ROSILEI MARISA COMERLATO
O ATENDIMENTO AOS USUÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA NA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO
MUNICÍPIO DE TOLEDO - PARANÁ
TOLEDO
2010
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ROSILEI MARISA COMERLATO
O ATENDIMENTO AOS USUÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA NA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO
MUNICÍPIO DE TOLEDO - PARANÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientador: Prof. Alfredo Aparecido Batista
TOLEDO 2010
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ERRATA
COMERLATO, Rosilei Marisa. O atendimento aos usuários do benefício de prestação continuada na agência da Previdência Social do município de Toledo, Paraná Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus – Toledo, 2010.
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ROSILEI MARISA COMERLATO O ATENDIMENTO AOS USUÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO
CONTINUADA NA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO - PARANÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientador: Prof. Alfredo Aparecido Batista
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________ Prof: Alfredo Aparecido Batista
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
_____________________________________ Profa: Carmem Prado Salata
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
_____________________________________ Profa: Rosana Mirales
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo, 08 de novembro de 2010.
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Dedico este trabalho aos funcionários (as) do INSS de Toledo-PR, por propiciarem uma convivência humana agradável, me possibilitando ampliar o campo da aprendizagem pessoal e do enriquecimento profissional.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que me deu forças para chegar até aqui e por sempre ter me atendido todas as vezes que eu O solicitava.
Agradeço aos meus pais, Edgar e Neli, embora separados, mas presentes fazendo o possível para continuarem junto a mim e me ensinarem o que é preciso para viver.
A meu irmão Rafael que já partiu e deixou muita saudade em meu coração, agradeço por ter nascido e feito parte da nossa família, posso dizer que aprendi muito com você.
A minha irmã Kika, pelas conversas rápidas ao final do dia, é muito bom ter você por perto.
Ao Gabriel meu sobrinho querido, obrigada por existir e por eu poder ver você crescer.
Ao meu amorzinho Leandro, obrigada pela paciência, pela companhia, pelo companheirismo e por seu amor, te amo muito, e prometo que agora teremos mais tempo juntos, eu você e nosso bebê que está chegando.
A todos os meus outros parentes, embora distantes mas presentes em meu coração e em minha memória, obrigada por tudo.
A todos os meus amigos e seus filhinhos, Karla, Lele e Felipe, Morcego, Thais e Julinha, Thiaguinho, Sequinho, Jú, Ailton e Vitória, Mariana, Dudu, Ricardinho, Willy, Fer, longe e perto, e a todos os outros que sempre estiveram presentes na minha vida até hoje, obrigada por sempre aparecerem em casa, se fazerem presentes me fazendo distrair em momentos que deveria estar doida com esse TCC, só assim eu consegui!
A meus colegas da UNIVERSIDADE que, desde o primeiro ano convivemos diariamente, minha gratidão. A todos os colegas que não vejo mais. Desejo que sejam felizes nos espaços em que se encontram. Aos que ficaram - todas as meninas e Volmar, obrigada por tudo.
Ao meu orientador Alfredo, obrigada pela paciência, e por ter clareado e organizado minhas ideias.
A minha supervisora acadêmica, professora Roseli, à Assistente Social Renate, supervisora de campo, por fazerem parte desse meu aprendizado, também aprendi muitos com vocês, obrigada.
A todos os professores do curso qual tive aula, obrigada por se preocuparem com a continuidade do curso ensinando ano após ano.
Ao pessoal do Centro Social e Educacional Aldeia Infantil Betesda, pelo carinho e receptividade que tiveram comigo nos dois anos que lá passei fazendo estágio.
Aos idosos que freqüentam a Aldeia, também pelo carinho, vocês são exemplo de vida e com certeza aprendi muito com vocês.
Aos meus antigos colegas de trabalho e também amigos do INSS, Domício, Dinha e Marga, por terem me influenciado a fazer este curso e me emprestado muito material. Ao Amilton também por ter me ajudado com material, foi muito útil, Lires, Rosa, Marcelo, Denise em memória, Josélia, Deonilde, Maria Neuza, Cláudio, Rita, Moacir, Michael, devo muito, muito a vocês, obrigada por existirem, por terem feito parte da minha vida, por sempre estarem presentes em momentos
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que mais precisei, inclusive na realização deste trabalho final, vocês são muito importantes para mim, Micheli, Elder e ao Nilton por ter me ajudado também, muito obrigada a todos.
A minha patroa Suzaine e família, obrigada por terem me recebido tão bem, pela paciência, aprendi e continuo aprendendo muito com todos vocês.
Enfim, a todos que estiveram presentes nesse período da minha vida e como diz a prof.ª Marli “de uma ou de outra forma” contribuíram para que eu pudesse chegar até aqui. Obrigada!
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COMERLATO, Rosilei Marisa. O atendimento aos usuários do Benefício de Prestação Continuada na agência da Previdência Social do município de Toledo, Paraná Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus – Toledo, 2010.
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC tem como objeto, os Serviços prestados aos usuários do BPC na agência da Previdência Social, do município de Toledo-PR. Para inferir neste objeto demarca-se como problema de pesquisa saber em que medida os serviços prestados aos usuários que demandam o direito em usufruir o BPC expressam graus técnicos diferenciados por meio dos profissionais envolvidos. O objetivo geral, apreender, compreender e analisar o atendimento aos usuários dos Benefícios de Prestação Continuada antes e depois da contratação de um assistente social pela agência da Previdência Social do município de Toledo-PR, no ano de 2009. Para aproximar e desvendar os conteúdos presentes no objeto em questão, pautam-se enunciados teórico/metodológicos que fundamentam a pesquisa qualitativa com delimitação exploratória. A partir deste ponto de partida, realizou-se inferências diretas em documentos de fonte primária e secundária. Atas, relatórios, e documentos oficiais da agência que propiciaram levantou-se informações decisivas para a pesquisa. Num segundo momento elaborou-se o instrumental de pesquisa, questionário, e por meio da técnica de entrevista, um questionário foi aplicado utilizando do recurso do gravador. Após os dados estarem coletados, seus conteúdos foram sistematizados cientificamente, descrevem-se os dados em forma de texto preliminar e, em seguida com o auxílio de referências teóricos finalizou-se com a análise crítica. Como resultado síntese do processo, entendemos que a atuação profissional do assistente social nas agências da Previdência Social se faz importante para a profissionalização dos serviços prestados nesta instituição, de que a qualificação continuada por esse profissional mais uma vez demonstra ser a esfera central para uma atuação de qualidade dentro do campo da ética profissional, a fim de responder a crescente demanda posta por essa Instituição além da garantia do seu espaço ocupacional e acima de tudo da efetivação dos direitos cidadãos. Palavras chave: Política Social; Benefícios de Prestação Continuada; Serviço Social.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADROS Quadro 1 FORMAÇÃO ACADÊMICA DOS ENTREVISTADOS...................... 41
Quadro 2 ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS ENTREVISTADOS.................... 41
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LISTA DE SIGLAS
APADA - Associações de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos
APAE - Associações dos Pais e amigos dos Excepcionais
APS - Agência da Previdência Social
BPC - Benefícios de Prestação Continuada
CAPs - Caixas de Aposentadorias e Pensões
CRAS – Centro de Referência da Assistência Social
CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas
CEME - Central de Medicamentos
CFESS – Conselho Federal do Serviço Social
CRESS – Conselho Regional de Serviço Social
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais
CNT - Conselho Nacional do Trabalho
CRAS - Centro de Referência da Assistência Social
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CRESS – Conselho Regional de Serviço Social
DOU – Diário Oficial da União
DATAPREV - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social
ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
FNAS - Fundo Nacional de Assistência Social
FUNABEM - Fundação Nacional do Bem Estar do Menor
FUNRURAL - Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
IAP - Institutos de Aposentadorias e Pensões
IAPAS - ao Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência
Social
IAPC - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários
INAMPS - Instituto de Assistência Médica da Previdência Social
INPS - Instituto Nacional da Previdência Social
INPS - Instituto Nacional de Previdência Social
INSS - Instituto Nacional de Seguro Social
ISSB - Instituto de Serviços Sociais do Brasil
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LBA - Legião Brasileira de Assistência
LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social
LOPS - Lei Orgânica da Previdência Social
MAS - Ministério da Assistencia Social
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS
MP – Medida Provisória
MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social
MPS - Ministério da Previdência Social
MTPS - Ministério do Trabalho e Previdência Social
NOB – Norma Operacional Básica
ONU – Organização das Nações Unidas
PBA - Plano Básico de Ação do Serviço Social
PEX - Plano de Expansão da Rede de Atendimento
RPS – Regime de Previdência Social
SABI - Sistema de Administração de Benefícios por Incapacidade
SEAS - Secretaria de Estado de Assistência Social
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI - Serviço Social da Indústria
SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
SNAS - Secretaria Nacional de Assistência Social
SUAS - Sistema Único de Assistência Social
SUS - Sistema Único de Saúde
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso
UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná
RMV – Renda Mensal Vitalícia
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SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ......................................................................................... 8
LISTA DE SIGLAS ...................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
1 BREVE HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL ........................... 15
1.1 BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA ..... 21
1.2 O PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL ......................... 28
1.3 A AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO – PR E
OS BENEFÍCIOS ASSISTENCIAS ...........................................................................31
2 BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC-LOAS NA AGÊNCIA DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR ..................................... 38
2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................ 38
2.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA ........................ ..40
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64
APÊNDICE 1 - FORMULÁRIO DE ENTREVISTA 1..................................................69
APÊNDICE 2 – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA 2 ................................................ 72
ANEXO 1 - PROJETO DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL EM ATENÇÃO
AO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL ............................................................................. 75
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INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso é fruto de uma reflexão iniciada no
ano de 2008, quando optou-se por desenvolver o Projeto de Pesquisa relacionando
às ações da Previdência Social e do Serviço Social. Inicialmente, o objeto da
pesquisa trazia em sua delimitação, como o Serviço Social poderia contribuir para
melhorar o atendimento e a prestação do serviço público nos atendimentos e
encaminhamentos dos benefícios assistenciais na agência da Previdência Social do
município de Toledo-PR; instância em que a pesquisadora trabalhou oito anos,
colaborando e acompanhando nas realizações de diversas atividades dentro da
agência.
A aproximação com os funcionários e também com as atividades por eles
desenvolvidas, tanto em relação aos benefícios previdenciários como em relação
aos benefícios assistenciais, foram proporcionados pelo tempo de convívio da
pesquisadora na agência.
Porém em decorrência da contratação de um profissional assistente
social, na agência do município de Toledo-PR, no ano de 2009, através da
realização de um concurso público federal no final de 2008, alteraram-se os rumos
da presente pesquisa como desenvolvimento do projeto inicial.
Portanto, ressalta-se que a temática continuou a mesma - Previdência
Social em Toledo-PR, elegendo-se como objeto da pesquisa, os serviços prestados
aos usuários do BPC na agência da Previdência Social do município de Toledo-PR.
Para inferir neste objeto demarca-se como problema de pesquisa saber em que
medida os serviços prestados aos usuários que demandam o direito em usufruir o
BPC na agência da Previdência em Toledo, expressam graus técnicos diferenciados
por meio dos profissionais envolvidos. Construiu-se como objetivo geral, apreender,
compreender e analisar criticamente o atendimento aos usuários dos Benefícios de
Prestação Continuada antes e depois da contratação de um assistente social pela
agência da Previdência Social do município de Toledo-PR no ano de 2009.
Sem deixar de resgatar o histórico do sistema previdenciário, presente na
sociedade brasileira desde o ano de 1888, o Serviço Social atuando dentro da
Instituição Previdência Social desde o ano de 1942 e a concessão de benefícios
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assistenciais pela Previdência Social desde 1974 com o Amparo Previdenciário ao
idoso e a inválidos.
Com relação aos objetivos específicos, propõe-se identificar aspectos da
história da criação e do funcionamento da agência da Previdência Social do
município de Toledo-PR; verificar os procedimentos técnicos e políticos que foram e
são realizados para responder ao processo de encaminhamento dos Benefícios de
Prestação Continuada na agência da Previdência Social do município de Toledo-PR;
verificar quais os profissionais e suas competências envolvidos no processo de
encaminhamento dos Benefícios de Prestação Continuada na agência da
Previdência Social do município de Toledo-PR e mapear as relações estabelecidas
entre a agência da Previdência Social do município de Toledo – PR e os usuários
dos Benefícios de Prestação Continuada.
Para buscar desenvolver tais objetivos, bem como para responder ao
problema presente nesta pesquisa, foi feito uso da pesquisa do tipo exploratória,
sobre a qual GIL (2008) afirma ser uma primeira aproximação com o estudo. Desta
forma para desenvolver o estudo num primeiro momento recorreu-se a pesquisa
bibliográfica em livros, legislações relacionadas e como uma fonte atualizada o
próprio sítio da Previdência Social que contribuiu muito para o desenvolvimento do
presente trabalho. Posteriormente no segundo momento da pesquisa houve a
realização das entrevistas com os profissionais envolvidos com a temática escolhida,
os Benefícios de Prestação Continuada que atuam na agência da Previdência Social
do município de Toledo-PR.
No primeiro capítulo aborda-se o histórico do sistema previdenciário
brasileiro, desde o primeiro registro oficial declarado no sítio da Previdência Social,
1888 até os dias atuais, perpassando pelo entendimento da presença dos benefícios
assistenciais na Previdência Social detalhando especificamente os Benefícios de
Prestação Continuada. Relata-se, de forma aproximativa, a respeito da
institucionalização do Serviço Social na Previdência Brasileira até a contratação do
assistente social na agência da Previdência Social do município de Toledo-PR em
15/06/2009.
No segundo capítulo trouxemos a metodologia empregada (item 2.1), em
seguida são apresentados e analisados criticamente os dados coletados das
entrevistas, buscando responder à problemática e ao objetivo geral que foi
construído neste trabalho. No término do trabalho foram trazidas algumas
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considerações reflexivas com o propósito de assegurar a continuidade do debate
sobre o objeto em questão.
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1 BREVE HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
Nas publicações em que tratam especificamente do tema aposentadoria
ou proteção social aos trabalhadores pela Previdência Social, foram encontradas
compreensões diferenciadas quanto à data real da criação do primeiro direito social
previdenciário no Brasil. Optou-se pelo registro oficial do sítio da Previdência Social1.
Neste documento dia 26 de março de 1888, é identificado como registro oficial, data
em que é aprovado o Decreto nº 9.912-A, que regula o direito à aposentadoria dos
empregados dos Correios (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - MPS, 2009).
Em datas posteriores, foram encontrados Decretos e Leis aprovados que
criam caixas de aposentadorias e pensões para várias atividades específicas2. Mas,
no ano de 1923, com a aprovação do Decreto-Lei nº 4.682 de 24 de janeiro de 1923,
ao instituir a Lei Eloy Chaves, é registrado o ponto de partida do sistema
previdenciário brasileiro Este determinava a criação de Caixas de Aposentadorias e
Pensões – CAPs, nas empresas ferroviárias da época que possuíam uma caixa
destinada a amparar seus empregados na inatividade. Ressalta-se que o Estado
não era parte constitutiva desse contrato. No decorrer dos anos de 1920 e 1930
essas caixas foram estendidas para diversas categorias profissionais.
Em 1930 a classe trabalhadora urbana e assalariada passou a ocupar
espaços no cenário político e econômico do país, por meio de reivindicações por
direitos trabalhistas, previdenciários e consequentemente, exigindo melhores
condições de trabalho. Em reposta as reivindicações da classe operária, o
presidente em exercício, Getúlio Vargas criou o Ministério do Trabalho Indústria e
Comércio, por meio do Decreto nº 19.433, de 26 de novembro, conforme
1Para resgatar o histórico da Previdência Social é referenciado o sítio/endereço eletrônico:
www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=64. 2 Documentos oficiais: Lei n° 3.397, de novembro de 1888, criou as Caixas de Socorros nas Estradas de Ferro do
Império; Decreto n° 10.269, de 20 de julho de 1889, criou o Fundo de Pensões do Pessoal das Oficinas de
Imprensa Nacional; Decreto n° 221 de 26 de fevereiro de 1890 criou as aposentadorias para os empregados da
Estrada de Ferro Central do Brasil, posteriormente ampliadas a todos os ferroviários do Estado (Decreto n° 565,
de 12 de julho de 1890); Decreto n° 942-A, de 31 de outubro de 1890, criou o Montepio Obrigatório dos
Empregados do Ministério da Fazenda; Lei n° 217 de 29 de novembro de 1892 instituiu a Aposentadoria por
Invalidez e a Pensão por Morte dos operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro; Projeto de lei visando
instituir um seguro de acidente do trabalho; Decreto n° 9.284, de 30 de dezembro de 1911, criou a Caixa de
Pensões dos Operários da Casa da Moeda; Decreto n° 9.517, de 17 de abril de 1912, criou uma Caixa de Pensões
e Empréstimos para o pessoal das Capatazias da Alfândega do Rio de Janeiro; Lei n° 3.724, de 15 de janeiro de
1919, que tornou compulsório o seguro contra acidentes do trabalho em certas atividades.
16
informações retiradas do sítio da Previdência Social, instituição que passa a ter
maior atenção por parte do Estado.
