Download - trabalhos
Compilação de Trabalhos realizados no
âmbito do
Mestrado em Língua e Cultura Portuguesa
2010/2011
Turma AlmadaForma
"Ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor da
pele, pela origem ou pela religião.
Para odiar, as pessoas precisam de aprender e se
podem aprender a odiar, podem aprender a
amar."
Nelson Mandela.
Na perspetiva da Antropologia clássica, do início do século XX, a ideia de cultura é “localizada, homogénea e estática, designada de essencialista, ou culturalista” (Stolcke, 1995). Este autor refere ainda que os conceitos de cultura e de identidade cultural “foram apropriados pelas retóricas políticas dos estados europeus a fim de legitimar estratégias de exclusão de determinados grupos sociais dentro das suas fronteiras”.
Terence Turner, reforçando a aceção antropológica clássica de Stolcke, considera a cultura e a identidade cultural “como unidades autónomas e isoladas, sistemas estruturados e significados e símbolos relativamente independentes dos processos materiais, sociais e políticos que os contextualizavam (Turner, 1993).
Na segunda metade do século XX, como resultante da interação entre os múltiplos movimentos sociais e a crescente globalização, tornou-se necessário problematizar a ideia de cultura e identidade cultural, no âmbito de uma antropologia crítica.
Deste modo, o antropólogo Fredrik Barth lançou um novo paradigma de análise construtivista das identidades étnicas, no qual se atribui significado às noções de contexto, interação, atores sociais, processo, diferenciação, fronteiras, mudança e construção - chaves interpretativas para a problemática das identidades culturais.
Michel Agier corroborando Barth resume assim a nova abordagem de cultura como sendo um: “vasto celeiro de significações” construído pelas pessoas ao longo do tempo e do qual se utilizam de acordo com as seleções situacionais, o que pode tornar os componentes do celeiro cultural diversos e mesmo contraditórios. O caminho que vai da cultura à identidade, e vice-versa, não é único, nem transparente e tão pouco natural. Ele é social, complexo e contextual “
A dimensão cultural da globalização “tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais e diversas; menos fixas, unificadas ou trans-históricas” (Hall, 1997).
Deste modo, tem sido objeto de grande estudo e reflexão,
por parte dos antropólogos, cujas diferentes abordagens:
construtivista, situacional, relacional, processual, discursiva,
apresenta propostas radicais do ponto de vista teórico e político,
porque colocam a tónica na ação dos sujeitos e na sua capacidade
de criar diferenciações e identificações, recriando, dessa forma a
cultura.
A relação dialética entre a cultura e identidade – das identidades
culturais às culturas identitárias – mostra que as pessoas não são
detentoras passivas de uma cultura e de uma identidade “dentro”
das quais vivem, mas sim atores sociais que jogam no “jogo da
cultura”, de forma competitiva e estratégica, e por isso política
(Agier, 2001).
Segundo alguns autores de referência, uma política multicultural
crítica deverá promover nos atores sociais:
Descentramento cultural, com ênfase nas relações sociais
como relações de poder e a autoconsciência dos valores
partilhados, por forma a gerar uma capacidade coletiva
criadora e emancipadora que tome a diversidade cultural
como um meio e não como um fim (Turner, 1993)
Capacidade de questionar, relativizar e contextualizar a
diversidade cultural presente em determinado contexto por forma a
permitir a criação de identidades coletivas mais conscientes das
suas diversas referências e componentes e orientar a sua ação
política mais pelo que querem do que pelo” lugar” de onde
vêm (Wade, 1995)
Visão mais ampla das identidades culturais, em que as
diferenças não sejam apenas diversidade, mas recursos para o
questionamento sobre o tipo de sociedade que desejam e
para a construção de bases comuns que permitam o
antagonismo, a incerteza, a discussão e a negociação entre
interesses múltiplos (Bulmer & Solomos, 1998)
Tomada de consciência das suas ações e limitações culturais
e da sua capacidade de as manipular, questionando fronteiras
culturais reificadas e relativizando as diferenças, por forma a
saírem do paradigma culturalista e passarem a um
paradigma multi-relacional que incorpore os outros e gere
processos de convergência (Baumann, 1999)
Contacto, comunicação e atenção aos diferentes pontos de
vista, reconhecendo as diferenças culturais mas também as suas
transformações, associadas à preocupação de contrariar as
desigualdades e a injustiça social (Wieviorka, 2002).
