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SFH: A PRÁTICA JURÍDICA
Paulo Luiz Durigan
1ª. edição
2007edição do autor
Curitiba
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Para citação:
DURIGAN, P.L. SFH: a prática jurídica. ebook. Disponível em<http://www.apriori.com.br/artigos/sfh.pdf>. Acesso em ________ .
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SUMÁRIO
Prefácio 5
1 Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor 7
2 O Coeficiente de Equiparação Salarial - CES 113 Os prêmios de seguro 16
4 Desenvolvimento dos saldos devedores: forma e amortizações
negativas
23
5 A Taxa Referencial – TR: sua apuração 27
6 Do índice de correção do saldo devedor (TR x INPC) 32
7 A taxa de juros 39
8 O método de Gauss: análise de sentença 50
9 Transferências de financiamento e "contratos de gaveta" 72
10 Quitações e Fundo de Compensação de Variações Salariais – FCVS 80
11 Coletânea de jurisprudência 106
11.1 Legitimidade daquele que adquiriu sem anuência do agente financeiro 10611.2 Submissão ao Código de Defesa do Consumidor 11011.3 Tabela Price e anatocismo 11211.4 Coeficiente de Equiparação Salarial - CES 11711.5 Taxa Referencial – TR 11911.6 Limitação da taxa de juros 12311.7 Forma de amortização 12511.8 Correção do saldo devedor pelo PES 12611.9 PES – vantagens pessoais 13111.10 FCVS – cobertura 13111.11 Devolução em dobro 13311.12 Uso do FGTS no SFH 13411.13 Transferência sem anuência 13611.14 Seguros 13711.15 Rito executório do Decreto-Lei 70/66 137
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1 PREFÁCIO
Reúno aqui uma série de textos esparsos sobre o Sistema Financeiro de
Habitação. Comecei a publicá-los por volta de 1997, quando deixei a Caixa
Econômica Federal. Havia dedicado 16 anos a essa empresa, praticamente todos
eles envolvidos com a questão do financiamento à moradia.
Inicialmente pensava em encadeá-los, fazendo serem precedidos de um
histórico sobre o SFH e sua situação atual. Depois vi que outras pesquisas já
haviam seguido esse roteiro e seria apenas repetição. José Maria Aragão, em obra
editada pela Editora Juruá ainda em 1999 faz uma ampla análise nesse sentido. É
certo que, a meu ver, essa obra foi construída sob um ponto de vista muito particular
do autor – mas, de fato, qual texto não será assim?
Assim, resolvi somente anexar os textos, colocando-os sob certa ordem e
com alterações de conteúdo mínimas. Essas investigações são focadas em
questões práticas e até mesmo por isso interessam não somente ao jurista mas
também àqueles que possuem tal modalidade de financiamento. Assim achei
conveniente inserir, ao final, o posicionamento dos tribunais, mas elaborando breves
comentários.
É certo, passados os anos e considerando a fúria legislativa brasileira,
também algo se desatualizou. Mas qualquer texto é filho de seu tempo e alterá-los
seria ofender essa relação íntima familiar: preferi, quando for o caso, acrescentar
notas de rodapé e adendos.
O leitor irá reparar que boa parte das teses jurídicas apresentadas foi
adotada pelos tribunais, seja como argumento principal ou como auxiliar. Mas há umcerto conteúdo intocado. As discussões sobre taxa referencial, por exemplo,
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dificilmente chegam ao extremo de averiguar como ela é formada. Além disso, há
certas teses jurídicas que tem um conteúdo mais amplo, envolvendo não somente
tais modalidades de financiamento.
Achei prudente alertar, em todo caso, que não se trata de textos
elaborados por um técnico ou por um perito, mas por um profissional de leis. O
contato com peritos, por outro lado, trouxe bons resultados como se pode ver, por
exemplo, em um adendo ao final de um dos textos.
Como fiz em outras vezes, distribuo sob licenciamento na forma do
Creative Commons, dando permissão para cópia e livre distribuição, uso livre nãocomercial, restringindo a alteração do conteúdo e mantendo a exigência de
atribuição de autoria.
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1. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Os mutuários utilizam o serviço de crédito ofertado pelos Agentes
Financeiros para compra de imóvel dos vendedores ou mesmo construção, sendo
que a remuneração desse serviço é representada pelos juros incidentes sobre o
valor do financiamento.
Existe, a meu ver, evidente oferta ao mercado de consumo, da qual é
gerada a remuneração do Agente.
Em vista disso há enquadramento no conceito de fornecedor estabelecido
pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), bastando ver a dicção do seu
artigo 3°, § 2°:
"serviço (para os efeitos do Código do Consumidor) é qualquer atividadefornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive asde natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo asdecorrentes das relações de caráter trabalhista".
As opiniões doutrinárias em sentido diverso partem da análise do
conceito de "consumidor ", abstraindo-o do texto legal, e procurando apurar o
destinatário da norma. Daí seguem estéreis discussões acerca de se a moeda é
insumo ou meio de troca, o que implicaria em aceitar ou não o mutuário como
adquirente final, isto é, como consumidor.
Parece-me que essas investigações subvertem o eixo da controvérsia a
partir da valorização de apenas um dos elementos da proposição.
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Nesse rumo chegam a uma encruzilhada no que diz respeito às
instituições financeiras, posto que aí a moeda tanto poderia ser tomada como
produto, serviço ou meio de troca, bastando apenas posicionar-se em um dos lados
da equação. Ainda que isso confirme o erro, essas análises resolvem excluir as
empresas financeiras apesar do disposto claramente no art. 2º e 3º do CDC, em
privilégio a desrespeitar até mesmo o princípio constitucional da isonomia.
Ora, precisamente por serem instituições financeiras que tratam com
recursos do social, é que precisam ser contidas pelo instrumento social por
excelência, ou seja, o Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Penso que o CDC visou a proteção daquele que contrata (compra, troca,
etc) em situação de inferioridade, isto é, frente a produtos oferecidos ao público:
outro não necessitaria de proteção (art. 1º. CDC). Aí está, diz Arnaldo Rizzardo, “a
motivação filosófica que determinou o surgimento da lei ".
Não tem então pertinência separar o que seja atividade financeira e
atividade bancária - um último reduto da resistência. As duas estão albergadas peloCDC, pois estão colocadas à disposição do público.
Um argumento contrário afirma que os recursos se prestaram como
"mecanismo de fomento da produção ". Mas no fundo é a mesma retórica em nova
roupagem, sendo falsa a petitio principi : dinheiro é mercadoria para os agentes do
SFH. Se for também meio de troca, isto não pode ser causa a tratar as empresas
financeiras com privilégio.
Estabelecida a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor é
preciso identificar o que se aproveita. Aliás, porque o que se debate são questões
de ordem pública, aplicável o CDC inclusive aos contratos anteriores à sua vigência,
à exceção dos contratos já cumpridos e findos.
O primeiro instituto, e talvez o mais importante, é o da interpretação dascláusulas de forma mais favorável aos mutuários, e isto por se tratar de nítido
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contrato de adesão. A importância de tal ordenamento quando são investigados
contratos do SFH é basilar: basta ver a quantidade de cláusulas não somente
incompreensíveis, atulhadas de termos técnicos dos quais o mutuário-aderente
sequer foi esclarecido, mas até mesmo cláusulas contraditórias e de clareza
deplorável.
Em segundo lugar, a possibilidade da inversão do ônus da prova, sendo
que para isso ao menos deve haver demonstração da verossimilhança das
alegações e da hiposuficiência. Isto se revela interessante na prática processual, no
momento em que por vezes somente o próprio agente financeiro detém informações
e documentos aos quais o acesso do mutuário resta prejudicado (entrevistaproposta, forma de comprovação de rendimentos e de filiação à categoria
profissional do início do contrato, planilhas de evolução, etc).
A inversão do ônus da prova compreende o adiantamento dos honorários
periciais? Se o mutuário-autor trouxer aos autos elementos que possam resultar na
verossimilhança de suas alegações, assim como cálculos e análises
adequadamente elaboradas por técnicos especializados, a inversão deve serdeferida. E, se assim o for, a prova para desconstituir essas investigações técnicas
caberá ao agente, o qual deverá preocupar-se com o pagamento desses honorários
para a feitura de prova que lhe interessará diretamente.
A outra possibilidade que se apresenta é a de pleitear a devolução em
dobro das quantias eventualmente pagas a maior, embora para isso também se
exija a prova da culpa do agente, os quais sempre querem escudar-se em simpleserro. Resolve-se, portanto, diante do caso concreto.
Além de vários outros artigos do CDC (art. 18, art. 46, art. 53), pode-se
requer a nulidade ou modificação de cláusulas abusivas (art. 6, V) e a revisão
contratual face à quebra na sua base objetiva (art. 6).
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Por vezes o depósito judicial das prestações,1 calculadas estas frente ao
saldo devedor com as prévias exclusões de tais situações, seja via tutela
antecipatória ou ação consignatória, é a única via a permitir a manutenção do
mutuário e sua família no imóvel, possibilitando a discussão do contrato sem
maiores traumas.2
1 A lei 10.931/2004 criou regras para os depósitos judiciais das prestações. Assim está redigido oartigo. 50: “Nas ações judiciais que tenham por objeto obrigação decorrente de empréstimo,financiamento ou alienação imobiliários, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre asobrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso, sobpena de inépcia. § 1º O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modocontratados. §2º A exigibilidade do valor controvertido poderá ser suspensa mediante depósito domontante correspondente, no tempo e modo contratados. § 3º Em havendo concordância do réu, oautor poderá efetuar o depósito de que trata o § 2º deste artigo, com remuneração e atualização nasmesmas condições aplicadas ao contrato: I - na própria instituição financeira credora, oficial ou não;ou II - em instituição financeira indicada pelo credor, oficial ou não, desde que estes tenham pactuadonesse sentido. § 4º O juiz poderá dispensar o depósito de que trata o § 2º em caso de relevante razãode direito e risco de dano irreparável ao autor, por decisão fundamentada na qual serão detalhadas asrazões jurídicas e fáticas da ilegitimidade da cobrança no caso concreto. § 5º É vedada a suspensãoliminar da exigibilidade da obrigação principal sob a alegação de compensação com valores pagos amaior, sem o depósito do valor integral desta.” 2 Consulte, ao final, a jurisprudência.
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2. O COEFICIENTE DE EQUIPARAÇÃO SALARIAL – CES
Nos seus anos iniciais o Sistema Financeiro da Habitação contava com
fórmulas de financiamento denominadas Planos "A", "B" e "C". Porém tais "planos"
não se apresentavam satisfatórios, já que não davam garantias ao mutuário quanto
à satisfação do débito, sejam os primeiros porque as prestações não estavam
atreladas ao salário, seja porque, quanto ao último, o prazo era prorrogado até a
efetiva quitação do saldo, nunca se sabendo ao certo quando isto iria ocorrer.
O BNH, portanto, se deparou com o fato de que se as unidades
construídas, ou, para utilizar seu jargão, “produzidas”, não fossem comercializadas
teria um duplo prejuízo: o primeiro, ao não cumprir seu objetivo junto à sociedade; o
segundo, de não obter o retorno dos recursos nem junto aos empreendedores da
construção civil, tampouco com as habitações.
Então, para promover a comercialização dos imóveis, cujo fracasso,
como dito, comprometeria o próprio BHN, foi lançado, através da Resolução 36/69,
de 11 de novembro de 1969, o Plano de Equivalência Salarial - PES, substituindo, à
opção dos mutuários, os Planos "A" e "C". O Plano "B" passou a denominar-se
Plano de Correção Monetária - PCM e a ser utilizado precipuamente em
empréstimos a empresários da construção civil (Plano Empresário).
O PES de 1969 estipulava que a responsabilidade pelo saldo devedor
dos financiamentos contratados, nos termos do Decreto-lei nº 19, de 30 de agosto
de 1966, e tal como definido na Instrução nº 05, de 1966 do BNH, seria assumida,
em nome dos mutuários, pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais -
FCVS.
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Através da referida norma, determinou-se que o número de prestações
pactuadas seria, fixo, bem como o reajustamento das prestações seria realizado
sessenta dias após o aumento do salário mínimo e na mesma razão da variação
deste, sendo facultado ao mutuário pactuar mês predeterminado para reajustamento
da prestação.
A mesma resolução criou o Coeficiente de Equiparação Salarial - CES,
que originalmente variava em função do mês de assinatura do contrato e se
destinava a adaptar o encargo de forma a chegar à quitação ao final do prazo.
(Veja-se: o CES foi originalmente criado através de Resolução do BNH esomente adquiriu respaldo jurídico com o advento da Lei 8692/93 de28/07/1993 - essa lei criadora é ordinária e penso na necessidade de leicomplementar para alterar as características do SFH).
A idéia da criação do CES era de uma majoração da prestação inicial em
determinado percentual, percentual este que fosse suficiente para cobrir as
diferenças que poderiam advir da adoção de diferentes índices e periodicidade para
o saldo e prestações. A equação seria fechada com a participação do FCVS.
Tratava-se de uma aposta de que o coeficiente assim calculado com o
acréscimo do CES poderia fazer frente às taxas inflacionárias. Porém esse
coeficiente não poderia ser muito, a ponto de comprometer as vendas, via
acréscimo demasiado das prestações.
A previsão, todavia, fracassou, pois que o país conviveu com taxas
inflacionárias estratosféricas, de forma que nem o CES nem o FCVS conseguiram o
seu intento.
Mas do ponto de vista do mutuário há que se ver que não lhe pode ser
imputado a responsabilidade por políticas econômicas malsucedidas, tampouco
pelos desmandos suficientemente por todos conhecidos.
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Ocorre que o percentual inserido no encargo mensal (variável conforme a
época da assinatura) chega, na maioria das vezes, à marca de 15% (quinze por
cento).
Os agentes financeiros costumam alegar que tal acréscimo é benéfico
aos mutuários, no momento em que vai propiciar a liquidação antecipada da dívida.
E, aliás, conseguiram convencer alguns juízes, a se ver sentenças repetindo a
mesma ladainha.
O argumento, entretanto, é equivocado. Imagine que alguém tenha
comprado uma televisão a prazo, em 12 meses. Lá por volta do terceiro mês recebea visita do proprietário da loja que diz assim: “vou aumentar a sua prestação em
15% todo mês porque será melhor para você, já que quitará o empréstimo antes”. O
que não se afirmou é que esse aumento de 15% seria mais favorável a ele próprio –
o vendedor -, que receberá a quantia emprestada antes do prazo. Mas, enfim, é
esse, sem meias palavras, o argumento bancário. Com o CES recebem um
adiantamento todo mês, em valores que não fazem parte da equação taxa de juros
e prazo para o qual já havia sido calculada a prestação.
Parece-me, então, que há é um benefício às financeiras, com esse
adiantamento do fluxo de recebimentos.
Embora possa se dizer que os juros serão calculados mês a mês pela
taxa nominal, a questão que permanece é que a parcela de amortização foi
aumentada no percentual do CES e sem esse acréscimo o banco receberia quantiamenor naquele mês.
Ademais, o prazo do financiamento está expresso no contrato, de
maneira que não pode o agente exigir qualquer tipo de antecipação.
Além disso, nos casos em que há cobertura pelo FCVS, não há o menor
interesse do contratante em pagar essa quantia mensal, uma vez que é este Fundo
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que irá liquidar os eventuais resíduos (no mais o FCVS ou foi pago à vista na
contratação ou mensalmente com os demais encargos).
Não fosse só, na grande maioria das vezes, sequer a existência do CES é
mencionada no contrato, e, quando o é, não se diz o que seja, sua finalidade, nem
mesmo que a prestação inicial (e, via de conseqüências, as demais) é majorada.
Por mais que se afirme (e se admite para análise da envergadura do
argumento) que os contratos no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação são de
interesse público e que devem seguir as regras gerais para eles impostas, estejam
estas no contrato ou não, jamais se poderá imputar ao mutuário condição a que nãose obrigou. Além isso, não cabe, no caso, o aceno à ordem pública, já que a
responsabilidade é exclusiva do Agente, sendo este quem deve arcar com eventuais
diferenciais quando da habilitação ao Fundo de Compensação de Variações
Salariais.
Além de tudo, a inclusão do CES onera o mutuário, promovendo o
aumento dos encargos, apesar de cláusula indexadora aos salários.
O CES, aliás, é também imputado aos seguros pagos pelos mutuários (os
dois: DFI - danos físicos no imóvel e MIP - morte e invalidez permanente). Mas a
título de que? Que benefício há ao mutuário essa majoração securitária? Ora,
nenhum. De fato há essa previsão no artigo 16 da Resolução BNH 1980/1993 e
no item 7 da Circular BACEN 1.214/1987, de 04 de agosto de 1987. Porém não se
vê benefício ao mutuário que autorize essa majoração. Mesmo que se aceite ospercentuais ditados pela SUSEP parece-me faltar competência ao BNH e ao
BACEN para autorizar o CES nos seguros.
É evidente que ao instituir o CES e o FCVS o Estado apostou que a
aplicação dos recursos arrecadados com essas taxas o capitalizasse
suficientemente para cobrir eventuais diferenças. O problema é que isto dependia e
depende não só do controle inflacionário como da boa gestão dos recursos. Comose sabe, nenhuma nem outra coisa foram e são bem feitos – daí que não deve ser
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novamente o contribuinte, o mutuário no caso, que deve "pagar o pato" dessa
sabida ciranda politiqueira de verbas.
Determinar que o mutuário pague, sem saber e sem contratar, acréscimo
na prestação, somente iria premiar a negligência do Estado e até mesmo do Agente
Financeiro, que sempre quer se fazer passar pela inocente figura de mero
repassador de recursos.
Porém um alerta final. Aqueles que pretendem questionar a aplicabilidade
do CES em contratos que não tem cobertura pelo FCVS se defrontaram com
resultado no qual a redução do encargo mensal dará como conseqüência, peladiminuição da parcela de amortização mensal, em aumento do saldo devedor. Daí
que, questionar-se simplesmente a prestação e não o saldo devedor pode ser, como
se diz, um "tiro no pé".
Em todo o caso, o que se pode extrair dessa história é bastante simples:
por detrás da idéia de redução do déficit dos saldos devedores o que ocorre é um
enorme direcionamento de recursos em prol do setor financeiro!
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3. OS PRÊMIOS DE SEGURO
Há um complexo formato que resguarda o Sistema Financeiro da
Habitação no tocante a seguros.
O artigo 14 da Lei 4380/1964 já disciplinava:
“Art. 14 - Os adquirentes de habitações financiadas pelo SistemaFinanceiro da Habitação contratarão seguro de vida de renda temporária,que integrará, obrigatoriamente, o contrato de financiamento, nascondições fixadas pelo Banco Nacional da Habitação”.
Posteriormente o Decreto-lei Nº 73, de 21 de novembro de 1966, que
dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados e regulava as operações de seguros e resseguros, autorizou, em seu artigo 15, o Banco Nacional de Habitação
a “assumir os riscos decorrentes das operações do Sistema Financeiro da
Habitação que não encontrem cobertura no mercado nacional, a taxas e condições
compatíveis com as necessidades do Sistema Financeiro da Habitação” (dispositivo
revogado pela Lei Complementar nº 126, de 2007). A mesma norma criou a
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), outorgando-lhe competência,
entre outras, para “baixar instruções e expedir circulares relativas à regulamentaçãodas operações de seguro” e “fixar condições de apólices, planos de operações e
tarifas a serem utilizadas obrigatoriamente pelo mercado segurador nacional” (arts.
35 e 36). E, na prática, é um grupo de seguradoras atuando junto ao Sistema
Financeiro da Habitação, conforme o que fixa a Portaria 569 do Ministério da
Fazenda, de 28/10/1993.
Além disso, criou-se o FESA (Fundo de Equalização de Sinistralidade daApólice de Seguro Habitacional do SFH), ou seja, um fundo de reservas que serve
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como garantia do pagamento das indenizações contratadas constituído pela
contribuição dos segurados, os prêmios de seguros, pelo superávit do seguro
habitacional e por transferências do FUNDHAB/Seguro de Crédito. O FESA serve
também para assegurar a manutenção da relação sinistro/prêmio aos seus
participantes, em função do resultado apresentado por cada seguradora autorizada
a operacionalizar este seguro.
A partir daí uma série de Circulares vieram regular os parâmetros de cálculos
dos prêmios de seguro. A título de exemplo: C. CFG 20/74, C. CFG 12/77, RD
21/84, C. DESEG 22/84, RD 21/84, C. DESEG 22/84, C. GP 71/86, RD 21/84, C.
DESEG 22/84, RD 63/86, C. SUSEP 25/87, C. SUSEP 23/88, C. SUSEP 05/95,C. SUSEP 05/95, Res. 1980/93, do BACEN, RD/BNH 18/77, RD BNH 132/82, RD
BNH 161/82, RD BNH 183/83, RD BNH 155/82.
Esses coeficientes de 31/10/1984 a 21/12/1994 estão na tabela abaixo:
DT. ASSIN.CONTR. PARÂMETRO MIP DFI LEGISLAÇÃO
até 31.10.84 qualquer VF 0,0004143 0,0000690 C. CFG 20/74; 12/770 < VF = < 800 0,0004143 0,0000690800 < VF = < 1.400 0,0004705 0,0000784
01.11.84 1.400 < VF = < 1.800 0,0005179 0,0000863 RD 21/84a 1.800 < VF = < 2.250 0,0005597 0,0000932 C. DESEG 22/8419.05.86 2.250 < VF = < 3.000 0,0006215 0,0001035
acima de 3.000 0,0006624 0,0001103(Cz$) 0 < VF = < 74.431,00 0,0004143 0,0000690
74.431,00 < VF = < 130.255,00 0,0004705 0,000078420.05.86 130.255,00 < VF = < 167.470,00 0,0005179 0,0000863 RD 21/84
a 167.470,00 < VF = < 209.338,00 0,0005597 0,0000932 C. DESEG 22/8423.11.86 209.338,00 < VF = < 279.118,00 0,0006215 0,0001035 C.GP 71/86
279.118,00 < VF = < 532.000,00 0,0006624 0,00011030 < VF = < 800 0,0004143 0,0000690800 < VF = < 1.400 0,0004705 0,0000784
24.11.86 1.400 < VF = < 1.800 0,0005179 0,0000863 RD 21/84a 1.800 < VF = < 2.250 0,0005597 0,0000932 C. DESEG 22/8430.11.87 2.250 < VF = < 3.000 0,0006215 0,0001035 RD 63/86
acima de 3.000 0,0006624 0,00011030 < VF = < 800 0,0006198 0,0001032800 < VF = < 1.400 0,0007039 0,0001173
01.12.87 1.400 < VF = < 1.800 0,0007748 0,0001291a 1.800 < VF = < 2.250 0,0008373 0,0001394 C. SUSEP 25/87
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31.10.88 2.250 < VF = < 3.000 0,0009298 0,0001548acima de 3.000 0,0009909 0,00016500 < VF = < 800 0,0009024 0,0001503
01.11.88 800 < VF = < 1.400 0,0010249 0,0001708
a 1.400 < VF = < 1.800 0,0011281 0,0001880 C. SUSEP 23/8830.06.94 1.800 < VF = < 2.250 0,0012191 0,00020302.250 < VF = < 2.500 0,0013538 0,00022540 < VF = < 6.016,00 0,0009024 0,00015036.016,00 < VF = < 10.528,00 0,0010249 0,0001708
01.07.94 10.528,00 < VF = < 13.536,00 0,0011281 0,0001880a 13.536,00 < VF = < 16.920,00 0,0012191 0,0002030 C. SUSEP 05/9521.12.94 16.920,00 < VF = < 22.560,00 0,0013538 0,0002254
acima de 22.560,00 0,0014429 0,00024020 < VF = < 7.466,66 0,0009024 0,00015037.466,66 < VF = < 13.066,66 0,0010249 0,0001708
a partir 13.066,66 < VF = < 16.800,00 0,0011281 0,0001880
de 16.800,00 < VF = < 21.000,00 0,0012191 0,0002030 C. SUSEP 05/9522.12.94 21.000,00 < VF = < 28.000,00 0,0013538 0,0002254
acima de 28.000,00 0,0014429 0,0002402
Há basicamente duas espécies de coberturas securitárias junto ao
Sistema Financeiro da Habitação, com a cobrança dos seguintes prêmios:
a) - MIP (morte e invalidez permanente): calculado ao início do contrato,
através de coeficientes fornecidos pela SUSEP e em face ao valor do
financiamento, visa quitar o saldo devedor do contrato quando da
ocorrência dos eventos morte ou invalidez permanente.
b) - DFI (danos físicos no imóvel): calculado ao início do contrato, através de
coeficientes fornecidos pela SUSEP e em face ao valor de avaliação do
imóvel adotado pelo Agente Financeiro, com vias a repor o imóvel à
condição anterior ao sinistro, quando da ocorrência dos eventos descritos
na apólice, que refletem danos no imóvel. Se o financiamento for para
construção do imóvel, durante a fase de construção o cálculo é realizado
em função do valor de financiamento.
Há ainda o RCC (Responsabilidade Civil do Construtor), cobrado durante
a fase de construção, e o Seguro de Crédito, que não mais existe - mas estes não
serão tratados aqui.
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O cálculo inicial praticado pelos Agentes envolve coeficientes fornecidos
pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP (conforme tabela acima), os
quais, como se vê, variam segundo os valores de financiamento. No lado do Agente
Financeiro, é efetuado o somatório dos prêmios mensais dos financiamentos em
sua carteira e providenciado o repasse das quantias à seguradora contratada, isto
até determinada data mensal.
Quanto às controvérsias acerca dos prêmios, à exceção daquelas que
envolvem sinistros e a cobertura, geralmente envolvem três aspectos: a) disputa
sobre os reajustes; b) a discussão sobre o valor dos prêmios; e c) a inserção do
CES.
Quanto aos reajustes, na prática ocorre o cálculo dos prêmios na
contratação, sendo reajustados, a partir daí, pelo mesmo índice aplicado à
prestação de amortização e juros. Porém, a princípio, não há impedimento que tais
seguros possam ser majorados ou reduzidos, com vistas a equacionar a situação do
mercado e os riscos para as Seguradoras, tais como o percentual de inadimplência.
Por exemplo, em 16/04/1992, a SUSEP, através da Circular 08, alterou as taxas deprêmio de seguro habitacional, majorando-os em 60% para os contratos firmados
até 28/02/1986 e em 30% para os contratos assinados de 01/03/1986 a 31/12/1988.
Todavia esse aumento foi suspenso através de liminar nos autos 93.0001771-2, da
3a. Vara da Seção Judiciária do Mato Grosso.
Da segunda parte, vê-se que, via de regra, os valores dos prêmios
mensais de seguro, cobrados juntamente com a parcela de amortização de juros,apresentam valores incompatíveis com os praticados pelo mercado para coberturas
idênticas. Os agentes financeiros contra-argumentam que tais seguros revestem-se
de características especiais, únicas no mercado, tendo inclusive eventual déficit
sujeito à cobertura junto aos valores arrecadados pelo FCVS.
É verdade que o seguro beneficia o mutuário, já que promove a reposição
dos imóveis em casos de sinistro ou a quitação, em caso de morte ou invalidezpermanente. Mas o que está em jogo é a total ausência de participação do mutuário
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na contratação da seguradora, sendo-lhe impossível adquirir outro plano que dê a
mesma cobertura, mas com menor custo.
Aliás, na forma como é realizada a "contratação", parece-me que afronta
flagrantemente o art. 39, I, do Código de Defesa do Consumidor, que proíbe
condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro
produto ou serviço, embora o que se discuta não seja a necessidade do seguro,
mas a liberdade de sua contratação. Mais flagrante a violação do dispositivo legal
quando se trata de seguradora do próprio conglomerado financeiro.
Afora essa situação de exorbitância dos valores frente aos praticadospelo mercado, há ainda um outro pólo de indagação. Ocorre que o agente
financeiro, após o cálculo inicial desses prêmios mensais, passa, como dito, a
corrigi-los em índice idêntico ao das prestações. Com isso, independentemente do
fato de as prestações (de amortização e juros) estarem sendo pagas e amortizando
o saldo, reduzindo, portanto, o risco do agente e da Seguradora, os prêmios de
seguros vão sendo mês a mês majorados.
Disso uma enorme desproporção: ao passo que, no caso do MIP, o que
está segurado é o atual saldo devedor (isto é, após as amortizações), o valor do
prêmio mensal, frente ao coeficiente inicial, representa saldo muito maior (evidente,
posto que sofreu apenas reajustes, e não considerou as amortizações), ou seja,
representa o valor inicial financiado corrigido, sem as amortizações.
Com o DFI a mesma coisa: ao passo que o valor do imóvel geralmentevai se depreciando ao decorrer do tempo, o inverso acontece com o prêmio, que, de
igual forma ao MIP, foi corrigido pelos mesmos índices aplicados à prestação.
Para tirarmos a prova basta tão somente dividirmos cada componente do
prêmio mensal (MIP e DFI) pelo coeficiente inicial e chegaremos à base de cálculo
sobre a qual são calculados. Por sua vez, para saber quais os coeficientes da
contratação basta recorrer às tabelas da SUSEP ou então, dividir o valor de cadacomponente do prêmio de seguro indicado no contrato (sem o CES) pela sua base
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de cálculo - ou seja, o MIP pelo valor de financiamento e o DFI pelo valor da
avaliação.
Pergunta-se: se houver sinistro, sobre qual base irá se assentar a
indenização? Sempre será, ou pelo saldo devedor atual (MIP), ou via reposição do
imóvel ao estado anterior ao sinistro (DFI), o que, quando muito, irá significar o valor
atual do mercado.
Deve-se atentar que a vitória de qualquer tese jurídica que implique a
redução do saldo devedor resulta, igualmente, na diminuição do risco a ser
suportado pela seguradora quanto ao seguro de Morte e Invalidez Permanente,cabendo, em tese, a sua redução proporcional.
Por fim há o acréscimo do CES às prestações de seguros. De fato há
essa previsão no artigo 16 da Resolução BNH 1980/1993 e no item 7 da Circular
BACEN 1.214/1987, de 04 de agosto de 1987. Porém não se vê benefício ao
mutuário que autorize essa majoração. Parece-me que ainda que se aceite os
percentuais ditados pela SUSEP falta competência ao BNH e ao BACEN paraautorizar o CES nos seguros.
Na busca de suporte legal, pode-se acenar com o art. 1438 do Código
Civil de 1916, que previa a possibilidade de “redução ao valor real” (ainda que sob o
olhar do segurador):
Art. 1.438 - Se o valor do seguro exceder ao da coisa, o seguradorpoderá, ainda depois de entregue a apólice, exigir a sua redução ao valorreal, restituindo ao segurado o excesso do prêmio; e, provando que osegurado obrou de má-fé, terá direito a anular o seguro, sem restituiçãodo prêmio, nem prejuízo da ação penal que no caso couber.
Penso que se pode tomar a recíproca como verdadeira, também
sujeitando as seguradoras a devolver os prêmios cobrados a maior, já que a lei não
pode conferir privilégios e nem laborar em prol do enriquecimento ilícito.
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Tanto o é que o Código Civil ora em vigor assim estipula em seu artigo
770:
Art. 770. Salvo disposição em contrário, a diminuição do risco no curso docontrato não acarreta a redução do prêmio estipulado; mas, se a reduçãodo risco for considerável, o segurado poderá exigir a revisão do prêmio,ou a resolução do contrato.
Entendo, entretanto, que nas ações que vierem a questionar os seguros
cobrados junto ao SFH e que lograrem obter liminares para o depósito em juízo
pelos valores a menor, os autores devem tomar certos cuidados. Ou se deve
requerer que o Juízo determine que o Agente continue a repassar à Seguradora os
valores que entende devidos, como já vinha fazendo, ou, então, o próprio mutuário
deve precaver-se e contratar seguro à parte, pelo diferencial. Isto como forma a dar
segurança enquanto se discute o feito, o que significar longos anos. 3
3 Como se vê da jurisprudência coletada, infelizmente os Tribunais não estão acatando as teses aquidefendidas.
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4. O DESENVOLVIMENTO DOS SALDOS: FORMA E AMORTIZAÇÕESNEGATIVAS
Como se dá o desenvolvimento do saldo devedor dos contratos
realizados no âmbito do SFH? E, especialmente, em que momento se dá a
amortização e em qual se faz a inserção de juros?
Na conjuntura tupiniquim alguns componentes vieram acrescentar-se à
fórmula ditada por Richard Price, uma vez que seria incompatível a manutenção de
prestações invariáveis do início ao fim do empréstimo frente à depreciação da
moeda confessada através de índices oficiais.
O problema, daí para frente, é saber-se em que momento esse novo
componente, a correção monetária, deve ser inserido no desenvolvimento do saldo
devedor e como se comporta o cálculo dos juros.
As planilhas apresentadas pelos agentes do Sistema Financeiro da
Habitação mostram prática de primeiramente corrigir o saldo devedor para somente
depois aplicar a parcela de amortização advinda da prestação.
Esse formato nos parece afastar-se da dicção do artigo 6°, alínea "c", da
Lei 4380/64. É verdade que o texto citado tornou-se, após os vetos e revogações,um verdadeiro Frankenstein. Vamos ver, então, um pouco mais que a alínea “c”:
" Art. 5º. Observado o disposto na presente lei, os contratos de vendas ouconstrução de habitações para pagamento a prazo ou de empréstimospara aquisição ou construção de habitações poderão prever oreajustamento das prestações mensais de amortização e juros, com aconseqüente correção do valor monetário da dívida toda a vez que o
salário mínimo legal for alterado.(...)
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Art. 6º. O disposto no artigo anterior somente se aplicará aos contratos devenda, cessão ou promessa de cessão, ou empréstimo que satisfaçam àsseguintes condições:(...)
c) ao menos parte do financiamento, ou do preço a ser pago, seja amortizado em prestações mensais sucessivas , de igual valor, antes do reajustamento, que incluam amortização e juros; d) além das prestações mensais referidas na alínea anterior, quandoconvencionadas prestações intermediárias, fica vedado o reajustamentodas mesmas, e do saldo devedor a elas correspondente;" .
Os agentes têm dito que agem em consonância com esse mandamento,
já que, segundo essa versão, a norma remeteria para as prestações e não parafinanciamento. Porém, hoje, no texto da norma a palavra "reajustamento" está no
singular, daí que não poderia referir-se a "prestações", a não ser que, além da lógica
tivermos que reconstruir aqui também a gramática. Já a alínea "d", do artigo 6º. diz
respeito somente a prestações INTERMEDIÁRIAS, isto é durante o próprio mês, o
que realmente implica em não reajustá-las, nem ao saldo, já que tal índice mensal já
foi aplicado, POR INTEIRO, quando da prestação mensal. Reajustar mais uma vez
significaria aplicar em o índice do mês.
Outra defesa baseia-se já nem em uma exegese gramatical, mas
caminha para a lógica matemática e insinua que ao se proceder a amortização
antes da correção do saldo se criará, inevitavelmente, liquidar o empréstimo antes
do prazo, o que demonstraria que se estaria eliminando parcela da correção
monetária.
Parece-me, entretanto, que não se está eliminando o instituto da correção
monetária, mas simplesmente regulando seu uso. Além disso no SFH contrata-se o
pagamento do financiamento sendo o prazo sujeito a variáveis e ainda plenamente
modificável via amortizações voluntárias.
Mas este é apenas um dos prismas da discussão quando se vai tratar do
desenvolvimento dos saldos devedores. Se observarmos a "tabela" que segue
necessariamente dos cálculos dos coeficientes segundo a fórmula de Price,
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veremos que ela apresenta percentuais diversos de amortização e juros: a parcela
de amortização vai aumentando ao passo que os juros seguem diminuindo.
Porém o que ocorre quando o encargo mensal não se consegue quitar
essa parcela "ideal" (amortização + juros)? O procedimento adotado tem sido o de
cobrar os juros e reduzir a parcela de amortização prevista, com isso influindo
diretamente na equação que resultaria no “zeramento” do saldo. Mas porque o
contrário não poderia também ser pertinente? Porque os juros que não alcancem
esse percentual mensal "ideal" não poderiam eles, em vez da parcela de
amortização, serem calculados em conta à parte? E o pior ocorre quando a parcela
paga não é suficiente nem mesmo para a quitação desse percentual de juros: os juros impagos são adicionados à conta e, posteriormente, novos juros sobre eles
são cobrados.
A solução a ser dada pelo judiciário, parece-me, deve ser menos de
adaptar o direito à matemática e mais de conjugar os dados de uma dinâmica social
(senão existencial).4 Aquele que se prende a contrato da casa própria só o faz na
esperança de vê-lo quitado com os recursos de seus rendimentos mensais -ninguém imagina resíduos e demais peripécias contratuais. Promover o acertamento
desse tipo de pacto, implica, ao mesmo tempo, mantê-lo no que é possível e
reformá-lo no que foge a essa expectativa original.
