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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS18 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

UMA DÉCADAEMBLEMÁTICA NACONSOLIDAÇÃODAexcelênciaexcelênciaexcelência

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19EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

período que se estende de 1968 a 1977 ficará lembrado, entretantos acontecimentos, pela eclosão do movimento hippie, os

protestos estudantis na França, o endurecimento da ditadura política brasilei-ra (com a promulgação do Ato Institucional no 5), os protestos contra a Guerrado Vietnã, a crise econômica provocada pela alta do petróleo, a invasão daantiga Tchecoslováquia pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),a chegada do homem à Lua, o milagre econômico brasileiro, o tricampeonatomundial de futebol e as grandes obras da engenharia nacional, como a Usinade Itaipu e a Ponte Rio-Niterói.

Foi também nessa época que FURNAS se consolidou como uma dasmaiores empresas de geração e transmissão de energia elétrica do país. Avocação para o crescimento demonstrada pela Companhia fez, até mesmo,com que alterasse o seu nome, em 1971, de Central Elétrica de Furnas S.A.para FURNAS Centrais Elétricas S.A.

Nos anos que se seguiram a Empresa ampliou consideravelmente o seuparque gerador, sobretudo na bacia do rio Grande, entre os estados deMinas Gerais e São Paulo, onde construiu as usinas Luiz Carlos Barreto deCarvalho, Porto Colômbia e Marimbondo. Entre Minas Gerais e Goiás, norio Paranaíba, ergueu a Usina de Itumbiara, até hoje a de maior capaci-dade instalada entre os seus 13 empreendimentos de geração, com 2.082MW. No estado do Rio de Janeiro, expandiu a Usina de Santa Cruz (RJ) eassumiu as usinas de Campos e São Gonçalo (RJ), ao mesmo tempo em queiniciava as obras das usinas nucleares Angra I e II.

Técnicos observam montagemde unidade geradora da Usina dePorto Colômbia, na casa de força;na página ao lado, a Usina deMarimbondo, em fase de construção

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LINHA DO TEMPO

Entre 1968 e 1974, o país alcançou

taxas anuais de crescimento em torno

de 11%. Era o chamado milagre econô-

mico, na busca de tornar o Brasil uma

potência emergente. No plano político,

assistíamos à suspensão das garantias

constitucionais pelo Ato Institucional

no 5 (AI-5), à repressão violenta a estu-

dantes e organizações de esquerda que

adotaram a luta armada como estratégia

de enfrentamento, e ao exílio de cente-

nas de políticos e intelectuais que faziam

oposição ao regime.

1968• O estudante Edson

Luís é assassinadopela polícia em frente aorestaurante Calabouço,no Rio de Janeiro.O episódio recrudesceuo movimento dasociedade civil contraa ditadura militar

• Autoridades fecham aUniversidade de Sorbone,em Paris, como represáliaaos protestos estudantis.As manifestações espalham-sepela França

• O médico Euryclides de JesusZerbini realiza o primeirotransplante de coração do Brasil

• A Passeata dosCem Mil toma asruas do Centro do Riode Janeiro, exigindoabrandamento darepressão, o fimda censura e aredemocratizaçãodo país

Dois fatores contribuíram de forma de-

cisiva para a configuração de um cenário

econômico de prosperidade: a oferta de

capitais no mercado internacional e a de-

terminação do governo federal de investir

maciçamente na industrialização do país e

na melhoria da infra-estrutura.

No setor elétrico, a atuação das empre-

sas estatais teve caráter determinante para

que o Brasil garantisse o suprimento de

energia para indústria, comércio e residên-

cias, fazendo frente a um aumento da

demanda de cerca de 10% ao ano entre

1970 e 1980. Isso foi possível graças à

entrada em operação de novas centrais

hidrelétricas e termelétricas, ao mesmo

tempo em que avançávamos em direção à

geração térmica nuclear.

