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S O L U S :
UMA L E I T URA DA C I DA DE
So Lus2006
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Esprito Santo, Jos Marcelo (Org.). So Lus: uma leiturada cidade. Prefeitura de So Lus / Instituto de Pesquisa ePlanificao da Cidade. So Lus: Instituto da Cidade, 2006.
94 p.
So Lus. Plano Diretor. Leitura Tcnica. Diagnstico.
TADEU PALCIOPrefeito
SANDRA TORRESVice-Prefeita
JOS CURSINO RAPOSO MOREIRASecretrio Municipal de Planejamento e Desenvolvimento
JOS MARCELO DO ESPRITO SANTOPresidente do Instituto de Pesquisa e Planificao da Cidade
2006. Prefeitura de So LusInstituto de Pesquisa e Planificao da Cidade
RAIMUNDA N. FORTES C. NETAProjeto Grfico e Editorao
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PALAVRA DO PREFEITO
Tadeu PalcioPrefeito
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1 REA E SITUA O GEOGR FICA .............................................................................................10
2 CARACTERSTICAS ATUAIS DO MEIO FSICO-BITICO E UNIDADES DE PAISAGEM ..........122.1 Clima........................................................................................................................................122.2 Geologia / Recursos Minerais ......................................................................................................122.3 Geomorfologia .......................................................................................................................... 122.4 Solos e Aptido Agrcola............................................................................................................. 14
2.5 Uso Atual dos Solos ...................................................................................................................16
2.6 Recursos Hdricos Superficiais e Hidrogeologia ............................................................................. 184.7 Cobertura Vegetal...................................................................................................................... 222.8 Complexo Estuarino................................................................................................................... 26
3 D ISTRIBUIO DA POPULAO .............................................................................................. 28
3.1 Densidade Demogrfica ............................................................................................................. 283.2 Crescimento Populacional...........................................................................................................303.3 Diversificao dos Setores Econmicos ........................................................................................32
3.4 Emprego...................................................................................................................................34
3.5 Renda....................................................................................................................................... 343.6 Educao ..................................................................................................................................36
4 DOMICLIOS ............................................................................................................................. 40
4.1 Abastecimento de gua.............................................................................................................. 44
4.2 Esgotamento Sanitrio...............................................................................................................48
4.3 Coleta de Lixo ........................................................................................................................... 52
5 MOBILIDADE URBANA ............................................................................................................. 56
5.1 Infra-estrutura Urbana, Equipamentos Sociais e Servios Urbanos ................................................. 60
6 FORMAO HISTRICA E O PROCESSO ATUAL DE DESENVOLVIMENTO DA CIDADE ..........62
6.1 A Proteo Patrimonial do Centro Histrico ..................................................................................70
6.2 O Acervo Preservado .................................................................................................................726.3 Planos Diretores e Expanso da Cidade .......................................................................................76
7 SO LUS NO SCULO X XI .......................................................................................................88
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 92
SUMRIO
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8 SO LU S: UMA LEI TURA DA CI DADE
INTRODUO
Ao Poder Pblico Municipal cabe discutir e reavaliar o ti po dedesenvolvimento desejado pela sociedade e construir um sistema de
planejamento mais adequado realidade que a cidade enfrenta,considerando que a discusso sobre os instrumento s de planejamentodisponveis uma oportunidade de construi r um pacto local que, paraalm da prospectiva econmica e social, indique tambm as opesurbansticas e as bases de um novo modelo de desenvolvimento paraSo Lus: o Desenvolvimento Urbano Sustentvel.
A par tir desta pr emissa geral o Prefeito de So Luis, TadeuPalcio, atravs da Secretaria Municipal de Planejamento eDesenvolvimento, dos Eixos Macropolticos de Desenvolvimento -
Ambien tal e Urbano Susten tvel / Humano , Social e EconmicoSustentvel / Institucional e do Instituto de Pesquisa e Planificaoda Cidade (Instituto da Cidade), vem propor o processo de Revisoda Legislao Urbanstica de So Lus.
O PLANEJAMENTO URBANO PARTICIPATIVO
As transformaes urbanas e as rpidas mudanas s ociais aolongo da segunda metade do sculo 20 questionaram de forma pro-funda os mtodos e os processos de planejamento do desenvolvimentonas grandes metrpoles e nas cidades brasileiras de mdio porte.
