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BeliniFIAT mantém investimentos

de R$ 5 bilhões no país

bares erestaurantescrescem 12%ao ano

Semressaca

Copa doMundoArrumara casavai custarR$ 36 bilhões

UMA PUBLICAÇÃO DAASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MINAS

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Charles Lotfi,Presidente daACMinas

Crise, sucesso e CopaSe há um segmento econômico que em Minas Gerais – e, mais

particularmente, em Belo Horizonte – que pouco ou nada viu da crise financeira internacional é, sem dúvida, o de bares e restaurantes. Isto fica muito claro numa saborosa matéria desta edição da revista Supere sobre o já de muito enraizado hábito do belorizontino de frequentar bares. “Capital Mundial dos Botecos”, por fato e por lei, a capital mineira tem mais de 12 mil bares (um para cada 166 habitantes) que, na maioria, vão muito bem, obrigado: nenhum deles precisou fazer demissões por causa da crise, há uma expectativa de crescimento da ordem de 12% para este ano e os investimentos, como mostra a reportagem, continuam a toda.

E por falar em vencer a crise, como estão fazendo com êxito os botecos de BH, esta edição traz também uma ótima entrevista com o presidente da Fiat América Latina, Cledorvino Belini, que comanda de Betim todos os negócios do grupo no continente. Na matéria, fica claro o papel da indústria automobilística, sem dúvida capitaneada pela Fiat, que detém a maior parcela do mercado, no combate aos efeitos da recessão mundial.

Belini, aliás, tem uma explicação para o fato de o Brasil estar se saindo bem: ele afirma que o país se descolou dos mercados contagiados por ela e que os instrumentos utilizados pelo governo federal e por alguns Estados – notadamente a redução da carga tributária sobre alguns setores – funcionaram bem e conseguiram sustentar a demanda e evitar demissões, que sem dúvida constituem o maior fantasma da crise.

A confiança do presidente da Fiat manifesta-se também na sua afirmação de que o atual ciclo de investimentos do grupo no Brasil, iniciado em 2008, está mantido: R$ 5 bilhões até 2010.

Outra matéria de grande interesse aborda as oportunidades de investimentos públicos e privados que surgirão em Belo Horizonte, e também em outros municípios da Região Metropolitana, com a escolha da capital para sediar jogos da Copa de Mundo de 2014. Historicamente, nos países que o fizeram, a economia recebeu fortes estímulos, principalmente nos setores de turismo, comércio e serviços. É portanto previsível que também aqui isto aconteça. Aliás, estes efeitos positivos já se fazem sentir, com o próximo início de uma série de obras de infraestrutura, que gerarão milhares de empregos – e que, se não fosse a Copa, seriam certamente postergados. Há expectativa até mesmo de que o metrô de Belo Horizonte, empreitada que já se arrasta há 20 anos, seja finalmente concluído ou que, pelo menos, avance em mais algumas linhas.

Há muito mais, porém, nesta edição: um acurado perfil do bairro Escarpas do Lago, às margens da represa de Furnas, no sudoeste mineiro, que atrai turistas de diversos países e que responde por 70% do Imposto Predial e Territorial Urbano de Capitólio, município onde está sediado. E também uma matéria de extrema utilidade que mostra a importância da reciclagem profissional, não apenas para pessoas que buscam uma recolocação no mercado de trabalho mas, igualmente, para aquelas que querem se manter atualizadas em seu trabalho.

Boa leitura.

Diretor / Editor responsávelÂngelo Roberto de LimaReg. Profissional: 3033/MGCoordenador EditorialJoão Henrique FariaReg. Profissional: 3546/MGEditoraBianca AlvesReg. Profissional: MG 3466t JPDiretor de CriaçãoPablo T. QuezadaDiretor de ArteDaniel CarneiroArte FinalLuciano GarbazzaProdução GráficaRaquel PachecoCoordenaçãoWagner Sá / Marcelo ValadaresColaboradoresDinorá Oliveira / Luciana SampaioSelma Tomé / Regiane SantosAtendimentoCláudia Simõ[email protected] EspeciaisPaulo Henrique CostaGerência JurídicaJosé Nonato Costa de LimaGerência AdministrativaCátia CilenePublicidadeVero Brasil ComunicaçãoPeriodicidadeBimestralImpressão / TiragemGráfica e Editora Lastro / 10.000 exemplaresAtendimento ao [email protected] / 55 31 3344-2844

A revista Supere não se responsabiliza peloconteúdo dos anúncios e artigos assinados. As pessoas que constam no expediente não têm autorização para falar em nome da Revista Supere ou de retirar qualquer tipo de material se não tiver em seu poder autorização formal do editor respon-sável constante do expediente.

A revista Supere é uma publicação da ACMinas, localizada à Av. Afonso Pena, 372 - 2º andar +55 31 3048 9555.

Editada e produzida por Vero Brasil Comunicação. Av. Prudente de Morais, 44 3º andar, Tel.: +55 31 3344 2844 20123 Milão - Via Maurizio Gonzaga, 5, Tel.: +39 02.89 09 88 61

Expediente

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Um ensaio que desvenda os mistérios das relações entre o dólar e as moedas de outros paises, em especial o nosso real. Saiba tudo sobre câmbio flutuante, âncora

cambial, over shooting, entre outros conceitos.

Competição interna é um processo de eficácia comprovada desde os primóridos da humanidade.

Medida polêmica, se bem gerida, traz benefícios para a empresa e para os profissionais.

Pág 30

CapaPerfil

Presidente da Fiat Automóveis para a América Latina e da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini fala de crise,

investimentos e mercado automobilístico.

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O condomínio de luxo localizado em Capitólio, no sudoeste mineiro, se transformou, nas últimas três décadas, em um dos maiores empreendimentos turísticos do estado.

Coluna

Artigos

Mário Mateus 14

Mais06 Cartas

08 Antena ACMinas

10 Novos Rumos

16 RH - Recursos Humanos

22 Oportunidade

26 Gestão

50 Mercado

62 Sommelier Supere

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ACMinas cria regional em Venda Nova, como estratégia de descentralização de seus serviços e atendimento a novos polos de desenvolvimento comercial e industrial. Bairro tem hoje cerca de 11 mil empresas.

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Sumário

Tom Coelho 29

Sónia Jordão 34

Prof. Alexandre Miserani 44

Fátima Ferreira 56

Dominic de Souza 64

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BeliniFIAT mantém investimentos

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bares erestaurantescrescem 12%ao ano

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Copa doMundoArrumara casavai custarR$ 36 bilhões

UMA PUBLICAÇÃO DAASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MINAS

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muito conteúdo, o que certamente aumenta o nível das publicações mineiras. O mercado de comunicação ganha muito com ela, em especial o publicitário, retratado com fidelidade na edi-ção de número 19.

Marcílio SoaresVirtual Cinema e Vídeo

Fiquei muito orgulhoso com a capa e a matéria “Minas faz o melhor correio do país”, publicada na edição de nº 18 da Revista SUPERE. Na entrevista, o Diretor dos Correios em Minas, Dr. Fernando Miranda, além de mostrar sua competência, valoriza os funcionários que nela trabalham e, como um dos onze mil que fazem parte do quadro de funcionários no Estado de Minas Gerais, sinto-me lisonjeado. Parabéns ao Diretor Fernando Miranda pelo grande trabalho que vem sendo realizado e à Revista SUPERE pelas fabulosas matérias publicadas.

Paulo César Vannucci Junior

Funcionário dos CorreiosUberaba-MG

Diferença

Parabéns pelo perfil do vice-governador Anastasia. Além de imprimir um novo modelo de gestão e planejamento ao Estado, que colhe

Valorização

Com fidelidade e competência jornalística, a revista Supere traduziu o que represen-tam o Jardim Zoológico, Botânico, o Parque Ecológico da Pampulha e o recém inaugurado Jardim Japonês para o lazer, entretenimento e educação ambiental na nossa capital. Estes espaços passaram por transformações nos últimos anos para atender os visitantes com mais carinho e informação. Recebemos anual-mente um milhão de pessoas, que compartilham do amor à natureza. Nos Jardins e Parque, além da interação com o meio ambiente, aprendemos a necessidade de respeitar a diversidade.Parabéns pela matéria, que sensibiliza os leitores para a importância da preservação e conserva-ção da nossa biodiversidade. Artigos como este valorizam a nossa cidade e fazem da revista um importante espaço de informação e opinião.

Evandro Xavier GomesPresidente da Fundação Zoo-Botanica de

Belo Horizonte

Relevância

Gostaria de parabenizar a revista SUPERE, pelos assuntos atuais e relevantes que tem abordado em suas edições. Trata-se de uma revista atual e moderna, com bela paginação e

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os louros da boa administração do governador Aécio Neves, ele tem qualidades que faltam à maioria dos nossos políticos e fará diferença, tenho certeza, na arena eleitoral.

Marcos A. SouzaBelo Horizonte

Por e-mail

Vocação

O sul e o sudoeste de Minas estão sempre confir-mando sua vocação empreendedora. O mercado de confecções em Juruaia, Alpinópolis, Passos e outras cidades confirma mais uma vez o profissionalismo e a criatividade do empreendedor da região, que se des-taca em Minas, no país e até no exterior.

Márcia CamposRio de Janeiro

Por e-mail

Zoológico

A matéria do Zoológico está simplesmente linda. Eu, que não vou lá desde a infância, fiquei morrendo de vontade de voltar, coisa que vou fazer logo. O interessante é que a reportagem não é saudo-sista. Ao contrário, situa a Fundação na moderni-dade através de conceitos como sustentabilidade e preservação ambiental, além de ter uma apresenta-ção graficamente perfeita. Parabéns.

Maria de Fátima SouzaBelo Horizonte

Por e-mail

Envie suas críticas e sugestões para esta coluna.End.: Av. Prudente de Morais, 44 - 3º andarCidade Jardim - CEP 30380-000 - BH - MG

ou para o e-mail: [email protected]

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Ferrovias eenergia renovável A Associação Comercial de Minas (ACMinas) realizou no primeiro semestre dois gran-des seminários para discutir e apresentar novas propostas para os setores de ferrovias e produção de energia de Minas Gerais. Os dois eventos foram oportunidades para que governo, empresas e sociedade debatessem temas que refletem diretamente no desenvolvimento de uma economia mais forte e sustentável no Estado.O seminário “A importância da ferrovia na infraestrutura de transportes e na logís-tica de Minas Gerais” abriu espaço para a exposição de palestras técnicas, assi-naturas de contratos e acordos entre a União e o Estado que viabilizem a melhoria do transporte tanto de passageiros quanto de cargas. O objetivo foi propor uma alternativa para que os mais de 5 mil quilômetros de malha ferroviária, cuja utiliza-ção é apenas parcial e direcionada para o transporte de cargas, fossem também aproveitados para o transporte de passageiros. Já o seminário de Energias Renováveis (SEMER/2009) destacou questões referentes ao potencial de Minas Gerais em criar uma matriz energética mais limpa, baseada em alternativas renováveis, e, ao mesmo tempo, fomentar novas oportu-nidades de negócios e estimular o desenvolvimento da indústria no Estado. Foram discutidos também aspectos tecnológicos, regulatórios, ambientais, de incenti-

vos públicos e de atração de investimentos para que a geração de eletricidade a partir das chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), da biomassa da cana de açúcar e de fontes eólica e solar passem a ter uma maior inserção na matriz energética brasileira.

O que fazer quando sua empresa está em dificuldades. Com o objetivo de orientar o empresário, em especial o micro e o pequeno sobre a nova Lei de recuperação judicial e extrajudicial das empresas, a ACMinas lançou, no dia 20 de maio, a Cartilha ‘Recuperação de Empresas’. O projeto foi desenvolvido por todos os membros do Conselho Empresarial de Assuntos Jurídicos da entidade, em especial das advogadas Marcília Duarte Costa de Avelar e Juliana Ferreira Morais. “Essa Lei veio substituir a antiga Lei de Falências e Concordatas e traz, como novidade, um foco diferen-te: a preservação da empresa”, expli-ca o presidente do Conselho, Carlos Henrique de Magalhães Marques.

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Cartilha de Apoio

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O curso de pós-graduação em Gestão Empresarial do Comércio e Serviços, único nesta área ofereci-do na capital, é resultado de um esforço conjunto da Associação Comercial de Minas e do Centro Universitário Newton Paiva para incentivar a capa-citação dos profissionais que atuam neste segmen-to, em especial a classe empresarial. “Certamente esta iniciativa trará grandes benefícios às empre-sas, empresários e gestores do setor de comércio”, avaliou o presidente da ACMinas, Charles Lotfi. As disciplinas do curso irão aliar teoria e prática, proporcionando uma nova e importante ferramen-ta, capaz de tornar o profissional mais criativo e inovador. O início está previsto para setembro, com aulas às segundas e terças-feiras, das 19h às 22h40, na sede da ACMinas, e será coordenado pelo professor Sérgio Lana, especialista em gestão de marketing e mestre em administração. As inscri-ções podem ser feitas pela internet ou na sede da Associação Comercial de Minas.

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Café ParlamentarO embaixador de Portugal, João Manuel Guerra Salgueiro, reuniu-se com empresários mineiros no Café Parlamentar realizado pela ACMinas no dia 9 de julho. As relações comer-ciais entre empresas mineiras e por-tuguesas foram o tema do encon-tro, no qual o embaixador reforçou a importância de fomentar os negócios e ampliar as parcerias entre Minas e Portugal, como forma de driblar os efeitos da recessão econômica global. De acordo com Salgueiro, em momentos de crise financeira o diálo-go se torna necessário para a busca de alternativas capazes de promover novos investimentos, dando, assim, mais fôlego ao processo produtivo.

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Especialização em comércio

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O importanteé competir

Luciana Sampaio

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Destacar-se individualmente é bom para o profissional e para a empresa, mas cooperar é muito melhor para todos

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A crise financeira mundial tem propiciado às empresas brasilei-ras uma oportunidade para rever conceitos de negócios, processos e modelos de gestão, sobretudo no que se refere às pessoas. No afã de enfrentar a concorrência com a devida energia, os líde-res têm incentivado a prática da competição interna, seja entre os membros de um mesmo grupo de trabalho ou entre setores.

Apesar da polêmica que ronda o tema, essa é uma medida que tem eficácia comprovada desde os primórdios da humanidade e, bem gerida, traz benefícios para a

empresa e também para os profis-sionais envolvidos, por meio de um sistema de cooperação. Essa é a opinião do consultor empresarial, professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC) e diretor da Labor – Inovação Humana na

Empresa, Paulo Maia, para quem a competição tem a função de manter os empregados desafia-dos e motivados. Algo imprescin-dível para os tempos atuais, em que competitividade é palavra de ordem para se manter afastado dos efeitos negativos da crise ou enfraquecê-los. “Querer ser melhor e diferente é algo saudável”, afirma.

No entanto, quando os ges-tores não definem limites e regras para essa espécie de “jogo” de ganho, a competição pode gerar perdas de diversos graus para as pessoas envolvidas e, na sequên-cia, para a organização. Cada pro-

fissional leva para o ambiente cor-porativo, valores e objetivos pes-soais. Quem aprender a competir de forma saudável, vai usar estra-tégias também saudáveis para atingir suas metas e alavancar a própria carreira.

Aqueles que, ao contrário, focam nos resultados finais, sem avaliar os meios empregados para alcançá-los, podem se deixar levar pelo mais perigoso estilo de rela-cionamento, movido a interesses e vaidades. Nele, para vencer, vale tudo, até mesmo prejudicar os colegas e chefes.

Nesse contexto, há pessoas que apostam no aprimoramento técnico ou no desenvolvimento de habilidades e competências comportamentais para conseguir uma promoção de cargo ou um novo projeto. Outras, entretanto, preferem reduzir a capacidade

do colega da mesa ao lado para se tornarem visíveis aos olhos do chefe. Quem é quem? Essa é uma resposta que o gestor da equipe deve saber responder prontamente, pois é ele que deve criar a ambiência para que a com-

Jaqueline Mascarenhas:

deslealdade deteriora o

ambiente de trabalho

Quem aprender a competir de forma saudável, vai usar estratégias também saudáveis para atingir suas

metas e alavancar a própria carreira.

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Paulo Maia: competir de forma saudável

petição seja uma ferramenta de resultado positivo.

De acordo com Paulo Maia, o líder necessita desenvolver “faro” poderoso como o dos cães, para saber em que momento precisa atuar – e como fazê-lo - para acabar com um conflito declarado ou em processo de “gestação”. Cabe a ele, também, a função nem sempre confortável de chamar os profissionais envolvidos à verdade e prevení-los quanto a uma condu-ta duvidosa.

“É preciso ser intolerante na hora de admitir alguém que não se adapte ou fira os valores e con-ceitos importantes para o grupo e para a empresa. Entretanto, essa é uma recomendação que poucas organizações se dispõem a seguir”, aponta. Se a conversa não surtir o efeito desejado, é preciso avaliar o risco de manter, na equipe, uma pessoa na qual não se pode con-

fiar e que não mede esforços para “contaminar” os colegas.

Equipe X IndivíduoO bom resultado alcançado

pela equipe não pode destruir a individualidade de seus membros. No entanto, eles precisam saber, de forma clara, que têm uma fun-ção a cumprir e que, por menor que seja ou pareça, têm seu grau de importância para o todo. “Na minha visão, o time é a desarmonia conduzida para dois resultados: vencer ou vencer”, destacou Maia.

Talvez não haja um exemplo melhor de trabalho em grupo que a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) e também de lide-rança, na figura do maestro. No último dia 28 de junho, os 60 músicos, sob a batuta de Charles Roussin, se apresentaram no Parque Municipal Renné Gianetti, no centro de Belo Horizonte, como parte da programação do projeto Concertos no Parque da Fundação Clovis Salgado (FCS).

A sintonia e a harmonia do grupo são instrumentos funda-mentais para executar peças de autores mundialmente consagra-dos. Elas transformam a compe-tição interna em energia, mais do que necessária na rotina média de dez horas de estudos e ensaios para o aprimoramento contínuo individual e coletivo. Quem geren-cia esse ambiente de profissionais altamente qualificados e de sensi-bilidade aguçada é o líder.

De acordo com o maestro Roussin, a qualidade da orques-tra depende do conhecimento da psicologia do grupo e de cada um de seus membros. “O rela-cionamento é mais humano que técnico. Geralmente, as obras clássicas podem ser apresenta-das de diversas formas e é preci-so definir uma, em conjunto com

os músicos”, destaca. Em outras palavras, o poder de decisão não está na mão do gestor, pois é compartilhado por todos.

