UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE GEOGRAFIA
UNISOL - UNIVERSIDADE SOLIDARIA
SPSM - SUBPREFEITURA DE SÃO MATEUS
SÃO PAULO 2010
EQUIPE UNICSUL
PROJETO "APA NASCENTES
DO ARICANDUVA" 2010
SÃO PAULO 2010
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EQUIPE TÉCNICA
Docentes:
Adriana Furlan
Carlos Eduardo Martins
Silvia Lopes Raimundo
Vivian Fiori
Dicentes:
Adriana Fernandes Monsalvarga
Alexandre Vastella Ferreira de Melo
André dos Santos Araujo
Catarina Peres Troiano
Cecilia Liebort Nina
Cecília Keiko Kakasu
Denise Aparecida Lopes
Fabiana Cristina da Luz
Fabrício Robson Silva dos Santos
Jamille Jorge Almessane
Josefa Mônica dos Santos
Ligia Teixeira dos Santos
Marcelo das Silva Vasconcelos
Mayra Dias Barbosa da Silva
Orlando Guimarães Junior
Roberto Randoli
Vanessa Calvo Paulini
Vanessa Costa Mucivuna
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APRESENTAÇÃO
A Universidade Cruzeiro do Sul, através do programa UNISOL - Universidade So-
lidária, em parceria com a Subprefeitura de São Mateus, realiza desde 2007 o
projeto ―APA Nascentes do Aricanduva‖.
O projeto abrange os distritos administrados pela Subprefeitura de São Mateus,
são eles, Iguatemi, Parque São Rafael e São Mateus, com foco na bacia hidrográ-
fica do Rio Aricanduva, formada pelos rios Aricanduva, Caaguaçu, Mombaça, Li-
moeiro, Palanque e suas nascentes e seus afluentes.
Inicialmente foi realizado o levantamento sobre as nascentes e o entorno da re-
gião a fim diagnosticar e analisar a importância da área de manancial e áreas
remanescentes de Mata Atlântica do local. Em 2007 foi analisada e caracterizada
a área do Aterro São João, Bacia hidrográfica do rio Aricanduva, elementos de
climatologia na região, constituição geológica, aspectos geomorfológicos, a ocu-
pação humana, as inundações, o esgoto sanitário no Alto Aricanduva, as indús-
trias localizadas na área de pesquisa, as nascentes no rio Aricanduva, Limoeiro,
Palanque, Caaguaçu e do Rio Mombaça e por fim comparação entre as áreas
analisadas.
Um dos objetivos desse estudo foi mapear as principais nascentes que compõem
a cabeceira do rio Aricanduva. Como resultado do estudo, foi confeccionado um
relatório técnico com informações referentes aos rios e análise físico-química das
águas, além de CD-ROM com resumo do relatório técnico e um vídeo de 28 mi-
nutos sobre projeto exibido no Canal Universitário. O resultado foi entregue a
subprefeitura e algumas lideranças locais.
Em 2008, o projeto consistiu em um aprofundamento e avaliação ambiental do
Córrego do Palanque no distrito de São Mateus. Foi feito estudo dos aspectos
físicos hidrográficos, cobertura vegetal, geológicos e geomorfológicos, pedológi-
cos, climatológicos e de fauna; aspectos sócio-econômicos como ocupação e os
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impactos ambientais. O estudo concentrou-se principalmente na análise das á-
guas dos rios a partir de suas nascentes, com a finalidade do estabelecer parâ-
metros que demonstrassem a qualidade destas águas, níveis de poluição e con-
centrações. Foi feito um catálogo de quarenta páginas mostrando informações do
trabalho de 2007 e de 2008, além de informações de trabalhos de conclusão de
curso sobre a região do Parque das Flores.
No ano de 2009 foi realizado um aprofundamento da análise sócio-ambiental nas
regiões do Limoeiro e do Jardim da Conquista, ambos situados no distrito de São
Mateus. Além da análise dos aspectos físicos como bacia hidrográfica, geologia,
pedologia, geomorfologia e das paisagens fisiográficas, foi realizado um levanta-
mento de uso e ocupação do solo através da análise das diretrizes do Plano Re-
gional estratégico para região, ocorreu também a aplicação de questionários com
moradores locais e líderes comunitários para realização de um diagnóstico socio-
econômico mais detalhado do local.
Ainda em 2009, além da elaboração do relatório com o diagnóstico ambiental e
socioeconômico, também foram realizadas ações de educação ambiental específi-
cas para os moradores locais e lideranças comunitárias, elaboradas a partir dos
estudos e do diagnóstico levantados anteriormente.
No presente, aperfeiçoaremos os estudos nas regiões do Jardim São Francisco e
Parque das Flores. Ambos localizados no distrito de São Rafael, na cidade de São
Paulo, inseridos na bacia do Rio Aricanduva. Além do levantamento bibliográfico
e referenciais teóricos, realizamos pesquisas de campo e análise do Plano Regio-
nal Estratégico e das ações projetadas pelo poder público para a região. Com o
intuito de nos aproximarmos das relações políticas, econômicas, culturais e am-
bientais, optamos pela a aplicação de questionários socioeconômico de caráter
quantitativo e qualitativo entre os moradores locais, lideranças comunitárias e
representantes do poder público. No total foram realizadas 77 entrevistas na co-
munidade, sendo 36 no Parque das Flores e 41 no Jardim São Francisco. Ouvi-
mos também a opinião de 3 lideranças, além de 2 representantes do poder pú-
blico, servidores da Subprefeitura de São Mateus.
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Elaboramos análise de áreas de risco no Parque das Flores, através da metodolo-
gia disponibilizada pelo INPE. Contudo o processo encontra-se ainda em desen-
volvimento.
Além da organização de um relatório aprofundado sobre essas duas regiões, que
buscará abranger os mais diversos aspectos como hidrografia, supressão de ve-
getação, geomorfologia, geologia, processos de ocupação, áreas de risco, entre
outros. Buscaremos efetivar ações in loco, como intervenções culturais ou volta-
das para a educação ambiental e sensibilização com relação às problemáticas
locais.
O projeto conta com a participação de docentes e discentes do bacharelado em
Geografia e alunos do curso de Biologia. O campo complementa toda a teoria
obtida na universidade; uma vez que a ida ao mesmo tem possibilitado um con-
tato direto com todas as questões abordadas no decorrer do curso, como os pro-
cessos de ocupação e organização espacial, as relações sociedade-meio, o dis-
tanciamento entre o planejamento e a realidade de fato, entre outras questões.
A aplicação de questionários e entrevistas com a comunidade e lideranças, o
contato com Plano Regional Estratégico e seus processos de legitimação, bem
como o acompanhamento do processo de implantação de algumas políticas pú-
blicas como a tentativa institucionalização da Área de proteção Ambiental, os
trabalhos a campo, e todas as atividades realizadas no decorrer do projeto além
de mostrar toda a diversidade da área pesquisada, tem contribuído de maneira
extremamente significativa para formação acadêmica de todos que estão partici-
pando efetivamente. Contribuindo diretamente para nossas futuras ações como
pesquisadores e pesquisadoras, educadores e educadoras.
O presente projeto visa, além de elaborar um documento diagnostico da região,
se aproximar diretamente da comunidade com ações práticas, replicando as in-
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formações obtidas e as idéias desenvolvidas para os moradores locais, através
de atividades de capacitação desenvolvidas no segundo semestre de 2010.
Portanto, além de contribuir para formação dos docentes e discentes envolvidos
também poderá ser útil para comunidade local, na medida em que estes terão
acesso as informações levantadas, bem como alguns terão oportunidade de par-
ticipar de atividades reflexivas sobre a realidade local, que terá por finalidade
sensibilizar, informar, trocar conhecimentos e quem sabe despertar idéias que se
materializem em futuras ações dos próprios moradores sobre sua realidade, des-
pertando a discussão de questões sócio-ambientais que conformem o leque das
possibilidades transformadoras.
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1 CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO
O meio físico da área de São Mateus tem início a partir das caracterizações sobre
o clima e o relevo. Tal aprendizado se faz necessário, pois contribui de forma e-
fetiva para pensarmos as dinâmicas do espaço geográfico da área.
Entendemos por meio físico as relações e as dinâmicas entre clima e relevo em
uma determinada área. Trata-se do estudo do sítio urbano, ou seja, a área de
localização da região de São Mateus na cidade. Observaremos o modelado da
crosta terrestre somado às condições climáticas.
Para melhor esclarecer sobre como o meio físico da área estudada se apresenta,
daremos definições básicas sobre o mesmo.
1.1 A ESTRUTURA GEOMORFOLÓGICA
O relevo se define como sendo o conjunto de saliências e reentrâncias que
compõem a superfície terrestre. O relevo é um componente da litosfera, está
relacionado com o conjunto rochoso subjacente e com os solos que o recobre.
Sua escultura modelada numa grande variedade de formas resulta da atuação
simultânea e desigual, tanto no espaço como no tempo, não só dos fatores
climáticos, bem como da estrutura da litosfera. Assim sendo, o relevo encontra-
se em permanente transformação (DEMANGE et al., 1977; ROSS & MOROZ,
1997).
De acordo com os fundamentos estabelecidos por PENK (apud Martinelli) e os
estudos de GERASSIMOV & MECERJAKOV (apud Martinelli) e MECERJAKOV (apud
Martinelli), o relevo é o resultado da atuação de duas forças opostas, a endógena
(interna) e a exógena (externa). As primeiras são responsáveis pelas grandes
formas estruturais, enquanto que as segundas tomam parte na modelagem das
formas esculturais. Se expressa na configuração plástica concreta e heterogênea
das formas que compõem a superfície da Terra (ROSS, 1985; 1996; 1999).
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O Município de São Paulo está inserido num contexto de terras altas (entre 720 a
850 metros predominantemente), chamado Planalto Atlântico. A topografia deste
planalto apresenta as mais variadas feições, tais como planícies aluviais (vár-
zeas), colinas, morros e serras e maciços com as mais variadas orientações. A
poucos quilômetros de distância (45km em média) encontra-se o Oceano Atlânti-
co.
O sítio urbano da cidade de São Paulo está inserido no Planalto Atlântico do Su-
deste do Brasil, a uma distância média de 45 km do Oceano Atlântico, abrangen-
do os 10 compartimentos geomorfológicos da Serra da Cantareira, Bacia Sedi-
mentar de São Paulo e Reverso do Planalto Atlântico (Mares de Morros).
A área a Leste do Tamanduateí, onde estão os Bairros da Mooca, Brás, Belenzi-
nho e Tatuapé são predominantemente marcadas por terraços planos a sub-
planos e por colinas amplas, e em direção às margens do Aricanduva, começam
a aparecer os platôs acima de 800 metros, onde estão os Bairros de Sapopemba,
São Mateus, Itaquera e Guaianazes (este mais próximo do Córrego Itaquera).
1.1.2 A ESTRUTURA CLIMÁTICA
O clima é caracterizado, segundo a definição da Organização Meteorológica Mun-
dial (OMM), como sendo um conjunto o qual as médias estatísticas são estabele-
cidas a partir de uma série de dados, dentro de um período de 30 anos.
O clima também pode ser caracterizado por escalas de hierarquias, assim sendo,
A noção de escala em Climatologia implica uma ordem hierárquica das grandezas climáticas, tanto espaciais quanto temporais. Dessa maneira o microclima está inserido no mesoclima, que, por sua vez, está inserido no macroclima; este somente existe com base nas grandezas inferiores. (MONTEIRO, 2007, p.22)
Esse quadro físico define um conjunto de controles climáticos que, em interação
com a sucessão habitual dos sistemas atmosféricos, irão dar identidade aos cli-
mas locais, produzidos pelos encadeamentos de diferentes tipos de tempo. Dessa
forma, o conceito de clima que conduziu o pensamento de todo este trabalho é
aquele referente à ―sucessão habitual dos estados atmosféricos (tipos de tempo)
sobre um determinado lugar‖ (SORRE, 1934).
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A área de São Mateus está situada dentro do subclima da cidade de São Paulo. O
município se concentra sobre um relevo elevado do sudeste brasileiro, a Serra do
Mar. Esse relevo está associado à maritimidade e também a atuação da Frente
Polar Atlântica (FPA), que confere condições climáticas de temperaturas amenas
e está em uma posição entre climas quentes e climas subquentes superúmidos
sem estação seca (IBGE, 1997). A definição de clima para o município de São
Paulo, feita por Mendonça (2007) classifica o mesmo como sendo um subtipo
climático característico do município e de sua região metropolitana.
Abaixo segue o mapa (Figura 1) que mostra em qual subtipo de clima está inse-
rido o município de São Paulo, segundo a classificação climática do IBGE:
Figura 1 - Classificação dos Climas do Brasil - IBGE, 2005
9
1.2.1 O CLIMA DA ÁREA DE ESTUDO
A área de São Mateus, assim como todo o município de São Paulo sofre a atua-
ção das Massas Tropicais Atlânticas (MTA) e Polares (MPA).
Essas massas tropicais são responsáveis pela pluviosidade decorrente ao longo
de todos os meses do ano e também influem na variabilidade dos índices de
temperatura, que oscilam entre 15,1ºC de temperatura mínima e 25,2ºC de
temperatura máxima, conferindo média térmica de 19,5ºC anuais e índices de
pluviosidade em torno de 1500mm ao ano (INMET, 1961-2000).
A concentração de chuvas na região metropolitana ocorre com maior força nos
meses de verão e durante o inverno os índices diminuem os seus valores, assim
como as temperaturas que se encontram elevadas na época do verão, principal-
mente entre outubro e março, e tendo o mês de janeiro como o mais chuvoso,
com média de 260mm. Essas temperaturas estão reduzidas, na época do inver-
no, destacando-se nessa estação a mais baixa pluviosidade. Os meses de julho e
agosto estão com os menores índices de precipitação pluviométrica, ficando en-
tre 30mm e 40mm mensais, respectivamente (MENDONÇA, 2007).
Não há dados referenciados sobre a área da subprefeitura de São Mateus, com
relação ao índice de precipitação e de temperatura. As estações do Departamen-
to de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE-SP) foram desativadas há 18
anos, e funcionavam na região de Itaquera. Estas estações, porém, não contém
informações e dados claros sobre os índices acima mencionados.
A seguir uma foto que traz a idéia sobre o tipo de relevo existente na área de
São Mateus (Figura 2):
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Figura 2 - Imagem da área de São Mateus
Foto de Adriana Monsalvarga, 2010
Podem ocorrer escorregamentos, dependendo da direção do corte, e desplaca-
mentos de porções de rocha, como mostra a Figura 3, abaixo.
Figura 3 - Exemplo de escorregamento no Parque das Flores
Foto tirada por Cecilia Keiko, 2010
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Os escorregamentos tendem a ter mais intensidade devido a intensa ocupação
por construções e habitações humanas. Os assentamentos das construções cola-
boram para que o movimento do solo se intensifique e o mesmo vá em direção a
base do relevo local.
Sua composição também se faz de sedimentos terciários (Tc), um pacote de se-
dimentos de idade terciária e solos (predominantemente argilosos e espessos) da
Bacia de São Paulo. Abaixo segue o mapa (Figura 4) com os tipos de solo e rocha
do município de São Paulo, destacando a Subprefeitura de São Mateus, feito pela
Prefeitura da Cidade de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Planeja-
mento – Sempla e Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – SVMA.
Figura 4 - Recorte do Relevo e Solo de São Mateus
Esse relevo termina na planície aluvial (Al), nas áreas de fundo de vale
com baixa declividade, composto por solos arenosos e argilosos, onde há lençóis
freáticos superficiais. Por isso podem ocorrer danificações as pavimentações, as
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redes de infra-estrutura e as edificações, propiciando também a que a área este-
ja sujeita a inundações.
1.3 – RECURSOS HÍDRICOS
O presente tema trata da conceituação de bacia hidrográfica e da delimitação hídrica da
área de estudo, isto é, da bacia hidrográfica na qual esta área se insere e de sua caracte-
rização, bem como de uma das nascentes do curso d’água selecionado para este trabalho
e visitado pela equipe do Projeto UNISOL em pesquisa de campo.
1.3.1 – Bacias Hidrográficas
Uma bacia hidrográfica é uma unidade geográfica compreendida entre divisores de água,
isto é, uma área do terreno ―limitado pelas partes mais altas de montanhas, morros ou
ladeiras, onde existe um sistema de drenagem superficial que concentra suas águas em
um rio principal o qual está ligado ao mar outro rio maior‖. (FAUSTINO, 1996, apud BEN-
TES-GAMA, 2000).
As bacias hidrográficas são separadas umas das outras por uma linha divisória, denomi-
nada divisor de águas e baseada na topografia ou em cotas altimétricas máximas. Cada
chuva que cai a partir desse ponto se dirige ao curso de água principal.
Podem se classificar hierarquicamente em microbacias e sub-bacias. Segundo BENTES-
GAMA (2000), as microbacias formam sub-bacias que, por sua vez, formam as bacias. As
microbacias compõem uma área de até 100 km², enquanto que as sub-bacias possuem
uma área de drenagem entre 100 e 700 km².
A Agência Nacional de Águas – ANA trabalha com a classificação de bacia hidrográfica
segundo o conceito de ottobacias, que são áreas de contribuição dos trechos da rede hi-
drográfica codificadas segundo o método de Otto Pfafstetter, um engenheiro brasileiro
que, na década de 80, desenvolveu um método de codificação numérica de bacias hidro-
gráficas, considerando principalmente as áreas de contribuição direta de cada trecho da
rede hidrográfica. (Portal ANA, s/d.).
Nesse método a rede da drenagem é categorizada em códigos que são aplicados segundo
a dimensão da bacia. Desta forma, às bacias hidrográficas que drenam diretamente para
o mar são atribuídos os algarismos pares 2, 4, 6, e 8, seguindo uma ordem no sentido
horário em torno do continente. O código 0 (zero) é atribuído o código à maior bacia fe-
chada. As demais áreas do continente são as regiões hidrográficas restantes, às quais
são atribuídas os algarismos ímpares 1, 3, 5, 7, e 9, de tal forma que a interbacia 3 en-
contra-se entre as bacias 2 e 4, a interbacia 5 encontra-se entre as bacias 4 e 6, e assim
sucessivamente. (Portal ANA, s/d.)
Segundo a definição de Christofoletti (p. 81, 1974), uma bacia hidrográfica trata-se de
uma ―área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial. A quantidade de
água que atinge os cursos fluviais está na dependência do tamanho da área ocupada pela
bacia, da precipitação total e do seu regime.‖ Desta forma, entende-se que bacia hidro-
gráfica é um conjunto de terras drenadas por um rio e seus cursos afluentes, formada
por divisores de água, onde as águas das chuvas, escoam de maneira superficial, levan-
do à formação dos riachos e rios, ou infiltrando no solo para formação de nascentes e do
lençol freático.
A figura 3 abaixo ilustra a nomenclatura de cada trecho de um curso d’água numa bacia
hidrográfica qualquer. Assim sendo, pode-se considerar:
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Montante: Segundo um ponto qualquer observado, designa a região de onde
as águas vêem, isto é, a nascente do córrego ou rio;
Jusante: Designa a região para onde as águas estão indo, ou seja, a foz de
um rio ou córrego;
Área de Inundação: Lagos, lagoas ou áreas de várzea de um rio;
Leito ou Curso D’água: é o curso d’água em si ou o fundo de um corpo
d’água;
Figura 3– Nomenclatura referente aos cursos d’água
Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.
1.3.2 – Recursos Hídricos da Área de Estudo
A região de estudo está inserida na bacia hidrográfica do rio Aricanduva, um afluente da
margem esquerda do rio Tietê e cuja área de drenagem é de aproximadamente 100km²;
a bacia compreende os distritos de São Rafael, Iguatemi e São Mateus, correspondentes
à subprefeitura de São Mateus e mais os distritos de Cidade Tiradentes, José Bonifácio,
Parque do Carmo, Cidade Líder, Sapopemba, Aricanduva, Vila Formosa, Carrão, Tatuapé,
Penha, Vila Matilde, Artur Alvim e Cidade Líder.
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A bacia do rio Tietê está, por sua vez, dividida em algumas sub-bacias, como é o caso da
sub-bacia hidrográfica do Alto Tietê, designada pela Unidade de Gestão de Recursos Hí-
dricos – UGRHI – 06 do estado de São Paulo, na qual está inserida a bacia do rio Arican-
duva.
Este estudo trata dos elementos relativos à rede hidrográfica inserida no distrito de São
Rafael, sobretudo ao Córrego Caaguaçu, que percorre os bairros do Jardim São Francisco
e Parque das Flores, lócus da análise em questão, e aplicação dos estudos através de
visitas técnicas realizadas pela equipe do projeto UNICSOL. Além da revisão bibliográfica,
pesquisa teórica reforçando a conceituação dos temas em discussão, e finalmente, levan-
tamento de dados e informações sobre a região. A seguir, representações da bacia hidro-
gráfica do Rio Aricanduva (Figura 4) e das demais bacias hidrográficas que fazem divisão
com a bacia da área de estudo (Figura 5).
1.3.2.1– Microbacia do Córrego Caaguaçu
O córrego Caaguaçu possui uma de suas nascentes localizada ao sul do distrito de São
Rafael, próximo da divisa com o distrito de Iguatemi e com o aterro sanitário São João. A
figura 9, que segue na próxima página, trata da localização da nascente do córrego e da
rede hidrográfica da região.
O córrego Caaguaçu é um dos afluentes da bacia do rio Aricanduva, cujo rio principal
leva o mesmo nome da bacia. Segundo a classificação climática do Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística – IBGE (2006), o micro-clima desta bacia hidrográfica é de tipo tro-
pical super-úmido, apresentando médias de pluviosidade relativamente altas e bem dis-
tribuídas ao longo do ano. A vegetação é composta pelos fragmentos remanescentes de
Mata Atlântica, sobretudo no Parque do Carmo e no Morro do Cruzeiro, e por áreas de
reflorestamento, em parques, praças, jardins, calçadas e no entorno de rios e córregos.
(MMA, 2010) É denominada mata de floresta ombrófila densa, isto é, designa regiões
com índices de temperatura acima de 25ºC e médias de pluviosidade elevadas, com perí-
odo seco variando de 0 a 60 dias. (EMBRAPA, 2010).
1.3.2.2 – Planos e Programas Sobre Recursos Hídricos
O Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus discorre, dentre outros as-
pectos, sobre a Rede Estrutural Hídrica Ambiental de São Mateus, que se insere na Ma-
crozona de Conservação e Recuperação da Zona Leste, compreendida pelos fragmentos
de vegetação dos distritos de São Rafael e Iguatemi. O plano prevê a implantação do
Parque São Mateus e a criação da APA Municipal Cabeceiras do Aricanduva, com alguns
objetivos, diretrizes e estratégias, como a expansão e preservação da cobertura vegetal
existente na região; recuperação dos recursos hídricos; implantação de parques lineares,
ciclovias e equipamentos de lazer diversos, como parques e praças; manter e desocupar
áreas de preservação permanente ao longo dos cursos d’água; aumentar a eficiência dos
aterros sanitários da região, bem como garantir a função social de aterros após sua de-
sativação; implantar metidas de mitigação de impactos ambientais; promover a instala-
ção de rede de esgotos e tratamento adequado; dentre outros.
Segundo o cronograma anexo ao PRE – Plano Regional Estratégico, do ano de 2004, exis-
tem, em projeto, a implantação de três parques lineares no rio Aricanduva, com previsão
para conclusão em 2006 e 2012, um deles com extensão aproximada de 3,7km.
A implantação de parques lineares também está prevista no Art. 57 - Capítulo III do Pla-
no Diretor Estratégico, com a criação de equipamentos comunitários de lazer, promoven-
do o uso adequado dos fundos de vale, evitando ocupações irregulares nestas áreas.
Prevê, ainda, a criação de áreas verdes nas cabeceiras de drenagens, com a finalidade de
preservar a nascentes dos rios, disciplinando a ocupação destas e de suas várzeas.
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Figura 4 – Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Aricanduva
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Figura 5 – Mapa das Bacias Hidrográficas do Entorno da Bacia do Rio Aricanduva
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Figura 6 e 7 - Córrego Caaguaçu – Jardim São Francisco
Equipe Unicsul. Março, 2010.
Equipe Unicsul. Março, 2010.
As figuras 6 e 7 que seguem abaixo referem-se ao Córrego Caaguaçu na região do bairro
do Jardim São Francisco, onde o córrego passou por processo de canalização.
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Figura 9 – Mapa de Hidrografia da Área de Estudo
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Figuras 10 e 11 – Nascente do Córrego Caaguaçu – Parque das Flores
Equipe Unicsul. Maio 2010.
Equipe Unicsul. Maio, 2010.
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As figuras 10 e 11 abaixo referem-se à uma das nascentes do córrego Caaguaçu, repre-
sentada na figura 9 acima. Pode-se observar claramente nesta região uma erosão decor-
rente do intemperismo físico promovido pelo escoamento superficial da água, isto é, a
ação erosiva da água provoca a formação de vários pipes - termo geomorfológico que
designa dutos – que são responsáveis pela remoção de sedimentos, causando, assim, o
aumento de seu diâmetro.
Figura 8 - Córrego Caaguaçu e Mata Ciliar
Equipe Unicsul. Abril, 2010.
Na figura 8 abaixo, é possível observar, a mata ciliar do córrego Caaguaçu e, ao fundo, a
região do Morro do Cruzeiro, no Parque das Flores.
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2 ÁREAS DE RISCO
2.1 PARQUE DAS FLORES: PRINCIPAIS PROCESSOS
Levando em consideração que o Parque das Flores está situado em área de alta
declividade, e irregularidade/variabilidade topográfica acentuada, este está mais
sujeito a ação da gravidade do que o Jardim São Francisco. Está, portanto, mais
suscetível1 a movimentos de massa2, que prejudiquem a integridade física e pa-
trimonial dos moradores do local.
Embora tais processos sejam absolutamente presentes em regiões de topografia
acentuada, não é a intenção desse estudo, julgar com precisão o seus exatos
graus e freqüência de ocorrência. Para que um movimento de massa seja fiel-
mente compreendido, são necessários estudos aprofundados e sistematicamente
calculados. As constatações elucidadas a seguir foram obtidas através de obser-
vações empíricas, e para que sejam efetivamente compreendidas, precisam ser
estudas e monitoradas. Porém, embora o julgamento categórico não sirva aqui,
pode-se afirmar que os principais fenômenos ocorridos no Parque das Flores são:
Escorregamentos Planares: Consiste no deslizamento de terra, ocorrido em
solos3 rasos e frágeis, que induzidos pelo excesso de água rompem-se através da
ação da gravidade. Conforme o esquema:
1 Suscetibilidade: ―Indica a potencialidade de ocorrência de processos naturais e induzidos em uma dada área, expressando-se segundo classes de probabilidade de ocorrência. ―(BRASIL - Ministério das Cidades; IPT, 2007 : p. 26)
2 Movimentos de massa: ―transporte coletivo de material rochoso e/ou de solo, onde a ação da gravidade tem papel preponderante, podendo ser potencializado ou não, pela ação da água‖ (GUERRA;MARÇAL, 2006 : 75)
3Solo: ―A ligação entre o manto vivo e o esqueleto mineral do substrato geológico‖ (COSTA : 2004, p.14)
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Esquema 1 – Vertente em Mov. Planar
Autor: Alexandre Vastella, 2010
A formação em seu estado A, apresenta uma rocha sólida (cinza escuro), reco-
berta pelo solo (cinza claro). Ao entrar em desequilíbrio, a vertente4 cede de ma-
neira violenta, e grande parte de seu material se deposita em seu sopé. Nos ca-
sos de movimentos planares, o material cedido geralmente acompanha as imper-
feições geológicas e/ou hidrológicas da rocha, deixando esta exposta (situação
B)
Foto 1 – Possíveis Movimentos de Massa – Pq das F.
Autor: Adriana Monsalvarga, 2010
A imagem acima, embora em escala pouco aproximada, permite a visão de pos-
síveis ocorrências de movimentos de massa planares na região. Nota-se o desli-
zamento de material ocorrido nas vertentes, em proximidade com as residências,
caracterizando um possível deslizamento.
4 Vertente (Talude, Encosta): ―superfície inclinada, não horizontal, sem apresentar qualquer cono-tação genética ou locacional.‖ (CHRISTOFOLETTI : 1980, p. 26)
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Escorregamentos Rotacionais: São caracterizados pela ruptura em solos es-
pessos e complexos, formando um movimento côncavo para cima. Podem ser
ocasionados por fatores naturais ou antrópicos. Conforme a figura:
Esquema 2 – Vertente em Mov. Rotacional
Autor: Alexandre Vastella, 2010
Numa primeira situação (A), a vertente desestabiliza-se e cede, de maneira irre-
gular e circular. O material espesso distribuído ao longo da encosta, é depositado
no sopé da mesma.
