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7/24/2019 Supremo Institucional (1991)
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S U P R E M O T R I B U N A L F E D E R A L
C O M E M O R O D O C E N T E N R I O D IN S T L O
D O S U P R E M O T R IB U N L F E D E R L
Sesso solene realizada em
28-2-1991
BRASILIA
1993
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S U P R E M O T R I B UN L F E D E R L
C O M E M O R O D O C E N T E N R IO D IN S T L O
D O S U P R E M O T R IB U N L F E D E R L
Sesso solene realizada em 28-2-1991)
B R A S I L I A
1993
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Palavras do Senhor Ministro
NRI DA SILVEIRA
Presidente
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Declaro aberta esta Sesso Solene do Supremo Tribunal Federal , es
pecialmente convocada para comemorar o centenrio de sua instalao.
Registro as honrosas presenas de Sua Excelncia o Senhor Presiden
te da Repblica, Doutor Fernando Collor de Mello; de Sua Excelncia o
Senhor Presidente do Congresso Nacional , Senador Mauro Benevides; de
Sua Excelncia o Senhor Deputado Ibsen Pinheiro, Presidente da Cma
ra dos Deputados ; do Senhor Nncio Apostl ico, de Embaixadores , Par
lamentares , Ministros de Estado; do Senhor Cardeal Arcebispo de
Brasl ia; de Ministros e Presidentes dos Tribunais Superiores; do Senhor
Presidente do Tribunal de Contas; dos Senhores Ministros aposentados
desta Corte; dos Senhores Presidentes e Membros dos 87 Tribunais do
Pas que aqui est iveram, durante dois dias , reunidos no Supremo Tribunal Federal; dos Senhores Presidentes de todas as Associaes de Magis
trados do Brasil ; de Membros do Ministrio Pblico; de Magistrados; de
Advogados, frente o Senhor Presidente do Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil ; de outras al tas autoridades; dos funcionrios
do Supremo Tribunal Federal; dos Senhores e Senhoras que vieram, com
o Supremo Tribunal Federa l comemorar es ta da ta magna.
Concedo a palavra ao ilustre Ministro Moreira Alves, para falar em
nome da Corte .
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Discurso do Senhor Ministro
MOREIRA ALVES
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para a Presidncia e Vice-Presidncia, dela no part icipando os Ministros
Alencar Araripe e Baro de Lucena que no podiam entrar em imediato
exerccio por estarem integrando Comisso do Executivo. Em votao se
creta, foi eleito Presidente o Ministro Freitas Henriques, em primeiro es
crutnio, com oito votos. Para a eleio do Vice-Presidente e o eleito
foi o Ministro Aquino e Castro , trs escrutnios foram necessrios pa
ra alcanar-se a maioria absoluta. Freitas Henriques pediu a palavra, e
em frases alevantadas e mui expressivas, prprias do ato, agradeceu co
movido a honrosa confiana que em si depositaram os seus colegas, de
clarando que se esforaria o mais possvel para corresponder sempre a ta
manha prova de considerao, mas, que sabia quanto precisava, para o
bom desempenho de sua al ta judicatura, do auxl io eficaz dos seus ami
gos e bons colegas, o que solici tava. Cumprida a finalidade da reunio,
o Visconde de Sabar a encerrou.
Cerimnia s ingela, sem discursos, apenas palavras de agradecimento
do Presidente eleito. Iniciava-se a tradio do estilo que a Corte mantm,
passado um sculo.
A criao do Supremo Tribunal Federal se inspirara no modelo da
Suprema Corte nor te-americana . Al is , pouco antes da proclamao da
repblica, em julho de 1889, Salvador de Mendona e Lafayette Rodri
gues Pereira, que iam aos Estados Unidos da Amrica em misso oficial,
receberam esta recomendao de D. Pedro II: Estudem com todo cuida
do a organizao do Supremo Tribunal de Justia de Washington. Creio
que nas funes da Corte Suprema est o segredo do bom funcionamen
to da Consti tuio norte-americana. Quando voltarem, haveremos de ter
uma conferncia a este respeito. Entre ns, as coisas no vo bem, e
parece-me que se pudssemos criar aqui um tribunal igual ao norte-
americano, e transferir para ele as atribuies do Poder Moderador da
nossa Constituio, ficaria esta melhor. Dem toda a ateno a este pon
t o . Estava consciente o monarca de que, embora o Poder Judicirio t i
vesse sido includo pela Constituio de 1824, entre os Poderes Polticos,
o Supremo Tribunal de Justia no desempenhava, nas questes concer
nentes s relaes entre os Poderes e delimitao de suas atribuies,
qualquer papel , moldado que fora no est i lo europeu das Cortes de Cassa
o, restringindo-se sua competncia a pouco mais do que julgar os re
cursos de revista, sem efeito suspensivo, interpostos contra deciso profe
rida em lt ima instncia, sob o fundamento de nulidade manifesta ou de
injustia notria . A queda da monarquia impediu que a inteno de D.
