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Faculdade Direito Lisboa
O início da tentativa na co-autoria
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O início da tentativa na co-autoria 1
Tema de Oral de Melhoria de Direito Penal II
- O inicio da tentativa na co-autoria -
Realizado por:
Cátia Muchacho, Nº18076
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Índi
1. Int duçã 3
2. Anális comparati a dos regimes jurídico-penais alemão e português 4
3. Binómio Solução Global Solução Indi idual dout rina alemã 5
4. Figuras Af ins 8
5. Posição adopt ada face ao regime jurídico português 9
6. Exemplif icação 16
7. Conclusão 1 8
8. Bibliograf ia 19
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Int rodução
O t ema para o qual me proponho t rat ar t em, para mim, especial apreço, pois
atinge assunt os especialment e import ant es no Direit o Penal português,
nomeadament e com o principio da necessidade e de responsabili ação de um
agent e em seguiment o do cometiment o de um crime ou t ent ati a do mesmo.
Para se ent ender como e quando se est á perant e o institut o da co-aut oria, urge
compreender as raízes dout rinárias portuguesas e alemãs, assim como analisar a
nível sist emático vários artigos, nomeadament e artigos 22º e 26º do Código
Penal, de modo a adopt ar uma solução global ou individual e consequent ement e
det erminar o início da t ent ativa na co-aut oria.
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Análise comparativa dos regimes jurídico-penais alemão e português
Acho relevant e, de modo a ent ender t oda a ratio dest e t ema, uma análise
comparativa de dois regimes jurídicos semelhant es
Relativament e à distinção ent re as várias formas de aut oria, t ant o o artigo 25º do
St GB, como o nosso artigo 26º o fazem nitidament e.
Já o artigo 25º Nº2 St GB não é tão claro relativament e à necessidade de prática
de act os de execução na co-aut oria vários comet erem o fact o punível
conjunt ament e, cont rariament e ao artigo 26º que demonst ra nitidament e a
necessidade dos mesmos act os t omam part e direct a na execução do fact o....
Quant o ao instigador, est e é punido como o aut or, nos t ermos do art . 26º do
St GB, enquant o que a mesma f igura se encont ra def inida no artigo 26º cuja
epigrafe é Aut oria, o que pode levar a que se ent enda, como o Professor JOSÉ
FIGUEIREDO DIAS, que o instigador é um aut or; apesar de o não ser, sendo
soment e punido como t al, sendo, port ant o, uma f igura aut onomizada.
Quant o aos artigos 27º dos dois códigos, ambos demonst ram a acessoriedade da
cumplicidade e at enuação da pena.
Por f im, o artigo 30º do St GB (que pune o acordo ent re várias pessoas para o
cometiment o de cert o crime, sem act o de execução para a realização do mesmo)
cont rast a com a lacuna no sist ema português.
Adiant o, desde já, que considero que não há lacuna nenhuma relativament e a
est e artigo por vários motivos
- Tendo em cont a as diversas semelhanças ent re os dois regimes, o
legislador português não quis a feitura do mesmo preceit o, não achando
que houvesse necessidade de legislar sobre o assunt o em questão, não se
t rat ando, pois de uma lacuna.- A rejeição do artigo 31º do Project o de Eduardo Correia de 1963, que ia,
exact ament e nesse sentido.
- Como se verá, é considerado apenas um act o preparat ório.
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BINOMIO SOLUÇAO GLOBAL VS SOLUÇÃO INDIVIDUAL DOUTRINAALEMÃ
I) SOLUÇÃO GLOBAL
Resumidament e est a solução consist e em que cada co-aut or seja responsável,
não apenas pelos act os que individualment e praticou, mas t ambém pelo fact o
global, querido por t odos os comparsas (aceit ação de um plano global que
repart e t arefas).
