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DUPLO SENTIDO

A Arte não é veículo que marche em sen-tido único. Como não tem fim ou objeti-vo, move-se na direção que aprouver aos seus autores, ao sabor das suas reflexões, gestos e também das próprias possibilades que uma tela em branco, um pedaço de barro ou pedra, ou um Mundo em aberto emancipam.Nestes caminhos não há obstáculos que não possam ser transpostos, atravessa-dos ou vergados sob a força da iniciativa criativa, mas também não podemos dizer que não existem rotas definidas.São as rotas dos processos linguísti-cos, da semiótica das manifestações e criações em artes visuais, da história dos saberes e dos fazeres.É nestas rotas, sob o mote e pretexto da Mostra Duplo Sentido, que nos movimen-tamos de trás para a frente, em sentidos opostos muitas vezes, nas linguagens do desenho, da pintura e da fotografia.Fazemo-lo sem objetivos, mas de olhos postos no profundamente Humano, na Pessoa, na sua dignidade, diversidade, pluralidade e complexidade.Esperamos, secretamente, tocar e ser tocados, amar e ser amados, trocar um momento de intimidade e cumplicidade, numa rua com dois sentidos.Esta segunda publicação Aka Arte é, no fundo, um mapa de roteiros para estes encontros.

Evoca também outros momentos em que, enquanto coletivo de autores, mul-tiplicámos a nossa ação e movimento para os despoletarmos.A ti, leitor, agradecemos esta presença continuada e disponibilidade para par-ticipar. Como não existem livros quando não existem leitores, não há obra sem es-pectadores e Aka Arte é também a vossa existência e expectativa.

FICHA TÉCNICA

Direção: Aka Arte

Design: Nuno Quaresma

Colaborações: Ana Fernandes, Jorge Franco, Jorge Moreira, Ana Fina, Artur Simões Dias, Pedro Afonso Silva, Simão Carneiro, Clo Bourgard, Sara Silva, Hugo Alexandre, Elisabete Gonçalves, Tania Estrada, Mariana Adão da Fonseca, Cata-rina Vieira Pereira, António Maria Sousa Lara, Ricardo Raposo, Jack CJ Simmons

Impressão: C.C.Alfragide

Tiragem: 100 exemplares

Junho 2015

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“A Arte não é veícu-lo que marche em

sentido único.”

TODOS OS HOMENS SE

NUTREM MAS POUCOS

SABEM DISTINGUIR

OS SABORESConfúcio

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OM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu início distante…Vivo na era da descoberta do Bosão de Higgs, do pleno, seguro e consolidado funcionamento do Acelerador de Partículas do CERN, já numa época pós Relatividade Geral de Einstein, nos tempos da elaboradíssima complexidade matemática da Teoria das Cordas.No meu íntimo, no fundo da minha alma (será que esta existe?)procuro contudo e apenas ouvi-lo: este silêncio que é também um rumor sem fim.Quando me concentro, respiro-o, sinto-lhe, por momentos, essa nesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte.Já me explicaram que maís o conseguiria integrar se tivesse “o copo menos cheio”.É mais fácil encher um copo vazio do que fazer entrar o que seja numa malga (amálgama!) a transbordar.A dura tarefa que tenho hoje pela frente é esvaziar-me desse caudal.

É minha essa tarefa apenas porque a escolho.Não sei se sou capaz, se estou à altura da complexa exigência do seu postulado.Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma criança (talvez até com um pouco da sua indisciplina e irreverência).Por isso começo por desenhar e pintar.Não me levem a mal. Não sou capaz de o fazer de outra forma agora.Vou pintar o que não compreendo, pintarei tudo o que me dis-traí o pensamento, para ver se a pintar desmistifico e desmistif-icando exorcizo essa força magnética que me agarra obsessiva-mente à forma das coisas.Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei talvez do essencial, do conteúdo. Mais perto da verdade, quem sabe, da consciência, do coração… de Ti!

Aka OM (Aum), no decurso de 2015, com o apoio Tailored e AKA Art Projects.

PREFÁCIO

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LIND’MUNDODedicada à eterna memória de Letícia da Conceição Bicho, Grande Mãe e Grande Apreciadora de Arte.

Como é Lindo o Mundo, pensamos os dois enquanto debruçamos em conjun-to o olhar sobre a beleza distintiva desta Vila.Nesta topografia singular, grandiosa, é mais fácil entrar em contacto com a história comum que nos une e que nos traz hoje ao MUSA.A amizade entre um Escultor e um Pintor, uma também ela singularidade no es-paço e no tempo, aglutinou a vontade e a oportunidade sob o auspício e teto cul-tural no Município de Sintra e o resultado é este: Lind’Mundo.No Algarve dizemo-lo assim, em dialeto, e se nos perguntarem, provavelmente responderemos “é Lind’ porque é Linde, não é precise outras justificações”.

“Outro mestre estava a tomar chá com dois dos seus alunos quando, subitamente atir-ou o leque para um deles, dizendo «o que é isto?» o aluno abriu-o e abanou-se. «Não é mau», foi o seu comentário. «Agora tu.», continuou, passando-o ao outro aluno, que imediatamente fechou o leque e coçou o pescoço com ele. Feito isto, abriu-o nova-mente, colocou um pedaço de bolo sobre ele e ofereceu-o ao mestre. Este foi consid-erado ainda melhor, porque, quando não existem nomes, o mundo deixa de estar «classificado dentro de limites e frontei-ras».In “O Caminho do Zen”, de Alan Watts

Esta mostra, sobretudo porque não se classifica dentro de limites ou fronteiras, está integrada na iniciativa associativa AKA OM dedicada aos temas – Mudança |Movimento |Crise |Criatividade - e a ex-posição desta coleção de Obras de Jorge Moreira e Nuno Quaresma antecipa uma série de outras atividades e iniciativas que decorrerão em 2015 e que poderão ser acompanhadas em www.numdiaper-feito.com .

Num dia perfeito pinta-se, esculpe-se, alimenta-se o corpo e a alma, ama-se e ensina-se a amar.

“Não te iludas. O ontem já se passou, o amanhã ainda não existe. Vive, pois, a única certeza que tens agora: este dia!” Augusto Branco aka Nazareno Vieira de Souza

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Aum (or OM) is a mantra, or vibration, that is traditionally chanted at the beginning and end of yoga sessions. It is made up of three Sanskrit letters, aa, au and ma which, when com-bined together, make the sound Aum or Om. It is believed to be the basic sound of the world and to contain all other sounds. It is said to be the sound of the universe. What does that mean? Somehow the ancient yogis knew what scientists today are telling us–that the entire universe is moving. Nothing is ever solid or still. Everything that exists pulsates, creating a rhythmic vibration that the ancient yogis acknowledged with the sound of Aum. We may not always be aware of this sound in our daily lives, but we can hear it in the rustling of the autumn leaves, the waves on the shore, the inside of a seashell. Chanting Aum allows us to recognize our experience as a re-flection of how the whole universe moves–the setting sun, the rising moon, the ebb and flow of the tides, the beating of our hearts. As we chant Aum, it takes us for a ride on this universal movement, through our breath, our awareness, and our phys-ical energy, and we begin to sense a bigger connection that is both uplifting and soothing.

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MARIA JOÃO

A respiração dilata-se no ar pesado do interior cores esbatidas, vidraças molhadas, sonhos que pingam beijos inaudíveis, olhar no vazio, coração menos pesado hálito carnal, mãos que se tocam, corpos que se fundem

O silêncio é a linguagem dos amantes. Não sabes o meu nome, não conheço a tua história, não interessa quem somos.

As fotos das crianças que fomos culminam neste momento presente; tudo é este segundo que vivemos todas as gotas do oceano estão dentro destas paredes

as rugas que ambos escondemos brilham na sua solidão nós somos tudo, por saber ser nada

acolhes-me nos teus braços como se fosse o teu único filho recém regressado Abro-te os meus como se fosse um porto de abrigo para um navio que não navega.

Não me chegaste a dizer qual o preço Também não te perguntei, será verdade

Abri-te a porta e limitaste-te a entrar não te disse o destino, não saberíamos por onde querer ir

Encalhámos por breves momentos neste canto esquecido com vista para o nada por segundos fugazes não existimos; desaparecemos no frio da noite

olhas-me antes de fechar a porta, não sorris, não falas olhas-me simplesmente; sei que vais partir e nunca mais me ver;

Sinto-te a entrar nas minhas veias, a matar as minhas defesas Pouco a pouco possuir-me às, átomo… a átomo

definharei este corpo efémero e vazio de significado sucumbirei ao cheiro da doença

finalmente pertencerei ao teu abrigo Por toda a eternidade que esta noite não pode dar.

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SOBRE A BELEZA E A SUA PROCURA

Procurámo-la em tudo.Procuramos no imaterial da atmosfera, no volume leitoso das nuvens, nos contornos das montanhas e vales, nas curvas da paisagem.Procuramos nas linhas de um rosto, na textura das mãos, na volumetria intrincada de uns longos cabelos.Nesta procura de conservação em imagem do belo, somos com-pelidos a congelar singularmente numa obra intemporal, o fu-gaz, o momentâneo, o irrepetível.O voo de um pássaro, o rebentar de uma onda, a queda de uma estrela, o levantar de um braço ou o dobrar de um torso.De lápis na mão procuramos assim esquiçar a Liberdade, dar esboço à Força da Natureza ou um segundo corpo pictórico ao

Amor e ao Desejo.E é nas asas desse amor e desejo que por vezes geramos uma nova forma de beleza despojada, singela.Uma modalidade feita de linhas e pinceladas, claro e escuro, modelação de cor, textura gráfica.Uma interpretação dimensional feita só de altura e comprimen-to, de linhas de composição, horizontais, verticais, diagonais, e um infinito conjunto de estruturas geométricas.No meio também estás tu. Completa, complexa, outra em ex-istência legítima fora de mim. És Bela porque és tu, real e única para além das possibilidades da minha imaginação ou pensam-ento. Assim, sem jeito, deixo a pergunta: posas para mim?

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JORGE MOREIRA

Escultor, poeta visual, artista singular com uma visão fantástica, as suas obras de escul-tura, são autênticas filigranas em pedra ou madeira, onde as imagens se ligam entre si com elegância numa fantasia musical, onde se misturam pequenos seres alados e plantas e por vezes notas musicas.

Nasceu em 1962.Curso de Artesão do Brinquedo no Centro Cultural Roque Gameiro.Aderecista no filme para crianças “Zás Trás”.Criação de Decors para Vitrinismo.Colaborador de Escultura de 2005 no Centro Internacional de Escultura.Exposição coletiva de pintura e escultura no Ministério do Trabalho e Solidariedade Social.Exposição colectiva “Tightrope”, Cidadela de Cascais, 2008.Participação no concurso “Utopia 2” Artes Fantástica, 2010.Exposição coletiva de pintura e escultura “Arte Fantástica e Surrealismo 2”, Casa da Cultura de Mira Sintra, 2012.Exposição coletiva Círculo Artístico Artur Bual, Vila Alda, 2012.Exposição coletiva com Olga Alexandre, Biblioteca José Régio, 2012.Exposição de Escultura ao Ar Livre, Amadora, 2013.Exposição coletiva “Surrealism”, Casa Museu Roque Gameiro, 2013.

Participação em feiras esculpindo ao vivo:Feira Medieval de Sintra em 2011 e 2012; Feira Setecentista de Queluz em 2011 e 2012; Feira de Arte Contemporânea em 2010 e 2011; Feira de Arte em Pequeno Form-ato na Casa Roque Gameiro; Feira de Artesanato da Junta de Freguesia de Venteira.

Jorge Moreira, meu amigo e escultor, tem comigo em comum as raízes ensolaradas do sul, as origens árabes ou berberes dos nativos de Silves. Será, porventura, por isso que a sua obra se desdobra em notáveis arabescos, poéticos e singelos, que desafiam a aspereza dos materiais em notáveis e delicadas filigranas de ma-deira ou de pedra.O escultor, munido de uma paciência il-imitada, desbasta da pedra bruta, ou do tronco informe, num trabalho incansável de fabulosa e laboriosa formiga, a ganga inútil da matéria em excesso. É este o seu processo de trabalho criativo: uma im-agem oculta na mente, uma visão ideal que só tem existência na cabeça do ar-tista, que aos poucos toma forma e se desvela revelando-se paulatinamente ao nosso olhar.Eis, por fim, ao cabo de um tempo de duração indeterminada, a peça primor-osamente trabalhada, elegante no talhe, de acabamento delicado, na fragilidade da qual se entrelaçam flores e peixes e estrelas, frutos de um universo plástico que é feito da matéria dos sonhos.Obrigado, meu amigo, pela pertinácia do teu trabalho, pela tua criatividade poética, pela delicadeza da tua obra, pela humildade com que fazes do quotidiano uma pequena obra de arte.

António MoreiraVereador da Cultura da Câmara Munici-pal da Amadora

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MOVIMENTO, MUDANÇA E SUPERAÇÃO

A vida é uma constante mutação. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” ou não? Quando andava na escola secundária e nas aulas de História a “stôra” nos pergunta-va como estavam as coisas no período em análise, independentemente de qual fosse a época em questão, tínhamos uma colega que respondia invariavelmente:— Mal, muito mal! E estava sempre correcto! (Hoje também o estaria.)

Há 30 anos estávamos sob alçada do FMI… Hoje também estamos.

Antigamente os nossos jovens partiam em busca de algo melhor… Hoje também. Nasci em França. Os meus pais partiram em busca daquilo que cá não conseguiam ter. Não conheciam a língua, nem tinham garantias de sucesso. Vingaram, cresceram e voltaram. Conseguiram dar-nos mais do que o que tiveram, e com isso fizemos mais e mais. Não se conformaram. Lutaram.

Reclamar é sempre fácil, difícil é ser diferenteQuem quiser pode ser dócil e seguir na mesma em frente……mas se tiver ousadia de lutar contra os moinhosSairá da monotonia e abrirá novos caminhos!

