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TURISMO CULTURAL
O R I E N T A E S B S I C A S
B R A S I L - 2 0 0 6
TURISMO CULTURAL
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1 - Mike Ronchi
2 - Rui Faquini
3 - EMBRATUR
4 - Mike Ronchi
5 - EMBRATUR
6 - EMBRATUR
Ficha Tcnica
Coordenao Geral Tnia Brizolla
Coordenao Tcnica Mara Flora Lottici Krahl
Assessoria Tcnica Carolina Juliani de Campos
Assessoria Jurdica lvaro Cavaggioni
Reviso Tcnica Stela Maris Murta
Colaborao Carmlia AmaralNorma Martini MoeschRosana Frana
Agradecimentos Coordenao-Geral de RegionalizaoEMBRATUR Gerncia de Segmentao e ProdutosGrupo Tcnico Temtico GTT de Turismo Cultural da Cmara Temtica da Segmentao
Elaborao OngTour Organizao No-Governamental para o Desenvolvimento do Turismo
Ministrio do TurismoSecretaria Nacional de Polticas de Turismo
Departamento de Estruturao, Articulao e Ordenamento TursticoCoordenao-Geral de Segmentao
www.turismo.gov.brTelefone (61) 3445 3450
Fax (61) 3445 [email protected]
Presidente da Repblica Federativa do BrasilLuiz Incio Lula da Silva
Ministro do TurismoWalfrido dos Mares Guia
Secretrio-ExecutivoMrcio Favilla Lucca de Paula
Secretrio Nacional de Polticas do TurismoAirton Pereira
Diretora de Estruturao, Articulao e Ordenamento TursticoTnia Brizolla
Coordenadora-Geral de SegmentaoMara Flora Lottici Krahl
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O R I E N T A E S B S I C A S
TURISMO CULTURAL
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Distribuio Gratuita
Impresso no Brasil Printed in Brazil
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
338.47(81) 756b
Brasil. Ministrio do Turismo. Secretaria Nacional de Polticas de Turismo
Turismo cultural: orientaes bsicas / Ministrio do Turismo, Coordenao - Geral de Segmentao. Braslia: Ministrio do Turismo, 2006.
44 p. : il. ; 30 cm.
Inclui anexos e bibliografi a.Representa parte de uma srie de publicaes que abordam o tema
turismo.
1. Turismo - manual. 2. Cultural - aspecto. 3. Cultura. 4. Legislao. 5. Turismo mercado. 6. Turismo caractersticas I. Ttulo.
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3APRESENTAO
A diversifi cao da oferta turstica mundial em relao s tendncias da demanda, entre
outros fatores, ocasionam a expanso do mercado e o surgimento e consolidao de
variados segmentos tursticos. A segmentao, nesse caso, entendida como uma forma
de organizar o turismo para fi ns de planejamento, gesto e mercado.
Os segmentos tursticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade
da oferta e tambm das caractersticas e variveis da demanda. No que se refere
oferta, o Brasil apresenta recursos mpares que, aliados criatividade do povo brasileiro,
possibilitam o desenvolvimento de diferentes experincias que defi nem tipos de turismo
Ecoturismo, Turismo Cultural, Turismo Rural, Turismo de Aventura e tantos outros. A
transformao de tais recursos em atrativos, de modo a constiturem roteiros e produtos
tursticos, utiliza a segmentao como estratgia principal. Para tanto, so necessrias
medidas que visem a estruturao, o desenvolvimento, a promoo e a comercializao
adequadas singularidade de cada segmento.
Diante desse desafi o, o MTur apresenta este documento orientativo Turismo Cultural:
Orientaes Bsicas a partir da noo de territrio que fundamenta o Programa de
Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil, com o intuito de oferecer subsdios a
gestores pblicos e privados, na perspectiva da diversifi cao e caracterizao da oferta
turstica brasileira. Este trabalho enfoca desde aspectos conceituais e legais, abordando
o perfi l do turista, a identifi cao de agentes e parceiros, at as peculiaridades relativas
promoo e comercializao.
Com esta proposta de segmentao, mais que aumentar a oferta turstica brasileira, espera-
se que o turismo possa contribuir, efetivamente, para melhorar as condies de vida no
pas a partir das novas oportunidades que a estruturao deste e de outros segmentos
possibilitam.
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5SUMRIO
INTRODUO
2 ENTENDENDO O SEGMENTO 09
2.1 A relao turismo e cultura 09
2.2 Conceituao e caractersticas do Turismo Cultural 10
2.3 O turista cultural 13
3 BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO CULTURAL 15
3.1 A viabilidade para o Turismo Cultural 15
3.2 Aspectos legais 17
3.3 Identifi cao de agentes e parceiros 21
3.4 Envolvimento das comunidades 22
3.5 Tematizao: conferindo identidade aos produtos tursticos 23
3.6 Aspectos gerais de estruturao do segmento 24
3.7 Agregando valor aos atrativos 29
4 TURISMO CULTURAL E MERCADO 31
4.1 Aspectos de promoo e comercializao 31
4.2 Potencializando a promoo do Turismo Cultural 33
5 REFERENCIAIS BIBLIOGRFICOS 35
ANEXO 37
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7INTRODUO
A pluralidade da cultura brasileira tem sido aclamada pelos governos e pela sociedade como
uma das principais caractersticas do patrimnio do pas, ao lado dos recursos naturais,
o que pode signifi car para o turismo a possibilidade de estruturao de novos produtos
diferenciados, com o conseqente aumento do fl uxo de turistas. O grande mrito desta
possibilidade fazer do turismo uma atividade capaz de promover e preservar a nossa
cultura. Nesse caso, cultura e turismo confi guram, em suas diversas combinaes, um
segmento denominado Turismo Cultural que se materializa quando o turista motivado a
se deslocar especialmente com a fi nalidade de vivenciar aspectos e situaes que podem
ser considerados particularidades da cultura.
Porm, o inegvel potencial do Brasil para este segmento est longe de ser aproveitado
em sua magnitude a maioria dos produtos tursticos carece de qualifi cao e h, ainda,
muito a ser trabalhado para se chegar competitividade e sustentabilidade. Diante disso,
o MTur, ao orientar o desenvolvimento de produtos tursticos1, utiliza a roteirizao e a
segmentao como estratgias, por entender serem imprescindveis aes que permitam
o fortalecimento do capital social e a conseqente e concomitante promoo e preservao
da cultura brasileira, como atrativo turstico e como patrimnio. Desta forma, a promoo
de um produto, roteirizado ou no, com base em um segmento principal, no inviabiliza que
vrios outros segmentos possam ser trabalhados em outros tantos roteiros, a depender
dos potenciais atrativos e do pblico que se queira buscar. Para tanto, preciso que sejam
observados alguns aspectos referentes s especifi cidades de cada segmento turstico,
sendo que este documento apresenta-se norteador para o desenvolvimento do Turismo
Cultural nas regies tursticas brasileiras.
Espera-se, dessa maneira, contribuir para o desenvolvimento e a oferta de produtos de
Turismo Cultural autnticos e, principalmente, para a promoo da diversidade cultural
brasileira, da participao e do bem-estar das comunidades.
1 Produto turstico o conjunto de atrativos, equipamentos e servios tursticos, acrescido de facilidades e ofertado de forma organizada por um determinado preo. BRASIL. Inventrio da Oferta Turstica: estratgia de gesto. Braslia: MTur, 2004
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9 ENTENDENDO O SEGMENTO2.1 A relao turismo e culturaPode-se situar a origem da relao turismo e cultura no grand tour europeu, quando os
aristocratas e mais tarde a burguesia viajavam principalmente para contemplar monumentos,
runas e obras de arte dos antigos gregos e romanos.
Desses primrdios tempos at a atualidade, a cultura continuou a ser uma das principais
razes para a viagem; com o tempo, modifi cou-se, porm, a forma como os inmeros
turistas visitam atrativos tursticos culturais. A prpria noo de cultura anteriormente ligada
idia de civilizao ampliou-se e passou a incluir todas as formas de ser e fazer humanos.
Dessa forma, entende-se que todos os povos so detentores de cultura. Esta defi nida
como a totalidade ou o conjunto da produo, de todo o fazer humano de uma sociedade,
suas formas de expresso e modos de vida2.
Quanto aos estudos especfi cos sobre a relao turismo e cultura, pode-se afi rmar que
foram iniciadas a partir dos anos 60, pelos antroplogos. Nessa dcada e na seguinte, o
turismo passou a ser apontado como alternativa para o desenvolvimento mundial, inclusive
no Brasil, embora de forma incipiente. No entanto, o modo como a atividade turstica foi
implementada em muitos lugares revelou-se danosa ao patrimnio cultural ou inefi caz como
estratgia de promoo, quer pela falta de recursos humanos especializados, pela visitao
descontrolada, pelo desrespeito em relao identidade cultural local, pela imposio de
novos padres culturais, especialmente em pequenas comunidades, quer pelo despreparo
do prprio turista para a experincia turstica cultural.
Esse contexto sinalizou para a necessidade de se implementar aes conjuntas, planejadas
e geridas entre as reas de turismo e de cultura, e de se contemplar o respeito identidade
cultural e memria das comunidades na atividade turstica. O patrimnio cultural, mais do
que atrativo turstico, fator de identidade cultural e de memria das comunidades, fonte
que as remete a uma cultura partilhada, a experincias vividas, a sua identidade cultural e,
como tal, deve ter seu sentido respeitado.
A opo pelo desenvolvimento turstico deve conciliar-se aos objetivos de manuteno do
patrimnio, do uso cotidiano dos bens culturais e da valorizao das identidades culturais
locais. O uso turstico deve sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas. Assim,
a atividade turstica incentivada como estratgia de preservao do patrimnio, em funo
da promoo de seu valor econmico.
