Rosália Sofia
Perspetivas dos pais sobre um projeto de prevenção do
insucesso na aprendizagem da leitura
em contexto Pré-escolar
Viseu, julho de 2015
Rosália Sofia
Perspetivas dos pais sobre um projeto de prevenção do
insucesso na aprendizagem da leitura
em contexto Pré-escolar
Trabalho de Projeto em Educação Especial
Curso de Formação Especializada em
Educação Especial – Domínio Cognitivo e Motor
Trabalho efetuado sob a orientação da
Professora Doutora Esperança Jales Ribeiro
Viseu, julho de 2015
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE CIENTÍFICA
Rosália Antunes Carvalho Sofia, aluna n.º 11263, do Curso de Formação
Especializada em Educação Especial – Domínio Cognitivo e Motor, declara sob
compromisso de honra, que o Trabalho de Projeto é inédito e foi especialmente
concebido para o efeito.
Viseu, ______de julho de 2015
A aluna,_________________________________________________
I
RESUMO
Este estudo pretendeu compreender a perspetiva dos pais acerca da participação
dos filhos num projeto de prevenção do insucesso na aprendizagem da leitura em
contexto pré-escolar e em que medida essa compreensão pode contribuir para a
melhoria do mesmo.
Permitiu caracterizar os agregados familiares das crianças que participaram no
projeto em relação à sua composição, idades, profissões e habilitações.
A generalidade dos pais mostra não possuir um bom conhecimento acerca do
funcionamento do projeto mas, ainda assim, defende a sua continuação.
Como proposta de melhoria, surgiram as seguintes sugestões por parte dos pais:
(i) o aumento da informação aos pais e (ii) a possibilidade de presenciarem as sessões
de acompanhamento individual.
Palavras-chave: Aprendizagem da leitura, colaboração família-escola.
II
ABSTRACT
This study aimed to understand the perspective of parents on the involvement of
their children in the failure prevention project in learning to read in pre-school context,
and to what extent this understanding can contribute to its improvement. It also allowed
characterizing the households of the children participating in the project in relation to its
composition, ages, professions and academic skills.
The majority of the parents shown not having a good knowledge of the project
operation but still supported its continuance.
As improvement proposals, emerged the following suggestions from parents: (i)
increased and continuous information to parents; (ii) the possibility of being present
during their children individual follow-up sessions;
Keywords: Learning to read, family-school collaboration.
III
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .....................................................................................................1
I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ....................................................2
1.APRENDIZAGEM DA LEITURA .....................................................................................3
2.RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA .......................................................................................7
II PARTE – INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA........................................................9
1.CONTEXTO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................ 10
1.1.Problema ................................................................................................................ 11
2.OBJETIVOS ................................................................................................................. 12
2.1.Objetivo Geral ........................................................................................................ 12
2.2.Objetivos Específicos ............................................................................................. 12
3.METODOLOGIA ........................................................................................................... 12
3.1.TIPO DE INVESTIGAÇÃO ...................................................................................... 12
3.2.TÉCNICAS E INSTRUMENTOS ............................................................................. 13
3.3.POPULAÇÃO ALVO ............................................................................................... 13
3.4.PROCEDIMENTOS ................................................................................................ 14
3.5. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO ............................................ 14
4.APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................. 20
4.1.APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO ......................................................................... 20
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 31
ANEXOS ............................................................................................................. 33
IV
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Agregado familiar do entrevistado 1 ....................................................15
Tabela 2 – Agregado familiar do entrevistado 2 ....................................................15
Tabela 3 – Agregado familiar do entrevistado 3 ....................................................15
Tabela 4 – Agregado familiar do entrevistado 4 ....................................................15
Tabela 5 - Agregado familiar do entrevistado 5 .....................................................15
Tabela 6 - Agregado familiar do entrevistado 6 .....................................................16
Tabela 7 - Agregado familiar do entrevistado 7 .....................................................16
Tabela 8 - Agregado familiar do entrevistado 8 .....................................................16
Tabela 9 - Agregado familiar do entrevistado 9 .....................................................16
Tabela 10 - Agregado familiar do entrevistado 10 .................................................16
Tabela 11 - Agregado familiar do entrevistado 11 .................................................17
Tabela 12 - Agregado familiar do entrevistado 12 .................................................17
Tabela 13 – Constituição dos agregados familiares ..............................................17
Tabela 14 – Idade das crianças que participaram no projeto ................................18
Tabela 15 – Idade dos irmãos das crianças que participaram no projeto ..............18
Tabela 16 – Razões dadas para a integração no projeto Silabar ..........................20
Tabela 17 – Ajudas da família na correção de problemas de linguagem...............21
Tabela 18 – Preocupações em relação às aprendizagens futuras ........................22
Tabela 19 – Preocupações reforçadas por técnico ...............................................23
Tabela 20 – Parecer acerca dos efeitos atribuídos à participação no projeto ........24
Tabela 21 – Conhecimento acerca do funcionamento do projeto ..........................25
Tabela 22 – Falhas identificadas no funcionamento do projeto Silabar .................26
Tabela 23 – Sugestões de melhoria apresentadas ...............................................27
1
INTRODUÇÃO
Ao longo de duas décadas observámos e orientámos alunos na fase inicial de
aprendizagem da leitura. Com eles compartilhámos enormes alegrias com o alcançar
do sucesso ou grandes angústias ao deparar com o insucesso. Procurámos, tal como
a maioria dos investigadores nesta área (Lopes, 2010), perceber porque é que alguns
alunos ultrapassavam facilmente esta fase inicial e outros se mantinham nela por
muito tempo, evidenciando grandes dificuldades.
Encontrámos uma boa razão para tão afincada pesquisa nas palavras de Contente
(1995, p. 11):
“De todas as atividades cognitivas complexas, a leitura, é sem dúvida, aquela que participa na
maior parte das situações.
No contexto escolar, esta atividade tem uma importância primordial, não só porque os
enunciados e as propostas de trabalho são na maior parte das vezes transmitidos por escrito, mas
também porque o texto escrito representa o meio privilegiado de comunicação.”
A gravidade da situação de crianças com dificuldades na aprendizagem da leitura
promoveu o nosso interesse por esta temática e a nossa vontade de contribuir de
alguma forma para aligeirar o esforço que lhes é exigido por uma sociedade que gira
em torno da palavra escrita. Com a experiência acumulada, começámos a perceber
que agir preventivamente proporcionava resultados melhores e mais eficazes. E
constatámos também que se chegava muito mais longe quando podíamos usufruir de
todos os contributos de uma equipa de trabalho, ao invés da realização de um árduo
trabalho solitário. Assim, chegámos à proposta de um projeto de prevenção do
insucesso na aprendizagem da leitura em contexto pré-escolar, que está no seu
segundo ano de aplicação e pretendemos agora perceber de que forma o
conhecimento mais exaustivo da perspetiva dos pais acerca da participação dos seus
filhos neste projeto pode contribuir para a melhoria do mesmo.
Iniciámos este relatório com esta introdução onde fazemos uma abordagem inicial
às nossas motivações para a escolha do tema e descrevemos a forma como
organizámos a redação deste trabalho. Na primeira parte faremos o enquadramento
teórico abordando as temáticas da aprendizagem da leitura e da colaboração família-
escola. Na segunda parte faremos a descrição do estudo empírico realizado e
analisaremos os resultados obtidos. Por fim, referiremos na conclusão o que de mais
importante há a reter acerca do trabalho realizado e que poderá vir a influenciar as
nossas decisões futuras.
2
I PARTE – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
3
1.APRENDIZAGEM DA LEITURA
A utilização ágil da leitura e da escrita tem vindo, ao longo de séculos, a adquirir
progressivamente grande importância e, em especial nos últimos anos esse grau de
premência foi substancialmente aumentado devido à modificação da forma de
avaliação dos alunos que frequentam o ensino básico. Neste momento, numa fase
inicial de aprendizagem como é o 1.º ciclo do ensino básico, os alunos têm que utilizar
essas competências para a realização de provas finais de ciclo. No 4.º ano de
escolaridade os alunos têm que ser capazes de utilizar o código escrito para
demonstrar os seus conhecimentos acerca da sua língua de aprendizagem, mas
também noutras áreas do conhecimento como a área da matemática. Nesta fase já
todos os alunos deverão ser capazes de ler e escrever e de utilizar o texto escrito
como ferramenta de comunicação e de construção da sua própria aprendizagem.
