UNICESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS TECNOLÓGICAS E AGRÁRIAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA.
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DA NASCENTE DO RIO PIRAPÓ EM ÁREA
URBANA DO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR E DE SEU AFLUENTE
RECEPTOR
FERNANDA DANIELA GONÇALVES
MARINGÁ – PR
2019
FERNANDA DANIELA GONÇALVES
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DA NASCENTE DO RIO PIRAPÓ EM ÁREA
URBANA DO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR E DE SEU AFLUENTE
RECEPTOR
Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária da UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em Engenharia Ambiental e Sanitária, sob a orientação do Prof. Dr. Rômulo Diego de Lima Behrend.
MARINGÁ – PR
2019
FOLHA DE APROVAÇÃO
FERNADA DANIELA GONÇALVES
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DA NASCENTE DO RIO PIRAPÓ EM ÁREA
URBANA DO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR E DE SEU AFLUENTE
RECEPTOR.
Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária da UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel(a) em Engenharia Ambiental e Sanitária, sob a orientação do Prof. Dr. Rômulo Diego de Lima Behrend.
Aprovado em: ____ de _______ de 2019.
BANCA EXAMINADORA
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Nome do professor – (Titulação, nome e Instituição)
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Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)
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Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição)
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DA NASCENTE DO RIO PIRAPÓ EM ÁREA
URBANA DO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR E DE SEU AFLUENTE
RECEPTOR.
Fernanda Daniela Gonçalves
RESUMO
O Rio Pirapó é um fundamental recurso para as regiões norte e noroeste do Paraná, abastecendo importantes centros urbanos destas regiões, a exemplo de Maringá. Apesar do tamanho e da importância, ele nasce pequeno, aflorando embaixo de uma antiga casa na região central do município de Apucarana, onde é canalizado até um afluente localizado também em área urbana. O estudo teve por objetivo monitorar a qualidade da água da nascente do Rio Pirapó e seu afluente receptor. O monitoramento consistiu em analisar e tabular parâmetros físico-químicos da qualidade da água, como pH, turbidez, condutividade elétrica, temperatura, oxigênio dissolvido e sólidos totais, e também análise visual de alguns parâmetros, como conformidade da APP, presença de cercamento, resíduos sólidos, óleos e graxas e espuma aparente. Os resultados das análises mostraram leves alterações em alguns parâmetros do afluente nas duas primeiras coletas, tais como pH, condutividade elétrica, sólidos totais e turbidez, bem como a presença de resíduos sólidos e espuma aparente. A nascente apresentou valores abaixo do limite estabelecido pela CONAMA 357/2005 nas duas primeiras análises e uma leve alteração nos valores de sólidos totais e turbidez na última análise. Entretanto, apesar das alterações, o corpo hídrico se mantém na classe 2, conforme enquadramento estabelecido para a referida bacia.
Palavras-chave: Bacia Hidrográfica. Monitoramento ambiental. Recursos Hídricos. ANALYSIS OF THE WATER QUALITY OF THE SPRING OF RIO PIRAPÓ IN AN
URBAN AREA OF THE MUNICIPALITY OF APUCARANA-PR AND ITS RECEIVING TRIBUTARY.
The Pirapó River is a fundamental resource for the northern and northwestern regions of Paraná, supplying important urban centers of these regions, such as Maringá. In spite of its size and importance, it is born small, emerging under an old house in the central region of the Apucarana-PR, where it is to pipe to an affluent located also in an urban area. The objective of the study was to monitor the water quality from the source of the Pirapó River and its receptor tributary. The monitoring consisted of analyzing and tabulating physical-chemical parameters of water quality, such as pH, turbidity, electrical conductivity, temperature, dissolved oxygen and total solids, and also visual analysis of some parameters, such as APP compliance, presence of fence, solid residues, oils and greases and apparent foam. The results of the analysis showed slight changes in some parameters of the affluent in the first two collections, such as pH, conductivity, total solids and turbidity, as well as the presence of solid residues and apparent foam. The spring presented values below the limit established in the first two analyses and a slight change in the values of total solids and turbidity in the last analysis. However, despite the alterations, the water body remains in class 2, according to the framework established for the said basin. Keywords: Environmental Monitoring. Hydrographic Basin. Hydric Resources.