Competição com limitesA competição move os pro-

fissionais e também as empre-sas. Para a coordenadora do Ibmec Carreira, Jaqueline Silveira Mascarenhas, há companhias que oferecem bônus extras e possibilidade de reconhecimen-to para incentivar os emprega-dos a contribuírem com ideias e melhorias as mais diversas, seja para reduzir custos, incrementar ou reformular processos. Nesse contexto, a prática é saudável.

O que não pode acontecer é a deterioração do ambiente inter-no devido à competição conduzi-da de forma desleal entre colegas, que utilizam argumentos como boicotes e intrigas em seus rela-cionamentos. “Quando a compe-tição passa do limite, nem sempre a chefia e o departamento de Recursos Humanos (RH) conse-guem controlar a situação. Muitas vezes, o fato só é descoberto na entrevista de desligamento de um funcionário, quando acontece a perda de um talento”, avalia.

É preciso ser intolerante na

hora de admitir alguém que não se adapte ou fira os

valores e conceitos importantes

para o grupo e para a empresa.

Entretanto, essa é uma recomendação

que poucas organizações se dispõem a seguir

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Nesta era em que a informação – nunca é demais repetir – muda os rumos e as técnicas de nossos negócios, obrigando-nos conse-quentemente à constante modernização da estrutura organizacional, sob pena de vê-la antiquada e impotente diante do mercado, nesta era não se pode esquecer – também nunca é demais repetir – a importância do conhecimento e da reciclagem do conhecimento.

A moderna gestão de empresas se dá no plano da horizontaliza-ção da pirâmide administrativa, isto é, o conhecimento circula dentro da organização e faz de cada colaborador um indivíduo comprometi-do com os objetivos traçados e a missão da empresa. Se assim não for, perde-se de vista o todo organizacional e as ações, muito mais frequentemente do que se supõe, ficam restritas a decisões com-partimentalizadas, sem que os efeitos desejados passem de limites departamentais.

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Matur ContabilidadeMário Mateus

A horizontalização da pirâ-mide requer consciência da importância do conhecimento compartilhado. Se se têm idéias inovadoras e úteis ao crescimen-to empresarial, mister se faz que a organização se inteire de tais idéias. Disposição para aprender e disposição para ensinar – este é o lema. Modernamente, é isso que se concebe e se admite den-tro de uma organização estrutu-rada para vencer.

Conhecimento estanque é coisa do passado. E bota pas-sado nisso. Os fenícios, povos da Antiguidade, por exemplo, podem ser aqui evocados para comprovar o que se disse. Eles detinham a técnica de fabrica-ção de um tecido belíssimo, de cor púrpura, comercializado no mundo antigo a preços eleva-dos. A tintura empregada na produção do tecido era extraída de um molusco, o múrice, cuja carne segregava um líquido que, em dosagens apropriadas, era aplicado sobre tecidos brancos, dando-lhes tons diversos, desde o rosa ao violeta-escuro.

Os fenícios guardavam zelo-samente o conhecimento da técni-ca empregada na fabricação des-ses famosos tecidos púrpuros. Diz

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”Disposição para aprender e disposição

para ensinar – este é o lema.“

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SUPERE 15SUPERE 15

Mário Mateus

Sócio da MATUR

Organização

Contábil, Diretor

da ACMinas,

Conselheiro do

Conselho Federal

de Contabilidade,

Contabilista,

Advogado,

pós-graduado em

Ciências Contábeis

e membro do Forum

de Líderes da

Gazeta Mercantil.

[email protected]

a lenda que, para não revelá-la, chegavam ao extremo de funde-ar navios. Permitiam apenas que uns poucos tivessem acesso ao grande segredo. O conhecimento, pois, era estanque. De lá para cá, muita coisa mudou, o que se pode avaliar apenas imaginando o que ocorreria com tal técnica exclusiva de produção se isso se desse nos dias de hoje...

Um exemplo no extre-mo oposto é o da criação do e-mail, uns 3000 anos depois do apogeu fenício. O engenheiro norte-americano Ray Tomlinson não tinha nenhum interesse em guardar debaixo de sete chaves aquilo que sabia. Tampouco não lhe passou pela cabeça fundear navios. Pelo contrário, o norte-americano empenhou-se em difundir o conhecimento e a téc-nica, gerando resultados para si e para o mundo.

Disposição para aprender e disposição para ensinar, dissemos acima. Quem quer aprender não se aferra ao que leu ou ouviu no passado, pois o que se leu – ou o que se ouviu – pode estar supe-rado, inteiramente inadequado ao mundo moderno. O que se diz para aquele que quer aprender vale, é claro, para aquele que quer ensinar. Ensinar e aprender são duas faces da mesma moeda.

A educação continuada do adulto fez – ou deveria fazer – de cada um de nós um eterno aprendiz. Abrir-se para o mundo e para o que há de novo no mundo. Questionar e questionar-se – fazer da crítica e da autocrítica elemento preponderante na evolução não só de nossas vidas profissionais mas também de nossas vidas pessoais.

Devemos ter cuidado com as atitudes onipotentes e oniscientes, semelhantes às da personagem criada por Somerset Maugham no conto o Doutor sabe-tudo, um tal Max Kelada, com quem o escritor, por infelicidade, teve de dividir um camarote em viagem pelo mar.

Conta William Somerset Maugham, escritor inglês, que Max Kelada inspirava antipatia à primeira vista. Era fluente, mas de uma fluência irritante. Discutia todos os assuntos, sabia de tudo, tinha a palavra final em absolutamente tudo, ainda que o assunto lhe fosse desconhecido. Por todos esses traços de personalidade, era o homem mais odiado do navio. Mas, por ser carente de autocrítica, “nunca lhe ocorria a possibilidade de que pudesse estar errado”. Era o doutor sabe-tudo, o que conhecia tudo, aquele que sustenta-va ferrenhos debates sobre todos os assuntos. Citando as palavras de Somerset Maugham, Max Kelada “sabia tudo melhor do que qualquer outra pessoa”. Era o homem que sabia – e encarava como afronta quem dele ousasse discordar.

Um tipo como Kelada, além de se fazer antipático, nada acrescenta e crê firmemente ser o centro do universo. O doutor sabe-tudo de Maugham carecia de um mínimo de habilidade para viver em sociedade. Uma criatura dessas seria a negação do conhecimento e da prosperidade em qualquer meio e em qualquer organização. Felizmente, indivíduos desse naipe são raros, porque o mercado – e a própria vida – não admite homens como Max Kelada, o doutor sabe-tudo.

Contrariamente à personagem de Somerset Maugham, lutemos para que as nossas certezas se ajustem às certezas do mercado, e lutemos ainda para que a nossa sabedoria se finde quando fatos contrários às nossas convicções apontarem rumos diferentes para os nossos negócios.

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Requalificar é preciso!

“Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que

não tenha algo a aprender” Blaise Pascal

Dinorá Oliveira

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Há um dito popular que afir-ma: ”conhecimento não ocupa espaço”. O indivíduo que com-preende isso, sempre buscando formas de ampliar seu “banco de dados”, só tem a ganhar. No (cada vez mais) competitivo mercado de trabalho, então, a sobreposição de saberes é fator decisivo para o sucesso.

Nesse universo, reciclar-se constantemente faz, mesmo, toda a diferença. Especialistas de diversas partes do Globo ratificam tal certeza. Também não faltam livros, testemunhos e histórias pessoais a confirmar a importância do aprendizado contínuo para o sucesso pro-fissional.

A psicóloga Cibele Ventura Satuf, pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos (RH), conhece bem essa realidade. Atualmente, Satuf é analista de RH em uma grande empresa de software. A experiência dela na área, entretanto, está perto de chegar a uma década. Tempo suficiente para compreender bem a realidade do universo corporativo e a importância da formação continuada (leia entre-vista no Box).

Baseada na bagagem aca-dêmica, aliada à sua atuação empírica, a especialista afirma que, ao buscar desenvolvimento constante, o indivíduo mostra “ser ‘antenado’ às novidades e exigências de sua área”. Para Cibele, na hora de um recruta-mento, por exemplo, a formação continuada do candidato tem peso substancial: “o fato de procurar constante atualização

mostra interesse em se aperfei-çoar. O conhecimento teórico complementa a experiência e dá mais respaldo ao profissional”, assevera ela. A busca contínua por reciclagem ainda auxilia àqueles que desejam incremen-tar pequenos negócios. E, de acordo com especialistas, a maioria deles está no Brasil: o país que mais apresenta iniciati-vas empreendedoras.

Em tempos de crise, essa demonstração de interesse tem ainda mais valor. Afinal, o desemprego ronda, enquanto as empresas querem enxugar custos e agilizar produção. Para tanto, precisam se cercar de pessoas capazes, que estejam em sintonia com inovações cada vez mais constantes. Para se manter “em dia” com tantas e tão requintadas novidades, só mesmo com muita reciclagem. Ao buscar preparo para enfrentar o cotidiano corporativo é essen-cial, contudo, que se tenha foco. É preciso se conhecer bem, a fim de saber em que área seus conhecimentos necessitam de uma “recarga”. Além disso, é importante verificar onde e como fazê-lo, com o propósito de aten-der às expectativas da empresa e/ou área, bem como aos proje-tos pessoais, harmonizando-os às demandas do mercado.

Gente que fazA história da jovem Caro-

lina Ribeiro exemplifica isso. Quando tinha 25 anos, ela dei-xou o emprego formal por três anos. O afastamento foi volun-tário. Carolina queria se dedicar mais aos dois filhos, sobretudo à filha recém-nascida. Assim que a criança ficou mais inde-pendente, ela achou que estava na hora de retomar a carreira, mas sabia que não seria fácil. Afinal, estava em casa há um “bom tempo”, não tinha forma-ção superior ou uma profissão definida. Além disso, percebia que havia alterações constantes, inovações tecnológicas e novos fatores interferindo na realidade do mundo corporativo. Pouca coisa era igual ao que ela tinha vivido 30 meses antes.

Segundo Carolina, na busca pelo retorno, o primeiro passo foi avaliar aquele momento específi-co: “setores que se mostravam promissores, áreas que des-pertavam interesse e ofereciam oportunidades de crescimento”. Após analisar tudo isso, ela ini-ciou um curso, focando-o num objetivo que traçara. O resulta-do foi satisfatório: concluído o curso, Carolina teve uma opor-tunidade e a aproveitou. “Não foi o melhor emprego do mundo”, ela ressalta, mas garantiu a volta

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Mercado competitivo e empresas exigentes impõem demanda por profissionais cada vez mais preparados, ecléticos e em dia com as inovações da sociedade contemporânea

O conhecimento teóricocomplementa a experiência e dá mais

respaldo ao profissional

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à ativa. Hoje, aos 28 anos, e atuante no universo comercial, a jovem traça novos planos, como concluir uma faculdade.

Esse, aliás, foi o caminho seguido pela estudante de psico-logia Miriam Márcia Pinto, depois de ter passado “um belo perí-odo à disposição do mercado”. Diferente-mente de Carolina, o afastamento de Miriam não foi desejado. Após quase duas décadas numa mesma empre-sa, ela viu o escritório fechar as portas. Na época, então com 30 anos, temia não conseguir dar continuidade à carreira, uma vez que também não tinha formação superior. Os temores se confir-maram. A vasta experiência em setores como finanças, RH e administrativo não foi suficiente. Mas Miriam não cruzou os braços. Enquanto continuava a buscar oportunidades, fez cursos e tra-balhou por conta própria durante algum tempo.

Apesar do amplo conheci-mento profissional, ela não con-seguia deixar a informalidade. Quando isso ocorria, ocupava postos aquém de seu preparo e experiência, geralmente com remuneração inferior à que se habituara a receber. Com isso, viu seu aporte financeiro decres-cer e percebeu que as perspec-tivas não eram boas. Ao disputar uma vaga numa empresa trans-nacional, por exemplo, Miriam chegou a ouvir que tinha o exato perfil desejado pela companhia; havia se saído muito bem nos testes e em outras etapas do processo seletivo. Entretanto, não poderia assumir o cargo por não possuir formação universi-

tária. Em vez de se acomodar ou praguejar, ela decidiu agir. Achou que deveria voltar à sala de aula. E assim o fez. Quando já

chegava à casa dos 40 anos, ela prestou vestibular e retornou à escola. Em razão disso, também garantiu uma satisfatória reentra-da no mercado de trabalho.

Hoje, Miram Márcia está quase concluindo o curso de Psicologia, na PUC Minas, mesma entidade na qual conse-guiu emprego condizente com sua capacidade, cultura e expe-riência. “Sei que estar na facul-dade foi essencial para obter essa colocação. Mas não é nada fácil, a essa altura da vida, tendo criança para cuidar, ainda preci-sar trabalhar e estudar. Mesmo ciente das dificuldades, não pre-tendo parar. Depois de me for-mar, quero fazer pós-graduação e intenciono continuar me aper-feiçoando sempre. Agora, consi-go enxergar melhor o quanto a teoria é importante: ela comple-menta a experiência”, sentencia a futura psicóloga.

A história de Paulo Rodri-gues é similar às das duas moças. Formado em economia, ele também se viu desempre-gado e quis voltar ao “mundo da carteira assinada”. Assim como elas, Rodrigues encontrou empecilhos, mas não ficou apá-

tico: buscou cursos, reciclagens e fez duas pós-graduações. Antes de voltar para o universo dos empregados, ele montou

um pequeno negócio. Paulo quase faliu, e também quase desis-tiu. Hoje, além de ter um “bom emprego” numa multinacional, o economista come-mora o sucesso da pequena empresa, que já emprega oito pessoas. Quando ficou desemprega-do, o rapaz estava

recém-casado e em vias de se tornar pai. “Fiquei apavorado. Passei a primeira noite em claro. Eu não sabia o que pensar ou fazer. Só me vinha à mente que já estava com mais de 30 anos; tinha prestação da casa para pagar; uma outra boca estava para chegar e eu não possuía mais o nosso ‘ganha pão’. Foi uma loucura, um desespero só”, recorda ele.

A despeito desse momento de pânico, Paulo traçou, com o apoio da mulher e de um irmão, um plano para gerenciar e aplicar o dinheiro que rece-beria. Ele também estabeleceu estratégias para utilizar o tempo livre. Assim, nasceu a pequena loja de comercialização e recar-ga de tonner para impressão, que, naquele começo, contava apenas com o trabalho dele. Da mesma forma, teve início uma série de cursos no Sebrae; constante acompanhamento de palestras, workshops e even-tos promovidos pela AC Minas, pelo Sesc, pela Fiemg e afins. Na seqüência, vieram os cursos de pós-graduação. Para Paulo Rodrigues, esses encontros de formação foram essenciais.

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RH

Há um considerável contingente de profissionais que precisam de “uma forcinha” para retomar, ou

mesmo iniciar, a carreira

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Neles, “além de aprender muito, de ficar atualizado, o sujeito faz importantes contatos. Conheci muita gente culta e bem rela-cionada em diversos setores. Aprendi não apenas com as aulas, mas também com a troca de idéias e experiências e ampliei muito minha rede de relaciona-mentos”, festeja o, hoje, bem-empregado e bom empregador.

Gente que incentivaAssim como os reais per-

sonagens das histórias narradas até aqui, no Brasil e no mundo há um considerável contingente de profissionais que precisam de “uma forcinha” para retomar, ou mesmo iniciar, a carreira. Nesse sentido, vale seguir a orientação de especialistas, tão abençoada pela voz do povo e dos sábios: reciclem-se! O valor dessa busca pelo aperfeiçoamento constante está bem evidente nos testemu-nhos apresentados neste texto, assim como nas afir-mações da especialista entrevistada.

Mas quando, como e onde fazê-lo? Quan-do? Sempre, indepen-dentemente do objeti-vo, quer aprender algo novo? Deseja trocar experiências? Almeja ampliar contatos? Inten-ciona redimensionar e/ou redirecionar a car-reira? Tem como meta montar um negócio ou simplesmente incremen-tar sua empresa? Então, participe de workshops; frequente eventos de negócios; acompa-nhe palestras e seminários. Enfim, volte para a sala de aula, renove saberes constantemente. Como? Com foco em seus objetivos; visão para as oportunidades e

necessidades do momento; serie-dade na empreitada e cuidado na escolha de cursos e atividades nos quais pretende investir tempo e dinheiro.

Onde? Uma unanimidade entre especialistas e consultores é a importância dessa escolha. Conheça bem a empresa que organiza o evento, curso ou ativi-dade. Prefira seguir quem já está estabelecido e tem “um nome a zelar”. Ou então, opte por uma empresa ou profissional cuja indi-cação foi feita por alguém de con-fiança. Evite se arriscar. Isso é totalmente desnecessário. Afinal, há, em todo o País, entidades sérias e estáveis, cuja expertise na organização e implementação de reciclagens bem-sucedidas tem feito história.

Um bom exemplo disso são as associações comerciais, como a ACMinas; as empresas do chamado Sistema S: como Sesc, Sebrae, Senai e Senac;

os Sindicatos e as Federações, como a Fiemg. Isso sem falar nas instituições de formação superior que organizam especializações e MBAs com foco nos negócios, como as Fundações Getúlio Var-gas (FGV) e a João Pinheiro

(FJP). Todas essas entidades têm trajetórias conhecidas e são conceituadas. Elas oferecem um amplo leque de possibilidades a quem queira dar uma revigorada em seus conhecimentos.

Na ACMinas, por exemplo, os empresários e demais pro-fissionais podem participar do Proce; das Rodadas de Negó-cios, do evento Supere (leia quadro), entre outras ativida-des – como seminários, cursos e palestras – todas propostas num vasto calendário anual. Da mesma forma, seguindo a pro-gramação do Sebrae, do Sesc ou da Fiemg, é possível acom-panhar palestras e seminários; além de fazer variados cursos. E, o mais importante, essas organi-zações se programam com foco nas necessidades do mercado. Para tanto, costumam ofere-cer um abrangente cardápio de opções. Praticamente toda área (ou setor) é lembrada.

