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Semiologia Médica
I. Avaliação Geral
A avaliação geral é uma inspeção subjetiva baseada em um conjunto de
dados exibidos pelo doente e interpretados de acordo com a experiência de
cada médico. É o que aparenta o doente. Pode ser bom, regular ou ruim e é
importante para se ter uma ideia de o quanto a doença atingiu o organismo. Na
inspeção inicial já é possível notar, entre outros sinais, exoftalmia, enoftalmia,
ginecomastia, alterações da tireóide, dos linfonodos, da simetria corpórea, do
esqueleto e dos pés. É de extrema importância perceber alterações mentais,
de postura, a atitude, as fácies e o biotipo, Outras avaliações importantes são
as do peso, febre (axilar: 35,5 a 37; bucal: 36 a 37,5; retal: 36 a 37,5) e pressão
arterial.
II. Pele, mucosas e fâneros (unhas e pelos)
A Semiologia cutânea pode fornecer subsídios importantes para o
diagnóstico de doenças sistêmicas. Faz parte do exame a inspeção do
tegumento cutâneo incluindo mucosas, cabelos, unhas, linfonodos e nervos
periféricos. A avaliação primária da pele consiste na palpação a fim de se
averiguar a temperatura, sensibilidade e elasticidade. Em caso de lesão, deve-
se observar as características morfológicas (alterações da cor de pele;
formações sólidas; coleções líquidas; alterações de espessuras; perdas
teciduais), sua distribuição no tegumento e forma de apresentação (anular,
circinada, discoide, geográfica, girata, gotada, lenticular, linear, miliar, entre
outras), sua distribuição em relação às outras lesões (localizadas,
generalizadas ou universais). É importante perceber a fotossensibilidade do
paciente, isto é, se ele apresente algum tipo de lesão, aguda ou crônica, em
decorrência da exposição ao sol ou de causa farmacogênica.
Com relação aos pelos, é possível separá-los em dois tipos, velus e
terminal, sendo o primeiro mais delicado, fino, macio e curto e, o segundo, mais
grosso e longo. As alterações mais comuns de pelo são hipertricose,
hirsutismo, alopecia e pelos em tonsura. Nas unhas existem diversos tipos de
alterações geralmente relacionadas à mudanças na espessura, formato,
pigmentação, opacidade e resistência, tais como onicólise, onicogrifose,
hiperceratose subungueal, estrias longitudinais, melanoníquia estriada, entre
outras.
III. Dor
Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável relacionada à
lesão tissular, ou descrita em tais termos. Diversos fatores psicológicos e
constitucionais alteram o limiar e a tolerância à dor. Sua semiologia deve
abordar localização, irradiação, qualidade ou caráter (evocada, alodínia,
hiperpatia, hiperalgesia, espontânea, constante, intermitente), intensidade,
duração, eevolução (ritimicidade e periodicidade), relação com funções
orgânicas (respiração, tosse, jejum, alimentos), fatores agravantes, fatores
atenuantes e manifestações associadas;
IV. Olhos
O roteiro do exame dos olhos inicia-se com a anamnese, inspeção geral
dos olhos, verificação da acuidade visual e do campo visual, exame do
segmento anterior do olho, órgãos lacrimais, exame da câmara anterior, e a
tonometria bidigital. Durante a anamnese é importante investigar se há queixa
de dor, secreção anômala e vermelhidão (Hiperemias conjuntival, ciliar, mista;
Congestão cutânea palpebral). Na inspeção geral deve-se observar as
pálpebras (invertida ou evertida), a fenda palpebral (simetria), os globos
oculares (exoftalmia, enoftalmia, desvios e movimentos involuntários), as
conjuntivas (cor e secreções), as pupilas (forma, localização, tamanho –
midríase, miose e anisocoria – e reflexos), a esclerótica, a córnea e o cristalino
(cor, opacidade, espessura) e o movimento ocular. Os exames posteriores,
citados no início do parágrafo necessitam de aparatos específicos tais como
colírios, oftalmoscópio, lanterna, oclusor, lente biconvexa, entre outros.
V. Relação Médico Paciente
Uma consulta é um encontro habitual em que diversos fatores emocionais
estão envolvidos sendo, por isso, uma relação dialética entre o doente e aquele
que oferece ajuda. Para que o médico compreenda o paciente se faz
necessário primeiro que haja o reconhecimento dos mecanismos
psicodinâmicos envolvidos nesse processo. Os princípios bioéticos que regem
a relação médico-paciente são a autonomia, a beneficência, a não-
maleficência, o sigilo e a justiça. Respeito pela autonomia do paciente como
ser humano e cidadão é, hoje, núcleo central do relacionamento médico
paciente.
O método clínico centrado na pessoa é a melhor estratégia para se tratar
integralmente o paciente. Isso porque explora tanto a doença quanto o
processo de adoecimento da pessoa, preocupando-se com algo mais do que a
cura, a recuperação da plena potência do indivíduo. Somado a isso, o método
clínico centro na pessoa, ainda, preza pela condução da doença em comum
acordo com o paciente, em que ambos, ele e o médico, discutem o melhor
caminho a ser traçado. Por fim, esse modelo intensifica a relação médico-
paciente potencializando a capacidade de acerto de diagnóstico e escolha de
tratamento eficaz.
VI. Endócrino
Nas doenças tireoidianas a anamnese bem conduzida e o exame físico bem
feito propiciam um elevado índice de precisão diagnóstica de alterações. Na
anamnese é importante indagar sobre mudanças de peso, padrão de
sensibilidade à temperatura ambiente, sensação de fraqueza, tolerância a
esforços, alterações do estado psicológico e de animo, apetite, sono,
frequência e ritmo cardíacos, da voz, da pele, da respiração e da deglutição.
Além de alterações oculares (exoftalmia) e da forma da tireoide. As principais
doenças diagnosticadas são: hipertireoidismo, tireoidites aguda e subaguda.
Outra doença importante do sistema endócrino é a diabetes mellitus.
Geralemnte é diagnostica pelo exame de glicemia de jejum associado ao teste
de tolerância oral à glicose. Os principais sintomas queixados pelos pacientes
são poliúria, polifagia, polidipsia e perda ponderal.
VII. Hematológico
Existem três tipos de hemopatias: primária (Distúrbios das séries
hemopoiéticas ou de hemostasiae coagulação), secundária (lesão não é nos
órgãos hemopoiéticos ou nas células sanguíneas) e relativas. Dessa forma, a
abordagem geral deve considerar forma de início, sintomas associados, ritmo,
fatores de alívio ou agravo, situações de exposição: Física, química e
Comorbidades. As doenças mais comuns são: anemias, policitemias,
sindromes hemorrágicas, trombofilias, leucocitose e sindromes infiltrativas
como a dor óssea. Durante o exame físico é importante avaliar os sinais vitais,
a presença ou ausencia de palidez, edema, ulceras nos membros, eritrodermia,
cianose, petéquias, esquimose e hematomas.
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