Com a ineficiência das caixas de aposentadorias, designadas a um
pequeno número de segurados, os recursos arrecadados eram insuficientes para
manter o funcionamento das mesmas. Este modelo mostrou-se ineficiente com o
crescimento das atividades operárias, aumentando o contingente de trabalhadores,
o que levou o governo a criar os Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAPs,
onde a cobertura previdenciária estendeu-se a um contingente maior de
trabalhadores conforme sua categoria profissional, dentre eles destacam: os
Marítimos, Industriários, Transporte de Cargas, Bancários, Comerciários, Servidores
do Estado e Estivadores, posteriormente incorporados ao Instituto dos empregados
dos Transportes de Cargas, resultando em seis o número de Institutos (MPS, 2009).
Os Institutos concediam cobertura à maioria dos trabalhadores urbanos,
porém os valores apresentavam disparidades em relação aos benefícios3 oferecidos,
devido às diferenças na capacidade financeira de cada instituição, levando em
consideração que a contribuição era feita de acordo com o salário do empregado.
Assim, a categoria que tinha melhores salários desfrutava de melhores benefícios e
vice e versa.
Em 1945, na tentativa de corrigir essas diferenças, houve uma proposta
de criação do Instituto de Serviços Sociais do Brasil – ISSB, órgão que unificaria as
instituições previdenciárias e centralizaria o seguro social de toda população ativa do
país. No entanto o presidente da República Eurico Gaspar Dutra, empossado em
1946, não viabilizou a implantação do ISSB, permanecendo um hiato atemporal até
1960, momento em que a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS foi criada.
A promulgação da Lei Orgânica da Previdência Social - LOPS, n° 3.807,
de 26 de agosto de 1960, registra nos anais da Previdência Social a concretização
histórica de uma conquista legal e política. Representou uma marca histórica no
âmbito da temática teórica - prática da seguridade social, efetivando uma alteração
significativa nos encaminhamentos práticos institucionais relacionados à Previdência
Social, em pleno período ditatorial. Embora essa lei tenha tramitado durante 14 anos
no Congresso Nacional, sua grande importância reside no fato de haver
3 Benefícios consistem em prestações pagas no caso pelos Institutos, e hoje pela Previdência Social aos
segurados ou aos seus dependentes de forma a atender a cobertura de eventos como: doença, invalidez ou morte,
entre outros dependendo da legislação vigente.
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uniformizado as contribuições e os planos de benefícios dos diversos Institutos. Com
a sua aprovação a cobertura previdenciária foi estendida aos empregadores e
também aos trabalhadores autônomos, incluídos como segurados obrigatórios
(MPS, 2009).
Depois de seis anos da promulgação da LOPS, com a unificação dos
IAPs e a criação do Instituto Nacional da Previdência Social – INPS, em 21 de
novembro de 1966, fica “quase concluída” a cobertura previdenciária aos
trabalhadores brasileiros urbanos. Porém ainda não estavam incluídos os
empregados domésticos e os trabalhadores rurais, esses últimos eram atendidos por
representações do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL4, que
funcionavam em escritórios por representantes designados pelo poder público. Em
1969 o trabalhador rural foi incluído na Previdência Social por meio do Decreto-Lei
nº 564. Com a aprovação da Lei Suplementar nº 11 de 25 de maio de 1971, criou-se
o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural – Pró-Rural, e em 1972 a inclusão
dos empregados domésticos como segurados obrigatórios da Previdência Social
(MPS, 2009).
Em 1974, a Lei nº 6.179 de 11 de dezembro de 1974, instituiu a Renda
Mensal Vitalícia ou Amparo Previdenciário para pessoas maiores de 70 anos de
idade e inválidos, as espécies5 12 e 40 eram para segurados maiores de 70 anos, e
11 e 30 para os segurados inválidos. As espécies 11 e 12 não são mais concedidas
desde a Lei nº 8.213, de 1991 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social, em razão da unificação dos regimes urbano e rural da
Previdência, sendo totalmente extintos a partir de 31 de dezembro de 1995 (MPS,
2009).
Os benefícios acima mencionados não podiam ser acumulados com
nenhum outro benefício da Previdência Social urbana ou rural, salvo benefício de
Pecúlio6. O acesso a Renda Mensal Vitalícia, dependia da comprovação de pobreza
4 O Funrural é uma contribuição social rural, cobrada sobre o resultado bruto da comercialização de produtos
rurais e era destinado a custear benefícios rurais da Previdência Social. 5 Conforme o sítio www.previdenciasocial.gov.br, a classificação em espécies foi criada pelo INSS para
explicitar as peculiaridades de cada tipo de benefício pecuniário existente. A cada espécie é atribuído um código
numérico de duas posições, como por exemplo, o 42 que se refere à espécie Aposentadoria por Tempo de
Contribuição. 6 Pecúlio é o benefício devido ao segurado aposentado até março de 1994. O pagamento é realizado quando se
faz necessário reembolsar o segurado do valor corrigido de contribuições por ele efetuadas após a aposentadoria.
Embora extinto pela Lei nº 8.870/94, o Pecúlio ainda é pago para aqueles que contribuíram até março/94, quando
deixarem definitivamente a atividade. Se o segurado tiver falecido antes de requerer o Pecúlio, o mesmo será
devido a seus dependentes e sucessores. Fonte - sítio da Previdência Social www.previdenciasocial.gov.br.
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que era feito através de um atestado de pobreza fornecido por uma autoridade
administrativa ou judiciária local, que conhecia a pessoa por mais de cinco anos. Os
idosos com mais de 70 anos deveriam ter contribuído por no mínimo 12 meses para
a Previdência Social ou realizada atividade remunerada pelo regime do Instituto
Nacional de Previdência Social - INPS ou FUNRURAL, mesmo sem filiação, por no
mínimo cinco anos. A comprovação da idade era feita mediante certidão de registro
civil e a verificação da invalidez através de exame médico-pericial. O valor do
benefício era igual a um salário mínimo, sem direito ao abono salarial de final de
ano, 13º salário, além de não gerar direito a Pensão por Morte aos dependentes do
beneficiário (BRASIL, 1974).
Em 1976, com a extensão dos benefícios de previdência e assistência
social aos empregadores rurais e seus dependentes, a previdência passou a
abranger a totalidade das pessoas que exerciam atividades remuneradas no país.
Em 1974, ainda conforme histórico da Previdência, o Ministério do Trabalho e
Previdência Social - MTPS sofreu uma alteração na estrutura. Esta mudança o
transformou em Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS, o qual
passou a responder pela elaboração e execução das políticas de previdência,
assistência médica e social. Esta nova constituição do Ministério significou uma
marca na evolução da Previdência Social Brasileira. Em 1977, o MPAS alterou-se.
Em seu lugar nasce o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social -
SINPAS. A partir desse momento cada função do sistema passou a ser exercida por
um órgão determinado7.
No momento da criação do SINPAS, uma nova lógica de responsabilidade
foi construída, bem como, da divisão dos órgãos, duas dimensões de estrutura –
uma que tratou dos direitos e do funcionamento dos mesmos relacionados
diretamente aos benefícios, perícia médica e arrecadação - numa outra estrutura
desenvolveu-se a assistência ao usuário.
Ao INPS foi atribuída exclusivamente a parte referente à manutenção e à
concessão de benefícios; ao Instituto de Assistência Médica da Previdência Social –
INAMPS coube a prestação de assistência médica, tanto aos trabalhadores urbanos
quanto aos trabalhadores e empregadores rurais; ao Instituto de Administração
7 Neste momento o SINPAS estava constituído pelos seguintes órgãos: Instituto Nacional de Previdência Social
– INPS; Instituto de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS; Instituto de Administração
Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS.
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Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS foi atribuído à finalidade
especifica de promover a gestão administrativa, financeira e patrimonial do sistema
(BRASIL, 1977).
Numa segunda dimensão estrutural as atividades relacionadas à
assistência social às populações carentes, estavam sob a competência da Legião
Brasileira de Assistência – LBA que tinha a competência de “prestar assistência
social à população carente, mediante programas de desenvolvimento social e de
atendimento às pessoas, [...].” (BRASIL, 1977). Fundada em 1942, pela primeira
dama Darcy Vargas, foi extinta em 1995 no governo de Fernando Henrique Cardoso
após escândalos na família de Fernando Collor de Mello.
Além dessas entidades, integravam o SINPAS a Fundação Nacional do
Bem Estar do Menor – FUNABEM e a Empresa de Processamento de Dados da
Previdência Social – DATAPREV. Em 1988, LBA e FUNABEM desvinculam-se do
Ministério da Previdência e Assistência Social e passam a fazer parte do Ministério
da Habitação e Bem-Estar Social.
No mesmo ano, com a promulgação da Constituição Federal, a
seguridade social passa a ser caracterizada como um conjunto integrado de ações
de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito
relativo à saúde, à previdência e assistência social, conhecido como o tripé da
seguridade social. Neste momento iniciou um processo de implantação sob a base
legal da Constituição Federal de 1988, ocorrendo seus primeiros movimentos de
alteração em 1990.
Segundo o histórico da previdência, com o governo Collor, em março de
1990, o MPAS foi extinto, e suas atribuições divididas. As áreas assistenciais e de
saúde, passaram respectivamente para os Ministérios da Ação Social e da Saúde, a
área da previdência foi incorporada sob a forma de Secretaria Nacional no Ministério
do Trabalho e da Previdência Social – MTPS o qual foi restabelecido. Outras
alterações institucionais compreenderam a criação do Instituto Nacional de Seguro
Social – INSS, por conta do Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1990, também
vinculado ao MTPS, mediante a fusão do INPS e do IAPAS, porém o MTPS foi
extinto em 1992 entrando em vigor o Ministério da Previdência Social - MPS.
Com a Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, é
fundado o Sistema Único de Saúde – SUS, e extinguido definitivamente o INAMPS
por conta da Lei nº 8.689, de 27 de julho de 1993, passando ao SUS à cobertura dos
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serviços de saúde. Em 24 de julho de 1991, o presidente da república Fernando
Collor de Mello, sancionou as Leis 8.212 e 8.213. A primeira, dispondo sobre a
organização da seguridade social instituindo o plano de custeio e a segunda
dispondo sobre os planos de benefícios da Previdência Social.
A assistência social foi organizada e regulamentada a partir da Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS, nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e do
Decreto nº 1.330, de 8 de dezembro de 1994 que regulamentou a concessão dos
Benefícios de Prestação Continuada – BPC, previsto no artigo 20 da LOAS,
entrando em vigor a partir de 1ª de janeiro de 1996 (MPS, 2009).
Em 1995 a Medida Provisória n° 813, de 1° de janeiro de 1995, dispôs
sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, transformando o
MPS em Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS, conforme consta no
histórico da Previdência.
O Decreto n° 1.744, de 18 de dezembro de 1995, extinguiu o Auxílio-
Natalidade, Auxílio-Funeral e a Renda Mensal Vitalícia por conta da regulamentação
do BPC.
Em 1998 através da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro, foi
estabelecido novas mudanças no sistema previdenciário brasileiro e instituído a
reforma da Previdência Social, sendo que as principais mudanças foram: limite de
idade para a Aposentadoria Integral no setor público, fixado em 53 anos para o
homem e 48 para a mulher, novas exigências para as Aposentadorias Especiais e
mudança na regra de cálculo dos benefícios, com introdução do fator previdenciário8
(MPS, 2009).
No ano 2000 a Previdência definiu ações continuadas de assistencia
social no país, financiadas pelo Fundo Nacional de Assistência Social para
atendimento mensal de crianças, adolescentes, pessoa idosa e pessoa portadora de
deficiência (MPS, 2009).
Com a Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, o Ministério da Previdência
e Assistência Social - MPAS passou novamente a ser denominado Ministério da
Previdência Social - MPS (MPS, 2009).
8 O Fator Previdenciário é um tipo de cálculo realizado pela Previdência Social no ato da concessão dos
processos de Aposentadoria por Tempo de Contribuição do INSS, foi aprovado em 1999 pela Lei n° 9.876
levando em consideração a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se
aposentar, segundo uma fórmula estipulada pela Previdência Social.
21
Em 01 de outubro de 2003 é criado o Estatuto do Idoso através da Lei
nº 10. 741. Em 13 de maio de 2004, o Ministério da Assistencia Social – MAS, é
transformado em Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS,
pela Lei nº 10.869. Em 14 de janeiro de 2005, a Lei nº 11.098, cria a Secretaria da
Receita Previdenciária9 (MPS, 2009).
A partir daí, a Previdência Social inicia um processo de modernização
para melhorar o atendimento do usuário, renovando a mobília, os equipamentos de
informática e implantando novos dispositivos de segurança.
Desde o ano de 2006 está em operação a Central telefônica 135, uma
nova forma de atendimento ao usuário. Implantada com o objetivo de acabar com as
filas nas agências, o usuário pode, por exemplo, agendar seu atendimento na
agência mais próxima de sua residência, além de outros serviços que também são
oferecidos e estão disponíveis também no sítio da Previdência Social (MPS, 2009).
A partir do início do ano de 2009, os usuários dos serviços da Previdência
não são mais obrigados a comprovar com documentação as contribuições
efetuadas, pois o INSS passou a utilizar-se do sistema de banco de dados do
Governo Federal, o Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS, que
armazena as informações necessárias para garantir os direitos trabalhistas e
previdenciários dos trabalhadores que contribuíram para a Previdência Social (MPS,
2009).
Atualmente, o INSS possui em seu quadro administrativo cerca de 40 mil
servidores. Como meta prevista no Plano de Expansão da Rede de Atendimento –
PEX, 720 novas agências estão sendo criadas, o que fará com que o Instituto passe
a atuar em 1.670 cidades brasileiras, com mais de 20 mil habitantes. Atualmente
está presente em 950 municípios brasileiros, contando com 1.217 unidades fixas de
atendimento e 75 móveis, sendo 69 Prévmóveis - automóveis e seis Prévbarcos –
barcos (MPS, 2009).
9 A Secretaria da Receita Previdenciária era um setor das agências da Previdência Social e funcionava na mesma
modalidade do antigo IAPAS, ou seja, era responsável pela arrecadação, fiscalização, lançamento e
normatização de receitas previdenciárias do INSS. Em 2007, teve suas atribuições transferidas para o órgão da
Secretaria da Receita Federal do Brasil através da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007.
22
1.1 BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA
Em 1974 com a aprovação da Lei nº 6.179, foi instituído o Amparo
Previdenciário ou Renda Mensal Vitalícia para pessoas maiores de 70 anos e para
inválidos. Como já foi especificado anteriormente estes recursos eram custeados
pelo INPS e FUNRURAL, hoje INSS.
A assistência social só veio a ganhar uma Seção especifica para ser
tratada, na Constituição Federal de 1988, dentro do Capítulo II da Seguridade
Social. Com o advento da atual Constituição Federal, a seguridade social ampliou
sua composição, redimensionando sua constituição e, além da Previdência Social e
da saúde, adere à seguridade a assistência social, conforme artigo 194 da
Constituição, a primeira exigindo contribuição direta do segurado, artigo 201, o que
não ocorreu com a saúde e assistência social (BRASIL, 1988). Esta nova
configuração recebeu a denominação de – Tripé da Seguridade Social. Lembrando
que, com a Lei nº 8.213/91 que trata do Plano de Benefícios da Previdência Social, o
conteúdo referente à Renda Mensal Vitalícia, deixa de fazer parte das prestações
pagas pela Previdência Social, conforme artigo 18. Somente em 1993, com a criação
da LOAS, a assistência social é reconhecida no âmbito legal e prático como política
social de dever do Estado.
A história da assistência social no Brasil passou a ser dividida em dois momentos distintos: antes e depois da LOAS. Embora a LOAS signifique uma ruptura com o padrão anterior, o velho ranço assistencialista ainda está presente nas relações sociais no campo da assistência social. O que se pode afirmar é que o país, expressando uma conquista civilizatória, rompe com tais práticas e concebe a Assistência Social como direito social devendo o Estado provê-la, reconhecendo seus usuários como cidadãos, e constitutiva da Política de Seguridade Social juntamente com a Saúde e a Previdência Social. (HEIN, 2007, p. 4).
Dentre as conquistas presentes na LOAS, destaca-se os Benefícios de
Prestação Continuada – BPC que no artigo 20 desta Lei, concede a partir de
dezembro de 1995 o direito que os cidadãos afetos podem requisitá-lo.
Porém, ao ser denominado o benefício assistencial a idosos e portadores
de deficiência, como - Benefício de Prestação Continuada – BPC, o legislador
23
colocou uma denominação já utilizada pela Previdência Social ao se referir a todos
os outros benefícios10 pagos mensalmente, pela Previdência Social11.
Isso permite afirmar que benefício de prestação continuada não é
somente o previsto na LOAS, benefício que será tratado especificamente neste
trabalho, mas sim a todos aqueles pagos mensalmente e sem interrupções pela
Previdência Social. Porém, o BPC-LOAS, assume o papel de ser um benefício
assistencial, destinado a amparar as pessoas que não cumpriram os requisitos
mínimos exigidos para a concessão dos outros benefícios da Previdência Social. Já
existia anteriormente na forma de Amparo ou Renda Mensal Vitalícia como já tratado
anteriormente, porém com algumas diferenças, preferencialmente no que trata da
renda exigida para sua obtenção.
Conforme é explicado pela autora.
O artigo 20 da referida lei criou duas condições para o recebimento do benefício: para as pessoas com deficiência exigiu que comprovem a incapacidade para a vida independente e para o trabalho. E para ambos – idosos e portadores de deficiência – estipulou que só tem direito aquele que comprovar renda per capita familiar inferior a um quarto do salário mínimo (SANTOS, 2004, p. 79).