Mas não são apenas as entida-des de classe, ou aquelas historica-mente consolida-das, que podem oferecer exatamen-te aquele “plus” que o profissional ou a companhia neces-sitam. Existem outras possibilida-des. O importante é ter certeza da qua-lificação e da serie-dade da empresa ou do “professor/

instrutor”. Depois disso, é mer-gulhar, com coragem e entusias-mo, no mar de conhecimento e atualização oferecidos. Na sequ-ência desse empreendimento, é provável que se consiga mais sucesso na carreira. Mas se

Nos encontros e atividades de formação, além de

aprender muito e se atualizar, o profissional faz importantes

contatos: conhece gente culta e bem relacionada; troca experiências e amplia sua rede

de relacionamentos

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a vitória esperada não chegar com a rapidez que se anseia, é bom ter em mente que o estudo nunca é em vão. Afinal, como um sábio disse: “sempre há algo

a ser aprendido”. Blaise Pascal não o convenceu, leitor? Então, lembre-se de que (dizem por aí) “a voz do povo é a voz de Deus”. E é ela quem afirma: “conhe-

cimento não ocupa espaço”! E parece mesmo haver mais razões para ratificar tal assertiva do que para negá-la.

SUPERE: Em tempos de crise e desemprego, em que medida a reciclagem de conhecimentos pode contribuir para o retorno de uma pessoa ao mercado de trabalho?

Cibele Satuf: “Ao se contratar um profissional que está afastado do mer-cado por muito tempo, uma das maiores preocu-pações é em relação à sua atualização, principalmen-te em áreas que sofrem constantes mudanças, como a de tecnologia, por exemplo. A reciclagem de conhecimentos pode propiciar ao profissional a oportunidade de se man-ter em dia com as ino-vações, ainda que ape-nas na teoria. Com isso, ao retornar ao mercado, ele terá mais chances de se adaptar às mudanças, conseguindo trazer para a prática os conceitos que desenvolveu”.

SUPERE: Como escolher o tipo de curso a se fazer?

C.S.: “A escolha pelo tipo de curso deve ser baseada nos interesses e talentos do indivíduo. A pessoa deve definir seus

objetivos e buscar cursos que a ajudem a atingi-los. O profissional pode até buscar se especiali-zar em determinada área simplesmente pelo fato de ser grande geradora de ofertas, mas se não tiver gosto pela ativida-de não será feliz e, con-sequentemente, poderá demorar mais para con-seguir sucesso”.

SUPERE: Quais são os locais mais adequados para fazer esse tipo de reciclagem?

C.S.: “Aqueles que garantem confiabilidade em relação ao curso ofe-recido. Antes de se matri-cular, é importante que o profissional busque refe-rências da instituição, pesquise sobre sua acei-tação no mercado, visi-te instalações, pesquise sobre o tipo de conteú-do e credibilidade que os professores ou instrutores possuem em sua área de conhecimento.

SUPERE: Como você avalia a formação continuada dos profissionais que recruta? Ela interfere na seleção?

C.S.: “A formação continuada de um pro-fissional influencia na escolha, sim. Afinal, o fato de buscar constante atualização mostra a pre-ocupação do profissional em estar “antenado” às novidades e exigências de sua área de atuação”.

SUPERE: Como o mercado interpreta profissionais que fazem constantes reciclagens?

C.S.: “Acredito que, de maneira geral, o mer-cado recebe bem as pessoas que se reci-clam. O conhecimen-to teórico complemen-ta a experiência e dá respaldo ao profissional. Profissões que exijam conhecimento da legis-lação são ótimos exem-plos desta necessidade. Não há como imaginar um contador, advogado ou analista de Depar-tamento Pessoal que não se recicle, já que a legislação sofre constan-tes atualizações. Mas é importante ressaltar que não adianta atirar para todos os lados. A atuali-zação é importante, sem dúvida, mas o profissio-nal deve ter foco. Caso

contrário, seus esforços deixam de transmitir o desejo de ser um pro-fissional de destaque e mostram despreparo e falta de planejamento. Quem sabe o que quer tem mais chances de definir seu caminho sem se perder nas curvas.

SUPERE: Há um tipo de reciclagem que você consideraria essencial para qualquer profissão?

C.S.: Certamente cursos de línguas são importantes, principal-mente o Português que, muitas vezes, é deixado de lado. Hoje, vivencia-mos uma reforma orto-gráfica. Então, é funda-mental que o profissional esteja atento às novas normas para que possa escrever bem. Já me deparei com pós-gra-duados que não conse-guiam concatenar ideias para formular uma reda-ção. Por maior que seja a experiência profissional dessa pessoa, sua cre-dibilidade vai ‘por água abaixo’ se ela não souber se expressar, até mesmo porque não conseguirá ‘vender’ sua visão”.

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RH

A voz da especialistaCibele Ventura Satuf é graduada em Psicologia e pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos (RH).

Atuando na área há oito anos, no momento, ela ocupa a posição de Analista de RH em uma empresa de liderança no setor de softwares. Veja o que a especialista tem a dizer sobre a reciclagem de conhecimentos:

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SUPERE21

ESTÁDIO MAGALHÃES PINTO (MINEIRÃO)O segundo maior do Brasil

PAMPULHAUm ícone da arquitetura nacional

AVENIDA AFONSO PENAA mais importante via da capital mineira

Empresa mais admirada na área da Contabilidade (Prêmio Jornal DCI)

PRAÇA SETEPalco de grandes manifestações públicasque mudaram o desti no do país

A cidade que tem o quinto maior PIB do país não podia deixar de ter uma empresa líder em BPO para atender ao seu mercado econômico.

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Programa de Capacitação e Empreendedorismo (Proce): programa dirigido a associado da ACMinas que funciona como “uma caixa de ferramentas”. O Proce oferece soluções personalizadas de acordo a necessidade da empresa: treinamentos, palestras e encontros de negócios, que procuram ampliar a interação da entidade com seus filiados. Mais informações em [email protected].

Rodada de Negócios: Evento fechado que a ACMinas realiza para um grupo de empresas. Normalmente são 49 empresas/profissionais em cada Rodada, que são distribuí-dos em sete mesas para realização dos negócios (compra, venda ou troca de informações e experiências, desenvolvimento de rede de contatos). Todo o processo é controlado por um sistema informatizado para garantir que cada participante tenha o mesmo tempo.

Supere – Com feira, palestras e encontros de atualização profissional em Gestão de Negócios, o evento Supere é promovido pela ACMinas anualmente. O Supere é um evento aberto voltado para gestores. Nele, consultores, empresários e especialistas de todo o Brasil - e também de outros países – trazem novidades a empresários e administradores, a fim de deixá-los por dentro das mais relevantes mudanças no universo da gestão empre-sarial. Mais informações em www.acminas.com.br.

Caminhos de sabedoria

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Ainda não há qualquer informação sobre a escalação da Seleção Brasileira que vai disputar a Copa de 2014. Do nome do técnico, também não se tem a menor idéia, apesar

das últimas (boas) performances de Dunga. Para compensar, a lista de projetos e obras que devem ser executados até 2013, quando o país vai sediar a Copa das Confederações, competição

que antecede o torneio mundial, é composta por itens os mais diversos e todos prioritários.

Sim, a Copa do Mundo de 2014 é um grande desafio. Mais que festa, gols e arenas lotadas

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A ordem é arrumar a casa

Copa do Mundo

Luciana Sampaio

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de apaixonados pelo esporte bretão que é marca registra-da do Brasil, esse evento, pela importância e visibilidade que conferem ao país e às cida-des que vão sediá-lo – Belo Horizonte é uma delas e está na disputa pela abertura do torneio - constitui-se como oportunida-de ímpar de desenvolvimento socioeconômico.

Assim como os órgãos públicos que se comprome-tem em atender às exigências da Federação Internacional de

Futebol de Arena (Fifa), a classe empresarial também vê-se às voltas com a necessidade de promover melhorias para aten-der aos visitantes e, na outra ponta, chamar a atenção dos investidores internacionais inte-ressados no país.

Para se ter ideia do que isso representa, em 2006, a Alemanha, responsável pela últi-ma edição do torneio, registrou aumento de 3% no seu Produto Interno Bruto (PIB) graças ao torneio. A África do Sul, que res-ponde pela Copa de 2010, tam-bém já recebeu diversos investi-mentos internacionais.

A próxima parada é o Brasil. Lógico que estabilidade eco-nômica e mercado interno de peso são fatores que ajudam no processo. Mas não é só isso... Quando foi escolhido para sediar a Copa de 2014, o país com-prometeu-se a realizar diversas obras que terão reflexos dire-tos sobre a economia nacional. O montante previsto é de R$ 36 bilhões, para receber 500 mil turistas. O retorno, segundo analistas de mercado, é de R$ 115 bilhões, com geração de 18 milhões de empregos.

No caso de Belo Horizonte, há muito o que fazer além da reforma do complexo Mineirão/Mineirinho, que tem projeto assi-nado pelo arquiteto Gustavo Penna e vai demandar investi-mentos de R$ 300 milhões, para sediar uma das chaves da com-petição. E se ganhar a enquete pública realizada pelo governo federal, o jogo de abertura do torneio. O campo será rebaixado, ganhará nova cobertura, cadeiras nas gerais e 74,3 mil lugares para torcedores. O estacionamento também será ampliado e passará a atender dois mil carros.

Obras viárias como a revita-lização do Anel Rodoviário estão na lista das essenciais para a otimização do tráfego na cida-de. A Avenida Pedro I deve ser duplicada e ligada à MG-10. Outras vias de trânsito rápido como Avenida Pedro II, Cristiano Machado e Avenida Carlos Luz serão “equipadas” com um modelo de transporte público mais eficiente. Embora o muni-cípio de Belo Horizonte esteja arrecadando menos em função da crise financeira mundial, as intervenções estão mantidas. Apenas neste ano, a administra-ção municipal pretende investir R$ 951 milhões e a meta, para os próximos cinco anos, é de chegar a R$ 6 bilhões. O foco principal é a Copa de 2014.

Há quem aposte, inclusive, que a Copa do Mundo é a gran-de oportunidade do município para a conclusão das obras do metrô, iniciadas há 20 anos. O vice-presidente da Associação Comercial de Minas (ACMinas), Roberto Luciano Fagundes, é otimista em relação a essa pos-sibilidade. “A Copa do Mundo vai demandar investimentos estrutu-rais por parte do poder público

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Roberto Noronha: lançar BH entre os principais roteiros de passeio do país

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estadual e federal, em um prazo de cinco anos. Essa é a nossa grande chance de transformar Belo Horizonte em vitrine para o mundo”, projeta.

O governo federal, através do Ministério das Cidades, asse-gurou recursos para as capitais que tiverem projetos e cronogra-mas já desenvolvidos. Talvez seja a hora de apresentar um para a revitalização da Linha 1, entre as estações Eldorado e Vilarinho, o da conclusão e operação do ramal Barreiro-Calafate e, ainda, a implantação da Linha 3, que vai ligar a Savassi à Lagoinha.

Além da iniciativa pública e da capacitação das empresas do setor turístico e dos trabalhado-res do setor, a Copa do Mundo também deverá envolver a popu-lação local. “Um evento do gêne-ro demanda voluntários bem capacitados, pessoas prepara-das para ajudar os visitantes no que for possível. Uma experiên-cia igual aconteceu na Alemanha e foi case de sucesso”, explica Fagundes. Para tanto, é preciso que a população compreenda a real dimensão do evento e que ela será a grande beneficiada pelas obras realizadas.

Trade municipalSe depender do trade turísti-

co municipal, a Copa do Mundo de 2014 vai ser um sucesso. O presidente do BH Convention Bureau, Roberto Noronha, apon-ta que o ganho político gerado pelo evento, para o país e para

o Estado só vai se efetivar, na prática, se o plano de interven-ções necessárias se tornar reali-dade, o que passa pela atuação estreita junto aos órgãos públi-cos e, também, pela mobilização das empresas da atividade. A rede hoteleira, por exemplo, tem como um de seus focos, neste momento, a classificação dos estabelecimentos.

Essa estratégia é parte do projeto “BH espera por você”, que reúne, além do BH Convention Bureau, outras 14 representações públicas e seto-riais do município, em uma das maiores e mais bem confeccio-nadas campanhas turísticas do país. Segundo Noronha, a pro-posta central é lançar a capital mineira entre os principais rotei-ros de passeio do país, a partir da divulgação de atrativos nas áreas de cultura, turismo, gas-tronomia, compras e negócios. A primeira edição, realizada entre janeiro e fevereiro deste ano, ren-deu bons dividendos.

Turismo no EstadoA secretária de Estado de

Turismo, Érica Drumond, conta que, desde 2007, teve início no Estado um processo estratégi-co de planejamento que busca a descentralização da gestão e dos recursos, para incrementar a agilidade e os resultados para o setor, o que passa pela ado-ção de melhores práticas pelas empresas e, ainda, por parcerias com instituições do trade turísti-

co. A porta de entrada para essa nova cultura são as 42 associa-ções dos circuitos turísticos já constituídos, para um total de 71 destinos oferecidos ao mercado.

A criação do Conselho Estadual de Turismo também terá papel fundamental na formulação e discussão de políticas públicas direcionadas para a atividade. “Em 2009, vamos ampliar para 15 nossos destinos indutores. Queremos também em Minas 10 destinos, que serão referência para recepção do turista bra-sileiro”, ressaltou. Atualmente, o Estado possui quatro desti-nos considerados como indu-tores do turismo nacional. São eles: Belo Horizonte, Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina.

A Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) desenvolveu uma política agressiva para atrair mais turistas para a capital, mesmo antes da competição. Entre os benefícios incluídos nesse pacote estão isenção de impostos, reorgani-zação e articulação dos produtos turísticos já disponíveis, como o

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Érica Drumond estratégia de planejamento F

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Apesar do seu caráter esportivo, a Copa do Mundo de 2014 é um evento turístico por excelência. Por isso, o segmento estará no “centro do universo”. A atividade representa 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e cerca de 5,6% do faturamento total do setor de Serviços mas, de acordo com pesquisa realizada em parceria entre o Ministério do Turismo e o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) , o segmento ainda não “encontrou” o seu modelo sustentável de desenvolvimento.

Na lista de problemas a serem solucionados estão a informalidade que caracteriza o setor e o baixo nível de capacitação dos trabalhadores, algo em torno de 5,7 milhões de pessoas no país. As conseqüências tomam a forma de baixos salários, concorrência desleal

e perda de qualidade. E esse dado não tem qualquer ligação com a complexidade do setor, composto por sete atividades características, por 19 subatividades e 96 tipos distintos e, ao mesmo tempo, complementares de produtos.

A pesquisa aponta, ainda, que falta ao Turismo o dinamismo necessário para se organizar de forma profissional e ocupar a posição de direito e vocação na economia nacional, o que lhe garantiria lugar de destaque na escolha de visitantes internos e estrangeiros. Em outras palavras, lado a lado com o profissionalismo de multinacionais e de empresas nacionais de médio e grande porte, há micro e pequenas que ainda apostam em soluções rudimentares para se manterem em funcionamento a cada mês.

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complexo da Pampulha e cria-ção de novos, como os Circuitos de Jóias e Gemas, da Moda, da Cachaça e do Artesanato. O presidente, Júlio Ribeiro Pires, acredita que esse é o caminho para inserir, de forma definitiva, a capital mineira entre os principais destinos turísticos do país.

De acordo com a analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae-MG), Kennya Barboza Portugal, muitos são os desafios que Belo Horizonte, assim com as outras capitais, terão que enfrentar até o início da competição. Melhorias na hotelaria, infraestrutura, sinalização turística, transporte e segurança são a parte que cabe ao setor público. Há que se considerar que, também os empresários que atuam nessa atividade terão que dar a sua

cota de contribuição. “Os investimentos já estão sendo feitos desde agora, porque o Brasil deverá estar preparado para a Copa das Confederações de 2013”, enfatiza Kennya.

Ganhos de infraestruturaDados de mercado dão

conta de que, para cada pessoa que assiste aos jogos de futebol nos estádios, durante a Copa do Mundo, outras três estão passeando pelas cidades onde se realiza a competição, ou no entorno. Por isso, as obras de infraestrutura para aumentar a qualidade das vias de acesso, bem como o transporte público, estão diretamente ligadas à atividade do Turismo.

Com estradas pavimentadas, os serviços de aluguel de veículos serão mais demandados pelos visitantes. A capacitação

de taxistas, pessoal do setor hoteleiro, comerciários e de Serviços, sobretudo no segundo idioma, também vai facilitar a vida dos turistas e colocar a experiência turística no Brasil em lugar de destaque, a ponto de ser indicada para amigos.

A principal vantagem dessa “revolução” anunciada é que, passada a competição, a cida-de e seus moradores toma-rão posse de todas as obras e melhorias públicas realizadas. Da mesma forma, o setor priva-do também adquirirá expertise única, que poderá ser consoli-dada em desafios futuros que, embora menores que uma Copa do Mundo, servirão de aprimora-mento constante para a qualida-de dos serviços prestados e da gestão das empresas que atuam no setor de turismo.

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Procura-se um patrocinador

Texto e fotos: Dinorá Oliveira

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Até 2006, o Mackenzie, clube há 65 anos instalado em meia quadra do bairro Santo Antonio, na capital mineira, era um forma-dor de atletas em várias moda-lidades esportivas. O destaque era para o voleibol feminino: em suas quadras, cresceram estrelas do esporte como Erica, Suellen

ou Sheila, campeã olímpica pela seleção brasileira. O time do Mackenzie disputava, no máximo, a categoria infanto-juvenil, pois, a partir daí, suas atletas eram “pescadas” pelos grandes times nacionais.

Em 2007, porém, o Mackenzie passa a ser patroci-

nado pela Companhia do Terno e forma um time competitivo. Disputa a Superliga, o campe-onato brasileiro da modalidade, com atuação discreta, mas, no ano seguinte, chega aos play-offs e termina a disputa como um dos seis melhores times do país. O patrocínio de R$ 80 mil durante dez meses permitiu ao time ter atletas com salários de até R$ 18 mil e, inclusive, importar uma cubana, Indira Mestre.

2009 chegou às qua-dras como um bloqueio quase intransponível, levantado pela crise financeira mundial. A Cia do Terno recua diante do cená-rio incerto, seguindo o exem-plo de várias outras empresas, que patrocinavam times como o Finasa, Brusque, Banespa e

o próprio Minas Tênis Clube, que disputou a Superliga em 2008 sem patrocinador. E tam-bém sem resultados: terminou a competição em oitavo lugar, perdendo duas vezes para o Mackenzie.

