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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPRITO SANTOCENTRO DE CINCIAS AGRRIASPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM PRODUO VEGETAL

ALEGRE-ES2013/2

Eng Agr Lindomar de Souza MachadoREVISO BIBLIOGRFICA: DIAGNOSE NUTRICIONAL DO CAFEEIRO1INTRODUOO solo o meio do qual as plantas obtm os elementos minerais essenciais. Quando este no fornece as quantidades adequadas dos nutrientes, as planta demonstram atravs sintomas principalmente nas folhas, s que geralmente uma deficincia acarreta outras deficincias, assim dificultando a diagnose apenas sintomtica via foliar.

Para um adequado monitoramento da fertilidade do solo e da nutrio vegetal, recomenda-se conciliar os mtodos da anlise de solo e da diagnose do estado nutricional das plantas, sendo os ltimos, considerados complementares ao primeiro (FAQUIN, 2002).

Para programas de adubao e indispensvel anlise qumica do solo. Entretanto, apresentam algumas limitaes, decorrentes das grandes variaes que ocorrem nos teores de nitrognio no solo, na quantificao correta dos teores de micronutrientes, bem como de dificuldades no processo de amostragem do solo (ELWALI; GASCHO, 1984).

A presena dos nutrientes minerais no solo, ainda que em quantidades adequadas, pode no garantir um suprimento balanceado desses elementos s plantas (WORTMANN et al., 1992).

Tcnicas de diagnstico do estado nutricional das plantas so mtodos usados para identificar deficincias, toxidez ou desbalanos nutricionais no sistema solo-planta. A deficincia se manifesta quando o nutriente est presente em quantidade insuficiente no meio de crescimento, ou quando mesmo presente, no pode ser absorvido ou incorporado metabolicamente pelo vegetal devido a condies desfavorveis do ambiente.

De modo similar, a toxidez ocorre por excesso, desbalanos ou condies desfavorveis do ambiente.A nutrio mineral do cafeeiro vem sendo abordada como prioridade em uma viso inovadora do equilbrio nutricional, dos mecanismos de absoro dos nutrientes e das suas funes no metabolismo da planta. Esses fatores esto associados aos aumentos de produtividade e qualidade do caf (RENA; MAESTRI, 1986; 1987).

Existem diversos mtodos de avaliar o estado nutricional das plantas, sendo os principais a diagnose visual e a diagnose foliar, embora existam outros como os testes de tecidos, testes bioqumicos, aplicaes foliares, teor de clorofila.

DIAGNOSE VISUALA observao de sintomas uma forma rpida e pouco dispendiosa de diagnstico do estado nutricional, porm sua principal limitao refere-se ao fato de que quando h manifestao visvel de sintomas de carncia ou excesso nutricional, uma expressiva parte da produo das plantas j est comprometida.

Outra limitao refere-se ao fato de que em condies de campo comumente tem-se associados mais de um sintoma de carncia e/ou excesso, refletindo uma situao complexa de infertilidade do solo ou de uso de correes e/ou adubaes inadequadas. Como a gua o veculo para absoro e transporte dos nutrientes, comum que em perodos secos alguns sintomas se acentuem (FAQUIN, 2002)

Apesar do cafeeiro ser uma espcie cuja nutrio mineral tem sido amplamente estudada, sintomas de deficincias e excessos nutricionais, como os que sero apresentados, so facilmente encontrados no campo.

Chave simplificada de diagnose visual

Sintomas de Deficincia

Sintomas de Deficincia

Sintomas de Deficincia

INTERPRETAO DOS RESULTADOS DA ANLISE FOLIARAtualmente a diagnose foliar vem sendo utilizada basicamente para o acompanhamento dos resultados da adubao indicadas mediantes a analises qumicas do solo, assim sendo uma interpretao qualitativa.

Nas culturas perenes como o caf, parte da adubao e parcelada, assim analise foliar pode dar informaes importantes para um ajuste no plano de adubao, recomendado pela anlise do solo. (FAQUIN, 2002)

Em trabalhos desenvolvidos por Guimares et al., 1999, estabeleceu uma recomendao alternativa de adubao de nitrognio para o cafeeiro em Minas Gerais, sendo baseada na anlise foliar e correlacionando as produtividades almejadas, tais dados esto demonstrados na tabela1.

