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Sumário
A estrutura social e as desigualdades sociais .................................................... 2
desigualdade social: a pobreza como nascença, fracasso, destino,
desgraça... ...................................................................................................... 3
a desigualdade como produto das relações sociais ........................................ 4
a desigualdade social no brasil ....................................................................... 6
O estado absolutista ......................................................................................... 14
teóricos do absolutismo ................................................................................ 14
O estado liberal ................................................................................................ 16
Instituições sociais ........................................................................................... 22
Cidadania ......................................................................................................... 26
Os direitos humanos e a cidadania .................................................................. 28
Movimentos sociais .......................................................................................... 29
Movimentos sociais no brasil............................................................................ 32
Ideologia ........................................................................................................... 41
Exercícios ......................................................................................................... 44
Referências bibliográficas ................................................................................ 51
ETAPA 2
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A ESTRUTURA SOCIAL E AS DESIGUALDADES SOCIAIS
Vivemos em uma sociedade desigual. Em nosso dia a dia, podemos
observar os sinais das desigualdades sociais e suas consequências políticas e
ideológicas.O contraste entre a pobreza e a riqueza no Brasil é o tema das
duas charges abaixo:
Nas grandes cidades, a desigualdade social é visível.
No mundo, percebemos que os indivíduos são diferentes, estas
diferenças se baseiam nos seguintes aspectos: coisas materiais, raça, sexo,
cultura e outros.
Os aspectos mais simples para constatarmos que os homens são
diferentes são: físicos ou sociais. Constatamos isso em nossa sociedade, pois
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nela existem indivíduos que vivem em absoluta miséria e outros que vivem em
mansões rodeados de coisas luxuosas e com mesa muito farta todos os dias,
enquanto outros não tem sequer o que comer durante o dia.
Por isso vemos que existe a desigualdade social, ela assume feições
distintas porque é constituída de um conjunto de elementos econômicos,
políticos e culturais próprios de cada sociedade.
As classes sociais mostram as desigualdades da sociedade capitalista.
Cada tipo de organização social estabelece as desigualdades, de privilégios e
de desvantagens entre os indivíduos.
As desigualdades são vistas como coisas absolutamente normais, como
algo sem relação com produção no convívio na sociedade, mas analisando
atentamente descobrimos que essas desigualdades para determinados
indivíduos são adquiridos socialmente. As divisões em classes se dão na forma
que o indivíduo está situado economicamente e politicamente em sua
sociedade.
Desigualdade social: a pobreza como nascença, fracasso, destino,
desgraça...
No século XVIII, o capitalismo teve um grande crescimento, com a ajuda
da industrialização, dando origem assim às relações entre o capital e o
trabalho, então o capitalista, que era o grande patrão, e o trabalhador
assalariado passaram a ser os principais representantes desta organização.
A justificativa encontrada para esta nova fase foi o liberalismo que se
baseava na defesa da propriedade privada, comércio liberal e igualdade
perante à lei. A velha sociedade medieval estava sendo totalmente
transformada, assim o nome de homem de negócios era exaltado como virtude,
e eram-lhe dadas todas as credenciais uma vez que ele poderia fazer o bem a
toda sociedade.
O homem de negócios era louvado, ou seja, ele era o máximo, era o
sucesso total e citado para todos como modelo para os demais integrantes da
sociedade, a riqueza era mostrada como seu triunfo pelos seus esforços,
diferente do principal fundamento da desigualdade que era a pobreza que era o
fator principal de seu fracasso pessoal .
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Então os pobres deveriam apenas cuidar dos bens do patrão, máquinas,
ferramentas, transportes e outros e supostamente Deus era testemunha do
esforço e da dedicação do trabalhador ao seu patrão. Diziam que a pobreza se
dava pelo seu fracasso e pela ausência de graça, então o pobre era pobre
porque Deus o quis assim.
O pobre servia única e exclusivamente para trabalhar para seus patrões e
tinham que ganhar somente o básico para sua sobrevivência, pois eles não
podiam melhorar suas condições, pois poderiam não se sujeitar mais ao
trabalho para os ricos. A existência do pobre era defendida pelos ricos, pois os
ricos são ricos às custas dos pobres, ou seja para poderem ficar ricos eles
precisam dos pobres trabalhando para eles, assim conclui-se que os pobres
não podiam deixar de serem pobres.
A desigualdade como produto das relações sociais
Várias teorias apareceram no século XIX criticando as explicações sobre
desigualdade social, entre elas a de Karl Marx, que desenvolveu um teoria
sobre a noção de liberdade e igualdade do pensamento liberal, essa liberdade
baseava-se na liberdade de comprar e vender. Outra muito criticada também
foi a igualdade jurídica que baseava-se nas necessidades do capitalismo de
apresentar todas as relações como fundadas em normas jurídicas. Como a
relação patrão e empregado tinha que ser feita sobre os princípios do direito, e
outras tantas relações também.
Marx criticava o liberalismo porque só eram expressos os interesses de
uma parte da sociedade e não da maioria como tinha que ser.
Segundo o próprio Marx, a sociedade é um conjunto de atividades dos
homens, ou ações humanas, e essas ações é que tornam a sociedade
possível. Essas ações ajudam a organização social, e mostram que o homem
se relaciona uns com os outros.
Assim Marx considera as desigualdades sociais como produto de um
conjunto de relações pautado na propriedade como um fato jurídico, e também
político. O poder de dominação é que da origem a essas desigualdades.
As desigualdades se originam dessa relação contraditória, refletem na
apropriação e dominação, dando origem a um sistema social, neste sistema
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uma classe produz e a outra domina tudo, onde esta última domina a primeira
dando origem às classes operárias e burguesas.
As desigualdades são fruto das relações sociais, políticas e culturais,
mostrando que as desigualdades não são apenas econômicas, mas também
culturais. Participar de uma classe significa que você está em plena atividade
social, seja na escola, seja em casa com a família ou em qualquer outro lugar,
e estas atividades ajudam-lhe a ter um melhor pensamento sobre si mesmo e
seus companheiros.
As classes sociais expressam a forma como as desigualdades se
estruturam na sociedade capitalista.
As classes sociais se inserem em um quadro antagônico, elas estão em
constante luta, que nos mostra o caráter antagônico da sociedade capitalista,
pois, normalmente, o patrão é rico e dá ordens ao seu funcionário, que em uma
reação normal não gosta de recebê-las, principalmente quando as condições
de trabalho e os salários são precários.
Prova disso, são as greves e reivindicações que exigem melhorias para
as condições de trabalho, mostrando a impossibilidade de se conciliar os
interesses de classes.
A predominância de uma classe sobre as demais se funda também no
quadro das práticas sociais, pois as relações sociais capitalistas alicerçam a
dominação econômica, cultural, ideológica, política, etc.
A luta de classes perpassa, não só na esfera econômica com greves, mas
em todos os momentos da vida social. A greve é apenas um dos aspectos que
evidenciam a luta. A luta social também está presente em movimentos
artísticos como telenovelas, literatura, cinema, etc.
Tomemos a telenovela como exemplo. Ela pode ser considerada uma
forma de expressar a luta de classes, uma vez que possa mostrar o que
acontece no mundo, como um patrão, rico e feliz, e um trabalhador, sofrido e
amargurado com a vida, sempre tentando ser independente e se livrar dos
mandos e desmandos do patrão. Isso também é uma forma de expressar a luta
das classes, mostrando essa contradição entre os indivíduos.
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Outro bom exemplo da luta das classes é a propaganda. As propagandas
se dirigem ao público em geral, mesmo aos que não têm condição de comprar
o produto anunciado. Mas por que isso?
A propaganda é capaz de criar uma concepção do mundo, mostrando
elementos que evidenciam uma situação de riqueza, iludindo os elementos de
baixo poder econômico de sua real condição.
A dominação ideológica é fundamental para encobrir o caráter
contraditório do capitalismo.
A desigualdade social no Brasil
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O crescente estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema
concentração de renda, os salários baixos, o desemprego, a fome que atinge
milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a marginalidade, a
violência, etc, são expressões do grau a que chegaram as desigualdades
sociais no Brasil.
A desigualdade social não é acidental, e sim produzida por um conjunto
de relações que abrangem as esferas da vida social. Na economia existem
relações que levam à exploração do trabalho e à concentração da riqueza nas
mãos de poucos. Na política, a população é excluída das decisões
governamentais.
Até 1930, a produção brasileira era predominantemente agrária, que
coexistia com o esquema agrário exportador, sendo o Brasil exportador de
matéria prima, as indústrias eram pouquíssimas, mesmo tendo ocorrido, neste
período, um verdadeiro "surto industrial".
A industrialização no Brasil, a partir da década de 30, criou condições
para a acumulação capitalista, evidenciado não só pela redefinição do papel
estatal quanto a interferência na economia (onde ele passou a criar as
condições para a industrialização), mas também pela implantação de indústrias
voltadas para a produção de máquinas, equipamentos, etc.
A política econômica, estando em prática, não se voltava para a criação, e
sim para o desenvolvimento dos setores de produção, que economizam mão
de obra. Resultado: desemprego.
O subdesenvolvimento latinoamericano tornou-se pauta de discussões na
década de 50. As propostas que surgiram naquele momento tinham como pano
de fundo o quadro de miséria e desigualdade social que precisava ser alterado.
De fato, o Brasil conseguiu um maior grau de industrialização, mas o
subdesenvolvimento não acabou, pois esse processo gerou uma acumulação
das riquezas nas mãos da minoria, o que não resolveu os problemas sociais, e
muito menos acabou com a pobreza.
As desigualdades sociais são enormes, e os custos que a maioria da
população tem de pagar são muito altos. Com isso a concentração da renda
tornou-se extremamente perceptível, bastando apenas conversar com as
pessoas nas ruas para notá-la.
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Do ponto de vista político, esse processo só favoreceu alguns setores, e
não levou em conta os reais problemas da população brasileira: moradia,
educação, saúde, etc. A pobreza do povo brasileiro aumentou
assustadoramente, e a população pobre tornou-se mais miserável ainda.
Leia o texto abaixo:
Favelados e punks "invadem" shopping
PEDRO DANTAS,
DA SUCURSAL DO RIO
Um grupo de 130 sem-tetos, favelados, estudantes e punks inaugurou
uma forma inédita de protesto ontem no Rio, ao promover uma invasão pacífica
do shopping Rio Sul, em Botafogo, na zona sul.