Nesse contexto, e retornando o olhar agora para a alínea “c” do artigo 6º.
da Lei 4.380/1964, parece-nos surgir agora, claramente, a dificuldade do legislador
em ajustar o seu interesse no equilíbrio do SFH com a necessidade de garantia aofinanciado de efetiva quitação da dívida. E nos parece, mais, que o legislador optou
decisivamente por essa garantia, como fosse ela própria, em suas várias nuances, o
almejado equilibro. E assim quis mesmo que os percentuais “ideais” previstos pela
Tabela Price fossem mantidos do início ao fim do empréstimo.
4
Afinal, não é Dinamarco (em "Coisa Julgada Inconstitucional") que nos diz que o Direito não é comoa matemática?
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5. A TAXA REFERENCIAL – TR: SUA APURAÇÃO
Muito se falou e se comenta sobre a Taxa Referencial sua ilegalidade, ou,
pelo contrário, sua pertinência, mas não localizei nenhum estudo que levasse em
consideração a sua composição, sua fórmula de cálculo.
Vejamos a respeito, então.
Os mutuários que assinaram contratos em 1991 ou logo depois, se
defrontaram inicialmente com uma certa semelhança entre os índices da TR e do
INPC o que dava indicativos de futura paridade entre esses índices. Todavia, daí
para frente a coisa desandou.
Mas os diferenciais não se devem somente a oscilações da economia,mas, parece-me, também à alteração da sistemática apuratória desse índice. Eis aí
o ponto.
Ficou estabelecido que o Banco Central do Brasil efetuaria o cálculo da
TR a partir da remuneração mensal média dos certificados e recibos de depósito
bancário (CDB/RDB), emitidos pelas 20 (vinte) maiores instituições financeiras
integrantes da amostra, designadas instituições de referência, levando em conta ataxa média de remuneração dos CDB/RDB'S, a taxa média ponderada de
remuneração; e um redutor fixado por resolução do CMN.
Porém ocorreram modificações posteriores no cálculo da Taxa
Referencial, alterações estas que não podiam ser previstas e acabaram por
inflacioná-la artificialmente.
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A primeira mudança significativa ocorreu através da Resolução CMN
2387, de 22/05/1997. Essa resolução estabeleceu a seguinte fórmula de cálculo
para o do redutor "R" da Taxa Referencial, com dois novos elementos, uma
"constante" e um "fator de ponderação":
R= a+ b. TBFm, onde:
TBFm = média aritmética simples das Taxas Básicas Financeiras (TBF) relativasaos cinco últimos dias úteis do mês anterior ao mês de referência, expressa naforma unitária;a = 1,0025; (constante)b = 0,45. (fator de ponderação)
Por sua vez, a Resolução CMN 2437, de 30/10/1997 promoveu uma
consolidação das normas que regem o cálculo da TR, estabeleceu uma sistemática
de cálculo mais ampla, considerando a repercussão dos dias não úteis, inclusive
quanto ao redutor.
Já a Resolução 2604, de 23/04/1999, alterou novamente a fórmula de
cálculo do redutor "R", considerando também dias não úteis e alterou a constante
"a" para 1,005 e o fator de ponderação "b" para 0,48.
A se considerar o que diz o perito Édison Luiz Kruger, nos autos
99.0022417-5 da 4ª Vara Federal de Curitiba,
“As Resoluções 2387, de 22/05/1997, CMN 2437, de 30/10/1997, e 2604, de
23/04/1999, no conjunto, promoveram não só a alteração da metodologia comrelação a dias não úteis, mas também inseriram no cálculo do redutor doisnovos elementos, cujo cálculo está a cargo do BACEN, ou seja, a constante "a"e o fator de ponderação "b". “
E, além disso:
”Especificadamente com relação aos dias não úteis, é verdadeiro que ao seestender a tais dias um determinado percentual estar-se-á incrementandoartificialmente a taxa mensal da TR, posto que essa diferença não pode seratribuída a variações dos dados coletados."
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Ou seja, as alterações implementadas no formato de seu cálculo não
somente deixaram mais complexa a apuração da Taxa Referencial, mas, como diz
Kruger, “a incrementaram artificialmente ."
Não fora só essa mudança na fórmula com relação aos dias não úteis, a
Resolução CMN 2437 introduziu a constante "a" e o fator de ponderação "b" de
forma que o Conselho Monetário Nacional podem modificar substancialmente o
resultado do cálculo da TR.
Como afirma Kruger, “evidentemente, por serem constantes atribuídas, epor sua posição na equação, qualquer alteração influenciará o resultado”.
Ou seja, menos que um cálculo que se poderia chamar de “científico”, a
apuração da TR, face essas constantes que podem ser facilmente manipuladas,
pode gerar qualquer resultado.
É o que Kruger pretende demonstrar através de exemplo:
“Exemplificando:R = a + b. TBFm ouR = (a + b x TBF/100) - Res. CMN 2604/99
“a” “b” TBF/100(exemplo)
= R Res. CMN Vigência
1,0025 0,45 0,02 1,0115 2437/97 30/10/1997
1,0050 0,48 0,02 1,0146 2604/99 23/04/19991,0080 0,55 0,02 1,0190 (exemplo)
O reflexo do redutor no cálculo da TR é inversamente proporcional, isto é,quando menor, maior será o índice encontrado, e vice-versa.Segundo a Resolução CMN 2609/99, a TR é calculada através da seguintefórmula:TR = 100 x {[(1 + TBF/100) / R]-1} (em %)Substituindo-se os valores encontrados na fórmula teremos:
R TBF/100(exemplo)
TR
1,0115 0,02 0,8403%1,0146 0,02 0,5322%
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1,0190 0,02 0,098%
Como se verifica dos exemplos acima, nos quais se mantiveram os mesmosvalores de TBF, o resultado foi muito diferente, variando de 0,098% a 0,8403%.
Respondendo, portanto:Eventuais alterações na constante "a" e no fator de ponderação "b" podemresultar modificações substanciais no resultado do cálculo da TR."
Ora, ao estender o cálculo a dias não úteis estar-se-á incrementando a
taxa mensal da TR, muito embora ao que transparece, a idéia tenha sido a de
compatibilizar em uma única média as taxas decorrentes de CDB/RDB contratados
para dias corridos com as para dias úteis. E, por fim, vincular o cálculo do redutor
"R" ao procedimento de inclusão de dias não-úteis é realmente conjugar o
incremento com a possibilidade de manipulação.
A considerar esses dados, pode-se defender o afastamento da Taxa
Referencial também pelo inciso X do art. 51 do Código de defesa do Consumidor,
que impede ao fornecedor, direta ou indiretamente, a variação do preço de forma
unilateral. Isso porque pouco interessa que o banqueiro em menor ou menor grau
esteja sofrendo das mesmas conseqüências. De fato, não é possível a manutenção
de um índice tal que pode sofrer modificações drásticas, a qualquer tempo,
alterações estas que refletem muito mais a situação política vivenciada do que a
efetiva mudança no poder aquisitivo da moeda. Veja-se que aqui não se afirma que
a TR tenha sido “manipulada”, mas que pode facilmente sofrer desse mal, o que a
invalida como averiguação, digamos assim, científica, da variação inflacionária.
Apenas para finalizar é interessante anotar parecer do mesmo perito nos
autos citados quanto à diferença na forma apuratória da TR em confronto com o
INPC:
"O INPC/IBGE tem por população objetivo as famílias residentes nas áreasurbanas, com rendimento monetário familiar disponível de 1 a 8 saláriosmínimos e cujo chefe é assalariado, com abrangência geográfica em todas asregiões metropolitanas das principais cidades do país. A sua estrutura de coletaintegra todos os itens de despesa de consumo que tem participação na despesa
total igual ou superior a 0,05% ou participação inferior a 0,05% e superior a0,01% para itens de despesa pertencentes a grupamentos compostos por itens
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com participações pequenas. Além disso há um sistema de estrutura de pesosregionais, de forma que o INPC/IBGE é obtido a partir da média aritméticaponderada dos índices das áreas pesquisadas.A TR, como se viu, espelha as alterações no mercado financeiro, e em especial,
quanto à remuneração dos CDB/RDB. Está, ainda, sujeita à influência doBACEN, face aos componentes do cálculo denominados "variável a" e "fator deponderação b".Partindo de um conceito, historicamente aceito, de que a perda do poderaquisitivo da moeda (inflação) mede-se através da alteração dos preços, é de sever, dos dois índices apresentados, unicamente o INPC/IBGE se adapta aoconceito de inflação, correção monetária ou variação do poder aquisitivo damoeda nacional.O segundo ponto a ser enfrentado é com relação à existência de uma taxaremuneratória da TR ou que vai além da mera atualização de valores.Se entendermos que toda quantia que supera a inflação (e em sendo estamedida pelo INPC/IBGE) é remuneração, então a taxa remuneratória da TR é
justamente essa diferença a mais existente entre a TR e o INPC. Se não houverdiferença, ou for a menor, teremos que entender que, no caso, não há"remuneração", apenas "correção monetária".Portanto:É correto o entendimento de que a taxa remuneratória da TR é aquela quesupera o INPC/IBGE, desde que se tenha o INPC/IBGE como índice quedemonstra a variação de preços, frente a outros. confrontado com a TR, o INPCrepresenta de forma mais adequada o conceito de "inflação".”
Ou seja, além de outros argumentos baseados na exegese legal, também
considerando a forma apuratória da Taxa Referencial, deve ela ser afastada dos
contratos envolvendo o Sistema Financeiro da Habitação (e outros). Cabe ver, em
todo caso, o resultado prático dessa exclusão, isto é, se o resultado é satisfatório
aos interesses do mutuário ou construtor, o que deve ser averiguado em cada caso.
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6. DO ÍNDICE DE CORREÇÃO DO SALDO DEVEDOR (TR x INPC)
Da controvérsia
O inciso 1º. do artigo 5º. da Lei 4380/64, criadora do SFH, dispõe que "o
reajustamento será baseado em índice geral de preços mensalmente apurado ou
adotado pelo Conselho Nacional de Economia que reflita adequadamente as
variações no poder aquisitivo da moeda"
No entanto, com o advento da Lei 8.177, de 1º de março de 1991, restou
alterada a forma de reajuste dos depósitos da poupança, que passou a ser
vinculada à Taxa Referencial, por força do disposto no art. 12 daquela Lei, e que
agora está disciplinado pelo art. 7º da Lei 8.660/93 - com isso também os saldos
devedores do SFH passaram a ter tal reajustamento.
Ao analisar os efeitos da Lei 8.177/91 nos contratos firmados antes de
sua entrada em vigor, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento da ADIN 493-
0/DF, publicado em 04.09.92, entendeu que a substituição do índice neutro de
inflação pela Taxa Referencial no reajuste dos saldos devedores dos contratos
firmados até 29.02.91 era inconstitucional, por ferir o ato jurídico perfeito e o direito
adquirido derivado do pactuado anteriormente àquela Lei.
E, de fato, logo depois surgiu a Súmula 295:
"A taxa referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei8.177/91, desde que pactuada".
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Resta, em todo caso, que nos contratos posteriores à Lei 8177/1991, se
não pactuado, o índice seria ilegal.
A tese
Mas sustentarei aqui que pouco importa o momento da assinatura do
contrato, sendo que a decretada ilegalidade permeia inclusive os contratos firmados
após o advento da Lei 8177/91, esteja ou não o índice inserido no contrato.
Primeiro porque a TR, como se disse, não é nem nunca foi índice que
reflita a correção monetária, o que é reconhecido pelo STF (ADIN 493-0/DF, em
25.6.92). É que sua metodologia de cálculo indica somente as variações do
mercado financeiro e não o custo da moeda junto ao cidadão comum. Então não
corresponde ao determinado pela Lei 4380/64, não podendo ser utilizada junto ao
SFH.5
Como se disse, a Lei 4380/64 determina que os valores decorrentes dos
contratos habitacionais celebrados no âmbito do Sistema Financeiro Habitacional,poderão ser reajustados de forma que seja mantido o "valor monetário da dívida".
No mesmo sentido referiram o Decreto n. 19, de 30/08.66, o Decreto n. 70, de
21/11/66 e o Decreto 94.548/97. Ora, tendo sido a Lei originária (Lei 4.380/64)
recepcionada como lei complementar no âmbito da Constituição de 1988 (art. 192) ,
também o foram os diplomas legais que a alteraram. Daí que após a Constituição
de 1988 a correção monetária (na forma idealizada na Lei 4380/64) só poderia ser
retirada dos contratos no âmbito do SFH através de Lei complementar, o que,evidentemente, não é o caso da Lei 8.177/91, que instituiu a TR.
Em segundo lugar, é que o mutuário - em posição vulnerável - certamente
foi guiado pelo sentido que o senso comum dá ao enunciado "correção monetária",
isto é aquele de reajuste do valor nominal da dívida em face da inflação. Não
5 Ver a respeito, meu texto, “A Taxa Referencial – TR e o SFH: sua apuração”.
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contratou a TR, portanto, que não pode ser aplicável, face, inclusive, ao disposto
nos artigos 46 e 47 do Código de Defesa do Consumidor.
Por terceiro, que a aplicação da TR traduz-se em cláusula leonina, já que
remunera duplamente o banqueiro: nos juros estipulados no contrato, mais a própria
remuneração da TR.
Não bastasse isso, aplicar a Taxa Referencial seria aceitar a capitalização
de juros, sejam aqueles indicados no contrato, além dos da própria TR (face à sua
forma de cálculo e composição) - o que é defeso segundo o ordenamento pátrio.
Apesar dessas considerações e de inúmeros julgados favoráveis, há uma
decisão recente do STJ, de junho de 1999,6 que contou como relator o Il. Min. Milton
Luiz Pereira, no sentido na manutenção da Taxa Referencial nos financiamentos da
casa própria. No julgado adotou-se a "tese da paridade", segundo a qual se invoca a
necessidade de igualdade entre a correção monetária paga às cadernetas de
poupança e os contratos de financiamento.
Parece-me, entretanto, mais um equívoco. Na verdade, as instituições
financeiras querem é ancorar sua estabilidade financeira não nas suas práticas, mas
numa espécie de lastro legislativo. Quer dizer, o argumento não faz mais que tentar
eximir do risco da transação a instituição que a tem como inerente às suas próprias
atividades. É uma "situação ideal" que não se sustenta, pois implicaria em
desprezar, numa verificação de liquidez do agente, por exemplo, prejuízos advindos
de má gestão. O equilíbrio econômico-financeiro estaria apenas submisso a tal‘correção monetária’ dos contratos habitacionais.
Talvez assim se compreenda melhor, partindo-se dessa "tese", o porquê,
com o advento do Plano Real ainda restou a aplicação da TR, travestida de
correção monetária, nos financiamentos imobiliários. É que, tratada como correção
monetária e não como taxa de juros, serve para reduzir os riscos da instituição
6 O texto foi elaborado no início de 2000.
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bancária, posto que assim entendida, a TR seria um mecanismo supostamente
alheio a seu controle, ou como dizem, "uma quase-moeda", garantida as custas do
erário público. Não precisará ser negociada, permutada. E, enquanto o lucro fica
então institucionalizado, eventuais prejuízos são contabilizados pelo erário público.
O interessante é que, com o advento do real se pretendia justamente acabar com a
correção monetária, definindo-se, na época a TR como taxa de juros: os conceitos,
como se vê, mudam ao sabor do vento.
A idéia advém de tratar os financiamentos imobiliários, na instituição
bancária, como um sistema fechado. Mas esta situação ‘virtual’ não é plausível, pois
nem todo recurso advindo da caderneta de poupança é aplicado nos financiamentosda construção civil e, por certo, nem todo financiamento é lastreado pela caderneta.
Por mais que evidente que os recursos que servem de lastro às aplicações tem
inúmeras origens dentro do próprio agente, e que o valor nas cadernetas do agente
serve apenas como parâmetro do montante a ser financiado na área habitacional. É
a partir dessa quantia nas cadernetas em cada Agente que o BACEN fixa os
percentuais (que são bem menos que 100%) a serem repassados para o SFH, na
instituição, via a concessão de financiamentos - mas é apenas isso. E o restantedos valores em caderneta de poupança? O que se faz? Como se aplicam? -
Livremente.
José Maria Aragão, por exemplo, já dizia a esse respeito:
"Como o FCVS não honrou seu compromisso, o saldo global dos agentes em
operações do SFH mantém-se elevado, independentemente de novasaplicações, o que libera os novos recursos captados em cadernetas depoupança para operações não imobiliárias ou para financiamentos habitacionaisde valor unitário elevado" (Sistema Financeiro da Habitação, José Maria Aragão,Juruá, pg. 197)
Não venham dizer que a instituição financeira não lucra com a TR
(calculada no seu próprio âmbito) e é apenas repassadora ou intermediária. Isto
porque, como vimos acima, cada vez menos se destinam recursos das cadernetasde poupança aos financiamentos habitacionais (e jamais 100%), o que resulta que
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basta a cobrança de taxa de juros de 1% ao mês, em qualquer empréstimo, para
que se realize o "spread".
Há ainda um outro caminho trilhado pelos Agentes, e que visa não só
manter a TR mas também todas as cláusulas abusivas e procedimentos que utiliza:
é a defesa baseada no chamado princípio do "pacta sunt servanda", isto é, um
brocado latino, que significa que somos servos daquilo que contratamos. Não
devemos desdenhar a força e a influência prática do enunciado "pacta sunt
servanda" na sociedade romana: porque na sua silenciosa e insinuante coerência
gramatical, promovia e mantinha acorrentados os endividados e menos favorecidos
às regras impostas pelos senhores, nobres e imperadores, enquanto estes sefartavam nas saunas, vinhos e festas. Convinha, portanto, à manutenção desse
status quo . Mas o histórico, então, remonta à selvageria, à escravidão, à lei do mais
forte – o que se deve ler com destaque a se saber que a história, escrita pelos
vencedores, tem o estigma de minimizar os sofrimentos dos demais. Daí que, no
contexto do mundo moderno, a chamada ‘força coercitiva do contrato’ ainda que não
deva ser desprezada, deve ser coadunada com princípios tais como o da isonomia,
da boa fé e do equilíbrio contratual, entre outros, como se vê claramente, porexemplo, do nascimento das regras do Código de Defesa do Consumidor.
Há muito, por exemplo, a jurisprudência norte-americana vem
considerando inválidas as cláusulas gerais de contrato redigidas de modo obscuro
ou ambíguo ou ainda, quando impressas em caracteres minúsculos, enquanto que,
a seu lado, os julgados franceses consideram que devam ser interpretadas contra
aqueles que as predispuseram. Em nosso país, o advento do Código de Defesa doConsumidor é indicativo claro que a sociedade quer dar um basta à imposição de
regras e cláusulas extremamente injustas e à espoliação financeira. O art. 85 do
Código Civil, que acena para a intenção diante da formalidade, foi conduzido a um
aprimoramento pelo art. 47 do Código de Defesa do Consumidor - CDC, que deixou
claro que a interpretação deve ser favorável ao consumidor, introduzindo, por esse
plus, alcance prático nas decisões - independente da intenção, deve ser interpretada
em favor do consumidor. Além disso, a inovação do art. 51 do CDC, do controle
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judicial das cláusulas contratuais abusivas, indica para onde se inclina o legislador
pátrio, a doutrina e para onde caminha a jurisprudência.
E este sinal não vem sendo desprezado pelo Judiciário, na análise dos
contratos, tampouco de doutrinadores, como Arruda Alvim (Código do Consumidor
Comentado, 1995, 2ª edição, Editora Revista dos Tribunais, pág. 16). De fato, a
liberdade de contratar tem seu limite fixado em lei, posto que não se poderia deixar
ao alvedrio do contratante a fixação de cláusulas contrárias à legislação. O
contrato com os mutuários do SFH é de adesão e, a bem da verdade, até agora as
instituição financeiras ainda não tiveram a dignidade de adaptá-los e esclarecer
suas cláusulas, como determina o CDC. É evidente que não se pode ater ao meroconteúdo formal.
Porém, sob um outro aspecto, não se poderá entender a aplicação do
INPC (ou a exclusão da TR) como uma quebra do ‘pactuado’. É que as cláusulas
contratuais nos contratos do SFH via de regra remetem à "atualização" dos
encargos mensais e saldos devedores. E se, como é sabido, as cadernetas de
poupança estão sendo remuneradas pela TR, que vai além de simples atualização,não se pode utilizar o percentual integral de remuneração da poupança sob pena de
ir além da mera atualização – mas apenas, como dizem os contratos, a parcela que
refere-se "ao percentual utilizado para atualização". Não se está assim afrontando a
Cláusula Contratual: é que, vamos repetir, ao aplicar a TR nos saldos de poupança,
na verdade está se fazendo duas operações: uma delas que atualiza os valores [até
o limite do INPC] e outra que a remunera [na diferença entre a TR e o INPC].
Para obediência da cláusula é necessário excluir do percentual
remuneratório das poupanças a parcela que, então foi além do permitido (o que
ultrapassou a simples atualização). E para isso basta simplesmente cotejar o INPC
com a TR. Ora: a operação matemática básica a ser realizada é simplesmente a
aplicação do índice do INPC no lugar da TR, posto que aquele realmente reflete a
perda do poder aquisitivo da moeda. Daí, sim, a cláusula estará obedecida e as
diferenças porventura existentes serão amortizadas mês a mês no próprio saldo.
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Há ainda a possibilidade de contar-se com a chamada "teoria da
imprevisão", como mais um argumento desfavorável à Taxa Referencial. Para que
tal teoria seja invocada e permita e revisão contratual, necessário se faz um fato
superveniente, mas, fato este, que "não necessita ser extraordinário, irresistível". E
isto fica estabelecido no momento em que desde o nascedouro a TR e o INPC
apresentaram índices com pequeno diferencial, o que dava indicativos, àqueles que
assinaram contratos pós fevereiro de 1991, que haveria de manter-se tal
semelhança. Todavia, com a adoção pelo Banco Central de redutor no cálculo da
TR, bem como a modificação da sistemática que acabou por inserir dias não úteis,
ao que parece houve um incremento artificial dessa taxa, distanciando-a dos índices
inflacionários, talvez pela necessidade premente do Governo de captação derecursos. Estes fatos, totalmente fora do controle dos mutuários-aderentes, não
estava prevista e nem era previsível, o que possibilita a revisão contratual. 7
Vale frisar, por fim, que a Lei 9.069, de 29/06/1995, também limita a
aplicação da TR:
"Art. 27 - III - § 5º - A Taxa Referencial - TR somente poderá ser utilizada nasoperações realizadas nos mercados financeiros, de valores mobiliários, deseguros, de previdência privada, de capitalização e de futuros."
Para finalizar
Como se vê, as melhores razões concorrem para a exclusão da TR e sua
substituição por um outro índice, sendo este "neutro", tal como o INPC.
Cuide-se, entretanto, especificadamente com relação ao INPC, que
ultimamente este último indexador tem se mostrado algumas vezes até maior que a
TR. Todavia, nos casos que envolvem Plano Empresário e mesmo pessoas físicas,
em caso de financiamento para construção, dependendo das datas de liberação
desses recursos, a substituição de índices ainda pode ser vantajosa, o que deve ser
averiguado através de cálculo pericial prévio.
7 Ver a respeito, meu texto, “A Taxa Referencial – TR e o SFH: sua apuração”.
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7. A TAXA DE JUROS
O equilíbrio, o custo político e a solução da ‘rosca espanada’
Para fazer frente à necessidade de recursos para os financiamentos da
casa própria, criou-se em 13/09/1966, através da Lei 5107, o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço - FGTS, tendo sido designado o BNH como gestor. Logo em
seguida, em 21 de novembro de 1966, com os mesmos objetivos, nasceram,
através do Decreto nº. 70, as Associações de Poupança e Empréstimo.
Com verba cativa e não mais dependente da poupança voluntária, já em
1967, primeiro ano de arrecadação do FGTS, o volume de recursos à disposição do
BNH cresceria 483%, mesmo ano em que se iniciou o Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimos - SBPE, agrupando empresas públicas e privadas.8
Todavia, o aumento considerável dos recursos também trouxe
preocupação quanto ao seu retorno, de forma a equilibrar-se o sistema aos juros
pagos pelas aplicações no FGTS e poupanças populares.
Para se evitar o custo político e a redução dos empréstimos às camadas
de baixa renda, optou-se por estabelecer uma escala de juros conforme o valor dofinanciamento, o que, na maioria dos casos, representava o próprio valor dos
imóveis adquiridos.
8 Veja esses dados em ARAGÃO, José Maria. Sistema Financeiro da Habitação, Curitiba: Juruá,1999.
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A RD BNH 55/1968, que vigorou de 27/11/1968 a 22/10/1969, por
exemplo, fixou as seguintes faixas de financiamento, prazos e respectivas taxas de
juros:9
FINANC. EM UPC TAXA MÁXIMA ANUAL PRAZO MÁXIMO EM ANOSAté 100 4,0 20Acima de 100 até 160 5,0 20Acima de 160 até 220 6,0 20Acima de 220 até 300 7,0 20Acima de 300 até 350 8,0 20Acima de 350 até 500 10,0 20
Muito embora em 1969 o Banco Nacional da Habitação, tenha (Res. n°
36, de 18/11/1969) instituído no âmbito do SFH a chamada "tabela Price" ou
"sistema francês de amortização" (Richard Price, 1723-1791), isso perdurou por
apenas breves dois anos. Logo em 1971 passou-se ao uso de outro sistema, o
Sistema de Amortizações Constantes - SAC (RC BNH 23, de 05/10/1971). O SAC,
na verdade, apresenta-se mais realista quanto a financiamentos a longo prazo,
justamente pelo fato da amortização permanecer constante, ao passo que, pelaTabela Price, ela é menor ao início, sendo compensada no decurso do prazo (veja
tabela mais adiante, na discussão sobre o anatocismo). Por esta razão, o encargo
no SAC é inicialmente maior e, por conseqüência, mais acertada fica a capacidade
econômica-financeira para suportá-lo.
Todavia, face ao dilema decorrente da perda do poder aquisitivo da
população, foi revisada a aplicação do SAC e, paulatinamente, através de váriasresoluções (RD BNH 06/79, 16/79, 23/79, 31/79, 73/80), restabeleceu-se a Tabela
Price, além do que foi adotado também o Sistema de Amortização Misto - SAM, um
meio termo entre o SAC e a Price. Aliás, o SAC e o SAM vigoraram apenas até
31/10/1984, quando definitivamente estabeleceu-se a Tabela Price (RC BNH 18/84),
a qual foi mais recentemente confirmada pela Resolução BACEN n° 1980, de
30/04/1993.
9 De lá para cá esse quadro foi muito modificado, inclusive com mudança quanto ao prazo máximo de
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A chamada "tabela Price" consiste numa série uniforme de recuperação
de capital para pagamentos em encargos, sendo este de parcelas de amortização e
juros, as quais devem variar em sentido inverso ao longo de "n" períodos. Isto é:
enquanto a quantia representativa das amortizações cresce, a de juros tem de
decrescer. A lógica embutida na sistemática de Richard Price é que a prestação (de
amortização e juros) então calculada e invariável, irá liquidar o empréstimo ao fim da
"n" série de pagamentos. A "tabela", enfim, é apresentada na forma de uma série
de coeficientes calculados para diversos prazos e taxas de juros, cuja fórmula é a
seguinte, na qual "n" corresponde ao prazo em meses e "i" é a taxa de juros dividida
por 1200:
..............n
... i (i +1)
...-------------
...........n
...(i +1) -1
Para encontrar-se o valor da prestação mensal de amortização e juros,
basta efetuar a multiplicação do financiamento desejado pelo coeficiente da tabela,
de acordo com a taxa de juros e prazo (à exceção dos prêmios de seguros, T.C.A,
F.C.V.S. e outros encargos, os quais são calculados à parte).
Fórmula matemática cuja certeza não se discute - e cuja finalidade, como
dissemos, é fazer que, com amortizações cada vez maiores, em virtude da redução
do saldo devedor e, por conseqüência, dos juros mensais, torne-se possível a
liquidação do financiamento ao final do prazo avençado.
Porém, como nesta sistemática os juros não são incluídos no capital, mas
cobrados mês a mês, o mutuário é "iludido" pelo valor do encargo inicial calculado e
não repara na enorme quantia de juros que terá de quitar, visto o empréstimo ser de
longo prazo. A "ilusão" que aqui se comenta, é aquela do mutuário pouco afeito a
financiamento, e, em determinado momento, sendo as taxas atreladas à renda do mutuário.
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cálculos, a leis e a fórmulas, e que constitui a grande massa daqueles que mantém
contratos nos moldes do SFH. Para eles, como para a grande maioria de nós, o
valor do encargo inicial sinaliza a capacidade de pagamento, pouco importando os
anos contratados. Somente se deparam com a realidade quando, pagos um ou dois
anos, verificarem que o seu saldo muito lentamente - mas muito lentamente mesmo
- vai sendo desbastado (se não ocorrer o contrário), momento em que já será tarde
demais, pois o contrato é de "financiamento para compra e venda", não se
permitindo a "devolução do bem" ao Agente.
Veja-se o que diz o engenheiro-mutuário Daniel Junghans:
"O Sistema de Juros Compostos determina uma prestação exponencialcrescente indefinidamente, ou seja, quanto maior é o prazo contratado, maiortorna-se o valor da prestação. No caso do SFH, os prazos são tipicamente 180,240 ou mesmo 300 meses. É fácil adivinhar que, após um certo período(aproximadamente 1/3 do prazo contratado) o valor das prestações ultrapassa ovalor devido no sistema de juros simples (curva rosa), atingindo valoresabsurdos ao longo do restante do período. Esta é a razão pela qual somenteagora tal questão foi levantada. Estamos atingindo uma época onde asprestações dos contratos firmados no início dos anos 90 somente agora estãoatingindo valores abusivos. Conforme o gráfico acima, se nada for feito, a
situação tende a agravar-se cada vez mais, ocorrendo mais e mais leilões edesvirtuando totalmente o SFH de seus objetivos iniciais. O Sistema de Jurossimples, por sua vez, determina um acréscimo do valor das prestações quereflete puramente a taxa de inflação acumulada no período, razão pela qual acurva rosa acima cresce de uma forma constante (pois foi considerada umainflação constante de 1% ao mês)." (...)"A área abaixo de cada curva representa o montante pago pelo mutuário emcada situação. Na simulação abaixo, foi financiado um imóvel no valor de R$100.000,00. Considerando a situação real com inflação de 1% ao mês, ao finalde 180 meses o mutuário irá pagar apenas R$ 425.547,59 pelo sistema de jurossimples e R$ 528.992,60 pela Tabela Price, ou seja, 24,3 % a mais. A prestaçãoinicial será de R$ 1366,50 pelo sistema de juros simples e de R$ 1058,87 pela
Tabela Price. A prestação final, entretanto será de R$ 3357,56 pelo sistema de juros simples e de incríveis R$ 6285,94 pela Tabela Price, ou seja 87% mais doque sua obrigação exige”.
Daí que a adoção da "Tabela Price", portanto, foi sob medida para
governantes demagógicos, para instituições financeiras e para a indústria da
construção civil, já que reuniu sob um só conceito, resultados de lógica e do
marketing. Aos primeiros, porque lhes deu (e dá) a oportunidade de divulgar quecumpriram seu papel fornecendo acesso à habitação; às instituições bancárias
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porque se fartaram nos juros, sem que o financiado possa exercer grandes
pressões, premido pelas circunstâncias, no mais das vezes já tendo desembolsado
quantia considerável; à indústria da construção civil porque, por óbvio, desovaram
mais facilmente seus estoques.
Da controvérsia acerca dos juros
Adotou-se, assim, a solução da ‘rosca espanada’, que somente mostra
sua fragilidade quando submetida a uma pressão mais consistente, via de regra
após longo tempo. Daí a enorme controvérsia no seio do Sistema Financeiro da
Habitação, a tal ponto de criarem-se varas especiais para tratar desses dilemas.
Aliás, a mesma solução foi tentada e repetida anos depois com um sistema
denominado “série em gradiente”, o qual agrava mais a situação dos mutuários, já
que induz a uma prestação inicial ainda menor que a Price, mas que se recupera
posteriormente a custa de “razão positiva” mensal.
Em todo caso, no SFH, com respeito à taxa de juros, freqüentementediscute-se se:
a) ao aplicar o índice de correção dos saldos, o agente também adota a
taxa de juros da poupança (0,5% mês);
b) a taxa de juros pode ir além dos 10% ao ano;
c) a taxa fixada é a taxa nominal anual ou a efetiva anual; e
d) se com a utilização da Tabela Price há capitalização dos juros.
Da primeira questão, que se vê comumente alegada, trata-se de
equívoco, pois que a instituição financeira, ao aplicar o índice de correção aos
saldos devedores, evidente o faz SEM a aplicação do acréscimo decorrente aos
juros da poupança, limitando-se apenas ao indexador.
Limite
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Quanto ao limite da taxa de juros, o art. 6º., "e", da Lei 4.380/64 ("os juros
convencionais não excedam de 10% ao ano") e art. 2º. do Decreto 63.182/68
limitam os juros, dentro do Sistema Financeiro Habitacional ao máximo a 10% (dez
por cento) anuais.
A controvérsia, entretanto, é quanto às leis posteriores e até mesmo
regulamentos que alteraram essa taxa de juros, tal qual a Lei 8.692, de 28 de julho
de 1993 (art. 25), que majorou esse limite para 12% ao ano. De maneira geral
inclina-se a jurisprudência a efetuar separação entre os contratos assinados antes
de 28/07/1993, cujo limite seria de 10% ao ano e os posteriores, com limite de 12%ao ano.
Taxa legal
No que tange à questão se a taxa legalmente exigível é a efetiva anual ou
a nominal anual, entendo ser esta última.
Parece-me que o que o aderente pretende contratar é a taxa nominal
anual: não somente aceita essa taxa mas acredita que ela será ou está sendo
aplicada. Porém uma taxa nominal anual de, por exemplo, 10%, representaria, em
uma divisão por 12, o percentual mensal de 0,833333%. E essa taxa, capitalizada,
resulta ao final dos 12 meses em 10,47%, superior, portanto, à taxa contratada.
Uma solução para afastar a taxa efetiva e fazer valer, definitivamente, a
taxa nominal, seria a determinação da taxa equivalente mensal de 0,797414% (no
exemplo), a qual, capitalizada mês a mês, acumula no ano exatamente 10%,
espelhando, assim, aquela fixada para o financiamento. Aliás, entendendo-se que o
limite da taxa de juros é de 10% anuais, tal taxa mensal não poderia ser superior a
0,797414%; e, a se crer no limite como de 12% ao ano, não poderia ser superior a
0,948879% mês.
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É de se reconhecer, entretanto, que essa é uma solução parcial e que se
resolve no interior do universo da capitalização, porque se a admite conquanto que
respeite a taxa nominal.
Anatocismo
Em empréstimos (bancários ou não) o que o investidor quer em retorno é
o capital e os juros remuneratórios. Da forma como essa devolução é acertada, nas
diversas maneiras como se conjugam capital e juros (à vista, parceladamente, ao
final, em parcelas fixas, parcelas variáveis, juros à vista, capital ao final, etc), é
possível calcular qual a taxa de juros decorrente, conforme fórmulas dadas pela
matemática financeira.
No caso do Sistema Financeiro da Habitação o modelo mais comumente
utilizado, como já visto, com vias a recuperar o capital emprestado é o denominado“sistema Price” - sem excluir outros: SAC, SAM, SACRE, “Série em Gradiente”, etc;
Um financiamento de R$ 1.000,00, com taxa de juros de 1% ao mês (ou
12% ao ano), apresentaria a seguinte evolução nos sistemas SAC e PRICE:
SACNº. Prest. Amortização Juros Saldo devedor
1 260,00 250,00 10,0 750,002 257,50 250,00 7,50 500,003 255,00 250,00 5,00 250,004 252,50 250,00 2,50 0,00
PRICENº. Prest. Amortização Juros Saldo devedor1 256,28 246,28 10,00 753,72
2 256,28 248,75 7,53 504,97
3 256,28 251,24 5,04 253,734 256,28 253,75 2,53 0,02
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Como se vê claramente, o que difere um “sistema” do outro é a forma
como capital e juros emprestados são retornados: no Price as prestações são fixas
e a amortização variável; no SAC as prestações variam mas a amortização é
constante; no SAC a prestação é maior no início que a PRICE e menor ao final. Mas
em ambos há a liquidação do saldo devedor ao final do prazo, quitando o
empréstimo para o devedor e retornando ao credor o capital e os juros.