Pedro II fosse levada adiante. A repblica, porm, surge fortemente im
pregnada da influncia da Amrica do Norte. O Estado, que era unitrio
e em que no havia atritos mais srios entre o governo central e os das
Provncias pela subordinao destes quele, se torna federal, com a con
seqente delimitao das esferas de competncia entre a Unio e Estados-
membros, a exigir Poder que lhe fiscalize a observncia. De outra parte,
a substituio do regime parlamentar pelo presidencial enseja maiores
conflitos entre os Poderes Executivo e Legislativo. Na Exposio de Mo-
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tivos do Decreto 848, de 11 de outubro de 1890, redigida por Campos
Sales, ento Ministro e Secretrio de Estado dos Negcios da Justia, a
funo poltica do Poder Judicirio j est precisamente delineada, nes
tas passagens:
A magistratura que agora se instala no pas, graas ao regime repu
blicano, no um instrumento cego ou mero intrprete na execuo dos
atos do Poder Legislativo. Antes de aplicar a lei cabe-lhe o direito de
exame, podendo dar-lhe ou recusar-lhe sano, se ela lhe parecer confor
me ou contra a lei orgnica.
O Poder de interpretar as leis, disse o honesto e sbio juiz america
no, envolve necessariamente o direito de verificar se elas so conformes
ou no Constituio, e neste ltimo caso cabe-lhe declarar que elas so
nulas e sem efeito (...).
A funo do l iberalismo no passado, diz um eminente pensador in
gls, foi opor um limite ao poder violento dos reis; o dever do liberalis
mo na poca atual opor, um limite ao poder i l imitado dos Parlamentos
A est posta a profunda diversidade de ndole que existe entre o
Poder Judicirio, tal como se achava inst i tudo no regime decado, e
aquele que agora se inaugura, calcado sobre os moldes democrticos do
sis tema federal . De Poder subordinado, qual era, t ransforma-se em po
der soberano, apto na elevada esfera da sua autoridade para interpor a
benfica influncia do seu critrio decisivo a fim de manter o equilbrio,
a regularidade e a prpria independncia dos outros Poderes, asseguran
do ao m esm o temp o o livre exerccio dos direitos do cid ad o .
por isso que na grande Unio Americana com razo se considera
o Poder Judicirio como a pedra angular do edifcio federal e o nico
capaz de defender com eficcia a liberdade, a autonomia individual. Ao
influxo da sua real soberania desfazem-se os erros legislativos e so en
tregues austeridade da lei os crimes dos depositrios do Poder Executi
vo.
A forte influncia americana que ressalta dessa Exposio se faz sen
tir tambm no texto do Decreto, em cujo artigo 386 se l: Os estatutos
dos povos cultos e especialmente os que regem as relaes jurdicas na
Repblica dos Estados Unidos da Amrica do Norte, os casos de
common law
e
equity,
sero tambm subsidirios da jurisprudncia e
processo federal.
Nos cem anos de vida desta Corte, muitas foram as vicissitudes por
que ela passou, vrias as crticas que sofreu, diversas as incompreenses
que suportou. Confrontadas, porm, as falhas com as virtudes, o saldo
e o que importa para o julgamento das inst i tuies, que, como os
homens que a integram, tm o estigma da imperfeio o saldo, repito,
lhe amplamente favorvel .
