Diva Vidal, uma vidadedicada ao ensino
O que é ser professorpara os mestres ealunos do Paraná
Os aspectos positivose negativos do
magistério segundoos própriosprofessores
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360015453-4/2003-DR/PRSecretaria da Educação
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DEVOLUÇÃOGARANTIDA
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003200039-1/03-DR/PR
O que é serprofessor para osmestres e alunosdo Paraná
Diva Vidal,uma vidadedicada
ao ensino
Escolas estaduaisvão eleger seusdiretores
Mauricio RequiãoSecretário da Educação
Inúmeros são os benefícios conquis-tados pelos professores das escolas es-
taduais paranaenses nesses primeirosnove meses de Governo. Toda a equipe da Se-cretaria da Educação está empenhada em re-solver questões que há muito preocupavam onosso professorado.
Uma delas, recentemente resolvida, é a elei-ção para diretores das escolas estaduais. O pleitodeve acontecer no final do mês de novembro,com novas e democráticas regras. Os termosforam definidos em conjunto com a APP-Sin-dicato e com a Associação dos Diretores dasEscolas Estaduais do Paraná. Também em dis-cussões com a APP-Sindicato, estamos elabo-rando o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimen-tos, num árduo trabalho em que nos reunimosquase que diariamente em busca de um con-senso.
Todas as ações que implementamos desdeo início do ano são para fazer com que essamáquina chamada Educação caminhe. Mas,mesmo assim, se tivermos tudo organizado, amerenda chegando às escolas, a infra-estruturaem perfeitas condições, o professor em sala deaula e giz à disposição dele, os nossos projetosfuncionando, ainda estaremos fazendo pouco senão provocarmos mudanças profundas no cur-rículo, no que ensinamos e na forma como ensi-namos. Precisamos fazer com que os nossos alu-nos “aprendam a aprender”, numa reflexão so-bre a nossa prática.
Contamos com a participação e a colabora-ção de todos os nossos professores na elabora-ção de um novo currículo, uma tarefa que éum grande desafio, mas que pode ser feita deforma coletiva e solidária. Sabemos que preci-samos caminhar e fazer muito ainda para que aescola paranaense seja aquela que os nossosalunos merecem e que a sociedade espera. Nóspodemos fazer isso juntos.
Parabéns professores por nove meses de con-quistas, de muito trabalho e de muitos resulta-dos. Parabéns também por mais um Dia do Pro-fessor, embora todo dia seja dia dos nossos mes-tres, que têm uma fantástica disposição paraacompanhar e acolher os nossos alunos, for-mar cidadãos com referências éticas, cidada-nia e respeito, capazes de administrar as dife-renças e os conflitos. Todo dia é tempo de edu-car, ensinar e promover a formaçãode cidadãos.
Nenhuma mudança edu-cacional se faz sem o profes-sor, nem há propostas peda-gógicas sem a sua presença.Refletimos neste dia especialsobre as tarefas do educador,sobre o sentido de sua práticaeducativa, e pensamos sobrea importância de seu trabalhocotidiano, muitas vezes mar-cado por grandes renúncias,junto às nossas crianças e ajovens e adultos.
O aprender exige esforçoe o ensinar também. Exercercom responsabilidade o seuofício, encorajar o aluno,compreender politicamenteo tempo e o espaço escola-res, dentro de uma socieda-de em rápida transformação,
Professores, obrigada pelas lições
Yvelise Freitas de Souza Arco-VerdeSuperintendente da Educação
Como se chega a ser o que se é, a experiência daleitura e figuras do porvir são os três ensaios que inte-gram o livro de Larrosa, Pedagogia Profana, cujo títu-lo, desde logo, inquieta-nos e nos confronta com asdeterminações do discurso pedagógico tradicional.
Jorge Larrosa é professor do Departamento de Teo-ria e História da Educação da Universidade de Barce-lona, organiza periódicos sobre história, filosofia e educação econtribuiu em publicações brasileiras, já editadas pela Vozes. Ostextos apresentados no Pedagogia Profana foram escritos, emgrande parte, entre 1994 e 1998 e publicados em língua portu-guesa por iniciativa de Alfredo Veiga-Neto e Tomaz Tadeu da Sil-va.
