UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ANÁLISE DE CRÉDITO, EMPRESAS E PESSOAS FÍSICAS.
Por: JORGE RODRIGUES DIAS JUNIOR
Orientador
Prof. Vilson Sérgio de carvalho
Rio de Janeiro
2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ANÁLISE DE CRÉDITO EMPRESAS E PESSOAS FISICAS
O objetivo do projeto de pesquisa refere-
se à análise e concessão de crédito
aplicado as Empresas e Pessoas Físicas.
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RESUMO
Crédito nada mais é do que confiança em uma pessoa que se compromete a honrar uma obrigação futura. A concessão de crédito pode ser requerida normalmente para aquisição de bens de consumo, para investimentos, pagamentos de despesas extraordinárias ou emergenciais e pagamentos de outras dívidas. Para isto é necessária sempre uma análise de crédito do tomador. Neste estudo foram abordados os principais fatores para análise e concessão de crédito. Na análise de crédito destaca-se o estudo do passado, presente e futuro do tomador. Este trabalho visa determinar os riscos inerentes as C’s do crédito que são: o caráter, a capacidade, o capital, colateral, as condições e as garantias apresentadas pelo tomador. A análise conjunta do C’s do crédito determina a concessão do crédito ou não ao tomador. As Empresas necessitam de recursos para a sua alavancagem financeira, para ter acesso ao crédito elas recorrem aos Bancos para obtenção destes recursos para investimentos, capital de giro, dentre outras formas de financiamento. O cenário macroeconômico e o ramo de atividade da empresa são aspectos considerados, mas mesmo assim, a inadimplência neste segmento de mercado tem crescido. Foi apresentada ainda, a ficha cadastral para pessoas físicas com todos os seus elementos fundamentais para análise da concessão de crédito a este público. Dentre os elementos que compõe a ficha cadastral podem-se ressaltar os dados pessoais, atividades profissionais e rendimentos, informações patrimoniais e referências sempre acompanhadas de suas respectivas fontes de confirmação. Toda operação de crédito envolve risco, para diminuí-los existem diversas formas de garantias, podendo-se citar: aval, penhor, alienação fiduciária, hipoteca entre outras: portanto, a análise de crédito é um raciocínio: ela deve focalizar as razões para, eventualmente, não conceder um empréstimo (assumir riscos), e não apenas razões para concedê-las (SCHURICKEL, 2000).
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METODOLOGIA
O desenvolvimento do trabalho se deu através de pesquisa bibliográfica e consulta a internet, abordando a análise de crédito de pessoa física e jurídica. Contudo, também serão apontadas as principais linhas de crédito direcionadas aos segmentos mencionados acima, os riscos de crédito, e como uma boa análise de crédito pode minimizar os riscos de inadimplência e favorecer o processo empresarial.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 7 CAPÍTULO I - CRÉDITO, SUAS FINALIDADES E RISCOS. ................................. 9
1.1 CLASSIFICACÁO DO CRÉDITO............................................................... 12 CAPÍTULO II - LINHAS DE CRÉDITO.................................................................. 15
2.1 LINHAS DE CRÉDITO AS PESSOAS FISICAS........................................ 17 2.2 LINHAS DE CRÉDITO AS PESSOAS JURIDICAS................................... 19
CAPÍTULO III – GARANTIAS................................................................................ 23 3.1 GARANTIAS PESSOAIS........................................................................... 24 3.2 GARANTIAS REAIS.................................................................................. 25
CAPÍTULO IV - ANÁLISE DE CRÉDITO PARA EMPRESAS E PESSOAS FISICAS 4.1 OS CS DO CRÉDITO................................................................................ 27 4.2 FASES DA ANÁLISE SUBJETIVA DE CRÉDITO..................................... 30 4.3 PROCESSO DE ANÁLISE DE CRÉDITO PARA PESSOAS FISICAS E EMPRESAS..................................................................................................... 31
CAPÍTULO V - CONCEITUAÇÃO DE RISCOS.................................................... 34 5.1 PRINCIPAIS TIPOS DE RISCOS.............................................................. 37 5.1.1 RISCO DE CRÉDITO............................................................................. 37 5.1.2 RISCO DE MERCADO........................................................................... 38 5.1.3 RISCO LEGAL........................................................................................ 38 5.1.4 RISCO OPERACIONAL.......................................................................... 39
CAPÍTULO VI – MODELOS AVANÇADOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE CRÉDITO.............................................................................................................. 40
6.1 VALOR EM RISCO (VAR)......................................................................... 40 6.2 CREDITMETRICS..................................................................................... 41 6.3 RETORNO SOBRE O CAPITAL ECONÔMICO AJUSTADO AO RISCO (RAROC)......................................................................................................... 41 6.4 MODELO KMV – MODELO DE PROBABILIDADE DE INADIMPLÊNCIA. 42
CAPÍTULO VII - RATINGS DE CRÉDITO............................................................. 43 7.1 RATINGS.................................................................................................... 43 7.2 ESCALAS DE RATINGS............................................................................ 44
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CAPÍTULO VIII - PROCESSO DE COBRANÇA................. 46
8.1 ALERTAS DE RISCO. ............................................ 46 8.2 PERFIL DO CLIENTE. ............................................ 47 8.3 MEDIDAS PREVENTIVAS. .................................... 48 8.4 FUNÇÃO E PROCEDIMENTOS DE COBRANÇA... 48
CONCLUSAO. ..................................................................... 49 BIBLIOGRAFIA. ................................................................... 50
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho destina-se ao entendimento da análise crédito, nos
segmentos de empresas e pessoas físicas, e como minimizar os riscos de
inadimplência. Ao conceder crédito, as empresas se expõem ao risco de
inadimplência, ou seja, a probabilidade do não recebimento do valor financiado, e
para minimizar esse risco, os credores devem realizar uma análise de todas as
informações do cliente (cadastrais, financeiras, patrimoniais e de idoneidade).
Além disso, também será abordada à análise do risco de crédito para empresas e
pessoas físicas, a linha de crédito, as garantias, os Ratings de crédito, a
administração da cobrança, e, os modelos avançados de avaliação do risco de
crédito.
O trabalho é composto por oito capítulos, assim estruturado.
No capitulo I faz uma introdução ao tema, conceituando o crédito e destacando
suas finalidades e riscos.
No capítulo II será apresentado às principais linhas de crédito direcionadas aos
segmentos de pessoas físicas e de empresas.
No capítulo III apresentará a conceituação de garantia, destacando seu papel
como recurso de risco para os credores e descreve as principais modalidades
para propostas de crédito de empresas e pessoas físicas.
No capítulo IV apresenta a análise de crédito, sob a visão da abordagem
tradicional, que considera a análise dos Cs do cliente (caráter, capacidade, capital,
colateral e condições). Ao longo desse capítulo, serão apresentadas as
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informações indispensáveis (financeiras, patrimoniais, sistemáticas e de
idoneidade) para viabilizar concessões de crédito as empresas e pessoas físicas.
No capítulo V abordará a conceituação de risco, os principais tipos de riscos
inerentes ao crédito.
No capítulo VI apresenta os principais modelos de avaliação do risco de crédito, e
destaca suas contribuições para as tarefas diárias de monitoramento e destinação
de reservas financeiras para cobrir perdas inesperadas com a inadimplência dos
clientes.
No capítulo VII destaca o papel seletivo e a contribuição dos ratings de crédito
para a classificação e monitoramento de riscos dos clientes.
No capítulo VIII descreve-se a importância do processo de cobrança para a
recuperação (total ou parcial) de créditos problemáticos. Além disso, destaca os
principais fatores de risco dos clientes que devem ser acompanhados pelos
credores, ao longo do relacionamento.
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CAPITULO I
CRÉDITO, SUAS FINALIDADES E RISCOS.
Crédito, em finanças, é definido como a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre empresas e seus clientes.
O crédito inclui duas noções fundamentais; confiança expressa na promessa de
pagamento, e tempo, que se refere ao período fixado entre a aquisição e a
liquidação da dívida, ou seja, a troca de um valor presente por uma promessa de
reembolso futuro, não necessariamente certo, em virtude do fator risco. Daí a
necessidade do credor efetue uma análise cuidadosa da capacidade financeira de
cada cliente, antes da concessão do financiamento (Santos, 2006).