Foto 2 – Possível Mov. Rotac no Pq das Flores.
Autor: Jamille Almessane, 2010
A fotografia acima releva um possível movimento rotacional. Apesar da falta de
zoom, pode-ser notar a ocorrência de deslizamento de material em forma cônca-
va, dando indício de sua classificação.
Rastejos: Ao contrário dos deslizamentos, os rastejos são movimentos lentos,
que ocorrem quase imperceptivelmente. Geralmente são iniciados por alterações
nas bases das vertentes, e podem ser identificados pela presença de árvores ou
postes ―tortos‖, bem como a presença de degraus de abatimento. Conforme a
imagem:
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Esquema 3 – Rastejo em Vertente
Autor: Alexandre Vastella, 2010
Numa situação inicial (A), o equilíbrio da vertente é alterado de maneira sutil por
um dado fator, desencadeando a lenta ação da gravidade (setas). Em B, o mate-
rial continua estabilizado, porém em movimento: os sinais podem ser notados
nas árvores tortas
Foto 3 – Possível Indício de rastejo, Pq das Flores
Autor: Fabiana Luz, 2010. Adaptação: Alexandre Vastella, 2010
Na imagem acima nota-se uma pessoa ao lado de um poste ou pedaço de pau
entortado, denotando uma discrepância entre o ângulo de ambos. Por apresen-
tar-se em um ângulo inferior a 90 graus, pode-se especular que há a presença
de rastejos. Porém, a precisão de tal julgamento fica comprometida, visto que
outros fatores podem ter inclinado o objeto em questão.
2.2 FATORES ANTRÓPICOS CATALISADORES
Embora movimentos de massa sejam inerentes as próprias dinâmicas da nature-
za, o homem pode acelerar sua ocorrência. A ausência antrópica não condiciona
ausência de tais processos, mas retarda-os. Para que a freqüência seja diminuí-
da, são necessárias a compreensão e prevenção de pelo menos tais fenômenos:
25
O desmatamento da vertente: Para que os materiais da encosta não cedam, é
necessário que haja uma coesão entre as partículas dos mesmos. (CHRISTOFO-
LETTI, 1980). A presença de vegetação nativa nas vertentes, retarda o inchaço
hídrico do solo e consequentemente, ajuda a manter o equilíbrio da formação. Ao
desmatar para construir, o homem abre clareiras que aumentam a absorção de
água do solo, acarretando em deslizamentos e erosões precoces, devido ao peso
excessivo das partículas de água. Segundo a imagem:
Esquema 4 – Indício de rastejo, Pq das Flores
Autor: Alexandre Vastella, 2010
No caso A, uma encosta coberta de vegetação, há um equilíbrio na disposição
das partículas de água no solo (em cinza). Na situação B, a encosta foi desmata-
da, ocasionando maior permeabilidade, maior concentração hídrica e consequen-
temente, maior possibilidade de ocorrência de deslizamentos.
Foto 4 – Vertente em processo de desmatamento. Morro do Cruzeiro
Autor: Alexandre Vastella, 2010
Corte artificial de talude: Tecnicamente, é mais fácil construir sobre uma pla-
taforma plana e uniforme. Por esse motivo, o corte de talude é comum onde e-
xistam habitações em encostas. Após a construção de moradias, é comum tam-
bém, a construção de ―muros de contenção‖, ou até mesmo outra casa ―segu-
rando‖ a fúria da encosta. Porém, ao seccionar o talude em blocos retangulares,
o homem acentua a tensão existente naquele material depositado na encosta.
Conforme a imagem a seguir:
26
Esquema 5 – Corte de talude e áreas instáveis
Autor: Alexandre Vastella, 2010
Na situação A, a encosta estava em equilíbrio, e deslizamentos ocorriam em in-
tervalos grandes. Já na B, foram criadas duas áreas de tensão (em pontilhado),
que estão bem mais sujeitas a cederem pela ação gravitacional.
Foto 5 – Construção sob corte de talude, Pq das Flores
Autor: Jamille Almessane, 2010
A imagem acima ilustra um corte de talude para construção de moradia. Embora
não se possa afirmar com propriedade que a residência localizada em tal situação
está em área de risco, pode-se afirmar que o corte de talude é um entre vários
elementos aceleradores de processos erosivos.
Presença de vegetação inadequada. Na maioria dos casos, a vegetação re-
tarda os processos erosivos no solo, mas algumas espécies podem acelerá-los,
como as bananeiras, encontradas em demasia em São Mateus. Conforme a ima-
gem:
Esquema 6 – Vegetação adequada e inadequada
Autor: Alexandre Vastella, 2010
27
A vertente A, apresenta vegetação nativa (traçados verticais). Já a B, apresenta
espécies de vegetação inadequada (normalmente bananeiras), cujas raízes ab-
sorvem grande quantidade de água. Por conseguinte, a bananeira exerce maior
pressão (vertical e horizontal) sobre o solo, saturando-o e tornando-o mais sus-
cetível a deslizamentos.
Foto 6 – Vertente com bananeiras (vista sul, M.Cruzeiro)
Autor: Jamille Almessane, 2010
Nota-se na imagem, o maciço cultivo de bananas. Porém, embora possa acelerá-
los, a presença de bananeiras não é fator preponderante na ocorrência de desli-
zamentos. A existência de tal espécie em vertente não acarreta incondicional-
mente na sua instabilidade, mas constitui-se apenas em um elemento catalisa-
dor.
Ausência de escoamento superficial adequado. O escoamento da água plu-
vial superficial do interflúvio para o fundo de vale, normalmente ocorre lenta-
mente, percorrendo a vegetação e quebrando barreiras naturais. Porém, quando
a vegetação é rasgada e em seus resquícios surgem vias inadequadas, estas ace-
leram a água da chuva, como um tobogã pluvial, ocasionando corridas. Conside-
rando o mapa hipotético a seguir:
Esquema 7 – Arruamento-escoamento e curvas de nível
Autor: Alexandre Vastella, 2010
Levando em consideração as curvas de nível (preto), e o arruamento urbano
(cinza), nos modelos A e B, temos a seguinte situação: O sistema viário A, típico
de loteamentos e bairros planejados, é mais prático e funcional do ponto de vista
urbanístico, porém ineficiente geomorfologicamente. A água pluvial que cai nos
28
pontos mais altos, escorre com enorme força e aceleração para as áreas mais
baixas, provocando enxurradas5, transporte abrupto de materiais e consequen-
temente, maior intensidade erosiva. Já o modelo B, embora não seja tão prático,
o arruamento é feito levando em consideração as curvas de nível, retardando a
erosão da vertente.
Esquema 8 – Possível situação de enxurrada no Pq das Flores.
Autor: Jamille Almessane, 2010. Elaboração: Alexandre Vastella, 2010
A esquematização acima ilustra tal processo. A esquerda, nota-se um arruamen-
to inadequado (do ponto de vista da geomorfologia), e a direita, possível situa-
ção de enxurrada.
2.3. CADASTRO DE RISCOS DE ESCORREGAMENTOS
O cadastro de áreas de risco6 no Brasil segue um modelo de critérios prévios,
elaborado por instituições como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o
Ministério das Cidades. No final de uma série de análises do local, é possível de-
terminar o grau de risco de uma área, e/ou de uma residência ou estabelecimen-
to, e classificá-lo em: Baixo, Médio Alto e Muito Alto. Para os graus Médio e Alto,
é recomendável a observação constante do local, e para o Muito Alto, providên-
cias imediatas.
5 Enxurrada: ―Escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de domínio dos processos fluviais.‖ (Instituto Geológico, 2009. p. 42)
6 Risco: ―Relação entra possibilidade de ocorrência de um dado processo ou fenômeno, e a magni-
tude de danos ou consequências sociais e/ou econômicas sobre um dado elemento, grupo ou co-munidade.‖ (BRASIL - Ministério das Cidades; IPT, 2007 : p. 26)
Área de Risco: ―Área passível de ser atingida por fenômenos ou processos naturais e/ou induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que habitam essas áreas estão sujeitas a danos à integri-dade física, perdas materiais e patrimoniais.‖ (BRASIL - Ministério das Cidades; IPT, 2007 : p. 26)
29
Tal metodologia, aplicada pelo IPT é de extrema importância para a classificação
das áreas de risco. Porém, para a realização deste estudo, foi adaptada as ob-
servações locais. Não cabe ao cadastro aqui apresentado, o julgamento correto
de tais áreas, porém, pode-se enumerar a presença de elementos atribuídos as
áreas de risco. Por conseguinte, ao invés da utilização de graus de risco, foram
elucidados os elementos indutores de risco através da classificação (em ordem
crescente): poucos elementos indutores de risco, alguns elementos indutores de
risco, vários elementos indutores de risco e muitos elementos indutores de risco.
Essa metodologia foi utilizada para o mapeamento de uma amostra de 15 resi-
dências no Parque das Flores. Do total, 53% apresentaram alguns elementos in-
dutores de risco e 26%, vários elementos indutores de risco. As menores inci-
dências foram atribuídas a poucos elementos indutores de risco (13%) e muitos
elementos indutores de risco (7%).
Para tal conclusão, foram utilizados tais critérios: tipo de moradia (alvenaria ou
madeira), ângulo da encosta, presença de aterro lançado, presença de parede
rochosa, presença de blocos de rocha, presença de lixo ou entulho, concentração
de água de chuva em superfície, lançamento de água em superfície, sistema de
drenagem superficial, destino do esgoto, vazamento na tubulação de água, mi-
nas de água no talude, presença de vegetação, presença de bananeiras, sinais
de movimentação (trincas, degraus de abatimento, inclinação, cicatriz), presença
de movimentos previamente ocorridos. Com base nestes parâmetros, pode-se
quantificar os elementos indutores de risco nas residências analisadas.
Entretanto, vale ressaltar que a quantificação estabelecida, abarcou somente al-
gumas moradias, não constituindo assim, um padrão para o bairro como um to-
do. Portanto, os dados apresentados na classificação, são verídicos somente
quanto a amostragem de quinze residências.
30
Mapa 1 – Residências Analisadas e Possíveis Áreas de Risco. – Pq das F.
Autor: Alexandre Vastella, 2010
31
Dados Gerais Sobre as Moradias: Numa primeira abordagem, além dos ende-
reços e nomes dos moradores, foram relatadas as condições de acesso a área e
os tipos de residências. Das analisadas, 73% são de alvenaria e 26% mistas (al-
venaria e madeira). Levando em consideração a maior resistência das habitações
de alvenaria, as mistas (que também utilizam madeira), são mais frágeis e sus-
cetíveis a escorregamentos.
Foto 7 – Residências de alvenaria no Pq das Flores
Autor: Cecília Keiko Kakazu, 2010
Caracterização do Local: Análise dos tipos de vertentes e sua constituição. Dos
taludes analisados, 80% são naturais e apenas 20% são de corte. Não foram en-
contradas vertentes de constituição rochosa, e nem aterros lançados. Mais da
metade destas (53%), apresentavam depósitos de lixo ou entulho. Considerando
o fato dos taludes naturais serem menos suscetíveis a escorregamentos, o Par-
que das Flores apresentou boa média. Porém, a presença de material tecnógeno
em grande parte destes, contribuiu para a fragilização das encostas.
Foto 8 – Talude de Corte e Despejo de Lixo
Autor: Adriana Monsalvarga, 2010
32
Água. Nessa etapa, além da análise de abastecimento hídrico e saneamento bá-
sico das residências, foi relatada a ação da água nas encostas determinadas.
Considerável parcela das casas (73%) estavam em áreas suscetíveis a enxurra-
das, e 60% lançavam água na superfície. Quanto ao sistema de drenagem, ape-
nas 7% das residências apresentaram condições satisfatórias, sendo em 60%
inexistentes e 33%, precárias. Os índices supracitados denotam, pelo menos no
âmbito das águas, elevado grau de suscetibilidade e provavelmente de risco.
Apesar de todas as moradias (100%) contarem com o fornecimento de água da
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), só em
20% destas o esgoto é canalizado. Na maioria dos casas, não houve indícios de
saneamento básico (em 20% dos casos, o esgoto é jogado em fossas, e em 60%
é lançado em superfície). Percebe-se portanto, um descompasso entre as casas
contempladas pela Sabesp (100%), e pelo destino do esgoto.
Num outro parâmetro, apenas 13% das residências apresentaram vazamento de
água, sendo numa delas, relatada uma mina d´agua no sopé da vertente (ao
todo foram relatadas minas próximos de 4 moradias.)
Foto 9 e 10 – Lançamento de água em superfície – Pq das F.
Autor: Adriana Monsalvarga, 2010
Vegetação: Dependendo do tipo, pode ser benéfica ou maléfica para a integri-
dade física das residências. Foram encontradas árvores em 40% das residências,
e vegetação rasteira (capim, arbustos, etc) em 66% destas. Todavia, foram en-
contrados indícios de desmatamento em 53% das residências, e presença de ve-
getação inadequada (sobretudo bananeiras), em 33%. Como visto, a supressão
33
da massa vegetal em detrimento de áreas de cultivo inadequadas como as bana-
neiras, aumenta a possibilidade de deslizamentos.
Foto 11 – Vertente desmatada – Pq das F.
Autor: Cecília Keiko Kakazu, 2010
Vertente desmatada, coberta com vegetação rasteira (gramíneas), o que dificulta
a estabilidade da mesma.
Sinais de movimentação. Constituem-se nos primeiros indícios de alteração da
coesão de material da vertente. Das 15 moradias, 26% apresentavam trincas no
terreno, e destas, 50% também no interior das casas, além de degraus de aba-
timento em 13% do montante geral. Próximos das residências, foram constata-
das em 26%, inclinações de árvores em 13% de postes, indicando a presença de
rastejos. No que diz respeito a escorregamentos, foram encontradas cicatrizes
próximas a 40% das moradias. Em suma, foram evidenciados e relatados indí-
cios de movimentação em grande parte das residências, denotando situação de
risco.
Processos já ocorridos. Importante etapa da análise: no caso de uma localida-
de já alterada por movimentos de massa, há forte tendência de nova ocorrência.
Porém somente 20% das residências não apresentaram sinais de escorregamen-
tos anteriores. Em 60% foram encontradas evidências de movimentação nos ta-
ludes de corte, e em 26% no natural. Ou seja, as áreas circunvizinhas de grande
parte das moradias já sofreram com movimentos de massa.
34
2.4 ÁREAS DE INUNDAÇÃO7
Apesar das áreas suscetíveis a deslizamentos serem perigosamente habitáveis,
também existe uma preocupação em relação as áreas sujeitas a inundações. E
embora no Parque das Flores o problema predominante seja a presença de es-
corregamentos, foram encontrados indícios de inundações do córrego Caaguaçu,
através das próprias condições geomorfológicas do local e de conversas com mo-
radores.
Houve inundação do Caaguaçu em pelo menos quatro ocasiões. Em 2002, a água
avançou 30cm da casa da moradora Maria Bonfim (R Sempre Viva), localizada a
3 metros do canal principal. Em 2007 foi a vez da loja de materiais de construção
P & P, situada ao lado do córrego, no qual a ultrapassou 70cm das paredes. Já
em 2010, foram relatados dois casos: em janeiro e em fevereiro. No primeiro
mês, a casa da moradora Talita (R Sempre Viva), viu-se a 1m debaixo d’água. E
no segundo, desta vez na R Lágrima de Cristo, a casa inundada foi da moradora
Vitoria F da Silva.
Apesar de serem consideradas desastres naturais, as inundações fazem parte da
própria dinâmica de um curso d’água constituem-se em um processo de ordem
natural. A ocupação em áreas de várzeas ―invade‖ o espaço natural do rio, e está
inerentemente sujeita a inundações e enchentes. Conforme a imagem:
Foto 12 – Ocupação na várzea do Caaguaçu – Pq das F.
Autor: Cecília K. Kakazu e Adriana Monsalvarga
7 Inundação: representa o transbordamento das águas de um curso d'água, atingindo a planície de inundação ou área de várzea (Instituto Geológico, 2009. p. 42)
35
As habitações coladas ao córrego estão suscetíveis a sofrerem com inundações e
estão portanto, em áreas de risco. Todavia, a área do Parque das Flores ainda é
pouco urbanizada: apresenta grande parte de solo exposto, vegetação rasteira e
alguns resquícios de mata ciliar. Devido a essa baixa intervenção antrópica,
grande parte da água pluvial acaba sendo absorvida pelo próprio solo, atenuando
as inundações do córrego Caaguaçu.
Foto 13 – Vegetação rasteira – Córr. Caaguaçu – Pq das F.
Autor: Cecília Keiko Kakazu
36
3 ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS E AMBIENTAIS
Desde a elaboração do Plano Diretor regional, quando foram atualizados dados
ambientais, populacionais, culturais e fatores de desenvolvimento da região, São
Mateus identificou na atividade agrícola seu grande potencial de geração de em-
prego e renda com a vantagem adicional de proporcionar incentivo à proteção
ambiental.
A Subprefeitura de São Mateus estabeleceu uma série de parcerias a fim de de-
senvolver seus projetos socioambientais. Tal qual a parceria estabelecida com a
UNICSUL - Universidade Cruzeiro do Sul desde 2006, através do Projeto UNISOL
- Universidade Solidária. No 1.º semestre de 2010 os estudantes e professores
envolvidos no projeto pesquisaram duas áreas da região de São Mateus: Jardim
São Francisco e Parque das Flores.
Figura 26 - Estudantes do projeto UNISOL
Essas áreas, embora ainda não tivessem sido abordadas pelas pesquisas da
Universidade anteriormente, apresentam grande potencial ambiental, do ponto
de vista conservativo, dada a importância da área vegetal nativa restante.
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
37
Fonte: Adriana Monsalvarga & Ca-
tarina Troiano, 2010.
Figura 27 - Detalhe da
Fauna e Flora,
Morro do Cruzeiro
Os dados recentemente coletados pelos pesqui-
sadores foram preocupantes no que concerne
justamente à questão ambiental local. Segundo
o resultado dos questionários aplicados nestes
dois bairros, parte significativa das pessoas en-
trevistadas acham que o córrego Caaguaçu não
tem importância nenhuma para elas (36,36 %),
e que, pelo contrário, deveria ser canalizado
para evitar seu contato com as vias públicas e
as pessoas na época das cheias.
Se as questões socioeconômicas inviabilizam a
tomada de consciência da importância vital dire-
ta da água para o homem, que dirá da sensibili-
zação pelas formas de vida vegetal e animal
típicas, ainda encontradas no entorno.
Desse modo, as questões biogeográficas das
regiões pesquisadas passam a ter maior rele-
vância do que somente a importância da pre-
servação ecológica. As duas regiões são contí-
nuas e intensamente ocupadas de maneira de-
sordenada e, muito da fauna e flora típicas que ali existem se perdem, dia após
dia.
O presente tópico trata, portanto, da análise descritiva de algumas das principais
espécies de fauna e vegetação restantes (Figura 26), típicas da Mata Atlântica,
ecossistema que se inicia à beira do oceano, sobe a Serra do Mar e, em tempos
remotos, costumava a se estender pelas planícies e planaltos adentro (sentido
leste-oeste).
38
A Lei Federal n.º 4771/65 dispõe sobre a preservação obrigatória de cobertura
vegetal num conjunto de situações como margens de rios e córregos, encostas
íngremes, topos e morros, etc. No entanto, em toda a capital Paulista, essa Lei
parece ter sido esquecida ou nunca ter sido levada a cabo (SVMA, 2004).
Segundo a legislação municipal, que trata da área total a ser parcelada, devem
ser destinados, no mínimo 15% para áreas verdes, 20% para sistemas viários e
5% para áreas institucionais (equipamentos comunitários públicos concernentes
à educação, saúde, cultura, esporte, lazer e similares).
Porém, no distrito de São Mateus, apenas 7% das áreas destinadas para áreas
verdes são utilizadas como tal, enquanto 31% encontram-se vazias, 31% invadi-
das por favelas e habitações, 21% ocupadas por equipamentos sociais e 8% com
outros usos.
A segui, o Mapa 7 referente ao município de São Paulo destaca as áreas constru-
ídas (urbanas) em cinza e em tom verde escuro as áreas nas quais ainda é con-
siderável a presença de cobertura vegetal. Atentar para o extremo sudeste leste
– região da SP-SM pesquisada pela Universidade.
No Jardim São Francisco a área de cobertura vegetal encontrada é menor do que
no Parque das Flores, no qual se insere o Morro do Cruzeiro — berço da nascente
do Caaguaçu.
Mas em ambos os remanescentes florestais é possível encontrar espécies arbó-
reas típicas, tais quais o Ipê Amarelo, a Tipuana, Guapuruvú, Jacarandá Paulista,
Jequitibá, Manacá da Serra, Carvalho Brasileiro, Sibipiruna, Paineiras, Pau Ferro,
Jacarandá Mimosa, Quaresmeira, Cássias, eucaliptos, pinheiros (diversos), ci-
prestes e fícus; bem como outras espécies arbustivas, trepadeiras e rasteiras.
39
Mapa 7 - Áreas Verdes e Construídas do Município de São Paulo
Fonte: Atlas Ambiental do Município de São Paulo, 2004.
40
3.1 Vegetação
Figura 28 - Vegetação Diversificada, Morro do Cruzeiro
Figura 29 - Árvore-guarda-chuva, ao centro
Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010. Ao centro a Schefflera actimophylla, (árvore-guarda-chuva).
41
Figura 30 - Cipreste, Morro do Cruzeiro
Cupressus lusitanica
Características Ge-
rais: Árvore pereni-
fólia de copa pira-
midal de 20-30m de
altura, ramagem
horizontal que se
curva para baixo
nas extremidades,
muito comum no
sudeste do Brasil.
Figura 31 - Calipal, Morro do Cruzeiro
Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
42
Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
Figura 32 - Eucalipto, Morro do Cruzeiro
Eucalyptus propinpa
Caracteristicas Gerais: Árvore
perenifólia de 20-30m de
altura, de tronco reto, casca
marrom, creme, e amarela
clara, ramagem longa,
formando copa esparsa um
tanto compacta.
Figura 33 - Cássia fitula L.
Características Gerais: Árvore de 10 -15m de altura de troco cilíndrico com casca
lisa, verde acinzentada, acinzentada ou parda, ramagem aberta com copa
globosa e ramos longos, recurvados flores grandes, amarelo ou amarelo limão,
formadas m Setembro-Outubro.
Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamentais e Aromáticas, p. 167.
43
Figura 34 - Jacarandá
Mimisofolia D. Don
Características Gerais:
Árvore caducifólia muito
florífera, de 12-15m de
altura de tronco com
casca pardo escura, gre-
tada, de copa arredon-
dada com ramagem lon-
ga e aberta, inflorescên-
cia formada no verão,
com flores azul violetas.
Figura 35 - Tipuana
Tipuana Tipu
Características: Árvore
caducifólia, de 12-15m
de altura, de tronco com
casca parda clara,
ramagem rigorosa
ascendente recurvada,
densa, formando copa
arredondada,
inflorescências amarelas
formadas de Setembro à
Dezembro.
Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madeireiras Orna-mentais e Aromáticas, p. 102.
Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamen-tais e Aromáticas, p. 211.
44
3.2 Fauna
No Jardim São Francisco ainda podemos encontrar alguns resquícios de Mata A-
tlântica e nela, animais típicos da biodiversidade da região contando também
com espécies endêmicas, que sobrevivem com uma certa dificuldade, já que essa
mata está inserida muito perto de onde há atividade antrópica.
No que se refere à legislação, a proteção da fauna está prevista em nível federal
na Constituição pela Lei 5.197/67 e também pela Lei de Crimes Ambientais
(9.605/98). Iniciativas de caráter global com desdobramentos de ação regional e
local, como a Agenda 21, também são um instrumento de apoio para a proteção
da fauna. Mas todos esses elementos dependem da vontade política dos gover-
nantes, da conscientização, mobilização e participação dos cidadãos e da introje-
ção do conceito de sustentabilidade nas atividades econômicas.
Na cobertura vegetal do Morro do Cruzeiro podemos encontrar algumas espécies
de anfíbios, principalmente perto da mata ciliar, répteis, mamíferos, aves, inse-
tos e até variedades de peixes que sobrevivem bem perto das nascentes.
3.2.1 Mamíferos
Veado-catingueiro, Mazama gouazoubira
Características - Tamanho: 103cm; peso: 17 à 23 k; Hábito alimentar: frutos,
flores, fungos, gramíneas, leguminosas, arbustos, ervas; Habitat: Amazônia, Ca-
atinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Campos Sulinos; Hábito noturno.
CINGULATA, Dasypus novemcinctus
Características - Tamanho: 57,3cm; Peso: 32 à 7,7 kg; Hábito alimentar: inver-
tebrados, material vegetal, vertebrados pequenos, ovos, carniça; Hábitat: Ama-
zônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Campos Sulinos; Hábitos:
crepuscular, noturno e diurno.
45
Tatu-peba, Euphractus sexcinctus
Características - Tamanho: 40 cm; Peso: 3,2 a 6,5 kg; Hábito alimentar: materi-
al vegetal, invertebrados, pequenos vertebrados, carniça; Hábitat: Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Campos Sulinos; Hábitos: diurno e
noturno.
Morcego-de-cauda-livre-aveludada, Molossus molossus
Características - Tamanho: 61 a 67,5 mm; Envergadura: 280 mm; Peso: 13 a 15
g; Hábito alimentar: insetívoro; Hábitat: Amazônia, Floresta Atlântica, Cerrado,
Caatinga, Pantanal; Hábito: noturno.
Gambá-de-orelha-preta, Raposa, Saruê, Seriguê, Didelphis aurita
Características - Tamanho: 35,5 a 45 cm; Peso: 670 a 1882 g; Hábito alimentar:
onívoro; Hábitat: Demonstra grande eficiência adaptativa aos mais variados há-
bitats, vivendo até mesmo em grandes centros urbanos; Hábito: noturno.
Ouriço-cacheiro, Sphigurus villosus
Características - Tamanho: 30 a 53,8 cm; Peso: 1,38 kg; Hábito alimentar: Her-
bívoro; Hábitat: Matas; Hábitos: Noturno, Crepuscular.
Caxinguelê, Sciurus ingrami
Características - Tamanho: 202 mm; Peso: 300 g; Hábito alimentar: frutos, se-
mentes duras; Hábitat: Florestas úmidas, Florestas semidecíduas, Matas secun-
dárias; Hábito: diurno.
3.2.2 Aves
Taperuçu-de-coleira-branca, Andorinhão-de-coleira, Streptoprocne zonaris
46
Características - Tamanho: 22 cm; Hábito alimentar: Insetívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões), Áreas florestadas (matas)
Beija-flor-de-peito-azul, Amazilia lactea
Características - Tamanho: 9,5 cm; Hábito alimentar: nectarívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cerrados).
Beija-flor-tesoura, Tesourão, Eupetomena macroura
Características - Tamanho: 18 cm; Hábito alimentar: nectarívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cerrados).
Beija-flor-preto, Beija-flor-preto-e-branco, Florisuga fusca
Características - Tamanho: 12,6 cm; Hábito alimentar: nectarívora; Hábitat: Á-
reas abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caa-
tingas, brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cer-
rados).
Urubu-de-cabeça-preta, Coragyps atratus
Características - Tamanho: 62 cm; Hábito alimentar: necrófaga; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões), Áreas florestadas (matas).
Quero-quero, Vanellus chilensis
Características - Tamanho: 37 cm; Hábito alimentar: insetívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões).
47
Garça-branca-grande, Ardea Alba
Características - Tamanho: 88 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Ambi-
entes aquáticos (lagos, represas e rios).
Garça-branca-pequena, Egretta thula
Características - Tamanho: 54 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Ambi-
entes aquáticos (lagos, represas e rios).
Socozinho, Butorides striata
Características - Tamanho: 36 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Ambi-
entes aquáticos (lagos, represas e rios).
Pomba-de-bando, Avoante, Zenaida auriculata
Carscteristicas - Tamanho: 21 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões).
Rolinha-roxa, Columbina talpacoti
Características - Tamanho: 17 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões).
Canário-da-terra-verdadeiro, Sicalis flaveola
Características - Tamanho: 13,5 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões).
Pardal, Passer domesticus
48
Características - Tamanho: 15 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões).
