UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PSICOMOTORA NO PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS DA TERCEIRA
IDADE
MONICA MARQUES ORIENTADOR: PROFº MARCO ANTÔNIO CHAVES
Rio de Janeiro, RJ, fevereiro 2002
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ – REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PSICOMOTORA NO
PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS DA TERCEIRA IDADE
MONICA MARQUES
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Psicomotricidade.
Rio de Janeiro, RJ, fevereiro 2002
AGRADECIMENTOS Ao Instituto da Família (INFA) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) As amigas Janete Fanthuj, Ivonete Ferras e Marcia Cardoso Lacerda Ao professor Marco Antônio Chaves
DEDICATÓRIA Aos meus alunos do grupo Conviver do ateliê de teatro da APAE – RIO, que me ajudaram e me proporcionaram esta viagem pelo mundo Psicomotor.
EPÍGRAFE “Corpo, corpo meu. Te descubro, me descobresTe procuro me percorres. Corpo, corpo meu. Nesta procura incessante Esbarro por um estante no inteiro que pudemos Ser e agora te conhecendo. Ah! Corpo meu não te posso perder.”
Mônica Nicola.
SUMÁRIO:
Introdução .......................................................................................................................07
Resumo ..........................................................................................................................10
Capítulo I: O Processo de Envelhecimento ...................................................................11
Capítulo II: O Que é Deficiência Mental .......................................................................17
Capítulo III: Compreendendo a Psicomotricidade ........................................................23
Capítulo IV: Uma Proposta Psicomotora com Portadores de Necessidades
Especiais de Terceira Idade .......................................................................28
Capítulo V: As Áreas Psicomotoras no Ateliê de Teatro ...............................................30
Conclusão .......................................................................................................................36
Referências Bibliográficas ..............................................................................................37
Anexos ............................................................................................................................38
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho procura, dentro de uma perspectiva de pesquisa (teórica e
prática, reflexão e sensibilização, responder a uma necessidade urgente do portador de
Deficiência Mental da terceira idade através da prática psicomotora aplicada ao teatro.
Muito se tem discutido, recentemente, a cerca dos fatores do envelhecimento e
consequentemente sobre a qualidade de vida do idoso. Em termos Antropológicos ser
“velho” ou ser “Deficiente Mental” representou em vários períodos históricos e
representa ainda hoje, uma condição de subalternidade de direitos e de funções sociais,
refletindo toda imaturidade humana e cultural de uma sociedade.
A observação crítica de fatos históricos revela o porquê de introduzir a referente
pesquisa com o portador de Deficiência Mental de terceira idade uma vez que vem
sendo excluído das preocupações de estudo e de investigação devido à estigmas
culturais que se tem de ultrapassar.
Na sociedade atual temos cada vez mais que aprofundar valores e atitudes
compatíveis com os direitos humanos e promover reflexões entusiásticas sobre o
transcendente potencial humano das pessoas deficientes, até porque, em sentido lato,
todos os seres humanos são portadores de limitações e dificuldades, não esquecendo que
poderiam ter nascido deficientes, poderiam ainda ser deficiente ou tornar – se
deficientes.
Todos os seres vivos envelhecem, cada espécie dentro de sua programação
genética para tal, em momentos diferentes, com ritmo de mudanças diferente, variando
de pessoa para pessoa por uma sobrevivência média definida. Este envelhecimento se
faz por causas endógenas (biológicas) e exógenas (meio ambiente).
Esse mesmo processo se faz na pessoa portadora de deficiência mental, porém
com ritmo, momentos e estruturas diferentes, pois a nível estrutural sabe – se que o
deficiente apresenta um atraso global em seu desenvolvimento correspondente à quatro
anos de atraso cognitivo e/ou afetivo, e/ou motor, e/ou social em relação à sua idade
cronológica levando em consideração as Escalas do Desenvolvimento da classificação
americana, e que, são vários os fatores que causam a Deficiência Mental: pré – natais,
perinatais e pós – natais.
A identificação precoce de problemas do desenvolvimento deve constituir a
preocupação, pesquisa e intervenção terapêutica no portador deficiência, prevenindo e
propiciando maior harmonização deste. Visando a adaptação e integração social e pleno
exercício de cidadania através do trabalho multi e interdisciplinar estimulando os
aspectos cognitivo, afetivo, motor e social. Esta é a proposta deste novo trabalho com o
portador de deficiência mental de terceira idade. Estimular e prevenir aspectos do
envelhecimento através da Psicomotricidade aplicada ao teatro, integrando os aspectos
do desenvolvimento (cognitivo, afetivo, motor e social) de forma prática e prazeirosa,
resgatando a qualidade de vida deste indivíduo.
A Psicomotricidade é uma prática corporal que tem no homem e no movimento
os seus objetos de estudo. Fundamentada no movimento (que em nossos conhecimentos
atuais ultrapassa o ato mecânico e o próprio indivíduo, pois é a base das posturas e
posicionamentos diante da vida), no intelecto (pois seu desenvolvimento depende do
movimento para se estabelecer e se operar) e no afeto (onde envolve todas as relações
do sujeito com os outros, com o meio e consigo mesmo).