A t ent ativa começa, pois, quando qualquer um do comparsas actue em
concordância com o plano criminoso comum. (inicio coincident e)
Como seguidor dest a solução, ROXIN, rejeit a a posição de SHRODER (co-aut oriaera uma excepção ao principio de que só se responde pelas acções próprias) por
ser inconciliável com o principio da culpa a responsabilização de uma pessoa
pelo que não fez, mas que o out ro fez.
Defende que o co-aut or det ém o domínio f uncional do fact o, assim como o aut or
imediat o o domínio da acção e o aut or mediat o o domínio da vont ade (por erro,
coação, f ungibilidade do agent e imediat o no âmbit o de uma organização de
poder).
Cada co-aut or t em domínio do fact o, devido à repartição de t arefas em que
acordou com os seus comparsas, não só do act o que lhe compet e como de t odo o
fact o.
Refere ainda que seria injust o que aquele que praticasse em moment o post erior
( t arefas a seu ver, mais import ant es), fosse t rat ado favoravelment e do que os
out ros que actuaram em moment o ant erior;
Conclui que a vont ade criminosa, só por si, não f undament a a punição por
t ent ativa, pois t al punição t em t ambém como pressupost o uma actuação ext erna
(que ult rapasse a mera hesit ação).
SCHILLING, defensor da solução individual, most ra que a solução global t em
como raízes hist óricas duas dout rinas, a saber:
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1) DOUTRINA DO CRIME CONJUNTO
A essência da co-aut oria est aria num crime global, que se compõem os
cont ribut os de t odos os co-aut ores, mas constitui um ent e unit ário, distint o
desses cont ribut os - um ser com uma cabeça, uma vont ade e várias mãos, que
são utilizadas com base numa repartição de t arefas.
SCHILLING, a meu ver, com t oda a razão, critica est a posição por cont rariar
front alment e o principio de que a responsabilidade penal é individual.
2) DOUTRINA DA IMPUTAÇÃO DA ACÇÃO
Os comport ament os dos comparsas seriam object o de imput ação recíproca ent re
eles.
SCHILLING critica, mais uma vez, por achar que as actuações dos vários co-
aut ores só poderiam est ar unif icadas num fact o global, na medida em que se
admit a a existência de uma vont ade global colectiva dos co-aut ores, sendo uma
mera f icção normativa (defendida post eriorment e por KUPER).
A ser ver, est a dout rina leva a absorção do sujeit o actuant e na qualidade de
pessoa, por out ro ou out ros sujeit os, havendo uma imput ação por vont adealheia.
Est e aut or, adiant a na sua critica com a sua opinião da co-aut oria: aut oria
singular múltipla, no sentido que só pode ser co-aut or quem preencher os
requisit os específ icos exigidos para o aut or singular pelo respectivo tipo legal.
Penso que não se af igura correct o o mesmo pensament o, por ir cont ra a
aut onomização da co-aut oria no direit o português.
KUPER, defensor da solução global, defende que o domínio f uncional do fact o se
repart e em: domínio positivo (poder de conduzir o processo causal no sentido da
realização do crime) e o domínio negativo (omissão de cont ribut o que impede a
realização do delit o.
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II) SOLUÇAO INIVIDUAL
Resumidament e a t ent ativa é decidida pelo comport ament o de cada comparsa,
não coincidindo o inicio de t ent ativa em t odos.
Est a solução, admit e várias modalidades:
1) FRANK
Inicio da t ent ativa seria quando ele próprio praticasse algum act o, que de acordo
com os crit érios aplicáveis ao aut or singular imediat o fossem act os de execução.
2) Decisão de REICHSGERICHT
Inicio de t ent ativa seria qualquer comport ament o que distinguisse o co-aut or de
um t erceiro, não comparticipant e.
3) SCHILLING
Inicio da t ent ativa bast ava-se com fort aleciment o da resolução criminosa dos
out ros comparsas, result ant e da int ervenção do co-aut or na fase da celebração
do pactum sceleris e elaboração do plano criminoso.