Praticando esses pressupostos, algumas iniciativas de implementao de polticas
pblicas de turismo tm despertado o sentimento de orgulho nas comunidades em relao
sua identidade cultural. Prticas culturais, antes esquecidas, vm sendo resgatadas e
2 BRASIL. Sustentabilidade sociocultural: princpio fundamental. MTur: Brasil, 2006
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o patrimnio preservado, mesmo face s infl uncias da globalizao e da tendncia
padronizao de expresses, bens e servios culturais e tursticos.
Pode-se dizer que a relao cultura e turismo fundamenta-se em dois pilares: o primeiro
a existncia de pessoas motivadas em conhecer culturas diversas e o segundo a
possibilidade do turismo servir como instrumento de valorizao da identidade cultural, da
preservao e conservao do patrimnio, e da promoo econmica de bens culturais.
Algumas viagens confi guram um tipo especial de turismo, denominado Turismo Cultural,
cujos marcos conceituais e abrangncia abordam-se a seguir.
2.2 Conceituao e caractersticas do Turismo CulturalDiante da abrangncia dos termos turismo e cultura, o MTur, em parceria com o Ministrio da
Cultura e o IPHAN, e com base na representatividade da Cmara Temtica de Segmentao
do Conselho Nacional de Turismo, estabeleceu um recorte nesse universo e dimensionou
o segmento na seguinte defi nio
Turismo Cultural compreende as atividades tursticas relacionadas vivncia do conjunto de elementos signifi cativos do patrimnio histrico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
A compreenso do signifi cado dos termos empregados neste conceito permite visualizar as
caractersticas bsicas e o dimensionamento atribudo ao Turismo Cultural no pas.
Atividades tursticas
Entende-se por atividades tursticas aquelas realizadas em funo da viagem de Turismo
Cultural, tais como
transporte
agenciamento
hospedagem
alimentao
recepo
eventos
recreao e entretenimento
outras atividades complementares
Vivncia
A defi nio de Turismo Cultural est relacionada motivao do turista, especifi camente a
de vivenciar o patrimnio histrico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a
experienci-los e preservar a sua integridade. Vivenciar implica, essencialmente, em duas
formas de relao do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a primeira refere-se ao
conhecimento, aqui entendido como a busca em aprender e entender o objeto da visitao; a
segunda corresponde a experincias participativas, contemplativas e de entretenimento, que
ocorrem em funo do objeto de visitao.
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Patrimnio histrico e cultural e eventos culturais
Considera-se patrimnio histrico e cultural os bens de natureza material e imaterial que
expressam ou revelam a memria e a identidade das populaes e comunidades. So bens
culturais de valor histrico, artstico, cientfi co, simblico, passveis de tornarem-se atraes
tursticas: arquivos, edifi caes, conjuntos urbansticos, stios arqueolgicos, runas; museus
e outros espaos destinados apresentao ou contemplao de bens materiais e imateriais;
manifestaes como msica, gastronomia, artes visuais e cnicas, festas e celebraes. Os
eventos culturais englobam as manifestaes temporrias, enquadradas ou no na defi nio
de patrimnio, incluindo-se nesta categoria os eventos gastronmicos, religiosos, musicais,
de dana, de teatro, de cinema, exposies de arte, de artesanato e outros.
Valorizao e promoo dos bens materiais e imateriais da cultura
A utilizao turstica dos bens culturais pressupe sua valorizao, promoo e a manuteno
de sua dinmica e permanncia no tempo como smbolos de memria3 e de identidade.
Valorizar e promover signifi ca difundir o conhecimento sobre esses bens e facilitar seu acesso
e usufruto a moradores e turistas. Signifi ca tambm reconhecer a importncia da cultura na
relao turista e comunidade local, aportando os meios para que tal relao ocorra de forma
harmnica e em benefcio de ambos.
Convm ressaltar que os deslocamentos motivados por interesses religiosos, msticos,
esotricos, cvicos e tnicos so aqui entendidos como recortes no mbito do Turismo
Cultural e podem constituir outros segmentos para fi ns especfi cos: Turismo Cvico, Turismo
Religioso, Turismo Mstico e Esotrico e Turismo tnico. O Turismo Gastronmico, entre
outros, pode tambm instituir-se no mbito do Turismo Cultural, desde que preservados os
princpios da tipicidade e identidade.
2.2.1 Turismo CvicoO Turismo Cvico ocorre em funo de deslocamentos motivados pelo conhecimento de
monumentos, fatos, observao ou participao em eventos cvicos, que representem a
situao presente ou a memria poltica e histrica de determinados locais.
Entendem-se como monumentos as obras ou construes que remetem memria de
determinado fato relevante ou personagem. Os fatos so aes, acontecimentos e feitos
realizados, ou que estejam ocorrendo na contemporaneidade. Do ponto de vista turstico,
eles podem atrair pessoas para conhecerem os locais onde se efetivaram, de forma a
compreender o seu contexto e suas particularidades. Neste caso, tais monumentos e fatos
diferenciam-se dos demais por seu carter cvico, ou seja, relativos ptria. Os eventos
cvicos so as programaes em que o Estado, seus smbolos e datas so celebrados pelos
cidados. Englobam-se aqui as comemoraes de feriados nacionais relacionados a fatos
e personagens da ptria, os eventos para troca de bandeiras, as posses de presidentes,
governadores e prefeitos, as visitas guiadas a lugares de evocao do esprito cvico de
uma nao, entre outros. Assim, esse tipo de turismo abrange elementos do passado
3 Memrias so lembradas organizadas segundo uma lgica subjetiva que seleciona e articula elementos que nem sempre correspondem aos fatos concretos, objetivos e materiais. MEIHY, J. C. SEBE BOM. Manual de Histria Oral. So Paulo: Loyola, 2004
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e do presente relacionados ptria: fatos, acontecimentos, situaes, personagens e
monumentos referentes a feitos polticos e histricos.
Cabe ressaltar que os deslocamentos tursticos caractersticos desse tipo de turismo
ocorrem tanto no pas do turista quanto em ptrias estrangeiras. As temticas envolvidas
podem relacionar-se poltica municipal, estadual, nacional ou internacional.
2.2.2 Turismo Religioso O Turismo Religioso confi gura-se pelas atividades tursticas decorrentes da busca espiritual
e da prtica religiosa em espaos e eventos relacionados s religies institucionalizadas.
Est relacionado s religies institucionalizadas tais como as de origem oriental, afro-
brasileiras, espritas, protestantes, catlica, compostas de doutrinas, hierarquias, estruturas,
templos, rituais e sacerdcio.
A busca espiritual e a prtica religiosa, neste caso, caracterizam-se pelo deslocamento a
locais e para participao em eventos para fi ns de
peregrinaes e romarias
retiros espirituais
festas e comemoraes religiosas
apresentaes artsticas de carter religioso
encontros e celebraes relacionados evangelizao de fi is
visitao a espaos e edifi caes religiosas (igrejas, templos, santurios, terreiros)
realizao de itinerrios e percursos de cunho religioso e outros
Muitos locais que representam importante legado artstico e arquitetnico de religies
e crenas so compartilhados pelos interesses sagrados e profanos dos turistas. As
viagens motivadas pelo interesse cultural ou pela apreciao esttica do fenmeno ou
do espao religioso sero, para efeitos deste documento, consideradas simplesmente
como Turismo Cultural.
2.2.3 Turismo Mstico e Esotrico4O Turismo Mstico e o Turismo Esotrico caracterizam-se pelas atividades tursticas
decorrentes da busca da espiritualidade e do autoconhecimento em prticas, crenas e
rituais considerados alternativos.
Opta-se, nesta defi nio, pela utilizao conjunta e no exclusiva dos termos Turismo Mstico
e Turismo Esotrico, uma vez que o misticismo e o esoterismo esto relacionados s novas
religiosidades, sendo que suas prticas se do, muitas vezes, concomitantemente, tornando
difcil separ-los em um produto turstico exclusivamente de carter mstico ou de carter
esotrico. Nesse sentido, para fi ns de caracterizao de produtos tursticos, podero ser
utilizados os termos Turismo Esotrico ou Turismo Mstico ou Turismo Mstico-Esotrico.
4 Para a caracterizao desse tipo de turismo destacam-se as contribuies da Prof. Dra. Deis Siqueira, da Universidade de Braslia. Para aprofundamento no assunto indica-se a leitura de sua obra As novas religiosidades no Ocidente. Braslia: cidade mstica, Editora Universidade de Braslia, 2003
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H atualmente uma tendncia pela busca de novas religiosidades ou nova espiritualidade,
desvinculadas das religies tradicionais, o que se d pela manifestao de crenas, rituais
e prticas alternativas, associadas ao misticismo e ao esoterismo.
Nesse contexto, o turismo refere-se ao deslocamento de pessoas para estabelecer contato
e vivenciar tais prticas, conhecimentos e estilos de vida que confi guram um aspecto
cultural diferenciado do destino turstico. Dentre as atividades tpicas desse tipo de turismo
pode-se citar as caminhadas de cunho espiritual e mstico, as prticas de meditao e de
energizao, entre outras.
2.2.4 Turismo tnicoO Turismo tnico constitui-se de atividades tursticas envolvendo a vivncia de experincias
autnticas e o contato direto com os modos de vida e a identidade de grupos tnicos. O turista
busca, no caso, estabelecer um contato prximo com a comunidade anfi tri, participar de
suas atividades tradicionais, observar e aprender sobre suas expresses culturais, estilos
de vida e costumes singulares. Muitas vezes, tais atividades podem articular-se como uma
busca pelas prprias origens do turista, em um retorno s tradies de seus antepassados.
Esse tipo de turismo envolve as comunidades representativas dos processos imigratrios
europeus e asiticos, as comunidades indgenas, as comunidades quilombolas e outros
grupos sociais que preservam seus legados tnicos como valores norteadores de seu
modo de vida, saberes e fazeres.