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1 INTRODUÇÃO
O planeta terra é composto por consideráveis massas de água, estima-se que cerca de
71% de sua superfície seja coberta por água em forma líquida. De toda água existente no planeta
apenas 2,6% é água doce, dos quais cerca de 76,4% deste total formam calotas polares e 22,8%
integram aquíferos. De acordo com os dados, apenas uma pequena fração, cerca de 0,8% das
águas doces, encontra-se disponível como água superficial, na forma de rios, lagos e represas
(BICUDO et al, 2010). Não se pode ignorar que além da quantidade limitada de água doce, o
aspecto qualitativo também se torna um problema, visto o aumento desenfreado da degradação
dos corpos hídricos.
A preocupação de diversos países com a escassez de recursos hídricos remonta a década
de 70, tendo como marco inicial a Conferência das Nações Unidas pelo Meio Ambiente, ou
Conferência de Estocolmo em 1972. Desde então, o tema tem sido pauta de debates entre as
nações para elaboração de tratados e leis que norteiam o tema (VENÂNCIO et al, 2015).
No Brasil, devido ao processo de desenvolvimento, que visava apenas o crescimento
econômico, a preocupação com o tema chegou apenas uma década depois, com a promulgação,
da Política Nacional do Meio Ambiente e, posteriormente, com a Constituição Federal de 1988,
que dentre seus inúmeros artigos, assegurou no Art. 225 que: “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Entretanto, em meio a diversas Leis e diretrizes que norteiam o tema, o Brasil ainda
sofre com a crescente degradação de suas águas, que dificulta a manutenção de um meio
ecologicamente equilibrado e encarece o tratamento de água para abastecimento público,
onerando principalmente a parcela mais vulnerável da população (VENÂNCIO et al, 2015).
Um dos principais problemas enfrentados atualmente é a degradação das áreas de
mananciais ou nascentes, que podem ser definidas como fontes de água provenientes do
afloramento de um aquífero em determinados locais da superfície do solo, correspondendo ao
local onde se inicia um curso de água. Essas áreas são de suma importância para a manutenção
da qualidade da água, visto que as nascentes garantem o abastecimento de diversos afluentes e
rios, favorecendo a manutenção da biota e a ciclagem de nutrientes no corpo hídrico (ALVIM,
BRUNA, KATO, 2008).
De acordo com Alvim, Bruna e Kato (2008), a degradação de áreas de mananciais ocorre
sumariamente devido à intensa urbanização, que causa o desmatamento dessas áreas, além do
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mau uso e ocupação do solo, que ocorrem de forma desordenada e não planejada, causando na
maioria das vezes o assoreamento das nascentes.
A nascente do Rio Pirapó fica localizada na área central do município de Apucarana-
PR, em uma propriedade privada. O afloramento d’agua ocorre embaixo de um depósito de
madeira, construído na década de 60. Em seu entorno não há APP estabelecida, apresentando
algumas espécies de plantas aquáticas e espécies arbóreas de extrato pequeno a
aproximadamente 15 m do afloramento. Por se tratar de um terreno urbano, suas águas são
drenadas por tubulações até o afluente receptor também localizado em área urbana do
município, que se estende até a área rural do município, onde se encontra com outro afluente
até alcançar a bacia do Rio Pirapó que passa por 33 municípios do estado (PARANÁ, 2015).
Cabe ressaltar, que o Rio Pirapó é composto por diversas microbacias de grande interesse
econômico e social, utilizadas para abastecimento, diluições e transporte de efluentes de polos
industriais do noroeste do estado do Paraná (KLEPKA, 2011).
