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Page 1: Revista Startup Weekend Rio Favela

EDIÇÃO ESPECIAL

FORAM 54 HORAS NON STOP NO MORRO DA PROVIDÊNCIA EM BUSCA DE

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA RESOLVER PROBLEMAS SOCIAIS

A REVISTA ONLINE DO EVENTO

FOTO: ADRIANO TELES

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quem somos

O começo de tudo

+ O papel de cada um

O evento na

prática

Plataforma saúde

Incoming Brasil Games

+ Pedacinho de mim

Caçambas inteligentes

+ Provi Tendência

www.cdi.org.br

índice

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O Startup Weekend é um evento, mantido pela UP Global, que teve edições em mais de 676 cidades ao redor do mundo. Mais de 600 empresas já foram criadas a partir de ideias sugeridas nesses eventos realizados em mais de 119 países.

Criado por uma instituição sem fins lucrativos e executado localmente por empreendedores voluntários, os Startup Weekend’s são fins de semana de trabalho intenso com uma ideia em mente: como transformar problemas em soluções inteligentes, atrativas para usuários e assim passíveis de receber investi-mento.

O Comitê para a Democratização da Informática – CDI é uma ONG fundada em 1995 que utiliza as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) para melhorar a qualidade de vida da popu-lação de baixa renda, fomentando o exercício pleno da cidadania e

estimulando o empreendedorismo. Nesses 19 anos de atuação, a ONG capacitou - por meio de uma metodologia própria - mais de 1,58

milhão de pessoas nos 10 países em que atua.

Sobre o Startup Weekend

Sobre o CDI

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quem somos

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O começo de tudoA ideia surgiu depois que o fundador e presidente do Comitê para Democratização da Informática (CDI),

Rodrigo Baggio, participou do Startup Weekend Rio (SWRio), no final do ano passado. “Fiquei encantado com a metodologia utilizada pelo SW e pensei: por que não juntar, em um final de semana, desenvolvedores, empreendedores, designers, líderes comunitários e entusiastas numa favela carioca para pensar em como a tecnologia pode ser usada para resolver problemas sociais?”, explicou.

Foi assim que o Startup Weekend Rio Favela (SWRioFavela) começou a sair do papel para virar reali-dade. Rodrigo Baggio procurou os empreendedores Amure Pinho e Alline Jajah, que anteriormente orga-nizaram uma versão do Startup Weekend, para por a ideia em prática. Depois de várias reuniões e troca de informações envolvendo o CDI, a equipe global do SW, os organizadores do SW no Brasil e o time de mentores, chegou-se a conclusão de que sim, era possível realizar o evento.

O papel de cada umAo CDI coube o papel de escolher o local, mobilizar e preparar a comunidade para receber o evento e

buscar apoiadores e patrocinadores para viabilizar o projeto. A logística ficou por conta da Super Comunica, empresa de relações públicas da empreendedora Alline Jajah, juntamente com a equipe do CDI.

O palco escolhido para esse feito inédito de levar o Startup Weekend para uma comunidade foi o Morro da Providência, a primeira favela constituída no Brasil, e que fica localizada entre os bairros do Santo Cristo e da Gamboa, na Zona Portuária do Rio. A Providência recebeu, em abril de 2010, a 7ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) - programa da Secretária Especial de Segurança do Estado do Rio de Janeiro.

As soluções trabalhadas durante o Startup Weekend Favela foram identificadas anteriormente pelo CDI, por meio de workshops com a comunidade, nos quais foi usada a metodologia da ONG para transformação social para identificar os principais problemas que afligem os moradores da Providência: Lixo, Educação, Cultura e Lazer (bailes e eventos) e Geração de Renda.

