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  • GRADUAO2018.2

    SiStema tributrio NacioNal

    Autor: LeonArdo de AndrAde CostA CoLAborAo: LeonArdo GhiAroni

  • SumrioSistema Tributrio Nacional

    BlOcO I - DIReITO TRIBUTRIO, OS ASpecTOS ecONmIcOS DA TRIBUTAO e A exTRAfIScAlIDADe ............................... 15

    AUlA 01. INTRODUO AO cURSO. ............................................................................................................... 15

    AUlA 02. ASpecTOS ecONmIcOS DA TRIBUTAO e OS DIfeReNTeS SUBSTRATOS De INcIDNcIA: O pATRImNIO, A ReNDA e O cONSUmO ............................................................................................................................................ 18

    eSTUDO De cASO ...........................................................................................................................................18

    1. ASpecTOS pRelImINAReS DA INcIDNcIA ecONmIcO-jURDIcA ............................................................................18

    2. A INcIDNcIA ecONmIcO-jURDIcA ...............................................................................................................20

    3. AS INTeRfAceS eNTRe OS DIveRSOS SUBSTRATOS ecONmIcOS De INcIDNcIA ..........................................................23

    4. A TeORIA DA eqUIvAlNcIA ecONmIcA DOS TRIBUTOS .......................................................................................23

    AUlA 03. A INcIDNcIA ecONmIcA DA TRIBUTAO SOBRe A ReNDA e O pATRImNIO .........................................................25

    eSTUDO De cASO (ADO 31)................................................................................................................................25

    1. A TRIBUTAO SOBRe A ReNDA e O pATRImNIO ................................................................................................25

    2. ImpOSTO De ReNDA SOBRe peSSOAS fSIcAS (INcOme TAx) e SOBRe peSSOAS jURDIcAS (cORpORATe TAx) .......................30

    AUlA 04. A INcIDNcIA ecONmIcA DA TRIBUTAO SOBRe O cONSUmO ...........................................................................35

    eSTUDO De cASO ...........................................................................................................................................35

    1. A TRIBUTAO SOBRe O cONSUmO ..................................................................................................................35

    AUlA 05. A pOlTIcA fIScAl e A exTRAfIScAlIDADe: A NeceSSRIA cOmpATIBIlIzAO eNTRe efIcINcIA ecONmIcA, jUSTIA DISTRIBUTIvA e A cONveNINcIA ADmINISTRATIvA DOS TRIBUTOS .................................................................................45

    qUeSTO pARA ReflexO ................................................................................................................................45

    1. INTRODUO.............................................................................................................................................45

    2. A ADOO De pOlTIcA fIScAl cOmO INSTRUmeNTO pARA DeScONceNTRAR ReNDA e RIqUezA ......................................51

    3. A TRIBUTAO SOBRe O cONSUmO ..................................................................................................................55

    4. A TRIBUTAO SOBRe A ReNDA ......................................................................................................................58

    5. A TRIBUTAO SOBRe O pATRImNIO ..............................................................................................................64

    6. A exTRAfIScAlIDADe cOmO INSTRUmeNTO pARA eSTImUlAR OU DeSeSTImUlAR cOmpORTAmeNTOS e AfeTAR A ORDem ecONmIcA .................................................................................................................................................69

    ATUAO eSTATAl NA ORDem ecONmIcA e fINANceIRA .........................................................................................70

    7. cONSIDeRAeS fINAIS ...............................................................................................................................78

  • SumrioSistema Tributrio Nacional

    BlOcO II - O pODeR De TRIBUTAR, A cOmpeTNcIA TRIBUTRIA, A cApAcIDADe TRIBUTRIA ATIvA e A pARAfIScAlIDADe .... 79

    AUlA 06 O pODeR De TRIBUTAR e A cOmpeTNcIA TRIBUTRIA ......................................................................... 79

    eSTUDO De cASO ............................................................................................................................... 79

    1. INTRODUO................................................................................................................................. 80

    2.OS pODeReS DO eSTADO e O pODeR TRIBUTRIO ....................................................................................... 80

    3. O pODeR De TRIBUTAR ..................................................................................................................... 88

    4.A TITUlARIDADe DO pODeR De TRIBUTAR ............................................................................................... 90

    5. A cOmpeTNcIA pARA leGISlAR SOBRe DIReITO TRIBUTRIO e A cOmpeTNcIA TRIBUTRIA................................ 91

    6. cONceITO De cOmpeTNcIA TRIBUTRIA ............................................................................................... 92

    7. cARAcTeRSTIcAS DA cOmpeTNcIA TRIBUTRIA ..................................................................................... 93

    8. OS DeSTINATRIOS DA cOmpeTNcIA TRIBUTRIA ................................................................................... 94

    9.A DISTRIBUIO OU RepARTIO DA cOmpeTNcIA TRIBUTRIA ................................................................... 95

    10. O cONceITO De TRIBUTO e AS eSpcIeS TRIBUTRIAS .............................................................................. 97

    AUlA 07. A cApAcIDADe TRIBUTRIA ATIvA e A SUjeIO ATIvA ........................................................................ 103

    eSTUDO De cASO (AGRG NO RecURSO eSpecIAl 1.267.060 /RS) ...................................................................... 103

    1.INTRODUO ............................................................................................................................... 103

    2. cApAcIDADe TRIBUTRIA e SUjeIO ATIvA ......................................................................................... 104

    AUlA 08 A pARAfIScAlIDADe cOmO TcNIcA ADmINISTRATIvA pARA DeSeNvOlveR ATIvIDADeS De INTeReSSe pBlIcO e O

    TRIBUTO NA cR-88 ................................................................................................................................ 114

    qUeSTO pARA ReflexO .................................................................................................................. 114

    1. INTRODUO............................................................................................................................... 114

    2. O ORAmeNTO e O feNmeNO DA pARAfIScAlIDADe............................................................................... 115

    2.1 A SeGURIDADe SOcIAl NO BRASIl e A pARAfIScAlIDADe ..................................................................... 116

    3. A pARAfIScAlIDADe e AS eNTIDADeS pBlIcAS OU pRIvADAS qUe fIcAm cOm OS RecURSOS De DeTeRmINADAS

    cONTRIBUIeS .............................................................................................................................. 119

    4. A pARAfIScAlIDADe e A NATURezA jURDIcA DA exAO (TRIBUTRIA OU NO-TRIBUTRIA). ............................ 125

  • SumrioSistema Tributrio Nacional

    BlOcO III AS lImITAeS cONSTITUcIONAIS DO pODeR De TRIBUTAR. OS pRINcpIOS cONSTITUcIONAIS TRIBUTRIOS. ............130

    AUlA 09 - A leGAlIDADe e A NeceSSRIA pONDeRAO eNTRe OS pRINcpIOS DA SeGURANA jURDIcA e DA jUSTIA fIScAl .......130

    eSTUDO De cASO .........................................................................................................................................130

    1. INTRODUO...........................................................................................................................................131

    2. pRINcpIOS fUNDAmeNTAIS DA TRIBUTAO. .................................................................................................134

    3. O pRINcpIO DA leGAlIDADe TRIBUTRIA ....................................................................................................138

    4. flexIBIlIzAO DO pRINcpIO DA leGAlIDADe ................................................................................................140

    5. A TIpIcIDADe TRIBUTRIA ..........................................................................................................................143

    AUlA 10 A ISONOmIA e A cApAcIDADe ecONmIcA DO cONTRIBUINTe. DO mNImO exISTeNcIAl e DO NO cONfIScO. ...............155

    eSTUDO De cASO: (ADIN 1.643) ........................................................................................................................155

    1.INTRODUO ...........................................................................................................................................155

    2. ASpecTOS GeRAIS e A cONexO eNTRe A IGUAlDADe e A cApAcIDADe ecONmIcA ....................................................156

    3. cApAcIDADe ecONmIcA e cApAcIDADe cONTRIBUTIvA .....................................................................................158

    4. A IGUAlDADe ..........................................................................................................................................160

    5. A IGUAlDADe, A cApAcIDADe ecONmIcA DO cONTRIBUINTe e A veDAO De TRIBUTO cONfIScATRIO .........................165

    AUlA 11 A IRReTROATIvIDADe, AS ANTeRIORIDADeS e A lIBeRDADe De TRfeGO. ..........................................................177

    eSTUDO De cASO (Re 584.100- RG 37) ................................................................................................................177

    1. INTRODUO...........................................................................................................................................177

    2. A IRReTROATIvIDADe ................................................................................................................................178

    3. O pRINcpIO DA ANTeRIORIDADe ..................................................................................................................184

    3.1. ASpecTOS GeRAIS DO pRINcpIO DA ANTeRIORIDADe ...................................................................................184

    3.2. A ANTeRIORIDADe clSSIcA e NONAGeSImAl .............................................................................................186

    4. A lIBeRDADe De TRfeGO ..........................................................................................................................190

    AUlA 12 ASpecTOS GeRAIS DAS ImUNIDADeS TRIBUTRIAS, DA NO INcIDNcIA e DAS ISeNeS. ......................................191

    eSTUDO De cASO (ADApTAO qUeSTO 4 DO exAme DA OAB UNIfIcADO 2010.3) .........................................................191

    1. INTRODUO...........................................................................................................................................191

    2. A ISeNO, A NO INcIDNcIA e AS ImUNIDADeS ..............................................................................................192

    3. cONcepO De ImUNIDADe TRIBUTRIA ........................................................................................................199

    4.cONTROvRSIAS em RelAO S hIpTeSeS TRIBUTRIAS AlcANADAS pelA ImUNIDADe ..........................................202

  • SumrioSistema Tributrio Nacional

    AUlA 13 A ImUNIDADe RecpROcA, DOS TemplOS, DOS pARTIDOS pOlTIcOS, DOS SINDIcATOS, DAS eNTIDADeS De eDUcAO e De

    ASSISTNcIA SOcIAl ................................................................................................................................... 205

    eSTUDO De cASO(AG.ReG.NO AG. De INST. AI 620444 AGR / Sc, AG. RRG. NO ARe N 663.552-mG) ................................. 205

    1. INTRODUO .................................................................................................................................... 205

    2. A ImUNIDADe RecpROcA ..................................................................................................................... 206

    2.1. SUA RATIO eSSeNDI: ...................................................................................................................... 206