Mas o que se quer saber é se tais sistemas, por si só, redundam em
capitalização de juros. Mirando-se os quadros acima, a princípio poderia pensar-seque não há capitalização, já que os juros são calculados através da obtenção da
taxa nominal mensal, a partir da taxa nominal anual indicada em contrato (por
exemplo, no quadro acima, R$ 7,53 corresponde a 1% de R$ 753,72).
Porém, algumas perícias revelam que o caso é que toda vez que se faz o
pagamento de um encargo mensal estará se adiantando os juros e o recebimento
de parcela do capital, já que o prazo do financiamento é de vários anos. Assim, parapodermos detectar qual a taxa efetiva de juros paga, haveremos de obter essa taxa
final a partir da taxa mensal nominal. No caso dos exemplos, a taxa nominal é de
12% ao ano, mas a efetiva passa a ser 12,6825%.10 Essa taxa, aliás, consta até
mesmo dos contratos, em explícito reconhecimento da capitalização.
Confira-se a resposta do Perito Édison Luiz Kruger nos autos
99.0022417-5 da 4a. Vara da Justiça Federal de Curitiba:
"Primeiramente, deve ser feita distinção entre o valor dos juros e taxa de juros aplicada. Nos dois contratos pertinentes à presente demanda, ovalor dos juros não se incorporou (capitalizou) ao saldo devedor comulteriores incidências. A cada vencimento, o valor dos juros foi satisfeito,isoladamente ou juntamente com a parcela de amortização. Todavia, ataxa de juros, face ao custo do dinheiro no tempo, tem efeito exponencial,capitalizado."
10 Para o cálculo divide-se a taxa anual por 1200, soma-se 1 ao resultado e eleva-se à potência 12. Aíse diminui 1 e o resultado multiplica-se por 100.
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As análises periciais, todavia, são um oceano de desconformidades;
alguns acatando fielmente a tese do anatocismo, outros ferrenhamente refutando-o.
Mesmo o parecer de Kruger dará impressão que a taxa indicada no contrato é
meramente figurativa, prevalecendo a quantia cobrada (o valor). Na verdade é o
contrário que se deve ler: que mesmo não tendo sido o valor incorporado ao saldo
ele representa uma taxa capitalizada.
Para tomar posição, acredito que, na realidade, em face da sistemática
de pagamentos (mensal), o que remunera o agente não é a taxa anual nominal, esim a anual efetiva - e que aí estaria inserido o anatocismo. O fato de constar
expressamente dos contratos a informação da existência dessa taxa anual efetiva,
por outro lado, não dá direito à instituição financeira de exigi-la como vimos logo
atrás, porque o aderente sempre teve em vista a taxa nominal anual e não outra.
Nesse modo de pensar, a sistemática de revisão consistiria, como já dito, em obter a
taxa mensal "x" que resulte em que a taxa anual nominal indicada no contrato seja a
efetiva (por exemplo, em caso de taxa de juros anual nominal de 10%, aplicar a taxamensal de 0,797414% ao invés de 0,83333%).
Parece-me que o resultado prático de limitar-se a capitalização à anual e
agir utilizando-se do cálculo acima seria o mesmo. A diferença reside em que a
solução aqui proposta sustenta-se não somente nessa limitação ao anatocismo
(anualidade), mas no princípio da transparência, que regula contratações da
espécie, como no princípio da exegese mais favorável ao aderente, que nãodispunha dos meios técnicos para confrontar o financiador.
Porém uma das formas de se ver a existência do anatocismo é fazendo
análise das fórmulas matemáticas adotadas para liquidação antecipada. Por
exemplo, quando se realiza amortização extraordinária com fins à redução do prazo
do financiamento (mantendo-se a mesma prestação), observa-se, geralmente, que a
quantia expendida apesar de corresponder a tal número de encargos (por exemplo20) acaba gerando redução no prazo muito maior (p. ex, 50). É que esse cálculo é
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realizado com base no “valor atual dos pagamentos futuros”, como se vê da cláusula
a seguir:
“CLÁUSULA VIGÉSIMA-TERCEIRA: LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DASOBRIGAÇÕES. No caso de liquidação antecipada, o estado da dívida para o (a)(s) COMPRADOR (A) (ES) será calculado com base no valor atual dospagamentos futuros, à taxa de juros e serviços contratuais incidentes sobre oestado da dívida, multiplicado pelo inverso do coeficiente de equiparação salarialvigente no momento da liquidação extraordinária” (Cláusula citada no RESP1.254-RS, reg. 89.113461, STJ, 2ª. T, 13/06/1990).
Portanto, a simples multiplicação da taxa mensal pelo saldo existente não
é prova no sentido de que não ocorra a capitalização. Se assim o fosse, naliquidação antecipada não haveria necessidade de se socorrer ao chamado “valor
atual”.
Uma outra questão até aqui ficou de lado e poderia ser assim posta: com
as seguidas alterações das prestações e do saldo por índices diversos, com a
majoração pelo CES, estarão, de fato, os agentes valendo-se da sistemática da
Tabela Price, ou já é de outra coisa que estamos comentando?
Tenho por mim, por primeiro, a resposta a essa interrogação, seja qual
for, não invalida a solução aqui proposta, que se concentra na taxa de juros
contratada. Porém há, de fato, julgados que chegam mesmo a decretar a falta de
interesse argumentando que as prestações não são cobradas nos limites mínimos
exigidos por um desenvolvimento “ideal” via o sistema Price. Penso que estão
equivocados. É que o ainda que as prestações sejam limitadas aos reajustes
salariais da categoria, interessa sim ao mutuário discutir a solução a ser dada ao
saldo devedor a qualquer momento. De outra forma ele estaria irremediavelmente
atado ao longo prazo final do contrato, sem poder comercializar sua propriedade, já
que ninguém aceitaria sub-rogar-se em dívida que foge da realidade ainda que
tenha uma nebulosa previsão futura de cobertura pelo FCVS. A situação,
acrescente-se, passa a ser desfavorável também ao próprio sistema, já que a
ninguém interessará realizar amortizações extraordinárias ou mesmo liquidação
antecipada. Mas não é só isso: seja qual for a quantia paga mensalmente, essa
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verba sempre ficará sujeita à disciplina regulada pelo “sistema” de amortização
adotado. Daí porque se deve louvar sentenças corajosas, como as que aplicam o
método de Gauss (veja em outro texto), porque se dedicam justamente a confrontar
o saldo devedor presente e a conciliá-lo com a justa expectativa de quitação dada
ao aderente quando da contratação.
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8. O MÉTODO DE GAUSS – ANÁLISE DE SENTENÇA
Alguns entendem que Johann Carl Friedrich Gauss (30/04/1777 –
23/02/1855) foi o maior gênio da matemática, com uma capacidade inigualável e
autor de inúmeras e valiosas descobertas. Pois agora seus teoremas estão sendo
utilizados entre nós, nas discussões do Sistema Financeiro da Habitação. A Vara
Federal Especializada do Sistema Financeiro da Habitação de Curitiba, por
exemplo, às fls. 227/262 dos autos 2000.70.00.023505-4, condenou instituição
financeira a substituir o sistema Price pelo método de Gauss.
Aqui acompanharemos esse julgado, elaborando breves comentários. Diz
a sentença:
Por conceito rotineiro, de trânsito freqüente nos meios jurídicos e econômicos,capitalizar juros implica em cobrança de juros sobre juros. Melhor dizendo: acapitalização ocorre quando os juros de um determinado mês servem de base decálculo para o cômputo dos juros dos meses subseqüentes.
Isto é fácil de se evidenciar quando se cuidam de juros vencidos mensalmente,mas somente pagos ao final (ou seja, quando não se trata, verdadeiramente, deuma série de pagamentos mensais, mas sim, apenas de pagamento ao final).Atente-se para o quadro abaixo, em que está sendo considerado um financiamentode R$ 1.000,00, sob juros de 3% ao mês, de forma composta. Note-se que não hápagamentos mensais, apenas ao final:
No exemplo dado, fica evidente que os juros devidos em um determinado mês(p.ex., R$ 30,00 quanto ao primeiro mês) estão compondo a base de cálculo dos
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juros devidos nos meses seguintes. De fato, no exemplo dado, a taxa de 0,03 (3%)incidiu, no 2º mês, sobre o total de R$ 1.030,00, no qual já estão inclusos os jurosdo mês anterior.
Tal prática é vedada pelo Direito, conforme Dec. nº 22.626/33, art. 4º eentendimento pretoriano pacífico, decorrente da Súmula 121 do Supremo TribunalFederal, também por todos conhecida. Registre-se, por oportuno, que mesmo asinstituições financeiras devem obediência ao referido enunciado, notadamente pelofato de que a posterior súmula 596 do mesmo STF apenas diz respeito ao limitedos juros e não à forma do seu cálculo. ” (fls. 233/234).
Até aqui o Julgador considera que:
a) não é fácil constatar a cobrança de juros capitalizados em prestações
periódicas;
b) que a capitalização é vedada.
Nenhuma novidade, portanto. Dividindo-se a taxa por 1200 e
multiplicando o resultado pelo saldo anterior têm-se os juros cobrados pelo Banco.
Aparentemente, então, cobra-se juros simples e utiliza-se da taxa nominal - mas só
aparentemente.
Continua o julgado:
Durante largo período, na jurisdição desta única Vara, em todo o Brasil,especializada em SFH, sempre entendi que a tabela price está autorizada pela Lei,conforme dizeres do art. 6º., c, da Lei n. 4380/64 e art. 25 da Lei n. 8692/93.
Contudo, depois de aprofundado estudo, com consulta a várias obras dematemática financeira (notadamente a obra de Abelardo Lima Puccini), bem como,uma detida reflexão sobre o tema, acabei revisando, em parte, esteposicionamento.
Ao contrário do que julguei por largo período de tempo, conclui que não é apenas atabela price que permite a obtenção de prestações mensais programadas paraserem iguais entre si. O chamado método ponderado linear também o faz, com avantagem de congregar juros simples (fls. 235).
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Neste momento o Julgador, tomando por verdade que o Sistema Price
produz juros capitalizados, admite ter encontrado substituto jurídico adequado
através do método linear ponderado. A partir daqui passará, então, a demonstrar a
hipótese. Primeiramente cabe provar que o Sistema Price produz juros
capitalizados.
Em juros compostos, o capital é obtido mediante a fórmula abaixo:
Em que: S corresponde ao capital e P é a prestação mensal. “n” é o prazo dofinanciamento.Desta forma, pode-se relacionar o capital e a prestação mensal como segue:
Ou seja, em uma série de pagamentos mensais, à base de juros compostos, a fórmulaabaixo permite obter qual o valor presente de cada prestação, no termo “zero” dofinanciamento.
Assim, suponha-se um financiamento em que o mutuário pague o valor de R$ 100,00 acada mês. Suponha-se que foram cobrados juros mensais de 4%, de forma composta.Note-se que – ao contrário do exemplo anterior – em que somente houve umpagamento ao final, agora estão sendo efetuados pagamentos mensais (ou seja, érealmente uma série de pagamentos).Atente-se para o diagrama abaixo:
Sabe-se, portanto, que cada prestação mensal, no exemplo acima, foi obtida medianteaplicação de juros compostos. Pergunta-se, qual o capital financiado?Aplicando a fórmula antes indicada
tem-se que:
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Portanto, R$ 96,15 tornam-se R$ 100,00, em um mês, se estiverem submetidos a jurosde 4%.
Ou seja, R$ 92,46, tornam-se R$ 100,00, em dois meses, se estiverem submetidos a juros de 4% ao mês, de forma composta.
Assim, vê-se que R$ 88,89 tornam-se R$ 100,00, em 3 meses, se estiverem submetidosa juros de 4%, de forma composta.
R$ 85,48 tornam-se R$ 100,00, em 4 meses, se estiverem submetidos a juros de 4% aomês, de forma composta.Por fim:
Somando os 05 valores acima (R$ 96,15; R$ 92,46; R$ 88,89; R$ 85,48 e R$ 82,19)obtém-se o valor de R$ 445,18.Portanto, sob juros de 4% ao mês, de forma composta, R$ 445,18 dá ensejo a umaprestação mensal constante de R$ 100,00.Este é o mesmo valor que seria obtido se aplicada a fórmula da tabela price, como sedemonstra abaixo:
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Encargo inicial = R$ 99,999 ˜ R$ 100,00Indiscutível, portanto, que as prestações mensais cobradas pela tabela priceescamoteiam juros compostos”.
Demonstrado, então, que a Tabela Price congrega juros capitalizados.
Em suma, apesar da extensa e problemática argumentação, tudo se reduz aconsiderar o fator “tempo”. Mas o Julgador ainda precisou dar mais um passo:
anunciar que o formato Price tem a ver com uma progressão geométrica, posto que,
depois, dirá que os juros simples têm a ver com progressão aritmética. Veja:
“Fossem aplicados juros simples, as prestações mensais seriam menores.Portanto, mesmo tendo em conta que – mês a mês a taxa de juro incide sobre o saldo
de forma simples – igualmente é fato que as prestações pagas são maiores do queseriam obtidas se fossem aplicados juros simples.Aliás, é interessante notar que a fórmula da tabela price nada mais é do que a portodos conhecida fórmula de Soma de termos em uma progressão geométrica, como sedemonstra abaixo.Somem-se os valores de cada encargo antes definido. Lembre-se da expressãoalgébrica de cada uma dos termos mensais (S1; S2; S3; S4 e S5, acima).Deste modo, somando-os, teríamos:
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Em que i = taxa mensal de juros.Isolando-se os termos, obtém-se a seguinte equação:Capital é igual a:
Segue-se, portanto, que:A soma ? é igual a:
Sabe-se que todo número elevado a “zero” é igual a 01. Isto porque a propriedadebásica da exponenciação dita que ao dividir um número exponenciado por outro, bastaa subtração dos expoentes (assim, 2³ / 2² = 2). De outro tanto, 2 “elevado” a 5 divididopor 2 “elevado” a 3 corresponderá a 2².Portanto, 2² dividido por 2² é igual a 2 “elevado” a zero (diante da subtração dosexpoentes). Ou seja, “dois elevado a zero” é igual a “1”. Por fim, todo número elevado
a zero é 01.Cumprida esta interrupção necessária, volto à fórmula:
Aplicando a fórmula de soma de progressão geométrica, tem-se que:Soma ( ? ) dos termos que estão no “numerador” é igual a:
Considerando que a1 corresponde a 1 (que é o fator elevado a “zero”), e que aconstante “q” (fator de progressão geométrica) corresponde a (1 + taxa mensal de
juros), ou melhor, a (1 + i ), substituindo na fórmula obtemos o que segue:
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Vê-se que a equação acima é a fórmula price, ao inverso (isto é, quando se sabe ovalor da prestação e se quer saber o valor do capital).Invertendo a equação, tem-se que:
Fora de qualquer dúvida, portanto, que a fórmula da tabela price decorre da soma determos em uma progressão geométrica.A longa explanação acima nada mais é senão a dedução matemática da fórmula databela price.
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Bem sumariamente, como já dissemos em textos anteriores, e em
linguagem não técnica, trata-se de verificar que a cada prestação paga adianta-se
determinados valores (em razão disso a menção ao “valor presente de cada
prestação”). Muito bem. Agora se deve comprovar que um sistema de juros simples
também suporta pagamentos mensais. É o que está a seguir:
“De fato, aplicando os mesmos critérios acima, porém, considerando juros simples(progressão aritmética), equaciona-se o que segue:
Em que: S corresponde ao capital e P é a prestação mensal. “n” é o prazo dofinanciamento.Contudo, a fim de proporcionar uma resposta objetiva (porquanto certamente já estácansativo o exame), parte-se do valor já determinado do capital anterior (R$ 445,18), paraobter então a seguinte situação:
Soma de todas as prestações = R$ 445,18.
Portanto: S1 + S2 + S3 + S4 + S5 = R$ 445,18.Partindo da fórmula de juros simples (acima indicada)
A soma de tais termos recai na fórmula abaixo:
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Aplicando-se a formula acima, para todo o financiamento (conhecida a taxa de jurosmensal, o prazo e o total do mútuo), seria possível obter o valor da prestação mensal (em
valor constante) que corresponda a uma série de juros simples.Vê-se, porém, que a solução é pouco prática, dado que a solução exigiria cálculosbastante demorados (imagine uma série de pagamentos para 300 meses, p.ex.).Portanto, a solução não recai aqui.Necessário ter em conta uma outra característica das séries em progressão aritmética.Como elucida SOUZA FIGUEIREDO, em obra sobre o tema, é possível aplicar o princípioelucidado por GAUSS, segundo o qual, em uma série em progressão aritmética, a somados extremos é corresponde à soma dos demais termos, de forma indefectível eenantiomorfa.De fato, note-se que, levando em conta uma série em progressão aritmética, de 01 a 100,com razão “1”, ou seja “.... 1; 2; 3; 4; 5; 6; .... etc. até 100”, somando-se “1 + 100” obtém-se 101, o que é igual a “2 + 99”; a “3 + 98” .... etc., até chegar em “50 + 51”.Daí que a soma dos extremos é constante.Ou seja, é possível obter a seguinte fórmula de soma dos termos:
Lembre-se que, em uma P.A., o termo de nº “n” é igual an = a1 + (n – 1) x ( i )Portanto: an = a1 + n ( i ) = a1 + 1,20
Substituindo na soma dos termos, obtém-se:
Ou melhor:
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Volta-se ao exemplo anterior (Capital de R$ 445,18; prazo de 05 meses e taxa mensal de4%).Sendo aplicados juros simples, a progressão será aritmética.
Desta forma, a soma da prestação de nº 01 com aquela de nº “n” deve ser constante, emum fluxo de P.A. (progressão aritmética).Portanto: P1 + P5 = P2 + P3 = P3 + P4.Aplicando-se a fórmula de juros simples { Total = capital x [ 1 + (i) x (n) ] } deverá serobtido o retorno do capital total que segue:
Total = 445,18 x [1 + (0,04 x 5)]Total = 445,18 x [1 + (0,2)]Total = 445,18 x (1,20)Total = R$ 534,14
Portanto, sabe-se como obter o valor total a ser pago; sabe-se também, de antemão, que
o valor da soma dos termos, acima equacionados.Portanto, é possível obter uma prestação mensal fixa, partindo da distribuição do valortotal a ser pago, pela fórmula da soma dos termos (fórmula de GAUSS), como segue:Note-se que o termo inicial (a1) corresponde a “1”.Distribuindo o capital total pela soma dos termos, obtém-se a fórmula para cálculo deprestações mensais, em uma série de pagamentos a juros simples, como segue:
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Total do encargo, a juros simples (em progressão aritmética) é de R$ 98,90.Note-se que a aplicação da tabela price recai em encargo mensal de R$ 100,00.Esta diferença, de R$ 1,10 ao mês decorre da composição dos juros”.
Isto feito, agora a conclusão:
Do longamente exposto, conclui-se que:a) A tabela price decorre de juros compostos;b) É possível a obtenção de uma série de pagamentos mensais e uniformes,
mediante aplicação dos princípios inerentes a uma série de progressãoaritmética, notadamente o princípio da equivalência da soma dos extremos;
c) A aplicação da fórmula para cálculo de juros simples, em série depagamento, redunda em uma prestação mensal menor que a cobrada pelaprice.
Daí que a tabela price deve ser substituída – como REGRA GERAL – pela fórmulaacima, para cálculo de prestações submetidas a juros simples.
Até aqui o Julgado mostrou como se calculam os encargos através do
método linear ponderado. Mas precisa também dizer como se cobram os juros. O
Julgado, bastante completo, também se dedica a esse aspecto:
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Note-se que, em uma série de pagamentos, submetida a juros simples, tal comodemonstração exaustiva acima, a razão (a cota de acréscimo mensal) corresponde
ao valor do juro mensal.Volte-se ao exemplo anterior:O total a ser pago corresponde à multiplicação do encargo assim definido peloprazo do financiamento.Deste modo, o total a ser pago corresponde à R$ 98,93 x 5 = 494,64Deste total, quanto corresponde a juros?Basta subtrair do capital inicial (R$ 445,18).Vê-se que o total pago a título de juros seria de R$ 494,64 – 445,18 = R$ 49,46Tanto quanto o capital pode ser distribuído sobre a soma dos termos, também os juros devem sê-lo, como segue:Total de juros / soma dos termos.
No caso em exame, a distribuição do total de juros pela soma dos termos, daria afórmula seguinte:
Os dados podem ser conferidos mediante simples substituição na fórmula acima,dos seguintes elementos : Capital = R$ 445,18; Encargo mensal (EM) = R$ 98,93;n = 5; i (taxa mensal de juros) = 0,04 e a1 = 1Portanto, a distribuição dos juros pelo prazo daria um índice ponderado de 3,2972No começo são devidos maiores juros, já que o capital é maior. Portanto, a sériede pagamento está ao inverso.Para saber quanto do primeiro encargo devem ser apropriados como juros, bastaaplicar a fórmula que segue:Juro a1 = índice ponderado x (n)
Assim, tem-se que, na hipótese elaborada, na primeira prestação o juro seria oseguinte:
Juro a1 = 3,2972x (5)Juro a1 = R$ 16,48
Ou seja, na primeira prestação mensal, R$ 16,48 devem ser apropriados como juros e o restante (abatido de R$ 98,93), i.e., R$ 82,44 como pagamento docapital.Para os meses subseqüentes, adota-se a fórmula que segue:
Juro ay = índice ponderado x (n – y + 1)
Assim sendo, quanto ao segundo mês, tem-se que:
Juro a2 = índice ponderado x (n – 2 + 1)Juro a2 = 3,2972 x (5 – 2 + 1)
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Juro a2 = 3,2972 x (4) = 13,189”
Há, ainda, um problema de ordem prática a ser enfrentado: como serádesenvolvido o quadro de amortização através desse método (seja, a conhecida
'planilha de evolução do financiamento' que é fornecida pelos agentes financeiros).
Está a seguir:
“Diante dos elementos acima supostos (capital, taxa e prazo), obtém-se uma evolução definanciamento na quadra abaixo, submetida a juros simples:
Sobra um pequeno montante, por questões de arredondamento.Infere-se, portanto, que é fácil elaborar uma planilha a juros simples, em séries depagamento.Fica também registrado que o chamado SAC – sistema de amortização crescente nãocorresponde realmente a uma série de juros simples, ao contrário do que comumentealguns advogam.
Note-se que, no caso acima, (método ponderado), os juros são decrescentes à razãomensal de R$ 3,2972 (razão negativa), com íntima conexão com o valor financiado, a taxade juros e o prazo.Observe-se ainda que no caso acima se aplica plenamente a propriedade da soma dostermos.Realmente, somando a amortização de nº “1” (R$ 82,46) com a de nº 5 (R$ 95,62),obtém-se uma constante de R$ 178,08.Este mesmo valor é obtido se somarmos a amortização de nº “02” com a de nº “04”.De igual modo, caso sejam somados os juros cobrados no mês 01 (R$ 16,44) comaqueles cobrados no mês 5 (R$ 3,2972), obter-se-á o valor de R$ 19,72, quecorresponderá necessariamente à soma do juro relativo ao mês 02 (R$ 13,15) com aquelecobrado no mês 04 (R$ 6,58).
Portanto, a propriedade descoberta por GAUSS está mantida na planilha acima.Realmente se cuida de um fluxo submetido a juros simples, em verdadeira progressão
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aritmética.Registro, porém, que todas as argumentações acima são empreendidas em face desistemas ideais, desconsiderada a inflação. A solução somente se mantém se houveridêntica indexação do saldo e das prestações mensais.
E é este, justamente, o grande dilema do SFH, conforme se verá adiante, quando háaplicação do chamado PES/CP (o que não é o caso em exame).
Novo exemplo, para mais fácil intelecção:Tenha-se em conta o seguinte financiamento:
Substituindo os termos, obtém-se:
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Passa-se então ao cálculo do índice ponderado de juros.
Enfim, o índice ponderado será de 5,66.Levando tais dados para a planilha, obtém-se a seguinte evolução do financiamento:
Atente-se para o fato de que está sendo observada a propriedade imanente à ProgressãoAritmética. Somando-se a amortização havida no mês “1” com aquela havida no mês “5”,
obtém-se R$ 400,00.Somando-se a amortização do mês “2” (R$ 194,34) com a do mês “4” (R$ 205,66)também se obtém R$ 400,00, que é justamente o dobro da amortização havida no mês“3”.O mesmo ocorre se forem somados os juros mensais de forma enantiomorfa.Portanto, o sistema acima está submetido a juros simples.Sempre que o Banco celebra um contrato deve, de antemão, calcular as prestações e ovalor mensal de juros. A cada pagamento, basta atualizar os referidos valores para a dataem questão, de forma a garantir que a evolução da dívida, a juros simples, se dê em umregime inflacionário.
Substituindo na fórmula, para contra-prova
Apesar do exame certamente já estar cansativo, volte-se ainda um pouco mais para afórmula de decomposição de valores em juros simples, indicada alhures:
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Faço a prova de que a prestação mensal de R$ 98,90 corresponde ao capital de R$445,18 distribuído em juros simples (4% ao mês), no prazo de 05 meses.
Portanto, submetido a juros simples de 4% ao mês, em 5 meses, R$ 445,18 gera umencargo mensal de R$ 98,9.A mesma contraprova pode ser aplicada ao outro caso, de capital de R$ 1.000,00, jurosde 3% e prazo de 5 meses.
Porém, o que falta o Julgado dizer, é como tais prestações, tanto quanto
o índice ponderado e o saldo devedor serão corrigidos. Há apenas um aviso:
Registro, porém, que todas as argumentações acima são empreendidas em facede sistemas ideais, desconsiderada a inflação. A solução somente se mantém sehouver idêntica indexação do saldo e das prestações mensais.E é este, justamente, o grande dilema do SFH, conforme se verá adiante, quandohá aplicação do chamado PES/CP (o que não é o caso em exame).
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Ocorre que os juros, nesse quadro, são calculados via multiplicação do
índice ponderado pelo número de prestações residuais. Se houver correção do
encargo, deverá haver também do índice ponderado, que é calculado em função
daquele. O índice ponderado e a prestação não serão, no desenvolvimento,
calculados sobre o saldo devedor, mas mantidos em progressão aritmética.
Caso o índice ponderado (e a prestação) sejam corrigidos pelo PES, o
cálculo dos juros perde todo o sentido, apresentando quantia que nada tem a ver
com “juros”. Uma solução, então, é imposta: que o saldo devedor e as prestações
mensais tenham mesmo indexador e sejam corrigidas na mesma periodicidade.
Uma possibilidade é que os encargos mensais sofram a aplicação do índice quehoje é inserido no saldo devedor – mas aí seria abandonar o PES - Plano de
Equivalência Salarial, direito dos mutuários. Outra é que o saldo devedor também
seja corrigido pelo PES – mas aí seria comprometer o retorno dos recursos
emprestados, tanto quanto o equilíbrio do sistema. Em todo caso, é por esta última
via que o Eg. STJ tem se inclinado: RESP 85521/PR, RESP 157841, RESP 194932
/ BA, RESP 152502 / BA, 194086 / BA, RESP 150347 / SE, RESP 149861 / SE,
RESP 140839 / BA, RESP 335171 / SC.
Em suma, o julgado da Vara Federal Especializada do Sistema
Financeiro da Habitação tem o grande mérito de demonstrar, de vez, a existência de
capitalização na aplicação do Sistema Price. A sentença do Dr. Flávio Antônio da
Cruz, acima exposta, é de clareza e fundamentação ímpar. No entanto, entendo que
a sistemática somente será eficaz (aplicável) se a correção dos encargos for a
mesma e de igual periodicidade do saldo devedor. Nesse sentido, para osmutuários, a opção melhor é de que o PES também seja aplicado ao saldo devedor.
Não me parece a solução lógica adequada, mas, sim, a via jurídica pertinente. Parto
do princípio que somente aos mutuários cabe a renúncia ao Plano de Equivalência
Salarial. E estes não o fazendo e sendo impositiva a extração do anatocismo,
somente restará a aplicação do PES ao saldo devedor.
ADENDO
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67
Recebi email de um leitor, dando conta do que ele denominou de erro crasso
na sentença, porque as diferenças que atribui a “erros de aproximação” na
realidade seriam muito mais do que isso, levando mesmo à rejeição da tese
estampada.
O equívoco estaria no quadro a seguir:
Repare que a soma 95,09 + 91,57 + 88,30 + 85,26 + 82,42 resulta em
442,64, diferenciando-se de 445,00 em 2,36, valor que, de fato, não pode ser
simplesmente atribuído a “arredondamento”.
Mas onde está o erro? Em Gauss? Não, está no cálculo da prestação e, via
de conseqüência, no índice ponderado. Para demonstrarmos isso teremos que
agregar aqui vários gráficos. E para que não sobrem dúvidas, faremos os cálculos
com valores muito próximos daqueles do SFH.
Assim, adotaremos empréstimo no importe de R$ 100.000,00, taxa de juros
de 1% ao ano e prazo de 240 meses.
Pela Tabela Price a prestação resulta em R$ 1.109,09, enquanto o somatório
dos pagamentos alcança R$ 264.260,67.
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FÓRMULA DE CÁLCULO DA PRESTAÇÃO
(12/1200)*{[1+(12/1200)]^240}{[1+(12/1200)]^240}-1
0,01*10,8925537 0,10892554 = 0,0110108610,8925537 - 1 9,8925537
Prestação = 0,011101086 x 100.000,00 = 1101,09
P PR P JR AM SALDO1 240 1101,09 1000,00 101,09 99898,912 239 1101,09 998,99 102,10 99796,823 238 1101,09 997,97 103,12 99693,70
4 237 1101,09 996,94 104,15 99589,555 236 1101,09 995,90 105,19 99484,36
( ... )235 6 1101,09 63,81 1037,27 5344,05236 5 1101,09 53,44 1047,65 4296,40237 4 1101,09 42,96 1058,12 3238,28238 3 1101,09 32,38 1068,70 2169,58239 2 1101,09 21,70 1079,39 1090,18240 1 1101,09 10,90 1090,18 0,00SOMATÓRIO DAS PRESTAÇ ES 264260,67
Já pelo formato designado na sentença, a prestação resulta em R$ 645,11 e
seu somatório em R$ 154.897,49.
FÓRMULAS
a) PRESTAÇ O
100.000 x {1+[(12/1200)x 240]} 100.000 x {1 + [0,01 x 240]}240 x { 1+ [(240-1) x (12/1200} 240 x { 1 + [(239 x 0,01))/2]
2
100.000 x 3,4 340000 = 645,406226
240 x { 1+ 1,195} 526,8
b) ÍNDICE PONDERADO
(645,406 x 240) - 100000 54897,5 1,89825346
[(240+1) x 240/ 2 28920
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69
P PR P IND PND JR AM SALDO1 240 645,41 1,898253458 455,58 189,83 99810,172 239 645,41 1,898253458 453,68 191,72 99618,453 238 645,41 1,898253458 451,78 193,62 99424,834 237 645,41 1,898253458 449,89 195,52 99229,315 236 645,41 1,898253458 447,99 197,42 99031,89
( ... )235 6 645,41 1,898253458 11,39 634,02 3198,55236 5 645,41 1,898253458 9,49 635,91 2562,64237 4 645,41 1,898253458 7,59 637,81 1924,82238 3 645,41 1,898253458 5,69 639,71 1285,11239 2 645,41 1,898253458 3,80 641,61 643,50240 1 645,41 1,898253458 1,90 643,51 0,00SOMATÓRIO DAS PRESTAÇ ES 154.897,49
Feito isso vamos ver como fica a contraprova (justamente o que é impugnadona sentença) [o valor presente está na última coluna, a começar com 639,02]:
GAUSS - SENTENÇA - CONTRAPROVA
P PR PR IND JUR VP1 240 645,41 1,01 639,022 239 645,41 1,02 632,753 238 645,41 1,03 626,614 237 645,41 1,04 620,585 236 645,41 1,05 614,67
( ...)235 6 645,41 3,35 192,66236 5 645,41 3,36 192,09237 4 645,41 3,37 191,52238 3 645,41 3,38 190,95239 2 645,41 3,39 190,39240 1 645,41 3,4 189,83TOTAL VALOR PRESENTE 78755,93DIFERENÇA 21244,07
O que se constata é que se fizermos a somatória do Valor Presente para
cada mês, chegaremos ao total de R$ 78.755,93 e não os R$ 100.000,00 do
financiamento. Assim, a fórmula está, de fato, equivocada.
Como já se disse, o equívoco está na forma como se calcula a prestação.
Demonstramos abaixo como se calcula corretamente a prestação para o sistema de
Gauss. Veremos que ela chega a R$ 819,50 e não os R$ 645,41 pelas fórmulas da
sentença. Com isso, ademais, o somatório de prestações fica em 196.680,42 (ainda
bem inferior ao Price).
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70
FÓRMULAS
a) PRESTAÇ O
100000 =px{ 1 + 1 + (...) 11 +[(12/1200)]x1 1 +[(12/1200)]x2 1 +[(12/1200)]x240
100000 = px{ 1 + 1 (...) + 1 }1,01 1,02 3,4
100000 = px{ 0,990099 + 0,98039215 +(...) + 0,70588)} = 122,0253632
100000 = p x 1 122,03 p = 819,5017606
b) NDICE PONDERADO
(819,50 x 240) - 100000 96680,4 3,34302983
[(240+1) x 240/ 2 28920
P PR P IND PND JR AM SALDO1 240 819,50 3,343029825 802,33 17,17 99982,832 239 819,50 3,343029825 798,98 20,52 99962,313 238 819,50 3,343029825 795,64 23,86 99938,454 237 819,50 3,343029825 792,30 27,20 99911,24
5 236 819,50 3,343029825 788,96 30,55 99880,70( ... )235 6 819,50 3,343029825 20,06 799,44 4047,36236 5 819,50 3,343029825 16,72 802,79 3244,58237 4 819,50 3,343029825 13,37 806,13 2438,45238 3 819,50 3,343029825 10,03 809,47 1628,97239 2 819,50 3,343029825 6,69 812,82 816,16240 1 819,50 3,343029825 3,34 816,16 0,00SOMAT RIO DAS PRESTAÇ ES 196.680,42
Como vimos, ao final dos 240 meses o saldo “zera”. Devemos agora
submeter esses dados à contraprova. Como vemos a seguir, ao contrário do formato
adotado na sentença, que falha na contraprova, agora, efetivamente, o somatório
dos valores presentes resulta em R$ 100.000,00:
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GAUSS - CONTRAPROVA
P PR PR IND JUR VP1 240 819,50 1,01 811,392 298 819,50 1,02 803,43
3 297 819,50 1,03 795,634 296 819,50 1,04 787,985 295 819,50 1,05 780,48
( ...)235 65 819,50 3,35 244,63236 64 819,50 3,36 243,90237 63 819,50 3,37 243,18238 62 819,50 3,38 242,46239 61 819,50 3,39 241,74240 60 819,50 3,4 241,03TOTAL VALOR PRESENTE 100000,00DIFERENÇA 0,00
A conclusão a que chegamos, portanto, é que pelo Sistema de Gauss
chegamos, de fato, a um formato que exclui o anatocismo e que é plenamente
aplicável. Por outro lado, lamentavelmente, o formato de cálculo estabelecido em
sentença está equivocado.
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9. TRANSFERÊNCIAS DE FINANCIAMENTO - "CONTRATOS DE GAVETA"
O caso
José, que tinha um belo apartamento financiado pelo SFH, resolveu
aliená-lo a João. Em contrato particular acertaram que João deveria continuar
fazendo o pagamento pontual das obrigações e transferi-lo para seu nome em até
dois anos. José, no ato, outorgou a João procuração com poderes para
substabelecer. Mas João, dentro do prazo concedido, vendeu seus direitos à Maria,
que passou a residir no imóvel, mas não quitou as prestações. Maria ainda tentou
transferir o financiamento, mas o banco não aceitou porque havia restrições em seu
nome. De conseqüência que o agente bancário acabou por inserir o nome de José
nos chamados "cadastros restritivos", além de ameaçar executá-lo judicialmente.
José notificou-os (João e Maria) extrajudicialmente. Não adiantou. Foram parar nasbarras da justiça: José pediu a rescisão do contrato com João, por descumprimento
(pagar as prestações e transferir) e a nulidade do firmado entre João e Maria (falta
de sua anuência). Pediu também a reintegração na posse, indenização por danos
econômicos e morais, condenação em taxa de ocupação mensal.