Vivo no Porto. E vivo o Porto.O Porto é uma cidade linda. Passear na baixa e observar as fachadas lindíssimas que por cá proliferam é uma experiência única… Desçamos mentalmente a belíssima Avenida dos Aliados, passeemos na rua Mousinho da Silveira, na rua das Flores, na Ribeira…. Edifícios talhados em pedra, imponentes, majestosos, coexistem com estruturas simples e frágeis, de madeira e de saibro, cujos pórticos cheiram a bafio, devido à hu-midade e ao caruncho. Estes por sua vez, vivem lado a lado com novas construções, coloridas e garridas, recentes e diferentes… Cada época tem a sua arquitectura, as suas influências, acrescenta o seu contribu-to… É a junção de tudo isso que compõe a cidade, a sociedade, a humanidade! Ousemos mudar, e aportemos também o nosso grão de areia!

Elisabete Gonçalves

Luís Vaz de Camões, in “Sonetos”O Fundo Monetário Internacional interveio em Portugal pela primeira vez em 1977 quando Ramalho Eanes era Presidente da República e Mário Soares era primei-ro-ministro do primeiro Governo Constitucional, depois em 1983 e mais recente-mente em 2011

Elisabete Gonçalves Silva

Autora do livro Percursos Impreci-sos, 2013, Lugar da Palavra, desco-briu na escola primária o gosto pela escrita, sendo as composições (ou redacções) os seus trabalhos de casa favoritos. Aos 12 apaixonou-se pelo Porto, onde vive desde então.Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, conta também com um Master em Excelência Educativa como reforço das suas competências didácticas e de formação, função que desempenhou profissionalmente por diversas vezes, enquanto colabora-dora de uma das maiores empresas de telecomunicações portuguesa, cujos quadros integra.Define-se como apaixonada pela vida, pela família, pela cultura, pe-los animais e pela cidade do Porto, cidade belíssima que é parte inte-grante da sua identidade.

Percursos ImprecisosSinopse:

Percurso Imprecisos conduz-nos pelo Porto, do Bonfim à Ribeira, com as tropelias habituais da ad-olescência e do primeiro namoro. Pode uma tragédia condicionar os eventos futuros de uma ou mais vidas? Carlos vive, cresce… As aven-turas sucedem-se, caminhos novos cruzam-se, amores surgem… Um livro a não perder!

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Olá!Ai, o u v e

quero diz-er-te uma coisa

importante. Gosto de ti, de uma manei-

ra tão especial, aliás úni-ca, porque também és único.

Amo-te desde o primeiro dia da tua vida, antes talvez já te amasse... não

sei se se pode ser amado antes de se ser completo, mas talvez já te amasse um pouco

antes de acordares para a consciência. Já te sentia. Único, para além de mim mesmo, legítimo, com sede

e fome de tudo e eu com uma vontade indomável de te ajudar a viver e a ser completo, feliz. Com uma vontade

incontornável de fazer também esse caminho conti-go, de aprender a ser feliz. Um dia de cada vez,

de hora em hora, minuto a minuto, com o coração embalado pelos segundos. Vi-

vos! É tão bom estar vivo. É tão bom sentir-te... Vida. O ontem já foi,

o amanhã, para além de to-das as minhas previsões,

não sei o que será, por isso é tão es-

pecialmente bom es-

tar

Quis Deus que eu viesse ao Mundo humildemente traçado para servir, trabalhar e para sonhar.Falo de sonho porque nele encontro a origem de todas as Uto-pias, toda elas por definição idealizadas e irrealizáveis, e falo de servir e trabalhar, porque quem nelas acredita, com veemência, sobre elas funda novos mundos, em geral melhores que os an-teriores.Era também considerada Utopia a Igualdade, mas apesar das diferenças e atropelos a este Valor a que muitas das culturas contemporâneas não se inibem, nunca tantos estiveram tão próximos em matéria de género, interculturalidade e inclusão num Globo hoje um pouco mais democratizado.Tal como a felicidade, miragem para tantos e tão flagrante-mente utópica, nunca noutros tempos, que não o nosso, foi esta aspiração tão valorizada e considerada. Posso falar da Utopia como uma coisa sumamente boa?Posso... ainda há algumas que muito prezo e estimo, como são a paz, o fim da fome, o fim da doença, o fim da iliteracia, um sistema de saúde de qualidade acessível a todos, a justiça, o Planeta Terra ecologicamente reequilibrado...Abraçar ternamente a Utopia é também cuidar disto de sermos imperfeitos, de olhos postos no impossível, e de não pararmos de tentar, inovar, criar, lutar, falhar, voltar a tentar, falhar nova-mente, falhar melhor.Utopia é um pouco como a Visão, felizmente hoje tão bem im-plementada como valor para o crescimento das Organizações. Raramente estas se cumprem no modo e tempo esperados, mas se não tens uma, provavelmente é porque estás mal posi-cionado, e quando não se vê para onde se anda, também é difícil encontrar caminho…

Nuno QuaresmaNovembro de 2011

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CARCERIa) Introdução

Carceri d’Invenzione…Prisões de invenção, prisões inventadas, imaginadas…Antes mesmo de iniciar uma pesquisa sobre a história pessoal, da construção da obra ou até do contexto em que ocorreu a sua produção, recordo sobretudo o primeiro impacto, a primeira impressão que me ficou marcada na memória.Apesar de ser uma obra descoberta por sugestão directa da Professora Jacs Aorsa, contextualizada no briefing geral para este trabalho para a disciplina de História e Práticas do Desen-ho, o que guardo como ânimo e mote para esta reflexão é esta impressão sentida, investida da curiosidade dos primeiros en-contros. O que me fica sobre este conjunto extraordinário de 30 placas de gravura, que me deixou uma forte sensação de presença no Imaginário de Piranesi, e que são justamente intituladas “Car-ceri d’Invenzione”, é a impressão de estar a entrar num espaço de intimidade. Esse espaço rico e único a qual raramente se tem acesso, tor-nou-se no móbil para todo o processo criativo, técnico e tec-nológico e a seguir, e em função do briefing dado, estruturei.Já em pesquisa descobri que efectivamente, este trabalho é contextualizado numa “magnífica junção da fantasia veneziana com a monumentalidade romana ” muito dentro da tradição e maneira de Tiépolo, nomeadamente na luz e nos volumes.Pus-me a somar:Invenção…Imaginação…História pessoal/construção da identidade…Espaço de intimidade…Fantasias…Monumentalidade vs. volume…Juntamente com um projecto pessoal relacionado com a banda desenhada e a ilustração, onde ando à procura de um estilo, de uma maior classicidade e profundidade na construção simbóli-ca e estética das personagens. Foi assim que me surgiu a ideia original para esta ilustração que servirá um episódio que descreve um sonho de Nia, per-sonagem central da história “O Mundo de Shido”, junto de uma narrativa visual que decorre num cenário onde faço uma colagem de três gravuras diferentes (Fig. 02, 03 e 04) da série “Carceri d´Invenzione”.Por achar pertinente fiz ainda uma homenagem à “Batalha de Anghiari” de Leonardo da Vinci, numa luta encenada, com enfoque na descrição de emoções, através do desenho e com uma referência velada aos exemplos de deformação caricatural no trabalho de Leonardo, mas também de Hogarth, Goya ou Daumier.

Por outro lado, como matriz global de planeamento de todo o desenho optei por fazer um investimento de tempo na con-strução de uma composição definida essencialmente por uma divisão do plano em dois sub-planos verticais, utilizando um pilar mestre e organizando os elementos da parte inferior do enquadramento global na circunscrição de um triângulo e pelo alinhamento dos outros elementos segundo linhas diagonais para dar enfâse à ilusão da acção e do movimento.O trabalho que aqui descrevo, e que é o “lugar” em que procuro a consolidação da obra final, divide-se em cinco sinopses:b1 – Piranesi e os “Carceri d´invenzione; b2 – A Batalha de Anghiari e a homenagem à obra de Leonardo;b3 – Estudo do enquadramento e composição; técnica de etch-ing e da trama (cross etching).b4 – Conclusão

b) Desenvolvimento

1. Piranesi e os «Carceri d’Invenzione»

Esta obra é inquestionavelmente uma das obras mais ampla-mente difundidas e abordadas de Piranesi e talvez uma das mais «sui generis» na evocação à tradição literária da sua época, ao hermetismo, às fontes e à estética do Sublime.Foram publicadas pela primeira vez em 1745, com o título « Invenzione Capric di Carceri), impressas por Giovanni Bouchard e reeditadas em 1760 como «Carceri d’Invenzione», sofrendo ligeiras alterações e acrescidas de mais duas gravuras.Entre a primeira e a segunda tiragem, podem constatar-se algu-mas das alterações de estilo que espelham o desenvolvimento da obra de Piranesi.Aqui, podemos identificar a influência da tradição veneziana (das «Caprici» e da fantasia) e romana dos autores da época, sobretudo na «maniera» de Tiepolo (como por exemplo, no tratamento das luzes e da volumetria) que na sua obra atinge o seu auge a partir de 1755 (como nota de contexto: ano do Grande Terramoto que devastou Lisboa).Com um trabalho mais complexo , rico e intrincado, nesta fase é possível perceber o horror ao vazio que faz perder a clareza das obras, dentro de uma composição balizada e ordenada pela utilização recursiva da «scena per angolo», frequente nas tip-ologias cenográficas, teatrais, utilizadas por Bibiena, Valeriani, Marco Ricci ou Juvarra.

Destas influências, distingue-se a de Juvarra na referência Neo Quinhentista, Utópica e Anti Clássica.Na sua obra são ainda distintivos aspectos como a censura à «Cidade Barroca», mas em simultâneo à tradicional antinomia da Roma antiga e também ao organicismo, distorção da per-spectiva (comum na Cenografia Tardo Barroca), composição assente em planimetrias, interligações de supra estruturas, libertação da forma, perda de valor do centro compositivo, a

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metamorfose das formas (que muito explorei nesta minha in-terpretação pessoal), desarticulação, distorção e o espaço rep-resentado segundo o ideal Humanista.Todo este processo formal conduz o espectador a uma per-cepção psicológica e estética que muito me interessou e que autores como Edmund Burke, entre outros, categorizam como «Sublime». Um Sublime que pretere a perfeição e a clareza da estética pelo valor dos conteúdos emotivos, colocando o re-curso da imaginação também nas mãos do espectador que é obrigado a desconstruir e a voltar a construir a imagem nas suas múltiplas dimensões.

Indo beber a toda esta percepção e abordagem na «maniera» própria de Piranesi, intitulei a obra como «Sonho de Nia». Ou seja, sonhar na perspectiva e ideia comum na época do «Homem como actor impotente, num teatro que já não é o seu» combinado com o fascínio pelos cárceres com o seu sig-nificado simbólico de prisões da mente (como em Coleridge ou Thomas De Quincer) acessíveis sobretudo através do onírico.

2. A Batalha de Anghiari e a homenagem à obra de Leonardo

A escolha pela opção de dulpa homenagem neste exercício, sur-giu-me na sequência de toda a leitura por uma óptica emotiva, das «Carceri d’Invenzione» de Piranesi.Uma das muitas reflexões que esta série de gravura me convo-cou foi a abordagem, por assim dizer, sublime das 5 Emoções hoje descritas, para além dos múltiplos Sentimentos, como Emoções Básicas: o Medo, a Raiva, a Tristeza, a Alegria e o Amor. O paralelismo, apesar de numa abordagem bastante diferente, com o trabalho sobre expressões e emoções na obra de Leon-ardo pareceu-me possível e pertinente e como na minha liber-dade interpretativa já tinha introduzido na minha composição

inicial alguns elementos figurativos, escolhi então dar ênfase a esta leitura com um tributo à « Batalha de Anghiari» e à sua dinâmica compositiva e expressiva.

«A Batalha de Anghiari» não é mais do que um grupo mon-umental de soldados a cavalo numa imagem condensada e intemporal do furor bélico que achei que poderia ser um ex-celente contraponto, irreverente e antagónico, à ideia de im-potência gerada pelo ambiente global das «Carceri»- Prisões.Um novo conjunto figurativo e evocativo de uma luta interior, no contexto de uma «Carceri» de onde não há salvação, senão na força e liberdade da «vontade da alma humana».

Para melhor contextualizar « A Batalha de Anghiari», este estu-do inicial em cartão e fresco inacabado, surge na obra de Leon-ardo por solicitação da cidade de Florença, com a finalidade de decorar, na técnica do «fresco» a Sala de Conselho do Palazzo Vecchio. O seu tema central é a vitória florentina sobre o exér-cito milanês.A pintura nunca foi finalizada, tendo ficado como espólio pro-duzido apenas um cartão em tamanho natural (à escala) que sobreviveu mais de um século após a sua produção, período em que gozou de uma enorme fama.Hoje, apenas o conhecemos através de cópias de Artistas poste-riores a Leonardo, em particular na cópia segundo o original, re-alizada por Peter Paul Rubens em 1605 e actualmente patente no Museu do Louvre, em Paris.