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Figuras Af ins
I) Co-aut or VS Cúmplice:
A maior diferença é que o cúmplice não t em o domínio fáctico do fact o, aocont rario do co-aut or.
II) Co-aut or VS Instigador:
O instigador não t em de praticar nenhum act o de execução; depende apenas docomport ament o de out rem. Enquant o que para a co-aut oria é sempre necessárioa pratica de um act o de execução pelos comparsas.
III) Co-aut or VS Aut or Imediat o:
O aut or imediat o execut a, individualment e, o fact o, pelas suas próprias mãos,
dominando o se e como do cometiment o do crime; enquant o que na co-aut oriaexist e não só uma pluralidade de agent es, movidos por um acordo, para ocometiment o de um crime (f im comum)
IV) Co-aut or VS Aut or Mediat o:
O aut or mediat o domina a vont ade do homem da frent e, inst rument alizando omesmo; realizando o crime por int ermédio de out rem; ao cont rario na co-aut oriaem que t odos são plenament e responsáveis pelo cometiment o do fact o global,pelas suas próprias mãos.
LOGO: os pressupost os de imput ação são diferent es na co-aut oria.
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Posição adopt ada face ao regime jurídico português
Para, conseguir adopt ar a minha posição, é necessário primeiro descortinar
vários artigos:
1) ARTIGO 26º CP
Est e artigo distingue as t rês formas de aut oria (sendo que o instigador apenas é
punido como aut or, a meu ver, sendo uma f igura aut ónoma), enumerando os
pressupost os diversos para cada uma delas.
At ravés dest e preceit o não se consegue aferir qual o moment o do inicio dat ent ativa na co-aut oria (remet o para o artigo 22º CP).
Para a verif icação de uma situação de co-aut oria, a meu ver, é necessário que se
reúnam, cumulativament e, os seguint es requisit os:
1) t omar part e direct a na execução...
Most ra clarament e a aut onomia e nitidez do legislador português relativament e
ao alemão (relembro que o art . 25º do St GB referia apenas que a co-aut oria
consistia em que vários agent es comet essem o fact o punível conjunt ament e; não
referindo a necessidade de pratica de act os de execução).
Como expliquei ant eriorment e, ao assistirmos a uma compatibilidade muit as
vezes, quase exact a dos dois regimes, a feitura dest e artigo, most ra que o
legislador quis, que para a existência de co-aut oria fosse necessário a pratica de
act os de execução e não apenas de act os preparat órios.
Caso cont rario não t eria let ra da lei aquele mínimo de correspondência verbal
(9º Nº2 CC); assim como é necessário t em em at enção a int erpret ação
sist emática, ist o é, a aplicação do art . 22º para as rest ant es formas de aut oria
(aut or imediat o execut a/ aut or mediat o execut a mas por int ermédio de
out rem).
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2) por acordo ou junt ament e com out ro/s
Ant es de mais é necessário precisar na def inição ou ent endiment o de acordo,
para o caso.
Penso que não bast a uma vont ade ou consciência unilat eral de colaboração, sem
o conheciment o dos out ros comparsas cont ra a lógica da co-aut oria
(GUARDADO LOPES).
O acordo inclui não so a decisão de praticar cert o crime, como é compost o pela
repartição de t arefas essenciais para a realização do f im comum tipo ilícit o.
Não pressupõe a participação de t odos na feitura do acordo, sendo que um pode-
se junt ar durant e a execução.
Não t em de ser expresso (pode ser t ácit o ou decorrer de comport ament os merament e concludent es)
Não será, pois, uma decisão conjunt a, como JOSÉ FIGUEIREDO DIAS postula, pois
não refere muit o bem o encont ro de vont ades na repartição de t arefas, apenas
refere a decisão de praticar conjunt ament e.
Exist e a meu ver, uma falsa alt ernatividade dos dois modos de actuação (acordo
OU junt ament e com um ou out ros).