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Em sua fase inicial de 1891 a 1898 , no seria possvel exigir-
lhe, de imediato, a ntida conscincia da funo poltica que se lhe atri
bura com o controle de constitucionalidade indispensvel para o
equilbrio federativo. Dois teros dos Ministros vinham do Supremo Tri
bunal de Justia, trazendo, portanto, o condicionamento das l imitaes
dele. Em nossos meios jurdicos, era escassa a divulgao da doutrina
constitucional norte-americana. Explicveis, pois, suas omisses e vacila-
es em face do Legislativo e do Executivo, defeitos que aos olhos da
opinio pblica pareciam maiores pelo desfavorvel confronto da realida
de prxima com a imagem ideal de perfeio que se ia criando em torno
da distante Suprema Corte americana. Em pouco tempo, porm, as hesi
taes foram sendo afastadas pela rpida renovao de seus Ministros e
pelo suceder de causas com intensa repercusso poltica, freqentes nostempestuosos anos em que perigaram as instituies republicanas e as li
berdades civis. J ento, comeou a sofrer presses que a Suprema Corte
dos Estados Unidos j havia sofrido e viria ainda a sofrer, com as tenta
tivas,
junto ao Poder Legislativo, de
impeachment
de seus juizes ou de
alterao do nmero deles. Assim, por haver o Supremo Tribunal, em
1893,
declarado a invalidade do Cdigo Penal da Armada sob o funda
mento de que o Ministro da Marinha no podia edit- lo aps a vigncia
da Constituio de 1891, Floriano Peixoto deixou de dar posse a seu Pre
sidente e de preencher sete vagas, para as quais, mais tarde, nomearia
dois generais e um mdico, nomeaes que no seriam aprovadas pelo
Senado; e o l der do governo Aristides Lobo sustentou, na impren
sa, que, com o julgamento que prolatara, havia praticado cr ime de abuso
de autoridade, devendo responder perante o Parlamento. Depois, na Pre
sidncia de Prudente de Moraes, tendo a Corte decidido que as imunida-
des parlamentares persistiam durante o estado de stio, sofreu ela spera
crtica em mensagem presidencial ao Congresso, e se pretendeu at a cria
o de cinco cargos de substitutos com os mesmos predicados exigidos
para os Ministros efetivos, o que era maneira indireta de influir na sua
composio nas hipteses, ento freqentes, de impedimento ou de licen
a. Registram-se, tambm, uns poucos casos de desobedincia, como o
do decreto de expulso de dezesseis estrangeiros, em favor dos quais, em
1894, haviam sido concedidos habeas corpus para permanecerem no Bra
sil.
Mais tranqilos foram os anos de 1899 a 1909. Neles, a atuao da
Corte se fez sentir principalmente nas questes relativas ao federalismo.
A doutrina e a jurisprudncia americanas j eram citadas com freqncia
nos trabalhos jurdicos, nas decises judiciais e nos debates parlamenta
res.
O Supremo Tribunal Federal, porm, por vezes, se afastava da
orientao do consti tucionalismo americano. Enquanto Campos Sales ad
mitia a soberania dos Estados e inaugurava a polt ica dos governado
res,
sustentava ele que soberana era apenas a Unio. Ao contrr io do
rumo tr i lhado pela Suprema Corte dos Estados Unidos, que deixava
apreciao das Justias estaduais as violaes da Declarao de Direitos
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ocorridas em seus territrios, no tergiversou em aplicar integralmente a
Constituio em todo o pas. nessa poca, tambm, que se ajuzam ne
le diversas questes de fronteiras entre Estados. Leis e decretos estaduais,
que, numa verdadeira guerra tributria, estabeleciam barreiras alfandeg
rias em prejuzo do comrcio interestadual, foram por ele declaradas in
constitucionais.
De 1910 a 1930, poca em que se multiplicam as intervenes nos
Estados e em que, a partir de 1922, ocorrem sucessivos levantes militares,
foi chamada esta Corte a julgar questes de grande repercusso poltica,
tendo sido amplamente utilizado o habeas corpus para conter a represso
do governo nos limites da lei. nesse perodo que ela constri o que a
histria registra como a doutrina brasileira do habeas corpus, por inexis-
tir ao capaz de tutelar prontamente direitos e garantias que no se en
quadravam nos limites tradicionais do direito de ir e vir. Sua atuao
nesse terreno deu margem no s a que decises poucas, certo - no
fossem cumpridas (assim, a da concesso de habeas corpus, em 1911, por
dualidade de Assemblias Legislativas no Estado do Rio de Janeiro), mas
tambm a que, na Presidncia de Hermes da onseca, Joo Lus Alves
elaborasse projeto, que no vingou, para definir como crime de respon
sabilidade de seus Ministros a interpretao contrria letra da lei. A re
forma constitucional de 1926, de iniciativa de Arthur Bernardes, ps ter
mo a essa construo jurisprudencial com a redao dada ao dispositivo
o 22 do artigo 72 da Constituio de 1891 referente ao
habeas
corpus.
