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Documentos 111

Editores TécnicosAlberto Carlos de Queiroz PintoEvie dos Santos de SousaVictor Hugo Vargas Ramos

Tecnologia de Produção eComercialização da Lima-ácida‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Brasília, DF2004

ISSN 1517-5111

Março, 2004Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa CerradosMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa CerradosRod. BR 020, Km 18, Rod. Brasília–FortalezaCaixa Postal 08223CEP 73301-970 Planaltina, DFFone: (61) 388-9898Fax: (61) [email protected]

Comitê de Publicações da Embrapa Cerrados

Presidente: Dimas Vital Siqueira ResckEditor Técnico: Carlos Roberto SpeharSecretária-Executiva: Nilda Maria da Cunha Sette

Revisor de texto: Corina Barra SoaresNormalização bibliográfica: Celina Thomaz de CarvalhoFotos da capa: Chaile Cherne Soares EvangelistaEditoração eletrônica: José Batista Dantas

1a edição1a impressão (2004): 500 exemplares

Embrapa 2004©

Todos os direitos reservadosA reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIPEmbrapa Informação Tecnológica

Tecnologia de produção e comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba edo Maracujá-azedo para o Cerrado / editores técnicos, Alberto Carlos deQueiroz Pinto; Evie dos Santos de Sousa; Victor Hugo Vargas Ramos. –Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2004.69 p. : il. – (Documentos, 111).

ISSN 1517-5111

1. Comercialização. 2. Fruticultura. 3. Manejo. 4. Mercado. 5. Produção.6. Variedade. I. Pinto, Alberto Carlos de Queiroz. II. Sousa, Evie dosSantos de. III. Ramos, Victor Hugo Vargas. IV. Título.

CDD 634.6

Autores

Dirceu de Mattos Jr.Engenheiro Agrônomo, DoutorCentro APTA Citros Sylvio Moreira / IAC, Rod. Anhangüera, Km 158,Cordeirópolis, SPE-mail: [email protected]

José Dagoberto De NegriEngenheiro AgrônomoCentro APTA Citros Sylvio Moreira / IAC, Rod. Anhangüera, Km 158,Cordeirópolis, SPE-mail: [email protected]

Marcelo Fideles BragaPesquisador da Embrapa CerradosCaixa Postal 08223, 73310-970 Planaltina, DFE-mail: [email protected]

Nilton Tadeu Vilela JunqueiraPesquisador da Embrapa CerradosCaixa Postal 08223, 73310-970 Planaltina, DFE-mail: [email protected]

Ryosuke KavatiEngenheiro Agrônomo, M.Sc.Dextru/Cati, Caixa Postal 960, 130001-970 Campinas, SPE-mail: [email protected]; [email protected]

Apresentação

A fruticultura é uma das mais importantes áreas do agronegócio brasileiro,tendo as vendas de frutas frescas para o exterior alcançado, em 2003,US$ 335,3 milhões, com expectativa, para 2004, de US$ 375 milhões, oque corresponde a um aumento de 15% em relação a 2003. De acordo comdados do Ibraf, o setor frutícola representa uma área de 3,4 milhões dehectares, com produção estimada de 38 milhões de toneladas de frutas, eemprega atualmente mais de 5 milhões de pessoas. Há uma relação deinvestimento e emprego da ordem de US$ 3,3 mil investidos na fruticultura,que corresponde a um novo emprego ofertado.

Essa área do agronegócio tem se revelado uma boa alternativa para pequenose grandes empreendedores rurais do Cerrado. São mais de 2,4 milhões detoneladas de frutas produzidas em cerca de 147 mil hectares, o querepresenta 6,3% e 0,43% do total da produção e da área cultivada comfrutas no Brasil, respectivamente. Só no Distrito Federal, o mercadomovimenta cerca de 30 milhões de reais ao ano, com tendência decrescimento anual de 2,4%.

Apesar do grande potencial edafoclimático dos Cerrados para a produção defrutas, produtores e empresários da região necessitam estabelecer novasdiretrizes para instalar um novo pólo tecnológico frutícola. Para alcançar essepropósito, a Embrapa Cerrados, com o importante apoio do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa/Profruta), do Sebrae do DistritoFederal, da Federação de Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (Fape-DF)

e do Sindicato de Floricultores, Fruticultores e Horticultores do DistritoFederal (Sindifhort-DF), promove o Curso sobre Lima-Ácida Tahiti, Maracujáe Goiaba no Cerrado e o Seminário sobre Sistema de Produção Integrada(PIF) e Comercialização de Frutas no Cerrado.

Este livro, da Série Documentos, resulta do esforço de técnicos do CentroAPTA de Citros Sylvio Moreira e da Coordenadoria de Assistência TécnicaIntegral (Cati), ambos de São Paulo, além da Embrapa Cerrados, para tornardisponível muitas das tecnologias básicas desenvolvidas no cultivo dalima-ácida Tahiti, do maracujá-azedo e da goiaba, para a obtenção de frutosde qualidade e em condições de competir com vantagens nos mercadosinterno e externo.

Roberto Teixeira AlvesChefe-Geral da Embrapa Cerrados

Lima-ácida ‘Tahiti’ .................................................................. 9Introdução .............................................................................. 9Variedades e clones ............................................................... 10Mudas de qualidade ............................................................... 13Podas .................................................................................. 13Sistemas de produção ............................................................ 14Produção na entressafra ......................................................... 15Qualidade da fruta, mercado e comercialização ........................... 17Referências .......................................................................... 20Literatura recomendada .......................................................... 20

Goiaba ................................................................................... 23Introdução ............................................................................ 23Cultivares ............................................................................ 24Mudas de qualidade ............................................................... 27Podas .................................................................................. 28Manejo de pragas e produção integrada ..................................... 30Regras importantes da produção integrada ................................. 39Mercados para a goiaba .......................................................... 42Referências .......................................................................... 45

Maracujá-azedo .................................................................... 47Introdução ............................................................................ 47Clima e solo .......................................................................... 48Escolha da cultivar ................................................................. 48

Sumário

Tipos de mudas ..................................................................... 50Implantação do pomar ............................................................ 50Tratos culturais ..................................................................... 53Floração e frutificação ............................................................ 63Polinização ........................................................................... 63Produção e produtividade ........................................................ 64Produção orgânica ................................................................. 65Colheita e pós-colheita ............................................................ 65Embalagens e comercialização ................................................. 65Referências .......................................................................... 66Literatura recomendada .......................................................... 66

Lima-ácida ‘Tahiti’José Dagoberto De NegriDirceu de Mattos Jr.

Introdução

A limeira-ácida tem-se destacado no grupo dos citros por conta da sua

utilização, como fruta fresca, para condimentar alimentos, preparar

refrescos ou decorar pratos e bebidas, tanto no mercado nacional como no

internacional. Ressalte-se ainda o valor industrial da fruta para a produção de

suco concentrado congelado e de óleo essencial extraído da casca, na indústria

química de alimentos e na de perfumaria, respectivamente. Além disso,

as propriedades medicinais do fruto como antioxidante, anti-séptico e

estimulante da digestão determinam sua ampla utilização em formulações

homeopáticas.

O Estado de São Paulo é o maior produtor brasileiro de lima-ácida ‘Tahiti’, com

cerca de 35 mil hectares e produção de 798 mil toneladas, em 2002,

representando 81% do mercado brasileiro (Tabela 1).

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Variedades e clones

A mais importante variedade de lima-ácida produzida no Estado de São Paulo é a‘Tahiti’, Citrus latifolia (Yu. Tanaka) Tanaka, também conhecida nos EUA,Flórida, como Tahiti lime, e Bearss lime, na Califórnia, e ainda limón Persa oulimón Tahití, no México, e lima ácida de fruto grueso, na Espanha. É reconhecidomundialmente por apresentar frutos grandes, verdes e desprovidos de sementes.

Embora não esteja definitivamente esclarecida a origem da variedade ‘Tahiti’, ésabido que se trata de um híbrido, cujos parentais eram uma lima-ácida comsementes (lima-ácida Galego) e provavelmente uma cidra (ou um limão).A variedade ‘Tahiti’ é uma espécie triplóide, cujos pólen e óvulos não sãoviáveis e, por isso, produz frutos por partenocarpia, que são considerados frutosaspérmicos (sem sementes). São ainda monotípicos, ou seja, apresentam baixavariação morfológica, razão pela qual os frutos são muito parecidos nas váriasregiões produtoras.

No Brasil, são cultivados diversos clones de ‘Tahiti’. No Estado de São Paulo,encontra-se o clone ‘IAC-5’ ou ‘Peruano’ e outro clone velho, contaminado como complexo-de-viróides-dos-citros (CVd), inclusive o da exocorte (CEVd),denominado ‘Quebra-galho’. Acredita-se que o clone ‘Tahiti IAC-5’ no Brasil,

Estado

São PauloBahiaRio de JaneiroRio Grande do SulEspírito SantoCearáSergipeParanáMinas GeraisParáGoiásPernambucoDistrito FederalPiauíOutros estadosBrasil

(ha)

35.2123.0561.9111.802

967967

1.087631

1.035512507384267228

1.55950.125

(%)

70,256,103,813,601,931,932,171,262,061,021,010,770,530,453,11

100,00

(1.000 caixasde 25 kg)

31.9501.7411.1531.022

869396372365358298219119114108297

39.382

(t)

798.75143.52928.81825.56021.728

9.8949.2959.1358.9547.4505.4822.9652.8502.7107.430

984.551

(%)

81,134,422,932,602,211,000,940,930,910,760,560,300,290,280,75

100,00

(t/ha)

22,6814,2415,0814,1822,4710,238,55

14,488,65

14,5510,817,72

10,6711,894,77

12,73Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2004).* Refere-se ao total de limas-ácidas e limões (estes últimos em pequena proporção, cuja produção se

concentra em parte da Região Sul do Brasil).

ÁreaProdução

Rendimento

Tabela 1. Produção brasileira de limão* em 2002 (adaptado).

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procedente da Califórnia, seja o mesmo material genético do Bearss lime, já queapresentam enorme similaridade, tanto no aspecto das árvores como dos frutos.Como o material americano foi obtido provavelmente de um seedling, a partir deraras sementes conseguidas de uma planta na Ilha de Taiti, é de se supor que o‘IAC-5’ seja livre de exocorte, já que a propagação via semente teria “filtrado” aspartículas dos viróides, determinando assim uma seleção sadia.

No Nordeste, outros clones, de origem nucelar e pré-imunizados, denominadosCNPMF-1 e CNPMF-2, estão bem difundidos. O primeiro foi avaliado na regiãode Bebedouro, SP, apresentando bom comportamento e produção.Recentemente, foi lançado pela Embrapa o CNPMF 2000, outro clone promissor.

Ainda podemos contar, em âmbito mundial, com dois acessos de germoplasmasda Espanha, dez acessos da Córsega (França), embora, nesse último caso, amaioria do material seja procedente do Brasil e dos EUA, dispondo os EstadosUnidos, por sua vez, de dois clones nucelares. A baixa disponibilidade dematerial genético explica a pequena variabilidade da espécie, o que não deixa deser um risco para a cultura em caso de introdução ou aparecimento de pragas oudoenças limitantes ao cultivo da lima-ácida ‘Tahiti’.

As diferenças entre os dois principais clones cultivados em São Paulo sãoapresentadas na Tabela 2 e justificam, de certa forma, a grande preferência queos produtores têm pelo clone ‘Quebra-galho’ (porte adequado ao adensamento,

Tabela 2. Características dos principais clones de ‘Tahiti’ cultivados em SãoPaulo.

Fonte: Figueiredo e Stuchi (2003).

Característica

Porte da árvoreDensidade foliarProdutividadeCor do frutoManchas claras no frutoHipertrofia de cáliceFissura de tronco e ramosUniformidade de plantasLongevidadeSazonalidade de produçãoFloradas temporãsRamosExocorte

’IAC-5’

Até 5 mAltaAté 200 kg por plantaVerdeEm número maiorNãoAusênciaUniformesMaior (± 10 anos)Maior no 1o semestreMais definidasNão-quebradiçosAusência do viróide

‘Quebra-galho’

3 a 3,5 mBaixa120 a 150 kg por plantaVerde-escuroPoucas manchas clarasSimPresençaDesuniformesMenor (< 10 anos)Pouco maior no 2o semestreConstantesFáceis de quebrarPresença do viróide

michelle
Figueiredo e Stuchi (2003).

12 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

maior número de floradas, maior produção no período de entressafra, melhorperíodo para comercialização), em detrimento do ‘IAC-5’, embora enfrente algunsproblemas de ordem sanitária ou fisiológica.

A diversificação de uso de porta-enxertos em pomares de ‘Tahiti’ também émuito pequena, razão pela qual predomina o limão ‘Cravo’ nos nossos cultivos,principalmente pela boa produtividade alcançada. Estudos sobre odesenvolvimento de plantas, produtividade, resistência à seca e tolerância adoenças estão orientados a ampliar essa base genética para o ‘Tahiti IAC-5’,tendo-se obtido bons resultados com o citrumelo ‘Swingle’, o Poncirus trifoliata,a tangerina ‘Cleópatra’ e o limão ‘Volkameriano’. Recentemente, estão sendoestudados novos porta-enxertos para o ‘Quebra-galho’, verificando-se, entreeles, a utilização de trifoliata Flying Dragon, cujas características induzem umpronunciado nanismo das plantas, o que definirá novas estratégias de plantio emcultivos mais adensados.

A boa associação entre tecidos do porta-enxerto e da copa é condiçãoindispensável para obter-se uma muda de qualidade superior, capaz de produzirfrutos nas condições almejadas pelos produtores e requeridas pelos consumidores.A famosa frase “a muda é a pedra angular da citricultura”, dita pela primeira vez em1931, pelo prof. Peter Henry Rolfs, em Viçosa, MG, continua atual.

Com a introdução de algumas doenças transmissíveis por vetores e limitantes emcitros, como a clorose-variegada-dos-citros (CVC), no início da década de 90, osistema de produção de mudas do Estado de São Paulo precisou ser modificado,atingindo, em poucos anos, o patamar de o melhor e o mais seguro sistema demultiplicação de material genético do mundo, desde a obtenção de borbulhassadias de plantas matrizes até a multiplicação e a utilização do materialvegetativo para a formação das mudas para comercialização. Todo esse processose desenrola em ambiente protegido, em modernas estufas e telados revestidospor malhas de polietileno à prova de afídios e cigarrinhas vetoras de doenças, oque garante a sanidade das mudas.