FURNAS obteve, ao longo dos anos 70,

destaque na exploração de todas essas

matrizes energéticas. Projetou, construiu e

vem operando empreendimentos que lhe

propiciaram um conceito de excelência no

Setor Elétrico Brasileiro. A consolidação da

Empresa fez, inclusive, com que revisse o

seu nome, passando a se denominar, a

partir de 1971, FURNAS Centrais Elétricas

S.A. Nesse mesmo ano, a sede foi trans-

ferida do município de Passos (MG) para o

O presidente ErnestoGeisel, com os presidentesda Eletrobrás, AntônioCarlos Magalhães (dir.), ede FURNAS, Luiz Cláudio deAlmeida Magalhães (esq.),na inauguração da Usinade Marimbondo

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Rio de Janeiro, onde, em 1972, inaugurou

no bairro de Botafogo, na zona Sul, seu

Escritório Central. “Os anos 60 e 70 foram

a época da consolidação do conhecimento

técnico de FURNAS, da união de todos em

torno dos projetos da Empresa”, afirma

Jarbas Novaes, engenheiro detentor da

matrícula 65 e assistente da Diretoria de

Engenharia até 1983.

EmpreendimentosDepois de colocar em operação a Usina

de Furnas, entre 1963 e 1965, a Empresa

se lançou à exploração do potencial

energético do rio Grande, que atravessa os

estados de Minas Gerais e São Paulo.

A possibilidade de otimizar e controlar o

regime hidrográfico da bacia do rio Gran-

de pela gestão integrada dos reservatórios

que seriam criados – ou mesmo que já

existiam – a jusante da Usina de Furnas,

bem como o know-how adquirido durante

a construção desta central hidrelétrica,

credenciaram a Empresa a capitanear ou-

tros aproveitamentos ao longo do rio, cujos

estudos haviam sido efetuados pelo con-

sórcio canadense-americano Canambra

Engineering Consultants Ltd., no início

dos anos 60.

• O presidente Costae Silva decreta oAto Institucionalno 5 (AI-5),que fechou oCongresso Nacionale suprimiu asliberdades civis queainda restavam

• A baiana MarthaVasconcelos é eleita,nos Estados Unidos,Miss Universo

• Tropas soviéticas invadema Tchecoslováquia, pondofim à Primavera de Praga -movimento que propunhaa democratização do país

• Entram emoperação aUsina Termelétricade Santa Cruz(à esq.) e aSubestação deJacarepaguá(à dir.)

Construção da UsinaLuiz Carlos Barretode Carvalho

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LINHA DO TEMPO1969• Yasser Arafat

torna-se líder daOrganização paraa Libertação daPalestina (OLP).Menos de um mêsdepois, israelensese egípcios travamintensos combatesno Canal de Suez

inicial da usina era funcionar no primeiro

semestre de 1969, e ela entrou em opera-

ção em março daquele ano, dentro do

programado”, lembra.

Em Porto Colômbia (MG/SP), cuja capa-

cidade instalada é de 320 MW, as obras

civis se iniciaram no primeiro semestre de

1969. Uma curiosidade sobre a construção

desta usina diz respeito à localização de

seu reservatório. Como conta Andrade, o

lago ficaria a jusante da foz do rio Pardo,

que corta terras do estado de São Paulo

com plantações de cana-de-açúcar, e a pres-

são dos canavieiros paulistas contra a inun-

dação de suas propriedades fez com que o

governo federal determinasse a mudança do

lago para montante do rio Pardo.

Entre os meses de junho e novembro de

1973, entraram em operação três das qua-

tro unidades geradoras de Porto Colôm-

bia. Já a última máquina foi energizada em

31 de janeiro de 1974, com quase dois

meses de antecedência em relação ao

cronograma inicial do empreendimento.

Enquanto isso, as obras de Marim-

bondo (MG/SP), iniciadas em 1971, segui-

am em ritmo intenso. Como a construção

da ombreira da barragem tornaria inviável

a operação de uma pequena central elétri-

ca que existia no local, FURNAS comprou

da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL),

em fevereiro de 1973, a antiga Usina de

• Com transmissãoao vivo pelasTVs de todoo mundo, ohomem chegaà Lua

Panorâmica da UsinaLuiz Carlos Barretode Carvalho

O primeiro desses empreendimentos

foi Luiz Carlos Barreto de Carvalho (antes

denominado Estreito), entre os estados de

Minas Gerais e São Paulo, que iniciou a

geração em 1969 e foi inaugurado oficial-

mente no ano seguinte. O trabalho realiza-

do nesta usina assentou, de certa forma, as

bases do modus operandi para a constru-

ção de outras centrais hidrelétricas: Porto

Colômbia, Marimbondo e Itumbiara.

