Transcript
Page 1: Revista Rock Meeting #40
Page 2: Revista Rock Meeting #40
Page 3: Revista Rock Meeting #40

Editorial

2013 já começou. O que você já planejou para este novo ano? Nada? Tudo? São tantas coisas que buscamos e a realização delas se tornam distantes do querer, do desejo. Muito embora, a maior culpa de não dar certo é de nós mesmos. Somos o nosso próprio obstáculo. Quer mudar? Então, diga para você mesmo que quer e não hesite. Este promete ser um ano de muitas novidades, lançamentos e repleto de sho-ws. Não seja apenas sonhos inatingíveis,

barreiras do tamanho do mundo. Desejamos que tenha força sufi-ciente para suportar todos os problemas e, principalmente, paciência, não é apenas uma virtude, mas sim a base de muito su-cesso. Para tanto, continuem lutando. Continuem buscando. Não desistam, nem esmoreçam. A recompensa vem logo em seguida. 2013 de realizações para todos!

Novos planos, novos rumos

Page 4: Revista Rock Meeting #40

Table of Contents07 - Previsão - O que vem em 2013?10 - News - World Metal14 - Entrevista - Marmore de Carrara22 - Review - Nightwish 30 - Entrevista - The Bronx39 - Review - Primavera Club 201246 - Review - Born From Pain50 - Entrevista - JackDevil58 - Capa - Voodoopriest 68 - Show - Shadowside75 - Diário de bordo - Moonspell79 - Review - Kreator e Morbid Angel84 - Review - The Hives e The Bronx90 - O que estou ouvindo?

Page 5: Revista Rock Meeting #40

Direção Geral Pei Fon

Revisão Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa Alcides Burn

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima João Marcelo Cruz Jonas Sutareli Lucas Marques Colaboradores Mauricio Melo (Espanha)

CONTATO

Email: [email protected]: Revista Rock MeetingTwitter: @rockmeetingVeja os nossos outros links:www.meadiciona.com/rockmeeting

Page 6: Revista Rock Meeting #40
Page 7: Revista Rock Meeting #40

07

Page 8: Revista Rock Meeting #40

O que espe-rar de 2013? Você já viu muita coisa neste 2012, mas vaiveraindamaisem2013.Confiraagoraosprincipais shows que estão marcados para este próximo ano e você vai agradecer pelo mundo não ter acabado! Os últimos anos têm sido bastante ge-nerosos com os roqueiros do nosso imenso Brasil. Várias bandas tem dado as caras por aqui, verdadeiros monstros do rock! Em 2013 Pearl Jam, Metallica, Bruce Springsteen, Sla-yer, Iron Maiden, Alice in Chains, Queens of TheStoneAgeeEltonJohnjáconfirmarampassagem pelas terras Tupiniquins. Em abril, Demon Hunter se apresenta dois dias segui-dos, no Rio de Janeiro e em São Paulo. São shows para todos os gostos e haja dinheiro para quem gosta de várias destas bandas. Além dos shows internacionais pelo Brasil afora, em Maceió começaremos o ano com Matanza, além do Grito Rock - que já está marcado - e do Festival Maionese, que se tornou o festival de música independen-te mais badalado e importante das Alagoas. Boatos também dão contas de algumas atra-ções de peso no Abril pro Rock, que assim queforemconfirmadas,nossosleitoresserãoinformados. Este 2012 foi um ano sabático para o rock no Brasil. Ocorreram alguns projetos audaciosos que deram certo, outros que fo-ramumfiasco,masdissotudosetiroumuitaslições, além do que foi o ano com mais shows de rock por todo o país. Esperamos um 2013 muito mais movimentado, com muito mais rock e mais dinheiro para gastar! Preparem seus bolsos!

Alice in cHAINS

qUEEN OF THE sTONE AGE

dEMON hUNTER

pEARL jAM

08

Page 9: Revista Rock Meeting #40

sLAYER

iRON mAIDEN

mETALLICA

bRUCE sPRINGSTEEN

eLTON jOHN

09

Page 10: Revista Rock Meeting #40

10

Sozinho se vai cedo

Acadêmicos da Universidade de Li-verpool analisaram a vida de 1489 mú-sicos que alcançaram a fama entre 1956 e 2006. Desses, 137 faleceram até 2012, sendo que a maioria eram artistas solo. A idade média da morte era de 39 anos para os europeus e 45 para os norte-a-mericanos. Dois fatores são apontados como causas principais. Em modo geral, artistas que se foram jovens passaram por uma infância atribulada. O segun-do aspecto, que diferencia os que levam carreira solo com integrantes de bandas, é a solidão nos momentos difíceis, além de toda a carga de responsabilidade caindo sobre os próprios ombros. O trabalho em equipe ajuda os membros de um grupo a suportar a pressão.

Colapso no palco

Michael “Mike” Scaccia, guitarrista do Ministry, do The Revolting Cocks e do Rigor Mortis, morreu na noite de 22 de dezembro úl-timo num clube do Texas, enquanto a banda fazia um show para comemorar o aniversário de 50 anos do vocalista, Bruce Corbitt. Não foi divulgada a causa da morte do guitarrista, que estava com 47 anos de idade.

Luto no Rock

O baixista Lee Dorman, conhecido por seus trabalhosnoIronButtterflyeCaptainBeyond,foi encontrado morto em sua casa. Ele tinha 70 anos. De acordo com o TMZ, o músico foi localizado pela polícia às 10h do dia 22 de de-zembro, em seu carro, na garagem. Dorman tinha um histórico de problemas cardíacos.

Page 11: Revista Rock Meeting #40

11

Bon Jovi mais cru

O guitarrista Richie Sambo-ra declarou à Billboard que o próximo álbum do Bon Jovi, What About Now?, terá algu-mas diferenças em relação aos mais recentes. “Quando Jon e eu nos juntamos tudo soa como Bon Jovi. Não há expli-cação, apenas acontece. Mas dessa vez faremos um disco mais cru, com uma produção mais direta. Basicamente tira-mos alguns elementos e acres-centamos outros. As letras são muito positivas, buscamos algo nesta direção”, destacou o músico. O primeiro single, “Because WeCan”,serámostradooficialmentenodia7dejaneiro.

Caffery em voo solo

Em postagem para desejar um bom fim deano aos fãs, o guitarrista Chris Caffery (Sa-vatage) adiantou planos futuros. “Quero gra-var um novo álbum solo. Muitas pessoas me pedem isso quando estou em turnê. Quanto ao Savatage, ainda mantenho a mesma espe-rança que vocês, mas todos sabem como fun-cionam as coisas na banda. O Trans-Siberian Orchestra continuará tocando, mas detalhes são misteriosos”, conta ele.

Angra com novo vocal

Fabio Lione (Vision Divine/Rhapsody Of Fire) será o vocalista convidado para o próxi-mo show do Angra que acontecerá no cruzei-ro “70.000 Tons Of Metal”. O navio “Majesty Of The Seas” sairá de Miami em 28 de janeiro rumo ao Caribe por 5 dias e 4 noites. O maior cruzeiro de Heavy Metal do mundo contará com a participação de 40 bandas, entre elas, Evergrey e Kreator. Mais informações AQUI.

Page 12: Revista Rock Meeting #40

12

Nirvana + Paul McCartney

No 12-12-12 Concert for Sandy Re-lief, no Madison Square Garden de New York, promovido para arre-cadar donativos para as vítimas do furacão nos EUA, em meio a apre-sentações de Bruce Springsteen, The Who e Rolling Stones, entre outros, o destaque foi a colaboração entre o ex-beatle Paul McCartney e os membros do Nirvana, Dave Grohl e Krist Novoselic e o guitarrista do Foo Fighters, Pat Smear, na nova música “Cut Me Some Slack”. A faixa será usada no documentário “Sound City”, um estúdio que lançou inúmeros artistas, inclusive o Nirvana. A viúva de Kurt Cobain, a sempre polêmica Courtney Love não aprovou a canção e fez diversos comentários contra nas redes sociais

Presente aos fãs

Desejando boas festas aos fãs nas redes so-ciais, o vocalista e guitarrista Dave Mustai-ne, do Megadeth, aproveitou para atualizar o status do próximo álbum da banda, o que será sucessor do excelente “TH1RT3EN”, lan-çadonofinalde2011. “Já temos três faixasregistradas e quase prontas. O novo disco está chegando para pegá-los! Feliz natal a to-dos”, adiantou ele. O nome de uma das músi-cas seria “Forget to Remember”. O detalhe é que se pensava que o último trabalho seria o derradeiro da carreira dos rockers.

Sucesso virando pó

Em entrevista ao programa de rádio norte-americano In The Studio, Ozzy Os-bourne lembrou a causa das primeiras bri-gas no Black Sabbath, durante as gravações do álbum Volume 4. Após o primeiro estouro mundial,osegosjáinfladosforamaditivadospor certa substância. “No começo, todos tín-hamos o mesmo objetivo. Mas com a chegada da fama, aconteceu o inevitável. A verdade é que o sucesso muda as pessoas, é impossível não ser assim. E isso me afetou”, pontua.

Page 13: Revista Rock Meeting #40

13

Clima pesou

Recentemente, fotos foram postadas na internet com Dave “Snake” Sabo, guitar-rista do Skid Row, e Se-bastian Bach, ex-vocalista da banda. Rumores toma-ram o mundo, achando que o grupo de Hard Rock faria em breve uma reunião. Em bate-papo com o Metaltalk.net, Bach citou suas apre-sentações no Download Festival e Sweden Rock como pontos altos de 2012. As recepções nestes eventos deixaram algo claro para o cantor. “As pessoas continuam me perguntando quando voltarei com minha anti-ga banda. Mas estou muito bem sozinho. Não dá para se conseguir algo melhor que o Sweden Rock e o Download lotados. Não preciso mais daqueles merdas”, coloca.

Black Crowes renovado

Comemorando o retorno à estrada em 2013, o Black Crowes lança, no dia 19 de março, o álbum ao vivo “Wiser For The Time”. O tra-balho estará disponível em vinil quádruplo, contendo 26 faixas, 15 acústicas e 11 elétricas. Todas foram registradas em uma série de cin-co shows em Nova Iorque, no ano de 2010. A obra também estará disponível para down-load digital. Paralelamente, o grupo anunciou a entrada do guitarrista Jackie Greene.

Iommi agradece

O guitarrista Tony Iommi, do Black Sab-baath, emitiu o seguinte comunicado nas re-des sociais: “Que ano! Certamente não como eu esperava. Obrigado a todos pelo enorme apoio, foi algo muito encorajador. Ainda esta-mos trabalhando no novo álbum e consegui-mos fazer três shows. Nada mal, com as notí-cias que recebi. Estou ansioso por 2013 para ver o que vocês acharão do disco (...) sem po-sitivos”.

Page 14: Revista Rock Meeting #40

Autobiografando os sons

14

Page 15: Revista Rock Meeting #40

15

Page 16: Revista Rock Meeting #40

Lançado o novo play, a banda Mármore de Carrara, de São Paulo, tem um quê de déjà vu nas atitudes, mas uma inovação no jeito de lidar consigo mesma

Por Breno Airan (@brenoairan | [email protected])

Rock N’ Roll. A parede da sala conde-na que ali vive alguém desmembrado de qualquer música fútil. Condenado,

não. Talvez escolhido. O termo não importa tanto. Mas, sim, o fato de já na capa, assinada pelo ilustrador Felipe Moreno, a banda Mármore de Carrara estampa que não está para brincadeira. Uma mulher deitada, extasiada a ou-virumviolãodenylon,ficaembrenhadanumsofá carcomido, só curtindo talvez uma “Per-fumaria”. O som que sai do cubo – que faz vibrar o gelo e a bebida quente provisoriamente en-cimada no local – faz a garota se contorcer, à luz de uma lua cheia, sob os estalos da chuva forte. É nesse clima que o quarteto de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, quer ganhar os olhares do mundo. E os ouvi-dos também. Este, muito embora, não é o debut de-les, que estão na ativa desde 2003. O grupo ficou, no entanto, “em coma” por um bomtempo. Nesse ínterim, a essência deles foi re-formulada, acabando de ser lançada no dia 13 de outubro durante festival na cidade natal da Mármore. Esse show de promoção do álbum “Rock N’ Roll” foi espetacular, nas palavras do vocalista Lucas “Patropi” Vetorasso. Ele explica que, ao longo do caminho

da banda até este momento, houve algumas deserções, até que ele, o único fundador da banda ainda presente, se reuniu aos amigos Tiago Paganini (guitarrista), Raphael Lanfre-di (baixista) e Steve Rock (baterista), ressur-gindo assim, com força total.

Rock Meeting: A banda existe desde 2003. Vocês mudaram a formação al-guma vez?Lucas Vetorasso: Sim. Da formação origi-nal, apenas eu permaneci. Tivemos algumas deserções, algumas desistências de sonhos. Afinal,“it’salongwaytothetopifyouwan-na rock and roll”, certo? [Em tradução livre, é um longo caminho ao topo se quer detonar]. Mas a Mármore sempre manteve a sua linha. Por exemplo, sempre fomos banda au-toral. É óbvio que fazemos alguns covers nos shows, mas eles sempre ganham a nossa cara, o nosso jeito de fazer.