Agier, M. (2001). Distúrbios Identitários em tempos de Globalização.
Mana 7, pp. 7-33.
Martins, F. (fevereiro de 2006). Para uma visão crítica da Cultura nas
Sociedades Multiculturais. Cadernos d' Inducar.
Turner, T. (1993). Anthropology and Multiculturalism: What is
Anthropology that Multiculturalists should be mindful of it?
Cultural Anthropology 8, pp. 411-440.
Wieviorka, M. (2002). A Diferença. Fenda.
O JOGO DAS DIFERENÇAS: O
MULTICULTURALISMO
E SEUS CONTEXTOS 9.04.11
Ana Medeiros
Helena Leitão
MULTICULTURALISMO
Discriminação Contextos sócio-históricos Preconceito
O contexto de onde se fala dita os sentidos e significados do MULTICULTURALISMO
O MULTICULTURALISMO
E OS SEUS SIGNIFICADOS
Movimento de ideias;
Proposta política;
Estímulo à fragmentação da vida social, desintegração nacional;
Estratégia política de integração social;
Corpo teórico que deve auxiliar ou orientar a produção do conhecimento;
Um antídoto contra o eurocentrismo.
CONTEXTO SOCIO-CULTURAL
Multiculturalismo
França
Inglaterra
Espanha
Austrália
Alemanha
Canadá
E Portugal?
Tratamento histórico-
Sociológico dos
contextos aos quais o
Multiculturalismo se
refere
A ORIGEM DO FENÓMENO MULTICULTURAL
CONTEMPORÂNEO
Teve origem nos países nos quais a diversidade cultural é vista como um problema para a construção da unidade nacional.
É um princípio ético que tem orientado a acção de grupos culturalmente dominados, aos quais foi negado o direito de preservarem as suas características culturais - emergência de movimentos multiculturalistas
EX: AO CHEGAREM AO CONTINENTE AMERICANO, OS
COLONOS EUROPEUS DEPARARAM-SE COM UMA
PLURALIDADE DE HÁBITOS E COSTUMES JAMAIS VISTA:
Segundo Bastide, a resistência exprime
“o que há de trágico no choque das civilizações”
Em seguida, a resistência dá lugar ao movimento de contra-aculturação.
O contacto cultural prolongado dá lugar à
“interpenetração das civilizações”, em que os colonizadores se deixam impregnar pela cultura dos colonizados sem perderem a referência da sua civilização que se mantém dominante pela força física e pela persuasão.
AS IMAGENS UNITÁRIAS DA SOCIEDADE NO JOGO
DAS DIFERENÇAS:
Estados unidos
Exemplos como se dá a relação de
interdependência entre acção
colectiva, produção científica e
contexto sócio-histórico.
Brasil
AS EXPLICAÇÕES NATURALISTAS DO FINAL DO
SÉC.XX, INSISTEM NA QUESTÃO DA NATUREZA:
“a cultura interpreta a natureza e a transforma.
Mesmo as funções vitais são informadas pela
cultura comer, dormir, copular, dar a luz, defecar,
urinar etc. Todas essas práticas do corpo,
absolutamente naturais, são profundamente
determinadas em cada cultura particular”.
OS ESTETAS DO MULTICULTURALISMO
O Rap
Música
O Reggae
A Indústria Cinematográfica (Philadelphia)
(Faça a certa)
(Os jovens rebeldes do Soul)
A EDUCAÇÃO MULTICULTURALISTA:
OS NOVOS SUJEITOS DAS POLÍTICAS SOCIAIS
Políticas referentes à Educação – público
Com critérios de equidade (direitos de cidadania)
PROBLEMA:
As sociedades não se representam plurais mas como monoculturais, a partir de um referencial etnocêntrico.
ENTÃO:
O multiculturalismo parece não interessar à sociedade como um todo e sim a certos grupos sociais que, de uma forma ou de outra, são excluídos dos centros de decisão por questões económicas e, sobretudo, por questões culturais.
