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PROJETO
UM HAMLET A
MENOS
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SUMÁRIO
1. APRESETANÇÃO...................................................................................03
2. ARGUMENTO.........................................................................................03
3. JUSTIFICATIVA......................................................................................05
4. PROCESSO............................................................................................06
5. SINOPSE................................................................................................08
6. PROPOSTA DE ENCENAÇÃO..............................................................08
7. FICHA TÉNICA.......................................................................................09
8. CONCEPÇÃO DE SONOPLASTIA.........................................................10
8.1 : MAPA DE SOM............................................................................11
8.1.1 Equipamentos utilizados do teatro....................................11
8.1.2 Equipamentos utilizados do grupo ...................................11
9. CONCEPÇÃO DE CENOGRAFIA..........................................................11
9.1 RIDER TÉCNICO DE CENOGRAFIA/ADEREÇOS/FIGURINO....13
10. CONCEPÇÃO DE ILUMINAÇÃO............................................................14
10.1 RIDER DE LUZ............................................................................15
10.1.1 REFLETORES NAS VARAS............................................15
10.1.2 REFLETORES DE CHÃO (não contidos no mapa)..........15
10.1.3 GELATINAS NAS VARAS................................................15
10.1.4 EQUIPAMENTO EXTRA.................................................16
11. ANEXOS................................................................................................17
11.1 MAPA DE LUZ.............................................................................17
11.2 MAPA DE PALCO.......................................................................18
11.3 FOTOS........................................................................................19
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1. APRESETANÇÃO
O espetáculo “Um Hamlet a Menos” é fruto de um projeto que nasceu
dentro do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo, tendo
como ponto de partida a pesquisa de formatura da aluna Thais Sodré sobre “A
Voz em Jogo: um estudo de possibilidades vocais para o trabalho do ator sobre
o texto Hamlet de Shakespeare”. O processo de montagem reuniu alunos de
diversas habilitações dentro da graduação e pós-graduação da USP, que se
lançaram na empreitada de colocar em cena o vasto universo da história mais
célebre do dramaturgo inglês nos corpos de três atrizes.
2. ARGUMENTO
“Em uma época em que arrogantemente o homem fez de si a
medida de todas as coisas, Shakespeare traiu a frágil essência da
espécie, revelando sua humanidade com histórias que continuam a ser
parábolas existenciais e românticas de nós mesmos. Suas palavras
ainda são as artérias dos nossos sonhos e pensamentos.” – REVISTA
TIME
Grandes estudiosos de Shakespeare, como o professor americano Harold
Bloom1 e a tradutora e crítica brasileira Bárbara Heliodora2, defendem que o
dramaturgo inglês mais influente da história é um autor a ser lido e não
encenado. Contudo, professores como Ronaldo Marin3 e Leandro Karnal4
argumentam o oposto ao reforçarem que Shakespeare era um dramaturgo e,
1 Harold Bloom é um professor e crítico literário estadunidense, reconhecido como um dos grandes especialistas na obra de William Shakespeare. Shakespeare - A Invenção do Humano e Hamlet - Poema Ilimitado são dois de seus grandes ensaios sobre o bardo. 2 Bárbara Heliodora (1923 – 2015) foi uma professora, ensaísta, tradutora e crítica de teatro brasileiro, além de reconhecidamente uma autoridade na obra de William Shakespeare. Em 2014, lançou Shakespeare: o que as peças contam — Tudo o que você precisa saber para descobrir e amar a obra do maior dramaturgo de todos os tempos. 3 Ronaldo Marin é pesquisador da Unicamp desde 2005 e leciona na pós-graduação do Instituto de Artes e Multimeios daquela instituição. Físico, ator, diretor teatral e especialista na obra de William Shakespeare, Ronaldo fundou, em 1975, o grupo de teatro Cena IV, precursor do atual centro de pesquisas Cena IV – Shakespeare Cia, que ele até hoje dirige. 4 Leandro Karnal é um historiador brasileiro e atualmente professor da Unicamp, além de ser um dos maiores especialistas na obra de Shakespeare.
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portanto, escrevia para o teatro, escrevia para os atores e é sobre o palco que
se encontra a sua herança.
Quando três atrizes se propõem o desafio de enfrentar a peça “Hamlet”, é
inevitável que se depararem com as questões: Como abranger a complexidade
de William Shakespeare em uma de suas obras mais famosas? Como enfrentar
a força da palavra do autor que muitos consideram de um preciosismo quase
inatingível?