Logo naquele ano, o que vocês começa-ram, o grupo alçou voos que não ima-ginaria tão cedo ao lançar seu primei-ro CD, conseguindo até emplacar uma música na MTV. Que canção foi? Falem sobre o processo de composição dela. É verdade. Mesmo sem pretensões, porque éramos todos muito meninos na época, conseguimos uma visibilidade mui-to grande. Na verdade, foram dois videocli-pes seguidos. A primeira canção se chamava

16

Page 17: Revista Rock Meeting #40

“Bem-Aventurados” e a seguinte “Corre, Vem Ver”. A segunda, sem dúvida, deu uma re-percussão maior. O processo de composição dela foi como todos os outros. A música está presente em todo lugar, em toda situação. Só nos resta abrir os ouvidos e escutá-la. É assim com todas as nossas canções, elas simples-mente nascem. Agora, se você me perguntar sobreosignificado,eupossosermaisespe-cífico. “Corre, Vem Ver” é uma canção queretrata aqueles momentos em que caímos na real, sabe? Ela diz “Corre, vem ver, estão todos sozinhos, vem me dizer se se parecem com você”. É como uma conversa no espelho.

Qual foi a sensação de estarem sendo vistos e ouvidos Brasil afora? Muito massa. Principalmente no início de carreira, você se prende muito nisso, né? É preciso tomar muito cuidado para não es-quecer a arte que você está ali pregando. Mas

claramente as portas se abriram de uma ma-neira diferente. Ver pessoas cantando músi-cas que você fez na escuridão do seu quarto é sempre estranho. Ainda não me acostumei (risos).

Mas por que houve esse hiato tão gran-de - sete anos - do registro em estúdio de um álbum para outro? Realmente, houve esse coma. Acon-teceu algo muito triste. Eu perdi um grande amigo e baixista da banda na época. E isso acabou desmotivando todos. Os sonhos se misturaram aos pesadelos e cada um foi para oseulado.AMármorenuncaacabouoficial-mente, mas esteve ‘em coma’. Uma das moti-vaçõesparaoretornoéasedequefica.Vocênão se sente completo sem estar no palco. As músicas continuam nascendo e não são mos-tradas, não são tocadas. Isso chega a ser sufo-cante.

17

Page 18: Revista Rock Meeting #40

Como os novos integrantes pegaram o fio de meada? Digo, eles tiveram que entrar no grupo já com uma história anterior e acompanhá-la, pondo suas idiossincrasias. Sim. O fato de já termos história não atrapalha em nada. Muito pelo contrário. Eles já conheciam as canções e foram gran-des incentivadores do retorno. Mas cada um colocar a sua cara nas canções e na musica-lidade da banda em si só ajuda. Creio que as influênciasdaMármorenuncamudaramdeforma radical, mas irrefutavelmente amadu-receram. E, mesmo se fossem todos os inte-grantes da primeira formação, esse cresci-mento é inevitável.

Como se deu a criação desse segundo CD? Quem compôs as canções?Todas as canções deste álbum são de minha autoria, exceto um trecho de “Árvore no De-serto” que tem a coautoria de um velho ami-

go, Marcus Camolezi Jr. [que foi da primeira formação da Mármore]. Este trecho estava guardado há tempos, e pedia pra ser grava-do; não resisti. Qualquer compositor que diga quenãoháautobiografiaemsuasmúsicaséum belo mentiroso. É óbvio que as canções nascem de situações em que vivemos, mistu-radas com sentimentos e loucuras que passa-mos. Mas, de uma maneira geral, a forma de transcrever isso tudo, no meu caso, é quase psicografado. Elas são sussurradas aos meus ouvidos. Simplesmente nascem.

Desde o começo da banda vocês opta-ram por criar tudo em português? Afi-nal, há bandas que acham mais fácil “cantar em inglês”, indo por outra via. Sim. Essa é fácil... Moramos no Brasil. As nossas mensagens são muito mais impor-tantes do que a facilidade de fonética. Isso é até uma vergonha. Na hora de estudar guitar-raporhorasehorasafio,ninguémseimpor-

18

Page 19: Revista Rock Meeting #40

ta. Ler um livro de vez em quando é tão difícil assim? (risos)

A banda se autointitula como sendo “de Rock”, sem rotulagens. Por quê? Fazemos Rock N’ Roll. Pura e sim-plesmente. O mesmo Rock que acabou com preconceitos e transformou gerações. Rock, Hard, Heavy, Punk, Progressivo... são no-menclaturas que só servem pra prender a banda musicalmente. Preferimos nos libertar disso.

Vocês foram considerados, no entanto, a maior banda de Hard Rock do Brasil por um por site especializado, não? Qual foi ele? Sim, na época se chamava Club do Rock. Não sei nem se ele existe, pra ser since-ro. Mas é como disse na pergunta anterior... Agradecemos demais esse título, mas prefe-rimos não nos prender a isso. Além do que,

acho até hoje que foi nos dois anos em que o Dr.Sinficousemlançarnada(risos).

Em outra entrevista, você falou: “Não fazemos Rock Colorido, nem Rock De-magógico; nós fazemos Rock pra gente grande, Old School, tocado e sentido”. É essa basicamente a essência da ban-da? O que vocês procuram retratar nas letras das músicas? Cara, é essa a nossa essência. Eu que-ro o público gritando ao nosso lado. Choran-do, rindo, sentindo. Eu não quero agradá-los. Eu quero ser a voz deles, estar ao lado deles. As nossas canções falam sobre tudo... Falam sobre a minha vida, a sua vida, as nossas vi-das. Nós estamos ligados e muitas vezes nem percebemos isso. Mas, com a música, conse-guimos permanecer juntos, unidos, nem que seja por quatro minutos de pura loucura.

Como foi o show de lançamento do se-

19

Page 20: Revista Rock Meeting #40

gundo trabalho de vocês, o “Rock N’ Roll”? E como se deu a bela capa? O show foi um espetáculo. Não ape-nas pelo show delicioso, mas pelas grandes parcerias. Tivemos Sara Winter abraçando a canção “O Poema de um Assassino” como hino do Femen, em um “quase” ritual conos-co no palco. Tivemos pole dance também! Tivemos drama, comédia, tivemos de tudo. A galera cantando ao nosso lado, como sempre. Foi tudo perfeito. E a capa do álbum foi feita pelo artista Felipe Moreno, que devo dizer, é genial. Nós enviamos algumas prévias, sem mixagem, sem nada, e uma semana depois, a capa estava na caixa de entrada do e-mail da banda. E a usamos sem alterações. Ele re-tratou o sentido de Old School, de intimida-de e de explosão de sentimentos, tudo ali, em 12x12.

O novo álbum tem a produção fono-gráfica de Juliana Primo, mixagem de Alessandro Sá e produção musical da própria Mármore. Há duas canções já disponibilizadas para audição no portal de compartilhamento Youtube:

“Mas aí” e “Perfumaria”. Qual a res-posta do público? A resposta do público foi espetacular. O pessoal sabe de cor e pede todo show. “Mas aí” e “Perfumaria” eram duas canções que não entrariam no álbum, sabe? Após ter com-posto, eu decidi gravar e chamei os rapazes pra fazer comigo. Talvez fosse algo pra ma-tar essa sede, mas não tinha certeza se elas entrariam no álbum. Mas depois de tamanha resposta do público - e do Raphael me cha-mar de “maluco” por querer deixar elas de fora - elas entraram. E agora vejo que estava errado. Elas compuseram bem o CD.

Do interior de São Paulo para o mun-do? É essa a meta maior de vocês? Sim. Sem dúvida. Não em uma ques-tão de fama vazia. Absolutamente. Mas es-tamos aqui com uma mensagem maior. Por isso, não tenho vergonha de dizer que nossos sonhos sempre foram grandes, como tenho certeza que é o sonho de cada um dos seus leitores. Viemos para pregar o Rock N’ Roll e se pudermos gritar isso, quanto mais alto melhor.

20

Page 21: Revista Rock Meeting #40
Page 22: Revista Rock Meeting #40

Review

“Last ride of the day”22

Page 23: Revista Rock Meeting #40

“Last ride of the day”23

Page 24: Revista Rock Meeting #40

Em uma noite de muita expectativa, a banda holando-finlandesa se apresentou em São Paulo na última noite da turnê

brasileira do Imaginaerum

Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Pei Fon e Charley Gima (FuteRock)

Primeiro de tudo, peço desculpas se o texto ficar emocionado em demasia,mas não há como conter a emoção

quando se assiste ao show da sua banda pre-ferida. Tentarei ser o mais imparcial possível. Tentarei! Tão logo, ainda no começo do dia da-quela quarta-feira, 12 de dezembro, mesmo com todo o calor que fazia na capital paulis-ta, já se formavam pequenos grupos de fãs da banda Nightwish na porta do Credicard Hall e, com o passar das horas, a aglomeração foi aumentando. Após passar por Porto Alegre e Rio de Janeiro,abandafinalizouaturnêdorecen-te álbum “Imaginaerum” em São Paulo, onde houve o maior número de fãs. Fãs dos mais variados lugares, das mais variadas regiões, até oriundos do Nor-deste (como eu), estiveram presentes naquele que seria o melhor show do Nightwish desde a mudança de vocalista.

RELEMBRE

Tudo estava indo muito certo na tur-nê pelos EUA, junto com a banda Kamelot, quando a sueca Anette Olzon passou mal e foi preciso passar uma noite no hospital para realizar exames eficar emobservação.O show daquele dia não foi cancelado e fora

executado pelas vocalistas Elize Ryd (Ama-ranthe) e Alissa White-Gluz (The Agonist) – acompanhantes do Kamelot –, cantando com as letras das músicas impressas. Veja o vídeo AQUI. Dois dias após este show, uma nota oficial(LEIA) é divulgada pela banda dizen-do que Anette Olzon não fazia mais parte da banda e quem continuaria com a tour, tem-porariamente, seria a holandesa Floor Jan-sen (ex After Forever e ReVamp). Como tudo no Nightwish é bem obs-curo, a mudança gerou muitos comentários e especulações de que Floor já estava ensaian-do as músicas do Nightwish e que a saída de Anette seria questão de tempo. Esta não dei-xou por menos e até soltou algumas farpas em seu blog (LEIA). A dúvida estava lançada até os primei-ros vídeos, após a saída de Anette e já com Floor Jansen assumindo os vocais, saírem. Músicas que antes nem se imaginavam ser tocadas entraram no setlist como “Ghost Love Score”, antes só executada por Tarja Turunen, cuja saída também tumultuada ge-rou muitas críticas. Vários vídeos foram vistos, setlist mo-dificadoeavontadedeseveroshowdaban-da se tornou ainda mais notória. Assim foi no Brasil, onde muitos fãs resolveram ir por cau-sa da mudança realizada.

24

Page 25: Revista Rock Meeting #40

25

Page 26: Revista Rock Meeting #40

O Show

O Credicard Hall já estava tomado por nightwish maniacs desde cedo, no calor do verão paulista que, durante à noite, deu uma esfriada, mas apenas no lado de fora... Por dentroeradiferente.Osânimosàflordapeledenunciavam o nervosismo, a ansiedade em cada pessoa que ali estava, inclusive nesta que vos escreve. Muitos nem tinham adentrado nas de-pendências da casa de show quando os gaú-chos do Tierramystica começaram a tocar, mas pergunto: quem estava prestando aten-ção neles? Com a minha credencial em pu-nho, pude circular por vários setores e sentir o clima daquela noite. Muitos conversando, sentados e lar-gados por aí, outros comprando o merchan-

dising(eufizisso),(re)encontrandoamigos.Show serve para isso mesmo. Já passava das dez da noite quando a banda de abertura terminou sua apresenta-ção. Já se ouviam urros e mais urros aguar-dando a banda que levou centenas de fãs a assistirem uma apresentação em plena quar-ta-feira. Dentre outros privilégios, assistir ao show da banda que você gosta da grade, do frontstage, é bem emocionante, mas o que dizer quando você assiste naquela área que só ficamos fotógrafos e seguranças, coladi-nho ao palco? Esta era eu. Não há sensação que pague isso. Quem é fã de verdade enten-de muito bem o que digo. Senti o mesmo em Brasília,noshowdasolistafinlandesaTarjaTurunen (review que pode ser lida na edição nº 19).

26

Page 27: Revista Rock Meeting #40

Enfim,voltandoaoshow.Todososfãsdo Nightwish sabem que o tecladista/com-positorTuomasHolopainenéaficionadoportrilha sonora e adora o compositor alemão Hans Zimmer, conhecido por exímias trilhas sonoras dos filmes Piratas do Caribes, Bat-man – O cavaleiro das trevas, O Rei Leão, Anjos e Demônios e Rei Arthur, por exemplo. Ao som da canção “Crimson Tide” de Hans Zimmer, as cortinas foram subindo, os flashesdas câmeraspiscando freneticamen-te, o coração palpitando e a certeza de que o show ia começar. Um a um os integrantes fo-ram tomando os seus lugares: bateria, baixo, guitarra e teclado. Com o braço erguido para o alto, Tuomas anuncia que ali é o ponto ini-cial do show. “Storytime” começou a tocar, os gritos aumentaram e Floor Jansen surge ao lado da bateria para mostrar a que veio.