O crédito abrange todo tipo de atividade e atende a múltiplas necessidades
econômicas, tais como; Financiamentos as pessoas Físicas e Financiamentos a
Empresas. Trata-se de algo presente no dia a dia das pessoas, particularmente,
facilitando a compra e venda de serviços ou produtos. Assim, na simples
compra/venda de um produto no supermercado, temos uma operação que envolve
o conceito de crédito, pelos seguintes motivos.
• A confiança na qualidade do produto;
• A confiança no dinheiro (ou cheque ou cartão) utilizado na transação.
Silva (1998) define crédito como um instrumento de política de negócios a ser
utilizado por uma empresa comercial ou industrial na venda a prazo de seus
produtos ou por banco comercial, na concessão de empréstimos, financiamentos
ou fianças.
Segundo Beckman (1949), a importância do crédito por parte das empresas e
instituições financeiras deve ser vista como um importante recurso estratégico
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para atingir a meta principal da administração financeira, ou seja, a de atender as
necessidades de todos os supridores de capital e agregar valor ao patrimônio dos
acionistas.
Contudo, a determinação do risco de inadimplência constitui-se em uma das
principais preocupações dos credores, tendo em vista relacionar-se com a
ocorrência de perdas financeiras que poderão prejudicar a liquidez e a captação
de recursos nos mercados financeiros e de capitais.
Wesley (1993) destaca dois fatores que tendem a ser determinantes do risco de
inadimplência; a fraca qualidade no processo de análise de crédito (fator interno),
e o agravamento da situação macroeconômica que pode resultar na escassez de
clientes saudáveis (fator externo). Segundo o autor, essa situação tende a
influenciar na maior concentração de crédito com clientes de alto risco, o que pode
resultar na diminuição da receita e da lucratividade de empresas e instituições
financeiras.
Segundo Sinkey (1989), o risco total na concessão de crédito e função direta da
associação dos dois fatores abordados por Wesley; ou seja; fatores internos e
fatores externos.
Entre os fatores internos identificados como responsáveis pelas perdas financeiras
em concessões de crédito, usualmente são citados os seguintes de natureza
administrativa.
Fatores Internos
•••• Profissionais desqualificados;
•••• Controles de riscos inadequados;
•••• Ausência de modelos estatísticos;
•••• Concentração de crédito com clientes de alto risco.
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Os fatores externos são de natureza macroeconômica e, por isso, relacionam-se
diretamente com liquidez (capacidade de pagamento) de empresas e de pessoas
físicas no mercado de crédito, usualmente são citados os seguintes exemplos de
fatores externos a atividade empresarial.
Fatores Externos
•••• Concorrência;
•••• Carga tributária;
•••• Caráter dos clientes;
•••• Inflação;
•••• Taxa de juros;
•••• Paridade cambial.
Conforme Sinkey e Greenawalt (1991), para medir a taxa de perdas em carteiras
de crédito (TPE), são indispensáveis que seja avaliado o risco total do
investimento, baseado no conhecimento dos fatores de risco (internos e externos)
influenciadores na capacidade de pagamento dos clientes. Ao incorporar tais
fatores para determinação do risco total na concessão de crédito, o Modelo TPE
divide-se em duas partes; risco não sistemático e risco sistemático.
•••• Risco não sistemático, é a parte do risco que independe da economia e
que está relacionada com as características de uma empresa ou de um
segmento da atividade econômica. Consiste no risco intrínseco e
controlável do investimento. Baseado no modelo de Sinkey; o risco não
sistemático está relacionado com os fatores internos;
•••• Risco sistemático é a parte relevante do risco de um investimento,
principalmente relacionado à situação econômica e cinco, as quais
determinam o nível de atividade econômica e de taxa de juros. Baseado no
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modelo de Sinkey, o risco sistemático está relacionado com os fatores
externos.
1.1 Classificação do Crédito
Para termos uma idéia da gama de situações, extremamente comuns, em que
o crédito está presente, citamos alguns exemplos.
•••• Empréstimos pessoais;
•••• Empréstimo para as empresas;
•••• Operações de MIDDLE MARKET;
•••• Operações de CORPORATE;
•••• Operações à vista com pagamento em cheque.
As operações de crédito podem ser entendidas como empréstimos, no sentido
de que;
•••• Recursos estão sendo imediatamente disponibilizados ao tomador pelo
doador;
•••• O tomador, de posse dos recursos, realiza uma operação, em geral a vista,
pagando uma obrigação contraída;
•••• Em seguida, pelo prazo e juros contratados, o tomador pagará, até o
vencimento, a obrigação futura contraída com o doador dos recursos. Ao
menos, é nisso que o doador acredita, ou seja, esse é o objetivo do crédito,
da confiança.
Assim, as classificações de crédito acabam por se enquadrar nas operações
de empréstimos, quando examinamos do ponto de vista do perfil do tomador
de recursos. Nessa análise, podemos classificar o crédito em público ou
privado, onde;
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•••• Crédito Público – tem origem nas necessidades de cobertura dos gastos
governamentais, tanto de custeio como de investimento. Em geral, este
crédito é obtido por meio da emissão de papéis ou títulos, que caracterizam
obrigações com prazos e juros definidos.
•••• Crédito Privado – tem origem na necessidade de recursos das empresas
dos mais variados setores, para cobertura de capital de giro ou para
investimentos visando à continuidade e crescimento de seus negócios. O
crédito privado também se estende às pessoas físicas, no mesmo sentido
das jurídicas, para suprir necessidades imediatas de caixa ou para
antecipar consumo ou investimento.
Dentro de uma classificação ampla, podemos considerar várias outras
subdivisões conforme sua utilização final;
•••• Crédito Bancário – quando o doador de recursos é um banco;
•••• Crédito Imobiliário – quando os recursos tomados tëm como objetivo a
aquisição de imóveis;
•••• Crédito Agrícola – quando os recursos tomados tëm como objetivo a
aquisição de imóveis;
•••• Crédito ao Consumidor – quando os recursos tomados são destinados à
aquisição de bens duráveis. No caso brasileiro, os doadores são financeiros
que recebem o bem em garantia;
•••• Crédito Educativo – crédito para pequenas e médias empresas, enfim, um
conjunto de linhas de crédito específicas para as necessidades dos vários
perfis de tomadores.
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Embora tenhamos caracterizado a operação de crédito, em sua excelência,
como uma operação de empréstimo, é importante que se observe sua
regulamentação.
Resumidamente, o M.N.I. – Manual de Normas e Instruções do Banco Central
do Brasil – estabelece a área de atuação de cada tipo de instituição financeira
da seguinte forma;
•••• O conceito de empréstimo admite a possibilidade de existência de garantias
diferenciadas e a posição doadora é prerrogativa das instituições
financeiras tais como; Bancos Comerciais, Bancos de Investimento,
Financeiras, Caixas Econômicas e Bancos de Desenvolvimento;
•••• As instituições financeiras não podem captar recursos na forma de
empréstimos, pois se o fizessem poderiam dar garantias diferenciadas aos
doadores. Essa captação é realizada pela venda de produtos bancários ou
serviços em conta corrente;
•••• Os empréstimos Inter-Company são aceitos com parcimônia pelo Banco
Central e, em geral, para empresas coligadas.
Assim, quando caracterizamos as operações de crédito com operações de
empréstimos, estamos fazendo no sentido amplo do termo, procurando
estabelecer uma relação entre doador e tomador de recursos, mesmo que o
lastro da operação seja uma mercadoria ou serviço (Securato, 2002).
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CAPITULO II
LINHAS DE CRÉDITO
A finalidade do crédito deve estar diretamente vinculada com a necessidade do
cliente. Por isso, é preciso conhecê-lo detalhadamente quanto à situação
financeira e patrimonial, para oferecer-lhe uma linha de crédito compatível com
suas necessidades de financiamento e capacidade de amortização.
