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Microfonia tropicalista

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Marcelo Martins da SilvaLuiz Gustavo LoboEveraldo

Redação

Angela Moreira

Orientadora

Editora Estacio de Sá

Expediente

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Sua intervenção na cena cultural do país foi, antes de tudo, crítica.

Tropicália

por equipe fulanos

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“A Tropicália foi o avesso da Bossa Nova”. Assim o compositor e cantor Caetano Veloso define o movimento que, ao longo de 1968, revolucionou o status quo da música po-pular brasileira. Dessa corrente, liderada pelo baiano de Santo Amaro da Purificação,

também participaram ativamente os compositores Gilberto Gil e Tom Zé, os letristas Torquato Neto e Capinam, o maestro e arranjador Rogério Duprat, o trio Mutantes e as cantoras Gal Costa e Nara Leão. Diferentemente da Bossa Nova, que introduziu uma forma original de compor e interpretar, a Tropicália não pretendia sintetizar um estilo musical, mas sim instaurar uma nova atitude: sua intervenção na cena cultural do país foi, antes de tudo, crítica.

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NO OLHO DO FURACÃO

Amet ut vel dit venibh eugait augait utem ipsumsan endiam ea augiat acil dolor-ting estisisi bla faccum at prat, quisl ulputating eu feuiscinisi.Cin venim ad er incidunt alit nibh ecte faccumsandit accum niam, sisit init, quam verit incin ut augait dignim delesto odolor in eros elit lorem volobor tionseq uamconsenim at. Duisl ero od dolent volor sequatue velenibh eum dit, vulla faci eu faccum dignibh estrud enim iurem zzriusto od mod del dolobore moloreetum veliquat, quat numsandre del dipit luptate magnisit lutpat alit et at ut accum vullan verci ex ercipit lorem ectetue endrer susto eugait wis do commy nostincincip erosto commodo lutpate miniamcommy nostrud tatinisis alit vero

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Vários intelectuais como Fernando Henrique Cardoso, Fernando Gabeira, José Serra, José Dir-ceu, etc... e artistas como Geraldo Van-dré, Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimen-to, entre outros, sofreram severas repressões, como tor-tura, prisão e exílio. Eles publicaram com importante relevância e coragem suas obras,

mesmo que de forma disfarçada.Nos governos do período ditatorial, podemos observar a intensidade, as transformações e consequências da censura. A música foi o ins-trumento de protesto mais importante, porque

A DITADURAtempos dificeís

A música popular

brasileira era uma importante forma de expressão, con-tra a repressão do governo daquela época. A Ditadura trazia ao povo bra-sileiro sentimentos de medo e tristeza. Os compositores que participavam de movimentos contra tais senti-mentos, passavam suas mensagens pela censura disfar-çadamente, em letras de músicas, muito bem elaboradas. Nessa época, houve a promulgação do AI-5, que obrigava a inspeção e aprovação de qualquer trabalho artístico, por agentes do governo.

Rat. Ut wisisl esequatuerit luptat iriure tat. Il exeros nim zzriure magna feugiamet dignis nos euis eu faciduis aliquis adionse quipsum dit augue magnisi bla cor sumsan velisim ercipsu scidunt aliquis exeros at. Aliquisisi.

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Tropicalismo“uma outra nação” de enlances pro-fundos, de fazer uma renovação no Brasil

Em 1967 (final da década de 60), iniciou-se um movimento cultu-

ral, o movimento tropicalista. O tropicalismo teve por base a ten-tativa de revelar as contradições pró-prias da realidade brasileira mostran-do o moderno e o arcaico, o nacional e o estrangeiro, o urbano e o rural, o progresso e o atraso, em suma, o mo-vimento não chegou a produzir uma síntese destes elementos, mas buscou traduzir a complexidade fragmentária da nossa cultura.

Buscando “mastigar” e “triturar” tudo, liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, juntamente de outros como Torquato Neto, Gal costa, Tom Zé, o poeta José Carlos Capenam, o maestro Rogério Duprat, Nara Leão e mais, buscavam incorporar à MPB elementos da música pop, sem es-quecer aqueles nomes que prestaram um importante papel no movimento evolutivo da nossa música. O antropofagismo é mais um ciclo dentro do segundo movimento modernista iniciado em 1928 por um grupo de intelectuais paulistas chefiados pó Oswald de Andrade , no movimento Pau Brasil, na semana modernista de 1922. Visava captar “uma outra nação” de enlances profundos, de fazer uma re-novação no Brasil e procurar alcançar uma síntese de consciência nacional. Além disso, o tropicalismo não foi um movimento puramente musical, foi um comportamento adotado por todos os gêneros artísticos. No teatro, surgiu “O rei da vela” de Oswald de Andrade, dirigido por José Celso Martinez Corrêa, além dos famosos, “Parangolés”, do artista plástico Hélio Oiticica e “Roda