Bem-te-vi, Tyranninae
Características - Tamanho: 22,5 cm; Hábito alimentar: onívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cerrados).
Pica-pau-do-campo, Colaptes campestris
Caracteristicas - Tamanho: 32 cm; Hábito alimentar: insetívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões).
Coruja-buraqueira, Coruja-buraqueira, Athene cunicularia
Características - Tamanho: 23 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Áreas
abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,
brejos e varjões).
Corujinha-do-mato, Corujinha-do-mato, Megascops choliba
Caracterisitcas - Tamanho: 22 cm; Hábito alimentar: insetívora, carnívora; Hábi-
tat: Áreas abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades,
caatingas, brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e
cerrados).
3.2.3 Répteis
Teiú, Tupinambis merianae
Características - Hábito alimentar: onívoro; Tamanho: 100 a 140 cm; Hábitat:
Florestas, Cerrados, Caatingas; Hábito: diurno e noturno.
49
É uma das maiores espécie de lagarto do Brasil. Sua dieta alimentar pode incluir
invertebrados, pequenos vertebrados, ovos e várias espécies de frutos, podendo
atuar como dispersor de sementes em pequenos fragmentos florestais. Ao sentir-
se ameaçado normalmente, fica imóvel e tenta camuflar-se no ambiente ou fugir
rapidamente, mas pode também, desferir mordidas dolorosas e fortes golpes
com a cauda semelhante a um chicote.
Cobra-cipó, Jararaquinha, Tropidodryas striaticeps
Características - Dentição: opistóglifa; Hábito alimentar: roedores, lagartos, anfí-
bios; Reprodução: ovípara; Tamanho: 100 a 120 cm; Hábitat: Matas; Hábito:
diurno.
Serpente de hábitos tanto terrícolas quanto arborícolas. Restrita às áreas com
domínio de Mata Atlântica do Sul e Sudeste. O jovem, para caçar, usa a técnica
de engodo caudal (isca) para atrair pequenos lagartos e anfíbios que lhe servirão
de alimento. A serpente movimenta sinuosamente a ponta da cauda, que apre-
senta a coloração mais clara que o resto do corpo, semelhante a uma larva de
inseto. Ela caça de espreita desenvolvendo uma série de movimentos só com a
cauda e a ponta da cauda. Como comportamento de defesa, apresenta expansão
lateral dos maxilares (cabeça triangular) e deflagra o bote.
Cobra-d’água, Helicops modestus
Características - Dentição: áglifa; Hábito alimentar: peixes, anfíbios; Reprodu-
ção: vivípara; Tamanho: 55 a 80 cm; Hábitat: Rios, Alagados, Lagos; Hábito:
diurno e noturno.
Serpente de hábito aquático. Possui olhos e narinas posicionados no topo da ca-
beça, o que favorece a vida dentro d’água. Causa muitos acidentes, mordidas
sem gravidade, principalmente aos pescadores de água doce, atraídas que são
para o samburá com peixes. Possui comprimento rostro-cloacal de 40 cm.
50
Falsa-coral, Oxyrhopus guibei
Características - Dentição: opistóglifa; Hábito alimentar: roedores, cobras, co-
bras-cegas, cobras-de-vidro; Reprodução: ovípara; Tamanho: 22 a 119 cm; Há-
bitat: Áreas abertas, Cerrados, Campos, Bordas de matas; Hábitos: crepuscular,
Diurno e noturno.
Serpente de hábito terrícola. Mimetisa a coral peçonhenta ao longo da sua distri-
buição geográfica, principalmente a Micrurus frontalis, onde há semelhança no
padrão de coloração. É um animal dócil, raramente morde, mesmo assim é desa-
conselhável a sua manipulação. Sufoca suas presas através da constrição.
3.3 Vegetação e conflitos sócio-ambientais
―Sem homens e mulheres o verde não tem cor.‖
Paulo Freire
O Município de São Paulo que contava originalmente com 100% do seu território
coberto por Mata Atlântica possui atualmente apenas 16% de mata nativa (Atlas
dos Municípios da Mata Atlântica,2008) na área que abrange o município, esses
remanescentes de mata concentram-se principalmente na Zona Sul, Zona Norte
na região da Serra da Cantareira e no extremo da Zona Leste, são essas áreas
que possuem ainda expressivas manchas de Mata Atlântica que ainda não foram
tomadas pela ocupação urbana, porém estas áreas sofrem gradativamente com o
desmatamento ocasionado pelo acelerado processo de urbanização desordenado
que ocorre nas periferias do município em que a ausência de infra-estrutura ur-
bana é latente, fatores que acentuam e evidenciam os conflito sócio-ambientais
nessas áreas.
Notam-se ainda na região administrada pela Subprefeitura de São Mateus alguns
remanescentes de Mata Atlântica secundária, principalmente nos distritos de I-
guatemi e São Rafael, remanescentes que abrigam além da biodiversidade de
flora, algumas espécies faunísticas e inúmeras nascentes que abastecem a bacia
hidrográfica do Rio Aricanduva. Além da mata nativa também é possível observar
nestes distritos áreas de reflorestamento realizado tanto com espécies nativas
51
Fonte: Atlas Ambiental de São Paulo, 2008. Modifi-
cado por Mayra Dias.
quanto com exóticas, que se configuram como áreas permeáveis responsáveis
por conter, ou minimizar as inundações em outros pontos da bacia.
Porém, apesar desta aparente preser-
vação dos elementos naturais nesta
região do município observamos em
todos os distritos administrados pela
subprefeitura de São Mateus um verti-
ginoso crescimento populacional, o a-
centuado adensamento da ocupação
urbana que ocorre desordenadamente
através dos loteamentos clandestinos,
e das ocupações irregulares, essas sem
nenhum tipo de orientação ou assis-
tência pública estatal, se caracterizam
por sua intensa precariedade, sem
qualquer acesso aos serviços públicos
básicos, como é o caso da recente ocu-
pação do Parque das Flores localizado
no distrito de São Rafael, processo este
que contribui diretamente com a su-
pressão gradativa dos vestígios de Ma-
ta Atlântica nativa Secundária que ob-
servamos na região do Morro do Cru-
zeiro, e em outras regiões, soterrando nascentes, suprimindo matas ciliares, con-
taminando os cursos d’água que compõe a bacia do Aricanduva por conta de ati-
vidades industriais também irregulares localizadas em suas margens, entre ou-
tros, evidenciando uma paisagem marcada por acentuados conflitos sócio-
ambientais gerados pelos mais diversos fatores, entre estes que citamos inicial-
mente.
52
Figura 2. Supressão da mata secundária nativa por conta da ocupação irregular no
Parque das Flores, 2010.
De acordo com o Plano Regional Estratégico de São Mateus (2004) a região onde
se localizam os distritos de Iguatemi, São Rafael e São Mateus como a grande
maioria das áreas de periferia da cidade, teve seu processo de urbanização mar-
cado pelo surgimento e expansão dos loteamentos irregulares, ou seja, sem a
presença do poder público que geram, portanto, ocupação urbana desordenada.
No distrito de São Mateus a instalação dos primeiros loteamentos irregulares o-
correu no final da década de 50, sendo que no início dos anos 1970 já contava
com mais de 80 mil habitantes.
Os distritos de Iguatemi e São Rafael que possuem atualmente a maior área ve-
getada, até a década de 70 se caracterizavam como áreas predominantemente
rurais, fator que assegurou a manutenção destas manchas de mata nativa. A
partir deste período a ocupação urbana nestes distritos aumenta gradativamen-
te, em sua maioria sem nenhum tipo de infra-estrutura urbana, interferindo dire-
tamente no processo de desmatamento da região.
Autor: Mayra Dias, 2010.
53
Especificamente no distrito de Iguatemi, os primeiros parcelamentos e ocupações
irregulares se instalaram a partir da década de 70, com os loteamentos de Vila
Yolanda, estrada do Paiol Velho e Limoeiro, porém no distrito de São Rafael, vale
ressaltar, que além das ocupações irregulares na década de 80 foram implanta-
dos dois grandes conjuntos habitacionais destinados a população de baixa renda,
o Conjunto Pró Morar Rio Claro, e o São Francisco, localizado as margens do cór-
rego Caaguaçu (SEHAB/HABI, 2008).
Além do intenso processo de ocupação urbana através de loteamentos irregula-
res que compõe 57,22% dos distritos administrados pela subprefeitura de São
Mateus (Indicadores Ambientais e Gestão Urbana, 2008) e o crescimento popula-
cional na região que de acordo com estimativa do IBGE (2000) cresce 6,08% a
cada ano, outros fatores que contribuíram e ainda contribuem de maneira signifi-
cativa para intensificação dos conflitos sócio-ambientais são, a presença dos a-
terros e ampliação dos mesmos, e a extensão da Avenida Jacu-Pêssego, a partir
da Avenida Ragueb Chohfi até o município de Mauá.
Figura 3. Intensificação dos conflitos sócio-ambientais obras de extensão da Av. Jacu-
Pêssego na região do Jardim São Francisco, 2010.
Autor: Cecília Keiko, 2010.
Cabe ainda apontar a ocorrência de supressão expressiva da mata, que se dará
com a expansão do atual Aterro Sanitário São João em área contígua, interven-
ção que segundo matéria publicada no jornal Estadão, em junho de 2010, im-
54
plantará o futuro aterro sanitário em uma área de mata atlântica considerada no
Plano deiretor como Zona Especial de Preservação Ambiental (ZEPAM) de 4 mi-
lhões de m², onde habitam veados, gambás, macacos e diversas espécies de a-
ves. A obra já foi licenciada pelo órgão ambiental estadual (SVMA, 2000).
Figura 4. Mapa da Bacia do Rio Aricanduva e localização do Aterro Sanitário São João,
2010.
O Aterro São João, como observado no mapa, se localiza no distrito de Iguatemi,
e ocupa área de inúmeras nascentes que abastecem entre outros cursos d’água o
córrego Caaguaçú, afluente do rio Aricanduva, a mata nativa secundária que será
suprimida para ampliação do aterro, ocasionará o desmatamento de uma área
que abriga nascentes que abastecem o sistema hídrico local.
A partir dos conflitos sócio-ambientais evidenciados entendemos que os proces-
sos de urbanização ocorrem produzindo e reproduzindo contradições de diversas
ordens, e essas contradições se materializam no espaço se expressando através
55
de transformações ou conflitos que revelam uma desigual distribuição da popu-
lação no espaço (SANTANA, 2009).
Entendemos que a ocupação irregular ou regular das áreas periféricas com pou-
quíssima infra-estrutura urbana, que contribuem diretamente com o desmata-
mento dos poucos remanescentes de mata nativa existentes na região dos distri-
tos de Iguatemi, São Rafael e São Mateus, e conseqüentemente com a degrada-
ção das nascentes que abastecem o rio Aricanduva, estão intrinsecamente asso-
ciados a dinâmicas urbanas que valorizam certas porções do espaço em detri-
mento de outras.
De acordo com Pepe & Gomes (2008) enquanto se acentua o processo de ocupa-
ção urbana precária nas áreas periféricas, suprimindo os últimos remanescentes
de mata nativa, a dinâmica demográfica na cidade mostra que o fenômeno do
―esvaziamento populacional‖ em algumas regiões vem ocorrendo há várias déca-
das principalmente nos distritos centrais.
De acordo com os Indicadores Ambientais publicados em 2008, a partir da déca-
da de 1960 os distritos mais centrais cresciam a menos de 1% ao ano, sendo
que, entre estes, cinco apresentavam crescimento negativo de sua população
(Sé, Pari, Brás, Belém e Bom Retiro). Em contrapartida, a região anelar mais pe-
riférica apresentava nesse período valores de crescimento em torno de 13% ao
ano. De acordo com o IBGE (2000) a área central do município de São Paulo a-
presenta uma perda média de 30% da população.
Atualmente os edifícios e áreas centrais são destinados as atividades do setor de
serviços, a valorização espacial que atribui alto custo do preço da terra nestes
distritos centrais, impossibilitam a aquisição de moradia pela população de baixa
renda que, portanto busca espaços desvalorizados para se estabelecer, locali-
zando-se principalmente nas regiões periféricas em loteamentos clandestinos e
ocupações irregulares, em busca de moradia, como constatamos no resultado
dos questionários aplicados na pesquisa realizada em abril de 2010, no Jardim
São Francisco e Parque das Flores, ambos localizados no distrito de São Rafael,
em que 38% dos entrevistados se deslocaram para região em busca de moradia
ou alugueis mais baratos.
56
Percebemos com tais fatos as contradições latentes na dinâmica urbana, en-
quanto áreas servidas de infra-estrutura urbana sofrem o processo de ―esvazia-
mento populacional‖, áreas sem qualquer tipo de infra-estrutura urbana são
densamente ocupadas, pela população de baixa renda que não consegue habita-
ção nas regiões centrais, gerando os vários problemas sócio-ambientais citados
anteriormente, entre outros, como o deslocamento diário destas populações pa-
ra o trabalho, e os gastos gerados para o transporte público e sistemas viários
que também se apresentam ineficientes devido ao grande fluxo de pessoas que
cotidianamente percorrem longas distâncias para chegar até o local de trabalho.
Através de políticas públicas o Estado intervém no espaço, seja diretamente a-
través da produção de infra-estrutura, da desocupação de áreas, da construção
de conjuntos habitacionais, e outras políticas urbanas que incentivam o deslo-
camento e estabelecimento de atividades econômicas, produtivas e de popula-
ções. Valorizando e desvalorizando o espaço, interferindo e contribuindo na mai-
oria dos casos com o processo de degradação sócio-ambiental das regiões peri-
féricas ou centrais do município.
Percebemos que o debate e as políticas públicas a cerca das questões sócio-
ambientais e seus conflitos extrapolam a cidade e nos possibilitam compreender
a própria forma de como a sociedade se relaciona com a natureza (RODRI-
GUES,1998), e para além, contribuem para compreensão de como se relacionam
os homens entre si, que reflete diretamente as relações que a sociedade estabe-
lece com a natureza (GONÇALVES, 2005).
Partindo dessa concepção observamos na região que concentra as cabeceiras do
rio Aricanduva, ainda em condições de preservação relativamente boas, com ex-
pressiva cobertura vegetal e áreas permeáveis latentes conflitos sócio-
ambientais e uma pressão historicamente construída pela ocupação urbana pre-
dominantemente irregular e dos conjuntos habitacionais promovidos pelo poder
público,reflexo das relações dos homens entre si, como coloca Gonçalves (2002),
que constituem o cenário atual observado nos mapas a seguir.
57
Figura 5. Proporção dos tipos de ocupação nos distritos com destaque nos administrados pela Sub-
prefeitura de São Mateus.
Fonte: Indicadores Ambientais e Gestão Urbana, 2008. Modificado por Mayra Dias, 2010.
De acordo com os Indicadores Ambientais do Município de São Paulo (2008) a
atual situação de ausência total de parques urbanos ou de outra tipologia de área
protegida (entre as definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conserva-
ção), aliada a fatores que exercem pressão sob o meio ambiente, faz com que a
condição de preservação das áreas ainda não ocupadas, em especial, nas que
concentram as nascentes do rio Aricanduva se torne muito mais problemática. A
preservação das últimas áreas de mata e de solos permeáveis apresenta-se de
crucial importância para o controle de enchentes na bacia hidrográfica do rio Ari-
canduva, permanentemente castigada pelas enchentes, assim como se revela a
importância da criação e manutenção de áreas verdes públicas, destacando-se
no vaso o papel dos parques municipais de qualquer tipologia, por abrigarem
grande diversidade de espécies e por contribuírem para a atenuação dos efeitos
58
da urbanização hoje incidentes, em especial as ilhas de calor e a maciça imper-
meabilização do solo.
Figura 6. Proporção da área do distrito
com cobertura vegetal
a implantação da Área de Proteção Ambiental (APA) Municipal Nascentes do Ari-
canduva reforçaria a Macrozona de Proteção Ambiental localizada na região que
Portanto, algumas ações que visam
segurar e expandir os resquícios de
vegetação que ainda existem nos dis-
tritos administrados pela Subprefeitura
de São Mateus, garantindo na região a
manutenção da
biodiversidade existente, de áreas
permeáveis e a preservação das cabe-
ceiras
Os distritos de Iguatemi e São Rafael,
administrados pela Subprefeitura de
São Mateus além de possuírem expres-
siva área vegetada, incluindo mata na-
tiva e áreas de reflorestamento que
abrigam as cabeceiras do rio Aricandu-
va, possuem, portanto uma extensa
área permeável, possuem de acordo
com os Indicadores Ambientais do mu-
nicípio de São Paulo (2008) grande
necessidade e potencial para implanta-
ção de Parques Municipais.
cabeceiras do rio Aricanduva, de acordo com o Plano Regional Estratégico edita-
do pela lei municipal nº 13.885/04, foi realizada a proposta da criação da Área
de Proteção Ambiental – APA Municipal Cabeceiras do Aricanduva, que não se
efetivou até a presente data devido a entraves colocados pela Secretaria Munici-
pal do Verde e Meio Ambiente, que segundo Vandineide C. R. Santos, Bióloga
responsável pela Acessória Técnica de Meio Ambiente da Subprefeitura de São
Mateus, não entende que existam subsídios e razões suficientes para legitimação
da mesma.
Fonte: Indicadores Ambientais,2008. Modificado por Mayra Dias,2010.
59
já possui duas Áreas de Proteção Ambiental (APA), a APA do Carmo e a APA do
Iguatemi.
De acordo com a lei No 9.985/00 que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) as Áreas de Proteção Ambiental (APAS) são, em geral, á-
reas extensas, com certo grau de ocupação humana, que possuem atributos re-
levantes para manutenção da qualidade de vida e bem estar humanos, seus
principais objetivos são proteger a biodiversidade local e disciplinar o processo
de ocupação, proporcionando diretrizes que orientem esse processo a partir dos
pressupostos da sustentabilidade. Desta maneira a implantação da APA Nascen-
tes do Aricanduva possibilitaria além da proteção das cabeceiras do rio e uma
possível, contenção dos loteamentos e ocupações irregulares, que ocorrem cada
vez mais aceleradamente suprimindo expressiva área de vegetação nativa na
região.
Figura 7. Áreas Destinadas para implantação
de parques por distritos
Fonte: Indicadores Ambientais, 2008.
Modificado por Mayra Dias, 2010.
Foram ainda previstos e não
executados, a implantação de
parques lineares e parques
urbanos. No processo de revi-
são dos planos regionais, que
se deu nos anos de 2005 a
2007, e que ainda se encontra
em fase de discussão interna
na Prefeitura Municipal de São
Paulo, de acordo com os Indi-
cadores Ambientais e Gestão
Urbana (2008) foram propos-
tos para esta subprefeitura
dezenove parques lineares e
onze novos parques, entre as
tipologias de urbano tradicional
e parque natural municipal,
sendo o distrito de São Rafael
o que mais possui áreas desti-
nadas para implantação de
parques.
60
De acordo com a lei No 9.985/00 que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) os Parques Naturais Municipais tem como objetivo básico a
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento
de atividades de educação ambiental e ecoturismo. Essas unidades de conserva-
ção são classificadas de acordo com o SNUC como de proteção integral, ou seja,
destinada a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por in-
terferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.
De acordo com o que dispõe a lei, os Parques Naturais são de posse e domínio
público, portanto as áreas particulares ou de ocupação irregular incluídas em
seus limites são desapropriadas. De acordo com o Plano Regional Estratégico da
Subprefeitura de 2006, estão propostas as implantações de alguns Parques Natu-
rais entre eles o Parque Natural do Mombaça, que possui em seus limites propos-
tos algumas áreas de ocupação urbana que de acordo com a legislação terão que
ser removidas caso ocorra a implantação do parque dentro dos limites propostos
atualmente. Além do já citado Parque Natural do Mombaça, entre os parques
propostos para o distrito de Iguatemi se destacam o do Parque Morro do Cruzei-
ro, e o Parque Jaçanã Altair. Além do Parque Jardim da Conquista que segundo
Vandineide C. R. Santos8, será implantado como compensação ambiental das
obras de prolongamento da Avenida Jacu-pêssego, atual Nova Trabalhadores, no
trecho entre a Avenida Ragueb Chohfi até a Avenida do Estado, que cortará a
área delimitada pelo futuro parque que já está em fase de implantação de acordo
com o Guia dos Parques Municipais (2010).
Além da compensação das obras da Avenida Jacu-Pêssego, a supressão da vege-
tação decorrente da expansão do Aterro Sanitário São João deverá ser compen-
sada por um conjunto de medidas compensatórias, entre estas destacamos a
implantação de dois parques lineares, um Parque Natural destinado a atividades
de educação ambiental que será administrado em parceria com a prefeitura, em
área continua ao aterro, esta de acordo com trabalho de campo realizado em
maio de 2010 já foi comprada pela empresa que administra o aterro, porém a
8 Bióloga responsável pela equipe técnica de meio ambiente da Subprefeitura de São Mateus.
61
implantação de fato do parque ainda não se iniciou, além de uma série de outros
equipamentos públicos.
Figura 7. Aterro Sanitário São João cercado por mata nativa
Fonte: GoogleMaps, 2010. Modificado por Mayra Dias.
Além das compensações a região também conta com investimentos provenientes
dos créditos de carbono da usina de biogás do Aterro Sanitário São João que
contabiliza de acordo com os Indicadores Ambientas (2008), 258.657 reduções
certificadas de emissão (RCEs), em setembro de 2008 foi realizado conjuntamen-
te com os RCEs do aterro Bandeirantes, o primeiro leilão de créditos de carbono,
que arrecadou para o município R$ 37.000.000,00 (milhões) que deverão ser
aplicados em projetos ambientais nas regiões em que se localizam os aterros.
Além dos dois Parques Lineares que serão implantados como compensações da
expansão do aterro existem outros projetos que prevêem a implantação de Par-
ques Lineares nos distritos de Iguatemi, São Mateus e São Rafael, estes que, de
acordo com a lei Nº 13.430/02 que institui o Plano Diretor Estratégico do Municí-
pio de São Paulo, além de promover a recuperação dos cursos hídricos e fundos
de vale, devem também ser planejados de forma que atendam finalidades de
lazer, sociabilidade e paisagísticas.
Mesmo as implantações dos Parques Lineares se apresentam como situações de
latentes conflitos sócio-ambientais. Em função das dinâmicas urbanas brevemen-
te discutidas anteriormente, geralmente os fundos de vale, áreas de várzea, e
62
margens dos cursos hídricos estão ocupadas ou por vias de acesso construídas
pelo próprio poder público que também apresenta contradições em suas ações,
ou por ocupações urbanas irregulares, como loteamentos clandestinos ou fave-
las.
A implantação destes parques pressupõe nesses casos a remoção das moradias
que se localizam em seus limites. Na região da Subprefeitura de São Mateus, em
que será implantado o Parque Linear Cipoaba, que já está em processo de im-
plantação, segundo Vandineide C. R. Santos9, serão removidas 300 famílias das
margens do córrego Cipoaba. Este que foi a conquista de reivindicações de uma
parcela da comunidade local, que iniciou o Movimento pela Recuperação do Cór-
rego Cipoaba, movimento este que vem crescendo e se tornando referência na
região. Mas que gera tensões quando se defronta com as questões fundiárias
urbanas principalmente as relacionadas à moradia.
As áreas destinadas para implantação destes parques quando ocupadas necessi-
tam ser desapropriadas. De acordo com Vandineide R. C. Santos10, quando estas
áreas são privadas sofrem Decreto de Utilidade Pública, o que obriga que o pro-
prietário venda esta área para o poder público, a preço de mercado, quando a
área de implantação do parque é pública o trabalho é realizado em parceria com
a Secretaria de Habitação, que realiza todo levantamento necessário para a de-
sapropriação e inserção desta população em algum programa habitacional, o que
ocorre atualmente no processo de implantação do parque Linear Cipoaba.
Dos parques planejados para região, atualmente de acordo com o Guia dos Par-
ques Municipais (2010), oito estão em fase de implantação, além do Parque Li-
near Cipoaba e do Parque Municipal Jardim da Conquista, encontramos também
os Parques Municipais Cabeceiras do Aricanduva, Colonial, Jardim Sapopemba/
Nilo Coelho, Mombaça, Jardim das Laranjeiras e o Parque Linear Limoeiro.
9 Bióloga responsável pela equipe técnica de meio ambiente da Subprefeitura de São Mateus.
10 Idem.
63
3.4 – Resíduos Sólidos11
3.4.1 – Introdução
Os resíduos sólidos são definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
– ABNT (NBR 10004), como resíduos sólidos e semi-sólidos que resultam de ati-
vidades da comunidade industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de
serviços de varrição; também são incluídos os lodos provenientes do sistema de
tratamento de água.
Dessa forma, os resíduos podem possuir origens diversas, na qual se associam
sua periculosidade e volumes, segundo Gandelini (2002) podemos dividir a ori-
gem dos resíduos sólidos em oito diferentes tipos:
Domiciliares: são provenientes das residências e cujos principais materiais
são: restos de alimentos, jornais, revistas, plásticos, latas, vidros, entre
outros, pode se encontrar esporadicamente peças da mobília das residên-
cias, aparelhos eletrônicos, etc.
Comerciais: são provenientes de atividades comerciais e de serviços, como
supermercados, lojas, bancos, restaurantes, entre outros, seus materiais
principais são: papéis toalhas, embalagens plásticas, restos de alimento,
etc.
Públicos: são provenientes da limpeza pública, como varrição de vias, ga-
lerias, córregos, calçadas, praias, podas de árvores, entre outros, seus
materiais principais são: pontas de cigarro, papéis, folhas, areias, etc.
De saúde e hospitalar: são provenientes de hospitais, clínicas veterinárias,
farmácias, laboratórios, postos de saúde, por conterem geralmente veto-
res patogênicos demandam de coleta, transporte e disposição especiais.
Industriais: são provenientes de indústria químicas, metalurgia, papeleira,
alimentícia, entre outros, seus materiais principais são: madeiras, cinzas,
plásticos, óleos, resíduos químicos, vidro, etc. seus resíduos são bem vari-
ados, e dependem do tipo de indústria.
11 Elaborado por: Vanessa Costa Mucivuna
64
Agrícolas: são provenientes de atividades agrícolas e pecuárias, seus ma-
teriais principais são: embalagens de adubos, ração, agrotóxicos, restos
de colheita, etc.
Entulho: são provenientes de obras da construção civil, seus materiais
principais são: solos, restos de escavações e materiais de demolições.
De aeroportos, portos, terminais rodoviários e ferroviários: são provenien-
tes de outras cidades, estados ou países, sendo que podem conter ou não
vetores patogênicos, seus materiais principais são: materiais de limpeza,
higiene pessoal, restos de alimentos de aviões, ônibus, trens e navios.
Além de classificar os resíduos de acordo com sua origem, ainda podemos classi-
ficá-los de acordo com sua periculosidade que de acordo com a NBR 10004 defi-
ne as seguintes classes para os resíduos sólidos:
- Classe I (perigosos): são aqueles que podem apresentar riscos a saúde pública
ou ao meio ambiente, quando manuseados ou destinados de forma inadequada,
por conta das suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas12 carac-
terizando-se por ter uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade13,
corrosividade14, reatividade15 e toxidade16;
- Classe II (não perigosos): Classe IIA - Não inertes: são aqueles que podem ter
propriedades como combustibilidade17, biodegradabilidade18 ou solubilidade19 em
12 Entende-se por infectocontagiosos os resíduos que transmitem e causam infecção a partir do contato imediato ou mediato.
13 Resíduos que possui como característica a inflamabilidade são aqueles que podem pegar fogo ou soltar fumaça tóxica na atmosfera.
14 Resíduos que possui como característica a corrosividade são aqueles que dissolvem vários pro-
dutos que entram em contato com eles.
15 Resíduos que possui como característica a reatividade são aqueles que sofrem alterações quími-cas violentas, porém sem explodir.
16 Resíduos que possui como característica a toxidade são aqueles que por suas composições quí-micas podem causar danos ao ambiente físico, químico e biológico.
17 Resíduos que possui como característica a combustibilidade são aqueles que por conta das suas composições químicas tendem a se queimar.
18 Resíduos que possui como característica a biodegrabilidade são aqueles que possuem condições para que as bactérias possam produzir energia em velocidade aceitável através da respiração celu-lar.
19 Resíduos que possui como característica a solubilidade são aqueles que possuem condições para se dissolver em água.
65
água. Classe IIB - Inertes20: são aqueles que não possuem nenhum dos seus
constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabili-
dade das águas.