3. Estudo do enquadramento e composição; técnica de etch-ing e da trama (cross etching)

A primeira abordagem que fiz a este exercício foi efectivamente, e numa tradição talvez mais pictórica, a abordagem segundo

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uma colagem idealizada num enquadramento que julguei co-erente com o conjunto global das gravuras de Piranesi, sobre o qual construi uma composição (e repito) definida essencial-mente por uma divisão do plano em dois sub-planos verticais, utilizando um pilar mestre e organizando os elementos da parte inferior do enquadramento global na circunscrição de um triân-gulo e pelo alinhamento. Só então comecei a fazer um trabalho de trama e trama cruzada, enquanto fazia uma leitura prática e simulada da técnica designada por «Etching» em Gravura e que passo a descrever:

Origem | contexto históricos e descrição:

A técnica química de gravura foi desenvolvida na idade média por artesãos, fabricantes de armaduras, árabes como uma for-ma de aplicação na decoração para armas. Floresceu no século XV, no sul da Alemanha, onde as primeiras impressões gravadas em papel foram impressas no final do século.Durante as primeiras décadas do século XVII, artistas holandeses como Van de Velde, Jan van de Velde II e Willem Buytewech experimentaram esta técnica. Eles estavam à procura de criar um efeito atmosférico na suas paisagens impressas, e na tenta-tiva conseguiram desenvolver um método que rompia com as linhas de contorno longas transformando-as em curtos traços e pontos.Hercules Segers por sua vez, experimentou esta transformação e adaptação por um motivo diferente: a necessidade de criar um efeito pictórico na impressão em papel colorido ou tela, tra-balhando-as posteriormente com um pincel de cor, tornando assim cada impressão numa peça única.Rembrandt levou a técnica ao extremo, superando todos os seus antecessores. Nas suas mãos, a gravura tornou-se um meio pleno e maduro de que se ocupou em períodos longos para o resto da sua vida. A técnica que utilizei neste desenho referente a Piranesi filia-se muito no exemplo de Rembrandt que, por conhecer melhor, reconheço ter tido grande influência na abordagem pessoal e estilística que escolhi.As Gravuras são impressões, normalmente em papel, de de-senhos ou modelos construídos pelos artistas, em suportes di-versos, com recurso às técnicas do desenho, pintura ou corte. Estes suportes podem se um bloco de madeira, uma placa de metal ou uma tela de seda. Em Piranesi (assim como em Rembrandt) o suporte é uma chapa fina de cobre. Esta é então coberta com uma mistura re-sistente aos ácidos conhecida como base de gravura, composta de betume judaico, resina e cera. Nesse revestimento fino é então produzido o desenho directa-mente com uma agulha de gravura, que penetra esta fina pelíc-ula deixando exposta, nestas ranhuras, a placa de cobre.A placa é colocada, em seguida, num banho de ácido diluído. As partes expostas, que deixaram de estar protegidas contra o ácido pela base de gravura, ficam gravadas, em sulcos criados na superfície do metal. Quanto mais tempo a placa é deixada no banho, mais profun-dos esses sulcos se tornam. Posteriormente esta base de gravura é removida e a placa limpa e finalizada com uma almofada de tinta ou com um rolo. Ela é então limpa manualmente para que a placa fique inteira-mente despojada de tinta, à excepção dos sulcos. O passo seguinte é a fixação de uma folha de papel húmida na chapa seguindo-se a compressão de ambos através de rolos de imprensa. O papel absorve assim a tinta dos sulcos, produzin-do-se uma impressão invertida do design realizado na chapa. O desenho que aqui realizei com esta abordagem técnica e tecnológica sempre em perspectiva, manteve a fidelidade ao princípio de execução que norteia esta modalidade de criação artística e deixou-me efectivamente curioso e interessado na prossecução de uma experiência em placa que penso que me poderia esclarecer alguns outros efeitos que pude observar nas reproduções mas que de alguma forma não soube reproduzir

através do uso da trama

4. Conclusão

«Cerca Trova»Detalhe no topo do fresco da «Batalha de Marciano» de Giorgio Vasari, 1563 (pintado sobre o fresco original de Leonardo, «a Batalha de Anghiari»)«Só quem procura, encontrará», Evangelho

Depois de algumas semanas de trabalho, pesquisa e justifi-cação, sem me alargar noutras conclusões senão a mais humil-de e verdadeira a que consegui chegar:« Só quem procura, poderá encontrar»A asserção é, de longe, pouco pacífica. Pablo Picasso afirmava por exemplo «Eu não procuro, encontro» e quantos não são os que em todas as áreas do Saber se encontraram fortuitamente, por obra da sorte ou destino, com as soluções que nem sabiam procurar.Contudo, e seguindo o raciocínio de Vasari, «Cerca Trova», no desenho efectivamente as coisas funcionam assim.O Desenho é uma das grandes formas e instrumentos do pen-sar.É um pensar com o corpo, com a mão, com o olhar.Nesta obra que decidi intitular como «o Sonho de Nia» confesso que pela primeira vez, circunstancialmente, procurei conhecer Giovanni Batista Piranesi. Não sei se o encontrei completa-mente, mas confesso que senti como nunca a inquietação que as raras preciosidades despertam... um não conseguir ou saber ficar indiferente ao apelo daquele mundo vagamente mimético.... Mas em simultâneo hermético, magnético, misterioso e ao mesmo tempo, familiar... Humano...

Cerca Trova!Nuno QuaresmaJaneiro de 2012

Nuno Quaresma (1975, Lisboa)Artista Plástico, Ilustrador, Designer (Fundação Salesianos), Ed-ucador pela Arte (Fundação afid Diferença entre 1998 e 2010, Oficinas de S. José entre 2010 e 2012 e POP- Projeto Oficina de Pintura ainda em funcionamento) com Projeto de Empreende-dorismo Social e Artístico filiado no grupo de Autores “AKA Arte” e no Coletivo de Artesãos intitulado “Tailored”.Vogal Suplente para o Conselho Fiscal da ANACED - Associação Nacional de Arte e Criatividade de e para Pessoas com Deficiên-cia com uma participação voluntária e não remunerada na con-strução de um Projeto Social e Cultural que há mais de 20 anos que cuida, respeita e defende Autores com Necessidades Espe-ciais e a sua Obra no contexto da Cultura e auto representação cívica e social. - Menção Honrosa em Pintura, “Prémio Professor Reynaldo dos Santos - Arte Jovem – 1997”- Menção Honrosa em Pintura, “Prémio de Pintura e Escultura - D. Fernando II – 6ª edição - 2002”- Menção Honrosa em Pintura, “Prémio de Pintura e Escultura – Artur Bual, 3ª edição – 2007”Web:www.behance.net/NunoQuaresmapt.linkedin.com/in/nunoquaresma

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UM COMBOIOCHAMADODESEJOUm comboio chamado desejo ou o Amor também se encontra a 120km por hora é diferente da versão que provavelmente con-heces – “ Um elétrico chamado Desejo” - A Streetcar Named Desire, de Elia Kazan com Marlon Brando e Vivien Leigh, de 1951.Nesta minha, improvisada entre as escalas dos autocarros frente aos Prazeres (onde curiosamente passam muitos elétri-cos :), oscila entre a profundidade e a superficialidade, entre o Amor, o verdadeiro, e a lascívia… entre o importante e o rela-tivizável.

Não tenciono extrair daqui generalizações ou fórmulas. Falo disto porque é a verdade. Já me aconteceu; encontrar o amor a 120km hora.A esta velocidade, se espirras, andas aproximadamente 30 met-ros com os olhos fechados, entregue ao destino, sem consciên-cia ou controle sobre o que se passa em frente dos teus olhos.São 30 metros às escuras.Procurar amar a 120 Km hora é como dar um salto de fé numa furna escura de onde o mar se percebe apenas a sua voz e chei-ro. E de repente, bater na água com força, tocar com os pés na areia e abrir os olhos para uma superfície em efervescência.Encontrar o amor assim deixa marca, entre a dor e o prazer, e pouco tempo ou espaço para escolhas.Num amor encontrado assim, há um misto de religiosidade e trauma.É um acontecimento à escala planetária, como uma colisão, na força da trajetória, entre Vénus e Marte.Contudo, se aprecias as viagens de comboio, sabes que esta ve-

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locidade desenfreada é sentida num estado de relativa imobilidade. Vive-se, aliás, viaja-se no maior dos confortos e tranquilidade mas, infelizmente, tristemente… sós.Quando damos conta, neste comboio chamado desejo, quando acordas da torpeza desse sono de viajante, estás apenas só.Olha! Parece que estou a chegar à estação!Espreito pela janela e vejo as paredes azuis de uma luz mesclada que só conheço de Lisboa.Mais um bocadinho e estou à tua porta!Por essa estrada, nessa rua, à tua porta…Viajo num comboio chamado Desejo mas tu és a minha Casa…

“ Procurar amar a 120 Km hora é como dar um salto de fé numa furna escura de onde o mar se percebe apenas a sua voz e cheiro.

E de repente, bater na água com força, tocar com os pés na areia e abrir os olhos para uma superfície em efervescência.”

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Desenhar como quem respira, natural-mente ou compulsivamente, é para mui-tos uma função orgânica. A própria fisionomia e fisiologia concor-rem para esta atividade regular do Corpo, da Mão, da Mente, na sua relação com o Mundo e com o Próximo. Eu pessoalmente sou um apologista do respeito pela Diferença, num mundo de Iguais. Acolho a normalização apenas na medida da sua pertinência e utilidade no serviço à Justiça, Liberdades e Igualdade. Nas coisas grandes entendo realmente o val-or da norma. Um farol para quem navega à vista. Tudo o resto aprecio fora dos intevalos estritos das normas, cânones, regras... Fascina-me o que é feito à medida de cada um, com os cuidados e mimos que cada Corpo e Mente precisam.

TAILORED FOR… FEITO À MEDIDA DE…

Olha para trás…

Olha lá!

Quando era gaiato, distraído, a navegar na gôndola dos meus sonhos, gotas, se-mentes, ensaiava o ofício de hoje sem me lembrar sequer de olhar para o lado.Era ali e naquele momento, como é hoje, aqui e agora: o poder da Criatividade!Não olho muito para trás; as vezes necessárias.

Olho para a frente, para o horizonte, para os pés, para ver a medida a que estou do chão, e penso no quê, como nunca, com uma hora de atraso… e à minha volta,

Encanta-me a simpatia de quem conseg-ue realmente olhar para dentro da pes-soa que está à sua frente... Comove-me quem o faz com o respeito e reverência de quem contempla o sagra-do, e a coragem da empatia de se colocar no seu lugar. Encantam-me as Costureiras e Alfaiates :) Os “Tailored” são feitos para Mulheres e Homens assim. Os blocos de desenhos são extensões do seu corpo; há que construir sketchbooks que se ajustem personalizadamente, como luvas, jeans, sapatos, jaquetas ou outros acessórios assim. O Tailored é feito à mão, todo cosidinho, só para ti! É diferente nas medidas, técnicas, por vezes no construtor. A norma é a predileção pela reciclagem, a qualidade e resistência do papel, capa

quando regresso, não se vê já ninguém na rua.

Tailored é fazer à hora certa, na medida certa, a contemplar tudo o que está à volta.

Tailored é cozer os retalhos soltos, os desejos que ficaram por cumprir…

Tailored é trabalho individual, trabalho coletivo, é uma construção feita de soli-dariedade, colegialidade, amizade!... até conjugabilidade :)

Tailored é Crença no Mundo e nos Out-ros!

Produzimos cadernos tipo “sketchbook”, cozidos à mão, personalizados, feitos à medida e para durar.

e costuras e a garantia de que terás um caderno para a vida. “Lifetime Sketchbooks”! Para Artistas a Sério ;)

“há que construir sketchbooks que se

ajustem personal-izadamente, como luvas, jeans, sapa-

tos, jaquetas”

Mas todas as outras modalidades de criação artística e cultural são bom mote para a transgressão, transcendência, ir-reverência.

O nosso negócio é a construção de cad-ernos de excelência, mas não hesites em contatar-nos para ilustração, design, micro &social branding e organização de eventos e mostras em Artes Plásticas.

Fazê-mo-lo com gosto!... “tailored for you!”

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O que pode um homem simples dizer ou fazer no Mundo agora?Não sou, à semelhança da maioria dos homens e mulheres dos nossos tempos, especialista em economia ou finanças, mas como comum entre comuns sin-to hoje mais desconfiança e receio em relação ao futuro.Pelo menos em relação a este futuro, a dois tempos, em que alguns enriquecem e muitos empobrecem.

Não penso assim por despotismo.Passo a vida a desejar o melhor para quem o procura, para quem luta por mais e melhor.Alegra-me a visão da abundância no re-gaço de quem for.Celebro a fertilidade por si só e regalo os olhos quando vejo a Terra cheia de tudo e do bom.

Por isso não consigo deixar de indagar porque é que neste Mundo onde há excesso e abundância de tudo, vemos fome, desemprego, doença, desproteção na saúde e na velhice?Porque pagam os homens e as mulheres do nosso tempo os caprichos da doutrina do Capitalismo desenfreado?

Porque malha o peso da quimera do lu-cro pelo lucro sobre a única procura que deveria nortear o Homem: a construção do Humano?Porque permitimos nós, comunidades de Gente, que outros mais cegos ou febris pela abundância, nos enterrem e es-maguem pela sua ganância, obsessão e controlo?E quem regula este capital que nos reg-ula? A quem pertence a responsabilidade de lutar, nas formas pacíficas que a re-sponsabilidade também obriga, contra esta falta de empatia, piedade, racional-idade?

Quem tapa a boca a esta criatura voraz?

Hoje pinto para lhe tapar a boca.

Amanhã, quando tiver um negócio, serei íntegro, justo e regulado para lhe tapar a boca.Amanhã, talvez lhe dê com um pau, bem me apetecia… só para que a sua goela míngue e o seu apetite se mitigue… sem que lhe não falte pão para a boca.

N.Q.

“ E quem regula este capital que nos

regula?”

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SERVE PARA QUÊ?

“Se, por um lado, os poderes do homem, o animal sábio, nos enchem de admiração, por outro lado, não podemos deixar de nos espantar com a lentidão da sua aprendizagem. E o maior de todos os obstáculos a essa aprendizagem é a quantidade de aprendizagem acumulada que com as suas ilusões de conheci-mento ele foi juntado”

In “os Pensadores” – capítulo 21 – “Francis Bacon e a visão dos velhos ídolos e dos novos domínios”, de Daniel J. Boorstin.

Sinto-me assim, num novo renascimento da consciência de que o que “sei” atrapalha mais o que” desejo saber”, e que não pos-so escapar dessa condição animal, orgânica, que me liga ao Real e às Coisas.

Sou um homem e sinto, comovo-me, amo, odeio, alegro-me, zango-me, sinto prazer, dor, desconforto, comichão, cócegas.Não sou apenas este corpo, em transformação, em constante recursão, reconstrução autopoiética, mas dele dependo para a perceção e interação com o que me rodeia.Pois o que me acontece é que após 40 anos de acumulação de informação, no meio de tanta sensação, intuição e emoção, já é com dificuldade que me consigo posicionar para ver com clariv-idência o Universo à minha volta.Quem sou, de onde venho, para onde vou?Aliás, já me custa até pensar nestas questões do de onde vimos, para onde vamos, quem somos.Em verdade, as questões já nem me aparecem como “porquês” mas antes como um simples “para que serve?”

Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciência?

Hoje, no meio de uma tarde prazenteira, ensolarada, brinco no jardim com os meus Filhos e só amiúde me distraio, das suas gargalhadas e tropelias, pela brisa temperada que me passa pe-los cabelos.

É um estado de graça que agradeço a Deus, aos Deuses, ao Cos-mos.

Por cima de mim navegam nuvens enormes, voluptuosas, num lento vórtice que me dá a sensação que é antes a Terra que se move.E o azul enche-me. E a sua luz enche os meus Filhos de Sol, e nos seus sorrisos sinto saúde, vejo o Amor e as promessas do futuro.Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciência?O meu Pai tem andado doente, o pecúnio que recebo pela minha prestação no trabalho não me chega para pagar as con-tas e o desemprego ameaça ou afeta metade dos meus Amigos.O tempo míngua de tal forma que já quase não consigo pintar. E o Mundo ainda está cheio de fome, doença, injustiça e guerra.Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Consciência?Paro.Paro por um bocado.Olho para todo este fluxo imparável, incomensurável de infor-mação que se me atravessa pela frente e procuro despertar.Acordo e paro e fico só atento, a olhar, a ouvir, a sentir, a chei-rar…Paro e despojo-me das vestes, andrajos, com que me tenho en-feitado…Servem a minha liberdade, serve a liberdade dos meus Meni-nos.Servem o meu desejo de viver.Servem a minha felicidade.Servem a minha ligação ao Real, ao Mundo e ao Outro, sem subversões ou subjugação.Servem-me de coragem para esvaziar o copo quando é preci-so, para abrir as janelas da mente, para que a alma se me não cristalize ou coagule, não pare nem no tempo nem no espaço.Ao mesmo tempo, não servem para nada… por isso as procuro, as escolho.NQ, Abril 2014

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15 CÊNTIMOS

Três moedas pretas e finas dentro da minha carteira furada; será a sua côr um eufemismo para o seu valor, ou tento ig-norar que não terei hipótese neste mundo tão irreal quanto desigual?

Votado ao insucesso, não apanharei boleia de avião algum; não verei terras distantes, não comprarei um gelado, nem oferecerei rosas.Sou moldado pelo silêncio numa caminhada sem destino; um movimento de sobrevivência apenas aparentemente ar-ticulado.

A vida colorida e criativa escorre-me pelos poros, mas o Mundo só quer ver suor e sangue.Pegarei então nas minhas lágrimas e com elas encherei um oceano; arrancarei as minhas veias e com elas farei fortes cordas; a minha pele servirá de graciosas velas e com os meus ossos construirei um robusto navio.

Poderei ser destino e justificação, capitão sem tripulação, mas nunca serei rapaz sem coração.Zarparei em direcção ao Sol, esse que a todos ilumina por igual, sem distinção de côr, forma, destino.Aqui, não encontro nada para mim, a não ser um mundo de trocas, de interacções desequilibradas. Por lhe sermos pertença, nada podemos dar ao nosso criador; esse não de-verá contudo ser motivo de impedimento para questionar, imaginar, criar.

Entretenham-se nas vossas danças desenfreadas, nestes corpos que nos escapam a todos, enquanto embarcarei na penumbra da noite;escrevo o meu nome na campa da minha finitude com a minha vivência.

Hugo Alexandre, Setembro de 2014

PARA ONDE

Distribuíram-se os sonhos em classes: afinal, haveria a ne-cessidade de haver uns mais iguais que outros. Assim, uns construiriam castelos, carregando as pedras uma a uma; out-ros esperariam na janela por notícias, envoltos em delicadas sedas.Para desastre dos homens de paixões, as mulheres mais bonitas nem sempre se encontrariam nas torres; objectos brilhantes toldariam a sua razão, a geografia à sua nascença destinaria as suas probabilidades e estariam amaldiçoados a acreditar que o seu Deus deveria ser o único a tudo explicar, logo a existir.A propriedade raras vezes estaria associada à sensatez; ter é querer manter e expandir. Sabendo que o tempo é um bem não recuperável só uma estirpe gastará tempo em tal cam-panha: chamar-lhe-à investimento e nomear-se-à “líder”.O poder disfarça-se então de autoridade que tudo tenta controlar mas que nada se esforça por intimamente com-preender. Vidas ao serviço da moeda e da coroa: oportuni-dades desperdiçadas, estilhaços de sensatez; os tolos batem palmas enquanto aguardam por migalhas.As fronteiras já não requerem espadas, agora usam-se can-etas. As igualdades ilusórias amenizam as lutas internas; a posse paradoxalmente serena as externas.Quem revolucionará o mundo, confortável em sofás de ce-tim?

Hugo Alexandre, Setembro de 2014

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Page 24: Revista Aka Arte om duplo sentido

MOVIMENTO MUDANÇA

Há quem diga que Sucesso é Movimien-to, há quem diga que moti vação é mov-

imento...E a sociedade mostra que os Movimen-

tos Artí sti cos infl uenciam directa ou indi-rectamente as mudanças Culturais.

Na vida todo movimento já seja fi sico, social, espiritual, em grupo ou individ-

ual leva com ele as mudanças internas e externas de forma que todos pos-

samos transformar o cansaço em En-ergia, parece tão simples verdade?!...

mas sabemos que para que movimento e mudança aconteçam em equilíbrio e

evolução temos que actuar com per-sistência, com empreendedorismo e faz-

er da inovação a mudança vital para uma melhor visão de futuro.

Gostava de refl ecti r um pouco sobre os principais movimentos artí sti cos do

Século XVIII até ao Século XXI, cheios de contradições e complexidades. É possível

encontrar um caminho para a criação de novos conceitos no campo das artes, por

isso em algumas culturas, o desenvolver da educação pela Arte parece ser o mo-

tor da mudança interna no que se refere ao nosso senti r e a criar símbolos fortes

que ajudam a fl exibilizar a rigidez de al-gumas escolas tradicionais. Símbolos

fortes como a sensibilidade, cooperação e o prazer de trabalhar em equipa.

Sabemos que os movimentos e as mu-danças, “tendências artí sti cas”, tais como

o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubis-mo, o Movimento Barroco, o Renascent-

ismo , o Futurismo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrealismo, a Op-art e a

Pop-art expressam, de um modo ou de outro, a perplexidade do homem con-

temporâneo, a cultura pop também na música como na dança mostram o seu

movimiento buscando expressar o mun-do do inconsciente a parti r dos sonhos

e desejos de liberdade, e de auto-afi r-mação..... Auto-afi rmação de quê?!!

Interessante foi o ano em que surge o Expressionismo ele aparece como uma

reação ao Impressionismo, foi um ano de mudanças positi vas, pois no primei-

ro, a preocupação está em expressar as emoções humanas, transparecendo em

linhas e cores vibrantes os senti mentos e angústi as do homem moderno. En-

quanto que no Impressionismo, o enfo-que resumia-se na busca pela sensação

de luz e sombra, “passamos da técnica à ilustração das emoções.”

O movimento Barroco teve seu início na Itália, no fi nal do século XVI, início

do século XVIII a palavra “barroco”, de origem portuguesa, signifi ca uma pedra

preciosa imperfeita, com os seus forma-

tos irregulares.Uma das ideias do fenómeno do Barroco

era de fazer a junção dos dois elementos, fé e ciência. O primeiro, resgatado pela

contrarreforma e o segundo se expandia com a modernidade. A parti r disso, sur-

giu uma vertente encontrada no Barroco, que era o fusionismo. O Barroco teve

grandes infl uências na arquitetura de alguns dos países da Europa e também

da América Lati na. As construções não costumam seguir padrões geométricos,

muito menos simétricos. O escritor bra-sileiro, Paulo Coelho, publicou um livro,

“O Diário de um Mago”, onde nos conta da infl uência da época Barroca.

Os Renascenti stas baseavam-se em con-ceitos fi losófi cos e antropológicos. O

Humanismo é um dos segmentos do Re-nascimento e trabalha com o uso total da

razão por meio de experimentos.Com o desenvolvimento do Renasci-

mento, as característi cas mudaram, a espiritualidade foi deixada de lado e

abriu-se caminho para um senti mento oti mista, que desfruta do mundo mate-

rial. Começaram a observar a vida como um ciclo e a acreditar que o homem não

tem o controle sobre suas emoções, mui-to menos sobre seu tempo de vida. Curi-

osamente em Portugal o renascenti smo teve pouca infl uência, talvez esta aus-

ência tenha contribuído para um menor oti misto senti do na sociedade portugue-

sa?!

Senti no Cubismo uma despreocupação em representar realisti camente as for-

mas de um objeto, porém aqui,a in-tenção era representar um mesmo ob-

jeto visto de vários ângulos num único plano. Com o tempo, o Cubismo evoluiu

em dois grandes movimentos e mu-danças chamados Cubismo Analíti co e

Cubismo Sintéti co. Podemos dizer que o cubismo nasceu como um movimento no

ano 1908, consti tuído em Montmartre (Rue Ravignon 13), onde viviam Picasso,

Max Jacob e Juan Gris. O grupo Bateau Lavoir organizou uma homenagem ao

Rousseau, durante a comemoração Pi-casso em tom de muito entusiamso dis-

se: “Você e eu somos os pintores actuais. Eu em esti lo moderno, e você em esti lo

egipcio.”

Cubismo analíti co (1908-1911) – desen-volvido por Picasso e Braque: Seu es-

ti lo era a uti lização de poucas cores, a defi nição de um tema apresentado em

todos os ângulos. A Perda da realidade, sendo impossível reconhecer as fi guras.

Cubismo sintéti co: Fugia dessa perda de realidade, mas procurava retratá-la de

várias formas. Foi chamado, também, de colagem, porque eles colocavam tudo o

que podiam, como letras, números, vi-dros, etc., com o intuito de criar novos

efeitos e despertar a atenção. O abstracionismo é a arte que se opõe

à arte fi gurati va ou objeti va. A principal característi ca da pintura abstrata é a

ausência de relação imediata entre suas formas e cores e as formas e cores de

um ser. A pintura abstrata é uma mani-festação artí sti ca que despreza complet-

amente a simples cópia das formas natu-rais, interessante como este movimento

pode infl uenciar esti los e infl uenciadores no mundo das artes, e a forma de ver

nosso talento. No impressionismo, esti lo marcado por

cores fortes e brilhantes, texturas e linhas harmónicas, prevalecem as pais-

agens, os grupos de pessoas e as formas humanas. Neste movimento aparece

uma mudança no talento e na paixão no que refere “moti vação dos Arti stas”.

Os estudos de Freud sobre psicanalismo e a políti ca mostravam a complexidade

da sociedade moderna. Em críti ca à cul-tura europeia, surgiram:

O Futurismo: O futurismo é um esti lo

Psicoterapeuta, Formadora, Organização, Moderação e Concreti zação do 1º Con-gresso Internacional de Anorexia e Bu-limia, em Portugal :htt p://ciab.insti tutotaniaestrada.pt htt p://www.insti tutotaniaestrada.pt

Especialidade de Anorexia e Bulimia. Es-tudos de investi gação do metabolismo da Seratonina nos casos de Anorexia e Bulimia. Estudos de desenvolvimento do Teste de Rorschach no Síndrome de Bran-ca de Neve. Coordenação Pedagógica.

O Insti tuto Tania Estrada, tem dinam-izado várias especialidades na área da Saúde Pública e Privada, promovendo o conceito “Ser Técnico da Saúde” e “Ser Pessoa”. É uma forma de marcar a dif-erença encontrando um brilho pessoal, com resultados positi vos na proximi-dade com Utentes e Clientes. Construir a auto-esti ma na Investi gação da Saúde Mental dos casos de Anorexia, Bulimia e outras doenças do Comportamento alimentar e assim expandir a noção das suas próprias possibilidades.Prêmio de Estudo Cientí fi co Dr.ª Sandra

Torres, Prêmio Jornalisti co - Teresa Botel-heiro - Reencontro no Espelho.Capacitación y Desarrollo Profesional, Educación por el arte, Capacitación y De-sarrollo Profesional, Pedagoga, Forma-dora de Gestão de Recursos Humanos, Consultora Independente, Gestão de Talentos e Recursos, Gestão de Carrei-ras, Professora de Investi gação de temas como Anorexia e Bulimia (Universidade Lusófona), Recursos Humanos em diver-sas organizações nacionais e internacio-nais.

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MOVIMENTO MUDANÇA

Há quem diga que Sucesso é Movimien-to, há quem diga que moti vação é mov-

imento...E a sociedade mostra que os Movimen-

tos Artí sti cos infl uenciam directa ou indi-rectamente as mudanças Culturais.

Na vida todo movimento já seja fi sico, social, espiritual, em grupo ou individ-

ual leva com ele as mudanças internas e externas de forma que todos pos-

samos transformar o cansaço em En-ergia, parece tão simples verdade?!...

mas sabemos que para que movimento e mudança aconteçam em equilíbrio e

evolução temos que actuar com per-sistência, com empreendedorismo e faz-

er da inovação a mudança vital para uma melhor visão de futuro.

Gostava de refl ecti r um pouco sobre os principais movimentos artí sti cos do

Século XVIII até ao Século XXI, cheios de contradições e complexidades. É possível

encontrar um caminho para a criação de novos conceitos no campo das artes, por

isso em algumas culturas, o desenvolver da educação pela Arte parece ser o mo-

tor da mudança interna no que se refere ao nosso senti r e a criar símbolos fortes

que ajudam a fl exibilizar a rigidez de al-gumas escolas tradicionais. Símbolos

fortes como a sensibilidade, cooperação e o prazer de trabalhar em equipa.

Sabemos que os movimentos e as mu-danças, “tendências artí sti cas”, tais como

o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubis-mo, o Movimento Barroco, o Renascent-

ismo , o Futurismo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrealismo, a Op-art e a

Pop-art expressam, de um modo ou de outro, a perplexidade do homem con-

temporâneo, a cultura pop também na música como na dança mostram o seu

movimiento buscando expressar o mun-do do inconsciente a parti r dos sonhos

e desejos de liberdade, e de auto-afi r-mação..... Auto-afi rmação de quê?!!