A eficácia na leitura é fundamental no processo de aquisição de conhecimentos
por ser o veículo utilizado nas aprendizagens escolares. Ensinar a ler é “dar às
crianças as ferramentas de que precisam para estratégica e eficazmente abordarem
os textos, compreenderem o que está escrito e assim se tornarem leitores fluentes”
(Sim-Sim, 2007, p. 7). Defendemos, com a autora (Sim-Sim, 2009, p. 25) que:
A automaticidade no reconhecimento das palavras escritas deverá ser a grande preocupação do
ensino nos primeiros anos de escolaridade e manifesta-se através da rapidez na recodificação
fonológica e no acesso célere à atribuição de significado à palavra lida. O reconhecimento
automático é atingido através de um trabalho sistemático e planeado de ensino ao nível de três
vectores: (i) a identificação instantânea e eficaz de palavras conhecidas; (ii) a evocação da ortografia
(soletração) de palavras conhecidas; e (iii) a capacidade para encontrar o significado e a forma de
produção de palavras desconhecidas.
E se ao longo de muitos séculos apenas alguns se dedicavam à sua
aprendizagem, hoje é quase inconcebível que um ser humano não consiga ler e
escrever. Com a utilização cada vez mais frequente de novas tecnologias no dia-a-dia,
a leitura e a escrita passaram a ser ainda mais necessárias, fugindo, por vezes, ao
formalismo da escrita e das regras ortográficas (escrita virtual) mas exigindo sempre
anteriormente a sua aprendizagem formal (Baptista, Viana, & Barbeiro, 2011).
Vários foram os ramos do conhecimento que se dedicaram a estudar a forma
como o ser humano consegue fazer a aprendizagem complexa de ler e escrever e
4
muitos são os estudos pedagógicos, psicolinguísticos e mais recentemente também
neurológicos que tentam explicar como se processa essa aquisição. Feinstein (2011,
p. 193, cit. por Almeida, 2011) descreve este processo da seguinte forma:
A informação chega através dos recetores e é disparada através da rede neuronal a uma
velocidade espantosa. Os nossos cérebros desenvolvem fortes vias sinápticas para regiões que nos
ajudam a interpretar o que ouvimos, sentimos, vemos e provamos. Armazenamos informações
relevantes em categorias evocáveis e podamos as supérfluas. Grande parte deste processo torna-se
automático. À medida que o sistema nervoso central cria esta forte recuperação automática de
informação, os nossos cérebros são libertados para se concentrarem em novas informações e para
as relacionarem com conhecimentos anteriores.
Muitos dos alunos que apresentam insucesso repetido, forte desmotivação
relativamente ao estudo e problemas de comportamento revelam défices na leitura
(Carvalho, 2011). Se um aluno tiver dificuldades na compreensão do que lê, vai ter
dificuldades na aprendizagem e mais facilmente desmotiva ou incorre em
comportamentos problemáticos, desenvolvendo uma imagem negativa da escola e do
estudo e também de si enquanto estudante. Lopes (2010, p. 112) afirma que:
As dificuldades sentidas pela criança na aprendizagem da leitura e da escrita levam a um
progressivo desinvestimento nas aprendizagens, associado a sentimentos de incapacidade, a uma
auto-estima muito baixa, a perturbações de comportamento, ansiedade e alterações emocionais.
Sempre que um técnico (professor, psicólogo, terapeuta, médico ou outro) ou
os próprios pais se deparam com crianças que mostram preguiça, desinteresse,
recusa, comportamentos disruptivos ou ansiedade em situações de aprendizagem, ao
invés de se sentirem zangados, como muitas vezes acontece, deveriam ficar bastante
preocupados e prontos para investigar qual a causa. Todos estes sintomas podem ser
comparados ao aparecimento da febre, que nos alerta para a existência de uma
doença. Muitas vezes só em níveis escolares mais exigentes ou mesmo em idade
adulta é percebida a existência de um problema.
O aprender a ler e a escrever não é apenas aprender a utilizar uma ferramenta,
implica sempre uma alteração da arquitetura mental de um indivíduo (Baptista et al.,
2011) e nem sempre este processo acontece com facilidade.
Recentemente traduzido para português o Manual de Diagnóstico e Estatística
das Perturbações Mentais: DSM-V (Association, 2014), inclui nas perturbações do
neurodesenvolvimento a Perturbação de Aprendizagem Específica (com défice na
leitura, com défice na expressão escrita e com défice na matemática) que caracteriza
5
como “dificuldades persistentes e incapacitantes na aprendizagem de capacidades
académicas fundamentais de leitura, escrita e/ou matemática” (Association, 2014).
Indivíduos com estas características irão apresentar desempenhos abaixo do
esperado para a sua idade mesmo aplicando um maior esforço, nas áreas académicas
afetadas (Association, 2014).
As dificuldades de aprendizagem que podem ocorrer devido a problemas
relacionados com os conteúdos pedagógicos, com as estratégias de ensino ou com
problemas emotivos distinguem-se assim claramente das perturbações do
neurodesenvolvimento associadas às dificuldades na leitura, na escrita e no cálculo
matemático (da Silva & Capellini, 2013).
O estudo das dificuldades de leitura e escrita, vem suscitando desde há muito
tempo o interesse de psicólogos, professores, linguistas e outros profissionais
interessados na investigação dos fatores implicados no sucesso e/ou insucesso
educativo. As atividades reeducativas devem ter como objetivo promover o sucesso
escolar do aluno, trabalhando nas áreas específicas em que a criança apresenta
dificuldades. Quanto mais precocemente for detetada a existência de um problema
mais fácil será resolvê-lo, pois o cérebro de crianças mais novas tem maior
capacidade de reprogramação (Feinstein, 2011, cit. por Almeida, 2011).
Um dos caminhos mais importantes para prevenir problemas de aprendizagem e
de comportamento é intervir na leitura nas idades mais precoces, para que os alunos
se tornem leitores competentes e tenham, assim, uma maior capacidade de
aprendizagem nas várias disciplinas. Mesmo nas crianças em idade pré-escolar existe
“um elevado grau de variabilidade nos conhecimentos emergentes de leitura e escrita”
(Sim-Sim, 2009, p. 33).
É hoje aceite pela comunidade científica que “a aprendizagem da leitura é um
processo contínuo que se inicia antes do ensino da decifração e que continua para
além da aprendizagem da mesma”, e que, “quanto mais as crianças sabem sobre
leitura e escrita antes de formalmente ensinadas a decifrar, maior será o sucesso na
aprendizagem posterior da leitura” (Sim-Sim, 2009, p. 20).
Sim-Sim (2009, p. 20) defende que este caminho é facilitado “quando a leitura pela
voz dos outros é uma actividade regular na vida do futuro leitor, isto é, quando a
criança ouve ler frequentemente, folheia o livro que ouviu ler e conversa sobre o
assunto lido”.
A aprendizagem do “código alfabético faz apelo a uma competência cognitiva que
a maioria das crianças não possui à entrada na escola”, que é “a capacidade de
6
identificar e isolar conscientemente os sons da fala”, ou seja, a consciência fonológica
(Freitas, Alves, & Costa, 2007, p. 9). Afirmam as autoras (Freitas et al., 2007, p. 10)
que:
Da prática educacional, terapêutica e científica, extrai-se recorrentemente a mesma conclusão:
dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita estão associadas ao fraco desempenho em
tarefas que evocam a consciência fonológica dos falantes. O trabalho sobre a consciência fonológica
na escola, realizado desde cedo e generalizado a toda a população infantil, permitirá, como
referimos, promover o sucesso escolar, funcionando como medida de prevenção do insucesso na
leitura e na escrita.