Para desenvolver o segmento de Turismo Cultural e suas derivaes necessrio, em
primeiro lugar, saber quais so as suas principais caractersticas e abrangncias.
tambm fundamental compreender as motivaes e o perfi l dos turistas que buscam as
experincias expressas nesse segmento, que desempenha importante papel no processo
de caracterizao e fortalecimento da identidade de um territrio.
2.3 O turista cultural As pesquisas denominadas pesquisas de demanda, permitem conhecer as preferncias
e necessidades do turista e elaborar produtos adequados a cada perfi l consumidor. No
caso deste segmento, tambm importante saber quais atividades tm a preferncia do
turista e como elas podem ser organizadas como parte da programao de uma viagem.
De modo geral, pode-se afi rmar que no existem pesquisas desse tipo no Brasil. certo
que a amplitude de interesses e de motivaes em relao cultura requer uma srie de
estudos, mas alguns trabalhos em outros pases podem ser utilizados nessa tarefa, como
no caso do Mxico5, que aponta a existncia de dois tipos de turistas que visitam atrativos
culturais em seus deslocamentos
a) aqueles com interesse especfi co na cultura, isto , que desejam aprofundar-se na
compreenso das culturas visitadas e se deslocam especialmente para esse fi m
5 MXICO. El Turismo Cultural en Mxico: resumen ejecutivo del estudio estratgico de viabilidad del turismo cultural en Mxico. Mxico DF: SECTUR, sd
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b) aqueles com interesse ocasional na cultura, possuindo outras motivaes que
o atraem ao destino, relacionando-se com a cultura apenas como uma opo
de lazer. Esses turistas, muitas vezes, acabam visitando algum atrativo cultural,
embora no tenham se deslocado com esse fi m, e, apesar de no se confi gurarem
como pblico principal do que conceituamos de Turismo Cultural, so tambm
importantes para o destino, devendo ser considerados para fi ns de estruturao e
promoo do produto turstico
Diante da escassez de informaes sobre o assunto, sugerem-se alguns procedimentos
para levantar o perfi l do consumidor desse tipo de turismo
verifi car a existncia de pesquisas relacionadas ao assunto, principalmente as que
apontem o perfi l e a motivao do turista em visitar os atrativos culturais da regio,
nos rgos ofi ciais de turismo e de cultura, nas instituies de ensino, no Sistema
S, em Organizaes No-Governamentais, em museus e centros culturais, dentre
outros
realizar pesquisas direcionadas ao tema na regio lembrando que devem ser
planejadas e executadas por profi ssionais da rea
Para que as pesquisas de demanda sejam confi veis, recomenda-se que sejam planejadas
conforme metodologias especfi cas, tanto na alta quanto na baixa temporada turstica,
durante a semana e fi ns de semana, em diferentes horrios do dia e da noite, de modo
a captar o perfi l do turista que freqenta o destino durante todo o ano, identifi cando seus
hbitos de visitao e consumo.
rgos e instituies de cultura, tais como museus, centros culturais,igrejas e demais espaos possuem registros de visitas e outras informaes
que possibilitam, por exemplo, caracterizar a procednciae o nmero de visitantes a esses bens culturais
Os resultados das pesquisas com os turistas facilitam aos empresrios o desenvolvimento
de produtos de Turismo Cultural que atendam aos diferentes perfi s, motivaes e interesses
de viagem, permitindo a segmentao da demanda.
rgos e instituies de cultura, tais como museus, centros culturais,igrejas e demais espaos possuem registros de visitas e outras informaes
que possibilitam, por exemplo, caracterizar a procednciae o nmero de visitantes a esses bens culturais
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BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO CULTURAL
Uma vez entendidas as caractersticas especiais deste segmento e do respectivo
turista possvel compreender e agir sobre as principais questes que envolvem o seu
desenvolvimento na regio e no municpio.
3.1 A viabilidade para o Turismo Cultural Um dos primeiros passos para a estruturao desse tipo de turismo identifi car e avaliar
se na regio existem atrativos culturais signifi cativos, efetivos ou potenciais, que possam
motivar o deslocamento do turista especialmente para conhec-los.
Segundo classificao atualizada do MTur, os principais atrativos6 desse tipo de
turismo so
Stios histricos centros histricos, quilombos
Edifi caes especiais arquitetura, runas
Obras de arte
Espaos e instituies culturais museus, casas de cultura
Festas, festivais e celebraes locais
Gastronomia tpica
Artesanato e produtos tpicos
Msica, dana, teatro, cinema
Feiras e Mercados tradicionais
Saberes e Fazeres causos, trabalhos manuais
Realizaes artsticas exposies, atelis
Eventos programados feiras e outras realizaes artsticas, culturais, gastronmicas
Outros que se enquadrem na temtica cultural
Como se pode ver, a cultura e seus diversos desdobramentos constituem insumos bsicos
do Turismo Cultural. Pintura, escultura, teatro, dana, msica, gastronomia, artesanato,
literatura, arquitetura, histria, festas, folclore, entre outros, formam uma combinao que
permite a vivncia da diversidade cultural brasileira.
Quanto maior a diversidade de opes e atividades, maiores sero as possibilidades de se
criar produtos diferenciados. Alm de estimular a permanncia do turista no destino por um
perodo de tempo maior, incentivam a visitao nos perodos de baixa temporada.
6 Verifi car os tipos, subtipos e as caractersticas relevantes dos atrativos tursticos (Atrativos Culturais, Eventos Programados, Realizaes Tcnico-Cientfi cas) no documento Inventrio da Oferta Turstica: instrumento de pesquisa. Braslia: MTur, 2006
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O cinema e a televiso podem agregar valor a um destino turstico, transformando cenrios e recursos culturais em grandes atrativos, quando esses forem palco para as gravaes de um fi lme, ou minissries e novelas de cunho histrico, principalmente. Quando tais produes se tornam conhecidas, podem estimular maior fl uxo turstico para esses locais. Tal fato deve ser visto como uma oportunidade de se trabalhar outros contedos presentes no local, aproveitando o fl uxo de turistas para promover a cultura local, valorizando-a em sua totalidade de aspectos
O fl uxo turstico, no caso deste segmento, no depende tanto de condies climticas,
como no Turismo de Sol e Praia e outros, possibilitando que as atividades tursticas possam
ser realizadas ao longo do ano. A sazonalidade da atividade mais evidente, contudo, em
destinos cujo produto est focado em eventos e determinadas manifestaes culturais
pontuais. Nesse caso, desenvolver outras atividades e segmentos pode ser uma boa
estratgia para melhorar a distribuio do fl uxo turstico e a ocupao dos equipamentos.
Se a motivao do turista concentrar-se nos aspectos culturais, ele visitar tanto os
atrativos localizados na zona urbana quanto na rea rural. Caso a vivncia da ruralidade
for predominante na motivao, confi gura-se um outro tipo de turismo o segmento
denominado Turismo Rural, que guarda fortes elementos culturais. Por essa razo, uma
propriedade rural com elementos culturais signifi cativos pode desenvolver produtos de
ambos os segmentos Rural e Cultural.
Deve-se, pois, identifi car, dentre todos os atrativos, aqueles que podem compor um
produto turstico diferenciado. Nesse processo, convm analisar a singularidade, o valor
intrnseco e o carter brasileiro dos atrativos7 que compem o seu valor potencial, segundo
metodologia adotada no Plano de Marketing Turstico Nacional8.
Os valores locais histria, identidade e memriaNo processo de organizao do Turismo Cultural a comunidade tem papel fundamental,
principalmente na revelao de aspectos ainda no registrados ou que no constam
na histria ofi cial. A vivncia histrica das comunidades, ao ser valorizada pelo turismo,
enriquece a experincia do turista e refora o sentimento de pertena local.
Os moradores mais antigos da regio so detentores de um amplo leque de informaes sobre a histria, a memria, os personagens e fatos do cotidiano local,
nem sempre visveis e conhecidos do senso comum
7 - Singularidade: valor que tem um recurso pelo fato de ser nico no mundo, na Amrica Latina, no Brasil, na macrorregio ou no Estado
- Valor Intrnseco: valor de cada um dos recursos, aferido por meio de anlise comparativa que os faa destacar-se dentro de sua prpria categoria (museus, edifi caes, natureza, parques)
- Carter brasileiro: valor que tem um recurso pelo fato de fazer parte da identidade nacional, ainda que no seja espe-cifi camente um recurso turstico, mas representa, de fato, um grande valor potencial para o turismo
8 BRASIL. Plano de Marketing Turstico Nacional. Braslia: MTur, 2005
Os moradores mais antigos da regio so detentores de um amplo leque de informaes sobre a histria, a memria, os personagens e fatos do cotidiano local,
nem sempre visveis e conhecidos do senso comum
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Alm disso, o prprio cotidiano pode constituir-se em atrativo, j que o turista cultural
busca relacionar-se com a comunidade e identifi car os saberes e fazeres que compem a
identidade local9.
Na verdade, no somente a cultura de cunho erudito10, expressa em museus, prdios
histricos, em manifestaes musicais, cnicas e literrias atraem os turistas culturais.
Esses so tambm atrados pela cultura dita popular e pelas manifestaes tradicionais
e folclricas, expressas principalmente na gastronomia tpica, nas festas e celebraes
populares, nas lendas, histrias e causos locais, nos produtos artesanais de origem e
nos modos peculiares de receber o visitante. Todos esses elementos constituem atrativos
essenciais que caracterizam o Turismo Cultural.
O turista cultural valoriza a cultura em toda a sua complexidade e particularidade,
movimentando-se em busca de cones que representam a identidade local e a memria
coletiva11. Ambos os conceitos remetem a um conjunto de experincias, fatos histricos e
elementos culturais comuns a um grupo ou comunidade, e que podem ser representados
pelos bens culturais materiais e imateriais que compem o patrimnio.