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Significado de Tropicalismo

s.m. Qualidade do que é tropical.Movimento da música popular brasileira nos anos 1968-1969. Teve como des-taque Gilberto Gil, Caetano Veloso, Torquato Neto, Rogério Duprat, Tom Zé, os Mutantes. No III Festival da M.P.B. da TV Record, as inovadoras músicas Domingo no parque (Gil) e Alegria, alegria (Caetano) lançaram o Tropicalismo, uma síntese propositalmente caótica de nossas raízes e valores sintonizada com outras manifestações estéticas e culturais daquele período.

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INFLUÊNCIASA Nova Objetividade Brasileira

A Tropicália foi uma expressão colhida de um projeto ambiental do arquiteto Hélio Oiticica na exposi-ção “Nova Objetividade Brasileira”, exposta no MAM no Rio de Janeiro, em 1967 – a qual caracterizava um estado da arte do Brasil de vanguarda, confrontando-o com os grandes mo-vimentos artísticos mundiais em busca de uma estética puramente brasileira. O conceito de Tropicália evidenciava a

necessidade de representar um estado brasileiro como elemento importante na cultura nacional. A exposição relacionava o contexto das vanguardas da época e as diversas manifestações da arte. Consistia num ambiente formado por duas tendas que o autor chamava de penetráveis. O cenário tropical era composto de areia, brita espalhada pelo chão, araras e vasos com plantas e uma espécie de labirinto que percorria a tenda

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Parangolé PamplonaAdriana CalcanhottoComposição: Adriana Calcanhotto

O parangolé pamplona você mesmo faz O parangolé pamplona a gente mesmo faz Com um retângulo de pano de uma cor só E é só dançar E é só deixar a cor tomar conta do ar Verde Rosa Branco no branco no peito nu Branco no branco no peito nu O parangolé pamplona Faça você mesmo E quando o couro come É só pegar carona Laranja Vermelho Para o espaço estandarte “Para o êxtase asa-delta” Para o delírio porta aberta Pleno ar Puro Hélio Mas O parangolé pamplona você mesmo faz

PARANGOLÉ?Hélio Oiticica chamava o Parangolé de “antiarte por excelência”.2 Trata--se de uma espécie de capa (lembra ainda bandeira, estandar-te, tenda) que não desfralda plenamente seus tons, cores, formas, texturas, grafismos ou as impregnações dos seus suportes materiais (pano, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, esteira) senão a partir dos movimentos -- da dança -- de alguém que a vis-

O que é!? Leia e seja um.

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MICROFONIAOra apresentado como a face brasileira da contra-cultura, ora apresentado como o ponto de conver-gência das vanguardas artísticas mais radicais

O Tropicalismo, logo depois de sua “explosão” inicial, transformou-se num termo corrente da indústria cultural e da mídia. Em que pesem as polêmicas gera-das inicialmente (e não foram poucas), o Tropicalismo acabou consagrado como ponto de clivagem ou ruptura, em diver-sos níveis: comportamental, político-ide-ológico, estético. Ora apresentado como a face brasileira da contracultura, ora apresentado como o ponto de convergên-cia das vanguardas artísticas mais radicais (como a Antropofagia modernista dos anos 20 e a Poesia Concreta dos anos 50,

passando pelos procedimentos musicais da Bossa Nova), o Tropicalismo, seus heróis e “eventos fundadores” passaram a ser amados ou odiados com a mesma intensidade. Atualmente, mais amados do que odiados, diga-se. A intervenção histórica operada sobre-tudo pelo Tropicalismo musical, foi tão contundente que mesmo aqueles que, na época, não se identificaram com seus pressupostos, não lhe negaram a radicali-dade e a abertura para uma nova expressão estético-comportamental. Com o passar dos anos o véu da memória histórica se torna mais espesso e os significados e complexidades em jogo tendem a perder nitidez. Sendo assim, as efemérides são momentos propícios para uma reavaliação crítica.

ARTISTAS A desgraça, quando ocorreu, feliz-mente, não foi total, pelo menos para a maioria deles, embora de relevante gravidade: prisões, exílios, banimentos da mídia e das gravadoras, defenestra-ções, hostilidades de outros artistas, execrações, esquecimento público e outros reveses. A glória, afinal, parece

ter sido bem mais efetiva, pois, se nem todos chegaram ao sucesso comercial (o que, evidentemente, não se aplica aos casos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee e Gal Costa), e se nem todos foram prestigiados da forma como real-mente mereciam, ao menos o seu ideário estético nos parece ter resultado exitoso. musical no país.