“Estreito foi a primeira grande usina

do Sudeste feita com planejamento rigo-

roso. Sua construção só se iniciou após um

cuidadoso planejamento de engenharia,

administração e obtenção de materiais”,

afirma o engenheiro Rubens Vianna de

Andrade, primeiro superintendente das

obras do rio Grande, cargo que ocupou até

1974. Ele ressalta ainda que o projeto de

Estre i to inovou ao estabelecer um

cronograma, seguido à risca. “O programa

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P• Lançada a primeiraedição do semanárioO Pasquim, quecapitalizou, duranteo período maisconturbado daditadura militar, acrítica à políticae à sociedadebrasileiras

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LINHA DO TEMPO

• Inauguradaa Usina deFunil, emResende (RJ)

• Inauguradaa Usina deFunil, emResende (RJ)

• Inauguradaa Usina deFunil, emResende (RJ)

23EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Marimbondo (apelidada de Marimbon-

dinho), com apenas 8 MW de potência.

Desativada a usina, as dependências de

Marimbondinho passaram a ser utilizadas

como centro de treinamento de emprega-

dos. Ainda no final de 1973, foi realizado

o desvio do rio Grande.

A primeira unidade geradora de

Marimbondo entrou em operação em ou-

tubro de 1975. A inauguração oficial, no

entanto, ocorreu em 28 de maio de 1976,

com a presença do presidente Ernesto

Geisel. A última turbina de Marimbondo

entrou em funcionamento no início de

1977, totalizando 1.440 MW de capacida-

• O embaixador americanoCharles Elbrick,seqüestrado porintegrantes do grupode esquerda MR-8, étrocado por 15 presospolíticos, que sãoenviados ao México

• FURNAS energiza 480 kmde linhas de transmissão

• Firmado o Acordo deOperação Interligada e criadoo Comitê Coordenador daOperação Interligada (CCOI),congregando empresas degeração e transmissão deenergia elétrica da regiãoSudeste

• Morre o ex-presidenteCosta e Silva

de, a maior da Empresa até então. Além

disso, Marimbondo se destacou por ser

pioneira, no Brasil, em transmissão de

energia elétrica em 500 kV. A Subestação

de Marimbondo se interliga com as

subestações de Araraquara (SP) e Poços

de Caldas (MG), onde se integra ao sis-

tema da região Sudeste.

Com a Usina de Mascarenhas de

Moraes (antiga Peixoto), FURNAS comple-

ta sua participação na exploração do po-

tencial hidrelétrico da bacia do rio Grande.

Esta unidade, de 476 MW, foi comprada da

CPFL em agosto de 1973, numa negocia-

ção intermediada pela Eletrobrás.

Vista da barragem edos condutos forçadosda Usina Marechal deMascarenhas de Moraes

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• O Festival deWoodstock, nos

Estados Unidos,reúnecentenas demilhares dejovens

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• Pelé marca seumilésimo gol,no Maracanã

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LINHA DO TEMPO

Além da justificativa técnica de que a

usina, localizada a jusante de Furnas e a

montante de Luiz Carlos Barreto de Carva-

lho, tinha a maior parte da sua capacidade

absorvida pela Empresa, a incorporação de

Marechal Mascarenhas de Moraes foi con-

seqüência da Lei 5.899, de 1973, que de-

signou às subsidiárias do Grupo Eletrobrás,

como empresas de âmbito regional, res-

ponsabilidade sobre os projetos de gera-

ção de energia elétrica em quatro grandes

regiões do país, cabendo a FURNAS a con-

cessão de projetos de geração e transmis-

são no Sudeste e parte do Centro-Oeste.

