Roteiro para a Cidadania e Igualdade
Trabalho Digno e Crescimento Económico Recomendações e Propostas do Grupo de Trabalho – Trabalho Digno e Crescimento Económico
8-1-2017
GT – Trabalho Digno e Crescimento Económico | 2017
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GT – TRABALHO DIGNO E CRESCIMENTO ECONÓMICO
1. Enquadramento:
O Grupo de Trabalho (GT) – Trabalho Digno e Crescimento Económico foi constituído no
âmbito do Roteiro – Cidadania em Portugal, promovido pela Secretaria de Estado para
a Cidadania e a Igualdade e operacionalizado no terreno pela Animar-Associação
Portuguesa para o Desenvolvimento Local
A missão do Roteiro – Cidadania em Portugal é:
• Fomentar Redes e Parcerias para o desenvolvimento de estratégias de
territorialização de políticas públicas na área da Cidadania e Igualdade;
• Mobilização de recursos a nível nacional adequados a cada contexto;
• Desafiar as Redes Sociais (e outras) a participar ativamente no processo
(enquanto modelo de governança territorial e multinível);
• Promover a nível nacional (incluindo regiões autónomas) um conjunto de
atividades que sensibilizem e imprimam conciencialização às populações face
aos temas da Cidadania e Igualdade.
O GT realizou sete reuniões de trabalho entre 22 de Abril de 2017 e 28 de Julho de 2017,
com uma participação média de 10 pessoas, representando, ao longo dos trabalhos, 15
entidades distintas, das quais 12 foram redactoras do documento final (assinaladas com
asterisco), nomeadamente e por ordem alfabética: Animar*; APSHSTDC*; Base FUT*;
Cáritas Portuguesa; CELTUS*; Dianova*; EAPN Lisboa*; Empower to Live*; Eslider*;
EUIESA*; FC&T*; Micre; Oikos*; ; TESE*; UGT Comissão de Mulheres; UGT Comissão da
Juventude.
E definiu como ponto central dos seus trabalhos o desenvolvimento de um documento
colectivo em torno dos seguintes tópicos: (1) Conceitos e Desmistificações; (2)
Tendências Económicas e Sociais; (3) Indicadores de Acompanhamento; (4)
Recomendações do GT Trabalho Digno e Crescimento Económico, com Ilustrativos de
Estratégias e Iniciativas (numa perspectiva sistémica, sempre que possível).
2. Abordagem humanista e antropocêntrica:
O GT entende que deve prevalecer uma abordagem humanista e antropocêntrica de
tradição europeia (Comissão Europeia, 1997), que coloca o fator humano no centro da
estratégia de produção sociotécnica. Ou seja, que aposta no aumento das qualificações,
da qualidade no trabalho, dos salários e da qualidade de vida no trabalho.
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Esta abordagem opõe-se à visão centrada exclusivamente na eficiência e nos princípios
de racionalização (como os do lean production e business process reengineering),
quando defende que a inovação organizacional deve privilegiar a utilização das
Tecnologias de Informação e Conhecimento (TIC) e a flexibilização e a precarização do
trabalho como forma de reduzir custos, suportados pelos trabalhadores e
trabalhadoras.
A proposta resultante do GT está organizada em três áreas:
A - Conceitos e Desmistificações
Procura explicar os conceitos centrais abordados pelo GT: Trabalho, Trabalho Digno e
Crescimento Económico, bem como partilhar algumas reflexões e conclusões do debate
ocorrido, durante as sessões de trabalho.
B – Tendências Económicas e Sociais
Apresenta as diversas tendências ao nível do mercado de trabalho e do crescimento
económico na sociedade contemporânea. Procurou-se identificar as principais
características do mercado de trabalho e da economia atual, em Portugal.
O GT destacou como subtemas a Organização do Trabalho, a Proteção Social, o
Funcionamento do Mercado, e as Políticas Económicas, dada a sua relevância para a
compreensão da problemática em análise.