O objetivo, segundo os organizadores, era protestar "contra o sistema
capitalista, mostrando o contraste entre o consumo supérfluo e a fome".
A manifestação dividiu a opinião de compradores, comerciantes e turistas,
surpreendidos pela presença dos manifestantes de aparência simples entre as
vitrines e os corredores de mármore.
"Estão nos coagindo utilizando como arma o fator surpresa, fatal para nós
que vivemos na tensão da cidade grande", disse Eliomar Marques Lins, 25, que
fazia compras com a mulher.
"Não fiquei com medo. O movimento é bom porque a desigualdade aqui é
imensa", disse o turista inglês Peter Cook.
Mesmo diante do olhar desconfiado dos lojistas, os sem-tetos não se
intimidaram: experimentaram roupões de seda e puseram os filhos para brincar
com brinquedos importados.
A ideia de invadir um shopping foi anunciada há duas semanas, mas a
escolha do estabelecimento foi mantida em sigilo até alguns minutos antes da
invasão, às 11h.
Apesar do segredo, a Polícia Militar descobriu os planos, avisou a
administração do shopping e mobilizou 45 homens para fazer o isolamento do
local.
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A entrada no shopping foi negociada entre o chefe do Comando de
Policiamento da Capital, coronel Fernando Belo, e o líder do MTST, que se
identificou como Eric Vermelho.
"Não estamos invadindo. Queremos dar um passeio como qualquer
família. Se nós construímos os shoppings, por que não podemos entrar?",
disse Eric.
A administração do shopping reuniu seus seguranças para acompanhar o
"passeio" dos manifestantes, que encenaram performances com leitura de
poesias, rodas de capoeira e representações teatrais.
Alguns comerciantes fecharam as portas, como foi o caso da loja de moda
masculina Richard's e da butique Rudge.
Na loja de moda de praia Redley, o gerente, Eduardo Pinho, adotou a
diplomacia. "Procurei deixá-los bem à vontade. Sabia que eles não iam
comprar nada, mas não concordo com a discriminação", disse Pinho.
Na hora do almoço, os manifestantes ocuparam a praça de alimentação.
Comeram pão com mortadela e tomaram refrigerantes. Às 16h, os
manifestantes deixaram o shopping e seguiram em passeata, sob a chuva, até
o palácio Guanabara, sede do governo estadual, onde dois deles foram
recebidos pelo secretário de Governo, Fernando William.
Antes de deixar o shopping Rio Sul, obtiveram uma última concessão da
administração do estabelecimento, que alugou três ônibus para levá-los de
volta à zona oeste da cidade.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Para refletir:
Como você seria tratado se entrasse malvestido em um shopping?
Existem limitações para entrar e circular nos espaços de um
shopping?
Os shoppings foram construídos apenas para quem pode consumir
ou são um espaço urbano de convivência?
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Pobreza e desenvolvimento
Nicolás Angulo Sánchez
Existe uma estreita e recíproca relação entre a redução da pobreza, o
desenvolvimento e os direitos humanos, pois o desenvolvimento humano
consiste na realização dos direitos humanos e, por conseguinte, na progressiva
redução da pobreza. O desenvolvimento humano deve estar centrado nos
povos e nos indivíduos que os constituem, e tem como objetivos a melhoria de
seu bem-estar e o respeito de sua dignidade e identidade. Por esta razão, a
pobreza constitui, na medida em que representa a antítese do desenvolvimento
social, uma brutal e violenta negação de todos os direitos humanos, que limita
substancialmente o alcance das liberdades públicas dos mais pobres, os
privando e privando suas comunidades dos bens necessários para viver
dignamente. E este deveria ser um assunto de interesse na ciência e práxis da
economia.
Da mesma forma que o desenvolvimento humano e sustentável, a
pobreza possui um caráter multidimensional e complexo ao implicar elementos
materiais como a fome, a desnutrição, a falta de segurança, de água potável
para beber e para a higiene, os problemas de saúde ligados às enfermidades
facilmente curáveis com os medicamentos e conhecimentos atuais, as
moradias precárias e insalubres, o desemprego e o subemprego e a escassez
de rendas econômicas; e elementos imateriais como o analfabetismo, o acesso
restrito a centros de educação e a outros serviços públicos, a exclusão e a
marginalização social, a violência e, em definitiva, a falta de perspectivas e de
esperanças de que a situação melhore o que conduz ao desespero.
A pobreza também implica em uma importante limitação dos direitos
de participação política. Por este motivo, cabe se questionar o que
significa a liberdade para quem não tem o suficiente para comer e
inclusive morre de fome, pois os direitos humanos e o do cidadão
carecem de sentido para aqueles homens que vegetam na fome, na
doença e na ignorância.
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O Banco Mundial (BM) estabelece em um dólar diário o marco da
denominada "pobreza extrema". O que não deixa de ser arbitrário, posto que o
dólar é uma moeda de um país industrializado e seu valor monetário não
equivale à mesma quantidade de bens nos diferentes lugares do planeta.
Assim a disparidade pode ser muito elevada. Além disso, estabelecer em um
dólar diário o marco da pobreza extrema permite ocultar que também existe
este tipo de pobreza nos países que se presumem mais "desenvolvidos". De
todos os modos, se tomarmos esse dólar como referência a título orientativo,
mesmo com todas suas imprecisões, se calcula atualmente entre 1,2 e 1,3
bilhões os seres humanos no planeta que vivem (sobrevivem) com menos de
um dólar diário. Isto significa que um de cada quatro ou cinco seres humanos
vive em condições de "pobreza extrema" e com escassas perspectivas de que
sua situação mude a curto prazo, dado que o número de pessoas que vivem
em tais condições não está diminuindo.
Algumas das principais dificuldades dos países do terceiro mundo se
referem à enorme carga da dívida externa, à deterioração da relação de
intercâmbio comercial, à diminuição da Ajuda Oficial ao Desenvolvimento
(AOD) e à escassez de correntes de capital privado e de recursos humanos
rumo a tais países. Também chama a atenção a difícil situação do continente
africano, onde a pobreza alcança níveis particularmente graves:
"Grande parte do continente se vê afetada, entre outras coisas, por uma
infraestrutura física e institucional deficiente, escasso desenvolvimento dos
recursos humanos, falta de segurança alimentícia, desnutrição, fome,
epidemias, enfermidades generalizadas, desemprego e subemprego. A tudo
isso se somam diversos conflitos e desastres. Estas variadas limitações e
restrições tornam difícil para a África se beneficiar plenamente dos processos
de mundialização e de liberação do comércio e se integrar plenamente na
economia mundial" (parágrafo 17) (1). Por este motivo, "a crítica situação da
África e dos países menos avançados exige que se atribua prioridade a esses
países na cooperação internacional para o desenvolvimento e na atribuição da
Ajuda Oficial ao Desenvolvimento" (parágrafo 185).
Esta lamentável situação leva muitos jovens africanos a tentar
desesperadamente emigrar para a Europa ou para outros países
industrializados, morrendo muitos deles no empenho ou sendo maltratados e
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malferidos, ao tentar atravessar fronteiras cada vez mais difíceis de ultrapassar
e que convertem os Estados mais ricos e industrializados em uma espécie de
fortalezas inacessíveis, contradizendo abertamente sua reiterada
autoproclamação de "livres".
A pobreza extrema significa a negação de todos os direitos humanos
e que a liberdade sem o respeito e cumprimento dos direitos econômicos,
sociais e culturais é uma mera ilusão. Um encontro particularmente
relevante foi a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Social, celebrada
em Copenhague em 1995, em cujo encerramento se aprovou a Declaração
sobre Desenvolvimento Social, onde se formula como objetivo primordial da
comunidade internacional a erradicação da pobreza como um imperativo ético,
social, político e econômico da humanidade. A pobreza se caracteriza como um
problema complexo e multidimensional que requer um enfoque intersetorial e
integrado, da mesma maneira que o desenvolvimento humano e sustentável.
No final das contas, a pobreza é consequência da negação do
desenvolvimento e, portanto, dos direitos humanos, incluídos os direitos
econômicos, sociais e culturais.
Um dos aspectos relevantes da pobreza se manifesta, segundo o
expresso na citada Conferência, através da falta de participação dos grupos e
indivíduos mais vulneráveis na adoção de decisões na vida civil, social e
cultural. Isso se deve ao fato da pobreza constituir um importante “handicap”
para a comunicação e o acesso às instituições, mercados, emprego e serviços
públicos, o que facilita que estes setores da população sejam esquecidos e
marginalizados pelos encarregados de elaborar e decidir políticas. Ademais, se
considera que a satisfação das necessidades básicas é essencial para reduzir
a pobreza e, para que isto seja possível, se insiste na necessidade da criação
de emprego digno.
Outro aspecto fundamental para entender e definir a pobreza consiste no
que se denomina como componente relacional, o qual é um fator que costuma
ser esquecido pelos autores de ideologia liberal. Dito componente relacional
está estreitamente vinculado com o sentimento de dignidade e de autoestima
em relação a si mesmo, o que é um aspecto que os próprios pobres costumam
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acentuar com notoriedade na hora de definir e de descrever por si mesmos em
que consiste a pobreza e o que os faz se sentirem pobres.
A pobreza não se reduz a uma mera falta de rendas econômicas, mas
também a uma falta de desenvolvimento das capacidades ou faculdades
pessoais, devido à privação ou escassez dos meios e recursos básicos
para poder concluir seu desenvolvimento pessoal plenamente. Deste
modo, a pobreza se traduz em uma deficiente qualidade de vida, de
segurança e de autoestima pessoal. Assim, pois, a pobreza se subdivide
em duas dimensões principais: a econômica, ligada à escassez de
ingressos econômicos para satisfazer suas necessidades básicas; e a
social, que se vincula estreitamente com a "exclusão social", e onde o
aspecto relacional mencionado adquire maior relevância, sobretudo nos
países mais ricos e industrializados.
Nicolás Angulo Sánchez
Autor do livro El derecho humano al desarrollo frente a la mundialización del mercado, editora Iepala, Madri
2005
(http://www.revistafuturos.info/resenas/resenas13/derecho_desenvolvimento.htm).