    2.2. O vU DA ImUNIDADe RecpROcA OU mTUA SOBRe AS AUTARqUIAS DOS eNTeS pOlTIcOS .............................. 208

    2.3. A exTeNSO DA ImUNIDADe RecpROcA OU mTUA SOBRe AS fUNDAeS pBlIcAS DOS eNTeS pOlTIcOS ........... 209

    2.4. AS empReSAS pBlIcAS e AS SOcIeDADeS De ecONOmIA mISTA pReSTADORAS De SeRvIO pBlIcO De pReSTAO

    OBRIGATRIA e exclUSIvA DO eSTADO e A ImUNIDADe RecpROcA .................................................................. 210

    3. ASpecTOS GeRAIS DAS ImUNIDADeS DOS TemplOS, DOS pARTIDOS pOlTIcOS, DOS SINDIcATOS, DAS eNTIDADeS De eDUcAO

    e De ASSISTNcIA SOcIAl ........................................................................................................................ 213

    3.1 ImUNIDADe DOS TemplOS De qUAlqUeR cUlTO..................................................................................... 215

    3.2 ImUNIDADe DOS pARTIDOS pOlTIcOS e SUAS fUNDAeS ........................................................................ 217

    3.3 ImUNIDADe DAS eNTIDADeS SINDIcAIS DOS TRABAlhADOReS ................................................................... 218

    3.4 ImUNIDADe DAS INSTITUIeS De eDUcAO Sem fINS lUcRATIvOS ........................................................... 220

    3.5. ImUNIDADe DAS eNTIDADeS De ASSISTNcIA SOcIAl Sem fINS lUcRATIvOS ................................................. 221

    3.6 A ImUNIDADe GeNRIcA e OS ImpOSTOS INDIReTOS ................................................................................ 229

    AUlA 14 A ImUNIDADe DOS lIvROS, jORNAIS, peRIDIcOS, pApel DeSTINADO A SUA ImpReSSO, e DOS fONOGRAmAS e

    vIDeOfONOGRAmAS mUSIcAIS pRODUzIDOS NO BRASIl cONTeNDO OBRAS mUSIcAIS OU lITeROmUSIcAIS De AUTOReS BRASIleIROS

    e/OU OBRAS em GeRAl INTeRpReTADAS pOR ARTISTAS BRASIleIROS Bem cOmO OS SUpORTeS mATeRIAIS OU ARqUIvOS DIGITAIS

    qUe OS cONTeNhAm, SAlvO NA eTApA De ReplIcAO INDUSTRIAl De mDIAS pTIcAS De leITURA A lASeR e AS DemAIS veDAeS

    cONSTITUcIONAIS AO pODeR De TRIBUTAR ....................................................................................................... 232

    eSTUDO De cASO (Re 179893, Re 221239, Re 203859, Re 327414): ....................................................................... 232

    1. INTRODUO .................................................................................................................................... 232

    2. OS lIvROS eleTRNIcOS ...................................................................................................................... 233

    3. A ImUNIDADe DOS fONOGRAmAS e vIDeOfONOGRAmAS mUSIcAIS pRODUzIDOS NO BRASIl cONTeNDO OBRAS mUSIcAIS OU

    lITeROmUSIcAIS De AUTOReS BRASIleIROS e/OU OBRAS em GeRAl INTeRpReTADAS pOR ARTISTAS BRASIleIROS Bem cOmO OS

    SUpORTeS mATeRIAIS OU ARqUIvOS DIGITAIS qUe OS cONTeNhAm, SAlvO NA eTApA De ReplIcAO INDUSTRIAl De mDIAS

    pTIcAS De leITURA A lASeR ................................................................................................................... 250

    4. AS DemAIS veDAeS cONSTITUcIONAIS AO pODeR De TRIBUTAR .......................................................................255

  • SumrioSistema Tributrio Nacional

    BlOcO Iv: fONTeS DO DIReITO TRIBUTRIO: ASpecTOS GeRAIS De INTeRpReTAO, AplIcAO e INTeGRAO DAS NORmAS

    TRIBUTRIAS. ........................................................................................................................................... 259

    AUlA 15. fONTeS DO DIReITO TRIBUTRIO ........................................................................................................ 259

    eSTUDO De cASO (SmUlA vINcUlANTe N 08) .............................................................................................. 259

    1.SIGNIfIcADO DA expReSSO fONTeS DO DIReITO TRIBUTRIO ...................................................................... 260

    2. eSpcIeS DAS fONTeS DO DIReITO TRIBUTRIO .......................................................................................... 262

    2.1. cONSTITUIO DA RepBlIcA feDeRATIvA DO BRASIl De 1988 ................................................................. 266

    2.2. emeNDAS cONSTITUcIONAIS ............................................................................................................ 267

    2.3. leI cOmplemeNTAR ...................................................................................................................... 270

    2.4. leI ORDINRIA ............................................................................................................................ 280

    2.5. leI DeleGADA .............................................................................................................................. 282

    2.6. meDIDA pROvISRIA ..................................................................................................................... 282

    2.7. TRATADOS e cONveNeS INTeRNAcIONAIS ......................................................................................... 283

    2.8. DecReTOS .................................................................................................................................. 285

    2.9. NORmAS cOmplemeNTAReS ............................................................................................................ 286

    AUlA 16. AplIcAO, INTeRpReTAO e INTeGRAO DA leI TRIBUTRIA ................................................................. 288

    eSTUDO De cASO: (AGRG NO AG 1229678, ReSp 1184606/mT e ReSp 1.016.688/RS) .................................................. 288

    1. vIGNcIA DA NORmA TRIBUTRIA .......................................................................................................... 288

    1.1 vIGNcIA NO eSpAO ...................................................................................................................... 289

    1.2 vIGNcIA NO TempO ...................................................................................................................... 291

    2. AplIcAO DA NORmA TRIBUTRIA ........................................................................................................ 292

    3. INTeRpReTAO DA NORmA TRIBUTRIA .................................................................................................. 293

    3.1 mTODOS OU cRITRIOS De INTeRpReTAO ......................................................................................... 295

    4. INTeGRAO DA NORmA TRIBUTRIA ...................................................................................................... 296

    4.1 mTODOS De INTeGRAO ............................................................................................................... 297

    5. pOSSveIS ImpAcTOS DA leI N 13.655/2018 NO cAmpO TRIBUTRIO .................................................................. 299

  • SumrioSistema Tributrio Nacional

    BlOcO v: A RelAO jURDIcO-ecONmIcA-TRIBUTRIA, OBRIGAO e fATO GeRADOR .....................................................301

    AUlA 17: OBRIGAO TRIBUTRIA: cONceITO e eSpcIeS ............................................................................................301

    eSTUDO De cASO .........................................................................................................................................301

    1. ASpecTOS GeRAIS AceRcA DA RelAO jURDIcA-TRIBUTRIA e O cONceITO De OBRIGAO ........................................302

    2. A eSTRUTURA DA RelAO jURDIcA TRIBUTRIA e OS elemeNTOS DA OBRIGAO TRIBUTRIA pRINcIpAl e AceSSRIA ....308

    AUlA 18: fATO GeRADOR e hIpTeSe De INcIDNcIA: elemeNTOS .................................................................................323

    eSTUDO De cASO (ReSp 734.403/RS e, em OUTRO SeNTIDO, ReSp 1203236 ReSp /Rj e 1.184.354 - RS) .................................323

    1. fATO GeRADOR e SeUS ASpecTOS..................................................................................................................323

    BlOcO vI: SUjeIO pASSIvA e ReSpONSABIlIDADe TRIBUTRIA ..................................................................................333

    AUlAS 19 e 20: ReSpONSABIlIDADe TRIBUTRIA: SUBSTITUIO e TRANSfeRNcIA ...........................................................333

    eSTUDO De cASO: (eAG N 1.105.993, ReSp 1530484 e ReSp 1.520.257) ......................................................................333

    1. cONceITO De ReSpONSABIlIDADe TRIBUTRIA ................................................................................................334

    2. fORmAS e lImITeS DA ReSpONSABIlIDADe TRIBUTRIA .....................................................................................335

    3. eSpcIeS De ReSpONSABIlIDADe TRIBUTRIA .................................................................................................335

    BlOcO vII: NOeS GeRAIS De lANAmeNTO, SUSpeNSO, exTINO e exclUSO DO cRDITO TRIBUTRIO .............................362

    AUlA 21 cRDITO TRIBUTRIO e lANAmeNTO TRIBUTRIO: NATURezA jURDIcA ...........................................................362

    eSTUDO De cASO: (ReSp N 1.130.545 Rj) ........................................................................................................362

    1. O cONceITO De cRDITO TRIBUTRIO e A OBRIGAO TRIBUTRIA ........................................................................363

    2. lANAmeNTO: cONceITO e NATURezA ............................................................................................................364

    2.1 cARAcTeRSTIcAS DO lANAmeNTO ..........................................................................................................366

    2.2 pRINcpIOS qUe ReGem O lANAmeNTO ....................................................................................................366

    2.3 efIccIA DO lANAmeNTO .....................................................................................................................374

    AUlA 22: lANAmeNTO TRIBUTRIO: mODAlIDADeS e AlTeRAO ................................................................................376

    eSTUDO De cASO .........................................................................................................................................376

    1.mODAlIDADeS De lANAmeNTO ...................................................................................................................376

  • SumrioSistema Tributrio Nacional

    AUlA 23 SUSpeNSO DA exIGIBIlIDADe DO cRDITO TRIBUTRIO .................................................................................382

    eSTUDO De cASO .........................................................................................................................................382

    1. ASpecTOS RelevANTeS SOBRe A SUSpeNSO DA exIGIBIlIDADe ...........................................................................382

    1.1 mORATRIA .......................................................................................................................................388

    1.2. pARcelAmeNTO .................................................................................................................................391

    1.3 DepSITO INTeGRAl .............................................................................................................................392

    1.4 ImpUGNAeS ADmINISTRATIvAS............................................................................................................393

    1.5 lImINAReS e TUTelA ANTecIpADA ...........................................................................................................394

    AUlA 24: exTINO DO cRDITO TRIBUTRIO ...........................................................................................................397

    qUeSTO pARA ReflexO ..............................................................................................................................397

    1. INTRODUO...........................................................................................................................................397

    2. pAGAmeNTO ...........................................................................................................................................397

    3. cONSIGNAO em pAGAmeNTO ....................................................................................................................399

    4. cOmpeNSAO ........................................................................................................................................400

    5. TRANSAO ............................................................................................................................................403

    6. RemISSO ..............................................................................................................................................403

    7. cONveRSO em ReNDA ..............................................................................................................................404

    AUlA 25: exTINO DO cRDITO TRIBUTRIO: pReScRIO e DecADNcIA .......................................................................405

    eSTUDO De cASO (Re 566.621) .........................................................................................................................405