Partindo desta fundamentação pode–se observar que os aspectos do
desenvolvimento estão intrinsecamente ligados com a Psicomotricidade e, como tal,
será desencadeadora do processo de aprendizagem do sujeito permitindo estimular,
tanto as questões endógenas quanto as exógenas do envelhecimento.
Por todos esses aspectos esta proposta visa atingir precocemente ao portador de
deficiência mental de terceira idade cujo ritmo mais lento e rígido tende a ser acometido
mais rapidamente pelo processo do envelhecimento, através de um trabalho corporal
que possibilitará maior conhecimento e domínio corporal através das áreas psicomotoras
facilitando melhor pensar e agir, aumentando a eficácia da conduta e consequentemente
maior adaptação social e qualidade de vida.
Esta prática será aplicada ao ateliê de teatro da Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais do Rio de Janeiro (APAE – RIO) com grupo de vinte deficientes mentais
idosos entre quarenta e sessenta anos de idade em grupo com duração de duas horas,
uma vez por semana. Os atendimentos serão de duas horas semanais em grupo, com
proposta multi e interdisciplinar das áreas: Fonoaudiologia, Psicopedagogia e
Educacional.
RESUMO
Todos os seres humanos envelhecem, cada espécie dentro de sua programação
genética, em momentos diferentes, com ritmo de mudanças variando de pessoa para
pessoa por uma sobrevivência média definida.
Este mesmo processo se faz no portador de necessidades especiais (Deficiente
Mental), que apresenta ritmo mais lento e rígido.
Sabe – se que o Deficiente Mental apresenta um atraso global em seu
desenvolvimento, estando em desarmonia os aspectos cognitivo, afetivo, motor e social.
O portador de necessidades especiais necessita do trabalho multi e
interdisciplinar que possibilitam maior integração e harmonização dos aspectos do
desenvolvimento.
A Psicomotricidade vem contribuir na integração desses aspectos, minimizando
as conseqüências do envelhecimento.
A proposta psicomotora no teatro permeia pelos jogos dramáticos, servindo de
palco das manifestações mais profundas do portador de necessidades especiais.
CAPÍTULO I: O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Por que envelhecemos?
Um número de teorias procura fornecer a resposta à questão do envelhecimento.
Muitos teóricos anteriormente sugeriram que o corpo humano simplesmente se desgasta
através do problema de vida diária. Eles compararam o corpo humano a uma máquina
que falha e desgasta suas partes com o uso contínuo. O desempenho da máquina se
deteriora e ela eventualmente pára de funcionar. Esta analogia não é representativa do
processo total do envelhecimento. Ao contrário, numerosas pesquisas tem mostrado que
o uso do corpo humano, através do exercício e da atividade física pode desacelerar e até
reverter os aspectos da deteriorização relacionados à idade.
Todos os seres vivos envelhecem, até os vinte e cinco anos estamos ainda no
processo de desenvolvimento. Após os vinte e cinco anos iniciam algumas alterações
que vão ganhar velocidade aos quarenta anos, quando entramos no processo de
envelhecimento.
O envelhecimento inicia em diferentes partes do corpo em momentos diferentes
e com ritmo de mudanças diferentes entre células, tecidos e órgãos. Variando de pessoa
para pessoa.
A idade cronológica não está diretamente ligada à idade biológica, mas cada
espécie caracteriza – se por uma sobrevivência média definida, fazendo supor à
existência de uma programação genética do envelhecimento biológico e desta forma
uma relação do processo com a evolução da espécie.
Na verdade o envelhecimento biológico é muito mais complexo e não
simplesmente devido ao comprometimento funcional das células de um ou outro
sistema. Provavelmente, os mecanismos sejam múltiplos e mutuamente influenciáveis,
portanto pode – se considerar o envelhecimento um processo de causas endógenas e
exógenas.
• CAUSAS ENDÓGENAS: mecanismo que limita no tempo a
capacidade, funcionamento e reprodução das células. As células não perenes recebem
nutrientes necessários para sua reprodução (da pele, do aparelho digestivo, glóbulos
vermelhos e brancos, fígado, rins etc.). As células perenes não conseguem se reproduzir
em número mas quando estimuladas respondem.
Só as células perenes podem condicionar o processo de envelhecimento porque
como não se multiplicam estão sujeitas ao envelhecimento regular. Logo necessitam de
maior atenção quando se trata de envelhecimento (células nervosas, neurônios, células
musculares, inclusive músculo cardíaco). A célula nervosa vai repercutir por todo o
organismo e consequentemente todos os sistemas e aparelhos vão estar alterados
(Sistema Nervoso, Órgãos do sentido, Endócrino e Imunológico).
SISTEMA NERVOSO:
- Diminuição dos neurônios e da quantidade de neurotransmissores,
mas os neurônios sobreviventes preservam a capacidade de ligação com os outros
neurônios, caracterizando a plasticidade cerebral, mas ficam suscetíveis as doenças
degenerativas como Parkison.