Diante do exposto, faz-se necessário destacar a importância do manancial e seus
afluentes, bem como seus corpos de drenagem para rios e lagos. Dessa forma, o objetivo do
trabalho foi avaliar a qualidade da água desse rio, de forma que sejam cumpridas as exigências
ambientais, proporcionando uma melhora na qualidade da água e proteção de áreas de
mananciais.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO - RIO PIRAPÓ
Estima-se que a Bacia Hidrográfica do Pirapó possua uma área total de 5.098,10 km²,
abrangendo cerca de 3% da área do estado, passando por cerca de 33 municípios (Figura 1). O
rio Pirapó nasce na área central do município de Apucarana, a cerca de 1.000 m de altitude,
escoando para a direção norte, percorrendo outros municípios do estado, em uma extensão de
cerca de 168 km até encontrar com o Rio Parapanema no município Jardim de Olinda –
(PARANÁ, 2015).
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Figura 1: Localização geográfica da bacia do Rio Pirapó. Fonte: RIGON, 2012.
2.2 COLETA DE DADOS
Para a elaboração do presente trabalho, foram coletadas amostras da água em três
pontos. O primeiro ponto consiste na nascente do Rio Pirapó, localizado dentro do perímetro
urbano do município de Apucarana-PR, já o segundo e terceiro foram coletados no afluente
receptor da nascente, que integram a bacia do Rio Pirapó, localizados também em área urbana,
se estendendo até a zona rural do município (Tabela 1 – Figura 2).
PONTOS COORDENADAS
NASCENTE 23º32’54’’S 51º27’17’’W
AFLUENTE PONTO 01 23º32’24’’S 51º27’41’’W
AFLUENTE PONTO 02 23º32’10’’S 51º27’50’’W
Tabela 1: Coordenadas geográficas dos pontos analisados. Fonte: Autor
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Figura 2: Localização dos pontos analisados. Fonte: Google Maps, 2019.
2.3 PARÂMETROS ANALISADOS
Neste trabalho foram analisados cinco parâmetros físico-químicos de determinação da
qualidade da água, que são: pH, temperatura, turbidez, condutividade elétrica, oxigênio
dissolvido (OD) e sólidos totais (ST). Estes parâmetros foram comparados com a resolução
CONAMA 357 de 2005, que estabelece valores limites para três deles (Tabela 2).
PARÂMETROS LIMITE MÁXIMO
OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) > 5 mg/L
pH 6 a 9
TURBIDEZ < 40 NTU
Tabela 2: Limites máximos dos parâmetros conforme CONAMA 357/05. Fonte: Autor
Concomitante as análises físico-químicas foi realizada uma análise visual da nascente e
de seu afluente receptor, a fim de verificar alguns parâmetros de qualidade ambiental, como a
presença de resíduos sólidos, espuma aparente, cor, presença de seres vivos, presença de óleo,
cercamento para evitar o acesso e conformidade da área de APP. Considerando que o rio Pirapó
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está enquadrado na classe 2, segundo a portaria SUREHMA nº 004/91 (PARANÁ, 2015), a
resolução CONAMA 357/2005 estabelece limites para os parâmetros de qualidade ambiental
em corpos hídricos enquadrados nesta classe (Tabela 3):
PARÂMETRO LIMITE MÁXIMO
MATERIAIS FLUTUANTES VIRTUALMENTE AUSENTES
ESPUMAS NÃO NATURAIS VIRTUALMENTE AUSENTES
ÓLEOS E GRAXAS VIRTUALMENTE AUSENTES
SUBSÂNCIAS QUE PROVOQUEM GOSTO OU SABOR VIRTUALMENTE AUSENTES
RESÍDUOS SÓLIDOS OBJETÁVEIS VIRTUALMENTE AUSENTES
CORANTES VIRTUALMENTE AUSENTES
Tabela 3: Parâmetros de qualidade ambiental conforme CONAMA 357/05. Fonte: Autor
2.3.1 pH
O potencial hidrogeniônico (pH) é a representação da intensidade das condições ácidas
ou alcalinas por meio da presença de íons de hidrogênio H+. Os valores de pH influenciam na
distribuição das formas livres e ionizadas de diversos compostos químicos, contribuindo em
maior ou menor grau para a solubilizar substâncias, além de definir a toxicidade de vários
elementos (NOGUEIRA; COSTA; PEREIRA, 2015). Para adequada manutenção da vida
aquática é necessário que o pH se situe na faixa de 6 a 9 (SPERLING, 2005). Em um corpo
hídrico, as alterações de pH podem ser resultado de ações antrópicas, como despejos de
efluentes, ou ainda de origem natural, devido a dissolução de rochas e fotossíntese (CETESB,
2014).