Ler o livro de Larrosa não é tarefa fácil e pegar o fio da meada,mais doloroso ainda. Como o próprio autor declara, os ensaios“não contêm um saber elaborado ou um enfoque explícito sobreo que poderiam ser seus temas; tampouco pretendem respondera perguntas mais ou menos urgentes; nem sequer tentam orientara ação com idéias mais ou menos praticáveis: nada do que ohipotético leitor pudesse apropriar-se direta ou indiretamente paraseu uso”.
Nada disso é certo, pois a leitura de Pedagogia Profana, aocontrário do que indica ironicamente o autor, é muito divertida,esclarecedora e inquietante. O livro é muito bonito, tanto pela edi-ção cuidadosa da Autêntica, como, e sobretudo, pelos aponta-mentos dissonantes que encerra.
Convido-os a experimentar as chaves que liberam as entra-das para este texto, porque ele nos inspira humanamente e des-perta em nós o desejo de, mesmo não se podendo esquecer tudo,aprender de novo.
obriga o educador a inven-tar e a reinventar suas práti-cas, saberes e valores, parafugir do estereótipo e domodelo que ocupam o lugarda experiência e da troca.
Disposto a reformular e aatualizar continuamente seusconhecimentos, o professorcom visão crítica cuida da for-mação cultural e científicapara a vida pessoal, profissi-onal e cidadã de seus alunos,estabelecendo uma sólidarede de conhecimentos pelaciência, pela técnica, pela es-tética e, sobretudo, pela éti-ca. Seus ensinamentos – esua aprendizagem –, colo-cam em primeiro lugar, comradicalidade, a mobilização
Governador do Estado Roberto Requião • Secretário da EducaçãoMauricio Requião • Jornalista responsável Cristiane Rangel (MTB2907/11/73v) • Reportagem Camilla Toledo • Frances Baras
• Marina Koçouski • Tânia Schweder • Colaboração MariseManoel • Fotos Júlio Covello (capa) • Frances Baras • ProjetoGráfico Sonia Oleskovicz
expediente
Redação Av. Água Verde, 2140 • Água Verde • CEP 80240 900 •Fone 41 340-1530 • Fax: 41 342-0947 • Tiragem 75 mil exemplares
LARROSA, Jorge.Pedagogia profana:danças, piruetas emascaradas. TraduçãoAlfredo Veiga-Neto. 3ªed. Belo Horizonte:Autêntica, 2000. 208p.
para a cidadania e o reconhe-cimento da diferença e da di-versidade cultural.
Nossa gratidão aos profes-sores que cumprem esse pa-pel ativo de sujeitos na apren-dizagem, colocando-se aolado de seus alunos paravalorização da escola e paraa sua dignificação.
Acreditamos sim na capa-cidade de pensar, de imagi-nar e de experimentar de nos-sos professores. E juntos, co-letivamente, estamos ajudan-do a construir uma educaçãode melhor qualidade, recupe-rando aquilo que foi expro-priado pelas privatizações epela despolitização da esco-la pública.
Aos nossos mestres
palavrado secretário
ia de muita chu-va. A professoraDiva Vidal, 92anos, levanta re-
ligiosamente às 7horas da manhã, como
faz todos os dias. Toma café nohotel Sol, onde mora, pega umtáxi e segue para a Secretaria deEducação para mais um dia detrabalho, onde chega com acapa de chuva toda molhada.
As colegas do Departamentode Ensino Especial recomendamque ela fique em casa nestes dias.Mas não adianta: nada demovea “Dona Diva”, como é carinho-samente chamada por todos, decumprir sua missão.
Há setenta e cinco anos ela,que é a professora mais antiga doParaná, se dedica à educação e évista por todos os que a conhe-cem como um exemplo de vida,de garra, disposição e força devontade. Caçula da família, DonaDiva teve quatro irmãos homens.
Começou a lecionar matemá-tica aos 17 anos, em Paranaguá,sua cidade natal, no Colégio Es-tadual José Bonifácio. Naquelacidade, também foi professorano Instituto Estadual de Educa-ção Doutor Caetano Munhoz daRocha. Ela conta que nessa épo-ca ninguém queria ir dar aulasna cidade por causa dos focos
de malária, também chamada demaleita. “Como a gente moravalá precisava ensinar a menina-da”, explica.
Dona Diva formou-se profes-sora pela Escola Normal de Pa-ranaguá, mas não chegou a ternenhuma formação superior,mas recebeu, em 1957, em Lon-drina, o título de Professor Ho-noris Causa da Faculdade Nortedo Paraná. “Não tive curso su-perior de nada. Fui formada naescola da vida”, argumenta. “Epara mim essa é a formação maisimportante”, completa.