- Formação de placas senis (que são formações esféricas compostas de
substâncias remanescentes de neurônios degenerados, se localizam fora do neurônio e
podem interferir com a transmissão neurônica normal pela ruptura da função sináptica).
Alguns especialistas sugerem que as placas senis podem desempenhar um papel
importante na perda da memória, elas são encontradas em grande quantidade nos
cérebros de indivíduos portadores da Doença de Alzheimer.
- Maior pré – disposição a hipóxia ( diminuição da oxigenação
cerebral).
ÓRGÃOS DO SENTIDO:
- Menor eficiência com a idade:
Visão ➨ mais alterada devido à menor capacidade de reagir à luz pela
pupila, menor poder de acomodação do cristalino e presbiopia (dificuldade de enxergar
de perto).
Audição ➨ diminuição da acuidade auditiva principalmente pela freqüência
mais alta (presbiacusia).
Gustação ➨ diminuição do número e da sensibilidade das papilas gustativas
com aumento do limiar para o paladar.
Olfato e tato ➨ também ocorre diminuição de sensibilidade.
SISTEMA ENDÓCRINO:
O sistema nervoso recebe informação do meio ambiente através das vias
sensitivas (órgãos do sentido) e responde estimulado ou inibindo comandos nervosos
(hipotálamo e hipófise (glândula mãe)).
O processo do envelhecimento influencia a produção, secreção, transporte,
metabolismo e ação hormonal no nível das células alvo (as que respondem as
mensagens trazidas pelos hormônios). Com o envelhecimento, a secreção dos
hormônios diminui (estrogênio, testosterona, insulina, hormônio da tireóide,
melatonina). Não se trata de insuficiência das glândulas, mas da adaptação da função
glandular ao metabolismo periférico.
SISTEMA IMUNOLÓGICO:
O sistema imunológico que consiste de nódulos linfáticos, baço, timo, tecido
linfóide e as amígdalas e intestino tem função de nos proteger dos vários organismos
que entram no corpo com a idade.
Este sistema gradualmente diminui de eficiência e isto aumenta a
vulnerabilidade dos adultos mais velhos e prolonga seus períodos de recuperação.
É também responsável pela homeostasia (estado pelo qual vários sistemas do
corpo: sensorial, digestivo e cardiovascular, funcionam em harmonia para manter o
corpo em condição normal e saudável).
APARELHO CARDIO VASCULAR:
A proporção que o corpo envelhece, o coração e as veias sangüíneas tendem a
sofrer alterações que afetam suas funções. As paredes arteriais tornam – se menos
elásticas e mais rígidas, representando uma condição conhecida como arteriosclerose.
Uma segunda condição à arteriosclerose, também é observada. Ela representa
uma doença cardiovascular e não é parte do processo normal do envelhecimento, ocorre
quando depósitos de gordura se reunem dentro das artérias, afetando o desempenho do
sistema cardiovascular.
O coração deve ser treinado para bater com mais força ao invés de mais vezes.
APARELHO RESPIRATÓRIO:
- Modificações na respiração refletem mudanças internas e externas.
- Maior rigidez na mobilidade das costelas.
- Músculo respiratório atrofiado.
- Relativa conservação do trofismo do diafragma.
- Aumento do volume dos pulmões com menor elasticidade e
hiperdistinção dos alvéolos provocados pelo comportamento inspiratório.
- Expiração onde observa – se maior alteração com diminuição da
capacidade de tossir e expectoração. Diminuição da potência da voz e aumento do
volume residual.
- Atrofia da mucosa dos brônquios com diminuição da atividade ciliar e
da defesa dos pulmões.
APARELHO HEMOPOÉTICO:
- Diminuição da medula óssea que é responsável pela produção das
células do sangue e com isso o número de glóbulos vermelhos diminui e eles tendem a
sobreviver maior tempo. O número de plaquetas e glóbulos brancos permanece
constante.
APARELHO DIGESTIVO:
- Menor eficiência da digestão.
- Diminuição dos dentes, da motilidade do esôfago, estômago,
intestino delgado e grosso.
- Diminuição das secreções gástricas
- Menor absorção intestinal
APARELHO GENITURINÁRIO:
- Diminuição da função renal, consequentemente maior demora na
eliminação das substâncias tóxicas.
- Menor capacidade de controle de água no organismo.
- Atrofia da bexiga.
- Hipertrofia prostática (nos homens).
- Diminuição na concentração dos hormônios sexuais.
APARELHO MUSCULOESQUELÉTICO:
- Degeneração nas articulações (Osteoartrites).
- Endurecimento e ressecamento dos ligamentos e tendões.
- Diminuição da massa óssea (principalmente nas mulheres) e da
densidade mineral óssea (Osteoporose).
- Diminuição da realização rápida dos movimentos.
- Diminuição da força muscular (essencial para habilidade das funções
motoras).
