente, vários tipos de inflação. Para cada tipo de
inflação um instrumento antiinflacionário deve ser usado. Por exemplo, uma
inflação spot ou uma inflação de preços de commodities, que ocorre quando
existe uma repentina e não antecipada mudança na demanda ou oferta
disponível para entrega imediata, pode ser evitada, segundo Davidson (2008)
se:
“Se existe uma instituição que não seja motivada pelo
interesse próprio, mas que irá manter um ‘estoque
amortecedor’ (buffer stock) para prevenir mudanças
inesperadas que induzam bruscos movimentos nos
preços à vista. Um estoque amortecedor não é nada mais
27
do que um estoque de algum produto que possa ser
usado no mercado à vista para suavizar movimentos
compensatórios relacionados às mudanças inesperadas
na demanda e oferta.” (DAVIDSON, 1994, p.158).
Obstáculos na balança comercial
Os obstáculos na balança comercial surgem quando o nível da
atividade econômica é constrangido para assegurar que o nível das
importações seja compatível com o nível das exportações, uma vez que
qualquer diferença entre importações e exportações deverá ser coberta por
capitais externos, o que, no longo prazo, pode aumentar a vulnerabilidade
externa da economia.
Países em desenvolvimento, em particular, podem enfrentar problemas
estruturais em seu balanço de pagamentos devido ao que ficou conhecido
como Lei de Thirlwall. Essa lei estabelece uma relação entre a taxa de
crescimento econômico dos paises e a razão entre as elasticidades-renda das
suas importações e exportações. A longo prazo, um país não pode crescer a
uma taxa mais elevada do que aquela consistente com o equilíbrio do balanço
de pagamentos. Isso porque um país não pode incorrer em déficits no balanço
de pagamentos por um período de tempo suficientemente longo que tenha de
ser financiado pelos fluxos de capitais de curto prazo e que resulte em um
crescente aumento na razão dívida externa liquida sobre o PIB. Se um país
tentar fazer isso, a operação dos mercados financeiros internacionais levará a
uma crescente pressão para baixo sobre a moeda doméstica, com o risco de
colapso na taxa de câmbio e de uma conseqüente espiral
depreciação/inflação.
Mais especificamente, a Lei de Thirlwall mostra que a baixa
elasticidade-renda dos produtos de menor valor agregado exportado por
países em desenvolvimento, comparada com a maior elasticidade-renda das
28
importações produzidas pelos países desenvolvidos, gera déficits de caráter
estrutural no balanço de pagamentos dos primeiros. Esses déficits crescentes
podem resultar em um obstáculo significativo ao crescimento econômico em
países em desenvolvimento, uma vez que a manutenção de um déficit em
conta corrente não explosivo requer que a taxa doméstica de crescimento seja
mantida abaixo da taxa de crescimento mundial, de modo a que as
importações e exportações se equilibrem.
Obstáculos na conta de capital
Os obstáculos na conta de capital do balanço de pagamentos surgem
quando uma economia esta vulnerável a mudanças nas condições de liquidez
e/ou dos humores dos investidores globais no mercado financeiro
internacional, qualquer que seja a razão. De fato, as experiências de crises
cambiais em vários países nos anos 90 mostram que, em contexto de plena
mobilidade de capital, tais crises podem ocorrer por razões não relacionadas
diretamente com déficits em conta corrente. Em outras palavras, economias
sem ou com pequeno déficit em conta corrente – uma situação em que o país
pode ser visto como solvente do ponto de vista de suas contas externas –
pode enfrentar paradas súbitas nos fluxos de capitais devido a mudanças nas
expectativas dos investidores internacionais. Comportamento de manada e
efeito contágio podem induzir tais mudanças. Segundo Sicsú e Vidotto (2008)
afirmam que:
"Países com fluxos de capitais voláteis e muito
maiores em relação ao tamanho de seus mercados
financeiros domésticos e suas economias, com moeda
não-conversível e/ou baixo nível de reservas são mais
propensos a enfrentar problemas na conta de capital. Em
tais países, os fluxos de capitais voláteis podem gerar
uma alta volatilidade na taxa de cambio nominal. De fato,
há vários problemas econômicos relacionados à
29
excessiva volatilidade da taxa de cambio, em particular
referentes ao gerenciamento do risco cambial e à política