Diante destas questões e de tantas outras, o espetáculo “Um Hamlet a
Menos” se propõe a apresentar uma perspectiva cênica instigada pelas origens
do próprio teatro que Shakespeare fazia no século XVI. Este teatro, ao contrário
do que muitos pensam, não era necessariamente erudito ou inalcançável, e sim
um teatro popular, cuja palavra estava condicionada a experiência teatral e que
convidava o público a um exercício de imaginação diante da cena.
Foi, portanto, na reafirmação do jogo do ator e da teatralidade que o
espetáculo encontrou seu Norte. Mergulhar nestes elementos foi a forma que o
grupo escolheu para de se ligar ao autor, desmistificar sua obra e desenvolver
elementos que permitissem a palavra estar em relação com o jogo cênico. Para
isso, muitos elementos que compõe a encenação explicitam a teatralidade
latente: o trânsito constante das atrizes pelos personagens, o uso de objetos de
cena que se resignificam, a exposição do aparato teatral, o uso da linguagem
paródica e da linguagem do metateatro, o entrelaçamento entre o cômico e o
trágico.
A escolha do texto de “Hamlet” (e não outro texto do autor) era também um
assunto que exigia um mergulho sobre as questões dessa obra em especifico e
sobre o pensamento comum ao redor dela.
Nos últimos 200 anos - muito por conta da visão que os românticos tinham
de Shakespeare -, uma interpretação psicológica, muito focada nos dilemas
internos do mais célebre príncipe da Dinamarca, predominou em muitas
adaptações da obra. A peça que era sobre um vasto universo político e que
discutia legitimidade, corrupção e o conflito entre o pensamento moderno e o
passado arcaico tornou-se uma peça sobre conflitos domésticos, além de ter seu
cerne voltado para a consagração de uma suposta interpretação grandiosa
vinculada ao ator que se propusesse a enfrentar o papel-título. “Hamlet”
converteu-se quase um papel obrigatório para confirmar as habilidades de um
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jovem ator, ao mesmo tempo que sua trama política e elementos metateatrais
foram aos poucos sendo esquecidos por um grande número de encenações. No
entanto, diante da escolha de três corpos femininos se colocarem em jogo sobre
este material, estava claro para o grupo que não era esta a abordagem que mais
interessava, e que o desejo de colocar sob o foco dos holofotes outros
personagens (também essenciais para essa trama de usurpação e disputa)
crescia cada vez mais. Ficou claro para todos que retirar elementos de poder em
relação a figura do Hamlet poderia revelar questões no mínimo instigantes.
Olhando para a magnificação deste autor, desta peça e deste protagonista,
o grupo optou por não proceder pela adição de mais um espetáculo “Hamlet” ao
universo teatral, mas realizar uma subtração, neutralizar o personagem Hamlet
de sua peça originária. Então toda a peça, em função do pedaço que lhe falta,
oscila, movimenta-se entre perspectivas, desloca-se no espaço-tempo, coloca-
se em um outro lado. A ausência do personagem mais essencial gera um
movimento inesperado sobre outros personagens, como numa prótese: ao
amputar Hamlet, se vê o surpreendente crescimento de Cláudio, Gertrudes,
Ofélia e Laertes. Por outro lado, a peça se abre aos olhares das próprias atrizes,
que são ao mesmo tempo, as que encenam o espetáculo, como também a trupe
convidada ao reino da Dinamarca pelo príncipe Hamlet, para revelar através de
uma “ilusão teatral” a verdade que se esconde e que desenlaça o destino a que
esta tragédia se reserva.
Por meio da operação da subtração, nasce e prolifera-se um teatro-
experimentação sobre “Hamlet”, que libera uma nova potencialidade aos demais
personagens, ao jogo das próprias atrizes com a obra de Shakespeare, com a
encenação e com o público. E que, acima de tudo, busca reencontrar a força
presente, não no que é magnífico, mas no que é menor, no terreno em relação
ao Inatingível, no mundano em relação ao Cânone, no grotesco em relação ao
Sublime.