    1. ASpecTOS GeRAIS DA pReScRIO e DecADNcIA .............................................................................................405

    2. DecADNcIA ...........................................................................................................................................406

    3. pReScRIO............................................................................................................................................408

    3.1. pReScRIO NA AO RepeTITRIA TRIBUTRIA .........................................................................................412

    AUlA 26: exclUSO e GARANTIAS DO cRDITO TRIBUTRIO .........................................................................................415

    eSTUDO De cASO (ReSp 762.754 - mG) ...............................................................................................................415

    1. exclUSO DO cRDITO TRIBUTRIO ..............................................................................................................416

    2. mODAlIDADeS De exclUSO .......................................................................................................................416

    2.1 ISeNO ............................................................................................................................................416

    2.2 A RevOGAO DA ISeNO e A ANTeRIORIDADe ...........................................................................................419

    2.3. ANISTIA ............................................................................................................................................428

    3. GARANTIAS e pRIvIlGIOS DO cRDITO TRIBUTRIO ..........................................................................................428

    ANexO I pReScRIO NA AO RepeTITRIA TRIBUTRIA- ReTROSpecTIvA hISTRIcA e pOSIcIONAmeNTO ATUAl DO STj e DO STf .....431

  • sistemA tributrio nACionAL

    9FGV direito rio

    INTRODUO

    a. Objetivo geral da disciplina e temas relacionados, sua organizao e abordagem terica

    O objetivo da disciplina apresentar noes fundamentais do Direito Tributrio. Isso inclui os seguintes tpicos: repartio da competncia e princpios constitucionais tributrios, fontes do direito tributrio, regras de aplicao, interpretao e integrao das normas tributrias, fato gerador, obrigao, lanamento e crdito tributrio, responsabilidade tributria e hipteses de suspenso da exigibilidade, extino e excluso do crdito tributrio.

    O contedo ser estudado a partir de uma abordagem interdisciplinar que conjugue ao estudo jurdico elementos de outras reas de conhecimento, tais como direito constitucional, direito administrativo, economia, contabilidade e histria. Alm disso, procuraremos fazer estudo de casos concretos e atuais com a finalidade de aplicao dos conceitos tericos desenvolvidos ao longo da disciplina.

    b. Finalidades do processo ensino-aprendizado

    No presente curso, a cada encontro, sero discutidos um ou mais casos geradores, que so concebidos, na maioria das vezes, a partir de situaes que foram objeto de deciso do Superior Tribunal de Justia ou do Supremo Tribunal Federal, a fim de familiarizar o aluno com as questes discutidas no dia a dia forense e despertar o seu senso crtico com as posies adotadas pelos Tribunais.

    c. Mtodo participativo: orientaes para leituras prvias, participao nas discusses em sala, nvel de problematizao esperado

    A metodologia do curso eminentemente participativa. Isso requer intensa interao dos alunos nos debates em sala de aula e preparo prvio para as aulas, mediante a leitura das indicaes bibliogrficas obrigatrias e, sempre que possvel, das leituras complementares.

    d. Desafios e dificuldades com vistas superao e ao desenvolvimento pleno

    O curso exigir do aluno uma viso reflexiva do Direito Tributrio e capacidade de relacionar a teoria exposta na bibliografia e na sala de aula com outras disciplinas. O desafio construir uma viso contempornea, sem deixar de lado os aspectos econmicos da tributao.

  • sistemA tributrio nACionAL

    10FGV direito rio

    e. Contedo da disciplina

    O curso composto pelos seguintes blocos interdependentes:

    Bloco I: Direito Tributrio, Aspectos Econmicos da Tributao e a Extrafiscalidade;

    Bloco II: Poder de Tributar, Competncia Tributria, Capacidade Tributria e Parafiscalidade;

    Bloco III: Limitaes Constitucionais ao Poder de Tributar e os Princpios Constitucionais Tributrios;

    Bloco IV: Fontes do direito tributrio: aspectos gerais de interpretao, aplicao e integrao das normas tributrias;

    Bloco V: A relao jurdico-econmica-tributria, fato gerador, obrigao e crdito tributrio;

    Bloco VI: Sujeio passiva e responsabilidade tributria;

    Bloco VII: Noes gerais de lanamento, suspenso, extino e excluso do crdito tributrio.

    CDIGO

    DISCIPLINA

    Sistema Tributrio Nacional

    CARGA HORRIA

    60 h

  • sistemA tributrio nACionAL

    11FGV direito rio

    EMENTA

    Direito tributrio e aspectos econmicos da tributao. Poder de tributar e competncia tributria. Limitaes constitucionais ao poder de tributar. Princpios constitucionais tributrios. Conceito jurdico-econmico de tributo. Espcies tributrias. A relao jurdico-econmica-tributria, fato gerador, obrigao e crdito tributrio. Sujeio passiva e responsabilidade tributria. Noes gerais de lanamento, suspenso, extino e excluso do crdito tributrio. Fontes do direito tributrio. Aspectos gerais de interpretao, aplicao e integrao das normas tributrias.

    OBJETIVO GERAL

    Compreender o sistema tributrio nacional.

    OBJETIVO ESPECFICO

    Conhecer noes fundamentais do Direito Tributrio: repartio da competncia e princpios constitucionais tributrios, conceito de tributo e suas espcies, fontes, regras de aplicao, interpretao e integrao das normas tributrias, fato gerador, obrigao, lanamento e crdito tributrio, responsabilidade tributria e hipteses de suspenso da exigibilidade, extino e excluso do crdito tributrio.

    METODOLOGIA

    A metodologia de ensino participativa, com nfase em estudos de casos. Para esse fim, a leitura prvia obrigatria, por parte dos alunos, mostra-se fundamental.

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    PROGRAMA

    Aula de Introduo ao curso

    Bloco I: Direito Tributrio, os Aspectos Econmicos da Tributao e a Extrafiscalidade

    Aula 01: Introduo Aula 02: Aspectos econmicos da Tributao Aula 03: A incidncia econmica da Tributao sobre a Renda e

    Patrimnio Aula 04: A incidncia econmica da Tributao sobre o Consumo Aula 05: A Poltica Fiscal e a Extrafiscalidade

    Bloco II: Poder de Tributar, Competncia Tributria, Capacidade Tributria e Parafiscalidade

    Aula 06: Poder de Tributar e Competncia Tributria Aula 07: Capacidade Tributria Aula 08: Parafiscalidade

    Bloco III: Limitaes Constitucionais ao Poder de Tributar e os princpios constitucionais tributrios

    Aula 09: A Legalidade e a necessria ponderao entre os princpios da segurana jurdica e da justia fiscal.

    Aula 10: A Isonomia e a capacidade econmica do contribuinte. Do mnimo existencial e do no confisco.

    Aula 11: A Irretroatividade, as Anterioridades e a Liberdade de trfego. Aula 12: Aspectos gerais das imunidades tributrias, da no incidncia

    e das isenes. Aula 13: A imunidade recproca, dos templos, dos partidos polticos,

    dos sindicatos, das entidades de educao e de assistncia social. Aula 14: A imunidade dos livros, jornais, peridicos e o papel destinado

    a sua impresso e as demais vedaes constitucionais ao poder de tributar.

    Bloco IV: Fontes do direito tributrio: aspectos gerais de interpretao, aplicao e integrao das normas tributrias.

    Aula 15: Fontes do direito tributrio Aula 16: Aspectos gerais de interpretao, aplicao e integrao das

    normas tributrias.

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    Bloco V: A relao jurdico-econmica-tributria, fato gerador, obrigao e crdito tributrio.

    Aula 17: Obrigao tributria: conceito e espcies Aula 18: Fato gerador e hiptese de incidncia: elementos

    Bloco VI: Sujeio passiva e responsabilidade tributria.

    Aula 19: Responsabilidade tributria: substituio e transferncia Aula 20: Responsabilidade tributria: substituio e transferncia

    Bloco VII: Noes gerais de lanamento, suspenso, extino e excluso do crdito tributrio.

    Aula 21: Lanamento tributrio: natureza jurdica e modalidades Aula 22: Lanamento tributrio: modalidades e alterao Aula 23: Suspenso da exigibilidade do crdito tributrio Aula 24: Extino do crdito tributrio Aula 25: Extino do crdito tributrio: prescrio e decadncia Aula 26: Excluso e garantias do crdito tributrio

    CRITRIOS DE AVALIAO

    A avaliao ser composta por duas provas de igual peso, contendo cada prova questes objetivas e discursivas, sendo a mdia final obtida pela mdia aritmtica entre as duas notas obtidas pelo aluno.

    A segunda chamada ser composta por questes objetivas, questes discursivas e questes orais.

    BIBLIOGRAFIA OBRIGATRIA

    AMARO, Luciano. Direito Tributrio Brasileiro. 18 ed. So Paulo: Saraiva, 2012.

    MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributrio. 33 ed. So Paulo: Malheiros, 2012.

    TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito financeiro e tributrio. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.

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    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

    ATALIBA, Geraldo. Hiptese de incidncia tributria. So Paulo: Malheiros, 2010.

    VILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributrio, de acordo com a emenda constitucional 53/2006. 3 ed. So Paulo. Saraiva, 2008.

    BARRETO, Paulo Ayres. Contribuies: Regime Jurdico, Destinao e Controle. So Paulo: Noeses, 2006.

    CARRAZZA, Roque Antnio. Curso de Direito Constitucional Tributrio. So Paulo: Malheiros, 2011.

    CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. So Paulo: Saraiva , 2010

    SCHOUERI, Lus Eduardo. Direito Tributrio. 3 Ed. So Paulo. Saraiva, 2013.

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    Bloco I - DIreIto trIButrIo, os Aspectos econmIcos DA trIButAo e A extrAfIscAlIDADe

    AulAs 1 A 5

    TEMA

    Direito tributrio, os aspectos econmicos da tributao e a extrafiscalidade

    ASSUNTO

    Conceito e anlise da tributao com vis nos aspectos econmicos

    OBJETIVOS ESPECFICOS

    Discutir o direito tributrio com base em conceitos da economia

    DESENVOLVIMENTO METODOLGICO

    AulA 01. IntroDuo Ao curso.

    A tributao matria complexa por sua natureza, considerada a sua indissocivel interligao com a disciplina jurdica, econmica e poltica, alm dos aspectos sociais e culturais de uma nao em sua permanente interao no plano local, regional e global. Essas mltiplas dimenses potencializam as dificuldades de seu estudo.

