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lbumIlustrao fotogrfica do texto A regio dos 3 Castelos
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Ilustrao fotogrfica sobre A regio dos 3 Castelos de Sebastio da Gama
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Comunicao e Patrimnio Literrio
Instituto Politcnico de Setbal
Escola Superior de Educao
Licenciatura em Desporto
1ano /2semestreComunicao e Patrimnio Literrio
Docente: Luciano Pereira
Discente: Daniela Gordo
Ilustrao fotogrfica sobre A regio dos 3 Castelosde Sebastio da Gama
Maio de 2009
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Ilustrao fotogrfica sobre A regio dos 3 Castelos de Sebastio da Gama
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Comunicao e Patrimnio Literrio
ndice
Introduo...................................................................................................................................................... 4
Ilustrao fotogrfica sobre Os 3 Castelos de Sebastio da Gama .......................................................... 5
Alguns poemas de Sebastio da Gama sobre a Serra da Arrbida .......................................................... 19
Concluso.................................................................................................................................................... 25
Recursos Bibliogrficos ............................................................................................................................... 26
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Ilustrao fotogrfica sobre A regio dos 3 Castelos de Sebastio da Gama
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Comunicao e Patrimnio Literrio
Introduo
No mbito da unidade curricular de Comunicao e Patrimnio Literrio, foi proposto pelo docente a criao de uma
ilustrao fotogrfica sobre o texto de Sebastio da Gama, A regio dos 3 Castelos.
Como sabemos, as obras de Sebastio da Gama encontram-se amplamente relacionadas com a Serra da Arrbida, local
esse onde o poeta viveu e onde procurou inspirao para escrever alguns dos seus livros, especialmente Serra-Me, escrito em
1945.
A realizao deste trabalho consistia na leitura do texto A regio dos 3 Castelos, de seguida tnhamos de realizar o trajecto
a descrito e fotografar os locais mencionados no texto. O texto descrevia uma excurso desde Cacilhas at de volta a Cacilhas,
passando por Sesimbra, Serra da Arrbida, Setbal, Palmela e Azeito, locais de inspirao de Sebastio da Gama.
uma viagem digna de se fazer, s quem passa por aquelas paisagens naturais e nicas que compreende perfeitamente a
paixo de Sebastio da Gama, a Natureza, a Serra-Me!
Apertem os cintos, preparem-se para a observar o mais belo que existe, a Natureza.
Boa Viagem.
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Ilustrao fotogrfica sobre A regio dos 3 Castelos de Sebastio da Gama
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Comunicao e Patrimnio Literrio
No aqui nem ali, nomeadamente, onde
quer que comea a ser visto, que Portugal
comea a ser maravilhoso; atravessem o Tejo,
metam-se numa confortvel camioneta e venham
connosco verificar esta verdade; os que vierem
connosco vero que Portugal comea na
Pennsula de Setbal a ser a maravilha de que
falam os livros.
Lisboa acena, do lado de l do rio, o seu
adeus alegre aos que partem. J o barco nos
deixou na Outra Banda, j a camioneta arranca,
j, depois de atravessadas as vilas de Cacilhas eCova da Piedade, centros comerciais e
industriais, se oferece a nossos olhos a mancha
verde dos campos. Ulmos e accias que vieram at beirinha da estrada ver-nos passar; pinheirais extensos e orgulhosos da sua
raa - so os filhos, so os netos dos que foram ndia; a vinha a sonhar: Quando serei vinho?; o trigo a sonhar: Quando serei
po?; e as rvores de fruto, algumas carregadinhas como ourios, a prometerem doura e frescura... A camioneta vai contente,
porque ela que mostra tudo isto, porque vo contentes os que espreitam pelas suas janelas. E j volta direita, na encruzilhada
do Fogueteiro, onde uma novssima fbrica de txteis artificiais abre os seus portes; por aquele ramo de estrada se encaminha,tambm entre pinhais, at Aldeia de Santana, burgozinho de camponeses, lugar bom para quem gosta de guloseimas: n'A
Camponesa, uma casinha discreta, h bolos deliciosos, dignos de um convento. E agora o macadame nos lembrar as antigas
estradas: de Santana ao Cabo Espichel leva-nos um macadame simptico e bem cuidado, orlado de malmequeres brancos.