Um revés em primeiro grau: disseram que faltava menção expressa de
que João não podia alienar o imóvel sem autorização de José, que a transferênciatambém exigia atos do próprio José, que o atraso nos pagamentos não autorizava a
rescisão. Concluíram que o contrato com Maria não seria nulo, tampouco José
mereceria ser indenizado. Mas em segundo grau, a coisa reverteu: a ação foi
julgada inteiramente procedente, reintegração, danos morais e tudo o mais.
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73
A controvérsia jurídica
Vamos ver no que conflitam os pensamentos de primeiro e segundo
graus. O juízo inicial entendeu que as obrigações acessórias não autorizam o pedido
de rescisão, e que, ademais, tratava-se de contrato condicional. Por essa ótica tem-
se o pagamento dos encargos mensais como meramente acessório, de forma que a
inadimplência não justifica a rescisão contratual. Principalmente porque já recebido
pelo vendedor o preço. Na mesma linha, quando se convenciona a necessidade da
anuência futura de um terceiro (no caso o banco), o contrato assume características
de condicional, isto é, com as duas partes se sujeitando à realização ou não desse
ato - de forma que eventual dissidência da instituição financeira na transferência do
contrato, por si só não fará decorrer a rescisão: teria sido um risco aceito
previamente pelos contratantes. Neste sentido:
RESCISÃO CONTRATUAL - COMPROMISSO PARTICULAR DE COMPRA EVENDA - IMÓVEL FINANCIADO - MORA NA TRANSFERÊNCIA DOFINANCIAMENTO E DAS PRESTAÇÕES. A falta de transferência de contratode financiamento, imprevista no compromisso particular de compra e venda, nãocaracteriza mora, principalmente porque não é ato exclusivo do promitentecomprador; depende de iniciativa do promitente vendedor e de aprovação peloagente financeiro. Uma vez purgada a mora para com o banco, desaparecem osmotivos de rescisão contratual (TAPR, Ap. Civ. 1703300, Londrina, 7ª V. Cível,Rel. Des. Osiris Fontoura, DJ 03/08/92).
Compromisso de compra e venda - Imóvel financiado pelo Sistema Financeirode Habitação - Pretendida rescisão do contrato - Pedido fulcrado nainadimplência dos compradores por não terem pago as prestações dofinanciamento e providenciado a transferência da dívida junto ao agente
financeiro - obrigações acessórias não autorizadoras do pedido de rescisãocontratual - TAPR Ap. Civ. 69848, Res. Des. Ulysses Lopes, DJ 01/07/1996.
COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.CONTRATO DE EFICÁCIA DIFERIDA. FINANCIAMENTO NÃO OBTIDO PELOCOMPRADOR. IMPOSSIBILIDADE OBJETIVA DO CUMPRIMENTO.AUSÊNCIA DE CULPA DE QUALQUER DAS PARTES. REPOSIÇÃO DASPARTES AO STATUS QUO ANTE. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 1058, ÚNICODO CÓDIGO CIVIL. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. O compromisso decompra e venda cuja execução condiciona-se à obtenção de financiamento doagente do SFH é negócio jurídico condicional, sujeito a evento futuro e incerto,razão porque a falha da condição, reciprocamente assumida pelos contratantes,
não pode representar conduta culposa de ninguém, desde que a negativa dainstituição financeira seja estranha à vontade deles. nesta situação, a solução
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jurídica é a rescisão do contrato do contrato e o restabelecimento do status quoante, com a restituição do sinal corrigido. "(TJPR, AP 62939-2, 24/03/98).
Porém, convenhamos, pensar assim é premiar o faltoso por sua falta. De
sorte que não basta o comprador alegar que o agente financeiro negou a
transferência do financiamento: é preciso ir mais além, provar que entregou os
documentos, qual a razão da negativa, que tais condições eram previamente
sabidas pelo alienante, que promoveu as medidas possíveis no sentido de
regularizar as pendências, que, ademais, quitou os encargos em atraso - precisa
provar sua boa-fé. Ao vendedor cabe demonstrar que não se negou a emitir suadeclaração de vontade, transferindo o imóvel junto ao agente, quando solicitado e
que regularizou eventuais pendências em seu nome que fossem impeditivas.
Assim:
PROMESSA DE COMPRA E VENDA. CESSÃO DE DIREITO. RESCISÃO – Afalta de cumprimento de obrigações e a existência de débitos em nome dospromitentes vendedores, constituem impedimento, plenamente justificado, paraexcluir a promitente compradora, em dia com as prestações, de qualquerresponsabilidade por não ter providenciado na transferência e sub-rogação dadívida junto ao agente financeiro, em negócio acertado entre as partes, paraalienação de imóvel, financiado através do SFH. Provado o pagamento dedébitos a que não estava obrigada a promitente compradora, procede areconvenção. (TARS – AC 190.008.318 – 5ª CCiv. – Rel. Juiz Antonio CarlosStangler Pereira – J. 22.05.1990)
No caso hipotético citado há mais um agravante: como José vendeu a
João e não à Maria, não poderia avaliar os antecedentes desta última, pedir
certidões, porque nunca soube quem era e nem mesmo quando a transação
efetuou-se. Aliás, esse entendimento não desonera João, que, então, também
deveria trazer a juízo elementos que comprovassem que agiu com cuidado na venda
à Maria. Vejam:
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PROMESSA DE COMPRA E VENDA. CESSÃO DE DIREITO. SISTEMA –Rescisão de contrato de compra e venda e Reintegração de posse.Inobservância pela adquirente do prazo contratual para transferência ao SFH.Prestações e condomínio impagos. Prejuízos ao vendedor comprovados.
Procede o pedido de rescisão contratual com reintegração de posse, quandocomprovada a inadimplência do adquirente e os prejuízos ao vendedor.Descabida a pretensão de reembolso das prestações pagas ao agentefinanceiro e demais encargos condominiais e tributários, como forma decompensação mínima pelo uso e posse do imóvel. Apelo improvido. (TARS – AC192.265.353 – 3ª CCiv. – Rel. Juiz Aldo Ayres Torres – J. 03.03.1993)
Há mais um problema: o pedido de condenação em danos morais não
tem como sustentáculo apenas a não transferência junto ao banco, mas também a
falta de pagamento dos encargos. Ora: se não pode transferir, então o cuidado deve
ser redobrado para que outro, inocente, não sofra conseqüências.
Daí que, se o atraso nos pagamentos mensais das prestações resultar
em dano ao patrimônio ético (inscrição no Serasa, Seproc, etc) do alienante, cabe
sejam esses prejuízos ressarcidos, ainda que se considere o contrato condicional.
Além disso, se a causação desse prejuízo foi voluntária, o dano era sabido e não
houve interesse demonstrado na regularização dos atrasos, está descaracterizada aboa-fé.
Para sustentar esse entendimento:
"(...) lesões sofridas pelas pessoas, físicas ou jurídicas, em certos aspectos desua personalidade, em razão de investidas injustas de outrem. São aqueles queatingem a moralidade e a afetividade da pessoa, causando-lheconstrangimentos, vexames, dores, enfim, sentimentos e sensaçõesnegativas.(...) Os danos morais podem ser puros ou reflexos, ou seja, oriundosde atentados a elementos patrimoniais(...). Caracterizam-se, no entanto, semprepor via de reflexos produzidos por ação ou omissão de outrem, na personalidadedo lesado, nos planos referidos. Atingem-se, portanto, componentessentimentais e valorativos da pessoa." - Carlos Alberto Bittar in Danos Morais:Critérios Para Sua Fixação, in Repertório de Jurisprudência - IOB 15/93, pág.293.
"(...) numa violação dos direitos personalíssimos de outrem, e no direito de
propriedade, que a ordem individualista corrente incluía entre aqueles. Poroutras palavras, o ato ilícito é lesão de um direito absoluto, vale dizer, de um
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direito a que todos devem respeitar. Trata-se, com efeito, de invasão na esfera jurídica alheia em cuja área se encontram interesses e valores fundamentais dapersonalidade humana, como, dentre outros, a vida, a liberdade, a saúde, ahonra. Toda lesão culposa de um desses direitos subjetivos, por alguns
qualificados como atributos da personalidade, obriga aqueles que a praticam aindenizar suas conseqüências patrimoniais, configurando ato ilícito strictu sensu"(In "Obrigações", Forense, págs. 343 e 344).
"4. A permanência do nome do autor, indevidamente, no rol dos mauspagadores do SERASA, por vários meses, é razão sem dúvida para atingir suahonorabilidade. - acórdão 13475, da Apelação Cível nº 54.454-9, da 2ª CâmaraCível - TJPR
(...) "No arbitramento do dano moral há que se considerar tanto sua reparação,oferecendo à vítima uma satisfação em dinheiro, quanto a necessidade de seimpor ao ofensor uma expiação pelo ato ilícito ("RJTJRGS nº 172/177)"
"... a promessa bilateral de compra e venda por instrumento privado sempresujeita o infrator a perdas e danos..." (Caio Mário da Silva Pereira, Instituiçõesde Direito Civil, Forense, 3ª ed., V. III, pág. 170).
AÇÃO DE RESCISÃO C/ COM REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PERDAS EDANOS. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. IMÓVEL FINANCIADO PELOSFH. OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO PONTUAL DAS PRESTAÇÕES AOAGENTE FINANCEIRO. DESCUMPRIMENTO PELO PROMISSÁRIOCOMPRADOR. EXECUÇÃO PELO AGENTE FINANCEIRO CONTRA OVENDEDOR. DANO MORAL. RECURSO PROVIDO, UNÂNIME. Comprovado oinadimplemento contratual dos compradores e sua constituição em mora,procedente é o pedido de rescisão, reintegração de posse e perdas e danos.(TJPR AP 86427-9 - 6ª CC).
É comum lavrarem-se tais contratos junto ao Sistema Financeiro da
Habitação. Discute-se sobre sua validade, sobre a possibilidade do agente entender
estar rescindido o contrato com ele firmado por não ter sido comunicado da avença
e nem colhida sua anuência.
Tais questões são evidentemente relevantes. Mas o "contrato de gaveta"
é um expediente corriqueiro, uma realidade e gera obrigações de ordem pessoal,
mesmo que não obrigue o agente financiador.
É neste limite - entre os contratantes - que se situa a discussão aqui
traçada. Pois bem: é preciso que conste exigência de o alienante anuir em novas
transferências, ou esta obrigação já está subentendida quando se indica prazo limite
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para transferência? Quando o comprador obtém procuração com poderes para
substabelecer isto implica em aceitação do alienante original nas incertas e, por
vezes, numerosas, transações futuras?
Claro que é recomendável que constem tais exigências do contrato
original e, caso venha a ser lavrada procuração, não sejam outorgados poderes "ad
judicia", em "causa própria" e para substabelecer e que não venha a ser dispensada
a prestação de contas. Também é bom que o prazo para transferência seja curto e
bem definido. Tudo isso sem considerar a questão já relatada do risco de se incorrer
em afronta em cláusula do contrato junto ao Agente Financeiro.
Mas, em uma situação já posta, já formada, com suas imperfeições, resta
buscar os remédios jurídicos. Parece-me que aqui é caso da conhecida notificação
extrajudicial ou premonitória (art. 960 CC): na prática, deve-se valer primeiramente
desse meio para colocar termo à obrigação e constituir em mora.
Daí que, voltando ao caso hipotético, embora até mesmo fosse possível
admitir que não havia no contrato exigência da anuência de José ou qualquer outrarestrição que impedisse a transferência, como concluiu o julgador monocrático, não
pode ser negado que João assumiu contratualmente a obrigação de pagar com
pontualidade as prestações do financiamento devidas à financeira e de transferir o
financiamento para seu nome, e não obstante nada cumpriu, mesmo depois de
constituído em mora.
Assim, se haviam dúvidas, com a notificação não restam mais. Nemmesmo ficam questionamentos sobre se a citação para lide supre ou não eventual
falta de notificação. Por via da notificação ficamos sabendo, definitivamente, que
João e Maria não transferiram o imóvel para seu nome no prazo que lhes foi dado.
Também não forneceram provas de que promoveram as regularizações necessárias
ou mesmo que a falta tenha origem em José, pela omissão na prática de um ato ou
por restrições cadastrais deste. Some-se a isto o atraso nos pagamentos, fato não
negado. Notem:
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AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO E REVOGAÇÃO DE MANDATO – "CONTRATO DE GAVETA " EM FINANCIAMENTO HABITACIONAL – Impõe-se
a cassação da sentença, se a mesma indeferiu sumariamente a inicial, aofundamento de que a procuração dá quitação irretratável, dispensandoprestação de contas. Tal cláusula não dispensa o cumprimento das obrigaçõesdo adquirente, particularmente o pagamento das prestações e a manutenção doimóvel, que foi abandonado. Apelo provido, para cassar a sentença. (TAMG –AC 0317457-6 – 4ª C.Cív. – Rel. Juiz Jarbas Ladeira – J. 27.09.2000)
COMPRA E VENDA – “Contrato de gaveta”. Rescisão pelo inadimplemento docessionário. Admissibilidade. Ofensa ao vínculo pessoal de preservar aregularidade dos pagamentos mensais junto ao agente financeiro. (TJSP – Ap055.799-4/7 – 3ª C. – Rel. Des. Ênio Santarelli Zuliani – J. 11.08.1998)(02.758/205)
Aplicáveis, dessa forma, os artigos 1058 e 1092, parágrafo único, do
Código Civil, segundo os quais o descumprimento da obrigação determina a
rescisão do contrato com perdas e danos:
EMENTA. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. DESISTÊNCIA PELOPROMITENTE COMPRADOR. CONSEQÜÊNCIAS. SUCUMBIMENTO. Ainjustificada desistência pelo promitente comprador, do compromisso de comprae venda de imóvel residencial, sem pagamento de parcela alguma do preço,acarreta a indenização pelo uso do imóvel e a sua devolução ao promitentevendedor. Sendo prevista cláusula penal (...). - TJPR., 1ª Ccív. Ap. 64.243-9, Ac.15.607, j. 13.10.98, rel. Des. Pacheco Rocha
EMENTA. RESCISÃO DE CONTRATO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE.PERDAS E DANOS. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL.FINANCIAMENTO. PRESTAÇÕES. ATRASO NO PAGAMENTO.
PRECEDÊNCIA PARCIAL. Comprovado o inadimplemento contratual doscompradores, devem eles restituir o imóvel objeto da compra e venda, pagandoos alugueres pelo tempo em que compraram, recebendo, em devolução asparcelas pagas. - TJPR, 1ª Ccív., Ap. 75.719-5, Ac. 16.587, j. 22.6.99, rel. Des.J. Vidal Coelho
Muito bem: a rescisão, em casos do gênero, se impõe. Embora não se
afaste a característica de ser o contrato condicional, conclui-se que esse fato por si
só não basta; ainda que não eliminada a suposta acessoriedade do pagamento dosencargos mensais, isso não quer dizer que não resulte o inadimplemento em danos
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ao alienante. E, se é decretada a rescisão, segue-se a reintegração e indenização
pelo uso e gozo do imóvel durante o período.
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10. O FUNDO DE COMPENSAÇÃO DE VARIAÇÕES SALARIAIS - FCVS E AS
QUITAÇÕES
Histórico
O Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS foi criado com
a finalidade garantir o limite de prazo para amortização das dívidas dos
financiamentos habitacionais contraídas pelos mutuários do Sistema Financeiro da
Habitação - SFH.
Afora isso assume em nome do devedor os descontos concedidos nas
liquidações antecipadas e transferências de contratos e garante o equilíbrio da
Apólice de Seguro Habitacional (inciso I, do artigo 2º do Decreto-Lei nº 2.406, de
05.01.88).
Nasceu pela Resolução nº 25, de 16/06/1967, do Banco Nacional da
Habitação - BNH, sendo que seu controle e normatização ficaram a cargo da Caixa
Econômica Federal (Decreto-Lei nº 2.291, de 21.11.86), Banco Central do Brasil
(Resolução CMN nº 1.277, de 20.03.87), Ministério da Habitação, Urbanismo e Meio
Ambiente (Decreto-Lei nº 2.406, de 05.01.88) e Ministério da Fazenda (Lei nº 7.739,
de 16.03.89).
Em 19.09.88, através da Portaria 18 do Ministério da Habitação e do
Bem-Estar Social surgiu o Conselho Curador do FCVS, um órgão colegiado,
diretamente subordinado ao Ministério da Fazenda e que tem por finalidade aprovar
as condições gerais de atuação do FCVS.
Compete à Caixa Econômica Federal - CEF a administração operacionaldo Fundo e ao Banco Central do Brasil fiscalizar as entidades integrantes do SFH.
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O Fundo foi constituído em 16.06.1967 com capital de Ncr$ 10.000.000
(dez milhões de cruzeiros novos), conforme estabelecido no item 9 da Resolução
25/67 do Conselho de Administração do BNH.
A partir daí passou a ser abastecido por:
- contribuições mensais dos mutuários estipulada em 3% (três por cento)
da prestação de amortização e juros para os contratos firmados após
01/11/1984 no PES - Plano de Equivalência Salarial;- contribuições trimestrais dos agentes financeiros, correspondente, em
cada trimestre, a 0,025% (vinte e cinco milésimos por cento) sobre o
saldo dos financiamentos imobiliários concedidos no âmbito do SFH,
existente no último dia de cada trimestre civil.
Além dessas fontes existem outras, como, por exemplo, as de mutuáriosoptantes do antigo Plano "A", dos agentes financeiros nos casos de sub-rogação de
dívida entre 07.06.84 a 31.03.87, os retornos de aplicações e receitas do
FUNDHAB, a parcela a maior correspondente ao comportamento da relação entre
as indenizações pagas e os prêmios arrecadados, nas operações pertinentes ao
SFH, e, eventualmente, dotação orçamentária da União.
Juntamente com o Coeficiente de Equiparação Salarial - CES, o FCVS foimedida advinda da criação do PES, e uma forma de garantir recursos para quitar os
descompassos entre a forma de reajuste do saldo e o das prestações mensais.
Esclarecendo: embora a adoção da Tabela Price resulte em prestação
necessária e suficiente para a liquidação do empréstimo ao final do prazo e à taxa
de juros acordados, a situação muda de figura com a inserção de índices e
periodicidade díspares entre aqueles praticados junto ao saldo devedor (hoje a TaxaReferencial) e às prestações (os de reajuste da categoria profissional). Isso acaba
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por resultar, ao final do prazo, em resíduo, caso os reajustes salariais sejam
menores que daqueles aplicados ao saldo ou, ao menos, em periodicidade maior,
ou em liquidação antecipada, caso ocorra o contrário.
Como a hipótese mais plausível é sempre a da existência de resíduo,
criou-se o CES, ou seja, um acréscimo à prestação originalmente calculada pela
fórmula "Price", justamente para cobrir ou reduzir essa diferença, a qual, por fim,
ficaria a cargo do FCVS.
Todavia, a dupla CES e FCVS culminou em uma aposta fracassada (a se
ver o enorme rombo em suas contas nas contas deste último, a ponto de serutilizado como moeda nas negociações do PROER), isto por força da escalada
inflacionária e a conseqüente retração salarial que, a uma só tacada, reduziram os
valores nominais dos encargos mensais e aumentaram os saldos.
Na prática, a movimentação dos recursos do FCVS se faz através da
habilitação dos agentes quando da ocorrência de um dos eventos para os quais está
previsto o ressarcimento. O Agente então encaminha ao gestor (CAIXA) umconjunto de dados e documentos provando o fato gerador da responsabilidade do
FCVS e aguarda ser ressarcido, o que ocorrerá em parcelas.
A Caixa, como se vê, exerce uma atividade dúplice, tanto enquanto
agente do sistema, mas também como gestor dos recursos.
O saldo devedor de cada contrato de financiamento, para efeito deapuração da responsabilidade do FCVS, deverá ser desenvolvido pressupondo-se
que todos os encargos mensais tenham sido quitados tempestivamente e calculados
na forma pactuada e prevista na legislação.
Em virtude disso a cada contrato "habilitado " há de ser efetuada uma
"depuração " por parte do gestor, isto é, análise se o desenvolvimento ocorreu na
forma prevista em lei.
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As divergências que podem surgir dessa verificação da regularidade são
das mais variadas, como, por exemplo, a incorreções no valor do empréstimo, por
estar acima da cota permitida ou do limite fixado, na taxa de juros, no valor e
reajustes dos encargos, nos sistemas de amortização e plano de reajuste. Isso irá
levar, com certeza, a um diferencial na apuração do saldo com a conseqüência de
cobertura apenas parcial.
Outros eventos podem gerar a própria negativa de ressarcimento pelo
Fundo, como a concessão irregular a detentor de outro imóvel financiado pelo SFH.
Este é um aspecto importante e vamos nos deter aqui.
Conforme a época, as regras para a concessão de financiamento
permitiam ou não a propriedade de outro imóvel ou mesmo ter o mutuário firmado
outro financiamento.
O parágrafo 1º do art. 9º da Lei 4380/64 determina que:
"As pessoas que já forem proprietárias, promitentes compradores ou cessionários de imóvel residencial na mesma localidade não poderão adquirir imóveis objeto de aplicação pelo SFH."
Nota-se que a restrição aplica-se somente à existência de imóveis
residenciais na mesma localidade.
Por seu turno, a Circular BACEN 1161/87 estabeleceu que os
financiamentos habitacionais concedidos a partir de 27.04.87 somente poderiam ser
efetuados a pretendentes que não possuíam outro financiamento habitacional nas
condições estabelecidas para o SFH, no município ou região metropolitana do
domicílio ou fora dele.
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A questão, a partir de 27.04.1987 mudou de foco, tendo a restrição, como
visto, centrado na existência ou não de financiamento pelo SFH.
De acordo com a Circular 1214/87 a restrição à concessão de
financiamento para mutuário que tivesse imóvel financiado não se aplicaria, se no
contrato referente à nova aquisição, viesse constar em caráter penal, a previsão de
que a não alienação de imóvel residencial anterior, no prazo máximo improrrogável
de 180 dias, implicaria no descumprimento do contrato, com o conseqüente
vencimento antecipado da dívida da segunda aquisição e, também, a não cobertura
pelo FCVS.
Todavia, os agentes não tinham condições de saber se o futuro mutuário
realmente tinha ou não financiamento pelo SFH em outra entidade, posto que não
havia nem um banco de dados único, tampouco tentaram interligar os seus sistemas
informatizados.
A questão acabou se resolvendo na forma indicada pela Circular 1214/87,
isto é, através da assinatura de declarações, além de cláusula inserida no corpo docontrato.
Veja-se, porém, o caso daquele possuidor de outro financiamento ou
imóvel na mesma localidade, mas que declarou o contrário (isto nem sempre por
má-fé, mas às vezes por falta de orientação).
O financiamento foi concedido e seguiu normalmente, ou foi quitado comdesconto, ou foi transferido a outrem que o quitou, ou por decurso do prazo ou com
desconto. O agente então se habilitou ao Fundo esperando obter o ressarcimento,
no caso a diferença que quitaria o saldo, seja a devida em virtude do desconto para
quitação, seja o saldo residual em função do decurso do prazo.
Ocorre que, por ora, ao menos duas boas alternativas assistem o gestor
do FCVS para verificar a regularidade do financiamento original.
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A primeira veio com a criação do Cadastro Nacional de Mutuários do SFH
– CADMUT, que centraliza os nomes de todos os detentores de financiamento pelo
SFH a nível nacional. A outra é o próprio cadastro do FCVS, pois que o
financiamento anterior pode ter sido quitado com recursos do FCVS e então estará
lá registrado.
Sendo detectada a irregularidade o FCVS simplesmente irá negar a
cobertura, deixando que o agente financeiro e mutuário se entendam.
Caso o contrato pertença ao que se chamou de "massa velha " e o banco
tenha já efetuado a liberação do ônus hipotecário, provavelmente o agentefinanceiro estará em maus lençóis.
[Os contratos que iam sendo liquidados desde a criação do FCVS,acabaram se acumulando sem qualquer ressarcimento por parte doFundo. Aos agentes não restou alternativa senão, com as quitações,liberar a hipoteca. Só há alguns anos é que as análises e osressarcimentos iniciaram, sendo que a esse enorme volume de contratosantigos acostumou-se denominar "massa velha".]
Isto porque, se pretender cancelar a liberação do ônus hipotecário terá
uma longa e incerta batalha judicial. Se não trilhar esse caminho e resolver
promover a execução contratual, caso de inadimplemento, nada garante que o ex-
mutuário tenha patrimônio a suportar a dívida. Além disso, o imóvel pode ter sido
adquirido por terceiro de boa-fé, o que praticamente inviabiliza essa tentativa.
Do contrário, não tendo o agente financeiro ainda entregue a autorização
para a liberação do gravame hipotecário, é de esperar que se negue a fazê-lo. Se foi
caso de decurso do prazo contratual, certamente promoverá a cobrança do restante
do saldo em metade do prazo original ou até mesmo à vista, dependendo do
contrato. Tratando-se de liquidação com desconto, é bem possível que a assuma
apenas como amortização da dívida e emita carnês para pagamento.
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Mas, enfim, poderá ou não o banco reverter o cancelamento da hipoteca
e cobrar o resíduo?
À primeira vista sim, com base nos art. 86, 94 e 147, II, do Código Civil,
seja por erro do agente e omissão dolosa do financiado [em tese], e poderá cobrar o
resíduo em face às regras contratuais, quando não, o art. 159 do Código Civil
Brasileiro.
Mas há uma série de situações que, evidentemente, devem ser
analisadas in concreto, das quais daremos a seguir breves exemplos.
Na verdade, isso passa, antes de tudo, pela verificação da legalidade da
Circular BACEN 1161/87, posto que, como vimos, subverteu a ordem estabelecida
pela Lei 4380/64 - mas vamos adiante.
A contribuição relaciona-se com o resíduo
A relação lógica derivada da contribuição está na previsão da existência
de resíduo, solução essa assumida pelos contratantes, mas não na eventualidade
da propriedade de outro imóvel, que não causa, evidentemente, modificação no
pagamento dos encargos mensais e no desenvolvimento do contrato.
Quero dizer: quando o mutuário assina o contrato de financiamento,
comprometendo-se a quitar não somente a parcela do FCVS, seja à vista, sejamensalmente, mas também a ter seu encargo mensal majorado pelo CES, o faz
frente tão somente à probabilidade de existir resíduo ao final do prazo contratual -
nada mais.
E tal estipulação contratual é também favorável ao agente financiador,
pois que se antecipam parcelas não exigíveis apenas pela taxa de juros inserida.
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O resíduo, então, sua antecipação, pagamento ou redução, é o que induz
a essa estipulação.
Nessa ordem de idéias, não cabe às partes discutir existência ou não de
outro financiamento de forma a impedir seja o mesmo liquidado na forma como foi
pactuado - justo porque, como dissemos, não há relação lógica entre a contratação
do FVCS e CES e a existência de outro bem imóvel.
A questão limita-se tão somente quanto ao resíduo: daí que é impossível
admitir-se que esse elemento estranho - outro imóvel - venha a fazer parte da
equação.
Seguiremos em frente, entretanto, apresentando novas hipóteses, e
desconsiderando, para possibilitar a argumentação, tal entendimento.
Prazo de 180 dias: Interpretação sistemática
Se a negativa é somente em função da ultrapassagem do prazo de 180
dias sem a alienação do imóvel anterior e o agente continuou a cobrar as
contribuições do FCVS, quando deveria devolvê-las logo após o decurso desse
prazo, entendo que é incabível a cobrança da diferença de saldo.
Primeiro, via interpretação sistemática da Lei 4380/64.
O "caput" do art. 9º. da mencionada lei dispõe que
"todas as aplicações do Sistema terão por objeto, fundamentalmente, a aquisição de casa para residência do adquirente, sua família e seus dependentes, vedadas quaisquer aplicações em terrenos não construídos, salvo como parte de operação financeira destinada a construção da mesma."
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Confrontando-se o "caput" do art. 9º. com o seu parágrafo 1º. (citado
retro) , vê-se logo que este último submete-se ao núcleo do sistema (a palavra
usada é "fundamentalmente ") , ou seja, a aquisição de residência pela família,
sendo que a propriedade de imóvel é unicamente um regulador na destinação dos
recursos.
Além disso, pelo fato de prestigiar-se o imóvel "novo" (art. 7º. da Lei
4380/64), fica clara a preocupação do legislador na retro-alimentação do SFH via
FGTS e poupança popular, incentivando a construção civil.
Ora, se é certo que a fixação do prazo de 180 dias para a venda do
imóvel está em consonância com esses objetivos do SFH, é evidente que isso se
restringe apenas e tão somente ao caráter selecionador do destinatário da verba.
Mas, uma vez que tenha sido assinado o contrato de empréstimo, a destinação do
imóvel adquirido tenha sido para a residência da família, e o imóvel antigo tenha
sido alienado, ainda que ultrapassado o prazo, estarão cumpridos os objetivos do
sistema.
Nesse sentido as últimas decisões do Superior Tribunal de Justiça, que
tem revelado que as discussões acerca do SFH não podem jamais deixar de
considerar o aspecto social para o qual o sistema foi criado, além do que, se "a lei,
que deve ser entendida em termos hábeis e inteligentes, deve igualmente merecer
do julgador interpretação sistemática e fundada na lógica do razoável, pena de
prestigiar-se, em alguns casos, o absurdo jurídico" (STJ – REsp 13.416-0 – RJ – 4ªT. – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo – DJU 13.04.1992).
Prazo de 180 dias: aceitação tácita
Igualmente, no caso, de não se ter cumprido o prazo de 180 dias e o
agente continuou a cobrar as contribuições do FCVS, nota-se que o Fundo recebeuas quantias a que tinha direito e em momento algum as contestou, tendo então o
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mutuário colaborado com a sua parte para a quitação do resíduo, abastecendo o
FCVS.
Ora, o recebimento mensal dos encargos do FCVS por tão longo tempo,
quando deveria tê-los devolvido, implica em uma aceitação tácita por parte do
Agente Financeiro, de forma a impedir que possa este acenar tal cláusula como
impeditiva à utilização do Fundo.
Caso o contrato já tenha sido quitado pelo decurso do prazo, cabe discutir
qual cláusula irá incidir: a que considera o contrato vencido antecipadamente ou
outra, que prevê a liberação do ônus após o pagamento dos encargos mensaiscontratados.
Dentre as duas, o TRF da 4ª Região optou por considerar quitado o
contrato:
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO - AQUISIÇÃO, PELO MUTUÁRIO, DEDOIS IMÓVEIS MEDIANTE FINANCIAMENTO PELO SFH E COMCOBERTURA DO FCVS – QUITAÇÃO DO SALDO DEVEDOR DO PRIMEIROCOM OS BENEFÍCIOS DA LEI 8.004/90 – PAGAMENTO DA TOTALIDADEDAS PRESTAÇÕES DO SEGUNDO – DIREITO À QUITAÇÃO – INCIDÊNCIADE NORMA JURÍDICA SUPERVENIENTE (MP 1.981-52/2000). 1 – Se omutuário, já sendo proprietário de imóvel financiado pelo SFH, vem adquiriroutro e não cumpre a obrigação de alienar o primeiro no prazo de 180 dias, oagente financeiro pode considerar o contrato por vencido antecipadamente,conforme convencionado. No entanto, não lhe é dado aplicar tal cláusula apóspagas todas as prestações do mútuo, pois aí já incidiu a cláusula que tem ocontrato como quitado. 2 – Nem o contrato, nem a lei vigente à época, previamque o FCVS quitaria um único saldo devedor. Tendo o mutuário quitado o
primeiro financiamento com os favores da Lei 8.004/90, pagando 50% de seusaldo devedor e respondendo o FCVS pelo restante, era-lhe lícito exigir aquitação do saldo devedor do segundo, após o pagamento de todas asprestações, inclusive das contribuições àquele fundo. A norma que limitou aquitação pelo FCVS a um único saldo devedor só sobreveio com a Lei 8.100/90,não podendo apanhar contratos já aperfeiçoados. 3 – Hipótese em que, além domais, é aplicável o direito superveniente (art. 462 do CPC), que afastou aquelalimitação para os contratos firmados até 05 de dezembro de 1990 (art. 3º da Lei8.100/90, com a redação dada pelo art. 4º da MP nº1.981-52, de 27/09/2000).DADOS DO JULGAMENTO Órgão: Quarta Turma do TRF da 4ª Região DecisãoUnânime Data: 07 de novembro de 2000 Publicação: DJ2 nº 229-E, 29.11.2000,p. 482 APELAÇÃO CÍVEL Nº 97.04.26490-9/PR RELATOR JUIZ A A RAMOS
DE OLIVEIRA
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Prazo de 180 dias: recolhimento do C.E.S.
Na mesma linha, o Agente Financeiro, durante todo o período, recebeu
não somente o FCVS, mas também o acréscimo às prestações inserido pelo
Coeficiente de Equiparação Salarial - C.E.S., o qual se liga de forma indissolúvel ao
FCVS, como vimos no início deste texto.
É que o acréscimo do C.E.S. na primeira prestação refletiu-se nas
demais, como uma espécie de penalidade para o mutuário, que precisou,
mensalmente, antecipar recursos que não poderiam ser exigidos diretamente da
aplicação dos conceitos de taxa e tempo.
Daí que o Agente Financeiro beneficiou-se com essa antecipação de
recursos, a qual somente poderia ter-se como válida se criasse uma idêntica
compensação.
Se que o Agente Financeiro jamais questionou o recebimento do C.E.S.,
não poderá deixar promover a quitação com os recursos do FCVS, já que o
pagamento daquela majoração reflete diretamente nas quantias suportadas por este
Fundo. Do contrário seria até mesmo premiar o enriquecimento ilícito.
Assim, por semelhança:
COMERCIAL E PROCESSUAL - VALIDADE DO CONTRATO DE SEGURO -MORTE DO MUTUÁRIO E QUITAÇÃO DO IMÓVEL - POSSIBILIDADEJURÍDICA, QUANTO ÀS PRETENSÕES AJUIZADAS - PRESCRIÇÃO DAAÇÃO - SÚMULAS 05 E 07 - STJ. I - Válido é o seguro contratado por mutuárioque adquire dois imóveis pelo SFH, se a Seguradora aceitou as propostas,expediu as apólices e recebeu o prêmio. Desistindo do primeiro, por ter cedido ocompromisso de venda e compra a terceiro, deve a Seguradora quitar osegundo, se na vigência deste último contrato deu-se o óbito do mutuário. II -Afasta-se a impossibilidade jurídica das pretensões ajuizadas, quando a técnicacom que se elaborou a inicial deixou revelado que dos fatos que constituíram acausa de pedir, as pretensões postuladas podiam ser acolhidas. III - Por igual,afasta-se a prescrição da ação suscitada, quando a hipótese fática não revelou
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sua ocorrência, sendo certo ainda que a comunicação do sinistro à Seguradorasuspende o prazo prescricional até o dia em que esta dá ciência ao interessadode sua recusa ao pagamento da indenização. IV - Os dados concretos da lide ea interpretação do contrato são insuscetíveis de reexame (Súmulas 05 e 07 -
STJ). V - Recursos não conhecidos. (DJ 10/05/1999 PG:00168, Relator: Min.WALDEMAR ZVEITER, Data da Decisão: 03/12/1998, Orgão Julgador:TERCEIRA TURMA STJ)
Prazo de 180 dias: primazia da realidade
Há também o caso dos imóveis que foram alienados dentro do prazo de
180 dias, mas isto informalmente, sem que tenha havido escritura pública ou mesmodocumento particular com reconhecimento de firma da época.
Descabe a exigência de tal reconhecimento de firma, como única
alternativa, como estão fazendo os agentes.
A lei apresenta apenas um rol exemplificativo, mas não exaustivo de
documentos a provar a alienação, a qual poderá ser demonstrada até mesmo porprova testemunhal em justificação judicial.