Classificado para o certa-me deste ano, o time do Santo Antonio, porém, corre o risco de não disputá-lo. Sem patrocinador que os retenha, volta a ceder seus talentos para outras agremiações: duas de suas atletas. Tássia e Fernanda, já estão no Minas que, até agora, conseguiu apenas um copatrocinador, a rede Habibs. O Mackenzie tem até outubro

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“2009 chegou às quadras como um

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para conseguir um financiador, se quiser levantar a bola na próxima temporada. “É como se um time de futebol fosse classificado para disputar o campeonato brasileiro na Série A e não pudesse jogar por falta de jogadores, técnico e uniforme”, compara o presidente

do Mackenzie, Durval Guimarães. Segundo Guimarães, existem

três padrões financeiros para se montar um time de vôlei. Com R$ 40 mil por mês, diz ele, fazen-do uma analogia com o futebol, reúne-se uma equipe como o Guarani de Divinópolis ou o Tupi de Juiz de Fora, que vai disputar o campeonato sem almejar grandes

vôos, a não ser permanecer na divisão. Com R$ 60 mil, a coisa melhora e o time pode ambicio-nar um lugar nos play-offs. R$ 80 mil é cacife para chegar entre os quatro primeiros.

Passados os efeitos – ou pelo menos o medo – da crise, é hora de procurar um novo patrocina-dor e a grande tarefa, aponta o presidente do Mackenzie, é des-mistificar o custo do patrocínio. “Nós vamos mostrar às empresas que o investimento não é tão alto assim. Com R$ 40 mil por mês, elas podem ter uma visibilidade fantástica”, garante Guimarães.

A exposição realmente vale a pena: os jogos são transmitidos pela TV por assinatura e têm um público fiel. O vôlei brasileiro é o segundo esporte nacional e, no caso do feminino, a única categoria coletiva a ser campeã olímpica. “Quem assiste um jogo de vôlei entre equipes brasileiras,

sabe que está vendo o melhor vôlei do mundo”, afirma o presi-dente. “O patrocinador, por sua vez, vai identificar sua marca com juventude, esporte e, principal-mente, com um time vencedor. Uma estratégia inegavelmente facilitadora para o planejamento de marketing e propaganda da empresa”, conclui.

Soluções criativasPara o Mackenzie, foi um

ótimo negócio estar na categoria mais alta do vôlei – vendeu mais cotas, fortaleceu a autoestima dos associados e a própria imagem do clube. Há quatro anos, seus 530 sócios não cobriam as despesas e o clube corria o risco de fechar as portas. Depois de dois anos na Superliga, o corpo de associados está completo e foi preciso criar 100 cotas adicionais, para aten-der à procura. “Passamos a estar diariamente nos jornais, na cober-tura pré, durante e pós-jogo”, conta o presidente do clube, Durval Guimarães.

Enquanto o patrocinador não vem, o Mackenzie tenta garan-tir sua vaga na Superliga deste ano com criatividade. Entre outras idéias para enfrentar a situação, está a de criar a figura do sócio patrocinador e vender cotas a preço maior, entre outras estra-tégias para obter recursos. Um tie-break desafiador, mas o clube aprendeu a explorar bloqueios para garantir a vitória no final.

Bola na rede Ao contrário do que acontece no futebol, no vôlei a TV não paga os direitos de transmis-

são aos times e sim para a confederação. Com um detalhe, ela não os repassa aos times. Mas como a TV já pagou, ela se dá o direito de não divulgar o nome do patrocinador. E, em vez de Fiat-Minas ou Mackenzie-Cia do Terno, os times são chamados mesmo é de Minas e Mackenzie. O que acabou criando um situação curiosa. A Universidade Mackenzie, de São Paulo, passou a patrocinar o Pinheiros, que, obviamente continuou a ser chamado de Pinheiros pelos cronistas da TV. E para não fazer merchandising da universidade, eles rebatizaram o nome do Mackenzie como Belo Horizonte. Uma solução felizmente temporária, já que valeu por apenas uma semana, tempo suficiente para arrepiar os cabelos dos responsáveis pela sexagenária agremiação.

Para Durval Guimarães, investimento em patrocínio não é alto e dá retorno

“A exposição realmente vale a pena: os jogos

são transmitidos pela TV por

assinatura e têm um público fiel”

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SUPERE29

Tom Coelho

Você é encarregado de preparar um determinado projeto. Em verdade, você mesmo candidatou-se a esta tarefa, pois conhece o assunto como poucos e está certo de que poderá contribuir com sua equipe. Assim, bastariam algumas horas de transpira-ção diante da tela do computador para produzir uma primeira versão do documento que seria apresentada aos seus pares, propiciando debates e a elaboração de uma versão posterior, mais densa e melhor estruturada.

Todavia, seu nível pessoal de exigência impede-o de redigir uma proposta sem antes promover todo um trabalho de pesquisa para embasar sua tese. Mas pesquisa demanda tempo e o tempo é a matéria-prima mais escassa do mundo moderno. Passa-se uma semana, duas, um mês. O projeto não sai de seu pensamento e não vai para o papel. Você se angustia, perde o prazo e a credibilidade com seus colegas. E consigo mesmo.

O exemplo acima pode representar um projeto profissional. Pode também ilustrar um trabalho acadêmico ou mesmo uma ação filantrópica. O fato é que em qualquer um dos casos, o desejo de fazer o ótimo dilacerou a possibilidade de fazer o bom. E, no final das contas, nada foi concretizado, o que signi-fica um resultado péssimo.

Convido você a fazer igual analogia com outros sonhos que já visitaram suas noites em vigília. Livros que não foram escritos, músicas que não foram compostas, poesias que não foram declamadas. Uma intervenção necessária durante uma reunião que foi contida por falta de ousadia. Uma declaração de amor reprimida porque você ainda não se sentia preparado.

Temos o mau hábito de esperar pelo mundo perfeito para tomar decisões. É como se decidíssemos cruzar a pé uma movimen-tada autoestrada apenas quando todos os veículos parassem para permitir nossa passagem, sem a existência de qualquer sinalização que os obrigasse a tal ação.

Enquanto buscamos e ansiamos por este mundo perfeito, outras pessoas fazem o que é possível, com os recursos de que dispõem, dentro do tempo que lhes é concedido. E não raro acabam sendo bem-sucedidas. Então, ao observarmos o conteúdo de suas produções, colocamo-nos imediatamente a criticá-las, certos de que poderíamos ter alcançado um resulta-do muito mais satisfatório. Nós pensamos; elas agiram.

Observe como muito pode ser feito usando de pouco tempo e de muita simplicida-de. Muitas vezes basta um telefonema de alguns minutos para dirimir uma dúvida, prestar um esclarecimento, obter uma dila-ção de prazo. De igual maneira, um e-mail redigido em uma fração de segundos pode aquietar o espírito de seu interlocutor e sepultar o risco de um desentendimento. Agradecimentos, por sua vez, devem ser prestados o quanto antes, ou tornam-se inócuos e desprovidos de sensibilidade.

Um livro pode ser escrito de uma só senta-da ou capítulo a capítulo, dia após dia. Uma música pode ser composta num guardana-po de papel na mesa de um bar ou nas bor-das de uma folha de jornal que repousa em seu colo dentro de um ônibus. Um poema pode ser oferecido em meio a um jantar ou dentro de um elevador que se desloca do terceiro piso para o subsolo.

O tempo certo para agir é agora. Não de qualquer jeito, não com mediocridade, mas com o máximo empenho possível. Amanhã, como diriam os espanhóis, é sempre o dia mais ocupado da semana.

O Mundo Perfeito

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Busque a alta qualidade, não a perfeição.

H. Jackson Brown Jr.

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Tom Coelhoé escritor, autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”, pela Editora Saraiva, além de professor universitário e palestrante.

Contatos:[email protected].

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Vencemos o Primeiro SemestrePara o presidente da Fiat, está cada vez mais evidente que o Brasil se descolou dos mercados fortemente contagiados pela crise e terá condições de alcançar a recuperação com maior rapidez

Presidente da FiatCledorvino Belini

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Como o Sr. define o atual cenário econômico? A crise já passou?A crise financeira internacional se manifesta de maneira distinta nos vários países. O Brasil sofre os efeitos da crise em menor escala do que os países mais desenvolvidos. Aqui no Brasil, já vencemos o primeiro semestre, sem que a catástrofe tenha se instalado. Está cada vez mais evidente que o Brasil se descolou dos mercados fortemente conta-giados pela crise e terá condições de alcançar a recuperação com maior rapidez. A crise se manifes-ta sobre a economia brasileira na forma de um V – com um declínio acentuado do nível de atividade e a imediata retomada que já

estamos vivenciando. Estamos, ao que tudo indica, na rampa ascendente do V. Em outros paí-ses, a crise está se manifestando como um U ou mesmo como um L – um declínio acentuado, segui-do de um período mais ou menos longo de baixo nível de atividade antes da retomada. Por que o Brasil conseguiu combater a crise com mais rapidez?Os instrumentos anticíclicos ado-tados pelo Governo Federal e por alguns governos estaduais tiveram sucesso na sustentação da demanda, ao estimular seto-res com poder multiplicador de demanda industrial, como a cons-trução civil e a indústria automobi-

lística. Estes são setores normal-mente estimula-dos por governos em momentos de crise devido à sua capacida-de de geração de empregos. A indústria automo-

bilística tem um efeito importante na multiplicação de empregos por ser uma cadeia longa de produ-ção, que envolve cerca de 200 mil empresas no Brasil. A cadeia se inicia com os fabricantes de insumos, como aço, petroquí-mica, vidros, etc, passa pelos fabricantes de autopeças e mon-tadoras, envolve os distribuidores e também abrange todo o setor de serviços gerados pela indús-tria, como combustíveis, seguros, manutenção, bancos, infraestru-tura de circulação. Este fenômeno também se observa em outros países. Na Europa, a indústria automobilística responde por um terço dos empregos no setor de manufatura da região.

Em sua avaliação, quais as perspectivas para o Brasil?O País apresenta muitas vanta-gens competitivas e comparati-vas. Os fundamentos econômicos estão sólidos, os agentes econô-micos estão ativos e são capazes de conduzir o país a índices mais acelerados de crescimento econô-mico a partir do segundo semestre

Cledorvino Belini é presidente da Fiat Automóveis para a América Latina e presidente da Fiat do Brasil. Com mais de 35 anos de atuação no setor automotivo, Cledorvino Belini reúne duas caracte-rísticas marcantes em sua trajetória profissional: a vivência em praticamente todos os segmentos da cadeia produtiva – da indústria de autopeças à de tratores, passando pelos automóveis – e a lideran-ça com que cumpre as responsabilidades dos diversos cargos que exerceu em sua carreira. Daí a sucessão de atribuições, sempre em escala ascendente, em todas as empresas às quais se dedicou.

Administrador por formação e excelência, Belini tem um estilo decisório ágil e simples, a partir de fatos e dados. À racionalidade dos números, Belini acrescenta uma forte dose de sensibilidade para as sutilezas do mercado e para o comportamento do cliente, o que lhe dá apuro especial na definição das estratégias decisivas do grande jogo da competição que é o mercado automobilístico, com um foco preciso no acompanhamento do dia-a-dia do mercado e a necessária determinação na projeção do futuro, antecipando tendências, investindo em desenvolvimento e inovação.

Belini é formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e pós-graduado na USP na área de Finanças. Possui também MBA pelo INSEAD/FDC (França), obtido em 2002.

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A Fiat mantém o seu plano original de

investimentos, no valor de R$ 5 bilhões no triênio

2008-2010

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deste ano. Há também no Brasil um estoque de demanda a ser explora-do, representado pelo nosso mercado interno. Significativas parcelas da população ascendem socialmente e entram no mercado de consumo, ativando a economia. Com a crise, houve recuo no volume de investimentos projetados para 2008/2009? E quais as perspectivas para o segundo semestre de 2009 e 2010? A Fiat mantém o seu plano original de investi-mentos, no valor de R$ 5 bilhões no triênio 2008-2010, destinados ao aumento da capacidade

produtiva, melhoria dos processos e desenvolvi-mento de novos produ-tos e tecnologias. Além de ampliada, nossa fábri-ca em Betim recebeu também vultosos inves-timentos no Pólo de

Desenvolvimento Gio-vanni Agnelli, como uma nova sala virtual no Cen-tro Estilo, para o desen-

volvimento do design, além de outras inova-ções nos diversos labo-ratórios de experimen-tação de veículos. Nos-so plano de lançamen-tos está preservado e em pleno andamento. A

fábrica já recebeu novos galpões para a expansão das áreas de prensas e funilaria. As duas novas

linhas de prensas, impor-tadas do Japão, já che-garam a Betim e as obras de instalação já se inicia-ram. Também a logística interna recebeu diversas melhorias, com novas vias e pátios. Este ano, já temos feito em média um lançamento por mês, começando com o Novo Palio Economy, com um motor mais econômi-co, até o Punto T-Jet, com a potência do tur-bo. Vemos o Brasil e o mercado automobilístico do País com otimismo, razão pela qual a Fiat reafirma a sua expectati-va de crescimento.

A Fiat já voltou aos patamares anteriores de produção?

Significativas parcelas da população ascendem

socialmente e entram no mercado de consumo, ativando a economia.

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Em relação à produção, estamos atualmente muito próximos do patamar médio do ano passado de 3 mil veículos/dia. Felizmente, a recuperação do mercado inter-no tem mantido bons índices de ocupação da indústria, embo-ra insuficiente para compensar a queda dos volumes de produção para as exportações.

Quais fatores explicam a lide-rança da Fiat no mercado doméstico?Costumo dizer sempre que a força da Fiat no mercado tem um conjunto de razões princi-pais, a começar pela capacida-de de entender as expectativas dos nossos clientes e de desen-volver produtos com altos índi-ces de qualidade e de inovação. Destaco ainda a forte parceria existente entre a Fiat e os seus fornecedores, de um lado, e os concessionários, de outro, além do excelente time que temos na fábrica. Devemos considerar tam-bém nossa agilidade e flexibilida-de na adaptação às condições do mercado. Esta liderança se repete também em Minas Gerais?Em Minas, além de concentrar-mos nossa produção de auto-

móveis e comerciais leves, temos uma participação de mercado muito superior à média nacional. A participação de mercado da Fiat é de 40%. Minas representa cerca de 10% do mercado nacio-nal de veículos e a ampla lideran-ça da Fiat no mercado mineiro mostra que há excelente aceita-ção da marca. Acho que, além dos atributos de qualidade da marca, podemos entender tam-bém como um reconhecimento proporcional à importância que a Fiat tem para a desenvolvimento socioeconômico do estado. A rede de concessionários é expressiva em Minas Gerais?Dos mais de 500 pontos de ven-das da Fiat no País, cerca de 75 estão em Minas Gerais. Além do excelente desempenho de ven-das, destacam-se também pela qualidade nos serviços de atendi-mento em vendas e pós-vendas. Qual a representatividade da Fiat do Brasil para o Grupo? O quanto o mercado brasileiro representa para o Grupo?Em termos de produção, a Fiat Automóveis responde por cerca de 30% dos volumes globais da Fiat. Em termos de faturamento, consideramos também os demais

setores de atividades do Grupo no Brasil, como máquinas agríco-las e de construção, componen-tes automotivos e caminhões, o que dá cerca de 17% do fatura-mento global. Conte-nos sobre a aliança Fiat Chrysler. Trata-se de uma aliança que per-mitirá à Chrysler renovar sua oferta de produtos no mercado america-no, com veículos menores e mais econômicos, ao mesmo tempo em que oferecerá à Fiat a opor-tunidade de entrar no mercado norte-americano. A aliança está em fase de implementação. O CEO da Fiat, Sergio Marchionne, já deu início à reestruturação da empresa, na perspectiva de fazê-la crescer e ganhar participação de mercado e rentabilidade.

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Minas representa cerca de 10% do mercado nacional

de veículos e a ampla liderança da Fiat no mercado mineiro mostra que há

excelente aceitação da marca.

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SUPERE34

Arti

goSonia Jordão

Em tempos de vacas magras, as organizações demitem alguns de seus profissionais. Porém, há alguns que sempre ficam. Esses não correm riscos, passam por várias crises e só saem se quiserem, não porque são demitidos. São aqueles talentos consi-derados como estrelas na Organização. A empresa depende mais desse profissional do que ele dela. E o que diferencia esses dos outros, daqueles que são demitidos? Normalmente é o famoso CHA – Conhecimentos, habilidades e atitudes, que determina as competências em suas atividades. E como se superar profis-sionalmente? Como ser um vencedor nesse mundo de extrema competitividade? Acredito que se entendermos o que as organi-zações esperam, é possível melhorar a empregabilidade e ser um profissional vencedor.

As Organizações querem que as pessoas apresentem um nível de conhecimento sobre os procedimentos, normas e padrões internos necessários para exercer suas atividades. Também esperam que o profissional se desenvolva, tome para si a respon-sabilidade de manter-se atualizado. Que procure prover os meios de preencher as lacunas de competências técnico-funcionais soli-citando, quando necessário, apoio institucional. Enfim, que tenha conhecimento.

São várias as habilidades que todos precisam ter. Algumas, porém são comuns à maioria dos profissionais. A primeira habi-lidade que relaciono é ter responsabilidade. A empresa espera que o profissional tenha envolvimento e comprometimento com o trabalho. Espera também que se empenhe em manter organizado e em bom estado equipamentos, ferramentas, instrumentos e o local de trabalho.

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profissionalmente

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Outra habilidade fundamental nos dias de hoje é a capacidade de trabalhar em equipe e de ter bom relacionamento inter-pessoal: é preciso interagir com os demais membros da equipe e saber ouvir posições contrárias. É preciso ter espírito de coo-peração, ter habilidade no relacionamento com seus pares, superiores e subordinados (se houver). Também ter a capacidade de aceitar a diversidade que existe dentro da Organização.

Flexibilidade, participação, criatividade e iniciativa também são habilidades que têm valor no mundo globalizado. O profissional precisa ter facilidade para utilizar novos métodos, procedimentos e ferramentas, reagir bem às mudanças, adaptando-se rapidamente às novas rotinas em seu traba-lho. Precisa também demonstrar interesse, entusiasmo e determinação na execução de suas atividades. Ser proativo, contribuir com idéias e sugestões; não levar somente problemas para seus líderes.

Para ser competente, além do conhe-cimento e das habilidades, é preciso ter atitude, é preciso agir. As Organizações também esperam que seus profissionais ajam com disciplina. Um profissional ven-cedor segue programações, observa as determinações de superiores hierárquicos, não recusa tarefas e aceita as normas e regras da organização.