Para destinação final desses resíduos sólidos, Gandelini (2002) propõe algumas
possíveis destinações dos resíduos sólidos como nos aterros sanitários, aterros
em valas, incineração, compostagem e reutilização e reciclagem.
Veremos agora algumas possibilidades de destinação dos resíduos sólidos que
ocorriam antes da inauguração dos primeiros aterros sanitários. Antes desse a-
contecimento foram vários problemas de cunho social e ambiental que ocorreram
não só na cidade de São Paulo, mas em várias partes do mundo. Um exemplo
deles foi o surto da peste bubônica ou peste negra que dizimou milhões de pes-
soas, que foi causada pela inadequada disposição final do lixo que gerou a proli-
feração de ratos resultante do acúmulo de lixo nas ruas das cidades européias no
século XIV (entre 1345 e 1349)
3.4.2 – Histórico do Lixo na cidade de São Paulo
O problema com a disposição dos resíduos sólidos na cidade de São Paulo não é
um problema atual como podemos ver no edital da Câmara de 15 de outubro de
1722, onde relata possivelmente o primeiro registro oficial da implantação de
lixões:
Os oficiais do Senado da Câmara desta cidade de São Paulo que
presente ao servimos pela ordenação da Sua Majestade que Deus
guarde, fazemos saber a todos os moradores desta cidade, de
qualquer qualidade e condições que sejam, que daqui a diante fa-
çam botar os ciscos e os lixos de suas casas nas paragens declara-
das a saber, nas covas que ficam abaixo das casas de Garcia Roiz
Velho e nas covas que estão atrás da Misericórdia Nova e nas co-
vas que estão de fronte de Santa Tereza e somente o façam nes-
tas paragens e as pessoas que fora destes lugares botarem os tais
lixos serão condenadas por cada vez em seis mil réis sem que lhes
sirva de desculpa ignorarem onde seus servos botam tais lixos,
pois o deverão examinar e fazer executar como pelo que o presen-
te quartel ordenamos. (SILVA, 2001, p.20)
20 Resíduos inertes são aqueles que não causam nenhum tipo de dano ao meio ambiente, e nem exalam mau cheiro no entorno. Em sua composição estão materiais como entulho de construção civil, restos de poda de árvore, vidros, entre outros.
66
Podemos observar que o aproveitamento de covas (ou cavas) para disposição de
resíduos é uma prática antiga que se utiliza até os dias atuais.
Segundo o relatório do Departamento de Limpeza Urbana - LIMPURB (1999) as
atividades organizadas de limpeza pública começou em São Paulo com o primeiro
contrato de prestação de serviços feito entre a Câmara de Intendência e o Sr.
Antônio Francisco Dias Pacotilha em 1869, época em que a coleta dos resíduos
era realizada em carroças e continuou com os mesmos moldes até a década de
1950. Antes do firmamento do contrato a população era responsável por levar o
lixo aos locais estabelecidos pelo município e a limpeza das ruas era realizada
pelos detentos.
Naquela época os resíduos domiciliares possuíam concentrações de matéria or-
gânica superior a 80%, pois a industrialização de alimentos ainda não ocorria no
mesmo moldes dos atuais, e também as quantidades de revistas e jornais eram
muito menores das registradas atualmente.
Sendo assim, os resíduos eram utilizados de adubo na agricultura, e foram utili-
zados até que as autoridades sanitárias exigiram tratamento prévio antes do for-
necimento aos chacareiros.
Em 1913 foi instalado o primeiro incinerador no bairro do Araçá, tinha a capaci-
dade de queimar o equivalente a cem carroças por dia de resíduos domiciliares;
o incinerador funcionou até 1940, pois não estava mais sendo suficiente para
eliminar todos os resíduos da cidade.
Segundo Silva & Donaire (s/d) a partir da década de 1920 a cidade de São Paulo
começa a registrar grandes índices de aumento populacional e de evolução na
composição dos resíduos gerados, isso ocorreu em virtude da industrialização e
sofisticação dos produtos que agora utilizavam materiais de difícil decomposição
como, por exemplo, o plástico.
Segundo a LIMPURB (1999) a partir de 1925, a Prefeitura passou a utilizar o pro-
cesso de fermentação anaeróbica, onde ocorria a fermentação dos resíduos em
tanques que eliminavam uma parcela considerável dos organismos patogênicos.
Em 1926 houve a construção de quatro câmaras de fermentação de lixo no Ibi-
rapuera, o lixo que não era fermentado ia para aterros na Rua Pedro de Toledo,
Av. General Olimpio da Silveira, Av. Santa Marina, Rua Sumidouro e no Glicério e
Jardim América (locais não especificados).
67
Em 1946 começou a funcionar o incinerador Pinheiros que operou até 1990, ele
foi desativado por ter sua tecnologia ultrapassada. Em 1959 começou a funcionar
o incinerador Ponte Pequena que funcionou até 1997, em 1968 foi inaugurado o
incinerador Vergueiro que funcionou até o ano de 2002.
Até meados dos anos 60, dado o aproveitamento da maior parte do lixo como
adubo e a existência dos incineradores, havia uma menor parcela de resíduos
sólidos que deveria ser destinada a lixões, ou seja, a cidade não dependia tanto,
como hoje, dos aterros.
Em 1970 inaugurou-se a primeira usina de compostagem São Matheus, quatro
anos mais tarde a usina de compostagem Vila Leopoldina começou a funcionar.
3.4.3 – Características dos Aterros Sanitários
Os aterros sanitários são depósitos de resíduos sólidos realizados pela ação hu-
mana através de tecnologias para dispor o lixo sobre o solo, compactando-o com
trator e recobrindo-o diariamente com camadas de solo a fim de evitar a prolife-
ração de insetos, catadores na área, espalhamento do lixo pelas redondezas pela
ação do vento, poluição das águas subterrâneas e superficiais, etc., esse método
utiliza princípios de engenharia para comprimir os resíduos sólidos a menor área
possível e reduzi-los ao menor volume possível (CETESB, 1979).
Em alguns casos, os aterros sanitários são construídos a fim de recuperar áreas
deterioradas como pedreiras abandonadas, escavações oriundas de argila e areia
e regiões alagadiças.
Algumas medidas devem ser tomadas para construção dos aterros sanitários
como proteger as águas superficiais e subterrâneas de possível contaminação
oriunda do aterro; dispor, acumular e compactar o lixo de forma de células diá-
rias trabalhando com técnicas corretas para possibilitar o tráfego de caminhões
coletores; recobrir diariamente o lixo com fina camada de solo para impedir a
proliferação de roedores, insetos e outros vetores; controlar os gases e líquidos
que se formam nos aterros e isolar e tornar indevassável o aterro e evitar incô-
modos à vizinhança.
68
Afim de, minimizar os possíveis danos ao meio ambiente causado pela constru-
ção do aterro, são realizadas obras como impermeabilização, nivelamento do ter-
reno e drenagem para captação do chorume. Os gases produzidos pela decom-
posição do lixo devem ser queimados, e o chorume deve ser captado.
A CETESB define alguns critérios para a escolha das áreas onde serão implanta-
das novas unidades receptoras de resíduos como mostra Gandelini (2002):
Topografia: as áreas devem apresentar inclinações de no máximo 10%;
Dimensões: deve-se reservar aproximadamente 1m² de terreno para cada
tonelada de resíduo que pretende ser aterrada;
Solo: não deve apresentar muitas plantas e rochas aflorantes, deve ser o
mais impermeável possível (composição argilosa);
Proteção contra enchentes: as áreas não devem estar sujeitas a inunda-
ções, nem a flutuações excessivas do lençol freático;
Distância dos corpos d’água: distância mínima de 200 metros de qualquer
corpo d’água, além de serem respeitadas as legislações específicas para as
áreas especiais;
Profundidade do lençol freático: o lençol deve estar o mais distante possí-
vel da superfície do aterro, para solos argilosos 3 metros de distância e so-
los arenosos superior a 3 metros;
Distância de residência: recomenda-se uma distância mínima de 500 me-
tros de residências isoladas e 2000 metros de áreas urbanizadas;
Direção dos ventos predominantes: os ventos não devem transportar poei-
ras ou maus odores para os núcleos habitacionais, ou instalações que pos-
sam ser indesejadas;
Localização: devem ser observadas as legislações de uso do solo e prote-
ção dos recursos naturais, e a menor distância viável entre os centros ge-
radores de resíduos;
Distância dos aeroportos: deve-se manter distância dessas áreas pois a
atração de urubus pode comprometer a segurança aérea, e
Acesso as estradas: devem estar em boas condições para garantir a efici-
ência da coleta e transporte do lixo.
69
Todas as medidas citadas devem ser tomadas a fim de propiciar o menor risco
para a população próxima às áreas dos aterros, bem como, diminuir o menor
impacto ao meio-ambiente.
Após o esgotamento dos aterros, a área é totalmente coberta e poderá ser utili-
zada como área de lazer, depois que o nível de contaminação for praticamente
zerado.
3.4.4- Resíduos sólidos em São Paulo
A cidade gera, em média, 17 mil toneladas de lixo diariamente (lixo residencial,
de saúde, restos de feiras, podas de árvores, entulho etc). Só de resíduos domi-
ciliares são coletados quase 10 mil toneladas por dia.Os trabalhos de coleta de
resíduos domiciliares, seletivo e hospitalares são executados pelas duas conces-
sionárias Ecourbis e Loga. Diariamente é percorrida uma área de 1.523 km² e
estima-se que mais de 11 milhões de pessoas são beneficiadas pela coleta. Cerca
de 3,2 mil pessoas trabalham no recolhimento dos resíduos e são utilizados 492
veículos (caminhões compactadores e outros específico para o recolhimento dos
resíduos de serviços de saúde).
A Loga realiza a coleta da região noroeste da cidade de São Paulo. Além da cole-
ta, a Loga administra o aterro Sanitário Bandeirantes, em Perus, e o transbordo
Ponte Pequena. A Ecourbis realiza a coleta da região sudeste e administra o ater-
ro São João, na Avenida Sapopemba, e os transbordos Vergueiro e Santo Amaro.
O aterro sanitário Bandeirantes está desativado desde o mês de março de 2007,
mas tem captação de gás. O material coletado pela concessionária é levado para
o aterro de Caieiras. O aterro São João está recebendo, parcialmente, os resí-
duos coletados pela Ecourbis. A outra parte está sendo levada para o CDR Pe-
dreira (aterro particular).
3.4.4.1 - Volume médio diário de resíduos coletados em 2009
Resíduo Domiciliar - 9.930 toneladas
70
Resíduo de Serviço de Saúde - 91 toneladas
Resíduo de Varrição - 266 toneladas
Resíduo Inerte - 2.366 toneladas
Resíduo Seletivo - 94 toneladas
3.4.4.2 - Materiais recicláveis:
Os materiais mais comuns encontrado no lixo urbano e que podem ser reciclados
são:
- Plásticos:
- Garrafas, embalagens de produtos de limpeza;
- Potes de cremes, xampus;
- Tubos e canos;
- Brinquedos;
- Sacos, sacolas e saquinhos de leite;
- Isopor.
3.4.4.3 - Alumínio:
- Latinhas de cerveja e refrigerante;
- Esquadrias e molduras de quadros;
3.4.4.4 - Metais ferrosos:
- Molas e latas.
3.4.4.5 - Papel e papelão:
- Jornais, revistas, impressos em geral;
- Papel de fax;
- Embalagens longa-vida.
3.4.4.6 - Vidro:
- Frascos, garrafas;
- Vidros de conserva.
71
3.4.5 – Aterros Sanitários no município de São Paulo
Em 1974, o primeiro aterro sanitário Lauzane Paulista começou a funcionar e de
acordo com Malone (s/d) apud Silva (2001)
Em 1974 foi implantado o primeiro aterro sanitário do município, o
de Lauzane Paulista. Até aquele ano proliferaram em terrenos bal-
dios as descargas clandestinas, gerando lixões, onde as pessoas,
as indústrias, e inclusive os veículos da prefeitura lançavam resí-
duos. A operações dos lixões não tinha planejamento algum, ha-
vendo no máximo um trator para espalhar o lixo. A existência de
catadores era a regra e na maioria das vezes moravam no próprio
lixão. O fogo era uma constante. No lixão do Km 14 da Raposo Ta-
vares ocorriam acidentes quase que diários por falta de visibilidade
na pista, além da poluição atmosférica. Os aterros sanitários elimi-
navam esses principais transtornos e também representavam uma
solução econômica para a recuperação de áreas inúteis para a po-
pulação como alagados, lagoas e cavas de mineração (p. 36).
Esse aterro nasceu por conta de um apelo da população para aterra uma lagoa
existente, que era responsável por vários afogamentos.
Em 1975 os aterros Engenheiro Goulart, Jardim Damasceno e Raposo Tavares
foram inaugurados; em 1976 o aterro Santo Amaro e Vila São Francisco; em
1977 o aterro Carandiru, Pedreira Cit e Vila Albertina, em 1978 o aterro Pedreira
Itaipu; em 1979 o aterro Bandeirantes e Sapopemba, em 1980 o aterro Jacuí,
em 1984 o São Matheus, em 1990 o aterro Itatinga e em 1992 o aterro São Jo-
ão.
Na tabela 1 podemos ver os aterros existentes no município de São Paulo, além
da sua capacidade de receber resíduos e o período no qual foi considerado ativo,
ou seja, quando recebia os resíduos sólidos.
72
Tabela 1: Aterros existentes no município de São Paulo
Fonte: LIMPURB (2002), organizada pela Equipe Unicsul.
De acordo com Silva (2001) na região metropolitana de São Paulo foram cadas-
tradas através do projeto CETESB/GTZ cento e dezesseis áreas de disposição de
resíduos, com cerca de 20 Km² de superfície e 100 milhões de m³. Vale ressaltar
que a maior parte desses locais está localizada nas periferias do município de
São Paulo, como podemos verificar no mapa 1 em anexo, onde mostra a posição
dos aterros sanitários do município; em cerca de 50% dos casos há ocupação
humana em menos de 50 m de distância.
Dessas vinte e sete áreas se encontram no município de São Paulo, porém ape-
nas onze são reconhecidas oficialmente como unidades de destinação de resíduos
antigas ou atuais, sendo as restantes consideradas clandestinas.
Atualmente a prefeitura de São Paulo não possui nenhum aterro sanitário em
funcionamento, pois suas capacidades foram esgotadas, os resíduos produzidos
pelos munícipes são coletados e vão para o Aterro Caieiras e para o CDR Pedreira
(particular). Existem as áreas de transbordo, que são locais onde os resíduos são
descarregados dos caminhões compactadores e colocados em uma carreta que
leva os resíduos até o aterro sanitário, essa medida ocorre por conta das grandes
ATERRO ÍNICIO DAS
OPERAÇÕES FIM DAS O-
PERAÇÕES CAPACIDADE TOTAL
PREVISTA (ton)
Bandeirantes 1979 2007 27.280.000
Carandiru 1977 1977 23.000
Engenheiro Gou-
lart
1975 1979 1.764.000
Itatinga 1990 2001 5.221
Jacuí 1980 1988 2.488.000
Jardim Damasce-
no
1975 1975 187.000
Lauzane Paulista 1974 1974 215.000
Pedreira City 1977 1978 563.000
Pedreira Itaipu 1978 1979 576.000
Raposo Tavares 1975 1979 1.857.000
Santo Amaro 1976 1995 16.216.747
São João 1992 2009 15.928.000
São Matheus 1984 1985 1.053.914
Sapopemba 1979 1984 2.728.000
Vila Albertina 1977 1993 9.214.733
Vila São Francisco 1976 1976 51.000
73
distâncias entre áreas de coleta e o aterro sanitário; no município de São Paulo
atualmente existem três áreas destinadas a transbordo que é a Vergueiro, Santo
Amaro e Ponte Pequena e que movimentam cerca de 1200 mil toneladas de resí-
duos por dia (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2010).
Por conta da grande extensão do município de São Paulo, e também pelo grande
volume de resíduos gerados, cerca de dezessete mil toneladas por dia, (PREFEI-
TURA DE SÃO PAULO, 2010) a coleta de lixo é realizada por concessão através
de duas empresas a Ecourbis e a Loga, elas atuam em regiões diferentes do mu-
nicípio. Além da coleta a Loga administra o Aterro Sanitário Bandeirantes e o
transbordo Ponte Pequena; já a Ecourbis administra o Aterro São João e os
transbordos Vergueiro e Santo Amaro. No mapa 2, em anexo, podemos visuali-
zar a espacialização dos serviços prestados pela Loga e pela Ecourbis.
3.4.5.1 – Resíduos Sólidos nos distritos de São Mateus, São Rafael e I-
guatemi
A Ecourbis faz sua divisão para coleta de resíduos através das sub-prefeituras,
analisaremos os dados da de São Mateus que está localizada na zona leste do
município de São Paulo abrangendo os distritos de São Mateus, São Rafael e I-
guatemi.
Nesse limite territorial delimitado pela subprefeitura vivem cerca de 380.000
pessoas (IBGE, 2000) em uma área de aproximadamente 45 Km². De acordo
com a Ecourbis (2010) a coleta de resíduos sólidos domiciliares é de 8.382,88
toneladas por mês, dando uma média de 0,74 kg de lixo por habitante por dia,
abaixo da média diária considerada pela Secretaria Municipal de Planejamento
que considera uma média de 0,8 a 1,3 Kg de habitante por dia (Prefeitura Muni-
cipal de São Paulo, 2004).
Em entrevistas sobre a coleta de lixo e limpeza das ruas no Jardim São Francisco
e Parque das Flores obtivemos respostas bem variadas a cerca da mesma ques-
tão, como podemos observar no gráfico 1, onde vemos que cada morador tem
uma percepção diferente do lugar onde vive, pois uns consideram os serviços
bons, já outros, péssimos, como veremos a seguir.
74
Gráfico 1: Qualidade da limpeza e coleta no Jardim São Francisco e Par-
que das Flores
Fonte: Elaborado pela Equipe Unicsul, dados coletados através de questionários.
Na figura 1 podemos ver a localização dos aterros sanitários: Sapopemba e São
João, que são próximo um do outro. No passado receberam grande quantidade
de resíduos coletados no município de São Paulo, porém atualmente ambos os
aterros estão desativados pois já alcançaram sua capacidade limite como vere-
mos com mais detalhes nos sub-itens posteriores.
Figura 1: Localização dos Aterros Sanitários Sapopemba e São João
0
24
18
10
18
Coleta de Lixo/ Limpeza das ruas
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Péssimo
75
3.4.5.1.1 - Aterro Sapopemba
O Aterro Sapopemba é um dos aterros localizados na região de São Mateus e
está situado na Avenida Sapopemba, nº 26.351 no distrito de São Rafael. Come-
çou suas operações em 1979 e encerrou em 1984, o fechamento ocorreu por
conta da mobilização dos moradores que não queriam que continuassem sendo
depositadas toneladas e toneladas de resíduos na região, sua capacidade total
prevista era de 2.728.000 toneladas de resíduos (LIMPURB, 2002), por não exis-
tir legislações ambientais específicas no momento de sua construção o aterro
Sapopemba não teve nenhum cuidado para a disposição dos resíduos que lá e-
xistem.
Após a desativação do aterro, grande quantidade de chorume foi liberada através
da decomposição do material orgânico ali depositado, os queimadores funcionam
até recentemente (Filik et al, 2007).
Na figura B podemos observar o aterro atualmente, onde já se encontra revege-
tado, próximo a ele está sendo construída a Avenida Jacú-Pêssego, podemos ob-
servar que apesar se no inicio de sua construção estar localizado na periferia do
município, hoje uma grande via de circulação está sendo construída bem ao lado
do Aterro Sanitário Sapopemba.
Figura 2: Obra Jacú-Pêssego e ao fundo Aterro Sapopemba
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
76
Na figura 3, em anexo, podemos ter uma vista mais ampla sobre a urbanização
próxima ao aterro, onde é possível verificar uma grande quantidade de habita-
ções, sendo a maioria delas de baixo padrão.
Já na figura 4, em anexo, temos uma visão geral da área no ano de 2004, onde
o aterro já era reflorestado e a urbanização já era muito intensa, mas mesmo
assim, podemos observar que houve um pequeno aumento da urbanização atra-
vés da construção de casas em áreas que antes estavam desocupadas.
3.4.5.1.2 – Aterro São João
O Aterro São João é o outro aterro que fica localizado na região de São Mateus,
está situado na Estrada do Sapopemba, Km 33 no distrito de Iguatemi, próximo
ao município de Mauá. Iniciou suas operações em 1992 e encerrou em 2009, sua
capacidade total prevista era de 15.928.000 toneladas de resíduos (LIMPURB,
2002). Em 2007 houve um acidente no aterro onde houve desmoronamento de
parte deste, o vento levou o mau cheiro do lixo até município de Mauá (O Globo,
2007).
Na figura E podemos observar o aterro atualmente, onde está revegetado, o a-
terro está localizado próximo ao Morro Do Cruzeiro, onde existe uma considerá-
vel área verde.
Figura 5: Aterro São João
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
77
Está em projeto, e próximo ao início de obras, a construção de um novo aterro
sanitário próximo ao aterro São João, a área que vai ser destinada a disposição
de resíduos sólidos é próximo a área do Morro do Cruzeiro, sendo considerada
uma ZEPAM (Zona Espacial de Preservação Ambiental) a obra é de responsabili-
dade da Ecourbis, já que é responsável pela coleta de resíduos na região e pela
administração do Aterro São João.
Na figura 6, em anexo, podemos ter uma visão mais ampla do aterro atualmen-
te, é possível observar a grande quantidade de área verde no entorno do aterro,
sendo bem diferente do que acontece com o Aterro Sapopemba, nessa imagem
de satélite observamos ainda que, uma boa parte do aterro já está reflorestada,
apesar de seu encerramento ter sido no ano de 2009.
Na figura 7, em anexo, temos uma visão geral da área no ano de 2004, na ima-
gem de satélite observamos que o aterro ainda está em funcionamento, onde
conseguimos visualizar as camadas de solo sobrepostas aos resíduos.
78
Mapa 1 – Mapa mostrando a localização dos aterros sanitários no
Município de São Paulo
Fonte: Figueira (2007).
79
Mapa 2 - Mapa mostrando as empresas que realizam a coleta domiciliar no Município de São Paulo
Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br
80
Figura 3: Aterro Sapopemba em 2010
Fonte: Google Earth, 2010.
Figura 4: Aterro Sapopemba em 2004
Fonte: Google Earth, 2010.
81
Figura 6: Aterro São João em 2010
Fonte: Google Earth, 2010.
Figura 7: Aterro São João em 2004
Fonte: Google Earth, 2010.
82
4 A PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA COMUNIDADE
O estudo da percepção é uma alternativa que vem crescendo dentro das ciências
sociais e contribuindo para a compreensão da relação homem e ambiente21, sua
análise constitui uma área de investigação que procura estudar o modo como os
indivíduos e grupos sociais se comportam. A análise do comportamento humano
é constituída através da avaliação cuidadosa das atitudes, preferências, valores,
percepções e imagem que o individuo tem com o seu meio (OLIVEIRA apud
GUERRA, 2004).
A importância da pesquisa em Percepção Ambiental para o planejamento do am-
biente foi ressaltada na proposição da UNESCO (1973), na qual houve a preocu-
pação com a percepção ambiental e a dificuldade com a proteção dos ambientes
naturais devido à existência de diversas percepções e valores entre os indivíduos
de cultura e grupos socioeconômicos diferentes que desempenham funções dis-
tintas nesses ambientes.
Dessa forma o estudo da percepção ambiental é fundamental para a consolida-
ção do próprio processo de educação ambiental, pois as experiências sensoriais
podem ser um instrumento de análise podendo despertar um comportamento
diferenciado com o ambiente.
Para que seja consolidado a criação de uma APA na região de São Mateus, nossa
área de estudo (localizado no extremo leste do município de São Paulo), deve-se
realizar uma intervenção com a comunidade. Sendo fundamental para o sucesso
21 Na legislação o conceito ambiente apresenta uma abordagem técnica e jurídica que significa ―lei de conjunto de condições, leis de influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite abrigar e reger a vida em todas as suas formas‖. (BRASIL, Política Nacional do meio Ambi-ente, LEI 6.938/81).
Referente à relação homem e meio, vamos nos apoiar na visão do geógrafo Yi-Fu Tuan que apre-
senta conceitos fundamentais para a compreensão do ambiente e a construção do sentimento de lugar, sendo individual e/ou uma construção social, ou seja, pertencente ao um determinado gru-po. Essa relação sentimental entre homem e meio, é a chave da percepção ambiental para Tuan (1980), através do conceito topofilia ―elo entre as pessoas e o lugar ou ambiente físico‖, associan-do sentimento afetivo ou oposto (topofobia) ao mesmo.
83
desse processo adequar e sensibilizar a comunidade acerca da problemática am-
biental, para que haja uma participação e integração ao projeto.
Serão necessárias diversas intervenções para atingir todas as temáticas abrangi-
das pela educação ambiental. Para que ocorra de forma positiva, os pesquisado-
res deverão elaborar estratégias de educação ambiental baseados no conheci-
mento do nível de percepção ambiental da população. Na qual o intuito é criar
uma postura critica e consciente diante dos próprios hábitos, pois boa parte da
população do local de estudo joga lixo no rio. Além da aparente irracionalidade
do comportamento da população de sujar e de ocupar o leito de cheia do rio, eles
desconhecem a função do rio ocasionando uma negação. Sendo visível o impacto
ambiental no lugar, ocorrendo em função do tipo de relação que a população es-
tabelece com o meio ambiente.
A dinâmica da cidade de São Paulo faz com que a cidade tenha múltiplas rela-
ções, lugares e conseqüentemente uma diversidade de paisagem, buscando a
importância do vivido, dos sistemas de significados mediada pela experiência e
percepção de cada um podemos compreender como comunidade vêem o seu
meio.
Nas grandes metrópoles nenhuma pessoa pode conhecer bem, se-
não um pequeno fragmento da cena urbana total, porém, o habi-
tante da cidade parece ter uma necessidade psicológica de possuir
uma imagem da totalidade do meio ambiente para localizar o seu
próprio bairro, o conhecimento da cidade varia de pessoa para
pessoa. (TUAN, 1980, p. 222)
Esse olhar fragmentado faz com que o morador veja o seu bairro e identifique o
que falta conforme o contato que ele tem com outros lugares da cidade.
... lugares têm paisagem, e paisagens e espaços têm lugares. O
lugar talvez seja o mais fundamental dos três, porque focaliza es-
paço e paisagem em torno das intenções e experiências humanas.
(RELPH, apud ARCHELA, 2004, p129).
84
4.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente estudo com revisão bibliográfica especifica referente à percepção
ambiental. A realização de pesquisas de campo contribuíram para os procedi-
mentos metodológicos adotados para a elaboração do trabalho. Inicialmente com
o caráter apenas exploratório, com o desenvolvimento do projeto a pesquisa de
campo ganhou caráter descritivo e explicativo, incorporando registros audiovisu-
ais. Com o intuito de buscar através da fotografia e de vídeos a representação do
lugar.
Realizamos a aplicação de questionários com a comunidade e com os lideres co-
munitários com o objetivo de compreender a dinâmica local. Conversas informais
com servidores da Subprefeitura de São Mateus e relatos pessoais com os pes-
quisadores participantes. Todos com o objetivo de buscar a compreensão do lu-
gar através da percepção. Esses métodos reunidos contribuíram de maneira posi-
tiva para a formulação do estudo.
4.2. ÁREA DE ESTUDO.
A área de estudo refere-se a dois bairros pertencentes ao distrito de São Rafael,
Jardim São Francisco e Parque das Flores. Localizados na área administrativa da
subprefeitura de São Mateus, extremo Leste do município de São Paulo.
Dois lugares próximos geograficamente, mas que apresentam realidades distin-
tas, que materializam-se na paisagem, gerando percepção e comportamento di-
ferentes nos diversos indivíduos que ali habitam.
85
4.2.1 PERCEPÇÃO: JARDIM SÃO FRANCISCO
Entre os dois bairros analisados, o Jardim São Francisco é o bairro mais urbani-
zado já encontra-se com infra-estrutura urbana, mas é visível a precariedade e a
ausência de outras infra-estruturas básicas, a exemplo disso, a falta de área de
lazer e entretenimento para a população.
As áreas de lazer encontram-se na maior parte afastada da área de estudo na
qual é necessário a utilizar o transporte coletivo, os ônibus não conseguem aten-
der a população, esse aspecto é comum na periferia longigua do município de
São Paulo. A imagem a seguir (Figura 1), mostra dois projetos de habitação de
gestão diferentes, tentativa das políticas publicas de minimizarem os problemas
sociais, principalmente as que refletem no território.