1970• Ampliado de 12

para 200 milhaso limite daságuas territoriaisbrasileiras

• Paul McCartneyanuncia o fimdos Beatles

• A Seleção Brasileirade Futebol derrotaa Itália e conquistadefinitivamente aTaça Jules Rimet,no México

• Uma comissão internacional dejuristas denuncia a existência detortura nas cadeias brasileiras

• Nas eleições parlamentares,a Arena faz 223 deputados e40 senadores, contra 87deputados e seis senadoresdo Movimento DemocráticoBrasileiro (MDB)

Nesta última região, foi iniciada, em

1974, a construção da Usina de Itumbiara,

no rio Paranaíba (entre os estados de Mi-

nas Gerais e Goiás). Com 2.100 MW, ela

tem a maior capacidade instalada do Siste-

ma FURNAS. Itumbiara estabeleceu alguns

marcos importantes na história dos em-

preendimentos da Empresa. No auge das

obras desta central elétrica, em dezembro

de 1975, foram utilizados 100.452 m3 de

concreto, superando a marca de 74.070 m3

alcançada cerca de dois anos antes, duran-

te os trabalhos de Marimbondo. Além dis-

so, o custo de construção da usina é con-

siderado um dos menores do mundo:

US$ 370 por kW.

Mas o fato que, talvez, tenha significa-

do a maior contribuição de Itumbiara à

engenharia brasileira é o elevado grau de

nacionalização de equipamentos – cerca

de 91% - alcançado pela usina. “A se-

qüência de obras de FURNAS foi muito

importante para fazer com que a indústria

brasileira adquirisse a tecnologia de fabri-

cação de equipamentos para usinas hidre-

létricas, e que as firmas brasileiras de enge-

nharia se habilitassem a projetar e a cons-

truir usinas”, afirma Rubens Vianna de

Andrade, lembrando que Itumbiara com-

pletou o ciclo de nacionalização iniciado

por Luiz Carlos Barreto de Carvalho.

Obras de construçãodo vertedouro daUsina de Itumbiara

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• Inauguraçãoda Usina LuizCarlos Barretode Carvalho(Estreito)

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TérmicasDeixando, entretanto, o eixo de expan-

são que compreende os rios Grande e

Paranaíba, FURNAS também se destacou,

na década de 1970, pela conclusão, ex-

pansão e operação de centrais elétricas

localizadas no Estado do Rio de Janeiro.

Estas usinas foram iniciadas ou mesmo

inteiramente construídas por outras com-

panhias, mas passaram à administração de

FURNAS por meio de operações de compra

ou delegação da Eletrobrás.

A Usina Hidrelétrica de Funil (216 MW),

localizada no rio Paraíba do Sul, que per-

tencia à Companhia Hidrelétrica do Vale

do Paraíba (Chevap) – absorvida pela

Eletrobrás em 1965 –, foi concluída por

FURNAS em 1967 e iniciou sua operação

dois anos depois.

1971• Morre a estilista francesa

Coco Chanel

• O Brasil e outros países sobregime militar se retiram daOrganização dos EstadosAmericanos (OEA) por nãoconseguirem aprovar umplano conjunto de açãocontra o terrorismo

• Eletricistas de FURNASiniciam a manutençãoem linhas energizadasde 345 kV

• 500 mil pessoasprotestam em Nova Yorkcontra a Guerra doVietnã

A potência total foi atingida em 1970.

Mesmo tendo assumido a usina com a

obra já em andamento, os engenheiros e

técnicos da Empresa tiveram participação

decisiva no projeto de Funil, determinan-

do a necessidade de construção de um

novo vertedouro, na margem esquerda da

usina, e de um dique de proteção ao longo

da Estrada de Ferro Central do Brasil. Ape-

sar de sua geração relativamente pequena,

vale ressaltar que Funil tem grande impor-

tância para a confiabilidade do suprimen-

to aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro

e Espírito Santo, uma região em que estão

concentradas indústrias

eletrointensivas como a

Companhia Siderúrgica

Nacional (CSN), em Volta

Redonda (RJ).

Vista panorâmica daUsina Termelétricade Campos

• O poeta chileno PabloNeruda recebe o PrêmioNobel de Literatura

• 29 pessoas morrem nodesabamento do viadutoPaulo de Frontin, noRio de Janeiro

• Criada a Fundação RealGrandeza, de previdênciae assistência social dosempregados de FURNAS

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LINHA DO TEMPO1972• Os brasileiros

assistem à primeiratransmissão emcores da TV

• Primeira ediçãodo BoletimInformativoFURNAS (BIF)

tres ilhados ou refugiados nas copas

das árvores.

