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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – CCET

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ADRIANO PIRES MONTEIRO JUNIOR

HENRIQUE FERNANDES RENDEIRO NETO

SISTEMA INDIVIDUAL DE TRATAMENTO DE ESGOTO

FOSSA SÉPTICA, FILTRO ANAERÓBIO E SUMIDOURO UMA

ALTERNATIVA PARA O TRATAMENTO SANITÁRIO EM

COMUNIDADES DE BAIXA RENDA DO MUNICÍPIO DE BELÉM

Belém – PA

2011

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ADRIANO PIRES MONTEIRO JUNIOR

HENRIQUE FERNANDES RENDEIRO NETO

SISTEMA INDIVIDUAL DE TRATAMENTO DE ESGOTO

FOSSA SÉPTICA, FILTRO ANAERÓBIO E SUMIDOURO UMA ALTERNATIVA

PARA O TRATAMENTO SANITÁRIO EM COMUNIDADES DE BAIXA RENDA DO

MUNICÍPIO DE BELÉM

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado como

requisito final para obtenção do título de Engenheiro

Civil, submetido à banca examinadora do Centro de

Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da

Amazônia.

Orientadora: Profª Elzelis Müller

Belém - PA

2011

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ADRIANO PIRES MONTEIRO JUNIOR

HENRIQUE FERNANDES RENDEIRO NETO

SISTEMA INDIVIDUAL DE TRATAMENTO DE ESGOTO

FOSSA SÉPTICA, FILTRO ANAERÓBIO E SUMIDOURO UMA ALTERNATIVA

PARA O TRATAMENTO SANITÁRIO EM COMUNIDADES DE BAIXA RENDA DO

MUNICÍPIO DE BELÉM

Trabalho de Conclusão do Curso submetido à banca

examinadora do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia

da Universidade da Amazônia, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Engenheiro Civil, sendo

considerado satisfatório e APROVADO em sua forma

final pela banca examinadora existente.

Data de aprovação: ____/____/_______

Banca Examinadora:

________________________________________

Profª MSC. Elzelis Aguiar Müller, (Orientadora)

Universidade da Amazônia/UNAMA

_________________________________________

Profº Dr. Marco Valério de Albuquerque Vinagre

Universidade da Amazônia/UNAMA

_________________________________________

Profº MSC. Moises Barcessat

Examinador Externo

Julgado em: ____/____/_______

Nota: ______________

Belém - PA

2011

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DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho aos nossos pais,

esposas, filhos e demais familiares e amigos

que contribuíram nesta jornada, e em especial

ao Profº MSC. Antônio Lemos (in memória),

que partiu desta vida, deixando as lembranças

de sua alegria e um grande legado de

conhecimento, do qual tivemos a sorte de fazer

parte absorvendo seus ensinamentos.

Agradecemos e pedimos a “Deus” que nos

ilumine para que os conhecimentos adquiridos

sejam empregados com sabedoria e

responsabilidade ao longo de nossa vida

profissional e pessoal.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus que nos deu força para superar as

dificuldades encontradas no caminho e conseguirmos mais uma conquista ao

concluir este trabalho.

Aos nossos PAIS que sempre estiveram presentes em cada passo desta

jornada, ofertando-nos a força, amor e uma imensa dose de paciência, foram eles os

responsáveis por cada sucesso obtido e cada degrau avançado em nossa vida.

Durante todos esses anos eles foram exemplos de força, de coragem, perseverança

e motivação para nunca desistir diante dos obstáculos encontrados.

Às esposas e filhos pelas palavras de carinho e por terem aguentado

pacientemente nossas ausências.

À Universidade da Amazônia/UNAMA e a toda sua equipe o nosso sincero

agradecimento por todo apoio direto e indireto que tivemos durante toda nossa

jornada acadêmica.

Ao professor Selênio Feio que com sua capacidade e empenho ao

coordenar o curso de Engenharia Civil sempre esteve disposto a melhor atender a

todas as solicitações feitas pela turma, contribuindo significativamente para o

andamento desta caminhada.

À nossa orientadora professora Elzelis Müller pela sua delicadeza, paciência

e inteligência, que soube orientar e valorizar esta pesquisa.

Aos professores mestres e doutores que a nós repassaram seus

conhecimentos, fazendo que nosso desenvolvimento fosse o melhor possível.

Ao Profº Dr. Marco Valério de Albuquerque Vinagre que influenciou bastante

na escolha do tema abordado neste trabalho durante suas aulas na disciplina

Saneamento Ambiental.

Aos nossos colegas de curso e disciplinas que compartilharam conosco seus

conhecimentos, e a todos aqueles que de alguma forma contribuíram ou torceram

pela concretização deste trabalho e nos proporcionando chegar até aqui.

A todos nossos sinceros agradecimentos.

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LISTA DE FIGURAS E FOTOS

Figura 2.1 – Composição do esgoto sanitário ........................................................................ 30

Figura 3.1: Demonstração de transporte de efluente no conjunto Fossa, Filtro e

Sumidouro. ........................................................................................................................................ 43

Figura 3.2 – Tipos de Tanques Sépticos .................................................................................. 44

Figura 3.3 – Tanque séptico e seu funcionamento ............................................................... 45

Figura 3.4 – Seção de um tanque séptico de câmara única .............................................. 46

Figura 3.6 – Dimensões internas mínimas – Tanque Séptico NBR 7229/93 ................ 50

Figura 3.7: Filtro Anaeróbio visto em corte com detalhes ................................................... 55

Figura 3.8: Execução de um Sumidouro em alvenaria de tijolos cerâmicos ................. 58

Figura 4.1: Espaço urbano de Belém em 1791 ...................................................................... 62

Figura 4.2: Belém no início do século XVII (adaptação) ..................................................... 63

Figura 4.3 - Representação esquemática da rede coletora assentada entre 1906-

1915 ..................................................................................................................................................... 69

Figura 4.4 – Características das Bacias de Esgotamento Sanitário Conforme

concepção da Empresa Byington & Cia. .................................................................................. 69

Figura 4.5: Área Totalmente Atendida Pelo SAAEB e pela COSANPA ......................... 73

Figura 4.6: Áreas com tratamento de esgoto – SAAEB ...................................................... 73

Figura 4.7: Lançamento de efluentes em cursos d’água .................................................... 74

Figura 4.8: Sistema Fossa e Sumidouro usado em alguns bairros de Belém .............. 77

Figura 4.9: Sumidouro de tubo de concreto ............................................................................ 77

Figura 4.10: Fossa rudimentar ainda utilizada em algumas residências de Belém.... 78

Figura 4.11: Lançamento de resíduos de esgoto nos canais de Belém ......................... 78

Page 7: Sistema individual de tratamento de esgoto

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Evolução da cobertura dos serviços de abastecimento de água e coleta

de esgotos no Brasil (%) ............................................................................................................... 24

Tabela 2.2: Características físico-químicas dos esgotos .................................................... 31

Tabela 2.3: Concentrações de sólidos em esgotos .............................................................. 32

Tabela 2.4: Concentrações de organismos em esgotos ..................................................... 32

Tabela 3.1 – Eficiência dos tanques sépticos ......................................................................... 47

Tabela 3.2: Contribuição diária de esgoto(c) e de lodo fresco (Lf) .................................. 53

Tabela 3.3: Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária ....... 54

Tabela 3.4: Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil .................... 54

Tabela 3.5: Taxa de acumulação de lodo (K), em dias, por intervalo de limpeza e

temperatura média do mês mais frio. ........................................................................................ 54

Tabela 5.2: Absorção Relativa do solo ..................................................................................... 88

Page 8: Sistema individual de tratamento de esgoto

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LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1: Tipos de fossas e suas respectivas características ...................................... 41

Quadro 4.1 - Exportação de Produtos da Amazônia ............................................................ 67

Quadro 4.2: Características das Bacias de esgotamento Sanitário Resultantes da

Concepção de Projeto Apresentado pele Empresa Byington & Cia em 1955 .............. 70

Quadro 5.1: Análise Granulométrica da Amostra do Solo .................................................. 88

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

COSANPA - Companhia de Saneamento do Pará

CPRH - Agência estadual de meio ambiente e recursos hídricos

DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio

DBO5,20 - Demanda Bioquímica de Oxigênio em cinco dias a 20ºC

DQO - Demanda Química de Oxigênio

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ETE - Estação de tratamento de esgoto

FAN - Filtro Anaeróbio

FCAP - Faculdade de Ciências Agrárias do Pará

FUNASA - Fundação Nacional de Saneamento

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MO - Matéria Orgânica

NAEA - Núcleo de Altos Estudos Amazônicos

NTK - Nitrogênio Total Kjeldahl

OD - Oxigênio Dissolvido

OMS - Organização Mundial de Saúde

OPAS - Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde

USEPA - Agência Americana de Proteção Ambiental (United States Environmental

Protection Agency)

PDB - Plano Diretor de Belém

PDGB - Plano Diretor para a Grande Belém

pH - Potencial hidrogeniônico

PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico

PNS - Pesquisa Nacional de Saneamento

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PVC - Policloreto de Vinila

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RDH - Relatório de Desenvolvimento Humano

SAAEB - Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém

SES - Sistema de Esgotamento Sanitário

SNIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento

SST - Sólidos suspensos totais

ST - sólidos totais

TS - Tanque séptico

UASB - (Upflow Anaerobic Sludge Blanket) - Reator anaeróbio de manta de lodo e

fluxo ascendente

UFPA - Universidade Federal do Pará

UFPR - Universidade Federal do Paraná

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNAMA – Universidade da Amazônia

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS E FOTOS ................................................................................. vi

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ vii

LISTA DE QUADROS .............................................................................................. viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS .............................................................. ix

RESUMO................................................................................................................... xv

ABSTRACT .............................................................................................................. xvi

CAPÍTULO 1 ............................................................................................................. 17

1. Introdução ............................................................................................................ 17

1.1. Importância da Pesquisa ........................................................................... 17

1.2. Justificativa do Estudo .............................................................................. 19

1.3. Objetivos da Pesquisa ............................................................................... 21

1.3.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 21

1.3.2. Objetivos Específicos ............................................................................ 21

1.4. Estrutura do Trabalho ................................................................................ 22

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................. 23

2.SANEAMENTO BÁSICO ....................................................................................... 23

2.1. Definições .................................................................................................... 23

2.2. Abordagem histórica .................................................................................... 26

2.3. Saúde e saneamento ................................................................................... 27

2.4. Sistemas de Esgotos Sanitários ................................................................... 28

2.5. Composição dos Esgotos Sanitários ............................................................ 29

2.6. Características dos Esgotos ......................................................................... 30

2.7. Classificação do Esgoto ............................................................................... 33

2.8. Tipos de Tratamento de Esgotos Sanitários ........................................... 34

2.8.1. Sistemas Individuais .............................................................................. 35

Page 12: Sistema individual de tratamento de esgoto

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2.8.2. Sistemas Coletivos ................................................................................ 35

2.8.2.1. Sistema unitário ou combinado ....................................................... 36

2.8.2.2. Sistema separador .......................................................................... 36

2.8.2.2.1. Sistema convencional ................................................................. 37

2.8.2.2.2. Sistema condominial ................................................................... 37

2.9. Classificação das Etapas de Tratamento .................................................. 38

2.10. Importância dos Sistemas de Esgoto Sanitário ................................... 39

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................. 41

3.SISTEMAS INDIVIDUAIS DE TRATAMENTO DE ESGOTO ................................ 41

3.1. Tipos de Fossas ........................................................................................... 41

3.2. Tanques Sépticos (TS) ............................................................................... 42

3.2.1. Conceitos ............................................................................................. 42

3.2.2. Tipos de Tanques Sépticos ................................................................... 44

3.2.3. Princípios de Funcionamento ................................................................... 44

3.2.4. Projeto do Tanque Séptico .................................................................... 47

3.2.5. Eficiência ............................................................................................... 49

3.2.6. Operação e Manutenção ....................................................................... 49

3.2.7. Observações Gerais .............................................................................. 50

3.2.8. Localização e distâncias mínimas ......................................................... 51

3.2.9. Materiais ................................................................................................ 52

3.2.10. Procedimentos ................................................................................... 52

3.3. Filtro Anaeróbio ............................................................................................ 55

3.3.1. Conceitos .................................................................................................. 55

3.3.2. Princípios de Funcionamento ................................................................... 55

3.3.3. Projeto do Filtro Anaeróbio ....................................................................... 56

3.3.4. Eficiência .................................................................................................. 56

3.3.5. Operação e Manutenção .......................................................................... 56

3.3.6. Observações Gerais ................................................................................. 57

Page 13: Sistema individual de tratamento de esgoto

xiii

3.4. Sumidouro .................................................................................................... 57

3.4.1. Conceitos ................................................................................................ 57

3.4.2. Princípios de Funcionamento ................................................................... 58

3.4.3. Projeto do Sumidouro ............................................................................... 59

3.4.4. Operação e Manutenção ....................................................................... 60

3.4.5. Observações Gerais .............................................................................. 60

CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................... 61

4.O ESGOTO EM BELÉM DO PARÁ ............................................................................ 61

4.1. Precedente Histórico ....................................................................................... 61

4.2. A Expansão Urbana ........................................................................................ 61

4.3. A Cidade de Belém no Cenário Político-Econômico Nacional e Internacional 63

4.4. A Rede de Esgoto em Belém .......................................................................... 68

4.5. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém - SAAEB e a Companhia de

Saneamento do Pará - COSANPA......................................................................... 71

4.6. Análise do Contexto Atual ............................................................................... 74

4.7. Aspecto Legal do Esgoto Sanitário em Belém do Pará ................................... 79

4.7.1. Plano Diretor do Município de Belém ........................................................ 79

CAPÍTULO 5 ..................................................................................................................... 80

5.METODOLOGIA ............................................................................................................ 80

5.1. Escolha do sistema ......................................................................................... 80

5.2. Descrição do sistema adotado ..................................................................... 81

5.3. Dimensionamento das peças: ...................................................................... 81

5.3.1. Dimensionamento da fossa séptica .......................................................... 81

5.3.1.1. Fossa Séptica de Câmara Única de forma Cilíndrica ............................ 81

5.3.1.2. Fossa Séptica de Câmara Única de forma Prismática Retangular ........ 84

5.3.2. Dimensionamento do Filtro Anaeróbio ................................................... 85

5.3.2.1. Filtro anaeróbio de forma cilíndrica .................................................... 85

Page 14: Sistema individual de tratamento de esgoto

xiv

5.3.2.2. Filtro anaeróbio de forma prismática .................................................. 87

5.4. Dimensionamento do Sumidouro ................................................................. 87

5.4.1. Sumidouro de Forma Cilíndrica ................................................................ 87

5.4.2. Sumidouro de Forma Prismática ........................................................... 90

6.RESULTADOS ............................................................................................................... 91

6.1. Análise dos resultados .............................................................................. 91

6.2. Implantação do Sistema Fossa Séptica, Filtro Anaeróbio e Sumidouro ....... 92

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 95

ANEXO A ........................................................................................................................... 17

Projetos Arquitetônicos .......................................................................................... 17

ANEXO B ........................................................................................................................... 17

Planilhas de Custo Direto ....................................................................................... 17

Page 15: Sistema individual de tratamento de esgoto

xv

RESUMO

As deficiências dos serviços de saneamento básico nas áreas urbanas,

principalmente em áreas periféricas, precisam de implantação de um sistema

alternativo para disposição dos resíduos líquidos (esgotos) locais, com o objetivo de

evitar a contaminação do solo e da água. Em sua maioria, essas comunidades mais

pobres são desprovidas de redes coletoras de esgoto sanitário, obrigando a

população a criar seus próprios meios de disposição dos resíduos domésticos.

Grande parte desses resíduos é lançada de forma inadequada ao meio ambiente,

que acabam provocando doenças e mortes em crianças e adultos.

Esses problemas podem ser minimizados utilizando sistemas simplificados

para o tratamento de esgoto sanitário, os quais devem ter como característica uma

facilidade construtiva e um baixo custo, portanto acessível à população de baixa

renda.

Uma proposta adequada para as regiões que não possuem rede coletora de

esgoto, e que mudaria esse conceito, seria a aplicação de sistema de associação de

Fossa Séptica, Filtro Anaeróbio e Sumidouro.

Palavra chave: Fossa Séptica; Filtro Anaeróbio; Sumidouro.

Page 16: Sistema individual de tratamento de esgoto

xvi

ABSTRACT

The deficiencies in basic sanitation services in urban areas, especially in

remote areas, need to implement an alternative system for disposal of liquid waste

(sewage) sites, in order to avoid contamination of soil and water. Most of these poor

communities are without sanitary sewage systems, forcing residents to create their

own means of disposal of household waste. Much of this waste is improperly

released to the environment, which end up causing illness and death in children and

adults.

These problems can be minimized by using simplified systems for the

treatment of sewage, which must have characterized a constructive ease and low

cost, so accessible to low-income population.

An appropriate proposal for the regions that have no sewage disposal system,

and that this concept would change would be the application of membership system

septic tank, anaerobic filter and sink.

Key words: Septic Tank; Anaerobic Filter; Sink.

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17

_________________________________________________________CAPÍTULO 1

1. Introdução

1.1. Importância da Pesquisa

No Brasil, apenas uma pequena parcela do esgoto recebe o devido

tratamento para lançamento em corpos receptores, causando grandes danos ao

ambiente e a saúde publica, principalmente nas pequenas comunidades e áreas

periféricas. Uma contribuição viável para a solução desta situação é a adequação

das águas residuárias com a aplicação de métodos que possuam uma facilidade

construtiva e também um baixo custo.

A utilização de tecnologia convencional em esgotamento sanitário tem custo

elevado, dificultando ou mesmo impedindo o atendimento às áreas de população de

baixa renda. Notadamente, no Brasil, mais da metade da população urbana não

dispõe de sistema de esgotamento sanitário, tendo como consequência o

agravamento da situação sanitária do país. Desta forma, há necessidade de se

conceber sistemas de esgotamento sanitário com tecnologias apropriadas, ou seja,

que se adaptem às características locais, reduzindo custos sem prejuízo de sua

eficácia (kligerman, 1995).