Figura 46 - Conjuntos Habitacionais, Jardim São Francisco
Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.
A diferença das formas é reflexo da atuação de distintas políticas públicas de ha-
bitação e de gestão do município, construídos em diferentes períodos.
86
Apesar da presença de diversos projetos habitacionais, existem inúmeras casas
de autoconstrução no local (Figura 47), o desejo de sair do bairro reflete nos
questionários, boa parte dos entrevistados sentem uma relação afetiva com o
lugar. Como parte do espaço, o lugar é ocupado pela sociedade que ali habitam e
estabelece laços afetivos, como também relação de sobrevivência.
Figura 47 - Autoconstrução, Jardim São Francisco
Autor: Monsalvargas, 2010.
Residências elaboradas a partir da ―autoconstrução‖. Prática comum nas periferi-
as do município de São Paulo. Observe a precariedade da área de lazer, crianças
brincando na quadra ―enjaulada‖.
Nesse bairro o rio Caaguaçu encontra-se urbanizado, na Av. Sertanista é possível
observar a outra face do rio, ―no outro lado da rua‖, ele parece esquecido e igno-
rado pelas politicas publicas de urbanização. O mesmo rio recebe das políticas
públicas tratamento diferenciado. Do mesmo ponto é possível observar as duas
realidades (Figura 48).
87
Figura 48 - Um Rio, duas realidades
Fonte: Catarina Troiano, 2010.
Esse tratamento diferenciado faz com que a população tenha percepções diferen-
tes do mesmo rio, que na maioria dos casos, a população enxerga o rio como um
incomodo não havendo nenhuma relação afetiva com o rio, e sim um sentimento
de aversão (topofobia).
Ao analisar o questionário podemos identificar que boa parte da população local
é oriundo de outros estados brasileiros principalmente da região nordeste do pa-
ís. Outra característica marcante da população é a baixa escolaridade e a mulher
como chefe de família. Maior parte da população trabalha na própria zona leste
do município, os principais bairros são Tatuapé, Mooca, Brás e outros. Há um
número alto de população desempregada no lugar ou trabalha no próprio bairro,
fazendo o clássico ―bico‖, na qual a renda torna-se escassa e instável.
O fato mais interessante no Jardim São Francisco é a implantação da Avenida
Jacu Pêssego, na qual a sua implantação removeu diversas famílias que aguar-
dam ser indenizadas ou por novas moradias, essa obra trará poucos benefícios à
população local, mas alguns entrevistados defendem o discurso da grandiosidade
da obra e os diversos benefícios que será ocasionado na região, o discurso pode
influenciar a percepção de tal modo que as pessoas verão coisas que não exis-
tem, podendo esta criar alucinações coletivas (Tuan, 1980).
88
Os lideres comunitários são os que possuem a relação topofilica mais forte, Tuan
(1983) escreve que essa percepção espacial com o lugar é afetuosa, tem um for-
te sabor local, caráter visual e limites, esse aspecto é facilmente observável em
uma simples conversa informal com o morador em sua casa, rua, bairro onde se
mora e trabalha e o próprio trajeto do cotidiano ganha sentimento de lugar, pois
está sempre ligada a experiência íntima de cada morador. A percepção ambiental
não se trata apenas de uma percepção sensorial, estabelecida pelos sentidos,
mas envolve outras formas de perceber e interpretar o ambiente vivido.
4.2.2. PERCEPÇÃO: PARQUE DAS FLORES
Nesse lugar a situação é mais complexa, pois o processo de urbanização não en-
contra-se consolidado, o bairro localiza no fundo do vale e segue moro acima
(Figura 49), diferente do outro local, a ausência das infra-estruturas básicas,
como ruas asfaltadas, esgotos, iluminação etc. O crescimento vertiginoso da ci-
dade, não significou desenvolvimento social, e a expansão periférica foi, e ainda
é, quantitativamente, muito maior do que a expansão das áreas nobres paulista-
nas.
A maioria das casas são ―autoconstrução‖, com estrutura precária e algumas em
área de risco. A falta de identidade com o lugar é evidente, o sentimento de to-
pofobia ocorreu em boa parte dos entrevistados.
No Parque das Flores o conflito rio e comunidade são latentes (Figura 5), pois a
comunidade não enxerga o rio, com sua função de rio, o rio torna-se um hospe-
de incomodo, pois ele cheira mal pois a população passa a jogar lixo, a rio é per-
cebido como um esgoto a céu aberto e nos períodos de alta pluviosidade ele che-
ga inunda, as margem se encontra ocupada, e muitos da comunidade olham pa-
ra o rio e despreza, a constatação do estado de degradação do rio coloca em
questão o modelo de políticas publicas no local e a ausência de uma intervenção
de educação ambiental, que auxiliaria na mudança do comportamento da comu-
nidade perante ao meio em que vive.
89
Figura 49 - Vista panorâmica do Parque das Flores
Fonte: Carlos Eduardo Martins, 2010.
Sendo necessária à construção de uma consciência ecológica, é precedida à
construção de uma percepção ambiental, de uma vivência junto à natureza. Para
que a comunidade não mate sua fonte de vida (Figura 50), e sim a conserve pa-
ra as futuras gerações.
Figura 50 - Lixo nas margens do Córrego Caaguaçu
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
O Rio Caaguaçu corre em seu leito, enquanto a comunidade joga lixo e despeja o
esgoto sem nenhum tratamento. Mostra o descaso que o rio sofre no lugar.
90
Assim, é preciso resgatar e estimular novos sentidos de percepção do ambiente,
buscando a reintegração do ser humano ao meio natural a fim de que uma cons-
ciência crítica das relações sociedade-natureza possa emergir, reelaborando no-
vas formas de convívio e de agir.
A Educação Ambiental não deve atuar somente no plano das idéias
e no da transmissão de informações, mas no da existência, em
que o processo de conscientização se caracteriza pela ação com
conhecimento, pela capacidade de fazermos opções, por se ter
compromisso com o outro e com a vida‖ (LOUREIRO, 2006, p. 28).
Sendo interessante propor um trabalho de educação ambiental que não só foque
as áreas degradadas e os problemas sócio-ambientais, mas sim é construir com
a população uma afinidade com o lugar, estimulando um sentimento topofilico na
comunidade. Ao analisar os questionários e os relatos pessoais dos moradores
durante a abordagem, fica claro o desejo que a comunidade tem de canalizar o
rio, asfaltar as ruas, construção de área de lazer e lugares onde pudesse propici-
ar curso profissionalizante para a população.
Referente à canalização do rio, o mais importante não é canalizar o rio e sim,
aplicar na comunidade uma educação ambiental que seja capaz de resgatar e
estimular novos sentidos de percepção do ambiente, buscando a reintegração
com o rio, apresentando para eles a importância do rio no meio em que eles vi-
vem, mostrando toda a problemática de um rio canalizado.
Outro problema verificado é a baixa percepção de risco que alguns moradores
têm, conforme Saraiva (1999) as variações no grau de percepção dos desastres
pode ser explicada pelas suas características físicas, magnitude e ocorrência
principalmente quando recente, importante também ressaltar a personalidade do
individuo e outros traço culturais e sociais, a exemplo disso, temos o grande de-
sejo de ter a casa própria, como é na maioria dos casos avaliados, a maioria dos
moradores do Parque das Flores, eram moradores de São Mateus, onde viviam
em casas alugadas. Muitos dos entrevistados moram nos lugares com um grau
de declividade acima do permitido pela Defesa Civil, pois a ocupação desordena-
91
da segue do fundo do vale para a regiões mais alta, pois é possível em alguns
casos ver o corte do talude para a construção de uma nova moradia.
Assim como o Jardim São Francisco, os perfis da população entrevistada são
muitos semelhantes, a maior parte da população é oriunda de outros estados
brasileiros, a grande maioria é da região nordeste, baixa escolaridade e traba-
lham em empregos mal remunerados, trabalham informalmente fazendo ―bico‖
ou estão desempregados.
Nota-se, portanto, que os sentimentos de topofilias e topofobias são construídos
a partir de vivências diretas e indiretas de indivíduos nos mais diversos lugares.
É necessário uma educação ambiental para ressaltar esse elo sentimental com o
lugar, não devemos pensar na educação ambiental apenas em função de trans-
missão de conhecimento, sendo desconexo com a realidade percebida e vivida,
por isso a importância da percepção ambiental para busca e compreender o per-
cebido e vivido, só assim podemos agir como intuito de construir uma percepção
ambiental diferenciada, onde a experiência sensorial e a reflexão critica possa
despertar um novo comportamento e as vivencias possam ser integradas ao
meio ambiente.
92
5 PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DE SÃO MATEUS22
De núcleo inicialmente implantado entre as áreas de inundação do Tamanduateí
e Anhangabaú, onde se encontra hoje o Páteo do Colégio, São Paulo apresentava
até 1890, um crescimento urbano insignificante para no final do século abarcar
um vertiginoso crescimento que concebe a mesma um novo dinamismo. Se em
1930 a cidade apresentava uma mancha urbana de 355km² e 890.000 habitan-
tes, em 1980, está havia sido quintuplicada em um eixo de expansão seguindo,
preferencialmente, o sentido leste-oeste e ocupando uma área de 1370 km²,
comportando 8.490.000 habitantes. Esse crescimento não ocorreu de forma con-
tínua, pois há na denominada mancha urbana paulistana espaços vazios em
quantidade significativa.
A Zona Leste foi ocupada a partir de vários núcleos que estavam localizados ao
longo do antigo caminho que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro, através do Vale
do Paraíba. Esse eixo foi reforçado com a implantação da antiga ferrovia Central
do Brasil (São Paulo – Rio de Janeiro) no final do século XIX.
A facilidade de transporte oferecida pela ferrovia Central do Brasil foram atrati-
vos para a instalação de algumas empresas na zona leste entre umas das mais
significativas podemos citar a Nitro Química, instalada em 1935, foi um sendo
grande estímulo à ocupação mais intensa de São Miguel. A empresa empregava
em media 8.000 operários. Em1934, São Miguel tinha 2.224 habitantes, e após a
instalação da Nitro Química, a população dessa região chegou a 39.376 (1950).
Na década de 1960, tem início a construção da via Radial Leste e na década de
1970, a implantação da linha Leste do metrô, contribuindo para que houvesse
uma consolidação da ocupação Leste-Oeste.
22 Ao utilizarmos o termo ―região de São Mateus‖ estamos nos referindo aos três distritos – São Mateus, São Rafael e Iguatemi – que integram a Subprefeitura de São Mateus.
93
Durante as décadas seguintes a região foi se urbanizando progressivamente, a-
companhando o crescimento acelerado da população paulistana, com os maiores
índices de crescimento demográfico do município, notadamente da população de
baixa renda.
Embora as ocupações sejam bem antigas somente em 1944 foram criados os
distritos de São Miguel Paulista, Guaianazes e Itaquera e na década de 1980,
foram criados os distritos de São Mateus e Sapopemba (SPOSATI 2001).
Entre os distritos criados na década de 1940 e os da década de 1980 percebe-
mos uma diferença considerável em termos de infra-estruturas, enquanto os dis-
tritos mais antigos já possuem alguns dos serviços essenciais como hospital, co-
leta de lixo, saneamento básico, os distritos criados na década de 1980 são ca-
rentes de tais serviços.
Nestes distritos, a verticalização ainda é configurada predominantemente pela
implantação de conjuntos habitacionais produzidos pelo poder público através da
Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP) e pela Compa-
nhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado (CDHU), cercados por lotea-
mentos clandestinos com pouca ou nenhuma urbanidade.
Os conjuntos habitacionais (COHAB-SP e CDHU) foram criados na década de
1960 com a justificativa de solucionar o problema do déficit habitacional, o Esta-
do passa a permitir a produção de moradia popular em áreas rurais, afastados
de qualquer rede de infra-estrutura urbana. Pela legislação de uso e ocupação
do solo do município de São Paulo o único uso urbano permitido na zona rural
era para a construção de conjuntos habitacionais o que tornou estes terrenos,
uma reserva de terras de baixo custo da Companhia Municipal de Habitação.
(MARCONDES 1999)
94
5.1 Ocupação de São Mateus
A ocupação23 dessa região remonta ao século XIX, com a fazenda de criação de
animais de propriedade de João Francisco da Rocha, no entanto, o processo de
ocupação e urbanização de São Mateus intensifica-se no final da década de 1940,
após a aquisição de uma área de aproximadamente 50 alqueires pelos irmãos
imigrantes italianos Mateo e Salvador Bei.
Segundo consta no Plano Estratégico Regional (PDE) da Subprefeitura de São
Mateus (SEMPLA, 2004) os irmãos Bei tinham como objetivo transformar a regi-
ão de São Mateus em uma área urbana do municipio de São Paulo, distantes das
regiões mais centrais da cidade, tanto que os primeiros loteamentos que foram
vendidos, os compradores ganhavam certa quantidade de material de construção
parar iniciar a edificação das primeiras casas.
A idéia inicial de constituição de uma área urbana nobre na região não prospe-
rou, mas a ocupação começou a se expandir. Essa expansão era fortemente a-
poiada pelo Plano de Avenidas de Prestes Maia e principalmente pela regulamen-
tação do transporte de ônibus, que permitia o deslocamento da região de São
Mateus para as áreas centrais da cidade, tanto que a partir do crescimento das
linhas de ônibus ampliaram-se as:
Condições de acessibilidade às zonas antes inatingíveis, e houve
maior descentralização dos locais de moradia da classe trabalhado-
ra, aumentando-se as distâncias do centro ou simplesmente ocu-
pando-se áreas antes sem acesso por transporte coletivo (SEMPLA,
2004, p.30).
As primeiras linhas de ônibus da região começaram a funcionar no ano de 1950 e
faziam um percurso até a Avenida João XXIII (próximo da Vila Carrão), os itine-
rários dessas linhas de ônibus eram definidos conforme o interesse dos proprie-
23 As informações contidas no relatório sobre o processo de ocupação foram baseadas no Plano Regional Estratégico de São Mateus (Secretaria de Planejamento urbano – Sempla- Série Docu-mentos, 2004) e nos dados existentes no site da Subprefeitura de São Mateus.
95
tários de terra e dos loteadores (SEMPLA, 2004, p.26), pois o transporte e em
especial o ônibus sempre foi um importante indutor da ocupação. Além disso,
nesse mesmo período foi promulgada a Lei do Inquilinato (Lei 1.300/50), que por
determinar um congelamento dos valores dos aluguéis acabou contribuindo para:
Que os investidores privados deixassem progressivamente de
construir casas de aluguel para a população de baixa, enquanto in-
tensificou-se a atuação dos loteadores. As soluções habitacionais
para os mais pobres passaram a ser a casa autoconstruída em lo-
teamentos periféricos, ou a favela.(SEMPLA, 2004, p. 115)
Sendo assim o crescimento urbano periférico (LANGEBUNCH, 1968) da cidade de
São Paulo, incluindo a região de São Mateus irá ocorrer “sob a tríade loteamento
periférico – casa própria – autoconstrução” (BONDUKI, 2002, p.281).
Até aproximadamente o início da década de 1960, a região de São Mateus era
predominantemente rural, e com uma ocupação que embora tivesse passado por
um processo de expansão ainda era incipiente (principalmente os distritos de São
Rafael e Iguatemi), sobretudo se comparada com regiões vizinhas como São Mi-
guel Paulista e Itaquera. Será com a instalação da indústria automobilística na
região do ABC e a provável geração de empregos que a ocupação de São Mateus
irá se intensificar. Nesse período os investimentos em obras viárias que facilita-
vam a ligação das regiões paulistana com o ABC, tais como a abertura de um
corredor exclusivo de circulação de trólebus ao longo da avenida Adélia Chohfi e
da Rua Oratório reduziu consideravelmente o tempo de viagem nas ligações com
ABC.(SEMPLA, 2004, p.13), contribuindo para um aumento do fluxo migratório
para a região de São Mateus. No entanto, embora houvesse um investimento do
Estado nas vias de ligação entre algumas regiões periféricas e áreas mais cen-
trais, o mesmo se omitia em relação a expansão dos assentamentos populares
que “cresciam na absoluta irregularidade em relação as leis e códigos que regem
o uso e ocupação do solo na cidade” (ROLNIK, 1999, p.115).
Na década de 1980 o Estado irá realizar as primeiras intervenções em relação ao
fornecimento de habitação, na região de São Mateus, destinadas a população de
baixa renda e que residiam em algumas favelas da região. A primeira delas será
96
a construção do Conjunto Pró-Morar Rio Claro e São Francisco ambos localizados
no Distrito de São Rafael e os conjuntos Sítio dos França e a Gleba Carrãozinho
situados no Distrito Iguatemi (SEMPLA, 2004).
O início da década de noventa é um período no qual haverá maior intervenção
por parte da Prefeitura Municipal de São Paulo, nas áreas periféricas e nas fave-
las, com o objetivo de consolidar essas ocupações, sendo assim essa intervenção
ocorrerá tanto por meio de provimento de habitações, como também pela reali-
zação de obras de infra-estrutura.
Na década de noventa o crescimento populacional nos três distritos passará por
um decréscimo, sobretudo a região de São Mateus que terá um crescimento a-
nual (1991 à 2000) de 2,7% ao ano (IBGE, 2000 apud SEMPLA, 2004), já a regi-
ão de Iguatemi e São Rafael embora também apresente um crescimento menor,
suas taxas de crescimento ainda são altas, sendo de 69,9% e 39,2% respecti-
vamente (IBGE, 2000 apud SEMPLA, 2004).
Esse crescimento populacional de ambos os distritos pode ser identificadas pela
ocupação clandestina de áreas públicas e privadas, bem como a ocupação de
mananciais e área de risco tais como o bairro Parque das Flores.
5.2 Subprefeitura de São Mateus - distritos de abrangência
A subprefeitura de São Mateus que abrange uma extensão total de 45, 8 km²,
está localiza-se no extremo leste da cidade de São Paulo e é constituída pelos
Distritos Administrativos de São Mateus, São Rafael e Iguatemi (Mapa 14). Essa
subprefeitura tem como limites territoriais os Municípios de Santo André e Mauá
ao sul, as Subprefeituras Itaquera e Cidade Tiradentes ao norte, a subprefeitura
Aricanduva a Oeste e a leste a Subprefeitura São Mateus faz divisa novamente
com o município de Mauá.
97
5.2.1 Distrito Iguatemi
Distante aproximadamente treze quilômetros do centro do município de Santo
André e a 23 quilômetros do centro da capital. A área onde se situa esse distrito,
até o fim da década de 1960, era formada por sítios e chácaras e era conhecida
como Guabirobeira e Iguatemi. Os primeiros loteamentos foram: Vila Eugênia,
Jardim São Gonçalo, Jardim Roseli e Jardim Marilu (abertos em 1965) seguidos
por outros na década de 1970.
5.2.2 Distrito São Mateus
Localizado a aproximadamente 18 km do Centro. Seu território foi loteado a par-
tir de 1948, somente a partir de 1956 teve seu desenvolvimento mais acelerado,
devido ao grande desenvolvimento econômico do ABC Paulista e à forte migração
para São Paulo.. Seu comércio se concentra, sobretudo, em uma das principais
avenidas da região, a Mateo Bei, e conta, inclusive, com diversas agências ban-
cárias.
5.2.3. Distrito São Rafael
É um distrito situado no extremo sudeste do município de São Paulo. Faz divisa
com os distritos de São Mateus e Iguatemi e com os municípios de Mauá e Santo
André. Em linha reta, dista cerca de trinta quilômetros da Praça da Sé, marco-
zero da Cidade de São Paulo. Os bairros mais antigos e conhecidos do distrito
são: o Parque São Rafael, Jardim Vera Cruz, Jardim Buriti, Vila Esther e Jardim
Rodolfo Pirani. Em 2004, de acordo com a Fundação Seade, o distrito tinha uma
população de cerca de 140 mil habitantes. Se o distrito de São Rafael fosse um
município, ele seria um dos 50 mais populosos do estado de São Paulo.
98
Mapa 14 - Identificação da região de São Mateus
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
5.3 Aspectos sócio-demográficos
5.3.1 População
Em termos demográficos a região de São Mateus possui, de acordo com os da-
dos do Censo de 2000, uma população de 381.605 habitantes, sendo 154.851 no
distrito de São Mateus, 125.132 em São Rafael e 101.688 no distrito de Iguate-
mi, segundo dados do ultimo censo realizado pelo IBGE.
99
Em comparação com os dados dos Censos anteriores (1980 e 1991), a população
apresentou significativas mudanças em sua evolução, como podemos perceber
na Tabela 2.
Tabela 2 - População da Região de São Mateus e percentual de distribuição por
distritos - 1980 á 2000
Município e
distritos 1980 1991 1996 2000
São Mateus 53,5%
118.421
50,1%
150.764
45,6%
160.114
40,6%
154.851
São Rafael 31,8%
70.443
29,9%
89.862
28,8%
101.531
32,7%
125.132
Iguatemi 14,7%
32.595
20,0%
59.820
25,5%
89.835
26,6%
101.688
TOTAL 221.459 300.446 351.480 381.671
Fonte: IBGE, Censos 1991 e 2000 e Contagem Populacional 1996.
Observando a tabela percebemos que entre as décadas de 1980 e 1991 a região
de São Mateus teve um aumento populacional 35% e entre 1991 e 2000 o au-
mento foi de 27%, sendo que o crescimento mais significativo foi nos distritos de
São Rafael e Iguatemi, como podemos verificar na Tabela 3.
Outro dado relevante nesta refere-se à distribuição desigual no espaço geográfi-
co. Notamos que a maior parte da população 40,6%, concentra-se no distrito
São Mateus, seguida do distrito São Rafael, com 32,7%, e o distrito Iguatemi,
com 26, 6%. Observa-se que no período em análise, 1980 à 2000, o distrito São
Mateus apresenta, em termos relativos, diminuição constante na concentração
populacional em oposição ao que ocorre com o distrito Iguatemi, que apresenta
elevação nessa concentração.
100
Tabela 3 - Crescimento Populacional, Região de São Mateus
Fonte: IBGE, Censo 1980; 1991; 2000.
O reduzido crescimento populacional do distrito São Mateus, verificado na última
década pode ser explicado pelo fato de ser esta a área de ocupação mais antiga
e com uma densa ocupação.
Já com um percentual de crescimento bastante superior (39,2%), o distrito São
Rafael atualmente apresenta ocupação populacional bastante significativa,
125.132 moradores. Cabe notar que esta ocupação em grande medida está as-
sociada ao prolongamento do tecido urbano do distrito São Mateus especialmen-
te em sua porção mais ao sul, encontrando os bairros do Vera Cruz e São Rafael.
Tais bairros situam-se próximos à divisa com os municípios de Mauá e Santo An-
dré. Ainda assim, percebemos que tal percentual de crescimento é bastante su-
perior ao crescimento médio da região de São Mateus, que entre 1991 e 2000
cresceu 27%.
O distrito Iguatemi, com população de 101.688 habitantes aparece a seguir, co-
mo área de ocupação mais recente e ao mesmo tempo com enorme percentual
de crescimento populacional, em torno de 70% no período entre 1991 e 2000. A
ocupação desse distrito ocorreu a partir da continuidade da área urbanizada de
101
São Mateus, estendendo-se até sua porção mais à leste e dando origem ao Par-
que Boa Esperança, Jardim Helena entre diversos outros bairros, muitos deles
constituídos nos anos 80 e 90.
5.3.2 Estrutura etária,
Outro aspecto importante para a caracterização da região diz respeito ao conhe-
cimento da estrutura etária da população, conforme dados do censo de 2000 ve-
rificamos que a região de São Mateus apresenta população que se concentra nos
segmentos etários mais jovens. Notamos que 18,1% da população apresentam
idade de 25 a 34 anos, ou seja, cerca de 70.000 pessoas, seguida da faixa entre
15 e 24 anos, 15,2% do total de habitantes, - cerca de 60.000 pessoas. Deve-
mos destacar a considerável porcentagem da população infantil de 0 a 14 anos,
que responde ao total de 112.000 crianças. Tal número já indica a necessidade
de investimentos direcionados à educação infantil e ao combate de todas as for-
mas de exposição destas crianças ao risco pessoal e social.
Tabela 4 -Distribuição da População por faixas etárias, 2000.
Distritos
0 à 6 a-
nos
7 à 14
anos
15 à 24
anos
25 à 34
anos
35 à 44
anos
45 à 54
anos
55 à 64
anos
65 ou
mais
SÃO MA-
TEUS
19.256
22.269
24.069
27.282
23.344
15.828
9.094
7.234
SÃO RAFA-
EL 19.050
19.260
19.895
23.708
17.163
11.150
6.075
3.717
IGUATEMI 15.520
16.860
16.422
18.330
14.878
9.030
4.084
2.337
TOTAL
31.051
58.389
60.386
69.320
55.385
36.008
19.253
13.288
Fonte: IBGE, Censo 2000.
102
5.3.3 Aspectos socioeconômicos
Um dos principais problemas identificados na região diz respeito à oferta de em-
pregos e as alternativas de aumento de renda para a população. Os distritos São
Rafael e Iguatemi apresentam algumas semelhanças quanto ao grande número
de pessoas vivendo com renda entre 0 e 3 salários mínimos.
No geral 57% da população do Iguatemi apresentam renda media de 0 a 3 salá-
rios mínimos esse percentual chega a ser 51% no distrito de São Rafael e 41%
no distrito de São Mateus, sendo que neste distrito 9% da população ganha entre
10 e 30 salários mínimos. Estes dados constam no plano regional estratégico -
série documentos.
Em relação oferta de emprego de maneira geral o distrito de São Mateus apre-
senta notável desenvolvimento econômico, esse fato é resultado de algumas
particularidades geográficas e históricas, como a proximidade com a região do
Grande ABC e a distância significativa em relação ao centro da cidade o que im-
pulsionou nas últimas décadas a formação de um comércio local. Nesse sentido a
Avenida Mateo Bei - pólo inicial de formação de toda a região - destaca-se como
área de enorme concentração de comércio tanto formal quanto de ambulantes,
além de serviços.
A diferença na quantidade de estabelecimentos entre os distritos é bastante sig-
nificativa. Enquanto o distrito São Mateus apresenta, pouco mais de 1500 esta-
belecimentos entre comércios e indústrias, os distritos São Rafael e Iguatemi
apresentam respectivamente um total de 262 e 259 estabelecimentos. (SEMPLA,
2004).
103
Mapa 15 - Distribuição das indústrias e comércio em São Paulo.
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais − Rais, 2010.
Essa diferença no número de oferta de empregos torna-se ainda mais significan-
te quando comparamos os dados em relação aos demais distritos do município
de São Paulo, o mapa ilustra bem as disparidades.
Um aspecto considerável referente à estrutura econômica da região pode ser a-
preendido através do fenômeno de mulheres chefes de família, as mulheres as-
sumem papel fundamental no sustento da família.
O distrito com maior número de mulheres nesta condição é o distrito São Mateus
apresenta 22,6% do total de domicílios. Em seguida, com 20,7% dos domicílios
aparece o distrito São Rafael e, com 20,4%, o distrito Iguatemi.
104
5.4 Áreas rurais e urbanas.
A região de São Mateus apresenta características peculiares que se mostram
contraditórias no que se refere à definição estabelecida em decreto e o que a
observação nos revela. Ao lado das já tradicionais formas de produção e função
das propriedades rurais, como a produção agropecuária, surgem neste território
novas formas de cultivo e uso das pequenas propriedades.
São Mateus é um território diversificado e contraditório, cuja paisagem revela a
presença de indústrias, serviços, via de comunicação e distintos tipos de residên-
cias, inclusive conjuntos habitacionais e aglomerados que parecem favelas, inclu-
sive nas áreas consideradas rurais.
Em pesquisa realizada pelos alunos do curso de geografia da universidade cruzei-
ro do sul, por meio do programa de extensão Universidade solidária em 2007 foi
constatada a presença de várias fabricas localizada em perímetro das zonas Es-
peciais de proteção agrícola.
Os distritos São Rafael e Iguatemi são áreas cujo processo de ocupação e urba-
nização ocorreu de forma bastante irregular. Enquanto bairros como Parque São
Rafael, Jardim Vera Cruz e Jardim Ester encontram áreas relativamente urbani-
zadas, e, cuja ocupação demográfica aparece como continuidade do distrito São
Mateus, por outro lado, bairros como Jardim São Francisco e Jardim Santo An-
dré, e, mais recentemente, o Parque das Flores cujas áreas apresentam gravís-
simas deficiências de infra-estrutura urbana, muitas delas oriundas, como é no-
tório, da rápida ocupação, sobretudo na forma de ocupações irregulares e clan-
destinas.