TABELA 1 - Doses de nitrognio recomendadas em funo da produtividade esperada e do teor foliar de N ou de doses preestabelecidas deste nutriente e doses de K2O de acordo com a produtividade esperada e com a disponibilidade de potssio do solo.

Malavolta e Moreira (1997) desenvolveram a chamada adubao modular, onde que se considera a anlise do solo, anlise foliar e previso da safra. Essa adubao prev parcelamentos em quatro vezes, as duas primeiras parcelas so aplicadas de acordo com o planejamento.

Depois do segundo parcelamento realizada a anlise foliar. De acordo com os resultados obtidos do teor de nitrognio por exemplo, so introduzidas ou no mudanas nas doses do terceiro e, ou, quarto parcelamentos, aumentando-se as doses no caso de indicao de deficincia ou diminuindo-se ou cancelando-se a aplicao se houver indicao de excesso.

Em estudos com a cultura do o cafeeiro Guimares et al. (1999), usando o resultado da anlise foliar, aps o segundo parcelamento do adubo nitrogenado, se o seu teor foliar for igual ou superior a 3,5 dag/kg (a faixa de 3,1 a 3,5 dag/kg considerada alta), deve-se cancelar a terceira ou quarta aplicao.

H diversos mtodos de se interpretar os resultados de anlises foliares, entre eles: nvel crtico, faixas de suficincia, faixa critica de flores, fertigramas, sistema integrado de diagnose e recomendao (DRIS), desvio percentual do timo e ndices balanceados de Kenworth.

Nvel crtico e Faixa de SuficinciaUm dos conceitos de nvel crtico a quantificao dos teores de um certo nutriente, em determinada parte da planta, que se associa a 90% da produtividade ou ao crescimento mximo. Segundo este conceito, um nutriente considerado como deficiente, caso sua concentrao na folha esteja abaixo de um determinado valor crtico.

O nvel crtico tambm pode ser definido como o teor do elemento nas folhas que est associado mxima atividade de um determinado processo fisiolgico relacionado produo da cultura, como por exemplo, a atividade fotossinttica (MALAVOLTA; VITTI; OLIVEIRA, 1997).

Figura 1 - Grfico geral do crescimento ou produo da planta em funo do teor de nutriente no tecido. Fonte: Adaptado de ULRICH; HILLS (1967); EPSTEIN; BLOOM (2006).A maior desvantagem deste mtodo justamente sua inabilidade de relacionar adequadamente a variao na concentrao de nutrientes com base na matria seca e a idade da planta. Para superar essas e outras limitaes prope-se o uso de faixas de suficincia, as quais melhoram a flexibilidade da diagnose, mas reduzem a preciso.

Para o desenvolvimento de faixas critica de suficincia se devem fazer ensaios de calibrao em vrios locais durante vrios anos, parque assim possa se obter os valores dos limites inferiores e superiores, o mesmo autor ainda recomenda que observe-se fatores de produo durante vrios anos (CANTARELLA, 2007; NOVAIS; SMYTH; NUNES, 2007).

Tabela 2- Faixas crticas de suficincia dos nutrientes em folhas de cafeeiro segundo alguns autores.NutrientesAutores*1234567N (dag kg-1)2,90-3,202,90-3,202,70-3,203,00-3,503,02-3,382,71-3,202,86-3,17P (dag kg-1)0,12-0,160,12-0,160,15-0,200,12-0,150,12-0,190,11-0,150,12-0,15K (dag kg-1)1,80-2,202,00-2,501,90-2,401,80-2,301,58-2,261,48-2,182,42-3,17Ca (dag kg-1)1,00-1,301,00-1,501,00-1,401,00-1,501,03-1,471,06-1,680,94-1,31Mg (dag kg-1)0,31-0,450,35-0,400,31-0,360,35-0,500,23-0,350,24-0,370,29-0,40S (dag kg-1)0,15-0,200,20-0,25--0,12-0,210,09-0,20,15-0,18Zn (mg kg-1)10-2010-158-1610-208,51-17,710,8-19,213-30Fe (mg kg-1)70-180120-15090-18070-20045-15590,5-18868-246Mn (mg kg-1)50-20060-80120-21050-20022,8-19161,2-249105-280Cu (mg kg-1)08-1610-208-1610-507,6-32,010,1-32,712-18B (mg kg-1)40-8050-6059-8040-8040,6-83,044,6-92,446-66Fonte: *(1) PREZOTTI et al. (2007); (2) BRAGANA; PREZOTTI; LANI (2007); (3) MARTINEZ; CARVALHO; SOUZA (1999); (4) MATIELLO et al. (2002); (5 e 6) PARTELLI; CARVALHO; VIEIRA (2005); (7)MENDONA (2009).Faixas crticas em flores A metodologia de anlise de flores tem sido aplicada com sucesso no diagnstico de desordens nutricionais em frutferas, principalmente no continente europeu, cujas ptalas se desenvolvem aps a florao.