Também são pontuais e assíduos. Pontual no início das atividades do dia e após os intervalos. Chega no horário combinado para reuniões e treinamentos. Entrega suas tarefas no tempo previsto. Além disso, está presente nos dias e horá-

O que a neurociência vem comprovando cientificamente hoje e os psicólogos estudam há anos, já era verdade a mais de milanos em outras culturas: somos o resultado do que pensamos!

A empresa espera que o profissional

tenha envolvimento e comprometimento com o trabalho.

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rios combinados. Não saem para resolver problemas particulares em horários que a empresa necessita de seu trabalho. Sabem que suas atividades são importantes e que se faltar com suas obriga-ções, pode prejudicar seus colegas, sobrecarregando-os.

Outra atitude que é muito observada é a ética. E isso nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar os outros. Ser ético é também agir de acordo com os valores morais de uma determinada sociedade em itens como: integridade, sigilo, discri-ção, respeito, cortesia, discernimento entre questões profissionais e pessoais. Profissionais éticos assumem seus erros, respeitam seus colegas e seus superiores. Também não dão prejuízo para a empresa, valorizam seu horário de trabalho como sendo um tempo que a empresa está pagando por ele e, portanto, deve ser usado para assuntos profissionais.

Além do CHA, as organizações esperam que o profissional tenha produtividade, que se concentre nos resultados, assumindo compromissos com as metas. Que saiba administrar prazos e solicitações apresentando resultados satisfatórios mesmo diante de demandas excessivas. Claro que isso inclui ter capacidade de trabalhar sob pressão, para conseguir obter a produtividade necessária.

Por último, e não menos importante, é fundamental trabalhar com qualidade. Fazer bem feito, realizar as atividades de forma completa, precisa e criteriosa. atendendo aos padrões de quali-dade esperados.

Sonia Jordão

é especialista em

liderança, pales-

trante e consultora

empresarial. Autora

dos livros “A Arte de

liderar – Vivenciando

mudanças num mundo

globalizado”, “E agora,

Venceslau? Como

deixar de ser um livro

explosivo” e “E agora,

Lívia? Desafios da lide-

rança”. Portal:

www.soniajordao.com.br

SUPERE35SUPERE35

É claro que existem diver-sas outras habilidades e atitudes que os bons profissionais podem desenvolver. Algumas funções, inclusive, exigem outras. Entre elas podemos citar a habilidade de liderar, a capacidade de concen-trar-se, ser assertivo, ter empatia e agir com objetividade. As habi-lidades que listei nesse artigo são aquelas que eu considero comuns a muitas profissões e em diversas funções.

É importante lembrar que o profissional que reúne as caracte-rísticas acima vale ouro no merca-do de trabalho. Superar-se profis-sionalmente não é fácil, por isso os profissionais estrelas são poucos. O ideal é buscar o autoconheci-mento e saber o que você precisa trabalhar em suas características, fortalecer seus pontos fortes e minimizar os fracos.

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A tradicional entidade, há 108 anos instalada na avenida Afonso Pena, quer descentralizar suas atividades para atender novos polos de desenvolvimento comercial e industrial.

Com uma população que pode chegar a 500 mil pessoas – mesmo que o Censo de 2000 registre exatos 245.334 habitan-tes - a região administrativa de Venda Nova, em Belo Horizonte, tem hoje, segundo a Secretaria adjunta de Regulação Urbana, cerca de 11 mil empresas. É uma verdadeira cidade, talvez maior do que Juiz de Fora, na qual a voca-ção comercial, presente desde suas origens, se mantém e se fortalece. O comércio é forte e competitivo, com várias lojas de empreendedores locais e filiais de grande lojas, concentradas na rua Padre Pedro Pinto e em impor-tantes corredores dos diversos bairros da região.

O mais antigo documento conhecido sobre Venda Nova é a solicitação de licença para fun-cionamento de uma “venda” em 1781, marcando as atividades originais do distrito, que eram o comércio, a agricultura e pecu-ária. A tradição oral conta que um comerciante construiu uma

“venda” maior e mais bem feita e, diante dela, os viajantes fala-vam: “Vamos parar naquela venda nova” e o nome pegou.

Até 1948, quando se tornou definitivamente parte da capital – antes pertencia a Santa Luzia, como várias localidades da região - Venda Nova manteve estru-tura semelhante à que possuía no início do século. A ocupação sem planejamento, em loteamen-tos desmembrados de antigas fazendas, fez surgir construções de forma indiscriminada e até irregular. Ao longo do tempo, a região desenvolveu-se e cresceu, fazendo surgir uma outra cidade dentro da capital. Vários bair-ros foram criados e Venda Nova se definiu como cidade dormi-tório, da qual grande parte da população saía para trabalhar no Centro ou em outras localidades da região metropolitana.

Na década de 90, obras estruturantes como o alargamento e melhorias da Rua Padre Pedro Pinto, a aprovação do centro

urbano de Venda Nova, a cana-lização do córrego do Vilarinho e a modernização da MG-10, alem da estação Vilarinho do metrô, fortaleceram a estrutura urbana e estimularam o surgimento de um forte setor comercial da região. No início do século XXI, a construção da Linha Verde e a transferên-cia do Centro Administrativo do Estado para o bairro Serra Verde, trazem para Venda Nova novas e esperadas oportunidades, que prometem uma mudança radical na economia da região.

Descentralização“Os investimentos já estão

chegando. Um grupo hoteleiro comprou 97 mil m2 de terrenos e vai investir R$ 1 bilhão. Há a perspectiva de mais shoppings e um grupo de faculdades de São Paulo, o Mackenzie, tam-bém vai se instalar lá”, anuncia o superintendente da Associação Comercial de Minas, Gilson Elesbão. Nesse contexto é que, estrategicamente, a ACMinas ins-

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talou, há cinco anos, uma unidade regional em Venda Nova.

“Estamos seguindo o mode-lo de São Paulo que, enquanto funcionava em Santa Efigênia, no centro da capital paulis-ta, tinha sete mil associados. Quando decidiu descentralizar, a Associação paulistana atingiu, em pouco tempo, 27 mil empresas”, explica Elesbão. “Hoje, ela tem umas dez regionais nos bairros, com diretorias distritais e certa autonomia. Alem de oferecer serviços, elas apóiam atividades comunitárias, eventos esportivos e culturais”, completa.

A ACMinas, que comple-tou 108 anos, sempre funcionou na avenida Afonso Pena e procu-ra agora estender sua ação para

outras regiões da cidade que estão em franco crescimento, como Buritis e Cidade Nova. Esta é a maneira a estar mais próxima de seus atuais associados e daqueles que estão por vir. “Temos que acompanhar o ritmo desses polos de desenvolvimento comercial e industrial. Nossa expectativa é de que, estruturando a sede da regional de Venda Nova, pode-mos ampliar consideravelmente o número de associados”, explica o superintendente da ACMinas.

Em 2009, a Associação irá promover palestras e semi-nários, para discutir temas como o impacto do Centro Administrativo, que está com seu cronograma de obras rigorosa-mente em dia e será entregue à

população em dezembro. Prevê-se que a transferência da sede do governo, suas secretarias e autarquias, levará junto um con-tingente diário de mais de 20 mil pessoas que trabalham, prestam ou demandam serviços da admi-nistração estadual.

“Se os empresários de Venda Nova não se organizarem, vão ficar a ver navios diante de negócios de fora que irão se transferir para lá, em busca desse novo público”, alerta Elebão. Um dos primeiros impactos pode ser sentido na especulação imobiliária. Lotes que valiam R$ 60 o metro quadrado, hoje estão sendo vendidos a R$ 180 e o preço de um apartamento simples no Serra Verde saltou de R$ 40 mil para R$ 140 mil.

Uma associação localFundada em 2004, a regional da ACMinas em Venda Nova

está localizada na avenida Vilarinho, 1560. “O maior desafio desta

diretoria é tornar a regional Venda Nova referência e parceira do

empreendedor, na busca constante de informações que possam

contribuir e alavancar o desenvolvimento empresarial da região”,

diz seu diretor Agmar Alves de Souza, empresário da Tecidos

Renatec. A diretoria da regional é um retrato fiel do universo de

negócios da região ao reunir empresários do comércio, indústria

e prestadores de serviços de saúde, alimentação, informática,

entre outros.

“Desde a sua implantação, a regional focou seu processo de

afiliações ao comércio e serviços, mas nosso objetivo é buscar

novos parceiros no setor da indústria, acompanhando o desenvol-

vimento da região, que se dá em vários segmentos, inclusive no

comércio exterior”, explica o diretor. Hoje, a regional de Venda Nova

tem 47 empresas filiadas e está pronta para crescer. “Nossa meta

de crescimento tem como objetivo principal a divulgação das ações

da regional, demonstrando assim sua participação e envolvimento

nos interesses da classe empreendedora e social da comunidade”,

afirma Souza.

Nesse contexto, ela desenvolve vários projetos de parcerias

com instituições financeiras e educacionais na disponibilização de

linhas de créditos e descontos de duplicatas com taxas compe-

titivas. Qualificação da mão de obra local é prioridade: cursos e

treinamentos com profissionais altamente qualificados comprovam

sua eficácia com o alto grau de aproveitamento dos capacitados no

mercado de trabalho.A regional

dispõe para os associados e

associados prospects de vários

cursos e treinamentos, além

de disponibilizar uma sala com

recursos áudiovisuais para tur-

mas com até 25 pessoas.

Atenta à responsabili-

dade social que começa na

Associação, a Casa se transformou em cenário de grandes dis-

cussões nas áreas de segurança, educação e saúde. “Fomos

interlocutores junto ao governo das reivindicações de empresários

e comunidade na desativação da unidade carcerária da delegacia

de Venda Nova, palco de constantes fugas e rebeliões e verdadeiro

trauma para população”, conta Souza.

Na área de educação, a regional Venda Nova realizou audi-

ência pública nas dependências do colégio Padre Lebret, reivin-

dicando a construção de um novo prédio, devido às precárias

condições em que se encontravam suas dependências. Além

disso, a associação promove eventos variados, como festas e

bingos, com o objetivo de arrecadar recursos para necessidades

diversas da comunidade. “Nossa maior conquista é a credibilida-

de que a regional Venda Nova adquiriu nas ações desenvolvidas

junto aos diversos setores dos poderes públicos Federal, Estadual

e Municipal, sempre tendo em mente o lema dessa casa, que é

“Desenvolvimento com justiça social”, conclui.

Agmar Alves, diretor da ACMinas regional

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Tudo que você queria saber sobre câmbio e não tinha a quem perguntar

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No último dia 1º de julho, o dólar experimentou sua maior desvaloriza-ção desde que o país adotou o câmbio flutuante, em 1999. Dez anos depois, é hora de saber: por que o país optou por isso? Quais seriam as opções? Como funciona o câmbio flutuante, quais as vantagens e desvantagens, quem ganha e quem perde. Quando é que o Banco Central intervém? Como é que juntamos tantas reservas em dólar? Em um trabalho de fôlego, o economista Paulo Ângelo Carvalho de Castro desvenda os mistérios das relações entre o dólar e as moedas dos vários países, em especial o nosso real.

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Uma definição para Mercado de Câmbio: é o mercado no qual a moeda de um país é trocada pela moeda de outro país. Poucas moedas são utilizadas e respon-dem pela maior parte do volume de negociação: Dólar america-no (US$); marco alemão ($DM); libra esterlina ($£); iene japonês ($¥), franco suíço (SFr) e o franco francês ($Ff). Taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em termos da moeda de outro país, embora de modo geral se dê em termos do Dólar americano. Por exemplo, a Taxa de Câmbio entre o Dólar e o Real é de 2,014 cotado em 08 de julho. Significa que, com 1 Dólar (US$ 1) se pode comprar R$ 2,014 (dois reais e quatorze milési-mos). Se uma pessoa necessita adquirir US$ 1.000.000,00 terá que despender naquela data R$ 2.014.000,00.

Quando a taxa de câmbio “sobe”, significa uma desvalo-rização do Real frente ao Dólar. Será necessário um número maior de Reais para se comprar o mesmo número de Dólares. Com a mesma quantidade de Dólares compra-se uma quan-tidade maior de Reais. Diz-se que o Real depreciou-se perante o Dólar. Nitidamente trata-se de uma situação que é favorável a quem possui Dólar ou aplicações em Dólar e ao exportador.

Quando a taxa de câmbio “desce”, significa uma valori-zação do Real frente ao Dólar. Diz-se que o Real apreciou-se perante o Dólar. Nessa situa-ção será necessário um número menor de Reais para se comprar o mesmo número de Dólares. Com a mesma quantidade de Dólares compra-se uma quanti-dade menor de Reais. Trata-se de uma situação que é favorável

a quem não possui Dólar, porque nessa situação ficará mais caro comprar o Real. Ela nitidamente favorece ao importador que, com a mesma quantidade de Reais, poderá adquirir mais quantidade de mercadorias em Dólar. Fica mais barato importar. O expor-tador perde competitividade, já que o produto brasileiro ficará mais caro para o estrangeiro que pagará em Dólar.

Modelos de câmbioDos diversos modelos de

Política Cambial, cabe destacar duas: câmbio fixo e câmbio flu-tuante.Qual modelo é o melhor? São temas recorrentes e sempre voltam à pauta de discussão. Os diversos debates a respeito levam a algumas conclusões:

•Não existe modelo perfeito. Todos têm pontos positivos e pontos negativos. Depende, ainda, do objetivo da política cambial que se pretende ado-tar.

•A âncora cambial, defendida por muitos, pode ser muito útil em programas de estabi-lização. Sua manutenção por prazos maiores pode não ser conveniente.

•O câmbio flutuante amortece crises externas e nessas opor-

tunidades exige taxas de juros menores. Deixa o mercado mais livre e mais equilibrado em economias estabilizadas.

•O câmbio fixo pode ser útil em determinadas circunstâncias, mas pode fragilizar o país em situações de ataque especula-tivo à moeda. Além disso, qual seria a taxa de câmbio fixo que atenderia aos diversos agentes econômicos?• O câmbio flutuante fica à mercê das forças de mercado. Se a oferta de venda do Dólar, por exemplo, for maior que a oferta de compra, o ajuste se dá pelo preço, fazendo com que o Real se aprecie, ou seja, o Real se valorize frente ao Dólar.

Quando há entrada forte de investidor estrangeiro (com-prando Real), a moeda brasilei-ra se valoriza perante o Dólar. Quando há grande saída de Dólar (investidor estrangeiro

comprando Dólar) o Real des-valoriza perante o Dólar. Devido a essas pressões do mercado, o Banco Central acaba intervindo e, nos últimos anos, assistimos o Banco Central na ponta com-pradora para não permitir apre-ciação (valorização) exagerada do Real perante o Dólar. Essas operações acabaram gerando uma ação colateral, que foi a de elevar as reservas cambiais do Brasil.

Risco de câmbio é a decor-rência natural das operações internacionais em função da variação do valor das moedas (desvalorização e valorização). Toda transação internacional implica em algum tipo de risco cambial, podendo exigir uma operação de Hedge com a fina-lidade de oferecer proteção con-tra as oscilações cambiais.

“Quando a taxa de câmbio “desce”,

significa uma valorização do Real

frente ao Dólar. Diz-se que o Real apreciou-se perante o Dóla.”

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Crises e câmbioAtaque especulativo é um

fenômeno diferente de desvalori-zação cambial. Embora um ata-que especulativo bem sucedido leve a uma desvalorização cam-bial, o primeiro pode ocorrer sem que haja o segundo. Sem ater-se academicamente a conceitos e definições teóricas a respeito de um ataque especulativo, sabe-se, por experiência, que mais usual-mente o fenômeno ocorre quan-do agentes de mercado iniciam forte pressão de venda na moeda local, obrigando o Banco Central a proceder a forte ajuste no câm-bio (desvalorização), muitas vezes acompanhado de medidas como elevação relevante nas taxas de juros e utilização de reservas internacionais, antes de se decidir pela flutuação cambial.

Estudiosos têm dedicado um tempo precioso para avaliar os fenômenos como a crise de dívida externa em 1985, o ataque especulativo de 1997 e a crise cambial de 1999. Casos mais recentes ocorridos no Brasil e que podem ser citados são: a crise cambial no México em dezem-bro/1994 provocou uma variação nas reservas internacionais no mês de – 7,5%; a adoção de

bandas cambiais em março/1995 provocou uma variação de – 11,2% nas reservas cambiais e uma variação na taxa de câmbio de 5,2% no mês; em outubro de 1997, a crise dos Tigres Asiáticos repercutiu numa variação de – 13,3% nas reservas cambiais e 0,6% na taxa de câmbio; na crise cambial russa (quebra da Rússia) em setembro/1998, uma variação nas reservas cambiais de – 32,0% e no câmbio de 0,6%; em janeiro de 1995, o Brasil flutuou o câmbio com uma variação de – 18,9% nas reservas

e uma variação no cambio de 65%; e agora, na crise global de 2008, em setembro, no auge da crise (quebra do Banco Lehman Brothers), o cambio sofreu uma variação de cerca de 50%, mas as reservas apresentaram pouca variação.

Observa-se que o Brasil, já trilhando um caminho mais virtu-oso em termos de política econô-mica, sobretudo após adoção do Plano Real em 1994, percebeu, com as crises de 1997 e 1998, que teria que ajustar mais profun-damente suas reformas. Em 15 de janeiro de 1999, foi adotado o câmbio flutuante, ou seja, a oscilação de moeda em função das forças de mercado. O fato é que o chamado “Over Shooting” do Dólar, se assustou por um lado, de outro fortaleceu muito fortemente a posição dos produ-tos brasileiros no mercado inter-nacional. Ou seja, com uma taxa de câmbio acima de R$2,00, as exportações brasileiras cresce-ram, gerando expressivos saldos na Balança Comercial.

