Breve história da classificação dos seres vivos
Embora se conheçam cerca de 1.250.000 espécies de animais
invertebrados, a grande maioria deles, mais de 1 milhão, tem corpo
formado por segmentos transversais, revestido por uma armadura
resistente (o exoesqueleto), e apêndices corporais (pernas, antenas
etc.) dotados de juntas articuladas;
Essas características compõem o padrão corporal básico dos animais
denominados artrópodes (termo que significa “pernas articuladas”), e
a enorme diversidade do grupo resulta de variações em torno desse
padrão.
O grupo dos artrópodes é atualmente composto por insetos, crustáceos,
aracnídeos e miriápodes, entre outros animais menos conhecidos.
Dentro do grupo dos artrópodes pode-se, por exemplo, reconhecer
claramente um “padrão inseto” — corpo revestido por exoesqueleto,
dividido em cabeça, tórax e abdome, e apêndices articulados, sendo três
pares de pernas e um par de antenas.
Nos três últimos séculos, pensadores e cientistas têm se empenhado
em desenvolver um sistema eficiente para organizar e compreender a
diversidade de formas de vida;
Esse sistema é a classificação biológica, ou taxonomia, que
distribui os seres vivos em grupos hierárquicos denominados táxons,
com grupos “menores” incluídos em outros mais abrangentes;
Táxon é qualquer agrupamento de organismos com base em
semelhanças: pode ser uma espécie ou conjunto de espécies.
Reino
Filo Classe
Ordem Família
Gênero Espécie
Atualmente, a taxonomia faz parte de um ramo da Biologia denominado
Sistemática, cujo principal objetivo é estudar e compreender a
diversidade da vida, como veremos mais adiante.
A classificação de Aristóteles
O filósofo grego Aristóteles (348-323
a.C.) foi pioneiro em classificar os seres
vivos.;
Em um de seus trabalhos, ele
demonstra uma visão avançada da
classificação biológica ao destacar a
importância da organização corporal
dos animais como critério para dividi-
los em grupos, ideia que só foi
retomada mais de 2 mil anos depois,
por Lineu.
O sistema de classificação de Lineu
A classificação biológica moderna
teve início com os trabalhos do
botânico sueco Carl von Linné
(1707-1778), também conhecido
por Carolus Linnaeus;
As ideias de Lineu sobre
classificação biológica foram
publicadas em seu livro Systema
Naturae (Sistema natural), cuja
primeira edição saiu em 1735.
Ele ponderava que era preciso
escolher criteriosamente as
características utilizadas para agrupar
os seres vivos;
Lineu acreditava que as características
anatômicas eram as mais adequadas
para agrupar os seres vivos e utilizou-
as como critério principal em seu
sistema de classificação.
Ele agrupou os animais de acordo com
semelhanças na organização corporal
e as plantas, de acordo com a forma
corporal e a estrutura de flores e
frutos.
A nomenclatura binomial
Um dos méritos de Lineu foi associar à classificação dos seres vivos
um sistema eficiente para lhes dar nomes, ou seja, uma nomenclatura
biológica;
Ele propôs que o “nome científico” de todo ser vivo fosse sempre
composto por duas palavras, a primeira referindo-se ao epíteto
genérico e a segunda, ao epíteto específico;
Por atribuir dois nomes a cada espécie, o sistema criado por Lineu
ficou conhecido como nomenclatura binomial, e é utilizado até hoje.
Cães e lobos, que Lineu considerava duas espécies distintas, eram
para ele semelhantes o bastante para ser colocadas juntas em um
táxon mais abrangente, hierarquicamente superior ao de espécie, que
ele chamou de gênero. Essas espécies teriam um mesmo epíteto
genérico — Canis — acompanhado dos respectivos epítetos
específicos — familiaris e lupus —, portanto: Canis familiaris e Canis
lupus.
É possível que você conheça nomes científicos como Homo sapiens
(espécie humana), Drosophila melanogaster (mosca-do-vinagre, ou
mosca-da-banana), Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná), Musa
paradisiaca (banana), entre outros.
Uma das regras da nomenclatura binomial determina que os nomes
científicos dos organismos sejam escritos em latim (ou devem ser
latinizados);
A primeira letra do epíteto genérico deve ser sempre maiúscula e a
do epíteto específico, minúscula;
Além disso, o nome científico sempre deve ser destacado no texto
em que aparece, seja pela impressão em itálico ou grifado;
Na nomenclatura binomial, o epíteto genérico é sempre um
substantivo e o epíteto específico é geralmente um adjetivo, que
qualifica o gênero;
Por isso, de acordo com as regras nomenclaturais, podemos
escrever o nome genérico sozinho, desde que seguido de uma
abreviatura padronizada.