Tal avaliao interessante, pois no momento da florao a planta passa a dividir suas energias entre a parte reprodutiva e a parte vegetativa, assim sendo primordial que esta planta esteja em timos nveis nutricionais. Caso no esteja, a avaliao precoce iniciar o ajuste do programa de adubao exatamente ao incio da estao de crescimento, antes que ocorram perdas irreversveis em produtividade e qualidade.

Para o cafeeiro a variabilidade dos resultados, de modo geral, menor nas flores que nas folhas (MARTINEZ, 2003).

Estudos realizados por Malavolta et al. (2002) em duas cultivares de Coffea arbica, observou que o padro de acmulo de nutrientes em flores varia entre espcies e pode variar at mesmo entre cultivares da mesma espcie, ao analisar a partio de nutrientes em flores, folhas e ramos os quais observaram teores mais elevados de N, P, Fe, Mn, Mo e Zn nas flores da cv. Catua Amarelo em relao cv. Mundo Novo.

Segundo Martinez et al., (2003) a metodologia da faixa critica de flores em cafeeiro, deve-se coletar cerca de 100 flores, devem ser tomadas flores completas, na poro mediana dos ramos produtivos, no tero mdio da copa e em todas as faces de exposio cardinal. Os valores de referncia para a interpretao de resultados de anlises de flores de cafeeiro so apresentados na tabela 4.

Tabela 4 - Faixas crticas dos teores de nutrientes em folhas de cafeeiro, segundo alguns autoresNutrientesAutores*1234567N (dag kg-1)2,60-3,402,50-3,002,70-3,202,30-3,202,90-3,203,00-3,502,86-3,17P (dag kg-1)0,15-0,200,15-0,200,15-0,200,12-0,200,16-0,190,1-0,200,12-0,15K (dag kg-1)2,10-2,502,10-2,601,90-2,402,00-2,502,20-2,501,80-2,502,42-3,17Ca (dag kg-1)0,75-1,500,75-1,501,00-1,401,00-2,501,30-1,501,00-1,500,94-1,31Mg (dag kg-1)0,25-0,400,25-0,400,31-0,360,25-0,400,40-0,450,35-0,500,29-0,40S (dag kg-1)0,15-0,250,02-0,100,15-0,200,10-0,200,15-0,200,15-0,200,15-0,18Cu (mg kg-1)7-2016-208-1610-2011-1410-5013-30Fe (mg kg-1)70-20070-20090-18070-125100-130100-20068-246Zn (mg kg-1)15-3015-308-1612-3015-2010-20105-280Mn (mg kg-1)50-10050-100120-21050-20080-10050-10012-18B (mg kg-1)40-9040-10059-8040-7550-6044-8046-66Fontes: 1.WILLSON (1985); 2.REUTER e ROBINSON (1988); 3.MALAVOLTA (1993); 4.MILLS e JONES JR. (1996); 5.MALAVOLTA et al. (1997); 6.MATIELLO (1997). FertigramasO uso de fertigramas para interpretao do estado nutricional da cultura e uma ferramenta simples e fcil de fazer, pois uma representao grfica em crculos concntricos e por divises radiais de igual numero ao de nutrientes plotados.

Figura 2. Fertigramas para interpretao do estado e equilbrio nutricional de lavouras de caf arbica de baixa (11 sc ha-1), mdia (44 sc ha-1) e alta (85 sc ha-1) produtividade mdia. Fonte: Martinez et al. (2008).Desvio do timo Percentual e ndices Balanceados de KenworthAmbos os mtodos apresentam o mesmo princpio: permitem avaliar o estado nutricional da planta como percentagem do teor de determinado nutriente na amostra de interesse em relao ao padro.