Em So Lus, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integradofoielaborado e aprovado na dcada de 70 para orientar o crescimentofsico decorrente da implantao de grandes plantas industriais e deredes de infra-estrutura - principalmente em sistema virio ehabitao financiada por programas do governo federal.
A desatualizao do Plano quanto realidade dos movimentoseconmicos e imobilirios na cidade levou, nos anos 90, a umliberalismo desregulamentador que, na prtica, se traduziu num choqueentre a legislao em vigor e a realidade urbana. O prprio PoderPblico Municipal acabou por constatar as dificuldades a que So Lusvinha sendo submetida em matria de investimentos pblicos quesuportassem as transformaes em curso no seu territrio.
a partir deste contexto que se deve entender a aprovao,
em 1992, do novo Plano Diretor de So Lus e suas LeisComplementares, e a preparao de um conjunto de projetos, deincidncia local, com impactos sobre a capital, incluindo a criao doInstituto de Pesquisa e Planejamento do Municpio (IPLAM), comoreflexo da preocupao municipal com a estruturao de um processode planejamento e gesto urbana.
Desde janeiro de 1993, quando esta legislao passa a vigorar,o IPLAM dedica-se ao acompanhamento sistemtico da sua aplicao,identificando problemas tcnicos e operacionais, alm de acompanhara aplicao dos ndices e normalizaes referentes expanso ur-bana e construtiva na cidade.
Este acompanhamento da aplicao dos dispositivos legais feito em parceria com outros rgos da administrao municipal e deoutras esferas do poder pblico como a Secretaria Municipal de Terras,
Habitao, Urbanismo e Fiscalizao Urbana (SEMTHURB), SecretariaMunicipal de Transportes Urbanos (SEMTUR), Departamento doPatrimnio Histrico, Artstico e Paisagstico do Maranho (DPHAP),Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN).
Os problemas na legislao urbanstica podem dificultar, oumesmo, sob certas condies, paralisar os investimentos no setor daconstruo civil. A numerosa quantidade de obras de pequeno porte,intervenes e pequenos servios de construo e reforma, feitos revelia ou com o total desconhecimento da lei, tambm refletem ainadequao destes instrumentos legais s necessidades da sociedadelocal, criando embaraos, conflitos e o total isolamento na relaoentre o cidado e a municipalidade.
Acrescente-se a est e panorama as condies his tricas mui toparticulares da cidade e, especialmente, dos instrumentos e estruturasmunicipais, que conduziram a uma articulao prpria e especficaentre os diferentes Planos de Governo (com claros objetivos scio-econmicos) e o Plano Diretor Municipal (muito mais urbanstico e dedesenvolvimento fsico da cidade), muitas vezes completamentedissociados.
A Prefeitura reconhece , portanto, a n ecessidade de propormudanas nos dispositivos legais, medidas complementares atual
legislao e, ainda, novos instrumentos de planejamento urbano quepossibilitem intervenes na cidade capazes de redirecionar eredimensionar o desenvolvimento urbanstico de So Lus, a partir denovas premissas para seu crescimento scio-econmico.
O processo de articulao e operacionalizao da reviso dalegislao urbanstica data de setembro de 2003, quando o PrefeitoTadeu Palcio instalou uma Comisso Tcnica para a Reviso daLegislao Urbanstica da Cidade de So Lus. Na ocasio discutiu-sea abrangncia do trabalho, as atribuies dos membros da Comissoe a possibilidade de regulamentao e operacionalizao de todos osinstrumentos de planejamento disponibilizados pelo Estatuto dasCidades. Neste primeiro momento, a atuao da prefeitura foi orientadaa partir de trs reunies pblicas sobre o assunto, realizadas emoutubro daquele ano.
A primeira r eunio pblica teve por o bjetivo apresentar umaproposta de metodologia de trabalho, pelo IPLAM. Na reunio, aPromotoria de Proteo ao Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimnio
Cultural de So Lus e o curso de Arquitetura e Urbanismo da UEMAderam contribuies a respeito do perfil da reviso do Plano Diretor.Na segunda reunio ocorreu a discusso sobre as questes
ambientais, em particular sobre as reas a ocupar e preservar, deforma a identificar as reas de preservao permanente e as zonasedificantes. A Secretaria Municipal de Terras, Habitao, Urbanismo eFiscalizao Urbana proferiu a palestra Contribuies do Plano Mu-nicipal da Paisagem para a Reviso da Lei de Zoneamento.
