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Agrupamento de Escolas Marinhas do Sal

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Eletricista de Instalações

Curso de Educação

Teste de Avaliação de Língua Portuguesa

Grupo I

Lê, com atenção, o texto «O Lado menos Doce do Chocolate». Em caso de necessidade, consulta o vocabulário que é apresentado, por ordem alfabética, a seguir ao texto.

CHOCOLATE PRETO – INQUÉRITO À ÉTICA DAS MARCASO LADO MENOS DOCE DO CHOCOLATE

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OS FABRICANTES UTILIZAM, E BEM, A MANTEIGA DE CACAU. MAS NEM TUDO É DOCE:OS PRODUTORES RECORREM A MÃO-DE-OBRA INFANTIL E A MÉTODOS DE CULTURA INTENSIVA.

Quem fala em chocolate fala também de cacau, semente que representa 30 a 50% das exportações de países africanos como o Gana, a Costa do Marfim ou os Camarões. Da sua produção dependem também quase 20 milhões de pessoas, sobretudo da África ocidental. Mais de 90% do seu cultivo faz-se em pequenas plantações, com menos de 5 hectares, das quais os produtores locais dependem para sobreviver.

Os baixos preços pagos aos produtores e a contínua redução do preço de mercado desta matéria-prima têm contribuído para a degradação das condições de trabalho e para o agravamento das consequências ambientais do seu cultivo.

Crianças, biodiversidade e pesticidasSegundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), nas plantações, a exploração do

trabalho infantil, mão-de-obra barata, tem sido uma das consequências da instabilidade dos preços do cacau. Existem mesmo relatos da prática de escravidão infantil nos principais países produtores.

A cultura do cacaueiro faz-se tradicionalmente em pequenas plantações, à sombra das florestas tropicais. É, por isso, uma exploração que preserva o habitat de espécies animais em risco de extinção, favorecendo a biodiversidade, e que requer poucos pesticidas. Contudo, nas últimas décadas, tem-se assistido ao aumento da área cultivada e ao desenvolvimento de métodos de produção intensiva que recorrem ao uso sistemático de pesticidas, estratégias que conduzem ao desflorestamento e ao empobrecimento da biodiversidade.

Instigada pela opinião pública, a indústria do cacau criou uma fundação, um protocolo e um programa de certificação, cujo principal objetivo era erradicar o trabalho infantil dos países produtores. Infelizmente, a iniciativa não passou de uma operação de cosmética: em vez de adotar medidas concretas para pôr fim ao problema, a indústria do cacau tem empurrado a sua resolução para terceiros, como as autoridades nacionais e a OIT.

O nosso estudoCom este inquérito, procurámos saber se os produtores de cacau, fabricantes e distribuidores de

chocolate respeitam o ambiente, os direitos dos trabalhadores e se usam processos transparentes. Para tal, contactámos as marcas de chocolate preto vendido em Portugal.

Numa primeira fase, pedimos informações sobre a sua política social e ambiental (em que consiste e como se aplica à cadeia de produção) e os meios de controlo de que dispõem para se certificarem de que esta é realmente aplicada. Quanto aos aspetos sociais, as empresas devem respeitar as oito principais convenções da OIT, como a proibição do trabalho infantil e a exigência de um salário que satisfaça as necessidades básicas dos trabalhadores, entre outras. No plano ambiental, devem privilegiar as plantações tradicionais, para preservar a biodiversidade e evitar a desflorestação e a utilização de pesticidas.

Paralelamente, analisámos as publicações oficiais das empresas, para sabermos se a informação que transmitem aos consumidores, trabalhadores e acionistas é transparente e completa.

As respostas foram confrontadas com o ponto de vista de observadores de organizações humanitárias e ambientais não governamentais por nós contactados, independentes das empresas em

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Texto A

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questão. O panorama é tão negro que até estes mostraram receio de comentar a atitude das empresas, argumentando que tal poderia pôr em risco as poucas iniciativas em curso.