macroeconômica (determinação da taxa de juros e
gerenciamento da dívida pública).” (SICSÚ E VIDOTTO,
2008, p. 222)
30
CAPÍTULO III
ALGUMAS PROPOSIÇÕES DE ALTERNATIVAS DE POLÍTICA ECONÔMICA
PARA UM CRESCIMENTO SUSTENTADO
Críticos das políticas econômicas implementadas no Brasil nos últimos
anos têm feito propostas de mudança no curso da política econômica. Uma
linha de proposições defende que a política monetária tem sido muito rígida e
insensível às necessidades de crescimento, e que, alguma flexibilidade deveria
ser introduzida no regime de metas de inflação, tais como o uso de um índice
de núcleo de inflação (core inflation) em vez de um índice cheio (IPCA). Nesse
contexto, muitos economistas defendem que a taxa de juros poderia ser
reduzida de forma mais intensa com impacto virtuoso sobre a economia, uma
vez que:
• O declínio nos custos financeiros da divida pública teria efeitos
benéficos sobre o equilíbrio fiscal;
• Uma diminuição nos spreads bancários resultaria em um
aumento na oferta de credito;
• Uma redução na taxa de juros reais estimularia as decisões de
investimento produtivo com efeitos benéficos sobre o crescimento
econômico.
A economia brasileira tem experimentado uma tendência de queda dos
juros reais nos últimos, principalmente após a adoção do regime de metas de
inflação em 1999. Mesmo assim, os juros reais no Brasil permanecem bem
acima do padrão internacional, mesmo de paises de desenvolvimento similar.
Segundo Bacha e De Bolle (2011), as taxas de juros reais no Brasil têm
recuado nos últimos anos de 11,4% ao ano, em média, no período entre
31
janeiro de 2000 e junho de 2004, para 9,7% entre julho de 2004 e dezembro
de 2008, e abaixo de 7% mais recentemente.
Na sua travessia para uma economia estável e próspera, o Brasil
precisa gerar as condições para passar a ter uma taxa de juros baixa. Não é
uma tarefa fácil, mas não é intransponível. Há vários casos bem-sucedidos de
redução de juros em países emergentes. A Turquia, no começo de 2003,
amargava juros reais (acima da inflação) de 25% ao ano e depois conseguiu
que suas taxas convergissem para níveis de um dígito. A Polônia derrubou sua
taxa de juros reais de 9% ao ano para 3%, a partir de 2001. Na América Latina
ocorreu o mesmo. No Chile as taxas caíram de 8% para 3%, assim como
houve quedas significativas no Peru.
O juro real depende das condições econômicas como a estabilidade, o
risco percebido, a política fiscal (gastos, divida publica), assim como das
distorções ainda existentes da economia brasileira. Segundo Bacha e De Bolle
(2011), afirmam:
“Uma queda dos juros possibilita um conjunto de
desenvolvimentos que não são viabilizados com juros
altos, como o alongamento dos horizontes dos
poupadores e dos investidores. A economia brasileira
precisa financiar um vultoso montante de investimentos
de longo prazo que requer tempo, paciência e juros
menores para torná-los viáveis. Esses investimentos irão
requerer financiamento não subsidiado para a economia
brasileira crescer de forma sustentada, já que as contas
públicas em ordem são uma condição necessária para o
desenvolvimento.” (BACHA E DE BOLLE, 2011, p. 104)
Uma segunda linha de proposições, mesmo que concordando com a
necessidade de se reduzir a taxa de juros, sustenta que isso pode não ser o
suficiente. Nesse sentido, regulamentações sobre fluxos de capitais poderiam
32
ser adotadas a fim de proteger a economia brasileira contra choques externos,
aumentar os graus de liberdades na condução da política monetária e também
evitar uma apreciação excessiva na taxa de cambio devido aos movimentos de
fluxos de capitais. Portanto, nessa linha de proposições, alguma forma de
regime de câmbio flutuante administrado deveria ser implementada, que
objetive ao mesmo tempo preservar alguma forma de flexibilidade na taxa de
câmbio nominal, de modo a desencorajar fluxos de capitais especulativos de
curto prazo, e alcançar uma taxa de cambio real competitiva, estimulando a
expansão dos produtos dos setores comercializáveis. Nesse sentido,
provavelmente seria melhor evitar o anúncio e o comprometimento com regras
ou sinais implícitos do Banco Central no mercado de câmbio, ainda que
sinalizando para a formação de expectativas dos agentes um compromisso
com a estabilidade da taxa de câmbio real.
