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  • 1. CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012Lema: Que a Sade se Difunda sobre a Terra (cf. Eclo 38,8) Tema: A fraternidade e Sade PblicaTexto-BaseCNBB Conferncia Nacional dos Bispos do BrasilCF2012_Texto_base_FINAL3.indd 104.07.11 01:25:43

2. Coordenao Editorial: Pe. Valdeir dos Santos Goulart Redator Chefe: Pe. Luiz Carlos Dias Reviso Doutrinal: Dom Paulo Csar Costa Reviso Ortogrfica: Dom Hugo Cavalcante, OSB Lcia Soldera Projeto Grfico, Capa e Diagramao: Henrique Billygran da Silva Santos Cartaz da CF 2012: CRIAO: Marcelo Jacyntho de Godoy ADAPTAES e ARTE FINAL: Edies CNBB. Impresso e acabamento: Editora e Grfica Ipiranga ltda. Edies CNBB SE/Sul Quadra 801, Conjunto B CEP: 70200-014 Fone: (61) 2193-3019 / Fax: (61) 2193-3001 [email protected] www.edicoescnbb.com.br CNBB - Todos os direitos reservados C748c Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil / Campanha da Fraternidade 2012: Texto-Base. Braslia, Edies CNBB. 2011. Campanha da Fraternidade 2012: Texto-Base / CNBB. 152p. : 14 x 21 cm ISBN: 978-85-7972-094-91. Fraternidade Vida Sade Doena Salvao Igreja Catlica Bblia Bom SamaritanoEnfermos Sacramentos Cura Uno dos Enfermos Pastoral da Sade;2. Sade Pblica SUS Sade Doena Sofrimento;3. Financiamento Desafios Acesso - Sociedade Estado.CDU 250CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 2 04.07.11 01:25:43 3. Sumrio Orao da CF 2012 ............................................................................5 Siglas .................................................................................................7 Apresentao da CF 2012 .................................................................. 9 Introduo .......................................................................................11 Objetivo Geral .................................................................................12 Objetivos Especficos ...................................................................... 12Primeira ParteFraternidade e a Sade Pblica ............................................ 13 1. Sade e Doena: dois lados da mesma realidade ...................... 13 2. Sade e salvao para a Igreja ................................................... 14 3. Elementos da Doutrina Social da Igreja pertinentes sade pblica .......................................................................... 16 4. Contribuies recentes da Igreja no Brasil para a Sade Pblica..........................................................................20 5. Panorama atual da Sade no Brasil............................................ 30 6. Grandes preocupaes na sade pblica no Brasil.................... 34 7. Os determinantes sociais na sade ........................................... 49 8. Conceitos bsicos do SUS.......................................................... 50 9. A problemtica do financiamento da sade pblica no Brasil .. 54 10. Participao complementar das Instituies Privadas sem fins lucrativos no SUS ....................................................... 56 11. Avanos no Sistema nico de Sade ......................................... 57 12. Direitos, Humanizao e espiritualidade na sade .................. 59 13. Desafios do Sistema nico de Sade ........................................ 61Segunda ParteQue a Sade se Difunda Sobre a Terra ................................ 65 Introduo .......................................................................................65 1. Sade na antiguidade e na Bblia .............................................. 66 2. Doena e sade no Antigo Testamento ..................................... 66 3. O Eclesistico e a sabedoria popular em sade ........................ 68 4. O sofrimento do justo e seu significado ................................... 70 5. Sade e doena no Novo Testamento ....................................... 72 6. O Horizonte humano e teolgico do sofrimento ..................... 80 7. A Igreja, comunidade servidora no amor .................................. 84CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 3 04.07.11 01:25:43 4. 8. Os Enfermos no seio da Igreja................................................... 85 9. A Uno dos Enfermos, Sacramento da cura ............................ 86 10. Maria, Sade dos enfermos, modelo para a ao da Igreja na Sade ..................................................................... 88Terceira ParteIndicaes para a ao Transformadorano Mundo da Sade ............................................................... 91 Introduo .......................................................................................91 1. A Pastoral da Sade ................................................................... 92 2. A dignidade de viver e morrer .................................................. 94 3. Os Agentes da Pastoral da Sade ............................................. 97 4. Propostas de ao para a Igreja cooperar no avano do Sistema Pblico de Sade ...................................................................... 98 5. Como as famlias podem colaborar para a sade se difundir .. 100 6. Em relao sociedade em geral ............................................ 101 7. Propostas para a ao em relao a temticas especficas ...... 102 8. Em relao aos desafios do SUS .............................................. 102 9. Propostas gerais para Sus ........................................................ 104ConclusoOlhando para o futuro ........................................................ 107Anexo IConstituio Federal: a sade como direitode todos e dever do Estado ................................................ 109Anexo IIO Servio de preparao e animao da CF ..................... 113Anexo IIIGesto concreto......................................................................128Hino da CF 2012 ................................................................ 143Bibliografia ............................................................................145CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 4 04.07.11 01:25:43 5. Orao da CF 2012 Senhor Deus de amor, Pai de bondade,ns vos louvamos e agradecemos pelo dom da vida,pelo amor com que cuidais de toda a criao. Vosso Filho Jesus Cristo, em sua misericrdia, assumiu a cruz dos enfermose de todos os sofredores, sobre eles derramou a esperana de vida em plenitude. Enviai-nos, Senhor, o Vosso Esprito.Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela converso se faa sempre mais, solidria s dores e enfermidades do povo, e que a sade se difunda sobre a terra.Amm.5CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 504.07.11 01:25:43 6. Grupo de trabalho para a elaborao do Texto-Base da CF 2012 Pe. Luiz Carlos Dias Secretrio Executivo da Campanha da Fraterni-dade CNBB (Coordenador) Dr. Andr Luiz Oliveira Coordenador Nacional da Pastoral da Sadee representante da CNBB no CNS/MS Vnia Lcia Ferreira Leite Assessora Nacional da Pastoral da Criana; representante da CNBB na Comisso Permanente da Sade do Idoso no CNF/MS; Pe. Alexandre A. Martins, MI Capelo do Hospital das ClnicasSo Paulo Frei Jos Bernardi, OFMCap Secretrio Nacional da Pastoral daAIDS Lirce Lamounier Sanitarista e Agente da Pastoral da Sade naArquidiocese de Goinia Sebastio Geraldo Venncio Vice-Coordenador da Pastoral da Sade e Assistente Social Clvis Boufleur Gestor de Relaes Institucionais da Pastoral daCriana e represente da CNBB no CNS/MS Clemilde da Costa Dalboni Secretria Nacional da Pastoral da Sade 6CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 604.07.11 01:25:43 7. Siglas AADecreto Apostolicam Actuositatem AGDecreto Ad Gentes CIC Catecismo da Igreja Catlica CVPapa Bento XVI, Carta Encclica Caritas in Veritate ChL Papa Joo Paulo II, Exortao Apostlica Chistifidelis Laice DAp Documento de Aparecida DCE Papa Bento XVI, Encclica Deus Caritas est DGAEDiretrizes Gerais da Ao Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015 ENPapa Paulo VI, Evangellii Nuntiandi EVPapa Joo Paulo II, Encclica Evangellium Vitae GPS CELAM, Guia para a Pastoral da Sade na Amrica Latina e no Caribe GSConstituio Pastoral Gaudium et Spes LGConstituio Dogmtica Lumen Gentium PODecreto Prebyterorum Ordinis SRS Papa Joo Paulo II, Solicituto Rei Socialis SSPapa Bento XVI, Carta Encclica Spe Salvi SDJoo Paulo II, Carta Apostlica Salviciti Doloris VDPapa Bento XVI, Exortao apostlica Verbum Domini7CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 7 04.07.11 01:25:43 8. CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 8 04.07.11 01:25:43 9. Apresentao da CF 2012 Converte-te e cr no Evangelho! Ao recebermos a imposio das cinzas, no incio da quaresma, somos convidados a viver o Evangelho, viver da Boa Nova.A Boa Nova que recebemos Jesus Cristo. Ele abriu um novo horizonte para todas as pessoas que nele creem.Crer no Evangelho crer em Jesus Cristo que na doao amoro- sa da cruz deu-nos vida nova e concedeu-nos a graa de sermos filhos do Pai. Com sua morte transformou todas as realidades, criando um novo cu e uma nova terra.A quaresma o caminho que nos leva ao encontro do Crucifica- do-ressuscitado. Caminho, porque processo existencial, mudana de vida, transformao da pessoa que recebeu a graa de ser discpulo- missionrio. A orao, o jejum e a esmola indicam o processo de abertura necessria para sermos tocados pela grandeza da vida nova que nasce da cruz e da ressurreio.Assim, atingidos por Ele e transformados nEle, percebemos que todas as realidades devem ser transformadas, para que todas as pes- soas possam ter a vida plena do Reino. A Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a Campanha da Fraternidade, desde o ano de 1964, como itinerrio evangelizador para viver intensamente o tempo da quaresma. A Igreja prope como tema da Campanha deste ano: A fraterni- dade e a Sade Pblica, e com o lema: Que a sade se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8). Deseja assim, sensibilizar a todos sobre a dura realidade de irmos e irms que no tm acesso assistncia de Sa- de Pblica condizente com suas necessidades e dignidade. uma realidade que clama por aes transformadoras. A converso pede que as estruturas de morte sejam transformadas.9CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 904.07.11 01:25:43 10. A Igreja, nessa quaresma, luz da Palavra de Deus, deseja ilumi- nar a dura realidade da Sade Pblica e levar os discpulos-mission- rios a serem consolo na doena, na dor, no sofrimento e na morte. E, ao mesmo tempo, exigir que os pobres tenham um atendimento digno em relao sade. Que ela se difunda sobre a terra, pois a salva- o j nos foi alcanada pelo Crucificado. nossas Comunidades, grupos e famlias, uma abenoada ca- minhada quaresmal e celebremos a Jesus Cristo que fez novas todas as coisas.Dom Leonardo Ulrich SteinerBispo Prelado de So Felix - MTSecretrio Geral da CNBBPe. Luiz Carlos DiasSecretrio Executivo da Campanha da Fraternidade10CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 10 04.07.11 01:25:43 11. Introduo 1. A Igreja no Brasil, para enfrentar os grandes desafios aoevangelizadora, percebe a necessidade de voltar s fontes e re-comear a partir de Jesus Cristo. Toda a ao eclesial brota deJesus Cristo e se volta para Ele e para o Reino do Pai. No contex-to eclesial, no h como empreender aes pastorais sem noscolocarmos diante de Jesus Cristo. 