(Fonte: www.miradaglobal.com)
Política e sociedade: as formas do Como primeiro formato de Estado
moderno deve-se destacar o absolutismo, surgido em um período de confronto
entre nobreza e clero - de um lado - e burguesia - de outro.
A princípio a burguesia tentou estabelecer acordos políticos com os
monarcas, que aproveitaram a disputa entre as camadas sociais para aumentar
seu poder político. Surgiu um novo tipo de Estado, apoiado pela burguesia, que
se estendeu por vastos territórios e centralizou as decisões políticas.
O absolutismo teve em Thomas Hobbes (1588-1679) seu representante,
cuja teoria procurava as origens do Estado e sua finalidade. Hobbes defendia
um Estado soberano com representação máxima de uma sociedade civilizada
e racional. A explicação era simples: em estado natural os homens viveriam em
igualdade, segundo seus instintos. O egoísmo, a ambição e a crueldade,
próprios de cada um, gerariam uma luta sem fim e tornariam difícil a vida em
sociedade, levando-os à destruição. Somente o Estado - poder acima das
individualidades - Estado
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Entendemos por Estado o poder político organizado no interior da
sociedade civil. Na vida moderna, o Estado exerce controle quase total sobre a
vida das pessoas. O Estado moderno surgiu na Europa, no início do século
XVII, junto com a sociedade moderna. As transformações socioeconômicas e
políticas haviam criado um novo mundo, inadequado ao velho feudalismo.
O ESTADO ABSOLUTISTA
O estado absolutista garantiria segurança a todos. Quanto mais soberano
ele fosse, mais humanos e racionais seriam os homens em sociedade.
Ao Estado nunca interessou afastar a Igreja da vida política, pois o melhor
seria submetê-la ao seu poderio e conservar sua função religiosa, que
beneficiava o próprio Estado.
No absolutismo surge a separação entre a pessoa do monarca e o poder
político do Estado. Os monarcas, várias vezes, defenderam medidas
econômicas e políticas em nome do interesse geral e não de acordo com
interesses próprios. Começava-se a estabelecer o que era público e o que era
privado. O bem público é um bem de todos, mas essa distinção entre o que é
público e o que é privado é produto da época atual, com início no Estado
Absolutista.
No Absolutismo o poder político centralizou-se no interior do domínio
nacional (ou territorial) e os parlamentos que surgiram nesse Estado
funcionavam como órgãos consultivos, pois não eram permanentes e não
tinham força perante o rei.
Fonte: Blog Sociologia de Plantão
Teóricos do Absolutismo
Nicolau Maquiável
Maquiável foi um diplomata e historiador italiano, que
defendia que o monarca deveria utilizar de qualquer meio - lícito
ou não - para manter o controle do seu reino. A frase que
resume suas ideias é: "Os fins justificam os meios". A Itália foi
uma das últimas regiões unificadas na Europa (1870). Sua
principal obra foi "O Príncipe."
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Jacques Bossuet
Bossuet foi um bispo e teólogo francês que criou o
argumento que o governo era divino e os reis recebiam o seu
poder de Deus. Assim, desobedecer a autoridade real seria
considerado um pecado mortal. Um dos reis que se valeu de
suas ideias foi o monarca absolutista Luís XIV.Obra: “Política
tirada da Sagrada Escritura”.
Thomas Hobbes
Hobbes foi um matemático e filósofo inglês, que
discorreu sobre a natureza humana e a necessidade de
governos e sociedades. Dizia que o ser humano, no estado
natural, é cruel e vingativo, necessitando de um governo
forte e centralizado para manter o seu controle. A frase que
resume suas ideias é: "O homem é o lobo do homem". Obra:
“O Leviatã”.
Jean Bodin
Bodin foi um jurista francês, membro do Parlamento e
professor de Direito, que defendia que a soberania é um poder
perpétuo e ilimitado. Sendo assim , as únicas limitações do
soberano eram a lei divina e a lei natural. Bodin usava de
argumento religioso para justificar o poder do rei, da mesma
forma que Bossuet. Obra: “Seis livros da República”.
Fonte: http://www.historiadigital.org/historia-geral/idade-moderna/absolutismo
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O ESTADO LIBERAL
A burguesia assumiu o governo, instituiu o mercado livre e fez da
sociedade civil o seu sinônimo. Era necessária maior nitidez entre o que era
público e o que era privado.
Estado Liberal mostra-se como a representação desta separação, como
símbolo do que é público e protetor do que é privado.
No século XVIII, a burguesia liberal recusava qualquer intervenção do
Estado na economia e começou a difundir a ideia de que as restrições às
atitudes estatais seriam benéficas para a economia geral.
O Estado, para os liberais, seria necessário para intervir em assuntos que
incomodassem a burguesia, como para reprimir reivindicações da classe
operária.
A burguesia reivindicava ampla liberdade na economia, restringindo - mas
não tirando - o poder do Estado.
Para implantar o liberalismo econômico, a burguesia baseou-se na teoria
formulada por Adam Smith (1723-1790) na obra "A riqueza das nações", na
qual este afirma que existe uma lógica interna, uma razão na produção das
mercadorias em que a interferência de um elemento externo seria dispensável.
De acordo com essa teoria, a sociedade se civilizaria ao incorporar
valores que defendiam a liberdade de mercado e garantiam igualdade a todos -
compradores e vendedores -.
Se as condições para a liberdade e a igualdade entre os indivíduos
estavam dadas sociedade civil, o Estado deveria proteger esta situação - teoria
da "mão-invisível". John Locke (1632-1704), na obra "Segundo tratado sobre o
governo", dá ao Estado a imagem de um vigia noturno.
O Estado, segundo os liberais, deve proteger os indivíduos contra
situações que possam subverter seus direitos inalienáveis: liberdade,
igualdade, vida e propriedade.
O homem, dotado de racionalidade, tornara-se o dono do próprio destino
e assim as transformações burguesas exigiam a participação da maioria da
população.
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O Estado Liberal-Democrático.
As sociedades capitalistas, movidas pela burguesia revolucionaria,
criaram o Estado Liberal Democrático, que entrou em prática em locais onde a
burguesia se chocou com a nobreza e buscou apoio entre os operários e
camponeses.
O Estado de Bem-estar Social
Nas últimas décadas do século XIX, o capitalismo da livre concorrência
sofria choque no próprio sistema. A competição provocou o fim de empresas
mais frágeis e acelerou a desigualdade no acúmulo de capitais.
As empresas que dominavam os mercados - nacionais ou internacionais -
definiram no capitalismo o monopólio, com a fusão de empresas com bancos,
garantindo assim o domínio de grandes mercados. O capitalismo financeiro
começa a desenhar a economia global.
A brutal acumulação de riquezas impulsiona os conflitos entre as classes
sociais, e o Estado vê-se obrigado a criar órgãos para atender as
reivindicações populares, usando o que se chama de política de bem-estar
social.
Surgem instituições sociais que compõem o sistema previdenciário, a
educação e a assistência médica e se organizam as empresas estatais ligadas
aos setores estratégico da economia.
Em 1929 o sistema capitalista deparou-se com uma grande crise que o
abalou profundamente.
O Estado de bem-estar social surgiu como solução para superar essa
crise.
Com base nele John Maynard Keynes (1883-1946) elaborou princípios
que defendiam a intervenção do Estado na economia para garantir o pleno
emprego, incentivando contratações nas empresas privadas e públicas.
Era necessária a ajuda social aos desempregados, ampliando, pouco a
pouco, a estrutura administrativa, cujo custo foi pago com a cobrança de taxas
e impostos da burguesia.
O Estado do bem-estar social foi muito criticado por uma parcela da
burguesia que afirmava que este não valia o quanto custava, pois os negócios
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ficavam comprometidos com tantos impostos e bloqueava-se o
desenvolvimento econômico.
Mesmo com críticas nos países desenvolvidos, o Estado não mais se
afastou da economia, os gastos públicos permaneceram altos e as mudanças
para a redução dos custos atingiram apenas as instituições que atendiam os
trabalhadores - educação e saúde públicas fracas - a previdência social e
seguro-desemprego com poucos recursos.
Integrar a economia do seu país à globalização é uma tarefa que
exige do Estado algumas medidas, entre elas: a privatização das estatais,
a desregulamentação do mercado, a livre atuação dos bancos, a
flexibilização dos direitos trabalhistas e o atrelamento da moeda ao dólar
para facilitar as transações internacionais.
As reformas neoliberais avançaram sobre os direitos dos
trabalhadores, pois estes estão em desvantagem para resistir, dada a
ameaça do desemprego, e desorganizados politicamente.
Fonte: Blog Sociologia de Plantão
As bases do Estado e do pensamento liberal
Segundo Norberto Bobbio, podemos compreender "liberalismo" como
uma determinada concepção de Estado, na qual este tem poderes e funções
limitados. Assim, será o avesso daquele Estado no qual o poder absolutista
imperou em boa parte da Idade Média e da Idade Moderna. Da mesma forma,
ele se contrapõe ao que hoje consideramos ser o Estado social, ou de bem-
estar social que se viu na URSS no século XX. Além disso, Bobbio também
aponta que um Estado liberal não é necessariamente democrático, mas, ao
contrário, realiza-se historicamente em sociedades nas quais prevalece a
desigualdade à participação no governo, sendo ela bastante restrita em termos
gerais, limitada à classes possuidoras (BOBBIO, 1995). Obviamente, o Estado
liberal seria fruto de um pensamento liberal, pensamento este discutido por
vários intelectuais nos últimos cinco séculos, mas que teria suas bases nas
teses de John Locke (1632-1704), considerado o pai do liberalismo
principalmente por conta de suas ideias em "Dois tratados do governo civil",
obra publicada no final do século XVII. No primeiro tratado, ele faz uma crítica
ao tipo de Estado caracterizado pelo poder absolutista do rei, pautado na
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escolha divina. No segundo tratado, escreve sobre a origem, extensão e
objetivo do governo civil.