As linhas de crédito podem atender a três necessidades básicas;
A) Pessoas Físicas
•••• Créditos emergenciais; destinam-se a atender às necessidades imediatas
do cliente, para cobrir eventuais desequilíbrios orçamentários ou
financiamentos de compras. Os créditos emergenciais são operações de
curtíssimo prazo (prazo inferior a um mês), com a amortização concentrada
na data do vencimento;
•••• Financiamentos de compras; esses financiamentos permitem ao cliente
adquirir produtos e serviços para consumo e bem-estar. Os financiamentos
de compras são operações de curto prazo (prazo inferior a 12 meses),
como forma de amortização parcelada ou concentrada na data do
vencimento;
•••• Investimentos; os investimentos permitem ao cliente adquirir bens de
maior valor para integrar seu patrimônio ou mesmo desempenhar suas
atividades profissionais. Os investimentos são operações de longo prazo
(prazo superior a 12 meses), com forma de amortização parcelada.
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B) Empresas
•••• Hot Money; destina-se a cobrir eventuais necessidades de caixa, ou seja,
desequilíbrios entre os prazos de recebimento e pagamento, ocorridos por
poucos dias;
•••• Capital de giro; recursos para financiar o ciclo operacional das empresas –
período que vai desde a aquisição da matéria-prima até o recebimento da
venda do produto acabado ou serviço prestado. Durante o ciclo
operacional, empresas com problemas de fluxo de caixa buscam
financiamentos para amortizar dívidas com fornecedores, funcionários e
entidades governamentais;
•••• Investimentos; recursos para financiar imobilizações (instalações,
máquinas, equipamentos e veículos), visando aumentar a capacidade
produtiva das empresas.
Para o financiamento das necessidades básicas, os clientes podem recorrer à
obtenção de duas modalidades de linhas de crédito; as linhas rotativas e as
linhas pontuais.
•••• Linhas rotativas – são limites de crédito que ficam à disposição do cliente
para financiamento de suas necessidades, dentro de valores, prazos e
garantias previamente definidos por políticas de crédito. O cliente poderá
utilizar a linha, a seu critério, por quantas vezes necessitar, uma vez que,
esta modalidade é mais arriscada, tendo em vista as incertezas do real
direcionamento quanto à utilização dos recursos financeiros.
•••• Linhas Pontuais – destinam-se a financiar necessidades com
caracterização previamente definida quanto à finalidade, valor, prazo e
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garantia. Esta modalidade de crédito apresenta forma de amortização
parcelada ou concentrada na data de vencimento.
2.1 LINHAS DE CRÉDITO ÀS PESSOAS FÍSICAS Neste segmento, os exemplos mais comuns de crédito são os limites rotativos
(cheque especial e cartão de crédito), o contrato de crédito, o crédito direto ao
consumidor, o crédito imobiliário e o Leasing. Essas modalidades de crédito
são direcionadas as necessidades temporárias ou eventuais dos clientes.
•••• Cheque especial – trata-se de modalidade de crédito rotativo para atender
às necessidades eventuais ou temporárias dos clientes.
A aprovação dessa modalidade somente será efetivada após a prévia
avaliação do risco do cliente, baseada na qualidade das informações
financeiras, patrimoniais e de idoneidade no mercado de crédito. Como
parâmetro, os Bancos aprovam limites de cheque especial em valores
compatíveis com a renda líquida mensal comprovada dos clientes e, com taxas
prefixadas e definidas mensalmente, variando de acordo com o risco do
cliente.
A garantia usual em contratos de cheque especial é vinculada a uma nota
promissória avalizada, com valor superior ao valor do crédito aprovado, sendo
substituída, toda vez que houver alteração no valor do cheque especial, para
que não haja uma defasagem.
•••• Cartão de Crédito – esta modalidade permite aos clientes a realização de
saques e compras de bens e serviços, de acordo com o limite de crédito
concedido. A sua aprovação somente será efetivada conforme a prévia
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avaliação do risco do cliente, baseada em dados fornecidos (financeiros,
patrimoniais e de idoneidade). Como parâmetro, os bancos somente
aprovarão limites em valores conforme a renda líquida mensal comprovada
dos clientes (Visa e Credicard). As taxas são prefixadas e definidas
mensalmente, variando conforme a atual situação e perspectivas de risco
apresentadas pelo cliente.
•••• Contrato de Crédito - modalidade de crédito condicionada a amortização
parcelada do principal mais os juros. Essa modalidade de financiamento é
considerada pontual, uma vez que, possibilita ao banco o conhecimento
prévio do direcionamento que o cliente dará para os recursos financeiros
(gastos com moradia, saúde, educação e aquisição de bens). Os contratos
de crédito podem ser de natureza coberta, quando a aprovação está
condicionada à vinculação de bens patrimoniais, ou descoberta, quando
somente são amparados pela vinculação de avais de terceiros.
•••• Crédito Direto ao Consumidor – Trata-se de linha de crédito destinada a
financiar a prestação de serviços e aquisição de bens duráveis (novos ou
usados; os mais comuns são os financiamentos destinados à aquisição de
veículos e eletrodomésticos) com amortizações mensais fixas com
encargos envolvidos. Usualmente, o próprio bem objeto do financiamento
(carro, máquina e equipamentos) representa para o banco, a garantia, em
caso de inadimplência do cliente.
•••• Crédito Imobiliário – financiamento destinado à aquisição ou construção
de imóveis residenciais, amortizáveis em prestações mensais, com
períodos superiores há cinco anos. Para essa modalidade, há a
necessidade de avalistas coobrigados e com potencial para assumir a
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dívida do cliente em caso do não pagamento. O imóvel objeto do
financiamento, além do aval, constitui-se na garantia acessória para
minimizar o risco.
•••• Leasing – operação de arrendamento ou aluguel de veículos de passeio às
pessoas físicas. A amortização dessa modalidade de financiamento ocorre
de forma mensal e em longo prazo (24 ou 36 meses), o bem é adquirido
pela arrendadora, conforme especificações fornecidas pelo cliente, e os
arrendadores condicionam a aprovação do Leasing à vinculação de
contrato de seguro do bem, o qual pode ser efetuado com o banco
financiador ou com um banco concorrente, conforme designação do cliente.
2.2 – LINHAS DE CRÉDITO ÀS EMPRESAS
As linhas de crédito oferecidas às empresas são direcionadas ao
financiamento de capital de giro e de investimentos conforme a necessidade do
cliente. A seguir relacionamos algumas modalidades de linhas de crédito
utilizadas pelas empresas.
•••• Contratos de Capital de Giro - compreendem as linhas de crédito
direcionadas ao financiamento de necessidades operacionais de curto
prazo. Os bancos oferecem os contratos de capital de giro na modalidade
de créditos rotativos ou créditos pontuais, onde se estabelece prazo, taxas,
valores e garantias exigidas. A garantia exigida é sempre a nota
promissória, e conforme o risco envolvido os bancos podem condicionar a
aprovação desse financiamento à vinculação de duplicatas previamente
selecionadas, em valor equivalente ou superior ao do crédito concedido.
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•••• Desconto de Duplicatas – operação em que uma instituição financeira
adianta recursos ao cliente, referentes a valores de duplicatas geradas de
vendas mercantis ou prestação de serviços, recebendo como garantia tais
duplicatas. É uma operação que permite ao cliente uma antecipação de seu
fluxo de caixa, uma vez que pode receber adiantado o resultado de suas
vendas a prazo. Na data de vencimento, caso a duplicata não seja paga, o
cedente assume a responsabilidade pelo pagamento, incluindo multa e/ou
juros sobre mora pelo atraso. O desconto de duplicatas é feito sobre títulos
com prazo máximo de 60 dias e prazo médio de 30 dias. Os encargos,
normalmente, são cobrados antecipadamente (Securato, 2002).
•••• Vendor – Nessa operação, a empresa realiza a venda a prazo a prazo aos
seus clientes e faz uma cessão de crédito a um banco, ou seja, vende a
prazo e recebe a vista, transferindo o crédito à instituição financeira
mediante uma determinada taxa de desconto, sendo que a empresa
assume o risco de crédito de seus clientes.
O Vendor é uma maneira da empresa financiar seus compradores através da
instituição financeira. Normalmente as taxas de juros praticadas neste produto,
são menores que as taxas praticadas no financiamento direto. A empresa que
realiza as vendas presta fiança como garantia de pagamentos dos
financiamentos.
As operações podem ser pré-fixadas de 30 a 90 dias, pós-fixadas corrigidas
pela TR de 120 a 360 dias, e acima de 360 dias corrigidas pelo IPC-R. Podem
também ser feitas operações de vendor com correção cambial de 90 a 180
dias, com realização de operações de swaps que transformem a correção pré
ou pós-fixada em cambial.