O atual quadro sanitário nacional, apesar dos avanços na última década,

ainda é precário, em virtude da carência de recursos para investimento e da

deficiência ou da ausência de políticas públicas de saneamento ambiental, o que

tem contribuído para a proliferação de uma série de enfermidades evitáveis se

fossem tomadas medidas de saneamento.

Segundo dados constantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

– IBGE, a abrangência dos serviços de saneamento básico no país ainda é

caracterizada por desigualdades regionais, sendo a Região Norte, seguida da

Região Nordeste as que apresentam níveis mais baixos de atendimento. Em

conseqüência disso, os municípios localizados nestas regiões são marcados por

elevados índices de doenças relacionadas à inexistência ou ineficiência de serviços

de saneamento básico (FUNASA, 2009).

Na cidade de Belém, o serviço de esgotamento sanitário é bastante crítico. A

ausência de um sistema adequado para disposição de dejetos humanos tem

Page 18: Sistema individual de tratamento de esgoto

18

causado a contaminação da população que vive em áreas mais vulneráveis, já que a

maioria da população de baixa renda está à margem do acesso à saúde e aos

serviços de saneamento urbano.

Nas áreas periféricas da cidade de Belém, a situação é bastante complexa.

É notória ausência de sistema adequado para disposição de dejetos humanos,

assim como as doenças intestinais provocadas por essas deficiências de

saneamento básico, pois nessas áreas, a maior parte da população não dispõe de

rede coletora de esgoto sanitário, lançando diretamente sobre o solo e/ou

direcionado para os canais, os córregos e os igarapés, seus dejetos.

Atualmente o serviço de esgotamento sanitário no município de Belém está

sendo realizado por empresa concessionária do Governo do Estado, a Companhia

de Saneamento do Pará – COSANPA, tendo como principal corpo receptor os

esgotos da rede oficial do Município, com volume total diário de 18.294 m3/dia “in

natura”, provenientes da Estação de Bombeamento de Esgoto do UMA, toda via a

COSANPA possui estudos técnicos da dispersão da carga poluidora (COSANPA,

2010).

Page 19: Sistema individual de tratamento de esgoto

19

1.2. Justificativa do Estudo

Belém é conhecida historicamente como a metrópole da Amazônia, sendo

que a denominação se justifica, já que a cidade foi a porta para exportação e

importação de toda a produção originada na região Amazônica, especialmente, no

período da borracha. Toda riqueza da “Belle Epoque” passou pela cidade, o que fez

com que áreas, por exemplo, mais centrais apresentassem mais estrutura para o

acesso a serviços urbanos. Todavia, com o fim desse ciclo econômico, a mesma

realidade não permaneceu na metrópole. As áreas de baixadas e de invasões foram

se formando a partir do momento em que a elite local ocupava as áreas mais

próximas do centro e acima da cota do nível do mar. A primeira Légua Patrimonial

da cidade foi ocupada e, a partir da década de 1950, a segunda Légua Patrimonial

foi iniciada à frente do Bosque Rodrigues Alves, e a área urbana começa a ser

tomada pela população que vem a Belém em busca de todos os tipos de serviços.

Nesse sentido, as periferias no entorno da cidade se proliferam (Dias, 2007).

A cidade de Belém, apesar de sua grandiosidade geodemográfica e de seu

desenvolvimento sócio econômico, não dispõe de um serviço de saneamento básico

adequado e satisfatório na quase totalidade de suas regiões periféricas. A maioria

das áreas periféricas do município de Belém do Pará apresenta deficiências quanto

aos elementos básicos de saneamento, especialmente quanto aos sistemas de

esgotamento sanitário (PDB, 1993).

Pesquisas demonstram que ao longo de décadas as águas do Rio Guamá

vem sofrendo contaminação, principalmente de origem fecal, oriunda do lançamento

direto de dejetos no seu curso ou no de seus tributários. Pelo fato da água do rio

sofrer mistura com a dos Lagos Água Preta e Bolonha, onde os índices sofrem

decréscimo por efeito de diluição, antes de chegar às estações de tratamento locais,

a contaminação observada não chega, ainda, a prejudicar a água de abastecimento

de Belém. A avaliação foi realizada através da análise e interpretação de estudos

efetuados por JESUS & PARANHOS (2003), COSANPA (2002), MOREIRA (2001) e

BRAZ (1997), no rio Guamá, em um ponto comum a todos os trabalhos, localizado

próximo a sua foz e em frente ao Sistema de Captação de Água Bruta do Complexo

Hídrico do Utinga. No entanto, a carência de tratamento de esgoto sanitário aliada

ao crescimento populacional tem comprometido os recursos hídricos do sistema

Page 20: Sistema individual de tratamento de esgoto

20

hidrográfico da cidade de Belém, que apesar de abundantes vem gradativamente

sofrendo os efeitos da carga poluente neles lançada.

Atualmente, o serviço de coleta de esgoto na cidade de Belém é oferecido

para um pequeno número de moradores. Grande parte das edificações possui o seu

próprio sistema individual. O grande problema é que na maioria das vezes este

sistema não é eficiente. A predominância é por sistemas simples, como tanque

séptico seguido de sumidouro, que em alguns casos possuem erros graves em sua

execução e projeto. Outros ainda adotam práticas ilegais, como jogar o esgoto na

rede pluvial ou até mesmo diretamente nos recursos hídricos, piorando ainda mais a

situação. Associando um grande número de moradores com sistemas de tratamento

deficientes, tem-se por consequência uma grande carga de poluentes inseridas de

forma inadequada no meio ambiente.

O tratamento dos esgotos sanitários em Fossas Sépticas e Filtros

Anaeróbios, em áreas sem rede de esgoto, podem oferecer níveis adequados de

serviço para a disposição de excretas em pequenas comunidades.

Partindo deste contexto, verifica-se a necessidade de projetar um sistema de

tratamento de esgoto sanitário, com alta eficiência e viável economicamente ao

poder público municipal. Portanto, apresenta-se neste trabalho, o dimensionamento

de um sistema de tratamento individual de esgoto sanitário para uma residência com

população de até 10 habitantes, composto pelo conjunto Fossa Séptica, Filtro

Anaeróbio e Sumidouro que atende os padrões normativos da NBR 7229, (1993) e

NBR 13969, (1997), e as necessidades da população que reside em áreas mais

vulneráveis aos serviços de saneamento no município de Belém.

Page 21: Sistema individual de tratamento de esgoto

21

1.3. Objetivos da Pesquisa

1.3.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um sistema de tratamento

individual de esgoto sanitário, voltado para as áreas desprovidas de coletor público,

e adequado às necessidades das populações residentes em áreas periféricas de

Belém.

1.3.2. Objetivos Específicos

Com a elaboração do projeto pretende-se atingir alguns objetivos bem

específicos:

Dimensionar e detalhar um sistema básico para tratamento e destinação

final de esgoto sanitário, composto por Fossa Séptica, Filtro Anaeróbio e Sumidouro

em uma residência com até 10 habitantes, em 02 (duas) formas geométricas

(cilíndrica e prismática), utilizando 03 (três) sistemas construtivos (argamassa

armada, concreto armado e alvenaria de tijolos cerâmicos);

Elaborar um orçamento para cada tipo de sistema construtivo e formas

geométricas adotadas no dimensionamento do conjunto adotado no projeto;

Fazer um comparativo de custos em cada caso;

Obter um resultado com aplicação prática e viável economicamente para ser

colocado à disposição da gestão municipal do esgoto em Belém.

Page 22: Sistema individual de tratamento de esgoto

22

1.4. Estrutura do Trabalho

O trabalho está estruturado em 6 (seis) capítulos.

No capítulo 1 tem-se a introdução do trabalho, na qual se fez uma descrição

breve da problemática em estudo e se apresenta também a justificativa e os

objetivos do estudo.

O segundo capítulo consiste em uma revisão bibliográfica correspondente ao

tema abordado, onde apresenta-se algumas definições essenciais ao entendimento

de saneamento e sistemas de tratamento de esgoto sanitário. Em seguida, fala-se

sobre os princípios de tratamento de esgotos e sobre os tipos de tratamento de

esgotos sanitários, para locais onde não há rede coletora de esgoto.

O capitulo 3 faz uma abordagem sobre o sistema individual de tratamento de

esgoto, citando aspectos relevantes ao dimensionamento do sistema adotado.

No Capítulo 4 tem-se a descrição histórica da evolução do abastecimento de

água e esgoto sanitário da cidade de Belém, tendo em vista seu desenvolvimento

urbano que, também, contribuiu para a criação de sua infraestrutura básica.

No quinto capitulo é apresentado a metodologia, que demonstra como o

sistema de tratamento foi escolhido e relata os métodos adotados para o seu

dimensionamento.

No capítulo 6 é mostrado os resultados obtidos no estudo, após ter

dimensionado e orçado todo sistema.

Page 23: Sistema individual de tratamento de esgoto

23

_________________________________________________________CAPÍTULO 2

2. SANEAMENTO BÁSICO

2.1. Definições

A Lei nº 11.445 / 07 – Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico define

o Saneamento Básico como serviços de abastecimento de água potável, de limpeza

urbana e manejos de resíduos, de esgotamento sanitário e de drenagem e manejo

de águas pluviais. Com o advento da aprovação dessa Lei, o setor de saneamento

passou a ter um marco legal e contar com novas perspectivas de investimento por

parte do Governo Federal, baseado em princípios da eficiência e sustentabilidade

econômica, controle social, segurança, qualidade e regularidade, visando

fundamentalmente a universalização dos serviços, de modo a desenvolver nos

municípios o Plano Municipal de Saneamento Básico - PMSB.

O saneamento é entendido, segundo Rezende & Heller (2002, p. 15),

sobretudo “como ação de saúde pública, o têm na conta de dever do Estado e direito

do cidadão, pugnado pela universalização do atendimento, pelo direito ao serviço de

qualidade, com participação e controle social”.

No Brasil, o desenvolvimento das ações de saneamento, historicamente,

esteve vinculado aos aspectos econômicos, interesses dominantes, os quais foram

os principais determinantes do caráter das ações coletivas, ou seja, não

considerando de fato a superação das carências sociais do país. Isto determinou a

exclusão de diversos segmentos da sociedade das políticas de saneamento, as

quais predominaram nas áreas de interesse econômico. Assim, os investimentos

prioritários no setor foram em abastecimento de água, em detrimento das ações

menos lucrativas, o que fragmentou a visão do saneamento, se manifestando

também institucionalmente em uma precária interação entre governos estaduais e os

municípios (Rezende e Heller, 2002).

Segundo Pereira (2003), o número expressivo de municípios que não

dispõem de coleta e tratamento de esgotos ocorre em razão de o saneamento não

ser encarado como prioridade e, portanto, faltar política eficaz para direcionar as

ações nesse setor. Isso faz com que os programas de saneamento acabem tendo

Page 24: Sistema individual de tratamento de esgoto

24

caráter individual e localizado em municípios específicos, sendo que algumas

questões político-partidário-administrativas dificultam a formulação de política única

de implantação de infra-estrutura sanitária nos municípios brasileiros, o que

naturalmente, prejudica a obtenção de recursos para esse tipo de investimento.

A oferta de serviços de saneamento básico em áreas urbanas no Brasil

aumentou significativamente nas últimas décadas, como se observa na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Evolução da cobertura dos serviços de abastecimento de água e coleta de esgotos no Brasil (%)

SERVIÇO DOMICÍLIOS ANO

1960 1970 1980 1990 2000 2010

ABASTECIMENTO

DE ÁGUA % URBANOS 41,8 60,5 79,2 86,3 89,8 91,9

ESGOTAMENTO

SANITÁRIO % URBANOS 26,0 22,2 37,0 47,9 56,0 58,9

Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010

De 1960 para 2010, a porcentagem de domicílios urbanos atendidos pela

rede de distribuição de água e pela coleta de esgotos cresceu mais do que o dobro.

Apesar do crescimento da cobertura dos serviços de água e esgoto, ainda persistem

populações não atendidas, principalmente as de baixa renda, habitantes das

periferias das grandes cidades, nos municípios menores e, nas áreas rurais.

Instalados precariamente, estes brasileiros reivindicam infra-estrutura urbana

e acesso aos serviços. Mas, dezenas de intervenções mal sucedidas já

demonstraram que a previsão de infra-estrutura urbana nesta área, quando possível,

é tarefa complexa, exigindo ação integrada do poder público, sem a qual o fracasso

é certo. É aí que salta aos olhos a precariedade de um modelo de gestão do

saneamento ambiental - água e esgoto - que se aparta do poder local responsável

pela gestão do espaço urbano e praticamente inviabiliza as intervenções integradas

de urbanização nas áreas onde mora a população pobre que fica condenada ao

estigma da inviabilidade técnica e econômica de atendimento pelas concessionárias.

Quando o saneamento é transformado em negócio a exclusão social,

evidencia-se mais explicitamente, como apontam Rezende e Heller (2002, p. 21):

Page 25: Sistema individual de tratamento de esgoto

25

A oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma

infraestrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional, que abrange

os seguintes serviços:

Abastecimento de água às populações, com a qualidade

compatível com a proteção de sua saúde e em

quantidade suficiente para a garantia de condições

básicas de conforto;

Coleta, tratamento e disposição ambientalmente

adequada e sanitariamente segura de águas residuárias

(esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e

agrícolas;

Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final

dos resíduos sólidos (incluindo os rejeitos provenientes

das atividades doméstica, comercial e de serviços,

industrial e pública);

Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e

inundações;

Controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos,

roedores, moluscos, etc.);

Saneamento dos alimentos;

Saneamento dos meios transportes;

Saneamento e planejamento territorial;

Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de

educação e de recreação e dos hospitais; e

Controle da poluição ambiental – água, ar e solo,

acústica e visual.

O saneamento básico se restringe:

a) Abastecimento de água às populações, com a

qualidade compatível com a proteção de sua saúde e em

quantidade suficiente para a garantia de condições

básicas de conforto;

b) Coleta, tratamento e disposição ambientalmente

adequada e sanitariamente segura de águas residuárias

(esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e

agrícolas;

c) Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino

final dos resíduos sólidos (incluindo os rejeitos

provenientes das atividades doméstica, comercial e de

serviços, industrial e pública); e

d) Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos

e inundações.

Page 26: Sistema individual de tratamento de esgoto

26

2.2. Abordagem histórica

A importância do saneamento e sua associação à saúde humana remontam

às mais antigas culturas. O saneamento desenvolveu-se de acordo com a evolução

das diversas civilizações, ora retrocedendo com a queda das mesmas, ora

renascendo com o aparecimento de outras.

Os poucos meios de comunicação do passado podem ser

responsabilizados, em grande parte, pela descontinuidade da evolução dos

processos de saneamento e retrocessos havidos. Conquistas alcançadas em

épocas remotas ficaram esquecidas durante séculos porque não chegaram a fazer

parte do saber do povo em geral, uma vez que seu conhecimento era privilégio de

poucos homens de maior cultura. Por exemplo, foram encontradas ruínas de uma

civilização na Índia que se desenvolveu a cerca de 4.000 anos, onde foram

encontrados banheiros, redes de esgoto nas construções e drenagem nas ruas

(Roseu, 1994).

O antigo testamento da Bíblia apresenta diversas abordagens vinculadas às

práticas sanitárias do povo judeu como, por exemplo, o uso da água para limpeza de

roupas sujas que favoreciam o aparecimento de doenças (escabiose). Desta forma

os poços para abastecimento eram mantidos tampados, limpos e longe de possíveis

fontes de poluição (Kottek, 1995).

Existem relatos do ano 2000 a.C., de tradições médicas, na Índia,

recomendando que a água impura devesse ser purificada pela fervura sobre um

fogo, pelo aquecimento no sol, mergulhando um ferro em brasa dentro dela ou podia

ainda ser purificada por filtração em areia ou cascalho, e então resfriada (USEPA,

1990).

Das práticas sanitárias coletivas mais marcantes na antigüidade destacam-

se a construção de aquedutos, banhos públicos, termas e esgotos romanos, tendo

como símbolo histórico a conhecida Cloaca Máxima de Roma. Havia em Roma nove

aquedutos para abastecimento, com extensão que variavam de 16 a 80 km e seção

transversal de 0,65 a 4,65 m2 (Carvalho, 2007).

Entretanto, a falta de difusão dos conhecimentos de saneamento levou os

povos a um retrocesso, originando o pouco uso da água durante a Idade Média,

quando o consumo per capita de certas cidades européias chegou a 1 L por

habitante por dia. Nessa época, houve uma queda nas conquistas sanitárias e

Page 27: Sistema individual de tratamento de esgoto

27

consequentemente sucessivas epidemias. O quadro característico desse período é o

lançamento de dejetos na rua. Nessa ocasião, a construção de aquedutos pelos

mouros, o reparo do aqueduto de Sevilha em 1235, a construção de aqueduto de

Londres com o emprego de alvenaria e chumbo e, em 1183, o abastecimento inicial

de água em Paris, são obras que podem ser citadas.

Somente no século passado é que se começou a dispensar maior atenção à

proteção da qualidade de água, desde sua captação até sua entrega ao consumidor.

Essa preocupação se baseou nas descobertas que foram realizadas a partir de

então, quando diversos cientistas mostraram que havia uma relação entre a água e

a transmissão de muitas doenças causadas por agentes físicos, químicos e

biológicos (Carvalho, 2007).

Ainda nos dias de hoje, mesmo com os diversos meios de comunicação

existentes, verifica-se a falta de divulgação desses conhecimentos. Em áreas rurais

a população consome recursos para construir suas casas sem incluir as facilidades

sanitárias indispensáveis, como poço protegido, fossa séptica, etc.

Assim sendo, o processo saúde versus doença não deve ser entendido

como uma questão puramente individual e sim como um problema coletivo.