Também Torres e Fernández (2001, p. 7) reconhecem que “a dificuldade em
aprender a ler e a escrever” está habitualmente associada “a um início tardio do
desenvolvimento da linguagem ao nível fonológico, articulatório e de fluidez, com uma
lenta progressão em tarefas iniciais de leitura e de soletração e com problemas de
linguagem manifestos”.
Concordamos com Freitas et al. (2007, p. 10) quando afirmam que:
Profissionais de diferentes áreas, nomeadamente da investigação em psicolinguística, do
ensino, da pedagogia, das didácticas, bem como das áreas da saúde ligadas à terapêutica e à
reabilitação, têm observado que o sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita está
correlacionado com os desempenhos do sujeito na oralidade: sujeitos (adultos ou crianças) com um
fraco desempenho na produção e na percepção de enunciados orais são os que maiores
dificuldades apresentam no processo de aprendizagem da leitura e da escrita. O desenvolvimento de
competências no domínio da oralidade deve, assim, ser promovido em contexto escolar, como
medida preventiva do insucesso no desempenho de tarefas de leitura e de escrita.
Cameirão (2014), acerca de dislexia e discalculia, que se enquadram nas
dificuldades específicas de aprendizagem, afirma que a sua presença em contexto
escolar é significativa e acarreta graves consequências no desempenho académico
dos alunos, na sua autoestima e comportamentos. Conclui também a mesma autora
que, sendo hoje possível identificar em idade pré-escolar, crianças vulneráveis às
dificuldades de aprendizagem, “diversos estudos demonstram que a frequência de
programas de intervenção precoce previne o aparecimento das dificuldades ou
minimiza a sua expressão”.
7
2.RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA
A família desempenha um papel fundamental na educação e no desenvolvimento
integral das crianças. A entrada para o Jardim-de-Infância promove as interações
sociais da criança e coloca pais e professores lado a lado na ação educativa.
A existência de um espírito colaborativo e cooperativo que permita que escola e
família se sintam e ajam como parceiros educativos só poderá trazer benefícios a
todos os intervenientes. A partilha de saberes e de experiências é uma forma de
alargar conhecimentos e vivências beneficiando toda a comunidade educativa e
promovendo uma maior interação entre os vários parceiros educativos.
Estimular o conhecimento mútuo permitirá que docentes, famílias e crianças se
sintam confortáveis, motivadas e integradas no contexto educativo.
Partilhamos com Marques (2001, p. 110) a convicção de que “o sucesso educativo
para todos só é possível com a colaboração de todos”. Sendo os pais “os primeiros
educadores da criança”, os professores serão seus “parceiros” no ato educativo,
devendo “unir esforços, partilhar objetivos e reconhecer a existência de um mesmo
bem comum para os alunos (Marques, 2001, p. 12).
Afirma Anabela Carvalho (2011, p. 17) que:
A promoção da leitura e a capacitação das nossas crianças para uma vida mais autónoma,
enriquecida e com mais oportunidades é um dever de todos nós, educadores em geral, sendo tanto
mais eficaz quanto mais colaboração e concertação nas atitudes e nas acções existir entre os
diferentes agentes aducativos.
A concertação entre a ação da família e da escola obtém resultados mais eficazes
e é melhor conseguida sempre que os valores culturais da escola são paralelos aos
valores culturais das famílias, quando isso não acontece pode haver rejeição da
cultura escolar por parte dos alunos (Marques, 2001). Essa rejeição pode ser evitada
incrementando a comunicação entre famílias e escolas por forma a fazer a sua
aproximação. Marques (2001, p. 28) afirma que:
a escola pode ultrapassar os obstáculos à colaboração se começar a encarar os pais como
parceiros que são os primeiros responsáveis pela educação dos filhos. Os professores e os pais
partilham responsabilidades na educação dos alunos e essa partilha deve valorizar aquilo que os une
e eliminar aquilo que os separa. Quando os pais colaboram com a escola, os professores beneficiam
porque essa colaboração tem um impacte positivo na aprendizagem dos alunos. A escola também
8
beneficia porque a sua imagem social sai reforçada. Os pais também têm vantagens porque
melhoram as suas competências como educadores e aprendem a conhecer melhor os seus filhos.
Todos se sentirão mais felizes e será mais fácil a intervenção.
A investigação que apresentamos a seguir incide sobre a valorização do papel da
família na relação com a escola, no sentido de facilitar o trabalho desenvolvido por
todos na procura de soluções para os problemas detetados.
9
II PARTE – INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA
10
1.CONTEXTO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
A experiência acumulada de vários anos de lecionação ao primeiro ano de
escolaridade do 1.º ciclo do Ensino Básico permitiu-nos constatar que a maioria das
crianças que aí chegava com problemas na linguagem acabava por apresentar
problemas na aprendizagem da leitura e da escrita.
Percebemos que seria necessário atuar preventivamente, evitar o insucesso e
todas as suas nefastas consequências. Assim, idealizámos o projeto Silabar que tem
como meta principal a prevenção do insucesso na aprendizagem da leitura.
Não sendo uma forma de atuação habitual nas nossas escolas, não foi encontrada
ainda uma forma legal de constituição de uma equipa de trabalho exclusivamente
dedicada à execução deste projeto, estando a implementação do mesmo sempre à
mercê da existência de pessoal docente a quem não seria atribuída componente letiva
mas que, por também acreditarem que é um caminho válido, têm aceitado preencher o
seu horário com sessões de apoio individualizado. Também o psicólogo escolar
passou a dedicar muito do seu tempo à avaliação destes alunos e à monitorização dos
seus progressos.
Este projeto iniciou no ano letivo de 2013/2014 num Agrupamento de Escolas. As
crianças com cinco anos, a frequentar os Jardins de Infância do Agrupamento, que
apresentavam dificuldades de linguagem foram acompanhadas individualmente ou em
pequeno grupo, em três sessões semanais de uma hora, que decorreram ao longo de
todo o ano letivo. Estas sessões de trabalho incidiram no desenvolvimento de algumas
competências que a investigação refere como fundamentais para a aprendizagem da
leitura e da escrita: o desenvolvimento do vocabulário e do gosto pela leitura; o
desenvolvimento da perceção, discriminação e memória visual; o desenvolvimento do
grafismo e da estruturação espaciotemporal e o desenvolvimento da consciência
fonológica.
No presente ano letivo, 2014/2015, foi prestado acompanhamento nos mesmos
moldes às crianças de cinco anos com dificuldades de linguagem e feito o
acompanhamento de todos os alunos que frequentaram o 1.º ano do Ensino Básico,
em especial aos que já tinham integrado o projeto no ano letivo anterior, tendo em
vista a monitorização dos seus progressos na leitura e na escrita. Foi disponibilizado
apoio individualizado aos alunos que apresentaram maior desfasamento em relação
ao desempenho esperado.
11
Os resultados já obtidos permitem perceber que alguns alunos precisaram apenas
deste estímulo mais individualizado para ultrapassarem as dificuldades que
evidenciavam, outros continuaram a manifestar algumas dificuldades. Estes últimos
serão devidamente acompanhados por forma a permitir diagnosticar mais
precocemente a existência de alguma necessidade educativa especial e a fazer o seu
encaminhamento para serviços especializados de apoio, evitando prolongar por
demasiado tempo este período de aprendizagem da leitura e evitando a frustração
provocada pela perceção do insucesso escolar pela própria criança.
Sabendo que a colaboração entre a escola e a família é facilitadora do sucesso na
implementação de programas de intervenção, pretendemos, no ano letivo de
2015/2016, incrementar a colaboração entre os encarregados de educação das
crianças que integram o projeto Silabar e a escola. Para tal, sentimos necessidade de
conhecer mais detalhadamente o contexto familiar dessas crianças. Assim, iniciámos
um estudo aprofundado que nos permitirá perceber melhor como promover a
colaboração entre a família e a escola no objetivo comum de obtenção de sucesso
escolar.
A apresentação de propostas às famílias não faria sentido sem termos a perceção
clara do conhecimento que estas têm de como foi desenvolvido o projeto Silabar ao
longo do ano letivo e antes de ouvirmos as suas próprias sugestões de melhoria.