Visando o crescimento no longo prazo, o governo brasileiro deve focar
a meta do pleno emprego e a criação de condições para a retomada do
investimento público e privado, a famosa parceria entre o governo e o setor
privado e que ficou famosa no governo Lula pela sigla PPP (parceria público-
privada) que significa:
“É uma forma de provisão de infra-estruturas e serviços
públicos em que o parceiro privado é responsável pela
elaboração do projeto, financiamento, construção e
operação de ativos, que posteriormente são transferidos
ao estado. O setor público torna-se parceiro na medida
em que ele é comprador, no todo ou em parte, do serviço
disponibilizado. O controle do contrato passa a ser por
meio de indicadores relacionados ao desempenho na
prestação do serviço, e não mais ao controle físico-
financeiro de obra.”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Parceria_p%C3%BAblico-
privada)
33
Do ponto de vista macroeconômico, é necessário despertar o “espírito
animal” dos empresários, sinalizando políticas econômicas que dêem suporte a
demanda agregada. Isso significa não somente que a política monetária
deveria explicitamente considerar o objetivo de manutenção de estabilidade do
emprego e de estabilidade de preços, como também que a política fiscal
deveria ser reorientada para permitir uma expansão no investimento publico,
em vez de se voltar tão somente para cobrir o serviço da dívida e/ou o gasto
corrente. Políticas monetárias deveriam ser reorientadas, e o Banco Central
deveria ter um comprometimento com objetivos de emprego e inflação.
A política fiscal não deve ser sacrificada simplesmente para garantir o
serviço da dívida pública a qualquer preço. Alguma redução no superávit
primário fiscal e um controle mais efetivo sobre o gasto corrente a longo prazo
podem ser necessários de modo a aumentar o investimento publico em infra-
estrutura econômica e social no Brasil. É importante destacar que a redução
na razão divida publica sobre o PIB pode ser obtida mesmo com alguma
redução no superávit primário, se combinada com uma redução na taxa de
juros e um aumento no crescimento do PIB (que resultaria da queda na taxa de
juros e da retomada do investimento público e privado). A redução nessa razão
poderia contribuir para alcançar o objetivo de longo prazo de equilíbrio fiscal,
de modo que as políticas fiscais pudessem ser operadas como um
investimento contracíclico.
A política fiscal e a creditícia podem afetar a taxa de juro real de
equilíbrio de longo prazo. No caso fiscal, há evidência empírica dos efeitos
através da dívida pública. Alterações no gasto de equilíbrio de longo prazo e no
crédito direcionado de equilíbrio, por exemplo, devem afetar a taxa de juro real
de equilíbrio de longo prazo.
A adoção de uma política fiscal mais conservadora, especialmente via
redução permanente da taxa de crescimento dos gastos correntes, contribuiria
34
para a redução da taxa de juro real de equilíbrio, tanto no curto prazo como no
longo prazo. A redução do crescimento dos gastos correntes, tudo o mais
constante, aumenta a poupança da economia, reduzindo o juro real de
equilíbrio.
A política monetária tem de ser formulada conjuntamente com outras
políticas macroeconômicas, estando sua implementação freqüentemente
coordenada com estas. Uma vez que em países em desenvolvimento, como o
Brasil, a taxa de câmbio é o principal mecanismo de transmissão que afeta a
inflação, uma taxa de câmbio mais estável pode contribuir para evitar uma
aceleração da inflação. Um novo mix da política monetária, fiscal e cambial
deve ser adotado de modo a fortalecer o “espírito animal” empresarial
influenciando as expectativas de que lucros acumulados irão aumentar.