Uníssonos, os fãs cantaram a primei-ra música de trabalho do “Imaginaerum” de forma única e impressionante. Eu, colada no palco, pouco fiz para demonstrar tamanhasatisfação por vivenciar aquele momento, a não ser algumas vezes que esmurrei o palco com toda a força existente dentro de mim, ali eueraaprofissional,mesmocomomeuladofãficouquerendosair...Difícilconter! A cada vez que Marco (baixo), Emppu (guitarra) ou Floor se aproximavam do públi-co, a galera ia ao delírio total. Era possível ver alegria, sofrimento, dor, choro, sorriso num misto de sentimentos em poucos segundos. Só sendo fã para entender isso. “Dark Chest of Wonders” veio na se-quência e Floor cantou muito bem. Um pouco antes do show iniciar cheguei a ouvir, cami-nhando pelo público, que a holandesa é me-

27

Page 28: Revista Rock Meeting #40

lhor que Tarja Turunen. Será? Na sequência, do período “tarjariano”, é executada “Wish I Had an Angel” , também cantada em alto e bom tom. Logo após vieram “Amaranth”, “Scaretale”, “I Want My Tears Back”, “The Crow, The Owl and The Dove”, “Nemo”, “Last of the Wilds”, “Wish-master”, “Ever Dream”, “Over the Hills and Far Away”, “Ghost Love Score”, “Song of Myself” e “Last Ride of the Day”, encore “Imaginaerum”, faixainstrumentalquefinalizaoálbumdemesmonome. Como fã, eu esperava que duas músicas fossem tocadas, “Planet Hell” e “Ghost River”. Ao chegaraoBrasil,osetlistfoimodificadodandolu-gar a “Amaranth” e “Song of Myself”, confesso que fiqueifrustrada,entretanto,oshowfoiincrível. Duas músicas eram esperadas: “I Want My Tears Back” e “Ghost Love Score”. A primei-ra canção conta com a participação indispensável de Troy Donockley. Sua presença foi notada no álbum “Dark Passion Play”, porém neste recente trabalho ele tem sido mais evidente por estar pre-sente na tour com a banda.

Pós-show

Os comentários eram dos mais diversos possíveis. Mas o que era inegável foi a atuação de Floor Jansen nos vocais e sua presença de palco singular. Uma das poucas vocalistas que bate ca-beça. Simpática, sorridente e com uma interpre-tação ímpar. É possível entender porque Tuomas a chamou para continuar o “Imaginaerum World Tour”. O show foi lindo, maravilhoso... mas as in-certezas continuam. Será que Floor continua? Será que vai haver seleção para nova vocalista? Até o Wacken de 2013 não se pode dizer muita coisa. Por hora, Floor continua assumindo os vocais. Em 2014 veremos as cenas dos próximos capítulos.

28

Page 29: Revista Rock Meeting #40

29

Page 30: Revista Rock Meeting #40

30

Page 31: Revista Rock Meeting #40

Lisa Johnson

31

Page 32: Revista Rock Meeting #40

Texto e Foto: Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha)

Os californianos do The Bronx, passa-ram por Barcelona no início do mês de Dezembro como banda de abertu-

ra para o The Hives. Para quem não conhece, se trata de uma banda californiana que não sabemos em que estilo encaixar, se punk, punk-rock, hardcore ou mesmo mariachi. Sim, aquele estilo de música mexicana que se toca como seresta. Engana-se também quem acha que se trata de um grupo de jovens for-mado há pouco tempo, nada disso. A banda já atinge uma década e está prestes a lançar seu quarto disco, The Bronx IV. A mesma lançou dois mais como Mariachis El Bronx e ainda uma primeira experiência como The Drips ainda no início da década passada. Desta vez com os Hives, anteriormente com o Gogol Bordello e em algumas ocasiões junto ao Refused. O que será que tem este grupo para ser tão requisitada por grupos tão dife-rentes entre si? Para entender um pouco da história deste quinteto, nos sentamos à borda do pal-co da sala Razzmatazz em Barcelona, antiga sala Zeleste onde os Ramones gravaram o Loco Live e o Sepultura seu primeiro video oficial,UnderSiege,duranteaturnêdoArise.Apesar do curto tempo, tivemos o simpático vocalista Matt por diante, numa fria tarde de início de inverno. Conversamos um pouco de tudo e sobre as possibilidades de um dia a banda visitar nosso país. Os melhores momentos desta entrevis-ta vocês conferem agora.

Disco novo: Poderia nos adiantar algo? Como foi gravado, onde...?Matt - Sai em Fevereiro. Antes de mais nada, gostaria de dizer que estamos bem orgulhosos do que conseguimos gravar. Provavelmente o mais simples e básico álbum de The Bronx. Não criamos nenhuma expectativa em torno do disco porque, na maioria das vezes, o re-sultado não é o que imaginávamos. E uma dascoisasquequeríamoserasimplificar.De-cidimos então fazer algo estilo Ramones, mas ao melhor estilo The Bronx e acho que conse-guimos. É um bom disco e estou ansioso pelo lançamento. Também levou muito tempo en-tre um e outro.

Sim, esta é outra pergunta que temos. Cinco anos entre o terceiro e o quarto. Porque tanto tempo?Matt - Primeiro porque El Bronx Mariachi foi algo sensacional para a gente. O projeto de-colou e não esperávamos que decolasse. Sai-mos em turnê, tocamos em diferentes países e tivemos a oportunidade de tocar com mui-tas e diferentes bandas que sempre respeita-mos e tocar em cidades que nunca havíamos tocado antes. Então, quando chegou o mo-mento de decidir entre gravar um segundo disco do Mariachi ou um novo disco do The Bronx, ainda estávamos muito conectados com o El Bronx Mariachi. Não fazia sentido escrever um disco do The Bronx naquele mo-mento. Toda nossa inspiração girava entor-no do Mariachi. Então, decidimos escrever

32

Page 33: Revista Rock Meeting #40

33

Page 34: Revista Rock Meeting #40

o segundo disco do El Bronx. Claro que todo este ciclo para compor um disco, gravar e lan-çar te ocupa por um ano e meio ou até dois. Tudo bem que demorar cinco anos é muito, mas como estamos sempre em atividade, seja como uma banda ou com outra, não temos a sensação de tanto tempo. Mas sim, é um tem-po considerável sem lançar um disco. Quan-dofinalmenteterminamosaúltimaturnêdoEl Bronx Mariachi, todos nós estávamos an-siosos e desejando ir ao estúdio para gravar o novo The Bronx. Todos inspirados, com von-tade de plugar os instrumentos e tocar alto.

Acabamos de comentar sobre a dupla identidade da banda. Poderia contar um pouco sobre “El Bronx Mariachi” para os brasileiros? Tipo, como surgiu a ideia, etc.Matt - O The Bronx é uma banda considera-da punk, algo agressivo. Soa bastante punk, tanto como música quanto de mentalidade. Mariachi El Bronx é nossa versão da tradicio-nal música estilo Mariachi, algo que cresce-mos escutando já que em em Los Angeles, a cultura latina é muito grande. Um dia decidi-mos tocar algumas músicas ao estilo porque estávamos sem fazer nada no estúdio e gos-tamos. Então é como que todas as músicas que tocamos naquele momento, foi feita por nós, tocamos os tradicionais instrumentos, aprendemos muito com estes discos. Muitos instrumentos acústicos. A maioria dos Maria-chis não tocam bateria, nós tocamos bateria no disco, todos os integrantes do The Bronx tocam no Mariachi El Bronx e se converteu em algo interessante, é como ter dupla iden-tidade. E acho que agora com as duas bandas estamos completos, todos os tipos de emoção e coisas da vida, entre as duas bandas temos uma visão de 360º de como o mundo é lou-

34

Page 35: Revista Rock Meeting #40

co e de o quanto é louca a vida. Realmente é muito bom. Até onde sei, somos o único gru-po de pessoas que realmente tem duas ban-das tão diferentes. Foi muito bem aceito pelo público. Acho que as pessoas definitivamente estãoabertas para novidades. A mentalidade está muito aberta com relação à música do que há cinco anos.

Voltando ao disco novo. Quanto tempo demorou a ser gravado?Matt - Demorou um mês mais ou menos. Gravamos em nosso próprio estúdio na ci-dade de Venice. Mas compomos o disco em lugares diferentes, por estarmos em turnê. Escrevemos o disco e tivemos mais ou menos uma semana e meia de pré-produção com 8 músicas escritas. Então saímos em turnê, vol-tamos e fizemosmais umas6 ou 7músicasem uma semana, uma semana e meia. Após isso, fomos ao estúdio e gravamos 14 músi-cas, e doze, estarão no disco. Foi fácil. Real-mente foi bem legal porque o mundo é louco e sempre temos coisas acontecendo em nossas vidas e esta foi a primeira vez que estávamos focados somente em nossa música. Não exis-tia nada de fora e nada em nosso caminho. Então, foi realmente bom e um momento ins-pirado para gravar um disco.

Como você mesmo disse, o The Bronx e Mariachi El Bronx tocaram com mui-tas bandas de respeito como Refused, Gogol Bordello e agora com o The Hi-ves, por exemplo. Claro que cada uma destas bandas tem um público distin-to. O setlist por exemplo, vai de acor-do com o público ou o The Bronx é o mesmo independente do público, seja Hives ou Refused?

35

Page 36: Revista Rock Meeting #40

Matt - The Bronx é o mesmo em qualquer si-tuação. Tocamos o que queremos, claro que nestes casos tocamos algumas músicas que as pessoas gostam mais, não seremos saca-nas de ser radical diante de um público que nãoéespecificamenteonosso,masseremossempre o que somos. Não montamos um setlistdeacordocomAouBporquenofinaldas contas soaremos como The Bronx. Ape-nas queremos tocar e nos divertir. Não tocar a mesma coisa sempre e sempre. Tocamos coisas antigas e coisas novas.

E o The Drips? Matt - Esperamos que saia algo em breve, es-tamos trabalhando em cima.

Estranho porque o The Drips é muito parecido ao The Bronx mas não funcio-nou. Alguma explicação?Matt - Acho que não se trata de que funcio-nouounão. Achoquedefinitivamentenãonos dedicamos a nossa primeira banda. Gra-vamosumdiscomuitorápido,achoquefize-mos tudo em cinco dias e foi para fazer algo. Me sinto feliz por ter feito e que anos depois as pessoas continuem gostando. Faremos ou-tro, já que não teremos pressão, expectativas, nada com o The Drips. Quando sair, saiu. Quatro de nós estão tão ocupados com duas bandas e turnês, etc, que não temos tempo para dedicar a algo mais.

Se fala muito sobre a crise financeira na Europa atualmente. Até mesmo aqui na Espanha onde as coisas muda-ram muito...Sabemos que as bandas punks americanas não se interessam tanto pela política, a atitude fala mais alto. Ainda assim, como a banda vê tudo isso?

36

Page 37: Revista Rock Meeting #40

Matt - São coisas pessoais, cada um vê de um jeito. Temos muita sorte de ter a vida que temos e poder viajar tanto. Podemos co-nhecer novas culturas, diferentes economias e hierarquias sociais. O que nos deixa triste com estas viagens, é que em poucos lugares conseguimosficarmaisdoque24horas.En-tão se torna impossível ter um conhecimen-to mais profundo da situação. Hoje mesmo caminhamos por Barcelona por umas três horas, visitamos a praia, a catedral, etc e na verdade, que parece estar tudo igual que dois anos atrás quando sabemos que a economia está muito pior. Claro que me importa saber se as pessoas estão bem ou não, mas não é o mesmo que “vi com meus próprios olhos”. Porque temos o conhecimento, mas não sen-timos as situações, vamos embora amanhã. Nos importamos, porque é algo mundial, não é só aqui. Uma das coisas que acho real-mente legal é sobre o estado atual do mundo. Parece como há um tempo, quando era mais jovem no Estados Unidos, vivendo na Amé-rica somente pensa sobre a América, não te importa o resto do mundo e acho que agora mais do que nunca existe uma ideologia que todos pensamos globalmente. Você não quer que um mau sistema econômico aqui seja o mesmo sistema econômico ruim em sua casa então quando um se machuca se machucam todos, e fora isso, por outro lado toda esta si-tuação inspira músicos, poetas e tanta coisa boa pode sair de um momento ruim, como Los Angeles 92. Sou uma pessoa muito po-sitiva, tenho como já comentei, uma sorte de estar viajando e acho que isso me amedronta. Quero que todos lugares, que a maçã inteira seja boa, não quero que somente os Estados Unidos esteja bem ou que somente Londres seja a melhor cidade, quero que todos se sin-tam bem.