Companheiros da estrada, uma ou outra carroa, um ou outro burriquito - toque toque toque - a caminho da vila. E assim
Cabo Espichel
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chegamos Igreja de Santa Maria da Pedra de Mua, do tempo de D. Pedro II,
mais conhecida por Senhora do Cabo; ali que mora a padroeira dos pescadores
de Sesimbra. Senhora do Cabo, com a ortografia errada se Deus quiser, tem
sido o nome de muitos barcos de aquela vila. Desamos at beira-oceano, junto
da ermida levantada sobre a Pedra de Mua (sculo XV), onde quer a tradio que
a imagem de Nossa Senhora, hoje na igreja, tenha aparecido; de a enchamos os
olhos de Mar e Abismo. Uma baa minscula de guas de cor de azebre acaba em
mansido uma cavalgada de rochedos cortados em perpendicular; depois, mar
que no acaba, pespontado de velas e gaivotas; para a esquerda, o Farol, de
1790, d sinais de terra aos que no tiverem medo das ondas. Vem do Oceano,
quase sempre, um ventinho agreste mas belo: fala de Portugal e do seu destino.
Igreja de Santa Maria da Pedra de Mua
Farol
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Mas apressemo-nos, porque o passeio longo, desamos ao
Castelo de Sesimbra, que os mouros ergueram. Hoje uma relquia
de tempos hericos: evoca D. Afonso Henriques, que em 1165 o tomou;
no tempo do Conquistador, era dentro dos seus muros que a povoao,
elevada a vila em 1323, ia crescendo casa a casa. Dentro do Castelo, a
Igreja de Santa Maria ou de Nossa Senhora do Castelo, da segunda
metade do sculo XII; a imagem da Senhora, em pedra, do sculo
XIII. Olhemos, das ameias, a vila de Sesimbra e o mar salgado, po de
cada dia de aquela terra. A praia, que visitaremos deixado o Castelo,
chega para pescadores e para banhistas: de um lado se enfeita de
aiolas e traineiras, do outro de barracas de lona. Aos pescadoresprotege-os, como se no bastassem a Senhora do Cabo e a Senhora
do Castelo, o Senhor das Chagas, a Quem o povo todos os anos
agradece, numa romaria tpica.
O Senhor das Chagas arrasta a Sua Cruz na Igreja da
Misericrdia, que merece a pena ver por Ele e por um painel em tbua,
talvez de Garcia Fernandes. Com mais uns minutos para a visita
Igreja Matriz (do sculo XVI) e sua bela escultura barroca da Virgem,teremos feito uma ideia de Sesimbra, a piscosa, anfiteatro de onde
se sofre ou se goza o espectculo sempre grande do mar.
Castelo de Sesimbra
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Dez quilmetros de boa estrada e tomamos novamente a direita
de uma encruzilhada ( Ponte de Cambas); vamos entrar na Serra da
Arrbida. Nos primeiros lanos fica-nos ela em frente, azul e
majestosa; pouco a pouco comeam o alecrim, o rosmaninho, a esteva,
a anunci-la na sua voz de perfume. E ao longo da cobra de alcatro
no se cansa o mato de encantar os que passam: agora o
medronheiro, mais adiante a aroeira e o zimbro. Casalinhos de
pequenos lavradores, os Casais da Serra, entremeiam de branco o
verde do mato e o vermelho do barro.
Serra da Arrbida
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De repente, menina curiosa a espreitar da sua varanda, a Capela de Nossa Senhora de El Carmen; diz-nos adeus de longe
e fica. E j nos esquecemos dela, porque a Serra do Risco, direita, sobe para o Cu na sua escalada titnica. ali o ponto mais
alto da costa de Portugal, por isso lhe chamam cabo de ares os pescadores que de baixo, dos seus barcos minsculos ante
aquela grandeza, a medem com o terror ou a admirao da sua pequenez de homens.
A Serra tem o ar de uma onda que avana impetuosa
e subitamente estaca e se esculpe no ar; uma onda de
pedra e mato, o fssil de uma onda. Ri-se do mar de
agora, gaivota mansinha, profundamente azul, que faz
avultar, com a plancie que lhe fica esquerda, o seu dorso
gigantesco.