"Missão antropológica do milénio:
- Efectuar a dupla condução do planta:
obedecer à vida , guiar a vida"
Texto de Arnaldo Rosa Vianna Neto -
Universidade Estácio de Sá
MULTICULTURALISMO
E
PLURICULTURALISMO
Abril/2011 MARIA ADELAIDE PAREDES DA SILVA E MARIA DO CARMO MACHADO
Multiculturalismo e Dinâmicas Interculturais
Abril/2011 MARIA ADELAIDE PAREDES DA SILVA E MARIA DO
CARMO MACHADO
Abril/2011 MARIA ADELAIDE PAREDES DA SILVA E MARIA DO
CARMO MACHADO
Caracterização e compreensão
tipos de multiculturalismo e questões de identidade
Pluriculturalismo
Multiculturalismo
Reflexão
Pressupostos
teóricos
Abril/2011 MARIA ADELAIDE PAREDES DA SILVA E MARIA DO
CARMO MACHADO
Modos de
organização social
Produção e distribuição da riqueza
Consequências e impactos em função de situações geopolíticas
específicas e determinantes
Era industrial/modernidade
Era pós-industrial/pós-modernidade
Tra
ça
nd
o e
im
pli
ca
nd
o
Ló
gic
as d
e m
igra
çõ
es e
re
co
nstr
uçõ
es
ide
nti
tária
s
Abril/2011 MARIA ADELAIDE PAREDES DA SILVA E MARIA DO
CARMO MACHADO
planetária
global
nacional
local
RECONHECIMENTO E LIBERDADE DE
REALIZAÇÃO JACQUES D’ADESKY
Apresentação: Filomena Galvão e Rosário Sousa
Racismo e sexismo
Estigmatização imposta pela
sociedade – marginalização
que se apoia em
características biológicas ou
físicas
Original da Lei Áurea, assinada
pela Regente Dona Isabel (1888)
Brasil anos 80/90
promoção população negra,
politicas de acção afirmativa ---acesso
estudantes afro-descendentes ensino
universitário.
…a pessoa é livre quando capaz de agir
conforme sua própria vontade na busca dos
fins que ela mesma escolheu. (101)
• Mulher face ao homem (nível doméstico)
• Imigrantes e estrangeiros residentes
• Índios canadianos e norte americanos
• Racismo, sexismo, intolerância
Prejuízos:
Auto-estima;
autoconfiança;
autonomia pessoal;
dignidade;
Formas de restrição à liberdade
Nancy Fraser
Reconhecimento
e domínio de classe
Reconhecimento
estatutário
(desconstrução anti-
racista que visa quebrar
a dicotomia
branco/negro e
distinção das raças)
Jacques d’Adesky
Necessidade de
garantir uma
política de
distribuição e de
reconhecimento
pelo respeito à
população negra
no Brasil
Programa de Estágio do Ministério Público da
União agora conta com sistema de cotas para
minorias étnico-raciais
A igualdade formal não invalida as desigualdades económicas e sociais
As desigualdades são evolutivas e multiformes e a percepção que temos
delas
Ex:
• ‡ salarial
• impossibilidade de ascensão a cargos de responsabilidade,
• inexistência de representatividade no meio científico,
• falta de igualdade no domínio político, diplomático, militar
Concurso Rainha das Piscinas, realizado em Porto Alegre
Ela conquistou o título mas a coroação, ela
lembra, foi tumultuada. As famílias das
demais candidatas reclamaram e a votação
teve de ser repetida por três vezes para
confirmação da vitória de Deise. O motivo, era mais do que previsível, considerando-se que Deise, sendo negra, concorria ao título de Miss, em um dos concursos mais representativos do Rio Grande do Sul, conhecido pela beleza das mulheres loiras, em virtude da forte presença da imigração europeia. Eleger uma negra era um absurdo, achava o coro dos inconformados.
“No dia, percebi alguns comentários maldosos, mais só fui saber dos
detalhes depois. Foi uma passagem lamentável”, lembra Deise que, dois
anos depois, – em 1.986 – foi coroada a primeira - e até hoje única –
Miss Brasil negra.