2.3. Saúde e saneamento

Sanear quer dizer tornar são, sadio, saudável. Pode-se concluir, portanto,

que Saneamento equivale à saúde. Entretanto, a saúde que o Saneamento

proporciona difere daquela que se procura nos hospitais e nas chamadas casas de

saúde. É que para esses estabelecimentos são encaminhadas as pessoas que já

estão efetivamente doentes ou, no mínimo, presumem que estejam. Ao contrário, o

Saneamento promove a saúde pública preventiva, reduzindo a necessidade de

procura aos hospitais e postos de saúde, porque elimina a chance de contágio por

diversas moléstias. Isto significa dizer que, onde há Saneamento, são maiores as

possibilidades de uma vida mais saudável e os índices de mortalidade

principalmente infantil permanecem nos mais baixos patamares.

O conceito de Promoção de Saúde proposto pela Organização Mundial de

Saúde (OMS), desde a Conferência de Ottawa, em 1986, é visto como o princípio

orientador das ações de saúde em todo o mundo. Assim sendo, parte-se do

Page 28: Sistema individual de tratamento de esgoto

28

pressuposto de que um dos mais importantes fatores determinantes da saúde são

as condições ambientais.

O conceito de saúde entendido como um estado de completo bem-estar

físico, mental e social, não restringe ao problema sanitário ao âmbito das doenças.

Hoje, além das ações de prevenção e assistência, considera-se cada vez mais

importante atuar sobre os fatores determinantes da saúde. É este o propósito da

promoção da saúde, que constitui o elemento principal da proposta da Organização

Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

2.4. Sistemas de Esgotos Sanitários

O surgimento dos sistemas de tratamento ocorre como resultado da

evolução humana. Segundo JORDÃO e PESSOA (1995) a água tem sido o fator

primordial na fixação do Homem e formação de novas comunidades. O ser humano

sempre buscou fixar-se em regiões onde possa saciar suas necessidades mais

elementares: alimento, água e calor. Dessa incansável busca de nossos ancestrais

chega-se a situação atual: densidades populacionais elevadas, sempre próximas a

rios e nascentes.

Segundo a NBR 9648 (1986), esgoto sanitário é o despejo líquido

constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição

pluvial parasitária.

Ainda segundo a mesma norma, esgoto doméstico é o despejo líquido

resultante do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas; esgoto

industrial é o despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os

padrões de lançamento estabelecidos; água de infiltração é toda água proveniente

do subsolo, indesejável ao sistema separador e que penetra nas canalizações;

contribuição pluvial parasitária é a parcela do deflúvio superficial inevitavelmente

absorvida pela rede de esgoto sanitário.

A disposição adequada dos esgotos é essencial à proteção da saúde

pública. São inúmeras as doenças que podem ser transmitidas por uma disposição

inadequada (NUVOLARI, 2003). Segundo Fagundes (2003), cada dólar investido em

saneamento, principalmente em coleta e tratamento de esgotos sanitários, pode

significar uma economia de até 100 dólares gastos com saúde. Dessa forma,

Page 29: Sistema individual de tratamento de esgoto

29

conclui-se que o tratamento de esgoto é fundamental para a melhoria da qualidade

de vida de todos.

O objetivo dos sistemas de tratamento é de controlar a poluição e a

contaminação que são produzidas nos corpos receptores dos resíduos líquidos

localizados nos esgotos sanitários, águas pluviais e despejos industriais (ANVISA,

2002).

O desenvolvimento de sistemas de tratamento de esgotos simples e

econômicos é indispensável para melhorar as condições de saneamento no Brasil,

sendo que estes sistemas devam ser de fácil operação e manutenção e devem

dispensar equipamentos sofisticados.

O processo anaeróbio já se tornou tradicional para tratamento de esgotos de

pequenas populações (até 500 habitantes). Este é constituído por fossas sépticas

seguida de filtro anaeróbio e sumidouro, que são simples e de baixo custo do ponto

de vista operacional e construtivo (EMBRAPA, 2010).

2.5. Composição dos Esgotos Sanitários

O esgoto fresco é cinza, turvo e com pouco, mas desagradável, odor.

Contém muitos sólidos flutuantes: grandes (fezes, plásticos, pedaços de pano,

pedaços de madeira), pequenos (papéis, grãos, etc.) e microscópicos (coloidal)

(Ávila, 2005).

Em climas quentes, o esgoto perde rapidamente o oxigênio dissolvido,

tornando-se séptico. Este tem um odor mais forte, devido à presença de gás

sulfídrico.

Segundo Mara e Silva (1979), somente 0,1% do esgoto é constituído de

sólidos. O restante (99,9%) é composto de água conforme mostrado na figura 2.1.

Page 30: Sistema individual de tratamento de esgoto

30

Figura 2.1 – Composição do esgoto sanitário

Fonte: adaptado de MARA e SILVA (1979)

Os sólidos totais no esgoto podem ser definidos como a matéria sólida que

permanece como resíduo após a evaporação a 103ºC. Quando este resíduo é

calcinado a 550ºC, as substâncias orgânicas se volatilizam (sólidos voláteis) e as

minerais permanecem em forma de cinza (sólidos fixos).

Os sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria orgânica,

enquanto os sólidos fixos representam a matéria inorgânica. Apesar de representar

apenas 0,1% do esgoto, o teor de matéria sólida é a mais importante característica

física para o dimensionamento e controle de operações de unidades de tratamento

(ÁVILA, 2005).

Segundo JORDÃO E PESSÔA, (1995) a fração orgânica (volátil) dos sólidos

é composta de proteínas, carboidratos e gorduras. Esses componentes,

particularmente os dois primeiros, servem como excelente alimento para as

bactérias. Esses organismos microscópicos são largamente explorados nos

tratamentos biológicos dos esgotos. Portanto são as bactérias que “tratam” o esgoto,

através de sua alimentação. Esta alimentação remove o substrato (poluente) da

água residuária. Como poderá ser verificada adiante a degradação da matéria

orgânica obedece a uma cinética química de primeira ordem (normalmente).

2.6. Características dos Esgotos

Os esgotos sanitários variam no espaço, em função de diversas variáveis

desde o clima até hábitos culturais. Por outro lado, variam também ao longo do

tempo, o que torna complexa sua caracterização. METCALF & EDDY (1991)

Page 31: Sistema individual de tratamento de esgoto

31

classificam os esgotos em forte, médio e fraco, conforme as características

apresentadas na Tabela 2.2.

Tabela 2.2: Características físico-químicas dos esgotos

Fonte: METCALF & EDDY (1991)

No Brasil, mesmo que não se tenha informação segura com base local,

costuma-se adotar contribuições “per capita” de 54 e 100 g/habitante.dia para a DBO

de cinco dias e para a DQO, respectivamente.

Em termos de vazão, pode-se afirmar que os esgotos estão sujeitos às

mesmas variações relativas ao consumo de água, variando de região para região,

dependendo principalmente do poder aquisitivo da população. Apenas a título de

referência, pode-se considerar a contribuição típica de 160 L/habitante.dia, referente

ao consumo “per capita” de água de 200 L/habitante.dia e um coeficiente de retorno

água/esgoto igual a 0,8. Para a determinação das vazões máximas de esgotos,

costuma-se introduzir os coeficientes k1 = 1,2 (relativo ao dia de maior produção) e

k2 = 1,5 (relativo à hora de maior produção de esgotos). Consequentemente, a

vazão de esgotos do dia e hora de maior produção é 1,8 vezes, ou praticamente o

dobro da vazão média diária.

Deve ser lembrado que as características dos esgotos são afetadas também

pela infiltração de água subterrânea na rede coletora e pela possível presença de

contribuições específicas, como indústrias com efluentes líquidos ligados à rede

pública de coleta de esgotos.

Page 32: Sistema individual de tratamento de esgoto

32

Os esgotos sanitários possuem excesso de nitrogênio e fósforo. Isto faz com

que, ao ser submetido a tratamento biológico, haverá incorporação desses

macronutrientes nas células que tomam parte do sistema, mas o excesso deverá ser

ainda grande. Esta é uma importante preocupação em termos de tratamento de

esgotos, exigindo tratamento avançado quando se tem lançamento em situações

mais restritivas, sobretudo em represas utilizadas para o abastecimento público de

água potável, onde o problema da eutrofização poderá ter consequências drásticas.

Na Tabela 2.3 são apresentadas concentrações típicas das diversas frações

de sólidos em esgotos.

Tabela 2.3: Concentrações de sólidos em esgotos

Fonte: METCALF & EDDY (1991)

Na Tabela 2.4 são apresentadas algumas características biológicas dos

esgotos, importantes para referenciar as necessidades de desinfecção. Embora a

legislação seja restrita aos índices de coliformes, aplicações dos esgotos como, por

exemplo, na agricultura, podem exigir o controle de outros indicadores.

Tabela 2.4: Concentrações de organismos em esgotos

Fonte: METCALF & EDDY (1991)

Page 33: Sistema individual de tratamento de esgoto

33

2.7. Classificação do Esgoto

De acordo com a sua origem os esgotos poderão ser classificados em

esgotos domésticos, esgotos industriais, esgotos sanitários e esgotos pluviais. A

NBR 9648 de 1986 apresenta as seguintes definições:

Esgoto doméstico: despejo líquido resultante do uso da

água para a higiene e necessidades fisiológicas

humanas.

Esgoto industrial: despejo líquido resultante dos

processos industriais, respeitados os padrões de

lançamento estabelecidos.

Esgoto pluvial: são os esgotos provenientes das águas

de chuva.

Esgoto sanitário: despejo líquido constituído de esgotos

domésticos e industriais água de infiltração e a

contribuição pluvial parasitária. (NBR 7229- 1993).

A vazão de esgoto doméstico pode ser calculada em função da quota per

capta de abastecimento de água, pois as contribuições de esgotos dependem

fundamentalmente do sistema de abastecimento de água e existe uma correlação

entre a quota per capta de abastecimento de água e a produção de esgotos. Esta

relação é chamada de coeficiente de retorno (C), que apresenta uma variação entre

0,5 e 0,9, dependendo das condições locais. A Norma (NBR 9649 – 1986)

recomenda o valor de 0,8 na falta de valores obtidos em campo.

O esgoto doméstico é constituído de uma elevada percentagem de água

(99,9 %) e uma parcela mínima de impurezas que lhes confere características

bastante acentuadas, decorrentes de alterações que ocorrem com o passar do

tempo (decomposição), e por isto, se não receberem um tratamento sanitário

adequado causarão a poluição das águas (Silveira e Tucci (1998).

A utilização da água para fins de abastecimento público origina os esgotos

que deverão ter um recolhimento e uma adequada destinação, para não causar a

poluição do solo, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas e para não

escoarem a céu aberto proporcionando a propagação de doenças.

O esgoto industrial normalmente é intermitente e a sua composição depende

principalmente do tipo e do porte da indústria, bem como da existência de pré-

tratamento. A vazão dos esgotos industriais é em função de uma série de fatores

Page 34: Sistema individual de tratamento de esgoto

34

entre os quais pode-se citar: existência de condições particulares de abastecimento

de água, regime de trabalho da indústria e existência de pré-tratamento e

regularização.

Os esgotos industriais podem ser recebidos na rede coletora de esgotos

domésticos, entretanto, alguns cuidados devem ser tomados no que se refere

principalmente a sua qualidade e a sua quantidade.

Com relação a sua qualidade deverá ser analisada principalmente a

necessidade de um pré-tratamento, para que o esgoto industrial não seja lançado in

natura na rede coletora. O pré-tratamento em princípio deverá ser exigido quando o

esgoto industrial apresentar as seguintes características (Silveira e Tucci, (1998):

Serem nocivos a saúde ou prejudiquem a segurança

dos trabalhos na rede;

Prejudicarem os processos de tratamento;

Causarem obstruções nas tubulações e

equipamentos;

Atacarem as tubulações ou prejudicarem a

durabilidade das estruturas;

Temperaturas elevadas, acima de 40 °C;

Com relação a sua quantidade dois tipos de indústrias

devem ser considerados:

As indústrias que lançam na rede pública quantidades

pequenas de despejos e que sob o ponto de vista de

contribuição de esgotos não são consideradas;

As indústrias que lançam na rede pública quantidades

consideráveis de despejos e que sob o ponto de vista de

contribuição de esgotos devem ser consideradas e

analisadas (normalmente a vazão máxima de

lançamento de despejos da indústria na rede é limitada o

que leva a indústria a utilizar tanques de regularização).

O esgoto pluvial é intermitente e sazonal e depende principalmente da

intensidade e da ocorrência das precipitações atmosféricas.

2.8. Tipos de Tratamento de Esgotos Sanitários

As soluções para o tratamento de esgoto sanitário podem ser individuais ou

coletivas.

Page 35: Sistema individual de tratamento de esgoto

35

2.8.1. Sistemas Individuais

Sistemas adotados para atendimento unifamiliar consistem no lançamento

dos esgotos domésticos gerados em uma unidade habitacional, usualmente em

fossa séptica, seguida de dispositivo de infiltração no solo (sumidouro, irrigação

subsuperficial). Tais sistemas podem funcionar satisfatória e economicamente se as

habitações forem esparsas (grandes lotes com elevada porcentagem de área livre

e/ou em meio rural), se o solo apresentar boas condições de infiltração e, ainda, se o

nível de água subterrânea encontrar-se a uma profundidade adequada, de forma a

evitar o risco de contaminação por microrganismos transmissores de doenças

(FUNASA, 2004).

A ação de saneamento executada por meio de soluções individuais não

constitui serviço público, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar

os serviços, e as ações e os serviços de saneamento básico de responsabilidade

privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador.

2.8.2. Sistemas Coletivos

À medida que a população cresce, aumentando a ocupação de terras (maior

concentração demográfica), as soluções individuais passam a apresentar

dificuldades cada vez maiores para a sua aplicação.

A área requerida para a infiltração torna-se demasiadamente elevada, às

vezes, maior que a área disponível. Os sistemas coletivos passam a ser os mais

indicados como solução para maiores populações.

Os sistemas coletivos consistem em canalizações que recebem o

lançamento dos esgotos, transportando-os ao seu destino final, de forma

sanitariamente adequada. Em alguns casos, a região a ser atendida poderá estar

situada em área afastada do restante da comunidade, ou mesmo em áreas cujas

altitudes encontram-se em níveis inferiores. Nesses casos, existindo área disponível,

cujas características do solo e do lençol d’água subterrâneo sejam propícias à

infiltração dos esgotos, pode-se adotar a solução de atendimento coletivo da

comunidade por meio de uma única fossa séptica de uso coletivo, que também

atuará como unidade de tratamento dos esgotos (BARROS, 1995).

Page 36: Sistema individual de tratamento de esgoto

36

Em áreas urbanas, a solução coletiva mais indicada para a coleta dos

esgotos pode ter as seguintes variantes:

2.8.2.1. Sistema unitário ou combinado

Os esgotos sanitários e as águas da chuva são conduzidos ao seu destino

final, dentro da mesma canalização.

2.8.2.2. Sistema separador

Os esgotos sanitários e as águas da chuva são conduzidos ao seu destino

final, em canalizações separadas.

No sistema unitário ou combinado, as canalizações são construídas para

coletar e conduzir as águas residuárias juntamente com as águas pluviais. Tal

sistema não tem sido utilizado no Brasil, devido aos seguintes inconvenientes

(ALOCHIO, Luiz Henrique, 2007):

Grandes dimensões das canalizações;

Custos iniciais elevados;

Riscos de refluxo do esgoto sanitário para o interior das residências,

por ocasião das cheias; e

As estações de tratamento não podem ser dimensionadas para tratar

toda a vazão que é gerada no período de chuvas.

a) O afastamento das águas pluviais é facilitado, pois pode-se ter diversos

lançamentos ao longo do curso d’água, sem necessidade de seu transporte a

longas distâncias;

b) Menores dimensões das canalizações de coleta e afastamento das águas

residuárias;

c) Possibilidade do emprego de diversos materiais para as tubulações de

esgotos, tais como tubos cerâmicos, de concreto, PVC ou, em casos

especiais, ferro fundido;

d) Redução dos custos e prazos de construção;

e) Possível planejamento de execução das obras por partes, considerando a

importância para a comunidade e possibilidades de investimentos;

f) Melhoria nas condições de tratamento dos esgotos sanitários; e

Page 37: Sistema individual de tratamento de esgoto

37

g) Não ocorrência de transbordo dos esgotos nos períodos de chuva intensa,

reduzindo-se a possibilidade da poluição dos corpos d’água.

O sistema separador possui duas modalidades principais:

2.8.2.2.1. Sistema convencional

Segundo BARROS, (1995) Sistema convencional é a solução de

esgotamento sanitário mais frequentemente utilizada.

As unidades que podem compor um sistema convencional de

esgotamento sanitário são as seguintes:

Canalizações: coletores, interceptores, emissários;

Estações elevatórias;

Órgãos complementares e acessórios;

Estações de tratamento;

Disposição final; e

Obras especiais

2.8.2.2.2. Sistema condominial

O sistema condominial de esgotos tem sido apresentado como uma

alternativa a mais no elenco de opções disponíveis ao projetista, para que ele faça a

escolha quando do desenvolvimento do projeto, constituindo uma nova relação entre

a população e o poder público, tendo como características uma importante cessão

de poder e a ampliação da participação popular, alterando, destarte, a forma

tradicional de atendimento à comunidade.

Page 38: Sistema individual de tratamento de esgoto

38

2.9. Classificação das Etapas de Tratamento

Em estações de tratamento de esgoto sanitário, é comum que se divida as

etapas do sistema. Segundo JORDÃO E PESSÔA (1995), GONÇALVES (1997),

MACINTYRE (1996) E NETTO (1977) – estes dois últimos com ressalvas,

comentados mais abaixo – classificam as etapas em tratamento preliminar,

tratamento primário, tratamento secundário e tratamento terciário. Sistemas de

tratamento preliminar compreendem as atividades destinadas à remoção de sólidos

grosseiros, areias, graxas e óleos. Nesta classe estão situados tanques de retenção,

grades e caixas de areia.

Sistemas de tratamento primário compreendem as atividades de

decantação, flotação e digestão de sólidos. Nesta classe situam-se decantadores

primários, tanques de flotação e digestores primários do lodo (JORDÃO e PESSOA,

1995).