É nesse sentido que a Lei 10150/2000 (22/12/2000) estipula, por
exemplo, que "a condição de cessionário poderá ser comprovada junto à instituição
financiadora, por intermédio de documentos formalizados junto a Cartórios de
Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, ou de Notas, onde se caracterize que a
transferência do imóvel foi realizada até 25 de outubro de 1996, como se vê:
"Art. 20. As transferências no âmbito do SFH, à exceção daquelas queenvolvam contratos enquadrados nos planos de reajustamento definidospela Lei no 8.692, de 28 de julho de 1993, que tenham sido celebradasentre o mutuário e o adquirente até 25 de outubro de 1996, sem ainterveniência da instituição financiadora, poderão ser regularizadas nostermos desta lei.Parágrafo único. A condição de cessionário poderá ser comprovada junto
à instituição financiadora, por intermédio de documentos formalizados junto a Cartórios de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, ou de
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Notas, onde se caracterize que a transferência do imóvel foi realizada até25 de outubro de 1996.(...)Art. 22. Na liquidação antecipada de dívida de contratos do SFH, inclusive
aquelas que forem efetuadas com base no saldo que remanescer daaplicação do disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do artigo 2º desta Lei, ocomprador de imóvel, cuja transferência foi efetuada sem a interveniênciada instituição financiadora, equipara-se ao mutuário final, para todos osefeitos inerentes aos atos necessários à liquidação e habilitação junto aoFCVS, inclusive quanto à possibilidade de utilização de recursos de suaconta vinculada do FGTS, em conformidade com o disposto no inciso VIdo artigo 20 da Lei nº 8.036, de 1990.§ 1o A condição de cessionário poderá ser comprovada junto à instituiçãofinanciadora, por intermédio de documentos formalizados junto aCartórios de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, ou de Notas,
onde se caracterize que a transferência do imóvel foi realizada até 25 deoutubro de 1996.§ 2o Para os fins a que se refere o parágrafo anterior, poderá seradmitida a apresentação dos seguintes documentos:I - contrato particular de cessão de direitos ou de promessa de compra evenda, com firma reconhecida em cartório em data anterior à liquidaçãodo contrato, até 25 de outubro de 1996;II - procuração por instrumento público outorgada até 25 de outubro de1996, ou, se por instrumento particular, com firma reconhecida emcartório até 25 de outubro de 1996."
Os textos acima transcritos relevam o reconhecimento do legislador
acerca do propalado "contrato de gaveta " como instrumento hábil a transferir o
domínio - o que, convenhamos, não é nada mais do que admitir a prática que corre
solta entre os mutuários e que advém de dificuldades criadas pelo próprio SFH.
Mas, ainda se não se chegarmos a tanto, o texto reconhece, no mínimo,
que a compra e venda de imóveis financiados pelo Sistema Financeiro daHabitação, ainda que realizada fora do âmbito do Agente, equipara-se a ela para
fins de habilitação junto ao FCVS.
Insisto: seja o contrato particular, seja a procuração com firma
reconhecida, fazem tais documentos parte apenas de um rol exemplificativo, mas
não exaustivo a provar a alienação.
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Desta forma, cabe até mesmo justificação judicial, ainda que com provas
testemunhais, para demonstrar o fato.
Entendo, ademais, que este reconhecimento implica a extensão a todos
os financiamentos e não somente a aqueles que resolveram optar pelo pagamento
pelo desconto enumerado pela Lei 8004.
Liquidação pela Lei 8004/90: duas habilitações ao FCVS
Vamos rever a decisão do TRF da 4ª Região anteriormente citada:
(...) 2 – Nem o contrato, nem a lei vigente à época, previam que o FCVS quitariaum único saldo devedor. Tendo o mutuário quitado o primeiro financiamentocom os favores da Lei 8.004/90, pagando 50% de seu saldo devedor erespondendo o FCVS pelo restante, era-lhe lícito exigir a quitação do saldodevedor do segundo, após o pagamento de todas as prestações, inclusive dascontribuições àquele fundo. A norma que limitou a quitação pelo FCVS a umúnico saldo devedor só sobreveio com a Lei 8.100/90, não podendo apanharcontratos já aperfeiçoados. 3 – Hipótese em que, além do mais, é aplicável odireito superveniente (art. 462 do CPC), que afastou aquela limitação para oscontratos firmados até 05 de dezembro de 1990 (art. 3º da Lei 8.100/90, com aredação dada pelo art. 4º da MP nº1.981-52, de 27/09/2000). (...)
Significa que, por mais que a Lei 8100/90 diga que o FCVS quitará
somente um imóvel, seja o primeiro ou outros, isto somente se aplica aos
financiamentos firmados após sua vigência, isto é, 06 de Dezembro de 1990 e não
aos anteriores.
Aliás, isto hoje está pacificado, com a modificação no texto promovida em
21/12/2000 pela Lei 10.150. Veja a nova redação:
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Art. 3º O Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS quitará
somente um saldo devedor remanescente por mutuário ao final do contrato,exceto aqueles relativos aos contratos firmados até 05 de dezembro de 1990, aoamparo da legislação do SFH, independentemente da data de ocorrência doevento caracterizador da obrigação do FCVS.
Porém, o texto faz uma ressalva de que isto somente é aplicável aos
financiamentos realizados "ao amparo da legislação do SFH". Esta questão vem
logo a seguir explicitada no inciso primeiro do mesmo artigo:
§ 1º No caso de mutuários que tenham contribuído para o FCVS em mais de umfinanciamento, desde que não sejam referentes a imóveis na mesma localidade,fica assegurada a cobertura do Fundo, a qualquer tempo, somente paraquitações efetuadas na forma estabelecida no caput do artigo 5º da Lei nº 8.004,de 14 de março de 1990.
Pergunta-se, então, porque na redação do inciso primeiro faz-se questãode identificar a existência de dois imóveis na mesma localidade como um elemento
diferenciador, de modo a impedir o uso dos benefícios da Lei 8004? (pagamento
pelo número de prestações - PxN, etc).
Não seria justamente para demonstrar que todos os contratos firmados
até 05/12/1990, independente de terem sido no mesmo município, desde que tenha
havido contribuição, podem ser habilitados ao FCVS?
Fosse ao contrário, a exceção estaria explícita no caput do artigo 3º e não
no seu inciso 1º, que diz unicamente respeito à possibilidade de obter as vantagens
da aplicação da lei 8004/90.
Todavia, convenhamos, o argumento é escorregadio: porque razão
haveria de se restringir o acesso aos descontos dados pela Lei 8004/90, quando oadministrador público tencionava capitalizar-se com a entrada imediata dos novos
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recursos?
E é justamente em função disso que fica assegurada a cobertura pelo
fundo "a qualquer tempo" (aos assinados após 05/12/90), desde que liquidados na
forma da Lei 8004/90.
Na verdade, a melhor interpretação vai no sentido de ser o outro imóvel
na mesma localidade que redunda em não ter sido o empréstimo efetivado "ao
amparo da legislação do SFH".
Daí que tal linha de raciocínio - somente ela - não me parece suficientepara justificar a necessidade de ressarcimento por parte do FCVS.
Mas cabe resguardar, em benefício da dúvida, que o artigo 5º da Lei
8004/90 permite a concessão do desconto aos contratos com "cláusula de cobertura
de eventuais saldos devedores residuais pelo FCVS", o que não implica dizer esteja
ou não o contrato acorde com as regras do sistema:
"Art. 5º O mutuário do SFH que tenha firmado contrato até 31 de março de 1990 com cláusula de cobertura de eventuais saldos devedores residuais pelo FCVS poderá, no prazo máximo de um ano, liquidar antecipadamente sua dívida,mediante pagamento de valor correspondente a: (...)."
Assim, contrariamente à segunda utilização dos descontos estipulados
pela lei 8004/90 decidiu o Tribunal Regional Federal da 1ª Região:
ADMINISTRATIVO. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. QUITAÇÃOREDUZIDA E ANTECIPADA. PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES VINCENDAS.EXISTÊNCIA DE IMÓVEL ADQUIRIDO ANTERIORMENTE PELO MESMOSISTEMA NA MESMA LOCALIDADE DO SEGUNDO. CAUSA QUE OBSTA AUTILIZAÇÃO DO BENEFÍCIO PELA SEGUNDA VEZ. IMPOSSIBILIDADE DEUTILIZAÇÃO DO FCVS . Havendo mais de um financiamento para compra deimóvel na mesma localidade é vedada a quitação reduzida da dívida relativa aosegundo imóvel, na forma da Lei nº 8.004/90. Apelo improvido. TRF1 - AC
1998.38.00.008552-8 /MG ; APELAÇÃO CIVEL Relator JUIZ HILTON QUEIROZÓrgão Julgador QUARTA TURMA Publicação DJ 23 /02 /2001 P.417
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Do acórdão, data vênia, discordamos quanto à menção ao segundoimóvel, pois a lei não determina qual seja, limitando-se a dizer que é apenas um.
Note-se que este julgado tratou de impedir a quitação com os descontos
concedidos pela Lei 8004/90, mas nada disse a respeito dos casos de decurso do
prazo de financiamento, para os quais nada tem a ver a citada lei.
Assim é que, na situação ali em disputa, bastava tornar nula a quitaçãoantecipada com o desconto e prosseguir com o pagamento dos encargos mensais
até o final do prazo contratual, utilizando-se para isso da própria quantia paga ao
agente e, quem sabe, recursos próprios, para evitar a incidência da Lei 8004/90.
Aí voltaríamos ao caso da Lei 8100/90, que é inaplicável, como vimos,
aos contratos assinados após sua vigência, sendo, então, exigível o ressarcimento
pelo FCVS.
Mas - continuamos com as hipóteses - , se tal segundo contrato tivesse
sido assinado mesmo após o advento da lei 8100, ou seja, 05/12/1990, seria lícito
impedir o mutuário de gozar de tais descontos?
É plausível que sim, face à imperatividade do comando legal então
vigente.
Mas o que fazer com os casos de contratos, os quais, mesmo após tal
data, previram a contribuição ao Fundo, tendo essa tido sido regularmente paga?
Podem ou não quitar com desconto? Ou, a quem cabe o resíduo após o decurso do
prazo?
Isso pode ter ocorrido até mesmo em razão da sub-rogação contratual,
através da qual o novo comprador não assume somente as obrigações, mas
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também os direitos do contrato anterior - nestes casos dificilmente o agente
financeiro cuidou de inserir cláusula excluindo a incidência do FCVS.
A melhor solução, aí, é remeter a responsabilidade ao Agente Financeiro
e não ao Fundo e nem ao mutuário, pois foi justamente o primeiro que agiu com
erro, fazendo incidir em cláusula contratual cobertura que não havia - principalmente
porque tal indicação contratual era essencial à decisão de fechar ou não o negócio.
Neste sentido, por erro do agente:
CIVIL - CONTRATO - SFH - IMÓVEL COMERCIAL - COBERTURA PELO FCVS- PAGAMENTO DE TODAS AS PRESTAÇÕES - ERRO DA CEF. 1 - A UNIÃO élitisconsorte passiva nas demandas em que se questiona cláusula contratualfirmada por imposição do Conselho Monetário Nacional, que sucedeu o BNH nacondução da política habitacional. 2 - Ação que versa sobre erro da CEF naelaboração do contrato, sem questionamento sobre as cláusulas do SFH. 3 -Erro da CEF que pactuou financiamento de imóvel comercial como sendoresidencial, dando o contrato como tendo a cobertura do FCVS. 4 -Concretização da quitação pelo mutuário, com o pagamento do total dasprestações avençadas. 5 - Por ter agido equivocadamente, deve a CEF assumiros prejuízos da operação. 6 - Recurso improvido. (Data da Decisão: 04 /11
/1997 , AC - 1997.01.00.036780-1 /MG ; APELAÇÃO CIVEL, Relator: JUÍZAELIANA CALMON Órgão Julgador: 4ª Turma STJ, Publicação: DJ 15 /12 /1997P.109573)
Se o mutuário, contraindo financiamento para a aquisição de imóvel, honratodas as prestações, ao longo de 15 (quinze) anos, tem direito adquirido à baixado agente não podendo infirmá-lo a alegação tardia do agente financeiro de queerrara na contratação, ao fazer incidir o PES e o FCVS. (TRF. 1ª Região. Ac.94.01.22178-2-DF. 3ª T. Relator: Juiz OLINDO MENEZES. In: JIn: Juris Síntese – CD. Porto Alegre: Síntese, mar./abr. 1999, ementa 701794)
Concretização da quitação pelo mutuário, com o pagamento do total dasprestações avençadas. Por ter agido equivocadamente, deve a CEF assumir oprejuízo da operação. (TRF. 1ª Região. Ac. 1997.01.00.036780-1-MG. 4ª T.Relatora: Juiza ELIANA CALMON. In: Juris Síntese Millenium – CD. PortoAlegre: Síntese, Versão n. 25, set./out. ementa 33033556, 2000).
ADMINISTRATIVO. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. LEGITIMIDADEDA UNIÃO. DUPLO FINANCIAMENTO. VENDA DO PRIMEIRO IMÓVEL.QUITAÇÃO DO SALDO DEVEDOR PELO FCVS PELA SEGUNDA VEZ.REAJUSTE DO SALDO DEVEDOR COM BASE NOS ÍNDICES DAPOUPANÇA. IPC DE MARÇO DE 1990. Nas relações processuais instauradas
após a extinção do BNH, a UNIÃO é também parte legítima para figurar no pólopassivo. A falta de diligência da CEF em certificar-se da existência de
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financiamento anterior com benefício do FCVS não tem o condão de impedir aobservância de obrigações regularmente pactuadas num segundo contrato quetambém previu a utilização do citado FCVS para quitação de resíduo do saldodevedor. Tem entendido a Jurisprudência que o índice de reajuste das
cadernetas de poupança é o IPC. Assim, nada mais justo que, na correção dosaldo devedor, vinculado aos índices de correção monetária, sejam aplicados osmesmos percentuais. Apelo da parte autora provido em parte. Apelo da Uniãoimprovido. TRF 1R: AC 1999.33.00.010062-0 /BA ; APELAÇÃO CIVEL Relator:JUIZ HILTON QUEIROZ, Órgão Julgador QUARTA TURMA, Publicação DJ09/03/2001 P.410
ADMINISTRATIVO. SFH. CONTRATOS DE MÚTUO HIPOTECÁRIO.CUMULAÇÃO DE FINANCIAMENTOS COM COBERTURA DO FCVS. SUB-ROGAÇÃO NAS CONDIÇÕES DO CONTRATO ORIGINAL. AUTORIZAÇÃODO AGENTE FINANCEIRO. LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DO DÉBITO.DEPÓSITO SUFICIENTE. EXTINÇÃO DA DÍVIDA. SUCUMBÊNCIA. Autorizada
a sub-rogação do atual mutuário nas condições e encargos do contrato original,não-observada a vedação legal de cumulação de financiamentos com coberturado FCVS pelo agente financeiro, tem a Parte Autora a faculdade de exercertodos os direitos previstos no contrato e na legislação vigente no período dacontratualidade. O contrato de mútuo hipotecário quitado com a utilização dosbenefícios da cobertura do FCVS não impede o mutuário de promover aliquidação antecipada do financiamento atual, porquanto a legislação vigente àépoca da contratação não previa tal penalidade (Lei n. 4.380/64). Autorizada aliquidação antecipada do débito, mediante a suficiência dos valores ofertadospara fim de extinção da dívida, bem como determinado o cancelamento dacédula hipotecária junto ao Registro de Imóveis competente. A procedência dopedido da ação principal indica a necessidade de acautelar o direito da ParteAutora, para fins de evitar a mora, a execução do débito e a alienação forçadado bem. A CEF e o agente financeiro, sucumbentes no feito, deverão arcar como pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estesfixados em 10% do valor atualizado da causa, para ambas as ações, divididosem partes iguais, nos moldes do art. 20, § 3º, do CPC. Dados do JULGAMENTOÓrgão: Turma de Férias do TRF da 4ª Região Decisão: Unânime Data: 18 de julho de 2000 Publicação: DJ2 nº 168-E, 30.08.2000, p.268 APELAÇÃO CÍVELNº 1999.04.01.004155-9/RS APELAÇÃO CÍVEL Nº 1999.04.01.040958-7/RSRELATOR :Juiz Zuudi Sakakihara
COMERCIAL E PROCESSUAL - VALIDADE DO CONTRATO DE SEGURO -
MORTE DO MUTUÁRIO E QUITAÇÃO DO IMÓVEL - POSSIBILIDADEJURÍDICA, QUANTO ÀS PRETENSÕES AJUIZADAS - PRESCRIÇÃO DAAÇÃO - SÚMULAS 05 E 07 - STJ. I - Válido é o seguro contratado por mutuárioque adquire dois imóveis pelo SFH, se a Seguradora aceitou as propostas,expediu as apólices e recebeu o prêmio. Desistindo do primeiro, por ter cedido ocompromisso de venda e compra a terceiro, deve a Seguradora quitar osegundo, se na vigência deste último contrato deu-se o óbito do mutuário. II -Afasta-se a impossibilidade jurídica das pretensões ajuizadas, quando a técnicacom que se elaborou a inicial deixou revelado que dos fatos que constituíram acausa de pedir, as pretensões postuladas podiam ser acolhidas. III - Por igual,afasta-se a prescrição da ação suscitada, quando a hipótese fática não revelousua ocorrência, sendo certo ainda que a comunicação do sinistro à Seguradora
suspende o prazo prescricional até o dia em que esta dá ciência ao interessadode sua recusa ao pagamento da indenização. IV - Os dados concretos da lide e
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a interpretação do contrato são insuscetíveis de reexame (Súmulas 05 e 07 -STJ). V - Recursos não conhecidos. (DJ 10/05/1999 PG:00168, Relator: Min.WALDEMAR ZVEITER, Data da Decisão: 03/12/1998, Orgão Julgador:TERCEIRA TURMA STJ)
No sentido de que cabe a restrição quanto à liquidação de apenas um
imóvel, embora contrário à determinação de que seja apenas o primeiro:
CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. Ação. Desistência após asentença de mérito. Impossibilidade. Sistema Financeiro da Habitação.
Liquidação antecipada do débito. Regras. Poder regulamentar. Limites. Adesistência da ação não pode ser deferida após a prolação de sentença demérito. As leis nº 8.004/90 e nº 8.100/90, alteradas pela MP nº 1.520/96 e suasreedições (atual MP nº 1.981 - 43/2000), permitem que o Fundo deCompensação de Variações Salariais - FCVS liquide o saldo devedor de apenasum dos imóveis financiados na mesma localidade, facultando ao mutuário aescolha de qual deles. A restrição imposta pela circular do BACEN (1.866/90) nosentido de que o móvel beneficiado por essa cobertura seja o primeirofinanciado é nula por exorbitar do poder regulamentar. TRF5 - APELAÇÃOCIVEL N. 146669/RN Relator: JUIZ MANOEL ERHARDT (SUBSTITUTO)Turma: 03 Julgamento: 10/02/2000 Publicação: 10/03/2000 Fonte: DJPag:001083 Rip: 9805421104
Lei 8004 e alienação informal
Ainda com relação à Lei 8004/90, é preciso ver que mesmo se o imóvel
anterior foi informalmente alienado, ainda assim o proprietário formal (sob o nome
do qual consta o registro imobiliário e o financiamento bancário), tem direito aos
benefícios dessa lei.
Assim é que, se alienado o primeiro imóvel habilitado há época do evento
que gera o ressarcimento pelo Fundo, tenha essa alienação ocorrido formalmente
ou não, já não será mais o antigo mutuário que se habilitou, mas o novo, como
expressamente regulava o art. 22 da MP 1981-54 (também MP 11520-96, 1635-97,
1671-98, 1696-98, 1768-99, 1877-99, 1981-52, 1981-53 - praticamente cerca de 51
vezes a reedição da MP 1520 !), posteriormente Lei 10.150 (22/12/2000):
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Art. 22. Na liquidação antecipada da dívida de contratos do SFH, o compradorde imóvel, cuja transferência foi efetuada sem a interveniência da instituição
financiadora, equipara-se ao mutuário final, para todos os efeitos inerentes aosatos necessários à liquidação e habilitação junto ao FCVS, inclusive quanto àpossibilidade de utilização de recursos de sua conta vinculada do FGTS.
Ora, no momento em que ocorre a "equiparação" descrita no texto da lei,
via de conseqüência, há uma desoneração do ex-mutuário quanto à utilização do
FCVS, que passa a ser ônus do comprador.
Imóvel financiado em outra localidade
Se a negativa ocorreu em função da existência de imóvel financiado em
outra localidade, também entendo que improcede.
A esse respeito, sintetizando, o julgamento no RE 213.422/BA
(99/0040697-4 ) pelo STJ, que concluiu que o art. 9o, § 1o. da Lei 4380/64
restringia-se a imóvel na mesma localidade, sendo tal dispositivo somente revogado
pelo art. 9o. da MP 1876-15, de 28 de julho de 1999:
ADMINISTRATIVO. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. MUTUÁRIOCOM DOIS FINANCIAMENTOS. IMÓVEIS SITUADOS EM LOCALIDADES
DIVERSAS. CONTRIBUIÇÕES REGULARES PARA O FCVS - FUNDO DECORREÇÃO DE VARIAÇÕES SALARIAIS. POSSIBILIDADE DE COBERTURA.ART. 9º, § 1º, DA LEI 4.380/64. 1 - O art. 9º, § 1º, da Lei 4.380/64,expressamente rezava que "as pessoas que já foram proprietárias, promitentescompradoras ou cessionárias de imóvel residencial na mesma localidade...(vetado)... não poderão adquirir imóveis objeto de aplicação pelo sistemafinanceiro da habitação". 2 - Merece ser mantida a interpretação do aresto desegundo grau no sentido de que o dispositivo supratranscrito, quando vigente,permitia a aquisição de mais de um imóvel pelo SFH, desde que não localizadosno mesmo Município. 3 - A questão habitacional é um problema que possuiâmbito nacional, e suas causas devem ser buscadas e analisadas sob essaextensão, devendo ser assumida pelos vários segmentos da sociedade, em
mútua colaboração na busca de soluções, eis que a habitação é elementonecessário da própria dignidade da pessoa humana, encontrando-se erigida em
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princípio fundamental de nossa República (art. 1º, III, da CF/88). 4 - Recursosespeciais improvidos. (DJ 27/09/1999, PG:00058, Relator: Min. JOSÉDELGADO, Data da Decisão: 19/08/1999, Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMASTJ)
Dano ao comprador
Há ainda a se ver, sob a ótica do comprador prejudicado, que se a
negativa de ressarcimento ocorreu face a que o negócio tenha ocorrido através de
"contrato de gaveta", tendo o vendedor, antigo mutuário, omitido a irregularidade, há
aí um vício de origem, substancial, que pode levar o comprador, popular "gaveteiro",
a solicitar a rescisão do contrato, com o que voltarão as partes, vendedor ecomprador, ao "status quo ante".
Inscrição no CADMUT
Observe-se que nos casos em que há negativa por parte do FCVS,
existindo ainda saldo devedor, o nome do mutuário permanece registrado noCADMUT, servindo este registro de restrição à concessão de novos financiamentos.
Trata-se de um banco de dados restritivo, então?
Entendo que tais registros servem apenas como indicativo da existência
de financiamento pelo SFH e não têm a feição de outros, tais como SERASA, de
sorte que reputo como perfeitamente legal essa indicação. Não é o caso, todavia, se
tal inscrição é irregular, havendo conseqüente dano.
Final
As negativas de ressarcimento pelo FCVS começam agora a atormentar
os mutuários em todo o território nacional, não fosse suficiente o reconhecido
suplício pelo qual passam. Para piorar, os valores residuais, ante a sistemática doSFH, tendem a ser bem expressivos, com o que é necessário sempre se preocupar
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com a questão. A legislação que cerca o SFH é, na verdade, um grande e às vezes
inseparável emaranhado. Tentei fornecer algumas hipóteses e sugestões. Porém,
as variáveis são inúmeras, com o que resta ao operador do Direito somente um
trabalho de paciência frente ao caso concreto.
Adendo: 19/01/2004
Há uma decisão interessante do Juízo da Vara Especial do Sistema
Financeiro da Habitação de Curitiba, em caso de mutuário com dois imóveis.
Entendeu o Julgador que não se poderia exigir do FCVS arcar com o pagamento do
saldo remanescente do segundo imóvel, mas que também não poderia o Banco
financiador cobrar do mutuário a diferença ao final do pagamento da última
prestação. Sustentou o julgador que "a Instituição financeira ao efetuar o contrato
agia dentro de área de conhecimento profissional próprio, e especializado, não se
duvidando sobre seu conhecimento das normas do sistema financeiro."
Disse ainda que cabe à financeira aceitar ou não aceitar a operação,devendo ter diligenciado junto ao cartório distribuidor do registro de imóveis da
cidade mesmo porque desde 10/12/1979, com a Lei 6.748/79, cabe aos agentes do
sistema analisar e solicitar quaisquer documentos que julgar necessários" (autos
200170000297520).
Adendo: 29/08/2005:
E eis, aqui, agora, em continuidade, o acórdão da mesma lide:
APELAÇÃO CÍVEL Nº 2001.70.00.029752-0/PR RELATOR : Juiz JOEL ILANPACIORNIK SFH. CONTRATO COM COBERTURA DE FCVS. DUPLICIDADEDE FINANCIAMENTO NA MESMA LOCALIDADE. A duplicidade definanciamento imobiliário, na mesma localidade, não afasta o direito do mutuárioà cobertura do FCVS, para quitação do segundo contrato. Em respeito ao
princípio da irretroatividade da lei, assegurado pelo art. 5º, XXXVI, da CF/1988,a restrição imposta pelo art. 3º da Lei 8.100/90, no sentido da inexistência de
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outro financiamento com cobertura do Fundo, não alcança contrato assinado em1985. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.ACÓRDÃOVistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
Egrégia 1ª Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, porunanimidade, dar parcial provimento à Apelação, nos termos do relatório, voto enotas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.Porto Alegre, 16 de agosto de 2005.RELATÓRIOTrata-se de Ação Ordinária ajuizada por Yoshio Sato e Katia Rosana CamposSato contra Banco Itaú S/A e Caixa Econômica Federal, buscando revisarcontrato de financiamento contratual. Postularam, em resumo: - Cobertura peloFCVS para a quitação do saldo devedor remanescente do empréstimo após opagamento da última prestação, com a conseqüente liberação do gravamehipotecário. Inclusive pleiteando a anulação de cláusula restritiva ao duplofinanciamento.
Alternativamente, quer a declaração da ilegalidade da amortização das parcelasdo saldo devedor. - A nulidade de cláusulas contratuais que prevêem aatualização do saldo devedor pela TR pelo INPC ou outro índice inferior àquela.- Seja alterada a taxa de juros nominal no contrato para que resulte na taxaefetiva anual de 8,833441%. - A substituição pela BTNF do índice de reajuste dosaldo devedor de março de 1990 de 84,32% que tomou por base o INPC. Asentença (fls. 192-200) julgou improcedente a ação em relação à CaixaEconômica Federal, enquanto representante do FCVS; e julgou parcialmenteprocedente o pedido formulado contra o Banco Itaú para garantir a quitação doimóvel após o pagamento da última prestação convencionada. O Banco Itaúapelou (fls. 203-212). Em síntese, alega que: a)Há ilegitimidade passiva doBanco Itaú S/A em face da responsabilidade da Caixa Econômica Federal pelaadministração do FCVS. b)Em virtude da ocorrência de duplo financiamento,resta impossível a exclusão da CEF. c)Da responsalização dos apelados pelaquitação do resíduo cobertura do financiamento uma vez que não efetuaram avenda do segundo imóvel financiado no prazo legal de 180 dias. Foramoferecidas contra-razões dos Apelados (fls. 217-221) e da Caixa EconômicaFederal (fls. 223-228). É o relatório. Dispensada a revisão. VOTOTrata-se de Contrato de financiamento imobiliário assinado em 16 de maio de1985 pelos Apelados e Banco Itaú S/A, ora Apelante. Relatado o processo,passo a apreciar os tópicos do presente recurso. Inicialmente, o apelante alegaque é parte ilegítima para atuar no pólo passivo do feito. No entanto, talpreliminar, da maneira com foi colocada, confunde-se com o mérito e com ele
será analisado. O contrato em discussão foi firmado em 16/05/1985, vinculadoao Sistema Financeiro da Habitação, com prazo de resgate de 180 meses, ecom cláusula de cobertura pelo Fundo de Compensação de Variações Salariais.Nos financiamentos sujeitos à cobertura do FCVS, com o pagamento da últimaparcela de amortização, nada mais pode ser exigido do mutuário, porque o saldodevedor residual, se houver, é de responsabilidade do referido Fundo. Nessescasos, em regra alega-se que o mutuário descumpriu o contrato anterior porquenão alienou outro imóvel de sua propriedade no prazo de 180 dias. Ocorre que,no contrato firmado não existe cláusula condicionando a cobertura do FCVS, àinexistência de outro financiamento. Registre-se que, tratando-se de contrataçãoanterior a 1990, a restrição imposta pela Lei n.º 8.100/90, artigo 3º, não se aplicaao caso dos autos, não se permitindo a retroatividade da lei, nos termos do
artigo 5º, XXXVI, da Constituição. Nesse sentido têm decidido a Primeira e aSegunda Turmas do Superior Tribunal de Justiça: ADMINISTRATIVO. SISTEMA
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FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. DUPLO FINANCIAMENTO. COBERTURA DOSALDO RESIDUAL PELO FCVS. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL ÀÉPOCA DA CELEBRAÇÃO DOS CONTRATOS DE MÚTUO HIPOTECÁRIO. 1.Somente após as alterações introduzidas pela Lei 10.150/2000, estabeleceu-se
que, no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação, o descumprimento dopreceito legal que veda a duplicidade financiamento dá ensejo à perda dacobertura do saldo devedor residual pelo FCVS de um dos financiamentos. 2.Não se pode estender ao mutuário, que obteve duplo financiamento peloSistema Financeiro de Habitação em data anterior à edição da Lei 10.150/2000,penalidade pelo descumprimento das obrigações assumidas que não aquelasavençadas no contrato firmado e na legislação então em vigor. Diante disso,tem-se por inaplicável a norma superveniente, restritiva da concessão dobenefício à quitação de um único contrato de financiamento pelo FCVS.Precedentes. 3. Recurso especial a que se dá provimento. (STJ - RECURSOESPECIAL - 591568/RS - 1ª Turma - Relator Min. Teori Albino Zavaski - DJU de30/08/2004 - p. 217). CONTRATO DE MÚTUO. DOIS IMÓVEIS, NA MESMA
LOCALIDADE, ADQUIRIDOS PELO SFH COM CLÁUSULA DE COBERTURAPELO FCVS. IRRETROATIVIDADE DAS LEIS N.ºS 8.004/90 E 8.100/90.PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1.Consoante as regras de direito intertemporal, as obrigações regem-se pela leivigente ao tempo em que se constituíram, quer tenham elas base contratual ouextracontratual. No campo dos contratos, os vínculos e seus efeitos jurídicosregem-se pela lei vigente ao tempo em que se celebraram. 2. A cobertura peloFCVS - Fundo de Compensação de Variação Salarial, é espécie de seguro quevisa a cobrir eventual saldo devedor existente após a extinção do contrato. Osaldo devedor, por seu turno, é um resíduo do valor contratual causado pelofenômeno inflacionário. Embora o FCVS onere o valor da prestação do contrato,o mutuário tem a garantia de, no futuro, quitar sua dívida desobrigando-se doeventual saldo devedor, que, muitas vezes, alcança o patamar de valorequivalente ao próprio. 3. Deveras, se na data do contrato de mútuo, ainda nãoestava em vigor norma impeditiva da liquidação do saldo devedor dofinanciamento da casa própria pelo FCVS, porquanto preceito instituído pelasLeis n.º 8.004/90 e 8100/90, violaria o Princípio da Irretroatividade das Leis asua incidência e conseqüente vedação. 4. In casu, à época vigia a Lei n.º4.380/64 que não excluía a possibilidade de o resíduo do financiamento dosegundo imóvel adquirido ser quitado pelo FCVS, mas, tão-somente, impunhaaos mutuários que, se acaso fossem proprietários de outro imóvel seriaantecipado o vencimento do valor financiado. 5. Ademais, a alteração trazidapela Lei n.º 10.150/2000 à Lei n.º 8.100/90, tornou evidente a possibilidade de
quitação do saldo residual do segundo financiamento pelo FCVS, aos contratosfirmados até 05.12.1990. 6. Precedentes do STJ (RESP n.º 568503/RS, desterelator, DJ de 09.02.2004; RESP 363966 / SP, Rel. Min. HUMBERTO GOMESDE BARROS, DJ de 11/11/2002; RESP 393543 / PR, Rel. Min. GARCIA VIEIRA,DJ de 08/04/2002) 7. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal deorigem, embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre aquestão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater,um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentosutilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 8. Recurso especialdesprovido. (STJ - RECURSO ESPECIAL - 604103/SP - 1ª Turma - Relator Min.Luiz Fux - DJU de 31/05/2004 - p. 225). PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DEFINANCIAMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. VIOLAÇÃO AO ART. 273 DO
CPC. REEXAME DE CONTEXTO FÁTICO. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULACONTRATUAL. SÚMULAS N. 5 E 7/STJ. FUNDO DE COMPENSAÇÃO DE
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VARIAÇÕES SALARIAIS (FCVS). COBERTURA. ART. 3º DA LEI N. 8.100/90.IRRETROATIVIDADE. 1. Não se conhece de recurso especial por ofensa ao art.273 do CPC, na hipótese em que a verificação dos requisitos legaisconsiderados para a concessão da tutela antecipada reclama o reexame do
contexto fático em que se desenvolveu a controvérsia, bem como ainterpretação de cláusula contratual. Caso, pois, de aplicação dos óbicesprevistos nas Súmulas n. 5 e 7/STF. 2. O art. 3º da Lei n. 8.100/90, que limita aquitação de um único saldo devedor por meio do FCVS, não se aplica aocontratos de financiamento celebrados em momento anterior à edição desseregramento, ou seja, antes de 5/12/1990. Com efeito, não pode essa disposiçãoretroagir para alcançar contratos já consolidados. 3. Recurso parcialmenteconhecido e, nessa parte, não provido. (STJ - RECURSO ESPECIAL -600640/DF - 2ª Turma - Relator Min. João Otávio de Noronha - DJU de25/10/2004 - p. 305). ADMINISTRATIVO - SISTEMA FINANCEIRO DEHABITAÇÃO - FCVS - AQUISIÇÃO DE DOIS IMÓVEIS NA MESMALOCALIDADE - QUITAÇÃO - IRRETROATIVIDADE DAS LEIS 8.004/90 E
8.100/90 - PRECEDENTES. - As Leis 8.004/90 e 8.100/90 não se aplicam àshipóteses em que os contratos para aquisição de imóveis, situados na mesmalocalidade, pelo FCVS, foram celebrados anteriormente à vigência dos referidosdiplomas legais, consoante as regras de direito intertemporal. - Recurso especialnão conhecido. (STJ - RECURSO ESPECIAL - 444377/SC - 2ª Turma - RelatorMin. Francisco Peçanha Martins - DJU de 04/10/2004 - p. 232). Também nãoconstitui óbice à cobertura pretendida o disposto no § 1º do artigo 9º da Lei n.º4.380/64, porquanto a duplicidade de financiamento, no mesmo Município,vedado pelo SFH, à época da contratação, não retira o direito à cobertura, paraos casos em que a situação foi admitida pelo agente financeiro. Conforme antesfundamentado, pode-se dizer que a lei, apesar de ter vedado o duplofinanciamento, não estabeleceu a penalidade pretendida pelo CEF, de perda dacobertura do FCVS. Mais recentemente, com o advento da Medida Provisória n.º1981-54/00, convertida na Lei n.º 10.150/00, o direito dos autores é reforçado,com a nova redação dada ao artigo 3º "capuz" da Lei n.º 8.100/90, nosseguintes termos: "Art. 3º O Fundo de Compensação de Variações Salariais -FCVS quitará somente um saldo devedor remanescente por mutuário ao final docontrato, exceto aqueles relativos aos contratos firmados até 5 de dezembro de1990, ao amparo da legislação do SFH, independentemente da data deocorrência do evento caracterizado da obrigação do FCVS". Isso posto, é deresponsabilidade do FCVS, do qual a Caixa Econômica Federal é gestora, acobertura do saldo residual do Contrato após adimplida a última prestação dofinanciamento. Nesses termos, dou parcial provimento à Apelação. É o voto.Juiz
Federal Joel Ilan Paciornik Relator
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106
11. COLETÂNEA DE JURISPRUDÊNCIA
Dei preferência a acórdãos recentes de decisão proferidas pelo Superior
Tribunal de Justiça. O que se pode ver, com facilidade, é que diversos temas
encontram-se ainda sem pacificação. No entanto, porque alguns julgados do STJ
argumentam pela incidência das Súmulas 5 e 7, isto é, pelo óbice de adentrar a
aspectos fáticos-probatórios e análise de cláusula contratuais, em alguns casos
colecionei também julgados do Tribunal Regional Federal da 3ª. Região e da 4ª.
Região. Imagino que será um exercício interessante comparar os textos e a
jurisprudência posterior para avaliar a transformação no pensamento jurídico.
11.1 – Legitimidade daquele que adquiriu sem anuência do agente financeiro
Trata-se de ver a legitimidade daqueles que adquiriram imóveis através
dos pactos denominados popularmente de “contratos de gaveta” em discutir as
cláusulas contratuais, buscando a revisão dos contratos.