    Nesse sentido, preciso examinar a matria sob enfoque interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar1, que aproxime o exame, o quanto possvel, da complexa realidade atual. Com efeito, ensina Edgar Morin2, acerca da complexidade:

    o conhecimento, sob imprio do crebro, separa ou reduz. Reduziremos o homem ao animal, o vivo fsico-qumico. Ora, o problema no reduzir nem separar, mas diferenciar e juntar. O problema-chave o de um pensamento que una, por isso a palavra complexidade, a meu ver, to importante, j que complexus significa o que tecido junto, o que d uma feio tapearia.

    1 sobre as diferenas entre interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade vide biCALho, Lucinia e oLiVeirA, marlene de. A teoria e a prtica da interdisciplinaridade em Cincia da Informao. Perspectivas em Cincia da informao, v.16, n.13 p.47-74, jul./set. 2011. disponvel em: < http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/1245/892 >. Acesso em 31.03.2018.2 morin, edgar. Por uma reforma do Pensamento. in: PenA-VeGA, Alfredo e nAsCimento, elimar Pinheiro do (organizadores). O Pensar Comple-xo. Edgar Morin e a crise da modernidade. 3 ed. rio de Janeiro: Garamond, 1999. p.33.

    1 sobre as diferenas entre interdis-ciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade vide biCALho, Lucinia e oLiVeirA, marlene de. A teoria e a prtica da interdisciplina-ridade em Cincia da Informao. Perspectivas em Cincia da informa-o, v.16, n.13 p.47-74, jul./set. 2011. disponvel em: < http://portaldepe-riodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/1245/892 >. Acesso em 31.03.2018.

    2 morin, edgar. Por uma reforma do Pensamento. in: PenA-VeGA, Alfredo e nAsCimento, elimar Pinheiro do (organizadores). O Pensar Complexo. Edgar Morin e a crise da modernida-de. 3 ed. rio de Janeiro: Garamond, 1999. p.33.

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    O pensamento complexo o pensamento que se esfora para unir, no na confuso, mas operando diferenciaes. Isto me parece vital, principalmente na vida cotidiana, como j mencionei: espontaneamente tentamos contextualizar. Evidentemente, se nos faltam conhecimentos, contextualizaremos muito mal. (...) Contextualizar e globalizar, situar num conjunto se houver um sistema. E isto necessrio para a vida cotidiana e absolutamente necessrio na nossa era planetria, em que no h problemas importantes de uma nao que no estejam ligados a outros de natureza planetria, o desenvolvimento tcnico, o problema demogrfico, o econmico, a droga, Aids, a bomba atmica, etc. A necessidade vital da era planetria, do nosso tempo, do nosso fim de milnio , um pensamento capaz de unir e diferenciar. uma aventura, e muito difcil. Mas se no o fizermos, teremos a inteligncia cega, a inteligncia incapaz de contextualizar.

    Partindo-se dessas premissas - contextualizao, diferenciao e conexo - o estudo do Sistema Tributrio Nacional ter como ponto de partida neste Bloco I os aspectos econmicos da incidncia dos tributos, o que facilitar a compreenso do tema.

    Importante ressaltar, preliminarmente, que a citada complexidade natural pode ser agravada em razo de escolhas polticas e dos diferentes tipos de tenses em determinado pas. No caso brasileiro, por exemplo, alguns aspectos potencializam o grau de complexidade do modelo, como as caractersticas da forma de Estado Federado adotada em 1988 e seus reflexos na seara tributria. Consequncia dessa complexidade a quantidade de normas editadas. Em estudo sobre o tema, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributrio (IBPT)3 aponta:

    Desde 05 de outubro de 1988 (data da promulgao da atual Constituio Federal), at agora (base 30/09/2016), foram editadas 5.471.980 (cinco milhes, quatrocentos e setenta e um mil e novecentos e oitenta) normas que regem a vida dos cidados brasileiros. Isto representa, em mdia, 535 normas editadas todos os dias ou 769 normas editadas por dia til. (...) Do total de normas editadas no Brasil nestes 28 anos, cerca de 6,65% se referem matria tributria. So 31.221 normas tributrias federais (8,58% das normas tributrias), 110.610 normas tributrias estaduais (30,41% das normas tributrias) e 221.948 normas tributrias municipais (61,01% das normas tributrias). (...)Em mdia foram editadas 45 normas tributrias/dia til ou 1,87 normas por hora/til.

    3 estudo intitulado Quantidade de normas editadas no brasil: 28 anos da Constituio Federal de 1988, disponvel em: < https://ibpt.com.br/img/uploads/novelty/estudo/2601/Quantidadedenormas201628AnosCF.pdf> Acesso em 11.07.2017.

    3 estudo intitulado Quantidade de normas editadas no brasil: 28 anos da Constituio Federal de 1988, dispo-nvel em: < https://ibpt.com.br/img/uploads/novelty/estudo/2601/Quan-tidadedenormas201628AnosCF.pdf> Acesso em 11.07.2017.

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    Dividindo-se a mdia/dia til das normas estaduais pelos 26 Estados mais o Distrito Federal, e a mdia/dia til das normas municipais pelos 5.567 municpios brasileiros, temos que so editadas por dia til cerca de 4,97 normas tributrias. (...) Em mdia, cada norma tributria editada tem 11,23 artigos, cada artigo tem 2,33 pargrafos, 7,45 incisos e 0,98 alnea. Assim, foram editados neste perodo 4.085.239 artigos, 9.518.606 pargrafos, 30.435.029 incisos e 4.003.534 alneas. Esto em vigor 284.222 artigos, 662.238 pargrafos, 2.117.456 incisos e 278.538 alneas.(...) Como a mdia das empresas no realiza negcios em todos os Estados brasileiros, a estimativa de normas que cada um deve seguir de 3.796, ou 42.633 artigos, 99.336 pargrafos, 317.618 incisos e 41.781 alneas. Isto corresponde a 5,9 quilmetros de normas, se impressas em papel formato A4 e letra tipo Arial 12. Em decorrncia desta quantidade de normas, as empresas gastam cerca de R$ 60 bilhes por ano para manter pessoal, sistemas e equipamentos no acompanhamento das modificaes da legislao.

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    AulA 02. Aspectos econmIcos DA trIButAo e os DIferentessuBstrAtos De IncIDncIA: o pAtrImnIo, A renDA e o consumo

    ESTUDO DE CASO

    Suponha dois pases distintos: X e Y. No pas X h somente um tributo, que incide sobre a Renda (IR) auferida por pessoas fsicas e jurdicas, seja proveniente do trabalho ou do rendimento do capital.

    No pas Y tambm existe apenas um imposto. No entanto a exao incide exclusivamente sobre o Consumo (IC) das pessoas, e no sobre a renda auferida. Marx vive no pas X e Adam Smith vive no pas Y.

    O IR retido pela fonte pagadora e o IC pago pelo comerciante varejista mensalmente. O nus ou encargo financeiro do imposto repassado integralmente ao preo cobrado do consumidor final (Smith).

    Qual o total de imposto a pagar e o capital acumulado em cada Pas, por Marx e Smith, no final do primeiro e do segundo perodo, considerando os seguintes cenrios e hipteses: 1) somente IR no pas X alquota de 10%; e 2) somente IC no pas Y, tambm com alquota de 10%, e:

    I - O rendimento do capital (juro) investido na aplicao financeira de 10% nos dois pases; eII - A renda do trabalho auferida no perodo 1 e no perodo 2 nos dois pases, por Marx e por Smith, igual a $1000, sendo o total consumido por cada um nos perodos equivalente a $600 (no perodo 1) e $900 (no perodo 2), respectivamente. O montante no consumido e no utilizado para pagamento de imposto ser integralmente investido no mercado financeiro em renda varivel cuja tributao realizada na fonte pela alquota de 10%, exclusivamente no pas X, pois no pas Y no h IR.

    1. ASPECTOS PRELIMINARES DA INCIDNCIA ECONMICO-JURDICA

    Preliminarmente, cumpre distinguir a incidncia jurdica do tributo, que se exterioriza e delimitada de acordo com a lei, dos mltiplos efeitos econmicos da tributao sobre os diversos agentes econmicos - inclusive as famlias e o Estado.

    Vale ressaltar que essa distino, na verdade, apenas facilita a compreenso do fenmeno tributrio. Na realidade a incidncia tributria nica e no comporta as segmentaes que, neste contexto, buscam apenas auxiliar a identificao e o raciocnio acerca da dinmica do complexo e intersistmico processo impositivo.

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    De fato, o fenmeno tributrio subsistema tanto do Direito como da Economia, sem mencionar os aspectos Polticos, Culturais e Sociais.

    Nesse sentido, impe-se enfatizar que a incidncia dos tributos no Estado de Direito pressupe a existncia de um ato, um fato ou um evento juridicamente qualificado que possua relevncia sob o ponto de vista econmico. Esta a razo da indissocivel ligao entre a estrutura normativa jurdica e econmica da tributao, a partir da qual se exteriorizam e so identificados os signos de riqueza e a manifestao de capacidade econmica.

    O fato de o indivduo ter barba, ser calvo ou careca, por exemplo, no pode servir de elemento catalisador a ensejar a possibilidade de tributao, pelo motivo de no indicarem aptido da pessoa para contribuir em sentido econmico.

    Por esse motivo a exigncia de tributos no Estado de Direito expresso da incidncia econmico-jurdica, unio indissocivel que se projeta sobre a interpretao jurdico-econmica da norma impositiva, matria a ser examinada tangencialmente no presente curso.

    A capacidade econmica , ao mesmo tempo, pressuposto, parmetro e limite da incidncia de tributos. Isso porque no h o que ser tributado caso no haja prvia e inequvoca manifestao de riqueza, em qualquer das formas em que possivelmente se exterioriza. Ou seja, a riqueza ser identificada por meio dos diversos substratos econmicos de incidncia de tributos:

    o consumo de bens e servios; o auferimento de renda; a aquisio de posse, propriedade ou transmisso de patrimnio.

    Assim, a capacidade econmica tanto subprincpio da igualdade como conceito relacionado extrafiscalidade, capaz de se realizar de mltiplas formas e medidas4,

    Saliente-se, conforme ser analisado abaixo, que o tributo formulado ou desenhado para incidir sobre determinada base econmica de tributao pode, de fato, no atingir este substrato, em funo de condies de mercado ou da prpria legislao tributria. Nem sempre a pessoa eleita pela norma de incidncia como o sujeito passivo da obrigao tributria aquela que arca, na realidade, com o nus econmico do tributo. Da a distino entre contribuinte de fato e contribuinte de direito, que podem ser ou no a mesma pessoa, em funo das condies dos mercados de bens e servios e dos mercados de fatores de produo (terra, capital, trabalho, tecnologia etc.), assim como das normas de incidncia tributria.