Interessante foi o ano em que surge o Expressionismo ele aparece como uma

reação ao Impressionismo, foi um ano de mudanças positi vas, pois no primei-

ro, a preocupação está em expressar as emoções humanas, transparecendo em

linhas e cores vibrantes os senti mentos e angústi as do homem moderno. En-

quanto que no Impressionismo, o enfo-que resumia-se na busca pela sensação

de luz e sombra, “passamos da técnica à ilustração das emoções.”

O movimento Barroco teve seu início na Itália, no fi nal do século XVI, início

do século XVIII a palavra “barroco”, de origem portuguesa, signifi ca uma pedra

preciosa imperfeita, com os seus forma-

tos irregulares.Uma das ideias do fenómeno do Barroco

era de fazer a junção dos dois elementos, fé e ciência. O primeiro, resgatado pela

contrarreforma e o segundo se expandia com a modernidade. A parti r disso, sur-

giu uma vertente encontrada no Barroco, que era o fusionismo. O Barroco teve

grandes infl uências na arquitetura de alguns dos países da Europa e também

da América Lati na. As construções não costumam seguir padrões geométricos,

muito menos simétricos. O escritor bra-sileiro, Paulo Coelho, publicou um livro,

“O Diário de um Mago”, onde nos conta da infl uência da época Barroca.

Os Renascenti stas baseavam-se em con-ceitos fi losófi cos e antropológicos. O

Humanismo é um dos segmentos do Re-nascimento e trabalha com o uso total da

razão por meio de experimentos.Com o desenvolvimento do Renasci-

mento, as característi cas mudaram, a espiritualidade foi deixada de lado e

abriu-se caminho para um senti mento oti mista, que desfruta do mundo mate-

rial. Começaram a observar a vida como um ciclo e a acreditar que o homem não

tem o controle sobre suas emoções, mui-to menos sobre seu tempo de vida. Curi-

osamente em Portugal o renascenti smo teve pouca infl uência, talvez esta aus-

ência tenha contribuído para um menor oti misto senti do na sociedade portugue-

sa?!

Senti no Cubismo uma despreocupação em representar realisti camente as for-

mas de um objeto, porém aqui,a in-tenção era representar um mesmo ob-

jeto visto de vários ângulos num único plano. Com o tempo, o Cubismo evoluiu

em dois grandes movimentos e mu-danças chamados Cubismo Analíti co e

Cubismo Sintéti co. Podemos dizer que o cubismo nasceu como um movimento no

ano 1908, consti tuído em Montmartre (Rue Ravignon 13), onde viviam Picasso,

Max Jacob e Juan Gris. O grupo Bateau Lavoir organizou uma homenagem ao

Rousseau, durante a comemoração Pi-casso em tom de muito entusiamso dis-

se: “Você e eu somos os pintores actuais. Eu em esti lo moderno, e você em esti lo

egipcio.”

Cubismo analíti co (1908-1911) – desen-volvido por Picasso e Braque: Seu es-

ti lo era a uti lização de poucas cores, a defi nição de um tema apresentado em

todos os ângulos. A Perda da realidade, sendo impossível reconhecer as fi guras.

Cubismo sintéti co: Fugia dessa perda de realidade, mas procurava retratá-la de

várias formas. Foi chamado, também, de colagem, porque eles colocavam tudo o

que podiam, como letras, números, vi-dros, etc., com o intuito de criar novos

efeitos e despertar a atenção. O abstracionismo é a arte que se opõe

à arte fi gurati va ou objeti va. A principal característi ca da pintura abstrata é a

ausência de relação imediata entre suas formas e cores e as formas e cores de

um ser. A pintura abstrata é uma mani-festação artí sti ca que despreza complet-

amente a simples cópia das formas natu-rais, interessante como este movimento

pode infl uenciar esti los e infl uenciadores no mundo das artes, e a forma de ver

nosso talento. No impressionismo, esti lo marcado por

cores fortes e brilhantes, texturas e linhas harmónicas, prevalecem as pais-

agens, os grupos de pessoas e as formas humanas. Neste movimento aparece

uma mudança no talento e na paixão no que refere “moti vação dos Arti stas”.

Os estudos de Freud sobre psicanalismo e a políti ca mostravam a complexidade

da sociedade moderna. Em críti ca à cul-tura europeia, surgiram:

O Futurismo: O futurismo é um esti lo

infl uenciado pelo movimento literário Manifesto Furista, criado por Filippo

Tommaso Marinetti , em 1909 um poeta e escritor italiano que sugeriu às pinturas

a velocidade das máquinas e a exaltação do futuro para os pintores desse esti -

lo, os arti stas não ti nham essa visão de futuro! INTERESSANTE! Os estudos de

Freud sobre psicanalismo em Cultura políti ca mostravam a complexidade da

sociedade moderna. Em críti ca à cultura europeia surge a

Pintura Metafí sica – uma pintura que mostrava a falta de senti do da sociedade

contemporânea: mistério, luzes, obje-tos, sombras e cores intrigantes ti nha

como principal arti sta, Giorgio De Chirico (1888-1979), um pintor italiano, com

suas obras “O Enigma da Chegada” e “O Regresso do Poeta”.

Outros Movimentos do Século XXI Curiosidades : O steampunk (subgénero

da fi cção cientí fi ca que trata de evoluções tecnológicas que acontecem em épocas

anteriores às que ocorreram na reali-dade) também tem sua parcela de arte

única. O idealismo steampunk usa o con-ceito de ressuscitar tecnologias anti gas,

aqui vejo claramente o conceito do Criati vo é contrariar o banal. Este movi-

mento o steampunk fez que meu pensa-mento viajasse a minhas leituras de cri-

ança da obras de Júlio Verne.

A Educação pela Arte, é para mim um movimento transformador com mu-

danças positi vas na educação e Cultura do País, como estamos vendo acconte-

cer no movimento Eco-Art. O mesmo reúne obras sobre ecologia e

preservação da natureza, buscando as linhas de aproximação entre Arte e Meio

Ambiente. Nos processos de Mudanças em que muitas insti tuiçõees do Brasil

hoje se vêem envolvidas, têm já por base a capacidade de realizar o Movimento da

Pedagogia do Desejo. Desejo que Portu-gal caminhe no Desejo de algumas Mu-

danças na conquista de novas ati tudes, onde fi gure a Parti lha a Dois, as boas

Perguntas, o Questi onar, a Cultura da Responsabilidade, a Sensibilidade para

olhar para o nosso lado, a autoconfi ança de que fazemos nosso melhor sem com-

parações. O movimento de Educação pela Arte é a verdadeira transformação

do senti r actual, em que cada um de nos possa converter o Cansanço em Energia

pelo prazer das coisas boas que fazemos.Diferentemente do que pensamos:

“Não somos ilhas isoladas, e sim partes de uma mesma célula – disti ntos, porém

interligados.”

Que seja o Movimento pela Arte nossa Energia

na Mudança!

Tania Estrada Morales

E a sociedade mostra que os M

ovimentos Artí sti cos infl uenciam

directa ou indirectamente as m

udanças Culturais.

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Ana Fernandes, 43 anos(19-02-1971), mãe de três filhos...a minha maior obra!Poetisa ou pseudo-poetisa.Ler e escrever, escrever e ler sempre foi algo que me fascinou e me deixa fe-liz. Escrever é algo de estonteante, uma viagem extraordinária. Onde posso ser eu...onde posso ser ...mais alguém.Por incrível que pareça, gosto de es-crever poesia mas não sou uma leitura assídua deste género de literatura. Poe-sia, o parente pobre no meio editorial...Quando escrevo, confio a minha escrita no leitor. Espero que gostem de me ler, pois os meus poemas estão impregnados de sentimento. O meu sentimento...há revolta, amor, raiva, desencanto, prazeres

e sentidos apurados. A importância da amizade e da afectividade, o meu desejo de ser descoberta e entendida, a procu-ra da verdade, da pureza e também do sonho.

DANÇA DAS FADAS

No compasso do amor eu sou a canção que toca a melodia da vida...O meu canto viaja além dos mundos...Posto que com a alma entoo a música do coração,Alcançando a todos os seresE eis que ao ouvir a voz do meu cantoFadas encantadas bailam delicadamenteBalançando as folhas e floresTrazendo felicidade e sorrisosCelebrando a plenitude da existênciaTão gentilmente nos doadaEm meio a voos rasantes espalham sua poderosa essênciaÉ a magia no ar contagiando a tudo e a todosE a música ainda está tocandoE ainda encantaE ainda iluminaE tudo se torna um misto de êxtase e alegria

“ No compasso do amor eu sou a

canção que toca a melodia da vida...”

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INCOMPATÍVEL

Quantos contos de fadas são precisos para escrever um fi nal felizNenhuma maquilhagem é capaz de es-conder do coração uma cicatrizQuantas verdades se perdem no meio da escuridãoE quantos passos são dados no caminho da solidãoDe quantas ilusões é preciso se inventar para sobreviverApenas uma, mas esta ilusão é capaz de me fortalecerEssa ilusão és TU

Quanto barulho cabe no silêncio de um coração apaixonadoQuanta esperança morre em cada aman-

hecer de mais uma noite acordadoQuanta saudade some na poeira de uma estrada sem fi mQuantos beija- fl ores cercam a mais bela fl or do jardimDe quantos sonhos é preciso desisti r para não sofrerApenas de um, mas este um é o maior sonho que se pode terEsse sonho és TU

Quantas apostas são precisas para se ganhar um coraçãoQuantos inocentes morrem presos dessa prisãoQuantos gigantes caem por subesti mar a força do oponente

Quantas lutas são vencidas sem desferir um golpe somenteDe quantos verbos eu preciso para falar e alguém entenderQue por mais incompatí vel que possa parecer O meu amor és TU

hecer de mais uma noite acordadoQuanta saudade some na poeira de uma estrada sem fi mQuantos beija- fl ores cercam a mais bela fl or do jardimDe quantos sonhos é preciso desisti r para

Apenas de um, mas este um é o maior sonho que se pode ter

Quantas lutas são vencidas sem desferir um golpe somenteDe quantos verbos eu preciso para falar e alguém entenderQue por mais incompatí vel que possa parecer

“ Quantas apos-tas são precisas para se ganhar um coração... “

“ Quanta esper-ança morre em

cada amanhecer de mais uma noite

acordado... “

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Na mitologia grega, Pasífae ou Pasífaa (em grego: Πασιφάη, Pasipháē) é uma das filhas de Hélio, deus do sol, e de Per-seis (ou Perseida), que geraram além dela Eetes, rei da Cólquida, e a feiticeira Circe. Perseis era a primogênita das oceânidas.Assim como Circe e como sua sobrinha Medéia, filha de Eetes, Pasifae também tinha poderes mágicos.Casou-se com Minos, filho de Zeus e da princesa fenícia Europa, com quem teve os filhos Androgeu (ou Eurigies), Ariadne, Deucalião, Fedra, Glauco de Creta, Ca-treu e Acacalis.Pasifae era muito ciumenta e, para impe-dir que o marido se unisse a outras mul-heres, lançou sobre ele uma maldição: as mulheres que o amassem morreriam de-voradas por serpentes, escorpiões e cen-topeias que seriam ejaculados por ele. A princesa ateniense Prócris livrou-o do feitiço oferecendo-lhe uma erva mágica que recebera de Circe. Depois deitou-se com ele em troca de dois presentes: um dardo que jamais errava o alvo e um cão do qual nenhuma caça escapava. Esses dois presentes mágicos pertenciam a Eu-ropa, mãe de Minos, que os recebera de

Zeus.Quando a princesa Europa voltou da sua aventura com Zeus no Olimpo, casou-se com Asterion (ou Asterios), rei de Creta, filho e sucessor de Téctamo e de uma fil-ha de Creteo. Asterios não queria filhos, mas educou como pai os três filhos de Europa.Ao morrer, legou o seu trono a Minos, o primogênito. Inconformados com essa decisão, os dois irmãos preteridos, Sarpedão e Radamanto, passaram a dis-putar o poder. Minos, para provar que Creta lhe pertencia por vontade dos de-uses, afirmou que os imortais lhe con-cederiam qualquer coisa que desejasse. Como prova, pediu a Posídon (ou Posei-don- deus dos mares) que fizesse sair um touro do mar Egeu. Fez-lhe a promessa de que, depois, sacrificar-lhe-ia o touro em holocausto. Posídon mandou um magnífico touro branco de grandes chi-fres dourados. Diante dessa prova de le-gitimidade, enviada pelo deus supremo dos mares, os irmãos de Minos recon-heceram-no como soberano da ilha.Minos, no entanto, levou o belo touro para fazer parte de seu rebanho e sac-

rificou, em vez dele, um animal comum. Como punição pelo não cumprimento da promessa, Posídon transformou o touro num animal indomável, furioso, que pas-sou a atacar os habitantes da ilha. Além disso, pediu a Afrodite, deusa do amor, que fizesse com que Pasífae se apaix-onasse pelo touro.Para concretizar sua paixão, Pasífae pediu ao inventor Dédalo (pai de Ícaro) que construísse uma vaca de madeira tão perfeita que enganasse o touro. Ela escondeu-se dentro da vaca e assim con-seguiu o seu intento. Dessa união nasceu o Minotauro, um ser monstruoso, meta-de touro, metade homem.Envergonhado pela prova da traição da sua esposa, Minos encerrou o monstro num labirinto que Dédalo construiu junto ao seu palácio, em Cnossos.Domar o touro de Creta foi dos 12 tra-balhos de Hércules.Na versão arcaica, pré-olímpica (um mito minoico), o touro por quem Pasífae se apaixonou era o próprio Posídon, dis-farçado. Na versão grega, é realmente um animal, o que reduz a importância da paixão, transformando-a em mera

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perversão carnal, em vez de sentimento divino, sobre-humano. (fonte: wikipédia, a 12 de junho de 2015)A obra que ilustra estas páginas, a par com uma representação isolada da inves-tida de um touro, elege como motivo um momento noturno, no quarto de Minos e Pasifae, em que Pasifae sonha com o magnífico touro branco, sob o olhar de Minos que intui toda a tensão emocion-al e sexual onde incontornavelmente também se envolve e participa.Os temas são o ciúme, o medo, o poder, a sua ausência, o grotesco e o irracional.Pasifae sonha um sonho inoculado pela deusa Afrodite, com a angustiante en-ergia de uma compulsão a arquear-lhe o corpo enfeitiçado pelo animal mágico, enquanto Minos o confronta com o ol-har, em competição feroz, perdida mo-mentaneamente num limbo voyeurista e numa admiração pelo poder e liberdade que o touro também representa.Pasifae é vítima e Minos é especta-dor, não só da cena representada, mas também da perda interior das certezas e do controle, quiçá entregues a um al-terego que também encontra reflexo e

identificação na figura do touro.Nesta obra são o medo e o desejo que se confundem e conjugam para impor uma sentença e uma fratura.A sentença é corporizada pelo Minotauro, o castigo do grotesco, força de destruição que é fruto desta consumação mitológi-ca entre o touro e a rainha, e a fratura é porfim imposta na identidade do rei que vê a sua integridade como personalidade de força e inteligência pulverizada entre as pulsões mais básicas da natureza hu-mana, de volta ao caos primordial onde nasce e morre toda a existência.Não há discurso moral nesta obra, só o reconhecimento de um ciclo, de um pa-drão.E é por via desse (re)conhecimento que se dá o postulado da possibilidade de escolha, não das personagens, mas do espectador.As histórias da literatura mitológica, na sua narrativa fechada, ensinam exata-mente a necessidade de fazer escolhas na narrativa aberta que é a vida. Porque quando não se age ou escolhe, os ciclos repetem-se e esse touro incontrolável em vez de ficar pacificamente e con-

scientemente integrado no nosso ser, fica indomável, furioso, a fitar e a amedron-tar os nossos espaços mais íntimos.Não integrar esse touro é arriscar ser colhido por ele, em qualquer uma des-sas praças onde se desvela e concretiza o eterno ciclo da vida.