E seguimos; e maravilha segue a maravilha: agora
comea-se a descer a Estrada do Professor Gentil, trsquilmetros que nos levam ao Portinho. Aconselha o bom
gosto a fazer uma paragem de minutos. Estamos no Alto da
Mata, assim chamado porque ali termina a Mata do
Solitrio, floresta cerrada onde se misturam de h sculos o
carvalho com o medronheiro, o folhado com o zimbro. Toda
a mata de que, donde estamos, vemos apenas a cpula
verde, uma catedral de sombra. L ter vivido o asceta que lhe deu o nome e ao poozinho que a refresca; e o Casal daBoavida, hoje meia dzia de pedras perdidas numa clareira, l est para indicar onde dormia o solitrio.
Que pena no poder durar mais tempo esta nossa paragem! que aqui o ponto mais belo que at agora encontrmos: em
nossa frente ergue-se, piramidal, o Monte do Guincho, onde a Mata do Solitrio nasceu e vingou; de cada lado o mar, que vemos
moldado por dois vales; tudo simtrico, tudo regular, espantosamente regular nesta Serra caprichosa e romntica.
El Carmen
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Os pssaros cantam a liberdade dos bosques. E ns baixamos at ao
Portinho, onde havemos de almoar. Uma baa que abraa
amorosissimamente um mar esttico... Uma fortaleza mandada construir por
D. Pedro II para defesa da costa (piratas que gostariam de passar aqui o seu
fim-de-semana) e que hoje a Estalagem de Santa Maria... Mato a nascer ao
rs das ondas dir-se-ia que tem a raiz na gua salgada... Uma luz que fere a
vista, mas de que a vista se enamora, a vestir as coisas todas de um brilho que
no deste mundo... Gaivotas que no so sinal de temporal - so antes as
pombas de uma paz nica e primitiva... Todo o Portinho (que poeta lhe ps
este nome?) a ser um cais sobre a Poesia, uma janela que d para a Beleza...
Sabe-nos bem estarmos vivos.
Portinho da Arrbida
Fortaleza
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Mas no deixemos de ver a Lapa de Santa Margarida- uma gruta
enorme que o mar enche com a sua voz sagrada. Humildemente
escondida na sombra, uma capelinha tosca onde por vezes se reza missa
(e o mar acolita e a missa ganha um sentido mais grandioso, mais
preciso que noutro lugar qualquer; a gruta transcende-se e tem ogivas e
tem vitrais e tem rosceas a cada canto; Deus veio).
Depois Alportuche, uma pequenina praia a que nos conduz uma
alameda de eucaliptos. E se tomarmos um bote poderemos ainda visitar
a Praia dos Coelhos e a de Galapos.
Lapa de Santa MargaridaCapelinha
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De passagem, vemos de perto a Pedra da Anicha, ilhota
curiosa que em tempos deve ter ligado com a terra; camaleo da
paisagem, se no muda de cor muda de forma e durante o nosso
passeio j tivemos ocasio de lhe ver aspectos vrios; outros vos
esperam ainda -
para cada lugar
de que a vemos
guarda a Pedra
da Anicha uma
cara diferente.