    4 nesse aspecto, a capacidade econmica constitui parmetro a conformar a carga tributria ou o modelo de tributao diferenciado.

    4 nesse aspecto, a capacidade econ-mica constitui parmetro a conformar a carga tributria ou o modelo de tributa-o diferenciado.

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    Convm ressaltar que pessoas jurdicas, criaes do homem, no suportam, em ltima instncia, a carga tributria. Somente pessoas naturais arcam com o nus econmico do tributo. Assim, a incidncia econmica da exao sobre a pessoa jurdica deve ser analisada sob a perspectiva do retorno do capital empregado por aquele responsvel por sua constituio ou seu beneficirio. Isso requer uma anlise conjunta da norma jurdica com a realidade econmica sobre a qual ela aplicada.

    2. A INCIDNCIA ECONMICO-JURDICA

    O ordenamento jurdico conforma a incidncia jurdica do tributo a partir de eventos do mundo real que denotem signos de riqueza, ao passo que as consequncias econmicas da exigncia dos tributos dependem de mltiplas variveis, inclusive da interpretao e aplicao da norma impositiva.

    O tipo de bem5 ou servio objeto de incidncia, a estrutura de mercado6 e da remunerao dos fatores de produo7 em que se insere o objeto da tributao, a espcie de tributo8 adotado, bem como o substrato econmico de incidncia escolhido determinam os efeitos econmicos da incidncia. Estes aspectos podem ser examinados sob enfoque da microeconomia ou da macroeconomia.

    importante ressaltar os potenciais efeitos da tributao sobre a concorrncia entre os diversos agentes do mercado, na hiptese de regras tributrias no isonmicas9.

    A pessoa eleita pela norma jurdica como sujeito passivo da obrigao tributria (art. 121 do CTN) e aquela que arca com o encargo financeiro do tributo (art. 166 do CTN) podem coincidir ou no. Ou seja, podem ser ou no a mesma pessoa, uma vez que a imposio de tributos pode ocasionar alteraes nos preos dos bens e servios ou na remunerao dos fatores de produo.

    Dito de outra maneira, alteraes de preos nos mercados de bens e servios e de fatores de produo podem redirecionar o nus econmico e financeiro do tributo para pessoa diversa daquela indicada pela lei como contribuinte de direito. Diante do exposto, Harvey Rosen10 ensina:

    The statutory incidence of a tax indicates who is legally responsible for the tax. () But the situations differ drastically with respect to who really bears the burden. Because prices may change in response to tax, knowledge of statutory incidence tells us essentially nothing about who is really paying the tax. () In contrast, the economic incidence of a tax is the change in the distribution of private real income brought by a tax. Complicated taxes may actually be simpler for a politician because no one is sure who actually ends up paying them. (grifo nosso)

    5 A curva de demanda, assim definida como a escala que apresenta a relao entre possveis preos a determinadas quantidades, negativamente inclinada em decorrncia da combinao de dois fatores: o efeito substituio e o efeito renda. na hiptese em que dois bens sejam similares, mantidas as demais variveis constantes (coeteris paribus), caso o preo de um deles aumente, o consumidor passa a consumir o bem substituto. Por exemplo, no caso do proprietrio do automvel flex, isto , que possa utilizar mltiplos combustveis, como o lcool etlico hidratado combustvel (AehC) ou a gasolina, se um dos dois produtos tem um aumento abrubpto, que ocasione uma desvantagem muito grande no consumo de um em relao ao outro, ocorrer o efeito substituio. exceo do denominado bem de Giffen, que pode ocorrer na improvvel hiptese em que a demanda por um bem cai quando o seu preo reduzido, a regra geral que, mantidas as demais variveis correlacionadas constantes (coeteris paribus), como a renda do consumidor e os preos dos outros bens, caso o preo de um bem aumente o consumidor perde poder aquisitivo e a demanda pelo produto ser reduzida. A demanda de uma mercadoria certamente influenciada por outros fatores alm da varivel preo, como as preferncias e renda dos consumidores, pelos preos de outros bens e servios (bens complementares, substitutos), etc. A relao entre a renda e a demanda depende do tipo de bem. no caso do bem normal o aumento de renda do consumidor leva ao aumento da demanda do produto. em sentido oposto, na hiptese dos denominados bens inferiores o aumento da renda causa uma reduo da demanda, como ocorre, por exemplo, com o consumo da denominada carne de segunda. J os denominados bens de consumo saciado no so influenciados diretamente pela renda dos consumidores (e.g. sal, farinha, arroz etc). 6 monoplio, oligoplio, concorrncia monopolstica ou um mercado mais prximo da denominada concorrncia pura ou perfeita etc.7 os recursos de produo da economia, os denominados fatores de produo so usualmente subdivididos em terra, capital, tecnologia e recursos humanos, trabalho e capacidade empresarial. Cada fator de produo possui uma remunerao: o aluguel (terra), juro (capital), royaltiy (tecnologia), salrio (trabalho) e lucro (capacidade empresarial).8 existem mltiplas espcies de tributos sob o ponto de vista econmico, podendo-se segmentar a anlise sob a perspectiva macroeconmica ou microeconmica. os impostos incidentes no mercado de bens e servios se diferenciam daqueles aplicveis sobre a remunerao do mercado de fatores de produ-o. saliente-se a possibilidade de exaes institudas sobre transaes especficas no associadas diretamente ao consumo de bens e servios ou remunerao de fator de produo, mas que afetam indiretamente essas variveis. os tributos incidentes sobre as movimentaes financeiras, por exemplo, institudos como um percentual sobre os depsitos bancrios ou das transaes financeira, podem ou no estar vinculados diretamente ao consumo de servios bancrios ou remunerao de aplicao no mercado. 9 Por tal motivo, por meio da emenda Constitucional foi includo o Art. 146-A ao texto, que prev que Lei complementar poder estabelecer critrios especiais de tributao, com o objetivo de prevenir desequilbrios da concorrncia, sem prejuzo da competncia de a Unio, por lei, estabelecer normas de igual objeti-vo.10 rosen, harvey s. Public Finance 4th ed. united states: irwin, 1995. Chapter 13, p. 273 a 302.

    5 A curva de demanda, assim definida como a escala que apresenta a relao entre possveis preos a determinadas quantidades, negativamente incli-nada em decorrncia da combinao de dois fatores: o efeito substituio e o efeito renda. na hiptese em que dois bens sejam similares, mantidas as demais variveis constantes (coeteris paribus), caso o preo de um deles au-mente, o consumidor passa a consumir o bem substituto. Por exemplo, no caso do proprietrio do automvel flex, isto , que possa utilizar mltiplos combus-tveis, como o lcool etlico hidratado combustvel (AehC) ou a gasolina, se um dos dois produtos tem um aumento abrubpto, que ocasione uma desvanta-gem muito grande no consumo de um em relao ao outro, ocorrer o efeito substituio. exceo do denominado bem de Giffen, que pode ocorrer na im-provvel hiptese em que a demanda por um bem cai quando o seu preo reduzido, a regra geral que, mantidas as demais variveis correlacionadas constantes (coeteris paribus), como a renda do consumidor e os preos dos outros bens, caso o preo de um bem aumente o consumidor perde poder aquisitivo e a demanda pelo produto ser reduzida. A demanda de uma mercadoria certamente influenciada por outros fatores alm da varivel pre-o, como as preferncias e renda dos consumidores, pelos preos de outros bens e servios (bens complementa-res, substitutos), etc. A relao entre a renda e a demanda depende do tipo de bem. no caso do bem normal o au-mento de renda do consumidor leva ao aumento da demanda do produto. em sentido oposto, na hiptese dos deno-minados bens inferiores o aumento da renda causa uma reduo da deman-da, como ocorre, por exemplo, com o consumo da denominada carne de segunda. J os denominados bens de consumo saciado no so influencia-dos diretamente pela renda dos consu-midores (e.g. sal, farinha, arroz etc).

    6 monoplio, oligoplio, concorrncia monopolstica ou um mercado mais prximo da denominada concorrncia pura ou perfeita etc.

    7 os recursos de produo da eco-nomia, os denominados fatores de produo so usualmente subdivididos em terra, capital, tecnologia e recursos humanos, trabalho e capacidade em-presarial. Cada fator de produo pos-sui uma remunerao: o aluguel (terra), juro (capital), royaltiy (tecnologia), salrio (trabalho) e lucro (capacidade empresarial).

    8 existem mltiplas espcies de tributos sob o ponto de vista econmico, podendo--se segmentar a anlise sob a perspectiva macroeconmica ou microeconmica.

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    os impostos incidentes no mercado de bens e servios se diferenciam daqueles aplicveis sobre a remunerao do mer-cado de fatores de produo. saliente--se a possibilidade de exaes institu-das sobre transaes especficas no associadas diretamente ao consumo de bens e servios ou remunerao de fator de produo, mas que afetam indiretamente essas variveis. os tribu-tos incidentes sobre as movimentaes financeiras, por exemplo, institudos como um percentual sobre os depsitos bancrios ou das transaes financeira, podem ou no estar vinculados direta-mente ao consumo de servios banc-rios ou remunerao de aplicao no mercado.

    9 Por tal motivo, por meio da emenda Constitucional foi includo o Art. 146-A ao texto, que prev que Lei comple-mentar poder estabelecer critrios es-peciais de tributao, com o objetivo de prevenir desequilbrios da concorrncia, sem prejuzo da competncia de a Unio, por lei, estabelecer normas de igual ob-jetivo.

    10 rosen, harvey s. Public Finance 4th ed. united states: irwin, 1995. Chapter 13, p. 273 a 302.

    11 VAsConCeLLos, marco Antonio; GArCiA, manuel e. Fundamentos de Economia. 2 ed. saraiva, 2006, p.48 (nota 5).

    12 rosen. op. Cit. p. 475. Conforme aponta harvey s. rosen: () the base of an income tax is potential con-sumption. This chapter discusses two additional types of taxes: The first is consumption tax, whose base is the value (or quantity) of commodities sold to a person for actual consumption. The second is a whealth tax, whose base is accumulated saving, that is the accumu-lated difference between potential and actual consumption

    Em sentido anlogo, Marco Antonio Vasconcellos e Manuel Garcia11 apontam:

    A proporo do imposto pago por produtores e consumidores a chamada incidncia tributria, que mostra sobre quem recai efetivamente o nus do imposto. H uma diferena entre o conceito jurdico e o conceito econmico de incidncia. Do ponto de vista legal, a incidncia refere-se a quem recolhe o imposto aos cofres pblicos; do ponto de vista econmico, diz respeito a quem arca efetivamente com o nus. (grifo nosso)

    Independentemente da denominao jurdica conferida ou da distribuio constitucional de competncias tributrias entre os diversos entes polticos em uma Federao, os substratos de incidncia tributria sob o ponto de vista econmico so apenas trs:12 o patrimnio, a renda e o consumo.