«O Lado menos Doce do Chocolate»in PROTESTE, n.º 262, Outubro 2005 (adaptado)

VOCABULÁRIO:acionistas (linha 37) – sócios de empresas comerciais.certificação (linha 22) – emissão de documento(s) que garante(m) ser verdadeira a informação relativa à origem,

métodos e condições de fabrico de um produto.desflorestamento (linha 19) – operação de remover a vegetação de uma área.erradicar (linha 22) – eliminar, suprimir.instigada (linha 21) – estimulada, incitada a ter um determinado comportamento.protocolo (linha 21) – conjunto de normas, de procedimentos, acordado entre várias partes.terceiros (linha 24) – pessoas estranhas a uma relação e que, em princípio, não têm poder para nela interferirem.

Para responderes aos itens de 1. a 5., assinala com X o quadrado correspondente à alternativa correta, de acordo com o sentido do texto.

1. Para os países africanos referidos no texto, o cacau representa, relativamente a toda a produção vendida ao estrangeiro,

a) mais de 90%.b) menos de 55%.c) quase 100%.

2. Da leitura do parágrafo das linhas 23 a 27 conclui-se que a criação de «uma fundação, um protocolo e um programa de certificação» pela indústria do cacau ficou a dever-se…

a) a denúncias públicas feitas pela OIT.b) a protestos públicos de cidadãos.c) a reivindicações dos trabalhadores.

3. Quando os autores do texto afirmam que «a iniciativa não passou de uma operação de cosmética» (linha 25), querem dizer que…

a) era impossível aos países africanos erradicarem o trabalho infantil.b) as autoridades nacionais e a OIT se recusaram a colaborar na iniciativa.c) a indústria do cacau quis fazer crer que tinha resolvido os problemas.

4. As respostas das empresas ao inquérito sobre as suas políticas sociais e ambientais foram comparadas com…

a) os pareceres de entidades independentes.b) as publicações oficiais dessas empresas.c) os meios de controlo da sua aplicação.

5. Qual das seguintes práticas é avaliada positivamente no texto?

a) Consumo moderado de chocolate.b) Aumento da produção intensiva.c) Métodos tradicionais de cultura.

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Texto B

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Vem um Onzeneiro e pergunta ao Arrais do Inferno, dizendo:

ONZ. Pera onde caminhais?DIA. Oh! que má hora venhais,

Onzeneiro meu parente! Como tardastes vós tanto?

ONZ. Mais quisera eu lá tardar... Na safra 1do apanhar Me deu Saturno quebranto.2

DIA. Ora mui muito m’espanto Nom vos livrar o dinheiro!ONZ. Solamente pera o barqueiro Nom me leixaram nem tanto...DIA. Ora, entrai, entrai aqui!ONZ. Não hei eu i d’embarcar!DIA. Oh! que gentil recear, E que cousas pera mi!ONZ. Ainda agora faleci,

Leixa-me buscar batel!Pesar de São Pimentel3, Nunca tanta pressa vi!Pera onde é a viagem?

DIA. Pera onde tu hás-de ir.ONZ. Havemos logo de partir?DIA. Não cures de mais linguagem.ONZ. Pera onde é a passagem?DIA. Pera a infernal comarca.ONZ. Dix4! Nom vou eu em tal barca. Estoutra tem avantagem.

Vai-se à barca do Anjo, e diz:

ONZ. Hou da barca! Houlá! Hou! Havês logo de partir?ANJO E onde queres tu ir?ONZ. Eu pera o paraíso vou.ANJO Pois cant’eu mui fora estou

De te levar para lá.Essa barca que lá estávai pera quem te enganou.

ONZ. Porquê?ANJO Porque este bolsão tomara todo o navio.ONZ. Juro a Deus que vai vazio!ANJO Não já no teu coração.ONZ. Lá me fica de rodão5

Minha fazenda e alhea.

1 colheita2 me fez morrer3 personagem da época4 “Já disse!”5 de roldão, em confusão

ANJO Ó onzena, como és feae filha da maldição!