Sistemas de tratamento secundário compreendem as atividades que visam a

diminuição dos contaminantes biológicos. Desta categoria, estão presentes os filtros

biológicos, reatores de lodos ativados, decantação secundária e lagoas de

estabilização.

Sistemas de tratamento terciário compreendem atividades complementares

ao tratamento secundário, como remoção de nutrientes, desinfecção e remoção de

complexos orgânicos. São previstos em estações que necessitem um alto grau de

tratamento de efluente final. Nesta classe, situam-se os cloradores e ozonizadores,

processos de remoção de nutrientes e lagoas de maturação. Nesta divisão,

apresentada (tratamento preliminar, primário, secundário e terciário) pelos autores

citados, existem duas pequenas divergências. Macintyre (1996) acredita que os

tratamentos preliminares, como o gradeamento, façam parte de sistemas de

tratamento primário. Apesar de o autor classificar esta etapa como tratamento

preliminar, assim como os demais autores mencionados, ele sugere que este tipo de

tratamento esteja englobado nos sistemas primários. Netto (1977), propõe um

desmembramento de sistemas de tratamento terciário em: tratamento terciário e

desinfecção; sendo que esta última é tratada pelos demais autores como sendo

parte integrante de um tratamento terciário.

Segundo Pessôa, (1995) existe também a classificação dos processos de

tratamento em físicos, químicos e biológicos. Processos onde há predominância de

Page 39: Sistema individual de tratamento de esgoto

39

atividades de decantação, filtração, incineração, diluição ou homogeneização podem

ser classificados como processos físicos. A adição de elementos químicos

caracteriza uma etapa química. Quando há necessidade da ação de

microorganismos para que os processos possam ocorrer, chamam-se estes de

biológicos.

Uma estação de tratamento de esgoto conterá os níveis necessários para o

tratamento do efluente de acordo com o tipo e quantidade de poluentes encontrados

nele. Os mecanismos de remoção dos poluentes que independem do nível de

tratamento do esgoto são (Souto, 2008):

Para remoção dos sólidos: gradeamento, retenção de

sólidos com dimensões superiores a tubulação;

sedimentação, separação de partículas com densidade

superior à do esgoto; absorção, retenção na superfície

de aglomerados de bactérias ou biomassa;

Para remoção da matéria orgânica: sedimentação,

separação de partículas com densidade superior à do

esgoto; absorção, retenção na superfície de

aglomerados de bactérias ou biomassa; estabilização,

utilização pelas bactérias como alimento, com conversão

a gases, água e outros compostos inertes; e

Para remoção de organismos transmissores de doenças:

radiação ultravioleta, radiação do sol ou artificial;

condições ambientais adversas, pH, falta de alimento,

competição com outras espécies; desinfecção, adição de

algum agente desinfetante.

O padrão da qualidade da água que deve sair da estação de tratamento de

esgoto está regulamentado pela resolução CONAMA Nº 357/05. Dentre outras

substâncias, o nível de coliformes fecais não deve ultrapassar um limite de 200

coliformes termo tolerantes por 100 mililitros em 80%, ou mais, de, pelo menos, 6

amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral.

2.10. Importância dos Sistemas de Esgoto Sanitário

Segundo Nuvolare (2003, p. 38), “As principais finalidades, na implantação

de esgoto sanitário numa cidade, relaciona-se a três aspectos: higiênico, social e

econômico”.

Page 40: Sistema individual de tratamento de esgoto

40

O autor ainda afirma que:

Do ponto de vista higiênico, o objetivo é a prevenção, o

controle e a erradicação das muitas doenças de origens

hídricas, responsáveis por altos índices de mortalidade

precoce, mormente de mortalidade infantil, um dos

maiores e mais sensíveis índices na saúde publica.

Nesse sentido o sistema promove o tratamento do

efluente a ser lançado nos corpos receptores naturais,

de maneira rápida e segura.

Sob o aspecto social, o objetivo visa a melhoria da

qualidade de vida da população, pela eliminação de

odore desagradáveis, repugnantes e que prejudicam o

aspecto visual, a estética, bem como a recuperação dos

depósitos de água natural e de suas margens para

prática recreativa, esporte e lazer.

Do ponto de vista econômico, o objetivo envolve questões como a geração

de emprego e melhoria ambiental, tanto urbana como rural (Nuvolare, 2003).

Page 41: Sistema individual de tratamento de esgoto

41

_________________________________________________________CAPÍTULO 3

3. SISTEMAS INDIVIDUAIS DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Os sistemas individuais são adotados normalmente para o atendimento

unifamiliar e é constituído por uma fossa séptica e um dispositivo de infiltração no

solo que poderá ser um poço negro (sumidouro) ou outro dispositivo de irrigação

sub-superficial (vala), (ALOCHIO, 2007).

Para que estes sistemas funcionem satisfatoriamente as habitações tem que

ser esparsas (lotes grandes com elevada percentagem de área livre), o solo deverá

apresentar boas condições de infiltração, e o lençol freático deve estar em uma

profundidade adequada para não haver risco de contaminação por microorganismos

transmissores de doenças (microorganismos patogênicos).

3.1. Tipos de Fossas

De acordo com o manual de saneamento (FUNASA, 2006) há diversas

variações de fossas destinadas a receber os esgotos domésticos. No quadro 3.1 são

apresentadas algumas categorias de fossas assim como suas características.

Quadro 3.1: Tipos de fossas e suas respectivas características

TIPO DE FOSSA CARACTERISTICAS

FOSSA SECA

Constitui-se de uma escavação, com ou sem revestimento,

de uma laje de tampa com um orifício e de uma “casinha”

servindo de proteção e abrigo do usuário. É destinada a

receber somente excretas (fezes), sem uso de descarga

d’água, que se decompõe ao longo do tempo pelo processo

de digestão anaeróbia.

FOSSA

ESTANQUE

É um tanque impermeável, no qual são dispostos os esgotos

que são ali acumulados até sua remoção frequente. Pode ser

construída em alvenaria de tijolos, mas modernamente são

mais utilizadas as pré-moldadas em concreto, em plástico,

em resinas estruturadas com fibra de vidro, etc.

Page 42: Sistema individual de tratamento de esgoto

42

FOSSA NEGRA

Consta de um buraco que apresenta seu fundo sob ou a

menos de 1,5 metros do lençol freático. O seu emprego deve

ser evitado, tendo em vista a provável contaminação das

águas subterrâneas, possíveis problemas de exalação de

mal odores e desenvolvimento de mosquitos.

FOSSA

ABSORVENTE

Também conhecida como poço absorvente, encontra-se

desde as mais rudimentares, que pouco mais são que

simples buracos no solo, até construções mais elaboradas,

com paredes de sustentação em alvenaria de tijolo ou anéis

de concreto, sempre com aberturas e fendas que permitem a

infiltração dos esgotos, e devidamente cobertas, geralmente

com laje de concreto. Podem ser estruturadas retangulares,

mas geralmente são cilíndricas, e as paredes de sustentação

mais usuais são em alvenaria de tijolos, que utilizam tijolos

vazados com os furos no sentido radial (exceto na parte

superior e algumas fiadas de amarração) ou tijolos maciços

com fendas entre os tijolos na maioria das fiadas da parede.

Geralmente não tem fundo revestido, para permitir a

infiltração da água, mas em algumas há uma camada de

brita constituindo a base do fundo.

Fonte: ANDREOLI (2009), FUNASA (2006 p. 170) e OLIVEIRA e VON SPERLING (2006 p. 6).

3.2. Tanques Sépticos (TS)

3.2.1. Conceitos

É uma unidade cilíndrica ou prismática de seção retangular de fluxo

horizontal para o tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e

digestão (NBR 7229/1993). O efluente deste tanque deverá ser transportado para

um filtro biológico, valas de filtração, valas de infiltração, sumidouro ou para a rede

coletora de esgoto mostrado na figura 3.1.

Page 43: Sistema individual de tratamento de esgoto

43

Figura 3.1: Demonstração de transporte de efluente no conjunto Fossa, Filtro e Sumidouro.

Fonte: Tecnosab

Os Tanques Sépticos são recipientes construídos ou instalados no local para

manter durante tempo determinado os dejetos domésticos, industriais, ou

comerciais, com o objetivo de sedimentar os sólidos e reter o material contido nos

esgotos, para transformá-los bioquimicamente, em substâncias e compostos mais

simples e menos poluentes. São utilizados em locais desprovidos de rede pública de

esgoto.

O Tanque Séptico pode receber os dejetos de uma ou várias edificações,

desde que sua capacidade seja compatível com a quantidade de pessoas que

utilizam.

Seguindo os padrões da classificação apresentada no item anterior, pode-se

dizer que o tanque séptico corresponde a um sistema de tratamento primário e físico

biológico (predominância da sedimentação do material sólido e digestão). Pela

simplicidade de construção e manutenção é um sistema muito difundido, e está

presente na maioria das estações de tratamento residenciais. Também é conhecido

e tratado por alguns autores como Fossa Séptica CREDER (1991), MACINTYRE

(1996) e JORDÃO, PESSÔA (1995), podendo ser definida como:

Fossas Sépticas são câmaras convenientemente

construídas para reter os despejos domésticos e/ou

indústrias, por um período de tempo especificamente

estabelecido, de modo a permitir sedimentação dos

sólidos e retenção do material graxo contido nos

esgotos, transformando-os, bioquimicamente, em

substâncias e compostos mais simples e estáveis.

(JORDÃO, PESSÔA, 1995, p. 260).

Page 44: Sistema individual de tratamento de esgoto

44

3.2.2. Tipos de Tanques Sépticos

A NBR 7229, (1993) - Projeto, construção e operação de tanques sépticos –

prevê opção de uso dos tanques sépticos em seções prismáticas (retangulares) e

circulares. Também prevê a opção de operação em câmara única ou múltipla.

CHERNICHARO (1997) define três tipos de tanques sépticos: câmara única,

câmaras em série e câmaras sobrepostas. Na figura 3.2 são mostrados os três tipos

de tanques sépticos normatizados pela NBR 7229, (1993).

Figura 3.2 – Tipos de Tanques Sépticos

Fonte: adaptado de CHERNICHARO (1997)

Segundo CHERNICHARO (1997), o tanque sobreposto, no tanque séptico

com câmaras sobrepostas, tem a função de favorecer a decantação dos sólidos sem

a interferência dos gases gerados na digestão anaeróbia.

Para ANDRADE NETO et al (2000), um tanque de duas câmaras (em série),

possibilita que o primeiro compartimento funcione melhor como um reator biológico,

acumulando maior quantidade de lodo decantado. Já na segunda câmara, devido a

uma maior tranqüilidade do fluxo, ocorre a sedimentação dos sólidos mais

eficientemente. Portanto, em tanques com duas câmaras em série, a primeira se

encarrega da digestão e a segunda da decantação dos sólidos. OLIVEIRA (1983

apud PILOTTO, 2004) ainda ressalta que a segunda câmara pode contribuir para a

remoção de coliformes fecais e sólidos em suspensão.

3.2.3. Princípios de Funcionamento

Os dois princípios básicos de funcionamento de um Tanque Séptico

envolvem sedimentação e digestão do lodo. Além destes, no Tanque Séptico (TS)

existem reações anaeróbias de estabilização da parte líquida, não tão importantes.

Page 45: Sistema individual de tratamento de esgoto

45

Estas reações existem, pois todo TS possui um tempo de detenção, e será durante

este tempo que estas reações irão ocorrer. Tanto o lodo – resultante da

sedimentação das partículas sólidas – quanto a escuma (material flutuante, formado

por óleos e graxas) é atacada por bactérias predominantemente anaeróbias,

oferecendo um melhor grau de tratamento do que um simples processo de

sedimentação. Este processo oferece uma redução no volume de lodo, além de sua

estabilização. Alguns cuidados devem ser tomados antes do lançamento do afluente

no TS. A NBR 8160 (1999) exige o uso de caixas de gordura antes do TS.

Muitas vezes, somente o Tanque Séptico não oferece um efluente final com

características aceitáveis, que variam de acordo com o corpo receptor e a legislação

vigente. A água residuária que sai do TS ainda possui mau cheiro, grande

quantidade de sólidos e organismos patogênicos, além de alta quantidade de

nutrientes e DBO.

A NBR 7229, (1993) também define Tanque Séptico de Câmara Única como

“unidade de apenas um compartimento, em cuja zona superior devem ocorrer

processos de sedimentação e de flotação e digestão da escuma, prestando-se a

zona inferior ao acúmulo e digestão do lodo sedimentado” . Isso ainda remete as

definições de lodo, “material acumulado na zona de digestão do tanque séptico, por

sedimentação de partículas sólidas suspensas no esgoto”; e escuma, “massa

constituída por graxos e sólidos em mistura com gases que ocupa a superfície livre

do líquido no interior do tanque séptico” (NBR 7229/1993). Na figura 3.3 segue um

resumo dessas principais reações ocorridas no tanque séptico.

Figura 3.3 – Tanque séptico e seu funcionamento

Fonte: NBR 7229, (1993)

Page 46: Sistema individual de tratamento de esgoto

46

O tanque séptico funciona como um decantador e um digestor em uma

mesma unidade (ANDRADE NETO et al. 2000). A figura 3.4 mostra-se a Seção de

um tanque séptico de câmara única, demonstrando algumas funções importantes.

Figura 3.4 – Seção de um tanque séptico de câmara única

Fonte: ÁVILA, (2005).

Os tanques sépticos realizam diversas funções concomitantemente. Entre

elas, cabe citar:

a) Decantação - separação de fases (sólida, líquida e gasosa). Segundo

ANDRADE NETO et al, (2000) a decantação é tanto maior quanto maior o

tempo de detenção médio dos esgotos no reator e menor a turbulência;

b) Sedimentação – deposição de sólidos de densidade maior que a água

pela ação da gravidade;

c) Flotação dos sólidos - pequenas bolhas de gases, produzidas na digestão

anaeróbia, aceleram a ascensão de partículas menos densas, formando a escuma.

Segundo ANDRADE NETO et al. (2000), a camada de escuma formada pode ter

espessura de 20 a 25 cm e é constituída por gorduras e produtos orgânicos

biodegradáveis, preponderantemente;

d) Desagregação e digestão do material sedimentado (lodo) e do material

flutuante (escuma) – a maior atividade biológica ocorre no lodo sedimentado;

e) Tratamento anaeróbio da fase líquida em escoamento, devido à mistura

natural do lodo com os esgotos e ao tempo de detenção hidráulica maior que nos

decantadores usuais. A ação biológica na fase líquida pode ser significativa,

principalmente em climas quentes.

Page 47: Sistema individual de tratamento de esgoto

47

As várias fases da digestão anaeróbia, as correntes de convecção térmica e

os gases ascendentes fazem com que o lodo sedimentado e a escuma mudem de

densidade. Estes fatos, associados à turbulência de fluxo, fazem com que parte dos

sólidos sedimentados e do lodo ativo misturem-se com a fase líquida, aumentando a

eficiência do reator na remoção de matéria orgânica dissolvida.

O tratamento do esgoto pelo tanque séptico não apresenta alta eficiência,

mas produz efluente de qualidade razoável, que pode ser encaminhado a um pós-

tratamento complementar, de preferência aquele que remove matéria orgânica

dissolvida. Na tabela 3.1 são apresentadas as eficiências de remoção de alguns

parâmetros com o uso dos tanques sépticos.

Tabela 3.1 – Eficiência dos tanques sépticos

PARÂMETRO EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO NO TS

DQO 40 a 70%

DBO 40 a 70%

Sólidos suspensos totais (SST) 50 a 80%

Fonte: adaptado de JORDÃO e PESSÔA (1995) e ANDRADE NETO et al. (2000)

A eficiência de um tanque séptico depende de vários fatores, como carga

orgânica volumétrica, carga hidráulica, geometria, arranjo das câmaras, temperatura

e condições de operação.

Segundo JORDÃO e PESSÔA (1995), as fossas sépticas de câmara única

ou de câmaras sobrepostas têm eficiência na remoção de DBO na faixa de 30 a

50%. Já as de câmaras em série têm eficiência na faixa de 35 a 65%. A eficiência na

remoção de sólidos suspensos fica em torno de 60%.

3.2.4. Projeto do Tanque Séptico

O dimensionamento do Tanque Séptico deve atender a disposição da Norma

Brasileira NBR 7229, (1993). O Tanque Séptico pode possuir uma única câmara,

câmaras em série, ou câmaras sobrepostas. Além disso, sua seção transversal pode

ser retangular ou circular. No caso do formato retangular, a sua relação

comprimento/largura deve estar compreendida entre 2:1 e 4:1. A altura está

Page 48: Sistema individual de tratamento de esgoto

48

relacionada com o volume útil do tanque séptico, sendo que para volumes inferiores

a 6000 litros, adota-se uma altura entre 1,2 e 2,2 metros.

A normalização brasileira vigente relativa ao projeto de tanque séptico

considera os seguintes parâmetros no seu dimensionamento:

a) Número de pessoas a serem atendidas: é o número

de pessoas que habitam o local. Entretanto, há

possibilidade de variação do número de ocupantes em

qualquer residência. Em virtude disso, a NBR 7229,

(1993) adotou os seguintes padrões:

i) Duas pessoas por quarto, exceto quarto de

empregada;

ii) Uma pessoa por dependência destinada à empregada

doméstica.

b) Contribuição de despejos: é a contribuição diária, por

habitante, de esgoto. Está relacionado com o padrão da

edificação. A NBR 7229, (1993) sugere os seguintes

padrões:

i) Residência padrão baixo: 100 litros/pessoa.dia

ii) Residência padrão médio: 130 litros/pessoa.dia

iii) Residência padrão alto: 160 litros/pessoa.dia

c) Período de detenção de despejos: é o período em que

o esgoto fica retido no tanque séptico. Ele varia de

acordo com o volume de contribuição diária de despejos:

i) Até 1500 litros de contribuição diária: período de

detenção de 01 (um) dia;

ii) De 1501 a 3000 litros de contribuição diária: período

de detenção de 0,92 dias.

d) Contribuição de lodo fresco: representa a contribuição

de lodo fresco por pessoa em um dia. A NBR 7229,

(1993) especifica como sendo igual a 01 litro por pessoa

por dia, para ocupantes permanentes (aplicável a

qualquer residência).

e) Taxa de acumulação total de lodo: representa a

taxa de acumulação de lodo em dias, e está relacionada

com o intervalo de limpeza do tanque séptico e com a

média da temperatura ambiente do mês mais frio, onde o

tanque opera.