Políticas macroeconômicas são fortemente conectadas e devem ser
coerentemente desenhadas e implementadas. Um novo mix de políticas pode
não ser bem-sucedido se o grau de conversibilidade da conta de capital for
mantido, permitindo que residentes possam promover saídas de capitais
facilmente em momentos de maior pressão especulativa, como pode ocorrer
na estrutura atual de regulamentação dos fluxos de capitais. Por essa razão, a
regulamentação nos fluxos de capitais através da adoção de controles
baseados no mercado poderiam criar incentivos de mercado para reduzir os
fluxos de capitais de curto prazo de modo a preservar alguma autonomia das
políticas econômicas domésticas.
O grau de incerteza nas estimativas das taxas neutras, sejam elas de
juros ou de desempregos, influencia substancialmente as decisões de política
monetária e seus resultados na economia. Segundo Orphandes e Willians
(2002), são categóricos sobre as conseqüências de conduzir a política
monetária com uma percepção errada sobre as incertezas em torno das taxas
naturais:
“Nossos experimentos de avaliação de política sugerem
que uma confiança exagerada na habilidade do executor
35
de políticas para detectar mudanças nas taxas naturais –
isto é, a busca de políticas que se acredita serem ótimas
sob a falsa suposição de que percepções equivocadas
com relação a avaliações em tempo real das taxas
naturais são menores do que fato são – pode ter
conseqüências potencialmente desastrosas para a
estabilidade econômica.” (ORPHANIDES E WILLIANS,
2002, p. 112)
Dadas as elevadas incertezas associadas às medidas das taxas de
equilíbrio (de juros ou de desemprego), acreditamos que o melhor que a
autoridade monetária pode fazer é conduzir a política monetária de forma
pragmática, avaliando continuamente o impacto de suas ações sobre a
economia. A subestimação do grau de engano na estimativa da taxa de juro
real de equilíbrio pode causar grandes instabilidades macroeconômicas,
enquanto superestimar a incerteza leva a resultados ligeiramente inferiores
caso as estimativas sejam realmente precisas.
A busca para se alcançar o pleno emprego deve ser acompanhado
com o estímulo ao crescimento e ao investimento de modo a prover os
equipamentos de capital sobre o qual os trabalhadores possam ser
empregados. Políticas econômicas ativas são claramente necessárias.
Adicionalmente, políticas industriais devem ser adotadas para coordenar os
esforços privados e públicos de acumular capital a uma taxa necessária ao
maior crescimento econômico. Essa é uma área normalmente negligenciada
na política econômica, mas que tem sido recentemente destacada no caso dos
países da União Européia.
Segundo Arestis e Biefang-Frisancho Mariscal (2000), mostram que a
menos que o estoque de capital seja aumentado, pode ser difícil atacar o
desemprego de forma bem-sucedida. Isso pode ser um importante problema
no caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, e pode ser uma
36
questão importante nos setores manufatureiros mais dinâmicos que podem
contribuir para estimular exportações de bens com maior elasticidade-renda.
Seria certamente plausível assumir que políticas econômicas de
crescimento teriam mais alta probabilidade de sucesso em situações nas quais
a demanda agregada não fosse mantida em níveis baixos pelas políticas
macroeconômicas, como freqüentemente tem sido o caso do Brasil. Seriam
desejáveis a manutenção e implementação de um regime de câmbio flutuante
administrado, a fim de promover a lucratividade das atividades dos bens
comercializáveis e prover incentivos para as firmas investirem e expandirem a
produção e o emprego através de um cambio real estável e competitivo.
No que se refere à questão da inflação, seria interessante adotar uma
política pragmática de combatê-la, considerando que a inflação brasileira no
período recente foi predominantemente uma inflação de custos e inercial,
causada principalmente pelo efeito da grande desvalorização da taxa nominal
de cambio ocorrida no segundo semestre de 2002, em outras palavras, o Brasil
teve uma combinação de inflação importada com inflação de preços
administrados.