2. Esta perspectiva norteia as novas Diretrizes Gerais da Ao Pas-toral. Ela condio para que, na Igreja, acontea uma conver-so pastoral que a coloque em estado permanente de misso,com o advento de inmeros discpulos missionrios, enraizadosem critrios slidos para ver, julgar e agir no enfrentamento dosproblemas concretos e urgentes da vida de nosso povo. 3. A Campanha da Fraternidade, celebrada na quaresma, intensifi-ca o convite converso. Ela contribui incisivamente para queeste processo ocorra e alargue o horizonte da vivncia da f, namedida em que traz, para a reflexo eclesial, temas de cunhosocial, portadores de sinais de morte, para suscitar aes trans-formadoras, segundo o Evangelho. 4. Nesse ano, o tema proposto Fraternidade e a Sade Pblica,com o lema: Que a sade se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8). Asade integral o que mais se deseja. H muito tempo, ela vemsendo considerada a principal preocupao e pauta reivindica-tria da populao brasileira, no campo das polticas pblicas. 5. O SUS (Sistema nico de Sade), inspirado em belos princpioscomo o da universalidade, cuja proposta atender a todos, in-discriminadamente, deveria ser modelo para o mundo. No en-tanto, ele ainda no conseguiu ser implantado em sua totalidadee ainda no atende a contento, sobretudo os mais necessitadosdestes servios. 6. Entendendo ser um anseio da populao, especialmente damais carente, um atendimento de sade digno e de qualidade, 11CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1104.07.11 01:25:43 12. a Campanha da Fraternidade 2011 aborda o tema da sade,conforme os objetivos a seguir propostos.Objetivo GeralRefletir sobre a realidade da sade no Brasil em vista de uma vida saudvel, suscitando o esprito fraterno e comunitrio das pes- soas na ateno aos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema pblico de sade.Objetivos Especficosa. Disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a pr- tica de hbitos de vida saudvel;b. sensibilizar as pessoas para o servio aos enfermos, o supri- mento de suas necessidades e a integrao na comunidade;c. alertar para a importncia da organizao da pastoral da Sade nas comunidades: criar onde no existe, fortalecer onde est incipiente e dinamiz-la onde ela j existe;d. difundir dados sobre a realidade da sade no Brasil e seus desafios, como sua estreita relao com os aspectos socio- culturais de nossa sociedade;e. despertar nas comunidades a discusso sobre a realidade da sade pblica, visando defesa do SUS e a reivindicao do seu justo financiamento;f. qualificar a comunidade para acompanhar as aes da gesto pblica e exigir a aplicao dos recursos pblicos com transparncia, especialmente na sade.12CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1204.07.11 01:25:43 13. Primeira ParteFraternidade e aSade Pblica 1. Sade e Doena: dois lados damesma realidade 7. A vida, a sade e a doena so realidades profundas, envoltasem mistrios. Diante delas, as cincias no se encontram emcondies de oferecer uma palavra definitiva, mesmo com todoo aparato tecnolgico hoje disponvel. Assim, as enfermidades,o sofrimento e a morte apresentam-se como realidades duras deserem enfrentadas e contrariam os anseios de vida e bem-estardo ser humano. 8. Nas lnguas antigas comum a utilizao de um mesmo termopara expressar os significados de sade e de salvao.1 Na lnguagrega, soter aquele que cura e ao mesmo tempo salvador. Emlatim, ocorre o mesmo com salus. Verifica-se o mesmo em outraslnguas.2 Certamente, a convergncia destes significados paraum nico termo reflexo da dura experincia existencial diantedestes fenmenos e a percepo de que o doente necessita sercurado ou salvo da molstia pela ao de outrem. 9. Outro elemento importante, na antiguidade, para a compreen-so da convergncia dos significados de sade e de salvao, a antropologia de fundo. Sobretudo entre os orientais, o serhumano era concebido de forma unitria, com suas distintas 1 o significado snscrito de svastha (= bem estar, plenitude), que depois assumiu a forma donrdico heill e, mais recentemente, Heil, whole, hall nas lnguas anglo-saxnicas, que indicamintegridade e plenitude. A mesma coisa acontece com o termo soteria na lngua grega, segun-do a qual justamente Asclpio considerado ster: aquele que cura e que ao mesmo temposalvador. TERRIN, A. N. O sagrado off limits: a experincia religiosa e suas expresses. Traduode Euclides Balancin. So Paulo: Loyola, 1998. p. 154. 2Ibid. 13CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1304.07.11 01:25:43 14. dimenses profundamente integradas. Eles concebiam doenasde ordem corporal e de ordem espiritual, muitas vezes ligadas ao de espritos maus e a castigos. Neste contexto, consi-deravam que no s o corpo que adoece, nem s a medicinaque cura, o que conferia grande importncia aos ritos religiosospara a salvao do adoentado. 10. A estreita ligao entre sade e salvao (cura) e a convergncia desses siginificados em um mesmo termo apontam, portanto, para uma concepo mais abrangente do que seja a doena. As tendncias de excluir a dimenso espiritual na considerao do que seja sade e doena resultam, pois, em compreenses su- perficiais destas realidades. Como exemplo, temos a definio de sade que a OMS (Organizao Mundial da Sade) apresen- Organizao tou, em 1946, que no inclua a dimenso espiritual: um estado de completo bem-estar fsico, mental e social, e no apenas a ausncia de doenas.3 11. Somente em 2003, a OMS incorporou a espiritualidade na re- flexo e na definio da sade, no sem polmicas e posicio- namentos contrrios. Esta nova concepo vem, no entanto, se firmando como uma direo a ser seguida, pois amplia os elementos para a compreenso deste fenmeno, o que mais condizente com a natureza humana. 2. Sade e salvao para a Igreja 12. A experincia da doena mostra que o ser humano uma pro- funda unidade pneumossomtica. No possvel separar corpo e alma. Ao paralisar o corpo, a doena impede o esprito de voar. Mas se, de um lado, a experincia de profunda unidade, de outro, de profunda ruptura. Com a doena passamos a perce- ber o corpo como um outro, independente, rebelde e opressor. 3 Esta definio consta na Constituio da Organizao Mundial de Sade, aprovada em 22 de julho de 1946, Nova Yorque.14CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1404.07.11 01:25:43 15. Ningum escolhe ficar doente. A doena se impe. Alm de norespeitar nossa liberdade, ela tambm tolhe nosso direito de ire vir. A doena , por isso, um forte convite reconciliao e harmonizao com nosso prprio ser. 13. A doena tambm um apelo fraternidade e igualdade, pois no discrimina ningum. Atinge a todos: ricos, pobres, crianas, jovens, idosos. Com a doena, escancara-se diante de todos nos- sa profunda igualdade. Diante de tal realidade, a atitude mais lgica a da fraternidade e da solidariedade. 14. Os temas da sade e da doena exigem, portanto, uma abor- dagem ampla, como a proposta pelo Guia para a Pastoral da Sade, elaborado pelo CELAM (Conferncia Episcopal Latino- Americana). O GPS diz que a sade afirmao da vida, em suas mltiplas incidncias, e um direito fundamental que os Estados devem garantir.4 O mesmo documento assim define sade: sa- de um processo harmonioso de bem-estar fsico, psquico, social e espiritual, e no apenas a ausncia de doena, processo que capacita o ser humano a cumprir a misso que Deus lhe destinou, de acordo com a etapa e a condio de vida em que se encontre.5 15. A vida saudvel requer harmonia entre corpo e esprito, entre pes- soa e ambiente, entre personalidade e responsabilidade.6 Nesse sentido, o Guia Pastoral, entendendo que a sade uma con- dio essencial para o desenvolvimento pessoal e comunitrio, apresenta algumas exigncias para sua melhoria:a. articular o tema sade com a alimentao; a educao; o trabalho; a remunerao; a promoo da mulher, da criana, da ecologia, do meio ambiente etc.;b. a preocupao com as aes de promoo da sade e de- fesa da vida, que respondem a necessidades imediatas das 4Cf. CELAM. Guia para a Pastoral da Sade na Amrica Latina e no Caribe. Centro UniversitrioSo Camilo, So Paulo, 2010, nn. 6-7. 5GPS, n. 8. 6Ibid. 15CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1504.07.11 01:25:43 16. pessoas, das coletividades e das relaes interpessoais. No entanto, que estas aes contribuam para a construo de polticas pblicas e de projetos de desenvolvimento na- cional, local e paroquial, calcada em valores como: a igualda- de, a solidariedade, a justia, a democracia, a qualidade de vida e a participao cidad.7 16. Trata-se de uma concepo dinmica e socioeconmica da sa- de que, ao tomar o tema da sade, no restringe a reflexo a causas fsicas, mentais e espirituais, mas avana para as sociais. Com esta abordagem, a Igreja objetiva apresentar elementos para dialogar com a sociedade, a fim de melhorar a situao de sade da populao.8 3. Elementos da Doutrina Social da Igrejapertinentes sade pblica 17. A solidariedade, de acordo com a Doutrina Social da Igreja, um princpio com dois aspectos complementares: um social e outro ligado virtude moral. Esses aspectos da solidariedade devem nortear as pessoas em suas relaes, alm de lev-las a compro- missos em prol do bem comum e da transformao das estrutu- ras injustas que ferem a dignidade da pessoa.9 A solidariedade precisa se efetivar em aes concretas, convergindo para a cari- dade operativa. Jesus de Nazar faz resplandecer, aos olhos de todos os homens, o nexo entre solidariedade e caridade, iluminando todo o seu significado.10 18. Constata-se a proximidade entre justia e solidariedade, de ma- neira especial, no mbito da sade pblica, quando a pessoa enferma e debilitada necessita de justo e qualificado cuidado 7GPS, n. 9. 8Ibid, n. 10. 9PONTIFCIO CONSELHO JUSTIA E PAZ. Compndio da Doutrina Social da Igreja. So Paulo:Paulinas, 2005, n. 193, 116-117. 10 Ibid, n. 196. p. 119.16CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1604.07.11 01:25:44 17. mdico, envolvido pelo solidrio calor humano de quem serve.Esses princpios inseridos na ao so enriquecidos pela prti-ca da caridade, pois ela marca a justia com o amor na condu-o das relaes entre as pessoas. Por isso, Bento XVI afirmaque, mesmo em uma sociedade em que as relaes e serviosse pautem pela justia, faz-se necessria a caridade, pois: Noh qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar suprfluo oservio do amor.11 19. oportuno salientar tambm a importncia dos princpios de subsidiariedade e de participao. Ambos constituem princpios da Doutrina Social da Igreja12 que nos ajudam a compreender e a iluminar a realidade da sade pblica e a buscar caminhos para melhor-la. 20. A subsidiariedade um princpio que aponta para um modo de relao e cooperao construtivo entre as instituies maiores, de mais ampla abrangncia, e entre as menores de uma socieda- de. Essa cooperao deve se realizar em duas vias. Primeiro, que as macro instituies subsidiem as pequenas no que necess- rio, sem interferir ou restringir o espao vital das clulas menores e essenciais da sociedade,13 como famlia, associaes e grupos organizados, para que elas cumpram a prpria misso. Segundo, uma vez que estas instituies menores realizem suas funes, 11 Cf. BENTO XVI. Carta Encclica Deus Caritas est. Braslia: Edies CNBB, 2006, n. 28. 