Page 49: Sistema individual de tratamento de esgoto

49

A normalização brasileira (NBR 7229/93) sugere os seguintes valores para

taxa de acumulação de lodo:

Intervalo entre limpezas de 01 ano (10ºC≤t≤20ºC):taxa

de acumulação de lodo de 65 dias;

Intervalo entre limpezas de 02 anos (10ºC≤t≤20ºC):taxa

de acumulação de lodo de 105 dias;

Intervalo entre limpezas de 03 anos (10ºC≤t≤20ºC):taxa

de acumulação de lodo de 145 dias;

Intervalo entre limpezas de 04 anos (10ºC≤t≤20ºC):taxa

de acumulação de lodo de 185 dias;

Intervalo entre limpezas de 05 anos (10ºC≤t≤20ºC):taxa

de acumulação de lodo de 225 dias.

3.2.5. Eficiência

Macintyre (1996) sugere, para uma instalação de Tanque Séptico bem

projetado e construído, as seguintes eficiências:

a) Remoção de sólidos em suspensão 50 a 70%

b) Redução de bacilos coliformes 40 a 60%

c) Redução da DBO 30 a 60%

d) Remoção de graxas e gorduras 70 a 90%

Jordão et al. (1995) acreditam que a remoção dos sólidos em suspensão,

por sedimentação, está em torno de 60%. Esta sedimentação forma, no fundo do

tanque, uma substância semilíquida denominada de lodo.

A norma vigente relacionada ao projeto de Tanque Séptico, a NBR 7229/

1993, sugere a utilização de câmara múltipla para maior eficiência no tratamento.

3.2.6. Operação e Manutenção

A NBR 7229, (1993) estabelece que o tempo de limpeza dos tanques

sépticos deve ser o mesmo previsto em projeto, mas faz uma ressalva, permitindo o

aumento ou uma diminuição no intervalo caso ocorram variações nas vazões

previstas, assim como a limpeza do Tanque Séptico, quando necessária, não seja

completa; deve-se deixar cerca de 10% do volume de lodo existente. Antes de

qualquer operação no interior dos tanques, deve-se deixar sua tampa aberta por no

Page 50: Sistema individual de tratamento de esgoto

50

mínimo 5 minutos, prevenindo o risco de explosões e intoxicação proveniente dos

gases do Tanque Séptico.

3.2.7. Observações Gerais

Seguindo as recomendações encontradas na NBR 7229, (1993), deve-se estar

atento a algumas informações:

a) Respeitar distâncias mínimas de 1,5 metros de

construções, limites do terreno, ramal predial de água e

sumidouro;

b) Respeitar distâncias mínimas de 3 metros de árvores

e demais pontos de rede pública de água;

c) Respeitar as distâncias mínimas de 15 metros de

poços freáticos e corpos d’água;

d) O tanque séptico deve ser construído de forma que

possua resistência mecânica, química e seja

impermeável;

e) A tubulação de entrada e saída deverão possuir

formato de “T”, sendo que a tubulação de saída deverá

estar imersa em um terço da altura útil do tanque. A

tubulação de entrada estará imersa 5 centímetros a

menos que a tubulação de saída.

Na figura 3.6 são mostradas as dimensões internas mínimas para tanque

séptico segundo a NBR 7229, (1993).

Figura 3.6 – Dimensões internas mínimas – Tanque Séptico NBR 7229/93

Fonte: adaptado de ABNT (NBR 7229/1993) e PILOTTO (2004)

Page 51: Sistema individual de tratamento de esgoto

51

h: profundidade útil do tanque (min. 120 cm)

H: Profundidade interna total do tanque

3.2.8. Localização e distâncias mínimas

A localização dos tanques sépticos deverá ser de forma a atender as

seguintes condições (CPRH, 2004 e NBR 7229/2003):

a) Possibilidade de fácil ligação do coletor predial de esgoto à futura rede

coletora a ser implantada na via pública.

b) Facilidade de acesso, tendo em vista a necessidade de remoção do lodo

digerido.

c) Não comprometimento dos terrenos vizinhos, exigindo-se que os sistemas

de disposição dos efluentes no terreno, quaisquer que sejam os tipos admitidos,

guardem uma distância mínima de um metro da divisa do lote.

d) Não comprometimento da estabilidade dos prédios e das condições

mínimas de higiene, exigindo-se que o sistema de disposição do efluente do tanque

séptico seja construído em terreno a céu aberto, guardando distância mínima de 1,5

metros de qualquer obstáculo como fundações, paredes das garagens do subsolo,

depósitos subterrâneos, etc.

Os tanques sépticos devem observar as seguintes distâncias horizontais

mínimas para sua instalação, sendo considerada a distância mínima a partir da face

externa mais próxima aos elementos considerados:

a) 1,5 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração

e ramal predial de água.

b) 3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento

de água.

c) 15,0 m de poços freáticos.

d) 5,0 m para reservatórios de água enterrados e piscinas.

e) Distância mínima de 30,0 m para qualquer corpo de água, conforme Lei

Federal nº. 4771/65 (Código Florestal).

Page 52: Sistema individual de tratamento de esgoto

52

3.2.9. Materiais

Os tanques sépticos devem ser construídos em concreto, alvenaria ou outro

material que atenda às condições de segurança, durabilidade, estanqueidade e

resistência a agressões químicas dos despejos, observadas as normas de cálculo

(NBR 7229/93).

3.2.10. Procedimentos

Os tanques sépticos são sistemas de tratamento primário de esgotamento

sanitário que recebem esgotos basicamente em estado bruto e os tratam com uma

eficiência não muito elevada.

Devido ao conteúdo do tanque colocar em risco a saúde humana este deve

atender a diversos parâmetros construtivos para ser operado com a segurança

adequada à população. Apesar de não ser o enfoque desse trabalho, a seguir são

apontados alguns dos principais parâmetros construtivos.

A NBR 7229/93 e diversos manuais técnicos (CPRH, 2004) sugerem ainda

particularidades construtivas. Para o presente trabalho considerou-se importante

destacar:

a) Realizar testes de estanqueidade (pré-operação);

b) Remoção de lodo e escuna nos períodos estabelecidos de projeto;

c) Previsão de aberturas de inspeção (mínimo com a menor dimensão de

60 cm);

d) Aguardar 5 minutos (mínimo) com a tampa de inspeção aberta antes de

realizar qualquer operação no interior do tanque, visando à remoção de

gases tóxicos e explosivos;

e) Prever sistemas de disposição de lodo e escuma.

Page 53: Sistema individual de tratamento de esgoto

53

Tabela 3.2: Contribuição diária de esgoto(c) e de lodo fresco (Lf)

Prédio Unidade Contr. de Esgotos

(C)

Contrib. de lodo

fresco (Lf)

1.Ocupantes

permanentes

*residência

Padrão alto Pessoa 160 1

Padrão médio Pessoa 130 1

Padrão baixo Pessoa 100 1

*hotel (exceto

lavanderia e

cozinha)

Pessoa 100 1

*alojamento

provisório Pessoa 80 1

2. Ocupantes

Temporários

*fábrica em geral Pessoa 70 0,3

*escritório Pessoa 50 0,2

*edifícios públicos

ou comerciais Pessoa 50 0,2

*escolas

(externatos) e

locais de longa

permanência

Pessoa 50 0,2

*bares Pessoa 6 0,1

*restaurantes e

similares Pessoa 25 0,1

*cinemas, teatros e

locais de curta

permanência

Pessoa 2 0,02

*sanitários

públicos* Pessoa 480 4

Fonte: NBR 7229, (1993)

Page 54: Sistema individual de tratamento de esgoto

54

Tabela 3.3: Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária

Fonte: NBR 7229, (1993)

Tabela 3.4: Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil

Fonte: NBR 7229, (1993)

Tabela 3.5: Taxa de acumulação de lodo (K), em dias, por intervalo de limpeza e temperatura média do mês mais frio.

Fonte: NBR 7229, (1993)

Page 55: Sistema individual de tratamento de esgoto

55

3.3. Filtro Anaeróbio

3.3.1. Conceitos

O filtro anaeróbio é uma “unidade destinada ao tratamento de esgoto,

mediante afogamento do meio biológico filtrante” (NBR 7229, 1993, p. 2). Seguindo

os padrões da classificação apresentada no item 2.9, pode-se dizer que o filtro

anaeróbio representa um sistema de tratamento secundário e físico-biológico. É de

grande utilidade em projetos que requerem um melhor grau de tratamento que o

simples uso de tanque séptico seguido de infiltração no solo. É um tanque de forma

cilíndrica ou prismática (seção retangular ou quadrada), com fundo falso, leito

filtrante de brita nº 4, destinado ao tratamento do efluente do tanque séptico, quando

este exigir um tratamento adicional como mostra a figura 3.7.

Figura 3.7: Filtro Anaeróbio visto em corte com detalhes

Fonte: Tecnifossas

O efluente deste filtro será destinado a uma vala de infiltração, vala de

filtração ou outra solução tecnicamente indicada.

3.3.2. Princípios de Funcionamento

O Filtro Anaeróbio é caracterizado por um tanque preenchido por um

material filtrante, geralmente pedra britada. Os microorganismos aderidos às

paredes deste material filtrante formam o biofilme que, ao receberem os despejos

Page 56: Sistema individual de tratamento de esgoto

56

contendo matéria orgânica, iniciam o processo de digestão anaeróbia. Para tal,

agem as bactérias anaeróbias, conforme as reações apresentadas no 3.7.

3.3.3. Projeto do Filtro Anaeróbio

O dimensionamento do filtro anaeróbio deve seguir as recomendações da

NBR 13969 (1997).

A NBR 13969, (1997) considera como parâmetros para dimensionamento o

número de pessoas a serem atendidas, a contribuição de despejos e o período de

detenção de despejos. Os dois primeiros seguem o mesmo padrão do apresentado

no Tanque Séptico, enquanto o período de detenção de despejos sofre alteração

com relação à norma referente a Tanque Séptico a NBR 7229, (1993). Na NBR

13969, (1997) as faixas de temperatura – uma variável na determinação do tempo

de detenção – são diferentes. Alguns dos valores sugeridos são:

a) Até 1500 litros de contribuição diária e 15ºC≤t≤25ºC: período de detenção

de1, 00 dia;

b) De 1501 a 3000 litros de contribuição diária e 15ºC≤t≤25º: período de

detenção de 0,92 dias;

3.3.4. Eficiência

O filtro anaeróbio, quando precedido de tanque séptico, possui provável

remoção de DBO5,20 situada entre 40 e 75 % segundo a NBR 13969, (1997). Os

valores aqui mencionados referem-se a unidades dimensionadas de acordo com a

normalização brasileira vigente, e variam conforme as condições de operação, como

temperatura, manutenção, entre outros.

3.3.5. Operação e Manutenção

A NBR 13969, (1997) recomenda a utilização de uma bomba de recalque

para limpeza do filtro anaeróbio, através de sucção contra-fluxo. Caso a operação

não seja suficiente, ela ainda sugere o lançamento de água em cima do filtro, com

posterior sucção. Sendo que se deve lavar completamente o material filtrante

contido no filtro biológico. Assim que constatado obstrução no fluxo de esgoto no

filtro anaeróbio, deve-se providenciar a limpeza do mesmo.

Page 57: Sistema individual de tratamento de esgoto

57

3.3.6. Observações Gerais

Seguindo as recomendações encontradas na NBR 13969, (1997), deve-se

estar atento a algumas informações:

Prever a existência de um tubo guia, com diâmetro de

150 mm, que será utilizada para uma eventual retro

lavagem no filtro;

Projetar o fundo do filtro com declividade de 1% no

sentido do poço de drenagem, para que o líquido possa

escorrer até este;

Utilizar brita nº 4, com as dimensões mais uniformes

possíveis, aumentando o número de vazios e reduzindo

a possibilidade de entupimento precoce do filtro;

Distribuição do afluente no filtro através de tubulação

perfurada (furos de diâmetro de 1 centímetro, a cada 20

centímetros, distribuídos em 4 linhas longitudinais;

O filtro anaeróbio deve ser construído de forma que

possua resistência mecânica, química e seja

impermeável

Devem-se respeitar as distâncias mínimas de 1,5 metros

de construções e limites de terrenos, 3 metros de

árvores e pontos da rede pública e 15 metros de poços

freáticos e corpos d’água.

3.4. Sumidouro

3.4.1. Conceitos

Sumidouro ou fossa absorvente são escavações feitas no terreno, para

receber efluentes da fossa séptica ou mesmo diretamente do vaso sanitário em

cujas paredes deverão se infiltrar. É um poço seco escavado e não

impermeabilizado, que orienta a infiltração de água residuárias no solo (NBR

7229/1993). Deverá ser revestido com alvenaria em crivo ou anéis de concreto

furados. Dependendo das características do solo, o revestimento poderá ser

dispensado como mostrado na figura 3.8.

Page 58: Sistema individual de tratamento de esgoto

58

Figura 3.8: Execução de um Sumidouro em alvenaria de tijolos cerâmicos

Fonte: www.saneamentodogato.xpg.com.br

3.4.2. Princípios de Funcionamento

Para evitar a contaminação do lençol de água subterrânea (lençol, freático)

ela deve ser construída com uma distância mínima de 15 metros de cacimbas ou

poços e de preferência em nível de terreno mais baixo que o do poço.

O sumidouro utiliza a capacidade natural de infiltração do solo para absorver

o efluente final do sistema de tratamento. Orientando o local da disposição final do

despejo no solo. É recomendável em locais que o lençol freático possui boa

distância em relação ao nível do terreno.

Sua construção é realizada geralmente com revestimento em alvenaria de

tijolos cerâmicos furados ou de tijolos comuns assentados com juntas livres, ou com

anéis de concreto convenientemente furados para facilitar a infiltração nas paredes

laterais do terreno. Recomenda-se revestir o fundo com brita, pedregulho e

cascalho.

É prática errônea a construção de fossas sumidouros com as paredes

totalmente impermeabilizadas, pensando em se evitar a penetração da água de

chuva no seu interior. Deve-se salientar que a elevação do nível líquido da fossa é

ocasionada pela redução da capacidade de absorção do solo quando da colmatação

Page 59: Sistema individual de tratamento de esgoto

59

dos crivos das paredes laterais ou pela subida do nível do lençol freático quando da

saturação do terreno.

3.4.3. Projeto do Sumidouro

No dimensionamento da unidade de disposição final de águas residuárias, é

levado em consideração, de acordo com a NBR 13969, (1997), o número de

pessoas, a contribuição de despejos e a taxa máxima de aplicação diária. Os dois

primeiros são comuns a todas outras unidades já dimensionadas. A taxa máxima de

aplicação diária deve ser determinada através de ensaio no local onde será

implantado o sumidouro. A NBR 13969, (1997) regulamenta e dá suporte para a

realização do ensaio.

Segundo a NBR 13969, (1997) para se evitar que a elas tenham uma

redução na sua vida útil, deve-se construí-lo obedecendo aos seguintes parâmetros:

Projetá-la usando os dados do teste de percolação do terreno e do volume útil

do efluente do esgoto proveniente da fossa séptica ou diretamente do vaso

sanitário;

Revestir suas paredes deixando furos ou espaços suficientes para facilitar a

infiltração do líquido no terreno;

As três primeiras fiadas de tijolos da parede, não devem conter furos ou

espaços, para se evitar as enxurradas ocasionadas durante o período da

chuva;

Sua profundidade máxima não deve ultrapassar 1,50m, quando o nível do

lençol freático ficar a menos de 3 metros. (observação feita em cacimbas ou

poços próximos);

As suas lajes de cobertura deverão ficar ao nível do terreno, construídas em

concreto armado com dimensões que facilite a sua remoção quando da

necessidade de uma limpeza. Devendo ser lacradas com argamassa.

As dimensões dos sumidouros são determinadas em função do volume do

efluente do esgoto e da capacidade de absorção do solo (percolação), devendo ser

considerada para cálculo, como superfície útil de absorção, somente as paredes

laterais, muito embora exista uma absorção também pelo fundo. A capacidade útil é

determinada a partir da geratriz inferior do tubo do esgoto até o fundo da fossa.

Page 60: Sistema individual de tratamento de esgoto

60

3.4.4. Operação e Manutenção

A quantidade de matéria orgânica que chega no sumidouro é um dos fatores

determinantes no intervalo de manutenção previsto para o sumidouro. Com o passar

do tempo, a superfície do solo ao redor do sumidouro começa a colmatar,

diminuindo a capacidade de infiltração do mesmo. Caso ocorra deficiência na

unidade, o solo colmatado ao redor do sumidouro deverá ser removido. Se possível,

a utilização de outro sumidouro poderia evitar este tipo de colmatação. A simples

exposição da superfície do sumidouro ao ar, sem chegar matéria orgânica, vai

recuperando a capacidade de infiltração do solo, através da eliminação do biofilme.

3.4.5. Observações Gerais

De acordo com as recomendações da NBR 13969, (1997) e exigências da

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, (2003) deverão ser seguidos

alguns critérios:

a) A altura mínima entre o fundo do sumidouro e o nível do aqüífero deve ser de

1,5 metros;

b) Respeitar afastamento mínimo de 1,5 metros do sumidouro de construções,

limites de terrenos e do próprio sistema de tratamento que o antecede, 3

metros e árvores e pontos da rede pública e 15 metros de poços freáticos e

corpos d’água devem ser respeitadas;

c) Utilizar ao redor do sumidouro uma camada de no mínimo 50 centímetros de

brita (ANVISA, 2003).

Page 61: Sistema individual de tratamento de esgoto

61

_________________________________________________________CAPÍTULO 4

4. O ESGOTO EM BELÉM DO PARÁ

4.1. Precedente Histórico

Compreender a evolução histórica da questão do esgoto e sua relação com

o crescimento urbano da cidade de Belém do Pará torna-se o principal objetivo deste

capítulo.