Segue-se o perodo que vai da revoluo de 1930 queda do Estado
Novo em 1945. Deposto Washington Luiz , o Chefe do Governo provis
rio,
por Decreto de 3 de fevereiro de 1931, reduz o nmero dos Ministros
da Corte de quinze para onze. Dias depois, outro Decreto aposenta com-
pulsoriamente seis deles: um, por haver, como Procurador-Geral da Re
pblica, denunciado participantes de revolues e conspiraes ocorridas
entre 1922 e 1926, e os demais por t-los condenado. Em 1932, com a
implantao da Justia Eleitoral, deixa de existir o srio problema da
dualidade de Assemblias Legisla t ivas, Cmaras de Vereadores, Governa
dores e Prefeitos, que havia sido causa da impetrao de inmeros
habeas corpus. A Consti tuio de 1934 muda a denominao do Supre
mo Tribunal Federal para Corte Suprema; admite a representao de in-
constitucionalidade interventiva, a ser proposta perante ele, para assegu
rar a observncia, pelos Estados, das normas constitucionais federais
sensveis; outorga ao Senado, por carecermos do princpio do stare
decisis,
competncia para atribuir eficcia
erga omnes
s decises de in-
constitucionalidade, suspendendo a vigncia dos preceitos declarados in
constitucionais; e cria o mandado de segurana, que preenche a lacuna
que a
doutrina brasileira de habeas corpus
pretendera suprir. Brevssima,
porm, a vida dessa Const i tuio. Em 1937, implanta-se o Estado No
vo .
A Carta ento outorgada rest i tui Corte a denominao primit iva,
mas lhe restr inge o controle da const i tucionalidade, permit indo, no para-
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mandado para cessar a insurreio. E o segundo, indagao retrica
sobre qual seria a atitude da Magistratura diante dos governos de fato,
responde: De absoluto respei to. De acatamento s del iberaes. A Ma
gistratura, no Brasil ou alhures, no entra na apreciao da origem do
Governo. Do contrrio, seramos o Poder Judicirio a ordenar a contra-
revoluo, o que jamais se viu em qualquer pas do mundo.
Em 31 de maro de 1964, inicia-se novo ciclo revolucionrio a que se
sucede, mais de vinte anos depois, perodo de transio para o retorno
democracia, o qual culmina com a Constituio de 1988. J em 9 de
abril de 1964, editado o Ato Institucional n? 1 que mantm a Constitui
o de 1946, com modificaes. Aplicando o direito vigente, esta Corte
concede vrios
habeas corpus,
decises que o Executivo respeita, embora
com desagrado. Em 27 de outubro de 1965, o Ato Institucional n? 2 au
menta o numero de Ministros da Corte para dezesseis, e exclui da apre
ciao judicial os atos revolucionrios praticados com base na ordem ins
titucional. A Constituio de 1967 confirma a composio da Corte, e
declara que os a tos prat icados pelo Comando Supremo da Revoluo f i
cam aprovados e excludos de apreciao judiia l , bem como outros, in
clusive de natureza legislativa, fundados em Atos Institucionais e Com-
plementares. A 13 de dezembro de 1968, novo Ato Institucional baixa
do o de n? 5, que outorga ao Presidente da Republica poderes excep
cionais que lhe permitem atuar, sem apreciao do Judicirio, na ordem
institucional que se sobrepe da Constituio vigente. Com isso, os
atos de exceo saem da esfera judicial, desaparecendo a zona de atrito
entre o Tribunal e o Executivo. O Ato Institucional n 6, de 1? de feve
reiro de 1969, reduz o nmero dos Ministros da Corte, que voltam a ser
onze. Trs dos dezesseis ento em exerccio so aposentados compulsoria-
mente, e dois outros requerem a inatividade. Mas, nesse perodo, tam
bm se observa que so aumentados os poderes do Supremo no mbito
da ordem jurdica no inst i tucional . Assim, a Emenda Consti tucional n?
16, de 1965, cria o controle de constitucionalidade dos atos normativos
federais e estaduais em tese por ao direta, dando-lhe o monoplio do
julgamento; a Constituio de 1967 lhe atribui competncia legislativa
para disciplinar, no Regimento Interno, o processo e o julgamento dos
feitos de sua competncia originria ou de recurso. Mais adiante, a
Emenda Constitucional n? 7, de 1977, alm de determinar que o Conse
lho Nacional da Magistratura, por ela institudo, se componha de sete
Ministros da Corte , aumenta a competncia originria desta , introduzin
do nela a representao para a interpretao de ato normativo federal ou
estadual e a avocatria de causas processadas perante quaisquer juzos ou
Tribunais. Essa Emenda, a inda, a declara competente para a concesso
de medida liminar em representao de inconstitucionalidade, e lhe per
mite, para que se flexibilizem as restries ao conhecimento do recurso
extraordinrio, a adoo do inst i tuto da argio de re levncia da ques
to federal.