2.3.2 Temperatura
Os corpos hídricos podem sofrer alterações de temperatura devido a ações antrópicas,
como o lançamento de efluentes aquecidos, bem como são influenciadas por flutuações
climáticas, que podem ocorrer sazonalmente ao longo do dia, devido a latitude e altitude,
profundidade do corpo hídrico, horário do dia e aeração. A temperatura ainda pode ser
influenciada por processos químicos, físicos e biológicos dos ecossistemas aquáticos
(CHAPMAN, 1996).
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2.3.3 Turbidez
A turbidez pode ser definida como uma propriedade física relacionada com a redução
da transparência devido a materiais em suspensão, que dificultam a passagem da luz através do
fluido. A variação da turbidez está relacionada com a influência da pluviosidade, bem como
efluentes ou atividades industriais ou de mineração próximas ao corpo hídrico. A alta turbidez
tem como resultado a redução da eficiência da fotossíntese da vegetação submersa e de algas,
o que acaba suprimindo a vida aquática (CHAPMAN, 1996).
2.3.4 Condutividade elétrica
A condutividade elétrica pode ser definida como a capacidade de um fluido de conduzir
correntes elétricas. Esta capacidade está relacionada com a quantidade de sais existentes na
coluna d’água, representando uma medida indireta da concentração de poluentes. A
condutividade aumenta ao passo que as concentrações de sólidos totais aumentam. Altos
valores de condutividade elétrica podem indicar ambientes impactados (CETESB, 2014).
2.3.5 Oxigênio Dissolvido
O oxigênio proveniente da atmosfera dissolve-se nas águas naturais, devido à diferença
de pressão parcial. A taxa de oxigênio dissolvido na água depende das características
hidráulicas e é proporcional a velocidade da água, quanto maior a velocidade, maior é a aeração
e, consequentemente, maiores são os níveis de oxigênio dissolvido. Outra fonte importante de
oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas. O oxigênio dissolvido está relacionado com a
poluição das águas superficiais quando se apresenta sob baixa concentração, favorecendo os
processos de eutrofização. Ao passo que águas limpas, apresentam oxigênio dissolvido em
elevadas concentrações. Bons níveis de oxigênio dissolvido indicam a capacidade de um corpo
d’água natural em manter a vida aquática (CETESB, 2014).
2.3.6 Sólidos Totais
Sólidos Totais correspondem a parcela de sólidos que permanecem como resíduo após
a evaporação da amostra em uma temperatura pré-estabelecida, durante um tempo fixado. A
caracterização dos sólidos totais permite obter informações sobre a distribuição das partículas
no fluido, bem como o tamanho destas partículas.
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Em corpos hídricos, os sólidos totais podem causar danos aos peixes e a vida aquática,
podendo sedimentar no leito do rio, ocasionando a morte de organismos fornecedores de
alimentos, bem como podem afetar a desova dos peixes. Os sólidos têm a capacidade de
retenção de bactérias e resíduos orgânicos no fundo dos rios, promovendo decomposição
anaeróbia (CETESB, 2014).
2.3.7 Cor
A cor é uma característica física que é apresentada na água, quando esta contém
substâncias dissolvidas e/ou em estado coloidal. Tais substâncias, são em sua maioria, de
natureza orgânica. A cor da água pode se originar de minerais ou de vegetações naturais
presentes na água, tais como turfa, protozoários, algas, húmus, taninos e despejos industriais.
Cabe ressaltar que a cor também pode variar conforme o pH (LEÃO; OLIVEIRA; DEL PINO,
2014).