Chegou a
hora da partida. De novo cortamos a Mata do Solitrio - a estrada vertesangue. No Alto da Mata tomamos o ramal da direita e vai comear o novo
filme; agora as cores so mais vivas, a luz mais lacre. Tornamos a ver a
Mata, Alportuche, o Portinho, o Mar... Passamos a dois passos da Mata
Coberta, que foi, antes de o ciclone a ter amputado, a mais numerosa da
Serra; o Sol ficava-lhe porta, contentava-se com doirar o cume do Monte
Abrao, que a protege dos ventos do mar. Um minuto mais e aparece o
Convento. Ali se concentra a religiosidade esparsa pela Serra; parece que ali a fonte mstica, quando o contrrio o que afinal acontece; ali
desemboca, vindo de todos os cantos, trazido por todos os ventos, o esprito
que d Serra da Arrbida elevao e sentido. Ali que se apercebe com
nitidez a Arrbida mais verdadeira, que no a Arrbida dos banhos, nem a
Convento
Pedra da Anicha
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Arrbida das caldeiradas, nem a Arrbida
das romarias encantadoramente pags,
nem sequer a Arrbida do turismo; o
que aquelas paredes contam. Eis Frei
Martinho, que em 1542 fundou oConvento, posto entrada a impor
silncio, recolhimento e f; e a capelinha-
mor, onde um Cristo em madeira, uma
Nossa Senhora da Rom e dois leos de
autores desconhecidos nos no
chamaram em vo (e que bonitos e
sinceros os barcos de pesca que ospescadores, devotos de Nossa Senhora
da Arrbida, l foram pr); e o jardinzinho
de S. Pedro de Alcntara, onde o buxo
reza h trezentos anos uma orao que j
deve ter chegado l acima; e a Fonte da Samaritana, a escorrer frescura pela bica (santa, trs vezes santa, das sedes que
matou...); e a capelinha-brinquedo da Senhora da Piedade, que a pacincia dos frades ornamentou de conchas e de cacos; e a
maior graa do Convento que a desordem harmoniosa das suas celas, a simplicidade das suas ruazinhas estreitas. Por tudo ist operpassa a memria dos fradinhos que descobriram a Arrbida lugar de orao, ante-cmara do Cu. Frei Agostinho da Cruz, que
morava numa celazinha perdida no mato, junto do Convento Velho (duas ermidas, a da Memria e a de Santa Catarina, e mais
uma srie de sete que representam os Sete Passos, sendo o da Crucificao - Senhor dos Aflitos - nica que escapou ao tempo,
Convento
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uma escultura de primeira ordem) encontrou a expresso potica desta descoberta. Nesta Serra do Cu, vossa vizinha - dizia
ele a Nossa Senhora.
Mas Frei Agostinho no s no Convento que nos vem
lembrana. Estamos agora na estrada que corta a Serra
longitudinalmente, pelos pncaros, e de novo ele fala:
Alta Serra deserta, de onde vejo
As guas do Oceano de uma banda,
Da outra, j salgadas, as do Tejo.
At onde o Poeta foi a p, quando rasgava o hbito na
aspereza dos carrasqueiros, na nsia de subir to alto que visse
o Cu de mais perto, pode hoje toda a gente ir de automvel oude camioneta. Os homens magoaram as pedras amadas de
Agostinho e passaram. O mato por aqui rasteiro - acabou a
Arrbida luxuriante para comear a Arrbida desolada e severa. Mas que encantamento de paisagem! - Para trs as matas,
iluminadas de um Sol que as enriquece a esta hora da tarde; em baixo a fortaleza, meigamente poisada na orla verde do mar;
cabrinhas agitam, os seus guizos e olham espantadas (ou indignadas?) os que perturbam a grande paz da Montanha. um
prespio autntico, em que o Menino Jesus gostaria de ter nascido. Mirantes nos convidam a parar - varandins de onde Frei
Agostinho veria, de uma banda, as guas do Oceano (e tambm as do Sado), da outra as do Tejo. E veria Setbal garridamentedisposta beira-cais; e veria Lisboa, veria, no flanco norte da Serra (Os Picheleiros), as vinhas onde dorme o famoso Moscatel de
Setbal.
Depois a paisagem muda. Avistamos o Sanatrio do Outo, estabelecido numa antiga fortaleza, e a fbrica de cimento
Secil, e caminhamos para Setbal por uma estrada rente ao rio; a palmeira, o eucalipto e o pinheiro so as rvores que do cor e
Sanatrio do Outo
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sombra ao longo destes sete quilmetros. Ranchos de rapazes e raparigas, de famlias inteiras que saram a gozar o seu
domingo, sadam os turistas.
A Comenda e o seu palacete, a Praia de
Albarquel com a sua fortaleza so ultrapassados. E
Setbal surge finalmente, com fbricas de conservaslogo entrada.
O segundo castelo do tringulo est vista: o
Castelo de S. Filipe, nico castelo barroco de Portugal,
mandado construir em 1590 por Filipe II. O panorama.
que dali se abrange magnfico. Apetece ficar l, mas
no pode ser: precisamos de uns minutos para admirar
a jia manuelina da Igreja de Jesus, que Boitaca, omestre dos Jernimos, concebeu e construiu em 1594.