Ao ser elaborada a Constituio de 1988, houve forte tendncia para
a transformao do Supremo Tribunal Federal em Corte Const i tucional
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do molde europeu, integrada por juizes com mandato temporrio. A uni
formizao do direito federal legal passaria para a competncia da Corte
a ser criada o Superior Tribunal de Justia , que a faria por meio
de recurso especial, sem as Restries de conhecimento que deram mar
gem adoo da argio de relevncia. O peso da tradio do Supremo
Tribunal Federal, porm, provocou reao que impediu se concretizasse
essa tendncia nas suas linhas mais radicais. Manteve-se-lhe a estrutura e
se lhe ampliou a presena no terreno consti tucional, cr iando-se o manda
do de injuno e alargando-se o rol dos legit imados para propor ao di
reta de inconsti tucionalidade, admitida, inclusive, para declarar omisso
inconsti tucional. Retirou-se-lhe, porm, a funo, que desempenhou por
mais de noventa anos, de Tribunal unificador da aplicao do direito fe
deral infraconstitucional, instituindo-se, para exerc-la, embora de modo
imperfeito, o Superior Tribunal de Justia. De sua competncia saram,
tambm, a representao de interpretao e a avocatria, mas, em con
trapartida, realando-lhe a posio de cpula do Poder Judicir io Nacio
nal,
outorgou -se-lhe com petncia para julgar or iginariamente as causas
em que a magistratura direta ou indiretamente interessada.
Este o Supremo Tribunal Federal um sculo aps sua instalao.
Moldado na Suprema Corte norte-americana, mas atuando, desde o
incio, sob condies jurdicas e polticas muito mais adversas, no des
mereceu nem desmerece o modelo de que resultou.
Enquanto esteve a seu cargo a atribuio de uniformizar a exegese
do direito federal legal, ele a cumpriu com impressionante volume de jul
gamentos que no encontra precedente em Cortes de sua estatura consti
tucional, e, portanto, como se acontecer nelas, com nmero reduzido
de juizes, as mais das vezes sem substitutos. As restries ao recurso ex
traordinrio s se impuseram quando a tendncia do aumento chegou a
ponto de se temer pela viabilidade da prestao jurisdicional. Nos Esta
dos Unidos, onde, ao contrrio do que ocorre no Brasil, o mbito de
competncia do direito federal muito menor do que o do direito esta
dual, desde 1925 outorgou-se sua Suprema Corte o poder discricionrio
de s julgar, das questes que lhe sejam submetidas, as que considere re
levantes pelo interesse pblico que revelam.
Por outro lado, no exerccio da funo poltica do controle difuso e
concentrado da consti tucionalidade, bem como na defesa dos direitos e
garantias, o Supremo Tribunal Federal tambm no f ica a dever na com
parao com aquela Corte, que, ao longo de sua histr ia, tem sido igual
mente acusada de falhas, omisses, injustias e abusos de poder, s no
o sendo de no se dispor a fazer contra-revoluo por acrdo, porque
exerce suas atribuies em pas que, excetuada a guerra de secesso, no
tem conhecido insurreies militares, estados de stio, intervenes de fa
to nos Estados, prises polticas.
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A atuao do Supremo Tribunal Federal no controle da Consti tucio-
nalidade muito mais ampla e intensa do que a da Corte que lhe serviu
de modelo. Ou porque no Brasil haja mais leis inconstitucionais, ou por
que o carter analtico de nossas Constituies d margem a maior nme
ro de argies de inconstitucionalidade, o que certo que, entre ns,
o nmero de leis declaradas inconstitucionais por este Tribunal incom
paravelmente superior ao de declaraes dessa natureza nos Estados Uni
dos.
No terreno das construes jurdicas constitucionais de que prdi
ga a Corte americana, no se pode pretender que o Supremo Tribunal
Federal haja sido inerte. No raras, no mbito do controle concentrado
de constitucionalidade, as construes feitas por ele, como a de atribuir-
se ,
antes de os textos constitucionais lho reconhecerem, o poder de defe
rir , em ao direta, liminar que suspende a vigncia da norma pela possi
bilidade de vir a ser invalidada no julgamento definitivo.
At no que respeita ao inconformismo e s represlias, tentadas ou
consumadas, a que tm dado azo decises de ambas as Cortes no decor
rer de suas atribuladas existncias, a nossa sustenta o confronto. E esse
aspecto as enaltece, pois no a subservincia, que desagrada, nem mui
to menos ela que inspira a reao ou induz desobedincia.