Sempre professora do Esta-do, Dona Diva não percorreu ocaminho das escolas particula-res. Da época de Paranaguá, elalembra do aluno ilustre Vidal Va-nhoni, que futuramente seria Se-cretário de Educação e pai do de-putado estadual Ângelo Vanhoni.Do Litoral, nenhuma recordaçãode receber maçãs de alunos. “ Látinha muita banana. Devo ter re-cebido algumas”. (risos).
Já em Curitiba, a professorade matemática lecionou no Insti-tuto de Educação e no ColégioEstadual do Paraná do qual foidiretora em 1986 e em 1987. Via-jou por todo o Estado, fazendo ins-
peção nas escolas. “Eu sempregostei muito de fazer essas visitasàs escolas e sempre fui muito bemacolhida em todas elas”.
Desta época, ela lembra dasviagens feitas emJeep’s, por regiõesainda sem estradas eonde uma escola eramuito longe da ou-tra. “Comi muitobarro e muita poei-ra no interior, viajan-do locais sem estra-da, nem hospeda-gem. Tomava banhofora, não tinha nemchuveiro. E como
foi bom”, diz. Dos professores ealunos que conheceu durante es-sas viagens, Dona Diva lembracom saudade. “Conheci muitosprofessores, todos sempre muitoatenciosos e também dos alunos,com quem eu me entrosava mui-to bem”, conta. “Era tudo muitobom. Eu era moça e tinha muitadisposição”, completa.
Como professora, Dona Divadiz que, por lecionar matemáti-ca, sempre teve que ser mais rígi-da e mais enérgica com os alunos.Mas mesmo assim, ela afirma tersaudade dos alunos mais peraltas.“Os alunos inteligentes geralmen-te são também os mais levados”.
Dona Diva se aposentou, em
Dona Diva,à arte de ensinar
um exemplo de amor
“Olhemos para trásLembremo-nos da vidaA saudade de um velhoÉ uma estrada florida.”
Diva Vidal
1983 mas nunca parou de traba-lhar. Parar de trabalhar, para ela,“só quando faltar a saúde”. “Nãotenho condições físicas de ficar emcasa sem fazer nada”, argumenta.
Sobre o magistério, ela diz queos itens imprescindíveis para aqualidade do ensino são o empe-nho e a dedicação. “A educaçãotransforma os povos, mas só deveabraçar a profissão quem acredi-ta realmente na importância e res-ponsabilidade do professor”.
Nestes 92 anos de vida, DonaDiva não se assusta com nada,nem mesmo as novas tecnologi-as. “Procuro me adaptar às coi-sas novas. Sempre aproveitei efui a favor das novidades”, con-fessa ela, que diz gostar de tra-balhar no computador.
Solteira, sem filhos, ela diz queé uma pessoa realizada e feliz.Muito lúcida, bem-humorada, dis-posta sempre a sair com suas tira-das engraçadas. “Para quem Deusnão dá filhos, o diabo enche desobrinhos”, diz às gargalhadas.
Arrependimentos, nenhum.“Nasci para ser professora e sem-pre trabalhei com prazer. Tivemuita sorte. Acho que minhavida foi muito bem preenchida.Passei uma vida, para meu gos-to, excelente”, acredita. Entretan-to, questionada sobre a históriada sua vida ela ri.
D
“A minhahistória é muito
perigosa”,conclui às
gargalhadas.
“O professor é uma pessoa muito importante.Passo a maior parte do tempo na escola. Sócostumo ver minha mãe à noite. Fico mais comos professores quemeus pais”.
GuilhermeHenrique Soares, 12
anos – Colégio 19de Dezembro - Ctba
“É uma missão, um ato deamor. Deixamos a nossafamília, marido, casa, para nosdedicarmos aos filhosalheios, à formação de cadaum deles”.
“É doação ededicação. Édedicar-se à
formação”.
Anésio Santana – diretordo Colégio Estadual Novo
Horizonte – CampoMourão
“A educação é essencial para formar cidadãosmelhores para a sociedade. O professor é
nossa segunda mãe, ensinamuitas coisas e tambémrepreende quando estamoserrados”.
Rhyssa Quiruba deOliveira, 12 anosColégio 19 deDezembro - Ctba
Ser professor é...