Alguns bens so considerados patrimnio por uma coletividade, desde que essas o
reconheam como tal, no entanto, o reconhecimento ofi cial de determinado bem como
patrimnio depende de medidas legais que podem ser tomadas nas trs esferas de governo
e que so abordadas a seguir.
3.2 Aspectos legais O adequado desenvolvimento do Turismo Cultural depende da observncia de questes
legais relacionadas aos atrativos tursticos e ao patrimnio, ao territrio, e prestao
de servios, dentre outras. Tratam-se de dispositivos que orientam as aes, estruturam
procedimentos e ordenam o territrio, considerando os anseios e as necessidades da
populao brasileira. No Anexo deste documento encontram-se elencados os principais
marcos legais que incidem sobre o segmento culturais, ambientais, tursticos e outros.
No que se refere aos aspectos legais diretamente relacionados cultura, dado que
o patrimnio cultural o principal atrativo do Turismo Cultural, fundamental a gesto
integrada das reas envolvidas. A Constituio Brasileira de 1988, em seu artigo 216,
estabelece que o patrimnio cultural brasileiro composto por bens de natureza material e
imaterial e dispe sobre sua proteo e promoo, e respectivos instrumentos, tais como
inventrios, registros, vigilncia, tombamento e desapropriao, remetendo lei defi nir a
9 Segundo Barreto (2004): Manter algum tipo de identidade tnica, local ou regional parece ser essencial para que as pessoas se sintam seguras, unidas por laos extemporneos a seus antepassados, a um local, a uma terra, a costumes e hbitos que lhes do segurana, que lhes informe de onde so e de onde vm [..]
10 Canclini (2003) assinala que a diviso entre cultura erudita e popular cada vez mais tnue 11 Em relao aos processos de recuperao da memria coletiva impulsionados pela presena dos turistas, Barreto afi rma
que esse processo leva, em uma etapa posterior, recuperao da cor local e do passado, ultrapassando os fi ns tursticos que a justifi caram
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punio por danos e ameaas a sua integridade.12 O Instituto do Patrimnio Histrico e
Artstico Nacional IPHAN o organismo federal responsvel pela proteo do patrimnio
material e imaterial. O patrimnio material protegido por instrumento legal chamado
tombamento, e o imaterial por registro. Esses dois instrumentos explicados a seguir, tm
seus respectivos decretos anexados a este documento.
Cabe s esferas de governo formular polticas para incentivar,
apoiar e promover a manuteno do patrimnio cultural e
facilitar as iniciativas do setor privado
3.2.1 Patrimnio Cultural MaterialO patrimnio material13 constitudo de bens culturais mveis e imveis. No primeiro caso,
encontram-se aqueles bens que podem ser transportados, tais como os livros e as obras
de artes e no segundo, os bens estticos, tais como prdios, cidades, ruas, etc., e possuem
instrumento especfi co de proteo
Bens mveis: colees arqueolgicas, acervos museolgicos, documentais,
bibliogrfi cos, arquivsticos, videogrfi cos, fotogrfi cos e cinematogrfi cos
Bens imveis: ncleos urbanos, stios arqueolgicos e paisagsticos e bens
individuais
3.2.1.1 TombamentoO tombamento confi gura-se um ato administrativo realizado pelo Poder Pblico com o
objetivo de preservar, por intermdio da aplicao de legislao especfi ca, bens de valor
histrico, cultural, arquitetnico, ambiental e tambm de valor afetivo para a populao,
impedindo que venham a ser destrudos ou descaracterizados. Podem ser tombados bens
pertencentes Unio, aos estados, Distrito Federal e municpios, bem como a pessoas
fsicas ou jurdicas de direito privado. Nesse ltimo, o tombamento pode se dar de forma
voluntria ou compulsria caso o proprietrio se recuse a anuir inscrio do bem.
O tombamento pode ser solicitado por qualquer cidado ou instituio pblica. O pedido
submetido a uma avaliao tcnica preliminar e deliberao do rgo responsvel pela
preservao. Em caso de aprovao emitida uma notifi cao ao proprietrio. Com esse
documento procura-se evitar a destruio do bem at que o bem seja inscrito em um dos
seguintes Livros do Tombo
Livro do Tombo Arqueolgico, Etnogrfi co e Paisagstico: bens pertencentes
s categorias de arte arqueolgica, etnogrfi ca, amerndia e popular, monumentos
naturais, stios e paisagens
Livro do Tombo Histrico: bens de interesse histrico e as obras de arte
histrica
Livro do Tombo das Belas-Artes: obras de arte erudita nacional ou estrangeira
12 Informaes baseadas em documentos do IPHAN disponveis em http://www.iphan.gov.br 13 Disponvel em http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12297&retorno=paginaIphan
Cabe s esferas de governo formular polticas para incentivar,apoiar e promover a manuteno do patrimnio cultural e
facilitar as iniciativas do setor privado
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Livro do Tombo das Artes Aplicadas: obras includas na categoria das artes
aplicadas, nacionais ou estrangeiras
Destaca-se que o tombamento pode ser feito pela Unio, por intermdio do IPHAN; pelo
governo estadual, por meio do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico do Estado ou
rgo similar; e pelas administraes municipais, utilizando-se de leis prprias.
A UNESCO, rgo das Naes Unidas para a Cultura, tambm contribui para a proteo de
lugares especiais no mundo todo, dando-lhes o ttulo de Patrimnio Cultural da Humanidade
No Brasil existem 17 tesouros do patrimnio mundial
Braslia Distrito Federal
Congonhas do Campo Minas Gerais
Olinda Pernambuco
Ouro Preto Minas Gerais
Parque Nacional do Iguau Paran
Salvador Bahia
So Miguel das Misses Rio Grande do Sul
Centro Histrico de Gois Gois
Parque Nacional Serra da Capivara Piau
Centro Histrico de So Lus Maranho
Reserva Mata Atlntica So Paulo e Paran
Pantanal Mato-grossense Mato Grosso
Diamantina Minas Gerais
Parque Nacional do Ja Amazonas
Costa do Descobrimento Bahia e Esprito Santo
Reservas do Cerrado Parque Nacional das Emas e Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros Gois
Ilhas Atlnticas Fernando de Noronha e Atol das Rocas Pernambuco
Assim, os bens que compem o nosso patrimnio material podem ser reconhecidos,
respectivamente, como patrimnio mundial, nacional, estadual ou municipal. Podem
enquadrar-se em mais uma categoria, desde que reconhecido como tal por duas ou mais
instncias.
As medidas ora referidas visam garantir a preservao dos bens, ou seja, a manuteno
de suas caractersticas essenciais. Simultaneamente, porm, imprescindvel a sua
conservao, isto , a adoo contnua de medidas para evitar que se deteriorem. Podem
ser realizadas, tambm, aes de qualifi cao e revitalizao que esto relacionadas a
um conjunto de medidas que visam dotar um centro histrico, um bairro, um conjunto
urbanstico ou uma regio de melhor infra-estrutura, para revigor-los ou otimizar seu uso
isto , ressignifi car o patrimnio. Assim, para dar vitalidade a um centro histrico em
decadncia, por exemplo, podem ser realizados eventos culturais peridicos dando novos
usos ou funes e estimulando a visitao.
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3.2.2 Patrimnio Cultural ImaterialSo considerados Patrimnio Cultural Imaterial os usos, representaes, expresses,
conhecimentos e as tcnicas bem como os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que
lhes so associados e que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivduos
reconheam como parte integrante de seu patrimnio cultural14. So exemplos os ofcios,
rituais, danas e pinturas corporais.
Essa dimenso do patrimnio caracteriza-se por seu carter intangvel e dinmico
ou seja, est sujeita a mudanas impostas pelo cotidiano do homem, j que se trata
de seus modos de vida, saberes e fazeres, que evoluem constantemente. Por esta
razo busca-se o reconhecimento dessa dinamicidade e a respectiva valorizao e
promoo de tais expresses.
3.2.2.1 RegistroPara salvaguardar15 os bens culturais imateriais existe um instrumento legal denominado
Registro dos Bens Culturais de Natureza Imaterial, institudo no ano 2000 atravs do
Decreto n 3.551/00, que dispe tambm sobre um programa especialmente voltado para
a questo. Podem ser registrados em um dos seguintes livros
Livro de Registro dos Saberes - conhecimentos e modos de fazer enraizados no
cotidiano das comunidades
Ofcio das Paneleiras de Goiabeiras - Esprito Santo
Modo de Fazer Viola-de-Cocho - Regio Centro-Oeste
Ofcio das Baianas de Acaraj - Bahia
Livro de Registro das Celebraes - rituais e festas que marcam a vivncia
coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras prticas da
vida social
Crio de Nossa Senhora de Nazar - Belm - PA
Livro de Registro das Formas de Expresso - manifestaes literrias, musicais,
plsticas, cnicas e ldicas
Arte Kuwisa, tcnica de pintura e arte grfi ca da populao indgena
Wajpi - Amap
Samba de Roda do Recncavo Baiano - Bahia
Jongo - Regio Sudeste
Livro de Registro dos Lugares - mercados, feiras, santurios, praas e demais
espaos onde se concentram e se reproduzem prticas culturais coletivas. Ainda
no existem bens registrados nesta categoria
Os registros dos bens imateriais so reavaliados e reexaminados a cada dez anos para
que o IPHAN decida sobre a revalidao do ttulo Patrimnio Cultural do Brasil. Caso seja
negada, o bem fi car apenas registrado como referncia cultural de seu tempo.