Balança ComercialA partir da adoção de uma

política cambial mais adequada aos interesses nacionais, assim como uma maior profissionaliza-ção dos investidores brasileiros, além da modernização e compe-titividade dos produtos brasilei-ros, foi possível estruturar novas bases para uma abertura da eco-nomia brasileira e uma inserção do Brasil no comércio global. Entre 1995 e 1999, a balança comercial colecionou, ano a ano, saldos negativos: - US$ 3,353 bi; - US$5,538 bi; - US$8,375 bi; - US$6,590 bi; - US$1,237 bi, totalizando um déficit de US$ 25,093 bilhões. Nos anos seguin-tes, exceto 2000, que ainda apre-

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Fonte: BACEN

“Quando há entrada forte de investidor estrangeiro, a

moeda brasileira se valoriza perante o Dólar. Quando há grande saída de Dólar,o Real

desvaloriza perante o Dólar”

BALANÇA COMERCIAL 2000 – 2009 – US$ bilhões

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sentou um déficit de US$751 milhões, o saldo da Balança Comercial passa a apresentar resultados positivos consistentes.

Investimento DiretoTomando-se a introdução do

Plano Real como marco zero, ou seja, limite entre o País atrasado e o País em busca de sua moderni-dade, há que se dizer que o plano mostrou ser o plano de estabi-lização econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação, ampliando o poder de compra da população e remodelando os setores econômicos nacionais. Seu início oficial se deu com a publicação da Medida Provisória nº. 434, em 27 de fevereiro de 1994, que instituiu a Unidade Real de Valor – URV, estabele-ceu regras de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia e determinou o lançamento do Real (nova moeda).

Estava aberto, a partir daí, um longo caminho de ajuste e modernização da economia bra-sileira, ajustes cambiais; adoção de regras estáveis e respeito ao ato jurídico perfeito; programa de metas de inflação; amplo pro-grama de privatização; disciplina fiscal com metas estabelecidas; superávit fiscal; saneamento financeiro; agencias reguladoras; modernização e eficiência do parque industrial; modernização e maior formalização dos siste-mas financeiros e do mercado de capitais e, em destaque a Lei de Responsabilidade Fiscal, LC. 101 de 04/05/2000, que estabeleceu normas de finanças públicas vol-tadas para a responsabilidade na gestão fiscal, buscando o equi-líbrio das contas públicas, com destaque para o planejamento, o controle, a transparência e a res-

ponsabilidade como premissas básicas.

Aos poucos e de forma consistente, o Brasil passou a ser um pólo de atração para os investidores estrangeiros. No período de 1995 a 2008, o investimento direto estrangeiro representou um volume de US$ 305,264 bilhões, com expressiva média de US$ 21,804 bilhões por ano. No período de 2000 a 2008, o Investimento Direto Estrangeiro totalizou US$ 213,640 bilhões, com média anual de US$ 23,737 bilhões.

Movimento do câmbioTodos se lembram, ainda,

da palavra “over shooting” do Dólar quando, em 29 de janeiro de 1999, o Governo promoveu a flutuação do cambio, mudando o regime fixo (com bandas) para o atual câmbio flutuante. Observou-se naquela época uma desvalo-rização do Real em relação ao Dólar de cerca de 65%.

Na atual crise dos mercados financeiros, a chamada crise do sub prime, novamente pudemos observar um “over shooting” do Dólar de mais ou menos 50%. Nessa recente crise, o que se destaca de forma relevante é que apenas o câmbio foi impactado, já que ao contrário de 1999 e em outras crises cambiais, não houve perda de reserva cambial, não houve elevação da taxa de juros para reter capital e não houve pressão inflacionária. Depois, o câmbio tomou seu próprio rumo, retornando a patamares mais racionais. Ao longo dos anos 2000, o câmbio de fechamen-to apresenta-se com oscilações mais ou menos previsíveis, inclu-sive com as intervenções do Banco Central.

Reservas Cambiais

As reservas cambiais são constituídas pelas moedas estrangeiras (Dólar) que entram

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“Desde janeiro de 2008, o Brasil

passou à categoria de credor externo líquido, quando seus ativos no

exterior superaram seus passivos em

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Fonte: BACEN

INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO 2000 – 2009 – US$ bilhões

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Diversos instrumentos são disponibilizados aos empresários envolvidos com o mercado de cambio, utilizando para tal, operações realizadas no BM&F Bovespa. A estratégia do aplicador/investidor pode ser a de proteger seu investimento em função de exposição em moeda estrangeira (Hedge) ou utilizar os mesmos instrumentos como “Trader”, para maximizar os seus ganhos, nesse caso, envolvendo-se em situações de riscos, sujeitas a perdas. As principais oportunidades são:

• Compra e venda de moeda estrangeira.• Adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC).• Cobrança no exterior.• Valores em moedas estrangeiras a receber e a pagar.• Financiamento a exportação ou importação.

• Transferências com o exterior.• Arbitragem em moeda estrangeira.• Garantias Prestadas e Recebidas.• Depósito em moeda estrangeira no Brasil.

• ACC–adiantamentosobrecontratodecâmbio.• SWAP–trocaraexposiçãoemDólarpelaexposição

de taxa de juros.• BNDES–• CambioPronto• EmpréstimoOFF–Shore

• ExportNote• OperaçãoFinanceira• Pré–pagamentodeexportação• Proex• Trava

no país por intermédio de inves-timentos diretos, empréstimos, financiamentos e captações de recursos externos. Nos últimos anos, em função de todas as mudanças havidas no País, o novo modelo de gestão pública e, sobretudo, a forma dinâmica de atuação do Banco Central, que rompeu com os modelos antigos e conservadores, vêm propiciando a acumulação de uma reserva cambial relevante, que torna o País mais seguro e mais respeitado.

Em 2007, o Brasil registrou o quinto ano consecutivo de superávit em transações corren-tes. Trata-se de uma série inédita e expressiva, que decorreu, basi-camente, dos expressivos sal-dos da balança comercial, que superaram - em 2005/2006 e 2007 - o nível de US$ 40 bilhões.

Desde janeiro de 2008, o Brasil passou a categoria de cre-dor externo líquido, quando seus

ativos no exterior superaram seus passivos em US$4 bilhões. As reservas internacionais, em 2002, registravam US$16,3 bilhões e, em julho de 2009, já totalizam US$208,876 bilhões.

Mercado de CambioO Mercado de Câmbio é

de fundamental importância para o País e assume papel extre-mamente relevante no mundo globalizado. De modo geral, as operações de câmbio são efe-tuadas por intermédio de insti-

tuições autorizadas (tratam do câmbio livre) e por instituições credenciadas (tratam do câm-bio flutuante). São constituídas principalmente pelas operações de financiamento às exportações e, também, por intermediação cambial. Já as transações de comercio internacional são reali-zadas por operações de câmbio contratadas por bancos autori-zados a operar no mercado de câmbio livre (cobrando taxa de administração pelos serviços e riscos do negócio).

Principais operações financeiras com câmbio:

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Alexandre MiseraniNegócios internacionais:

profissionalismo, sustentabilidade e oportunidades

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O colapso financeiro mundial, despertado pela crise de 2008, finalmente começa a ser debelado com as boas noticias vindas do norte, onde temos o restabelecimento do caminho ao lucro do Banco Goldman Sachs e também, nem que seja de forma parcial, dos níveis de consumo na Europa e Estados Unidos. Além da forte atuação da China como importante compradora internacional.

Este panorama nos mostra o esforço global, unindo vários países e governos no foco do restabelecimento urgente da eco-nomia mundial. Muitos acreditaram se tratar de uma retomada da crise de 1929, outros a comparam a um verdadeiro tsunami finan-ceiro. Por outro lado, alguns a alcunharam como mera marolinha, mas o importante é que, independente do posicionamento político-econômico dos diferentes perfis de governos/países, o esforço foi grande e focado no restabelecimento da economia e na volta da atividade comercial entre os países.

Os negócios internacionais, como não poderia ser diferente, também se viram afetados pela crise, com forte diminuição em negociações e troca comerciais, apresentando um cenário de queda nas exportações e importações, comprometimento de embarques, desembarques e logísticas e principalmente o temor de novos investimentos em negociações com outros países.

No Brasil, a certeira decisão do governo em reduzir impostos sobre produtos industrializados de diversos produtos que contam com uma significativa cadeia produtiva, aqueceu a economia e deu novo impulso à nau dos negócios internacionais, provocando maior movimentação nos mercados estrangeiros seja na importa-ção ou exportação, ainda que pouco suficiente para retomada dos índices pré-crise.

Este cenário de inconstância econô-mica nos apresentou um diagnostico da ainda forte dependência do Brasil com os fluxos comerciais com países estrangeiros e, conseqüentemente, a movimentação de capitais, o que nos leva a mais uma vez considerar a importância dos Negócios Internacionais como locomotiva da susten-tabilidade financeira em qualquer parte do planeta. Não se sustenta um país alheio à roda que gira a comercialização mundial, e principalmente não se permite amadoris-mos no trato da questão.

Os profissionais em Negócios inter-nacionais são hoje bastante disputados

pelas empresas e não somente as grandes e as trading companies, mas por qualquer empresa com um mínimo de percepção de longevidade e competitividade dos seus produtos, sempre com foco nas oscilações mundiais que fatalmente irão refletir na gestão destas empresas. Entretanto, estes profissionais não surgem apenas da mera vontade e curiosidade em participar deste processo, mas principalmente de profun-dos conhecimentos em geopolítica inter-nacional, legislação em comércio exterior (principalmente num país como o Brasil de

...profissionais em Negócios internacionais são hoje bastante disputados pelas empresas e não somente

as grandes e as trading companies, mas por qualquer empresa com um mínimo de percepção de longevidade

e competitividade dos seus produtos...

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Prof. Alexandre Miserani

Centro Universitário

Newton Paiva - Belo

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Coordenação Curso

Comércio Exterior,

Coordenação Curso

Negócios Internacionais,

Coordenação Geral

Cursos Seqüenciais e

Tecnológicos

fortes oscilações e alterações nas decisões político-econômicas), diplomacia empresa-rial, estudos da sistemática de exportação e importação, entre outras tantas áreas que complementam esta formação.

Enfim, é importante que os candidatos a esta desafiante profissão busquem cursos superiores de formação na área, com cre-dibilidade bastante para incentivá-los a dar continuidade a seus estudos na área, pre-parando-os a enfrentar os desafios que lhes reserva o cotidiano da profissão, que nada tem de rotina ou enfadonho. Muito antes pelo contrário, ele traz dinamismo e emo-ção suficientes para que cada dia seja uma nova oportunidade de descobrir o prazer de saber que o mundo é uma verdadeira aldeia global, onde, apesar das idiossincrasias, buscamos sempre o bem comum.

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Escarpas do LagoParaíso de belezae suntuosidade Selma Tomé e

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O empreendimento imobiliário que começou com um loteamento e se tornou um dos maiores pontos turísticos de Minas Gerais

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Escarpas do Lago é um bair-ro com ares de condomínio de luxo, que em três décadas se transformou em um dos maio-res empreendimentos turísticos de Minas Gerais. Localizado no município de Capitólio, na região sudoeste do Estado, o loteamen-to de casas de campo, às margens do Lago de Furnas, atende ao sele-to público de turistas de segunda residência que agitam a cidade durante feriados e fins de semana e movimentam a econo-mia regional.

É verdade que os “atrativos” do município de Capitólio estão além dos limites de Escarpas do Lago. As cachoeiras, lagos e canyons lhe renderam até o título de “Cidade Rainha dos Lagos”, mas é Escarpas do Lago que movimenta a cidade e é de lá também que vem a maior fonte de arrecadação com turismo no município.

O balneário surgiu com o grupo Mendes Júnior, respon-sável pela construção da Usina Hidrelétrica de Furnas. Na déca-da de 80, o empresário Marcos

Valle Mendes, então diretor da empresa, deu início às obras, cujo projeto havia sido concebido dois anos antes. Os serviços iniciais para a construção do “Complexo Integrado de Residência Campestre Lazer e Recreação” consistiam apenas em urbaniza-

ção, construção de barragens para contenção de nascentes e construção de estações de pis-cicultura. Hoje a estrutura conta com uma invejável e sofisticada rede de serviços que emprega mais de 1300 pessoas e caracte-rizam um estilo de vida.

Mercado imobiliário As mais de 700 casas do bal-

neário competem na beleza e sun-tuosidade e movimentam o merca-

do imobiliário na região. Segundo o corretor de imóveis, Elei José da Silva, que há nove anos trabalha em Escarpas do Lago, as residên-cias variam de R$200mil até R$5 milhões. “O preço varia muito por-que 95% das casas são vendidas com todos os móveis, utensílios,

veículos e até embarca-ções. Além disso, a varia-ção pode ocorrer também em virtude da localização”, explica o corretor.

Ter um imóvel para alugar nas férias, finais de semanas ou feriados também é uma ótima opção de investimentos em Capitólio. Segundo o corretor, o aluguel de uma

casa para fim de semana custa em torno de R$5mil em dias comuns. Nos feriados prolongados, este número pode ultrapassar R$30mil. “Semana santa, carnaval, natal. Nestas épocas os preços sobem mesmo, o feriado já virou tradição, vem gente de Recife, Montevidéu, Londres, de todos os cantos. As ruas ficam cheias de Lamborghinis e Ferraris”, comenta Silva, referin-do-se a alguns dos carros mais desejados do mundo.

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70% do IPTU arrecadado em Capitólio

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Tudo isso contribui para que o metro quadrado de Escarpas do Lago esteja entre os mais valo-rizados do Estado. “Um lote de mil metros quadrados pode variar de R$100mil a R$ 1,5milhão”, conta o corretor.

Importância econômicaApesar de ser apenas um

bairro, Escarpas do Lago possui uma estrutura semelhante à de um Condomínio, com administra-ção própria e acesso controlado. Uma guarita verifica durante as 24 horas do dia a entrada e saída de todos que passam pelo balneário.

A área de lazer comum aos moradores compreende um clube campestre com sede náutica de mais de 700 metros quadrados de área construída, oferecendo aos turistas restaurantes, lanchonetes, piscinas, saunas, vestiários, salões de jogos, quadras para várias modalidades esportivas, ginásio coberto e playground.

Com o Lago de Furnas, a prática de esportes náuticos é

uma das principais atrações de Escarpas e também uma gran-de fonte de serviços. Mais de 600 embarcações de pequeno, médio e grande porte circulam pelas águas cristalinas da represa do Rio Grande.

Os turistas podem contar com garagens cobertas e des-cobertas para as embarcações, guincho náutico, oficina completa para reparos e manutenção, anco-radouros e bombas de abasteci-mento para estas embarcações.

Para manter toda esta estru-tura, milhares de empregos dire-tos e indiretos, empreendimentos náuticos e de serviços turísticos, o município atrai um número cada vez maior de pessoas em busca de trabalho.

A dissertação de mestrado “O Turista de Segunda Residência e os Impactos da atividade turística: O Caso do Balneário Escarpas do Lago em Capitólio-MG”, de Luiz Neves de Souza, aponta Escarpas como o principal responsável pelo crescimento populacional do

município, devido às melhores condições de trabalho criadas com o balneário.

De acordo com dados ana-lisados pelo turismólogo, no período entre 1980 e 1991, a população cresceu 30,63%, o dobro do índice apresentado em todo o Estado.

De acordo com o Departa-mento Municipal de Turismo de Capitólio, o balneário estimula também o turismo fora do bair-ro. “Os turistas de Escarpas frequentam também as festas e atrativos naturais da cidade, além disso, movimentam também o comércio”, afirma a diretora do departamento Fabiana de Melo Silva Batista.

Para se ter uma idéia da impor-tância econômica de Escarpas do Lago para o município, em 2004, dos cerca de R$ 635 mil arreca-dados com o Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU), mais de R$465 mil vieram do balneário e a margem de 70% permanece nos dias de hoje.

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Nesses tempos de anorma-lidade e medo, não raro, surgem boas idéias e soluções promis-soras. No primeiro semestre de 2009, nascido sob a intimidação da crise financeira internacional, houve, no Brasil, algumas mos-tras disso. Uma das proposições estimulantes é o pacote de finan-ciamento habitacional apresentado pelo governo federal, que recebeu o sugestivo nome de “Minha Casa, Minha Vida”. Em entrevista coletiva

concedida em junho, o ministro Marcio Fortes (das Cidades) falou sobre o programa, que foi apro-vado em 13 de abril, por meio da Medida Provisória (MP) 459.

O ministro fez questão de res-saltar a meta do “Minha Casa, Minha Vida”: efetivar a construção de um milhão de moradias para famílias com renda mensal de, no máximo, dez salários mínimos. O pacote de medidas favorece cons-trutoras e incorporadoras, mas

estende os braços a todo o setor, ajudando a reduzir, por exemplo, o preço de materiais para constru-ção, de impostos, de taxas para registro de imóveis e também o custo de seguros, uma vez que acaba com a venda casada de seguro e financiamento imobiliário.

Com os incentivos e facili-dades do programa, o Ministério das Cidades almeja reduzir em 14% o déficit habitacional brasi-leiro, hoje estimado em mais de

Dinorá Oliveira

Lar, doce lar!Sonhos concretizados: famílias menos abastadas e setores ligados à construção civil celebram os incentivos - assim como os resultados - do pacote de financiamento habitacional “Minha Casa, Minha Vida”.

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sete milhões de moradias. Essa falta de teto atinge, sobretudo, a camada da sociedade que ganha até seis salários mínimos. Tal grupo representa mais de 90% dos “sem casa”. A informação é do presiden-te do Sindicato das Indústrias de Construção de Minas (Sinduscon-MG), Walter Bernardes de Castro, que é economista e advogado. Para ele, diante dessa realidade, o “Minha Casa, Minha Vida” acertou em cheio, uma vez que “ataca” primordialmente a faixa social onde há maior concentração do déficit de moradias.

Programa de família

Com investimento federal da ordem de R$ 34 bi, o “Minha Casa, Minha Vida” visa, primor-dialmente, àqueles que ganham até três salários mínimos. A eles serão destinadas 400 mil mora-dias. Nesse segmento, por dez anos, a prestação mínima será de R$ 50 e a maior não pode ultrapassar 10% da renda do trabalhador. O restante será sub-sidiado pelo Governo Federal (R$ 16 bi de subsídios). Outra boa nova é a isenção do seguro.

Sem este, as prestações podem cair em até 35%.

Líndia Ferreira Lima é auxiliar de serviços, e garante um “extra” trabalhando como diarista nos “dias de folga”. Tão logo o pacote foi anunciado, a trabalhadora se inscreveu para o financiamento da (tão sonhada) casa própria. Situada na faixa salarial mais baixa, e também mais beneficia-da pelos incentivos propostos no programa, a trabalhadora diz que esta é a melhor oportunidade que já teve para conquistar um teto seu e garantir um futuro mais tran-quilo para as três filhas. “Estou de dedos cruzados. Assim que ouvi falar, corri para pegar a ficha e me inscrever. Tenho muita esperança, como nunca tive antes. Para mim, comprar uma casa sempre pare-ceu um sonho quase impossível (só se eu ganhasse na loteria). Mas, agora, com esta chance, acho que vou conseguir, se Deus quiser”, anima-se.