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CaetanoVeloso

Tropicália parece uma coisa viva, que está acontecendo. Tropicalismo parece uma escola, um movimento num sentido mais convecional. A palavra Tropicalismo apareceu na imprensa num texto de Nelsinho Motta.

BOTEI OS FRACASSO NAS PARADAS DE SUCESSO

A atuação revolucionária quase sempre está as-sociada à quebra repentina de um padrão. Foi isso que aconteceu na Tropicália. Há, porém, uma forma menos perceptível de revolução, que se engendra nos pequenos pontos

UM POETA DESFOLLHA A BANDEIRA E A MANHÃ TROPICAL SE INICIA

Conjunto formado em São Paulo nos anos 60, passou por diversas formações e teve vários nomes (Wooden Faces, Six Sided Ro-ckers, O Conjunto, O’Seis) até se consolidar como o trio Os Mutantes, em 1966.

É MELHOR NÃO SER NORMAL

Gil

Mutantes

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EXPERIMENTAÇÕES

To molus. Sum ipio nonvolt uspion scepere tabenequo ponticaed consine ssimus a ressili castius fatuidemque face atquod con Etrarit.Perferecem. Imiliuscio vius ca L. Abis.

Criatividade e ousadiaNam duciem tella re, ca; Cupicis fac te ius rem ompra viriam caperfinatam ium ponere aris; nostre ac rest L. La mandius saturatie ni ficeris tissitam iam perniciore que considea reber-feceri, optemquam mei pero virtea iam. Marem. Valaris; in inverio, que

Batmakumbayêyê batmakumbaobaBatmakumbayêyê batmakumbaoBatmakumbayêyê batmakumbaBatmakumbayêyê batmakumBatmakumbayêyê batmanBatmakumbayêyê batBatmakumbayêyê baBatmakumbayêyêBatmakumbayêBatmakumbaBatmakumBatmanBatBaBatBatmanBatmakumBatmakumbaBatmakumbayêBatmakumbayêyêBatmakumbayêyê baBatmakumbayêyê batBatmakumbayêyê batmanBatmakumbayêyê batmakumBatmakumbayêyê batmakumbaoBatmakumbayêyê batmakumbaoba

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A crônica de como se fez uma das capas de disco mais premiadas da histó-ria da MPB: Todos os Olhos, de Tom Zé Procura-se um motel. Na São Paulo de 1972 isso não é lá tão fácil de encontrar. O jeito é pegar a rodovia Raposo Tavares e afastar-se alguns quilômetros da cidade para estacionar o Fuscão 1500 bordô ao lado de caminhões que descansam sob a placa “Retiro Rodoviário”. O rapaz tem 22 anos, é cabeludo, usa faixa na cabeça e calça boca-de-sino. A moça tem vinte e poucos, é bonita, loira de cabelos compridos, tem os

UMA DAS CAPAS MAIS PREMIADAS DA HISTÓRIA

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Tat luptat alit ad ea consequis nullan erosto do ero dolo-bore tat.Delesse molobore dolesec tetuer iustrud eu faccums andions dui eraessit, volortisi eniam do

Em outubro de 1967, o III Festival da Música Popu-

lar Brasileira me apresentou a Caetano Veloso e Gilberto Gil. Ali, eles deixavam para trás a sonoridade dos discos de es-tréia (“Domingo”, de Caetano; “Louvação”, de Gil) e apresen-tavam alguns dos pressupostos do tropicalismo, o movimento que lançariam no ano seguinte. A vencedora foi “Ponteio”,

de Edu Lobo e Capinan, e, entre as primeiras colocadas, havia também “Roda Viva”, de Chico Buarque. Nada, porém, me impressionou tanto quanto “Domingo no Parque” e “Ale-gria Alegria”. Era a tradição da música popular brasileira misturada às guitarras dos Bea-tles, sugerindo caminhos que muitos percorreriam depois daquele festival.

Era tradição da música popular brasileira misturada às guitarras

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Ainda não eram aceitas pelo que se convencionou chamar de MPB

O festival de 1967 deixou claro que havia uma divisão profunda na MPB. O público estava dividido, e os artistas, também. O primeiro lugar, conferido a “Ponteio”, premiava os

que adotavam uma estética nacio-nalista, identificada com o discurso da esquerda. “Roda Viva”, a tercei-ra colocada, era da mesma linha. “Domingo no Parque”, a segunda, e “Alegria Alegria”, a quarta, traziam para a música popular brasileira as guitarras elétricas que já faziam parte da jovem guarda de Roberto Carlos, mas ainda não eram aceitas pelo que se convencionou chamar de MPB.