A evolução da economia brasileira nas ultimas décadas apresenta uma
série de aspectos positivos, como a construção da estabilidade
macroeconômica, o aumento gradual da taxa de crescimento, a queda na taxa
de pobreza e a melhoria em praticamente todos os indicadores sociais. Nesse
contexto, o que chama a atenção é a modesta evolução da taxa de
investimento do país, que em 2011 deverá ficar próxima de 20% do PIB.
As taxas de juros estão em queda, e vários indicadores confirmam essa
tendência, e também dos prêmios de risco (como o chamado spread bancário).
Ainda assim, juros reais de longo prazo de cerca de 6% ao ano mais um
spread ainda representa um custo de captação extremamente elevado para
padrões internacionais, o que inviabiliza muitos projetos de investimento.
37
Para que o país possa crescer a taxas elevadas de forma sustentável,
será necessário poupar e investir mais. As carências observadas nas áreas da
infraestrutura e imobiliária são visíveis a olho nu. Não seria exagero estimar
algo entre R$ 100 e 150 bilhões a mais por ano de necessidade de
investimento nesses setores.
Dado que poucos desses investimentos em infraestrutura geram divisas
diretamente ou se correlacionam com a taxa de câmbio, esses montantes
exigirão financiamentos de longo prazo em moeda local. Não parece razoável
imaginar um crescimento continuado do balanço do BNDES no passo
observado em 2010, sob pena de se inchar mais a já elevada dívida bruta do
governo. Outras fontes serão necessárias, e não apenas para viabilizar os
investimentos adicionais, mas também para maximizar a eficiência do
processo.
O tema das elevadas taxas de juros no Brasil é crucial e vem sendo
discutido em vários fóruns. Segundo Arminio Fraga Neto comenta a esse
respeito que:
“Minha avaliação é de que uma solução exigiria esforço
em varias frentes. Listo para registro minhas reformas
favoritas: contenção permanente do gasto publico como
proporção do PIB em níveis no máximo iguais aos atuais
(um terço seria uma boa meta), contenção do
crescimento do crédito público e reforma do Sistema
Financeiro de Habitação (SFH). A reforma do SFH
ajudaria a tirar da cabeça das pessoas que uma taxa de
juros real próxima de 6% é normal.”
(http://www.alertatotal.net/2009/02/arminio-fraga-amplia-
prestigio-global.html)
38
O crescimento econômico de longo prazo, especialmente em sua fase
inicial, não pode, é claro, prescindir do consumo e de seu financiamento, mas
depende mais fundamentalmente de se aumentar a taxa de investimento em
capital físico, intelectual e humano. Sem investimento não há crescimento
acelerado. Uma cultura que põe excessiva ênfase no consumo corre o risco de
gerar desequilíbrios patrimoniais e financeiros, pondo em risco a longevidade
do processo de crescimento.
O Brasil precisa investir mais, e esse investimento tem que ser
financiado e de forma adequada. O sistema atual de financiamento vem até
certo ponto cumprindo o seu papel, mas a taxa de investimento como
proporção do PIB continua abaixo de 20%. O sistema atual não dará conta de
necessidades adicionais. Portanto, esta na hora de se desenhar uma transição
para um sistema maior e melhor. Tais como:
• Seria recomendável revisitar e dar transparência aos critérios de
concessão de empréstimos do BNDES de forma a somente oferecer
esses escassos recursos em casos de claro retorno social superior ao
retorno privado;
• Reforma do sistema financeiro da habitação e imobiliário, na direção de
casar prazos e desenhar melhor o modelo de subsídios. A caderneta de
poupança seria reavaliada, preservando-se o que se achar necessário
para os investidores menores, assim como algum mecanismo de
subsidio para a habitação de baixa renda. Seria mais eficiente dar o
subsidio diretamente ao comprador. As várias distorções e armadilhas
que levaram à enorme crise norte-americana devem ser evitadas.