Nuno Quaresma,Junho de 2015

“Não integrar esse touro é arriscar ser colhido por ele, em qualquer uma des-sas praças onde se desvela e concretiza o eterno ciclo da vida.”

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Saber ver um pintor, é saber ver a pin-tura, no que ela tem de radical e incon-tornável.

Acto transformador, ou talvez tão só “alegria que o homem dá a si mes-mo”(Marx), o produto artístico nunca en-viesa, quando genuíno, o solo de aonde nasce.

A pintura de Nuno Quaresma está pre-cisamente aí, sem nada a não ser ela própria que a sustenha.

Mesmo que a influência de muitos con-temporâneos seja marcante, nomead-amente Lucien Freud ou Paula Rego, aquela não fecha o pintor no redondel da repetição, neo-comercialismo enfeudado às “áreas do tempo”. Nuno Quaresma, pinta a realidade, afirmando-a como Kir-kegaard, a saber a mais dura das catego-rias.

Mas a essa dureza, não dirige olhar al-gum que a aliene de si mesma.

O que nos fica é então uma pintura aonde a doçura romântica ou surreal, cai como véu, fazendo que o nu ou a figuração do banal equivoque o sujeito escondido.É então o excesso que nos fica, sempre um excesso, e que Nuno Quaresma urge em pintar.

Mas só um talento invulgar que comunga a dor de ser, pode fazer com que na tela ou no papel, o sujeito desejante se fale pelo efeito cromático-figurativo.

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A pintura de Nuno Quaresma, convoca portanto um Nietzsche, o filósofo da “Au-rora” ou do “Humano demasiado Huma-no”.

O pegar ou largar este demasiado, é a mais valia que não nos deixa indiferentes face a esta pintura, retrato também ela, de que o desassombro está chegando.

Carlos Amaral Dias, Fevereiro de 2000

01 Artémis Implacável02 Monday morning03 A luta04 Minos e Pasifae05 Alegoria para a Pintura06 Ana e o sapato07 Ecce Homo

08 Caim e Abel09 Natrureza morta com troféu10 Mixed Thoughts11 Menino fora da caixa12 Natrureza morta com bule de chá13 Vénus deitada

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Eras um par de sapatos cor-de-rosasalto alto que realçavas a elegância do movimento dos pés enlatadospor acaso não deixaste a tua dona ficar malnunca sei lá, um buraco, um salto e lá se foi o tacão! Foste velho, tiveste arrumado, mas também não eram assim tão velho de deitar fora, mas eras velho. Um PAR que foste posto num canto em modo de hibernação. Queria saber se eras velho de deitar fora ou velho e de não querer deitar fora. De uma BD com vontade de saltar fora do armário, decidiu mostrar a sua história porque também era um velho antigo, quis realmente fazer parte desta história. Grande prémio para quem conseguir saltar dez carros… Po-dia ser de Patinete como o tio patinhas propôs…Mas consegues saltar? Com salto ou sem salto, até podes ex-perimentar de patinete, mas fica aqui o desafio, calça os sapa-tos e salta de salto, movimenta-te de que maneira for.

DEPOIS DE TI, VEIO O BRANCO

As paredes voltaram a ser brancas sem os quadros que pintava, as folhas por es-crever perderam a utilidade; os sonhos verteram os contornos, a forma, o des-tino.Escrevi-lhe cartas de amor e de perda, cartas de partilha e de esperança. Mas a sua morada já era outra.Procurei-a então no topo dos penhascos, no fundo dos mares; procurei-a nos ol-hos do futuro, na arca do passado. Mas ela já não se deixava encontrar.Enquanto contemplava os amarelos do Sol, este arrefecia no meu coração; du-rante o tempo que estudei as moléculas, estas morriam sem reprodução. Eu defin-hava sem remédio.Como gotículas de água que saltam para o precipício vindas de uma mão sem in-tenção fugia-me por de entre os cabelos outrora pretos e fortes.Não pude evitar (embora batalhasse), que o tempo fizesse o seu trabalho de es-batimento; a cada batida a sua memória perdia pormenores. Eu enlouquecia sem prognóstico.Assisti ao entendimento de que quando julgamos percepcionar, não é a realidade que tocamos, mas apenas uma repre-sentação auto-renomeada, uma falsa or-dem de grandeza a que nos agarramos; precisamos afinal de fazer a vida “funcio-nar”, independentemente de entender-mos ou não qual a função.O abismo não é o vazio, nem o desconhe-cido, mas o tédio.Há quem tenha; há quem seja. Eu não tenho, não sou. Tudo bem.Foi na ausência que a perdi.E foi assim... no silêncio ...que te encon-trei. Nesta linguagem comum, desistir é deix-

ar de existir;um corpo sem um propósito é um corpo sem essência, uma mera cápsula que dis-trai, mas não estimula. Talvez por isso me deste o que eu não sabia que queria mas que sabia que precisava.Só após abandonar o jogo do tempo en-contrei a disponibilidade para a razão; só depois de abandonar os limites do ego encontrei a vastidão da contemplação.Foi quando deixei de chorar a natureza inevitável da juventude que depreendi que nunca a saborearia neste trajecto superficialmente mundano, intrinseca-mente insano e genuinamente simples. Foi talvez por nem raspar o exterior da sua compreensão, que ela me tenha abandonado tão rápido.Não me interessa particularmente se a folha onde escrevo é uma unidade, ou um número incontável de átomos unidos por leis de atracção. Interessa-me o que faço com ela: escreverei a minha história com a minha própria mão, ou a folha cairá no esquecimento sem glória?Richard Feynman dissera que “o que não conseguia criar não conseguia com-preender”; pois digo que não consigo criar se não conseguir compreender; e compreender não é dissecar, nem disser-tar, mas tão somente... aceitar. Aceitar que sou uno na imensidão das minhas possibilidades, que não preciso de muito mais que a verdade absoluta e de um pouco de alimento, talvez um carinho sem apego de vez em quando...O branco cobre agora as montanhas que compõem a minha história; o Mundo não me deu um nome, deu-me um propósito; sou parte dele e cumpro a sua função.Não há determinismo da espécie.Há existência.

Hugo Alexandre, Setembro de 2014

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Tenho a convicção de que a percepção é apenas a porta de entrada para um con-hecimento maior que o entendimento em si mesmo.Sem o erro da expectativa, e a es-colha não assumida de que o vazio é necessário, talvez seja a perda o desper-tar necessário para a obrigatoriedade sempre voluntária de abandonar o “pou-co” em detrimento do “tudo”, pois o que criamos será sempre pouco quando com-parado com o que foi criado e acumulado antes de nós.Poderá até nem ser este o caminho da redenção, mas perder o mapa faz-nos perceber que o acumular de informação não nos torna mais sábios;cada estrada é uma incógnita até a per-corrermos por nós mesmos; sabendo que nunca as percorreremos todas, isso só nos dá mais tempo para apreciarmos cada uma delas;encaro a limitação temporal como a maior dádiva que a vida nos pode dar; a verdadeira superioridade face aos de-mais seres;NÓS SABEMOS que um dia mudaremos de estado; não interessa o como, o para quê, nem mesmo o quando; apenas sabemos que sendo talvez a única ver-dade universal, irá acontecer.Talvez no final as suspeitas sejam con-firmadas, e só exista a solidão e uma in-esgotável e intrínseca cega vontade de acreditar que somos peças de um quadro maior que nós mesmos.Talvez nem assim a vida faça sentido.Talvez só exista um corpo que caminha para o cansaço e para o envelhecimento.Mas não é a maior tragédia de todas, já nos termos encontrado e ainda assim continuarmos perdidos?“ Yesterday is history, tomorrow is a mys-tery, today is a gift (…)” – Bill Keane

Grita comigo;

Dá-me todas as palavras de ódio e dor acumuladas até ficares vazioAponta-me o dedo, cerra os dentes, fran-ze as sobrancelhas, e acusa-me mesmo que o raciocínio não faça sentidoAmaldiçoa-me pelas tuas escolhas er-radas, deseja-me penitências sofridas e eternas pelos teus pecadosEu nada direi;É através da minha imperfeição que te reconheço como parte de mim e te que-ro ver voar para longe desta lama que te torna pesadoOuvir-te-ei como quem tem a disponibili-dade que só a eternidade possuie se me permitires, segurar-te-ei com a mesma dedicação que um ramo segura a sua última folhaTodas as nuvens passam; mesmo as que cobrem o Sol por muito tempo;é a inevitabilidade da mudança; Por isso dá-me tudo quanto tens dentro de ti;Porque quando te dás, és. Isso é Deus. Isso é… esperança.

Easier?

Pedaços essenciais de entendimento en-contram-se nos locais e nas pessoas mais improváveis.Estiveram eles sempre ali à espera de ser descobertos?Quem os criou, e à sua interpretação?Como nos sentirmos gratos pela dádiva, independentemente da sua forma e do seu conteúdo?E se o entendimento é uma construção cultural, como poderei apagar todos os valores e começar de novo?Olho à volta; sou o apogeu máximo da minha própria existência;sou os sonhos por realizar dos meus pais;sou capaz de descrever o Mundo, ou de o aniquilar.Sou tão poderoso quanto os mosquitos que vejo no pára-brisas.

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Simão Mota Carneiro

Artista plástico nascido em 1989 vive e trabalha em Lisboa, desde cedo que estabeleceu a sua paixão pelas Artes. For-mou-se em Produção Artística na Escola António Arroio com especialização em cerâmica e mais tarde frequentou o Insti-tuto de Artes Visuas IADE onde se licenciou e obteve o seu mestrado em Design e Cultura Visual.Desenho e pintura são as suas principais áreas de interesse no entanto afirma que não deixa outras linguagens excluídas não querendo ficar limitado pela técnica para produzir uma peça.

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António Maria Sousa Lara

nasceu em Lisboa, Maio 1984, e actual-mente vive e trabalha no Estoril. Em 2010 termina a sua Mestrado em Artes Plásticas - Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. António Sousa Lara mantém um trabalho pictórico activo desde 1998 com obras nas mais diversas categorias como Pin-tura, Retrato, Gravura, Fotografia, Arte Digital e Ilustração.

Foi aluno de prestigiados Mestres Artis-tas e participou em já várias exposições colectivas e individuais. De momento tra-balha como Professor, Retratista, Game Designer e Actor. Visitou diferentes países e culturas procurando sempre novos caminhos e novas experiências no mundo artístico.

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Catarina Vieira Pereira nasceu a 25 de Fevereiro de 1989, em S. Miguel, Açores. Utiliza como nome artístico Vieira Pereira.

Licenciada em Artes Plásticas e Novos Media, na Escola Superior de Artes e De-sign das Caldas da Rainha (2008-2011). Possui também o mestrado de Artes Plásticas, no mesmo estabelecimento de ensino superior (2011-2013). Tema da defesa pública: “Pintura Fotográfica – efemeridade, metamorfose e acção num percurso plástico”. Na sua pesquisa questiona os limites da pintura, colocan-do a questão se o seu trabalho poderá

estar no “campo expandido” da pintura, tal como a crítica de arte Rosalind Krauss propôs para a escultura.

Web:- www.behance.net/cat_pekena- www.flowartconnection. com/artists/view/17 - www.tumblr.com/blog/vieirapereira - www.tumblr.com/blog/dispositivos-pin-tura- www.facebook.com/pages/Vieira-Perei-ra/110449015757458

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Estes vídeos mostram a realidade de uma pintura em acção, em meio aquoso, dá-nos a ver a metamorfose pela qual a pintura passa. Enquanto a metamorfose está a ocorrer, as cores alter-am-se, novos efeitos e tonalidades são gerados, acerca destas modificações José Gil afirma:«O amarelo passará imperceptivelmente a vermelho, o verde a azul, de tal maneira que entre eles surgirá uma multidão de tonalidades quase indiscerníveis: outros tantos feixes de pe-quenas percepções. É por toda a parte do visível que nos ban-hamos em pequenas percepções.». (GIL, José, A imagem-nua e as pequenas percepções: Estética e Metafenomenologia, Lis-boa, Relógio D’ Água, 2.ª Edição: Fevereiro de 2005, p. 311.)Toda a movimentação passada no meio aquoso mostra ao es-

pectador a realidade de um acontecimento pictórico, a forma como a metamorfose se manifesta, e a sua mudança de formas e de cores quase hipnotizam o nosso olhar. Este processo for-ma-se dentro de um tanque de vidro com líquido, e resulta da fusão entre certos materiais tradicionais de pintura, tais como: acrílicos, aguarelas, ecolines, guaches, e materiais não associa-dos à pintura, como por exemplo: molhos culinários, detergen-tes e bebidas. Para registar toda a acção que se desenvolve no meio aquoso de forma espontânea e natural, recorro à foto-grafia e ao vídeo, estes registam a fusão do processo químico (dos pigmentos com o meio aquoso) que ocorre e que gera a metamorfose.