A terceira reunio pblica teve como tema O Zoneamento e osndices Urbansticos de So Lus que norteou as apresentaes doIPLAM e do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEMA.
Visando a melhor integrao das aes e esforos municipais eem sintonia com o observado na maioria das capitais brasileiras, a Lein. 4.497, de 08 de julho de 2005, instituiu a Secretaria Municipal de
Planejamento e Desenvolvimento (SEPLAN) como o rgo central dosSistemas de Planejamento de So Lus, do comando da ExecuoOramentria e da coordenao dos sistemas de gerao de trabalho,renda e produo econmica da administrao municipal. A estaSEPLAN cabe:
Assessorar o prefeito no direcionamento poltico comum, naintegrao, na articulao, na coordenao e na garantia dacontinuidade do processo de desenvolvimento local, em consonnciacom os planos de desenvolvimento estadual, regional e nacional;
Coordenar o planejamento governamental e estratgico dacidade, a implementao da polti ca de gerao de emprego, trabalho,renda e desenvolvimento da produo, formulando estratgias dedesenvolvimento local; e
Promover a integrao das macropolticas e do processo deplanejamento governamental; o aprimoramento da qualidade epromoo da excelncia na gesto municipal, alm do contnuoaperfeioamento do quadro de recursos humanos da administrao.
A estrutura da SEPLAN conta com trs Assessori as d e EixoMacropoltico: de Desenvolvimento Institucional, de DesenvolvimentoHumano, Social e Econmico Sustentvel, e de Desenvolvimento
Ambiental e Ur bano Sustentvel, responsveis pela art iculao das
aes das secretarias e rgos municipais afins.A SEPLAN fica ram vincu lados o IPLAM, renom eado como
Instituto de Pesquisa e Planificao da Cidade (Instituto da Cidade) ea Fundao Municipal do Patrimnio Histrico (FUMPH), que substituiua antiga Coordenao de Patrimnio Histrico (FUNC).
Eleito na Conferncia Municipal da Cidade, em julho de 2005, oConselho da Cidade de So Lus foi institucionalizado pelo prefeitoTadeu Palcio em 29 de maio deste ano, como instrumento departicipao popular no sistema municipal de gesto e planejamentourbano. Com 31 membros da sociedade civil e do poder pblico, oConselho tem a misso de propor e discutir diretrizes para a formulaoe implementao da poltica de desenvolvimento urbano e rural, almde acompanhar e avaliar a sua execuo, conforme dispe a Lei n.10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade) e correlatas,com participao autnoma e organizada de todos os seus integrantes,em conformidade com os trabalhos do Conselho Estadual das Cidadese do Conselho Nacional das Cidades, de mesma finalidade.
O monitoramento dos problemas e solues presentes no PlanoDiretor de So Lus e na Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso eOcupao do Solo Urbano, no perodo 2004 2005, e a Leitura Tcnicaa que se tem dedicado o Instituto da Ci dade indicam que a reviso dalegislao urbanstica de So Lus deve integrar, para alm das opesurbansticas e das bases do novo modelo de desenvolvimento urbanopara a capital maranhense, a prospectiva econmica e socialsobre a cidade.
O Plano Diretor deve compatibilizar crescimento econmico coma melhoria da qualidade de vida urbana atravs do acesso moradiadigna e aos bens e servios pblicos, da preservao do meio ambiente,da mobilidade urbana e da revitalizao dos espaos de convivnciasocial, na perspectiva do desenvolvimento sustentvel e da ampliaodo direito cidade.
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Desta forma o planejamento se constituiria num frum denegociao entre os interesses locais e os processos gerais detransformao e desenvolvimento urbano, nem sempre equilibrado.Neste sentido, a reorganizao da ordem urbanstica local atravs daReviso da Legislao Urbana significa construir um pacto territorialque oriente o desenvolvimento para a superao da injustia social,diminuindo as desigualdades de oportunidades de acesso aos meiospara a satisfao de necessidades individuais e coletivas, comotrabalho, espaos pblicos qualificados e transporte, entre outros.