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O Startup Weekend Rio Favela foi realizado no período de 28 a 30 de março de 2014 no Instituto

Central do Povo (ICP), localizado entre os bairros da Saúde e Gamboa, no Centro do Rio

Um projeto inovador e pioneiro que levou o Startup Weekend para uma comunidade carente no Rio de Janeiro

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O evento na práticaO Startup Weekend Rio Favela (SWRioFavela) foi realizado no período de 28 a 30 de março

de 2014, no Instituto Central do Povo (ICP), espaço cedido pela associação de moradores, em parceria com o CDI. O evento reuniu cerca de 500 pessoas no fim de semana, sendo 150 na sexta e no sábado; e 200 no domingo, dia de conclusão dos trabalhos e escolha dos projetos vencedores.

Além de contar com participantes da área de negócios, programadores e designers, o even-to teve a presença de moradores da Provi-dência e de outras comunidades do Rio, atu-ando nos grupos de discussão e planejamento. Foram 54 horas, 100% dedicadas a tirar as ideias do papel e colocar a mão na massa. Os participantes foram encorajados a desenvolver planos de negócios e apresentá-los a uma ban-ca para avaliação.

No final do processo, as 10 melhores ideias foram apresentadas através de pitches, que são apresen-tações de até 1 minuto. A banca de jurados foi formada por nomes como o ator e empreendedor Luigi Baricelli, o diretor da Startup Brasil, Felipe Matos, e o executivo do programa HP LIFE e-Learning, José Gabarra.

Os cinco projetos vencedores do SWRioFavela foram: Plataforma Saúde, IB Games – Incoming Brasil Games, Pedacinho de Mim, Caçambas Inteligentes e Provi Tendência, todos com grande potencial de su-cesso e de disseminação em outras comunidades, além da Providência, a favela escolhida como piloto para a iniciativa.

O evento contou com o patrocínio das empresas: Assespro-RJ, Brapps – Brazilian Apllication Seminar, Comptia, Estácio (rede de ensino), HP Life, Instituto TIM e Microsoft BizSpark, além do apoio do Sebrae-RJ.

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A Plataforma Saúde foi o grande vencedor do Startup Weekend Rio Favela. O insight sur-giu a partir de um projeto criado, em 2008, pelo Sr. Luiz Augusto de Carvalho, 70 anos, chamado Instituto Coração Mais Saudável, uma instituição social sem fins lucrativos que busca criar novas oportunidades de acesso gratuito a ações que promovam a saúde física e mental da população carente, de forma preventiva.

O Instituto vem realizando oficinas gratuitas de Saúde em diversas localidades do Rio de Ja-neiro, com o apoio de profissionais voluntários, visando identificar preventivamente os riscos cardiovasculares, os agravos e as doenças crô-nicas na população.

Primeiramente, o Sr. Luiz procurou a equipe do CDI Matriz para conseguir adesão de volun-tários para o Instituto, mas ao invés disso ele foi desafiado a apresentar o seu projeto no SW Rio Favela. A ideia inicial era construir uma pla-taforma tecnológica que identificasse possíveis riscos de doenças e agir de maneira preventiva, mas ele não sabia exatamente como isso pode-ria ser feito.

Com a ajuda de mentores de diversas áreas, o projeto avançou para um modelo de negócio social (empresa 2.5), que visa o lucro, mas que reverte o mesmo para a causa social. Com a ajuda do publicitário Rodrigo Rodrigues, de 41 anos, e do especialistas em Marketing Tales Gomes, de 26 anos, surgiu a Plataforma Saú-de, uma ferramenta eletrônica que coleta dados e calcula os graus de risco de cada paciente, formando uma espécie de banco de dados que permite trabalhar a prevenção desses males.

A coleta de informações é feita por técnicos de enfermagem que realizam exames preventi-vos, por R$ 15. Após o diagnóstico de alguma doença, o paciente é encaminhado ao médico especialista do sistema público de saúde. O re-sultado sai em meia hora.

Segundo Rodrigo Rodrigues, o objetivo da Plataforma Saúde é complementar o serviço bá-sico oferecido pelos postos de saúde e Clínicas da Família instalados nas favelas do país.