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•••• Adiantamento sobre contratos de Cambio (ACC) - O ACC, destina-se às
empresas exportadoras. A empresa recebe antecipadamente (parcial ou
total) do banco, em moeda nacional, o valor equivalente aos valores em
moeda estrangeira decorrentes da exportação. A concessão do ACC está
condicionada à aprovação de crédito baseada na idoneidade, solidez e
pontualidade de pagamento do exportador. Sobre o adiantamento são
cobrados juros variáveis em função do prazo de entrega dos documentos
de embarque, valor da operação, modalidade de entrega (cobrança, carta
de crédito etc.), conceito do importador e situação econômica do país do
importador.
O prazo máximo para a contratação do ACC é de 180 dias da data prevista
para embarque, e, superior ao prazo de 180 dias, somente com autorização do
Banco Central. O público-alvo são as empresas que necessitam de
financiamento e que já disponham de um contrato firmado para exportação
futura.
•••• Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) – O ACE, tem a mesma
definição do ACC diferenciando deste por ser utilizado quando a
mercadoria já está pronta e embarcada, ou seja, já foi superada a fase de
produção da empresa exportadora. Sobre o ACE são cobrados juros pelo
período da operação.
Caso a operação tenha sido inicialmente contratada como ACC, com a
aprovação do embarque, ocorre uma alteração no contrato de cambio,
transformando o ACC em ACE. O prazo máximo para a contratação do
ACE é de 180 dias após o embarque da mercadoria.
•••• Resolução 63 – Esta operação leva o nome de resolução na qual o Banco
Central a regulamentou. Consiste no empréstimo de recursos captados no
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exterior por instituição financeira, por meio da emissão de títulos. O repasse
do empréstimo somente é feito em moeda nacional, indexado à variação
cambial, acrescido de juros pré ou pós-fixados e com datas fixas de
pagamento.
A vantagem desse financiamento ao cliente decorre da possibilidade de
representar custo final menor do que o custo dos empréstimos em moeda
nacional.
•••• Leasing – Trata-se de uma operação de arrendamento ou aluguel
destinada ao financiamento de veículos, máquinas, equipamentos e
imóveis. A amortização dessa modalidade de financiamento ocorre de
forma mensal e a longo prazo (24 ou 36 meses).
Após a aprovação de crédito, o bem é adquirido pela arrendadora, seguindo as
especificações técnicas fornecidas pelo cliente. Em face das características
dos bens financiados, os arrendadores condicionam a aprovação do Leasing à
vinculação de contrato de seguro do bem, o qual pode ser efetivado com o
banco financiador ou com um banco concorrente, conforme designação do
cliente.
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CAPÍTULO III
GARANTIAS
Define-se garantia, em seu aspecto de risco, como a vinculação de um bem ou
de uma responsabilidade conversível em numerário que assegure a liquidação
do crédito.
A finalidade da garantia é evitar que fatores de natureza sistemática ou externa
à atividade da pessoa física ou da empresa, podendo ser resultante de
medidas governamentais, concorrências, climáticas ou acidentais,
impossibilitem a liquidação do crédito.
O Banco Central estabelece que as instituições financeiras, na realização de
operações de crédito, devem exigir dos clientes garantias adequadas e
suficientes para assegurar o retorno do capital aplicado, e que seja adequada
ao tipo, ao montante e ao prazo do crédito.
As melhores garantias são as de maior liquidez, especialmente as chamadas
autoliquidáveis, ou seja, aquelas cuja conversão em caixa, e respectiva
liquidação do contrato de crédito, independem de sentença judicial. A decisão
de conceder crédito deve ser baseada na capacidade de reembolso do cliente
e não sobre as garantias (Santos, 2006).
Mesmo com uma boa concessão de crédito, poderá ocorrer um não
recebimento futuro, em face da ocorrência de fatores sistemáticos inesperados
que podem acarretar em uma situação financeira negativa do cliente. Para
reduzir o risco de crédito, as instituições financeiras devem formalizar as
garantias vinculadas às operações e registrá-las em cartório para que sirva de
prova eficaz contra terceiros.
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3.1 – GARANTIAS PESSOAIS
São garantias que, em vez de serem constituídas sobre coisas específicas,
repousam sobre pessoas (físicas ou jurídicas), uma vez que, não é vinculado
qualquer tipo de bem específico do cliente ou do garantidor, mas recaem sobre
a totalidade dos bens que ambos possuírem no momento da liquidação do
crédito. As garantias constituídas são basicamente aval e fiança, conforme
especificadas abaixo;
•••• Aval – garantia pessoal do pagamento de um título de crédito, data por
pessoa (física ou jurídica), que fica solidariamente responsável com o
devedor pelo pagamento do crédito, e é atrelada a todas as operações de
crédito, por ser a forma mais comum e reduzir a exposição de riscos de
inadimplência do cliente (pessoa física), ou de concordata ou falência da
empresa.
•••• Fiança – consiste em uma garantia pessoal, mediante a qual uma pessoa
(fiador) garante, no todo ou em parte, o cumprimento da obrigação que
outra pessoa (afiançado/ devedor) assumiu com um concessor de
financiamento (beneficiário). Para ser válida, a fiança deve contar com a
anuência escrita do outro cônjuge, normalmente compreende o principal
mais os juros, todas as despesas acessórias como juros de mora, comissão
de permanência, multa, despesas judiciais etc. O fiador demandado pelo
pagamento da dívida, tem o direito de exigir, até a contestação do
processo, que primeiramente sejam penhorados os bens do devedor, e que
perderá esta oportunidade caso tenha concordado expressamente em
renunciar ao benefício de ordem e obrigar-se como devedor solidário nos
casos em que o devedor principal tornar-se insolvente ou falido.
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3.2 – GARANTIAS REAIS
São garantias que se constituem sobre a vinculação de bens tangíveis do
cliente, como; veículos, imóveis, máquinas, equipamentos, mercadorias e
duplicatas.
Quando se constitui uma garantia sobre determinado bem, esse bem será
vinculado legalmente ao contrato de crédito, e no caso do não pagamento total
da dívida, estará à disposição do credor, que mediante processo, poderá
recorrer à recuperação do financiamento via venda judicial. As garantias são
indivisíveis, ou seja, mesmo que o devedor pague uma parcela da dívida, a
garantia continua por inteiro.
•••• Caução de Duplicatas – duplicata é um título de crédito que se origina de
uma venda ou prestação de serviços com recebimento a prazo. É uma
garantia muito utilizada pelos credores e que possibilita a redução do risco
de crédito por meio da vinculação de duplicatas diversificadas ao contrato
de crédito. A caução de duplicatas é uma espécie de penhor e, como tal,
constitui-se como garantia real, e, só produz efeitos mediante entrega dos
títulos ao credor.
•••• Caução de Cheques – cheque é uma ordem de pagamento a vista dada
por alguém que possui conta de depósito em uma instituição financeira e
deve ser paga no momento de sua apresentação. Como forma de garantia,
refere-se à vinculação de cheques ao contrato de crédito. Em face da
elevada inadimplência em épocas de recessão, algumas empresas
financeiras e não financeiras excluem essa modalidade de garantia de suas
políticas de crédito.
26
•••• Alienação Fiduciária – É uma garantia real constituída sobre veículos,
máquinas e equipamentos. Consiste na transferência, para o credor, do
domínio do bem, embora o devedor permaneça com a posse, e assume a
figura de fiel depositário, não podendo vendê-lo, aliena-lo ou onera-lo sem a
prévia concordância do credor, sob pena de prisão administrativa.
•••• Penhor Mercantil – consiste na entrega ao credor de bem móvel, por um
devedor ou por terceiros, para garantir o cumprimento de dívidas. Apesar
de ser uma garantia real, o penhor mercantil de mercadorias é bastante
questionado quanto a sua validade, pois se caracteriza como garantia sem
qualquer controle por parte do credor, e para minimizar esse tipo de risco, é
atribuído ao cliente o papel de fiel depositário ao assinar o contrato, o que o
obriga a assumir o encargo de guardar e conservar as mercadorias
recebidas pelo credor em penhor, tal como ocorre na alienação fiduciária.