3. JUSTIFICATIVA
A relevância do espetáculo criado coletivamente pelos membros do grupo
revela-se no modo como foi concedida a proposta de encenação e dramaturgia,
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a qual busca restabelecer a teatralidade do teatro shakesperiano, exemplificada
em como as atrizes apresentam em cena diversos elementos próprios do teatro,
como a troca de figurinos e de personagens a olho nu, o diálogo constante com
o cenário e adereços de cena, e também, como já foi dito, a intensa relação de
jogo que as atrizes estabelecem com o público, quebrando a quarta parede que
os separa, e criando, com isso, uma fonte infinita de possibilidades novas para
a encenação. Além disso, vale ressaltar que é de grande relevância a ousadia
do grupo em sublinhar, pela dramaturgia e encenação, a reflexão sobre os
elementos de poder centrados na figura de Hamlet, na maneira em que, ao
subtraí-lo da trama, outros personagens e camadas ganhem cores e traços
significativos que não foram revelados anteriormente.
É também de extrema importância destacar que três mulheres, atrizes e
propositoras, optem por se debruçar sobre uma história há anos centrada em
grandes atuações masculinas, de modo que haja uma ressignificação do poder
masculino dado aos personagens centrais da peça, o que concede às atrizes a
possibilidade de provar que o teatro criado por Shakespeare, bem como suas
personagens, são originariamente compatíveis de serem apresentados por
qualquer um, ou qualquer uma, que tenha paixão em dar voz às suas palavras.
Sendo assim, o grupo busca manifestar através desta montagem a sua
vontade de recriar, ressignificar, revelar e subverter as formas de poder
imortalizadas pelas normas clássicas teatrais, expondo de forma autêntica e
significativa o esqueleto estrutural do espetáculo, no seu formato mais primitivo,
que é o desmembramento dos elementos ilusórios do teatro, evidenciando a
teatralidade tão renomada de Shakespeare.
4. PROCESSO
O projeto “Um Hamlet a Menos” surgiu em Março de 2016 como
decorrência de uma investigação teatral sobre a peça “Hamlet” de William
Shakespeare. Vinculado à disciplina “Projeto Interpretação Teatral” do
Departamento de Artes Cênicas (ECA-USP) e sob a orientação do Prof. Dr.
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Eduardo Tessari Coutinho, este projeto corresponde ao trabalho de conclusão
de curso da aluna Thaís Sodré.
O grupo, composto a princípio por apenas três atrizes, Bianca Nuche,
Samara Nemenz e Thaís Sodré, parte de estudos cênicos da obra de “Hamlet”
para investigar os elementos que permitissem à palavra estar em relação com o
jogo cênico e a natureza da teatralidade que a peça de Shakespeare aborda. A
partir do segundo semestre de 2016, levantando diversas referências teóricas e
analíticas sobre a peça, o grupo escolhe fundamentar-se nas perspectivas de
Gilles Deleuze5 e Margreta de Grazia6 e passa a desenvolver um trabalho de
adaptação dramatúrgica da peça um tanto quanto ousado: subtrair o
protagonista do espetáculo.
O desenvolvimento da dramaturgia ocorreu, concomitantemente, com
aberturas de processo quinzenais, por meio do qual, o grupo pôde trazer
diferentes públicos, conhecedores ou não da obra original, mais próximos da
criação, assim como, ouvir retornos a respeito da construção dos jogos e da
linguagem, da coerência e do alcance de nosso discurso cênico. A partir deste
momento, somaram-se ao grupo Aline Navarro como cenógrafa, Andressa Mello
como iluminadora, Francisco Laurindsen como músico e sonoplasta e Camila
Augusto Florio como dramaturgista que, em conjunto com a atrizes, passaram a
elaborar a encenação do espetáculo.
Com estreia para o dia 15/04/2017 no Teatro Laboratório da ECA/USP,
este projeto cênico se propõe a partilhar a experiência com uma obra de
Shakespeare, um espetáculo em que falta algo. Esta condição, reclama um
espaço de movimento e de ressignificação constante, no qual o ator precisa dar
jogo às palavras, transitar através das imagens, sensações e sonoridades, expor
5 Gilles Deleuze (1925 – 1995), um dos maiores filósofos do século XX, aborda em seu Manifesto de Menos, no livro Sobre o Teatro, a obra do dramaturgo, ator, encenador e cineasta italiano Carmelo Bene, que propõe em suas encenações procedimentos para “amputar” da peça originária um de seus elementos de poder, como por exemplo, a amputação do personagem Romeu, em Romeu e Julieta de Shakespeare, ou a de todo o sistema real ou principesco em Ricardo III, também de Shakespeare. 6 Margreta de Grazia é uma professora na área de Literatura Renascentista da Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos. Já publicou diversos livros sobre Shakespeare, dentre eles Shakespeare Verbatim e Hamlet without Hamlet. Neste último livro, a autora defende que o personagem Hamlet criado por filósofos e críticos modernos, isto é, o Hamlet psicologicamente perturbado, o exemplar da subjetividade, tipo e símbolo da consciência moderna, chama a atenção para longe da grande e complexa história trágica de Shakespeare. Para que a obra seja moderna, a autora defende a premissa de que Hamlet tenha de desaparecer da peça.