    A anlise individualizada de cada uma dessas bases de tributao, bem como a relao entre elas, ajuda a compreender a dinmica do sistema tributrio em sua interface com a poltica econmica. Com efeito, a renda o substrato econmico primrio, a partir do qual pode ser efetivado o consumo ou realizada a acumulao de capital, o que enseja a formao do patrimnio.

    Apesar da maioria esmagadora dos pases adotarem os trs substratos econmicos ao mesmo tempo (patrimnio, renda e consumo), o peso conferido a cada uma dessas bases de incidncia revela em grande medida o perfil, os propsitos e os possveis reflexos das diferentes polticas tributrias adotadas pelos governos nacionais.

    A preponderncia de determinado substrato econmico de tributao indica, por exemplo, a nfase da inteno de se utilizar o sistema tributrio para redistribuir riqueza ou estimular os investimentos e a atividade econmica privada.

    Os impostos que recaem sobre o patrimnio e a renda, por exemplo, se adequam com facilidade poltica fiscal orientada para onerar mais pesadamente as pessoas que demonstrem maior capacidade econmica, seja por meio da utilizao de alquotas proporcionais ou progressivas.

    J a incidncia sobre o consumo exclui a renda poupada da tributao. Isso estimula o investimento e a gerao de riqueza, apesar de ser considerado um tributo regressivo, pois no leva em considerao, em regra, a capacidade econmica do contribuinte, conforme ser estudado na aula pertinente extrafiscalidade.

    Idealmente, a medida do nus global da incidncia, bem como das consequncias distributivas da imposio tributria deveriam combinar a anlise do impacto da instituio e cobrana do tributo com o exame dos efeitos dos gastos que foram financiados pelas receitas cogentes.

    11 VAsConCeLLos, marco Antonio; GArCiA, manuel e. Fundamentos de Economia. 2 ed. saraiva, 2006, p.48 (nota 5).12 rosen. op. Cit. p. 475. Conforme aponta harvey s. rosen: () the base of an income tax is potential consumption. This chapter discusses two additional types of taxes: The first is consumption tax, whose base is the value (or quantity) of commodities sold to a person for actual consumption. The second is a whealth tax, whose base is accumulated saving, that is the accumulated difference between potential and actual consumption

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    22FGV direito rio

    A introduo do imposto pode afetar a economia individual e coletiva em dois aspectos: (1) em relao fonte dos recursos disponveis (source side); e (2) no que se refere aos efeitos sobre os preos dos bens e servios passveis de serem adquiridos (uses side).

    De qualquer forma, nem sempre a pessoa eleita pela norma jurdica como o sujeito passivo da obrigao tributria, usualmente denominado de contribuinte de direito, aquele que arca, na realidade, com o nus econmico do tributo, enquadramento que depende das foras do mercado de fatores de produo e do mercado de bens e servios.

    Em outras palavras, independentemente do substrato econmico de tributao utilizado (patrimnio, renda ou consumo), o contribuinte de fato, assim qualificado por suportar o encargo financeiro da incidncia, nem sempre ser o contribuinte de direito, que tem o dever jurdico de pagar o tributo, por determinao legal (i.e. o sujeito passivo da obrigao tributria).

    Essa distino possvel em funo dos seguintes motivos: os mltiplos efeitos dos tributos sobre os preos e condies dos mercados de bens e servios e do mercado de fatores de produo (terra, capital, trabalho etc.), o tipo de exao e a prpria aplicao da norma jurdica de incidncia. Nesse sentido, Marco Antonio Vasconcellos e Manuel Garcia13 ensinam:

    O produtor procurar repassar a totalidade do imposto ao consumidor. Entretanto, a margem de manobra de repass-lo depender do grau de sensibilidade desse a alteraes do preo do bem. E essa sensibilidade (ou elasticidade) depender do tipo de mercado. Quanto mais competitivo ou concorrencial o mercado, maior a parcela do imposto paga pelos produtores, pois eles no podero aumentar o preo do produto para nele embutir o tributo. O mesmo ocorrer se os consumidores dispuserem de vrios substitutos para esse bem. Por outro lado, quanto mais concentrado o mercado ou seja, com poucas empresas -, maior grau de transferncia do imposto para consumidores finais, que contribuiro com parcela do imposto.

    Em suma, a interao entre tributo e preo estabelece a correlao fundamental que determinar quem suporta o nus do tributo: se o prprio contribuinte de direito, que o sujeito passivo da obrigao tributria (artigo 121 do CTN) e tem o dever jurdico de extinguir o crdito tributrio pelo pagamento, nos termos do disposto no art. 156 do mesmo CTN ou, em sentido diverso, se o contribuinte de fato ser outra pessoa.

    13 VAsConCeLLos, marco Antonio; GArCiA, manuel e. op. Cit.p.48.

    13 VAsConCeLLos, marco Antonio; GArCiA, manuel e. op. Cit.p.48.

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    23FGV direito rio

    O contribuinte de direito determinado pela lei em carter formal e material, em obedincia ao princpio da tipicidade expresso no art. 97 do CTN, conforme ser examinado na aula pertinente ao estudo do princpio da legalidade. Ele pode ser ou no a mesma pessoa que se caracteriza como contribuinte de fato, figura a ser definida pela dinmica das diversas foras que formam o denominado mercado.

    3. AS INTERFACES ENTRE OS DIVERSOS SUBSTRATOS ECONMICOS DE INCIDNCIA

    A interao entre as mencionadas bases econmicas de incidncia (patrimnio, renda e consumo) inequvoca, pois reflete o resultado da atividade econmica e do comportamento social passado e presente.

    Robert M. Haig e Henry C. Simons fixam o conceito de renda sob o ponto de vista econmico nos seguinte termos14:

    income is the money value of the net increase to an individuals power to consume during a period. This equals to the amount actually consumed during the period plus net additions to wealth. Net additions to wealth saving must be included in income because they represent an increase in potential consumption.

    Portanto, segundo a definio de Haig-Simons, a renda, que representa o consumo em potencial, igual ao consumo mais a poupana (net wealth)15.

    A poupana, por sua vez, em termos agregados representa a capacidade de investimento de uma economia, sem levar em considerao a poupana externa. Por outro lado, o patrimnio, em dado momento do tempo, reflete a renda passada no consumida e que foi imobilizada. Assim, todos os substratos econmicos de incidncia tributria tem como origem primria a renda, seja ela passada ou presente.

    4. A TEORIA DA EqUIVALNCIA ECONMICA DOS TRIBUTOS

    Lus Eduardo Schoueri, a partir da clssica doutrina de Rubens Gomes de Souza, defende que todos os tributos incidem sobre a renda. Sua diferena se d, apenas, quanto ao momento da incidncia.16 Dessa forma, tributos aparentemente distintos entre si so, em verdade, economicamente equivalentes17.

    14 rosen. op. Cit. pp. 360-361.15 renda = Consumo + Poupana16 sChoueri, Lus eduardo. Direito Tributrio. 3 ed. so Paulo: saraiva, 2013. p. 63.17 Ibidem. p. 63

    14 rosen. op. Cit. pp. 360-361.

    15 renda = Consumo + Poupana

    16 sChoueri, Lus eduardo. Direito Tribut-rio. 3 ed. so Paulo: saraiva, 2013. p. 63.

    17 Ibidem. p. 63

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    24FGV direito rio

    Isso evidente quando se analisa o fluxo de riqueza: a renda da famlia, por exemplo, pode ser consumida ou poupada. Em ambos os casos, a renda se transforma em receita de empresas empresas relacionadas venda de bens e produo de capital, respectivamente. A receita da empresa, por sua vez, revertida para o pagamento de salrios, aluguis, juros, dividendos, etc., e parcialmente poupada18.

    Nesse cenrio, possvel visualizar a equivalncia de diversos tributos. Por exemplo, pode-se perceber que tributos sobre o consumo so equivalentes a tributos sobre os salrios. Da mesma forma, tributos sobre a renda familiar so equivalentes a tributos incidentes sobre a soma do consumo e do investimento19.

    18 Ibidem. p. 64.19 Ibidem. p. 64

    18 Ibidem. p. 64.

    19 Ibidem. p. 64

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    25FGV direito rio

    AulA 03. A IncIDncIA econmIcA DA trIButAo soBre A renDA e o pAtrImnIo

    ESTUDO DE CASO (ADO 31)

    Em Maio de 2017, o ministro do STF Alexandre de Moraes extinguiu, sem deciso quanto ao mrito, a Ao Direta de Inconstitucionalidade por Omisso (ADO) n 31, que havia sido ajuizada pelo governador do Maranho, Flvio Dino.

    O Ministro afirma em sua deciso que os governadores, embora possam ajuizar ao direta de inconstitucionalidade, no so legitimados para a propositura das aes do controle concentrado de constitucionalidade,sendo necessria a demonstrao da pertinncia temtica, conforme jurisprudncia do STF. No caso, o governador do Maranho no demonstrou, de forma adequada e suficiente, a existncia de vnculo de pertinncia temtica.20

    Na ADO, o governador sustentou que a inrcia do Congresso em analisar e aprovar um projeto de lei que tratasse do Imposto Sobre Grandes Fortunas, previsto no texto constitucional no artigo 153, III, seria inconstitucional e configuraria uma efetiva reduo no montante a ser partilhado com os Estados.

    Supondo que no houvesse bice anlise do mrito da questo, examine, na qualidade de Ministro do STF, se a omisso do Congresso de fato inconstitucional, considerando o disposto no art. 3 e 1 do art. 145 da CR-88. Avalie a questo do ponto de vista econmico, sob o aspecto jurdico-constitucional e, tambm, sob a perspectiva da Lei de Responsabilidade Fiscal.

    1.A TRIBUTAO SOBRE A RENDA E O PATRIMNIO

    Duas so as modalidades de tributao do patrimnio: (1) a primeira, em que se considera a totalidade dos bens e direitos do sujeito passivo21; e (2) a segunda, a partir de elementos especficos ou parcelas que compem o patrimnio do contribuinte, em funo de (2.1) uma situao jurdica (propriedade, posse etc.) ou (2.2) uma a transmisso patrimonial, a ttulo gratuito ou oneroso.