12 O papa Bento XVI lembrou, em sua encclica Caritas in veritate n. 15, a importncia da Dou-trina Social da Igreja para a evangelizao: Por sua vez, a exortao apostlica Evangeliumnuntiandi tem uma relao muito forte com o desenvolvimento, visto que a evangelizao escrevia Paulo VI no seria completa, se no tomasse em considerao a interpelaorecproca que se fazem constantemente o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social,do homem. Entre evangelizao e promoo humana desenvolvimento, libertao existem de fato laos profundos: partindo dessa certeza, Paulo VI ilustrava claramente arelao entre o anncio de Cristo e a promoo da pessoa na sociedade. O testemunho dacaridade de Cristo atravs de obras de justia, paz e desenvolvimento faz parte da evange-lizao, pois a Jesus Cristo, que nos ama, interessa o homem inteiro. Sobre estes importan-tes ensinamentos, est fundado o aspecto missionrio da doutrina social da Igreja comoelemento essencial de evangelizao. A doutrina social da Igreja anncio e testemunhode f; instrumento e lugar imprescindvel de educao para a mesma. 13 PONTIFICIO CONSELHO JUSTIA E PAZ. Compndio da doutrina social da Igreja. So Paulo:Paulinas, 2005, p. 112. 17CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1704.07.11 01:25:44 18. isto se reverte em benefcio para as instituies macro. As ins-tituies macro, como o Estado, devem, porm, se abster doque possa restringir o espao vital das clulas menores e essenciaisda sociedade.14 Deste modo, a aplicao do princpio de subsi-diariedade estabelece condies irrenunciveis para a vivnciada cidadania de modo democrtico, impossvel promover a dig-nidade da pessoa sem que se conceda o necessrio espao para suaprpria constituio e livre atuao.15 So espaos onde se expressa asubjetividade criadora do cidado.16 21. O princpio da participao exprime-se numa srie de ativida- des mediante as quais o cidado, como cidado ou associado com outros, contribui para a vida cultural, econmica, poltica e social da sociedade civil a que pertence. A participao um dever a ser cons- cientemente exercitado por todos de modo responsvel e em vista do bem comum.17 22. Estes princpios oferecem bases para uma reflexo oportuna sobre as responsabilidades no campo da sade. Se dever do Estado promover a sade por meio de aes preventivas e ofere- cer um sistema de tratamento eficaz e digno a toda populao, especialmente aos mais desprovidos de recursos, , tambm, responsabilidade de cada famlia e cidado assumir um estilo de viver que, por meio de hbitos saudveis e de exames pre- ventivos, contribua para evitar as doenas. Se cabe ao Estado providenciar toda a assistncia mdica aos enfermos, cabe fa- mlia o acompanhamento dedicado e carinhoso aos seus que adoecem. A famlia, o Estado e a Igreja tm funes distintas, mas complementares no processo de tratamento de seus mem- bros adoecidos. 14 PONTIFICIO CONSELHO JUSTIA E PAZ. Compndio da doutrina social da Igreja. So Paulo:Paulinas, 2005, p. 112. 15 Ibid, p. 111. 16 SRS, n.15. 17 PONTIFICIO CONSELHO JUSTIA E PAZ. Compndio da doutrina social da Igreja. So Paulo:Paulinas, 2005, p. 114.18CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 1804.07.11 01:25:44 19. 23. Pelos princpios de subsidiariedade e de participao, infere-se que os cidados e as entidades e organizaes civis e religiosas precisam colaborar com o Estado na implementao das pol- ticas de sade, por meio dos espaos de controle social. Desta forma, cabe-lhes exigir do Estado o cumprimento de suas obri- gaes constitucionais, acompanhar e fiscalizar a qualidade dos servios oferecidos, verificando a situao das estruturas de atendimento, a responsabilidade dos profissionais no exerccio de suas funes. 24. A reflexo sobre estes princpios orientadores so importantes para que a ao evangelizadora, da Igreja e dos cristos, possa se revestir de contundncia e profetismo na rea da sade. Alm da caridade na ateno aos enfermos, necessrio empenho por mudanas nas estruturas que geram enfermidades e mortes. Tais estruturas tornam-se visveis nas situaes de excluso, na falta de condies adequadas e dignas de vida e no descaso, em certas circunstncias, no atendimento oferecido aos usurios do sistema de sade. Tudo isto exposto no s pelos MCS, mas tambm pelos rostos sofridos e pelas mortes causadas pelo in- digno atendimento. 25. A Igreja no Brasil sabe que nossos povos no querem andar pelas sombras da morte. Tm sede de vida e felicidade em Cristo. Por isso, proclama com vigor que as condies de vida de muitos abandonados, excludos e ignorados em sua misria e dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os discpulos missionrios a maior compromisso a favor da cultura da vida.18 A fidelidade ao projeto de salvao de nos- so Senhor, que indicou o caminho do cuidado aos doentes como um dos mais genunos sinais da realizao do Reino, reclama da evangelizao aes pela justia em favor dos injustiados, viv-la profeticamente ser fiel ao Evangelho. 18 DGAE, n. 66.19CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 19 04.07.11 01:25:44 20. 4. Contribuies recentes da Igreja no Brasilpara a Sade Pblica 26. Em mais uma manifestao da preocupao da Igreja com a re- alidade social da populao, em 1981, a Campanha da Frater- nidade (CF) Sade e Fraternidade apresentou o lema Sade para Todos. A Campanha contribuiu para a reflexo nacional do conceito ampliado de sade. Na poca, o Papa Joo Paulo II escreveu, em sua mensagem para a Campanha, que a boa sade no apenas ausncia de doenas: vida plenamente vivida, em todas as suas dimenses, pessoais e sociais. Como o contrrio, a falta de sade, no s a presena da dor ou do mal fsico. H tantos nossos irmos enfermos, por causas inevitveis ou evitveis, a sofrer, paralisa- dos, beira do caminho, espera da misericrdia do prximo, sem a qual jamais podero superar o estado de semimortos.19 27. A discusso sobre a sade foi retomada na CF de 1984, com o tema Fraternidade e Vida e o lema Para que todos tenham vida, partindo da citao bblica: pois eu estava com fome, e me destes de comer,... doente, e cuidastes de mim (Mt 25,35-36). Esta Campanha buscou ser um sinal de esperana para as comunidades crists e para todo o povo brasileiro, a fim de que, em um panorama de sombras e de atentados vida, sentissem a luz de Cristo, que vence o egosmo, o pecado e a morte, reforando os princpios norteadores da valorizao da vida, do incio at o seu fim. 28. Tais iniciativas constituem em marcos importantes da ao da Igreja, tanto no campo da sade como no da sade pblica, em nosso pas. Por ser amplo o leque destas atividades, com satisfa- o identificam-se aes pastorais, prprias do mnus eclesial, que resultam em contribuio da Igreja para o cumprimento das Metas do Milnio, com as quais o governo brasileiro compro- meteu-se perante a comunidade internacional, mobilizando di- retamente vrios de seus setores. 19 JOO PAULO II, Mensagem ao povo brasileiro por ocasio da abertura da CF 1981.20CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 20 04.07.11 01:25:44 21. 29. No incio da dcada de 1990, a ONU (Organizao das Naes Unidas), estabeleceu 8 metas de melhorias sociais a serem im- plementadas pelos pases com deficits nestes indicadores. As Metas do Milnio tornaram-se referenciais para as aes so- ciais do governo e de entidades civis e religiosas, em prol da melhoria das condies de vida das populaes. A sade no s est contemplada entre as metas, como tambm ocupa o centro de suas atenes, com objetivos estipulados para serem alcan- ados at o ano de 2015. Desde ento, so invidados esforos para a consecuo dos objetivos, resultando em aes concre- tas de governos, Igrejas e sociedade. A seguir, so elencadas as Metas do Milnio. Na sequncia, so abordadas as que esto grafadas em negrito. Reduzir pela metade o nmero de pessoas que vivem na misria e passam fome. Educao bsica de qualidade para todos. Igualdade entre os sexos e mais autonomia para as mulheres. Reduo da mortalidade infantil. Melhoria da sade materna. Combate a epidemias e doenas. Garantia da sustentabilidade ambiental. Estabelecer parcerias mundiais para o desenvolvimento.a. A Reduo da Mortalidade Infantil (quarto objetivo) 30. O Brasil um dos pases onde mais se reduziu a mortalidade infantil: de 69,12 bitos por mil nascidos vivos, em 1980, para 19,88, em 2010, segundo dados da Revista The Lancet, em seu estudo Sade no Brasil (2011). Este decrscimo de 71,23% um avano positivo e aconteceu basicamente graas ao SUS, 21CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 21 04.07.11 01:25:44 22. participao da sociedade, ao maior incentivo ao aleitamentomaterno. Segundo o mesmo estudo, de 1970 a 2007, a dura-o mdia da amamentao materna aumentou de 2,5 para 14meses. 31. Destaca-se, neste mbito, o trabalho da Igreja por meio do en- gajamento das Pastorais Sociais, da Pastoral da Criana e da Pas- toral da Sade. A Pastoral da Criana, em suas aes, promove o desenvolvimento integral das crianas pobres, da concepo aos seis anos de idade, em seu contexto familiar e comunit- rio, com aes de preventivas de sade, nutrio, educao e cidadania. O ndice de mortalidade infantil, em 2010, foi de 9,5 mortes para cada mil nascidas vivas, quase metade da mdia nacional. Segundo o IBGE,20 de 1998 a 2008, foram evitadas 205 mil mortes de crianas de zero a 1 ano de idade, havendo, neste perodo, reduo de cerca de 30% da taxa de mortalidade infan- til no pas. Trata-se, pois, de um grande benefcio proporciona- do ao nosso povo carente, a partir da solidariedade e da f com baixssimo custo para a sociedade. 32. Uma das razes da significativa reduo da mortalidade infantil, entre as crianas atendidas pela Pastoral da Criana, o trabalho so- lidrio e contnuo de inmeros voluntrios na promoo de aes bsicas de sade. Dentre elas, salienta-se a campanha de incentivo utilizao do soro caseiro, uma das mais conhecidas e bem suce- didas. Outra frente de mobilizao dos agentes desta pastoral a campanha pelo registro civil de nascimento, com grande impacto nas polticas de preveno mortalidade infantil. 33. O grande desafio para a continuidade e o avano na di- minuio da mortalidade infantil o combate s afeces perinatais,relacionadas ao aparelho respiratrio do beb, s in- feces intestinais (como as diarreias) e a outras complicaes 20 Fonte: Dados da Pastoral da Criana. Fonte: Folhas de Acompanhamento, digitadas at13/04/2011, disponvel tambm na internet: www.pastoraldacrianca.org.br . Acesso em:07/07/2011.22CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 22 04.07.11 01:25:44 23. de sade antes, durante e logo aps o parto, normalmente cau-sadas por gestao de curta durao, baixo peso e infeces.Estas molstias normalmente ocorrem nos primeiros 28 dias devida da criana e so responsveis, no pas, por metade das mor-tes de crianas menores de 1 ano. 34. O quadro, a seguir, mostra o significativo decrscimo da morta- lidade infantil, no Brasil, entre 1980 e 2009. 35. Os dados atuais indicam rpido declnio da mortalidade infantil no Brasil. Assim, o pas dever cumprir o quarto dos objetivos das Metas do Milnio. Pelo ritmo atual de queda da taxa da mortalidade infantil, haver, em 2015, 15 bitos de menores de um ano para cada mil nascidos vivos. Para efeito de comparao, o ndice dos pases mais desenvolvidos de 2 a 5 em mdia.b. Melhoria da sade materna (quinto objetivo) 36. O quinto ojetivo das Metas do Milnio a sade materna. Graas ao envolvimento social, expandiu-se, no pas, o apoio23CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 2304.07.11 01:25:45 24. integral s gestantes, com o oferecimento de orientao e su-perviso nutricional s futuras mes; a valorizao da vida, apartir da gestao; a preparao das gestantes para o aleitamen-to materno; o encaminhamento para as consultas de pr-natal. 