105
5.5 Plano Diretor Estratégico de São Mateus e a questão habitacional
Os Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras constituem partes comple-
mentares do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, conforme dis-
põe o artigo 6º do PDE, e são instrumentos determinantes das ações dos agentes
públicos e privados no território de cada Subprefeitura.
Os Planos Regionais Estratégicos de cada Subprefeitura tem em vista a inclusão
social, em função de sua localização e das articulações inter e intra-urbanas e de
suas especificidades, estabelecendo na sua Política de Desenvolvimento Regional
as interações com o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.
Entre alguns objetivos do PRE São Mateus24 para os denominados elementos in-
tegradores como Habitação e Abastecimento estão:
Habitação:
Reduzir o número de assentamentos, loteamentos e ocupações em situa-
ção de irregularidade;
Melhorar a qualidade de vida dos moradores de áreas periféricas;
Reduzir as situações de risco e de ocupação de áreas com declividade su-
periores a 25% e sujeitas a deslizamentos;
Melhorar a qualidade das moradias e das urbanizações produzidas pela
população organizada e em sistema de autoconstrução;
Conter a ocupação irregular das áreas públicas, de risco, de interesse am-
biental e das áreas inadequadas a ocupação e evitar o adensamento das já ocu-
padas;
Melhorar as condições de habitabilidade dos Distritos de São Rafael e I-
guatemi.
24 Dados obtidos no Plano Regional Estratégico de São Mateus Secretaria de Planejamento urbano – Sempla - Série Documentos, 2004.
106
No distrito de São Rafael, foram visitados dois bairros; Jardim São Francisco e
Parque das Flores, ambos com diferenças significativas em relação a habitação. A
proposta de melhoria da qualidade de vida nas regiões periféricas está bem dis-
tante de ser concretizada, visto que o que ocorre nessa área é um processo in-
verso, isto é, há na área um crescimento e uma expansão da ocupação, sobretu-
do no Parque das Flores, a meta de reduzir e inibir as ocupações em áreas de
risco e de interesse ambiental ficou apenas no papel, pois a região, passa por um
processo contínuo de expansão.
Há, no entanto, propostas do PRE que estão sendo colocadas em práticas, como
o processo de urbanização e regularização fundiária do Jardim São Francisco,
ambos o processo são respaldados pelo PDE25 (2002- 2012), que concebeu aos
municípios instrumentos legais possibilitando a implantação desses processos.
Em contrapartida a essas ações que consolidam as ocupações, um processo de
remoção de uma favela localizada na área pela qual passará a Avenida Jacu-
Pêssego/Nova Trabalhadores, contribui para que algumas áreas que ainda estão
desocupadas (tais como as áreas verdes e as áreas de risco) e outras favelas,
acabem sendo habitadas, já que muitas vezes o valor recebido na indenização,
ou da bolsa-aluguel é insuficiente para suprir os gastos com a moradia.
Podemos concluir assim em relação ao PDE que há uma distância entre a política
anunciada e a política que é efetivamente implantada (VILLAÇA, 1986), isto é,
que há uma distância entre o discurso e a prática.
25 Cabe ressaltar que os instrumentos legais utilizados pelo Plano Diretor Estratégico, são contem-plados pela Política Urbana da Constituição Federal (artigos 182 e83), que foi regulamentada pela Lei Federal Estatuto da Cidade (10.257/01).
107
6 DETALHAMENTO DA REGIÃO
6.1 PARQUE DAS FLORES
A área denominada ―Parque das Flores‖ é um bairro localizado na zona leste da
cidade de São Paulo, no distrito de São Rafael, na divisa com o distrito de Igua-
temi e município Mauá.
O bairro é o recorte espacial que se fundamenta na noção de pertencimento, do
início da identidade popular e no reconhecimento ente seus moradores e usuá-
rios. Suas características vão além das delimitações e zoneamentos feitos pelos
órgãos institucionais, não sendo um limite administrativo, mas caracterizando-se
por uma determinada paisagem urbana, por um específico conteúdo social e por
uma função (ROSSI, 1995). A paisagem urbana se reflete em suas construções,
como no traçado de suas ruas, ou em seu tipo, idade e estilo. O conteúdo social
se relaciona ao modo de vida e padrão de sua população, enquanto a função está
ligada aos tipos de atividades ali realizadas, como comercial, residencial, indus-
trial, etc. Por ser um bairro novo, que data aproximadamente de vinte anos a-
trás, o Parque das Flores não tem uma delimitação legal, sendo demarcado es-
pacialmente por suas ruas, todas com nomes de flores.
Sua paisagem urbana foi e continua sendo caracterizada pela ocupação irregular
em morros e pelo seu crescimento desordenado, tornando-o um perímetro de
autoconstruções, com casas de alvenaria e comércio dos próprios moradores que
antecedem a vinda de infra-estruturas urbanas, como pavimentação, esgoto e
iluminação pública.
O conteúdo social é caracterizado por pessoas de baixa escolaridade, que vivem
e se relacionam entre si através do comércio e das vizinhanças, de maneira pró-
xima e informal. Nota-se que a população feminina, de 45 a 60 anos, é maio-
ria26.
De acordo com as pesquisas realizadas, esta maior parte da população é caracte-
rizada por pessoas aposentadas e donas de casa. O bairro desempenha uma fun-
26 Questionários aplicados pelos alunos do curso de Geografia da Universidade Cruzeiro do Sul, em abril de 2010.
108
ção residencial, com pequenos comércios, como bares, lojas de roupas e mercea-
rias, construídos próximos às residências de seus donos ou até mesmo no andar
inferior das casas.
A intensificação de sua ocupação data, aproximadamente, do início da década de
1990, como ilustra o Mapa 16 a seguir:
Mapa 16 - Ocupação do Parque das Flores, 1994
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Conforme mostra o mapa, o terreno que se tornaria Parque das Flores foi dividi-
do em lotes, perceptíveis pelos traçados geométricos. De acordo entrevista reali-
zada com o Sr. Isaltino Augusto do Nascimento, funcionário da Subprefeitura de
São Mateus; após os anos noventa, de forma irregular, uma associação loteou e
vendeu terrenos da região com contratos sem a autorização da Prefeitura de São
Paulo, sendo a maioria destes terrenos pertencentes à COHAB - Companhia Me-
tropolitana de Habitação.
109
Os moradores não são proprietários legais, porém esta ocupação se legitima ca-
da vez mais pelo poder público, como um recurso para a regularização destas
áreas para que se possa levar a infra-estrutura necessária. A parcela das terras
que não pertencia à COAHB era de proprietários particulares, que, por não rei-
vindicarem a reintegração de posse, foi convertida à regularização.
Hoje, a área passa por um processo de regularização fundiária e urbanística a-
través do Programa de Regularização de Loteamentos do Departamento de Re-
gularização do Solo (RESOLO), da Secretaria Municipal de Habitação de São Pau-
lo. Este processo objetiva a regularização urbanística e fundiária dos loteamentos
irregulares implantados no município. Dentre as principais obras a serem execu-
tadas, encontram-se pavimentação, rede coletora de esgoto, rede de drenagem,
muros de contenção, canalização de córrego, paisagismo e remoção de moradias
em risco e/ou com interferência em obras. (SEHAB, 2010).
Devido à exclusão das classes sociais pobres do centro das cidades em decorrên-
cia da valorização imobiliária gerada pelos grupos hegemônicos da economia, há
o aumento da procura por áreas mais periféricas, por terem menor valor imobili-
ário. Estas áreas, geralmente, são menos amparadas por infra-estruturas urba-
nas, como saúde, habitação, saneamento e escolas. O distrito de São Rafael está
localizado no extremo leste da capital. Assim como em seus outros bairros, o
Parque das Flores também teve sua ocupação marcada por estas classes sociais
que foram empurradas do centro. A ocupação humana ainda vem ocorrendo de
maneira desordenada e acelerada e mantendo as características de favela, es-
sencialmente pela irregularidade na propriedade de terras.
Por meio de questionários aplicados aos moradores, dentre as principais causas
do deslocamento da população para o Parque das Flores, apontam-se respecti-
vamente, a busca por moradia, a vinda para ficar perto dos familiares e a oferta
de emprego em suas adjacências. A maioria são pessoas vêm dos estados da
Bahia e São Paulo, como aponta o Gráfico 2.
110
Gráfico 2 - Origem dos Habitantes do Parque das Flores
De acordo com o mapa a seguir, podemos comparar o crescimento de sua man-
cha urbana desde 1994, em que nota-se o adensamento de sua área construída
em detrimento de suas áreas verdes, notando também o desaparecimento das
delimitações de lotes da década de 90 (Mapa 17).
Mapa 17 - Ocupação do Parque das Flores, 2007
111
De acordo com o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus,
que compreende os distritos de São Mateus, São Rafael e Iguatemi, a área do
parque das flores é considerada como zona mista de proteção ambiental e tam-
bém como zona especial de interesse social, ou seja, ao mesmo tempo em que
se destina a implantação de usos residenciais e não residenciais, como comércio,
serviços e indústria concomitantes, segundo critérios gerais de compatibilidade
de incômodo e qualidade ambiental, ela é destinada prioritariamente à recupera-
ção urbanística, à regularização fundiária e à produção de habitações de interes-
se social ou do mercado popular27.
O bairro, mesmo ainda estando em processo de regularização, é amparado por
uma infra-estrutura urbana básica de iluminação pública, coleta de lixo, serviços
de telefonia fixa e celular e água tratada pela SABESP - empresa de responsável
pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 366 municípios do
Estado de São Paulo (SABESP, 2010). Contudo, apresenta sérias deficiências,
conforme observado em pesquisas de campo na região:
A grande quantidade de lixo concentrada ao longo das ruas e no entorno do cór-
rego Caaguaçu representa a problemática na coleta de lixo, e possivelmente a
falta de conscientização das pessoas da região (Figura 51).
Figura 51 - Lixo nas Ruas, Parque das Flores
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
27 Definições contidas no Plano Diretor Estratégico de São Paulo e no mapa 04, anexo do Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus.
112
O esgoto é despejado sem nenhum tratamento no córrego Caaguaçu, sendo este
cercado por lixo e entulhos (Figura 52).
Figura 52 - Esgoto sem tratamento, Parque das Flores
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Da esquerda para a direita, primeiramente um encanamento de esgoto, há apro-
ximadamente três metros do chão, sendo despejado na rua sem qualquer trata-
mento. Nas duas fotos seguintes, percebe-se que o córrego que deságua no rio
Caaguaçú tem suas margens envoltas por uma pequena mata ciliar e por grande
ação antrópica. Sua área de proteção permanente não é respeitada, em suas
margens há moradias e grande quantidade de entulhos.
Ainda de acordo com os questionários aplicados, o córrego não é canalizado ou
retificado e representa um problema para a população local, principalmente pela
proliferação de pragas urbanas, mau cheiro, por ter se tornado um esgoto a céu
aberto e por transbordar. Nota-se que os moradores não têm a consciência de
sua preservação, preferindo que fosse canalizado.
A falta de pavimentação das ruas caracteriza um dos maiores impasses para os
moradores, que sofrem diariamente com suas formas acidentadas e inclinadas
(Figura 53).
113
Figura 53 - Arruamento Irregular, Parque das Flores
Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
A geomorfologia da área é caracterizada por morros íngremes, propiciando es-
corregamentos. Por não haver o devido tratamento no solo e por não estar im-
permeabilizado através da pavimentação, se torna mais suscetível à percolação
da água e conseqüente desestabilidade do terreno, podendo causar graves aci-
dentes como deslizamentos. O padrão de habitação, com casas encostadas umas
nas outras, agrava a situação por estar mais sujeito a desmoronamentos em sé-
rie.
- Não há escolas de ensino fundamental (ciclo II) e médio, contando apenas com
uma EMEI (Escola Municipal de Ensino Infantil);
- Devido às dificuldades de acesso, a população enfrenta grande tempo de espe-
ra por transporte coletivo para deslocamento aos outros bairros;
- Os moradores afirmam que não há segurança pública;
- O hospital mais próximo é o Hospital São Mateus, que se localiza no distrito de
São Mateus;
- A área verde mais próxima, o Parque do Carmo, localiza-se no distrito de Ita-
quera, sendo o mais freqüentado pelos moradores;
- Há pouca oferta de emprego na região, com o predomínio bares, mercearias e
pequenos comércios de moradores.
114
A história do Parque das Flores vem sendo escrita através de seus moradores,
que enfrentam problemas diários com a falta de infra-estrutura urbana, e seu
modo de lutar por melhorias é através de lideranças comunitárias, que represen-
tam os moradores junto ao poder público. Através de reuniões comunitárias, são
levantados os pontos principais que a comunidade julga prioritários para trans-
formações. Estes líderes são pessoas da própria comunidade, que se voluntariam
para buscar soluções a estes problemas e fazer as mediações entre moradores e
subprefeitura.
Atualmente, a Associação Comunitária Esportiva Unidos São Jorge conta com
mais de um representante, um deles, o senhor Francisco da Silva Bezerra, enga-
jado politicamente, trabalha junto ao vereador Francisco Chagas, e hoje luta pe-
las questões ambientais e sociais da comunidade. A senhora Maria Bonfim é ou-
tra importante líder comunitária, que atua por uma associação da Igreja Católica,
a Nossa Senhora Aparecida. O fator comum entre as lideranças é o constante
confronto com os impasses burocráticos, que tornam lentas a autorização de to-
das as obras.
Conclui-se que o bairro está em crescente expansão e luta constantemente por
melhorias. Nota-se que o poder público já tomou ciência da importância do bairro
para a região e seus moradores e está atuando primeiramente para sua regulari-
zação do Parque das Flores para que sejam viáveis as obras de infra-estrutura
urbana.
6.2 JARDIM SÃO FRANCISCO
O Jardim São Francisco está localizado na zona leste da cidade de São Paulo, no
distrito de São Rafael, próximo à divisa com a cidade de Mauá. O acesso principal
ao bairro é feito a partir do Largo de São Mateus pela avenida Sapopempa, e a-
venida Rodolfo Pirani a oeste, rua Bandeira do Aracambi ao sul, e a leste pela
avenida dos Sertanistas.
115
Mapa 18 - Subprefeituras e
seus respectivos distritos, Mu-nicípio de São Paulo
Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakasu, 2010.
O bairro é cortado a leste pelo córrego Caaguaçu, e ainda dentro dos limites do
bairro a oeste, a cerca de 200 metros das moradias avista-se o antigo aterro Sa-
popemba, realizado sem controle sanitário, hoje desativado, ainda carece da e-
xecução do projeto de compensação ambiental.
Projetado pelo poder público para ser o depósito de lixo da cidade de São Paulo,
com a instalação, de dois aterros, o Sapopemba em 1979, e depois o Sítio São
João em 1992, o distrito onde está situado o Jardim São Francisco é o segundo
mais populoso da região. O São Rafael com 170.193 habitantes atrás de Iguate-
mi com 173.082 e em último São Mateus com 150.294 habitantes compõe a re-
gião com uma das maiores densidades populacionais da cidade. (Plano Regional
Estratégico da Cidade de São Paulo, 2004).
Considerado o terceiro maior assentamento em condições precárias do municí-
pio, o São Francisco Global possui aproximadamente 15 mil famílias em
1.780.000 m2, e é a maior comunidade da
zona leste segundo a Prefeitura da Cidade.
O distrito de São Rafael faz divisa com os dis-
tritos de São Mateus e Iguatemi e, com os
municípios de Mauá ao sul, e Santo André a
oeste. Localiza-se há cerca de trinta quilôme-
tros da Praça da Sé, e é administrada pela
subprefeitura de São Mateus.
No Mapa 18 do município de São Paulo, des-
tacamos no extremo sudeste da zona leste a
localização dos distritos da subprefeitura de
São Mateus, composto por São Mateus e I-
guatemi, e em destaque São Rafael, distrito
que abriga o bairro Jardim São Francisco.
116
6.2.1 História do Bairro
O bairro Jardim São Francisco teve origem numa gleba de terras localizada na
estrada Adutora de Rio Claro, km 26/27 da avenida Sapopemba, a gleba 3 da
Fazenda do Oratório, com 1.763.856 m2, no Jardim Rodolfo Pirani, expropriadas
no ano de 197928, constituía-se, portanto de uma área rural.
Cedidas em 1986 pela Prefeitura do Município de São Paulo para a administração
da SEHAB - Secretaria de Habitação, e dada permissão de uso à COHAB - Com-
panhia Metropolitana de Habitação, através do decreto Lei nº 21.246 de
26/08/85, essa área foi dividida em quatro partes. Duas, uma de 337.375 m2 e
outra de 226.000m2 foram destinadas à LIMPURB (Departamento de Limpeza
Urbana) para o aterro sanitário, e ao projeto de incinerador; respectivamente, e
382.089m2 para a construção do Conjunto Habitacional PROMORAR Rio Claro pe-
la COHAB, e 818.392 m2 para o Plano de Uso e Ocupação e Conjuntos Habitacio-
nais do SEHAB/HABI - Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urba-
no/Superintendência de Habitação Popular.
Conforme Relatório de Gestão 1989/1992 da Administração Regional da Penha e
São Mateus, certificamo-nos que o adensamento dessa distante região, ocorreu
pela expulsão de uma parcela da população de baixa renda da Moóca, um lugar
melhor atendido por serviços públicos e equipamentos comunitários, causando a
segregação sócio-espacial destes.
As associações de moradores que estão sendo atendidas pela
construção de habitações na gleba São Francisco são constituídas
de famílias provenientes de vários bairros da região da Mooca que
se depararam com problemas habitacionais emergentes por se
encontrarem em situação de despejo e sem condições de assumi-
rem o alto valor dos alugueis. (SEHAB/HABI, volume III).
28 Dados constantes em Termo de Transferência de Administração de Imóvel Municipal, da Secreta-ria dos Negócios Jurídicos, processo nº 10.007.415-84.12.
117
Ainda segundo esse relatório, os conjuntos habitacionais que seriam construídos
no São Francisco atenderiam a demanda de 5.000 famílias, que ocuparam diver-
sas áreas entre eles a Fazenda da Juta, e até uma área de risco pertencente à
Eletropaulo, cedida temporariamente por este motivo.
Assim a ocupação dessa área do município é um exemplo de uso irracional do
solo, pois tratava-se de uma região totalmente desprovida de infra-estrutura de
equipamentos e serviços públicos comunitários que atendessem as necessidades
dessa população, distante das regiões providas de infra-estrutura e serviços, e
conseqüentemente agravaram a segregação sócio-espacial dessa comunidade.
Desde então a área inserida no Programa Habitacional de Interesse Social, desti-
nada ao uso para fins de construção de habitação para população de baixa ren-
da, sofreu diversos processos, seja de ocupação por favelas, clube de futebol,
construção de conjuntos habitacionais como o Rio Claro e o São Francisco, lote-
amentos irregulares entre outros.
6.2 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS
Percebemos claramente que o crescimento da urbanização na região do distrito
de São Rafael passa por um momento de rápida transformação do uso do solo de
usos rurais em urbanos, e ocorre o início da valorização da terra, que deixou de
ser vendida em hectares e passou a ser vendida em metros quadrados.
Essa condição pode ser constatada na recente pesquisa de campo realizada no
São Francisco, pela equipe Unicsul quando um morador relatou sobre a recente
valorização imobiliária, de casas que valiam R$ 20 mil reais, e com o início das
obras da Jacu-Pêssego passaram a valer R$ 60 mil.
Por outro lado, em contraposição à indução do uso e ocupação do solo, quando a
Prefeitura assentou famílias de baixa renda naquela região, vem despendendo
altos recursos para levar infra-estrutura, serviços e equipamentos urbanos àque-
le distrito.
118
Na análise do mapa de uso e ocupação da subprefeitura de São Mateus (Mapa19)
verificamos que a área do Jardim São Francisco está totalmente circunscrita nas
ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) 1 e 2, e ZCPa (Zona de Centralidade
Polar) em cerca de 60% de sua área no mapa de uso e ocupação, e uma peque-
na área na ZEPAM (Zona Especial de Proteção Ambiental), exceto a área do ater-
ro Sapopemba.
Além disso, parte do distrito São Rafael, assim como o bairro Jardim São Fran-
cisco está contida na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, segundo
o Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo.
O Plano Regional Estratégico estabelece ainda o direito de preempção29 nas áreas
de ZEIS 2, instrumento que viabiliza a realização dos projetos de intervenção
AIU (Área de Intervenção Urbana), das Operações Urbanas Consorciadas, Rio
Verde-Jacu, o prolongamento da Av. Nova Trabalhadores, a Operação Urbana
Jacu-Pêssego, os Projetos de Intervenção Urbana Estratégicos, além da implan-
tação do Parque Central de São Mateus 1, 2, 3 e 4, entre outros objetivos previs-
tos no Plano Regional Estratégico.
29 O direito de preempção é um instrumento que confere, ao poder público municipal, preferência para a compra de imóvel urbano, respeitado seu valor no mercado imobiliário, e antes que o imó-vel de interesse seja comercializado entre particulares. Permite, também, a aquisição de áreas para a construção de habitações populares, atendendo a uma demanda social, bem como para a
implantação de atividades destinadas ao lazer e recreação coletivos, como, por exemplo, parques, ou mesmo para a realização de obras públicas de interesse geral da cidade. Fonte: Decreto nº 42.873, de 19 de Fevereiro de 2003. Regulamenta o exercício do direito de preempção pela Prefei-tura Municipal de São Paulo, nos termos dos artigos 204 a 208 da Lei nº 13.430, de 13 de setem-bro de 2002, que aprovou o Plano Diretor Estratégico.
119
Mapa 19 - Uso e Ocupação do Solo, Região de São Mateus
Fonte: Sempla, 2004. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu.
Quanto à população podemos verificar na tabela 1 que dos mais de 380 mil habi-
tantes, da região que compreende os distritos formados pela subprefeitura de
São Mateus correspondentes a 3,62% da população total da cidade de São Paulo,
40,6% estão no distrito São Mateus, 32,7% no distrito de São Rafael e 26,6% no
distrito de Iguatemi, segundo dados do censo 2000 do IBGE, compilados no Pla-
no Regional Estratégico 2004, da subprefeitura de São Mateus30.
Assim o distrito de São Rafael passou de 70.443 para 89.862 habitantes na dé-
cada de 80 para 90, representando crescimento populacional em torno de 27%,
e na década de 90 para 2000 cresceu quase 40%, passando de 125 mil habitan-
tes. Esse crescimento está associado ao prolongamento do tecido urbano de São
Mateus na porção sul, junto aos bairros do Vera Cruz e São Rafael situados em
áreas com fácil acesso ao corredor de trólebus e próximos à divisa com os muni-
cípios de Mauá e Santo André.
30 As informações referentes aos processos de ocupação e dados populacionais foram baseadas no Plano Regional Estratégico de São Mateus (Secretaria de Planejamento Urbano – Sempla- Série Documentos, 2004) e nos dados do site da subprefeitura de São Mateus.
120
Tabela 5 - População da Região de São Mateus, 1950 - 2000
Subprefeitura
São Mateus
População
Distritos 1950 1960 1970 1980 1991 2000
Iguatemi 1.695 3.882 15.620 32.595 59.820 101.780
São Mateus 25.106 47.833 86.045 118.421 150.764 154.850
São Rafael 2.785 6.107 32.751 70.443 89.862 125.088
Total 29.586 57.822 134.416 221.459 300.446 381.718
Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu.
Quanto ao desenvolvimento sócio-econômico, um dos principais problemas na
região está relacionado à oferta de empregos e às alternativas de aumento de
renda, que refletem-se na ocupação do espaço e na qualidade de vida e de mo-
radia daquela população.
A renda média da região de São Mateus está em torno de R$ 907,51, correspon-
dente somente à 55% da renda familiar média da cidade de São Paulo de R$
1.646,25. Mas conforme dados da tabela 2, podemos verificar que no distrito de
São Rafael cerca de 51% da população vive com uma renda familiar muito baixa,
de até 3 salários mínimos.
121
Tabela 6 - Renda Média da População da Região de São Mateus
Renda Média da População dos distritos da Subprefeitura de São Ma-
teus
Distritos Domicílios(*) Até 3 SM 3 a 5 SM 5 a 10 20 SM
101.120 31.401 21.488 29.239 14.673
Iguatemi 26.025 9.238 6.273 7.469 2.485
São Mateus 41.980 10.774 7.786 12.339 8.330
São Rafael 33.114 11.388 7.430 9.432 3.857
Fonte: Sempla (*) Total de domicílios MSP: Base amostra Censo IBGE 2000. Domicílios por faixa
de rendimento em salários mínimos. Adaptado por: Cecília Keiko Kakazu
Quanto à oferta de empregos em São Mateus, como na maioria das áreas perifé-
ricas, observa-se um padrão de subemprego ou empregos informais. Com dados
apurados em entrevistas realizadas por alunos da Universidade Cruzeiro do Sul
com 41 moradores do Jardim São Francisco podemos verificar no Gráfico 3, uma
pequena amostra da situação dos moradores do bairro. Do total de entrevista-
dos, 22% das pessoas afirmaram que fazem bico, ou trabalham por conta, indi-
cando a precariedade do mercado de trabalho na região. Esse dado pode ser re-
flexo dos baixos índices salariais da população apontada na tabela 6.
O abastecimento de água e energia elétrica segundo o Plano Regional Estratégico
atende mais de 95% dos domicílios e os moradores entrevistados consideraram
bons esses serviços. Ao contrário da oferta de equipamentos públicos comunitá-
rios como parques e quadras de esportes praticamente quase inexistentes no
bairro.
O comércio é outro fator de insatisfação dos moradores, há pouca oferta de es-
tabelecimentos comerciais, eles reclamam a falta de supermercados, banco e
lotéricas para efetuarem seus pagamentos e outros serviços.
122
A segurança pública é bem precária, considerada ruim pelos moradores, assim
como os serviços hospitalares inexistentes no bairro, e as oportunidades de em-
prego idem.
Não há parques e áreas de lazer para a comunidade que reclama a falta de espa-
ços para as crianças brincarem, além de quadra de esportes e áreas verdes. A
iluminação pública também é precária, faltando em muitas ruas, agravando a
questão da segurança.
Gráfico 3 - PEA31 e Não PEA, Jardim São Francisco
Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.
A precariedade da malha viária contribui para o isolamento da população dessas
áreas, e o transporte coletivo é considerado regular porque são poucas as linhas
que atendem a região, obrigando os moradores caminharem muito para pegar
31 População Economicamente Ativa.
5%
6%
17%
6%
22%
36%
8% 0%
Ocupação Principal dos Moradores do Jardim São Francisco
Assalariado Registrado ou Funcionário Público
Assalariado sem Registro
Autônomo Regular ou Profissional Liberal
Empregador
Free lancer, bico, trabalha por conta
Estudante, aposentado ou dona-de-casa
Desempregado, procurando emprego
Desempregado, NÃO procura emprego
Grafico 1: Ocupação PrincipalFonte: Equipe UnicsulElaborado por: Cecilia Keiko Kakazu
123
um ônibus. O predomínio do uso habitacional nessa região cria um movimento
pendular bairro-centro, saturando o transporte público nos horários de pico.
Quanto à educação infantil o índice há falta de vagas, para atender a demanda e
segundo a população ouvida poucas são as escolas, para atender satisfatoria-
mente as crianças em idade escolar.
6.2.1 Habitação
A questão da moradia e habitação nesta região é senão o mais importante, um
dos fatores mais significativos desta região. A pesquisa da Equipe Unicsul revelou
que 35% dos habitantes do Jardim São Francisco vieram para a região em busca
de moradia, como mostra o gráfico 4.
Gráfico 4 - Motivo da Vinda à Região do Jardim São Francisco
Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.
3
9
10
19
2
13
12
10
2
Motivo da Vinda à Região
124
O Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus 2004 aponta a e-
xistência até o ano de 2002, de 43 favelas, além de 51 loteamentos irregulares
nos seus três distritos. Agravando essa situação 47 núcleos habitacionais estão
instalados em situação de risco, como enchentes e alagamentos, que atingem a
maioria das moradias. Desse total, 28 encontram-se no distrito de Iguatemi, 15
no São Mateus e 4 no distrito de São Rafael.