É de rejeit ar que o acordo (aceit ação de um plano comum, agregando as varias
vont ades e repartições de t arefas para execução do f im comum tipo ilícit o) seja
já um act o preparat ório, por não est ar dent ro do art . 22º nº2 c.
Caso cont rario:
-ant ecipar-se-ia o inicio da t ent ativa;
-a simples conspiração seria punida, ist o é, as meras int enções ou propósit os;
-não se pode punir a personalidade criminosa, ou caso cont rario, o Est ado t eria
uma f unção repressiva que ouvisse ou lesse as ment es criminosas (ideia do
livro 1984)
-não há necessidade de pena (18º2), pois não há ainda, necessidade de tut elar
bens jurídicos penais, pois ainda não exist e um minimus de actuação ext erna,
que passa o mundo int erior da vont ade para a efectiva realização do tipo legal,
at ravés de um meio idóneo para a realização do tipo, a previsibilidade.
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A int enção do legislador, ent ende-se, era que o simples acordo nao fosse já um
act o de execução, mas sim um mero act o preparat ório; t odavia é muit o difícil
actuar em sint onia sem um simples acordo, nem que seja t ácit o ou decorrent e decomport ament os concludent es.
Concordo, como t al, com o art . 27/2º do project o de EDUARDO CORREIA que
utilizava a conjunçao E e não OU).
3) DOMINIO FUNCIONAL DO FACTO
Já ROXIN demonst rava que o aut or imediat o detinha o domínio da acção; o aut ormediat o o domínio da vont ade e o co-aut or o domínio f uncional do fact o.
Cada co-aut or é senhor de t odo o fact o (em f unção da assunção de t arefas com o
intuit o de realização do f im comum; sendo que nenhum est a dispost o a actuar
int eirament e o tipo ilícit o).
Torna-se, então, necessário que seja uma t arefa essencial, não mais import ant e,
como ROXIN refere por vezes. Mas essencial no sentido da sua inf ungibilidade e
indefectibilidade.
A aferição da essencialidade deve ser feit a durant e a feitura do acordo, pois
durant e a execução do fact o as coisas podem exigir mudanças de plano.
O cont ribut o de KUPER, foi de ext rema import ância, no sentido em bipolariza
est e domínio de fact o: o co-aut or t em nas mãos o poder de impedir, at ravés da
simples omissão do cont ribut o, que o plano comum se realiza (NEGATIVO); como
t em o poder de realizar t al fact o, dirigindo o processo causal (POSITIVO)
Caso de co-aut oria aditiva de HERZBERG
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Por exemplo: 20 homens acordam mat ar a pessoa X, t odavia não se sabe qual
das balas é mat ou o individuo
Penso, assim como JAKOBS, que já não se t rat a de co-aut oria, mas sim de
actuações paralelas; pois já não exist e nenhuma t arefa essencial. Um só
conseguia o result ado f inal.
Logo, ninguém será punido pelo crime consumado, t endo em cont a o principio de
in dubio pro reu; mas apenas cada um por aut oria imediat a de t ent ativa de
homicídio.
Solução que se oferece mais favorável do que a co-aut oria, pois t odos seriam
punidos como co-aut ores de crime consumado (posição de ROXIN).
Penso, como t al que a t eoria individual se af igura a mais correct a t endo em cont a
um Est ado de Direit o Democrático e os seus princípios subjacent es:
1) O argument o, segundo o qual, não se pode t rat ar de maneira desigual os
co-aut ores que não tiveram t empo para exercer a sua t arefa, daqueles que
já realizaram em primeiro lugar, PECA, porque da mesma maneira não se
pode t rat ar de maneira igual aquele que pratica um crime e quem não
comet e.