No Concurso Miss Universo ela ficou entre as finalistas, terminando em
sexto lugar. “As outras concorrentes estranhavam. Geralmente as
negras do concurso vinham só da África. Hoje isso já mudou um pouco”,
acrescenta.
"Missão antropológica do milénio:
- Respeitar ao mesmo tempo no próximo,
a diferença e a identidade consigo
próprio."
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
Trabalho realizado por: Cristina Carvalho e Laura Carvalho
Seminário de Multiculturalismo e Dinâmicas Interculturais
2010/2011
Partidários do
Multiculturalismo (formas políticas de gerir a diferença)
melting pot
Salad bowl Botanic garden Mosaico
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
Fenómenos de resistência à evolução multicultural do espaço público
Christian Coalition milícias armadas xenófobos racistas
Patriotismo de base sociocultural (não política) = mistura de valores, modos de vida, crenças religiosas e raciais.
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
Quatro modelos de espaço multicultural
1. Modelo político liberal clássico
espaço público ≠ espaço privado
Direitos e deveres cívicos e políticos dos indivíduos (leis, pagamento de impostos, direito de voto, …)
O indivíduo adquire o estatuto de cidadão
≠s entre os indivíduos (decisões morais, crenças religiosas, orientação sexual, comportamentos,…)
Reconhece a existência de Estado-Nação
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
2. Modelo liberal multicultural (Will Kymlicka)
Reconhece a existência de Estado-Nação
Propõe o reconhecimento do papel central das dimensões étnicas e culturais na formação do indivíduo, enquanto ser moral e cidadão.
Grupo Grupo Grupo
zona central “monocultural” (onde cada grupo é autónomo)
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
Quatro modelos de espaço multicultural
3. Modelo multicultural “ maximalista”
Grupo
• separação / autonomia política completa; • recusa uma esfera comum; • indiferente ao Estado-Nação.
Grupo Grupo Grupo
Interesses (partilha de infra-estruturas, e/ou aspectos “secundários” da vida colectiva:
lazer, consumo)
Desintegração da coesão social = criação de inúmeros espaços monoculturais
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
Quatro modelos de espaço multicultural
4. Modelo do Multiculturalismo combinado
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
Quatro modelos de espaço multicultural
• supera o Estado-Nação; • o espaço comum é do tipo económico; • os grupos são vistos como alvos, sobre formas pontuais e mutantes de agregação social (moda, consumo, lazer, …)
A diferença transformada num argumento de venda (Benetton, Coca-Cola,…).
Multiculturalistas • criticam a exibição de casos bem sucedidos de gerenciamento da diferença; • idealiza e gera a diferença; • Criticam a dominação económica sobre o aspecto culural.
Pode haver um espaço público multicultural?
• dificuldade de conceber um espaço autenticamente multicultural; • nenhum modelo prefigura um espaço multicultural.
Condições essenciais para a construção de um espaço autenticamente multicultural:
• reconhecimento do indivíduo na sua especificidade; • negociação de identidades e fronteiras dos grupos; • o espaço multicultural não surge por decreto; desenvolve-se in vivo na sociedade (laboratório); • gestão das reinvidições de cada grupo; • necessidade de harmonizar sistemas temporais diferentes (Sex Wars).
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
O exemplo francês
• “neutralização” da esfera pública (noção de cidadania entendida como lugar político e abstracto, onde os indivíduos gozam de uma condição de igualdade absoluta; as diferenças individuais são relegadas para o espaço privado); • submissão dos cidadãos a uma “vontade geral” (pretende-se garantir a igualdade entre os cidadãos em todos os actos da vida colectiva);
• as diferenças não são negadas, nem reprimidas , mas remetidas ao espaço privado * * véu islâmico
Do Paradigma Político ao Paradigma Ético
Multiculturalismo
Fruto da crise da modernidade POLÍTICO Justiça Liberdade individual - Aumento da influência do Direito contribui para a distinção entre a esfera pública e privada; - O que era do domínio privado passa para o público.