Desta convicção nasceu a formulação do problema a seguir enunciado e dos
objetivos a atingir com o presente trabalho.
1.1.Problema
Em que medida o conhecimento mais exaustivo da perspetiva dos pais acerca da
participação dos filhos num projeto de prevenção do insucesso na aprendizagem da
leitura em contexto pré-escolar contribui para a melhoria do mesmo?
12
2.OBJETIVOS
2.1.Objetivo Geral
Compreender em que medida o conhecimento mais exaustivo da perspetiva dos
pais acerca da participação dos filhos num projeto de prevenção do insucesso na
aprendizagem da leitura em contexto pré-escolar contribui para a melhoria do mesmo.
2.2.Objetivos Específicos
Saber a composição do agregado familiar, bem como as idades,
profissões e habilitações académicas dos seus elementos.
Verificar o que a família conhece acerca do projeto Silabar.
Identificar o que pensam sobre o projeto.
Recolher sugestões para melhorar o projeto Silabar.
Conhecer a opinião dos pais acerca do impacto do projeto nas
crianças.
Perceber quais são as preocupações do encarregado de educação em
relação ao futuro escolar do seu educando e como refletem as
dificuldades evidenciadas pelas crianças.
3.METODOLOGIA
3.1.TIPO DE INVESTIGAÇÃO
A opção metodológica deste trabalho de pesquisa foi feita tendo em atenção os
objetivos do estudo. Querendo compreender a perspetiva dos pais acerca da
participação dos seus filhos num projeto de prevenção do insucesso na aprendizagem
da leitura em contexto pré-escolar optámos por realizar um estudo qualitativo de
caráter exploratório e descritivo.
13
3.2.TÉCNICAS E INSTRUMENTOS
Para a recolha de dados utilizámos duas técnicas; i) a análise documental relativa
à recolha de informações constante de documentação disponibilizada pelo psicólogo
escolar (lista de alunos que integraram o projeto Silabar no ano letivo 2014/2015) e
fichas de atualização de dados existente nos processos dos alunos, que nos foram
fornecidas após a devida autorização da diretora do Agrupamento, bem como a ii)
entrevista semiestruturada. Neste último caso, para a recolha de opiniões dos pais foi
elaborado um guião de entrevista semiestruturada no âmbito de um estudo ainda em
curso e que visa conhecer detalhadamente o contexto familiar das crianças que
participam no projeto. No presente estudo foram utilizadas as respostas às perguntas
constantes do bloco IV pois este incluía perguntas relacionadas com o projeto Silabar
(Anexo A). A entrevista é uma técnica de recolha de dados largamente utilizada em
investigação social, que permite obter muita informação mesmo que os entrevistados
não saibam escrever (Pardal & Lopes, 2011). É estabelecido um diálogo entre duas
pessoas, dirigido pelo entrevistador com o objetivo de obter informações acerca do
entrevistado (Morgan, 1988). Optámos por este instrumento por ser um dos mais
adequados à recolha de opiniões ou perceções (Coutinho, 2011). Pardal e Lopes
(2011, p. 87) referem que ao elaborar uma entrevista semiestruturada, “o entrevistador
possui um referencial de perguntas guia” que lhe permitirá a liberdade de algumas
alterações pertinentes no decorrer da entrevista.
3.3.POPULAÇÃO ALVO
Como população alvo foram escolhidos os Encarregados de Educação das
crianças de cinco anos que participaram no projeto Silabar no ano letivo 2014/2015,
num total de quinze. Como não foi possível, em tempo útil, entrar em contacto com
dois destes encarregados de educação e outro recusou participar, ficámos com uma
população total de doze adultos a seguir caracterizada.
14
3.4.PROCEDIMENTOS
Foi redigido um documento que pretendia esclarecer detalhadamente os
entrevistados acerca dos objetivos e intenções do estudo em curso e permitia a
recolha de autorização para a utilização dos dados obtidos através da entrevista a
realizar. Após a obtenção da lista acima referida foi solicitada na secretaria do
Agrupamento a ficha de atualização de dados dos alunos constantes da mesma.
Através dessa ficha foram obtidos os contactos dos encarregados de educação e
feitas as marcações para a realização das entrevistas tendo os mesmos sido
esclarecidos sobre a importância da sua participação e dado o seu aval à mesma
(consentimento informado – Anexo B).
Após a realização das entrevistas, fizemos uma primeira leitura e verificámos que
todas eram válidas, então numerámo-las aleatoriamente e copiámos todas para o
mesmo documento, constituindo assim o nosso corpus (Carmo & Ferreira, 2002).
Segundo Bogdan e Biklen (1994, p. 205) “a análise de dados é o processo de
busca e de organização sistemático” dos materiais recolhidos, “com o objectivo de
aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe permitir
apresentar aos outros aquilo que encontrou”. Foi a este processo que nos dedicámos
por forma a fazer emergir as categorias que apresentamos, sendo esta, segundo Vala
(1986), a tarefa que pode conter maior dificuldade. Optámos por uma análise
categorial emergente, ou seja, o sistema de categorias foi estabelecido a posteriori,
resultando da classificação analógica e progressiva dos elementos. Para isso tivemos
em atenção os conselhos de Bardin (1977), verificando se as categorias eram
homogénias, exaustivas, exclusivas, objetivas e adequadas. O título dado a cada
categoria foi definido no final de todo o processo desenvolvido, tratou-se de um
“procedimento exploratório” (Carmo & Ferreira, 2002, p. 255). Após esta fase
procedemos à interpretação dos resultados.
3.5. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO
Começamos por apresentar um conjunto de tabelas que caracterizam os
agregados familiares dos doze encarregados de educação entrevistados. Nestas
podemos encontrar a constituição de cada agregado, as idades, profissões e
15
habilitações académicas de cada um dos seus elementos. Cada um dos entrevistados
foi identificado por E (entrevistado) seguido de um número entre 1 e 12.
Tabela 1 – Agregado familiar do entrevistado 1
E1
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 5 Estudante -
Irmão(ã) 11 Estudante Frequenta o 2.º Ciclo
Mãe 37 Costureira 2.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 38 Trolha 2.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 2 – Agregado familiar do entrevistado 2
E2
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 6 Estudante -
Irmão(ã) 8 Estudante Frequenta o 1.º Ciclo
Mãe 38 Doméstica 2.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 34 Técnico de
telecomunicações 1.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 3 – Agregado familiar do entrevistado 3
E3
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 5 Estudante -
Irmão(ã) 12 Estudante Frequenta o 2.º Ciclo
Mãe 39 Assistente
Operacional 3.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 39 Técnico de Limpeza
Florestal 3.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 4 – Agregado familiar do entrevistado 4
E4
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 5 Estudante -
Mãe 32 Vendedora em loja Ensino Secundário
Pai 30 Operário fabril Ensino Secundário
Tabela 5 - Agregado familiar do entrevistado 5
E5
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 5 Estudante -
Irmão(ã) 10 Estudante Terminou o 2.º Ciclo
Mãe 37 Rececionista Ensino Secundário
Pai 37 Eletricista 3.º Ciclo do Ensino Básico
16
Tabela 6 - Agregado familiar do entrevistado 6
E6
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 5 Estudante -
Irmão(ã) 10 Estudante Frequenta o 2.º Ciclo
Mãe 39 Professora Licenciatura
Pai 40 Soldador 3.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 7 - Agregado familiar do entrevistado 7
E7
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 6 Estudante -
Irmão(ã) 4 Estudante -
Mãe 39 Operária fabril 3.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 36 Operário fabril 3.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 8 - Agregado familiar do entrevistado 8
E8
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 6 Estudante -
Mãe 25 Copeira 3.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 55 Trabalhador agrícola 1.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 9 - Agregado familiar do entrevistado 9
E9
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 6 Estudante -
Irmão(ã) 15 Estudante Frequenta o 3.º Ciclo
Mãe 43 Costureira 3.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 49 Operador de
máquinas agrícolas 1.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 10 - Agregado familiar do entrevistado 10
E10
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 6 Estudante -
Irmão(ã) 13 Estudante Terminou o 2.º Ciclo
Irmão(ã) 13 Estudante Terminou o 2.º Ciclo
Mãe 36 Doméstica 3.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 37 Agricultor 3.º Ciclo do Ensino Básico
17
Tabela 11 - Agregado familiar do entrevistado 11
E11
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 5 Estudante -
Irmão(ã) 13 Estudante Frequenta o 3.º Ciclo
Mãe 37 Desempregada Ensino Secundário
Pai 39 Desempregado 2.º Ciclo do Ensino Básico
Tabela 12 - Agregado familiar do entrevistado 12
E12
Constituição Idade Profissão Habilitações
Criança 6 Estudante -
Irmão(ã) 7 Estudante Frequenta o 1.º Ciclo
Irmão(ã) 6 meses - -
Mãe 22 Feirante 2.º Ciclo do Ensino Básico
Pai 28 Feirante 1.º Ciclo do Ensino Básico
Da observação das tabelas podemos referir que a maioria dos agregados
familiares é constituída pelo casal e dois filhos, havendo apenas 2 agregados com o
casal e um filho e outros 2 com o casal e três filhos. Em nenhuma das famílias existem
outros membros além de pais ou filhos, como avós ou tios, ou apenas um dos
progenitores, como podemos verificar na Tabela 13.