2.3.8 Resíduos sólidos
Os resíduos sólidos afetam negativamente a qualidade da agua através da liberação dos
lixiviados para os corpos hídricos. À medida que a água entra em contato com os resíduos
sólidos em decomposição, estes passam a se dissolver juntamente com os resíduos sólidos
orgânicos e inorgânicos solúveis, produzindo o lixiviado. A combinação de água potável e
condições higiênicas de saneamento ambiental são condições prévias para uma vida saudável
das pessoas (PINHEIRO; LOBÓN; SCALIZE, 2018).
2.3.9 Óleos e graxas
Óleos e graxas podem ser definidas como substâncias orgânicas de origem animal,
mineral e vegetal, podem ser hidrocarbonetos, gorduras ou ésteres. Geralmente, não costumam
ser encontrados em águas naturais, sendo provenientes de despejos e resíduos industriais,
esgotos domésticos, efluentes de oficinas mecânicas e postos de gasolinas, estradas e vias
públicas. Em seu processo de decomposição, óleos e graxas formam uma película, que reduz o
oxigênio dissolvido, elevando a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a demanda química
de oxigênio (DQO), causando sérios danos ao corpo hídrico, como a morte de microrganismos
(KICH; BÖCKEL, 2017).
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2.3.10 Espuma aparente
As espumas aparentes presentes nas águas superficiais são do grupo dos contaminantes
orgânicos, que podem ser originários de pesticidas, herbicidas, solventes industriais e
surfactantes. Podem ser transportados para os corpos hídricos de várias formas, sendo em sua
maioria persistentes devido a sua difícil degradação. Tais poluentes, contribuem para a
deterioração da qualidade da água, alterando os níveis de oxigênio dissolvido, bem como
fornecem nutrientes que causam o excessivo crescimento de organismos aquáticos,
promovendo o desequilíbrio do ecossistema aquático (EMBRAPA, 2011).
2.4 COLETAS E ANÁLISES
As análises e coletas foram realizadas bimestralmente entre maio e setembro de 2019.
Para análise dos parâmetros: pH, Oxigênio Dissolvido (OD), Temperatura e Condutividade
Elétrica foi utilizada uma sonda multiparâmetros da marca Akso, modelo AK88.
As amostras foram coletadas em garrafas de água mineral, com capacidade para 500 ml,
pré-higienizadas com água destilada. Parte desta amostra foi utilizada para o ensaio de turbidez
e parte no ensaio de sólidos totais.
Para o ensaio de sólidos totais, seguiu-se a metodologia especificada em norma técnica
interna da SABESP (1999). As cápsulas foram pré-preparadas, sendo deixadas na estufa por 2h
a 105ºC, seguida por 15 minutos na mufla a 550ºC, esfriando no dessecador por 40 minutos
para então serem pesadas em balança analítica. Pesaram-se as cápsulas vazias e obteve-se P0.
Após, mediu-se uma alíquota pré-determinada da amostra no balão volumétrico, que foi
tranferida para a cápsula pré-preparada, colocando-a em estufa a 102-105ºC até a evaporação
completa. Posteriormente a evaporação, a cápsula esfriou no dessecador por mais 30 minutos e
pesou-se em balança analítica (P1). Para o cálculo de sólidos totais em mg/L foi usado o
seguinte cálculo:
𝑆𝑇 =𝑃1 − 𝑃0
𝑉𝑜𝑙.∗ 100000
Onde:
ST= Sólidos totais (mg/L)
P0= Peso da cápsula vazia (g)
P1= Peso da cápsula com resíduo seco (g)
Vol.= Volume da amostra (ml)
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Já a medição de turbidez foi realizada com um turbidímetro que mede a turbidez através
da passagem de luz pela cubeta em que a amostra é inserida. Para a realização do ensaio
colocou-se 25 ml de amostra na cubeta, inserindo-a no aparelho, aferindo os resultados em
NTU.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira análise dos parâmetros foi realizada em maio e foram obtidos os seguintes
resultados dos parâmetros analisados:
RIO PIRAPÓ Nascente Afluente ponto 01 Afluente Ponto 02 OD 2,4 mg/L 5,9 mg/L 5,2 mg/L pH 5,39 7,25 7,91 Temperatura 22ºC 20,2ºC 19,7ºC Condutividade Elétrica 185 µS 434 µS 428 µS Sólidos Totais 137,5mg/L 316,66 mg/L 324,16 mg/L Turbidez 1,10 NTU 6,47 NTU 5,66 NTU Resíduos Sólidos Não Sim Sim Espuma Aparente Não Sim Sim Óleos e Graxas Não Sim Sim Odor Não Sim Sim Cor Não Levemente amarelada Levemente amarelada Seres Vivos Não Não Não Cercamento Sim Não Não APP Parcialmente Parcialmente Parcialmente
Tabela 4: Análise das variáveis físico-químicas do Rio Pirapó em maio de 2019. Fonte: Autor
Nesta análise, observou-se a presença de muitos resíduos sólidos, bem como odor e
presença de cor levemente amarelada na água. Ademais, houve leve alteração nos valores de
pH nos dois pontos do afluente e os valores de sólidos totais e turbidez das três amostras estão
ligeiramente altos, devido às chuvas nos dias que antecederam a coleta (Tabela 4).