• CAUSAS EXÓGENAS: meio ambiente, alimentação, trabalho, lazer,
saúde, educação. Todos os fatores externos que contribuem ou minimizam os efeitos do
envelhecimento.
Por isso, é preciso garantir um ritmo de trabalho e qualidade de vida capaz de
garantir a manutenção regular das causas exógenas e endógenas do envelhecimento.
CAPÍTULO II: O QUE É DEFICIÊNCIA MENTAL
Um conceito que vem sendo adotado por muitos países, inclusive o Brasil, é
definido pela Associação Americana para a Deficiência Mental (AAMD), da seguinte
maneira:
“O retardo mental é o funcionamento mental significativamente abaixo da média que se manifesta durante o período de desenvolvimento e se caracteriza pela inadequação da conduta adaptativa.”
(in Pereira, 1977, pág.23)
“A criança deficiente mental é a criança que se desvia da média ou da criança
normal em:
1. Características mentais
2. Aptidões sensoriais
3. Características neuromusculares e corporais
4. Comportamento emocional
5. Aptidões de comunicação
6. Múltiplas deficiências
Até o ponto de justificar e requerer a modificação das práticas
educacionais ou a criação de serviços de educação especial no sentido de desenvolver
ao máximo as suas capacidades.”
Definição aprovada pela Council of Excepcional Children (CEC). (in Fonseca –
1995, pág.25)
FATORES QUE CAUSAM A DEFICIÊNCIA MENTAL
Fatores pré – natais:
• Alterações cromossômicas
• Erros inatos do metabolismo (como fenilcetonúria, galactosemia,
embriopatias)
• Mães diabéticas ou com doenças crônicas
• Toxemia gravídica
• Incompatibilidade de RH
• Mal nutrição
• Exposição à drogas, produtos químicos ou radiação
• Rubéola, sífilis, toxoplasmose, herpes etc.
Fatores perinatais:
• Prematuridade
• Placentopatias
• Traumatismo de parto
• Hemorragias
• Rotura precoce das membranas
• Presença de mecônio
• Anestesia
• Nascimentos múltiplos
• Parto à fóceps
• Cesariana
Fatores neonatais:
• Anoxia
• Doença da membrana hialina
• Infecções
• Doenças metabólicas
• Convulsões
Fatores pós – natais:
• Fatores que dependem do meio, estimulação e da aprendizagem.
É importante esclarecer que a divisão de fatores que estabelecidos acima é
meramente artificial, dado que muitas condições se manifestam através de mais de um
período do desenvolvimento, quer seja intra – uterino, que seja o extra uterino.
Todos estes aspectos exigem medidas de controle e prevenção que são do foro
médico, sendo de fato bastante mais complexo do que sumariamente aqui é indicado.
A identificação precoce de problemas de desenvolvimento deve constituir uma
preocupação dos investigadores. Estudos pluridisciplinares e epidemiológicos de
crianças em risco, devem ser encorajados em nível nacional, a fim de prever as medidas
de desenvolvimento demográfico a aplicar num país ainda muito pouco estudado, quer
social, quer culturalmente, e que, obviamente, estão na base da prevenção das condições
de deficiência.
Tomando como base a definição da classificação americana, será explicado pela
ótica de Jean Piaget (biólogo) a construção da inteligência na pessoa portadora de
deficiência mental.
Nos Estados Unidos, a ótica mais explorada foi a das escalas do
desenvolvimento relacionando idade mental com idade cronológica.
De acordo com a concepção piagetiana as escalas de desenvolvimento intelectual
ocorrem no sentido do sujeito adquirir uma certa versão do mundo que o cerca,
permitindo – lhe um estado de adaptação e equilíbrio em relação às situações as quais
está exposto. Nesta construção da inteligência, os níveis posteriores são uma
continuidade do desenvolvimento dos níveis anteriores.
A primeira forma que assume a inteligência infantil e anterior à linguagem,
baseia – se nas percepções e nas atividades motoras. É uma inteligência prática, pois
exige uma ação efetiva para se realizar.
A criança pequena realiza atos inteligentes, tais como: classifica, compara,
ordena no espaço e no tempo, enfim, compreende a realidade, mas estes atos são
limitados à própria ação, não constituindo ainda uma forma de pensamento. Estas
primeiras condutas do bebê são chamadas de esquemas sensório – motores, nas quais a
percepção é influenciada pelo movimento e vice – versa, visando assimilação do real ao
seu organismo é uma inteligência prática, sem pensamento, sem representação, sem
linguagem.
A inteligência conceitual é um patamar superior à inteligência prática porque
pode “pensar”, isto é, atuar mentalmente. A inteligência simbólica ou conceitual é
diferente da inteligência sensório – motora porque nela há uma diferenciação entre ação
prática e a representação mental. Enquanto a inteligência sensório – motora ou prática
só opera sobre os objetos que lhe estão próximos, a inteligência conceitual ou simbólica
pode atuar mentalmente sobre os objetos distantes no espaço e no tempo, através de
suas representações.