O programa ainda oferece vantagens para quem ganha de três a seis salários e também àque-les que têm renda entre seis e dez. Nesses casos, porém, existem

outras condições de financiamen-to. Mas também com subsídios governamentais. As famílias que têm renda de até seis salários míni-mos, por exemplo, terão R$ 2,5 bilhões do Governo Federal e R$ 7,5 bilhões do FGTS. Para elas, a prestação pode chegar a 20% da renda do beneficiário. Além disso, o subsídio individual vai depen-der da localização do imóvel. Os financiamentos destinados aos que estão na faixa mais alta de ganhos (de seis a dez salários) terão estí-mulos com o Fundo Garantidor e a redução do seguro.

Agradar a gregos e troianos?O microempresário René

Lemos é um dos que podem usu-fruir desses estímulos, mas não está totalmente satisfeito com eles. Embora tenha adquirido seu pri-meiro apartamento, ele confessa que não financiou exatamente o que desejava, em razão de não poder ultrapassar o valor de R$ 100 mil. Ele acaba de completar 30 anos e se presenteou com o imóvel. “Na verdade, eu queria comprar um dois quartos, para ter mais espaço para receber a família, que mora no interior. Mas, para me encaixar na faixa financiada pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’, tive de optar pelo apartamento de apenas um quarto. Mesmo assim, estou muito contente: o apartamento é novinho e fica num local muito bom, perto de tudo”, alegra-se o novo proprietário.

O ministro fez questão de ressaltar a meta do “Minha Casa, Minha Vida”: efetivar a construção de um milhão de moradias

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A meta é um milhão de novas moradias: mais casas, empregos, geração de renda e negócios

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Histórias similares à de René são uma das fontes geradoras das poucas críticas que o pacote tem recebido. Este é o caso da enfer-meira Carmem Lúcia Paula “Eu queria financiar um apartamento no bairro em que sempre morei, na região Noroeste de BH. No entanto, não é possível achar um três quartos de até R$ 100 mil ali naquele bairro. E eu tenho três

filhos. Preciso de algum espaço. Não quero luxo, quero tranquili-dade para minha família. Morar lá “onde Judas perdeu as botas” não dá. Acho que os financiamen-tos deveriam levar em conta, além da renda familiar, os custos dos imóveis, lembrando-se também da classe média”, reclama.

A reclamação de Carmem esbarra na convicção do presi-dente do Sinduscon-MG, Walter Bernardes. Para ele, a classe média já se beneficiou em outros momentos da História. Além disso, ele esclarece que há outras linhas de financiamento, inclusi-ve de bancos privados, e que teriam taxas bastante competiti-vas, visando ao financiamento de imóveis acima de R$ 80 mil. Ou seja, a classe média também tem como se satisfazer, mas fora do “Minha Casa ...”. Por outro lado, a queixa da enfermeira encontra eco nas palavras do presidente

do Creci-SP, José Augusto Viana Neto. Durante um congresso imo-biliário, realizado em Gramado (RS), após o lançamento do paco-te, Viana teria sentenciado que “o Governo errou no foco, ao se pre-ocupar somente com a questão econômica do País, esquecendo-se da ordem estrutural e social”. Para Viana, uma boa solução seria ampliar o valor destinado ao programa, abarcando também o financiamento de imóveis usados. Com isso, poderia se gerar eco-nomia, devido à movimentação das indústrias periféricas da cons-trução civil.

No mesmo evento, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (um dos pales-trantes), mostrou visão mais oti-mista. Rigotto teria saudado o pro-grama como um ótimo estímulo ao setor de construção e à economia do País, elogiando ainda a deso-neração dos custos de setores

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Para Bernardes, o programa acertou em focar as camadas menos favorecidas, nas quais o déficit habitacional é enorme

Primeiros impactos do pacote imobiliário(levantamento referente ao primeiro semestre)

•R$ 17,5 bilhões – é o montante que a CEF já aplicou neste 2009•R$ 1,5 bilhão do total é referente ao “Minha Casa, Minha Vida”•351 mil contratos foram fechados (recorte na História da Caixa)•75% é o aumento do número de contratos, em relação ao mesmo período de 2008

Outras boas novas:

•Propostas para a redução da burocracia e agilização dos processos nos bancos estatais•Redução/isenção de seguros•Entre 75 a 90% de redução nos custos cartoriais para empreendedores•Cartório gratuito para mutuários com renda entre 3 e 6 Salários Mínimos•R$ 5 bilhões de recursos da União para as construtoras do setor privado•Desoneração de setores da economia ligados à cadeia produtiva da construção•Redução do déficit habitacional do País•Geração de empregos•Expectativas de crescimento de setores ligados à construção

Fechando o cenário positivo:

•R$ 22 bilhões é o total previsto pela Caixa para crédito à micro e pequena empresa em 2009•R$ 90 bilhões é o total previsto pela Caixa para crédito geral neste 2009•Atualmente, a CEF está com a menor taxa de inadimplência d e sua História, resultando em mais

segurança, credibilidade e negócios.

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periféricos, como o de materiais de construção. No entanto, o pales-trante se mostrou condescendente com a visão de Viana, sobre a extensão do programa aos imó-veis usados, afirmando que “uma coisa não inviabiliza a outra”. O presidente do Sinduscon-MG, por seu turno, destaca que a maior geração de empregos e negócios está mesmo é nas novas cons-truções. Além disso, de acordo com Bernardes, não existe número suficiente de imóveis prontos para saldar a demanda da faixa social que mais precisa de casa.

A despeito das críticas, em entrevistas recentes, Maria Fernanda Ramos Coelho, presi-dente da Caixa Econômica Federal (CEF) - principal agente financeiro do setor imobiliário - tem reiterado que o banco tem feito estudos permanentes, todos visando à redução de juros para o crédito em geral. Ela afirma ainda que as “taxas para micro e peque-nas empresas chegaram a cair de 6% para 2,44%, ao ano, para operações com o fundo garanti-dor”. A queda das taxas de juros permitirá mais fluxo de recursos também para a poupança (outra fonte de verbas para financiamen-to da habitação, principalmente para classe média). Aliando-se a isso o aumento da demanda, a desburocratização prevista para futuros financiamentos na CEF (ainda em médio prazo) e novas modalidades de financiamento, o resultado deve ser uma “carona” para classe média.

Programa de empresáriosInsatisfações à parte, é fato

que o pacote garante ao “brasileiro comum”, sobretudo de camadas menos favorecidas, como Líndia Ferreira, possibilidades mais plausí-veis de ver edificado seu “lar, doce

lar”. Mas não é só a eles que os incentivos e vantagens chegam. Embora existam reclamações, a maioria em razão da restrição do custo dos imóveis (R$ 100 mil em BH e R$ 130 mil em São Paulo)

a serem financiados pelo “Minha Casa, Minha Vida”, existem tam-bém benefícios que decorrem do lançamento do pacote. A redu-ção nos custos dos insumos da construção, por exemplo. Afinal, produtos mais em conta resultam em edificações mais baratas.

O aumento da demanda, além de alegrar o empresariado da área, estimula projeções positivas. “Este é um daqueles momentos históri-cos para a indústria da construção e o mercado imobiliário”, declarou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, em discurso no Palácio do Itamaraty, falando sobre o lançamento do pacote de financiamento habitacional.

Talvez, neste início, ainda sob os “primeiros calores” do progra-ma, tenha ocorrido certo acrésci-

mo nos preços (cerca de 8%): afi-nal, grande procura valoriza o bem almejado. E se há algo inegável é o aumento da busca pelo financia-mento da casa própria. O simula-dor de financiamento habitacional

da Caixa, por exemplo, passou de 74 mil para 450 mil acessos por dia, com mais de 1 milhão de simulações de novos financiamen-tos da casa própria. Os empreen-dedores imobiliários também têm se surpreendido com o aumento na procura e com o crescimento de visitantes em estandes de ven-das e apartamentos-padrão. Além desse empurrão no entusiasmo popular, o “Minha Casa...” trouxe uma linha especial de financiamen-to (R$ 5 bi) para as construtoras, a fim de estimular investimentos em infraestrutura. Nesse caso, os arquitetos terão até 36 meses para saldar o empréstimo, com carência de 18 meses (prazo de conclusão da obra).

Há mais: dentro das propos-tas do pacote, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

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Esperança: Líndia e as filhas têm fé na concretização do sonho da casa própria

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Social (BNDES) também ofere-ce linhas de crédito. Estas visam atender à cadeia produtiva do setor de construção civil, a fim de ampliar a qualidade. O BNDES pretende, ainda, dar estímulos a propostas que garantam meno-res prazos de entrega e também àquelas que se propuserem a

reduzir custos e minimizar impac-tos ambientais. Portanto, dian-te de tantos prós e tão poucos contras, é possível supor que o novo programa de financiamento habitacional brasileiro ainda deve garantir bons ventos para a cons-trução civil (e setores “adjacen-tes”). E a brisa de otimismo tem

se aproximado, cada vez mais, da grande fatia da sociedade que sonha em ter o próprio chão. Para completar a beleza do cená-rio, ainda há a “força extra” do BNDES, que ajudará a garantir que, ao construir a casa de cada um, não seja esquecida a casa de todos nós.

Além da escassez de “tetos”, vale lembrar que a ilegalidade em que muitas construções se encon-tram é outro empecilho ao aque-cimento de negócios imobiliários. Em Minas Gerais, por exemplo, segundo estimativa da Secretaria Extraordinária Estadual para Assuntos de Reforma Agrária (Seara), existem cerca de 250 mil famílias sem o titulo de propriedade na área rural. Na zona urbana, são cerca de 700 mil pro-priedades sem escritura. Realidade que dificulta novas construções, reformas ou outros investimentos imobili-ários. “A regularização permite acesso a financiamentos urbanos e rurais, com conseqüente aquecimento dos negócios no mercado da construção civil. Ou seja, com mais moradias e regularizadas, ganham a população, os construtores, a indústria, o comércio, seja ele de moradias, materiais de construção ou outros insumos”, explica o Secretário Estadual para Assuntos de Reforma Agrária, Manoel Costa.

O Título de Propriedade, devidamente registrado no cartório de registro de imóveis, confere ao titular a segurança jurídica, pela qual ele poderá acessar linhas de crédito em bancos oficiais e privados, além de programas de governo, como o Pronaf, no caso rural. Na área urbana, essas famílias poderão se candidatar a linhas de crédito junto à Caixa Econômica Federal e bancos privados para reforma do imóvel. Em ambos os casos, isso significa dinamizar a economia das comunidades, pois o dinheiro fica no município, gerando emprego e renda.

A Seara faz um trabalho consistente, cujo foco principal são os municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produto Interno Bruto (PIB), onde naturalmente também são mais baixos os índices de regulariza-ção de terras. Manoel Costa defende que a experiência mineira seja expandida por todo o país. Segundo ele, esse modelo já é uma referência nacional tanto pelo fato de ter adotado uma nova metodologia quanto com a preocupa-ção de resgatar a cidadania dos pequenos produtores rurais e de agricultores familiares.

O secretário afirma que, para um município se desenvolver, tem que ter basicamente mercado comprador e matéria-prima. Se não há terreno regularizado, as empresas não se interessam pelo município. Conforme o titular da Seara, o ideal seria que os prefeitos, vereadores e a comunidade se preocupassem com a regulariza-ção fundiária, aproveitando o momento e facilidades que o governo estadual está oferecendo.

A escritura que falta na hora do crédito

O Secretário Estadual de Reforma Agrária, Manoel Costa, entrega título de propriedade

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O crescente número de faculdades e cursos profissiona-lizantes não se mostra suficiente para atender à demanda do mercado, que sofre com a falta de profissionais mais qualifica-dos, com o turn over e comprometimento da competitividade.

A solução para um mundo melhor exige de nós situar no futuro, os efeitos das ações presentes.

O que espera uma sociedade que ainda negligencia a educação integral, que oferece aos seus “clientes” - os alunos - apenas os conhecimentos academicistas, desconectados da visão contextualizada em que aprender e ensinar são faces do mesmo objetivo de desenvolver?

O que esperar de homens e mulheres que ainda veem o trabalho como algo sacrificial e desvinculado de seus projetos de vida pessoal? O que esperar das organizações que con-tratam pessoas sem considerar o estilo cultural que rege suas relações e que implantam programas de desenvolvimento sem uma análise profunda do perfil dos homens e mulheres que serão submetidos a tais iniciativas, afim de estabelecer o alinhamento entre as expectativas do grupo com os objetivos da empresa?

Respeito à diversidade pressupõe também o favorecimen-to da compreensão e o acolhimento do diferente. Deveríamos nos empenhar em analisar a geração de trabalhadores que ora ingressa no mercado, a fim de criarmos as condições indispen-sáveis para que eles consigam, além de integrar-se ao mundo do trabalho, encontrar clima propício para se desenvolverem de modo a liderar equipes para enfrentar os desafios de uma realidade cada vez mais imprecisa.

A educação ministrada nas institui-ções brasileiras ainda privilegia conteú-dos, fragmentos de especialização, com olvido de que o aluno carece de orienta-ção e preparo para a vida, para a convi-vência e desenvolvimento de habilidades e atitudes. As organizações, por sua vez, trazem o foco nas próprias necessida-des, marcadas por prazos encolhidos e buscam então, no estagiário, a mão de obra que representa a continuidade para os seus processos, projetando nesta par-ceria a esperança na aquisição de novos talentos para compor seus quadros.

Os jovens que hoje ingressam nos programas de estágio, diferem em muito dos profissionais que fizeram “carreira” nas empresas ao longo dos últimos vinte anos. Seus valores são outros, pois seguem suas consciências em detri-mento da obediência hierárquica, con-dição presente em muitas das grandes empresas brasileiras. São informais por natureza, tendo dificuldade em respeitar a hierarquia, sem que isto constitua desres-peito. Quando necessi-tam de uma permissão

e sabem de onde ela virá, não hesitam em

ir direta-

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Arti

goFátima Ferreira

Desenvolvimento dos diferentes

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““objetivos, por vezes se aproximam da agressividade, quando não se acanham na passividade pelo medo de errar. Exatamente por isso não podem com-preender o comportamento tão comum da geração dos boomers, que dizem uma coisa quando a bem da verdade desejariam dizer outra, mas é regido pelo modelo mental da obediência à hierarquia e às normas e convenções. Estes jovens profissionais não suportam os discursos moralistas, mas costumam atender aos bons exemplos.

Nós, os profissionais de recursos humanos, os sociólogos e demais pro-fissionais afinizados com o comporta-mento humano, imbuídos do propósito de compreender para melhor contribuir com a melhoria da qualidade de vida no mundo corporativo, precisamos compar-tilhar idéias que viabilizem a construção de ambiência capaz de, por um lado, albergar a explosão de energia, otimismo e criatividade que o novo contingente de pessoas, esses construtores do nosso futuro, têm para oferecer, e de outro, ajudar a desconstruir a resistência natural que eles encontram, por parte das demais gerações, com suas próprias expectati-vas, necessidades e modelos mentais.

mente, passando “por cima” dos cargos e papéis, a titulo de agilidade na resolução de problemas.

Eles são fruto de um movimento edu-cacional em que a sociedade os protegeu de tal modo, para preservarem-nos da ausência dos pais, dos cuidados urbanos, que se viram dispensados de galgar os degraus ascencionais que nos conduzem ao nível poste-rior, na pirâmide de Maslov... simplesmente foram situados no topo e passaram a se orientar por sentido, pela busca de significado. Este salto de etapas, contudo teve um preço. Protegidos das necessidades fisiológicas e de segurança pelos pais superprotetores, não tiverem de se esforçar, muitas das vezes, nem em construir um espaço para serem aceitos nos grupos. Os professores tiveram de atuar como cuidadores, passando a interferir para que fossem aceitos nos grupos, a partir de “combinados”, que depois não encontraram ressonância no mundo dos adultos, ainda regi-do por normas, frequentemente bastante inflexíveis.

Para muitos, a tecnologia não se constitui de uma ferra-menta, mas de um estilo de viver, em que o planejamento, o pré-estabelecido, cedem lugar à descoberta, ao novo e imediato, que invalida, sem preâmbulos, a realidade ante-rior. Isto reflete na rebeldia com que, às vezes, ele reage às regras, aos resultados de longo prazo, que para ele são algo distante e desestimulante.

Assim, promessas de carreira, promoções futuras e projetos de longo prazo são fatores de falta de motivação que provocam o turn over. Não costuma criar laços afe-tivos profundos nas relações profissionais, embora sejam capazes de atender demandas, movidos mais pelo desejo de agradar os vínculos pessoais estabelecidos do que pela pretensão de conquistar cargos.

Uma das maiores dificuldades dessa geração é a falta de alinhamento entre o discurso e a prática. São diretos e

Fátima Ferreira

é consultora de

RH, especialista em

Gestão Estratégica

de Pessoas,

Master Coach pelo

ICI e presidente da

Fator Estratégico

Consultoria, em Belo

Horizonte.

Os jovens que hoje ingressam nos programas de estágio, diferem em muito dos profissionais que fizeram “carreira” nas empresas ao longo

dos últimos vinte anos.

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“BH não tem mar, mas tem bar”. A máxima que motiva os freqüentadores de bares e restau-rantes na capital mineira propor-ciona, mesmo em tempos de crise econômica mundial, dias ensola-rados com um límpido céu azul na “praia” preferida pelos mineiros.

Basta passear pelas ruas da capital mineira após o pôr-do-sol para deparar-se com bares e restau-rantes lotados. Nas descontraídas e animadas conversas em mesas espalhadas pelas calçadas ou em ambientes mais sofisticados, o mineiro não se importa de gastar

para se divertir nas mesas de bar. O setor passa longe da ressa-

ca e não para de crescer. O harmo-nioso ritual que contribui para aliviar o estresse do dia a dia movimenta a economia do Estado, mensal-mente, com R$ 900 milhões. A Associação Brasileira de Bares e

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cado

Praia mineira com dias ensolaradosBares e restaurantes de BH estão imunes à ressaca provocada pela crise mundial.Setor cresce 12% ao ano

Regiane Santos

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Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais estima um crescimento de 12% para o segmento em 2009, com expansão de R$ 108 milhões na receita.