Resumindo, para compatibilizar o objetivo de expandir a demanda
efetiva, estabilizar a inflação e promover o crescimento econômico de médio e
longo prazo, o governo deveria:
39
1. operar a política fiscal de modo a implementar programas sociais e
promover investimentos, em particular em setores de infra-estrutura, tais
como energia, rodovias e ferrovias;
2. assegurar que a política monetária tenha um impacto positivo sobre o
nível de atividade econômica, através de uma taxa de juros mais baixa;
3. implementar um regime de câmbio flutuante administrado que objetive
manter um câmbio real competitivo;
4. operar a política industrial com o objetivo de integrar a economia
brasileira ao cenário internacional, o que permitiria criar um contexto no
qual o Brasil poderia incorporar inovações tecnológicas em setores
relevantes e ser capaz de atrair investimentos diretos estrangeiros que
permitam adicionar valor às exportações;
5. criar mecanismos antiespeculativos para regular os fluxos de capitais de
modo a evitar crises externas e aumentar a autonomia das políticas
econômicas domésticas;
6. introduzir iniciativas fiscais, tais como imposto de renda progressivo,
programas de renda mínima e gastos sociais, com o objetivo de
aprimorar o padrão de vida das populações de baixa renda;
7. em seus ajustes fiscais, priorizar cortes de despesas, em vez do
aumento da receita pública, pois essas práticas tendem a apresentar
maior crescimento econômico e equilíbrio das contas públicas;
8. promover maior abertura comercial, pois tende a aumentar a
produtividade, sobretudo por meio da importação de bens de capital.
Maiores restrições ao comércio exterior afetam negativamente o
40
crescimento econômico e esse impacto será maior para as economias
mais produtivas;
9. facilitar a entrada de novas firmas, inclusive estrangeiras, pois aumenta
a produtividade. O aumento tende a ser maior em economias mais
produtivas;
10. aumentar a qualidade de vida de sua população, seja investindo mais
em saúde e educação, pois tendem a apresentar um maior crescimento
de renda nas décadas seguintes.
11. redefinir o papel do Estado na economia, através da reconstrução dos
mecanismos de coordenação desmontados ao longo dos anos 90. Em
especial, caberia a ele selecionar e financiar prioridades de investimento
tanto na indústria quanto na infra-estrutura, através do que contribuiria
para a formação e a estabilização de expectativas de médio e longo
prazo, fundamentais para a retomada dos investimentos privados;
12. adotar políticas tributárias e financeiras de estímulo às exportações —
por exemplo, desonerando as exportações e abrindo linhas de crédito
para as mesmas via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES);
13. estruturação pelo Governo e pelo setor privado de uma política
industrial de maneira que a inserção da economia brasileira no cenário
internacional ocorra de forma a absorver as revoluções tecnológica e
estrutural em curso — imprescindíveis para tornar nossos produtos
competitivos no mercado mundial — e a atrair a participação de capital
estrangeiro em investimentos produtivos que possam gerar valor
agregado, visando à exportação;
41
14. revisar a política comercial tendo como referência os acordos da
Organização Mundial do Comércio que possibilitam tratamento especial
para os países em desenvolvimento, no sentido de adoção de tarifas
seletivas que privilegiem as importações de bens de capital e penalizem
as importações de bens de consumo;
15. priorizar as relações comerciais e financeiras com os parceiros do
Mercosul, visando, assim, aumentar o poder de barganha do Brasil e
dos demais países do Mercosul no processo de integração do Acordo
de Livre Comércio das Américas (ALCA);
16. criação pelo Banco Central de mecanismos antiespeculativos eficientes
para controlar (ou regular) os movimentos de capitais de forma a evitar a
ocorrência de crises monetário-cambiais via contágio dos mercados
financeiros.
Tais políticas são necessárias para promover uma redistribuição de
renda pessoal compatível com uma política de investimento e de crescimento
econômico.
A adoção desse conjunto de medidas, aliadas a outras possíveis, deve
contribuir para remover as restrições e diminuir a vulnerabilidade e a fragilidade
externas da economia brasileira e restaurar progressivamente a autonomia da
política econômica, de forma a torná-la mais condizente com um novo modelo
de desenvolvimento econômico e social para o País.