“É simples e complexo. Ser educador,amigo, compreensivo com os
problemas de cada um. Muitosalunos trazem dificuldades de casapara a escola. Nestes momentos épreciso, além de ensinar, trazer afamília para a escola”.
O Governo do Paraná revogou, no iní-cio deste ano as regras que existiam ante-riormente sobre a eleição para diretoresdas escolas estaduais. Depois disso a Se-cretaria da Educação, a pedido dos pró-prios diretores, resolveu que só faria elei-ções nas escolas que não tiveram pleitoanteriormente.
Entretanto, face à decisão do Tribunalde Justiça do Paraná - Ação Direta de In-constitucionalidade (Adin) 111.877-0 - e daorientação da Procuradoria Geral do Es-tado, serão realizadas, até o final do mêsde novembro, eleições democráticas paradiretor e diretor auxiliar das escolas esta-duais do Paraná.
A decisão foi tomada em conjunto eem consenso pela Secretaria de Estado daEducação, APP-Sindicato e pelas associa-ções de diretores do Estado. O projeto delei que vai disciplinar a eleição já foi enca-minhado à Assembléia Legislativa do Pa-raná e ao governador Roberto Requião.Nele, definiu-se que os diretores das es-colas e os diretores auxiliares deverão serescolhidos pelos alunos, pais, professorese funcionários. Ou seja, o poder executi-vo irá delegar à comunidade escolar acompetência da escolha.
O Secretário de Estado da Educa-ção, Mauricio Requião, explica que opleito vai efetivar a democracia na ges-tão escolar paranaense. “Nós vamos res-peitar o princípio da gestão democráti-ca do ensino”, afirma.
As eleições serão realizadas em dia le-tivo, durante três turnos e com mínimode 20% de quórum. A posse dos eleitosocorre no primeiro dia do ano seguinte.Para contemplar os anseios da APP-Sindi-cato e das Associações dos Diretores foiestabelecida a eleição por chapas, masprevendo possibilidade de cassação demandatos de diretores e diretores auxilia-res por meio de plebiscito da comunida-de escolar.
De acordo com a assessora jurídica dasecretaria, Fabiana Galera Severo, a op-ção pelo processo democrático foi esco-lhida pela unanimidade durante reuniãona Secretaria. “O interesse de todos osgrupos é o mesmo: a luta pela gestão de-mocrática do ensino, em prol da educa-ção”, considera.
“Praticar a mais bela das artes, ensinar, dedicar osmelhores anos de nossas vidas a ensinar filhos que nãosão nossos. É uma vida de renúncias e de grandesrealizações. É estar sempre sorrindo e pronto para otrabalho, prontos para passar o que aprendemos para
muitas pessoas, é ser, antesde tudo, um formador”.
“O professor é uma dasmelhores coisas da vida.Se não fossem eles, eu
não seria nada. Elesensinam a lidar com a
vida, os sentimentos e omundo lá fora”.
Grimaldo Conceição de Souza,14 anos – Colégio EstadualGuaraituba – Colombo
Gilberto de Barros Maschio -professor de matemática - ColégioEstadual Guaraituba – Colombo
“A professoraé massa”.
Gabriela de Jesus,8 anos – Colégio 19de Dezembro - Ctba
Tânia Xavier Saldanha –Núcleo de Jaguariaíva
“Se não fosse ele nãoteríamos a educação e oensino que temos.Gosto e respeito muitomeus professores”.
Carlos Thomaz de Oliveira,13 anos – Colégio 19 deDezembro – Ctba
“Algo gratificante diante da imensidão detudo o que projetamos para o futuro.
Nossos alunos serão nossosmédicos, engenheiros,políticos. Apesar de cansativa,é uma profissão valorosa.Quando se trabalha com amortudo vale a pena”.
Adriana Verri Massaranduba -vice-diretora e professora -Colégio 19 de Dezembro - Ctba
Denise Pires– supervisorado ColégioAlbertoSantosDumont, emApucarana
Vânia Fernandes –professora doColégio EstadualAbraham Lincoln –Kaloré
“É ensinarcom amor e
dedicação. Senão tiver esses
dois ingredientes,não pode serprofessor”.
Educação realizaeleição democráticapara diretores
Solange Teixeira Rosa -professora de ensino fundamentaldo Colégio 19 de Dezembro - Ctba
“É ver meu sonhorealizado. É educar, sermãe, médico, mediador detudo o que acontece”.