Entre esta forma inicial de inteligência (pré – verbal) que a criança tem nos
primeiros dois anos de desenvolvimento e o pensamento operatório, que é a forma final
de equilíbrio pois conduz ao raciocínio lógico, há um longo caminho de construções de
uma série de estruturas intermediárias.
Distinguem – se quatro períodos principais em seqüência ao período da
inteligência sensório – motora:
1. PENSAMENTO SIMBÓLICO OU PRÉ – CONCEITUAL:
Constitui – se à partir do aparecimento da função simbólica, a qual torna –
se possível o desenvolvimento da linguagem, da imagem mental, do desenho, do jogo
simbólico, da imitação (entre dois e quatro anos).
2. PENSAMENTO INTUITIVO:
Desenvolve – se em continuidade íntima com o pensamento simbólico e se
caracteriza para articular, progressivamente, as imagens mentais, que conduzirão ao
período operatório (entre cinco e seis anos).
3. OPERATÓRIO CONCRETO:
Pensamento opera sobre os objetos manipuláveis (entre sete e oito anos).
4. PENSAMENTO FORMAL:
Pensamento opera de forma elaborada sobre hipóteses (a partir de onze
anos).
As pessoas portadoras de Deficiência Mental desenvolvem a sua inteligência de
modo semelhante, com algumas peculiaridades. Uma delas é referente ao seu
dinamismo, ou seja, o processo de desenvolvimento é mais lentificado. Outra ressalva
diz respeito às condições de estruturação lógico – matemática, que no dizer de Piaget,
alcançariam a possibilidade de uma construção operatória embora inacabada.
Quanto ao desenvolvimento cognitivo da pessoa portadora de deficiência
mental, observa – se um prejuízo desde o início de sua evolução. Isto porque as trocas
com o meio são prejudicadas, em conseqüência desta interação deficitária. É freqüente a
falta de organização de comportamentos adaptativos de natureza sensório – motora, pela
dificuldade de coordenar esquemas de ação. As relações espaço – temporal causais são
mal elaboradas levando a uma estagnação e construção da realidade de forma deficiente,
o que por sua vez conduzirá a uma representação caótica desta realidade e
consequentemente a uma estruturação lógica da experiência que não conduz ao
conhecimento.
Apesar desse atraso cognitivo, o Deficiente Mental apresenta um quadro de
adaptação ao meio que lhe confere desejos, aspirações, diretos e deveres de um cidadão
dito “normal” e como tal necessita ser inserido no contexto social, no mercado de
trabalho, ou seja, o pleno exercício de cidadania.
O deficiente mental idoso apresentará um ritmo mais acelerado nas questões do
envelhecimento tendo em vista a desarmonia global de seu desenvolvimento. Alguns
autores acreditam que neurologicamente, os idosos deficientes, demenciam mais
rapidamente devido a viscosidade (falta de mobilidade do pensamento e instabilidade
do pensamento) e que a deficiência pode vir em comorbidade à outras síndromes como
mal de Alzheimer etc.
Somente através de um trabalho voltado para melhoria na qualidade de vida,
exercício da cidadania, compreensão e amor podemos minimizar as dificuldades
encontradas na terceira idade.
CAPÍTULO III: COMPREENDENDO A PSICOMOTRICIDADE
Breve histórico:
Aristóteles em sua investigação sobre a função da ginástica para melhor
desenvolvimento do espírito, intuitivamente preconizava a função da Psicomotricidade.
Para o filósofo a ginástica servia para dar “graça, vigor e educar o corpo”. Seria o
movimento não só pelo movimento mas algo que pudesse conciliar movimento de
acordo com o temperamento de cada um.
Desde então, muitos pesquisadores vem registrando o significado e a
importância da Psicomotricidade.
Na verdade a Psicomotricidade nasceu na França por volta de 1920.
Inicialmente, surgiu da necessidade de trabalhar os aspectos da coordenação visomotora
e espacialidade tão necessários para as escolas. Mas após algumas práticas os
professores perceberam que a questão iria muito além de alguns exercícios
condicionadores e ampliaram suas visões para a prática corporal.
No entanto, esta prática era autoritária e condicionadora. Era a prática do
movimento pelo movimento, onde as crianças tinham, por exemplo, que subir, descer,
pular, correr e cantar musiquinhas sobre o esquema corporal. Esta prática reducionista
tem como base apenas o desenvolvimento neurológico e relaciona estreitamente
motricidade, inteligência e afetividade. Objetivavam o corpo instrumental para alcançar
melhores resultados cognitivo e afetivo.
No Brasil, desde a década de sessenta, o trabalho psicomotor adotou essa visão
instrumentalista do corpo que começou nos consultórios, clínicas e posteriormente as
escolar regulares.
Mas nesta mesma época, na França surgiu uma nova visão da Psicomotricidade:
“Abaixo a técnica! Viva a relação”.