Senhores:
Em 1892, em sustentao oral de
habeas corpus
em favor de presos
polticos durante o estado de stio, externa Rui Barbosa o respeito quase
supersticioso com que se acerca desta Corte, e, exaltando-a, tem-na como
instituda pela Repblica com palavras semelhantes s da divina Atenas,
nas Eumnides de Esquilo, ao criar o novo Tribunal para os cidados da
tica:
Eu instituo este Tribunal venerando, severo, incorruptvel, guarda
vigilante desta terra atravs do sono de todos, e o anuncio aos cidados,
para que assim seja de hoje pelo futuro adiante.
O presente, como futuro que do passado, pode afirmar que assim
tem sido.
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Discurso do Doutor
ARISTIDES JUNQUEIRA ALVARENGA
Procurador-Geral da Repblica
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Excelentssimo Senhor Ministro Nri da Silveira, Dignssimo Presi
dente do Supremo Tribunal Federal ; Excelent ssimo Senhor Doutor Fer
nando Collor de Mello, Dignssimo Presidente da Repblica Federat iva
do Brasi l ; Excelent ssimo Senhor Doutor Ibsen Pinheiro, Dignssimo Pre
sidente da Cmara dos Deputados; Excelent ssimo Senhor Doutor Mauro
Benevides, Dignssimo Presidente do Senado Federal; Excelentssimos Se
nhores Ministros na atividade e os que j se afastaram desta Corte; de
mais autoridades presentes; Senhoras e Senhores.
H on tem , a 1 hora da tarde, no salo do ant igo Su prem o Tribu nal
de Justia, foi installado o Supremo Tribunal Federal, sob a presidncia
interina do Sr. Visconde de Sabar (presidente daquelle t r ibunal) .
Foi assim que o
Jornal do Commercio,
em sua edio de
?
de maro
de 1891, iniciou a notcia da instalao do rgo mximo do Poder Judi
cirio previsto no art igo 55 de nossa primeira Const i tuio republicana.
H exatamente um sculo, no dia 28 de fevereiro de 1891, nascia es
te Supremo Tribunal Federal .
Quinze eram seus integrantes e um deles, designado pelo Presidente
da Repblica, exercia o cargo de Procurador-Geral da Repblica.
Eis a o elo entre o Poder Judicirio e o Ministrio Pblico, que, co
mo inst i tuio, no havia, a inda, merecido tratamento const i tucional .
Durante a primeira Repblica, Albuquerque Barros, Trigo de Lou
reiro,
Souza Mart ins, Lcio de Mendona, Antunes de Figueiredo Ju
nior, Belfort Vieira, Ribeiro de Almeida, Epitcio Pessoa, Oliveira Ribei
ro ,
Guimares Natal , Cardoso de Castro, Muniz Barreto, Pires de Carva
lho e Albuquerque e Bento de Faria foram Ministros do Supremo Tribu
nal Federal , mas, para sempre, f iguram na galeria dos Procuradores-Ge-
rais da Repblica.
Com a Constituio de 1934, a situao se modifica. J no mais
um Ministro do Supremo o Procurador-Geral da Repblica, mas foram
vrios os Chefes do Ministrio Pblico que vieram honrar esta centenria
instituio:
Carlos Maximil iano, Hahmemann Guimares, Luiz Gallot t i , Carlos
Medeiros, Evandro Lins, Osvaldo Trigueiro, Decio Miranda, Xavier de
Albuquerque e Fi rmino Paz .
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E, hoje, aqui esto os eminentes Ministros Moreira Alves e Seplve-
da Pertence.
Por isso, a sensao do Ministrio Pblico, neste instante de celebra
o solene do centenrio deste Tribunal Maior, no a de um estranho
ou de mero visitante, mas de algum muito familiar, que tem assento
constante nesta Casa.
De algum que participa, ativamente, dos seus trabalhos judiciais e
conhece, compreende e vive suas preocupaes com a realizao da justi
a e com o fortalecimento de nossas instituies democrticas.
Este Supremo Tribunal Federal , centenrio, no para o Ministrio
Pblico esse outro desconhecido de que falava Aliomar Baleeiro, em
bora se possa constatar que o povo brasileiro, em geral, no lhe foi, ain
da , devidamente apresentado.
Se nestes cem anos de existncia foram vrias as vicissitudes experi
mentadas, principalmente no seu incio, como natural reflexo da instabi
l idade republicana brasi leira , fruto de uma imitao do federal ismo e do
presidencial ismo norte-americanos, divorciados de nossa histrica cul tura
de alm-mar, o certo que esta Casa, no correr dos anos, firmou-se co
mo instituio defensora da Constituio e das liberdades pblicas.
Despidos de qualquer conduta demaggica, seus membros no so
vocacionados a arrobos reformistas ao arrepio da lei , que s recrudece-
riam o vezo brasileiro de ter leis em profuso, sem a necessria disposi
o para cumpri- las.