37

Page 38: Revista Rock Meeting #40

Falando em Estados Unidos. Como você ou a banda vêem a reeleição de Obama?Matt - Legal. Exatamente o que falávamos. Obama é um presidente global. Ele é bom com o restante do mundo e não somente com os Estados Unidos. O candidato da oposição era um candidato a presidente americano de-dicado aos interesses dos americanos, não era um pensador global. Do tipo: “Esta é nossa maneira de ser e quem quiser que nos acei-te”. Obama foi muito inteligente, e quando foi eleito, o mundo odiava os Estados Unidos. Levávamos anos numa guerra, um presidente de merda e todos nos odiavam onde quer que fôssemos. E ele foi inteligente ao restabelecer o nome dos Estados Unidos antes de tudo. Ele fez isso antes, e depois começou a traba-lhar em nossa restruturação econômica. Não é divertido ser destratado por ser americano a qualquer lugar que íamos e foi ótimo que ele tenha feito isso pelos americanos. Agora, tenho a sensação de que em muitos lugares já não somos o alvo, não somos odiados pela nossa nacionalidade. Acho que entre outras coisas ele tem feito progressos para que tudo seja comum, público.

Para finalizar. Brasil um dia?Matt - Deus, espero de verdade. Adoraría-mos ir e fazer El Bronx e The Bronx, tocar duas vezes. Abrir com o Mariachi e detonar tudo com o The Bronx na segunda parte. Es-peramos de verdade ter a oportunidade em tocar lá. Quem sabe com o disco novo?

38

Page 39: Revista Rock Meeting #40

San Miguel Primavera Club 2012Texto e fotos: Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha)

39

Page 40: Revista Rock Meeting #40

Chega dezembro e o que temos em men-te em Barcelona é a edição do irmão caçula do Primavera Sound, o Prima-

vera Club. Apesar do nome primavera, o mais novo é realizado no início do inverno europeu e, para nossa primeira jornada, tivemos uma temperatura de quatro graus. E não só isso, vale lembrar que nossa tradicional Sala Apo-lo está temporariamente fechada para obras de infraestrutura. Esta informação que pe-gou os organizadores de surpresa, mas com bom senso e rapidez tudo foi resolvido. O que havia sido combinado com antecedência era a realização de alguns shows no Sant Jordi Club, até o momento o maior recinto de to-das as edições do Primavera Club, o que de-monstra o crescimento do evento e que deu o tom de ironia no encerramento, já contamos o porque. Para chegar ao “Club” é necessário atravessar parte da montanha de Montjuic, passar pelo estádio e ginásio olímpico e “ater-rizar” no evento. Para a edição deste ano tivemos como destaques nomes como Mark Lanegan, The Vaccines, Toy, Redd Kross e Swans.

Swans

Em nossa primeira jornada, tivemos o show dos Swans, o prato principal do dia. Isso mesmo, aquela banda dos anos 80 que se reuniu 14 anos após o lançamento de “Sou-ndtracks for the Blind”, apesar de que a pala-vra reunião é negada por Michael Gira, um vo-calista sem sobrancelhas. Melhor dizendo, a banda que voltou a lançar discos após 14 anos e faz música para ser assistida. Um amigo me dizia que a música era para ser escutada e não vista, por isso não ia aos shows. Está aí uma banda que contraria esta teoria. Talvez, com a ajuda de “estimulantes”, dá para escutar os

40

Page 41: Revista Rock Meeting #40

Swansemcasa,viajandoumpouco,masdefi-nitivamente o que não se pode perder é o es-petáculo oferecido pelos “Cisnes”. Uma ver-dadeira celebração da música, tocada de uma maneira que só estando no show para poder entender. Camadas sonoras, muita distorção, experimentalismo e poesia. Uma verdadeira demolição sobre as tábuas do palco monta-do no Sant Jordi Club, apenas um ano e meio após sua visita anterior, também no Prima-vera Sound, lançando My Father Will Guide Me Up a Rope No The Sky”. Agora, na edição de inverno, apresentando The Seer. Nada mal paraquemficou14anosemsilêncio.

Redd Kross

Para o segundo dia de evento tivemos como destaque o Redd Kross. Mais uma ban-da que vem dos anos oitenta e com continua com muita força. Não se espantem quando co-mento que é concorrente ao melhor show do evento. Não que musicalmente o grupo tenha se superado ou feito algo diferente. Mas ao ver Jeff McDonald entrar no palco, olhar em volta e ver o teatro Artéria que, além da pista contém dois anéis superiores com confortá-veis cadeiras, praticamente lotado e vibran-do com a entrada do quarteto, fazendo com que McDonald sorrisse com o canto da boca e solte um baixinho “uau”, era a pista de que a banda tinha ganho uma inspiração extra para a noite, um tipo de cumplicidade entre banda e público poucas vezes vista. Todo e qualquer artista gosta se sentir prestigiado e sentir que sua obra deixa uma marca. O público era bem adulto - como deveria ser, um palco relativa-mente baixo, sem barricada e onde a relação com a banda era mais “intima”. “Researching the Blues” foi a responsável por abrir a noite. Havia até um setlist, muito bem produzido

41

Page 42: Revista Rock Meeting #40

com caneta piloto colado no canto do palco, feito por um fã na tentativa de pedir alguma favorita. É claro que entre qualquer set da banda “Jimmy’s Fantasy” não podia faltar, ainda mais em um início de show. De quebra deu para rever Steve McDonald atuando nas quatro cordas após sua passagem com OFF!, na edição de verão do evento. Os primeiros acordes de Uglier sacados por Robert Hecker e seus chutes ao ar contagiaram a pista, que não parou de vibrar até a última distorção de “Crazy World”. Deixaram o palco ovaciona-dos e com a certeza de dever cumprido.

Toy

Se na noite anterior, quem foi ao recin-to Sant Jordi Club desfrutou de uma jornada completa com bandas espanholas, com direi-to a ver de perto Los Planetas (banda históri-ca de granada com seu post rock oitenteiro) como destaque. No sábado, terceiro e último dia do Primavera Club, o mesmo teve direito a uma jornada de bandas gringas, com exce-ção de Stand Up Against Heart Crime, que é espanholamasfazumperfilJoyDivision.Oprimeiro nome internacional da noite foi a mais recente novidade do mercado britânico, seguindo a mesma linha da banda anterior, ainda que com pitadas pop. Os londrinos do Toy trouxeram para a noite a distorção do shoegaze e psicodelia com “Colours Running Out”, “Dead and Gone” e “Kopter”, além de algumas inéditas como “Left Myself Behind”. Um show curto como esperado por terem so-mente um disco lançado e apenas meia dúzia de composições. Muita fumaça no palco, gui-tarras com eco e delay. Uma boa apresenta-ção dos quase adolescentes.

Mark Lanegan

42

Page 43: Revista Rock Meeting #40

Mas o que despertava ansiedade naquele momento foi a presença de Mark Lanegan lançando o excelente Blues Funeral. Foram várias tentativas, sem sucesso, de cobrir a apresentação de Mr. Lanegan aqui na Espa-nha, mas sempre havia algo que nos impedia. E como cada artista tem sua mania - ou seu ego - como já foi comentado em outras oca-siões, Mark gosta mesmo de cantar no escu-ro, ou melhor, no vermelho escuro. Seu palco tem sempre a mesma iluminação, segundo comentários de pessoas mais experientes. O público em geral só conseguia ver um silhue-ta no palco. Para os fotógrafos cobrir a apres-netação é uma missão é quase impossível. Abrindo com “The Gravedigger’s Song” (a mesma que abre o álbum) não demorou para levantar o público com “Hit The City”, antes de oferecer “Wedding Dress” e “Methamphe-tamine Blues”. Para não deixar a plateia em transe, plugaram guitarras e as distorceram com “Riot in My House” e “Quiver Syndro-me”, fazendo todo mundo dançar e bater ca-beças. Com pouco mais de uma hora no pal-co, sem discursos, sem palavras e com nada mais a oferecer que não fosse sua rouca voz, Lanegan deixa o palco para não mais voltar, sem essa de bis. Foi sob medida.

The Vaccines

Já os ingleses do The Vaccines, que ganharam o mundo em 2011 de maneira re-pentina com seu pop rock ao melhor estilo “yêyêyê” da jovem guarda, aterrizava em Bar-celona em dívida com o público, já que esta-vamconfirmadosparaaediçãodeverãodofestival do ano passado quando cancelaram este e muitos outros para saírem em turnê com os Arctic Monkeys pelos “states”. Com certeza os organizadores esperavam mais pú-

43

Page 44: Revista Rock Meeting #40

blico, ainda mais tendo todas estas bandas ao preço de 25 euros por cabeça, nada mal já que um único show dos Vaccines poderia facilmente custar algo mais em uma sala me-nor. Mas a grande verdade é que o Sant Jordi Club é muito grande, aliados com a crise e o friomuitagentepreferiuficaremcasa,dan-do a sensação de show vazio, o que não foi verdade. Nada que diminuísse a intensida-de da banda no palco desde a abertura com “No Hope” do recém-lançado Come of Age. Destaque total para Justin Young e sua mo-vimentação no palco, quase que emendando uma música na outra entre “Wrecking Bar (ra ra ra)” e “A Lack of Understanding”. Com “Wetsuit” e seu refrão pode se ter uma me-lhor dimensão do momento em que os jovens

atravessam, pois o público cantou cada pa-lavra da letra. Não sei como a banda está no Brasil, mas aqui na Espanha ela é totalmente popular, destas que você escuta até nos au-tofalantes de supermercados naquelas musi-quinhas que distraem os clientes. Com “Tee-nage Icon” o ritmo volta a acelerar e mesmo com um setlist bastante recheado de música de seus dois álbuns, pouco mais de 50 minu-tos foi o tempo que durou a apresentação e, para demolir todas as esperanças de um bis, o baterista fez questão de jogar metade da bateria por terra. Num geral, foi uma ótima jornada. Anotatristeesurpreendentedofimdesemana foi a revelação de que esta pode ter sido a última edição do Primavera Club, pelo

44

Page 45: Revista Rock Meeting #40

menos por algum tempo. Após seis anos de realização, o irmão caçula, como chamamos por aqui, passa a ser realizado em 2013 so-mente nas cidades de Guimarães, em Portu-gal, que este ano recebeu o evento pela pri-meira vez, e em Bordeaux, na França. Era algo esperado por todos, já que o novo governo da Espanha é caótico, fazendo com que o acesso à cultura, que antes estava à alcance de todos, passe a ser artigo de luxo graças as subidas de impostos, minando o território. Sem contar que este ano o universo conspirou contra o evento com a interdição da Sala Apolo, onde ele normalmente é realizado; o já comentado cancelamento de Cat Power muito próximo da data de apresentação, deixando aos orga-nizadores pouco tempo para conseguir um

substituto à altura, o que na verdade não foi possível apesar dos esforços. Tudo isso soma-do a tragédia recente de uma rave em Madrid, fazendo com que as licenças para eventos se-jam mais difíceis de conseguir, a colaboração nula da polícia local fazendo com que cada evento contrate empresas particulares de se-gurança, tanto para dentro quanto para fora de seus locais, o que aumenta e muito o custo de cada produção, entre outras coisas. Esta-mos em um país onde, seja o artista que for, preços altos significa fracassodepúblico.Oeuropeu em geral gosta de se divertir e pas-sear a preço baixo e com toda a razão. Ócio é um direito e não um luxo. Até a próxima!

45

Page 46: Revista Rock Meeting #40

Born From Pain fecha 2012 em alta acompanhado de 8 OzTexto e fotos: Mauricio Melo (Correspondente RM - Espanha)

46

Page 47: Revista Rock Meeting #40

Born From Pain fecha 2012 em alta acompanhado de 8 Oz

47

Page 48: Revista Rock Meeting #40

Quinta-feira, vinte de Dezembro de 2012, o jantar está servido e com di-reito a um bom aperitivo de entrada.