•••• Hipoteca – é a vinculação de bens considerados imóveis pelo Código Civil
para pagamento de dívida. São imóveis passíveis de hipoteca; terras,
casas, prédios, apartamentos, sítios, lotes, navios e aviões. O fator
relevante de risco sobre hipotecas deve-se ao fato de possibilitar ao dono
do imóvel poder constituir várias hipotecas em favor do mesmo credor ou
de outros. Neste caso, haverá hipoteca de segundo e terceiro, sendo que,
não poderá haver execução do imóvel antes de vencida a primeira
hipoteca.
27
CAPÍTULO IV
ANÁLISE DE CRÉDITO PARA EMPRESAS E PESSOAS
FÍSICAS
O objetivo do processo de análise de crédito é o de averiguar se o cliente
possui idoneidade e capacidade financeira para amortizar a dívida.
Conforme destaca Oreska (1983), Diamond (1984) e Pirok (1994), entre as
atribuições dos credores, destacam-se as tarefas da seleção, análise e
monitoramento do risco de crédito, baseadas em informações concretas dos
clientes e na confirmação das informações através de documentos e consultas
a agencias especializadas.
Para realizar a análise de crédito, as empresas recorrem ao uso de duas
técnicas; a subjetiva baseada no julgamento humano e a técnica objetiva
baseada em procedimentos estatísticos.
4.1- OS CS DO CRÉDITO
O processo de análise subjetivo envolve decisões individuais quanto à
concessão ou recusa do crédito. Nesse processo, a decisão baseia-se na
experiência adquirida, disponibilidade de informações e sensibilidade de cada
analista quanto ao risco do negócio (Santos, 2006).
Giltman (1997) questiona; a atividade de seleção de crédito de uma empresa
busca determinar se deve ser concedido crédito a um cliente e quais os limites
quantitativos que devem ser impostos. E acredita que um dos insumos básicos
na decisão final do crédito é o julgamento subjetivo que o analista financeiro
faz para determinar se é válido ou não assumir riscos. Segundo o autor, a
28
experiência adquirida do analista e a disponibilidade de informações (internas e
externas) sobre o caráter do cliente são requisitos fundamentais para a análise
subjetiva do risco de crédito. Tais informações, utilizadas pelos analistas para
avaliar a capacidade financeira dos clientes, são conhecidas como os cinco Cs
do Crédito; caráter, capacidade, capital, colateral e condições.
•••• Caráter – Segundo Berni (1999), é a forma de agir e reagir da empresa
diante de situações adversas, seriedade e esforços empreendidos diante de
crises.
Para Gitman (1997), é o histórico do solicitante quanto ao cumprimento de
suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de
pagamento e quaisquer causas judiciais pendentes ou concluídas contra o
cliente seriam utilizados na avaliação do seu caráter. Em suma, o caráter é
determinado pela intenção da empresa em cumprir seus compromissos e
pode ser medido por sua análise histórica.
•••• Capacidade – Refere-se ao julgamento subjetivo do analista quanto à
habilidade dos clientes no gerenciamento e conversão de seus negócios
em receita. Usualmente, os credores atribuem à renda de pessoas físicas
ou à receita de empresas a denominação de fonte primária de pagamento e
principal referencial para verificar se o cliente tem capacidade de honrar a
dívida (Santos, 2006).
Para Gitman (1997), a capacidade é o potencial do cliente para quitar o crédito
solicitado. Análises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos
índices de liquidez e de endividamento, são geralmente utilizadas para avaliar
a capacidade do solicitante de crédito.
29
•••• Capital – o capital é medido pela situação financeira do cliente, levando-se
em consideração a composição dos recursos, onde são aplicados e como
são financiados. As fontes usuais para avaliação do capital de empresas e
pessoas físicas são os Demonstrativos Contábeis e a Declaração do
Imposto de Renda, respectivamente. Por isso, recomenda-se que sejam
requisitadas pelos credores para a análise do risco total do crédito (Santos,
2006).
Na visão de Gitman (1997), é o Capital, a solidez financeira do solicitante,
conforme indicada pelo patrimônio líquido da empresa. O total de exigíveis
em relação ao patrimônio líquido, bem como os índices de lucratividade
são, freqüentemente, usados para avaliar o capital do demandante de
crédito. No caso das pessoas físicas, a acumulação de capital mostra sua
competência e, geralmente, o patrimônio é o melhor indicador de uma
história de sucesso.
•••• Colateral – os colaterais, são todos os tipos de ativos que podem ser
dados como garantia adicional em uma operação de crédito. É definido por
Gitman (1997), como o montante de ativos colocados à disposição pelo
solicitante para garantir o crédito. Naturalmente, quanto maior esse
montante, maior será a possibilidade de se recuperar o valor creditado, no
caso de inadimplência.
Segundo Santos (2006), refere-se à riqueza patrimonial dos clientes
composta por bens e aplicações financeiras. No mercado de crédito, esse C
recebe a denominação de garantia acessória, ou seja, garantia secundária
vinculada aos contratos de crédito para proteger os credores de situações
adversas decorrentes da perda de capacidade financeira dos clientes.
30
•••• Condições – Este C está relacionado à sensibilidade da capacidade de
pagamento dos clientes à ocorrência de fatores externos adversos ou
sistemáticos, tais como os decorrentes de aumento nas taxas de inflação,
taxas de juros e paridade cambial; e de crises em economias de países
desenvolvidos e emergentes, que mantém relacionamento com o Brasil
(Santos, 2006).
Para Berni (1999), as condições da linha de crédito (modalidade, custo,
prazo e garantias) também são um parâmetro decisório do crédito.
As literaturas atuais tratam ainda de outros C`s. Berni (1999) coloca a
Confiança como o primeiro dos C`s e se refere a ela como um fator de
decisão importante para o crédito. Aqui estamos referindo-nos à
Constancia, estabilidade, índole, idoneidade e reputação. E coloca o
conglomerado como último deles, e diz respeito à análise do grupo, como
as empresas ligadas, holding, sócios majoritários e às diversas
participações entre as empresas.
4.2 - FASES DA ANÁLISE SUBJETIVA DE CRÉDITO
A análise subjetiva, ou caso a caso, é baseada na experiência adquirida
dos analistas de crédito, no conhecimento técnico, no bom senso e na
disponibilidade de informações que possibilitem diagnosticar se o cliente
possui idoneidade e capacidade de gerar receita para honrar o pagamento
das parcelas do financiamento. As fases de análise de crédito para pessoas
físicas e empresas são; análise cadastral, análise de idoneidade, análise
financeira, análise de relacionamento, análise patrimonial, análise de
sensibilidade e análise de negócio (Santos, 2006).
31
4.3 – PROCESSO DE ANÁLISE DE CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS
E EMPRESAS
Segundo Santos (2006), as fases da análise de crédito que possibilita aos
credores a realização de uma análise minuciosa de risco em concessões de
financiamentos às pessoas físicas e às empresas.
•••• Análise Cadastral – O levantamento e a análise das informações básicas
são requisitos fundamentais para a determinação do valor do crédito, para
amortização, taxa de juros e, se necessário, vinculação de novas garantias.
Os dados gerais do cliente estão contidos no cadastro ou ficha cadastral.
No processo de análise de crédito, a determinação do risco total deve
considerar todas as informações relacionadas à situação financeira do
cliente, uma vez que, a análise conjunta dos dados possibilitará a
realização de tomadas de decisões precisas.
•••• Análise de Idoneidade – Consiste no levantamento e análise de
informações relacionadas á idoneidade do cliente com o credor no mercado
de crédito. A análise da idoneidade financeira de pessoas físicas e das
empresas baseia-se em informações extraídas de relatórios gerenciais e de
arquivos de dados de empresas especializadas no gerenciamento de risco
de crédito. No Brasil, a Serasa e a Equifax são empresas que fornecem
sistemas automatizados de pesquisa de restritivos para apuração de ações
executivas, protestos, registros de cheques sem fundos, assim como
qualquer problema de ordem jurídica que afete a idoneidade.
•••• Análise Financeira – Compreende o levantamento e a situação financeira
da empresa, baseando-se em informações extraídas do Balanço
Patrimonial, da Demonstração de Resultado do Exercício e da
Demonstração do Fluxo de Caixa do Exercício, tais informações são
32
analisadas através de índices de desempenho, como; liquidez,
endividamento, imobilização, lucratividade, cobertura, rotatividade e
rentabilidade. No caso de pessoas físicas, a análise financeira será
baseada na Declaração do Imposto de Renda e nos Demonstrativos de
Pagamento, uma vez que, Black e Morgan (1998) consideram existir
relação entre a renda e a taxa de inadimplência.
