Topofilia x Biofilia
Tuan (1980) trabalhou questões sobre percepção, atitudes e valores do meio ambiente
e introduziu o termo topofilia para designar o “elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico”.
Tuan (1980) definiu topofilia como os laços afetivos existentes entre os seres humanos e o meio ambiente, diferindo profundamente em intensidade, sutileza e modo de expressão.
Assim, a resposta ao meio ambiente pode ser, num primeiro momento, puramente
estética; em outro momento pode variar do efêmero prazer causado por uma vista
até a sensação de beleza, subitamente revelada.
A resposta também pode ser tátil: o deleite ao sentir o ar, a água, a terra.
A consciência do passado é um elemento importante no amor pelo lugar, e sentimentos topofílicos podem ser despertados a partir de uma imagem percebida que nos remete a uma sensação de conforto, de prazer, de segurança. Nesse sentido Tuan (1980, p. 129) afirma: “o meio ambiente pode não ser a causa direta da topofilia, mas fornece o estímulo sensorial que, ao agir como imagem percebida, dá forma às nossas alegrias e ideais”. A topofilia, então, é o sentimento que nos faz sentir a natureza, o meio ambiente, de forma tão íntima, numa verdadeira unidade com todo o significado afetivo da palavra.
TUAN, Y. F. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Diefel, 1980. WILSON, E. Biophilia: the human bond with other species. Harvard University Press. Cambridge, MA, 1984.
-Edward Wilson acredita que os seres humanos têm uma ligação emocional inata com outros organismos vivos e com a natureza.
-O termo inato é usado para significar que essa ligação emocional deve estar nos nossos genes, ou seja, tornou-se hereditária, provavelmente porque 99% da história da humanidade não se desenvolveu nas cidades mas em convivência íntima com a natureza.
O ecólogo americano Edward O. Wilson, em 1984, propôs também a
“hipótese de biofilia”.
“Biofilia” - do grego: - bios: vida - philia: amor, afeição - Significa literalmente: “amor pela vida”.
Algo semelhante à topofilia, mas no sentido biológico e não geográfico.
TUAN, Y. F. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Diefel, 1980. WILSON, E. Biophilia: the human bond with other species. Harvard University Press. Cambridge, MA, 1984.
Como todo comportamento humano hereditário, isso não significa que a influência de outros seres humanos e da própria educação não possam modificar essa “biofilia”. No entanto, justamente por ser hereditária, a “biofilia” seria mantida e transmitida de geração para geração. Evidências disso são as pessoas ricas que constroem em volta de suas casas jardins babilônicos, os condomínios que fazem propaganda mostrando seus prédios situados dentro de recintos semelhantes a grandes parques (enquanto que a cidade em volta enigmaticamente desaparece), o grande número de crianças e adultos que visitam jardins zoológicos e jardins botânicos, e os “habitantes de cidades que continuam sonhando com cobras, por razões eles não sabem explicar” (E.O. Wilson, 1993).
Se a “biofilia” existe, hoje em dia
não é fácil encontrar espaço para
que ela venha a despertar dentro
das pessoas.
Mas sua existência e o seu
desenvolvimento para um
comportamento atuante parecem
constituir uma das nossas poucas
esperanças para que a
humanidade não acabe com a
natureza daqui a poucas
décadas.
Essa destruição seria, para citar
Edward Wilson (1984) mais uma
vez, “[...] a loucura menos
provável de ser perdoada por
nossos descendentes”.