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Figura 3: A: Nascente Rio Pirapó em Maio de 2019. B: Resíduos Sólidos no Afluente do Rio Pirapó.
Na segunda análise realizada em julho, foi possível constatar o descarte irregular de efluentes de um frigorífico próximo da região no momento da coleta no afluente (Figura 4 A e Figura 4 B). No local, pode-se observar a desconformidade em alguns parâmetros estabelecidos pela CONAMA 357/05, como espuma virtualmente presentes, forte odor e forte coloração da água (Figura 4 A e Figura 4 B).
RIO PIRAPÓ Nascente Afluente ponto 01 Afluente Ponto 02 OD 2,08 mg/L 4,3 mg/L 5,2 mg/L pH 5,48 7,8 8,12 Temperatura 21,2ºC 18,2ºC 17,4ºC Condutividade Elétrica 180,7 µS 868 µS 784 µS Sólidos Totais 82,5 mg/L 525 mg/L 443,5 mg/L Turbidez 1,05 NTU 62,3 NTU 40,8 NTU Resíduos Sólidos Não Sim Sim Espuma Aparente Não Sim Sim Óleos e Graxas Não Sim Sim Odor Não Sim Sim Cor Não Fortemente amarelada Fortemente amarelada Seres Vivos Sim Não Não Cercamento Sim Não Não APP Parcialmente Parcialmente Parcialmente
Tabela 5: Análise das variáveis físico-químicas do Rio Pirapó em julho de 2019. Fonte: Autor
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Com a realização da segunda análise, foi possível observar a elevação dos parâmetros
Condutividade elétrica, pH, sólidos totais e turbidez e a diminuição da temperatura das amostras
nos 2 pontos do afluente (Tabela 5). Tais fatores observados nas análises reforçam os sinais de
descarte irregular de efluentes no corpo hídrico. É importante salientar que os níveis de turbidez
ultrapassaram o limite de até 40 NTU previsto pela resolução CONAMA 357/2005.
Figura 4 A: Descarte irregular de efluentes no ponto 01 B: Descarte irregular de efluentes no ponto 02
A terceira análise foi realizada no dia 12 de setembro, e obtiveram-se os seguintes
resultados (Tabela 6).
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Tabela 6: Análise das variáveis físico-químicas do Rio Pirapó em setembro de 2019. Fonte: Autor.
Nesta análise, foi possível perceber uma leve perturbação na amostra da nascente nos
parâmetros sólidos totais, condutividade elétrica e turbidez devido ao fato dos proprietários
terem alterado o terreno, retirando o depósito de madeira onde ocorria o afloramento, deixando
a nascente totalmente desprotegida (Figura 5 A). Ademais, cabe ressaltar a retirada da área de
APP de todo o terreno para a construção de uma praça.
