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Um Beijo
Foste o beijo melhor da minha vida,ou talvez o pior...Glória e tormento,contigo à luz subi do firmamento,contigo fui pela infernal descida!Morreste, e o meu desejo não te olvida:queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,e do teu gosto amargo me alimento,e rolo-te na boca malferida.Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,batismo e extrema-unção, naquele instantepor que, feliz, eu não morri contigo?Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,beijo divino! e anseio delirante,na perpétua saudade de um minuto...
Olavo Bilac
Características parnasianas existentes nesta poesia:
Pode-se visualizar primeiramente, a presença das rimas ricas, o poeta evita que as rimas aconteçam entre palavras da mesma classe gramatical. Outra característica contida é a metrificação rigorosa, cada verso deve ter o mesmo número de sílabas poéticas, ou apresentar uma simetria constante, que no caso deste encontra-se o primeiro caso. A estética é muito valorizada na poesia parnasiana, buscando a perfeição, o que está nítido nesta poesia, o autor retrata o beijo de forma especial, porém buscando a contenção dos sentimentos, pois na poesia parnasiana não há predomínio do sentimentalismo. Ressaltando também a preciosidade do vocabulário.
MAL SECRETO (Raimundo Correia)
Se a cólera que espuma, a dor que mora N'alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
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Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa!
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ANÁLISE:
Rima: (2) ABAB – (2) CCD
Métrica: (11 sílabas) * Não é decassílabico como outros tantos de sua autoria.
Ritmo: silábico uníssono
Tipo de Poema: Soneto Parnasiano
Recursos sonoros e visuais: O ritmo marcado pela sonoridade, especialmente nas palavras tônicas, e nas rimas a marca do tom consistente e forte.
Do que trata o poema: Um visão de que a alma transmite o que sente mente transmite, no entanto, muitos possuem a mascara que esconde esta realidade. A fuga como se olhar olho no olho não diria verdade alguma, visto que os casais que o fazem, muitas vezes se enganam, pois os olhos que choram, nem sempre é de tristeza, mas de muita alegria! Paradigma.
Contexto histórico: Século XIX logo após a morte de Victor Hugo que havia se dado em 1885 e que dizem ter sido quem influenciou a poesia de Raimundo Correia, como seus contemporâneos de expressão que fazia parte deste grupo seleto de grandes poetas como Olavo Bilac e Fernando Amaro.
Velho Tema
“Só a leve esperança, em toda a vida,Disfarça a pena de viver, mais nada;Nem é mais a existência, resumida,Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterradaSonho que a traz ansiosa e embevecida,É uma hora feliz, sempre adiadaE que não chega nunca em toda a vida.
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Essa felicidade que supomos,Árvore milagrosa que sonhamosToda arreada de dourados pomos,
Existe, sim: mas nós não a alcançamosPorque está sempre apenas onde a pomosE nunca a pomos onde nós estamos.
Vicente de Carvalho
Ánalise1 – A partir de Relicário sua arte se firma num Parnasianismo independente, sem o interesse arqueológico e histórico.
2 – Sentimento vivo da natureza e senso amoroso que se exprime conforme o exemplo português tradicional (Rosa - Rosa de Amor, Poemas e Canções, um dos livros mais famosos e queridos da nossa literatura)
3 – Influência Romântica:- fluência trabalhada por um senso requintado da forma- facilidade – comunicabilidade- maestria familiar com o poema longo (melhor organizado)- originalidade – arabesco sonhador dos versos curtos ou das combinações de verso longo e curto.
4 – Poeta do Mar – pujança e graça como sugestão de ritmos.
5 – Lirismo amoroso (o mar se faz presente) - Palavras ao Mar:- carga lírica veementeMar, belo mar selvagemDas nossas praias solitáriasTigre a que as brisas da terra o sono embalamA que o vento do largo eriça o pelo6 – Lirismo elegíaco – Pequenino Morto, que ao lado de Cântico do Calvário, de Fagundes Varela, representam a melhor expressão elegíaca da nossa poesia.
Acrobata da Dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta, como um palhaço, que desengonçado, nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
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de uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta, agita os guizos, e convulsionado salta, gavroche, salta clown, varado pelo estertor dessa agonia lenta ...
Pedem-se bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa nessas macabras piruetas d'aço...
E embora caias sobre o chão, fremente, afogado em teu sangue estuoso e quente, ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Cruz e Souza
Ánalise
O poema Acrobata da Dor em forma de soneto apresenta características, preocupações formais de Cruz e Souza que o aproxima inclusive dos parnasianos: a utilização de um vocabulário requintado e erudito, a força das imagens na poesia bem como a forma de lapidar antecipa a nobreza destes versos bem sugestivos bem ao gosto simbolista.