Àsvésperasdofimdomundo,atrilhasonoranão poderia estar mais de acordo com a si-tuação. Com títulos de álbuns como “In Love With the End”, “War e Survival”, a banda Born From Pain passou por Barcelona para apresentar seu novo trabalho, The New Futu-re, título perfeito para se, por acaso, o mundo nãoseacabe. Eantesdofimestremeceuasparedes do Rocksound com muita competên-cia. Para o já comentado aperitivo, tivemos a abertura do 8 Onzas, banda local que tam-bémfazoperfilhardcorecomalgunsbreak-downs e um pretigioso público catalão can-tando boa parte dos temas junto ao vocalista num show com mais minutos do que o de ha-bitual para uma banda simples de abertura, é a vantagem de jogar diante de sua torcida. O palco da Rocksound na verdade é um pe-queno tablado com mais ou menos cinquenta centímetros de altura, perfeito para a ocasião. Com um som bastante técnico, limpo e boa postura, temos a certeza que o grupo estará presente em muitos shows locais em 2013. Há três anos sem tocar em Barcelona, o Born From Pain escolheu a cidade para abrir a turnê européia do disco novo. Na verdade um bom teste para saber como está a banda com (uma vez mais) nova formação, já que para este início poucas apresentações agen-dadasatéofinaldoano(oudomundo)para,aísim,sairemturnêdemaneiradefinitivaecom as pilhas recarregadas. Talvez seja a diferença entre esta ex-celente banda e bandas como o Hatebreed

48

Page 49: Revista Rock Meeting #40

por exemplo. Apesar da diferença de “idade” entre ambas, já que os americanos liderados por Jasta iniciaram suas atividades mais ou menos com meia década de antecedência. Os holandeses do Born From Pain sempre tive-ram potencial e competência para ser tão bom representante do estilo na Europa quanto os americanos mas a desfragmentação da banda em diversas ocasiões, ou seja, as constantes mudanças de formação, a inconstância na hora de lançar discos nos últimos anos e sair a defendê-los pelo mundo afora tenham fei-to com que a mesma não segurasse um bom público ao longo de sua carreira e perdido al-gum espaço, ainda que este show deixa claro que a capacidade de remontar é muito maior do que muitos imaginavam. Diante do quinteto sobre o tablado o que se viu foi um Rob Franssen muito mais

em forma do que há dois anos e meio no Hel-lfest na última vez que pude conferir a banda ao vivo. Com quilos à menos e muita atitu-de vimos, como Rob e a banda arrasaram os tímpanos desde a abertura com músicas como “Death and the City”, “Rise or Die”, “Reclai-ming the Crown” e “State of Mind” deixando claro que músicas mais arrastadas não esta-vam no setlist. Do disco novo petardos como “Change or Die” e “American Treason”, algo mais melódico com “Sons of a Dying World” do disco anterior e até mesmo o já considera-do clássico com “The New Hate”. Um show na medida certa, nem muito longo, nem cur-to como habitualmente acontece por aqui e a certeza de que a banda soube uma vez mais dar a volta por cima e criar uma nova chance de ganhar e recuperar um espaço já conquis-tado na cena hardcore. 2013 tem mais!

49

Page 50: Revista Rock Meeting #40

50

Page 51: Revista Rock Meeting #40

51

Page 52: Revista Rock Meeting #40

Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])Fotos: Divulgação

Muito obrigado por conceder essa en-trevista e para iniciar, apresente a ban-da e conte de onde surgiu o nome Jack Devil? O nome surgiu bem antes de a banda estar formada. Assim que idealizamos o pro-jeto, logo veio o nome e ele surgiu devido a vários fatos, mas, um motivo importante para a escolha deste nome, era que queríamos um nome que as pessoas aqui de nosso país pu-dessem pronunciar com facilidade mesmo que fosse em inglês. O JACKDEVIL é nada mais nada menos do que “Zeca Diabo” mes-mo, uma leve referência aos nomes dos can-gaceiros e pistoleiros do nordeste como Lam-pião etc.

A banda lançou o “Under The Satan Command” que é uma remixagem de uma demo tape de 2010. Como está sendo a receptividade do público por onde a Jack Devil está passando? O primeiro ponto crucial para a nossa

Em breve, o quarteto maranhense estará em Maceió junto com os canadenses do Skullfist, ambos, pela primeira vez. Aproveitando o momento, a Rock Meeting con-versou um pouco com os caras.

escalada com esse material foi a surpresa que tivemos ao ver o Under The Sa-tan Command como desta-que na revista de alcance na-cional(Roadie Crew do mês de agosto deste ano). Após isso, tudo mudou! Esta é a grande realidade. Muitasdificuldades tentaramobstruiro nosso caminho até a gravação deste mate-rial. Tivemos que acabar gravando nós mes-mos, e à moda antiga. Todos juntos tocando. Foi muito complexo, e com certeza, este foi o momento onde mais evoluímos. Em seguida veio a recompensa e hoje somos orgulhosos por podermos ver o material criando vida e ver as pessoas baixando e repassando pra ou-tras.

52

Page 53: Revista Rock Meeting #40

Por onde passamos sempre somos re-cebidos com muito carinho. Por muitas vezes quando, chegamos às cidades, já consegui-mos ver pessoas com as músicas na ponta da língua, avistamos sempre uma galera usando patchs escrito “JACKDEVIL” e com certeza isso vale mais do que qualquer dinheiro no mundo. Ver o público respeitando e te em-purrando pra frente vale ouro. O álbum contém cinco faixas e foi gra-vado em apenas um dia, fale um pouco dessa correria para conceber este re-

gistro. Bem, na época nós tínhamos apenas 4 meses com aquela formação, mas desde o primeiro mês, a gente já se entendia bem, e apesardaslimitaçõesedificuldades,aJACK-DEVIL conseguiu atravessar aquele momen-to e gravar as cinco faixas. Gravamos e mixamos aquilo à moda antiga. Foi tudo muito rápido pois em menos de 24 já estava tudo terminado. O resultado foi legal, porém depois contamos com a força do Cid Campelo, que nos ajudou com a remi-xagem e daí, o “Under The Satan Command”

53

Page 54: Revista Rock Meeting #40

realmente ganhou vida.Nossa cidade ainda é bem prematura em re-lação à estúdios de gravação, portanto tenta-mos fazer o que podíamos naquele momento. Hoje, as coisas estão bem melhor, tanto que o próximo álbum vem bem mais trabalhado.

Deste último lançamento foi gravado o clipe “Under The Metal Command”, algo que não é tão fácil de se fazer. Como foi que surgiu a idéia de fazer o vídeo e utilizar as ruas maranhenses como parte do cenário. A gente queria fazer algo bem amador mesmo. Queríamos passar a nossa realidade naquele momento, então nada melhor que mostrar as ruas por onde passamos diaria-mente, o local onde vivemos. O clipe começa com uma frase escrita na parede, ”Fuck Sar-ney”, frase esta que já fala por si só, o resto das imagens se divide em imagens da gente tocando no estúdio e imagens das ruas do

nosso centro histórico, que se encontra em estado de abandono, infelizmente é isso aí. Mas foi uma forma da JACKDEVIL protestar, pois no ano em que vem, completamos 400 anos o nosso centro histórico, o local onde nossa cultura exala, está simplesmente aban-donado à própria sorte.

O som forte da banda vem de influên-cias individuais de cada membro, cite algumas bandas e álbuns que contri-buíram para que vocês chegassem a sonoridade atual. Basicamente os álbuns que mais ou-víamos naquele momento eram o “Show No Mercy” do Slayer,o “Kill ‘em All” do Metallica e o “Killers” do Iron Maiden.

Um assunto triste, mas que não tem como fugir dele é o MOA. Foi um fato marcante em 2012 e vocês por serem do Maranhão, como reagiram tanto como fãs de Metal e como cidadãos ma-

54

Page 55: Revista Rock Meeting #40

ranhenses? O Metal Open Air,vulgo “M.O.A”,nos deu um grande presente, a sua prévia. Foi in-crível tocar na maior praça de nossa cidade para aproximadamente 10.00 maranhenses que apoiaram totalmente a JACKDEVIL na-quele momento. Hoje quando nós olhamos as imagens do vídeo no youtube acabamos sem-preficandoperplexoscomaquilo.Opovoagi-toudocomeçoaofimeoeventotodoemsifoiótimo. Já o Metal Open Air em si, temos que admitir que não foi um sucesso. Aconteceram vários erros que acabaram precipitando tudo, e naquele momento a gente assistia tudo no local, víamos ali um sonho caindo num abis-mo sem volta. Naqueles dias a gente estava muito feliz por ver que o Brasil todo se virava para ver a nossa pequena ilha rebelde mostrar que aqui também existia heavy metal, mas in-felizmente nem tudo é como queremos.

A população da cidade passou a ver os headbangers de uma forma diferente,

mais positiva ou não? Colhemos vários frutos daquela época e com certeza o povo de São Luís hoje tem consciência que o heavy metal maranhense definitivamente está vivo, e se depender daJACKDEVIL, permanecerá vivo ao longo de muitos anos.

Vocês foram para o Metal Opens Air? Se foram, o que podem comentar so-bre a estrutura e tudo que viram por lá. Apesar da nossa banda não estar en-volvida na produção e não ter ciência de nada que estava acontecendo detrás das cortinas, nós da JACKDEVIL e toda a nossa equipe e amigos estávamos lá em todos os dias, acom-panhando tudo de perto. O primeiro dia con-tinha uma estrutura bem legal, mas os proble-mas técnicos surgiam a todo o momento. O Anvil, Exciter, e principalmente o Megadeth, sofreram com isso. Já por outro lado, conhe-cemos várias pessoas de outras cidades, tro-camos muitas informações e conhecimentos

55

Page 56: Revista Rock Meeting #40

ali. Nós sempre tentamos aproveitar ao má-ximo cada situação e ali não foi diferente.

De alguma maneira isso afetou o cená-rio underground no estado? Inicialmente afetou, coincidiu com o fimdemuitasbandaseumaleveescassezdeshow pela cidade, mas hoje retomamos o fô-lego e quem sobreviveu tenta fazer o heavy metal continuar vivo aqui. Hoje a impressão que temos é que a cidade está se reforman-do em relação ao metal, o público se renovou uma moçada nova entrou e os shows volta-ram a lotar. Sonhamos ainda com o dia em que as pessoas irão valorizar mais ainda as bandas locais, mas já percebo que isso vem sendo alterado aos poucos e ao que tudo indi-ca em breve nossa cidade estará mais forte do que nunca.

Deixando esse fato lamentável para trás, vamos falar do que virá. Em ja-neiro a Jack Devil fará um show com a banda canadense Skull Fist em Maceió, qual a expectativa da banda para este show? Primeiramente, a gente precisa dizer aqui que somos fãs do Skull Fist. Conhece-mos eles desde a demo “Heavier Than Metal” e vai ser incrível tocar ao lado destes caras. Em seguida a gente também precisar falar que sempre ouvíamos falar muito bem de Maceió, que a cena aí é muito calorosa e que o público é muito receptivo. Então, vai ser a realização de um sonho tocar aí, já que alme-jamos isso a muito tempo. A galera de Maceió pode esperar, que estamos indo para dar o nosso máximo nesse show e botar a casa de show pra ferver.

56

Page 57: Revista Rock Meeting #40

Quais outras cidades que estão previs-tas para que a banda faça shows após esse? Juntamente com o Skull Fist, tocare-mos em Recife (PE) e mais duas outras cida-des no Maranhão que são Balsas e Impera-triz. Sem o Skull Fist, também passaremos na mesma época em João Pessoa (RN), Carajás (PA) e antes um pouco em Parnaíba e Teresi-na no Piauí.

Quais as novidades que todos podem esperar para 2013? Logo no primeiro dia do ano de 2013 será lançado o nosso cd novo, o “Faster Than Evil”juntamentecomonossositeoficial.Emseguida sairá o nosso segundo clipe. Ainda em 2013, provavelmente sairemos em tour pelo Brasil através da Cronos Produções. A divulgaçãodetodasasnewsficaráporconta

do Maicon Leite e da RF Divulgações.

A Rock Meeting agradece pela entrevis-ta, Maceió está a espera da Jack Devil e deixe uma mensagem para os leitores. Nós da JACKDEVIL fazemos sempre muita questão de responder a todos com mui-ta atenção e dedicação. Cada pessoa que che-ga para ajudar, para somar, nós sempre agra-decemos muito, e com vocês da Rock Meeting não seria diferente. Queremos, neste espaço, agradecer à todos os leitores deste excelente e super bem falada revista que divulga o heavy metaldeformaimpecável.Parafinalizar,pe-dimos a cada um de vocês que nos ajudem a espalhar o nosso trabalho para as pessoas, para que o nosso heavy metal soe cada vez mais alto. Obrigado!

57

Page 58: Revista Rock Meeting #40

58

Page 59: Revista Rock Meeting #40

59

Page 60: Revista Rock Meeting #40

“Não me passava pela cabeça uma volta tão

rápida”Por Pei Fon (@poifang | [email protected])Fotos: Divulgação

Embebida de expectativas, a banda Vooodoo-priest é cercada daquela “positive vibration” desde o anúncio da sua criação. Bem pudera. Seu frontman, Vitor Rodrigues, lidera este grupo paulista e nos faz imaginar o que está por vir. Prestes a conhecermos o primeiro EP do Voo-doopriest, a Rock Meeting conversou com Vitor so-bre o Torture Squad, a carreira e, claro, o futuro. Acompanhe esta entrevista sincera, divertida e conheça um pouco mais do que está por vir com a Voodoopriest.

60

Page 61: Revista Rock Meeting #40

- Olá Vitor! É um prazer enorme des-frutar deste momento. Não meça as palavras nas respostas. Para este iní-cio, quem faz parte do Voodoopriest? O Voodoopriest é formado por mim - Vitor Rodrigues - no vocal, César Covero (Endrah, ex-Nervochaos) e Renato De Luccas (Exhortation) nas guitarras, Bruno Pompeo (Aggression Tales, ex-CPM) no baixo e Edu Nicolini (ex-Nitrominds, ex-Musica Diablo) na bateria.