C – Indicadores de Acompanhamento
Por fim, o GT apresenta um conjunto de indicadores que possam tornar a ação mais
profícua, mais conhecedora, mais consensual e mais qualificada, no contexto do
presente tema, tendo por eixo a promoção da consciência social e do compromisso
comunitário ao nível dos modelos económicos vigentes.
Neste sentido, apresenta um conjunto de ações que possam contribuir para a afirmação
de uma cultura promotora do Trabalho Digno, em estreita articulação com o
crescimento económico em Portugal.
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A – CONCEITOS E DESMISTIFICAÇÕES
O que é trabalho?
Após longo debate, o GT acordou assumir a definição abaixo exposta.
Por trabalho, entende-se toda a participação em sistemas de produção e distribuição de
bens e serviços. O trabalho pode decorrer sob diferentes princípios económicos – para
além do mercado, o trabalho pode decorrer sob um princípio de dádiva ou de
autoprodução. E tal como nem todo o trabalho decorre em regime de mercado, também
a dimensão mercantil está longe de esgotar as dimensões humanas do trabalho, mesmo
no caso do trabalho assalariado – daí a limitação do conceito de mercado de trabalho
para pensar o trabalho e o seu papel na sociedade.
O que é o trabalho digno?
De acordo com a OIT, o trabalho digno engloba:
❖ Trabalho produtivo com remuneração justa;
❖ Segurança no trabalho e proteção à família;
❖ Perspetivas de desenvolvimento humano e integração social;
❖ Liberdade de expressão, organização e participação nas decisões ;
❖ Igualdade de oportunidades e de tratamento.
E o que é o crescimento económico?
O crescimento económico é, numa definição simples, o aumento da produção de bens
e serviços que ocorre num dado espaço territorial ou setorial, durante um determinado
período.
É medido por indicadores estatísticos agregados, do qual o mais popular é a variação
anual do Produto Interno Bruto (PIB).
Questões conceptuais
1. Estamos a assistir ao fim do trabalho?
É um tema de debate. Os seus proponentes alegam:
➢ A persistência de elevados níveis de desemprego.
➢ As transformações tecnológicas e os rácios mais baixos de substituição do
emprego entre os setores económicos emergentes e os setores em declínio.
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No entanto, os críticos desta tese consideram que:
➢ O tempo total de trabalho mantém-se elevado mesmo nas economias centrais.
Regista-se uma quebra desde meados do século XX, mas o seu ritmo abrandou
significativamente – e nalguns países inverteu-se mesmo, desde a década de 80
(o papel da desregulação do trabalho associado à da quebra de sindicalização).
➢ Desde a 2ª metade do século XX, regista-se a entrada/manutenção na força de
trabalho assalariado de novos segmentos da população – por exemplo,
resultante da terciarização e da integração das mulheres na força de trabalho
assalariada ou, mais recentemente, do prolongamento da idade do início da
reforma.
➢ O trabalho não é apenas percecionado como um meio de produzir riqueza, mas
também uma forma de promover a integração social (Kovács) e que deve ser re-
incrustrado na sociedade (Polanyi).
Em suma, o veredito é inconclusivo.
O que é indesmentível é que se está a assistir a mudanças profundas nos regimes de
regulação e de organização do trabalho e que estas têm decorrido predominantemente
no sentido de retirada de dignidade ao trabalho. Exemplos:
i) Diminuição do trabalho a tempo inteiro.
ii) Crescimento do trabalho duplo, do subemprego (trabalho parcial forçado), do
trabalho em dias e horas “atípicas”, da precariedade e do trabalho não
declarado.
iii) Dualização do mundo do trabalho, entre um segmento sobrecarregado de
trabalho e os que só têm acesso a trabalhos precários e indignos.
2. É o crescimento económico uma medida adequada de desenvolvimento social e
humano?