Considerando todas as mudanas e tendncias da dinmica dacidade e a necessidade de orientar e monitorar este desenvolvimentoatravs de uma legislao urbanstica adequada s novasoportunidades e desafios que a cidade enfrenta, e considerando quea atual Legislao Urbanstica Municipal, em particular o Plano Diret or,a Lei de Zoneamento, Parcelamento, Uso e Ocupao do Solo Urbano,a Lei de Operaes Urbanas e a Lei das Zonas de Interesse Social,est em vigncia desde janeiro de 1993 e, ainda, tendo em vista oprazo legal estipulado pela Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001 (oEstatuto das Cidades), cabe a Prefeitura de So Lus coordenar aatuao dos atores municipais na organizao do processo de revisodeste conjunto de Legislao Urbanstica.
A proposta de r eviso da legislao urbanstica de So Luspretende, portanto, proporcionar a atualizao e adequao dalegislao em vigor com a realidade dinmica de crescimento etransformao da cidade, atravs da construo de referenciaissimblicos, de clima social e da vontade de estabelecer consensos emdiversos campos ou em aes no mbito estratgico.
PLANO DIRETOR: Aspectos conceituais
O Estatuto das Cidades, Lei Federal n 10.257, de 10 de julhode 2001, regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituio Federale estabeleceu parmetros e diretrizes da poltica urbana no Brasil,oferecendo aos municpios instrumentos que lhes permitem intervirnos processos de planejamento e gesto urbana e territorial em direo garantia de realizao do direito cidade a todos os cidados.
Para realizao desses processos o Estatuto das Cidadesestabeleceu o Plano Diretorcomo instrumento essencial para a poltica
de desenvolvimento e ordenamento da expanso urbana do municpio.O Estatuto, em seu artigo 40, deixou claro que o Plano Diretor parteintegrante do processo de planejamento municipal, devendo o PlanoPlurianual (PPA), as diretrizes oramentrias (LDO) e o oramentoanual (LOA) incorporar os princpios e as prioridades nele contidas.
Entre as leis complementares ao Plano Diretor podemosrelacionar a Lei do Permetro Urbano, a Lei de Parcelamento do Solo,a Lei de Uso e Ocupao do Solo, a Lei do Sistema Virio, o CdigoMunicipal de Obras, o Cdigo Municipal de Posturas, o Cdigo Munici-pal de Meio Ambiente e o Cdigo Sanitrio Municipal.
O Plano Diretor define as funes sociais da cidade, organizaos espaos habitveis e pode proporcionar melhores condies aoexerccio da cidadania pela sua populao. Portanto, a elaborao ou
a reviso do Plano Diretor e suas leis complementares deve constituirum processo alicerado em estratgias de trabalho participativo,envolvendo governo e sociedade. Por outro lado, a complexidadetcnica que apresenta requer a colaborao multidisciplinar, deprofissionais habilitados em diferentes reas, bem como da atuaode equipes especializadas na elaborao dos seus elementos eprodutos, sempre tendo em perspectiva que:
1. O Plano dever definir os objetivos gerais da polticamunicipal para o desenvolvimento e ordenamento da expansourbana, garantindo o cumprimento da funo social da propriedade ereconhecendo o direito de todos os cidados moradia a aosservios urbanos.
2. As diretrizesestabelecidas no Plano Diretor definem a formade ocupao do solo, prevendo a localizao de atividades e usosatuais e futuros do espao urbano, assegurando espaos adequadospara a proviso de novas moradias sociais e c ondies atraentes paramicro e pequenas empresas, com vistas a facilitar o acesso terraurbanizada e regularizada e a promover o desenvolvimentoscio-econmico.
3. O Plano deve indicar quais so os instrumentos quedisponibilizar para a operacionalizao da poltica urbana do Municpio
e quais as condies de sua aplicao. Esses instrumentos podem serde carter institucional, jurdico, tributrio e financeiro, urbanstico eadministrativo.
4. O Plano deve incorporar os temas e as estratgias prioritriaspara o desenvolvimento da cidade, definidos aps o debate pblicodas tendncias, dos conflitos, problemas e potencialidades locais. Estestemas pertencem, entre outras, s reas de meio ambiente, polticacultural, habitao, transporte e mobilidade e desenvolvimentoscio-econmico.