37. Um dos temas preocupantes, ao se tratar do assunto da mater- nidade, o da gravidez na adolescncia, embora o Ministrio da Sade tenha detectado, no perodo de 2000 e 2008, reduo de 9% no nmero de partos de adolescentes. A Igreja, como toda a sociedade, preocupa-se em virtude das consequncias para estas parturientes e seus pais, para a comunidade e, principalmente, para as crianas nascidas em um cenrio nem sempre favorvel. Urge, pois, a oferta de melhor assistncia s adolescentes gestan- tes, a fim de transmitir-lhes orientaes quanto sua sade e so- bre os cuidados adequados com seus bebs e, em casos extremos de gravidez indesejada, sobre o encaminhamento para adoo.24CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 2404.07.11 01:25:46 25. 38. O Ministrio da Sade considera precoce a idade em que, no Brasil, ocorre a gravidez. Vinte por cento dos partos so de jo- vens entre 15 e 19 anos e 29%, entre 20 e 24 anos. O nmero de partos atravs de cesariana cresceu muito no Brasil, detentor, no presente, da maior taxa do mundo.21 Os partos por cesrea passaram de 38%, em 2000, para 47%, em 2007. Este um pro- cedimento de maior morbidade para a me e para a criana, Os bebs nascidos por este meio tm, em geral, peso menor do que os nascidos por parto natural. O acompanhamento pr- natal com, pelo menos, sete consultas ainda baixo, mesmo com a melhora de 43,7% para 55,8%, em 2008.22 39. Nas visitas domiciliares, os agentes de pastoral, ao encontra- rem adolescentes grvidas e passam a acompanh-las de perto, cooperando para que superem as dificuldades e os riscos que enfrentam neste processo e tambm as encaminhando para a superviso pr-natal. Na visita domiciliar, os agentes procuram orientar a famlia sobre a importncia do apoio e da compreen- so deles para que a adolescente viva esse momento com sere- nidade, responsabilidade e amor. 40. A Pastoral da Criana acompanha tambm a implementao daPoltica de Humanizao do Pr-Natal e do Nascimento, exis-tente desde o ano 2000 (Portaria 569/MS). O Ministrio da Sa-de estabelece, como dever de toda Unidade de Sade, ofereceratendimento adequado, assistncia mdica, exames laborato-riais gratuitos, medicamentos, vacinas e outros tratamentos ne-cessrios (por exemplo, o odontolgico e para anemias) a todasas gestantes, garantindo seu acesso ao acompanhamento dequalidade no pr-natal, na gestao, no parto e no puerprio. 21 The Lancet. Sade no Brasil, maio de 2011. Acesse em: www.thelancet.com.br . Acesso em07/06/2011. 22 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011. 25CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 25 04.07.11 01:25:46 26. c. Combate a epidemias e doenas (sexto objetivo) 41. A Igreja, nos ltimos anos, empreendeu aes de preveno das doenas sexualmente transmissveis DST, especialmente em relao a AIDS e a sfilis. Seus agentes estendem sua solidarieda- de a pessoas e grupos portadores de outras doenas endmicas, como hansenase, dengue, influenza, tuberculose, cooperando na preveno de tais enfermidades. 42. Desde abril de 2009, a Igreja contribui com o Programa Nacio- nal de DST/AIDS, do Ministrio da Sade, que visa incentivar o diagnstico precoce do HIV e da sfilis. Esto envolvidas, no Programa, as Pastorais da AIDS, da Criana, da Sade, Familiar e as Sociais. Atravs de campanhas, orientam as pessoas a realiza- rem o teste anti-HIV a fim de evitar que a doena se manifeste. O diagnstico tardio uma das principais causas de mortes de quem tem HIV. A rede pblica de sade disponibiliza profissio- nais qualificados, testes, aconselhamento pr e ps-teste e vin- culao rede para os servios de assistncia, para as pessoas cujo teste HIV tenha sido positivo. 43. As aes da Igreja tambm se pautam pela disseminao da cultu- ra da prtica de hbitos e estilos de vida saudveis. Elas procuram fazer eco aos alertas sobre os cuidados necessrios em relao a doenas que se disseminam como a hipertenso (presso alta) e a diabetes. Nos ltimos anos, atravs de seus meios de comunica- o e de sua capilaridade, a Igreja tem marcado importante pre- sena na participao em campanhas de esclarecimentos sobre o cncer, o combate dengue, ao consumo de lcool. 44. Em relao s doenas negligenciadas, as pastorais da Igreja tambm colaboram no esforo para a eliminao da hansen- ase e da tuberculose. Na ltima dcada, a Igreja, por meio de suas pastorais afins, uniu-se aos grandes esforos para a elimi- nao da hansenase, problema de sade pblica, divulgando informaes sobre a identificao e a cura da doena. Os traba- lhos se efetivam por meio de campanhas de sensibilizao e de26CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 26 04.07.11 01:25:46 27. educao em sade, visando promoo da sade em todos osseus aspectos.d. Garantia da sustentabilidade ambiental (stimo objetivo) 45. Com o advento da industrializao, no sculo XVIII, o meio ambien- te passou a sofrer alteraes marcantes, cada vez mais aprofunda- das, conforme se desenvolveram os meios tecnolgicos e o consu- mo de bens industrializados. Na raiz deste processo, encontra-se a corrida desenvolvimentista desenfreada, liderada pelos pases de- tentores de capitais para investimento tecnolgico. Este movimen- to teve um efeito cascata negativo na natureza, ao expor a vida e o meio ambiente a elementos prejudiciais e agressores. Dentre tais consequncias esto a poluio dos mananciais de gua potvel; a disseminao de campos eletromagnticos; a poluio atmosfri- ca; a contaminao por agrotxicos; a contaminao de solos por resduos; a ocorrncia de desastres ambientais.23 46. O estilo de vida dos indivduos e das comunidades tornou-se fator preponderante no incremento das chamadas doenas da civiliza- o (cardiovasculares, obesidade, diabetes, cncer, entre outras). Os danos causados ao meio ambiente provocam graves prejuzos sade, razo pela qual o ser humano deve procurar conciliar o de- senvolvimento com a sustentabilidade do meio ambiente. A atual situao grave, pois, segundo a OMS cerca de 2 milhes de pes- soas morrem anualmente, no mundo, vtimas da poluio do ar. Em certas regies, especialmente nos pases em desenvolvimento, ela atinge nveis insuportveis ao ser humano.24 23 FILHO, J. K. A. eT aL.In. Neurobiologia, 73 (3) Julho/Setembro, 2010. 24 a OMS apelou hoje a uma reduo drstica dos nveis de poluentes nas cidades, propondolimites muito mais rigorosos do que aqueles que esto actualmente a ser aplicados emmuitos pases. A reduo de 70 para 20 microgramas por metro cbico dos nveis de umpoluente especfico conhecido como PM10, produzido principalmente pela combusto decombustveis fsseis e de outros tipos, poderia fazer baixar em 15% por ano o nmerode mortes nas cidades, diz OMS ao publicar as suas novas orientaes sobre a qualida-de do ar (Air Quality Guidelines). http://www.unric.org/pt/actualidade/6718 . Acesso em28/06/2011. Acesso do site da OMS: www.who.int . 27CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 2704.07.11 01:25:46 28. 47. A estimativa de que 80% de todas as molstias e mais de um tero dos bitos, nos pases em desenvolvimento, sejam causa- dos pelo uso de gua contaminada. Em mdia, 10% do tempo produtivo das pessoas afetadas so perdidos em virtude de do- enas relacionadas gua potvel. Estas condies propiciam a disseminao de parasitoses intestinais, um grave problema para a sade pblica em algumas regies do pas. Os esgotos es- to entre as importantes causas da deteriorao da qualidade da gua, em pases em desenvolvimento, devido s toxinas que car- regam, como pesticidas, metais pesados, resduos industriais e outras substncias. Geralmente, estes produtos contaminantes so oriundos de prticas amadoras e irregulares, por exemplo, as capinas qumicas, em doses excessivas, em reas de constru- o urbana. O descaso com os esgotos resulta em contaminao do lenol fretico e compromete a pureza dos recursos hdricos, gerando inmeras enfermidades. 48. Um debate importante refere-se ao modelo de organizao e de ocupao do solo nas cidades. O crescimento contnuo da populao urbana requer polticas pblicas que atentem para questes como moradia, saneamento, transporte, acesso e qualificao ao trabalho, sade, educao, cultura, de modo a viabilizar vida com qualidade e contribuir para a reduo das desigualdades existentes. 49. H atividades que visam educao das famlias para a valori- zao da riqueza que o meio ambiente pode oferecer sade. Dentre elas, ressaltam especialmente a valorizao das plantas e o desenvolvimento de prticas de medicina natural e caseira, uma tradio de nossa cultura, amplamente utilizada gerao aps gerao. fundamental, no entanto, respeitar as normas sanitrias vigentes e as condies de higiene recomendadas. 50. Catstrofes e tragdias de grandes propores, como tempo- rais, enchentes, secas, terremotos, deslizamentos de encostas e maremotos, so inevitveis e continuaro a ocorrer. Entretan- to, no sculo XXI, as condies para amenizar estes danos so28CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 2804.07.11 01:25:46 29. superiores s de outras pocas histricas. A cincia e a tecnolo-gia disponveis permitem aes de preveno; polticas pblicasde mdio e longo alcance; utilizao sustentvel do solo; co-municao populao sobre alteraes significativas de con-dies climticas que coloquem vidas em risco. necessrio,porm, maior empenho na implantao de polticas pblicaspreventivas de mdio e longo prazo. 51. O sistema jurdico brasileiro contempla a relao entre meio am- biente e sade. O artigo 225, da Constituio Federal do Brasil, assegura que: Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defen- d-lo e preserv-lo para a presente e futuras geraes.25 Assim, um meio ambiente ecologicamente equilibrado vislumbrado por nossa Carta Magna. Ele deve, portanto, ser pleiteado pela po- pulao, por aes cidads reivindicatrias em benefcio de sua sade. A Igreja tem contribudo efetivamente neste sentido. 52. A temtica do meio ambiente j foi, em anos anteriores, aborda- da pela Campanha da Fraternidade. Em 1979, com o tema Por um mundo mais humano e o lema Preserve o que de todos, a CNBB props a discusso sobre a necessidade de despertar, no ser humano, o compromisso com a preservao. Em 1986, o tema foi Fraternidade e terra e o lema Terra de Deus, ter- ra de irmos; em 2002, Fraternidade e povos indgenas com o lema: Por uma terra sem males; em 2004, Fraternidade e gua com o lema: gua, fonte de vida; em 2007, Fraterni- dade e Amaznia com o lema: Vida e misso neste cho; em 2011, Fraternidade e a vida no planeta, com o lema: A criao geme em dores de parto. 53. Este breve histrico demonstra que a Igreja est permanen- temente preocupada com a preservao do meio ambiente e sua sustentabilidade. Ela o faz, impulsionada pela misso de 25 Constituio Federal do Brasil, 1988, n. 225. 29CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 29 04.07.11 01:25:46 30. defender a obra da Criao de nosso Deus e seu projeto deamor e vida. Neste sentido, tem procurado apontar soluesviveis que ajudem o ser humano em sua relao com a menatureza e o engajamento efetivo nos grandes debates queocorrem na sociedade referentes questo. A Igreja est cons-ciente de que a temtica do meio ambiente transversal aosassuntos pertinentes sade humana e fundamental para asreflexes sobre a vida, especialmente sobre a vida humana, emperspectiva de futuro. 