Nem por isso. É verdade que existe uma correlação, mas esta é imperfeita, pois uma
comparação entre o PIB e, por exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
pode revelar algumas surpresas.
Alguns exemplos:
i) Em sociedades caracterizadas por elevados níveis de desigualdade e mecanismos
débeis de redistribuição da riqueza, é possível registarem-se elevadas taxas de
variação do PIB sem que isso corresponda a um acréscimo na qualidade de vida
da maioria da população (e.g. EUA).
ii) Em economias caracterizadas por setores financeiros hipertrofiados ou pela
domiciliação de empresas externas por razões fiscais, a evolução do PIB em
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pouco ou nada reflete a situação da economia real (e.g. os 26% de crescimento
do PIB na Irlanda em 2016).
Com estas ressalvas, a variação do PIB continua a ser uma medida privilegiada pelos
media e nas medidas de política, pelo que não se pode ignorá-la. Até porque foi parte
da missão confiada ao GT.
3. É o crescimento económico compatível com o trabalho digno?
Esta é a questão central a que o GT quer responder.
A resposta é: sim, mas só até certo ponto e dependendo do modelo de crescimento em
causa.
Sim, porque o aumento da dignidade no trabalho pode ter consequências muito
favoráveis ao crescimento económico.
Alguns exemplos:
i) Maior justiça na remuneração do trabalho (entre trabalhadores /as e face à
remuneração do capital), maior segurança nos vínculos laborais e sistemas de
proteção social mais generosos são geradores de aumentos de consumo que,
por sua vez, sustentam acréscimos de produção (e.g. a experiência do círculo
virtuoso de crescimento na Europa do pós guerra);
ii) O acréscimo da participação dos trabalhadores e trabalhadoras (e da sociedade
em geral) nas decisões das instituições para as quais trabalham é geradora de
novas soluções e modelos de organização do trabalho, com ganhos no plano da
produção e do aproveitamento dos recursos disponíveis (reconhecimento dos
vários interesses no interior das empresas);
iii) As formas de organização do trabalho que reconheçam a importância do
desenvolvimento pessoal do/a trabalhador/a e da segurança no trabalho podem
contribuir para gerar ganhos de produtividade significativos (e.g. a definição de
novos perfis de competências; o investimento na formação e qualificação; a
promoção da mobilidade interna ascendente dos/as trabalhadores/as no
interior das empresas/instituições vs. níveis elevados da rotação de pessoal);
iv) A busca da igualdade de tratamento e de acesso ao trabalho pode gerar, ela
própria, o crescimento de setores que permitem garanti-lo – e.g. serviços de
apoio à infância e à terceira idade;
No entanto, é necessário que crescimento da produção de bens e serviços não seja feito
à custa da perda da dignidade no trabalho.
O GT entende que é fundamental que haja uma rejeição da estratégia económica
baseada em baixos salários e em baixas qualificações.
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Sem entrar na discussão dos limites ambientais ao crescimento – ela própria daria um
grupo de trabalho específico – o GT considera que, a partir de um certo ponto, a garantia
de taxas de rentabilidade do investimento só existe, transferindo custos e perdas do
capital para a sociedade, em geral e para os trabalhadores e trabalhadoras, em
particular. Esta transferência pode ocorrer através de vários mecanismos:
➢ Desregulação das relações laborais (facilitação de despedimentos, flexibilização
de horários, etc.);
➢ Enfraquecimento dos direitos/possibilidades reais de organização dos /as
trabalhadores/as (obstáculos à ação sindical);
➢ Enfraquecimento dos mecanismos de negociação e da contratação coletiva;
➢ Enfraquecimento dos sistemas de proteção social (em particular, a proteção no
desemprego) e de provisão pública/desmercadorizada de bens e serviços
fundamentais (educação, saúde, habitação);
➢ Desinvestimento na universalidade da escolarização do ensino secundário e
universitário.