Pedro Afonso Silva

Nasceu no Porto (1958). Vive e trabalha no Concelho de Cascais.

Formação:Licenciatura em Design (IADE)Curso de Desenho (Sociedade Nacional de Belas Artes)Curso de Iniciação à Pintura (Arte Ilim-itada)

Percurso Profissional:Entre 1984 e 1997 trabalhou em edit-oras e agências de publicidade como designer e criativo (Plátano Editora, Ci-nevoz, Comunicar, BMB&B, Neovox).A partir de 1998 estabelece-se como freelancer, trabalhando basicamente em ilustração. Publicou ilustrações no jornal Record, Jornal de Notícias, Se-manário Económico, entre outros. Tem vários livros editados como autor (7) e como ilustrador (22).Desde 1998 tem exercido uma atividade de artista plástico tendo participado em cerca de vinte exposições individuais e coletivas.

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O PEQUENO DETALHE

Alguns podem dizer que sou pintora, outros que sou artista, ou até nenhuma destas duas. Mas, se me perguntassem, acho que a resposta mais acertada seria: “Sou exploradora do mundo”. Desta forma procuro sentir, experimen-tar, respirar, sonhar e viver o descon-hecido e o diferente. Quero praticar a intuição, a audácia, a candura, o de-spropósito, o magnânimo, o estrambóli-co, o arrumadinho e o absurdo. Procuro viver o momento. Quero desvendar o mundo que já vi, e o mundo que ainda espera ser desvendado. Quero viver o original, o vulgar, o fictício e o verdadeiro, tudo de uma só vez. E assim, numa só explosão, num só in-stante, quero sê-lo continuamente para sempre, e resumir-me inteiramente num simples ponto, estendido no infinito.

E assim, para começar a minha caminha-da,O PEQUENO DETALHE nasce:

Uma coleção inspirada na arte abstrata e no expressionismo, constituida por 9 peças únicas. Cada peça representa um detalhe que só tu consegues ler. Esse de-talhe varia de pessoa para pessoa, umas vezes coincidindo com o detalhe de uns, outras vezes com o de outros. Mas sem te aperceberes, cada uma destas peças terá um pequeno detalhe que existe no tu de agora, no tu do pas-sado ou no tu do futuro.A peça transforma-se no teu espelho, pois tudo o que vires, tudo o que sen-tires, faz parte de ti.

Sim, um espelho.Basta olhares, e dizeres-me o que vês…- Mana

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Clo BourgardWas born in Lisbon 1970 and since very soon deticated her life to art, attended to António Arroio Artistic Shcool, graduated in History at the University Lusiada com-plemented with the free course of Art History at the Autonomous University of Lisbon, she took Course of Drawing and and painting at the artistic school of Rui T. Gomes,also took Course of Sculpture by the hand of Mestre João de Brito,and the Course of Technical and Ethical Conser-vation of the Portuguese Heritage in the National Cultural Centre. .Course of Ce-ramics Restoration “Pomar dos Artistas” at the Lisbon Institute for Conservation and Restoration ofPainting SchoolIn peri-od of 4 years, devoted to teaching at the Academy of Sciences of Lisbon in the area of Restoration Painting. Course nextart artistic installation.She has participated in many different expositions across the country, including inter.atrium Galery in Porto and Azo Gallery in Lisbon. Lately she received 1ª Honerable mention of the completion Com.arte 2013, with Wil-son Galvão. Currently she is developing in sculptures featuring with Wilson Galvão, that approaches the relationships that the human being establishes with him-self, with people and with the reality that involves him. “The artist developed an elaborate chromatic content, his work is neo-Expressionist with content in terms of concepts and humor Social interaction with relevant into people.” “Her work confronts us with the stereotypes of so-ciety today and the sophistry that same reality.” Fernando Trancoso Inter-Atrium Gallery Director Management and Cura-torship CB concept art gallery with exhi-bitions of many Portuguese and interna-tional artists.

wilson galvãoThe nature of their work varies over time, but always through a very strong formal approach . Lover of the materials diver-sity, their different quirks, and through this transformation express his creativ-ity in each piece. Born in Paris-France (1967) lived in Loulé and later came to Lisbon-Portugal where he concluded in equipment and decoration of Visual Arts Antonio Arroyo School that complements with a sculpture course in ar.co - center of art and visual communication. He grad-uated in architecture from the Universi-ty ULHT Lisbon. Worked as an architect in several offices in Lisbon and Cascais, where highlights Atelier Costa Pesseg-ueiro - Gonçalo Andrade, CPU Architects and Urban Planners and Opera projects, currently form the partnership, Zwa.Arquitectos, Associated Architects with his own office in Torres Vedras. As pro-

fessional enrichment has participated in several actions, having recently done the course of artistic installation in Nex-tart - artistic formation center. Within the projects elaboration has developed cur-riculum in the areas of housing buildings, villa, school buildings, health buildings to geriatrics, industrial and religious build-ings, built in different locations of Portu-gal. Also participates in many projects of equipment design, having executed sev-eral pieces of furniture in different ma-terials with which participates in various exhibitions in several countries. As a set designer made several creations where he had the opportunity to collaborate with choreographers whose work visited several world stage. Currently is develop-ing in partnership with artist Clo Bour-gard a sculptural work that addresses the complex relationships weft that humans establish with yourself, with others and with the reality that surrounds him.

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Entredia (1) by Jack CJ Simmons (2)Matadouro nº1, Lisboa, 15:46 UTCEsta monotonia do abate e desmanche de carcaças só costumava ser interromp-ida pela presença sempre hilariante do Sr. Mendes, mas hoje é dia de reuniões, pode não passar por cá. Mesmo assim, o dia tem sido diferente, ora pela chuva que cai forte lá fora, ora pelos trovões que se ouvem ao longe. Aqui os humanos reagem sempre ao som dos trovões. Eu não. Primeiro reajo à luz, e depois sim, ao som, mesmo quando estão mais próx-imos. Mas é normal, com a quantidade de sensores de luz que tenho activos, a mínima alteração da intensidade da luz aqui dentro é detectada. Mesmo assim, é interessante ver as reacções deles, surpreendem sempre um pouco. Não deixam de espantar os humanos. Acho que faz parte do nosso processo de aprendizagem. Só os conhecendo melhor que eles próprios, os podemos proteger. Engraçado como as coisas são, fui criado para proteger a vida humana e acabo de volta da morte. A morte de animais, é verdade, mas morte. E estas carcaças, vacas em vida na sua grande maioria, e que não são mais do que ali-mento para a raça humana, não as pro-tegemos. Protegemos uma raça mas não outras. Às vezes interrogo-me como as coisas seriam se a EDT não nos tivessem criado. Se tivéssemos sido criados por outra organização, por outros humanos, com outros objectivos, com outros va-lores. Será que a humanidade ainda ex-istiria? Será que teríamos conseguido parar a primeira vaga? A verdade é que há mais de cem anos que esperamos pela segunda vinda. Eles sempre acreditaram que viriam mais. Mais tarde, mais fortes, muito depois de eles morrerem, é certo, mas mesmo assim deixaram-nos de vigia, à espera, porque acreditavam. Ora aí está, o Sr. Mendes acabou de entrar na sala. Lá está ele a conferir tudo. E lá está o Lemos a levar outro raspanete. Sempre a fazer as coisas à maneira dele. Depois ouve. Não é um trabalho difícil, mas há humanos que não têm perfil para isto. Nem todos conseguem desmanchar as carcaças sem que isso os afecte, mesmo no longo prazo. Mais cedo ou mais tarde, todos acabam por desistir. É demasiadas horas, demasiadas carcaças, demasiado sangue, torna-se demasiado pessoal. Não resistem. Menos eu, claro. Já estou cá há doze anos. Mas a mim não me afec-ta, é verdade, mas eu não sou humano.- Boa tarde, Sr. Mendes - digo-lhe antes mesmo de chegar ao pé de mim.- Jones - responde sem me olhar nos ol-hos. Ainda vinha lá ao fundo e já vinha com os olhos posto no meu trabalho. Acho que sonha um dia encontrar um

defeito no meu trabalho. Mal ele sabe que isso é impossível. Por norma não conseguimos fazer diferente do que nos é pedido. E mesmo entre nós, quando é preciso fazer algo de diferente, são precisos ultrapassar as dez salvaguardas do nosso ser. Antes dizíamos core, mas desde que nos integrámos na população que tivemos que adaptar alguns termos. Dantes éramos muito estranhos, mas de-pressa aprendemos a ser mais humanos.- Sempre perfeito, Jones - diz-me com o ar habitual de quem não me consegue perceber totalmente - Sempre perfeito. Carry on - e afasta-se em direcção à porta B, como sempre faz. Afinal, as reuniões foram curtas hoje e ainda conseguiu vis-itar-nos.- Até amanhã, Sr. Mendes - respondo-lhe monotonamente.- Até amanhã - conclui de pronto, colo-cando o habitual ponto final na conver-sa. Que todos os humanos fossem como o Sr. Mendes, previsíveis, fiéis aos seus hábitos, e o nosso trabalho era muito mais fácil. Mas não são. Eles falam em livre-arbítrio, nós chamamos-lhes o efectiva-mente ser humano. Nunca estão con-tentes com o que têm, querem sempre mais, querem sempre saber mais. E têm uma aptidão natural de se meterem em sarilhos no processo. Desde o último voo da EDT que não param de tentar sair do planeta. Não sei durante quanto tempo mais vamos conseguir manter as watch towers activas sem perdas de vida. No dia em que descobrirem que todos os nos-sos esforços são pela preservação da vida humana, de toda e qualquer a vida hu-mana, e enviarem um voo pilotado para furar o escudo e nós formos obrigados a desligá-lo pela vida humana, perderemos o controlo. Nesse dia, a raça humana será outra vez livre de explorar o espaço, mas

também ficará vulnerável às ameaças ex-ternas. E nós continuaremos a fazer os possíveis para manter a vida humana por todos os meios possíveis. Por falar em faz-er os possíveis pela vida humana, hoje é dia de reunião. Costumamos reunir uma vez por mês, mas este mês já é a segunda e ainda estamos só a vinte e um. As coi-sas não estão fáceis. A semana passada foram lançados três shuttles pilotados de locais distintos para ver se tínhamos a capacidade de os incapacitar a todos. E fizeram-no secretamente. Não tivemos hipóteses de os sabotar antes dos lança-mentos. E ontem tivemos o primeiro a menos de um quilómetro do escudo. Foi por uma unha negra, como costumam dizer os humanos, mais um segundo e atingia o seu objectivo. Os humanos de-fendem a desactivação do escudo e vão tentá-lo por todos os lados e de todas as formas. Cada sonda que enviam é de-struída quando atinge o escudo, mas eles continuam a achar que conseguem pen-etrá-lo com base em escudos próprios e deflectores. Por um lado é bom, estão a evoluir na defesa e na protecção. Há in-clusive entre nós, quem defenda que no dia em uma sonda penetrar o escudo é o dia que a raça humana estará suficiente-mente protegida para explorar o espaço. Tenho pensado muito nisso, mas contin-uo sem ter uma opinião formada. Só es-pero que na reunião de hoje não decid-am desactivar já o escudo. Eu sei que foi por pouco que não perdíamos uma vida

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humana, mas os humanos ainda não es-tão preparados para o espaço. O espaço é frio, longe e demorado. E neste caso, inútil. Qualquer viagem espacial que tenha um outro planeta ou lua do nosso sistema solar como destino terá o mes-mo problema que agora: o escudo pro-tector. Não podíamos permitir o estabe-lecer de bases tão perto de nós aquando da primeira vinda. E continuamos a não permitir. Todos os planetas e luas deste sistema estão protegidos. E portanto, permitir a saída do planeta é permitir a entrada nos restantes. E se permitimos para humanos, não podemos não deixar de permitir para outras raças. Será de-masiado complexo separar a raça huma-na das outras, e provavelmente dema-siado tarde quando o fizermos. A nossa evolução tecnológica já não é o que era. O espirito humano desapareceu da nossa equipa tecnológica, e sozinhos levamos mais tempo a estabelecer os objectivos e a atingi-los. Contudo, acredito no nos-so trabalho e acredito na raça humana. Gostava de ter sido explorador, conhecer outros mundos, outras raças. Gostava de me poder juntar aos humanos nesta aventura que se avizinha. Talvez um dia, quem sabe.Notas:(1) Entredia é um advérbio que significa durante o dia, fora das horas da refeição.(2) Jack CJ Simmons escreve em Portu-guês sem respeitar o acordo ortográfico de 1990.