Há um trinômio muito importante em sua obra constituído pelos conceitos
de Estado natural, Contrato social e Estado civil. Para Locke, o homem é
anterior à sociedade e a liberdade e a igualdade fazem parte de seu Estado de
natureza. No entanto, elas não são vistas de forma negativa como nas ideias
de Thomas Hobbes (o qual afirma que os sentimentos de liberdade e igualdade
conduzem à guerra constante), mas sim dizem respeito a uma situação de
relativa paz, concórdia e harmonia. Nas palavras de Francisco Welfort (2006),
nesse estado pacífico os homens já eram dotados de razão e desfrutavam da
propriedade que, numa primeira acepção genérica utilizada por Locke,
designava simultaneamente a vida, a liberdade e os bens como direitos
naturais do ser humano. No estado natural do homem ele possuiria direitos
naturais que não dependeriam de sua vontade (um estado de perfeita liberdade
e igualdade). Locke afirma que a propriedade é uma instituição anterior à
sociedade civil (criada junto com o Estado) e por isso seria um direito natural
ao indivíduo, que o Estado não poderia retirar. "O Homem era naturalmente
livre e proprietário de sua pessoa e de seu trabalho" (WELFFORT, 2006, pg.
85).
Contudo, apesar de John Locke acreditar no lado positivo da liberdade e
da igualdade no estado de natureza, tal situação não estava isenta de
inconvenientes como a violação da propriedade. Para contornar esses
inconvenientes era preciso fazer um contrato social, que unisse os homens a
fim de passarem do estado de natureza para a sociedade civil. Seria
necessário instituir entre os homens um contrato social ou um pacto de
consentimento, no qual o Estado é constituído como "dono" do poder político
para assim preservar e consolidar ainda mais os direitos individuais de cada
homem, direitos estes que eles já possuíam desde o estado de natureza.
Assim, "é em nome dos direitos naturais do homem que o contrato social entre
os indivíduos que cria a sociedade é realizado, e o governo deve, portanto,
comprometer-se com a preservação destes direitos" (MARCONDES, 2008, p.
204). Segundo Welffort, no Estado civil os direitos naturais inalienáveis do ser
humano à vida, à liberdade e aos bens estão mais bem protegidos sob o
amparo da lei, do árbitro e da força comum de um corpo político unitário. Este
20
seria o sentido e a necessidade da formação do Estado como garantidor de
direitos.
Não é por outro motivo que John Locke é considerado o pai do
individualismo liberal. Sua obra terá grande influência na conformação do
pensamento liberal ao longo do século XVIII. A doutrina dos direitos naturais
está na base das Declarações dos Direitos dos Estados Unidos (1776) e na
Revolução Francesa (1789). O Estado liberal é o Estado limitado, sendo a
função dele a conservação dos direitos naturais do homem.
Assim, se a defesa dos direitos dos homens é o mote do
pensamento liberal, a valorização do individualismo é uma consequência
óbvia e direta no Estado Liberal ou, nas palavras de Bobbio, "sem
individualismo não há liberalismo" (BOBBIO, 1995, pg. 16). Certamente, o
desenvolvimento desses valores e dessa visão de Estado foi fundamental
para o desenvolvimento do capitalismo enquanto modo de produção,
formando as bases jurídicas da sociedade capitalista. Dessa forma, as
questões levantadas são: até que ponto a liberdadee igualdade entre os
homens conseguem andar juntas no sistema econômico capitalista?
Embora o Estado liberal garanta a defesa da liberdade, ele poderia
garantir a igualdade (em seu sentido mais amplo) entre os homens? Fica
o convite à reflexão.
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
"Quando se fala em capitalismo monopolista do Estado ou simplesmente
capitalismo de Estado, quer se referir a uma formação social dominantemente
capitalista, mas na qual o Estado adquiriu um papel fundamental, não apenas
no campo político, mas também no campo econômico. O Estado abandonou o
laissez faire para se transformar em órgão regulador e motor da economia.
Através do planejamento econômico, da política econômica e das atividades
empresariais diretas, o Estado, em sua função reguladora, substitui em parte o
mercado, definindo preços, salários e taxas de juros, tributando salários e
21
ordenados e lucros, estabelecendo prioridades para os investimentos privados,
orientando o consumo através de taxas diferenciadas; em sua função motora
realiza grandes despesas, e torna-se ele próprio empresário, responsável por
ampla parcela da acumulação de capital, na medida em que implanta um
poderoso setor produtivo estatal."
Distribuição de Renda e Crescimento
A distribuição funcional de renda, segundo o economista David Ricardo, é
a distribuição do produto nacional entre proprietários de terra, donos do capital
e trabalhadores. Por outro lado, os estudos a respeito do crescimento
econômico datam desde os estudos de Adam Smith.
Nas escolas econômicas neoclássicas, os assuntos referentes ao
crescimento econômico ganharam destaques depois da crise de 1929, buscou-
se colocar num mesmo conjunto os fatores de produção e o conceito de
produtividade sob aspectos do equilíbrio de mercado. Na corrente de
pensamento marxista, a distribuição de renda sempre foi um tema central,
principalmente numa sociedade sem classes e de produção agrícola conjunta.
Os países latinoamericanos, incluindo o Brasil, apresentam elevada
desigualdade social e de distribuição de renda, que teriam como fatores de
origem a formação socioeconômica destes países em tempos de colônia sob o
domínio de Espanha e Portugal. No Brasil, através da monocultura, ocorreu
concentração de terras e renda para manter a exportação açucareira colonial.
Segundo Celso Furtado, a desigualdade na distribuição de renda inibe um
crescimento econômico em todas as estruturas de investimentos de forma
contínua no Brasil, pois a concentração de renda gera o subemprego e
limitações de consumo e acesso à educação de qualidade.
Nos países ricos e que participaram mais ativamente da primeira e
segunda Revolução Industrial, segundo a lei de Kuznets : "houve uma longa
oscilação da desigualdade na estrutura secular da distribuição de renda,
aumento nas fases iniciais do crescimento econômico, quando foi mais rápida a
transição da civilização pré industrial; tornando-se estável durante um período,
e diminuindo nas fases posteriores.
22
INSTITUIÇÕES SOCIAIS
É um conjunto de regras e procedimentos padronizados, reconhecidos,
aceitos e sancionados pela sociedade e que tem grande valor social. A
instituição não existe isolada das outras. Todas elas possuem uma
interdependência mútua, de tal forma que uma modificação numa determinada
instituição pode acarretar mudanças maiores ou menores nas outras.
As instituições sociais servem como um meio para a satisfação das
necessidades da sociedade. Nenhuma instituição surge sem que tenha surgido
antes uma necessidade. Mas, além desse papel, as instituições sociais
cumprem também o de servir de instrumento de regulação e controle das
atividades do homem.
As principais instituições sociais são: família, religião, economia, política,
educação e recreação.
Família: primeiro grupo social a que pertencemos. É um tipo de
agrupamento social cuja estrutura varia no tempo e no espaço. Essa variação
23
pode ser quanto ao número de casamentos, quanto à forma, relações de
parentesco, relação sexual e dos componentes básicos da sociedade.
A instituição familiar é essencialmente dinâmica, e este dinamismo tornou-
se muito visível na segunda metade do século XX, não só no Brasil, mas em
praticamente todo o mundo ocidental.
A família tradicional foi adquirindo contornos nunca antes imaginados. As
novas configurações da família levaram a sociedade, e inclusive os cientistas
sociais, a anunciarem a falência desta instituição social.
Mas não era o fim, e sim a prova da imensa capacidade criativa do ser
humano de adequar-se à novas necessidades e novos valores.
Os movimentos feministas que iniciaram na década de 1950 na Europa, e
logo chegaram ao Brasil, a entrada da mulher no mercado de trabalho, a
mudança de valores na criação dos filhos, a quebra de tabus como a
virgindade, a criação da pílula anticoncepcional, que propicia maior controle da
mulher sobre seu corpo, os movimentos hippies(1960), que pregam o amor
livre, a instituição do divórcio (1977)são alguns dos fatores que irão contribuir
para as novas configurações de família.
A pesquisadora brasileira Elza Berquó, emprega em seus estudos uma
nova terminologia: a de arranjos familiares, para denominar estas situações
que refletem concepções de vida e estratégias de sobrevivência.
Vejamos algumas destas permanências e mudanças:
A família nuclear ainda predomina na sociedade brasileira, apesar
do número de filhos ter diminuído consideravelmente. Se em 1940, a média era
de 6,2 filhos por mulher, em 1991, caiu para 2,5.
O número de divórcios e separações aumentou como também o das
uniões conjugais não-legalizadas.
Muitos jovens hoje desejam "experimentar" a vida de casados antes
de legalizar a união. Outros optam pela união livre, ou "viver juntos", sem a
preocupação de "prestar contas" à sociedade ou à Igreja.
Apesar do número de pessoas casadas ser majoritária no cenário
matrimonial, por outro lado têm decrescido as taxas de uniões legais (em 1979
atingia 7,83, e em 1994, passou a 4,96).
Outro tipo de arranjo que tem crescido nos últimos anos é o de famílias
monoparentais - quando um dos cônjuges vive com os filhos, com a presença
24
ou não de outros parentes na mesma casa. Neste tipo de arranjo há um
predomínio das mulheres chefes de família (em 1995 representavam 89,6%,
em relação à 10,4% de homens na mesma situação). Essas mulheres são hoje
predominantemente separadas ou divorciadas, o que não ocorria na década de
1970, quando eram principalmente viúvas. São muitos os fatores que
contribuem para esta prevalência das mulheres chefes de famílias. Junto com o
aumento do número de separações e divórcios, temos, historicamente, o fato
de que as chances de recasamento das mulheres no Brasil são mais baixas
que as dos homens, seja pelo fato do número de mulheres ser superior ao
número de homens, seja pela tradiçãomasculina de se casar com mulheres
mais jovens.
Outro fator refere-se à mortalidade masculina que é superior e mais
precoce do que entre as mulheres, resultando, portanto, em muito mais viúvas
do que viúvos (hoje a expectativa de vida entre os homens está em ascensão).
Cabe também lembrar o aumento do número de mães solteiras nos últimos
anos.
Um aspecto que caracterizou durante muito tempo este arranjo familiar e
que hoje está se modificando, era seu atrelamento com a situação econômica
da mulher. A pobreza parece estar nas causas e nas consequências desta
situação de comando da família pela mulher.É muito mais frequente
encontrarmos nas camadas populares mulheres solteiras, viúvas ou separadas.