O manuelino deixou em Setbal ainda outro documento:
o portal norte da Igreja de S. Julio, dos melhores do
Pas. Desse portal olhemos para a esttua do Poeta Bocage, em mrmore branco. Ainda na praa em que estamos e a que d
nome o grande Poeta setubalense, merecem ser vistos o esplndido edifcio da Cmara Municipal e os pequenos museus, nele
instalados, D. Olga Moraes Sarmento e Dos Primitivos da Igreja de Jesus.
Para que faamos uma ideia do movimento piscatrio da cidade, demos ento, seguindo pela Avenida Todi, um salto docadas Fontainhas. Em cima, em anfiteatro, fica-nos o velho e curioso bairro do mesmo nome; voltemos por a, para no perdermos o
panorama lindssimo que se avista do miradouro de S. Sebastio.
Uma caixa de doce de laranja, para tornar a viagem mais agradvel ainda, comprada em qualquer pastelaria, e teremos
sado de Setbal, Rainha do Sado, sabendo dela que bonita e doce do princpio ao fim
Palacete da Comenda
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E depois de um ameno passeio entre laranjais e de uma
subidazinha que h-de ter cansado muito homem de armas de
outrora, aparece, a fechar o tringulo, o Castelo de Palmela.
Quem primeiro lhe mediu a fora foi, em 1147, D. Afonso
Henriques. Da construo primitiva, escreve Pina de Morais,pouco resta: sero romanas as torres circulares, rabes as
quadradas, do Mestre de Avis a Torre de Menagem, de D.
Pedro II as fortificaes mais modernas para uso do canho.
Mas o que no ter mudado muito a paisagem deslumbrante
e sem fim, prmio valiosssimo para quem no hesitou em
subir Torre de Menagem. E mais uma vez (a outra foi na
Arrbida) se mostra evidncia que onde a paisagemportuguesa for pitoresca ou for grandiosa os primeiros turistas
a chegar so os frades: aqui gozaram, de 1194 a 1218, o
mesmo espectculo que ns estamos gozando, os freires de
Sant'lago, que em 1482, lanada a primeira pedra do seu
templo, hoje em runas, tornaram casa, como bons filhos, e
nela se estabeleceram definitivamente.
A vila fica em baixo, aninhada entre vinhas e confiante naproteco do seu castelo. Dos montes volta chega-nos a
msica estranha dos moinhos - quem sabe, D. Quixote!, se
no sero barbudas sentinelas que D. Afonso ali deixou de
guarda ao castelo...Castelo de Palmela
Castelo de S.Filipe
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Palmela terra de bons frutos e bons vinhos. Baco no se importaria de vir connosco e muito menos se lhe segredssemos
que a dois passos, deixadas para trs Quinta do Anjo e Cabanas, comea a regio de Azeito, onde o vinho, como diz o Povo que
s diz verdades, no vinho vinho. em Azeito a nascente, que d de beber a todos os mercados do mundo, do excelente
Moscatel de Setbal. E como um bom vinho pede um bom petisco, inventou a gente da terra um queijo de ovelha divino e uns
bolinhos de manteiga que obrigam o turista a parar, a provar, a gostar.Mas Azeito, que ficou no sop da Serra da Arrbida como quem no teve coragem de a subir, no se recomenda apenas ao
nosso paladar. Azeito terra de palcios, a fidalga Azeito, como oliveira Martins lhe chamava. Atravessada a Aldeia das
Vendas, estamos dentro em pouco no Palcio da Bacalhoa, monumento nacional, um misto de arte florentina e de
reminiscncias mouriscas nas cpulas de gomos e que, como museu de azulejos, s tem um rival em Sintra (Joaquim Rasteiro).
Construdo no ltimo quartel do sculo XV, sofreu no sculo seguinte, sendo seu proprietrio Afonso de Albuquerque filho,
grandes modificaes. J pertenceu a EI-Rei D. Carlos e hoje de uma senhora americana, Mrs. Scoville. Um dos seus quadros
de azulejos representa Susana no banho e est datado de 1565.Afonso de Albuquerque e outros fidalgos da regio mandaram, em 1570, edificar a Igreja de S. Simo, em Vila Fresca, que
o ponto seguinte da nossa escala. E j perdemos de vista esta vilazinha e entramos na alameda que d acesso ao Palcio da
Quinta das Torres, um retiro romntico onde apetece esquecer o tempo, deixar-se embalar na poesia purssima que se desprende
de aquele palcio enfeitado a heras, do lago lamartiniano, dos cedros que lembram Narciso. O palcio notvel pela sua traa
arquitectnica (do sculo XVI) e pelos painis de azulejos, do mesmo sculo, que figuram, um, o incndio de Tria, outro, a morte
de Dido, e outro ainda, num rodap, pormenores de caadas, ora realistas, ora de inspirao mitolgica.