5. O Plano Diretor deve prever a estrutura e o processoparticipativo de planejamento para implementar suas propostas emonitorar seus resultados. O modo como o sistema de gesto e deplanejamento ser implementado e monitorado, para garantir ocontrole social, dever corresponder capacidade degesto do municpio.
A ci dade j vem sendo pensada, tambm, por out ros ato ressociais, principalmente pelos movimentos sociais organizados. As
experincias comunitrias e as propostas dos movimentos sociaisdevem ser reconhecidas e assimiladas. A comunidade acadmica, osconselhos profissionais, os sindicatos patronais e de trabalhadores,os clubes de servios e outros dessa magnitude, sero consideradosde modo especfico sobre temas estruturantes (meio ambiente,qualidade de vida, reorganizao da atividade econmica, planourbanstico, pactos polticos e outros) e polticas pblicas (sade,educao, cultura, transporte, turismo, acessibilidade, entre outras).Os Conselhos Municipais existentes tambm podem, e devem, explicitarsuas preocupaes maiores.
Com base nestas linhas de desenvolvimento o processo deReviso da Legislao Urbanstica dever seguir uma metodologiaque integre uma componente tcnica e uma outra participativa. Acomponente participativa - nas suas vertentes de dilogo, cooperao,
consenso e contratualizao deve evoluir para modalidades maislargas de consultas e debates.
Busca-se, neste processo, um alinhamento, uma aproximaoentre o que se movimenta por conta prpria, e no uma unidade de
ao, algo que seria inapropriado para o desenvolvimento de umacidade, pois esta j tem uma histria e um modo de se fazer, ummodo diversificado e com vrias lgicas, linguagens e interesses,segundo seus atores e a correlao de foras existentes entreesses atores.
Deste modo o planejamento passa a ser encarado como umprocesso participativo de elaborao, atualizao e reelaborao dediretrizes tcnico-polticas e intervenes tcnicas e sociais no espaourbano e rural, prevendo j a fiscalizao e o acompanhamento daimplementao destas diretrizes e intervenes.
Tal planejamento se prope a orientar a negociao poltica emtorno dos destinos da cidade, fundamentando os ideais da reformaurbana. Para tanto, mantm os instrumentos de que dispe a serviode uma avaliao estratgica da dinmica da sociedadee no perdede vista o potencial poltico-pedaggico de novas institucionalidades,como o Oramento Participativo e os diferentes Conselhos Municipaisque fazem interface com o Desenvolvimento Urbano.
Se a cidade enfrentar o desafio da regulamentao e aplicaodeste conjunto de novos instrumentos urbansticos num processoparticipativo de planejamento, poder orientar (mais do que normatizar,como no planejamento urbano convencional) os seus destinos epossibilidades na direo da idia de desenvolvimento que todosconstruiro juntos.
Jos Antonio Viana LopesPresidente da Fundao Municipal de Patrimnio Histrico
Jos Marcelo do Esprito SantoPresidente do Instituto de Pesquisa e Planificao da Cidade
So Lus-MA, Julho de 2006.
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ILHA DE SO LUIS
LIMITES DE MUNICPIOS
Ilha de So Lus
1 REA E SITUAO GEOGRFICA
So Lus, capital do Maranho, est localizada na face ocidentalda ilha de mesmo nome, possuindo uma rea de 831,7 Km. A cidade
divide o espao da Ilha com os municpios de So Jos de Ribamar,Pao do Lumiar e Raposa, que formam a Regio Metropolitana de SoLus (juntamente com a cidade de Alcntara, situada no continente).
O municpio de So Lus ocupa mais da metade (57%) da Ilhade So Luis, pertencendo-lhe ainda, politicamente, as ilhas deTau-Mirim, Tau-Redondo, do Medo, Duas Irms, Guarapir edas Pombinhas (Fig. 1.2).
A rea pode ser localizada entre as coordenadas: S 02 28 12"e 02 48 09" e W 44 10 18" e 44 35 37". Apresenta altitude de 24metros e Fuso Horrio 3hs GMT.
Com uma rea de 831,7 km2, o municpio de So Lus apresentaos seguintes limites:
Norte - Oceano Atlntico; Oeste - municpios de Cajapi e de Alcntara; Sul - municpios de Rosrio e de Bacabeira; Leste - municpio de So Jos de Ribamar.