A falta de dinheiro atinge de formas diferentes homens e mulheres. O homem
tende muito mais a atitudes como sair de casa em busca de alternativas de
trabalho - muitas vezes parte para outras terras e nunca mais retorna;
acabando por perder o rumo de casa. Os conflitos constantes com a esposa
devido às dificuldades em manter a família, algumas vezes chegam à violência,
e também os levam a desistir, a abandonar o barco, ou o lar; isto sem contar os
acidentes seja de trabalho, de trânsito, ou brigas de rua, que atingem muito
mais os homens.
Essas são algumas justificativas para o alto número de mulheres chefes
de família entre as camadas populares. Mas essa situação está se
modificando, e pode-se observar que o crescimento desse tipo de arranjo
familiar tem atingido também mulheres das camadas médias. Essas cada vez
mais têm obtido independência financeira suficiente para não manterem
25
casamentos desequilibrados e instáveis. A antiga preocupação em não
desfazer a família para manter as aparências tem deixado de existir.
O Processo de Socialização e as Instituições Sociais
Todas essas mudanças apontadas acima têm resultado em importantes
modificações nos padrões de comportamento dos membros das famílias. A
mulher, uma vez que desempenha papel fundamental no orçamento familiar,
não aceita mais submeter-se aos desmandos do marido. Os filhos, por sua vez,
conquistam mais voz e espaço para opinar e, principalmente, decidir os rumos
da própria vida. A hierarquia tão presente nas famílias tem aos poucos sido
substituída por relações mais democráticas. Se há meio século podíamos
afirmar que a instituição familiar se sobrepunha ao indivíduo, ignorando sua
vida privada e seus anseios, hoje o indivíduo tem mais condições de impor
suas vontades no núcleo familiar, seja qual for sua posição. E permanece na
família se esta lhe oferecer segurança, afeto e, principalmente, não interferir
em sua vida privada. Caso contrário, este irá procurar outros espaços e outras
formas de relacionamento social.
Religião: todas as sociedades conhecem alguma forma de religião.
A religião é um fato social universal. Não resta dúvida de que a religião é uma
das instituições mais importantes para a organização social, pelo seu conteúdo
moral. A religião inclui crença ao sobrenatural, ritos e cerimônias;
Econômica: As atividades econômicas são institucionalizadas à
medida que são explicadas por crenças, valores e reguladas por normas. Nas
sociedades modernas a instituição econômica apresenta um grau de
importância bem mais elevado que nas sociedades tribais, resultado do
desenvolvimento tecnológico visando uma divisão mais diversificada do
trabalho social;
Política: são instituições políticas fundamentais: a autoridade, o
governo, o Estado (com os três poderes), partidos políticos e as constituições;
Educação: constitui uma instituição universal pelo fato de que em
todas as sociedades é necessário garantir a estrutura educacional como
processo de transmissão de conhecimentos e valores presentes na sociedade;
Recreação: em todas as sociedades, existem modos culturalmente
estabelecidos para o alívio das tensões acumuladas nos indivíduos em
26
decorrência das frustrações geradas pelas restrições da vida social. Todas as
sociedades possuem instituições recreativas, como no Brasil, o carnaval e
futebol.
CIDADANIA
No decorrer da história da humanidade surgiram diversos entendimentos
de cidadania em diferentes momentos - Grécia e Roma da Idade Antiga e
Europa da Idade Média. Contudo, o conceito de cidadania como conhecemos
hoje, insere-se no contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação
do Estado-Nação.
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa
"cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma
comunidade politicamente articulada - um país - e que lhe atribui um conjunto
de direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao contrário dos
direitos humanos - que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na
sua dignidade -, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas
concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas categorias:
formal e substantiva.
A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de
nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma
pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na ciência política
e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva é
definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma
de cidadania é a que nos interessa.
A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do
estudo clássico de T.H. Marshall - Cidadania e classe social, de 1950 - que
descreve a extensão dos direitos civis, políticos e sociais para toda a
população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª
Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos direitos sociais -
com a criação do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) - estabelecendo
princípios mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva
participação da população em geral foram fundamentais para que houvesse
27
uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis alçando um
nível geral suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político.
A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de
conquista da humanidade, através daqueles que sempre buscam mais direitos,
maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se
conformando frente às dominações, seja do próprio Estado ou de outras
instituições.
No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da
cidadania, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos após o fim
do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a cidadania está muito
distante de muitos brasileiros, pois a conquista dos direitos políticos,
sociais e civis não consegue ocultar o drama de milhões de pessoas em
situação de miséria, altos índices de desemprego, da taxa significativa de
analfabetos e semianalfabetos, sem falar do drama nacional das vítimas
da violência particular e oficial.
Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho, no Brasil a
trajetória dos direitos seguiu lógica inversa daquela descrita por T.H. Marshall.
Primeiro "vieram os direitos sociais, implantados em período de supressão dos
direitos políticos e de redução dos direitos civis por um ditador que se tornou
popular (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a expansão do
direito do voto deu-se em outro período ditatorial, em que os órgãos de
repressão política foram transformados em peça decorativa do regime
[militar]... A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi colocada de cabeça para
baixo".1
Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por etapas. T.
H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos
de direito:
1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e
de pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito à
justiça; que foi instituída no século 18;
2. Política: direito de participação no exercício do poder político, como
eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública, constituída
no século 19;
28
3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social,
desde a segurança atéao direito de partilhar do nível de vida, segundo os
padrões prevalecentes na sociedade, que são conquistas do século 20.
CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2001.pp.219-29
Orson Camargo/Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo - FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
OS DIREITOS HUMANOS E A CIDADANIA
Os "Direitos" podem ser divididos em três tipos: Civis, Políticos e Sociais.
A cidadania consiste na conquista desses direitos.
Direitos civis: Consistem na garantia da liberdade religiosa e de
pensamento, o direito de ir e vir, o direito à propriedade, à liberdade contratual,
principalmente a de escolher o trabalho, e finalmente, à justiça, que deveria
salvaguardar todos os direitos anteriores.
Direitos políticos: referem-se aos direitos eleitorais (possibilidade de
votar e ser votado) o direito de livre associação (partidos, sindicatos, etc.) e o
direito de protestar.
Os direitos políticos começaram a ser reivindicados já no século XVIII ,
mas foram conquistados efetivamente, na maioria dos países, somente no
século XX.
Direitos sociais: referem-se ao direito à educação básica, à saúde, à
programas habitacionais, transporte coletivo, previdência, lazer, acesso ao
sistema judiciário, etc.
De uma forma geral, somente no século XX esses "direitos" foram
reconhecidos como "direitos" do cidadão.
Hoje temos ainda outros tipos de direitos, relacionados à modernidade,
surgidos no final do século XX e inicio do século XXI, como o direito dos
consumidores, dos idosos, dos adolescentes, das crianças, dos deficientes,
dos homossexuais, das minorias étnicas, dos animais, da natureza (meio
ambiente), etc.
29
Podemos acrescentar uma outra maneira de entender os direitos que nos
ajuda a distinguir aquilo que "diz a lei" e aquilo que é praticado no dia a dia.
São dois tipos, a cidadania "formal" e a cidadania "real".
Cidadania formal: refere-se à maneira como a cidadania está descrita
formalmente na lei, nas constituições nacionais, é a garantia que o indivíduo
tem para lutar legalmente por seus direitos.
Cidadania Real: também chamada de substantiva, refere-se à maneira
como a cidadania é vivida na prática, no dia a dia. Através dela podemos ver
que nem todos os seres humanos são iguais socialmente, que a sociedade se
estrutura desigualmente e, pois alguns grupos sofrem os mais diversos tipos de
necessidades e preconceitos. Ex: Um aluno de uma escola pública que não
consegue competir em condições de igualdade com um aluno de escola
particular, tem sua cidadania "formal" conquistada, pois a lei lhe garante
acesso a educação, contudo, a cidadania "real" está bem longe de ser atingida.
A mesma situação dos pobres, dos negros, dos deficientes, etc. que, em maior
ou menor grau, conseguiram reconhecimento "formal", mas ainda tem um
longo caminho para conquistar a cidadania "real".
MOVIMENTOS SOCIAIS
A vida política não acontece apenas dentro do esquema ortodoxo dos
partidos políticos e dos organismos governamentais.
As mudanças às vezes não são possíveis por meio do Estado ou governo.
30
Às vezes a mudança política e social só pode ser realizada recorrendo-se
a formas não ortodoxas de ação política:
Revolução: derrubada de uma ordem política existente com uso da
violência.
Movimentos sociais: tentativa coletiva de promover um objetivo comum
e uma ação fora das instituições estabelecidas.
Os movimentos sociais estão entre as mais poderosas formas de ação
coletiva.
Eles podem ser locais, regionais, nacionais e internacionais. Expressam-
se em manifestações como as greves trabalhistas (melhores salários e
condições de trabalho); movimentos por melhores condições de vida na cidade
(transporte, educação, habitação e saúde); no campo pelo acesso a terra; ou
movimentos étnico, feminista, ambiental, estudantil, entre outros.
Movimentos Sociais e a revitalização da democracia
As pessoas estão se apoiando em movimentos sociais como forma de
pleitearem reivindicações que os governos não têm atendido.
Consequentemente, muitas pessoas têm participado ativamente da vida
política do país sem, contudo, entrarem na política formal/partidária. Devido a
isso, os novos movimentos sociais estão ajudando a revitalizar a democracia
em muitos países.
Novos movimentos sociais e as questões globais
Os governos (instituições políticas tradicionais) têm cada vez menos
capacidade de lidar com os desafios do mundo contemporâneo. Meio
ambiente, guerra nuclear, transgênicos (produto geneticamente modificado),
tecnologia da informação, etc. são problemas evitados pelos governos.
Nenhuma nação consegue ter o controle sobre esses fenômenos, pois
ultrapassam as fronteiras nacionais.
Então surgem Movimentos Sociais de ordem global que acabam por
conseguir enfrentar melhor essas questões.
Referências:
GIDDENS, Anthony. Sociologia, Artmed, 2004.
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o ensino médio. Ed. Atual. São Paulo, 2007.
31
Os Movimentos Sociais
"Os movimentos sociais, na prática, são a representação
da sociedade como organização, que os utiliza como
instrumentos de ação num contexto histórico específico. O
conflito de classe e os acordos políticos são, consequentemente,
canais dos movimentos para atingir seus fins."