Segundo as fontes presentes do sítio da Previdência, o BPC-LOAS, é um
Benefício integrante da política de Proteção Social Básica no âmbito do Sistema
Único de Assistência Social – SUAS criado pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate a Fome - MDS, por intermédio da Secretaria Nacional de
Assistência Social – SNAS responsável pela sua implementação, coordenação,
regulação, financiamento, monitoramento e avaliação. No entanto, a
operacionalização é de responsabilidade do INSS. O custeio é de responsabilidade
do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS. Este assegura um salário mínimo
mensal à pessoa portadora de deficiência12 e ao idoso com 70 anos ou mais e que
10
Tais como Aposentadoria por Invalidez, por Idade, Tempo de Contribuição, Especial, Auxílio-Doença,
Salário-Família, Salário-Maternidade, Auxílio-Acidente, Pensão por Morte e Auxílio-Reclusão. 11
A título de esclarecimento e uniformidade no trabalho, aqui chamaremos o Benefício de Prestação Continuada
- BPC da Assistência Social como é referenciado pela Previdência Social, de “BPC-LOAS” para diferenciar dos
demais BPCs concedidos pela Previdência Social. 12
A expressão “pessoas portadoras de deficiência”, [...] se encontra em desuso, tendo sido substituída, na prática,
pelo termo “pessoas com deficiência”, haja vista que a condição de deficiência faz parte da própria pessoa, que,
assim, não tem como portar algo que já a integra. Neste sentido, cabe registrar que o Decreto Legislativo nº
6.949, de 25 de agosto de 2009, aprovou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu
Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, afirmando o emprego da nova
terminologia. (BRASIL, 2010) Por isso a partir daqui será utilizada a nova terminologia no texto.
24
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la
provida por sua família, conforme expresso na legislação procedente (BRASIL,
1993).
O direito conquistado pelos idosos, sofreu modificações com as
manifestações do movimento organizado presente na sociedade civil, pelos técnicos
e membros dos conselhos de direitos implantados na maioria dos municípios
brasileiros. Por meio da Resolução nº 324 de 15 de dezembro de 1995, a exigência
da idade - 70 anos - para 67 anos materializa-se a partir de 1º de janeiro de 1998, e
a passagem da idade de 67 anos para 65, sedimentou-se a partir de 1º de janeiro de
2000 (BRASIL, 1995). Estas conquistas reforçam o conteúdo presente no Estatuto
do Idoso em 2003. Este já previa a redução de 70 para 65 anos de idade quando
estabelece que (...) “aos idosos, a partir de 65 anos, que não possuam meios para
prover sua subsistência, nem tê-la provida por sua família, é assegurado o
benefícios mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da
Assistência Social - LOAS.” (BRASIL, 2003). Além de pautar a nova idade para
gozar do direito ao BPC-LOAS, o mesmo Decreto Lei estabeleceu normas e
procedimentos para a operacionalização do BPC-LOAS pelo INSS.
A partir dessa Resolução as agências da Previdência Social começaram a
protocolar, ou seja, encaminhar os pedidos de Benefícios de Prestação Continuada
seguindo as orientações e normatizações presentes na legislação específica13.
O BPC-LOAS “é o primeiro mínimo social não contributivo garantido
constitucionalmente a todos os brasileiros, independente da sua condição de
trabalho, atual ou anterior, mas dependente da condição atual de renda.” (SPOSATI,
2004, p. 127).
O usuário que pleitear a concessão do BPC-LOAS numa APS em
qualquer município brasileiro, não precisa ter sido ou ser contribuinte para a
Previdência, mas deve responder a alguns requisitos, como o da renda, que deve
ser comprovada com a apresentação de todos os documentos dos membros de sua
família, sendo considerado como renda mensal bruta familiar:
13
Como a Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993, Lei Orgânica da assistência Social – LOAS e suas
alterações, o Decreto nº 1.744, de 08 de dezembro de 1995, revogado pelo Decreto nº 6.214, de 26 de setembro
de 2007 e Decreto nº 4.712, de 29 de maio de 2003 que regulamentou o Benefício de Prestação Continuada
devido a pessoa portadora de deficiência e ao idoso e deu outras providências.
25
[...] a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, exceto quando se aplica a concessão do BPC a outro idoso na família conforme previsão do parágrafo único do Art. 34 da Lei 10.741 de 1° de outubro de 2003 - Estatuto do Idoso (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME – MDS, 2010).
Esta denominação – renda familiar – implicou aos envolvidos com a
Política conceituarem o entendimento de família, o qual explicitou seu conteúdo em
dois momentos. Para efeito do cálculo da renda familiar per capita mensal, definido
na LOAS, artigo 20, parágrafo 1º, entende-se família como sendo “a unidade
mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia era mantida pela
contribuição de seus integrantes” (BRASIL, 1993). Este conceito foi alterado pela
Medida Provisória nº 1.473-34, publicada em 11 de agosto de 1997, convertida na
Lei nº 9.720, de 30 de novembro de 1998, que passou a considerar a família: “o
conjunto de pessoas elencadas no artigo 16 da Lei nº 8.213/91, desde que viva sob
o mesmo teto, assim entendido: o requerente, o cônjuge ou companheiro (a), os
pais, os filhos, menores de 21 anos ou inválidos e os equiparados, inclusive o
enteado e o menor tutelado e os irmãos menores de 21 anos ou inválidos” (MDS,
2010)
Conquistado o beneficio, os técnicos envolvidos são obrigados a dar
encaminhamentos necessários de revisão do mesmo. Este procedimento ocorre a
cada dois anos, atendendo os dispositivos legais presente no artigo 21 da LOAS14.
Para ser regulamentada e efetivada, a revisão do BPC-LOAS foi assunto
para diversas legislações posteriores a LOAS15. No entanto a Portaria MPAS/SEAS
nº 1.524, de 05 de dezembro de 2002, estabeleceu procedimentos a serem
adotados pela área de Benefícios na Revisão, e a Portarias MPAS/SEAS nº 1.478,
14
Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da
continuidade das condições que lhe deram origem.
§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as condições referidas no caput, ou
em caso de morte do beneficiário.
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização. 15
Como o Decreto nº 1.744 de 8/12/95; Resolução INSS/PR nº 435 de 18/3/97; Lei nº 9.720 de 30/11/98;
Portaria nº 1.478 de 22/12/1999; Resolução INSS/DC nº 60 de 06/09/01 e Instrução Normativa INSS/DC nº 57
de 10/10/2001 (MDS, 2010).
26
de 22 de dezembro de 1999, revogada pela Portaria MPAS/SEAS nº 1.524 de 05 de
dezembro de 2002, estabeleceram os procedimentos e diretrizes para a revisão da
concessão do BPC-LOAS a serem adotados em ações conjuntas entre a Secretaria
de Estado de Assistência Social – SEAS o INSS, a DATAPREV e as Secretarias
Estaduais e Municipais de Assistência Social (BRASIL, 2002).
Para “Informações Sociais Complementares”, a Portaria diz que deve ser
utilizado o “Instrumento de coleta de informações sobre as necessidades dos
beneficiários e dos demais integrantes da família”. Para “Informações sobre a
Composição do Grupo e Renda Familiar”, deve ser utilizado o “Formulário próprio a
ser preenchido e assinado pelo beneficiário ou representante legal, contendo
informações sobre a composição do grupo e renda familiar.” E a “Avaliação Médico-
Pericial”, deve ser através do “Laudo Médico Pericial – Instrumento de apoio à
avaliação das deficiências e do nível de incapacidade para a vida independente e
para o trabalho.” (BRASIL, 2002).
Que a avaliação do BPC-LOAS deve ser, “preponderantemente,
qualitativa, analisando os aspectos de inclusão social e superação das condições
que lhe deram origem, conseguidos pelo beneficiário, a partir do acesso ao BPC-
LOAS [...]” (BRASIL, 2002).
a avaliação dos aspectos de inclusão social, carência e vulnerabilidade do beneficiário do BPC, será realizada por assistentes sociais das Secretarias Municipais de Assistência Social ou congêneres, do Município onde reside o beneficiário, por meio da realização de visita ao domicílio, utilizando instrumentos básicos instituídos para esta finalidade, com o objetivo de avaliar os aspectos sócio-econômicos, pessoais, culturais, e do entorno onde vive o beneficiário e o impacto dessas situações no nível de carência, vulnerabilidade e incapacidade para a vida independente e para o trabalho (BRASIL, 2002).
A Avaliação Social dos beneficiários é o reconhecimento dos seguintes
fatores sociais conforme estabelecido pela Portaria nº 1.524: as precárias situações
das relações familiares; a reduzida oferta de serviços comunitários e sociais; a
carência econômica familiar; o baixo nível de escolaridade; a inatividade da maioria
das pessoas idosas e portadoras de deficiência; as precárias relações com o meio
onde vivem; abaixa auto-estima frente à deficiência e à idade avançada; o
preconceito e os obstáculos culturais a uma integração social adequada dificultam o
27
acesso de portadores de deficiência e idosos a uma condição de vida com
qualidade, colocando-os numa situação de dependência e imobilismo social.
Em relação à metodologia da avaliação social a Portaria destaca que:
deve ser sempre a realização de visitas domiciliares ou às instituições de abrigo para conhecimento do beneficiário, dos demais integrantes de sua família e do local onde vivem. As observações não deverão se limitar aos aspectos sociais macros contidos no instrumento de avaliação ora apresentado. Todavia, com o objetivo de sistematizar as informações e atribuir pontuação, foi instituído instrumento e escala específica - Tabela de Dados, que contém uma série de quesitos auto-explicativos que deverão somar-se aos observados pelo técnico que realizará a visita. O avaliador social terá a condição de contemplar qualquer situação de vulnerabilidade verificada na visita domiciliar utilizando-se dos grandes grupos de observação priorizados no referido instrumento. As condições sociais verificadas poderão estar claramente definidas ou serem consideradas análogas ou equivalentes às citadas no instrumento (BRASIL, 2002).
A Tabela de Dados que deve ser utilizada para a Avaliação Social de
Pessoas Idosas deve seguir os seguintes itens de Avaliação segundo a Portaria nº
1.524: Situação econômica; Oferta de serviços comunitários; Características da
situação familiar; Relação de dependência; Avaliação das relações sociais;
Capacidade para desenvolver atividades produtivas.
E a Tabela de Dados da Avaliação Social de Pessoas com deficiência
deve seguir os seguintes Itens de Avaliação segundo a Portaria nº 1.524: Situações
de vulnerabilidades das relações familiares; Nível de oferta de serviços comunitários
e a adaptação destes; Carência econômica e os gastos realizados; Idade; Análise da
história da deficiência; Aspectos relativos ao labor e potencial para trabalhar.
A avaliação tem como objetivo ainda analisar se o beneficiário continua
ou superou as condições que deram direito ao benefício, manter sob proteção
àqueles que dependem do benefício, corrigir distorções na operacionalização dos
mesmos, possibilitar a oferta de serviços de habilitação e integração social e
desenvolver ações de apoio às famílias visando a promoção social (PARANÀ, 2005).
“[...] ao mesmo tempo em que pretende conhecer qual aplicação que o beneficiário
faz do benefício e se possui vínculos com outros programas sociais.” (SPOSATI,
2004, p. 165).
28
Desde a aprovação e regulamentação da LOAS, as regras para a
concessão dos benefícios assistenciais foram alteradas algumas vezes, ainda que
no sentido de ampliar o acesso aos beneficiários, foram mantidas algumas
características da Renda Mensal Vitalícia tanto para idosos como para pessoas com
deficiência, mas também foi imposto uma restrição direcionada às pessoas inválidas,
aquelas que não nasceram com esta condição, que adquiriram uma invalidez. Com a
extinção da RMV, estas perderam o direito de acessar um benefício assistencial em
qualquer idade, e com a LOAS, só poderão pleitear o BPC-LOAS à pessoa idosa,
quando completarem 65 anos de idade e não mais o de pessoas com deficiência.
1.2 O PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL
A data de implantação do Serviço Social na Previdência Social não é
consensual entre os estudiosos do tema. Segundo Iamamoto e Carvalho (1993, p.
300), a primeira experiência oficial da implantação do Serviço Social na Previdência
Social, deu-se em 1942, organizado pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos
Comerciários - IAPC, com a principal tarefa de realizar uma pesquisa sobre o modo
de vida dos segurados, obtendo com esta medida, os elementos necessários para a
atuação de um seguro social mais eficiente e consciente.
Conforme a Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social na Previdência
Social, a institucionalização/oficialização do Serviço Social no sistema previdenciário
ocorreu em 06 de abril de 1944, por meio da Portaria nº 25 do Conselho Nacional do
Trabalho – CNT. Esta portaria também dá estatuto legal para a expansão dos IAPs
desde 1943, e a criação das instituições: LBA, Serviço Social da Indústria – SESI,
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI e a legislação trabalhista
através da promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho CLT em 1943, que
objetivaram o controle e a regulamentação da proteção social brasileira.
Ao pautar as atribuições do assistente social nesta instituição, para
Iamamoto e Carvalho (1993, p. 302) o assistente social na Previdência
desempenhava um papel educativo, atuando como “esclarecedor do Seguro Social”,
enquanto que para Silva (2007, p. 19-20) traz que a institucionalização do Serviço
Social na Previdência Social ganhou direção a partir do ofício Circular nº 250/1948
do ex-diretor geral do Departamento Nacional de Previdência Social Sr. Moacir
29
Veloso Cardoso de Oliveira, que instituiu as seguintes medidas a ser tomadas pelas
“instituições de previdência”:
[...] organização de seções de Serviço Social, lotação nas referidas seções dos servidores com curso regular de “assistência social” ou com curso intensivo de “auxiliar social”, distribuição, sob regime de adiantamento de “pequena dotação para fazer face às despesas miúdas, passagens a serviço etc”, controle do registro de entrada e saída dos servidores, observadas as necessidades dos “trabalhadores de serviço social”, colaboração dos diversos órgãos da instituição, não aumento de despesa quanto a pessoal pelo aproveitamento dos servidores já disponíveis, e concessão de bolsas de estudo para “o preparo de novos servidores nessa relevante atividade”. (SILVA, 2007, p. 20).
De que o Serviço Social previdenciário fora concebido como assistência
Complementar, através da Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, nº 3.807, de
05 de setembro de 1960, artigo 52 que diz “A assistência complementar
compreenderá a ação pessoal junto aos beneficiários, quer individualmente, quer em
grupo, por meio da técnica do Serviço Social, visando à melhoria de suas condições
de vida.” (BRASIL, 1960).
A LOPS teve como objetivo, a universalização, a uniformização e a
unificação de todos os benefícios16 e dos serviços como, assistência médica,
assistência alimentar, assistência habitacional e assistência complementar. Segundo
Silva (2007, p. 25), a LOPS, refere-se “a melhoria das condições de vida dos
beneficiários”.
Entretanto a Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social na
Previdência Social assinala que o Serviço Social atuava dando “respostas às
demandas institucionais da profissão e da própria dinâmica da sociedade”, que
neste momento se legitimou como profissão e se afirmou através da participação
dos profissionais tanto no planejamento, na supervisão e na execução das ações
dentro das instituições previdenciárias. Que a prática de ação do Serviço Social
também se expressou através do Plano Básico de Ação do Serviço Social – PBA,
Resolução INPS nº 401.4 de 07 de fevereiro de 1972, que tinha como objetivo
desenvolver programas de assistência social em resposta à situação sócio-
econômica vivida no país, que teve sua segunda edição em 1978 através da
16
Tais como: auxílio doença, auxílio natalidade, aposentadoria por invalidez, velhice, especial e por tempo de
serviço, pecúlio, assistência financeira, pensão, auxílio reclusão e auxílio funeral.
30
Resolução INPS nº 064.2, vigorando até 1991 (BRASIL, MPAS, MATRIZ TEÓRICO-
METODOLÓGICA DO SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 1995, p. 11).
Neste ano é aprovado a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe
sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e o Serviço Social aparece
atuando não só nos benefícios previdenciários, mas também conforme artigo 88,
Seção “Dos Serviços” na Habilitação e Reabilitação Profissional e no Serviço Social
especificamente com a competência de:
[...] esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade. § 1º Será dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e atenção especial aos aposentados e pensionistas. § 2º Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão utilizadas intervenção técnica, assistência de natureza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos. § 3º O Serviço Social terá como diretriz a participação do beneficiário na implementação e no fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de classe. § 4º O Serviço Social, considerando a universalização da Previdência Social, prestará assessoramento técnico aos Estados e Municípios na elaboração e implantação de suas propostas de trabalho (BRASIL, 1991).
Destaca-se ainda que neste momento, as ações profissionais do Serviço
Social na Previdência, estão pautadas conforme a última Instrução Normativa - IN
nº. 45I, publicada em 06 de agosto de 2010 pela Previdência Social. O Serviço
Social é destinado aos segurados, dependentes e demais usuários da Previdência,
atingindo a universalidade dos brasileiros.
A Reabilitação Profissional consiste em oferecer aos segurados
incapacitados para o trabalho seja por motivo de doença ou acidente, os meios de
readaptação profissional para o seu retorno a atividade exercida na empresa ou para
outra atividade no mercado de trabalho.
Essas duas modalidades de Serviços têm a finalidade de esclarecer os
direitos sociais das pessoas em geral, de como exercê-los, facilitando o acesso aos
benefícios e aos serviços previdenciários.