E traduz-se concretamente em:
➢ Repressão salarial e aumento das desigualdades;
➢ Aumento dos tempos efetivos de trabalho (em prejuízo da vida familiar e da
participação cívica);
➢ Reduções na implementação de sistemas de saúde e de segurança no trabalho e
na promoção de uma cultura de prevenção dos riscos laborais (segurança e
saúde dos/as trabalhadores/as);
➢ Reforço de formas autoritárias de organização do trabalho.
Perspetivas para o Futuro
O GT entende ser necessário aprofundar o debate com todos/as os/as intervenientes,
tendo presente as seguintes linhas:
➢ Elevado nível de desemprego;
➢ Importância das transformações tecnológicas no desemprego e setores
emergentes não absorvem os empregos perdidos pelos setores em declínio;
➢ Abrandamento da redução do tempo total de trabalho e mesmo inversão em
alguns países; entrada/manutenção de novos segmentos da população,
nomeadamente com o prolongamento da idade do início da reforma;
➢ Relação entre o desemprego, o abandono do pleno emprego e as políticas de
flexibilização laboral;
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➢ Tendências contraditórias relativamente ao papel do trabalho na nossa
sociedade, com os/as menos qualificados/as a parecerem ser os/as mais frágeis
e afetados/as.
Recomendações
O GT propõe que seja promovido um Programa Nacional de Educação e de Literacia
sobre a temática do Trabalho Digno, composto por iniciativas de educação, formação e
capacitação que pretendam aumentar os níveis de responsabilidade e de
comprometimento das Entidades de Governo e de Regulação, Empresas, Entidades da
Economia Social, Trabalhadores/as, Sindicatos e Famílias com a temática do Trabalho
Digno, nomeadamente (a título ilustrativo):
➢ Formação de monitores/as para sensibilizar os diferentes interlocutores que
atuam no mercado;
➢ Workshops com Gestores/as de topo, Gestores/as de RH, quadros,
trabalhadores e trabalhadoras ativos e não ativos, pessoas em situação de
desemprego, em particular com as de mais baixas qualificações;
E abrangendo as seguintes áreas temáticas:
i) Remuneração digna;
ii) Horários de trabalho adequados à conciliação entre a vida profissional e pessoal
e familiar;
iii) Políticas de igualdade de género e de acesso no mundo do Trabalho Digno;
iv) Políticas de combate à e de erradicação da desigualdade e exclusão social, via
promoção do Trabalho Digno;
v) Impacto no crescimento económico local, decorrentes da promoção do
Trabalho Digno;
vi) Políticas de combate à precariedade;
vii) Políticas de fiscalização e de denúncia de situações de ilegalidade; etc.
Enquadramento Legal Legislação que enquadre os/as trabalhadores/as ativos, as pessoas desempregadas e outras de baixas qualificações para este efeito
Promotores IEFP Ministério da Educação
Indicadores de avaliação n.º ações de formação, n.º de formadores/as, n.º de participantes, mecanismos de monitorização das mudanças efectivas e positivas, num prazo a definir (avaliação de impacto)
Financiamento (fontes) Programas do IEFP
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B – TENDÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAIS
1. Organização do trabalho:
➢ Diminuição do número de pessoas com contrato permanente/sem termo, com
uma redução da sua remuneração média, desde 2013 (quebra de 882€ para
810€) e aumento dos contratos não permanentes, com abrandamento do
crescimento da remuneração média, desde 2015.
➢ Aumento da clivagem do horário efetivo de trabalho entre Portugal (com maior
número de horas de trabalho) e outros países europeus, nos últimos 20 anos
(PORDATA) → Número médio de horas semanais de trabalho em Portugal –
1995: 36,1; 2015: 35,7; Número médio de horas semanais de trabalho nos Países
Zona Euro – 1995: 30,2; 2015: 28,4.