    Diversos exemplos dessas ltimas hipteses de incidncia j foram analisados sob a perspectiva da distribuio de competncias de nosso federalismo fiscal. So os casos dos impostos sobre a propriedade territorial rural (ITR, art. 153, VI), predial e territorial urbana (IPTU, art. 156, I), de veculos automotores (IPVA, art. 155, III), de transmisso causa mortis e doao, de quaisquer bens e direitos (ITCMD, art. 155, I) e da transmisso intervivos, por ato oneroso de bens imveis (ITBI, art. 156, II).

    20 Ver notcia em: < http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idConteudo=344890 >. Acesso em 09.07.17.21 Pode-se considerar como exemplo dessa espcie no brasil o imposto sobre as grandes fortunas, de competncia da unio, nos termos do art. 153, Vii, da Cr-88, tributo at hoje no institudo.

    20 Ver notcia em: < http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idConteudo=344890 >. Acesso em 09.07.17.

    21 Pode-se considerar como exemplo dessa espcie no brasil o imposto sobre as grandes fortunas, de competncia da unio, nos termos do art. 153, Vii, da Cr-88, tributo at hoje no institudo.

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    A renda e o patrimnio possuem conexo ntima. possvel segmentar a renda em: auferida, imobilizada ou transferida. Sobre esses dois substratos econmicos de incidncia, Ricardo Lobo Torres22 salienta, na esteira de Richard Musgrave e Tipke:

    De feito, todos eles incidem sobre base muito semelhante, estremando-se em funo da periodicidade ou das caractersticas formais do ato jurdico: no h nenhuma dvida, por exemplo, que as doaes e legados constituem incrementos da renda. Por isso mesmo Tipke engloba, em sua proposta de sistema tributrio ideal, os impostos sobre o patrimnio e o capital debaixo da denominao de imposto de renda (Einkommernsteuer), ao qual se contrapem os impostos sobre a renda consumida (Einkommensverwendung).

    Deve-se alertar que o tributo desenhado para incidir sobre a renda pode afetar, na realidade, o patrimnio do sujeito passivo da obrigao tributria. caso, por exemplo, quando o regime jurdico tributrio aplicvel s dedues das despesas e dos custos necessrios ao seu auferimento no ser adequado para restringir a incidncia apenas sobre a renda lquida, e no sobre a renda bruta23. Na hiptese de no ser permitida a deduo dos custos e despesas necessrios para que a renda seja produzida a incidncia sobre a renda bruta possibilita que se onere o prprio patrimnio.

    Um exemplo pode facilitar a compreenso do que se deseja expressar no momento.

    Imagine que a alquota24 do imposto de renda da pessoa jurdica (IRPJ) 40%. Uma empresa com faturamento de R$ 1.000,00 (hum mil reais), para atingir aludida receita bruta25, incorreu em custos e despesas de R$ 900,00 (novecentos reais) sob o ponto de vista econmico-societrio.

    Nesse total de R$ 900,00 (novecentos reais) esto includos R$ 600,00 (seiscentos reais) de custos e despesas gerais de produo e venda e R$ 300,00 (trezentos reais) relativos a pagamentos j realizados de multas por descumprimento da legislao tributria - autuaes impostas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

    Portanto, a renda lquida (lucro) da empresa sob a perspectiva econmico-societria no perodo, antes do imposto de renda, to somente R$ 100,00 (cem reais), resultado da subtrao do faturamento de R$ 1.000,00 (mil reais) pelas despesas e custos totais de R$ 900,00 (novecentos reais).

    Suponha que a lei tributria restringiu os custos e as despesas dedutveis26 para a apurao do imposto de renda, de forma que, para efeitos fiscais, somente foi possvel abater R$ 600,00 (seiscentos reais) do faturamento quando da apurao do imposto de renda da pessoa jurdica no perodo. Noutras palavras, o Fisco no admitiu, por fora do disposto na legislao tributria, o abatimento dos R$ 300,00 (trezentos reais) relativos ao pagamento de multas.

    22 torres, ricardo Lobo. tratado de direito Constitucional Financeiro e tributrio. Volume iV. Os Tributos na Constituio. rio de Janeiro. renovar, 2007.p.56-57.23 o Pis/PAseP e a CoFins so contribuies sociais que financiam a seguridade social e incidem sobre a receita ou o faturamento, nos termos do art. 195, i, b, da Cr-88. 24 A alquota nominal, conforme ser estudado no momento prprio, um dos elementos objetivos da obrigao tributria, e deve ser fixada em lei, em funo do disposto no art. 97 do Ctn. no caso do imposto sobre a renda, a alquota sempre expressa em percentual que deve ser aplicado sobre uma base de clculo, que a expresso econmica do fato gerador e se consubstancia, da mesma forma que a hiptese de incidncia e a alquota, elemento objetivo do obrigao tributria, que deve ser estabelecido em lei em carter formal e material. nos termos em que ser analisado doravante, pode haver a aplicao de uma nica alquota ou mltiplas alquotas para a mesma pessoa que aufere a renda , em funo de objetivos de natureza extrafiscal. J os impostos incidentes sobre bens podem ser calculados e apurados pela aplicao da chamada alquota especfica, tambm denominada de ad rem ou ainda pela alquota ad valorem, o que mais comum. esta incide sobre uma base de clculo expressa em unidades monetrias (ad valorem), ao passo que a alquota ad rem aplicada sobre montante expresso em unidades fsicas de medida, como metros, litros, m, etc. Assim, por exemplo, pode ser cobrado r$ 2,00 (dois reais) por litro de vinho, ou r$ 50,00 (cinquenta reais) por metro de tecido, ou ainda, r$ 0,50 (cinquenta centavos) por m de combustvel. A alquota ad valorem, por outro lado, incide, em geral, sobre o preo dos bens e servios objeto da tributao. saliente-se que a alquota nominal, isto , aquela fixada em lei, seja ela ad valorem ou ad rem, pode ser ou no equivalente alquota real, tambm designada como a carga tributria efetiva, que expressa a proporo ou peso do tributo em relao mercadoria, servio ou renda, sem a considerao de incluso do prprio tributo.25 o conceito de faturamento e receita bruta no exemplo o mesmo, apesar da legislao fixar distines que no so relevantes para o caso e sero examinadas no curso tributos em espcie. saliente-se, apenas, o seguinte trecho do voto condutor, do ministro moreira Alves, na AdC n 1, quanto ao conceito fixado no art. 2 da Lei Complementar 70/91: note-se que a Lei Complementar ao considerar o faturamento como receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e servios e de servios de qualquer natureza nada mais fez do que lhe dar a conceituao de faturamento para efeitos fiscais, como bem assinalou o eminente ministro ilmar Galvo, no voto que proferiu no re 150.764, ao acentuar que o conceito de receita bruta das vendas de mercadorias e de mercadorias e servios coincide com o de faturamento, que, para efeitos fiscais, foi sempre entendido como o produto de todas as vendas, e no apenas das vendas acompa-nhadas de fatura, formalidade exigida to-somente nas vendas mercantis a prazo (art. 1 da Lei 187/36). 26 Ver art. 13 da Lei n 9249/95, art 14 da Lei n 9.430/96 e art 11 2 da Lei 9532/97. so hipteses de restries de aproveitamento ou de despesas que devem ser adicionadas ao lucro lquido do perodo apurado de acordo com as regras societrias. so despesas controladas na parte b do chamado Livro de Apurao do Lucro real (LALur), para fins de determinao do lucro real fiscal.

    22 torres, ricardo Lobo. tratado de direito Constitucional Financeiro e tributrio. Volume iV. Os Tributos na Constituio. rio de Janeiro. renovar, 2007.p.56-57.

    23 o Pis/PAseP e a CoFins so contri-buies sociais que financiam a seguri-dade social e incidem sobre a receita ou o faturamento, nos termos do art. 195, i, b, da Cr-88.

    24 A alquota nominal, conforme ser estudado no momento prprio, um dos elementos objetivos da obrigao tributria, e deve ser fixada em lei, em funo do disposto no art. 97 do Ctn. no caso do imposto sobre a renda, a alquota sempre expressa em per-centual que deve ser aplicado sobre uma base de clculo, que a expres-so econmica do fato gerador e se consubstancia, da mesma forma que a hiptese de incidncia e a alquota, elemento objetivo do obrigao tribu-tria, que deve ser estabelecido em lei em carter formal e material. nos ter-mos em que ser analisado doravante, pode haver a aplicao de uma nica alquota ou mltiplas alquotas para a mesma pessoa que aufere a renda , em funo de objetivos de natureza extra-fiscal. J os impostos incidentes sobre bens podem ser calculados e apurados pela aplicao da chamada alquota especfica, tambm denominada de ad rem ou ainda pela alquota ad valorem, o que mais comum. esta incide sobre uma base de clculo ex-pressa em unidades monetrias (ad valorem), ao passo que a alquota ad rem aplicada sobre montan-te expresso em unidades fsicas de medida, como metros, litros, m, etc. Assim, por exemplo, pode ser cobrado r$ 2,00 (dois reais) por litro de vinho, ou r$ 50,00 (cinquenta reais) por metro de tecido, ou ainda, r$ 0,50 (cinquenta centavos) por m de combustvel. A alquota ad valorem, por outro lado, incide, em geral, sobre o preo dos bens e servios objeto da tributao. saliente-se que a alquota nominal, isto , aquela fixada em lei, seja ela ad valorem ou ad rem, pode ser ou no equivalente alquota real, tambm designada como a carga tributria efetiva, que expressa a proporo ou peso do tributo em relao mercado-ria, servio ou renda, sem a considera-o de incluso do prprio tributo.

    25 o conceito de faturamento e re-ceita bruta no exemplo o mesmo, apesar da legislao fixar distines que no so relevantes para o caso e sero examinadas no curso tributos em espcie. saliente-se, apenas, o seguinte trecho do voto condutor, do ministro moreira Alves, na AdC n 1, quanto ao conceito fixado no art. 2 da Lei Complementar 70/91:

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    27FGV direito rio

    note-se que a Lei Complementar ao considerar o faturamento como receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e servios e de servios de qualquer natureza nada mais fez do que lhe dar a conceituao de fatu-ramento para efeitos fiscais, como bem assinalou o eminente ministro ilmar Galvo, no voto que proferiu no re 150.764, ao acentuar que o conceito de receita bruta das vendas de mercado-rias e de mercadorias e servios coin-cide com o de faturamento, que, para efeitos fiscais, foi sempre entendido como o produto de todas as vendas, e no apenas das vendas acompanhadas de fatura, formalidade exigida to--somente nas vendas mercantis a prazo (art. 1 da Lei 187/36).