Por exemplo, para nos referirmos a um animal do gênero Canis sem
especificar se é lobo, coiote etc., apenas acrescentamos a abreviatura
“sp.” após o nome do gênero. Veja na frase: “O que se pode dizer,
pelos rastros do animal, é que se trata de um Canis sp.”. Para nos
referirmos simultaneamente a várias espécies do gênero Canis,
acrescentamos a abreviatura “spp.” após o nome do gênero. Veja na
frase: “Os Canis spp. possuem dieta essencialmente carnívora”.
Ao contrário do gênero, o epíteto específico não pode ser escrito
sozinho. Por exemplo, o nome científico de uma mosca escura comum
em nossas casas é Musca domestica; entretanto, se escrevermos
domestica isoladamente não identificaremos aquela mosca, pois
existem (ou podem existir), em outros gêneros, espécies com esse
mesmo epíteto específico. Alguns exemplos de espécies que
compartilham o epíteto específico domestica são: Curcuma domestica
(cúrcuma), uma planta da qual se extrai um corante utilizado em
culinária; Nandina domestica, um tipo de bambu; Monodelphis
domestica, um pequeno mamífero marsupial encontrado em florestas
tropicais da América do Sul.
Ao ser utilizado pela primeira vez em um texto, o nome científico deve
necessariamente ser escrito por extenso; nas demais vezes em que
aparece, a parte genérica pode ser abreviada. Por exemplo, depois de
nos referirmos ao nome científico Canis lupus uma primeira vez em
um texto, podemos passar a escrever simplesmente C. lupus.
Por exemplo, na Região Sul do Brasil há um pássaro conhecido
popularmente como cardeal, classificado pelos biólogos como
Paroaria coronata. Essa mesma espécie também vive no pantanal
mato-grossense, onde recebe o nome popular de galo-da-campina; ou
seja, a mesma espécie, P. coronata, é conhecida por dois nomes
regionais diferentes (no Sul, cardeal e, no Centro-Oeste, galo-da-
campina). No pantanal mato-grossense vive também a espécie
Paroaria capitata, conhecida localmente por cardeal; ou seja, a
denominação popular “cardeal” refere-se a duas espécies distintas (no
Sul, P. coronata e, no Centro-Oeste, P. capitata). E, como se não
bastasse essa confusão, no Nordeste brasileiro dá-se o nome de
galo-da-campina a uma terceira espécie do mesmo gênero, Paroaria
dominicana.
Conceito biológico de espécie
Nas décadas de 1930 e 1940, dois grandes cientistas e divulgadores da
teoria evolucionista, Theodosius Dobzhansky (1900-1975) e Ernst Mayr
(1904-2005), propuseram uma conceituação de espécie que ficou
conhecida como conceito biológico de espécie.
Segundo Dobzhansky e Mayr: “Espécie é um grupo de populações cujos
indivíduos, em condições naturais, são capazes de se cruzar e de
produzir descendentes férteis, estando reprodutivamente isolados de
indivíduos de outras espécies”.
Em alguns jardins zoológicos do mundo já foram obtidos cruzamentos
entre leões (Panthera leo) e tigres (Panthera tigris). O cruzamento entre
um leão e uma tigresa produz o híbrido denominado liger (do inglês, lion e
tiger).
Em cruzamentos entre um tigre e uma leoa, por sua vez, surge outro tipo
de híbrido, o tigon (do inglês, tiger e lion). Segundo biólogos de alguns
zoológicos, fêmeas de tigon férteis já foram cruzadas com tigres,
produzindo descendentes também férteis, batizados de ti-tigons.
Reino Monera
O reino Monera reúne os seres procarióticos, cuja principal
característica é possuírem células sem separação física entre o
material nuclear e o citoplasma.
Reino Protoctista
O reino Protoctista inclui os protozoários, seres eucarióticos,
unicelulares e heterotróficos, e as algas, seres eucarióticos,
unicelulares ou multicelulares, e autotróficos fotossintetizantes.
Reino Fungi
O reino Fungi inclui os fungos, seres eucarióticos, unicelulares ou
multicelulares com corpo formado por filamentos (hifas). Eles
assemelham-se às algas na organização e na reprodução, mas
diferem delas por serem heterotróficos.
Reino Plantae
O reino Plantae reúne as plantas, seres eucarióticos, multicelulares e
autotróficos fotossintetizantes.
Reino Animalia
O reino Animalia reúne os animais, seres eucarióticos, multicelulares
e heterotróficos. Esse grupo inclui uma grande variedade de
organismos, desde animais simples, como as esponjas, até animais
complexos, como os cordados, grupo ao qual pertencemos.
Vírus, um caso a parte
Os vírus não estão incluídos em nenhum dos
cinco reinos, pois não possuem células (são
acelulares), a unidade fundamental de todos
os outros seres vivos.
Eles são constituídos por uma ou algumas
moléculas de ácido nucleico, que pode ser o
DNA ou o RNA, envoltas por moléculas de
proteínas.
Os vírus são sempre parasitas intracelulares:
somente conseguem se reproduzir no interior
de células de outros seres.