Questionava as idéias e as tensões daquelas que lutavam contra a Ditadura

Alegria, Alegria não se carac-teriza como uma canção de

protesto igual a tantas outras com-postas nessa época, como Apesar de Você, de Chico Buarque. Ao contrário, a música de Caetano questionava as idéias e as tensões daquelas que lutavam contra a Ditadura: enquanto o sol repartia-

se “em crimes, espaçonaves e guerrilhas”, ele seguia, “sem lenço e sem documento”, “andando contra o vento”. Mesmo alguns elementos da música reforçam essa idéia; pode-se perceber que a música é formada por um com-passo binário, por um andamento acelerado e por acordes dissonan-tes e maiores.

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CAETANOO GÊNIO DO:“OU NÃO”

SEMPRE TRAZENDO ALGO COM OUSADIA

Caetano sempre foi surpreendente, muitas vezes contra tudo e contra todos. Quando ainda era apenas “irmão da Maria Betânia”, xingou aos ber-ros toda a platéia do cinema Paissandu, no Rio, que vaiava um documentário (chatésimo) sobre a irmã. Foi surpreendente também no auditório do TUCA, em São Paulo, quando enfrentou (com discurso brilhante) a platéia que vaiava o seu “É Proibido Proibir”. Brilhante em toda a sua música, instigante, às vezes hermético, mas sempre trazendo algo novo e muitas vezes com ousadia (como a ousadia do seu sousândrico “Gilberto Misterioso”). Meticuloso,

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como em “Gema”, associando “brilhante” com “lua-sol” (em chinês, o ideograma “brilhante” é composto pelos ideogramas

“lua” e “sol”), ou em “O Quereres” (“Onde queres o livre, decassílabo”). Na sua entrevis-

ta do dia 5 no Estadão, Caetano faz charme simpático dizendo “eu sou daquelas moças...

não estudei direito”, mas demonstra (como sempre) muita leitura, acompanhamento do que

acontece no mundo. Disse coisas até interessantes, apesar de algumas vezes simplórias. Aliás, quando começa a discursar no campo político, ideológico ou filosófico, surpreendentemente não surpreende. Parece mais um Maria vai com as outras, tamanha a sua ignorância. O que ele declarou sobre Lula, por exemplo, foi analfabeto, cafona e grosseiro. A análise que fez dos principais nomes políticos demonstra um despreparo completo, tipo da pessoa que se deixa levar pela mídia dominante e depois solta suas

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GILBERTO GILGIL

UMA DAS MAIS CRIATIVAS E INFLUEN-TES PERSONALIDADE BRASILEIRA

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Nascido em Salvador, passou a infân-cia em Ituaçu, no interior da Bahia, onde começou a se interessar pela música das bandas da cidade e pelo que ouvia no rádio, como Orlando Silva e Luiz Gonzaga. Aos 9 anos muda-se para Salvador com a irmã, para terminar o colégio, e começa a aprender acordeom. Durante a juven-tude intensifica os estudos musicais, formando aos 18 anos o conjunto Os Desafinados. No fim dos anos 50, João Gilberto se torna uma influência importante para Gil, que passa a tocar violão. Na faculdade, faz contato com a música erudita contemporânea por meio do vanguardista grupo de com-positores da Bahia, que incluía Walter Smétak e Hans Joachim Koellreuter. Em 1962 grava o primeiro compacto solo (“Povo Petroleiro” e “Coça Coça, Lacerdinha”), e conhece Caetano Ve-loso, Maria Bethânia e Gal Costa. No ano seguinte, com a entrada de Tom Zé no grupo, fazem o show “Nós, Por Exemplo”, no Teatro Vila Velha, em Salvador, que inaugura a carreira dos quatro artistas. Logo em seguida Gilberto Gil se muda para São Paulo, onde trabalha na empresa Gessy-Lever durante o dia e freqüenta bares e casas de show durante a noite. É nessa época que conhece Chico Buarque, Torquato Neto e Capinam. Começa a se tornar mais famoso no programa de televisão O Fino da Bossa, coman-

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RITA LEE A MUTANTE

Em entrevista concedida no último domingo ao programa Fantástico, da TV Globo, RITA LEE afirma que foi expulsa do MUTANTES e afirma que finalmente conseguiu abandonar as drogas; confira abaixo a transcrição de alguns trechos

Sobre drogas: “A última maldade que eu fiz pra mim não é bem uma maldade, era um filme que continuava no repeteco, até janeiro último em que eu fui para um hospício e decidi parar realmente com drogas. Porque essa coisa de droga era uma história antiga e não sei o quê, você vai parar no hos-pício, as pessoas acham que é suicídio, mas não é suicídio, nunca foi suicídio, era overdose mesmo”.