14 UNESCO. Conveno para a Salvaguarda do Patrimnio Cultural Imaterial. Paris, 2003. Disponvel em http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001325/132540s.pdf
15 Salvaguardar um Bem Cultural de Natureza Imaterial apoiar sua continuidade de modo sustentvel. atuar no sentido da melhoria das condies sociais e materiais de transmisso e reproduo que possibilitam sua existncia. Programa Nacional do Patrimnio Imaterial, disponvel em http://www.iphan.gov.br
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Para tratar dessas questes, existe o Programa Nacional do Patrimnio Imaterial
PNPI que viabiliza projetos de identifi cao, reconhecimento, salvaguarda e promoo
da dimenso imaterial do patrimnio cultural. um instrumento de fomento que busca
estabelecer parcerias, complementando e apoiando o instrumento do Registro. Dentre as
estratgias do PNPI, consta a proposio da incluso do tema patrimnio imaterial nas
aes de divulgao e promoo da cultura brasileira aos rgos de turismo.
3.3 Identifi cao de agentes e parceiros indispensvel para a viabilidade do segmento de Turismo Cultural a identifi cao
e o envolvimento das reas de turismo e de cultura e o estabelecimento de redes de
parcerias. Profi ssionais como historiadores, antroplogos, socilogos, arquelogos,
muselogos, educadores, juntamente com os profi ssionais de turismo, podem realizar
aes complementares em parcerias, tais como
inventariao da oferta turstica
diagnstico da situao da oferta
qualifi cao, conservao e manuteno de bens culturais
capacitao de recursos humanos para atuar na prestao de servios tursticos
elaborao e implementao de projetos de interpretao e educao
patrimonial
produo e seleo de textos e imagens para fi ns de promoo do destino
turstico
O IPHAN, por exemplo, possui metodologias para o desenvolvimento de alguns desses
trabalhos, relacionadas educao patrimonial, inventariao de referncias culturais e
aos planos de preservao para stios histrico urbanos, que podem ser consultados.
O estabelecimento de parcerias com os diversos agentes culturais do setor pblico e
privado deve envolver, entre outros
rgos ofi ciais de cultura (secretarias, fundaes, diretorias)
rgos ofi ciais de preservao do patrimnio (IPHAN e rgos estaduais e
municipais)
Associaes de artesos, produtores culturais, artistas, grupos folclricos e
outros
Gestores de museus e centros culturais
Mestres do saber, representantes de comunidades
Empresrios do setor cultural
rgos de planejamento e obras urbanas
Instituies de Ensino
Um dos desafi os para essa tarefa justamente a compatibilizao de linguagens,
objetivos, modos de operao e de concepo sobre o Turismo Cultural. Alm disso,
preciso saber lidar com algumas crticas quanto ao incentivo a esse segmento, sobretudo
s que se referem possvel transformao do patrimnio cultural em bem de consumo,
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o que poderia acarretar a perda de seu signifi cado16. Diante disso, o dilogo a nica
forma de demonstrar os benefcios do Turismo Cultural responsvel: as possibilidades
de fortalecimento da cultura e da identidade cultural, despertando o orgulho nas
comunidades, o resgate de manifestaes culturais, a redescoberta da histria dos
lugares e a dinamizao cultural da regio.
A Organizao Mundial do Turismo OMT e a Comisso Europia de Turismo ETC17 sugerem
algumas medidas para facilitar a cooperao entre as reas do turismo e da cultura
considerar que o Turismo Cultural baseia-se na cooperao mtua sem a cultura
ou o turismo, o segmento no existe
considerar que cada setor possui uma linguagem prpria o vocabulrio empregado
no setor cultural no habitual no turstico e vice-versa
disponibilizar tempo sufi ciente para que as duas reas se conheam bem, antes
de realizarem atividades de cooperao
formular objetivos precisos, permitindo a visibilidade dos objetivos comuns e dos
diferentes
cada uma das partes deve respeitar os objetivos, as necessidades e as condies
da outra parte em relao a determinado assunto
preparar atividades coletivas, de promoo ou outras produes em equipe,
criando um sentimento comum de pertencimento
considerar as diferentes funes e reas de especializao dos dois setores em
um evento cultural, a produo da cultura e a divulgao turstica ao setor de
turismo
considerar a necessidade de um planejamento efetivo entre as duas reas,
considerando os prazos de execuo de atividades
envolver profi ssionais que conheam e dialoguem com as duas reas
3.4 Envolvimento das comunidades O envolvimento da comunidade uma das aes bsicas para o desenvolvimento do
Turismo Cultural, uma vez que necessrio que ela conhea e valorize o seu patrimnio.
Para tanto, recomenda-se a realizao de um trabalho contnuo de educao patrimonial.
Tal ferramenta consiste em um processo permanente e sistemtico focado no patrimnio
cultural, com vistas ao conhecimento, apropriao e valorizao de sua herana
cultural, que so fatores-chave para a preservao e conservao do patrimnio e para
o fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania18, fundamentais para a
sustentabilidade do Turismo Cultural.
CONHECER VALORIZAR RESPEITAR
Do ponto de vista do turismo, esse trabalho pode levar a alguns resultados, tais como:
disponibilidade de informaes sobre a histria e a cultura local, possibilitando
repass-las aos turistas
16 BARRETO, Margarita. Turismo e Legado Cultural: as possibilidades do planejamento. Campinas SP: Papirus, 200017 OMT; ETC. El Turismo Urbano y la Cultura: la experiencia europea. Madrid: OMT, 200518 HORTA, M. L. P. et. al. Guia Bsico de Educao Patrimonial. Braslia: IPHAN, Museu Imperial, 1999
CONHECER VALORIZAR RESPEITAR
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entendimento e a valorizao do patrimnio pela comunidade que pode desenvolver
trabalhos educativos com os turistas e cobrar deles uma postura de respeito
compreenso do Turismo Cultural como um meio de promoo do patrimnio
3.5 Tematizao: conferindo identidade aos produtos tursticosA tematizao entendida como o processo de ressaltar a identidade cultural de
determinados produtos a partir de um tema, gire ele em torno de um personagem, um
momento histrico ou um evento econmico especfi co. Embora o tema estabelecido seja
preponderante na promoo do produto, isso no inviabiliza que em um mesmo produto
co-existam vrios outros subtemas agregados.
TemasMomento histrico - perodo pr-colombiano, poca colonial, poca do imprio, perodos e fatos do perodo republicano, e seus diversos recortes etc.
Temtica cultural - temas e recortes em artes especfi cas, conjunto de obras de um artista, poeta, escritor, etc., personagem histrico ou de relevncia para a cultura local/regional, especialidades gastronmicas, conjunto de igrejas ou atrativos msticos e esotricos, conjunto de legados de uma comunidade tnica, nfase em atividades econmicas e seu legado cultural, conjunto de eventos relacionados entre si etc.
Tematizar importante para fi ns de planejamento e organizao de um produto de acordo
com a identidade que se quer dar ao atrativo, ao lugar ou regio. Em Nova Iorque, nos
Estados Unidos, um restaurante perto do Lincoln Center, palco de famosas peras, por
exemplo, contrata cantores lricos como garons que, logo aps servir o jantar ao cliente,
canta-lhe um trecho de ria19, surpreendendo e encantando os clientes. Por meio da msica,
tambm pode-se conhecer o modo de vida do paulistano, na cidade de So Paulo, em um
roteiro especialmente desenvolvido com esta temtica, que inclui visitas a locais onde se
pode ouvir jazz e blues20.
Os bares da Lapa no Rio de Janeiro tornaram-se tambm um smbolo do samba de raiz,
honrando a tradio do lugar, que sempre foi freqentado por artistas, msicos e bomios
apreciadores do samba tradicional. Hoje, mais segura e confortvel para os clientes (porm
sem perder o ar de ponto de botequins), essa Lapa cultural foi homenageada em selo
comercial dos Correios Brasileiros.
Uma regio turstica cuja produo cultural plural e diversifi cada pode criar mltiplos roteiros com temas gerais ou especfi cos: roteiro gastronmico (podendo dar nfase a produtos especfi cos da regio), roteiro das artes plsticas (com nfase em determinado estilo ou artista), roteiro musical (com nfase em aspectos relacionados histria e produo de um gnero musical ou artista da regio)
Os roteiros com mltiplos aspectos da cultura como artesanato, gastronomia, artes, msica, dana e teatro tambm so bastante interessantes e podero ser agregados sob a denominao de um momento histrico ou outro tema da regio que possam identifi car o produto
19 ria: pea de msica para uma s voz20 Informaes disponveis em http://www.cidadedesaopaulo.com/dicas_sppaulistanos.asp
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Especial ateno deve ser dada tambm ao artesanato como produto cultural que agrega
valor experincia turstica. Um produto artesanal de origem o legtimo representante e a
memria material de uma comunidade, revelada atravs de traos, formas, funes e cores.
Para um produto artesanal de origem, devem ser mantidas algumas caractersticas,
como autenticidade, originalidade, alm de possuir um certifi cado de autenticidade em
dois idiomas, com o nome do arteso, da cooperativa ou ofi cina a que pertence. Por sua
vez, deve ser considerada a facilidade de ser transportado pelos turistas, em relao
dimenso e peso, bem como o seu preo.
A montagem de atividades do tipo ver fazendo para os produtos tradicionais como atrao
turstica tambm deve ser encorajada sob a forma de ofi cinas21 e atelis de arte e artesanato.
Alm disso, importante implantar pontos de venda, no apenas nos corredores tursticos,
mas tambm em shoppings e outros lugares freqentados pelo consumidor local. Enfi m
e para promover a incluso social de milhes de artesos brasileiros, deve-se buscar
mercados para a produo artesanal de origem, tanto na prpria cidade, como fora dela,
no mercado nacional e internacional. Os resorts e hotis tambm so boas opes para
exposio e comercializao da produo artesanal local.
Embora o artesanato seja considerado um suvenir quando comprado como lembrana de
um destino turstico, preciso atentar para as diferenas entre artesanato e outros objetos
confeccionados como suvenires; o artesanato representa a produo local e seus aspectos
culturais singulares, enquanto que o suvenir no possui necessariamente relao com
esses aspectos e, muitas vezes, produzido em outros lugares.