➢ Flexibilidade associada à precariedade, pela redução das condições de segurança
no trabalho, pela prática de baixos salários e pelo desinvestimento na formação
dos/as trabalhadores/as. Para alguns trabalhadores e trabalhadoras,
nomeadamente com maiores qualificações (que representam ainda uma
minoria), a flexibilidade permite uma maior conciliação entre trabalho e família
e uma fonte de rendimentos extra.
➢ Assimetria na distribuição dos rendimentos salariais em Portugal – polarização
entre trabalhadores/as qualificados/as e não qualificados/as; disparidades
salariais entre homens e mulheres → de acordo com o último relatório da CIG,
as mulheres recebem cerca de 82,1% do salário médio mensal dos homens, ou
seja, os homens recebem, em média, 121,8% do rendimento das mulheres.
➢ Aumento dos/as trabalhadores/as pobres em Portugal (11,5%) acima da média
Europeia (9,5%) → Há um aumento da pobreza de jovens e crianças, o que
significa que muitos agregados vivem situações de precariedade, resultantes da
sua situação laboral, e não são capazes de suprir as necessidades básicas da
família.
2. Proteção Social
➢ Redução das despesas da Segurança Social com os subsídios à população, desde
2014, à exceção do subsídio de maternidade e do subsídio de doença (PORDATA,
IGFSS/MTSSS).
➢ Declínio lento da densidade sindical em Portugal – de 22,4% em 1999, para
18,1% em 2012 – embora ainda ligeiramente acima da média da OCDE.
➢ Elevada diminuição da taxa de cobertura de convenções coletivas de trabalho
atualizadas em Portugal - de 65,5% em 2008, para 10,0% em 2015 -, e fortes
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tendências legislativas visando o enfraquecimento da negociação coletiva,
sentidas na Europa do Sul (Lima, 2016).
3. Funcionamento de mercado
➢ Hegemonia dos mercados financeiros e a intensificação da circulação dos
capitais financeiros, potenciada pelas novas tecnologias de informação (TIC), →
aumenta os comportamentos especulativos e a procura de lucro a curto prazo
(Castells).
➢ Crescente promoção da ideologia de autorresponsabilização dos indivíduos,
refletida nas políticas de inclusão social e de crescimento económico assentes na
criação de emprego, incluindo auto emprego → cria novas dependências.
Portugal 2020 promove apoio ao empreendedorismo e à criação do próprio
emprego, existindo uma baixa taxa de sucesso e de sobrevivência de iniciativas
empreendedoras - Taxa de mortalidade destas empresas é de 15% (2015) e taxa
de sobrevivência a 2 anos é de 51% (2013).
➢ Crescente financeirização → cria novas debilidades com forte impacto na vida
das famílias. O maior acesso ao crédito pela população em geral, acompanhado
de rendimento estagnado, fez aumentar o consumo financiado não por ganhos
reais, mas por acumulação de dívidas. (Fonte: Gerald Davis & Suntae Kim (2015)
Financialization of the Economy).
4. Políticas económicas
➢ Políticas internacionais advogam crescimento económico por via do aumento de
“níveis mais elevados de produtividade das economias , através da diversificação,
modernização tecnológica e inovação, inclusive através da focalização em
setores de alto valor agregado e dos setores de mão-de-obra intensiva” (ODS 8).
➢ Existência de medidas, de política europeia, promotoras de uma economia
circular, desde 2015.