A ação contou com cerca de 200

homens (de FURNAS, das polícias flo-

restais de São Paulo e Minas Gerais, da

Superintendência de Desenvolvimen-

to da Pesca, do Instituto Butantã e do

Zoológico de São Paulo), incluindo mé-

dicos e enfermeiros. A equipe teve trei-

namento especial para capturar cobras

venenosas. Foram utilizados na em-

preitada dois aviões, quatro lanchas e

oito viaturas.

Também em 1975, foi criada na

Usina de Furnas um centro de piscicul-

tura para repovoar os reservatórios da

Empresa nos rios Grande e Paranaíba.

Já na década de 70, FURNAS demons-

trava preocupação em alinhar o de-

senvolvimento do país à conservação

do meio ambiente por meio de ações

que pudessem reduzir o impacto cau-

sado por suas obras nos ecossistemas

locais. Esta atitude visava também a

adequar os empreendimentos da Em-

presa aos dispositivos legais de pro-

teção ambiental que começavam a

surgir no país.

O exemplo que talvez ilustre me-

lhor essa atitude é o da Usina de

Marimbondo, onde uma verdadeira

operação de guerra ocorreu em 1975,

durante o fechamento da barragem do

reservatório, para salvar animais silves-

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A estação tem, ainda, a finalidade de

realizar o monitoramento do ambien-

te aquático e das espécies de peixe.

“Ao longo do tempo conseguimos

visualizar a flutuação nas populações

de peixes”, explica o gerente da Esta-

ção de Hidrologia e Piscicultura de

Furnas, Dirceu Marzulo Ribeiro.

Ele conta que os técnicos da unidade

fazem a reversão sexual da Tilápia do

Nilo (Oreochromis niloticus). Essa espé-

cie, de origem tailandesa e bem adapta-

da às condições brasileiras, é doada a

escolas, entidades filantrópicas e peque-

nos produtores rurais da região, o que

permite melhorar a alimentação das fa-

mílias e também aumentar sua renda. n

• Morre em acidente aéreo, naÍndia, a atriz Leila Diniz, quemarcou época por seucomportamento ousado econtestador

• O sistema de microondas deFURNAS facilita a comunicaçãoentre o Escritório Central e asáreas regionais

• Atletas israelenses queparticipavam daOlimpíada de Muniquesão assassinados porcomandos terroristas

• O Escritório Centralé inaugurado noRio de Janeiro

Empregado recolhe cobra durante operaçãode salvamento de animais silvestres noreservatório da Usina de Marimbondo, em 1975

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Vista panorâmica daUsina Termelétricade Santa Cruz

• O grande prêmio daItália consagraEmerson Fittipaldicomo primeiro pilotobrasileiro a conquistaro título da Fórmula 1.Em 1974, ele setornaria bi-campeão

• Inaugurada a rodoviaTransamazônica

• Os governos do Brasil e doParaguai assinam acordo paraa construção de Itaipu

• 123 passageiros de um vôoda Varig morrem depois de oavião em que viajavam sofrerum incêndio próximo a Paris

• A Usina de Mascarenhas deMoraes (antiga Peixoto) passaao controle de FURNAS

Também pertencente à Chevap era a

Usina Termelétrica de Santa Cruz, que pas-

sou ao controle de FURNAS em 1965 e

entrou em operação comercial cerca de

três anos depois. Contando inicialmente

com 160 MW, a usina teve sua capacidade

aumentada para 560 MW em 1973, com a

inauguração de duas novas unidades ge-

radoras, fortalecendo assim o suprimento

de energia para a região Sudeste. Paralela-

mente à ampliação da usina, foi construído

um trecho de oleoduto entre a Refinaria

Duque de Caxias, da Petrobrás, e a Usina de

Santa Cruz para transportar o combustível

que seria queimado em suas caldeiras.