Tabela 13 – Constituição dos agregados familiares
Constituição dos agregados familiares
Número total de agregados familiares 12
Agregados com pai, mãe e 1 filho 2
Agregados com pai, mãe e 2 filhos 8
Agregados com pai, mãe e 3 filhos 2
Na idade das crianças que participaram no projeto pareceu-nos pertinente
evidenciar na Tabela 14 se existiriam crianças que poderiam entrar para o 1.º ano de
escolaridade ainda com 5 anos. Estas crianças, por vezes, evidenciam alguma
imaturidade no início da escolaridade obrigatória. Apenas 3 crianças estarão nessa
situação e a encarregada de educação de uma delas informou que a sua educanda
ainda não irá frequentar o 1.º Ciclo no próximo ano letivo. Mas se verificarmos as
idades a 01/09/2015 o número sobe para 5, ou seja, 4 crianças irão iniciar a
escolaridade sendo ainda muito novas, o que pode dificultar um pouco o período de
adaptação a uma nova escola.
18
Tabela 14 – Idade das crianças que participaram no projeto
Idade das crianças que participaram no projeto
Crianças com 5 anos em 31/12/2014 11
Crianças com 6 anos em 31/12/2014 1
Crianças com 5 anos em 01/09/2015 3
Crianças com 6 anos em 01/09/2015 9
Crianças com 5 anos em 15/09/2015 5
Crianças com 6 anos em 15/09/2015 7
No total das 12 famílias existem também 12 irmãos, mas como já referimos em
cima duas crianças têm 2 irmãos cada uma e outras 2 crianças não têm irmãos.
Verificamos também que apenas 2 crianças têm irmãos mais novos e 8 têm irmãos
mais velhos, estes poderão fornecer alguma ajuda aos seus irmãos mais novos
fazendo, por exemplo, leitura de histórias em voz alta. Observando as idades dos
irmãos e o seu ano de escolaridade podemos verificar que 4 deles já sofreram pelo
menos uma retenção no mesmo ano de escolaridade.
Tabela 15 – Idade dos irmãos das crianças que participaram no projeto
Idade dos irmãos das crianças que participaram no projeto
Irmãos com 6 meses 1
Irmãos com 4 anos 1
Irmãos com 7 anos 1
Irmãos com 8 anos 1
Irmãos com 10 anos 2
Irmãos com 11 anos 1
Irmãos com 12 anos 1 Irmãos com 13 anos 3
Irmãos com 15 anos 1
Observando as idades dos progenitores reparamos que as duas mães mais novas
têm 22 e 28 anos, uma tem 32, a mais velha tem 43, e oito mães estão entre os 36 e
os 39 anos. As idades dos pais não são tão homogéneas, tendo o mais novo 28 anos
e o mais velho 55, nove têm idades entre os 30 e os 40 anos e um tem 43 anos. A
diferença de idades entre pai e mãe está entre 1 e 6 anos em 9 casais, em dois dos
casais têm ambos a mesma idade e apenas em um existe uma diferença de idades de
30 anos.
Quanto às profissões, a grande maioria dos progenitores trabalham por conta de
outrem em fábricas, serviços ou comércio, havendo um casal em que estão ambos
desempregados.
19
As Habilitações literárias de 4 progenitores são o 1.º Ciclo do Ensino Básico, 5
possuem o 2.º Ciclo, 10 concluíram o 3.º Ciclo, 3 terminaram o Ensino Secundário e
apenas 1 possui licenciatura. Em 5 casais ambos têm as mesmas habilitações, em 6
casais a habilitação literária da mãe é superior à do pai, e o contrário acontece apenas
com um casal. Estranhamos o facto de existirem 4 pais com o 1.º Ciclo, pois apenas
um tem idade que o possa justificar, todos os outros deveriam ter concluído pelo
menos o 2.º Ciclo, o que pode revelar que houve abandono escolar ou insucessos
repetidos. É uma situação que merece ser melhor documentada em futuros encontros
com estes encarregados de educação para perceber se tiveram dificuldades nas suas
aprendizagens escolares e de que tipo foram.
20
4.APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1.APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO
A Tabela 16 reflete as respostas dos entrevistados quando foram inquiridos acerca
das razões para a participação dos seus filhos no projeto Silabar.
Tabela 16 – Razões dadas para a integração no projeto Silabar
Categoria Problemas de linguagem 7 46%
Descritores
Ela falou muito cedo, mas o vocabulário dela não era muito elaborado. (E2) Porque não pronunciava bem as palavras. (E3) Penso que foi porque falou tarde (E5) E tem dificuldades na dicção de algumas palavras. (E6) Quando a professora perguntava alguma coisa ela não sabia responder, o problema é na compreensão oral. (E8) Foi derivado a ela ter problemas na fala. (E10) Por causa da fala, como fala “achim” e comia muito as letras… (E11)
Categoria Problemas de atenção/concentração 2 13%
Descritores e porque era muito irrequieto (E5) Por causa dos problemas de concentração e atenção. (E9)
Categoria Proximidade da entrada para o 1.º Ciclo 1 7%
Descritores E este ano também porque vai para a primária. (E2)
Categoria Avaliação psicológica 1 7%
Descritores Porque o psicólogo do agrupamento lhe fez um teste e o resultado não foi bom… (E6)
Categoria Ser esquerdina 1 7%
Descritores Não sei, talvez por ser esquerdina… (E1)
Categoria Não sabe 3 20%
Descritores Não faço ideia. (E4) Não faço ideia. (E7) Não sei. (E11)
Total 15 100%
Podemos verificar que a razão mais apontada foi a presença de problemas de
linguagem, o que já seria espectável uma vez que o projeto teve como população alvo
as crianças de 5 anos que evidenciassem problemas de linguagem. Esta e as outras
razões apresentadas deverão ser consideradas na planificação das atividades letivas
do próximo ano escolar para que não constituam entraves à boa progressão dos
alunos. Salientamos também a existência de 3 (20%) entrevistados que afirmam não
21
conhecer qualquer razão. Um bom conhecimento das competências e dificuldades dos
filhos pode ajudar a ultrapassar dificuldades aproveitando as suas potencialidades.
A equipa de trabalho que desenvolverá o projeto no próximo ano letivo deverá
começar por conversar com os pais acerca das razões para a integração dos seus
filhos num projeto de prevenção do insucesso escolar, perceber se reconhecem o
problema encontrado e a sua dimensão.
A Tabela 17 reflete as ajudas que os entrevistados referem ter dado aos seus
filhos para ultrapassarem os seus problemas de linguagem.