Projetada pelo poder público para abrigar o lixo da cidade, como atesta a instala-
ção dos aterros sanitários Sapopemba em 1979, e do Sítio São João em 1992, a
região foi concomitantemente destinada à instalação de habitação de interesse
social.
Segundo informações contidas na publicação Urbanização de Favelas da Secreta-
ria de Habitação (2008) a partir de 1985, convênios entre Prefeitura e Associa-
ções Comunitárias resultaram na construção de 1.299 unidades em lotes utiliza-
dos no Programa Promorar, na área junto à avenida Sapopemba.
Em 1993 e 2001, foram construídas 1.336 unidades habitacionais no âmbito do
Programa de Verticalização (Prover). Os núcleos A e 5B foram ocupados por lo-
teamentos irregulares, mas que mantiveram certa organização de arruamento e
distribuição de lotes. Em 2003 e 2004, nos núcleos 5B e 1A foram concluídas to-
das as obras de infra-estrutura.
A Figura 54, a seguir, serve como de exemplo de conjuntos habitacionais cons-
truídos no Jardim São Francisco, o primeiro com casas de arquitetura diferencia-
da, construídas em mutirão, no governo Erundina e segundo moradores entrevis-
tados ainda não escriturados com registro de posse. O segundo é do Prover -
Programa de Verticalização, são dois dentre muitos dos conjuntos habitacionais
construídos em diferentes épocas por várias administrações públicas no bairro.
125
Figura 54 - Casas de Mutirão e Conjuntos Habitacionais
Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.
A Figura 55 referente à gleba São Francisco nos dá uma idéia da dimensão das
necessidades habitacionais da cidade. São croquis da maior área de habitação de
interesse social do bairro.
Figura 55 - Gleba São Francisco
Fonte: Catarina Troiano, 2010.
O São Francisco Global é o maior núcleo de favelas segundo dados do Habisp
(Sistema de Informações para Habitação Social na Cidade de São Paulo) da Su-
126
perintendência da Habitação Popular (HABI) da Secretaria de Habitação. Dados
que registramos a seguir.
Localizada num terreno de propriedade municipal, a ocupação teve início em
1992, e tem 4.102 domicílios. Não possui nenhuma alça de acesso, e também
não apresenta áreas contaminadas, ou outro fator de risco. Está provida em
100% de abastecimento de água e rede elétrica nos domicílios, além de 80% de
iluminação pública, e, 50% de esgotamento sanitário, 8 vias pavimentadas e ne-
nhum sistema de drenagem pluvial. A situação fundiária carece de regularização
e, apresenta ainda em seu perímetro 11 favelas-filha que se fundirão a esta.
Segundo a Secretaria de Habitação, entre 2006 e 2009, foram realizadas as o-
bras de urbanização de alguns desses núcleos. No Núcleo A foram construídas
88 unidades habitacionais, além da execução de infra-estrutura, e cerca de 700
famílias foram beneficiadas. Os núcleos B e C apresentam uma ocupação desor-
ganizada, com áreas de risco e sujeitas a inundações.
Várias áreas de ocupação espontânea surgem e preenchem vazios existentes
entre os vários empreendimentos promovidos pela Prefeitura como o Promorar, e
os conjuntos Prover (núcleos D, F, E) entre outros. No núcleo F (denominada
Gaspar Madeira), os lotes foram regularizados, em 2004 por meio de títulos de
concessão de uso especial para fins de moradia, porém o núcleo ainda não foi
urbanizado.
No São Francisco Global, numa área de intervenção de 716.930m2, foram cons-
truídas 900 unidades habitacionais, beneficiando 7.574 famílias. Mais de
80.000m2 de vias foram pavimentadas, além da instalação de redes de água e
esgoto, rede de água pluvial e canalização de córregos com recursos da Prefeitu-
ra da Cidade de São Paulo e da Caixa Econômica Federal.
Apesar desses empreendimentos imobiliários o que parece predominar ainda na
região são as moradias auto-construídas (Figuras 56).
127
Figura 56 - Auto-construção, Jardim São Francisco
Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.
Atualmente a obra do Jacu-Pêssego que interligará o rodoanel viário Trecho Sul
está em pleno andamento e conforme moradores das proximidades entrevista-
dos, é um fator de incômodo, pois os caminhões transitam até altas horas per-
turbando o sono dos moradores. Além da poluição sonora com o barulho dos ca-
minhões, tratores e outras máquinas, a poluição do ar com poeira causa alergias
e problemas respiratórios. A Figuras 57 mostra o canteiro de obras da constru-
ção.
Figuras 57 - Obras da expansão da Av. Jacu-Pêssego
Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.
128
6.3 Para entender o Jardim São Francisco
O bairro Jardim São Francisco se analisados segundo os dados da HABISP, pode
ser considerado um aglomerado de favelas e loteamentos irregulares, um indica-
tivo do déficit habitacional para a população de baixa renda na cidade de São
Paulo.
Ambientalmente a população do distrito de São Rafael sofreu com a poluição do
ar e os incômodos causados pelos aterros, hoje desativados. Atualmente a obra
do Jacu-Pêssego tem causado um impacto na vida de muitos moradores atingi-
dos principalmente pela desapropriação para o traçado da obra. As famílias re-
movidas recebem uma bolsa-aluguel e aguardam na esperança de receber um
imóvel construído pelo poder público.
A construção do Jacú-Pêssego, um fixo que atenderá as necessidades de fluidez
para a circulação de mercadorias vem causando a valorização imobiliária, que
pode levar a expulsão de muitas famílias para áreas ainda mais periféricas, ou
para os municípios vizinhos em busca de moradia mais barata.
O maior problema das ocupações em relação aos serviços públicos é a falta de
pólos centralizadores geradores de empregos na região, e a infra-estrutura de
saneamento básico para a população, de transporte coletivo, e outros equipa-
mentos urbanísticos para uma qualidade de vida mais digna para o exercício da
cidadania. A pesquisa empírica e o contato com os moradores foram fundamen-
tais para o conhecimento da problemática da expansão urbana e da falta de mo-
radias. Para uma melhor análise desse tema, necessitamos de um aprofunda-
mento e revisão teórica que não foram possíveis neste momento, além de novas
pesquisas para a melhor apreensão da realidade desses assentamentos na peri-
feria da cidade de são Paulo.
129
7 INFRAESTRUTURA
7.1 TRANSPORTE
No presente relatório, vamos tentar estruturar de forma didática como são defi-
nidas as questões sobre o transporte na região da Subprefeitura de São Mateus,
com isso, procuramos discorrer sobre o que há na legislação vigente, o Plano
Diretor Estratégico e o Plano Diretor Regional de São Mateus. Em seguida disser-
taremos e tentaremos esclarecer o que conseguimos identificar nas pesquisas
feitas. E por fim, faremos uma pequena discussão conclusiva.
7.1. Base Legal
Na Lei 13.430/2002, na Seção II, Subseção III, o Plano Diretor Estratégico de
São Paulo, temos as disposições referentes a circulação viária e os transportes
para o município de São Paulo.
No artigo 82 encontramos os objetivos a serem cumpridos no sistema viário tais
como a garantia de melhorias nos deslocamentos inter e intraurbanos que aten-
dam as necessidades das populações; priorizar o transporte coletivo ao individu-
al, tornando-o mais abrangente e funcional, principalmente em áreas de urbani-
zação incompleta; incentivar a acessibilidade e mobilidade da população de baixa
renda, de portadores de deficiências, idosos e crianças; reduzir impactos ambi-
entais e sobre a circulação de pessoas; e por fim, garantir o abastecimento e es-
coamento de mercadorias no município de São Paulo.
Já no artigo 83, encontramos as diretrizes para o sistema viário. Nesse sentido,
propõe-se a articulação de todos os meios de transporte para operarem em rede
única metropolitana, integrando a estrutura física e operacional; dar ênfase na
priorização da opção pelo transporte coletivo ao individual; adequar a oferta de
transporte à demanda necessária, construindo uma requalificação dos espaços
130
urbanos e fortalecimento dos centros de bairros; e com isso o tratar as vias da
rede estrutural garantindo a preservação das diversas especificidades de patri-
mônios; incentivar o uso de tecnologias limpas veiculares vinculadas a ampliação
da rede estrutural de transporte coletivo, especialmente metroviária; a adequa-
ção da legislação existente com as diretrizes estabelecidas nesse Plano Diretor; e
outras definições que não são interessantes a nossa pesquisa.
Foram propostas ações estratégicas da política de Circulação Viária e de Trans-
portes, pelo artigo 84, da mesma lei, em que sugere e define como meta a im-
plantação da Rede Integrada de Transporte Publico Coletivo, integrando rede
metroviária e o sistema municipal de ônibus; implantar o bilhete único com obje-
tivo de integração tarifária e eletrônica; a implantação de corredores de ônibus e
faixas exclusivas, e ainda nos horários de máximo movimento nas vias, corredo-
res apenas para o funcionamento de ônibus, mesmo que não exista uma faixa
exclusiva; a implantação de tarifas mais atrativas aos usuários de automóvel,
para o uso do transporte coletivo; a adaptação de logradouros e as frotas de
transportes coletivos para atender as necessidades de grupos específicos, como
idosos, portadores de deficiências e crianças; implantação de semáforos sonoros;
regulamentação da circulação de ônibus fretados.
Ainda nesse artigo, a implantação de novas vias e melhoramentos viários faz
parte das estratégias, assim como que se estabeleça programas de recuperação
e conservação esse sistema; a implantação de novas linhas dos Metrô bem como
da revitalização das linhas ferroviárias para transporte de passageiros ajudando
a viabilizar os investimentos com a definição de Operações Urbanas Consorciadas
ou Áreas de Intervenção Urbana no entorno dos projetos; e outras definições
relativas a aeroportos.
A Lei 13.885/2004 estabelece normas complementares ao Plano Diretor Estraté-
gicos instituindo os Planos Regionais Estratégicos das Subprefeitura e neste caso,
o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus, no artigo 4º esta-
belece elementos estruturadores e integradores como parte da urbanização da
Subprefeitura de São Mateus, com isso cria-se políticas complementares sobre a
131
circulação e o sistema viário especificamente dos distritos da Subprefeitura de
São Mateus. Nesse caso, são dispostas em três momentos as especificidades da
região. A seguir vamos relatar cada uma dessas especificidades.
O Artigo 7º da mesma Lei, confere a Rede Viária e Estrutural seus principais ob-
jetivos, ou seja, aumentar a segurança e fluidez da circulação de veículos, dimi-
nuir o tempo de viagem de transporte coletivo, melhorar a acessibilidade dos
bairros da região, aumentar a mobilidade da população, a adequação do sistema
viário em área de urbanização imcompleta, melhorar a ligação com os municípios
do ABC e adequar do prolongamento da Avenida Nova Trabalhadores/Jacu-
Pessego. O artigo 9º referente a Rede Estrutural de Transporte Público propõe a
implantação de equipamentos e linhas de transporte coletivo com o objetivo de
reorganizar e integrar diferentes formas de transporte coletivo
Sobre a Rede Estrutural de Eixos e Pólos de Centralidade, o Artigo 10º propõe o
fortalecimento, a consolidação, a qualificação e a hierarquização de centralidades
existentes nessa região, assim como pretende estimular centralidades junto às
vias em que predominam o comercio e serviços. Alem desses fatores, há a pro-
posta do desenvolvimento de centralidades pontuais, estimulando assim, a for-
mação e o desenvolvimento de centralidades secundárias e centros de bairros,
entrando em consonância com o Plano Diretor Estratégico. Ao nosso ver, é possí-
vel observar a centralidade a ser proposta junto à via com a predominância de
comercio e serviços, como é o caso da Avenida Nova Trabalhadores.
7.2. Diagnostico
O presente estudo relatará sobre os sistemas existentes para os distritos que são
atendidos pela Subprefeitura de São Mateus, os projetos que estão em instala-
ção, ou ainda, que estão tramitando as audiências públicas. Identificaremos
também as Operações Urbanas Rio Verde – Jacu, seu objetivos e finalidades e as
linhas metroviárias, corredores e linhas de ônibus que atendem a população dos
132
três distritos: São Mateus, Pq São Rafael e Jd Iguatemi, como parte dessa Sub-
prefeitura.
Podemos identificar um corredor metropolitano de ônibus que segue a partir do
Terminal Jabaquara, passa pelo Terminal Diadema, em seguida pelo Terminal
Piraporinha, segue em direção ao Terminal Ferrazópolis e Terminal São Bernar-
do, passa pelo Terminal Santo André, depois pelo Terminal Sonia Maria para fi-
nalmente chegar ao Terminal São Mateus, se observamos o mapa a seguir con-
seguiremos visualizar a rota feita pelo corredor:
Fonte: EMTU, 2010.
Esse terminal de ônibus concentra as viagens que podem ser feitas para a área
central do município e a região metropolitana, podendo encontrar linhas de ôni-
bus que chegam de distritos mais distantes da zona leste, para o Terminal São
Mateus. Partindo desse pressuposto e de questionários aplicados nas áreas do
Jd. São Francisco e do Pq. Das Flores pertencentes à Subprefeitura de São Ma-
teus, entre os meses de março e maio de 2010, pudemos diagnosticar no Jd São
Francisco que na avaliação feita pelos moradores – ótimo, bom, regular, ruim,
péssimo, não sei – fica dividida entra boa e regular a infra-estrutura de transpor-
te coletivo. A situação se agrava na área do Pq das Flores, pois a grande maioria
133
dos moradores respondeu ser péssima essa infra-estrutura, não atendendo as
demandas necessárias que o Plano Diretor Estratégico prevê em sua legislação.
O que se pode verificar nas linhas municipais da SPTRANS, responsável pelo
transporte coletivo do município de São Paulo é que em comparação a outros
distritos, a zona leste é muito bem abastecida de linhas de ônibus, para a área
da Subprefeitura de São Mateus, visualizaremos as linhas estruturais, que são
aquelas que distribuem o fluxo do Terminal central de um distrito, no caso o
Terminal São Mateus, em que algumas linhas chegam a levar ao Terminal Prin-
cesa Isabel (linha 309T/22), outras para o Terminal Pq Dom Pedro II (linha
2270/10), por exemplo.
As linhas locais, que pelas pesquisas feitas, são as de maior acesso pela popula-
ção, por conta da integração tarifária, levam do Pq São Rafael ao Shopping Ari-
canduva (linha 3023/10). Outras levam de São Mateus a estação Carrão do me-
trô (3743/10). Porém, para os moradores da região esses transportes ainda são
insuficientes, fato constatado em questionários aplicados na comunidade do Jd
São Francisco, onde o asfaltamento das ruas é evidente, e na comunidade do Pq
das Flores, onde inúmeras ruas ainda não são asfaltas. Em entrevistas com os
moradores, verificamos que não chegam linhas de lotação e ônibus, então muitas
vezes é preciso caminhar cerca de quarenta minutos a uma hora até a área mais
próxima ao Jd São Francisco e Jd Sto André, para conseguirem se locomover
com maior facilidade às áreas centrais.
Com relação à pavimentação das vias de acesso, para o Jd são Francisco a opini-
ão dos moradores se divide entre boa e regular, porém, volta a se agravar no Pq
das Flores, pois para os moradores a qualidade é péssima, ou seja, também não
atende ao que é previsto no Plano diretor Estratégico, quando se refere a requa-
lificação urbana.
134
À esquerda, o padrão de ruas no Pq das Flores e à direita, as suas no Pq são
Francisco – Equipe Universidade Cruzeiro do Sul.
Podemos identificar no Pq das Flores que as vias não são pavimentadas, dificul-
tando o acesso, refletindo diretamente no acesso ao transporte coletivo, pois não
há como passar as vans e ônibus em vias totalmente irregulares. No Jd São
Francisco, a situação melhora gradativamente, pois as vias são na maioria pavi-
mentadas, facilitando o acesso do transporte coletivo. Ainda sobre as questões
relacionadas ao transporte, e ao transporte coletivo, segundo respostas adquiri-
das no questionário, os moradores de ambas as localidades aprovam a qualidade
do trânsito nessas áreas.
Finalizado o diagnóstico relativo ao transporte coletivo, vamos abordar outra
questão, tão importante quanto o transporte coletivo, porém de grandes mudan-
ças estruturais, principalmente para a área do Jd são Francisco: As Operações
Urbanas Rio Verde – Jacu. Essa obra tem base segundo a Lei 13.872/2004, e
segundo dados localizados no portal on line da Prefeitura de São Paulo o objetivo
dessas Operações Urbanas é de interligar a região do grande ABC, o Porto de
Santos com as rodovias Airton Senna e Dutra, e o Aeroporto de Guarulhos, atra-
vés da extensão da Avenida Nova Trabalhadores até o Rodoanel Sul. Além dessa
extensão, ainda é objetivo promover a formação e qualificação profissional, as-
sim, criando pólos atrativos economicamente para a geração de empregos.
135
Fonte: Portal Prefeitura de São Paulo, 2010
Fonte: Equipe Universidade Cruzeiro do Sul, 2010.
Nesse caso, podemos identificar o que é previsto no Plano Diretor Regional, no
que se refere às centralidades próximas as vias que predominam o comércio. Se
observarmos o mapa de Operações Urbanas, podemos identificar a área 2 como
a área de Operação Urbana Rio Verde – Jacu, é nesse área onde ocorrerão as
intervenções do Estado, ao que se refere o Plano Diretor Estratégico sobre as
áreas onde haverão centralidades próximas as vias, podemos observar o início
das construções da avenida, foto tirada em meados de março de 2010. Segundo
os questionários e conversas informais realizadas, a passagem da Avenida Nova
136
Trabalhadores, conhecida como Jacu - Pêssego, terá grande importância, pois
segundo os moradores, poderão vir maior quantidade de supermercados, ban-
cos, mais linhas de ônibus, a facilidade para outras regiões do município será
aumentada, e outras infra-estruturas que sem a passagem, a probabilidade seria
menor, por esses motivos, a passagem da avenida é vista como um evento im-
portante para a comunidade.
Os prognósticos são de geração de renda e empregos, porém apenas com a ins-
talação de todo o Rodoanel, da extensão da Avenida Trabalhadores, será possível
identificar se houve e haverá efetivamente criação de renda e empregos, maior
infra-estrutura no comércios e serviços e no sistema de transporte.
Podemos identificar que as bases legais para o uso e ocupação do solo, e no nos-
so caso, para o sistema de transportes para o município de São Paulo, em espe-
cial para o sistema de transportes na região da Subprefeitura, nos da base para
criar a rede viária com infra-estrutura para atender as demandas da sociedade.
Identificamos que está nos objetivos do PDE a melhoria e ênfase no transporte
coletivo, dando maior acessibilidade as pessoas. E que concomitantemente, a
expansão da Avenida dos Trabalhadores está também ligada as Operações Urba-
nas e de forma muito evidente está transformando o espaço da região, as estru-
turas físicas.
A questão levantada neste relatório é que mesmo com o Plano Diretor Estratégi-
co em vigência, as necessidades das populações moradores das áreas da Sub-
prefeitura de São Mateus não são atendidas de forma satisfatórias à população.
Há um grande contingente de usuários, porém a estrutura que existe hoje não
corresponde a necessária para atendê-los.
Comentando sobre o prolongamento da Avenida Nova Trabalhadores, identifica-
mos ser uma grande obra que poderá criar uma centralidade naquela área e as-
sim podendo incentivar a vinda de grandes investidores econômicos, supermer-
137
cados e bancos para a região. Para isso a Prefeitura de São Paulo cria movimen-
tos para incentivo de incubadoras de empresas, criando empregos, segundo o
que consta no seu Portal on line.
Não é possível de se identificar, por hora, se essas Operações Urbanas, com a
extensão da Avenida trabalhadores poderão efetivamente gerar renda e empre-
gos para a comunidade local, pela legislação um dos objetivos é esse, porém a-
inda não houve tempo hábil para que sejam identificados transformações sociais
nessa região da Subprefeitura de São Mateus.
7.3. Equipamentos Públicos
O processo de ocupação do Município de São Paulo se deu a partir da área cen-
tral em direção às zonas mais periféricas da cidade, ocorrendo ao longo do tem-
po um esvaziamento dos bairros centrais e uma periferização dos pobres urbanos
(SEABRA, 2004). As práticas de produção desordenada e irregular do espaço e a
ausência da ação do Estado, no tocante às garantias de cumprimento da legisla-
ção de uso e ocupação do espaço urbano, produziram nas periferias da cidade
um conjunto de bairros onde prevalece uma lógica desorganizada de uso do solo
e uma total precariedade nas condições de vida.
Claro que esse processo de desenvolvimento urbano desordenado e injusto é de
responsabilidade do poder público, responsável pela expulsão da população de
baixa renda das áreas mais centrais, dotadas de toda a infra-estrutura de equi-
pamentos e serviços, para áreas cada vez mais periféricas da cidade de São Pau-
lo (MEYER, 2004).
A região atendida pela Subprefeitura de São Mateus, distritos de Iguatemi, São
Mateus e São Rafael, é precariamente servida por infra-estrutura urbana e sua
população vive na sua grande maioria em moradias precárias e favelas, com in-
suficientes quantidades de escolas, hospitais, postos policiais entre outros equi-
138
pamentos urbanos, comprometendo a qualidade de vida, a mobilidade e o acesso
da população aos serviços e ao mercado de trabalho.
De acordo com o Estatuto das Cidades, lei 10.257 de 10/07/2001, (BRASIL,
2001) a política urbana deveria garantir ―o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços
públicos, ao trabalho e ao lazer‖. O Plano Diretor Estratégico do Município de
São Paulo, lei 13.430 de 13/09/2002, (SÃO PAULO, 2002) em consonância com o
Estatuto das Cidades, tem como um de seus objetivos:
elevar a qualidade de vida da população, particularmente no que
se refere à saúde, à educação, à cultura, às condições habitacio-
nais, à infra-estrutura e aos serviços públicos, de forma a promo-
ver a inclusão social, reduzindo as desigualdades que atingem di-
ferentes camadas da população e regiões da cidade.
Embora o Estatuto das Cidades e o Plano Diretor Estratégico do Município de São
Paulo ressaltem a necessidade de investimentos em infra-estrutura, percebemos
que na prática isso não acontece. O que ocorre é uma carência sem igual de e-
ducação, saúde, segurança pública, cultura, esporte e lazer, assim como de
transporte e serviços de água e esgoto.
7.3.1. Educação
A carência de estabelecimentos escolares na Subprefeitura de São Mateus é
grande. De todos os estabelecimentos escolares a maioria oferece educação bá-
sica (creches), seguido por escolas de 1ª a 4ª séries, e depois por escolas de 5ª
a 8ª séries, como podemos observar no gráfico abaixo. Lembrando que uma
mesma escola pode oferecer diferentes níveis e modalidades.
139
Gráfico 1 – Estabelecimentos Escolares da Subprefeitura de São Mateus. Elaborado por
Adriana Monsalvarga, 2010.
Percebemos um grande déficit de estabelecimentos de educação especial e de
educação profissional, o que leva os moradores dessa região a buscar esses tipos
de escolas em outras áreas da cidade.
Em questionários aplicados aos moradores tanto do Jardim São Francisco, como
do Parque das Flores, 51% classificaram como ruim ou péssima a educação na
região.
7.3.2. Saúde
Na Subprefeitura de São Mateus, a falta de equipamentos públicos na área da
saúde é notória. Existem 22 Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo 8 localiza-
13%
22%
20%
19%
11%
1%4%
5%4% 1%
Estabelecimentos Escolares Subprefeitura de São Mateus
Educação Básica (Creches)
Pré-Escola
1ª a 4ª Séries
5ª a 8ª Séries
Ensino Médio
Educação Especial
EJA 1ª a 4ª Séries
EJA 5ª a 8ª Séries
EJA Ensino Médio
Educação Profissional
Fonte: Censo Escolar (MEC-INEP) e Centro de Informações Educacionais da Secretaria de Estado da
Educação, apud SEMPLA, 2006.
140
das no Distrito de Iguatemi, 8 no Distrito de São Mateus e 6 no Distrito de São
Rafael (SEMPLA, 2006), conforme podemos verificar no quadro abaixo.
Unidades de Atendimento Básico por Rede
Localização
Atendimento Bási-co Municipal
Atendimento Básico Esta-
dual Total
UBS CS32 PAM33
Município de São Paulo 407 9 3 419
Distrito de Iguatemi 8 0 0 8
Distrito de São Mateus 8 0 0 8
Distrito de São Rafael 6 0 0 6
Fonte: Secretaria Municipal da Saúde - Coordenadoria de Epidemiologia e Informação/CEInfo apud SEM-
PLA, 2006.
Tabela 1 – Unidades de Atendimento Básico por Rede. Elaborada por Adriana Monsal-
varga, 2010.
Se considerarmos os hospitais públicos da região a situação é pior ainda, pois
para atender a população dos Distritos de Iguatemi, São Mateus e São Rafael,
além da população de outras subprefeituras vizinhas, a região conta com apenas
1 hospital público, que é o Hospital Geral de São Mateus (SEMPLA, 2006).
Hospitais por Rede
Localização Hospitais
Rede Muni-cipal
Hospitais Rede Esta-
dual
Hospitais Rede Fede-
ral
Hospitais Rede Parti-
cular Total
Município de São Paulo 15 35 3 139 192
Distrito de Iguatemi 0 0 0 2 2
Distrito de São Mateus 0 1 0 1 2
Distrito de São Rafael 0 0 0 0 0
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde/CNES apud SEMPLA, 2006.
Tabela 2 – Hospitais por Rede. Elaborada por Adriana Monsalvarga, 2010.
32 Centro de Saúde
33 Posto de Atendimento Médico
141
Esses números tornam-se ainda mais reveladores se levarmos em consideração
que a população da região de São Mateus, de acordo com os dados do Censo
2000 do IBGE, é de 381.671 habitantes, ao passo que a população total do Muni-
cípio de São Paulo é de 10.525.697 habitantes (IBGE, 2000), ou seja, somente a
população da Subprefeitura de São Mateus representa 3,62% da população da
cidade de São Paulo.
Além das Unidades Básicas de Saúde e dos hospitais, recentemente a região con-
ta também com as Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA), sendo a AMA Jar-
dim das Laranjeiras e a AMA Jardim da Conquista III localizadas no Distrito de
Iguatemi, a AMA Jardim Tietê I no Distrito de São Mateus e a AMA Jardim São
Francisco II e AMA Jardim Santo André no Distrito de São Rafael (PMSP, 2010).
Dos moradores tanto do Jardim São Francisco, como do Parque das Flores, 70%
classificaram como ruim ou péssimo o atendimento hospitalar na região, desta-
cando a falta de hospitais públicos, a demora no atendimento de consultas e e-
xames médicos.
7.3.3. Segurança Pública
A falta de segurança pública na região de São Mateus é alarmante, percebemos
claramente um descaso do poder público. Existem apenas 2 delegacias de polí-
cia, uma no Distrito de São Mateus (49ª DP São Mateus) e outra no Distrito de
São Rafael (55ª DP Parque São Rafael). No distrito de Iguatemi não existe ne-
nhuma (SSP, 2010).
Diante desses números podemos considerar que a violência e a criminalidade só
poderão ser melhor combatidas com maior investimento do poder público nessa
região, provendo um maior efetivo policial.
142
Devido a essa situação, 71% dos moradores entrevistados classificaram como
ruim ou péssima a segurança pública, ressaltando que não se sentem seguros e
que praticamente não há ronda policial.
7.3.4. Cultura, Esporte e Lazer
Na região de São Mateus praticamente não existem equipamentos culturais. A
inexistência de bibliotecas, cinemas, teatros, casas de cultura e de shows nessa
Subprefeitura, obriga a população local a buscá-los em outras regiões da cidade,
somando-se o fato de que o acesso a esses equipamentos fica restringido às
pessoas de maior poder aquisitivo.
Quanto aos equipamentos de esporte, lazer e recreação são ofertados em núme-
ro reduzido. Os distritos de São Mateus e São Rafael possuem cada um 12 equi-
pamentos de esporte, lazer e recreação, enquanto o distrito de Iguatemi tem 2
desses equipamentos (SEMPLA, 2006).
Muitos moradores se queixaram da falta de equipamentos de lazer, assim como
de cultura, principalmente para as crianças, que nos momentos fora da escola
não tem muitas alternativas, a não ser ficar na rua, onde não há o mínimo de
segurança.
No Jardim São Francisco existe um playground para as crianças, como mostra a
foto abaixo, próximo de onde irá passar o prolongamento da Avenida Jacu-
Pêssego, e outro às margens do córrego Caaguaçu.