A partir de 1º de janeiro de 2003, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária doEstado de São Paulo, por meio da Portaria CDSV 03, de 30 de agosto de 1999,tornou obrigatória a produção de mudas de citros em ambiente protegido, emtodo o seu território. Durante o período de 3,5 anos, os viveiristas tiveramoportunidade de adaptar instalações do viveiro ao novo processo, o que semdúvida reforça a possibilidade de aquele estado continuar sendo o maiorprodutor mundial de citros.

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Mudas de qualidadeNos últimos anos, o aparecimento de outras doenças limitantes aodesenvolvimento de citros e também disseminadas por vetores, como é o casoda morte-súbita-dos-citros (MSC), e, nesse ano, do huanglongbing (HLB) ougreening, reitera o juízo de que a produção de mudas sadias de qualidade é açãonecessária ao setor. Um programa de certificação e mandatório previne não só aintrodução de novas doenças, como evita sua disseminação, ao recorrer aosuprimento sadio de borbulhas e mudas. O suporte, a cooperação e a ativaparticipação dos viveiristas e produtores são procedimentos essenciais paragarantir o sucesso de um programa de certificação obrigatório de produção demudas de qualidade superior.

Podas

Após o estabelecimento da muda no campo, iniciam-se as práticas de manejodas plantas, aí incluídos os trabalhos de poda. De uma maneira geral, os citros e,em especial, as limas-ácidas não necessitam dessa técnica para a produção defrutos, diferentemente do que ocorre com as frutíferas de folhas decíduas. Emalguns momentos, porém, é preciso efetuá-las, como é o caso de podas deformação da copa, para dar estrutura à planta em todo o processo produtivo.Essas podas iniciam-se após o plantio das mudas, continuam durante asprimeiras vegetações e só finalizam quando a planta tem de 6 a 12 ramos bemespaçados e distribuídos de tal forma que a arquitetura da planta venha asuportar todo o seu desenvolvimento e produção. Durante a etapa dedesenvolvimento, a retirada de ramos “ladrões”, cruzados ou malformados deveser feita sistematicamente. Já na etapa produtiva, a poda só é viável paramelhorar a sanidade da copa e principalmente para recuperar a folhagem perdidae a queda de produtividade daquela planta. Ao permitir maior entrada deluminosidade no interior da copa, melhora-se a qualidade dos frutos,especialmente sua coloração, e diminui-se a ação de patógenos, como aantracnose e a melanose, que provocam a queda de frutos jovens e reduzem aqualidade externa dos frutos, respectivamente.

As podas mecanizadas de topo ou laterais apresentam as vantagens de seremrápidas e dispensarem mão-de-obra especializada, mas eliminam ramos bons eprodutivos entre aqueles indesejáveis, exigindo, portanto, um bomplanejamento, do qual conste uma análise econômica de risco.

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Sistemas de produção

Os sistemas de produção agrícola têm sido modificados em decorrência dosnovos avanços tecnológicos e da maior pressão dos consumidores por alimentossadios, na concepção de sistemas integrados de produção, sustentabilidadeambiental e segurança alimentar, com vista à expansão da produção e da renda.Identificam-se atualmente três sistemas de produção:

• Convencional. Tem como características: intenso manejo de solo, poucocontrole sobre o uso dos agroquímicos, emprego de agrotóxicos na pós-colheita, nenhum controle sobre os produtos de fertilização, controle de pragasseguindo um calendário, nenhum controle de certificação ou de rastreabilidadee ausência de regulamentação.

• Integrado. Caracteriza-se por: manejo mínimo do solo, uso limitado deagroquímicos, emprego restrito de agrotóxicos na pós-colheita, uso deprodutos fertilizantes de origem química ou orgânica e de monitoramento parao controle de pragas, existência de programa de certificação e rastreabilidade, eregulamentação, pela Instrução Normativa no 20, de 27/9/2001, do Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

• Orgânico. Tem as seguintes propriedades: manejo mínimo do solo, proibiçãodo uso de agroquímicos, sendo permitido apenas a aplicação de produtosnaturais, não-utilização de agrotóxicos na pós-colheita, emprego exclusivo deprodutos fertilizantes de origem orgânica, monitoramento contínuo para ocontrole de pragas, existência de um programa de certificação e rastreabilidade,e regulamentação, pela Instrução Normativa no 007, de 17/5/1999, do Mapa,e pelo Regulamento no 2.092, de 24/6/1991, da CEE.

São poucos os produtores de lima-ácida ‘Tahiti’ que exploram a produçãoorgânica em São Paulo, que possui nichos especiais de mercado, comconseqüente agregação de valor ao produto. Na sua produção, os agricultoresadotam tecnologias que otimizam o uso de recursos naturais, minimizando,assim, a dependência de energias não-renováveis, sem recorrer ao emprego deagroquímicos ou outros insumos tóxicos, organismos geneticamentemodificados (OGM) ou transgênicos e radiações ionizantes, nas várias fases doprocesso de produção, armazenamento e comercialização. Pretendem, com isso,oferecer produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, por estarem isentosde qualquer tipo de contaminante, garantindo, assim, a saúde do consumidor epreservando o ambiente. Esse tipo de produto, além de ser muito bem aceito

15Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

pelo mercado nacional, é requisito para a exportação de frutos frescos paraalguns países da Europa.

Consciente da enorme demanda internacional por esse tipo de produto limpo, ogoverno brasileiro vem implementando um programa de Produção Integrada deFrutas (PIF) no Brasil. A PIF Tahiti, estabelecida nos Estados de São Paulo ePiauí, vem formulando normas específicas de cada fase de produção, packing-house e exportação. A produção integrada é uma forma de garantir que as frutasproduzidas cumpram exigências nacionais e internacionais em conformidade comum sistema sustentável, isto é, economicamente viável, ambientalmente correto esocialmente justo, sem contaminação residual e biológica.

Produção na entressafraEmbora a conquista do mercado externo seja um dos objetivos precípuos daprodução de lima-ácida ‘Tahiti’, é no mercado interno que grandes quantidadesdo produto são negociadas. Com efeito, a exportação representa apenas 7% daquantidade comercializada, destinando-se grande parte da produçãoprioritariamente ao mercado interno. Nas condições paulistas, graças a floradasdiversas, há dois períodos de produção bem caracterizados: um, no primeirosemestre, que representa cerca de 70% da produção anual, quando os preçoscaem, oportunidade ideal para a exportação de frutos in natura e para oprocessamento industrial, na forma de suco concentrado congelado; o outro, nosegundo semestre, com 30% do total produzido, quando os preços sãoaltamente vantajosos, podendo alcançar mais de cinco vezes (400%) o valormais baixo de comercialização (Tabela 3). Há anos que a sazonalidade dospreços da variedade ‘Tahiti’ manifesta, durante o ano, a mesma tendência,

Ano

19992000200120022003

Média*/m ê s

Fonte: Agrianual (2004). US$ = R$ 3,00. * Média deflacionada segundo IGP-DI (FGV) .

Jan.

1,922,582,002,172,42

3,25

Tabela 3. Variação de preços alcançados pelo ‘Tahiti’, em São Paulo,1999–2003 (US$/cx. de 25 kg).

Fev.

1,581,751,831,751,83

2,50

Mar.

1,421,502,831,922,17

2,75

Abr.

1,421,422,752,001,92

2,67

Maio

1,751,672,173,421,83

3,00

Jun.

2,172,002,173,422,67

3,50

Jul.

2,332,832,754,67

4,58

Ago.

6,088,253,675,50

8,75

Set.

5,589,923,677,00

9,50

Out.

8,5812,174,00

11,25–

12,92

Nov.

n.d.8,005,83

10,42–

10,50

Dez.

4,082,673,675,50

5,33

Média*/ano

5,836,924,336,002,17

_

16 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

permitindo que o produtor reconheça o mês de pico, que é novembro, caindo ospreços a partir dele (Fig. 1). É por essa razão que todos os produtores seempenham por uma produção extemporânea de entressafra, embora ainda nãotenham obtido sucesso.

Muitas foram as tentativas dos pesquisadores de produzir frutas temporãs davariedade ‘Tahiti’, mas os melhores resultados, ainda que incertos, foramalcançados com a técnica de derrubada de florada principal (agosto–setembro)com o uso de fitorreguladores, seguida do forçamento da floração nos meses demarço e abril seguintes.

Dos tratamentos utilizados, o de melhor resultado técnico-econômico foi aassociação de etephon (250 mg L-1) com uréia a 1%, aplicados via foliar, nafloração. Esses produtos promovem, porém, uma acentuada queda de folhas elesões em ramos novos, chegando mesmo a secá-los. É necessário, ademais,colher os frutos antes da aplicação, porque, como o produto não é seletivo, comsua aplicação verifica-se a queda dos frutos já desenvolvidos. Os resultados danova floração no final do verão não foram, mesmo assim, convincentes emalguns locais, ou mesmo incertos em determinados anos de um mesmo local,razão pela qual essa tecnologia não tem uma aplicação comercial maisabrangente. Quando ela é bem-sucedida, obviamente tem que ser acompanhadapor práticas adequadas de irrigação, adubação e demais tratos culturais noperíodo que vai da formação dos frutos até a colheita, que, em São Paulo, seestende por 5 a 7 meses.

Fig. 1. ‘Tahiti’: variação mensal de preços em São Paulo (1999/2003).

17Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Outra alternativa, experimentada na Bahia, resultou de uma pesquisa em que aderriça manual de flores e frutos provocou um maior número de frutostemporões, em comparação com os fitorreguladores. Estudos realizados nos EUAcom a aplicação de ácido giberélico, no final do período de déficit hídrico,resultaram na redução de brotações floríferas, inibindo, portanto, oflorescimento. Entretanto, a maneira mais simples e barata encontrada pelosprodutores para conseguir tais objetivos é a colheita sistemática dos frutos, oque, de certa forma, induz a planta a floradas sucessivas, aumentando aprobabilidade de colheitas no segundo semestre. Em qualquer dos métodosutilizados, as adubações, especialmente a nitrogenada e a de micronutrientes,revestem-se de grande importância, especialmente no período que antecede abrotação e o florescimento de final de verão.

Qualidade da fruta, mercado ecomercialização

A qualidade do produto é o atributo mais importante na comercialização. Dessaforma, o fruto da lima-ácida ‘Tahiti’ deve apresentar frescor, elevado teor desuco e integridade das glândulas de óleo da casca. Existem características epadrões mínimos a serem cumpridos para a entrega dos frutos nos mais distintosmercados, mas, de uma maneira geral, há necessidade de se cumprir alguns,como o diâmetro mínimo do fruto, o aspecto da casca, a coloração uniforme sembandeiras esbranquiçadas (manchas na casca causadas pelo sombreamento defolhas e frutos encostados), o teor mínimo de suco, além da ausência dequalquer defeito causado por agentes físicos, químicos ou biológicos. Durantetodo o processo de colheita e pós-colheita, a fruta deve ser manejada de formacuidadosa e não ser exposta ao sol, para evitar perdas por oleocelose e podridãoapical, que podem atingir até 10% do volume total colhido.

Para o mercado interno, o suprimento de ‘Tahiti’ ocorre durante o ano todo,embora apresente picos de oferta e demanda distintos nos dois semestres. Nessemercado, ainda se utilizam métodos de embalagem em caixas de madeira tipo M,retornáveis, que comportam 29 kg, com capacidade para 21 a 27 dúzias,dependendo do calibre dos frutos. Como esse tipo de embalagem é condenável,atualmente utilizam-se sacos de polipropileno, tipo ráfia, com capacidade para5 e 20 kg. Normalmente, a depender de exigências do cliente, os frutos de cadasaco são classificados num só tipo, de acordo com o Programa Brasileiro para aMelhoria dos Padrões Comerciais e Embalagens de Hortifrutigranjeiros, lançadopela Ceagesp, que especifica cor, tamanho, aspecto e qualidade (Fig. 2).

michelle
(Fig. 2).

18 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Em âmbito mundial, os grandes produtores e competidores no mercado de lima-ácida ‘Tahiti’ são o México e o Brasil. Com uma produção que vem crescendonos últimos anos, os mexicanos detêm cerca de 15% do total mundial de limase limões, com uma produção, em 2003, de 1,8 milhão de toneladas, enquantoos brasileiros, também em ritmo crescente, estão se aproximando de 1 milhão detoneladas (Tabela 4). A grande vantagem é que nossa produtividade, a partir de2001, tem-se mostrado 30% a 35% maior que a dos mexicanos, e estamosincrementando-a com o uso de novos clones, melhores porta-enxertos eadubação, novas práticas de manejo e, principalmente, com uma adequação dosespaçamentos, visando a uma produção por área e não mais por planta, como sepraticava outrora.

A exportação brasileira de fruta fresca e de óleo de ‘Tahiti’ tem oscilado, mascontinua dando bons resultados, evidenciando o crescimento de quantidades e

Fig. 2. Lima-ácida

em tamanho e

forma ideais para

o mercado

interno.

Ano

19992000200120022003

(t)

1.367.5021.661.2201.594.0201.725.0901.824.890

(%)

13,0914,9013,4914,5414,66

Área(ha)

112.045122.755126.281127.063141.005

Rendimento(t/ha)

12,2013,5312,6213,5812,94

Produção

MéxicoMundo

produção(t)

10.444.46311.145.49211.820.36511.862.04412.451.680

Rendimento(t/ha)

11,8411,4819,5419,6419,00

Área(ha)

46.55450.32349.37150.12550.000

(%)

5,285,188,168,307,63

(t)

551.279577.582964.817984.551950.000

Produção

Brasil

Tabela 4. Evolução comparativa entre os maiores produtores de lima-ácida(1999–2003).

Fonte: Food and Agriculture Organization (2004).

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Food and Agriculture Organization (2004).

19Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

valores, com conseqüente agregação de valor ao produto nacional (Tabela 5).Existe uma demanda razoável por ‘Tahiti’, tanto na Europa como no Japão e nosEUA. Mercados como Reino Unido, Países Baixos, Alemanha, Portugal e Canadájá são supridos pelo produto brasileiro (Fig. 3). O Japão e os EUA são os maiorescompradores de ‘Tahiti’ mexicano, embora a Europa também seja abastecida poreles. O maior propósito dos produtores é participar desses novos mercados,especialmente o dos EUA, onde, atualmente, há restrições de ordem fitossanitáriamal justificadas tecnicamente, impostas ao produto brasileiro. O governobrasileiro vem atuando para conquistar esse que é o maior mercado consumidorde lima-ácida ‘Tahiti’. Com competência e qualidade vai ser possível conquistá-lo.