Conforme registros da Fundao Nacional de Sade (1996), apopulao do municpio de So Lus est distribuda em um centrourbano com 112 bairros (que constituem a regio semi-urbana) e 122povoados (que formam a sua zona rural). Conforme registros doCadastro Tcnico do Municpio de So Lus (1999) a cidade est divididaem 15 Setores Fiscais e 233 bairros, loteamentos e conjuntosresidenciais (Mapa Estrutura Fundiria).
Figura 1.2 - Localizao geogrfica e limites dos municpios da Ilha de So Lus.Figura 1.1 - Palcio La Ravardire, sede do Executivo Municipal.
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2 CARACTERSTICAS ATUAIS DO MEIO FSICO-BITICO E UNIDADES DE PAISAGEM 1, 2
2.1 Clima
O clima de So Lus do tipo AW, Tropical Chuvoso, segundo classificao de Koeppen(apudAYOADE, 1986). Apresenta precipitaes pluviomtricas mdias anuais de aproximadamente 2000 mm.
O regime de chuvas nessa rea apresenta-se bem pronunciado, em dois perodos com caractersticasdistintas. O primeiro caracteriza-se por uma estao seca, compreendendo o perodo julho a dezembro,atingindo o clmax em dois meses no necessariamente repetitivos dentro deste perodo. O segundo, aocontrrio, caracterizado por uma estao chuvosa, no perodo janeiro a junho, tambm atingindo geralmenteas mximas precipitaes em dois meses dentro deste perodo (abril e maio, normalmente), onde raramentese encontram precipitaes mensais inferiores a 200 mm. Este regime de chuvas, associado evapotranspiraona regio (balano hidroclimtico), provoca a reposio de gua ao solo com o excesso de gua observadoentre os meses de fevereiro a maio. A retirada da gua armazenada no solo se d entre os meses de julho enovembro por meio da evaporao e evapotranspirao e em funo da escassez de chuva e das elevadastemperaturas durante o dia. Os meses de excesso hdrico so caracterizados por intenso escoamento superficial,o que gera problemas relativos eroso hdrica e perdas de solos.
A regio em estudo se encontra dentro do chamado cinturo equatorial, o que lhe confere temperaturaselevadas (mdia 26,1C) e pequenas amplitudes anuai s (7,1C). As maiores variaes de temperatura se doentre o dia e a noite (8,5C de amplitude) em comparao com as variaes de sazonalidade.
Os ventos predominantes na regio so de direo NE (nordeste), com velocidades da ordem de
3 m/s com ocorrncias significativas de vento E (leste), sendo mais freqentes e intensos na estao seca,provocando, desta forma, maiores concentraes de poeira nesta poca. No perodo diurno predominam osventos mais estveis durante todo o ano, o que favorece a disperso atmosfrica de poluentes. J no perodonoturno as constantes calmarias na estao chuvosa, associadas s classes de estabilidade de vento, prejudicama disperso dos poluentes atmosfricos durante essa poca do ano.
Ocorrem algumas variaes de temperatura de rea para rea dentro do territrio de So Lus emfuno da formao de microclimas. Em reas de acentuada urbanizao (o Centro Histrico, por exemplo) comum um aumento de temperatura durante o dia em comparao com reas onde h uma vegetao densae a presena de riachos com suas matas ciliares (no Maracan, por exemplo).
2.2 Geologia / Recursos Minerais
Os estudos das caractersticas geolgicas de So Lus identificam que o seu territrio est assentadobasicamente em duas formaes: Depsitos Elicos e Formao Itapecuru.
A Formao It apecuru a mais importante das duas formaes: data do C retceo Superior, abrangecerca de 50% do territri o do Estado e assume posio de destaque, seja pelas suas dimenses seja pela suaimportncia econmica e social. Apresenta morfologia tpica representada por topografia de baixas altitudes,
numa faixa de 30 a 60 metros. composta por sedimentos com alto grau de intemperizao, normalmentearenosos e siltosos, que apresentam uma baixa capacidade de troca catinica (CTC) o que implica em baixafertilidade qumica dos solos (MOURA, 2004).
Os Depsitos Elicos constituem ambientes de sedimentao mais recentes que a Formao Itapecurue apresentam uma forte presena de areia (quartzo) que d aos sol os nessa Formao ori ginados, uma baixafertilidade qumica, ou seja, baixa aptido agrcola.