"O movimento deixa de ser apenas a expressão de uma contradição
socioeconômica, e acaba sendo responsável pela detonação e pelo
desenvolvimento dos embates de grandes proporções."
Teoricamente podemos classificar os movimentos sociais em três
categorias:
1) movimentos reivindicatórios; são movimentos presos a reivindicações
imediatas, esforçam-se em pressionar instituições para alterar dispositivos que
teoricamente lhes favoreciam. Têm um horizonte sem dúvida limitado,
considerando que seus fins são relativamente simples e não vão além de
demandas pontuais especíificas. Ex. "Estou no vermelho" movimento de greve
dos professores da Uel por melhorias salariais.
2) Movimentos políticos; tenta influenciar nos meio utilizados para se
atingir os caminhos condutores a participação política direta. Também se
esforçam, no decorrer do processo para mudar a correlação de forças, influindo
nos grandes debates travados com outros grupos adversários. Ex. Movimento
das Diretas Já,! 1984.
3) Movimentos de classe; seu intuito seria o de subverter a ordem social
de um período determinado e, consequentemente, transformar as relações
entre os diferentes atores do contexto nacional, assim como os meios de
produção, fazendo avançar as exigências da classe em ascensão, em
superação histórica e na sua pressão para se posicionar como elemento
hegemônico no processo econômico e político do país. Ex. MST (movimento
dos trabalhadores rurais sem-terra)
Fonte: MAURO, Gilmar e PERICÁS, Luiz B. Capitalismo e Luta Política no Brasil na virada do milênio, ed.
Xamã, SP:2001.
32
MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL
A análise dos movimentos sociais no Brasil
revela forte enfoque teórico oriundo do marxismo,
sejam eles vinculados ao espaço urbano e/ou rural.
Tais movimentos, quando se referiam ao espaço
urbano, possuíam um leque amplo de temáticas
como por exemplo, as lutas por creches, por escola
pública, por moradia, transporte, saúde,
saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, a
diversidade de temáticas expressou-se nos
movimentos de boias-frias (das regiões cafeeiras, citricultoras e canavieiras,
principalmente), de posseiros, sem-terra, arrendatários e pequenos
proprietários.
Cada um dos movimentos possuía uma reivindicação específica, no
entanto, todos expressavam as contradições econômicas e sociais presentes
na sociedade brasileira.
No início do século XX, era muito mais comum a existência de
movimentos ligados ao rural, assim como movimentos que lutavam pela
conquista do poder político. Em meados de 1950, os movimentos nos espaços
rural e urbano adquiriram visibilidade através da realização de manifestações
em espaços públicos (rodovias, praças, etc.). Os movimentos populares
urbanos foram impulsionados pelas Sociedades Amigos de Bairro - SABs - e
pelas Comunidades Eclesiais de Base - CEBs. Nos anos 1960 e 1970, mesmo
diante de forte repressão policial, os movimentos não se calaram. Havia
reivindicações por educação, moradia e pelo voto direto. Em 1980 destacaram-
se as manifestações sociais conhecidas como "Diretas Já".
Em 1990, o MST e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos
coletivos, tais como os movimentos sindicais de professores.
Concomitante às ações coletivas que tocam nos problemas existentes no
planeta (violência, por exemplo), há a presença de ações coletivas que
denunciam a concentração de terra, ao mesmo tempo que apontam propostas
para a geração de empregos no campo, a exemplo do Movimento dos
33
Trabalhadores Sem Terra (MST); ações coletivas que denunciam o arrocho
salarial (greve de professores e de operários de indústrias automobilísticas);
ações coletivas que denunciam a depredação ambiental e a poluição dos rios e
oceanos (lixo doméstico, acidentes com navios petroleiros, lixo industrial);
ações coletivas que têm o espaço urbano como espaço para a visibilidade da
denúncia, reivindicação ou proposição de alternativas.
As passeatas, manifestações em praça pública, difusão de
mensagens via internet, ocupação de prédios públicos, greves, marchas
entre outros, são características da ação de um movimento social.
A ação em praça pública é o que dá visibilidade ao movimento social,
principalmente quando este é focalizado pela mídia em geral. Os movimentos
sociais são sinais de maturidade social que podem provocar impactos
conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, dependendo de sua
organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os
demais atores coletivos de uma sociedade.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra, também conhecido pela sigla MST, é um
movimento social brasileiro de inspiração marxista
cujo objetivo é a implantação da reforma agrária
no Brasil. Teve origem na aglutinação de
movimentos que faziam oposição ou estavam
desgostosos com o modelo de reforma agrária
imposto pelo regime militar, principalmente na década de 1970, o qual
priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, com objetivo
de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica.
Contrariamente a este modelo, o MST declara buscar a redistribuição das
terras improdutivas.
Apesar dos movimentos organizados de massa pela reforma agrária no
Brasil remontarem apenas às ligas camponesas, associações de agricultores
que existiam durante as décadas de 1950 e 1960, o MST proclama-se como
herdeiro ideológico de todos os movimentos de base social camponesa
34
ocorridos desde que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi
dividida em sesmarias por favor real, de acordo com o direito feudal português,
fato este que excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto
à terra.
Uma das atividades do grupo consiste na ocupação de terras
improdutivas como forma de pressão pela reforma agrária, mas também há
reivindicação quanto a empréstimos e ajuda para que realmente possam
produzir nessas terras. Para o MST, é muito importante que as famílias possam
ter escolas próximas ao assentamento, de maneira que as crianças não
precisem ir à cidade e, desta forma, fixar as famílias no campo.
A organização não tem registro legal por ser um movimento social e,
portanto, não é obrigada a prestar contas a nenhum órgão de governo, como
qualquer movimento social ou associação de moradores.
O movimento recebe apoio de organizações não governamentais e
religiosas, do país e do exterior, interessadas em estimular a reforma agrária e
a distribuição de renda em países em desenvolvimento. Sua principal fonte de
financiamento é a própria base de camponeses já assentados, que contribuem
para a continuidade do movimento.
Dados coletados em diversas pesquisas demonstram que os agricultores
organizados pelo movimento têm conseguido usufruir de melhor qualidade de
vida que os agricultores não organizados.
O MST reivindica representar uma continuidade na luta histórica dos
camponeses brasileiros pela reforma agrária. Os atuais governantes do Brasil
têm origens comuns nas lutas sindicais e populares, e portanto compartilham
em maior ou menor grau das reivindicações históricas deste movimento.
Segundo outros autores, o MST é um movimento legítimo que usa a única
arma que dispõe para pressionar a sociedade para a questão da reforma
agrária: a ocupação de terras e a mobilização de grande massa humana.
35
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST) surgiu em 1997 da necessidade de
organizar a reforma urbana e garantir moradia e a
todos os cidadãos. Está organizado nos municípios
do Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo. É um
movimento de caráter social, político e sindical. Em
1997, o MST fez uma avaliação interna em que
reconheceu que seria necessária uma atuação na cidade além de sua atuação
no campo. Dessa constatação, duas opções de luta se abriram: trabalho e
moradia.
Estão em quase todas as metrópoles do País. São desdobramentos
urbanos do MST, com um comando descentralizado. As formas de atuação
variam de um movimento para outro. Em geral, as ocupações não têm
motivação política, apenas apoio informal de filiados a partidos de esquerda. O
objetivo das ocupações é pressionar o poder público a criar programas de
moradia e dar à população de baixa renda acesso a financiamentos para a
compra de imóveis.
Fórum Social Mundial – FSM
O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento
organizado por movimentos sociais de diversos
continentes, com objetivo de elaborar alternativas
para uma transformação social global. Seu slogan
é Um Outro mundo é possível.
É um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que
se contrapõem à globalização neoliberal e estão construindo alternativas para
favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação da dominação dos
mercados em cada país e nas relações internacionais.
A luta por um mundo sem excluídos, uma das bandeiras do I Fórum
Social Mundial, tem suas raízes fixadas na resistência histórica dos povos
36
contra todo o gênero de opressão em todos os tempos, resistência que culmina
em nossos dias com o movimento irmanando milhões de cidadãos e não-
cidadãos do mundo inteiro contra as consequências da mundialização do
capital, patrocinada por organismos multilaterais como o Fundo Monetário
Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial do
Comércio (OMC), entre outros.
O Fórum Social Mundial (FSM) se reuniu pela primeira vez na cidade de
Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, entre 25 e 30 de janeiro de
2001, com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos.
Esse Fórum Econômico tem cumprido, desde 1971, papel estratégico na
formulação do pensamento dos que promovem e defendem as políticas
neoliberais em todo mundo. Sua base organizacional é uma fundação suíça
que funciona como consultora da ONU e é financiada por mais de 1.000
empresas multinacionais.
Movimento Hippie
Os "hippies" (no singular, hippie) eram parte do que
se convencionou chamar movimento de contracultura dos
anos 60 tendo relativa queda de popularidade nos anos 70
nos EUA, embora o movimento tenha tido muita força em
países como o Brasil somente na década de 70. Uma das
frases associada a este movimento foi a célebre máxima
"Paz e Amor" (em inglês "Peace and Love") que precedeu á expressão "Ban
the Bomb" , a qual criticava o uso de armas nucleares.
As questões ambientais, a prática de nudismo, e a emancipação sexual
eram ideias respeitadas recorrentemente por estas comunidades.
Adotavam um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de
socialismo anarquista ou estilo de vida nômade e à vida em comunhão com a
natureza, negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as
guerras, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduismo, e/ou as
religiões das culturas nativas norteamericanas e estavam em desacordo com
valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas e
37
totalitárias. Eles enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder
governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o
autoritarismo e os valores sociais tradicionais como parte de uma "instituição"
única, e que não tinha legitimidade.
Nos anos 60, muitos jovens passaram a contestar a sociedade e a pôr em
causa os valores tradicionais e os poderes militar e econômico. Esses
movimentos de contestação iniciaram-se nos EUA, impulsionados por músicos
e artistas em geral. Os hippies defendiam o amor livre e a não-violência. Como
grupo, os hippies tendem a viver em comunidades coletivistas ou de forma
nômade, vivendo e produzindo independentemente dos mercados formais,
usam cabelos e barbas mais compridos do que era considerado "elegante" na
época do seu surgimento. Muita gente não associada à contracultura
considerava os cabelos compridos uma ofensa, em parte por causa da atitude
iconoclasta dos hippies, às vezes por acharem "anti-higiênicos" ou os
considerarem "coisa de mulher".