Tabela 5. Volume e valor de exportação de lima-ácida ‘Tahiti’ brasileira quantoao fruto fresco (1990 a 2000) e a seu óleo (1990 a 1998).

Volume(t)

2.6733.5763.4114.0172.4981.0071.1631.5122.3015.3366.972

Valor(US$ 1000)

8211.4991.5571.9791.492

558591909

1.4232.9623.661

Preço(US$/t)

307419456493597554508601618555525

Quantidade(t)

7,179,349,2

5,340,1

7,949,687,454,4n.d.

n.d.

Preço(US$/kg)

4,912,483,60

10,856,305,63

13,807,587,93n.d.n.d.

Ano

19901991199219931994199519961997199819992000

Fruta fresca Óleo de lima-ácida

Fonte: Boteon & Vidal (2001).

Fig. 3. Lima-ácida

‘Tahiti’, fruto tipo

exportação.

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20 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Referências

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GoiabaRyosuke Kavati

Introdução

A goiabicultura industrial é provavelmente a cadeia produtiva que maisrapidamente se adequou aos novos requisitos determinados pelo último plano deestabilização econômica implantado no Brasil, em julho de 1994. A novasituação, caracterizada por altos custos financeiros, inviabilizava o estoque degrandes quantidades de matéria-prima, o que determinou a falência de grandesprocessadoras de goiaba, que produziam a polpa da fruta durante a safra – entreos meses de janeiro e março – e a processavam ao longo do ano, para afabricação de doces. Nos demais meses, a mesma unidade industrial processavaoutros produtos, como o tomate.

Atualmente, o setor se caracteriza pela presença de pequenas e médias indústrias,que processam exclusivamente goiaba ao longo de todo o ano. A nova situaçãoprovocou uma profunda mudança no sistema produtivo, cuja rápida adequaçãosó foi possível pela disponibilidade de tecnologia nos sistemas de produção degoiaba destinada ao consumo ao natural. Não se tratou, neste caso, de simplestransferência de uma tecnologia de um sistema de produção para outro. Foramnecessárias muitas adaptações em todas as etapas do cultivo, desde a adoção deuma nova tecnologia de produção de mudas e a utilização de novas variedadesmais adequadas, até a reformulação do espaçamento de plantio, do sistema deformação de plantas, enfim de todas as etapas da produção.

A mudança ocorrida no setor de produção de goiabas para a indústria afetou,logicamente, o mercado de fruta fresca, uma vez que parte da goiaba produzida

24 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

durante o ano para processamento industrial é enviada para o mercado de frutafresca, mais remunerador, constituindo uma concorrência desleal com osprodutores que se dedicam exclusivamente à produção de frutas de mesa. Issolevou o setor de produção de goiaba para mesa a promover, por sua vez, umaevolução, principalmente em melhoria de qualidade.

Recentemente, em face das novas preocupações dos consumidoresem relação à qualidade dos alimentos, principalmente quanto à sua inocuidade,aliadas à questão da sustentabilidade do sistema de produção direcionada aimpedir a degradação do meio ambiente, surgem novas exigências a todos osenvolvidos na cadeia produtiva. Mais uma vez o setor de produção degoiaba mostrou-se capaz de se adequar rapidamente, pela implantação de novastécnicas de cultivo, que permitem produzir frutas com qualidades externas einternas correspondentes aos requisitos exigidos pelos consumidores.Se se somarem a isso as novas descobertas científicas relacionadas ao valornutricional da goiaba, fica justificado o aumento significativo da demanda dessafruta, tanto na forma fresca quanto na processada.

Cultivares

A goiabeira, por ser uma planta de fácil propagação e disseminação por meio desementes, associada à própria morfologia floral que favorece a polinizaçãocruzada (ZAMBÃO & BELLINTANI NETO, 1998), é uma espécie que apresentauma grande variabilidade genética. A capacidade de algumas pessoasreconhecerem a potencialidade de um dado clone e a persistência em multiplicá-lo e disseminar esse material foi, até hoje, a principal forma de obtenção dasprincipais cultivares existentes no Brasil, especialmente daquelas destinadas àprodução de fruta para o consumo na forma natural. Nos trabalhos demelhoramento em instituições de pesquisa, sobressaem os resultados obtidospela FCAVJ/Unesp, de Jaboticabal, SP, responsável pelo lançamento dasprincipais cultivares destinadas à industrialização.

O cultivo de goiaba para mesa iniciou-se, com mais intensidade, peladisseminação das cultivares denominadas Ogawa, principalmente a Ogawa no 1Vermelha, obtida em Seropédica, RJ, que foi, durante muito tempo, a maisimportante cultivar dos pomares comerciais na Região Sudeste do País.O desenvolvimento de técnicas de propagação vegetativa, especificamente o uso

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25Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

de vazadores na borbulhia, também desenvolvida pelo mesmo produtor, foifundamental para o estabelecimento e a difusão dessa cultivar.

Outra contribuição marcante para a história da cultura foi a seleção e a difusão dacultivar Kumagai, obtida no Município de Campinas, SP, que ainda representa aprincipal cultivar de polpa branca produzida no Estado de São Paulo.

As duas cultivares podem ser consideradas as grandes propulsoras doestabelecimento do comércio de goiaba como fruta fresca nos mercados daRegião Sudeste do Brasil, nas décadas de 70 a 90.

Nos plantios destinados ao processamento industrial, predominaram, até meadosda década de 90, o cultivo da goiaba “comum”, propagada por semente.O lançamento das cultivares Rica e Paluma, em 1986, foi de grande importânciapara a adequação da produção do setor, a partir de meados da década de 90,graças às características excepcionais da cultivar Paluma, associadas ao empregoda técnica de propagação pelo enraizamento de estacas semi-herbáceas,desenvolvida simultaneamente ao lançamento dessas cultivares.

As cultivares de goiaba mais importantes foram descritas por ocasião do1o Simpósio Brasileiro sobre a Cultura da Goiabeira, conforme se lê abaixo:

Cultivares de polpa branca – Em 1997, três cultivares eram consideradasimportantes: Kumagai em São Paulo, Ogawa no 1 Branca no Rio de Janeiro eIwao no norte do Paraná. Mesmo que aquelas cultivares não atendessem àexcelência os mercados existentes, não se observou o surgimento de novosmateriais promissores, a não ser de algumas cultivares de origem chinesa,plantadas ainda em pequena escala, nas regiões de Limeira e São José do RioPreto, no Estado de São Paulo, que, no entanto, apresentavam extremasuscetibilidade às doenças fúngicas. No Nordeste, alguns viveiristas têmmultiplicado um material de origem colombiana, que apresenta algumascaracterísticas bastante interessantes, com uma densa espessura da polpa e oreduzido número de sementes.

Cultivares de polpa vermelha – Nesse grupo, se observa a existência de um bomnúmero de novas cultivares, que apresentam características mais apreciadas pelomercado. Além da Ogawa no 1 Vermelha, da Ogawa no 3, da Paluma, da PedroSato e da Sassaoka, descritas no 1o Simpósio, verificou-se grande interesse dosprodutores pelas seguintes cultivares:

26 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Hiramoto Açu – Selecionada no Município de Pariquera-Açu, SP, a partir deplantas originárias de sementes. A planta é medianamente vigorosa, decrescimento ereto, e é bastante produtiva. Produz frutas muito grandes, deformato arredondado, com a casca bastante rugosa, mesmo quando totalmentemadura, ocasião em que apresenta coloração amarelo-alaranjado-intensa. É tidacomo uma fruta que amadurece muito rapidamente.

Cascão – Fixada a partir de uma variação da cultivar anteriormente conhecida naregião de Valinhos, SP, pelo nome de Sassaoka. É também conhecida por algunsprodutores pelo nome de Hirayama. O fruto tem formato arredondado, é grande etem casca bastante rugosa.

Século XXI – Lançada em fins de 2001 pela FCAV/Unesp de Jaboticabal, SP, éo resultado do cruzamento de Supreme-2 com Paluma. A planta tem pequenovigor, grande produtividade e ramificação com tendência a crescimentohorizontal. A fruta é de tamanho grande, com leve pescoço, polpa espessa,firme, rosada, com pequeno número de sementes pequenas (Fig. 1A e 1B). Essacultivar tem uma alta relação Sólidos Solúveis Totais/Acidez Total Titulável –SST/ATT, o que resulta no sabor bastante doce, diferente do da Paluma.

Fig. 1. A cultivar Século XXI produz frutos de tamanho grande (Fig. 1A) e polparosada com poucas sementes (Fig. 1B).

Outras cultivares obtidas em Jaboticabal e que ainda estão em avaliaçãoapresentam grande potencial graças a certas características que apresentam.Assim, segundo PEREIRA & NACHTIGAL (2003), o clone identificado como8501, resultante do cruzamento de Rica com EEF-3, apresenta resistência aoataque de psilídeo. O clone 8503-08, um cruzamento de Rica com Patillo-5,produz frutas de polpa vermelha, com um aroma bastante suave.

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PEREIRA & NACHTIGAL (2003),

27Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Mudas de qualidade

Numa rápida verificação da história do sistema de propagação da goiabeira noBrasil, observa-se que, até meados da década de 80, grande parte dos plantiosainda era feita por semeadura direta nas covas definitivas, apesar de já estardisponível a tecnologia de mudas enxertadas por borbulhia, utilizadaprincipalmente pelos produtores de goiaba de mesa.

Atualmente, praticamente toda a propagação da goiabeira é feita porenraizamento de estacas semilenhosas, tecnologia que viabilizou o rápidocrescimento da área plantada com materiais melhorados. No entanto, o sistemade produção de mudas ainda apresenta uma série de limitações. Assim, é aindacomum a produção de mudas de goiabeira com o emprego de solo comosubstrato, fato esse agravado pela atual inexistência de produtos químicoseficientes para desinfestação do solo, especialmente quando se visa ao controlede nematóides. Isso resultou num rápido alastramento de espécies altamentedanosas à goiabeira, como é o caso do Meloidogyne mayaguensis, tida porLIMA (2004) como a maior ameaça à goiabicultura nacional, por promover umrápido depauperamento da planta atacada, seguido de sua morte, por conta dadestruição do sistema radicular.

Cuidados para reduzir o risco de a muda disseminar pragas e patógenos são hojeadotados por alguns viveiristas, conscientes da importância de seu papel nacadeia produtiva. Com esse objetivo, são atualmente bastante utilizados, comosubstratos, produtos contendo argila expandida e compostos de resíduos daindústria de celulose.

Atualmente um bom viveiro comercial produz mudas em sacolas de plásticorepletas de substratos comerciais, com controle de pragas e doenças,especialmente nematóides, assegurado pelo bom manuseio desse materialdurante as operações de armazenamento, transporte e enchimento das sacolas, ecomprovado pela análise laboratorial na época da comercialização da produção.A disposição das sacolas de plástico com substratos sobre bancadas elevadas,não permitindo o contato da muda com o solo, o uso de água de boa qualidadee um ambiente protegido do trânsito de pessoas e animais são fundamentais paraa produção de mudas com as qualidades e garantias mínimas atualmenterequeridas.

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LIMA (2004)

28 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

PEREIRA e NACHTIGAL (1977) descrevem os métodos de propagação dagoiabeira em uso no País, detendo-se especificamente na propagação porestaquia herbácea.

Podas

O hábito de florescimento contínuo e a grande adaptabilidade da planta avariadas condições climáticas fazem da goiabeira uma cultura bastante adequadaao manejo da safra, para possibilitar a obtenção de colheita em período de preçosfavoráveis, ou para escalonar a produção, distribuindo a colheita ao longo doano.

A goiabeira floresce apenas no ramo do ano, mais especificamente na base doramo em desenvolvimento. Portanto, qualquer estímulo a uma nova brotação apartir de uma gema do ano ou de mais de um ano pode promover oflorescimento na planta, e havendo condições internas e externas favoráveis àfrutificação e ao desenvolvimento adequada da fruta, pode-se obter uma safra.

Dos vários métodos existentes de estímulo à brotação, a poda constitui o maisutilizado e com melhores resultados em fruticultura, uma vez que atende aosdiversos objetivos que uma produção comercial requer. Na cultura da goiaba,são feitas a poda de formação e a poda de frutificação, podendo esta última sercontínua ou total.

Com a poda de formação pretende-se obter uma planta de porte baixo, com trêsou quatro pernadas formando uma taça aberta, com estrutura forte e equilibrada,de modo a facilitar as operações de tratos culturais e suportar o peso de umagrande produção.

A poda de frutificação pode ser contínua, quando apenas uma parte da plantasofre encurtamento de ramos de cada vez, podendo essa operação ser feitaconstantemente, ao longo do ano, o que proporciona colheita durante o anotodo na mesma planta, desde que as condições básicas para isso sejamatendidas, como a disponibilidade de água e nutrientes e temperatura ideal.Nesse sistema de poda, a planta apresenta, simultaneamente, todos os estádiosfenológicos, o que implica a necessidade de controlar todas as pragas e doençasque afetam a cultura regularmente. Isso afeta, porém, a garantia de isenção deresíduos tóxicos na fruta produzida por esse regime de poda. Assim, a produçãoobtida nesse sistema não atende aos requisitos de inocuidade, sustentabilidade erespeito ao meio ambiente.

michelle
PEREIRA e NACHTIGAL (1977)

29Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

O sistema que o produtor deve adotar, por ser mais racional, é o da poda total,com a formação de diversos talhões podados em épocas diferentes, para aobtenção da colheita ao longo de todo o ano. Nesse sistema, grande parte dosramos é encurtada ao mesmo tempo, de forma a obter uma uniformidadefenológica em cada talhão. Como se trata de uma intervenção drástica na planta,a resposta esperada, ou seja, a brotação com flores, depende de muitos fatoresinerentes às condições da planta no momento da poda e da própria característicada cultivar.