FURNAS adquiriu ainda, em 1969,

duas térmicas da Comissão Estadual de

Energia Elétrica que estavam instaladas

nos bairros de Marechal Hermes e

Lameirão, sendo transferidas posterior-

mente para Santa Cruz. Problemas de

abastecimento na região Norte, no en-

tanto, fizeram com que a Empresa trans-

ferisse essas unidades geradoras para as

Centrais Elétricas do Pará (Celpa) e

Tucuruí. Em 1976, FURNAS incorporou

ao seu parque gerador duas outras tér-

micas: São Gonçalo (33 MW) e Campos

(30 MW). A primeira foi comprada da

Companhia Brasileira de Energia Elétri-

ca (CBEE) e a segunda, das Centrais Elé-

tricas Fluminenses S. A. (Celf).

Ainda na seara

da termeletricida-

de, foi na década

de 1970 que a Em-

presa deu um im-

portante passo

para a diversifica-

ção da matr iz

energética brasilei-

ra a partir da expe-

riência pioneira de

construir uma

planta geradora de

energia por fissão

de urânio. As obras de Angra I começa-

ram em 1972, na praia de Itaorna, muni-

cípio de Angra dos Reis (RJ). Em 1976,

em pleno canteiro de obras da usina

nuclear, foram assinados os contratos

para as obras civis de Angra 2 e 3, e

iniciadas as obras da segunda unidade

do complexo de us inas nuc leares .

FURNAS assumiu a linha de frente do

projeto por sua apurada capacidade téc-

nica. “Angra I foi resultado da vontade

dos militares de entrar na área nuclear.

E quem tinha estrutura de engenharia

para fazer a usina era FURNAS”, afirma

Jarbas Novaes, ex-assistente da Direto-

ria Técnica que, ao se aposentar da Em-

presa, em 1983, trabalhou por dez anos

na Nuclebrás.

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1973• Inauguração

da Usinade PortoColômbia,entre osestados deMinas Geraise São Paulo

• Um golpe militar no Chilederruba o presidente SalvadorAllende. Começava a era Pinochet

• Para substituir os ComitêsCoordenadores da OperaçãoInterligada (CCOIs), surgem osGrupos Coordenadores paraOperação Interligada (GCOIs)para gerir os sistemas interligadosdas regiões Sudeste e Sul

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LINHA DO TEMPO

A Subestação Bandeirantes,em Goiás, é um dosempreendimentos quepossibilitou FURNAS fornecerenergia elétrica a Brasília

• Anunciada pelaPetrobrás adescoberta deóleo na Baciade Campos,no norte doestado do Riode Janeiro

• FURNAS recebe da Embraero primeiro Bandeirante desua frota de aviões

• Crise do petróleo: paísesdo Golfo Pérsico dobramo preço do barril

• FURNAS incorpora aUsina Hidrelétrica deMascarenhas de Moraes eé designada para construiro sistema de transmissãoda Usina de Itaipu

Transmissão e operaçãoTambém se deve em grande parte à

excelência do quadro técnico de FURNAS

a incumbência recebida pela Empresa,

em 1973, de erguer as linhas de trans-

missão que transportam a energia gera-

da pela Usina de Itaipu, a maior do mun-

do, ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Este viria a ser o primeiro sistema de

transmissão da América Latina em cor-

rente contínua (+ 600 kV).

O crescimento da demanda por ener-

gia elétrica tornou necessário não ape-

nas a incorporação de novas centrais

elétricas ao sistema elétrico nacional,

como também a instalação de extensas

linhas de transmissão que possibilitas-

sem escoar a energia gerada por essas

usinas e dar segurança de suprimento

aos consumidores. Entre 1968 e 1977,

FURNAS energizou cerca de 6 mil km de

circuitos de linhas de transmissão (de

138, 230, 345 e 500 kV). Assim, a Em-

presa pôde, por exemplo, iniciar, em

1973, o fornecimento de energia a

Brasília. Para isso, foi necessário cons-

truir 395 km de linhas de transmissão

entre as usinas do rio Grande e a capital

federal, além das subestações de Ban-

deirantes, em Goiás, e Brasília-Sul, no

Distrito Federal.