Foi quando a peça musical Hair saiu do circuito chamado off-Broadway
para um grande teatro da Broadway em 1968, que a contracultura hippie já
estava se diversificando e saindo dos centros urbanos tradicionais.
Movimento Feminista
O Feminismo é um discurso intelectual, filosófico e político que tem como
meta os direitos iguais e a proteção legal às mulheres. Envolve diversos
movimentos, teorias e filosofias, todas preocupadas com as questões
relacionadas às diferenças entre os gêneros, e advogam a igualdade para
homens e mulheres e a campanha pelos direitos das mulheres e seus
interesses. De acordo com Maggie Humm e Rebecca Walker, a história do
feminismo pode ser dividida em três "ondas". A primeira teria ocorrido no
século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970, e a
terceira teria ido da década de 1990 até a atualidade. A teoria feminista surgiu
destes movimentos femininos, e se manifesta em diversas disciplinas como a
geografia feminista, a história feminista e a crítica literária feminista.
O feminismo alterou principalmente as perspectivas predominantes em
diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura ao direito. As
ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres
38
(direitos de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito da
mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto
e pelos direitos reprodutivos (incluindo o acesso à contracepção e a cuidados
pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a
violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas,
incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de
discriminação.
Durante a maior parte de sua história, a maior parte dos movimentos e
teorias feministas tiveram líderes que eram principalmente mulheres brancas
de classe média, da Europa Ocidental e da América do Norte. No entanto,
desde pelo menos o discurso Sojourner Truth, feito em 1951 às feministas dos
Estados Unidos, mulheres de outras raças propuseram formas alternativas de
feminismo. Esta tendência foi acelerada na década de 1960, com o movimento
pelos direitos civis que surgiu nos Estados Unidos, e o colapso do colonialismo
europeu na África, no Caribe e em partes da América Latina e do Sudeste
Asiático. Desde então as mulheres nas antigas colônias europeias e no
Terceiro Mundo propuseram feminismos "pós-coloniais" - nas quais algumas
postulantes, como Chandra Talpade Mohanty, criticam o feminismo tradicional
ocidental como sendo etnocêntrico. Feministas negras, como Angela Davis e
Alice Walker, compartilham este ponto de vista.
Desde a década de 1980, as feministas argumentaram que o feminismo
deveria examinar como a experiência da mulher com a desigualdade se
relaciona ao racismo, à homofobia, ao classismo e à colonização. No fim da
década e início da década seguinte as feministas ditas pós-modernas
argumentaram que os papéis sociais dos gêneros seriam construídos
socialmente, e que seria impossível generalizar as experiências das mulheres
por todas as suas culturas e histórias.
39
Movimento Estudantil
O movimento estudantil, embora não
seja considerado um movimento popular,
dada a origem dos sujeitos envolvidos,
que, nos primórdios desse movimento,
pertenciam, em sua maioria, à chamada
classe pequeno burguesa, é um
movimento de caráter social e de massa. É a expressão política das tensões
que permeiam o sistema dependente como um todo e não apenas a expressão
ideológica de uma classe ou visão de mundo. Em 1967, no Brasil, sob a
conjuntura da ditadura militar, esse movimento inicia um processo de
reorganização, como a única força não institucionalizada de oposição política.
A história mostra como esse movimento constitui força auxiliar do processo de
transformação social ao polarizar as tensões que se desencadearam no núcleo
do sistema dependente. O movimento estudantil é o produto social e a
expressão política das tensões latentes e difusas na sociedade. Sua ação
histórica e sociológica tem sido a de absorver e radicalizar tais tensões. Sua
grande capacidade de organização e arregimentação foi capaz de colocar cem
mil pessoas na rua, quando da passeata dos cem mil, em 1968. Ademais, a
histórica resistência da União Nacional dos Estudantes (UNE), como entidade
representativa dos estudantes, é exemplar.
O movimento estudantil é um movimento social da área da educação, no
qual os sujeitos são os próprios estudantes.
Destacam-se os movimentos estudantis da década de 1960, dentre os
quais os de maio de 1968, na França. No mesmo ano, também se registraram
movimentos em vários outros países da Europa Ocidental, nos Estados Unidos
e na América Latina. No Brasil, o movimento teve papel importante na luta
contra o regime militar que se instalou no país a partir de 1964.
Fontes:
1) Souza, Maria Antônia. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades no
contexto das práticas democráticas. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade Tuiuti de Curitiba, PR.
2) Wikipédia, a enciclopédia livre.
40
O regime da democracia participativa é um regime onde se pretende que
existam efetivos mecanismos de controle da sociedade civil sob a
administração pública, não se reduzindo o papel democrático apenas ao voto,
mas também estendendo a democracia para o esfera social.
A democracia participativa ou democracia deliberativa é considerada
como um modelo ou ideal de justificação do exercício do poder político pautado
no debate público entre cidadãos livres e em condições iguais de participação.
Advoga que a legitimidade das decisões políticas advém de processos de
discussão que, orientados pelos princípios da inclusão, do pluralismo, da
igualdade participativa, da autonomia e da justiça social, conferem um
reordenamento na lógica de poder político tradicional.
Democracia representativa é o ato de um grupo ou pessoa ser eleito,
normalmente por votação, para "representar" um povo ou uma população, isto
é, para agir, falar e decidir em "nome do povo". Os "representantes do povo" se
agrupam em instituições chamadas Parlamento, Congresso ou Assembleia da
República.
O conceito moderno de democracia é dominado pela forma de
democracia eleitoral e plebiscitária majoritária no Ocidente, a que chamamos
democracia liberal ou democracia representativa. Apesar de sua aceitação
generalizada - sobretudo no pós-Guerra Fria - a democracia liberal é apenas
uma das formas de representação balanceada de interesses, compreendida
num conceito global de isonomia. A moderna noção de democracia se
desenvolveu durante todo o século XIX e se firmou no século XX e está ligada
ao ideal de participação popular, que remonta aos gregos, mas que se
enriqueceu com as contribuições da Revolução Francesa, do Governo
Representativo Liberal inglês e, finalmente, da Revolução Americana, que
foram experiências de libertação do Homem e afirmaram da sua autonomia.
Características da democracia representativa
Enquanto na antiga democracia grega a participação no processo
democrático era limitada a alguns membros da sociedade, na democracia
representativa o sufrágio universal conseguiu quantitativamente garantir a
41
participação da grande maioria de cidadãos. Porém qualitativamente seus
mecanismos limitam a atuação dos participantes no jogo democrático.
A democracia representativa torna estrutural e permanente uma
separação entre dirigentes e dirigidos. Um dos mecanismos que vai reforçar a
separação entre dirigentes e dirigidos se refere aos conhecimentos técnicos
necessários àqueles que irão representar o "povo".
IDEOLOGIA
Definição
Ideologia é um conjunto de ideias ou pensamentos de uma pessoa ou de
um grupo de indivíduos. A ideologia pode estar ligada à ações políticas,
econômicas e sociais.
O termo ideologia foi usado de forma marcante pelo filósofo Antoine
Destutt de Tracy.
O conceito de ideologia foi muito trabalhado pelo filósofo alemão Karl
Marx, que ligava a ideologia aos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais)
criados pela classe social dominante. De acordo com Marx, a ideologia da
classe dominante tinha como objetivo manter os mais ricos no controle da
sociedade.
Ideologia e Movimentos Sociais
Muitas pessoas não se dão conta de que na vida não se vive por acaso
ou por obra do destino, de modo que é necessário saber o que fazer e porque
fazer algo, pois em geral são levadas a tomarem determinadas decisões ou a
agirem em seu cotidiano com base naquilo que acreditam ou consideram
melhor.
A ideologia está relacionada exatamente a essa necessidade de pensar e
de agir a partir de determinados pensamentos e concepções de vida e de
mundo. O movimento social é uma forma de ação coletiva, baseada na
solidariedade. O fato de determinados indivíduos se sentirem lesados ou
ameaçados em seus direitos leva a uma organização que, pouco a pouco,
passa a tomar corpo e presença na sociedade.
Segundo Tomazi ( 1993, p. 219 ) "A ideologia corresponde às ideias que
os homens fazem da sociedade em que vivem. Quando elas expressam
42
'corretamente' as relações sociais existentes, mostrando os interesses que
animam as relações, podemos dizer que tais ideias, ou ideologias se
constituem num instrumento de luta dos grupos sociais."
Partindo dessa noção de ideologia como concepção de mundo que
orienta a ação de indivíduos e grupos na sociedade, os Movimentos Sociais
têm sua razão de existir. A história tem demonstrado como surgiram uma
infinidade de Movimentos Sociais e suas respectivas ideologias.
As diversas formas de Movimentos Sociais existentes já na Antiguidade,
especialmente na Grécia e Roma, demonstram como a ideologia aliada à
politica e à religião serviu de motivação para a organização dos indivíduos, no
caso, camponeses, escravos e membros da elite.
Em geral os movimentos surgem preocupados com alguma coisa, seja no
sentido de lutar para garantir o que já possuem, seja para conquistar. Na
antiguidade os escravos se juntavam para garantir melhores condições de vida,
tendo como principal necessidade a liberdade e a terra para viver.
A existência de Movimentos Sociais já denuncia por si uma situação de
impasse e diferenças de interesses, consequentemente, de diferentes
concepções de mundo. Se determinadas pessoas se sentem prejudicadas
perante algo que lhes foi imposto por motivos diversos, evidentemente isso
dará margem para a busca de uma melhor forma de enfrentar tal situação.
Para um indivíduo alienado, talvez essa reflexão nem lhe passe à
cabeça, em razão de motivos que, por vezes, desconhecemos. Todavia,
quando se está bem, geralmente não se reclama. Por outro lado, a
insatisfação perante uma realidade conduz a diferentes formas de
manifestação.
É comum pessoas da elite se mostrarem totalmente contrárias e esse ou
aquele movimento. Isso fica claro quando se percebe que determinadas
pessoas se juntam para reclamar de uma situação que consideram injusta. No
caso de trabalhadores que se organizam por aumento de salário ou por
melhores condições de trabalho, é difícil, para os que se sentem prejudicados,
não reconhecer a validade do movimento. Mas, por outro lado, a classe que
está no domínio da situação e vivendo à custa da exploração, não consegue
aceitar de modo algum esses movimentos.