- pela legitimidade:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FINANCIAMENTO DE IMÓVELPELO SFH. COBERTURA PELO FCVS. CESSÃO DE DIREITOS CELEBRADASEM A INTERVENÇÃO DA ENTIDADE FINANCEIRA. "CONTRATO DEGAVETA". LEGITIMIDADE DO CESSIONÁRIO PARA PROPOSITURA DEAÇÃO REVISIONAL. I - "O adquirente de imóvel através de "contrato degaveta", com o advento da Lei 10.150/200, teve reconhecido o direito à sub-rogação dos direitos e obrigações do contrato primitivo. Por isso, tem ocessionário legitimidade para discutir e demandar em juízo questões pertinentesàs obrigações assumidas e aos direitos adquiridos" (REsp nº 705231/RS, Rel.Min. ELIANA CALMON, DJ de 16.05.2005). II - Recurso especial provido. (REsp888572/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgadoem 05.12.2006, DJ 26.02.2007 p. 566)
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SFH. ILEGITIMIDADE ATIVA DOCESSIONÁRIO DE CONTRATO VINCULADO AO SISTEMA FINANCEIRO DA
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107
HABITAÇÃO. CESSÃO DE DIREITOS REALIZADA APÓS OUTRUBRO DE1996. AQUSÊNCIA DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO DE ORDEM CONSTITUCIONAL.IMPOSSIBILIDADE DE EXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL. 1. A via do
recurso especial não é própria para o exame de questões situadas no patamardo direito constitucional. 2. A teor do disposto na Lei n. 10.150/2000, tratando-sede cessão de direitos sobre imóvel financiado no âmbito do Sistema Financeiroda Habitação realizada até 25 de outubro de 1996, dispensa-se anuência dainstituição financeira mutuante para que o cessionário adquira legitimidade ativapara requerer a revisão das prestações ajustadas. RESP 515.654/PR, Rel. Min.João Otávio de Noronha, 2ª. T., j. 05/12/2006, DJ 07/02/2007, p. 276).
- pela ilegitimidade:
SFH. LEGITIMIDADE DO CESSIONÁRIO - TRANSFERÊNCIA DOFINANCIAMENTO. ANUÊNCIA DO AGENTE FINANCEIRO. INCIDÊNCIA DASÚMULA 83. - O cessionário de contrato de mútuo imobiliário vinculado ao SFH,transferido sem anuência do agente financeiro, não tem legitimidade àpropositura de ação revisional das cláusulas pactuadas com o mutuáriooriginário. (AgRg no REsp 816930/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DEBARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 26.10.2006, DJ 18.12.2006 p. 391)
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. TRANSFERÊNCIA DEFINANCIAMENTO. INTERVENÇÃO DO AGENTE FINANCEIRO.OBRIGATORIEDADE. LEI 10.150/02. PEDIDO DE REVISÃO CONTRATUAL
PELO CESSIONÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. PROCESSUAL CIVIL. RECURSOESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. MATÉRIA FÁTICA.SÚMULA 7/STJ. 1. Segundo jurisprudência assentada no âmbito do STJ, omutuário cessionário de financiamento regido pelo SFH carece de legitimidadepara propor demanda objetivando a revisão do contrato celebrado entre omutuário cedente e o mutuante, se este não interveio na transferência docontrato. Precedentes: REsp 653.155/PR, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, DJde 11.04.2005; REsp 193.582/DF, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, 2ªTurma, DJ de 19/03/2001; REsp 229.417/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio deFigueiredo Teixeira, DJ de 07/08/2000; REsp 173.178/SP, Rel. Min. JoséDelgado, 1ª Turma, DJ de 03.09.1998; EREsp 43.230/RS, 1ª Seção, Rel. Min.Humberto Gomes de Barros, publicado no DJ de 23/03/1998. 2. A falta de
prequestionamento da matéria, a despeito da oposição dos embargos dedeclaração, impede o conhecimento do recurso especial (Súmula 211/STJ). 3. Évedado o reexame de matéria fático-probatória em sede de recurso especial, ateor do que prescreve a Súmula 7 desta Corte. 4. Recurso especial a que senega provimento. (REsp 785748/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,PRIMEIRA TURMA, julgado em 13.12.2005, DJ 13.02.2006 p. 712)
SFH. LEGITIMIDADE DO CESSIONÁRIO - TRANSFERÊNCIA DOFINANCIAMENTO. ANUÊNCIA DO AGENTE FINANCEIRO. INCIDÊNCIA DASÚMULA 83. - O cessionário de contrato de mútuo imobiliário vinculado ao SFH,transferido sem anuência do agente financeiro, não tem legitimidade à
propositura de ação revisional das cláusulas pactuadas com o mutuário
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originário. (AgRg no REsp 816.930/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DEBARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 26.10.2006, DJ 18.12.2006 p. 391)
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SFH. LEGITIMIDADE ATIVA DO
CESSIONÁRIO DE CONTRATO VINCULADO AO SISTEMA FINANCEIRO DAHABITAÇÃO. CESSÃO DE DIREITOS REALIZADA APÓS OUTUBRO DE 1996.ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.SÚMULA 7/STJ. 1. Tratando-se de cessão de direitos sobre imóvel financiadono âmbito do Sistema Financeiro da Habitação realizada após 25 de outubro de1996, a anuência da instituição financeira mutuante é indispensável para que ocessionário adquirida legitimidade ativa para requerer a revisão das condiçõesajustadas. 2. Afigura-se inviável examinar, em sede de recurso especial,questão atinente à legitimidade de o cessionário questionar financiamentoimobiliário regido pelo SFH – sobretudo em sede de antecipação de tutela –, se,para tanto, faz-se necessária a incursão no contexto fático-probatório em que sedesenvolveu a controvérsia. 3. Recurso especial não-conhecido. (REsp
565.445/PR, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 05.12.2006, DJ 07.02.2007 p. 280)
O Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, bem como o da 3ª. Região,
inclinam-se a aceitar a legitimidade:
ADMINISTRATIVO. SFH. CESSÃO DE IMÓVEL FINANCIADO. 'CONTRATO DEGAVETA'. LEGITIMIDADE ATIVA DO CESSIONÁRIO. POSSIBILIDADE DEJULGAMENTO PELO TRIBUNAL DE PROCESSO EXTINTO SEMJULGAMENTO DE MÉRITO PELO JUIZ A QUO (ART. 515, § 3º, CPC).REPETIÇÃO DE VALORES. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. SISTEMA DEAMORTIZAÇÃO. 1 - È parte legitima o "gaveteiro" para ir à juízo levando suaspretensões para que o Estado preste seu poder de jurisdição, revisando ou nãoo contrato, diante dos fatos e direitos apresentados. 2 - Nos casos de extinçãodo processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desdelogo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver emcondições de imediato julgamento (art. 515, § 3º, do CPC).3 - As prestações pagas a maior, que constituem mera antecipação de parcelasde amortização, juros e acessórios, devem ser imputadas nas prestações
vencidas e vincendas, não tendo direito à devolução, no caso.4 - Nos contratos regidos pelo SFH há capitalização de juros quando ocorreamortização negativa, pois a parcela de juros que não foi paga é adicionada aosaldo devedor, sobre o qual serão calculadas as parcelas de juros do mesessubseqüentes. 5 - A lei não manda, em hipótese alguma, amortizar para depoisatualizar o saldo devedor, o que implicar4ia, ao final, quebra o equilíbriocontratual, por falta de atualização parcial do saldo devedor.(TRF4, AC 2004.70.00.010919-4, Terceira Turma, Relator Vânia Hack deAlmeida, publicado em 02/05/2007)
SFH. REVISÃO DO MÚTUO. CONTRATO PARTICULAR DE PROMESSA DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL COM CESSÃO DE DIREITOS EOBRIGAÇÕES CONTRATO DE GAVETA. APLICAÇÃO DA TR. REAJUSTE
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DAS PRESTAÇÕES PELO PES/ CP. 1. A jurisprudência tem reconhecido alegitimidade ativa do cessionário que firmou o chamado contrato de gaveta parapleitear revisão de contrato de financiamento habitacional, porquanto a utilizaçãosocial em larga escala dessas transferências não pode ser ignorada pelas
decisões judiciais. 2. A evolução histórica aponta que a variação do INPC ésuperior à da TR, não tendo os mutuários interesse de agir quanto ao pedido desubstituição de um índice pelo outro. 3. Não tem fundamento legal a tese deque a aplicação do plano de equivalência salarial deve ser afastada porque omutuário não requereu a revisão do valor da prestação no âmbito administrativo.(TRF4, AC 2003.71.00.044103-4, Terceira Turma, Relator Fernando Quadros daSilva, publicado em 22/11/2006)
PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - SFH -"CONTRATO DEGAVETA" - LEGITIMIDADE ATIVA DA AÇÃO - AGRAVO DE INSTRUMENTOIMPROVIDO. 1. Nossas Cortes de Justiça têm entendido que os chamados
"contratos de gaveta" são válidos, motivo pelo qual é de se manter os agravadosno pólo ativo da ação. Precedentes do STJ. 2. Agravo de instrumentoimprovido. Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃOClasse: AG - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 33905Processo: 96.03.002517-8 UF: SP Órgão Julgador: QUINTA TURMAData da Decisão: 28/11/2005 Documento: TRF300099641 DJUDATA:17/01/2006 PÁGINA: 304
Há, todavia, no âmbito no Tribunal Regional Federal da 4ª. Região
decisão que ordena a comprovação das condições para a transferência, comotambém ocorrem entendimentos pela ilegitimidade:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. SISTEMA FINANCEIRO DAHABITAÇÃO. CESSÃO DE IMÓVEL FINANCIADO. "CONTRATO DE GAVETA".DEMONSTRAÇÃO DE CAPACIDADE DE PAGAMENTO DO ENCARGOMENSAL. 1 - Aplicável, in casu, o art. 2º da Lei 8.004/90, com a redação dadapela Lei 10.150/2001, in verbis: "Nos contratos que tenham cláusula decobertura de eventual saldo devedor residual pelo FCVS, a transferência dar-se-á mediante simples substituição do devedor, mantidas para o novo mutuário as
mesmas condições e obrigações do contrato original, desde que se trate definanciamento destinado à casa própria, observando-se os requisitos legais eregulamentares, inclusive quanto à demonstração da capacidade de pagamentodo cessionário em relação ao valor do novo encargo mensal”. 2 - Recursoimprovido. (TRF4, AG 2005.04.01.056217-3, Primeira Turma Suplementar,Relator Fernando Quadros da Silva, publicado em 02/08/2006)
SFH. PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE GAVETA. SUBROGAÇÃOLIMITADA AOS DIREITOS E DEVERES DO CONTRATO. EXCLUSÃO DONOME DOS MUTUÁRIOS ORIGINÁRIOS DO SPC, SERASA E CADIN.CAPACIDADE POSTULATÓRIA. LEGITIMIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A sub-
rogação do "gaveteiro" nos direitos e obrigações do contrato prevista na Lei nº10.150/2000, não contempla o direito de discutir judicialmente a inscrição donome dos mutuários originários nos cadastros do órgão de proteção ao crédito.
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No caso, carecedor o agravante de legitimidade e capacidade postulatóriaprocessuais, conforme artigos 3º e 6º do Código de Processo Civil.2. O fato de o consumidor ter ajuizado ação na qual se propõe a discutir adívida, por si só não caracteriza como indevida ou ilegal a inscrição de seu nome
em cadastros de devedores. Cabe ao juiz, diante das circunstâncias do casoconcreto, verificar se a ação proposta autoriza a exclusão, ou impede a inclusão,do nome do devedor de tais cadastros. Precedentes do STJ.(TRF4, AG 2004.04.01.032493-2, Primeira Turma Suplementar, Relator Joel IlanPaciornik, publicado em 05/10/2005)
11.2 – Submissão ao Código de Defesa do Consumidor
A solução é variada: alguns admitem que os contratos firmados no âmbito
do SFH se submetem à Lei 8.078/90, outros que somente os contratos assinados
após esta lei e há ainda um julgado que não admite essa incidência sobre contratos
que tenham cobertura do FCVS:
– posteriores à Lei 8.078/90:
CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. CONTRATO DE MÚTUO.SALDO DEVEDOR. REAJUSTE. IPC DE MARÇO/90 (84,32%). VARIAÇÃO DAPOUPANÇA. LEGITIMIDADE. TR. ADMISSIBILIDADE. NÃO-INCIDÊNCIA DOCDC. COEFICIENTE DE EQUIPARAÇÃO SALARIAL - CES. SÚMULA N. 5/STJ.I. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça pacificou, em definitivo, pormaioria absoluta, o entendimento de que o índice aplicável ao reajuste do saldodevedor dos contratos de financiamento habitacional, relativamente ao mês demarço de 1990, é de 84,32%, consoante a variação do IPC (EREsp n.218.426/ES, Rel. Min. Vicente Leal, DJU de 19/04/2004). II. No tocante àaplicação do CDC aos contratos, precedentes do STJ vêm admitindo suaincidência, desde que posteriores ao advento da Lei n. 8.078/90. Como aavença foi firmada anteriormente, a norma é inaplicável (4ª Turma, AgR-AG n.465.114/DF, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, unânime, DJU de 31.03.2003; 3ªTurma, REsp n. 390.276/PR, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, unânime,DJU de 28.10.2002). III. Ausência de vedação legal para utilização da TR comoindexador do saldo devedor do contrato sob exame, desde que seja o índice queremunera a caderneta de poupança livremente pactuado. Precedentes. IV. Adiscussão sobre a existência da cláusula de incidência do Coeficiente deEquiparação Salarial - CES e sua interpretação está reservada à soberania dasinstâncias ordinárias e, por conseqüência, refoge da competência do STJ(Súmula 5). V. Agravo desprovido. (AgRg no REsp 826.853/DF, Rel. Ministro
ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 03.10.2006, DJ30.10.2006 p. 327)
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- todos:
Revisão de contrato de aquisição de casa própria pelo Sistema Financeiro daHabitação. Cerceamento de defesa. Aplicação do Código de Defesa doConsumidor. Juros: art. 6º, "e", da Lei nº 4.380/64. Capitalização. Amortizaçãodo saldo devedor. Utilização da TR. Seguro. Repetição do indébito. Precedentesda Corte. 1. Não há cerceamento de defesa quando a matéria debatida nosautos diz apenas com questões jurídicas relativas à legalidade das cláusulascontratuais, dispensando a realização de prova pericial. 2. O Código de Defesado Consumidor, como assentado em precedentes da Corte, aplica-se aoscontratos sob o regime do Sistema Financeiro da Habitação. 3. O art. 6º, 'e', daLei n°4.380/64, como decidido pela Segunda Seção, não impõe limitação dos juros em contratos sob o regime do Sistema Financeiro da Habitação. 4. É
vedada a capitalização dos juros em contratos da espécie. 5. Correta a forma deamortização que primeiro corrige e depois abate o valor da prestação, como jáconsagrado na jurisprudência da Corte. 6. Aplica-se a TR aos contratosassinados após a Lei nº 8.177/91, prevista a forma de atualização do saldodevedor pelo mesmo índice utilizado para as cadernetas de poupança. 7. Afundamentação do julgado sobre a liberdade de contratação do seguro sufocaos argumentos apresentados pelo especial. 8. Possível a repetição do indébitode forma simples, sendo irrelevante a prova do erro. 9. Recurso especialconhecido e provido, em parte. (3ª Turma, REsp n. 630.985/SC, Rel. Min. CarlosAlberto Menezes Direito, unânime, DJU de 08.05.2006)
Direito civil e processual civil. Recurso especial. Agravo de Instrumento.Revisional. Sistema Financeiro da Habitação. CDC. Tabela Price.Fundamentação deficiente. - Aplica-se o CDC aos contratos de mútuohabitacional pelo SFH. - A existência, ou não, de capitalização de juros nosistema de amortização conhecido como Tabela Price, constitui questão de fato,a ser solucionada a partir da interpretação das cláusulas contratuais e/ou provasdocumentais e periciais, quando pertinentes ao caso. - Inviável o recursoespecial no ponto em que a deficiência da fundamentação não permite a exatacompreensão da controvérsia. Agravo no agravo de instrumento não provido.(AgRg no Ag 822.524/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRATURMA, julgado em 15.03.2007, DJ 02.04.2007 p. 269)
- não admite para contratos com FCVS:
PROCESSO CIVIL – SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO – CONTRATOCOM COBERTURA DO FCVS – INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESADO CONSUMIDOR SE COLIDENTES COM AS REGRAS DA LEGISLAÇÃOPRÓPRIA. 1. O CDC é aplicável aos contratos do SISTEMA FINANCEIRO DAHABITAÇÃO, incidindo sobre contratos de mútuo. 2. Entretanto, nos contratosde financiamento do SFH vinculados ao FUNDO DE COMPENSAÇÃO DEVARIAÇÃO SALARIAL - FCVS, pela presença da garantia do Governo emrelação ao saldo devedor, aplica-se a legislação própria e protetiva do mutuáriohipossuficiente e do próprio Sistema, afastando-se o CDC, se colidentes asregras jurídicas. 3. Os litígios oriundos do SFH mostram-se tão desiguais que as
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Turmas que compõem a Seção de Direito Privado examinam as ações sobre oscontratos sem a cláusula do FCVS, enquanto as demandas oriundas decontratos com a cláusula do FCVS são processadas e julgadas pelas Turmas deDireito Público. 4.. Recurso especial improvido. (REsp 489.701/SP, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28.02.2007, DJ 16.04.2007p. 158)
11.3 - Tabela Price e anatocismo
Boa parte dos acórdãos se nega a discutir a matéria alegando o óbice de
enfrentar discussão sobre fatos, que deveria ser solucionada em instância inferior.
Os que enfrentam a controvérsia dividem-se entre aceitar ou não a Tabela Price. Osque a afastam argumentam pela existência do anatocismo, mas não deixam claras
as alternativas.
No Supremo Tribunal Federal há uma súmula que merecem citação:
Súmula 121 do: "É vedada a incidência de capitalização de juros, ainda que
expressamente convencionada".
- afastando:
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. FCVS.PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. REAJUSTE DE ACORDO COM ACATEGORIA PROFISSIONAL DO MUTUÁRIO. INTERPRETAÇÃO DECLÁUSULA CONTRATUAL. SÚMULA 5/STJ. INCIDÊNCIA. TABELA PRICE.JUROS CAPITALIZADOS. ANATOCISMO. CARACTERIZAÇÃO. 1. Açãoajuizada por mutuários do SFH para ter revisado o contrato de financiamentoimobiliário. Acórdão do TRF/4ª Região que: 1) aplicou o CDC; 2) determinou oreajuste do saldo devedor pela UPC até o limite da variação do salário dosmutuários conforme o contratado; 3) afastou o Coeficiente de EquiparaçãoSalarial – CES, por ser posterior ao contrato; 4) repeliu a incidência de juroscompostos ao contrato e 5) condenou a CEF à restituição de quantiaseventualmente pagas a maior. Recurso especial da CEF pugnando pelacompensação dos valores eventualmente pagos a maior pelo mutuário com osaldo devedor do financiamento, pela não-incidência do CDC, pela utilização daTabela Price na amortização e pelo reajuste no mesmo percentual eperiodicidade do aumento de salário da categoria profissional do mutuário (e nãodo salário do mutuário individualmente). 2. No concernente aos pedidos de
compensação de valores pagos a maior pelo mutuário com o saldo devedor dofinanciamento, o pleito é de competência do Juízo da Execução, onde a
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existência dos referidos valores e a eventual possibilidade de compensaçãoserão apurados em fase de liquidação. Pronunciar-se, em sede de recursoespecial, sobre tal questão, usurparia a competência originária do juízo natural(da execução), promovendo verdadeira supressão de instância. Ademais, a CEF
não fundamentou seu recurso em nenhum dos permissivos constitucionais, sejapela eventual violação à lei federal, seja pelo dissídio pretoriano. Inviável oconhecimento do recurso nesse particular. Não fosse o suficiente, a questão nãofoi abordada no âmbito do acórdão recorrido, faltando-lhe o necessárioprequestionamento. 3. Quanto ao pleito de afastamento do Código de Defesa doConsumidor (Lei nº 8.078/90), a parte recorrente deixou de indicar afronta adispositivos de lei federal que entendesse porventura violados. Tampoucoapresentou qualquer divergência jurisprudencial que abrisse a via extraordináriade jurisdição, razão pela qual o recurso, também nesse ponto, não merece serconhecido. 4. Quanto ao pleito relativo ao reajuste do saldo devedor conformevariação de aumento e periodicidade de acordo com a categoria profissional domutuário, e não o seu salário individualmente, o acórdão recorrido baseou-se
fundamentalmente em cláusulas contratuais. Portanto, sua análise demandaria oreexame e a interpretação dessas cláusulas, o que é expressamente vedadopelo enunciado sumular nº 5/STJ. 5. A aplicação da Tabela Price aos contratosde prestações diferidas no tempo impõe excessiva onerosidade aos mutuáriosdevedores do SFH, pois no sistema em que a mencionada Tabela é aplicada, os juros crescem em progressão geométrica, sendo que, quanto maior aquantidade de parcelas a serem pagas, maior será a quantidade de vezes queos juros se multiplicam por si mesmos, tornando o contrato, quando nãoimpossível de se adimplir, pelo menos abusivo em relação ao mutuário, que vêsua dívida se estender indefinidamente e o valor do imóvel exorbitar atétransfigurar-se inacessível e incompatível ontologicamente com os fins sociaisdo Sistema Financeiro da Habitação. 6. Recurso especial parcialmenteconhecido e, nesta parte, desprovido. (REsp 668.795/RS, Rel. Ministro JOSÉDELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03.05.2005, DJ 13.06.2005 p. 186)
CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO DEARRENDAMENTO MERCANTIL. MEDIDAS PROVISÓRIAS N. 2.160 E2.170/2001. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS N. 282 E 356-STF E 211-STJ. JULGAMENTO MONOCRÁTICO AMPARADO EM SÚMULADO STF. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. VEDAÇÃO. SÚMULA N.121-STF. TEMAS PACIFICADOS. RECURSO MANIFESTAMENTEIMPROCEDENTE. MULTA, ART. 557, § 2º, DO CPC. I. As questões federaisnão enfrentadas pelo Tribunal estadual recebem o óbice das Súmulas n. 282 e356 do C. STF e 211-STJ, que se aplicam inclusive à divergência jurisprudencialalegada, não podendo, por falta de prequestionamento, ser debatidas no âmbitodo recurso especial. II. Não ocorre violação ao direito do jurisdicionado quando orelator proferir decisão monocrática nos termos das Súmulas ou da jurisprudência dominante do STF e STJ, conforme expressamente autorizadopelo art. 557 do Código de Processo Civil. III. Ainda que expressamentepactuada, é vedada a capitalização mensal dos juros em contrato de mútuo,somente admitida nos casos previstos em lei. Incidência do art. 4º do Decreto n.22.626/33 e da Súmula n. 121-STF. IV. Sendo manifestamente improcedente eprocrastinatório o agravo, é de se aplicar a multa prevista no art. 557, § 2º, doCPC, de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, ficando a
interposição de novos recursos sujeita ao prévio recolhimento da penalidade
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imposta. (4ª Turma, AgRg no REsp n. 798.055/GO, Rel. Min. Aldir PassarinhoJunior, unânime, DJU de 17.04.2006)
Direito civil. Agravo no recurso especial. Ação revisional de contrato de
financiamento imobiliário. Sistema Financeiro da Habitação. Saldo devedor.Amortização. Tabela Price e capitalização de juros. - A existência, ou não, decapitalização de juros no sistema de amortização conhecido como Tabela Priceconstitui questão de fato, a ser solucionada a partir da interpretação dascláusulas contratuais e/ou provas documentais e periciais, quando pertinentesao caso. - O contrato de empréstimo bancário vinculado ao SFH não admitepacto de capitalização de juros, em qualquer periodicidade. Agravo no recursoespecial a que se nega provimento' (AgRgREsp n°587 .284/SC, Terceira Turma,Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 31/5/04).
SFH. Juros. Capitalização. A capitalização dos juros é proibida (Súmula121/STJ), somente aceitável quando expressamente permitida em lei (Súmula
93/STJ), o que não acontece no SFH. Admitido no acórdão que o modo decalcular a prestação implica 'efeito-capitalização', o procedimento deve serrevisto para excluir-se a capitalização, proibida pelo seu efeito. Recursoconhecido e provido' (REsp nº 446.916/RS, Quarta Turma, Relator Ministro RuyRosado de Aguiar, DJ de 28/4/03)
Agravo regimental. Recurso especial. Ação revisional. SFH. Capitalização.Julgamento ultra petita. Prequestionamento. Ausência. 1. Não é admitidacapitalização, em qualquer periodicidade, nos contratos vinculados ao SistemaFinanceiro da Habitação. 2. Não houve prequestionamento do tema referente àocorrência de julgamento ultra petita. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRgno REsp 871.078/RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO,TERCEIRA TURMA, julgado em 21.11.2006, DJ 26.03.2007 p. 242)
mantendo:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO NÃO DEBATIDO NAINSTÂNCIA "A QUO". CONTRATO DE FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO.SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. PLANO DE EQUIVALÊNCIASALARIAL SALDO DEVEDOR. SISTEMA DE PRÉVIO REAJUSTE E
POSTERIOR AMORTIZAÇÃO. TABELA PRICE. (...) (...) 7. Legalidade daadoção do Sistema Francês de Amortização nos contratos de mútuo paraaquisição de imóvel pelo SFH. Precedentes: REsp 600.497/RS, 3ª T., Rel. Min.Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 21/02/2005; AgRg no Ag 523.632/MT, 3ª T.,Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 29/11/2004; REsp 427.329/SC, 3ªT., Rel.Min. Nancy Andrigui, DJ 09/06/2003. (...) (RESP n° 649417/RS. Relator LUIZFUX. PRIMEIRA TURMA. Unânime. DJ de 27.06.2005, p. 240)
não conhecendo:
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CIVIL. CONTRATO. MÚTUO. SFH. PREQUESTIONAMENTO. FALTA.SÚMULAS 282 e 356 DO STF. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO.10%. AFASTAMENTO. TABELA PRICE. ANATOCISMO. SÚMULAS 5 E 7/STJ.1 - Ressente-se o recurso especial do devido prequestionamento no que tange
às matérias relativas aos artigos tidos como violados, efetivamente nãodebatidas pelo Tribunal a quo, sob o enfoque dado pela recorrente, o que fazincidir a censura das súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 2 - O art.6º, letra "e", da Lei nº 4.380/64, segundo entendimento da Segunda Seção, nãotrata de limitação de juros remuneratórios a 10% ao ano, mas tão-somente decritérios de reajuste de contratos de financiamento, previstos no art. 5º domesmo diploma legal. 3 - No Sistema Francês de Amortização, mais conhecidocomo tabela price, somente com detida incursão no contrato e nas provas decada caso concreto é que se pode concluir pela existência de amortizaçãonegativa e, conseqüentemente, de anatocismo, vedado em lei (AGResp543841/RN e AGResp 575750/RN). Precedentes da Terceira e da QuartaTurmas. 4 - Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (4ª Turma,
REsp n. 678.014/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, unânime, DJU de07.11.2005)
No âmbito do Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, a corrente
majoritária é pela manutenção da Tabela Price, mas com exclusão da capitalização.
Como isso se faz, por outro lado, vai da eliminação das amortizações negativas à
manutenção dos percentuais “ideais” fixados inicialmente pela Price:
Tabela Price - No tocante à capitalização mensal de juros, é pacífica a jurisprudência no sentido de que ela é vedada, mesmo que convencionada entreas partes, subsistindo, na espécie, o preceito do art. 4º do decreto nº 22.626/33,contrário ao anatocismo, redação não revogada pela Lei nº 4.595/64, somentesendo possível sua aplicação nos casos expressamente previstos em lei,hipótese diversa dos autos. Incidente, pois, na espécie, a Súmula nº 121 doSTF, que assim dispõe: "É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada." É certo que o sistema de amortização previstocontratualmente é o Sistema Francês de Amortização, também conhecido comoTabela Price. Todavia, tenho que a utilização da Tabela Price não implica emcapitalização de juros. No sistema Price não há previsão para a incidência de
juros sobre juros. Da mesma forma, a existência de previsão contratual de duastaxas de juros, uma nominal, e outra efetiva, também não determina aocorrência de anatocismo. Na realidade, estas taxas se equivalem, apenas sãoreferidas para períodos de incidência diversos. Assim, a taxa nominal anual éaquela aplicada no ano, enquanto a efetiva, apesar de anual, é aplicadamensalmente. Os juros são pagos mês a mês à taxa contratada, incidindo sobreo saldo devedor. Assim, há necessidade de demonstração acerca de referidaprática, dando conta da ocorrência no contrato de amortizações negativas,permitindo que a parcela de juros não paga mensalmente com o adimplementoda prestação seja agregada ao saldo devedor, sujeitando-se à incidência de juros. No caso dos autos, a perícia não foi instada a demonstrar na evoluçãoconcreta do financiamento em exame a ocorrência ou não de amortizações
negativas, apenas referindo constituir-se tal prática em anatocismo. Mas pelaanálise da planilha de evolução do financiamento é fácil constatar que em vários
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meses a prestação paga foi inferior ao valor dos juros, acarretando a chamadaamortização negativa. A solução, todavia, não é o expurgo direto dos jurosremanescentes; devem esses ser apurados em conta separada para pagamentofinal, sujeitos somente à correção monetária nas bases contratuais, sem
incidência de novos juros. Por essa forma de cálculo resultam excluídos osvalores relativos ao anatocismo praticado. (Ap. Cível 2003.70.00.014710-5/PR,TRF4, 4ª. Turma, Rel. Des. Federal MARGA INGE BARTH TESSLER, j.14/03/2007, pub. 08/05/2007).
Nos mesmos autos veja-se o voto divergente do Desembargador FederalEDGARD LIPPMANN JR:
VOTO DIVERGENTE - Respeitosamente, divirjo da posição firmada pela ilustre
Relatora, no tocante à manutenção dos valores lançados pela Tabela Price nosencargos mensais do empréstimo. Ao contratar o financiamento, o mutuário temassegurado o direito à amortização da dívida, até a sua liquidação, consolidadona redação do art. 5º da Lei n. 8.692/93, verbis: "Durante todo o curso docontrato, a instituição credora manterá demonstrativo da evolução do saldodevedor do financiamento, discriminando o valor das quotas mensais deamortização, calculadas em valor suficiente para a extinção da dívida no prazocontratado, bem como as quotas mensais de amortização efetivamente pagaspelo mutuário." A inexistência ou a insuficiência de amortização mensal, deforma sistemática, ainda que de valores mínimos, pode inviabilizar oadimplemento do contrato no prazo acertado, evidenciando violação dosdispositivos legais e contratuais que balizam a relação jurídica sub judice . Assim,
para que seja evitado o desequilíbrio financeiro entre as parcelas pagas e osaldo devedor, aconselhável a revisão dos encargos contratuais, em todo operíodo da contratualidade, preservando-se as parcelas de amortização e jurosadequadas ao adimplemento da dívida e computando-se, em conta separada,as parcelas dos juros excedentes, que promovem a capitalização mensal,inviabilizando o pagamento do empréstimo. Nesse sentido, destaco os seguintesprecedentes: "ADMINISTRATIVO. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO.CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. TABELA PRICE. ANATOCISMO.VEDAÇÃO LEGAL. DIREITO À AMORTIZAÇÃO. 1. Tolerável a capitalizaçãoanual dos juros, a teor do art. 4º do Decreto nº 22.626/33 (É proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a acumulação de juros vencidosaos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano). 2. Impõe-se seja retomadaa normalidade na relação contratual mediante respeito à proporção entre asparcelas de juros e de amortização concebida no sistema de fluxo depagamentos eleito no contrato, mesmo na hipótese do encargo mensal serevelar insuficiente para o pagamento integral do compromisso; ou seja, aequação financeira do contrato deve ser observada durante todo o seu curso,apropriando-se o encargo mensal, proporcionalmente, entre juros e amortizaçãoda verba mutuada, se for ele insuficiente para quitação de ambas. 3. Para quese contorne a ocorrência do fenômeno do anatocismo, impõe-se seja efetuadotratamento apartado dos valores atinentes à parcela de juros não satisfeita peloencargo mensal, os quais ficam sujeitos apenas à incidência de correçãomonetária, sem cotação dos juros contratados. 4. Apelação improvida. (TRF4,
AC 2004.04.01.007829-5/SC, 3ª Turma, DJU, 12/05/2004, JUIZ LUIZ CARLOSDE CASTRO LUGON) "SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. ...TABELA
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PRICE. AMORTIZAÇÃO. ANATOCISMO. LIMITE DOS JUROS. ... ( ...) Omissis.10. Haverá capitalização nos contratos de financiamento do SFH somentequando ocorrer a chamada amortização negativa. Nesse caso, se os juros quedeixam de ser pagos forem somados ao saldo devedor, haverá
anatocismo.(grifo próprio) 11. O SFH garante ao mutuário que todo encargomensal (prestação) deve pagar a amortização prevista para o contrato, segundoa TABELA PRICE, sendo o restante ser imputado ao pagamento de juros.Eventuais juros não pagos devem ser destinados a conta em separado, sobre aqual somente incidirá correção monetária, para evitar a capitalização. Destemodo estar-se-á garantindo a aplicação do art. 6º, "c", da Lei n.º 4.380/64, bemcomo do art. 4º, do Decreto n.º 22.626/33 e da Súmula 121, do STF."(AC2001.04.01.070652-9/PR, 4ª T., por unanimidade, DJU, 23/10/2002, Rel.Juiz João Pedro Gebran Neto) Isso posto, voto por dar parcial provimento àapelação em maior extensão, nos termos da fundamentação. É o voto. (Ap.Cível 2003.70.00.014710-5/PR, TRF4, 4ª. Turma, Rel. Des. Federal MARGAINGE BARTH TESSLER, j. 14/03/2007, pub. 08/05/2007, voto divergente,
Desembargador Federal EDGARD LIPPMANN JR)
O TRF da 4ª. Região, entretanto, em um julgado, admitiu a capitalização,mas agora no âmbito do Sistema Financeiro Imobiliário:
(...) 3. A capitalização de juros é admitida nos casos em que prevista emlegislação específica, como na presente hipótese, em que o contrato firmadoentre as partes tem suas cláusulas regidas pelas regras do Sistema Financeiro
Imobiliário, instituído pela Lei 9.514/94, que prevê expressamente acapitalização de juros no artigo 5º. (...)(EI n.96.04.43736-4/SC - 1ª Seção - Juiz Márcio Rocha - DJ 24.03.1999).(TRF4, AC 2006.71.00.031676-9, Terceira Turma, Relator Luiz Carlos de CastroLugon, publicado em 25/04/2007)
O TRF da 3ª. Região, por sua vez, tem entendido pela manutenção daTabela Price:
(...) 4. No tocante ao Sistema Francês de Amortização (Tabela PRICE), não háilegalidade em sua aplicação, tanto mais que sua previsão consta do contratofirmado entre as partes (fl. 71), e os mutuários concordaram com tal sistema deamortização. (...)Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO Classe: AC -APELAÇÃO CIVEL - 871376 Processo: 1999.61.00.039761-9 UF: SPÓrgão Julgador: QUINTA TURMA Data da Decisão: 15/08/2005 Documento:TRF300097021 DJU DATA:04/10/2005 PÁGINA: 310
11.4 - Coeficiente de Equiparação Salarial - CES
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Outra divisão nos acórdãos: aqueles que o afastam quando não há
previsão contratual, sendo os contratos anteriores à lei 8392/1993, e os que o
mantém mesmo assim.
- indevido quando sem previsão contratual e o contrato anterior à lei
8392/1993
SFH - Sistema Financeiro da Habitação. CES - Coeficiente de EquiparaçãoSalarial. Precedentes. 1. Não havendo previsão contratual não há comodeterminar a aplicação do CES - Coeficiente de Equiparação Salarial, presente acircunstância de ser o contrato anterior à lei que o criou. 2. Recurso especial nãoconhecido. (REsp 703.907/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZESDIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 15.08.2006, DJ 27.11.2006 p. 278)
- devido quando há previsão contratual
Sistema Financeiro da Habitação. Prequestionamento. Aplicação do CES -
Coeficiente de Equiparação Salarial. Utilização do índice de 84,32% .Precedentes da Corte Especial. 1. (...). 2. Possível a utilização do CES -Coeficiente de Equiparação Salarial quando previsto contratualmente, presenteo PES - Plano de Equivalência Salarial. 3. (...). 4. Recurso especial nãoconhecido. (REsp 568192/RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZESDIREITO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20.09.2004, DJ de 17.12.2004, p.525)
Como por vezes o STJ argumenta por existir óbice à análise da
pertinência do CES, já que envolveria averiguação de cláusula contratual, importa
ver como se conduzem os tribunais de instância inferior na interpretação desta
questão. O Tribunal Regional Federal da 4ª. Região divide-se entre aceitar integral
o CES ou eliminá-lo nos contratos anteriores à lei 8392/1993:
(...) CES - No tocante à cobrança do Coeficiente de Equiparação Salarial, o CESfoi criado pela Resolução nº 36/69, do Conselho de Administração do BNH,tendo sido exigido ao longo do tempo, com base em Resoluções e Circulares doBACEN. Não há qualquer ilegalidade na fórmula de cálculo do CES, Coeficiente
de Equiparação Salarial. Tem por finalidade minimizar os efeitos da dicotomiaentre a variação do salário do mutuário e do índice que atualiza o saldo devedor.