“Fizemos o piloto e conseguimos, em poucas horas, realizar oito vendas no Morro da Provi-dência”, explicou, garantindo que a ferramenta

Plataforma Saúde

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1º lugar

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não tem a menor pretensão de substituir o pro-fissional de saúde e sim ajudar a desafogar o sistema público.

Apesar do time pequeno, o projeto foi consi-derado o melhor por apresentar maior potencial de aplicabilidade e por resolver um problema co-mum a todas as comunidades. Além disso, tem baixo custo operacional, pois não precisa de es-paço fixo para seu funcionamento.

“Os profissionais vão até a comunidade mu-nidos apenas de uma mochila contendo equipa-mentos como aparelho de pressão, fita métrica, aparelho para medir glicemia, etc”, afirmou o Sr. Luiz Carvalho.

Uma das formas que o grupo pensou para manter contato com a população e, ao mesmo

tempo dar continuidade ao trabalho de preven-ção, foi enviar alertas por torpedos (SMS), lem-brando as pessoas de fazer um novo check-up periodicamente, de acordo com a gravidade do diagnóstico.

“A frequência do levantamento de informa-ções vai depender do grau de alerta: verde para o paciente que está bem de saúde, amarelo quando o estado dele inspira cuidado e verme-lho quando seu estado de saúde é grave. Opta-mos pelo sistema de cores porque é reconheci-do mundialmente”, explicou Rodrigo Rodrigues.

O piloto do projeto será na Providência e a ideia é expandir posteriormente para outras co-munidades.

“Fizemos o piloto e conseguimos, em poucas horas, realizar oito vendas no Morro da Providência”

(Rodrigo Rodrigues, publicitário e membro da equipe)

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Era uma vez um jovem chamado Hudson Ramos, morador do Morro Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio, que vivia com os pais e duas irmãs. Desde pe-queno, ele sempre foi apaixonado por games e seu sonho era fazer disso sua profissão, apesar de sua mãe ser eminentemente contra, por achar que os jo-gos iriam atrapalhar seu rendimento escolar.

Convidado para participar do Startup Weekend Rio Favela, Hudson foi com a namorada e viu ali a oportunidade de realizar o seu sonho de potenciali-zar o esporte eletrônico no país.

“O Brasil é um dos países mais promissores para esse mercado ainda pouco explorado por aqui. Apre-sentei minha sugestão para o grupo e percebi que muitas pessoas se interessavam pelo assunto”, ex-plicou Hudson.

Como a ideia tinha que unir impacto social e edu-cação, o grupo - formado por Hudson e outros entu-siastas pelo assunto -, optou por criar um espaço de treinamento voltado para jovens, com computadores e acesso à internet, visando difundir o conceito de e-sport nas comunidades.

Durante o SW Rio Favela, a equipe de Hudson promoveu uma pequena competição de games, en-volvendo 10 pessoas na faixa etária de 16 a 19 anos, e o vencedor ganhou um curso de computação para aprender programação.

Pedacinho de Mim Enxovais Personalizados surgiu durante o Startup Weekend Rio Favela, a partir do programa Providenciando Vidas, criado em 2011pela fisioterapeuta e empreendedora social Ra-quel Spinelli.

Moradora da Providência desde pequena, Raquel idealizou o programa com objetivo de auxiliar adoles-centes da comunidade a evitar gravidezes sucessi-vas. A ação tem como público alvo jovens de 12 anos em diante que, após a primeira gestação precoce, emendam uma gravidez atrás da outra, deixam de estudar e acabam perdendo a autoestima.

“No programa atuamos em três frentes: a orientação voltada para o planejamento familiar, os cuidados com a mãe e o bebê e ensinamos essas jovens a fazer o enxoval da criança”, explica Raquel, desta-cando que o número de casos de mães adolescentes nas comunida-des é muito grande.

Durante o Startup Weekend Rio Favela, Raquel apresentou o Providenciando Vidas no grupo de trabalho, que decidiu ampliar o programa, de forma promover a

geração de renda para essas jovens que, após terem filho, acabavam perdendo contato com o programa.