•••• Análise de Relacionamento – Baseia-se em informações extraídas do
histórico de relacionamento do cliente com o credor e mercado de crédito.
No caso do credor, os analistas coletam informações relacionadas aos
financiamentos e limites de crédito (médias extraídas de valores aprovados,
índices de utilização, taxa de juros, etc), garantias vinculadas e
pontualidade na amortização.
•••• Análise Patrimonial – É importante que os credores obtenham
informações sobre o patrimônio dos clientes, para que possam ser
vinculados aos contratos de crédito, sempre que for constatados aumento
de risco e julgarem necessário. Dentre as informações sobre o patrimônio
dos clientes, destacam-se as relacionadas à composição, valor de
mercado, liquidez, existência de ônus e vinculações em contratos de
crédito. A análise do aumento ou da deterioração da riqueza patrimonial de
pessoas físicas e das empresas fornece informações importantes que
podem possibilitar melhor determinação do risco de crédito.
•••• Análise de Sensibilidade – O monitoramento da situação
macroeconômica é fundamental para a adequada gestão de risco de
crédito, uma vez que a ocorrência de fatores adversos pode prejudicar a
capacidade de pagamento dos clientes. Como forma de redução da
33
inadimplência em suas carteiras de crédito, os credores devem monitorar
constantemente os fatores sistemáticos que apresentam maior
sensibilidade com as fontes geradoras de rendas de seus clientes, tais
como; realizar simulações, considerando cenários de recessão, estabilidade
e crescimento para a atividade econômica. Trata-se de ação preventiva que
muito contribuiria para a adequada gestão do risco de crédito.
•••• Análise do Negócio – Quando a pessoa física tem suas rendas extraídas
de atividade empresarial, liberal ou autônoma, os analistas de crédito
devem coletar informações (cadastrais, de idoneidade e financeiras) do
negócio e de seus gestores, e devem ainda, conhecer detalhadamente o
risco do negócio quanto à idade, administração, carteira de fornecedores,
concorrência, riscos sistemáticos, situação contábil etc. Para as empresas,
os credores devem conhecer a quem pertence, a experiência dos
proprietários, a idoneidade no mercado de crédito, sua situação financeira,
o domínio da tecnologia, a atividade e seu ciclo operacional, as carteiras de
clientes e fornecedores, a concorrência, os riscos sistemáticos, etc.
A análise de risco do negócio está relacionada com a capacidade da
empresa para geração de receitas suficientes para cobertura dos gastos
operacionais e financeiros.
34
CAPÍTULO V
CONCEITUACÁO DE RISCO
O risco, enquanto variável do retorno, está diretamente ligado ao resultado das
empresas.
Como não se pode estabelecer um valor ideal para perdas, determinar um
intervalo em que elas podem ser aceitas, ou conhecer o nível de exposição ao
risco ao qual uma instituição está disposta a aceitar, é uma importante variável na
tomada de decisões, e também um meio de maximizar o lucro.
Portanto, administrar riscos é uma necessidade de qualquer empresa,
principalmente para instituições financeiras, pois sua atividade específica de
intermediadora de valores de terceiros, torna esta necessidade ainda mais
evidente.
A Gestão de Risco nas Instituições Financeiras, como uma atividade formal, é
recente e ainda está em processo de estruturação. As grandes mudanças
ocorridas com o fim do sistema de Bretton Woods (mudança do padrão ouro,
1973) ocasionaram uma volatilização intensa no mercado financeiro com a
conseqüente liberação da taxa de câmbio internacional, exigindo medidas que
minimizassem o risco do sistema.
Com esse intuito, o comitê de Basiléia criou padrões internacionais para
gerenciamento do risco que devem ser observados pelos participantes do
mercado.
Dentre as propostas de regulamentação emitidas pelo comitê da Basiléia foi o
Acordo de Capitais, cujo enfoque principal parte da exigência de um capital
mínimo ou reservas para proteção dos riscos de mercado, o item de maior impacto
na rotina das instituições financeiras (BASEL CAPITAL ACCORD).
35
Este acordo não é estático, sendo constantemente atualizado de modo a adaptá-lo
as mudanças do mercado.
Por necessidade de mercado ou exigência regulamentar, as instituições brasileiras
passaram a dar destaque ao gerenciamento de risco.
A prática de Gestão de Risco foi muito beneficiada a partir das leis de
probabilidade e conceitos de risco e retorno, que aliadas ao desenvolvimento de
ferramentas computacionais, possibilitaram o desenvolvimento de modelagens
matemáticas sofisticadas capazes de fornecer com grande precisão a relação
retorno/risco de um ativo ou grupo de ativos.
O conceito de risco não é recente, sendo largamente estudado dentro da área de
finanças, sempre atrelado aos conceitos de risco e retorno. Por exemplo, a base
da teoria das carteiras desenvolvidas por Markowitz. “O retorno que se espera de
uma carteira de títulos versus o risco de este retorno não acontecer”.
Gitman (1997), conceitua o risco como a possibilidade de prejuízo financeiro, ou
mais formalmente a variabilidade de retorno associada a um determinado ativo.
Ross (1995), classifica o risco como sistemático e não sistemático sendo estes
definidos assim:
Risco Sistemático: São eventos inesperados que afetam quase todos ativos em
certa medida porque se difundem por toda a economia (riscos de mercado).
Riscos não Sistemáticos: São eventos inesperados que afetam a um pequeno
grupo de ativos isoladamente, também chamados de riscos específicos.
No âmbito da gestão de risco nas instituições financeiras o conceito de risco,
segundo Duarte (1996), pode ser uma estimativa para as possíveis perdas de uma
instituição financeira devido às incertezas de suas atividades diárias.
Segundo Paiva (1997), a função financeira do crédito é a administração de ativos
com a disposição de assumir riscos, visando obter o melhor resultado possível. O
risco permeia a atividade humana, mas diferentemente para cada um. Risco não é
36
incerteza. Pode-se eliminar a incerteza, mas não o risco; esse só pode ser
minimizado. O risco está baseado em probabilidades com a sua expectativa
baseada em dados históricos, a incerteza não dispõe de dados para o seu
embasamento.
Toda a análise de crédito é baseada na Teoria da Precificacáo de Ativos
Financeiros e todo investimento financeiro é sujeito a diversas fontes de risco. Os
principais tipos de risco de investimentos financeiros são;
•••• Risco de Inadimplência ou de crédito; decorre da possibilidade de uma
empresa não honrar seus compromissos;
•••• Risco de Mercado; refere-se a mudanças e expectativas do mercado;
•••• Risco de Liquidez; decorre de deságios e comissões de venda de ativos
com pouca liquidez;
•••• Risco de Poder de Compra; inflacionário;
•••• Risco Político; refere-se a mudanças políticas que afetam o mercado;
•••• Risco de Opção de Compra do Investimento; associado a títulos com
cláusula de recompra;
•••• Risco de Conversibilidade; relativo à cláusula contratual de troca de ação
preferencial em ordinária;
•••• Risco de Transparência; ligados à falta de visibilidade exata das posições
financeiras das instituições por meio de análises de balanço.
As diversas fontes de risco são independentes, mas podem ocorrer
simultaneamente.
O risco de inadimplência, segundo Santos (2003), pode ser determinado por
fatores internos e externos. O risco total de crédito é função direta desses dois
fatores. Entre os fatores internos podem-se elencar profissionais
37
desqualificados; controles de riscos inadequados, ausência de modelos
estatísticos, concentração de crédito com clientes de alto risco; e fatores
externos são de natureza macroeconômica.
5.1 – Principais tipos de riscos
A classificação de riscos não obedece a uma norma absoluta, dependendo do
processo de gerenciamento de cada instituição, porém usualmente é comum
classificar-se em quatro grupos; Risco de crédito, risco de mercado, risco legal
e risco operacional.
5.1.1 – Risco de Crédito
Este é um dos mais antigos riscos encontrados no mercado financeiro. O ato
de emprestar uma quantia a alguém, trás embutida a probabilidade dessa
quantia não ser parte ou totalmente devolvida. Os principais subtítulos deste
tipo de risco são.