É a valorização da relação, consigo, com o meio, com o outro, a exploração
motora espontânea que expressa desejos, fantasias. A criança através de seus desejos,
pulsões e manifestações espontâneas é quem cria suas formas de relacionamento com o
meio de acordo com suas possibilidades de ação e descoberta pessoal. Assim se adapta e
se transforma numa relação psicomotora inteira.
Nesta visão, Bernard Aucouturier (psicomotricista francês) define a
Psicomotricidade (1984 – pág. 32):
“A psicomotricidade vem, enquanto uma prática corporal, possibilitar a expressividade psicomotora da criança, respeitando sua sensomotricidade, sua sensorialidade, sua emocionalidade, sua sexualidade, tudo ao mesmo tempo respeitando sua unidade de funcionamento da atividade motora, da afetividade e dos processos cognitivos, respeitando seu tempo, sua maneira totalmente original de ser no mundo, de viver, de descobri–los, de conhece–los, tudo simultaneamente.”
Outras definições:
“O homem é uma realidade corporal, ele é seu corpo, é uma subjetividade encarnada. É na ação que a espacialidade do corpo se completa e a análise do movimento próprio deve permitir- nos compreende-la melhor.” (Merleam – Ponty (1993 – pág.17) )
“Movimento (ação), pensamento e linguagem são uma unidade inseparável. O movimento é o pensamento em ato e o pensamento é o movimento sem ato: a ação motriz regulará sempre o aparecimento e o desenvolvimento das formações mentais.” (Wallon – in Fonseca (1995 – pág.22))
“O educador em sua relação psicomotora com a criança ajudará na sua expressão pessoal nas suas pesquisas e na busca do conhecimento permitindo-lhe exprimir suas vivências afetivas é, sobretudo, manifestar seu desejo.” (Lapierre (1984 – pág.36))
E é na fundamentação teórica oferecida por Lapierre e Aucouturrier que está
fundamentada esta proposta de intervenção psicomotora na terceira idade.
Segundo os autores acima citados, a Educação Psicomotora dará espaço ao
mundo psicomotor da criança. Através de atividades corporais lúdicas, espontâneas e
livres, facilitando ou objetivando a comunicação, criação e operação.
Para Lapierre, a escola é um dos elementos mais importantes do ambiente
social. Não consiste apenas em adquirir conhecimentos, deve preocupar – se com a
formação da personalidade, nos seus aspectos mais profundo.
Nas escolas especiais, a Psicomotricidade desempenha um papel importante não
só na aprendizagem formal, afetiva, motora e social, mas como exercício de cidadania,
na valorização do potencial do sujeito e no resgate de manutenção e qualidade de vida.
Permeando assim, por todos os ciclos de uma escola especial.
A Educação Psicomotora deve ser desenvolvida em suas seguintes áreas:
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Que permitirá ao ser humano expressar – se verbalmente e gestualmente
efetivando suas trocas e atuação no mundo.
PERCEPÇÃO
Ligada a atenção, consciência e memória e nos permite discriminar, reconhecer
diferenças e semelhanças entre estímulos e percepções.
COORDENAÇÃO
Está ligada ao desenvolvimento físico, união harmoniosa de movimentos, a
coordenação supõe integridade e maturidade do sistema nervoso.
Coordenação dinâmica global que envolve movimentos amplos com todo o
corpo.
Coordenação viso – manual ou fina que envolve movimentos de pequenos
músculos.
Coordenação visual que envolve movimentos específicos com os olhos nas mais
variadas direções.
ORIENTAÇÃO
A orientação ou estruturação espaço – temporal é muito importante no processo
de adaptação do indivíduo ao ambiente. Corresponde à organização intelectual do meio
e está ligada à consciência, memória e as experiências vivenciadas pelo indivíduo.
CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE
A criança percebe seu corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um
espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens recebe sons, sente cheiros e
sabores do calor e movimento.
O esquema corporal revela – se gradativamente à criança, é inconsciente e se
modifica com o tempo.
O conhecimento corporal abrange a imagem corporal (ou seja, a representação
visual do corpo) e o conceito corporal (que é o conhecimento intelectual sobre partes e
funções).
A lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo e da
atividade desigual de cada um desses lados.
Obedecendo a estruturação de três condutas a saber:
• Condutas motoras de base:
- equilíbrio
- coordenação dinâmica geral
- respiração consciente
- coordenação motora fina
• Condutas neuro – motoras:
- esquema corporal
- controle psicomotor
- lateralidade
• Condutas percepto – motoras:
- orientação corporal
- orientação espacial
- orientação temporal
CAPÍTULO IV: PROPOSTA PSICOMOTORA COM
PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS NA TERCEIRA
IDADE
Essa proposta visa possibilitar maior conhecimento e dominação corporal,
agilizando pensar e agir corporal, aumentando a eficácia, a estática e equilíbrio da
conduta.
É um espaço de convivência e trocas onde as atividades surgem à partir da
necessidade, desejo e possibilidade do grupo.