Tabela 17 – Ajudas da família na correção de problemas de linguagem
Categoria Corrigir ou conversar 6 46%
Descritores
Na altura começámos a corrigi-la, foi essencialmente isso, (E2) Corrigi-lo quando diz mal. (E3) Falo com ela em casa, puxo por ela… (E8) Havia muitas palavras que ainda não falava e nós em casa corrigíamos (E9) O que me ensinaram, a professora que a acompanhou, que quando ela falasse a palava errada não a repreendermos, e dizermos a palavra certa para não ficar envergonhada, não ficar tímida, para depois falar as palavras bem. Não falar errado. (E10) Corrigir quando ele fala mal, tento insistir até ele falar bem, sem exagerar se não fica nervoso… (E11)
Categoria Terapia da fala 2 15%
Descritores
Fui com o menino à Terapia da Fala e fazíamos os exercícios em casa, em todos os locais aplicava os exercícios. Consegui conjugar os horários para ir sempre com ele e assistia à consulta. (E5) Com a Terapia da Fala, que é privada, tem desde janeiro ou fevereiro. (E6)
Categoria Leitura 1 8%
Descritores A ler-lhe mais e mais pausadamente para ver se ele consegue captar. (E3)
Categoria Não tem problemas de linguagem 4 31%
Descritores
Não houve nenhum problema de linguagem até à data. (E1) Não tem problemas de linguagem. (E4) Nunca notei problemas na linguagem. (E7) Não tem problemas a falar. (E12)
Total 13 100%
Dos 12 encarregados de educação entrevistados, 7 referem ter fornecido uma
ajuda, 1 forneceu duas ajudas e 4 não forneceram qualquer ajuda por não reconhecer
problemas de linguagem no seu educando. Foram 6 (46%) as ajudas que passaram
por corrigir as palavras ditas de forma incorreta, 2 (15%) as que referem ter recorrido a
Terapia da Fala e apenas 1 (8%) faz referência à leitura.
No próximo ano letivo será necessário clarificar a existência ou não de problemas
de linguagem e a equipa de trabalho do projeto Silabar poderá aqui ter a oportunidade
22
de contribuir com variados exemplos de ajudas ao bom desenvolvimento da linguagem
nas crianças desta faixa etária.
A Tabela 18 espelha as preocupações dos entrevistados em relação às
aprendizagens futuras dos seus educandos
Tabela 18 – Preocupações em relação às aprendizagens futuras
Categoria Relacionadas com mudança de rotinas 6 33%
Descritores
Ela estar sentada numa cadeira quieta. O ambiente novo. Que o professor ponha algo para fazer e ela não faça. (E1) Se a mandam fazer alguma coisa que ela não queira, não faz… (E2) Só a questão da adaptação. Não sei como reage, mas vai ser mais tempo, não sei se vai estar sentado. (E4) Preocupa-me o ser mais mexido porque ele não para. E estou preocupada também por ser uma escola maior, no recreio pode ser muito mexido, ele não tem dificuldade a subir ao muro… (E5) Tudo é novidade para ele. Vai ser muito diferente, aqui estão habituados a brincar e lá não pode. Vai ser um choque para ele. Vai ter que ter o apoio da família. (E7) Maior receio é…, (…) ele não consegue estar muito tempo sentado… (E11)
Categoria Relacionadas com problemas de linguagem 4 22%
Descritores
mas é uma trapalhona… Ainda agora! (E2) Ainda continua a não estar assim muito bem em termos de linguagem. Não fala ainda muito bem… (…) Preocupa-me ele ainda falar com má articulação, troca algumas letras mas só nalgumas palavras, por exemplo: “Ruca” diz “Ruca e “Rodrigo” diz “Dodigo”. (…) Penso que vai ter dificuldades a nível de português. (E3) que melhorasse a linguagem (E6) Uma das preocupações é a compreensão oral. (E8)
Categoria Relacionadas com problemas de atenção 3 16%
Descritores
e a atenção/concentração. Habitualmente está pouco tempo na tarefa… Eu acho que é por isso que ela não quer ir ao Ballet, porque sabe que lá tem que estar muito atenta para fazer tudo bem. (E6) A preocupação é a atenção e a concentração (…) Tenho medo que com isso ele não consiga aprender o que tem que aprender. (E9) É mais na parte do compreendimento, que não tome muita atenção às coisas que lhe dizem. (…) Ela inteligente é, agora a atenção… (E10)
Categoria Relacionadas com a legislação 1 6%
Descritores Ele só faz anos em dezembro e por isso aguarda para saber se há vaga para entrar para o 1.º ano. (E5)
Categoria Relacionadas com causas familiares 1 6%
Descritores Ai, vão ser logo os dois irmãos na mesma sala… (E2)
Categoria Gerais 2 11%
Descritores A minha preocupação é em tudo! (E2) Queria mesmo que amadurecesse um pouco, (E6)
Categoria Não tem preocupações 1 6%
Descritores Não tenho preocupação nenhuma. (E2)
Total 18 100%
23
Da observação da Tabela 18 podemos concluir que as preocupações dos
encarregados de educação entrevistados prendem-se, maioritariamente com a
aproximação da transição do Jardim de Infância para a escola do 1.º Ciclo. Notam-se
também algumas preocupações relacionadas com problemas de linguagem e de
atenção/concentração. Apenas uma encarregada de educação referiu não sentir
qualquer preocupação em relação às aprendizagens futuras.
O projeto Silabar poderá, futuramente, tentar aliviar um pouco estas preocupações
manifestadas, caso os pais nele consigam encontrar e reconhecer uma boa ajuda na
resolução dos problemas dos seus educandos.
A Tabela 19 espelha as preocupações dos entrevistados em relação às
aprendizagens futuras dos seus educandos reforçadas por informação dos técnicos
que contactaram com os mesmos.
Tabela 19 – Preocupações reforçadas por técnico
Categoria Relacionadas com problemas de atenção 2 50%
Descritores
A psicóloga e a Terapeuta da Fala falam muito na atenção, e a Educadora também. (E6) Já a educadora diz que ela ou não quer ou não toma atenção àquilo que lhe dizem. (E10)
Categoria Relacionadas com comportamentos 1 25%
Descritores Isso está-me a preocupar muito porque a professora já me disse que ela quando não quer fazer não faz. (E2)
Categoria Relacionadas com problemas de linguagem 1 25%
Descritores mas quando lhe diziam para contar a história ele não gostava, baixava os olhos dizia a educadora. (E3)
Total 4 100%
As informações encontradas nesta tabela mostram que apenas 4 entrevistados
referiram informações passadas por técnicos que trabalharam com os seus filhos
quando indicaram as suas preocupações futuras. Nota-se que apenas 1 (25%) refere a
linguagem e os outros referem problemas de atenção ou de atitudes.
Será de dar especial atenção ao desenvolvimento da linguagem, mas não poderá
ser esquecida a questão da atenção/concentração pois é referida tanto por pais como
pelos técnicos aos pais. Linguagem e atenção serão as duas áreas a trabalhar.
24
A Tabela 20 mostra que efeitos atribuídos à participação das crianças no projeto
são referidos pelos encarregados de educação entrevistados.
Tabela 20 – Parecer acerca dos efeitos atribuídos à participação no projeto
Categoria Gostou ou foi importante mas não identifica melhorias 7 50%
Descritores
Num ano gostou e adorou, (E2) Acho bom, desde que sejam projetos educativos acho que sim. (E4) Ela teve intervenção da Terapia da Fala, Fisioterapia e do Silabar, tudo junto terá ajudado, mas não posso dizer que houve um efeito só do Silabar… (E6) Acho que é bom, tudo o que é histórias e atividades é bom para o desenvolvimento deles. (E7) Pelo que sei ela melhorou, por isso estou satisfeita. (E8) Achei bem, notou-se alguma coisa! (E9) Acho que é bom, se tiver oportunidade de ter isso acho que sim. Nunca fui contra as coisas que lhe façam bem a ela. (E10)
Categoria Identifica melhorias 4 29%
Descritores
Penso que foi bom. Desenvolveu mais, ficou mais comunicativo, pode ser também da idade. Já conta melhor e pergunta os números: “O dois é como o pato?”, faz essa associação. (E3) mas notei diferenças no menino porque começou a corrigir as palavras quando alguém as diz mal ditas. (…) Penso que foi importante porque todas as ajudas são uma mais-valia. (E5) ele contava a história em casa… Um pouco aumentada! (E7) Achei que havia palavras que ele começou a falar corretamente. (E11)
Categoria Não sabe ou Não gostou 3 21%
Descritores
Não sei. (E1) este ano não estava a gostar nada. Eu vi que a minha filha este ano ia contrariada. Ela ficava a chorar… (E2) Não sei. (E12)
Total 14 100%
Da observação da Tabela 20 sobressai a incapacidade sentida pelos
encarregados de educação entrevistados em atribuir efeitos positivos à participação
dos seus filhos no projeto Silabar. Metade dos entrevistados refere ser algo bom mas
não identifica quais foram os efeitos positivos, a esses podemos juntar 3 (21%) que
também não notam efeitos e um deles refere mesmo que o seu educando não gostou
de participar no projeto.