Prudncia, sem omisso, a caracterstica deste excelso Tribunal,
em seu mister exegtico, sabedor de que responsvel por propiciar a se
gurana jurdica indispensvel ao convvio social.
Mas,
nem por isso, se nega a contribuir, com seus julgados, para o
aprimoramento e fortalecimento de nossas instituies sociais e polt icas,
sem o que o regime democrtico se reduz a quimera.
No dizer de Aliomar Baleeiro, o Supremo Tribunal Federal no se
confunde com algo de esttico, rgido, cadavrico, frio e marmorizado.
N o . A Corte egrgia palpita, mutvel e dinmica, ao impulso da hist
r ia.
O Brasil tem razes de sobra para se orgulhar de seu Supremo Tri
bunal Federal .
Por isso, atuar como Ministrio Pblico perante esta excelsa Corte
de Justia ddiva inigualvel.
Conhec-la de perto e cooperar no desempenho de sua mlt ipla com
petncia, precipuamente, a de guarda da Const i tuio engrandece o Mi
nistrio Pblico.
Neste momento, deveria a instituio por mim chefiada se alongar
mais na anl ise dos t rabalhos deste Colendo Tribunal , como forma de
proclamao pblica de sua importncia vi tal para o Estado Brasi leiro.
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Mas,
soaria como elogio suspeito, dada a nossa estreita convivncia.
Assim, bastante dizer que cem anos so passados e o vigor institu
cional do rgo de cpula do Poder Judicirio do Brasil cada vez mais
sentido em nossos dias.
E que assim seja sempre mais, a servir de exemplo s ainda frgeis
instituies existentes e cujo fortalecimento condio indispensvel de
sobrevivncia do prprio Estado Democrt ico de Direi to.
Viva, pois, o centenrio Supremo Tribunal Federal , para o bem-
estar de todos ns brasileiros
Mui to obr igado
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Palavras do Senhor Ministro
NRI DA SILVEIRA
Presidente
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Para falar em nome dos Advogados, concedo a palavra ao Dr.
Ophir Filgueiras Cavalcante.
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Excelentssimo Senhor Ministro Jos Nri da Silveira, Presidente do
Supremo Tribunal Federa l ; Excelent ss imo Senhor Doutor Fernando Col-
lor de Mello, Presidente da Repblica do Brasil; Excelentssimo Senhor
Senador Mauro Benevides, Presidente do Congresso Nacional e do Sena
do Federal; Excelentss imo Senhor Deputado Ibsen Pinheiro, Presidente
da Cmara dos Deputados; Excelentss imo Senhor Doutor Aris t ides Jun
queira Alvarenga, Procurador-Geral da Republica; Excelentss imos Se
nhores Ministros componentes desta Casa; Excelentss imas demais autori
dades aqui presentes ou representadas; prezados colegas Advogados, Se
nhoras e Senhores.
Sucedendo ao Supremo Tribunal de Justia, do Imprio, surge a 24
de fevereiro de 1891, na primeira Consti tuio republicana, o Supremo
Tribunal Federal . Essa Corte augusta, hoje centenria, iniciava ento tra
jetria que se fez his toricamente marcante, assinalada, como prpria
das inst i tuies fundamentais , por grandes momentos e ocasies mais dis
cretas.
Independentemente da qualificao que se d a certas etapas de sua
caminhada, o Supremo sempre teve a orn-lo as intel igncias e culturas
jurdicas mais brilhantes do Pas, de sorte que, a par de seu papel de
guardio tutelar de nosso arcabouo jurdico, desempenhou ele, ademais ,
as at ividades de autntico e luminoso Arepago, onde se forjaram os
pensamentos de quantos acreditaram sempre no Direito como valor su
premo de uma sociedade e fator de sua renovao e mudana em busca
do ideal de justia.
Alis , o testemunho mais eloqente, da sua dplice condio de tem
plo do saber jurdico e usina dos sonhos dos ideais de justia, se manifes
ta na circunstncia de no ter ele jamais escapado indene fria repressi
va de quantas ditaduras, em tempos que se deseja para sempre supera
dos, desabaram sobre o Pas . Nessas oportunidades , ou foram afas tados
seus mais atuantes integrantes , ou suas competncias e garantias foram
amesquinhadas ou suprimidas mas a Corte escapou, todavia, i lesa, o
que somente refora o julgamento merecidamente meritrio, que ela tem
recebido da Nao.
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Um verdadeiro Estado de Direi to depende muito menos das le is que
um Congresso produza, ou do espr i to democrt ico que bal ize a a tuao
do Executivo, q ue da atua o seren a m as firme dos seus juizes e tribu
nais .