O substrato da Bacia de So Lus representado por arenitos, siltitos e folhelhos do cretceo superior,compondo o Membro Psamtico da Formao Itapecuru. Estes litotipos afloram em pontos restritos da reacomo nas falsias de Alcntara e prximas ao farol do Itacolomi; no farol de So Marcos e Porto do Itaqui naIlha do Maranho, inferindo-se como ambiente de deposio desta unidade o lagunar (GEAGRO, 2003).
1 Marcelino Silva Farias Filho, Gegrafo e Historiador;2 Raimunda N. Fortes Carvalho Neta, Biloga.
Figura 2.1 - rea de extrao de areia na APA do Maracan.
O estgio de desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa mineral no Es tado do Maranho na dcada de80, segundo o Departamento Nacional da Produo Mineral - DNPM (1987), no permitiam uma avaliaomelhor do potencial de explorao econmica dos recursos minerais do Estado. A rea em estudo So Luse seus municpios vizinhos - tambm se apresentava naquela dcada como um reflexo da situao estadual.
A arrecadao do Imposto ni co sobre Minerais - IUM, no E stado do Maranho, e particularmente narea em estudo, foi naquela dcada pouco relevante na composio da receita total do Estado, refletindo ofato de que a produo mineral do Estado do Maranho era modesta e restrita a poucos bens minerais.Ocorreram e ainda ocorrem destaques localizados em nvel Estadual de alguns minerais e rochas, tais comoos granitos de Rosrio, o ouro dos garimpos da regio da bacia hidrogrfica do Gurupi (Centro Novo doMaranho) e o calcrio de Cod, Balsas e Brejo.
A explorao mineral em So Lus atualmente se d em sua quase totalidade sobre material destinado construo civil, especialmente da areia e de pedra bruta (laterita) o que leva degradao de imensasreas na zona rural do Municpio, a exemplo de grande parte do territrio que compe a APA doMaracan (Fig. 2.1). Outros materiais como a argila e fragmentos de rocha so explorados esporadicamente parafins medicinais e de ornamentao.
2.3 Geomorfologia
So Lus est situada em toda a sua extenso no domnio geomorfolgico Golfo Maranhense,subdivindindo-se segundo o Zoneamento Costeiro do Estado do Maranho (2003) em Tabuleiros Costeiros(unidade dominante) e Baixada Litornea (nas regies estuarinas que circundam a Ilha). Essa unidadegeomorfolgica resultante de uma srie de processos de eroso, de soerguimento e de transgressomarinha, que originaram numerosas lagoas fluviais, extensas vrzeas inundveis, reas colmatadas(sedimentadas) e um sistema hidrogrfico divagante e labirntico. uma plancie flvio-marinha, formadapela deposio/eroso dos sistemas de drenagem dos rios Mearim, Itapecuru e Munim.
As reas de mai or hipsometria coincidem com os Tabuleiros Costei ros, que na linha de c osta soacompanhados pela Baixada Litornea, resultante do afogamento de rios encaixados nas bordas dos tabuleiro spelo mar, posteriormente convertidos em plancies aluviais e de mars, sob efeito das flutuaes do nvel domar e das alteraes climticas que afetaram a regio no Quaternrio (Mapa Hipsometria).
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14 SO LU S: UMA LEI TURA DA CI DADE
Ao longo da Baixada Li tornea - baa de So Marcos (prai a doOlho dgua, por exemplo) - ocorrem terraos de abraso marinha efalsias esculpidas em rochas cretcicas e tercirias, dispostasperpendicularmente costa (GEAGRO, 2003).
Os processos de denudao e de sedimentao em So Lus
so acelerados pelas chuvas intensas que atingem uma mdia de2000 mm ao ano e do topografia uma tipologia compostaessencialmente por elevaes de pequenas altitudes.
As cotas altimtricas esto sit uadas basicamente nas faixas de0-15 e 15-30 metros, com poucas reas situadas a mais de 45 metrosde altura em relao ao nvel do mar.
Essa hipsometria contribui para a minimizao de problemasrelativos a desmoronamentos e eroso nas reas urbanas, exceodas reas j bastante degradadas pela ao antrpica (Mapa Hipsometri aZona Urbana). Por outro lado, as reas de baixas cotas altimtricas,situadas em regies prximas a manguezais e corpos dgua em geralesto sujeitas a alagamento. Isso muito visvel em reas do bairro SoFrancisco, Renascena (proximidades do Tropical Shopping e campusdo UNICEUMA), parte da Alemanha, Vila Jlia e outros.