PIZA Jr. (2002) apresenta, como regra geral, três condições fisiológicas básicaspara o uso da poda em goiabeira:

a) Após a colheita de uma safra, a planta deve passar por um período derepouso, em condições adversas ao desenvolvimento vegetativo.

b) Quanto mais vigorosa estiver a planta, mais longa será a poda.

c) manter os ramos, especialmente as extremidades das pernadas, de preferênciaaquelas de crescimento vertical, como garantia dos processos vitais da planta.A quantidade de ramos deixados intactos depende do vigor da planta. Essesramos devem ser eliminados em 30 a 40 dias, quando os ramos encurtados jáestiverem com brotação.

O manejo da safra na cultura da goiaba é feito, basicamente, por meio de podas,que estimulam novas brotações, resultando em um novo ciclo reprodutivo.Portanto, o ciclo fenológico da cultura inicia-se com a operação de poda, quepode ser realizada em qualquer época do ano, desde que a temperatura do ar e aumidade do solo não limitem o desenvolvimento vegetativo e o reprodutivo daplanta.

Dois são os tipos básicos de poda empregados na cultura:

a) Poda contínua, cuja operação é feita em partes da planta e que, por resultarem vários ciclos fenológicos simultâneos, não é um sistema adaptado aospreceitos da produção integrada.

b) Poda total (Fig. 2), que pode ser realizada em toda a área ou por talhão,consiste em efetuar a operação em toda a planta, uniformizando-afenologicamente, e que, por isso, é o tipo de poda recomendada na produçãointegrada de goiaba.

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PIZA Jr. (2002)
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Fig. 2),

30 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Manejo de pragas eprodução integrada

Embora a fruticultura brasileira tenha obtido, recentemente, avanços tecnológicosmarcantes no setor produtivo, algumas áreas continuam a apresentar problemasque interferem na produtividade e, principalmente, na qualidade da frutaproduzida (SOUZA FILHO & COSTA, 2003). Uma dessas áreas problemáticas éa fitossanitária, que direta ou indiretamente tem comprometido odesenvolvimento sustentável dessa cadeia. Esse tipo de problema já se arrastapor muito tempo, por razões bastante conhecidas, podendo-se ressaltar opequeno investimento em pesquisas no setor. As conseqüências vão desde ainexistência de agrotóxicos registrados para o uso na cultura para o controle dassuas principais pragas e doenças até a falta de informações sobre o manejoadequado da lavoura.

Em recente levantamento realizado pela Equipe Técnica da Produção Integrada daGoiaba (PIF), constatou-se a ocorrência de 28 tipos de pragas e doenças no

Fig. 2. Fenologia da goiabeira variedade Kumagai pelo sistema de poda total e seu

uso na convenção utilizada para aplicação do MIP à planta, considerando sua

condução.

*O estádio de “chumbinho” é representado pelos frutos após a caída das pétalas.

Obs.: O período, em dias, de cada fase fenológica varia com a época do ano em que

a operação de poda foi realizada.

0Poda

Estádio1

Dias30

Brotação

Estádio2

60Floresci-mento

Estádio3

120Frutos

“chumbinho”*

Estádio4

150Frutos

com 1,5 cmde diâmetro

Estádio5

180Frutos

com 2 a3 cm

Estádio6

230Colheita

Estádio7

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SOUZA FILHO & COSTA, 2003).

31Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

País, das quais apenas oito têm pelo menos um produto registrado para o seucontrole. Essa situação se torna mais crítica quando se considera que, dos12 principais problemas de ordem fitossanitária de maior ocorrência, apenasquatro têm algum produto registrado (Tabela 1), informações essas obtidas emum levantamento de campo realizado do Estado de São Paulo e no qual foramouvidos mais de 200 goiabicultores de todas as regiões produtoras.

Os poucos produtos registrados são, em sua grande maioria, constituídos decompostos químicos bastante antigos, cuja principal característica é o largoespectro de ação, provavelmente a principal causa da situação atual, em quepragas consideradas secundárias assumem grande importância. Essa gravesituação não é exclusiva da cultura da goiaba, mas de todas as exploraçõesfrutíferas consideradas como mercado pouco atrativo para a indústria dedefensivos agrícolas. Isso tem impedido a produção de frutos que atendam aosrequerimentos do mercado externo, requisitos que também estão sendo exigidospelo mercado interno. É necessária, portanto, uma rápida reestruturação dosmecanismos que regulam o setor.

Tabela 1. Pragas da cultura da goiaba no Estado de São Paulo e situação atualquanto ao número de produtos registrados no controle químico dessas pragas.

Fonte: PIF-Goiaba, 2004.

Ordem

010203040506

070809

1011

12

Praga

FerrugemPsilídeoBesouro-amareloMosca-das-frutasBacteriosePercevejos

GorgulhoAntracnoseCochonilhas

ÁcarosLagartas

Verrugose

Agente

Puccinia psidiiTriozoida sp.Costalimaita ferrugineaAnastrepha fraterculusErwinia psidiiMonalonium spp.Leptoglossus stigmaHolhymenia clavigeraConotrachelus psidiiColletotrichum gloeosporioidesCeroplastes spp.Pseudococcus sp.Polyphagolasonemus latusDuas espécies não identificadas queatacam o ponteiro e as frutasElsinoe pitangae

Produto registrado

2000300000800100

32 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

O grande avanço obtido nessa área resultou do Projeto de ProduçãoIntegrada de Goiaba, que viabilizou a formação de uma equipe multidisciplinar,responsável pela elaboração e pelo aperfeiçoamento de um modelo deManejo Integrado de Pragas para Goiaba, já em aplicação há quase 2 anos, emcerca de 30 propriedades rurais, somando mais de 150 talhões. Esse trabalhojá proporcionou resultados bastante significativos, como o reconhecimentode dezenas de inimigos naturais em pomares de goiaba e a identificaçãodos produtos mais seletivos para a diminuição de mais de 40% do númerode aplicações de defensivos realizadas por ciclo e para o conhecimentodas fases fenológicas associadas aos possíveis danos provocados pelaspragas.

O modelo em aperfeiçoamento atualmente utilizado no campo e a ficha deanotação no monitoramento dessas pragas podem ser encontradas na publicaçãoProdução Integrada de Goiaba (2002).

As principais pragas da cultura da goiaba, cuja população pode ser monitoradapor meio do emprego de técnicas de MIP, são as seguintes: besouro-amarelo,ferrugem, gorgulho, percevejos e psilídeo. A descrição dessas pragas e adiscussão dos períodos e dos estádios críticos (Fig. 2) são feitas a seguir:

Besouro-amareloNome científico: Costalimaita ferruginea (Coleoptera, Chrysomelidae).

Hospedeiros alternativos: Trata-se de uma praga polífaga, que ataca não sófruteiras, mas também outras espécies, como eucalipto, algodoeiro, capim-marmelada, feijoeiro, etc. Entre as fruteiras, ataca as folhas de abacateiro,bananeira, cajueiro, macieira, jabuticabeira, jambeiro, videira e mangueira.

Inimigos naturais: Há relato da sua predação por Supputius cincticeps(Hemiptera: Pentatomidae).

Aspectos biológicos: As larvas vivem no solo, onde se alimentam de raízes.Os adultos emergem do solo após a ocorrência de chuvas que propiciem umbom molhamento do solo.

Condições favoráveis: A época normal de ocorrência da praga é nos meses finaisda primavera, logo após a ocorrência de chuvas intensas, que deixem o solobastante molhado.

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Produção Integrada de Goiaba (2002).
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(Fig. 2)

33Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Períodos e estádios críticos: O inseto emerge do solo com as primeiras chuvaspesadas (mais de 20 mm) de primavera (outubro/novembro). O período críticoinicia-se cerca de 5 dias após essas chuvas, prolongando-se poraproximadamente 2 semanas.

Monitoramento e nível de ação: No período crítico, monitorar, a cada 2 a 3 dias,2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão, de preferêncianas bordaduras. Verificar a presença do inseto ou de seus danos (folhasrendadas), nos ramos terminais de cada quadrante da planta (Fig. 3).

Constatada a presença do inseto ou de seus danos, a planta será consideradainfestada.

O nível de ação será atingido quando 20% das plantas monitoradas estivereminfestadas.

Por se tratar de uma praga que normalmente vem de fora do pomar, a inspeçãodeverá ser realizada de preferência na sua periferia, assim consideradas as trêsprimeiras plantas ou linhas do talhão.

Manejo cultural: Na instalação de novos pomares, deve ser considerada apresença, nas proximidades, de culturas altamente visadas pela praga, como é ocaso do eucalipto. É preciso manter uma vegetação no solo, tanto para dificultarque o inseto complete o seu ciclo biológico, como para favorecer a atividade depossíveis inimigos naturais.

FerrugemAgente: Puccinia psidii.

Hospedeiros alternativos: O fungo ataca várias mirtáceas, incluindo o eucalipto ea jabuticabeira.

Antagonistas: Não são conhecidos antagonistas desse fungo.

Etiologia: No pomar, o fungo é disseminado pelos ventos, o que permite queocorram vários ciclos da praga no mesmo ano agrícola, acompanhando os surtosvegetativos.

Condições favoráveis: Presença de tecidos jovens de ramos, folhas, botõesflorais e frutos novos, em condições climáticas favoráveis, ou seja, umidaderelativa igual ou superior a 90% por mais de oito horas e temperatura entre

34 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

18 ºC e 25 ºC, o que normalmente ocorre nas estações de outono e inverno.Condições de baixa luminosidade favorecem bastante a infecção.

Períodos e estádios críticos: Esse período começa logo após a poda (Fig. 2),quando se inicia a brotação, até 2 semanas após as folhas atingirem o completodesenvolvimento e os frutos apresentarem diâmetro de, pelo menos, 3 cm,quando tais condições forem coincidentes com umidade e temperatura favoráveisao desenvolvimento do fungo, o que normalmente ocorre nos meses de outonoe inverno.

Monitoramento e nível de ação: Deve ser realizado no período crítico,compreendendo os estádios de brotação até quando os frutos atingirem cerca de3 cm de diâmetro, que corresponde ao estádio 6 (Fig. 2), em condições de climafavorável ao fungo. Monitorar semanalmente 2% das plantas, ou no mínimo20 plantas por talhão, inspecionando-se o terço inferior da região central da copa(Fig. 4) e observando-se a ocorrência do fungo nas folhas novas, nos botõesflorais, nas flores e nos frutos. Constatando-se sintomas da presença do fungoem qualquer dos órgãos examinados, a planta será considerada infectada.

Durante o período crítico, o nível de ação será atingido quando 10% das plantasmonitoradas estiverem infectadas. Após o término do período crítico, ou depoisque os frutos tenham sido ensacados, o nível de ação será atingido quando20% das plantas monitoradas estiverem infectadas.

Manejo cultural: No manejo cultural, deve-se considerar os seguintesaspectos:

a) Em novos pomares, evitar a proximidade de outras mirtáceas, principalmenteeucaliptos.

b) Preferir variedades com maior tolerância à doença e utilizar espaçamentosmaiores.

c) Efetuar podas que propiciem maior arejamento da copa.

d) Realizar desbrotas sistemáticas.

e) Fazer o manejo das plantas invasoras por meio de roçadas.

f) Evitar o excesso de adubação nitrogenada.

g) Utilizar irrigação subcopa.

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Fig. 2),
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Fig. 2),
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(Fig. 4)

35Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

h) Não realizar mais de três aplicações seguidas com fungicidas sistêmicos,devendo sempre alternar com um de contato, para evitar a formação de raçasresistentes.

i) Na utilização de fungicidas à base de cobre, acrescentar à calda 0,5% de óleomineral ou vegetal emulsionável, como medida auxiliar de controle decochonilhas.

GorgulhoNome científico: Conotrachelus psidii (Coleoptera, Curculionidae).

Hospedeiros alternativos: Goiabeiras e araçazeiros são citados como hospedeirosda praga.

Inimigos naturais: Formigas predadoras Pheidole oxyops, Ectatoma planidens,Olenopsis invicta, Neoponera villosa e Odontomachus bauri.

Aspectos biológicos: Para ovipositarem, as fêmeas fazem, com o aparelho bucal,perfurações em frutos, onde colocam um único ovo. Após 6 dias da postura,ocorre a eclosão da larva, que penetra no interior do fruto, onde se alimenta dapolpa e das sementes. Passados de 30 a 35 dias, a larva abandona a fruta e seaprofunda no solo, onde se transforma em pupa, permanecendo nesse estádiopor 3 a 4 meses. Após esse período, havendo condições de umidade no solo, oadulto emerge, originando uma nova geração da praga. Os adultos de ambos ossexos se alimentam dos botões florais, deixando pequenas perfurações.

Condição favorável: Deve haver umidade no solo para que ocorra a emergênciado adulto.

Períodos e estádios críticos: Quando os estádios de chumbinho (estádio 4) até oestádio em que os frutos tenham atingido 2 a 3 cm de diâmetro (estádio 6)coincidirem com a época quente e chuvosa (Fig. 2).

Monitoramento e nível de ação: No período crítico, monitorar, semanalmente,2% de plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão, observando-seum fruto em cada quadrante (Fig. 3), no terço médio da copa (Fig. 4).Ao encontrar um fruto atacado, examinar pelo menos mais 20 frutos da mesmaplanta. Caso haja outros frutos atacados, proceder ao monitoramento das quatroplantas vizinhas. Havendo frutos atacados em pelo menos uma das plantasvizinhas, o conjunto será considerado infestado.

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(Fig. 2).
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(Fig. 3),
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(Fig. 4).

36 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

O nível de ação será atingido quando 20% dos conjuntos monitorados estivereminfestados.

Manejo cultural: Eliminar os frutos pequenos que apresentarem sintomas deataque por ocasião do raleio. Recomenda-se coletar e destruir todos os frutosdesenvolvidos e/ou maduros com sintomas de ataque da praga, pois os frutos,nessa idade, ao caírem no solo, apodrecem, propiciando que as larvas dogorgulho dêem continuidade ao seu ciclo de vida, por favorecerem o início deuma nova geração da praga.

PercevejosNomes científicos:

Monalonion annulipes (Hemiptera, Miridae) (percevejo-da-verrugose)

Leptoglossus gonagra (Hemiptera, Coreidae)

Leptoglossus stigma (Hemiptera, Coreidae)

Leptoglossus zonatus (Hemiptera, Coreidae)

Leptoglossus fasciatus (Hemiptera, Coreidae)

Holhymenia clavigera (Hemiptera, Coreidae).