2) Não se pode punir pelo que iria fazer. Seria um mundo de ses e
possibilidades. Para a int romissão na esfera jurídica de uma pessoa, num
Est ado de Direit o Democrático é necessário um minimus de solidez e
ext erioridade dos seus act os e não apenas na sua int enção ou conspiração,
caso cont rario seria um pouco como se o olhar mat asse....
3) A solução global violaria o principio da legalidade: pois o art . 26º delimit a
os pressupost os de actuação de cada comparsa. Não se pode alargar o
âmbit o de punição para alem do sentido possível da let ra da lei
incriminadora ( art . 29º nº 1 e 3 CRP + ART. 1/3 CP).
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4) A solução global af igura-se descabida quando relacionada com um acordo
consumado, sem que um comparsa pudesse realizar a t arefa. Sendo que
est e ultimo, para a solução global não é co-aut or, o que levaria que uant o
mais gravoso fosse o fact o ilícit o, melhor seria para o co-aut or.
5) O mesmo se critica relativament e à desistência volunt aria, que implicaria
apenas que o primeiro a actuar, desistisse da pratica do fact o, para lhe
assegurar a impunidade (art . 24º/1), enquant o que os rest ant es t eriam
que realizar uma actividade cont ra-operant e (art . 25º).
2) ARTIGO 22º CP
Delimit a o inicio da t ent ativa, afast ando os act os preparat órios.
É nest e artigo que vamos discutir quando é que se inicia a t ent ativa na co-
aut oria.
Depende da realização de um act o de execução por qualquer um deles ou só e
apenas daquele de cuja responsabilização se t rat a?
A Professora FERNANDA PALMA refere que a responsabilidade afere-se pela
pratica de act os de execução de um fact o comparticipado por um, vários ou t odos
os co-aut ores, o mesmo é dizer, que se inicia pela ocorrência do inicio de
execução global def inido pela idoneidade (ou previsibilidade previa) quant o à
produção do result ado t ípico, at ravés de uma conjunção de vont ades.
O Professor JOSE FIGUEIREDO DIAS refere que a responsabilidade se afere
quando cada um praticou um act o de execução.
A Professora CONCEIÇAO VALDAGUA explica que a t ent ativa começa, em relação
a cada co-aut or, quando o respectivo agent e, em conformidade com o plano de
execução do fact o acordado ent re ele e os out ros comparsas, pratica ou t oma
part e direct a na pratica de um act o de co-aut or (22nº2 a b) OU quando o
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respectivo agent e, em conformidade com o aludido plano, pratica ou t oma part e
direct a na pratica de um act o de cumplicidade, ao qual, segundo a experiencia
comum e salvo circunst ancias imprevisíveis, t endo em cont a o dit o plano, ira
seguir-se em est reit a conexão t emporal, um act o de co-aut or, a praticar pelo
mesmo agent e ou em cuja pratica ele t omará part e direct a (art . 22nº2 c).
A meu ver, a opinião da Professora CONCEIÇAO VALDAGUA é um pouco
vacilant e, pois mistura as f iguras de co-aut oria e cumplicidade, que nada têm que
ver, como ant eriorment e expus.
O cúmplice prest a auxilio mat erial ou moral àquele comport ament o proibido,
nos t ermos do art . 27º, não pratica a acção t ípica, não comet e qualquer forma o
delit o
Requer acessoriedade, pois não é ele que comet e o fact o ilícit o e só será punido
se o aut or imediat o o for, enquant o que na co-aut oria, ainda que nenhum sozinha
consiga realizar um element o constitutivo do tipo ilícit o, participa
conjunt ament e na execução do mesmo.
Import a sint etizar:
Em primeiro lugar, t emos de t er sempre o plano comum como element oint erpret ativo, caso cont rario, est ar-se-ia a desvirtuar o sentido do mesmo
acordo.