1. Risco de Inadimplência; risco de não pagamento por parte do
tomador de uma operação de crédito, a possibilidade do emissor de
um título não honrar seu crédito.
2. Risco de degradação da garantia; ocorre quando a garantia dada
para honrar o pagamento de uma operação de crédito sofreu
desvalorização, dilapidação ou destruição do patrimônio empenhado
pelo tomador.
3. Risco de concentração de crédito; ocorre da concentração de
empréstimos para um único cliente ou grupo econômico.
4. Risco de degradação de crédito; perda pela quebra na qualidade
creditícia do tomador de crédito, emissor de um título ou parte de
uma transação, ocasionada na diminuição no valor de suas
obrigações.
38
5. Risco Soberano; risco de perda em transações internacionais, devido
a operações de cämbio ou títulos.
5.1.2 – Risco de Mercado
Este risco surge como conseqüência do crédito e se potencializa pela
complexidade dos produtos financeiros oferecidos, pela diversidade e
instabilidade dos mercados de atuação.
1. Riscos de taxas de juros; possibilidade de perda ou ganhos em
função da variação das taxas de juros.
2. Riscos de taxas de cämbio; possibilidade de perda ou ganhos em
função da variação das taxas de cämbio.
3. Risco de Liquidez; segundo o BACEN (resolução 2804/2000), define-
se como risco de liquidez, a ocorrência de desequilíbrios entre ativos
negociáveis e passivos exigíveis – descasamentos entre
pagamentos e recebimentos que possam afetar a capacidade de
pagamento de uma instituição financeira.
4. Riscos de derivativos; possibilidade de perda devido ao uso de
derivativos, para especulação ou para hedge, com variações no valor
de posições compradas de contratos de swaps, mercado futuro, a
termo e opções.
5. Risco de ações; possibilidade de perdas em função da volatilidade
das ações.
5.1.3 – Risco Legal
É o risco ocasionado pelos órgãos de fiscalização, governo e
regulamentação, podendo ser;
39
1. Risco de contrato; risco advindo de cláusulas legais de contrato com
interpretação duvidosa.
2. Risco Tributário; risco de mudanças sobre a incidência ou criação de
tributos.
3. Risco de Legislação; ocasionado por sanções de órgãos reguladores
(multas, penalidades, indenizações).
5.1.4 – Risco Operacional
Este risco consiste em perdas diretas ou indiretas resultantes de falhas
ou inadequação dos processos internos, pessoas e sistemas ou de
eventos externos.
Este risco está associado a três fatores chaves; pessoas, tecnologia e
processos; variam de acordo com as especificações de cada instituição.
40
CAPÍTULO VI
MODELOS AVANCADOS DE AVALIACÁO DE
RISCO DE CRÉDITO
Como forma de reduzir as perdas financeiras decorrentes da
inadimplência, as empresas estão cada vez mais investindo na
elaboração e implantação de modelos para avaliação e monitoramento
do risco de crédito. Tais modelos são necessários para estimar as
perdas inesperadas, as quais estão associadas à incerteza em relação
às perdas com crédito.
Dentre os modelos utilizados pelos credores com essa finalidade,
destacamos; o Valor em Risco (VAR); o CreditMetrics; o Retorno sobre
o Capital Econômico Ajustado ao Risco (Raroc); e o Modelo KMV para
estimar a probabilidade de inadimplência (Santos, 2006).
6.1 – Valor em Risco (VAR)
O VAR representa a perda máxima esperada em carteiras de crédito e
investimentos, num dado espaço de tempo definido, e dentro de um
intervalo de confiança. O VAR produz um número que é o máximo de
dinheiro que uma carteira de crédito tem a possibilidade de perder,
digamos, nas próximas 24 horas, com um nível de confiança de 95%,
por exemplo. Com isso, possibilita a determinação do volume de capital
que as empresas devem reservar para cobrir perdas inesperadas que
excedam determinado nível crítico. A escolha do nível crítico depende
da propensão ao risco das empresas e de seus históricos de perdas em
concessões de crédito (Santos, 2006).
41
6.2 – CREDITMETRICS
Trata-se de modelo utilizado para no processo de mudanças de valor
nas variações da qualidade de crédito de cada cliente. O CreditMetrics
calcula as contribuições de riscos marginais de acordo com a
quantidade de diversificação ou concentração que cada crédito traz à
carteira. A capacidade de quantificar o grau de riscos diversos na
carteira de crédito constitui-se em um dos requisitos fundamentais para
o êxito do desenvolvimento do CreditMetrics.
O CrediMetrics constrói o risco da carteira para cada exposição
específica. Assim, dá informações de risco moldadas ao nome, ramo e
concentrações de setor na carteira. Para implementação deste modelo,
há a necessidade de simular possíveis mudanças na qualidade de
crédito, por meio de utilização de dados históricos dos clientes.
Ao capturar os efeitos de carteiras (os benefícios de diversificação e a
concentração de riscos), o CreditMetrics pode fornecer a base para a
alocação racional do capital necessário para cobrir perdas inesperadas
de crédito (VAR).
6.3 – Retorno sobre o Capital Econômico Ajustado ao Risco
(RAROC)
O RAROC estabelece a alocação de capital para transações ou divisões
de uma empresa, igual à perda máxima esperada durante determinado
período, com um nível de significância específico e antes da incidência
do Imposto de Renda; mede também, o retorno do negócio em relação
ao montante do capital necessário para cobrir perdas inesperadas com
o crédito, durante um certo período de tempo (Santos, 2006).
42
A utilização do RAROC se dará através dos fatores abaixo relacionados.
•••• alocação de capitais;
•••• avaliação de desempenho econômico;
•••• determinação de spreads (diferença entre o retorno e o custo de capital);
•••• administração ativa de carteiras de crédito;
•••• otimização de carteiras de crédito (maximização do RAROC)
6.4 – Modelo KMV – Modelo de Probabilidade de Inadimplência
O modelo KMV, foi criado para estimar a probabilidade de inadimplência de
empresas de capital aberto, baseado no preço de mercado das ações e
informações extraídas de demonstrações contábeis. Para a validade do
modelo, identificado como Modelo de Probabilidade de Inadimplência, o KMV
assumiu a hipótese de que o mercado é a fonte mais eficiente de informações
acerca da saúde financeira da empresa, ou seja, reflete as expectativas da
capacidade de geração de fluxos de caixa para pagar a totalidade de suas
dívidas. Este modelo pode ser utilizado para analisar o risco de crédito, sempre
que as ações refletirem a capacidade de pagamento das empresas.
43
CAPÍTULO VII
RATINGS DE CRÉDITO
Por mais positiva que seja a análise do crédito a ser concedido, só
conheceremos o resultado da operação no seu vencimento, quando
receberemos ou não o valor financiado. Essa incerteza quanto ao resultado do
processo, cria a condição de risco na operação de crédito.
Após a concessão do financiamento, é indispensável que os credores façam
um monitoramento contínuo em sua carteira de crédito, para que venham a
adotar ações preventivas, quanto à capacidade de pagamento dos clientes.
Para isso, devem estar atentos, a todos os fatores de risco (internos e
externos) que venham a prejudicar a geração de receita de empresas e
pessoas físicas, além de acompanhar as classificações de risco atribuídas por
agencias especializadas (para empresas e países destacam-se as
classificações de risco da Moody`s e da Standard & Poor`s).
7.1 – Ratings
Segundo Silva (2006), o rating é uma avaliação de risco, e é feita por meio da
mensuração e ponderação das variáveis determinantes do risco da empresa. O
rating é apresentado por meio de um código ou classificação que fornece uma
graduação do risco. Os serviços de rating são utilizados normalmente por
credores e investidores como uma medida de expectativa de cumprimento de
uma obrigação em uma data certa.
Conforme Santos (2006), os ratings são opiniões sobre a capacidade futura
dos devedores de efetuarem, dentro do prazo, o pagamento do principal e dos
44
juros de suas obrigações. Assim, refletem o conjunto de observações e
percepções de riscos das agencias especializadas, e não devem, em hipótese
alguma, ser utilizados isoladamente como parâmetro para justificar decisões
em propostas de crédito, investimentos em títulos de renda variável,
transações financeiras estruturadas etc.