Hospedeiros alternativos: Essas espécies são altamente polífagas. Assim, sãoreferidas como pragas da maioria das espécies frutíferas cultivadascomercialmente, além de atacarem espécies bastante distintas, a exemplo demilho, cucurbitáceas, mamoneira, algodoeiro e girassol. Algumas espécies têmbastante afinidade com plantas invasoras, como é o caso do melão-de-são-caetano, hospedeiro clássico de L. gonagra; guanxuma, de L. zonatus;mussambê, de L. gonagra, etc.

Inimigos naturais: Adultos de H. clavigera são parasitados por Hexacladia smithii(Hymenoptera: Encyrtidae). Gryon gallardoi e Gryon sp. (Hymenoptera:Scelionidae) parasitam ovos de L. zonatus. Trichopoda pennipes (Diptera:Tachinidae) parasita adulto de L. zonatus. Eucelatoriopsis sp. e Hydallohoughiasp., ambos dípteros, atacam percevejos. Hadronotus barbiellinii (Hymenoptera:Scelionidae) é parasitóide de ovos de percevejos.

37Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Aspectos biológicos: O ciclo evolutivo de L. zonatus é de 60 dias emtemperaturas amenas. O ciclo de L. gonagra varia de 80 a 90 dias, comincubação de 8 dias e fase ninfal de 55 dias.

Condições favoráveis: Períodos com altas temperaturas são bastante favoráveisaos insetos. Apesar de se alimentarem também das partes vegetativas, apresença de frutos é muito favorável ao aumento da população. L. zonatus eL. gonagra ocorrem o ano todo, com picos populacionais de novembro a abril.H. clavigera ocorre preferencialmente de setembro a abril, com pico em janeiro.

Períodos e estádios críticos: Os percevejos atacam botões florais e frutos emtodos os seus estádios de desenvolvimento. Os botões florais, quando picados,geralmente caem, e os frutos mais desenvolvidos ficam deformados, comcicatrizes bem visíveis nos locais onde o inseto fez a punctura para a suaalimentação. Considerar como o período crítico a fase de formação do botãofloral (entre os estádios 2 e 3) até a colheita, que corresponde ao estádio 7(Fig. 2).

Monitoramento e nível de ação: No período crítico, monitorar, semanalmente,2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão, observando-sea presença de insetos (adultos ou ninfas) ou sinais do ataque da praga em frutosou botões florais, em dois ramos localizados no terço médio da copa (Fig. 4), emcada quadrante da planta (Fig. 3). Quando for encontrado um inseto ou órgãodanificado (fruto e/ou botão floral), a planta será considerada infestada. O nívelde ação será alcançado quando 20% das plantas monitoradas estivereminfestadas.

Manejo cultural: Eliminar os frutos pequenos que apresentarem sintomas deataque por ocasião do raleio. As plantas infestantes, no interior e em torno dopomar, devem ser mantidas com o porte baixo durante os períodos favoráveis àpresença da praga.

PsilídeoNome científico: Triozoida sp. (Hemiptera, Psylidae).

Hospedeiros alternativos: Não se conhecem relatos de ocorrência dessa praga emoutras culturas, apesar de ser constatada sua ocorrência em diversas plantasinfestantes.

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Fig. 2).
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(Fig. 4),
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Fig. 3).

38 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Inimigos naturais: São relatadas como espécies predadoras: joaninhas Cyclonedasanguinea e Scymnus spp., aracnídeos, crisopídeos, sinferobiídeos, sirfídeos eestafilinídeos. Moscas cecidomiídeas e microimenópteros calcidídeos eencirtídeos são considerados parasitóides de psilídeos. Cladosporiumcladosporioides é tido como agente patogênico.

Aspectos biológicos: As fêmeas efetuam a postura ao longo dos ramos, dosponteiros e das folhas novas. O período de incubação é de 7 a 9 dias, e o ninfal,variável, de 29 a 35 dias. As ninfas sugam os bordos das folhas que, emvirtude das toxinas injetadas, enrolam-se e deformam-se, adquirem a coloraçãoamarelada ou avermelhada e posteriormente entram em necrose.

Condições favoráveis: O período mais favorável ao ataque compreende osmeses de primavera e verão, quando as temperaturas são elevadas, geralmenteassociadas com alto índice pluviométrico.

Períodos e estádios críticos: Após a poda, quando da emissão das novasbrotações, até o início de desenvolvimento do fruto, entre os estádios 2 e 4(Fig. 2).

Monitoramento e nível de ação: No período crítico, monitorar, semanalmente,2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão. Em cada plantaa ser monitorada, verificar a presença de sintomas de ataque ou de ovos, ninfasou adultos do inseto nos dois últimos pares de folhas, em um ramo porquadrante, localizado no terço superior da copa (Fig. 4). A planta seráconsiderada infestada quando for constatada a presença do inseto ou de seusdanos em pelo menos um quadrante da planta (Fig. 3).

O nível de ação será atingido quando 30% das plantas monitoradas estivereminfestadas. No período não-crítico, o nível de ação é maior, ou seja, quando50% das plantas estiverem infestadas.

Manejo cultural: O solo deve ser mantido com vegetação constante, sendo omanejo das plantas infestantes feito por meio de roçadas, a fim de permitir amanutenção da fauna de inimigos naturais. A adubação nitrogenada deverá serfeita com cuidado, para evitar a brotação excessiva da planta, o que favoreceriasua colonização pela praga. Inseticidas piretróides não deverão ser utilizados nacultura, por causarem desequilíbrios biológicos, que favoreceriam a incidênciadessa praga.

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Fig. 2).
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(Fig.
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Fig. 4).
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Fig. 3).

39Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Regras importantesda produção integrada

Em pomares de goiaba manejada por meio da poda total, o ciclo fenológico e osperíodos críticos de ocorrência de cada praga seguem a seqüência da Fig. 2.Deve-se considerar os aspectos climáticos que ocorrem em cada estádiofenológico, pois interferem de maneira marcante na ocorrência e na intensidadedos danos causados por praga.

A amostragem, o monitoramento das principais pragas e as regras de aplicaçãosão descritas a seguir e realizadas em campo, utilizando-se um diagrama da copada planta (Fig. 3 e 4) e uma ficha de inspeção (Anexo 1), em que se anotam aspragas e os inimigos naturais.

Fig. 4. Planta

observada

lateralmente,

com a copa

dividida em três

alturas.

Fig. 3. Copa da

planta vista por

cima, dividida em

quadrantes

(a, b, c, d).

a b

c d

40 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Amostragens das principais pragasBesouro-amareloa) Amostrar 2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão, depreferência localizadas na bordadura do pomar.

b) Verificar a presença da praga ou de seus danos em cada quadrante da planta.

c) Considerar que a planta estará infestada depois de constatada a presença dapraga ou de seus danos.

d) Identificar o nível de ação, que será atingido quando 20% das plantasmonitoradas estiverem infestadas.

Ferrugema) Amostrar 2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão.

b) Inspecionar a região central da copa no terço inferior (Fig. 4), observandosintomas da doença nas folhas novas, nos botões florais, nas flores e nos frutos.

c) Considerar que a planta estará infestada depois de observados sintomas dapresença do fungo em qualquer dos órgãos examinados.

d) Identificar o período crítico, cujo nível de ação será atingido quando 10% dasplantas monitoradas estiverem infectadas. Fora dele, ou após o ensacamento dosfrutos, o nível de ação será alcançado quando 20% das plantas monitoradasestiverem infectadas.

Gorgulhoa) Amostrar 2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão.

b) Entre os estádios “chumbinho” (estádio 4) e o ensacamento dos frutos noestádio 6 (Fig. 2), examinar um fruto em cada quadrante, no terço médio dacopa (Fig. 3 e 4). Ao encontrar um fruto atacado, examinar pelo menos mais20 frutos da mesma planta. Caso haja outros frutos atacados, proceder aomonitoramento das quatro plantas vizinhas.

c) Se constatar a presença de frutos atacados em pelo menos uma das plantasvizinhas, o conjunto será considerado infestado.

d) Identificar o nível de ação, que será atingido quando 20% das plantasmonitoradas estiverem infestadas.

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(Fig. 2),
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(Fig. 3
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4).

41Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Percevejosa) Amostrar 2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão.

b) Observar a presença de insetos (adultos ou ninfas) ou sinais do ataque dapraga em botões florais ou frutos, em dois ramos localizados no terço médio dacopa, em cada quadrante da planta (Fig. 3 e 4).

c) Quando for encontrando 1 inseto ou órgão injuriado, a planta seráconsiderada infestada.

d) Identificar o nível de ação, que será atingido quando 20% das plantasmonitoradas estiverem infestadas.

Psilídeoa) Amostrar 2% das plantas do talhão, ou, no mínimo, 20 plantas por talhão.

b) Em cada quadrante, examinar a presença de sintomas de ataque da praga (oua presença de ovos, ninfas ou adultos) nos dois últimos pares de folhas deramos localizados no terço superior da copa (Fig. 4).

c) Considerar a planta infestada quando for constatada a presença do inseto oude seus danos em pelo menos um quadrante da planta.

d) Identificar o período crítico, cujo nível de ação será atingido quando 30% dasplantas estiverem infestadas. Fora do período crítico, o nível de ação seráalcançado quando 50% das plantas estiverem infestadas.

Inimigos NaturaisÁcaro predadorNos ramos escolhidos para exame de psilídeos, inspecionar a face inferior dasfolhas mais velhas com o auxílio de uma lupa de dez vezes de aumento, àprocura de ácaros predadores.

AranhasExaminar as plantas amostradas, à procura de adultos.

Crisopídeos (bicho-lixeiro)Examinar as plantas amostradas, à procura de ovos, larvas (bicho-lixeiro) eadultos.

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(Fig. 3
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4).
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(Fig. 4).

42 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

FormigasExaminar as plantas amostradas, à procura de insetos adultos.

JoaninhasExaminar as plantas amostradas, à procura de adultos ou larvas,preferencialmente nas folhas novas.

Percevejos predadoresExaminar as plantas amostradas, à procura de adultos ou ninfas.

Vespinhas (parasitóides)Examinar as plantas amostradas, à procura de insetos adultos.

Mercados para a goiaba

Como a produção comercial de frutas é feita pela possibilidade decolocá-las em mercados muitos diferentes, que têm exigências específicas,muitas vezes bastante distintas entre si, a escolha da cultivar a ser plantadaprecisa levar em consideração especialmente os requerimentos e ascaracterísticas do mercado onde o produtor pretende oferecer a suaprodução. Por ocasião do 1o Simpósio sobre a Cultura da Goiabeira, realizado emJaboticabal, SP, em 1997, foram identificados e caracterizados cinco mercadosdistintos para a goiaba. Decorridos 6 a 7 anos desse evento, observou-se odesaparecimento de alguns segmentos, como o mercado de fruta para oprocessamento na safra, que, pelo menos nas condições do Estado de SãoPaulo, não existe mais, e algumas pequenas modificações na caracterização deoutros mercados.

A produção econômica de goiaba no Estado de São Paulo exige a oferta doproduto ao longo de todo o ano, já que o mercado de fruta, há muito tempo,remunera melhor o produtor nos períodos considerados de entressafra.O processamento industrial da fruta caracteriza-se, atualmente, por inúmeraspequenas unidades industriais, que produzem e comercializam, ao longodo ano, a polpa de goiaba com 13º a 14º Brix. Esse produto semiprocessado éadquirido e reprocessado por indústrias detentoras de marcas, que os oferecemno mercado varejista sob a forma de sucos e doces.

43Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Mercado de exportaçãoNo mercado internacional, onde a Comunidade Européia é a grande compradorade goiaba, predominam quase que exclusivamente as variedades de polpabranca, oriundas principalmente do Sudeste Asiático, cujas frutas secaracterizam externamente pela presença de sulcos bem demarcados, quecorrespondem à divisão dos lóculos internos, apresentam polpa espessa e umreduzido número de pequenas sementes. Alguns produtores de origemchinesa vêm produzindo frutas de cultivares provenientes de Formosa, queapresentam essas características, mas são extremamente suscetíveis a doençasfúngicas.

O Brasil tem exportado anualmente cerca de 400 t de goiaba para esse mercado,oriundas basicamente do Estado de São Paulo, como a cultivar Kumagai.Pequena quantidade de frutas de polpa vermelha tem sido exportada, atendendoa nichos de mercado que se baseiam no propalado efeito benéfico do licopeno,um poderoso antioxidante contido em grandes proporções em frutasavermelhadas (PIEDADE NETO, 2003).

A mudança mais sensível nesse segmento consiste, porém, na exigência degarantia de origem feita pelos países da Comunidade Européia e pelos EstadosUnidos da América, principalmente quanto à inocuidade de produtosprocessados de goiaba. Entre os diversos sistemas e de avaliação daconformidade, predominam, no Brasil, a Produção Integrada de Frutas e oEurep-GAP, certificados esses necessários para exportar o produto para omercado europeu.

Mercado de goiabas finasEsse é o mais exigente segmento do mercado brasileiro quanto ao aspectoexterno da fruta, que deve ser grande, de bom aspecto, com polpa firme e semmarcas nas cascas. Nesse segmento, há um predomínio de frutas de polpabranca, dada a maior conservação pós-colheita desse grupo de variedades e adelicadeza do seus aroma e sabor. A principal característica da produçãodestinada a esse mercado é a utilização do ensacamento da fruta no campo,visando ao controle de algumas pragas e a sua proteção física. As exigências dequalidade consistem tanto de cuidados com as frutas no campo como tambémquanto à embalagem que a conduza. Atualmente, o envolvimento das goiabasem embalagem de plástico, em vácuo, promove um prolongamento da vida pós-colheita e maior tempo da fruta na prateleira.

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(PIEDADE NETO, 2003).

44 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Trata-se de um mercado bastante sensível aos aspectos qualitativos da fruta,especialmente quanto à presença de resíduos de agrotóxicos. O sistema deprodução adotado pela maioria dos produtores confere uma boa garantia deisenção desses resíduos, com nível superior aos estabelecidos pela legislaçãobrasileira.

Mercado de goiabas popularesEsse segmento tem apresentado uma taxa de crescimento mais intensa, comfrutas de relativa qualidade e predomínio absoluto das goiabas de polpavermelha. Nesse segmento, relaciona-se a rugosidade da casca com maiordurabilidade da fruta na banca de venda. Dessa forma, frutas com essascaracterísticas são mais valorizadas na comercialização, chegando o produtor areceber cerca de 30% a mais no preço de venda, quando comparado com frutasde casca lisa. Esse é o segmento que mais sofre a concorrência das frutasprovenientes de pomares cuja produção se destina predominantemente àindustrialização.