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No caso é de 1,150, só incide na primeira prestação e é abatido do saldodevedor. As resoluções e circulares do BNH/SFH sempre foram prestigiadas aolongo do tempo e foi com base nelas que foi possível, após a decisão do STFinterpretando a lei em tese, permanecer prestigiando a equivalência salarial.
Assim, amparada a incidência do CES em tais resoluções e circulares, aindaque não expressamente prevista no instrumento contratual, deve sua cobrançaser mantida. (...) (Ap. Cível 2003.70.00.014710-5/PR, TRF4, 4ª. Turma, Rel.Des. Federal MARGA INGE BARTH TESSLER, j. 14/03/2007, pub. 08/05/2007).
(...)- COEFICIENTE DE EQUIPARAÇÃO SALARIAL - CES - ANTERIOR À LEI 8.692/93.SEM PREVISÃO CONTRATUAL. Tendo sido o contrato celebrado anteriormente àvigência da Lei 8.692/93 e não havendo no mesmo inclusão do Coeficiente deEquiparação Salarial - CES no cálculo do encargo inicial, torna-se injustificável suacobrança. (...) (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2002.70.00.079267-5/PR, RELATOR : Des.Federal LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON, pub. 12/03/2007, j. 16/02/2007, TRF 4, 3ª.Turma)
(...) Independente de previsão contratual, é legal a cobrança do Coeficiente deEquiparação Salarial - CES no cálculo da integralidade do encargo mensal,mesmo antes do advento da Lei n.º 8.692/93, incidindo inclusive sobre o prêmiode seguro. (...) (TRF4, AC 2003.71.10.000787-3, Quarta Turma, RelatorValdemar Capeletti, publicado em 12/03/2007)
O TRF da 3ª. Região, por sua vez, parece tender a mantê-lo,
independente da data:
(...) II. A falta de previsão legal na época da avença não impossibilitava aprevisão contratual do CES pois é princípio em matéria de contratos aautonomia da vontade das partes limitada apenas pelos princípios cogentes oude ordem pública. (..)Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO Classe: AC -APELAÇÃO CÍVEL - 921474 Processo: 2002.61.05.000433-3 UF:SP ÓrgãoJulgador: SEGUNDA TURMA Data da Decisão: 17/04/2007 Documento:TRF300116944 DJU DATA:04/05/2007 PÁGINA: 631
(...)2- As resoluções do Conselho do BNH inseriram-se na competência previstana lei 4380/64, sendo-lhes, portanto, lícito fixar os referidos coeficientes.(...)Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL -16994 Processo: 89.03.040085-2 UF: SP Órgão Julgador: QUINTATURMA Data da Decisão: 13/03/2006 Documento: TRF300115920 DJUDATA:24/04/2007 PÁGINA: 453
11.5 - Taxa Referencial – TR
O STJ mantém a Taxa Referencial. O que se discute somente é suaincidência ou não a contratos assinados anteriormente à Lei 8177/1991.
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- inaplicável aos contratos assinados antes da Lei 8177/91:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SISTEMA
FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. SALDO DEVEDOR. ATUALIZAÇÃOMONETÁRIA. TAXA REFERENCIAL. 1. A TR, com o julgamento pelo STF daADIn 493/DF, Pleno, Min. Moreira Alves, DJ de 04.09.1992, não foi excluída doordenamento jurídico pátrio, tendo apenas o seu âmbito de incidência limitadoao período posterior à edição da Lei 8.177, de 1991. 2. Os contratos de mútuohabitacional firmados no âmbito do SFH, celebrados antes da vigência da Lei8.177/91, a TR é inaplicável. Precedente: Resp nº 849370/CE, de minharelatoria, 1ª T, DJ de 21/09/2006. 3. Recurso especial improvido. (REsp785.530/BA, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01.03.2007, DJ 29.03.2007 p. 221)
Revisão de contrato de aquisição de casa própria pelo Sistema Financeiro da
Habitação. Cerceamento de defesa. Aplicação do Código de Defesa doConsumidor. Juros: art. 6º, "e", da Lei nº 4.380/64. Capitalização. Amortizaçãodo saldo devedor. Utilização da TR. Seguro. Repetição do indébito. Precedentesda Corte. 1. Não há cerceamento de defesa quando a matéria debatida nosautos diz apenas com questões jurídicas relativas à legalidade das cláusulascontratuais, dispensando a realização de prova pericial. 2. O Código de Defesado Consumidor, como assentado em precedentes da Corte, aplica-se aoscontratos sob o regime do Sistema Financeiro da Habitação. 3. O art. 6º, 'e', daLei n°4.380/64, como decidido pela Segunda Seção, não impõe limitação dos juros em contratos sob o regime do Sistema Financeiro da Habitação. 4. Évedada a capitalização dos juros em contratos da espécie. 5. Correta a forma de
amortização que primeiro corrige e depois abate o valor da prestação, como jáconsagrado na jurisprudência da Corte. 6. Aplica-se a TR aos contratosassinados após a Lei nº 8.177/91, prevista a forma de atualização do saldodevedor pelo mesmo índice utilizado para as cadernetas de poupança. 7. Afundamentação do julgado sobre a liberdade de contratação do seguro sufocaos argumentos apresentados pelo especial. 8. Possível a repetição do indébitode forma simples, sendo irrelevante a prova do erro. 9. Recurso especialconhecido e provido, em parte. (3ª Turma, REsp n. 630.985/SC, Rel. Min. CarlosAlberto Menezes Direito, unânime, DJU de 08.05.2006)
- aplicável a todos:
'PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - AGRAVO REGIMENTAL -SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO (SFH) - ÍNDICE DE REAJUSTE DOSALDO DEVEDOR - TAXA REFERENCIAL (TR) - POSSIBILIDADE DEUTILIZAÇÃO ANTES DO ADVENTO DA LEI 8.177/91 - ANÁLISE DE MATÉRIACONSTITUCIONAL - USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO STF - JUROSREMUNERATÓRIOS - ART. 6º, DA LEI 4.380/64 - NÃO LIMITAÇÃO A 10% AOANO - DECISÃO MANTIDA EM TODOS OS SEUS TERMOS - SUCUMBÊNCIARECÍPROCA - COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS -POSSIBILIDADE - DESPROVIMENTO. 1 - Cumpre asseverar que, em sede derecurso especial, a competência desta Corte Superior de Justiça se limita ainterpretar e uniformizar o direito infraconstitucional federal, a teor do dispostono art. 105, III, da Carta Magna. Assim sendo, resta prejudicado o exame deeventual violação ao art. 5º, inciso XXXVI da CF, sob pena de usurpação dacompetência atribuída ao Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 2 - Sob o
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ângulo infraconstitucional, no concernente à aplicação da Taxa Referencial (TR),esta Corte Superior de Uniformização Infraconstitucional firmou entendimento nosentido de ser possível sua utilização, a partir da edição da Lei 8.177/91, naatualização do saldo devedor de contrato vinculado ao Sistema Financeiro da
Habitação, ainda que o contrato seja anterior à citada lei, desde que pactuado omesmo índice aplicável à caderneta de poupança. Precedentes. 3 - Conformeentendimento pacificado pela 2ª Seção desta Corte, o art. 6º, alínea “e”, da Lei4.380/64, não estabelece limitação da taxa de juros, mas apenas dispõe sobreas condições para a aplicação do reajustamento previsto no art. 5º da mesma lei(c.f. EREsp 415.588-SC). Precedentes. 4 - Não há que se falar em imposiçãodos ônus da sucumbência exclusivamente à agravada, tendo em vista que adecisão agravada restou mantida em todos os seus termos. Irretocável a partilhafixada, admitida a compensação dos honorários advocatícios, conformeentendimento consolidado desta Corte, no sentido de sua autorização nos casosde sucumbência recíproca, como ocorrente in casu. 5 - Agravo regimentaldesprovido.' (4ª Turma, AgRg no REsp n. 647.925/RS, Rel. Min. Jorge
Scartezzini, unânime, DJU de 11.09.2006)
Idem 4ª Turma, AgRg no Ag n. 779.800/DF, Rel. Min. Jorge Scartezzini,unânime, DJU de 20.11.2006
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SALDO DEVEDOR. ATUALIZAÇÃOMONETÁRIA. TR. 1. Não é inconstitucional a correção monetária com base naTaxa Referencial - TR. O que é inconstitucional é sua aplicação retroativa. Foiisso o que decidiu o STF da ADI 493/DF, Pleno, Min. Moreira Alves, DJ de04.09.1992, ao estabelecer o âmbito de incidência da Lei 8.177, de 1991. 2. Aoscontratos de mútuo habitacional firmados no âmbito do SFH que prevejam acorreção do saldo devedor pela taxa básica aplicável aos depósitos dapoupança aplica-se a Taxa Referencial, por expressa determinação legal.Precedentes da Corte Especial: AGEREsp 725917 / DF, Min. Laurita Vaz, DJ19.06.2006; DERESP 453600 / DF, Min. Aldir Passarinho Junior, DJ 24.04.2006.3. Embargos de divergência a que se nega provimento. (EREsp 752.879/DF,Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, julgado em19.12.2006, DJ 12.03.2007 p. 184)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DEINSTRUMENTO. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. FCVS. CORREÇÃOMONETÁRIA. ABRIL/1990. INCIDÊNCIA DO IPC DE MARÇO DO MESMO ANO(84,32%). APLICAÇÃO DA TR. POSSIBILIDADE. 1. O saldo devedor dos
contratos para aquisição da casa própria, firmados sob as normas do SistemaFinanceiro de Habitação, deve ser corrigido, em abril de 1990, pelo IPCreferente ao mês de março do mesmo ano, no percentual de 84,32%.Precedentes da Corte Especial. 2. É legal a aplicação da TR na correçãomonetária do saldo devedor de contrato de mútuo, ainda que este tenha sidofirmado em data anterior à Lei 8.177/91, desde que pactuada a adoção, paraesse fim, de coeficiente de atualização monetária idêntico ao utilizado para aremuneração das cadernetas de poupança. 3. Agravo regimental desprovido.(AgRg no Ag 770.802/DF, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12.12.2006, DJ 01.02.2007 p. 413)
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Já no âmbito do Tribunal Regional Federal da 4ª. Região há acórdãos
que mantém a Taxa Referencial em razão da ausência de interesse em aplicar
índice que dê resultado financeiro desinteressante à parte:
(...) 7. A inaplicabilidade da variação da Taxa Referencial, fator financeiro,atrelado unicamente a injunções do mercado, para o reajuste dos contratosfirmados no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação, exsurge não damanifestação do Pretório Excelso, cuja operatividade ficou restrita aos ajustesnegociais válidos entre as partes e em vigor, mas pelo fato de o índice, em faceda sua composição, não atender às exigências das especiais regras do SistemaFinanceiro da Habitação acerca dos critérios de correção do contrato de mútuohabitacional. 8. Excluída a Taxa Referencial - TR - como indexador dapactuação, no fito de emprestar operatividade à cláusula de escala móvel, em
substituição, deve-se adotar o INPC, que, por ser índice vocacionado legalmentea aferir as variações no poder aquisitivo do padrão monetário nacional (art. 7º eseus parágrafos, da Lei 4.357/64), mostra-se adequado, pois, aos reclamos dalegislação disciplinadora do sistema. 9. Porém, a correção monetária dosdébitos segundo a variação da TR, respeitada sua natureza jurídica e mesmo deforma retroativa desde fevereiro/91, mostra-se mais benéfica ao contribuinte doque adotássemos o INPC, usualmente utilizado por esta Corte. Tal constataçãodecorre do cotejo entre os percentuais acumulados por aquela taxa e esteindexador no mesmo período em questão. Ressalte-se, apenas, uma vez queincidindo a TR, porque calculada com base nas flutuações da moeda nomercado, não deverá ser aplicado cumulativamente qualquer indexador extra-oficial. (EI n. 96.04.43736-4/SC - 1ª Seção - Juiz Márcio Rocha - DJ24.03.1999).
Por sua vez, o Tribunal Regional Federal da 3ª. Região tende a afastar a
Taxa Referencial:
(...)- Possibilidade de substituição da TR pelo INPC, porquanto as normasinstituidoras do sistema financeiro da habitação elegeram como indexador para
o reajuste contratual índice geral de preços, por refletir de forma adequada asvariações do poder aquisitivo da moeda frente ao fenômeno inflacionário; - ATAXA REFERENCIAL (TR) exprime o custo do dinheiro no mercado financeiro,de modo que sua aplicação como indexador dos contratos de financiamentohabitacional ofende a essência do sistema financeiro da habitação e de suasnormas instituidoras, porquanto não observa a variação do poder aquisitivo damoeda durante o processo inflacionário; (...)Origem: TRIBUNAL - TERCEIRAREGIÃO Classe:AC- APELAÇÃO CIVEL - 751548 Processo:2000.61.00.005459-9 UF:SP Órgão Julgador: QUINTA TURMA Data daDecisão: 16/10/2006 Documento: TRF300109011 DJU DATA:28/11/2006PÁGINA: 349
(...) - Não importa a data em que tenha sido firmado o contrato, vale dizer, seantes ou depois da vigência da Lei n.º 8.177/91, porquanto a TAXA
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REFERENCIAL é inaplicável por ser incompatível com o Sistema Financeiro daHabitação, que desde o seu início previu o reajustamento contratual com baseno índice geral de preços. Coerentemente com o raciocínio esposado, o quemelhor reflete as variações no poder aquisitivo do padrão monetário nacional é o
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e, por isso, deve ser adotadoem substituição à TR como indexador para o reajuste do saldo devedor e dasprestações decorrentes de contratos habitacionais, regidos pelo SistemaFinanceiro da Habitação. - A substituição da TR pelo INPC é medida necessáriapara que se restabeleça o equilíbrio contratual por meio da aplicação de umíndice que reflita as variações do poder aquisitivo da moeda e também para quehaja harmonia com os princípios do direito do consumidor. Origem: TRIBUNAL -TERCEIRA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 652541Processo: 1999.60.02.000450-9 UF: MS Órgão Julgador: QUINTATURMA Data da Decisão: 12/06/2006 Documento: TRF300105484 DJUDATA:05/09/2006 PÁGINA: 339
11.6 - Limitação da taxa de juros
O Superior Tribunal de Justiça entende não ser aplicável a limitação de
juros em 10% ao ano:
'CIVIL. CONTRATO. MÚTUO. SFH. PREQUESTIONAMENTO. FALTA.SÚMULAS 282 e 356 DO STF. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO.10%. AFASTAMENTO. TABELA PRICE. ANATOCISMO. SÚMULAS 5 E 7/STJ.1 - Ressente-se o recurso especial do devido prequestionamento no que tangeàs matérias relativas aos artigos tidos como violados, efetivamente nãodebatidas pelo Tribunal a quo, sob o enfoque dado pela recorrente, o que fazincidir a censura das súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 2 - O art.6º, letra "e", da Lei nº 4.380/64, segundo entendimento da Segunda Seção, nãotrata de limitação de juros remuneratórios a 10% ao ano, mas tão-somente decritérios de reajuste de contratos de financiamento, previstos no art. 5º domesmo diploma legal. 3 - No Sistema Francês de Amortização, mais conhecidocomo tabela price, somente com detida incursão no contrato e nas provas decada caso concreto é que se pode concluir pela existência de amortização
negativa e, conseqüentemente, de anatocismo, vedado em lei (AGResp543841/RN e AGResp 575750/RN). Precedentes da Terceira e da QuartaTurmas. 4 - Recurso especial conhecido e parcialmente provido.' (4ª Turma,REsp n. 678.014/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, unânime, DJU de07.11.2005)
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SÚMULAS N. 282 E 356/STF. ART.6°, "E", DA LEI N. 4.380/64. LIMITAÇÃO DOS JUROS. D ISSÍDIOJURISPRUDENCIAL. NÃO-CONHECIMENTO. 1. Ausente o prequestionamentoda questão infraconstitucional suscitada, têm aplicação os impedimentosassentados nas Súmulas n. 282 e 356/STF. 2. "O art. 6°, e), da Lei nº 4.380/64não estabelece limitação da taxa de juros, mas, apenas, dispõe sobre as
condições para a aplicação do reajustamento previsto no art. 5°da mesma Lei"(Recurso Especial n. 416.780, da relatoria do Ministro Carlos Alberto Menezes
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Direito). 3. Não se conhece de recurso especial interposto com fundamento naalínea "c" do permissivo constitucional na hipótese em que o recorrente, restritoa transcrever trecho do acórdão dissidente, não promoveu o indispensávelcotejo analítico entre os julgados confrontados. 4. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, provido (REsp 467.320/RS, Rel. Min.João Otávio de Noronha, DJU de 25.10.2004).
Idem: AgRg no REsp 709.160/SC, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJU de 29.05.06,REsp 630.985/RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, DJU de 08.05.06 eREsp 537.762/SC, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJU de 01.02.06.
AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS CAPAZES DEINFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. - Não mereceprovimento recurso carente de argumentos capazes de desconstituir a decisãoagravada. DECISÃO UNIPESSOAL. ART. 557, CPC. - É lícito ao relator negarseguimento a recurso cuja pretensão desafina da jurisprudência do STJ. SFH.
CORREÇÃO MONETÁRIA DO SALDO DEVEDOR. TR. POSSIBILIDADE. -Prevista no contrato, é possível a utilização da Taxa Referencial, como índice decorreção monetária do saldo devedor, em contrato de financiamento imobiliário.SFH - LIMITAÇÃO DOS JUROS - Entende o STJ, que a alínea "e" do Art. 6º daLei 4.380/64, não estabelece limitação da taxa de juros, mas, apenas, dispõesobre as condições para a aplicação do reajustamento previsto no Art. 5º. (AgRgno REsp 882.442/SC, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS,TERCEIRA TURMA, julgado em 03.04.2007, DJ 07.05.2007 p. 324)
Ainda assim, julgados no TRF da 4ª. Região sustentam a limitação em
10% ao ano. Repare no julgado a seguir que se tem como limite a taxa efetiva de
10% (não a nominal):
(...)- TAXA DE JUROS. ART. 6º, "E", DA LEI 4.380/64. LIMITAÇÃO. O limite dataxa efetiva de juros para os contratos do SFH firmados na vigência da Lei4.380/64 é de 10% ao ano (art. 6º, "e", da Lei 4.380/64); a Lei 8.692/93, em seuart. 25, elevou o limite máximo da taxa efetiva de juros anual para 12% (dozepor cento). (...)(TRF4, AC 2002.72.00.001710-6, Terceira Turma, Relator Luiz
Carlos de Castro Lugon, publicado em 25/04/2007)(...) Ainda que inaplicável a limitação de juros da alínea "e" do art. 6º da Lei nº4.380/64, posteriormente, os juros dos contratos vinculados ao SistemaFinanceiro da Habitação foram fixados em 10%, por força do que dispõe o art.2º do Decreto nº 63.182/68. (...)(TRF4, AC 2000.71.00.028317-8, TerceiraTurma, Relator Vânia Hack de Almeida, publicado em 06/12/2006)
(...) O limite das taxas de juros convencionais que deve ser aplicado ao contratode mútuo habitacional é aquele que decorre da legislação aplicável vigente àdata de sua celebração, importando considerar que até o advento da Lei n.º8.692, de 28 de julho de 1993 (art. 25), os juros não poderiam exceder a 10% ao
ano (art. 6º, e, da Lei 4.380/64), e, a partir da nova norma, a restrição foi
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aumentada para 12% ao ano. (...) (TRF4, AC 2001.71.02.005256-7, QuartaTurma, Relator Valdemar Capeletti, publicado em 02/04/2007)
11.7 - Forma de amortização
Quanto à forma de amortização o Superior Tribunal de Justiça entende
estar correto o formato adotado pelos agentes financeiros:
AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS CAPAZES DEINFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. SALDO DEVEDORAMORTIZAÇÃO. TR. POSSIBILIDADE. - Não merece provimento recurso
carente de argumentos capazes de desconstituir a decisão agravada. - É lícito ocritério de amortização do saldo devedor mediante a aplicação da correçãomonetária e juros para, em seguida, abater-se do débito o valor da prestaçãomensal do contrato de mútuo para aquisição de imóvel pelo SFH. - Prevista nocontrato ou ainda, pactuada a correção pelo mesmo indexador da caderneta depoupança, é possível a utilização da Taxa Referencial, como índice deatualização do saldo devedor, em contrato de financiamento imobiliário. - Nãoincide a sanção do Art. 42, parágrafo único, do CDC, quando o encargoconsiderado indevido é objeto de controvérsia jurisprudencial e não estáconfigurada a má-fé do credor. - O saldo devedor dos contratos imobiliáriosfirmados sob as normas do Sistema Financeiro da Habitação deve ser corrigido,
em abril de 1990, pelo IPC de março do mesmo ano de 1990, no percentual de84, 32%. (AgRg no REsp 895.366/RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DEBARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 03.04.2007, DJ 07.05.2007 p. 325)
Revisão de contrato de aquisição de casa própria pelo Sistema Financeiro daHabitação. Cerceamento de defesa. Aplicação do Código de Defesa doConsumidor. Juros: art. 6º, "e", da Lei nº 4.380/64. Capitalização. Amortizaçãodo saldo devedor. Utilização da TR. Seguro. Repetição do indébito. Precedentesda Corte. 1. Não há cerceamento de defesa quando a matéria debatida nosautos diz apenas com questões jurídicas relativas à legalidade das cláusulascontratuais, dispensando a realização de prova pericial. 2. O Código de Defesado Consumidor, como assentado em precedentes da Corte, aplica-se aos
contratos sob o regime do Sistema Financeiro da Habitação. 3. O art. 6º, 'e', daLei n°4.380/64, como decidido pela Segunda Seção, não impõe limitação dos juros em contratos sob o regime do Sistema Financeiro da Habitação. 4. Évedada a capitalização dos juros em contratos da espécie. 5. Correta a forma deamortização que primeiro corrige e depois abate o valor da prestação, como jáconsagrado na jurisprudência da Corte. 6. Aplica-se a TR aos contratosassinados após a Lei nº 8.177/91, prevista a forma de atualização do saldodevedor pelo mesmo índice utilizado para as cadernetas de poupança. 7. Afundamentação do julgado sobre a liberdade de contratação do seguro sufocaos argumentos apresentados pelo especial. 8. Possível a repetição do indébitode forma simples, sendo irrelevante a prova do erro. 9. Recurso especialconhecido e provido, em parte. (3ª Turma, REsp n. 630.985/SC, Rel. Min. Carlos
Alberto Menezes Direito, unânime, DJU de 08.05.2006)
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CIVIL. CONTRATO. MÚTUO. SFH. SALDO DEVEDOR. TR. AMORTIZAÇÃO.FORMA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO. 10%. 1 - Prevendo ocontrato a incidência dos índices de correção dos saldos das cadernetas depoupança, legítimo é o uso da TR. 2 - É adequado o critério de amortização do
saldo devedor, aplicando a correção monetária e os juros para, em seguida,abater a prestação mensal paga. Precedentes da Terceira e da Quarta Turma. 3- O art. 6º, letra "e", da Lei nº 4.380/64, segundo entendimento da SegundaSeção, não trata de limitação de juros remuneratórios a 10% ao ano, mas tãosomente de critérios de reajuste dos contratos de financiamento, previstos noart. 5º do mesmo diploma legal. 4 - Recurso especial conhecido, mas nãoprovido. (4ª Turma, REsp n. 537.762/SC, Rel Min. Fernando Gonçalves,unânime, DJU de 01.02.2006)
11.8 - Correção do saldo devedor pelo PES
Há uma mudança considerável na jurisprudência do STJ com relação à
correção do saldo devedor pelos índices da categoria profissional, passando da
autorização a um incabimento praticamente consolidado:
Direito civil. Contratos do sistema financeiro da habitação. Plano de equivalênciasalarial versus cláusulas de reajuste pelos índices aplicados à poupança livre. 1-Nos contratos regidos pelo sistema financeiro da habitação há de se reconhecer
a sua vinculação, de modo especial, além dos gerais, aos seguintes princípiosespecíficos: a) o da transparência , segundo o qual a informação clara e corretae a lealdade sobre as cláusulas contratuais ajustadas, deve imperar naformação do negócio jurídico; b) o de que as regras impostas pelo sfh para aformação dos contratos, alem de serem obrigatórias, devem ser interpretadascom o objetivo expresso de atendimento as necessidades do mutuário,garantindo-lhe o seu direito de habitação, sem afetar a sua segurança jurídica,saúde e dignidade; c) o de que há de ser considerada a vulnerabilidade domutuário não só decorrente da sua fragibilidade financeira, mas, também, pelaânsia e necessidade de adquirir a casa própria e se submeter ao império daparte financiadora, econômica e financeiramente muitas vezes mais forte; d) ode que os princípios da boa-fé e da equidade devem prevalecer na formação docontrato. 2 - Há de ser considerada sem eficacia e efetividade contratual queimplica em reajustar o saldo devedor e as prestações mensais assumidas pelomutuário, pelos índices aplicados as cadernetas de poupança, adotando-se,consequentemente, a imperatividade e obrigatoriedade do plano de equivalênciasalarial. 3 - Recurso provido. RESP 85521/PR; RECURSO ESPECIAL1996/0001473-6, DJ DATA:03/06/1996 PG:19219, Relator: Min. JOSÉDELGADO, decisão em 29/04/1996, 1ª. Turma, STJ
(...)4. Há de ser considerada sem eficácia e efetividade cláusula contratual queimplica em reajustar o saldo devedor e as prestações mensais assumidas pelomutuário, pelos índices aplicados as cadernetas de poupança, adotando-se,
conseqüentemente, a imperatividade e obrigatoriedade do plano de equivalênciasalarial, vinculando-se aos vencimentos da categoria profissional do mutuário. 5.
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Recurso improvido. RESP 157841 / SP ; RECURSO ESPECIAL 1997/0087514-8, DJ DATA:27/04/1998, Relator: Min. JOSÉ DELGADO, decisão em12/03/1998, 1ª. Turma STJ.
DIREITO CIVIL - CONTRATO DE MÚTUO - SISTEMA FINANCEIRO DEHABITAÇÃO - PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL - REAJUSTE DASPRESTAÇÕES MENSAIS E DO SALDO DEVEDOR. O Plano de EquivalênciaSalarial, adotado e incluído nos contratos, tem de ser respeitado e cumpridosem alterações posteriores. O Superior Tribunal de Justiça vem decidindo deacordo com o entendimento de que o reajuste das prestações da casa própriadeve ser feito de acordo com o Plano de Equivalência Salarial. Não prevalece acláusula contratual que estabelece a atualização do saldo devedor pelocoeficiente de remuneração básica aplicável às contas vinculadas do FGTS. Aexemplo das prestações mensais, também o saldo devedor há de ser reajustadopelo Plano de Equivalência Salarial. Recurso improvido. RESP 194932 / BA ;RECURSO ESPECIAL 1998/0084217-9, DJ DATA:26/04/1999 PG:00059,
Relator: Min. GARCIA VIEIRA. Decisão em 04/03/1999, 1ª. Turma, STJ
ADMINISTRATIVO - SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO - CORREÇÃOMONETÁRIA - EQUIVALÊNCIA SALARIAL Nos contratos de financiamento dacasa própria, estipulados com base no Sistema Financeiro da Habitação o índicede correção monetária teve como limite aquele aplicado no reajuste sofrido pelosalário do aderente financiado. RESP 152502 / BA ; RECURSO ESPECIAL1997/0075408-1, DJ DATA:31/05/1999 PG:00083, Relator: Min. DEMÓCRITOREINALDO, decisão em 09/03/1999, 1ª. Turma.
ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES E DO SALDODEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL (PES) - VANTAGENSPESSOAIS INCORPORADAS DEFINITIVAMENTE AO SALÁRIO - INCLUSÃONO CÁLCULO - PRECEDENTES. - Nos contratos vinculados ao PES, oreajustamento das prestações deve obedecer à variação salarial dos mutuários,incluindo-se as vantagens incorporadas definitivamente aos salários ouvencimentos, a fim de preservar a equação econômico-financeira do pactuado. -A exemplo das prestações mensais, o saldo devedor há que ser reajustado peloPlano de Equivalência Salarial. - Recurso não conhecido. Relator: Min.FRANCISCO PEÇANHA MARTINS RESP 194086 / BA ; RECURSO ESPECIAL1998/0081819-7, DJ DATA:26/03/2001 PG:00413, Decisão em 15/02/2001, STJ,SEGUNDA TURMA.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DASPRESTAÇÕES E DO SALDO DEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIASALARIAL (PES)- INAPLICABILIDADE DA TR - ADIN 493-0/STF - VIOLAÇÃOÀ LEI FEDERAL NÃO CONFIGURADA - PREQUESTIONAMENTO AUSENTE -DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA - LEI 8.038/90 ERISTJ, ART. 255 E PARÁGRAFOS. - Se o Tribunal "a quo" deixou de apreciaras questões suscitadas nas contra-razões da apelação, e a recorrente não opôsos cabíveis embargos de declaração visando a apreciação dos temas omitidos,diz-se ausente o prequestionamento indispensável à admissibilidade do apeloespecial. - Declarada pelo STF a inconstitucionalidade da TR como fator decorreção monetária (ADIN 493-0), o reajustamento do saldo devedor e dasprestações mensais deve obedecer ao Plano de Equivalência Salarial. -
Divergência jurisprudencial que não atende às determinações da legislação deregência para sua comprovação, não autoriza a interposição do apelo fundado
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na letra "c" do permissivo constitucional. - Recurso não conhecido RESP 150347 / SE ; RECURSO ESPECIAL 1997/0070543-9, DJ DATA:10/04/2000 PG:00074,Relator: Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, decisão em 17/02/2000, 2ª.Turma, STJ.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DASPRESTAÇÕES E DO SALDO DEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIASALARIAL (PES) - INAPLICABILIDADE DA TR - ADIN 493-0/STF - VIOLAÇÃOÀ LEI FEDERAL NÃO CONFIGURADA - PREQUESTIONAMENTO AUSENTE -DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA - LEI 8.038/90 ERISTJ, ART. 255 E PARÁGRAFOS. - Se o Tribunal "a quo" deixou de apreciaras questões suscitadas nas contra-razões da apelação, e a recorrente não opôsos cabíveis embargos de declaração visando a apreciação dos temas omitidos,diz-se ausente o prequestionamento indispensável à admissibilidade do apeloespecial. - Declarada pelo STF a inconstitucionalidade da TR como fator decorreção monetária (ADIN 493-0), o reajustamento do saldo devedor e das
prestações mensais deve obedecer ao Plano de Equivalência Salarial. - Recursonão conhecido. RESP 149861 / SE ; RECURSO ESPECIAL1997/0068209-9, DJ DATA:03/04/2000 PG:00134, Relator: Min. FRANCISCOPEÇANHA MARTINS, decisão em 17/02/2000, 2ª. Turma, STJ.
ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES E DO SALDODEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL (PES) -INAPLICABILIDADE DA TR - ADIN 493-0/STF - VANTAGENS PESSOAISINCORPORADAS DEFINITIVAMENTE AO SALÁRIO - INCLUSÃO NOCÁLCULO - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA -RISTJ, ART. 255 E PARÁGRAFOS - SÚMULA 13/STJ - PRECEDENTES STJ. -Nos contratos vinculados ao PES, o reajustamento das prestações deveobedecer à variação salarial dos mutuários, a fim de preservar a equaçãoeconômico-financeira do pactuado. - As vantagens pessoais incorporadas,definitivamente, ao salário ou vencimento do mutuário, incluem-se na verificaçãoda equivalência para fixação das parcelas. - Declarada pelo STF ainconstitucionalidade da TR como fator de correção monetária (ADIN 493-0), oreajustamento do saldo devedor, a exemplo das prestações mensais, tambémdeve obedecer ao Plano de Equivalência Salarial. - Recurso conhecido eparcialmente provido. RESP 140839 / BA ; RECURSO ESPECIAL1997/0050459-0, DJ DATA:21/02/2000 PG:00112, Relator Min. FRANCISCOPEÇANHA MARTINS, decisão em 23/11/1999, 2ª. Turma, STJ
Aquisição de casa própria. Sistema Financeiro da Habitação. Plano deEquivalência Salarial. Reajustamento do saldo devedor. Precedentes da Corte.1. Já decidiu a Corte que aplicado ao contrato o critério de reajustamento peloPlano de Equivalência Salarial, não é possível aplicar-se critério diverso para oreajustamento do saldo devedor. 2. Recurso especial conhecido e provido.RESP 335171 / SC ; RECURSO ESPECIAL 2001/0101630-0, DJDATA:05/08/2002 PG:00332, Relator: Min. CARLOS ALBERTO MENEZESDIREITO, decisão em 14/05/2002, 3ª. Turma.
E agora note o posicionamento mais atual do Superior Tribunal de
Justiça:
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PROCESSO CIVIL - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - CONTRATO - MÚTUO -SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO (SFH) - PLANO DE EQUIVALÊNCIA
SALARIAL (PES) - ATUALIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR - IMPOSSIBILIDADE- ÍNDICE DE REAJUSTE DO SALDO DEVEDOR - TAXA REFERENCIAL (TR) -POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO APÓS A VIGÊNCIA DA LEI 8.177/91, AINDAQUE O CONTRATO TENHA SIDO FIRMADO ANTES DO ADVENTO DOREFERIDO DIPLOMA LEGAL - JUROS REMUNERATÓRIOS - ART. 6º, DA LEI4.380/64 - NÃO LIMITAÇÃO A 10% AO ANO - AUSÊNCIA DE OMISSÃO,OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO - NÍTIDO CARÁTER INFRINGENTE -REJEIÇÃO. 1 - Tendo o v. aresto recorrido, em consonância com oentendimento desta Corte, decidido no sentido de que não é possível autilização do Plano de Equivalência Salarial (PES) como índice de atualizaçãodo saldo devedor, bem como é correto o afastamento da limitação dos jurosremuneratórios e, ainda, que inexiste óbice à utilização da TR como indexador
do saldo devedor após a vigência da Lei 8.177/91, ainda que o contrato tenhasido firmado anteriormente àquele diploma legal, revestem-se de caráterinfringente os embargos interpostos uma vez que pretendem reabrir o debateacerca do tema. 2 - Por prerrogativa do dispositivo processual aventado, osembargos de declaração consubstanciam instrumento processual adequadopara excluir do julgado qualquer obscuridade ou contradição ou, ainda, supriromissão, cujo pronunciamento sobre a matéria se impunha ao Colegiado,integralizando-o, não se adequando, todavia, para promover o efeito modificativodo mesmo. Inteligência do art. 535 e incisos, do Código de Processo Civil.Precedentes (EDREsp nºs 120.229/PE e 202.292/DF). 3 - Embargos rejeitados.(4ª Turma, EDcl no AgRg no REsp n. 796.494/SC, Rel. Min. Jorge Scartezzini,unânime, DJU de 05.02.2007)
CIVIL. CONTRATO. MÚTUO. SFH. SALDO DEVEDOR. TR. AMORTIZAÇÃO.FORMA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO. 10%. AFASTAMENTO.URV. APLICAÇÃO. PRESTAÇÕES. POSSIBILIDADE. CES. INCIDÊNCIA.TABELA PRICE. SÚMULAS 5 E 7/STJ. 1 - Consoante pacificado pela SegundaSeção (Resp nº 495.019/DF) o Plano de Equivalência Salarial - PES - aplica-sesomente à correção das prestações e não ao saldo devedor, que deverá sofrerincidência do índice pactuado. 2 - Prevendo o contrato a incidência dos índicesde correção dos saldos das cadernetas de poupança, legítimo é o uso da TR. 3 -É legítimo o critério de amortização do saldo devedor, aplicando a correçãomonetária e os juros para, em seguida, abater a prestação mensal paga.