A “maré está para peixe” deste o ano passado, quando, de acordo com a entidade, o setor teve um

crescimento de 8% em relação a 2007. O tão temido fantasma do desemprego não assolou os bares e restaurantes de Belo Horizonte, que empregam 72 mil pessoas em Belo Horizonte - 300 mil no Estado – e não registraram, até o momento, demissões motivadas pela crise econômica mundial.

Minas Gerais tem 50 mil bares, sendo que a capital minei-ra concentra mais de 25% deste diversificado universo de lazer e entretenimento. São quase 12 mil estabelecimentos, ou seja, um bar para cada 166 habitantes. Não surpreende então que o prefeito Márcio Lacerda tenha sancionado, em maio deste ano, a lei 9.714, que institui Belo Horizonte como a Capital Mundial dos Botecos, confirmando, oficialmente, a práti-ca a qual os belo-horizontinos são prazerosamente afetos.

Sem preocupação O empresário Edmar Roque

tem cinco casas em Belo Horizonte, algumas delas mais novas, como o Pomodoro e o Butecando e outras que se perfilam entre as mais anti-gas da cidade, como a Cantina do Lucas, um restaurante a “la carte” de farta crônica histórica, que resis-

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Edmar Roque: bares e restaurantes não foram afetados pela crise

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iro

te há 47 anos. Roque também é proprietário da Casa dos Contos, na Savassi, que existe há mais de 25 anos e ainda é o preferido de jornalistas, sociólogos, arquitetos e outros pensadores da política e das artes. Juntos, esses estabele-cimentos recebem cerca de 22 mil pessoas por mês.

“Quem está no mercado há muito anos”, diz Roque, “já atra-vessou várias crises e conhece seus efeitos. Nos turbulentos anos 80 e 90, o setor viu o fechamento de casas pelos mais diversos moti-vos – empresários despreparados, aventureiros ou até mesmo alguns mais equilibrados fecharam suas portas. Normalmente, o setor sente os efeitos de crises, porque quan-do o dinheiro fica curto, uma das primeiras providências é cortar o jantar fora de casa”.

O que não é o caso agora, diz o empresário, que viu suas vendas crescerem 12% nos últimos 12 meses. “Hoje eu acho que nós não estamos em crise. É claro que, em um primeiro momento, houve uma expectativa, uma certa inse-gurança, mas a economia brasilei-ra, mais madura, nos trouxe mais segurança e bares e restaurantes

não chegaram a ser afetados”. As casas de Roque empregam 200 funcionários e ele não demi-tiu ninguém. Pelo contrário, está investindo na expansão da rede. Prova disso é a abertura, para breve, de uma nova casa: a Casa dos Contos do Jardim Canadá, com 360 lugares.

Novos horizontes “Nadando de braçada” neste

próspero mar mineiro também está o Porcão. Inaugurada no ano de 2003 em Belo Horizonte, a churras-caria carioca que integra uma das maiores cadeias de restaurantes em sistema rodízio do país, faturou, em 2008, R$ 12 milhões somente em sua unidade localizada na capital.

Com seus negócios em Belo Horizonte indo de vento em popa, o Porcão BH pretende concluir, no segundo semestre deste ano, a revitalização de seu bar. O projeto denominado “Buteco Chic” alme-ja agregar ainda mais glamour à refinada churrascaria, dividida em requintados salões com decoração exclusiva e vista privilegiada para a Serra do Curral.

Com a reforma, o Grupo Porcão pretende elevar ainda

mais as cifras de seu faturamento, ampliando sua clientela junto ao público A e B. “Será feito um tra-balho direcionado para a captação de clientes da rede hoteleira e aero-portos, divulgando o restaurante como opção gastronômica e de entretenimento na capital minei-ra. Apostamos no aquecimento do setor turístico neste ano, devi-do à instabilidade externa”, afirma o gerente geral do Porcão BH, Ronaldo Serpa.

Atualmente com 145 funcio-nários, a unidade Belo Horizonte vai ampliar ainda mais seu quadro de colaboradores. “Vários setores serão reformulados no Porcão. Até dezembro, devemos contratar mais pessoas para atuar na área comercial de BH”, observa Serpa.

Padrão de atendimentoEnquanto empresas de fora

também fincam sua barraca na praia mineira, os empreendedo-res daqui vão buscar, na fonte, a melhor maneira de trabalhar. “O empresário mineiro trouxe de São Paulo um padrão de excelência, tanto no atendimento quanto na gastronomia. O resul-tado é que temos hoje um dos serviços com mais qualidade no país”, acredita o empresário Pedro Martins da Costa, da rede Gourmet, à qual está ligado um mix variadíssimo de casas, que inclui choperia, pizzaria e restau-rantes de comida internacional. Juntos, eles empregam mais do que muitas grandes empresas: são cerca de 300 funcionários.

Santa Fé, Vila Madalena, Germano, Udom e Pizzaria Olegário são endereços aos quais acorrem 1.800 pessoas por dia, cada vez mais fiéis. Uma das estratégias para que isso aconteça é o cartão fidelidade, parceria da rede Gourmet com

Pedro Martinsda Costa: padrão de excelência

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a Mastercard, Johnny Walker e Melissa. Com ele, o cliente assí-duo acumula pontos e ganha

prêmios como camisas, mochi-las, copos ou baldes de gelo. “Está dando tão certo que várias

empresas estão querendo aderir e patrocinar o cartão”, garante Martins da Costa.

SUPERE61

Todos os anos, o Comida di Buteco lota os bares participantes do já tradicional – completou 10 anos em 2009 - festival gastronômico. A maratona em busca do mais saboroso tira-gosto e a cerveja mais gelada levou este ano, segundo o Vox Populi, 400 mil pessoas a percorrerem os 41 estabele-cimentos participantes do circuito. “A Saideira”, festa que marca o encerramento e a premiação do concurso, reuniu um público estimado em mais de 40 mil pessoas.

O festival gastronômico proporciona não só o fomento da economia local, mas também o aper-feiçoamento na gestão dos negócios de bares e restaurantes. “Este evento é uma vitrine para o setor. O público se sente motivado a freqüentar os bares que, conseqüentemente, vendem mais, fidelizam clientes e realizam melhorias no estabe-lecimento com os lucros gerados, criando, assim, um círculo virtuoso”, argumenta o presidente da Abrasel Minas, Paulo Nonaka.

“Vamos Butecar”

Bares em números Seis milhões de vagas. O expressivo número equivale à quantidade de postos de trabalho gerados por bares e restaurantes no Brasil. Minas Gerais concentra 300 mil vagas de emprego e Belo Horizonte, 72 mil. No ano passado, a Abrasel registrou a existência de 780 mil bares e restaurantes em todo país, que são responsáveis por 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB).Alimentar-se fora de casa em função da rotina da vida moderna também motiva a grande concentração de receitas no setor. Daqui a uma década, estima-se que 40% dos brasileiros irão passar a comer fora, elevando consideravelmente o faturamento do segmento, que poderá atingir o equivalente a 4% do PIB.

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ano em barril e dois na garrafa. Os gran

reserva passam cinco anos na bodega,

dos quais pelo menos dois em barril. Os

vinhos brancos e rosès têm um tempo

na cantina mais curto, varia de um ano

para o crianza a quatro anos para um

gran reserva. Mas em qualquer uma das

categorias, a passagem por madeira é de

no mínimo seis meses.

O sistema de denominação, DO

(Denominación de Origen) e DOCa

(Denominación de Origen Calificada)

exige atenção, já que são mais de 60

regiões demarcadas e elas não apresen-

tam a mesma qualidade. Não daria para

mencionar as melhores já que são várias,

mas vamos falar de algumas como a

Rioja: foi promovida de DO a DOCa em

1991, é dividida em Rija Alta, Rioja Baja

e Rioja Alavessa. Produz principalmente

tintos de vários estilos. Ribera sel Duero:

produz poucos brancos e rosès. Seus

tintos disputam a hegemonia com os da

Rioja, são vinhos maravilhosos com boa

estrutura para envelhecer. O vinho mais

famoso e caro da Espanha está nesta

região, é o Veja-Sicilia. Priorato: esta

região está dentro da Catalunha, onde as

cooperativas predominam, mas algumas

vinícolas modernas usam mais o carvalho

francês que o americano, produz vinhos

de primeira classe. Penedés: também na

Catalunha, produz tintos potentes, mas o

destaque da região é a cava (nome dos

espumantes espanhóis), usando as uvas

Macabeo, Xarel-lo, Parellada e a francesa

Chardonnay. Até a próxima, TIM, TIM.

Para vermos uma bela tourada, temos que ir a Madri, Mas

para degustar um bom vinho espanhol, as opções são inúmeras,

mesmo sem ir à Espanha. Terceiro maior produtor de vinhos e o

maior em área cultivada com uvas, a Espanha já produzia vinhos

com os fenícios por volta de 1900 a.C. As primeiras evidências,

porém, foram deixadas pelos romanos, que fermentavam o mosto

em tanque talhado nas rochas, o que pode ser visto ainda hoje na

região de Rioja.

Os vinhos tintos, que no passado eram um pouco dese-

quilibrados com madeira excessiva – às vezes eram encontra-

dos vinhos com aroma e gosto de madeira podre – ganharam

investimentos nos vinhedos e nas bodegas e passaram a ter um

estilo mais vibrante, vigoroso, com a fruta mais valorizada. Eles

continuam passando por madeira (na maioria das vezes carvalho

americano), mas na medida certa. A uva Tempranillo (tem vários

sinônimos, Ull de Llebre, Tinto Fino, tinto Del País, Tinto Del Toro,

Cencibel entre outros e dois em Portugal, Aragonez no Alentejo e

Tinta Roriz no Douro) é a principal uva tinta da Espanha e produz

vários estilos de vinhos, dependendo do terroir. Podem ser mais

tânicos como os da região de Toro, ou mais leves; podem variar

de aromas de tabaco, especiarias e couro a aromas de frutas

frescas.

Os brancos, que não eram muito apreciados por serem ama-

relos e oxidados, hoje têm frescor e elegância, principalmente os

produzidos na região noroeste com a uva Albariño. A legislação

está sendo mudada e algumas novas regras estão sendo implan-

tadas. Os vinhos espanhóis são bem claros mesmo envelhecidos.

Quando o rótulo mostrar a expressão Vino Joven ou Sin Crianza,

este é um vinho que não passou por barrica ou permaneceu

menos de seis meses. Crianza é o vinho que permaneceu pelo

menos dois anos na vinícola, dos quais pelo menos um ano em

barril de carvalho. Na maioria dos países produtores de vinho, a

menção reserva ou gran reserva nos faz entender que aquele é o

melhor vinho daquele produtor, mas não existe uma lei para estas

categorias. Na Espanha, o reserva indica que o vinho permane-

ceu no mínimo três anos na cantina, dos quais pelo menos um

Vinhos

* Professor da ABS-Minas e Sommelier da PIZZARIA OLEGÁRIO: Av. Olegário Maciel, 1748 Lourdes - BH - MG - Tel.: 31 3292 4692 - [email protected]

O país de vários estilos de vinhos

Por Arilton Soares*

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Envie suas sugestões para esta coluna. End.: Av. Prudente de Morais, 44 - 3º andarCidade Jardim - CEP 30380-000 - BH - MG ou para o e-mail: [email protected]

Indicaommelier upereS

Ontañón Crianza - 2005

Tipo: TintoPaís: EspanhaRegião: RiojaProdutor: Bodegas OntañónCastas: 90% Tempranillo e 10% GarnachaGraduação Alcoólica: 13º GL

Maria de Molina – 2006

Tipo: BrancoPaís: EspanhaRegião: RuedaProdutor: Bodegas Frutos VillarCastas: Verdejo Graduação Alcoólica: 13º GL

EQ - 2006

Tipo: TintoPaís: ChileRegião: Valle do Maipo ( San Antonío)Produtor: MateticCastas: SyrahGraduação Alcoólica: 14º GL

Indica

Crescendo - 2005

Tipo: TintoPaís: PortugalRegião: Alentejo Produtor: Altas QuintasCastas: 80% Aragonez e 20% Trincadeira Graduação Alcoólica: 14º GL

El Huique Reserva – 2002

Tipo: TintoPaís: ChileRegião: ColchaguaProdutor: El Huique Castas: Cabernet SauvignonGraduação Alcoólica: 14º GL

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Arti

goDominic de Souza

Recentemente, presenciamos a morte de um Rei. Para os fãs, morreu um ícone, mas para todos que trabalhavam ao redor ou para este ícone, morreu um líder. Tudo parou, o líder se ausentou. Uma quantidade grande de líderes está tentando se reorganizar para substituir este ícone neste momento tão delicado, mas será que estavam realmente preparados para uma ausência desta magnitude?

Mas o que estamos fazendo para que isto não ocorra na nossa vida profissional? Será que estamos preparados para caminharmos sozinhos, sermos um líder? Quero que pense e se questione sobre estas palavras e se praticá-las todos os dias, tenho a certeza que nunca sofrerá na ausência do seu líder. Resiliência, Comunicação, Disciplina, Confiança, Congruência e Resultado são as palavras que devemos exercitar como exercí-cios físicos diários e tenho certeza que você já os pratica hoje!

Como está a nossa capacidade de sermos resilientes, de voltarmos à forma original depois de uma ocorrência, sermos como uma esponja que por mais que a deformemos, sempre retorna à forma original como se nada tivesse ocorrido? De quantas quedas já nos levantamos, das broncas ou brigas que engolimos e seguimos em frente? Daquele projeto que não deu certo e rapidamente estávamos prontos para outro, novos em folha como quando o iniciamos? Com qual freqüência exercita-mos a palavra resiliência?

Nossa disciplina faz com que estejamos atualizados e ‘liga-dos” no que acontece ao nosso redor, praticamos exercícios físicos para manter a mente oxigenada e pronta para ser mais ágil em um momento de decisão. De fazer o que deve ser feito por mais chato que seja lidar com as dificuldades todos os dias sem postergá-las, de buscar estar por dentro das estratégias da sua empresa e estar a par dos projetos que nossos líderes estão envolvidos.

A comunicação hoje é a principal qualidade dos grandes líderes. Qual foi a última vez que realizou uma apresentação

ou liderou uma reunião? As pessoas te entendem quando você fala? Está sem-pre clara sua mensagem, as pessoas executam o que você pediu? Você conse-gue ouvir o outro ou apenas a sua própria voz? Sempre esquecemos o principio da comunicação, ele somente existe quando os dois lados estão se entendendo.

Qual o seu nível de confiança? Acredita que tem a capacidade para entregar o que lhe pedem? Está feliz no seu trabalho, sua família te respei-ta, a mensagem que transmite é posi-tiva? Confiança nasce e se desenvolve conforme a sua capacidade de cumprir com o prometido. Não apenas com os outros, as promessas que fez para com você mesmo contam e muito! Realizar as promessas pequenas e grandes é a forma mais eficaz de construir uma con-fiança, aquela confiança que as pessoas percebem de longe. Como uma conta corrente, cada promessa realizada credita um ponto a mais na sua confiança. Não prometa o que não consegue realizar que sua conta corrente ficará negativa.

Congruência, Ah! Congruência, pala-vra simples, mas tão difícil de ser segui-da à risca. Reclamamos que a cidade está um lixo e jogamos lixo no chão.

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Quando ocorrem eventos importantes, percebemos nossa enorme necessidade de líderes.

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Desperdiçamos água e dizemos que esta-mos preocupados com a ecologia, recla-mamos do condomínio e não seguimos as regras, chamamos o elevador de serviço e o social ao mesmo tempo para subir no que chegar primeiro e nas reuniões de condomínio reclamamos que a conta de energia é alta! Xingamos porque alguém quebrou uma lei do trânsito quando temos muitas multas a pagar. Proibimos nos-sos filhos de ver televisão quando não desgrudamos do aparelho e proibimos palavrões quando... não preciso dizer. Quanta incongruência! FAZER o que você FALA! É a frase que traduz em 100% a congruência! Difícil, mas de uma enorme força para conquistar a liberdade. Quando somos congruentes não existem acusa-ções ou desconfortos. Ser líder se torna muito simples quando somos congruen-tes. Estamos fazendo o que falamos?

Por fim resultados. Os america-nos usam duas palavras, Track Record, Histórico de Resultados. Nossas ações sempre falarão mais do que nossas palavras. Feitos e posturas construirão históricos que darão sustentação para sermos líderes e que todos seguirão independentemente de conhecer pessoalmente. Mais importante ainda, darão a confiança de que precisamos para entregar o que prometemos. Comece hoje a prestar atenção nas suas conquistas, celebre as vitórias, relembre e anote feitos do passa-do. Crie um currículo, um track record de conqu i s t as

Dominic de Souza

Senior Sales Specialist

- IBM Tivoli Automation

ITIL Foundations

[email protected]

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simples e grandiosas. Desde conseguir ensinar o seu filho a andar de bicicleta até aquela onde realizou 400% dos objetivos definidos. Tudo que fazemos para nós mesmos volta e reflete nos outros. Para aqueles que já possuem um histórico enorme, elenque os mais expressivos e deixe como legado para contribuir com aqueles que sonham em conquistar o que você já conquistou! Um verdadeiro manual de motivação!

Sempre acredito que toda matéria deve terminar bem, assim, não fiquem tão preocupados se não praticam estas palavras ou se ainda não se sentem preparados para substituir o seu líder. Precisaremos de um líder em todos os momentos e em todas as fases das nos-sas vidas, é uma das necessidades ine-rentes ao ser humano. O que precisamos é estar suficientemente preparados para, na ausência do líder, nos reposicio-narmos no menor prazo de tempo possível para continuar a nossa trajetória de sucesso.

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Com o objetivo de garantir um futuro melhor para a educação de todos os mineiros, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou o Fórum Técnico Plano Decenal de Educação, uma oportunidade que a sociedade teve de apresentar propostas relacionadas ao ensino em Minas, para os próximos dez anos. Com o apoio de mais de 30 entidades e da Secretaria de Estado de Educação, foram realizadas reuniões, na capital e no interior, e consultas pela internet. Mais de mil propostas foram discutidas e 250 delas, aprovadas, podendo ser incorporadas ao projeto do Governo do Estado e transformadas em lei. Saiba mais no www.almg.gov.br

Plano Decenal de Educação. Escrito a muitas mãos.

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