3.6 Aspectos gerais de estruturao do segmento O desenvolvimento do segmento e, conseqentemente, dos respectivos produtos deve
estar associado a atrativos e equipamentos com adequadas condies de visitao. Para
tanto, recomenda-se a observao dos seguintes aspectos.
3.6.1 Estrutura fsica Verifi car se os bens culturais so tombados e quais as implicaes para a gesto
do fl uxo de visitantes Avaliar o estado de conservao e a necessidade de restaurao, recuperao e
conservao do bem Viabilizar a restaurao e a manuteno Observar as condies de acesso ao bem cultural que se pretende atrativo
turstico Providenciar a sinalizao turstica e interpretativa do patrimnio cultural Planejar e implementar rotas de visitao no atrativo e estrutura de recepo,
sadas de emergncia, toaletes e, em alguns casos, lanchonetes e restaurantes Estabelecer a capacidade de suporte de cada atrativo, observando os preceitos
de preservao e conservao do patrimnio
21 Ofi cina: curso informal e de breve durao ministrado para o aprendizado de uma tcnica ou disciplinas artsticas, sem objetivos ofi cialmente profi ssionalizantes. (CUNHA, 2003)
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Conceder incentivos que permitam aos proprietrios de bens considerados
patrimnio, promoverem a preservao e conservao
Prever espaos para a realizao de apresentaes, ofi cinas e outras atividades
culturais
A manuteno das condies fsicas dos atrativos deve ser adequada a cada tipo de
visitao de modo a garantir a integridade do atrativo e a qualidade da experincia.
a) Os Planos de Preservao de Stios Histricos Urbanos22
Os planos de preservao so instrumentos partilhados pelos diversos agentes pblicos
e privados relacionados ao patrimnio e renem um conjunto de proposies referentes
aos itens abordados anteriormente. Segundo o IPHAN, o Plano de Preservao de Stio
Histrico Urbano PPSH um instrumento de natureza urbanstica e de carter normativo,
estratgico e operacional destinado ao desenvolvimento de aes de preservao em
stios urbanos tombados em nvel federal. A elaborao desse Plano precedida pela
defi nio e delimitao da rea Urbana de Interesse Patrimonial23 onde devem ser
realizados os trabalhos e que pode corresponder a uma cidade histrica, um centro
histrico ou conjunto histrico.
Cidade histrica stio urbano que compreende a rea-sede do municpio
Centro histrico stio urbano localizado em rea central da rea-sede do
municpio, que se confi gura um centro tradicional em termos geogrfi cos, histricos
ou funcionais
Conjunto histrico stio urbano que se caracteriza como um fragmento do
tecido urbano da rea-sede do municpio ou de seus distritos ou ainda, stio urbano
que contenha monumentos tombados isoladamente que confi gurem um conjunto
arquitetnico-urbanstico de interesse de preservao, situado na rea-sede ou
distritos
O PPSH pode ser desenvolvido e implementado por etapas, de acordo com
suas fi nalidades, de medidas mais urgentes e das condies para sua execuo,
podendo conter algumas ou todas as dimenses a seguir:
Dimenso normativa corresponde ao regulamento de ordenamento urbanstico
e de preservao do stio histrico urbano. Produz regulamentos, normas e
critrios. uma etapa bsica e necessria implementao das demais
Dimenso estratgico-operacional corresponde ao programa de atuao
para o stio histrico urbano, contendo propostas de interveno e defi nio de
atribuies e responsabilidades de cada um dos agentes implicados. Decorre da
etapa normativa
Dimenso avaliadora corresponde ao sistema de avaliao do PPSH e estrutura
um sistema de monitoria e avaliao
Tais dimenses evidenciam a importncia desse instrumento de gesto e sinalizam
a necessidade do envolvimento da rea do turismo nessas aes: por um lado, para
22 BRASIL. Plano de Preservao Stio Histrico Urbano: termo geral de referncia. IPHAN, Braslia, 200523 Para essa delimitao parte-se da referncia bsica da rea tombada pela esfera federal e seu entorno imediato, podendo
ser considerado tambm o conjunto de reas protegidas ou tombadas pelas trs esferas governamentais
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26
identifi car e respeitar os regulamentos j existentes; por outro, para participar ativamente do
processo e das etapas de planejamento e execuo das aes de preservao, guardadas
as responsabilidades de cada um dos agentes implicados.
3.6.2 Servios e atividades Providenciar informaes sobre a histria e a cultura local, no s nos atrativos
tursticos, como tambm nos meios de hospedagem e de alimentao
Capacitar guias e monitores de museus e espaos culturais para a interpretao
patrimonial e atualiz-los constantemente em relao s informaes sobre o local
Capacitar os demais recursos humanos envolvidos no atendimento ao turista
sobre a arte do bem receber
Capacitar gestores de museus e outros espaos culturais para atuar no mbito do
Turismo Cultural
Planejar e desenvolver atividades que permitam a interao do turista com o lugar
visitado
Garantir a abertura de museus e igrejas em horrios adequados e condizentes
com a visitao turstica
Revitalizar bairros, regies e determinados espaos que se julgue conveniente
Proporcionar experincias signifi cativas nos atrativos culturais um desafi o para os
gestores - preciso criatividade no oferecimento de informaes e atividades que levem
em considerao as possibilidades do turista aprender, contemplar e entreter-se.
A Interpretao PatrimonialOs atrativos tursticos devem estar acessveis quanto aos seguintes aspectos24
espacial (localizao, acesso, sinalizao, informao)
temporal (datas e horrios possveis de desfrute)
econmico (preos e tarifas para o desfrute)
psicolgico, afetivo e intelectual (relacionado forma como o atrativo pode ser
contextualizado e apreciado completamente no seu contexto)
A observao desses aspectos que do contedo para a estruturao de produtos
tursticos em geral. No caso do Turismo Cultural, a abordagem psicolgica, afetiva e
intelectual torna-se referncia e diferencial, sob a qual se fundamentam os principais
mecanismos facilitadores da inter-relao turista e comunidade.
A interpretao do patrimnio hoje uma tradio tcnica e acadmica muito usada
nos pases com tradio em turismo cultural e turismo em reas naturais. Nasceu
como interpretao ambiental nos parques americanos no fi nal da dcada de 50, para
sensibilizar os visitantes e convenc-los a ajudar a proteger a natureza. O terico pioneiro
da interpretao foi, portanto, o americano Freeman Tilden, que assim sintetizava a
importncia desse instrumento
24 CEDDET Fundacin Centro de Educacin a Distancia para el Desarollo Economico y Tecnologico; Ministrio de Industria, Turismo y Comercio, Secretaria de Estado de Turismo y Comercio (Espanha). Mdulo 1: De Recursos a Pro-ductos en los Destinos Tursticos Culturales. Curso: Creacin y Gestin de Productos y Destinos Tursticos Culturales Competitivos. Curso online, 2005
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27
atravs da interpretao, a compreenso;atravs da compreenso, a apreciao, e
atravs da apreciao, a proteo.
Em meados dos anos 70, a interpretao ganhou as cidades americanas e europias.
Foi o tempo das caminhadas pelos centros urbanos e suas reas verdes que, com a
ampla participao de professores, estudantes, comerciantes e moradores, recuperaram
e valorizaram reas histricas, comerciais e de lazer para desfrute da populao e dos
crescentes nmeros de visitantes. Na Inglaterra, depois que a preservao e a interpretao
do patrimnio ambiental urbano passaram a sensibilizar e a engajar grandes segmentos
da populao, o patrimnio cultural desenvolveu-se como principal recurso da indstria
turstica daquele pas.
Afi nal, o que interpretar? Interpretar um ato de comunicao: o que faz um artista
quando interpreta uma pea de teatro, uma msica, uma dana; o que faz um guia de
turismo ao explicar fatos e histrias sobre determinado lugar ou monumento; o que faz
a sinalizao turstica, orientando e informando sobre os vrios atrativos especiais de um
lugar; o que faz um contador de histrias para entreter amigos e visitantes; o que
fazem as publicaes ao divulgar um destino em mapas, livros, guias, cartilhas, folhetos;
o que faz um artista ou arteso ao dar forma a sua expresso. Todas essas formas de
comunicao so atos de interpretar o ambiente que nos cerca.
E o que interpretar para o turista seno comunicar-se com ele, transmitir os sentidos do
nosso lugar e das nossas expresses culturais? Assim, interpretar o patrimnio acrescentar
valor experincia do visitante, captar seu olhar e envolv-lo na experincia, tocando seus
sentidos e entretendo para tornar a visita inesquecvel. Na verdade, o maior mrito da
interpretao a popularizao da histria, da cultura e do conhecimento ambiental. Ao
compreender o sentido do que vem, ao apreciar sua experincia com o lugar e com as
pessoas, os visitantes sentem-se enriquecidos com a convivncia e com o que aprenderam
informalmente enquanto se divertem em seu tempo de lazer. Acabam valorizando ainda
mais a cultura local e o patrimnio, e tambm valorizando o produto turstico.
Sendo a arte de apresentar lugares, objetos e manifestaes culturais s pessoas, a
interpretao do patrimnio um elemento essencial para sua conservao e gerenciamento.
Uma trilha sinalizada para caminhadas ou um roteiro guiado, por exemplo, ao orientar
o fl uxo de visitantes, acaba por proteger o objeto da visita, valorizando-o como recurso
econmico.