A dinâmica de funcionamento está baseada em três momentos pré –
estabelecidos:
1º MOMENTO: Dinâmica de chegada, discussão sobre temas a srem trabalhos
durante a sessão, escolha de atividades, dinâmicas, construção de personagens e de
peças de teatro (jogo dramático).
2º MOMENTO: Dinâmicas trazidas ou escolhidas pelo grupo, criação de
personagens, o jogo dramático ou atividades livres trazidas pelo grupo à partir de algo
que estejam vivenciando.
3º MOMENTO: Dinâmica de relaxamento e fechamento do trabalho com
debates ou discussões.
O corpo é um dos conceitos básicos dessa abordagem. Objetivamos as quatro
dimensões interligadas: corpo funcional, corpo instrumental, corpo relacional e corpo
social.
Acredita – se e busca – se a integridade corporal como base na prevenção,
estimulação e manutenção de fatores que permeiam o envelhecimento.
O idoso deficiente carrega estigmas muito pesados que se convertem em grande
diminuição da auto – estima, distorcendo ou aprisionando sua imagem corporal e
consequentemente sua relação com o mundo.
Pensa – se ser a Psicomotricidade, libertadora não só do corpo como da alma.
Meio pelo qual possa possibilitar ao idoso deficiente, um porto seguro sem fronteiras,
um palco para suas manifestações mais profundas. Um espaço de respeito e confiança
onde o grupo possa encontrar sua identidade e lugar na sociedade. É uma proposta
acima de tudo de respeito, amor , busca e exercício de cidadania.
As atividades motoras, apesar de livres, espontâneas, permeiam pelas áreas
psicomotoras. O papel do profissional é trabalhar com o que o deficiente sabe fazer,
valorizar seu melhor, observar e analisar comportamentos, ser criativo para propor – los
novas direções ou resignificações. Não se acredita na ausência total de diretividade, mas
sim na condição de que a diretividade não tenha outra meta a não ser “conduzir em
direção à autonomia”.
CAPÍTULO V: ÁREAS PSICOMOTORAS NO ATELIÊ DE
TEATRO
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
O espaço de comunicação e expressão é muito favorecido no trabalho
psicomotor dentro do ateliê de teatro. O corpo, a voz, o olhar, os objetos, as
dramatizações são instrumentos essenciais para a construção deste espaço. São
facilitadores das trocas intra e interpessoais.
Conduzem manifestações profundas do ser: desejo, prazer X desprazer, angústia,
agressividade etc. viabilizando a troca com o meio real imaginário.
O espaço cênico torna – se algo vivo, palco para a manifestação das emoções
humanas importante para a saúde psíquica e social do deficiente idoso.
Não só um lazer abstrato e inconsequente, mas como uma coisa mais importante:
projetar criaturas mais conscientes, mais criativos, sem inibições para a atividade social.
A criatividade é priorizada e a consequência do estímulo criativo no participante
será o desenvolvimento de sua sensibilidade e a formação conjunta de todas as suas
capacidades.
As atividades consistem no jogo dramático. O jogo dramático é elaborado pelos
participantes, para que estejam integrados em todas as circunstâncias com suas próprias
estórias. Devem utilizar sempre seu poder de escolha e seleção, assim estarão
assumindo seus próprios problemas, movimentando seus padrões formais e intelectuais.
Aos orientadores cabem apenas um papel: conduzir os participantes à
objetivação de seus sonhos e criações, colocando todas as propostas dentro de um
padrão crescente de realidade.
O desenvolvimento do tema sempre possui duas fases bastante distintas:
A) Situações geradoras e localizadoras – local onde se desenrola o tema, início
do relacionamento dos personagens, características gerais. Nesta fase, o tema da história
possui padrões que devem ser obedecidos pelo grupo de participantes, numa consciência
comum de ação.
B) Situação final – objetivo comum das situações propostas na primeira fase. Aí
estarão diante de uma situação que não se resolveu ainda, mas que terá sua solução
apresentada no decorrer do exercício. Quanto melhor for realizada, em termos práticos,
a primeira fase, melhores soluções serão encontradas na segunda.
É necessário esclarecer portanto que esta divisão didática do exercício só assim
foi feita para melhor compreensão do jogo dramático.
Material utilizado:
- livros
- textos
- poesias
- músicas
- objetos para cenário
- corpo
- voz
- olhar
- gestos
- mímicas etc.
PERCEPÇÃO
Num indivíduo extremamente criador, todos os seus “canais de recepção” devem
estar funcionando. Quanto mais global e mais participante for a relação do indivíduo
criador com o mundo que o cerca, quanto mais consciente estiver de suas próprias
capacidades, melhor será sua integração individual e coletiva.
O objetivo é permitir uma relação o mais global do complexo corpo/mente com
o mundo que o cerca. Um corpo dinâmico não realiza nada de excepcional (exceto nos
esportes), uma mente criativa tende a desgastar – se pela impossibilidade de conseguir
novos ângulos de informações, e pela incapacidade de transmitir por completo seu
produto criativo. Sentidos desenvolvidos num complexo corpo/mente estagnado por si
só de nada adiantariam, já que as informações e as possibilidades de expressão seriam
completamente deixados de lado. Mas, quando um indivíduo aprimora suas capacidade
como um todo, está preparado para enfrentar quaisquer solicitações e resolvê – las a
contento.