➢ Existência de movimentos sociais e económicos associados à economia solidária,
à economia popular, à economia do trabalho, à teoria do decrescimento
económico com crescente área de investigação e casos práticos (José Luis
Coraggio, Luis Razeto, Lia Tiriba, Boaventura Sousa Santos, Serge Latouche)
Recomendações
a) Estimular o dinamismo das organizações de trabalhadores/as;
b) Aumentar a abrangência dos mecanismos de contratação e de negociação
coletiva;
c) Garantir a proteção social em situações de trabalho flexível, nomeadamente com
a regulação salarial, a promoção da higiene e segurança no trabalho, etc.;
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d) Alargar a provisão pública e gratuita (ou tendencialmente gratuita) de serviços
essenciais;
e) Alargar as políticas de parentalidade a pais e mães, garantindo o equilíbrio entre
a vida familiar e profissional e contribuindo para um aumento da igualdade de
género;
f) Enfatizar o reconhecimento, no Direito do Trabalho, da assimetria de poder na
relação entre empregador/a e trabalhador/a;
g) Estimular a crescente participação dos trabalhadores/as na organização e nas
decisões tomadas nas empresas, nos serviços públicos e nas entidades da
economia social;
h) Promover a formação em contexto de trabalho e o planeamento de carreiras;
i) Desenvolver uma política nacional para a microfinança e para as finanças éticas e
solidárias;
j) Promover uma política fiscal que conduza a maior equidade, inclusão e
dignificação do trabalho:
• Desincentivos fiscais a ordenados “desviantes” (e.g. no caso de ordenados
5x acima do valor médio ou mediano de uma determinada empresa, o
excedente não será considerado custo para efeitos fiscais);
• Incentivos à contratação sob o modelo de Trabalho Digno, nomeadamente
na promoção da igualdade de género (e.g. diferenciação positiva ao nível
dos encargos para a Segurança Social).
k) Organização dos/as trabalhadores/as no local de trabalho:
• Agilização dos procedimentos legais de constituição e eleição das comissões
de trabalhadores e trabalhadoras e de eleição de representantes para a
segurança e saúde no trabalho;
• Alargamento do tempo legalmente atribuído para o exercício de funções de
representação por parte dos delegados sindicais e restantes representantes
dos trabalhadores e trabalhadoras.
l) Não discriminação de representantes dos/as trabalhadores/as no local de
trabalho:
• Reforço da capacidade de fiscalização, por parte da Autoridade para as
Condições do Trabalho, e agravamento das sanções às instituições que
coloquem em causa esta norma;
• Reconhecimento do tempo de trabalho sindical como tempo de trabalho
útil, garantido por lei, para efeitos de progressão na carreira.
m) Negociação coletiva setorial:
• Reversão da caducidade automática das convenções coletivas de trabalho;
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• Reposição total do princípio do tratamento mais favorável do/a
trabalhador/a na relação entre legislação geral, convenções coletivas de
trabalho e acordos de empresa.
Para dar resposta, no plano prático, às recomendações enunciadas, o GT propõe a
constituição do Observatório Nacional do Trabalho Digno, cuja atividade será de:
a) Estudar e monitorizar as condições em que se processa o trabalho nos diferentes
setores de atividade;
b) Desenvolver seminários, com as associações patronais e sindicais sobre Trabalho
Digno e Responsabilidade Social das Instituições;
c) Desenvolver uma linha editorial, com a correspondente divulgação e
disseminação dos estudos produzidos;
d) Promover a inovação nas relações de trabalho através de deduções fiscais, p. ex.
durante um ano, para quem implementar determinadas práticas;
e) Participar na elaboração da legislação sobre finanças éticas e solidárias, que
permita o desenvolvimento de instituições de microfinança (MFIs - Micro Financial
Institutions):
• Instituições de Microcrédito – o quadro legal e regulamentar carece de
especificação e clarificação;
• Crowdfunding e crowdlending – o quadro legal e regulamentar é ainda
incompleto;
• Fundos de Empreendedorismo Social e Outros Instrumentos de Investimento
Coletivo (OIC) – o quadro legal e regulamentar deve identificar instrumentos
de financiamento de entidades da Economia Social sem estrutura de capital
(e.g. Associações).