FUI EXPULSA DOS MUTANTES

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Sobre os Mutantes: “Fui expulsa dos MUTANTES. Um comunicado tipo ‘você não tem o virtuosismo para instrumentos e não sei o quê, então você está fora’. Foi então a facada no coração da Virgem Maria, ela segurou a pose e falou ‘legal’. Pegou os instrumentinhos dela e foi embora num Jeep. Na primeira esquina eu desabei, doeu muito, doeu muito. Eu chorei tanto, xinguei tanto. E eis-me aqui achando hoje que foi um presente dos deuses ter sido expulsa dos Mutantes. Eu me mandei e me dei bem, cara!”.

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Um happening acalora-díssimo naquela noite de domingo, 15 de setembro de 1968

Um ano depois do impacto causado pelas guitarras nas canções “Alegria, alegria” (Caetano) e “Domingo no par-que” (Gil), apresentadas no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, Caetano Veloso e Gilber-to Gil voltaram a surpreender o público no III FIC, Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo.

Caetano, acompanhado pelos Mu-tantes, defendeu “É proibido proibir” e Gilberto Gil, com os Beat Boys, “Ques-tão de Ordem”. A apresentação de “É proibido proibir” acabou se transformando num happening acaloradíssimo naquela noite de domingo, 15 de setembro de 1968. Gil foi atingido na perna por um pedaço de madeira, mas não se rendeu. Em tom de deboche, mordeu um dos tomates jogados ao chão e devolveu o resto à irada platéia.

Proibido Proibir

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Proibido ProibirA letra de

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HERDEIROS

Eu, pessoalmente, não me considero fi-lho de Caetano, nem sobrinho de Ariano

A Tropicália representou um momen-to muito rico da música brasileira e um envolvimento com diversas tendências: a música nordestina, a música erudita, a música pop internacional e local, Roberto Carlos, Luiz Gonzaga. Esse movimento dialogava também com outras coisas muito fortes como a Bossa Nova, a Jovem Guarda, o samba. A partir do momento Tropicália o entendimento de música brasileira mudou bastante.Eu, pessoalmente, não me considero filho de Caetano, nem sobrinho de Ariano (o escritor Ariano Suassuna). Sou mais descendente de Augusto dos

Anjos do que um descendente direto do tropicalismo.A minha geração foi trabalhando com caco, com lixo, com coisas que aparente-mente não prestavam mais, como misturar música brasileira com influências da Índia, da África, do pop americano, do pop bri-tânico e tal. Eu me apropriei de diversos elementos como os que o Tropicalismo havia lançado e fui percebendo isso no meio do caminho. Eu sabia que eu não estava inventando nada e que isso já tinha acontecidolá atrás. Para quem vem fazendo música como eu, dos anos 80 para cá, é inevitável

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1989, formou uma banda de funk, com um repertório disco sound, jun-tamente com Fausto Fawcett, Laufer e Sergio Mekler. Fernanda foi uma das artistas da música brasileira pioneiras na utilização do sample como recurso de composição.

Arnaldo Antunes (São Paulo, 2 de setembro de 1960) é um músico, poeta e artista visual brasileiro, mais conhecido por sua participação como integrante do grupo de rock Titãs. Em suas principais áreas de atuação artísti-ca, a música, a poesia e a arte visual

ATITUDES PARECIDAS

FERNANDA ABREU

ARNALDO ANTUNES

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NADA NO BOLSO OU NAS MÃOS

A música é tropicalista há 40 anos. Nesse período as mais expressivas tendências de mercado de discos seguiram uma receita de eficiência plantada pelo Tropicalismo ou Tropi-cália de Caetano Veloso, Gilberto Gil, TomZé, Torquato Neto, Mutantes e companhia: a de misturar elementos

supostamente antagônicos ou opostos para gerar uma terceira coisa, híbri-da e mestiça, como é o Brasil. Autor do livro Tropicalismo – Decadência bonita do samba (Boitempo, 2000), o jornalista Pedro Alexandre Sanches ressalta que a discussão que alimenta a Tropicália tem a ver com a mistura instalada entre o antigo e o novo, o tradicional e o moderno, o homem e a mulher, a direita e a esquerda e muitas outras dualidades com o propósito de

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