Os cursos dgua existentes em So Lus, ao seguirem ospequenos desnveis da topografia assumem uma forma meandrante,caracterstica de cursos dgua senis, ou seja, aqueles em que
predomina a sedimentao em funo das pequenas declividades doterreno o que os tornam mais suscetveis ao assoreamento.Toda a rea litornea est sujeita a deposio de uma grande
quantidade de sedimentos, devido aos processos erosivos fluviais,marinhos e flvio-marinhos.
2.4 Solos e Aptido Agrcola
Grande parte do territrio do municpio de So Lus estassentada na Formao Itapecuru e isso faz com que os seus solosapresentem limitaes para o desenvolvimento de algumas prticasagrcolas, o que implica em reflexos sociais e econmicos para apopulao que vive diretamente da agricultura. Isso porque, essessolos apresentam uma forte presena de areia (quartzo) e de mi neraisdo grupo das caulinitas o que significa que os mesmos apresentamuma baixa capacidade de troca catinica (CTC) e, conseqentemente,uma baixa fertilidade qumica.
As altas condies de umidade e de temperatura da regio do paisagem uma morfologia tpica representada por pequenaselevaes de topos arredondados e aos sedimentos um alto estadode intemperizao por meio do qual se formaram predominantementePlintossolos e Latossolos.
Em So Lus como um todo, o Latossolo vermelho-amarelado(bastante propcio ao cultivo de mandioca) o solo predominante. Noentanto, existem manchas de Plintossolos (caracterizado pela fortepresena de plintita e laterita), pequenas manchas de NeossolosFlvicos (solos aluvionares, ou seja, formados pela deposio desedimentos dos rios) e sedimentos inconsolidados de mangue.
Os Latossolos, de um modo geral, apresentam reduzidasuscetibilidade eroso. A boa permeabilidade e drenabilidade e abaixa relao textural B/A (pouca diferenciao no teor de argila do
horizonte A para B) garantem, na maioria dos casos, uma boaresistncia desses solos eroso (GUERRA, 2001) quando este estprovido de vegetao. Essa boa drenagem impede problemas comalagamento provocado por excesso de chuva, problemas muito comunsna maior parte dos solos da Formao Itapecuru. Apesar de possuir
uma estrutura razoavelmente boa, esses solos no permitem umamecanizao, pois, o revolvimento de suas camadas superficiais osexpe aos impactos diretos das chuvas e aos rigores dos raio s solares,o que implica em perdas no que se refere matria orgnica (que queimada e lavada no local), a estrutura fsica e, em conseqncia,a sua produtividade. Dessa maneira, o desenvolvimento da agriculturana regio limitado pela baixa aptido agrcola dos solos, cujos reflexosse do nas reduzidas colheitas e na reduzida produtividade das reasplantadas em funo da deficincia de nutrientes nesses solos.
A reduo das reas cultivveis, por ou tro l ado, tem relaodireta com a situao fundiria baseada na concentrao de terra(que uma realidade do Maranho como um todo) e com a inutilizaode extensas reas para a produo de alimentos o que tambmcontribui para a inibio do desenvolvimento da agricultura.
A degradao dos sol os est li gada aos efeitos do sistema decorte e queima tradicionalmente utilizados no cultivo da terra(Fig. 2.2), insero de pastagens nessas reas, ao desmatamentopara fins de urbanizao, s queimadas criminosas, extrao mineralde areia, argila e laterita (Fig. 2.3), extrao de madeira nas zonasde capoeira para uso domstico e comercial (Fig. 2.4), dentre outros. importante ressaltar que essa degradao vem se intensificando nazona rural de So Lus, numa faixa que vai desde o eixo Itaqui-Bacangaat as proximidades do bairro Cidade Olmpica, estendendo-se, inclu-sive, para o territrio da APA do Maracan e do Parque Estadual doBacanga, reas legalmente protegidas no Municpio.
Figura 2.2 - Corte e queima de vegetao para roas.
Figura 2.3 - rea de extrao de barro e laterita na APA do Maracan.
Figura 2.4 - Madeira extrada de reas de capoeira da APA do Maracan.
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