Mercado de goiabas para processamentoA indústria de polpa de goiaba processa a fruta ao longo de todo o ano, razãoque explica o crescimento observado no setor, da ordem de quase 10% ao ano,no volume processado, no período de 1995 a 2000, segundo estimativa daAssociação das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais (ASTN) (ROZANEet al., 2003). O aumento na demanda se deve, em grande parte, a uma melhoriana qualidade do principal produto final, que é a goiabada. A fabricação de novosprodutos a partir da polpa de goiaba, como o molho agridoce e os molhossalgados, deverá incrementar ainda mais o setor nos próximos anos.

As características apresentadas tanto pela planta quanto pelos frutos do cultivarPaluma são bastante apreciadas tanto pelo setor de produção quanto pelo deprocessamento, razão pela qual essa é a cultivar mais plantada atualmente, noPaís.

Por conta de mudanças ocorridas em alguns segmentos do mercado, o setor deprodução teve que se adequar a esses novos requisitos, com estabelecimentosde novos pomares com cultivares mais adequadas e a eliminação de outras.A mudança mais sensível verificada nos últimos anos é o crescimento da áreacultivada com cultivares de polpa vermelha e que apresentam rugosidade nascascas, em detrimento das de casca lisa.

45Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Referências

LIMA, I. Nematóides: prevenir é o melhor remédio. Guava News, Brotas, SP,v. 2, n. 8, 2004.

PEREIRA, F. M. ; NACHTIGAL, J. C. Melhoramento da goiabeira. In: ROZANE,D.E.; COUTO, F. A. Cultura da Goiabeira: tecnologia e Mercado. Viçosa, MG:UFV, 2003. p. 53-78.

PEREIRA, F. M.; NACHTIGAL, J. C. Propagação da goiabeira. In: SIMPÓSIOBRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA GOIABA, I, 1997, Jaboticabal, SP.Anais... Jaboticabal: UNESP-FCAV: FUNEP: GOIABRAS, 1977, p. 17-32.

PIEDADE NETO, A. Goiaba vermelha: fonte de riqueza à saúde, ao trabalho e àsNações. In: ROZANE, D. E.; COUTO, F. A. Cultura da Goiabeira: tecnologia emercado. Viçosa, MG: UFV, 2003, p. 39-51.

PIZA Jr., C. de T. A poda da goiabeira de mesa. Campinas, SP: CATI, 2002.44 p. (Boletim Técnico, 222).

PRODUÇÃO integrada de goiaba: manejo integrado de pragas na cultura dagoiaba. Campinas, SP, Documento da PIF-Goiaba, 2002. 18 p.

SOUZA FILHO, M. F.; COSTA, V. A. Manejo Integrado de Pragas da Goiabeira.In: ROZANE, D. E.; COUTO, F. A. Cultura da goiabeira: tecnologia e mercado.Viçosa, MG: UFV, 2003. p. 177-206.

ZAMBÃO, J. C.; BELLINTANI NETO, A. M. Cultura da Goiaba. Campinas, SP:CATI, 1998. 23 p. (Boletim Técnico, 236).

Maracujá-azedoMarcelo Fideles BragaNilton Tadeu Vilela Junqueira

Introdução

Entre as 150 espécies de maracujá nativo do Brasil, mais de 60 espéciesproduzem frutos que podem ser aproveitados direta ou indiretamente comoalimentos. Entre elas encontram-se o maracujá-azedo ou maracujá-amarelo(Passiflora edulis f. flavicarpa), o maracujá-roxo (P. edulis) e o maracujá-doce(P. alata), que são as mais cultivadas no Brasil e no mundo. O maracujá-azedoé a mais cultivada, sendo utilizada principalmente no preparo de sucos.

No cenário mundial, o Brasil é o maior produtor dessa fruta, sendo a RegiãoNordeste a maior produtora brasileira. A produtividade do maracujá-azedo noBrasil está em torno de 9 t/ha (FRUTISÉRIES, 2002), considerada muitobaixa.

Os principais fatores responsáveis por essa baixa produtividade são: cultivo devariedades ou linhagens inadequadas, mudas de baixa qualidade e contaminadascom doenças, falta de irrigação nas regiões sujeitas a déficit hídrico, ausência deum plano adequado de adubação, de manejo de pragas e doenças, e correçãoinadequada do solo.

48 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Clima e solo

Para produzir bem, o maracujazeiro necessita de temperaturas amenas (23 °C a25 °C) e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Sob irrigação, omaracujazeiro produz muito bem nas regiões secas. As chuvas fortes ouprolongadas prejudicam o vingamento dos frutos e aumentam a incidência dedoenças. Já as temperaturas inferiores a 12 °C, por mais de 5 horasconsecutivas, provocam a queda de botões florais e de frutos jovens, além dereduzir o tamanho deles.

Os solos mais indicados para o cultivo do maracujazeiro são os areno-argilososou levemente argilosos e bem drenados.

Escolha da cultivar

A escolha da cultivar e das mudas é um dos passos mais importantes na cultura.Afinal, todos os investimentos, serviços e insumos serão aplicados edisponibilizados para a planta, para que ela dê, em retorno, bons e numerososfrutos. Somente mudas de boa qualidade genética, com boa formação e oemprego de medidas de fitossanidade vão trazer bons resultados aos recursosinvestidos.

A primeira questão é relacionada ao tipo de mercado que se pretende atender.Se for o mercado in natura, o tamanho e a aparência do fruto serão característicasrelevantes. Se for para o mercado da indústria de processamento, as maisimportantes são o rendimento de polpa, o grau Brix e a acidez. Os dois mercadosoferecem preços especiais para os produtos que correspondem a suas exigências.

Há outras questões relacionadas a características agronômicas, comoprodutividade e resistência a pragas e doenças. Cultivares mais produtivas eresistentes podem diminuir o custo de produção, possibilitando maiorlucratividade para o produtor.

O viveirista fornecedor de mudas ou sementes deve ser registrado no órgãooficial de vigilância fitossanitária estadual e no Conselho Regional de Engenharia,Arquitetura e Agronomia (Crea), bem como deverá contar com os serviços de umengenheiro agrônomo na condição de responsável técnico. O produtor de mudasdeve dar garantias da procedência e das qualidades genéticas e fitossanitárias

49Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

das mudas, além de apresentar nota fiscal, documento de garantia do comprador.Na Tabela 1, são listadas as cultivares oficialmente registradas no Ministério daAgricultura.

Existem ainda seleções produzidas a partir de plantas escolhidas por produtoresou viveiristas, que também podem ser de interesse econômico, como é o casodas seleções da região de Araguari, MG (FB-100 e FB-200), da Afruvec, emVera Cruz, SP, de Marília, SP, e as seleções de Roxos Australianos, Vermelho eGigante Amarelo, da Embrapa Cerrados.

Para escolher a cultivar ou a seleção a ser adquirida, é preciso recolherinformações entre os responsáveis, para definir qual delas se adapta ao sistemade produção pretendido e ao mercado de destino.

Para os cerrados do Distrito Federal e do Entorno, recomenda-se, para o mercadoin natura, o plantio intercalado das seleções Marília, Golden Star, Roxo

Fonte: Modificado de BRASIL (2004).

Tabela 1. Cultivares de maracujá relacionadas no Cadastro Nacional de Registrode Cultivares do Ministério da Agricultura.

Responsável

Não fornecido

Agristar do Brasil Ltda. (TOPSeed) Rod Philuvio CerqueiraRodrigues, 1.916, fone: (24)2222-9000, site:www.agristar.com.br

Embrapa Amazônia Oriental,Av. Dr. Enéas Pinheiro s/nº,B. Marco, 66095-100 Belém,PA, fone (91)276-6333/299-4530, site:www.cpatu.embrapa.br

Instituto Agronômico deCampinas, Av. Barão deItapura, 1.481, Cx. Postal02813001-970, Campinas,SP, fone: (019) 3231-5422,site: www.iac.gov.sp.br

Data de registro

13/5/1999

6/6/2000

16/1/2002

17/1/2002

17/1/2002

17/1/2002

Cultivar

Amarelo

Redondo Amarelo

CPATU – casca fina

IAC-273 – MonteAlegre

IAC-275 – Maravilha

IAC-277 – Jóia

N. ref.

02404

03605

11308

11314

11315

11316

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BRASIL (2004).

50 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Australiano, Havaiana e híbridos entre a Roxo Australiano e as demais. Todoplantio deve ter pelo menos 10% das plantas da cultivar Roxo Australiano, 50%a 60% de híbridos e o restante das demais variedades.

Em plantios destinados ao preparo de sucos congelados, recomenda-se ainclusão de pelo menos 25% das plantas da variedade Vermelho ou híbridosderivados dessa variedade, por conta da sua excelente qualidade para aprodução de suco, quanto a atributos como coloração, aroma e teor devitamina C.

Tipos de mudas

As mudas de maracujá são produzidas comercialmente, a partir de sementes, embandejas de isopor de 72 células, tubetes ou sacos de polietileno preto, comdimensões de 14 cm x 25 cm x 0, 002 mm de espessura, ou similar. Nesteúltimo recipiente, por estarem em contato com o chão, as mudas tornam-sealtamente vulneráveis ao ataque de lesmas e grilos.

Encontra-se em fase experimental o uso de mudas produzidas por estacas e porenxertia. São sistemas promissores, mas ainda em testes de viabilidadeeconômica e técnica.

Implantação do pomar

Correção e preparo do soloAntes do plantio, deve ser feita uma análise do solo para avaliar a necessidadede calagem ou fosfatagem. As amostras devem ser coletadas de 0 a 20 cm e de20 a 40 cm de profundidade.

A faixa ideal de pH para o maracujá está entre 5,6 e 6,2, e o índice de saturaçãode bases (V), de 50% a 60%. Para incorporar o calcário (preferência dolomítico),deve-se espalhar a metade antes da aração (profunda) e a outra metade após aaração, antes da gradagem.

EspaçamentoO espaçamento a ser adotado entre plantas deve ser de 3 a 5 m. Já oespaçamento entre fileiras vai depender do porte das máquinas e dos

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equipamentos disponíveis na propriedade rural e da utilização ou nãodo espaçamento entre as fileiras para cultivos de outras espécies, que nuncaserá inferior a 2 m. Pode-se utilizar também o sistema de fileiras duplasquando se deseja fazer plantios intercalares ou consórcio com espéciesperenes.

É importante ressaltar que o maracujá se consorcia muito bem com mamão,abacaxi, citros, graviola, feijão, amendoim e algumas hortaliças que não sejamcucurbitáceas.

Sistema de conduçãoAntes de iniciar a marcação e o preparo das covas, é necessário definir o sistemade condução. O sistema de condução em espaldeira vertical é feito com 1,80 a2,00 m de altura do solo, utilizando um único fio de arame galvanizado no 12no ápice das estacas. O arame de cerca liso é o mais utilizado.

Nesse sistema, as estacas de madeira de boa qualidade devem ser colocadas auma distância máxima de 10 m, uma da outra. Entre as estacas, materiaismais baratos, como bambu, tarugos, ripões e madeira branca, podem serutilizados, a cada 2,5 ou 3,3 m. Ao usar bambu, a extremidade que sustentaráo fio deverá ser amarrada com um arame, no sentido transversal, para evitar queo bambu rache ao meio, sob o peso do arame de sustentação. Recomenda-seque as espaldeiras tenham, no máximo, 120 m de comprimento, mas que,se bem amarradas e escoradas, poderão ser feitas com até 250 m decomprimento.

Os esticadores das extremidades devem ser fincados com inclinação parafora, a uma profundidade de 0,80 m a 1,00 m. As estacas de menor diâmetropodem ser enterradas a uma profundidade de 40 a 50 cm. O amarrio dasextremidades pode ser feito com um fio de arame que parta da extremidadesuperior do esticador e é fixado em uma pequena estaca enterrada nochão (Fig. 1), ou simplesmente amarrando as extremidades do fio principal nabase dos esticadores (Fig. 2). Os sistemas de latadas, jirau ou caramanchãotambém podem ser utilizados. Esse sistema tem a vantagem de propiciarmais produtividades nas primeiras safras, com a desvantagens, porém, de sermais caro, dificultar a polinização manual, o manejo de pragas e doenças,além de que, se cair, dificilmente será recuperado por conta do seu elevadopeso.

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Fig. 1),
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Fig. 2).

52 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Coveamento ou sulcamentoSe o plantio for irrigado e o solo já estiver corrigido quanto à calagem e àfosfatagem, o plantio poderá ser feito diretamente em sulcos com 30 a 40 cm deprofundidade, ou em covas de 40 x 40 x 40 cm de profundidade. Caso não sejairrigado, recomendam-se covas mais profundas, ou seja, de 50 a 60 cm deprofundidade.

As covas podem ser feitas manualmente, com enxadões, cavadeiras ouperfuratrizes tratorizadas. Não se recomenda a utilização de perfuratrizes em

Ilustração de Welington Cavalcanti (Embrapa Cerrados).

Fig. 1. Esquema mostrando a estrutura de suporte do sistema de espaldeira para

maracujá.

Fig. 2. Planta conduzida em haste única, pronta para a poda

do ápice (ponta guia).

Ilustração de Silva e Rabelo (1991), citados por Lima et al.(2002).

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Lima et al.(2002).

53Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

solos mais argilosos por causa da compactação e do espelhamento da covaprovocado por esse equipamento.

Adubação e plantioA adubação das covas ou do sulco de plantio deve ser feita, de preferência,60 dias antes do plantio. Deve-se colocar por cova: 5 a 8 litros de esterco degado curtido ou 3 a 6 L de esterco de galinha poedeira (lembrando que oexcesso de esterco na cova, estando a planta ainda pequena, aumenta o risco dedoenças e de infestação de cupins); 1 kg de superfosfato simples ou 500 g desuperfosfato triplo; 100 g de calcário dolomítico (PRNT 100%, ou quantidadesequivalentes para PRNTs menores); e 30 g de uma mistura de micronutriente(FTE BR-12). Se houver disponibilidade no mercado, pode-se utilizar ofertilizante Yoorin master (300 g/ cova) com o superfosfato simples (700 g/cova) em substituição aos fosfatos e ao FTE BR-12 recomendadosanteriormente.

No caso de sulcos, adubar somente o local onde será plantada a muda.