Essa verdade tem seu signif icado ampliado, quando nos deparamos
com as competncias do Supremo Tribunal Federal e como so ela efeti
vamente vivenciadas, cotidianamente. O Brasil ser tanto mais feliz e dig
no ,
maior e exemplar, quanto mais aplicado e fiel for seu Supremo Tri
bunal , ao papel que lhe const i tucionalmente a tr ibudo. E esse pape ' po
de ter seu contedo crista l inamente resumido: o Supremo Tribunal Fede
ral a expresso pinacular de um dos Poderes de Estado, que aos outros
no se subordina nem a eles inferior. E mais at: a eles suplanta, por
que cabe ao Judicirio dizer da validade ou invalidade dos atos do Legis
lativo e do Executivo, quer se trate de seus atos tpicos, quer se cuide de
seus atos no especficos.
Na presente quadra que o pas atravessa, em que a nsia de adminis
trar e legislar, a pretexto de corrigir nossas patologias e deficincias, tem
no poucas vezes a tropelado os parmetros legais e const i tucionalmente
elaborados, no Supremo Tribunal Federal que a c idadania e a socieda
de podem procurar e encontrar o apoio seguro, o espeque certe iro,
que as proteger do arbtrio e da aleivosia. At aqui, registra-se com ale
gria no tem faltado o Supremo realizao desse papel, singularmente
revest ido da dupla condio de um Poder a um s tempo jurisdicional e
moderador .
A Ordem dos Advogados do Brasi l , exatamente por prezar ao extre
mo essa tarefa d o Suprem o Trib unal Federal , e por proc lamar com reco
nhecimento seu aplauso maneira como a Corte dela tem cuidado, se
bateu, enfat icamente, pela sua caracterizao como Corte eminentemente
const i tucional .
H razes de sobra, de jbilo e orgulho, para quantos aqui hoje se
renem, em comemorao aos cem anos do Supremo. A palavra dos ad
vogados, que no poderia faltar, , em suma, a de gratido por tudo que
a Corte j realizou; e de f no futuro do Pretrio Excelso, pela certeza
de que, alm da sabedoria dos seus membros, a prpria sabedoria da ins
tituio guia seus passos, conduzindo-a sempre nas sendas e trilhas do re
cato, da honra, da austeridade e da conscincia de sua histrica e funda
mental posio, no conjunto dos alicerces bsicos da cidadania e da so
ciedade. Que assim seja , perenemente.
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Palavras do Senhor Ministro
NRI DA SILVEIRA
Presidente
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Agradeo, em nome da Corte, a presena de Sua Excelncia o Se
nhor Presidente da Repblica, Doutor Fernando Collor de Mello; de Sua
Excelncia o Senhor Presidente do Congresso Nacional , Senador Mauro
Benevides; de Sua Excelncia o Senhor Presidente da Cmara dos Depu
tados,
Deputado Ibsen Pinheiro; e das demais autoridades referidas ini
cialmente. Agradeo tambm a presena das Senhoras e dos Senhores.
Este , sem dvida, um momento de festa para o Poder Judicirio,
que tambm aqui est reunido na pessoa e na representao dos Presi
dentes de todos os Tribunais do Pas e tambm de todas as Associaes
de Magistrados do Brasi l .
Ser aberta visitao de quantos assim o desejarem uma exposio
sobre os 100 anos do Supremo Tribunal Federal , no
hall
de entrada deste
prdio-sede da Corte.
Tambm, a seguir , ser lanado carimbo comemorativo desta data,
no Salo Branco contguo a este Plenrio, com a presena de Sua Exce
lncia o Senhor Presidente da Repblica.
Peo aos presentes que permaneam em seus lugares at que a Cor
te ,
aco m pa nh ad a de Suas Excelncias o Senhor Presidente da Rep bli
ca, o Senhor Presidente do Congresso Nacional e o Senhor Presidente da
Cmara dos Deputados , se ret ire para o Salo Branco, onde Sua Ex
celncia o Senhor Presidente da Repblica receber os cumprimentos dos
Membros da Corte e todos podero confraternizar com o Tribunal , pela
efemride.
Est encerrada a Sesso.
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E S T A O B R A F O I C O M P O S T A
E I MPR E SSA PE L A
I M P R E N S A N A C I O N A L ,
SIG, QUADRA 6, LOTE 800,
70604-900, BRASILIA, DF,
E M 1 9 9 3 , C OM UMA T I R AGE M
DE 2 0 0 E XE MPL AR E S
m n
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