•
Enquadramento Legal Legislação a elaborar pelo MTSS; ME; MF
Promotores MTSS; ME; MF Confederações Patronais Confederações Sindicais
Indicadores a) Nº de estudos publicados b) Nº de medidas concretizadas c) Nº seminários realizados d) Nº de instituições abrangidas por deduções fiscais e montantes
Financiamento (fontes) Dotação para o seu funcionamento e atividades, definida pelos/as Promotores/as
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C – INDICADORES DE ACOMPANHAMENTO
O GT considera existir espaço para melhorar o conjunto de indicadores sobre a realidade
socioeconómica do país.
Exemplificam-se e propõem-se algumas melhorias: A taxa oficial do desemprego em
Portugal é calculada pelo INE, a partir do Inquérito ao Emprego sobre a população
empregada e a população desempregada, traduzindo a relação entre a população
desempregada e a população ativa (que corresponde à soma da população empregada
com a população desempregada).
O que se entende por população empregada?
Aquela que, tendo idade mínima de 15 anos, se encontrava numa das seguintes
situações: 1) tinha efetuado trabalho de, pelo menos, uma hora, mediante pagamento
de uma remuneração ou com vista a um benefício ou ganho familiar em dinheiro ou em
géneros; 2) tinha uma ligação formal a um emprego, mas não estava ao serviço; 3) tinha
uma empresa, mas não estava temporariamente a trabalhar por uma razão específica;
4) estava em situação de pré-reforma, mas a trabalhar.
São várias as condições apresentadas que dificultam o cálculo de uma taxa de
desemprego mais próxima da realidade, nomeadamente, (1) o trabalho mínimo de
apenas uma hora, (2) a inexistência de um valor mínimo de remuneração digna, ou
mesmo a inclusão do “benefício ou ganho familiar (...) em géneros”, ou (3) a exclusão
das pessoas que, embora não tenham realizado procura ativa de emprego no período
acima referido, se encontrem disponíveis para trabalhar.
O estudo "Rendimento Adequado em Portugal - quanto é necessário para uma pessoa
viver com dignidade em Portugal" (coordenado por José Pereirinha, professor do
Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), com a participação do Instituto Superior
de Ciências Sociais e Políticas e da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade
Católica) afirma que o “limiar de pobreza e a escala de equivalência utilizados na
observação da pobreza subestimam e distorcem a identificação da população em
situação de pobreza, se a entendermos como uma situação em que as pessoas não têm
rendimento suficiente para obter um padrão de vida digno"; e aponta para a necessidade
de estabelecer, a um primeiro nível, um valor mínimo de dignidade para a pessoa
empregada, abaixo do qual o trabalho produtivo deveria ser considerado como não
tendo uma remuneração justa.
O estudo aponta para que, no caso de uma pessoa adulta em idade ativa, o rendimento
adequado fosse de 783 euros, estabelecendo assim um possível limiar para a divisão
entre o que será um trabalho digno ou indigno.
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Por outro lado, o crescimento do PIB, acompanhado de uma acelerada redução da
proporção dos salários no Rendimento Nacional (RN), não é indutor de trabalho digno.
Portugal foi um dos países em que a proporção dos salários no RN mais diminuiu,
passando de 60%, em 2003, para os 52%, em 2014 (fonte: relatório da OIT).
Também não é indutor de trabalho digno todo o crescimento do PIB que gera o extremar
das desigualdades, nomeadamente as sentidas nas economias ocidentais, tal como
reflectidas nos índices de Gini ou na cada vez maior concavidade das curvas de Lorenz.
Por fim, o crescimento do PIB baseado em aumentos de competitividade, resultantes
da precariedade e da deterioração das condições de trabalho, nunca poderá ser
considerado indutor de trabalho digno.
Perspetivas Futuras
Desenvolvimento de indicadores de avaliação e de acompanhamento do Trabalho
Digno:
➢ A um primeiro nível, será relevante inferir a taxa de desemprego tendo em
atenção os critérios de dignificação do trabalho da OIT, designando o novo
indicador como “Taxa de Desemprego Real - TDR”.