42
CONCLUSÃO
O desafio do governo em promover o crescimento econômico brasileiro
é gigantesco. Não se trata de querer crescer por crescer pura e simplesmente,
mas sim de ser quase que obrigatória a condição do país crescer para poder
criar os empregos necessários ao enorme contingente de pessoas que
anualmente ingressam no mercado de trabalho.
Como foi exposto nesse trabalho, há inúmeros obstáculos que
dificultam o nosso crescimento. Não se faz aqui necessário citar os mais
importantes entraves econômicos a serem solucionados, mesmo porque todos
os obstáculos são importantes e impactam o avanço do país, portanto os
obstáculos se não serão solucionados totalmente, devem ser pelo menos
mitigados.
Em se tratando de alternativas para o crescimento de longo prazo, é
importante o governo aumentar seus investimentos e estimular também o
investimento privado. As parcerias público-privadas são uma ótima solução
encontrada para aumentar as operações de infra-estrutura (energia, água,
telecomunicações, transporte e etc) pois o setor privado pode ser capaz de
gerar receitas adicionais provenientes de terceiros, reduzindo assim o custo de
qualquer entidade pública.
É de fundamental importância para o país lutar pela estabilidade
macroeconômica, por isso, a relevância das políticas econômicas como
instrumento que o governo dispõe para fazer os ajustes, correções e estimular
a economia crescer sustentadamente no longo prazo.
Esse trabalho procurou mostrar as dificuldades e propor algumas
soluções para o país crescer nos próximos anos, tendo como base as políticas
econômicas representadas pela política fiscal, monetária, cambial e de rendas.
43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ARESTIS, P; Biefang-Frisancho Mariscal, I. OECD Unemployment: Structural
Breaks and Stationarity. Vol 32 Applied Economics, 2000.
BACHA, Edmar Lisboa; DE BOLLE, Mônica Baumgarten. Novos Dilemas da
Política Econômica. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
DAVIDSON, Paul. Post Keynesian Macroeconomic Theory – a foundation for
successful economics policies for the twenty-first century: Edward Elgar, 1994.
LANZANA, Antonio Evaristo Teixeira. Economia Brasileira: fundamentos e
atualidade. São Paulo: Atlas, 2010.
ORPHANIDES, Athanasios; WILLIANS, John. Robust Monetary Policy Rules
with Unknown Natural Rates. Brookings Papers on Economic Activity, 2002.
SICSÚ, João; VIDOTTO, Carlos. Economia do Desenvolvimento. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2008.
WONNACOTT, Paul; WONNACOTT, Ronald. Economia. São Paulo: Makron
Books, 1994.
FIESP, Ciesp Sesi Senai Irs. <URL:http://www.fiesp.org.br> Acessado em:
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FURUGUEM, Alberto. Política Cambial e Crescimento Econômico.
<URL:http://www.zashi.com.br/2.opiniao/583.shtml> Acessado em: 30/06/11
44
KUPFER, José Paulo. A “maldita” Política de Renda é a Chave do Crescimento
<URL:http://blogs.estadao.com.br/jpkupfer/a-maldita-politica-de-renda-e-a-
chave-do-crescimento> Acessado em: 20/06/11
OREIRO, José Luis. Crescimento Sustentado e Reformas Macroeconômicas.
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reformas-macroeconomicas-foram-temas-do-xxii-since> Acessado em:
05/07/11
PEREIRA, José Matias. Estagnação Econômica, Governabilidade e
Democracia no Brasil.
<URL:http://www.espacoacademico.com.br/035/35cpereira.htm> Acessado em:
05/07/11
WIKIPEDIA. <URL:http://pt.wikipedia.org/wiki/Parceria_p%C3%BAblico-
privada> Acessado em: 20/07/11
45
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Instrumentos de Política Econômica e seus objetivos 9
CAPÍTULO II
Condições adversas e obstáculos ao crescimento econômico
brasileiro 20
CAPÍTULO III
Algumas proposições de alternativas de política econômica para um
crescimento econômico sustentado 30
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43
ÍNDICE 45