Abriu-se a porta do palcio e ns entrmos. Doura de estar em casa (home, sweet home...), prazer de tomar uma chvenade ch junto dos nossos... Alegria de uma coisa imaginada que acontece precisamente como a imaginmos... Nem sequer foi uma
surpresa tudo isto que fomos encontrar depois de a porta aberta: o ambiente c de fora anunciara aquela Casa de Ch, o nosso
esprito exigia-a e achava to natural que ela aparecesse como a inteligncia e o bom gosto das pessoas que a criaram acharam
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natural que ns a esperssemos. Era preciso que o fio da Poesia se no quebrasse - que o encantamento no ficasse entrada
da porta.
Quem inventou a partida decerto que nunca amou... Partimos da Quinta das Torres a cantar este verso. Vila Nogueira
aparece, tem pena (e sincera porque hospitaleira) de que no haja tempo para dar uma volta pelas suas ruas, de ver de perto
o Palcio dos Duques de Aveiro, que albergou tantos reis, o do Salinas, que pertenceu a D. Constana, mulher de D. Pedro I, e aIgreja de S. Loureno, de 1344.
que a tarde comea a descer. Dois quilmetros mais, acabada nos Brejos a regio de que vimos uma pequenina parte, e o
Sol morre por detrs dos pinhais. Depois do orgulho da sua agonia teatral, as sombras no se demoram e tomam conta de tudo: a
cor definha, a forma esbate-se. Coina, e o seu riozinho que ao lusco-fusco um segredo, Paio Pires, Torre da Marinha., Corroios,
j respiram noite... Cacilhas d um ponto final na viagem e aponta para Lisboa, que parece ter sido invadida pelos pirilampos:
tremeluz na noite azul, chama por ns como quem nos quer bem. No tem cimes das terras bonitas que fomos ver, porque as
boas-noites que lhe damos no so menos alegres nem menos do corao do que os bons-dias desta manh. Para Lisboah sempre um lugarzinho no corao e um galanteio flor dos lbios.
Arrbida, de 28 a 31 de Maio - 1949.
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Alguns poemas de Sebastio da Gama sobre a Serra da Arrbida
"Elegia para a minha campa"
Agora, s,
que o meu corpo terra confundidana terra desta Serra minha Me;
agora, s,
a minha voz que sempre cantou mal
ao Cu se eleva
Agora, s, que no ventre da Serra minha Me repousa
Meu corpo de Poeta
De Poeta mudo em vida, por ausenteDo ventre maternal os nove meses;
Agora s clarssima se eleva
A minha voz-louvor,
a minha voz carcia a minha Me
ao Cu...
Agora, s,
Que os meus lbios so terra de onde nascemAs moitas de folhado e de alecrim,
A minha voz saudosa de cantar
Se elevarAt onde o Cu tem cor e fim.
Se elevar a minha voz, perfume
desprendido, suavssimo, dos matos
que surgiram de mim...
Agora, s,
Que sou terra na terra misturada,
Que a minha voz voz de rosmaninho,Eu poderei tratar por tu
A meu Irmo Frei Agostinho...
Agora, s, a meu Irmo,
Que comigo nasceu naquele Dia
Em que ao Cu se entregou,
brio de Sol e Maresia, nossa Me Serra...
In Serra - Me
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Elevao
J no estou em cima do rochedo...
Embebi-me na Tarde,
embebi-me na paisagem,embebi-me no que eles vem e no que eles no vem mas eu vejo,
e to leve me fiz,
to para longe do rochedo aonde j no estou,
que o rochedo ficou s
e eu distanciei-me na paisagem,
na Tarde,
na brandura da aragem...
Ausentei-me de aqui, de corpo e alma,
dilu-me na paisagem,
e a rocha ficou vazia,
com ar, s ar,
com ar, s ar, em cima dela.