Surgiu então a ideia de criar uma cooperativa de mulheres do Morro da Providência, voltada para a capacitação profissional e para a venda de produtos de enxoval, como jogos de cama, kits berço, mantas, toalhas, cueiros, etc.

No momento, Raquel e mais duas jovens estão fazendo as peças que foram encomendadas pelo pú-blico participante do SW Rio Favela, no qual vende-ram R$ 700,00 em peças de enxoval.

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Incoming Brasil Games – IB Games

3º lugar Pedacinho de Mim

2º lugar

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O Caçambas Inteligentes surgiu a partir de uma ideia que a estudante Elisângela Almeida Oliveira teve durante as aulas do curso profissionalizante de assistente administrativa, pelo Senai, no qual os alu-nos foram desafiados a criar um projeto inovador.

Na ocasião, ela pensou em desenvolver um tipo de lixeira inteligente em que, toda vez que alguém jo-gasse lixo no lugar errado, ela acionaria uma espécie de sensor, avisando sobre o erro e indicaria o local correto para o descarte.

Como o projeto era economicamente inviável, a jovem levou sua sugestão para ser discutida no âmbito do Instituto Central do Povo (ICP), juntamente com a equipe do CDI Matriz e de representantes de ou-tras comunidades como Cidade de Deus, Morro dos Macacos e Mangueira.

Em seguida, o assunto foi amadureci-do durante o SW Rio Favela. Após várias conversas, o grupo decidiu aperfeiçoar a ideia original e criar o Caçambas Inteligen-tes, um projeto que visa fazer a coleta se-letiva do lixo no Morro da Providência, por meio da instalação de caçambas de cores diferenciadas para a coleta seletiva: azul (papel), vermelha (plástico), verde (vidro) e amarelo (metal) em pontos estratégicos da comuni-dade.

“Antes de instalar as caçambas propriamente di-tas, queremos fazer uma trabalho de educação na comunidade, orientando como separar o lixo ade-

quadamente e fazer disso uma fonte de renda com-plementar”, explicou Elisângela.

Além disso, será criada uma cooperativa de garis comunitários, previamente cadastrados, para ajudar na coleta do lixo doméstico, separando o lixo reciclá-vel para o descarte apropriado, ou seja, os resíduos aproveitados vão servendidos para empresas espe-cializadas em reciclagem e a renda revertida para

gerar benefícios para a própria comunidade.Após implantação no Morro da Providência, local

escolhido para o piloto, o projeto será replicado para outras comunidades.

O projeto surgiu do desejo de Boaventura Silva Batista, morador do Morro da Providência, de mape-ar os eventos culturais na comunidade e fortalecer a divulgação.

A ideia foi levada para a mesa de discussão do Startup Weekend Rio Favela e, depois de muita con-versa, o grupo chegou a conclusão de que seria me-lhor mudar o foco da proposta e trazer eventos de fora para a comunidade, visando promover cultura, lazer e geração de renda para a Providência, a partir de seus pontos de referência: o mirante, a área de lazer, a estação do teleférico (que está desativada), a Vila Olímpica e o Instituto Central do Povo, local onde ocorreu o SW Rio Favela.

Segundo Joel Mariano, um dos integrantes do grupo e ex-educador do CDI, o primeiro passo será

a criação de um banco de dados de prestadores de serviços da comunidade, como: cozinheiras, salga-deiras, doceiras, operadores de som e de luz, DJs, fotógrafos, filmadores, etc, utilizando a Casa Amare-la, uma ONG da região, como espaço físico para o cadastramento dessa mão de obra.

A partir daí, pessoas e empresas interessadas em realizar eventos na comunidade pagariam uma pe-quena taxa para contratar a mão de obra local.

“A Providência é a primeira favela do Rio, já está pacificada e fica localizada na região central da ci-dade, fatores que contribuem favoravelmente para transformar o Morro num espaço alternativo para shows, exposições, apresentações e demais even-tos”, garante Joel.

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Caçambas inteligentes4º lugar

5º lugar Provi Tendência

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PATROCÍNIO:

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