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e entrelaçar a linguagem teatral, para evocar a invenção, para instaurar
novamente um contato com “Hamlet”.
5. SINOPSE
Uma trupe de atrizes está prestes a adentrar o reino da Dinamarca para se
reencontrar com a canônica peça de William Shakespeare. A questão é que
alguns personagens foram perdidos pelo caminho e, dentre eles, o próprio
protagonista, Hamlet. Elas, então, saem à sua procura, mas o sinal soa, o
espetáculo precisa começar! Seria possível começar a encenar a peça “Hamlet”
sem... Hamlet? Bom, talvez ele encontre o caminho de volta... Espera! Um vulto
passa lá dentro do Teatro. Quem sabe quem se procura não está lá? Atrizes e
personagens se confundem, algo lhes atrapalha os sentidos. O que houve? O
que haverá de acontecer? Em meio a sombras, todos aguardam a chegada do
príncipe, e também, quem diria... de suas próprias mortes.
6. PROPOSTA DE ENCENAÇÃO
Um Hamlet a Menos, um a mais, que diferença faz?
A partir desse questionamento, da reflexão do por que montar Hamlet no
momento histórico atual e de um profundo desejo de experimentar a poesia das
palavras de Shakespeare, aquele que viria a ser 'Um Coletivo a Menos' se reúne
para trabalhar em cima do universo da tragédia "Hamlet" e tem já uma primeira
escolha que marca toda a encenação: uma direção coletiva.
Possui também uma encenação profundamente impactada por uma outra
escolha que direciona toda a estruturação do trabalho: a amputação
dramatúrgica de um dos personagens fundamentais para a história original, o
próprio Hamlet.
Descentralizar a figura do diretor. Descentralizar do suposto protagonista
da tragédia. Descentralizar nesse caso é abrir mão de um ponto de vista único e
adentrar a complexidade.
A complexidade que existe no dissenso que faz com que a peça caminhe
por várias linguagens, desde um teatro mais bufônico, e que brinca com a
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comédia dellarte, até um teatro mais performativo, no qual o tempo é marcado
pelo acender e apagar de um fósforo.
A complexidade que existe na própria Dinamarca shakespeariana que, ao
ter seu Hamlet retirado, consegue olhar a si mesma e revelar nuances de outros
personagens- chave em uma montagem na qual Laertes, Gertrudes, Ofélia e
Claudio tem voz e corpo que movem sozinhos a história.
Mas que corpos são esses? São os corpos de três atrizes que se propõe a
enfrentar um material que quando nasceu no mundo, só podia ser encenado por
homens. Corpos que entram e saem dos personagens com a rapidez de uma
troca de saia ou coroa, em um sistema de atuação que busca dialogar com o
sistema Coringa de Augusto Boal.
7. FICHA TÉCNICA
Direção, Dramaturgia e Atuação:
Bianca Nuche
Samara Nemenz
Thaís Sodré
Orientação:
Prof. Dr. Eduardo Coutinho
Dramaturgismo:
Camila Augusto Florio
Sonoplastia:
Francisco Lauridsen
Cenografia:
Aline Navarro
Assistente de Cenografia:
Isabella Freitas
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Figurinos:
Du Yoshimura
Iluminação:
Andressa Mello
Material de divulgação:
Bruno Costa
Vídeo e Fotografia:
Elvira Cardeal
Produção:
Tamara Moreira
8. CONCEPÇÃO DE SONOPLASTIA:
Reunimos nesta sonoplastia recursos experimentados durante os meses
de trabalho: sonoplastia ao vivo com canto, ruídos vocais, instrumentos
(tambores, gongo, flauta, etc.) e objetos (talheres, martelo, tacho de zinco, etc.).
Também experimentamos mídias reproduzidas no sistema de som do teatro (o
que se enquadraria, nos moldes tradicionais, como recurso extradiegético ou,
ainda mais adequado ao senso comum, como música incidental). O intento da
sonoplastia é dinamizar e transformar concretamente a escritura produzida nos
planos de jogo das atrizes. Posto isso, as classificações tradicionais
mencionadas acima não teriam eficácia produtiva local enquanto pensamento de
sonoplastia, só eficácia classificatória. Por fim, busca-se com a reprodução da
mídia gravada o mesmo fim que almejamos na execução do som em cena:
perfurar a dramaturgia do ato conferindo-lhe transversalidades.