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É evidente que, se a riqueza e o luxo adquiridos vêm da exploração sobre
os outros - os trabalhadores - a elite dominante vai fazer de tudo para evitar a
mudança dessa situação.
44
Exercícios
1. Sabemos que a primeira Instituição Social surgida na história foi:
A) A Economia
B) A Política
C) A Família
D) A Religião
E) O Lazer
2. Sobre as Instituições Sociais Religiosas é correto afirmar que:
A) São Instituições que dizem respeito à relação entre os homens e às
concepções sobrenaturais ou sagradas.
B) Estão ligadas à formação dos primeiros impérios na antiguidade.
C) Os chefes tribais são as principais evidências da existência de tal
instituição social ao longo da História.
D) Ligada à formação do cidadão ao convívio social e humano.
E) Consiste em uma Instituição explicada pela crença em valores
legitimada pela formação de um mercado religioso.
3. A educação se configura como uma Instituição Social devido a:
I. Ao fato de que todas as culturas sociais existem uma necessidade de
transmissão das normas e valores para as gerações mais novas.
II. À justificativa de uma preparação do indivíduo para o convívio em
sociedade, como um cidadão.
III. Ao fato de se instituir uma preocupação constante com a produção de
novos métodos educacionais nas escolas.
A) Apenas a I está correta.
B) Apenas a I e a III estão corretas.
C) Apenas a II e a III estão corretas.
D) Apenas a III está Correta.
E) Apenas a I e a II estão corretas.
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4. Sobre as Instituições Sociais é INCORRETO afirmar que:
A) Todas as Organizações Sociais existentes foram notadas a
cristalização de Instituições Sociais.
B) As instituições Sociais estão ligadas à entidades que realizam ações
caridosas à sociedade.
C) Seria uma crença cristalizada na consciência coletiva de uma
sociedade.
D) São práticas sociais que perduram através do tempo pela adesão que
encontram na maioria dos membros da sociedade.
5. Problemas sociais como desagregação familiar, desemprego,
analfabetismo e conflitos religiosos, vividos pelos homens no atual contexto,
levam a Sociologia não somente a estudá-los, mas, sobretudo, dar respostas
aos mesmos. Esses problemas que levam ao estudo da família, economia,
educação e religião inserem se no conceito de:
A) Papéis e status sociais
B) Instituições Sociais
C) Sociedade de massa
D) Processo de comunicação
E) Assimilação
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6. (UEM-Ver-2009) No que se refere às instituições sociais, assinale o que
for correto.
A) A linguagem é uma instituição fundamental da sociedade, expressando
e estabelecendo símbolos compartilhados.
B) A grande maioria das sociedades não possui regras que regulamentam
as relações sexuais e a procriação de filhos; no entanto, onde elas existem,
são praticamente as mesmas.
C) Para a maioria dos indivíduos, a família aparece como a primeira
instituição social, já que, para eles, ela é considerada o fundamento básico das
sociedades.
D) As instituições sociais podem ser consideradas formas sancionadas de
papéis, padrões e relações, cujo objetivo é satisfazer necessidades sociais
básicas.
E) O Estado supervisiona apenas os aspectos exteriores da vida social;
portanto, não pode ser definido como uma instituição social.
7. Observando a charge abaixo e escreva sobre a desigualdade social:
Leia o texto abaixo:
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O analfabeto político
O pior a analfabeto é o analfabeto político.// Ele não ouve, não fala, não
participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito, dizendo
que odeia política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o
menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político
vigarista, pilantra, corrupto.
É lacaio das empresas nacionais e multinacionais. Bertolt Brecht
Qual a mensagem do poema "O analfabeto político"? Explique a relação
entre cidadania e participação política:
8. Observe atentamente as charges a seguir e explique qual é a crítica
sobre cidadania apresentada nas mesmas:
48
9. No Brasil a preocupação com a cidadania se revela em alguns dos
elementos abaixo, com exceção do (a):
A) igualdade de todos perante a lei;
B) inclusão dos deficientes na sociedade;
C) estatuto do idoso;
D) estatuto da criança e do adolescente;
E) os fichas - sujas poderem se candidatar as eleições.
10. Cerca de 5.000 anos depois de alcançar a Europa o Homo sapiens
[...] protagonizou uma revolução criativa e desenvolveu conceitos de família,
religião e convivência social. Mais uma vez a humanidade sofreu com os
rigores do clima e com a escassez de comida, mas a adaptação às dificuldades
resultou num salto à frente. O europeu primitivo, também chamado de homem
de Cro-Magnon, passou a enterrar seus mortos com rituais e com objetos que
usavam em vida. Pela primeira vez essas sociedades sentiram a necessidade
de estabelecer regras - era preciso definir quem pertencia à família e com
quem se compartilhavam os alimentos, quais objetos eram de uso coletivo e
quais eram privados.
VIEIRA, Vanessa; LIMA, Roberta de Abreu. Como nossa espécie quase desapareceu. In: Veja, ed. 2059, São
Paulo: Abril Cultural, ano 41, nº18, 7 de maio, 2008, p.151.
A partir dessa informação, pode-se definir instituições sociais como sendo
um :
A) conjunto de pessoas ligadas entre si por vínculos permanentes, é uma
entidade abstrata.
B) agrupamento de pessoas que seguem os mesmos estímulos; é
espontâneo, amorfo e o contato social variado.
C) conjunto de regras e procedimentos reconhecido e sancionado pela
sociedade.
D) conjunto ordenado de partes encadeadas que formam um todo; é o
aspecto estático da organização social.
E) conjunto de comportamentos típicos de um grupo social que reproduz
um estilo de vida próprio de cada sociedade.
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11. A cidadania pode ser observada na sociedade quando vemos:
A) Pessoas jogando papel na rua.
B) Os ônibus riscados.
C) Prédios e paradas de ônibus pichados.
D) O respeito aos assentos reservados aos idosos nos ônibus.
E) Motoristas dirigindo embriagados.
12. Pense na seguinte situação: você tem de comprar um carro e está em
dúvida em relação à marca a escolher. Suas necessidades são básicas: você
precisa do carro para transporte diário e para lazer. A questão financeira não
está em jogo, não é o problema. Duas opções lhes são apresentadas. A
primeira, um carro "mil", e a segunda, um importado.
A) Qual opção você faria? Que motivos levam você a fazer essa escolha?
B) Qual a diferença, para a nossa sociedade hoje, entre comprar um carro
"mil" ou um importado?
C) O que você entende por ideologia do carro?
Leia o texto abaixo e depois escreva verdadeiro ou falso:
As propagandas de carro prometem mais do que um meio de locomoção,
mas do que uma máquina que te faz ir do ponto A ao ponto B. Prometem
individualidade, exclusividade, etc. Nunca há um ponto sem um contexto
ideológico por trás. Os comerciais do tipo "libertação" são muito comuns, e se
traduzem da seguinte forma: o indivíduo vive em sociedade, porém, essa
sociedade acaba reprimindo sua individualidade, coisa que ele poderá
conquistar com um carro, este que, em contraposição ao ônibus, representa a
superação da ditadura da coletividade. Se o sujeito utiliza carro, ele pode
exercer sua individualidade da maneira que quer, dentro de sua propriedade,
dentro de um espaço social próprio, onde as relações de poder estão
determinadas por ele. É lá em que a sensação de Deus pode ser
experimentada.
O comercial onde, primeiramente, o motorista deseja que toda cidade
esteja vazia, depois, deseja que só existam mulheres, pode ser o exemplo
perfeito. A necessidade da libertação é expressa pelo varrimento de todos do
50
espaço geográfico, seus empecilhos, suas barreiras, quando o espaço
geográfico está vazio, abre-se a oportunidade de se criar as próprias normas,
as próprias leis - não há mais espaço social, ou seja, não há mais localização
dos indivíduos, grupos, etc. em posições sociais. Só uma pessoa, e essa
pessoa é quem determina tudo que pode acontecer...
A) O automóvel é o símbolo máximo da sociedade moderna
...................................
B) O automóvel é realização máxima do consumo, porque ele representa
autoconfiança, liberdade e poder para uma pessoa .........................
C) Os comerciais do tipo "libertação" vendem a imagem do carro como
essencial para toda a família ................................................
D) O ônibus é considerado ótimo para aquele que tem um carro
.............................
E) A pessoa se sente livre dentro de um carro e pode fazer o que quiser
...........................
13. A relação entre educação escolar e desigualdade social vem sendo
estudada pela Sociologia há mais de um século. Diferentes autores e diversas
correntes de pensamento explicam os complexos mecanismos dessa relação.
Mesmo considerando as grandes diferenças existentes entre países e épocas,
a escolarização progressiva da população
A) vem acompanhada de um aumento das exigências educacionais do
mercado de trabalho.
B) garante empregabilidade compatível com o nível de instrução.
C) proporciona acesso ao mercado de trabalho devido à diminuição da
competitividade.
D) está relacionada às crises econômicas e favorece o desemprego.
E) gera equanimidade entre segmentos sociais e diminuição de conflitos
culturais.
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2001.
CASTRO, A. M.; EDMUNDO, F. D. (Org.). Durkheim, Marx e Weber -
Introdução ao pensamento sociológico. São Paulo: Centauros, 2001.
CHALITA,Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo.Ed. Ática,2006
GALLIANO, Alfredo Guilherme. Iniciação à sociologia. São Paulo: Harbra,
1981.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Ed. Artmed. Porto Alegre, 2004.
JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
LOWY, Michael. Ideologia e ciência social - elementos para uma análise
marxista. São Paulo: editora Cortez, 2000.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense,
1994.
MEKSENAS, Paulo. Sociologia. São Paulo: Cortez, 1993.
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de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
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TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o ensino médio.Editora Saraiva
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VIEIRA, Evaldo. Sociologia da Educação. São Paulo: FTD 1996.
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2002.http://pt.wikipedia.org/wiki/Estratifica%C3%A7%C3%A3o_social
http://curtasociologia.blogspot.com.br/
Apostila de Sociologia para o Ensino Médio-Sociologia / vários autores. -
Curitiba: SEED-PR, 2006. - 266 p.