Interessante nesses mtodos que os mesmos permitem no somente a diagnose de determinado nutriente, mas tambm, uma interpretao do equilbrio nutricional da cultura, pela posio percentual relativa do elemento no conjunto dos demais analisados na amostra (FAQUIN, 2002).

A desvantagem da utilizao desta tcnica est em funo da necessidade de se dispor do valor do coeficiente de variao para cada nutriente na populao de referncia. Assim, sua aplicao teria eficcia quando o prprio pesquisador estabelecer os padres a partir de lavouras ou populaes de altas produtividades, calculando-se, tambm, os coeficientes de variao para cada nutriente (FONTES, 2011).

Sistema Integrado de Diagnose e Recomendao (Dris) um mtodo de interpretao da anlise foliar que considera o equilbrio nutricional da planta e a relao entre os nutrientes, permitindo fcil e rpida visualizao e interpretao dos resultados analticos por intermdio da sequncia nutricional em ordem decrescente de requerimento, de deficincia a excesso (SUMNER, 1979; WORTMANN et al., 1992; BALDOTTO et al., 2000)

Para a utilizao deste mtodo, torna-se necessrio estabelecer com antecedncia as normas ou padres do Dris, que consistem na determinao da mdia, da varincia e/ou do coeficiente de variao das relaes dois a dois, tanto na ordem direta quanto na ordem inversa, entre os teores de todos os nutrientes de lavouras de referncia ou de altas produtividades.

Nesse sentido foi realizado um estudo com a finalidade de obter as normas do Dris para C. arabica L. cv. Catua a partir de 40 lavouras de altas produtividades mdias, acima de 40 sacas de caf beneficiado por hectare, existentes em sete municpios (Guau, Dores do Rio Preto, Ibitirama, Ina, Irupi, Ibatiba e Muniz Freire) produtores de caf arbica da microrregio do Capara-ES (MENDONA, 2009; MENDONA at al., 2009).

Os valores mdios das relaes dois a dois entre todos os nutrientes dessas lavouras, bem como os respectivos valores mdios dos coeficientes de variao e dos desvios padres, constituram os padres de referncia ou normas do Dris para o cafeeiro arbica (Tabela 5).

Tabela 5 - Normas do Dris (razes mdias = a/b, entre teores de nutrientes minerais) e, respectivos desvios padres (s) de lavouras de caf arbica, com produtividade mdia superior a 40 sc ha-1, na microrregio do Capara-ES

Fonte: Mendona (2009); Mendona et al. (2009)....

Aps os clculos das funes normais reduzidas, so quantificados os ndices Dris para cada nutriente mineral, seguindo as recomendaes de Alvarez V. e Leite (1992), do seguinte modo:

ndice A = {[f(A/B) +...+ f(A/Z)] [f(B/A) +...+ f(Z/A)]} / (n + m)

Em que: f(A/B); f(A/Z) = funo normal reduzida da relao direta entre os teores de dois nutrientes A e B; A e Z, respectivamente; f(B/A); f(Z/A) = funo normal reduzida da relao inversa entre os teores de dois nutrientes B e A; Z e A, respectivamente; n = nmero de funes onde o nutriente A em anlise aparece no numerador (relaes diretas); m = nmero de funes onde o nutriente A em anlise aparece no denominador (relaes inversas).

Pelo Dris possvel obter o ndice de balano nutricional (IBN), o qual permite comparar o equilbrio nutricional de diversas lavouras entre si (MARTINEZ, et al., 2008; AMARAL et al., 2011). Este ndice calculado atravs do somatrio dos valores modulares (absolutos) dos ndices Dris obtidos para cada nutriente de acordo com a equao abaixo.IBN = [|ndice A| + |ndice B| + .... + |ndice X|]

Em que:ndice A, ndice B e ndice X = ndices Dris dos nutrientes A, B e X.

Quanto menor for o valor do IBN, melhor ser o equilbrio nutricional da lavoura. Caso o IBN seja considerado baixo e a produo tambm baixa a limitao na produo sugere ser de origem no nutricional.

Consideraes Finais No cafeeiro, onde a adubao recomendada com base na anlise do solo aplicada parceladamente, a anlise da planta pode dar informaes importantes para um ajuste no plano de adubao. Dessa maneira, no se deve pensar em substituir a anlise de solo pela anlise da planta e sim, us-la nos seus diferentes mtodos, como complementar.

PERGUNTAS

OBRIGADO PELA ATENO!THE END


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