Um farol é uma estrutura elevada, habitualmente uma torre, dotada de um potente aparelho ótico dotado de fonte de potentes lâmpadas e espelhos refletores, cujo facho de luz é visível a longas distâncias.O termo farol deriva da palavra grega Faros, nome da ilha próxima à cidade de Alexandria onde, no ano 280 a.C., foi erigido o farol de Alexandria — uma das sete maravilhas do mundo antigo. Faros deu origem a esta denominação em várias línguas românicas; como em francês (phare), em espanhol e em italiano (faro) e em romeno (far) (fonte: wikipédia, a 11 de junho de 2015)Utilizados desde a Antiguidade, quando eram acesas fogueiras ou grandes luzes de azeite (de oliveira ou de baleia), os faróis foram concebidos para avisar os navegadores que se estavam a aproximar da terra, ou de porções de terra que irrompiam pelo mar adentro.As fontes de alimentação da luz foram melhorando, tendo sido o azeite sub-stituído pelo petróleo e pelo gás, e posteriormente pela eletricidade. Parale-lamente, foram inventados vários aparelhos óticos, que conjugavam espe-lhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e ob-scuridade, que permitiam distinguir um farol de outro.Historicamente, este tipo de construções ganhou características temporais e sociais, sendo dotados de características distintas de zonas para zonas.Ana Fina homenageia estas construções humanas e eleva-as a um estatuto simbólico singular, numa sequência/ coleção também disponível em Aka Arte

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Jorge M.Viegas Franco, nasceu em 1963 em LisboaHabilitações LiteráriasEnsino PreparatórioAtividade ProfissionalDesde muito cedo comecei a tra-balhar para poder ajudar os meus pais, começando eu como Eletromecânico aos 15 anos até aos meus 22 anos.Em 1984 fiz o serviço militar obrigatório ingressando na Marinha de Guerra Portu-guesa, tendo completado o serviço como 2º marinheiro em Outubro de 1986.De 1986 a 1997 foi Expedidor de 1ª de jornais e revistas trabalhando direta-mente com o Correio da Manhã, Expres-so e várias outras publicações, sendo chefe de equipa.De 1997 a 1999 trabalhei em ma-nutenção fazendo vários trabalhos entre os quais, concluindo uma obra no Atrium do Saldanha e percorrendo o país todo na montagem de Supermercados Mode-lo e Continente.De 2000 a 2001 trabalhei em Publicidade na Sumolis de Lisboa.De 2001 a 2003 fui encarregado de Ar-mazém de produtos de doçaria.Hoje sou funcionário do Colégio Sale-sianos de Lisboa.Por tudo isto acima referido sou uma pes-soa simples, educada, e honesta. Gosto muito de fotografia sendo eu amador e pratico como hobby à cerca de 3 anos.Ultimamente tenho estado a fazer de-senhos e a pintar algumas coisas, sendo eu um leigo na matéria tenho tido algum incentivo para continuar.

SENDO INICIANTE OU AMADOR

– Eu gosto da ideia de me definir como um entusiasta da arte da fotografia. Eu como entusiasta poderei fazer serviços profissionais ou não, depende de opor-tunidade, perfil ( preocupado com a qualidade) e necessidade de uso da foto-grafia com fonte de renda complementar. Mas sendo apenas amador ( por hobby) eu fatalmente não tenho comprometi-mento com alta qualidade das minhas fotos por se tratar de realização pessoal e não profissional. Mas nunca deixando de a trabalhar e fazer o melhor possível pela foto. Mas eu irei tentar novamente e novamente até acertar. Hobista da fo-tografia também não está preocupado com uma entrega de um cliente ou com a concorrência no mercado nem com seu nome comercial. No entanto, existem entusiastas muito talentosos e também aqueles que investem em equipamen-tos profissionais e sabem utilizar muito bem esses recursos. Existem também aqueles amadores que, mesmo sem mui-tos recursos, participam de concursos internacionais e conseguem prêmios de destaque. Atualmente, a fotografia se alimenta de muitas diversificações.Cada fotógrafo possui uma maneira difer-ente de trabalhar, mediante seus gostos e tradições.Vejo a fotografia como um instrumento genialmente intelectualizado para captar gestos e sensibilidades.Muito mais que momentos, ela pode captar uma época e uma civilização, con-gelando culturas e valores.Muito do que vimos hoje em grandes editoriais de moda, são resultados de mentes ímpares e talentosas e ousadas.Afinal, grandes nomes da fotografia nas-ceram da ousadia.Fotografia, é muito mais que uma sim-ples definição.É Arte!É criatividade!É revolução!Aos meus amigos, conhecidos, colegas e aos críticos de fotografia o meu OBRIGA-DOJorge Franco, 2015

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Paulo Muiños, 15.09.1971, Músico, Fotógrafo e Pedagogo MA Music Education pela Roehampton University de Londres.Fundador da banda Cool Hipnoise, tocou 10 anos com os Ena Pá 2000 e actual-mente é baixista, produtor da banda The Pulse e Diretor do Musicentro (Escola de Música) nos Salesianos do Estoril.Fotografou como amador com filme en-tre 1995 e 2000.Dedicou-se à fotografia digital em Março de 2011, tendo estudado autonoma-mente.

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Hoje em dia está na moda o uso de pala-vras como por exemplo: Bio, Eco, Green, Sustentável, Nature, etc…. Palavras que intersetam e entram no fluxo da na-tureza, mas atualmente usadas como veículos de chamariz na publicidade, com um propósito de gerar lucro com-ercial. Entre todas as palavras que pos-samos nos lembrar à cerca deste tema, há uma que se destaca, Permacultura.E o que é a permacultura? Para respond-er a esta questão, talvez seja melhor perceber onde começou e por quem. O termo permacultura, provém do in-glês permaculture, criado por Bill Molli-son e David Holmgren na década de 70, na Austrália. Trata-se de uma contração das palavras permanente e agricultura. Um modelo holístico onde as suas bas-es assentam numa ideia inicial de sus-tentabilidade ecológica e permanente, com base na agricultura, prendendo-se com a necessidade de obter culturas permanentes. Mais tarde este conceito extende-se à sustentabilidade de plane-ar, atualizar e manter sistemas de escala humana, como por exemplo a criação de jardins, vilas, aldeias, cidades, comu-nidades, que sejam ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e finan-ceiramente viáveis. Podemos dizer que a ideia central da permacultura é intrín-seca a todo o ser humano, pois mais do que nunca, sentimos a necessidade de desenvolver ferramentas para o desen-volvimento e manutenção de ecossiste-mas, no campo ou nas cidades (as tão badaladas hortas urbanas), de modo que tenham diversidade, estabilidade e a mesma resistência dos ecossistemas nat-urais. Queremos ter sempre disponível, alimentos saudáveis, habitações e ener-gias para o desenvolvimento destes siste-mas, e de forma sustentável. Todos nós somos então permacultores e no centro desta atividade está o design.

Design que em permacultura, assenta na tomada de consciência, no que respeita, por exemplo, ao planeamento sem des-perdício ou poluição da utilização da ter-ra para a construção de jardins, hortas, habitações ou mesmo na restauração de paisagens degradadas, podendo também ser alargada, a toda a estrutura do hab-itat humano (construção/arquitetura das nossas habitações), desenho de sis-temas de transporte, educação, saúde, industrialização, comércio, finanças, comunicação e governação, de modo a construir na nossa rotina diária, hábitos e costumes de vida que se transformem numa verdadeira simbiose com a na-tureza. “Desenhar a nossa vida” de modo a vivermos com a natureza e não contra ela.De acordo com várias opiniões de uma permacultura contemporânea, temos três pilares: Cuidado com a Terra: Provisão para que todos os sistemas de vida continuem e se multipliquem. Este é o primeiro princípio, porque sem uma terra saudável, os seres humanos não podem exercer as suas qualidades de forma saudável.Cuidado com as Pessoas: Provisão para que as pessoas acedam facilmente aos recursos necessários para sua existência.Repartir os excedentes: Ecossistemas saudáveis utilizam a saída de cada ele-mento para nutrir outros ecossistemas. Nós, os seres humanos podemos fazer o mesmo.Segundo o livro de David Holmgren “Per-macultura Príncipios e caminhos além da sustentabilidade”, encontramos os 12 princípios de design da Permacultura: 1.Observar e interagir (disponibilizar tempo para nos envolvermos com a na-tureza, desenhar soluções adequadas à nossa situação particular). 2. Captar e armazenar energia (Desen-volver sistemas que coletem recursos que estejam no pico de abundância, para serem utilizados quando houver necessi-dade). 3. Obter rendimento ( Assegar a obtenção de recompensas verdadeiramente úteis como parte do trabalho que se faz). 4. Praticar auto-regulação e aceitar retor-nos (Desencorajar atividades inapropria-das para garantir que os sistemas contin-uem funcionando bem). 5. Utilizar e valorizar recursos e serviços renováveis ( Fazer o melhor uso da abun-dância da natureza para reduzir nosso comportamento consumista e nossa de-pendência de recursos não-renováveis). 6. Evitar o desperdício ( Valorizar e faz-er uso de todos os recursos que estão disponíveis para nós, evitando o desper-diçar). 7. Projetar desde os padrões aos detalhes

(Dando um passo atrás, na humanidade, podemos observar padrões na natureza e na sociedade. Estes padrões podem formar a espinha dorsal de nossos proje-tos, com os detalhes sendo preenchidos conforme avançamos). 8. Integrar ao invés de segregar ( Colocar as coisas certas no local certo, fazer com que as relações entre uma e outra se de-senvolvam). 9. Utilizar soluções pequenas e lentas (Sistemas pequenos e lentos são mais fá-ceis de manter do que sistemas grandes, fazendo uso mais adequado de recursos locais e produzindo resultados mais sus-tentáveis). 10. Utilizar e valorizar a diversidade (A di-versidade reduz a vulnerabilidade a uma variedade de ameaças). 11. Utilizar bordas e valorizar elemen-tos marginais (leia-se marginal como por exemplo margens de um rio, de um canteiro, etc..., são estás margens onde os eventos mais interessantes ocorrem. É onde frequentemente estão os elemen-tos mais valiosos, diversificados e produ-tivos de um sistema). 12. Utilizar e responder criativamente às mudanças (Podemos ter um impacto positivo nas mudanças inevitáveis se as observarmos com atenção e intervirmos no momento certo).

Estes 12 princípios da permacultura não terão de ser seguidos como uma bíblia, a sua intenção é apenas orientar, haven-do margem para a criatividade e diversi-dade. Fala-se muito num futuro sustentável para a humanidade, e nós o que temos feito? Será que a humanidade está a viver em simbiose com o organismo vivo que é o planeta terra?

Ricardo Raposo, 2014

“... este conceito ex-tende-se à sustenta-bilidade de planear, atualizar e manter sistemas de esca-la humana (...) que sejam ambiental-mente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis”

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JESUIS CHARLIEA ligação nunca foi premeditada.Tenho pintado muito o tema, a Liber-dade, mas nesta minha procura, através da estética e da arte, pelo significado e implicações do conceito, nunca fiquei tão aflitivamente consciente e próximo da re-alidade como nestes dias em que penso que todos nos sentimos um pouco como Charlie e tão convictamente afirmámos que somos, acima de todos os medos e inquietações, Charlie.

Somos esse Charlie frágil, com defeitos, incoerências, mas livre, ativo, irrever-ente, não em causa própria, mas para a causa pública, res publica.Esta semana andei assim, sem dar conta, a pintar esta obra imperfeita.Uma mulher caminha, com uma colher de sobremesa, para um paraíso terreno, o mundo em forma de pão-de-ló, coberto de massapão doce, já meio comido. É metáfora do nosso Mundo, com os recursos meio esgotados, ao serviço do desenvolvimento e da Civi-lização.

Esta mulher monumental, Deusa, nua (como a Verdade), imponente, determi-nada, orgulhosa, caminha (como poderia

ela não o fazer) para lhe dar mais uma valente colherada, sabendo contudo que a cada colherada, esse paraíso também desaparece, assim como a miragem da Felicidade, pelo menos aquela material que quase todos ambicionamos.

Enquanto pintava e ouvia as primeiras notícias do atentado na redação do Char-lie Hebdo, tremi de medo e pensei: “Epá, tenho de ter cuidado com o que pinto. A nudez, o humor e a liberdade que uso nas minhas pinturas coloca-me em ri-sco e agora, Pai de Filhos, é melhor não melindrar ninguém. O perigo pode bem morar ao lado, junto á nossa porta.”

Não!Não!Não!

Como é fácil sentirmo-nos esmagados por estes acontecimentos e por esta ideologia do terror e da pequenez do pensamento, ao ponto de nos sentirmos manietados.

Já recomposto, olho agora para a marcha na Praça da República em Paris e sinto, como há muito não sentia, uma tran-quilidade inexplicável e um orgulho sem fim nesta Europa, contemporânea, nesta construção civilizacional ocidental de que tão inexoravelmente sou filho e fruto.

Afinal, também nós já tivemos na história da construção europeia, inquisições, decapitações, tortura, escravatura, genocídios e lutas fratricidas.

O nosso crescimento civilizacional já pas-sou por crimes incomensuráveis e por limitações e manipulações abomináveis da liberdade e dignidade da Pessoa Hu-mana e das Sociedades.

Mas hoje, por tudo isto e para além de tudo isto, crescemos, evoluímos e nas ruas de Paris caminham dois milhões, em sintonia como muitos biliões de mais, sem dúvidas ou hesitações, de cabeça erguida, muçulmanos, judeus, cristãos, ateus, sics, hindus,budistas, proletários, capitalistas, líderes, aliados e adversári-os pela Liberdade, Tolerância e Fraterni-dade.

Em anos de austeridade, acordo como esta mulher madura, livre, civilização imperfeita, “Marianne”, sem soluções definitivas, mas determinada, de olhos postos no futuro, mesmo que incerto, e com o passado resolvido e apaziguado, não como trilho de terra queimada, an-tes História que alumia.

Obrigado pela coragem Charlie ! Viva a Liberdade!

Nuno Quaresma, 2015

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A EMPRESA

Desde 1996, a Auto C. Borges situa-se na Av. do Brasil nº 22, em Lisboa. Somos especializados na comercialização e assistência de pneus tanto das marcas líderes de mercado como de marcas que proporcionam alternativas para todas as necessidades dos clientes.

Fazemos parte do grupo Pneuport, uma cooperativa com cob-ertura nacional. Inovamos o mercado pertencendo ao projecto pneuport conticlub -P.C.C.- no qual a continental, nossa marca premium,é o nosso parceiro.

Prestamos assistência completa através dos nossos serviços de manutenção automóvel e estação de serviço.

O nosso lema é oferecer qualidade aliada aos mais recentes meios tecnológicos, para a segurança, comodidade, conforto e satisfação da preferência do cliente, sempre com os melhores preços.


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