A interpretao serve-se de vrias artes e tecnologia, como o desenho, a fotografi a, a arte
grfi ca, a informtica e a robtica para exibir, valorizar e enriquecer lugares e objetos
sinalizao turstica interpretativa voltada para os pedestres, que decifra lugares
da cidade, sua histria e monumentos, seus personagens, mitos e lendas, a
arquitetura de vrias pocas
atraes temticas que revelam histrias e prticas culturais singulares do lugar,
por meio de painis coloridos e atraentes
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28
museus e centros de cultura, que tm promovido uma verdadeira revoluo na
apresentao de acervos de forma dinmica e interativa, interpretando-os com meios
que do movimento, imagem, som e at cheiro, levando os visitantes a experienciar
paisagens, tecnologias, usos e costumes de pocas passadas e presentes
o texto base da interpretao impresso ou virtual que compe mapas e folders
ilustrados, especialmente bons para orientar a descoberta individual dos tesouros
da cidade, importantes para promover a educao ambiental e patrimonial ldica e
informal, tanto do turista quanto do morador
A implementao da interpretao precisa ser planejada para ser bem sucedida. Um Plano
de Interpretao deve contemplar as seguintes etapas
- anlise do recurso e de suas potencialidades
- identifi cao dos destinatrios ou pblico-alvo da interpretao
- formulao dos objetivos da interpretao
- determinao das mensagens a transmitir
- seleo dos meios de interpretao
- recomendaes para a execuo das tarefas e levantamento das necessidades
de pessoal
- eleio dos critrios para efetuar a execuo e avaliao25
Os objetivos especfi cos da interpretao e de seu planejamento, bem como a escolha
da mdia e das tcnicas de apresentao variam de acordo com o objeto da interveno.
Todos, no entanto, devem compartilhar dos seguintes princpios
- focalizar os sentidos do visitante, de modo a estabelecer a conscientizao
pessoal sobre determinadas caractersticas do ambiente
- utilizar muitas artes visuais e de animao, seja o material apresentado cientfi co,
histrico ou arquitetnico
- no apenas instruir, mas provocar, estimular a curiosidade do visitante, encorajando
a explorao mais aprofundada do que est sendo interpretado
- apresentar a histria completa, em vez de parte desta
- ser acessvel a um pblico o mais amplo possvel, especialmente s pessoas com
necessidades especiais
- realizar a interpretao em parceria com a comunidade, estimulando a troca de
conhecimento e recursos
- adotar uma abordagem abrangente, ligando os temas do passado, do presente e
do futuro, realando os aspectos histricos, ecolgicos e arquitetnicos
- no tentar vender uma verdade universal, mas destacar a diversidade e a
pluralidade cultural. A interpretao deve fomentar a aceitao e a tolerncia como
valores democrticos
- levar em considerao o atendimento ao cliente, indicando ou provendo instalaes
bsicas, como sanitrios, segurana, pontos de descanso e estacionamento,
elementos essenciais a uma experincia prazerosa do lugar
25 Ibidem
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Os variados meios e tcnicas de interpretao do patrimnio visam sensibilizar o turista
e enriquecer sua descoberta de forma criativa. por isso que se diz que interpretar
construir uma teia integrada de descobertas dos segredos e singularidades do atrativo26.
Ao serem realizadas ao vivo, a interpretao torna-se mais interativa resultando em uma
experincia marcante para o turista e para o morador, por exemplo
passeios com guia criativos
rodas de samba, de capoeira
saraus de pocas em fazendas histricas
rodas de contadores de histrias com sabor e clima local
circuito em atelis de artistas e artesos para ver fazendo
feiras e mercados populares cheios de vida, com bares e a compra e venda da
produo local e regional
festas populares com os prprios festeiros interpretando o sentido da celebrao
com msicas, ritos, danas e vestimentas variadas
A promoo do patrimnio cultural de uma sociedade, sua restaurao e conservao,
devem ser geradoras de trabalho e renda para o conjunto de seus membros. H um vasto
campo de trabalho para o governo e as organizaes praticarem a interpretao com a
comunidade: aes como ofi cinas de artesanato, artes e ofcios, ofi cinas de restauro,
ofi cinas de letreiros; concursos de melhor fachada ou quarteiro, pesquisa para conhecer
melhor o perfi l do visitante e turista, formao de guias criativos, resgate da histria oral
com os mais velhos para formar contadores de histrias, cursos especiais para taxistas, um
processo permanente de qualifi cao e atualizao de quadros locais para bem receber os
visitantes e bem proteger o seu lugar.
3.7 Agregando valor aos atrativos Para dinamizar o patrimnio material (casarios, palcios) ou valorizar determinadas
manifestaes (gastronomia, artesanato, bonecos), podero ser agregadas algumas
atividades capazes de se tornarem atrativos por si s, a depender da criatividade. So
atividades culturais que podem gerar novas possibilidades de leitura e de vivncia
das culturas locais e regionais. Para isso, como os rgos de cultura so os principais
responsveis pela gesto dos espaos culturais, desejvel que os rgos de turismo
passem a participar do planejamento das atividades culturais para fi ns tursticos, envolvendo
gestores e empresrios do turismo para a promoo desses espaos. A seguir, algumas
das principais possibilidades
Realizao de feiras e exposies de artesanato e artes
Realizao de feiras de alimentos e bebidas tpicos
Declamao de poesia, sarau, seresta, contadores de histria, luau, espetculos
ao ar livre encenando momentos histricos e personagens locais, coral, teatro de
bonecos, apresentaes de dana, msica e teatro ao ar livre
Brincadeiras e outras atividades ldicas com temas da cultura local, ofi cinas
vivenciais (desenho, pintura, elaborao de pratos, produo de vdeo, circo, etc.),
26 MURTA, Stela; GOODEY, Brian. A interpretao do patrimnio para o turismo sustentvel: um guia. Belo Horizonte: Editora Sebrae MG, 1995
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participao em trabalhos manuais, ofi cinas de fotografi a, de mosaicos, mscaras
e outros
Criao de cafs, jantares, bailes e festas temticas, reproduzindo determinadas
pocas
Produo de livros sobre a histria e cultura local e regional
Organizao de calendrio de eventos culturais com distribuio impressa
Incorporao de elementos da identidade e produo local na decorao e nos
objetos de uso dos turistas, nos meios de hospedagem e alimentao (sabonetes,
toalhas, colchas, tapetes, alimentos, quadros) e nos equipamentos de infra-
estrutura (telefones pblicos, paradas de nibus)
Produo de material grfi co cultural como histrias em quadrinhos, lbuns de
fi gurinhas, postais e outros, com temas da cultura local
A OMT e a ETC27 destacam a necessidade dos destinos tursticos promoverem inovaes
em seus produtos, como forma de diferenci-los, levando-se em considerao o aumento
da oferta de Turismo Cultural em todo o mundo. Por esta razo, a incorporao de atividades
criativas a roteiros e produtos medida fundamental na gesto do segmento.
27 OMT; ETC. El Turismo Urbano y la Cultura: la experiencia europea. Madrid: OMT, 2005
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TURISMO CULTURAL E MERCADO
A estratgia de posicionamento mercadolgico dos produtos de Turismo Cultural, bem como
as aes de promoo e comercializao so objetos do planejamento de marketing. Neste
contexto, algumas peculiaridades do segmento devem ser especialmente observadas,
j que a estrutura de comunicao dessa oferta pauta-se principalmente na identidade
cultural do destino em questo28.
4.1 Aspectos de promoo e comercializaoA marca um instrumento para posicionar um destino no mercado turstico, diferenciando-
o da concorrncia. Ela deve transmitir qual o conceito do produto, seus atributos e
benefcios. A identidade cultural da regio um fator relevante na composio desta
marca j que se trata de uma caracterstica peculiar da regio, capaz de identifi c-la
imediatamente, muitas vezes.
Ao posicionar um destino recomenda-se uma cuidadosa anlise da mensagem a ser
transmitida evitando-se a utilizao de esteretipos e outras linguagens que reduzam a real
amplitude e valor das culturas que esto sendo promovidas. Para tanto, faz-se necessria
a contratao de especialistas no assunto. Por sua vez, as imagens e frases utilizadas
devem estimular o imaginrio do turista, motivando-o a viajar para a materializao dos
sentimentos despertados pela propaganda. No entanto, a promoo de um destino precisa
refl etir a realidade da regio, em consonncia com comunidades locais, evitando que a
cultura torne-se apenas um espetculo comercial desprovido de sentido e signifi cado. Para
esta tarefa, assinala-se novamente, as contribuies fundamentais de profi ssionais como
historiadores e antroplogos.
Nesse processo, o planejamento de marketing defi ne, entre outros, as estratgias de
comunicao e divulgao do local ou regio, constando os tipos de materiais a serem
desenvolvidos, contedos, mensagens, ilustraes, entre outros aspectos. No caso do
Turismo Cultural, deve-se observar os grupos de turistas que viajam simplesmente por
lazer, a princpio, sem interesses especiais na cultura. Esses turistas podem exigir um tipo
de material diferenciado, onde o aspecto lazer deve ser enfatizado. A mesma observao
vlida em relao ao turista com interesse especial na cultura, que exige um tipo de
material que ressalte as possibilidades de vivncias culturais.
pertinente destacar que a divulgao dos produtos tursticos aos estrangeiros no pode
apresentar-se simplesmente como uma traduo do material em portugus, visto tratar-se
de pblicos diferentes que exigem abordagens tambm diferenciadas. Alm disso, defi nem-
se formas de apresentao (banners, folders, catlogos), de acordo com os objetivos da
comunicao e do pblico-alvo. Em relao a esses objetivos, de forma simplifi cada,
podem ter duas fi nalidades: uma para captao de turistas, destinada a sensibiliz-los e
28 O MTur possui um documento especfi co que trata da promoo e comercializao de produtos tursticos, no mbito do Programa de Regionalizao Roteiros do Brasil - BRASIL. PROMOO E APOIO A COMERCIALIZAO - MDULO OPERACIONAL 8. Braslia: MTur, 2006
4
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infl uenci-los em seu processo de deciso de compra, fazendo uso, em maior grau, de
apelos emocionais; e a outra, para oferecer informaes sobre o destino. Neste ltimo
caso, o material composto de mapas, que situem o destino em relao s principais
cidades e rodovias, os atrativos e servios e suas respectivas distncias. Alguns pontos
essenciais devem ser observados, possibilitando que o turista tenha uma viso geral dos
atrativos que ir visitar alm da infra-estrutura que ter a sua disposio
Destacar junto ao nome da cidade um slogan que refl ita a sua imagem principal,
por exemplo, Rio de Janeiro Cidade Maravilhosa; Santiago de Compostela
Cidade dos Peregrinos
Oferecer um descritivo geral do local a ser visitado (histrico, infl uncias, tradies,
economia e tendncias), ou seja, oferecer informaes que justifi quem o slogan
Destacar os lugares imperdveis, relacionados cultura e histria, contendo, entre
outros, resumo do atrativo, endereo, telefone, horrio de funcionamento e web
site para mais informaes
Pontuar os demais atrativos, que permitem ao visitante aprofundar seus
conhecimentos na cultura do local, oferecendo, da mesma forma, informaes
consistentes
Destacar os eventos e atividades culturais que ocorrem na cidade (festivais, peas
teatrais, at mesmo locais especiais onde os moradores da cidade freqentam no
seu cotidiano)
Apontar informaes sobre onde comer e beber, enfatizando peculiaridades da
culinria e dos costumes locais
Oferecer informaes complementares como a histria, as curiosidades, causos e
os mitos e lendas locais
Oferecer a possibilidade de buscar mais informaes via web sites, centros de
informaes tursticas, guias tursticos, etc.