- Em abril todos foram pegos de surpre-sa com a sua saída do Torture Squad. Já no final de 2012, foi anunciada a criação do Voodoopriest. Um misto de tristeza e alegria. Em dois momen-tos este ano, você teve que responder sobre estas novidades. Como se sentiu

em relação a isso? Irritação? Algo nor-mal? Conte um pouco para nós. De certa forma eu sabia que iria passar por esse processo, portanto foi algo normal. Não me senti nem um pouco irritado, pelo contrário.Osfãsficaramsurpresoscommi-nha saída, mas respeitaram minha decisão e me apoiaram. Eles também me incentivaram a voltar logo com outra banda e isso me dei-xou muito feliz.

- Já sobre o Voodoopriest, como se deu a reunião de músicos de bandas tão distintas para este projeto? O que você, Vitor, disse para eles? Pra falar a verdade não me passava pela cabeça uma volta tão rápida, mas como recebi muitas mensagens na minha página no Facebook e e-mails de fãs, amigos e músicos me perguntando sobre meu novo projeto, co-

61

Page 62: Revista Rock Meeting #40

mecei a pensar nos integrantes que poderiam fazer parte dessa nova banda. A primeira coi-saquefizfoiumalistacomalgunscarasqueeu já conhecia e que eu considerava bons ins-trumentistas, além de serem pessoas legais. Meu primeiro contato foi com o Covero, que eu conhecia desde 2002. Desde essa época eu o achava um ótimo guitarrista, com uma palhetada muito sólida - o que é fundamental numa banda de metal. O outro guitarrista, o De Luccas, conheci quan-do o Torture Squad fez um show no interior de São Paulo, que contou com a abertura da

banda dele, o Exhortation. Fiquei impressio-nado com a forma que ele tocava death metal mesclando com solos melodiosos. Começa-mos a conversar e ele me mandou várias mú-sicas legais, o que acabou sendo fundamental para que eu o escolhesse. O baixista Bruno Pompeo foi recomen-dação do De Luccas. Eu não o conhecia, mas gostei dele por ser um bom instrumentista e um músico aberto para outros estilos. O Edu Nicolini eu já conhecia de longa data e, como ele estava sem banda na época, o chamei para integrar o Voodoopriest. Eu o conhecia mais

62

Page 63: Revista Rock Meeting #40

como um baterista de bandas de hardcore, mas sabia que ele era muito criativo e habi-lidoso. Depois vim a descobrir que ele é fã de thrash metal e que já tocou em várias bandas de metal.

- De onde nasceu o nome Voodoo-priest? Algum significado especial? O nome Voodoopriest nasceu quando eu ainda fazia parte do Torture Squad. Eu tinha o costume de virar os olhos em alguns momentos dos shows, deixando só o branco doolhoaparecer.Umdia,fizemosumaapre-

sentação em uma cidade da Alemanha e ha-via uma luz vermelha em cima do palco. A certa altura da apresentação, me posicionei debaixo desse spot vermelho e virei os olhos. Deve ter sido uma visão assustadora (risos). Depois do show, um alemão veio nos cumpri-mentar e me disse que quando eu virava os olhos, eu parecia um ‘voodoo priest’, ou seja, um sacerdote vodu. Achei muito legal esse elogio (risos). Desde esse dia o nome Voo-doopriest não saiu mais da minha cabeça e, quando estava pensando em um nome para a banda, achei seria um nome bem legal, ade-

63

Page 64: Revista Rock Meeting #40

quado para o nosso tipo de som. Quando re-velamos o nome da banda, muita gente curtiu e elogiou a escolha, então acho que acertei! (risos).

- O primeiro EP já está pronto, já tem nome e data de lançamento? Sim,assessõesdegravaçãojáforamfi-nalizadas, só falta a mixagem e masterização. O EP será auto-intitulado e pretendemos lan-çá-lo no início de 2013.

- Com o lançamento da primeira músi-ca do Voodoopriest, como está sendo a receptividade do público? “Reborn” é o que podemos esperar no som do VDP? Fale um pouco sobre a música. A receptividade está sendo melhor do que esperávamos, aliás, estamos bastante surpresos e o som do Voodoopriest é a jun-ção de todos os estilos dentro do metal e mais

os estilos de cada integrante, em suma... uma sonoridade totalmente voodoo (risos).

- Primeiro passo: EP. Segundo passo: divulgação. Terceiro passo: shows. Quando é que veremos uma apresen-taçãodo Voodoopriest? Nosso objetivo é fazer um show de lan-çamento em São Paulo assim que o EP for lançado. Depois, já temos algumas datas con-firmadas em festivais como oOtacilioRockFest em Santa Catarina e o Festival Rock Hu-manitário em Cabo Frio.

- Há uma expectativa tremenda sobre a banda. Vemos e lemos isso pelas re-des socias. O que estão achando deste feedback? Estamos achando tudo isso simples-mente incrível! Não imaginávamos que essa nova banda iria causar tanta repercussão e

64

Page 65: Revista Rock Meeting #40

ansiedade nas pessoas. Isso é muito bacana, porque a banda não lançou nada ainda e já existe essa enorme expectativa em torno do Voodoopriest.

- Mudando um pouco de assunto... Não sei se está confortável para responder sobre sua antiga banda, mas há várias lacunas em relação a isso. Por que re-solveu sair do Torture Squad? Houve algo que o desagradasse ou precisava de novos ares? Tive muitos momentos legais com o Torture Squad, mas como você mesmo disse, eu precisava de novos ares. Foram 19 anos de lutas e realizações, mas chegou um momento em que eu decidi largar o comodismo e en-frentarnovosdesafiosnaminhavida.Émaisou menos como se você estivesse a 20 anos trabalhando na mesma empresa. Você pode até gostar do seu emprego, mas chega uma

hora que você precisa decidir em continuar na mesmice ou começar algo novo, mesmo queissosejacomplicadoedesafiador.

- Toda mudança gera um pouco de des-conforto. O que ficou fazendo após a sua saída do TS? Na verdade, quando eu saí da banda, o único desconforto que senti foi saudade de viajar e fazer shows. Aproveitei o tempo livre para aprender um pouco de guitarra. Quando comeceiacomporalgunsriffs,fiqueibastan-te empolgado.

- Você esteve presente naquele fracas-so que foi o Metal Open Air e cantou junto com o Korzus. Como foi isso? A banda te chamou? Ninguém esperava por você lá, inclusive eu, que estava na-quele lugar. O que achou do público? O que você tem a dizer sobre tudo aquilo

65

Page 66: Revista Rock Meeting #40

que aconteceu? Na época do festival, eu já tinha saído do Torture Squad e meus ex-companheiros haviam informado que eu não ia participar do show, mas mesmo assim eu decidi ir, por-que a minha passagem já havia sido emiti-da e eu queria assistir as bandas. Assim que eu cheguei no hotel, encontrei com os meus amigos do Korzus no corredor, que me con-vidaram para cantar uma música com eles. Escolhi a “Agony”, porque foi através des-sa música que eu conheci o Korzus muitos anos atrás. Esse festival foi um desastre para todos nós que somos parte do mercado brasileiro de metal e uma vergonha diante de todo o país e o resto do mundo. Mesmo assim, os headbangers tiveram um compor-tamento exemplar, pois apesar de terem motivos de sobra pra colocar tudo aquilo abaixo, não agiram de forma violenta.

- O que você está ouvindo ultimamen-te? Faça um top 5, destaque uma mú-sica e fale um pouco sobre a banda. De coisa nova, estou ouvindo Gojira (The Way Of All Flesh), uns franceses que estão fazendo um som pesado e meio psico-délico, com uma quebradeira sensacional. Krisiun (Blood Of Lions), o nosso ZZ Top do inferno, que neste CD equilibra peso, velo-

66

Page 67: Revista Rock Meeting #40

cidade e cadência de uma maneira genial. Command 6 (Before The Storm), uma mo-lecada que está vindo com tudo, com novas ideiasenopalcoacoisaficaséria.KingOfBones (We Are The Law) é uma banda bra-sileira nova que está lançando seu primeiro álbum, com composições muito bem feitas e um vocalista excepcional. Suicidal Angels (Bloodbath) é uma banda grega que faz um thrashão arrasador. Não é algo exatamente novo, mas os caras tem uma garra fenome-nal.

- Para finalizar, o que podemos espe-rar do Voodoopriest? Primeiramente, quero agradecer a vocês do Rock Meeting pelo espaço. O pú-blico pode esperar boas músicas e apre-sentações com muita garra, suor e fúria! Estamos chegando com tudo, temos nos de-dicado bastante para fazermos algo que dê orgulho aos headbangers brasileiros e que mostre ao mundo que o Brasil continua sen-do um celeiro de grandes bandas de metal. Espero que a galera curta e que eu possa re-tribuir um pouco do apoio e do carinho que tenho recebido de tanta gente. Estou louco pra voltar aos palcos e gritar: Headban-geeeeeeeeeeeeeersss!

67

Page 68: Revista Rock Meeting #40

Uma noite para soltar todos os seus monstros

68

Page 69: Revista Rock Meeting #40

Uma noite para soltar todos os seus monstros

69

Page 70: Revista Rock Meeting #40

O domingo que antece-deu às vésperas do Natal foi celebrado com muito

heavy metal sob o coman-do de Dani Nolden da ban-

da paulista Shadowside

Texto e foto: Pei Fon (@poifang | [email protected])

Foi uma noite bem atípica para a cena alagoana, porém era uma confraterni-zação e o público que esteve presente

viu o quanto a banda Shadowside surpreen-de por onde passa. Não é à toa que irão fazer uma turnê europeia junto com o Helloween e Gamma Ray. Sendo a atração da noite, os paulistas fizeramoúltimoshowdatourNorte/Nordes-te em Maceió, se apresentando pela primeira vez na terrinha. O público foi aquém do espe-

rado, muito embora o quarteto não tenha de-sanimado, mas sim subido ao palco com gás total. Ficam duas coisas: quem foi assistiu a um show incrível e quem não foi perdeu, sim-ples assim! Já passavam das 22h quando a banda anunciava o seu início ao som de “Hurrica-ne”,doslendáriosScorpions.Aofinaldemui-to “Here I am, rock you like a hurricane”, a introdução épica inicia, de fato, o show do Shadowside.

70

Page 71: Revista Rock Meeting #40

71

Page 72: Revista Rock Meeting #40

Mostrando o seu lado sombrio, Dani Nolden, a “bunita” que assume os vocais, mostrou domínio e segurança vocal, perfor-mance, além de esbanjar muita simpatia. “Gag Order” iniciou a apresentação, música do recente álbum “Inner Monster Out”, lan-çado em 2011, gravado e mixado na Suécia pelo renomado Fredrik Nordström. O setlist foi um passeio pelos três álbuns já lançados pela banda para não deixar fã algum insatis-feito: “Theatre of Shadows”, “Dare to Dream” e “Inner Monters Out”. Esta foi a primeira tour com o novo baixista, Fabio Carito, após a saída de Ricar-

do Piccoli, e ele não deixou por menos. Cari-to substituiu à altura o seu antecessor e nem parecia que entrara outro dia na banda. Em nota, ele falou das dificuldades, das noitessem dormir e da empolgação que foi viajar pelos mais diferentes lugares do Brasil: “18 dias de viagem, 8 datas marcadas, 2 regiões do país, centenas de quilômetros percorridos, poucas horas de sono e nenhuma frescura! Descobrir a energia, a receptividade e o ca-rinho dos nossos fãs ao longo dos shows foi o necessário para recarregarmos as baterias para mais uma viagem em busca da próxi-ma apresentação”, desabafou e acrescentou:

72

Page 73: Revista Rock Meeting #40

“Uma ótima experiência para guardar para sempre nas boas lembranças. Em poucos dias de viagem, você percebe que a sua equipe e companheiros de banda são a sua família, percebe que sua casa é a estrada e que o seu teto são as nuvens”. Dentre as músicas tocadas estavam “Highlight”, “Nation Hollow Mind”, “In the Night”, “Hideaway”, “Inner Monster Out”, “Habitchual”, “In the Name of Love”, “My Disrupted Reality”, “ADD”, “Waste of Life” e fechando com “Angel with Horns”. Mas ainda houve tempo para dois covers, um do Motörhead com “Aces of Spades”, bastante

aplaudida, e “Inútil” do Ultraje a Rigor, que está no último trabalho da banda, na versão brasileira. Aofinaldoshow,Daniconvidouato-dos para continuarem no local e poder falar com a banda assim que recuperassem o fôle-go. Simpática, atendeu a todos, posou para as fotos, bem como os outros integrantes. Unâ-nimes, todos elogiaram a banda e seu desem-penho em palco. Assim como o organizador, a vontade de todos é voltem mais vezes.

73

Page 74: Revista Rock Meeting #40
Page 75: Revista Rock Meeting #40

Malevolent Creation Vital Remains MoonspellPor Alcides Burn

75

Page 76: Revista Rock Meeting #40

Viajar sempre é muito bom, e quando é pra você assistir a shows, é melhor ainda.