Em segundo lugar, urge int erpret ar correct ament e o art . 22nº2c. os que
segundo o plano comum e salvo circunst ancias imprevisíveis, forem de natureza
a fazer esperar que lhes sigam act os das espécies indicadas nas alíneas
ant eriores, o mesmo é dizer, quando, à luz do plano comum, o bem jurídico
penal f ique desprot egido ou sem a barreira de prot ecção (física ou não).
Aplicando para t al a dupla conexão de JOSE FIGUEIREDO DIAS: Conexão tipica:
quando o act o já se int romet e na esfera jurídica da vitima ou do bem jurídico
alvo; Conexão de Perigo: implica uma cert a conexão t emporal, ent re as alíneas
ant eriores.
3) ARTIGO 29º CP
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Est e preceit o most ra que cada agent e, independent ement e, de se int egrar nest a
ou naquela cat egoria, é punido em f unção da sua culpa. (a punição de um não
depende da culpa do out ro).
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Exemplif icação
I) A e B, marido e mulher, tinham concert ado o cometiment o de um f urt o
numa habit ação alheia, onde ambos penet rariam e efectuariam, em
conjunt o, a subt racção dos object os cobiçados, depois de A t er abert oo fecho que na primeira fase A actuaria isoladament e, sem qualquer
int ervenção de B. A tinha já enf iado a gazua na fechadura e procurava
que est e abrisse a port a, para então int ervir, em conformidade com o
plano criminoso, os dois foram surpreendidos pelo dono da casa, o
que os impedir de realizarem o project ado f urt o.
Resolução:
- A vai ser punido por t ent ativa de delit o;
- B não vai ser punido como co-aut or, mas simples cúmplice, pois ao est ar
à espera com o marido não corresponde à t omada da part e direct a da
execução, não praticando nenhum act o de execução (não cont ribuindo
para a criação de perigo para o bem jurídico alvo). Consist e num simples
auxilio moral ao aut or imediat o cumplicidade.
II) A e B, marido e mulher. A mulher quer obt er bilhet es grátis de
comboio e planeia o delit o de burla. O marido t eria que apresent ar ao
seu superior hierárquico para assim conseguir os bilhet es.
Resolução:
-ambos são punidos como co-aut ores.
-o marido não é aut or mediat o, pois a mulher não domina a sua vont ade,
sendo o marido plenament e responsável pelos act os que livrement e decidiu praticar.
-há clarament e um plano de assunção de t arefas.
III) acordo: A/B/C iriam arrombar a casa alheia, t odos eles armados com
uma pist ola. Acordaram quer se alguém os perseguisse, t odos
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disparariam. Ao t ent arem abrir a janela, foram surpreendidos pelo
dono da casa. A/B dispararam e C é ferido por erro na pessoa.
Resolução:
-C não é punido por t ent ativa co-aut or, não chegou a execut ar o fact o.
-é punido por cúmplice.
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Conclusão
Após a explanação sumaria de algumas dout rinas alemãs, assim como
portuguesas, concluí pela adesão à solução individual, respeit ando os requisit os
legais da co-aut oria: 1) pratica de act os de execução (sendo que o acordo, comoexpliquei, não pode ser considerado um act o de execução, mas sim um act o
preparat ório); 2) um acordo ou actuação conjunt a (sendo que, o acordo se
af igura indispensável para uma actuação em sint onia); 3) domínio f uncional do
fact o.
Quant o ao inicio da t ent ativa da co-aut oria af igura-se necessário que cada
comparsa t ome part e direct a na execução, para ser punido por t ent ativa, que de
acordo com o art . 22º nº2c, passa pela exposição do bem jurídico alvo a um risco
ou perigo, sem barreira de prot ecção.
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Faculdade Direit o Lisboa
O início da tentat iR
a na co-autoria
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Bibliograf ia
-Valdágua, Maria Conceição: Início da t ent ativa do co-aut or;-Dias, José Figueiredo: Direit o Penal;-Palma, Maria Fernanda Palma: Da t ent ativa possível em Direit o Penal