Uma vez publicado o rating, este permanecerá sob constante monitoramento
do classificador, que tem a prerrogativa de ir a mercado para informar os
investidores acerca de eventuais alterações no risco percebido.
Os sistemas de ratings estão sujeitos a variações qualitativas, influenciadas,
entre outros, pelos seguintes aspectos; competência técnica e experiência dos
avaliadores, metodologia e mensuração de riscos empregada, modelo de
coleta, qualidade e confiabilidade das fontes de informações utilizadas no
desenvolvimento da análise.
7.2 – ESCALAS DE RATINGS
De acordo com Silva (2006), um bom sistema de classificação de risco é
fundamental para a decisão de crédito, orientando quanto ao nível de risco que
está sendo assumido, quanto às expectativas de inadimplência, bem como o
grau de exigência de garantias.Também será fundamental para determinar a
periodicidade das revisões de crédito. Os critérios de classificação podem
assumir escalas diversas e podem ser baseados em critérios variados.
Os recursos estatísticos podem prestar grande contribuição na classificação do
risco das empresas, mas não devem desprezar o conhecimento específico do
crédito. Em se tratando de instituição autorizada e fiscalizada pelo Banco
Central do Brasil, o sistema de classificação deve conter as classes de AA até
H.
Santos (2006), diz, que as agencias de classificação de risco de crédito
trabalham com diferentes escalas que, em geral, começam com a nota máxima
e vão decrescendo à medida que o risco observado aumenta. Os analistas
45
acreditam que as diferenças de escalas não representam qualquer obstáculo
ao entendimento por parte do investidor. Pelo contrário, consideram-na
positivas, pois revelam diferentes critérios de avaliação e proporcionam ao
investidor um panorama mais amplo das condições da empresa. As revisões
de rating são positivas quando a percepção de risco é favorável aos
investidores, ou negativas, quando detectados fatores que possam prejudicar a
capacidade futura de pagamento dos agentes devedores. Classificação de
rating segundo as empresas Standard & Poors e Moody`s;
STANDARD & POORS MOODY`S Interpretacáo
AAA Aaa Melhor qualidade de risco
AA+, AA, AA- Aa1,Aa2, Aa3 Alta qualidade de risco
A+, A, A- A1,A2, A3 Forte capacidade de pagamento
BBB+, BBB, BBB- Bbb1, Bbb2, Bbb3 Adequada capacidade de pagto
BB+, BB, BB- Ba1, Ba2, Ba3 Provável cap. Pagamento
B+, B, B- B1, B2, B3 alto risco
CCC+, CCC, CCC- Caa1, Caa2, Caa3 Vulnerabilidade / inadimplencia
CC Ca Classificação ruim
C Idem
D Idem
46
CAPÍTULO VIII
PROCESSOS DE COBRANCA
A atividade de concessão de crédito sempre estará exposta ao risco de
inadimplência, ou seja, aos prejuízos decorrentes do não pagamento de
dívidas por parte dos clientes. Para minimizar essa exposição de risco, é
fundamental que os profissionais de crédito somente liberem os recursos após
a realização de análises minuciosas da situação financeira dos clientes,
baseadas em suas informações cadastrais e de idoneidade. A partir da
concessão do crédito, devem monitorar continuamente o comportamento de
pagamento do cliente, fazendo averiguações (internas e no mercado) com o
intuito de verificar se ocorreram registros de restrições (ex; atrasos, cheques
devolvidos, protestos, etc.) que comprometam sua capacidade de pagamento.
Isso porque eventos inesperados que representem alertas de risco,
principalmente os de natureza sistemática, que podem acontecer e reverter à
classificação de clientes idôneos à condição de inadimplentes (Santos, 2006).
8.1 – Alertas de Risco
Os fatores que evidenciam a degeneração financeira dos clientes e que devem
ser monitorados pelos analistas, ao longo do relacionamento são;
•••• aparecimento de apontamentos restritivos no mercado de crédito;
•••• deterioração de índices contábeis e financeiros;
•••• freqüentes saldos devedores em contas correntes;
•••• constantes renovações de principal e encargos;
•••• solicitação de créditos urgentes ou não previstos;
47
•••• venda de ativos operacionais;
•••• diminuição significativa nas vendas e nos pedidos;
•••• apresentação de constantes descasamentos de caixa;
•••• redução dos padrões de crédito para aumentar vendas, etc.
8.2 – Perfil do Cliente
Todas as empresas fazem provisões financeiras para perdas com devedores
duvidosos em transações de crédito. Quando tais previsões aumentam, sem
maior geração de faturamento, significa maior exposição ao risco de
inadimplência, ou seja, o risco de não receber o crédito (parcial ou total) nas
condições negociadas. Por isso, é importante que os credores tracem um perfil
de seus clientes de modo a classificá-los adequadamente. Para isso,
destacam-se três categorias de inadimplentes; o mau pagador, o mau pagador
ocasional e o devedor crônico (Santos, 2006).
•••• Mau pagador, é o tipo de cliente que simplesmente se recusa a pagar, e
que está sempre procurando esquivar-se do contato com o cobrador.
•••• Mau pagador ocasional, é aquele que deixa de cumprir seus compromissos
ocasionalmente, diante de circunstancias adversas e temporárias (intenção
de pagar).
•••• Devedor crônico, é um tipo de cliente que sempre atrasa, mas acaba
pagando.
Se tais clientes são identificados, problemas de caixa são reduzidos com as
provisões, tais como os decorrentes de descasamentos entre entradas e
saídas diárias do caixa, que forçam muitas empresas a tomar empréstimos em
instituições financeiras e/ou vender ativos para pagar dívidas relacionadas à
atividade operacional (Santos, 2006).
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8.3 – Medidas Preventivas
Caso seja identificado que o cliente esteja enfrentando dificuldades financeiras
que comprometam a recuperação do crédito, os credores devem analisar a
possibilidade de renegociação do saldo devedor.
Para negociar créditos problemáticos é essencial que os credores conheçam a
situação financeira do cliente, para que a renegociação seja compatível com
sua capacidade de pagamento.
Dentre as ações preventivas para reduzir as perdas com a inadimplência,
destaca-se a redução do preço ou taxa de juros embutida no crédito, o
alongamento do prazo de amortização e o abatimento do saldo devedor
através da concessão de crédito (Santos, 2006).
8.4 – Função e Procedimentos de Cobrança
A função da cobrança é a de recuperar créditos em atraso de uma forma que
não cause prejuízos financeiros aos credores nem comprometa a idoneidade
dos clientes no mercado de crédito. Para isso, toda carteira de crédito bem
administrada deve ter o suporte de uma cobrança que incorpore os tradicionais
procedimentos utilizados para a recuperação (total ou parcial) do crédito;
contato telefônico, envio de cartas, visitas pessoais, uso de agencias de
cobrança e protesto (Santos, 2006).
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CONCLUSÁO
O presente trabalho objetivou abordar os parâmetros utilizados na concessão
de crédito a pessoas físicas e empresas.
O conceito de crédito e seus parâmetros, dão ao leitor um horizonte de como,
em linhas gerais, se devem trabalhar as informações dos clientes para uma
concessão de crédito.
Ao longo deste trabalho foi abordada a questão do risco de inadimplência, em
operações de crédito, e como a aplicação de modelos avançados de riscos e
os ratings de crédito podem contribuir para minimizar os riscos de
inadimplência.
Foi dada ainda, uma visão geral das principais linhas de crédito oferecidas
pelas instituições financeiras e das garantias vinculadas como forma de reduzir
riscos para os credores.
Finalmente, foi destacado o processo de cobrança utilizado para recuperação
de créditos problemáticos e fatores de riscos que devem ser monitorados ao
longo do relacionamento do credor com os clientes.
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BIBLIOGRAFIA
SANTOS, José Odálio dos, Análise de Crédito Empresas e Pessoas
Físicas. 2. ed, São Paulo; Atlas, 2006.
SECURATO, José Roberto. Crédito-Análise e Avaliação de Risco - Pessoas
Físicas e Jurídicas. 1. ed, São Paulo, Saint Paul Institute of Finance, 2002.
SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Análise de Crédito/ concessão e gerencia de
empréstimos. 5. ed, São Paulo; Atlas, 2000.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São
Paulo; Harba, 2004.
SILVA, José Pereira da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 5. ed. São
Paulo; Atlas, 2006.
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