Assim a Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social na Previdência
Social nos permite compreender que a trajetória do Serviço Social na Previdência é
31
um espaço profissional constituído juntamente com seu saber profissional, a partir do
atendimento das demandas da sociedade. É um espaço que responde às relações
sociais de produção e também se utiliza de uma matriz teórico-metodológica para
direcionar sua ação (BRASIL, MATRIZ TEÓRICO-METODOLÓGICA DO SERVIÇO
SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 1995, p. 11).
Considerando as questões expostas, esta pesquisa é importante, pois,
possibilitará debates e indagações com os servidores da agência da Previdência do
município de Toledo, em relação à presença e atuação de assistentes sociais nas
APS, analisando qual é a contribuição que este profissional traz a partir do seu
conhecimento teórico-metodológico e social, para com os usuários do Serviço Social
e também da Previdência Social.
Esta interação possibilitará que a prática deste profissional seja ampliada
e articulada com as demais políticas da Seguridade Social e da Política de
Assistência Social para com os usuários que procuram uma APS, muitas vezes sem
saber que possuem direitos a benefícios assistenciais.
A partir dessa perspectiva poderá ser potencializando a capacidade de
atendimento às novas demandas que emergem nas APS, frutos das contradições
presentes na realidade social. Esses procedimentos, ancorados aos princípios do
Projeto Ético Político e do Código de Ética da profissão, conforme Resolução do
Conselho Federal do Serviço Social - CFESS nº 273/93 de 13/03/93, tem como
princípios fundamentais:
Possibilitar a garantia e reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes, autonomia, emancipação e expansão dos indivíduos, defesa dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo, ampliação e consolidação da cidadania visando à garantia dos direitos civis, sociais e políticos aproximando-as cada vez mais das classes trabalhadoras. (CRESS, 2007b, p.13)
Assim sendo, a inclusão de profissionais assistentes sociais no quadro de
servidores propiciou a defesa dos direitos humanos conforme especifica o Código de
Ética e a Constituição Federal Brasileira, bem como ampliar o campo de
possibilidades para fortalecer o projeto profissional da categoria.
32
1.3 A AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR E OS BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS.
Entre as décadas de 1980 e 1990, através da Resolução nº 87, de 02 de
dezembro de 1980, o município de Toledo-PR17 foi contemplado com a criação de
uma Agência da Previdência Social - APS. Com estrutura funcional proposta de
acordo com a Lei nº 6.739, de 01 de setembro de 1977, institui na APS o Sistema
Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS, ou seja, o conjunto
denominado de IAPAS, INPS e INAMPS.
Instituído a APS, o governo federal, entre os dias 03 e 10 de outubro de
1982, por meio do edital MPAS/IAPAS nº27/82 abriu por meio dos documentos
legais, o edital de concurso público para três categorias funcionais - Agente
Administrativo, com 50 candidatos aprovados; Agente de Portaria, com 50
candidatos aprovados e Datilógrafo, com 16 candidatos aprovados. Registra-se que
nem todos os primeiros da lista de classificados e aprovados assumiram as
respectivas vagas, abrindo oportunidade para que os classificados mais longínquos
fossem chamados e compusessem o quadro de servidores da primeira APS do
município de Toledo-PR. A agência teve sua inauguração no dia 25 de abril de 1983,
no prédio locado e instalado na Avenida Maripá, nº 1185, centro de Toledo-PR18.
Para adequar o quadro funcional em suas diferentes atividades, num primeiro
momento o IAPAS funcionou no subsolo, o INPS no térreo e o INAMPS no 1º andar
do prédio.
A partir de 01 de setembro de 1992 a sede da Previdência Social de
Toledo foi transferida para o prédio próprio construído na Rua Assis Brasil, nº 209,
Bairro Jardim Gisela, onde mantém suas estruturas de atendimento aos seus
segurados até os dias atuais19. Instalada no novo endereço, a agência inseriu em
sua organização estrutural o setor de benefícios no térreo e o setor de arrecadação
(mesma modalidade do antigo IAPAS) no 1º andar. O setor de benefícios organizou-
se num primeiro momento em diferentes salas específicas para atendimentos de
benefícios rurais, Auxílio-Doença, Acidente de Trabalho e Recursos de Benefícios. A
parte administrativa da perícia médica se concentrava na agência, mas as perícias 17
O resgate histórico da APS do município de Toledo inseridas neste trabalho foi coletado por meio de uma pré-
entrevista junto ao atual Chefe da APS do município de Toledo-PR. 18
Só para localização, nos dias de hoje nesse prédio, funciona a Sede da Justiça Federal – Seção Judiciária do
Paraná, subseção do município de Toledo. 19
Através de uma reestruturação das ruas da cidade, hoje o nome da Rua é Rui Barbosa é o número, 2989.
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médicas eram realizadas nos consultórios dos Médicos contratados e credenciados
pela agência. Com a realização de concurso público para médico perito do INSS, as
perícias médicas passaram a ser realizadas na agência.
Com a realização de novos concursos públicos, no decorrer dos anos as
salas e as repartições do espaço físico das agências no geral ganharam novas
configurações, inclusive a do município de Toledo-PR. A partir de 2004 a agência em
Toledo passou por uma reforma física e estrutural acompanhando o processo de
padronização de todas as APS do Brasil, em relação ao modelo, cor dos móveis,
cadeiras, equipamentos e também na organização do atendimento.
Com relação aos benefícios assistenciais, até o final do ano de 1995 a
agência procedia conforme a Lei nº 6.179, que instituiu o Amparo Previdenciário ou
Renda Mensal Vitalícia, como já explicitado anteriormente e a partir de 1º de janeiro
de 1996 passou a encaminhar os Benefícios de Prestação Continuada – BPC
previsto no artigo 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, Lei Orgânica da
Assistência Social – LOAS, regulamentado pelo Decreto nº 1.330 de 8 de dezembro
de 1994.
Inicialmente, conforme o Decreto nº 1.330, a habilitação do usuário ao
Benefício deveria ocorrer com o envio de requerimento até o Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS, no caso do idoso e à Fundação Legião Brasileira de
Assistência - LBA, no caso de pessoa portadora de deficiência, através de uma
agência local da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, em formulário
padronizado. Ao ser considerada apta a documentação, no caso de beneficiário com
deficiência, este deveria ser submetido a uma avaliação por equipe multiprofissional
do Sistema único de Saúde – SUS, do INSS ou de entidade credenciada para esse
fim (BRASIL, 1994).
Após várias revogações e alterações o que está vigorando em relação à
regulamentação dos BPC-LOAS é o Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007,
que prevê a responsabilidade pela operacionalização do Benefício pelo INSS,
podendo ser requerido nas APS ou em órgãos autorizados para esse fim, trazendo
ainda no seu artigo 16 que:
a concessão do mesmo às pessoas com deficiência ficará sujeita a avaliação da deficiência e do grau de incapacidade com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF [...]. § 1o A avaliação da deficiência e
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do grau de incapacidade será composta de avaliação médica e social. § 2o A avaliação médica da deficiência e do grau de incapacidade considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e a avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades. § 3º As avaliações de que trata o § 1o deste artigo serão realizadas, respectivamente, pela perícia médica e pelo serviço social do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim. (BRASIL, 2007)
Esse Decreto foi aprovado em 26 de setembro de 2007, nesta época a
APS do município de Toledo – PR ainda não contava com a presença de um
profissional assistente social que respondesse por essa função no seu quadro de
funcionários e seguiu encaminhando os BPC-LOAS somente com os funcionários
administrativos.
Em meados do ano de 2006, a agência firmou uma parceria verbal com
as prefeituras dos municípios com abrangência para atendimento (Ouro Verde do
Oeste, São José das Palmeiras, Maripá e São Pedro do Iguaçú), passando a adotar
o seguinte procedimento em relação aos encaminhamentos dos benefícios
assistenciais: 1º - O profissional assistente social, responsável pela Secretaria da
Assistência Social do respectivo município, fazia o primeiro contato com as pessoas
que desejassem encaminhar o Benefício Assistencial. Este procedimento no
município de Toledo era mais amplo, o encaminhamento era realizado tanto pela
assistente social do Centro de Referência da Assistência Social - CRAS, da cidade
de Toledo-PR, quanto pelos profissionais da Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais - APAE e Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos –
APADA que respondiam pelos encaminhamentos; 2º - Os profissionais realizavam o
que consiste na pré-separação dos usuários que demandam este serviço, a
assistente social realizava a triagem junto ao usuário demandante do benefício; 3º -
Recolhia cópias de todos os documentos pessoais do requerente e de seu grupo
familiar, em observância a Lei nº 8.213 de 24/07/91; 4º - Realizava visita domiciliar
para a formulação do parecer social e econômico da família; 5º - Emitia o parecer
social final baseado nas informações obtidas em relação ao direito ou não ao
benefício; 6º - Encaminhava os documentos a APS de Toledo onde através de uma
funcionária administrativa, fazia a operacionalização dos benefícios; alimentando o
programa de computador SABI - Sistema de Administração de Benefícios por
Incapacidade, desenvolvido pela DATAPREV, o qual iria finalizar os benefícios de
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acordo com a legislação vigente, base de sua programação. Este procedimento
ocorreu até junho de 2009, quando da contratação do assistente social na APS do
município de Toledo-PR, conforme será melhor exemplificado na apresentação dos
dados da entrevista (item 2.2).
Como se vê, a APS de Toledo passou 26 anos atendendo a população
toledana e região, sem a presença de um profissional assistente social, nesse
período aconteceram três concursos públicos, o primeiro após 20 anos da abertura
da agência, em 2003, com as provas aplicadas no mês de março para os cargos a
nível médio, Técnico Previdenciário e nível superior, Analista Previdenciário. Neste
concurso, nenhuma vaga foi destinada para a agência do município de Toledo-PR.
O segundo concurso ocorreu em janeiro de 2005 para os mesmos cargos e também
não foi aberta nenhuma vaga para a agência de Toledo; somente no terceiro
concurso público em 2008 teve a abertura de uma vaga de nível médio, para o cargo
de Técnico do Seguro Social. 20
Ainda sem nenhum profissional assistente social na agência, pela
ausência de concurso público na Previdência para esse cargo, em 2008, após uma
intensa mobilização do Conselho Federal de Serviço Social – CFESS e também dos
profissionais, o que, aliás, se caracterizou como um grande avanço da categoria em
se preocupar com o aumento de campos de trabalho e de melhorias na prestação de
serviço público, no âmbito da Previdência e Assistência Social, foi publicado um
manifesto em defesa da realização de concurso público para o provimento de vagas
para assistentes socias nas demandas da Previdência Social e Assistencia Social,
com o seguinte teor:
[..] o Serviço Social existe há 64 anos na Previdência Social, sendo regulamentado pela Lei 8.213/91 [...] É um serviço que o usuário tem o direito de usufruir na sua relação com a política de Previdência Social e de Assistência Social. O INSS possui na sua estrutura regimental a finalidade de “promover o reconhecimento, pela Previdência Social, de direito ao recebimento de benefícios por ela administrados, assegurando agilidade, comodidade aos seus usuários e ampliação do controle social”. O atendimento técnico do Serviço Social é realizado nas Agências da Previdência Social e no âmbito externo da Instituição, junto às organizações da sociedade civil e entidades governamentais, por meio da execução de projetos e ações consubstanciadas na Socialização das Informações
20
Nome dado ao cargo previdenciário de nível médio da Previdência Social, conforme Lei nº 10.855/2004, que
dispõe sobre a reestruturação da Carreira Previdenciária, alterada pela Medida Provisória nº 359/2004,
convertida na Lei nº 11.501 de 11 de julho de 2007.
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Previdenciárias e Assistenciais, no Fortalecimento do coletivo e na Assessoria Técnica aos Estados, Municípios e entidades governamentais e não-governamentais. Através dessas ações, o Serviço Social tem contribuído tecnicamente e de forma expressiva para a implementação da política previdenciária e assistencial, exercendo sobremaneira uma interlocução hábil com a sociedade em geral, e produzindo resultados significativos para a Previdência Social. Como exemplo destacamos, a contribuição na melhoria do atendimento dos usuários nas Agências da Previdência Social, diminuindo os retornos, favorecendo a racionalização do fluxo de usuários, a redução das filas, a inibição da ação dos intermediários e a otimização da interface com as políticas de Seguridade Social por excelência com a Assistência Social [...] (CFESS, 2008).
Com estas manifestações, o Governo Federal entendeu a necessidade da
abertura de concurso público para a contratação desta categoria de profissionais e
publicou o edital nº 01 de 06 de novembro de 2008 autorizando a realização de
concurso público para o provimento de 900 vagas e formação de cadastro de
reserva para o cargo de Analista do Seguro Social21 com formação em Serviço
Social. As provas ocorreram no dia 11 de janeiro de 2009 e foram abertas duas
vagas para o município de Toledo-PR. O candidato aprovado assumiu o cargo na
data de 15/06/2009 e hoje responde pela função de assistente social dentro da APS
do município de Toledo-PR.
A presente pesquisa traz enquanto delimitação do objeto, pautar as
atividades relacionadas ao Serviço Social na agência da Previdência Social do
município de Toledo-PR. Para atingir o objeto almejado, foram realizados alguns
passos metodológicos de organização estrutural e de conteúdo. Resgatou-se o
histórico da agência desde a sua fundação em 1983, enfatizou-se os Benefícios de
Prestação Continuada – BPC-LOAS e da contratação de um profissional assistente
social para tratar desses assuntos, a fim de ampliar o campo de acesso aos direitos
sociais da população usuária, que além de indispensáveis e imprescindíveis para
manutenção da vida de um ser humano, que na maioria das vezes está garantido
pela legislação, como é o caso do BPC-LOAS, objeto deste estudo, mas que acaba
por não chegar até os necessitados, porque se esbarra na seletividade, na
burocracia ou no tecnicismo de órgãos do governo federal como o INSS, conforme
analisa Sposati:
21
Nome dado ao cargo previdenciário de nível superior da Previdência Social, conforme Lei nº 10.855/2004, que
dispõe sobre a reestruturação da Carreira Previdenciária, alterada pela Medida Provisória nº 359/2004,
convertida na Lei nº 11.501 de 11 de julho de 2007.
37
A relação entre o social, a polícia, a moral e o favor institucionalizado como documentos comprobatórios da dignidade do “brasileiro-trabalhador” foi abolida a princípio pela Constituição de 1988, que assegurou ao idoso e à pessoa com deficiência o acesso a um salário mínimo mensal, denominando-o posteriormente como BPC. Todavia, algumas burocracias do INSS continuam a desconfiar do “pobre” cidadão, exigindo-lhe as cartas de apresentação (SPOSATI, 2004, p.129).
É aí que o Serviço Social entra já que assume como profissão o
posicionamento em favor da equidade e da justiça social, que assegure
universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas
sociais, bem como sua gestão democrática, conforme estabelecido em um dos
Princípios Fundamentais do Código de Ética da profissão.
38
2 BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC - LOAS NA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR.
2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente pesquisa foi realizada no espaço sócio-ocupacional da
agência da Previdência Social - APS do município de Toledo-PR. Para atingir os
objetivos propostos nesta pesquisa utilizou-se da abordagem qualitativa que permite
uma maior possibilidade de abordar o objeto.
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, ela se preocupa nas Ciências Sociais com um nível da realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores, atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis [...] (MINAYO, 1994, p.21).
Ou seja, é preciso investigar e analisar criticamente os dados para
entender o que se propõe em conhecer. Para isso, utilizou-se também da pesquisa
do tipo exploratória que “são investigações de pesquisa impírica cujo objetivo é a
formulação de questões ou de um problema, com finalidade de aumentar a
familiaridade do pesquisador com um ambiente” (MARKONI; LAKATOS, 1999, p. 87)
a fim de conhecê-lo.
Realizou-se a pesquisa bibliográfica e documental para apreender e
compreender o histórico da instituição Previdência Social, bem como da APS do
município de Toledo-PR. Entre os documentos pesquisados destacam: legislações,
publicações e informativos da Previdência Social tanto em forma on line como
documental.
A pesquisa qualitativa que foi enunciada exigiu a elaboração de uma
instrumental de pesquisa, questionário. Este, com configuração semi-estruturada,
põem a intencionalidade, conforme corroborado por Markoni e Lakatos, de permitir
que o entrevistador siga um roteiro pré-estabelecido com perguntas pré-
determinadas a ser realizada com pessoas selecionadas de acordo com um plano
(MARKONI; LAKATOS, 1991, p. 197). Porém, “também permite correções,
esclarecimentos e adaptações que a tornam sobremaneira eficaz na obtenção das
39
informações desejadas. [...] a entrevista ganha vida ao se iniciar o diálogo entre o
entrevistador e o entrevistado.” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 34).
Para interferir no objeto, os procedimentos metodológicos exigiram
escolher o universo total, compreendendo todos os funcionários da APS do
município de Toledo-PR. Devido a aproximação dos sujeitos a serem entrevistados
com a pesquisadora, o processo de convite e aceitação não obteve dificuldade.
Ressalta-se que o conhecimento adquirido a partir da convivência da mesma com o
grupo foi decisivo. Considerando que o universo da pesquisa representa a totalidade
da população, o critério de seleção da amostra utilizada referenciou-se na amostra
não probabilística, com recorte intencional representada por quatro funcionários que
estão diretamente envolvidos com os benefícios BPC-LOAS. Segundo Markoni e
Lakatos (1999, p. 22), as amostras intencionais possibilitam obter a opinião de certas
pessoas, não necessariamente representativas do universo todo, mas de parte dele.