As novas tecnologias, principalmente a Internet, oferecem resultados efetivos na promoo
e comercializao de produtos de Turismo Cultural, j que permitem que as informaes
sejam constantemente atualizadas, exemplifi cando: eventos temporrios, ofertas especiais,
promoes, horrios e dias de abertura dos atrativos
Outra forma de promoo de particular importncia para o segmento o desenvolvimento de
eventos culturais, capazes de atrair um grande nmero de turistas interessados em temticas
especfi cas. A permanncia no destino motivada pelo evento incrementa a movimentao
turstica no local, em funo da visita a outros atrativos. Pode, ainda, estimular o retorno do
turista em outras oportunidades para conhecerem melhor o destino.
Para a divulgao de tais eventos recomenda-se a elaborao de um calendrio de eventos
do municpio, da regio e do estado, distribuindo-os ao longo do ano e nos perodos de
maior convenincia, em funo dos fl uxos tursticos. Uma vez criado e partilhado entre os
diversos agentes de turismo e de cultura, deve ser divulgado em materiais impressos e,
principalmente, via endereo eletrnico o que permite a sua atualizao peridica.
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33
Alm desses aspectos de promoo, importante ter bem defi nidas e divulgadas as
formas de comercializao dos produtos tursticos: se diretamente ofertados pelos prprios
empresrios ou gestores dos atrativos tursticos culturais ou por intermdio de agncias
e operadores de turismo. Mesmo assim, indispensvel que o pessoal que presta
atendimento diretamente aos turistas, tais como recepcionistas, frentistas, taxistas, estejam
preparados para informar sobre os atrativos da regio, formas de acesso, localizao e
demais informaes.
O quadro abaixo ilustra a cadeia de distribuio e comercializao do Turismo Cultural. A
prestao de servios, conforme dito anteriormente, pode ser realizada diretamente pelo
gestor do atrativo turstico (por exemplo, quando um artista recebe os turistas em seu ateli,
vendendo as entradas diretamente a ele) ou por intermdio das operadoras e agncias de
viagem, que por sua especializao e conhecimento da oferta e demanda desse segmento,
podem ampliar a sua penetrao no mercado.
Os operadores locais desempenham um papel fundamental na ampliao da oferta de
produtos culturais do destino turstico, uma vez que podem elaborar e comercializar
inmeros roteiros temticos com base em um mesmo territrio, ora destacando
determinados episdios histricos, ora determinados aspectos da cultura, entre outros.
Identifi car e articular os diversos componentes dessa cadeia salutar para a profi ssionalizao
do setor, a gerao de empregos e a oferta de produtos de qualidade.
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4.2 Potencializando a promoo do Turismo CulturalA razo de ser do Turismo Cultural a cultura e seus diversos bens e atividades que so
produzidos independentemente da atividade turstica. Em funo disso, a prpria cultura e
sua repercusso podem ser o veculo de divulgao do Turismo Cultural.
Os bens e atividades culturais so, via de regra, alvo dos meios de comunicao de massa,
que propagam a sua produo em grandes propores, estimulando o seu conhecimento,
atingindo assim, turistas potenciais que podem se deslocar para usufruir da cultura. Nesse
sentido, o mercado cultural infl uencia o mercado turstico. Tal fato deve ser analisado
pelo turismo para o estabelecimento de parcerias e aes comunicativas que viabilizem a
atuao das duas reas.
Por outro lado, o incentivo a apresentaes culturais representativas da regio ou do
municpio em mercados-alvo, pode ser uma estratgia para despertar o interesse de
potenciais turistas, por meio de amostras do que pode ser a totalidade dos aspectos
culturais do destino. Exemplifi cando: grupos folclricos de dana, corais, bandas, artistas
plsticos, poetas, atores, bonequeiros, produes amadorsticas de vdeo, artesanato em
suas mltiplas tipologias e gastronomia, entre outros, que representem o modo de vida,
hbitos e costumes da populao do destino.
Para contato com o pblico desejado essas manifestaes podem ocupar espaos de
grande circulao como shoppings centers, praas, ruas de lazer, centros culturais, reas
de convivncia de hotis, clubes e eventos.
Essas so, em resumo, algumas alternativas para fi ns de promoo e marketing que podem
fortalecer o segmento de Turismo Cultural nos mercados visados.
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Constituio: Captulo III Da Educao, da Cultura e do Desporto, Seo II Da Cultura,
dispe sobre o papel do Estado em relao cultura e o que constitui o patrimnio
cultural brasileiro.
Art. 216. Constituem patrimnio cultural brasileiro29 os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referncia identidade,
ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, dos quais
se incluem:
I as formas de expresso
II os modos de criar, fazer e viver
III as criaes cientfi cas, artsticas e tecnolgicas
IV as obras, objetos, documentos, edifi caes e demais espaos destinados s
manifestaes artstico-culturais
V os conjuntos urbanos e stios de valor histrico, paisagstico, artstico, arqueolgico,
paleontolgico, ecolgico e cientfi co
1 O Poder Pblico, com a colaborao da comunidade, promover e proteger o
patrimnio cultural brasileiro, por meio de inventrios, registros, vigilncia, tombamento
e desapropriao, e de outras formas de acautelao e preservao.
Lei n 6.513/77 e Decreto n 86.176/81 - dispe sobre a criao de reas Especiais e
de Locais de Interesse Turstico; em funo da existncia de bens de valor cultural e
natural; acrescenta inciso ao art. 2. da Lei n 4.132/62; altera a redao e acrescenta
dispositivo Lei n 4.717/65; e d outras providncias;
Decreto n 80.978/77 - promulga a Conveno Relativa a Proteo do Patrimnio
Mundial, Cultural e Natural, de 1972.
O Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, desde o ano de sua criao,
baseia-se em legislao especfi ca para a gesto dos bens culturais nacionais
tombados, representativos de diversos segmentos da cultura brasileira. A legislao
est descrita no Decreto n 25, que cria o instituto do tombamento, na Lei de Arqueologia
n 3.924/61; nas atribuies contidas na Constituio Federal - Art. 215 e 216; no
Decreto n 3551/00, sobre o registro de bens culturais de natureza imaterial; nas
normas sobre a entrada e sada de obras de arte do pas; e o Decreto n 5.040/04, que
aprova a estrutura regimental do Instituto; dentre outros. Alm da legislao nacional
especfi ca, a preservao de bens culturais orientada por Cartas, declaraes e
Tratados Nacionais e Internacionais, alm de outros instrumentos legais, tais como
as legislaes: ambiental e de arqueologia, entre outras (www.iphan.gov.br). Dentre
essas, destacam-se:
29 Ressalta-se que o patrimnio cultural, afeto motivao do turista de realizar o Turismo Cultural, no se situa somente no campo dos bens considerados patrimnio nacional, conforme se explica no conceito desse tipo de turismo
ANEXOMarcos Legais
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Decreto-lei n 25/37 - conceitua e organiza a proteo do patrimnio histrico e
artstico nacional e dispe sobre o tombamento.
Decreto n 3.551/00 - institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimnio cultural brasileiro e cria o Programa Nacional de Patrimnio
Imaterial.
Lei n 8.392/91 - declara os acervos documentais dos Presidentes da Repblica
pertencentes ao Patrimnio Cultural brasileiro, dispondo sobre a preservao,
organizao e proteo dos acervos documentais privados dos Presidentes da
Repblica, e d outras providncias.
Estatuto das Cidades30 (Lei n 10.257/01) - regulamenta os instrumentos disponveis
para a implementao da poltica de desenvolvimento urbano pelo poder pblico
municipal. Entre as diretrizes do Estatuto est a proteo, preservao e recuperao
do meio ambiente natural e construdo, do patrimnio cultural, histrico, artstico,
paisagstico e arqueolgico. Dentre os instrumentos, destaque para o Tombamento
e para o Plano Diretor, que engloba o territrio do municpio como um todo, sendo o
instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e expanso urbana.
Lei n 3.924/61 - dispe sobre os monumentos arqueolgicos e pr-histricos, sua
proteo, posse e salvaguarda.
Os quilombolas e os indgenas tm direito a terra em que vivem (Art. 231 da Constituio
Federal e Art. 68 do ADCT da CF/88 Ato das Disposies Constitucionais Transitrias
da Constituio Federal). Isto particularmente relevante para o Turismo tnico, que
poder ocorrer nessas reas.
Na prtica, a Fundao Cultural dos Palmares, rgo ligado ao Ministrio da Cultura,
que faz o levantamento e reconhecimento das reas dos quilombolas (Portaria
40/00, que estabelece as normas que regero os trabalhos para a identifi cao,
rec