ÉTICO
SEMPRINI, A.. Multiculturalismo, Bauru, SP: EDUSC, 1999
CONCLUSÕES
Semprini chama a atenção para as questões da diferença (mais notórias nas democracias liberais). O multiculturalismo traz para a civilização as questões da diferença, igualdade, ética, cidadania e direito / o projecto moderno que passa por uma crise.
EU SOMOS TRISTES. NÃO ME ENGANO, DIGO BEM. OU
TALVEZ: NÓS SOU TRISTE? PORQUE DENTRO DE MIM NÃO SOU
SOZINHO. SOU MUITOS. E ESSES TODOS
DISPUTAM MINHA ÚNICA VIDA. VAMOS TENDO NOSSAS MORTES.
MAS PARTO FOI SÓ UM. AÍ, O PROBLEMA.
POR ISSO, QUANDO CONTO A MINHA HISTÓRIA ME MISTURO,
MULATO NÃO DE RAÇAS, MAS DE EXISTÊNCIAS.”
MIA COUTO, “AFINAL CARLOTA GENTINA NÃO CHEGOU DE VOAR?”, VOZES ANOITECIDAS 1987
Introdução
Identidade cultural
Diferenças culturais Debates
polémicos
Particularismos culturais
Objectivo do livro: -Sugerir instrumentos intelectuais que permitam ultrapassar
/situar tensões e diferenças
originam
Da análise à acção
A discussão das diferenças culturais compreende 3 registos:
1. - Ciências Sociais - factos
2. -Filosofia - Análise/Compreensão politico - jurídica
3. -Acção Politica - Traduzir em “leis” adaptações/excepções culturais
Capitulo IV
O multiculturalismo
Multiculturalismo e Politicas Multiculturalistas
-Sociológico
-Filosófico
-Político
Remetem
para 3
registos
que se
inter-
relacionam
Foram designados de “Multiculturalistas” os que exigiam:
-reconhecimento cultural
- beneficio de um tratamento politico democrático
-reconhecimento da diversidade cultural das sociedades
-atenção às minorias étnicas
Abordagens distintas, filosóficas ou práticas
verificando-
se
Injustiça Social
Inferiorização e Marginalização
Religião
Preferências sexuais
originara
m
Acções Multiculturalistas
Multiculturalismo
Fragmentado
Assenta no principio da dissociação
(divisão)
Interessa-se pela diferença cultural
sem assumir a questão social
•Integrado
• Associa o cultural e o social • Propões leis ou medidas de reconhecimento cultural • Luta contra as desigualdades sociais
Multiculturalismo Integrado
Canadá
• Impulsionado pela língua francesa ( Quebec) • Em 1971 passa a ter contornos legais abrangendo os domínios: -da língua, -cultura, -educação, -luta contra a discriminação, acesso à igualdade no emprego • Resposta às dificuldades culturais do país
1ºas
manifestaçõe
s
Austrália • Menos formal • Conjunto de disposições aplicadas nas politicas oficiais • Tem como objectivo a coesão nacional • Dá importância ao desenvolvimento económico proveniente das relações com outros países
Suécia • Assenta em 3 princípios: -Nível de vida igual para grupos minoritários - liberdade de escolha entre identidade étnica e identidade cultural - Acção de parceria
Multiculturalismo Integrado
Canadá Austrália Suécia
- Diferenças culturais e desigualdades sociais fazem parte do mesmo conjunto de problemas,
- Promove a participação económica das pessoas ao mesmo tempo que reconhece as suas particularidades culturais
1ºas
manifestaçõe
s
Todos
considera
m que
Multiculturalismo Fragmentado
Estados Unidos da América
Funciona a nível do sistema politico estatal ( vida social e intelectual)
Remete para a imagem da dissociação do tratamento da injustiça social
e da luta contra as desigualdades e a satisfação das exigências de
reconhecimento cultural
Aplicou a medida politica Affirmative action (garantir igualdade de
oportunidades)
Revelou-se positivo tendo sido resposta a certos problemas da
sociedade
Manifestou-
se
Reconhecimento da diferença ou
comunitarismo?