Nesse tipo de amostra, o pesquisador se dirige somente a elementos que ao seu
entender, pela função desempenhada contribuirá com a pesquisa.
A aplicação do instrumental possibilitou aos entrevistados sentirem-se
livres para falar a respeito dos conteúdos presentes nas questões, seu envolvimento
com as atividades relacionadas ao BPC-LOAS, desde sua implantação, ou seja,
período antes e depois da contratação do profissional assistente social na agência.
As entrevistas foram agendadas com os sujeitos individualmente para serem
realizadas nas dependências da APS do município de Toledo-PR; utilizou-se um
gravador, com a autorização prévia dos entrevistados, o que possibilitou melhor
compreensão das respostas e a garantia da real transcrição das falas dos
entrevistados.
A fim de garantir o sigilo e a ética profissional, as informações coletadas
nas entrevistas foram tratadas de maneira confidencial como forma de impedir a
identificação dos sujeitos da pesquisa. Após a realização das entrevistas, os dados
foram transcritos e sistematizados por eixos categoriais que os conteúdos coletados
revelaram. Para efeito de estruturação dos conteúdos foi utilizada a metodologia de
codificação dos sujeitos procedida como: E1, E2, E3 e E4, os quais serão
brevemente apresentados a seguir, conforme exigências da análise crítica.
Em relação à leitura e análise crítica dos dados da presente pesquisa com
o intuito de responder ao problema e ao objetivo geral desse trabalho, apresentamos
quatro eixos sistematizados: o primeiro apresenta brevemente o perfil e a atuação
40
profissional dos entrevistados na APS do município de Toledo-PR; o segundo
aborda as atividades desenvolvidas por eles antes e depois da contratação do
assistente social na agência; o terceiro e último, buscou-se apreender, compreender
e analisar criticamente as mudanças ocorridas com a contratação do assistente
social na agência.
2.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA
Com a institucionalização do BPC-LOAS em 1996, usuários das políticas
sociais, com demarcação na maioria de pobres e miseráveis, passaram a ter acesso
em reivindicar o usufruto deste Benefício. Para viabilizar esse direito, o INSS passou
a responder pela instrumentalização técnica do mesmo através do encaminhamento,
análise e finalização do processo em questão.
A agência da Previdência Social do município de Toledo-PR, por meio de
ações voltadas aos usuários através de parcerias com entidades sociais e
Prefeituras Municipais, vem protocolando, analisando e finalizando estes Benefícios
desde janeiro de 1996, quando o mesmo foi regulamentado pela LOAS.
A operacionalização desses Benefícios na APS do município de Toledo-
PR vem ocorrendo do começo ao fim por funcionários administrativos, hoje
denominados Técnicos do Seguro Social. Segundo Sposati (2004, p. 172), essa
prática dos funcionários administrativos do INSS revela que “o direito ao acesso fica
submetido à sensibilidade de técnicos e médicos, no sentido de flexibilizar suas
restrições e ampliar a possibilidade de alcance do benefício”.
Foi eleito como objetivo geral, apreender, compreender e analisar o
atendimento aos usuários dos Benefícios de Prestação Continuada antes e depois
da contratação de um assistente social pela agência da Previdência Social do
município de Toledo-PR no ano de 2009. Ao mesmo tempo problematizou-se em
que medida os serviços prestados aos usuários do BPC-LOAS expressam graus
diferenciados de profissionalização. Para isso os questionamentos da presente
pesquisa giraram em torno de saber quais atividades relacionadas ao BPC-LOAS
são desenvolvidas pelos entrevistados e como as mesmas vêm sendo
desenvolvidas antes e depois da contratação do assistente social que responde por
essa função na agência.
41
Para iniciar e ter uma visão geral do perfil dos entrevistados, segue abaixo
dois Quadros a respeito da Formação Acadêmica e da Atuação Profissional dos
entrevistados na agência.
QUADRO I – FORMAÇÃO ACADÊMICA DOS ENTREVISTADOS
SUJEITOS INSTITUIÇÃO QUE SE FORMOU ANO DE
FORMAÇÃO
ÁREA DE
FORMAÇÃO
E1 Unioeste 1985 Economia
E2 Unioeste 2006 Serviço Social
E3 Unioeste 1992 Serviço Social
E4 Unioeste 1991 Serviço Social
Fonte: Dados sistematizados pela pesquisadora deste TCC em setembro/2010.
QUADRO II – ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS ENTREVISTADOS NA AGÊNCIA
SUJEITOS ANO DA
CONTRATAÇÃO
CARGO INICIAL E
ATUAL
TEMPO DE
TRABALHO
NA APS
REALIZA
ATIVIDADES
DO BPC-LOAS
E1 1983 Agente
administrativo/Gerente
27 anos Sim
E2 2009 Analista do Seguro
Social com Formação
em Serviço Social.
1 ano Sim
E3 1984 Agente
administrativo/Técnico
do Seguro Social
26 anos Sim
E4 1983 Agente de
Portaria/Técnico do
Seguro Social
27 anos Sim
Fonte: Dados sistematizados pela pesquisadora deste TCC em setembro/2010.
A partir da visualização dos quadros, é possível destacar a formação
profissional dos funcionários que assumiram o concurso22 em 1983. Quando foi
22
Concurso Público do governo federal, realizado entre os dias 03 e 10 de outubro de 1982, por meio do edital
MPAS/IAPAS nº 27/82.
42
realizada a confrontação do período de contratação e o período de trabalho de cada
um na agência, chegou-se a média de 27 anos de atuação na agência, diferente do
E2, Analista do Seguro Social com formação em Serviço Social/assistente social que
está 01 ano e 5 meses atuando na agência por ter assumido a vaga em 15/06/2009
decorrente do último concurso23 do INSS em 2008.
Os Quadros I e II também explicitaram que dos quatro sujeitos
entrevistados, três são graduados em Serviço Social, E3 e E4 e foram graduados
oito anos após já terem assumido a vaga na agência em 1983, inicialmente com os
cargos denominados, Agente de Portaria e Agente Administrativo respectivamente,
que hoje passaram a ser denominados Técnicos do Seguro Social, porém, somente
o E2 responde pela função de assistente social dentro da agência desde 2009
quando assumiu o concurso para o cargo de Analista do Seguro Social com
formação específica em Serviço Social, e o E1, graduado em economia que
inicialmente assumiu como Agente Administrativo e hoje responde pela Gerência da
agência.
Um dos primeiros questionamentos da pesquisa foi de como os
funcionários foram indicados ou encaminhados para desenvolverem atividades
relacionadas ao BPC-LOAS na agência, conforme destacado a seguir:
Era um setor que sempre estava meio parado, que a prioridade sempre foi atender aqueles que estão ali então, depois que a gente se formou e veio pra cá, eu acredito que naturalmente foi passado pra nós, devido também que a outra servidora fez a monografia dela sobre o idoso. Aí passaram pra mim, o LOAS não é complicado é uma parte que é mais fácil de aprender [...] e eu to até hoje [...]. Eu nunca trabalhei na Reabilitação Profissional que também é parte do Serviço Social. Sempre aqui todos os setores tão precisando de mais gente porque a falta é grave mesmo, então aquela sobrecarga, tinha o serviço aqui que era pra ser feito, aí eu comecei. (E3)
Realizo atividades relacionadas ao BPC desde o início, 1996, acho que o fato de eu ter formação em Serviço Social, influenciou um pouco na indicação de eu ir trabalhar com os Benefícios Assistenciais, pela formação, por ter tido acesso a um conhecimento mais completo e abrangente da realidade. Mas não deixei de executar outras atividades, como analisar e conceder aposentadorias, pensões e auxílios, ou seja, atendimento ao público em geral na área de Benefícios. (E4)
23
Concurso Público nº 1 de 06/11/2008 para o provimento de 900 vagas e formação de cadastro de reserva para
o cargo de Analista do Seguro Social, com formação em Serviço Social, as provas ocorreram no dia 11 de
janeiro de 2009 e foram abertas duas vagas para o município de Toledo-PR.
43
Na realidade eu não fui indicado, até pelo fato de ter sido Chefe do setor de Benefícios e Chefe do INSS, a necessidade fazia com que atuasse nele ou naquele lugar. (E1)
Ao INSS cabe a operacionalização do BPC-LOAS, ou seja, o
encaminhamento, análise e finalização desse processo de Benefício. Conforme
destacado nas falas acima, os três entrevistados passaram a desenvolver atividades
ligadas ao BPC-LOAS a partir de 1996, momento da sua implantação, sendo
possível perceber que o fato de E3 e E4 serem graduadas em Serviço Social,
influenciou no direcionamento das mesmas para realizarem atividades ligadas ao
BPC-LOAS. Mas não somente por isso, a necessidade da agência em deslocar
funcionários para realizar tal atividade também pode ser percebida nas falas.
O problema da falta de funcionários na APS lembrado pela E3, é um fato
antigo e constante na agência de Toledo-PR e na maioria das APS do Brasil,
justamente pela ausência de concursos públicos24, o que resulta numa sobrecarga
de trabalho para os funcionários que, além de estarem na maioria do tempo
atendendo ao público, ainda precisam analisar e finalizar os processos de benefícios
encaminhados, o que acaba sendo realizado depois do expediente, porque no
horário normal do expediente a agência permanece com as portas abertas e os
funcionários devem ficar no atendimento ao público. O atendimento é importante e
necessário, mas se o Governo Federal contratasse mais funcionários, através de
concursos públicos, os serviços prestados tanto dos Benefícios assistenciais como
dos Benefícios previdenciários das APS do Brasil todo poderiam ser mais ágeis e
com melhor qualidade aos usuários.
Destaco ainda a fala do sujeito E1 que reforça a atuação dos sujeitos E3
e E4 nas atividades relacionadas ao BPC-LOAS desde sua implantação:
Bem, dentro da agência, as pessoas que estavam envolvidas mais diretamente era o E3 e E4, duas servidoras que basicamente as duas que trabalharam mais diretamente com esse Benefício, além dos médicos que faziam as perícias, uma série de médicos. Fora da agência, nos tínhamos uma parceria verbal porque não havia nada a nível de documento, com as assistentes sociais das prefeituras de Toledo, São José das Palmeiras, Santa Helena, Ouro Verde, São
24
Como trazido nas páginas 35 deste TCC, em 27 anos de funcionamento da APS do município de Toledo-PR,
foram realizados somente três concursos públicos para o provimento de cargos administrativos, sendo que
somente em 2008 foi destinada uma vaga de nível médio para a agência de Toledo-PR e outro concurso
realizado no final de 2008 para o cargo específico de assistente social. Ou seja, a agência passou praticamente 20
anos atendendo a população sem a contratação de novos funcionários.
44
Pedro do Iguaçu, [...] praticamente todos esses benefícios eram encaminhados pelas Secretarias da Assistência Social, vinha com o parecer, tudo certinho, geralmente por uma assistente social (E1).
Além dos servidores administrativos da agência, a instrumentalização do
BPC-LOAS aos usuários afetos contava também com a participação de um médico
perito que realizava a perícia médica nos casos de Amparo ao Deficiente-B/87; bem
como de uma forma organizada através de uma parceria verbal, a partir de 2006, a
participação de assistentes sociais das Prefeituras e Secretarias da Assistência
Social dos municípios enquanto parceiros conforme exemplificado na página 34
deste TCC.
Vale lembrar que na época em que as funcionárias entrevistadas E3 e E4
realizaram o curso de graduação em Serviço Social, anos de 1991 e 1992, o BPC-
LOAS ainda não vigorava, nem a legislação que o previa, portando as funcionárias
direcionadas para realizarem atividades relacionadas ao BPC-LOAS não tiveram
aproximação com o conteúdo relacionado ao Benefício na graduação, mesmo assim
as atividades foram desenvolvidas por elas na agência, como destacado a seguir.
Desempenho este trabalho desde o início de 1996 até a presente data. Protocolo e análise de benefícios B/87 e B/88, entretanto, a avaliação social do benefício à pessoa com deficiência hoje, está a cargo do servidor Analista do Seguro Social com formação em Serviço Social desde 2009. Eu era responsável pela operacionalização do BPC, recebimento de requerimentos, concessão, manutenção, revisão, suspensão ou cessação do Benefício. (E4)
Os B/88 eu protocolava do começo ao fim, quando era habilitação, da parte administrativa, de receber a documentação toda, pra requerer o benefício. Aqueles que queriam saber como que era, eu explicava, [...] daí eu dava a listinha da documentação, eles traziam, conferia as originais e cópias dos documentos e preenchia a folha do Requerimento e da Declaração da Composição e Renda Familiar, quem morava junto, aí eu já explicava que é só até 21 anos que entra no cálculo da renda, se a pessoa tem mais de 21 anos e mora na casa, aquela renda não conta mais, [...] pegava o documento de todos, consultava se tinha benefício, consultava se tinha emprego, quanto ganhava, quando não tinha como comprovar renda eu fazia uma declaração pra ela assinar, [...] a gente explicava que a pessoa está assinando que a família quem mora junto são essas pessoas, eu já fazia e já finalizava, se tinha direito, em uma semana já estava recebendo. E hoje no B/88 eu continuo fazendo as mesmas coisas. Também a gente recebia das assistentes sociais (na época da parceria) os processos para fazer a solicitação do benefício Amparo ao Deficiente e Amparo ao Idoso. E em relação ao B/87 eram
45
realizadas as mesmas atividades que agora, só que hoje eu habilito aí marco o dia da avaliação social, passo o processo ao assistente social, ele que vai avaliar a parte dele lá, depois ele marca a perícia. (E3)
Conforme descrito nas falas, antes da contratação do assistente social na
agência, todas as atividades relacionadas ao BPC-LOAS eram desenvolvidas pelos
funcionários administrativos da mesma, desde a primeira orientação sobre os
documentos exigidos até a finalização do processo, após a realização da perícia
médica pelos médicos peritos nos casos de Amparo ao Deficiente - B/87. E o
Benefício Amparo ao Idoso - B/88 também era todo operacionalizado e finalizado
pelos servidores administrativos da agência, pois não necessitava de perícia médica.
Porém uma mudança nessa operacionalização foi estabelecida a partir da
publicação do Decreto nº 6.214 de 26 de setembro de 200725, que previu para fins
de acesso e reconhecimento do direito ao BPC-LOAS, a avaliação médica e a
avaliação social26 para os Benefícios destinados às pessoas com deficiência. O que
resultou na realização por parte do Governo Federal do concurso público no INSS
para o provimento de vagas para assistentes sociais a fim de suprirem essa
demanda da avaliação social.
Conforme descrito a baixo, o entrevistado E2 já assumiu o cargo em 2009
com a atribuição de desenvolver atividades relacionadas ao BPC-LOAS, como a
avaliação social, prevista no edital do concurso que realizou:
Na verdade, a gente já entrou com essa atribuição através do concurso, no edital já estava previsto que a gente faria parte do processo de reconhecimento dos direitos ao BPC por meio da avaliação social, então no próprio edital do concurso já previa essa atribuição para os Analistas do Seguro Social com formação em Serviço Social, porque antes não tinha a avaliação social. (E2)
25
Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007, artigo 16: A concessão do benefício à pessoa com deficiência
ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de incapacidade, com base nos princípios da Classificação
Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF, estabelecida pela Resolução da Organização
Mundial da Saúde nº 54.21, aprovada pela 54ª Assembléia Mundial da Saúde em 22 de maio de 2001.
§1º A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade será composta de avaliação médica e social.
§2º A avaliação médica da deficiência e do grau de incapacidade considerará as deficiências nas funções e nas
estruturas do corpo, e a avaliação social considerará os fatores ambientais sociais e pessoais e ambas
considerarão a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas
especificidades.
§3 As avaliações de que trata o §1º deste artigo serão realizadas, respectivamente, pela perícia médica e pelo
serviço social do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim (BRASIL, 2007). 26
Lembrando que as ações do Serviço Social no INSS devem ser desenvolvidas por assistentes sociais das
Gerências Executivas do INSS e das agências da Previdência Social, conforme informações retiradas do sítio da
Previdência.
46
Ou seja, após doze anos de vigência do BPC-LOAS, ao final de 2008,
houve a realização do concurso público para contratação de profissionais graduados
em Serviço Social que respondessem pela função nas agências da Previdência
Social, possibilitando que a APS do município de Toledo-PR, fosse contemplada
com duas vagas para o cargo de Analista do Seguro Social com formação específica
em Serviço Social, as quais foram assumidas em 15/06/2009.
Após a nomeação, um dos aprovados assumiu a vaga no município de
Toledo-PR e está trabalhando na APS do município de Assis Chateaubriand, por
residir naquele município, ficando responsável por atender nove municípios da
Gerência Executiva de Cascavel, que abrange as regiões de Assis Chateaubriand,
Guaíra e Palotina. O outro candidato aprovado, também assumiu a vaga no
município de Toledo e permanece trabalhando nesta APS, ficando responsável por
atender 11 municípios da Gerência Executiva de Cascavel que abrange a região de
Toledo, Marechal Cândido Rondon e Santa Helena.
Com isso, após a contratação do Analista do Seguro Social com formação
em Serviço Social na APS, as atividades de orientações sobre a documentação
exigida, recepção, conferência da documentação, ou seja, a operacionalização
administrativa, tanto dos Benefícios à pessoa idosa - B/88, como dos Benefícios às
pessoas com deficiência - B/87, conforme descrito nas falas acima, continuaram a
serem desenvolvidas pelos mesmos funcionários administrativas da agência.