5. Panorama atual da Sade no Brasil 54. Nas ltimas dcadas, o setor da sade passou por impressio- nantes transformaes em importantes aspectos demogrficos, epidemiolgicos, nutricionais e tecnolgicos. Segue uma ex- posio sobre estas mudanas que interferem diretamente na sade da populao.5.1. Fatores intervenientes na sade em geral 55. A transio demogrfica a expectativa de vida no Brasil tem apresentado evoluo significativa nas ltimas dcadas. Segun- do o IBGE,26 em 2008, a esperana de vida dos brasileiros, ao nascer, chegou a 72 anos, 10 meses e 10 dias. A mdia entre os homens de 69,11 anos e, entre as mulheres, 76,71. De 1980 a 2000, a populao de idosos cresceu 107%, enquanto a dos jovens de at 14 anos cresceu apenas 14%.27 Em 1980, as crian- as de 0 a 14 anos correspondiam a 38,25% da populao e, em 2009, elas representavam 26,04%. Entretanto, o contingen- te com 65 anos ou mais de idade pulou de 4,01% para 6,67% no mesmo perodo. Em 2050, o primeiro grupo representar 26 IBGE. Diretoria de Pesquisa. Coordenao de Populao e indicadores Sociais. Projeo daPopulao do Brasil por sexo e idade 1980-2050 Reviso 2008. 27 Ministrio da Sade. Vigilncia de Doenas Crnicas no Transmissveis, 2011. Acesse em:www.saude.gov.br . Acesso em 07/06/2011.30CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 30 04.07.11 01:25:46 31. 13,15%, ao passo que a populao idosa ultrapassar os 22,17%da populao total. 56. A melhoria, no Brasil, das condies de vida em geral trouxe maior longevidade populao. O nmero de idosos aumentou e j chega a 21 milhes de pessoas. As projees apontam para a duplicao deste contingente nos prximos 20 anos, ou seja, ampliao de 8% para 15%. Por outro lado, o percentual de crian- as e jovens est em queda. Uma das explicaes para este fato a diminuio do ndice de fecundidade por casal, que, em 2008, caiu para 1,8 filhos, o que aproxima o Brasil dos pases com as menores taxas de fecundidade. Como a mortalidade infantil ainda alta em relao aos melhores indicadores - 19,88 bitos por mil nascidos vivos em 201028 - verifica-se a preocupante di- minuio percentual da faixa etria mais jovem. Portanto, uma impactante transio demogrfica est em curso no pas. 57. A julgar pelas projees, esta transio demogrfica mudar a face da populao brasileira. Segundo estimativas, em 2050, haver 100 milhes de indivduos com mais de 50 anos, cau- sando reflexos diretos no campo da sade. De acordo com o 28 The Lancet. Sade no Brasil, maio de 2011. Acesse em: www.thelancet.com.br . Acesso em07/06/2011. 31CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 31 04.07.11 01:25:46 32. Suplemento de Sade da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostrade Domiclio) e 2008, apenas 22,6% dos idosos declararam noter doenas. Entre aqueles com 75 anos ou mais, este percentualcaiu para 19,7%. Quase metade (48,9%) dos idosos sofria de maisde alguma doena crnica, especificamente na faixa a partir de75 anos, o percentual atingia 54%. A hipertenso afeta metadedos idosos. Dores na coluna, artrite, reumatismo so doenasmuito comuns entre as pessoas de 60 anos ou mais. 58. A Igreja atenta a este novo perfil que se desenha na populao brasileira, por meio da Pastoral da Pessoa Idosa, empreende aes para a consolidao dos direitos das pessoas nesta etapa da vida e tenham acesso a polticas pblicas de sade e assistncia social, que a idade requer. Contribui, assim, para que sejam valorizados e tenham as condies para viver dignamente no ocaso da vida, numa sociedade acostumada a descarta o que no se enquadra na lgica da produtividade. Em 2010, a Pastoral da Pessoa Idosa acompanhou 188.767 pessoas idosas, em 5.435 comunidades, de 1.343 parquias, 878 municpios e 26 Estados. 59. Os dados desta projeo indicam que, se no for implantada uma poltica agressiva de preveno de doenas e promoo da vida saudvel, haver uma populao de idosos com vrios problemas de sade, o que transtornar o sistema de sade e dificultar seu financiamento. Esta projeo aponta para o necessrio trabalho de identificao precoce dos fatores de risco para doenas como problemas cardiovasculares (como a hipertenso arterial); taba- gismo; diabetes; sedentarismo; obesidade; dislipidemias (coles- terol e/ou triglicrides aumentados), bem como para doenas relacionadas dependncia qumica. Por terem repercusses no indivduo, na famlia e na sociedade, elas devem ser prioridade de qualquer gestor de sade. Este diagnstico indica a urgncia da implantao de polticas srias e adequadas. 60. A transio epidemiolgica tambm se faz presente como fator in- terveniente na sade. No passado recente, doenas infecto-para- sitrias, com desfecho rpido, eram as principais causas de morte32CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 32 04.07.11 01:25:46 33. na populao brasileira, chegando a 26% do total de mortes.29 Nasltimas dcadas, porm, este cenrio modificou-se e tais doenas,atualmente, representam apenas 6,5% dos bitos. No entanto, asdoenas crnico-degenerativas (como diabetes, hipertenso, de-mncias), os cnceres (neoplasias) e as causas externas (mortesviolentas) assumiram o papel de principais causas de mortalidade.O tratamento e a reabilitao dos pacientes acometidos por estasdoenas figuram entre os altos custos do sistema de sade. 61. A transio tecnolgica - na medicina atual, a tecnologia assu- me papel cada vez mais significativo. A incorporao de novos artefatos sempre bem vinda, pois adiciona qualidade aos trata- mentos curativos ou paliativos. A agregao de tais avanos le- vanta, no entanto, algumas discusses, por implicar altos custos e por trazer o perigo de relegar a plano secundrio a necessria humanizao no tratamento dos pacientes. 62. A evoluo tecnolgica geralmente agrega benefcios, facilida- des e preciso, mas preciso lembrar que o incremento tecno- lgico no deve substituir a relao humana nem desumanizar o atendimento sade. A incorporao dos avanos de ltima gerao no sistema de atendimento sade deve, portanto, preservar o senso humanitrio e o respeito ao ser humano. 29 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Pesquisa de Oramento Familiar (POF),2009. Acesse em: www.ibge.gov.br . Acesso em 07/06/2011.33CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 33 04.07.11 01:25:47 34. 63. A transio nutricional proporcionou mudana no padro fsico do brasileiro. O excesso de peso ou sobrepeso e a obesidade (ndice de massa corprea entre 25 e 30 e acima de 30, respec- tivamente) explodiram. Segundo o IBGE, em 2009, o sobrepeso atingiu mais de 30% das crianas entre 5 e 9 anos de idade; cer- ca de 20% da populao entre 10 e 19 anos; 48% das mulheres; 50,1% dos homens acima de 20 anos.30 Segundo dados,31 48,1% da populao brasileira esto acima do peso, 15% so obesos. 64. Esses nmeros acenam para um quadro de verdadeira epidemia. Desde 2003, a POF32 indica que as famlias esto substituindo a alimentao tradicional na dieta do brasileiro (arroz, feijo, hor- talias), pela industrializada, mais calricas e menos nutritiva, com reflexos no equilbrio do organismo, podendo resultar em enfermidades, por exemplo, no descontrole da presso arterial. 6. Grandes preocupaes na sadepblica no Brasil 65. Conforme o contexto delineado, possvel extrair 5 temas pre- ocupantes para a sade atualmente: doenas crnicas no trans- missveis (doenas cardiovasculares, hipertenso, diabetes, cn- ceres, doenas renais crnicas e outras); doenas transmissveis (AIDS, tuberculose, hansenase, influenzae ou gripe, dengue e ou- tras); fatores comportamentais de risco modificveis (tabagismo, dislipidemias por consumo excessivo de gorduras saturadas de origem animal, obesidade, ingesto insuficiente de frutas e hor- talias, inatividade fsica e sedentarismo); dependncia qumica e uso crescente e disseminado de drogas lcitas e ilcitas (lcool, crack, oxi e outras); causas externas (acidentes e violncias). 30 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). POF (Pesquisa de Oramento Familiar),2009. Acesse em: www.ibge.gov.br . Acesso em 07/06/2011. 31 VIGITEL Brasil 2010. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por in-qurito telefnico. Ministrio da Sade, 2011. 32 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). POF (Pesquisa de Oramento Familiar),2009. Acesse em: www.ibge.gov.br . Acesso em 07/06/2011.34CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 3404.07.11 01:25:47 35. a. Doenas no Transmissveis (DNT) 66. Essas doenas representam srio problema de sade pblica, tanto nos pases ricos quanto nos de mdia e baixa renda. Es- timativas da OMS (Organizao Mundial de Sade) mostram que as DNT so responsveis por 58,5% das mortes ocorridas no mundo e por 45,9% das enfermidades que acometem as po- pulaes. Em 2005, cerca de 35 milhes de pessoas no mundo morreram por doenas crnicas, o que corresponde ao dobro das mortes relacionadas s doenas infecciosas.33 67. Em 2007, as DNT respondiam por aproximadamente 67,3% das causas de bitos no Brasil e representavam cerca de 75% dos gastos com a ateno sade. As doenas cardiovasculares cor- respondiam s principais causas, com 29,4%, de todos os bitos declarados.34 68. Segundo o Ministrio da Sade, estima-se que a hipertenso atinja 23,3% dos brasileiros, ou seja, 44,7 milhes de pessoas. Deste montante, apenas 33 milhes tm cincia de seu diagns- tico ou de diagnstico autoreferido. Apenas 19% tm a presso 33 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. POF (Pesquisa de Oramento Familiar), 2009.Acesse em: www.ibge.gov.br . Acesso em 06/07/2011. 34 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em:07/06/2011. 35CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 3504.07.11 01:25:47 36. sob controle entre aqueles que esto em tratamento. Em rela-o ao gnero, a hipertenso atinge mais as mulheres (25,5%) doque os homens (20,7%). O diagnstico de hipertenso arterialtorna-se mais comum com o avano da idade, atingindo em tor-no de 50% das pessoas acima de 55 anos.35 69. Em relao ao diabetes, estimativas apontam para 11 milhes de portadores, sendo que somente 7,5 milhes sabem que so portadores e nem todos se tratam adequadamente.36 70. Em 2008, segundo a IARC (Agncia Internacional para Pesquisa em Cncer) e a OMS (Organizao Mundial da Sade), houve 12 milhes de novos casos de cncer em todo o mundo, com 7 milhes de bitos por este motivo.37 No Brasil, para o ano de 2011, as estimativas apontam para a ocorrncia de 489.270 novos casos de cncer.38 Os tipos mais incidentes, excluindo o cncer de pele, no melanoma (113 mil novos casos), devem ser, nos homens, o cncer de prstata (52 mil), pulmo (18 mil), 35 MACHADO, C. A. O custo social das doenas cardiovasculares. Sociedade Brasileira de Cardio-logia, 2011. 36 VIGITEL Brasil 2010. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por in-qurito telefnico. Ministrio da Sade, 2011. 37 OLIVEIRA, C. Mdicos elogiam remdio gratuito, mas defendem melhor atendimento e preven-o. Rede Brasil Atual, publicado em 05/02/2011. Acesse em: www.redebrasilatual.com.br/temas/saude/2011. Acesso em 06/07/2011. 