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8.1 : MAPA DE SOM
8.1.1 : Equipamentos utilizados do teatro:
Sistema de difusão sonora do teatro (PA, caixas passivas ou ativas,
conexões etc);
02 caixas de som para retorno das atrizes e do sonoplasta em cena;
01 (uma) mesa de som;
01 reprodutor de CD (pode ser computador);
01 reprodutor de arquivos mp3 (pode ser computador);
01 cabo p2 – p10, ou outro cabo compatível, para conectar a mesa
de som aos reprodutores de mídia;
Extensões de cabo do sistema de som do teatro para a mesa de
som, de modo que a mesa de som esteja junto à cena;
8.1.2 : Equipamentos utilizados do grupo:
Instrumentos: 01 tambor alfaia; 01 tambor timba; baquetas
diversas; 01 gongo chinês; 01 tambor de mola; 01 cinta de tambor para o
tambor alfaia; 01 flauta de bambu; instrumentos a acrescentar ou retirar
da lista até a data do festival;
Objetos: 01 tacho grande de zinco; 01 martelo de borracha;
talheres diversos; objetos a acrescentar ou retirar até a data do festival.
9. CONCEPÇÃO DE CENOGRAFIA:
“Um Hamlet a Menos” reverbera no expectador como uma eterna espera a
alguém. Não um alguém qualquer, mas uma personagem historicamente
conhecida pelo seu caráter de protagonista da perspectiva lírica! E que se revela
mais ausente que qualquer outro personagem do roteiro que conta sua história!
Para além da encenação, o peso da ausência nesse espaço ocupado pelas
três atrizes, e um personagem não personagem, toma forma através também de
cenário, luz e som. Considerando apenas o cenário podemos dizer que a
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verticalidade disposta em posição de crescimento (considerando também a
relação com o poder e consequente opressão ainda recalcados sobre séculos
de história), a cor desgastada e a transparência suja da "janela" evidenciando
um fundo irregular coberto de um pano branco empoeirado... toda essa estrutura
principal se justifica pela necessidade do peso que essa ausência carrega.
A sugestão de um campo sepulcral trabalha esse imaginário do porquê
dessa ausência ser tão importante para a contação dessa história. Pela forma
do teatro não estar sendo escondida, mas subvertida, o público inevitavelmente
se questiona se as personagens que estão mortas, empoeiradas e sem
movimento (ou se, na verdade, a perspectiva do que se diz sobre o teatro e seu
repertório milenar e ainda da concepção de seus projetos cênicos), não se
encontrariam sob os mesmos aspectos, tão estáticos.
Com a disposição de uma arquibancada no centro, que a princípio está
coberta de um pano fino e aparentemente leve, permite-se a elevação das atrizes
a fim de caracterizar figuras de poder de forma irônica, bem como o autor da
peça original questionava o tempo entre cenários de velório e casamento de
pessoas públicas que eram o Rei Hamlet, Cláudio e Gertrudes. No entanto, mais
tarde esse "véu" despe o que seria uma cristaleira espelhada, ressaltando a
potência do lirismo para a ambientação dos questionamentos e dores de Ofélia,
presa, puxada e repuxada por ele que agora está amarrado em sua cintura, tão
forte e auto subversor da primeira interpretação de sua suavidade e delicadeza.
Para transições de cenas de aspecto mais narrativos da primeira parte, com
as atrizes sendo atrizes e às vezes quase bobas da corte, revela-se um baú
grande, velho e supostamente pesado ser movimentado com facilidade sobre a
tecnologia dos rodízios, tão posterior ao tempo dado nas ambientações
dramáticas da famosa peça. O tom cômico se dá tanto por isso quanto pelos
tecidos que saem "voando" de seu interior e da cortina em formato de guilhotina
posta em cena num encaixe da arara anexa.
Quase na metade da peça aquela arquibancada pesada que serviu de
escada e cristaleira é movimentada de forma difícil e cruamente pelas atrizes,
sugerindo construção do auto empoderamento sobre circunstâncias antes
impossíveis de serem encarregadas ao gênero feminino. As transições das
cenas passam a ser mais densas, portanto.