O plantio deve ser feito quando as mudas estiverem com seis a oito folhasdefinitivas e de 15 a 25 cm de altura. A melhor época para fazer o plantio noPlanalto Central é de junho a outubro, por conta da menor incidência de pragas edoenças, e a pior, de janeiro a abril. No entanto, é preciso lembrar que o plantiode junho a outubro exige irrigação.

Tratos culturais

PodasApós o plantio, a muda do maracujazeiro pode emitir várias brotações laterais,que precisam ser removidas a cada 15 dias, deixando-se apenas a guia principal,que deve ser conduzida por um barbante de algodão ou por haste de madeira,até ao fio de arame (Fig. 2). Chegando ao fio de arame, a ponta da guia deve sercortada imediatamente após sua fixação no arame, por meio das gavinhas. Dez a15 dias após a poda ou corte da guia principal, podem surgir várias brotaçõeslaterais. Dessas, as duas mais vigorosas e mais próximas do fio de arame devemser conduzidas em sentidos opostos (Fig. 3). Quando cada uma dessas guiasatingir o comprimento de 1,5 a 2,0 m sobre o arame e começar a tocar nas guiasdas plantas vizinhas, suas pontas deverão ser podadas novamente (Fig. 3), paraque novos ramos sejam emitidos, formando uma cortina (Fig. 4).

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(Fig. 2).
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Fig. 3).
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(Fig. 3),
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(Fig. 4).

54 Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Depois que os ramos em forma de cortina produzirem a primeira safra, elesdeverão ser novamente podados, de 50 a 40 cm do solo, para forçar novasbrotações e evitar que ramos e frutos encostem-se ao chão. Nesse caso, semprefazer uma pulverização preventiva com fungicidas, após a poda (ver item”Controle das principais doenças”, pág. 57).

Fig. 3. Condução das duas brotações laterais principais até o

ponto de poda.

Ilustração de Silva e Rabelo (1991), citados por LIMA et al.(2002).

Fig. 4. Brotações laterais secundárias, formando uma cortina

de broto.

Ilustração de Silva e Rabelo (1991) citados por LIMA et al. (2002).

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LIMA et al. (2002).

55Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Adubação de formação e manutençãoAté as mudas iniciarem o processo de frutificação, que normalmente acontecede 4 a 6 meses após o plantio, elas devem receber a adubação de formação(Tabela 2). Repetir a dosagem dos 150 dias, na seqüência, a cada 30 dias, atéiniciar a frutificação.

Ao iniciar o processo de crescimento dos primeiros frutos, aplicar, porplanta, num raio de 70 cm em volta da planta, a cada 45 dias, uma mistura àbase de 100 g de sulfato de amônio + 100 g de cloreto depotássio + 6 g de FTE BR-12. A quantidade de adubo recomendada acimacorresponde a 800 g de sulfato de amônio + 800 g de cloreto depotássio + 50 g de FTE BR-12, por planta e por ano. Os 50 g de FTEpodem ser aplicados de uma só vez, na primeira adubação defrutificação.

Se o plantio não for irrigado, recomenda-se dividir essa formulaçãode maneira a ser toda parcelada no período chuvoso, ou seja, de dezembro amaio.

Em cada ano, recomenda-se aplicar, por planta, de 10 a 15 L de esterco emcobertura, preferencialmente de galinha poedeira ou cama-de-frango bem curtida,logo que aparecerem os primeiros frutos.

Durante o período da seca, recomenda-se a aplicação de adubos foliares à basede NPK + micronutrientes, a cada 20 dias.

Tabela 2. Quantidade de fertilizantes a ser aplicada em cada planta, após oplantio.

Fertilizante

Sulfato de amônio ou nitrocálcioCloreto de potássio

Dias após o plantio

150

60 a 8030

120

4515

90

4010

60

20–

30

10–

-------------------------g/planta-------------------------

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Controle das principais pragasAs principais pragas que atacam o maracujazeiro nos cerrados do Distrito Federalsão as seguintes:

Lesmas: atacam as mudas, destruindo-as totalmente, principalmente durante operíodo chuvoso. A medida de controle mais eficaz é não deixar as mudas emcontato com o solo e mantê-las em tubetes ou bandejas de isopor ou, então,prepará-las durante o período da seca.

Cupins: atacam principalmente as plantas jovens em formação. Sua presençanos solos de cerrados é certa. Eles roem todo o colo da planta. Aplicaçõesde Imidacloprid (Confidor) a 30 g/100 L de água, preventivamente, acada 20 dias, diretamente no coleto da planta têm oferecido resultadossatisfatórios, valendo lembrar que aquele produto não foi registrado peloMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para uso emmaracujazeiro.

Lagartas Agraulis vanillae vanillae: atacam principalmente mudas em viveiros eem campo. Têm hábitos isolados, coloração cinza, com uma faixa clara sobre ascostas, medem até 3,5 cm de comprimento e possuem cerdas ou espinhos.O controle pode ser feito por catação manual ou pela aplicação de inseticidas.O inseto adulto é uma borboleta de coloração alaranjada, com pintas escurassobre as asas.

Formigas-cortadeiras: principalmente as mudas recém-plantadas em campo.O controle dever ser feito com a aplicação de iscas ou inseticidas em pó nosformigueiros.

Vaquinhas: atacam mudas em viveiros e plantas no campo, danificando osbotões florais e os frutos. O período de maior infestação vai de janeiro a maio. controle pode ser feito por inseticidas à base de Cartap ou Fenthion.

Lagartas Diono Juno Juno: são lagartas escuras, com cerdas no dorso,que atacam principalmente as plantas adultas, de fevereiro a julho. Sãoencontradas sempre agregadas umas às outras. O inseto adulto tambémé uma borboleta de coloração alaranjada, com algumas listras escuras nas asas.O controle pode ser feito por catação manual ou pela aplicação deinseticidas.

57Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

Percevejos: são várias as espécies que atacam botões florais e frutos demaracujazeiro, provocando queda, deformação ou murchamento dos frutos.As mais comuns são: percevejo-amarelo (Holymenia clavigera), percevejo-de-patas-largas ou percevejo-do-maracujá (Diactor bilineatus); percevejo-preto(Theognis gonagra), percevejo-preto-de-listra-clara (Theognis stigma) epercevejo-verde-da-soja (Nezara viridula). No caso de ataque intenso, produtos àbase de Fenthion podem ser utilizados, em intervalos de 21 dias.

Abelhas: as espécies Apis mellifera (abelha-da-europa) e Trigona spinipes(abelha-cachorra ou arapuá) são as pragas mais importantes, sob o aspectoeconômico, do maracujazeiro. A abelha-da-europa é a mais danosa, pois retiratodo o pólen da flor e repele insetos polinizadores de grande importância para omaracujazeiro, como as mamangavas (Xylocopa spp.), exatamente nas floradasque vão produzir o maracujá de entressafra no Distrito Federal, ou seja, de junhoa outubro. A única medida de evitar os danos causados pela abelha-da-europaconsiste na retirada do pólen alguns minutos antes da abertura da flor, para,então, fazer a polinização manual no período das 14h30 às 16h30. A flor domaracujá-azedo no Distrito Federal abre a partir das 13h. Assim, o pólen deveser coletado das 11h30 às 12h30, dos botões florais de ponta branca. Essesbotões devem ser abertos manualmente, e deles retiradas as anteras contendopolens, que devem ser colocadas dentro de uma pequena vasilha. Mais tarde,realizam-se as polinizações manuais, tocando-se os dedos nas anteras epassando-os levemente sobre os estigmas. O controle da abelha-arapuá é difícil,uma vez que os ninhos geralmente ficam em áreas de difícil acesso, ou seja, nascopas de árvores, em casas abandonadas, galpões e paredões de pedras.

Moscas-do-botão-floral: provocam o apodrecimento dos botões florais noperíodo de janeiro a junho. Nesse período, podem causar até 65% de perda.O controle pode ser feito com três a quatro pulverizações semanais, de um sólado da espaldeira, com uma isca à base de fenthion(100 mL/100 L de água) +5 kg de açúcar ou melaço + 5 a 10 L de leite.

Controle das principais doençasVárias doenças atacam o maracujazeiro e seus frutos nos cerrados. Entre elas, aantracnose, a verrugose ou cladosporiose, a bacteriose, a podridão-de-raízes, asviroses, a seca-das-ramas e a morte-prematura, cujo agente etiológico ainda édesconhecido. São as doenças mais importantes economicamente, porquepodem causar perdas consideráveis de produtividade e qualidade dos frutos.

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AntracnoseCausada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides Penz., aparece na plantaçãoa partir de outubro, com as primeiras chuvas, e se estende até maio, tornando-semais severa a partir de janeiro. Os frutos que vingam nesse período, em geral,são infectados pela antracnose, que provoca manchas circulares de cor marrom-clara, com diâmetro variando de 1 a 30 mm. Com o passar do tempo, essaslesões ou manchas adquirem coloração mais escura e, sobre o tecido lesado,podem aparecer pequenas pontuações escuras ou de cor alaranjada, que são asfrutificações do fungo. Nos ramos mais novos, a doença manifesta-se na formade lesões alongadas de cor marrom, que podem coalescer e provocar osecamento dos ramos e até a morte da planta. Nos ramos mais velhos, a doençase manifesta por lesões escuras, necróticas, de formatos irregulares, quasesempre com trincas profundas. Sob essas lesões, os tecidos morrem e impedema circulação de seiva e água, provocando a morte da planta. As folhas atacadasgeralmente amarelecem e caem. As principais medidas de controle estão descritasno item “Controle” (pág. 61).

Verrugose ou cladosporioseCausada pelo fungo Cladosporium spp., aparece na mesma época da antracnose,mas pode se estender até junho, tornando-se mais severa no período defevereiro a maio. A doença incide nos ramos novos, nos botões florais, nasflores e nos frutos com até 3 semanas de idade. Nos ramos novos, ataca asfolhas e as hastes, provocando encarquilhamento e morte de ponteiros. Nashastes tenras, podem ser observadas lesões profundas, de cor marrom-escura,de formato irregular. Nos botões florais, ocorre a formação de lesões circularescom até 5 mm de diâmetro, de cor cinza-escura, com uma pontuação mais clarano centro. Em condições de alta umidade, os botões florais e as floresapodrecem e caem. Os frutos que vingam geralmente são infectados ainda nasflores ou com até 3 semanas de idade. Após esse período, tornam-se resistentes,mas aqueles que foram infectados nas 3 primeiras semanas de idadedesenvolvem, ficando, porém, deformados e cheios de verrugas, razão por quesão descartados no mercado de frutos in natura. As principais medidas decontrole estão descritas no item “Controle” (pág. 61).

BacterioseCausada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae, aparece noperíodo de janeiro a maio, provocando lesões de formato angular, com aspectoaquoso ou oleoso nas folhas mais novas. Com o tempo, as lesões aumentam de

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tamanho, adquirem formato irregular e coalescem, provocando a queda dasfolhas. Em muitos casos, as lesões iniciam-se a partir das bordas das folhas eafetam rapidamente o limbo. Pode ocorrer secamento e morte dos ramos, nosentido da ponta para a base. Nos frutos novos de variedades altamentesuscetíveis, essa doença aparece em forma de lesões circulares, escuras,profundas (deprimidas) e com fundo mole. Em variedades mais tolerantes, aslesões podem ser observadas principalmente em frutos maduros, onde aparecemcomo manchas irregulares, deprimidas (profundas), de coloração marrom-clara.As principais medidas de controle estão descritas no item “Controle” (pág. 61).

Seca-das-ramasInicialmente, caracteriza-se pela formação de pequenas lesões de cor marrom-escura, profundas, de formato irregular nos ramos mais velhos, as quais, com otempo, aumentam rapidamente de tamanho, podendo coalescer e afetar todo oramo ou a planta. Quando se faz um corte nos ramos mais velhos, observa-se oescurecimento dos tecidos internos. Posteriormente, os ramos secam no sentidoda ponta para as raízes. Associados ao tecido isolado, podem ser encontradosos fungos Colletotrichum gloeosporioides, causador da antracnose,Botryodiplodia sp. e Phoma sp. As medidas de controle estão descritas no item“Controle” (pág. 61).

Podridão-de-raízesCausada pelo fungo Fusarium solani, essa doença pode ocorrer principalmenteem plantios efetuados em solos mal drenados ou argilosos, que acumulam águaem volta do pé da planta. Sistemas de irrigação localizados no pé da planta emturno de rega diário com água em excesso, bem como materiais orgânicos(esterco, tortas de mamona ou algodão, cama-de-frango) não-decompostosfavorecem a podridão-de-raízes.

Os sinais da doença são a perda da coloração normal das folhas, tornando-severde-foscas e com o limbo foliar enrolado para cima, adquirindo o formato deuma canaleta. Em seguida, a planta murcha, desfolha-se totalmente e morre.Observando-se a região do colo das plantas doentes, verificam-se rachaduras eapodrecimento de todo o pé da planta, às vezes com um crescimento micelialbranco. No cerrado, também pode ocorrer, embora com pouca freqüência, apodridão-de-raízes, causada pelo fungo Phytophthora sp., em períodos dechuvas prolongadas, com temperaturas em torno de 18 ºC. O controle deve serpreventivo, evitando-se o plantio em solos mal drenados, o excesso de águadurante as regas e material orgânico não-decomposto nas covas.

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VirosesA virose mais comum e mais destrutiva em maracujazeiro é a do endurecimento-dos-frutos. Caracteriza-se por sintomas de mosaico, manchas em anel,rugosidade e distorção das folhas. Os frutos são freqüentemente deformados, eo pericarpo torna-se endurecido e espesso, razão pela qual perdem o valorcomercial. O agente causador dessa doença, o vírus-do-endurecimento-dos-frutos-do-maracujazeiro (VEFM), em condições naturais é disseminado porpulgões, entre eles Myzus persicae e Aphis gossypii. As medidas de controlemais comuns são: plantio de mudas sadias produzidas em viveiros protegidospor telas antiafideo, eliminação de plantas doentes à medida que aparecerem edestruição de hospedeiros alternativos do vírus causador da doença, comoleguminosas, e manutenção de quebra-ventos, de preferência com capim-cameron-gigante.

Morte-precoceCaracteriza-se pela redução da longevidade da cultura, isto é, geralmente asplantas morrem antes de completar 2 anos. Muitas vezes só produzem aprimeira safra. Os sintomas são identificados pela queda intensa das folhas,pelo murchamento de ramos mais novos e dos frutos, seguido da morte daplanta.