38 Instituto Nacional de Cncer (INCA). Introduo, Estimativa 2010. Relatrio da Agncia In-ternacional para Pesquisa em Cncer (IARC)/OMS (World Cancer Report, 2008). Acesse em:www.inca.gov.br . Acesso em 07/06/2011.36CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 36 04.07.11 01:25:47 37. estmago (14 mil), clon e reto (13 mil) e, nas mulheres, ocncer de mama (49 mil), colo de tero (18 mil), clon e reto(15 mil), pulmo (10 mil).39 Segundo o Ministrio da Sade,40desde 2003, as neoplasias malignas constituem a segunda causade morte na populao. Em 2007, elas representaram cerca de17% dos bitos de causa conhecida no pas. 71. Conforme dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia,41 quase 1 milho de brasileiros tm problemas renais, no entanto 70% ainda no o sabem. A doena renal crnica caracteriza-se por um quadro de evoluo lenta, progressiva at a perda irrevers- vel da funo renal (quando os rins deixam de filtrar o sangue). As doenas renais matam pelo menos 15 mil pessoas por ano, no Brasil. Esse tipo de enfermidade responsvel pelo consumo de at 10% de toda a verba destinada a hospitais, clnicas, mdi- cos e medicamentos, chegando a cerca de R$ 1,4 bilho ao ano. Dos 150 mil pacientes que deveriam estar em dilise, apenas 70 mil conseguem receber tal tratamento.42 72. Pelos critrios do Ministrio da Sade, quando um paciente atinge a mdia de 10% das funes renais, precisa entrar em di- lise at conseguir o transplante, caso preencha os critrios de receptor de rgos. A cada ano, 20 mil novos brasileiros entram na fila do tratamento. Diante deste quadro, o nmero expres- sivo de procedimentos renais que ocorrem na rede pblica a cada ano 3 mil transplantes e cerca de 25 mil transplantados em acompanhamento ainda fica bem aqum das necessidades reais da populao. Eis uma rea da sade que reclama mais investimentos para atender a demanda. 39 Instituto Nacional de Cncer (INCA). Introduo, Estimativa 2010. Relatrio da Agncia In-ternacional para Pesquisa em Cncer (IARC)/OMS (World Cancer Report, 2008). Acesse em:www.inca.gov.br . Acesso em 07/06/2011. 40 Ibid. 41 Ibid. 42 Sociedade Brasileira de Nefrologia. Campanha de preveno de doenas renais, 2010. Acesseem: www.sbn.org.br . Acesso em 07/06/2011. 37CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 3704.07.11 01:25:47 38. b. Doenas Transmissveis 73. Os nmeros da AIDS no Brasil (doena j manifesta), atualiza- dos at junho de 2010, contabilizam 592.914 casos registrados desde 1980. A expanso da epidemia continua estvel. A taxa de incidncia oscila em torno de 20 casos de AIDS por 100 mil habitantes. Em 2009, foram notificados 38.538 novos casos da doena, sendo que, em 87,5% deste montante,43 a transmisso ocorreu por via heterossexual. 74. Atualmente, ainda h mais casos da doena entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferena vem diminuindo ao longo dos anos. A faixa etria entre 30 e 49 anos a de maior inci- dncia de AIDS, em ambos os sexos. Chama ateno a faixa etria de 13 a 19 anos, em que o nmero de casos de AIDS maior entre as mulheres. Em 1989, a razo era de cerca de 6 casos de AIDS no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2009, chegou a 1,6 casos em homens para cada 1 em mulheres.44 75. Segundo dados do Boletim Epidemiolgico AIDS45 a tendncia de queda na incidncia de casos em crianas menores de cinco anos. Considerando o perodo entre os anos de 1999 e 2009, a reduo chegou a 44,4%.46 O resultado confirma a eficcia da poltica de reduo da transmisso vertical do HIV (da me para o beb) e outras medidas de preveno, como a ampliao do diagnstico do HIV/AIDS, j que as pessoas que conhecem a sua sorologia podem se tratar para evitar novas infeces. 76. O Brasil, entre 2008 e 2010, reduziu de 73.673 para 70.601 o nmero de novos casos de tuberculose, o que representa cerca de 3 mil novos casos a menos, no perodo. Com a reduo, a 43 Sociedade Brasileira de Nefrologia. Campanha de preveno de doenas renais, 2010. Acesseem: www.sbn.org.br . Acesso em 07/06/2011. 44 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Dados e Pesquisas. Ministrio da Sade,2011. Acesse em: www.aids.gov.br . Acesso em 07/06/2011. 45 Ibid. 46 Presidncia da Repblica Federativa do Brasil. Brasil reduz em 3 mil o nmero de novos casosde tuberculose entre 2008 e 2010. Portal Brasil, 24/03/2011. Acesse em: www.brasil.gov.br/noticias/arquivos38CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 38 04.07.11 01:25:47 39. taxa de incidncia (nmero de pacientes por 100 mil habitantes)baixou de 38,82 para 37,99,47 porm a tuberculose ainda a ter-ceira causa de bitos por doenas infecciosas e a primeira entrepacientes com AIDS. Estes so nmeros positivos, porm elesainda demonstram ser a tuberculose um dos principais proble-mas de sade pblica do Brasil, exigindo esforos para acelerara diminuio de sua ocorrncia. 77. A Igreja somou esforos com a sociedade para oferecer infor- maes atualizadas visando superao dos preconceitos e do estigma em relao hansenase, uma doena que tem cura! O objetivo da Igreja ajudar as pessoas a comearem, o quanto antes, o tratamento desta doena. Segundo o Ministrio da Sa- de, no Brasil, cerca de 47.000 novos casos so detectados a cada ano, sendo 8% deles em menores de 15 anos.48 A deteco de novos casos especificamente nesta faixa etria foi adotada como principal indicador de monitoramento da endemia, com a meta de reduo estabelecida em 10% at 2011. 78. O domiclio apontado como importante espao de transmis- so da doena, embora ainda existam lacunas de conhecimento quanto aos provveis fatores de risco implicados, especialmente aqueles relacionados ao ambiente social. A hansenase apresen- ta tendncia de estabilizao dos coeficientes de deteco no pas, mas eles ainda esto em patamares muito altos nas regies Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Essas regies concentram 53,5% dos casos detectados em apenas 17,5% da populao bra- sileira.49 O controle desta doena baseado no diagnstico pre- coce dos casos, seu tratamento (sem interrupo) e cura. Busca- se tambm eliminar fontes de infeco e evitar sequelas. 47 Situao da Hansenase no Brasil. Pastoral da Criana. Acesse em: www.pastoraldacriana.org.br. Acesso em: 07/06/2011. 48 Vigilncia em Sade: situao epidemiolgica da hansenase no Brasil. Ministrio da Sade,2008. Acesse em: www.portal.saude.gov.br/portal/arquivos . Acesso em 07/06/2011. 49 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011. 39CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 3904.07.11 01:25:48 40. 79. facilmente perceptvel o temor frente s pandemias que rapi- damente se espalham pelo mundo, devido globalizao. Che- ga a ser curioso, o homem se vangloriar de muitas conquistas e descobertas cientficas, mas, ao mesmo tempo, ficar impo- tente frente ao desconhecida e letal de um imperceptvel e microscpico germe. Recentemente, um enorme pnico as- sombrou o planeta, por causa do surto de uma gripe denomi- nada gripe A ou sorotipo H1N1. O vrus da influenza acomete, anualmente, no Brasil, cerca de 400 a 500 mil pessoas e mata de 3 a 4 mil indivduos, sendo que 95% destes bitos so de idosos.50 80. Nas regies mais quentes e midas do pas, ainda se consta- ta significativa frequncia de doenas tropicais, dentre elas a malria e a dengue. A Organizao Mundial da Sade estima que entre 50 a 100 milhes de pessoas se infectam anualmente com as doenas tropicais em mais de 100 pases51, exceto os da Europa. No Brasil, somente nos primeiros 9 meses do ano de 2010, 936 mil casos de dengue foram notificados ao Ministrio da Sade, sendo 14,3 mil graves, tendo ocorrido 592 mortes, no mesmo perodo.52 81. Tambm, no se pode descuidar da doena de Chagas, em algu- mas regies do Brasil ainda h um grande nmero de infectados. No obstante, o Brasil ter recebido em 2006, da Organizao Panamericana da Sade, a Certificao Internacional de Elimi- nao da Transmisso desta doena, a erradicao definitiva da transmisso da doena requer a manuteno contnua de aes de controle e vigilncia. 50 Organizao Mundial da Sade. O mundo e as doenas tropicais. Acesse em: www.who.int .Acesso em 07/06/2011. 51 Programa Nacional de Controle da Dengue. Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011. 52 Organizao Mundial da Sade. Causa de morte evitvel. Acesse em: www.who.int . Acessoem : 07/06/2010.40CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 40 04.07.11 01:25:48 41. c. Fatores de Risco Modificveis 82. O tabagismo a principal causa evitvel de morte no mundo.53 incontestvel a associao entre o cigarro com suas mais de quatro mil substncias txicas e os vrios tipos de cncer (como de pulmo, boca, lbio, lngua, laringe, garganta, esfago, pn- creas, estmago, intestino delgado, bexiga, rins, colo de tero), bem como com diversas molstias, por exemplo: derrame cere- bral, ataque cardaco, doenas pulmonares crnicas, problemas de circulao, lceras, diabetes, infertilidade, bebs abaixo do peso, osteoporose, infeces no ouvido. Segundo a OPAS,54 90% dos casos de cncer de pulmo esto associados ao tabagismo. 83. O percentual de fumantes no pas teve reduo nas ltimas dca- das. Em 1989, representava um tero da populao,55 e, em 2010, foi reduzido para 15,1% da populao adulta.56 A OMS afirma que o tabagismo (dependncia fsica e psicolgica do cigarro), no Bra- sil, ainda mata cerca de 200 mil pessoas por ano. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Cncer), pelo menos 2,7 mil no fumantes morrem no Brasil por ano devido a doenas provocadas pelo ta- bagismo passivo.57 O fumante passivo possui 30% de chances a mais de desenvolver cncer de pulmo e 24% a mais de sofrer infarto e doenas cardiovasculares em relao a uma pessoa que no tenha nenhum tipo de contato direto com a fumaa do cigarro. 84. A prtica regular de exerccios fsicos est longe de fazer parte da rotina dos brasileiros. Em 2008, somente 10,2% da populao 53 Organizao Pan-americana da Sade. Organismo internacional de sade pblica dedicado a me-lhorar as condies de sade dos pases das Amricas. Atua tambm como Escritrio Regional da Or-ganizao Mundial da Sade para as Amricas e faz parte dos sistemas da Organizao dos EstadosAmericanos (OEA) e da Organizao das Naes Unidas (ONU). Acesse em: www.opas.org.br . 54 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Pesquisa Nacional de Sade e Nutrio,1989. Acesse em: www.ibge.gov.br . Acesso em: 07/06/2011. 55 VIGITEL Brasil 2010. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por in-qurito telefnico. Ministrio da Sade, 2011. Acesso em: 07/06/2011. 56 INCA (Instituto Nacional de Cncer). Acesse em: www.inca.gov.br . Acesso em : 07/06/2010. 57 VIGITEL Brasil 2010. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por in-qurito telefnico. Ministrio da Sade, 2011. Acesso em: 07/06/2011.41CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 41 04.07.11 01:25:48 42. com 14 anos ou mais tinha uma atividade fsica regular.58 Deacordo com dados,59 14,2% da populao adulta no praticamnenhuma atividade fsica, nem durante o tempo de lazer nempara ir ao trabalho. 85. Em relao primeira fase da vida, se anteriormente assombra- va o ndice da mortalidade infantil, agora preocupa o crescimen- to da obesidade. Atravs da relao entre altura, idade e peso, possvel saber o IMC (ndice de Massa Corporal) adequado para a idade da criana. 86. O crescimento do nmero de pessoas com sobrepeso e obesas, em um curto perodo, uma tendncia e constitui um desafio mundial a ser enfrentado. A OMS projetou que, em 2005, o mun- do tinha 1,6 bilhes de pessoas acima de 15 anos com excesso de peso e 400 milhes de obesos (IMC acima ou igual a 30). A projeo para 2015 ainda mais pessimista: 2,3 bilhes de pesso- as com excesso de peso e 700 milhes de obesos, indicando au- mento de 75% nos casos de obesidade em 10 anos.60 No Brasil, h 48,1% de pessoas com excesso de peso, sendo 15% de obesos.61 Alm das dificuldades naturais causadas pelo excesso de peso, a obesidade pode, ao longo do tempo, acarretar problemas sade do ser humano como hipertenso arterial e diabetes.d. Dependncia Qumica 87. O Escritrio das UNODC (Naes Unidas contra Drogas e Crimes) mencionou, em um Relatrio Mundial sobre Drogas62 (2008), que cerca de 5% da populao mundial (208 milhes de pessoas) 58 VIGITEL Brasil 2010. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por in-qurito telefnico. Ministrio da Sade, 2011. Acesso em: 07/06/2011. 59 Organizao Mundial da Sade. Cenrio da obesidade no mundo. Acesse em: www.who.int .Acesso em: 06/07/2011. 60 VIGITEL Brasil 2010. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por in-qurito telefnico. Ministrio da Sade, 2011. Acesso em: 07/06/2011. 61 UNODC. Escritrio das Naes Unidas sobre Drogas e Crime. Relatrio Mundial sobre Dro-gas, 2008. Acesse em: www.unodc.org.br . Acesso em: 07/06/2011. 62 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em:07/06/2011.42CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 42 04.07.11 01:25:48 43. j fez uso de drogas ao menos uma vez. Esta pesquisa cita queo Brasil o segundo maior mercado de cocana das Amricas,com cerca de 870 mil usurios adultos (entre 15 a 64 anos),atrs apenas dos Estados Unidos que tm cerca de 6 milhes deconsumidores da droga. 88. O Brasil o responsvel pela maior quantidade de maconha apreendida na Amrica do Sul, foram 167 toneladas em 2008. O consumo da maconha e do haxixe no Brasil aumentou duas vezes e meia: em 2001, 1% dos brasileiros consumia droga. Em 2005, o nmero chegou a 2,6% da populao. Segundo o Minis- trio da Sade, o crack poder tirar a vida de, pelo menos, 25 mil jovens por ano no Brasil, A estimativa que mais de 1,2 mil- ho de pessoas sejam usurias de crack no pas e cerca de 600 mil pessoas faam uso frequente de droga. A mdia de idade do incio do uso 13 anos.63 89. Ultimamente, h notcias que indicam a rpida difuso de uma nova devastadora droga, j apreendida em todas as regies do pas. Trata-se do oxi, uma droga mais barata e de consequn- cias ainda mais danosas para os usurios que o temvel crack. 63 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em:07/06/2011. 43CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 43 04.07.11 01:25:48 44. O oxi produzido pela mistura de cocana, combustvel, cal vir-gem, cimento, acetona, cido sulfrico, soda custica e amnia.Pesquisas iniciais do Ministrio da Sade apontam que cerca deum tero (33%) dos usurios de oxi morrem no primeiro ano.64 Adependncia qumica, especialmente ao crack, tem levado mil-hares de jovens s prises, os quais cometem pequenos delitoscomo furto de lojas para comprar drogas. Nesse sentido, cremosque em alternativas priso. como a justia teraputica. 90. A Pastoral Carcerria testemunha um elevado nmero de pes- soas cuja sade fsica e mental foram deterioradas devido per- manncia na priso por longo tempo e em condies desuma- nas e degradante, cuja escassa ventilao, distribuio reduzida de gua e, pior, a superpopulao prisional, ou seja, onde se pe mais de 50 pessoas numa s cela, so propcias a proliferao de doenas e o agravamento das mesmas. Nesse sentido, cremos que em alternativas priso. como a justia teraputica, cujo tratamento voltado sade do dependente qumico. 91. A dependncia do lcool um dos graves problemas de sade pblica brasileiro. De acordo com o CEBRID,65 atualmente 18% da populao adulta consomem lcool em excesso, em contra- posio aos 16,2% em 2006. A populao masculina ainda a maioria entre os que bebem em excesso (26,8%, em 2010), mas foi entre as mulheres que se deu o aumento mais expressivo na utilizao da bebida alcolica. Neste grupo, a taxa passou de 8,2%, em 2006, para 10,6%, em 2010. 92. O uso do lcool, alm de causar srios e irreversveis danos a vrios rgos do corpo, est tambm relacionado a cerca de 60% dos acidentes de trnsito e a 70% das mortes violentas66. O consumo do lcool vem crescendo em todos os setores da 64 VIGITEL Brasil 2010. Vigilncia de fatores de risco e proteo para doenas crnicas por in-qurito telefnico. Ministrio da Sade, 2011. Acesso em: 07/06/2011. 65 CEBRID. Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas Psicotrpicas, 2010. Acesse em: www.unifesp.br/dpsicobio . Acesso em:07/06/2011. 66 GPS, n. 422.44CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 44 04.07.11 01:25:48 45. sociedade, independente de cor, raa, religio, condies finan-ceiras de seus usurios, tanto em grandes centros urbanos comonas mais distantes reas rurais. 93. Segundo o Documento de Aparecida, o problema da droga como mancha de leo que invade tudo. No reconhece fronteiras, nem geogrficas, nem humanas. Ataca igualmente pases ricos e pobres, crianas, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres. A Igreja no pode permanecer indiferente diante desse flagelo que est destruindo a humanidade, especialmente as novas geraes.67e. Causas Externas (acidentes e violncias) 94. No Brasil, o nmero de mortes por causas externas (mortes violen- tas) j ocupa o terceiro lugar em relao aos bitos da populao em geral, s perdendo para as doenas cardiovasculares e as neo- plasias (cnceres), e detm o primeiro lugar como causa de morte na faixa etria de 15 a 39 anos. Segundo um estudo sobre Sade no Brasil, houve, no pas, em 2007, 47.707 homicdios (36,4%) e 38.419 bitos (29,3%) relacionados ao trnsito, constituindo jun- tos 67% do total de 131.032 bitos por causas externas.68 95. assustador o alto nmero de acidentes de trnsito que aconte- cem pelo pas, ceifando milhares de vidas. Eles tambm deixam inmeros sobreviventes com sequelas irreversveis, que passam depender muito do sistema de sade e da famlia devido ao constante cuidado de que precisam. Dentre estas vtimas, muitas so crianas e jovens. Neste grupo, tambm h muitas vtimas de outros tipos de acidentes, ocorridos at mesmo nos lares.69 No entanto, acidentes com crianas e adolescentes podem ser 67 DAp n. 422. 68 The Lancet. Sade no Brasil, maio de 2011. Acesse em: www.thelancet.com.br . Acesso em;07/06/2011. 69 No Brasil, cerca de 5 mil crianas morrem e 137 mil so hospitalizadas anualmente. Se-gundo relatrio da OMS (2007), os acidentes por causas externas lideram no ranking damortalidade infantil. Estudos mostram que 90% dos casos podem ser evitados com infor-maes e educao por meio de aes multidisciplinares.45CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 45 04.07.11 01:25:48 46. previstos e evitados com medidas apropriadas relacionadas mo-radia e aos espaos de lazer. importante que haja reflexo sobreo contexto no qual os acidentes ocorrem, em busca de alternati-vas para oferecer s crianas melhores condies de segurana. 96. igualmente a preocupante escalada dos nmeros de vti- mas da violncia domstica. Mesmo com a existncia da Lei Maria da Penha (lei n. 11.340/2006), s em 2010, foram feitos 734.416 registros, sendo 108.026 com relatos de violncia e 63.831especificamente referentes violncia fsica.70f. A Sade bucal 97. Grande parte dos brasileiros no sabe que podem receber trata- mento odontolgico gratuito pelo SUS. Dados do IBGE, apurados em 1998, indicam que, at aquele ano, 30 milhes de brasileiros nunca tinham ido ao dentista. Segundo o levantamento nacional de sade bucal, concludo em maro de 2004 pelo Ministrio da Sade, 13% dos adolescentes nunca tinham ido ao dentista; 20% da populao brasileira havia perdido todos os dentes; 45% dos brasileiros no tinham acesso regular escova de dentes. 98. Frente a tal situao, o Ministrio da Sade lanou, em 2004, o Programa Brasil Sorridente, visando ampliar o acesso da popu- lao ao tratamento odontolgico. Trata-se de um programa es- truturado e que no pretende apenas conceder incentivos para aes isoladas sade bucal.g. Conceito e nmeros atuais do sistema de sade pblica 99. A sade pblica pode ser compreendida como um conjunto de discursos, prticas e saberes que objetivam o melhor esta- do de sade possvel das populaes, ou seja, ela se refere sade da coletividade. Os conceitos atualmente aplicados so 70 Ministrio da Justia, 2011. Acesse em: portal.mj.gov.br . Acesso em: 07/06/2011.46CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 4604.07.11 01:25:48 47. diferenciados, sendo que o escopo e o campo de prticas dasade pblica dependem de diversos fatores, tais como, a con-cepo do papel de Estado nos campos econmico e social ea concepo das responsabilidades individual e coletiva sobrea sade e sobre os fatores intervenientes no processo sade-enfermidade. 100. Deve-se, no entanto, enfatizar que o processo sade-enfermidade deuma coletividade resultante de diversos fatores sociais, polticos,econmicos, ambientais e biolgicos. Destacam-se entre os deter-minantes sociais: a urbanizao; e a industrializao crescente, bemcomo as condies de moradia, de saneamento bsico, de nutrioe de alimentao, de escolarizao, de recreao e lazer, de acessoaos servios de sade de trabalho, de emprego e de renda.71 101. Um dos conceitos mais citados, na literatura cientfica, no mbitoda sade aquele emitido, em 1920, por Winslow (1877-1957):Sade Pblica a cincia e a arte de evitar a doena, prolongar a vidae promover a sade fsica e mental, e a eficincia, atravs de esforosorganizados da comunidade, visando o saneamento do meio, o controledas infeces comunitrias, a educao do indivduo nos princpios da hi-giene pessoal, a organizao de servios mdicos e de enfermagem parao diagnstico precoce e o tratamento da doena e o desenvolvimentodos mecanismos sociais que asseguraro a cada pessoa na comunidadeo padro de vida adequado para a manuteno da sade, organizandoestes benefcios de tal modo que cada indivduo esteja em condies degozar de seu direito natural sade e longevidade.72 102. Ressalte-se do extenso contedo, ser a sade pblica o esforo or-ganizado da sociedade para ampliar as possibilidades de os indiv-duos poderem gozar as melhores condies possveis de sade. 103. Em 2002, a Organizao Panamericana de Sade afirmou quea Sade pblica o esforo organizado da sociedade, principalmen-te atravs de suas instituies de carter pblico, para melhorar, 71 FORTES, P.A. C., Op. cit. p. 122. 72 WINSLOW, C.E.A. The untilled Field of public health. Modern Medicine. N. 2 (1920), p. 183.47CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 47 04.07.11 01:25:48 48. promover, proteger e restaurar a sade das populaes por meio deatuaes de alcance coletivo.73 104. Este conceito revela a amplitude da ao da sade pblica, en-volvendo a promoo da sade, a preveno especfica das en-fermidades, assim como medidas e servios que atuem no sen-tido de restaurar e servios que atuem no sentido de restaurar,cuidar, tratar e reabilitar as pessoas em virtude das doenas edos agravos sua sade. 105. Garantir para a populao os direitos e os recursos previstos naConstituio Federal sobre a Seguridade Social (Assistncia So-cial, Previdncia Social e Sade) um dos principais desafios so-ciais na atualidade. Na contramo do que prev a Constituio,so as famlias que mais gastam com sade. Dados do IBGE74mostram que o gasto com a sade representou 8,4% do ProdutoInterno Bruto (PIB) do pas, em 2007. Do total registrado, 58,4%(ou 128,9 bilhes de reais) foram gastos pelas famlias, enquanto41,6% (93,4 bilhes de reais) ficaram a cargo do setor pblico. Asinstituies sem fins lucrativos gastaram 2,3 bilhes de reais. 