Será de considerar melhorar a forma de comunicar aos pais as avaliações
periódicas que vão sendo realizadas pela educadora que dinamiza as sessões
individuais de trabalho e pelo psicólogo escolar.
25
Na Tabela 21 são referidas as características descritivas do funcionamento do
projeto Silabar mencionadas pelos encarregados de educação que foram
entrevistados.
Tabela 21 – Conhecimento acerca do funcionamento do projeto
Categoria Uma educadora ajuda a ultrapassar os problemas em sessões de trabalho individualizadas ou em pequeno grupo
6 60%
Descritores
Sei que é uma educadora que vem dar mais exercícios, falar mais com ele e ajudar onde vê que tem mais dificuldades, a nível gráfico, numérico…( (E3) sei que ia uma vez por semana, este ano ia duas vezes por semana e ficava mais tempo. (E2) Há uma educadora que vem ao Jardim fazer exercícios com eles, vi alguns exercícios (E6) Ele disse que a professora vinha cá contar histórias e depois falavam sobre a história. (E7) Vinham buscá-lo para outra sala para estarem com eles a trabalhar, para os ajudar nos problemas que tinham. (E9) Sei que é um projeto para crianças com dificuldades em algum aspeto, (E11)
Categoria Menciona reunião para esclarecimento dos pais 2 20%
Descritores Não sabia como funcionava, se não houvesse a reunião (E6) Esqueci-me da reunião que houve a meio do ano. (E10)
Categoria É desenvolvido com a concordância dos pais 1 10%
Descritores perguntaram-me no início se me importava, (E11)
Categoria São elaborados relatórios de avaliação 1 10%
Descritores Vi o relatório do Silabar do 2.º período, (…) mas como dizem no relatório que (E11)
Total 10 100%
Os encarregados de educação mostram conhecer melhor o facto de uma
educadora promover sessões de trabalho individualizadas, isto poderá estar
relacionado com o facto de ser esta a característica mais visível por ser a que
acontece com maior frequência e de forma regular.
Um maior empenho no estabelecimento de comunicação entre os pais e os
técnicos que dinamizam o projeto pode melhorar o conhecimento do mesmo por parte
dos pais das crianças que nele participam. Parece-nos importante também que, no
início do ano escolar, seja fornecido aos pais um cronograma com a indicação das
atividades que irão ser desenvolvidas, em que espaços e quando serão realizadas.
26
A Tabela 22 regista as falhas apontadas pelos encarregados de educação
entrevistados ao funcionamento do projeto Silabar.
Tabela 22 – Falhas identificadas no funcionamento do projeto Silabar
Categoria Só conhece o funcionamento porque trabalha no agrupamento
2 15%
Descritores
Eu sei como funcionava porque via no meu trabalho, por isso penso que assim como o faziam aqui também o faziam lá. Apercebia-me do funcionamento. (E3) só conhecia porque trabalho no agrupamento. (…) e estivesse no agrupamento… (E6)
Categoria Não tem acesso à informação ou documentação 2 15%
Descritores
Há pouca informação acerca do Silabar, (…) Eu não sei onde lhe foram encontrados problemas, não chegou muita informação. (E6) Não tive nenhuma informação, nunca vi nenhum relatório, nenhuma informação, (…) não sei o que fez ao longo do ano, se foi só mesmo o que vem nas fichas ou se fizeram mais alguma coisa. Toda a documentação fica sempre no Processo dele… (…) mas ficou no Processo. (E11)
Categoria Não entendeu os registos de trabalho que o filho levou no final do ano
1 8%
Descritores O problema era mais na questão da fala, mas quando desfolhei as fichas que me deram eram só fichas de matemática. (E11)
Categoria Não sabe quem está a promover o projeto 1 8%
Descritores Só não me apercebi se tinha a ver com a escola ou com a Câmara. (E11)
Categoria Refere não conhecer o funcionamento do projeto 7 54%
Descritores
Eu não sei. (E1) Não sei, (E2) Não sei… (E4) Nunca assisti a nenhuma sessão, (E5) Não sei… (E8) Não estou dentro dessas coisas. (E10) Não sei. (E12)
Total 13 100%
Pela observação da Tabela 22 podemos perceber que a principal falha apontada é
a falta de conhecimento da forma de funcionamento do projeto Silabar por parte dos
pais. Referem não conhecer o funcionamento 7 dos doze entrevistados, logo não
conseguem sequer ajuizar se tem ou não outras falhas na forma como funciona.
Existem 2 encarregados de educação que afirmam conhecer o modo de funcionar do
projeto apenas porque trabalham no Agrupamento onde o mesmo está a ser
implementado, o que evidencia que a informação não passa para todos os
encarregados de educação da mesma forma. É evidenciada a falta de informação
relacionada com os problemas encontrados nas crianças e com os seus progressos,
por 2 encarregados de educação, estes também referem não ser muito fácil o acesso
27
às informações e aos documentos de avaliação por estes ficarem sempre arquivados
no Processo Individual do Aluno. É feita referência à dificuldade em perceber o
trabalho que foi feito ao longo do ano apenas pelos registos enviados para casa no fim
do ano letivo por 1 dos encarregados de educação, e há também 1 encarregado de
educação a afirmar não ter percebido se o projeto estava a ser implementado pelo
Agrupamento de Escolas ou pela Câmara Municipal.
Parece evidente que no próximo ano letivo há necessidade de transmitir todas as
informações relacionadas com o projeto Silabar de forma mais eficaz. Poderá ser
considerada a hipótese de serem fornecidas cópias dos relatórios de avaliação
realizados pela educadora dinamizadora das sessões de trabalho individual e pelo
psicólogo escolar.
A Tabela 23 exibe todas as sugestões de melhoria apresentadas pelos
encarregados de educação entrevistados.
Tabela 23 – Sugestões de melhoria apresentadas
Categoria Maior acesso à informação 5 38%
Descritores
Não faço ideia, talvez mais informação sobre isso. (E1)
Devia ser mais informativo para os pais. (E5)
Passar mais informação, o psicólogo chamar mais os pais para serem
informados acerca das conclusões a que chegaram: "Detetámos isto, e
vamos fazer isto”. (E6)
Dar mais informação aos pais de como estão a evoluir… outro tipo de
acompanhamento… (E11)
Não sei. Ser mais informada. (E12)
Categoria Acompanhamento dos filhos no tempo de apoio 1 8%
Descritores Os pais deviam assistir, pelo menos uma vez, tal como na terapia da fala e
depois já podíamos ajudar mais. (E5)
Categoria Mudança de professor 1 8%
Descritores Mudando de professora, ela num ano gostou no outro não gostou, por isso o
problema está aí. (E2)
Categoria Não apresenta sugestões 6 46%
Descritores
Penso que assim está bem. (E3)
Não sei… (E4)
Deviam continuar a puxar por eles. Devem continuar assim, (E7)
Não tenho nada para sugerir. (E8)
Não sei… (E9)
Eu como não conheço não posso dizer que haja alguma coisa para mudar.