No final do período imperial brasileiro, em Belém, foi realizado o primeiro

sistema de água encanada da cidade. Com o advento da República verificou-se uma

mudança significativa na configuração sanitária em Belém, onde a distância entre o

discurso e as realizações práticas de projetos de saneamento não pareciam mais

tão distantes. E nos primeiros anos dessa nova conjuntura política alguns

governantes paraenses são destacados por suas realizações na área discutida.

4.2. A Expansão Urbana

Passados onze anos do início da ocupação, com a construção do Convento

de Santo Antônio deram-se início ao que viria a ser o Bairro da Campina,

transpondo-se, pois, o lago do Pirí, consolidando-se assim, um novo vetor de

expraiamento na direção nordeste.

Penteado (1968) apud Rodrigues (1996, p. 135), mostra que esse novo eixo

de expansão assumiria relevante papel no desenvolvimento do centro comercial de

Belém, onde importantes ruas comerciais se consolidariam como mercadoras, como

por exemplo, a Rua dos Mercadores, recentemente Rua Conselheiro João Alfredo.

Segundo Rocque (1993) apud Rodrigues (1996, p.135), foram ainda no

século XVII que se abriram no bairro da Campina às ruas com direção oeste - leste,

expressa pela construção das Avenidas Padre Eutíquio, Primeiro de Março e

Presidente Vargas. O nordeste foi construído as Travessas 13 de Maio e Frutuoso

Guimarães, que chegaria ao Largo da Pólvora, atual Praça da República.

Page 62: Sistema individual de tratamento de esgoto

62

Nesse período, Corrêa, (1989) apud Rodrigues (1996, p. 135) argumenta

que:

[...] não havia nenhuma forma expressiva de segregação

sócio espacial intra - urbana, pois a renda da terra era,

então, inexistente (Grifo nosso). A fácil acessibilidade a

qualquer ponto da cidade e a ausência praticamente

absoluta de serviços ou melhorias urbanas desproveu tal

renda de seus elementos formadores essenciais.

Quando os Portugueses chegaram ao local onde se formaria a cidade de

Belém, havia um grande lago que ocupava um grande espaço que foi aterrado e

transformado na atual Avenida 16 de Novembro, como registra Vinagre (1996) apud

Feitosa (1994, p.12).

[...] o terreno começa a descer em rampa para o grande

pântano do Piry. Este pântano ocupava uma enorme

área cortada pela Estrada de São José e outras que lhe

são paralelas, e as suas águas que eram muitas iam até

ao mar pelo igarapé do seu nome. Exsicar este grande

pântano constituiu por muitos anos uma obra urgente

para o bem público. Em 1803, o Governador e Capitão-

General do Pará, D. Marcos de Noronha e Brito, Conde

dos Arcos, incumbiu o engenheiro João Nogueira dessa

tarefa. Escolhendo para seu ajudante o capitão

Domingos José Frazão, o comissário dividiu pântano em

quarteirões, cortando-o por três longas e largas estradas,

cingidas de profundas valas e orladas de mongubeiras,

taperebazeiras e laranjeiras.

Na figura 4.1 é mostrado como era o espaço urbano de Belém em 1791.

Figura 4.1: Espaço urbano de Belém em 1791

Fonte: Corrêa apud Rodrigues, 1996, p-136-137.

Page 63: Sistema individual de tratamento de esgoto

63

Em 1803 teriam sido iniciadas as obras de ensecamento do Pirí. Esse

processo teria durado mais de vinte anos, tendo realizado a integração física

definitiva entre os bairros da cidade e da Campina.

Rocque (1993) apud Rodrigues (1996, p. 133) “sugere a possibilidade de

que a primeira via de Belém tenha sido um caminho que ligava o forte à foz do

igarapé Pirí”, ou como observa Corrêa (1989) apud Rodrigues (1996, p. 133), ao rio

Pirí de Jussara, que significava alagado nas línguas tupis, onde hoje este é

conhecido como Doca do Ver-o-peso. Na figura 4.2 é mostrado o limite da primeira

légua patrimonial de Belém no inicio do século XVII.

Figura 4.2: Belém no início do século XVII (adaptação)

A = Cidade D = Convento de São Boa Aventura

B = Campina E = Convento de São José

C = Piri 1 = Atual Travessa Arcipreste Manoel

Teodoro

Fonte: Brasil apud Rodrigues (1996, p. 134)

4.3. A Cidade de Belém no Cenário Político-Econômico Nacional e

Internacional

A primeira tentativa sistemática de transformar a Amazônia em um pólo

econômico data de 1730, com esforços de missionários e colonos, que resultaram

Page 64: Sistema individual de tratamento de esgoto

64

no aumento da exportação do cacau de 28. 216 arrobas, em 1730, para 58.910 em

1740. Posteriormente, com a autuação do Marques de Pombal, foi criada a

Companhia Geral do Grão-Pará (1755- 1778), que consolidou, segundo SANTOS

(1980, p. 17):

O contato entre a região e os mercadores da Europa

pela rota marítima que ligava Belém a Lisboa, e

introduzindo o escravo africano capaz de substituir o

índio esquivo, logrou a Companhia montar uma

organização produtiva importante em escala regional.

(Grifo Nosso)

Segundo Dias (1970, p. 14) esta instituição era caracterizada por ações que

organizavam o comércio entre colônias e metrópoles como fala Dias (1970, p. 14).

As chamadas Companhias de Comércio foram

instrumentos de alto rendimento deque se valeram os

povos que se lançaram à empresa de europeização da

terra.

Ingleses e franceses, através delas, criaram e

fortificaram os respectivos impérios no Oriente, na África

e nas Américas.

Segundo, Fausto (2002, p. 59-60) o objetivo desta Companhia era

desenvolver a região Norte “oferecendo preços atraentes para mercadorias aí

produzidas e consumidas na Europa, como o cacau, o cravo, a canela e já agora o

algodão e o arroz, transportadas com exclusividade nos navios da companhia”.

Contudo, a política pombalina resultou em fracasso, porque seu programa

econômico marginalizava alguns setores comerciais do Brasil, juntando-se a isso,

temos nas palavras de Fausto (2002, p. 60) as explicações para o fracasso desta

política econômica, ao comentar que:

O programa econômico de Pombal foi em grande medida

frustrado porque em meados dos séculos XVIII a Colônia

entrou em um período de depressão econômica que se

prolongou até o fim da década de 1770. As principais

causas da depressão foram a crise do açúcar e, a partir

de 1760, a queda da produção de ouro. Ao mesmo

tempo em que as rendas da Metrópole caíam, cresciam

as despesas extraordinárias destinadas a reconstruir

Lisboa, destruída por um terremoto em 1755, e a

sustentaras guerras contra a Espanha, pelo controle da

extensa região que ia do sul de São Paulo ao rio da

Prata.

Page 65: Sistema individual de tratamento de esgoto

65

As ações desta companhia não chegaram aos trinta anos devido a fatores

políticos e econômicos, mas durante sua existência a Amazônia começava a

organizar-se economicamente. E durante muitos anos, o cacau formava o eixo

principal da economia amazônica, assim como em outras épocas, onde o café, o

açúcar e a borracha, foram os pilares econômicos das regiões, Centro-Sul, Nordeste

e Norte, respectivamente (Meira Filho, 1976).

Em meados do século XVII o cacau foi um produto muito solicitado no

mercado europeu, pois era a matéria-prima do chocolate que estava fazendo muito

sucesso por suas propriedades (Fausto, 2002).

Fazendo-se uma análise deste ponto, relaciona-se da seguinte forma, ou

seja, as primeiras tentativas de estabelecimento de atividades lucrativas na

Amazônia, incluindo acidade de Belém, tiveram caráter econômico que menos

prezavam a necessidade de infra estrutura urbana na cidade, tendo-se os seguintes

pressupostos para explicar esse argumento (Santos, 1980):

As medidas criadas, por parte do governo português, para encontrar formas

de lucratividades na colônia tinham objetivos óbvios, ou seja, apenas extração de

produtos para aumentar a riqueza da Corte Portuguesa;

A cidade de Belém servia apenas como mediadora para as exportações entre

a Colônia e a Metrópole.

A atividade extrativa, especificamente do cacau, despontava como principal

fonte de renda no período que vai de 1790 a 1805, deixando a produção agrícola e

de gêneros de subsistência, como algodão e arroz, respectivamente, em um

patamar secundário, até porque a região amazônica não estava preparada para

essas culturas agrícolas.

Nesta conjuntura, Belém possuía uma população com uma renda per capita

baixa, em média a 49 dólares (ver gráfico 01 abaixo), com valores do ano de 1972, e

devido esse fator a economia local vive em função de fatores externos. Os

acontecimentos internacionais que ocorreram durante a década de 1790

favoreceram a economia da região amazônica, como escreve Santos (1980, p.21-

22)

Page 66: Sistema individual de tratamento de esgoto

66

Gráfico 4.1: População e Renda Interna na Amazônia entre 1800 e 1960

Fonte: Santos, 1980, p. 13.

O advento da década de 1790 vai contribuir num quadro

de coincidências felizes fatores externos e internos que

se completam: primeiro, a firme elevação de preços na

economia mundial entre 1790 e 1815, que repercute

sobre as cotações do cacau em Amsterdã e em Belém;

segundo, a vantajosa retração venezuelana, que já se

aludiu, agravada pelas lutas intestinais no sentido da

independência; terceiro, as próprias facilidades que tais

circunstâncias criaram para as administrações locais:

Souza Coutinho, na governança do Pará, e Lobo

D’Almada, no Rio Negro (1786- 1799), realizam obras e

fomentos que melhores historiadores da região registram

com calor.

Os fatos externos são elementos influenciadores na hora das decisões

governamentais locais, como foi verificado com o crescimento econômico vivido

pelos negociantes localizados na cidade de Belém. Os reflexos desse processo

eram sentidos na estrutura urbana e social de Belém. Contudo nos anos seguintes,

esse sutil avanço sofreu profundos abalos, assim como se agravaram as condições

sanitárias de Belém que já eram calamitosas desde sua fundação, que ficaram em

estado de total degradação.

Em Santos (1980, p. 23), encontra-se explicações para a calamitosa

realidade que a Amazônia viveu no início do século XIX. Segundo este autor, o fato

da economia amazônica não possuir uma solidez, no sentido de ter acesso aos

mercados externos, especialmente o do cacau, e também, dela não possuir um

Page 67: Sistema individual de tratamento de esgoto

67

aparato tecnológico capaz de competir com as inovações de outros países,

exportadores de produtos encontrados no Brasil, e por fim, a baixa renda da

população não dava condições para desenvolver-se uma economia forte e eficiente

que refletisse na estrutura urbana das cidades amazônicas.

Tendo na extração vegetal a principal atividade econômica, a Amazônia

despontava como exportadora de produtos florestais como mostra o Quadro 4.1.

Quadro 4.1 - Exportação de Produtos da Amazônia

Produto (Kg) 1800 1890 1900 1910

Algodão 238.950 4.610 - -

Arroz 1.326.540 673.800 89.298 108.668

Cacau 1.907.715 2.835.000 2.260.690 2.198.652

Café 73.545 - - -

Feijão ... ... ... 10.697

Fumo ... 391.004 368.367 1.032.714

Mandioca ... 35.999.180 38.888.677 51.436.980

Milho ... ... 396.996 2.067.825

Fonte: Barata: Cordeiro et al, apud SANTOS (1980, P. 182)

No âmbito institucional, a cidade de Belém no período colonial, enquadrava-

se dentro do limite territorial, criado por Portugal em 1621, chamado de Estado do

Maranhão que era uma espécie de segunda colônia que estava diretamente ligada

ao governo português e, ia desde o Ceará até o Amazonas (Furtado, 1977, p. 67).

Durante a primeira metade do século XVII a região paraense prosperava com

exportação de produtos florestais, como cacau, baunilha, canela, cravo e resinas

aromáticas.

Segundo Furtado (1977, p. 67-68), essa parte colonial passava por sérios

problemas, desde sua criação, porque ficava evidente que este espaço foi criado

com interesses militares, onde a segurança da parte norte da colônia era uma

garantia de futuros domínios territoriais e, por esse e outros motivos, a preocupação

com a estrutura urbana e a economia nos primeiros anos de colonização, tiveram

pouca relevância para o governo português.

Com essa configuração a cidade de Belém era um espaço repleto de

contradições, onde a desigualdade social refletia-se em todas as áreas, inclusive, na

do saneamento básico.

Page 68: Sistema individual de tratamento de esgoto

68

4.4. A Rede de Esgoto em Belém

A discussão acerca da criação da rede de esgoto para a cidade de Belém

iniciara em 1906 quando os efeitos do “Ciclo da Borracha” ainda se faziam sentir na

capital paraense, para SILVA e PEREIRA (2003):

As primeiras iniciativas para a estruturação do SES de

Belém coincidiram com o ciclo da borracha, sendo, em

1906, constituída a Municipality of Para Improvement

Ltda, para gerenciamento desse sistema, que, por sua

vez, contratou a empresa inglesa Douglas Fox &Partner

para elaboração dos estudos iniciais, o que resultou no

projeto de 79 Km de rede coletora. (SILVA e PEREIRA,

2003, p. 126).

A cidade de Belém teve a primeira manifestação sobre a questão do esgoto

em 1915, no período final do ciclo da borracha no Pará. A firma que ficou

responsável pela implantação da rede era de origem inglesa, e nessa época já havia

instalado 40 km de rede de esgoto na cidade (SAAEB, 2003).

Com o fim do período áureo da borracha esta rede inicial, ficou inativa até

1967, segundo informações do Plano Diretor para a Grande Belém - PDGB, “quando

as obras de implantação foram retomadas essa rede encontrava-se, em sua maior

parte, perfeitamente utilizável”. (PDGB, 1975, p. 188).

Em 1950, a firma Byngton&Cia elaborou o primeiro projeto de rede de

esgoto com características modernas para a cidade de Belém, definindo a

configuração que perdura até os dias atuais com atuação em 4 bacias. Esta

iniciativa teve atuação conjunta do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de

Belém “financiando a contratação da Byington&Cia para a realização dos estudos,

projetos e obras necessárias para recuperação do sistema existente” (Byington&Cia,

1962). As figuras 18 e 19 mostram a rede coletora idealizada e parcialmente

construída até 1915:

Page 69: Sistema individual de tratamento de esgoto

69

Figura 4.3 - Representação esquemática da rede coletora assentada entre 1906-1915

Fonte: Adaptado de Byington & Cia (1962) apud Silva e Pereira (2003, p. 128).

Figura 4.4 – Características das Bacias de Esgotamento Sanitário Conforme concepção da Empresa Byington & Cia.

Fonte: Adaptado de Byington & Cia (1962) apud Silva e Pereira (2003, p. 128).

O período de alcance do projeto foi de 30 anos (1955-1985), tendo como

objetivo atender 427.000 habitantes da Primeira Légua Patrimonial da cidade de

Belém. A área foi dividida em quatro bacias de esgotamento, sendo todo esgoto

coletado e encaminhado para lançamento subaquático na Bacia do Guajará

(Pereira, 2003).

Page 70: Sistema individual de tratamento de esgoto

70

No quadro 3 é mostrado as características das Bacias de esgotamento

Sanitário Resultantes da Concepção de Projeto apresentado pele Empresa Byington

& Cia em 1955.

Quadro 4.2: Características das Bacias de esgotamento Sanitário Resultantes da Concepção de Projeto Apresentado pele Empresa Byington & Cia em 1955

Bacias Áreas (ha) Denominação Limites

1

276

Igarapé das

Almas

Rua de Guajará, Rua

Dom Pedro, Av.

Generalíssimo

Deodoro, Av. Gentil

Bittencourt

2

238

Av. Almirante

Tamandaré

Praça Batista Campos,

Av. Conselheiro

Furtado, Rua Cesário

Alvim e Rio Guamá

3

1.791

Dique de Belém

(Atual Bernardo

Sayão)

Bacia 2, Av. Tito

Franco, Instituto

Agronômico do Norte e

Rio Guamá

4

1.361

Igarapé do Una

Baía do Guajará,

Companhia Força e

Luz S/A, dos SNAPP,

dos Correios e

Telégrafos, da Base

Aérea e Av. Tito

Franco

Total 3.666

Fonte: Adaptado de Byington & Cia (1962) Apud Silva & Pereira, 2003, p. 130

No início da década de 70, as firmas PLANTA E GUANDU reformularam o

projeto das bacias 1 e 2 e finalmente, em 1973, a PLANTA reformulou o projeto das

bacias 3 e parte da bacia 4.

Page 71: Sistema individual de tratamento de esgoto

71

No final da primeira metade da década de 70, achava-se em execução o

projeto definitivo do Lançamento Subaquático do Guajará, a cargo do Escritório

Saturnino de Brito e da CENSA. A situação do sistema de esgotos no fim de 1974

era seguinte:

Rever os seus parâmetros de projetos, adotando as

reformulações cabíveis, pois a população limite prevista

de 1 050 000 habitantes deverá ser atingida ainda na

primeira metade da década de 80, conforme as

projeções da Consultora elaboradas em fevereiro de

1975;

Prover os núcleos urbanos de Icoaraci, Mosqueiro e

Ananindeua de sistemas locais de esgotos sanitários

tecnicamente adequados às suas necessidades. (PDGB,

1975, p.191).

Foi somente a partir do ano de 1987 que houve em Belém ações voltadas

para a estruturação do sistema de esgotamento sanitário caracterizadas pelo

planejamento e elaboração de projetos, tendo segundo Mendes & Pereira (2003, p,

144), a “COSANPA elaborado o Plano Diretor de Esgotamento Sanitário - 1987 e

solicitado financiamento para Programas isolados de esgotamento sanitário”.

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém - SAAEB, também na

década de 80, iniciou a elaboração de projetos e a captação de recursos para

aplicação no sistema de esgotamento sanitário da Região Metropolitana de Belém.

Apesar dessas ações para melhorar as condições sanitárias da cidade de

Belém, o caso do esgoto sanitário é problemático, levando-se a concordar com

alguns autores (PEREIRA, 2003) ao dizerem que Belém apresenta um significativo

déficit de atendimento no setor de esgoto.