1974• O governo militar determina a

censura prévia às emissoras derádio e TV

• Em São Paulo, 184 pessoasmorrem no incêndio do EdifícioJoelma. Menos de dois anos antes,a cidade fora abalada peloincêndio de outro edifício, oAndraus, que deixou 16 mortos

Ao completar20 anos, em 28 defevereiro de 1977,FURNAS contava com:

8 usinas em operação

4 usinas em construção

48 linhas de transmissão

25 subestações

5.340 MW de

potência instalada

6.930 empregados

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Mas se a década de 1970 ficou marcada

na história de FURNAS como de intensa

atividade nos segmentos de geração e

transmissão, devemos atentar também para

os avanços realizados em outra atividade

crucial para o seu negócio: a operação do

sistema. Foi a partir de 1972 que se crista-

lizou o atual modelo de operação da Em-

presa, com um centro operacional na sua

sede, e despachos regionais de carga. Estes

tiveram origem no centro de operação loca-

lizado na Usina de Furnas, que, desmem-

brado, possibilitou a criação dos despachos

regionais de Minas (Usina de Furnas), Goiás

(primeiramente na Usina de Porto Colôm-

bia, passando depois à Subestação de

Bandeirantes e à Usina de Itumbiara), Rio

de Janeiro (Subestação de Jacarepaguá) e,

já no início da década de 1980, São Paulo

(Subestação de Campinas).

“Os despachos regionais cuidavam do

dia-a-dia, isto é, da segurança do sistema

e da programação de desligamentos, en-

quanto a maior preocupação do central

era a entrega da energia contratada e o

relacionamento com as outras empresas

do setor, além de ter a visão de conjunto

dos regionais”, afirma Carlos Garnier, ge-

rente, na década de 1970, do que é hoje o

Centro de Operação do Sistema (CTOS.O)

e que encerrou sua carreira em FURNAS

como assistente da Diretoria de Operação.

1975• É sacramentada

a fusão dosestados daGuanabarae do Rio deJaneiro

• Termina aGuerra doVietnã

• Entram em operação as últimasunidades geradoras da UsinaHidrelétrica de Porto Colômbiae começam as obras da UsinaHidrelétrica de Itumbiara

• Em Portugal, militaresdepõem o presidenteMarcelo Caetano, dando inícioà redemocratização do país

• A Índia anunciater construído abomba-atômica

• O presidenteamericanoRichard Nixonrenuncia paraescapar doimpeachment

• Brasil e Alemanha firmamo Acordo sobre Cooperaçãonos Usos Pacíficos da EnergiaNuclear, prevendo a instalaçãode oito centrais elétricasnucleares em 15 anos

• O jornalista Vladimir Herzogé morto nas dependênciasdo DOI-Codi de São Paulo

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• Inauguradaa ponteRio-Niterói

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LINHA DO TEMPO

• Incêndio destrói parte docanteiro de obras do bloco Cdo Escritório Central, queseria inaugurado em 1978.O fogo foi debelado pelabrigada de incêndio de FURNAS

• João do Pulo estabelece novorecorde mundial do salto triplo,17,89 m, no México

• Para fazer frenteà escaladainternacionaldos preços dopetróleo, o Brasillança o ProgramaNacional doÁlcool (Proálcool)

1976• Isabel Perón é deposta

da presidência daArgentina por umgolpe de estadoliderado pelo generalJorge Videla

• Confrontos raciaisna África do Sulprovocam a mortede 140 pessoas

• Bombas explodem naAssociação Brasileira deImprensa, na Ordemdos Advogados doBrasil e noCentro Brasileiro deAnálise e Planejamento.O atentado é assumidopela AliançaAnticomunista

O ex-superintendente de Operação

Antônio Carlos Pantoja Franco esclarece

que este formato de supervisão e controle

do sistema foi concebido com base, prin-

cipalmente, na experiência de países como

Estados Unidos e Canadá. “A existência de

um despacho central e de despachos regio-

nais vem da necessidade de se oferecer

confiabilidade ao sistema e de recompô-lo

em caso de distúrbios”, diz.