Ficando a cargo do Analista do Seguro Social com formação em Serviço Social
apenas a atribuição de realizar a avaliação social no BPC-LOAS destinados às
pessoas com deficiência, conforme previsto na legislação.
Porém, essa mudança ocorrida na operacionalização do BPC-LOAS
destinado às pessoas com deficiência, por conta do Decreto nº 6.214 de 26/09/2007,
que culminou na contratação dos assistentes sociais nas APS, gerou conflitos e
entendimentos diferenciados a respeito das atribuições destinadas a esses
profissionais dentro do INSS, tanto em relação aos benefícios assistenciais como em
relação aos outros benefícios previdenciários.
Gestores das agências da Previdência Social passaram a exigir dos
assistentes sociais contratados que executassem ações diferentes das que constam
na Lei que regulamenta a profissão e no edital do concurso, como a
habilitação/operacionalização administrativa do BPC-LOAS, atividade que sempre foi
47
realizada por funcionários administrativos hoje Técnicos do Seguro Social das
agências.
Esse fato acarretou na elaboração por parte do CFESS27 de um
documento destinado ao MPS, a fim de solicitar esforços daquela autarquia para
garantir que as ações dos assistentes sociais do INSS sejam compatíveis com a
legislação em vigor, com relação à ética e a autonomia profissional, rejeitando
qualquer desvio de função, já que conforme o Decreto nº 6.214/07 traz em relação
ao BPC-LOAS, que o assistente social deve atuar na realização da avaliação social
desses benefícios, juntamente com a perícia médica e, além disso, desenvolver
ações de socialização das informações junto aos usuários e à sociedade civil, por
meio de abordagens individuais e grupais em parceria com outras instituições
(BRASIL, 2007).
Outros pontos também foram abordados neste documento, como a
fragilidade das condições técnicas e éticas de trabalho dos profissionais em algumas
agências e a demora na publicação de ato normativo sobre as atribuições e
competências do assistente social no INSS.
A resposta veio em maio de 2010, através da aprovação pelo CFESS do
Parecer Jurídico nº 12/201028 de autoria da assessora jurídica Sylvia Helena Terra,
tratando das atribuições e competências do cargo de Analista do Seguro Social com
formação em Serviço Social no INSS e da execução de atividades não privativas do
assistente social. Destaco a seguir conteúdos importantes do documento para
conhecimento:
[...] não há como deixar de concluir que o cargo de “Analista de Seguro Social com formação em Serviço Social”, refere-se, exatamente, as atividades mencionadas pelo artigo 88 da lei 8.213 de 1991; as ações referidas pelo artigo 411 da Instrução Normativa 20; a Orientação Interna nº. 103 de 2004 e tantos outros diplomas normativos e legais que se referem e regulamentam o Serviço Social no âmbito do INSS, a exemplo, inclusive, do Decreto 6.214/2007, que regulamenta o Benefício de Prestação Continuada BPC da Lei Orgânica da Assistência Social/LOAS, que prevê, expressamente, como atribuição privativa ao Serviço Social realizar a avaliação social para concessão do citado benefício.
27
Representado por Ivanete Salete Boschetti – Conselheira Presidente do CFESS e Marinete Cordeiro Moreira –
Conselheira Coordenadora da Comissão de Seguridade Social do CFESS. 28
Para conhecer o Parecer Jurídico na íntegra acessar o endereço eletrônico:
http://www.cfess.org.br/noticias_res.php?id=414.
48
[...] o próprio edital de concurso, contém previsão que o “analista de serviço social” com formação em Serviço Social, deverá realizar outras ações relacionadas à área de sua formação. Neste sentido, as outras ações que forem demandadas ao assistente social, deverão, evidentemente, estar vinculadas a sua área de formação, qual seja atividades técnicas do Serviço Social, que não se esgotam naquelas previstas no edital, mas que estão previstas e regulamentadas pela lei 8.662/93. [...] Quanto à habilitação de benefícios, atividade cuja execução pelo assistente social, vem sendo determinada e exigida por algumas gerências do INSS, colhemos a posição do CFESS, a partir de subsídios técnicos, fornecidos por profissionais, acerca da abrangência desta atividade: “(.........) Sobre HABILITAÇÃO DE BENEFÍCIOS: Esta função no INSS cabe aos Técnicos do Seguro Social; EDITAL nº 01/2008 / INSS 2. DO CARGO 2.1. Analista do Seguro Social com formação em Serviço Social 2.1.1. Descrição das atividades: Prestar atendimento e acompanhamento aos usuários dos serviços prestados pelo INSS e aos seus servidores, aposentados e pensionistas; elaborar, executar, avaliar planos, programas e projetos na área de Serviço Social e Reabilitação Profissional; realizar avaliação social quanto ao acesso aos direitos previdenciários e assistenciais; promover estudos sócio-econômicos visando a emissão de parecer social para subsidiar o reconhecimento e a manutenção de direitos previdenciários, bem como a decisão médico-pericial; e executar de conformidade com a sua área de formação as demais atividades de competência do INSS (CFESS, 2010).
Portanto conforme ficou estabelecido, ao assistente social cabe realizar
as avaliações sociais nos Benefícios e desenvolver outras atividades conforme a Lei
que regulamenta a profissão de assistente social, seguindo as atribuições do Código
de ética inclusive.
Porém, na agência da Previdência Social do município de Toledo-PR,
essa mudança ocorrida na operacionalização do benefício BPC-LOAS destinado às
pessoas com deficiência especificamente, e a consequente entrada do profissional
assistente social para dar conta de suprir a demanda da avaliação social nesses
Benefícios, bem como de outras previstas no edital do concurso, também está sendo
absorvida de forma diferenciada pelos funcionários entrevistados, veja a seguir:
Antes da contratação, tal avaliação era executada por um servidor do quadro do qual faço parte, isto é, já exerci essa tarefa. Era feito de outra forma, mas o conteúdo era o mesmo e pelo fato de fazermos visitas em todos os casos, tínhamos a oportunidade de ficarmos mais próximos da realidade do requerente e assim poder concluir com mais segurança o processo. (E4)
49
Com a contratação do assistente social, houve uma mudança no programa do Benefício que se passou a exigir aquelas informações emitidas por ele assistente social, e fora disso não houve mudança alguma, então particularmente não consegui verificar assim que a contratação do assistente social trouxe uma melhoria. Em relação aos usuários em geral, eventualmente, quando há uma emergência que a gente tem solicitado, o assistente social tem nos auxiliado, mas isso aí não é uma regra, é quase que uma exceção, a maior parte do tempo ele está voltado pro trabalho específico dele, que é fazer aquelas avaliações do BPC, que é uma atividade que no dia-a-dia você não nota muito. (E1)
Em minha opinião o trabalho do assistente social é necessário e relevante, mas na prática isso ainda está em processo de implantação e conquista de espaço na instituição. A alteração não foi tão evidente dentro da estrutura do INSS porque as tarefas hoje exercidas pelo Analista com formação em Serviço Social eram executadas anteriormente por um servidor de carreira com excelência, prova disso é o reconhecimento do trabalho da agência de Toledo em época anterior à contratação, reconhecida como exemplo para outras agências, pela iniciativa e proatividade. (E4)
Eu não acompanho a avaliação social, o assistente social fecha a porta, é uma coisa que é de responsabilidade dele. Seria bom saber de um ou outro caso como que é avaliado, deveria abrir e explicar a avaliação social, o que é o que se torna pesado na entrevista, acho que sim, porque tantos anos a gente aqui trabalhando sem assistente social e agora tendo, devia esclarecer melhor, não entrar na parte dele, mas assim no geral, saber como que é, eu sei que é em pontos, que tem valores que ele atribui a cada situação. Fora o LOAS, é que ele trabalha lá naquela sala separada, a gente não sabe direito, ele chama as pessoas lá, pode ser que é só da avaliação social, se é alguns outros casos também. Normalmente ele está aqui na parte da manhã e a tarde ele sai para dar uma palestra quando chamam. E também ele tem contato, eu vejo que ele tem contato com algumas assistentes sociais. (E3)
Essa avaliação só começou a ser feita na agência quando o assistente social chegou, porque ela só pode ser feita por assistente social, é bem claro na lei, [...] formado, graduado em Serviço Social, inscrito junto ao CRESS [...]. Aí tem o programa SIAVI-BPC – Sistema de Avaliação de BPC, que antes não existia, antes a avaliação se baseava só no ponto de vista médico e eles tinham um modelinho de avaliação, baseado só na CID – Classificação Internacional de Doenças. Mas hoje tem um modelo pronto tanto para o assistente social quanto para o médico, são três fatores ambientais, atividades de participação que tanto o médico como o assistente social avalia. Fatores ambientais só o assistente social avalia e funções do corpo que só o médico avalia aí essas três avaliações elas se fundem para dar um resultado, sendo que o peso da avaliação médica ela é um pouco maior que a do assistente social, mas de qualquer forma, a avaliação do assistente social tem um peso, menor mais tem. (E2)
50
É possível verificar na fala do E1 a preocupação do mesmo enquanto
funcionário em atender a demanda da agência, que, aliás, é ampla e muitas vezes
requerem um atendimento imediato e a presença cotidiana de funcionários para dar
conta, e talvez por isso não é possível perceber o trabalho desenvolvido pelo
assistente social no mesmo espaço. Não que o assistente social não realize práticas
cotidianas e imediatas também, a necessidade do atendimento diário aos usuários
acaba fazendo com que isso aconteça também no Serviço Social.
Netto (1992) nos lembra que o assistente social muitas vezes atua como
executor de políticas sociais, como é o caso da realização das avaliações sociais,
práticas essas que requerem profissionais capacitados para além de formular,
implementar e dar respostas a tais políticas, mesmo sendo na maioria das vezes
celetistas, e para isso, Netto (1987) traz que, os profissionais então devem recorrer a
outros meios, como a política, a ética e a ciência para construir a verdadeira
essência de sua atuação e se efetivarem na conquista do espaço no local de
trabalho, bem como garantir a efetivação dos direitos assegurados aos usuários,
objeto de sua intervenção.
Outra questão levantada pela E3 que também expressa não ter clareza
do trabalho desenvolvido pelo assistente social na agência pelo motivo de que ele
atende numa sala separada, diferente dos outros funcionários que atendem nos
guichês. Nota-se nesta fala que em decorrência da preocupação com a dimensão
ética e o sigilo profissional por parte do assistente social, acaba rebatendo nas
relações com os outros funcionários da agência, que não tem acesso, por exemplo,
aos conteúdos da avaliação social mesmo trabalhando numa mesma instituição,
com um mesmo público e objetivo, mas em momentos diferenciados e separados, o
que também acaba fragmentando esta atuação. Porém, em relação à ética e sigilo
profissional, é bem clara a Resolução do CFESS nº 493, de 21 de agosto de 2006,
que dispõe sobre as condições éticas e técnicas do exercício profissional do
assistente social, baseado no Código de Ética Profissional, traz no artigo 3º que o
atendimento efetuado pelo assistente social deve ser feito com portas fechadas, de
forma a garantir o sigilo; o artigo 4º do mesmo código expressa que o material
técnico utilizado e produzido no atendimento é de caráter reservado, sendo seu uso
e acesso restrito aos assistentes sociais, e ainda no artigo 16º traz que o sigilo
protegerá o usuário em tudo aquilo de que o assistente social tome conhecimento,
[...]. Parágrafo único: em trabalho multidisciplinar só poderão ser prestadas
51
informações dentro dos limites do estritamente necessário. Então não é porque o
assistente social não quer revelar aos colegas de trabalho o conteúdo da atuação
dele, ele tem o dever de seguir as regulamentações da profissão a fim de garantir o
sigilo profissional e a ética para com seu usuário, sob pena de ter que responder e
ser penalizado se isso não acontecer.
Outra questão levantada foi expressa na fala a seguir, onde o E2
expressa ainda que o Analista do Seguro Social com formação em Serviço Social
acaba exercendo outras atividades além da avaliação social no BPC-LOAS,
conforme previsto no edital do concurso público:
Na verdade a gente atende também algumas demandas que não seriam nossas [...], demandas relacionadas a todos os benefícios previdenciários, ás vezes as pessoas tiveram um benefício indeferido e querem informações sobre o porquê, ou querem se orientar como se filiar ao Regime Geral da Previdência Social pra poder usufruir de benefícios, ou quais os critérios pra poder acessar determinado benefício da Previdência então, a gente orienta também as pessoas, socializa essas informações seja através de palestras seja através do atendimento individual, orienta na obtenção as vezes de documentos que serão solicitados para poder encaminhar ou requerer ou ter direito a determinado benefício, a gente vai orientar, encaminhar para rede sócio assistencial, demandas da saúde, ou de entidades assistenciais que a gente vai fazendo essa filtragem e direcionando paras entidades [...]. Outras questões, já encaminharam algumas questões de empréstimo consignado, passe livre, uma questão também de inclusão de representante legal, orientações gerais, mas a maior parte da demanda é com o BPC, as outras coisas são bem raras não é uma coisa constante não, até porque o Serviço Social ele teve um processo de desconstrução do Serviço Social na Instituição, estava 30 anos sem fazer concurso e o próprio concurso agora de 2009 foi uma conquista da categoria, foram contrataram 900 profissionais, Toledo nunca teve assistente social, então é um serviço que está se estruturando, é uma luta constante pra se reconhecer o papel, a importância do Serviço Social na instituição, ainda não se tem muito claro qual que é o papel por parte dos funcionários, e a gente está se tentando mostrar, mas é difícil. (E2)
Explicitado através da fala do entrevistado E2, que percebe e reconhece a
desconstrução sofrida pelo Serviço Social na Previdência, as autoras Braga e Reis
Cabral (2007, p. 161) explicam que, a Reforma Administrativa29 e a Reforma da
Previdência30, impulsionaram essa desconstrução, atingindo o Serviço Social e
afetando suas dimensões teórico-metodológicas e técnico-operacionais além das
29
Realizada através da Emenda Constitucional nº 19/98. 30
Realizada através da Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998.
52
condições de atuação do profissional como trabalhador social. O inconformismo não
só por parte da categoria profissional, mais dos usuários da Previdência Social, de
representações de escolas de Serviço Social e de entidades da sociedade civil,
fizeram com que esse quadro fosse revertido após uma intensa mobilização que
culminou na retomada das competências e atribuições privativas do cargo de
assistente social na Previdência Social. Porém na prática conforme afirma as
autoras, muitas vezes esse movimento persiste e revela o caráter não autônomo do
trabalho do profissional bem como sua estreita vinculação com a instituição31 como
demonstrado nas falas anteriores.
Sobre isso, Iamamoto (1998) ressalta que:
o assistente social não realiza seu trabalho isoladamente, mas como parte de um trabalho combinado ou de um trabalhador coletivo que forma uma grande equipe de trabalho. Sua inserção na esfera do trabalho é parte de um conjunto de especialidades que são acionadas conjuntamente para a realização dos fins das instituições empregadoras, sejam empresas ou instituições governamentais. (IAMAMOTO, 1998, p. 63-64)
Para além das outras atividades exercidas pelo Serviço Social na APS de
Toledo-PR, este mesmo assim atua em conformidade com o conteúdo do “Projeto
de Intervenção do Serviço Social em atenção aos Benefícios Assistenciais”,
elaborado pela equipe técnica do Serviço Social da GEX de Cascavel – PR o qual o
mesmo faz parte (Anexo 1).
Atendo a pessoa, faço essa acolhida, a gente preenche um cadastro que se chama CIU - Cadastro Individual do Usuário, até pra gente ter um prontuário, se ela chegar a retornar novamente, a gente ter um acompanhamento dos atendimentos que são realizados com ela e qual é a evolução disso, a gente ta traçando um perfil das pessoas que requerem BPC, pra depois a gente fazer uma pesquisa, tem também um boletim estatístico mensal que a gente preenche das ações desenvolvidas pelo Serviço Social que repassa pra ter os dados estatísticos e aí fazemos à parte do Serviço Social, que vai ser baseada nessa entrevista para proceder à avaliação no sistema quando se dá o atendimento, isso é feito pelo setor de Benefícios, no caso pela parte administrativa, ali nos guichês, a pessoa vai, preenche o Requerimento, coloca os dados pessoais dela, endereço e a Declaração da Composição Familiar e Renda, do Grupo Familiar e aí juntando com outros documentos é feito o protocolo via sistema
31
Para entender melhor esse processo pelo qual passou o Serviço Social na Previdência, consultar o artigo VII,
páginas 156-184 do livro O Serviço Social na Previdência: trajetória. projetos profissionais e saberes, organizado
por Lea Braga e Maria do Socorro Reis Cabral, conforme consta nas referencias.