Precedentes da Terceira e da Quarta Turma. 4 - O art. 6º, letra 'e', da Lei nº4.380/64, segundo entendimento da Segunda Seção, não trata de limitação de juros remuneratórios a 10% ao ano, mas tão-somente de critérios de reajuste decontratos de financiamento, previstos no art. 5º do mesmo diploma legal. 5 - Aincidência da URV nas prestações do contrato não rendem ensejo à ilegalidade,porquanto, na época em que vigente, era quase que uma moeda de cursoforçado, funcionando como indexador geral da economia, inclusive dos salários,sendo certo, nesse contexto, que a sua aplicação, antes de causar prejuízos,mantém, na verdade, o equilíbrio entre as parcelas do mútuo e a renda, escopomaior do PES. 6 - Decidida a aplicação do CES - Coeficiente de EquiparaçãoSalarial - com base em interpretação das cláusulas contratuais, a incidência dasúmula 5/STJ é de rigor, mesmo porque, ainda que assim não fosse, a sua
utilização é admitida pela jurisprudência desta Corte. 7 - No Sistema Francês deAmortização, mais conhecido como tabela price, somente com detida incursão
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no contrato e nas provas de cada caso concreto é que se pode concluir pelaexistência de amortização negativa e, conseqüentemente, de anatocismo,vedado em lei (AGResp 543841/RN e AGResp 575750/RN). Precedentes daTerceira e da Quarta Turma. 8 - Recursos especiais não conhecidos. (4ª Turma,
REsp n. 576.638/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, unânime, DJU de23.05.2005)
DIREITO CIVIL. CONTRATO. SFH. CORREÇÃO DE SALDO DEVEDOR.APLICAÇÃO DA TR. POSSIBILIDADE. QUESTÃO DE DIREITO MATERIALAFETA À COMPETÊNCIA DAS TURMAS DE DIREITO PÚBLICO E DEDIREITO PRIVADO. INEXISTÊNCIA, NO ENTANTO, DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL A SER DIRIMIDO. QUESTÃO PACIFICADA NO STJ.APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 168/STJ, IN CASU. I - Nada obstante possacausar estranheza a existência de dissídio de direito material entre a Terceira ea Segunda Turmas desta colenda Corte, as quais cuidam, respectivamente, dedireito privado e direito publico, fato é que ambas julgam recursos especiais
relativos ao reajustamento de prestações e de saldo devedor de contratosvinculados ao Sistema Financeiro de Habitação e ao Plano de EquivalênciaSalarial, sendo distribuídos para uma ou outra o processo, a depender daexistência apenas, de cláusula FCVS no contrato o que, na hipótese vertente,não influência a questão de mérito. II - É legal a correção monetária do saldodevedor do contrato vinculado ao SFH pelo mesmo índice aplicável ao reajustedas cadernetas de poupança, já que o Plano de Equivalência Salarial - PES nãoconstitui índice de correção monetária, mas apenas critério para reajustamentodas prestações. III - Se no contrato compromete-se o mutuário em pagar o saldodevedor observando a sua atualização pela TR, tal deve ser cumprido,inexistente qualquer ilegalidade a comprometer o pacto. Esta a hodierna jurisprudência deste eg. Tribunal, tanto das Turmas de direito público quanto asde direito privado. IV - Aplicação da Súmula n. 168/STJ, na espécie. V -Precedentes citados: REsp n. 656083/DF, Primeira Turma, Rel. Min. JoséDelgado, in DJ de 1/7/05; REsp n. 695906/CE, Segunda Turma, Rel. Min. JoãoOtávio de Noronha, in DJ de 20/6/05; REsp n. 576638/RS, Quarta Turma, Rel.Min. Fernando Gonçalves, in DJ de 23/5/05. VI - Agravo regimental desprovido.(AgRg nos EREsp 772.260/SC, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTEESPECIAL, julgado em 07.02.2007, DJ 16.04.2007 p. 152)
No Tribunal Regional da 4ª. Região, no entanto, é possível localizar-se
entendimentos divergentes:
(...) - Tendo o contrato habitacional cláusulas distintas de reajuste dasprestações e do saldo devedor, em respeito ao necessário equilíbrio das fontesde financiamento do SFH, não é possível corrigir o saldo devedor pelos mesmoscritérios de correção dos encargos mensais. (...)(TRF4, AC 2004.72.01.003055-4, Terceira Turma, Relator Vânia Hack de Almeida, publicado em 28/03/2007)
(...) 7. Inviável, pois, desconsiderando-se a disciplina prevista no contrato,determinar-se que o saldo devedor seja reajustado pelas mesmas regras dos
reajustes dos encargos mensais. (TRF4, AC 2002.71.08.009677-4, TerceiraTurma, Relator do Acórdão Vânia Hack de Almeida, publicado em 14/03/2007)
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11.9 - PES – vantagens pessoais
Apesar de que os reajustes devam ocorrer de acordo com os índices da
categoria profissional, consolidou-se no STJ o entendimento de que as vantagens
pessoais incorporadas de forma definitiva devem ser consideradas para efeito de
reajuste das prestações:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIADE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282 DO STF. AUSÊNCIA DEINDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL VIOLADO. SÚMULA 284/STF. SFH.PRESTAÇÃO. VANTAGENS PESSOAIS. CARÁTER PERMANENTE.INCLUSÃO. REAJUSTE. SALDO DEVEDOR. PLANO DE EQUIVALÊNCIASALARIAL. 1. A falta de prequestionamento da questão federal impede oconhecimento do recurso especial (Súmulas 282 e 356 do STF). 2. A falta deindicação dos dispositivos tidos por violados não autoriza o conhecimento dorecurso especial (Súmula 284/STF). 3. "É iterativa a jurisprudência desteSodalício no sentido de que as vantagens pessoais incorporadas definitivamenteaos vencimentos do servidor devem ser computadas nos reajustes dasprestações dos contratos de financiamento pelo SFH vinculados ao PES" (Resp
827.268/RS, Min. Castro Meira, 2ª Turma, DJ de 16.06.2006). 4. Recursoespecial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (REsp 855.455/SC,Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em10.04.2007, DJ 23.04.2007 p. 237)
11.10 - FCVS – cobertura
Há praticamente um consenso de que as restrições das leis 8004/1990 e
8100/1990 não podem ser opostas aos contratos assinados antes desta data. Sobreerro do agente financeiro e sua responsabilidade em cobrar o saldo residual localizei
também um julgado:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃODE LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI. SFH. CONTRATO DE FINANCIAMENTO.AQUISIÇÃO DE MAIS DE UM IMÓVEL. MESMA LOCALIDADE. COBERTURADO FCVS AO SEGUNDO IMÓVEL. LEIS 8.004/90 E 8.100/90. 1. Se no julgamento o magistrado não observa regra expressa de direito que deveria
regular a situação concreta que lhe foi submetida, é cabível a ação rescisóriapor violação de literal disposição de lei. Hipótese concreta em que não incide o
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enunciado da Súmula 343/STF. 2. As restrições veiculadas pelas Leis 8.004 e8.100, ambas de 1990, à quitação pelo FCVS de imóveis financiados na mesmalocalidade não se aplicam aos contratos celebrados anteriormente à vigênciadesses diplomas legais. Precedentes. 3. A Lei 4.380/64, vigente no momento da
celebração dos contratos, conquanto vedasse o financiamento de mais de umimóvel pelo Sistema Financeiro de Habitação, não impunha como penalidadepelo descumprimento a perda da cobertura pelo FCVS. 4. Recurso especialimprovido. (REsp 884.124/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDATURMA, julgado em 10.04.2007, DJ 20.04.2007 p. 341)
ADMINISTRATIVO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DAHABITAÇÃO. CASA PRÓPRIA. IMÓVEL FINANCIADO. COMPRA. FCVS.QUITAÇÃO DO SALDO DEVEDOR. INEXISTÊNCIA DE MAIS DE UMFINANCIAMENTO JUNTO À CEF. LEI 10.150/2000, ARTIGO 2º, § 3º. LEI8.100/1990, ARTIGO 3º. RECURSO ADESIVO. INOCORRÊNCIA DELITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. DEVOLUÇÃO DE VALORES NÃO PLEITEADA NA
INICIAL. ARTIGO 517, CPC. MULTA. HONORÁRIOS. ARTIGO 20, § 3º. 1. Ocontrato que veio a ser firmado com os compradores do imóvel em exame éanterior a 31 de dezembro de 1987. O saldo residual, pois, é deresponsabilidade do FCVS, e é de reputar-se quitado, em consonância com odisposto no § 3º, do artigo 2º da Lei 10.150/2000. 2. Embora o imóvel tenha sidoadquirido pelos Autores dos seus compradores originais mediante instrumentoparticular, não fica invalidada a cobertura pelo FCVS, ou seja, devem sermantidos os direitos e deveres estabelecidos no contrato firmado com o agentefinanceiro para a situação gerada pelo 'contrato de gaveta'. Precedentes. 3. Ocontrato original, mantido com o Banorte, sucedido pela CEF, passou a ter comoadquirentes os Autores e não mais o adquirente identificado nos autos, quehavia financiado um segundo imóvel no mesmo município. Direito dos Autores àcobertura pelo FCVS, por possuírem só um imóvel financiado. 4. Pedido dedevolução, pela Ré, dos valores pagos indevidamente pelos Autores que nãoprospera, haja vista que tal pedido deveria ter sido formulado na inicial.Inexistência de motivo impediente para tal solicitação pudesse ter sido efetuadadurante a instrução processual (art. 517, CPC). 5. Valor da multa diária, para ocaso de a Ré não dar a quitação antecipada do imóvel aos Autores e cancelar ahipoteca, no prazo estabelecido na sentença, que pode ser fixado quando darealização dos cálculos respectivos, na execução. 6. Inocorrência de litigânciade má-fé, CPC (artigos 17 e 18). Reconhecimento da situação fática do 'contratode gaveta', que vem sendo aceito e protegido pela jurisprudência.Compreensível a postura da Ré em ter acatado as normas do SFH, apenas em
relação ao contrato originalmente firmado entre os mutuários primitivos e elaprópria, hesitando em reconhecer, em face do instrumento particular pactuadosem a sua intervenção, os direitos e as obrigações advindas da avença inicial. 7.Verba honorária que foi corretamente fixada em consonância com o disposto noartigo 20, § 3º, do Código de Processo Civil-CPC. Apelação Cível da CEF eRecurso Adesivo dos Autores improvidos (fls. 268-269).
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – SISTEMA FINANCEIRO DEHABITAÇÃO – JULGAMENTO EXTRA PETITA – INOCORRÊNCIA – LEIS4.380/64 E 8.100/90 – COBERTURA PELO FCVS – QUITAÇÃO DE SALDODEVEDOR – POSSIBILIDADE – RESPEITO AO PRINCÍPIO DAIRRETROATIVIDADE DAS LEIS – PRECEDENTES DESTA CORTE. 1. Aplica-
se o teor da Súmula 282/STF quanto às questões não prequestionadas 2. Nãose configura como extra petita o julgado que, para examinar o pedido expresso
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na petição inicial, adentra em questões outras dele decorrentes. 3. A disposiçãocontida no art. 9º da Lei. 4.380/64 não afasta a possibilidade de quitação de umsegundo imóvel financiado pelo mutuário, situado na mesma localidade,utilizando-se os recursos do FCVS, mas apenas impõe o vencimento antecipado
de um dos financiamentos. 4. Além disso, esta Corte Superior, em casosanálogos, tem-se posicionado pela possibilidade da manutenção da cobertura doFCVS, mesmo para aqueles mutuários que adquiriram mais de um imóvel numamesma localidade, quando a celebração do contrato se deu anteriormente àvigência do art. 3º da Lei 8.100/90, em respeito ao princípio da irretroatividadedas leis. 5. A possibilidade de quitação, pelo FCVS, de saldos devedoresremanescentes de financiamentos adquiridos anteriormente a 5 de dezembro de1990 tornou-se ainda mais evidente com a edição da Lei 10.150/2000, que adeclarou expressamente. 6. Precedentes desta Corte. 7. Recurso especialconhecido em parte e, nessa parte, improvido. (REsp 839.942/PR, Rel. MinistraELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 27.02.2007, DJ 14.03.2007p. 240)
FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. UNIÃO FEDERAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA.IMÓVEL COMERCIAL FINANCIADO COMO IMÓVEL RESIDENCIAL.COBERTURA DO SALDO DEVEDOR PELO FCVS. POSSIBILIDADE. 1. AUnião Federal carece de legitimidade passiva para figurar nas ações em que sediscute o reajuste de prestação de financiamento de aquisição de casa própriaregido pelo Sistema Financeiro de Habitação. 2. Incorrendo a Caixa EconômicaFederal em erro inescusável que consiste na celebração de contrato definanciamento de imóvel comercial por meio do Sistema Financeiro deHabitação, descabe, sobretudo diante da presunção de boa-fé do mutuário, oafastamento do benefício previsto pela 8.004/90 (cobertura do saldo devedorpelo FCVS) quando da quitação do mútuo ao argumento de que o referidocontrato poderia ter por objeto apenas imóvel residencial. Precedentes. 3.Recurso especial improvido. (REsp 562.729/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIODE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 21.11.2006, DJ 06.02.2007 p.283)
11.11 - Devolução em dobro
De modo geral têm sido negados os pedidos de restituição de valores em
dobro, não incidindo o artigo 42 do CDC:
AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE ARGUMENTOS CAPAZES DEINFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. SALDO DEVEDORAMORTIZAÇÃO. TR. POSSIBILIDADE. - Não merece provimento recursocarente de argumentos capazes de desconstituir a decisão agravada. - É lícito ocritério de amortização do saldo devedor mediante a aplicação da correçãomonetária e juros para, em seguida, abater-se do débito o valor da prestaçãomensal do contrato de mútuo para aquisição de imóvel pelo SFH. - Prevista nocontrato ou ainda, pactuada a correção pelo mesmo indexador da caderneta depoupança, é possível a utilização da Taxa Referencial, como índice de
atualização do saldo devedor, em contrato de financiamento imobiliário. - Nãoincide a sanção do Art. 42, parágrafo único, do CDC, quando o encargo
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considerado indevido é objeto de controvérsia jurisprudencial e não estáconfigurada a má-fé do credor. - O saldo devedor dos contratos imobiliáriosfirmados sob as normas do Sistema Financeiro da Habitação deve ser corrigido,em abril de 1990, pelo IPC de março do mesmo ano de 1990, no percentual de
84, 32%. (AgRg no REsp 895.366/RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DEBARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 03.04.2007, DJ 07.05.2007 p. 325)
AÇÃO REVISIONAL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO - SFH. CÓDIGODE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICABILIDADE. AMORTIZAÇÃO.REAJUSTE PRÉVIO. CABIMENTO. RESTITUIÇÃO EM DOBRO. DÉBITOOBJETO DE DEMANDA. INVIABILIDADE. TABELA PRICE. CAPITALIZAÇÃO.VERIFICAÇÃO. SÚMULAS 5 E 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ANATOCISMO. VEDAÇÃO. SUSPENSÃO. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL.POSSIBILIDADE. TR. UTILIZAÇÃO. LEGALIDADE. I - A jurisprudência destaCorte já se pronunciou pela incidência das disposições do Código de Defesa doConsumidor nos contratos regidos pelo Sistema Financeiro da Habitação. II - A
prévia atualização para posterior amortização do saldo devedor não fere acomutatividade das obrigações pactuadas no ajuste. III - É incabível a dobraprevista no artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor,quando o débito tem origem em encargos cuja validade é objeto de discussão judicial. IV - Esta Corte de Justiça firmou-se no sentido de que, para se entenderpela inexistência de capitalização de juros no sistema de amortização francês dosaldo devedor (Tabela Price), ainda que se trate de amortização negativa, hánecessidade de exame de cláusulas contratuais, bem como de análise doacervo fático-probatório dos autos, o que é vedado pelas Súmulas 05 e 07 doSuperior Tribunal de Justiça. V - A discussão do débito em ação revisionalautoriza a suspensão do procedimento de execução extrajudicial previsto noDecreto-lei n.°70/66. VI - É cabível a concessão d e medida judicial para impedira inscrição do nome dos mutuários em cadastro de inadimplentes quando: a)existir ação questionando integral ou parcialmente o débito principal; b) odevedor estiver depositando o valor da parcela que entende devido; c) houverdemonstração da plausibilidade jurídica da tese invocada ou fundar-se esta em jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal;VII - Inexistente o depósito elisivo da mora, permite-se o arrolamento em listarestritiva de crédito. VIII - É firme o entendimento no sentido de se admitir autilização da TR, após o advento da Lei n.°8.177/9 1, na atualização do saldodevedor de contrato vinculado ao Sistema Financeiro da Habitação, desde quepactuado o mesmo índice aplicável à poupança. Aplicação da Súmula 295 doSupremo Tribunal Federal. Recurso dos autores não conhecido; provido,
parcialmente, o apelo do agente financeiro. (REsp 756.973/RS, Rel. MinistroCASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 27.03.2007, DJ 16.04.2007 p.185)
11.12 - Uso do FGTS no SFH
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Improcedem, no ver do Superior Tribunal de Justiça, as restrições que
têm sido opostas pela Caixa Econômica Federal ao saque do FGTS para aquisição
à vista (isto é, sem financiamento) em razão de ocorrências com o vendedor do
imóvel:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. FGTS. MOVIMENTAÇÃODO SALDO DA CONTA VINCULADA. AQUISIÇÃO DE MORADIA FORA DOSFH. ART. 20, INCISO VII, DA LEI N. 8.036/90. 1. Comprovado pelo trabalhadorque foram atendidas as condições fixadas pelo art. 20, VII, da Lei n. 8.036/90 –regramento que dispõe acerca da movimentação da conta do FGTS para aaquisição de moradia própria –, faz ele jus ao levantamento pleiteado, de formaque não cabe à Caixa Econômica Federal (CEF) impor limitação além daquelaslegalmente estabelecidas, tal qual a atinente à comprovação da idoneidadefinanceira da construtora vendedora do imóvel. 2. Recurso especial improvido.(REsp 567.017/CE, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDATURMA, julgado em 14.11.2006, DJ 19.12.2006 p. 364)
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. FGTS. MOVIMENTAÇÃODO SALDO DA CONTA VINCULADA. AQUISIÇÃO DE MORADIA FORA DOSFH. ART. 20, INCISO VII, DA LEI N.º 8.036/90. POSSIBILIDADE. 1. A alegadaafronta ao artigo 126 do Código de Processo Civil-CPC não foi devidamenteprequestionada, visto que o acórdão recorrido nada falou a respeito dodispositivo legal mencionado pela recorrente ou da matéria nele tratada.Também não foram manejados os aclaratórios com o objetivo de sanar
eventuais vícios. Incide, assim, no particular, as Súmulas 282 e 356 do STF. 2.Esta Corte firmou entendimento pela possibilidade do levantamento do saldo dascontas vinculadas do FGTS para aquisição de imóvel, ainda que este não sejafinanciado pelo Sistema Financeiro de Habitação-SFH, observados os requisitosdeste sistema. 3. Restou reconhecido pelas instâncias ordinárias que o fundistaimplementou os requisitos exigidos para o saque, quais sejam: três anos devinculação ao FGTS, ser o imóvel destinado à sua moradia e não serproprietário de outro imóvel na localidade da aquisição nem mutuário do SFH emoutro financiamento. 4. Comprovado o atendimento dessas condições, faz jus otrabalhador ao levantamento vindicado, não cabendo à CEF obstar o saque pelofundista em razão da existência de dívida da Construtora junto àquela instituiçãofinanceira. 5. Recurso especial conhecido em parte e improvido. (Segunda
Turma, REsp n. 669.321/RN, relator Ministro Castro Meira, DJ de 12.9.2005.)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIADE PREQUESTIONAMENTO. FGTS. LIBERAÇÃO DO SALDO. AQUISIÇÃO DEIMÓVEL RESIDENCIAL. REQUISITOS. 1. A falta de prequestionamento daquestão federal impede o conhecimento do recurso especial (Súmulas 282 e356/STF). 2. A Caixa Econômica Federal é parte legítima exclusiva paraintegrar o pólo passivo da ação, em que se discute a liberação dos recursospara aquisição de casa própria. 3. A Lei 8.036/90 estabeleceu que os recursosdo FGTS poderão ser liberados para a aquisição de moradia própria, contantoque a operação, realizada à margem do Sistema Financeiro de Habitação,
satisfaça as condições para financiamento por aquele Sistema, e obedeça asdemais limitações previstas no artigo 20, inciso VII, do referido diploma legal,mormente quanto à comprovação de no mínimo três anos de trabalho sob o
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regime do FGTS. 4. Comprovado o atendimento dessas condições, faz jus otrabalhador ao levantamento vindicado, não cabendo à CEF impor limitaçãoalém daquelas legalmente estabelecidas, inclusive quanto à demonstração daidoneidade financeira da construtora vendedora do imóvel. 5. Recurso especial
parcialmente conhecido e desprovido. (Primeira Turma, REsp 567.550/CE,relator Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 24.5.2004).
Já o TRF da 4ª. Região tem autorizado o saque e uso do FGTS inclusive
para quitação de encargos em atraso:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. FGTS. LEVANTAMENTO PARA PAGAMENTODE PRESTAÇÕES. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE IMÓVEL À
MARGEM DO SFH. 1. A legislação regulamentadora do FGTS admite autilização dos depósitos para quitação de financiamento de imóvel, mesmo àmargem do SFH, desde que preenchidos os requisitos do art. 20, VII da Lei nº8.036/90. 2. O valor a ser levantado pode não ser suficiente para satisfazer aintegralidade das parcelas em atraso. Basta que ele auxilie no propósito deregularização da situação financeira do contrato, podendo o mutuário concorrercom recursos próprios para a eliminação da dívida e, conseqüentemente,purgação da mora. (TRF4, AG 2006.04.00.027774-7, Terceira Turma, RelatorLuiz Carlos de Castro Lugon, publicado em 29/11/2006)
ADMINISTRATIVO. FGTS. LEVANTAMENTO PARA PAGAMENTO DE
PRESTAÇÕES EM ATRASO DO SFH. REQUISITOS DO ART. 20, V DA LEI8.036/90. 1. As Leis 5.107/66 e 8.036/90 permitem a utilização do FGTS parapagamento de prestações em atraso do financiamento do SFH. 2. O item VI, daResolução 5, do Conselho Curador do FGTS, que cria obrigação ao mutuário deestar adimplente com as prestações do SFH para obter o benefício do saque daconta vinculada, é norma contra legem, que não encontra respaldo nas Leis5.107/66 e 8.036/90. 3. O art. 20, § 2º, da Lei 8.036/90, que conferiu aoConselho Curador atribuição de disciplinar a hipótese do inciso V, do mesmoartigo, criou, ao mesmo tempo, duas diretrizes a serem observadas peloConselho, de beneficiamento dos trabalhadores de baixa renda e depreservação do equilíbrio financeiro do FGTS, sendo que nenhuma delas secoaduna com a obrigação prevista na citada resolução. Precedente: STJ, REsp
632.474/RJ. 4. Agravo improvido. (TRF4, AC 2002.71.00.015006-0, TerceiraTurma, Relator Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, publicado em04/10/2006)
11.13 - Transferência sem anuência
Concorda-se no Superior Tribunal de Justiça sobre a necessidade de
anuência do Agente Financeiro para transferências de dívidas do SFH:
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SFH. MUTUÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE FINANCIAMENTO. INTERVENÇÃODO AGENTE FINANCEIRO. - Para a transferência de imóvel financiado pelo
Sistema Financeiro da Habitação, é obrigatória a intervenção do agentefinanceiro. (AgRg no Ag 776.609/RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DEBARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 03.04.2007, DJ 07.05.2007 p. 317)
SFH. TRANSFERÊNCIA DO FINANCIAMENTO. ANUÊNCIA DO AGENTEFINANCEIRO. - É necessária a anuência do agente financeiro para atransferência do financiamento ao novo adquirente. (AgRg no REsp 729.853/DF,Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgadoem 01.03.2007, DJ 19.03.2007 p. 326)
11.14 - Seguros
Quanto aos seguros o Tribunal Regional da 4ª. Região tem o
entendimento predominante da impossibilidade de sua revisão:
(...)- SEGURO HABITACIONAL. VALOR DE MERCADO. O valor e as condiçõesdo seguro habitacional são previstos no contrato, de acordo com as normaseditadas pela Superintendência de Seguros Privados - SUSEP -, mas limitados àvariação salarial do mutuário, não se encontrando atrelados aos valores demercado. (...) (TRF4, AC 2002.72.00.001710-6, Terceira Turma, Relator LuizCarlos de Castro Lugon, publicado em 25/04/2007)
(...) 4. Mantida a cobrança do seguro conforme contratado, por inerente ao SFH,não havendo falar em excessividade do valor cobrado, haja vista tratar-se deespécie sui generis, sem similar no mercado. (...) (TRF4, AC2003.71.10.008559-8, Quarta Turma, Relator Marga Inge Barth Tessler,publicado em 02/04/2007)
(...) Nos contratos vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação o prêmio deseguro tem previsão legal e é regulado pela SUSEP, devendo ser mantida acobrança, quando não há prova do excesso alegado. Inexistindo prova de que o
agente financeiro tenha descumprido os parâmetros legais, não há que se falarem excesso na cobrança do prêmio de seguro. Por outro lado, o prêmio deseguro dos contratos vinculados ao SFH são fixados pela legislação pertinente àmatéria, sendo impertinente a comparação com valores de mercado.(...) (TRF4,AC 2004.72.01.003055-4, Terceira Turma, Relator Vânia Hack de Almeida,publicado em 28/03/2007)
11.15 - Rito executório do Decreto-Lei 70/66
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Muito embora a corrente majoritária do STJ seja no sentido da legalidade
do rito instituído por esse Decreto, há um interessante acórdão no âmbito do TRF da
3ª. Região pugnando pela sua ilegalidade:
PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL -PES. PROVA TÉCNICA. AUSÊNCIA. TAXA REFERÊNCIALINAPLICABILIDADE. PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL.DECRETO-LEI N.º 70/66. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERALDE 1988. IMPOSSIBILIDADE. IRREGULARIDADE. AUSÊNCIA DENOTIFICAÇÃO PESSOAL. CDC. INCIDÊNCIA. (...) - O Decreto-lei nº 70, de21.11.66, regula, entre outras matérias, a execução extrajudicial de dívidaproveniente de contrato de empréstimo com garantia hipotecária. - Referidodecreto-lei não foi apreciado pelo Congresso Nacional e é considerado rejeitado,conforme artigo 25, § 1º, incisos I e II, do ADCT. Logo, perdeu sua validade enão pode ser aplicado. - Os artigos 31 a 38 do Decreto-lei nº 70/66 tratam dorito que é seguido para a satisfação da dívida garantida com hipoteca do imóvel.Não pago o débito, culmina com a alienação do imóvel por meio de leilãopúblico. É o agente fiduciário quem conduz todo o procedimento, porprovocação do credor e notificação ao devedor. Verifica-se que se tem umaexecução forçada que nada mais é do que o exercício de jurisdição. - O Códigode Processo Civil (Lei nº 5869, de 11.01.73) revogou o Decreto-lei nº 70/66, noque tange à execução coativa extrajudicial. Logo em seu artigo 1º é estabelecidoque a jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida por juízes e segundosuas disposições. Tanto o processo de conhecimento, como o de execução e ocautelar são dirigidos por magistrados integrantes do Poder Judiciário. Segue-
se, em princípio, que não podem realizá-los aqueles não investidos de tal tarefaestatal, sobretudo particulares. - É a Constituição Federal que estabelece quempode exercer a jurisdição, seja pelo Poder Judiciário ou outro Poder, bem comopor agentes públicos ou, excepcionalmente, particulares. O artigo 98, inciso I, daCarta Magna prevê juizados especiais de que participem juízes leigos. Porém,integram o próprio Judiciário. A execução forçada extrajudicial não está previstana Carta Magna e o legislador ordinário não poderia autorizá-la. - O exercício de jurisdição executiva por particulares, além de não haver permissivoconstitucional, é incompatível com o artigo 5º, inciso LIV, do texto maior. Porresultar na perda da propriedade, deve observar o devido processo legal, quepressupõe um juiz natural, o que os ditames do Decreto-lei nº 70/66 ofendem. -Todo processo executivo é judicial e tem por base um título executivo judicial ou
extrajudicial (Livro II do CPC, artigo 576 e artigo 583 do CPC). O contrato dehipoteca é título executivo extrajudicial (artigo 585, III, CPC). - A previsãocontratual de execução extrajudicial não prevalece sobre a garantia do devidoprocesso legal e o monopólio estatal da jurisdição. A ninguém é dada aliberdade de contratar que viole direitos ou garantias fundamentais ou usurpecompetência de um dos poderes da República. Também é certo que o prazodecorrido da assinatura de um contrato não impede que uma das partes aponte-lhe defeitos ou invalidade, salvo decadência ou prescrição. - O artigo 585, § 1º,do C.P.C., quando diz não obstruir a execução qualquer ação relativa ao débitoconstante do título executivo, pressupõe execução judicial, porque é normainserta no Livro II, Capítulo III, que cuida do processo de execução. - Não seafigura correto, outrossim, justificar-se a execução extrajudicial do Decreto-lei nº70/66 com a alienação fiduciária de coisa imóvel da Lei nº 9514, de 20.11.97.Nesta, o devedor ou fiduciante, como garantia, contrata a transferência ao
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credor ou fiduciário da propriedade resolúvel da coisa imóvel (art. 22), ao passoque, naquela, o mútuo é garantido por imóvel do devedor, que mantém a plenae integral propriedade do bem (art. 1419, CC e art. 755, CC rev.). Com opagamento da dívida, a propriedade fiduciária do imóvel resolve-se, assim como,
vencida e não paga, consolida-se a propriedade do imóvel em nome dofiduciário. Com a hipoteca nada disso ocorre, pois, vencida e não paga a dívida,a propriedade continua com o devedor até ser vendida em hasta pública. Oproprietário fiduciário promove a venda, judicial ou extrajudicialmente, de bemseu, mas o credor hipotecário busca satisfazer crédito com imóvel alheio. Emconseqüência, o regime de satisfação da obrigação tem de ser diverso.- É bem de ver que o devido processo legal não restará atendido numaexecução que tem caráter administrativo. O juiz deve presidir todo o conjunto deatos que culminam com a retirada da propriedade do devedor hipotecário, a fimde assegurar-lhe o contraditório, ampla defesa, decisão fundamentada erecursos inerentes. O controle judicial a posteriori de eventuais lesões a direitonão realiza a garantia constitucional. - Quanto à jurisprudência existente a
respeito no Superior Tribunal de Justiça (RESP 49.771-RJ), porque suacompetência em matéria de recurso especial não excede a interpretação de leifederal (art. 105, III, a, b, c, CF), não se presta como precedente de matériaconstitucional. Suas decisões, em princípio, se limitam à exegese do DL 70/66.- Concernentemente ao Supremo Tribunal Federal, há jurisprudência (RE223.071-DF/ 1ª Turma) no sentido de constitucionalidade do DL 70/66, porémfica evidente que houve uma transposição de argumentos que eram utilizadosem face da Constituição de 1967/EC nº 1/69, o que não se compatibiliza com aordem constitucional de 1998, mais explícita e rigorosa para os direitos egarantias fundamentais. Ademais, a 2ª Turma do Excelso Pretório (AGRG no REnº 250.545-5), num primeiro momento, houve por bem afetar ao Plenário o julgamento da questão, contudo depois recuou, porque, nos autos, o que sediscutia era o descabimento de recurso extraordinário pelas alíneas "a" ou "b" doinciso III do artigo 102 da Constituição Federal nos casos de norma anterior àCarta de 1988, uma vez que recepção ou não de lei pela Constituição de 1988não se confunde com inconstitucionalidade. - Ressalte-se que, in casu, adocumentação acostada pelos recorrentes comprova que o imóvel foiadjudicado pelo procedimento de execução extrajudicial em 30/12/1998, o que,de acordo com a fundamentação anteriormente explicitada, não se admite. -Recentemente, o Supremo Tribunal Federal, decidiu, no âmbito de açãodeclaratória de inconstitucionalidade (ADI nº 2591), que as relações de consumode natureza bancária ou financeira devem ser protegidas pelo Código de Defesado Consumidor (Lei nº 8.078/91). Em conseqüência, as relações contratuais de
mútuo para financiamento de imóvel pelo Sistema Financeiro da Habitação sesubmetem às normas dessa lei, como, aliás, há muito também já vinhaentendendo o STJ, que editou a Súmula 297 nesse sentido - A execuçãoextrajudicial fundada no Decreto-lei 70/66 é incompatível com a legislaçãoprotetora dos consumidores. O inciso IV do artigo 6º do CDC estabelece aproteção contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento deprodutos ou serviços. Nota-se que a previsão contratual de execuçãoextrajudicial do bem imóvel cria vantagem exagerada ao agente financeiro e, emcontrapartida, enorme desvantagem ao consumidor mutuário, porquanto alémde ofender a natureza social do contrato de mútuo para o financiamento deimóvel, que visa ao acesso de todos à moradia (art.6º, "caput", da CF/88), violaprincípios fundamentais ao ordenamento jurídico a que pertence, que não
permite a perda da propriedade sem a observância do devido processo legal.Não se pode olvidar, também, que se afigura razoável o atraso no pagamento
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das prestações implicar execução judicial hipotecária do bem dado em garantia,à vista da observância da ampla defesa e do contraditório aos litigantes, o quenão ocorre no caso da execução forçada extrajudicial do imóvel, pois não éconferida ao devedor oportunidade de defesa, senão a de pagar o débito e todos
os encargos, sob pena de perder o imóvel em leilão público, o que configuraimposição de excessiva onerosidade ao consumidor, inadmitida segundo osdispositivos acima transcritos. -De outro lado, a Lei nº 8.078/91 assegura aoconsumidor o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, a fim de prevenirou reparar danos patrimoniais ou morais, individuais ou não. O acesso doconsumidor mutuário ao judiciário é, portanto, verdadeiro princípio, reforçado noartigo 51, inciso VII, que estabelece, a nulidade absoluta de cláusula contratualque determine a utilização compulsória de arbitragem. Evidente que seu sentidoé o de impedir a estipulação de qualquer cláusula contratual que subtraia doPoder Judiciário questões atinentes às relações de consumo. Dessa forma, àvista de o mútuo para aquisição de imóvel, no âmbito do SFH, ser uma relaçãodessa natureza, não é lícita a contratação de cláusula que autorize execução
extrajudicial, pois produz idêntico efeito da anteriormente mencionada. Ademais,o artigo 42 do CDC impede, na cobrança de débitos, a submissão doconsumidor a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça, o que tornainadmissível o procedimento de execução extrajudicial fundado no Decreto-lei70/66, que determina a expedição de notificações aos mutuários para quepaguem o valor devido, sob pena de ter o imóvel arrematado ou adjudicado emleilões extrajudiciais. Tal ato configura evidente ameaça e constrangimento aoconsumidor, o que não se admite. - Portanto, verifica-se que a cláusulapermissiva do procedimento de execução extrajudicial em contrato de mútuopara o financiamento de imóvel pelo SFH é abusiva e, assim, deve ser declaradanula de pleno direito, nos termos dos dispositivos do Código de Defesa doConsumidor anteriormente explicitados. - Por fim, mesmo que não se admitaesse entendimento, verifica-se que houve irregularidade no procedimento deexecução extrajudicial, à vista da não efetivação da notificação pessoal domutuário, com oportunidade para purgação da mora, "ex vi" do §1º do artigo 31do Decreto-lei 70/66 - Por fim, constata-se que, mesmo conhecedora doendereço dos mutuários, a CEF promoveu a publicação de editais com as datasdos leilões extrajudiciais, hipótese para o caso de o mutuário se encontrar emlocal incerto e não sabido devidamente atestado pelo oficial do cartório de títulose documentos. Conquanto o tenha realizado, o fez em jornal de pequenacirculação, o que também viola os preceitos do decreto-lei anteriormenteexplicitado (artigo 31, §2º, DL.70/66) e acentua a flagrante irregularidadeocorrida no procedimento de execução extrajudicial do imóvel. - Recurso
provido. Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃOCIVEL - 660756 Processo: 1999.61.00.046276-4 UF:SP Órgão Julgador:QUINTA TURMA Data da Decisão: 07/08/2006 Documento: TRF300105485DJU DATA:05/09/2006 PÁGINA: 340 Rel: JUIZ ANDRE NABARRETE
No mesmo sentido:
APELAÇÃO CIVEL – 751548, TRIBUNAL REG DA TERCEIRA REGIÃOProcesso: 2000.61.00.005459-9 UF:SP Órgão Julgador: QUINTA TURMA Datada Decisão: 16/10/2006 Documento: TRF300109011 DJU DATA:28/11/2006PÁGINA: 349.