(E10)
Total 13 100%
28
Metade dos encarregados de educação não apresenta sugestões de melhoria,
dois dos quais referem estar bem assim como tem funcionado. Esta falta de sugestões
é referida por um dos encarregados de educação como estando relacionada com o
desconhecimento da forma de funcionamento do projeto. A sugestão de melhoria mais
referida é a necessidade de maior acesso à informação por parte dos encarregados de
educação. Um dos encarregados de educação sugere a alteração da educadora pois o
seu educando não se adaptou à forma de trabalhar da docente que dinamizou as
sessões individuais de trabalho. Uma das sugestões apresentadas é a possibilidade
de presenciarem as sessões de acompanhamento individual prestadas aos seus
educandos para que possam no dia-a-dia fazer a replicação de alguns exercícios
trabalhados.
Todas as sugestões apresentadas pelos encarregados de educação entrevistados
vão no sentido de melhorarem as falhas por si encontradas no funcionamento do
projeto Silabar. Será de considerar a possibilidade de convidar os encarregados de
educação a presenciarem as sessões de acompanhamento individual prestadas aos
seus educandos. Havendo disponibilidade horária por parte de, pelo menos um dos
progenitores, seria uma excelente forma de aumentar a eficácia do trabalho
desenvolvido por permitir a sua continuação para além da sessão. Também resolveria
um pouco o problema do desconhecimento ou falta de informação acerca do
funcionamento do projeto ao mesmo tempo que poderia incrementar o grau de
confiança reciproco entre docentes e pais.
29
CONCLUSÃO
A caracterização dos agregados familiares dos encarregados de educação
entrevistados permitiu-nos perceber a existência de fragilidades, como as baixas
habilitações académicas e a existência de irmãos com retenções, ou potencialidades,
como a existência de irmãos mais velhos. Ter presentes estas informações aquando
da planificação das atividades para o próximo ano escolar permitirá adequar melhor as
propostas a fazer e perceber algumas necessidades de intervenção.
Da perspetiva dos pais acerca da participação dos filhos num projeto de
prevenção do insucesso na aprendizagem da leitura em contexto pré-escolar
emergiram os seguintes contributos:
É necessário conversar com os pais acerca das razões para a integração
dos seus filhos num projeto de prevenção do insucesso escolar, perceber
se reconhecem o problema encontrado e a sua dimensão.
É benéfico clarificar a existência ou não de problemas de linguagem e
partilhar variados exemplos de ajudas ao bom desenvolvimento da
linguagem de crianças desta faixa etária.
Deverá ser dada especial atenção ao desenvolvimento da linguagem, sem
esquecer a questão da atenção/concentração.
É necessário melhorar a forma de comunicar aos pais as avaliações
periódicas que vão sendo realizadas pela educadora que dinamiza as
sessões individuais de trabalho e pelo psicólogo escolar.
Será útil a existência de um cronograma das atividades a desenvolver
conhecido por todos.
Deverá ser considerada a hipótese de serem fornecidas cópias dos
relatórios de avaliação realizados pela educadora dinamizadora das
sessões de trabalho individual e pelo psicólogo escolar aos encarregados
de educação.
Será de considerar a possibilidade de convidar os encarregados de
educação a presenciarem as sessões de acompanhamento individual
prestadas aos seus educandos.
30
Pretendemos, futuramente, aprofundar o estudo do contexto familiar dos
encarregados de educação entrevistados por forma a dar maior consistência à
parceria que se pretende exista sempre entre famílias e escola.
31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Proposta de intervenção para o 3.o ciclo e para o ensino secundário.
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ANEXOS
ANEXO A – EXCERTO DO GUIÃO DE ENTREVISTA UTILIZADO
BLOCOS OBJETIVOS QUESTÕES
Apre
senta
çã
o e
escla
recim
ento
s
- Informar acerca dos
objetivos da entrevista.
- Motivar a participação do
entrevistado.
- Esclarecer acerca da não
obrigatoriedade de resposta
e da forma como se irá
desenrolar.
- Informar a duração
previsível.
Apresentação.
Pretendo conhecer um pouco mais acerca do dia-a-dia
das crianças que participaram no projeto Silabar para
planear melhor o trabalho a desenvolver no próximo
ano. Conhecer muito bem as crianças e as suas
famílias é muito importante para que o trabalho possa
ser melhor adequado a cada uma das crianças. Para
isso vou fazer algumas perguntas acerca das rotinas e
preferências do/a seu/sua filho/a e da sua família. Não
tem que responder a nada que não queira ou pode
parar esta entrevista quando quiser. Vou fazer 27
perguntas, anotar as suas respostas e penso que
iremos demorar entre 45 minutos e 1 hora.
Gostaria de me perguntar alguma coisa antes de
começarmos?
Blo
co
IV
- P
roje
to S
ilabar
- Perceber se a família tem
consciência da existência de
problemas na linguagem do
seu educando e o que faz
para os corrigir.
- Verificar o que a família
conhece acerca do projeto
Silabar.
- Recolher sugestões para
melhorar o projeto Silabar.
- Perceber quais são as
preocupações dos
encarregados de educação
em relação ao início da
escolaridade obrigatória do
seu educando.
21 - Porque é que o seu filho foi escolhido para
participar no projeto Silabar?
(Se referir problemas de linguagem)
22 - Como é que a família ajudou a ultrapassar os
problemas de linguagem?
23 - Como funciona o Silabar?
24 - O que pensa acerca da participação do seu filho
neste projeto?
25 - Na sua opinião, o que deveria mudar no projeto
Silabar?
26 - Fale-me um pouco das suas preocupações em
relação ao próximo ano escolar.
27 - Tem mais alguma preocupação ou sugestão para
apresentar?
ANEXO B – CONSENTIMENTO INFORMADO
Consentimento Informado, Livre e Esclarecido para participação em recolha de dados
Por favor, leia com atenção a seguinte informação. Se achar que algo está incorreto ou que não
percebe, não hesite em solicitar mais informações. Se concorda com a proposta que lhe foi feita, queira
assinar este documento.
Enquadramento do Estudo: Este estudo está a ser elaborado no âmbito da avaliação do curso de
Formação Especializada em Educação Especial – Domínio Cognitivo e Motor, a realizar na Escola
Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu, sob a orientação da Professora Doutora
Esperança Jales Ribeiro.
Explicação do estudo: Através desta entrevista pretende-se conhecer um pouco mais acerca do
dia-a-dia das crianças que participaram no projeto Silabar ao longo do ano letivo 2014/2015 com intenção
de planear melhor o trabalho a desenvolver no próximo ano. Conhecer muito bem as crianças e as suas
famílias é muito importante para que o trabalho possa ser melhor adequado a cada uma das crianças.
Para isso irão ser feitas cerca de 27 perguntas acerca das rotinas e preferências do seu filho ou filha e da
sua família. As respostas vão ser anotadas e iremos demorar cerca de 1 hora.
Condições: Não tem que responder a nada que não queira, pode parar esta entrevista quando
quiser, sem ter nenhum tipo de prejuízo se escolher não participar ou se decidir interromper a meio.
Confidencialidade e anonimato: Os dados recolhidos serão utilizados apenas para o presente
estudo e manter-se-á a sua confidencialidade não sendo divulgados quaisquer dados de identificação. A
entrevista ou contactos a efetuar decorrerão em locais que permitam a privacidade e confidencialidade
dos dados.
Agradecimento e contactos:
Rosália Antunes Carvalho Sofia, professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de
Escolas de Nelas, agradece a sua colaboração, que muito ajudará à realização deste estudo. Deixo o
meu contacto telefónico: 936955591, ou o meu correio eletrónico: [email protected], para o caso de
pretender contactar-me.
Assinatura: _____________________________________________________________
-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-
Declaro ter lido e compreendido este documento, bem como as informações verbais que me foram
fornecidas pela pessoa que acima assina. Foi-me garantida a possibilidade de, em qualquer altura,
recusar participar neste estudo sem qualquer tipo de consequências. Desta forma, aceito participar neste
estudo e permito a utilização dos dados que de forma voluntária forneço, confiando em que apenas serão
utilizados para este fim e nas garantias de confidencialidade e anonimato que me são dadas pela
investigadora.
Assinatura: ______________________________________________________ Data: ____/____/_______
Este documento é composto de 1 página e foi feito em duplicado: uma via para a investigadora, outra
para a pessoa que consente.