143
Figura 1 – Playground no Jardim São Francisco: Uma das poucas alternativas de lazer
para as crianças. Autor: Adriana Monsalvarga, 2010.
Já no Parque das Flores não existe nenhuma área de lazer e recreação, apenas
um projeto de criação de parque onde localiza-se o Morro do Cruzeiro.
Figura 2 – Parque das Flores, com o Morro do Cruzeiro ao fundo: proposta de criação de
parque municipal. Autor: Adriana Monsalvarga, 2010.
144
Diante do exposto, podemos perceber que faltam políticas públicas eficazes para
combater a falta de infra-estrutura básica na região da Subprefeitura de São Ma-
teus, pois o que consta no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo,
assim como no Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus, não
está sendo aplicado na realidade dos moradores dessa região.
7.3 ÁGUA E ESGOTO E QUALIDADE DA ÁGUA
Dentre os elementos que compõem a infra-estrutura do distrito de São Rafael
está o saneamento básico que compreende o abastecimento de água e coleta de
esgoto. Requisitos básicos para o aumento da qualidade de vida, saúde e bem
estar de sua população.
As informações apresentadas neste relatório quanto ao saneamento básico serão
abordadas de maneira abrangente considerando que o distrito de São Rafael está
inserido no plano de uma grande cidade cuja rede de abastecimento e esgota-
mento representa um grande volume e também bastante complexa, por isso, os
números pesquisados não se restringem apenas ao recorte específico da região
estudada, mas também o município e a Região Metropolitana de São Paulo –
RMSP.
7.3.1 Qualidade da Água
Quando se trata do uso de água para o consumo humano, esta deve estar dentro
de padrões mínimos de potabilidade evitando, entre outros, danos a saúde. De
acordo com a resolução 357/05 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambi-
ente, que dispõe sobre a classificação dos corpos d’água, as águas de Classe Es-
pecial, Classe I, Classe II, e III estão aptas para o consumo sendo diferenciadas
apenas quanto ao tratamento aplicado.
145
A resolução do CONAMA dá outras classificações quanto aos diversos usos da
água, já que não a utilizamos apenas para consumo, mas também para preser-
vação do ambiente e comunidades aquáticas, irrigação de hortaliças, pesca, re-
creação entre outros.
Os parâmetros de qualidade da água estão divididos em físicos, químicos, micro-
biológicas, hidrobiológicas e ecotoxicológicas34:
Variáveis Físicas:
Cor
Série de Sólidos
Temperatura
Transparência
Turbidez
Variáveis Químicas:
Alumínio
Bário
Cádmio
Carbono Orgânico Dissolvido e Absorbância no Ultravioleta
Carbono Orgânico Total
Chumbo
Cloreto
Cobre
Condutividade
Cromo
DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano)
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20)
Demanda Química de Oxigênio (DQO)
Fenóis
Ferro
34 Fonte: CETESB 2010.
146
Fluoreto
Fósforo Total
Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares (HAP)
Manganês
Mercúrio
Níquel
Óleos e Graxas
Ortofosfato Solúvel
Oxigênio Dissolvido (OD)
Pesticidas Organoclorados
Potencial Hidrogeniônico (pH)
Potássio
Potencial de Formação de Trihalometanos
Série de Nitrogênio - (amônia, nitrato, nitrito e nitrogênio orgânico)
Sódio
Sulfato
Surfactantes
Zinco
Variáveis Microbiológicas
Coliformes termotolerantes
Cryptosporidium sp e Giardia sp
Variáveis Hidrobiológicas
Clorofila a
Comunidades
Comunidade fitoplanctônica
Comunidade zooplanctônica
Comunidade bentônica
Variáveis Ecotoxicológicas
Ensaios Ecotoxicológicos
Ensaio de toxicidade aguda com a bactéria luminescente - Vibrio fischeri
(Sistema Microtox)
147
Ensaio de toxicidade aguda/crônica com o microcrustáceo Ceriodaphnia
dubia
Ensaios de Genotoxicidade.
Em 2007 os integrantes do Projeto APA Nascentes do Aricanduva efetuaram um
trabalho de levantamento das nascentes da Bacia do Aricanduva que se constitu-
iu na identificação, coleta e análises físico-química e biológica da água das nas-
centes dos córregos: Palanque, Limoeiro, Mombaça, Caaguaçu e do rio Aricandu-
va.
A exemplo dos padrões de qualidade da água, a tabela abaixo mostra os dados
encontrados em três pontos diferentes do córrego Caaguaçu localizado no distrito
de São Rafael:
Tabela 9 - Padrões de qualidade da água no Córrego Caaguaçu
Parâmetro Ponto 1
Nascente
Ponto 2
250 m
Ponto 3
500 m
PH 7,3 7,6 6,6
Temperatura 19 ºC 16,5 ºC -
Sólidos Totais Dissolvidos 30 mg/L 103 mg/L 52 mg/L
Oxigênio Dissolvido 6,2 mgO2/L 8,6 mgO2/L 0,8 mgO2/L
Turbidez 34,4 NTU 51,6 NTU 4,56 NTU
Coliformes Fecais 8,6 x 104 UFC/100
mL (equivale
86000 UFC/100
mL)
1,1 x 105 UFC/100 mL
(equivale 110000
UFC/100 mL)
7,4 x 103 UFC/100 mL
(equivale 7400
UFC/100 mL)
Coliformes Fecais (E. Coli) 9 x 102 UFC/100
mL (equivale 900
UFC/100 mL)
4,5 x 102 UFC/100 mL
(equivale 450 UFC/100
mL)
3 x 102 UFC/100 mL
(equivale 300 UFC/100
mL)
Fonte: Projeto APA Nascentes do Aricanduva, 2007.
148
Como comparativo, temos os padrões de potabilidade definidos conforme a por-
taria Nº 518 do Ministério da Saúde (Tabela 10).
Tabela 10 - Padrão de Potabilidade Segundo Portaria Nº 518/04 MS
Parâmetro Valor Máximo Permitido (VMP)
PH 9,5
Turbidez 5
Coliformes Totais Ausência em 100 ml (Sistemas que analisam me-
nos de 40 amostras, apenas uma amostra poderá
apresentar mensalmente resultado positivo)
Coliformes para consumo Humano
(Eschirichia Coli)
Ausência em 100 ml
Fonte: Tabela gerada a partir de informações da portaria Nº 518 do Ministério da Saúde.
Os dados mostram que a água no córrego Caaguaçu não está dentro dos padrões
de potabilidade do Ministério da Saúde. Obviamente isso não desqualifica o curso
d’água, pois nem toda água bruta é propícia para consumo humano sem antes
passar por um tratamento por mais simples que seja. Essa amostra serve de ba-
liza e para conhecer o curso d água e sua qualidade.
7.3.1 Abastecimento
Na região metropolitana de São Paulo, 99,5% de sua água de abastecimento é
fornecida por mananciais de águas superficiais (Tsutiya, 2006), estes mananciais
são compostos por córregos, lagos, rios e represas sendo muitas vezes constituí-
dos por águas provenientes de outras bacias hidrográficas como é o caso do Sis-
tema Cantareira. Esse tipo de captação de água superficial tem suas fragilidades
quanto à preservação de sua bacia hidrográfica, que, de modo geral a ocupação
desta, degrada os córregos, rios e lagos que a compõem, refletindo de forma di-
149
reta na qualidade da água o que irá demandar maior custo para o tratamento da
mesma. Portanto a região abastecida por determinado manancial pode ter um
custo maior tanto do ponto de vista do tratamento quanto da distribuição da re-
de, pois a distância do manancial também influi no custo de operação do abaste-
cimento, custo esse que é dissolvido no valor final do produto, sem ser diferenci-
ado conforme a região.
Devido a essa fragilidade citada, o monitoramento dos mananciais é de suma
importância para preservar a qualidade da água e permitir ações imediatas. Des-
de 1974, a CETESB - Centro Tecnológico de Saneamento Básico hoje denomina-
do de Companhia Ambiental do Estado de São Paulo faz esse trabalho atra-
vés da rede de Monitoramento de Qualidade das Águas Interiores do Estado de
São Paulo.
Trabalho semelhante, porém não igual, é feito pela Companhia de Saneamento
Básico de São Paulo – SABESP que faz o monitoramento em tempo real dos ma-
nanciais de toda RMSP por meio de estações remotas e unidade de recepção de
dados e os parâmetros são: Ph, Turbidez, Condutividade, Potencial de Oxi-
Redução, Oxigênio Dissolvido e Temperatura35. Esse monitoramento é feito
através de sondas localizadas em pontos estratégicos dos mananciais permitindo
ações de prevenção e intervenção no reservatório evitando danos maiores ao
sistema de abastecimento.
A cidade de São Paulo conta com mais de um sistema de abastecimento, com-
posto por diversos sistemas de capitação e tratamento de água bruta em ma-
nanciais. Dentre esses sistemas está o Sistema Rio Claro e Alto Tietê que são
responsáveis pelo abastecimento do distrito de São Rafael entre outros (Mapa
22).
O sistema Alto Tietê abrange cinco reservatórios: Ponte Nova no Município de
Salesópolis, Jundiaí em Mogi das Cruzes, Taiaçupeba na divisa de Mogi das Cru-
35 (Tsutiya, 2006 3ª Ediçao)
150
zes e Suzano, Biritiba em Biritiba - Mirim e Paraitinga em Salesópolis, estes dois
últimos ainda estão em fase de obras. O sistema Fornece atualmente cerca de
10 m³/s de água bruta para a ETA – Estação de Tratamento de Águas da SABESP
localizada em Taiaçupeba. O sistema Rio Claro esta localizado a 70 km da Capi-
tal,e produz 4 m3/s. A captação provém do rio Ribeirão do Campo seguindo para
tratamento na Estação Casa Grande abastecendo 1,2 milhão de pessoas do bair-
ro de Sapopemba, na Capital e parte dos municípios de Ribeirão Pires, Mauá e
Santo André36.
Mapa 22 - Sistemas Produtores de Água na Cidade de São Paulo
Fonte: PMSP, 2010.
36 Fonte: SABESP 2010.
151
7.3.1.1 Abastecimento de Água em Dados
A grande maioria dos dados disponíveis nas diversas entidades e nos diferentes
âmbitos da administração pública, ou seja, Estado e Município são provenientes
do último censo brasileiro efetuado pelo Instituto Nacional de Geografia e Esta-
tística – IBGE no ano de 2000. Portanto apesar das diversas fontes pesquisadas
os dados têm uma única fonte, mesmo que indiretamente eles são compostos
pelo censo. Apesar de haver informações, elas não estão setorizadas, sendo ne-
cessária uma pesquisa e tabulação de dados minuciosa para obter um panorama
especifico do recorte do Distrito de São Rafael. Para uma análise inicial partindo
do ―macro‖ para o ―micro‖ na Tabela 11 se têm informações sobre o município de
São Paulo quando ao abastecimento de água.
Tabela 11 - Abastecimento de Água Município de SP 1980, 1991 e 2000 a 2006
Rede de Água Número de Ligações
(1) Extensão Total da Rede
(2) Cobertura
(3)
1980 1.609 13.700 94%
1991 1.785 15.996 99%
2000 2.201 17.414 100%
2001 2.239 17.293 100%
2002 2.290 17.370 100%
2003 2.328 17.577 100%
2004 2.385 17.708 100%
2005 2.429 17.786 100%
2006 2.429 18.434 100%
(1) Ligações Faturadas Totais em 1.000 unid.
(2) Em Km
(3) Índice de Atendimento dos Domicílios Urbanos com Abastecimento de Água
Fonte: Sempla, 2010.
Com uma rápida análise na tabela pode-se observar através do Gráfico 6 que, a
evolução do número de ligações não teve aumentos abruptos, seguindo em uma
curva suave, diferente do aumento da extensão total da rede de abastecimento
como indicado no gráfico.
152
Gráfico 6 - Abastecimento de Água no município de São Paulo 1980-2006
Fonte: Sempla, 2010.
Focando no distrito de São Rafael, a Empresa Paulista de Planejamento Metropo-
litano S.A. – Emplasa apresenta dados setorizados através do projeto de Unida-
des de Informações Territorizadas – UIT’s que dão dimensão do abastecimento
na região de São Rafael conforme tabela abaixo:
Tabela 12 - Domicílios Particulares permanentes por Condição de Abastecimen-
to de Água, Segundo Unidades de Informações Territorializadas: 2000
Unidades Territoriais Rede Geral % Poço ou Nascente % Outra Forma
(1) %
UTI 121 Pq. São Rafael 94,50 1,45 3,61
UTI 122 Rodolfo Pirani 95,22 0,76 4,02
Distrito São Rafael 95,10 1,06 3,84
Município de São Paulo 98,63 0,73 0,64
(1) Domicílios Abastecidos com águas das Chuvas, reservatórios (ou caixa), por carro pipa, poço ou nascente localizados
Fonte: UIT’s EMPLASA, 2010.
Os dados mostram que no Parque São Rafael 94,95% dos domicílios particulares
obtém água potável através da rede de abastecimento e 1,45% através de poço
ou nascente e o restante de 3,61% por outras formas.
-
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
Número de Ligações (1)
Extensão Total da Rede (2)
153
O número de 94,95% condiz com as impressões dos moradores que responde-
ram o questionário feito em campo o qual mostra que 77% acham bom e ótimo a
qualidade da água da região.
7.3.1.2 Esgotamento de Água em dados
Diferente do abastecimento de água o esgotamento se encontra em situação
contrária quanto a boa percepção dos moradores do Parque São Francisco e Jar-
dim das flores situados no Distrito de São Rafael. Novamente após uma análise
inicial aproxima os resultados estatísticos da percepção que os moradores têm
da região.
Quando perguntados sobre a condição de saneamento básico da região 44% a-
charam ruim ou péssimo, seguindo por 39% que qualificaram como bom e óti-
mo, 15% regular e 3% não souberam responder. Na tabela abaixo retirada do
relatório de Unidades de Informação Territorial produzida pela EMPLASA a partir
de dados do censo de 2000:
Tabela 13 - Domicílios Particulares Permanentes Por Condição de Esgotamento
Sanitário Segundo Unidades de Informações Territorizadas: 2000
Unidades Territoriais Rede Geral ou Pluvial (1)
Fossa Séptica (2)
Outros
(3)
Domicílios sem Banheiro e sem Sanitá-rio
UTI 121 Pq. São Rafael 61,82 7,04 30,94 0,20
UTI 122 Rodolfo Pirani 82,19 2,14 15,47 0,20
Distrito São Rafael 73,37 4,26 22,17 0,20
Município de São Paulo 87,23 3,62 8,91 0,23
(1) Domicílios cuja canalização das águas servidas dos dejetos provenientes do banheiro ou sanitário está ligada a um sistema de coleta que os conduzam a um desaguadouro ge-
ral da área.
(2) Domicílios cuja canalização do banheiro ou sanitário está ligada a uma fóssa séptica, ou seja, a matéria é esgotada para uma fossa próxima onde passa por um processo de
tratamento ou decantação sendo, ou não, parte líquida conduzida para um desaguadouro geral da área.
(3) Domicílios cuja canalização do banheiro ou sanitário está ligado a uma fóssa rústica(fossa negra, poço, buraco, etc), vala, r io, lago ou mar.
Fonte: UIT’s EMPLASA, 2010.
154
Observando a tabela temos que 61,82% dos domicílios estão ligados a rede de
esgotamento da SABESP, 7,04% utilizam fossa séptica, 30,94% outros, e a
minoria de 0,20% não tem Banheiro e Sanitário.
Esses dados mostram que pouco mais da metade estão ligados a rede de
esgotamento e uma grande parte 30,94% estão de forma irregular sem fossa
séptica e sem conexão com a rede.
Nos dados gerais do município de São Paulo, a coleta de esgoto vem crescendo
desde 1980 até 2006 principalmente na extensão total da rede que cresceu
intensamente na década de 2000. Abaixo tabela e gráfico mostra em detalhes
esse crescimento.
Tabela 14 - Coleta de Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006
Rede de Água Número de Ligações
(1) Extensão Total da Rede
(2) Cobertura
(3)
1980 1.609 13.700 94%
1991 1.785 15.996 99%
2000 2.201 17.414 100%
2001 2.239 17.293 100%
2002 2.290 17.370 100%
2003 2.328 17.577 100%
2004 2.385 17.708 100%
2005 2.429 17.786 100%
2006 2.429 18.434 100%
(1) Ligações Faturadas Totais em 1.000 unid.
(2) Em Km
(3) Índice de Atendimento dos Domicílios Urbanos com Abastecimento de Água
Fonte: Sempla, 2010.
O gráfico mostra um vertiginoso aumento da extensão total da rede de esgota-
mento da cidade de São Paulo e um leve aumento do número de ligações domici-
liares.
De maneira geral os dados estatísticos acompanharam as percepções dos mora-
dores apuradas por meio de questionários. A análise comparativa do município
de São Paulo não se mostrou eficiente quanto à relação entre o plano macro da
cidade e o micro representado pelo distrito de São Rafael. O município de São
155
Paulo compreende uma grande extensão e um número grande de habitantes por
m2, o que fatalmente mascara o resultado da análise comparatória, dificultando
identificar o desenvolvimento do pequeno recorte do Distrito de São Rafael em
relação a toda cidade.
Quanto ao sistema de esgotamento verificado na fala dos moradores, dados es-
tatísticos e também observado na visita a campo, é deficiente e irregular. Em
destaque, estão as ruas sem escoamento pluvial por meio de sarjetas e asfalto,
situação que é intensificada pelo esgoto a céu aberto escoado no meio da rua.
Situação que é comprovada pela opinião dos moradores quanto ao saneamento
básico.
Gráfico 7 - Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006
Fonte: Sempla, 2010.
-
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
1970 1980 1990 2000 2010
Número de Ligações
Extensão Total da Rede (2)
156
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ANEXOS
MAPAS Mapa 5 - Classificação dos Climas do Brasil, 2005 Fonte: Classificação dos Climas do Brasil. IBGE, 2005. Adaptado por Roberto Randoli, 2010.
Mapa 2 - Recorte do Relevo e Solo de São Mateus Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, 2002. Adaptado por Roberto Randoli, 2010.
Mapa 3 - Sub Bacia Hidrográfica do Rio Aricanduva Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.
Mapa 4 - Sub bacias do entorno da bacia do Rio Aricanduva Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.
Mapa 5 - Hidrografia da Área de Estudo Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.
Mapa 6 – Residências Analisadas e seus respectivos riscos, Parque das Flores Fonte: Elaborado Alexandre Vastella, 2010.
Mapa 7 - Áreas Verdes e Construídas do Município de São Paulo Fonte: Atlas Ambiental do Município de São Paulo, 2004.
Mapa 8 - Avanço da Mancha Urbana no Município de São Paulo Fonte: Atlas Ambiental de São Paulo, 2008. Adaptado por Mayra Dias, 2010.
Mapa 9 - Bacia do Rio Aricanduva e localização do Aterro Sanitário São João Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.
Mapa 10 - Proporção dos tipos de ocupação nos distritos, com destaque a área
administrada pela Subprefeitura de São Mateus. Fonte: Indicadores Ambientais e Gestão Urbana, 2008. Adaptado por Mayra Dias, 2010.
Mapa 11 - Proporção da área do distrito com cobertura vegetal Fonte: Indicadores Ambientais,2008. Adaptado por Mayra Dias, 2010
Mapa 12 - Áreas Destinadas para implantação de parques por distritos Fonte: Indicadores Ambientais, 2008.
Adaptado por Mayra Dias, 2010.
Mapa 13 - Empresas responsáveis pela coleta domiciliar no Município de São
Paulo Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, 2010.
Mapa 14 - Identificação da região de São Mateus Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Mapa 15 - Distribuição das indústrias e comércio em São Paulo. Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais − Rais, 2010.
Mapa 16 - Ocupação do Parque das Flores, 1994 Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Mapa 17 - Ocupação do Parque das Flores, 2007 Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Mapa 18 - Subprefeituras e seus respectivos distritos, Município de São Paulo Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakasu, 2010.
Mapa 19 - Uso e Ocupação do Solo, Região de São Mateus Fonte: Sempla, 2004. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.
Mapa 20 - Corredor Metropolitano ABD, São Mateus - Jabaquara Fonte: EMTU, 2010.
Mapa 21 - Operações Urbanas Consorciadas Fonte: PMSP, 2010
Mapa 22 - Sistemas Produtores de Água na Cidade de São Paulo Fonte: PMSP, 2010.
166
GRÁFICOS Gráfico 1 - Qualidade da limpeza e coleta no Jardim São Francisco e Parque das
Flores Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado pela Equipe Unicsul, 2010.
Gráfico 2 - Origem dos Habitantes do Parque das Flores Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado pela Equipe Unicsul, 2010.
Gráfico 3 - PEA e Não PEA, Jardim São Francisco Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.
Gráfico 4 - Motivo da Vinda à Região do Jardim São Francisco Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.
Gráfico 5 – Estabelecimentos Escolares da Subprefeitura de São Mateus Fonte: Sempla, 2006. Elaborado por Adriana Monsalvarga, 2010.
Gráfico 6 - Abastecimento de Água no município de São Paulo 1980-2006 Fonte: Sempla, 2010.
Gráfico 7 - Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006 Fonte: Sempla, 2010.
TABELAS
Tabela 1 - Aterros existentes no município de São Paulo Fonte: LIMPURB, 2002. Organizado por Equipe Unicsul, 2010.
Tabela 2 - População da Região de São Mateus e percentual de distribuição por
distritos - 1980 á 2000 Fonte: IBGE, Censos 1991 e 2000 e Contagem Populacional 1996.
Tabela 3 - Crescimento Populacional, Região de São Mateus Fonte: IBGE, Censo 1980; 1991; 2000.
Tabela 4 -Distribuição da População por faixas etárias, 2000. Fonte: IBGE, Censo 2000.
Tabela 5 - População da Região de São Mateus, 1950 - 2000 Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu.
Tabela 6 - Renda Média da População da Região de São Mateus Fonte: Sempla (*) Total de domicílios MSP: Base amostra Censo IBGE 2000. Domicílios por faixa de rendimento em salários mínimos. Adaptado por: Cecília Keiko Kakazu
Tabela 7 – Unidades de Atendimento Básico por Rede Fonte: SEMPLA, 2006. Elaborada por Adriana Monsalvarga, 2010.
Tabela 8 - Hospitais por Rede Fonte: SEMPLA, 2006. Elaborada por Adriana Monsalvarga, 2010.
Tabela 9 - Padrões de qualidade da água no Córrego Caaguaçu Fonte: Projeto APA Nascentes do Aricanduva, 2007.
Tabela 10 - Padrão de Potabilidade Segundo Portaria Nº 518/04 MS Fonte: Tabela gerada a partir de informações da portaria Nº 518 do Ministério da Saúde.
Tabela 11 - Abastecimento de Água Município de SP 1980, 1991 e 2000 a 2006 Fonte: Sempla, 2010.
Tabela 12 - Domicílios Particulares permanentes por Condição de Abastecimen-
to de Água, Segundo Unidades de Informações Territorializadas: 2000 Fonte: UIT's Emplasa, 2010.
Tabela 13 - Domicílios Particulares Permanentes Por Condição de Esgotamento
Sanitário Segundo Unidades de Informações Territorizadas: 2000 Fonte: UIT's Emplasa, 2010.
Tabela 14 - Coleta de Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006 Fonte: Sempla, 2010.
167
FIGURAS Figura 1 - Região de São Mateus Fonte: Região de São Mateus. Adriana Fernandes Monsalvarga, 2010.
Figura 2 - Escorregamento no Parque das Flores Fonte: Escorregamento no Parque das Flores. Cecília Keiko Kakasu, 2010.
Figura 3 - Nomenclatura dos Cursos D'água Fonte: Nomenclatura dos cursos d'água. Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.
Figura 4 - Córrego Caaguaçu, Jardim São Francisco Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 5 - Córrego Caaguaçu e Mata Ciliar Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 6 - Nascente do Córrego Caaguaçu - Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 7 – Vertente em Movimento Planar Fonte: Alexandre Vastella, 2010.
Figura 8 – Movimentos de Massa – Parque das Flores Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.
Figura 9 – Vertente em Movimento Rotacional Fonte: Alexandre Vastella, 2010.
Figura 10 – Movimento Rotacional no Parque das Flores Fonte: Jamille Almessane, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.
Figura 11 – Rastejo em Vertente Fonte: Alexandre Vastella, 2010.
Figura 12 – Indício de Rastejo, Parque das Flores Fonte: Fabiana Luz, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.
Figura 13 – Vertente em processo de desmatamento, Morro do Cruzeiro Fonte: Catarina Troiano, 2010.
Figura 14 – Corte de talude e áreas instáveis Fonte: Alexandre Vastella, 2010.
Figura 15 – Construção sob corte de talude, Parque das Flores Fonte: Jamille Almessane, 2010.
Figura 16 – Vegetação adequada e inadequada Fonte: Alexandre Vastella, 2010.
Figura 17 – Vertente com bananeiras (vista Sul, Morro do Cruzeiro) Fonte: Jamille Almessane, 2010.
Figura 18 – Arruamento-escoamento e curvas de nível Fonte: Alexandre Vastella, 2010.
Figura 19 – Situação de enxurrada em arruamento inadequado
Parque das Flores Fonte: Jamille Almessane, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.
Figura 20 – Residências de alvenaria no Parque das Flores Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.
Figura 21 – Talude de Corte e Despejo de Lixo Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010
Figura 22 – Lançamento de água em superfície, Parque das Flores Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010
Figura 23 – Vertente desmatada, Parque das Flores Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.
Figura 24 – Ocupação na várzea do C. Caaguaçu, Parque das Flores Fonte: Adriana Monsalvarga & Cecília Keiko Kakasu, 2010
Figura 25 – Vegetação rasteira, C. Caaguaçu, Parque das Flores Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.
Figura 26 - Estudantes do projeto UNISOL Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 27 - Detalhe da Fauna e Flora, Morro do Cruzeiro Fonte: Adriana Monsalvarga & Catarina Troiano, 2010.
Figura 28 - Vegetação Diversificada, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
168
Figura 29 - Árvore-guarda-chuva, ao centro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010. Ao centro a Schefflera actimophylla, (árvore-guarda-chuva).
Figura 30 - Cipreste, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
Figura 31 - Calipal, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
Figura 32 - Eucalipto, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.
Figura 33 - Cássia fitula L. Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamentais e Aromáticas, p. 167.
Figura 34 - Jacarandá Fonte H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madeireiras Ornamentais e Aromáticas, p. 102.
Figura 35 - Tipuana Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamentais e Aromáticas, p. 211.
Figura 36 - Supressão da mata secundária nativa por conta da ocupação irregu-
lar no Parque das Flores, 2010 Fonte: Mayra Dias, 2010.
Figura 37 - Intensificação dos conflitos sócio-ambientais Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.
Figura 38 - Aterro Sanitário São João cercado por mata nativa Fonte: Google Maps. Adaptado por Mayra Dias, 2010.
Figura 39 - Localização dos Aterros Sanitários Sapopemba e São João Fonte: Google Maps. Adaptado por Equipe Unicsul, 2010.
Figura 40 - Obra Av. Jacú-Pêssego, ao fundo Aterro Sapopemba Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 41 - Aterro Sapopemba em 2010 Fonte: Google Earth, 2010.
Figura 42 - Aterro Sapopemba em 2004 Fonte: Google Earth, 2010.
Figura 43 - Aterro São João Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 44 - Aterro São João em 2010 Fonte: Google Earth, 2010.
Figura 45 - Aterro São João em 2004 Fonte: Google Earth, 2010.
Figura 46 - Conjuntos Habitacionais, Jardim São Francisco Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.
Figura 47 - Autoconstrução, Jardim São Francisco Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.
Figura 48 - Um Rio, duas realidades Fonte: Catarina Troiano, 2010.
Figura 49 - Vista panorâmica do Parque das Flores Fonte: Carlos Eduardo Martins, 2010.
Figura 50 - Lixo nas margens do Córrego Caaguaçu Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 51 - Lixo nas Ruas, Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 52 - Esgoto sem tratamento, Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 53 - Arruamento Irregular, Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 54 - Casas de Mutirão e Conjuntos Habitacionais Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.
Figura 55 - Gleba São Francisco Fonte: Catarina Troiano, 2010.
Figura 56 - Auto-construção, Jardim São Francisco Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.
Figura 57 - Obras da expansão da Av. Jacu-Pêssego Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.
169
Figura 58 - Arruamento Parque das Flores X Jardim São Francisco Fonte: Equipe Unicsul, 2010.
Figura 59 – Playground no Jardim São Francisco Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.
Figura 60 – Parque das Flores, com o Morro do Cruzeiro ao fundo Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.
170