4.5. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém - SAAEB e a Companhia

de Saneamento do Pará - COSANPA

O Município de Belém é atendido por duas prestadoras de serviços de

saneamento básico: A COSANPA e o SAAEB.

A COSANPA, Companhia Estadual, atende a Zona Urbana Central de Belém

e a SAAEB, Autarquia Municipal, atende os Distritos de Icoaraci, Mosqueiro, Outeiro

e área de expansão na periferia da Zona Central Urbana.

Page 72: Sistema individual de tratamento de esgoto

72

No ano de 1962, o Departamento Estadual de Águas passa a denominar-se

de Departamento de Águas e Esgotos, logo depois é criado pela gestão municipal o

Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém (SAAEB), e no ano de 1970 é criado

na esfera Estadual a Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA).

Nesse período ocorreu a criação de uma Secretaria Municipal de Habitação

e assunção da gestão do Sistema de Água e Esgoto do Município de Belém o

SAAEB que já existia há 28 anos, e que por ela não era administrado. Criou-se uma

gestão participativa em relação ao orçamento público e ampliou-se

significativamente o sistema de água e esgotamento sanitário nas áreas de

expansão urbana onde pouco ou quase nada existia.

Em 1997 assume a prefeitura de Belém o arquiteto Edmilson Rodrigues

Brito, e na área do saneamento, uma das primeiras tarefas de seu governo foi

resgatar o SAAEB, que até então era administrado pela Fundação Nacional de

Saúde – FUNASA. Hoje esse órgão mantém sistemas alternativos na região das

ilhas de Belém, distribuindo água potável subterrânea e implantou sistemas de

esgotamento sanitário em Bairros periféricos da cidade de Belém, como os da

Pratinha, distrito de Benguí e nos distritos de Outeiro e Mosqueiro, beneficiando

quase 10% da população do município.

No ano de 2002 foi realizado o “Congresso Municipal de Saneamento: Os

Desafios da Municipalização da Prestação dos Serviços de Saneamento em Belém”,

tendo a questão de água e esgoto sendo debatida e colocada em pauta entre os

órgãos atuantes na área do saneamento em Belém, ou seja, a COSANPA e o

SAAEB.

Segundo reportagem de O Liberal, a COSANPA se prepara para assumir o

abastecimento total de Belém. Atualmente, embora atue na maior parte da capital,

existem áreas onde o abastecimento é de responsabilidade do Serviço Autônomo de

Água e Esgoto do Município de Belém (SAAEB). Segundo termo de compromisso

firmado no mês passado com a Prefeitura de Belém, a COSANPA passará a ser

responsável por abastecer também as áreas da cidade que, hoje, competem à

SAAEB - parte de Mosqueiro, Icoaraci, Cotijuba e Outeiro. A autarquia municipal

deverá ser transformada em um órgão de regulação do serviço de abastecimento

em Belém. No entanto, a novidade só deverá passar a valer quando a COSANPA e

a Prefeitura assinarem o Contrato de Programa, que renovará, efetivamente, a

concessão para atuação da empresa nos próximos 30 anos (O Liberal, Set/2011).

Page 73: Sistema individual de tratamento de esgoto

73

As figuras de 4.5 e 4.5 nos fornecem uma visão comparada sobre as áreas

atendidas pelo SAAEB e pela COSANPA.

Figura 4.5: Área Totalmente Atendida Pelo SAAEB e pela COSANPA

Fonte: Prefeitura Municipal de Belém/Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém, (2003).

Figura 4.6: Áreas com tratamento de esgoto – SAAEB

Fonte: Prefeitura Municipal de Belém/Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém, (2003).

Page 74: Sistema individual de tratamento de esgoto

74

4.6. Análise do Contexto Atual

O Município de Belém, historicamente enfrenta graves problemas de

saneamento básico, especialmente quanto à coleta e tratamento de esgoto sanitário

urbano. Ao longo de centenas de anos a totalidade dos dejetos coletados pela rede

de esgoto era despejada diretamente nos cursos d’água naturais, como igarapés,

rios e na grande Baía do Guajará que se estende à frente de nossa Capital (Rildo

Pessoa, 2011).

Desse cenário evidenciam-se dois graves problemas: a restrita dimensão da

rede de coleta, que não atende sequer 10% das residências e edificações habitadas

ou utilizadas para outros fins; e a falta de tratamento dos esgotos sanitários

coletados, que são lançados, na maior parte, diretamente nos referidos cursos

d’água in natura sem receber qualquer tratamento (COSANPA, 2011).

Figura 4.7: Lançamento de efluentes em cursos d’água

Fonte: Diário do Pará

Com maior precisão, apontam-se as pesquisas e estudos realizados pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que indica que o Município de

Belém atende pela rede de coleta de esgoto e água pluvial apenas 25,70% dos

domicílios. Considerando que a rede de água pluvial é maior que a rede de coleta de

esgoto sanitário, pode-se concluir que esta representa em torno de um terço daquela

Page 75: Sistema individual de tratamento de esgoto

75

proporção, isto é, pouco menos de 9,00% dos domicílios. Segundo a COSANPA

todo esgoto coletado apenas 32,00% são tratados, ou seja, menos que 3% do total

de domicílios. Mesmo que a rede de esgoto sanitário fosse do mesmo tamanho que

a rede de coleta pluvial, alcançaria 12,85% dos domicílios com a coleta, dos quais

apenas 4,11% seriam tratados. Se todo o esgoto coletado fosse tratado, ainda seria

insignificante a contribuição dessa medida, pois mais de 90% dos dejetos gerados

pela população urbana de Belém continuaria sem qualquer tratamento ou sem

coleta.

Como o município de Belém atualmente não conta com uma concepção

técnico-sanitária abrangente para o equacionamento do problema do esgotamento

sanitário, prevalece adoção de soluções individuais, regulamentadas pela NBR

7229, (1993) e NBR 13.969, (1997).

Entretanto, a situação sanitária real nas áreas periféricas da cidade de

Belém está bem aquém dos conceitos normativos, prevalecendo as condições de

lançamento inadequado dos efluentes domésticos ao meio ambiente.

A cidade de Belém produz cerca de 274.560 metros cúbicos de esgoto

sanitário por dia. Mas, deste total, apenas 8% passa por um sistema de coleta e não

mais do que 3% do montante coletado chega a receber tratamento antes de ser

lançado diretamente nos cursos d’água e no solo.

Em outras palavras, 92% destes 274,5 milhões de litros de esgoto

produzidos diariamente na capital do Pará são descartados inadequadamente

através de soluções individuais, geralmente fossas, que infiltram esse esgoto no solo

e contaminam o aqüífero subterrâneo (lençol subterrâneo de água), uma vez que

possuem baixa eficiência. Por estarem espalhadas, as fossas acabam

contaminando diferentes locais por toda a cidade. Em torno de 3% apenas do esgoto

proveniente do sistema de coleta chega até as Estações de Tratamento de Esgoto

(ETE), que têm a função de remover as impurezas nele contidas e descartá-lo em

condições de não degradar o local onde está sendo lançado, seja este um rio ou o

solo. Estas impurezas vão desde matéria orgânica até microorganismos

patogênicos, como vírus e bactérias. Os dados são da Pesquisa Nacional de

Saneamento Básico (PNSB) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A carência de investimentos em obras estruturantes de saneamento de

Belém além de aviltar a sobrevida no aglomerado urbano, gera graves riscos à

saúde pública e à preservação do ambiente saudável e equilibrado.

Page 76: Sistema individual de tratamento de esgoto

76

Grande parte da população residente nos bairros periféricos de Belém, ainda

utiliza para o esgotamento sanitário o sistema de fossa rudimentar, escavação sem

revestimento interno onde os dejetos caem no terreno, parte se infiltrando e parte

sendo decomposta no fundo onde não existe nenhum deflúvio. São dispositivos

perigosos que só devem ser empregados em último caso (Carvalho, 1981). A

maioria das residências utiliza o sistema de fossa séptica com sumidouro e ainda há

muitas unidades habitacionais desprovidas de instalações sanitárias. Em muitos

casos os dejetos são infiltrados no solo ou ligados clandestinamente no sistema de

captação de águas pluviais. Além disso, a capacidade das fossas tem se

demonstrado insuficiente para a demanda.

Para diminuir o problema de esgotamento nas áreas sem coleta de esgoto

em Belém, o mais recomendado é o conjunto fossa séptica e filtro, que são unidades

de tratamento primário de esgoto doméstico nas quais são feitas a separação e

transformação da matéria sólida contida no esgoto. Ela é uma benfeitoria

complementar e necessária às moradias, e fundamentais no combate a doenças,

verminoses e endemias (como a cólera), pois evitam o lançamento dos dejetos

humanos diretamente em rios, lagos, nascentes ou mesmo na superfície do solo. O

seu uso é essencial para a melhoria das condições de higiene das populações. Esse

tipo de sistema é composto por um tanque impermeável enterrado, que recebe os

esgotos (dejetos e água servidas), retém a parte sólida e inicia o processo biológico

de purificação da parte líquida (efluente) na passagem pelo filtro. Mas é preciso que

esses efluentes sejam filtrados no solo para completar o processo biológico de

purificação e eliminar o risco de contaminação, por isso usa-se o sumidouro como

parte desse sistema.

As figuras 4.8, 4.9 e 4.10 mostram alguns dos sistemas de esgotamento

sanitário usados nos bairros periféricos de Belém.

Page 77: Sistema individual de tratamento de esgoto

77

Figura 4.8: Sistema Fossa e Sumidouro usado em alguns bairros de Belém

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 4.9: Sumidouro de tubo de concreto

Fonte : Arquivo pessoal

Page 78: Sistema individual de tratamento de esgoto

78

Figura 4.10: Fossa rudimentar ainda utilizada em algumas residências de Belém.

Fonte: Arquivo pessoal

Em Belém ainda se vê bastante o lançamento de resíduos sanitários nos

canais que cortam a cidade. Moradores vem direcionando o esgoto sanitário e

despejando nos canais, o que transforma a cidade com muitos “esgotos a céu

aberto”. O quadro é grave e a tendência é que a situação piore já que a cidade vai

produzir cada vez mais esgoto.

Na figura 4.11 é mostrado o lançamento de resíduos de esgoto nos canais

de Belém.

Figura 4.11: Lançamento de resíduos de esgoto nos canais de Belém

Fonte : Arquivo pessoal

Page 79: Sistema individual de tratamento de esgoto

79

4.7. Aspecto Legal do Esgoto Sanitário em Belém do Pará

4.7.1. Plano Diretor do Município de Belém

O esgotamento sanitário pode ser a partir da lei 8.655, de 30 de julho de

2008, que define o Plano Diretor de Belém – PDB, conforme disposição abaixo.

Capítulo III

Da Política de Infra-Estrutura e Meio Ambiente

Subseção II

Do Esgotamento Sanitário

Art. 35 O serviço de esgotamento sanitário deverá

assegurar à população do Município o acesso à coleta,

transporte e tratamento adequado dos esgotos, de modo

a:

I - reduzir os riscos ambientais, por meio da elaboração e

implementação do Plano Municipal de Esgotamento

Sanitário;

II - diminuir os altos índices de doenças de veiculação

hídrica, ou relacionadas ao saneamento;

III - priorizar os investimentos para a implantação de

coleta de esgotos nas áreas desprovidas de redes,

especialmente naquelas servidas por fossas

rudimentares ou cujos esgotos são lançados na rede

pluvial;

IV - ampliar a cobertura espacial dos serviços de

esgotamento sanitário por meio da promoção da

implantação de novos sistemas, da otimização da

capacidade e da recuperação das estruturas de

esgotamento sanitário existentes, dando a destinação

adequada aos resíduos;

V - participar da elaboração do Plano Diretor do Sistema

de Esgotamento Sanitário da Região Metropolitana de

Belém, com a participação das comunidades envolvidas;

VI - criar programa de controle e tratamento especial de

efluentes de empreendimentos potencialmente

geradores de cargas poluidoras;

VII - realizar cadastro georeferenciado dos sistemas de

esgotamento sanitário;

VIII - desenvolver alternativas para a utilização do lodo

gerado pela estação de tratamento de esgoto.

Page 80: Sistema individual de tratamento de esgoto

80

_________________________________________________________CAPÍTULO 5

5. METODOLOGIA

A proposta é o dimensionamento de um sistema de tratamento de esgoto

sanitário composto de Fossa Séptica, Filtro Anaeróbio e Sumidouro. O sistema foi

planejado considerando a necessidade de coletar, tratar e descartar de forma segura

e ambientalmente correta os resíduos de esgoto sanitário, conforme determinam as

normas técnicas NBR 7229, (1993) e NBR 13969, (1997).

5.1. Escolha do sistema

A escolha do sistema de tratamento levou em consideração as exigências

das normas NBR 9648, (1986), que estabelece critérios para a elaboração de

estudos de concepção de sistemas de esgotamento sanitário, a NBR 8160, (1999):

Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução – procedimento, a NBR

7229, (1993): Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos –

procedimento e a NBR 13969, (1997): Tanques sépticos: Unidades de tratamento

complementar e disposição final de efluentes líquidos – Projeto, construção e

operação.

O ponto de partida do processo de definição do sistema de esgotamento

sanitário a ser adotado foi a escolha daquele mais apropriado às condições físicas e

socioeconômicas locais. Os sistemas individuais de esgotamento apresentam

vantagens técnicas e econômicas, porém é importante a análise da evolução do

adensamento populacional, do espaço disponível, dos tipos de edificações e da

capacidade operacional da população.

Em virtude da quantidade de sólidos presentes nos despejos domésticos,

considerou-se adequado iniciar o processo de tratamento com uma unidade que

promova separação entre a parte sólida e a parte líquida. Adotou-se para tal o uso

do tanque séptico, que além de promover a separação entre as partes líquida e

sólida, atua como um biodigestor, onde a matéria orgânica é degradada pelas

bactérias presentes no próprio despejo. O tanque séptico também impede que a

matéria graxa e demais matérias flutuantes ingressem na próxima etapa de

tratamento.

Page 81: Sistema individual de tratamento de esgoto

81

Visando uma melhor retenção de sólidos e maior eficiência na remoção de

DBO solúvel, adotou-se o uso de um filtro anaeróbio de leito fixo, com fluxo

ascendente. A partir disto surgiu a necessidade de se projetar um Sumidouro para

receber os efluentes e permitir sua infiltração no solo.

5.2. Descrição do sistema adotado

Será adotado um sistema composto de FOSSA SÉPTICA, FILTRO

ANAERÓBIO E SUMIDOURO, que será dimensionado para uma residência com até

10 pessoas, onde será feito um comparativo de custo entre 03 métodos construtivos:

ARGAMASSA ARMADA, CONCRETO ARMADO e ALVENARIA DE TIJOLOS

CERAMICOS, considerando também 02 (duas) formas geométricas: CILÍNDRICA e

PRISMÁTICA RETANGULAR.

5.3. Dimensionamento das peças:

5.3.1. Dimensionamento da fossa séptica

5.3.1.1. Fossa Séptica de Câmara Única de forma Cilíndrica

a. Cálculo da contribuição diária (Q)

Contribuição diária (Q) = Nº de habitantes X Contribuição diária por pessoa

Como a atividade é residencial, através da tabela x retira-se a contribuição diária por

pessoa (C) e o lodo fresco (Lf).

C = 100 l / pessoa x dia

Lf = 100 l / pessoa x dia

Q = 10 pessoas x 100 l / pessoa x dia

Q = 1.000 l / dia

b. Cálculo do volume útil (V)

Q = N x C

Page 82: Sistema individual de tratamento de esgoto

82

A versão revisada da norma, a NBR 7229, (1993), não considera, como na

versão anterior, a composição de duas frações para obtenção do volume do lodo,

pois calcula esse volume numa parcela única. A fórmula apresentada na norma para

o dimensionamento do tanque séptico acrescenta 1000 litros ao volume calculado,

conforme abaixo:

Sendo:

V = volume útil em litros;

N = número de pessoas contribuintes;

C = contribuição de despejos em litros/pessoa x dia;

T = tempo de detenção em dias (ver tabela);

K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de

acumulação de lodo fresco (ver tabela);

Lf = contribuição de lodos frescos em litros/pessoa x dia (ver tabela).

Considerando os seguintes dados:

N = 10 habitantes

C = 100 l / pessoa x dia

T = 1,0 dia

Lf = 1,0 l / pessoa x dia

K = 57

Temos como volume útil (V):

V = 1000 + N (CT + K.Lf)

V = 1000 + 10 (100.1 + 57.1)

V = 2570 l ≈ 2,6 m3

c. De acordo com a norma NBR 7229 (1993), tem-se para este tipo de fossa:

DIÂMETRO INTERNO: (D)

- mínimo: 1,10m (D ≥ 1,10 m);

- máximo; duas vezes a altura útil;

PROFUNDIDADE ÚTIL: (h)

V = 1000 + N (C.T +

K.Lf)

Page 83: Sistema individual de tratamento de esgoto

83

- mínima 1,20m.

- máximo: 2,20m

ALTURA LIVRE: 0,30 m (distância entre a geratriz inferior do tubo de saída e a laje

de cobertura da fossa, destinada ao acúmulo de gases e escumas.

Adotando-se como hipótese a profundidade útil de 2,0 m tem-se o seguinte

diâmetro interno:

2,6 = S x 2,0

S = 1,30 m2

Por se tratar de uma fossa cilíndrica teremos:

1,30 = π.D2/4

D = 1,29 m ≈ 1,30 m (D ≥ 1,10 m)

De acordo com a norma NBR 7229 (1993), o diâmetro interno mínimo (D) deve ser

maior ou igual 1,10 m, logo o diâmetro encontrado satisfaz as prescrições

normativas.