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E o que se revela a partir dali é uma nova divisão do espaço, um poço e
um galho de árvore seco e muito alto (que até então simbolizavam mais
um estranhamento ou simples fator decorativo) passam a gerar signo ao compor
com esse novo monte para escalada indo de encontro ao ápice da
árvore, mais tarde personagem da contradança na cena de afogamento de
Ofélia. O formato de meia arena é imprescindível para contato e, aos poucos,
quase literal imersão nas cenas.
Após a morte de todos, as carcereiras que iniciaram procurando algo em
terreno abandonado, finalizam o espetáculo reordenando os itens de volta à
suas posições iniciais, e quem quiser que volte no dia seguinte para participar
de tudo novamente, concluindo na exposição do que realmente é o teatro no fim
das contas, interpretação e reinterpretação constante do próprio trabalho e
também das próprias concepções de mundo. Figurinos e Adereços compõem e
suprem necessidades básicas dos jogos entre atrizes e plateia.
9.1 : RIDER TÉCNICO DE CENOGRAFIA/ADEREÇOS/FIGURINO
1 peça de 4 painéis de 1,20m x 3,30m
1 painel de 1,20m x 2,85m
1 painel de 1,20m x 2,40m
3 tecidos brancos envelhecidos de grande extensão (compondo o
tamanho da plateia)
1 jogo de arquibancadas de 1,82m x 2,15m x 1,36m (larg. x prof. x
alt.)
1 baú-arara
1 poço cenográfico
1 galho de árvore
3 cadeiras
2 pás
1 pedra
1 saco grande
4 papeis de carta
3 unidades de giz
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1 caixa de fósforo
1 bacia de metal
1 pano grande semitransparente
1 flauta
1 taça de plástico
1 espada
1 coroa
2 lenços (1 branco, 1 preto)
2 óculos de sol
2 pares de luvas protetoras
Várias unidades de figurinos diversos
1 saia longa na cor vinho
1 vestido longo na cor azul
1 casaco masculino na cor vermelha
1 bolero masculino na cor laranja
3 blusas de manga comprida na cor ferrugem
3 calças na cor ferrugem
3 pares de botas pretas
10. CONCEPÇÃO DE ILUMINAÇÃO
A iluminação do espetáculo “Um Hamlet a Menos” foi concebida a partir do
trabalho das atrizes. Além de jogar com as marcações já definidas pelas atrizes,
a ideia principal era evidenciar a luz enquanto força de linguagem,
ressignificando e complexificando a obra.
Em alguns momentos do espetáculo, jogos vocais foram trabalhados pelas
intérpretes, o que possibilitou que a luz criasse movimentos e efeitos plásticos
mais complexos, dando força ao texto. Em outros momentos, imagens como uma
cruz ou um banho de sangue feitos de luz se adaptam aos contextos das cenas
e os expandem.
As cores foram escolhidas de acordo com o efeito final desejado, porém de
maneira que fossem harmônicas entre si. Além dos efeitos em geral, a luz
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também conta com duas gerais de cores diferentes, que ajudam a transformar a
atmosfera e mudar o tom de uma cena para a outra de forma sutil. Além disso,
a ideia de criar espacialidades e diferentes ambientes dá dinâmica às cenas,
fazendo com que as transições sejam feitas de forma poética e precisa, dando
mais coesão ao conjunto.
Ao mesmo tempo, a questão do jogo se estende, nesta obra, fazendo com
que em alguns momentos a luz seja uma personagem essencial, com o papel de
estabelecer um código através do qual o público se veja inserido na obra e à
vontade para jogar.
10.1 : RIDER DE LUZ
10.1.1 REFLETORES NAS VARAS:
Fresnel 1000W - 8
PC 1000W - 13
PAR #2 - 3
SETLIGHT - 3
ELIPSOIDAL - 4
PAR #5 - 10
10.1.2 : REFLETORES DE CHÃO (não contidos no mapa):
PC 1000W - 2
PAR - 6
10.1.3 GELATINAS NAS VARAS:
CTB - 8 (Para PC 1000W)
VERDE - 4 (3 para PAR #5, 1 para Elipso)
VERMELHO - 4 (Para PAR #5)
ROXO - 2 (Para PC 1000W)
10.1.4 EQUIPAMENTO EXTRA:
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EXTENSÕES - A depender das demandas do espaço para
montagem
BANDOOR - 3 para Setlight
SUPORTES - 2 pedestais para refletores no chão
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11. ANEXOS:
11.1 : MAPA DE LUZ
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11.2 : MAPA DE PALCO:
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11.3 : FOTOS
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