1º - Adianta benefícios do universalismo e manifesta-se nos planos políticos e
institucionais a favor da assimilação das diferenças culturais
2º- Avança com o principio da tolerância que se baseia em admitir os
particularismos no espaço privado e no espaço público
3º- Considera que o multiculturalismo é ultrapassado por posições
hipercríticas que se assemelham ao comunitarismo e que o reconhecimento
da diferença cultural implica um esforço democrático assentes em valores
universais.
3
argumentos
que
constituem
um debate
A quem se aplica o Multiculturalismo?
-Politica clara e estável
- Identifica e conhece as suas fronteiras
-Promove condições para nomear os seus membros
-Baseia-se numa categorização
- Deve ter benefícios específicos
Princípi
os em
que
assenta
Dificuldades práticas do Multiculturalismo:
Nem todos os particularismos culturais se adaptam à politica
multiculturalista
Uma política requer comunidades culturais estáveis
As imigrações provisórias exigem políticas diferentes do
multiculturalismo
Encontra dificuldades que se relacionam com a diferença cultural
( não é uma realidade estabilizada)
É necessário interlocutores reconhecidos e grupos bem definidos
Em conclusão
O reconhecimento das diferenças culturais e aceitação das
suas transformações ligadas à preocupação de impedir as
desigualdades sociais requer politicas específicas, dando valor
ao contacto, à comunicação, à atenção de pontos de vista
minoritários.
Todos estes diferentes aspectos exigem políticas complexas e
flexíveis.
As práticas multiculturalistas são de grande utilidade na
formação de debates.
As discriminações raciais
examinadas pelo CERD
Encaradas como limitações impostas em áreas variadas:
Remete para a noção de “cor” e “feições físicas”,
associadas a atitudes “essencializadas“,
como características naturais;
concepção não aplicável a todas as regiões do Mundo.
Fora do continente americano
o racismo e a discriminação racial
baseadas noutros tipos de diferenças menos visíveis.
O seu artigo 1º
Nessa convenção a expressão discriminação racial “ cobre toda a
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objectivo
ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício
em igualdade de condições, dos direitos humanos e liberdades
fundamentais no domínio político, económico, social, cultural ou em
qualquer domínio da vida pública.
A Convenção Internacional sobre a eliminação
de todas as formas de discriminação social
Quando pensamos em “raça “,no Brasil, pensamos, sobretudo, nas
três grandes fontes formadoras do povo brasileiro: os habitantes
autóctones, os brancos colonizadores e imigrantes ( entre os quais
árabes e judeus) e os negros arrancados de várias comunidades
africanas, juntamente com os seus descendentes.
Hoje a situação é outra.
O Estado voltou a ser encarado como
impulsionador insubstituível de políticas de
reconhecimento, defesa e promoção das minorias
no seu território.
O “multiculturalismo” instaurou-se como a ideologia
não – economicista, auxiliada pela obsessão do
“politicamente correcto”.
O desmoronamento dos direitos humanos, resultou
da separação de ideias de uma mal definida pós-
modernidade, associada a um certo conceito “
multiculturalista” de organização societária como
única alternativa às opressões do Iluminismo
Ocidental.
Essa ideologia apresenta-se como de “esquerda “.
Os activistas esquecem de promover o direito à
segurança da pessoa, entronizado no Artigo 3º da
Declaração Universal junto com os direitos à vida e
à liberdade ou são esquecidos por serem
irrelevantes ou violados por representarem
complicadores no combate ao crime e ao
terrorismo.
Foram assinaladas pelo quebecquiano Charles
Taylor no seu ensaio de 1992, algumas das
contradições da reivindicação de reconhecimento das
diferenças com exigência de equiparação de todas as
culturas.
Esse famoso ensaio
Uma espécie de bíblia do multiculturalismo
dominante (Taylor 1994:68-73) e de ordem prática.
Endossa as políticas multiculturalistas que
reconheçam as diferenças não somente de
“minorias “perante as “maiorias” mas também os
diversos tipos de diferenças.
Fora do continente americano, o racismo e a
discriminação racial baseiam-se noutros tipos de
diferenças “menos visíveis”. Por isso, a Convenção
precisa de ser abrangente;
Nesta convenção a expressão discriminação racial
“cobre toda a distinção, exclusão, restrição ou
preferência baseada na raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica.”