A TDR deveria incluir toda e qualquer pessoa que, estando dentro do mercado
de trabalho, se encontrasse fora de um ou mais dos seguintes critérios :
i) Trabalho produtivo com remuneração justa;
ii) Segurança no trabalho e proteção à família;
iii) Perspetivas de desenvolvimento humano e integração social;
iv) Liberdade de expressão, organização e participação nas decisões;
v) Igualdade de oportunidades e de tratamento.
TDR = (Desemprego Nominal + Trabalho Indigno) / População Ativa
Deste indicador, resultaria igualmente a possibilidade de inferirmos a Taxa de
Empregabilidade Digna e a correlação existente entre “crescimento económico” e a TDR.
Assim, a taxa de desemprego real incluiria todo o trabalho indigno, quer por questões
salariais, onde a remuneração não fosse considerada justa, quer pelos restantes
indicadores apontados em cima pela OIT.
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Recomendações
Construção de uma selecção de indicadores para evidenciar a problemática do Trabalho
Digno:
a) Taxa de Desemprego Real (TDR), conforme os critérios quantitativos e diretos de
caracterização do Trabalho Digno pela OIT e tomando por base que o rendimento
adequado fosse, no mínimo, de 783 euros, no caso de uma pessoa adulta em idade
ativa, como possível limiar para a divisão entre o que seria um trabalho digno ou
indigno;
b) Índice de Remuneração do Trabalho (IRT), tendo em atenção a proporção do
Rendimento Nacional (RN) constituído por salários;
c) Índice de Remuneração do Trabalho Ponderado (IRTP), tendo em atenção a
proporção dos salários no RN, ponderada pelo Coeficiente de Gini (medida de
desigualdade);
d) Índice de Trabalho Digno (ITD) a desenvolver pelo Observatório Nacional do
Trabalho Digno (ONTD), para reflectir uma análise sistémica e universal dos
principais indicadores do Trabalho Digno e que permitisse realizar comparações
internacionais devidamente reconhecidas pelos principais intervenientes nas
instâncias internacionais;
e) Índice de Gini e outros indicadores de desigualdades salariais (e.g. diferenciais
absolutos entre 1.º decil e mediana; entre 1.º decil e média; entre 1.º decil e 10.º
decil; Lorenz dos rendimentos pagos numa determinada região, ou análise ABC,
onde se medirá a apropriação de valor de três segmentos: 1%; >1% a 10%; >10%).
f) Outros indicadores quantitativos, além do rendimento e da desigualdade de
rendimento:
• Horários de trabalho;
• Tipologia de remuneração ou benefício;
• Proporção existente entre trabalho sem e com termo;
• Outros.
g) Indicadores qualitativos das condições de trabalho:
• Segurança no trabalho e proteção à família;
• Perspetivas de desenvolvimento humano e integração social;
• Liberdade de expressão, organização e participação nas decisões;
• Igualdade de oportunidades e de tratamento;
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Para operacionalizar estas recomendações mencionadas, o GT propõe:
A. Constituir grupo de trabalho para, no prazo de 90 dias, definir os indicadores que
irão enquadrar o Trabalho Digno;
B. Validar os indicadores com as entidades patronais e sindicais;
C. Divulgar os indicadores através de sessões organizadas pelas entidades patronais
(incluindo organizações da economia social), sindicatos, administração central e
local e associações empresariais e de cúpula da economia social.
Enquadramento Legal Nomeação do Grupo de Trabalho Promotores MTSS
Confederações Patronais Confederações Sindicais Associações empresariais e de cúpula da economia social Administração Central e Local Organizações da Economia Social
Indicadores a) Cumprimento dos prazos definidos para a constituição do Grupo de Trabalho e da validação dos Indicadores pelas entidades intervenientes b) Nº de sessões de divulgação
Financiamento (fontes) Candidatura a programas de promoção da empregabilidade no âmbito do Portugal 2020
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Referências Bibliográficas
CONCEITOS E DESMISTIFICAÇÕES
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