Em síntese, as dimensões da fossa séptica de forma cilíndrica de câmara única são

as seguintes:

Área = 1,30 m²;

Volume útil = 2,6 m3;

Profundidade útil adotada = 2,0 m;

D= 1,30 m

V = S x h

S= π.D2/4

Page 84: Sistema individual de tratamento de esgoto

84

5.3.1.2. Fossa Séptica de Câmara Única de forma Prismática Retangular

a. Cálculo da contribuição diária (Q)

Q = 1.000 l / dia

b. Cálculo do volume útil (V)

c. V = 2,6 m3

d. De acordo com a NBR 7229 (1993), tem-se para este tipo de fossa:

LARGURA INTERNA MÍNIMA (W) = 0,80 m (W ≥ 0,80 m)

RELAÇÃO COMPRIMENTO/LARGURA:

Mínimo: 2:1;

Máximo: 4:1

Profundidade útil mínima (h) igual a 1,50 m devido ao volume útil encontrado

de 2,6 m3.

Adotando-se como hipótese a profundidade útil (h) de 1,50 m e a relação de

comprimento/largura 2:1 a largura da fossa será a seguinte:

V = W x h.L, sendo,

V = volume (em metros cúbicos)

h = profundidade útil (em metros)

w = largura (em metros)

L = comprimento (em metros)

Considerando os dados seguintes:

h = 1,50 m

L/W = 2/1

L = 2.W

V = W.h.L

2,6 = W.(1,50).(2W)

2,6 = 3,0 W2

W = 0,91 m (W ≥ 0,80)

Onde,

L = 2W

L = 2 x 0,91

L = 1,82 m

Page 85: Sistema individual de tratamento de esgoto

85

De acordo com NBR 7229 (1993), a profundidade útil mínima (h) deve ser

maior ou igual a 1,20 m (h ≥ 1,20 m), a largura interna mínima (W) deve ser maior ou

igual a 0,80 m, logo a profundidade útil, a largura interna e o comprimento

encontrado satisfazem a especificação da norma.

Portanto, as dimensões a serem utilizadas para a fossa séptica de forma

prismática retangular de câmara única são as seguintes:

Largura interna (W) = 0,91 m;

Profundidade útil (h) = 1,50 m;

Comprimento (L) = 1,82 m.

5.3.2. Dimensionamento do Filtro Anaeróbio

5.3.2.1. Filtro anaeróbio de forma cilíndrica

Condições necessárias: atividade residencial com numero de habitantes igual a 10

(dez).

a. Cálculo do volume útil (V)

Calculado pela equação V = 1,6 NCT, sendo:

V = volume útil do leito filtrante, em litros;

N = número de pessoas contribuintes;

C = contribuição de despejos em litros/pessoa/dia (ver tabela);

T = tempo de detenção em dias (ver tabela);

Considerando os dados seguintes:

N = 10 habitantes;

C = 100 l / pessoa x dia

T = 1,0 dia

Temos como volume útil:

V = 1,6.(10).(100).(1,0)

V = 1600 litros = 1,6 m3

V = 1,6 NCT

Page 86: Sistema individual de tratamento de esgoto

86

De acordo com a NBR 7229 (1993), o volume útil mínimo é de 1250 litros,

logo o volume útil encontrado satisfaz a especificação da norma.

b. Calculo da seção horizontal (S)

Adotando-se como hipótese a profundidade útil de 1,80 m tem-se o seguinte

diâmetro interno:

S = V/1,80; onde:

S = 1,60/1,80

S = 0,90 m2

c. Calculo do diâmetro (D)

Considerando o seguinte dado:

S = 0,90 m2

Temos:

S = π.D2/4

0,90 = π.D2/4

D = 1,10 m (D ≥ 0,95 m e D ≤ 3h → 1,30 m ≤ 3 x 1,80 m)

De acordo com a NBR 7229 (1993), o diâmetro mínimo (D) é de 0,95 m, e o

valor máximo do diâmetro não deve exceder a três vezes a profundidade útil, logo o

valor do diâmetro encontrado satisfaz a especificação da norma.

Portanto, as dimensões a serem utilizadas para o filtro anaeróbio de forma

cilíndrica são as seguintes:

Diâmetro interno (D) = 1,10 m;

Profundidade útil (h) = 1,80 m;

Altura do leito filtrante (a) = 1,20 m

S = V/h

Page 87: Sistema individual de tratamento de esgoto

87

V= N x C

5.3.2.2. Filtro anaeróbio de forma prismática

Quadrado (L=B)

0,90 = L2

L = 1,00 m

Portanto, as dimensões a serem utilizadas para o filtro anaeróbio de forma

prismática (quadrado) são as seguintes:

Lados= 1,00 m

Profundidade útil= 1,80 m

Altura do leito filtrante (a) = 1,20 m

5.4. Dimensionamento do Sumidouro

5.4.1. Sumidouro de Forma Cilíndrica

a. Determinação do Volume de Contribuição Diária (V)

V= 10 pessoas x 100 l / pessoa x dia = 1000 l/ dia

V=1000 l/ dia

b. Determinação do coeficiente de infiltração (C1)

Para determinação do coeficiente de infiltração C1 foi realizado o ensaio de

granulometria conforme descrito no laudo e tabela abaixo.

Tabela 5.1: resultado da Analise Granulométrica feita no solo da área em estudo

para a implantação do sistema

S= L x L

Page 88: Sistema individual de tratamento de esgoto

88

Quadro 5.1: Análise Granulométrica da Amostra do Solo

Fonte: Laboratório de Materiais da Unama

Tabela 5.2: Absorção Relativa do solo

Fonte: Manual de Saneamento da FUNASA, 1994

c. Cálculo da área de infiltração do solo

Para o cálculo da área de infiltração do solo utiliza-se fórmula apresentada no item

B-10 na norma NBR 7229/1993:

A= V/C1 V = N x C

Page 89: Sistema individual de tratamento de esgoto

89

Substituindo os dados obtidos nos passos anteriores:

V= 1000 l/ dia

C1=100 litros/m² x dia

A= 1000 l/ dia

100 l /m² x dia

A= 10 m²

d. Determinação das dimensões do sumidouro

Obs: Para este dimensionamento, serão consideradas as áreas laterais do

sumidouro bem como a área de fundo como superfícies de infiltração, pois a norma

NBR 7229, (1993) permite que se considere a área do fundo do sumidouro como

permeável.

O sumidouro adotado tem formato cilíndrico e o diâmetro será inicialmente

pré-estabelecido como D= 1,30 m.

Com o diâmetro e a forma cilíndrica já estabelecidos, pode-se calcular a

profundidade (h) do sumidouro para que a área da superfície lateral seja de 10,00

m².

Assim:

A = π x R² + 2 x π x R x h

Em que:

A= 10,00 m²; área de infiltração necessária, já calculada

R= 0,65 m; Raio do cilindro com diâmetro D= 1,30 m

h= profundidade do sumidouro, equivalente a altura do cilindro

Assim:

10,00 = 3,14 x 0,65² + 2 x 3,14 x 0,65 x h

h= 2,12 m

Para fins práticos adota-se h= 2,10m. Logo, as dimensões do sumidouro cilíndrico

serão:

Diâmetro (D): 1,30 m

Profundidade (h): 2,10 m

Page 90: Sistema individual de tratamento de esgoto

90

5.4.2. Sumidouro de Forma Prismática

O sumidouro adotado agora tem formato prismático.

a. Cálculo da área de infiltração do solo

L.B + 2H(L+B) = S

L = 2B

2B2 + 2.1,80(2B + B) = 10

2B2 + 10,80B – 10 = 0

B = 1,00m

L = 2B

L = 2 x 1,00

L = 2,00 m

Estabelecemos um “L” e um “B” viável, ou seja, L= 2,00 m e B = 1,00 m.

Portanto, as dimensões a serem utilizadas para sumidouro de forma

prismática retangular são as seguintes:

Largura interna (L) = 1,00 m;

Comprimento (B) = 2,00 m.

Profundidade útil (h) = 1,80 m;

Page 91: Sistema individual de tratamento de esgoto

91

6. RESULTADOS

6.1. Análise dos resultados

Tendo em vista o objetivo deste trabalho, foram dimensionados e analisados

os três sistemas construtivos propostos (Argamassa Armada, Alvenaria de Tijolos

Cerâmicos e Concreto Armado), com capacidade para atendimento de unidades

domiciliares abrigando até 10 pessoas e considerando os parâmetros normativos,

onde foi feito um comparativo de custo entre os três sistemas construtivos para

definir qual sistema é mais viável economicamente para implantação em

comunidades de população com baixa renda, onde não existe redes coletoras de

esgoto em Belém.

As conclusões apresentadas a seguir baseiam-se na análise orçamentária

do projeto de implantação completo; na análise das ações que podem influenciar na

estabilidade da estrutura, tais como, hidrostática, retração da argamassa e do

concreto, ações de agentes agressivos e possíveis recalque do terreno, e também

Na análise de custo e benefícios, incluindo a necessidade de reparos nos sistemas

durante sua vida útil.

a) Em relação ao projeto

O projeto foi desenvolvido de acordo com as normas técnicas, que mostrou

ser adequado no que tange a facilidade de implantação do sistema Fossa, Filtro e

Sumidouro, o que contempla o objetivo deste trabalho de atender e beneficiar a

população mais carente que sofre com a falta de um sistema adequado, assim

ajudando a diminuir os impactos no meio ambiente.

b) Em relação aos procedimentos executivos

O sistema estudado não apresenta nenhuma dificuldade quanto à execução.

Isto demonstra a viabilidade de reprodução do sistema sem necessidades de

grandes investimentos com treinamento da mão de obra ou equipamentos especiais,

tornando o sistema adequado para o fim a que se propõe.

Page 92: Sistema individual de tratamento de esgoto

92

c) Em relação aos Sistemas Construtivos

Em relação aos Sistemas Construtivos foi avaliada a relação Custo X

Benefício, com observações na trabalhabilidade, durabilidade e custos com

manutenção e reparos, concluindo-se que o Sistema Construtivo Concreto Armado,

apesar de apresentar maior custo na implantação, será mais viável economicamente

quando se faz uma avaliação em longo prazo, considerando toda sua vida útil.

Também concluiu-se, que para a execução do Sumidouro, o sistema construtivo

mais adequado é a Alvenaria em Tijolos Cerâmicos Furados, pela praticidade e

trabalhabilidade do material.

6.2. Implantação do Sistema Fossa Séptica, Filtro Anaeróbio e Sumidouro

Para dá praticidade ao projeto, adotamos um sistema construtivo misto, com

a Fossa Séptica e o Filtro Anaeróbio construídos em concreto armado e o

Sumidouro construído em alvenaria de tijolos cerâmicos furados. O conjunto será

implantado em solo de boa permeabilidade sem uso aterro. Será feita a escavação

manual, que servirá como base para o assentamento das peças, onde serão

utilizados como material básico: fôrma, armadura, concreto, alvenaria e os

componentes hidráulicos. O fundo do buraco deve ser compactado, nivelado e

coberto com uma camada de 5 cm de concreto magro, (1 saco de cimento, 8 latas

de areia, 11 latas de seixo e 2 latas de água, a lata de medida a de 18 litros) sobre o

concreto magro é feito uma laje de concreto armado de 6 cm de espessura (1 saco

de cimento, 4 latas de areia, 6 latas de seixo e 1,5 lata de água), malha de ferro 4.2

a cada 20 cm. Será usado na tubulação de 100 mm de diâmetro para o transporte

dos resíduos de uma peça para outra.

A opção de usar um sumidouro de forma cilíndrica, justifica-se por

apresentar maior estabilidade em relação a contenção das paredes laterais e pela

melhor trabalhabilidade na execução dos furos de infiltração.

O sistema projetado tem a previsão de vida útil de 50 anos, apresentando as

seguintes vantagens:

Alta resistência à maioria dos tipos de solicitação;

O concreto é durável e protege as armaduras contra corrosão;

Os gastos de manutenção são reduzidos;

Page 93: Sistema individual de tratamento de esgoto

93

A estrutura de concreto é pouco permeável à água, quando dosado

corretamente e executado em boas condições de plasticidade, adensamento

e cura;

Possui alta resistência a choques e vibrações, efeitos térmicos,

atmosféricos e a desgastes mecânicos;

Tem vida útil maior que os outros sistemas construtivos propostos no

trabalho.

Sua execução deve seguir rigorosamente o projeto, uma vez que este é

calculado especificamente, prevendo a forma, o volume e as condições do solo da

localidade, seguindo basicamente as etapas relacionadas abaixo:

1) Definição do formato;

2) Escavação e montagem da forma;

3) Execução das ferragens;

4) Instalação dos componentes hidráulicos;

5) Concretagem;

6) Execução da alvenaria do sumidouro;

7) Execução do Revestimento interno (Reboco);

8) Impermeabilização;

9) Execução da tampa de concreto.

Page 94: Sistema individual de tratamento de esgoto

94

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De forma geral, os aspectos que foram levantados, analisados e produzidos,

permitem afirmar a total importância e a necessidade da existência de um

tratamento adequado aos dejetos nas áreas periféricas de Belém desprovidas de

rede coletora de esgoto.

Os resíduos gerados nestas, quando não tratados de forma correta, trazem

prejuízos imensos ao meio ambiente, a sociedade e a economia, como a poluição do

ar, contaminação do solo e água; e ainda podem trazer riscos à saúde humana e de

outros seres vivos, além de ocasionar a proliferação de insetos e outros agentes

vetores de doenças e contaminação ambiental.

O sistema de tratamento de esgoto proposto, pode representar uma

excelente alternativa para o tratamento de dejetos gerados, e também, dar uma

maior percepção da problemática ambiental causada pela falta investimento em

saneamento, além de trazer ganhos relevantes para as comunidades que vive as

margens desses serviços.

Page 95: Sistema individual de tratamento de esgoto

95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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operação de sistema de tanques sépticos - NBR 7229. Rio de Janeiro, 1993.

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13969. Rio de Janeiro, 1997.

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NBR 8160. Rio de Janeiro, 1983.

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Janeiro.2006.

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sanitário na Cidade de Belém: Aspectos históricos, políticos e econômicos da

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Veterinária, 1944.

14. MEIRA FILHO, Augusto. Evolução Histórica de Belém do Grão-Pará:

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NUMA/UFPA/EDUFPA, 2003

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18. JORDÃO, E. P., PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 3. ed.

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19. NETTO, J. M. A. et al. Sistemas de esgotos sanitários. 2. ed. São Paulo:

CETESB, 1977. 467p.

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21. KLIGERMAN, Débora Cynamon. Esgotamento Sanitário: De Alternativas

Tecnológicas à Tecnologias Apropriadas - Uma Análise no Contexto

Brasileiro. Rio de Janeiro, UFRJ /IPPUR, 1995.

22. RODRIGUES, Edmilson Brito. Aventura Urbana, Trabalho e Meio Ambiente

em Belém. Belém: NAEA/UFPA/FCAP, 1996.

23. ____________. Os Desafios das Metrópoles: reflexões sobre

desenvolvimento para Belém. Belém: NAEA/UFPA, 2000.

24. PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM/Serviço Autônomo de Água e Esgoto

de Belém.Água: saneamento. 2003. CD-ROM.

25. SANTOS, Roberto. História Econômica da Amazônia: 1800-1920. São

Paulo: T. A. Queiroz, 1980. (Série Estudos Brasileiros, V. 3).

26. SILVA, Valdinei Mendes da; PEREIRA, Almir Rodrigues. Evolução do

Sistema de Esgotamento Sanitário na Região Metropolitana de Belém. In:

PEREIRA, José Almir.

Page 97: Sistema individual de tratamento de esgoto

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27. Rodrigues (Org.). Saneamento Ambiental em Áreas Urbanas: esgotamento

Sanitário na Região Metropolitana de Belém. Belém: NUMA/UFPA/EDUFPA,

2003. p.125 - 141.

28. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE. Censo 2010.

29. PEREIRA, José Almir Rodrigues (Org.). Saneamento Ambiental em Áreas

Urbanas: esgotamento Sanitário na Região Metropolitana de Belém. Belém:

NUMA/UFPA/EDUFPA, 2003.

30. MEIRA FILHO, Augusto. Evolução Histórica de Belém do Grão-Pará:

fundação e história. Vol. I. Belém: Imprensa Oficial do Estado, 1976.

Page 98: Sistema individual de tratamento de esgoto

ANEXO A

Projetos Arquitetônicos

Page 99: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa da Fossa Séptica Cilíndrica

Page 100: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte AA’ da Fossa Séptica Cilíndrica

Page 101: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte BB’ da Fossa Séptica Cilíndrica

Page 102: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa do Filtro Anaeróbio Cilíndrico

Page 103: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte AA’ do Filtro Anaeróbio Cilíndrico

Page 104: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte BB’ do Filtro Anaeróbio Cilíndrico

Page 105: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa do fundo falso do Filtro Anaeróbio Cilíndrico

Page 106: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa do Sumidouro Cilíndrico

Page 107: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte AA’ do Sumidouro Cilíndrico

Page 108: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte BB’ do Sumidouro Cilíndrico

Page 109: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa da Fossa Séptica Prismática

Page 110: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte AA’ da Fossa Séptica Prismática

Page 111: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte BB’ da Fossa Séptica Prismática

Page 112: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa do Filtro Anaeróbio Prismático

Page 113: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte AA’ do Filtro Anaeróbio Prismático

Page 114: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte BB’ do Filtro Anaeróbio Prismático

Page 115: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa do fundo falso do Filtro Anaeróbio Prismático

Page 116: Sistema individual de tratamento de esgoto

Planta Baixa do Sumidouro Prismático

Page 117: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte AA’ do Sumidouro Prismático

Page 118: Sistema individual de tratamento de esgoto

Corte BB’ do Sumidouro Prismático

Page 119: Sistema individual de tratamento de esgoto

ANEXO B

Planilhas de Custo Direto

Page 120: Sistema individual de tratamento de esgoto

ANEXO B – PLANILHA DE CUSTO DIRETO (ARGAMASSA ARMADA)

Page 121: Sistema individual de tratamento de esgoto

ANEXO B – PLANILHA DE CUSTO DIRETO (TIJOLOS CERÂMICOS FURADOS)

Page 122: Sistema individual de tratamento de esgoto

ANEXO B – PLANILHA DE CUSTO DIRETO (CONCRETO ARMADO)

ANEXO B – CUSTO PERCENTUAL


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