Foram examinados outros territórios tais como: os da
Estónia, da Ucrânia e da Noruega. Para compreender
o “multiculturalismo “é essencial ter em mente que o
conceito de “nacionalidade “ é cultura enquanto que a
“cidadania” é jurídica.
Para a Estónia não há diferença racial entre esses
dois termos para o governo que ao declarar um
país literalmente multicultural, não reconhece
oficialmente nenhuma minoria. Todos os habitantes
podem ser o que quiserem além de terem direito à
educação na Língua Materna, embora a língua
oficial seja o estoniano, que é falada por todos os
cidadãos.
Segundo a opinião de Lindgren Alves sobre a
Estónia o Multiculturalismo consiste num facto, não
num projecto social ou programa educativo
diferencialista.
O Estado dispõe-se a fortalecer a integração da
população tendo plena consciência da sua variedade
cultural como: a possibilidade de preservação da
língua e da cultura específicas dos grupos étnicos.
Mas, a grande preocupação é da numerosa minoria russa
não cidadã, porque não faz questão de adquirir a cidadania
estoniana. Para demonstrar a legítima preocupação
estoniana, o CERD, apresentou por insistência de alguns
peritos as seguintes recomendações:
a) Reforma da Constituição de que se permite aos “ não
nacionais” ( os russos que não se querem naturalizar) a
participação em partidos políticos;
b) facilidade para a naturalização dos russos residentes que não
querem aprender o estoniano, nem se interessam pela
obtenção da cidadania local;
c) Acções afirmativas no emprego e na educação para os não
cidadãos de língua russa. Segundo a opinião de Lindgren
Alves, compreende que tanto na Europa, como na Ásia, a
identidade em sentido “herderiano” é tão forte que os russos da
Estónia ( e da Letónia) prefiram abdicar de direitos referentes à
cidadania em favor da integridade da sua russofilia.
A Ucrânia também europeia e ex-República Socialista Soviética mas
eslava e culturamente parecida com a Rússia até na língua, teve o
seu relatório periódico examinado pelo CERD no verão de 2006. No
período estalinista, a Ucrânia tem também um número elevadíssimo
de minorias reconhecidas e culturalmente protegidas . Em relação
aos Tártaros há informações não-oficiais de discriminações ,
inclusive na “República Autónoma”.
No que diz respeito a línguas e tradições folclóricas a Ucrânia
protege as culturas das minorias, incentivando uma renascença dos
dialectos ciganos desde que essa protecção não prejudique o
ucraniano como único idioma oficial.
Lindgren Alves, reparou que o multiculturalismo ucraniano, ao contrário
do estoniano, preocupa-se em reconhecer as minorias ainda que não
consiga destruir as discriminações contra o estoniano. Este faz o
seguinte comentário: enquanto a Estónia para garantir a integração
evita “separar “, a Ucrânia “ separa “ oficialmente para integrar.
Na Noruega, assim como muitos outros países europeus, não inclui
nos seus recenseamentos perguntas sobre “raça “, “religião”,ou
origem étnica, para evitar o racismo, contra os que se auto
identifiquem como diferentes o que não impede de reconhecer que
os saamis como povo indígena, assim como os judeus, os Roma e
os etnofinlandeses como minorias nacionais.
2 estados árabes: Iemén e Omã negam a
existência de minorias nos seus territórios;
Defendem sociedades homogéneas e não
discriminatórias porque são islâmicas e todos
são da mesma religião;
De todos os relatórios examinados o mais “ chocante” foi da África
do Sul, cujo regime no passado, fora uma das motivações para a
própria Convenção;
O 1º relatório apresentado continha informação positiva para superar
a herança do apartheid e a discrição das dificuldades apresentadas;
O Comité insistiu na recomendação de que África do sul
descrevesse a composição da sua população de acordo com o
recorte étnico;
Se o texto fosse aprovado o CERD era o 1º
órgão vinculativo ao sistema das Nações
Unidas a propor 1 censura de natureza
religiosa;
Peritos da América latina com alguns
colegas asiáticos impediram o sucesso;
Hoje as ameaças terroristas são mais variadas. Mas as
distorções já ocorriam por obra de um multiculturalismo que o
próprio ocidente criou;
Lindgren Alves recorda que já propusera ao CERD que
deliberassem sobre o tipo de multiculturalismo que deveriam
defender;
Auxílio aos estados Afro-Asiáticos de emigração a
orientarem os seus cidadãos sobre a necessidade de
adaptação ao contexto ocidental;
A palavra “multiculturalismo” com igual fervor e
interpretações diversas pela comunidade brasileira e
norte americana.