Sou um grande fã do Moonspell, banda portuguesa que acompanho desde os primei-ros álbuns. Quando soube que eles iriam to-car no Brasil, eu não poderia perder de jeito nenhum. Comprei minhas passagens, meus ingressosefiqueicontatoosdias.Nessemeiotempo, apareceu um cartaz de um outro even-to no dia anterior ao Moonspell. Nimguém menos que o Malevolent Creation e o Vital Remains também iriam es-tar na cidade num show junto com Krisiun. Dia 15 de dezembro peguei um voo pra São Paulo, cheguei na cidade às 6h da manhã, fui direto pra casa de meu tio. Após o café da manhã, sem demora, fui à Galeria do Rock comprar umas coisinhas. O movimento tava grande na galeria. De lá voltei pra casa do meu tio, tro-quei de roupa descansei um pouco e fui pra o Carioca Clube. Chegando lá, já estava tocan-

do a segunda banda de abertura, por conta do trânsito perdi a primeira. Com a pulseira de “all acess” tive, a oportunidade de conhece o vocalista do Vital Remains, entregar umCDdoSanctifier praele e trocar umas poucas ideias. Após um tempo e algumas cervejas, as luzes se apagam e em meio a escuridão do pal-co, o Vital Remains subiu ao palco. Assistir ao show dos caras é uma experiência insana, ex-tamente o que eles fazem no CD. O novo voca-lista da banda, Brian Werner, tem um timbre de voz bastante parecido com Glen Benton. Da formação orginal apenas Tony Lazaro. Brutalidade e instigação a toda hora são marcas do show do Vital Remains. Em uma parte do show o vocalista convocou o público pra fazer um Wall of Death, foi insa-no! O repertorio foi basicamente em cima do “Icons of Evil” e “Dechristianize”, sendo essa a última música do show. Enfim,oVitalRemainsmostroupraopúblico como se fazer um show de Death Me-

76

Page 77: Revista Rock Meeting #40

77

Page 78: Revista Rock Meeting #40

tal de verdade. Após o Vital, uma pausa pra mais cer-veja e descansar o pescoço. Eis que entra no palco então o Malevo-lent Creation! Após uma introdução, Phil Fasciana e companhia destilam seu poderoso death me-tal para todos presentes. O show da banda em si, é uma grande sequência de clássicos da banda. Brett Hoffman, na minha opinião, é um dos melhores frontmen do Death Metal. A banda soa perfeito ao vivo, não poderia ser melhor, todos os presentes batendo cabeça e vibrando a cada som tocado. Infelizmente, apósoMalevolentnãopudeficarpraconferiroKrisiun,masenfim,foiperfeito. De volta pra casa que no outro dia ti-nha mais metal! Domingão, já acordo com o jogo do Corintinhas na TV, acaba o jogo e é so festa em Sampa! Vou da um rolé na Av. Paulista e tá la a torcida inteira invadindo a cidade. Às 17h sigo pra o Inferno Clube, não conhecia o local. Em frente ao Inferno tinha outra casa de show onde estava rolando um show de Hardcore com o Worst, a outra ban-da de Fernadão (Paura), que em breve estará fazendo uma tour pelo nordeste. Cheguei a conversar com ele sobre a mesma. Bom,devoltaprafilapraentrarnoIn-ferno Clube. Confesso que estava muito an-sioso! O Moonspell, pra mim, é umas das me-lhores bandas no estilo. Eu estava realmente

empolgado pra vê-los ao vivo. Após comprar a camisa da tour, que é muito linda por sinal, entrei no local pra es-perar o começo do show. Então, as luzes se apagam. Começa a introdução de “Axis Mundi”, primeira faixa do novo CD da banda “Alpha Noir”. A banda entra no palco e Fernando Ribeiro com uma mascará parecida com que Russel Crowe usou em “O Gladiador”. Ele cantou “Axis” inteira com ela. “Alpha Noir”, “Finisterra” e “Night Eternal” foram as seguintes. A essa altura, o público já estava extasiado. O show foi fei-to em cima de clássicos da banda: “Opium”, “Mephisto”, “Vampiria”, “Alma Mater”, to-das elas rolaram. Destaque para as novas “Lickanthrope” e “Em Nome do Medo”, que aovivo,ficarambrutais.Afasemaisgóticadabanda também foi lembrada com “Nocturna” e “Scorpion Flower”. Até “Trebaruna” entrou no Set. Foram 2 horas de um show empolgan-te. A banda se mostrou bastante simpática com o pequeno público presente. Enfim, acabou o show, e eu confessoque sai satifeitíssimo com o evento. Todas as músicas que eu queria que tocasse foram executadas,possodizerquefiqueiemociona-do vendo o Moonspell. E digo a todos que se tiverem uma oportunidade de vê-los um dia que vão, é realmente espetacular! Gostaria de agradecer a minha esposa Milla por compreender minha paixão pela banda e ter me liberado no dia do nosso ani-versário de casamento pra ter ido ver o show.

78

Page 79: Revista Rock Meeting #40

KreatorMorbid AngelNileFueled By FireSala Salamandra - BarcelonaTexto e Foto: Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha)

79

Page 80: Revista Rock Meeting #40

Parece mesmo que esta semana foi ines-quecível para o mundo do metal, em geral. Se em São Paulo e no Rio de Ja-

neiro o público brasileiro tinha um encontro com o Cavalera Conspiracy e Kiss em dias diferentes, na Espanha a coisa não era dife-rente. Claro que isso não é uma comparação, masemumfimdesemanaterKreatoreMor-bid Angel juntos e tendo como boas aberturas Nile e Fueled by Fire pode se considerar algo marcante. Apesar de ser um domingo e de o palco iniciar suas atividades às 19 horas, o públi-co até que compareceu em bom número para assistir e vibrar com o curto show do Fueled by Fire. Apenas seis músicas e pouco mais de vinte minutos bem aproveitados os rapa-zes do F.B.F. tiveram para deixar seu recado com seu thrash metal oitenteiro com níti-dainfluênciadebandascomoaExodus,porexemplo. O castelhano falado pela maioria de seus integrantes, que são de descendência la-tina, facilitou o bom entendimento. Os PA’s da Salamandra começaram a falar mais alto e consequentemente mais grosso com a entra-da em cena do Nile. O quarteto teve um pouco mais de tem-po que seus compatriotas e levaram a cabo nove petardos em forma de brutalidade mu-sical.“SacrificeUntoSebek”foiaresponsávelpor abrir o curto e já comentado set. Nessa hora a casa já podia ser considerada lotada. Tudo bem que não estamos falando de ne-nhumginásio.Segundo informaçõesoficiaisa mesma suporta no máximo 800 pessoas, mas considerando que existem pontos “mor-tos” ou podemos dizer “cegos” - já que em al-gumas partes se torna impossível ver o palco, podemos considerar que pelo menos 600 in-gressos foram vendidos. Com toda a sinceri-dade, acho pouco espaço para tal evento, ape-

80

Page 81: Revista Rock Meeting #40

sar da boa acústica. Apesar de terem um disco fresquinho no mercado, o At The Gates of Se-thu, no show apenas duas das nove músicas foram executadas deste álbum: “Enduren the Eternal Molestation of Flame” e “Supreme Humanism of Megalomania”. O restante do set foi um apanhado dos diversos álbuns já lançados. Logo após a saída do Nile do palco, uma enorme bandeira com o inconfundível nome/logo do Morbid Angel já se erguia ao fundo do palco e os bumbos da bateria também re-cebiam seus devidos adornos. Apesar do gru-po já não contar com integrantes do porte de Pete Sandoval nas baquetas, o quarteto segue muito bem representado por David Vincent e Trey Azagthoth. Para provar que não esque-ceram suas raízes. Os rapazes abriram com “Immortal Rites”, do já considerado um clás-sico no estilo, Altars of Madness. David Vincent com sua imagem de ca-nastrão demonstrava toda sua satisfação em visitar Barcelona após anos de espera do pú-blico catalão, que foi recompensado com os primeiros acordes de “Fall From Grace” de Blessed Are Sick e “Rapture” de Covenant, que fechava a tríplice coroa da abertura. Três músicas que não por coincidência abrem três discos marcantes da banda. E o desfile declássicos não parava por aí. Apesar de terem um disco considerado lançamento, já que por aqui é a primeira vez que a banda se apresen-ta desde a publicação de Illud Divinum In-sanus, em 2011, o quarteto seguia atacando de antigas, como por exemplo “Maze of Tor-ment” e “Sworn to the Black”. Do disco novo mesmo somente duas músicas, “Existo Vul-goré” e “Nevermore”, tocadas mais ou menos no meio da apresentação. Daí por diante o que voltou a dominar foram os já comenta-dos discos Altars of Madness e Covenant, até

81

Page 82: Revista Rock Meeting #40

finalizaremcom“WorldofShit(ThePromi-se Land)”, com direito aos já conhecidos riffs Trey - não só nesta mas em praticamente toda a trilha sonora, que durou um pouco mais de uma hora. Após toda essa maratona, ainda faltava o grande nome da noite: a Kreator. Com seu recém-lançado “Phantom Antichrist”, no qual tem em sua música título um excelente video clip, deixando transparecer toda a crítica da banda à humanidade e à sociedade em que vi-vemos. Esse disco possui duas diferentes ca-pas para o mesmo album, o difícil é escolher a melhor. A expectativa, que já era grande para o ato, aumentou quando a equipe cobriu o palco com uma tela branca para decoração. Assim como na tournê de Hordes of Chaos, o palco contém telas decorativas com a ilustra-ção de capa e contra-capa do disco, uma ilu-minação especial, bateria com pinturas per-sonalizadas, etc. Sabendo que o disco atual mostra um Kreator mais épico do que nunca, o público foi ao delírio quando a tela branca à qual nos referimos serviu de telão, onde ao som de “Personal Jesus” (Johnny Cash) eram mostradas várias imagens antigas da ban-da, desde o princípio, quando uns moleques alemães decidiram tocar rápidos e furiosos, a evolução, as capas dos discos lançados e a cada uma delas o público urrava. Foram mos-tradas imagens de turnês passadas, uma ver-dadeira recapitulação de imagens até entrar em cena o “Mars Mantra” (junto a imagens do já comentado video clipe), introdução que abre Phantom Antichrist e na sequência a música título, tudo muito épico. Em seguida “From Flood Into Fire”, também do álbum recém-lançado, deu uma segurada na galera e

82

Page 83: Revista Rock Meeting #40

demonstrou todo o lado épico deste excelente trabalho. Com certeza este foi o melhor encai-xe para um inicio de concerto, já que uma sequência matadora com “Enemy of God”, “Phobia” e “Hordes of Chaos” estava por vir. Foi tão matadora que no momento de berrar O refrão da música “chaos”, a sala não aguen-tou e um apagão tomou conta do local. Mil-le Petrozza deixou o palco imediatamente e furioso, talvez por já estar desgostoso com a localização e o tamanho da Salamandra, que é uma boa sala dependendo do show que se realiza, mas definitivamente não era a me-lhor indicação para o evento. Um show se complicou naquele momento. Quarenta mi-nutos depois, ou seja, quase meia noite, algo totalmente atípico por aqui, a banda retoma atividades após um furioso discurso de Pe-trozza, que exibiu toda sua insatisfação com a organização e local. Com certeza o público foi o maior prejudicado, já que muita gente foi embora antes da retomada do concerto e toda a performance de apresentação do disco foi alterada, deixando o tempo que restava para clássicos como “Extreme Agression”, “People are the Lie”, “Coma of Souls” e os clássicos dos clássicos como “Pleasure to Kill”, “Tor-mentor” e “Flag of Hate”, uma verdadeira sequência quebra ossos. Apenas “Death to the World” e “Violent Revolution” foram in-cluídas entre estas, entretanto a atmosfera de novidade já havia se dissipado. Talvez a raiva e a fúria sentidas pelo imprevisto tenham fei-to desta uma das apresentações mais brutais que se podia ter destes alemães. Viva o blackout!!!!