53
e a pessoa depois recebe um comprovante de protocolo. Aí depois, não havendo mais nenhuma exigência administrativa, é feito o agendamento da avaliação social comigo. Em relação ao benefício do idoso, no caso dos assistentes sociais que entraram a gente não trabalha diretamente com ele, no caso ele é mais declaratório. Quando a gente entrou a gente se propôs também a fazer um cadastramento da rede de atendimento, esse cadastramento ainda está em andamento, até pelo tempo mesmo, mas já cadastrei algumas instituições, a gente vai lá, conhece o atendimento, o horário de atendimento na instituição, o público alvo a que ela se destina, os serviços ofertados e aí no nosso atendimento aqui seja em relação ao BPC, seja em relação aos usuários da Previdência se a gente constata alguma situação que possa ser enquadrada em algum serviço da rede, a gente encaminha como a questão do passe livre para pessoas com deficiência, o passe livre interestadual para o idoso a gente orienta também, às vezes passa os formulários e encaminha para os respectivos setores para tomarem providências. (E2)
Destaca-se na fala acima, que em relação à atuação dos outros
profissionais da agência, o Serviço Social se utiliza de vários instrumentais para a
condução dos seus trabalhos. Os instrumentais fazem parte do cotidiano de atuação
e mediação bem como da garantia de direitos dos assistentes sociais para com seus
usuários. É neste sentido que o profissional assistente social diferencia-se de outros
profissionais. Ao operacionalizar os instrumentais o profissional propicia
encaminhamentos técnicos para modificar e transformar determinações objetivas e
subjetivas existentes na própria demanda, podendo desenvolver práticas
diferenciadas de acordo com o que é defendido pelo Projeto Ético Político da
profissão e previsto no próprio Projeto de Intervenção do Serviço Social que
direciona a atuação dos assistentes sociais no INSS (Anexo 1).
Os instrumentais colocados pelo entrevistado como o Cadastro do
usuário, a entrevista, e a própria Declaração da Composição Familiar e Renda do
Grupo Familiar e a avaliação social que são instrumentais próprios do Benefício,
acaba sendo a materialização da sua intervenção, que abrange as dimensões
teórico-metodológica, ético-político e técnico-operativo presentes na profissão.
Salienta-se ainda que essa prática não deve se reduzir a utilização desses
instrumentais, mas sim auxiliar de forma organizada e padronizada a eficiência da
sua prática bem como a garantia do direito ao usuário.
Em relação ao acompanhamento dos beneficiários do BPC-LOAS após a
finalização do requerimento, ao serem questionados sobre isso, se existe ou não
54
algum acompanhamento, os envolvidos com essas atividades responderam o
seguinte:
Eu peço pra eles passarem daqui uns 10/15 dias, pra saber, porque é importante, às vezes tem um caso que é tão carente, quanto antes eles conseguirem receber melhor, e vai também a correspondência não é a gente que manda, é via DATAPREV e vai ao endereço da pessoa, não somos nós que temos controle [...]. E tem uns que não vem nem ver o resultado e depois de um tempão vem e tinha direito então por isso que eu procuro esclarecer bem, isso é uma coisa mais gratificante, é um a menos que vai ficar passando tanta necessidade. (E3)
a gente orienta a pessoa após a perícia pra retornar e falar com o Serviço Social pra verificar o resultado se foi favorável ou não, faz os procedimentos posteriores. Se for favorável aguardar a carta em casa e se não chegar nenhuma carta para comparecer na agência para poder estar procedendo pra fazer o pagamento. Quando não é aprovado a gente explica que tem possibilidade de recorrer pra Junta de Recursos da Previdência ou pra Justiça Federal, ou também se não quiser recorrer que em outro momento pode também estar solicitando um benefício novamente, caso haja alteração da situação da família em relação ao requerimento. No caso do BPC existe até uma resolução Interministerial pelo MPS e MDS, que o INSS é só responsável pela operacionalização, pelo reconhecimento ou não de direitos previdenciários e também de alguns benefícios assistenciais [...] às vezes depois até encaminha pra algum recurso da Junta de Recursos da Previdência. Fora isso o INSS não faz nenhum acompanhamento aos beneficiários do BPC, se fizesse já seria uma revisão constante digamos assim. É que a revisão, esse acompanhamento fica a cargo do MDS e por meio dos CRAS, ele está previsto na própria NOB-SUAS, [...] que o CRAS ele tem esse papel de vigilância social. [...] então esse acompanhamento ele deve ser feito pelo CRAS porque o papel de gestão é do MDS, agora se está sendo realizado ou não, não posso dizer por que aí eu não trabalho mais na Política de Assistência e a gente também não tem tanto contato. (E2)
É possível perceber que há um acompanhamento direcionado à entrega
do resultado e das orientações em relação a como proceder após o resultado final,
momento que o benefício é concedido, sobre como proceder para receber ou
quando é negado dá-se a orientação de que é possível, ainda recorrer à Junta de
Recursos da Previdência Social onde será analisado novamente por outros
funcionários integrantes da Junta de Recursos, ou ainda recorrer à Justiça Federal,
entrar com um processo na Justiça contra a decisão contrária do INSS.
O E2 destaca que um acompanhamento constante aos beneficiários
recebedores do BPC-LOAS ou mesmo àqueles possíveis recebedores, é função dos
55
Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, responsáveis em responder
pela vigilância social do seu território abrangido. Enquanto o E3 também realiza um
acompanhamento ao final do requerimento esclarecendo as dúvidas trazidas pelos
usuários, demonstrando que considera importante dar um retorno para o usuário de
qual foi o resultado de seu requerimento, bem como informações complementares
que este necessitar também como forma de gratificação pelo trabalho realizado.
A fim de confirmar o que foi dito pelo E2, em relação à legislação que
estabelece o acompanhamento aos beneficiários do BPC-LOAS pelo CRAS, tem a
seguir que em 19 de fevereiro de 2009 foi publicada no Diário Oficial da União - DOU
a Portaria nº 44, que estabeleceu instruções sobre o BPC-LOAS, referente aos
dispositivos da Norma Operacional Básica – NOB/SUAS/2005, trazendo no artigo 3º
que:
Os benefícios do BPC e suas respectivas famílias são usuários da política de assistência social, devendo lhes ser assegurado, prioritariamente, o acesso aos serviços, programas e projetos da rede socioassistencial, por meio da articulação entre a união, Estados, Distrito Federal e Município, observando o disposto no artigo 24, §2º, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. §1º As ações de atenção e de acompanhamento dos beneficiários do BPC e de suas famílias devem ser desenvolvidas nos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS e, quando couber, nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social – CREAS, ou pelo órgão gestor local da política de assistência social (BRASIL, 2009).
Assim como em qualquer outra profissão o Serviço Social também
enfrenta dificuldades em sua legitimação. Ao serem questionados sobre as
dificuldades técnicas ou políticas enfrentadas pelo Serviço Social na Instituição
Previdência Social, nas ações relacionadas ao BPC-LOAS e sobre o
reconhecimento dessa profissão para viabilizar a garantia de direitos não só
previdenciários, mas humanos e cidadãos por parte dos usuários, os entrevistados
responderam o seguinte:
Dificuldades técnicas, num vejo muitas até porque, pelo menos aqui em Toledo, diferente de algumas outras agências, a sala de atendimento ta dentro do padrão da Resolução do CFESS, da questão da privacidade, tenho acesso à internet, diferente dos outros servidores, tenho computador, telefone, material de expediente. Agora políticas são várias, principalmente em relação à articulação porque a gente fala muito em seguridade social enquanto conceito,
56
mas na prática isso não ocorre essa articulação entre a Política de Saúde Assistência e Previdência, não há essa junção pra formar uma rede de proteção realmente ao trabalhador, aos usuários do Serviço Social e evitar a superprodução de ações [...]. Aqui em Toledo não está havendo essa colaboração entre os Assistentes Sociais da prefeitura, ir fazer uma visita, fazer um relatório social e enviar pro setor de Serviço Social. Isso é um subsidio pro acesso do direito da pessoa, isso dificulta porque no caso do INSS aqui de Toledo, o Serviço Social atende 11 municípios, eu me desloco para Santa Helena, Marechal Cândido Rondon, são várias avaliações, eu não dou conta de fazer visitas em todos os casos, nem todos os casos precisa fazer visitas mais em alguns, faço. Uma dificuldade política de articulação da rede que seria uma coisa mais local, Toledo, nos outros municípios a gente tem essa articulação. (E2)
O serviço Social dentro do INSS foi uma conquista importante para a profissão, é um espaço aberto dentro da Previdência, que precisa ser cotidianamente ampliado. Os usuários da Previdência precisam de atendimento de qualidade e com uma resposta rápida e justa sobre suas questões, pois estão diretamente ligadas à garantia dos direitos fundamentais e de sobrevivência. No entanto, dentro desse espaço da Previdência, há muitos atores envolvidos e um vasto campo de possibilidades para que intermediários se beneficiem de forma ilícita, utilizando a concessão dos benefícios para enriquecimento próprio. Uma das formas para que essa máfia que se beneficia através da corrupção possa ser enfrentada e dizimada é a atuação do profissional de Serviço Social com mais proximidade com a realidade do usuário, através dos instrumentais técnico-operativos, entre eles a visita domiciliar. Não apenas como forma de controle ou de busca pela veracidade, mas como forma de aproximação e conhecimento da realidade do usuário. O fortalecimento da articulação com os programas e serviços na perspectiva de ampliar a proteção social, como determina a LOAS, combate as irregularidades, coibição da ação dos intermediários, capacitação, acompanhamento dos atores envolvidos, efetivação do BPC como parte da política municipal de Assistência Social, orientação aos usuários. (E4)
Se a proposta é analisar o grau de profissionalização das atividades
desenvolvidas pelos funcionários da APS do município de Toledo-PR, em relação às
atividades relacionadas ao BPC-LOAS, para com seus respectivos usuários, ao
serem questionados sobre a realização de capacitações e cursos ou treinamentos
referentes às atividades ligadas ao BPC-LOAS, dos quatro sujeitos envolvidos com
essa atividade, dois responderam que realizaram cursos de formação e capacitação,
conforme destacado a seguir:
Sim, para todos os cursos de capacitação, encontros, reciclagens e reuniões efetuadas pela Coordenação Estadual de Revisão do BPC na Regional, eu era indicada para participar e repassar o
57
conhecimento adquirido para os demais servidores da agência e assistentes sociais das localidades atendidas pela agência de Toledo. Depois da contratação do Analista do Seguro Social com formação em Serviço Social não houve nenhuma solicitação de servidores para capacitação, ele fez um curso de ambientação junto com os outros assistentes sociais, logo que chegou. (E4)
Sim a gente realizou um curso de ambientação dos servidores assistentes sociais do INSS, a gente ficou uma semana lá em Florianópolis, em setembro de 2009, pra conhecer a estrutura do INSS e também se relacionar com os novos colegas e também se focar na questão do BPC especificamente, legislação que rege o Benefício e a própria avaliação social, novo conceito de deficiência, o porquê dele, o perfil das pessoas com deficiência, foi só essa. (E2) Hoje, em dia pergunto para o assistente social, pergunto para o E1 quando eu tenho dúvidas, nunca fui num curso para o LOAS não. (E3)
Conforme explicitado pela E4, esta realizou algumas capacitações
relacionadas ao BPC e ficava responsável por repassar as informações recebidas
para os outros funcionários e profissionais envolvidos, uma prática muito comum
dentro da Instituição Previdência Social, em realizar capacitações para um pequeno
grupo de funcionários e este ser multiplicador das informações recebidas ao retornar
para sua agência de lotação, o que por muitas vezes não ocorre justamente por falta
de tempo no dia-a-dia, acarretando novamente numa sobrecarga de trabalho sobre
este funcionário, que saiu para realizar a capacitação e adquiriu um maior
conhecimento em relação à determinada atividade. O que permite concluir que mais
uma vez o Governo Federal falhou ao regulamentar um novo Benefício em 1996,
que seria operacionalizado pelo INSS sem dar suporte técnico profissional e
operativo para todos os funcionários que fossem desenvolver as devidas atividades.
Já a capacitação realizada exclusivamente pelo outro funcionário ao ser
contratado pela Previdência, deu a ele a oportunidade de se aproximar com os
conteúdos específicos com que iria trabalhar na agência, assim que assumiu,
aproximando-o dos novos colegas de trabalho e do novo instrumental, a avaliação
social exigida pela Legislação para a operacionalização do Benefício. Essa
capacitação possibilitou ainda uma padronizada dos trabalhos desenvolvidos pelos
assistentes sociais contratados. Mas isso não significa que somente esta
capacitação dá conta de completar a formação recebida na graduação para
desenvolver as atividades exigidas em seu campo de trabalho. E conforme é
58
destacado por ele a capacitação continuada é necessária para garantir uma atuação
de qualidade:
Mas eventualmente a gente está naquela qualificação continuada, está lendo sempre, se mantendo informado sobre a legislação, se tem algum avanço ou não, ou retrocesso mesmo, às vezes pode ter, a gente sempre está atento em relação às leis, à novas leituras, artigos relacionados ao tema BPC ou a área das pessoas com deficiência como um todo, dos direitos dela. (E2)
A falta de capacitação continuada para com os funcionários públicos para
o efetivo cumprimento de seu papel perante a sociedade, acaba resultando em
práticas desorganizadas individualistas que acabam precarizando a prestação do
serviço público.
Mas conforme as falas a seguir, isso não é a realidade da APS do
município de Toledo-PR, pois mesmo antes da contratação do assistente social na
agência já tinha a preocupação com a qualidade dos serviços prestados como é
exposto na fala a seguir:
Na realidade em todos os serviços aqui na agência à gente sempre procurou fazer, buscar alternativas, procurar ir além do básico e com elas não foi diferente, elas procuravam se informar, participar, principalmente a E4 de curso pra tentar fazer o melhor possível, e era muito bem conduzido o trabalho. Sobre o trabalho do assistente social, é que talvez nós, cometemos um erro porque, até pela grande quantidade de serviço, você acaba vendo de uma forma, você muitas vezes queria que a pessoa tivesse ali atendendo o público e às vezes até o próprio trabalho do assistente social não é só isso, tem outras atividades, palestras, esclarecer as coisas da Previdência e nesse sentido tem sido feito, inegavelmente com a contratação dele esse trabalho externo o que se fazia antes e depois aumentou consideravelmente com a chegada dele. (E1)
Neste sentido, para finalizar perguntou-se aos profissionais, qual era a
compreensão deles sobre as ações relacionadas ao BPC-LOAS serem antes
realizadas por funcionários administrativos da agência, mas graduadas em Serviço
Social e se agora com a contratação de um assistente social que responde pela
função na agência, contribuiu ou melhorou a qualidade dos serviços prestados para
os usuários em geral, seguimos com as seguintes respostas:
59
As mudanças estão acontecendo gradativamente, mas ainda são remotas e precisam estar mais evidentes, ou cairá no risco do analista com formação em serviço social não ser visto em sua especificidade. Um dos pontos que geram preocupação e que precisam ser repensados se refere à atuação do serviço social dentro do INSS com uma FORTE tendência de se restringir apenas a atuação junto ao BPC, quando a necessidade na área da Reabilitação, inserção e acompanhamento profissional, prevenção e busca de parcerias é imensa e essencial. O trabalho em rede com outros profissionais da área através de parcerias não deveria ser abandonado dentro da pratica profissional do INSS, pois os ganhos dessa aproximação se refletem diretamente na garantia dos direitos aos usuários. Essa participação não gera custos e trás resultados positivos para todos os envolvidos. O serviço social precisa se inserir nesses espaços e ampliar sua atuação para que se torne visível e faça a diferença. Hoje há maior especificidade nas tarefas realizadas pelo assistente social, antes as mesmas atividades eram exercidas por um servidor, assistente social de formação, ou, na falta deste, por um outro servidor. (E4)
Então, a gente tem feito reuniões, palestras também para publicisar e socializar as informações a respeito do BPC como também, temos feito palestras em relação ao Projeto de Atenção Geral ao Usuário, palestras para gente socializar as informações previdenciárias que são bem complexas, a gente tenta explicar de uma forma mais simples, voltada pro público leigo no CRAS, nos postos de saúde, nas entidades, associações, a gente vai lá e faz algumas falas. Dá pra dizer que a gente tem atendimentos individuais e atendimentos grupais também, que nem essas palestras, esses encontros. A gente não trabalha só no âmbito interno da instituição. (E2)
Eu acho que é um avanço na própria política assistencial e previdenciária, do próprio benefício, até porque que nem eu falei, muitas vezes as pessoas podem chegar a não ter acesso ao benefício por falta de algum documento, isso ou aquilo e a gente já busca fazer essa articulação com a rede, está atento com outras legislações também, então, por exemplo, em casos de, não necessariamente só quando aprova, tem casos de pessoa que não aprova pela renda, mas mesmo assim, a gente no nosso atendimento, constata, mas não olha, a pessoa tem direito a passe livre, ou questão de medicamentos também, está tendo acesso a medicamentos? Não, medicamento é direito universal, esta na Constituição, na Lei Orgânica da Saúde, no SUS, então orienta a procurar o Ministério Público, orienta-se sobre outras questões de outras áreas. Então é importante também que a gente faça essa análise macro. (E2)
Diante de todas as declarações expostas pelos entrevistados, observa-se
que a chegada do profissional assistente social na agência veio a somar e contribuir,
tantos nas ações desenvolvidas aos usuários do BPC-LOAS como nas ações
60
relacionadas aos outros benefícios previdenciários, conforme destacado nas falas
acima, mesmo que a pessoa não tenha direito a um benefício regulamentado na
Previdência Social, o assistente social procura analisar de forma que possa realizar
um atendimento completo, constatando outras necessidades que aquele usuário
possa estar enfrentando e destinando-o aos lugares certos, dando as informações
corretas de acordo com cada caso, o que por muitas vezes não ocorre no dia-a-dia
de um encaminhamento de uma aposentadoria, por exemplo, que acaba sendo uma
atuação mais focalizada e restrita de comprovação de Tempo de Contribuição
através de documentos, característica desse tipo de benefício e desse tipo de
atuação por parte dos funcionários administrativos.