Os brasileiros, inclusive do movimento Negro, defendiam
um “pluralismo cultural” que na interpretação de Giovanni
Sartori o “pluralismo deve a si mesmo a obrigação de
respeitar a multiplicidade cultural que encontra e não a
necessidade de fabricá-la”.
Todos os norte americanos (White e African
Americans) tinham adoptado e radicalizado a
concepção canadiana, avessa a misturas e
sincretismos.
É este 2º multiculturalismo que predomina no
mundo.
Não se pode desejar que em nome de um
“multiculturalismo” desumano, a Europa se curve
ante tradições que levaram ao assassinato da jovem
paquistanesa e do director de cinema Theo Van
Gogh em Amesterdão.
A insistência de Lindgren Alves no CERD é
simples: para serem realistas e justas as
observações do Comité, precisam levar em
consideração o contexto.
Ao fazê-lo estaremos a ser multiculturalistas num
sentido universalista não homogeneizante.
Lindgren Alves, comenta
no Brasil, nunca existiu uma única cultura africana. os afro -
descendentes brasileiros, eram classificados de acordo com
as nações antepassadas e as suas origens,
O estado brasileiro assegura a cada um a educação
gratuita na respectiva língua, por justiça
compensatória e recomendação internacional, mas
não por “multiculturalismo”, com as comunidades
indígenas não-aculturadas.
É imprescindível que o Brasil após tantos anos de
lutas de movimento negro contra o branqueamento
disfarçado do povo brasileiro, continue a dar valor a
culturas africanas e indígenas à originalidade cultura
brasileira.
Devemos continuar a dar o valor apropriado aos
aportes fundamentais das culturas africanas e
indígenas à originalidade da cultura brasileira:
Capoeira; Candomblé; Macumba; as festas de Iemanjá;
Zumbi (alma); as comidas típicas do Norte e da Bahia;
a feijoada; a bumba-meu-boi; o Samba.
O facto actualmente recordado com o intuito
provocativo de o Quilombo dos Palmares também
ter funcionado com os seus próprios escravos, não
diminui o seu valor histórico, nem o seu
simbolismo libertário para os escravos negros
escravizados em função da “raça”, numa fase em
que o “escravismo” era legal em todo o Mundo.
Para terminar esse sistema tão prolongado de
escravidão surgiram os actos de resistência e
rebeldia dos próprios escravos negros e mulatos,
juntamente com as campanhas políticas de brancos
e mestiços, no século XIX.
Lindgren Alves, tendo sido “negociador” da Conferência de
Durban (África do Sul) é favorável à adopção
de acções afirmativas que ajudem a erradicar
as discriminações e preconceitos raciais.
Juntemo-nos a ele!
Todo o tempo é de poesia …
António Gedeão
… e de reflexão
… e de trabalho
… e de aprender
… e de prazer.
E Tudo somos eu/nós
“Acontece-me fazer algumas vezes aquilo que chamaria o meu
exame de identidade, como outros fazem o seu exame de
consciência. (…) Remexo a minha memória” e ainda está
palpitante a ansiedade de conhecer, o medo de desvendar, o
prazer da partilha entre tantos Wieviorka, Malouf, Semprini,
Arnaldo Neto, Jacques d’ Adesky, Petronilha, Gonçalves,
Inocência Mata – la meneuse du jeu , Jogo das Diferenças.
Porque é o nosso olhar que aprisiona muitas vezes os outros nas
suas pertenças mais estreitas e é também o nosso olhar que tem o
poder de os libertar.
Muito obrigada, querida professora Inocência Mata,
por ser rizoma.