As atividades permeiam pelo jogo dramático na utilização e experimentação de
materiais de diversas texturas, cores, tamanhos e cheiros diferentes, assim como nos
exercícios de mímicas, localização e discriminação de fontes sonoras, visuais, táteis e
olfativas.
Materiais utilizados:
- instrumentos musicais
- objetos de diferentes texturas ( véu, bola, plástico, argila, papel, lixas,
silicones etc.)
- perfumes, shampoo, óleo, bolinha de sabão etc.
- água
COORDENAÇÃO, ORIENTAÇÃO E CONHECIMENTO
CORPORAL/LATERALIDADE
A coordenação, orientação e conhecimento corporal/lateralidade estão
estreitamente ligadas aos exercícios que chamamos de redescoberta corporal. Deixando
claro que se estão separados, assim se faz pela necessidade didática.
As áreas psicomotoras estão intrinsecamente relacionadas e permeiam todos os
exercícios.
A redescoberta do corpo é proporcionada aos participantes através dos jogos
dramáticos, exercícios de relaxamento, respiração, toque, exercício do espelho,
exercícios plásticos etc., e tem o objetivo do descondicionamento, reencontro ou
releitura do corpo.
O deficiente idoso faz novas significações corporais, com a possibilidade de
novos esquemas de ação e orientação corporal. Minimizando os efeitos do
aprisionamento e da diminuição da locomoção motora.
O trabalho prioriza o exercício da respiração, percepção corporal, eixo corporal,
relaxação generalizada e segmentar, coordenação dinâmica global, viso – manual,
equilíbrio estático e dinâmico, ritmo, orientação espacial e temporal.
A respiração é um dos principais “auxiliares” da concentração, permite em
reflexo mais ágil, vigor e domínio ativo do corpo. Os exercícios visam a instalação da
respiração costal diafragmática.
O relaxamento é o primeiro contato consciente do indivíduo com seu próprio
corpo, criando bases para maior aceitação de si mesmo. É a primeira tentativa de
comunicação entre mente e o corpo, a mente conversa com o corpo, e este “responde”
demonstrando que seus estímulos foram compreendidos e estão sendo racionalmente
postos em prática. Possibilita maior percepção corporal e estruturação do eixo corporal.
A libertação motora, ou seja, a redescoberta das possibilidades de expressão
deste corpo deve ser compreendida como o uso completa de todo o físico, mesmo que
apenas um músculo se movimente.
De uma forma geral, o participante está acostumado a canalizar toda sua
expressão para o rosto, olho e mão (partes com as quais está mais “familiarizado”). Os
exercícios de liberação motora visam desligar o participante desta premessa, e
desenvolver a expressão corporal como um todo. O grupo começa a investigar
individualmente as possibilidades que a consciência dada pelo relaxamento trouxe à
tona exercitando assim a coordenação, o equilíbrio, e a orientação espaço – temporal.
Material utilizado:
- corpo
- toque
- materiais primitivos (água, argila, massa etc.)
- dinâmicas psicomotoras
- jogo dramático
- bola
- bambolês
- cordas
- malhas
- sucatas
- fantasias etc.
CONCLUSÃO
Entende – se que é um resgate na melhoria da qualidade de vida de indivíduos
que ao longo do tempo construíram grandes amarras corporais proporcionadas por
estigmas preconceituosos de uma sociedade mal informada.
Onde se prioriza uma educação tradicional enquadrada em modelos puramente
cognitivos, enfatizando apenas o desenvolvimento da intelectualidade em detrimento de
outros aspectos como o motor, o afetivo, o social, o criativo, tão fundamentais para a
integração do ser (oferecidos pela prática psicomotora). A educação psicomotora não
consiste somente em fazer adquirir conhecimentos e sim preocupar – se com a formação
da personalidade nos seus aspectos mais profundos, possibilitando ao Deficiente Mental
idoso um resgate do direito de exercer plenamente sua cidadania.
Por todos esses aspectos acredita – se que a Psicomotricidade represente um
grande palco das expressões pessoais na busca do conhecimento e das resignificações
corporais, minimizando assim os aspectos progressivos do envelhecimento.
BIBLIOGRAFIA 1. FERREIRA, Izabel Neves. Caminhos do Aprender: Uma Alternativa Educacional
para a Criança Portadora de Deficiência Mental. Brasília: Corde. 1993
2. FONSECA, Vítor da. Educação Especial. Artes Médicas. 1995 3. GALLAHUE, David L. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Phorte. 2001 4. LAPIERRE, André e Anne. O Adulto Diante da Criança. Monole LTDA. 1984 5. LAPIERRE & AUCOUTURIER. A Simbologia do Movimento. Artes Médicas. 1986
ANEXOS