83

Page 84: Revista Rock Meeting #40

The Hives & The Bronx Domínio absoluto

Texto e Fotos - Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha)

84

Page 85: Revista Rock Meeting #40

The Hives & The Bronx Domínio absoluto

85

Page 86: Revista Rock Meeting #40

Domingo, 2 de dezembro, cidade con-dal mais conhecida da Espanha, Barcelona. Algo de frio na “noite”

de quase seis da tarde. Diante da Sala Ra-zzmatazz pouco movimento e o momento exato de perguntar sobre o tour manager do The Bronx. Muito bem recebido pelo mesmo, adentro pelo backstage local. Enquanto espero Matt para um bate papo rápido sobre o novo disco da banda e também recebo ofertas de água, refrigerante ou cerveja para minha curta espera vejo tran-quilamente os integrantes do The Hives em seu jantar pré-show, igualmente simpáticos e tranquilos. Quem não os conhece não sabe o que aqueles comedidos rapazes são capazes em cima de um palco, mas mais tarde falare-mos deles. Nosso encontro com Matt foi exata-mente no palco, sentado na borda e com os pés apoiados no lugar habitual, o fosso dos fotógrafos. Porém era a primeira vez em anos que eu poderia visualizar a sala de tal ângu-lo. Realmente uma sensação única, sabendo que ali foi gravado Loco Live dos Ramones, o videooficialUnderSiegedoSepulturaequetantos outros nomes passaram por ali. Nomes que vão de Slayer a Jack White, passando por Cobain e toda geração de Seattle, Queens of the Stone Age, Prodigy e muitos outros. Pou-co mais de uma hora após nossa conversa o mesmo Matt estava ali, saltitando como um boxeador com microfone em punho lideran-do os californianos The Bronx. Abrindo a noi-te com “Ribcage”, “Shitty Future” e “Unholy Hand”, já de cara podemos sentir como será o disco novo, anunciado para fevereiro com dois pertardos entre as três primeiras. Esta não foi a primeira vez que os cali-fornianos pisaram na Razz: há uns dois anos eles abriram para o Gogol Bordello, porém

86

Page 87: Revista Rock Meeting #40

vestidos de El Mariachi, a segunda identi-dade do grupo. Sorte nossa e do público em geral receber junto ao Hives a primeira iden-tidade do mesmo e poder curtir “Knife Man” naprimeirafilaeescutarosrepetitivosriffsde guitarra na intro. Diante de músicas como “Heart Attack American” ou “History’s Stran-glers” fica a pergunta: em que estilo exata-mente se encaixa a banda? Talvez a melhor resposta é que não encaixa e por isso tocam junto aos Hives, Refused e Gogol. Foram qua-renta minutos que passaram voando, talvez porque a apresentação tenha sido de tirar o chapéu. Por falar em chapéu, chegava a hora dos suecos que, a julgar pela capa do disco Lex Hives, viriam vestidos tal e qual, com seus trajes e chapéus, ao menos é assim em cada turnê. Como gostam muito de um sho-wzinho à parte, seus roadies e assistentes de palco estavam vestidos de ninja. O público já vibrava só ao ver aceso o nome da banda em letras luminosas ao fundo do palco, algo como programa de auditório, bem comum em suas apresentações. Talvez seja essa a única coisa que incomoda um pouco e escrevo antes de comentar o show, porque a sensação é senti-da neste momento. Para quem nunca viu aos Hives, é um show a ser assistido sem a menor sombra de dúvidas. É divertido, é rock, é suor e é alegria. Para quem já assistiu, o espetácu-lo entra em outro estágio, o de conferir mú-sicas novas e sentir-se bem de estar naquele ambiente porque as novidades param por aí. As mesmas palavras, brincadeiras e teatri-nhos se repetem. Até mesmo aquela congela-dinhadabandanofinaldaapresentaçãoen-quanto os instrumentos distorcem continua existindo. Lembro de quando os assisti pela primeira vez, lançando o Veni Vidi Vicious no pequeno Cabaret de Montreal, que cheguei

87

Page 88: Revista Rock Meeting #40

88

Page 89: Revista Rock Meeting #40

em casa emocionado e de lá pra cá tive a sorte de assistir pelo menos um show de cada tur-nê, um deles em praça pública em Barcelona equefiqueclaro, todossãoumamaravilha,principalmente para quem gosta da banda e estádispostoaassistiraofilmeumavezmais. Quando a banda escreveu a música “Come On!”, com certeza pensaram na aber-tura de um show e não é a toa que na gra-vação de estúdio incluíram gritos do público. E assim foi a abertura, um minuto intenso e de alegria recíproca. Ainda mais tendo “Try it Again” e seus pegajosos riffs. Não tão fes-teiro com “Take Back The Toys”, que muito me lembra The Stooges, e dando caña - como dizem por aqui - com “1000 Answers”. Claro que não faltaram músicas como “Main Offen-der”, “Die All Right” e claro “Hate To Say I ToldYouSo”,jáemfimdefestaquandoPel-le disse aos espanhóis que Nicholaus Arson tinha um riff especial para eles, o que gerou certo protesto, fazendo com que o mesmo Al-mqvist mudasse de discurso e pedisse que os catalães os apoiassem, uma eterna discussão que não levará a nenhum lugar e a nada. Por falar em Almqvist, o rapaz vem melhorando seu castelhano e consegue manter uma boa conversação com o público, que claro, soma-do ao sotaque sueco e ao personagem que

interpreta em cima do palco se torna ainda mais engraçado. O que realmente sentimos falta foi de alguma música de Barely Legal, que é um excelente disco. É incrível ver a es-cassos centímetros de seus olhos a movimen-tação da banda, principalmente o já comen-tado guitarrista Arson e o vocalista Pelle, que frequentemente se aproximam do público, deixa o mesmo acariciar a guitarra e este re-cebe as palhetas após serem romanticamente beijadas. Não menos intenso o outro guitar-rista, Vigilante Carlstroem, carinhosamen-te apelidado de “presuntinho” sua bicas ao lado de Dr. Matt Destruction, contando ainda com Chris Dangerous que parece um gigante numa bateria de criança. Foram cerca de vinte músicas, quase todas do Lex Hives, como por exemplo “Go Right Ahead”, “I Want More” e “My Time is Coming”, outras tantas do The Black and White Album, algumas delas mais curtas e outras mais extensas como o caso de “Tick Tick Boom” em que o grupo senta para des-cansar e pede para que o público faça o mes-mo demonstrando um controle total sobre a festa que eles são mais do que protagonistas. Por um momento, uma pequena parcela do planeta se rende aos domínios do The Hives. E viva o Rock & Roll.

89

Page 90: Revista Rock Meeting #40

90

Jack White

Notoriamente, o músico estaduni-dense Jack White é um dos petardos de sua geração. Dá pra ver e ouvir de longe que o cara não tem nada a perder – por isso mes-mo, joga todas as suas fichas e, sempre,acertadamente. Foi o que fez ao dar sua car-tada última: nada mais de The White Stri-pes, um duo blueseiro que tinha com sua ex, a baterista Meg White. A parceria durou de 1997 a 2011. “Só volto com a banda, se estiver pobre”, brincou ele, certa vez, em uma entrevista. Mas pelo futuro que almeja, não só de dinheiro viverá Jack. Ele já tem reconhe-cimento. É um verdadeiro guitar hero, sem precisar fazer um bululu sequer nas seis cordas. A prova máxima e magnânima dis-so é seu disco solo de estreia, o melhor que escutei nesse ano de 2012. “Blunderbuss” traz uma sonoridade da velha guarda dos bluesmen. Nada é comparado a essa inves-tida. Não há déjà vu forçado de forma algu-

ma. O álbum abre com “Missing Pieces” reagrupando cada centelha de esperança que há nos roqueiros de hoje em dia. O es-tilo, definitivamente, não morreu. Isso seconfirmacomo riff damúsica seguinte, aexcelente “Sixteen Saltines”, e ainda mais vibrante com “Freedom at 21”. A linda “Love Interruption” acalma com seus backing vocals harmoniosos e a poesia segue. Outra boa pedida é “Hypocri-tical Kiss” e o belo cover “I’m Shakin’”, de Little Willie Johnson. “On And On And On” e “Take Me With You When You Go” fecham o debut com a vontade de ouvir mais teclados alia-dos aos licks (im)precisos de White. A amplitude desta sua obra é, sem dúvidas, maior do que se pode ouvir do som de casa ou do fone do mp4. Um clássico já feito, já aclamado, já em outros Top 10, ir-radiando seu azul-turquesa.

Breno Airan (@brenoairan | [email protected])

Page 91: Revista Rock Meeting #40

91

Não tenho muito o que falar. Já conhecia a banda, mas só a pouco comecei a ouvi-los de verdade. Eles são uma ban-da independente da Bahia, que fazem um rock que também costumam rotular como independente. Para mim, os caras tocam rock e rock dos bons, representando muito bem o Nordeste, mostrando que por essas bandas o estilo musical é bem vivo, levado a sério e muito bem feito, musicalmente eprofissionalmentefalando.

VDO, como os fãs chamam, tem dois excelentes discos gravados. Não consigo negativar uma música ou dar um des-taque. São discos muito lineares, mas isso não é algo ruim, muito pelo contrário. Indica uma constância no trabalho dos caras. Apesar de não conseguir destacar uma música, particularmente eu gosto bastante de Dilema, Fora Mônica, Nostalgia e Silas. Quer sacar um pouco? É só conferir o per-fildelesnaTramaVirtualAQUI.

Jonas Sutareli (@Sutareli | [email protected])

Vivendo o ÓcioJonas Sutareli (@Sutareli | [email protected])

Page 92: Revista Rock Meeting #40

92

Led Zeppelin

2012 foi um ano marcado por muitos lançamentos e aos 45 minutos do segundo tempo saiu um ao vivo que pode ser consi-derado histórico. No dia 10 de dezembro de 2007, depois de quase 30 anos, o Led Zeppe-lin se reuniu para fazer um único show que foi registrado e só lançado dia 19 de dezem-bro de 2012. O baterista foi Jason Bonham, filhodeJohnBonhamquefaleceuem1980,substituiu o pai que foi o baterista original da banda. O álbum saiu intitulado como Celebration Day. Este contém 16 faixas que foram dividas em dois CD’s e também pode ser encontrado em DVD e Blu-Ray.

A sonoridade é perfeita, como se eles não tivessem parado por tanto tempo. To-das as faixas foram executadas como em ou-tros shows dos anos 70, a energia transmi-tida pela banda e toda estética encontrada é única. Jimmy Page viaja nas melodias como fazia há décadas atrás, assim como Robert Plant e John Paul Jones. Nota-se que eles estavam em sintonia, o tempo todo com sor-riso no rosto e Jason Bonham teve a oportu-

nidade de sentir o gosto de ser um membro do Led Zeppelin, sem contar que ele teve um papel bastante importante.

Gostaria de destacar algumas faixas como “Good Times Bad Times”, “Black Dog”, Dazed And Confused” (música na qual Jimmy Page costumava fazer solos com mais de 15 minutos, mas dessa vez ele fez o básico). “Stairway To Heaven” é uma daque-las faixas que até quem não conhece a banda já ouviu a música em algum lugar e esse é um momento bastante emocionante. Outras faixas que merecem ser citadas são “Kashi-mir”, “Whole Lotta Love” e “Rock And Roll”.

Esse, com toda certeza, foi um dos me-lhores lançamentos - se não o melhor - de 2012.Elenãoestevenaminhalistadofinaldo ano porque não havia ouvido quando en-viei os melhores álbuns que havia curtido durante o ano inteiro, mas comprei na se-mana do lançamento e só posso dizer que se você ainda não escutou, procure e ouça a essência do rock. Esse é mais que eu reco-mendo.

Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])

Page 93: Revista Rock Meeting #40

93

Autoramas

O disco que mais tenho escutado nas últimas semanas, é sem dúvidas, o úl-timo lançamento do power trio mais fofo do rock’n’roll brasileiro, o álbum Música Crocante (2011, Coqueiro Verde), do Auto-ramas. Sempre gostei do Autoramas, prin-cipalmente depois de vê-los ao vivo pela primeira vez. Acho que isso foi em meados de 2005, lá no Orákulo, em uma oportu-nidade ímpar, onde eles se apresentaram dois dias seguidos aqui em Maceió. De lá pra cá pude ver mais dois shows e não à toa eles possuem lugar cativo na minha lista de melhores apresentações da vida. É um grupo completo. Carisma, presença de pal-co, personalidade e o fator X, letras e me-lodias com alto teor de ‘chicletismo’. Cos-tumo dizer que o Autoramas acaba criando uns mantras na minha vida, com músicas como “Você Sabe”, “Nada a Ver”, “Fale mal de mim”, etc.

O Autoramas como o próprio hitma-ker, Grabriel Thomaz, diz: é Rock pra dan-çar. Pra quem não sabe, Gabriel já fez mú-sicas para o Raimundos e para o Ultraje à Rigor. Coloca aí no caldeirão o ritmo dan-çante da Jovem Guarda com o rock’n’roll dos anos 60, pitadas de Rockabilly e doses apimentadas de Surf Music e Powerpop. Eles conseguem misturar melodias pop com guitarras e linhas de baixo alta-mente distorcidas, às vezes beirando até umNoise Rock. As coreografias executa-das ao vivo são a cereja do bolo. São mais de 10 anos de estrada, com turnês em diversos países do mundo. Ain-da sim, a cada disco lançado eles conse-guem se reinventar. Deste último álbum eu destaco as faixas ‘Verdade Absoluta’, ‘Tudo Bem’, ‘Abstrai’ e ‘Domina’. E ainda te desa-fio:escuteessasmúsicasetentenãoficarcom elas na cabeça. Se você não se pegar cantarolando alguma dessas, eu me dane!

João Marcelo Cruz (@jota_m | [email protected])

Page 94: Revista Rock Meeting #40

Top Related