    26 Ver art. 13 da Lei n 9249/95, art 14 da Lei n 9.430/96 e art 11 2 da Lei 9532/97. so hipteses de restries de aproveitamento ou de despesas que devem ser adicionadas ao lucro lquido do perodo apurado de acordo com as regras societrias. so despe-sas controladas na parte b do chama-do Livro de Apurao do Lucro real (LALur), para fins de determinao do lucro real fiscal.

    Assim, em vez de pagar R$ 40,00 (quarenta reais) de imposto sobre a renda (40% * R$ 100,00), caso fosse possvel deduzir os R$ 900,00 (novecentos reais) integralmente, o que redundaria em lucro aps o pagamento do imposto no montante de R$ 60,00 (sessenta reais), o contribuinte deve ao fisco R$ 160,00 (cento e sessenta reais) a ttulo da exao (40% * R$ 400,00).

    Dessa forma, uma vez que a empresa obteve lucro bruto de apenas R$ 100,00 (cem reais), e que, por fora das restries impostas pela legislao tributria, tem que pagar R$ 160,00 (cento e sessenta reais) de imposto, certo que parcela da exao incidiria sobre o patrimnio da entidade, e no sobre a renda auferida no perodo, que seria insuficiente para o pagamento do tributo.

    Os dois quadros abaixo sintetizam o exposto:

    ApURAO SOcIeTRIA

    [1] Faturamento/Receita Bruta R$ 1.000,00

    [2] Custo mais Despesas gerais R$ 600,00

    [3] Despesas com Multas Fiscais R$ 300,00

    [4]=[2]+[3] Total de Custos e Despesas R$ 900,00 R$ (900,00)

    [5]=[1]-[4] Lucro antes do Imposto do IR R$ 100,00

    [6]=[5]*40% Imposto de Renda (40%) R$ (40,00)

    [7]=[5]-[6] Lucro Societrio R$ 60,00

    ApURAO fIScAl

    [1] Faturamento/Receita Bruta R$ 1.000,00

    [2] Custo mais Despesa gerais R$ 600,00

    [3] Despesas com Multas Fiscais R$ 300,00

    [4]=[2]+[3] Total de Custos e Despesas Dedutveis R$ 600,00 R$ (600,00)

    [5]=[1]-[4] Resultado antes do IR R$ 400,00

    [6]=[5]*40% Imposto de Renda (40%) R$ (160,00)

    [7]=[5]-[6] Resultado aps IR pelas regras fiscais R$ 240,00

    [8]=[6]- R$100 Impacto do pagamento das Multas Fiscais no Patrimnio R$ (60)

    Assim, constata-se que o imposto, apesar de formulado para incidir sobre a renda, dadas as premissas apontadas e bem assim a aplicao da legislao tributria, repercutiu negativamente sobre o patrimnio da pessoa jurdica, reduzindo-o. Isso se evidencia no fato de o pagamento de R$ 160,00 (cento e sessenta reais) exigido a ttulo de IR foi alm da renda lquida alcanada sob o ponto de vista societrio (lucro societrio antes do IR = R$ 100,00).

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    28FGV direito rio

    Essa a razo pela qual, por mais variado que seja o conceito possvel de renda, os economistas, financistas e os juristas em geral concordam no sentido de que o imposto deveria incidir sempre sobre um ganho ou acrscimo do patrimnio27, em que pese a controvrsia em relao aos fatos e extenso dos eventos que consubstanciam essa situao sob o ponto de vista jurdico28.

    De fato, a definio jurdica do contedo e alcance da expresso renda e proventos de qualquer natureza, fundamento de incidncia do imposto de competncia da Unio fixada no art. 153, III, da CR/88, objeto de muita discusso e desencontros, tanto na doutrina como na jurisprudncia nacional.

    O inteiro teor do Recurso Extraordinrio (RE) 20146529 revela o elevado grau de dissenso jurisprudencial entre os prprios Ministros do STF. O relator do RE, Ministro Marco Aurlio, sustentou a tese de que o conceito constitucional de renda vincula-se ao de acrscimo patrimonial (p. 437). Indicou, ainda, que o Direito Tributrio, com fundamento no art. 110 do CTN, no pode alterar a definio, o contedo e o alcance de institutos e formas de direito privado utilizado pela Constituio para definir ou limitar competncia tributria (p. 436-437).

    Assim, o relator parece indicar a existncia de um conceito ontolgico ou natural de renda. Nessa mesma linha se posicionou o Ministro Seplveda Pertence, ao ressaltar (p. 433-434):

    Lembra-me o voto do velho Ministro Luiz Galloti, dizendo, com elegncia mpar, o que muitos tm dito: o dia em que for dado chamar de renda o que renda no , de propriedade imvel o que no o , e assim por diante, estar dinamitada toda a rgida discriminao de competncias tributrias, que o prprio mago do federalismo tributrio brasileiro, o qual, nesse campo, de discriminao exaustiva de competncias exclusivas e, portanto, necessariamente postula um conceito determinado dos campos de incidncia possvel da lei instituidora de cada tributo nele previsto. No se pode, claro, reclamar da Constituio uma exausto da regulao da incidncia de cada tributo, mas h um mnimo inafastvel, sob pena repito de dinamitao de todo o sistema constitucional de discriminao de competncias tributrias. (grifo nosso)

    Em sentido substancialmente diverso, o Ministro Nelson Jobim, relator para o acrdo, em seu voto vista, sustentou (p. 393-398) que:

    27 nesse sentido ver voto proferido pelo min. Cunha Peixoto nos autos do re n 89.791-rJ28 Vide re re 522.989 AGr / mG. no referido recurso, sustenta o recorrente (contribuinte) que ao impedir que se deduza do lucro real a parcela relativa aos tributos questionados em juzo, tributa-se no o acrscimo patrimonial eventualmente auferido, mas sim seu prprio patrimnio, em afronta ao art. 153, iii, da Constituio.29 brAsiL. Poder Judicirio. supremo tribunal Federal. re n 201.465-mG, rel. min. marco Aurlio e rel.p/acrdo min. nelson Jobim. Julgamento em 02.05.2002. braslia. disponvel em: < http://www.stf.jus.br >. Acesso em 14.06.2013. deciso por maioria de votos.

    27 nesse sentido ver voto proferido pelo min. Cunha Peixoto nos autos do re n 89.791-rJ

    28 Vide re re 522.989 AGr / mG. no referido recurso, sustenta o recorrente (contribuinte) que ao impedir que se deduza do lucro real a parcela relativa aos tributos questionados em juzo, tributa-se no o acrscimo patrimonial eventualmente auferido, mas sim seu prprio patrimnio, em afronta ao art. 153, iii, da Constituio.

    29 brAsiL. Poder Judicirio. supremo tribunal Federal. re n 201.465-mG, rel. min. marco Aurlio e rel.p/acr-do min. nelson Jobim. Julgamento em 02.05.2002. braslia. disponvel em: < http://www.stf.jus.br >. Acesso em 14.06.2013. deciso por maioria de votos.

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    29FGV direito rio

    a legislao ordinria, no lugar da expresso constitucional Renda, passou a utilizar, para uma das modalidades de base de clculo, a expresso LUCRO REAL. Observo que a adjetivao REAL obra da legislao infraconstitucional ordinria. No est na Constituio, nem na lei complementar CTN. A definio de LUCRO REAL est no DL 1.598, de 26.12.1977 (...) A tcnica legal para a determinao do LUCRO REAL TRIBUTVEL a da enumerao taxativa (a) dos elementos que compem o LUCRO LQUIDO DO EXERCCIO e (b) dos itens que devem ser, a este adicionados e abatidos. (...) V-se, desde logo, que o conceito de LUCRO REAL TRIBUTVEL puramente legal e decorrente exclusivamente da lei, que adota a tcnica da enumerao exaustiva. Algumas parcelas que, na contabilidade empresarial, so consideradas despesas, no so assim consideradas no BALANO FISCAL. o caso j exemplificado dos brindes e das despesas de alimentao dos scios. Insisto. Isso tudo demonstra que o conceito de LUCRO REAL TRIBUTVEL um conceito decorrente da lei. No um conceito ontolgico, como se existisse, nos fatos, uma entidade concreta denominada de LUCRO REAL. No tem nada de material ou essencialista. um conceito legal. No h um LUCRO REAL que seja nsito ao conceito de RENDA como quer o relator (em aluso ao voto do Ministro relator Marco Aurlio). (grifo nosso)

    Dessa forma, afasta a existncia de um conceito natural ou nsito ao substrato econmico de incidncia tributria (renda). Na mesma toada do voto vista, que acabou prevalecendo, tambm indicou o Ministro Moreira Alves:

    Por outro lado, com relao definio de renda, o prprio conceito de lucro real de natureza legal. A Constituio Federal prev apenas renda e provento, mas isso no impede a lei, desde que no seja desarrazoada, possa examinar o conceito de renda. Tanto isso verdade que, desde o incio da cobrana de imposto de renda e da existncia de inflao no Pas, sempre foi cobrado imposto de renda, com relao s pessoas fsicas, corrigido monetariamente, sem que jamais se tenha sustentado que isso feria o conceito de renda. No sendo este conceito legal desarrazoado -, no caso no me parece que o seja, at porque o prprio Cdigo Tributrio, quando trata do fato gerador, alude aquisio de disponibilidade econmica ou jurdica -, a correo monetria no deixa de acarretar a aquisio de uma disponibilidade econmica.

  • sistemA tributrio nACionAL

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    2. IMPOSTO DE RENDA SOBRE PESSOAS FSICAS (INCOME TAx) E SOBRE PESSOAS JURDICAS (CORPORATE TAx)

    Independentemente da divergncia apontada, importa ressaltar que o imposto sobre a renda subdivide-se em dois grandes grupos: aquele incidente sobre as pessoas fsicas (income tax) e o imposto sobre as pessoas jurdicas (corporate tax).

    O imposto sobre a renda da pessoa fsica (income tax) usualmente classificado como um imposto direito. Isso se d pelo fato de a incidncia econmica recair sobre aquele determinado pela lei como o contribuinte de direito.

    Em sentido diverso, o enquadramento do imposto sobre a renda da pessoa jurdica (corporate tax) como direto ou indireto objeto de muita discusso e dissenso. Alguns autores repudiam at mesmo a prpria classificao que segmenta os impostos entre diretos e indiretos, por a considerarem sem relevncia sob o ponto de vista jurdi


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