Associadas às plantas atacadas com a morte-precoce, foram encontradas todasas doenças listadas anteriormente, com predominância da antracnose e do ácaro-da-leprose-dos-citros (Brevipalpus phoenicis), transmissor do vírus-da-pinta-verde. No entanto, acredita-se que esses patógenos atacam as plantas emdecorrência de algum tipo de estresse, seja por deficiências nutricionais ouhídricas (falta de água), seja por motivo de ordem fisiológica, como esgotamentorepentino das reservas da planta em virtude de altas produtividades. Asprincipais medidas de controle estão descritas no item “Controle” (pág. 61).

NematóidesDiversos nematóides atacam o sistema radicular do maracujazeiro, reduzindo odesenvolvimento das plantas e afetando a produção. Entre eles destacam-seMeloidogyne incognita , M. javanica e M. arenaria, que induzem a formação degalhas nas raízes. Outras espécies, como Rotylenchulus reniformis, Scutellonemasp., Helicotylenchus sp. e Pratylenchus sp., provocam declínio nas plantas, porincitarem lesões e morte das raízes. Como medidas de controle, recomenda-se ouso de solos livres de nematóides e mudas certificadas.

61Tecnologia de Produção e Comercialização da Lima-ácida ‘Tahiti’, da Goiaba e doMaracujá-azedo para o Cerrado

ControleExceto para a podridão-de-raízes, as viroses e os nematóides, as seguintesmedidas de controle podem ser consideradas:

a) Controle preventivo:Plantar mudas sadias de boa qualidade e de procedência conhecida; eliminarfrutos secos e plantações de maracujazeiro velhas e doentes próximas ao plantioa ser instalado; adubar corretamente as plantas, evitando excesso de nitrogênio ede água durante as irrigações; fazer quebra-ventos e utilizar matéria orgânica porcobertura, evitando que ela fique em contato com o pé da planta.

b) Controle químico:Com o objetivo de reduzir os danos provocados pela maioria das doençasda parte aérea a plantações de maracujá no Distrito Federal, à exceção dasviroses, instalaram-se dois experimentos, pelos quais a eficácia de váriosfungicidas foi avaliada, nos períodos de agosto a janeiro e de novembro aagosto.

No primeiro experimento, a mistura de oxicloreto de cobre a 0,44% + enxofremolhável a 0,20% veiculada em água com pH = 5,6, aplicada em intervalosquinzenais com pulverizador costal, foi o melhor tratamento, proporcionandoprodutividade de agosto a janeiro, de 11,4 kg de frutos por planta, contra4,4 kg na testemunha, além da menor incidência de doenças nos frutos e demenor percentual de desfolhamento. A mistura de clorotalonil a 100 g + 30 gde tiofanato metílico/100 L seguidos por tebuconazole a 60 g/100 Le mancozeb a 280 g/100 L aplicados em intervalos semanais tambémofereceram resultados satisfatórios.

No segundo experimento, no qual os fungicidas foram aplicados com umpulverizador tratorizado na pressão de 20 lb, os melhores resultados foramobtidos com aplicações da mistura de 440 g de oxicloreto de cobre + 200 g deenxofre molhável em 100 L de água, seguidos pela mistura de 300 g deoxicloreto + 150 g de mancozeb, calda viçosa (mistura de 500 g de sulfato decobre, 100 g de sulfato de zinco, 300 g de sulfato de magnésio, 100 g deácido bórico, 400 g de uréia em 50 L de água + 400 g de cal hidratada em50 L de água) com pH ajustado para 5,6; tebuconazole a 100 g/100 L,mancozeb a 350 g/100 L e oxicloreto de cobre a 440 g/100 L. O aumento naprodutividade proporcionada por esses tratamentos fúngicos em relação à

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testemunha, que produziu 9,8 kg de frutos por planta, no período doexperimento (novembro a agosto), variou de 148% para o melhor tratamento a133% para o pior, que foi oxicloreto de cobre a 440 g/100 L.

É importante considerar que, para o preparo de 100 L da calda viçosa, algunscuidados devem ser observados: a cal hidratada deve ser colocada em umrecipiente, contendo 50 L de água, e os demais ingredientes, em outro, com omesmo volume de água. Ao colocar num terceiro recipiente ou diretamente nopulverizador, a mistura feita com a cal deve vir em primeiro lugar. A segunda,contendo o sulfato de cobre e os demais ingredientes, deve ser adicionadadepois, aos poucos.

Aplicações de fungicidas à base de tebuconazole, a intervalos de 10 dias,durante o período chuvoso, têm oferecido resultados satisfatórios no controle daverrugose e da antracnose. A primeira aplicação deve ser feita imediatamenteapós as primeiras chuvas.

Controle de plantas daninhasO maracujazeiro jovem é muito sensível a herbicidas. Dessa forma, até aplanta atingir o fio de arame ou iniciar a produção, recomenda-se o uso deenxadas para coroar as mudas. Caso o produtor deseje utilizar herbicida,recomenda-se proteger a muda com um pedaço de tubo de PVC de 150 ou200 mm tipo esgoto, de 70 a 80 cm de comprimento. Nesse caso, o tubo écolocado sobre a muda, e o herbicida é pulverizado nas plantas daninhasque estão em volta do tubo. Antes, porém, o mato junto à muda deve serarrancado manualmente. Quando a planta estiver prestes a atingir o fio de arame,recomenda-se acoplar, no bico do pulverizador costal, uma bacia de plástico de40 cm de diâmetro. Nesse caso, um orifício deve ser feito bem no centro dofundo da bacia, onde o bico do pulverizador será acoplado. A bacia vai evitar aderiva e a contaminação da rama do maracujazeiro pelo herbicida. Existe tambémo procedimento chamado “chapéu-de-napoleão”, mas o emprego da bacia émuito mais prático, porque ela roda ao tocar no pé do maracujazeiro.Os herbicidas mais utilizados são glifosate, diuron, paraquat e diguate. Todoseles provocam danos se atingirem a rama do maracujazeiro. Outro processo quevem sendo utilizado com sucesso é o mulching, feito com lonas de plástico de1,20 m a 1,40 m de largura, colocadas ao longo das fileiras, ou apenas emvolta da cova.

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IrrigaçãoO sistema de irrigação por gotejamento e microaspersão são os mais indicados.Outros sistemas, como aspersão convencional e pivô central, podem seraproveitados, desde que o turno de rega seja feito pela manhã.

Floração e frutificação

O maracujazeiro inicia o florescimento entre 4 e 6 meses após o plantio.O maracujazeiro-azedo abre suas flores a partir das 13 h. Por essa razão, aspulverizações no maracujá-azedo devem ser feitas sempre pela manhã, para nãoatingirem os insetos polinizadores.

O maracujazeiro-azedo exige pelo menos 11 horas e 20 minutos de luz parainduzir a gema floral. No Distrito Federal, o período mínimo de luz registrado(11 horas e 10 minutos) ocorre de 15 de junho a 15 de julho, coincidindotambém com as temperaturas mais baixas. Nesse período, não há indução dasgemas florais, mas ainda ocorre uma boa floração, que foi induzida nos meses demaio e início de junho, principalmente em plantios irrigados. Como temperaturasabaixo de 12 ºC, por mais de 5 horas consecutivas, provocam queda de frutos,botões florais e abortamento de flores, os frutos sobreviventes originados dasflores abertas em julho vão ser colhidos 60 a 70 dias depois, ou seja, em agostoou setembro (meses de início de entressafra). Já os frutos provenientes de floresabertas em agosto e setembro, fato que não ocorre no Distrito Federal, serãocolhidos em outubro e novembro (meses de entressafra). No entanto, o maiorproblema é que, no período de junho a outubro, ocorrem ataques intensos deabelhas às flores e a população de mamangavas é muito baixa ou inexistente, e,de junho a agosto, normalmente as temperaturas noturnas são baixas. O pico defloração no Distrito Federal vai de dezembro a abril.

Polinização

Como já comentado, a polinização natural do maracujazeiro é feita pelasmamangavas (Xylocopa spp.), que conseguem polinizar de 10% a 13% dasflores. As abelhas e outros insetos conseguem polinizar no máximo 3% dasflores. Utilizando-se a polinização manual (sem o uso de dedeiras), pode-sepolinizar até 2.000 flores/hora, com um pegamento de até 63%.

No Distrito Federal, a polinização manual no período de junho a outubro éobrigatória, pois além de o maracujazeiro sofrer intenso ataque de abelhas, a

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população das mamangavas está muito reduzida ou mesmo inexistente. Nessecaso, entre 11h30 e 12h30, diariamente, o pólen deve ser coletado,obedecendo aos seguintes passos: abrir os botões florais de pontas brancas,retirar as antenas (estruturas que contêm o pólen, na forma de um pó amarelo),colocá-las, em seguida, dentro de caixinhas de isopor ou madeira eprotegê-las da luz solar. Entre 14h30 e 16h30, proceder à polinização manual,tocando os dedos na massa de pólen e passando-os levemente sobre os trêsestigmas.

Produção e produtividade

Sob irrigação, manejo adequado e polinização manual, o maracujazeiro-azedono Distrito Federal, quando plantado de maio a julho, na densidade de 1.000 a1.600 plantas/ha, pode produzir, no ano seguinte, de 30 a 40 t/ha. Nosegundo ano de produção, se não ocorrerem viroses e outras doenças, aprodutividade deve variar de 20 a 40 t/ha. Já no terceiro ano, a produtividadeé muito baixa ou inexistente. Se o plantio for efetuado em maio ou junho,com irrigação, a colheita se estenderá de janeiro a setembro do próximo ano.Se plantado de outubro a dezembro, a colheita será iniciada somente emdezembro do próximo ano, pois o período de dias curtos e com temperaturasnoturnas mais baixas, de maio a agosto, impede o florescimento. LIMA (2001)relata que a produtividade média do maracujazeiro-azedo no Distrito Federalestá em torno de 20 t/ha em propriedades patronais e de 12 t/ha empropriedades familiares. No entanto, é comum alguns produtores colherem de30 a 40 t/ha.

A produção na entressafra (agosto a dezembro) vai depender da indução floral edo sucesso da polinização manual efetuados de maio a outubro, cujos problemasjá foram mencionados. No Distrito Federal, consegue-se colher frutos dasegunda quinzena de novembro até a primeira quinzena de setembro.O comprimento do dia mais curto (menor que 11 horas e 20 minutos) e/ou astemperaturas inferiores a 15 ºC de junho a agosto impedem a indução floral.A produção na entressafra só é possível acima do paralelo 14, ou seja, noextremo norte do Estado de Goiás e em Tocantins. Acredita-se que na regiãocentral do Estado de Goiás, em áreas de altitudes menores, como o Vale do RioParanã, pode ocorrer produção na entressafra, em virtude de temperaturasnoturnas mais elevadas, de junho a agosto.

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Produção orgânica

Ainda não há estudos concluídos sobre o cultivo orgânico de maracujá noCerrado, mas em uma das tentativas obtiveram-se resultados promissores.As mudas foram plantadas em junho. Utilizaram-se 1 kg de termofosfatomagnesiano e 30 kg de esterco de gado curtido por cova de 40 cm x 40 cm x40 cm. O solo, previamente calcariado, tinha pH = 5,9 e 42 ppm de K residual.O controle de plantas invasoras foi feito por meio de lonas de plástico (mulching)ao longo das fileiras, e não se utilizaram defensivos químicos ou biológicos.A produtividade de janeiro a dezembro do ano seguinte chegou a 33 t/ha nadensidade de 1.600 plantas/ha, espaçadas de 2,5 m x 2,5 m. Entretanto, todoo pomar morreu antes de as plantas completarem 20 meses de idade,exibindosintomas intensos de deficiência de potássio e nitrogênio e alta incidência deantracnose.

Colheita e pós-colheita

Ponto de colheitaO maracujá-azedo deve ser colhido quando começar a amarelecer. Durante operíodo da seca no Distrito Federal, recomenda-se colher o fruto do maracujá-azedo antes de cair, pois a queda implicará perda de peso e forte exposição aosol, provocando queimaduras, que estragam o fruto.

ClassificaçãoO maracujá-azedo pode ser classificado, quanto ao tamanho e à aparênciaexterna, em três categorias ou classes: classe A ou extra 3A ou de 1a; classe Bou extra 2A ou de 2a; classe C ou extra A ou de 3a. Segundo informações decompradores do Ceasa/DF, se enquadrariam na classe A os frutos sem manchasna casca, sem qualquer deformação, com peso acima de 250 g; na classe B oude 2a os frutos sem manchas e deformações, que pesam de 120 a 249 g; naclasse C ou de 3a os frutos menores que 120 g com ou sem manchas na casca.

Embalagens e comercialização

No Distrito Federal, o maracujá-azedo é comercializado em sacos de tela depolietileno ou polipropileno-lV, amarelo, com dimensões de 80 cm em altura e50 cm em largura, e capacidade para 12 a 16 kg. Os frutos obtidos por

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polinização manual são mais pesados. Durante o período da seca, em virtude dabaixa umidade relativa do ar, recomenda-se, para evitar o murchamento dosfrutos, colocar, dentro do saco da tela, um saco de plástico transparente, bemfino, de dimensões semelhantes ao de tela, e só então colocar os frutos. Não seesquecer de fazer várias perfurações no saco de plástico, com uma agulha.

A comercialização pode ser feita no Ceasa ou diretamente em supermercados,sacolões, feiras e agroindústrias da região.

Referências

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Tecnologia de Produção e C

omercialização da Lim

a-ácida ‘Tahiti’, da G

oiaba e doM

aracujá-azedo para o Cerrado

Ficha de Inspeção de Pragas e Inimigos Naturais / Produção Integrada de Goiaba em São Paulo

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Plantas inspecionadasPraga

Besouro-amarelo

Gorgulho

Percevejos

Psilídeo

FerrugemInimigos naturais

Joaninhas

Crisopídeos(bicho-lixeiro)

Percevejospredadores

Ácaro predadorAranhas

Vespinhas

Data: / /

QabcdabcdabcdabcdSELAOLANAAAA

Tamanho:

No %

Estágio fenológico: 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6( ) 7( )Q = quadrantes; E = estágio de vida dos inimigos naturais, em que O = ovo, L = larva, N = ninfa, A = adulto, S = sintomas.

OBSERVAÇÕES

Inspetor:

/// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// /// ///

Anexo 1


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