106. Nos pases ricos, 70% dos gastos com sade so cobertos pelogoverno e somente 30% pelas famlias, segundo o IBGE. Para espe-cialistas na rea de Sade Pblica, o gasto total com a sade, em2009, foi de R$ 270 bilhes (8,5% do PIB), sendo R$ 127 bilhes 73 ORGANIZACION PANAMERICANA DE SALUD. La salud publica en las Amricas. Washington,OPS, 2002. 74 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). Acesse em: www.ibge.gov.br . Acessoem 07/06/2011.48CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 4804.07.11 01:25:49 49. (47% dos recursos ou 4% do PIB) de recursos pblicos e R$ 143bilhes (53% dos recursos ou 4,5% do PIB) de recursos privados.75 107. O oramento da Unio para a Sade, em 2011, de R$ 68,8 bi-lhes (Oramento 2011, Lei N 12.381, de 09/02/2011).76 Destetotal, somente R$ 12 bilhes sero investidos na ateno bsica sade, por meio de programas do Ministrio da Sade, porexemplo, no ESF (Estratgia Sade da Famlia), atravs de transfe-rncias fundo a fundo do PAB (Piso da Ateno Bsica). Em 2010,foram gastos 9,9 bilhes.77 Nesta conta, no esto computadosos recursos prprios investidos por Estados e Municpios. 108. O Brasil conta com mais de 192 milhes de habitantes78 e 5.565municpios. Entretanto, vrios municpios, principalmente dasregies Norte, Nordeste e Centro Oeste, no dispem de pro-fissionais de sade para os cuidados bsicos, sendo que, emcentenas deles, no h o profissional mdico para atendimentodirio populao. 109. Existem no Brasil, 52 mil unidades assistenciais pblicas - AMS(Assistncia Mdica Sanitria), sendo 95% administrada pelosmunicpios, segundo dados do IBGE.79 pesquisa referente AMSrevela que, dos quase 432 mil leitos de hospital no pas, 152,8mil (35,4%) pertenciam a hospitais pblicos e 279,1 mil (64,6%) ahospitais particulares e filantrpicos. 7. Os determinantes sociais na sade 110. Determinantes sociais de sade so elementos relacionados preservao ou produo de sade. Trata-se das condies 75 CARVALHO, G. Domingueira do SUS, publicada pelo Instituto de Direito Sanitrio Aplicado(IDISA), 2011. Acesse em: www.idisa.org.br 76 Ministrio da Sade, 2011. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011. 77 Ibid. 78 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). Acesse em: www.ibge.gov.br . Acessoem: 07/06/2011. 79 Idem. Pesquisa Assistncia Mdico Sanitria IBGE, 2009. Acesse em: www.ibge.gov.br . Aces-so em: 07/06/2011.49CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 49 04.07.11 01:25:49 50. mais gerais socioeconmicas, culturais e ambientais de uma so-ciedade e tm relao com as condies de vida das pessoas,como: trabalho, habitao, saneamento bsico, ambiente de tra-balho, servios de sade e educao de qualidade, ligaes dasredes sociais e comunitrias. 111. Os determinantes sociais de sade podem tambm ser caracte-rizados como polticas macroeconmicas, de mercado de traba-lho, de proteo ambiental e de promoo de uma cultura depaz e solidariedade, tendo em vista o desenvolvimento susten-tvel. Eles visam, pois, diminuir as desigualdades sociais e eco-nmicas, a violncia, a degradao ambiental, bem como seusefeitos sobre a sociedade. 112. Os determinantes sociais influenciam os estilos de vida das pesso-as e geram diferenas nas regies do Brasil. Por isso, as aes desade devem promover o enfrentamento das desigualdades, bus-cando a equidade e a incluso, atravs do melhor conhecimentodas relaes entre as pessoas e de como elas vivem e trabalham. 8. Conceitos bsicos do SUS80 113. O SUS est estruturado a partir de princpios doutrinais e or-ganizacionais. Os princpios doutrinais so arquitetnicos eapontam as coordenadas gerais para a estruturao do modelode assistncia de sade, so eles: universalidade, integridade,equidade. Os princpios organizacionais do roupagem estru-tura do SUS, so eles: regionalizao, hierarquizao, descen-tralizao, racionalizao e resoluo, complementaridade dosetor privado e participao da comunidade. 114. O princpio da universalidade traduz o que estabelece a Cons-tituio, quando diz, logo no incio da Seo II, A sade direitode todos. O Sistema de Sade deve, portanto, atendimento a 80 Cf. Texto da Constituio Federal referente ao SUS, em ANEXO I.50CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 5004.07.11 01:25:49 51. todo e qualquer cidado.81 Do princpio da integralidade decor-re a exigncia de acesso a todos e a qualquer cidado a todosos servios que o Sistema de Sade dispe, desde vacinas attransplantes.82 O princpio da equidade visa assegurar que asaes e os servios, em todos os nveis do sistema pblico desade, mesmo os mais sofisticados e caros, sejam oferecidos atodo cidado, sem privilgios.83 115. H seis princpios organizativos.a. Regionalizao objetiva levar as aes do campo da sade o mais prximo possvel da populao, para que sejam mais eficazes sobre as causas epidemiolgicas, culturais e geo- grficas das doenas de cada rea delimitada (CEAP, 2003).84 Deste modo, os servios se organizam em diversos mbitos ou regies, nas esfereas municipal, estadual e federal.b. Hierarquizao as aes de sade devem estar articuladas entre si de forma hierarquizada, desde o nvel de ateno primria (procedimentos realizados nas unidades bsicas de sade ou postos de sade como vacinas, curativos e consul- tas mdicas na rea de clnica geral, pediatria, obstetrcia e sade bucal), passando pelo nvel de ateno secundria (procedimentos realizados em ambulatrios especializados 81 Vrias referncias contriburam para este item: site do Conselho Nacional de Sade (acesseem: conselho.saude.gov.br); Direito sade com controle social, 2003 (Frum Sul da Sade,Frum Regional da Sade e CEAP Centro de Educao e Assessoramento Popular dePasso Fundo, outubro de 2003); O direito humano sade e o seu sub-financiamento, 2010(CEAP Centro de Educao e Assessoramento Popular de Passo Fundo, outubro de 2003);Participao da comunidade na sade, 2006 (Gilson Carvalho e CEAP Centro de Educaoe Assessoramento Popular de Passo Fundo); A Pastoral da Sade e o Controle Social no SUSdo Brasil, 2010/2011 e A Pastoral da Sade e o SUS no Brasil (Cartilhas da Pastoral da SadeNacional para capacitao de agentes de pastoral). 82 BAPTISTA, T. W. F. Histria das Polticas de Sade no Brasil: a trajetria do direito sade(captulo 1 do livro: Polticas de sade: a organizao e a operacionalizao do SUS. FIOCRUZe Escola Politcnica de Sade Joaquim Venncio), 2007. Organizadores: Gustavo CorraMatta e Ana Lcia de Moura Pontes. 83 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011. 84 Direito sade com controle social, 2003 (Frum Sul da Sade, Frum Regional da Sadee CEAP Centro de Educao e Assessoramento Popular de Passo Fundo, outubro de 2003).Acesso em: 07/06/2011.51CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 51 04.07.11 01:25:49 52. e em hospitais de baixa complexidade, como internaes e cirurgias simples, inclusive partos), at o nvel de ateno terciria (procedimentos clnicos e cirrgicos realizados em hospitais de maior complexidade e resolutividade). Alguns autores ainda consideram didaticamente a existncia de servios de ateno quaternria (como hospitais especiali- zados e com alto nvel tecnolgico, sendo geralmente insti- tuies de ensino e pesquisa).c. Descentralizao prope a distribuio das responsabili- dades quanto s aes e servios de sade entre os vrios nveis de governo, pois a deciso ocorrendo mais prxima do fato, as chance de acerto aumentam.85d. Racionalizao e Resoluo so norteadores para que aes e servios de sade sejam definidos e organizados de modo a responder aos problemas de determinada regio. Objetiva resolver os problemas de sade sem desperdcios.86e. Complementaridade do setor privado a Constituio Cida- d de 1988, inspirando-se nesse princpio, definiu que, em caso de insuficincia do setor pblico, permitido recorrer contratao de servios privados, por meio de contratos ou convnios. H, porm, trs condies: celebrao de contrato, conforme as normas de direito pblico; a instituio privada esteja de acordo com os princpios bsicos e as normas tcni- cas do SUS; os servios privados ocorram com a mesma lgica organizativa do SUS. A preferncia na escolha dos servios privados deve recair sobre aqueles sem fins lucrativos (setor filantrpico como as Santas Casas e os hospitais catlicos).87 85 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011. 86 Direito sade com controle social, 2003 (Frum Sul da Sade, Frum Regional da Sa-de e CEAP Centro de Educao e Assessoramento Popular de Passo Fundo, outubro de2003). 87 Ministrio da Sade, 2010. Acesse em: www.portal.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011.Resoluo 333 do Conselho Nacional de Sade, novembro de 2003. Acesse em: conselho.saude.gov.br . Acesso em: 07/06/2011.52CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 52 04.07.11 01:25:49 53. f. Participao da comunidade oferece garantias constitu- cionais populao de participao nos processos de to- mada de deciso, sobretudo atravs de entidades represen- tativas.88 A participao se d nas instncias colegiadas do SUS (Conselhos e Conferncias de Sade), em cada esfera de governo, e visa ao exerccio do controle social sobre o SUS. (CEAP, 2003). Esta participao deve ser paritria entre os diversos atores sociais (50% usurios, 25% trabalhadores e 25% gestores e prestadores de servio).89 116. Os Conselhos e as Conferncias de Sade merecem ateno es-pecial, por serem espaos de participao democrtica por meiodos quais se pode avanar na melhoria dos servios pblicos. OsConselhos tm carter deliberativo e a funo exercer o papel deformulao, acompanhamento e controle permanente das aesdo governo em seus trs nveis. Assim se estabelece um canalpermanente de relao entre o gestor, os prestadores de servio,os trabalhadores e a populao usuria. As Conferncias de Sa-de tm por objetivo avaliar, periodicamente (a cada 4 anos), opanorama da sade e propor diretrizes para a poltica de sadenos nveis correspondentes. convocada pelo poder executivoou, extraordinariamente, pelo Conselho de Sade.90 117. Para que a implantao do SUS se realize segundo os princ-pios constitucionais, ele necessita de incremento de recursosfinanceiros, melhor organizao, diminuio dos desperdcios edas irregularidades e estabelecimento de prioridades no aten-dimento em benefcio das classes sociais mais desfavorecidas,social e economicamente.91 118. O oramento anual da sade constitudo por, no mnimo, 15%da arrecadao municipal e 12% da estadual. Esses recursos, 88 BAPTISTA, T. W. F. Op. cit. 89 Resoluo 333 do Conselho Nacional de Sade, novembro de 2003. Acesse em: conselho.saude.gov.br Acesso em: 07/06/2011. 90 BAPTISTA, T. W. F. Op. cit. 91 FORTES, P. A. C. Op. cit. p. 22-27.53CF2012_Texto_base_FINAL3.indd 5304.07.11 01:25:49 54. somados aos provenientes da esfera federal, tm obrigatoria-mente que ser administrados com a participao popular. Istopode evitar prticas de corrupo ou o uso de cargos da ad-ministrao pblica como moeda eleitoral, que normalmenteala a tais cargos pessoas despreparadas para uma rea de vitalimportncia para a populao. Quando houver tais fatos, elesdevem ser conduzidos ao Ministrio Pblico. 119. Os desafios constatados em relao ao SUS requerem o exer-ccio da cidadania comprometida com melhorias sociais, comono sistema de sade pblico. Trata-se de um direito de todos,assegurado pela Constituio. Assim como para o advento doSUS concorreu a ao dos movimentos populares, agora elesprecisam se mobilizar para que se d a efetiva implantao.92 9. A problemtica do financiamento da sadepblica no Brasil 120. Apesar do avano que significou a criao do SUS, o Brasil estlon


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