Segundo Pantoja, FURNAS incentivou o

aprimoramento da tecnologia nacional na

área de operação. “Tínhamos a mentalidade

de desenvolver a indústria brasileira. Numa

iniciativa aventureira, desenvolvemos módulos

de supervisão remota em parceria com o

Cepel, simulando a supervisão on-line. E, por

meio de uma empresa de engenharia de São

Paulo, fizemos o primeiro protótipo de siste-

ma de supervisão”, lembra ele.

Seja na operação, no planejamento, ou

na construção de centrais elétricas e linhas

de transmissão, a atuação de FURNAS na

década de 1970 parece demonstrar uma

das principais características nutridas pela

Empresa ao longo de seus 50 anos: a voca-

ção de produzir técnicos e gestores capa-

zes de inovar o Setor Elétrico Brasileiro.

“O mais importante nesses anos foi a for-

mação de recursos humanos, porque o

Brasil não tinha experiência de operação e

de manutenção”, afirma Garnier.

A vila residencialda Usina de PortoColômbia, com oreservatório àesquerda

EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS30 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Arquivo FURNAS

• Morrem os ex-presidentes JuscelinoKubitschek eJoão Goulart,cassado pelo golpemilitar de 1964

• Inaugurada aUsina Hidrelétricade Marimbondo

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Botafogo, na Zona Sul do Rio de

Janeiro, era ainda um bairro com

feições de cidade do interior quando,

em 27 de fevereiro de 1972, FURNAS aí

inaugurou o seu Escritório Central. Os

blocos A e B, primeiros a serem cons-

truídos, já vinham sendo ocupados

desde 1970, recebendo empregados

que antes estavam dispersos por dife-

rentes endereços do Centro do Rio de

Janeiro, como a rua São José e as ave-

nidas Rio Branco e Rodrigues Alves.

Nesses locais, a Empresa funcio-

nava em salas e andares alugados.

Os primórdios do Escritório Central

Operários "levantam"o bloco C, que seria

ocupado em 1978,tendo ao fundo obloco B, inauguradoem 1972 juntamentecom o bloco A

“Os escritórios não eram operacio-

nais”, afirma Paulo Roberto Noguei-

ra, da Assessoria de Desimobilização

de Ativos (ADA.G), que ingressou em

FURNAS em 1970. Ele trabalhava na

rua São José 90 e lembra da visão

privilegiada que os empregados ti-

nham das passeatas contra o regime

militar. “Muitas vezes, não podía-

mos ir para casa porque a polícia

estava batendo nos estudantes. O

gás lacrimogêneo subia pela ventila-

ção do prédio e ficávamos choran-

do”, conta.

1977• São incorporadas ao Sistema

FURNAS as usinas termelétricasde Campos e São Gonçalo

• O Aeroporto Internacionaldo Galeão é inauguradono Rio de Janeiro

• Mais de 2,5 mil jornalistasassinam um manifesto daABI contra a censura

• Uma pane em NovaYork deixa 10 milhõesde pessoas semenergia por 24 horas

• Rachel de Queiroztorna-se a primeiramulher a ocupar umacadeira da AcademiaBrasileira de Letras

• O popstar norte-americano Elvis Presleymorre em Londres,aos 42 anos

• Morre a escritora brasileiraClarice Lispector

• O Congresso Nacionalsanciona a Lei 6.515 queregulamenta o divórcio

Mas, se o Escritório Central trouxe

mais espaço e tranqüilidade para os

empregados, estes tiveram que adap-

tar sua rotina às peculiaridades de

Botafogo, bairro que ainda era essen-

cialmente residencial e com menos

opções de transporte em relação ao

Centro da cidade. “Havia também

poucos restaurantes em Botafogo e,

logo no início, não t ínhamos o

bandejão”, lembra Celso Alves da

Silva, em FURNAS desde 1970 e, atu-

almente, lotado na Coordenação de

Responsabilidade Social (CS.P).

Uma das soluções encontradas

para sanar este problema foi o acordo

com um restaurante da rua Voluntá-

rios da Pátria e a disponibilização de

ônibus especiais para o trajeto entre o

Escritório Central e o local. Para quem

precisava ir ao Centro da cidade re-

solver assuntos de trabalho, um ser-

viço de kombis – apelidadas de Cipó

– fazia, a cada 30 minutos, a liga-

ção da nova sede com o escritório

da rua São José. n

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