Já nas amostras dos dois pontos do afluente, verificou-se uma melhora na qualidade da
água nos parâmetros físico-químicos. Entretanto, ainda se observa no local a presença de
resíduos sólidos no corpo hídrico, bem como em sua área de APP, além de avançado processo
erosivo.
Cabe ressaltar que o afluente é alvo de frequente descarte irregular de resíduos sólidos
e conta com área parcial de APP, com várias residências próximas ao corpo hídrico. Todos estes
fatores somados a deficiência da APP faz com que partes do corpo hídrico estejam em processo
de assoreamento, devido a quantidade de lixiviados e da erosão dos taludes laterais do afluente
(Figura 5 B).
RIO PIRAPÓ Nascente Afluente ponto 01 Afluente Ponto 02 OD 5,4 mg/L 6,9 mg/L 7,5 mg/L pH 6,21 7,12 7,78 Temperatura 23ºC 21,5ºC 21,1ºC Condutividade Elétrica 233 µS 172,1 µS 176,8 µS Sólidos Totais 119 mg/L 108 mg/L 103 mg/L Turbidez 1,31 NTU 0,80 NTU 0,33 NTU Resíduos Sólidos Não Sim Sim Espuma Aparente Não Sim Sim Óleos e Graxas Sim Não Não Odor Não Não Não Cor Não Não Não Seres Vivos Sim Não Não Cercamento Sim Não Não APP Não Parcialmente Parcialmente
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Figura 5: A: Nascente do rio Pirapó Set. de 2019. B: Processo erosivo no afluente, Set. 2019.
3 CONCLUSÃO
Com os resultados das análises da área de manancial, podemos concluir que a área era
mantida em bom estado de conservação até meados de junho de 2019 pelo proprietário do
imóvel. Entretanto, esta área foi alterada, sendo o depósito de madeira retirado do local de
afloramento, deixando a nascente exposta. É importante ressaltar a retirada de algumas árvores
do local, que embora ficassem longe da área de afloramento eram consideradas para área de
APP. No local, se dará a construção de uma praça, que ficará em torno de 20m de distância da
área de afloramento da nascente.
Em relação as análises do afluente receptor das águas da nascente, podemos concluir
que o corpo hídrico vem sofrendo alterações devido às ações antrópicas, relacionadas ao
descarte de resíduos sólidos e efluentes, bem como ao avanço de processos naturais como a
erosão e, por consequente, o assoreamento.
É possível observar nas duas primeiras análises algumas elevações nos parâmetros
físico-químicos do afluente, bem como constatar a irregularidade de alguns parâmetros de
qualidade ambiental, como presença de resíduos sólidos, espuma virtualmente presente, sólidos
objetáveis presentes e substâncias que conferem odor e sabor presentes, o que claramente
prejudica a qualidade ambiental do corpo hídrico, influenciando os aspectos qualitativos da
água que será utilizada posteriormente para a captação de água no município de Maringá-PR.
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Diante o exposto, é necessário salientar, que o órgão executivo do município de
Apucarana tem o dever legal de conservar a área de afloramento, bem como o seu afluente
receptor, devido a importância do Rio Pirapó para o noroeste do estado. Ademais cabe ressaltar
que os órgãos públicos precisam se valer de incentivos fiscais para a conservação de áreas de
afloramento em áreas urbanas, como é o caso da nascente do Rio Pirapó, que tem seu
afloramento na área central de Apucarana em uma propriedade privada, onde o poder de uso do
proprietário sobre o imóvel pode gerar a degradação da qualidade da água do manancial.
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REFERÊNCIAS
ALVIM, A. T. B, BRUNA, G. C, KATO, V. R. C. Políticas ambientais e urbanas em áreas de mananciais: Interfaces e conflitos. Cadernos Metrópole, n. 19, Pontifícia Universidade Católica - PUC, São Paulo-SP, 2008. Disponível em <https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/8714>. Acesso em: 20 de maio de 2019.
BICUDO, C. E. de M. et al. Águas do Brasil: análises estratégicas. Instituto de Botânica. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-6820.pdf>. Acesso em 10 de abril 2019.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 02 de abril 2019.
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