Ora porque ser que estou ainda a v-la,a Tarde,
porque ser que a vejo como, de cima do rochedo, a via,
se eu afinal j sou ela?...
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Orao da tarde
Ao crepsculo, a Serra catedral
onde o rgo - Silncio salmodia.
A prpria Luz ergueu "Ave-Maria"e o Mar tomou as cores de um vitral.
Tudo sente o Senhor e se extasia...
O Sol queimou as mos, pelo val',
e desprendeu incenso, Espiritual,
mos-postas a rude penedia.
E eu tambm quero ser da Orao...
- Com folhados na alma, pus a moNa minha harpa e a msica ascendeu.
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Ai a minha alegria de menino,
Quando, por s, ento, se ouvir no Cu,ajoelhado, deixei de ouvir meu hino!...
In Serra Me
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Comunicao e Patrimnio Literrio
Serra Me
O agoiro do bufo, nos penhascos,
foi o sinal da Paz.
O silncio baixou do Cu,
mesclou as cores todas o negrume,
o folhado calou o seu perfume,
a serra adormeceu.
Depois, apenas uma linha escura
e a ndoa branca de uma fonte amiga;
a fazer-me sedento, de a ouvir,
a gua, num murmrio de cantiga,
ajuda a Serra a dormir.
O murmrio a alma de um Poeta que se finou
e anda agora procura, pela Serra,
da verdade dos sonhos que na Terra
nunca alcanou.
E outros murmrios de gua escuto, mais alm:
os Poetas embalam sua Me,
que um dia os embalou.
Na noite calma,
a poesia da Serra adormecida
vem recolher-se em mim.
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8/14/2019 trabalho fotografico cpl
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Ilustrao fotogrfica sobre Os 3 Castelos de Sebastio da Gama
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E o combate magnfico da Cor,
que eu vi de dia;
e o casamento do cheiro a maresia
com o perfume agreste do alecrim;
e os gritos mudos das rochas sequiosas que o Sol castiga- passam a dar-se em mim.
E todo eu me alevanto e todo eu ardo.
Chego a julgar a Arrbida por Me,
quando no serei mais que seu bastardo.
A minha alma sente-se beijada
pela poalha da hora do Sol-pr;
sente-se a vida das seivas e a alegriaque faz cantar as ave na quebrada;
e a solido augusta que me fala
pela mata cerrada,
aonde o ar no peito se me cala,
desceu da Serra e concentrou-se em mim.
E eu pressinto que a Noite, nesse instante,
se vai ajoelhar...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
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Ai no te cales, gua murmurante!
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Ilustrao fotogrfica sobre A regio dos 3 Castelos de Sebastio da Gama
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Comunicao e Patrimnio Literrio
Ai no te cales, voz do Poeta errante!
- se a Serra pode despertar.
In Serra Me
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Comunicao e Patrimnio Literrio
Concluso
Atravs da realizao deste trabalho conheci stios que nunca antes tinha visitado, olhei as paisagens de um modo que
nunca antes tinha olhado, percebi um poeta de uma maneira que nunca antes tinha percebido. Agora entendi o afecto que o poeta
Sebastio da Gama tem pela Natureza, principalmente pela Serra da Arrbida.
Adorei fazer este trabalho e espero que muitos mais deste tipo sejam realizados durante o meu percurso acadmico, um
tipo de trabalho que leva as pessoas a terem contacto com a natureza e de facto aprendem a gostar dela, a olhar para ela com
olhos de ver e de sentir, leva-as a perceber que esto perante um ser superior a ns e que devemos respeitar porque coisa mais
bela no existe e se a estragamos o conceito de belo deixar de existir na boca de muitos poetas.
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Ilustrao fotogrfica sobre A regio dos 3 Castelos de Sebastio da Gama
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Comunicao e Patrimnio Literrio
Recursos Bibliogrficos
VILHENA, Antnio, PIRES, Daniel A Serra da Arrbida na Poesia Portuguesa. Setbal: Edio Centro de Estudos
Bocageanos, 2002.
http://www.azeitao.net/Sebastiao/circuito_castelos.htm
http://www.azeitao.net/Sebastiao/circuito_castelos.htmhttp://www.azeitao.net/Sebastiao/circuito_castelos.htmhttp://www.azeitao.net/Sebastiao/circuito_castelos.htm