Torna o Onzeneiro à barca do inferno e diz:

ONZ. Houlá! Hou demo barqueiro! Sabês vós em que me fundo? Quero lá tornar ao mundo E trarei o meu dinheiro. Aqueloutro marinheiro, Porque me vê vir sem nada, Dá-me tanta borregada6

Como arrais lá do barqueiro.DIA. Entra, entra! Remarás!

Nom percamos mais maré!ONZ. Todavia...DIA. Per forç’é!

Que te pês7, cá entrarás! Irás servir Satanás Porque sempre te ajudou.

ONZ. Ó triste, quem me cegou?DIA. Cal’-te, que cá chorarás.

Entrando o Onzeneiro no batel, que achou o Fidalgo embarcado, diz, tirando o barrete:

ONZ. Santa Joana de Valdês!8

Cá é vossa senhoria!FID. Dá ó demo a cortesia!DIA. Ouvis? Falai vós cortês!

Vós, fidalgo, cuidarês que estais na vossa pousada?

Dar-vos-ei tanta pancada Com um remo, que renegues.

6 pancada7 ainda que te custe8 personagem da época

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Depois de leres atentamente texto B, retirado de Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, responde com correção e de forma completa às seguintes questões:

1. A personagem central deste quadro é o Onzeneiro. Indica o(s) símbolo(s) que o

acompanha(m) e explica a sua representatividade.

2. Indica, por palavras tuas, as acusações feitas ao Onzeneiro e quem as diz.

3.Completa a frase: A(s) personagem(ens)…

1.1. _____________________________ são alegóricas.1.2. _____________________________ são figurantes.1.3. _____________________________ não vem acompanhada de

símbolos.1.4. _____________________________ têm um percurso cénico diferente

de Cais/Diabo/Anjo/Diabo – Embarque.1.5. _____________________________ não se dirigem ao Anjo.1.6. _____________________________ insultam o Diabo.1.7. _____________________________ são defendidas pelo Anjo.1.8. _____________________________ não representam nem uma classe

social, nem uma condição socioprofissional.

4.Identifica a personagem que associas a cada argumento de defesa:

a) Passai-me por meu dinheiro.” ___________________________________________

b) “Juro a Deos que vai vazio!” _____________________________________________

c) “E est’hábito nom me val?” ______________________________________________

d) “Que leixo na outra vida / quem reze sempre por mi.” _________________________

e) “Como poderá isso ser, / confessado e comungado?”_________________________

f) “Nom é de regulae júris, não!” ___________________________________________

g) “Morremos nas Partes d’ Além, / e não queirais saber mais.”___________________

h) “(…) que fui bem-aventurado / em morrer dependurado(…)”____________________

i) “E eu som apostolada, / angelada e martelada, / e fiz cousas mui divinas.” _____________

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Grupo II

Responde aos itens que se seguem sobre o funcionamento da língua, de acordo com as orientações que te são dadas.

Lê a seguinte lista de palavras:

Lisboa médico valente encorajar coragem familiar família

Corrupção cambada curar imbecil farinha estudantil

1. Agrupa-as de acordo com a classe morfológica a que pertencem:

Nomes Adjetivos Verbos

2. Lê com atenção as frases seguintes:

“…a exploração do trabalho infantil, mão-de-obra barata, tem sido uma das consequências da instabilidade dos preços…”

“…a indústria do cacau criou uma fundação…”

Identifica as funções sintácticas dos elementos sublinhados.

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Grupo III

No Auto da Barca do Inferno está constantemente presente a crítica à sociedade.

Imitação dos costumes da corte; Artificialismo religioso; Fanatismo religioso ;Suborno ;Desrespeito pela religião cristã; Levar moças para a prostituição; Sentenças injustas …o materialismo…

Com base nestas críticas feitas por Gil Vicente à sociedade do seu tempo, consideras que a obra “ Auto da Barca do Inferno” ainda se poderá considerar atual? Os vícios e os defeitos ainda existem nos nossos dias? Num breve texto, dá a tua opinião sobre este assunto.

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