De que a presença de um profissional assistente social atendo as
transformações da sociedade e continuamente qualificado se faz importante na
garantia da prestação do serviço público de qualidade dentro do campo da ética
profissional e da garantia da efetivação dos direitos tanto previdenciários como
cidadãos.
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho possibilitou a pesquisadora ampliar os seus
conhecimentos sobre à Instituição Previdência Social enquanto prestadora de
serviços sócio-assistenciais, como é o caso de ser a operacionalizadora dos
Benefícios de Prestação Continuada – BPC, regulamentados pela Lei Orgânica da
Assistência Social desde 1996, e ainda a trajetória e desenvolvimento das ações
relacionadas a estes Benefícios na agência da Previdência Social do município de
Toledo-PR conduzidas pelos funcionários administrativos e por um profissional
assistente social.
As literaturas pesquisadas assim como a própria pesquisa, revelaram o
dificultoso caminho enfrentado pelo Serviço Social quando da sua inserção na
Instituição Previdência Social através de uma trajetória de lutas em favor da
efetivação desse campo de atuação, vasto e dinâmico, marcado pela crescente
demanda dos segurados e não-segurados dessa Instituição, por conta até mesmo
da dificuldade que estes profissionais tiveram em analisar as mudanças sociais e as
demandas postas ao seu exercício profissional, uma realidade que desencadeou
numa prática profissional baseada no senso comum sem acompanhar as mudanças
da sociedade e da própria demanda.
Considerando que este é um campo de atuação do Serviço Social que
vem aumentando nos últimos anos graças a um intenso empenho por parte dos
órgãos de defesa dessa categoria ao se preocuparem com a classe trabalhadora,
incluindo nesta, os assistentes sociais e preocupados com a ação voltada à garantia
de direitos através do acesso aos benefícios e serviços previdenciários, há de se
concluir que ainda existe a necessidade de ser ampliado ainda mais esse campo de
atuação, levando em consideração a demanda crescente desta instituição e das
mais variadas expressões da questão social que chega até esses profissionais.
A experiência desta pesquisa mostrou ainda que é determinante que o
quadro de funcionários concursados da Previdência Social seja completado com a
presença de profissionais assistentes sociais, possibilitando assim que elementos da
dimensão ética e profissional passam a ser materializados, fortalecendo assim o
Projeto Ético Político da Profissão que se encontra em processo de construção.
De que o fazer profissional do Serviço Social na instituição previdenciária
passe a ter uma melhor compreensão do seu papel, entendendo que o espaço
62
profissional é constituído pelo seu saber profissional, o que lhes dá legitimidade
perante aos seus usuários, a partir do atendimento de suas demandas.
Neste sentido, esse espaço tem sua especificidade determinada de um
lado, pela trajetória histórica de sua inserção a partir das expressões da questão
social que surgiram conjuntamente com as relações sociais de produção, e por outro
lado, pelas matrizes teórico-metodológicas que direcionam a sua prática e
consolidam a identidade, reafirmada pela autonomia técnica explicitada em sua
ação.
Salientando que a importância do assistente social nessa Instituição não
se dá somente como executor de Políticas Públicas, mas também responsáveis pelo
planejamento e implantação de ações que venham a contribuir com a garantia de
uma vida digna de cidadão, ações essas que poderão ser desenvolvidas em
conjunto com os demais profissionais presentes num mesmo espaço, com o mesmo
propósito de fazer valer o que está garantido universalmente.
Mais do que isso, que a mudança ocorrida não foi só na forma de como o
Benefício de Prestação Continuada passou a ser operacionalizado, mas sim, de que
as ações desenvolvidas por um profissional assistente social vão além disso,
buscando analisar as outras determinações ou necessidades do indivíduo, ou
mesmo de seu grupo familiar e através de seu conhecimento teórico-metodológico e
também por estar respondendo pela função dentro da agência, tem o dever de
realizar os encaminhamentos bem como de passar todos as informações que dispõe
a título de esclarecer e contribuir para que aquele usuário saia dali não apenas com
uma carta de indeferimento do seu pedido de BPC-LOAS, ou mesmo com um
extrato de pagamento para ir até o banco e receber seu benefício que foi concedido,
mas sim, o profissional tem a oportunidade de desenvolver várias outras ações
conforme a necessidade de cada usuário que ele atende, no mesmo espaço que
outros profissionais.
Sabendo que esta pesquisa não se encerra aqui, uma vez que o presente
trabalho apenas se aproximou da realidade, considerando algumas questões
expostas, tem-se clareza de que este é apenas o início de um estudo, até mesmo
porque, faz pouco mais de um ano que o profissional assistente social começou a
exercer suas funções na agência de Toledo-PR e ainda é um campo de atuação do
Serviço Social muito recente para esgotar os estudos. Assim, outros estudantes
63
terão a oportunidade de realizar outras pesquisas nesse campo vasto de
possibilidades e assuntos a serem discutidos.
Para chegar a tais conclusões a pesquisadora se utilizou de várias
bibliografias, como todas as legislações pertinentes aos assuntos abordados,
autores que estão presentes no campo de atuação do assistente social e também
leis que regem a profissão como o Código de Ética.
A fim de demonstrar o instrumental utilizado na coleta dos dados está
disponível em forma de apêndice os dois formulários de entrevistas utilizados, um
destinado ao profissional assistente social e o outro aos outros três entrevistados. E
como anexo está o Projeto de Intervenção do Serviço Social em atenção ao
Benefício Assistencial, formulado inclusive pelo assistente social entrevistado,
funcionário da agência do município de Toledo-PR, integrante da Gerência
Executiva do INSS de Cascavel-PR.
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APÊNDICE 1 FORMULÁRIO DE ENTREVISTA 1
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA COM OS SERVIDORES ADMINISTRATIVOS DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PROFESSOR: ALFREDO APARECIDO BATISTA ACADÊMICA: ROSILEI MARISA COMERLATO OBJETICO GERAL DA PESQUISA: Apreender, compreender e analisar como a operacionalização e revisão do Benefício de Prestação Continuada vêem ocorrendo na agência da Previdência Social do município de Toledo-PR desde a implantação do benefício até o ano de 2010. PÚBLICO ALVO: Graduandos em Serviço Social, profissionais do Serviço Social e usuários do Serviço Social e da Previdência Social. INSTITUIÇÃO/LOCAL DA ENTREVISTA: Agência da Previdência Social do município de Toledo-PR. DATA DA PESQUISA: ___/___/_____ ENTREVISTA Nº. 1 Identificação 1.1 Nome: 1.2 Endereço: 1.3 Telefone: 1.4 E-mail: 2 Formação Escolar 2.1 Ensino Fundamental concluído no ano de: 2.2 Ensino médio concluído no ano de: 2.3 Ano da formação acadêmica na graduação: 2.4 Nome da Instituição que concluiu o curso de graduação: 2.5 Curso de especialização: ( ) Sim ( ) Não 2.6 Área: 2.7 Ano de conclusão: ( ) em andamento: 2.8 Nome da instituição que concluiu o curso: 2.9 Curso de mestrado: ( ) Sim ( ) Não 2.10 Área: 2.11 Nome da instituição que concluiu o curso: 2.12 Ano de conclusão: ( ) em andamento 2.13 Outro (s): 3 Profissional 3.1 Data que iniciou o vínculo empregatício na agência: 3.2 Relacione as atividades que já desenvolveu na agência e as atividades que está respondendo neste momento?
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3.3 Chegou a se afastar da agência por algum momento: ( ) Sim ( ) Não Período: 3.4 Qual a demanda da APS para com o Serviço Social? 3.5 Qual é a sua maior demanda de trabalho na APS? 3.6 Você considera ter autonomia em relação as suas ações? Em que casos? 4 Formação Técnica Interna/prática com o BPC 4.1 Realizou Cursos de Formação Interna para proceder às atividades de responsabilidade na execução do BPC ou outros cursos ligados ao BPC? ( ) Sim( ) Não Quais: 4.2 Quanto tempo você trabalhou ou está trabalhando junto ao BPC direta ou indiretamente? 4.3 Como você foi indicado e responsabilizado (a) para desenvolver a atividade junto ao BPC? 4.4 Quais os profissionais envolvidos no processo do BPC na agência e fora dela, antes da contratação do assistente social: Nome e função? 4.5 Quais atividades você executava antes da contratação do assistente social para atender ao usuário demandante do BPC? 4.6 Quais atividades que ainda executa em relação ao atendimento aos usuários do BPC? 4.7 Quais as dificuldades técnicas e outras (políticas) encontradas para executar estas atividades antes e depois da contratação? 4.8 Em sua opinião qual foi a contribuição que o Serviço Social/assistente social trouxe para a APS? 4.9 E em relação à prestação de serviços para com os usuários da APS em geral? 4.10 E nas ações com os usuários do BPC? 4.11 Antes da contratação de um assistente social na agência, as ações relacionadas ao BPC eram desenvolvidas por servidoras da agência, Assistentes Sociais de formação, considerando isso, como você analisa/compreende esse movimento? 4.12 E como você compreende/avalia esse trabalho ser hoje realizado por um assistente social que responde pela função dentro da agência?
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4.13 Qual é a avaliação que você faz quanto profissional em relação a sua atuação na APS de Toledo-PR, no geral? 4.14.1 E nas ações relacionadas ao BPC? 4.14 Você se desloca até outros municípios para trabalhar? ( ) Sim ( ) Não 4.14.1 Quais atividades realiza e desde quando: 4.14.2 E em relação ao BPC?
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APÊNDICE 2 FORMULÁRIO DE ENTREVISTA 2
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA COM OS SERVIDORES ADMINISTRATIVOS DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PROFESSOR: ALFREDO APARECIDO BATISTA ACADÊMICA: ROSILEI MARISA COMERLATO OBJETICO GERAL DA PESQUISA: Apreender, compreender e analisar como a operacionalização e revisão do Benefício de Prestação Continuada vêem ocorrendo na agência da Previdência Social do município de Toledo-PR desde a implantação do benefício até o ano de 2010. PÚBLICO ALVO: Graduandos em Serviço Social, profissionais do Serviço Social e usuários do Serviço Social e da Previdência Social. INSTITUIÇÃO/LOCAL DA ENTREVISTA: Agência da Previdência Social do município de Toledo-PR. DATA DA PESQUISA: ___/___/_____ ENTREVISTA Nº. 1 Identificação 1.1 Nome: 1.2 Endereço: 1.3 Telefone: 1.4 E-mail: 2 Formação Escolar 2.1 Ensino Fundamental concluído no ano de: 2.2 Ensino médio concluído no ano de: 2.3 Ano da formação acadêmica na graduação: 2.4 Nome da instituição que concluiu o curso de graduação: 2.5 Curso de especialização: ( ) Sim ( ) Não 2.6 Área: 2.7 Ano de conclusão: ( ) em andamento: 2.8 Nome da instituição que concluiu o curso: 2.9 Curso de mestrado: ( ) Sim ( ) Não 2.10 Área: 2.11 Nome da instituição que concluiu o curso: 2.12 Ano de conclusão: ( ) em andamento 2.13 Outro (s): 3 Profissional 3.1 Data que iniciou o vínculo empregatício na agência:
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3.2 Relacione as atividades que já desenvolveu na agência e as atividades que está respondendo neste momento: 3.3 Chegou a se afastar da agência por algum momento? ( ) Sim ( ) Não Período: 3.4 Qual é a demanda que o Serviço Social atende diariamente na APS? 3.5 Qual a demanda da APS para com o Serviço Social? 3.6 Qual é a sua maior demanda de trabalho na APS? 3.7 Você considera ter autonomia em relação as suas ações? Em que casos? 4 Formação Técnica Interna/prática com o BPC 4.1 Realizou Cursos de Formação Interna para proceder às atividades de responsabilidade na execução do BPC ou outros cursos ligados ao BPC? ( ) Sim( ) Não Quais: 4.2 Quanto tempo você trabalhou ou está trabalhando junto ao BPC direta ou indiretamente? 4.3 Como você foi indicado e responsabilizado (a) para desenvolver a atividade junto ao BPC? 4.4 Quais os profissionais envolvidos no processo do BPC na agência e fora dela, depois que você começou a trabalhar na agência: Nome e função? 4.5 Quais atividades você executa para atender ao usuário demandante do BPC? 4.6 Quais as dificuldades técnicas e outras (políticas) encontradas para executar estas atividades? 4.7 Como é a operacionalização do BPC aos deficientes do requerimento ao resultado? 4.8 Quais são os critérios utilizados para a concessão ou indeferimento do BPC ao deficiente? 4.9 Como é a operacionalização do BPC ao idoso do requerimento ao resultado? 4.10 Quais os critérios utilizados para concessão ou indeferimento do BPC ao Idoso? 4.11 Quais instrumentais são utilizados pelo Serviço Social na operacionalização do BPC? 4.12 Como é elaborado o Parecer Social?
74
4.13 Como é realizado o processo de avaliação do BPC na APS? 4.14 Como é realizado o acompanhamento aos beneficiados após a concessão do BPC? 4.14.1 Se não existe, qual o motivo? 4.15 Antes da sua contratação, as ações relacionadas ao BPC eram desenvolvidas por servidoras da agência, assistentes sociais de formação, qual é a sua compreensão/avaliação em relação a isso? 4.16 E como você compreende/avalia esse trabalho ser hoje realizado por um Assistente Social que responde pela função dentro da agência? 4.17 Qual é a avaliação que você faz quanto profissional em relação a sua atuação na APS de Toledo-PR, no geral? 4.17.1 E nas ações relacionadas ao BPC? 4.18 Você se desloca até outros municípios para trabalhar? ( ) Sim ( ) Não 4.18.1 Quais atividades realiza e desde quando: 4.18.2 E em relação ao BPC:
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ANEXO 1 PROJETO DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL EM ATENÇÃO AO
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL
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I Art. 383. As ações profissionais do Serviço Social do INSS fundamentam-se no art. 88 da Lei nº 8.213, de
1991, no art. 161 do RPS e na Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social da Previdência Social publicada
em 1994 e objetivam esclarecer ao usuário os seus direitos sociais e os meios de exercê-los, estabelecendo, de
forma conjunta, o processo de superação das questões previdenciárias, tanto no âmbito interno quanto no da
dinâmica da sociedade.
Art. 384. O Serviço Social executará ações profissionais em articulação com outras áreas do INSS, com
organizações da sociedade civil que favoreçam o acesso da população aos benefícios e aos serviços do RGPS, e
com organizações que favoreçam a participação na implementação da política previdenciária, com base nas
demandas locais e nas diretrizes estabelecidas pela Diretoria de Benefícios.
Art. 385. Os recursos técnicos utilizados pelo Assistente Social são, entre outros, o parecer social, a pesquisa
social, o cadastro das organizações da sociedade e a avaliação social da pessoa com deficiência aos requerentes
do Benefício de Prestação Continuada - BPC/LOAS, estabelecida pelo Decreto 6.214, de 26 de dezembro de
2007.
§ 1º O Parecer Social consiste no pronunciamento profissional do Assistente Social, com base no estudo de
determinada situação, podendo ser emitido na fase de concessão, manutenção, recurso de benefícios ou para
embasar decisão médico-pericial, por solicitação do setor respectivo ou por iniciativa do próprio Assistente
Social, observado que:
I - a elaboração do Parecer Social pautar-se-á em estudo social, de caráter sigiloso, constante de prontuário do
Serviço Social;
II - a escolha do instrumento a ser utilizado para elaboração do parecer (visitas, entrevistas colaterais ou outros) é
de responsabilidade do assistente social;
III - o parecer social não se constituirá em instrumento de constatação de veracidade de provas ou das
informações prestadas pelo usuário;
IV - nas intercorrências sociais que interfiram na origem, na evolução e no agravamento de patologias, o parecer
social objetivará subsidiar decisão médico-pericial; e
V - deverá ser apresentado aos setores solicitantes por formulário específico denominado Parecer Social,
conforme Anexo II.
§ 2º A pesquisa social constitui-se recurso técnico fundamental para a realimentação do saber e do fazer
profissional, voltado para a busca do conhecimento crítico e interpretativo da realidade, favorecendo a
identificação e a melhor caracterização das demandas dirigidas ao INSS e do perfil sócio-econômico cultural dos
beneficiários como recursos para a qualificação dos serviços prestados.
§ 3º O Cadastro das Organizações da Sociedade constitui instrumento que facilita a necessária articulação para o
desenvolvimento do trabalho social e atendimento aos usuários da Previdência Social. Para proceder à
identificação dos recursos sociais, o Assistente Social utilizará a Ficha de Cadastramento – FC, Anexo III.
§ 4º A avaliação social, em conjunto com a avaliação médica da pessoa com deficiência, consiste num
instrumento destinado à caracterização da deficiência e do grau de incapacidade, e considerará os fatores
ambientais, sociais, pessoais, a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social dos
requerentes do Benefício de Prestação Continuada da pessoa portadora de deficiência.
§ 5º Para assegurar o efetivo atendimento aos beneficiários poderão ser utilizados mecanismos de intervenção
técnica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas, inclusive mediante celebração de convênios,
acordos ou contratos, ou pesquisa social.
§ 6º O Serviço Social terá como diretriz a participação do beneficiário na implementação e fortalecimento da
política previdenciária, em articulação com associações e entidades de classes.
§ 7º O Serviço Social prestará assessoramento técnico aos Estados, Distrito Federal e Municípios na elaboração
de suas respectivas propostas de trabalho relacionadas com a Previdência Social.